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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA HÉLIO DELGADO ASSUNÇÃO DEGRADAÇÃO DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS DE SILICIO CRISTALINO INSTALADOS NO DEE - UFC. FORTALEZA 2014

degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

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Page 1: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

HÉLIO DELGADO ASSUNÇÃO

DEGRADAÇÃO DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS

DE SILICIO CRISTALINO INSTALADOS NO DEE -

UFC.

FORTALEZA

2014

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HÉLIO DELGADO ASSUNÇÃO

DEGRADAÇÃO DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS DE

SILICIO CRISTALINO INSTALADOS NO DEE - UFC.

Monografia submetida à Universidade Federal do

Ceará, como requisito parcial para a obtenção do

Diploma de Graduação em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Cesar Marques de

Carvalho.

FORTALEZA

2014

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iii

Page 4: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

iv

HÉLIO DELGADO ASSUNÇÃO

DEGRADAÇÃO DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS DE

SILICIO CRISTALINO INSTALADOS NO DEE - UFC.

Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Graduado em Engenharia

Elétrica e aprovada em sua forma final pela Coordenação do curso da Universidade Federal

do Ceará.

Aprovada em: 10 / 06 / 2014.

BANCA EXAMINADORA

Page 5: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

v

DEDICATÓRIA

Aos meus pais,

Á minha esposa e ao meu filho,

A todos familiares e amigos que me acompanhou.

Page 6: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

vi

AGRADECIMENTOS

A toda minha família principalmente aos meus pais, Brás Manuel Assunção e Elsa

Maria Ramos Delgado, que incontestavelmente investiram na minha formação com imenso

esforço, coragem e dedicação para que eu chegasse até aqui. A minha esposa e ao meu filho

pela paciência e compreensão por tantos momentos de ausência durante períodos longos de

dedicação aos estudos.

Ao Prof. Dr. Paulo Cesar Marques de Carvalho, orientador que me acompanhou neste

estudo, pela atenção no auxílio às atividades desta Monografia de conclusão de curso.

Ao Prof. Msc. Tomaz Nunes Cavalcante, por estes anos com ele no Grupo PROCEN,

pelo aprendizado na área de engenharia elétrica e principalmente pelos seus conselhos que

levarei comigo para a vida pessoal e profissional.

A todos os professores do curso de Engenharia Elétrica pela dedicação, entusiasmo

demonstrado, responsáveis diretamente ou indiretamente pela minha formação como

engenheiro eletricista.

Page 7: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

vii

“O período de maior ganho em conhecimento e experiência é o período mais difícil da vida

de alguém. ”

(Dalai Lama)

“Lembre-se que as pessoas podem tirar tudo de você, menos o seu conhecimento.”

(Albert Einstein)

Page 8: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

viii

RESUMO

Devido ao aumento da importância da geração fotovoltaica (FV) a nível mundial e à crescente

demanda energética, tem-se verificado uma contínua aposta cada vez maior nessa fonte. Esta

tendência crescente vem sendo acompanhada por inovações como o aumento da eficiência das

células de silício, bem como uma significante redução nos custos de produção dos módulos

fotovoltaicos. Como consequência, os módulos estão sujeitos a condições ambientais e

climáticas, dando origem a vários tipos de degradação que a longo prazo afetam o

desempenho e a confiabilidade dos módulos e do sistema fotovoltaico como um todo. Nesta

monografia são abordados os principais tipos de degradação em módulos de silício cristalino

encontrada na literatura nos últimos anos, e como contribuem para perdas da potência dos

módulos FV. Inicialmente é apresentado um estudo teórico das características técnicas e

elétricas dos módulos e posteriormente, são identificadas variáveis influentes e fatores de

impacto na deterioração dos mesmos, que causam diretamente perdas na potência de saída dos

módulos, por conseguinte, reduzindo o tempo de retorno do investimento. É apresentado um

levantamento através da inspeção visual, relativo a vários tipos de degradação encontrados

nos módulos fotovoltaicos instalados no departamento de engenharia elétrica da Universidade

Federal do Ceará, situado no campus do pici.

Palavras-chave: módulos fotovoltaicos, energia solar, degradação, inspeção visual.

Page 9: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

ix

ABSTRACT

Due to the increased importance of photovoltaic generation (FV) worldwide and the growing

energy demand, there has been a continuous growing bet in this font. This growing trend has

been accompanied by innovations such as the increase of efficiency of Silicon cells, as well as

a significant reduction in production costs of photovoltaic modules. As a consequence, the

modules are subject to climatic and environmental conditions, giving rise to various types of

degradation that affect long-term performance and reliability of the modules and photovoltaic

system as a whole. In this monograph are addressed the main types of degradation in

crystalline silicon modules found in the literature in recent years, and how they contribute

to loss of potency of FV modules. Is initially presented a theoretical study of technical

characteristics and electrical modules and later influential variables are identified and impact

factors in the deterioration thereof, directly causing losses in output power of the modules,

therefore, reducing the time of return on investment. A survey is presented through visual

inspection, concerning various types of degradation found in photovoltaic modules installed

in the Electrical Engineering Department of the Federal University of Ceará, located on

campus do pici.

Keywords: photovoltaic modules, solar energy, degradation, visual inspection.

Page 10: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

x

SUMÁRIO

CAPITULO 1 ............................................................................................................................. 1

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVO ..................................................................................................................... 2

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 3

CAPITULO 2 ............................................................................................................................. 4

PRINCIPIOS DE CONVERSÃO DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICO ....................... 4

2.1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4

2.2 – SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS PARA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICO NO

MUNDO ................................................................................................................................... 4

2.3 – ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL ................................................................... 7

2.4 – COMPONENTES BÁSICOS DOS MÓDULOS FOTOVOLTAICOS .............................................. 9

2.4.1 – Células Fotovoltaicas .............................................................................................. 9

2.4.2 – Características Construtiva dos Módulos de silício cristalino .............................. 10

2.4.3 – Características Elétricas dos Módulos Fotovoltaicos ........................................... 14

2.5 – PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DE FABRICAÇÃO DE CÉLULAS E MÓDULOS FOTOVOLTAICAS

.............................................................................................................................................. 17

2.5.1 – Silício Cristalino (c- Si) ........................................................................................ 18

2.5.2 – Células de Filmes Finos ........................................................................................ 20

2.5.3 – Outras Tecnologias ............................................................................................... 21

CAPITULO 3 ........................................................................................................................... 23

OS PRINCIPAIS TIPOS DE DEGRADAÇÃO DOS MÓDULOS FOTOVOLTAICOS DE

SILICIO CRISTALINO ........................................................................................................... 23

3.1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 23

3.2 – GARANTIAS DOS FABRICANTES DE MÓDULOS FOTOVOLTAICOS DE C - SI. ...................... 25

3.3– DEFINIÇÃO DE PRINCIPAIS DEGRADAÇÕES DOS MÓDULOS PV ........................................ 27

3.3.1 – Fatores de degradação dos módulos fotovoltaicos ............................................... 28

3.3.2 – Corrosão de módulos fotovoltaicos ...................................................................... 28

3.3.3 – Delaminação de módulos fotovoltaicos ................................................................ 30

3.3.4 – Descoloração de módulos fotovoltaicos ............................................................... 31

3.3.5 – Quebras e fissuras nos módulos fotovoltaicos ...................................................... 32

3.3.6 – Degradação do potencial induzido (PID) ............................................................. 33

3.3.7 – Aparecimento de Bolhas nos módulos ................................................................. 34

3.3.8 – Pontos quentes ...................................................................................................... 35

CAPITULO 4 ........................................................................................................................... 36

Page 11: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

xi

ANÁLISE BASEADA NA INSPEÇÃO VISUAL DE DEGRADAÇÕES DE MÓDULOS

FOTOVOLTAICOS INSTALADOS NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

ELÉTRICA NO CAMPUS DO PICI – UFC. .......................................................................... 36

4.1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 36

4.2 – CARACTERÍSTICAS DO MÓDULOS INSTALADOS NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

ELÉTRICA .............................................................................................................................. 36

4.2.1 – Identificação dos módulos .................................................................................... 36

4.2.2 – Características Elétricas e Técnicas dos módulos ................................................ 36

4.3 – LEVANTAMENTO BASEADO NA INSPEÇÃO VISUAL DE DEGRADAÇÃO ENCONTRADOS NOS

MÓDULOS ESTUDADOS. .......................................................................................................... 39

4.4.1 – Descoloração ........................................................................................................ 39

4.4.2 – Delaminação ......................................................................................................... 40

4.4.3 – Quebras/ Fissuras .................................................................................................. 41

4.4.4 – Corrosão ............................................................................................................... 42

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 43

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 44

Page 12: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

xii

LISTA DE ILUSTRAÇOES

Figura 2.2.1 – Produção mundial de células fotovoltaicas. ........................................................ 5

Figura 2.3.1 – Oferta Interna de energia elétrica por fonte em 2011. ........................................ 7

Figura 2.4.1 – Representação de uma célula fotovoltaica. ......................................................... 9

Figura 2.4.2 – Corte de um módulo fotovoltaico. .................................................................... 10

Figura 2.4.4 – interligação em série de células de silício cristalino. ........................................ 12

Figura 2.4.5 – Componentes de um módulo fotovoltaico com células de silício cristalino. .... 13

Figura 2.4.6 – Modelo real de um módulo fotovoltaico ........................................................... 15

Figura 2.4.7 – Curva corrente – tensão de um módulo. ........................................................... 16

Figura 2.5.1 – Estrutura básica de uma célula fotovoltaica de silício monocristalino. ............ 19

Figura 2.5.2 – Célula de silício monocristalino. ....................................................................... 19

Figura 2.5.3 – Célula de silício policristalino. .......................................................................... 20

Figura 3.1.1 – Perda de desempenho para módulos de silício cristalino depois de 4 anos de

instalação. ......................................................................................................................... 23

Figura 3.1.2 – Principais fatores responsáveis por degradações em módulos fotovoltaicos. ... 25

Figura 3.2.1 – Degradação máxima de módulos, de acordo com 3 diferentes formas de

garantia. ............................................................................................................................ 26

Figura 3.3.1 – Principais tipos de degradação nos módulos fotovoltaicos. .............................. 27

Figura 3.3.2 – Corrosão afetando as bordas e as células do módulo FV. ................................. 29

Figura 3.3.3 – Delaminação afetando um modulo fotovoltaico. .............................................. 30

Figura 3.3.4 – Descoloração em módulos fotovoltaicos. ......................................................... 31

Figura 3.3.5 – Redução da transmitância devido a descoloração. ............................................ 32

Figura 3.3.6 – Fissuras em células detectadas através do método da Eletroluminescência (EL).

