45
Faculdade de Engenharia Curso: Administração Pública Cadeira: Direito Constitucional 2º Ano, 2º Semestre Docente: Firmino Emílio Índice I – Os princípios fundamentais da Constituição da República de Moçambique de 2004................................................3 1.1. Estado. Referencia aos elementos do Estado na Constituição moçambicana (CRM)...............................................3 1.1.1 – Território..............................................3 1.1.2 – Povo.................................................... 4 1.1.3 – Soberania...............................................4 1.2. Caracteres do Estado Moçambicano...........................5 1.2.1. Estado Democrático.......................................5 1.2.2. Estado Unitário..........................................5 1.2.3. Estado Social de Direito.................................6 1.2.4. Estado Independente......................................7 II – Estudo do Sistema de Governo Moçambicano.....................8 2.1. Modelos de Sistemas de Governo.............................8 2.2 – Sistema de Governo Parlamentar............................8 2.2.1 – Sistema de Governo Presidencial.........................9 2.2.2 – Sistema de Governo Semi-presidencial...................10 2.2.3 – Sistemas de Governo e Sistemas Eleitorais..............10 2.3. Sistema Eleitoral. Noção..................................10 2.3.1 - Tipos de Sistemas Eleitorais...........................12 2.4. O Caso do Sistema Eleitoral Moçambicano...................13 2.5. O Sistema de Governo Moçambicano..........................13 Firmino Emílio 1

Direito Constitucional II 2012- Firmino

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Faculdade de EngenhariaCurso: Administração Pública

Cadeira: Direito Constitucional2º Ano, 2º Semestre

Docente: Firmino Emílio

Índice

I – Os princípios fundamentais da Constituição da República de Moçambique de 2004......................3

1.1. Estado. Referencia aos elementos do Estado na Constituição moçambicana (CRM)................3

1.1.1 – Território................................................................................................................................3

1.1.2 – Povo.......................................................................................................................................4

1.1.3 – Soberania................................................................................................................................4

1.2. Caracteres do Estado Moçambicano...........................................................................................5

1.2.1. Estado Democrático.................................................................................................................5

1.2.2. Estado Unitário........................................................................................................................5

1.2.3. Estado Social de Direito...........................................................................................................6

1.2.4. Estado Independente................................................................................................................7

II – Estudo do Sistema de Governo Moçambicano................................................................................8

2.1. Modelos de Sistemas de Governo...............................................................................................8

2.2 – Sistema de Governo Parlamentar..............................................................................................8

2.2.1 – Sistema de Governo Presidencial...........................................................................................9

2.2.2 – Sistema de Governo Semi-presidencial...............................................................................10

2.2.3 – Sistemas de Governo e Sistemas Eleitorais.........................................................................10

2.3. Sistema Eleitoral. Noção...........................................................................................................10

2.3.1 - Tipos de Sistemas Eleitorais.................................................................................................12

2.4. O Caso do Sistema Eleitoral Moçambicano.............................................................................13

2.5. O Sistema de Governo Moçambicano......................................................................................13

2.5.1 – Traços Estruturais................................................................................................................13

2.5.2 – Caracterização jurídico-constitucional dos órgãos de soberania.........................................14

a) Presidente da República...............................................................................................................14

b) Assembleia da República.............................................................................................................14

c) Conselho de Ministros (Governo)................................................................................................14

Firmino Emílio 1

Page 2: Direito Constitucional II 2012- Firmino

2.5.3 – Interdependência Entre os Órgãos de Soberania..................................................................15

a) Relações entre o Presidente da República e a Assembleia da República....................................15

b) Relações entre o Presidente da República e o Conselho de Ministros........................................15

2.6 – Qualificação do Sistema de Governo moçambicano..............................................................16

2.7– Funcionamento do Sistema de Governo moçambicano...........................................................17

III. Procedimento legislativo Moçambicano........................................................................................17

3.1. Procedimento legislativo segundo a CRM de 2004..................................................................17

3.1.1. Conceito de procedimento legislativo...................................................................................17

3.1.2 – Fases do procedimento legislativo.......................................................................................18

I — Fase de iniciativa..................................................................................................................18

II — Fase instrutória....................................................................................................................19

III — Fase constitutiva.................................................................................................................19

IV — Fase de controlo.................................................................................................................20

V — Fase de integração de eficácia.............................................................................................20

3.2 - Fases do Procedimento Legislativo Moçambicano.................................................................20

IV – Estruturas de Controlo e de Garantia da Constituição.................................................................23

4.1. Garantia e controlo....................................................................................................................24

4.1.1. Constitucionalidade............................................................................................................24

4.1.2. Consequência da violação da Constituição........................................................................25

4.2. Noções e tipos de inconstitucionalidade...................................................................................25

4.2.1. Noçao.................................................................................................................................25

4.2.2. Tipos de inconstitucionalidade...........................................................................................26

4.3. Meios e institutos de defesa da Constituição............................................................................27

4.4. A fiscalização judicial como instituto de garantia e controlo da Constituição.........................27

4.5. As garantias na Constituição moçambicana..............................................................................28

4.5.1. A Fiscalização da constitucionalidade e da legalidade no direito moçambicano..................28

4.5.2. Modelo da Fiscalização da Constitucionalidade....................................................................29

A – Modalidades de Fiscalização.................................................................................................29

A – Objecto de Fiscalização.........................................................................................................29

V- Revisão da Constituição de Moçambique.......................................................................................30

5. Bibliografia......................................................................................................................................30

Firmino Emílio 2

Page 3: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Direito Constitucional

I – Os princípios fundamentais da Constituição da República de Moçambique de 2004.

1.1. Estado. Referencia aos elementos do Estado na Constituição moçambicana (CRM)

Há muitas doutrinas que definem o Estado, sendo que, relevante para o nosso estudo é que o Estado é uma comunidade politicamente organizada, constituída, tradicionalmente por um território, pode e poder político.

Moçambique constitui-se em Estado, com os três elementos acima indicados. O artigo 1 da Constituição da República de Moçambique refere claramente que “a República de Moçambique é um Estado independente, soberano, democrático e de justiça social”. (destaque nosso).

Jorge Miranda (Tomo III, 1998) refere ao Estado como comunidade política (ou povo), à cidadania como qualidade de membro do Estado, ao Estado como poder e ao território do Estado.

O autor acrescenta que o Estado traz consigo complexidade de organização e de actuação, com cada vez maior diferenciação de funções, órgãos e serviços, institucionalização do poder, ou subsistência do poder como ideia para além dos seus detentores concretos e actuais e autonomia, ou formação de uma dinâmica própria do poder e do seu aparelho frente à vida social.

Por sua vez CANOTILHO (1999) alude que o Estado é assumido como uma forma histórica de um ordenamento jurídico geral cujas características ou elementos constitutivos eram, a territorialidade, isto é, a existência de um território concebido como "espaço da soberania estadual"; a população, ou seja, a existência de um "povo" ou comunidade historicamente definida; e a politicidade: prossecução de fins definidos e individualizados em termos políticos.

Jorge Miranda (op. Cit) ensina que “mais para efeitos didácticos do que científicos, grande número de autores reconduz o tratamento do Estado aos dos seus três elementos: povo, território e poder político. É tese a que não aderimos; quando muito, aceitamos falar em "condições de existência".

Como quer que seja, o Estado moçambicano é constituído igualmente dos três elementos (Território, Povo e Poder Político ou soberania).

1.1.1 – Território

O território dum Estado é formado pelo solo com toda a sua profundidade, subsolo, espaço aéreo, incluindo também águas territoriais.

O artigo 6º CRM refere no seu n.º 1 que “o território da Republica de Moçambique é uno, indivisível e inalienável, abrangendo toda a superfície terrestre, a zona marítima e o espaço aéreo delimitados pelas fronteiras nacionais”.

Firmino Emílio 3

Page 4: Direito Constitucional II 2012- Firmino

O n.º 2 acrescenta que a “extensão, o limite e o regime das águas territoriais, a zona económica exclusiva, a zona contígua e os direitos aos fundos marinhos de Moçambique são fixados por lei.

Nas lições de Jorge Miranda (op. Cit.), há quem sustente que o território adere ao homem e que todos os efeitos jurídicos do território têm a sua raiz na vida interna dos homens ou que o Estado implica stare, sede fixa, de tal jeito que o território não equivale só a um espaço reservado à acção do Estado, entra também a constituí-lo. Ou que o poder soberano se traduz numa organização, de que é elemento dimensional o território. Ou que o território faz parte do ser do Estado, e não apenas do seu haver.

1.1.2 – Povo

O povo é o conjunto de cidadãos nacionais. Isto é, todo aquele que tem a nacionalidade moçambicana faz parte do povo moçambicano.

Na CRM são diversos os artigos que tratam do povo referindo-se ao conjunto das pessoas de nacionalidade nacional que exercem, através dos seus representantes, a soberania. É relevante é o que alude o n.º 1 do artigo 2 da CRM ao consagrar que “a soberania reside no povo” para o n.º 2 do mesmo artigo acrescentar que “o povo moçambicano exerce a soberania segundo as formas fixadas na Constituição”.

A nacionalidade moçambicana pode ser originária (principio da consanguinidade – ius sanguinis, princípio da territorialidade - ius soli e por maioridade) ou adquirida (por naturalização, por casamento ou por filiação).

1.1.3 – Soberania

A soberania é um poder político supremo e independente, poder que não está limitado por nenhum outro, quer interno ou externo. Um Estado soberano não se submete a ordens de outros Estados que não sejam voluntariamente aceite.

