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Mistérios do Destino

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Capítulo de Degustação do mais novo livro de Vanessa Orgélio.

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MistériosSérie Atemporais - Livro Um

Destinodo

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PREFÁCIOO amor é um dos sentimentos mais antigos no mundo, algo capaz

de arrancar o melhor de uma pessoa, ou até mesmo o seu pior. Colocar em

dúvidas suas atitudes, suas reflexões e suas condutas morais.

O amor pode nos fazer perder a razão, ou mesmo ser racional

demais e, assim, perder aquele gosto de saboreá-lo até a última gota.

Porém, a parte mais bela do amor, é ele quebrar toda e qualquer

fronteira... Tempo e espaço. O amor é linha do destino que une duas almas

gêmeas...

Mas você acredita em destino? Acredita que o tempo possa ser seu

melhor amigo na busca do amor verdadeiro?

Em Atemporais, Vanessa Orgélio nos conduz, com leveza, por essa

experiência. Nos torna refém de todas as artimanhas que esse

sentimento pode suscitar ao ser desejado. E o destino entra como um

tempero a mais numa trama em que o futuro e o passado se mesclam, e

uma jovem do século XXI pode ser a chave para a salvação da alma

atormentada de um homem XIX... E, principalmente, uma cura para seu

coração solitário e amargurado.

Mas em que momento mundos tão adversos podem se tocar?

Quando seu futuro é o passado, e quando o seu passado pode influenciar o

futuro, é exatamente nesse ponto em que nos encontramos. Uma tênue

linha que só pode ser rompida por dois corações.

Eu convido vocês a conhecer Miguel Di Ângelo e Amanda Davidson

numa história de amor que vai lhe surpreender do início ao fim... E que vai,

certamente, lhe cativar.

Como em Imortal – A Saga de um Guerreiro, você irá se emocionar,

sorrir, ansiar e torcer por mais esse par romântico, que não irá, tão cedo,

deixar seus pensamentos.

Boa Leitura!

Roxane Norris

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PRÓLOGOSeu escritório particular devia ser um lugar onde ele se

escondia quando queria ficar realmente sozinho. Jamais seria

capaz de encontrá-lo se Nan não estivesse me acompanhando. Era

preciso ir até o fim do corredor e passar por uma porta que se abria

para uma ante sala pequena onde não havia mais que um aparador

com um jarro de flores e outra porta, esta, muito estreita.

Nan girou a maçaneta um pouco hesitante e me informou que

deveria subir as escadas que eram tão estreitas quanto a porta.

- Não há erro – ela me disse – Vai encontrar o escritório

quando acabarem os degraus.

� Senti-me como uma princesa subindo as escadas de uma

torre em direção ao seu calabouço, mas não hesitei, provavelmente

ali não seria a minha prisão, talvez fosse a minha libertação. Subi

degrau por degrau sem conseguir pensar em palavras para dizer e

quando cheguei ao topo, encontrei outra porta, esta, estava

entreaberta.

� Toquei a maçaneta, sentindo meus dedos frios, e a empurrei

lentamente. O ambiente estava em meia luz, tinha alguns

candelabros acesos, porém não o suficiente para iluminar todo o

local, que para minha surpresa era maior e mais aconchegante do

que previ, ante àquelas escadas apertadas. Olhei ao redor e notei

Miguel numa poltrona, de costas para mim, estava sentado

desleixadamente com uma taça de vinho em uma mão e a cabeça

apoiada na outra.

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Entrei devagar tentando fazer o mínimo de barulho ao encostar a

porta. Ele continuou imóvel, sem me notar, então caminhei

alguns passos tímidos, parando ao lado de um dos candelabros

acesos. Minha sombra projetada na parede pareceu chamar sua

atenção, e ele se virou para trás sobressaltado...

� � � � *****�

Vanessa Orgélio

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CAPÍTULOI

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— Amanhã vou mais tarde para o trabalho, Amanda, quer

uma carona?

— Ah, vai ser ótimo, pai! O trânsito de segunda feira é

sempre tão horrível! E estou precisando chegar cedo na loja, ou

Cláudia vai conseguir me queimar com a patroa. — pensar em

Claudia amargava meus pensamentos. Como alguém podia ser

tão cruel?

— Por que essa sua gerente não gosta de você, minha

filha?

— Eu sei lá, mãe! Nunca fiz nada de errado, nunca falei

nada contra ela. Vai entender... — disse, entre uma garfada e

outra.

— Vai ver ela tem medo que você roube o lugar dela. —

sugeriu meu pai.

— Acho difícil, ela é parente da dona, duvido que tenha

medo de perder o posto.

