Direito Administrativo - Aula 07

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    Ol!

    uma pena, mas j estamos em nossa penltima aula. Issosignifica que o dia da publicao do edital est chegando, o queaumenta muito a ansiedade e a TPE (Tenso Pr-Edital), que, aocontrrio da TPM, tambm afeta os homens.

    Como o edital ainda no foi publicado, tente ficar bemtranqilo. No se preocupe com a matria que voc ainda tem queestudar, mas sim com aquela que voc j estudou. Digo issoporque de nada adianta voc querer acelerar os seus estudos semabsorver as respectivas informaes.

    E para absorver informaes relativas ao DireitoAdministrativo, nada melhor do que resolver questes de provasanteriores. Se voc perceber que ainda resta uma grandequantidade de contedo a ser estudado, programe-se, pois, namelhor das hipteses, penso que as provas do concurso do INSSsomente sero aplicadas a partir do ms de fevereiro de 2011.

    Para aumentar a sua produtividade nos estudos, o ideal quevoc resolva cada questo apresentada ao trmino das aulas, nomnimo, 02 (duas) vezes (com um intervalo de uma semana entreas resolues). Pode parecer perda de tempo, mas voc constatarque na segunda vez que estiver respondendo questo o contedoser facilmente assimilado, e, dificilmente, voc ter problemaspara responder esse mesmo tipo de questo no futuro.

    Em nossa programao inicial, estava prevista para hoje aaula sobre o Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico.

    Todavia, decidi inverter a programao e disponibilizar,primeiramente, a aula sobre Processo Administrativo Federal e Leide Improbidade Administrativa (que servir de base para a aulasobre o Cdigo de tica, na prxima semana)

    Ao iniciar o nosso estudo sobre o texto da Lei 9.784/99, vocperceber que ele muito claro, auto-explicativo e abreviado.Ademais, voc ir perceber que j estudamos vrios artigos dessalei em outras aulas, principalmente quando tratamos dos princpios

    e atos administrativos.

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    imprescindvel que voc realize uma leitura de todo otexto da lei. As questes de concursos anteriores, como voc ir

    perceber, esto baseadas em seu texto literal, sem exigirconhecimentos doutrinrios ou jurisprudenciais, em sua maioria.

    Por outro lado, apesar de o contedo da aula sobre a Lei8.429/92 ser muito pequeno (iremos enfatizar apenas dos artigos1 ao 11), j que o CESPE no tem o hbito de cobrar aintegralidade da lei em suas provas, necessrio que o candidatofique atento tambm ao entendimento do Supremo Tribunal Federale Superior Tribunal de Justia.

    Desse modo, para evitar surpresas na hora da prova, ireicomentar algumas questes, ao final da aula, que versam sobre ajurisprudncia do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunalde Justia acerca da Lei de Improbidade Administrativa.

    Tenho certeza de que voc no ter nenhuma dificuldade paraassimilar o contedo da aula de hoje. Entretanto, se tiver, estou disposio no frum de dvidas para esclarec-las. Fique vontade, pois o curso est sendo desenvolvido para atender s suasnecessidades e facilitar a sua aprovao no concurso do INSS!

    E que venham os churrascos de comemorao!!!

    Bons estudos!

    Fabiano Pereira

    [email protected]

    "A esperana cheia de confiana. algo maravilhoso e belo, umalmpada iluminada em nosso corao. o motor da vida. uma luz

    na direo do futuro.

    (Conrad de Meester)

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    PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL LEI 9.784/99

    1. As diversas denominaes da expresso processo. 04

    2. Conceito . 05

    3. Abrangncia da Lei 9.784/99 . 06

    4. Princpios inerentes ao processo administrativo federal . 06

    4.1. Princpio da legalidade objetiva . 06

    4.2. Princpio da oficialidade . 07

    4.3. Princpio do informalismo . 07

    4.4. Princpio da verdade material ou verdade real .08

    4.5. Princpios do contraditrio e da ampla defesa . 09

    5. Objeto . 09

    6. Princpios expressos . 09

    7. Critrios a serem observados nos processos administrativos .. 17

    8. Dos direitos e deveres do administrados .18

    9. Da competncia . 19

    10. Dos impedimentos e da suspeio . 21

    11. Fases do processo administrativo . 22

    12. Da desistncia e outros casos de extino do processo . 26

    13. Do recurso administrativo e da reviso . 26

    14. Dos prazos . 30

    15. Questes para a fixao do contedo .51

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    1. As diversas denominaes da expresso processo

    A expresso processo representa um conjunto lgico e

    seqencialde fatos e procedimentos adotados para se atingir umdeterminado objetivo. Em regra, essa expresso utilizada parareferir-se ao processo judicial, mas importante destacar quevrias so as classificaes para a expresso processo, querepresenta um gnero:

    1.1. Processo judicial: trata-se do instrumento pelo qual ojuiz exerce o seu poder jurisdicional (de aplicar o direito ao caso emconcreto), decidindo um possvel conflito existente entre as partes

    que participam do processo.1.2. Processo legislativo: composto pelo conjunto de

    regras constitucionais e legais que devem ser obedecidas pelolegislador ao elaborar as leis.

    1.3. Processo administrativo: pode ser entendido como oconjunto seqencial de atos administrativos necessrios aproduzir uma deciso referente a um conflito de naturezaadministrativa.

    Como o foco da nossa aula estudar as normas gerais sobre oprocesso administrativo federal, iremos nos restringir a essaltima espcie de processo, que est prevista na Lei 9.784/99.

    Ateno: importante que voc saiba que a prpriaexpresso processo administrativo possui diversas espcies,que, frequentemente so encontradas em provas de concursos.

    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro nos informa que, nalinguagem corrente, a expresso processo administrativo utilizadaem vrios sentidos diferentes:

    1. num primeiro sentido, designa o con j u n t o d e p apis ed o c u m e n t o s o r g an i za d o s n u m a p a s t a e referentes a um dadoassunto de interesse do funcionrio ou da administrao;

    2. ainda usado como sinnimo de p r o c e s s o d i s c i p l i n a r , peloqual se apuram as infraes administrativas e se punem osinfratores; nesse sentido empregado no artigo 41, 1, da

    Constituio Federal, quando diz que o servidor pblico estvel sperder o cargo em virtude de sentena judicial transitada emjulgado ou mediante processo administrativo em que lhe seja

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    assegurada ampla defesa. Esse tipo de processo conhecido por"PAD" no meio jurdico.

    3. em sentido mais amplo, designa o c on j u n t o d e a t o s c o o r d e n a d o s para a soluo de uma controvrsia no mbitoadministrativo;

    4. como nem todo processo administrativo envolve controvrsia,tambm se pode falar em sentido ainda mais amplo, de modo aabranger a srie de a t o s p r e p a r a t r i o s d e um a d e c i so f i n a l d a A d m in is t r ao.

    A Lei 9.784/99, conforme destaquei anteriormente, estabelecenormas bsicas e gerais sobre o processo administrativo nombito da Administrao Federal direta e indireta, visando, emespecial, proteo dos direitos dos administrados e ao melhorcumprimento dos fins da Administrao.

    Assim, os processos administrativos especficos, a exemplodo Processo Administrativo Disciplinar PAD, o ProcessoAdministrativo Federal de Determinao e Exigncia de CrditosTributrios PAF, entre outros, continuaro a reger-se por normasprprias, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitosda Lei 9.784/99.

    O Processo Administrativo Disciplinar PAD, quandoinstaurado na esfera federal, por exemplo, ser regulamentado pelaLei 8.112/90. Por outro lado, o Processo Administrativo Federal deDeterminao e Exigncia de Crditos Tributrios PAF, serregulamentado pelo Decreto 70.235/72.

    2. Conceito

    O saudoso professor Digenes Gasparini apresenta umconceito bastante completo sobre processo administrativo, aodefini-lo como o conjunto de medidas jurdicas e materiaispraticadas com certa ordem e cronologia, necessrias ao registrodos atos da Administrao Pblica, ao controle do comportamentodos administrados e de seus servidores, a compatibilizar, noexerccio do poder de polcia, os interesses pblico e privado, apunir seus servidores e terceiros, a resolver controvrsiasadministrativas e a outorgar direitos a terceiros.

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    3. Abrangncia da Lei 9.784/99

    A Lei 9.784/99, que estabelece normas bsicas sobre o

    processo administrativo no mbito da Administrao Federal,alcana tanto as entidades da Administrao Direta (Unio e seusrespectivos rgos), quanto s entidades da Administrao Indireta(autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades deeconomia mista).

    Lembre-se de que a Lei do processo administrativo federalno se restringe ao Poder Executivo, pois abrange tambm ospoderes Legislativo e Judicirio, bem como o Ministrio Pblico da

    Unio e o Tribunal de Contas da Unio, quando estiveremexercendo funo administrativa.

