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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CUIDADOS CLÍNICOS EM ENFERMAGEM E SAÚDE (NÍVEL MESTRADO ACADÊMICO) DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO CLÍNICO A PESSOAS COM HIPERTENSÃO E DOENÇA CARDIOVASCULAR SANJA SAMIA ROLIM FERNANDES XIMENES Fortaleza-CE 2013

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO …2 sanja samia rolim fernandes ximenes diagnÓsticos de enfermagem no cuidado clÍnico a pessoas com hipertensÃo e doenÇa cardiovascular

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CUIDADOS CLÍNICOS EM

ENFERMAGEM E SAÚDE (NÍVEL MESTRADO ACADÊMICO)

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO CLÍNICO A PESSOAS COM HIPERTENSÃO E DOENÇA

CARDIOVASCULAR

SANJA SAMIA ROLIM FERNANDES XIMENES

Fortaleza-CE

2013

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SANJA SAMIA ROLIM FERNANDES XIMENES

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO CLÍNICO A PESSOAS COM HIPERTENSÃO E DOENÇA CARDIOVASCULAR

Dissertação apresentada a Banca Examinadora

do Programa Cuidados Clínicos em Enfermagem

e Saúde da Universidade Estadual do Ceará,

como parte dos requisitos para obtenção do

título de Mestre.

Área de Concentração: Cuidados Clínicos em

Enfermagem e Saúde

Linha de Pesquisa: Fundamentos e Práticas do

Cuidado Clínico em Enfermagem e Saúde

Orientadora: Profª. Drª. Maria Vilaní Cavalcante

Guedes

Fortaleza-CE

2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário (a) Leila Cavalcante Sátiro – CRB-3 / 544

X7d Ximenes, Sanja Samia Rolim Fernandes. Diagnósticos de enfermagem no cuidado clínico a pessoas com

hipertensão e doença cardiovascular / Sanja Samia Rolim Fernandes Ximenes. — 2013.

CD-ROM 107f. : il. (algumas color.); 4 ¾ pol. ―CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho

acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)‖.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, Fortaleza, 2013.

Área de Concentração: Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde.

Orientação: Profª. Drª. Maria Vilaní Cavalcante Guedes

1. Hipertensão. 2. Diagnóstico de enfermagem. 3. Doenças cardiovasculares. I. Título.

CDD: 610.73

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais

Por serem responsáveis pela minha formação e por tudo que hoje sou.

São pessoas que amo e admiro muito.

Ao meu esposo

Que tem sido um grande companheiro e amigo. Esteve sempre ao meu lado, transmitindo confiança, amor e

estímulo para a conclusão deste curso.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Professora Maria Vilaní Cavalcante Guedes, pela dedicação, pela disponibilidade, paciência, pela amizade e por todo o aprendizado ao longo deste percurso. Agradeço por me mostrar as soluções e caminhos que jamais poderei esquecer. Ao meu querido esposo, por acreditar em mim e nos meus objetivos e por está sempre presente, incentivando o meu crescimento pessoal e profissional. Aos meus amados filhos, Bernardo e João Pedro, pelos momentos de alegria, de amor e por me fazerem ser uma pessoa melhor e mais feliz a cada dia. Aos meus pais, pessoas de tão grande coração, que tantas vezes tornaram-se ―pais‖ dos meus filhos, para me ajudar na trajetória deste curso, sem eles nada seria possível. Aos meus irmãos queridos, Adryu, Argus e Amaury Filho, que sempre torceram por mim, me deram apoio e por vezes deixaram seus compromissos para me ajudar em muitos momentos, ao longo do Mestrado. Aos meus colegas de turma do Mestrado, pela convivência e pelos momentos de descontração e aprendizado. Em especial às amigas Cynthia Freitas e Diana Macia, com as quais compartilhei momentos de estudo, de incertezas e também de alegria. Agradeço pelo carinho de sempre. Ao Professor Paulo César Almeida, por toda atenção e imensa colaboração desde o início dos trabalhos do Mestrado. Às professoras participantes da Banca Examinadora, Dra. Célia Freitas e Dra. Nirla Gomes, pelas sugestões e contribuições que engrandeceram este trabalho. À psicóloga Dra. Rosana Vieira, que me transmitiu forças nesta caminhada. Aos pacientes participantes desta pesquisa, que foram essenciais ao estudo. A todos, muito obrigada por poder contar com vocês.

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―Não desejeis fardos leves, mas sim ombros fortes...‖

(Santo Agostinho)

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RESUMO

A hipertensão arterial é um fator de risco estabelecido para as doenças cardiovasculares, quando não controlada contribui para o infarto agudo do miocárdio (IAM), a insuficiência cardíaca (IC) e a doença arterial coronariana (DAC), desta forma o estudo tem por objetivo analisar os diagnósticos de enfermagem presentes em pessoas com hipertensão e doença cardiovascular. Estudo do tipo descritivo e transversal, realizado em instituição hospitalar da rede pública de Fortaleza-CE, referência em Cardiologia, que teve amostra composta por 105 portadores de hipertensão arterial e das doenças IAM, IC e DAC. Os dados foram coletados por meio de um formulário preenchido mediante entrevista, constituído por questões relativas às características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos pacientes, assim como ao histórico do paciente e ao exame físico. A coleta de dados ocorreu no período de setembro a novembro de 2012. A análise dos resultados permitiu observar o predomínio do sexo masculino (58,1%), faixa etária de 29 a 90 anos, idade média de 63±12,2 anos, casados (77,1%), com ensino fundamental incompleto (45,7%), aposentados/ pensionistas (56,2%) e renda familiar entre um e dois salários mínimos (43,8%). As principais características clínicas presentes foram: pacientes acometidos por IAM (61), IC (37) e DAC (25), sendo que os participantes tiveram até dois diagnósticos de doença cardiovascular, pacientes com mais de 10 anos de diagnóstico de hipertensão (37,1%), história familiar de doença cardiovascular (67,6%), não eram tabagistas (48,6%), negaram etilismo (65,7%) e apresentaram IMC acima de 25Kg/m2 (65,7%). Foram identificados 46 diagnósticos de enfermagem nos 13 domínios da NANDA-I, destes 16 que se encontravam acima do percentil 50 foram discutidos com maior aprofundamento: Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída (100%), Risco de perfusão tissular periférica diminuída(100%), Risco de infecção(98,1%), Dentição prejudicada(85,7%), Estilo de vida sedentário(78,1%), Autocontrole ineficaz da saúde (74,2%), Intolerância à atividade (72,3%), Integridade da pele prejudicada (72,3%), Conhecimento deficiente (66,6%), Débito cardíaco diminuído(65,7%), Risco de trauma vascular (61,9%), Padrão de sono prejudicado (58,1%),Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades corporais(57,1%), Tristeza crônica (55,2%) ,Dor aguda (54,2%), Ansiedade (53,3%). O domínio 4 Atividade/repouso apresentou maior número de diagnósticos identificados. Analisou-se a associação entre diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e as variáveis sociodemográficas idade e sexo, e as variáveis clínicas tempo de diagnóstico de HAS, IAM, IC e DAC, por meio dos

testes não paramétricos de 2 e do teste de razão de verossimilhança. Observou-se associação estatística significativa entre as doenças cardiovasculares e os diagnósticos Débito cardíaco diminuído, Intolerância à atividade, Dor aguda, Risco de perfusão cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica ineficaz. A identificação de diagnósticos de enfermagem conforme um sistema de classificação em pacientes hipertensos com doenças cardiovasculares possibilita a elaboração de estratégias terapêuticas direcionadas, confere fundamentação à sistematização da assistência de enfermagem e proporciona a perspectiva de um cuidado mais qualificado e coerente aos pacientes. Palavras-Chaves: Hipertensão. Diagnóstico de Enfermagem. Doenças cardiovasculares.

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ABSTRACT

Hypertension is an established risk factor for cardiovascular diseases, if not controlled it contributes to acute myocardial infarction (AMI), heart failure (HF) and coronary artery disease (CAD); therefore, this study aimed to analyze the nursing diagnoses present in people with hypertension and cardiovascular disease. A descriptive and cross-sectional study carried out in a public hospital in Fortaleza-CE, Brazil, reference in Cardiology, whose sample consisted of 105 patients with hypertension and AMI, HF and CAD. Data was collected by a form completed through interviews consisting of questions related to socio-demographic and clinical-epidemiological characteristics of patients, as well as the patient’s history and physical examination. Data collection happened from September to November 2012. The results analyses enabled us to observe the predominance of males (58.1%), in the age group of 29-90 years, average age of 63 ± 12.2 years, married (77.1%), with incomplete basic education (45.7%), retirees/pensioners (56.2%), and with family income between one and two minimum wages (43.8%). The main clinical characteristics present were: patients suffering from AMI (61), HF (37) and CAD (25), where the participants presented up to two diagnoses of Cardiovascular Diseases, patients with over 10 years of hypertension diagnosis (37.1%), family history of cardiovascular disease (67.6%), non-smokers (48.6%), reported non-alcohol abuse (65.7%), and had BMI above 25Kg/m² (65.7%). We identified 46 nursing diagnoses in the 13 domains of NANDA-I, 16 of those who were above the 50th percentile were deeply discussed: Risk for decreased cardiac tissue perfusion (100%), Risk for ineffective peripheral tissue perfusion (100%), Risk for infection (98.1%), Impaired dentition (85.7%), Sedentary lifestyle (78.1%), Ineffective self-health management (74.2%), Activity intolerance (72.3%), Impaired skin integrity (72.3%), Deficient knowledge (66.6%), Decreased cardiac output (65.7%), Risk for vascular trauma (61.9%), Disturbed sleep pattern (58.1%), Imbalanced nutrition: more than body requirement (57.1%), Chronic sorrow (55.2%), Acute pain (54.2%), and Anxiety (53.3%). Domain 4 Activity/rest had the highest number of diagnoses identified. We analyzed the association between nursing diagnoses above the 50th percentile and the socio-demographic variables age and sex, and the clinical variables time of diagnosis of hypertension, AMI, HF and CAD, through chi-square nonparametric tests and the likelihood-ratio test. We observed a statistically significant association between cardiovascular diseases and the diagnoses Decreased cardiac output, Activity intolerance, Acute pain, Risk for decreased cardiac tissue perfusion, and Risk for ineffective peripheral tissue perfusion. The identification of nursing diagnoses according to a classification system in hypertensive patients with cardiovascular diseases enables the development of targeted therapeutic strategies, gives ground to the systematization of nursing care, and offers the prospect of a more qualified and consistent care to patients. Keywords: Hypertension. Nursing Diagnosis. Cardiovascular Diseases.

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RESUMEN

La hipertensión es factor de riesgo establecido para enfermedades cardiovasculares, si no controlada contribuye para el infarto agudo de miocardio (IAM), insuficiencia cardíaca (IC) y enfermedad arterial coronaria (EAC), por lo que el objetivo del estudio fue analizar diagnósticos de enfermería presentes en personas con hipertensión y enfermedad cardiovascular. Estudio descriptivo y transversal, llevado a cabo en hospital público de Fortaleza-CE, Brasil, referencia en Cardiología, que tuvo muestra de 105 personas con enfermedades hipertensivas y AMI, IC y EAC. Los datos fueron recolectados por medio de formulario llenado a través de entrevistas que consistieron en preguntas relacionadas con las características sociodemográficas y características clínico-epidemiológicas de los pacientes, así como la historia del paciente y el examen físico. Los datos fueron recolectados de septiembre a noviembre de 2012. Los resultados permitieron observar el predominio del sexo masculino (58,1%), con edades entre 29-90 años, edad media de 63 ± 12,2 años, casados (77,1%), con nivel de educación primario incompleto (45,7%), jubilados/pensionistas (56,2%), renta familiar entre uno y dos salarios mínimos (43,8%). Las principales características clínicas presentes fueron: pacientes acometidos por infarto de miocardio (61), IC (37) y EAC (25), cuyos participantes tuvieron hasta dos diagnósticos de Enfermedad Cardiovascular, pacientes con más de 10 años de diagnóstico de hipertensión (37,1%), antecedentes familiares de enfermedad cardiovascular (67,6 %), no eran fumadores (48,6%), negaron abuso de alcohol (65,7%) y tenía IMC superior a 25kg/m2 (65,7%). Se identificaron 46 diagnósticos de enfermería en los 13 dominios de la NANDA-I, de estos 16 que estaban por encima del percentil, 50 fueron discutidos con mayor profundidad: Riesgo de perfusión tisular cardiaca disminuida (100%), Riesgo de perfusión tisular periférica disminuida (100%), Riesgo de infección (98,1%), Dentición perjudicada (85,7%), Sedentarismo (78,1%), Autocontrol ineficaz de la salud (74,2%), Intolerancia a la actividad (72,3% ), Integridad de la piel perjudicada (72,3%), Conocimiento deficiente (66,6%), Débido cardíaco disminuido (65,7%), Riesgo de trauma vascular (61,9%), Patrón de sueño perjudicado (58, 1%), Nutrición alterada: superior a las necesidades corporales (57,1%), Tristeza crónica (55,2%), Dolor agudo (54,2%), Ansiedad (53,3%). El dominio 4 Actividad/descanso tuvo mayor número de diagnósticos identificados. Se analizó la asociación entre diagnósticos de enfermería por encima del percentil 50 y las variables sociodemográficas edad y sexo, y el tiempo clínico de diagnóstico de la hipertensión, del infarto de miocardio, de la insuficiencia cardíaca y enfermedad coronaria a través de

pruebas no paramétricos de 2 razón y del test de razón de verosimilitud. Se observó asociación estadísticamente significativa entre las enfermedades cardiovasculares y los diagnósticos Débito cardiaco disminuido, Intolerancia a la actividad, Dolor agudo, Riesgo de perfusión cardiaca disminuida y Riesgo de perfusión tisular periférica ineficaz. La identificación de diagnósticos de enfermería según sistema de clasificación de pacientes hipertensos con enfermedades cardiovasculares permite el desarrollo de estrategias terapéuticas dirigidas, permite fundamentación a la sistematización de la atención de enfermería y ofrece la perspectiva de una atención más calificada y coherente a los pacientes. Palabras Claves: Hipertensión. Diagnóstico de Enfermería. Enfermedades cardiovasculares.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 17

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 18

3.1 Diagnósticos de Enfermagem ............................................................................ 18

3.2 Considerações sobre Hipertensão Arterial ........................................................ 24

3.3 Doenças Cardiovasculares e Hipertensão Arterial ............................................. 30

3.4 Cuidado Clínico de Enfermagem a pessoas hipertensas .................................. 36

4 METODOLOGIA ................................................................................................... 42

4.1 Natureza do Estudo ........................................................................................... 42

4.2 Local da Pesquisa .............................................................................................. 42

4.3 População e Amostra ......................................................................................... 43

4.4Procedimentos e Instrumentos de Coleta de Dados ............................................ 45

4.5 Organização e Análise dos Dados ..................................................................... 47

4.6 Aspectos Éticos.................................................................................................. 47

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................49

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 89

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 93

APÊNDICES..............................................................................................................99

Apêndice A- Instrumento de Coleta de dados.........................................................100

Apêndice B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................106

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1 INTRODUÇÃO

.

A enfermagem vem se consolidando como ciência, construindo seu corpo

de conhecimentos fundamentado em princípios filosóficos e humanitários, tendo por

objeto de trabalho o cuidado de indivíduos. Desta forma, tem procurado desenvolver

sua prática baseada no método científico e na Sistematização da Assistência de

Enfermagem (SAE).

A SAE é a organização do trabalho profissional quanto ao método,

pessoal e instrumentos, que possibilita a realização do Processo de Enfermagem

(PE). Implica na definição da natureza do trabalho a ser realizado e definição do PE,

desde a base teórico-filosófica, tipo de profissional requerido, técnicas,

procedimentos, métodos e recursos materiais para a produção do cuidado.

(LEOPARDI,2006).

O PE descreve como os enfermeiros organizam o atendimento a

indivíduos, famílias, grupos e comunidades. É descrito como um processo dinâmico

de prestar cuidados, que consiste em cinco partes: coleta de dados, diagnóstico,

planejamento, implementação e avaliação (LUNNEY, 2011; ALFARO-

LEFREVE,2010).

Corroborando, Garcia e Nóbrega (2009) afirmam que o PE compreende

um trabalho profissional específico e pressupõe um conjunto de ações dinâmicas e

interrelacionadas para a sua realização. Designa um determinado método ou modo

de fazer, fundamentado no conhecimento técnico-científico.

O emprego do PE, portanto, oferece subsídios metodológicos que

orientam o processo de cuidar e a assistência de enfermagem, direcionam suas

ações, permitem a uniformização das ações e a avaliação das necessidades do

paciente, com vistas a alcançar resultados de saúde satisfatórios.

Assim, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) visando a

organização do trabalho profissional da enfermagem, assim como a visibilidade e

reconhecimento profissional do enfermeiro, baixou a Resolução nº 358/2009 que

dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e implementação do

PE em todos os ambientes que ocorrem o cuidado profissional de enfermagem

(COFEN, 2009).

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Conforme esta Resolução, em seu art. 1º: o PE deve ser realizado de

modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos ou privados, em

que ocorre o cuidado profissional de enfermagem.

Em seu 4º artigo determina que cabe, privativamente, ao enfermeiro o

diagnóstico de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade

humana em um dado momento do processo saúde-doença, bem como a prescrição

das ações ou intervenções de enfermagem face a estas respostas.

Desta forma, destaca-se dentre as etapas do PE, a etapa de diagnósticos

de enfermagem que constitui a base para a implementação das intervenções de

enfermagem.

Os diagnósticos de enfermagem constituem um julgamento clínico sobre

as respostas do paciente, realizado pelo enfermeiro, utilizado na prática para decidir

o foco do atendimento de enfermagem (HERDMAN, 2013).

O diagnóstico de enfermagem permite fixar as observações, direcionar as

ações, identificar problemas ou respostas humanas para obter informações

importantes para os cuidados. Vincula a coleta de dados ao planejamento, o que

demanda o julgamento pelo enfermeiro (LEOPARDI, 2006).

Percebe-se no contexto da Enfermagem a necessidade de uma

linguagem padronizada para definir os conhecimentos desta ciência e concretizar

seus efeitos diante de pacientes e profissionais (HERDMAN, 2010), desta forma a

elaboração e utilização dos diagnósticos de enfermagem constituem o passo inicial

para uniformizar não só a linguagem, como também a assistência entre os

profissionais.

Por meio dos diagnósticos são diferenciadas as respostas humanas

apresentadas pelo paciente com base em suas necessidades, de forma que os

diagnósticos são recursos essenciais à intervenção do enfermeiro e à prescrição de

atividades a serem desenvolvidas pela equipe de enfermagem.

Dentre as diversas situações de saúde-doença que exigem cuidados de

enfermagem, encontram-se as doenças crônicas não transmissíveis, em que

destacamos a hipertensão arterial, cuja clientela requer do enfermeiro cuidados

clínicos e educativos para um viver saudável (GUEDES; ARAÚJO, 2005).

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) pode ser considerada como um

sinal do estado clínico do paciente, um fator de risco para doenças do coração ou

como uma doença do aparelho circulatório. Possui elevado potencial para

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incapacidades, sendo uma das mais importantes no âmbito da saúde em nosso país,

por estar frequentemente associada aos agravos cardiovasculares, que constituem a

principal causa de morte no Brasil.

Na saúde pública a HAS tem merecido especial atenção pela demanda de

um elevado contingente populacional, pela morbimortalidade que provoca e pelas

repercussões diretas na qualidade de vida das pessoas por ela acometidas e de

modo indireto em seus familiares.

Estando presente cada vez mais precocemente na população, a HAS

apresenta elevada prevalência e baixas taxas de controle. Em nível mundial

acomete aproximadamente 25% da população. No Brasil, de acordo com inquéritos

populacionais, nos últimos 20 anos, a HAS teve prevalência acima de 30%, podendo

chegar a 50% nos idosos (DIRETRIZES ,2010). Em nosso município, Fortaleza,

dados do VIGITEL 2011 apontam na população a prevalência de 17,3%, sendo nos

homens 14,3% e mulheres 19,8% (BRASIL,2012).

Sabe-se das repercussões econômicas da HAS para as pessoas

acometidas e para o sistema de saúde, estando relacionadas a elevados custos

médico-hospitalares, internações de longa permanência e tratamentos onerosos

quando associada a outras doenças. Desta forma, tem contribuído sobremaneira

para o aumento das necessidades de saúde do país, tendo sido registrado no ano

de 2009 mais de 139.000 internamentos por doenças hipertensivas (BRASIL, 2011).

A HAS é um fator de risco bem estabelecido para as doenças

cardiovasculares (DCV), está envolvida em cerca de 50% das mortes por DCV e

atinge mais de 36 milhões de brasileiros (CIPULLO et al., 2010). A mortalidade por

doença cardiovascular aumenta de forma progressiva, linear e contínua de acordo

com a elevação da pressão arterial a partir de 115/75 mmHg, assim o tratamento e

controle da HAS são fundamentais para a redução de eventos cardiovasculares

(DIRETRIZES, 2010).

Estudos têm demonstrado a contribuição da HAS não controlada para as

DCV como o infarto agudo do miocárdio (IAM), a insuficiência cardíaca (IC) e a

doença arterial coronariana (DAC) (DIRETRIZES, 2010; LEMOS et al., 2010;

ROLANDE et al.,2011). Em países subdesenvolvidos a hipertensão arterial sistêmica

é a principal causa de IC crônica associada a DAC. Tem sido reconhecida como

precursora da IC em até 75% dos casos (ROLANDE et al., 2011), bem como a

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hipertensão esteve presente em 75,7% de pacientes com isquemia do miocárdio,

incluindo IAM (LEMOS et al.,2010).

A sobrecarga imposta ao coração pela HAS pode desencadear

mecanismos de compensação como hipertrofia do ventrículo esquerdo. A

manutenção da sobrecarga cardíaca e progressão da hipertrofia culminam com a

degeneração da função cardíaca e desenvolvimento da insuficiência cardíaca (IC) e

suas complicações. Além disso, cronicamente a HAS provoca alterações nas

artérias coronarianas, predispondo à DAC e ao IAM (PIERIN; GUSMÃO; MION JR,

2009).

A associação entre elevação da PA e risco para DCV foi demonstrada em

estudos envolvendo milhares de indivíduos. O tratamento da hipertensão visa à

prevenção primária de DCV, sendo uma questão indispensável aos conhecimentos

dos profissionais da equipe de saúde, sendo que o manejo da HAS não é uma

questão médica isolada, envolve entre outros profissionais, a equipe de enfermagem

(FUCHS, 2006).

O desafio do enfermeiro como profissional que mantém interação no

cuidado a pessoas hipertensas, é buscar envolvê-la no processo terapêutico,

ajudando-a na compreensão da necessidade de assumir modificações de vida,

contribuindo para adesão ao controle da PA (BEZERRA et al.,2010).

Fava et al. (2010) relatam que o enfermeiro desempenha papel importante

no cuidado ao hipertenso, direcionando suas ações para o autocuidado. Da mesma

forma, autores relatam a importância das intervenções de enfermagem ante ao

paciente com DCV, sendo a adesão ao tratamento a meta para o controle de tais

doenças (ARRUDA; CAVALCANTI,2012).

Em virtude de tais considerações acerca da HAS, remete-se a sua

importância no âmbito da saúde. Os enfermeiros no seu campo de prática

profissional em qualquer nível da atenção a saúde, devem estar, portanto,

preparados para atuarem junto à clientela de hipertensos com doenças associadas,

conscientizando-se do seu papel, e exercendo sua prática pautada no conhecimento

técnico e científico, visando contribuir para alcançar a saúde e a qualidade de vida

destes pacientes.

Neste contexto, conhecendo a relação entre HAS e as doenças

cardiovasculares e a importância da assistência de enfermagem no cuidado ao

paciente hipertenso, surgiram os seguintes questionamentos: Qual o perfil de

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pacientes com hipertensão e doença cardiovascular? Quais os diagnósticos de

enfermagem presentes em pacientes com hipertensão e doença cardiovascular?

Existe associação desses diagnósticos com características sociodemográficas e

clínicas?

As respostas para estas questões possibilitaram o conhecimento de

diagnósticos de enfermagem de pacientes hipertensos com DCV, bem como a

relação desses diagnósticos com características dos pacientes. Ao mesmo tempo,

acredita-se que contribuirão para a organização do corpo de conhecimento da

enfermagem, ao identificar os diagnósticos de enfermagem, que contribuem para o

tratamento e adesão dos pacientes. A implementação de uma classificação

diagnóstica na prática clínica de enfermagem, permite aos enfermeiros identificar

com maior clareza os focos de cuidado pelos quais são responsáveis.