.......................................................................................................................................... 33

Figura 3.3.7 – Efeito da PID na curva característica I x V dos módulos fotovoltaicos depois de

horas de exposição ás condições climáticas. .................................................................... 34

Figura 3.3.8 –Bolhas em um módulo e obtenção de bolhas através da técnica da imagem

infravermelho.................................................................................................................... 35

Figura 4.2.1 – Ilustração de um módulo do modelo SM55 e sua curva I x V característica. ... 38

Figura 4.2.2 – Painéis instalados no Departamento de Engenharia Elétrica na Universidade

Federal do Ceará. .............................................................................................................. 38

Page 13: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

xiii

Figura 4.4.1 – Módulos afetados pela descoloração. ................................................................ 39

Figura 4.4.2 – Módulos afetados pela delaminação ................................................................. 40

Figura 4.4.3 – Módulos afetados por quebras e fissuras no vidro, material encapsulante ou na

célula. ................................................................................................................................ 41

Figura 4.4.4 – Módulos afetados pela Corrosão. ...................................................................... 42

Page 14: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.6.1 – Máxima eficiência Fotovoltaica. ...................................................................... 22

Tabela 3.1 – Principais tipos de degradação nos módulos de silício cristalino ........................ 27

Tabela 3.2 – Corrosão como a principal degradação observada pela BP Solar. ...................... 29

Tabela 4.1 - Características nominais do módulo estudado segundo o fabricante. ................. 37

Tabela 4.2 - Degradações observadas em módulos instalados no DEE. ................................. 39

Page 15: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

xv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

FV Fotovoltaico

DEE Departamento de Engenharia Elétrica

UFC Universidade Federal do Ceará

EPIA European Photovoltaic Industry Association

EIA U.S Energy Information Administration

EREC European Renewable Energy Council

EPE Empresa de Pesquisa Energética

CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco

ANNEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR Normas Brasileiras

UV Ultravioleta

EVA Etil Vinil Acetato

PVF Polyvinyl Fluoride (Fluoreto de polivinil)

PET Tereftalato de Polietileno

AM Air Mass (Massa de ar)

IR Infrared images (Imagem Infravermelho)

Page 16: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

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LISTA DE SIMBOLOS

CO2 dióxido de Carbono

V volts

VDC tensão continua

A ampères

Isc Corrente de curto circuito

Voc Pensão de circuito aberto

MPP Ponto de potência máxima

FF Fator de Forma

η Rendimento

RS Resistência série

Rp Resistência paralelo

Pm Potência máxima

c-Si Silício cristalino

a-Si Silício amorfo

CdTe Telureto de cádmio

m-Si Silício Monocristalino

p-Si Silício policristalino

Page 17: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

1

CAPITULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A energia é considerada um bem de primeira necessidade sendo utilizado em quase todas as

atividades diárias, trazendo conforto, rapidez e maior versatilidade, mais saúde, higiene e

lazer, sendo fundamental no cotidiano e no crescimento econômico global. Mas com

perspectivas de mudanças nos próximos anos, como as climáticas, aumento da população

global, crescimento econômico e desenvolvimento de novas tecnologias, a busca por mais

eficiência e combustíveis mais limpos vem crescendo de forma acentuada. Ao mesmo tempo,

modernas tecnologias trazem novos recursos e torna a energia mais acessível, criando novas

oportunidades de emprego e expandindo o comercio e a indústria pelo mundo.

A energia configura como um importante fator socioeconômico para o desenvolvimento da

sociedade. Nos tempos de instabilidade de preço nos combustíveis fosseis e com preocupação

em relação as condições climáticas e ao meio ambiente, as diferentes formas de energia

renováveis já com tecnologias avançadas e por serem consideradas energia mais limpas,

apresentam flexibilidade e credibilidade suficiente para reduzir o défice causado pela

crescente demanda energética.

Neste cenário, os sistemas fotovoltaicos se mantem em uma importante posição no mercado

de energias renováveis, ficando atrás apenas da hidrelétrica e a eólica em capacidade instalada

no mundo. Esse crescendo resulta de avanços tecnológico, redução dos custos dos módulos

FV, iniciativas e políticas governamentais para fontes de energia renováveis, questões

ambientais, ampliação de oferta de energia elétrica para atender a uma demanda crescente e a

diminuição do retorno de investimento nos últimos anos. A fotovoltaica apresenta outros

fatores favoráveis e atrativos à sua implementação como baixa manutenção, vida útil que

pode chegar a 25 anos e pouca agressão ao meio ambiente. Segundo os fabricantes Segundo a

EPIA, em 2013 a capacidade instalada acumulada global de energia fotovoltaica chegou a

136,7 GW, e baseado no crescimento de 40% ao ano nos últimos anos, perspectivas revelam

que em 2050, a capacidade instalada chegará a 2033 GW, ficando atrás apenas da energia

eólica entre as fontes renováveis de energia.

Page 18: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

2

Neste contexto, a confiabilidade e vida útil são pontos importante para análise técnica e

financeira na instalação de módulos fotovoltaicos. O monitoramento da degradação é um

aspecto que interessa ao técnico e financeiro porque a deterioração dos módulos afeta

diretamente a potência de saída e consequentemente, o retorno do investimento é reduzido. A

falta de informações sobre a taxa de degradação pode aumentar consideravelmente o risco

financeiro. A degradação da potência de módulos PV de silício cristalino instalados em

campo é entre 0,5 % e 1,0 % ao ano. Os módulos de silício cristalino, tem garantia de defeitos

de fabricação de 3 a 5 anos e com rendimento de 25 a 30 anos, sendo a garantida a potência de

pico mínima de 90% de potência nominal nos 10 primeiros anos de funcionamento e 80 % no

período de 20 a 25 anos (PINHO e GALDINO, 2014). Baseado nessas informações será,

discutido os principais tipos de degradação que afetam os módulos fotovoltaicos de silício

cristalino e posteriormente um levantamento dos tipos de degradações observadas a partir da

inspeção visual nos módulos do fabricante Siemens, instalados no departamento de

Engenharia Elétrica desde de 1994, tempo esse suficiente para ter a noção pelo menos no

aspecto visual, o quanto esses se encontram deteriorados.

1.2 OBJETIVO

Esta monografia tem por objetivo apresentar os principais tipos de degradação encontradas na

literatura nos últimos anos e a suas consequências para o desempenho dos módulos ao longo

da vida útil do mesmo. Com o embasamento teórico discutido ao longo dos capítulos, é

apresentado um levantamento estatístico com base na inspeção visual detalhada de alguns

tipos de degradação que afetaram os 27 módulos fotovoltaicos instalados no Departamento de

Engenharia Elétrica, no campus do pici – UFC, desde de 1994, somando 20 anos até o

presente estudo feito nos mesmos, um tempo considerável quando se trata de desgastes de

módulos a longo prazo.

Page 19: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

3

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

Para o desenvolvimento da monografia, foi realizada uma pesquisa bibliográfica na literatura

especializada existente sobre o assunto de degradação de módulos de silício cristalino, no

sentido de se obter subsídios adicionais que contribuíssem para o enriquecimento da

monografia formando assim o capitulo 1.

O capitulo 2 é composto pela apresentação do contexto atual e perspectiva da energia solar

fotovoltaica no mundo e no Brasil. Também é explanado os conceitos básicos da energia solar

fotovoltaica, e é feita uma breve explanação do princípio de funcionamento de células e

módulos. O principal objetivo deste capitulo, é mostrar as principais características técnicas

de módulos FV que se deve levar em consideração para o entendimento do comportamento

das principais tecnologias de fabricação de células/ módulos.

O capítulo 3, é realizado uma revisão bibliográfica sobre a degradação de módulos

fotovoltaicos. Também, são descritos os principais tipos de processos que contribuem para a

deterioração de módulos fotovoltaicos e como esses desgastes afetam a potência ao longo da

vida útil dos módulos FV.

No Capítulo 4, é mostrado um levantamento baseado na inspeção visual de degradações de

módulos fotovoltaicos instalados no departamento de Engenharia Elétrica no campus do Pici

– UFC. Esta análise visa mostrar alguns tipos de desgastes nos módulos submetidos ás

condições climáticas e ambientais do local.

Por fim, são apresentadas as conclusões sobre o trabalho apresentado.

