Definitivo-Mistérios de Um Amor PROIBIDO-12!05!11

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    Claudio Pereira da Silva

    Mistérios de UmAmor Proibido

    São Paulo1ª Edição - 2011

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    Cláudio Pereira da Silva

    Copyright ©2011 – Todos os direitos reservados a:Claudio Perreira da Silva

    S!": #$%-%&-$%#'-000-0

    1ª Edição

    (aio 2011

    )ireitos e*+lusivos para ,.gua Portuguesa +edidos /!iliote+a2horas Seve. Syste3 .ter.atio.al ,tda45ua ,us Coelho '206'2 Co.solaçãoSão Paulo – SP – !rasil CEP 01'0#-000

      (11) 3259-4224  [email protected]

    Vendas:7774iliote+a2horas4+o3

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    Benefício dicional !rat"ito

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    Agradecimentos

    Gostaria de agradecer a Deus, por tudo ue tem!eito a mim e " mi#$a !am%lia, como um todo, meupai, m&e e irm&os, Samuel e Paulo Sergio, agradecertambém aos meus pro!essores e amigos, 'ilda,Cristia#e (austi#o, Sabri#a, Márcio, )ita, Sergio e A#aPaula*

    Deus sabe todas as coisas, sabe o dia e omome#to de #os dar auilo ue ueremos+ oimporta#te é #&o desistir dos so#$os* Pois s&o dosso#$os ue a vida é !eita, so#$ar é tra#sce#der avida e ir além da alma* Assim como ler um livro*iver é saber esperar o mome#to de ir além do uepe#samos ou dese-amos* Sem dei.armos dereco#$ecer uem #os a-udou, o reco#$ecime#to é o

    maior se#time#to ue um ser $uma#o pode ter paracom o outro* Saber reco#$ecer uma a-uda e grati/cá0la, pois isso é coisa de Deus* 1amais devemos serarroga#tes ao po#to de dei.ar de agradecer a todosue o cercam, se-am eles amigos ou pessoas ueuerem o seu mal* Pois é #a $ora da adversidade uevemos a lu #o /m do t#el*** A i#gratid&o é o piorse#time#to ue o ser $uma#o pode ter, por isso,

    agradeo a todos ue est&o relacio#ados acima*

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    Cláudio Pereira da Silva

    Nota do autor

    Caros leitores, é com muita $o#ra ue l$esaprese#to o meu roma#ce de la#ame#to #o meioliterário* 6ste é um livro c$eio de roma#tismo, dramae muita emo&o* 6spero ue a leitura desta obratraga0l$es muita alegria e compree#s&o a todos*

    6sta obra tra marcas de um passado #&o muitodista#te ao #osso, co#tudo dei.ou uma saudade

    ime#surável aos ama#tes do roma#tismo* (oi umaera de muito roma#tismo e de muita luta* 7uta porideais como a aboli&o da escravatura, asce#s&o daburguesia, ueda do 8mpério e cria&o da )epblicaue co#$ecemos $o-e* Devemos ver o passado #&os9 como coisas ue -á passaram, co#tudo como umapre#diado para o !uturo+ o passado #&o é ape#asalgo ue está #os livros, mas está de#tro de cada um

    de #9s* 6#te#der o passado é sobreviver #o prese#tee #o !uturo+ #&o e.iste prese#te #em !uturo sem$aver passado*

    A #arrativa a seguir é um te.to merame#te/ccio#al, #&o $á #e#$uma liga&o com pessoas vivasou mortas* :ualuer semel$a#a é meracoi#cid;#cia*

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    Sinopse

    A #arrativa !ará uma viagem e#tre dois séculos,co#ta#do a $ist9ria de dois cora=es apai.o#ados*>eat$ri, uma moa li#da, meiga e de cora&o bomue, dia#te das di/culdades da vida se v;apai.o#ada por alguém ue l$e parece ser o mel$orpartido da regi&o* ?e#riue, rapa de boa !am%lia,

    abe#oado pela #aturea ue !ora ge#erosa com ele,pois l$e despe-ara a !ortu#a e a belea* A !ortu#a ue!ora despe-ada sobre a cabea dos dois #a partematerial !ora0l$e tirada ua#do o assu#to era ose#time#to* )odeados por pessoas malé/cas ei#ve-osas veem0se em maus le#9is, ua#do sedecidem u#ir* @udo isso rodeado por um gra#demistério, ue será revelado some#te #o /#al*

    ?á muito tempo, $ouve uma época em ue ocaval$eirismo e a mag#i/c;#cia predomi#avam+ a$o#ra e a dig#idade eram !atores importa#tespera#te a sociedade e #a co#stitui&o !amiliar* pocaem ue as damas se vestiam com o maior esmero*Cri#oli#as, a#águas, meri#aues, musseli#a,c$amalote, e#tre outros artigos de lu.o*

    'esse mu#do o gala#teio !e sua ltima

    mesura* Aui !oram vistos pela ltima ve ossi#$oi#$os e suas si#$ai#$as, bar=es e escravos,procurem0#os ape#as em livros, pois #&o passam deum deva#eio a ser rememorado*

    >oa leituraB

    Cordialme#te,Claudio Pereira*

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    Cláudio Pereira da Silva

    Prefácio

    6m algum lugar do passadoS&o Paulo, deessete de maio de EEE*

    Sempre pe#sei #o passado como um tempo deamores imposs%veis com moci#$as, moci#$os,

    se#$ores e escravos* Mas, de#tro do meu ser, lá #o!u#do do meu Fmago, sempre soube ue mi#$avi#da #a @erra #&o $avia sido em v&o*

    A pai.&o pelo passado sempre me perseguiu*6ra late#te, um se#time#to de ;.tase, dor e alegriapor #&o ter tido a oportu#idade de viver em umaépoca, século 8+ ua#do a vida ai#da !aia se#tido*Pessoas lutavam para ma#ter a $o#ra, a moral, os

    bo#s costumes, a classe e o poder* Sa#gue eraderramado a cada #ovo de!ro#te em um duelo,duelos sa#gre#tos ue sempre cei!avam a vida deum ser, ou de outro* Assim como disse o gra#deescritor Hilliam S$aIespeareJ KSer ou #&o ser, eis auest&oBL Assim também algo de#tro de mim #&oe#co#trava a resposta ue eu buscava, #o passado*Por ue #&o co#seguia me e#cai.ar #essa

    sociedadePor muito tempo ac$ei ue o ue $avia

    aco#tecido comigo #&o passara de so#$o, porém#u#ca e#co#trei essa resposta* Co#!esso ue #ocomeo se#ti medo+ #o e#ta#to, o medo !oi setor#a#do um misto de alegria e satis!a&o* Um gootra#sce#de#tal, i#e.plicável* Deva#eio, marasmo ouape#as realidade 6stas eram algumas das mi#$asi#daga=es+ #o i#%cio ac$ei ue estivesse /ca#dolouco, mas depois isso passou, tudo era mágico, eratudo per!eito* >usuei ta#to por auilo e agora

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    temia, seria um parvo, $ip9crita se disser #&o* Porém!atores me levaram a crer ue era a mais puraverdade, #&o a verdade absoluta, mas era !ato,

    estava aco#tece#do comigo*So#$ar, so#$ar, so#$ar*** Ou viver some#te a

    realidade '&o sei*** Mas auilo estava aco#tece#do*ários !atores co#tribu%ram para ue issoaco#tecesse, ou !ui escol$ido e#tre mil$ares pormero acaso da vida Mas por ue eu 6ssa era umapergu#ta late#te de#tro de mim+ eu uere#do, ou#&o, $avia recebido uma miss&o e deveria co#clu%0la*Se auilo #&o era so#$o, eu estava recebe#do avisita de um esp%rito de lu, um ser m%stico e li#do*?avia vi#do do pla#o superior para me mostrar algoe, acima de tudo, dar0#os uma li&o de vida* :ueridoleitor, pe#se o ue uiser+ e#treta#to, toda #oite, #amesma $ora, um ser de lu aparecia do #ada eco#tava0me uma $ist9ria, assim como vi#$a do #ada,

    ia para o #ada ao /#al de cada #oite* Por dias recebia visita dauela se#$ora, o leitor pode ac$ar ue setrata de uma #arrativa esp%rita, mas classi/uem0#acomo dese-arem* :ua#do se#tava em !re#te aocomputador, as coisas iam ui#do e, em poucosmi#utos, $avia sido tra#sportado para outra época eoutra dime#s&o, via, se#tia e ouvia tudo ue sepassou dura#te a segu#da metade do século 8*

    '&o sei se devo co#tar essa #arrativa i#icia#do0a com a mi#$a, ou se comeo -á pela do esp%rito delu* Creio ue devo comear pelo i#%cio para uepossam compree#der a $ist9ria, se#&o /car&operdidos* Por isso, comearei pelo pri#c%pio* O i#%ciocomea comigo ou com a se#$ora Como #&o sei poro#de comear+ dei.arei ue os !atos #arrados a mimuam co#!orme ueiram, pois #&o uero modi/car os

    !atores da $ist9ria* Por isso, a% vaiB*** Olá, meu #ome é Gustavo Gabriel de Ale#car

    Albuuerue da Maia* A $ist9ria ue l$es co#tarei

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    #os pr9.imos cap%tulos se i#icia em uma ma#$& deprimavera do a#o EEE+ ai#da ua#do eu co#tavameus deesseis a#os* 'auele a#o, ap9s o térmi#o

    das aulas, eu e mi#$a !am%lia decidimos via-ar para oi#terior do )io de 1a#eiro, o#de meus pais $aviamrecebido uma !ae#da como $era#a* A tal !ae#daestava #a mi#$a !am%lia $avia uase ce#to e sete#taa#os* @udo $avia comeado em N3E, ua#do meusa#tepassados se casaram e, como prese#te, o pai demi#$a tatarav9 deu0l$es a !ae#da como dote* Osa#os passaram e, de gera&o em gera&o, osperte#ces !oram passa#do, até ue c$egaram "sm&os de meu pai*

    A !ae#da é e#orme e bem mobiliada, a mob%liaai#da é a do passado, pois de gera&o em gera&o a!am%lia tomou co#ta e #&o dei.ou ue os m9veis sedeteriorassem* Auela seria uma das pri#cipais !ériasda mi#$a vida, pois auele a#o $avia sido um a#o

    muito maa#te para mim* 6studei o a#o todo e, aotérmi#o do a#o letivo, meu pai $avia me prometidouma viagem para co#$ecer a !ae#da, ue $aviapassado por uma lo#ga re!orma* Auela seria aprimeira ve ue eu passaria !érias lá+ estF#cia ueeu s9 ouvia !alar em livros de $ist9rias e #aliteratura, pois essa é uma das mi#$as maiorespai.=es* Sou apai.o#ado por literatura,

    pri#cipalme#te os livros clássicos de autores!amosos, como >er#ardo Guimar&es, Mac$ado deAssis, 1osé de Ale#car, 6a de :ueiro, CamiloCastelo >ra#co, Ale.a#dre Dumas, e#tre outros* Aloucura da viagem dos meus so#$os $avia comeadoai#da a#tes de #ossa partida, #o dia vi#te dedeembro desse mesmo a#o*

    Marcava pouco mais de de $oras da ma#$&,

    ua#do o #osso voo partiu de Co#go#$as rumo ao)io de 1a#eiro+ algumas $oras depois,desembarcamos #a capital umi#e#se, lá pegamos

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    um carro de aluguel e partimos #a dire&o da cidadede Sa#tRA##a das )osas* Algu#s uilmetros depoise, ap9s atravessarmos um lo#go c$&o de terra

    vermel$a, c$egamos "uela ue $avia me roubado oso#o, dura#te dias* A$*** Mas, a#tes ue eu comece a#arrar a mi#$a i#cr%vel ave#tura, te#$o ue l$esco#tar um pouco de mim*

    Meu #ome é Gustavo, como voc;s -á sabem,te#$o $o-e vi#te e seis a#os, mas, ua#do os !atosue l$es co#tarei me aco#teceram, eu ti#$a ape#asdeoito a#os* Sou /l$o #ico de uma tradicio#al!am%lia paulista* Mi#$a m&e se c$ama @eresa deAle#car, e meu pai se c$ama 1oauim AlcF#taraAlbuuerue da Maia*

