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Ano XXXI | ed. 350 | Mai | 2014 Saúde pública e privada unem-se para atendimento na Copa do Mundo pág. 12 Aplicativos e rede mobile ganham espaço nos hospitais pág. 11 Mudança cultural e educação são necessárias para prevenir eventos adversos e melhorar a assistência e atenção à saúde Páginas centrais DESAFIOS PARA A PRÁTICA DA SEGURANÇA DO PACIENTE

DESAFIOS PARA A PRÁTICA - sindhosp.com.br · Sabe-se que um em cada dez pacientes que dá entrada em um hospital, no mundo, sofre erro durante a assistência

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Ano XXXI | ed. 350 | Mai | 2014

Saúde pública e privada unem-se para atendimento na Copa do Mundopág. 12

Aplicativos e rede mobile ganham espaço nos hospitais pág. 11

Mudança cultural e educação são necessárias para prevenir eventos adversos e melhorar a assistência e atenção à saúdePáginas centrais

DESAFIOS PARA A PRÁTICADA SEGURANÇA DO PACIENTE

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Editorial

| Jornal do SINDHOSP | Mai 2014

SINDHOSP - Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e Demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo • Diretoria

| Efetivos • Yussif Ali Mere Jr (presidente) • Luiz Fernando Ferrari Neto (1o vice-presidente) • George Schahin (2o vice-presidente) • José Carlos Barbério (1o tesoureiro) • Antonio Carlos de Carvalho (2o tesoureiro)

• Luiza Watanabe Dal Bem (1a secretária) • Ricardo Nascimento Teixeira Mendes (2o secretário) / Suplentes • Sergio Paes de Melo • Carlos Henrique Assef • Danilo Ther Vieira das Neves • Simão Raskin

• Marcelo Luis Gratão • Irineu Francisco Debastiani • Conselho Fiscal | Efetivos • Roberto Nascimento Teixeira Mendes • Gilberto Ulson Pizarro • Marina do Nascimento Teixeira Mendes / Suplentes

• Maria Jandira Loconto • Paulo Roberto Rogich • Lucinda do Rosário Trigo • Delegados representantes | Efetivos • Yussif Ali Mere Jr • Luiz Fernando Ferrari Neto | Suplentes • José Carlos Barbério

• Antonio Carlos de Carvalho • Escritórios regionais • BAURU (14) 3223-4747, [email protected] | CAMPINAS (19) 3233-2655, [email protected] | RIBEIRÃO PRETO (16) 3610-6529,

[email protected] | SANTO ANDRÉ (11) 4427-7047, [email protected] | SANTOS (13) 3233-3218, [email protected] | SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (17) 3232-3030,

[email protected] | SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (12) 3922-5777, [email protected] | SOROCABA (15) 3211-6660, [email protected] | BRASÍLIA (61) 3037-8919 /

JORNAL DO SINDHOSP | Editora – Ana Paula Barbulho (MTB 22170) | Reportagens – Ana Paula Barbulho • Aline Moura • Fabiane de Sá • Rebeca Salgado | Produção gráfica – Ergon Ediitora (11) 2676-3211

| Periodicidade Mensal | Tiragem 15.000 exemplares | Circulação entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades. Os artigos assinados não re-

fletem necessariamente a opinião do jornal | Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSP R. 24 de Maio, 208, 9o andar, São Paulo, SP, CEP 01041-000 • Fone (11) 3331-1555, ramais 245 e 255

• www.sindhosp.com.br • e-mail: [email protected]

Modificar velhos hábitos é sempre um desafio. Basta pensar no âmbito individual: quando uma pessoa de-cide mudar o estilo de vida, deixando de lado o sedentarismo, o tabagismo ou a má alimentação, pode levar meses e até anos para atingir sua meta. Ela irá cair em tentação inúmeras vezes, irá se questionar se o sacrifício vale realmente a pena e terá de enfrentar forte resistência interna – do corpo e da mente – para mudar.

Profissionalmente, este processo é muito mais complexo. Em se tratando de um ambiente hospitalar, mais ainda. Há que se levar em conta a autonomia do médico, a multidisciplinaridade da assistência, o complexo processo de atendimento – que vai da recepção, passa pelo pronto-socorro, consulta, exames, medicação, in-ternação, alta. Nesta cadeia, muitos erros podem acontecer. Mas podem ser evitados se houver treinamento, checagem e conscientização do papel individual que cada profissional tem em relação ao cuidado. O problema é que a correria, os velhos hábitos e o excesso de confiança de que tudo dará certo induzem ao erro.

Sabe-se que um em cada dez pacientes que dá entrada em um hospital, no mundo, sofre erro durante a assistência. Alguns desses erros não ocasionam maiores danos. Outros, podem custar a vida. Esses são dados da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, que tem se aliado à Organização Mundial da Saúde (OMS) em prol da melhoria na assistência. Campanhas para higienização correta das mãos, check list cirúrgico e identificação correta dos pacientes parecem óbvias ou muito básicas, mas são determinantes para evitar erros.

No Brasil, são inúmeros os órgãos que atuam pela melhoria do atendimento, tendo sempre como foco o pa-ciente e sua segurança. E desde 25 de fevereiro, vale a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-visa), que tornou obrigatória a implantação de Núcleos de Segurança do Paciente em instituições públicas ou privadas, e a notificação mensal dos eventos adversos. Enquanto política, a medida da Anvisa é muito bem-vin-da entre as instituições, públicas e privadas. Porque propõe, por um lado, integrar de fato a segurança do paciente nos currículos das graduações em saúde, e do outro, trabalha com a perspectiva de treinamento contí-nuo dos profissionais. No entanto, o seu caráter impositivo e fiscalizatório não funcionará como indutor da mudança de cultura, que é o viés mais importante. Porque toda e qualquer medida relacionada a este tema de-pende fundamentalmente do engajamento dos profissionais que atuam no ambiente da saúde. Até mesmo a notificação dos eventos adversos.

presidenteYussif Ali Mere Jr

MUDANÇA DE CULTURA

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Registros

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O SINDHOSP e a FEHOESP estudam implantar um projeto em parceria com a alemã SAP, destinado a clínicas que queiram se modernizar em relação à gestão. Para tanto, as diretorias estiveram presentes num evento realizado em 28 de abril, na sede da SAP, na cidade de São Paulo, para conhecer mais detalhes da ferramenta, que foi desenvolvida em parceria com a G2 Tecnologia, especializada em sistema de gestão para médios e pequenos negócios em saúde.

O presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Junior, abriu o evento e lembrou da importância que a gestão ganha, cada vez mais, na área da saúde. “Hoje, o que o médico receita impac-ta na gestão. Temos escassez de recursos, uma taxa de 85% de sinistralidade na saúde suplementar, daí a importância de se ter ferramentas que possam ajudar neste controle”, ressaltou.

