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DIREITO DO TRABALHO Equiparação Salarial Sonia Soares

DIREITO DO TRABALHO - legale.com.br · Mauricio Godinho Delgado . o Princípio da não-discriminação é um princípio de proteção, de resistência, denegatório de conduta que

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DIREITO DO TRABALHO

Equiparação Salarial

Sonia Soares

PROTEÇÃO JURÍDICA CONTRA DISCRIMINAÇÃO NA RELAÇÃO DE EMPREGO:

Conceito:Discriminação: conduta pela qual se nega à pessoa,

em face de critério injustamente desqualificante,

tratamento compatível com o padrão jurídico

assentado para a situação concreta por ela

vivenciada.

Causa: diversas, muitas vezes, preconceito, sexo, cor,

idade, riqueza, nacionalidade, etc.

Combate à discriminação: importante avanço nas

modernas democracias ocidentais

Mauricio Godinho Delgado

o Princípio da não-discriminação é um princípio de proteção, de

resistência, denegatório de conduta que se considera gravemente

censurável. O princípio da não-discriminação parte de um piso de

civilidade, que se considera mínimo para a convivência entre as pessoas.

o Princípio da igualdade um dos principais princípios fundamentais do

Estado Democrático de Direito. Em sentido lato tratar todos iguais. No

entanto, para que a igualdade se sustente as vezes é necessário a

discriminação legal para dar guarida ao princípio = isonomia

o Princípio da isonomia é mais amplo, mas impreciso, mais pretensioso.

Ultrapassa a não-discriminação, buscando igualizar o tratamento

júrídico a pessoas ou situações que tenham relevante ponto de

contato entre si. (Ex.: determinação de tratamento igual a empregados e

trabalhadores avulsos = trabalhadores diversos, que não se confundem.

São trabalhadores diversos a que o Art. 7º, XXXIV da CF/88 determina

tratamento isonômico. Outros: trabalhadores eventuais/autônomos: esses

sem tratamento isonômico.

A CLT adota amplamente o princípio da não-discriminação. O princípio da isonomia é adotado em casos específicos, e não como parâmetro geral para o Direito do Trabalho.

CF prestigia princípios da não discriminação/igualdadeArt. 3º Constituem objetivos fundamentais da República

Federativa do Brasil:III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,

raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Discriminação e CF

Art. 7º. (...)

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por

motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do

trabalhador portador de deficiência; (...)

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais

respectivos;

A CLT previu no art. 5º a proibição de discriminação. Em 1.943 ela era dirigida apenas a discriminação sexual.

CLT, Art. 5º - A todo trabalho de igual valor corresponderásalário igual, sem distinção de sexo.

A CF de 1.946 acrescentou idade, sexo, nacionalidade eestado civil.

A CF de 1.967, incorporou a raça e suprimiu a idade enacionalidade, reincorporados pela CF/88:

Art. 7º. (...) XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de

funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou

estado civil;

Isonomia SalarialConceito: garantia atribuída ao trabalhador de não sofrer discriminação salarial, quando o seu trabalho seja do mesmo valor de outro escolhido como paradigma. Octávio Magano

PROTEÇÃO CONTRA DISCRIMINAÇÃO SALARIAL:

Principiológica Constituição Federal Convenções de nºs 100, 111, 117, OIT, ratificadas

pelo Brasil.

o Convenção 100 - Igualdade de Remuneração de Homens e Mulheres Trabalhadores por Trabalho de Igual Valor

o Convenção 111- Convenção concernente à discriminação em matéria de emprego e profissão.

o Convenção 117 – Política Social

Formas de proteção contra as discriminações salariais são as provenientes da Equiparação Salarial, Desvio de Função, Salário Substituição.

A Equiparação salarial pode ser por analogia, equivalência ou identidade.

EQUIPARAÇÃO SALARIAL POR ANALOGIA:

Art. 358 - Nenhuma empresa, ainda que não sujeita à

proporcionalidade, poderá pagar a brasileiro que exerça função

análoga, a juízo do Ministério do Trabalho, Industria e Comercio,

à que é exercida por estrangeiro a seu serviço, salário inferior ao

deste, excetuando.....

Discussão se o art. 358 da CLT foi recepcionado em face do art. 5º., CF:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,

nos termos seguintes:

Maioria doutrinadores entendem que não - Maurício Godinho Delgado;jurisprudência em igual sentido.