— Nada é impossível, minha filha. — as palavras de papai

pairaram no ar por alguns segundos.

— Só acho improvável. — concluí.

Ao findar o jantar, minha mãe levantou-se da mesa.

— Olha o que fiz! — falou, tirando algo de dentro da

geladeira. — Sorvete de pudim! — ela me olhou triunfante.

Suspirei. Minha mãe me tratava como criança. Eu tinha 23

anos e, mesmo assim, às vezes me sentia com nove. Mas ela

tinha boas intenções. Sorvete de pudim deixara de ser minha

sobremesa favorita há anos, mas nunca tive coragem de dizer

isso a ela.

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Dona Ana, minha mãe, colocou um enorme pedaço da

sobremesa em meu prato e sentou-se em seguida.

— Amanda, querida, queria conversar com você.

O doce gelado machucou meu dente, então fiz uma careta.

Ela cruzou os braços sobre a mesa e foi logo dando sua cartada.

— Eu estava pensando, Amanda... você nunca namorou

ninguém nem nunca trouxe um rapaz pra eu conhecer. Minha

filha, você tem 23 anos, precisa se casar!

— Mãe! — exclamei ofendida com os olhos arregalados —

Não vivemos mais na sua época! Hoje em dia, uma mulher de 23

anos ainda não é considerada encalhada, sabia?

— Mas você nunca namorou ninguém! Isso me preocupa,

querida!

— Uma escolha minha, oras! Nunca me apaixonei por

ninguém, talvez já tenha tido vontade de me apaixonar, mas

nunca... verdadeiramente. Além do mais, quando tiver que

acontecer, vai ser naturalmente, não vou precisar forçar nada. E

nem quero. – concluí.

Papai comia sua sobremesa em silêncio, não querendo

interferir na discussão entre sua esposa e sua filha.

— Eu ainda acho que você está deixando o tempo passar

demais! Com 23 anos eu já era casada com seu pai e já estava

grávida de você.

— Mas isso não quer dizer que eu tenha que me casar com

o primeiro idiota que aparecer. — “e, no momento, só eles têm

aparecido”, completei mentalmente.

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Meu pai levantou os olhos da sobremesa, assustado com

minha exaltação.

— Pode baixar esse tom de voz, mocinha — bradou Dona

Ana. — Estamos conversando de forma amigável aqui. Eu só

queria que você pensasse um pouco a respeito de...

— Não seria melhor dizer logo “a respeito de quem” está

falando? —sugeri aborrecida. — Lucas! Não tem nem o que

pensar, mãe! Lucas não faz meu tipo, não sinto nada por ele e não

vou namorar alguém só porque a senhora acha que eu tô

encalhada! — levantei da mesa. — Isso está fora de questão! —

respirei fundo, moderando meu palavreado. — Vou voltar para o

meu quarto. Tenho que revisar o trabalho de literatura.

— Você vive fazendo escolhas erradas. — ela argumentou

prontamente.

Eu dei de ombros e deixei a sala. Tudo bem que minhas

atitudes realmente eram mais parecidas com as de uma

adolescente, mas minha mãe conseguia extrair o pior de mim. Ela

me deixava irritada, por isso, para tentar me acalmar, liguei

novamente o computador.

Lucas era o filho de uma amiga dela. Ele até que não era

feio, mas definitivamente não me atraía, era o tipo de cara sem

graça, que parecia mais um cachorrinho que fazia tudo que

mandavam... Não tinha personalidade, não tinha absolutamente

nada que pudesse ser chamado de interessante num homem

para mim. Era bem provável que se eu lhe dissesse para pular de

uma ponte, ele o faria só para me agradar, mas não era isso que

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eu esperava de um namorado.

Enquanto o computador ligava, papai bateu à porta.

— Posso entrar, filha?

Suspirei.

— Pode, pai. A porta está aberta.

Girei as rodinhas da cadeira para olhar para ele. Meu pai

era uma figura incomum. Branco, ruivo por natureza, era filho de

um americano, o que explicava nosso sobrenome diferente

“Davidson”, nunca conheci meu avô, mas meu pai herdara dele os

olhos azuis e uma pele coberta de sardas. Usava óculos de

armação grossa e um bigode muito bem aparado que para ele era

motivo de orgulho.

— Você não devia tratar sua mãe dessa forma, querida. Ela

só quer o seu bem.

— Não gosto quando ela me trata como se fosse uma

criança que ainda pode ter suas escolhas manipuladas. Eu tenho

o direito de viver minha própria vida.— Foi a maneira que ela encontrou para expor sua preocupação. — apaziguou meu pai. Ele se aproximou e puxou a poltrona florida que ficava em meu cantinho especial de leitura, logo abaixo de minhas prateleiras de livros, para sentar de frente para mim.

