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Direito administrativo (kayo)

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1 PODER VINCULADO

Para Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o denominado Poder vinculado é aquele

que o Direito Positivo, ou seja, a lei confere à Administração Pública para a prática de ato de

sua competência, determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização.

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, tal poder dá a ideia de restrição, pois, quando

se diz que determinada atribuição da Administração é vinculada, quer-se significar que está

sujeita à lei em praticamente todos os aspectos.

Versa Hely Lopes Meirelles que, nessa categoria de atos administrativos a liberdade

de ação do administrador é mínima ou inexistente, pois terá que se ater à enumeração

minuciosa do Direito Positivo para realiza-lo eficazmente.

Em relação a atos vinculados, Marcelo Alexandrino dispõe que, não cabe à

administração tecer considerações de oportunidade e conveniência, nem escolher seu

conteúdo. É fácil constatar que tal poder na verdade é um dever da administração pública.

Quando a administração verifica estarem presentes os pressupostos de sua edição, ela é

obrigada a praticá-lo, não dispondo de qualquer poder para se abster de atuar, ou para deixar

de observar estritamente o conteúdo do ato, objetivamente descrito na lei de regência.

O princípio da legalidade impõe que o agente público observe, fielmente, todos os

requisitos expressos na lei como da essência do ato vinculado. O seu poder administrativo

restringe-se, em tais casos, ao de praticar o ato, mas de o praticar com todas as minúcias

especificadas na lei. Omitindo-as ou diversificando-as na sua substância, nos motivos, na

finalidade, no tempo, na forma ou no modo indicados, o ato é inválido, e assim pode ser

reconhecido pela própria administração ou pelo Judiciário, se o requerer o interessado,

conforme afirma Hely Lopes Meirelles, afirmando também que, os elementos vinculados

serão sempre a competência, a finalidade e a forma, além de outros que a norma legal indicar

para a consecução do ato.

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2 PODER DISCRICIONÁRIO

Na visão de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o Poder discricionário é o

conferido à administração para a prática de atos discricionários, ou seja, é aquele em que o

agente administrativo dispõe de uma razoável liberdade de atuação, podendo valorar a

oportunidade e conveniência da prática do ato, quanto ao seu motivo, e sendo o caso,

escolher, dentro dos limites legais, o seu conteúdo, ou seja, o objeto.

O núcleo essencial do poder discricionário traduz-se no denominado mérito

administrativo, para melhor entendimento, trata-se, efetivamente, de um poder conferido pela

lei à administração Pública: diante de um caso concreto, a administração, nos termos e limites

legalmente fixados, decidirá, de acordo com os critérios de oportunidade e conveniência

administrativas, a conduta dentre as previstas na lei, mais condizente com a satisfação do

interesse público.

Segundo Hely Lopes a faculdade discricionária distingue-se da vinculada pela maior

liberdade de ação que é conferida ao administrador. Se para a prática de um ato vinculado a

autoridade pública está adstrita à lei em todos os seus elementos formadores, para praticar um

ato discricionário é livre, no âmbito em que a lei lhe concede essa faculdade.

Por aí se vê, que a discricionariedade é sempre relativa e parcial, porque quanto à

competência, à forma e a finalidade do ato, a autoridade está subordinada ao que a lei dispõe

como para qualquer ato vinculado. Com efeito, o administrador, mesmo para a prática de um

ato discricionário, deverá ter competência legal para pratica-lo; deverá obedecer á forma legal

para sua realização; e deverá atender à finalidade legal de todo ato administrativo, que é o

interesse público. O ato discricionário praticado por autoridade incompetente, ou realizado

por forma diversa da prescrita em lei, ou informado de finalidade estranha ao interesse

público, é ilegítimo e nulo. Em tal circunstância, deixaria de ser ato discricionário para ser ato

arbitrário – ilegal, portanto.

