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1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 7 Direito Penal ........................................................................................................................................ 7 Escolas penais..................................................................................................................................... 7 FONTE DO DIREITO PENAL ................................................................................................................... 8 LEI PENAL ............................................................................................................................................... 9 Característica da lei penal.................................................................................................................... 9 Classificação da lei penal..................................................................................................................... 9 Classificação da norma penal .............................................................................................................. 9 NORMA PENAL EM BRANCO (cegas ou abertas):....................................................................... 10 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ........................................................................................................ 10 Analogia............................................................................................................................................. 11 Vigência e revogação da lei ............................................................................................................... 11 PRINCÍPIOS DA LEI PENAL .................................................................................................................. 11 OUTROS PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL: ............................................................. 12 LEI PENAL NO TEMPO ......................................................................................................................... 12 Conflito de leis penais ........................................................................................................................ 13 Solução legal das hipóteses de conflito de leis penais no tempo................................................... 13 TEMPO DE CRIME ................................................................................................................................ 14 Teorias sobre ao tempo do crime...................................................................................................... 14 CONFLITO APARENTE DE NORMAS ................................................................................................... 15 Elementos configurativos do conflito .................................................................................................. 15 LEI PENAL NO ESPAÇO ....................................................................................................................... 16 TERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA ............................................................................. 16 LEI PENAL EM RELAÇÃO A PESSOAS QUE EXERCEM DETERMINADAS FUNÇÕES PÚBLICAS ...17 EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA................................................................... 18 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA .......................................................................................... 20 LUGAR DO CRIME ................................................................................................................................ 21 CONTAGEM DE PRAZO CONFORME O CÓDIGO PENAL .................................................................. 21 Hipótese de o código penal e o código de processo penal tratarem do mesmo prazo ....................... 22 DO CRIME ............................................................................................................................................. 22 Crime - conceito material ................................................................................................................... 22 Crime – conceito formal ..................................................................................................................... 22 Crime - conceito analítico................................................................................................................... 22 Caracteres do crime sob o aspecto ANALÍTICO............................................................................ 22 Fato típico, a antijuridicidade e a culpabilidade .................................................................................. 22 Requisitos, elementares e circunstâncias do crime: ........................................................................... 23 DOS SUJEITOS DO CRIME, CAPACIDADE PENAL E OBJETO DO CRIME ........................................ 23 TÍTULO DO DELITO, CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS.................................................... 24 Classificação das infrações penais ................................................................................................... 24 Qualificação legal e doutrinária dos crimes ........................................................................................ 24 Qualificação doutrinária ................................................................................................................. 24 O FATO TÍPICO: CONDUTA, RESULTADO E DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE .............................. 30 Fato típico .......................................................................................................................................... 30 Elementos do fato típico..................................................................................................................... 30 Conduta - 1° elemento do fato típico ............... ................................................................................... 30 Teorias da conduta........................................................................................................................ 30 Características - elementos ........................................................................................................... 30 Coação irresistível ......................................................................................................................... 31 Formas de conduta........................................................................................................................ 31 Resultado - 2° elemento do fato típico ............. .................................................................................. 32 Teoria sobre o resultado................................................................................................................ 32 Relação de causalidade - 3° elemento do fato típico .......................................................................... 32 Teoria do tipo ..................................................................................................................................... 34 Formas de adequação típica ......................................................................................................... 34 Elementos do tipo podem ser ........................................................................................................ 34 TEORIA DO CRIME DOLOSO E CULPOSO......................................................................................... 35

Direito penal

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Page 1: Direito penal

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INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................7

Direito Penal ........................................................................................................................................7 Escolas penais.....................................................................................................................................7

FONTE DO DIREITO PENAL...................................................................................................................8 LEI PENAL ...............................................................................................................................................9

Característica da lei penal....................................................................................................................9 Classificação da lei penal.....................................................................................................................9 Classificação da norma penal ..............................................................................................................9

NORMA PENAL EM BRANCO (cegas ou abertas):.......................................................................10 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ........................................................................................................10

Analogia.............................................................................................................................................11 Vigência e revogação da lei ...............................................................................................................11

PRINCÍPIOS DA LEI PENAL..................................................................................................................11 OUTROS PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL:.............................................................12