Para Jorge Miranda, o Estado identifica-se com o poder, com a soberania, com o Rei, e a sociedade.

Vale lembrar o que se diz no artigo 2 da CRM de onde resulta que a soberania reside no povo que a exerce de acordo com as formas fixadas na constituição, de entre elas, por meio de eleições e referendo.

Assim, a soberania (ou poder) é exercida pelos diversos órgãos do poder, em nome do povo. O artigo 133 CRM indica como órgãos que, em nome do povo, exercem a soberania, o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo, os tribunais e o Conselho Constitucional.

Enfim, aderindo Miranda, aqui apenas se pretende inculcar que povo, território e poder político são pressupostos ou condições de existência do Estado, indispensáveis em todos os lugares e em todas as épocas em que pode falar-se em Estado, embora com funções e relações diversas. Sociedade política complexa, o Estado traduz-se num conjunto de pessoas

Firmino Emílio 4

Page 5: Direito Constitucional II 2012- Firmino

ou povo, fixa-se num espaço físico ou território e requer uma autoridade institucionalizada ou poder político.

1.2. Caracteres do Estado Moçambicano

1.2.1. Estado Democrático

A Constituição da República de Moçambique estabelece alguns princípios que regem no nosso país. Os mais importantes são: o princípio do Estado de Direito e o princípio de Democracia.

O artigo 1 da CRM alude que a República de Moçambique é um democrático e continua o artigo 3, epigrafado como Estado de Direito Democrático, que a República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo de expressão, na organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais do Homem.

O termo “democracia” surgiu na antiga Grécia e etimologicamente resulta de fusão entre “demos = povo” e cratia = poder” e por isso democracia é hoje entendido como “poder do povo”. Portanto, democracia é a forma política em que o poder é atribuído ao povo e é exercido pelo povo em harmonia com a vontade expressa pelo conjunto de cidadãos titulares de direitos políticos.

O princípio de Estado de Direito Democrático exige a adopção de uma lei fundamental – A Constituição, a lei magna estadual de qualquer estado, exceptuando-se a Inglaterra que não tem constituição escrita. Outro elemento do Principio de Estado de Direito Democrático é a separação de poderes. Estes, não podem estar concentrados numa única pessoa, numa relação disciplinada por normas onde existe uma interdependência.

O Estado Democrático implica o princípio da liberdade; do pensamento e de expressão; o principio da igualdade de todos iguais perante a lei, que implica a proibição da descriminação baseada na raça, condição, orientação politica, religião, etc; o princípio da inviolabilidade da pessoa humana: toda a pessoa humana merece respeito. Este princípio da inviolabilidade da pessoa humana implica a protecção da pessoa humana contra privações arbitrárias da liberdade. Tratamentos desumanos. Direito à defesa num processo transparente, livre, contrário às inquisições, com direito à defesa, direito à palavra. Surge também aqui a questão da pena de morte, prevista bastante discutida e que se encontra prevista nalguns ordenamentos jurídicos, e ainda dentro deste princípio encontramos outra questão: o aborto; princípio da responsabilização de actos praticados, ou omissões, por pessoas singulares ou colectivas.

A República de Moçambique é uma democracia. Isto quer dizer que, é dirigido pelo povo. É uma democracia representativa, significa que o povo exerce o seu poder através de representantes eleitos por ele.

1.2.2. Estado Unitário

Apesar do artigo 7 da CRM referir que a República de Moçambique organiza-se territorialmente em províncias, distritos, postos administrativos, localidades e povoações, Moçambique é um Estado unitário.

Firmino Emílio 5

Page 6: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Tal resulta do artigo 8 do mesmo diploma ao consagrar que “a República de Moçambique é um Estado unitário, que respeita na sua organização os princípios da autonomia das autarquias locais”.

Segundo Miranda, a unidade do Estado, do povo e do território correspondem a universalidade e a igualdade dos direitos e deveres dos cidadãos, dos membros do Estado: todos eles gozam, em princípio, de todos os direitos e estão sujeitos a todos os deveres - e aos mesmos direitos e deveres -previstos na Constituição e nas leis.

Nem isso é infirmado por diferenças geográficas ou outras, projectadas nas divisões ou circunscrições administrativas ou políticas do território, poderem conduzir a especialidades da lei (mas não a discriminações ou privilégios) ou de competências de órgãos legislativos e executivos.

O território é um limite para o poder político efectivo, não para o povo. Os cidadãos do Estado, sem perderem a cidadania, podem sair do território e viver no estrangeiro e aqui continuam a pertencer ao povo.

O território da República de Moçambique é uno, indivisível, abrangendo toda a superfície terrestre, a zona marítima e o espaço aéreo delimitados pelas fronteiras nacionais. (vide o n.º 1 do artigo 6 da CRM).

1.2.3. Estado Social de Direito

Moçambique, além de ser um Estado democrático e unitário, ele se assume como de direito social. Este pressuposto encontra-se inculcado em diversas normas da Constituição, de forma expressa ou tácita. O artigo 1 da magna lei refere que o nosso país é um Estado de justiça social.

Assim, consta como um dos objectivos do Estado moçambicano a edificação de uma sociedade de justiça social e a criação do bem-estar material, espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos (vide alínea c) do artigo 11 CRM).

Ainda o artigo 97 da CRM, ao fixar os princípios fundamentais, alude que a organização económica e social da República de Moçambique visa a satisfação das necessidades essenciais da população e a promoção do bem-estar social e assenta nos princípios fundamentais de valorização do trabalho, nas forças do mercado, na iniciativa dos agentes económicos; na coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo e social; na propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com o interesse colectivo; na protecção do sector cooperativo e social e na acção do Estado como regulador e promotor do crescimento e desenvolvimento económico e social.

Quando o artigo 3 da CRM reconhece que Moçambique é um Estado de Direito, traduz que ele se subordina à Constituição e a lei. É disso que resulta do n.º 3 do artigo 2 da CRM ao estabelece que o Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade.

O princípio do Estado de Direito é um princípio que resulta do constitucionalismo moderno e do liberalismo, que veio a consagrar o primado do Direito como regulador da vida inter-

Firmino Emílio 6

Page 7: Direito Constitucional II 2012- Firmino

subjectiva. O que conta são as Leis, contrariamente às doutrinas que concentravam todo o poder numa única pessoa.

As leis são reguladoras da vida inter-subjectiva. É a vitória do liberalismo e do constitucionalismo contra o totalitarismo e o autoritarismo. O soberano ou o monarca não é fonte de referência nenhuma, não é lei, o monarca não é lei fundamental mas, está subordinado à própria lei. No totalitarismo considerado como uma marca, chefe de tudo, absoluto era ele a lei, podia fazer o que quisesse. Depois, veio o Liberalismo que acabou por consagrar o primado da lei contra o próprio monarca, aliás o monarca é subordinado às leis.

O princípio do Estado de Direito concretiza-se através de elementos retirados de outros princípios, designadamente, o da segurança jurídica e da protecção da confiança dos cidadãos. Tal princípio encontra-se expressamente consagrado no artigo 3º da CRM e deve ser tido como um princípio politicamente conformado que explicita as valorações fundamentadas do legislador constituinte.

Os citados princípios da segurança jurídica e da protecção da confiança assumem-se como princípios classificadores do Estado de Direito Democrático, e que implicam um mínimo de certeza e segurança nos direitos das pessoas e nas expectativas juridicamente criadas a que está imanente uma ideia de protecção da confiança dos cidadãos e da comunidade na ordem jurídica e na actuação do Estado.

O princípio de Estado de Direito trata do conteúdo, extensão e modo, como o Estado deve proceder com as suas actividades. O princípio de Estado de Direito conforma as estruturas do poder político e a organização da sociedade segundo a medida do direito. O direito estabelece regras e medidas, prescreve formas e procedimentos, e cria instituições.

As características mais importantes do Estado de Direito são:- Império da lei como expressão da vontade geral; - Todos os actos do Estado são limitados pela lei;- Divisão dos poderes: legislativo, executivo e judicial;- Direitos e liberdades fundamentais- Garantia jurídica formal e efectiva realização.

No entanto, a Constituição da República de Moçambique consagra um vasto conjunto de requisitos do Estado de Direito.

1.2.4. Estado Independente

Todos sabemos que o nosso país durante muito tempo esteve sob o jugo da colonização, tendo se tornando independente de Portugal no dia 25 de Junho de 1975. Que Moçambique é um Estado independente resulta do artigo 1 da CRM. A independência está intimamente ligada à soberania pois, significa que o poder político é exercido por órgãos de soberania legitimados pelo povo, um poder interno e não do exterior.

Dizer que Moçambique é um Estado independente quer dizer que não há qualquer outra força política externa que exerce poder dentro do território nacional; que o Estado moçambicano tem a sua própria autodeterminação.

Firmino Emílio 7

Page 8: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Assim, Moçambique é um Estado livre e independente e não pode ser património de ninguém.

Para citar Jorge Miranda, Moçambique (dissemos nós) é um Estado com plenitude de direitos, dotado de directa e livre participação na comunidade internacional, não sujeito a qualquer outro e que, nessa qualidade, estabelece a sua ordem jurídica e organiza o seu poder.

Segundo o mesmo autor, ser Estado independente significa fundamentalmente, uma ideia-força, uma aspiração veemente no sentido de que o povo moçambicano (concluímos nós), ele e só ele, dentro do reconhecimento da identidade do género humano e da cooperação entre os povos, defina, livre de quaisquer influências, o regime político, económico e social que adopta e a posição nas relações internacionais que entender mais correcta.