    C$egamos " !ae#da !altava pouco mais de seis$oras da tarde, tudo -á estava preparado, os uartosarrumados, e o -a#tar " mesa* Como eu estavae.austo, decidi tomar um ba#$o a#tes do -a#tar* Subi

    pela escadaria pri#cipal, ue por si#al era li#d%ssima* @alve, se #9s cessássemos um pouco os passos eprestássemos ate#&o, poder%amos ouvir as risadasdos saraus ue provavelme#te $aviam aco#tecido#auela i#cr%vel casa0gra#de* O aroma do per!umeda época, o rusgo0rusgo das saias, usadas pelasse#$oras ue ali passaram+ o c$eiro de uma épocaáurea parecia ai#da impreg#ado #auelas paredes,

    as msicas ue eram tocadas ao pia#o poderiamai#da ser ouvidas* Subi dois la#ces de escada e, ap9satravessar um lo#go corredor com muitas portas,e#trei #auele ue seria meu apose#to dura#te as!érias*

    Arrumei meus perte#ces #o guarda0roupa, ue$avia sido de mi#$a tatarav9, colouei meuscompa#$eiros i#separáveis, os livros, #a escriva#i#$a

    ue $avia perte#cido a meu tatarav* >a#$ei0me emuma espécie de ba#$eira de madeira em um cmodode#omi#ado casa de ba#$o* Depois me vesti e desci

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    para o -a#tar* Certa aura tomou co#ta do ambie#te+como passei parte de mi#$a -uve#tude le#do livros eso#$ado como seria a vida em uma !ae#da como

    auela, do século 8, dei0me ao des!rute de meimagi#ar um moo de !am%lia importa#te da época*Meus pais e mais algu#s amigos, ue estavam "mesa, #&o sei se real, ou ape#as um del%rio meu, vitodos ali, com roupas da época, e os empregados dacasa se tra#s!ormaram em escravos* Ap9s o -a#tar,meus pais e algu#s amigos decidiram aproveitar para

     -ogar .adre #a sala de -ogos*6u #&o sou muito a!eito " bader#a, por isso,

    decidi me recol$er #a biblioteca, o#de estavam meusverdadeiros amigos* Com certea eu demoraria a#ospara ler todos os clássicos ue ali se e#co#travam,eram rel%uias da época do 8mpério* Cami#$ei ecami#$ei por todos os a#dares da biblioteca+ e#t&oparei #a se&o de livros de literatura #acio#al* (ol$ei

    um e outro, até ue avistei um livro peue#o de capadura e a#tiga lá #o !u#do+ peguei0o, estava muitoempoeirado, limpei0o e desci de #ovo a escada dabiblioteca* A biblioteca era ampla e ta#to a mob%liacomo o esto!ado das cadeiras, dos so!ás, dosca#apés, as co#versadeiras e#tre outros ob-etoseram os mesmos de séculos atrás, mas claro uere!ormados* Passei pela escriva#i#$a ue /cava

    de!ro#te " porta e me se#tei em um div&*Abri o livro e comecei a ler, era a primeiraedi&o do livro A escrava 8saura* 7ogo #as primeiraspági#as traia uma dedicat9ria ao meu tatarav dopr9prio autor, ue diiaJ KPara meu gra#de amigo7eopoldo, com cari#$o e com o meu muito obrigadoBAbraos cordiais de seu sempre amigo, >er#ardoGuimar&esL* Ap9s ler o pre!ácio e as pági#as

    segui#tes, um assombroso so#o tomou co#ta de mime acabei dormi#do* ?oras depois !ui acordado poruma servial da !ae#da, ue me disseJ Kvá para o

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    seu uartoL, pois -á estava arrumado* 7eva#tei0me e,!ec$a#do o livro, debrucei0l$e sobre a escriva#i#$a*Acompa#$ado da empregada, !ui para meu uarto,

    colouei o pi-ama e me deitei, #a cama ue eratambém da época e ti#$a gra#des dosséis ue !oram!ec$ados pela empregada* Assim !oi o meu primeirodia #auela ime#sa !ae#da* 6stava a#sioso paradormir, pois dese-ava acordar logo, para co#$ecertoda auela propriedade ue, a partir dauelemome#to, !aria parte da mi#$a vida, por a#os*

    Desde #ovo #u#ca e#co#trei uma resposta paraauela ue !aria parte da mi#$a vida* A primeira veue tive co#tato com coisas a#tigas !oi #o a#o deEEE* Auela data marcou mi#$a vida, pois ali eudescobri ue $ouve um tempo glorioso em #ossopa%s, uma época áurea* (oi #auele a#o ue euco#$eci o passado e tudo através de uma #ovelac$amada (ora de um dese-o e#t&o em 2QQ4, outra

    #ovela me !e via-ar pelo tempo A escrava 8saura,além de algu#s /lmesJ 6 o ve#to 7evou+ a trilogiaSissi e Madame >ovarT, e#tre outros* @udo o ue é deépoca me cativa e me !a sempre correr atrás dopassado+ cada /lme e cada #ovela de época a ue euassisto levam0me a !aer uma busca dese#!readapelo passado* '&o sei o poru; dessa buscadese#!reada pelo passado e, pri#cipalme#te, por

    uma dataJ N55* Algumas pessoas me diem uetalve eu te#$a vivido em outra época, masrealme#te eu #&o sei* 6#treta#to, através daspr9.imas li#$as, irei l$es co#tar o ue me aco#teceu#os dias segui#tes*

      Mi#$a vida sempre !oi marcada por coisasestra#$as, sempre ue pego um livro clássico ouassisto a /lmes e #ovelas de época, si#to como se -á

    $ouvesse vivido auilo em algum tempo ou emalguma época* O dese-o pelo passado sempre mei#trigou, #&o sei como um -ovem, em mi#$a idade,

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    pode gostar de coisas Kvel$asL* @alve o leitor possape#sar ue eu #&o passo de um louco, mas isso éreal+ #&o sei se sou o #ico, mas sei ue $á algo #o

    passado ue me c$ama ate#&o, como se o passadotrou.esse " to#a o ue vivi*

    O sol $avia acabado de pi#tar #o $orio#te*:ua#do eu acordei, a primeira coisa ue / !oileva#tar0me da cama, cami#$ei pelo apose#to laveimeu rosto e se#tei0me em um ca#apé ue estava "beira de mi#$a cama* Colouei0me a pe#sar emcoisas ue $avia me aco#tecido #a #oite a#terior*Ai#da #&o sei l$es dier se o ue aco#teceu !oi realou ape#as um so#$o, mas posso l$es adia#tar ue!oram coisas muito curiosas* Possivelme#te marcavapouco mais de meia0#oite, ua#do coisas estra#$ascomearam a aco#tecer em meu uarto* Primeiro aporta se abriu, e uma pessoa muito ádve#a e#trou,era uma moa muito li#da ue ti#$a os cabelos

    #egros como a bruma da #oite, os ol$os eram claros,traia #a cabea o pe#teado da época, assim como otra-ar*

      6la e#t&o cami#$ou por meu uarto e seasse#tou ao meu lado* @alve !osse ape#as um del%riomeu* A moa parecia estar em casa, e#trou,cami#$ou, me.eu em meus perte#ces, passou em!re#te ao espel$o e, ap9s arrumar o pe#teado e o

    vestido de saia0bal&o, veio em mi#$a dire&oca#ta#do* Parecia ue ela $avia sa%do de uma #ovelade época, ou de um livro dos gra#des autores*

    Auele ser sublime estava divi#ame#te tra-ado*Submersa em um evio celeste, seu porte erase#$oril, ma#ti#$a a postura de uma dama da altasociedade da época do 8mpério* De/#i0a como uma#i#!a, ca#tava uma msica esple#dida, os acordes de

    um pia#o acompa#$avam0#a*:ua#do vi auela criatura apro.ima#do0se de

    mim, leva#tei0me e acomodei0me e#tre as almo!adas

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    de cetim ue estavam -u#to " cama* 'auelemome#to a combi#a&o de medo e de alegriapareceu ter tomado co#ta de meu ser, pois, ao

    mesmo tempo em ue eu ueria pular da cama e saircorre#do pelos corredores dauela ime#sa !ae#da,mi#$a vo#tade era /car ali e abraar auela deusaue se aprese#tava " mi#$a !re#te, ela murmuravaalgumas palavras ue eu #&o co#seguia deci!rar* Abela dama !aia me#&o a mim, como se -á meco#$ecesse, te#tei pu.ar #a mem9ria coisas sobreauela se#$orita, mas #ada, vieram ape#as image#sdes!ocadas em mi#$a me#te* Coisas sem se#tido esem sig#i/cado+ #ada muito importa#te* A #icacoisa ue me c$amou a ate#&o !oi uma imagemmi#$a e dela se bei-a#do, mas eu #&o mereco#$ecia, pois eu usava casaca, sobrecasaca,cartola, uma cala de pelica preta e #o bolso traiaum rel9gio* '9s estávamos em um sarau* Muitas

    damas acompa#$adas de suas escravas, o c$eiro deper!ume !ra#c;s se espal$ava pelo ambie#te, osse#$ores e seus /l$os moos tragavam c$arutos ebebiam c$ampa#$a e rum, e#tre outras bebidasalco9licas* Assim ue os primeiros raios do solcomearam a ci#tilar #o $orio#te, auela se#$oritadesapareceu, dei.a#do ape#as seu c$eiro, era umper!ume de lava#da*

    Auele so#$o me acompa#$ou por mais algu#sdias, até ue um dia, ap9s a partida da moa, eudespertei e vi ua#do um peue#o bil$ete ca%a doteto sobre meu leito* Peguei o papel, abri e o te.todiiaJ K9s ue te#des recebido mi#$a visita todasessas #oites, #&o se assuste, pois #&o estou auipara l$e !aer mal, vim ape#as, pois v9s mee#!ocastes todos esses a#os, sou ape#as uma

    pessoa ue o aguardou por a#os* 6spero ue um diavolte, para ue possamos co#cluir auilo ue #os !oidesti#ado* 6 #o rodapé da carta as i#iciais de dois

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    Cláudio Pereira da Silva

    #omes, a me#sagem estava muito bem per!umada ea gra/a #&o parecia ser da #ossa época+ carta ueme tomou o !lego* Parei e pe#sei, duas ou tr;s

    vees, até ue me veio " cabea uma ideia, talveauela carta te#$a sido uma pegadi#$a da mi#$am&e* Sabe#do ela da mi#$a adora&o por um tempoue #&o e.iste mais, resolveu me pregar uma pea*6screveu auela carta ape#as para a#imar as mi#$as!érias e ao térmi#o do ver&o me diria ue auilo #&opassara de uma me#i#ice sua*

    Mas como Se ela #&o sabia dos so#$os ue meacompa#$am $á dias* 6 assim / #auela #oite+assim ue a #oite caiu e o so#o c$egou+ lá veio elatoda !aceira e com um vestido totalme#te di!ere#tedos outros dias* 6u estava ai#da em estado detorpor, meio acordado meio dormi#do, ac$ei ue!osse arma&o de meus pais, e#t&o cocei os ol$os,mas ela cada ve se apro.imava ai#da mais* Dei.ei0

    me levar pelo so#o e #ovame#te ela se asse#tou aomeu lado e ca#tou, mas desta ve !e algo mesurpree#deu* 6la #&o estava soi#$a, $avia traidouma #egra de cabelos bra#cos, alvos mais ue a#eve, bra#cura ue me i#spirava respeito e devo&o*Auela se#$ora se apro.imou de mim e, ao pé domeu ouvido, me disseJ

    (io, oc; ai#da #&o termi#astes o ue l$e !oi

    dado como miss&o aui* Por isso ue oc; se#te ta#ta!alta desta época* Por !avor, ve#$a #os a-udar, poismi#$a si#$á ai#da so!re sua partida e, para ue #&ocomeces errado, tudo comeará do pri#c%pio*

    Ap9s auelas palavras, as duas desaparecerame, ao mesmo tempo, os primeiros raios do solbateram #a cabeceira da mi#$a cama, !ae#do comue eu despertasse* Despertei de certo modo

    atordoado, lavei meu rosto, escovei os meus de#tese desci para tomar o meu des-e-um*

    >om dia, meu paiB disse eu, !ae#do o

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    mesmo a mi#$a m&e* >om dia, /l$o respo#deu mi#$a m&e*