— Você é nossa única filha, é normal que os pais queiram o

bem dos filhos. Sua mãe pode agir de forma errada com você,

mas não fique com raiva dela.

Eu sorri. Amava aquela figura mais do que qualquer outra

no mundo.

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— A verdade é que vocês são parecidas, por isso não se

dão bem — continuou num tom brincalhão.

De fato era verdade. Na aparência eu havia puxado ao meu

pai. A pela branca, os cabelos ruivos e os olhos azuis, mas na

personalidade eu tinha muito de mamãe, talvez fosse por esse

motivo que nós vivíamos brigando.

— Eu queria ir morar sozinha. — resmunguei.

— Poderá, quando souber cuidar de si mesma. — disse

seriamente. — Mas ter com quem dividir a vida é ainda melhor,

Amandinha.

— Eu sei, pai. Não é que eu não deseje me casar. Eu quero,

mas quando conhecer alguém por quem me apaixone de

verdade. Não vou namorar um rapaz porque minha mãe acha que

estou velha. Não vou namorar Lucas por desespero, entende?

Ele sorriu, mostrando que me compreendia.

— O que há de tão errado com Lucas?

—Tudo, pai! – fiz uma careta - Não faz meu tipo em nada! É

um bobão. Não faz faculdade, se conforma com aquele

empreguinho bobo, tem aqueles olhos caídos, cadê a vida?

Meu pai alargou o sorriso e sacudiu a cabeça.

— Tudo bem, meu amor, não precisa falar mais nada. Além

do mais, a verdade é que também não gosto dele, você merece

alguém melhor, alguém que lhe faça sentir que a vida não vale a

pena se não a tiver ao lado. – ele se levantou e me beijou a testa –

Eu já vou dormir. Descanse querida..

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Papai saiu do quarto, e eu coloquei minha roupa de dormir. Acendi

o abajur e deitei na cama. Sobre meu criado mudo, encontrei um

livro de Shakespeare: Romeu e Julieta. Aquilo sim fora amor de

verdade, e eu esperava viver um amor como aquele. Não que eu

quisesse morrer como Julieta, mas desejava um amor sincero e

puro, que fosse espontâneo e natural. Que tivesse forças para

lutar contra quem se opusesse , que tinha o ser amado como a

coisa mais preciosa do mundo, mais até do que a própria vida.

Quem sabe um dia? Apaguei o abajur e me ajeitei para dormir.

� A manhã daquele dia me pareceu diferente. Assim que abri

meus olhos, deveria ter percebido que havia algo estranho. Minha

mãe sempre me acordava abrindo a janela para que o sol

entrasse e me atingisse no rosto, mas, naquela manhã, ela

apenas se sentou na beirada da cama e me acordou com um:

— Levante-se, querida, está na hora.

Espreguicei-me lentamente na cama. Senti cada um dos

meus músculos se alongarem e se prepararem para o novo dia.

Dona Ana saiu do quarto, e fiquei por alguns minutos olhando para

o teto. Pisquei os olhos bem devagar. De alguma forma, eu sentia

uma sensação diferente, um frio no estômago, como se soubesse

que algo importante aconteceria.

Olhei para o relógio ao lado da cama e resolvi levantar.

Tomei um banho quente relaxante e penteei meus cabelos

cuidadosamente, Vesti uma calça jeans e uma batinha branca

sem mangas, enquanto desejava que aquela fosse uma semana

tranquila.

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Certifiquei-me de ter guardado o trabalho de Literatura na

mochila. Pensei em guardar também o carregador do celular, mas

mudei de ideia, afinal, a carga duraria até a noite. Coloquei, então,

a mochila nas costas e fui até a cozinha, onde Dona Ana e Seu

Fernando – meus pais – estavam tomando café. Dei um beijo em

cada um e mastiguei duas bolachas, que seriam todo o meu café

da manhã.

Eu devia ter percebido que meu coração estava batendo de

forma diferente quando saí de casa, mas não percebi. Olhei para

mamãe, com seus cabelos castanhos presos num rabo de cavalo,

e vi que seus olhos escuros me acompanhavam. Subitamente,

senti uma saudade dela... tanto que voltei e lhe dei um abraço

apertado.

— Eu te amo, mãe. Tenha um bom dia! – decidi não ficar

aborrecida com seu comentário da noite anterior, como dissera

papai, ela só queria meu bem.