EQUIPARAÇÃO SALARIAL POR EQUIVALÊNCIA:

A equiparação por equivalência encontra previsão no artigo 460 da CLT, que dispõe que: "Na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual ao daquele que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente, ou do que for habitualmente pago para o serviço semelhante".

sem amplo reconhecimento doutrinário; Trata-se de um desdobramento do princípio da igualdade, art.

460 da CLT; Para alguns doutrinadores não se trata de equiparação, mas

forma de arbitramento salarial; Ocorre na falta de estipulação de salário e ausência de prova

da importância ajustada; ocorre geralmente na hipótese de contrato de trabalho não formalizado

01. DIFERENÇAS SALARIAIS. Embora não tenha muito

conhecido na doutrina, a equiparação por equivalência é um

desdobramento do princípio da igualdade. Para alguns, o art.

460 da CLT não trata de equiparação, mas sim de uma forma

de arbitramento de remuneração. Para outros, é uma

modalidade de equiparação, pois o seu pressuposto é a falta de

estipulação do salário ou a inexistência de prova sobre o valor

ajustado. Já o desvio de função representa a alteração unilateral

de função por parte do empregador, a qual resulta em prejuízos

salariais ao empregado. Para alguns, o artigo 460 não trata de

equiparação e sim de forma de arbitramento de remuneração.

Para outros, é uma modalidade de equiparação, pois o seu

pressuposto é a falta de estipulação do salário ou a inexistência de

prova sobre a importância ajustada. ...(TRT-2 - RO:

1639220105020 SP 00001639220105020019 A28, Relator:

FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO, Data de Julgamento:

18/07/2013, 14ª TURMA, Data de Publicação: 26/07/2013)

EQUIPARAÇÃO SALARIAL POR IDENTIDADE:

Mais comum e usual;

Conceito: é a figura jurídica mediante a qual se assegura ao trabalhador idêntico salário ao do colega perante o qual tenha exercido simultaneamente função idêntica, na mesma localidade e para o mesmo empregador. Delimita ainda que, ao colega comparado dá-se o nome de paradigma (ou espelho) e ao trabalhador interessado na equalização confere-se o epíteto de equiparando. Mauricio Godinho Delgado

Art.461 CLT apresenta requisitos c.c Súmula 6 TST.

CLT:

Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou

idade

§ 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição

técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos.

§ 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de antigüidade e

merecimento.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas alternadamente por merecimento e por antigüidade, dentro de cada

categoria profissional.

§ 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da

Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial.

REQUISITOS EQUIPARAÇÃO SALARIAL art. 461 CLT: Mesma função Mesmo empregador Mesma localidade Mesma perfeição técnica Mesma produtividade Até dois anos de diferença de tempo de serviço na

função Inexistência de quadro de carreira homologado pelo

TEM

SÚMULA 6 TST: + Simultaneidade no exercício da função

IDENTIDADE DE FUNÇÃO = salário igual para trabalho igual oufunção igual, com prova a cargo do autor.

A função corresponde ao conjunto de atribuições/tarefasdesempenhadas pelo empregado no exercício do cargo queexerce.

NÃO CONFUNDIR CARGO COM FUNÇÃO.

DIFERENÇA: “Cargo” é o nome dado a posição queuma pessoa ocupa dentro de uma empresa. “Função”

é o conjunto de responsabilidades e tarefas que estãorelacionadas com esse cargo.

O serviço deve ser exatamente o mesmo: exige-seidentidade e não semelhança.

E se não exercer todas as tarefas da função? Depende. Havia disponibilidade do empregado para o exercício de todas? Eram quase todas? Análise do caso concreto

Súmula 06, item III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação. (ex-OJ da SBDI-1 nº 328 - DJ 09.12.2003)

princípio da primazia da realidade, importância reside na identidade das tarefas executadas;

OJ-SDI1- TST - 296 EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ATENDENTE E AUXILIAR DE ENFERMAGEM. IMPOSSIBILIDADE (DJ 11.08.2003)Sendo regulamentada a profissão de auxiliar de enfermagem, cujo exercício pressupõe habilitação técnica, realizada pelo Conselho Regional de Enfermagem, impossível a equiparação salarial do simples atendente com o auxiliar de enfermagem.