O diretor da FEHOESP, Marcelo Gratão, tam-bém falou aos presentes, explicando os motivos que levaram as entidades a buscar alternativas de

A duas semanas do início da 21a edição da Hospitalar Feira + Fórum, realizada entre 20 e 23 de maio, um coquetel reunindo organizadores, apoia-dores e lideranças do setor anunciou as atividades do evento. Realizado na noite de 5 de maio, no Es-

DIRETORIA DO SINDHOSP PARTICIPA DE APRESENTAÇÃO NA SAP

LANÇAMENTO DA 21A HOSPITALAR REÚNE LIDERANÇAS DO SETOR

parceria. “Em minha experiência como gestor, já vi muitos serviços prestados não serem faturados por falta de gestão”, disse.

Na ocasião, foi apresentada a solução Health One para SAP Business One, oferecida no Brasil pela G2 Tecnologia, empresa que desenvolveu o software da SAP para gestão de pequenas e médias empresas. A diretora técnica da G2, Glaucia Vieira, explicou em detalhes o sistema de gerenciamento para as clínicas, suas possibilidades de formatação, princi-pais funções e otimizações.

Segundo os idealizadores da solução, uma das vantagens é o armazenamento de todos os dados em nuvem. Com isso, quem contrata os serviços não precisa se preocupar com estruturas complexas, como servidores, softwares e consultores, uma vez que tudo fica armazenado nos data centers da empresa.

paço Lounge do Shopping JK Iguatemi, o encontro, que também contou com a presença dos exposito-res internacionais, trouxe os congressos, workshops e palestras que fariam parte do evento deste ano e a novidade da feira: uma área totalmente dedicada

à exposição da tecnologia de ponta dos mais renomados hospitais do Brasil.

“A saúde é um setor globalizado e desde a primeira edição de nossa feira te-mos expositores e visitantes internacionais. Aprendemos cada vez mais com as parce-rias”, afirmou a presidente da Hospitalar, Waleska Santos. “Esse grupo de entidades apoiadoras e também os nossos organiza-dores e expositores são a essência e o se-gredo do nosso sucesso”, concluiu.

A feira Hospitalar reúne anualmen-te mais de mil expositores de produtos e

Um grupo de clínicas convidadas também participou do evento, ao lado dos diretores Luiz Fernando Ferrari Neto e José Carlos Barbério. O próximo passo será o estudo de viabilidade para implantar, de fato, a parceria da SAP com o SINDHOSP e a FEHOESP.

serviços de saúde. Empresas do Brasil e de outros 34 países apostam no potencial do mercado brasi-leiro, que movimenta R$ 340 bilhões por ano em serviços de saúde, em busca de novos negócios e parcerias estratégicas.

Na ocasião, o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr, foi nomeado presiden-te do Congresso Internacional de Serviços de Saúde (CISS), realizado nos dias 21 e 22 de maio, para de-bater o tema “Inovação para um sistema de saúde mais

eficaz e satisfatório para a cidadania: caminhos a trilhar na

indústria e nos serviços”. “É uma honra poder presidir um congresso tão importante como este. Temos a responsabilidade de fazer deste evento um sucesso e faremos o debate dos assuntos mais importantes do setor neste ano em que a saúde é destaque no Brasil. A história da Hospitalar é a história da saúde contemporânea no país”, afirmou Yussif.

Luiz Fernando, Yussif Ali Mere Jr e José Barbério

Lideranças, expositores e dirigentes no evento

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Eventos

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), em parceria com o SINDHOSP, a FEHOESP, o Instituto HL7 Brasil e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), promoveu o workshop Loinc Brasil – “Uma Grande Conquista”, no dia 30 de abril, no Hotel Hilton, na capital paulista. O evento marcou o lançamento da versão final em português do Loinc (da sigla Logical Observation Identifiers, Names and Codes) - uma base de dados de padrão internacional de terminologia (nomes e códigos) para procedimentos de diagnóstico laboratorial, de imagem médica e de observações clínicas, totalizando 70 mil termos. Seu objetivo é uniformizar essas informações para facilitar a troca e análise de resultados. Ele foi criado para uso em hospitais, laboratórios clínicos, consultórios médicos, departamentos de saúde pública, serviços terceirizados e organizações responsáveis por qualidade e garantia dos testes realizados.

O projeto foi um trabalho voluntário e colaborativo realizado durante sete anos, por diversos grupos de trabalho de várias instituições públicas - Ministério da Saúde, Datasus, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo - e privadas (Dasa, Fleury e Hospital Albert Einstein), sociedades, associações, além de pesquisadores individuais.

O presidente do Instituto HL7, Marivan Santiago Abrahão, apresentou o Loinc, detalhando suas características e os eixos eficiência, eficácia e efetividade. Ele também explicou que, a fim de estimular a interoperabilidade do projeto com os padrões nacionais – Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS), Sistema Único de Saúde (SUS) e tabela da Associação Médica Brasilei-ra (AMB) -, foi desenvolvido um sistema de mapeamento e referenciamento, o chamado Sistema Loinc-BR, que permite de forma ágil a obtenção do relacionamento dos termos afins, incluindo as sinonímias. Seu domínio público é por meio do site www.loinc.org.br.

Adicionalmente, o sistema permitirá a manutenção, a atualização e a evolução da terminologia em língua portuguesa para mantê-lo perene e ativo. “Acredito que em um ano teremos implemen-tado totalmente o Loinc no Brasil. Isso vai contribuir e muito para a internacionalização e padroniza-ção dos processos”, disse a presidente da Abramed, Cláudia Cohn.

Para o diretor do SINDHOSP e da FEHOESP Luiz Fernando Ferrari Neto, “este vocabulário padrão pode ser um novo expoente a ser utilizado pelos associados das entidades, pois é de funda-mental importância que todos falem a mesma língua dentro do setor saúde”.

De acordo com o coordenador da Câmara Técnica da Abramed, Luis Gastão Rosenfeld, o sistema Loinc segue uma tendência mundial e foi aprovado pelo Plano Obama, nos Estados Uni-dos. Também já foi adotado por países como Suíça, Alemanha, Inglaterra, Dinamarca e Canadá. Ele fez questão de esclarecer que o padrão não é uma tabela de preços ou uma solicitação de exames, e que surgiu da necessidade de uniformizar as informações clínicas e laboratoriais. “O setor encon-trava uma série de dificuldades de nomenclatura para a transmissão de resultados entre sistemas informatizados e indispensáveis para os prontuários eletrônicos. A falta de padrão de comunicação leva inclusive a erros na leitura do resultado dos exames. A padronização Loinc veio para resolver esse problema.”

O coordenador de Gestão de Projeto do Ministério da Saúde/Datasus, Moacyr Perche, falou sobre as iniciativas de informatização, de produção de prontuários eletrônicos, de registros eletrô-nicos de saúde, os avanços e a visão da e-Saúde para o Brasil. “O que propomos é ter a tecnologia da informação (TI) como parte fundamental do sistema de saúde, que sirva como um instrumento de melhoria dos serviços, disponibilizando informações abrangentes, precisas e seguras, para melhorar a qualidade da atenção em saúde nas três esferas de governos e no setor privado, beneficiando o cidadão, o profissional e o gestor de saúde.”

