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DIREITO PENAL 1 AGENTE PENITENCIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ COMPLEMENTO DA APOSTILA DE DIREITO PENAL EDITORA DINCE. Profª. Lúcia Sena [email protected] DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL (...) REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga (semelhante, comparável) à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) § 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) § 2 o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Criança- até 12 anos incompletos. Adolescente -12 a 18 anos. II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Obs1: não é necessário que seja em condições idênticas à dos escravos, bastando para configurar o crime certas semelhanças. Obs2: Não é obrigatoriamente necessário a existência de violência física. Assim, pode ser praticado através de outros meios, como o emprego de ameaça, retenção de salário etc. Crime Permanente- Art. 303 do Código de Processo Penal: Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Sujeito Ativo- Qualquer pessoa. Sujeito passivo – Qualquer pessoa. Tipo Subjetivo- É o dolo, direto ou eventual. Consumação- Ocorre quando a vítima é reduzida à condição análoga a de escravo, sendo privada de sua liberdade. Tentativa- Admite-se. SEÇÃO II DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Artigo 5°, XI, CF/88 - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre , ou para prestar socorro , ou, durante o dia, por determinação judicial . Crime Comum. Entrar - significa que o agente invade, ingressa totalmente na residência da vítima ou em alguma de suas dependências. Permanecer - o agente, com autorização, já se encontra dentro do domicílio e, cessada essa autorização, se recusa a sair. Clandestina - sem que a vítima perceba, às ocultas, às escondidas. Astuciosamente - o agente emprega fraude, ardil, algum artifício malicioso para induzir o morador a erro. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. Lugar ermo - é aquele distante, afastado, de difícil acesso, isolado, habitualmente abandonado, solitário e pouco frequentado. § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: Dependências- quintais, jardins, pátios, celeiros, garagem, terraço etc. É preciso que tais locais estejam cercados. I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

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DIREITO PENAL

1

AGENTE PENITENCIÁRIO DO ESTADO DO CEARÁ

COMPLEMENTO DA APOSTILA DE DIREITO PENAL

EDITORA DINCE. Profª. Lúcia Sena

[email protected] DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL (...) REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga (semelhante, comparável) à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Criança- até 12 anos incompletos. Adolescente -12 a 18 anos.

II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

Obs1: não é necessário que seja em condições idênticas à dos escravos, bastando para configurar o crime certas semelhanças.

Obs2: Não é obrigatoriamente necessário a existência de violência física. Assim, pode ser praticado através de outros meios, como o emprego de ameaça, retenção de salário etc.

Crime Permanente- Art. 303 do Código de Processo Penal: Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

Sujeito Ativo- Qualquer pessoa. Sujeito passivo – Qualquer pessoa.

Tipo Subjetivo- É o dolo, direto ou eventual.

Consumação- Ocorre quando a vítima é reduzida à condição análoga a de escravo, sendo privada de sua liberdade.

Tentativa- Admite-se.

SEÇÃO II DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE

DO DOMICÍLIO VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Artigo 5°, XI, CF/88 - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Crime Comum. Entrar- significa que o agente invade,

ingressa totalmente na residência da vítima ou em alguma de suas dependências.

Permanecer- o agente, com autorização, já se encontra dentro do domicílio e, cessada essa autorização, se recusa a sair.

Clandestina- sem que a vítima perceba, às ocultas, às escondidas.

Astuciosamente- o agente emprega fraude, ardil, algum artifício malicioso para induzir o morador a erro.

§ 1º - Se o crime é cometido durante a

noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. Lugar ermo- é aquele distante, afastado,

de difícil acesso, isolado, habitualmente abandonado, solitário e pouco frequentado.

§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o

fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.

§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: Dependências- quintais, jardins, pátios,

celeiros, garagem, terraço etc. É preciso que tais locais estejam cercados.

I - durante o dia, com observância das

formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

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Descaracteriza-se o crime se a entrada ou permanência ocorre durante o dia por determinação judicial.

II - a qualquer hora do dia ou da noite,

quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. A qualquer hora do dia ou da noite, se há

flagrante delito, desastre ou necessidade de prestar socorro.

§ 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado;

Casas, apartamentos, barracos de favela etc.

II - aposento ocupado de habitação coletiva;

Quarto de hotel, pousada, pensão etc.

III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Escritório, consultório, parte interna de

uma oficina etc.

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":

I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;

II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. Taverna- boteco, botequim. Sujeito Ativo- qualquer pessoa (crime

comum), inclusive o proprietário, quando a posse estiver legitimamente com terceiro (ex.: a locação).

Sujeito Passivo- o morador, titular do direito de proibir a entrada ou permanência de alguém na casa.

Tipo Subjetivo – é o dolo. Para a configuração do crime pressupõe-se que o agente tenha, como fim próprio, o ingresso ou permanência em casa alheia.

Consumação- ocorre com a efetiva entrada ou permanência. No primeiro caso (entrar), trata-se de crime instantâneo que se consuma no instante em que agente ingressa completamente na casa da vítima. Na segunda hipótese (permanecer), temos um crime permanente cuja consumação se prolonga no tempo.

Tentativa- é admissível em ambas as hipóteses (entrada ou permanência).

SEÇÃO III

DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA

Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. O art. 151, caput, do CP foi tacitamente

revogado e substituído pelo art. 40 da Lei 6.538/78, que dispõe sobre os crimes contra os serviços postais e de telegrama. Este artigo contém a mesma redação do revogado, tendo sido apenas alterada a sanção penal (Pena- detenção, até 6 meses, ou pagamento não excedente a vinte dias-multa).

A conduta típica consiste em devassar (tomar conhecimento, olhar dentro) indevidamente o conteúdo de correspondência fechada.

A lei protege a carta, o bilhete, o telegrama desde que fechados.

Importante ressaltar, no entanto, que o sigilo de correspondência não se trata de sigilo absoluto, admitindo-se em alguns casos, a devassa de seu conteúdo, como por exemplo, no caso de leitura de correspondência de preso, permitida nas hipóteses previstas no art. 41, parágrafo único, da Lei de Execuções Penais – Lei n. 7.210/84.

Art. 41 da Lei de Execuções Penais. Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.

XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.

Sujeito Ativo- qualquer pessoa. Sujeito Passivo- remetente e o

destinatário. Consumação- ocorre no momento em

que agente toma conhecimento acerca do teor da correspondência.

Tentativa- ocorre quando o agente é interrompido antes de tomar conhecimento do conteúdo da carta: quando já abriu o envelope mas não leu seu conteúdo. SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA

§ 1º - Na mesma pena incorre: I - quem se apossa indevidamente de

correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;

Esse parágrafo foi tacitamente revogado pelo art. 40, § 1º, da Lei nº 6.538/78. Art. 40,§ 1º- “Incorre nas mesmas penas quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada, para sonegá-la ou destruí-la, no todo ou em parte”.

Objeto Jurídico Tutelado- é a liberdade individual.

Sujeito Ativo- pode ser qualquer pessoa (crime comum).

Sujeito Passivo- é o remetente e o destinatário.

Elemento Subjetivo- a conduta típica consiste em apossar-se (apoderar-se, reter a

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correspondência) indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada, para sonegá-la (fazer com que não chegue até a vítima) ou destruí-la (rasgando-a, ateando fogo etc.).

Consumação- ocorre com o efetivo apossamento da correspondência alheia, não se exigindo que o agente chegue a sonegá-la ou destruí-la. Admite-se tentativa. VIOLAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEGRÁFICA, RADIOELÉTRICA OU TELEFÔNICA

II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica (com fio) ou radioelétrica (sem fio) dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;

As condutas típicas são: a) divulgar- relatar o conteúdo da

correspondência a terceiros. b) transmitir- é noticiar a outrem, dar

ciência. c) utilizar- usar para qualquer fim. Violação de comunicação telefônica- a

matéria passou a ser regulada pelo art.10 da Lei nº 9.296/96. Pena- reclusão de 2 a 4 anos, e multa.

III - quem impede a comunicação ou a

conversação referidas no número anterior; A conduta consiste em interromper a

ligação (transmissão, recepção) ou provocar ruído (interferência), impossibilitando a comunicação.

Consuma-se com o impedimento efetivo.

IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal.

O inciso IV do § 1º do art.151 do CP foi revogado pelo art.70 da Lei 4.117/62 (Código Brasileiro de Telecomunicações), que assim dispõe:

Constitui crime punível com a pena de detenção de 1(um) a 2(dois) anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, a instalação ou utilização de telecomunicações, sem observância do disposto nesta Lei e nos regulamentos.

O texto foi criado especificamente para coibir a atuação das rádios e TVs-piratas, que interferem nas comunicações autorizadas, inclusive da Polícia Civil.

§ 2º - As penas aumentam-se de metade,

se há dano para outrem. § 3º - Se o agente comete o crime, com

abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico (rádio amador) ou telefônico:

Pena - detenção, de um a três anos.

§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.

CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL

Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar (dar à correspondência destino diverso), sonegar, (omitir-se na sua entrega) subtrair (retirar, furtar) ou suprimir (eliminar) correspondência, ou revelar (divulgar) a estranho seu conteúdo:

Pena - detenção, de três meses a dois anos. Objeto Jurídico- É o sigilo da

correspondência. Sujeito Ativo- É o sócio ou empregado. Sujeito Passivo- É a empresa ou a

indústria remetente ou destinatária. Consumação- ocorre a consumação

quando o agente conta o segredo para uma outra pessoa, independentemente da produção do resultado danoso, que pode até nem ocorrer.

Tentativa- quando a revelação ocorrer por meio de carta que não chega a seu destinatário por razões alheias à vontade do remetente.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação (ação penal pública condicionada).

SEÇÃO IV DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE

DOS SEGREDOS DIVULGAÇÃO DE SEGREDO

Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000)- Ação penal pública condicionada.

A classificação de confidencial é dada aos assuntos que, embora não requeiram alto grau de segurança, seu conhecimento por pessoa não-autorizada pode ser prejudicial a um indivíduo ou criar embaraços administrativos. Ex.: informações sobre a atividade de pessoas e entidades, bem como suas respectivas fontes.

São consideradas justas causas (afastam a tipicidade) – consentimento do ofendido, comunicação de crime de ação pública, defesa de interesse legítimo, dever de testemunhar em juízo.

É Crime Próprio Sujeito Ativo- É o destinatário ou

detentor. Sujeito passivo- É quem pode sofrer

dano (material ou moral). Consumação- Com a divulgação.

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Tentativa- Admite-se. § 1o-A. Divulgar, sem justa causa,

informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

VIOLAÇÃO DO SEGREDO PROFISSIONAL

Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação( ação penal pública condicionada a representação do ofendido ou de seu representante legal).

Sujeito Ativo- São aquelas pessoas que tiverem conhecimento do segredo em razão da função, ministério, ofício ou profissão.

Sujeito passivo- Qualquer pessoa que possa sofrer dano com a divulgação do segredo.

Tipo Objetivo- revelar significa desvendar, contar a terceiro ou delatar. O objetivo do tipo penal é punir quem, em razão da atividade exercida, obtém um segredo e, ao invés de guardá-lo, descortina-o a terceiros, possibilitando a ocorrência de dano a outrem. Nesse tipo penal, diferentemente do que ocorre com o anterior, o segredo pode concretizar-se oralmente.

Função- é o encargo decorrente de lei, de contrato, ou de ordem judicial. Exs.: Curatela, Tutela etc.

Ministério- Atividade decorrente de situação fática, de origem religiosa ou social, por exemplo, padres, freiras, atividade voluntária.

Ofício- Atividade mecânica ou manual. Exs.: mecânico de automóvel, sapateiro, costureira etc.

Profissão- Qualquer atividade exercida habitualmente e com fim de lucro. Exs.: Advogados, médicos, dentistas, psicólogos etc.

Tipo Subjetivo- É o dolo. Consumação- Ocorre com a efetiva

divulgação do segredo, independentemente da produção do prejuízo.

Tentativa- Admite-se quando a divulgação do segredo é feita por escrito.

TÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

(arts.155 a 183)

CAPÍTULO IDO FURTO FURTO

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Subtrair- significa retirar, tirar de alguém, para si ou para outrem, coisa alheia móvel com o fim de apoderar-se dela de modo definitivo.

COISA ALHEIA MÓVEL – a coisa objeto de furto tem que ter dono.

Para a figuração do crime é necessário o dolo.

O Furto pode ser: Simples - art.155 caput. Durante o repouso noturno – art. 155, §

1º. Furto privilegiado – art. 155, § 2º. Furto qualificado – art. 155, §§ 4º e 5º.

