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DIABETES MELLITUS Diadema 2008 PREFEITURA MUNICIPAL DE DIADEMA SECRETARIA DE SAÚDE ESCOLA DE SAÚDE

DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

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Page 1: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

DIABETES MELLITUS

Diadema

2008

PREFEITURA MUNICIPAL DE DIADEMA

SECRETARIA DE SAÚDE

ESCOLA DE SAÚDE

Page 2: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

2

Secretaria Municipal de Saúde Osvaldo Misso – Secretário de Saúde Douglas Schneider – Coordenado de Atenção Básica João Gustavo Negrão – Coordenador da Escola de Saúde

Enfermeiros Responsáveis Técnicos

Denise Pelegrin Dias

Jerry Renato Galvão

1ª Revisão – março de 2008

Equipe Responsável Colaboradores:

Escola de Saúde - Camila Brolezzi Padula Coordenação de Atenção Básica - Zilvani

Guimarães

Escola de Saúde - Larissa Desiderá Santo André Escola de Saúde – Mássimo Colombini Netto

Escola de Saúde - Ana Kelly Malaquias Escola de Saúde – Maria de Lourdes G. C.

Fukumoto

Escola de Saúde - Débora Cavazani Damico

Page 3: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

3

ÍNDICE

I – INTRODUÇÃO

II - CLASSIFICAÇÃO DO DIABETES

1. Diabetes tipo 1

2. Diabetes tipo 2

3. Diabetes gestacional

4. Outros tipos de diabetes

III - IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE DIABÉTICO

Quadro 1 - Valores de glicose plasmática para identificação de diabetes

mellitus e seus estágios pré-clínicos

IV - COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABESTES

1. Complicações microvasculares

1.1. Retinopatia diabética

1.2. Nefropatia Diabética

2. Complicações macrovasculares

3. Complicações neurológicas

3.1. Neuropatias Sensitivo-Motoras

3.2. Neuropatias Autonômicas

4. Complicações vasculares e/ou complicações neurológicas

4.1. Pé Diabético

V - COMPLICAÇÕES METABÓLICAS AGUDAS

Quadro 2 – Sinais e sintomas

VI – ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR

Quadro 3 – Cálculo do escore de Framingham para homens e mulheres

Quadro 4 – Classificação do risco cardiovascular global individual dos

pacientes em função do escore de Framingham e da presença de lesões em

órgão-alvo

VII – TRATAMENTO

1. Objetivos

2. Tratamento medicamentoso da hiperglicemia no diabetes tipo 2

Page 4: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

4

Quadro 5 – Fármacos para o tratamento da hiperglicemia do diabetes

tipo 2

VIII - AVALIAÇÃO LABORATORIAL INICIAL DO PACIENTE D IABÉTICO

Quadro 6 – Avaliação laboratorial inicial do paciente diabético

IX - PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

1. Introdução

2. Conservação e transporte de insulina

3. Monitorização da glicemia capilar

4. Técnica de aplicação de insulina

Figura 1 – Preparação da insulina

Figura 2 – Como aplicar a insulina

Figura 3 – Locais para aplicação da insulina

X - Atribuições e competências do enfermeiro

XI - CONSULTA DE ENFERMAGEM

1. Primeira consulta de enfermagem

Quadro 7 – Roteiro para a primeira consulta de enfermagem

2. Consultas subseqüentes

Quadro 8 – Roteiro para as consultas subseqüentes de enfermagem

XII – ORIENTAÇÕES

1. Alimentação

1.1. Usando a Pirâmide de Alimentos

Figura 1 – Pirâmide de Alimentos

2. Atividade Física

3. Etilismo

4. Perda de Peso

5. Tabagismo

XIII – FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO À PACIENTES DIABÉT ICOS NO

MUNICÍPIO DE DIADEMA

1. Fluxograma de atendimento do paciente não-diagnosticado na demanda

espontânea

Page 5: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

5

2. Fluxograma de atendimento do paciente diagnosticado na demanda

espontânea

3. Fluxograma de Avaliação de risco

4. Fluxograma de tratamento medicamentoso (somente para médicos)

5. Fluxograma de acompanhamento do paciente diabético

ANEXO 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 6: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

6

I - INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é um conjunto de sintomas específicos decorrente

da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina de exercer adequadamente

seus efeitos. É caracterizada por aumento dos níveis de glicose no sangue.

Freqüentemente é acompanhada de aumento dos níveis de colesterol, aumento

dos níveis pressóricos e aterosclerose.

O DM é um importante problema de saúde, uma vez que é freqüente e está

associado a complicações que comprometem a produtividade, qualidade de vida e

sobrevida dos indivíduos, Além de envolver altos custos no tratamento de suas

complicações.

Pessoas com diabetes apresentam risco maior de doença vascular

aterosclerótica, como infarto, doença arterial periférica e acidente vascular

cerebral (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2003). Entre as complicações crônicas

incluem alterações renais com maior risco de evolução para insuficiência renal,

alterações na retina com maior possibilidade de cegueira e/ou alterações em

nervos (neuropatia diabética), com risco de úlceras nos pés e amputações. Podem

ocorrer também alterações articulares (artropatia de Charcot) e disfunção sexual.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2000, o número de

portadores em todo mundo era de 177 milhões e chegará a 350 milhões em 2025;

no Brasil são cerca de 6 milhões de portadores e esse número deverá chegar a 10

milhões em 2010.

Page 7: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

7

II - CLASSIFICAÇÃO DO DIABETES

1. Diabetes tipo 1

Anteriormente conhecido como diabetes juvenil, corresponde de 5 a 10%

dos casos. Quase sempre causada por processos auto-imunes, apresenta pico de

incidência entre 10 e 14 anos. Ocorre destruição das células beta (relativa ou

absoluta), geralmente necessita de administração de insulina. Pode estar

associada a outras doenças auto-imunes, tais como: tireoidite de Hashimoto,

doença de Addison, Miastenia Gravis.

2. Diabetes tipo 2

Anteriormente conhecido como diabetes do adulto, compreende a cerca de

85 a 90% dos casos. Ocorre resistência (absoluta ou relativa) `a insulina e

deficiência relativa da secreção da insulina. O diagnóstico, na maioria dos casos, é

feito a partir dos 40 anos de idade, mas está aumentando a ocorrência em

crianças e adolescentes.

3. Diabetes gestacional

O DM gestacional decorre da diminuição da tolerância à glicose, de

magnitude variável, é diagnosticada na gestação, podendo ou não persistir após o

parto. É detectado no rastreamento pré-natal e considerado um estágio pré-clínico

do diabetes.

4. Outros tipos de diabetes

Existem outros tipos específicos de diabetes e menos freqüentes que

podem resultar de defeitos genéticos da função das células beta, da ação da

insulina, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, efeito colateral de

medicamentos, infecções e outras síndromes genéticas associadas ao diabetes.

Page 8: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

8

III - IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE DIABÉTICO

Os sintomas clássicos de diabetes são: poliúria, polidpsia, polifagia e perda

involuntária de peso (os “4 Ps”). Entretanto, o diabetes é assintomático em

proporção significativa dos casos. O rastreamento deve ser seletivo, ou seja,

dirigido a pessoas de maior probabilidade, ou risco, de desenvolverem a doença.

Segundo o Ministério da Saúde (2006), os teste são indicados para indivíduos,

com os seguintes fatores de maior risco:

• Idade maior que 45 anos

• Sobrepeso (Índice de Massa Corporal – IMC – maior ou igual a 25

• Obesidade central (cintura abdominal medida na altura das cristas ilíacas

maior que 102 cm para homens e 88 cm para mulheres)

• Antecedente familiar de diabetes

• Hipertensão arterial

• Colesterol HDL menor que 35 md/dL ou triglicérides maior que 150 mg/dL

• História de macrossomia ou diabetes gestacional

• Diagnóstico prévio de síndrome dos ovários policísticos

• Doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica definida

Page 9: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

9

Quadro 1 - Valores de glicose plasmática para ident ificação de diabetes mellitus e seus

estágios pré-clínicos

Fonte: Ministério da Saúde (2006)

Classificação Glicemia Casual

(mg/dL)

Glicemia de jejum*

(mg/dL)

Glicemia 2h

após TTG 75g

Normal < 100 < 100 < 140

Tolerância à

glicose

diminuída

- 100 -125 140 -199

Diabetes

Mellitus

≥ 200 (realizada a

qualquer hora do dia,

independente do

horário das refeições)

2 medidas com valores

≥ 126 com sintomas**

ou uma medida ≥ 200

≥ 200 (confirmar

com nova

glicemia de jejum)

* O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo oito horas.