Perche também comentou sobre os pilares da nova modalidade eletrônica, entre eles, li-derança, governança, interoperabilidade, infraestrutura e recursos humanos. “O governo está preparando um documento referência sobre a e-Saúde. Entre as ações estratégicas está definir uma arquitetura padronizada de saúde, onde entra o Loinc, como parte importante desse pro-cesso. Junto com o sistema, estamos dirigindo todos os esforços do Ministério da Saúde para nos adequarmos aos padrões internacionais. Estamos fazendo isso mesmo sem ter os recursos ne-

cessários, pois até 2020, a e-Saúde será parte fundamental do SUS”, previu.

A gerente de Padronização e Interoperabilidade da diretoria de Desenvolvimento Setorial da ANS, Marizélia Leão Moreira, disse que o Loinc vem atender às aspirações de muitos profissionais do setor de saúde que buscam am-pliar a qualidade e a segurança no atendimento das pessoas que utilizam os serviços de saúde. Na oportunidade, ela co-mentou sobre o padrão de Troca de Informações na Saúde Suplementar (TISS), a TUSS e o Loinc na saúde privada. “O desafio da unificação na padronização é muito grande e ain-da está inadequada para os registros clínicos, mas estamos buscando superar as dificuldades.”

Marizélia reiterou que a estratégia de trazer o Loinc para o padrão TISS será discutida no Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (Copiss). “A princípio, vamos agregar recursos para estudar o sistema, como ele vai evoluir com a TUSS. E a ANS já avaliou que o Loinc agrega valor no aprimoramento do registro de informação, cujo norte é o registro eletrônico no país no segmento saúde”, finalizou.

“Com tantos altos e baixos, num ano de dúvidas e dis-cussões, há setores que estão olhando à frente, para o futuro e com vistas para a qualidade. Modelos, discussões integra-das só podem elevar o nível da interoperabilidade entre os players da saúde”, concluiu a presidente da Abramed.

O workshop terminou com um debate entre os pales-trantes, além da entrega de uma placa de homenagem ao grupo que participou da elaboração, tradução e revisão da versão brasileira do Loinc.

Também estiverem presentes ao evento a presidente da SPBC/ML, Paula Fernandes Távora; o 1o secretário-geral do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Antonio Carlos Matteoni; e os diretores do SINDHOSP e da FEHOESP José Carlos Barbério e Marcelo Gratão.

PADRÃO LOINC PARA LABORATÓRIOS GANHA VERSÃO EM PORTUGUÊS

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Representantes das entidades apoiadoras do projeto

5Mai 2014 | Jornal do SINDHOSP |

Eventos

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ENFERMAGEM DEBATE ÉTICA E QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA

Para promover o debate sobre temas políti-cos de qualificação profissional em enfermagem, seus desafios e as perspectivas de uma assis-tência responsável e competente, foi realizado de 23 a 26 de abril, o 1o Congresso Paulista de Enfermagem. Organizado pelo Conselho Regio-nal de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), o evento, que ocorreu no Palácio de Convenções do Anhembi, na capital paulista, recebeu 2.850 congressistas, teve 328 trabalhos científicos aprovados, 18 sociedades e entidades de saúde participantes, 17 workshops e 21 estandes.

O tema do evento foi “O cuidar ético, res-ponsável e competente da Enferma-gem”. Para o presidente do Coren-SP, Mauro Antonio Pires Dias da Silva, o ob-jetivo do congresso era “promover a re-flexão de várias questões que envolvem a enfermagem, como o aprimoramento técnico, o fortalecimento enquanto cate-goria e as conquistas e desafios que ainda precisam ser enfrentados”. E a meta foi alcançada. Segundo a primeira-tesourei-ra da entidade, Danielle Ginsicke, os de-bates e a troca de experiências ocorridos no congresso deverão chegar ao dia a dia dos enfermeiros. “Acredito que pro-porcionamos aos profissionais que estão na base, na assistência, o aprimoramento de seus conhe-cimentos científicos, e que essas informações se-rão multiplicadas no ambiente de trabalho.”

Realizado em parceria com várias socieda-des de enfermagem, o evento abordou temas diversificados, como os aspectos éticos no cui-dar em enfermagem; a formação à prática em instituição de ensino superior; gestão de risco e segurança do paciente, entre outros.

No segundo dia do congresso, na plená-ria principal, a diretora do SINDHOSP e da FEHOESP, Luiza Watanabe Dal Ben, participou da mesa-redonda que discutiu a aplicabilidade da Sistematização da Assistência de Enferma-gem (SAE) nos diferentes contextos. Ela falou de sua experiência com a SAE em home care e destacou a importância da equipe multidiscipli-nar e do foco na assistência como garantia de

qualidade no atendimento domiciliar. “É preciso trabalhar com o modelo de enfermeiro de re-ferência e a assistência tem que ser individua-lizada, respeitando as peculiaridades de cada paciente”, alertou.

A diretora também fez considerações sobre a integração do trabalho entre os profissionais e destacou que a família também é parte do pro-cesso de atendimento ao paciente de home care. “O enfermeiro precisa ter vínculo e transparên-cia, ter uma relação de confiança com a equipe, respeitar os valores e crenças e ouvir a família, para entregar o que foi prometido, que é o bem

cuidar do paciente. Isso é mais do que satisfazer e encantar”, destacou.

Luiza afirmou que a SAE é muito impor-tante para se alcançar os objetivos da atenção e cuidado com o doente e para o estabeleci-mento da relação de parceria e confiança dos profissionais com os pacientes. “A SAE é uma atividade do enfermeiro para nortear toda a equipe de enfermagem. Ajuda o profissional a tomar decisões, prever e avaliar consequências. Vislumbra o aperfeiçoamento da capacidade de solucionar problemas na prática. É com sua eficácia, comunicação, atenção ativa, conhecimento e aceitação das diferenças que se estabelecem as parcerias de confiança e a eficá-cia das ações na assistência domiciliar.”

Também participaram desse debate, me-diado pelo fiscal do Coren-SP, Alexandre Juan, a gerente do Serviço de Enfermagem do Hospital

de Base de São José do Rio Preto, Edna Doni-zete Rossi Castro; a diretora-técnica da Divisão de Enfermagem do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Andrea Cotait Ayoub; a gerente operacional de Enfermagem do Hospital Sírio--Libanês, Audry Elisabeth dos Santos; e a profes-sora do Departamento de Enfermagem da Uni-versidade Federal de São Paulo (Unifesp), Eliana Campos Leite Zapparoli.

Outro assunto de extrema importância e que compete a todos os profissionais de enfermagem: a questão da formação e da prática foi debatido na grande plenária no terceiro dia

do congresso por representantes do Ministério da Educação, da Associação Brasileira de Enfermagem de São Paulo (ABEn-SP), de hospitais públicos e privados e instituições de ensino.