A soberania é "mais que um dado jurídico fixo, uma vitória permanente a garantir"; trata-se de "defender e alargar a esfera de autodeterminação nacional, a capacidade de decisão autónoma quanto aos destinos da colectividade nacional", "a independência em sentido material", a capacidade do Estado de "gerir autonomamente os seus destinos".

II – Estudo do Sistema de Governo Moçambicano

2.1. Modelos de Sistemas de Governo

As formas de governo correspondem à posição jurídico-constitucional recíproca dos órgãos de soberania e respectivas conexões e interdependências políticas, institucionais e funcionais.

Se quiséssemos aproximar esta definição de uma outra, diríamos que a forma de Governo se aproxima da ideia de regime político como o conjunto de regras constitucionais atribuídas de funções ou poderes políticos. Num domínio como este, têm por vezes influência político-constitucional as modalidades de exercício do poder resultante de praticas institucionais dominantes

Existem fundamentalmente três Sistemas de Governo, a saber: - Sistema parlamentarista (Inglaterra e Itália);- Sistema presidencial (EUA e Moçambique)- Sistema semi-presidencialista (França e Portugal)

O sistema é uma entidade legal-constitucional, porque nele certas instituições reais (partidos, práticas politicas, carismas pessoais) adquirem relevância politicamente constitutiva.

Como se vê um regime ou forma de Governo pode ser parlamentar, semi-presidencial ou presidencial:

2.2 – Sistema de Governo Parlamentar

Assenta na forma de governo parlamentar e pode ser de regime parlamentar monárquico (Inglaterra) ou regime parlamentar republicano (Alemanha).

Firmino Emílio 8

Page 9: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Traços caracterizadores:- Responsabilidade do gabinete perante o parlamento: o primeiro-ministro é nomeado pelo chefe de estado (rei ou presidente da republica), mas pressupõe confiança do parlamento.- Dissolução do parlamento pelo chefe de Estado: sob proposta do gabinete (executivo), ou seja, a dissolução é feita por decreto presidencial/real, mas trata-se e um acto de iniciativa do gabinete (primeiro – ministro) que assume a responsabilidade politica do mesmo através de referenda. Referenda ministerial – co-responsabilização, actuação conjunta entre o presidente e o Governo.

- Eleição do presidente da Republica pelo parlamento, sem relevantes funções de direcção política, mas com um estatuto constitucional de responsabilidade política perante o mesmo.A legitimidade é hereditária (no caso do regime parlamentar monárquico).

O esquema é aplicável aos regimes parlamentar monárquicos e republicanos, com a diferença de nos primeiros não haver um chefe de estado eleito pelo parlamento (modelo inglês).

Modernamente, o regime parlamentar passou a articular com a lógica maioritária, falando-se de Governo de legislatura quando um partido consegue uma maioria absoluta de mandatos no parlamento, o que lhe permite assegurar, em regra a duração do Governo pelo prazo da legislatura parlamentar.

2.2.1 – Sistema de Governo PresidencialCorresponde à forma de Governo presidencial (Norte Americano)

Traços caracterizadoresSeparação de poderes: o poder legislativo, o poder executivo e o poder judiciário são constitucionalmente consagrados como três poderes independentes.

Trata-se de uma independência orgânica, designadamente no que respeita ao executivo e legislativo.

Poder executivo: é atribuído a um presidente eleito por um colégio de eleitores (povo), por quatro anos.

Poder legislativo: é atribuído a um congresso, formado por um senado e por uma câmara de representantes.Poder judiciário: é atribuído a um tribunal e os tribunais inferiores criados pelo congresso.

Legitimação quase directa do PR, ele é eleito por um colégio de grandes eleitores em número igual ao de senadores e representantes. Existe a possibilidade de ser eleito presidente um candidato, que tem a maioria de mandatos eleitorais mas sem maioria de votos populares.

Governo: o presidente da república é simultaneamente chefe de estado e chefe de Governo, e dai a ausência de um gabinete ministerial e a existência de simples secretários de estado, subordinados ao presidente.

Poder judiciário: poder judiciário activo que se transformou através do Supreme Court e da judicial review num contra poder. Permite aos tribunais controlar os actos constitucionais.

Firmino Emílio 9

Page 10: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Controlos - Não existem controlos primários entre o presidente da república e o congresso: o presidente não tem poderes de dissolução das câmaras e nenhuma destas ou ambas tem a possibilidade de aprovar moções de censura contra o presidente;

O Governo é irresponsável e o parlamento indissolúvel;

O presidente pode ser destituído através do processo de impeachment e o senado tem de dar o seu assentimento à nomeação dos secretários de estado e altos funcionários do executivo;

O presidente dispõe do direito de veto relativamente aos actos legislativos mas com possibilidade de superação do veto político por cada uma das câmaras através de deliberação aprovada por mais de 2/3.

Poder de veto: poder de impedir que determinado acto aprovado pelo congresso entre em vigor. Obriga a uma nova votação. 2.2.2 – Sistema de Governo Semi-presidencialCorresponde a forma de Governo semi-presidencialistas

Traços caracterizadores:- Dois órgãos (presidente da república e o parlamento) eleitos por sufrágio directo;- Dupla responsabilidade do Governo perante o presidente da república e perante o parlamento;- Dissolução do parlamento por decisão e iniciativa autónomas do presidente da república;- Configuração do gabinete como órgão constitucional autónomo;-Presidente da república com poderes de direcção política próprios.

2.2.3 – Sistemas de Governo e Sistemas Eleitorais.

Eleição é o processo mediante o qual um grupo social escolhe seu governante ou seu representante político por meio do voto. Em termos políticos, a eleição é caracterizada por ser um direito político de exercício conjunto por todos só seus titulares, ou seja, cada cidadão vota por si, segundo a sua situação e aspiração, mas o seu voto somente tem valor somado aos dos restantes eleitores e enquanto exibe uma posição do conjunto de eleitores ou de parte considerável destes.

É igualmente caracterizado como sendo um modo de intervenção dos cidadãos na vida pública de tipo periódico.

2.3. Sistema Eleitoral. Noção

Uma das formas de designação de órgãos do poder político, a eleição, que tem lugar nos países democráticos onde o exercício do voto é um dos direitos fundamentais dos cidadãos por se tratar do meio pelo qual o indivíduo participa do poder político e manifesta sua vontade.

Nesta forma de designação normalmente vigoram um conjunto de regras com a sua lógica e coerência internas, que determinam a forma como os votos se convertem em mandatos, referimo-nos ao sistema eleitoral.

Firmino Emílio 10

Page 11: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Existem segundo JORGE MIRANDA, dois sentidos de sistema eleitoral que são:· Sistema eleitoral em sentido amplo: conjunto de regras, procedimentos e práticas com sua coerência e lógica interna, a que está sujeita a eleição em qualquer país e condiciona o exercício do direito de sufrágio;

· Sistema eleitoral em sentido restrito: forma de expressão da vontade eleitoral, o modo como a vontade dos eleitores de escolher este ou aquele candidato, esta ou aquela lista de candidatos, se traduz num resultado global final, o modo como a vontade psicológica de cada eleitor ou conjunto dos eleitores é interpretada ou transformada em vontade eleitoral;A par da definição do sistema eleitoral é necessário determinar-se quem é que pode exercer o direito de escolha dos governantes, podendo ser atribuído a um determinado grupo de cidadãos ou a totalidade da população, o que dá lugar aos tipos de sufrágios que podem ser:

· Sufrágio directo e indirecto: consoante os eleitores escolhem imediatamente os seus representantes ou vão escolher pessoas que procedem a essa escolha por eles;

· Sufrágio restrito (censitário e capacitário) e universal: consoante o direito de voto seja reconhecido a um grupo limitado de cidadãos ou à generalidade dos cidadãos a partir de um certo limite de idade; o sufrágio restrito é considerado censitário se a atribuição do direito devoto dos meios de fortuna e capacitário se a atribuição do direito de voto implica um determinado grau de instrução, como saber ler;

· Sufrágio inorgânico e orgânico: é inorgânico quando o direito de voto é exercido pelo cidadão, pelo simples facto de reunir requisitos legais de sufrágio sendo os votos recolhidos por circunscrições territoriais e orgânico quando o cidadão da sua contribuição efectiva para a colectividade, como chefe de uma família domiciliada numa freguesia, profissional associado num sindicato, ou elemento activo de uma associação ou instituição privada de utilidade pública;

· Sufrágio plural, múltiplo e singular: é plural quando o direito dado a certos eleitores de votarem uma vez só mas com mais de um voto e tem sido defendido sob uma forma de voto familiar; múltiplo consiste no direito dado ao mesmo eleitor de votar, embora só com um voto de cada vez, em diversas qualidades, na mesma eleição; simples que consiste na atribuição de um único voto a cada eleitoral;

· Sufrágio público e secreto: consoante a votação se faça em termos de o sentido do voto de um eleitor poder ser ou não do conhecimento dos restantes;

· Sufrágio facultativo e obrigatório: consoante o exercício do direito de voto seja, ou não, deixado a vontade dos eleitores e possa haver, no segundo o caso, a aplicação de sanções aos não votantes;

· Sufrágio individual e por listas: consoante o sufrágio tenha , no primeiro caso por objecto escolher indivíduos e assim recair nos seus nomes e no segundo caso , destinar-se a designar o partido , a orientação ou tendência organizada que se prefere e, então o voto incide sobre uma lista preparada pelas organizações politicas, contando-se o numero de votos obtidos por cada nome dela;

Firmino Emílio 11

Page 12: Direito Constitucional II 2012- Firmino

· Sufrágio uninominal e plurinominal: consoante o eleitor só possa votar, em cada circulo eleitoral, em um, ou em mais do que um candidato;

2.3.1 - Tipos de Sistemas EleitoraisEm função do tipo de representação podemos identificar os seguintes tipos de sistemas eleitorais, a saber:

Sistemas Eleitorais de Representação Maioritária: aquele que tem por objectivo eleger os candidatos ou listas de candidatos que tiver maior número de votos. As listas podem ser uninominais (quando contenham um único deputado por cada círculo eleitoral) ou plurinominais (quando as listas possuam ou tenham mais do um nome de candidatos a deputados ou membro de parlamento).