    Como passou esta #oite Parece0me ue muito bem,

    pois sua !ace relu alegria* So#$ou muito M&e, esses dias s9 te#$o tido so#$os alegres* mesmo Como s&o esses so#$os Pela cara dele, tem a ver com essa !ae#da

    co#cluiu meu pai* Mas como o se#$or sabe 6u #&o sei, mas os seus ol$os diem* mesmo 6 o ue eles diem @alve voc; te#$a so#$ado com alguma

    si#$ai#$aB A$*** Mas, como a se#$ora sabe Ape#as $ip9teseBAp9s essas palavras, mi#$a m&e se ergueu da

    mesa e saiu para e#co#trar uma amiga #a !ae#davii#$a* 1á meu pai resolveu ir ao escrit9rio, pois

    ti#$a muito trabal$o* Sim, #9s estávamos de !érias,mas meu pai é um gra#de empresário e deve sempre/car de ol$o #o escrit9rio da Paulista*

    'auela tarde eu cavalguei a tarde i#teira e,ua#do retor#ei " !ae#da, !ui logo para meu uarto,tomei ba#$o e me vesti* 6m seguida desci para o

     -a#tar* Ap9s o -a#tar !ui para a biblioteca, o#deco#ti#uei a leitura+ pouco a pouco, o so#o veio

    apro.ima#do0se e logo adormeci* Ap9s ter pegado #oso#o, um !ato muito curioso me ocorreuJ umase#$ora, ue co#tava por volta de oite#ta a#os,apareceu para mim* 6 muito amistosa disseJ

    (il$o*** Sou uma a#cestral sua e sur-o auipara l$e dierJ voc; terá a miss&o de co#tar mi#$a$ist9ria e de levar um pouco da $ist9ria de #ossa!am%lia adia#te* irei aui todos os dias para l$e ditar

    mi#$a biogra/a* Dauele dia em dia#te mi#$aa#cestral sempre vi#$a #a mesma $ora* 6u #&o temia prese#a dauela se#$ora, ue me i#cumbiu a

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    miss&o de levar um pouco da $ist9ria da mi#$a!am%lia* Dia ap9s dia, estava eu lá, se#tado "escriva#i#$a, com meu #otebooI, e com a se#$ora,

    ao meu lado, dita#do suas $ist9rias*Dia ap9s dia e sema#a ap9s sema#a, eu recebi

    a visita dauela simpática se#$ora* @alve o caroleitor idealie ue auela se#$ora $avia vi#do dodesco#$ecido ape#as para me co#tar uma $ist9riavel$a e ultrapassada* Mas talve para ue possamose#te#der o prese#te e o !uturo, é preciso co#$ecer opassado para compree#dermos o ue #os esperar* A$ist9ria ue a se#$ora estava me co#ta#do $avia sepassado em um tempo, #&o t&o lo#g%#uo ao #osso*A #arrativa se passa #a segu#da metade do século8* 6m uma época muito bo#ita, muito ve#eradapelos poetas e adorada por seus admiradores* pocaem ue muitas revolu=es sociais aco#teceram paraue acabassem com a desigualdade social,

    pri#cipalme#te a da escravid&o* 6ra uma batal$aco#sta#te e#tre os abolicio#istas e escravocratas,e#ua#to algu#s alme-avam a aboli&o daescravatura, outros lutavam para calar a boca dosabolicio#istas*

    poca em ue e.istiam se#$ores e escravos, #aera dos tem%veis bar=es do ca!é* Per%odo ue #&ovolta mais* Mome#to áureo das damas e de seus

    caval$eiros* @empo em ue as se#$oras arrastavamsuas e#ormes saias0bal=es, meri#aues, cri#oli#a,a#águas, boti#as, espartil$os, e#tre outros ute#s%liospessoais, #os sal=es de !estas, #os saraus e #asmodistas e ai#da ua#do e.istiam as revistas demodas e pessoas eram ve#didas como ob-etos*poca ue teve seu tempo de gl9ria e de ru%#as* Mas#ada ue temos $o-e e.istiria, se #&o !ossem #ossos

    a#tepassados* O mérito é dos #ossos a#tepassados,pois, se eles #&o tivessem lutado por #ossos diretos,#&o ser%amos essa sociedade ue somos $o-e* Ai#da

    N

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    com muita coisa para mudar, porém muito mel$or,e#tre aspas, pois #&o temos mais escravid&o eoutras i#-ustias sociais* Uma sociedade ue ai#da

    precisa de algumas altera=es, para ue possamosviver em pa*

    Auela se#$ora estava me co#ta#do a $ist9riade um passado #&o muito lo#g%#uo e ueria passarpara as pr9.imas gera=es* 6 vem #os mostrar ue#&o somos #ada sem aueles ue vieram a#tes de#9s e /eram a $ist9ria do #osso pa%s, o >rasil, umaterra mel$or*

    Auela se#$ora me e#si#ou a respeitar e a amaraueles ue so!reram por #9s, para ue as #ossasleis !ossem mudadas e tra#s!ormadas a /m de uepossamos ter um pa%s mais -usto e igualitário,mesmo sabe#do ue precisamos ai#da lutar muito,para termos um pa%s igualitário para todos* O #osso$i#o #acio#al proclama isso muito bem, ua#do diJ

    KPa #o !uturo e gl9ria #o passadoL* Por meio dessaestro!e, podemos simpli/car bem o ue essasimpática se#$ora veio #os traer do passado* Umpassado ue devemos revere#ciar a todo omome#to, pois !oi ua#do muita ge#te so!reu emorreu, para mudar #ossa $ist9ria* Um passado degl9ria e de muita belea, beleas mil* @udo eraper!eitoJ as roupas, as co#stru=es, e#tre outras

    coisas* Mas isso #9s s9 e#co#traremos em livros de$ist9ria, pois #&o passa de uma civilia&orelembrada, uma civilia&o ue o tempo levou*

    Dura#te a época em ue se passa a #ossa#arrativa, muita coisa $avia aco#tecido* Muitas datasimporta#tes aco#teceram #a $ist9ria do #osso pa%s,e#tre os a#os de N3E e N5

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    Alves* N4N é a data do /m da )evolu&o Praieira emPer#ambuco* Além da publica&o da poesiaK@imbirasL, de Go#alves Dias e o i#%cio da revolu&o

    de !evereiro, em Paris, coloca#do /m " escravid&oem todas as col#ias da (ra#a* 1á em N5Q, !oipublicada a lei 6usébio de :ueiro, proibi#do otrá/co #egreiro, ue !oi publicada #o livro de poesiade Go#alves Dias, Vltimos ca#tos* 6m N52, !oii#augurado o primeiro telégra!o #o >rasil e é o a#oda morte de Wlvares de Aevedo+ além da publica&odo Catecismo positivista de Auguste Comte, #a(ra#a* 6m N53, $ouve a publica&o do primeirovolume das obras de Wlvares de Aevedo e apublica&o, em Paris, do e#saio sobre a desigualdadedas raas do co#de Goubi#eau* 6m N54, a c$egadada primeira estrada de !erro do >rasil, liga#do oporto de Mauá a (ragoso* 6, para termi#ar, em N5<!oi o i#%cio do Segu#do )ei#ado*

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    Sumário

    Ape#as umai#!a#ta **********************************************************************

    23

    Si#tra ********************************************************************

    ****************************

    35

    O colégio de!reiras ************************************************************************

    44

    O i#%cio de um a#o0bom ****************************************************************

    55

    O bril$o de uma #ova estrela #o céu do>rasil ************************

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    viage#s ***************************************************************************************2 O passado vem "

    to#a **************************************************************

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    As !estasvi#douras ***********************************************************************

    3Q2

    Aprimavera *************************************************************************************

    3

    Casada ei#!eli *******************************************************************************

    323

    A !ace boa datira#ia *********************************************************************

    33

    Acorte ***********************************************************************************************

    34

    Glossário *****************************************************************************************

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    Capítulo I

    Apenas uma infanta

    Arraial de Sa#tR A##a das )osas N4N

    A#tes ue eu comece a co#tar0l$es asdesve#turas amorosas de #ossa $ero%#a, devo0l$esco#tar um pouco de sua i#!F#cia e de sua mocidadeue com certea !oram os a#os mais !elies de suavida* A#os em ue ela se re!estelou #as coisas boas

    da vida* 1amais poderei esuecer0me dos dias emue ela passou " beira do ribeir&o, o#de as #egraslavavam as roupas da casa0gra#de* 6la e os#egri#$os aproveitam a lava&o de roupa para tomarba#$o de rio* A baro#esa de >ourbo# sempre adei.ava #adar com a #egrada, mas ela ia sempreacompa#$ada de sua dama de compa#$ia, uma belase#$orita i#glesa, ue !alava uatro idiomas e l$e

    !ora traida dos 6stados U#idos da América, umadama de origem #obre, /l$a de um gra#de amigo do!alecido bar&o, Kue Deus o te#$aL* Por isso, ue !oipermitida sua vi#da ao >rasil* 6stava #a !am%liaAlbuuerue $avia pouco mais de dois a#os, e ai#da#&o $avia se acostumado com o calor i#!er#al daui*6la vivia a reclamarJ KX pa%s i#!er#alB Mas #&o seimais viver sem essa ge#teL*

    C$arlotte Mitc$ell OR ?ara parecia uma espéciede a#-o, seus cabelos eram #egros tra#sce#de#tais,e seus ol$os de um aul0celeste* Sem !alar de suas

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    !ormas, uma ci#tura /#%ssima, um bustoproemi#e#te, sua pele era rosada e macia, mas decerto modo castigada pelo sol* Seus seios ar!avam

    sobre o decote do vestido, os cabelos ca%am porsobre o decote em li#dos cac$os* Seus dotes eramime#sos, !alava uatro idiomas com e.tremau;#ciaJ i#gl;s, !ra#c;s, portugu;s e o $#garo,pi#tava, bordava, coia, tocava pia#o e ca#tavacomo #i#guém* Por isso !oi traida dos 6stadosU#idos para e#si#ar0l$e*

    Aos de a#os, >eat$ri -á sabia !alar i#gl;s e!ra#c;s e estava uase apre#de#do $#garo+ -á sabiabordar, pi#tar etc* As -ove#s sempre acompa#$avamas #egras, ua#do sa%am da casa0gra#de para lavarroupas* C$arlotte estava sempre ao e#calo dame#i#a, usa#do a clássica capa de veludo #egro e asombri#$a escarlate0prpura, pois #&o podia tomarmuito sol*

    A#tes das -ove#s atravessarem o $all da casa, abaro#esa !aia um lo#go serm&o para C$arlotteJ Mi#$a /l$a, #&o dei.e >eat$ri por muito

    tempo embai.o do sol e cuidado com cobras,ara#$as e bic$os ve#e#osos* A$, a#tes ue eu meesueaJ cuide dos modos dela, #&o a dei.e semisturar muito com os #egri#$os*

    O serm&o era pior ue o serm&o do padre da

    par9uia de Sa#tR A##a* @oda ve ela !aia o mesmodiscurso+ a -ovem -á sabia até o ue ela diria* 6,ua#do sa%a da casa0gra#de e subia #o coc$e,C$arlotte repetia com um gra#de sotaue sulistaamerica#o a alocu&o ue ouvira $á pouco dabaro#esa, e as duas ca%am #a gargal$ada* :ua#doc$egavam " beira da lagoa, a -ovem despia >eat$ridas roupas de passeio e vestia0l$e com as roupas de

    ba#$o* Assim passavam a tarde toda, até o debruardo sol sobre as coli#as*

    >eat$ri ve#$a aui, me#i#aB 6.clamou a

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     -ovem com um gra#de sotaue* Por Deus, me#i#a***'&o !aa isso, ou sua m&e vai me ma#dar embora*Sai da%, a torre#te está muito !orte*

    >Ta corria para -u#to dela, mas logo se esueciae voltava a !aer o ue #&o devia* 6 de #ovo elaral$ava, #o e#ta#to ela #em ligava, pois gostava deba#$ar0se com as outras cria#as* 6#t&o ela diiaJ

    Me#i#a, ve#$a cá, sua madre #&o a uerbri#ca#do com esses #egri#$os, pois tu és umame#i#a e deve se comportar como talB

    KDeus do céu, ue a baro#esa #&o ve-a issoB***Ou serei e.traditada* Como pode uma me#i#a de!am%lia rica, se comportar como uma escravaL Pe#sava C$arlotte e#ua#to ral$ava com >Ta*