No debate, a professora da Uni-versidade de São Paulo (USP), Vilanice Alves de Araújo Puschel, enfatizou que é preciso contextualizar e sugerir ações práticas para a questão da formação dos profissionais de enfermagem no país. Segundo o presidente do Coren-SP, “a educação virou um grande negócio, onde é deixada de lado a formação da

cidadania. Nós, os profissionais de enfermagem, temos que nos responsabilizar pela qualidade do nosso ensino e não deixar essa responsabilidade apenas nas mãos do mercado”.

A presidente da ABEn-SP e mediadora da mesa, Ariadne da Silva Fonseca, reiterou a opinião e afirmou: “Não devemos compactuar com a baixa qualidade do ensino superior da enfermagem. A responsabilidade é nossa quando há cursos ruins, porque o próprio enfermeiro os reconhece”.

Encerrando o evento, no dia 26, foi reali-za da a conferência e a mesa-redonda sobre a gestão de risco e segurança do paciente, que contou com a participação da enfermeira es-pe cialista, pesquisadora e diretora da Escola de Enfermagem de Centro de Simulação e Clínica da Universidade Finis Terrae no Chile, Eliana Escudero Zuñiga.

Luiza Dal Ben (centro) na plenária de debates

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| Jornal do SINDHOSP | Mai 2014

SEGURANÇA DO PACIENTE DEVE SER PRIORIDADE

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AÇÃOSegurança do paciente é um pro-

blema mundial. Tem sido, repetidamen-te, tema de campanhas elaboradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O mote é o mais simples possível: lave as mãos, identifique pacientes, utilize luvas. A mensagem é dirigida aos profissionais da saúde, os verdadeiros guardiões deste significado. Mas também tem se voltado para os pacientes, já que eles são peça fundamental para que o tratamento dê certo. A realidade, no entanto, até mesmo nos centros de excelência, ainda está longe do ideal. A re-portagem do Jornal do SINDHOSP teve a oportunidade de vivenciar duas situações, em hospitais de ponta, que revelam as falhas existentes no complexo fluxo de atendimento de uma instituição hospitalar. Histórias pessoais que nos ajudam a traçar um panorama sobre o tema.

A primeira situação envolveu um atendimento infantil, na emergência de um grande hospital, devidamente acredi-tado e de reconhecida qualidade. Eram duas da madrugada e a criança sofria com uma urticária terrível. Foi levada ao pronto atendimento, classificada pela cor amarela na escala de risco utilizada pelos hospitais, o que significa que o pa-ciente não corre risco de morte iminente, mas precisa ser atendido o mais rápido possível. O fluxo ágil permitiu que a criança fosse rapidamente encaminhada a um médico, e logo depois à sala de medicação, que seria ministrada na veia. Por ser madrugada, a equipe de enfermagem estava redu-zida. Talvez por isso o técnico de enfermagem tenha se es-quecido de colocar as luvas antes de pegar a veia da criança. No momento de retirar a medicação, o mesmo aconteceu. Uma falha aparentemente inofensiva, mas que poderia ter causado danos ao profissional de saúde - que ali estava sem proteção alguma - e à criança.

O segundo episódio se deu em uma emergência de adultos, em outra situação de classificação de risco amarela. O paciente sentia forte palpitação no peito, e foi logo enca-minhado para a triagem, que mediu a pressão, a oxigenação e solicitou um eletrocardiograma. Foram quase duas horas de atendimento, primeiro com um médico clínico, depois com um cardiologista, e mais um eletrocardiograma. Até que, na ala de raios X, o técnico de radiologia percebeu que o paciente estava sem identificação. Não possuía nenhuma pulseira ou papel que comprovasse sua identidade, elemen-to essencial para o atendimento correto e seguro.

Detalhes como estes, verídicos e que passam despercebidos todos os dias em instituições de saúde, fazem toda a diferença quando o assunto é evitar erros na assistência. Na visão do professor Walter Mendes, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), este tipo de falha ainda é comum em hospitais de todo o mundo. “Esta realidade é internacional. Não é à toa que a OMS está focada em promover cam-panhas para lavar as mãos, identificar os pacientes, fazer check list, colocar grades nos leitos para evitar a queda e manipular os pacientes para evitar úlceras de pres-são”, pondera. “Com a massificação do atendimento, o erro ficou mais suscetível. É preciso mudar a maneira como se gere este fluxo”, alerta.

Nos anos 2000, uma pesquisa impactante modificou os parâmetros da se-gurança do paciente dentro dos hospitais, ao constatar que os eventos adversos matavam mais que atropelamento, aids e câncer de mama juntos nos Estados

Unidos. Daí surgiu o conceito de evento adverso que, segundo a OMS, é a circunstância que po-deria ter sido evitada, mas que resultou em dano desnecessário ao paciente. Embora seja evitável, o evento adverso acontece, e muito. No Brasil, estima-se que a taxa de evitabilidade seja de 66,7%, isto é, quase 70% dos incidentes que acontecem não precisariam acontecer se as devidas providên-cias para evita-los fossem tomadas.

Justamente por ser um problema tão crítico, a solução não é simples. No país, criou-se o Pro-grama Nacional de Segurança do Paciente, elaborado de forma multissetorial e que trouxe uma série de debates e medidas positivas para a melhoria dos sistemas de saúde. Por outro lado, a ma-neira impositiva das Resoluções da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem sido criticada pelo mercado, e por especialistas. Instituído oficialmente em abril de 2013, o programa nasceu com o objetivo de promover ações para prevenir e reduzir os eventos adversos nos serviços de saúde. Mas trouxe a reboque obrigações que nem todos os es-tabelecimentos estão prontos para cumprir, e sequer a Anvisa terá estrutura para fiscalizar e dar o feedback necessário. Exemplo: a RDC no 36/2013 obriga os hospitais e demais serviços de saúde, públicos e particulares, a implantar um Núcleo de Segurança do Paciente. O prazo para que esses núcleos fossem criados terminou em janeiro de 2014. Até fevereiro os estabelecimentos teriam de estar aptos a notificar todos os eventos adversos, de qualquer natureza e complexidade. “O novo módulo destina-se à notificação de incidentes e eventos relacionados à assistência à saúde como quedas, úlceras por pressão, problemas na cirurgia, problemas relacionados ao diagnóstico labora-torial e de imagem e falhas na identificação do paciente, entre outros”, explica o diretor-presidente da Agência, Dirceu Barbano. O não cumprimento das resoluções, obviamente, é passível de multas e até de interdição parcial ou total dos estabelecimentos.

Para Walter Mendes, que integra o Comitê de Implantação do Programa Nacional de Seguran-ça do Paciente, exigir que absolutamente todos os eventos sejam notificados é insano. “A Fiocruz defende que todos os problemas com produtos – como sangue, medicamentos, equipamentos – sejam notificados, uma vez que está na competência da Anvisa aprovar e cuidar da qualidade des-ses produtos. Agora, quando se trata de cuidado, defendemos que somente os principais eventos adversos sejam notificados”. Mendes explica que se a notificação funcionasse razoavelmente bem, existiria um volume de um a dois milhões de eventos ao ano. “É impossível a Anvisa dar feedback a este volume de informações. É preciso ter hierarquia e criar um pequeno grupo de eventos que podem ser investigados de forma mais criteriosa, assim como acontece no sistema da saúde inglês”, argumenta.