    Pergunta: professor, a Lei 9.784/99 tambm ser obrigatriapara os processos administrativos instaurados no mbito dosEstados, Distrito Federal e Municpios?

    Em regra, no. As entidades polticas possuem competncialegislativa para criarem as suas prprias legislaes sobre processoadministrativo. No Estado de So Paulo, por exemplo, vigora a Lei

    Estadual 10.177, publicada em 30 de dezembro de 1998. Damesma forma, no Estado de Minas Gerais vigora outra Lei Estadual,a de n 14.184, editada em 30 de janeiro de 2002.

    Apesar dos Estados, DF e Municpios possurem competnciapara legislar sobre o tema, no existe proibio a que a Lei9.784/99 seja utilizada em mbito municipal ou estadual, porexemplo, enquanto a respectiva legislao local no seja criada.

    4. Princpios inerentes ao processo administrativo federalO professor Hely Lopes Meirelles destaca que so cinco os

    princpios inerentes aos processos administrativos no mbitofederal, a saber:

    4.1. Princpio da legalidade objetiva

    O princpio da legalidade objetiva impe a obrigatoriedade de

    que o processo administrativo se desenvolva nos termos da lei,cumprindo-se fielmente a sua finalidade. Ocorrendo qualquer

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    violao ao texto legal, o processo administrativo,consequentemente, dever ser declarado nulo.

    4.2. Princpio da oficialidade

    Esse princpio impe Administrao o dever de darandamento automtico ao processo administrativo,independentemente da manifestao do administrado. Tambm conhecido como princpio da impulso de ofcio ou princpio doimpulso oficial.

    interessante destacar que, contrariamente ao que ocorre noPoder Judicirio, que deve ser provocado pelo interessado a fim deque possa tomar alguma providncia, no mbito administrativo aprpria Administrao se encarrega de adotar as providnciasnecessrias para garantir o andamento e a concluso doprocesso.

    A oficialidade se revela na instaurao, na instruo, nadeciso e na eventual reviso de decises tomadas nos processosadministrativos.

    4.3. Princpio do informalismo

    O processo administrativo caracteriza-se pelo informalismo,dispensando a solenidade e o rigor exacerbado na edio de seusatos. claro que no possvel exagerar no informalismo, pois necessrio garantir a confiana e a credibilidade do processoadministrativo. Assim, a lei poder estabelecer uma maior rigidezpara a prtica de alguns atos, cominando a respectiva nulidade emcaso de sua inobservncia.

    Como o administrado no est obrigado a contratar umadvogado para atuar em processo administrativo, o princpio doinformalismo apresenta-se como essencial e de extrema relevncia,permitindo que qualquer pessoa possa acess-lo e praticar os atosnecessrios ao seu desenvolvimento e concluso.

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    4.4. Princpio da verdade material ou verdade real

    Nos processos administrativos, a Administrao deve sempre

    buscar a realidade dos fatos. Nesse sentido, deve adotar todas asprovidncias que se fizerem necessrias para esclarecer, comexatido, o que realmente ocorreu. Para isso o processoadministrativo instaurado.

    A professora Medauar nos ensina que, comoconseqncia do princpio da verdade real ou material, aAdministrao deve tomar decises com base nos fatos tais comose apresentam na realidade, no se satisfazendo com a verso

    oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever decarrear para o expediente todos os dados, informaes,documentos a respeito da matria tratada, sem estar jungida aosaspectos suscitados pelos sujeitos.

    Pergunta: professor, verdade material o mesmo queverdade formal?

    No. Fique bastante atento a essa diferena, pois,frequentemente, ela objeto de concursos.

    A verdade formal, que se objetiva nos processos judiciais(com exceo dos criminais), caracteriza-se por no representar arealidade dos fatos. Para decidir um conflito que lhe foiapresentado, o juiz est restrito s provas que foram apresentadaspelas partes e que esto no processo, no podendo se referir afatos ou documentos de que teve cincia fora do processo.

    Para que fique mais fcil o entendimento, basta que voc selembre de que ao ser citado para responder a uma ao judicial, o

    acusado ser advertido de que no sendo contestada a ao, sepresumiro aceitos pelo ru, como verdadeiros, os fatos articuladospelo autor (artigo 285 do Cdigo de Processo Civil).

    Exemplo: caso JOO ingresse com uma ao judicial em facede PEDRO, alegando que ele lhe deve a quantia de R$ 500,00 porum servio prestado e no pago, PEDRO ter que apresentar a suacontestao (defesa) no processo, mesmo que a cobrana sejaabsurda (sequer conhece Joo, por exemplo), pois, caso contrrio,presumir-se-o verdadeiros os fatos alegados por Joo.

    Assim, por mais mentirosa e absurda que possa parecer talcobrana, se JOO no se defender, apresentando os seus

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    argumentos, ela ser considerada verdadeira. Eis a verdadeformal, que no corresponde realidade dos fatos.

    4.5. Princpios do contraditrio e da ampla defesa

    Os princpios do contraditrio e da ampla defesa estoexpressamente previstos no inciso LV do artigo 5 da ConstituioFederal de 1988, que assim declara:

    LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, eaos acusados em geral so assegurados o contraditrio eampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

    O princpio da ampla defesa, de uma forma bem resumida,assegura ao acusado a prerrogativa de valer-se de todos os meiosexistentes para provar a sua inocncia, desde que lcitos. Por outrolado, o princpio do contraditrio impe a obrigatoriedade de segarantir ao acusado a oportunidade de se manifestar sobre todos osfatos e acusaes a ele imputados, bem como o direito decontradizer um por um, caso entenda cabvel e necessrio.

    5. Objeto

    O processo administrativo ser utilizado no mbito daAdministrao Pblica para tratar sobre os mais diversos temas. Oprofessor Digenes Gasparini, apresentando alguns exemplos,informa que podem versar sobre a padronizao de um bem, cuidarda investigao de um fato, visar a aplicao de uma pena,objetivar uma deciso, encerrar uma denncia, consubstanciar umasugesto, exigir um tributo, comprovar o exerccio do poder depolcia, visar a apurao de certos fatos e a indicao dosrespectivos autores.

    Afirma o citado professor que o objeto , portanto, o temaversado no processo administrativo e esse pode ser qualquer um.

    6. Princpios expressos

    O artigo 2 da Lei 9.784/99 apresenta um rol de princpios que

    devem ser obrigatoriamente observados durante os processosadministrativos federais, a saber:

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    9 Princpio da legalidade

    9 Princpio da finalidade;

    9 Princpio da motivao;

    9 Princpio da razoabilidade;

    9 Princpio da proporcionalidade;

    9 Princpio da moralidade;

    9 Princpio da ampla defesa e do contraditrio;

    9 Princpio da segurana jurdica;

    9 Princpio do interesse pblico; e9 Princpio da eficincia.

    Dentre todos os princpios acima relacionados, em nossaprimeira aula estudamos o da LEGALIDADE, FINALIDADE,MORALIDADE e EFICINCIA. Ademais, como no tpico anterior fizreferncia aos princpios do CONTRADITRIO e da AMPLA DEFESA,resta ento tecer alguns breves comentrios sobre os princpios da

    MOTIVAO, RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE,SEGURANA JURDICA E INTERESSE PBLICO.

    Para fins de concursos pblicos, entenda que o princpio dointeresse pblico impe para a Administrao a obrigatoriedadede sempre almejar a satisfao do interesse pblico, o que lheassegura uma supremacia jurdica em relao aos particulares.

    Como interesse pblico, podemos entender aquele que estprevisto na lei, o que nos remete ao princpio da legalidade. Isso

    porque o interesse pblico deve estar presente tanto no momentoda edio da lei quanto no momento de sua execuo em concretopela Administrao.

    6.1. Princpio da Motivao

    O princpio da motivao impe Administrao Pblica aobrigao de apresentar as razes de fato (o acontecimento, acircunstncia real) e as razes de direito (o dispositivo legal) quea levaram a praticar determinado ato.

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    A necessidade geral de motivao dos atos administrativosno est prevista expressamente no artigo 37 da Constituio

    Federal de 1988, mas consta no artigo 93, X (em relao aos atosadministrativos editados pelo Poder Judicirio) e 129, 4 (emrelao aos atos administrativos editados pelo Ministrio Pblico).

    Em termos gerais, o princpio da motivao pode serconsiderado implcito, pois no existe previso expressa naConstituio Federal de 1988 de que os atos editados pelo PoderExecutivo tambm devam ser motivados. claro que se aConstituio Federal impe a obrigatoriedade de motivao dosatos administrativos do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico,implicitamente, tambm a estende aos atos editados pelo PoderExecutivo, que aquele que possui na edio de atosadministrativos a sua funo principal, tpica.