    Mas a se#$orita >eat$ri parecia #em ligar,subia #as pedras e pulava, mergul$ava e /cavamuito tempo embai.o das águas* Adorava subir emárvores !rut%!eras para col$er0l$es as !rutas e

    saboreá0las com a m&o* Gostava muito de selambuar com ma#ga, acerola, goiaba, -abuticaba,e#tre outras !rutas* >Ta mais parecia um me#i#o devestidos* '&o $avia lugar #auela !ae#da ue ela -á#&o $ouvesse !reue#tadoJ do estábulo dos cavalos "se#ala, do roseiral " estu!a de vidro su%o, além dopomar, ue era seu lugar !avorito* A -ovemAlbuuerue -á apro#tou ta#ta peraltice ue, se

    parássemos para co#tar, precisar%amos de dois outr;s volumes ape#as para os seus primeiros ui#ea#os de vida*

    C$arlotte sempre me#tia para a baro#esa #oi#tuito de proteger sua alu#a, co#tudo corrigia0l$eua#do preciso* :ua#do #&o estava bri#ca#do,estava #a biblioteca, estuda#do !ra#c;s, i#gl;s,$#garo ou bordado* Muitos dias se passaram, até

    ue #o m;s de abril a -ovem !oi i#!ormada ue iriapara a casa de sua av9 e em seguida para o colégiode !reiras em Portugal*

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    O dia de de abril $avia c$egado -u#to com uma!orte c$uva+ uma c$uva torre#cial com tudo a ueti#$a direitoJ raio, ve#to !orte, gra#io e trov=es* Os

    trov=es ilumi#avam toda a !ae#da* 6#ua#to isso,#os apose#tos da si#$ai#$a >Ta, a baro#esa e umbatal$&o de mucamas preparavam as bagage#s damoa* 7á !ora o coc$e ue levaria a -ovem até aesta&o de Sa#tR A##a aguardava0a #o alpe#dre*6#ua#to a bá a-udava0l$e a se vestir, a baro#esa emais duas escravas !ec$avam as ltimas cai.as e osbas* 7ogo os apose#tos de si#$a#i#$a !oramtomados por dois -ove#s escravos ue carregavam ascoisas para o coc$e* 'o apose#to ao lado, C$arlottepreparava0se também para voltar para os 6stadosU#idos, pois sua miss&o ali $avia termi#ado*

    Meia $ora depois o coc$e -á estava a cami#$oda esta&o* 'o coc$e estavam a baro#esa, C$arlotte,>eat$ri e ?adassa, uma escrava ue >Ta $avia

    ga#$ado #a #oite a#terior, como dama decompa#$ia* A dilig;#cia parou dia#te da e#tradapri#cipal da esta&o, os #egros desceram da carroae levaram os bas de >eat$ri e de C$arlotte paraplata!ormas, o#de aguardaram a c$egada dalocomotiva* A baro#esa, >eat$ri e a comitivaembarcaram #o vag&o e !oram co#duidas aos seusdevidos camarotes* Pouco mais de seis $oras depois,

    saltaram #a esta&o de Macaé e pegaram um carrode aluguel para ir para o porto, o#de se separariam*As duas se despediram, >Ta e sua mucama

    ?adassa embarcaram #o pauete, ue iria paraPortugal* C$arlotte $ospedou0se em um $otelpr9.imo ao porto, pois o #avio ue a levaria para os6stados U#idos, s9 sairia #o dia segui#te* Auela !oi" ltima vis&o ue >eat$ri teve de C$arlotte,

    bala#a#do em um si#cro#ismo desorde#ado, asluvas e seu li#do leue de madrepérola*

    A se#$orita Albuuerue da proa e C$arlotte do

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    porto+ !oi uma vis&o da#tesca* O #avio depassageiros a!astou0se da mari#a e a carruagemo#de estava C$arlotte partiu para o Gr&0Palace ?otel,

    dei.a#do para >Ta u#icame#te as lembra#asalegres dos mome#tos ue viveram -u#tas* Auela !oia ltima ve ue a si#$ai#$a Albuuerue viu asterras tupi#iui#s* A pobre partiu sem saber o dia#em a $ora ue voltaria a ver sua ge#etri* O #aviopartiu, e aos poucos a terra !oi se perde#do #o$orio#te+ em poucas $oras -á #&o se co#seguia vermais #ada, ape#as um /o verde #o $orio#tedestacava0se dia#te de ta#ta água*

    A -ovem Albuuerue cami#$ou pela proa,se#tou0se um pouco para ver o pr do sol ue -á sedebruava #o $orio#te* Uma gra#de a#gstia tomouco#ta de seu cora&o, ape#as por saber ue /cariamuito tempo sem ver suas amigas, primas e irm&s desua mam&* Por volta das ci#co $oras da tarde,

    ?adassa c$amou >eat$ri e a-udou0l$e a trocar asvestes, #auela #oite ela iria ao -a#tar docoma#da#te* 6ra um #avio lu.uoso, além dagra#diosidade #o tama#$o e #os detal$es*

    Ys #ove $oras da #oite o -a#tar acabou, ap9s otérmi#o, >Ta seguiu para seu camarote tra#ca#do0selá* >eat$ri trocou de roupa, abriu um ba e emseguida tirou um livro* Se#tou0se em uma cadeira e,

    e#ua#to lia, a escrava ?adassa des!aia seupe#teado,escova#do as lo#gas madei.as, com umaescova de cerdas macias* ?adassa era, sem sombrade dvida, uma mulata li#d%ssima, escrava de pelemore#a e de cabelo li#d%ssimo*

    A viagem durou algu#s dias de duas a uatrosema#as, #&o sei bemB Algu#s dias ap9s sua partidado >rasil, o #avio a#corou #o el$o Mu#do, terra de

    Cam=es, de Gil ice#te, de (er#&o 7opes, de CamiloCastelo >ra#co, de Almeida Garrett e#tre outros* Aterra dos desbravadores* Solo dos a#cestrais de >Ta,

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    c$&o da !am%lia de #osso imperador Dom Pedro 88 ede seu pai, o louco ue vivia atrás das mulatasbrasileiras* Dom 1ua#* K:ue Deus o te#$a em um

    bom lugarL* Dom Pedro 8* Assim ue desembarcouem Portugal, >eat$ri !oi recebida por uma !reira,ue se desig#ava madre superiora do colégio de!reiras, o#de >Ta estudaria* A se#$ora -á estava #acasa de seus uare#ta e ci#co a#os, o $ábito ueusava cobria0l$e o corpo todo, dei.a#do ape#as asm&os e o rosto des#udos* '&o #os era poss%vel vermuito, mas seu rosto ai#da co#servava o !rescor da

     -uve#tude* >om dia, se#$orita disse a vel$a* @alve a

    se#$orita se-a >eat$ri, /l$a da baro#esa 8sabel Sim, sou euB )espo#deu >eat$ri, ai#da

    como o !rescor da -uve#tude* :uem é a se#$ora Muito praerB )edarguiu a !reira* Sou a

    madre superiora do colégio, o#de a se#$orita devera

    passar algu#s a#os da tua vidaB Praer*** Meu #ome é >eat$ri 6mma#uelleAlbuuerue da MaiaB (il$a do !alecido bar&o de>ourbo# e da baro#esa 8sabel* Muito praer*** Murmurou >Ta, e#ua#to !aia uma leve mesura*

    O praer é todo meuB )espo#deu a simpáticase#$ora*

    amos para o colégioB

    X, #&o*** A se#$orita vai passar algu#s dias #acasa de seus pare#tes, para ue possa se acostumarcom o clima*

    1á ue é assim, por ue mi#$a av9 #&o veiome buscar pessoalme#te

    A$*** '9s somos amigas, ela e#t&o mei#cumbiu de buscá0la, pois está arruma#do a casapara sua c$egadaB

    A$, tá*** 6ssa se#$orita veio com voc; :ue se#$orita

    3Q

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    6ssa a%*** ue está atrás de vossa merc;* Sim, é mi#$a escrava* 6la se c$ama ?adassaB

    )espo#deu >Ta*

    >ela rapariga, -amais diria ue é uma escravaB Disse a se#$ora, e#ua#to co#templava a beleade ?adassa* Se, é uma escrava, por ue se vesteassim

    A$*** por ue ela #&o é uma escrava comum*Além do ue, #o co#ve#to #&o é permitida a e#tradade escravas maltrapil$as, #&o* '&o é

    SimB Mas ela está bem0vestida por demais*Além disso, #&o parece ser #egra* Se a visse emualuer sal&o daui ou de Paris, #&o diria ue éescrava*

    Pois é*** 6la #&o é bem uma escrava, é umadama de compa#$ia, ue me !ora dada $á algu#sdias* A se#$ora sabe ue uma moa de !am%lia #&opode a#dar por a% soi#$a* Além do ue, ela é !orra,

    $á muito tempo* 6 ga#$a por seu trabal$o* 6latambém vai estudar lá #o colégio, -á apre#deu obásico lá em casa disse >eat$ri* Mas #i#guém doco#ve#to deve saber disso, porue ela está auicomo se !osse uma prima mi#$a*

    A se#$ora estava dia#te da !ro#te de >eat$ri,com as m&os debai.o do $ábito*

    6stá bem, /l$aB Agora vamos A se#$ora

    sorriu alegreme#te* 6sse será o #osso segredoAgora dei.e isso para lá diia a vel$a, e#ua#tosorria* 6sses s&o os seus bas 8#dagou a vel$a*

    SimBA madre c$amou algu#s lacaios ue pegaram os

    perte#ces da moa* O coc$e traia #a porta o bras&oda !am%lia Albuuerue*

    Peguem as cai.as e os bas, e levem0#os para

    a carroa o#de ir&o as bagage#s* A vel$a deu asorde#s e logo os bas !oram carregados para acarroa* amos e#t&o para o coc$e, se#$orita

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    Cláudio Pereira da Silva

    >eat$ri Sim*** Podemos ir agora* 1á esclarecemos tudo

    o ue t%#$amos pe#de#te*

    A se#$ora e#laou o brao de >eat$ri e, debraos e#laados, cami#$aram até o port&o de sa%da*A carruagem estava espera#do0as " soleira daescadaria* Parti#do o coc$e, #&o demoram muitopara c$egar ao palacete de sua av9, Maria @erea*

    O carro parou dia#te da porta de madeira #obre*O lacaio desceu, abriu a porti#$ola e a-udou ase#$ora de mais idade descer* Depois !e a mesmacoisa com >eat$ri 6mma#uelle*

    6ssa é a casa de mi#$a av9 Pergu#tou >Ta,e#ua#to ol$ava tudo mi#uciosame#te, at#ita comtoda auela belea* '&o ue a !ae#da o#de #ascera#&o !osse bo#ita, mas #&o era #auele estilo#eoclássico*

    Ora*** Pois #&o gosta do ue v; 8#dagou a

    madre superiora* Ac$as muito peue#a Sei euB @uestavas acostumada com uma !ae#da giga#tesca+o#de tu corrias para cima e para bai.o de cavalo*Acertei, #&o é

    De certo modo, sim, porém #&o é isso* porue tudo parece mais bo#ito ue #as !otos demam&eB

    As duas !oram recebidas por uma se#$ora muito

    simpática, #o alpe#dre* 6 !oram co#duidas por elaaté o $all pri#cipal* De !ato era a gover#a#ta* 6is aui a #eta de tua se#$oraB Murmurou a

    madre, coloca#do a m&o sobre o ombro da se#$oritaAlbuuerue* Cad; do#a Maria @eresa

    Ora, pois*** :ue me#i#a mais li#da é essa )edarguiu a se#$ora, e#ua#to passava a m&o #oscarac9is da me#i#a* 6#trem e esperem #a sala de

    estar, pois ela -á descerá* A pobre trabal$ou muito esuas roupas estavam su-as, por isso, !oi trocá0las*

    As duas e#traram e !oram servidas de um

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    re!resco*Se a casa parecia ser li#da por !ora, imagi#a a

    surpresa ue ela teve ao e#trar* @udo era ai#da mais

    li#do+ a mob%lia era de madeira #obre toda tal$ada+ aparede era recoberta por um papel de parede #a cordamasco com aul0a#il+ as corti#as eramadamascadas, uase #o mesmo tom dos papéis deparede+ o $all de e#trada ti#$a um lustre de cristalbelga+ as paredes eram recobertas com mármoreitalia#o+ a escadaria pri#cipal ti#$a vi#te e tr;sdegraus, #o mais puro mármore bra#co*