Page 20: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

4

CAPITULO 2

PRINCIPIOS DE CONVERSÃO DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICO

Neste capítulo é descrita algumas informações básicas sobre a estrutura e os materiais que

compõem os módulos, abordando o funcionamento e configurações possíveis. Este capítulo é

crucial para uma boa compreensão dos capítulos seguintes.

2.1 – Introdução

A energia solar fotovoltaica é a energia obtida da irradiação solar através da conversão direta

da luz em eletricidade (conhecido como efeito fotovoltaico), sendo módulos constituintes de

células fotovoltaicas, um dispositivo semicondutor, a unidade fundamental desse processo de

conversão.

A energia solar fotovoltaica consolida como uma importante fonte alternativo no mercado de

energia renováveis, pois tem muitas vantagens que a torna viável, com a sua tecnologia

bastante difundida, ambientalmente sustentável e com retorno de investimento atrativo. Uma

das principais características dos sistemas fotovoltaicos é a sua modularidade, o que facilita o

projeto e dimensionamento na exata proporção da demanda, e em caso de expansão da carga,

é possível aumentar a capacidade de geração simplesmente aumentando proporcionalmente o

número de módulos fotovoltaicos.

2.2 – Situação atual e perspectivas futuras para energia solar fotovoltaico no Mundo

Inicialmente, o desenvolvimento desta tecnologia apoiou-se na busca, por empresas do setor

de telecomunicações, de uma fonte de energia para localidades remotas e principalmente em

programas espaciais, onde se consolidou como a principal tecnologia para fornecimento de

energia a equipamentos eletrônicos no espaço. Com a crise internacional de petróleo em 1973

e 1978 e com as constantes polêmicas que envolvem a questão de que nos próximos anos o

petróleo não será autossuficiente devido ao crescimento global da população que acarreta na

crescente procura por fontes energéticas, economia das nações dependentes dessa fonte

energética entenderam a importância de suprimento de energia segura e começaram a

procurar outras fontes para cobrir as necessidades energéticas, a partir desse momento, as

fontes renováveis ganharam um novo olhar e com novas propostas de pesquisa e

Page 21: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

5

desenvolvimento; e o interesse em aplicações terrestres para a energia solar fotovoltaica

aumentaram. Porém, economicamente não se apresentava viável em comparação a outras

fontes de conversão de energia, devido a tecnologia envolvida em aplicações espaciais serem

muitas caras, sendo necessário naquele momento reduzir 100 vezes o custo da produção das

células fotovoltaicas para torna-la competitiva.

Os sistemas fotovoltaicos forma crescendo como resultado de avanços tecnológico, redução

dos custos dos módulos FV, iniciativas e políticas governamentais para fontes de energia

renováveis e questões ambientais. A busca de caminhos para a diminuição as emissões de

gases de efeito estufa (principalmente devido ao protocolo de Kyoto em 1992), ampliar a

oferta de energia elétrica para atender a uma demanda crescente, a diminuição do retorno de

investimento (Pay Back Time) ao longo dos anos e, simultaneamente, diminuir o impacto

ambiental da produção de energia fez a produção mundial de células fotovoltaicas disparar

como mostra a figura 2.2.1, tendo sido produzidos, em 2012, cerca de 36,2 GWp. Esta

potência equivale a mais de duas vezes e meia a potência da usina hidrelétrica de Itapu (14

GW).

Figura 2.2.1 – Produção mundial de células fotovoltaicas.

Fonte: Pinho e Galdino (2014).

Sendo que a tecnologia de silício Cristalino domina o mercado fotovoltaico há 30 anos, sendo

que representa 80 a 90 % do mercado atual, mas no futuro esse percentual poderá reduzir

devido a novas tecnologias que vem surgindo no mercado.

Page 22: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

6

Nos últimos onze anos (de 2003 a 2014), o crescimento anual médio da indústria de células e

módulos fotovoltaicos foi de 54,2 % (Pinho e Galdino, 2014), devido ao rápido aumento na

produção chinesa, chegando à liderança na fabricação de módulos.

Segundo a EPIA (2014), com aproximadamente 37 GW de potência FV adicionada a

capacidade global em 2013, a capacidade instalada acumulada global atinge 136,7 GW,

correspondendo a um aumento de 35 por cento em relação ao ano anterior. O mercado de

energia solar fotovoltaico teve crescimento notável nos últimos anos, sendo em 2008 a

capacidade instalada acumulada ultrapassava os 15,6 GWp, com a união europeia com

contribuição de 60 % do total global. Em 2012, a capacidade fotovoltaica acumulada global

instalada chegava a 100 GW, sendo cerca de 31,1 GW de sistema fotovoltaica instalada em

2012, chegando a ser a terceira mais importante fonte de energia renovável em termos de

capacidade instalada global, atrás apenas de fontes como hidro e eólica. Na Europa, 17,2 GW

da energia fotovoltaica foi conectada à rede, representando 55 % da capacidade global.

Alemanha mantém como líder no mercado em 2012, com 7,6 GW de instalações conectado à

rede, seguido por China, Itália, Estados Unidos e Japão com 5 GW, 3,4 GW, 3,3 GW e 2 GW

respectivamente.

Depois de 10 anos de liderança da Europa em instalação de Sistemas fotovoltaicas, o mercado

asiático dinâmico, liderado pela China e pelo Japão, tornou-se a região número um em

instalação de novas FV, devido ao inventivo ao uso de tecnologia através de programas

governamentais, política mais agressiva voltada a produção de células e módulos

fotovoltaicos com preços baixos, representando 57 % do mercado global no ano de 2013. A

China, número um no mercado global com 11,3 GW de novas instalações conectado à rede,

seguido pelo Japão e Estados Unidos com 6,3 e 4,8 GW respectivamente (EPIA, 2014).

Embora o mercado fotovoltaico mundial cresce 40 % por ano nos últimos anos, contribuindo

aqui pouco na geração de eletricidade (EREC, 2007) em comparação a fontes de geração de

eletricidade provenientes de combustíveis fosseis. A demanda global pela energia, o rápido

crescimento do mercado fotovoltaico, tende a continuar principalmente em países como

China, Índia, seguindo pelo sudeste asiático, américa latina, chegando em 2050 com

perspectiva de 2.033,370 GW instalados no mundo (EREC, 2007).

A Agência Internacional de Energia (IEA), estima que em 2020 a energia solar será

competitiva em relação às demais fontes, principalmente devido à redução de custos dos

módulos, aumento da eficiência dos módulos, redução do custo da geração de energia

Page 23: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

7

fotovoltaica com queda de cerca de 22 %, compromisso dos países com a emissão de CO2,

aumento no custo de produção de energia com combustíveis fosseis e aumento dos incentivos

governamentais para o crescimento da tecnologia.

2.3 – Energia solar fotovoltaica no Brasil

O território brasileiro recebe um elevado índice de irradiação solar, comparado a países como

a Alemanha, China e Estados Unidos, onde a tecnologia fotovoltaica tem maior expressão e já

é bastante difundida na produção de energia elétrica. Segundo o Atlas brasileiro de energia

solar (2006), o país recebe mais de 2200 horas de insolação por ano, equivalente a um

potencial de 15 trilhões de MWh que corresponde a cerca de 27 mil vezes o consumo nacional

de 552498 GWh em 2012, segundo o Anuário estatístico de energia elétrica, publicado pela

Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2013.

Apesar disso, o Brasil ainda é um iniciante no uso da energia solar. No Balanço energético

nacional, publicado pela empresa de pesquisa energética em 2012, a energia solar sequer

figura nos gráficos referentes à oferta interna de energia elétrica, como mostra a figura 2.3.1.

Figura 2.3.1 – Oferta Interna de energia elétrica por fonte em 2011.

Fonte: Balanço energético nacional (2013).

Pode-se observar que a matriz de geração elétrica é de origem predominantemente renovável,

sendo a geração interna hidráulica corresponde a 81,9 %.

Segundo Pinho e Galdinho (2014), os primeiros sistemas fotovoltaicos conectados à rede

elétrica foram instalados no Brasil no final dos anos 90 em concessionárias de energia

Page 24: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

8

elétrica, universidades e centro de pesquisa. A Chesf, foi pioneira nesta área ao instalar um

sistema fotovoltaico de 11 kWp em 1995, em sua sede em Recife, Pernambuco.

A partir de meados da década de 2000 começou o interesse do país pelas aplicações

conectadas a rede, através de pesquisas nos centros de pesquisas e universidades, usando dos

fundos de pesquisa e desenvolvimento das concessionárias de energia, mas também das

fundações de apoio à pesquisa e de fundos setoriais do governo. Dezenas de sistemas

fotovoltaicos conectados à rede de pequeno porte, a grande maioria menor que 10 kWp, foram

instalados em várias regiões do país (PINHO e GALDINO, 2014).

Em 24/05/2011, o Brasil ganhou a sua primeira usina comercial de geração fotovoltaica,

localizado em Tauá, cerca de 360 km de Fortaleza, com a capacidade de geração de 1 MW,

que tem expectativa de atender cerca de 1,5 mil famílias e atrair negócios para o Ceará. Tem

expectativa de ampliação da planta para 50 MW, injetando na rede elétrica brasileira

anualmente, cerca de 77,4 milhões de kWh. De acordo com a eneva (2014), a usina ocupa

uma área de 12 mil m², com 4680 painéis fotovoltaicos em operação.

Atualmente há vários projetos, em curso ou em operação, para o aproveitamento da energia

solar no Brasil, particularmente por meio de sistemas fotovoltaicos de geração de eletricidade,

visando ao atendimento de comunidades rurais e/ou isoladas da rede de energia elétrica

principalmente no Norte e Nordeste e ao desenvolvimento regional.