Para Marcelo alexandrino e Vicente Paulo, a doutrina e a jurisprudência atuais

enfatizam a necessidade de existirem instrumentos de controle do poder discricionário da

administração, que permitam o adequado delineamento de seus legítimos limites, evitando o

indevido uso da discricionariedade administrativa, como manto protetor de atos que, embora

praticados sob o fundamento da discricionariedade, revistam insidiosa arbitrariedade. A ideia

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central é possibilitar um controle judicial mais efetivo dos atos discricionários praticados

administração pública.

Assim, o controle da discricionariedade pelos princípios da razoabilidade e

proporcionalidade deve ser entendido desta forma: quando a administração pratica um ato

discricionário além dos limites legítimos de discricionariedade que a lei conferiu, esse ato é

ilegal, e um dos meios efetivos de verificar sua ilegalidade é a aferição de razoabilidade e

proporcionalidade. Ainda que a administração alegue que agiu dentro do mérito

administrativo, pode o controle de razoabilidade e proporcionalidade demonstrar que, na

verdade a administração extrapolou os limites legais do mérito administrativo, praticando, por

isso, um ato passível de anulação, e não ato passível de revogação.

Observe-se que também tem fundamento no poder discricionário, a revogação de atos

discricionários que a administração pública tenha praticado e, num momento posterior, passe

a considerar inoportunos ou inconvenientes, cumpre enfatizar que somente pode revogar um

ato administrativo a própria administração púbica que tenha praticado.

Corrente dominante hoje em nossa doutrina existe discricionariedade quando a lei

expressamente dá a administração liberdade para atuar em limites bem definidos. E quando a

lei emprega conceitos jurídicos indeterminados na descrição do motivo determinante da

pratica de um ato administrativo e, no caso concreto, a administração se depara com uma

situação em que não existe possibilidade de afirmar, com certeza, se o fato está ou não

abrangido pelo conteúdo da norma; nessas situações, a administração, conforme o seu juízo

privativo de oportunidade e conveniência administrativas, tendo em conta o interesse público,

decidirá se considera, ou não que o fato está enquadrado no conteúdo do conceito

indeterminado empregado no descritor da hipótese normativa e, conforme essa decisão

praticará, ou não, ato previsto no comando legal.

Por fim, é oportuno frisar conforme Hely Lopes, o bem comum, identificado com o

interesse social ou interesse coletivo, impõe que toda atividade administrativa lhe seja

endereçada. Fixa, assim, o rumo que o ato administrativo deve procurar. Se o administrador se

desviar do rumo que o ato administrativo deve procurar. Se o administrador se desviar desse

roteiro, praticando ato que, embora discricionário, busque outro objetivo, incidirá em

ilegalidade, por desvio de poder ou de finalidade, que poderá ser reconhecido e declarado pela

própria Administração ou pelo poder Judiciário.

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3 PODER HIERÁRQUICO

Em conformidade com a doutrina de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, as

relações de natureza hierárquica, isto é, relações superior-subordinado são típicas da

organização administrativa. Não há hierarquia, entretanto, entre diferentes pessoas jurídicas,

bem entre os poderes da republica, nem mesmo entre a administração e os administrados.

Já para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a organização administrativa é baseada em

dois pressupostos fundamentais: a distribuição de competências e a hierarquia. O direito

positivo define as atribuições dos vários órgãos administrativos, cargos e funções e, para que

haja harmonia e unidade de direção, ainda estabelece uma relação de coordenação e

subordinação entre os vários órgãos que integram a Administração Pública, ou seja,

estabelece a hierarquia.

Hely Lopes Meirelles afirma que Hierarquia é a relação de subordinação existente

entre os vários órgãos e agentes do executivo, com a distribuição de funções e a gradação da

autoridade de cada um. Dessa conceituação resulta que não há hierarquia no Judiciário e no

legislativo, nas suas funções próprias, pois ela é privativa da função executiva, como

elemento típico da organização e ordenação dos serviços administrativos.

O poder Hierárquico é o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as

funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de

subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal.

O poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as

atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública. Ordena as atividades

da Administração, repartindo e escalonando as funções entre os agentes do poder, de modo

que cada um possa exercer eficientemente seu encargo; coordena, entrosando as funções no

sentido de obter o funcionamento harmônico de todos os serviços; corrige os erros

administrativos, pela ação revisora dos superiores sobre os atos de inferiores. Desse modo, a

hierarquia atua como instrumento de organização e aperfeiçoamento do serviço e age como

meio de responsabilização dos agentes administrativos, impondo-lhes o dever de obediência.

Nas lições de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o controle hierárquico é irrestrito,

permanente e automático, isto é, não depende de lei que expressamente o preveja ou que

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estabeleça o momento de seu exercício ou os aspectos a serem controlados. O controle

hierárquico permite que o superior aprecie todos os aspectos dos atos de seus subordinados

(quanto á legalidade e quando ao mérito administrativo) e pode ocorrer de oficio ou, quando

for o caso, mediante provocação dos interessados, por meio de recursos hierárquicos.

No âmbito dos processos administrativos, entretanto, o controle hierárquico somente é

possível enquanto o ato controlado não tenha se tornado definitivo para a administração, ou

seja, enquanto não ocorrida à preclusão da via administrativa, impropriamente chamada, por

vezes, coisa julgada administrativa (irretratabilidade do ato pela própria administração

publica).

Registre-se, ainda, que a revogação de atos administrativos – que só se aplica a atos

validos discricionários – não é possível no caso de atos que já tenham originado direito

adquiridos para o administrado.

Referente à aplicação de sanções, somente derivam do poder hierárquico as sanções

disciplinares aplicáveis aos servidores públicos que praticam infrações funcionais. As demais

sanções tem fundamento no poder disciplinar.

De acordo com Hely Lopes Meirelles, pela Hierarquia se impõe ao subalterno a estrita

obediência das ordens e instruções legais superiores e se define a responsabilidade de cada

um. As determinações superiores devem ser cumpridas fielmente, sem ampliação ou restrição,

a menos que sejam manifestadamente ilegais. Somente as que se evidenciarem, ao senso

comum, contrárias ou sem base na lei é que permitem ao subalterno recusar-lhes

cumprimento.

Hipótese em que, surge para o destinatário da o dever de representação contra a

ilegalidade, conforme preceitua no caso dos servidores federais, a Lei 8.112/1990, art. 116, IV

e XII, no entendimento doutrinário de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo.

Para Hely Lopes, do poder hierárquico decorrem faculdades implícitas para o superior,

tais como a de dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento, a de delegar e avocar atribuições e a

de rever os atos inferiores.

Dar ordens é determinar, especificamente, ao subordinado os atos a praticar ou a

conduta a seguir em caso concreto. Daí decorre o poder de obediência.

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Fiscalizar é vigiar permanentemente os atos praticados pelos subordinados, com o

intuito de mantê-los dentro dos padrões legais regulamentares instituídos para cada atividade

administrativa.

Delegar é conferir a outrem atribuições que originariamente competiam ao delegante.

As delegações dentro do mesmo Poder são, em principio, admissíveis, desde que o delegado

esteja em condições de bem exercê-las. Marcelo Alexandrino explica que a delegação de

competência é um ato discricionário revogado a qualquer tempo, enfatizando que, somente

podem ser delegados os atos administrativos, e não os atos políticos. Também não se admite a

delegação de atribuições de um poder do Estado a outro, salvo nos casos expressamente

previstos na Constituição, ademais, a delegação confere ao delegado o mero exercício de uma

competência; nunca o agente delegante pode renunciar a suas competências, ou transferir a

titularidade delas, pois esta decorre sempre e diretamente da lei.