Obs.: Furto de Uso- Ocorre quando o agente

subtrai um bem, para uso transitório, restituindo-o ao dono após o uso, nas mesmas condições, estado e local em que se encontrava.

Furto Famélico- Trata-se da hipótese em que o agente, em razão de situação de extrema penúria, subtrai alimentos para saciar sua fome ou de sua família. Segundo a doutrina, trata-se de situação de estado de necessidade, que exclui a antijuridicidade de sua conduta.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. Repouso noturno- é considerado o

período em que pessoas de uma determinada localidade descansam, dormem, deve-se analisar os costumes daquela região.

Trata-se de causa de aumento de pena que somente se aplica no furto simples, não sendo permitida a causa de aumento nas hipóteses do furto qualificado.

De acordo com a doutrina e jurisprudência dominantes, aplica-se essa causa de aumento da pena desde que o fato ocorra no período noturno, pouco importando se a casa estava ou não habitada, ou seu morador dormindo. Atenção!!

O Supremo Tribunal Federal entende que a causa de aumento do crime pode existir mesmo em casa desabitada. Atenção!!

O Superior Tribunal de Justiça entende que a causa de aumento de pena existe mesmo se não ocorrer durante o repouso, bastando o período noturno. Atenção!!

Essa causa de aumento de pena somente se aplica ao furto na forma simples.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de

pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

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Para fins de configuração do benefício, primário é o não reincidente, ou seja, aquele que não sofreu condenação por crime com trânsito em julgado nos cinco anos anteriores à prática do delito.

Sobre o assunto, ensina o professor Fernando Capez que não se deve confundir o pequeno valor da coisa com o pequeno prejuízo sofrido pela vítima. Assim, a ausência de prejuízo em face de a vítima ter logrado apreender a res furtiva ou o pequeno prejuízo não autorizam o privilégio legal.

Do mesmo modo, a aferição do valor do bem não se dá em face da vítima, mas da sociedade. Assim, não se leva em conta o tamanho da lesão provocada no patrimônio do sujeito passivo no caso concreto, mas sim um montante concebido a partir da generalidade das pessoas. Dessa forma, a orientação majoritária nos Tribunais é a de que, para fins de configuração do crime de furto, coisa de pequeno valor é aquela que não ultrapassa um salário mínimo ao tempo da conduta.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia

elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico (mecânica, térmica, nuclear, atômica, genética (sêmen) dos reprodutores.

A LIGAÇÃO CLANDESTINA CONSTITUI CRIME DE FURTO.

O furto de energia é considerado de natureza permanente, uma vez que a sua consumação se prolonga, se perpetua no tempo, podendo, portanto, ser o agente preso em flagrante quando descoberta a ligação clandestina de que era beneficiado.

No caso de subtração de energia elétrica, só configura delito de furto se a energia é subtraída antes de passar no medidor (energia obtida de forma ilícita). Se subtraída após passar no medidor (energia obtida de forma lícita; ilícito será o valor do pagamento da conta), haverá o crime de estelionato. Furto qualificado (violência contra a coisa)

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

Destruir- destruir o obstáculo, desfazer. Romper- abrir uma brecha, arrombar,

tornar mais fácil a pratica do crime. Obstáculo- é entendido como qualquer

meio destinado a proteger a propriedade do bem.

Obstáculos podem ser: a) Ativos- armadilhas, alarmes etc. b) Passivo- fechaduras, cadeados, trincos,

cofres e destruição de janelas etc. Obs:.

1. A simples remoção de obstáculo, como desparafusar portas ou retirar telhas, não

qualifica o crime do inciso I, já que não há rompimento ou destruição. Obs.: 2.

A qualificadora prevista no inciso I somente tem vez quando o rompimento/destruição ocorre antes ou durante a consumação do furto, ou seja, quando funciona como meio para a subtração do bem. Por isso, o crime de dano fica absorvido (princípio da subsidiariedade). Entretanto, se depois de consumado o crime o agente quebrar um vaso, sem que isso tenha sido necessário para a consumação do delito, responderá por furto simples e crime de dano, em concurso material.

II - com abuso de confiança, ou mediante

fraude, escalada ou destreza; Abuso de Confiança- deve haver ligação

de confiança (empregatícia, de amizade, parentesco etc.) estabelecida entre ele e o proprietário do bem, o que faz com que a vigilância da vítima sobre o bem seja menor. Ex.: por conhecer a senha bancária, em razão da relação de confiança com a vítima, transfere todo o numerário desta para sua conta.

Fraude- significa a utilização de meios insidiosos, ardilosos, fazendo com que a vítima incorra, ou seja, mantida em erro, a fim de que o próprio agente pratique o delito. Ex.: disfarces de encanador, funcionário da vigilância sanitária etc.

Escalada- consiste em se utilizar de uma via anormal para entrar em algum lugar, por exemplo, usar escada, túnel, escalar muro alto, corda etc.

Destreza- atua com destreza o agente que possui uma habilidade especial na prática do furto, fazendo com que a vítima não perceba a subtração. Na destreza existe a soma da habilidade com a dissimulação.

III - com emprego de chave falsa;

Considera-se chave falsa a imitação da verdadeira, obtida de forma clandestina ou qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, capaz de abrir uma fechadura sem arrombá-Ia (ex.: grampos, "mixas", chaves de fenda, cartões magnéticos (utilizados modernamente nas fechaduras de quartos de hotéis), etc. Qualquer chave desde que não seja a verdadeira, utilizada para abrir fechaduras, deve ser considerada falsa, inclusive a cópia da chave verdadeira.

IV - mediante concurso de duas ou mais

pessoas. A qualificadora é cabível ainda que um dos

envolvidos seja menor ou apenas um deles tenha sido identificado em razão da fuga dos demais do local.

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CRIME DE FURTO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO

Em relação ao crime de furto, questão muito debatida na doutrina é a referente à possibilidade de se aplicar a circunstância privilegiadora prevista no §2.º (criminoso primário e coisa de pequeno valor) ao crime de furto qualificado (§4.º, do art. 155).

Na doutrina, o assunto sempre foi polêmico. Na jurisprudência, o Supremo Tribunal Federal, em decisões antigas, entendia não ser possível a aplicação do privilégio no furto qualificado.

A partir de 24.03.2009, no HC 96843/MS, tendo como relatora a Min. Ellen Gracie, temos uma nova orientação sobre o tema. Reconstruindo seu entendimento, o Supremo Tribunal Federal assentou ser possível a incidência do privilégio estabelecido no §2.º do art. 155 do CP, mesmo sendo caso de furto qualificado.

Na decisão, enfatizou que “apesar de o crime ter sido cometido em concurso de pessoas, o paciente seria primário e a coisa furtada de pequeno valor (R$ 125,00). Tendo isso em conta, reduziu-se, em 2/3, a pena-base fixada em 2 anos e 4 meses de reclusão, o que conduziria à pena corporal de 9 meses e 10 dias de reclusão”.

O STF, entendeu de como o réu não é reincidente, e o valor da coisa subtraída é de pequeno valor, deve ser aplicado o benefício do furto privilegiado, mesmo que o furto em questão tenha sido qualificado.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito

anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Trata-se de qualificadora que, ao contrário de todas as demais, não se refere ao meio de execução do “furto”, mas sim a um resultado posterior, qual seja, o transporte do veículo automotor para outro Estado da Federação ou para outro País; somente terá aplicação quando, por ocasião do “furto”, já havia intenção de ser efetuado tal transporte.

Caso o agente subtraia o bem, mas seja surpreendido tentando transportá-lo para outro Estado, responderá pelo crime de furto simples.

Objeto ou Bem Jurídico- Patrimônio. Sujeito Ativo- qualquer pessoa, exclui-se

o dono da coisa, já que o tipo exige que esta seja “alheia”.

Sujeito Passivo- qualquer pessoa. Tipo Subjetivo- dolo, não havendo

previsão legal para a modalidade culposa. Consumação- Segundo a doutrina, o

furto consuma-se no momento em que o bem sai da esfera de disponibilidade da vítima e passa para a do agente (teoria da inversão da posse). Já conforme a jurisprudência majoritária (precedente do STJ), não basta à mera

subtração da coisa, sendo imprescindível (indispensável) que o agente obtenha, ainda que por um curto período de tempo, a posse tranquila do bem.

Tentativa- é admissível em todas as modalidades do furto (simples, privilegiado, qualificado). FURTO DE COISA COMUM

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Somente quando houver um condomínio, uma herança ainda comum aos co-herdeiros, bem como uma sociedade é que se poderá cogitar do delito de furto de coisa comum.

No crime de furto tipificado pelo artigo 155 do Código Penal, o agente subtrai coisa alheia móvel de qualquer pessoa, apossando-se do objeto como se dele fosse o dono. Já, aqui no furto de coisa comum, o agente furta seu próprio sócio, co-herdeiro ou condômino.

Para que o crime de furto de coisa comum do artigo 156 seja, de fato, enquadrado, a coisa móvel subtraída deve ser comum e não alheia. Comum pela simples razão da coisa pertencer a mais de uma pessoa, inclusive ao próprio agente. Assim, é possível entender que a coisa subtraída deve ser, via de regra, infungível e indivisível, pelo menos no momento da ação, de modo que seja impossível o agente levar apenas a parte do objeto/coisa que lhe pertença.

Na medida em que o artigo apenas protege determinadas categorias de pessoas (condômino, sócio ou co herdeiro), e levando-se em consideração que o sujeito passivo tem que ser, obrigatoriamente, uma delas, trata-se de crime próprio.

§ 1º - Somente se procede mediante

representação. Depende de representação do ofendido ou

de seu representante legal (ação penal pública condicionada)

Crime Próprio, tanto em ralação ao sujeito ativo quanto ao passivo.

Objeto Jurídico Tutelado- protege-se a posse legítima ou a propriedade ou a propriedade comum.

Sujeito Ativo- só pode ser o condômino (co-proprietário), co-herdeiro ou sócio.

Sujeito Passivo- é o condômino, co-herdeiro ou sócio ou terceiro que possua a coisa legitimamente.

Elemento Subjetivo- somente pode ser praticado dolosamente.

Consumação e tentativa- aplicam-se as mesmas regras aplicadas no crime de furto.

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§ 1º - Somente se procede mediante representação (ação penal pública condicionada).

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.

Bens fungíveis- são os que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Ex.: sacas de feijão, milho, açúcar etc.

Não se admite a modalidade culposa desse delito.

CAPÍTULO II DO ROUBO E DA EXTORSÃO

ROUBO Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para

si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Roubo é subtração de coisa alheia MÓVEL, para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça à pessoa. Trata-se de crime contra o patrimônio, onde também é atingida a integridade física ou psíquica da vítima.

O roubo é um crime complexo, por conter em si mais de uma figura penal, como a violência, a grave ameaça, o furto ou o constrangimento ilegal.

O Roubo pode ser: Próprio- art.157 caput Impróprio- art.157, § 1º Com causas de aumento de pena- art.157,

§ 2 Qualificado por lesão corporal grave e por

morte art.157, § 3º. Roubo Próprio (art.157,caput)- ocorre

quando a violência ou grave ameaça são empregados antes ou durante a subtração da coisa.

O Roubo Próprio consuma-se, segundo entendimento do STF, no exato instante em que o agente, após empregar a “violência” ou “grave ameaça”, consegue apoderar-se do bem da vítima, ainda que seja preso no próprio local, sem que tenha conseguido a posse tranquila da coisa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo

depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

Roubo Impróprio- se dá com o emprego de violência ou grave ameaça contra a pessoa, após a subtração da coisa.

No roubo próprio é admitida a tentativa, já no roubo impróprio o entendimento

jurisprudencial é de não ser admitida a tentativa.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até

metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com

emprego de arma; As armas podem ser:

a) próprias são aquelas que têm a finalidade específica de ataque ou defesa. Exs.: armas de fogo, como revólver, espingarda, bombas, granadas, punhais, espadas etc.;

b) impróprias são aqueles instrumentos cuja finalidade natural não se destina ao ataque ou defesa, são confeccionados com outra finalidade, mas que também apresentam potencialidade lesiva. Exs.: machado, foice, tesoura, navalha etc.

Tanto a arma própria quanto a imprópria estão abrangidas pela figura legal, já que, em qualquer caso, a conduta do agente reveste-se de maior gravidade por colocar a integridade da vítima em maior risco.

A simulação da arma não caracteriza essa causa de aumento de pena.

Quanto à arma de brinquedo, vale ressaltar que o STJ cancelou, em 2001, a Súmula nº174, que dispunha: “no crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento de pena (de um terço até metade)”. Atualmente o uso de arma de brinquedo configura grave ameaça (tipificadora do roubo), porém não faz incidir esse aumento de pena.