    >eat$ri e a irm& (el%cia !oram levadas para umamplo sal&o* Aguardaram lá cerca de meia $ora*Meia $ora depois uma se#$ora bem tra-ada seaprese#tou dia#te delas* 6#tra#do ela #a sala, #adadisseram+ ape#as observaram0#a* A se#$ora ti#$aum a#dar impo#e#te e altivo, provavelme#te porcausa de sua situa&o /#a#ceira* Apro.imou0se de

    ambas* >oa tardeB*** :uem é essa rapariga, (el%cia>eat$ri co#ti#uou calada ape#as* K uma

    se#$ora de muito bom0gosto, mas ue se veste comcores s9brias* @alve se-a uma viva, todavia pareciaser bem alegreL, pe#sava a me#i#a* @ra-ava um li#dovestido de musseli#a #a cor mage#ta com algumasaplica=es de seda #a barra, #o pescoo traia um

    colar de pérola #egra, os cabelos estavam pe#teadosde acordo com a moda da época e presos em umaredi#$a*

    a sua #eta, se#$ora Maria @eresaB*** Disse(el%cia*

    @i#$a a visto ape#as por !oto* Mas #a !oto elaai#da era uma me#i#a de colo, #&o ti#$a sa%do doscueiros respo#deu a vel$a* 'ossa*** Como voc; é

    li#daB ObrigadaB )espo#deu >Ta* Como !oi sua viagem, mi#$a #eta Creio ue

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    este-a demasiadame#te ca#sada, #&o é A vel$aergueu a m&o e com um si#i#$o c$amou agover#a#ta e disseJ Ma#de levar as coisas de

    mi#$a #eta para o uarto, o#de dormirá e depoisma#de preparar a ti#a de ba#$o, pois ela está muitoca#sada*

    A gover#a#ta saiu, !ec$a#do a porta emseguida* A av9 de >eat$ri voltou0se para ela e, e#trede#tes, disse, ri#do a parJ

    Dese-a re!rescar0se a#tes do almoo, mi#$auerida

    Sim*** )espo#deu e#vergo#$ada*'ovame#te ela ergueu o si#o, mas desta ve

    outra criada e#trou* Pois sim*** Se#$ora Disse a servial,

    e#ua#to !aia uma leve mesura* 7eve0a para seus apose#tos e a-ude0a a tomar

    ba#$o* Depois desa e a-ude a coi#$eira a termi#ar

    o almoo*A empregada pegou >Ta pelo braodelicadame#te e levou0a para seus apose#tos*6stava admirada com auela casa* A#tes de c$egar aseus apose#tos, atravessou um lo#go corredor, o#de$avia várias portas e muitos uadros* Provavelme#teseriam os a#cestrais da !am%lia Albuuerue*

    A porta do uarto o#de ela /caria se abriu, e era

    um uarto li#do e amplo* Passou com os ol$os portodos os ca#tos, em seguida !oi levada para a casade ba#$o, o#de !oi despida pela servial, ue a !ee#trar em uma ti#a de mármore*

    '&o te#$a vergo#$a*** Disse a servial, poisde certa !orma >eat$ri estava com vergo#$a*Auela era a primeira ve ue a via* e#$a, me#i#ali#da, e#tre aui #a ti#a e se se#tirá mel$or* :uero

    ser sua amiga, pode co#tar comigo para o ueuiserB '&o, #&o precisa /car com vergo#$a de mim*

    Ao ouvir auelas palavras, >eat$ri se#tiu0se

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    co#/a#te* 6#t&o >Ta saiu de trás do biombo e e#trou#a ti#a* 6m seguida, outra servial e#trou #a casa deba#$o com uma ba#de-a #as m&os e disseJ

    >o#-our, miss* @rou.e um re!resco parase#$orita, vossa av9 ma#dou* 6la amparou aba#de-a em cima de uma mesa e deu o copo #asm&os de >eatri* 6ra o suco de um !ruto ue ela #&oco#$ecia* Aceita seuil$os, miss

    SimB*** 6.cuse me, 7adT*** Com lice#a, se#$orita* Se

    precisar, é s9 ma#dar c$amar* 6m seguida aservial dei.ou a casa de ba#$o*

    A outra se#$ora também saiu, dei.a#do0asoi#$a*

    Se#$orita, #&o saia da água, -á volto*** Parasecá0la e vesti0la também* 8rei ali*** 1á voltoB

    Mi#utos depois retor#ou ela, com uma ime#satoal$a #as m&os* >eat$ri ergueu0se da ti#a e

    e#rolou0se #a toal$a* Pro#to*** Se#$orita >eat$ri, -á pode sairagoraB

    >Ta e#rolou0se #a e#orme toal$a e cami#$oupelo uarto* Com autoria&o de >eat$ri, a -ovemservial abriu o ba, pegou a roupa ue a miss usariao resta#te do dia* Depois ue a-udou >eat$ri6mma#uelle a se vestir, a servial saiu do apose#to,

    dei.a#do0a #ovame#te soi#$a* 6la e#t&o cami#$oupor toda a acomoda&o, viu cada -a#ela* 6 meia $oradepois estava a servial lá #ovame#te, mas destave para c$amá0la*

    Se#$orita, o almoo será servido* Sua av9 ac$ama*

    Cami#$ou >Ta pelo uarto e, ao lado daservial, desceu para a sala de -a#tar* A servial

    serviu0l$e de guia, pois a casa era e#orme, e elaai#da #&o a co#$ecia por completo*

    :ua#do c$egaram " sala de -a#tar, a

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    visco#dessa e a madre -á a aguardavam, um serviala!astou a cadeira e ela se#tou0se, e#t&o a moa uel$e servia de camareira serviu0l$e um pouco de sopa*

    Coma*** Mi#$a pri#cesi#$aB '&o precisa /carcom vergo#$a, além do ue estamos em !am%liaB '&oé

    Os dias !oram passa#do, e ela acabou seacostuma#do* Dois meses ap9s a sua c$egada, ela ea visco#dessa $aviam se tor#ado boas amigas*:ua#do >eat$ri completou ui#e a#os, ga#$ou desua av9 @eresa um li#do a#el de esmeraldas e umgra#de sarau, além do #ovo guarda0roupa* Agora ela

     -á usava vestidos, ue l$e cobriam os pés, e saiasampl%ssimas, ou se-a, saias0bal=es como s&oc$amadas* 6la estava deslumbrada, $avia se tor#adomoci#$a* 6 agora usava aueles vestidos usados porsuas irm&s, ue sempre uis usar, mas #&o podiaporue ai#da era cria#a* A cri#oli#a a i#comodava

    um pouco #o comeo, mas depois acabou seacostuma#do* Ac$ava tudo auilo ali muito li#do e, acada #ovo modelo ue via, comprava* A modista davisco#dessa -á sabia e, ua#do sa%a #ovo modelo #arevista de moda, ela era a primeira a ser co#sultada*

    A c$egada da moa a Portugal !oi uma !esta, @odos da alta sociedade lusita#a adoravam a !am%liade >eat$ri* Dia sim, dia #&o, lá estava ela e suas

    primas, compra#do roupas e outros ob-etos*Porua#to era #ormal toda #oite ir a um sarau ou aoteatro, ao lado da visco#dessa, sua av9* >eat$ri erabe#uista #os sal=es da #obrea, pois da#avadivi#ame#te e ca#tava como um rou.i#ol* De de emde dos saraus ue se realiavam em Portugal, emtodos estava lá a moci#$a, com o #ome #a lista*

    >eat$ri era realme#te uma moa privilegiada

    pela vida* Além da riuea, a vida $avia l$ederramado a arca da beleaJ os traos eramper!eitos, as li#$as da boca eram li#eares e davam0

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    l$e o tro!éu da per!ei&o, com uma colora&oprpura davam0l$e um ar a#gelical, porém um touede se#sualidade* O corpo era li#earme#te deli#eado,

    esculpido em alvo mármore italia#o pelas m&os dadeusa ?ebe, tudo era per!eito e tudo combi#ava comtodo o rosto, pele, #ari a/lado, boca deli#eada sobreo laivo rosáceo, pi#tado a m&o por A!rodite epree#c$ido pelo cupido, Ko deus do amorL* Sobre ocolo gracioso, de#sos cac$os ca%am0l$e eemolduravam0l$e ai#da mais o sembla#te a#gelical*(isio#omia ue mostrava sua pueril e imaculadaco#di&o*

    Por tal ess;#cia #&o passara seuer a bruma daco#cupisc;#cia, da presu#&o, a oste#ta&o ue!aiam parte de outras moas #a sua idade, devido "!ormosura e a rompa#te !ortu#a* Demo#stravaape#as a doura, ilus9ria de um cora&o so#$ador#&o i#amado pelo dese-o da car#e, coisa ue viria

    com a idade*

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    Capitulo II

    Sintra

    'o dia segui#te, ap9s o ca!é da ma#$&, avisco#dessa resolveu levar a #eta para co#$ecer acidade de 7isboa e as cidades vii#$as* A vel$ase#$ora levou >eat$ri 6mma#uelle para ver umatourada+ a -ovem saiu da praa de tourada$orroriada, visto ue -amais vira coisa t&o terr%vel*Os touros eram provocados e levavam ec$adas até

    a morte* Ap9s o térmi#o da tourada, o coc$e davisco#dessa seguiu para Si#tra, o#de >eat$ri ti#$a!amiliares* Algumas $oras depois -á $aviam c$egadoa Si#tra***

    Marcava pouco mais de o#e $oras, ua#do ascarruage#s com seis pessoas dei.aram asdepe#d;#cias da !ae#da da co#dessa, 7ucélia*'auele coc$e iam >eat$ri e os uatro /l$os da

    co#dessa, tia de >Ta* Os -ove#s estavamdemasiadame#te bem0vestidos, as moas usavambelos vestidos de saia0bal&o* >eat$ri usava umvestido de musseli#a #a cor lilás roTal e umma#telete* )osário utiliava um vestido #a corc$ampa#$e perolado* O rapa ue as acompa#$avaestava tra-a#do uma li#da casaca #egra e #a cabeatraia uma cartola de pelica* As -ove#s damas

    traiam #as costas capas de veludo #egro* O calorestava arde#te, por isso todas usavam sombri#$as,para ue pudessem se proteger dos raios solares*

    3N

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    Meia $ora depois $aviam c$egado ao lugardese-ado, todos apearam do coc$e e cami#$arampor todo o castelo* Marcava meio0dia ua#do

    cearam* A escrava ?adassa procurou um lugar o#desua si#$á pudesse se#tar e comer, ap9s umacami#$ada por todo castelo, ac$ou um descampado*6 debai.o de uma árvore t%pica de Si#tra, a mulataeste#deu uma toal$a, coloca#do a re!ei&o sobre ela*>eat$ri e seus primos se#taram0se e !oram servidospor ?adassa* Um lo#go sil;#cio tomou co#ta doambie#te até ue a me#i#a Maria do )osário uebrouo sossego do co#vescoteJ

    Ora, pois, pois, mi#$a prima*** O ue vossamerc; ac$ou deste passeio Murmurou Maria do)osário, e#ua#to estirava0se sobre o pa#o ueestava #o c$&o* Gostou de co#$ecer as ru%#as docastelo dos mouros (ala*** Se isso aui #&o é a coisamais li#da ue voc; -á viuB '&o é ue eu ueira me

    e#altecer, mas isso é muito li#do* Adorei o dia de $o-e*** Mas esta ma#$& euacordei preocupada, porue tudo isso me parece sera a#u#cia&o de uma tragédia* ?o-e de ma#$&avistei uma #uvem #egra #a li#$a do $orio#te***Além da vo ue ouvi ao pé do ouvido die#doJ Ksuavida está prestes a mudarL* 8sso me dei.oue#cabuladaB

    '&o $á de ser #ada, mi#$a uerida balbuciou o rapa* @alve se-a ape#as um so#$o* :ue #adaB Pareceu0me muito real* Meu Deus,

    o ue será Dei.e isso para mais tarde, agora vamos #os

    divertir* Pois a vida é curta demais para darmosouvidos a essas coisas*

    :ue #adaB 8sso !oi ape#as um so#$o***

    Murmurou 7uia, /l$a mais #ova da co#dessa* '&o, #&o*** O so#$o !oi muito real, te#$o

    certea dissoB Disse >Ta, e#ua#to degustava um

    3E

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    pedao de pastel de >elém* oc;s podem #&oacreditar, mas todas as vees ue te#$o esse tipo deso#$o, algo aco#teceB A ltima ve ue tive um

    so#$o igual a esse, meu pai morreu* Ora, pois, prima* Credo, até parece um agouro

    murmurou Aevedo, e#ua#to se be#ia* 8sso #&o é agouro, meu primo, é ape#as o ue

    si#to co#cluiu ela, e#ua#to erguia0se do c$&o* Ac$o ue -á é $ora de partirmos, pois o crepsculo#&o tarda* muito perigoso via-armos " #oite***