Avocar é trazer para si o exercício temporário de determinada competência atribuída

por lei a um subordinado. De modo geral, a doutrina enfatiza que a avocação de competência

deve ser medida excepcional e devidamente fundamentada. Já Hely Lopes entende que, só

deve ser adotado pelo superior hierárquico quando houver motivos relevantes para tal

substituição, isto porque a avocação de um ato sempre desprestigia o inferior e, não raro,

desorganiza o normal funcionamento do serviço. Pela avocação substitui-se a competência do

inferior pela do superior hierárquico, com todas as consequências dessa substituição,

notadamente a deslocação do juízo ou da instancia para ajusta-lo ao da autoridade avocante

em caso de demanda. Assinale-se, também, que a avocação desonera o inferior de toda

responsabilidade pelo ato avocado pelo superior.

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4 PODER DISCIPLINAR

Segundo a doutrina de Hely Lopes Meirelles, o poder disciplinar é a faculdade de

punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à

disciplina dos órgãos e serviços da Administração. É uma supremacia especial que o Estado

exerce sobre todos aqueles que se vinculam à Administração por relações de qualquer

natureza, subordinando-se às normas de funcionamento do serviço ou do estabelecimento que

passa a integrar definitiva ou transitoriamente.

O poder disciplinar é um poder-dever, ele visa punir internamente as infrações

funcionais de seus servidores; e também infrações administrativas cometidas por particulares

a ele ligados mediante algum vínculo jurídico específico.

Existe uma correlação entre o poder disciplinar e o hierárquico, isso se da pela

aplicação da sanção disciplinar a um agente público, essa atuação decorre imediatamente do

poder disciplinar e mediatamente do poder hierárquico, mas não se confunde. O poder

hierárquico distribui e escalona suas funções, já o disciplinar ele fiscaliza o desempenho de

suas funções. Existe uma exceção onde o poder disciplinar não esta relacionado ao poder

hierárquico, quando a administração pública aplica uma sanção administrativa a alguém que

descumpriu um contrato administrativo.

Não se deve confundir o poder disciplinar da administração com o poder punitivo do

Estado (jus puniendi), que é exercido pelo Poder Judiciário. O poder disciplinar atua

especificamente nas infrações internas da administração pública relacionadas com o serviço; a

punição criminal é aplicada com finalidade social, visando à repressão de crimes e

contravenções definidas nas leis penais, e por esse motivo é realizada fora da administração

ativa, pelo Poder Judiciário. Qualquer pessoa esta sujeita ao poder punitivo do Estado, já no

poder disciplinar para que haja uma sanção punitiva é necessário algum vínculo jurídico

especifico com a administração pública.

Com Base nas ideias Maria Sylvia Zanella remete a ideia que o poder disciplinar tem

característica discricionária; A administração não tem livre arbítrio para decidir entre punir e

não punir, ao ter conhecimento da falta cometida pelo servidor tem obrigatoriamente que

instaurar o procedimento adequado para sua apuração, e se for o caso aplicar a pena cabível, o

agente competente para tal ato não o fazendo, incide em condescendência criminosa, previsto

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no art. 320 do código penal e em improbidade administrativa conforme o art. 11, inciso II, da

lei 8.429 de 02 de junho de 1992.

Art. 320 do CP Condescendência criminosa: Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.

Conforme explicita Hely Lopes Meirelles, o discricionárismo do poder disciplinar se

caracteriza no sentido de que não está vinculado a prévia definição da lei sobre a infração

funcional e a respectiva sanção. No Direito criminal comum, se aplica o princípio da pena

específica, ao afirmar a inexistência da infração penal sem prévia lei que a defina, esse

princípio não vigora em matéria disciplinar. No poder disciplinar ao se confirmar a falta, a

pessoa competente aplicará a sanção que julgar cabível, oportuna e conveniente, observando

sempre dentre as que estiverem enumeradas em lei ou regulamento para a generalidade das

infrações administrativas. Esta aplicação da pena é poder-dever para o superior hierárquico ao

seu subordinado como vimos anteriormente.