Como se disse, este sistema visa obtenção da maioria do número de votos, podendo ser apurados na primeira ou segunda volta. No sistema eleitoral de representação maioritária a uma volta, é eleito o candidato ou lista que obtiver maioria absoluta do número de votos validamente expressos, e a segunda volta ocorre quando nenhum dos candidatos tenha obtido a maioria absoluta, bastando para ser declarado vencedor uma maioria simples dos votos validamente expressos.

Em termos de vantagens, os sistemas maioritários a uma volta apontam-se como os principais aspectos abonatórios a (i) sua simplicidade e celeridade; (ii) evita a promiscuidade e pulverização partidária no Parlamento; (iii) o voto é sempre dirigido ao partido com possibilidade de ganhar as eleições; (iv) facilita as maiorias absolutas no parlamento e a estabilidade governativa, que se reporta ao partido com maioria de votos expressos, dito de outro modo fica com todos assentos no Parlamento o partido que tiver a maioria dos votos validamente expressos.

Como desvantagens podemos acentuar o seu carácter discriminatório no que concerne aos partidos de menor expressão porque limita o seu acesso a assentos Parlamentares, e consequentemente tumultos e agitação extraparlamentar.

Este sistema conduz infalivelmente ao bipartidarismo ou seja um cenário político somente com dois partidos proeminentes ou que restringe as escolhas dos eleitores.Já o sistema maioritário a duas voltas, no que respeita as vantagens de (i) concentrar os votos dos eleitores nos dois partidos mais fortes (ii) facilita a obtenção de maiorias absolutas, embora não tanto como o sistema maioritário a uma volta e (iii) não encoraja acções extra-parlamentares.

Como argumentos desencorajadores do sistema podem citar-se (i) a exigência de cálculos matemáticos complicados (ii) contribui para a abstenção dos eleitores, pois na segunda volta estão menos interessados e saturados ou desgastados do acto eleitoral. Este sistema conduz indubitavelmente ao pluripartidarismo com forte tendência para o bipartidarismo.

Sistemas de Representação Proporcional: neste sistema atribui-se a cada partido um número de representantes no Parlamento de acordo com o número de votos validamente alcançados nas urnas.

No que respeita as vantagens do sistema de representação proporcional, o principal aspecto resulta do facto de permitir que um número maior de partidos políticos tenham assento no

Firmino Emílio 12

Page 13: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Parlamento dado o seu carácter democrático e aglutinador. É graças a estes sistemas que existe o multipartidarismo e como características desabonatórias são apontadas a (i) inexistência de uma relação directa entre o número de votos expressos a favor do partido político e os assentos conquistados; (ii) a instabilidade governativa dado que existem vários partidos políticos no Parlamento, (iii) os candidatos eleitos não representam eleitorado geograficamente definido no qual seja responsável por parte da população;

2.4. O Caso do Sistema Eleitoral Moçambicano

A CRM estabelece no seu artigo 73, quanto ao tipo de sufrágio, que em Moçambique vigora é o sufrágio universal, ao estatuir que “ o povo moçambicano exerce o poder político através do sufrágio universal, directo, igual, secreto e periódico para a escolha dos seus representantes, por referendo sobre as grandes questões nacionais e pela permanente participação democrática dos cidadãos na vida da Nação ”.

Esta caracterização do tipo de sufrágio é complementada com o disposto pelo n.º 1 do artigo 135 da CRM ao indicar que o sufrágio universal (...) constitui a regra geral de designação dos titulares dos órgãos electivos de soberania, das províncias e do poder local.

No tocante ao sistema eleitoral, o n.º 2 do mesmo artigo estabelece claramente que o apuramento dos resultados das eleições obedece ao sistema de representação proporcional.

2.5. O Sistema de Governo Moçambicano

2.5.1 – Traços Estruturais

Raízes do sistemaTraços decorrentes de história constitucional moçambicana:O lugar central do parlamento e os partidos políticos como actores essenciais do sistemaTraços resultantes de experiências constitucionais estrangeiras:- Parlamentarismo racionalizado da Constituição de Weimar (1919)-Semi-presidencialismo Francês – Constituição de 1958.

Racionalização da forma de GovernoAs dimensões básicas e estruturantes da forma de Governo moçambicano relacionam-se com a posição do Governo face à assembleia e com a autonomização do presidente da república perante o parlamento.

A posição do Governo face a assembleia da república determina-se: - Pelo regime de formação do Governo;- Pelo seu processo de nomeação e de investidura;- Pela disciplina do voto de desconfiança.

A autonomização do presidente da república perante o parlamento assenta:- Na eleição directa do presidente- No recorte constitucional de importantes poderes próprios:- Dissolução da assembleia da república- Nomeação do primeiro-Ministro;- Exoneração do Governo.

Firmino Emílio 13

Page 14: Direito Constitucional II 2012- Firmino

2.5.2 – Caracterização jurídico-constitucional dos órgãos de soberaniaa) Presidente da República

O Presidente da República é o Chefe do Estado, simboliza a unidade nacional, representa a Nação no plano interno e internacional e zela pelo funcionamento correcto dos órgãos do Estado. Como chefe do Estado, ele é o garante da Constituição. É ao mesmo tempo Chefe do Governo e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança. – vide artigo 146 CRM.

Eleito por sufrágio universal directo, igual, secreto, pessoal e periódico, vence as eleicoes o que reunir mais de metade dos votos expressos.

As competências gerais do PR estao previstas no artigo 159 da CRM e outras competências no domínio do Governo, da defesa e ordem pública e demais funcoes estao nos artigos seguintes do mesmo diploma.

b) Assembleia da República

Refere o artigo 168 da CRM que a Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos moçambicanos e que o deputado representa todo o país e não apenas o círculo pelo qual é eleito.

A Assembleia da República, eleita por sufrágio universal, directo, secreto e periodico, é o mais alto órgão legislativo na República de Moçambique e determina as normas que regem o funcionamento do Estado e a vida económica e social através de leis e deliberações de carácter genérico, como alude o artigo 169.

Suas competencias estao previstas no artigo artigo 179 da CRM onde se destaca a legislacao sobre as questões básicas da política interna e externa do país, a provacao das leis constitucionais;b) aprovar a delimitação das fronteiras da República de Moçambique, deliberacao sobre a divisão territorial e outras tantas.Seus actyos assumem a forma de lei e de resolução e são publicados no Boletim da República.

c) Conselho de Ministros (Governo)

A CRM refere no seu artigo 200 que o Governo da República de Moçambique é o Conselho de Ministros, sendo composto pelo Presidente da República que a ele preside, pelo Primeiro-Ministro e pelos Ministros. os Vice-Ministros e os Secretários de Estado podem ser convidados nas reunioes do Governo, mas não são seus membros.

O Gocerno tem como funcao asseguras a administração do país, garantir a integridade territorial, velar pela ordem pública e pela segurança e estabilidade dos cidadãos, promover o desenvolvimento económico, implementar a acção social do Estado, desenvolver e consolidar a legalidade e realizar a política externa do país (vide artigo 203 CRM) e suas competencias estao prevstas no artigo 204 CRM, onde se destaca, a de garantir o gozo dos direitos e liberdades dos cidadãos, assegurar a ordem pública e a disciplina social, preparar propostas de lei a submeter à Assembleia da República, aprovar decretos-lei mediante autorização legislativa da Assembleia da República, entre outros.

Firmino Emílio 14

Page 15: Direito Constitucional II 2012- Firmino

É da exclusiva iniciativa legislativa do Governo a matéria respeitante à sua própria organização, composição e funcionamento.

2.5.3 – Interdependência Entre os Órgãos de Soberaniaa) Relações entre o Presidente da República e a Assembleia da República

O PR dispõe de direito de veto (art.163.º CRM). Veto politico (art.163.ºCRM) – poder do PR que se destina a paralisar actuações legislativas da AR, com base na discordância contra mérito da oportunidade politica.

Pode ser superado pela maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções. Pode ser superado pela maioria de 2/3 dos deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta os deputados em efectividade de funções (art. 163/4 CRM). Veto por inconstitucionalidade – uma norma é remetida para o PR, ele tem dúvidas sobre a constitucionalidade da norma e requer a sua fiscalização (preventiva) ao CC, para o CC se pronunciar sobre a sua constitucionalidade, se for inconstitucional ele veta por inconstitucionalidade.

O PR tem o poder de dissolução da AR caso rejeite, após debate, o Programa do Governo e o PR convoca novas eleições legislativas, nos termos da Constituição. (art. 159.º, alínea e) e 188º (189.ºCRM (limites).

- Maioria simples: mais votos a favor do que contra.- Maioria absoluta: metade mais um.

Quando uma lei remetida para o PR, este pode:- Promulgar a lei;- Exercer veto político- Exercer veto por inconstitucionalidade

b) Relações entre o Presidente da República e o Conselho de Ministros

O presidente da República é o Chefe do Governo (artigo 146, n.º 3 CRM).