    A Lei 9.784/99, no inciso VII do artigo 2, declaraexpressamente que nos processos administrativos federais seroindicados os pressupostos de fato e de direito que determinarem adeciso.

    Alm disso, afirma no 1 do artigo 50 que a motivao deveser explcita, clara e congruente, podendo consistir emdeclarao de concordncia com fundamentos de anteriorespareceres, informaes, decises ou propostas, que, neste caso,sero parte integrante do ato, o que a doutrina convencionouchamar de motivao aliunde.

    Isso significa que, no momento de motivar um atoadministrativo, o administrador poder invocar fundamentos que jestejam em pareceres ou decises anteriores, por exemplo. Assim,

    para concluir a motivao, basta que faa uma afirmaodeclarando que a motivao a mesma constante da deciso Y,em anexo.

    A imposio de que a motivao seja explcita, clara econgruente deriva, dentre outros, dos princpios do devidoprocesso legal, do contraditrio e da ampla defesa.

    Para que o administrado ou mesmo os agentes pblicos (noscasos em que estiverem respondendo a um processo

    administrativo, por exemplo) possam contestar ou defender-se dosatos administrativos praticados pela Administrao, necessrioque tenham pleno conhecimento de seu contedo.

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    Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administradorno pode limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de

    base para a sua edio. essencial ainda que o administradorapresente, detalhadamente, todo o caminho que percorreu parachegar a tal concluso, bem como o objetivo que deseja alcanarcom a prtica do ato.

    Agindo dessa maneira, o administrador estar permitindo queos interessados possam exercer um controle efetivo sobre o atopraticado, que deve respeitar as diretrizes do Estado Democrticode Direito, o princpio da legalidade, da razoabilidade,proporcionalidade, do devido processo legal, entre outros.

    Pergunta: Ser que todos os atos administrativos devem sermotivados?

    Diante do que escrevi at o momento, parece que sim, no ?Bem, para fins de concursos pblicos, devemos ficar atentos a essapergunta.

    Embora renomados professores como Digenes Gasparini eMaria Sylvia Zanella Di Pietro, por exemplo, entendam que todos

    os atos administrativos devam ser motivados, sejam elesvinculados ou discricionrios, vlido destacar que existe umaexceo muito cobrada em concursos pblicos: a nomeao eexonerao de servidores ocupantes de cargos em comisso(cargos de confiana).

    No momento de nomear um cidado para ocupar cargo pblicoem comisso (aquele em que no necessrio ser aprovado emconcurso pblico e que possui atribuies de direo, chefia eassessoramento, como o cargo de Secretrio Municipal, por

    exemplo), a autoridade competente no est obrigada a apresentaros motivos, por escrito, que a levaram a optar pelo cidado a, emvez do cidado b.

    Da mesma forma, acontece na exonerao. A autoridadecompetente no est obrigada a apresentar, por escrito, os motivosque a levaram a dispensar o ocupante do cargo em comisso,independentemente de quais sejam.

    Sendo assim, como o nosso objetivo ser aprovado em um

    concurso pblico, fique atento a essa exceo que comprova quenem todos os atos administrativos devem ser motivados.

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    Por fim, no confunda o motivo do ato administrativo (queestudamos anteriormente) com a necessidade de motivao. O

    primeiro a razo de fato e de direito que justificou a edio doato. O segundo nada mais que a exposio dos motivos, porescrito, detalhadamente.

    Exemplo: Imagine que o Departamento de RecursosHumanos de um determinado rgo pblico tenha solicitado aoservidor X a apresentao de algumas informaes e documentospara proceder atualizao de seus dados cadastrais. Contudo,apesar da solicitao formal da Administrao, imotivadamente, oservidor se recusou a fornec-los. Diante do exposto, o servidorser punido com uma advertncia em virtude de no terapresentado as informaes e documentos solicitados (motivo),mas, no momento da aplicao da penalidade, a Administraodever explicar por escrito o porqu de ter sido aplicada areferida advertncia (motivao).

    O artigo 50 da Lei 9.784/99 apresenta um rol de hipteses queensejam, obrigatoriamente, a motivao do ato administrativo.Entretanto, importante esclarecer que as hipteses elencadas

    legalmente no so as nicas que impem necessidade demotivao (esse o entendimento da doutrina majoritria, parafins de concursos pblicos).

    Art. 50. Os atos administrativos devero ser motivados, comindicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando:

    I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

    II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes;

    III - decidam processos administrativos de concurso ouseleo pblica;

    IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processolicitatrio;

    V - decidam recursos administrativos;

    VI - decorram de reexame de ofcio;

    VII - deixem de aplicar jurisprudncia firmada sobre a questoou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatriosoficiais;

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    VIII - importem anulao, revogao, suspenso ouconvalidao de ato administrativo.

    Para responder s questes de prova tenha em mente que, emregra, todos os atos administrativos devem ser motivados, sejameles vinculados ou discricionrios. Esse o entendimento dadoutrina majoritria.

    Todavia, como as excees esto sempre presentes no Direito,lembre-se de que o Supremo Tribunal Federal j declarou, pordiversas vezes, que o ato de nomeao e exonerao a d n u t u m

    dos ocupantes de cargos em comisso (cargos de confiana) nonecessita de motivao.

    6.2. Princpios da razoabilidade e da proporcionalidade

    Grande parte da doutrina afirma que os princpios darazoabilidade e da proporcionalidade so sinnimos. Outra parteafirma que tais princpios so autnomos, apesar do fato de aproporcionalidade ser um dos elementos da razoabilidade.

    Sendo assim, apresentarei ambos os princpiosconjuntamente, mas citando as peculiaridades de cada um para quevoc no se confunda no momento de responder s questes deprova.

    O princpio da razoabilidade est diretamente relacionadoao senso comum do homem mdio, do aceitvel, do justo, domediano. Em respeito a tal princpio, as condutas administrativasdevem pautar-se no bom senso, na sensatez que guia a atuaodo homem mediano, pois, caso contrrio, sero invalidadas.

    O princpio da razoabilidade tem origem no sistema jurdicoanglo-saxo, mas foi no Direito norte-americano que sedesenvolveu e ganhou autonomia, como consequncia do devidoprocesso legal, servindo de parmetro obrigatrio para a condutatanto dos administradores quanto do legislador.

    Eis aqui uma importante informao que voc deve guardar: oprincpio da razoabilidade, que considerado um princpioimplcito (em termos gerais), deriva do princpio do devido

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    processo legal, este previsto expressamente no inciso LIV doartigo 5 da CF/88.

    Ateno: se analisarmos os princpios da razoabilidade eproporcionalidade nos termos da Lei 9.784/99, eles podero serconsiderados expressos, mas somente para a AdministraoPblica Federal.

    A professora Lcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguira proporcionalidade da razoabilidade, informa que aproporcionalidade pressupe a adequao entre os atos e asnecessidades, ou seja, s se sacrificam interesses individuais em

    funo dos interesses coletivos, de interesses primrios, namedida da estrita necessidade, no se desbordando que sejarealmente indispensvel para a implementao da necessidadepblica1.

    O princpio da proporcionalidade tambm pode ser entendidocomo princpio da proibio de excesso, j que o fim a que sedestina justamente limitar as aes administrativas queultrapassem os limites adequados. Em outras palavras, significadizer que tal princpio impe Administrao Pblica a necessidadede adequao entre meios e fins, sendo vedada a imposio deobrigaes, restries e sanes em medida superior quelasestritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico(inciso VI do artigo 2 da Lei 9.784/99).

    Para fins de concurso pblico, que o nosso foco principal, importante que voc saiba as caractersticas tanto darazoabilidade quanto da proporcionalidade, pois algumasbancas examinadoras elaboram questes como se ambos fossem

    sinnimos, e outras como se fossem princpios autnomos.Vejamos:

    ( A n a l i s t a J u d i c ir i o - A dm TRT 23 R / 2 0 0 4 / FCC) A a d e q u ao

    en t r e m e i o s e f i n s , v ed ad a a im po s io d e o b r i g aes , r e s t r ies

    e s a n es em m ed i d a s u p e r i o r qu e l a s e s t r i t a m en t e n e c e s sr i a s

    a o a t e n d i m e n t o d o i n t e r e s s e pb l i co ; e a o b s e r v n c i a d a s

    f o r m a l i d a d e s e s se n c i a is g a r a n t i a d o s d i r e i t o s d o s

    a dm i n i s t r a d o s , e n t r e o u t r a s , d i zem r e s p e i t o a o p r i n c p i o d a

    (A) razoabilidade, sob a feio de proporcionalidade.(B) motivao, decorrente da formalidade.(C) finalidade, que se apresenta como impessoalidade.

    1 FIGUEIREDO, Lcia Valle. Curso de Direito Administrativo. So Paulo: Malheiros, 2008.

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    (D) ampla defesa, somada segurana jurdica.(E) segurana jurdica atrelada legalidade.