— Eu também te amo, querida, se cuida! – assim como

mamãe, eu não conseguia guardar rancor das pessoas por muito

tempo , isso, julgo eu, era uma qualidade que eu me orgulhava de

ter herdado dela. Como dizia mestre Shakespeare “Guardar

rancor, é como beber veneno e esperar que o outro morra”.

Entrei no carro de papai e fiquei feliz por saber que eu não

precisaria enfrentar uma condução cheia até chegar ao trabalho.

Trabalhar naquela loja já era castigo demais para uma pessoa, ter

que aturar as piadinhas e indiretas de Claudia era um tormento,

mas eu precisava daquele emprego, precisava suportar apenas

mais um pouco, e então estaria livre.

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Para minha surpresa, o trânsito estava bom e a viagem não

durou muito tempo. Contudo, por alguma razão, não fiquei feliz.

Eu estava com o coração um pouco apertado naquela manhã e

gostaria de passar mais tempo com meu pai.

Quando o carro parou em frente ao meu trabalho, eu o fitei

longamente.

— O que foi, querida?

Seus olhos sinceros e meigos estavam fixos e mim, e senti

vontade de chorar.

— Não é nada, pai, só estou um pouco emotiva esta

manhã.

Ele me beijou na testa.

— Assuntos femininos, não é? — e riu desconcertado.

Eu assenti, mas sabia lá no fundo que não era o que ele

estava pensando. Eu não estava tendo um ataque de TPM,

estava apenas emotiva. Algo naquela manhã me dizia que alguma

coisa muito importante iria acontecer.

� ______________________

Não sei se foi a melancolia que me invadiu, mas o dia

passou rápido. O vai e vem das pessoas na loja, tantos rostos e

nenhum significado. Senti-me sozinha.

— O que está esperando parada aí como uma idiota?

A voz anasalada e irritante de Claudia me acordou de meus

devaneios. Olhei para ela, demonstrando que não havia

entendido sua pergunta.

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— Não vai atender aquela cliente? Ela já está há dez

minutos olhando para a vitrine, e você está aqui parada como uma

tola.

Corri os olhos pela loja e notei que minhas colegas

estavam todas ocupadas. Onde eu estava com a cabeça? Olhei

para o relógio e vi que faltavam 5 minutos para o fim do

expediente. Afastei-me de Claudia, sem lhe dar explicações, e me

dirigi à cliente.

— Posso ajudar?

A mulher me olhou de cima a baixo e respondeu num tom

desaforado:

— Há cinco minutos você poderia, mas agora já perdi o

interesse. — virou as costas e saiu da loja, me deixando com cara

de paisagem em frente à vitrine.

— O que aconteceu? — Aproximou-se Claudia com seu

tom petulante.

— Eu também gostaria de entender. — murmurei. — Ela

simplesmente virou as costas e saiu.

— Claro! Você ficou parada aqui como uma estátua o dia

inteiro! Do jeito que está, acho difícil continuar com você, Amanda!

Olhei séria para ela e semicerrei os olhos tentando

compreender o significado de suas palavras.

— Você está me ameaçando?

— Ah, você entendeu! – ela sorriu desdenhosa.

Respirei fundo para me controlar e não falar bobagens.

Olhei novamente para o relógio.

— Preciso ir, com licença.

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— Não sei se vou poder liberá-la.

— Não faça isso, Claudia, eu tenho um trabalho para

entregar hoje.

Os olhos dela tinham uma expressão cruel e ela ergueu

uma sobrancelha desafiadora.

— Preciso que fique.

— Não posso ficar. Não me importo se tiver que fazer hora

extra pelo resto da semana, mas não hoje. — disse, tentando me

mostrar o mais seca possível Não queria dar a impressão de que

estava implorando.

— Então pode ir – fez uma pausa e eu me virei para seguir

meu caminho aliviada, porém ela acrescentou - mas não precisa

voltar amanhã.

Meus olhos chamejaram de ódio. Eu poderia me

subordinar, na verdade, deveria, mas meu sangue ferveu, eu não

ia dar esse prazer a ela, ou seria ainda mais humilhante e, por

impulso, me dirigi ao meu armário para pegar minha mochila. Ela

me seguia e tinha em seus lábios um sorriso triunfante. Ela havia

conseguido. Adeus, emprego!

“Não acredito que fiz isso!”, pensei comigo mesma. Mas eu

merecia algo melhor, não precisava ser tratada daquela maneira.

Concordo que o dia havia passado sem que eu percebesse. Acho

que não atendi cliente alguma, mas e todas as outras vezes em

que trabalhei direito? E todas as horas extras?

Por um lado me senti aliviada, mas por outro, a

preocupação de como pagaria meu próximo período na faculdade

atormentava minha mente.