O PR nomeia e exonera os membros do Conselho de Ministros e ainda o PR nomeia e exonera o primeiro-ministro, pois, atesta o artigo 159 CRM que no domínio do Governo, compete ao Presidente da República convocar e presidir as sessões do Conselho de Ministros; nomear, exonerar e demitir o Primeiro-Ministro, criar ministérios e comissões de natureza inter-ministerial e ainda nomear, exonerar e demitir os Ministros e Vice-Ministros.Nos termos do artigo 159 CRM, o PR demite os restantes membros do Governo quando o seu programa seja rejeitado pela segunda vez pela Assembleia da República.

O artigo 207 CRM tambem alude qoe o Conselho de Ministros responde perante o Presidente da República pela realização da política interna e externa e presta-lhes contas das suas actividades nos termos da lei e continua no artigo seguinte que os membros do Conselho de Ministros respondem perante o Presidente da República e o Primeiro-Ministro pela aplicação das decisões do Conselho de Ministros na área da sua competência.

Firmino Emílio 15

Page 16: Direito Constitucional II 2012- Firmino

– Relações entre a Assembleia da República e o Conselho de Ministros

Responsabilidade política do Governo perante a AR, o que resulta do artigo 207 CRM ao estatuir que o Conselho de Ministros responde perante (…) a Assembleia da República pela realização da política interna e externa e presta-lhes contas das suas actividades nos termos da lei. E para tanto, conclui-se que há controlo da Assembleia sobre a actuação do Governo, através de moção de censura ou de confiança.

Também nos termos dos artigos 180 da CRM, a AR tem competência de autorizar o Governo a legislar, através das chamadas leis de autorização legislativa, sobre determinadas matérias, por meio de decretos-lei (vide artigos 143, n.º 3 e 181 CRM).

Há, no entanto, a apreciação parlamentar de decretos-lei, como resulta do artigo 179, alínea s) CRM pois, é a AR que tem o predomínio legislativo.

2.6 – Qualificação do Sistema de Governo moçambicanoElementos caracterizadoresRegime misto parlamentar – presidencial, onde são visíveis elementos caracterizadores do regime parlamentar e dimensões da forma de Governo presidencialista.- Não é um modelo puro;- Tem traços de ambos os modelos (parlamentar e presidencial)Verifica-se:- Centralidade do eixo parlamento-Governo;- Centralidade dos poderes do presidente; - Chefia do executivo entregue ao presidente.

Traços do regime presidencial

- Instituição de um PR eleito através de sufrágio directo (art.146.ºCRM)- É diferente do Regime parlamentar, em que o PR é eleito pelo parlamento.- Direito de veto político e legislativo (art.163.ºCRM)- O Presidente pode opor-se através de veto político às leis votadas pela AR.- O veto político traduz-se na possibilidade do PR poder paralisar a actuação da- AR ou de Governo.- Titularidade de poderes de direcção política- Em períodos de normalidade constitucional.- Ex. Nomeação do PM. Decisão quanto a propostas referendárias, ratificação- de tratados internacionais (arts.160.º, 159.º, 162.º CRM)- Em períodos de crise- Ex. Dissolução da AR, demissão do PM, declaração de estado de sítio.

Traços de racionalização parlamentar presidencialistaDupla responsabilidade do Governo (art. 207.º, 208.ºCRM) perante:- O PR (art.205.ºCRM)- A AR (art.206. ºCRM)Interdependência institucionalPresidente da República e Primeiro-MinistroPoderes do Presidente da República são:

Firmino Emílio 16

Page 17: Direito Constitucional II 2012- Firmino

-Poderes institucionais (art. 146.º CRM): garantia de regulamento das instituições democráticas (art.159.º CRM).- Poderes executivos detém um: Poder Inicial – nomeação do PM (art. 160/1-b CRM); Poder final – demissão do Governo.

Assim, podemos concluir que o sistema de Governo de Moçambique não é um sistema puro, comportando traços dos sistemas presidencial e parlamentar. Alguns autores referem que o sistema do governo de Moçambique é de pendor presidencialista ou sistema de governo presidencial reforçado.

2.7– Funcionamento do Sistema de Governo moçambicano

A realidade moçambicana contempla um sistema republicano, contra a monarquia; democrático baseado na separação de poderes, no princípio da jurisdicidade (primado da Lei). O Chefe de Estado é eleito em sufrágio universal directo, secreto e periódico. Existe ainda o princípio da limitação de mandatos, onde o PR só pode exercer no máximo dois mandatos seguidos, de 5 anos cada, – 10 anos no máximo.

O Principio Democrático e a Forma Politica de Governo: Significa o exercício do poder público baseado em escolhas livres, periódicas, com mandatos limitados no tempo, as escolhas têm em conta o critério maioritário.

Existe um conselho de ministros, presidido por chefe de Governo, com autonomia institucional e competência própria.

Existe um Governo dirigido pelo Presidente da República como órgão de soberania institucionalmente autónomo (art. 133.º e 200.º CRM)

Define o Governo como órgão de administração pública que funciona em Conselho de Ministros.

Responsabilidade política do governo perante a Assembleia da República/Parlamento e o Presidente (arts. 203.ºCRM). Portanto, o Governo é duplamente responsável.

A AR é composta de deputados eleitos por via partidária, embora cada deputado concorra individualmente (ao nível dos partidos políticos).

A Assembleia da República é um órgão de soberania, o mesmo que acontece em relação ao PR e o Governo.

O PR e o Governo são órgãos distintos, embora o primeiro faça parte do segundo.

III. Procedimento legislativo Moçambicano

3.1. Procedimento legislativo segundo a CRM de 2004

3.1.1. Conceito de procedimento legislativo

Firmino Emílio 17

Page 18: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Segundo Jorge Miranda, seja qual for o órgão competente para a emanar, a lei resulta necessariamente de um processo ou procedimento; resulta de uma sucessão de actos de vária estrutura e relativamente autónomos encadeados para um fim; corresponde ao momento conclusivo desse processo ou procedimento.

Canotilho defende, por sua vez que a formação dos actos normativos obedece a um iter juridicamente regulado que se costuma designar por procedimento. A actual relevância do estudo da forma jurídica de desenvolvimento das actividades públicas (e, dentre elas, as normativas) justifica o tratamento autónomo das questões de procedimento.

Aqui interessa salientar que nem todos os procedimentos normativos gozam de dignidade constitucional formal (a CRM apenas regula com algum pormenor o procedimento dos actos legislativos da AR.

Para Canotilho, designa-se por procedimento legislativo a sucessão de série de actos (ou de fases, consoante a posição doutrinal respeitante à natureza de procedimento) necessários para produzir um acto legislativo. A lei é o acto final do procedimento.

As várias fases procedimentais, disciplinadas com maior ou menor particularização nos vários ordenamentos, estão pré-ordenadas à produção de um acto final, a que chamaremos lei formal de Assembleia. Deste modo, o procedimento legislativo é um complexo de actos, qualitativa e funcionalmente heterogéneos e autónomos, praticados por sujeitos diversos e dirigidos à produção de uma lei do Parlamento.

Noutros termos, segundo o mesmo autor (Canotilho) o procedimento legislativo é a forma da função legislativa, isto é, o modo ou iter segundo o qual se opera a exteriorização do poder legislativo.

O procedimento em análise refere-se ao procedimento legislativo do Parlamento, pois, no que respeita ao Governo, para além de algumas referências constitucionais, não há normas constitucionais especificamente reguladoras de procedimento de decretos-leis (o mesmo se diga quanto aos decretos e diplomas ministeriais).

3.1.2 – Fases do procedimento legislativo

Os actos instrumentais constitutivos do procedimento legislativo sucedem-se através de uma série de fases procedimentais que, em geral, se reconduzem a três: (1) fase de iniciativa; (2) fase constitutiva; (3) fase de activação ou integração de eficácia.

Alguns autores preferem aludir a cinco fases que ordenam da forma seguinte: a) fase de iniciativa; b)fase instrutória, na qual incluem fundamentalmente os actos de consulta; c)fase constitutiva na qual incluem os actos de formação de vontade (discussão e votação); d) fase de controlo destinada a avaliar do mérito e de conformidade do acto legislativo; e)fase de comunicação, cuja finalidade principal é dar publicidade e tornar obrigatório o acto legislativo.

I — Fase de iniciativa

Firmino Emílio 18

Page 19: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Na fase de iniciativa englobam-se os actos propulsivos do procedimento legiferante. A função específica desta fase é, pois, «colocar em andamento» o poder legislativo, fornecendo-lhe o impulso jurídico necessário para a sequência procedimental.

O direito de iniciativa legislativa (cfr. Artigo 183 CRM) manifesta-se através da apresentação à AR de um texto articulado de preceitos normativos denominados, conforme os casos, por projectos de lei (iniciativa parlamentar pertencente aos deputados, bancadas e comissoes parlamentares) e por ante-projecto de lei (iniciativa legislativa governamental, pertencente ao Governo).

Depois da revisão de 2004, os deputados podem também ter iniciativa referendaria através de projectos (artigo 136, n.º 2 CRM).

O sistema de iniciativa moçambicano configura-se como um sistema de iniciativa pluralística, dado que o poder de iniciativa é constitucionalmente atribuído a vários órgãos (sujeitos constitucionais). Esta iniciativa legislativa concebe-se juridicamente como um poder (rec-tius: direito-poder), pois o poder dos deputados, bancadas e comissões parlamentares, presidente da República e Governo é-lhes atribuído directamente pela Constituição para a realização do interesse público (exercício da função legislativa), tendo em conta a sua posição jurídica no ordenamento constitucional.

