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Diagramas de Fases Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos Departamento de Engenharia de Materiais Engenharia e Ciência dos Materiais I Prof. Dr. Cassius O.F.T. Ruchert Revisão: Prof. Dr. Eduardo Bellini Ferreira http://www.eesc.usp.br/smm/materiais/

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Diagramas de Fases

Universidade de São Paulo

Escola de Engenharia de São Carlos

Departamento de Engenharia de Materiais

Engenharia e Ciência dos Materiais I

Prof. Dr. Cassius O.F.T. Ruchert

Revisão: Prof. Dr. Eduardo Bellini Ferreira

http://www.eesc.usp.br/smm/materiais/

Duas fases em equilíbrio

a) óleo flutuando em água

b) emulsão de óleo em água

Ambos sistemas possuem as

mesmas fases, mas (a) possui

“microestrutura” diferente de (b).

• Fase é uma porção homogênea de um sistema que possui características

físicas e/ou químicas uniformes.

• Se mais de uma fase estiver presente em um sistema, cada fase terá suas próprias

propriedades e existirá uma fronteira separando as diferentes fases.

• Contorno entre fases: ocorre uma mudança abrupta das características físicas

e/ou químicas.

DIAGRAMAS DE FASES

Ilustração de fases e solubilidade:

a) três formas de H2O – gasosa, líquida e sólida – cada uma constitui uma fase

b) água e álcool possuem solubilidade ilimitada – formam uma única fase

c) sal e água possuem solubilidade limitada – dissolvido: uma fase; precipitado: duas

d) água e óleo não possuem solubilidade entre si – duas fases

SOLUÇÕES SÓLIDAS

São formadas quando átomos de soluto ocupam posições

substitutivas ou intersticiais formando com o solvente

uma única fase.

A concentração máxima de soluto que pode ser dissolvida

no solvente é chamada limite de solubilidade. A adição de

soluto além desse limite resulta na formação de uma

segunda fase: outra solução sólida ou composto, de

composição e estrutura diferentes.

Formação de solução

sólida entre dois

metais. ex: Au e Ag

O equilíbrio de fases se

refere ao equilíbrio em

sistemas que possuem

mais de uma fase.

Nesse caso, a composição

das fases presentes é

constante com o tempo.

Energia livre (propriedade termodinâmica) é uma função da energia interna de um

sistema e também da entropia dos átomos ou moléculas (entropia=desordem).

Um sistema está em equilíbrio se sua energia livre se encontra em um valor

mínimo, isso significa que as características do sistema não mudam ao longo do

tempo. O sistema é estável.

Alterações na temperatura, pressão ou composição podem resultar em mudanças

de fases.

EQUILÍBRIO DE FASES

DIAGRAMAS DE FASES

• Muitas informações para o controle da microestrutura ou das fases presentes em

um sistema ou liga são mostradas no chamado diagrama de fases.

• Diagramas de fases são mapas (esquemas) úteis para prever as transformações

de fases e as microestruturas resultantes de um determinado processo.

• Representam as relações entre composição, variáveis de processo (temperatura,

pressão) e as fases presentes em condições de equilíbrio.

DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DO Fe

Cinco fases:

• Vapor

• Líquido

• Sólidos: Fe-α (ferrita), Fe-γ

(austenita), Fe-δ (diferentes

estruturas cristalinas)

Parâmetro invariável: composição

Parâmetros Variáveis

• Temperatura

• Pressão http://en.wikipedia.org/wiki/Iron

Diagrama isomorfo:

sistema binário Cu-Ni Duas fases:

• L (líquido)

• α (solução sólida)

Isomorfo: completa solubilidade entre os dois componentes

Parâmetro invariável: (P = 1 atm)

Parâmetros variáveis

• Temperatura

• Composição

Liquidus – linha acima da qual só líquido existe no sistema

Solidus – linha abaixo da qual só sólido existe no sistema

%Ni aumenta

Interpretação do Diagrama de Fases

Para um sistema binário com composição

e temperatura conhecidas e em equilíbrio,

pelo menos 3 informações estão

disponíveis em um diagrama de fases:

(1) As fases presentes

(2) As composições dessas fases

(3) As porcentagens (frações) de cada fase

FASES PRESENTES

Para se estabelecer quais fases estão presentes é preciso apenas localizar o

ponto temperatura-composição de interesse no diagrama de fases e observar em

qual campo de fases o ponto está identificado.

