41
Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade para Entidades sem Fins Lucrativos - ONGs Armando Madureira Borely [email protected] Rio de Janeiro Janeiro de 2015 Rua 1º de março, 33 Centro Rio de Janeiro RJ Cep: 20010-000 Telefone (21) 221-69544 e 2216-9545 [email protected] - www.crc.org.br

Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

Departamento de Desenvolvimento Profissional

Contabilidade para Entidades sem Fins Lucrativos - ONGs

Armando Madureira Borely

[email protected]

Rio de Janeiro

Janeiro de 2015

Rua 1º de março, 33 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Cep: 20010-000

Telefone (21) 221-69544 e 2216-9545 [email protected] - www.crc.org.br

Page 2: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

SUMÁRIO

I INTRODUÇÃO

II CONCEITOS BÁSICOS

III ESPECIFICAÇÃO DOS TÍTULOS E REGISTROS FEDERAIS

IV CRESCIMENTO DO TERCEIRO SETOR

V CONSTITUIÇÃO E LEGALIZAÇÃO DA ENTIDADE SEM FINALIDADE

DE LUCROS

VI LEGISLAÇÃO FEDERAL APLICÁVEL A ENTIDADE SEM FINALIDADE

DE LUCROS

VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS

VIII QUESTÕES ENFRENTADAS PELA ENTIDADE SEM FINALIDADE DE

LUCROS

IX ATUAL CENÁRIO DAS ENTIDADES SEM FINALIDADE DE LUCROS

X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO DAS OSCIPs PELO

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

XI CONTABILIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS EVENTOS OCORRIDOS NA

ENTIDADE SEM FINALIDADE DE LUCROS

XII MODELO DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (CFC 1.409 / 12)

XIII SUGESTÕES

XIV CONCLUSÃO

XV EXERCÍCIOS

XVI BIBLIOGRAFIA

Page 3: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

I. INTRODUÇÃO

Na década de 1980, houve um avanço considerável no papel das Entidades

de Interesse Social em relação à sociedade brasileira, decorrente dos movimentos

sociais para questões específicas, tais como: discriminação racial, pobreza, preconceitos

sociais, entre outras. Ênfase especial foi dada à questão do meio ambiente: preservação

das espécies, despoluição do ar, biodiversidade, etc. Em 1992 realizou-se no Rio de

Janeiro, a ECO-92 (fórum internacional para discussão do meio ambiente) com a

participação de Chefes de Estado de vários países, onde este tema foi exaustivamente

discutido, tornando-se responsabilidade de todos: população e governo. O termo ONGs

(Organização Não Governamental) se prolifera no Brasil aplicando-se às organizações

da sociedade civil, que atuam paralelamente ao Governo, em busca do bem-estar da

sociedade.

Neste contexto, começam a aparecer fortemente os fundos governamentais

para apoio aos projetos sociais das ONGs. Desta forma surgem exigências de

planejamento e controle dos recursos, não-familiares ao perfil dos dirigentes dessas

organizações, que se caracterizam por possuírem formação concentrada na área social.

As ONGs internacionais passam a exigir, mais sistematicamente, a auditoria como

instrumento de certificação da aplicação dos recursos doados.

Com a autosustentabilidade implementada pelos doadores internacionais, que

nada mais é do que capacitar os dirigentes de organizações sociais para a gestão

institucional, captação de fundos e continuidade da missão institucional, os fundos

públicos passam a ser o alvo das Entidades de Interesse Público, acompanhados dos

investimentos de empresas e de campanhas por doações voluntárias. Neste cenário, as

organizações sociais, enfrentam questões como:

a) cumprimento dos aspectos legais institucionais internos;

b) cumprimentos das exigências legais dos órgãos governamentais;

c) imunidade ou isenção de tributos como forma de redução de despesas;

d) estruturação da contabilidade, não apenas como exigência legal, mas como

instrumento auxiliar para os relatórios financeiros de prestação de contas

dos projetos;

e) controle de gastos; dentre outras.

Page 4: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

2

II. CONCEITOS BÁSICOS

O Código Civil Brasileiro, regido pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002,

no artigo 41, classifica as pessoas jurídicas como de direito público e de direito privado.

Esse mesmo Código, através do artigo 44, determina que as pessoas jurídicas de direito

privado são:

a) as associações;

b) as sociedades;

c) as fundações.

A Lei 10.825, de 22 de dezembro de 2003, alterou o artigo 44 do Código Civil,

definindo as organizações religiosas e os partidos políticos como pessoas jurídicas de

direito privado, acrescentando os seguintes parágrafos:

§ 1º - São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o

funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes

reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.

§ 2º - As disposições concernentes às associações aplicam-se

subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste

Código.

§ 3º - Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o

disposto em lei específica.1

No Brasil, as entidades são divididas em três setores:

1º setor – representado pelo governo, que cumpre uma função administrativa

dos bens públicos, correspondendo assim às ações do Estado com fins públicos, tanto

no âmbito federal, como estadual e municipal.

2º setor – representado pelo mercado, ocupado pelas empresas privadas com

fins lucrativos.

3º setor – Constituído por organizações privadas sem fins lucrativos que gerem

bens, serviços públicos e privados, tendo todas elas como objetivo, o desenvolvimento

5 Lei 9.096 de 19 de setembro de 1995 que dispõe sobre Partidos Políticos e regulamenta os artigos 17 e 14, § 3º,

inciso V, da Constituição Federal.

Page 5: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

3

político, econômico, social e cultural no meio que atuam. De qualquer forma não existe

um consenso quanto à questão conceitual deste setor.

Segundo FERNANDES (1994, p. 21), o conceito denota:

“... um conjunto de organizações e iniciativas privadas que visam à produção

de bens e serviços públicos. Este é o sentido positivo da expressão. “Bens e serviços

públicos”, nesse caso implicam uma dupla qualificação: não geram lucros e respondem

a necessidades coletivas.”

Para ROTHGIESSER (2002, p.2), Terceiro Setor seriam iniciativas “... privadas

que não visam lucros, iniciativas na esfera pública que não são feitas pelo Estado. São

cidadãos participando de modo espontâneo e voluntário, em ações que visam ao

interesse comum”.

Quarter et al (2003, p.1) em seus estudos afirmam que “Apesar do presente

estudo de Johns Hopkins2 apresentar suas análises em nível de nação, eles apresentam

implicações diretas em virtude da ausência de lucros, pois, essas organizações

dependem em vários níveis, da contribuição voluntária. No mínimo, os voluntários

integram o quadro de diretores,... Como suas contribuições não envolvem transações de

mercado, normalmente eles não são considerados nas demonstrações contábeis”

(tradução livre do autor)3.

O estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,

publicado em 2004, sob o título “As Fundações Privadas e Associações sem Fins

Lucrativos no Brasil 2002”4.– FASFIL classificou essas entidades em quatorze categorias,

quais sejam:

Serviço Notarial e Registral;

Organização Social;

2 Refere-se ao estudo internacional elaborado em vinte e dois países, por Lester Salamon em associação a John

Hopkins University estimando que 28% da população destes países contribuem como voluntários (tradução livre). 3 Texto original: “Although The Johns Hopkins study presents its analysis at the level of the nation, it has direct

implications for the accounting of nonprofits, as these are organizations that depend in varying degrees on volunteer

contributions. At minimum, volunteers form the board of directors, and many organizations they are the primary

service providers. Yet because their contributions do not involve market transactions, normally they are not counted

in accounting statements.” 4 O trabalho foi elaborado com base no CEMPRE (Cadastro Central de Empresas) do IBGE, tendo como parceiros o

IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não

Governamentais) e o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas).

Page 6: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

4

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP);

Outras Fundações Mantidas com Recursos Privados;

Serviço Social Autônomo;

Condomínio em Edifícios;

Unidade Executora (Programa Dinheiro Direto na Escola);

Comissão de Conciliação Prévia;

Entidade de Mediação e Arbitragem;

Partido Político;

Entidade Sindical;

Filial, no Brasil, de Fundação ou Associação Estrangeiras;

Fundação ou Associação Domiciliada no Exterior; e

Outras Formas de Associação.

A seguir, esse mesmo estudo adotou como referência das FASFIL a

metodologia Handbook on Nonprofit Instituitions in the System of National Accounts

(Manual sobre as Instituições sem Fins Lucrativos no Sistema de Contas Nacionais)

elaborado pela Divisão de Estatísticas das Nações Unidas, em conjunto com a

Universidade de John Hopkins, em 2002. Foram consideradas FASFIL as organizações

registradas no CEMPRE como Entidades sem Fins Lucrativos, aquelas que se

enquadrem simultaneamente, nos cinco critérios a seguir:

(i) privadas, não integrantes, portanto, do aparelho do Estado;

(ii) sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventualmente

excedentes entre os proprietários ou diretores;

(iii) institucionalizadas, ou seja, legalmente constituídas;

(iv) auto-administrativas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades; e

(v) voluntárias, na medida em que podem ser constituídas livremente por

qualquer grupo de pessoas.

O confronto entre as quatorze categorias e os cinco critérios estabelecidos

excluiu as seguintes categorias como Entidades sem Fins Lucrativos:

Serviço Notarial e Registral;

Serviço Social Autônomo;

Condomínio em Edifícios;

Page 7: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

5

Unidade Executora (Programa Dinheiro Direto na Escola);

Comissão de Conciliação Prévia;

Entidade de Mediação e Arbitragem;

Partido Político;

Entidade Sindical; e

Fundação ou Associação Domiciliada no Exterior.

Com o objetivo de reconhecer o trabalho das instituições do Terceiro Setor em

favor da sociedade, o Governo lhes concede diversos registros e títulos, desde que

atendidos os requisitos legais, proporcionando a tais entidades, benefícios como a

imunidade e a isenção tributária, além da possibilidade de recebimento de recursos

públicos, através de convênios, contratos, subvenções sociais, auxílios, doações e

termos de parcerias.

Por outro lado, as contribuições efetivadas pelas empresas às ONGs, poderão

ser abatidas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, nos termos do artigo 13, § 2º,

III da Lei 9.249 de 26 de dezembro de 1995, que determina:

“III – as doações, até o limite de dois por cento do lucro operacional da pessoa

jurídica, antes de computada a sua dedução, efetuadas a entidades civis, legalmente

constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefício

de empregados da pessoa jurídica doadora, e respectivos dependentes, ou em benefício

da comunidade onde atuem.”

De acordo com o GIFE - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (2004), o

relatório da Secretaria da Receita Federal sobre Declaração de Informações Econômico-

Fiscais das Pessoas Jurídicas (DIPJ), referente às declarações feitas em 2000, ano-

calendário de 1999, informa que as empresas brasileiras ainda utilizam de forma tímida

as leis de incentivos fiscais disponíveis atualmente no país para destinarem recursos à

área social.

No Brasil, as únicas empresas que podem utilizar incentivos fiscais para

doações são aquelas que optaram pelo regime de lucro real e, de acordo com Próspero

(2004, p.1)), “esse universo está restrito a 189 mil empresas (indústria, comércio, serviço,

financeira e seguradora). No entanto, somente as empresas que tenham imposto a pagar

podem fazer uso do incentivo o que, em 1999, representava 80.310 empresas. Mas,

Page 8: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

6

somente 4.349 (5,41%) realmente se beneficiaram da lei, sendo que 47% destinou

recursos para as ONGs, 31% para o Programa Nacional de Incentivo à Cultura (Lei

Rouanet), 12% para o Fundo da Criança e do Adolescente, 6% para as atividades

audiovisuais e 4% para as instituições de ensino e pesquisa.”

III. ESPECIFICAÇÕES DOS TÍTULOS E REGISTROS FEDERAIS

1. Título de Utilidade Pública Federal

Título também concedido nos âmbitos estadual e municipal, podendo uma

organização sem fins lucrativos pleiteá-lo nas três esferas.

As sociedades civis, as associações e as fundações, que não remunerem seus

dirigentes, que sejam constituídas no país e tenham o fim exclusivo de servir

desinteressadamente à coletividade, podem requerer o Título de Utilidade Pública.

Para obter o título, a organização deve comprovar:

Ter personalidade jurídica e ser constituída no Brasil;

Estar em efetivo e contínuo funcionamento por pelo menos três anos;

Não remunerar seus dirigentes;

Não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou

associados, sob nenhuma forma;

Promover a educação ou exercer atividades de pesquisa científica, de cultura,

artística ou filantrópica;

Comprovar a idoneidade dos diretores;

Publicar anualmente a demonstração de receitas e despesas do período anterior.

Este título confere as seguintes vantagens à organização:

Possibilidade de receber doações de pessoas jurídicas;

Possibilidade de receber bens apreendidos, abandonados ou disponíveis,

administrados pela Secretaria da Receita Federal;

Acesso a subvenções e auxílios da União Federal e suas autarquias;

Autorização para realização de sorteios;

Possibilidade de receber receitas das Loterias Federais;

Page 9: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

7

Possibilidade de isenção da quota patronal do INSS e de outras contribuições

sociais (CPMF, PIS e COFINS).

2. Organizações Sociais - OS

São fundações ou associações de natureza privada, sem fins lucrativos, que

realizam atividades relacionadas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento

tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura ou à saúde,

submetidas à legislação específica, sendo fiscalizadas e fomentadas pelo Estado,

visando atender finalidades coletivas.

A principal conseqüência da atribuição do título de “OS” a uma entidade é a

possibilidade de celebração de contrato de gestão com o Poder Público. Em decorrência

desse contrato, a entidade poderá:

Receber a destinação direta de bens públicos;

Receber recursos previstos no orçamento;

Receber recursos para a veiculação de publicidade institucional, admitindo-se o

patrocínio de programas, eventos e projetos.