Com a resolução Normativa nº 482/2012, da Annel, que trata de micro e mini geração

distribuída, foi definida a regulamentação para sistemas fotovoltaicos conectados à rede de

distribuição. A regulamentação prevê o sistema de compensação de energia elétrica, de

acordo com o qual é feito um balanço entre a energia consumida e gerada na unidade

consumidora. Apesar desse esforço com a resolução normativa no sentido de impulsionar a

utilização da energia solar fotovoltaica no mercado brasileiro de energia, ainda essa

tecnologia enfrenta barreiras para adesão como: o preço dos módulos fotovoltaicos (embora a

queda de preço seja vidente nos próximos anos), falta de incentivos fiscais, no sentido de

baratear esse sistema, falta de estímulos governamentais para facilitar a consolidação da

tecnologia no Brasil e falta de campanhas de incentivos para conseguir a adesão da população.

Segundo Pinho e Galdino (2014), a capacidade atual de sistemas fotovoltaicos instalados no

Brasil, incluindo isolados e conectados à rede, é de aproximadamente 30 a 40 MWp. O

mercado brasileiro ainda não se mostra atrativo e competitivo, principalmente devido ao

Page 25: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

9

investimento ainda ser muito alto, restrições a mini e microgeração perante as distribuidoras

por receio a perda de mercado, pouco ou nenhum conhecimento sobre a fonte fotovoltaica.

2.4 – Componentes Básicos dos módulos Fotovoltaicos

2.4.1 – Células Fotovoltaicas

Células fotovoltaicas são dispositivos semicondutores similares a um diodo, capazes de

transformar a energia solar luminosa ou outra fonte de luz, em uma corrente elétrica, assim

produzindo a energia elétrica. De acordo com a forma em que os átomos do semicondutor

estão estruturados, as células podem ser classificadas em cristalinos (monocristalino,

policristalino e amorfos). De acordo com Prieb (2002), existem células constituídas tanto por

elementos simples (silício, germânio, selênio), como também por ligas e compostos (arsenieto

de gálio, sulfeto de cádmio, telureto de cádmio, disseleneto de cobre e índio, etc). A figura

2.4.1 mostra a representação de uma célula fotovoltaica de silício monocristalino.

Figura 2.4.1 – Representação de uma célula fotovoltaica.

Fonte: Prieb (2002).

A célula de silício cristalino é a mais comum, sendo que aproximadamente 95 % de todas as

células solares no mundo são de silício (ALTENER, 2004). As células solares comerciais

ainda apresentam uma baixa eficiência de conversão, da ordem de 16%. Existem células

fotovoltaicas com eficiências de até 28%, fabricadas de arsenieto de gálio, mas o seu alto

custo limita a produção dessas células solares para o uso da indústria espacial (CRESESB,

2006).

Page 26: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

10

2.4.2 – Características Construtiva dos Módulos de silício cristalino

Os módulos fotovoltaicos são formados de células feitas principalmente de silício, um

elemento capaz de absorver as partículas de fótons existentes nos raios solares e transformá-

las em corrente continua. Segundo a ABNT (NBR10899/TB-328), módulo fotovoltaico é

definido como “Menor conjunto ambientalmente protegido de células solares interligados,

com objetivo de gerar energia elétrica em corrente continua”.

Um módulo pode ser constituído por conjunto de 36 a 216 células fotovoltaicas associadas em

série e/ou paralelo, associação esta que depende dos parâmetros elétricos (tensão, corrente e

potência) mais adequados à aplicação a que o módulo se destina (PINHO e GALDINO,

2014). As células são soldadas, encapsulados, a fim de protegê-los das intempéries, do calor,

raios UV, e principalmente da umidade; e proporcionar resistência mecânica ao módulo

fotovoltaico (PINHO e GALDINO, 2014). Módulos com tensão nominal de 12 VDC são

constituídos por 30 a 36 células em série. Outras especificações de tensão nominal (6, 24 e 48

VDC) pode-se ser encontrado em módulos, mas não são tão comuns (PRIEB, 2002). A figura

2.4.2, representa o corte de um módulo fotovoltaico, com a descrição dos seus principais

componentes:

Figura 2.4.2 – Corte de um módulo fotovoltaico.

Fonte: Prieb (2002).

Cobertura frontal: habitualmente é usado um vidro temperado de baixo teor de ferro

e de alta transparência, reduzindo assim as perdas por absorção. Um acabamento

texturado opcional contribui para minimizar as perdas por reflexão.

Page 27: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

11

Encapsulante: polímero termoplástico transparente, eletricamente isolante e resistente

à umidade, à fadiga mecânica e à ação da radiação solar (principalmente raios UV). O

material mais utilizado é o EVA (Etil Vinil Acetato).

Células fotovoltaicas, interconexões elétricas e caixas de bornes: conjunto elétrico

do módulo.

Cobertura posterior: o material mais empregado é o PVF (fluoreto de polivinil),

comercialmente conhecido por Tedlar, embora existam módulos que utilizam um

segundo vidro.

Moldura metálica: usualmente de alumínio anodizado, possibilitando a rigidez

mecânica ao módulo e facilitar a fixação.

2.4.2.1 – Geometria das Células

É importante considerar a geometria das células, já que elas devem ocupar o máximo de área

do módulo (CEPEL-CRESESB, 2004). Atualmente existem células quadradas e redondas em

operação como mostra a figura 2.4.3. As quadradas ocupam melhor espaço nos módulos,

enquanto que as redondas têm a vantagem de não sofrerem perda de material, devido à forma

cilíndrica de crescimento do silício.

Figura 2.4.3 – Corte de um módulo fotovoltaico.

Fonte: Sunwize (2008).

A relação entre a área efetiva das células solares e a área total do módulo é fornecida pelo

chamado pelo chamado fator de ocupação. Esse fator é próximo a 1 para células quadradas ou

retangulares e assume valores de 0,6 a 0,7 para células redondas (CARVALHO, 2012).

Page 28: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

12

A ABNT (NBR10899/TB-328), apresenta dois conceitos importantes:

Área das células do módulo:

Área de uma célula individual multiplicada pelo número de células (n) do módulo.

𝐴𝑐𝑚 = 𝑛. 𝐴𝑐 (1)

Coeficiente de aproveitamento:

Razão entre a área das células do módulo Acm e a área do módulo (superfície iluminada,

Ai)

𝑐 = 𝐴𝑐𝑚

𝐴𝑖 (2)

2.4.2.2 – Encadeamento das Células

Devido à reduzida tensão (cerca de 0,7 V) e corrente de saída (corrente máxima ~ 3A) nas

células individuais justifica a ligação de várias células na fabricação de módulos

fotovoltaicos. Na ligação em série, os contatos frontais de cada célula são soldados aos

contatos posteriores da célula seguinte, por forma a ligar o pólo negativo (parte frontal) da

célula com o pólo positivo (parte posterior) da célula seguinte. Os terminais de início e de fim

da fileira de células são estendidos para o exterior, tendo em vista a posterior ligação elétrica

(figura 2.4.4).

Figura 2.4.4 – interligação em série de células de silício cristalino.

Fonte: Altener (2004).

Page 29: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

13

2.4.2.3 – Encapsulamento dos Módulos de silício cristalino

O encapsulamento é constituído na maioria de um sanduiche de vidro temperado de alta

transparência para que possa resistir às elevadas cargas térmicas (mas também é possível usar

plástico acrílico, metal ou folheados de plástico), acetato de etil vinil (EVA, do inglês

Ethylene-vynil acetate) estabilizado para a radiação ultravioleta, células fotovoltaicas, EVA

estabilizado, e um filme posterior isolante. Este filme é uma combinação de polímeros tais

como fluoreto de polivinila (PVF ou Tedlar), tereftalato de polietileno (PET), dentre outros. O

processo de laminação é realizado a temperaturas de 120º a 150 ºC, quando o EVA torna-se

liquido e as eventuais bolhas de ar geradas são iluminadas. No processo seguinte, é realizada a

cura do EVA, que proporciona uma maior durabilidade ao módulo fotovoltaico. Após este

processo, coloca-se uma moldura de alumínio anodizado e a caixa de conexões elétricas e o

módulo fotovoltaico está finalizado (PINHO e GALDINO, 2014).

Figura 2.4.5 – Componentes de um módulo fotovoltaico com células de silício cristalino.

Fonte: Pinho e Galdino (2014).

É possível distinguir três tipos diferentes de encapsulamento:

Encapsulamento EVA

Encapsulamento Teflon

Encapsulamento de resina fundida

Os principais fatores que afetam a eficiência do módulo são a eficiência ótica da cobertura

frontal, à perda nas interligações elétricas das células e à incompatibilidade das características

Page 30: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

14

elétricas das células, porque células de maior corrente e tensão dissipam o excesso de potência

nas células com potência inferior. Em consequência, a eficiência global das células é reduzida

(CARVALHO e JUCÁ, 2013).

2.4.3 – Características Elétricas dos Módulos Fotovoltaicos

Normalmente, a potência dos módulos é dada pela potência de pico (Wp). Os parâmetros ou

características elétricas de um módulo precisam ser entendidos para que se possa selecionar o

tipo de módulo apropriado para cada sistema em particular.