Quanto à criação dos núcleos, Mendes observa: “A criação do núcleo, por si só, como o cum-primento de uma obrigação, representa apenas mais uma caixinha dentro do hospital. É preciso

IMPLANTAÇÃO ESBARRA EM BARREIRAS ESTRUTURAIS, HUMANAS E CULTURAIS

Walter Mendes, professor da Fiocurz

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Manchete

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SEGURANÇA DO PACIENTE DEVE SER PRIORIDADEnistração, medicamento não autorizado e troca de paciente. Em trabalho de mestrado, defendido na Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, o erro de medicação foi apontado como um problema grave de saúde pública, suscetível de ocorrer em todas as etapas do complexo fluxo de medicação.

A prescrição eletrônica, adotada em muitos estabele-cimentos no Brasil e no mundo, e a checagem do medica-mento desde a farmácia hospitalar onde ele é dispensado até o leito do paciente são medidas altamente recomenda-das pela OMS para minimizar o problema.

Mas este perfil, de implantar melhorias em prol da se-gurança, ainda está longe de atingir todo o universo, bastan-te heterogêneo, dos hospitais brasileiros. Dos 6.500 hospi-tais do país, apenas 200 possuem certificados de qualidade, emitidos por órgão acreditadores como Joint Comission International (JCI) e Organização Nacional da Acreditação (ONA). Para ser acreditado, o estabelecimento passa por um processo longo de avaliação, que tem como ponto cen-tral a qualidade e a segurança do paciente.

O poder de fogo da maioria dos hospitais brasileiros, no entanto, é pequeno. São hospitais de pequeno porte, como menos de 200 leitos, que trabalham com margens limitadíssimas e que não possuem dinheiro para investir em projetos caros como os de uma acreditação internacional. Diversos programas, no entanto, como o da Anvisa, bus-cam estimular a qualidade nos estabelecimentos de saúde. A própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

criou o Qualiss - projeto que busca implementar indicado-res de qualidade e a cultura da segurança nos hospitais

privados, começando pelos que são de rede própria (pertencem a planos de saúde).

Para Walter Mendes, o caminho ainda é longo para atingirmos o risco mínimo no que diz respeito à segurança do paciente. Mas exis-tem avanços significativos. O próprio Programa Nacional, da Anvisa, tem investido no que ele

acredita ser a parte mais importante, que é a edu-cação. Até o segundo semestre deste ano, mil alunos

de pós-graduação, vindos dos 250 maiores hospitais do país, começarão o curso de pós-graduação em segu-

rança do paciente. “E temos avançado nas conversas com as graduações

de farmácia, enfermagem e medicina, para introduzir o

tema de vez nos currículos”, comemora.

que ele seja capaz de trabalhar valorizando as comissões já existentes. A realidade nos mostra, no entanto, estabelecimento de 30 leitos que sequer possui Comissão de Controle de Infecção Hospi-talar”. O professor da Fiocruz acredita que o cenário de insegurança pode mudar com a educação. “Reconheço a importância de regular, mas minha formação me faz acreditar na educação”.

Os médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos e outros tantos profissio-nais da saúde estão na ponta do atendimento e são, sim, os grandes responsáveis por disseminar a cultura da qualidade e da segurança nos estabelecimentos. É o que defende o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr. “Um de nossos grandes desafios está nesta mudança, porque além da resistência dos profissionais em seguir regras e protocolos, há ainda problemas de hierarquia e falta de abordagem do tema nas escolas de formação superior”, considera.

O médico Alfredo Guarischi, oncologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca), médico do hospital da Força Aérea Brasileira (FAB) e estudioso do tema, concorda. “A segurança do paciente depende da formação, do treinamento continuado. A saúde deveria seguir o modelo da aviação. Quando o piloto entra no avião, checa absolutamente tudo. Até porque se algo der errado, ele morre junto”, compara.

O modelo da aviação possui uma forte cultura de segurança e trabalha baseado na transpa-rência, antecipando as falhas. “Trabalha-se com a cultura da segurança, e não da punição”, enfatiza Maria Angélica Sorgini Peterlini, enfermeira da Escola Paulista de Enfermagem da Unifesp. Este é uma espécie de mantra em suas palestras, ministradas Brasil afora. Angélica costuma enfatizar que, na saúde, ainda persiste a punição do profissional quando comete um erro, fazendo com a notifica-ção seja inibida. Em geral, o profissional é apontado como o maior culpado de um erro que, antes de acontecer, pode ter percorrido uma rede de equívocos para chegar efetivamente ao dano do paciente. A carga excessiva de trabalho, por exemplo, é um dos principais problemas enfrentados pelas equipes de enfermagem e pelos cirurgiões. A não diferenciação de frascos com substâncias distintas também. Assim como a comunicação enviesada entre enfermeiro e médico, que, em ge-ral, acontece durante passagem do plantão, de maneira tumultuada. Melhorar a comunicação, as condições de trabalho e a identificação dos medicamentos são alguns dos passos que, comprova-damente, previnem erros. E danos ao paciente.

“Nem sempre um erro ocasiona dano, que é a pior consequência para um pacien-te”, explica Walter Mendes. Administrar antibiótico profilático pré-operatório pode reduzir em até 93% a infecção da ferida operatória, por exemplo. A prescri-ção informatizada reduz em 81% os er-ros de administração de medicamentos. O uso obrigatório de protocolos reduz em 92% a infecção relacionada a cateteres.

O problema dos medicamentos é um dos mais graves no que diz respeito à segu-rança. Um estudo realizado pela Escola de En-fermagem da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, analisou a administração de cerca de cinco mil doses de remédios. Os erros atingi-ram a marca dos 30%, entre horários errados de administração, dosagem, troca na via de admi-

8 | Jornal do SINDHOSP | Mai 2014

Eventos

Rafael Bengoa, conselheiro de Saúde dos EUA

Que os Estados Unidos são a potência número um do mundo todos sabemos, mas, em muitos setores do país, nada seria possí-vel sem a crença de que as coisas podem dar certo, principalmente na área da saúde. Este discurso foi a base da apresentação de Rafael Bengoa, venezuelano, conselhei-ro de Saúde do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante o debate “Reforma no Sistema de Saúde Americano - Obamacare”, reali-zado na sede do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, em 12 de maio. O evento, que foi realizado em parceria com o Conselho Nacional dos Secretá-rios de Saúde (Conass), ainda contou com a presen-ça de Gonzalo Vencina Neto, superintendente cor-porativo do Hospital Sírio-Libanês; Renilson Rehem, consultor do Conass; e Antônio Carlos Figueiredo Nardi, presidente do Conselho Nacional de Secreta-rias Municipais de Saúde (Conasems), representan-do a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Para Bengoa, a dificuldade na aceitação inicial na reforma do sistema de saúde dos EUA prova que nem sempre ter o dinheiro faz a mudança aconte-cer. “De que adianta sermos uma potência, estar-mos entre os países desenvolvidos se não puder-mos convencer os governantes de que um novo modelo assistencial e necessário e pode acarretar em economia para o país e na excelência de aten-dimento ao paciente?” A solução ideal, segundo o conselheiro, não é a construção de novos hospitais e centros de saúde, mas, sim, fazer com que a po-pulação não precise chegar ao pronto atendimento e à internação. E, para isso, o primeiro passo é acre-ditar que a prevenção pode ser possível. “Esses dois serviços são os procedimentos mais caros em um sistema de saúde pública. Fazer com que as pessoas não precisem ocupar um leito é o segredo.”