As penas disciplinares no nosso Direito Administrativo Federal são de seis

espécies, enumerando-se nesta ordem crescente de gravidade: 1)advertência; 2)suspensão; 3)

demissão, 4) cassação de aposentadoria ou disponibilidade; 5) destituição de cargo em

comissão; 6) destituição de função comissionada. As penas podem ser aplicadas

aleatoriamente conforme o grau da infração funcional onde a autoridade escolherá entre as

penas legais para que possa punir o subordinado sempre atento aos princípios gerais do

Direito e às normas administrativas específicas do serviço.

Para que haja uma legalidade na punição deve-se ocorrer uma apuração regular da

falta disciplinar e uma justificativa da autoridade que a impõe, todo ato administrativo é

inoperante quando o motivo invocado é falso ou inidôneo, ressaltamos que quando ocorre

inexistência material ou inexistência jurídica dos motivos, o ato administrativo é inoperante.

Por fim, conforme afirma Marcello Alexandrino e Vicente Paulo, devemos

registrar que o ato de aplicação da penalidade deverá sempre ser motivo. Essa regra não

comporta exceção: toda e qualquer aplicação de sanção administrativa (não só as sanções

disciplinares) exige motivação, sobretudo porque, impreterivelmente, deve ser a todos

assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.

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5 PODER REGULAMENTAR

Quanto à nomenclatura segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro esse Poder deveria ser

chamado de Poder Normativo, pois não abrange só regulamentos, mais também editais,

portarias entre outros, sendo assim devia ser chamado de Poder Normativo, que são os atos

pelos quais a administração exerce o seu poder normativo têm em comum com lei o fato de

emanarem normas, ou seja, atos com efeitos gerais e abstratos.

Conceituação segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, é que a função do poder

regulamentar é a forma pela qual se expressa a função normativa do Poder Executivo. Pode

ser definido como o que lhe cabe ao chefe do Poder Executivo da União, dos Estados e dos

Municípios, de editar normas complementares à lei, para sua fiel execução.

E Hely Lopes conceitua, como a faculdade que dispõe os chefes do poder executivo de

explicar a lei para sua concreta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre matéria de

sua competência ainda não disciplinada em lei. E um poder inerente e privativo do chefe do

executivo e, por isso mesmo, indelegável a qualquer subordinado.

No poder de chefiar a Administração está implícito o de regulamentar a lei e suprir,

com normas próprias, as omissões do Legislativo que estiverem na alçada do Executivo. Os

vazios da lei e a imprevisibilidade de certos fatos e circunstâncias que surgem, a reclamar

providências imediatas da administração, impõem se reconheça ao Chefe do Poder Executivo

o poder de Regulamentar, através de decreto, as normas legislativas incompletas, ou prover

situações não previstas pelo legislador, mas ocorrentes na pratica administrativa. O essencial é

que o executivo, ao expedir regulamento- autônomo ou de execução de lei, não invada as

chamadas “reservas da lei”, ou seja, aquelas matérias só disciplináveis por lei, e tais são, em

princípios, as que afetam as garantias e os direitos individuais assegurados pela Constituição.

De acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o exercício do poder, em regra,

se materializa na edição de decretos e regulamentos destinados a dar fiel execução às leis. São

os denominados decretos de execução ou decretos regulamentares. Essa competência está

prevista no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal para o Presidente da Republica, sendo

atribuída, por simetria, aos chefes do Poder Executivo dos estados, do distrito Federal e dos

municípios, pelas respectivas Constituições e Leis Orgânicas.

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Na visão de Maria Sylvia Zanella de Pietro, além do decreto regulamentar, o poder

normativo da administração ainda se expressa por meio de resoluções, portarias, deliberações,

instruções editadas por autoridades que não o chefe do poder Executivo. Portanto o artigo 87,

paragrafo único, inciso II, outorga aos ministros de Estado competência para expedir

instruções para execução das leis, decretos e regulamentos. Há ainda, os regimentos, pelos

quais órgãos colegiados estabelecem normas sobre seu funcionamento interno. Todos esses

atos estabelecem normas que têm o mesmo alcance nem a mesma natureza que os

regulamentos baixados pelo chefe do Executivo.