Desta forma, para poder comparar diferentes células ou mesmo diferentes módulos

fotovoltaicos, encontram-se especificadas condições uniformes de teste, sob as quais os dados

eléctricos da curva característica da célula solar são identificados. Estas “Condições padrões

de Teste” são (PRIEB, 2002):

1. uma irradiância de 1.000 W/m²,

2. uma temperatura T na célula de 25 ºC, com uma tolerância de + 2ºC,

3. Massa de ar AM = 1,5.

Os principais parâmetros para caracterizar os módulos são lidos a partir da curva

característica:

Corrente de curto - circuito (Isc): ainda sem as conexões de qualquer equipamento, se

ligarmos os terminais de um módulo diretamente, haverá uma corrente fluindo

denominada corrente de curto-circuito (Isc); neste caso a tensão é zero.

Tensão de circuito aberto (Voc): é a diferença de potencial medida entre os terminais

positivo e negativo do módulo quando está submetida à radiação solar e sem nenhuma

carga acoplada para garantir que não haja circulação de corrente elétrica.

Ponto de potência máxima (MPP): ponto de operação no qual a potência entregue

alcança o maior valor. Suas respectivas corrente e tensão nesse ponto são IMPP e VMPP.

Fator de Forma (FF): definido pela relação entre a potência no MPP e a produto da

corrente de curto-circuito e a tensão de circuito aberto. Valores usuais entre 70 a 80 %.

Page 31: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

15

Rendimento (η): relação entre a potência no MPP e a potência total da luz incidente.

Módulos de silício cristalino alcançam rendimentos de 13 a 15 %.

O circuito equivalente (modelo real) de um módulo solar fotovoltaico é apresentado na figura

2.4.6.

Figura 2.4.6 – Modelo real de um módulo fotovoltaico

Fonte: Prieb (2002).

A equação 3, representa a curva característica de um módulo fotovoltaico:

𝐼 = 𝐼𝐿 − 𝐼𝑜 [𝑒𝑥𝑝 (𝑞(𝑉+𝐼𝑅𝑆)

𝑛𝑘𝑇) − 1] −

𝑉−𝐼𝑅𝑆

𝑅𝑃 (3)

A resistência série Rs, representa a resistência interna do próprio módulo, que descreve a

queda de tensão por meio de perdas ôhmicas (efeito Joule) no material semicondutor, nos

contatos metálicos e no contato do metal com o semicondutor.

A resistência paralela, ou resistência shunt, advém do próprio processo de fabricação,

descreve as correntes de perdas que surgem principalmente por meio de ligações elétricas

entre as partes da frente e de trás da célula, assim também como perturbações pontuais na

zona de transição P-N.

As figuras 2.4.7 e 2.4.8 representam as curvas de corrente x tensão e de potência x tensão de

um modulo típico respectivamente, nas quais a corrente de curto-circuito, tensão de circuito

aberto e ponto de máximo potência, estão explicitados como grandezas características.

A potência máxima varia conforme a corrente e tensão nos terminais do módulo e está

dependente das condições ambientais. Para o ponto de máxima potência, a corrente varia com

a variação da radiação solar e a tensão varia com a temperatura do módulo.

Page 32: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

16

Figura 2.4.7 – Curva corrente – tensão de um módulo.

Fonte: Leite (2012).

Os valores VMMP varia de 0,75 a 0,9 vezes o Voc e o IMMP podem variar de 0,85 a 0,95 vezes o

Isc (KININGER, 2003).

Figura 2.4.8 – Curva típica de potência versus tensão para um módulo fotovoltaico.

Fonte: CEPEL-CRESESB (2004).

Conhecida então a curva característica I x V de uma célula ou um módulo pode-se calcular:

Potência Máxima (Pm):

𝑃𝑚 = 𝐼𝑚𝑝 𝑥 𝑉𝑚𝑝 = 𝐼𝑠𝑐 𝑥 𝑉𝑂𝑐 𝑥 𝐹𝐹 (4)

Fator de Forma (FF):

Page 33: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

17

𝐹𝐹 = 𝐼𝑀𝑃𝑃 𝑥 𝑉𝑀𝑃𝑃

𝐼𝑠𝑐 𝑥 𝑉𝑂𝑐=

𝑃𝑀𝑃𝑃

𝐼𝑠𝑐 𝑥 𝑉𝑂𝑐 (5)

Rendimento (η):

𝜂 = 𝐼𝑠𝑐 𝑥 𝑉𝑂𝑐 𝑥 𝐹𝐹

𝐴 𝑥 𝐺𝑥 100% (6)

Em que, A (m²) é a área da superfície do módulo e G (W/ m²)) é a irradiância solar

incidente.

Existem fatores que influenciam o rendimento de uma célula fotovoltaica, tais como:

Perdas causadas pela resistência interna

Perdas por recombinação

Eficiência termodinâmica

Perdas por reflexão da radiação

2.5 – Principais Tecnologias de Fabricação de Células e Módulos Fotovoltaicas

O mercado dos módulos fotovoltaicos, para as diversas aplicações, apresenta um crescimento

marcante nos últimos anos, com novas tecnologias oferecendo alternativas e vem buscando

melhorar a eficiência das células associada a redução de custos.

Segundo Ruther (2004), em termos de aplicações terrestres, dentre os diversos

semicondutores utilizados para a produção de células solares fotovoltaicas, destacam-se por

ordem decrescente de maturidade e utilização, o silício cristalino (c-Si); o silício amorfo

hidrogenado (a-Si:H ou simplesmente a-Si); o telureto de cádmio (CdTe) e os compostos

relacionados ao disseleneto de cobre (gálio) e índio (CuInSe2 ou CIS e Cu (InGa)Se2 ou

CIGS). Neste último grupo aparecem elementos que são ou altamente tóxicos (Cd, Se, Te), ou

muito raros (Te, Se, Ga, In, Cd), ou ambos, o que inicialmente se mostrou um obstáculo

considerável ao uso mais intensivo destas tecnologias (RUTHER, 2004).

O c-Si é a mais tradicional das tecnologias, por fato de usar o silício (segundo elemento mais

abundante da superfície terrestre) e também por ser 100 vezes menos tóxico que outros

elementos citados acima, mas porém apresenta maior custo de produção por fazer uso de

lâminas cristalinas relativamente espessas, na ordem de 300 a 400 µm (RUTHER, 2004) que

Page 34: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

18

comparado a outras tecnologias que são baseados em películas delgadas (filme fino –

espessura de 1µm).

2.5.1 – Silício Cristalino (c- Si)

Os módulos fotovoltaicos são na maioria fabricados e comercializados, usando o silício (Si).

Podem ser constituídos por cristais monocristalino, policristalino ou de silício amorfo. Existe

todo um processo para que o material semicondutor se transforme realmente em uma célula

fotovoltaica e posteriormente conectados em módulos. O que ocorre, de uma maneira geral, é

que o semicondutor deve passar por uma etapa de purificação e, em seguida, por uma etapa de

dopagem, através da introdução de impurezas, dosadas na quantidade certa (CEPEL-

CRESESB, 2004).

A mais tradicional das tecnologias fotovoltaicas, o silício cristalino corresponde a 90 % dos

módulos disponíveis no mercado (RUTHER, 2004). A robustez e confiabilidade foram os

responsáveis pela consolidação do c-Si no mercado fotovoltaico. O custo de produção destes

módulos solares é, no entanto, bastante elevado e as possibilidades de reduzi-los já foram

praticamente esgotadas, razão pela qual esta tecnologia é desconsiderada por muitos analistas

como séria competidora com formas convencionais de geração de potência em larga escala

(RUTHER, 2004).

2.5.1.1 – Silício Monocristalino (m-Si)

Nos módulos fotovoltaicos, as células constituintes de silício monocristalino, a tecnologia

necessária para a sua fabricação é um processo muito complexo. A fabricação da célula de

silício começa com extração do cristal de dióxido de silício (CRESESB, 2006). Segundo

Ruther (2004), o monocristal é crescido a partir de um banho de silício fundido a alta pureza

(Si =99,99 a 99,9999%) em reatores sob atmosfera controlada e com velocidades de

crescimento do cristal extremamente lentas (da ordem de cm/hora). Após sofrer uma dopagem

do tipo P, é extraído do material fundido um cilindro com cerca de 10 cm de diâmetro de Si

monocristalino, que é cortado em fatias finas de cerca de 300 µm de espessura. Segundo

Carvalho e Jucá (2013), esse processo é o mais utilizado para chegar a especificações

desejadas, chamado de “processo Czochralski”. As fatias sofrem um acabamento e, em

seguida, são dopados por uma impureza do tipo N via difusão controlada. Estando a junção P-

Page 35: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

19

N já formada, são colocados os contatos de metal nos lados P e N. O último passo constitui a

aplicação de uma camada de material antirrefletivo na parte frontal da célula solar. A figura

3.3.2 apresenta a estrutura básica de uma célula de silício monocristalino.

As vantagens dessa tecnologia são: eficiência (apresentam maior eficiência entre as

tecnologias chegando a 15 % comerciais e 18% em células testadas no laboratório

(CRESESB, 2006)), vida útil em torno de 20 anos e o desenvolvimento de células em estágio

avançado. Porém, tem algumas desvantagens como: alto custo e consumo elevado de energia

na sua fabricação (CEPEL-CRESESB, 2004). A figura 2.5.1, mostra uma célula m-Si.

Figura 2.5.1 – Estrutura básica de uma célula fotovoltaica de silício monocristalino.

Fonte: Pinho e Galdino (2014).

Figura 2.5.2 – Célula de silício monocristalino.

Fonte: CRESESB (2006).