Acórdão : 20170220634 Turma: 03 Data Julg.: 04/04/2017 Data

Pub.: 11/04/2017 Processo : 20160048534 Relator: MYLENE

PEREIRA RAMOS

EQUIPARAÇÃO SALARIAL. DISTINÇÃO NAS ATIVIDADES,

METAS E RESPONSABILIDADE. DIFERENÇA SALARIAL

INDEVIDA. O conjunto probatório evidencia que havia

distinção entre os cargos de analista financeiro júnior, pleno e

sênior, sendo que a paradigma, além de possuir mais

experiência no cargo, realizava atividades de maior

complexidade, com metas mais elevadas e de maior

responsabilidade no cargo de analista sênior, justificadora

da disparidade salarial. Apelo do autor improvido.

IGUALDADE DE VALOR DO TRABALHO, porque desempenhando um mesmo conjunto de tarefas, dois trabalhadores podem chegar a resultados diferentes, cuja negativa é objeto de

prova do empregador;

HÁ UM CONFRONTO ENTRE:Quantidade = produtividade

Qualidade do serviço = perfeição técnica do trabalho

§ 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que

for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica,

entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2

(dois) anos.

Qual é a diferença entre a produtividade e a produção?

o Produtividade corresponde à capacidade

de produzir. O que a lei exige é a

mesma capacidade de produzir.

o Produção é o resultado quantitativo do trabalho. Não se exige mesma produção, mas a mesma

capacidade de produzir.

Qual é o meio de prova para a produtividade? O técnico é o melhor (prova da capacidade produtiva do empregado), mas normalmente se faz pela prova testemunhal e se acaba aferindo a produção, e não a produtividade.

Acórdão : 20150823325 Turma: 03 Data Julg.: 18/08/2015 Data Pub.: 22/09/2015 Processo : 20150036111 Relator: MERCIA TOMAZINHO EQUIPARAÇÃO SALARIAL. INDEVIDA. DIFERENÇA DE PRODUTIVIDADE. Comprovada a diferença de produtividade entre a reclamante e paradigma não há como ser deferido o pedido de equiparação salarial.

Acórdão : 20160136894 Turma: 11 Data Julg.: 15/03/2016 Data Pub.: 22/03/2016 Processo : 20150068558 Relator: ODETTE SILVEIRA MORAES EQUIPARAÇÃO SALARIAL. REQUISITO DA PRODUTIVIDADE. A equiparação salarial é devida quando realizado trabalho de igual valor, assim definido pelo parágrafo 1º, do artigo 461 da CLT: "trabalho de igual valor, pra os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade...", não sendo essa a hipótese dos autos, em que o centro de diagnósticos no qual a paradigma era supervisora fazia mais atendimentos.

Prazo de 2 anos: tempo no serviço na função e não no emprego; diferença máxima do tempo de serviço

Súmula 6, item II do TST - Para efeito de equiparação de

salários em caso de trabalho igual, conta-se o tempo de

serviço na função e não no emprego. (ex-Súmula nº 135 - RA

102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982)

Súmula 202 do STF: - Na equiparação de salário, em caso

de trabalho igual, toma-se em conta o tempo de serviço na

função, e não no emprego. (Aprovada na Sessão Plenária de

13.12.1963)

E a questão do grupo econômico?

o Há duas vertentes e consequências diversas para a interpretação do §2º do Art. 2º da CLT

Grupo econômico: responsabilidade ativa epassiva (Magano)

Grupo econômico com responsabilidadepassiva apenas (José A.Rodrigues Pinto, Amauri

Mascaro)

Se considerar que o empregador é o grupoeconômico é possível equiparação salarialentre empregados de empresas diversas.

06 Nov 2012, 10:45)

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho determinou a remessa de um

processo, ao juízo de primeiro grau, no qual um maquinista da Ferronorte Ferrovias

Norte Brasil S/A pretende a equiparação salarial com ocupantes da mesma função de

outras empresas do grupo América Latina Logística Ltda (ALL). O pedido havia sido

rejeitado pelas instâncias inferiores, mas a Turma reconheceu a possibilidade

de incidência da equiparação envolvendo empregados vinculados a empresas

distintas do mesmo grupo.