5.1 Decretos de Execução

Os decretos de execução ou regulamentares costumam ser definidos como regras

jurídicas gerais, abstratas e impessoais, editadas em função de uma lei cuja aplicação de

algum modo envolva atuação da administração pública, visando a possibilitar a fiel execução

dessa lei.

Celso Antônio Bandeira de Mello define o regulamento de execução um “Ato geral e

(de regra) abstrato, de competência privativa do Chefe do Poder Executivo, expedido com a

estrita finalidade de produzir as disposições operacionais uniformizadoras necessárias à

execução de lei cuja aplicação demande atuação da Administração Pública”.

Carlos Mário da Silva Velloso ensina que “só as leis administrativas comportam

regulamentação”. A Constituição, ao mencionar “fiel execução” das leis a serem

regulamentadas mesmo que seu texto não preveja expressamente essa regulamentação.

Pode acontecer, entretanto, que a lei expressamente estabeleça que deva ser

regulamentada para poder ser aplicada. Estaremos, no caso, diante das denominadas leis não

auto executáveis.

Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, o fundamento da existência dos

regulamentos executivos reside na constatação de que “o cumprimento de determinadas leis

pressupõe uma interferência de órgãos administrativos para a aplicação do que nelas se

dispõe, sem, entretanto, predeterminar exaustivamente, isto é, com todas as minúcias, a forma

exata da atuação administrativa pressuposta”.

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5.2 Decretos Autônomos

Consoante o magistério de Carlos Mário da Silva Velloso, alguns sistemas

constitucionais conferem ao Poder Executivo a prerrogativa de editar regulamentos como atos

primários, diretamente derivados da Constituição. Hely Lopes Meirelles alude a outra espécie

de decreto autônomo, que seria o ato editado pelo Poder Executivo, decorrente de uma lei,

mas estabelecendo dispositivos para regular situações nela não disciplinadas. A Constituição

Federal expressamente prevê a possibilidade de serem editados decretos como atos primários,

isto é, atos que decorrem diretamente do texto constitucional, decretos que não são expedidos

em função de alguma lei ou de algum outro ato infraconstitucional.

É importante enfatizar que não foi instaurada em nosso ordenamento uma autorização

ampla e genérica para a edição de decretos autônomos. Pelo contrário, somente podem ser

editados no Brasil decretos anônimos para dispor sobre organização e funcionamento da

administração pública, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de

órgão públicos, e para extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. Passaram a estar

submetidas à competência privativa do Presidente da República.

5.3 Regulamentos Autorizados

A doutrina fala em regulamento autorizado (ou delegado) quando o Poder Legislativo,

na própria lei, autoriza o Poder executivo a disciplinar determinadas situações nela não

reguladas, e incumbe o Poder Executivo de completar as disposições delas constantes, não

simplesmente regulamentá-la (em sentido próprio).

O regulamento autorizado não se confunde com a lei delegada. Esta é um ato

normativo primário, é literalmente, uma lei, cuja válida edição deve respeitar os requisitos

formais e as restrições materiais previstas no art. 68 da constituição da República. O

regulamento autorizado é ato administrativo secundário.

É controversa na doutrina a constitucionalidade dos regulamentos autorizados ou

delegados. Alguns dos grandes administrativistas tradicionais não admitem, de forma alguma,

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a legitimidade dos regulamentos autorizados no ordenamento constitucional vigente, por

considerarem que atos do Poder executivo aptos a inovar o direito precisam estar

expressamente previstos na Constituição da República – como ocorre com as medidas

provisórias e as leis delegadas -, sob pena de afronta ao postulado da separação entre os

Poderes.