A identificação dos diagnósticos de enfermagem favorece o

estabelecimento de resultados a serem alcançados e a determinação de

intervenções de enfermagem planejadas, individualizadas buscando minimizar as

consequências das doenças cardiovasculares, promovendo a adaptação do paciente

à sua nova condição de saúde.

Por ser a hipertensão uma doença de muitos significados na saúde e um

desafio constante para a comunidade científica, para pacientes e profissionais,

considera-se necessário pesquisas nessa área. Assim, o interesse pelo estudo sobre

a influência da HAS no desenvolvimento de doenças cardiovasculares surgiu em

campo de trabalho profissional, no período em que trabalhava em um hospital da

rede privada, prestando assistência como enfermeira a pacientes cardíacos.

No Mestrado Acadêmico Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde,

houve uma maior aproximação com o PE e a SAE, oferecendo subsídios para o

estudo mais aprofundado dos diagnósticos de enfermagem. Conhecendo a relação

entre as DCV e a hipertensão, surgiu o interesse e a oportunidade de pesquisar

diagnósticos de enfermagem em pessoas com hipertensão e doença cardiovascular.

Estudos sobre diagnósticos de enfermagem ampliam as possibilidades de

desenvolver planos de cuidados mais adequados às necessidades do pacientes, e

demandam uma maior atenção no ensino e na prática por fundamentar as etapas

subsequentes. São também importantes e necessários para manter e valorizar a

base de evidências da taxonomia da NANDA-I e da própria enfermagem, portanto a

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sua aplicabilidade em pesquisas contribui para o fortalecimento dos diagnósticos na

prática da enfermagem.

O conhecimento produzido nesta pesquisa é relevante por agregar valor à

prática do enfermeiro, no que diz respeito à determinação dos diagnósticos de

enfermagem, corroborando para a construção do conhecimento científico nesta fase

da SAE, podendo ser utilizado na graduação e pós-graduação, para o fortalecimento

do saber e fazer do enfermeiro na prática clínica.

O resultado da pesquisa poderá ser utilizado na instituição em que se

desenvolveu o estudo, em virtude dos diagnósticos formulados estarem voltados

para doenças cardiovasculares, colaborando para esta prática nas ações de

cuidados de enfermagem da instituição e para o tratamento dos pacientes.

Mediante o estudo realizado, pretendeu-se ainda contribuir com o

cuidado clínico de enfermagem, entendido como ações sistematizadas e

humanizadas dirigidas ao indivíduo em todas as etapas do ciclo vital, à família ou à

comunidade.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar os diagnósticos de enfermagem em pacientes com hipertensão e

doença cardiovascular, segundo a NANDA-I.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever as características sociodemográficas da clientela, conforme os

indicadores: sexo, idade, estado civil, escolaridade, procedência, renda

familiar;

Descrever as características clínico-epidemiológicas da clientela: tempo de

diagnóstico da HAS, antecedentes familiares de HAS, história familiar de

doença cardiovascular, internamentos anteriores, cateterismo cardíaco,

cirurgia cardíaca, índice de massa corporal;

Estabelecer diagnósticos de enfermagem em pacientes hipertensos com

doença cardiovascular;

Verificar a associação dos diagnósticos de enfermagem com dados

sociodemográficos sexo e idade;

Verificar a associação dos diagnósticos de enfermagem com dados clínicos:

IAM, IC, DAC e tempo de diagnóstico de HAS.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Iniciaremos a seguir a abordagem de literatura acerca de diagnósticos de

enfermagem, da hipertensão arterial, das doenças cardiovasculares e do cuidado

clínico ao hipertenso, contextualizando teoricamente estas questões,

proporcionando fundamentação científica ao estudo.

3.1 Diagnósticos de enfermagem

O enfermeiro como membro integrante de uma equipe, utiliza um conjunto

de conhecimentos próprios que possibilita a busca de resolutividade às respostas

dos fenômenos de saúde de pacientes, relevantes à prática de enfermagem

(BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009).

Nesta ótica, os diagnósticos de enfermagem expressam o seu julgamento

profissional sobre a condição clínica do paciente e sobre suas respostas ao

processo de adoecimento ou de saúde. Os diagnósticos representam as

necessidades de cuidados de enfermagem do paciente ou família.

O conceito de diagnóstico de enfermagem foi aprovado em 1990, na 9º

Conferência da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e definido

como:

Julgamento clínico sobre as respostas/experiências do indivíduo, da família ou da comunidade a problemas de saúde/processos vitais reais ou potenciais.O diagnóstico de enfermagem constitui a base para a seleção das intervenções de enfermagem para alcançar

resultados pelos quais o enfermeiro é responsável (HERDMAN, 2013, p.588).

Conforme o COFEN o diagnóstico de enfermagem é o processo de

interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa do PE, que

culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem

que representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou

coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; e que

constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se

objetiva alcançar os resultados esperados (COFEN, 2009).

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Lunney (2011) refere que o diagnóstico de respostas a problemas de

saúde e processos de vida, é um papel importante do enfermeiro, porque estas

respostas interferem no estado de saúde e guiam o cuidado de enfermagem .

A expressão ―diagnósticos de enfermagem‖ foi introduzida no Brasil por

Wanda Aguiar Horta, nos anos de 1960, e constituiu uma das etapas do PE

propostas por aquela autora (TANURE; GONÇALVES, 2009).

O processo de enfermagem como método utilizado para orientar a prática

profissional de enfermagem, se operacionaliza por meio de etapas ou fases. A

maioria dos autores sugerem pelo menos quatro etapas necessárias ao processo de

enfermagem: investigação ou histórico, diagnóstico, intervenção ou implementação e

evolução ou avaliação de enfermagem (TANURE; GONÇALVES, 2009).

Por meio do processo de enfermagem são desenvolvidas etapas que

permitem a coleta de informações sobre histórico da saúde do paciente, a realização

do julgamento pelo enfermeiro a respeito das necessidades do paciente, a

implementação de ações de enfermagem de acordo com estas necessidades, a

avaliação das ações e resultados alcançados.

As etapas do processo de enfermagem têm sido objeto de diversos

estudos que buscam o aprimoramento da enfermagem e ampliação de seus

conhecimentos, para atender mais adequadamente a clientela sob seus cuidados

(VASCONCELOS et al., 2007).

Neste contexto, atualmente existem vários sistemas de classificação dos

elementos da prática de enfermagem que podem ser interrelacionados de forma

dinâmica na execução do PE, e os mais utilizados são a classificação dos

diagnósticos, das intervenções e dos resultados de enfermagem (FORTES, 2007 ).

Garcia e Nóbrega (2009) referem que os elementos inerentes à prática

profissional (diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem), contribuem

para o desenvolvimento de sistemas de classificação de conceitos que fazem parte

da linguagem da enfermagem. Estes sistemas são instrumentos tecnológicos

utilizados no processo de julgamento clínico acerca das necessidades humanas, no

processo terapêutico dessas necessidades de cuidado e de resultados sensíveis a

intervenção de enfermagem.

A enfermagem necessita de um sistema de classificação ou taxonomia

para desenvolver uma fundamentação científica confiável para o preenchimento de

critérios de profissionalização. Os diagnósticos de enfermagem proporcionam um

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método útil para organizar o conhecimento de enfermagem e favorecem a definição

e classificação da especialidade enfermagem (CARPENITO,2002).

O sistema de classificação de diagnósticos de enfermagem da NANDA-I

é um dos mais conhecidos e aplicados na enfermagem em nível mundial

(HERDMAN, 2010 ).

Pode-se afirmar que essa taxonomia representa uma forma de raciocínio

lógico que possibilita a interrelação de causas e efeitos das alterações

apresentadas, facilitando o estabelecimento de metas, a adoção de adequadas

condutas e a realização confiável da avaliação da assistência de enfermagem

prestada (MARIN et al., 2010).

Desta forma, foi utilizada como base para este estudo a classificação da

Taxonomia da NANDA-Internacional versão 2012-2014, que descreve o diagnóstico

e sua definição. Os componentes de um diagnóstico segundo esta classificação são:

título, definição, características definidoras, fatores relacionados ou fatores de risco.

As características definidoras são ―pistas /inferências observáveis que se

agrupam como manifestações de um diagnóstico de enfermagem real ou de

promoção da saúde‖ (HERDMAN, 2013, p.589). São as manifestações clínicas ou

evidências que levaram um profissional a concluir que o problema existe.

Os fatores relacionados são ―fatores que parecem mostrar algum tipo de

relação padronizada com o diagnóstico de enfermagem. Podem ser descritos como

associados a , relacionados a, contribuintes para ou estimuladores‖ (HERDMAN,

2013, p.589). Estes fatores podem conter a causa do problema encontrado, e

auxiliam na decisão do enfermeiro pelo diagnóstico.

Os fatores de risco estão presentes somente nos diagnósticos de

enfermagem de risco. ―São fatores ambientais e elementos fisiológicos, psicológicos,

genéticos ou químicos que aumentam a vulnerabilidade de um indivíduo, uma

família, um grupo ou comunidade a um evento insalubre‖ (HERDMAN, 2013, p.589).

O diagnóstico é um ponto fundamental no processo de enfermagem, tem

por finalidade esclarecer a natureza exata dos problemas e os fatores de risco que

devem ser abordados para que sejam atingidos os resultados gerais esperados do

cuidado, além disso as conclusões tiradas durante esta fase afetam todo o plano e

cuidados( ALFARO-LEFREVE,2010).

Corroborando, autores referem que constitui um elemento essencial para

a realização da assistência de enfermagem sistematizada, pois a prescrição de

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cuidados, de modo preciso e relevante, depende da identificação dos problemas e

de suas causas (FAVA et al., 2010).

A elaboração dos diagnósticos de enfermagem exige uma coleta de

dados completa, a qual aborde os múltiplos aspectos que envolvem o estado de

saúde do indivíduo, estimulando melhoria da qualidade dessa etapa do processo de

enfermagem, fundamental para o desenvolvimento das demais (MARIN et al., 2010).

A tradução da entrevista e do exame físico do paciente para uma forma

de diagnóstico de enfermagem compreende a organização dos dados e a

interpretação do que essas informações revelam sobre a capacidade do paciente em

atender às suas necessidades básicas. Os diagnósticos definem as condutas e

prática do enfermeiro (SPACKS; TAYLOR, 2009).

São desta forma, reconhecidos como modelos conceituais que permitem

a interpretação de problemas observados no paciente, para serem feitos

julgamentos clínicos, a partir do raciocínio diagnóstico. Configuram instrumento

capaz de unir a teoria à prática, orientando as condutas de enfermagem (PAIVA,

2007).

O raciocínio diagnóstico é um processo complexo e intuitivo, de tomada

de decisão, que abrange a interação de processos interpessoais, técnicos e

intelectuais do enfermeiro. Envolve os seguintes elementos críticos:

Reconhecimento da existência de indicadores ou indícios, geração mental de

possíveis diagnósticos, comparação de indícios para possíveis diagnósticos, coleta

de dados focalizada, validação de diagnósticos (LUNNEY, 2011).

Desta forma, no presente estudo foram considerados os elementos do

raciocínio diagnóstico proposto por Lunney (2011) para a determinação dos

diagnósticos de enfermagem na clientela.

A literatura acerca de diagnósticos de enfermagem é um pouco divergente

nos aspectos históricos da criação dos diagnósticos. Autores referem que o termo

―diagnóstico‖ estava presente na enfermagem desde 1950 quando Louise Mc Manus

em conferência em Nova Iorque, referiu como uma das funções da enfermeira

realizar a identificação ou diagnóstico de problemas de enfermagem (GARCIA;

NÓBREGA, 2009; TANURE; GONÇALVES, 2009).

Em 1953 Vera Fry propôs o termo ―diagnóstico de enfermagem‖ para

descrever um passo necessário para o desenvolvimento de um plano de cuidados

individualizados de enfermagem. Em 1960 Faye G. Abdellah propôs o primeiro

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sistema de classificação para a identificação de 21 problemas clínicos do cliente. Na

mesma década Virginia Henderson elaborou uma lista com 14 necessidades

fundamentais, próprias do ser humano, com o objetivo de descrever cuidados que os

clientes necessitavam sem depender de diagnósticos médicos. Desta forma, as duas

autoras últimas são consideradas precursoras das taxonomias de enfermagem

(TANURE, GONÇALVES, 2009; CARPENIT0, 2002).

Em 1973 houve a I Conferência Nacional sobre Classificação de

Diagnósticos de Enfermagem realizada por enfermeiras americanas. Posteriormente

em 1982 foi criada a NANDA e proposto a primeira classificação de diagnósticos de

enfermagem denominada Taxonomia-I (TANURE; GONÇALVES, 2009).

Na 14ª Conferência da NANDA em 2000 foi proposta a Taxonamia II,

com modificações na estrutura, ficando mais adequada para banco de dados e para

o trabalho profissional. A edição de 2010, versão 2009-2011, passou por mudanças

com relação a classes e domínios e ao número de diagnósticos. Foi aprovada em

conferência da NANDA, NIC e NOC e o Comitê da Taxonomia promoveu o foco

internacional da NANDA, passando a ser denominada NANDA -I. Após aprovação

dos diagnósticos por enfermeiros, especialistas e associados, foram colocados na

NANDA-I e na taxonomia NNN de prática de Enfermagem ( HERDAMAN, 2010).

A atual edição da NANDA International (2012-2014) sofreu modificações,

alguns diagnósticos foram retirados, 16 são novos e 11 foram revisados, além de

conter vários capítulos novos e revisados, portanto há muitas informações

novas(HERDAMN, 2013).

A estrutura da Taxonomia II da NANDA atualmente é composta por 13

domínios, 47 classes e 217 diagnósticos distribuídos entre eles. Cada diagnóstico

possui um código específico com cinco dígitos, apropriado para uso informatizado.

Tem-se os diagnósticos de enfermagem como o fundamento do

atendimento de enfermagem. Sua implementação traz uma série de benefícios aos

cuidados do paciente no ambiente clínico: planejamento melhor e mais consistente

do atendimento; melhor comunicação entre os enfermeiros, entre enfermeiros e

outros profissionais, entre enfermeiros e pacientes; proporciona um melhor

reconhecimento dos fenômenos desafiadores como questões psicológicas, sexuais

e espirituais; melhora o controle clínico e de riscos para o paciente; auxilia a

enfermagem baseada em evidências (HERDMAN, 2010).

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Com relação aos pacientes, a identificação de diagnósticos proporcionará

um plano de cuidados efetivo e individualizado, conforme as necessidades de cada

pessoa, consolidando a assistência recebida e favorecendo, igualmente, a junção

teoria-prática da enfermagem (MUNIZ FILHA, 2007).

Contudo é notório na prática dos profissionais de enfermagem resistência

à implementação e execução do PE e sistematização da assistência, bem como na

utilização das classificações de terminologias de enfermagem, por parte dos

enfermeiros assistenciais e das lideranças na enfermagem, como gerentes e

administradores em enfermagem. A grande maioria de profissionais envolvidos com

estas questões são estudiosos da área, pesquisadores, professores universitários e

especialistas clínicos (HERDMAN, 2010).

Entre as dificuldades para a implementação do PE e, portanto de suas

etapas, como a formulação dos diagnósticos, há problemas inerentes aos

profissionais como a formação profissional da equipe de enfermagem, o despreparo

técnico e científico, a falta de interesse pela sua utilização, além de questões

relacionadas à organização do processo de trabalho, como a sobrecarga de

atividades sobre o profissional de enfermagem e a falta de apoio de gestores e das

instituições empregadoras.

Entretanto, considera-se que os diagnósticos de enfermagem

proporcionam uma forma de organização e aplicação dos conhecimentos de

enfermagem, desta forma deve ser incentivada a sua prática, seus registros e sua

avaliação (SPARCKS; TAYLOR, 2009).

Acredita-se que a realização da etapa de diagnósticos de enfermagem

dentro do processo, fornece ao enfermeiro possibilidade de resolubilidade de

problemas reais ou potenciais do paciente, assim como assistência de qualidade.

Aos profissionais, facilita a tomada de decisão, justifica suas ações e proporciona

autonomia a estes profissionais.

Desta forma, o conhecimento de diagnósticos em pacientes hipertensos

com doença cardiovascular é necessário, a fim de propor intervenções coerentes

aos resultados esperados, que permitam melhorar a sua condição de saúde e

alcançar sua recuperação de forma integral .

A partir de muitos estudos e consultas bibliográficas, foram desenvolvidos

por teóricos e estudiosos da enfermagem, 10 princípios orientadores para o uso de

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diagnósticos de enfermagem da NANDA-I (LUNNEY, 2011). Estes princípios ou

diretrizes são descritos no quadro a seguir:

Quadro 1- Diretrizes para uso de diagnósticos da NANDA-I.

Diretrizes para o uso dos diagnósticos de enfermagem e da NANDA-I:

1.Utilizar uma ou mais teorias de enfermagem para orientar sua abordagem filosófica e teórica no cuidado de enfermagem.

2. No contexto da abordagem escolhida, fazer levantamentos de dados de enfermagem da pessoa para identificar os problemas, os estados de risco, a disposição para promover a saúde e os pontos positivos adequados para orientar o cuidado de enfermagem.

3. Durante os levantamentos de dados, usar habilidades cognitivas e hábitos mentais de pensamento crítico.

4. Fazer levantamentos de dados focalizados para identificar as respostas específicas que a pessoa possa estar vivendo, considerando o contexto da situação.

5. Conseguir uma quantidade suficiente de dados de relevância maior e moderada para apoiar ou rejeitar (incluir ou descartar) os diagnósticos específicos analisados.

6. Comparar os dados levantados com os diagnósticos de enfermagem padronizados da NANDA-I, isto é, títulos, definições e características definidoras.

7. Considerar outros possíveis diagnósticos enquanto coleta os dados.

8. Sempre que possível, ao levar em conta o contexto situacional, validar as impressões diagnósticas com o indivíduo ou a família.

9. Existindo mais de um diagnóstico, identificar aquele ou aqueles prioritários.

10. Comunicar, oralmente ou por escrito, o diagnóstico ou os diagnósticos prioritários selecionados para fundamentar o planejamento de resultados e intervenções.

Fonte: LUNNEY (2011). Pensamento crítico para o alcance de resultados positivos em saúde.

A maioria destes princípios foi utilizada neste estudo, para tornar a

pesquisa coerente com a NANDA e colaborar com a prática de diagnosticar em

enfermagem.

3.2 Considerações sobre a Hipertensão Arterial

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) vem aumentando de forma

assustadora, tanto nas sociedades desenvolvidas como nas subdesenvolvidas, na

medida em que as populações se tornam mais obesas e envelhecem (KAPLAN;

VICTOR, 2012).

A HAS é considerada uma doença poligênica resultante de anormalidades

nos mecanismos de controle da pressão arterial. O nível de pressão arterial de um

indivíduo é complexo sendo determinado pela interação de múltiplos fatores

genéticos, ambientais e demográficos (COTRAN; SCHOEN, 2001).

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Por definição, é uma condição clínica multifatorial, caracterizada por

níveis elevados e sustentados da pressão arterial. Em termos de diagnóstico da HAS

são considerados os valores de PA sistólica maior ou igual a 140mmHg e/ou de PA

diastólica maior ou igual a 90mmHg, em medidas em consultório. O diagnóstico

deve ser validado por medidas repetidas, em pelo menos três ocasiões, em

condições ideais (DIRETRIZES ,2010).

O Quadro a seguir apresenta a classificação da pressão arterial de acordo

com medida em consultório em maiores de 18 anos.

Quadro 2- Classificação da pressão arterial medida em consultório em pessoas

maiores de 18 anos.

Classificação Pressão Sistólica

mmHg

Pressão Diastólica

mmHg

Otima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130-139 85-89

Hipertensão estágio 1 140-159 90-99

Hipertensão estágio 2 160-179 100-109

Hipertensão estágio 3 ≥180 ≥110

Hipertensão sist. isolada ≥140 <90

Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010

A HAS também pode ser classificada em hipertensão primária ou

secundária. Na hipertensão primária ou essencial, as causas da elevação da PA não

são claramente identificadas, já a HAS secundária tem uma causa definida e é

consequência de outras doenças como renais, endócrinas ou cardíacas e fatores de

risco associados. Contudo a causa de aproximadamente 90% dos casos da doença

é desconhecida (DIRETRIZES, 2010; KAPLAN, VICTOR,2012).

A elevação da pressão arterial afeta tanto a função quanto a estrutura dos

vasos sanguíneos por todo o corpo, principalmente em grande parte das pequenas

artérias musculares, sendo que os efeitos prejudiciais aumentam continuamente á

medida que a pressão sobe. A manutenção da PA elevada provoca alterações

metabólicas e funcionais ou estruturais em órgãos-alvo, como o coração, encéfalo,

olhos, rins e vasos sanguíneos (SMELTZER;BARE,2009; COTRAN;SCHOEN,2001).

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Autores alertam que mesmo nas situações em que o tratamento atinja o

nível ideal (abaixo de 120/80 mmHg), os pacientes hipertensos continuam a

apresentar maior risco de acidente vascular cerebral e doenças cardiovasculares do

que pacientes normotensos com níveis semelhantes de pressão (KAPLAN; VICTOR,

2012).

A HAS é uma condição progressiva, que tem por fatores de risco

modificáveis e não modificáveis. Entre os fatores modificáveis estão: o excesso de

peso e obesidade (o incremento de 2,4 kg/m2 no índice de massa corporal acarreta

maior risco para hipertensão); tabagismo; ingestão de álcool ; ingestão excessiva de

sal ( dietas ricas em sal provocam alterações fisiológicas que são compensadas com

o aumento da PA); estresse e o sedentarismo. Os fatores de risco não modificáveis

se relacionam a: sexo, idade, raça e fatores hereditários (DIRETRIZES, 2010;

KAPLAN, VICTOR, 2012).

A idade é comprovadamente um fator de risco importante no diagnóstico

da HAS. É conhecido que o aumento da idade aumenta a prevalência de

hipertensão, estando presente principalmente na faixa etária de mais de 60 anos

(DIRETRIZES,2010).

Dois padrões de hipertensão são observados em idosos: a combinação

de pressão sistólica e diastólica - hipertensão essencial comum na meia-idade, e a

hipertensão sistólica isolada- forma mais frequente em indivíduos de mais de 60

anos. Entretanto as consequências são parecidas, assim como a terapia utilizada

(KAPLAN; VICTOR, 2012).

Contudo, observa-se a ocorrência da HAS precocemente em adultos

jovens e pessoas abaixo de 50 anos de idade. O acometimento da população mais

jovem contribui para o surgimento de doenças cardiocerebrovasculares mais cedo

do que o esperado na população e traduz prejuízo à força economicamente ativa.

Estudo realizado no Ceará objetivando investigar fatores de risco

cardiovasculares em adultos jovens refere que a exposição aos fatores de risco

cardiovasculares normalmente começa na infância e se consolida na juventude,

havendo uma idéia errônea de que fatores de risco cardiovasculares e DCV estejam

presentes em fases mais avançadas da vida. O estudo revelou que entre 60 adultos

jovens, com idade entre 20 a 40 anos, 45 eram hipertensos, 33 possuíam

antecedentes familiares de HAS, 33 tinham sobrepeso e 27 eram sedentários. O

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27

estudo, portanto, mostrou elevada prevalência da doença e de seus fatores de risco

entre pessoas jovens (MOREIRA; GOMES; SANTOS, 2010).

Corroborando com estes autores, pesquisa realizada no Rio Grande do

Sul com 1.020 mulheres objetivando estimar a prevalência de HAS em mulheres de

20 a 60 anos, demonstrou que 267 (26,2%) eram portadoras de HAS. Dentre a

amostra, 50% tinha idade entre 20 e 39 anos (HARTMANN et al. , 2007).

Desta forma, observa-se o quanto a HAS tem se manifestado de forma

mais precoce na população, e que cada vez mais as pessoas estão em risco de

adoecimento cardiovascular.

Com relação ao tratamento da HAS, as medidas terapêuticas variam

conforme os níveis de PA e devem ser baseadas no risco cardiovascular, presença

de fatores de risco, lesão de órgãos-alvo e ou doença cardiovascular. O tratamento

tem por objetivo primordial a redução da morbidade e mortalidade cardiovasculares

(DIRETRIZES,2010). Este poderá ser medicamentoso ou não medicamentoso. O

benefício do tratamento pode ser aferido por redução de incidência de infarto do

miocárdio, acidente vascular cerebral e outros eventos clínicos relevantes (FUCHS,

2006; DIRETRIZES, 2010).