LEI PENAL NO TEMPO .........................................................................................................................12 Conflito de leis penais........................................................................................................................13

Solução legal das hipóteses de conflito de leis penais no tempo...................................................13 TEMPO DE CRIME ................................................................................................................................14

Teorias sobre ao tempo do crime......................................................................................................14 CONFLITO APARENTE DE NORMAS...................................................................................................15

Elementos configurativos do conflito ..................................................................................................15 LEI PENAL NO ESPAÇO .......................................................................................................................16 TERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA .............................................................................16 LEI PENAL EM RELAÇÃO A PESSOAS QUE EXERCEM DETERMINADAS FUNÇÕES PÚBLICAS ...17 EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA...................................................................18 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA ..........................................................................................20 LUGAR DO CRIME ................................................................................................................................21 CONTAGEM DE PRAZO CONFORME O CÓDIGO PENAL ..................................................................21

Hipótese de o código penal e o código de processo penal tratarem do mesmo prazo .......................22 DO CRIME .............................................................................................................................................22

Crime - conceito material ...................................................................................................................22 Crime – conceito formal .....................................................................................................................22 Crime - conceito analítico...................................................................................................................22

Caracteres do crime sob o aspecto ANALÍTICO............................................................................22 Fato típico, a antijuridicidade e a culpabilidade ..................................................................................22 Requisitos, elementares e circunstâncias do crime:...........................................................................23

DOS SUJEITOS DO CRIME, CAPACIDADE PENAL E OBJETO DO CRIME........................................23 TÍTULO DO DELITO, CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS....................................................24

Classificação das infrações penais ...................................................................................................24 Qualificação legal e doutrinária dos crimes........................................................................................24

Qualificação doutrinária.................................................................................................................24 O FATO TÍPICO: CONDUTA, RESULTADO E DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ..............................30

Fato típico ..........................................................................................................................................30 Elementos do fato típico.....................................................................................................................30 Conduta - 1° elemento do fato típico............... ...................................................................................30

Teorias da conduta........................................................................................................................30 Características - elementos ...........................................................................................................30 Coação irresistível .........................................................................................................................31 Formas de conduta........................................................................................................................31

Resultado - 2° elemento do fato típico ............. ..................................................................................32 Teoria sobre o resultado................................................................................................................32

Relação de causalidade - 3° elemento do fato típico ..........................................................................32 Teoria do tipo.....................................................................................................................................34

Formas de adequação típica .........................................................................................................34 Elementos do tipo podem ser ........................................................................................................34

TEORIA DO CRIME DOLOSO E CULPOSO.........................................................................................35

Page 2: Direito penal

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Crime doloso......................................................................................................................................35 Teoria do dolo ...............................................................................................................................35 Espécies de dolo ...........................................................................................................................35

Crime culposo....................................................................................................................................36 Critério de aferição da previsibilidade...........................................................................................37 Culpabilidade no delito culposo .....................................................................................................37 Elemento do fato típico culposo.....................................................................................................37 Espécies de culpa .........................................................................................................................37

CRIME PRETERDOLOSO .....................................................................................................................38 ERRO DE TIPO......................................................................................................................................39

Delito putativo por erro de tipo ...........................................................................................................39 Formas do erro de tipo.......................................................................................................................40

ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO.................................................................................................41 ERRO ACIDENTAL................................................................................................................................41

Casos ................................................................................................................................................41 CRIME CONSUMADO ...........................................................................................................................43

Iter criminis ........................................................................................................................................43 TENTATIVA ...........................................................................................................................................43

Formas de tentativa ...........................................................................................................................43 Elementos da Tentativa .....................................................................................................................44

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ...........................................................44 ARREPENDIMENTO POSTERIOR........................................................................................................45

Requisitos para redução da pena ......................................................................................................45 CRIME IMPOSSÍVEL .............................................................................................................................45 DA ANTIJURIDICIDADE, DO ESTADO DE NECESSIDADE, LEGÍTIMA DEFESA E DO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL ....................................................................................................46

Da antijuridicidade .............................................................................................................................46 Causas de exclusão de antijuridicidade.........................................................................................46 Estado de necessidade .................................................................................................................47 Legítima defesa.............................................................................................................................49 Estrito cumprimento do dever legal - exercício regular do direito...................................................51