II - se há o concurso de duas ou mais

pessoas; Ao contrário do crime de furto, no qual o

concurso de pessoas torna a infração qualificada, no crime de roubo o concurso de pessoas encontra-se no rol das causas especiais de aumento de pena, gozando aqui, do status de majorante, e não de qualificadora. (Rogério Greco).

III - se a vítima está em serviço de

transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

O intuito desse dispositivo foi proteger aqueles que trabalham com o transporte de valores. Ex.: roubo a carro-forte, a office-boys que carregam valores para depósito em banco, a veículos utilizados por empresas para carregar dinheiro ou pedras preciosas etc. Não se aplicando no caso de transporte particular de bens, uma vez que a expressão estar em serviço afasta o proprietário, abrangendo, tão somente, terceiros que lhe prestam esse serviço.

IV - se a subtração for de veículo automotor

que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

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Diz respeito exclusivamente a veículos automotores, não incidindo quando o agente transporta apenas partes de veículo. É necessário para a incidência dessa qualificadora, que haja a transposição de limites territoriais.

V - se o agente mantém a vítima em seu

poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

A doutrina tem visualizado duas situações que permitiriam a incidência da causa de aumento de pena no referido inciso:

1) quando a privação da liberdade da vítima for um meio de execução do roubo;

2) quando essa mesma privação de liberdade for uma garantia, em benefício do agente, contra a ação policial.

§ 3º Se da violência resulta lesão

corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

As qualificadoras descritas no § 3º do art.157 aplicam-se tanto ao roubo próprio quanto ao impróprio.

Para que se configure o “latrocínio”, é necessário que a morte tenha algum nexo de causalidade com a subtração que estava sendo perpetrada, quer tenha sido meio para o roubo, quer cometida para assegurar a fuga etc.-

O “latrocínio” é considerado “crime hediondo”. Lei 8.072/90

Não há “latrocínio” quando o resultado agravador decorre do emprego de “grave ameaça” - ex.: vítima sofre um enfarto em razão de ter-lhe sido apontada uma arma de fogo (haverá crime de “roubo” em concurso formal com “homicídio culposo”).

Quando a subtração e a morte ficam na esfera da tentativa, há “latrocínio tentado”; quando ambas se consumam, há “latrocínio consumado”; quando a subtração se consuma e a morte não, há “latrocínio tentado”; quando a subtração não se efetiva, mas a vítima morre, há “latrocínio consumado”

SÚMULAS 603 STF- A competência para o processo e

julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri.

610 STF- Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realiza o agente a subtração de bens da vítima.

Objeto Jurídico: Patrimônio e a liberdade individual.

Sujeito Ativo: Qualquer pessoa imputável.

Sujeito Passivo: o possuidor e as pessoas que sofreram violência.

Tipo Objetivo: A conduta de subtrair (tirar, retirar de alguém) direta ou indireta.

Tipo Subjetivo: Dolo específico ou genérico.

Consumação: Quando a coisa sai da posse da vítima para entrar na do agente. Inversão da posse.

Tentativa: É possível, qualquer que seja a corrente adotada em relação ao momento consumativo.

No roubo próprio é admitida a tentativa, já no roubo impróprio o entendimento jurisprudencial é de não ser admitida a tentativa. EXTORSÃO

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Conceito- é uma variante de crime patrimonial muito semelhante ao roubo, pois também implica numa subtração violenta ou grave ameaça de bens alheios. Difere no fato da extorsão exigir uma participação direta da vítima, fazendo alguma coisa, tolerando que se faça ou deixando de fazer algo em virtude da ameaça ou da violência sofrida.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou

mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.

Nos termos do § 2º do art.158 do CP, se o crime é cometido por duas ou mais pessoas (os agentes devem efetivamente cometer o crime, ou seja, agir na qualidade de co-autores, e não como meros participes. Note que esse parágrafo não menciona concurso de duas ou mais pessoas, e sim, cometimento do crime por duas ou mais pessoas, excluindo, portanto, a participação).

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada

mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Obs: Art. 1.º, III, Lei N.º 8.072/90 - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o). O crime de extorsão qualificada com resultado morte é crime hediondo, na forma tentada e na forma qualificada.

As qualificadoras descritas no § 3º do art.157 aplicam-se tanto ao roubo próprio quanto ao impróprio. SEQUESTRO RELÂMPAGO

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,

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aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.” (NR)

O presidente da República sancionou , no

dia 17 de abril de 2009, a Lei 11.923, que torna crime o sequestro relâmpago a ser previsto em nosso Código Penal no art.158 § 3º. Com isso, a nova lei pôs fim a divergências existentes na tipificação do delito, pois, em face da ausência de um tipo penal específico, a conduta era composta de diversos delitos, de acordo com o modus operandi. Possuía, assim, natureza complexa, por resultar da fusão de mais de um tipo penal: sequestro ou cárcere privado (artigo 148), roubo (artigo 157) extorsão (artigo 158) e extorsão mediante sequestro (artigo 159).

Objeto Jurídico- trata-se de crime contra o patrimônio, a liberdade e a incolumidade pessoal.

Sujeito Ativo- Pode ser qualquer pessoa. Crime Comum.

Sujeito Passivo- Todos que sofram a violência ou grave ameaça, bem como aqueles que experimentem algum prejuízo financeiro em razão do delito.

Tipo Objetivo- A conduta típica é vislumbrada pelo verbo constranger (obrigar, coagir) alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.

Tipo Subjetivo- É o dolo consistente na vontade livre e consciente de sequestrar alguém com a finalidade de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.

Consumação- Consuma-se no ato, independentemente da obtenção da vantagem indevida.

Tentativa- É admissível. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

Art. 159 – Sequestrar (privar a sua liberdade; impedir a sua locomoção) pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem (somente a econômica), como condição (não causar nenhum mal a ela) ou preço do resgate (vantagem em troca da liberdade da vítima):

Pena - reclusão, de 8 a 15 anos. É “crime hediondo”. A consumação ocorre no exato instante

em que a vítima é sequestrada, privada de sua liberdade, ainda que os seqüestradores não consigam receber ou até mesmo pedir o resgate (desde que se prove que a intenção deles era fazê-lo); a vítima deve permanecer em poder dos agentes por tempo juridicamente relevante; o pagamento do resgate é mero exaurimento do crime, mas pode ser levado em conta na fixação da pena-base (art. 59).

§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

Sequestrado é menor de 18 anos: menor de 18 anos e maior de 14, pois se tiver menos de 14 anos, a pena é aumentada de metade - L. 8.072/90.

É cometido por bando ou quadrilha pressupõe uma união permanente de pelo menos 4 (quatro) pessoas com o fim de cometer crimes. Quadrilha ou bando

Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:

Pena - reclusão, de um a três anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)

Parágrafo único – A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.

§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

Em ambas as hipóteses (§ 2° e 3°), o resultado agravador deve ter recaído sobre a pessoa sequestrada.

Se a morte ou a lesão corporal forem causadas por caso fortuito ou culpa de terceiros, não se aplicam as qualificadoras.

O reconhecimento de uma qualificadora mais grave automaticamente afasta a aplicação das menos graves. Essa é a maior pena do Código Penal.

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)

DELAÇÃO EFICAZ OU PREMIADA)- Art. 159, § 4. Esse dispositivo foi inserido no Código Penal pela Lei dos Crimes Hediondos e teve sua redação alterada pela Lei n. 9.269/96. Trata-se de causa obrigatória de redução da pena, que, para ser aplicada, exige que o crime tenha sido cometido por pelo menos duas pessoas e que qualquer delas arrependa-se (co-autor ou partícipe) e delate as demais para a autoridade pública, de tal forma que o sequestrado venha a ser libertado. Para a obtenção do benefício, o agente deve, por iniciativa própria ou quando questionado pela autoridade, prestar

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informações que efetivamente facilitem a localização e a libertação da vítima.

OBS: A extorsão mediante sequestro, em todas as suas formas, é crime hediondo.

Objeto Jurídico- Trata-se de crime complexo, em que a lei visa proteger a liberdade individual e o patrimônio.

Sujeito Ativo- Pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo- Quem sofre a privação

da liberdade e a lesão patrimonial. Tipo Objetivo- Seqüestrar alguém pela

lei deve ser um ser humano. No caso de animal de estimação ou de raça, mesmo que tenha por finalidade resgate, caracteriza tão-somente crime de extorsão.

Tipo Subjetivo- Dolo genérico que consiste na consciência do delinqüente de praticar uma ação vedada pela lei penal e do específico pelo intuito de conseguir para si ou para outrem.

Objeto Material- Qualquer vantagem ou o valor do resgate.

Consumação Consuma-se no ato em que a vítima é seqüestrada, ainda que o agente não consiga receber ou mesmo pedir o resgate.

Tentativa- É admissível, desde que os agentes iniciem a execução do crime, mas não consigam levar a pessoa que pretendiam sequestrar.

Ação Penal- Pública incondicionada. EXTORSÃO INDIRETA

Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. O crime de extorsão indireta pressupõe a

coexistência de três requisitos: a) Exigência ou recebimento de

documento que possa dar causa a processo penal contra a vítima ou terceiro;

b) Intenção do agente de garantir ameaçadoramente o pagamento da dívida. Para a configuração do delito em estudo, basta que o citado documento possa, em tese, dar causa ao início de um procedimento criminal. A jurisprudência firmou ainda entendimento no sentido de não haver extorsão indireta quando a vítima entrega cheque pré-datado ao credor, uma vez que este não pode dar origem a processo-crime, já que o delito de emissão de cheque sem fundos é incompatível com o cheque pré-datado.

c) Abuso da situação de necessidade financeira do sujeito passivo. Para a configuração do delito é necessário que o agente saiba que está aproveitando-se de um momento de dificuldade da vítima. Por isso, apesar de se tratar de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, na maioria das vezes o autor da infração é um agiota.

Crime Comum. Objeto Jurídico: O patrimônio da pessoa

extorquida. Sujeito Ativo: Quem, valendo-se da

situação de alguém, exige ou recebe a garantia originária.

Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. Objeto Material: É o documento, cheque

sem fundo, cambial com assinatura falsa, a confissão de um crime, etc.

Tipo Objetivo: Exigir ou receber. No exigir, declara expressamente que a condição indeclinável da prestação econômica é o fornecimento da garantia ilícita. No receber, não há a condição expressa, a iniciativa parte do mutuário, que, sabendo não conseguir o seu fim, da entrega ao mutuante o documento como penhor da dívida.

Tipo Subjetivo: Dolo específico. Consumação: Consuma-se com a

exigência ou o recebimento da garantia. Tentativa: É admissível. Não se admite a forma culposa.

CAPÍTULO III

DA USURPAÇÃO

ALTERAÇÃO DE LIMITES Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume,

marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:

Com esse dispositivo a lei visa resguardar a posse e propriedade dos bens imóveis.

Usurpação- são apossamentos indevidos ou turbações referentes a imóveis ou semoventes (animais).

Pena - detenção, de um a seis meses, e

multa. Suprimir- fazer desaparecer Deslocar- mudar de lugar Tapume- são cercas, muros, parte, tudo

que possa servir para separar as propriedades imóveis.

Marco- é qualquer tipo de sinal demarcatório, natural ou artificial: pedra, estaca, arvore.

Sinal indicativo de linha divisória- sinal é qualquer tipo de símbolo ou expediente destinado a servir de advertência ou reconhecimento.

Objeto Jurídico- é a posse da propriedade.

Sujeito Ativo- é o dono do imóvel ao lado daquele que terá a linha divisória alterada. (Crime Próprio).

Sujeito Passivo- é o proprietário do imóvel que teve a linha divisória modificada.

Tipo Objetivo- suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer sinal de linha divisória, apropriando-se de coisa imóvel alheia.

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Tipo Subjetivo- é o dolo Consumação- consuma-se quando ocorre

a efetiva supressão ou deslocamento do marco, ainda que o agente não atinja sua finalidade de apropriar-se do imóvel alheio.

Tentativa – é admissível.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Pena - detenção, de um a seis meses, e

multa. USURPAÇÃO DE ÁGUAS

I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;

Desviar- alterar. Represar- conter, impedir. Ocorre a usurpação de águas no desvio ou

represamento de águas alheias, em proveito próprio ou de outrem e em detrimento (prejuízo) de uma propriedade pública ou privada.

Quem retira água de rios e córregos está desrespeitando a Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como a Lei de Crimes Ambientais, e está sujeito a detenção de seis meses a um ano, mais multa.

Furto de água com ligação irregular do hidrômetro é furto, bem como retirada de areia sem autorização do poder público- Art.176 CF.

Sujeito Ativo- pode ser qualquer pessoa (vizinho ou não), pois o tipo penal dispensa uma qualidade especial.