Ministro Maurício Godinho Delgado, deu razão parcial ao maquinista. "O grupo

econômico enseja solidariedade ativa e passiva (solidariedade dual) entre os

seus integrantes, formando o chamado empregador único", afirmou, citando a

Súmula 129. "Desse modo, é viável falar em equiparação entre empregados

contratados por diferentes empresas do grupo". A equiparação, porém, depende

da verificação de quatro requisitos: identidade de função, de empregador e de

localidade de exercício, e a simultaneidade desse exercício. No caso, a Vara do

Trabalho não examinou a existência desses aspectos, apenas manifestou a tese de

que não havia identidade de empregador. "Nesse contexto, torna-se necessário o

retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de que analise os requisitos

ensejadores da equiparação pretendida entre o maquinista e os paradigmas",

concluiu. A ALL interpôs embargos declaratórios contra a decisão da Turma.

Processo: RR 30-24.2010.5.02.0254

RECURSO DE REVISTA. EQUIPARAÇÃO SALARIAL. GRUPO ECONÔMICO. SERVIÇOS PRESTADOS QUE APROVEITAM A AMBAS AS EMPRESAS. POSSIBILIDADE. 1. Esta Corte tem entendido que o fato de dois empregados prestarem serviços a empresas distintas, ainda que integrantes de um mesmo grupo econômico, impede o reconhecimento da equiparação salarial, exceto se, no caso concreto, for constatado que os serviços prestados pelo reclamante e pelos paradigmas aproveitavam às duas empresas empregadoras, integrantes do mesmo grupo, ou que o labor favorecia diretamente o grupo econômico. 2. No caso, conforme consignado pelo Regional: a) a mantenedora da faculdade em que laborava o paradigma é a mesma do hospital em que laborava o reclamante; e b) reclamante e paradigma foram contratados pela mantenedora para exercer o cargo de vigia, e deveriam prestar seus serviços em quaisquer das unidades da empregadora. Nesse contexto, não há dúvida de que os serviços prestados pelo reclamante e pelo paradigma aproveitavam às duas empresas do grupo. Intactos, pois, os arts. 2º, § 2º, e 461 da CLT. 3. Recurso de revista de que não se conhece.(TST - RR: 3498720115150094, Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 19/11/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 21/11/2014)

SÚMULA 129. CONTRATO DE TRABALHO – GRUPO

ECONÔMICO

A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo

grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não

caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho,

salvo ajuste em contrário (RA 26/1982, DJ, 4.5.1982)

Efeito do grupo: solidariedade passiva e dual (ativa e passiva).

o Questões: (1) reintegração; (2) equiparação salarial; (3) exercício do poder disciplinar

o Opção frente a Súmula do TST: restritiva ou ampliativa?

ENTRE FILIAIS DIFERENTES: Empregados de filiais diferentes podem ser equiparados?

Não há orientação nítida; Para Orlando Gomes é possível desde que

atendidos outros requisitos; Divergem Russomano, Sussekind, opor

trabalhar em local diverso

MESMA LOCALIDADE: Há diferenças regionais de padrão de vida face a desigualdade do desenvolvimento econômico no país. As necessidades vitais do trabalhador acompanham e oscilam de acordo com o padrão econômico regional.

E as regiões metropolitanas (aquelas que abraçam uma

pluralidade de municípios ao redor de capitais estaduais)?

Não excluem o critério de mesma localidade?

Ex.: Guarulhos e São Paulo não são mesma localidade. Mas

hoje a diversidade de localidade não exclui, por si só, o

direito à equiparação. A diferença de localidade se apóia

hoje na igualdade das condições de vida entre as

localidades onde o equiparando e o paradigma prestam o

trabalho. A intepretação literal da norma não atende mais

a sua finalidade

Súmula 6 do TST, item X - O conceito de "mesma

localidade" de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em

princípio, ao mesmo município, ou a municípios distintos

que, comprovadamente, pertençam à mesma região

metropolitana. (ex-OJ da SBDI-1 nº 252 - inserida em

13.03.2002)

Acórdão : 20151057049 Turma: 14 Data Julg.: 03/12/2015 Data Pub.: 16/12/2015 Processo : 20150061844 EQUIPARAÇÃO SALARIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA MESMA LOCALIDADE. CIDADES INTEGRADAS À MESMA REGIÃO METROPOLITANA. IMPEDIMENTO INEXISTENTE. A jurisprudência assenta-se no sentido de que a expressão mesma localidade contida no artigo 461, da CLT, para fins de apuração do direito à equiparação salarial, externa significado de mesma região metropolitana. O fim da regra é comparar os valores remuneratórios entre trabalhadores que enfrentem situação análoga de custo de vida. Barueri e São Paulo integram-se à mesma região metropolitana a Grande São Paulo pelo que esse óbice não prevalece na negativa de concessão das diferenças salariais por equiparação.