No tratamento não medicamentoso, a adoção de estilo de vida saudável

compõe a base do tratamento com medidas de controle de peso, dietas e atividades

físicas. O período de tempo recomendado para as medidas de modificação de estilo

de vida isoladamente em hipertensos com baixo risco cardiovascular, não deve

ultrapassar seis meses. O tratamento com anti-hipertensivos está previsto em

esquemas terapêuticos de monoterapia ou terapia combinada. Este esquema deve

manter a qualidade de vida do paciente, de modo a estimular a adesão ao

tratamento (DIRETRIZES,2010; PIERIN; GUSMÃO; MION JR, 2009).

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A decisão da terapêutica na HAS conforme o risco cardiovascular está

descrita no quadro 3:

Quadro 3- Decisão terapêutica e risco cardiovascular

Decisão terapêutica

Categoria de risco Considerar tratamento

Sem risco adicional Tratamento não medicamentoso

Risco adicional baixo Tratamento não medicamentoso por até seis

meses. Se não atingir a meta associar

tratamento medicamentoso

Risco adicional médio, alto e muito alto Tratamento não medicamentosos +

medicamentoso

Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2010

Um dos grandes problemas encontrados no controle da HAS e de suas

complicações está na adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Apesar das propostas

de tratamento serem eficientes, o controle da HAS é pouco satisfatório.

O curso da HAS evolui frequentemente de modo assintomático, mas

determinando alterações fisiopatológicas em órgãos nobres, desta forma no

momento do diagnóstico, o profissional que determina o ―rótulo da doença‖ tem

papel indiscutível no processo de adesão. O estímulo à adesão é um processo

contínuo, porque mesmo pacientes que iniciam a tratamento logo após o diagnóstico

da HAS evidenciam níveis de adesão indesejáveis (COUTINHO; SOUSA, 2011).

É provável que a sensação de melhora inicial, após a redução de

sintomas ou a ausência destes em virtude do uso da medicação anti-hipertensiva,

assim como a redução dos níveis pressóricos, possam ter como consequência a

interrupção do tratamento medicamentoso ou a adesão parcial (COUTINHO;

SOUSA, 2011; SANTOS; LIMA , 2008).

Desta forma, considera-se que cabe aos profissionais de saúde em geral

e ao enfermeiro em particular, engajados no cuidado clínico ao hipertenso, o

emprego de estratégias e ações específicas, de avaliação, de acompanhamento e

consultas mensais, que possam suscitar a adesão ao tratamento, colaborando para

reduzir os níveis pressóricos dos pacientes e consequentemente as doenças

cardiovasculares.

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29

Autores ressaltam as implicações sociais da HAS para o paciente, entre

elas referem que a pessoa hipertensa apresenta uma condição de vida cerceada,

necessitando de monitoramentos constante, medicalização, controle da alimentação,

atividade física e mudanças de hábitos de vida. Acrescentam que o patamar de

adesão ao tratamento é insatisfatório e vários são os fatores que interferem na

adesão, sendo relacionados à terapêutica, ao sistema de saúde e à pessoa (PIRES;

MUSSI, 2009).

Contextualizando, Fava et al.(2010) referem que em virtude da

cronicidade da doença, para o seu devido controle são imprescindíveis mudanças

de hábitos diários, que para muitos significam ruptura no seu modo de viver, com

repercussões de ordem psicológica, familiar e social.

Nesta ótica, observa-se que a hipertensão acarreta modificações na

qualidade de vida das pessoas, interferindo principalmente na capacidade física,

emocional, interação social, exercício profissional e outras atividades do cotidiano

(PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008).

De acordo com Fava et al. (2010) a equipe de enfermagem desempenha

um papel importante no cuidado a portadores de HAS e que a educação em saúde

constitui uma das estratégias para propiciar conhecimento aos hipertensos sobre

sua condição de saúde.

Como cuidados de enfermagem ao hipertenso encontram-se ações de

educação em saúde, tanto as orientações em saúde quanto relacionadas ao sistema

de saúde e acesso, troca de informações sobre cuidados de saúde, diálogos sobre o

tratamento, mudanças de comportamento e modo de vida, bem como a facilitação

da adaptação e enfrentamento da doença (FAVA, et al., 2010; GUEDES ; ARAÚJO,

2005).

O profissional de saúde é um elemento chave no processo assistencial ao

indivíduo com HAS, ao centrar esforços em todos os estágios para o diagnóstico

precoce da doença, confirmação e avaliação do tratamento. Faz-se necessário a

atuação de uma equipe multiprofissional, integrada, composta por enfermeiro,

médicos, assistente social, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionista e

farmacêuticos, que poderão desenvolver condutas que reduzam as complicações da

doença.

Corroborando, Moura (2010) refere que a HAS, sobretudo com doenças

associadas, requer uma abordagem multi e interdisciplinar, por ser caracterizada

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como uma doença multifatorial que envolve orientações voltadas para diversas

áreas da saúde, pois seus objetivos múltiplos exigem diferentes abordagens.

Tendo em vista as considerações, os números e os fatores relacionados a

HAS, acredita-se que justificam-se estudos na área, que possam de algum modo

favorecer e inovar o conhecimento em HAS e o tratamento das pessoas portadoras

desta doença.

3.3 Hipertensão e Doenças Cardiovasculares

A HAS é uma doença ―silenciosa‖ que progride de forma assintomática

em grande parte dos pacientes, os sinais e sintomas só começam a surgir quando

as complicações decorrentes da doença se instalam. Com a evolução da HAS,

aumentam os riscos das complicações cardiovasculares. A progressão natural da

doença promove modificações estruturais em artérias e pequenos vasos, diminuindo

o aporte sanguíneo para órgãos-alvo, entre eles o coração, favorecendo as doenças.

As doenças cardiovasculares são graves por atingirem um órgão nobre e

vital, cujo adoecimento traz repercussões fisiológicas, hemodinâmicas, físicas e

emocionais para o indivíduo. Após o adoecimento cardiovascular, estende-se um

longo período para sua recuperação e, em muitos casos, não há sobrevida.

As DCV são, no seu conjunto, responsáveis por aproximadamente 30%

de todas as mortes e estas em associação com a HAS aumentam sua incidência

com o aumento da idade. Ressalta-se que cerca de 40% das pessoas hipertensas

abandonam o tratamento da HAS, este fato possui estreita relação com o surgimento

de doenças cardiovasculares (PIERIN; GUSMÃO; MION JR, 2009; PIRES; MUSSI,

2009).

No Brasil, as DCV tornaram-se problema de saúde pública, sendo

responsáveis por uma proporção de mais de 31% da mortalidade geral,

correspondendo ao maior percentual entre todas as causas (DATASUS, 2011).

Somando-se a isso, demandam cerca de 1,2 milhões de hospitalizações e custo

aproximado de 650 milhões/ano (CIPULLO et al., 2010).

No SUS as doenças cardiovasculares representaram 24% das

hospitalizações na faixa etária de 35 a 64 anos, e 49% no grupo com idade do 65

anos ou mais. Além disso, foram relacionadas a 45,7% (121.770) dos óbitos

hospitalares. Aproximadamente 2 milhões de casos graves de DCV foram relatados

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em 2004, o custo das DCV entre gastos com a saúde, internações, seguro social e

perda de produtividade são da ordem de 30 bilhões, desta forma observa-se o

impacto social e econômico deste grupo de doenças (AZAMBUJA et al., 2008).

Destaca-se que o crescimento populacional, o aumento da expectativa de

vida, a exposição cada vez mais prematura aos fatores de risco bem como o

deficiente acesso aos serviços de saúde, têm contribuído para o incremento na

incidência de DCV (MOREIRA; GOMES; SANTOS, 2010; PAIVA, 2007).

Os fatores de risco para DCV em hipertensos foi estudado por Girotto et

al. (2009), tendo sido encontrado na amostra de 385 pacientes a prevalência de

70,4% de sedentarismo, 30,9% de história familiar de infarto, 22,6% de diabetes,

28,6% de dislipidemia e 19,9%de tabagismo, demonstrando que a presença de

fatores de risco cardiovasculares, além da própria hipertensão, reforçam a

necessidade de intervenção eficaz, para minimizar as complicações

cardiovasculares e morte entre hipertensos.

As DCV foram a principal causa de morte no Brasil em 2005 com 28,8%

dos óbitos. As doenças isquêmicas do coração se destacaram como uma das mais

frequentes, com o equivalente a 29,9% destes óbitos (GIROTTO et al., 2009).

No Estado do Ceará, autores demonstraram conforme dados coletados

junto ao Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS), que as DCV

corresponderam a 18% dos internamentos, seguidas das doenças isquêmicas (16%)

e hipertensivas (16%), sendo os pacientes do sexo feminino mais afetados

(FERNANDES; CARNEIRO; CORREIA, 2007).

Historicamente, entre os anos de 1980 a 1990 houve redução no número

de óbitos pelas DCV, porém nos anos 2000 esta redução não se manteve desta

forma e os autores relatam a necessidade de avaliação do seu risco na população,

em virtude dos danos pessoais, sociais e econômicos gerados pelo adoecimento e

complicações das DCV (MOREIRA ; GOMES; SANTOS, 2010).

Neste estudo nos detemos nas doenças cardiovasculares infarto agudo

do miocárdio, insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana associadas a

HAS, que podem surgir como complicações da hipertensão.

A história natural da hipertensão não tratada aumenta a probabilidade de

incapacitação e de morte prematura em decorrência da doença cardiovascular que

precede. A patogênese da combinação de hipertensão sistólica e diastólica envolve

mudanças estruturais nas arteríolas de resistência, ocasionando o ―remodelamento‖

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e a ―hipertrofia‖ do músculo cardíaco. Essas alterações estão quase sempre

envolvidas no desenvolvimento da arteriosclerose de vasos menores, responsável

por danos em órgãos-alvo observados na HAS de longa duração (KAPLAN;

VICTOR, 2012)..

À medida que a pessoa envelhece, a aterosclerose de vasos maiores

torna-se um fator agravado pela HAS, porém envolvem distúrbios lipídicos, ativação

plaquetária, trombose, disfunção endotelial, inflamação, fatores genéticos, entre

outros que causam os agravos cardiovasculares (KAPLAN; VICTOR, 2012).

A HAS duplica o risco de doença coronária, incluindo o infarto agudo do

miocárdio e morte súbita, e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Usualmente

resulta em hipertrofia ventricular esquerda e/ou isquemia miocárdica. Estes

processos precipitam disfunção sistólica e diastólica, que com frequência progridem

para a ICC (KAPLAN; VICTOR, 2012; FUCHS, 2006).

Entre as DCV que a pessoa hipertensa apresenta, mais comum e

preocupante está o infarto agudo do miocárdio. É uma emergência que requer

pronto atendimento por conferir grande chance de morte imediata.

As Síndromes Coronarianas Agudas (SCA) são definidas como conjunto

de manifestações isquêmicas da musculatura do miocárdio. A angina e o infarto

agudo do miocárdio pertencem a este grupo de doenças do coração (BAGNATORI

et al., 2009). Essas síndromes (SCA) são causadas por obstrução coronariana

decorrente da interação entre fenômenos de trombose e vasoespasmo, resultando

em uma sequência de sintomas clínicos que são compatíveis com a isquemia do

miocárdio, englobando angina instável e IAM (LEMOS et al., 2010).

A isquemia miocárdica consiste na oxigenação insuficiente do músculo

cardíaco. É reversível e se apresenta clinicamente como angina pectoris. Quando a

isquemia é grave, prolongada, resulta em lesão irreversível que consiste no infarto

do miocárdio (SMELTZER; BARE, 2009).

O infarto do miocárdio refere-se ao processo pelo qual áreas do miocárdio

são destruídas de maneira permanente, em decorrência do fluxo sanguíneo reduzido

e consequente redução de oxigênio em uma artéria coronária, causado por

aterosclerose ou oclusão de uma artéria por um trombo. À medida que as células do

miocárdio são privadas de oxigênio ocorre lesão celular, com o passar do tempo, a

falta do oxigênio resulta em morte celular caracterizando o infarto do miocárdio

(SMELTZER;BARE, 2009).

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O termo infarto do miocárdio tem relação com o tempo de ocorrência do

infarto, podendo ser agudo, em evolução ou antigo. Também pode ter localização

diversa com relação ao suprimento do fluxo sanguíneo local, sendo na parede do

ventrículo direito ou na parede ventricular esquerda (BAGNATORI et al., 2009).

As manifestações clínicas do IAM são típicas da doença isquêmica. Os

sinais e sintomas do infarto podem incluir: dor torácica de grande intensidade, que é

o sintoma mais referido pelos pacientes, aceleração das frequências cardíaca e

respiratória, o paciente fica inquieto e ansioso, pele fria, pálida e úmida, náusea e

vômito podem estar presentes. A dor torácica pode irradiar para pescoço, mandíbula

e braço esquerdo (SMELTZER; BARE, 2009).

O enfermeiro possui função importante no manejo da clínica dos

pacientes com IAM, sendo necessário conhecimento de sua fisiopatologia,

manifestações clínicas, eletrocardiográficas, terapêutica, cuidados específicos de

enfermagem e habilidade em emergência cardiológica (BAGNATORI et al., 2009).

A maneira mais eficaz de reduzir o impacto das doenças

cardiovasculares, em nível populacional, é o desenvolvimento de ações de

prevenção e tratamento de seus fatores de risco. O enfermeiro deve conhecer os

fatores implicados no desencadeamento das síndromes coronarianas, e quais os

mais presentes na sua área de atuação, a fim de agir de forma mais incisiva no

desenvolvimento de programas capazes de reduzir a morbidade e mortalidade por

DCV (LEMOS et al., 2010).

Estudo realizado por Oliveira, Albuquerque e Alencar (2010) com o

objetivo de conhecer o nível de satisfação de usuários portadores de IAM acerca do

cuidado de enfermagem prestado em uma instituição hospitalar, revelou claramente

a intensa satisfação destes usuários, estando relacionada aos aspectos afetivos do

cuidado de enfermagem prestado, como a atenção, o respeito, a gentileza e o zelo,

assim como aspectos relacionados à terapêutica assistencial e ao agir do

profissional de enfermagem ético e técnico, demonstrando a relevância destes

cuidados na reabilitação destes pacientes.

A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome clínica, complexa em sua

fisiopatologia e tratamento, caracterizada pela disfunção cardíaca ventricular

sistólica ou diastólica, geralmente resultante de disfunção ou perda do músculo

miocárdio, caracterizada por dilatação do ventrículo esquerdo ou hipertrofia

(CASTRO et al., 2010). É também definida como a incapacidade do coração

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bombear sangue suficiente para satisfazer às necessidades de oxigenação dos

tecidos. Manifesta-se por sobrecarga hídrica e perfusão tissular inadequada

(SMELTZER; BARE, 2009).

É ainda, considerada a via final da maior parte das doenças

cardiovasculares, sendo causa de incapacidade e morbidade, pois impossibilita a

execução de atividades diárias e profissionais, além de predispor à alterações

emocionais, como a depressão e ansiedade. Traz impacto físico e psicológico, gera

modificações sociais e nas atividades cotidianas(ARRUDA ;CAVALCANTE, 2012).

A IC pode ser aguda ou congestiva. Na IC congestiva o ventrículo

esquerdo não consegue bombear sangue para fora do ventrículo, provocando o

aumento do volume sanguíneo nos tecidos pulmonares e alvéolos. Entre os sinais e

sintomas estão a dispnéia, tosse, expectoração e edema pulmonar. Na IC aguda há

uma súbita disfunção ventricular em consequência de outras doenças

cardiovasculares que comprometam o funcionamento cardíaco, como o IAM e

aterosclerose de artérias coronarianas (SMELTZER;BARE, 2005; ROCHA, 2008).

A insuficiência cardíaca tem sido subdividida em classificações diferentes

para descrevê-la e essas classificações variam conforme IC aguda ou crônica,

esquerda ou direita, congestão, choque, disfunção sistólica ou diastólica

(LAURENT-BOOP, 2006).

Em países subdesenvolvidos a HAS é a principal causa de IC crônica

associada com a doença arterial coronariana. Constitui um fator de risco importante

para a IC, sendo que o mecanismo pelo qual a HAS leva à IC é multifatorial e têm

sido verificados (ROLANDE et al., 2011).

As manifestações clínicas mais comumente apresentadas por pacientes

com IC descompensada são: dispneia, ortopneia, cansaço, distensão de veia

jugular, edema de membros inferiores e fração de ejeção diminuída (ALITI et al.,

2011).

Estudo realizado por Arruda e Cavalcante (2012) para investigar as

causas para o grande número de re-internações e mortalidade da IC destacam-se o

desconhecimento de medidas não farmacológicas, a incapacidade dos pacientes de

identificarem sinais e sintomas que antecedem a fase de descompensação e/ou a

adesão inadequada ao tratamento medicamentoso.

Autores demonstraram que a baixa adesão ao tratamento na IC estaria

relacionada a fatores de risco que envolve problemas socioeconômicos, prejuízos

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cognitivos somados às características da doença e à complexidade do tratamento.

Os custos das medicações, as quantidades e efeitos, o relacionamento entre

profissional de saúde e paciente e o apoio necessário são identificados como fatores

contribuintes para influenciar na adesão ao tratamento (CASTRO et al., 2010).

Ressalta-se que a enfermagem contribui de sobremaneira nos cuidados

ao paciente com IC, realizando-os a partir do histórico de enfermagem, do exame

físico, diagnósticos de enfermagem identificados, avaliação contínua do paciente,

além de realizar ações de educar o paciente com relação aos cuidados

subsequentes (LAURENT-BOPP, 2006).

O enfermeiro é um dos profissionais que avalia a presença de IC, conduz

a terapêutica em conjunto com a equipe médica, realiza educação em saúde, orienta

paciente e família para prognóstico da doença, recomendações de atividades,

medicações e dietas (ROCHA, 2008).

Enfermeiros treinados podem detectar as manifestações da IC

descompensada e avaliar o perfil hemodinâmico durante a realização de exame

clínico diário, à beira do leito, apresentando um desempenho similar ao médico

cardiologista (ALITI et al., 2011). No entanto é necessário considerar que mais

importante que tratar a IC é preveni-la, tratando seus fatores de risco como a

hipertensão, a diabetes e dislipidemia, a fim de evitar a instalação e o

desenvolvimento da disfunção ventricular.

Por sua vez, a doença arterial coronariana, DAC, se desenvolve a partir

da aterosclerose, que constitui em um acúmulo anormal de substâncias lipídicas ou

de tecido fibroso na parede vascular. Essas substâncias podem formar placas que

obstruem ou estreitam os vasos, provocando a redução ou bloqueio do fluxo

sanguíneo para o miocárdio (SMELTZER; BARE, 2005; COTRAN;SCOEN, 2001).

A DAC tem estreita relação com o IAM e a IC. A aterosclerose

coronariana produz sintomas e complicações de acordo com o grau de

acometimento da luz arterial, formação de trombo e obstrução do fluxo sanguíneo,

que podem gerar a isquemia miocárdica e o infarto do miocárdio. A lesão

miocárdica significativa, provoca débito cardíaco inadequado e o coração não

consegue suprir as necessidades do corpo, podendo ocasionar insuficiência

cardíaca (SMELTZER ;BARE, 2005).

A HAS, ao lado de alterações no colesterol, fumo e diabetes melitus foram

citados como fatores de risco para a doença arterial coronariana e suas

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complicações (FUCHS, 2006). Corroborando, autores referem que os principais

fatores de risco para DAC incluem a hipertensão, tabagismo, dislipidemias,

obesidade, sedentarismo, diabetes mellitus e antecedentes familiares (GUS;

FISCHMAN; MEDINA, 2002).

Observa-se por tudo que foi exposto, que a HAS é um fator predisponente

a várias doenças cardiovasculares e que a hipertensão de longa duração causa

danos que podem ser irreversíveis ao coração. Os enfermeiros por meio da

sistematização da assistência de enfermagem, com emprego dos diagnósticos de

enfermagem, podem auxiliar na saúde da pessoa hipertensa e na redução da

complicação cardiovascular.

O enfermeiro responde por cuidados essenciais às pessoas portadoras de

HAS, sendo um agente facilitador para que o indivíduo desenvolva competências

para um agir saudável. Por isso, frente aos hipertensos, o enfermeiro deve dar

atenção especial aos fatores de risco cardiovasculares, que poderão perpetuar em

complicações graves (MENEZES; GOBBI, 2010).

Acredita-se que a utilização de diagnósticos de enfermagem no cuidado

de pacientes hipertensos com DCV torna-se relevante pela identificação de

problemas e necessidades reais desta clientela, com vistas a elaboração de um

plano de cuidados e intervenções de enfermagem adequadas a cada cliente.

3.4 Cuidado clínico de enfermagem a pessoas hipertensas

Diversas definições são atribuídas a palavra cuidado/cuidar por muitos

autores, filósofos e profissionais. Diversas também são as formas ou dimensões do

cuidado, havendo muitas possibilidades de se prestar o cuidado a quem dele

necessita. A necessidade de cuidado é uma experiência cotidiana, vivenciada por

todos.

O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primórdios da

humanidade, vem atravessando civilizações e gerações, configurando-se como

resposta ao atendimento às suas necessidades em algum momento da vida (SILVA

et al. ,2009). O cuidado de enfermagem tem sido compreendido como uma atitude

de desvelo, atenção, que está presente na interação dinâmica entre paciente e

enfermeiro e é inerente a profissão de enfermagem (VALE; PAGLIUCA, 2011).

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A realização do cuidado de enfermagem se estabelece mediante uma

ação interativa entre o enfermeiro e paciente. Nele as atividades do profissional são

desenvolvidas ―para‖ e ―com‖ o paciente, ancoradas no conhecimento científico,

habilidade, intuição, pensamento crítico e criatividade, acompanhadas de ações de

cuidar/cuidado no sentido de promover, manter ou recuperar a totalidade humana

(BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009).

Nesta perspectiva, autores referem que o cuidado é uma característica do

ser humano, adotada pela enfermagem, tornando-se sua essência. Tem sido

apontado como objeto epistemológico da enfermagem, abrangendo diversos

significados, por vezes complexos, no entanto pode ser compreendido como ato de

dedicação e inquietação pelo outro (SILVA et al. ,2009).

Pires (2009) refere que o cuidar em enfermagem, tem o sentido de

promover a vida, o potencial vital, o bem estar dos seres humanos na sua

individualidade, complexidade e integralidade. Envolve um encontro com o objetivo

terapêutico de conforto, de cura quando possível e também de preparo para a morte.

Waldow (2008) afirma que o cuidar na enfermagem tem se distinguido

como o seu fazer e que vem afirmando-se mais recentemente também como um

saber diferenciado e único. É sua essência, a sua condição existencial, pois sem o

cuidar a enfermagem não existe.

Neste contexto, Vale e Pagliuca (2011, p.112) caracterizam o cuidado de

enfermagem humanizado como competente e eficaz. Estes autores definiram o

cuidado de enfermagem a partir de estudos com grupos de enfermeiros e

graduandos em enfermagem:

Cuidado de enfermagem é um fenômeno intencional, essencial à vida, que ocorre no encontro de seres humanos que interagem, por meio de atitudes que envolvem consciência, zelo, solidariedade, e amor. Expressam um ―saber fazer‖, embasado na arte, na ciência, ética e na estética, direcionado às necessidades do indivíduo, da

família e da comunidade.

Autores referem que o cuidar em enfermagem consiste no

desenvolvimento de ações e comportamentos com base em conhecimento científico,

experiência, intuição e pensamento crítico, no sentido de manter, promover ou

recuperar a dignidade e totalidade humana. Sob uma ótica humanizadora é uma

atitude intencional de preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o

outro (OLIVEIRA; ALBUQUERQUE; ALENCAR, 2009).

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Considera-se que o foco do cuidado de enfermagem é o ser humano com

suas necessidades biopsicossociais e espirituais. A função precípua do enfermeiro é

o cuidado de enfermagem, seu objetivo está centrado na promoção da saúde,

prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde (VALE; PAGLIUCA,

2011).

Acredita-se que o enfermeiro deve exercer o cuidado de forma

individualizada e holística ao indivíduo, para que ele possa alcançar a sua saúde de

forma integral e obter maior qualidade na assistência recebida. Esse cuidado é

realizado por meio de ações que são únicas e essenciais à recuperação da saúde

do indivíduo em todo o seu ciclo de vida.

Por ser o cuidado a essência da profissão de enfermagem, este se

concretiza nos diversos espaços em que o enfermeiro está presente, interagindo

com o paciente e de alguma forma prestando a assistência de enfermagem. Convém

ressaltar que o cuidado clínico de enfermagem é o cuidado que ocorre nos vários

cenários da prática de enfermagem, desde que seja realizado pela equipe de

enfermagem de forma sistematizada, humanizada, dirigida ao indivíduo em todas as

etapas do ciclo vital, à família ou à comunidade, com bases na filosofia, na ética, no

conhecimento teórico, considerando a subjetividade do indivíduo e suas

manifestações pessoais no processo saúde-doença.