** Os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia, polifagia e perda inexplicada

de peso.

Page 10: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

10

IV - COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABESTES

Complicações crônicas podem ser alterações vasculares e/ou neurológicas.

As alterações vasculares são classificadas em microvasculares e

macrovasculares.

1. Complicações microvasculares

1.1. Retinopatia diabética

A Retinopatia Diabética é uma das principais causas de cegueira adquirida.

Nas fases inciais, a retinopatia é assintomática, não sendo possível detectá-la por

intermédio do exame físico sem o instrumento adequado.

Após 20 anos do diagnóstico, quase todos os indivíduos com diabetes tipo I

e mais do que 60% daqueles com diabetes tipo 2 apresentam retinopatia. Dos

indivíduos com diabetes tipo II, 4% apresentam retinopatia no momento do

diagnóstico. (Canani et al, 2006).

Algumas doenças sistêmicas podem influenciar o início e a severidade da

retinopatia diabética. A hipertensão mal controlada por vários anos geralmente

está associada a um risco aumentado de progressão para edema macular

diabético e retinopatia diabética.

A retinopatia pode ser graduada em retinopatia não-proliferativa leve,

moderada ou grave e retinopatia proliferativa. Essa graduação é dependente de

achados de exame, assim alterações como microaneurismas, hemorragias intra-

retinianas, aumento da permeabilidade vascular, exsudatos, manchas

algodonosas, neovasos, proliferação fibrovascular, tração retiniana, roturas e

descolamento de retina são achados que influenciam na classificação (Canani et

al, 2006).

1.2. Nefropatia Diabética

Nefropatia Diabética é uma complicação do diabetes, a qual pode levar à

morte prematura e insuficiência renal. Apesar dos avanços tecnológicos com

Page 11: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

11

maior número de recursos e fármacos para melhor controle metabólico e

pressórico, a incidência de insuficiência renal vem aumentando nas últimas

décadas, de forma independente do aumento do diabetes ou da maior sobrevida

dos pacientes. Os custos sociais e econômicos decorrentes da insuficiência renal

terminal são elevadíssimos, exigindo transplante ou diálise, muitas vezes em

adultos jovens (Canani et al, 2006).

A associação de hiperglicemia e hipertensão é o achado clínico de maior

importância para o desenvolvimento de nefropatia diabética (Locatelli et al., 2003).

Após 15 anos da doença, um em cada três indivíduos com diabetes tipo 1 e um

em cada cinco com diabetes tipo 2 apresentam nefropatia diabética.

Tradicionalmente, inicia-se por um estágio de nefropatia incipiente,

caracterizado por aumento da excreção urinária de albumina chamada de

microalbuminúria (excreção de albumina na urina entre 20 a 200 mcg/min ou 30 a

300 mg/24 horas), em geral após cinco anos da doença. Esse estágio está

associado a um aumento da mortalidade, principalmente por causas cardíacas.

No DM do tipo 2 a microalbuminúria pode estar presente no momento do

diagnóstico, sugerindo a presença do diabetes há vários anos antes do

diagnóstico. Pacientes propensos a desenvolver insuficiência renal terminal

progridem para um estágio de proteinúria clínica (excreção de albumina > 200

mcg/min ou 300 mg/24 horas), geralmente acompanhada de hipertensão.

Em cinco a dez anos existe possibilidade de surgir a síndrome nefrótica,

com queda progressiva da função renal e instalação de um quadro de insuficiência

renal terminal. Nesse estágio, a sobrevida do paciente depende de diálise ou

transplante renal (Canani et al., 2006).

O período médio para o aparecimento de proteinúria em pacientes

diabéticos é de 17 anos, e da insuficiência renal, ocorre após cerca de 23 anos.

Page 12: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

12

2. Complicações macrovasculares

Das complicações macrovasculares, representadas pelas Doenças

Vasculares Ateroscleróticas: a Doença Coronariana, os Acidentes Vasculares

Cerebrais e a Insuficiência Vascular Periférica.

Ambos os tipos 1 e 2 de diabetes estão associados com doença

macrovascular acelerada, contabilizando-se em torno de 65 a 75% das mortes em

indivíduos diabéticos e muitas das incapacitações e custos de tratamento.

DM é um fator de risco independente para enfermidade cardiovascular tanto

em homens quanto em mulheres. Muitos pacientes com diabetes tipo 2 têm a

síndrome de resistência à insulina, que envolve um agrupamento de fatores de

risco cardiovascular.

Em adição, diabetes está associado com coagulopatia e disfunção

endotelial compondo os efeitos da hiperglicemia na promoção da aterogênese.

Notavelmente a incidência de doença macrovascular aumenta mesmo antes que

níveis de glicemia alcancem limites diagnósticos para diabetes (Clark e Perry,

1999). Aproximadamente 25% dos pacientes recém diagnosticados como

diabéticos tipo 2 têm doença cardiovascular evidente.

O risco de doença cardiovascular (DCV) está aumentado de duas a quatro

vezes, comparado a pacientes não-diabéticos. O risco de mortalidade por DCV em

diabéticos, é de duas a dez vezes maior em relação aos não-diabéticos.

A DCV é a principal causa de mortalidade entre pacientes com diabetes,

sendo responsável por até 50% das mortes (Geloneze et al, 2006).

Estudos epidemiológicos observacionais têm mostrado que a hiperglicemia

pós-prandial é um fator de risco independente para a DCV. Outras observações

também têm levado a acreditar que a hiperlipemia pós-prandial é uma situação

aterogênica comum aos pacientes com diabetes tipo 2 (Geloneze et al, 2006).

Alguns autores apontam para a presença de resistência a insulina,

obesidade abdominal e dislipidemia pós-prandial como fatores inter-relacionados

para o risco de doença coronariana, nomeando essa condição de “tríade mortal”

(Geloneze et al, 2006).

Page 13: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

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Modificação de hábitos incluem redução do peso, atividade física regular e

cessação do tabagismo.

3. Complicações neurológicas

Neuropatia diabética é o distúrbio neurológico demonstrável clinicamente ou

por métodos laboratoriais em pacientes diabéticos, excluindo-se outras causas de

neuropatia. O acometimento patológico do sistema nervoso no DM é geralmente

amplo e, muitas vezes, grave.

A prevalência da neuropatia diabética atinge níveis elevados com a

evolução temporal da doença, chegando geralmente a freqüências de 50% de

lesão neuropática em diferentes grupos de pacientes analisados em nosso meio e

no exterior. Entretanto essa prevalência pode aumentar significativamente,

chegando a valores próximos a 100% de acometimento, quando se utilizam

métodos diagnósticos de maior sensibilidade, como os eletrofisiológicos (SBD,

2006).

O distúrbio neurológico pode ser detectado precocemente na evolução do

DM do tipo 2, muitas vezes desde o momento do diagnóstico, enquanto nos

pacientes diabéticos do tipo 1 geralmente aparece cinco ou mais anos após o

diagnóstico.

Não existem evidências de que seu diagnóstico precoce possibilite

intervenções que mudem o curso clínico, porém a identificação da neuropatia

acometendo os membros inferiores identifica indivíduos em risco de desenvolver

lesões e, conseqüentemente, amputações em membros inferiores (Canani et al.,

2006).

São duas as formas clínicas das neuropatias diabéticas, as Neuropatias

Sensitivo-Motoras e as Neuropatias Autonômicas.

Page 14: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

14

3.1. Neuropatias Sensitivo-Motoras

Das neuropatias sensitivo-motoras a Polineuropatia Sensitivo-Motora

Simétrica Distal é a mais comum, apresenta-se em três estágios: inicial,

sintomático e grave.

O período sintomático é caracterizado por perda da sensibilidade,

dormência e, muitas vezes, parestesias e/ou dor. O estágio grave apresenta

envolvimento motor com sintomas de limitação e com potencial para ulceração

nos membros inferiores (Canani et al., 2006).

As pequenas fibras desmielinizadas podem inicialmente ser afetadas com a

perda da habilidade de sentir estímulo doloroso, perda da sensação térmica e dor

neuropática (Poncelet, 2003).

A incidência da polineuropatia diabética em pacientes com diabetes alcança

de 10 a 50%. Aproximadamente 10% dos pacientes têm neuropatia no momento

em que o diabetes é diagnosticado e mais da metade dos adultos com diabetes

têm neuropatia após 25 anos.

A incidência é semelhante, indiferente do tipo de diabetes. A severidade da

neuropatia está relacionada com a duração da doença, idade, controle metabólico,

presença de hipertensão e hiperlipidemia. Sua patogenesia não é completamente

entendida, porém é de geral concordância de que a principal causa é o excesso

de glicose. (Poncelet, 2003).