Sujeito Passivo- somente o proprietário e o possuidor é que podem figurar nessa condição.

Tipo Subjetivo- é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de desviar ou represar, em proveito próprio ou de outrem águas alheias.

Consumação- ocorre no exato instante em que o agente efetua o desvio ou represamento, ainda que não consiga obter o proveito próprio ou alheio a que o texto legal se refere.

Tentativa- é admissível. ESBULHO POSSESSÓRIO

II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.

O esbulho possessório pressupõe a invasão de propriedade imóvel alheia, edificada ou não, desde que o fato ocorra com emprego de violência ou grave ameaça contra a pessoa, ou, ainda, mediante o concurso de mais de duas pessoas.

§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre

também na pena a esta cominada. Se, por ocasião do esbulho possessório o

agente provocar lesões corporais na vítima,

ainda que leves, responderá por aquele e por estas, com as penas aplicadas cumulativamente.

§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa (Ação penal privada).

Objeto Jurídico- é o patrimônio. Sujeito Ativo- qualquer pessoa. Crime

Comum. Sujeito Passivo- é a pessoa que detém a

posse de um imóvel. Tipo Objetivo- invadir, no contexto do

tipo, significa entrar a força, visando à dominação.

Tipo Subjetivo- é o dolo. Consumação- ocorre com a invasão do

imóvel, com a finalidade de assumir a posse. Tentativa- Admite-se.

SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS

Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

Objeto Jurídico- é a propriedade dos semoventes especialmente o gado (animais de grande porte - exs: boi, cavalo etc.) ou rebanho (animais de pequeno porte- exs.: ovelha, cabra, cabrito etc.)

Sujeito Ativo- pode ser qualquer pessoa (crime comum).

Sujeito Passivo- é proprietário dos animais.

Tipo Subjetivo- é o dolo consistente na vontade livre e consciente de suprimir (fazer desaparecer) ou alterar (transformar, modificar), indevidamente, marca ou sinal indicativo de propriedade em gado ou rebanho alheio. Inexiste a modalidade culposa desse delito.

Consumação- Com a efetiva alteração ou supressão, independentemente de futuros prejuízos.

Tentativa- é admissível.

CAPÍTULO IV DANO

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

a) Destruir- o objeto é eliminado, extinto. Ex.: colocar fogo em livros, por abaixo uma casa, um muro etc.

b) Inutilizar- o objeto continua existindo, mas sem poder ser utilizado para a finalidade que se destinava. Ex.: quebrar os ponteiros de um relógio, quebrar as hélices de um ventilador, de um barco etc.

c) Deteriorar- forma geral de dano. Ex.: amassar ou riscar a lataria de um veículo.

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Não é necessário que o agente vise a obtenção de lucro.

Não há dano culposo no Código Penal- exceções Lei dos Crimes Ambientais , arts. 38 e 62 e Código Militar, art. 383 parágrafo único.

Dos Crimes contra a Flora - Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais)

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

PARTE ESPECIAL – Código Penal Militar LIVRO II

DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE GUERRA TÍTULO I

Do Favorecimento ao Inimigo CAPÍTULO VIII

Do Dano Art. 383 - Praticar ou tentar praticar qualquer

dos crimes definidos nos artigos 262, 263, parágrafos 1 e 2, e 264, em benefício do inimigo, ou comprometendo ou podendo comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção, de quatro a dez anos.

OBS.: O crime de dano só é punível a título de

dolo e, assim, em caso de culpa, configura-se apenas o ilícito civil. Dano qualificado

Parágrafo único - Se o crime é cometido: I - com violência à pessoa ou grave

ameaça; Essa qualificadora somente se aplica

quando a violência ou grave ameaça constituem meio para que o agente consiga danificar o objeto alheio.

Cuida-se aqui da violência física ou moral empregada contra a vítima ou terceira pessoa, a fim de assegurar a destruição, inutilização ou deterioração do bem.

II - com emprego de substância inflamável

ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave.

Da mesma forma que a qualificadora anterior, a substância inflamável ou explosiva deve ter sido utilizada como meio para a pratica de algum dano, observando a lei penal, no entanto, a sua natureza subsidiária, pois que somente atuará como qualificadora do dano se o fato não constitui crime mais grave. Ex.: crime de explosão –art. 251 do CP.

III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967)

Danos a telefones públicos, lâmpadas de postes; bens particulares alugados pela administração pública.

IV - por motivo egoístico ou com prejuízo

considerável para a vítima: Pena - detenção, de seis meses a três anos,

e multa, além da pena correspondente à violência. (Somente se procede mediante queixa).

Motivo egoístico- ligado à obtenção de um futuro benefício de ordem moral ou econômica. Ex.: sabotar o carro do competidor adversário para ganhar a corrida.

Objeto Jurídico: A propriedade e a posse.

Sujeito Ativo: É o que destrói, inutiliza ou deteriora.

Sujeito Passivo: O titular do direito de propriedade.

Tipo de Crime: Comum quanto ao sujeito, comissivo ou omissivo, mas sempre com dolo, material por depender do resultado, subsidiário, instantâneo e requer sempre o exame de corpo delito.

Tipo Objetivo: Destruir, inutilizar ou deteriorar.

Concurso de Crimes: O crime de dano é subsidiário sendo absorvido pela conduta mais grave e o concurso de crimes só haverá no crime material.

Tipo Subjetivo: É o dolo, direto ou eventual.

Consumação: Consuma-se no momento da destruição, inutilização ou deteriorização.

Tentativa: Admissível. Ação Penal Privada no dano simples ou

por motivo egoístico e pública incondicionada INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA

Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. (Somente se procede mediante queixa).

Introduzir- conduta comissiva, pois o agente coloca o animal na propriedade de outrem.

Deixar- a segunda conduta é omissiva, já que o agente não retira o animal que livremente entrara em propriedade alheia, quando era sua obrigação fazê-lo.

A lei usa a palavra “animais” no plural, mas, para a doutrina, basta a introdução de um único animal para a tipificação desse delito.

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Objeto Jurídico- é a inviolabilidade da posse e da propriedade alheia.

Sujeito Ativo- pode ser qualquer pessoa. ( Crime Comum), exceto o proprietário.

Sujeito Passivo- é o proprietário ou legítimo possuidor.

Tipo Subjetivo- é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de introduzir ou deixar animais em propriedade alheia.

A consumação desse delito ocorre quando, em razão da introdução ou abandono do animal em propriedade alheia, resulta prejuízo.

Admite-se tentativa. DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO

Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Este artigo foi REVOGADO pelo art. 62, I,

da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), que possui a seguinte redação: “destruir, inutilizar ou deteriorar: I- bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa”. Alteração de local especialmente protegido

Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Este artigo foi REVOGADO pelo art.63 da

Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), que possui a seguinte redação: “Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa”.

AÇÃO PENAL

Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa (crime de ação penal privada).

CAPÍTULO V

APROPRIAÇÃO INDÉBITA Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia

móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e

multa. Nesse delito, o agente recebe

legitimamente a coisa (tem a posse ou detenção

legitima), mas passa a comportar-se como dono, recusando-se a devolvê-la. Requisitos:

a) A vitima deve entregar ao agente a posse ou a detenção do bem de forma livre, espontânea e consciente, ou seja, o indivíduo recebe a posse ou a detenção de forma lícita.

b) A posse ou a detenção devem ser desvigiadas.

c) Ao receber o bem o sujeito deve estar de boa fé, ou seja, ter intenção de devolvê-lo à vítima ou de dar a ele a correta destinação. Distinção entre Apropriação Indébita e Estelionato

Na apropriação indébita, o dolo (animus, vontade) surge após o recebimento da posse ou detenção da coisa, enquanto que no estelionato o dolo é anterior.

Observa-se que no caso de funcionário público, o delito será denominado peculato, o qual se encontra previsto no artigo 312 do Código Penal. AUMENTO DE PENA

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:

I - em depósito necessário; Depósito necessário é aquele que

independe da vontade das partes, por resultar de fatos imprevistos e irremovíveis, que levam o depositante a efetuá-lo, entregando a guarda de um objeto a pessoa que desconhece, a fim de subtraí-lo de uma ruína imediata, não lhe sendo permitido escolher livremente o depositário, ante a urgência da situação.

Subdivide-se em depósito legal, miserável Legal- é aquele que decorre de expressa

disposição legal – o agente sempre será funcionário público e, portanto, responderá pelo crime de peculato.

Miserável- é que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como incêndio, inundação, saque etc.

II - na qualidade de tutor, curador, síndico,

liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;

Tutor- é aquele a quem compete cuidar da pessoa do menor, em virtude do falecimento de seus pais, ou na hipótese de serem declarados ausentes, bem como quando tiverem decaído do poder familiar.

Curador- é aquele que, em virtude de designação judicial, deverá cuidar daqueles que, de acordo com os incisos I a V do art. 1.767 do Código Civil: I- por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II- por outra causa duradora, não puderem exprimir a sua vontade; III- são deficientes mentais, ébrios habituais, viciados em tóxicos etc.

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Inventariante- é aquele a quem compete, desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha (divisão dos bens), a administração da herança. (Art. 1.991 do Código Civil).

Testamenteiro- é aquele que tem a função de cumprir as disposições de última vontade do de cujus (falecido), formalizadas em seu testamento.

A figura do síndico foi substituída pelo administrador judicial- nos termos da Lei 11.101/05- Lei de Falências.

A figura do liquidatário não existe mais em razão de alteração na Lei de Falências.

Depositário Judicial- é encarregado, conforme o art. 148 do CPC, de guardar e conservar os bens penhorados, arrestados, seqüestrados ou arrecadados, não dispondo a lei de outro modo.

III - em razão de ofício, emprego ou

profissão. Ofício- é a ocupação manual ou mecânica

que supõe certo grau de habilidade, por exemplo, mecânico de automóvel, costureira, relojoeiro etc.

Emprego- é a prestação de serviço com subordinação e dependência, que podem não existir no ofício ou profissão.

Profissão- caracteriza-se pela inexistência de qualquer vinculação hierárquica e pelo exercício predominantemente técnico e intelectual de conhecimentos . Ex. médico, advogado, engenheiro.

Objeto ou Bem Jurídico Tutelado- é o patrimônio e o direito a propriedade.

Sujeito Ativo- é que tem a posse ou a detenção lícita da coisa alheia móvel.

Sujeito Passivo- é o dono ou possuidor da coisa.

Tipo Subjetivo- o dolo. Consumação- ocorre no exato momento

em que o agente inverte o seu ânimo sobre a coisa, ou seja, de mero possuidor ou detentor que era passa a comportar-se como dono.

Tentativa- a maioria da doutrina admite a tentativa, apesar de ser de difícil constatação. A tentativa somente é possível na modalidade comissiva no momento em que o agente for surpreendido negociando a coisa com terceiro. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

A ação nuclear "deixar de repassar" significa não transferir, não deslocar as

contribuições previdenciárias descontadas do empregado para a previdência social, no prazo legal. Essa hipótese refere-se aos estabelecimentos bancários, ou quaisquer outros, autorizados a receber, do contribuinte, o recolhimento de contribuição previdenciária, e que, no entanto, deixem de repassar à Autarquia, no prazo legal ou convencional, os valores recolhidos pelo contribuinte.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem

deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Esta hipótese é muito semelhante à do caput, mas mira especificamente o empregador.

II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

São as contribuições comprovadamente incluídas no preço do produto ou serviço.

III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Ex.: salário-família já reembolsado, mas não repassado para a empregada.

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente,

espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

A Ação Fiscal se inicia com a notificação pessoal do contribuinte a respeito de sua instauração.

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios (multa, correção, juros); ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo

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para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Atualmente, nos termos da Lei 11.033/04, esse valor é de R$ 10.000 (dez mil reais), considerada por devedor, exceto quando, em face da mesma pessoa, existirem outras dívidas que, somadas, superem esse montante. LEI No 11.033, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2004

Art. 21. Os arts. 13, 19 e 20 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, passam a vigorar com a seguinte redação:

Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Crime próprio. Objeto Jurídico Tutelado- O Patrimônio. Sujeito Ativo- somente pode ser aquele

com o dever legal de repassar a Previdência Social os valores recolhidos dos contribuintes.

Sujeito Passivo – o Estado, especialmente a Previdência Social.

Consumação- ocorre no momento de exaurimento do prazo assinalado para o recolhimento das contribuições previdenciárias.

Tentativa- não se admite. APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

O que caracteriza esse delito é que a coisa vem até o poder do agente por erro (engano, falsa representação de uma realidade), caso fortuito (evento acidental que decorre de um comportamento humano) ou força da natureza (evento acidental e imprevisível provocado pela natureza).

Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

Apropriação de tesouro

I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Será dividido por igual entre o proprietário

do prédio e o que achar o tesouro casualmente. (art. 1.246 do CC) Apropriação de coisa achada

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.

Não se consideram coisa perdida a res derelicta (coisa abandonada) e a res nullius (coisa que nunca teve proprietário ou possuidor). Não basta achar a coisa perdida para que o crime se configure; é preciso que o agente deixe de restituir a coisa achada ao legítimo possuidor, caso o agente o conheça, ou deixe de entregar o bem à autoridade competente no prazo de quinze dias.

Art. 170 - Nos crimes previstos neste

Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. (forma privilegiada).

CAPÍTULO VI

DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES ESTELIONATO

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita (especial fim de agir), em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro (falsa percepção da realidade), mediante artifício, ardil (fraude intelectual), ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Características gerais do crime de estelionato.

O estelionato é um crime que se caracteriza pelo emprego de fraude, uma vez que o agente, valendo-se de alguma artimanha, consegue enganar a vítima e convencê-la a entregar-lhe algum pertence, e, na sequência, locupletar-se ilicitamente com tal objeto.

Requisitos do crime de estelionato. Ao iniciar a execução do estelionato o agente deve, em um primeiro momento, empregar artifício, ardil ou qualquer outra fraude. Qualquer outro meio fraudulento. É uma fórmula genérica que tem por finalidade englobar qualquer outra artimanha capaz de enganar a vítima, como, por exemplo, o silêncio. Para a existência do estelionato, entretanto, o resultado final visado pelo agente deve ser a obtenção de uma vantagem ilícita em prejuízo alheio e de natureza econômica, já que o estelionato é um crime contra o patrimônio. Vale frisar que a vantagem deve ser ilícita, pois, caso contrário, o crime seria o de exercício arbitrário das próprias razões.

Crime muito comum em casos de Internet. Muitos piratas se utilizam de sites de venda de produtos contrafeitos e de sites de leilões (Mercado Livre, Arremate) para fazer a oferta e posterior venda de produtos piratas. Investigando esses casos verificamos que em muitos deles o vendedor recebe o dinheiro através de depósitos bancários em contas de “laranjas” e não entrega a mercadoria.

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Objeto Jurídico protegido- É o patrimônio

Sujeito ativo- pode ser tanto aquele que emprega a fraude como aquele que recebe a vantagem ilícita, desde que o terceiro também tenha dolo.

Sujeito passivo pode ser tanto quem sofre o prejuízo quanto quem é ludibriado pela fraude.

Tipo Subjetivo- É o dolo Consumação- O estelionato é um crime

material que somente se consuma no instante em que o agente efetivamente consegue obter a vantagem ilícita por ele visada.

Tentativa- caso o agente não obtenha a vantagem indevida por circunstâncias alheias à sua vontade, haverá o conatus (tentativa).

Obs.: se o agente se aproveita da inexperiência de pessoa menor de dezoito anos ou alienada mental para induzi-Ia a praticar ato suscetível de provocar-lhe prejuízo, pratica o crime de abuso de incapazes, previsto no art. 173 do Código Penal.

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de

pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. Primariedade do agente- entende-se

aquele que não é reincidente. Doutrina e Jurisprudência

convencionaram que por pequeno valor deve ser entendido aquele que gira em torno de um salário mínimo na data do fato.

§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

Disposição de coisa alheia como própria

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; A consumação ocorre: a) no caso de venda com o recebimento

do preço; b) em locação quando o agente recebe o

primeiro aluguel; c) em garantia coisa alheia como

própria- com o recebimento do empréstimo. Objeto Jurídico- Tutela a inviolabilidade

patrimonial. Sujeito Ativo- Quem vende, permuta, dá

em pagamento, em locação ou em garantia, coisa alheia.

Sujeito Passivo- Quem sofre o dano material.

Consumação- No momento em que o agente comete o delito.

Tentativa- É admitida. Ação Penal Pública incondicionada

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; Coisa inalienável é aquela que não pode

ser vendida em razão de determinação legal, podendo ser bens móveis ou imóveis.

Coisa gravada de ônus é aquela sobre a qual pesa um direito real em decorrência de cláusula contratual ou disposição legal. É o caso da hipoteca.

Pode ser também litigiosa, que é o objeto de discussão judicial (Ex.: usucapião contestado, reivindicação, etc.).

Há ainda a situação em que o agente prometeu vender a terceiro mediante pagamento de prestações.

Sujeito Ativo- Quem aliena ou onera fraudulentamente coisa própria.

Sujeito Passivo- Quem sofre o dano patrimonial da ação do delinquente. Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; O penhor consiste no oferecimento de um

bem móvel como garantia de um negócio, com a entrega da coisa (em regra) ao credor.

Com a celebração do contrato de penhor o bem normalmente é entregue ao credor. Excepcionalmente, entretanto, o objeto pode ficar em poder do devedor, e, neste caso, se ele o alienar sem autorização do credor ou de alguma outra forma inviabilizar o objeto como garantia da dívida (destruindo-o, ocultando-o, inutilizando-o, etc.), cometerá este delito.

Sujeito Ativo- É o devedor, que, apesar do contrato de penhor, estava na posse do bem e o alienou em prejuízo do credor.

Sujeito Passivo- É o credor, que, com a alienação, ficou sem a garantia da sua dívida.

Objeto Material- É a coisa que garantia a pignoratícia.

Consumação- Consuma-se quando o agente aliena ou destrói o objeto.

Tentativa- É possível. Fraude na entrega de coisa

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Defrauda substância- entregar objeto

de vidro no lugar de cristal, cobre no lugar de ouro)

Qualidade- entregar objeto usado como novo, mercadoria de segunda no lugar de primeira.

Quantidade- dimensão, peso.

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Exige o tipo penal que haja uma obrigação que vincule o agente à vítima, de forma que aquele tenha o dever de entregar algo a esta última. Tal obrigação pode decorrer de lei, contrato ou ordem judicial. Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

O requisito indispensável desse crime é a prévia existência de um contrato de seguro em vigor, sem o qual não haverá crime. A Lei pune alternativamente três condutas:

Destruir ou ocultar, no todo ou em parte, coisa própria;

Lesionar o próprio corpo ou saúde; Agravar as consequências da lesão ou

doença. Objeto Jurídico- Proteção do patrimônio

do segurador. Sujeito Ativo- É o segurado ou terceiro

que, ciente da intenção do segurado, venha a provocar-lhe as lesões, destruir o veículo, etc.

Sujeito Passivo- É o segurador. Consumação- Consuma-se no momento

da conduta de autolesionar, ocultar, etc. Tentativa- Admite-se. Classificação- Comum. Ação Penal Pública incondicionada

Fraude no pagamento por meio de cheque

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. Esse dispositivo prevê duas condutas

típicas autônomas: a) Emitir cheque sem fundos. Nessa

hipótese, o agente preenche e põe o cheque em circulação (entrega-o a alguém) sem possuir a quantia respectiva em sua conta bancária.

b) Frustrar o pagamento do cheque. Nessa modalidade, o agente possui a quantia no banco por ocasião da emissão do cheque, mas, antes de o beneficiário conseguir recebê-la, aquele saca o dinheiro ou susta o cheque.

Atenção!! Para que exista o crime é necessário que o

sujeito tenha agido de má-fé quando da emissão do cheque. Assim, não responde pelo delito quem imaginou possuir a quantia no banco ou quem não conseguiu ou se esqueceu de "cobrir" a conta corrente após a emissão do cheque. Nesse sentido a Súmula 246 do Supremo Tribunal Federal: "Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos".

A consumação somente ocorre quando o banco sacado formalmente recusa o pagamento, quer em razão da ausência de fundos, quer em razão da contra-ordem de pagamento. Nesse sentido, a Súmula 521 do Supremo Tribunal Federal: "O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade de emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado".

Objeto Jurídico- O patrimônio de quem recebe.

Sujeito Ativo- Qualquer pessoa. Sujeito Passivo- Aquele que recebe o

cheque. Tipo Objetivo- A fraude, ou seja, emitir

cheque sem a devida provisão ou sustar o seu pagamento.

Tipo Subjetivo- Dolo específico. Consumação- Consuma-se apenas

quando o banco formalmente recusa o pagamento, quer em razão da ausência de fundos ou pela contra-ordem dada.

Tentativa- É possível.

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento (prejuízo) de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

DUPLICATA SIMULADA

Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Fatura- Entende-se por fatura a nota que

o vendedor dá ao comprador, descrevendo a mercadoria vendida, com discriminação da quantidade ou marca e a qualidade, apontando o respectivo preço.A fatura acompanha a mercadoria e faz a prova da compra e venda mercantil.

A duplicata é espécie de título de crédito, ao lado de outros como a letra de câmbio, distinguindo-se por pertencer à categoria dos títulos causais, o que significa dizer que não devem ser emitidos sem que haja efetivamente a transação que lhe deu origem. No caso específico da duplicata, pode ser a nota fiscal de venda e a prova da regular entrega do objeto da transação, o que geralmente consta da própria nota fiscal.

Nota de Venda- nota fiscal.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) Objeto Jurídico- tutela-se o patrimônio.

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Sujeito Ativo- aquele que emite a fatura, duplicata ou nota de venda.

Sujeito Passivo- quem realiza o desconto da duplicata, bem como o sacado (comprador), ou seja a pessoa contra quem é emitida a fatura, duplicata ou nota de venda. Deve este último estar agindo de boa-fé.

Elemento Subjetivo- é o dolo. Consumação- ocorre com a simples e

efetiva colocação da duplicata em circulação, independentemente de prejuízo. (STJ).

Tentativa- é inadmissível.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)

“Falsificar” significa criar completamente a escrituração, enquanto que “adulterar” pressupõe a prévia existência de uma escrituração válida que venha a ser modificada pelo agente.

Sujeito Ativo- é o autor da falsificação ou adulteração.

Sujeito Passivo- é o Estado. Consumação- ocorre com a falsificação

ou adulteração, independentemente da obtenção de qualquer vantagem econômica.

Tentativa- é admissível quando o agente é flagrado iniciando a execução do crime. ABUSO DE INCAPAZES

Art. 173 – Abusar (tirar proveito, partido, vantagem), em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. O núcleo abusar é utilizado pelo texto

legal no sentido de se aproveitar, tirar proveito, partido, vantagem da necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem. Ex.: o alienado ou débil mental outorgar procuração para a venda de seus bens, embora a mesma não se tenha verificado.

Objeto Jurídico- Tutela-se o patrimônio. Sujeito Ativo- qualquer pessoa. (crime

comum). Sujeito Passivo- é o incapaz, isto é, o

menor, alienado mental ou débil mental. Crime Próprio.

Elemento Subjetivo- é o dolo (direto ou eventual).

Consumação- consuma-se com efetiva pratica do ato potencialmente lesivo a que ele foi induzido, independentemente da obtenção de proveito em seu favor ou de terceiro.

Tentativa- é possível quando a vítima, induzida pelo agente, não consegue praticar o ato jurídico que pretendia. INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO

Art. 174 – Abusar (aproveitar-se de alguém), em proveito próprio ou alheio, da inexperiência (com pouca vivência nos negócios) ou da simplicidade (sem malícia) ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. No jogo o resultado depende da maior ou

menor habilidade do jogador, a exemplo do pôquer.

Na aposta o resultado independe de qualquer habilidade por parte do apostador, como ocorre com as corridas de cavalos.

Objeto Jurídico- é o patrimônio. Sujeito Ativo- qualquer pessoa. Sujeito Passivo- é a pessoa

inexperiente, simples ou com inferioridade mental.

Elemento Subjetivo- é o dolo. Consumação- ocorre com a efetiva

prática de jogo, aposta ou especulação com títulos de mercadorias, não se exigindo que o agente obtenha qualquer tipo de proveito ou que a vítima sofra prejuízo.

Tentativa- admite-se. FRAUDE NO COMÉRCIO

Art. 175 – Enganar (iludir), no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:

I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;

II - entregando uma mercadoria por outra: Pena - detenção, de seis meses a dois anos,

ou multa. § 1º - Alterar em obra que lhe é

encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Objeto Jurídico- é o patrimônio. Sujeito Ativo- tem que ser comerciante

ou comerciário (crime próprio). Sujeito Passivo- de acordo com

indicação legal, é o adquirente ou o consumidor, dele não se exigindo qualquer qualidade ou condição especial, cuidado-se aqui de crime comum (Rogério Greco).

Elemento Subjetivo- somente pode ser praticado dolosamente, não havendo previsão para a modalidade culposa do delito.