Page 36: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

20

2.5.1.2 – Silício Policristalino (p-Si)

As células de silício policristalino são mais baratas que as células monocristalino por exigirem

um processo de preparação das células menos rigoroso (CARVALHO e JUCÀ, 2013). Estas

células são produzidas a partir de blocos de silício obtidos por fusão de fragmentos de silício

puro em moldes especiais. Uma vez em forma de moldes, o Si arrefece e solidifica-se, o que

resulta em um bloco com grande quantidade de grãos ou cristais, no contorno dos quais se

concentram os defeitos que tornam este material menos eficiente do que o m-Si em termos de

conversão fotovoltaica (RUTHER, 2004). Na etapa final, os blocos formados são cortados em

finas fatias.

A eficiência cai um pouco em relação ao silício monocristalino (CRESESB, 2006), cerca de

13 %, mas apresenta vantagem de ter menor custo de produção. De acordo com Leite (2012),

as células policristalino tem como desvantagem a perda elevada de eficiência quando exposta

a radiação difusa e temperaturas elevadas.

Figura 2.5.3 – Célula de silício policristalino.

Fonte: CRESESB (2006).

2.5.2 – Células de Filmes Finos

Filmes finos para aplicações fotovoltaicas, estão sendo desenvolvidos para a geração de

potência elétrica por apresentarem baixos custos de produção decorrentes das quantidades

diminutas de material envolvido, das pequenas quantidades de energia envolvidas em sua

Page 37: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

21

produção, do elevado grau de automação dos processos de produção (grande capacidade de

produção) e seu baixo custo de capital (RUTHER, 2004).

As tecnologias dos filmes finos (e em particular baseados em Cádmio ou Índio) têm porém

outros problemas como baixo rendimento, degradação do rendimento ao longo do tempo,

toxicidade (Cádmio) e difícil acesso à matéria prima (Indio) que dificultam a sua aceitação no

mercado em larga escala (PINHO e GALDINO, 2014).

2.5.2.1 – Silício Amorfo (a-Si)

Os processos de produção de a-Si ocorrem a temperaturas relativamente baixas (< 300ºC), em

processos a plasma, o que possibilita que estes filmes finos sejam depositados sobre

substratos de baixo custo, como vidro, aço inox e alguns plásticos (RUTHER, 2004). Desta

forma, foram desenvolvidos módulos solares hoje disponíveis no mercado que são flexíveis,

mais resistentes mecanicamente, leves, semitransparentes, com superfícies curvas, que estão

ampliando o mercado fotovoltaico por sua maior versatilidade.

Tendo em vista a tendência de redução de custos, constitui atualmente o material mais

estudado para a produção de células fotovoltaicas. As principais vantagens são a quantidade

menor de silício por unidade de potência comparado com as células cristalinas, um período de

retorno energético menor, uma produção em larga escala e automatizada, pode ser depositado

em qualquer substrato e a possibilidade de fabricação de células de grande área. As maiores

desvantagens são: a degradação da eficiência das células quando expostas à luz e baixa

eficiência (cerca de 5 a 7%) de conversão comparada as tecnologias de silício cristalino

(LEITE, 2012).

2.5.3 – Outras Tecnologias

Outros materiais utilizados na fabricação de células solares:

Arseneto de gálio (GaAs);

Disseleneto de cobre-índio (CIS);

Telureto de cádmio (CdTe);

Células de Elevada Performance – Very high Performance Cells;

Células Hibridas (HCI);

Page 38: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

22

Células Sensibilizadas por Corantes (DSSC – Dye-Sensitized Solar Cell);

Células orgânicas ou poliméricas (OPV – organic Photovoltaics);

A tabela 2.6.1, apresenta um resumo das tecnologias de fabricação de células fotovoltaicas,

com seu valor de máxima eficiência.

Tabela 2.6.1 – Máxima eficiência Fotovoltaica.

Fonte: ALTENER (2004).

Page 39: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

23

CAPITULO 3

OS PRINCIPAIS TIPOS DE DEGRADAÇÃO DOS MÓDULOS

FOTOVOLTAICOS DE SILICIO CRISTALINO

3.1 – Introdução

Degradação, conceitualmente é uma deterioração gradual das características dos componentes

dos módulos que afetam a capacidade de operação dentro dos limites aceitáveis, causado

pelas condições de operação em que o módulo se encontra.

O desempenho de um sistema fotovoltaico está diretamente ligado às condições ambientais e

climáticas como irradiância solar, temperatura, umidade, penetração da água e intensidade de

ultravioleta (UV), enquanto fatores como progressivas falhas no mecanismo e degradação

afetam o desempenho a longo prazo (MAKRIDES et al, 2012). O módulo é o mais importante

e caro componente de qualquer sistema fotovoltaico; confiabilidade e vida útil dos módulos

depende principalmente do desempenho da potência de saída e dos seus diferentes tipos de

degradação que o afeta, como mostra a figura 3.1.1 para módulos monocristalino (m-Si) e

policristalino (p-Si). Em geral a degradação ocorre devido a reações químicas e mecanismos

físicos que causam lesão às células, o módulo ou a instalação com um todo.

Figura 3.1.1 – Perda de desempenho para módulos de silício cristalino depois de 4 anos de

instalação.

Page 40: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

24

Fonte: Adaptado de NDIAYE (2014)

A degradação que conduz à falha nos módulos fotovoltaicos segue uma progressão que

depende de múltiplos fatores. Fatores como a degradação de materiais de laminação, perda de

adesão, degradação de interconexão entre células, degradação causada pela umidade e a

degradação da célula solar são os fatores mais preocupantes.

Tal como ilustrado na Figura 3.1.2, a degradação pode ocorrer por intempéries, impurezas,

acúmulo de sujeira e detritos no vidro, degradação fototérmica, oxidação e degradação do

encapsulante, Inter difusão dos íons e reações na interface polimérica que causam reações de

delaminação. Muitos desses problemas ocorrem em decorrência de elevadas concentrações

iônicas provindas do aprisionamento de vapores e gases bem como a utilização inadequada de

produtos durante o processo de fabricação do módulo fotovoltaico.

Page 41: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

25

Figura 3.1.2 – Principais fatores responsáveis por degradações em módulos fotovoltaicos.

Fonte: SANTOS JUNIOR (2008).

O acompanhamento da evolução do potencial de risco da degradação nos módulos é

importante para os proprietários de parques fotovoltaicos, para que os módulos operam em

condições garantidas pelos fabricantes, portanto, evitando custos de futuras trocas ou

manutenção.

3.2 – Garantias dos fabricantes de módulos fotovoltaicos de c - Si.

Os módulos fotovoltaicos de silício cristalino têm geralmente uma garantia de defeitos de

fabricação de 3 a 5 anos, garantia de rendimento mínimo de 25 anos (PINHO e GALDINO,

2014). Assim, em caso de defeitos ou desempenho insuficiente, cobertos pelo termo da

garantia, os módulos fotovoltaicos devem ser substituídos pelo fabricante.

A qualidade de um módulo também é assegurada pelo período de validade da garantia. As

garantias dos fabricantes são normalmente válidas por períodos entre 10 a 25 anos. Contudo,

deve-se verificar a que potência se refere a garantia: se à potência mínima ou se à potência

nominal. A garantia de 90 % da potência mínima com uma tolerância de desempenho de 10

%, é equivalente a uma garantia de 80 % da potência nominal. A degradação da potência de

Page 42: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

26

módulos PV de c-Si instalados em campo é entre 0,5 % e 1,0 % ao ano (PINHO e GALDINO,

2014).

Segundo Pinho e Galdino (2014), Tipicamente é garantida uma potência de pico (Wp) mínima

de 90 % de potência nominal dos 10 a 12 primeiros anos de operação e de 80 % por um

período de 20 a 25 anos (G1 da figura 3.2.1). Mas existem outras formas, como fabricantes

que garantem por 5 anos pelo menos 95 % da potência nominal, durante 12 anos pelo menos

90 % durante 18 anos pelo menos 85 % e durante 25 anos pelo menos 80 (G2 da figura 3.2.1).

Em mais uma forma de garantia, existem fabricantes que garantem uma degradação de

rendimento anual linear de 0,7 – 0,8 %/ano durante 25 anos (G3 da figura 3.2.1).

Estas diferentes formas de garantias são praticadas no exterior, não necessariamente no Brasil,

e seus resultados, em termos de produção de energia, podem ser diferentes, conforme mostra a

figura 3.2.1.

Figura 3.2.1 – Degradação máxima de módulos, de acordo com 3 diferentes formas de

garantia.

Fonte: adaptado de Pinho e Galdino (2014).

G1: 90 % - 12 anos e 80 % 25 anos; G2: 95 % - 5 anos, 90 % -12 anos, 85 % - 18 anos e 80 %

25 anos; G3: 3 % no primeiro ano e 0,7 por ano até 25 anos. A área sob as curvas é

proporcional à geração de energia e, por inspeção, observa-se que a área sob G3 é maior do

que as demais.

Page 43: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

27

3.3– Definição de principais degradações dos módulos PV

De acordo com a literatura, entre os vários tipos de degradação, a corrosão, delaminação,

descoloração e quebra/rachaduras, são os tipos de degradação predominante nos módulos

fotovoltaicos (figura 3.3.1). A tabela 3.1 apresenta os tipos de degradação frequentemente

encontrados em módulos fotovoltaicos de silício cristalino. Apesar de serem identificados os

tipos de degradação nos módulos, ainda os estudos dos mesmos são de grande dificuldade e

complexidade em condições reais de operação devido ao fato da degradação ser um fator

observado a longo prazo. Segundo Osterwald et al. (2002), a perda de desempenho dos

módulos fotovoltaicos mono e policristalino é aproximadamente 0,7%/ano, mas valor pode

variar dependendo das condições ambientais em que o módulo se encontra.