3.2. Neuropatias Autonômicas

Das neuropatias autonômicas a Neuropatia Autonômica Cardiovascular é

caracterizada pela resposta anormal da freqüência cardíaca a diferentes estímulos

(respiração profunda, levantar do decúbito, manobra de Valsalva).

A Hipotensão Postural também é uma neuropatia autonômica, muito

comum e pode ser suspeitada quando o paciente se queixa de náuseas, astenia,

tonturas, alterações visuais e até desmaios ao se levantar. Outras neuropatias

autonômicas encontradas são Gastrintestinal, Urogenital, Neuropatia Sudomotora,

Neuropatia Pupilar e Perda ou Deficiência na Percepção da Hipoglicemia (Canani

et al., 2006).

Page 15: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

15

4. Complicações vasculares e/ou complicações neurol ógicas

4.1. Pé Diabético

O pé diabético representa uma das mais mutilantes complicações crônicas

do DM diante do impacto social e econômico observado em todo o mundo. Os

mecanismos de afecção dos membros inferiores, quais sejam neuropatia

diabética, doença arterial periférica, ulceração ou amputação, afetam a população

diabética duas vezes mais que a não-diabética, atingindo 30% naqueles com mais

de 40 anos de idade.

Estima-se que 15% dos indivíduos com DM desenvolverão uma lesão no pé

ao longo da vida; no entanto, baseando-se na incidência anual populacional, que

varia de 1% a 4,1%, e de prevalência, entre 4% e 10%, essa incidência atinge

25% (SBD, 2006).

O fator mais importante, inquestionavelmente, para o surgimento de úlceras

em membros inferiores é a ocorrência de neuropatia diabética que afeta 50% das

pessoas com DM com mais de 60 anos.

O aumento da pressão plantar relaciona-se à limitação da mobilidade

articular (tornozelo, articulação subtalar e metatarsofalangianas) e às

deformidades (proeminências, dedos em garra, dedos em martelo).

Traumas constituem outro fator importante, muitas vezes associados ao uso

de calçados inadequados, quedas, micoses e cortes de unhas errados.

A Doença Arterial Periférica acomete duas vezes mais pacientes diabéticos

do que não-diabéticos, é mais freqüente no segmento femoropoplíteo e pequenos

vasos distais abaixo do joelho (tibiais e pediosos). Distúrbios intrínsecos para

cicatrização (função do colágeno e metaloproteinases) e imunológicos (deficiente

defesa pelos polimorfonucleares) estão envolvidos no processo de ulceração

(SBD, 2006).

As úlceras constituem a mais comum das complicações diabéticas: afetam

68/mil pessoas/ano nos Estados Unidos da América (EUA), precedem 85% das

amputações e tornam-se infectadas em 50% dos casos. Grande parte das úlceras

Page 16: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

16

com infecção é tratada em nível ambulatorial, mas o binômio úlcera/infecção

constitui a causa mais comum de internações prolongadas, concorrendo para 25%

das admissões hospitalares nos EUA (SBD, 2006). David et al (1998)

descreveram os fatores de risco para amputação de extremidade inferior em pé

diabético:

• Ausência de sensação protetora secundária a neuropatia periférica;

• Insuficiência arterial;

• Deformidade de pé e formação de calo resultando em áreas focais de alta

pressão;

• Neuropatia autonômica ocasionando decréscimo de transpiração e secura

da pele, com fissuras;

• Mobilidade articular limitada;

• Obesidade;

• Visão prejudicada;

• Pobre controle glicêmico, levando ao prejuízo da cicatrização de ferida;

• Calçado inadequado que ocasione ruptura da pele ou a proteja

insatisfatoriamente, por alta pressão ou forças cortantes;

• História de úlcera em pé ou amputação prévia de extremidade inferior.

Page 17: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

17

V - COMPLICAÇÕES METABÓLICAS AGUDAS

Em diabéticos existem três tipos de complicações metabólicas principais:

Quadro 2 – Sinais e sintomas

Fonte: Ministério da Saúde (2006)

1. Cetoacidose diabética

Cetonúria

Respiração de Kussmaul

Hipotensão ortostática

Letargia

Ocorrência de náuseas e vômitos

Dores abdominais

2. Síndrome Hiperglicêmica Hiperosmolar Não cetônic a

Hipotensão

Alteração do Sistema Sensorial (equilíbrio, marcha, nível de consciência e

percepção, etc)

Convulsões

Turgor cutâneo diminuído

3. Hipoglicemia (glicemia < 70 mg/dl)

Sintomas neuroglicopênicos: fome, tontura, fraqueza, dor de cabeça, confusão,

coma e convulsão

Manifestações de liberação do sistema nervoso simpático: sudorese, taquicardia,

apreensão e tremor

Page 18: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

18

VI – ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR

Segundo o Ministério da Saúde, a classificação de risco de cada indivíduo

deve ser avaliada pelo cálculo do escore de Framingham. Os indivíduos são

classificados em três níveis de risco de desenvolvimento de eventos

cardiovasculares maiores em 10 anos: morte por causa cardiovascular, infarto do

miocárdio e acidente vascular cerebral.

São atribuídos pontos para idade, pressão arterial sistólica (PAS) e

diastólica (PAD), colesterol total (CT), fumo (qualquer consumo de cigarro no

último mês) e presença ou não de Diabetes Mellitus (DM) segundo uma

estratificação pré-estabelecida.

Quadro 3 – Cálculo do escore de Framingham para hom ens e mulheres

Fonte: Ministério da Saúde (2006)

Passo 1:

Idade Homens Mulheres

30-34 -1 -9

35-39 0 -4

40-44 1 0

45-49 2 3

50-54 3 6

55-59 4 7

60-64 5 8

65-69 6 8

70-74 7 8

Passo 2:

CT Homens Mulheres

<160 -3 -2

160-199 0 0

200-239 1 1

240-279 2 1

≥280 3 3

Passo 3:

HDL-C Homens Mulheres

<35 2 5

35-44 1 2

45-49 0 1

50-59 0 0

≥60 -1 -3

Passo 4:

PAS PAD Homens Mulheres

<120 <80 0 -3

120-129 80-84 0 0

130-139 85-89 1 0

140-159 90-99 2 2

≥160 ≥110 3 3

* Quando os valores da PAS e PAD forem

discordantes, usar o mais alto.

Page 19: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

19

Passos 5 e 6:

Fumo Homens Mulheres

Sim 2 2

Não 0 0

Passo 7: somar os pontos

Passo 8:

Homens

Pontos

Homens

Risco

(%)

Mulheres

Pontos

Mulheres

Risco

(%)

<-1 2 <-2 1

0 3 -1 2

1 3 0 2

2 4 1 2

3 5 2 3

4 7 3 3

5 8 4 4

6 10 5 4

7 13 6 5

8 16 7 6

9 20 8 7

10 25 9 8

11 31 10 10

12 37 11 11

13 45 12 13

>14 53 13 15

14 18

15 20

16 24

>17 27

Page 20: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

20

Quadro 4 – Classificação do risco cardiovascular gl obal individual dos pacientes em

função do escore de Framingham e da presença de les ões em órgão-alvo

Fonte: Ministério da Saúde (2006)

BAIXO RISCO Risco pelo escore de

Framingham <10% em 10 anos

RISCO MODERADO Risco pelo escore de

Framingham 10% a 20% em 10 anos

ALTO RISCO Risco pelo escore de

Framingham <20% em 10 anos

Page 21: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

21

VII - TRATAMENTO

1. Objetivos

São três os objetivos da terapêutica do diabetes: controlar sintomas

agudos, prevenir as complicações e promover a qualidade de vida dos

pacientes.

As estratégias que utilizadas atualmente para alcançar esses objetivos

são o controle dos níveis glicêmicos, o controle dos doenças associadas, o

diagnóstico precoce dos diabéticos (ou de preferência dos pré-diabéticos),

assim como o tratamento e reabilitação das complicações da doença (Schmidt,

1996).

O controle metabólico do diabetes visa primariamente o controle

glicêmico; no entanto, a síndrome metabólica que muitas vezes apresenta-se

em associação requer um manejo integrado das várias alterações:

hiperglicemia, dislipidemia, hipertensão, obesidade e obesidade central

(Schmidt, 1996).

O paciente deve ser continuamente estimulado a adotar hábitos de vida

saudáveis, a manterem (ou buscarem alcançar) o peso ideal, manterem ou

iniciarem prática regular de exercícios físicos, suspenderem o tabagismo e

reduzirem o consumo de bebidas alcoólicas (Sociedade Brasileira de Diabetes,

2003).