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Consumação- ocorre a partir do momento em que a vítima percebe que recebeu mercadoria falsificada, deteriorada, trocada, etc.

Tentativa- admite-se. OUTRAS FRAUDES

Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:

Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Sujeito Ativo- pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo- é a pessoa que presta

serviço. Consumação- consuma-se com a tomada

de refeição, o alojamento em hotel e a utilização de transporte, sem dispor de recursos para efetuar o pagamento.

Tentativa- Admissível. Ação Penal - Pública Condicionada.

Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações

Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular. (Nos crimes relacionados contra a economia popular, atingi-se um número indeterminado de pessoas). Sociedade por ações é uma sociedade

comercial que tem seu social dividido em ações, estando a responsabilidade de cada acionista limitada à integralização das suas ações. Nesse caso é chamada também no Brasil de Sociedade Anonima ou Companhia.

Nesse delito, o agente omite certas informações ou faz afirmações falsas referentes a constituição de sociedade por ações de modo a atrair o maior número de interessados em subscrever as ações dessa sociedade.

Inexiste a modalidade culposa desse delito.

O Prospecto é o instrumento através do qual os Fundadores devem demonstrar objetivamente as bases da S/A e os motivos que os levam a acreditar no sucesso do empreendimento. Por isso, deverá ser assinado pelos fundadores e a instituição financeira intermediária. Se o registro for deferido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), após publicados o Projeto de Estatuto e o Prospecto (cujos originais ficam em poder da Comissão Financeira

Intermediária e à disposição do público, inicia-se a fase de subscrição.

Terminada a subscrição de todo o capital, a instituição financeira deverá fazer o depósito da entrada no Banco do Brasil ou em outro Banco Comercial.

§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato

não constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)

I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;

II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;

III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;

IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;

V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;

VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;

VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;

VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;

IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.

§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.

EMISSÃO IRREGULAR DE CONHECIMENTO DE DEPÓSITO OU "WARRANT"

Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Conhecimento de depósito- é um título

de crédito correspondente às mercadorias depositadas no armazém-geral.

Warrant- é o instrumento de penhor sobre mercadoria.

Conhecimento de Depósito e Warrant são dois títulos de crédito, com finalidades distintas, emitidos, porém, ao mesmo tempo (títulos gêmeos), por armazéns-gerais, cujo objeto é a guarda e a conservação de mercadorias.

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O endosso do conhecimento de depósito transfere a propriedade da mercadoria depositada.

O endosso do warrant significa que a mercadoria depositada foi dada em garantia de um empréstimo ou de alguma obrigação.

Objeto Jurídico Tutelado- O Patrimônio e a credibilidade comercial dos títulos de crédito.

Sujeito Ativo- é o emitente do conhecimento de depósito ou warrant.

Sujeito Passivo- é o endossante ou portador do conhecimento de depósito ou warrant.

Tipo Subjetivo- o dolo. FRAUDE À EXECUÇÃO

Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Para a configuração desse delito é necessário a existência de uma sentença a ser executada ou de uma ação executiva. O devedor, com o fim de fraudar a execução, desfaz-se de seus bens através de uma das condutas descritas na lei (alienando, desviando, destruindo ou danificando bens ou ainda simulando dívidas).

Sujeito Ativo- é o devedor não comerciante, pois, se o for, o crime será falimentar.

Sujeito passivo- é credor que está promovendo a execução.

Consumação- somente se consuma quando a vítima sofre algum prejuízo patrimonial em consequência da atitude do agente.

Tentativa- admite-se, quando o sujeito pratica o ato, mas não consegue fraudar a execução por existirem outros bens que garantam o direito do credor.

Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa (ação penal privada).

CAPÍTULO VII

DA RECEPTAÇÃO

RECEPTAÇÃO Art. 180 - Adquirir, receber, transportar,

conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) A receptação é um crime autônomo e

conexo a outro delito, uma vez que constitui pressuposto indispensável de sua existência a ocorrência de um crime anterior.

A receptação, delito dos mais importantes do título dos crimes contra o patrimônio, subdivide-se em doloso e culposa.

A dolosa possui as seguintes figuras: Simples- Pode ser própria (primeira parte

do caput) ou imprópria (segunda parte do caput);

Qualificada- Parágrafo 1º. Agravada- Parágrafo 6º. Privilegiada- Parágrafo 5º, 2ª parte. Culposa- art. 180, § 3º. Simples- Própria e imprópria A primeira – denominada – de receptação

própria – é formada pela aplicação alternativa dos verbos adquirir, receber, transportar ,conduzir, ocultar, tendo por objeto material coisa produto de crime. Nesse caso, tanto faz o autor praticar uma ou mais condutas, pois responde por crime único (ex.: aquele que adquire e transporta coisa produto de delito comete receptação).

A segunda - denominada receptação imprópria - é formada pela associação da conduta de influir alguém de boa-fé a adquirir, receber, ocultar coisa produto de delito, estará cometendo uma única receptação. Ocorre que a receptação, tal como descrita no caput do art. 180, é um tipo misto alternativo e, ao mesmo tempo cumulativo. Assim, adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar coisa originária de crime é conduta alternativa, o mesmo ocorrendo com a influência sobre terceiro para que adquira, receba ou oculte produto de crime.

Mas se o agente praticar as duas condutas fundamentais do tipo, estará cometendo dois delitos (ex.: o agente adquire coisa produto de crime e depois ainda influencia para que terceiro de boa-fé também o faça).

Crime muito ligado à pirataria, hoje existe uma grande rede de receptação, por exemplo, DVDs e CDs Virgens, computadores, gravadores de DVDs e CDS, impressoras.

Objeto jurídico- Proteção ao patrimônio. Sujeito ativo- Qualquer pessoa. Trata-se

de crime comum. Sujeito passivo- É a vítima do crime

antecedente. A receptação não faz nova vítima. Tipo Subjetivo- É o dolo direto. É

necessário que o agente tenha certeza da origem criminosa da coisa. A dúvida configura em tese, a receptação culposa, sendo inadmissível, por conseguinte, o dolo eventual (dúvida quanto a origem espúria do bem).

Consumação- Na receptação própria (1ª figura), é crime material e se consuma com a tradição da coisa. Na receptação imprópria (2ª figura), o crime é formal. Consumando-se com a influência exercida pelo sujeito ativo, embora parte da jurisprudência entenda necessária a realização da conduta típica pelo induzido.

Tentativa- Na receptação própria é perfeitamente admissível a tentativa, por

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exemplo, suponha-se que uma pessoa é contratada para conduzir um veículo roubado e acaba sendo flagrada antes de tomar uma direção. Na receptação imprópria não é admissível.

Ação física: As condutas típicas são: Adquirir - Significa obter a propriedade, a

título oneroso (compra e venda, permuta) ou gratuita (doação);

Receber - Obter a posse, ainda que transitoriamente;

Transportar - Levar um objeto de um local para outro.

Conduzir - Hipótese em que o agente toma a direção de um veículo para levá-lo de um local para outro (guiar, dirigir, governar);

Ocultar - Esconder, colocar o objeto num local onde não possa ser encontrado por terceiro.

Influir- inspirar ou insuflar. Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Trata-se de modalidade qualificada pela

Lei 9.426/96. A razão da maior gravidade da pena é o fato de o agente cometer o crime no exercício de atividade comercial ou industrial, situação que demonstra um forte desvalor da conduta, pois o agente utiliza o seu meio de trabalho para praticar o delito.

Trata-se de crime próprio, pois só pode ser imputado a quem explora uma atividade comercial ou industrial, não importando se a atividade está regular ou irregular.

Objeto jurídico- Proteção do patrimônio. Sujeito ativo- Somente o comerciante ou

industrial. Sujeito passivo- Proprietário da coisa. Tipo Objetivo- Trata-se de condutas

alternativas na atividade comercial ou industrial (receber, transportar, conduzir, ocultar), portanto, crime alternativo e de múltiplas ações.

Tipo Subjetivo- Dolo eventual no deve saber e dolo genérico no saber ser.

Consumação- Crime material que se consuma com as práticas das condutas.

Tentativa- Admite-se. Ação penal pública incondicionada,

ressalvado art.182, quando tornar-se-á pública condicionada a representação.

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Tipo subjetivo: Vontade consciente em

adquirir ou receber a coisa e na culpa em descuidar da procedência, ou seja, o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

Consumação: Consuma-se no momento e local onde é adquirida a coisa.

Tentativa: Por tratar-se de crime culposo, não se admite a tentativa.

Ação penal pública incondicionada, ressalvado as exceções do artigo 182, quando tornar-se-á pública condicionada a representação.

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) (Receptação Privilegiada).

Perdão Judicial (§ 5º, 1ª parte)

Na receptação culposa, sendo o acusado primário, e considerando as circunstâncias, pode ser concedido o perdão judicial (§ 5º, 1ª parte). Nas circunstancias a que se refere referido parágrafo, além da primariedade, deve ser considerada a culpa levíssima e o pequeno prejuízo causado. Receptação privilegiada (§ 5º, 2ª parte)

Na receptação dolosa é admissível o tratamento previsto para o furto privilegiado (art. 155): a primariedade e o pequeno valor da coisa produto do crime permitem substituir a pena de reclusão por detenção, reduzi-la de um a dois terços ou aplicar somente mula.

§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Receptação majorada

Aplica-se maior rigor na pena porque na receptação dolosa o agente sabe da procedência ilícita do bem, e, sendo o objeto produto de crime contra o patrimônio de uma das pessoas

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jurídicas mencionadas, fica evidente a maior gravidade da conduta.

CÓDIGO PENAL (Arts. 121 a 189)

PARTE ESPECIAL TÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio simples

Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por

motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de

recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,

asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Homicídio culposo

§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por

qualquer causa, a capacidade de resistência. Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena - detenção, de um a três anos. Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o

consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo

anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

CAPÍTULO II DAS LESÕES CORPORAIS

Lesão corporal Art. 129- Ofender a integridade corporal ou a

saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais,

por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro,

sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III perda ou inutilização do membro, sentido

ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias

evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Diminuição de pena

§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Substituição da pena

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;

II - se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa

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§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

Pena - detenção, de dois meses a um ano. Aumento de pena

§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. (Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)

§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)

Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)

CAPÍTULO III DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações

sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante

representação. Perigo de contágio de moléstia grave Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a

outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem

a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o

fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um

sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) Abandono de incapaz

Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:

Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal

de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo

aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo;

II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.

III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Exposição ou abandono de recém-nascido

Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de

natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois a seis anos.

Omissão de socorro Art. 135 - Deixar de prestar assistência,

quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o

crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)

CAPÍTULO IV DA RIXA

Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para

separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses,

ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão

corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe

falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e

multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo

falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de

ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

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III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Difamação

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Injúria

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável,

provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista

em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias

de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) Disposições comuns

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.

IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Exclusão do crime

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;

II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Retratação

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)

CAPÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

SEÇÃO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante

violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e

em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio. Ameaça

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante

representação. Sequestro e cárcere privado

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:

Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco

anos: I – se a vítima é ascendente, descendente,

cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

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§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos. Redução a condição análoga à de escravo

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

SEÇÃO II DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO

DOMICÍLIO Violação de domicílio

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou

em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.

§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.

§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:

I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.

§ 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde

alguém exerce profissão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra

habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;

II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

SEÇÃO III DOS CRIMES CONTRA A

INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA Violação de correspondência

Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Sonegação ou destruição de correspondência

§ 1º - Na mesma pena incorre: I - quem se apossa indevidamente de

correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica

II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;

III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior;

IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal.

§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.

§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:

Pena - detenção, de um a três anos. § 4º - Somente se procede mediante

representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. Correspondência comercial

Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:

Pena - detenção, de três meses a dois anos. Parágrafo único - Somente se procede mediante

representação. SEÇÃO IV

DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS

Divulgação de segredo Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa,

conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º Somente se procede mediante representação.

(Parágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Violação do segredo profissional Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa,

segredo, de que tem ciência em razão de função,

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ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

TÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

CAPÍTULO I DO FURTO

Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa

alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime

é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno

valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e

multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à

subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,

escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se

a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Furto de coisa comum Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou

sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.

CAPÍTULO II DO ROUBO E DA EXTORSÃO

Roubo Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou

para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois

de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de

valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante

violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais

pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

Extorsão mediante sequestro Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter,

para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)

Extorsão indireta Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de

dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. CAPÍTULO III

DA USURPAÇÃO Alteração de limites

Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para

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apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:

Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem:

Usurpação de águas I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de

outrem, águas alheias; Esbulho possessório

II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.

§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.