Se o empregado tem mais tempo de serviço, o trabalho é de igual valor?

§1º do Art. 461 da CLT : mesmo que haja igual

produtividade e qualidade, se o modelo estiver na

função há mais de 2 (dois) anos, não há trabalho de

igual valor.

Há uma valorização da antiguidade pela CLT? Não é tempo de serviço, mas de função. Então, não.

É qualidade.

Súmula 6, VII - Desde que atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a equiparação salarial de trabalho intelectual, que pode ser avaliado por sua perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos.

Arnaldo Sussekind mostra que o valor das prestações de serviços intelectuais ou artísticos não pode ser aferido por critérios objetivos;

CF, art. 70., XXII não faz diferença entre trabalho manual, intelectual ou técnico para fins de equiparação salarial

Súmula 6, VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial. (ex-Súmula nº 68 - RA 9/1977, DJ 11.02.1977)

Acórdão : 20170197152 Turma: 06 Data Julg.: 28/03/2017

Data Pub.: 03/04/2017 Processo : 20170006427 Relator:

ANTERO ARANTES MARTINS

Equiparação salarial. Reconhecida a identidade de função é

do empregador o ônus da prova no que tange à

disparidade quantitativa ou qualitativa de trabalho.

Aplicação do entendimento da Súmula nº 6, VIII, do C.TST.

Acórdão : 20170192215 Turma: 02 Data Julg.: 22/03/2017

Data Pub.: 30/03/2017 Processo : 20170001271 Relator:

SÔNIA MARIA FORSTER DO AMARAL

EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ÔNUS DA PROVA. Negada

a identidade de funções em contestação, do empregado

é o ônus de prová-la, por se revelar como fato

constitutivo do seu direito (artigos 818 da CLT e 373, I, do

NCPC). Por outro lado, comprovada esta, da

empregadora é o dever de produzir contraprova da maior

perfeição técnica e produtividade ou tempo superior na

função, que se apresentam como fatos impeditivos do

direito do autor (artigos 818 da CLT e 373, II, do NCPC).

Inteligência da Súmula 6, VIII, do C. TST. Recurso dos

reclamados a que se dá provimento parcial.

ESQUEMA: ISONOMIA SALARIAL (José Augusto Rodrigues

Pinto)

Fundamento: CF/88, Art. 7º, XXXX Motivação: Proibir discriminação salarial em função

de sexo, cor, idade, estado civil

EQUIPARAÇÃO SALARIAL:

OBJETO: IGUALDADE SALARIAL <>IDENTIDADE FUNCIONAL = ônus autor

PRESSUPOSTOS = ônus do réu:

TRABALHO IGUAL VALOR;

MESMO EMPREGADOR;

NA MESMA LOCALIDADE;

TEMPO SERVIÇO MENOR 2 ANOS;

INEXISTÊNCIA QUADRO CARREIRA

REQUISITOS IMPLÍCITOS EQUIPARAÇÃO SALARIAL Art. 461 da CLT:

CONCOMITÂNCIA DOS PRESSUPOSTOS

SIMULTANEIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Súmula 6, IV - É desnecessário

que, ao tempo da reclamação sobre

equiparação salarial, reclamante e

paradigma estejam a serviço do

estabelecimento, desde que o pedido

se relacione com situação pretérita.

Todos os pressupostos devem estar presentes, e o paradigma e o paragonado devem ter exercido a função na mesma época

E se o trabalhador suceder o paradigma?

Não há equiparação salarial, porque não há simultaneidade

no exercício. Há sucessão no posto de trabalho.

ISONOMIA ADVINDA SENTENÇA -JUDICIAL/VANTAGENSPESSOAIS

Readaptação profissional:

Art. 461, § 4º - O trabalhador readaptado em novafunção por motivo de deficiência física ou mentalatestada pelo órgão competente da Previdência Social nãoservirá de paradigma para fins de equiparação salarial.