O fundamento para o exercício do direito de iniciativa legislativa é, muitas vezes, o dever concretamente imposto pela Constituição (imposições constitucionais e ordens de legislar) no sentido de as entidades legiferantes adoptarem determinadas medidas legislativas concretizadoras das normas constitucionais.

A iniciativa é o impulso do procedimento legiferante. Este processo não se limita a uma simples aprovação ou rejeição, antes pressupõe uma fase de discussão e elaboração.

II — Fase instrutória

A fase instrutória, que se segue à fase de iniciativa, tem por finalidade recolher e elaborar os dados e elementos que permitam analisar a oportunidade do procedimento legislativo bem como o respectivo conteúdo. A aquisição de dados efectua-se quer aproveitando os materiais fornecidos pelas entidades que tiveram a iniciativa da lei, quer através de recolha autónoma efectuada pela comissão da AR competente para apreciação do texto apresentado.

III — Fase constitutiva

Designa-se por fase constitutiva (fase de decisão, fase dispositiva, fase conclusiva, fase decisiva, fase decisória, fase deliberativa) aquela em que se produz o acto principal e ao qual se reportam os efeitos jurídicos essenciais. Esta fase constitui também uma espécie de “centro de atracção” dos actos enquadrados noutras fases de procedimento.

A fase constitutiva não é cronologicamente a última (a seguir à aprovação da lei segue-se a promulgação do PR e a publicação no Boletim da República), mas é aquela em que se determina o conteúdo do acto.

Firmino Emílio 19

Page 20: Direito Constitucional II 2012- Firmino

A fase constitutiva do procedimento legislativo inclui vários sub-procedimentos (de resto, típicos de todos os procedimentos, cujo acto final consiste numa deliberação de órgão colegial: (1) discussão ou debate; (2) votação; (3) redacção.

A discussão e a votação no Plenário (cfr. art. 184.° da CRM e 145.° ss da AR) compreendem uma discussão e votação na generalidade (a discussão incide sobre os princípios e o sistema de cada projecto ou proposta de lei e a votação na generalidade incide sobre cada projecto ou proposta de lei) e uma discussão e votação na especialidade (a discussão versa sobre cada artigo e a votação sobre cada artigo, número ou alínea).

Quando a CRM ou o Regimento da AR se referem à aprovação das propostas ou projectos de lei, sem qualquer outra especificação, deve entender-se que a referência diz respeito à votação final e global.

As três votações — votação na generalidade, votação na especialidade e votação final global — obedecem a lógicas distintas: (1) a votação na generalidade incide sobre a oportunidade e sentido global do projecto ou proposta de lei; (2) a votação na especialidade incide sobre as soluções concretas a aprovar no texto da norma (3) a votação final global concentra-se no texto apurado na especialidade, fazendo-se um juízo definitivo e final sobre o projecto ou proposta de lei submetidos a discussão e votação.

IV — Fase de controlo

A edição do acto conclusivo ou decisório do procedimento legislativo não encerra o iter necessário para a perfeição do acto legislativo.

Existe ainda uma fase de controlo destinada a permitir a avaliação do mérito e da conformidade constitucional do acto legislativo.

Os projectos ou propostas de lei, uma vez aprovados, são enviados ao Presidente da República para efeitos de promulgação (artigos 191, alínea c) e 163 CRM). A promulgação está associada ao direito de veto do PR através do qual ele controla materialmente o mérito político (veto político) e a conformidade constitucional (artigo 246, n.º 1 CRM, veto por inconstitucionalidade) dos decretos da AR.

V — Fase de integração de eficácia

A fase de integração de eficácia abrange os actos destinados a tornarem eficaz, o acto legislativo (requisitos de eficácia), designadamente através da sua publicidade. Os actos de integração de eficácia (= actos de comunicação) não são requisitos de perfeição ou validade do acto legislativo; visam, sim, tornar os actos perfeitos em actos obrigatórios e oponíveis, levando-os ao conhecimento — através da publicação no Diário da República — dos cidadãos (requisito de eficácia).

3.2 - Fases do Procedimento Legislativo Moçambicano

Na elaboração das leis seguem-se diversas tramitações que são: elaboração da lei; aprovação; promulgação da lei; publicação da lei; entrada em vigor e cessão da vigência.

Firmino Emílio 20

Page 21: Direito Constitucional II 2012- Firmino

1.1 – Elaboração da lei – a elaboração do texto inicial surge através dum estudo duma certa matéria. Assim temos o ante-projecto. Tem competência de iniciar processo legislativo aquele que tenha o poder de iniciativa legislativa.

A lei começa por uma proposta ou projecto, apresentado à Assembleia da República (AR) ou Presidente da República (PR). O exercício dessa iniciativa produz-se na elaboração dum texto designado embrião da futura lei, que se chama propriamente de projecto quando emanado dos deputados da AR e ante-projecto quando emanado dos demais órgãos, mormente o Governo.

Os órgãos com o poder legislativo, segundo o artigo 183 da CRM, são os seguintes: - Os deputados- As Bancadas Parlamentares - A Comissão da Assembleia da República - O Presidente da República- O Governo

1.2 – Discussão e Votacao - Uma vez feito o texto legislativo há a discussão e depois a votação.

O regime de discussão e votação encontra-se consagrado no artigo 184 da CRM, o qual estatui que a discussão das propostas e projectos de lei (…) compreende um debate na generalidade e outro na especialidade.

No seu número 2, esclarece que a votação compreende uma votação na generalidade, uma votação na especialidade e uma votação final global.

A votacao é feita segundo as regras do artigo 187 da CRM, sendo que a AR só pode deliberar achando-se presentes mais de metade dos seus membros.

Se a Assembleia assim o deliberar, os textos aprovados na generalidade são votados na especialidade pelas comissões, sem prejuízo do poder de avocação pelo Plenário e do voto final deste para aprovação global (vide artigo 184, n.º 3 CRM). 1.3 – Aprovação da lei – a terceira fase depois de ter o número de votos necessário é aprovacao da lei, isto é, por uma maioria legalmente estabelecida.

Consagra, pois, o artigo 187, n.º 2 da CRM que e as deliberações da Assembleia da República são tomadas por mais de metade dos votos dos deputados presentes.

Até aqui podemos dizer que a lei já existe. Mas se ela existe, ainda não tem vida jurídica.

1.4 – Promulgação da Lei – é o acto pelo qual o Presidente da República atesta solenemente a existência da lei e ordena que se execute. O artigo 163 da CRM diz expressamente que “compete ao Presidente da República promulgar e mandar publicar as leis no Boletim da república”.

E o número 2 do mesmo artigo estabelece o prazo de trinta dias para a promulgação das leis. Pode o PR, no mesmo prazo (artigo 246, n.º 2 CRM) requerer ao Conselho Constitucional a

Firmino Emílio 21

Page 22: Direito Constitucional II 2012- Firmino

apreciacao da constitucionalidade da lei (artigo ), altura em que fica interropindo o prazo da promulgacao (artigo 246, n.º 3 CRM).

Nos casos em que o Conselho Constitucional se pronuncie pela inexistência da inconstitucionalidade, o Presidente da República pode promulgar a lei, sendo que o prazo interrompido começa a correr.

Se o Conselho Constitucional se pronunciar pela inconstitucionalidade, o Presidente da República veta e devolve o diploma à Assembleia da República (n.º 5 do artigo 246 CRM).

Assim, o PR tem poder de vetar a lei e mandar à AR para reexame (artigo 163, n.º 3 CRM).

A lei vetada pode ser aprovada por maioria de dois terços dos deputados, situação em que o Presidente da República deve promulgá-la e mandá-la publicar.A consequência da falta da promulgação da lei é a sua inexistência.

1.5 – Publicação da Lei – a publicação é o meio pelo qual a lei é levada ao conhecimento geral dos cidadãos. As leis só devem ser aplicadas se forem conhecidas pelos seus destinatários. O modo normal da publicação das leis é através do B.R. (vide o disposto no artigo 182 CRM). A consequência da falta da publicação das leis é a ineficácia.

1.6 – Entrada em vigor – a entrada em vigor indica o momento a partir do qual a norma torna-se obrigatória.

Vacatio Legis – o momento da entrada em vigor pode coincidir com o momento da publicação, mas tem sido frequente que haja um lapso de tempo que medeia a sua publicação e a entrada em vigor.

O período de vacatio legis é normalmente mais longo para textos legais mais longos (por exemplo, os códigos, o que pode permitir a sua reformulação, uma vez que os diplomas algumas vezes saem com erros.

1.7 – Cessação das Leis – a cessação da vigência da lei é a situação em que ela deixa de vigorar, e pode ser de duas formas:

1.7.1- Caducidade – Implica a extinção da vigência da lei e da eficácia dos seus efeitos, em virtude da superveniência de um facto com força bastante para tal. Na caducidade é a própria lei, o próprio diploma que marca o período da norma, de maneira que decorrido aquele período, a lei caduca (ou morre).

A caducidade pode verificar-se de dois modos: 1.- Que o facto seja tal que por natureza (ex natura) faça perder o campo da aplicação da lei. Imaginemos a lei sobre os antigos combatentes, morrendo o último combatente da guerra, a lei não tem eficácia, porque não se aplica a nada; uma lei sobre regras de higiene num período de epidemia findo aquele facto, a lei caduca.

2.- Que o facto seja previsto na própria lei ou diploma ou noutra lei de valor hierárquico superior a ela.

1.7.2- Revogação – é o modo ordinário comum de cessação da vigência da lei.