    Resposta: letra a

    ( E s pe c i a l i s t a em Reg u l ao AN ATEL 20 0 6 / CESPE )O princpio daproporcionalidade - que tem fundamento no texto constitucionalbrasileiro - aplicado garantia do indivduo, em face do poder reguladordo Estado, uma das formas de manifestao da funo de garantia eproteo que desempenha a Constituio. ( C o r r e t a )

    6.3. Princpio da segurana jurdica

    Para que o homem possa conduzir os atos de sua vida civil,familiar e profissional, necessita de certo grau de estabilidade, deconfiana e de certeza de que as decises tomadas no dia a dia nosero alteradas unilateralmente, por terceiros, em momentoposterior. Assim, possvel programar o futuro e estabelecerprojetos a curto, mdio e longo prazo.

    A necessidade de estabilidade, certeza e confiana se mostraainda mais latente nas relaes entre a Administrao e os

    administrados.Conforme nos informa a professora Di Pietro, muito comum,

    na esfera administrativa, haver mudana de interpretao dedeterminadas normas legais, com a consequente mudana deorientao, em carter normativo, afetando situaes jreconhecidas e consolidadas na vigncia de orientao anterior.

    Essa possibilidade de mudana de orientao inevitvel,porm, gera uma grande insegurana jurdica, pois os

    interessados nunca sabem quando a sua situao ser passvel decontestao pela prpria Administrao Pblica.

    Da a regra que probe a aplicao retroativa de novainterpretao, prevista no artigo 2, XIII, da Lei 9.784/99:

    Art. 2, pargrafo nico: Nos processos administrativos, seroobservados, entre outros, os critrios de:

    XIII - interpretao da norma administrativa da forma quemelhor garanta o atendimento do fim pblico a que se dirige,v ed ad a ap l i c ao r e t r o a t i v a d e n o v a i n t e r p r e t ao.

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    Sendo assim, se a Administrao Pblica praticou certo atoamparada em uma determinada interpretao da lei,

    posteriormente, caso seja alterada a interpretao, no poder aAdministrao aplic-la ao ato que j havia sido praticado com basena interpretao anterior.

    Nessa situao, a nova interpretao somente poder seraplicada em casos futuros, desde que se enquadrem na novainterpretao.

    A Constituio Federal de 1988 vai ainda mais longe, poisdeclara em seu artigo 5, XXXVI, que nem mesmo a lei poder

    prejudicar ato jurdico perfeito, direito adquirido e a coisa julgada.Para responder s questes de prova, lembre-se sempre de

    que o objetivo do princpio da segurana jurdica proteger osadministrados em face de novas interpretaes adotadas pelaAdministrao e que possam prejudic-los, no caso em concreto.

    7. Critrios a serem observados nos processosadministrativos

    Alm de apresentar um rol de princpios que devem serobrigatoriamente observados, a Lei 9.784/99 tambm enumerou,no pargrafo nico do artigo 2, uma relao de critrios quedevem pautar as condutas das autoridades nos processosadministrativos.

    Perceba que os critrios decorrem diretamente dos princpiosarrolados anteriormente, portanto, fique atento ao responder squestes de concursos:

    I - atuao conforme a lei e o Direito (princpio da legalidade);II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a rennciatotal ou parcial de poderes ou competncias, salvo autorizaoem lei (impessoalidade)

    III - objetividade no atendimento do interesse pblico, vedadaa promoo pessoal de agentes ou autoridades(impessoalidade);

    IV - atuao segundo padres ticos de probidade, decoro eboa-f (moralidade);

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    V - divulgao oficial dos atos administrativos, ressalvadas ashipteses de sigilo previstas na Constituio (publicidade);

    VI - adequao entre meios e fins, vedada a imposio deobrigaes, restries e sanes em medida superior quelasestritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico(razoabilidade e proporcionalidade);

    VII - indicao dos pressupostos de fato e de direito quedeterminarem a deciso (motivao);

    VIII observncia das formalidades essenciais garantia dosdireitos dos administrados (segurana jurdica);

    IX - adoo de formas simples, suficientes para propiciaradequado grau de certeza, segurana e respeito aos direitosdos administrados (segurana jurdica e informalismo);

    X - garantia dos direitos comunicao, apresentao dealegaes finais, produo de provas e interposio derecursos, nos processos de que possam resultar sanes e nassituaes de litgio (ampla defesa e contraditrio);

    XI - proibio de cobrana de despesas processuais,ressalvadas as previstas em lei;XII - impulso, de ofcio, do processo administrativo, semprejuzo da atuao dos interessados (oficialidade);

    XIII - interpretao da norma administrativa da forma quemelhor garanta o atendimento do fim pblico a que se dirige,vedada aplicao retroativa de nova interpretao(impessoalidade e segurana jurdica).

    8. Dos direitos e deveres do administrados

    A fim de que no restem dvidas sobre os direitos e deveresdos administrados, quando forem parte em processoadministrativo, cuidou a Lei 9.784/99 de apresent-losexpressamente, em seus artigos 3 e 4, vejamos:

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    8.1. Direitos

    1) ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores,

    que devero facilitar o exerccio de seus direitos e ocumprimento de suas obrigaes;

    2) ter cincia da tramitao dos processos administrativos emque tenha a condio de interessado, ter vista dos autos,obter cpias de documentos neles contidos e conhecer asdecises proferidas;

    3) formular alegaes e apresentar documentos antes dadeciso, os quais sero objeto de considerao pelo rgo

    competente;4) fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvoquando obrigatria a representao, por fora de lei.

    8.2. Deveres

    1) expor os fatos conforme a verdade;

    2) proceder com lealdade, urbanidade e boa-f;

    3) no agir de modo temerrio;

    4) prestar as informaes que lhe forem solicitadas ecolaborar para o esclarecimento dos fatos.

    9. Da competncia

    A competncia pode ser definida como um conjunto depoderes que a lei confere ao agente pblico para o exerccio das

    funes inerentes ao cargo pblico. Assim, para praticar umdeterminado ato, o agente pblico deve ser competente para tal.

    Se um ato administrativo editado por agente pblicoincompetente, em regra, dever ele ser anulado, exceto nashipteses em que seja cabvel a convalidao (correo).

    Um rgo administrativo e seu titular podero, se no houverimpedimento legal, delegar parte da sua competncia a outrosrgos ou titulares, ainda que estes no lhe sejam

    hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em

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    razo de circunstncias de ndole tcnica, social, econmica,jurdica ou territorial.

    Ateno: lembre-se sempre de que a delegao, em regra,ocorre quando um rgo ou autoridade superior transferem aoutros rgos ou autoridades que lhes so subordinados aresponsabilidade pela prtica de determinado ato. Entretanto,tambm possvel a delegao sem que exista relao desubordinao, nos termos do art. 12 da Lei 9.784/99.

    A delegao nada mais que o ato administrativo quedesloca a competncia para a edio de determinado ato para

    outro rgo ou autoridade. Ocorre, por exemplo, quando umaautoridade superior transfere a competncia para a edio de umdeterminado ato para o seu subordinado, sendo possvel arevogao a qualquer tempo pela autoridade delegante.

    Nem todas as atividades administrativas podem ser objeto dedelegao, conforme previsto expressamente no artigo 13 da Lei9.784/99:

    Art. 13. No podem ser objeto de delegao:

    I - a edio de atos de carter normativo;II - a deciso de recursos administrativos;

    III - as matrias de c om p e t n c i a e x c l u s i v a do rgo ouautoridade.

    As decises adotadas por delegao devem mencionarexplicitamente esta qualidade e considerar-se-o editadas pelo

    agente pblico delegado (que recebeu a delegao).Ateno: muito cuidado para no confundir os institutos da

    delegao e avocao, pois possuem caractersticas antagnicas.Na delegao, um rgo ou agente pblico transfere acompetncia para a edio de um ato para outro rgo ou agentepblico. Na avocao ocorre justamente o contrrio, pois umagente pblico ou rgo hierarquicamente superior chama para si(avoca) a competncia para editar determinado ato.

    A avocao somente ser permitida em carter excepcionale por motivos relevantes, devidamente justificados, ao contrrio dadelegao.

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    Por ltimo, necessrio que voc saiba que quando noexistir competncia legal especfica, o processo administrativo

    dever ser iniciado perante a autoridade de menor grauhierrquico para decidir.

    10. Dos impedimentos e da suspeio

    A Lei 9.784/99 no apresenta maiores detalhes sobre oimpedimento e a suspeio, apenas informa quem pode serconsiderado impedido ou suspeito de participar de um processoadministrativo, bem como as providncias que devem ser adotadas

    quando isso ocorrer.Nesses termos, necessrio esclarecer que o impedimento e a

    suspeio se diferenciam em razo do nvel decomprometimento que o agente pblico possui com o processoem si, o que poderia interferir na sua imparcialidade.