Exercício regular do direito .......................................................................................................52 Excesso nas excludentes da ilicitude ............................................................................................53

CONCURSO DE AGENTES...................................................................................................................53 Teorias...............................................................................................................................................54 Causalidade física e psíquica.............................................................................................................54 Autoria ...............................................................................................................................................54 Co-autoria..........................................................................................................................................55 Participação.......................................................................................................................................55 Autoria mediata..................................................................................................................................56 Concurso de pessoas e crimes por omissão......................................................................................56 Co-autoria de crime culposo ..............................................................................................................56 Cooperação dolosamente distinta......................................................................................................56 Punibilidade no concurso de agentes.................................................................................................57 Qualificadoras e agravantes ..............................................................................................................57 Concurso e circunstâncias do crime...................................................................................................57 Concurso e execução do crime..........................................................................................................57 Autoria incerta....................................................................................................................................58 Multidão delinqüente..........................................................................................................................58

DA CULPABILIDADE COMO PRESSUPOSTO DA PENA.....................................................................58 Introdução..........................................................................................................................................58 Conceito de culpabilidade ..................................................................................................................58 Teorias da culpabilidade ....................................................................................................................58 Característica do Finalismo................................................................................................................59

IMPUTABILIDADE .................................................................................................................................59 Introdução..........................................................................................................................................59 Imputabilidade e responsabilidade.....................................................................................................60

Page 3: Direito penal

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Fundamento da imputabilidade ..........................................................................................................60 Causas de exclusão da imputabilidade ..............................................................................................60 Inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado................60 Actio libera in causa...........................................................................................................................62 Exigibilidade de conduta diversa........................................................................................................62

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE....................................................................................62 Quadro sinóptico................................................................................................................................63

INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA COMO CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE ...................................................................................................................................63 ERRO DE PROIBIÇÃO ..........................................................................................................................63

Introdução..........................................................................................................................................63 Conceito de erro de proibição ............................................................................................................64 Formas ..............................................................................................................................................64 Erro de proibição e erro de tipo..........................................................................................................64 Casos de erro de proibição ................................................................................................................64 Erro e ignorância de direito ................................................................................................................64 Descriminantes putativas ...................................................................................................................65 Suposição errônea da existência de causa de exclusão da ilicitude não reconhecida juridicamente..65

COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL .........................................................................................................65 Conceito ............................................................................................................................................65 Espécies de coação...........................................................................................................................65 Espécies de coação prevista no artigo 22, 1ª parte, do C. P. .............................................................66 Coação moral irresistível como causa de exclusão da culpabilidade - responsabilidade do autor......66

DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA..........................................................................................................66 Conceito e espécies de ordem superior hierárquico...........................................................................66 Obediência hierárquica como causa de exclusão da culpabilidade..................................................66 Requisitos, responsabilidade do superior hierárquico: .......................................................................67

DA INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL OU DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO. .................................................................................................................................67

Introdução..........................................................................................................................................67 Critério de aferição da inimputabilidade .............................................................................................68 Requisitos normativos da imputabilidade ..........................................................................................68 Menoridade penal ..............................................................................................................................69

DA INIMPUTABILIDADE POR EMBRIAGUEZ COMPLETA PROVENIENTE DE CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR. ...............................................................................................................................69

Introdução..........................................................................................................................................69 Sistema da embriaguez na legislação brasileira ...............................................................................70 Embriaguez voluntária ou culposa - actio libera in causa...................................................................70 Embriaguez acidental: casos de exclusão da imputabilidade e de diminuição da pena (§ 1º) ............70 Requisitos da inimputabilidade na embriaguez acidental ...................................................................71 Redução da pena...............................................................................................................................71 Requisito da redução facultativa da pena na embriaguez acidental ...................................................71

DA SANÇÃO PENAL - DAS PENAS ......................................................................................................71 Caracteres da pena ...........................................................................................................................71 Classificação doutrinária da pena ......................................................................................................72 Classificação da pena segundo a constituição federal ......................................................................72 Classificação da pena segundo o código penal .................................................................................72

DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE ..........................................................................................72 Regimes penitenciários, reclusão e detenção....................................................................................73 Regras do regime fechado.................................................................................................................73 Regras do regime semi-aberto...........................................................................................................74

DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS...........................................................................................74 Espécies e regras ..............................................................................................................................74 Condições do sistema vicariante........................................................................................................74 Conversão .........................................................................................................................................74 Prestação de serviço a comunidade ..................................................................................................75 Interdição temporária de direitos........................................................................................................75

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Fim de semana ..................................................................................................................................75 DAS PENAS DE MULTA........................................................................................................................75

Critérios de cominação ......................................................................................................................75 FIXAÇÃO DA MULTA ........................................................................................................................76 Pagamento da multa..........................................................................................................................76 Solvência e insolvência do condenado, conversão da multa em detenção ........................................76 Conversão da multa...........................................................................................................................77 Deve ser suspensa a execução se sobrevêm ao condenado doença mental.....................................77

DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA .........................................................................................................77 Introdução..........................................................................................................................................77 Conceito de periculosidade................................................................................................................78 Fatores e indícios de periculosidade..................................................................................................78 Pressupostos de aplicação ................................................................................................................78 Periculosidade real e presumida ........................................................................................................78 Espécies de medida de segurança ....................................................................................................78 Imposição de medida de segurança ao inimputável...........................................................................78 A internação é obrigatória ..................................................................................................................79 Sistema vicariante..............................................................................................................................79 Extinção da punibilidade ....................................................................................................................79

A PENA E AS CIRCUNSTÂNCIAS.........................................................................................................79 Circunstâncias e elementares do crime .............................................................................................79 Posição das circunstâncias na teoria do crime e da sanção penal.....................................................80 Classificação......................................................................................................................................80 Circunstâncias judiciais......................................................................................................................81 Circunstâncias agravantes.................................................................................................................81 Comentários sobre as agravantes: artigo 61, II ..................................................................................82 Agravantes no caso de concurso de pessoas – art. 62 ......................................................................84 Reincidência ......................................................................................................................................84

Efeitos da reincidência ..................................................................................................................85 Eficácia temporal da condenação..................................................................................................86

Circunstâncias atenuantes.................................................................................................................86 DA COMINAÇÃO E APLICAÇÃO DA PENA ..........................................................................................87

Cominação das penas .......................................................................................................................87 Juízo de culpabilidade como fundamento de imposição da pena.......................................................87 Fixação da pena ................................................................................................................................88 Fases da fixação da pena privativa de liberdade ...............................................................................88 Causas de aumento e de diminuição da pena ...................................................................................88 Fases da fixação da pena privativa de liberdade ("caput") .................................................................89 Regras da imposição das penas........................................................................................................89 Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes .......................................................................90 Concurso de causas de aumento e de diminuição. concurso de qualificadores .................................90 Fixação da pena de multa..................................................................................................................90 Multa vicariante (§ 2º) ........................................................................................................................91

CONCURSO DE CRIMES......................................................................................................................91 Introdução..........................................................................................................................................91 Sistemas............................................................................................................................................91 Espécies de concurso........................................................................................................................91 Concurso material..............................................................................................................................92 Concurso formal ................................................................................................................................92 Crime continuado...............................................................................................................................93

Aplicação da multa ........................................................................................................................94 Limite das penas ...........................................................................................................................94 Unificação das penas em trinta anos (§ 1º): efeitos .......................................................................94 Concurso de crime e contravenção ...............................................................................................95

DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA - SURSIS ..............................................95 Conceito ............................................................................................................................................95 Sistemas............................................................................................................................................95

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Formas ..............................................................................................................................................95 Requisitos..........................................................................................................................................95 Extinção de punibilidade em relação ao crime anterior: .....................................................................96 Período de prova e condições............................................................................................................96 Causas de revogação do sursis .........................................................................................................97 Prorrogação.......................................................................................................................................97 Extinção da pena ..............................................................................................................................98

DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ........................................................................................................98 Explicações preliminares ...................................................................................................................98 Sursis x livramento condicional ..........................................................................................................98 Requisitos..........................................................................................................................................98 Concessão do livramento condicional e período de prova .................................................................99 Revogação.........................................................................................................................................99 Causas de revogação obrigatória do livramento condicional............................................................100 Causas de revogação facultativa do livramento ...............................................................................100 Efeitos da revogação do livramento condicional ..............................................................................100 Extinção da pena .............................................................................................................................101 Prorrogação do período de prova ....................................................................................................101