2. Tratamento medicamentoso da hiperglicemia no dia betes tipo 2

Sendo o diabetes uma doença evolutiva, quase todos os pacientes irão

requer tratamento farmacológico, muitos deles com insulina, uma vez que as

células beta do pâncreas tendem a progredir para um estado de falência parcial

ou total ao longo dos anos.

Page 22: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

22

Quadro 5 – Fármacos para o tratamento da hiperglice mia do diabetes tipo 2 Fonte: Ministério da Saúde (2006)

Medicamento Posologia

(dose diária

habitual)

Efeitos Colaterais Observações

Glibenclamida

5 mg

(Daonil)

2,5 a 5

mg/dia

(dose

máxima =

20 mg)

Risco de hipoglicemia grave

(sobretudo idosos)

Cefaléia, tonturas, fraqueza,

zumbido

Náuseas, vômitos, dor

epigástrica ou abdominal,

anorexia

Constipação, gosto metálico

Hepatite, colestase e aumento

de transaminases

Erupção cutânea, prurido,

fotossensibilização, urticária,

alergia

Eritema nodoso, Stevens-

Johson

Anemia, plaquetopenia,

leucopenia, agranulocitose,

vasculite

Hiponatrenia

Contra-

indicado diante

acidose grave,

ceto-acidose,

coma

diabético,

disfunção renal

e hepática

Metformina

850 mg

(Glucoformim)

1500 a 2000

mg/dia

(dose

máxima =

2550 mg)

Contra-

indicada no

diabetes tipo 1,

na história

previa de

acidose lática

e na

insuficiência

renal

Page 23: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

23

VIII - AVALIAÇÃO LABORATORIAL INICIAL DO PACIENTE

DIABÉTICO

Quadro 6 – Avaliação laboratorial inicial do pacien te diabético

Fonte: Ministério da Saúde (2006)

EXAME VALOR DE REFERÊNCIA PERIODICIDADE

Glicemia de Jejum De 70 a 100 mg/dL Trimestral

Hemoglobina Glicada

(A1C)

< 7% A cada 3 meses até alcançar

controle; depois, a cada 6

meses

Colesterol Total (CT),

LDL e HDL

CT até 200 mg/dL; LDL até

100 mg/dL*;

HDL > 40 mg/dL*

Anual

Triglicérides (TGC) TGC até 200 mg/dL Anual

Creatinina (1)

Mulheres até 1,3 mEq/dL

Homens até 1,5 mEq/dL

Anual

Urina I Verificar infecção urinária

(leucócitos > 10.000/ml),

proteinúria (o esperado é

zero), corpos cetônicos (o

esperado negativo) e

sedimentos (cristais

anormais: fosfato amoníaco

magnesiano, cistina, tirosina

e leucina)

Anual

Microalbuminúria

(diabetes tipo 2)

>30mg/24h Anual

Page 24: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

24

EXAME VALOR DE REFERÊNCIA PERIODICIDADE

TSH (diabetes tipo 1) 0,4 a 5,0 mU/l Anual

Eletrocardiograma

(ECG), em adultos

Verificar presença de

sobrecarga do ventrículo

esquerdo (QRS > 35 mm na

derivação V6)

Anual

(1) Equação de Cockcroft-Gault (para estimar a depuraçã o de creatinina):

Ccr ml/in = (140-idade)*peso*(0,85, se mulher)

72*Cr sérica (mg/dl)

Page 25: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

25

IX - PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

1. Introdução

Os pacientes diabéticos da rede de saúde AQUI VAI UMA EXPLICAÇÃO

SOBRE O PROGRAMA MUNICIPAL

2. Conservação e transporte de insulina

A insulina é um hormônio que deve ser conservado de maneira

adequada, para que sejam garantidas as suas propriedades farmacológicas.

Estejam atentos, portanto, às seguintes orientações:

• Frascos de insulina NUNCA devem ser congelados (temperatura

abaixo de 2°);

• Evitar expor os frascos à luz do sol, pois a insulina pode sofrer

degradação;

• Evitar deixar os frascos em locais muito quentes, como o porta-luvas

do carro, perto do fogão, etc.;

• As insulinas devem ser armazenadas em geladeiras, ma porta ou

parte inferior;

• A insulina que está em uso poderá ser mantida em temperatura

ambiente (15°C a 30°C), por até um mês. Nesse caso, deixar o frasco no

lugar mais fresco da casa, como, por exemplo, perto do filtro de água.

• Não usar a insulina se notar mudança de cor e presença de grânulos;

• Em caso de viagem, colocar os frascos de insulina em bolsa térmica

ou caixa de isopor. Não precisa colocar gelo. Caso não tenha bolsa

térmica ou isoppor, leve o frasco em bolsa comum, junto a você, onde

não receba a luz do sol diretamente.

3. Monitorização da glicemia capilar

Pode ser realizada no âmbito ambulatorial ou em casa, pelo próprio

paciente ou cuidador, respeitando a seguinte técnica:

Page 26: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

26

• Preparar o material: algodão com álcool 70%, tira reagente, lanceta e

aparelho;

• Lavar as mãos com água e sabão e secá-las adequadamente;

• Retirar uma fita reagente do recipiente e fechá-lo imediatamente após,

pois os reagentes das fitas deterioram rapidamente em contato com o

ar;

• Lancetar a extremidade lateral do dedo e mantê-lo abaixo do nível do

coração, com a área lancetada voltada para o chão, para facilitar a

formação da gota. Se a saída de sangue for insuficiente, ordenhar o

dedo a partir da base;

• Assim que houver a formação de uma gota suficiente, encostar a fita

reagente na gota até ocorrer absorção por capilaridade;

• Introduzir a fita no aparelho para leitura a aguardar o resultado;

• Registrar os resultados.

4. Técnica de aplicação de insulina

A aplicação de insulina pode ser realizada pelo profissional de saúde,

familiar ou pelo próprio paciente. É importante seguir atentamente cada etapa

para que erros sejam evitados.

A técnica empregada é a mesma para qualquer pessoa que vá realizar

este procedimento.

a) Material necessário:

• Seringa e agulhas estéreis;

• Insulina;

• Álcool 70%;

• Chumaço de algodão.

b) Reutilização de seringas descartáveis:

De acordo com a recomendação dos fabricantes, as seringas/agulhas

descartáveis para aplicação de insulina não devem ser reutilizadas.

Page 27: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

27

Na prática, entretanto, a bibliografia internacional sobre o assunto

considera como segura a reutilização limitada do conjunto seringa/agulha,

desde que respeitadas as orientações sobre armazenamento em geladeira ou

em lugar adequado, com a devida proteção da agulha por sua capa protetora

plástica. A higiene das mãos é fundamental para proporcionar a necessária

segurança quanto à reutilização do conjunto seringa/agulha. Com base nessas

considerações, consideramos adequada a sua reutilização por até 8

aplicações, sempre pela mesma pessoa.

Optando-se pela reutilização, a seringa deve ser retampada e guardada,

em temperatura ambiente ou sob refrigeração (na gaveta ou porta da

geladeira). Para a reutilização, devem ainda ser considerados os seguintes

aspectos:

• Ausência de ferida aberta nas mãos e de infecções de pele no local de

aplicação;

• O diabético deve ter destreza manual, ausência de tremores e boa

acuidade visual, sendo capaz de reencapar a agulha com segurança.

A limpeza da agulha não deve ser feita com álcool, porque é capaz de

remover o silicone que a reveste, tornando a aplicação mais dolorosa. As

seringas reutilizadas devem ser descartadas quando a agulha se torna romba,

curva ou entra em contato com alguma superfície diferente da pele e logo que

a aplicação se torne muito mais dolorosa.

Page 28: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

28

Figura 1 – Preparação da insulina

Fonte: Ministério da Saúde (2006)

Injetar o ar de dentro da seringa

no frasco. Isto permite que a

insulina seja facilmente retirada

do frasco.

Virar o frasco e a seringa para baixo. Puxar o êmbolo lentamente, para aspirar a insulina para dentro da seringa.

Verificar se existem bolhas de ar. Para tirá-

las, bater com o dedo na parte da seringa onde elas estão ou injetar a

insulina de volta para o frasco. Em seguida,

retirar a dose de insulina que você vai usar.

SERINGA DE 1 cc CADA SUBDIVISÃO = 2 UNIDADES

Protetor de agulha

Êmbolo

SERINGA DE 0,5 cc CADA SUBDIVISÃO = 1 UNIDADE

Protetor de agulha

Cânula

Corpo da seringa

Protetor de êmbolo

Lavar bem as mãos com água e sabão

Limpar a tampa do frasco usando algodão com álcool.

Rolar o frasco entre as mãos para

misturar a insulina. Não agitar o frasco.