Ante a clientela de hipertensos, as ações cuidativas dos enfermeiros

objetivam favorecer as pessoas a assumirem comportamentos saudáveis, modificar

o estilo de vida, seguir esquemas terapêuticos e medicamentosos. Assim, os

cuidados da enfermagem contribuem para a redução do risco cardiovascular,

mediante a adesão do paciente aos cuidados de promoção e manutenção da saúde

(BEZERRA et al., 2010).

A enfermagem desempenha cuidados junto a estes pacientes almejando

o controle eficaz da hipertensão, para tanto é importante considerar as

características individuais de cada pessoa. As intervenções necessárias às

mudanças de comportamentos devem ter por base fatores específicos e influentes

na determinação do modo de ser e viver dos hipertensos, os quais podem ser de

origem interna e externa (FAVA et al., 2010).

Neste contexto, não deixamos de observar a formulação dos diagnósticos

de enfermagem no cuidado clínico de hipertensos, após as etapas de levantamento

de dados e exame físico. Por meio de diagnósticos de enfermagem definidos

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corretamente, é possível estabelecer intervenções que atendam às necessidades

individuais dos sujeitos com hipertensão arterial e minimizem complicações (FAVA et

al., 2010).

Os diagnósticos de enfermagem são essenciais para a continuação da

assistência, e formam o elo entre a identificação das necessidades do paciente, o

planejamento e a implementação dos cuidados de enfermagem.

Muniz Filha (2007), ao tratar de diagnósticos de enfermagem em

hipertensos com complicações, refere que a utilização de diagnósticos de

enfermagem em pacientes portadores de HAS contribui positivamente na obtenção

de resultados esperados e aumentam o campo de ação do enfermeiro, sem restringi-

lo somente a técnicas e procedimentos.

Desta forma considera-se que diagnósticos de enfermagem são parte

integrante do cuidado clínico de enfermagem, devendo ser aceitos e praticado pelos

enfermeiros nos diversos espaços de atuação da enfermagem. São capazes de unir

à fundamentação científica ao cuidado humanizado e individualizado.

A inserção do diagnóstico de enfermagem no processo de trabalho

favorece aos enfermeiros a usar uma linguagem comum, que possibilita o

entendimento entre os pares sobre os fenômenos clínicos de interesse, norteando

as decisões sobre o fazer da enfermagem. A contextualização do diagnóstico de

enfermagem no PE pode ter efeitos positivos na definição dos fenômenos, na

proposição de cuidados de enfermagem e avaliação dos resultados obtidos

(FONTES; CRUZ, 2008).

A atuação do enfermeiro no contexto do cuidado clínico aos pacientes

hipertensos envolve diversos aspectos do cuidado de enfermagem. Citam-se

cuidados prestados pela enfermagem a estes pacientes: detecção precoce da

doença, realização periódica da medida da PA, atuação em campanhas no

rastreamento de prováveis hipertensos; promoção da saúde por meio de ações

educativas visando a adoção de estilos de vida saudáveis e controle de fatores de

risco para DCV; cuidado direto por meio de consulta de enfermagem que favoreça o

desenvolvimento de vínculo entre o profissional e a pessoa hipertensa, e educação

em saúde que inclui desenvolver e estimular transformações no modo de viver

(PIERIN; GUSMÃO; MION JR ,2009).

Segundo Smeltzer e Bare (2009) o objetivo do cuidado de enfermagem

para pacientes hipertensos focaliza principalmente a diminuição e o controle da PA.

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40

Para alcançar estas metas a enfermeira deve apoiar e orientar o paciente a aderir ao

regime de tratamento, implementar alterações necessárias no estilo de vida, bem

como monitorar a evolução da doença e identificar complicações ou problemas na

terapia.

No cuidado de hipertensos na ESF, o enfermeiro atua como educador em

saúde no trabalho com grupos de pessoas hipertensas, seus familiares e

comunidade, além de desenvolver a consulta de enfermagem (FELIPE; ABREU;

MOREIRA, 2008).

Se os cuidados sugeridos em nível de Atenção Primária de Saúde não

forem seguidos de modo adequado, em algum momento da vida da pessoa

hipertensa surgirão complicações. Após a instalação das complicações

cardiovasculares da HAS os cuidados de enfermagem estarão voltados para a

recuperação do processo patológico mediante tratamento e para o autocuidado do

paciente. Estas ações são realizadas inicialmente em nível terciário, em instituições

hospitalares.

As competências do enfermeiro no cuidado da pessoa com doença

cardiovascular, abrangem ações de proteção e recuperação da saúde, por meio de

intervenções terapêuticas relacionadas ao tratamento medicamentoso,

procedimentos técnicos de enfermagem, orientação para a realização de exames

especializados, adaptação do paciente e família à condição de hipertensão e suas

complicações, além de ações educativas e de apoio emocional.

O cuidado é oferecido aos pacientes crônicos cardíacos mediante ações,

emoções e sensibilidade que o ajudam a vivenciar o processo de adoecimento.

Cuidar destes pacientes na dimensão técnica envolve a atenção aos sinais,

sintomas e complicações do adoecimento, bem como a terapêutica empregada. O

cuidado humanizado torna-se indispensável a estes pacientes, o enfermeiro precisa

transcender o cuidado propriamente dito e compreender quem é esse paciente. A

implementação das ações do cuidado no dia-a-dia, implicam em perceber o paciente

como um ser, respeitar seus valores, crenças, sentimentos, emoções e não apenas

considerar o aspecto biológico (BALDUÍNO; MANTOVANI; LACERDA, 2009).

Entende-se que os diagnósticos de enfermagem antecedem às ações de

cuidado, sendo necessário a sua determinação para efetivar o processo de

enfermagem. A partir das manifestações clínicas e problemas identificados descritos

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como diagnósticos de enfermagem, infere-se os resultados possíveis e as

intervenções de enfermagem para a continuidade ao tratamento (HERDMAN,2010).

Ressalta-se que as doenças cardiovasculares carecem de intervenções

precoces e efetivas por parte do enfermeiro. Estas doenças associadas a HAS

dificultam ainda mais a qualidade de vida das pessoas acometidas. Desta forma os

enfermeiros devem estar fundamentados cientifica e tecnicamente para o cuidado

clínico desta parcela da população. Para tanto diagnósticos de enfermagem formam

a base para a consolidação do processo de enfermagem e fortalecem a sua prática.

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42

4 METODOLOGIA

4.1 Natureza de Estudo

Pesquisa de natureza descritiva, do tipo transversal. A escolha da

estratégia descritiva se deve ao fato do estudo descrever características de uma

determinada população, em consonância com a obtenção de informações e dados

acerca do problema, para uma visão mais aprofundada e maior conhecimento do

tema em questão, sem a pretensão de interferir na realidade encontrada.

A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos e

fenômenos sem que haja manipulação do pesquisador, buscando entre outros,

descobrir a frequência com que uma variável ocorre (BARBOSA, 2000). Entre

outras, tem por finalidade a descrição das características de uma população ou a

identificação de possíveis relações entre variáveis (GIL, 2010).

Empregou-se o método transversal por se tratar de um estudo com

pacientes em um determinado momento do processo de adoecimento, não havendo

referências ao processo saúde-doença como um todo, nem acompanhamento da

evolução da doença. O estudo transversal tem caráter instantâneo, a produção do

dado é realizada em um único momento no processo de observação

(ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).

4.2 Local da Pesquisa

O estudo foi realizado em um hospital especializado em doenças

cardiopulmonares, da rede pública de saúde de Fortaleza- CE, sendo hospital de

referência em Cardiologia no Estado do Ceará, sob a administração da Secretaria

Estadual de Saúde do Ceará (SESA-CE).

A instituição é destinada para tratamento de pacientes com doenças

torácicas, respiratórias ou cardíacas. Dispõe de 379 leitos, distribuídos em duas

unidades de internação pneumológica, uma de internação pediátrica, quatro

unidades de internação cardiológica, sete unidades de terapia intensiva, uma

unidade de parada cardiorrespiratória, uma emergência para adultos, um setor de

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43

hemodinâmica, um centro cirúrgico e ambulatórios de consulta médica e de

enfermagem. A pesquisa foi realizada nas quatro unidades de internação

cardiológica.

O hospital oferece ainda serviços diversos de diagnósticos e de exames

incluindo exames radiológicos, tomografia computadorizada, implante de

marcapasso, cateterismo cardíaco, broncoscopia, atendimento odontológico. Além

disso realiza transplantes de órgãos, sendo reconhecido nacionalmente por este

serviço.

No período de um ano o hospital realiza em média de 1.180 cirurgias

cardíacas e abrange a estimativa de 8.170 internamentos em unidades de clínica

médica.

Na instituição o processo de enfermagem é realizado pelos enfermeiros.

Os diagnósticos de enfermagem são determinados a partir de um instrumento

próprio da enfermagem, padronizado para toda instituição, no qual existem 11

diagnósticos formulados, algumas intervenções de enfermagem e resultados

esperados. Entretanto considera-se que este instrumento utilizado limita a

determinação dos diagnósticos de enfermagem e não contempla as reais

necessidades de cuidados dos pacientes com DCV, portanto limita a assistência de

enfermagem.

Desta forma, acredita-se na necessidade elaborar-se um novo

instrumento mais direcionado e atualizado, em que o enfermeiro possa estabelecer

os diagnósticos, intervenções e resultados próprios de cada paciente.

4.3 População e amostra

A população foi constituída por pacientes hipertensos com diagnóstico

das doenças cardiovasculares infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca ou

com doença arterial coronariana.

Após acesso aos livros de registros de pacientes atendidos na instituição,

foi então realizado o somatório do número de pacientes com hipertensão e as

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44

doenças cardiovasculares IAM, IC e DAC. Foi encontrado um total de 1390

pacientes, atendidos no período de três meses consecutivos, durante o ano de 2011.

No período de coleta dos dados, equivalente aos meses de setembro a

novembro de 2012 (três meses), estimou-se, portanto que seriam admitidos

aproximadamente 1.390 pacientes hipertensos com as doenças cardiovasculares

IAM, IC e DAC.

Para o cálculo do tamanho da amostra estimou-se uma prevalência P de

80%, equivalente à prevalência de hipertensão em pacientes internados na

instituição cenário do estudo, com doença cardiovascular. Esta prevalência foi

encontrada a partir do levantamento de registros em prontuários, em uma das

unidades de internação de cardiologia, quando da realização nesta instituição do

estudo intitulado ―Prática Clínica de Enfermagem: Fundamentação Teórica e

Classificações para as Práticas Profissionais‖.

Fixou-se o nível de significância de 5% ( = 0,05) e um erro amostral

relativo de 7,3% (erro amostral absoluto = 9,1%). Esses valores aplicados na fórmula

abaixo, indicada para populações finitas (N =1390 pacientes), proporcionou uma

amostra de tamanho ―n‖ igual 105 pacientes.

t25% x P x Q x N

n =

e2(N-1) + t25% x P x Q

Onde: n= tamanho da amostra, N= tamanho da população, t= valor

tabelado da distribuição de t de Student ao nível de significância de 5%, e= erro

amostral absoluto, Q = porcentagem complementar (100-p), P = prevalência da

doença.

Os critérios de inclusão foram: ter diagnóstico de hipertensão arterial

registrado no prontuário, ser maior de 18 anos, está consciente e capaz de

verbalizar necessidades e ter diagnóstico médico de IAM, IC ou DAC.

Os critérios de exclusão foram: pacientes que apresentaram condições

clínicas instáveis, ou seja, pacientes graves, que não tinham condições de verbalizar

ou de serem examinados fisicamente.

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45

4.4 Procedimentos e Instrumentos de Coleta de dados

A coleta de dados foi efetuada por meio de um formulário constituído por

questões abertas, fechadas e mistas, envolvendo as características

sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos pacientes, assim como relativas ao

histórico do paciente preenchido por meio de entrevista e ao exame físico realizado

pela pesquisadora. O formulário foi elaborado com base na Taxonomia II da

NANDA-I nos seus 13 domínios e nos roteiros e formulários utilizados por Paiva

(2007) e Muniz Filha (2007).

Foram inicialmente coletados dados nos prontuários a fim de selecionar

os pacientes com diagnóstico de hipertensão e diagnóstico de uma das doenças

cardíacas citadas, para obter informações acerca de exames como cateterismo

cardíaco, procedimentos médicos realizados e outras informações pertinentes ao

estado clínico do paciente.

Os diagnósticos de enfermagem foram elaborados pela pesquisadora

após a obtenção dos dados relacionados às respostas humanas apresentadas pelos

pacientes, as quais foram registradas no instrumento de coleta de dados.

Para estabelecer um diagnóstico de enfermagem, exige-se a utilização do

raciocínio diagnóstico. O raciocínio diagnóstico é um processo que inclui inferências

a partir da análise de dados obtidos dos pacientes, família ou comunidade.

Para a elaboração dos diagnósticos de enfermagem utilizou-se as etapas

do raciocínio diagnóstico proposto por Lunney (2011), que envolve os seguintes

elementos críticos: Reconhecimento da existência de indicadores ou indícios,

geração de possíveis diagnósticos, comparação de indícios para possíveis

diagnósticos, coleta de dados focalizada, validação de diagnósticos. Estes

elementos estão descritos a seguir conforme a autora:

1-Reconhecimento de indícios: O enfermeiro reconhece indícios, pistas ou

evidências com fins diagnósticos, com base no levantamento de dados e exame

físico. Indícios são unidades de dados, como por exemplo, a frequência respiratória.

2-Geração de possíveis diagnósticos: Identificação de possíveis

diagnósticos e/ou outros indícios a serem investigados. A decisão do diagnóstico

somente ocorre quando da obtenção de evidências ou dados de apoio suficientes.

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46

3- Comparação de indícios para possíveis diagnósticos: Os indícios são

analisados em relação aos possíveis diagnósticos, por meio de um processo de

avaliação, que envolve a combinação de indícios existentes e esperados para os

diagnósticos. Durante a avaliação dos indícios e dos diagnósticos, o enfermeiro

pode decidir pela existência ou não de evidências suficientes para o diagnóstico.

4- Coleta de dados focalizada: Para confirmar ou descartar diagnósticos

considerados, indícios adicionais podem ser coletados de forma focalizada. A coleta

focalizada termina quando o enfermeiro sintetiza os dados disponíveis e escolhe um

dos diagnósticos, descarta ou revisa os diagnósticos em análise para incorporar

outros. Se um ou mais diagnósticos forem considerados, a etapa seguinte é a

validação.

5- Validação dos diagnósticos: A validação ou confirmação do diagnóstico

pode ser realizada com o enfermeiro, juntamente ao paciente ou a outro indivíduo

como um profissional de saúde. Ambos devem concordar com o diagnóstico

encontrado. Validar os diagnósticos com outros indivíduos ajuda a garantir a

acurácia diagnóstica.

Nesta pesquisa, após a pesquisadora estabelecer os diagnósticos gerais,

foram identificados os diagnósticos prioritários conforme a NANDA-I: A

pesquisadora após levantamento dos dados a partir do formulário de pesquisa,

estabeleceu inicialmente 172 diagnósticos possíveis. Os índicios e pistas

diagnósticas encontrados para tais diagnósticos foram comparados e confirmados

ou não com os encontrados na NANDA Internacional 2012-2014, sendo descartados

diagnósticos que não apresentaram evidências suficientes para sua formulação.

Após estas etapas, foi realizada a validação ou confirmação dos diagnósticos pela

pesquisadora juntamente com sua orientadora, com base nas evidências,

características definidoras e fatores relacionados encontrados. Nesta etapa foram

selecionados somente diagnósticos que ambas, pesquisadora e orientadora,

concordaram. Após a realização de todas as etapas para a determinação dos

diagnósticos conforme Lunney (2011), foram identificados 46 diagnósticos definitivos

na amostra.

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47

4.5 Organização e Análise de dados

Os dados foram consolidados em uma base de dados, por meio de

planilhas do programa Excel. Nestas foram registrados dados sociodemográficos,

clínico-epidemiológicos e as respostas humanas. Posteriormente os dados foram

processados estatisticamente no programa SPSS (Statistical Package of Social of

Science) versão 17.0.

Os diagnósticos de enfermagem estão apresentados por meio de quadros

para melhor compreensão. Já os dados sociodemográficos e clínico-epidemiológicos

foram dispostos em tabelas com frequência simples e percentual. Estão também em

tabelas os dados de associação entre variáveis.

Foram calculadas as medidas estatísticas descritivas médias e desvio

padrão das variáveis: idade, renda, tempo de diagnóstico de HAS e índice de massa

corporal.

Analisou-se a associação entre diagnóstico de enfermagem e as

variáveis sociodemográficas idade e sexo, e as variáveis clínicas tempo de HAS,

IAM, IC e DAC, por meio dos testes não paramétricos de 2 e do teste de razão de

verossimilhança. Para todas as análises consideraram-se como estatisticamente

significantes aquelas com p < 0,05.

A discussão dos resultados fundamentou-se em literatura revisada,

sobre doença cardiovascular e diagnósticos de enfermagem. Dados acerca da HAS

foram analisados conforme diretrizes nacionais, normas do Ministério da Saúde e na

literatura científica atualizada e disponíveis em bases de dados nacionais.

4.6 Aspectos éticos e legais da pesquisa

O trabalho buscou atender a todos os preceitos éticos contidos na

Resolução196/96, que trata das pesquisas que envolvem seres humanos.

A pesquisa foi encaminhada ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Universidade Estadual do Ceará (UECE) aprovado segundo o Parecer Nº 65732 e

em seguida ao CEP da instituição hospitalar aprovado sob o Parecer Nº77609,

conforme determina a Resolução 196/96 Conselho Nacional de Saúde

(BRASIL,1996).

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48

A coleta de dados iniciou-se após parecer favorável dos dois Comitês.

Ressalta-se a obtenção inicial, junto a Chefia do Serviço de Cardiologia da

instituição, de autorização para realização da coleta de dados para a pesquisa, nas

unidades de cardiologia. A autorização foi encaminhada juntamente com o projeto

de pesquisa ao CEP da instituição e da UECE.

Para a realização da coleta de dados, pacientes que atendiam aos

critérios de inclusão na amostra, foram abordados e convidados a participar. Foi

lhes explicado o propósito da pesquisa e sua participação no estudo. Na ocasião,

entregou-se aos mesmos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(Apêndice B), o qual os pacientes assinaram após aceitar participar do estudo.

O TCLE esclarece a intenção do estudo, garante o sigilo de identidade

dos participantes na divulgação das informações obtidas, e foi preenchido em duas

vias, ficando uma para a pesquisadora e outra para o pesquisado.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram avaliados 105 pacientes neste estudo. Adiante são apresentadas

as características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas da amostra, os

diagnósticos de enfermagem encontrados e a associação entre diagnósticos e

variáveis.

Tabela1: Distribuição dos pacientes quanto a características sociodemográficas. Fortaleza- CE, 2012 Variáveis F % Média ± DP

Sexo Masculino Feminino Total

61 44

105

58,1 41,9 100

Idade (anos) 29-59 60-69 70-90 Total

34 40 31

105

32,4 38,1 29,5 100

63,59±12,2

Estado civil

Solteiro Casado/ união estável Sep/ viúvo Total

10 81 13

105

9,5

77,1 12,4 100

Escolaridade Analfabeto Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio completo Ensino superior completo Total

31 48 16 8 2

105

29,5 45,7 15,2 7,6 1,9 100

Ocupação

Trabalha Aposentado/Pensionista Desempregado Total

29 59 17

105

27,6 56,2 16,2 100

Renda familiar(sm) 0---/1 1---/2 2---/8 Total

37 46 21

105

35,2 43,8 20,0 100

1,84±1,22

Procedência Capital Interior do estado Outro estado Total

51 52 2

105

48,6 49,5 1,9 100

Salário mínimo = R$ 622,00

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50

Nessa pesquisa encontrou-se a predominância do sexo masculino, sendo

61(58,1%) homens e 44(41,9%) mulheres, apontando a prevalência da HAS nos

homens. No entanto, em nosso município, Fortaleza-CE, o VIGITEL 2011 mostrou

que a prevalência da HAS em mulheres tem se mostrado mais elevada do que em

homens (BRASIL, 2012). Contudo, a prevalência global da HAS entre homens e

mulheres é semelhante, sendo mais elevada nos homens até os 50 anos e

invertendo-se a partir desta idade (DIRETRIZES, 2010).

No que se refere à DCV, em geral, estudos têm demonstrado ser mais

comum entre homens (LEMOS et al., 2010; ROLANDE et al., 2011; BARRETO et al.,

2008). Pesquisa realizada com 130 pacientes com diagnóstico de IC secundária à

HAS demonstrou a predominância do sexo masculino entre os pesquisados, com

58% (74) homens (ROLANDE et al., 2011). Na mesma linha, estudo com pacientes

internados em unidade coronariana com complicações da HAS, encontrou a maioria

de pacientes do sexo masculino (MUNIZ FILHA, 2007). Outro estudo, conduzido em

hospital universitário com 252 pacientes com IC, reforçou a prevalência do sexo

masculino, correspondendo a 60%(151) da amostra (CASTRO et al., 2010). Autores

referem que mulheres têm maior tolerância à HAS do que os homens e apresentam

taxas de mortalidade coronariana em geral mais baixas (KAPLAN; VICTOR, 2011).

A idade dos 105 participantes variou de 29 a 90 anos com média

(63,5+12,2) anos, havendo maior número de pacientes idosos, correspondendo a 71

(67,6%) participantes. A idade demonstra ser fator de risco relevante para a HAS. À

medida que aumenta a idade, eleva-se a prevalência de hipertensão, estando

presente principalmente na faixa etária de 60 anos ou mais (DIRETRIZES, 2010).

Este fato pode relacionar-se aos níveis tensionais que tendem a se elevar em

pessoas com idades mais avançadas, devido ao desenvolvimento de

arteriosclerose, que diminui a complacência das artérias, ocasionando

principalmente a hipertensão arterial sistólica (PINOTTI; MANTOVANI;

GIACOMOZZI, 2008).

O impacto do envelhecimento associado a HAS foi observado

precisamente em estudo que demonstrou que 90% de pacientes normotensos na

idade de 55 ou 65 anos, acompanhados por 20 anos, desenvolveram hipertensão

na idade de 75 ou 85 anos (KAPLAN;VICTOR, 2011).

Estudo realizado com 263 pacientes internados pela doença

cardiovascular, IC, identificou a maior concentração de idosos entre os pesquisados

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e a média de 59,9 anos entre os pacientes. Neste mesmo estudo, a etiologia mais

frequente da IC foi a cardiopatia isquêmica, seguida da hipertensiva, que contribuiu

com 27% das internações (BARRETO et al.2008).

Igualmente, Castro et al. (2010) encontraram entre 252 pacientes com

diagnóstico de IC, a média de idade de 63 anos. A principal etiologia da IC neste

caso foi hipertensiva, seguida das doenças isquêmicas.

Desta forma considera-se que, no presente estudo, a idade avançada foi

fator importante em pacientes com HAS e DCV, contribuidor na gênese das

doenças.

Quanto ao estado civil, observou-se que a grande maioria, 81 (77,1%)

pacientes, era casada. Estudos com pacientes hipertensos também encontraram

essa característica. A presença do companheiro nesta pesquisa revelou ser um fator

positivo, relatado pelos pacientes como de apoio na internação hospitalar e ao longo

do tratamento das doenças antes da internação. Muitos pacientes afirmaram a

participação do cônjuge no tratamento farmacológico, no que diz respeito aos

horários e controle da medicação.

Com relação à ocupação, mais da metade da amostra era aposentado

ou pensionista correspondendo a 59 (56,2%) pacientes, o que pode ter relação com

a idade, já que a maioria também era de idosos.

Percebeu-se neste estudo a baixa escolaridade dos participantes, 31(

29,5%) pacientes eram analfabetos e 48 (45,7%) não concluíram o ensino

fundamental. Sendo pouco instruídos, os pacientes compreendem menos as

doenças e sua condição de saúde, o que pode influenciar no agravamento destas e

suas complicações.

Estudo de base populacional realizado com 1.717 indivíduos, demonstrou

que pessoas com nível de escolaridade mais baixo apresentaram uma maior

prevalência de HAS. O risco de HAS foi 2,8 vezes maior para aqueles com nível de

instrução mais baixo (CIPULLO et al., 2010). Já Costa et al. (2007) observaram que

indivíduos com menos de quatro anos de estudo tinham quase duas vezes mais

probabilidade de apresentar HAS.