Como requisitos, a “OS” deve prever a participação no órgão colegiado de

deliberação superior de representantes do Poder Público e de membros da comunidade,

a obrigatoriedade de publicação anual no Diário Oficial da União de relatórios financeiros,

além da comissão de avaliação a ser criada para fins específicos.

3. Registro no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS

São entidades criadas por força da Lei nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993

que dispõe sobre a organização da assistência social.

Os principais requisitos para o registro das entidades que promovam a

assistência social são:

Seja entidade sem fins lucrativos;

Atue na proteção à família, infância, maternidade, adolescência ou

velhice; na amparo à crianças e adolescentes carentes; em ações de

Page 10: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

8

prevenção, habilitação, reabilitação e integração à vida comunitária de

deficientes;

Na integração ao mercado de trabalho;

Aplique suas rendas e eventuais resultados integralmente em território

nacional e na manutenção de suas atividades;

Não distribua lucros e assemelhados;

Não remunere à diretoria; e

Preste serviços permanentes, sem qualquer discriminação de clientes.

É documento indispensável para obtenção do CEBAS – Certificado de

Entidade Beneficente de Assistência Social, possibilitando o recebimento de subvenções

federais destinadas à assistência social.

4. Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS

Podem requerer o CEBAS as entidades que atuem nas seguintes áreas:

Promoção de proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à

velhice;

Amparo a crianças e adolescentes carentes;

Promoção de ações de prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas

portadoras de deficiências;

Promoção gratuita da assistência educacional e de saúde;

Promoção da integração ao mercado de trabalho;

Promoção do desenvolvimento da cultura;

Promoção do atendimento e do assessoramento aos benefícios da Lei Orgânica

de Assistência Social e a defesa de seus direitos.

Para obter o CEBAS, a organização deve demonstrar, nos três anos

imediatamente anteriores ao pedido:

Estar legalmente constituída no país e em efetivo funcionamento;

Estar previamente inscrita no Conselho Municipal de Assistência Social ou no

Conselho Estadual de Assistência Social;

Estar previamente registrada no CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social;

Page 11: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

9

Aplicar suas rendas, recursos e eventual resultado no território nacional e na

manutenção de seus objetivos;

Aplicar as subvenções e doações recebidas nas finalidades a que estejam

vinculadas;

Aplicar anualmente, em gratuidade, pelo menos 20% da sua receita, cujo montante

nunca será inferior à isenção de contribuições sociais usufruídas;

Não remunerar dirigentes;

Não distribuir resultados, bonificações, dividendos, participações ou parcela do

patrimônio, sob nenhuma forma;

Possuir o Título de Utilidade Pública Federal.

O CEBAS possibilita a isenção da quota patronal ao INSS e de outras

contribuições (CPMF, CSL, PIS, Cofins).

5. Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas (CNEA)

Entidades cadastradas no CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente,

sendo os principais requisitos:

Existir há pelo menos um ano;

Pessoa jurídica sem fins lucrativos que atue exclusivamente na proteção

e preservação do meio ambiente e não seja sociedade comercial,

sindicato, clube, instituição religiosa, organização partidária, mútua,

empresa de plano de saúde, instituição hospitalar, escola, organização

social, cooperativa, fundação pública, instituição criada pelo poder

público, organização creditícia ou associação de moradores.

Os principais benefícios de tais entidades são:

Poder votar e ser votada nos órgãos deliberativos do CONOMA e

Ter acesso a recursos públicos para o meio ambiente.

Page 12: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

10

6. Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP

A qualificação de OSCIP pode ser obtida pela entidade que atua com:

Promoção da assistência social;

Promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

Promoção gratuita de educação;

Promoção gratuita de saúde;

Promoção de segurança alimentar e nutricional;

Promoção de voluntariado;

Defesa, preservação e conservação do meio ambiente, além de promoção do

desenvolvimento sustentável;

Promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

Experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas

alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;

Promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria

jurídica gratuita de interesse suplementar;

Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e

de outros valores universais;

Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e

divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam

respeito às atividades já mencionadas.

As organizações que quiserem se qualificar como OSCIP, devem prever no

estatuto as seguintes disposições:

Observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade, economicidade e de eficiência;

Adoção de práticas e gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a

obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais,

em decorrência da participação no respectivo processo decisório;

Constituição de Conselho Fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência

para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as

operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos

superiores da entidade;

Page 13: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

11

Previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o patrimônio será transferido

a entidade também qualificada como OSCIP;

Previsão de que, na hipótese da entidade perder a qualificação de OSCIP, o

acervo patrimonial disponível adquirido com recursos públicos será transferido a

outra entidade qualificada como OSCIP;

Se institui ou não remuneração aos dirigentes;

Normas de prestações de contas a serem observadas pela entidade, que

determinarão no mínimo, a observância dos princípios de contabilidade, a

publicidade das demonstrações contábeis, a realização de auditoria e a prestação

de contas de todos os recursos e bens de origem pública.

A organização tem as seguintes vantagens ao se qualificar como OSCIP:

Possibilidade de remunerar os dirigentes;

Possibilidade de firmar Termo de Parceria como Poder Público;

Procedimento de obtenção da qualificação centralizada e simplificada, com

critérios objetivos;

Possibilidade de receber doações de pessoas jurídicas, que serão dedutíveis até

o limite de 2% do lucro operacional;

Possibilidade de receber apreendidos, abandonados ou disponíveis,

administrados pela Secretaria da Receita Federal.

RESUMO DOS TÍTULOS E REGISTROS APLICÁVEIS A ENTIDADE SEM

FINALIDADE DE LUCROS

Título Emissor Instrumentos Legais

1. Utilidade Pública Federal Presidência da

República (ex-officio)

Ministério da Justiça

( não ex-officio)

Lei 91/35

Decreto 50.517/61

Decreto 60.931/67

Lei 6.630/79

2. Organizações Sociais Conselho Nacional de

Assistência Social

Lei 9.637/98

Page 14: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

12

3. Certificado de Entidade

Beneficente de Assistência

Social

Conselho Nacional de

Assistência Social

Lei 8.742/93 – Lei

Orgânica de

Assistência Social

(LOAS)

Decreto 2.536/98

Resolução CNAS

177/00

4. OSCIP – Organização da

Sociedade Civil de Interesse

Público

Ministério da Justiça Lei 9.790/99

Decreto 3.100/99

Portaria MJ 362/99

5. CNAS Conselho Nacional de

Assistência Social

Lei 8.742/93

6. CNEA Conselho Nacional do

Meio Ambiente

Resoluções

CONAMA 006/89,

022/94 e 234/97

IV. CRESCIMENTO DO TERCEIRO SETOR

Existe uma grande dificuldade no dimensionamento do verdadeiro potencial

das organizações da sociedade civil. Há uma falta de coerência como cifras, quantidade

de instituições, quantidade de trabalhadores voluntários e remunerados, porém, os dados

disponíveis nos indicam um efetivo aumento nas atividades deste setor na sociedade.