Firmino Emílio 22

Page 23: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Aqui não é a própria lei que determina o fim da norma, mas um outro diploma que pôr fim a outra lei.

Assim, a revogação é definida como o afastamento da lei por outra lei de valor hierárquico superior ou igual.

A doutrina distingue, quanto a forma, em três tipos de revogação a saber:1.- Revogação Expressa – Um preceito da lei nova designa uma lei anterior e a decreta revogada. Esta revogação pode referir-se a uma individualização de normas ou a um grupo de normas mais ou menos amplo.

2.- Revogação Tácita – verifica-se quando não há lugar a revogação expressa, havendo apenas uma incompatibilidade entre a lei anterior e a lei nova.

3.- Revogação de Sistema – verifica-se quando, mesmo que não haja revogação expressa nem tácita, no entanto a intenção do legislador é de que certo diploma passe a ser o único texto que regule determinada matéria.

Quanto a extensão, a revogação poder ser: 1.- Derrogação - a lei derroga-se quando a revogação só atinge uma parte do conteúdo, deixando de vigorar alguma ou algumas disposições e continuando a vigorar as restantes. É a revogação parcial.

2.- Abrogação - a lei abroga-se quando há uma supressa total da lei revogada. É a revogação total.

Exemplos:Artigo 7 CC: 1- Quando não se destine a ter vigência temporária, a lei só deixa de vigorar se for revogada por outra lei.2.-A revogação pode resultar de declaração expressa, da incompatibilidade entre as novas disposições e as regras precedentes ou da circunstância de a nova lei regular toda a matéria da lei anterior.3.-A lei geral não revoga a lei especial, excepto se outra for a intenção inequívoca do legislador.4.-A revogação da lei revogatória não importa o renascimento da lei que esta revogara.

IV – Estruturas de Controlo e de Garantia da Constituição

Firmino Emílio 23

Page 24: Direito Constitucional II 2012- Firmino

4.1. Garantia e controlo

A garantia da constituição é um conjunto de instrumentos necessários para a defesa da constituição.

A constituição é a Lei Fundamental do Estado. Esses mecanismos podem ser garantias internas ou garantias externas.

São internas as que se encontram dentro de um determinado ordenamento jurídico;E estas podem ser gerais se visam a defesa de toda a ordem constitucional ou garantias especiais quando visam a defesa de determinados capítulos da Constituição. Ainda podemos ter as garantias informais, as relacionadas com a ética e o comportamento dos governantes e garantias institucionais quando têm em conta a defesa das instituições.

Há também as garantias ordinárias quando estão relacionadas com a normalidade constitucional e garantias extraordinárias, as que estão relacionadas com a anormalidade constitucional (Estado de Sitio e Estado de emergência).

Porque é que a ordem jurídica ergue esses instrumentos de defesa? Em primeiro lugar, porque o poder público pode ser violador da ordem constitucional e em segundo lugar, porque visa a salvaguarda dos direitos fundamentais.

Assim, todos os partidos inconstitucionais na sua existência, surgimento e prática politica, não podem existir. É uma protecção contra movimentos associativos totalitários.

Consequências dessas garantias – Possibilidade de existencia de crimes políticos e crimes de função (Ministros, por exemplo).- Direito de resistência, com vista à defesa dos valores supremos da CRM;- Direito à objecção de consciência (ninguém está obrigado a cumprir leis ou ordens que chocam com a dignidade da pessoa humana;- Defesa da ordem e dos valores constitucionais (revisão constitucional), tendo em conta os limites materiais de revisão;- Estado de excepção constitucional: nesta situação concreta estaremos perante uma perturbação da ordem constitucional.

4.1.1. Constitucionalidade

É a conformidade dos actos / leis com a constituição. A CRM pode ser violada de várias formas, pode ser violada explicitamente (de forma clara) ou implicitamente (por violação de uma das suas normas ou regra).- Violação por acção – O órgão público praticou um acto que viola a CRM.- Violação por omissão – O órgão público, por omissão (consciente ou não) não praticou ou deixou de praticar um acto que estava obrigado.

A inconstitucionalidade pode verificar-se dentro de um órgão concreto (orgânico).

Firmino Emílio 24

Page 25: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Exemplo: O PR começa a desenvolver funções que são da competência do Governo (usurpação de funções de outro órgão).

A violação da CRM pode ser formal – Por exemplo, o PR emite decretos presidenciais não pode emitir decretos do governo, porque são reservados ao governo.

Violação do ponto de vista do procedimento legislativo – Incumprimento de requisitos na publicação da lei. Se a lei for mandada publicar antes de se cumprirem todos os requisitos constitucionais.

A violação da constituição pode ser total ou parcial.

4.1.2. Consequência da violação da Constituição

O acto jurídico inconstitucional, ferido de inconstitucionalidade, pode ser nulo. Ex tunc (nulidade radical) e Ex nunc (nulidade parcial).

A violação da Constituição pode acarretar as seguintes responsabilidades:• Penal – pena de prisão• Contra-Ordenacional• Responsabilização financeira (cível)• Responsabilidade disciplinar• Responsabilidade política (perda de mandato, substituição, perda de lugar).• A responsabilização pode ser por via da fiscalização da constitucionalidade preventiva – o Chefe de Estado antes de promulgar um diploma, pode desencadear um processo de fiscalização preventiva.

Também podemos ter a fiscalização concreta e difusa por via dos Tribunais. O Tribunal, num caso concreto, ao aplicar uma determinada norma, duvida da constitucionalidade dessa norma, como tal pode requerer a fiscalização da constitucionalidade dessa norma através do Ministério Público e se for declarada inconstitucional pode ser expurgada da ordem jurídica.

4.2. Noções e tipos de inconstitucionalidade

4.2.1. Noçao

Segundo Jorge Miranda, a constitucionalidade e inconstitucionalidade designam conceitos de relação: a relação que se estabelece entre uma coisa - a Constituição - e outra coisa - um comportamento - que lhe está ou não conforme, que cabe ou não cabe no seu sentido, que tem nela ou não a sua base.

Resultam do confronto de uma norma ou de um acto com a Constituição, correspondem a atributos que tal comportamento recebe em face de cada norma constitucional.

Na questão da inconstitucionalidade, segundo Jorge Miranda, apenas é relevante o não cumprimento de normas constitucionais pelo Estado.

Firmino Emílio 25

Page 26: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Portanto: O primeiro termo da relação de inconstitucionalidade é a Constituição: Por referência a uma norma constitucional determinada, certa norma que rege certo comportamento; por referência ou certa norma, ou a certo segmento de norma, seja qual for a sua expressão verbal. Há sempre uma norma violada, e não outra. Pela inconstitucionalidade, transgride-se uma norma constitucional uma a uma, não se transgridem todas ao mesmo tempo e de igual modo.

A Constituição, através de qualquer das suas normas em vigor ou, quando tenha ocorrido revisão constitucional, através de qualquer das suas normas já não em vigor (mas relativamente a situações produzidas durante o seu tempo de vigência).

O segundo termo é o comportamento do poder público:a) Um comportamento de órgão do poder político ou de entidades públicas.b) Um comportamento de órgão do poder político, e não dos particularesc) Um comportamento de órgãos de poder político no exercício da sua autoridade própriad) Um comportamento tanto positivo - uma acção - como negativo - uma omissão; e) Um comportamento infraconstitucional, um comportamento subordinado à Constituição ou, doutra perspectiva, no caso de acto normativo, uma norma infraconstitucional ou uma norma constitucional - mas esta criada por revisão, e não uma norma constitucional originária, produto do poder constituinte (originário).f) Um comportamento, seja qual for o seu conteúdo - normativo ou não normativo, geral ou individual, abstracto ou concreto. g) Qualquer comportamento de Direito interno, e apenas norma de Direito internacional quando aplicável na ordem interna.

4.2.2. Tipos de inconstitucionalidade

A inconstitucionalidade por acção - é a inconstitucionalidade positiva, a que se traduz na prática, de acto jurídico-público que, por qualquer dos seus elementos, infringe a Constituição.

A inconstitucionalidade por omissão - é a inconstitucionalidade negativa, a que resulta da inércia ou do silêncio de qualquer órgão de poder, o qual deixa de praticar em certo tempo o acto exigido pela Constituição.

A inconstitucionalidade diz-se total ou parcial, consoante afecta todo um acto ou apenas uma sua parte, seja esta uma norma em face do conjunto das normas de um diploma ou parte de uma norma e não toda a norma (quando possa proceder-se a tal decomposição e operar-se depois uma redução ou uma conversão).

A distinção pode também reportar-se ao tempo de aplicação da norma, sendo total então a inconstitucionalidade que a atinge em todo o tempo de vigência e parcial a que atinge apenas em determinado, limitado tempo.

Quanto à inconstitucionalidade por omissão, é total aquela que consiste na falta absoluta de medidas legislativas ou outras que dêem cumprimento a uma norma constitucional ou a um dever prescrito por norma constitucional e parcial aquela que consiste na falta de

Firmino Emílio 26

Page 27: Direito Constitucional II 2012- Firmino

cumprimento do comando constitucional quanto a alguns dos seus aspectos ou dos seus destinatários.

A inconstitucionalidade material reporta-se ao conteúdo, a inconstitucionalidade formal à forma do acto jurídico-público (porque a distinção recai dentro da inconstitucionalidade por acção).

Noutra perspectiva atende-se preferentemente à norma ofendida e qualifica-se então a inconstitucionalidade de material, quando é ofendida uma norma constitucional de fundo, de orgânica, quando se trata de norma de competência, e de forma, quando se atinge uma norma de forma ou de processo.