Figura 3.3.1 – Principais tipos de degradação nos módulos fotovoltaicos.

Fonte: Adaptado de Changwoon et al. (2012).

Tabela 3.1 – Principais tipos de degradação nos módulos de silício cristalino

Componente Degradações

Módulos de silício Cristalino

Interconexões quebrados

Células quebradas

Corrosão

Delaminação

Descoloração

Vidro quebrado

Fonte: adaptado de Ndiaye et al (2013)

Page 44: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

28

3.3.1 – Fatores de degradação dos módulos fotovoltaicos

São vários os fatores que influenciam no desgaste de módulos fotovoltaicos devido a

condições ambientais e climáticas em que os módulos estão submetidos. O desempenho dos

módulos depende de:

Temperatura

Irradiação Solar

Umidade

Fator mecânicos (Falhas mecânicas)

Intensidade dos raios UV.

Tensão de Operação

Penetração da água

A temperatura exerce uma significante influência em degradações como pontos quentes,

degradação do encapsulante (descoloração), delaminação, falha nas interconexões, etc. A

temperatura é responsável pela maioria das reações químicas que envolve a degradação dos

módulos. A umidade promove a corrosão, delaminação e a descoloração.

A exposição a intensidade dos raios UV, pode conduzir a mudança da cor do encapsulante

para a cor amarronzado, dependendo do tipo de material encapsulante utilizado. A tensão de

operação pode requerer o aterramento (evitando o PID) e pode causar corrosões.

Esses fatores descritos acima, ao longo do tempo levam a um ou mais tipos de degradação que

são descritos a seguir.

3.3.2 – Corrosão de módulos fotovoltaicos

A umidade que entra na borda do material laminado dos módulos é o principal motivo

causador da corrosão, além de aumentar a condutividade elétrica do material e aparecimento

de correntes de fuga. A corrosão causa degradação entre a célula e a armação metálica dos

módulos fotovoltaicos. A figura 3.3.2, apresenta a corrosão que afeta a borda e as células do

modulo.

Page 45: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

29

Figura 3.3.2 – Corrosão afetando as bordas e as células do módulo FV.

Fonte: SARTRY et al. (2010).

O afastamento da estrutura metálica e o resto do módulo, faz com que umidade e água entre

no modulo e causando problemas como risco elétrico e a corrosão. A penetração da umidade e

a água no modulo FV causa degradações químicas e físicas, que podem acelerar o processo de

corrosão. O elemento químico Sódio, que existe na composição do vidro é reativo com a

umidade, sendo essa reação o fator responsável pela corrosão nas bordas dos módulos

(NDIAYE et al., 2013).

De 1994 a 2002, a BP Solar coletou dados de dois milhões de módulos, observou-se que 45,3

% desses módulos encontraram-se degradado pela corrosão como ilustra a tabela 3.2,

indicando uma degradação de 0,7%/ano no desempenho.

Tabela 3.2 – Corrosão como a principal degradação observada pela BP Solar.

Tipo de Degradação % Causas Testes

Corrosão 45,3 Penetração da

umidade

85ºC – 85% RH com UV por

mais de 1000 h

Quebras e Fissuras 40,7 Expansão e contração

Térmica

-40ºC a 85 ºC

Ciclo térmico (na potência de pico)

Delaminação 3,7 Penetração da

umidade Umidade a baixa temperatura

Fonte: adaptado de KURTZ (2010).

Page 46: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

30

Algumas soluções podem ser aplicadas, evitando e atrasando o efeito da corrosão nos

módulos:

Utilizar material encapsulante que não aumente a condutividade com a penetração da

umidade e agua.

Incorporar barreiras mais eficientes contra a umidade.

3.3.3 – Delaminação de módulos fotovoltaicos

Delaminação consiste na perda de aderência ou separação entre as diferentes camadas do

módulo fotovoltaico. Normalmente acontece entre o polímero encapsulante e a célula ou entre

a célula e o vidro frontal. A delaminação é o mais comum dos tipos de degradação quando

ocorre nas extremidades e cantos dos módulos, causando problemas como aumento da

reflexão, maior penetração de água, perda da potência de saída e riscos elétricos nos módulos

e na instalação como um todo. A figura 3.3.3, mostra um módulo fotovoltaico degradado pela

delaminação nas bordas.

Figura 3.3.3 – Delaminação afetando um modulo fotovoltaico.

Fonte: NDIAYE el al (2013).

A delaminação é mais comum em condições climáticas úmidas e quentes, causando

degradações químicas e físicas, tendo como principais fatores a umidade e a salinidade

(JANSEN E DELAHOY, 2003). A penetração da umidade no módulo e a delaminação

contribui para o aumento da resistência série e consequentemente a perda de potência de saída

(VAN DYK el al., 2005).

Page 47: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

31

As delaminação de módulos fotovoltaicos podem ser detectadas pela inspeção visual, mas

testes de performance mais detalhados, podem dar melhor entendimento do problema e como

o mesmo afeta o desempenho do módulo.

3.3.4 – Descoloração de módulos fotovoltaicos

A descoloração de módulos fotovoltaicos ilustrado na figura 3.3.4, usualmente resulta da

degradação do material encapsulante, normalmente o EVA, situado entre o vidro e as células.

O fenômeno observado é a mudança de cor original do material. O efeito da descoloração

causa a perda da transmitância do material encapsulante (EVA), reduzindo a fotocorrente das

células do módulo, por conseguinte culminando na diminuição da absorção da luz solar pelas

células do módulo FV e a perda de potência, como observado nas figuras 3.3.5.

Figura 3.3.4 – Descoloração em módulos fotovoltaicos.

Fonte: SARTRY et al. (2010).

A degradação devido a descoloração pode ser vista na figura 3.3.5 em que, segundo Munoz et

al., 2011, a corrente de curto-circuito (Isc) é reduzido de 6 a 8% do valor nominal para

descoloração parcial e 10 a 13 % para a completa descoloração; A potência máxima é

degradado e consequentemente o fator de forma (FF) devido a descoloração do módulo FV.

Page 48: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

32

As principais causas deste fenômeno, é a radiação UV e penetração da água no módulo

combinado com temperaturas acima de 50ºC, causando mudança química na estrutura do

polímero encapsulante (PARK et al.,2013).

Figura 3.3.5 – Redução da transmitância devido a descoloração.

Fonte: PARK et al (2013).

3.3.5 – Quebras e fissuras nos módulos fotovoltaicos

Para reduzir o custo na produção de módulos de silício cristalino, fabricantes tem optado por

reduzir a espessura e aumentado a área das células que compõem os módulos. A espessura

tem-se reduzido de 300 µm para menos de 200 µm e em alguns casos menor que 100 µm. A

área aumentou para 210 mm x 210 mm (NDIAYE et al., 2013). Contudo com redução da

espessura e ampliação da área, as células se tornaram mais frágeis e susceptíveis a quebra e

aparecimento de fissuras, assim possibilitando risco de choque elétrico e infiltração de

umidade.

Quebra do vidro do modulo ocorre na maioria dos casos durante a instalação, manutenção, e

principalmente durante o transporte dos módulos para o local de instalação. Fissuras nas

células são quase imperceptíveis a olho nu, sendo detectados por métodos (IOPSCIENCE,

acessado em 24/05/2014) como:

Ótico

Ultrassônico

Imagem Fotoluminescência e Eletroluminescência

Termografia ultrassônico usando raios infravermelho

Exploração da microscopia acústica.

Page 49: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

33

Figura 3.3.6 – Fissuras em células detectadas através do método da Eletroluminescência (EL).

Fonte: MUNOZ et al.,2011.

Quebra e fissuras são frequentemente acompanhados de outros tipos de degradação como

corrosão, descoloração e delaminação (NDIAYE et al.,2013).

3.3.6 – Degradação do potencial induzido (PID)

Degradação do potencial induzido é um fenômeno proveniente de altas tensões aliadas à

escolha da polaridade do potencial, alta umidade e altas temperaturas, causando perda na

potência. Devido ao aumento de importância da energia solar a nível mundial, tem-se

verificado uma contínua aposta em parques cada vez maiores, havendo um desejo de

aumentar cada vez mais as tensões usadas de modo a reduzir as perdas e aumentar a potência.

Para isso usam um maior número de módulos interligados em série. Como consequência os

módulos estão sujeitos a maiores potenciais relativamente à terra, causando também desgaste

dos mesmos Em alguns casos de modo a evitar carga elétrica potencialmente perigosa para

humanos, as estruturas metálicas dos módulos são ligadas à terra. Como o isolamento da

estrutura metálica e das camadas ativas não é perfeito, essa diferença de potencial resulta em

correntes de fuga que afetam a eficiência do módulo.

No entanto todos os efeitos de PID têm uma característica comum, a degradação está

fortemente dependente da polaridade do potencial aplicado no módulo em relação à terra, que

é determinado pela configuração do sistema fotovoltaico.

Page 50: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

34

É também verificada a redução da resistência paralela e um aumento da resistência série,

causando perdas de potência. Ao nível da célula o PID provoca a redução da resistência

paralela da célula, afetando depois o Fator de Forma, acabando por perder tensão devido à

incapacidade da junção de operar corretamente e como consequência a perda de potência

depois de horas de exposição ás condições climáticas, como ilustra a figura 3.3.7.

Figura 3.3.7 – Efeito da PID na curva característica I x V dos módulos fotovoltaicos depois de

horas de exposição ás condições climáticas.

Fonte: SMA (acessado em 20/05/2014).