De acordo com a ABONG (2004, p.1-2)), nos Estados Unidos da América, em

1990, o setor movimentava 300 bilhões de dólares, já em 1996, estes recursos chegavam

a 320 bilhões de dólares, o que correspondia a 6,3% do PIB. Em países como Itália,

França e Alemanha, as instituições sem fins lucrativos atingem anualmente mais de 3%

do PIB nacional.

Page 15: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

13

Segundo pesquisa da John Hopkins University, o Terceiro Setor é a oitava

força econômica mundial, movimentando 1,1 trilhão de dólares por ano, gerando

aproximadamente 10,4 milhões de empregos.

Em 2002, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(2004, op citada), havia no Brasil, 275.895 fundações privadas e associações sem fins

lucrativos, contra 107.332 em 1996. Segundo esse mesmo estudo, no Brasil, 1,5 milhão

de pessoas trabalham nas fundações privadas e associações sem fins lucrativos,

recebendo a remuneração média de 4,5 salários mínimos mensais, enquanto à média

dos assalariados das empresas em geral (públicas, privadas lucrativas e não-lucrativas)

era de 4,3 salários por mês.

Dados disponibilizados pelo Ministério da Justiça evidenciam que até maio de

2005 foram registradas 2.771 entidades com a qualificação de OSCIP – Organização da

Sociedade Civil de Interesse Público, contra 11.181 com o Título de Utilidade Pública

Federal (UPF).

Apesar do aumento dos pedidos de qualificação desde a promulgação da lei

9.790/99, ainda é pequeno o número de entidades que possuem o título de OSCIP se

compararmos com o número de organizações existentes (275.895).

V. CONSTITUIÇÃO E LEGALIZAÇÃO DA ENTIDADE SEM FINALIDADE DE LUCROS

1. Na ata de criação da associação, devem ser incluídos os seguintes itens:

a) Informação de que se trata de uma ata de criação de uma

associação/fundação.

b) Nome e CPF de cada fundador.

c) A pauta da reunião (criação da associação/fundação, aprovação do

estatuto, definição da sede, eleição dos membros dos órgãos internos – diretorias,

conselho fiscal, etc.).

2. No estatuto da entidade deve conter, no mínimo, os seguintes requisitos

legais, conforme determinado pelo Código Civil:

Page 16: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

14

a) A denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e fundo social, quando

houver.

b) O modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial

e extrajudicialmente.

c) Cláusula de que o estatuto é reformável no tocante à administração, e de

que modo.

d) Se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações

sociais.

e) As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio,

nesse caso.

f) Os requisitos para admissão, demissão e exclusão dos associados.

g) Os direitos e deveres dos associados.

h) As fontes de recursos para sua manutenção.

i) O modo de funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos.

j) As condições para alteração das disposições estatutárias e para a

dissolução.

k) Assinatura de advogado (com OAB) e o devido registro em Cartório.

l) Adequação ao Código Civil, cujo prazo foi prorrogado para 11 de janeiro de

2007 (Lei 11.127/2005).

3. Publicar o ato no Diário Oficial da União de que a entidade foi devidamente

qualificada.

4. Especificar se os gestores da entidade, que forem remunerados, atuem

efetivamente na gestão executiva, ou prestem serviços específicos (Lei 9.790, artº 4, item

VI).

5. Os Termos de Parcerias/Convênios firmados entre a entidade e o Poder

Público, devem conter e serem observadas as seguintes cláusulas essenciais:

a) a do objeto, contendo a especificação do trabalho proposto pela entidade;

b) a de estipulação de metas e dos resultados a serem atingidos e os

respectivos prazos de execução ou cronograma;

Page 17: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

15

c) a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho

a serem utilizadas, mediante indicadores de resultado;

d) a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu

cumprimento, estipulando as categorias contábeis usadas pela organização e

o detalhamento das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos

com recursos oriundos ou vinculados ao Termo de Parceria/Convênios, a

seus diretores, empregados e consultores.

e) a que estabelece as obrigações da organização, entre as quais a de

apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a

execução do objeto do Termo de Parceria/Convênio, contendo comparativo

específico das metas propostas com os resultados alcançados,

acompanhado de prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente

realizados, independentes das previsões mencionadas no item d;

f) a de publicação, na imprensa oficial, de extrato do Termo de Parceria e de

demonstrativo de execução física e financeira, conforme estabelecido na lei

nº 9.790 de 23 de março de 1999.

6. A entidade social deve publicar, no prazo máximo de 30 dias, contado da

assinatura do Termo de Parceira/Convênio, regulamento próprio contendo os

procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para

compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.

7. Os imóveis adquiridos com recursos provenientes da celebração do Termo

de Parceria/Convênio devem estar gravados com cláusula de inalienabilidade.

8. As entidades devem elaborar prestações de contas anualmente sobre a

totalidade das operações patrimoniais e de resultados, sendo instruídas com os seguintes

documentos:

a) relatório anual de execução de atividades;

Page 18: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

16

b) demonstração de resultados do exercício, onde devem ser destacadas

as informações de gratuidade concedidas e serviços voluntários obtidos, e

divulgados em Notas Explicativas por tipo de atividade.

c) balanço patrimonial, onde a denominação da conta Capital deve ser

substituída por Patrimônio Social, integrante do grupo Patrimônio Líquido.

d) demonstração dos Fluxos de Caixa, ressaltando que as doações devem

ser classificadas no fluxo das atividades operacionais.

e) demonstrações das mutações do patrimônio Líquido;

f) As palavras lucros ou prejuízos devem ser substituídas por superávit ou

déficit.

g) notas explicativas, caso necessário, e que contenham, no mínimo, as

seguintes informações:

contexto operacional da entidade, incluindo a natureza social e

econômica e os objetivos sociais;

os critérios de apuração da receita e da despesa, especialmente com

gratuidade, doação, subvenção, contribuição e aplicação de

recursos;

a renúncia fiscal relacionada com a atividade deve ser evidenciada

nas demontrações contábeis como se a obrigação devida fosse;

as subvenções recebidas pela entidade, a aplicação dos recursos e

as responsabilidades decorrentes dessas subvenções;

os recursos de aplicação restrita e as responsabilidades decorrentes

de tais recursos;

os recursos sujeitos a restrição ou vinculação por parte do doador;

eventos subsequentes à data do encerramento do exercício que

tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação

financeira e os resultados futuros da entidade;

as taxas de juros, as datas de vencimento e as garantias das

obrigações em longo prazo;

informações sobre os seguros contratados;

Page 19: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

17

a entidade educacional de ensino superior deve evidenciar a

adequação da receita com a despesa de pessoal, segundo

parâmetros estabelecidos pela Lei das Diretrizes e Bases da

Educação e sua regulamentação;

os critérios e procedimentos do registro contábil de depreciação,

amortização e exaustão do ativo imobilizado, devendo ser observado

a obrigatoriedade do reconhecimento com base em estimativa de

sua vida útil;

segregar os atendimentos com recursos próprios dos demais

atendimentos realizados pela entidade;

todas as gratuidades praticadas devem ser registradas de forma

segregada, destacando aquelas que devem ser utilizadas na

prestação de contas nos órgãos governamentais, apresentando

dados quantitativos, ou seja, valores dos benefícios, número de

atendidos, número de atendimentos, número de bolsistas com

valores e percentuais representativos;

a entidade deve demonstrar, comparativamente, o custo e o valor

reconhecido quando este valor não cobrir os custos dos serviços

prestados.

h) relatório de auditoria (pessoas físicas ou jurídicas habilitadas pelos

CRCs) nos casos em que o montante dos recursos dos Termos de

Parceria/Convênio seja igual ou ultrapasse àqueles determinados pelo

instrumento legal específico.