Retirar o protetor e evitar

encostar os dedos na

agulha para que não ocorra contaminação.

Puxar o êmbolo até a marca da quantidade de insulina que você usa.

Page 29: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

29

Figura 2 – Como aplicar a insulina

Fonte: Ministério da Saúde (2006)

Escolher o local para aplicar a insulina. Limpar a pele usando algodão com álcool e deixar secar. Manter uma distância de mais ou menos 2 cm do local onde você tomou a injeção anterior, se a área do corpo for a mesma.

Ao iniciar a aplicação da insulina, se for encontrada a presença de sangue na seringa, seguir as seguintes orientações: a) Sangue em pequena quantidade: continuar a aplicação; b) Sangue em grande quantidade: parar a aplicação. Jogue fora a seringa com a insulina e prepare outra dose.

Fazer uma prega na pele onde você vai aplicar a insulina. Pegar na seringa como se fosse um lápis. Introduzir a agulha na pele, num ângulo de 90°, soltar a prega cutânea. Obs.: em pessoas muito magras ou crianças menores, a injeção poderá ser feita num ângulo de 45° para evitar que seja plicada no músculo.

Injetar insulina, empurrando o êmbolo até o final. Retirar a seringa e fazer uma leve pressão no local, usando o algodão com álcool.

Page 30: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

30

Figura 3 – Locais para aplicação da insulina

Fonte: Ministério da Saúde (2006)

LOCAIS PARA APLICAÇÃ O DA INSULINA (Embaixo da pele, ou seja, no tecido subcutâneo)

BRAÇOS

(parte externa e superior)

COXAS (parte anterior e lateral)

REGIÃO ABDOMINAL

REGIÃO GLÚTEA

Você deve fazer o rodízio na aplicação diária de in sulina para evitar complicações tais como hipertrofia ou atrofi a do local.

Evite aplicar a insulina perto das juntas, na área da virilha, no

umbigo e na linha média do abdome.

Page 31: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

31

X – ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO

1. Desenvolver atividades educativas, por meio de ações individuais

e/ou coletivas com os diabéticos, bem como todas as pessoas da comunidade;

2. Capacitar os auxiliares de enfermagem e os agentes comunitários e

supervisionar, de forma permanente, suas atividades;

3. Realizar consulta de enfermagem com pessoas com maior risco para

diabetes tipo 2, identificadas pelos agentes comunitários, definindo claramente

a presença do risco e encaminhando ao médico da unidade para rastreamento

com glicemia de jejum quando necessário;

4. Realizar consulta de enfermagem, abordando fatores de risco,

estratificando risco cardiovascular, orientando mudanças no estilo de vida e

tratamento não-medicamentoso, verificando adesão e possíveis intercorrências

ao tratamento e encaminhando o indivíduo ao médico quando necessário;

5. Estabelecer, junto à equipe, estratégias que possam favorecer a

adesão (grupo de pacientes diabéticos);

6. Programar junto à equipe estratégias para a educação do paciente;

7. Solicitar, durante consulta de enfermagem, os exames de rotina

definidos por este protocolo;

8. Orientar pacientes sobre auto-monitorização (glicemia capilar) e

técnica de aplicação de insulina;

9. Repetir a medicação de indivíduos controlados e sem intercorrências;

10. Encaminhar os pacientes portadores de DM, seguindo a

periodicidade descrita neste protocolo, de acordo com a especificidade de cada

caso (com maior freqüência para indivíduos não aderentes, de difícil controle,

portadores de lesões de órgãos-alvo ou com co-morbidades) para consultas

com o médico da equipe;

11. Acrescentar na consulta de enfermagem, o exame dos membros

inferiores para identificação do pé em risco, realizar também cuidados

específicos nos pés acometidos e nos pés em risco;

12. Prosseguir, se acordo com o plano individualizado de cuidado

estabelecido junto ao portador de diabetes, os objetivos e metas do tratamento

(estilo de vida saudável, níveis pressóricos, hemoglobina glicada e peso);

Page 32: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

32

13. Organizar junto ao médico, e com participação de toda equipe de

saúde, a distribuição das tarefas necessárias para o cuidado integral dos

pacientes portadores de DM;

14. Usar os dados do cadastro e das consultas de revisão dos pacientes

para avaliar a qualidade do cuidado prestado em sua unidade e para planejar

ou reformular as ações de saúde.

Page 33: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

33

XI - CONSULTA DE ENFERMAGEM

1. Primeira consulta de enfermagem:

Quadro 7 – Roteiro para a primeira consulta de enfe rmagem

Fonte: Ministério da Saúde

Histórico de Enfermagem

Entrevista

Identificação: sexo, idade, raça, condição socioeconômica, profissão

Perfil psicossocial: fatores ambientais e psicossociais, sintomas de depressão,

ansiedade e pânico, situação familiar, condições de trabalho e grau de

escolaridade

Antecedentes pessoais e familiares (pai e mãe) de DM e complicações

cardiovasculares (IAM, AVC)

Histórico gestacional para as mulheres: macrossomia, DM gestacional

Conhecimento do cliente em relação ao Diabetes

História atual e pregressa da doença: início e evolução dos sintomas, estado

atual, tempo de diagnóstico, tratamentos anteriores e atual, adesão e reações

adversas

Exames laboratoriais anteriores

Hábitos alimentares, estado nutricional e evolução ponderal

Hábitos de vida: tabagismo, etilismo, drogadição, atividade física, crenças

Infecções de pés, pele, dentária, geniturinário (prévias e atuais)

Úlceras de extremidades, parestesias e distúrbios visuais

Os pacientes com Diabetes tipo 1 deverão ser investigados quanto a sinais e

sintomas de cetoacidose diabética (cetonúria, respiração de Kussmaul,

hipotensão ortostática, letargia, presença de náuseas e vômitos, queixas de

dores abdominais)

Os pacientes com diabetes tipo 2, deverão ser investigados quanto a sinais e

sintomas de Síndrome Hiperglicêmica Hiperosmolar Não cetônica (SHHNC),

como hipotensão, sistema sensorial alterado, convulsões, turgor cutâneo

diminuído

Page 34: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

34

Exame físico

Dados antropométricos: peso, altura, IMC (< 25 Kg/m2), relação cintura/quadril

(< 0,9 em homens e < 0,85 em mulheres)

Palpação da tireóide

Exame da cavidade oral: gengivite, problemas odontológicos, candidíase

Pulsos periféricos (femoral, poplíteo e pedioso)

Edema

Exame neurológico: reflexos, sensibilidade térmica, tátil, vibratória e dolorosa

Aferição da PA

Exame dos pés

O exame dos pés que inclui a palpação dos pulsos tibial posterior e

pedioso (pode estar ausente em 10% dos indivíduos normais) e medida da

sensibilidade. Em cada consulta deverá ser realizada inspeção dos pés para

avaliar: aspecto das unhas (encravadas e/ou deformadas), deformidades dos

dedos e do arco plantar, áreas de calosidades, rachaduras, fissuras e bolhas,

úlceras e intertrigo micótico.

A detecção de diminuição sensibilidade ao monofilamento em mais de 4

pontos testados ou diminuição sensibilidade vibratória define o paciente em

risco para úlceras. Estes pacientes devem receber material informativo de

educação e serem avaliados a intervalos de 3 meses.

A origem do pé diabético pode ser neuropática ou isquêmica.

Para definir a origem do pé diabético sugerimos a seguinte classificação:

Page 35: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

35

Pé neuropático Pé esquêmico

Quente Frio

Rosado Pálido à elevação

Pele seca e fissurada Cianótico ao declive

Deformações Pele fina e brilhante

Insensível a dor Sensação dolorosa

Pulsos amplos Pulsos diminuídos ou ausentes

Veias ingurgitadas Aumento do tempo de enchimento

capilar

Edemaciado Sem edema

Úlceras redondas com anel

querostático purulento, não dolorosas

do primeiro ao quinto metacarpo e

calcâneo posterior

Úlceras látero-digitais, sem anel

querostático e dolorosas

Segundo o consenso internacional de diabetes são fatores de risco

para o pé diabético: úlcera ou amputação prévias, complicações tardias da

diabetes, diminuição da acuidade visual, desconhecimento dos riscos da

doença, condições socioeconômicas deficientes, depressão, pele seca do pé,

presença de calosidades, gretas ou onicomicose, presença de edema,

deformidade dos dedos ou rigidez articular, neuropatia, doença arterial

periférica, uso inadequado de meias e calçado.