Não existe, a nível global, nem consenso nem um teste standard para a medição do PID dado

ser um fenómeno muito recente. Nesse sentido o Fraunhofer Institute for Solar Energy

Systems (ISE), o Photovoltaik-Institut Berlin (PI-Berlin), a TUV Rheinland e o VDE Testing

and Certification Institute uniram esforços para criar condições para testar os módulos

cristalinos. Foram testados inúmeros produtos no sentido de avaliar a susceptibilidade ao PID.

Esses testes foram feitos numa câmara climatizada a 25ºC e foram aplicados 1000 V (mil

volts) negativos às células dos módulos durante 7 dias, através da caixa de junção. Mas a

literatura mostra que testes mais eficientes para observar o PID nas seguintes condições: -

1000 V, 85ºC – 85 RH.

3.3.7 – Aparecimento de Bolhas nos módulos

Degradação similar a delaminação, mas neste caso a falta da aderência do polímero

encapsulante (EVA) afeta pequenas áreas (Munoz et al., 2011). O aparecimento das bolhas

Page 51: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

35

geralmente é devido a reações químicas que emitem gases, normalmente aparecem na parte

posterior do módulo, acumulados no polímero encapsulante (EVA), mas raramente pode

aparecer na parte frontal entre o vidro e a célula. A figura 3.3.8 ilustra alto número de bolhas

na parte posterior e frontal de em um modulo.

Figura 3.3.8 –Bolhas em um módulo e obtenção de bolhas através da técnica da imagem

infravermelho.

Fonte: MUNOZ el al (2011).

Frequentemente aparecem no centro das células, causado pela diferença de aderência devido a

altas temperaturas nas células. As bolhas dificultam a dissipação de calor das células,

aumentam o superaquecimento, reduz a vida útil do módulo, redução da absorção e aumento

da reflexão da luz solar no módulo FV.

3.3.8 – Pontos quentes

Pontos quentes num modulo fotovoltaico com elevada temperatura pode causar danos nas

células ou em outros elementos dos módulos (Ndiaye et al., 2013). Segundo Molenbroek et

al. (1991), pontos quentes nos módulos fotovoltaicos ocorrem devido a combinações como

falha nas células, falha nas interconexões, sombreamento parcial das células e variação da

fotocorrente de célula para célula. O sombreamento pode causar pontos quentes se não tiver

uma proteção adequada. Para proteger as células de superaquecimento ou pontos quentes, um

diodo by pass (1 diodo by pass para cada 20 células) pode ser colocado na caixa de conexão,

limitando a tensão reversa provocado pelas células sombreadas e consequentemente limitando

a temperatura.

Page 52: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

36

CAPITULO 4

ANÁLISE BASEADA NA INSPEÇÃO VISUAL DE DEGRADAÇÕES DE MÓDULOS

FOTOVOLTAICOS INSTALADOS NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

ELÉTRICA NO CAMPUS DO PICI – UFC.

4.1 – Introdução

Na presente pesquisa foi realizada um levantamento estatístico e fotográfico em módulos

fotovoltaicos instalados no departamento de engenharia elétrica (DEE) da Universidade

Federal do Ceará. A análise estatística foi realizada através da inspeção visual detalhada dos

módulos fotovoltaicos, para detectar falhas e degradações nos módulos instalados no local.

Para fim de apresentação desses tipos de degradação encontradas, foram fotografados os tipos

de degradação encontrados nos módulos do presente estudo.

Cada módulo foi inspecionado para detectar degradações ou falhas como descoloração,

delaminação, quebras/fissuras e corrosão.

4.2 – Características do Módulos instalados no Departamento de Engenharia Elétrica

4.2.1 – Identificação dos módulos

Fabricante: Siemens

Tipo ou número do modelo: SM55

Garantia de operação do Fabricantes: 25 anos

Local de Fabricação: Alemanha

Tecnologia de Fabricação: Silício Monocristalino (m - Si)

4.2.2 – Características Elétricas e Técnicas dos módulos

O número de módulos utilizados para formação do gerador fotovoltaico depende da potência

final que se quer obter e do tipo de associação existente entre os módulos: série, paralela ou

mista. Para o estudo, a tabela 4.1 apresenta as características nominais do módulo fotovoltaico

estudado segundo o fabricante, sendo o módulo com 36 células constituintes e conforme a

Page 53: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

37

figura 4.2.1, um módulo fotovoltaico do modelo a ser estudado e a sua curva caracteristica

tensão x corrente. Os módulos se encontram distribuídos em 3 painéis, sendo que 2 painéis

constituídos de 10 módulos e um painel com apenas 7 módulos instalados no departamento de

Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Ceará, no campus do pici desde de 1994,

onde foram utilizados para vários estudos e pesquisas na área de geração fotovoltaica. A

figura 4.2.2 ilustra a localização e arranjo dos módulos instalados no campus do pici.

Tabela 4.1 - Características nominais do módulo estudado segundo o fabricante.

Fabricante SIEMENS

Modelo SM55

Potência 55 Wp

Tensão (VMPP) 17,4V

Corrente (IMPP) 3,15A

Tensão (VOC) 21,7

Corrente (ISC) 3,45

Comprimento 1239 mm

Largura 329 mm

Espessura 34 mm

Peso 5,5 kg

Material Silício Monocristalino

Fonte: adaptado da Siemens (1997)

Page 54: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

38

Figura 4.2.1 – Ilustração de um módulo do modelo SM55 e sua curva I x V característica.

Fonte: Siemens (1997)

Figura 4.2.2 – Painéis instalados no Departamento de Engenharia Elétrica na Universidade

Federal do Ceará.

Fonte: Autor.

Page 55: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

39

4.3 – Levantamento baseado na inspeção visual de degradação encontrados nos módulos

estudados.

De acordo com a inspeção visual produzida nesse estudo, os principais tipos de degradação/

falhas observadas estão descritas na tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Degradações observadas em módulos instalados no DEE.

Tipos de Degradação

Módulos

afetados % afetados

Descoloração 21 77,8

Delaminação 24 88,9

Quebra/ Fissuras 10 37

Corrosão 15 66,67 Fonte: Autor.

De acordo com a tabela 4.2, o levantamento confirma os estudos feitos e publicados em

literaturas e pesquisas. A delaminação é a degradação predominante, devido principalmente às

condições climáticas favoráveis como a umidade e altas temperaturas que afetam a região do

Ceará. Embora tenha sido observado de forma nítida apenas essas degradações, é possível que

tem outros tipos de degradações já descritas neste texto, mas que só podem ser observadas

com outros métodos mais complexos e detalhados. Durante esses vintes anos que os módulos

se encontram instalados, fatores como a salinidade e penetração de agua e umidade nos

módulos, contribuíram para a deterioração dos mesmos.

As fotos mostradas nas figuras a seguir apontam as degradações encontradas nos módulos em

estudo, demonstrando o quanto se encontra desgastados os módulos FV durante esses vinte

anos expostas a condições climáticas e ambientais do local em que se encontram instalados.

4.4.1 – Descoloração

Figura 4.4.1 – Módulos afetados pela descoloração.

Page 56: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

40

Fonte: Autor.

4.4.2 – Delaminação

Figura 4.4.2 – Módulos afetados pela delaminação

Fonte: Autor.

Page 57: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

41

4.4.3 – Quebras/ Fissuras

Figura 4.4.3 – Módulos afetados por quebras e fissuras no vidro, material encapsulante ou na

célula.

Fonte: Autor.

Page 58: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

42

4.4.4 – Corrosão

Figura 4.4.4 – Módulos afetados pela Corrosão.

Fonte: Autor.

Page 59: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

43

CONCLUSÃO

A presente pesquisa teve como objetivo o levantamento de degradações que afetam

vinte e sete módulos FV instalados no departamento de Engenharia Elétrica na Universidade

Federal do Ceará, deteriorando o desempenho e levando a perda de potência, através do

método de detecção de falhas/degradação denominado inspeção visual.

O levantamento demonstrou que a delaminação é a degradação predominante nos

módulos estudados com um percentual de 88,9 %, muito devido a condições climáticas e

ambientais favoráveis como a humidade e altas temperaturas que afetam o Ceará. A

descoloração também apresentou um percentual de 77,8 %, com um total de vinte e quatro

dos módulos em situação degradante. A corrosão que muito vezes é uma degradação derivado

de delaminação e descoloração, mostrou um índice percentual de 66,67 %, embora muitos

desses módulos fotovoltaicos apresentem princípios ou pequenos indícios de corrosão. As

degradações como quebra e fissuras no vidro, material encapsulante e nas células tem um

percentual de 37 %, muito devido à localização dos módulos, em que tem pouco acesso a elas

por pessoas ou animais.

Possíveis soluções para amenizar a situação de degradação em que se encontra os

módulos FV instalados no Departamento de Engenharia Elétrica - UFC, seria manutenção

mais frequentes vistos que os módulos se encontram expostas a intempéries, impurezas e

acumulação de sujeiras, demonstrando baixa manutenção, além de incorporar barreiras e

isolamento mais eficientes contra condições climáticas e ambientais do local, como a

salinidade e penetração de umidade e água, visto que essas são os mais comuns fatores que

culminam na corrosão, delaminação e descoloração de módulos FV.

Como sugestão de futuros trabalhos, qualifica-se dois temas, comparação da curva

característica do módulo degradado com o módulo com suas características elétricas nominais

(dados do fabricante) através de ensaios elétricos e a realização de um estudo da influência da

degradação dos módulos fotovoltaicos no retorno do investimento (Pay-back) ao longo do

tempo.

Page 60: degradação de módulos fotovoltaicos de silicio cristalino instalados

44

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