Obs.: - OSCIP – quando a soma dos Termos de Parcerias no período de 1

(um) ano for igual ou superior a R$ 600.000,00 (Dec.3.100 de 30/06/1999).

- CNAS – quando a entidade for cadastrada no CNAS e sua receita

bruta exceder a R$ 2.319.337,54 no prazo de 3 (três) anos. Caso essa

receita seja superior a R$ 4.638.675,08, os auditores necessitam de registro

na CVM.

Page 20: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

18

9. Sem prejuízo das informações econômicas divulgadas nas demonstrações

contábeis, a entidade pode controlar em conta de compensação transações

referentes a isenções, gratuidades e outras informações para melhor

evidenciação contábil.

10. As demonstrações contábeis devem observar os princípios de

contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, conforme previstos nos

instrumentos normativos do Conselho Federal de Contabilidade.

11. Deve haver publicidade através da imprensa oficial e/ou outros veículos de

comunicação eficazes, sobre o encerramento do exercício fiscal, o relatório das

atividades e as demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões

negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS.

12. As entidades devem atender aos requisitos da lei (Código Tributário

Nacional – artº 14, incisos I, II e III), para continuarem gozarem do benefício da

Imunidade (vedações à cobrança de tributos – IR, IPI, ITR, II, IE, ICMS, IPVA, ITCD,

IPTU, ISS e ITBI), cujos ítens são os seguintes:

a) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a

qualquer título;

b) aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção de seus

objetos institucionais;

c) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de

formalidades, capazes de assegurar sua exatidão.

13. Os requerimentos efetuados às autoridades tributárias solicitando a

Isenção (inexigibilidade temporária do tributo) devem estar formalmente aprovados.

Page 21: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

19

VI. PRINCIPAL LEGISLAÇÃO FEDERAL APLICÁVEL À ENTIDADE SEM

FINALIDADE DE LUCROS

Dispositivo Legal Data Objetivo

Lei 10.940 27-08-2004 Altera a lei 10.748 (22-10-2003)

Lei 10.833 29-12-2003 Altera a legislação tributária

Lei 10.825 22-12-2003 Nova redação aos artigos 44 e 2.031 da

lei 10.406 (10-01-2002) que instituiu o

Código Civil

Lei 10.748 22-10-2003 Cria o Programa Nacional de Estímulo

ao Primeiro Emprego

Inst.Normativa SRF 247 21-11-2002 Dispõe sobre o PIS/PASEP

Lei 10.406 10-01-2002 Institui o Código Civil

MP 2.158-35 24-08-2001 Altera a legislação sobre PIS, PASEP,

Cofins e I.R.

Res. 177 (CNAS) 10-08-2000 Normas para concessão do Certificado

de Fins Filantrópicos

Decreto 3.504 13-06-2000 Altera o decreto 2.536 (06-04-98)

Decreto 3.100 30-06-1999 Regulamenta a lei 9.790 (23-03-1999)

Decreto 3.000 26-03-1999 Dispõe sobre a tributação de pessoa

jurídica

Lei 9.790 23-03-1999 Dispõe sobre OSCIP e Termo de

Parceria

Lei 9.720 30-11-1998 Nova redação aos dispositivos da lei

8.742 (07-12-1993)

Lei 9.718 27-11-1998 Altera a legislação tributária federal

Lei 9.637 15-05-1998 Dispõe sobre a qualificação de

Organizações Sociais

Decreto 2.536 06-04-1998 Dispõe sobre a concessão do Certificado

de Entidade de Fins Filantrópicos

Page 22: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

20

Lei 9.608 18-02-1998 Dispõe sobre o serviço voluntário

Lei 9.532 10-12-1997 Altera a legislação tributária federal

Lei 9.249 26-12-1995 Altera o I.R.P.J e C.S.L.L.

Lei 8.742 07-12-1993 Dispõe sobre a Organização da

Assistência Social

Lei Complementar

70

30-12-1991 Institui a COFINS

Constituição Federal 1998 Promulgação da Constituição Federal do

Brasil

Lei 8.212 24-07-1991 Dispõe sobre a organização da

Seguridade Social

Lei 6.639 08-05-1979 Altera a lei 91 (28-08-1935)

Decreto 60.931 04-07-1967 Modifica o decreto 50.517 (02-05-1961)

Lei 5.172 25-10-1966 Dispõe sobre o Sistema Tributário

Nacional

Decreto 50.517 02-05-1961 Regulamenta a lei 91 (28-08-1935)

Lei 91 28-08-1935 Determina regras pelas quais as

sociedades são declaradas de utilidade

pública

VII. BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS

1. Imunidade

A imunidade é assegurada pela Constituição Federal a determinadas entidades

e impõe vedações ao Poder Público no tocante à cobrança de impostos.

No artigo 150, inciso VI, estabelece as seguintes vedações:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é

vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

VI – Instituir impostos sobre:

Page 23: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

21

a) ...

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas

fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de

educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os

requisitos da lei;”

Conforme o artigo 14, incisos I, II e III, do Código Tributário Nacional, estão

abrangidas pela imunidade as instituições de saúde, previdência e assistência social

propriamente dita, que dispõe:

Art. 14. O disposto na alínea “c” do inciso IV do artigo 9º é subordinado à

observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a

título de lucro ou participação no seu resultado;

II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos

seus objetivos institucionais;

III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos

de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

Na imunidade o fato gerador não ocorre. Qualquer mudança deve ser

precedida de alteração na Constituição Federal.

O anexo III demonstra os tributos alcançados pela imunidade tributária.

De acordo com a Constituição Federal, no artigo 195, § 7, a contribuição da

quota patronal do INSS é considerada como isenção. Entretanto, jurisprudência do

Supremo Tribunal Federal entende que, por ser tratada na Constituição Federal, é

imunidade e não isenção.

2. Isenção

A isenção é a inexigibilidade temporária do tributo, prevista em lei, mesmo com

a ocorrência do fato gerador e da obrigação tributária. A isenção é temporária, decorre

de uma lei ordinária e o fato gerador ocorre, mas seu crédito é inexigível. A geração da

base de cálculo do imposto acontece, porém, por incentivo do fisco, a cobrança não é

efetuada. Há a renúncia da cobrança.

Page 24: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

22

As isenções podem alcançar todos os tipos de tributos (impostos, taxas e

contribuições de melhorias), bem como cada uma das esferas do Governo que legisla

sobre a isenção dos tributos de sua competência.