Conduta de Enfermagem

Fornecer informações sobre a doença e prevenção das complicações

Estimular adesão ao tratamento, orientando o uso correto das medicações

prescritas e os possíveis efeitos adversos das mesmas

Fornecer orientações dietéticas

Estimular mudanças nos hábitos de vida

Estabelecer objetivos e metas em conjunto com o cliente

Fornecer orientações e estimular a auto-monitorização da glicemia e aplicação

de insulina

Estimular o auto-cuidado, considerando os fatores físicos e sociais que possam

comprometer a capacidade do paciente de realizá-lo, como déficit visual, déficit

Page 36: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

36

de coordenação motora (que poderá ser observado durante o manuseio da

seringa ou lanceta), déficits neurológicos, analfabetismo ou baixa escolaridade,

recursos financeiros limitados, presença ou ausência de apoio familiar,

programação de rotina diária

Orientações de cuidados com os pés:

• Realizar observação diária dos pés incluindo as áreas entre os dedos. Se

necessário pedir auxílio de um cuidador ou familiar para fazê-lo, ou utilizar um

espelho .

• Lavar cuidadosamente os pés atentando para :

Temperatura da água (< 37º C)

Após o banho secar cuidadosamente os pés especialmente entre os dedos.

• Não expor os pés a temperaturas extremas (muito frio ou muito calor).

• Não utilizar calçados sem meias.

• Usar meias de lão ao algodão, que tenham preferencialmente a costura para

fora ou que não tenha costuras. Use meias de cor clara para identificar

facilmente qualquer tipo de secreção que possa aparecer.

• Trocar as meias diariamente.

• Não caminhar descalço

• O calçado do diabético deverá apresentar as seguintes características:

Ter um centímetro de folga além dos dedos;

solado não deverá ter mais de dois centímetros de altura e deverá ser

preferencialmente de borracha (tênis);

A região do calcâneo deverá estar firme ao pé;

O dorso do calçado deverá ser alto, apertado e ajustável (com cadarços ou

velcro);

Possuir palmilha removível passível de substituição;

A troca do modelo de sapatos deverá ser feita de maneira gradual;

Ser constituído de material que absorva umidade, permitindo a

transpiração.

• Inspecionar diariamente o interior dos sapatos antes de calça-los.

• Não cortar as unhas rentes a pele evitando lesões.

• Não cortar os calos e não utilizar produtos químicos para retirar calosidades.

Page 37: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

37

• Realizar acompanhamento junto ao podológo ou profissional da saúde,

principalmente para tratamentos de calosidades.

• Aplicar cremes hidratantes para diminuir o ressecamento da pele, porém

não utiliza-lo entre os dedos.

Solicitar os exames preconizados neste protocolo para avaliação inicial do

paciente portador de Diabetes

Medicação:

A indicação de medicamentos hipoglicemiantes deverá ser a critério médico,

sendo de competência do enfermeiro, a transcrição dos medicamentos nos

seguintes casos:

1. Perda de receita médica dentro do prazo de validade registrado em

prontuário, de clientes com controle glicêmico adequado;

2. Receitas com prazo de validade vencido, desde que o cliente esteja com

consulta médica agendada para uma data próxima (sugerimos fornecer a

quantidade de comprimidos até a data da consulta).

OBS.: 1. Somente poderão ser transcritos os medicam entos que constam

da REMUME:

- Metformina 850mg;

- Glibenclamida 5mg;

- Insulina Humana NPH e Regular.

2. A transcrição deve ser registrada no prontuário do paciente.

3. Para os pacientes com níveis glicêmicos controla dos, a enfermeira

poderá validar a prescrição médica para os próximos 6 meses.

Page 38: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

38

2. Consultas subseqüentes:

Quadro 8 – Roteiro para as consultas subseqüentes d e enfermagem Fonte: Ministério da Saúde (2006)

Histórico de Enfermagem

Entrevista

Complementar o histórico de enfermagem se houver necessidade

Registrar o medicamento em uso (tipo, dosagem, quantidade e horários) e

checar o uso correto conforme prescrição médica

Checar curva glicêmica (ambulatorial ou auto-monitorização) e exames

complementares

Verificar técnica correta de auto-monitorização da glicemia capilar e aplicação

de insulina e orientar quando necessário

Verificar se o paciente mantém dieta prescrita e hábitos adequados

Checar e estimular a execução de atividades físicas

Queixas atuais

Os pacientes com Diabetes tipo 1 deverão ser investigados quanto a sinais e

sintomas de cetoacidose diabética (cetonúria, respiração de Kussmaul,

hipotensão ortostática, letargia, presença de náuseas e vômitos, queixas de

dores abdominais)

Os pacientes com diabetes tipo 2, deverão ser investigados quanto a sinais e

sintomas de Síndrome Hiperglicêmica Hiperosmolar Não cetônica (SHHNC),

como hipotensão, sistema sensorial alterado, convulsões, turgor cutâneo

diminuído

Exame físico

Realizar conforme descrito para primeira consulta de enfermagem

Conduta de Enfermagem

Entregar resultados dos exames solicitados

Calcular o risco cardiovascular utilizando o escore de Framingham

Realizar as orientações referentes ao risco identificado pelo escore de

Framingham

Avaliar se os objetivos traçados na consulta anterior foram alcaçados e

adequá-los se necessário

Page 39: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

39

Medicação: idem à primeira consulta

Os exames de rotina devem ser solicitados conforme a periodicidade descrita

do Quadro 4

É importante lembrar que os aspectos emocionais do paciente poderão estar

alterados entre uma consulta e outra, e deles dependem o envolvimento do

paciente com o tratamento. Neste momento é importante verificar se há sinais

de ansiedade, preocupações com relação ao diabetes, revolta/aceitação com

relação ao diagnóstico, etc

Encaminhar para consulta médica em caso de queixas ou sintomas

Page 40: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

40

XII - ORIENTAÇÕES

1. Alimentação

A nutrição é parte fundamental do plano terapêutico do diabetes,

podendo reduzir a hemoglobina glicada entre 1-2%. Baseia-se nos mesmos

princípios básicos de uma alimentação saudável:

• A alimentação deve ser adequada à atividade física e fracionada em 5

a 6 refeições diárias.

• A ingestão diária deve conter de 50 a 60% de caboidratos, a maior

parte na forma complexa. Assim, os pacientes devem ser encorajados a comer

alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras, legumes, feijões e cereais

integrais.

• A ingestão diária deve conter no máximo 30% de gorduras, sendo não

mais de um terço sob a forma de ácidos graxos saturados; não exceder a 300

mg/ dia de colesterol.

• Alimentos que contêm sacarose (açúcar comum) devem ser evitados

para prevenir oscilações acentuadas da glicemia. Quando consumidos, o limite

é de 20 a 30 g por dia de açúcar de forma fracionada e substituindo outro

carboidrato para evitar o aumento calórico.

• A ingestão de álcool, quando consumido, deve ser moderada e de

preferência com as refeições. O limite diário é de uma a duas doses, isto é, 10-

20 g de álcool/dia. Um copo (90 ml) de vinho contém 1,1 doses, uma lata de

cerveja (350 ml) 1,7 doses, e uma dose (35 ml) de destilados 2 doses de

álcool. Pacientes com hipertrigliceridemia, ou mau controle metabólico devem

deixar de ingerir bebidas alcoólicas.

• O uso moderado de adoçantes não-calóricos (ciclamato, sucralose,

sacarina, aspartame, acesulfame e stévia) é seguro quando consumido em

quantidades adequadas. Os alimentos dietéticos podem ser recomendados,

porém é preciso ficar atento sobre seu conteúdo calórico e de nutrientes:

a) Alimentos diet são isentos de sacarose, quando destinados a

indivíduos diabéticos, podem ter valor calórico elevado, por seu teor de

gorduras ou outros componentes.

Page 41: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

41

b) Alimentos light são de valor calórico reduzido em relação aos

alimentos convencionais. Possuem 25% a menos de componentes como

açucares, gorduras, proteínas e sódio.

c) Os refrigerantes e as gelatinas dietéticas têm valor calórico próximo

de zero e podem ser consumidos. Por outro lado, chocolate, sorvete, alimentos

com glúten (pão, macarrão, biscoitos), mesmo quando diet, são calóricos e seu

uso não deve ser encorajado.

d) Adoçantes calóricos como a frutose (p.ex., o mel) devem ser usados

com restrição, respeitando as limitações indicadas na orientação dietética.

Cerca de 80% dos pacientes recém-diagnosticados são obesos. Sendo

assim, as medidas para o controle de peso adquirem uma importância maior.

Alguns aspectos merecem destaque:

• A perda de peso é recomendada para todos os pacientes com

sobrepeso ou obesidade.