A: 60% em peso , 1100o C

1 fase: α

B: 35% em peso, 1250o C

2 fases: L + α

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇão DAS FASES

• Se apenas uma fase está presente (região monofásica) a composição dessa

fase é simplesmente a mesma da composição global da liga.

• Para uma liga que possui composição e temperatura localizadas em uma

região bifásica é utilizado o seguinte procedimento:

1. Construir uma linha de amarração (“tie

line”) entre as duas extremidades da região

bifásica, paralela à temperatura em questão.

2. Anotar os valores das composições (CL,

Cα) nas intersecções entre a linha de

amarração e as fronteiras entre as fases nos

dois lados. Para isso, basta traçar linhas

perpendiculares à linha de amarração a

partir das intersecções até o eixo horizontal

das composições, onde cada uma das

respectivas composições pode ser lida.

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DAS FASES

No exemplo do sistema Cu - Ni tem–se :

Composição: CO = 35% Ni

Em TA:

Somente líquido

CL= CO

Em TD:

Somente sólido

Cα = CO

Em TB:

CL= Clíquido = 32%Ni

Cα = Csólido = 43%Ni

DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

• Para uma região monofásica a liga é composta inteiramente por aquela fase

presente, ou seja a proporção é de 100% da fase em questão.

• Para regiões em que a composição e temperatura estão dentro de uma região

bifásica é utilizada a regra da alavanca, da seguinte forma:

1. Uma linha de amarração é construída

através da região bifásica na temperatura

desejada, como já visto;

2. A composição global da liga (Co) é

localizada sobre a linha de amarração;

3. A fração de uma fase é calculada

tomando-se o comprimento da linha de

amarração desde a composição global da

liga (Co) até a fronteira com a outra fase

e divide-se pelo comprimento total da

linha de amarração (em % ou cm, por

exemplo); e

4. A fração da outra fase é determinada de

maneira semelhante, invertendo-se o

segmento tomado na linha de amarração.

DETERMINAÇÃO DAS QUANTIDADES DAS FASES

No emprego da regra da alavanca, os comprimentos dos segmentos podem

ser determinados por medição direta, usando-se régua com escala linear, ou

através da subtração das composições.

Em um sistema Cu-Ni por exemplo: Composição global: CO = 35% Ni

Em TA : somente líquido

WL = 100% , Wα =0

Em TD: somente sólido

Wα = 100%, WL=0

Em TB: regra da alavanca

Desenvolvimento da Microestrutura em Ligas Isomorfas

A: liga completamente líquida

B: linha liquidus - primeiro sólido α começa a se formar

C: fases líquida e α em equilíbrio

D: linha solidus - termina o processo de solidificação, fração mínima de líquido

E: liga completamente formada pela fase α

Sistemas Eutéticos Binários

Sistema cobre-prata: forma um sistema eutético binário, com um diagrama

de fases eutético binário

Três regiões monofásicas

distintas:

• α = solução sólida rica em

cobre, prata é o soluto

• β = solução sólida rica em

prata, cobre é o soluto

• Líquida

TE = temperatura eutética,

menor temperatura em que há

líquido no sistema

CE = composição eutética

Reação invariante!