    Quando a Lei 9.784/99, em seu artigo 18, declara as situaesque impedem um servidor ou autoridade de participar de umprocesso administrativo, assim o faz para evitar que possam tomar

    decises motivadas por interesses pessoais, j que existe umapresuno absoluta (juris et de jure) de parcialidade (como sej fosse certo que a atuao do agente iria favorecer ou prejudicar,intencionalmente, o administrado).

    por isso que a autoridade ou servidor que incorrer emimpedimento deve comunicar o fato autoridade competente,abstendo-se de atuar. Caso no cumpra o seu dever de comunicaro impedimento, est cometendo falta grave, sendo passvel de

    punio.Nesses termos, est impedido de atuar em processoadministrativo o servidor ou autoridade que:

    1) tenha interesse direto ou indireto na matria;

    2) tenha participado ou venha a participar como perito,testemunha ou representante, ou se tais situaes ocorremquanto ao cnjuge, companheiro ou parente e afins at ot e r c e i r o g r a u ;

    3) esteja litigando judicial ou administrativamente com ointeressado ou respectivo cnjuge ou companheiro.

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    Por outro lado, na suspeio a presuno de parcialidade apenas relativa (juris tantum), e, portanto, pode ser argida

    quando a autoridade ou servidor tiver amizade ntima ou inimizadenotria com algum dos interessados ou com os respectivoscnjuges, companheiros, parentes e afins at o terceiro grau.

    Caso seja indeferida a alegao de suspeio, esta poder serobjeto de recurso, sem efeito suspensivo.

    11. Fases do processo administrativo

    Os processos administrativos, em regra, desenvolvem-se emquatro grandes fases: instaurao, instruo, relatrio e deciso,nesta seqncia.

    claro que existem algumas espcies de processosadministrativos, a exemplo do processo disciplinar - PAD, previstono Lei 8.112/90, que se desenvolvem de maneira diferente:instaurao, inqurito administrativo e julgamento. Todavia, onosso foco o processo previsto na Lei 9.784/99.

    11.1. Fase de instaurao

    A instaurao do processo administrativo pode ocorrermediante pedido de um interessado qualquer ou, ainda, exofficio, no interesse da Administrao.

    Antes de instaurar o processo administrativo, a Administraopode exigir que o interessado preencha algum formulrioespecfico, em conformidade com o assunto a ser tratado. Neste

    caso, o preenchimento ser obrigatrio. Entretanto, dever serdisponibilizado o auxlio de um servidor pblico para aqueles quedemonstrem dificuldade no preenchimento das informaessolicitadas, evitando-se assim que eventuais falhas possam levar nulidade do processo.

    No requerimento inicial apresentado pelo interessado, deveroconter as seguintes informaes:

    1) rgo ou autoridade administrativa a que se dirige;

    2) identificao do interessado ou de quem o represente;

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    3) domiclio do requerente ou local para recebimento decomunicaes;

    4) formulao do pedido, com exposio dos fatos e de seusfundamentos;

    5) data e assinatura do requerente ou de seu representante.

    Quando forem iguais os pedidos de vrios interessados,podero ser formalizados conjuntamente, em uma nica petioou formulrio, salvo disposio legal em contrrio.

    Aps ter recebido a pea inaugural do processo, a autoridadeadministrativa dever determinar a sua autuao (ato queefetivamente inicia o processo), com a numerao das pginas,preenchimento da data e demais informaes constantes da capado processo.

    O artigo 9 da Lei 9.784/99 relaciona aqueles que solegitimados como interessados no processo administrativo:

    a) pessoas fsicas ou jurdicas que o iniciem como titulares dedireitos ou interesses individuais ou no exerccio do direito derepresentao;

    b) aqueles que, sem terem iniciado o processo, tm direitos ouinteresses que possam ser afetados pela deciso a seradotada;

    c) as organizaes e associaes representativas, no tocante adireitos e interesses coletivos;

    d) as pessoas ou as associaes legalmente constitudasquanto a direitos ou interesses difusos.

    11.2. Fase da instruo

    Trata-se da mais complexa fase do processo administrativo,pois agrega todas as atividades de instruo destinadas aaveriguar e comprovar os dados necessrios tomada dedeciso. Inicia-se logo aps a instaurao do processoadministrativo, finalizando-se quando concludas todas asdiligncias necessrias para o esclarecimento dos fatos e posterior

    tomada de deciso pela Administrao.

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    O interessado poder, na fase instrutria e antes da tomadada deciso, juntar documentos e pareceres, requerer diligncias e

    percias, bem como aduzir alegaes referentes matria objeto doprocesso (artigo 38). As provas propostas pelos interessadossomente podero ser recusadas quando sejam ilcitas,impertinentes, desnecessrias ou protelatrias, mediante decisofundamentada,

    importante esclarecer que compete ao interessado provartodos os fatos que tenha alegado. Entretanto, quando as provasestiverem registradas em documentos existentes na prpriaAdministrao responsvel pelo processo ou, ainda, em outro rgoadministrativo, o rgo competente para a instruo prover, deofcio, obteno dos documentos ou das respectivas cpias(artigo 37).

    O artigo 40 estabelece que quando dados, atuaes oudocumentos solicitados ao interessado forem necessrios apreciao de pedido formulado, o no atendimento no prazo fixadopela Administrao para a respectiva apresentao implicararquivamento do processo, j que no ser possvel alcanar a

    verdade material ou real.Ateno: pode ocorrer a necessidade de se ouvir no processo

    administrativo, antes da deciso, algum rgo administrativoconsultivo, que ser responsvel por orientar a deciso final daautoridade administrativa. Nesse caso, as regras a seremobservadas esto relacionadas no artigo 42 da Lei 9.784/99:

    Art. 42. Quando deva sero b r i g a t o r i a m e n t e ouvido um rgoconsultivo, o parecer dever ser emitido no prazo mximo de

    q u i n z e d i a s , salvo norma especial ou comprovadanecessidade de maior prazo.

    1 Se um parecero b r i g a t r i o e v i n c u l an t e deixar de seremitido no prazo fixado, o processo n oter seguimento at arespectiva apresentao, responsabilizando-se quem der causaao atraso.

    2 Se um parecero b r i g a t r i o e n o v i n c u l a n t e deixar deser emitido no prazo fixado, o processo p o d e r t e r

    p r o s se g u i m e n t o e ser decidido com sua dispensa, semprejuzo da responsabilidade de quem se omitiu noatendimento.

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    Quando for necessria a prestao de informaes ou aapresentao de provas pelos interessados ou terceiros, sero

    expedidas intimaes para esse fim, mencionando-se data, prazo,forma e condies de atendimento.

    No sendo atendida a intimao, poder o rgo competente,se entender relevante a matria, suprir de ofcio a omisso, no seeximindo de proferir a deciso (artigo 39).

    O artigo 46 estabelece que os interessados tm direito vista do processo e a obter certides ou cpias reprogrficas dosdados e documentos que o integram, ressalvados os dados e

    documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito privacidade, honra e imagem.

    Encerrada a instruo, com a produo das provasconsideradas imprescindveis para a Administrao, o interessadoter o direito de manifestar-se no prazo mximo de dez dias,salvo se outro prazo for legalmente fixado.

    11.3. Fase do relatrio

    nesta fase que se elabora o relatrio. Nas palavras doprofessor Digenes Gasparini, trata-se de uma pea informativa-opinativa que, salvo previso legal, no vinculante para aAdministrao Pblica ou para os demais interessados. Por essemotivo, a autoridade competente pode divergir da concluso ousugesto oferecida e decidir de modo diferente, bastando quefundamente sua deciso.

    O relatrio nada mais que um resumo geral do processo

    administrativo, no qual dever constar o pedido inicial, o contedodas fases do procedimento e, ainda, uma proposta de deciso,objetivamente justificada.

    Logo aps apresentado o relatrio, o processo dever serencaminhado autoridade competente para deciso.

    11.4. Fase da deciso ou julgamento

    Concluda a instruo de processo administrativo, a autoridadeou o rgo competente tem o prazo de at trinta dias para

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    decidir, salvo prorrogao por igual perodo expressamentemotivada.

    A Administrao no possui a faculdade de deixar de decidir.Trata-se de um verdadeiropoder-dever, que deve ser exercido emconformidade com as provas e informaes existentes no processo,com motivao explcita, clara e congruente.

    12. Da desistncia e outros casos de extino do processo

    Instaurado o processo administrativo a pedido do interessado,no existe a obrigatoriedade de ele seja conduzido at a suaconcluso. Atravs de manifestao escrita, o interessadopoder, a qualquer momento, desistir total ou parcialmente dopedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponveis.

    Se forem vrios os interessados participando de um mesmoprocesso, a desistncia ou renncia somente atingir aquele que atenha formulado e o processo continua tramitando em relao aosdemais.