Autores encontraram entre 385 portadores de HAS, 86,8% com no

máximo oito anos de estudo (GIROTTO at al., 2009) e entre 152 portadores de

síndromes coronarianas, 94(61,8%) possuíam menos de 5 anos de estudo(LEMOS

et al., 2010)

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52

O baixo nível de instrução escolar pode dificultar o entendimento dos

indivíduos acerca das orientações recebidas por profissionais de saúde, sobretudo

de medidas de tratamento correto, o que contribui para a não adesão ao tratamento

e consequentemente a maior prevalência das complicações hipertensivas (PINOTTI;

MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008).

Ressalta-se que muitos pacientes neste estudo, preocupavam-se em

justificar sua baixa escolaridade pela dificuldade de acesso à escola e à educação

em tempos mais antigos, e pela necessidade de trabalhar muito cedo para ajudar

financeiramente a família, configurando o abandono dos estudos.

A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é complexa e

deve ser estabelecida. Com relação à renda dos indivíduos, a amostra foi

caracterizada por pacientes de baixa renda. Encontrou-se que mais da metade da

amostra 83 (79,0%) dos pacientes, possuía renda familiar inferior a dois salários

mínimos. A renda pode influenciar diretamente no tratamento de pacientes

cardiopatas, que demandam parte de seus salários com medicações para controle

cardiovascular, que nem sempre são distribuídas em programas do governo. A baixa

renda, muitas vezes, implica na carência de medicações e de condição para

alimentação saudável e atividade física, recomendadas no tratamento.

A renda escassa também poderá dificultar a aquisição de hábitos

adequados à nova condição de vida (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008)

necessários na presença de DCV. Adiciona-se a isso que taxas mais altas de DCV

foram mostradas em grupos com nível socioeconômico mais baixo. As diferenças

socioeconômicas têm papel importante nas condições de saúde por influenciarem

fatores como acesso ao sistema de saúde, grau de informação, entendimento da

condição de saúde e adesão ao tratamento (CIPULLO et al., 2010).

Diversos estudos identificaram a relação entre baixa renda e prevalência

da HAS, alertando-nos para o risco na população economicamente mais pobre.

Conforme Santos e Lima (2008), a prevalência da HAS é inversamente proporcional

à escolaridade e a renda, fato derivado do menor nível de cuidados com a saúde

presente nesses indivíduos.

A condição socioeconômica geralmente alinha ganho salarial e nível

educacional, sendo ambos influentes nos hábitos de vida, sociais, na saúde,

compreensão e aceitação da doença (MUNIZ FILHA, 2007). Porquanto, melhores

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53

condições socioeconômicas podem facilitar a adesão e tratamento adequado das

doenças do aparelho circulatório.

Dentre a amostra observou-se a distribuição homogênea de pacientes

advindos do interior do Estado e da capital. O correspondente a 48,6% (51) da

amostra foi procedente da capital, Fortaleza. Do interior do Estado foram admitidos

49,5% (52) da amostra. Desta forma considerou-se que a procedência do paciente

não exerceu importante influência nas DCV, por serem equivalentes, principalmente

por ter como característica socioeconômica a baixa renda, fato que parece não

haver diferença entre morar na periferia da capital e os municípios do interior do

Estado. Pacientes da região metropolitana foram considerados como procedentes

da capital.

Convém ressaltar a grande demanda de pacientes do interior do estado,

equiparando-se a da capital. Este fato denota que a atenção terciária no serviço de

saúde dos municípios interioranos, em sua maioria, não disponibilizam hospitais em

nível terciário de atenção à saúde com suporte para realização de tratamento clínico

ou cirúrgico na área de Cardiologia e em consequência, existe excesso de demanda

nas instituições hospitalares da capital.

Estudo buscando descrever o padrão de morbidade por doenças do

aparelho cardiovascular no Ceará identificou que 58% dos internamentos por

doenças cardiovasculares em hospitais da rede pública de saúde eram oriundos do

interior do Estado. Isso representa uma fuga ao conceito de que a morbidade por

DCV está associada principalmente ao estilo de vida urbano, e não ao estilo de vida

rural, onde se acredita viver de maneira mais saudável e supostamente livre de

fatores de risco cardiovascular, como hábitos sociais perniciosos, sedentarismo,

alimentação inadequada e estresse psicológico (FERNANDES; CARNEIRO;

CORREIA, 2007).

As características sócio-demográficas devem ser estudas e observadas

em pessoas hipertensas e em portadores de DCV, pois possibilitam conhecer a

clientela e servem de base para a realização de ações estratégicas de controle

destas doenças.

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Tabela 2: Distribuição dos pacientes hipertensos com DCV quanto às características clínico-epidemiológicas. Fortaleza- CE, 2012. Variável F %

Tempo de diagnóstico de HAS(anos) < 1 1-5 6-10 >10

19 22 25 39

18,1 21

23,8

37,1

Média±DP 2,8±1,13

História familiar de HAS

Sim Não

77 28

73,3 26,7

Doença Cardiovascular Presente* IAM IC DAC

61 37 25

58

35,2 23,8

História Familiar de DCV Sim Não

71 34

67,6 32,4

Internamentos Anteriores por DCV

Sim Não

49 56

46,7 53,3

Cirurgia Cardíaca Sim Não

32 73

30,5 69,5

Cateterismo Sim Não

78 27

74,3 25,7

Tabagismo Sim Não Deixou de fumar

35 51 19

33,3 48,6 18,1

Etilismo Sim Não Deixou de beber

27 69 9

25,7 65,7 8,6

Índice de massa corpórea- IMC <25 >25

36 69

34,3 65,7

Média±DP 27,25±6,1

*Alguns pacientes apresentaram mais de um diagnóstico de DCV

É comum observar na prática clínica que decorre um longo período de

tempo até que o portador de hipertensão venha apresentar sinais, sintomas e

complicações a ela associadas. Sua evolução é insidiosa e progride de forma

silenciosa na maioria dos casos (MUNIZ FILHA, 2007). Observou-se que 25 (23,8%)

pacientes possuía diagnóstico de HAS dentro do período de 6 a 10 anos, enquanto

39 (37,1%) foram diagnosticados com HAS há mais de 10 anos, ou seja, mais da

metade da amostra, 64 pacientes, tinha o conhecimento do diagnóstico da doença

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55

há mais de 6 anos. Supõe-se desta forma que houve entre os pacientes pouca ou

nenhuma adesão ao regime terapêutico da HAS, que favoreceu ao surgimento da

morbidade cardiovascular.

Somente conhecer o diagnóstico da HAS não significa muito, é preciso

que a pessoa compreenda que esse fato, requer mudanças no estilo de vida e

mudanças comportamentais no que se refere à saúde, entretanto, para muitos

pacientes receber o diagnóstico de hipertensão nem sempre significa iniciar o

tratamento da doença, seja farmacológico ou não. Além disso, embora o paciente se

reconheça como hipertenso, a característica assintomática da doença favorece a

não adesão ao tratamento.

Com relação a história familiar de HAS como predisponente a doença,

esta tem sido relatada em vários estudos que abrangem hipertensão, sendo fator de

risco constitucional ou não modificável para esta doença (SANTOS, 2008;

FUCHS,2006). Entre os pesquisados, 77(73,3%) tinham antecedentes de

hipertensão familiar, bem como 71(67,6%) pacientes possuíam história familiar de

DCV.

Pesquisas constataram 30,9% de 385 pacientes hipertensos com historia

familiar de HAS (GIROTTO et al., 2009), assim como identificaram que 60% dos

indivíduos ora pesquisados possuíam história familiar de doença hipertensiva

(COSTA et al.,2007). Desta forma reforçam que a história familiar positiva para no

mínimo um dos progenitores está associada com o aumento da prevalência da HAS.

Estudo relacionado à DCV, observou que 56,6% dos pacientes com

diagnóstico de síndrome coronariana aguda, possuíam antecedentes familiares da

doença (LEMOS et al.,2010). Outro estudo revelou o fator de risco antecedente

familiares de doença coronariana presente em 57,3% dos indivíduos pesquisados

(GUS; FISCHMANN; MEDINA, 2002).

Acrescenta-se que pacientes com parentes de primeiro grau portadores

de cardiopatia coronariana têm maiores riscos de desenvolver DAC, do que a

população em geral (GUS; FISCHMANN; MEDINA, 2002).

Destaca-se, portanto, a relevância da história familiar de DCV como fator

de risco não modificável para cardiopatia. A identificação deste fator é de grande

importância para intensificar a observação de pacientes quanto ao risco

cardiovascular (GIROTTO et al., 2009), e orientar mais especificamente o paciente

quanto ao alto risco de surgimento da HAS e doenças cardiovasculares associadas.

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56

Quanto a DCV presente, entre os sujeitos da pesquisa, encontraram-se

61 indivíduos com diagnóstico de IAM; 37 de IC; e 25 de DAC. Atenta-se para o fato

de que os participantes tiveram até dois diagnósticos presentes de DCV, além da

HAS, portanto muitos tinham mais de uma das doenças referidas registradas no

prontuário. Desta forma, o IAM foi a DCV mais prevalente.

Conforme Costa et al. (2007) a HAS é responsável pelo desenvolvimento

de doenças cardiovasculares como cardiopatia isquêmica e insuficiência cardíaca.

As complicações da HAS levam o pacientes a requerer cuidados médicos de alto

custo, e no Brasil, as doenças cardiocirculatórias são uma das principais causas de

internações hospitalares, envolvendo reconhecidamente custos elevados.

A Tabela 2 mostra que 49 (46,7%) dos pacientes haviam sido internados

anteriormente por DCV, sendo um número elevado, atingindo quase metade da

amostra. Castro et al. (2010) referem que o cenário das re-internações no Brasil é

preocupante e que abaixa adesão ao tratamento de pacientes com DCV influencia

na descompensação da doença e readmissão hospitalar.

Barreto et al.(2008) em estudo buscando avaliar a evolução da IC por

meio de taxa de mortalidade e re-hospitalização, relatam que entre 263 pacientes

internados por IC descompensada, 51,2% procuraram atendimento de emergência

no período de um ano, assim como ocorreram 102 re-hospitalizações dentre esta

amostra. O tempo médio de internação foi de 25 dias.

Considera-se que as internações, ou re-internações, poderiam ser

evitadas mediante medidas preventivas, mediadas por atividades de educação em

saúde ensinando ao paciente, além de ações estratégicas para adesão ao

tratamento como acompanhamento ambulatorial periódico, e monitorização do uso

de medicação.

A cirurgia cardíaca tem sido a terapêutica indicada para muitos pacientes

portadores de doença cardiovascular. A gravidade da cardiopatia, bem como outros

fatores inerentes ao paciente é avaliada para a decisão cirúrgica. Da amostra, 32

(30,5%) pacientes foram submetidos à cirurgia cardíaca. A revascularização do

miocárdio (RM) foi a principal intervenção realizada.

A revascularização do miocárdio, conhecida popularmente por ponte de

safena, consiste em um enxerto arterial coronário usando a veia safena, com o

objetivo de isolar o vaso obstruído e restabelecer a perfusão da artéria coronária,

assim o miocárdio é preservado (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006).

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57

O cateterismo cardíaco é comum ser realizado em pacientes cardiopatas

e neste estudo foi realizado em 78 (74,3%) pacientes. Cateterismo é um estudo

hemodinâmico utilizado para acessar o coração através da inserção intravascular de

cateteres para estudar sua anatomia e fisiologia, buscando diagnosticar ou tratar

doenças. Permite a visualização das câmaras cardíacas, grandes vasos e artérias

coronárias (QUILICI et al., 2009).

Por se tratar de procedimento invasivo, não está isento de complicações e

estas ocorrem com maior frequência em pacientes com fatores preditivos, como a

hipertensão arterial, insuficiência cardíaca em classe funcional elevada, choque, IAM

com menos de 24 horas de evolução e idade acima de 80 anos(QUILICI et al.,

2009). Desta forma os pacientes da amostra estiveram em risco de complicações.

O tabagismo constitui-se grave fator de risco cardiovascular, todavia

totalmente evitável (PINOTTI; MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008). Neste estudo, 35

(33,3%) pessoas eram fumantes e 19 (18,1%) ex-fumantes. Considera-se que o

hábito de fumar, tenha contribuído para as DCV. Em estudo com 152 pacientes com

doenças coronarianas, o equivalente a 39,5% (60) da amostra eram tabagistas

(LEMOS et al. 2010).

Quanto ao consumo de bebida alcoólica, 27 (25,7%) pessoas afirmaram

serem etilistas, mesmo já conhecendo o diagnóstico de HAS, e 9 (8,6%) afirmaram

ter deixado de consumir bebidas alcoólicas, desta maneira, observou-se que 36

pacientes apresentaram este fator de risco para HAS e DCV. A ingestão de álcool

por períodos prolongados pode ocasionar a elevação da pressão arterial e a

mortalidade cardiovascular em geral. Em populações brasileiras, o consumo

excessivo de bebidas alcoólicas se associa com a ocorrência de HAS de forma

independente das características demográficas (DIRETRIZES, 2010).

Entretanto, embora a literatura indique os riscos do fumo e da bebida

alcoólica para aumento da PA, alguns autores em estudo sobre prevalência da HAS

e fatores associados, não encontraram associação entre estes fatores e a doença

(COSTA et al., 2007).

É bem discutida a importância do controle de peso para a redução dos

níveis tensionais, em pacientes portadores de HAS. Mesmo uma modesta perda de

peso corporal está associada à redução da PA. Este estudo revelou o excesso de

peso presente em grande parte da amostra. Entre os participantes 69 (65,7%)

apresentaram índice de massa corporal (IMC) acima de 25 kg/m2. A média deste

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58

índice foi de 27,25kg/m2. Autores demonstraram achados semelhantes em trabalho

realizado com portadores de doenças coronarianas, onde 77% de 152 pacientes

apresentaram IMC acima de 25 kg/m2 e a média do IMC foi de 28,1 kg/m2 (LEMOS

et al. 2010).

Hoje em dia os números crescentes da obesidade põem em risco a vida

dos indivíduos e colocam em dúvida a capacidade de se implementar mudanças

necessárias referentes ao estilo de vida. É preocupante observar a obesidade aliada

ao envelhecimento das populações, acarretando entre outras, as doenças do

aparelho circulatório.

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59

Quadro 4- Diagnósticos de enfermagem em pessoas hipertensas com doenças cardiovasculares. Fortaleza- CE, 2012.

Domínios Diagnósticos de Enfermagem N %

1-Promoção da saúde Estilo de vida Sedentário 82 78,0

Autocontrole Ineficaz da saúde 78 74,2

Disposição para autocontrole da saúde melhorado 36 34,2

2-Nutrição Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais

59 56,1

Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades corporais

02 1,9

Deglutição prejudicada 11 10,4

Volume de líquidos deficiente 27 25,7

Volume de líquidos excessivo 9 8,5

3-Eliminação e Troca Eliminação urinária prejudicada 10 9,5

Constipação 19 18,0

Troca de gases prejudicada 36 34,2

4-Atividade/ Repouso Padrão de sono prejudicado 61 58,0

Insônia 5 4,7

Deambulação Prejudicada 43 40,9

Mobilidade física prejudicada 49 46,6

Mobilidade no leito prejudicada 6 5,7

Fadiga 42 40,0

Débito Cardíaco Diminuído 69 65,7

Intolerância à atividade 76 72,3

Padrão respiratório ineficaz 37 35,2

Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída 105 100,0

Risco de perfusão tissular periférica ineficaz 105 100,0

Déficit no autocuidado para alimentação 6 5,7

Déficit no autocuidado para banho 28 26,6

Déficit no autocuidado para vestir-se 30 28,5

5- Percepção/ Cognição Conhecimento deficiente 70 66,6

Memória Prejudicada 32 30,4

Comunicação verbal prejudicada 14 13,3

6- Autopercepção Baixa autoestima situacional 31 29,5

Distúrbio na imagem corporal 8 7,6

7- Papéis e relacionamentos

Processos familiares interrompidos 23 21,9

Desempenho de papel ineficaz 30 28,5

8- Sexualidade Disfunção sexual 38 36,1

9-Enfrentamento/ Tolerância ao estresse

Medo 37 35,2

Ansiedade 55 52,3

Disposição para enfrentamento melhorado 25 23,8

Tristeza crônica 58 55,2

10- Princípios da Vida Religiosidade prejudicada 6 5,7

11-Segurança/Proteção Risco de infecção 103 98,0

Integridade da pele prejudicada 76 72,3

Risco de quedas 49 46,6

Risco de trauma vascular 65 61,9

Dentição prejudicada 90 85,7

12- Conforto Conforto prejudicado 27 25,7

Dor aguda 57 54,2

Náusea 18 17,1

13- Crescimento/Desenvolvi

Não houve

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60

mento

O Quadro 4 apresenta os diagnósticos de enfermagem encontrados nos

pacientes hipertensos com diagnóstico de doenças cardiovasculares IAM, IC e DAC,

internados nas unidades de Cardiologia. No quadro estão descritos os valores

absolutos encontrados de cada diagnóstico e o seu percentual em relação à

amostra.

Após a avaliação de cada formulário de pesquisa, foram inicialmente

registrados pela pesquisadora 172 diagnósticos possíveis na amostra. Entretanto,

após todas as etapas de elaboração de diagnósticos, segundo Lunney (2011), foram

identificados 46 diagnósticos definitivos de acordo com a Taxonomia da NANDA

Internacional versão 2012-2014. Foram excluídos diagnósticos que não

apresentaram indícios suficientes, ou características definidoras ou fatores

relacionados necessários para sua definição.

Os diagnósticos estão distribuídos por domínios. Os domínios mais

representados na pesquisa foram: os domínios 2 Nutrição, 4 Atividade /Repouso, 9

Enfrentamento/Tolerância ao estresse e 11 Segurança/Proteção.

Do total dos 46 diagnósticos, foram identificados 38 diagnósticos de

enfermagem real, 2 diagnósticos de enfermagem de promoção da saúde e 6

diagnósticos de enfermagem de risco.

Observa-se no quadro, 16 diagnósticos que atingiram o percentil 50,

portanto presentes em 50% ou mais da amostra. Estes diagnósticos, portanto, foram

descritos e analisados posteriormente.

Comparando este estudo com outros relativos a diagnósticos de

enfermagem, de maneira em geral, os diagnóstiocos aqui encontrados têm sido

identificados em estudos realizados com pacientes com adoecimento cardiovascular,

submetidos ou não à cirurgia (PEREIRA et al., 2011; CRUZ; LOPES, 2010;

GALDEANO; ROSSI; PEZZUTO, 2004).

Considerou-se comum em estudos com cardiopatas, os diagnósticos de

―dor‖, ―débito cardíaco diminuído‖, ―padrão respiratório ineficaz‖, ―intolerância à

atividade‖ e ―ansiedade‖, frequentemente presentes nestes pacientes, independente

da Taxonomia da NANDA-I utilizada. Estes diagnósticos demonstram elevado

percentual e merecem atenção do enfermeiro nas práticas cuidativas junto aos

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61

portadores de doenças cardiovasculares, devendo ser discutidos para nortear o

cuidado de enfermagem.

Percebeu-se que a determinação de alguns diagnósticos contribui para

presença de outros na amostra. A exemplo, os diagnósticos ―estilo de vida

sedentário‖, ―nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais‖ e

―conhecimento deficiente‖ contribuem para o diagnóstico autocontrole ineficaz da

saúde. Da mesma maneira ―integridade da pele prejudicada‖ pode corroborar para o

diagnóstico ―risco de infecção‖, ambos do mesmo domínio.

Com relação aos diagnósticos de enfermagem de risco, encontrou-se 6

diagnósticos com expressivo percentual na amostra, sendo que 2 diagnósticos de

risco foram identificados em 100% dos pesquisados. Este fato mostra a

vulnerabilidade dos pacientes internados. Os diagnósticos foram: ―risco de perfusão

tissular cardíaca diminuída‖, ―risco de perfusão tissular periférica ineficaz‖, ―risco de

infecção‖, ―risco de quedas‖ e ― risco de trauma vascular‖. Estes diagnósticos

sugerem o risco de ocorrência de problemas ainda não instalados, mas que podem

vir a se tornar em problemas reais. Assim, as informações relacionadas aos fatores

de risco para o paciente são relevantes, a enfermagem deve a partir dos

diagnósticos, adotar medidas preventivas e protetoras na fase de intervenção.

Considerando a segurança de pacientes sob responsabilidade do

enfermeiro, o diagnóstico ―risco de quedas‖ sempre deve ser avaliado e intervenções

são necessárias por parte da enfermagem e da instituição, desde o apoio mediante

recursos físicos adequados, como também modificações no ambiente, relativas ao

posicionamento dos leitos e objetos presentes nas enfermarias, pois observou-se na

pesquisa a predominância de idosos hipertensos com DCV. Estes, por sofrerem

alterações fisiológicas e funcionais em decorrência do envelhecimento e até mesmo

por efeitos de drogas prescritas, estão mais propensos aos pequenos acidentes ou

quedas.

Com relação aos diagnósticos de promoção da saúde, foram identificados

dois diagnósticos: ―disposição para autocontrole da saúde melhorado‖ e ―disposição

para enfrentamento melhorado‖, isto remete à motivação de pacientes para o

enfrentamento e controle das doenças, e a busca para a integração de um regime

terapêutico à sua condição de vida e de saúde (HERDMAN, 2013).

Observou-se que o domínio 4 Atividade /Repouso, foi o domínio com

maior número de diagnósticos de enfermagem identificados, tendo sido encontrados

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62

14 diagnósticos. Por serem pacientes com DCV, as atividades diárias e o

autocuidado são as áreas geralmente mais comprometidas nestes pacientes, que se

apresentam em comum incapacitados fisicamente. Além disso, este domínio inclui a

classe de respostas cardiovasculares e pulmonares, portanto acredita-se que esses

fatores determinaram a maior concentração dos diagnósticos neste domínio.

A amostra foi composta pela maioria de pessoas idosas, com média de 63

anos, que pode ter contribuído também para a predominância de diagnósticos do

domínio 4. As doenças cardiopulmonares são as mais prevalentes entre idosos,

quando descompensadas podem gerar alterações nas respostas humanas que

envolvem sono/repouso, atividade/exercício, equilíbrio de energia, respostas

cardiovasculares e autocuidado, que são fenômenos envolvidos no domínio

atividade/repouso (GUEDES et al., 2010).

No domínio 4, atenta-se ainda para os diagnósticos de ―Déficit do

autocuidado‖, que envolvem banho, alimentação e vestir-se, tendo sido todos

encontrados na amostra, demonstrando o quanto os pacientes encontram-se

debilitados para a realização de cuidados simples. O autocuidado deve ser

incentivado, dentro das condições clínicas de cada paciente. Achado semelhante foi

encontrado em 100% de pacientes internados em unidade coronariana por

complicação da HAS, em que todos tiveram o diagnóstico de déficit de autocuidado

(MUNIZ FILHA, 2007).

A seguir são apresentados os 16 diagnósticos de enfermagem que

atingiram o percentil 50, as características definidoras e fatores relacionados

utilizados para a determinação destes diagnósticos.

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Quadro 5- Diagnósticos de enfermagem, características definidoras e fatores relacionados (diagnósticos presentes acima do percentil 50)

Diagnóstico de enfermagem Características definidoras Fatores relacionados

Estilo de vida sedentário Escolhe rotina diária sem

exercícios físicos; demonstra falta

de condicionamento físico.

Conhecimento deficiente sobre os

benefícios que a atividade física

traz à saúde; falta de interesse;

falta de recursos (ex. tempo,

dinheiro, estrutura)

Autocontrole ineficaz da saúde Expressão de dificuldades com

regime prescrito; Escolhas na vida

diária ineficazes para atingir metas

de saúde; Falha em incluir regimes

de tratamento à vida diária.

Barreiras percebidas;

Complexidade do regime

terapêutico; Déficit de

conhecimento

Nutrição desequilibrada: mais do

que as necessidades corporais

Peso 20% acima do ideal para

altura e compleição;

Ingestão excessiva em relação à

atividade física; ingestão excessiva

em relação ao gasto calórico.

Padrão de sono prejudicado Insatisfação com o sono; mudança

no padrão normal do sono; relatos

de dificuldade para dormir; relatos

de ficar acordado; relatos de não

se sentir bem descansado.

Falta de privacidade/controle do

sono; interrupções(p.ex.motivos

terapêuticos, monitoramento,

exames laboratoriais; iluminação;

ruídos.

Débito cardíaco diminuído Arritmias; bradicardia; taquicardia;

palpitações; dispneia; ortopnéia;

fadiga; edema.