    ?adassa recol$eu tudo, e#ua#to seus se#$orescami#$avam um pouco mais pelas mural$as* Asmoas -á estavam e.austas, pois suas roupaspesavam muito*

    amos*** amos* Por !avor, vamos emboraBPois -á #&o ague#to mais mi#$as per#as*** Murmurou a terceira moa, Cristi#a*

    Ap9s a volta ue deram em tor#o das ru%#as do

    castelo, os seis voltaram para os coc$es* As coisas -áestavam preparadas, ape#as subiram #o carro, uelogo partiu* >eat$ri e sua av9 passaram mais algu#sdias ali e #o dia primeiro de maio regressaram para7isboa* Duas sema#as ap9s seu retor#o a 7isboa, avisco#dessa $avia recebido um co#vite muitoespecial* 6la e a #eta $aviam sido co#vidadas paraassistir a um espetáculo de 9pera #o teatro S&o

    Carlos*'a #oite do espetáculo o teatro estavasuperlotado pela alta sociedade lisboe#se* @a#to ossal=es ua#to os corredores do teatro pareciam terse tor#ado uma passarela de des/le, tudo eragra#dioso, e os membros da alta sociedade #&oeco#omiaram #o /guri#o* As damas estavam comsuas lustrosas e bel%ssimas saias0bal=es de vários

    tecidos das mais variadas cores e modelos* 'auela#oite uma coisa era regraJ todas estavam disputa#doa amplitude das saias, era uma mais rodada ue a

    4Q

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    outra* Sem !alar das tiaras e ador#os de cabea ueusavam e as capas de veludo ue cobriam o dorso,além das -oias ue pareciam pele-ar e#tre si, para

    ver ual era a mais bril$osa e a mais rica de todas*Os bar=es, com suas dig#%ssimas se#$oras usa#dosuas tiaras, as co#dessas e visco#dessas e.ibiamsuas -oias deslumbra#tes* Os -ove#s des/lavam sua

     -ovialidade e espal$ava alegria pelos sal=es, e osa#ci=es sua e.peri;#cia, e traiam " mem9ria umpassado alegre e -ovial, como aueles ue agoravivem*

    'auela #oite >eat$ri usava um li#do vestidode musseli#a #a cor c$ampa#$e com laivos verde0ba#deira e #a ci#tura traia uma /ta de cetim verdeue l$e marcava bem a ci#tura* A saia eraampl%ssima, os cabelos presos em uma redi#$a ecom uma grossa tra#a #o alto da cabea* 1á avisco#dessa usava um vestido discreto e #um tom

    s9brio, visto ue era viva e como tal deveria traera marca de sua viuve* 7ogo, o burburi#$o dos sal=ese dos corredores do teatro S&o Carlos acabou, todos!oram para seus lugares #a plateia e #os camarotes*

    O camarote em ue a visco#dessa e >eat$riestavam era ao lado do camarote real* A visco#dessa#&o $avia percebido+ #o e#ta#to, >eat$ri estavase#do corte-ada por um rapa* 6ra um rapa more#o,

    belo e $erdeiro de uma !am%lia rica de 7isboa* Auela#&o era a primeira ve ue os dois trocavam ol$ares,pois $aviam se e#co#trado em um sarau* Desdee#t&o, todas as tardes, o -ovem passava em !re#teda casa de >eat$ri*

    Ao /#al do primeiro ato, a alta sociedaderegressou ao sal&o #obre e, e#tre uma taa dec$ampa#$e e outra, esperavam o pri#c%pio do

    segu#do ato, ue #&o demorou muito a comear* Osdois -ove#s co#ti#uaram troca#do ol$ares #osegu#do ato+ e#/m, o espetáculo c$egou ao /m*

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    Cláudio Pereira da Silva

    Assim ue o espetáculo termi#ou, todos seleva#taram+ e#ua#to aplaudiam, o te#or retirava0sedo a#/teatro* Dessa !orma, pessoa por pessoa !oi

    dei.a#do o teatro e, em poucos mi#utos, o corredor ea escadaria e#co#travam0se abarrotados de damas ecaval$eiros ue aguardavam seus coc$es* Acarruagem de >eat$ri parou ao limiar da escadariapri#cipal+ ela e a visco#dessa tomaram seus asse#tos#o coc$e, ue logo dei.ou a e#trada do teatro,regressa#do assim para casa* Uma c$uva torre#cialca%a sobre toda 7isboa, causa#do uma gra#deco#!us&o #as ruas*

    6 agora, vov9, o ue !aremos Murmurou>eat$ri* A$*** Ai#da bem ue a c$uva aguardou a#ossa e#trada #o coc$eB Ou agora estar%amose#sopadas* A$*** A$*** A$B***

    mesmo, mi#$a /l$aB )espo#deu a vel$a*O rel9gio da sala deu suas doe badaladas,

    ua#do o coc$e ue traia av9 e #eta apeou dia#teda casa* A calec$e parou dia#te da porta, duasserviais ue estavam #o alpe#dre abriram doisguarda0c$uvas e !oram ao e#co#tro de suasse#$oras*

    :ue c$uva é essa Diia uma criada,e#ua#to tiravam as capas mol$adas das costas daco#dessa*

    mesmoB )espo#deu a vel$a* Podema#dar a !ra#cesa preparar #osso ba#$o, pois #&opodemos dormir assim, ou pegaremos umap#eumo#ia, ou /caremos t%sicas*

     Assim cada uma !oi para seu uarto e, ap9s oba#$o, tomaram ca#-a de gali#$a e !oram dormir* Osdias !oram passa#do* 6, em um belo dia de i#ver#o,uma gra#de #uvem,#egra pairou sobre a ma#s&o*

    'auela ma#$&, como de costume, >eat$ri ergueu0se da cama, lavou o rosto, vestiu0se e desceu paratomar o des-e-um* Co#tudo, ac$ou estra#$o, pois,

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    ua#do c$egou " sala, #&o e#co#trou sua av9 "cabeceira da mesa, como de costume* Assustada, !oi" coi#$a, imagi#a#do ue poderia e#co#trá0la lá, "

    sua espera* Sem obter ualuer resposta, correu devolta para a escadaria e, ap9s subir dois la#ces deescada e cami#$ar algu#s mi#utos, a -ovem,acompa#$ada de sua mucama, bateu #a porta douarto*

      ov9*** ov9*** Gritava ela desesperada semsaber o ue !aer, a porta estava tra#cada e ela eraape#as uma moa* 6#t&o ma#dou ue c$amasse o

     -ardi#eiro e o coc$eiro para ue pudessemdesobstruir o cami#$o*

    A porta !oi arrombada, cami#$ou pelo apose#toe percebeu ue a visco#dessa ai#da estava deitada*Apro.imou0se da cama a!astou a corti#a do dossel etocou0l$e a !ace* A !ace estava !ria e a pele estavacom uma palide m9rbida+ os lábios gélidos e ro.os*

    Gritou*** Gritou*** Auela ce#a medo#$a $aviatomado co#ta do seu ser* Como poderia sua amiga eav9 estar morre#do* '&o acreditou e com basta#tesacri!%cio a deitou em seu colo, percebeu uma levepulsa&o em seu pescoo* '&o podia ser verdade,sua av9 estava morre#do* C$ora#do muito deuordem ao coc$eiro* Para ue !osse buscar o médico*

    1á vou, se#$oraB Disse ele, e#ua#to dei.ava

    o apose#to* á*** á* Se#$or 1oauim, vá depressa disse>Ta, e#ua#to a!agava o rosto de sua av9 e#tre suasm&os* ?adassa*** Pegue mais dois cobertores, elaestá com muito !rio lembrou0se da ce#a ue $aviavisto ai#da me#i#a+ a morte de um escravo vel$o lá#a se#ala de sua !ae#daJ Meu DeusB Por ue issoagora 6stávamos t&o !eliesB

     A escrava ?adassa trou.e a coberta, mas -á eratarde demais*

    Mi#$a uerida #eta prometa0me algo Disse

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    a visco#dessa, ai#da #a e.pia&o da morte,ago#iava em seu leito* 6ra uma se#sa&o trevosa,ue arrepiava sua pele, dei.a#do0a apavorada,

    sabe#do ela ue a morte estava ali ao seu lado, "cabeceira de seu leito* 6spera#do ape#as uma$esita&o sua para cei!ar sua vida* 7eva#te am&oB*** >eat$ri ergueu0l$e* Prometa0me dia#tede meu leito de morte e pera#te 'ossa Se#$ora de(átima*** Gemia a se#$ora, e#ua#to ago#iava*** :ue -amais dei.ará de ser !eli*** @u ai#da és umame#i#a+ todavia+ ua#do se tor#ar uma rapariga evoltar para o seu pa%s, algo l$e aco#teceráB Algo uemudará completame#te o rumo de tua vida, -amaisdei.e de ma#dar em sua vida+ pois uem co#du oteu e o meu cami#$o é o #osso Se#$or e Criador,

     1esus de 'aaré* Cuidado com as armadil$as docora&o* 'o e#ta#to, respeite as orde#s de tua m&e,visto ue some#te assim terás vida boa e lo#ga #a

    terra* o ma#dame#to, de Deus, K?o#rar pai e m&e,para ue seus dias se prolo#guem #a terraBL Assim!oram suas ltimas palavras, des!alece#do emseguidaB Assustada, >eat$ri comeou sacole-ar avisco#dessa !re#eticame#te como se auilo atrou.esse de volta*

    '&o adia#ta, si#$á*** 6ssa é a vo#tade de DeusPai* '&o podemos !aer #ada, ape#as rogar por sua

    alma disse ?adassa, c$ora#do a par* Cale a boca*** Pois tu #&o sabes o ue diesB Disse >Ta, aos pra#tos* Sa%a daui agoraB*** ai verse o médico c$egouB A escrava saiu, dei.a#do0a as9s* Assim ue a escrava !ec$ou a porta, avisco#dessa recobrou os se#tidos e disse0l$eJ

    '&o precisa gritar com a moa, ela tem toda ara&o*** O Criador me c$amouB A visco#dessa virou

    para o lado* Os ol$os tosca#e-aram e, por /m, deuseu ltimo suspiro*

    ov9*** ov9* '&o morra+ #&o, vov9*** Por

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    !avorB :uem cuidará de mim:ua#do o médico c$egou, !oi ape#as para

    rea/rmar o ue ela -á sabia, a visco#dessa $avia

    morrido* A visco#dessa Maria @eresa $avia partido* 6agora o ue seria de >eat$ri Pobre me#i#a, #&osabia o ue !aer* Assim ue o médico saiu do uarto>eat$ri, !oi " coi#$a e ma#dou o coc$eiro c$amar oadvogado da av9J o Dr* 1usceli#o* 7ogo ue elec$egou, os preparativos para o vel9rio e o e#terrocomearam* Ma#daram me#sageiros a todas asprov%#cias de Portugal, o#de a visco#dessa ti#$apare#tesco*

    A #oite caiu* O rel9gio da sala marcava sete$oras da #oite, ua#do as primeiras pessoasc$egaram " ma#s&o, pessoas de todos os lugares de7isboa, i#div%duos ue ueriam re#der suas ltimas$ome#age#s " visco#dessa*

    Meus p;sames, se#$orita >eat$ri murmurou

    a baro#esa ict9ria*A #oite passou e #o outro dia, assim ue o sola#u#ciou sua c$egada, sa%ram todos por 7isboa emuma lo#ga romaria até c$egar " igre-a ce#tral, o#deseria a ltima morada da visco#dessa* Ap9s osepultame#to, partiram de #ovo para casa* As tias eos primos de >eat$ri regressaram para suasprov%#cias* Ape#as >Ta /cou #a casa o#de morava

    com a av9* Passou a #oite i#teira c$ora#do eprocura#do ra=es para tal aco#tecime#to* A #oitepassou e #o dia segui#te tivera uma surpresa, logoap9s o des-e-um recebeu a visita do advogado de sua#o#a*

    Pois, #&o se#$or Disse ela ai#daco#ster#ada pela #oite passada, e#ua#to e#trava#o escrit9rio* O ue o trou.e aui, a essa $ora

    Desculpe0me, se#$orita, por i#comodar0l$e aessa $ora do dia, mas estou aui i#cumbido por suaav9, Kue Deus a te#$aL* 6la, a#tes de morrer, $avia