Com o lema “Yes, we can” (sim, nós podemos), o primeiro presidente negro conseguiu provar aos congressistas que sua teoria para mudança estava mais do que certa. O projeto proibia os planos de saúde de mudar os valores dos seguros com base no histórico clínico do paciente, recusar assegurar um cliente muito caro, ou limitar a quantidade de reembolsos anuais. Em troca, a legislação estabele-

cia que todos deveriam aderir a um plano de saúde, sob pena de multa. Nos Estados Unidos não há uma rede hospitalar gratuita, logo, o principal plano era evitar que as pessoas ficassem sem al-gum tipo de cobertura. De acor-do com Bengoa, até o início des-te ano, pelo menos sete milhões de pessoas já tinham se inscrito no programa.

“Não vamos poder seguir financiando o modelo de saúde com o gasto cres-cente histórico que temos”, disse Bengoa durante a entrevista coletiva. “Esses gastos chegarão a 6%, 7% ou até 8%, para todos os países, incluindo Brasil, Espanha e até os países mais ricos, como o próprio Estados Unidos. Todo mundo anda repen-sando como reconfigurar o modelo assistencial de prestadores para que seja mais eficiente e funcio-ne melhor. Se funciona de forma mais integrada, aparece menos gente nos hospitais e se econo-miza dinheiro. Então, esse dinheiro pode ser usado para novas necessidades, como medicamentes de câncer e hepatite.” Gonzalo Vencina completou: “Devemos debater veementemente a situação de nossa saúde atual e o que podemos fazer para melhorá-la. Além disso, aprender com os exemplos de fora é um ótimo viés para novos caminhos. Temos que utilizar toda a nossa capacidade para entender o tema proposto”.

Para Bengoa, além do processo de acreditação nas melhorias, outro segredo é o foco na medicina de precisão. “Nos Esta-dos Unidos, após o início da reforma, nós mudamos os tratamentos de medicina de massa para medici-na de precisão. Hoje, são oferecidas terapias efetivas para o quadro diagnosticado e os medicamentos também são precisos. Com isso, temos taxas de hospitalização bem mais baixas. E com a introdu-ção da telemedicina e de orientações do paciente em casa esse número só tende a cair mais. Em um hospital, quanto mais participam os profissionais, melhor a satisfação do paciente, as economias do hospital e a motivação de continuar melhorando a qualidade do atendimento.”

MAIS IMPORTANTE QUE INVESTIR É ACREDITAR

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Auditório do Sírio-Libanês ficou lotado

ADAPTAÇÕES PARA O BRASIL

E no Brasil, como seriam essas adaptações? A saúde em nosso país passa por momentos de transição com o avanço da tecnologia, novos programas criados pelo governo e também o aumento da oferta de saúde suplementar. No en-tanto, ainda temos uma saúde precária que me-rece atenção. Segundo Antônio Carlos Figueiredo Nardi, os investimentos ainda são essenciais para as mudanças. “O SUS está completando 26 anos. Aqui, acompanhamos toda a discussão sobre a criação do Obamacare e a polêmica criada na época. Hoje, certamente, a saúde pública oferta muito mais coisas do que no passado, mas não podemos comparar nossos investimentos, que são irrisórios, frente aos 18% do PIB americano que foram injetados neste projeto. A grande luta do brasileiro hoje não são maiores investimentos para que resultados ainda melhores apareçam?”, questionou

“Nós já temos uma tendência natural de pen-sar que todo problema tem uma resolução simples

e basta ir atrás. O mundo de hoje não tem uma solução simples. Tudo mudou e essas mudanças concomitantemente nos fazem refletir sempre mais”, afirmou Gonzalo. “Há 30 anos, o que mais ouvíamos falar é que a educação e a nutrição sem-pre vinham em primeiro lugar. Hoje, a saúde mudou a sua história na humanidade. O Brasil tem um grave problema de exclusão social que os países de primeiro mundo não têm. O que precisamos, em primeiro lugar, é fazer com muitas pessoas subam à condição de cidadão. A humanização na saúde é a chave para o sucesso”, finalizou.

9Mai 2014 | Jornal do SINDHOSP |

Em dia

ABRAHÃO É O NOVO DIRETOR DE GESTÃO DA ANS

MELHORES EMPRESAS PARA SE TRABALHAR EM SAÚDE

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Su-plementar (ANS), em reunião realizada no dia 14 de maio, defi-niu como diretora de Fiscalização a advogada Simone Sanches Frei-re, funcionária de carreira da ANS desde 2002, e o médico pediatra José Carlos de Souza Abrahão, ex-presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), para a diretoria de Gestão (Diges).

A nomeação dos dois novos diretores do ór-gão regulador foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do último dia 12 de maio, pela pre-sidente da República, Dilma Rousseff. Na mesma data, o diretor-presidente da ANS, André Longo

Trabalhar o ambiente corporativo, tornando-o cada vez mais agradável, participativo e refletindo no crescimento das empresas. Este foi o tema de debate realizado pela consultoria Great Place to Work, que, anualmente, premia as melhores em-presas para se trabalhar no Brasil e no mundo, em parceria com a IT Mídia, no dia 23 de abril, em São Paulo. Pela primeira vez a consultoria realizou o ran-king das 35 melhores empresas para se trabalhar em saúde que, no ano de 2013, teve o Laboratório Sabin, a Genzyme do Brasil e a Novartis como as três primeiras colocadas, respectivamente.

No workshop, as consultoras de desenvolvi-mento do Great Place do Work, Gabriela Jardim e Tatiane Tiemi, explicaram a importância do traba-lho de planejamento, comunicação, missões e valo-res de uma organização perante seus colaborado-res para que o ambiente corporativo se torne mais leve e agradável no dia a dia. “O trabalho com os líderes, a relação de confiança entre eles e seus cola-boradores, além de um pensamento coletivo entre

Araújo de Melo, empossou Abrahão e Simone.

Além da CNS, José Carlos Abrahão, que possui curso de es-pecialização em Administração Hospitalar e MBA Executivo em Administração pela Coppead/UFRJ, já foi presidente da Fede-ração dos Hospitais e Estabeleci-mentos de Serviços de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e inte-grou o Conselho da Internacional

Hospital. Há cerca de 30 anos atua no mercado de saúde suplementar.