• A abordagem primária para alcançar a perda de peso é mudanças de

estilo de vida, incluindo a redução da ingestão calórica e também o aumento da

atividade física. É importante salientar que perdas modestas de peso da ordem

de 5% a 10% trazem benefícios metabólicos significativos.

• A dieta deverá apresentar redução de 500 kcal a 1.000 kcal do valor

energético diário previsto, que permitem perdas ponderais de 0,5 kg a 1 kg por

semana.

Para a maioria dos pacientes, a perda de peso pode ser alcançada com

uma dieta com 1.000-1200 kcal/ dia (mulheres) e 1.200-1.600 kcal/ dia

(homens).

• Pacientes que não conseguem emagrecer podem estar precisando de

maior suporte emocional ou orientação nutricional mais individualizada para

vencer o desafio da mudança de estilo de vida.

Pacientes que utilizam insulina devem procurar manter seu padrão

alimentar constante a cada dia, incluindo o valor energético total, a quantidade

de carboidratos e a distribuição nas diferentes refeições.

1.1. Usando a Pirâmide de Alimentos A Pirâmide de Alimentos para Diabetes tem 6 seções para grupos de

alimentos.

Page 42: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

42

O maior grupo – grãos, feijão, lentilha, ervilha, grão de bico – está na

base da pirâmide. Significa que você deve orientar seu paciente a comer mais

porções de grãos, feijões, etc..., do que outros alimentos.

O menor grupo – gorduras, doces, e álcool – estão no topo da pirâmide.

Isto significa que você deve orientar seu paciente a consumir pouquíssimas

porções de alimentos desse grupo.

O número exato de porções depende das metas que seu paciente

diabético tem que atingir e as comidas que ele gosta de comer.

Figura 1 – Pirâmide de Alimentos

Fonte: American Diabetes Association – ADA. Disponí vel em www.diabetes.org

O Primeiro Passo é orientar seu paciente a realizar estas mudanças

alimentares de maneira gradativa. Segue abaixo algumas orientações úteis:

• Iniciar a dieta aumentando a ingesta de frutas e verduras e diminuindo

as carnes e os doces;

• Comer grande variedade de alimentos: isso aumenta a ingesta de

diversos nutrientes;

• Aumentar a ingesta de fibras (frutas, legumes, grãos em geral e

feijões);

• Diminuir a ingesta de alimentos ricos em gorduras, açúcar, mel,

refrigerantes, sorvetes e biscoitos;

Page 43: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

43

• Diminuir a ingesta de alimentos ricos em sal: congelados, enlatados,

embutidos, temperos industrializados etc;

• Retirar o saleiro da mesa;

• Estimular o uso de alimentos frescos e não processados;

• Evitar o uso de bebidas alcoólicas;

• Utilizar moderadamente os adoçantes não-calóricos (ciclamato,

sucralose, sacarina, aspartame).

• Alimentos light e diet são uma alternativa para variar a alimentação.

Em algumas situações o paciente não apresentará a diminuição

necessária de peso, nesse caso sugerimos orientar o paciente a buscar ajuda

de um nutricionista.

A seguir uma tabela de consulta dos principais grupos de

alimentos, suas propriedades e porções diárias indicadas por pessoa.

ALIMENTO PROPRIEDADES EXEMPLOS PORÇÕES

DIÁRIAS

Legumes

Grãos

Baixa quantidade de

gorduras e colesterol.

Grande quantidade

de vitaminas e

minerais.

Grãos, feijão,

vegetais, ervilhas,

batatas, etc.

Legumes: 3-4

porções

(colheres) grãos:

6-11 porções

Frutas Ricas em frutose o

que poderá alterar a

glicemia

Bananas, abacate,

pêra, maça, etc.

3 a 4 porções/dia.

Ex: 1 laranja, ½

pêra, ½ maça, 1

fatia de mamão.

Leite

e derivados

Os desnatados

possuem baixas

calorias e gorduras

saturadas, fornecem

Ca ao organismo.

Leite, iogurte,

queijos brancos.

2-3 porções,

evitando

derivados

integrais

Page 44: DIABETES_MELLITUS protocolo de enfermagem

44

ALIMENTO PROPRIEDADES EXEMPLOS PORÇÕES

DIÁRIAS

Carnes

Aves

Frutos do

mar

Proteínas Carne bovina, peito

de frango,

camarões, etc...

Correspondente

a 10-20% das

calorias ingeridas

no dia.

2 a 3 porções

Gorduras,

óleos, doces

e mel

Gorduras, colesterol

e glicose.

Torresmo,

enlatados,

mortadela, salgados

frito, fritutas em

geral, quindim,

sorvetes.

Use

moderadamente

Álcool hipoglicemia Vinho, cerveja,

pinga

Evitar

2. Atividade Física

A prática regular de atividade física é indicada a todos os pacientes com

diabetes, melhora o controle metabólico, reduz a necessidade de

hipoglicemiantes, ajuda a promover o emagrecimento nos pacientes obesos ou

com sobrepeso, diminui os riscos de doença cardiovascular e melhora a

qualidade de vida. Assim, a promoção da atividade física é prioritária.

Os profissionais de saúde podem indicar atividades físicas básicas,

como caminhada, bicicleta, dança, bem como o aumento da freqüência das

atividades cotidianas (varrer a casa, passar roupa, cozinhar, subir escadas,

etc).

Incentivar as prática de atividade física regular às atividades de vida

social é uma boa estratégia, pois praticá-los em grupos de amigos, familiares

ou em clubes e associações aumenta a adesão e facilita a continuidade.

As orientações de exercícios seguem as recomendações para adultos

saudáveis observando, no entanto, algumas especificidades:

• Escolher os melhores horários para exercitar-se;

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45

• Usar equipamentos e roupas confortáveis para a prática dos

exercícios;

• Sempre fazer alongamentos entes e após o término da atividade

física;

• Ingerir líquidos antes, durante e após as atividades;

• O exercício deve ser iniciado de forma gradual, como caminhadas por

5 a 10 min em terreno plano, aumentando semanalmente até alcançar 30 a 60

min diários, 5 a 7 dias por semana. Nesse processo, qualquer aumento de

atividade física deve ser valorizado como um ganho de saúde.

• Todos devem ser capazes de respirar e conversar confortavelmente

durante a realização do exercício;

• A intensidade de atividade física deve ser aumentada

progressivamente, tem como objetivo atingir uma intensidade moderada, ou

seja, 60 e 80% da freqüência cardíaca máxima calculada pela seguinte

expressão:

Freqüência cardíaca máxima = 220 – idade em anos

• Antes de iniciar um exercício vigoroso, é necessário afastar

complicações como retinopatia proliferativa, neuropatia autonômica e doença

cardíaca importante.

• Os calçados devem ser confortáveis, evitando bolhas e calosidades.

Os pacientes devem ser incentivados a observarem os pés após o banho

procurando identificar possíveis ferimentos indolores (em decorrência da perda

de sensibilidade característica).

• Indivíduos com perda significativa de sensibilidade nos pés devem

evitar caminhar em esteiras ou ao ar livre, correr, etc. Nesses casos, os

exercícios mais recomendados são natação, ciclismo, remo e exercícios

realizados na posição sentada. Casos com retinopatia proliferativa não tratada

ou tratada recentemente devem evitar exercícios que aumentam a pressão

intra-abdominal, que têm efeito semelhante à manobra de Valsalva, que

englobam movimentos rápidos da cabeça ou com risco de traumatismo ocular.

• As atividades ao gosto do paciente, como caminhar e dançar, devem

ser incentivadas. Na ausência de contra-indicações, deve ser encorajada

também a prática de exercício de resistência 3 vezes por semana, nos

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46

principais grupos musculares. As seguintes informações são importantes para

pacientes com diabetes menos estável, especialmente casos de diabetes tipo

1:

• Evitar realizar atividade física em jejum (>8 horas), ou logo após as

refeições principais;

• Para pacientes usuários de insulina:

Evitar aplicar insulina em local que será muito exercitado (p.ex.,

quando faz trabalho de fortalecimento de quadríceps, caminhada e corrida

evitar aplicação na perna, fazendo-a no abdômen), pois pode afetar sua

velocidade de absorção.

Se possível, realizar controle metabólico (glicemia capilar) antes da

atividade. Postergar o início do exercício com glicemia > 250 mg/dL no tipo I

(indica avaliação médica).

Ingerir um alimento contendo carboidrato se a glicemia for inferior a

100 mg/dL.

Ingerir carboidratos de fácil digestão antes, durante e depois de

exercício prolongado.

Aumentar a ingesta de carboidrato (para cada 30 minutos de

exercício, 10 a 15g) quando for praticar exercício.

Evitar exercitar-se no pico de ação da insulina.