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    me dito ue, se ela morresse a#tes do seu regressoao >rasil, era para ma#dá0la imediatame#te para ocolégio de !reiras*** 6 assim como $avia prometido a

    sua madre, devo cumprir* Agora mesmoB***'auele mesmo i#sta#te o mu#do de >eat$ri

    caiu*** Pois estava des#orteada, #&o sabia o ue!aerB Caiu #o c$oro e, -oga#do0se sobre um ca#apé,disseJ

    6ssa !oi a ltima vo#tade de mi#$a av9 Pergu#tou ela, e#ua#to secava o rosto*

    Sim, se#$oritaB 7ame#to*** Mas esse !oi o seupedido*

    Com lice#a Mas isso #&o é tudo em seu testame#to* A

    amada visco#dessa dei.ou0l$e boa parte de sua$era#aB 8#clui#do está casa, a casa do Douro e acasa de Si#tra*

    Ap9s auela réplica, >eat$ri saiu des#orteada

    pelos corredores aos pra#tos, mas teve ue acatarsuas orde#s, porua#to era ele uem estava com suatutela* Dura#te toda auela tarde e o resto da #oitepassou ela arruma#do suas coisas, visto ue partiria#o dia segui#te, assim ue o sol abrol$asse #o$orio#te* A #oite passou* 6, #o dia segui#te, ai#da#as primeiras $oras do dia, ela e ?adassa partirampara o colégio de !reiras, o#de seria sua moradia #os

    pr9.imos a#os*Os primeiros dois meses em ue passou #ocolégio !oram para ela a mesma coisa ue sersepultada viva* 6ra realme#te muito di!%cil para umasi#$ai#$a, como ela, estava acostumada " vidaagitada da #obrea lusita#a* Uma vida regada acompras, passeios, co#vescotes, saraus e idas aoteatro para assistir a peas, 9peras, etc* Dei.ar de

    uma $ora para a outra a vida agitada para mergul$arem uma vida de clausura e de ora=es, mesmo paraela, ue todo domi#go ia " missa ao lado da

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    visco#dessa e obedecia a todas as leis da 8gre-a, eradi!%cil***

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    Capítulo III

    O colégio de freiras

    7isboa, Portugal, N53*Colégio e Co#ve#to das 8rm&s Carmelitas*

    (altavam poucos dias para acabar o a#o, e>eat$ri ai#da #&o $avia se acostumado com a roti#ada escola* Acordavam "s ci#co $oras da ma#$& e iamdormir "s de da #oite* K:ue tédio, #ada de saraus,

    #em !estas, #em compras sem #ada, ape#asestudoL, pe#sava ela*6studavam o dia i#teiro e, ua#do #&o estavam

    estuda#do, /cavam #a capela !ae#do preces aoe#tardecer* >Ta -á $avia !eito várias amigas, além de?adassa, sua /el escudeira* Porém Maria 6duarda erauma amiga mais ue especial, uase uma irm&*Maria, além de ser brasileira, era uma moa more#a,

    de ol$os verdes e de cabelos casta#$os0claros* (il$ade um rico !ae#deiro do >rasil, estava ali com amesma i#cumb;#cia das outras moasJ estudar,porém #&o para ser uma mul$er cie#tista, eraape#as um modo de se resguardar até o dia em ueo pai ma#daria buscá0la para se casar*** Assim comoas outras, >eat$ri #&o sabia o poru; de sua estadaali* Porém muita coisa do ue as outras estavam

    apre#de#do, ela -á $avia apre#dido #o >rasil, comsuas irm&s e a pro!essora america#a, C$arlotteMitc$ell OR ?ara*

    4N

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    O sol $avia acabado de #ascer #o $orio#teua#do >eat$ri abriu os ol$os* Dia vi#te tr;s dedeembro, !alta#do e.atame#te oito dias para acabar

    o a#o* Auele dia parecia ser um dia at%pico aosoutros* 7eva#tou0se, vestiu0se ape#as com o robe ecomeou a cami#$ar pelo apose#to, coloca#do0sedia#te de uma -a#ela, -a#ela esta ue /cava pr9.ima" escriva#i#$a* Abriu as corti#as de veludoadamascado e, em seguida, a -a#ela* Um ve#to !riosoprou, >eat$ri se#tiu e#t&o uma brisa !riapercorrer0l$e toda a espi#$a dorsal, arrepia#do0se*

    O ve#to estava t&o !rio ue a -ovem !oi obrigadaa dar tr;s passos para trás, para pegar um .ale ueestava espal$ado sobre um ca#apé* 6m seguida,volveu0se #ovame#te para a -a#ela* Colocou o rostopara !ora e viu um de#so #evoeiro, estava muito !rioe, para completar, ca%a uma /#a garoa* @eme#do/car t%sica, voltou rapidame#te para o i#terior de seu

    apose#to+ tra#ca#do a -a#ela em seguida* Deualgu#s passos largos pelo uarto e parou dia#te desua secretária* Ao lado da escriva#i#$a, ?adassadormia, do outro lado do uarto dormia Maria6duarda*

    Pegou uma pe#a de pav&o imperial, o ti#teirode #a#uim e uma !ol$a de papel bra#co* >eat$ricomeou a escrever algumas palavras #o papel,

    todavia desistiu rasga#do0o* A -ovem te#tavaescrever uma carta para sua m&e, co#tudo #&o teve;.ito em suas derradeiras palavras* 'a carta pediapara voltar, e#treta#to se#tiu #ecessidade de /car eesperar ue !osse co#vocada pela baro#esa* Ol$oupara ?adassa, ue se co#torcia em seu leito com !rio*6#t&o leva#tou da cadeira, pegou seu cobertor e oeste#deu sobre a moa*

    Maria 6duarda dormia como se #&o $ouvesse#i#guém em seu uarto+ parecia uma pedra e, de veem ua#do, !alava algumas palavras em latim, ou

    4E

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    discutia com alguém ue -amais diia o #ome* Comcertea auelas palavras $aviam sido apre#didas #aigre-a, dura#te os serm=es* >eat$ri ca%a #a risada,

    mesmo assim ela #&o acordava* A -ovemAlbuuerue /cou ali por algu#s mi#utos, até uepegou #o so#o #ovame#te* Acordou assustada, oti#teiro de #a#uim $avia ca%do #o c$&o*

    Meu Deus*** :ue barul$o é esse, si#$á 6rgueu0se ?adassa, assustada* Si#$á*** Si#$á disse0l$e a mucama, e#ua#to bala#ava o brao desua se#$ora*

    X Deus, o ue eu / Sou uma idiota mesmo*** >Ta e ?adassa ca%ram #a gargal$ada*

    6stava dormi#do a%, si#$á 8#dagou0l$e?adassa* ai acordar com dor #as costasB aideitar em seu leito, dei.a ue limpo tudo*

    '&o*** Pode dei.ar ue eu limpo tudo* 8sso #&oé $ora para dormir, -á se !a dia claroB*** >Ta te#tou

    limpar o c$&o, #o e#ta#to a mucama #&o dei.ou*6#t&o voltou a cami#$ar pelo ime#so apose#to,lavou o rosto #a água !ria, de um -arro de porcela#ai#dia#a ue estava sobre uma mesa de cabeceira+despiu0se da roupa de dormir e vestiu a roupa$abitual* estiu0se e acordou Maria 6duarda, vistoue as $oras -á $aviam se esva%do e as aulascomeariam em poucas $oras* Depois ue se

    vestiram, as duas moas partiram para o re!eit9rio,o#de -á eram aguardadas pelas demais*?adassa, como era dama de compa#$ia, teve

    ue /car #os apose#tos arruma#do tudo e espera#dosua $ora de tomar ca!é, -u#to com as outras serviaisdo colégio e damas de compa#$ia*

    Ap9s o des-e-um partiram para a sala de aula,o#de apre#deriam a pi#tar, coisa ue >Ta -á sabiaB

    Perto do meio0dia almoaram e em seguida voltarampara a sala de aula, duas $oras depois tomaram oc$á da tarde* Assim ue o crepsculo a#u#ciou sua

    5Q

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    c$egada, -a#taram e !oram " capela, o#de /carampouco mais de duas $oras, ouvi#do o serm&o dopadre sobre o ue poderiam ou #&o !aer* Depois das

    preces cada moa voltou para seu apose#to* >eat$rie Maria 6duarda atravessaram um gra#de corredor, acada passo uma #ova surpresa, as paredes estavamrepletas de uadros, um uadro em especialc$amou0l$es a ate#&o*

    6ra uma moa muito li#da, de cabelos louros e#a altura das co.as todo a#elado+ a roupa era de umveludo verde0musgo com ampla saia* Seus cabelosloiros ca%am0l$e sobre o colo em li#dos a#éis, osorriso a!etado #os lábios, a mati parecia umapétala de mag#9lia, ba#$ada pelo orval$o da #oite*Pararam dia#te da imagem, curiosa, Maria pergu#tou" !reira ue as acompa#$avaJ

    Se#$ora, por !avorB :uem é esta se#$oritaaui i#dagou Maria, muito alegre* 6la é muito

    li#daB O ue esse uadro represe#ta para o colégioA se#$ora deu algu#s passos para trás e disseJ A$, mi#$a /l$a*** A $ist9ria dessa moa é

    muito lo#ga* Outro dia eu co#to*** Agora asse#$oritas ir&o dormir, -á é tardeB Ama#$& eu co#to,prometoB 6 #os m%#imos detal$es*** Disse ase#$ora, e#ua#to cami#$ava em dire&o " porta*

    A cada passo ue davam, o corredor tor#ava0se

    mais escuro, e os uadros tor#avam0se mo#struosos*6ram pi#turas vel$as, #o estilo g9tico, pareciamobservá0las* :ua#do c$egaram aos apose#tos, a!reira dei.ou0as tra#ca#do a porta atrás de si*?adassa despiu0l$es das roupas do dia a dia e l$escolocou as roupas de dormir* :ua#do -á estavamdevidame#te vestidas para dormir, cada umaa-oel$ou sobre o seu leito e /eram auilo ue todo

    crist&o deveria !aer a#tes de dormirJ rearam,deitaram0se, !ec$a#do os acorti#ados de veludoadamascado do dossel*

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      O ver&o -á passou, o outo#o também e oi#ver#o #em se se#tia mais* c$egada " esta&omais li#da do a#oJ a primavera, esta&o em ue tudo

    re#asce, tudo se tra#s!orma, as árvores d&o seus!rutos, as aves do céu se reproduem+ -á #&o se viammais as !ol$as secas do outo#o, #em a #ebli#a e o!rio do i#ver#o* @udo re#ascera das ci#as, assimcomo um ser mitol9gico* Desse modo tambémdeveria >eat$ri re#ascer das ci#as, sair do lodoo#de ca%ra* Ap9s a morte de sua av9, passara apergu#tar a Deus o ue ele ueria dela* Primeiro seupai, agora sua av9 Passava boa parte do tempo #acapela, procura#do respostas para tudo* Ac$ava0setola, idiota* Pe#sou ue -á estava /ca#do se#il*

    A #oite passou* 6 #a ma#$& segui#te, assimue acordou, lavou o rosto, vestiu um vestido desaia0bal&o de musseli#a lilás com laivos mage#ta* 'aseu;#cia desceu as escadas ue separavam os

    uartos do resto do co#ve#to, passou pela ala sul,desce#do as escadas do !u#do+ decidiu cami#$ar umpouco pela ala #orte, O#de parecia tudo estardestru%do por co#ta do tempo* Ali e#tre as ru%#as doprimeiro co#ve#to, datado do a#o de 4N, a#o emue D* 1o&o 88 subiu ao tro#o de Portugal, $avia umapeue#a capela de o#de >eat$ri pde avistar umai#cid;#cia de lu, parecia ser uma vela, a imagem

    trepidava* Apro.imou0se da capela e percebeu ueera uma !reira* 6#trou e, a-oel$a#do0se aos pés de'ossa Se#$ora de (átima, !e a i#trodu&o de suaspreces*

    A irm& Perpétua parecia estar em um estado detorpor ou em tra#se* '&o sei e.plicar, #o e#ta#to,parecia #&o estar #este mu#do, porua#to #&opercebeu sua e#trada* >eat$ri a-oel$ou0se ao seu

    lado, comeou a !aer suas preces, !oi ua#dopercebera a prese#a da me#i#a e, de cabea bai.a,disseJ