    Caso a Administrao entenda que o objeto do processoadministrativo de relevante interesse pblico, mesmo que ointeressado se manifeste pela desistncia o processo podecontinuar tramitando, at a sua normal concluso.

    O rgo administrativo competente poder declarar extinto oprocesso em duas situaes distintas, que, frequentemente socobradas em provas de concursos pblicos:

    1) quando exaurida sua finalidade;

    2) quando o objeto da deciso se tornar impossvel, intil ouprejudicado por fato superveniente.

    13. Do recurso administrativo e da reviso

    Ao deparar-se com uma deciso desfavorvel, proferida pelaAdministrao em processo administrativo, o interessado poderapresentar um recurso administrativo para a autoridade superiorquela que proferiu a deciso.

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    Entretanto, importante esclarecer que o recurso dever serencaminhado para a mesma autoridade que proferiu a deciso

    desfavorvel, que poder reconsiderar a deciso (alter-la) noprazo de cinco dias. Caso no ocorra a mudana deposicionamento, a autoridade que proferiu a deciso dever entoencaminhar o recurso administrativo para a autoridade superior.

    No necessrio apresentar cauo (depsito oudisponibilizao de dinheiro) para a propositura de recursoadministrativo, pois tal exigncia viola o texto da smulavinculante 21, editada pelo Supremo Tribunal Federal e publicadano Dirio Oficial em 10 de novembro de 2009, que assim declara:

    inconstitucional a exigncia de depsito ou arrolamentoprvios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recursoadministrativo.

    No momento da propositura de recurso administrativo, ointeressado poder questionar o mrito da deciso (a ausncia dejustia) ou, ainda, a sua ilegalidade (deciso contrria ao que estprevisto na lei).

    Se o recorrente alegar que a deciso administrativa contrariaenunciado da smula vinculante, caber autoridade prolatora dadeciso impugnada, se no a reconsiderar, explicitar, antes deencaminhar o recurso autoridade superior, as razes daaplicabilidade ou inaplicabilidade da smula, conforme o caso ( 3do artigo 56)

    O recurso administrativo tramitar no mximo por trsinstncias administrativas, salvo disposio legal diversa, epoder e poder ser interposto pelos seguintes legitimados:

    1) os titulares de direitos e interesses que forem parte noprocesso;

    2) aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamenteafetados pela deciso recorrida;

    3) as organizaes e associaes representativas, no tocantea direitos e interesses coletivos;

    4) os cidados ou associaes, quanto a direitos ou

    interesses difusos.

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    O prazo para a propositura do recurso administrativo de dezdias, contado a partir da cincia ou divulgao oficial da deciso

    recorrida. No confunda esse prazo com aquele que concedido autoridade que proferiu a deciso para reconsider-la, que decinco dias.

    Apresentado o recurso administrativo, a autoridadecompetente possui o prazo de 30 (trinta) dias para decidi-lo,caso a lei no apresente prazo diferente.

    Esse prazo contado do recebimento do processo pelo rgocompetente e poder ser prorrogado por mais 30 dias, mediante

    justificativa por escrito.Prev o artigo 61 da Lei 9.784/99 que, salvo disposio legal

    em contrrio, o recurso no tem efeito suspensivo. Isso querdizer que a deciso proferida produzir imediatamente todos osseus efeitos at a deciso final do recurso proposto.

    Entretanto, havendo justo receio de prejuzo de difcil ouincerta reparao decorrente da deciso que fora proferida, aautoridade recorrida ou a imediatamente superior poder, de ofcio

    ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.O recurso no ser conhecido quando interposto (artigo 63):

    a) fora do prazo;

    b) perante rgo incompetente;

    c) por quem no seja legitimado;

    d) aps exaurida a esfera administrativa.

    O rgo competente para decidir o recurso poder confirmar,modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisorecorrida, se a matria for de sua competncia (artigo 64). Todavia,se a deciso do recurso administrativo puder causar ainda maioresprejuzos situao do recorrente, este dever ser cientificadopara que formule suas alegaes antes da deciso.

    Ateno: voc deve ter conhecimento de que ao decidir umrecurso, a Administrao poder agravar a situao do recorrente.

    Se a deciso recorrida j era lesiva aos interesses do administrado,razo pela qual apresentou um recurso administrativo, poder ficar

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    ainda pior, pois, ao decidir, a Administrao poder tanto amenizarou majorar a penalidade ou teor da deciso proferida pela

    autoridade de hierarquia inferior. o que a doutrina costumadenominar de r e f o r m a t i o i n p e j u s .

    Assim, ao responder s questes de concursos, lembre-sesempre de a reformatio in pejus possvel quando a Administraoestiver decidindo um recurso administrativo.

    Alm do instituto do recurso administrativo, a Lei 9.784/99tambm prev a hiptese de reviso dos processosadministrativos.

    Declara o artigo 65 que os processos administrativos de queresultem sanes podero ser revistos, a qualquer tempo, apedido ou de ofcio, quando surgirem fatos novos oucircunstncias relevantes suscetveis de justificar a inadequaoda sano aplicada.

    Pergunta: professor, para fins de concursos pblicos, qual adiferena entre o recurso administrativo e a reviso?

    Bem, o recurso administrativo utilizado pelo interessado

    para rediscutir uma deciso que acabou de ser proferida. Nestecaso, tudo o que consta no processo administrativo serreanalisado por um rgo superior, que poder decidir de formadiferente, mesmo que prejudicando ainda mais o recorrente(reformatio in pejus).

    Por outro lado, o pedido de reviso ocorre, em regra, aps adeciso j ter sido proferida e o recurso administrativo decido.Trata-se de um instrumento que viabiliza a reabertura do

    processo administrativo, pois ocorre uma reapreciao total, agoracom base em fatos novos ou circunstncias relevantessuscetveis de justificar a inadequao da sano aplicada.

    Ao contrrio do que ocorre na deciso de recursoadministrativo, na reviso do processo administrativo no poderresultar agravamento da sano (reformatio in pejus).

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    14. Dos prazos

    Os artigos 66 e 67 da Lei 9.784/99 apresentam algumas

    regras gerais sobre os prazos, a exemplo do seu incio, forma decontagem e possibilidade de suspenso, vejamos:

    Art. 66. Os prazos comeam a correr a partir da data dacientificao oficial, excluindo-se da contagem o dia docomeo e incluindo-se o do vencimento.

    1o Considera-se prorrogado o prazo at o primeiro dia tilseguinte se o vencimento cair em dia em que no houverexpediente ou este for encerrado antes da hora normal.

    2o Os prazos expressos em dias contam-se de modocontnuo.

    3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de dataa data. Se no ms do vencimento no houver o diaequivalente quele do incio do prazo, tem-se como termo oltimo dia do ms.

    Art. 67. Salvo motivo de fora maior devidamentecomprovado, os prazos processuais no se suspendem.

    No mais, eis as principais informaes que deveriam serdestacadas em relao Lei 9.784/99.

    Simbora agora estudar a Lei de Improbidade Administrativa!

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    NDICE

    1. Consideraes iniciais .32

    2. Previso Constitucional . 33

    3. Sujeitos passivos dos atos de improbidade administrativa . 33

    4. Sujeitos ativos dos atos de improbidade administrativa . 34

    4.1. Agentes polticos .

    35

    4.2. Particulares .36

    5. Princpios de observncia obrigatria .36

    6.Integral ressarcimento do dano .36

    7. Perda de bens resultantes de enriquecimento ilcito .37

    8. Representao para indisponibilidade de bens . 37

    9. Dos atos de improbidade administrativa .38

    10. Questes Comentadas .

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    1. Consideraes iniciais

    O princpio da moralidade administrativa impe aos agentespblicos a obrigatoriedade de que pratiquem atos que estejamamparados pela lealdade e boa-f.

    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que, emmatria administrativa, sempre que se verificar que o comportamento daAdministrao ou do administrado que com ela se relaciona

    juridicamente, embora em consonncia com a lei, ofende a moral, osbons costumes, as regras de boa administrao, os princpios de justia

    e de equidade, alm da idia comum de honestidade, haver ofensa aoprincpio da moralidade administrativa.

    Em virtude de o conceito de moral administrativa ser um poucovago e impreciso, cuidou-se o legislador de criar a Lei 8.429/92,estabelecendo hipteses que caracterizam improbidadesadministrativas, bem como estabelecendo as sanes aplicveis aagentes pblicos e a terceiros, quando responsveis pela prtica deatos coibidos pelo texto normativo.

    A doutrina majoritria entende que a probidade administrativa

    seria uma espcie do gnero moralidade administrativa, j que estariarelacionada mais propriamente com a m qualidade de umaadministrao, no se referindo, necessariamente, ausncia de boa-f,de lealdade e de justeza do administrador pblico.