A indicação de seu nome foi aprovada no dia 6 de maio passado, no plenário do Senado Federal, por 39 votos favoráveis contra 12. Na semana ante-

ideais da empresa, cuidado profissional e cuidado pessoal são fatores que fazem a diferença quando falamos de melhores empresas para se trabalhar”, afirmou Gabriela. “Uma organização premiada sempre tem colaboradores que se orgulham da função desempenhada, confiam em seus líderes e gostam dos seus colegas e do ambiente coorporati-vo”, completou Tatiane.

Representando o SINDHOSP, a coor-denadora de Recurso Humanos, Cintia Ja-nuário, abordou brevemente a relevância de um planejamento estratégico participativo na entidade. “No Sindicato, nós abrimos um canal com os funcionários para que eles par-ticipem com sugestões. Temos também uma comissão de endomarketing que busca be-nefícios tanto para o ambiente interno como externo.” Marli Vidal, diretora administrativa de Pessoas do Laboratório Sabin, também expôs sua ideia. “Um planejamento realizado junto com o colaborador faz com que ele

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José Carlos de Souza Abrahão

rior (30/4), obteve aprovação na Comissão de As-suntos Sociais do Senado, com 19 votos favoráveis e um contrário.

Completam a Diretoria Colegiada da ANS o médico Leandro Reis Tavares, diretor de Normas e Habilitação de Operadoras, que ocupa, interi-namente, a diretoria de Desenvolvimento Setorial (Dides), e André Longo, que, por sua vez, prossegue interino na Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos (Dipro).

Martha Regina de Oliveira, funcionária de car-reira da ANS desde 2005, teve seu nome encami-nhado pela presidente Dilma Rousseff ao Senado Federal para a realização de sabatina para que ela exerça o cargo de diretora na agência. Até o fecha-mento desta edição a sabatina ainda não havia sido realizada.

perceba o quanto ele é importante dentro da em-presa. Com certeza, quando ele ver a ideia saindo do papel vai se orgulhar de ter feito parte disso.”

Um jantar realizado em 22 de abril, na sede da IT Mídia, apresentou todos os premiados e lançou a edição especial da revista Saúde Business destacan-do a pesquisa de 2013.

35 empresas de saúde foram premiadas em 2013

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Em dia

| Jornal do SINDHOSP | Mai 2014

SAMARITANO É REACREDITADO PELA JCI

EDMUNDO VASCONCELOS INVESTE R$ 20 MI EM CENTRO DE ESPECIALIDADES

O Hospital Samaritano de São Paulo conquistou sua terceira reacreditação pela Joint Commission International (JCI) - mais importante órgão certificador de padrões de quali-dade para instituições de saúde do mundo. A reacreditação chega no momento em que o hospital está celebrando seus 120 anos de atividades e atesta o empenho e o comprometi-

mento da instituição com a segurança do paciente e a qualidade assistencial.

“Ter uma certificação pela JCI transmite segurança para os pacientes de que receberão um atendimento de qualida-de e com padrão internacional. A terceira reacreditação con-secutiva reforça a consolidação do hospital como um centro hospitalar de excelência com foco no paciente”, afirmou o superintendente corporativo, Luiz De Luca.

A primeira acreditação do Samaritano foi obtida em 2004, sendo o segundo hospital geral privado em São Paulo e o terceiro do Brasil a ser reconhecido pela JCI. O processo para conseguir o selo da JCI seguiu um planejamento estra-tégico iniciado em 2000, com o foco em segurança assisten-cial, uniformidade no cuidar, direitos e deveres dos pacientes e indicadores de performance. Em 2007 e 2011, a instituição teve a certificação renovada.

O Hospital Samaritano de São Paulo também é reconhe-cido pelo Ministério da Saúde como um dos seis hospitais de excelência do país, desde 2008, por sua qualidade na assistência e pelos serviços prestados na área de responsabilidade social.

A qualidade dos serviços e indicadores assistenciais, voltados para a segurança do paciente, renderam ainda ao Samaritano destaque em pesquisa publicada pela Revista AméricaEconomia. Por dois anos consecutivos, a instituição foi classificada como segundo melhor hospital do Brasil e o quinto 5o na América Latina.

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Hospital completa dez anos de certificação

O Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos anunciou, em maio, o início do projeto de modernização do Centro Médico de Especialidades. Serão investidos R$ 20 milhões para uma área construída total de 7 mil m2: serão revistos o interior do edifício de três andares, com otimização do espaço e aumento de 15% no setor de recepção de pacientes.

Segundo Dario Ferreira Neto, diretor administrativo do hospital, as 50 especialidades serão distribuídas de acordo com a correlação entre as áreas. O objetivo é melhorar o fluxo de circulação no hospital, ganhando tempo para o paciente e para a equipe assistencial.

A exceção é área de quimioterapia, que será ampliada, ganhando boxes individuais com mais conforto e iluminação personalizada. A modernização do local engloba ainda a revisão da comu-nicação interna do edifício, além da instalação de novos painéis e dispositivos eletrônicos. Cinco consultórios serão integrados aos 44 já existentes.

O Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos fica em São Paulo, na Vila Clementino, e ocu-pa um terreno de 25 mil m2. O projeto arquitetônico da instituição é assinado por Oscar Niemeyer. O hospital realiza aproximadamente 12 mil procedimentos cirúrgicos, 13 mil internações, 230 mil consultas ambulatoriais, 145 mil atendimentos de pronto-socorro e 1,4 milhão de exames por ano.

Área total construída será de 7 mil m2

11Mai 2014 | Jornal do SINDHOSP |

Em dia

TECNOLOGIA EM PROL DA SAÚDEControle de batimentos cardíacos, envio de relatórios

de enxaquecas, prontuário eletrônico preenchido por co-mandos de voz e atendimento médico a distância. Esses são apenas alguns dos exemplos das novas tecnologias implan-tadas em hospitais, clinicas e laboratórios nos últimos anos. A expansão da tecnologia e do mercado de aplicativos já movimenta 84% do tráfego de dados no ambiente hospita-lar, segundo pesquisa da Manhattan Researche, realizada em países emergenciais, como o Brasil.

A mesma pesquisa ainda constatou que a venda de dis-positivos móveis, tais como smartphones e tablets cresce-ram 62% entre 2011 e 2012, e 38% dos profissionais da área da saúde já fazem uso de algum aplicativo para o setor em suas rotinas de trabalho.

Recentemente a equipe de Tecnologia da Informação do Hospital Israelita Albert Einstein apresentou uma das maiores inovações para o ambiente hospitalar: o preenchi-mento por voz para prontuários eletrônicos. A tecnologia é simples e tem se mostrado eficaz, mas demandou uma série de etapas e testes para a construção do modelo atual utilizado pela equipe de enfermagem do hospital.