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    O ue !aes aui a está $ora, moci#$a '&odeveria estar em seu apose#to 1u#to com suasamigasB S&o ai#da vi#te para as uatro da ma#$&B

    ossa merc; #&o deveria estar ai#da #o átrio de seuleito 8#dagou0l$e a !reira, e#ua#to !aia suaspreces*

    A$, irm&, #&o seiB De repe#te acordei e #&oco#segui dormir mais* 6#t&o resolvi a#dar um pouco disse >Ta, ai#da a-oel$ada*

    Mas #&o pode a#dar soi#$a por a%, porua#toé perigoso disse ela, e#ua#to pegava a m&o de>eat$ri*

    Perigoso*** Por u; '&o estamos cercadas pormural$asB

    SimB*** Mas isso #&o uer dier ue estamoscompletame#te protegidas dos mal!eitores* 6lespodem pular os muros co#cluiu a se#$ora, pu.a#doseu .ale para cima*

    O !rio e a #ebli#a da madrugada pairavam ai#dapor sobre o co#ve#to* Desculpe0me, se#$ora co#cluiu >eat$ri,

    e#ua#to reava o tero* Mas é t&o cedo*** 6 a se#$orita -á está

    totalme#te vestida claro, como eu sairia de meu uarto em

    tra-es me#ores Sem !alar #o !rio ue !a essa

    madrugada* @e#$o medo de pegar uma pleurisia,t%sica* A$, táB

    As badaladas do rel9gio da igre-a matria#u#ciaram a c$egada de mais um dia, erame.atame#te ci#co $oras da ma#$&* Com certea amadre superiora e as outras !reiras -á estavam de péBPorua#to comeavam a trabal$ar ai#da a#tes das

    seis $oras* amos, moci#$a, !aa suas co#sidera=es

    /#ais para ue possamos retor#ar ao co#ve#to* 1á,

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     -á*** terei ue ir " coi#$a a-udar a preparar o ca!é dama#$&*

    Posso a-udar a se#$ora, se uiser disse >Ta,

    e#ua#to erguia0se do c$&o e sacudia a saia* AgradecidaB*** Agradeo o vosso i#teresse,

    mas isso #&o é coisa para voc; !aer* oc;s est&oaui para apre#der etiueta, a coer, bordar, pi#tar,apre#der o latim e #&o para coi#$ar e !aertrabal$os domésticos* Pois isso uem !ará para v9sserá vossas empregadas ou escravas, #o caso do>rasil*

    Mas isso tudo eu -á sei !aer* Apre#di ai#da #o>rasil murmurou ela* ai, por !avorB 8sso #&ouebrará mi#$as m&os* 'em tampouco me !aráme#os si#$ai#$a* ai, vai, por !avor

    '&oB*** 6 agora volte para seu dormit9rio eaguarde lá o #osso c$amado***

      '&o co#segui#do ;.ito em suas propostas,

    regressou ao seu uarto* 7á ?adassa -á estava " suaespera* O#de estava, mi#$a si#$á Dei.ou0me

    preocupada* A$, mi#$a uerida, estava por a%B***Ap9s ter trocado algumas palavras com

    ?adassa, cami#$ou até a -a#ela e, abri#do0a#ovame#te, debruou0se sobre o peitoril e /cou ali

    observa#do o movime#to ue $avia #o pátio* De lá,pde ver várias coisas, e#ua#to uma varria o pátio,a outra col$ia erva para !aer o c$á, #a coi#$a op&o era sovado* Porém a /gura ue mais l$e c$amoua ate#&o $avia sido a de do#a @erei#$a* Uma vel$a!reira ue parecia #&o estar satis!eita com #ada*Além disso, ti#$a uma leve gagueira e tremia muito*>eat$ri riu a par, de ver auela ce#a $ilária* Mas

    logo !ora descoberta por do#a @erei#$a, a vel$acomeou a gritar #o meio do pátio, die#doJ

    O u; voc; uer a%, me#i#a Saia da%, agoraB***

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    >om dia, irm& @erei#$a*** Disse >eat$ri,sorri#do*

    >om dia, #ada, mi#$a /l$a* ?o-e acordei com

    as cadeiras doe#do muito* 6 #&o se !aem mais!reiras como a#tigame#teB 6ssas me#i#as s&o loucas,mal sabem sovar um p&o disse do#a @erei#$a,e#ua#to cami#$ava pelo pátio*

    S9 auilo mesmo para !aer >eat$ri grace-arlogo cedoB 6#ua#to >Ta observava as !reiras, Maria6duarda leva#tou0se, lavou o rosto e vestiu0se* Uma$ora depois, uma #ovia passou bate#do #as portas,a#u#cia#do ue o des-e-um estava " mesa* O c$eirode ca!é e de broa de mil$o -á $avia tomado co#ta detodo colégio* :ua#do c$egaram ao re!eit9rio, asmesas -á estavam postas com bolos, compotas,uei-os, pasteis de >elém, dom )odrigo, cabelo dea#-o, baba de moa, pudim, ui#dim, ambrosia eoutras especiarias da coi#$a portuguesa, tudo

    e.posto sobre a mesa*Deram algu#s passos pelo re!eit9rio e seasse#taram em seus devidos lugares* O re!eit9rio eracomposto por seis mesas, ue estavam divididase#tre alu#as e !reiras, as cabeceiras de cada umadas mesas estavam i#tercaladas e#tre pro!essoras e!reiras* 'a mesa ue >eat$ri estava se#tada, uemestava " cabeceira era a madre superiora* Assim ue

    termi#aram de tomar o des-e-um, a madre superioral$e i#!ormou ue #auele dia teriam uma tare!adi!ere#te*

    Como era a#tevéspera do 'atal teriam uee.ercitar a vossa subservi;#cia, solidariedade e amorao pr9.imo* A se#$orita Albuuerue e mais algumasmoas !oram levadas " despe#sa, lá, !orami#!ormadas o ue !ariam* 6 assim cada uma recebeu

    uma i#cumb;#cia* Meia $ora depois, >Ta, Maria6duarda, ?adassa e mais duas moas !oram levadas" parte pobre de 7isboa+ lá distribu%ram

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    Cláudio Pereira da Silva

    ma#time#tos, água, roupas e agasal$os*Depois retor#aram ao ce#9bio e !oram

    autoriadas a sair do co#ve#to, para !aer compras*

    >Ta, Maria 6duarda e a mucama ?adassa sa%rampara as auisi=es* Aproveitaram muito, pois era s9#essa época de !estas ue podiam atravessar osport=es e as mural$as do colégio* (reue#taram aco#!eitaria, a modista, o sapateiro, o per!umista,e#tre outros lugares, voltaram some#te aoe#tardecer* Sa%ram ape#as com uma carruagem evoltaram com a carruagem e um carro de aluguel,ue tiveram ue pagar, porua#to $aviam compradomuita coisa* estidos variados, meri#aues,cri#oli#as, a#águas, c$apéus, capas, luvas, meias,boti#as, .ales, per!umes ue acabaram de c$egar da(ra#a, e#tre outras iguarias* @iveram um trabal$oai#da maior para levar tudo para o apose#to,precisaram da a-uda de muita ge#te, tiveram ue

    !aer tr;s viage#s* @odos sa%ram, dei.a#do ape#as as moas ueapressaram as aprese#ta=es de suas peas #ovas,uma a outra*

    Ol$a >Ta, o vestido ue comprei*** li#do #&oé disse Maria 6duarda, e#ua#to des!aia ospacotes* A modista disse ue é modelo da (ra#a ec$egou $á poucos dias de lá*

    realme#te li#doB*** @e#$o ue co#cordar comvoc; murmurou >Ta, e#ua#to des!aia umembrul$o* Ol$a esse c$apéu, ue li#do Aduiri,pois asse#ta per!eitame#te com esse vestido aui,#&o é

    As duas ol$aram para ?adassa e em co#-u#todisseramJ

    O ue voc; ac$ou, ?adassa

    S&o realme#te li#d%ssimos, se#$orasB*** Ol$as9 esse corpi#$o, ac$ei li#d%ssimo* 6 essa saia, uecoisa deslumbra#teB :ue pe#a ue sou mucamaB

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    Murmurou a dama de compa#$ia, em um tomdesolado*

    Mas uem disse ue mucama #&o pode usar

    um vestido desse )edarguiu >Ta* A$, mi#$a se#$ora*** A sociedadeBMaria e >eat$ri ca%ram #a risada, deram algu#s

    passos pelo apose#to e -u#tas pegaram uma cai.aue estava sobre um dos leitos, e#trega#do a?adassa em seguida*

    @oma*** ?adassa, abraB Disse >Ta, sorri#do* Mas, o ue é isso ?adassa murmurou

    surpresa* AbraB*** A% tu verás do ue se trataBA escrava apoiou o embrul$o sobre uma mesa

    e, abri#do, disseJ Mas*** Mas*** Mi#$a se#$ora está louca* O#de

    usarei isso Sei lá

    Desculpe0me, mas eu #&o posso aceitar esseprese#teB Disse ?adassa, ai#da surpresa* Por ue #&o Murmurou >Ta*** Se #&o

    aceitar, eu e Maria 6duarda /caremos c$ateadas*Pode aceitar, sim***

    8sso pode aceitar* Se#&o /carei magoada comvoc; !alou Maria, !aceirame#te*

    Mais*** Mais***

    'em mais, #em meio mais* Aceita e /cauietaB @á bom* Aceitarei ape#as porue as se#$oras

    compraram com muito cari#$o, mas #&o pe#sem uesou uma i#teresseira***

    Aaaaaa$*** Dei.a disso, mul$erB prese#te de'atal, #&o /emos mais ue #ossa obriga&o*

    Posso vestir $o-e

    PodeB Por ue #&o Mas ac$o mel$or dei.arpara a #oite de 'atal, #&o ac$a Maria

    Sim, sim*** Co#cordo ple#ame#teB

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    Cláudio Pereira da Silva

    Mas ua#do voc;s compraram esse vestidopara mim Pergu#tou ?adassa, ai#da assoberbadacom a boa #ova* Pois #&o sa% de perto de vossas

    se#$orias um s9 segu#do* 7embra ua#do pergu#tei a voc; ual

    daueles vestidos voc; ac$ava mais bo#ito Sim*** Mas #&o imagi#ava ue !osse para mimB 6#t&o, ua#do ma#dei voc; ir ao coc$e

    guardar auelas cai.as, ma#dei a modista embrul$arpara voc;B '&o gostou

    Como #&o Perdoe0me se #&o apare#ta, mas épor ue #&o acredito ai#da*

    Pode acreditar, é seuB Dia vi#te e uatro de deembro, véspera de

    'atal, #auele dia todas as estuda#tes estavama-uda#do a preparar a ceia de 'atal* Passaram atarde toda corta#do, pica#do, descasca#do ecoi#$a#do, além das $oras ue passaram em seus

    preparativos* Y tarde, ap9s o térmi#o de suasatividades #a coi#$a, as duas amigas subiram etra#caram0se em seus apose#tos* Passaram assim oresto da tarde, prepara#do0se*

    Marcava pouco mais de sete $oras da #oiteua#do !oram i#!ormadas ue a ceia -á $avia sidoservida* >eat$ri, ai#da a#tes de sair do uarto,parou dia#te do espel$o, ueria ver se seu toillete

    estava impecável* >Ta e Maria 6duarda sa%ram debraos atados do uarto* >eat$ri tra-ava um li#dovestido de seda e musseli#a #a cor amarelo0ouro, asaia era ampla e os ombros estavam #us em umdecote meia0lua* 1á Maria 6duarda tra-ava um vestidode musseli#a e ta!etá #a cor vermel$o0prpura* Debraos atados, as duas -ove#s desceram " escadariapri#cipal e cami#$aram até o re!eit9rio, o#de -á eram

    aguardadasB Como o 'atal é uma !esta crist&, a#tesde dar i#%cio " ceia, /eram uma lo#ga prece* Assimue o -a#tar acabou, muitas das moas !oram para

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    Mistérios de Um Amor Proibido

    os sal=es e bibliotecas do co#ve#to, o#deco#ti#uaram a !esta#a* (icaram acordadas atépouco mais de uma $ora da ma#$&*

    Marcava uma e meia da ma#$& ua#do cadauma !oi para seu uarto* >Ta e Maria 6duarda/caram mais um pouco+ #o e#ta#to, logo serecol$eram também* Assim ue os primeiros raios dosol e#traram pelas -a#elas do apose#to de >ea