Martins entende como abrangidos pela isenção os seguintes tributos: Imposto

de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Programa de Integração Social,

Pasep, Cofins, CPMF, IOF, ICMS, ISS, ITBI, IPVA e outras taxas e contribuições.

Relação de Imunidade Tributária

Federal Estadual Municipal

Imposto sobre a Renda e

Proventos de Qualquer

Natureza (IR)

Imposto sobre a

Circulação de

Mercadorias e Serviços

(ICMS)

Imposto sobre Propriedade

Predial e Territorial Urbana

(IPTU)

Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI)

Imposto sobre a

Propriedade de Veículos

Automotores (IPVA)

Imposto sobre Serviços de

Qualquer Natureza (ISS)

Imposto Territorial Rural (ITR) Imposto sobre

Transmissão Causa

Mortis ou Doação de

Bens e Direitos (ITCD)

Imposto sobre Transmissão

Intervivos de Bens Imóveis

(ITBI)

Imposto sobre Importação (II)

Imposto sobre Exportação

(IE)

(Fonte: Conselho Federal de Contabilidade. Manual de Procedimentos Contábeis para Fundações e Entidades de

Interesse Social. Brasília. 2ª ed. 2004.)

Page 25: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

23

VIII. QUESTÕES ENFRENTADAS PELA ENTIDADE SEM FINALIDADE DE LUCROS

Essas entidades, na maioria das vezes, e devido a diversas situações (falta de

profissionalismo, objetivos diferentes daqueles referentes à sua criação, ...) se deparam

com questões, tais como:

Cumprimento de todos os aspectos legais pertinentes;

Cumprimento de exigências específicas dos órgãos governamentais;

Estruturação da contabilidade como instrumento de informação;

Controle de gastos;

Dificuldades na implantação de instrumentos de controle interno e de

organização;

Utilização de ferramentas gerenciais no processo de administração do

negócio.

IX. ATUAL CENÁRIO DA ENTIDADE SEM FINALIDADE DE LUCROS

• Desvios de recursos e de sua finalidade principal.

• Criação com aspectos políticos e outros.

• Crescimento da quantidade de ONGs.

• Crescimento dos recursos captados.

• Valores relevantes de imunidades e isenções.

• Alta empregabilidade.

X. PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO DAS OSCIPs PELO MINISTÉRIO DA

JUSTIÇA

• Ausência do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultados do

Exercício.

• Ausência da “Declaração de Informações Econômico-Fiscais – DIPJ” (ou Termo

de Compromisso).

• Entendimento do MJ de proibir a participação de servidor público na diretoria da

entidade (Lei 10.539/02 e Lei 8.112/90 – Regime dos Servidores Públicos civis

da União).

Page 26: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

24

• Prestação onerosa de serviços de saúde e educação.

• Outros motivos:

- Cópias não autenticadas de documentos.

- Estatuto desatualizado e com alterações não averbadas.

- Estatuto sem conter cláusula específica sobre remuneração dos diretores.

XI. CONTABILIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS EVENTOS OCORRIDOS NA ENTIDADE

SEM FINALIDADE DE LUCROS

a) doações:

Doações para custeio sem restrições recebidas em dinheiro ou crédito

bancário (por programa, se for o caso):

Débito – Caixa/Bancos

Crédito – Doações (receitas)

Doações para custeio recebidas em cheques pré-datado:

Débito – Cheques a depositar

Crédito – Doações (Receitas),

Débito – Bancos

Crédito – Cheques a depositar

Doações em ativos não destinados ao custeio (sem restrição):

Débito – Imobilizado/Investimentos

Crédito – Receitas (por programa)

Doações e subvenções recebidas para custeio ou investimentos, com

restrição:

Débito – Bancos / Imobilizado

Crédito – Doações a realizar / Subvenções e assistência governamental a

realizar (passivo)

Perdão de dívida aplicado em custeio:

Débito – Dívida (Obrigações)

Page 27: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

25

Crédito – Doações (Receitas)

Perdão de dívida aplicado em investimentos:

Débito – Dívida (Obrigações)

Crédito – Patrimônio Social

Promessa de doação incondicional:

Débito – Mensalidades a receber (Ativo)

Crédito – Doação (Receitas)

b) Gratuidade e benefícios tributários:

São as prestações de serviços sem contrapartidas financeiras. São exemplos:

Concessão de bolsas de estudo, distribuição de cestas básicas, doação de

roupas e medicamentos à população carente. A existência de uma

contrapartida financeira para fazer jus ao benefício descaracteriza a

gratuidade.

Pelo consumo de ativo na geração de serviço objeto da gratuidade:

Débito – Despesas

Crédito – Ativo

Pela prestação do serviço objeto da gratuidade:

Débito – Ativo

Crédito – Receitas de gratuidade

Pela colocação do serviço à disposição do beneficiário (assistido):

Débito - Despesas

Crédito – Ativo

Contabilização do IR/CSO como se devido fossem:

Débito – Despesas

Crédito – Passivo

Reconhecimento da isenção ou imunidade do IR/CSO:

Débito – Passivo

Crédito – Gratuidades (Receitas)

Page 28: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

26

c) Obtenção de fundos:

Situações em que a entidade utiliza seus recursos em atividades não-

vinculadas à sua missão, como a venda de produtos com a marca da entidade.

A contabilização é a usual e o valor do resultado da venda de produtos deve

ser considerado como similar à receita de doação.

Nas situações em que a entidade tem a posse de um determinado produto de

terceiros e, realizando a venda, passa a deter parte do resultado obtido, os

registros contábeis devem ser feitos como os de transações em contas alheias,

conforme a seguir:

Na venda do produto

Débito – Bancos – recursos de terceiros

Crédito – Passivo – Outras consignações

Na transferência de parte dos recursos ao consignante

Débito – Passivo – outras consignações

Crédito – Bancos – recursos de terceiros

Retenção da remuneração da entidade sobre a venda do produto

Débito – Bancos

Crédito – Bancos – recursos de terceiros

Reconhecimento da receita sobre a venda do produto

Passivo – outras consignações

Crédito – Vendas de bens e serviços

d) Contratos, Convênios e Termos de Parcerias:

São instrumentos jurídicos e operacionais utilizados pela entidade na

consecução de seus objetivos.

Recebimentos de recursos de convênios/projetos

Débito - Bancos – recursos com restrição

Crédito - Recursos de convênios/projetos (passivo)

Page 29: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

27

Aplicação dos recursos

Débito – Recursos de convênios/projetos (Conta retificadora do passivo)

Crédito – Bancos – recursos com restrição

e) Contabilização da contrapartida:

Contrapartida é o compromisso da entidade conveniada ou contratada aportar

recursos adicionais aos aportados pela conveniente ou contratante para atingir

os objetivos do projeto.