Exemplo de sistema binário eutético

• Sistema Pb-Sn Considerando uma liga com

40% Sn e 60% Pb à 150oC:

Fases presentes:

α + β

Composição das fases:

cα = 11% Sn (solução solida a)

cβ = 99% Sn (solução solida b)

Quantidade relativa de cada fase:

peso em%6788

59

1199

4099C

a

peso em %3388

29

1199

1140C

b

Desenvolvimento da microestrutura em ligas eutéticas

Composições entre a do componente

puro e o limite de solubilidade à

temperatura ambiente do mesmo

componente:

• O resfriamento corresponde a um

deslocamento vertical para baixo

(diminuição da temperatura) ao longo

da linha tracejada

• A liga permanece líquida até que

atinge a linha liquidus, quando o

sólido α começa a se formar

• Com o prosseguimento do

resfriamento mais sólido α se forma

• A solidificação atinge o término

quando cruza a linha solidus

Composições que se encontram entre o

limite de solubilidade à temperatura

ambiente e a solubilidade máxima (na

temperatura eutética)

• No resfriamento da fase líquida até a

intersecção com a linha solvus que

separa a região de solução sólida da

de dois sólidos (a e b) as alterações

são iguais ao caso anterior

• Logo acima da intersecção com a linha

solvus citada, a microestrutura consiste

apenas de grãos da fase a

• Com o cruzamento dessa linha solvus

a solubilidade da fase α é excedida, o

que resulta na formação de pequenas

partículas de fase β (precipitadas)

Desenvolvimento da microestrutura em ligas eutéticas

Solvus – linha que separa uma região de solução sólida de outra contendo várias fases.

Desenvolvimento da microestrutura em ligas eutéticas

Solidificação da composição eutética

(composição de menor ponto de fusão

total)

• À medida que a liga é resfriada a partir

do líquido nenhuma alteração ocorre até

a temperatura eutética (183oC)

• Ao cruzar a isoterma eutética o líquido se

transforma (solidifica) simultaneamente

nas duas fases: α e β

Micrografia mostrando a microestrutura de uma liga

chumbo-estanho com a composição eutética.

Desenvolvimento da microestrutura em ligas eutéticas

Composições não-eutéticas, mas que

quando resfriadas cruzam a isoterma

eutética:

• Antes do cruzamento da isoterma

eutética as fases α (primária) e

líquida estão presentes

• Após o cruzamento da isoterma

eutética a fase líquida que possui a

composição do eutético se

transformará na microestrutura do

eutético

• A fase α estará presente tanto no

eutético quanto naquela fase que se

formou em α +L, assim dá-se o nome

de α eutética àquela que reside no

eutético e α primária aquela que se

formou antes da isoterma eutética

Microestrutura

de uma liga Ag-

Cu mostrando α

eutética e α

primária Observe que as fases mudam de composição na

região bifásica, no resfriamento!

©2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning™ is a trademark used herein

under license.

Curva de resfriamento para uma liga isomorfa durante a solidificação. Assume-se que a taxa de resfriamento é pequena para permitir o equilíbrio térmico da liga. As mudanças de inflexão mostradas na curva de resfriamento indicam as temperaturas liquidus e solidus, neste caso para uma liga Cu-Ni com 40% em peso de Ni.

ESQUEMA DE CONSTRUÇÃO DO DIAGRAMA DE FASES

liquidus

©2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning™ is a trademark used herein under license.

Seis curvas de resfriamento para diversos percentuais da liga Mo-V levantadas para a construção do diagrama de fases.

Diagrama de equilíbrio Mo-V

http://www.crct.polymtl.ca/fact/documentation/SGTE/SGTE_Figs.htm

Hipereutético

Cd-Zn (40%Zn)

Eutético

Cd-Zn (17,4%Zn) Hipoeutético

Cd-Zn (10%Zn)

Fusão Congruente versus Fusão Incongruente

Fusão

congruente

ocorre sem

mudança de

composição

entre as fases

envolvidas.

Fusão

incongruente

envolve

mudança de

composição.

Reação eutetóide também é

incongruente

Reação peritética também é

incongruente

Fusão Congruente versus Fusão Incongruente

Fusão congruente:

outros exemplos.

Fusões

incongruentes:

(todas as

outras).

Essas não são

congruentes!!!

O sistema Au-Hg

As cinco mais importantes reações contendo

três fases de um diagrama de fase binário