DOS EFEITOS CIVIS DA SENTENÇA PENAL ....................................................................................101 Noções preliminares ........................................................................................................................101 Entre os efeitos secundários extrapenais da condenação, incluem-se os de natureza civil e administrativa...................................................................................................................................102 Condenação penal e reparação civil ................................................................................................102 Actio civilis ex delicto .......................................................................................................................102 Absolvição penal e reparação civil ...................................................................................................103 Confisco...........................................................................................................................................104 Efeitos específicos ...........................................................................................................................104

perda de cargo, função pública crimes comuns e funcionais (I)...................................................104 Perda de mandato eletivo (iI).......................................................................................................105 Incapacidade para exercer o pátrio poder, tutela ou curatela ......................................................105 Inabilitação para dirigir veículos...................................................................................................105

DA REABILITAÇÃO .............................................................................................................................105 DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE......................................................................................................106

Conceito de punibilidade..................................................................................................................106 Condições objetivas de punibilidade ................................................................................................106 Causas extintivas da punibilidade - CP. art. 107 ..............................................................................106 Escusas absolutórias .......................................................................................................................107 Efeitos da extinção da punibilidade..................................................................................................108 Concurso de agentes.......................................................................................................................108 Imunidade parlamentar material ou penal ........................................................................................109 Perdão judicial .................................................................................................................................109

Conceito e elenco........................................................................................................................109 Natureza jurídica .........................................................................................................................109 Distinções....................................................................................................................................109 Extensão .....................................................................................................................................109 Natureza jurídica da sentença concessiva...................................................................................110

Morte do agente...............................................................................................................................110 Introdução ...................................................................................................................................110 Prova...........................................................................................................................................110

Da anistia, graça e indulto...............................................................................................................110 Introdução ...................................................................................................................................110 Anistia .........................................................................................................................................110 Concessão da anistia ..................................................................................................................111 Efeitos da anistia .........................................................................................................................111 Diferença entre anistia – graça – indulto......................................................................................111

Graça e indulto ................................................................................................................................111 Efeitos da graça e do indulto .......................................................................................................112

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Renúncia e perdão...........................................................................................................................112 Conceito ......................................................................................................................................112 Oportunidade da renúncia ...........................................................................................................112 Formas de renúncia.....................................................................................................................112 Conceito de perdão .....................................................................................................................113

Oportunidade do perdão .........................................................................................................113 Formas perdão .......................................................................................................................113 Titularidade da concessão do perdão ....................................................................................113 Aceitação do perdão ...............................................................................................................114

Decadência e perempção ................................................................................................................114 Decadência .................................................................................................................................114

Titularidade do direito de queixa ou representação – e decadência.......................................114 Perempção da ação penal...........................................................................................................114

Retratação do agente ......................................................................................................................115 Conceito ......................................................................................................................................115 Casos..........................................................................................................................................115

Casamento subseqüente .................................................................................................................115 Casamento do agente com a vítima ............................................................................................115 Casamento da vítima com terceiros ............................................................................................116

Prescrição........................................................................................................................................117 Introdução ...................................................................................................................................117 Pretensão punitiva e executória.................................................................................................117 Prescrição da pretensão punitiva e executória ..........................................................................117 Prescrição da pretensão punitiva.................................................................................................118

PRAZO PRESCRICIONAL .....................................................................................................118 Efeitos práticos da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva.....................118 Crimes de pretensão punitiva imprescritível ................................................................................119 Prescrição executória ..................................................................................................................119 Prescrição superveniente à sentença condenatória (prescrição intercorrente) (cp. art. 109 §1º) .120 Contagem de prazo.....................................................................................................................120 Prazo prescricional retroativo (§§ 1º e 2º)....................................................................................121 Diferença entre a prescrição superveniente (§ 1º) e a retroativa (§ 2º) ........................................121 Princípios da prescrição retroativa...............................................................................................121 Espécies de penas e prescrições ................................................................................................121 Termos iniciais da prescrição da pretensão punitiva....................................................................122 Termos iniciais da pretensão executória......................................................................................123 Prescrição no caso de evasão do condenado ou revogação do livramento condicional ..............123 Multa ...........................................................................................................................................123 Redução dos prazos em face da idade do sujeito .......................................................................124 Causas suspensivas da prescrição .............................................................................................124 Término do prazo de suspensão da prescrição ...........................................................................124 Causas interruptivas da prescrição..............................................................................................124 Recomeço do curso prescricional (§ 2º) ......................................................................................126 Crimes falimentares.....................................................................................................................126 Crimes de imprensa ....................................................................................................................126 Crimes contra a segurança nacional e crimes militares .............................................................126