    O professor Jos Afonso da Silva afirma que "a probidadeadministrativa uma forma de moralidade administrativa que mereceuconsiderao especial da Constituio, que pune o mprobo com asuspenso de direitos polticos (art. 37, pargrafo 4). A probidadeadministrativa consiste no dever de o funcionrio servir a Administrao

    com honestidade, procedendo no exerccio das suas funes, semaproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveitopessoal ou de outrem a quem queira favorecer. O desrespeito a essedever que caracteriza a improbidade administrativa. Cuida-se de umaimoralidade administrativa qualificada. A improbidadeadministrativa uma imoralidade qualificada pelo dano ao errio ecorrespondente vantagem ao mprobo ou a outrem (...).

    Fique atento s questes elaboradas pelo CESPE, pois, se voc sedeparar em prova com alguma assertiva afirmando que probidade e

    moralidade so expresses idnticas, lembre-se de marc-la comoerrada.

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    2. Previso constitucional

    A Constituio Federal de 1988 refere-se expressamente i m p r o b i d a d e a d m i n i s t r a t i v a em seu texto, mais precisamentenos seguintes dispositivos:

    a) art. 14, 9 - Lei complementar estabelecer outroscasos de inelegibilidade e os prazos de sua cessao, a fim deproteger a p r o b i d a d e a d m i n i s t r a t i v a , a moralidade para exercciode mandato considerada vida pregressa do candidato, e anormalidade e legitimidade das eleies contra a influncia do

    poder econmico ou o abuso do exerccio de funo, cargo ouemprego na administrao direta ou indireta.

    b) art. 15, V vedada a cassao de direitos polticos,cuja perda ou suspenso s se dar nos casos de: [...]i m p r o b i d a d e a d m i n i s t r a t i v a , nos termos do art. 37, 4.

    c) art. 37, 4 - Os atos de improbidade administrativaimportaro a su sp en sodos direitos polticos, a perda da funopblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio,

    na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo da ao penalcabvel.

    Este certamente o dispositivo constitucional mais cobradoem provas do CESPE, no que se refere aos atos de improbidadeadministrativa. muito comum a banca elaborar assertivasafirmando que os atos de improbidade administrativa importaro aperda dos direitos polticos, contrariamente ao texto da CF/88, quefaz referncia suspenso. Fique atento!

    d) art. 85, V So crimes de responsabilidade os atos doPresidente da Repblica que atentem contra a Constituio Federale, especialmente, contra: [...] a probidade na administrao.

    3. Sujeitos passivos dos atos de improbidade administrativa

    O art. 1 da Lei 8.429/1992 apresenta um rol de rgos eentidades que podem ser lesados por atos de improbidadeadministrativa causados por particulares ou agentes pblicos,servidores ou no:

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    1) Administrao direta e indireta de qualquer dos Poderesda Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios, de

    Territrio, o que inclui as empresas pblicas e sociedades deeconomia mista;

    2) Empresas incorporadas ao patrimnio pblico;

    3) Entidade para cuja criao ou custeio o errio hajaconcorrido ou concorra com mais de cinqenta por cento dopatrimnio ou da receita anual;

    4) Entidade que receba subveno, benefcio ou incentivo,fiscal ou creditcio, de rgo pblico; e

    5) Entidade cuja criao ou custeio o errio haja concorridoou concorra com menos de cinqenta por cento do patrimnio ouda receita anual, limitando-se, nestes casos, a sano patrimonial repercusso do ilcito sobre a contribuio dos cofres pblicos.

    4. Sujeitos ativos dos atos de improbidade administrativa

    Os artigos 2 e 3 da Lei de Improbidade Administrativa

    declaram que tanto agentes pblicos quanto particulares podemser autores de atos de improbidade administrativa.

    O art. 2 da Lei 8.429/92 expresso ao afirmar que se reputaagente pblico, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,ainda que transitoriamente ou sem remunerao, por eleio,nomeao, designao, contratao ou qualquer outra forma deinvestidura ou vnculo, mandato, cargo, emprego ou funo nasentidades mencionadas em seu art. 1.

    Perceba que o contedo do art. 2 muito amplo e tem porobjetivo alcanar todos aqueles que, de forma direta ou indireta,com ou sem remunerao, com ou sem vnculo, exeram umafuno pblica no mbito da Administrao Pblica.

    A expresso agente pblico, utilizada pela Lei 8.429/92,possui um sentido bem mais amplo do que aquele utilizado peloart. 327 do Cdigo Penal ou pelo art. 2 da Lei 8.112/90, poisabrange todas as espcies de agentes pblicos previstas nasclassificaes do professor Hely Lopes Meirelles (agentespolticos, agentes administrativos, agentes delegados, agentescredenciados, agentes delegados e agentes honorficos) e do

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    professor Celso Antnio Bandeira de Mello (agentes polticos,servidores estatais e particulares em colaborao com o poder

    pblico).

    4.1. Agentes polticos

    Para responder s questes de prova, importante que vocsaiba que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento daReclamao 2138-DF, decidiu que a Lei de ImprobidadeAdministrativa, em regra, no se aplica aos agentes polticos.

    A reclamao foi ajuizada pela Unio contra deciso do juizfederal do Distrito Federal, que condenou o ento ministro deestado da Cincia e Tecnologia, Ronaldo Mota Sardemberg, spenas previstas na Lei de Improbidade Administrativa (Lei8.429/92).

    Sardemberg foi condenado a ressarcir ao errio os prejuzoscausados e suspenso dos direitos polticos por oito anos, emrazo do uso indevido de jato da Fora Area Brasileira (FAB).

    Na oportunidade, o STF afirmou que j existia uma leiespecfica para disciplinar tais infraes cometidas pelos agentespolticos (Lei 1.079/50, que trata dos crimes de responsabilidade),e, portanto, a utilizao concomitante da Lei 8.429/92caracterizaria um bis in idem.

    Ateno: nem todos os agentes polticos esto excludos dombito de aplicao da Lei 8.429/92, mas somente aqueles quepodem cometer crimes de responsabilidade previstosexpressamente no texto constitucional, pois, neste caso, sero

    processados em conformidade com a Lei 1.079/50.Para facilitar o seu estudo, lembre-se de que a jurisprudncia

    majoritria afirma que esto sujeitos Lei 1.079/50 o Presidenteda Repblica, os Ministros de Estado, os Ministros do SupremoTribunal Federal, o Procurador-Geral da Repblica, os Governadoresde Estado e os Secretrios Estaduais. Desse modo, tais autoridadesno podem ser processadas com fundamento na Lei 8.429/92.

    Por outro lado, um Secretrio Municipal, por exemplo, mesmo

    sendo considerado um agente poltico, pode ser processado porimprobidade administrativa, j que a Constituio Federal no serefere a crimes de responsabilidade que possam cometer.

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    4.2. Particulares

    O art. 3 da Lei de Improbidade Administrativa expresso ao

    afirmar que o seu texto no se restringe aos agentes pblicos,alcanando tambm aquele que, mesmo no sendo agentepblico, induza ou concorra para a prtica do ato de improbidadeou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

    5. Princpios de observncia obrigatria

    O art. 4 da Lei 8.429/92 afirma que os agentes pblicos dequalquer nvel ou hierarquia so obrigados a velar pela estritaobservncia dos princpios de legalidade, impessoalidade,moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe so afetos.Todavia, deve ficar claro que esses no so os nicos princpios deobservncia obrigatria pelos agentes pblicos, pois o rol meramente exemplificativo.

    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro nos informa quequalquer violao aos princpios da legalidade, da razoabilidade, damoralidade, do interesse pblico, da eficincia, da motivao, da

    publicidade, da impessoalidade e de qualquer outro imposto Administrao Pblica pode constituir ato de improbidadeadministrativa.

    Ateno: perceba que o princpio da eficincia no estarrolado no art. 4 da Lei 8.429/92, mesmo constandoexpressamente no art. 37 da CF. Isso se deve ao fato de a Lei deImprobidade Administrativa ter sido publicada em 02 de junho de1992, isto , antes da incluso do princpio da eficincia no texto

    constitucional, que somente ocorreu com a promulgao da EC19/98. De qualquer forma, o princpio da eficincia possui a mesmaobrigatoriedade que os demais.

    6. Integral ressarcimento do dano

    Em seu art. 5, a Lei de Improbidade Administrativa declaraque ocorrendo leso ao patrimnio pblico por ao ou omisso,dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se- o integral

    ressarcimento do dano.

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    O professor Marino Pazzaglini afirma que imprescindvel paraconfigurar-se o dever do agente pblico e de terceiro de indenizar o

    dano patrimonial por um e por outro ocasionado ao Errio, emdecorrncia de ato de improbidade administrativa, que tenhamagido com culpa lato sensu, a qual compreende o dolo e a culpaem sentido estrito (imprudncia, negligncia ou impercia).