Segundo o CEO do Einstein, Ricardo Santoro, a ideia inicial era aprimorar o sistema já utili-

zado no

preenchimento dos laudos de radiologia para reduzir o tempo no preenchimento de informações e também diminuir os erros de português, constantes nos formulários. “Desde 2006 trabalhamos com o sistema de voz. Em uma conversa com a chefia de Enfermagem debatemos por que não expandir essa ideia para uma área tão burocrática?”, questionou. Os resultados foram melhores do que os esperados. Durante a fase de testes para implantação descobriu-se que a nova tecnologia gerava uma economia de R$1,2 milhão anual, já que 42% do tempo gasto na inserção de dados seriam reduzidos. “Estamos trabalhando agora em testes para utilização do preenchimento de voz nos relatórios pós-cirúrgicos. Queremos um hospital cada vez mais moderno e ágil não somente para os profissionais, mas também para a excelência do atendimento ao paciente”, concluiu.

A rede pública também não ficou de fora das inovações. A primeira empreitada no mundo mobile foi à criação do “Samu 196”, aplicativo voltado aos pacientes para facilitar a chamada da rede de urgência móvel. Posteriormente, o Rio de Janeiro anunciou o uso dos smartphones no controle da dengue. Agentes de saúde monitoravam em tempo real e ainda alertavam sobre os focos da doença, prevenção e tratamentos. O aplicativo também era utilizado para preenchimento de formulários de visita e fotografias de possíveis focos do Aedes aegypti.

Há pouco tempo, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo iniciou a implantação de uma rede inédita de atendimento médico a distância que irá auxiliar e monitorar o esclarecimento de diagnósticos, pacientes em tratamento nos hospitais, prontos-socorros e unidades de pronto aten-dimento pelo Estado. Além disso, foi criada a Central de Regulação da Oferta e Serviços de Saúde (CROS), que cuidará do processo de regulação de leitos e transferência do paciente entre unidades, quando necessário.

O novo procedimento começou na Baixada Santista, no Hospital de Bertioga, pelo sistema de telemedicina. Três hospitais universitários, considerados referências nacionais, auxiliam no serviço. São eles o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Santa Casa de Misericórdia de

São Paulo e Hospital São Paulo, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Uni-fesp) e à Sociedade Paulista para o Desenvolvimento

da Medicina (SPDM). “O uso da telemedicina no processo de re-

gulação é um grande exemplo da importância da tecnologia no serviço público de saúde, ao aproximar importantes centros de referência às reais necessidades dentro da discussão de casos de pacientes”, disse o secretário esta-dual da Saúde de São Paulo, David Uip, du-rante o lançamento do projeto.

PACIENTES

Uma rápida busca no Google Play e no Appstore, mercados de aplicativos do Google e da Apple, respectivamente, mostra a quantidade de apps disponíveis para a saúde. Testes de pressão arterial, di-cas de nutrição e exercícios físicos, além de programas especializados no moni-toramento de peso, ciclo menstrual e crises de dor de cabeça estão entre os mais procurados. No entanto, o uso

desses aplicativos não pode substituir uma consulta médica com um profissional especializado.

12 | Jornal do SINDHOSP | Mai 2014

Em dia

ACORDO COM PLANOS GARANTE ATENDIMENTO NA COPA DO MUNDO

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Ministério da Saúde assinaram um termo de compromisso com diretrizes para o atendimento dos setores público e pri-vado de saúde durante a Copa do Mundo. A ideia é fazer a integração dos dois sistemas entre o período de 11 de junho a 13 de julho para garantir a agilidade na prestação de servi-ços ao paciente. A iniciativa faz parte das Diretrizes Nacionais para Planejamento, Execução e Avaliação das Ações de Vigi-lância e Assistência à Saúde em Eventos de Massa.

Trinta e duas operadoras já fazem parte deste acordo que prevê a assistência aos beneficiários de planos e a ga-rantia de atendimento na rede hospitalar para aqueles que estão temporariamente sendo atendidos na rede pública. Além disso, cada operadora deve disponibilizar um telefone exclusivo para atendimento à Central de Regulação Pública, facilitando o encaminhamento de pacientes aos hospitais das suas respectivas redes credenciadas. A garantia de leitos é uma das principais preocupações da ANS.

Inicialmente, se um torcedor precisar de atendimento hospitalar durante um evento da Copa, no estádio ou nos arredores, ele será atendido ou pelo serviço da Federação Internacional de Futebol (Fifa) ou pelo Serviço de Atendi-mento Móvel de Urgência (Samu). Assim que o estado do paciente for estabilizado, o serviço de atendimento entra em contato com a operadora do plano de saúde dele, via telefone, para saber qual estabelecimento da rede creden-ciada ele deverá ser encaminhado. A saúde suplementar também se compromete a liberar leitos para o Sistema Úni-co de Saúde (SUS) para pacientes que não são atendidos atualmente por planos.

A ANS também estabeleceu a obrigatoriedade de cobertura para a remoção de beneficiários que já tenham cumprido o período de carência. A medida beneficia mais de 40 milhões de consumidores de planos de assistência médica com cobertura hospitalar no país. “Com os grandes eventos, dos quais o Brasil é sede, procuramos, dentro do governo, organizar a assistência à saúde da melhor maneira possível. Acredito que o grande legado da Copa é a capaci-dade de organização dos atores envolvidos no processo de atenção à saúde e o de proporcionar o melhor padrão de assistência possível nesses casos”, afirmou o secretário-exe-cutivo do Ministério da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, durante entrevista coletiva.

“Há um esforço do Ministério da Saúde e da ANS para articular bem os setores público e privado, para que o paciente que está sendo atendido pela central médica da

Fifa ou pelo Samu tenha oportunidade, caso possua plano de saúde, de ter contato com a opera-dora e facilitar o atendimento na necessidade de remoção para um hospital privado”, concluiu o diretor-presidente da ANS, André Longo.

No mês de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia divulgado os primeiros passos do plano de ação na saúde para eventos deste porte. Na resolução publicada, a Anvisa deve atuar de forma preventiva e, antes do início dos eventos, avaliar se a estrutura de atendimento oferecida é compatível com as características e quantitativos do público. A norma também prevê uma lista de documentos que deverão ser apresentados, tais como estimativas de público, previsão de procedimentos executados nos postos de atendimento, mapa do local do evento com identificação dos postos de atendimento, entre outros.

O plano Diretrizes Nacionais para Planejamento, Execução e Avaliação das Ações de Vigilância e Assistência à Saúde em Eventos de Massa prevê ainda a instituição do Comitê de Eventos de Massa (CEM), com representantes das diversas secretarias do MS e participação da Funda-ção Oswaldo Cruz (Fiocruz), Anvisa, ANS, Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) e Con-selho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), tendo como atribuições estabelecer diretrizes complementares, ações estratégicas e me-tas para a preparação das ações de saúde, acompanhar a implementação das ações e subsidiar o Ministério da Saúde com informações extras, quando necessário.

“As experiências internacionais não preveem um grande esforço de atendimento nesses grandes eventos. Os números apontam para atendimento de 0,2% a 0,5 % das pessoas que são alvo de atenção médica. Isso significa, em um evento de 100 mil pessoas, de quatro a cinco pes-soas”, afirmou André Longo. No fim de maio, as opera-doras informaram à ANS sobre sua rede de referência de hospitais de urgência e emergência para que a Central de Regulação Pública use as informações, quando necessário.