Contratilidade alterada; frequência

cardíaca alterada; ritmo alterado.

Intolerância à atividade

Desconforto aos esforços; dispneia

aos esforços; relato de fadiga;

relato de fraqueza.

Desequilíbrio entre a oferta e a

demanda de oxigênio.

Risco de perfusão tissular cardíaca

diminuída

Não há Fatores de risco: Cirurgia cardíaca;

diabetes melito; hipertensão;

história familiar de doença da

artéria coronariana.

Risco de perfusão tissular

periférica ineficaz

Não há Fatores de risco: Estilo de vida

sedentário; hipertensão; idade > 60

anos; diabetes melito.

Conhecimento Deficiente Seguimento inadequado de

instruções; verbalização do

problema.

Interpretações errôneas de

informações; falta de exposição à

informações; falta de interesse em

aprender; limitação cognitiva.

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64

Ansiedade Afetivas: angustia, incerteza,

irritabilidade, medo, preocupação;

Comportamentais: nervosismo

Ameaça ao estado de saúde;

crises situacionais; preocupações

devido a mudanças em eventos da

vida.

Tristeza crônica Relato de sentimentos expressos

de tristeza

Crises no controle da doença;

experiência de doença crônica;

experiência de incapacidade

crônica.

Risco de infecção Fatores de risco: Aumento da

exposição à patógenos; pele

rompida; tecido traumatizado;

procedimentos invasivos.

Integridade da pele prejudicada Destruição de camadas da pele;

invasão de estruturas do corpo;

rompimento da superfície da pele.

Fatores mecânicos; medicamentos.

Risco de trauma vascular Fatores de risco: duração do tempo

de inserção; largura do cateter;

local de inserção.

Dentição prejudicada Ausência de dentes; dentes

desgastados; dentes estragados;

dor de dente; falta de alguns

dentes.

Barreiras ao autocuidado; falta de

acesso a cuidados profissionais.

Dor aguda Relato verbal de dor; evidência

observada de dor.

Agentes lesivos (biológicos, físicos,

fisiológicos)

O Quadro 5 apresenta as características definidoras e fatores

relacionados encontradas nos pacientes hipertensos com DCV. Nos diagnósticos

acima do percentil 50, foram observadas 41 características definidoras, que

fundamentaram a determinação dos diagnósticos de enfermagem, e 30 fatores

relacionados aos diagnósticos. Observou-se para os 4 diagnósticos de risco, 15

fatores de risco.

Para contribuir e elaborar a resposta diagnóstica, o enfermeiro deve

ancorar seu julgamento clínico nas características definidoras e nos fatores

relacionados (GUEDES et al., 2010). Por meio das características definidoras o

enfermeiro estabelece o diagnóstico, e os confirma mediante fatores relacionados.

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65

As características definidoras são indícios ou evidências passíveis de

observação. Estes indícios são os indicadores, sinais e sintomas manifestados pelo

paciente. São como peças chave para completar o diagnóstico (ALFARO-LEFREVE,

2010).

Corroborando, autores relatam que o conjunto de sinais e sintomas

identificados a partir da avaliação clínica se constitui nas características definidoras,

estas asseguram a presença de um determinado diagnóstico de enfermagem (ALITI

et al., 2011).

Já os fatores relacionados constituem a etiologia do problema. Formam o

conjunto de fatores fisiológicos, psicológicos, socioculturais, ambientais ou

espirituais que possam estar causando uma reação no indivíduo (FAVA et al., 2010;

TANURE; GONÇALVES, 2009). A partir dos fatores relacionados podem ser

sugeridas intervenções ao cliente, em virtude de serem contribuintes para a

ocorrência do diagnóstico selecionado.

Observou-se que o diagnóstico ―Débito cardíaco diminuído‖ apresentou o

maior número de características definidoras, ou seja, mais sinais e sintomas

relativos a este diagnóstico foram manifestados pelos pacientes, possibilitando a

inferência deste.

Estudo buscando identificar sinais e sintomas de pacientes com IC

descompensada, para detectar os diagnósticos de enfermagem prioritários,

identificou as seguintes características definidoras principais: dispnéia, dispnéia

paroxística noturna, ortopnéia, cansaço, distensão da veia jugular e edema. Estes

indícios levaram aos diagnósticos prioritários ―débito cardíaco diminuído‖ e ―volume

de líquidos excessivo‖(ALITI et al.,2011), corroborando com nosso estudo.

Os diagnósticos de enfermagem ―Nutrição desequilibrada: mais do que as

necessidades corporais‖ e ―Tristeza crônica‖ tiveram apenas uma característica

definidora para a escolha do diagnóstico. Considera-se que este fato se deu por

limitações do instrumento de coleta de dados, observadas durante a fase de análise

dos dados.

O fator relacionado ―desequilíbrio entre a demanda e oferta de oxigênio‖

do diagnóstico ―Intolerância à atividade‖, foi o único observado para este

diagnóstico, entretanto este fator foi encontrado com alta incidência em pacientes

infartados, correspondendo a 96,1% (49) dos pacientes estudados por Paiva (2007).

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66

Assim como no presente estudo, a característica definidora ―relato verbal

de dor‖ e o fator relacionado ―agentes lesivos‖, para a inferência do diagnóstico de

―Dor aguda‖, foram observados conjuntamente por outros autores. Fortes (2007)

encontrou percentuais de 80,7% para a característica definidora e 82,5% para o fator

relacionado, em amostra de 57 pacientes.

Ressalta-se que, quase o total destas características e fatores

relacionados foram também documentado em outros estudos, demonstrando que os

resultados apontaram sinais e sintomas dos pacientes condizentes com a literatura

produzida.

Os 16 diagnósticos que atingiram o percentil 50 de ocorrência nos

pacientes, foram analisados com mais aprofundamento e estão relacionados a

seguir.

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67

Quadro 6- Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50, em pessoas hipertensas com doenças cardiovasculares. Fortaleza- CE, 2012

Domínios Diagnósticos de Enfermagem f %

1-Promoção da saúde Estilo de vida sedentário 82 78,1

Autocontrole ineficaz da saúde 78 74,2

2-Nutrição Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais

60 57,1

4-Atividade/ Repouso Padrão de sono prejudicado 61 58,1

Débito cardíaco diminuído 69 65,7

Intolerância à atividade 76 72,3

Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída 105 100,0

Risco de perfusão tissular periférica ineficaz 105 100,0

5-Percepção/ Cognição Conhecimento deficiente 70 66,6

9-Enfrentamento/ Tolerância ao estresse

Ansiedade 55 52,3

Tristeza crônica 58 55,2

11-Segurança/Proteção Risco de infecção 103 98,1

Integridade da pele prejudicada 76 72,3

Risco de trauma vascular 65 61,9

Dentição prejudicada 90 85,7

12- Conforto Dor aguda 57 54,2

O Quadro 6 apresenta os 16 diagnósticos acima do percentil 50,

distribuídos por domínios, frequências simples e percentual em relação a amostra.

Estes diagnósticos foram analisados com mais aprofundamento.

O diagnóstico Estilo de vida sedentário encontrado em 82 (78,1%)

pacientes da amostra, tem por definição ―hábito de vida que se caracteriza por um

baixo nível de atividade física‖ (HERDMAN, 2013, p.208). O sedentarismo é

considerado um dos principais fatores de risco para as DCV, e deve ser observado

no tratamento das doenças cardíacas. Observa-se, entretanto, que pacientes idosos

e com quadro de insuficiência cardíaca ou infarto, têm restrições e dificuldades para

manter atividades físicas, este fato pode ter contribuído para este resultado elevado.

Estudo recente observou sedentarismo em 86,8% de pacientes com

doenças coronarianas, sendo este o fator de risco mais prevalente (LEMOS et al.,

2010). Este diagnóstico foi estabelecido também em 28,07% dentre 57 pacientes

internados por angina instável (FORTES, 2007).

Com relação à HAS, a realização de exercícios físicos promove reduções

da PA estando indicados para a prevenção e tratamento da doença (DIRETRIZES,

2010). Contudo, estudos ao longo dos anos revelam a elevada proporção de

sedentarismo entre hipertensos.

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68

O estilo de vida sedentário contribui para o aumento de peso e obesidade.

São bem conhecidos os benefícios da prática de exercícios e atividade física

regulares. Conforme Kaplan e Victor (2012) a realização de exercícios físicos por 30

minutos, de 4 a 7 dias por semana, reduz bastante a PA e o risco de complicações

cardiovasculares.

Este diagnóstico levantado induz ao enfermeiro encontrar estratégias de

adesão, por parte dos pacientes, a mudanças no seu estilo de vida e realização de

exercícios de acordo com sua condição clínica.

O diagnóstico Autocontrole ineficaz da saúde que esteve presente em

78(74,2%) dos pacientes, é definido por ―padrão de regulação e integração à vida

diária de um regime terapêutico para tratamento de doenças e suas sequelas que é

insatisfatório para alcançar as metas específicas de saúde‖ (HERDMAN,

2013,p.209).

O autocontrole ineficaz da saúde pode demonstrar a causa para a re-

hospitalização pelas doenças cardiovasculares e relacionar-se com a falta de

adesão ao tratamento da HAS ou das próprias DCV, por parte dos pacientes.

Considera-se que a presença, na amostra, de fatores de risco como sedentarismo,

tabagismo, etilismo e IMC elevado, tem relação com o autocontrole insatisfatório da

saúde e infere o controle inadequado do regime terapêutico.

Manter o regime terapêutico rigoroso não têm sido tarefa fácil para

portadores de HAS como mostram estudos, gerando complicações da doença. A

adesão ao tratamento envolve a percepção do doente sobre seu estado de saúde e

a participação na construção do esquema terapêutico, além da persistência e

engajamento do paciente (COUTINHO; SOUSA, 2011).

Comparando este estudo com outros, autores encontraram a presença

deste diagnóstico entre 41(20,9%) de 196 pacientes idosos, demonstrando não ser

um percentual elevado, mas que também caracterizou os pacientes (SANTOS et al.,

2008).

Com base neste diagnóstico, mostra-se necessário maior atenção do

enfermeiro no cuidado clínico de pacientes com DCV, diante das respostas do

paciente que demandam dificuldade em manter o controle da doença, havendo

necessidade de intervenções de enfermagem de ensino e educação sistemática,

que preencham as lacunas nas orientações de saúde e possam colaborar no

controle cardiovascular.

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69

O diagnóstico Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades

corporais significa ―ingestão de nutrientes que excede as necessidades

metabólicas‖ (HERDMAN,2013, p. 232), foi verificado em 60 (57,1%) pacientes da

amostra. Este diagnóstico revelou que mais da metade da amostra apresentava

sobrepeso, devendo ser incentivada a perda de peso e sugerido um plano alimentar

saudável para pacientes hipertensos com DCV. Pesquisa semelhante demonstrou

em pacientes com complicações da HAS, que 60% apresentaram este diagnóstico

(MUNIZ FILHA, 2007).

Perdas de peso e redução da circunferência abdominal correlacionam-se

com redução da PA e melhora de alterações metabólicas associadas. Foi

demonstrado que manter o IMC abaixo de 25 kg/m2, preveniu em 40% o

desenvolvimento de HAS em mulheres (DIRETRRIZES, 2010).

O ganho de peso associa-se ao sedentarismo e a hábitos alimentares

inadequados. O enfermeiro deve desencorajar comportamentos alimentares

inapropriados nestes pacientes e considerar intervenções efetivas como monitorar o

peso dos pacientes e orientar dieta de acordo com as possibilidades e costumes

alimentares do paciente. Ressalta-se que o controle de peso deve ser incentivado na

população em geral, e não somente nos pacientes diagnosticados com hipertensão

arterial ou DCV, como forma de prevenção de doenças.

O diagnóstico Padrão de sono prejudicado conforme Herdman (2013,

p.275) tem por definição, ―interrupções da quantidade e da qualidade do sono,

limitadas pelo tempo, decorrentes de fatores externos‖. O diagnóstico foi

manifestado por 61(58,1%) pacientes. As mudanças sofridas estão relacionadas ao

ambiente, ao leito para repouso, a presença da doença e preocupação com a saúde

que são fatores que interferem na qualidade do sono.

O comprometimento do sono ou repouso do paciente pode desencadear o

estresse, a irritabilidade e a sonolência no período diurno. O paciente torna-se

ansioso por ter alta hospitalar, para ter maior conforto em domicílio, como foi

relatado por participantes da pesquisa.

Autores relataram achados condizentes com esta pesquisa, em que

68,2% dos pacientes apresentaram padrão de sono prejudicado. Referem que a

iluminação, as mudanças do ambiente, o hábito e posição de sono, ruídos e

temperatura comprometem o sono dos pacientes (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006).

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70

Modificações no padrão de sono alteram o balanço homeostático, com

repercussões sobre a função psicológica, sistema imunológico, resposta

comportamental, humor, performance e habilidade de adaptação (GUEDES et al.,

2010).

Observou-se ainda no presente estudo alguns pacientes que

necessitavam medicamentos para dormir e outros que referiram insônia. Sintomas

como dispneia, dor, taquicardia entre outros manifestados pelos pacientes

cardiopatas, foram identificados como prejudiciais para o sono e repouso.

O diagnóstico Débito cardíaco diminuído foi determinado em 69 (65,7%)

participantes. É definido como ―quantidade insuficiente de sangue bombeado pelo

coração para atender às demandas metabólicas corporais‖ (HERDMAN,2013,p.

290).

Este diagnóstico era esperado para amostra visto que são pacientes com

comprometimento da função cardíaca. Estes pacientes frequentemente manifestam

sintomas de má perfusão cardíaca, devido a incapacidade do coração manter um

débito cardíaco suficiente para satisfazer as necessidades teciduais de oxigenação

(PEREIRA et al., 2011) .

Os dados encontrados nesta pesquisa concordam com os resultados de

pesquisas científicas na enfermagem relacionadas às DCV. Autores identificaram

débito cardíaco diminuído em 60% de pacientes em pós-operatório de cirurgia

cardíaca (CRUZ; LOPES, 2010). Em pacientes hipertensos com complicações

cardiovasculares, foi observado em 100% da amostra (MUNIZ FILHA, 2007).

Este diagnóstico foi verificado como diagnóstico de enfermagem prioritário

na avaliação de 303 pacientes com IC descompensada em virtude de sintomas

manifestados (ALITI, 2011).

O diagnóstico Intolerância à atividade é definido como ―energia

fisiológica ou psicológica insuficiente para suportar ou completar as atividades

diárias requeridas ou desejadas‖ (HERDMAN, 2013, p. 292). Esteve presente em 76

(72,3%) pacientes, estando relacionado principalmente à incapacidade dos

pacientes para atividades, devido principalmente ao desequilíbrio entre a oferta e a

demanda de oxigênio. Os pacientes ao desempenharem atividades simples como

caminhar, relataram fraqueza, dispneia, falta de ar, dor precordial entre outros.

Corroborando, estudo demonstrou a presença deste diagnóstico em 49,1% de

pacientes (FORTES,2007).

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71

As doenças cardíacas reduzem a oxigenação dos tecidos, diminuindo

assim a energia necessária para desempenhar atividades como a prática de

atividade física, autocuidado, cuidados com o lar entre outras (GUEDES et al.,2010),

desta forma provocam respostas nos pacientes compatíveis com este diagnóstico.

Destaca-se que a HAS por si só é uma doença incapacitante, sua

cronicidade implica no comprometimento cardíaco, levando o indivíduo a limitações

na realização de atividades. Conforme Fortes (2007) a HAS provoca a aceleração de

aterosclerose nas artérias, diminuindo a luz dos vasos, além de provocar o desgaste

da elasticidade vascular, por isso tem relação com o diagnóstico de intolerância à

atividade.

O enfermeiro ante ao cuidado clínico de paciente com este diagnóstico

implementará intervenções dentro da sistematização da assistência, que deverão

auxiliar o indivíduo a não desperdiçar energia desnecessária. Seu plano de cuidados

poderá ser orientado para a manutenção de repouso, redução do esforço físico e

para o suporte de oxigenoterapia quando necessário.

Os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída definido

por ―risco de redução na circulação cardíaca (coronária) que pode comprometer a

saúde‖ (HERDMAN, 2013, p. 298) e Risco de perfusão tissular periférica ineficaz

foram encontrados 105 (100,0%) dos participantes. É definido por ―risco de redução

na circulação sanguínea periférica, que pode comprometer a saúde‖ (HERDMAN,

2013, p. 302). Os dois diagnósticos têm entre os fatores de risco a hipertensão e

doenças cardíacas, desta forma foram considerados para toda a amostra.

O diagnóstico Conhecimento deficiente significa a ―ausência ou

deficiência de informação cognitiva relacionada a um tópico específico‖ (HERDMAN,

2013, p. 329) .

Foi estabelecido para 70 (66,6%) dos pacientes nesta pesquisa. Este

diagnóstico refere-se a informações incompletas, incorretas ou a ausência de

informação sobre aspectos necessários no processo saúde-doença. Envolve, além

disso, a compreensão de informações, o conhecimento que o paciente possui a

capacidade de aprendizagem e o processo de pensar (FAVA et al.,2010).

O conhecimento deficiente dos pacientes foi demonstrado tanto para a

HAS como para as DCV. Os pacientes demonstraram dificuldade em responder o

que é Hipertensão e/ou a sua doença cardiovascular presente, e muitos

verbalizaram não saber o significado das doenças.

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72

Pesquisa com pacientes com DCV em pré-operatório, demonstrou

conhecimento deficiente em 76,5%(13) dos pacientes (GALDEANO; ROSSI;

PEZZUTO, 2004). Corroborando, estudo com pacientes hipertensos revelou o déficit

de conhecimento acerca da HAS embora pacientes tenham recebido algum tipo de

informação em unidades de saúde. Supõe-se que as orientações não são

efetivamente compreendidas, além disso, os pacientes possuem crenças associadas

a conceito parcial da doença que interferem na adesão ao tratamento (PINOTTI;

MANTOVANI; GIACOMOZZI, 2008).

No entanto, encontrou-se estudo em que pacientes hospitalizados por

doenças cardiovasculares não manifestaram de forma significativa este diagnóstico,

apenas 6,7%(2) dos pacientes (PEREIRA et al., 2011).

O diagnóstico Ansiedade tem por definição ―vago e incômodo sentimento

de desconforto ou temor, acompanhado por resposta autonômica (a fonte é

frequentemente não específica); sentimento de apreensão causado pela

antecipação de perigo. É um sinal de alerta que chama a atenção para um perigo

iminente e permite ao indivíduo tomar medidas para lidar com a ameaça‖

(HERDMAN, 2013, p. 404).

O acometimento por doenças cardiovasculares ocasiona sinais e

sintomas emocionais associados ao medo da morte e da dor, que favorecem a

ansiedade. Esta pode agravar o estado clínico do paciente e predizer eventos

cardiovasculares inesperados (PEREIRA et al., 2011)

Dentre a amostra, 55 (52,3%) pacientes manifestaram ansiedade. A

ansiedade relaciona-se a angústia, preocupação excessiva e a apreensão, dada a

gravidade das doenças cardiovasculares. Somando-se a isso, não possuir

informações sobre o futuro e as condutas a serem tomadas, geram no paciente esta

resposta.

Pacientes na pesquisa foram submetidos à cirurgia, assim outros estudos

com pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca demonstraram este

diagnóstico, correspondendo a 20 (100%) da amostra (CRUZ; LOPES, 2010) .

Outra pesquisa semelhante encontrou a ansiedade em 15 (68,2%) pacientes

(ROCHA; MAIA; SILVA, 2006).

O diagnóstico Tristeza crônica é definido por ―padrão cíclico, recorrente

e potencialmente progressivo de tristeza disseminada, vivenciada (por pai/mãe,

cuidador ou indivíduo com doença crônica ou deficiência) em resposta à perda

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73

contínua, ao longo da trajetória de uma doença ou deficiência‖ (HERDMAN, 2013,

p. 448) .

Este diagnóstico foi observado em 58 (55,2%) pacientes. Em virtude da

cronicidade da doença, que envolve preocupações constantes com o controle da

PA, da alimentação e controle cardiovascular, os pacientes revelam tristeza e

insatisfação com o diagnóstico da doença e com as mudanças necessárias no estilo

de vida.

Por outro lado, a internação hospitalar ocasiona no paciente medo e

sofrimento, entre outros sentimentos. Adoecer do coração, na maioria das vezes,

desencadeia sofrimento emocional vinculado ao medo da invalidez, do

desconhecido, da solidão, da morte, como também a tristeza excessiva ou a

depressão. O paciente em muitos casos conviverá com a doença cardíaca por

muitos anos.

Este diagnóstico foi observado em 23 (76,6%) de pacientes hipertensos

hospitalizados (MUNIZ FILHA, 2007), entretanto em somente 2 (6,7%) indivíduos

hospitalizados com DCV (PEREIRA et al., 2011).

Risco de infecção é definido por ―risco de ser invadido por organismos

patogênicos‖ (HERDMAN, 2013, p. 485).

O diagnóstico foi encontrado em 103 (98,1%) indivíduos. O risco de

infecção está associado a fatores inerentes ao tratamento cardíaco como a presença

de vias invasivas, terapia medicamentosa, procedimentos invasivos para

diagnósticos médicos, realização de cirurgia, condições clínicas do paciente, bem

como tem relação com a permanência hospitalar.

Em estudo realizado por Paiva (2007) o diagnóstico foi detectado em 51

(100%) de pacientes hospitalizados que sofreram infarto. Atenta-se para o fato deste

diagnóstico não ter tido muita representatividade em outras pesquisas envolvendo

as doenças do coração. Porém, no presente estudo muitos pacientes foram

submetidos a cateterismo cardíaco, alguns pacientes à cirurgia cardíaca, e

praticamente toda a amostra realizou terapia medicamentosa intravascular, estando

exposta ao risco de contrair microrganismos infecciosos.

Observa-se que a enfermagem com base neste diagnóstico deve

implementar prioritariamente a lavagem das mãos como forma de prevenção,

orientar e cobrar ações preventivas da equipe, bem como orientar o próprio

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74

paciente, em virtude do ambiente e exposição à patógenos. As questões de higiene

do paciente também devem ser observadas por estarem ligadas à infecção.

O diagnóstico Integridade da pele prejudicada é definido por ―epiderme

e/ou derme alteradas‖ (HERDMAN,2013, p.494).

É referente a alterações adversas da pele e foi encontrado em 76 (

72,3%) dos pacientes. Os fatores identificados para o diagnóstico risco de infecção

supracitado têm intrínseca relação com este diagnóstico, em virtude de

procedimentos realizados provocarem alterações nas camadas e estruturas da pele.

Desta maneira a realização de procedimentos invasivos favoreceu a ocorrência

deste diagnóstico, assim como lesões do tipo úlceras por pressão, também

observada ao exame físico.

Este diagnóstico foi também demonstrado em outras pesquisas. Muniz

Filha (2007) referiu este diagnóstico em 90%(27) dos pacientes estudados.

Santos et al. (2008) observou o risco para este diagnóstico em pacientes

idosos, referindo que apresentam alterações tegumentares decorrentes do próprio

envelhecimento fisiológico, como ressecamento da pele, diminuição do tecido

adiposo e fibras elásticas. Logo, é condizente com o estudo, visto que na amostra

houve maior número de idosos.

Risco de trauma vascular é definido por ―risco de dano a veia e tecidos

ao redor, relacionado à presença de cateter e/ou soluções infundidas‖

(HERDMAN,2013, p. 515). Foi identificado em 65 (61,9%) dos pacientes. Este

diagnóstico é importante para o enfermeiro implementar cuidados na prevenção de

flebite e infecção no paciente, entretanto não foi observado em estudos científicos

de diagnósticos.

O diagnóstico Dentição prejudicada conforme Herdman (2013, p.491) é

definido como ―distúrbios nos padrões de desenvolvimento/erupção dentária ou na

integridade estrutural dos dentes de um indivíduo‖.

Foi encontrado em um elevado percentual dos pacientes, equivalente a

90 (85,7%) pesquisados. Este valor considera-se ter relação com as características

sociodemográficas dos participantes, quais sejam baixa escolaridade e renda. Estas

variáveis estudadas influenciam no nível de cuidado do paciente com a dentição e

no acesso a serviços de saúde.

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75

Por outro lado, a idade dos pacientes pode fortalecer a presença deste

diagnóstico, já que eram pessoas idosas na maioria. A dentição se modifica com o

avanço da idade, ocorre a perda dos dentes ou a dentição se desgasta.