    Afirma ainda que indevido o ressarcimento de qualquer danoao Errio se este resultou seja de ato administrativo lcito, seja deato administrativo ilcito praticado por agente pblico quando noremanescer comprovado que ele lhe deu causa por dolo ou culpa.

    Em suma, no h reparao civil, por ato de improbidadeadministrativa lesivo ao patrimnio pblico, sem culpa.

    7. Perda de bens resultantes de enriquecimento ilcito

    O art. 9 da Lei 8.429/92 apresenta um rol de atos deimprobidade administrativa que importam enriquecimento ilcito dosrespectivos autores. Por outro lado, o art. 6 prev que se ficarcomprovado, mediante deciso judicial transitada em julgado, que

    o agente pblico enriqueceu-se ilicitamente perder todos os bensou valores acrescidos ao seu patrimnio.

    8. Representao para indisponibilidade de bens

    Quando o ato de improbidade causar leso ao patrimniopblico ou ensejar enriquecimento ilcito, caber a autoridadeadministrativa responsvel pelo inqurito representar aoMinistrio Pblico, para a indisponibilidade dos bens do indiciado(art. 7). A indisponibilidade recair sobre bens que assegurem ointegral ressarcimento do dano, ou sobre o acrscimo patrimonialresultante do enriquecimento ilcito.

    A indisponibilidade de bens uma medida acautelatria(preventiva) prevista expressamente no art. 37, 4 da CF/88,atravs da qual os bens do agente so bloqueados, o que impedea venda, doao, transferncia, etc.

    Essa medida processual somente pode ser determinada pelaautoridade judiciria, mediante representao do MinistrioPblico.

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    9. Dos atos de improbidade administrativa

    Para que fique caracterizado um ato de improbidade

    administrativa, necessrio que estejam presentes 03 (trs)elementos: o sujeito ativo, o sujeito passivo e a ocorrncia de umdos atos danosos previstos na Lei 8.429/92.

    Os atos de improbidade administrativa podem ser divididos emtrs modalidades, ensejando sanes distintas:

    a)aqueles que importam enriquecimento ilcito, previstosno art. 9;

    b)aqueles que causam prejuzos ao errio, previstos no art.10;

    c)aqueles que atentam contra os princpios daAdministrao Pblica, previstos no art. 11.

    Pergunta: professor, conveniente saber todos os atos queesto arrolados nesses artigos?

    Conveniente?? Pode tratar de memorizar todos esses

    dispositivos, pois o CESPE adora cobr-los em prova!A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que emboraa lei, nos trs dispositivos, tenha elencado um rol de atos deimprobidade, no se trata de enumerao taxativa, masmeramente exemplificativa. Ainda que o ato no se enquadre emuma das hipteses previstas expressamente nos vrios incisos dostrs dispositivos, poder ocorrer improbidade sancionada pela lei,desde que enquadrada nos caputdos artigos 9, 10 ou 11.

    Nos trs dispositivos, aparece a descrio da infrao seguidada expresso e notadamente, a indicar a naturezaexemplificativa dos incisos que se seguem.

    Ao responder s questes de prova, lembre-se sempre de quea prtica do ato de improbidade administrativa pressupe aexistncia de dolo ou de culpa, isto , no existe responsabilidadeobjetiva em matria de improbidade administrativa. A modalidadeculposa admitida somente na hiptese de prejuzo ao errio;nas demais modalidades h a necessidade da presena do

    dolo.

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    Bem, apresento abaixo os famosos artigos que tratam dosatos de improbidade administrativa:

    DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUEIMPORTAM ENRIQUECIMENTO ILCITO

    Art. 9. Constitui ato de improbidade administrativaimportando enriquecimento ilcito auferir qualquer tipo devantagem patrimonial indevida em razo do exerccio decargo, mandato, funo, emprego ou atividade nas entidadesmencionadas no art. 1 da Lei 8.429/92, e notadamente:

    I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem mvel ouimvel, ou qualquer outra vantagem econmica, direta ou indireta,a ttulo de comisso, percentagem, gratificao ou presente dequem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ouamparado por ao ou omisso decorrente das atribuies doagente pblico;

    II - perceber vantagem econmica, direta ou indireta, para

    facilitar a aquisio, permuta ou locao de bem mvel ou imvel,ou a contratao de servios pelas entidades referidas no art. 1por preo superior ao valor de mercado;

    III - perceber vantagem econmica, direta ou indireta, parafacilitar a alienao, permuta ou locao de bem pblico ou ofornecimento de servio por ente estatal por preo inferior ao valorde mercado;

    IV - utilizar, em obra ou servio particular, veculos,

    mquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, depropriedade ou disposio de qualquer das entidadesmencionadas no art. 1 desta lei, bem como o trabalho deservidores pblicos, empregados ou terceiros contratados por essasentidades;

    V - receber vantagem econmica de qualquer natureza, diretaou indireta, para tolerar a explorao ou a prtica de jogos de azar,de lenocnio, de narcotrfico, de contrabando, de usura ou de

    qualquer outra atividade ilcita, ou aceitar promessa de talvantagem;

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    VI - receber vantagem econmica de qualquer natureza,direta ou indireta, para fazer declarao falsa sobre medio ou

    avaliao em obras pblicas ou qualquer outro servio, ou sobrequantidade, peso, medida, qualidade ou caracterstica demercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidadesmencionadas no art. 1 desta lei;

    VII - adquirir, para si ou para outrem, no exerccio demandato, cargo, emprego ou funo pblica, bens de qualquernatureza cujo valor seja desproporcional evoluo do patrimnioou renda do agente pblico;

    VIII - aceitar emprego, comisso ou exercer atividade deconsultoria ou assessoramento para pessoa fsica ou jurdica quetenha interesse suscetvel de ser atingido ou amparado por ao ouomisso decorrente das atribuies do agente pblico, durante aatividade;

    IX - perceber vantagem econmica para intermediar aliberao ou aplicao de verba pblica de qualquer natureza;

    X - receber vantagem econmica de qualquer natureza, direta

    ou indiretamente, para omitir ato de ofcio, providncia oudeclarao a que esteja obrigado;

    XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimnio bens,rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial dasentidades mencionadas no art. 1 desta lei;

    XII - usar, em proveito prprio, bens, rendas, verbas ouvalores integrantes do acervo patrimonial das entidadesmencionadas no art. 1 desta lei.

    DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUECAUSAM PREJUZO AO ERRIO

    Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativaque causa leso ao errio qualquer ao ou omisso, dolosaou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,apropriao, malbaratamento ou dilapidao dos bens ou

    haveres das entidades referidas no art. 1 da Lei 8.429/92, enotadamente:

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    I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para aincorporao ao patrimnio particular, de pessoa fsica ou jurdica,

    de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervopatrimonial das entidades mencionadas no art. 1 desta lei;

    II - permitir ou concorrer para que pessoa fsica ou jurdicaprivada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes doacervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1 desta lei,sem a observncia das formalidades legais ou regulamentaresaplicveis espcie;

    III - doar pessoa fsica ou jurdica bem como ao ente

    despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistncias,bens, rendas, verbas ou valores do patrimnio de qualquer dasentidades mencionadas no art. 1 desta lei, sem observncia dasformalidades legais e regulamentares aplicveis espcie;

    IV - permitir ou facilitar a alienao, permuta ou locao debem integrante do patrimnio de qualquer das entidades referidasno art. 1 desta lei, ou ainda a prestao de servio por partedelas, por preo inferior ao de mercado;

    V - permitir ou facilitar a aquisio, permuta ou locao debem ou servio por preo superior ao de mercado;

    VI - realizar operao financeira sem observncia das normaslegais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ouinidnea;

    VII - conceder benefcio administrativo ou fiscal sem aobservncia das formalidades legais ou regulamentares aplicveis espcie;

    VIII - frustrar a licitude de processo licitatrio ou dispens-loindevidamente;

    IX - ordenar ou permitir a realizao de despesas noautorizadas em lei ou regulamento;

    X - agir negligentemente na arrecadao de tributo ou renda,bem como no que diz respeito conservao do patrimniopblico;

    XI - liberar verba pblica sem a estrita observncia dasnormas pertinentes ou influir de qualquer forma para a suaaplicao irregular;

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    XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro seenriquea ilicitamente;

    XIII - permitir que se utilize, em obra ou servio particular,veculos, mquinas, equipamentos ou material de qualquernatureza, de propriedade ou disposio de qualquer das entidadesmencionadas no art. 1 desta lei, bem como o trabalho de servidorpblico, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

    XIV celebrar contrato ou outro instrumento que tenha porobjeto a prestao de servios pblicos por meio da gestoassociada sem observar as formalidades previstas na lei; (Includo

    pela Lei n 11.107, de 2005)XV celebrar contrato de rateio de consrcio pblic