Contrapartida de pessoal – na contabilidade da entidade conveniada ou

contratada

Débito – Pessoal e encargos

Crédito – Recursos humanos (conta retificadora)

Contrapartida de material – na contabilidade da entidade conveniada ou

contratada

Débito - Material de uso e consumo

Crédito – Apoio administrativo (Conta retificadora)

Contrapartida de pessoal – na contabilidade da entidade convenente ou

contratante

Débito – Recursos aplicados (conta retificadora do passivo)

Crédito – Recursos de entidade - contrapartida (passivo)

Contrapartida de material - na contabilidade da entidade convenente ou

contratante

Débito – Recursos aplicados (conta retificadora de passivo)

Crédito – Recursos da entidade – contrapartida (passivo)

Trabalho voluntário:

Reconhecimento contábil do investimento produzido por trabalho

voluntário:

Débito – Ativo (especificar)

Crédito – Trabalho voluntário (receita)

Page 30: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

28

Trabalho voluntário utilizado como custeio:

Débito – Despesas (especificar)

Crédito – Trabalho voluntário (receita)

Observações:

1. As receitas decorrentes de doações e outros instrumentos, para aplicação

específica, devem ser registradas em contas próprias, segregadas das demais

contas da entidade.

2. A entidade deve constituir provisão para créditos de liquidação duvidosa

suficientes para cobrir as perdas esperadas sobre os créditos a receber.

3. O superávit ou déficit deve ser incorporado ao patrimônio social. Caso tenha

restrição para aplicação, deve ser reconhecido em conta específica do patrimônio

líquido.

4. Os registros contábeis devem ser segregados de forma que permitam a apuração

das informações para prestação de contas exigida por quem de direito (governo,

aportadores de recursos, usuários em geral).

5. No caso de Fundações, a dotação inicial disponibilizada, é considerada em conta

do patrimônio social.

Page 31: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

29

XII. MODELOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (CFC 1.409/12)

1. BALANÇO PATRIMONIAL

20x1 20x0

ATIVO

Circulante

Caixa e Equivalentes de Caixa

Caixa

Banco C/Movimento – Recursos sem Restrição

Banco C/Movimento – Recursos com Restrição

Aplicações Financeiras – Recursos sem Restrição

Aplicações Financeiras – Recursos com Restrição

Créditos a Receber

Mensalidades de Terceiros

Atendimentos Realizados

Adiantamentos a Empregados

Adiantamentos a Fornecedores

Recursos de Parcerias em Projetos

Tributos a Recuperar

Despesas Antecipadas

Estoques

Produtos Próprios para Venda

Produtos Doados para Venda

Almoxarifado / Material de Expediente

Não Circulante

Realizável a Longo Prazo

Aplicações Financeiras – Recursos sem Restrição

Aplicações Financeiras – Recursos com Restrição

Page 32: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

30

Valores a Receber

Investimentos

Investimentos Permanentes

Imobilizado

Bens sem Restrição

Bens com Restrição

(-) Depreciação Acumulada

Intangível

Direitos de Uso de Softwares

Direitos de Autor e de Marcas

(-) Amortização Acumulada

20x1 20x0

PASSIVO

Circulante

Fornecedores de bens e serviços

Obrigações com Empregados

Obrigações Tributárias

Empréstimos e Financiamentos a Pagar

Recursos de Projetos em Execução

Recursos de Convênios em Execução

Subvenções e Assistências Governamentais a Realizar

Não Circulante

Empréstimos e Financiamentos a Pagar

Recursos de Projetos em Execução

Recursos de Convênios em Execução

Subvenções e Assistências Governamentais a Realizar

Patrimônio Líquido

Patrimônio Social

Outras Reservas

Ajustes de Avaliação Patrimonial

Superávit ou Déficit Acumulado

Page 33: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

31

2. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO

20x1 20x0

RECEITAS OPERACIONAIS

Com Restrição

Programa (Atividades) de Educação

Programa (Atividades) de Saúde

Programa (Atividades) de Assistência Social

Programa (Atividades) de Direitos Humanos

Programa (Atividades) de Meio Ambiente

Outros Programas (Atividades)

Gratuidades

Trabalho Voluntário

Rendimentos Financeiros

Sem Restrição

Receitas de Serviços Prestados

Contribuições e Doações Voluntárias

Ganhos na Venda de Bens

Rendimentos Financeiros

Outros Recursos Recebidos

CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS

Com Programas (Atividades)

Educação

Saúde

Assistência Social

Direitos Humanos

Meio Ambiente

Gratuidades Concedidas

Trabalho Voluntário

RESULTADO BRUTO

DESPESAS OPERACIONAIS

Page 34: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

32

Administrativas

Salários

Encargos Sociais

Impostos e Taxas

Aluguéis

Serviços Gerais

Manutenção

Depreciação e Amortização

Perdas Diversas

Outras despesas/receitas operacionais

OPERAÇÕES DESCONTINUADAS (LÍQUIDO)

SUPERÁVIT/DÉFICIT DO PERÍODO

Observações:

1) As despesas administrativas se referem àquelas indiretas ao programa (atividades);

2) As gratuidades e o trabalho voluntário devem ser demonstrados por programa

(atividades) em Nota Explicativa.

3. DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

3.1. Método Direto 20x1 20x0

Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais

Recursos Recebidos

Entidades Governamentais 3,00 2,00

Entidades Privadas 3,00 1,00

Doações e Contribuições Voluntárias 1,00 1,00

Próprios 1,00 2,00

Rendimentos Financeiros 1,00 1,00

Outros 1,00 1,00

Pagamentos Realizados

Page 35: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

33

Aquisição de bens e Serviços – Programas (Atividades)

Executados

(3,00) (2,00)

Salários e Encargos Sociais do Pessoal Administrativo (1,00) (1,00)

Contribuições Sociais, Impostos e Taxas (0,00) (0,00)

Outros Pagamentos (1,00) (1,00)

(=) Caixa Líquido Gerado pelas Atividades Operacionais 5,00 4,00

Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento

Recursos Recebidos pela Venda de Bens 1,00 2,00

Outros Recebimentos por Investimentos Realizados 1,00 1,00

Aquisições de Bens e Direitos para o Ativo (3,00) (4,00)

(=) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Investimento (1,00) (1,00)

Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento

Recebimentos de Empréstimos 1,00 3,00

Outros Recebimentos por Financiamentos 1,00 1,00

Pagamentos de Empréstimos (2,00) (2,00)

Pagamentos de Arrendamento Mercantil (2,00) (3,00)

(=) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Financiamento (2,00) (1,00)

(=) Aumento Líquido de Caixa e Equivalentes de Caixa 2,00 2,00

Caixa e Equivalentes de Caixa no Início do Período 3,00 1,00

Caixa e Equivalentes de Caixa no Fim do Período 5,00 3,00

Page 36: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

34

3.2. Método Indireto 20x1 20x0

Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais

Superávit (Déficit) do Período 1,00 1,00

Ajustes por:

(+) Depreciação 1,00 1,00

(+) Amortização 1,00 1,00

(+) Perda de Variação Cambial 1,00 0,00

(-) Ganho na Venda de Bens do Imobilizado (1,00) (1,00)