Evitar exercícios de intensidade elevada e de longa duração (mais

que 60 minutos).

Carregar consigo um alimento contendo carboidrato para ser usado

em eventual hipoglicemia.

Estar alerta para os sinais e sintomas de hipoglicemia durante e

após o exercício.

3. Etilismo

A ingestão de álcool, quando consumido, deve ser moderada e de

preferência com as refeições. O limite diário é de uma a duas doses, isto é, 10-

20g de álcool/dia.

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47

Isso corresponde, para o homem, a ingestão de no máximo 720 ml de

cerveja (uma garrafa), 240 ml de vinho (uma taça) ou 60ml de bebida destilada

(uma dose). Para as mulheres, esses valores caem pela metade.

As pessoas que não conseguem se enquadrar nesses limites de

consumo devem ser encorajadas a abandonar o consumo de bebidas

alcoólicas.

4. Perda de Peso

Cerca de 80% dos pacientes recém-diagnosticados com diabetes são

obesos. Para eles, as medidas de controle de peso adquirem uma importância

ainda maior. Alguns aspectos merecem destaque:

• A perda de peso somente é recomendada para os pacientes com

sobrepeso ou obesidade;

• Iniciar com mudanças no estilo de vida: alimentares e de início da

prática de atividade física;

• As perdas de peso não devem ultrapassar 0,5 a 1,0 kg por semana;

• É importante salientar que perdas modestas de peso da ordem de 5 a

10% trazem benefícios metabólicos significativos.

5. Tabagismo

A recomendação do abandono do tabagismo deve ser universal. O risco

associado ao tabagismo é proporcional ao número de cigarros fumados e à

profundidade da inalação.

Os diabéticos fumantes devem ser sempre encorajados a abandonar o

vício:

• Aconselhe a parar de fumar de modo claro, forte e personalizado;

• Estimule-o a reduzir as situações que o levam a fumar, como por

exemplo, a ingestão de café;

• Estimule-o a reduzir o número de cigarros/dia;

• Prepare um plano de ação: defina a data de cessação, informe a

família e os amigos, peça apoio;

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48

• Esteja próximo ao seu paciente, estimulando-o a manter a decisão

tomada;

• Se o paciente tiver uma recaída, reinicie o processo e considere apoio

mais intenso.

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XIII – FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO À PACIENTES

DIABÉTICOS NO MUNICÍPIO DE DIADEMA

1. Fluxograma de atendimento do paciente não-diagno sticado na

demanda espontânea

Busca Ativa Demanda espontânea

Dx >70 e ≤100 Dx >100 a <200 Dx ≥200

CE: Consulta de Enfermagem CM: Consulta Médica

Sintomas: polidipsia, poliúria, polifagia e perda inexplicada de peso

Dextro (Dx)

CM imediata (considerar

outras causas)

CE: Solicitar glicemia de jejum

CE com resultado

< 100 ≥ 126 a < 200 Dx ≥200 > 100 a ≤ 125

CM (considerar

outras causas)

Solicitar: TTG 75/2h, Hemoglobina Glicada, Colesterol Total, LDL, HDL, Triglicérides, Creatinina, Urina I, Microalbuminúria (diabetes tipo 2) e ECG

Solicitar: Glicemia de jejum, Hemoglobina Glicada, Colesterol Total, LDL, HDL, Triglicérides, Creatinina, Urina I, Microalbuminúria (diabetes tipo 2) e ECG

CM com resultados

CM em uma semana

CM imediata

Solicitar glicemia casual CM imediata

Dx ≤70

CM imediata

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2. Fluxograma de atendimento do paciente diagnostic ado na demanda

espontânea

Dextro (DX)

Sintomático(1)

Orientações Verificar

adesão ao tratamento

CE: Consulta de Enfermagem CM: Consulta Médica

Assintomático

CM imediata

≤ 70 ou ≥ 270

CM imediata

> 160 e < 270

CE

(1) Hiperglicemia : polidpsia, polifagia, poliúria, desidratação, vômitos, alteração do nível de

consciência, visão turva, fadiga, náuseas, hiperventilação e dor abdominal.

Hipoglicemia : tontura, taquicardia, sudorese, alteração do nível de consciência, fraqueza,

tremores, cefaléia, convulsão e coma.

Outros sintomas : considerar a possibilidade de lesão em órgão-alvo e outras patologias.

> 70 e < 160

CE

Orientações Verificar

adesão ao tratamento

Avaliar outras causas (CM à

critério da Enfermeira)

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3. Fluxograma de Avaliação de risco

Avaliação Clínica Inicial

Doença vascular aterosclerótica estabelecida ou doença renal crônica

Não

Avaliação Inicial Laboratorial GLI, CT, LDL, HDL, TGC, K, Cr, TGO, TGP U1 e ECG

Para pacientes com diabetes: + hemoglobina glicada e microalbuminúria

Sim

Nefropatia Hipertrofia de ventrículo

esquerdo

Escore de risco individual

global de Framingham

BAIXO RISCO <10% em 10 anos Intervenções de

baixa intensidade

Aconselhamento quanto a: - Fumo - Nutrição: alimentação saudável - Manutenção de peso/cintura - Atividade física - Ênfase em medidas não farmacológicas - Consulta médica: diurético de baixa dose para hipertensão, estágio 1, quando presente - Vacinação anual contra influenza em adultos >60 anos

RISCO MODERADO 10% a 20% em 10 anos

Intervenções de moderada intensidade

Adicionar: - Intensificação de conselhos sobre estilo de vida - Nutrição: dieta com características cardioprotetoras - Considerar programa estruturado de atividade física - Consulta médica: considerar farmacoterapia contra tabagismo; aspirina em baixa dose

ALTO RISCO >20% em 10 anos

Intervenções de alta intensidade

Adicionar: - Intensificação de alvos de tratamento para hipertensão - Consulta médica: estatinas; beta-bloqueadores para pacientes pós-infarto, angina; IECA para pacientes diabéticos e com doença renal crônica

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4. Fluxograma de tratamento medicamentoso (somente para

médicos)

Diagnóstico de DM2

Considerar metformina , se IMC≥30kg/m2

Considerar insulina , se hipergligemia severa (≥270mg/dl), cetonúria e cetonemia, doença renal, infecção, cirurgia e emagrecimento rápido e inexplicado

Mudança efetiva de estilo de vida (por 1 a 3 meses)

A1c ≥ 7% Não Sim

+ Metformina (por 2 a 3 meses)

A1c ≥ 7% Não Sim

+ Sulfoniluréia

ou

A1c ≥ 7% Não Sim

(por 6 a 12 meses)

Insulina intensificada +

Metformina +

Sulfoniluréia (ou outro fármaco)

Manter a prescrição

anterior

Iniciar com 10U de insulina NPH ao deitar-se. Em pacientes idosos, considerar dose inicial menor. As doses podem ser ajustadas conforme controle glicêmico (ver Caderno de Atenção Básica nº16)

+ Insulina

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Observações:

1. Todo paciente diabético deve realizar a avaliação global de risco

cardiovascular (escore de Framingham) e seguir o fluxograma 3.

2. Para início da terapia medicamentosa (doses) ver Caderno de Atenção

Básica nº 16.

3. Calcular Taxa de depuração de creatinina através da equação de Cockcroft-

Gault (pág. 24).

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5. Fluxograma de acompanhamento do paciente diabéti co

Níveis glicêmicos controlados?

Não

CM mensal intercalada com CE até quinzenal

controle

Sim

Sugere-se CM bimestral intercalada com CE e grupo DIA

Alto Risco

Sugere-se CM trimestral

intercalada com CE e grupo DIA

Risco Moderado

CE: Consulta de Enfermagem CM: Consulta Médica

Baixo risco

Os encaminhamentos para o CEMED – Centro de Especialidades Médicas deverá ser feito mediante consulta dos Protocolos de Regulação (Anexo 1) e deverá ser realizado somente por profissionais médicos.

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ANEXO 1

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Prevenção clínica de doenças cardiovasculares,

cerebrovasculares e renais. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 56 p. –

(Cadernos de Atenção Básica; 14) (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 56 p. –

(Cadernos de Atenção Básica; 16) (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

Diabetes de A a Z: o que você precisa saber sobre diabetes explicado de

maneira simples. American Diabetes Association. JSN editora. São Paulo,

1998.

Marangon PB, Moreira TM. Exames Complementares [diapositivo]. Disponível

em: http://www.prerenal.ufjf.br/aulas/Exames%20Complementares.ppt#1 (21

ago 2008).

Norwood, Janet W. & Inlander, Charles B. Entendendo a Diabetes – Para

educação do Paciente. Julio Louzada Publicações. São Paulo, 2000.