§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Supressão ou alteração de marca em animais

Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

CAPÍTULO IV DO DANO

Dano Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa

alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Dano qualificado Parágrafo único - Se o crime é cometido: I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com emprego de substância inflamável ou

explosiva, se o fato não constitui crime mais grave III - contra o patrimônio da União, Estado,

Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967)

IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia

Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico

Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Alteração de local especialmente protegido

Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Ação penal

Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.

CAPÍTULO V DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Apropriação indébita Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de

que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o

agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico,

liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;

III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

Apropriação de tesouro I - quem acha tesouro em prédio alheio e se

apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;

Apropriação de coisa achada

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II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.

Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º.

CAPÍTULO VI DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem,

vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno

valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.

§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;

Defraudação de penhor III - defrauda, mediante alienação não consentida

pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade

de coisa que deve entregar a alguém; Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Fraude no pagamento por meio de cheque

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Duplicata simulada Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de

venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)

Abuso de incapazes Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio,

de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Induzimento à especulação

Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Fraude no comércio

Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:

I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;

II - entregando uma mercadoria por outra: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou

multa. § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a

qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.

Outras fraudes Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-

se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:

Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações

Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular.

§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)

I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;

II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;

III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;

IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;

V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;

VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;

VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;

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VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;

IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.

§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral. Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"

Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Fraude à execução

Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.

CAPÍTULO VII DA RECEPTAÇÃO

Receptação Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir

ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de

economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

EXERCÍCIOS

24- Apoderar-se de coisa cuja posse lhe pertença, configura:

a) apropriação indébita. b) furto. c) estelionato. d) roubo. 25- Pretendendo subtrair bens do escritório

onde exerce a função de secretária particular do diretor, Júlia ingressa no respectivo imóvel arrombando a janela. Júlia é auxiliada por seu irmão Luiz, a quem coube a função de permanecer de vigília na porta. Ao escutar um barulho que a faz acreditar existir alguém no escritório, Júlia foge, deixando no local seu comparsa, que vem a ser preso por policiais. Aponte o(s) delito(s) perpetrado(s) por Júlia e Luiz:

a) ambos respondem por tentativa de furto qualificado.

b) trata-se de desistência voluntária, não havendo qualquer delito a ser imputado.

c) ambos respondem por violação de domicílio. d) Júlia responde por invasão de domicílio e Luiz

por tentativa de furto. 26- Dentre as alternativas abaixo, aquela

que qualifica o crime de furto é: a) valor da coisa furtada. b) idade da pessoa lesada. c) violência contra o lesado. d) participação de duas ou mais pessoas. 27- Tício furta um rádio da residência de

Caio, inexistindo qualquer tipo de violência. Perseguido pela polícia, Tício dispara tiros para o alto e foge. Na hipótese ocorreu:

a) crime de furto. b) crime de roubo. c) crime de roubo impróprio. d) crime de roubo qualificado. 28- Um funcionário de uma empresa

particular utiliza, para o desempenho das atribuições do seu cargo, um bem pertencente ao acervo patrimonial de sua instituição. Após a jornada de trabalho, ele se apossa do bem em questão. Essa situação caracteriza um crime de:

a) peculato. b) estelionato. c) furto qualificado. d) apropriação indébita. 29-Analise as afirmações abaixo e escolha

a resposta correta: I - O roubo distingue-se da extorsão, pois no

roubo a subtração da coisa é feita pelo

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agente, enquanto que na extorsão o apoderamento do objeto material depende da conduta da vítima.

II - A distinção entre roubo próprio e impróprio reside no momento em que o sujeito emprega a violência ou grave ameaça contra a pessoa; no roubo impróprio, a violência ou grave ameaça é exercida após a subtração do objeto material para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa, enquanto que, no roubo próprio, a violência ou grave ameaça é empregada de forma a permitir a subtração.

III - O furto mediante fraude distingue-se do estelionato pelo modo que é utilizado o meio fraudulento; no furto mediante fraude, o agente ilude a vigilância do ofendido, que, por isso, não tem conhecimento de que o objeto material está saindo da esfera de seu patrimônio e ingressando na disponibilidade do sujeito ativo. No estelionato, ao contrário, a fraude visa permitir que a vítima incida em erro.

a) As afirmações I e II estão corretas. b) As afirmações II e III estão corretas. c) As afirmações I e III estão corretas. d) Todas as afirmações estão corretas. 30- O crime de extorsão mediante

seqüestro consuma-se com: a) a privação da liberdade da vítima. b) a privação da liberdade da vítima após 24

horas. c) a privação da liberdade da vítima e com o

pedido de resgate. d) O recebimento do resgate para libertação da

vítima. 31-Assinale a alternativa CORRETA: a) O crime de roubo é a subtração de coisa

móvel alheia, para si ou para outrem, sem emprego de violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.

b) O crime de roubo é a subtração de coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante ameaça e destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa.

c) O roubo impróprio ocorre quando o agente, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência a pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

d) O furto privilegiado não exige que o criminoso tenha agido sob forte emoção.

32- Dois indivíduos, previamente ajustados, saem de um supermercado, com mercadorias, sem passar pelo caixa, vindo um deles a ser preso em flagrante no estacionamento do supermercado, com parte das mercadorias, enquanto seu comparsa consegue fugir com o restante das mercadorias. Com relação à

situação apresentada, é correto afirmar que o indivíduo preso em flagrante:

a) responderá por furto qualificado tentado. b) responderá por furto qualificado consumado. c) responderá por furto privilegiado. d) não responderá por qualquer ilícito, pois a

hipótese configura crime impossível. 33- Assinale a opção CORRETA: a) O crime de estelionato, que pressupõe

conduta fraudulenta do agente com o fim de obtenção de vantagem ilícita, tem por objetividade jurídica a fé pública.

b) Configura crime de estelionato o descumprimento de contrato, quando o pagamento da obra ou do serviço se dá de forma antecipada, o que faz presumir a má-fé do contratado, se este não executa o serviço no prazo avençado.

c) A emissão de cheque sem a pertinente provisão de fundos configura, em qualquer hipótese, crime.

d) O crime de estelionato, quando na modalidade de fraude no pagamento por meio de cheque, consuma-se no momento e local em que o banco sacado recusa o seu pagamento.

34- O roubo próprio ocorre quando: a) o agente emprega a violência ou a ameaça

após ter subtraído a coisa alheia. b) o agente emprega a violência ou a ameaça

antes de ter subtraído a coisa alheia. c) o agente não utiliza violência ou ameaça para

subtrair a coisa da vítima. d) o agente induz a vítima a erro para subtrair-

lhe a coisa.

35-Sobre crime de receptação é INCORRETO dizer:

a) Constitui receptação simples o fato de adquirir, receber, ocultar, etc., em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime.

b) É privilegiado o crime de receptação praticado por réu primário ou se o objeto receptado for de pequeno valor material.

c) A receptação dolosa imprópria constitui no fato do agente adquirir coisa móvel por preço muito baixo, mas sem saber que se trata de fruto de crime.

d) Será qualificada a receptação de bens e instalações do patrimônio da União, Estado ou Municípios.

36-Sobre o crime de estelionato é CORRETO

dizer: a) O crime estará consumado com a ocorrência

da vantagem do agente. b) A reparação do dano, a restituição e a

apreensão do objeto material, excluindo ou reduzindo o prejuízo da vítima, excluem o delito. c) O estelionato só é punível a título de dolo, que consiste na vontade de enganar a vítima, dela obtendo vantagem ilícita, em prejuízo alheio.

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d) Será privilegiado o crime cometido em detrimento de entidade de direito público.

37- Sobre crime de dano é CORRETO dizer: a) Consuma-se com a obtenção de lucro por

parte do agente. b) Consuma-se com a destruição, inutilização de

coisa alheia pelo agente. c) Não admite tentativa. d) Admite-se o crime em sua forma culposa. 38- Analise as afirmações abaixo e escolha

a resposta correta: I - Usurpação de águas constitui o fato de o

sujeito desviar ou represar, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias.

II - O sujeito passivo do crime de usurpação de águas é quem sofre o dano em face do desvio ou represamento.

III - Para a caracterização do crime de usurpação de águas é necessário que as águas objeto do delito sejam particulares.

a) As afirmações I e II estão corretas. b) As afirmações II e III estão corretas. c) As afirmações I e III estão corretas. d) Todas as afirmações estão corretas. 39- O crime de roubo qualificado pelo

resultado morte: a) é hediondo, segundo a lei 8.072/90. b) a pena é aumentada quando a vítima é

menor de 14 anos. c) a morte da vítima pode ser culposa ou dolosa.

d) Todas as respostas anteriores estão corretas.

40- Analise as afirmações abaixo e escolha

a resposta correta: I - Furto de uso, em face do Código Penal

vigente, não constitui crime. II - No furto mediante fraude, a fraude visa

permitir que a vítima incida em erro e, por isso, despoje voluntariamente de seu bem, tendo consciência de que este está ingressando na esfera de disponibilidade do autor.

III - No furto qualificado pelo abuso de confiança, o sujeito não tem a posse do objeto material, que continua na esfera de proteção de seu dono.

a) As afirmações I e II estão corretas. b) As afirmações II e III estão corretas. c) As afirmações I e III estão corretas. d) Todas as afirmações estão corretas. 41- A, acreditando que B , sua esposa,

estivesse grávida dele, oferece-lhe um remédio abortivo sob o pretexto de ser remédio para dor de cabeça. Ela sem saber que era abortivo, toma o remédio, porém nada acontece, haja vista que A estava enganado porque B não estava grávida. Neste caso A :

a) A responderá por tentativa do crime de aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante;

b) A não será condenado por tentativa de aborto, haja vista que é crime impossível neste caso;

c) A só responderá por eventuais lesões corporais que B vier a sofrer, pois houve Desistência Voluntária;

d) A só responderá por eventuais lesões corporais que B vier a sofrer, pois houve Arrependimento Voluntário.

42- É considerado homicídio qualificado

apenas: a) Matar para ficar com a herança da vítima; b) Ter premeditado a forma como iria matar a

vítima; c) Matar o próprio primo; d) Duas ou mais pessoas matando uma vítima. 43- De acordo com passageiros, um

homem, que estava em pé no ônibus pediu para a vítima fechar a janela. O homem sacou uma arma após o outro ter negado fechar a janela do ônibus e efetuou disparos contra o rapaz. A vítima chegou a ser socorrida em uma viatura da polícia militar, mas morreu a caminho do hospital.:

Levando-se em consideração somente esta informação sobre o fato criminoso ocorrido outrora, o acusado responderá por Homicídio:

a) Qualificado por motivo torpe; b) Qualificado por motivo fútil; c) Qualificado pela crueldade; d) Simples, pois não houve nenhuma

qualificadora nem nenhum motivo que o tipificasse com privilegiado.

44- É considerado Furto qualificado,

EXCETO: a) Duas ou mais pessoas praticando-o; b) Praticado mediante Fraude; c) Praticado com emprego de arma de fogo; d) praticado mediante destreza. 45- A influenciou B a comprar um celular

usado, num valor compatível com o de mercado e que pertence a C . A e B sabiam que o celular era produto de crime. B o adquiriu. Neste caso, quem responderá pela receptação (art. 180, do CP) será:

a) A e B responderão como autores da receptação;

b) Quem responderá pela receptação é C, uma vez que foi ele quem subtraiu o objeto alheio;

c) Quem responderá como autor da receptação é A, uma vez que influenciou terceiro a adquirir o objeto furtado;

d) Como B adquiriu sabendo da origem do objeto ele responderá como Autor da Receptação, e A responderá como partícipe de receptação, uma vez que influenciou alguém a praticar o crime.

46- O Roubo terá um acréscimo na pena de

um terço até metade se for praticado:

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a) Com arma de fogo; b) Mediante Fraude; c) Mediante destruição de obstáculo; d) Mediante abuso de confiança. 47- O que diferencia o roubo próprio do

impróprio: a) O meio utilizado para a prática da violência ou

grave ameaça; b) O momento em que a violência ou grave

ameaça é empregada; c) O elemento subjetivo com que atua o agente

incriminado; d) O objeto ou pessoa visada pela violência ou

grave ameaça. 48- A, há muito tempo vinha planejando

subtrair para si o relógio de B . Certa feita, utilizando-se de um revólver, A subjugou B retirando-lhe o dito objeto. Entretanto, B, que conhecia A já há algum tempo, não acreditou que este fosse capaz de disparar a arma de fogo. Ledo engano. A disparou contra B para garantir a subtração do bem cobiçado. B , gravemente ferido, foi socorrido por transeuntes que passavam pelo local, sendo levado ao hospital mais próximo onde veio a falecer, em decorrência do ferimento. Diante da situação apresentada, pode-se concluir que o crime praticado por A foi de:

a) Roubo impróprio; b) Roubo próprio; c) Latrocínio consumado; d) Homicídio. 49- Assinale a alternativa que contém a

sequência correta: 1 Ação Penal Pública Incondicionada. 2 Ação Penal Pública Condicionada. 3 Ação Penal Privada. ( ) Roubo. ( ) Difamação. ( ) Ameaça. a) 1, 2 e 3; b) 3, 2 e 1; c) 1, 3 e 2; d) 2, 1 e 3. 50- A matou B para ficar com a herança.