Segundo esses autores, a separação dos Poderes, por ser cláusula pétrea, e por esta

assegurada mediante um sistema equilibrado de freios e contrapesos estabelecido pelo

constituinte originário, impede que um Poder, sem previsão constitucional expressa, delegue

alguma de suas funções típicas a outro Poder, e o próprio Poder Judiciário, têm admitido a

utilização do regulamento autorizado (evitam o vocábulo “delegado”) quando a lei,

estabelecendo as condições, os limites e os contornos da matéria, deixa ao Executivo a

fixação de normas técnicas, por exemplo, regras relativas e registro de operações no mercado

de capitais, instituição de modelos de notas fiscais e outros documentos, elaboração de lista

com medicamentos sujeitos à retenção de receita, bem como o modelo do receituário especial

etc.

Aliás, as agências reguladoras de um modo geral são um exemplo marcante de

entidades administrativas que as leis pertinentes a cada setor regulado incumbem da

elaboração de regulamentos autorizados. Em suma, os regulamentos autorizados existem de

fato, e são justificados mais pela necessidade prática do que pelo ordenamento jurídico-

constitucional.

O Supremo Tribunal Federal somente admite que um ato normativo da administração

pública seja impugnado por meio de ADI quando ele ofende diretamente a Constituição.

Nota-se que são duas as condições, cumulativas, para que um ato administrativo possa

ser objetivo de controle judicial pela via direta, mediante ação direta de inconstitucionalidade

– ADI:

É indispensável que ele tenha efetivamente caráter normativo, isto é, seja

dotado de “normatividade”, de generalidade e abstração;

É necessário que ele tenha caráter autônomo, vale dizer, o ato deve conflitar

diretamente com a Constituição da República (o conflito não pode ocorrer entre o ato e uma

lei que ele regula).

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CONCLUSÃO

Para uma clara conclusão deste tema, necessário se faz descrever de forma objetiva os

pontos principais aqui abordados.

Por mais que, não seja considerado de fato um poder da administração pública e sim

um ato derivado, o poder vinculado não confere liberdade na atuação da administração

pública, devendo assim buscar fulcro em lei, não obstante está o poder discricionário, que faz

juízo de conveniência e oportunidade, e neste, confere certa liberdade ao agente

administrativo não deixando de lado a observação da lei.

Para entrar efetivamente no mérito dos poderes passemos então ao poder hierárquico

que é responsável por distribuir e escalonar as funções administrativas, como também

coordenar ordenar, rever decisões, ou seja, controlar para que cada agente cumpra com seu

papel. Tal poder traz certa submissão à regras previstas pelo próprio ordenamento jurídico,

que servirão para a organização da Administração Pública a partir da criação de superiores e

subalternos almejando uma boa prestação de serviços. Vale ressaltar que hierarquia irá existir

apenas no âmbito da função administrativa, não existindo nas funções legislativa e

jurisdicional.

Se o agente foge das competências a ele determinadas surge o poder disciplinar, que é

responsável por fiscalizar e sancionar atos funcionais, quais sejam, os praticados em

decorrência da função exercida dentro da administração, porém, está punição não se aplica

apenas aos agentes, mas também as pessoas ligadas a administração pública seja este vinculo

direto ou indireto, sendo este um controle interno.

Por ultimo mais não menos importante, está o poder regulamentar, também conhecido

como normativo, uma vez que, não abrange só regulamentos, também normas como

portarias, decretos, ordens de serviço entre outros. Tal poder se caracteriza como a função que

o chefe do poder executivo tem de completar a lei quando está lhe falta determinação em

determinado caso, o objetivo principal é garantir a fiel aplicação da lei

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 37. ed. atual. São Paulo:

Malheiros, 2010.

ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo descomplicado/Marcelo Alexandrino,

Vicente Paulo, - 21,ed.atual- Rio de janeiro: Forense; São Paulo: METODO, 2013.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo/Maria Sylvia Zanella Di Pietro-26.

ed. São Paulo: Atlas, 2013.