Equiparação em cadeia:

Súmula 6,VI do TST - Presentes os pressupostos do art. 461 da

CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial

tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma,

exceto se decorrente de vantagem pessoal, de tese jurídica

superada pela jurisprudência de Corte Superior ou, na hipótese

de equiparação salarial em cadeia, se não demonstrada a

presença dos requisitos da equiparação em relação ao

paradigma que deu origem à pretensão, caso arguida a objeção pelo reclamado. (item alterado na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.11.2010)equiparação salarial em cadeia, é aquela fundada em

decisão judicial que reconheceu a equiparação

anteriormente, salvo se decorrente de vantagem pessoal

Alpha trabalhou na empresa “D” entre fevereiro de 2004 e agosto de 2008. Beta trabalhou na mesma empresa, e na mesma função, entre março de 2005 e julho de 2008. Ao ser dispensada, Beta ingressou com ação trabalhista postulando a equiparação salarial com Alpha, posto que presentes os requisitos legais. O pedido de Beta foi julgado procedente, tendo sido a empresa condenada a pagar as diferenças decorrentes da equiparação salarial.Gema, por sua vez, trabalhou na mesma empresa no período de julho 2006 a janeiro de 2009, exercendo a mesma função que Alpha e Beta. Com fulcro no disposto na Súmula 6, item VI, do TST, Gema ingressou com ação equiparatória, indicando Beta como paradigma, ante a decisão judicial em favor desta. Em sua defesa, a empresa alegou que Gema não atendia os requisitos do art. 461 da CLT em relação a Alpha, tendo em vista a diferença de tempo de serviço ser superior a dois anos.Na hipótese, aplica-se perfeitamente a nova redação do item VI da Súmula 6, ou seja, o pleito de Gema é improcedente, ao passo que não atendidos os requisitos do art. 461 da CLT em relação ao paradigma originário.

QUADRO DE CARREIRA : §§2º e 3º do Art. 461 CLT Quadro de carreira organizado e homologado, exclui o

direito à equiparação salarial. Os cargos são escalonados em carreiras, com direito de acesso por promoções alternadas por critérios antiguidade e merecimento

Súmula 6, item I do TST - Para os fins previstos no § 2º do art. 461

da CLT, só é válido o quadro de pessoal organizado em carreira

quando homologado pelo Ministério do Trabalho, excluindo-se,

apenas, dessa exigência o quadro de carreira das entidades de

direito público da administração direta, autárquica e fundacional

aprovado por ato administrativo da autoridade competente. (ex-

Súmula nº 06 – alterada pela Res. 104/2000, DJ 20.12.2000)

E se o empregado está posicionado em determinado nível de um cargo e exerce funções de outro nível? A ação é de equiparação?

Não: de reenquadramento ou reclassificação

Se o PCS não for homologado, não exclui aequiparação salarial. SALVO se for deadministração direta, autárquica e fundacional.

O quadro de carreira pode ser instituído porPlano de Cargos e Salários, mas deve serhomologado pelo Ministério do Trabalho parater validade.

No quadro de carreira homologado ou de ente público, a exigência de atribuições diversas daquelas descritas para o cargo gera direito a ação trabalhista. Súmulas 19 e 129 do TST

Súmula 19 TST - Quadro de carreira (RA 28/1969, DO-

GB 21.08.1969) A Justiça do Trabalho é competente

para apreciar reclamação de empregado que tenha por

objeto direito fundado em quadro de carreira.

Súmula127 TST- Quadro de carreira (RA 103/1981, DJ

12.11.1981) Quadro de pessoal organizado em carreira,

aprovado pelo órgão competente, excluída a hipótese de

equiparação salarial, não obsta reclamação fundada em

preterição, enquadramento ou reclassificação.

BIBLIOGRAFIA:Barros, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. LTr.11ª.

Edição

Cavalcante, Rafael Ferraresi Holanda. Isonomia Salarial.Origem Essencial

Filosófica do Princípio da Igualdade, Tipologia e sua Importância como

Direito Fundamental do Trabalho. Revista LTr, vol.80, no.03, Março de 2016,

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Correia, Rosani Portela. Novos Paradigmas do Contrato de Trabalho no

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Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. LTr. 16ª. Edição

Nascimento, Amauri Mascaro. Direito do Trabalho. São Paulo .Saraiva. 26ª.

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___________________. Salário. Conceito e Proteção. LTr. 2008.

Jorge Neto, Francisco Ferreira. Cavalcante, Jouberto de Quadros Pessoa.

Direito do Trabalho. Atlas. 8ª. Edição.

Resende. Ricardo, Direito do Trabalho Esquematizado. Editora Gen/Método.

3ª. Edição

Sussekind, Arnaldo e outros Instituições de Direito do Trabalho. LTr. 19ª

Edição. 2000