Superávit (Déficit) Ajustado 3,00 2,00

Aumento (Diminuição) nos Ativos Circulantes

Mensalidades de Terceiros 2,00 3,00

Atendimentos Realizados 4,00 3,00

Adiantamentos a Empregados (1,00) (1,00)

Adiantamentos a Fornecedores (1,00) (1,00)

Recursos de Parcerias em Projetos (1,00) (1,00)

Tributos a Recuperar 1,00 1,00

Despesas Antecipadas (1,00) (1,00)

Outros Valores a Receber 2,00 5,00 1,00 4,00

Aumento (Diminuição) nos Passivos Circulantes

Fornecedores de bens e serviços (3,00) (2,00)

Obrigações com Empregados (2,00) (1,00)

Obrigações Tributárias (1,00) (1,00)

Empréstimos e Financiamentos a Pagar 4,00 3,00

Recursos de Projetos em Execução (2,00) (1,00)

Recursos de Convênios em Execução (1,00) (1,00)

Subvenções e Assistências Governamentais 3,00 2,00

Outras Obrigações a Pagar (1,00) (3,00) (1,00) (2,00)

(=) Caixa Líquido Gerado pelas Atividades Operacionais 5,00 4,00

Page 37: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

35

Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento

Recursos Recebidos pela Venda de Bens 1,00 2,00

Outros Recebimentos por Investimentos Realizados 1,00 1,00

Aquisições de Bens e Direitos para o Ativo (3,00) (4,00)

(=) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Investimento (1,00) (1,00)

Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento

Recebimentos de Empréstimos 1,00 3,00

Outros Recebimentos por Financiamentos 1,00 1,00

Pagamentos de Empréstimos (2,00) (2,00)

Pagamentos de Arrendamento Mercantil (2,00) (3,00)

(=) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de

Financiamento

(2,00) (1,00)

(=) Aumento Líquido de Caixa e Equivalentes de Caixa 2,00 2,00

Caixa e Equivalentes de Caixa no Início do Período 3,00 1,00

Caixa e Equivalentes de Caixa no Fim do Período 5,00 3,00

4. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO SOCIAL EM 31/12/20X1

Patrimônio

Social

Outras

Reservas

Ajustes de

Avaliação

Patrimonial

Superávit

/ Déficit

Total do

Patrimônio

Líquido

Saldos iniciais em

31.12.20x0 X - - X X

Movimentação do

Período

Superávit / Déficit do

Período X X

Ajustes de Avaliação Pat. X X

Recursos de Superávit

com Restrição X (X) -

Transferência de

Superávit de Recursos

sem Restrição

X (X)

-

Page 38: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

36

XIII. CONCLUSÃO

• É importante aumentar a transparência entre a ENTIDADE SEM FINALIDADE DE

LUCROS e o ESTADO. Ressalte-se, entretanto, que em nome do controle, não se

devem criar dificuldades incontornáveis para a execução de programas essenciais

à sociedade.

• “Uma lei passa a existir não quando ela for escrita, mas quando ela for

respeitada.”

(Juan Bautista Alberdi, 1810 – 1884)

Saldos finais 31/12/20x1 X X X - X

Page 39: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

37

XIV. EXERCÍCIOS

1. As associações (OSCIP) são pessoas jurídicas formadas pela união de

pessoas, cujo fator preponderante são:

a) as pessoas que as compõem

b) o patrimônio

c) os lucros obtidos

d) a venda de mercadorias

2. Os principais benefícios concedidos às OSCIP são:

a) Imunidade e isenção

b) Exclusão e imunidade

c) Isenção e incentivos

d) Exclusão e incentivos

3. No momento em que a fiscalização verificar que a Entidade não está

atendendo a qualquer requisito legal, a imunidade será:

a) Adiada

b) Eliminada

c) Cancelada

d) Substituída

4.Cite cinco tributos abrangidos pela imunidade.

5. Que principal benefício uma associação qualificada como OSCIP pode

conceder ao doador?

6. Como deve ser registrada uma doação efetuada em dinheiro (sem

restrição)?

7. E no caso de um bem recebido como doação (sem restrição)?

Page 40: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

38

8. Quais os quesitos mínimos que deverão constar de uma prestação de

contas?

9. Cite uma situação em que as entidades sem fins lucrativos não estão isentas

do Imposto de Renda?

RESOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS

1. a

2. a

3. c

4. IRPJ, IPI, ICMS, IPTU, ISS

5. Possibilidade de deduzir do cálculo do lucro real e da base de

cálculo da contribuição social sobre o lucro, até o limite de 2%

sobre o lucro operacional, o valor das doações efetuadas.

6. Débito – Caixa

Crédito – Receitas

7. Débito – Imobilizado

Crédito – Doações e subvenções (Receitas)

8. - Relatório de Atividades do período.

- Demonstrações contábeis.

- Informações bancárias (relacionar bancos, tipos de contas, ...).

- Inventário patrimonial (bem, data de aquisição, localização, ...).

- Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa

Jurídica (DIPJ).

- Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

- Parecer do Conselho Fiscal.

- Parecer dos Auditores Independentes.

- Cópias de convênios, contratos e termos de parcerias.

9. Descumprimento da legislação pertinente

Page 41: Departamento de Desenvolvimento Profissional Contabilidade ...webserver.crcrj.org.br/APOSTILAS/A1007P0214.pdf · VII BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ... X PRINCIPAIS CAUSAS DO INDEFERIMENTO

39

XVI. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Manual Prático de Interpretação Contábil da

Lei Societária. 8 ed.Ed.Atlas: SP. 2012.

BORELY, Armando Madureira. Auditoria como Ferramenta Estratégica de

Controle das Organizações não Governamentais: Um Estudo de Caso. Dissertação

apresentada no Programa de Ciências Contábeis da UERJ como requisito para obtenção

do título de Mestre. Outubro de 2005.

BOYNTON, William C., JOHNSON, Raymond N., KELL, Walter G. Auditoria.

Traduzido da 7 edição por José Evaristo dos Santos. 1 ed. Ed.Atlas: SP. 2002.

BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1.409/12 de

21/09/2012. Entidade sem Finalidade de Lucros.

BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade. Caderno de Procedimentos

Aplicáveis à Prestação de Contas das Entidades do Terceiro Setor (Fundações).

Brasília, 2011.

BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade. Manual de Procedimentos

Contábeis para Fundações e Entidades de Interesse Social. 2ª ed, Brasília: CFC,

2007.

COELHO, Cláudio Ulysses Ferreira. LINS, Luiz dos Santos. Teoria da

Contabilidade – Abordagem Histórica e Gerencial. 1 ed. Ed.Atlas: SP. 2010.

HENDRIKSEN,Eldon S. e BREDA, Michael F. Van. Teoria da Contabilidade. 5

ed. Ed.Atlas: SP. 1999.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 10 ed. Ed. Atlas: SP. 2010.

OLAK, Paulo Arnaldo. DIOGO, Toledo do Nascimento. Contabilidade para

Entidades sem Fins Lucrativos (Terceiro Setor). 3 ed. Ed.Atlas: SP. 2010.