Infere-se que a dentição comprometida pode relaciona-se ao déficit de

higiene oral e ao acesso de serviços de saúde bucal. A perda dos dentes influencia

tanto em questões psicológicas, comprometendo a estética, quanto em questões de

saúde em geral, devido as suas funções de mastigação, digestão e devido a

doenças na cavidade oral (MOURA, 2010).

O diagnóstico Dor aguda é descrito como ―experiência sensorial e

emocional desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial ou descrita em

termos de tal lesão; início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, com término

antecipado ou previsível e duração de menos de seis meses‖ ( HERDMAN, 2013, P.

548)

O diagnóstico foi observado em 57 (54,2%) pessoas, pouco mais da

metade da amostra, sendo relatado em sua maioria por pacientes acometidos por

IAM ou DAC. Muitos pacientes não identificados com este diagnóstico,

encontravam-se medicados com analgésico e medicações específicas do tratamento

que aliviam a dor, ou não relataram dor em decorrência da doença presente.

Entretanto observou-se que pacientes em uso de medicações para o controle da

dor, ainda referiram o problema.

A dor aguda foi observada em pacientes com dor precordial, cefaleia, dor

em áreas do corpo como membros inferiores, superiores, costas, região do tórax nos

casos de pós-operatório e dor na musculatura.

Este diagnóstico foi observado em vários estudos com pacientes com

DCV. Fortes (2007) relatou em 47 (82,5%) pacientes de sua amostra. Pereira et al.

(2011) observou em 21 (70%) de pacientes hospitalizados com doenças vasculares.

Estes autores referem que a dor é um diagnóstico importante a ser evidenciado na

prática clínica, considerando sua complexidade biopsicossocial.

A dor pode ser um sintoma de alterações fisiológicas e/ou orgânicas, ou

um sinal do estado clínico do paciente. Exige do enfermeiro cuidados imediatos, por

sua capacidade de piora do quadro clínico e por sua repercussão em todo o

processo de recuperação.

Os diagnósticos de enfermagem identificados revelam fenômenos nos

pacientes que auxiliam o enfermeiro a elaborar o planejamento de ações,

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76

intervenções e avaliação de resultados. Por meio da proposição dos diagnósticos,

percebe-se o nível de cuidados exigidos e a gama de intervenções que são

necessárias ante aos pacientes hipertensos com doenças cardiovasculares.

A seguir apresentam-se os diagnósticos de enfermagem acima do

percentil 50, encontrados na pesquisa, distribuídos por sexo e faixa etária.

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TABELA 3: Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis sociodemográficas sexo e faixa etária. Fortaleza- CE,2012.

Diagnósticos de Enfermagem Sexo Faixa etária

F M 29-59 60-69 70-90

Risco de Perfusão Tissular Cardíaca Diminuída 44 (100,0%) p=0,020

61 (100,0%) p=0,020

34 (100,0%) p=0,744

40 (100,0%) p=0,744

31 (100,0%) p=0,744

Risco de Perfusão Tissular Periférica Ineficaz 44 (100,0%) p=0,020

61 (100,0%) p=0,020

34 (100,0%)

0,744

40 (100,0%) p=0,744

31 (100,0%) p=0,744

Risco de Infecção 44 (100,0%) P=0,138

59 (96,7%) 0,138

34 (100,0%)

0,141

38 (95%)

p=0,141

31 (100,0%) p=0,141

Integridade da Pele Prejudicada 34 (77,3%) p=0,341

42 (68,9%) p=0,341

25 (73,5%) p=0,640

27 (67,5%) p=0,640

24 (77,4%) p=0,640

Dentição Prejudicada 38 (86,4%) p=0,872

52 (85,2%) p=0,872

21 (61,8%)

p<0,0001

38 (95,0%)

p<0,0001

31 (100,0%) p<0,0001

Estilo de Vida Sedentário 34 (77,3%) p=0,863

48 (78,7%) p= 0,863

27 (79,4%) p=0,863

30 (75,0%) p=0,828

25 (80,6%) p=0,828

Risco de trauma vascular 30 (68,2%) p=0,261

35 (57,4%) p=0,261

19 (55,9%) p=0,435

24 (60,0%) p=0,435

22 (71,0%) 0,435

Intolerância à atividade 35 (79,5%) p=0,163

41 (67,2%) p=0,163

27 (79,4%) p=0,203

27 (67,5%) p=0,203

24 (77,4%) p=0,203

Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades corporais

30 (68,2%) p=0,52

30 (49,2%) p=0,52

22 (64,7%) p=0,534

22 (55,0%) p=0,534

16 (51,6%) p=0,534

Autocontrole ineficaz da saúde 30 (68,2%) p=0,224

48 (78,7%) p=0,224

26 (76,5%) p=0,314

32 (80,0)

p=0,314

20 (64,5%) p=0,314

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78

Continuação:

TABELA 3: Diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis sociodemográficas sexo e faixa etária. Fortaleza- CE,2012.

Diagnósticos de Enfermagem Sexo Faixa etária

F M 29-59 60-69 70-90

Conhecimento Deficiente 31 (70,5%) p=0,484

39 (63,9)

p=0,484

19 (55,9%) p=0,103

26 65,0%

p=0,103

25 (80,6%) p=0,103

Ansiedade 22 (50,0%) p=0,678

33 (54,1%) p=0,678

21 (61,8%) p=0,379

20 (50,0%) p=0,379

14 (45,2%) p=0,379

Padrão de sono prejudicado 27 (61,4%) p=0,564

34 (55,7%) p=0,564

17 (50,0%) p=0,349

23 57,5%

p=0,349

61 (58,1%) p=0,349

Débito cardíaco diminuído 30 (68,2%) p=0,651

39 (63,9)

p=0,651

24 (70,6%) p=0,069

21 (52,5%) p=0,069

24 (77,4%) p=0,069

Dor aguda 25 (56,8%) p=0,658

32 (52,5%) p=0,658

22 (64,7%) p=0,142

17 (42,5%) p=0,142

18 (58,1%) p=0,142

Tristeza crônica

29 (65,9%) p=0,062

29 (47,5%) p=0,062

21 (61,8%) p=0,117)

17 (42,5%) p=0,117

20 (64,5%) p=0,117

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79 83

A Tabela 3 expõe os diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50

encontrados na pesquisa, de acordo com os dados sociodemográficos sexo e faixa

etária.

São apresentados na tabela os valores absolutos de cada diagnóstico

identificado na amostra e o seu percentual em relação ao total de cada variável.

No grupo amostral os diagnósticos mais prevalentes foram: Risco de

perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de perfusão tissular periférica diminuída,

Risco de infecção, Dentição prejudicada e Estilo de vida sedentário. Além desses, as

mulheres apresentaram com maior prevalência Integridade da pele prejudicada, e

Intolerância à atividade, e os homens Autocontrole ineficaz da saúde.

Entretanto com relação ao sexo, observou-se associação estatística

significativa somente entre esta variável sexo e os diagnósticos Risco de perfusão

tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída, onde

p=0,020.

Acredita-se que os homens procuram menos os serviços de saúde e são

mais resistentes em seguir regimes terapêuticos. Isso ocorre em razão de serem os

provedores do lar, trabalharem mais fora de casa do que as mulheres,

disponibilizando menos tempo para cuidados com a saúde, e o horário de

funcionamento dos centros de saúde. Além disso, existem as questões culturais,

que ainda permeiam a sociedade, de que os homens não adoecem e não

necessitam de cuidados. Desta forma o diagnóstico Autocontrole ineficaz da saúde

predominou no sexo masculino.

As mulheres, por sua vez demonstraram maior Intolerância à atividade.

Estudo verificou que as pessoas do sexo feminino têm cerca de três vezes mais

chances de desenvolver Intolerância à atividade, em razão, possivelmente do

comprometimento cardíaco ser mais grave entre as mulheres, e, além disso, as

mulheres apresentam-se mais frágeis que os homens e com estrutura física menos

favorável (FORTES, 2007).

Com relação à variável faixa etária, sabe-se que a pressão arterial

sistólica aumenta progressivamente com o avanço da idade, sendo que pessoas

idosas com hipertensão correm maior risco de desenvolver doença cardiovascular

(KAPLAN,VICTOR, 2011). Desta forma em virtude da amostra ser predominante de

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80

idosos, considera-se a importância da idade como contribuinte para a prevalência

dos diagnósticos a partir da faixa de 60 anos.

Na faixa etária de 29-59 anos, correspondente a 34 pacientes, os

diagnósticos com maior percentual foram os diagnósticos de Risco citados, além de

Estilo de vida sedentário, Intolerância à atividade e Autocontrole ineficaz da saúde,

entretanto não houve associação estatística significante entre estes diagnósticos e a

variável idade descrita nesta faixa etária.

Na faixa de 60-69 anos, equivalente a 40 pacientes, predominaram os

três diagnósticos de Risco, Autocontrole ineficaz da saúde, Dentição prejudicada e

Estilo de vida sedentário, porém não se observou significância estatística entre eles.

Já para a faixa de 70-90, correspondente a 31 pacientes, observou-se

mais prevalentes os diagnósticos de Risco e ainda os diagnósticos: Integridade da

pele prejudicada, Dentição prejudicada, Estilo de vida sedentário, Risco de trauma

vascular, Intolerância à atividade, Conhecimento deficiente e Débito cardíaco

diminuído. Esta faixa etária, de pessoas a partir de 70 anos, foi a mais acometida

com esses diagnósticos, pois na velhice os pacientes sofrem mais com alterações

fisiológicas, psicológicas e orgânicas em razão da idade mais avançada. A

compreensão e a capacidade física também ficam mais comprometidas, tornando-

lhes mais vulneráveis.

Estudo semelhante a este,demonstrou a presença destes diagnósticos

em pacientes idosos hospitalizados: Dentição prejudicada em 35% dos pacientes,

Risco de infecção em13%, Integridade da pele prejudicada em 16%, Intolerância à

atividade em 5% e Débito cardíaco diminuído em 5% destes pacientes (Sousa et al.,

2010).

Autores referem que a idade apresenta-se associada à hipertrofia

ventricular esquerda e fibrose do miocárdio em pacientes com HAS e IC esquerda.

Essa associação ocasiona o processo de remodelação ventricular ao longo do

tempo que se caracteriza pela dilatação do ventrículo esquerdo e afinamento das

paredes ventriculares favorecendo à DCV (ROLANDE et al., 2011). Ao mesmo

tempo favorecem à diminuição do débito cardíaco e colabora para a intolerância à

atividade.

Observa-se a prevalência do diagnóstico Conhecimento deficiente em

80,6% das pessoas de 70-90 anos. Acredita-se que o conhecimento deficiente dos

pacientes sobre as doenças e sua condição de saúde pode estar associado a

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81

variáveis presentes na amostra como baixa escolaridade e idade avançada, que

influenciam na compreensão das doenças. Além disso, associa-se à falta de

informações completas e esclarecedoras, que devem ser fornecidas pela equipe de

saúde.

Autores referem que um dos principais fatores para o controle ineficaz da

doença é o conhecimento deficiente acerca da doença, das complicações e do

tratamento, que corroboram de forma significativa para a não adesão ao tratamento

(FAVA et al.,2010).

Comparando os resultados achados na presente pesquisa, autores

encontraram mediante análise de prontuários de idosos a existência de diagnósticos

também encontrados em nossa pesquisa em que predominaram idosos, Risco de

integridade da pele prejudicada (54,1%), Integridade da pele prejudicada (7,6%),

Dentição prejudicada (41,3%), Estilo de vida sedentário (60%), Padrão de sono

prejudicado (10,2%), Controle ineficaz do regime terapêutico (20,9), Ansiedade

(9,2%), dor aguda (18,4%), entre outros (SANTOS et al.,2008).

Observa-se na Tabela 3 que, com relação a faixa etária, houve

significância estatística somente entre esta variável e o diagnóstico Dentição

prejudicada (p<0,0001), que foi verificado com maior percentual nos pacientes de 60

anos ou mais, sendo encontrado em 100% dos pacientes de 70-90 anos e em 95%

de pacientes de 60-69 anos. Este fato não foi inesperado, considerando-se a idade

e o nível socioeconômico dos participantes, que se acredita concorreu para este

resultado.

O diagnóstico Dentição prejudicada foi observado em 35% de 66

pacientes idosos hospitalizados (SOUSA et al., 2010). Da mesma forma foi relato

em 96,1% de pacientes com IAM (PAIVA, 2007) e em 19,3% de pacientes com

angina instável (FORTES, 2007).

Entre a variável sexo e os diagnósticos Risco de perfusão tissular

cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída observou-se

associação estatística significativa (p=0,020). No entanto não encontrou-se

pesquisas relacionadas.

O diagnóstico Risco de perfusão tissular periférica ineficaz tem entre

fatores de risco a hipertensão e a idade acima de 60 anos, além de estar

relacionado ao débito cardíaco diminuído. Considera-se que pessoas idosas e

sedentárias estão mais propensas à redução do fluxo sanguíneo periférico em

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82

função das alterações fisiológicas e da limitação física, que contribui para o

sedentarismo. Assim este diagnóstico foi característico de toda a amostra.

Destaca-se o diagnóstico Nutrição desequilibrada: mais do que as

necessidades corporais que foi verificado com maior predominância entre as

mulheres, 68,2% (30) das mulheres tiveram este diagnóstico. Na faixa etária

predominou entre 29-59 anos, correspondente a 64,7% dos pacientes nesta faixa.

Contudo não houve associação estatística significativa com as varáveis sexo ou

idade descrita na faixa etária. Atenta-se que o sobrepeso ou a obesidade são fatores

de risco para a infecção, principalmente no período de pós-operatório. O tecido

adiposo favorece a processos infecciosos (GALDEANO; ROSSI; PEZZUTO, 2004).

Observa-se o risco para os pacientes participantes da pesquisa.

Page 84: DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO …2 sanja samia rolim fernandes ximenes diagnÓsticos de enfermagem no cuidado clÍnico a pessoas com hipertensÃo e doenÇa cardiovascular

83

TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC,

DAC. Fortaleza- CE, 2013.

Diagnósticos de Enfermagem

Tempo de diagnóstico HAS IAM IC DAC

<1ano 1-5 6-10 >10 Sim Não Sim Não Sim Não

Risco de Perfusão T. Cardíaca Diminuída

19 (100,0%) p=0,105

22 (100,0%) p=0,105

25 100,0% p=0,105

39 100,0% p=0,105

61 (100,0%)

p=0,020

44 (100,0%)

p=0,020

37 (100,0%) p=0,001

68 (100,0%) p=0,001

25 (100,0%) p=0,001

80 (100,0%) p=0,001

Risco de Perfusão Tissular Periférica Ineficaz

19 (100,0%) p=0,105

22 (100,0%) p=0,105

25 100,0% p=0,105

39 100,0% p=0,105

61 (100,0%)

p=0,020

44 (100,0%)

p=0,020

37 (100,0%) p<0,001

68 (100,0%) p<0,001

25 (100,0%) p<0,001

80 (100,0%) p<0,001

Risco de infecção

17 (89,5%) p=0,071

22 (100,0%) p=0,071

25 (100,0%)

p=0,071

39 (100,0%)

p=0,071

60 (98,4%) p=0,815

43 (97,7%) p=0,815

36 (97,3%) p=0,659

67 (98,5%)

p=0,0659

25 (100,0%) p=0,425

78 (97,5%) p=0,425

Integridade da pele prejudicada

9 (47,4%) p=0,035

18 (81,8%) p=0,035

21 (84%)

p=0,035

28 71,8%

p=0,035

44 (72,1%) p=0,946

32 (72,7%) p=0,946

29 (78,4%) p=0,311

47 (69,1%) p=0,311

17 (68,0%) p=0,575

59 (73,8%) p=0,575

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84

Continuação

TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC, DAC.

Fortaleza-CE, 2013.

Diagnósticos de Enfermagem

Tempo de diagnóstico HAS IAM IC DAC

<1ano 1-5 6-10 >10 Sim Não Sim Não Sim Não

Risco de trauma vascular

6 (31,6%) p=0,010

13 (59,1%) p=0,010

20 (80,0%) p=0,010

26 (66,7%) p=0,010

38 (62,3%) p=0,923

27 (61,4%) p=0,923

25 (67,6%) p=0,378

40 (58,8%) p=0,378

14 (56,0%) p=0,486

51 (63,8%) p=0,486

Intolerância à atividade

10 (52,6%) p=0,065

17 (77,3%) p=0,065

22 (88,0%) p=0,065

27 (69,2%) p=0,065

40 (65,6%) p= 0,066

36 (81,8%) p=0,066

32 (86,5%) p=0,017

44 (67,7%) p=0,017

20 (80,0%) p=0,329

56 (70,0%) p=0,329

Nutrição desequilibrada: mais do que

12 (63,2%) p=0,411

12 (54,5%) p=0,411

11 (44,0%) p=0,411

25 (64,1%) p=0,411

38 (62,3%) p= 0,209

22 (50,0%) p= 0,209

20 (54,1%) p= 0,637

40 (58,8%) p= 0,637

13 (52,0%) p= 0,552

47 (58,8%) p= 0,552

Autocontrole ineficaz da saúde

14 (73,7%) p=0,835

15 (68,2%) p=0,835

20 (80,0%) p=0,835

29 (74,4%) p=0,835

42 (68,9%) p=0,134

36 (81,8%) p=0,134

30 (81,1%) p=0,240

48 (70,6%) p=0,240

20 (80,0%) p=0,454

58 (72,5%) p=0,454

Conhecimento deficiente

17 (89,5%) p=0,051

16 (72,7%) p=0,051

16 (64,0%) p=0,051

21 (53,8%) p=0,051

43 (70,5%) p=0,328

27 (61,4%) p=0,328

25 (67,6%) p=0,885

45 66,2%

p=0,885

16 (64,0%) p=0,746

54 (67,7%) p=0,746

Ansiedade 11 (57,9%) p=0,407

14 (63,6%) p=0,407

10 (40,0%) p=0,407

20 (51,3%) p=0,407

33 (54,1%) p=0,678

22 (50,0%) p=0,678

22 (59,5%) p=0,284

33 (48,5%) p=0,284

13 (52,0%) p=0,965

42 (52,4%) p=0,965

Padrão de sono prejudicado

11 (57,9%) p=0,845

11 (50,0%) p=0,845

15 (60,0%) p=0,845

24 (61,5%) p=0,845

40 (65,6%) p=0,067

21 (47,7%) p=0,067

19 (51,4%) p=0,302

42 (61,8%) p=0,302

16 (64,0%) p=0,493

45 (56,3%) p=0,49 3

Débito Cardíaco diminuído

9 (47,4%) p=0,209

16 (72,7%) p=0,209

19 (76,0%) p=0,209

25 (64,1%) p=0,209

33 (54,1%)

p=0,003

36 (81,1%) p=0,003

31 (83,8%) p=0,004

38 (55,9%) p=0,004

20 80,0%

p=0,085

49 (61,3%) p=0,085

Page 86: DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO …2 sanja samia rolim fernandes ximenes diagnÓsticos de enfermagem no cuidado clÍnico a pessoas com hipertensÃo e doenÇa cardiovascular

85

Continuação

TABELA 4: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e variáveis clínicas Tempo de HAS, IAM, IC, DAC.

Fortaleza-CE, 2013.

Diagnósticos de Enfermagem

Tempo de diagnóstico HAS IAM IC DAC

<1ano 1-5 6-10 >10 Sim Não Sim Não Sim Não

Dentição

prejudicada

14 (73,7%) p=0,313

19 (86,4%) p=0,313

21 (84%)

p=0,313

36 (92,3%) p=0,313

56 (91,8%) p=0,036

34 (77,3%) p=0,036

27 (73,0%) p=0,006

63 (92,6%) p=0,006

21 (84,0%) p=0,779

69 (86,3%) p=0,779

Estilo de Vida

sedentário

12 (63,2%) p=0,139

20 (90,9%) p=0,139

18 (72%)

p=0,139

32 (82,1%) p=0,139

43 (70,5%) p=0,125

39 (88,6%) p=0,125

32 (86,5%) p=0,125

50 (73,5%) p=0,125

23 (92,0%) p=0,054

59 (73,8%) p=0,054

Dor aguda 6 (31,6%) p=0,031

9 (40,9%) p=0,031

16 (64%)

p=0,031

26 (66,7%) p=0,031

32 (52,5%) p=0,658

25 (56,8%) p=0,658

23 (62,2%) p=0,232

34 (50,0%) p=0,232

19 (76,0%) p=0,013

38 (47,5%) p=0,013

Tristeza crônica 8 (42,1%) p=0,415

15 (68,2%) p=0,415

14 (56%)

p=0,415

21 (53,8%) p=0,415

33 (54,1%) p=0,782

25 (56,6%) p=0,782

24 (64,9%) p=0,143

34 50,0%

p=0,143

15 (60,0%) p=0,583

43 (53,8%) p=0,583

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86

A Tabela 4 expõe os diagnósticos de enfermagem acima do percentil 50 e

sua distribuição de acordo com os dados clínicos tempo de diagnóstico de

hipertensão (HAS), IAM, IC e DAC.

São apresentados na tabela os valores absolutos de cada diagnóstico

identificado na amostra e o seu percentual em relação ao total de cada variável.

Os resultados demonstram que pacientes com IAM tiveram mais

prevalentes os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de

perfusão tissular periférica diminuída, Risco de infecção, Integridade da pele

prejudicada, Dentição prejudicada, Conhecimento deficiente e Estilo de vida

sedentário.

Nos pacientes portadores de IC observou-se a maior predominância dos

diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de perfusão

tissular periférica diminuída, Risco de infecção, Integridade da pele prejudicada,

Intolerância à atividade, Autocontrole ineficaz da saúde, Débito cardíaco diminuído e

Estilo de vida sedentário.

Pacientes portadores de DAC apresentaram mais prevalentes também os

diagnósticos de risco, Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída, Risco de

perfusão tissular periférica diminuída, Risco de infecção, além dos diagnósticos

Intolerância à atividade, Autocontrole ineficaz da saúde, Débito cardíaco diminuído,

Dentição prejudicada e Estilo de vida sedentário.

Observou-se que os diagnósticos Risco de perfusão tissular cardíaca

diminuída e Risco de perfusão tissular periférica diminuída, apresentaram

associação estatística com as doenças IAM (p=0,020), IC (p=0,001) e DAC

(p<0,001). O comprometimento cardíaco presente nas doenças diminui o aporte

sanguíneo para tecidos e câmaras cardíacas, prejudicando assim a perfusão, sendo

um risco percebido para doentes cardíacos e hipertensos.

O diagnóstico Integridade da pele prejudicada demonstrou distribuição

estatística significativa com a variável tempo de diagnóstico de HAS (p=0,035),

houve elevado percentual deste diagnóstico para todas as faixas de tempo de HAS,

estando mais predominante para pacientes com 6-10 anos de HAS. Da mesma

forma Risco de trauma vascular também apresentou significância estatística com

relação à variável tempo de HAS (p=0,010), havendo maior predominância para os

mesmos pacientes.

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87

Intolerência à atividade apresentou associação estatística com IC

(p=0,017), 86,5% dos pacientes com IC apresentaram este diagnóstico.

Débito cardíaco diminuído quando associado a IC também apresentou

significância estatística (p=0,004), 31 (83,8%) pacientes com IC tiveram este

diagnóstico. IAM demonstrou significância estatística de distribuição em relação ao

diagnóstico débito cardíaco diminuído (p=0,003), 54,1% dos pacientes com IAM

manifestaram este diagnóstico.

Corroborando, autores observaram a associação entre o diagnóstico

Intolerância à atividade e débito cardíaco diminuído com IC. Débito cardíaco

diminuído foi manifestado em 56,7% de pacientes hospitalizados com doenças

cardiovasculares, sendo o segundo diagnóstico mais comum em pacientes com IC

conforme estudos internacionais. Houve 12,6 mais chances de pacientes com IC

apresentarem intolerância à atividade e 13,2 mais chances destes pacientes

apresentarem débito cardíaco diminuído (PEREIRA et al., 2011).

IAM e IC demonstraram associação estatística significativa em relação ao

diagnóstico Dentição prejudicada, p=0,036 e p=0,006 respectivamente. Dentre

infartados 56(91,8%) tiveram este diagnóstico, assim como foi verificado em

27(73%) pacientes com IC.

As variáveis tempo de diagnóstico de HAS e DAC apresentaram

associação estatística significativa com o diagnóstico Dor aguda, p=0,031 e p=0,013

respectivamente. Este diagnóstico foi manifestado por 45,6% dos pacientes com

mais de 10 anos de HAS e por 76% (19) dos pacientes com DAC. A DAC é uma

doença caracterizada por dores precordiais frequentes, assim como a hipertensão

pode desencadear a dor torácica em pacientes cardíacos, desta forma considera-se

esta associação importante no tratamento e cuidado destes pacientes.