Neste caso, é correto afirmar: a) O homicídio é qualificado pelo motivo fútil; b) O homicídio é qualificado pelo motivo torpe; c) O homicídio é qualificado pelo meio cruel; d) O homicídio é simples. 51- É considerado homicídio qualificado,

exceto: a) Matar alguém ateando fogo; b) Matar alguém que estava com uma doença

incurável e em estado terminal (praticar eutanásia);

c) Arma uma tocaia e mata alguém; d) Matar uma pessoa esganando-a.

52- A ligou para casa de B alegando que estava com um membro da família deste e exigindo dinheiro, sob pena de matar o suposto membro da família. B

entregou o dinheiro exigido, porém A estava mentindo. Não havia vítima nenhuma sob o poder dele. Neste caso, A praticou:

a) Estelionato; b) Extorsão mediante sequestro; c) Extorsão; d) Roubo. 53-FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - Delegado

de Polícia) Em cada uma das alternativas a seguir, há uma situação hipotética seguida de uma afirmação que deve ser julgada. Assinale a alternativa em que a afirmação está correta.

a) João e José, matadores profissionais, colocam-se combinadamente em um desfiladeiro, cada qual de um lado, esperando Pedro passar para eliminá-lo. Quando Pedro se aproxima, os dois disparam, matando-o. Nessa situação hipotética, caso seja impossível verificar quem foi o responsável pelo disparo que o matou, ambos responderão em autoria colateral por homicídio tentado.

b) Caio colocou-se no quintal de uma casa para vigiar a rua enquanto seus comparsas invadiam o lugar para subtrair bens. Dentro da casa, um dos invasores surpreendeu a todos ao sacar uma arma e matar o proprietário. Nessa situação hipotética, todos os envolvidos responderão pelo latrocínio, mas não haverá aumento de pena para Caio.

c) Dora resolveu matar seu filho recém-nascido logo após o parto. Para tanto, recebeu ajuda de Carmem, enfermeira do hospital. Nessa situação hipotética, segundo a doutrina majoritária, por ser o estado puerperal uma circunstância incomunicável, Dora responderá por infanticídio enquanto Carmem responderá por homicídio doloso.

d) Paulo pretendia matar seu desafeto André, que estava em um show acompanhado da esposa, Marta. Ciente de que poderia acertar Marta, Paulo disparou contra André acertando-o letalmente e ferindo Marta levemente. Nessa situação hipotética, considerando que Paulo disparou uma única vez, é correto afirmar que ele responderá pelos delitos de homicídio e lesão corporal leve em concurso formal imperfeito.

54- Levando-se em consideração o seguinte

fato: ALTAMIR VALENTE, com dolo de homicídio, esfaqueou seu colega de farra por motivo fútil, perfurando-lhe o intestino delgado, o qual recebeu atendimento médico e cirúrgico no HUT. Apesar da excelência do tratamento, veio a óbito em decorrência das lesões, um mês após o fato. Dessa forma, é

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CORRETO afirmar que o autor responderá por:

a) tentativa de homicídio(art. 121, combinado com art. 14, II, do Código Penal), haja vista o decurso de tempo entre a conduta e o resultado;

b) lesão corporal seguida de morte(at. 129, § 3º, do Código Penal);

c) homicídio simples(art. 121, caput, do Código Penal);

d) homicídio qualificado(art. 121, §2º, II, do Código Penal);

55- (FGV - 2010 - OAB - Exame de Ordem

Unificado - Primeira Fase / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a vida; )

Arlete, em estado puerperal, manifesta a intenção de matar o próprio filho recém nascido. Após receber a criança no seu quarto para amamentá-la, a criança é levada para o berçário. Durante a noite, Arlete vai até o berçário, e, após conferir a identificação da criança, a asfixia, causando a sua morte. Na manhã seguinte, é constatada a morte por asfixia de um recém nascido, que não era o filho de Arlete. Diante do caso concreto, assinale a alternativa que indique a responsabilidade penal da mãe.

a) Crime de homicídio, pois, o erro acidental não a isenta de responsabilidade.

b) Crime de homicídio, pois, uma vez que o art. 123 do CP trata de matar o próprio filho sob infuência do estado puerperal, não houve preenchimento dos elementos do tipo.

c) Crime de infanticídio, pois houve erro quanto à pessoa.

d) Crime de infanticídio, pois houve erro essencial.

56- Uma pessoa vai à praia com seu filho

menor e, desejando refrescar-se nas águas do mar, pede a alguém que está ao lado para "dar uma olhada na criança", recebendo desse um rápido assentimento. Enquanto a mãe dá seu mergulho, a criança corre, entra na água e morre afogada, porque a pessoa que deveria vigiá-la resolve dormir ao sol. Esta pessoa responderá pelo crime de:

a) homicídio doloso; b) omissão de socorro; c) homicídio culposo; d) sua conduta será atípica, cabendo à mãe

qualquer responsabilidade penal; e) homicídio preterdoloso. 57- A envia uma carta a B, carta esta

interceptada por C que, abrindo a correspondência, constata que a mesma está escrita em uma língua para ele absolutamente ininteligível. A conduta de C:

a) é atípica;

b) configura crime tentado de violação de correspondência; c) configura crime impossível;

d) configura crime de dano; e) configura crime consumado de violação de

correspondência. 58- Relativamente à violação de domicílio,

art.150 do CP, qual das afirmativas é correta:

a) está elencada no rol dos crimes hediondos. b) é absorvida pelo crime-fim, sendo este mais

grave. c) exige a presença da vítima na casa. d) o quintal da casa não é considerado

dependência da casa. 59- No crime de violação de

correspondência (art.151 do CP), a consumação ocorre quando o agente:

a)abre o envelope b) abre o envelope para conhecer a mensagem. c) toma conhecimento da mensagem. d) revela a outrem o conteúdo da mensagem. 60- O que é aborto necessário a) É o praticado por médico, não havendo outro

meio de salvar a vida da gestante b) É o praticado em caso de gravidez resultante

de estupro. c)Compreende-se todo aquele praticado por

médico, com a devida autorização da gestante e do Ministério Público, em casos específicos.

d) É o cometido pela gestante e precedido do consentimento da Justiça, nos casos em que a gravidez é considerada indesejada.

61- Caio, sem animus necandi, feriu Tício

que, levado ao hospital, vem a falecer em razão de incêndio ocorrido no centro cirúrgico. Neste caso, Caio:

a) responde pelo crime de homicídio consumado;

b) responde por ameaça; c) responde por lesão corporal; d) não responde por crime algum. 62- De acordo com a sistemática do Código

Penal, não se inclui entre os crimes contra a pessoa:

a) o de violação de segredo profissional; b) o de calúnia; c) o de aborto; d) apropriação indébita. 63- O crime de rixa tem o tipo qualificado

quando ocorre o resultado morte ou lesão corporal de natureza grave. Assim, em relação ao participante que sofreu a lesão corporal grave, pode-se afirmar que:

a) não responde por nenhum crime. b) responde pela rixa de crimes, tipificada no

caput. c) é isento de pena.

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d) responde pela rixa qualificada como os demais participantes.

64- De acordo com a sistemática do Código

Penal, não se inclui entre os crimes contra a pessoa:

a) o de violação de segredo profissional b) o de difamação. c) o de lesão corporal. d) o de estupro. 65- Acerca dos crimes contra a vida,

assinale a opção correta a) no homicídio preterintencional, o agente

responderá por culpa com relação ao resultado morte.

b) apenas o motivo de relevante valor social ou moral torna privilegiado o homicídio.

c) o crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio consuma-se apenas com a ocorrência de morte ou lesão corporal de natureza grave.

d) a retratação só é cabível na calúnia e na difamação, sendo inadmissível na injúria.

66-No crime de homicídio o meio de que

possa resultar perigo comum: a) qualifica o crime; b) é causa especial de diminuição de pena; c) evidencia-se circunstância agravante do

crime; d) é causa indiferente ao Direito Penal. 67- Um indivíduo foi ferido na cabeça por

um instrumento contundente e permaneceu hospitalizado por 30 dias. Recebeu alta e retornou às atividades sem maiores sequelas. A lesão é classificada como:

a) leve. b) grave. c) gravíssima. d) preterdolosa. 68- (Exame OAB 2010.1, CESPE-UNB) Com

relação aos crimes contra o patrimônio, assinale a opção correta.

a) Ocorre crime de extorsão indireta quando alguém, abusando da situação do outro, exige, como garantia de dívida, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro.

b) No crime de apropriação indébita, o fato de o agente praticá-lo em razão de ofício, emprego ou profissão não interfere na imposição da pena, por se tratar de elementar do tipo.

c) A conduta da vítima não é fator de distinção entre os delitos de roubo e extorsão.

d) O crime de extorsão mediante sequestro consuma-se no momento em que o resgate é exigido, independentemente do momento da privação da liberdade da vítima.

69- (Delegado-AP, FGV, 2010)

Relativamente aos crimes contra o

patrimônio, analise as afirmativas a seguir:

I. No crime de furto, se o criminoso é primário, e a coisa furtada é de pequeno valor, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção.

II. Considera-se qualificado o dano praticado com violência à pessoa ou grave ameaça, com emprego de substância inflamável ou explosiva (se o fato não constitui crime mais grave), contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista ou ainda por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.

III. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes contra o patrimônio em prejuízo do cônjuge, na constância da sociedade conjugal, desde que não haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa ou que a vítima não seja idosa nos termos da Lei 10.741/2003.

Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa III estiver correta. d) se somente as afirmativas II e III estiverem

corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 70- (MP-SP, 2010) Assinale a alternativa

incorreta: a) No crime de homicídio, constitui causa

especial de diminuição de pena a circunstância de ser praticado por motivo de relevante valor social, que se refere aos interesses e anseios da vida em sociedade.

b) Constitui crime de homicídio culposo, por excesso, a hipótese de o agente policial acabar por levar a vítima à morte, após torturá-lo para obter informação de que necessita.

c) O homicídio culposo na modalidade de imperícia consiste na prática de ação profissional ou técnica, por despreparo ou falta de conhecimentos, de que resulta a morte da vítima.

d) O crime de maus tratos contra idoso (Estatuto do Idoso), expondo a perigo sua integridade e saúde física ou psíquica, constitui modalidade típica de lei especial com figuras qualificadas pelo resultado.

71- Quanto ao crime de furto, assinale a

alternativa correta: a) O cadáver nunca poderá ser objeto material

do crime de furto. b) O furto de gado é conhecido como abigeato. c) O furto de dinheiro é conhecido como

famulato. d) Navio não pode ser objeto material do crime

de furto; visto ser considerado bem imóvel por determinação legal.

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72-( PUC-PR - 2011 - TJ-RO - Juiz / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa; Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a vida; )

Considera-se a vida humana como um direito fundamental garantido pela Constituição Federal ainda objeto de proteção pela legislação penal vigente. Dado esse enunciado, assinale a única alternativa CORRETA.

a) Se o agente comete o crime de homicídio (simples ou qualificado) impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob a influência de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

b) Aumentam-se da metade (1/2) até dois terços (2/3) as penas aplicadas ao crime de aborto, se este resultar à gestante lesão corporal de natureza grave ou na hipótese de lhe sobrevir a morte.

c) A legislação penal vigente não permite a redução de pena em crimes de lesão corporal na hipótese de o agente ter cometido o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima.

d) Aquele que expõe a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina responde pelo delito de homicídio na forma omissiva.

e) O crime de perigo de contágio venéreo previsto no artigo 130 do Código Penal é de ação penal pública condicionada à representação do ofendido.

GABARITO: 24-A; 25-A; 26-D; 27-C; 28-D; 29-D; 30-A; 31-

C; 32-B; 33-D; 34-B; 35-C; 36-C; 37-B; 38-A; 39-D; 40-C; 41-B; 42-A; 43-B; 44-C; 45-D; 46-A; 47-B; 48-C; 49-C; 50-B; 51-B; 52-C; 53-D; 54-D; 55-C; 56-C; 57-E; 58-B; 59-C; 60-A; 61-C; 62-D; 63-D; 64-D; 65-B; 66-A; 67-A; 68-A; 69-E; 70-B; 71-B; 72-E