Não é apenas a inconstitucionalidade material que pode ser total ou parcial, também a inconstitucionalidade orgânica e a formal. Se é certo que estas afectam o acto em si, não menos seguro é que, afectando-o, vão projectar-se no seu resultado, designadamente na norma que seja seu conteúdo (por exemplo, há inconstitucionalidade orgânica parcial se um acto provém de um órgão que não poderia decretar algumas das normas nele contidas).

A separação entre inconstitucionalidade originária e superveniente concerne o diverso momento de edição das normas constitucionais. Se na vigência de certa norma constitucional se emite um acto (ou um comportamento omissivo) que a viola, dá-se inconstitucionalidade originária. Se uma nova norma constitucional surge e dispõe em contrário de uma lei ou de outro acto precedente, dá-se inconstitucionalidade superveniente.

A dicotomia inconstitucionalidade presente - inconstitucionalidade pretérita apresenta-se sob duas feições:a) Inconstitucionalidade presente ou actual como inconstitucionalidade perante norma constitucional em vigor e inconstitucionalidade pretérita ou póstuma como inconstitucionalidade perante norma que já não se encontra em vigor;b) Inconstitucionalidade presente como inconstitucionalidade de norma infraconstitucional em vigor e inconstitucionalidade pretérita como inconstitucionalidade de norma infraconstitucional que já não se encontra em vigor (por ter sido revogada ou ter caducado).

A inconstitucionalidade apresenta-se antecedente ou consequente do prisma do seu apuramento. A inconstitucionalidade antecedente (contraposta à consequente) vem a ser a que se divisa através de um juízo de inconstitucionalidade levado a cabo a título específico ou principal ou que resulta, directa e imediatamente, do confronto de um acto ou comportamento com a Constituição. A inconstitucionalidade consequente vem a ser a que decorre como corolário desse juízo ou a que inquina certo acto por inquinar outro acto de que ele depende.4.3. Meios e institutos de defesa da Constituição

4.4. A fiscalização judicial como instituto de garantia e controlo da Constituição

Segundo FERREIRA1, “nenhuma validade prática tem os direitos do homem se não se efectivarem determinadas garantias em sua protecção”.

As Garantias Constitucionais Gerais são as próprias técnicas da organização dos poderes públicos, que segundo Luigim Palma: “a verdadeira garantia constitucional está na

1 Curso de Direito Constitucional, Luiz Pinto Ferreira, São Paulo, Saraiva, 1998, 9ª edição, pág.131/132.

Firmino Emílio 27

Page 28: Direito Constitucional II 2012- Firmino

organização política e administrativa, a saber, na própria organização política e administrativa, a saber, na própria organização dos poderes públicos, gizada de tal sorte, pela Constituição e pelas leis, que cada um deles encontre na sua acção freios capazes de detê-los, de constrangê-los a permanecer na ordem jurídica, segundo os casos, de moderá-los, de eliminá-los, de proteger o cidadão contra os arbítrios, as precipitações, os abusos, e reparar-lhes os agravos sofridos”.

Do Curso de Direito Constitucional de Paulino Jacques, traz a classificação das Garantias Constitucionais Especiais, a saber:a) as garantias criminais preventivas, que são a legalidade da prisão, a caucionabilidade do delito, a comunicabilidade da prisão, o habeas corpus, a plenitude da defesa, a inexistência de foro privilegiado e de tribunais de excepção, a legalidade do processo e da sentençab) as garantias criminais repressivas, que abrangem a individualização, a personalização e a humanização da pena, a inexistência de prisão civil por dívida, multa ou custas, e a inexistência de extradição de moçambicano e de estrangeiro por crime político ou de opinião c) as garantias tributárias, que abarcam a legalidade do tributo e a de sua cobrança;d) as garantias civis, abrangendo a assistência judiciária gratuita, o rápido andamento dos processos nas repartições públicas, informações, a expedição de certidões, o direito de representação e a acção popular.

Entre essas garantias estão ainda a irretroactividade da lei e do controle judiciário das leis, amparando as liberdades privadas do cidadão.

A Constituição moçambicana de 1990 e de 2004 valorizaram o respeito à pessoa humana e ampliou as garantias civis com novos remédios processuais, a título exemplificativo o habeas corpus.

As garantias Constitucionais são os remédios que asseguram as liberdades; portanto, os direitos e garantias se complementam.

Canotilho em seu Direito Constitucional, fala dos princípios-garantia, que se traduzem no estabelecimento directo de garantias para o cidadão. É lhes atribuída a densidade de autêntica norma jurídica e em força determinante, positiva e negativa.

Na sequência das alterações constitucionais de 1990 e com a transição desta para a de 2004 a Constituição moçambicana é considerada uma das mais avançadas do mundo na parte referente aos direitos individuais e colectivos.

4.5. As garantias na Constituição moçambicana

Título XV nos Capítulos I, ocupando-se dos estados de sítio e de emergência, desde o artigo 282 a 290 e Capitulo II relativo à Revisão da Constituição, que vai de 291 ao artigo 296, a Constituição trata de garantias constitucionais.

4.5.1. A Fiscalização da constitucionalidade e da legalidade no direito moçambicano

Firmino Emílio 28

Page 29: Direito Constitucional II 2012- Firmino

A Constituição da República de Moçambique de 2004 consagra um princípio da constitucionalidade, baseado nos seguintes pressupostos:Vinculação do exercício da soberania popular às formas fixadas na Constituição;Subordinação do Estado à Constituição e à lei;Especial vinculação dos órgãos de soberania ao dever de respeitar a Constituição e à lei;Prevalência das normas constitucionais sobre as restantes normas do ordenamento jurídico;Invalidade das normas contrárias à Constituição; Inconstitucionalidade superveniente do direito ordinário contrário à Constituição

4.5.2. Modelo da Fiscalização da ConstitucionalidadeFiscalização jurisdicional difusa (controlo sucessivo concreto difuso e incidental por todos os tribunais (Artigos 214 e 247 da CRM)];Fiscalização jurisdicional concentrada controlo abstracto (preventivo e sucessivo), exercido exclusivamente pelo Conselho Constitucional (Artigos 244, nº 1, alínea a), 245 e 246 da CRM).

A – Modalidades de Fiscalização

Fiscalização preventiva (Artigo 246 da CRM);Fiscalização sucessiva abstracta (Artigo 245 da CRM);Fiscalização concreta (Artigo 214 e 247 da CRM).

A – Objecto de Fiscalização

Actos normativos dos órgãos do EstadoLeis da Assembleia da República;Decretos-leis do Governo;Decretos normativos do Presidente da República;Decretos regulamentares do Governo;Avisos do Governador do Banco de Moçambique

Exclusão dos actos das funções políticas stricto sensu, jurisdicional e administrativa

Fiscalização preventiva: Pressupostos processuais subjectivosÓrgão de controlo – Conselho Constitucional, exclusivamenteLegitimidade activa – Presidente da república, exclusivamente

Pressupostos processuais objectivosObjecto de controlo – Diplomas sujeitos a promulgação: Leis aprovadas pela Assembleia da RepúblicaMomento do controlo – fase de promulgaçãoPrazo de iniciativa – nos 30 dias fixados para a promulgação da leiEfeito do requerimento do Presidente da República – interrupção do prazo para a promulgação da lei.

Efeitos de decisãoDecisão de não provimento – início da contagem do novo prazo de promulgação da lei;Decisão de provimento – veto obrigatório do Presidente da República, por inconstitucionalidade e devolução da lei à Assembleia da República.

Firmino Emílio 29

Page 30: Direito Constitucional II 2012- Firmino

Fiscalização sucessiva abstracta:

Pressupostos processuais subjectivosÓrgão competente – Conselho Constitucional

Legitimidade activaPresidente da República;Presidente da Assembleia da RepúblicaUm terço, no mínimo, dos deputados da Assembleia da RepúblicaPrimeiro-MinistroProcurador-Geral da RepúblicaProvedor da JustiçaDois mil cidadãos, no mínimo

Pressupostos Processuais ObjectivosObjecto do controlo – normas emanadas dos órgãos do Estado;Tempo do controlo – qualquer momento da vigência das normas.

Efeitos das decisõesDecisão de provimento – obrigatoriedade geralEfeito retroactivo,Efeito repristinatório,

Decisão de não provimento – vinculação jurisprudencial ao Conselho Constitucional

Fiscalização sucessiva concreta: Caracterização geralBaseada no poder-dever do juiz, no exercício da função jurisdicional, recusar a aplicação de normas inconstitucionais (Artigo 214 da CRM);Recurso atípico para o Conselho Constitucional das decisões judiciais de provimento sobre questões de inconstitucionalidade e de legalidade (Artigo 247 da CRM).

V- Revisão da Constituição de Moçambique Rigidez Constitucional e garantia da ConstituiçãoPoder constituinte e poder de revisãoOs limites formais da revisão constitucionalOs limites materiais da revisão constitucionalOs limites circunstanciais da revisão constitucionalA Revisão constitucional da CRM de 2004.

5. Bibliografia

1. DA COSTA, Cardoso. Elementos da Ciência Política, aditamento, policopiado, 1978/1979

Firmino Emílio 30

Page 31: Direito Constitucional II 2012- Firmino

2. DUVERGER, Maurice. Os Grandes Sistemas Políticos, 1985 (facultativa).

3. CANOTILHO, Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Almedina, Coimbra, 2002.

4. MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Tomos I, II, II e IV, Coimbra Editora, Coimbra, 1997.

5. Constituição da República de Moçambique de 2004.

6. Constituição da República de Moçambique de 1990.

Firmino Emílio 31