Diante destes resultados observou-se que os pacientes

independentemente da DCV presente, apresentavam risco de complicações em

decorrência do comprometimento cardíaco, não eram capazes de manter o

tratamento e o controle da doença incluindo a HAS, apresentavam conhecimentos

parciais sobre as doenças ou não compreendiam seu estado de saúde, eram

pacientes sedentários e que demonstraram dificuldade aos esforços físicos e com as

atividades do dia-a-dia.

Contribui para este quadro o tempo de diagnóstico de HAS, a evolução

da HAS concorre para complicações e incapacidades. Mesmo sem causar a

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88

disfunção cardíaca ou a hipertrofia ventricular, há uma reduzida reserva de fluxo

coronariano em hipertensos, resultante da capacidade alterada de vasodilatação

(KAPLAN;VICTOR,2012), assim estes pacientes tornam-se mais propensos à dor, a

intolerância à atividade, ao débito cardíaco diminuído e perfusão diminuída.

Em virtude das síndromes isquêmicas coronarianas e doença arterial

coronariana estarem relacionadas à placa aterosclerótica e à baixa perfusão

cardíaca, que influenciam no fluxo sanguíneo, é esperado o quadro de não

tolerância aos esforços e à presença de dor torácica de origem isquêmica

(BAGNATORI et al.,2009), desta forma pacientes neste estudo, em razão da

fisiopatologia da DCV presente manifestaram com maior prevalência os diagnósticos

relacionados.

Observa-se o conhecimento deficiente dos pacientes sobre as doenças,

este diagnóstico encontrado apesar de não demonstrar associação estatística

significativa, teve alto percentual para todas as variáveis clínicas. Estudo semelhante

demonstrou a presença de conhecimento deficiente sobre a doença em 40% de

pacientes com IC, alertando para o reconhecimento tardio de sintomas devido à falta

de informações sobre a doença (CASTRO et al.,2010).

O cuidado clínico de pacientes hipertensos com DCV envolve diversos

aspectos a serem considerados pelo enfermeiro, desde medidas estratégicas de

adesão ao tratamento a medidas assistenciais ou intervencionistas, diante das

complicações e das manifestações clínicas do paciente. Acredita-se que trabalhar

com os DE contribui para um cuidado clínico mais adequado e potencializa as ações

de enfermagem ante ao paciente. Os diagnósticos são necessários para se

conhecer e elaborar as necessidades de cuidado do paciente, sendo necessários

estudos e discussões sobre os diagnósticos presentes em cada tipo de clientela.

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89

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa foi desenvolvida com 105 pacientes hipertensos com doença

cardiovascular, internados em unidade cardiológica por IAM, IC e DAC.

Quanto aos aspectos sociodemográficos, verificou-se a predominância de

pacientes do sexo masculino (58,1%), com idade média de 63±12,2 anos, casados

(77,1%), com ensino fundamental incompleto (45,7%), aposentados/ pensionistas

(56,2%), renda familiar entre um e dois salários mínimos (43,8%), procedentes do

interior do estado (49,5%).

As principais características clínicas presentes foram: pacientes

acometidos por IAM , IC e DAC, com mais de 10 anos de diagnóstico de HAS

(37,1%), com história familiar de HAS (73,3%), história familiar de DCV (67,6%), que

realizaram cateterismo cardíaco (74,3%), não eram tabagistas(48,6%), negaram

etilismo (65,7%) e apresentaram IMC acima de 25Kg/m2 (65,7%).

Diante dos resultados, permite-se concluir que estabelecer o perfil da

população de hipertensos com doença cardíaca presente, assistidos pelos

programas de saúde nas instituições hospitalares, se faz necessário para que sejam

propostas ações e medidas cuidativas peculiares a esta clientela, considerando suas

limitações e possibilidades no enfrentamento da doença. As ações de educação em

saúde, realizadas no ambiente hospitalar e voltadas para o perfil desta clientela são

necessárias e podem favorecer à mudanças de comportamentos no paciente

hipertenso.

Foram identificados no estudo 46 diagnósticos de enfermagem de acordo

com a NANDA-I (2013) e seus domínios. Encontrou-se 16 diagnósticos acima do

percentil 50 que foram discutidos com maior aprofundamento. O domínio 4

Atividade/Repouso, identificou-se o maior número de diagnósticos. Os diagnósticos

de risco tiveram frequência expressiva, dada à condição clinica dos pacientes e

riscos do ambiente hospitalar e tratamento cardiovascular. Os diagnósticos de

enfermagem real mais prevalentes na amostra foram: Dentição prejudicada, Estilo

de vida sedentário, Autocontrole ineficaz da saúde, Intolerância à atividade,

Integridade da pele prejudicada, Nutrição desequilibrada: mais do que necessidades

corporais, Padrão de sono prejudicado,Conhecimento deficiente, Débito cardíaco

diminuído, Dor aguda, Tristeza crônica.

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90

Diante da identificação de um maior número de diagnósticos no domínio

4, estima-se ser necessário uma maior atenção às respostas evidenciadas destes

pacientes relacionadas à atividades diárias, ao autocuidado, sono e repouso,

equilíbrio e energia, e respostas cardiopulmonares. Tais aspectos devem ser

considerados no cuidado clínico destes pacientes, para a elaboração e execução de

estratégias terapêuticas de enfermagem mais direcionadas.

Os diagnósticos encontrados com maior prevalência revelaram a

predominância de alterações nas respostas dos pacientes não só de ordem

fisiológicas, mas também de controle da saúde. Estes diagnósticos poderão permitir

a implementação de ações mais focalizadas nestes aspectos.

Ao realizar a análise estatística dos dados, observou-se associação

estatística significativa entre as variáveis sociodemográficas, as doenças

cardiovasculares e os diagnósticos, que se acredita surgiram em virtude das

características clínicas específicas da amostra.

Com relação a faixa etária houve significância estatística entre a variável

e o diagnóstico Dentição prejudicada. Entre a variável sexo e os diagnósticos Risco

de perfusão tissular cardíaca diminuída e Risco de perfusão tissular periférica

diminuída observou-se associação estatística significativa. Os diagnósticos foram

observados com maior percentual em participantes do sexo masculino. Existiu

associação importante entre as DCV e os diagnósticos Débito cardíaco diminuído,

Dor aguda, Intolerância à atividade, Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída e

Risco de perfusão tissular periférica diminuída.

Desta forma, considera-se importante conhecer as características clínicas

e sociodemográficas de determinada clientela e sua associação ou não à presença

de diagnósticos de enfermagem.

Percebe-se na enfermagem mudanças significativas nas ações de

cuidado, no que diz respeito ao saber, fazer e do saber-fazer do enfermeiro e na

assistência de enfermagem em si, pois os profissionais têm considerado a utilização

dos sistemas de classificação de enfermagem, principalmente de diagnósticos,

aprimorando o planejamento das ações, a prescrição de cuidados ao paciente e as

intervenções.

Logo, estabelecer os diagnósticos de enfermagem conforme um sistema

de classificação em pacientes hipertensos com DCV, possibilita a execução de um

Page 92: DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO CUIDADO …2 sanja samia rolim fernandes ximenes diagnÓsticos de enfermagem no cuidado clÍnico a pessoas com hipertensÃo e doenÇa cardiovascular

91

plano de ações direcionado a esta clientela e norteia a prescrição do cuidado de

enfermagem.

A proposição de diagnósticos de enfermagem ante aos portadores de

doenças cardiovasculares, conferiu fundamentação à sistematização da assistência

de enfermagem a estes pacientes, e para a pesquisadora permitiu um olhar mais

detalhado sobre estes pacientes, desta forma proporcionou a perspectiva de um

cuidado mais qualificado e coerente aos pacientes.

No percurso da elaboração dos diagnósticos encontrou-se dificuldades,

estas foram decorrentes da quantidade de pacientes a serem entrevistados, do

tempo necessário para elaborar banco de dados e concluir todo o processo de

diagnóstico. Assim considera-se que o trabalho com diagnósticos demanda tempo e

deve ser observado na prática diária da enfermagem.

Acredita-se ser importante o desenvolvimento de pesquisas acerca de

diagnósticos e doenças cardiovasculares, para que possa suscitar conhecimentos

e se tornem fontes científicas, além de despertar a prática dos diagnósticos na

enfermagem.

Pretende-se divulgar os dados para a instituição campo de pesquisa, para

que se conheça a clientela de hipertensos com DCV, e para que seja um incentivo

ao uso das classificações de enfermagem, de uma linguagem padronizada entre os

enfermeiros e consequentemente um melhor cuidado clínico de enfermagem.

Por fim, acrescenta-se que foi relevante observar nos resultados que os

dados e diagnósticos de enfermagem definitivos encontrados demonstravam as

características reais dos pacientes e suas necessidades, observadas durante a fase

de coleta de dados. Observou-se pessoas com baixo nível socioeconômico,

sedentárias, sobrepeso, ansiosas, a maioria com mais de 60 anos, com pouco ou

nenhum conhecimento sobre sua doença atual e a doença hipertensão, pacientes

com comprometimento cardiovascular importante, que lhes impedia de

desempenhar atividades diárias e profissionais, e modificaram totalmente sua

qualidade de vida.

Assim, este estudo ultrapassou os objetivos iniciais de documentar

diagnósticos de enfermagem em hipertensos, e se consolidou com a oportunidade

de conhecer as necessidades e respostas humanas ao adoecimento cardiovascular

e os aspectos implicados no cuidado clínico de enfermagem a estes pacientes.

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92

O processo de cuidar é contínuo e, portanto, necessita seguir passos e

avançar no conhecimento científico dentro da área para aperfeiçoar as ações do

enfermeiro. Considera-se que os diagnósticos de enfermagem colaboram neste

processo.

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.

APÊNDICES

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APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Dados de Identificação

Nome:__________________________________________

1.Sexo: 1( )feminino 2( )masculino

2.Idade:________

3.Escolaridade: 1( )analfabeto 2( )ensino fundamental incompleto 3( ) ensino fundamental completo 4( )ensino médio incompleto 5( )ensino médio completo 6( )superior incompleto 7( )superior completo. 4. Estado civil: 1( ) solteiro 2( )casado/união estável 3( )divorciado

5.Ocupação: 1.Trabalha( ) 2.aposentado/pensionista( ) 3. Desempregado( )

6. Renda familiar (em salários mínimos):__________________

7. Procedência: 1.capital( ) 2.interior do estado( ) 3.outro estado( )

8.Religião: 1( ) católica 2( ) não católica 3( ) sem religião

9. Data admissão:___________

Dados clínico- epidemiológicos

11.Tempo de descoberta da HAS: 1. <1ano( ) 2. 1-5 anos( ) 3. 6-10anos( ) 4. >10anos( )

12. Antecedentes familiares de HAS: 1.sim( ) 2. não( ) Quem?________

13.Doença cardiovascular presente: IAM( ) IC ( ) DAC( )

14.História familiar de doença cardiovascular: 1.sim( ) 2.não ( ) Quem?______

15.Internamentos anteriores por DCV: 1.sim( ) 2.não ( )

16.Cateterismo cardíaco: 1.sim( ) 2.não ( )

17.Cirurgia cardíaca: 1.sim ( ) 2.não ( )

18. Fuma: 1.sim ( ) 2.não( ). Quantos cigarros/dia________. Deixou de fumar ( ) Há quanto tempo? ________

19. Faz uso de bebida alcoólica? 1.sim( ) 2.não( ). Quantas vezes por semana? __________ . Deixou de beber ( ) Há quanto tempo? ___________

20.Peso:_____________ 21.Altura:_______ 22. IMC:________ 23. Circ. Cintura_____ 24. Circ. Quadril:________

Sinais Vitais:

25. Frequência respiratória (FR):___________ 26.Frequência cardíaca(FC):_________ 27.Temperatura:___________ 28. PA:________________

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1)DOMÍNIO 1: PROMOÇÃO DA SAÚDE( Controle da saúde)

29.Conhecimentos sobre a doença HAS (def./ sintomas):

_________________________________________________________________________________________________________________________________________

30. Conhecimento sobre seu estado de saúde e doença atual (DCV):____________________________________________________________________________________________________________________________________

31. Percepção dos sinais e sintomas de alteração da HAS: 1.sim ( ) 2.não ( )

32. A família participa do tratamento da HAS? 1.sim( ) 2.não( ) Como: _________________________________________________________________________________________________________________________________________

33.Uso de medicações antes do internamento. Quais?___________________________________________

34. Expectativas quanto ao tratamento: 1.cura ( ) 2.controle( ) 3. Não sabe responder ( )

35. Problemas relacionados ao uso de medicação:___________________________

36. Seguia as recomendações de profissionais de saúde? 1.sim( ) 2.não( ) Quais?_______________________________________________________________ Se não, por que?_______________________________________________________

_____________________________________________________________________

2) DOMÍNIO 2: NUTRIÇÃO (ingestão,metabolismo,hidratação)

37. Condição de apetite atual: ( )1.conservado ( )2.aumentado ( )3.diminuído

38. Número de refeições por dia antes do internamento:__________________

39. Dieta anterior ao tratamento: 1( )hipossódica 2( )hiperssódica 3( )hipolipídica 4( ) hiperlipídica 5( ) hiperglicêmica 6( )hipoglicêmica 7( ) Dieta com sal

40. Dificuldade para mastigar alimentos: 1( )sim 2( )não. Esp________________

41.Dificuldade para engolir alimentos 1( )sim 2( ) não. Esp________________

42. 1.Dentição completa ( ) 2.dentição incompleta( )

43. Dieta: 1 ( )oral 2( )Sonda gástrica/enteral 3( ) nutrição parenteral

44. Queixas: 1( )nenhuma 2( ) náusea 3( )pirose 4( ) êmese

45. Ingesta de líquidos. Quantidade por dia (em litros):________________________

46. Pele: 1( )hidratada 2( )desidratada 3( )pegajosa

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3) DOMÍNIO 3: ELIMINAÇÃO E TROCA (função urinária, gastrintestinal, função respiratória)

47. Dificuldade para respirar: 1( )sim 2( ) não

48. .1Dispnéia( ) 2.eupnéia( ) 3.cianose( ) 4.batimento de asa de nariz( ) 5.uso de suporte ventilatório( ) 6.( ) agitação

49. Diurese: 1( )espontânea 2( )em fraldas 3 ( )aparadeira/papagaio 4( )SVD

50. Frequência de micções/dia:_____________

51. Desconforto urinário: 1( )nenhum 2( )incontinência 3( )retenção 4( )disúria 5( ) urgência urinária 6( )bexigoma

52. Hábito intestinal. Frequencia de evacuação por dia:______

53. Uso de laxantes: 1( )sim 2( )não

54.Desconforto gástrico: 1( )cólicas 2( )constipação 3( )sensação de plenitude 4( ) melena 5( ) incontinência 6( )nenhum

55. Abdome: 1( )plano 2( )globoso 3( )flácido 4( )ausência de ruídos hidroaéreos 5( )presença de ruídos hidroaéreos 6 ( )dor a palpação

4) DOMÍNIO 4: ATIVIDADE/REPOUSO(sono/repouso, atividade/exercício, respostas cardiovasculares/pulmonares, autocuidado)

56. Horário de dormir: 1( )manhã 2( )tarde 3 ( )noite

57. Tipo de sono: 1 ( )initerrupto 2( )interrompido 3( ) agitado 4( )insônia

58. Toma remédios para dormir: 1( ) sim 2( )não

59. Desperta: 1( )descansado 2( )cansado. Motivos:___________________

60. Deambula: 1( )sim 2( ) não 3( ) com ajuda Esp.___________

61 Mobilidade no leito: 1sim ( ) 2 não( )

62. Restrição de movimento de membros: 1( ) sim 2( )não Qual:_____________

63 Realizava atividade física antes do internamento? 1( )sim 2( )não. O que fazia? ________________________________Se sim, quantas vezes por semana:________

Durante quanto tempo_____________. Se não, por que? _____________________________________________________________________

64. Sedentarismo(anterior à internação): 1( ) sim 2( )não

65.Disposição atual para atividades diárias: 1( ) sim 2( )não

66. Limitação nas atividades diárias: 1( )deambular 2( )sentar 3( )trocar roupa

4( )alimentar-se 5 ( )higiene/banho 6( ) nenhuma.Esp.________________________

67. Limitação física durante/após atividade: 1( )falta de ar 2( )cansaço/dispnéia 3( )tontura 4( )dor MMSS 5( ) dor MMII 6( )cefaléia 7( ) fraqueza/fadiga 8( )nenhuma

68. Ausculta cardíaca: 1( )regular 2( )irregular

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69. Alterações: 1( )bradicardia 2( )taquicardia 3( )palpitações 4( )angina 5( ) arritmia 6( ) cateterismo 7( ) ortopneia 8( )nenhuma

70.Outras alterações/ queixas cardíacas:_______________________________

71. Tórax: 1( )sem alterações anatômicas 2( )com alterações anatômicas 3( ) lesão/cicatrizes

72. Movimentos respiratórios: 1( ) normais 2( ) uso de musculatura acessória 3( ) Alteração na profundidade respiratória

73. Ventilação: 1( ) sem suporte de oxigênio 2( ) com suporte de oxigênio

74.Outras alterações/queixas:_______________________________________

5)DOMÍNIO 5: PERCEPÇÃO COGNIÇÃO (atenção, orientação, sensação/percepção,

cognição, comunicação)

75. Orientação: 1( )consciente 2( )orientado 3 ( )desatento 4( )sonolento

5( )inquieto 6( )confuso

76. Visão: 1( )acuidade visual normal 2( )diminuída 3( ) não enxerga

77.Audição: 1( )Acuidade auditiva normal 2( )Acuidade auditiva diminuída

78.Sensibilidade tátil : 1( )sem alterações 2( )diminuída 3 ( )ausente

79. Nariz: 1( )normal 2( ) alterações:_______________________

80. Boca: 1( )normal 2( )alterações:_______________________

81.Sensibilidade gustativa: 1( )sem alterações 2( )diminuída 3( )ausente

82. Cognição: 1( ) compreende a doença atual 2( )não compreende a doença atual 3( ) déficit cognitivo.

83.Considera importante aprender sobre sua doença: 1( )sim 2( )não 3( ) não sabe

84. Capacidade de tomar decisões sozinho: 1 ( )sim 2 ( )não

85.Tem dificuldade para:

85.1 Falar 1( )sim 2( )não Especificar:_________________

85.2 Ler 1( )sim 2( )não . Especificar:_________________

85.3 Escrever 1( )sim 2( )não. Especificar:_________________

85.4 Memorizar 1( )sim 2( )não. Especificar:_________________

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6)DOMÍNIO 6: AUTOPERCEPÇÃO (autoconceito, autoestima, imagem corporal)

86 Visão do paciente sobre si mesmo:______________________________________ _____________________________________________________________________ 87. Percebe modificações relacionadas a doença?____________________________ _____________________________________________________________________ 88.Autoestima prejudicada:1( )sim 2( )não. Especificar________________________

89. Satisfeito com seu estado de saúde atual: 1( )sim 2( )não. Esp.______________ _____________________________________________________________________ 90 .Visão do paciente sobre seu futuro:______________________________________ _____________________________________________________________________ 7) DOMÍNIO 7: PAPÉIS E RELACIONAMENTOS ( papéis do cuidador, relações familiares, desempenho de papel)

91. Problemas trazidos pela doença: 1.relacionamento familiar ( ) 2. lazer ( ) 3.trabalho/finanças ( ) 4.todos( ) 5. Não trouxe problemas ( ).

92. Queixas relacionadas:________________________________________________

8)DOMÍNIO 8: SEXUALIADE (função sexual)

93. Mudanças na função sexual: 1( ) sim 2( )não. Especificar________________

9)DOMÍNIO 9:ENFRENTAMENTO /TOLERÂNCIA AO ESTRESSE(reações de

enfrentamento)

94.Reações às mudanças provocadas pelas doenças (HAS/DCV): _____________________________________________________________________

95. Sentimentos presentes:

1.Medo( ) 2.Ansiedade( ) 3.Tristeza( ) 4.Angústia( ) 5.Depressão( )

6. Impotência ( ) 7.Estresse ( ) 8.Otimismo ( ) . Especificar________________________________________________________________________________________________________________________________

10) DOMÍNIO 10: PRINCÍPIOS DA VIDA (valores, crenças, coerência entre valores/crenças/atos)

96.Sentimentos de fé : 1( ) sim 2( ) não. Especificar:________________________

97. A fé contribui como no enfrentamento da doença ?__________________________

11) DOMÍNIO 11: SEGURANÇA/PROTEÇÃO (infecção, lesão física, processos defensivos, termorregulação)

98.Acesso venoso: 1 ( ) sim 2( ) não.

98.1.Características:___________________98.2. Permanência:_____________

99. Procedimentos invasivos realizados:_______________________________

100.Presença de lesão física: 1( )sim 2( )não. (Crânio, pescoço, pele/tecidos membros)Especificar:_____________________________________________________________________________________________________________________

101. Sofreu quedas: 1( ) sim 2( ) não. Especificar:___________________________

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102. Tontura/vertigem: 1 ( ) sim 2( ) não. Especificar:_________________________

103. Apresenta alterações na termorregulação: 1( ) sim 2( ) não.

104. Apoio de cuidador: 1( ) sim 2( ) não. Especificar:____________________

105. Reação alérgica 1( ) sim 2( ) não. Especificar:______________________

12) DOMÍNIO 12:CONFORTO (conforto físico, conforto ambiental, conforto social)

106.Dor:( )sim ( )não. Tempo: __________ Localização:________ Frequência:_____________Fatores precipitadores: __________________________

107. Intensidade( de 0 a 10):___. Sintomas associados:________________________

108. Dor anterior ao tratamento: sim( ) não ( ) Localização______________________

109. Sente-se confortável no ambiente? ( ) sim ( ) não. Causas: ________________

_________________________________________________________

110. Expressa sentimento de solidão: ( ) sim ( ) não.

111. Interage com outros: ( ) sim ( ) não. Se não, por que? _____________________________________________________________________

13) DOMÍNIO 13: CRESCIMENTO /DESENVOLVIMENTO( crescimento)

112. Sente dificuldade para melhorar seu estado de saúde: ( ) sim ( ) não. Causas:_____________________________________

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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Meu nome é Sanja Samia Rolim Ximenes sou aluna do Mestrado Acadêmico

Cuidados Clínicos em Saúde e estou desenvolvendo a pesquisa ―Diagnósticos de enfermagem

no cuidado clínico a pessoas com hipertensão e doença cardiovascular‖. O estudo tem

como objetivo analisar os diagnósticos de enfermagem presentes em pacientes hipertensos com

doença cardiovascular.

Neste momento estou convidando o(a) senhor(a) a participar voluntariamente desse

estudo que deverá produzir conhecimentos científicos que contribuam para o aprimoramento de

cuidados de enfermagem a pacientes hipertensos e com doenças do coração.

Sua participação será respondendo as perguntas de um formulário e as respostas

serão escritas por mim, pesquisadora, permitindo que eu examine seu corpo e verifique sua

pressão arterial, peso, altura, circunferência da cintura e dos quadris aqui em seu leito, nesta

unidade de internação. Solicito ainda permissão para copiar informações sobre seu tratamento

do seu prontuário. Os riscos do estudo são mínimos, mas estarei atenta para resolvê-los se

houver necessidade.

O(a) senhor(a) tem a plena liberdade de aceitar ou não participar da pesquisa,

assim como de permanecer ou não no estudo, mesmo após ter dado seu consentimento, sem

que haja prejuízos para seu atendimento neste serviço de saúde. Sua participação não implicará

em nenhum gasto para o(a) senhor(a) e também não haverá gratificação financeira pela sua

participação nesta pesquisa.

Garantimos o sigilo sobre sua identidade e informações coletadas, as quais serão

utilizadas apenas para fins deste estudo, ou seja elaboração de meu trabalho de conclusão do

curso e preparação de artigos para publicação em revistas científicas.

Para esclarecer dúvidas sobre essa pesquisa o(a) senhor(a) poderá se comunicar

comigo pelo telefone 99556972, com a orientadora da pesquisa Profa. Dra. Vilani Guedes fone

3101,9823 e com o Comitê de Ética em Pesquisa da UECE fone 3101.9890.

Este Termo está preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma para o(a)

senhor(a) e outra para a pesquisadora

Atenciosamente,

Sanja Samia.Rolim Ximenes

Eu _____________________________, declaro que após ser esclarecido pelo

pesquisador e ter entendido o que foi explicado, concordo em participar da pesquisa.

Fortaleza,____ de_____________ de 2012.

_________________________________

Assinatura do pesquisado

________________________________

Assinatura do pesquisador