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INTRODUÇÃO

Direito Penal ORDENAMENTO: complexo de normas jurídicas que regulam o poder preventivo e repressivo exercitáveis sobre aqueles que praticam as infrações penais - Codificado. Infrações - são gêneros - onde os Crimes ou Delitos e as Contravenções Penais - são espécies. CIÊNCIA : ramo da ciência jurídica que tem por objeto exegese a dogmática e a crítica das normas penais. Exegese: hermenêutica - interpretação das normas; Dogmática penal: criação de institutos jurídicos e será coordenação visando um sistema.

Escolas penais TEMPOS PRIMITIVOS: Não se pode falar em um sistema orgânico de princípios penais nos tempos primitivos. A pena, em sua origem remota, nada mais significa senão vingança., revide à agressão sofrida, desproporcionada com à ofensa e aplicada sem preocupação de justiça. Várias foram as fases der evolução da vingança penal. Para facilitar a exposição, seguimos a divisão estabelecida por Magalhães Noronha, que distingue as fases da vingança privada, vingança divina e vingança pública . Fases da vingança penal: VINGANÇA PRIVADA : cometido um crime ocorria a reação da vítima ou de seus parentes, ou, ainda, do grupo social- que agiam sem proporção à ofensa atingindo não só o ofensor , como até todo o seu grupo, adotado no Código de Hamurabi, Êxodo e Lei das XII Tábuas. Posteriormente surge a composição, o ofensor se livrava do castigo com a compra de sua liberdade. Adotado no Código de Hamurabi, Pentateuco e Código de Manu. VINGANÇA DIVINA : influência decisiva da religião na vida dos povos antigos. Reprimir o crime com satisfação aos Deuses pela prática de ofensa contra o grupo social. Adotado no Código de Manu. VINGANÇA PÚBLICA : com maior organização, com o fim de dar maior estabilidade ao Estado, visou-se a segurança do soberano, aplicado na Lei das XII Tábuas. DIREITO PENAL DOS HEBREUS : com o talmud, substitui-se a pena de talião pela de multa, prisão e outros gravames físicos, os crimes podiam ser classificados em crimes contra a divindade e contra o semelhante. DIREITO PENAL ROMANO : evoluindo-se das fases da vingança , através do talião e da composição, bem como da vingança divina na época da realeza, direito e religião se separam. Dividem-se os delitos em crimina pública, crimes majestais e delicta privada, posteriormente são criados os crimina extraordinária. Decisivo o direito romano para o direito penal, com os princípios: sobre o erro, culpa, dolo, imputabilidade, coação irresistível, agravantes e atenuantes. DIREITO GERMÂNICO: primitivo, não era composto de leis escritas , mas constituída pelos costumes. Tinha fortes características de vingança privada, só muito mais tarde foi aplicado o talião, por influência do Direito Romano e do cristianismo.. DIREITO CANÔNICO: marca a influência da religião no direito penal, assimilando o Direito Romano. PERÍODO HUMANITÁRIO : no decorrer do Iluminismo, inicia-se o denominado Período Humanitário. Surge César Bonesana, Marquês de Beccaria – publica seu livro “Dos delitos e das penas” (Del Delliti e Delle Pene ), que demonstra a necessidade de reforma das leis penais , pregando os seguintes princípios básicos: Só as leis podem fixar a pena, o juiz não pode interpretar ou aplicar sanções arbitrariamente; As leis devem ser conhecidas pelo povo, e redigidas com clareza; Prisão preventiva somente se justifica diante de provas de existência de crime e sua autoria; Não se deve permitir testemunho secreto, ou sob tortura; Não se justificam o confisco de bens de herdeiros dos condenados, o penas infamantes à sua família;

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ESCOLA CLÁSSICA : as idéias fundamentais do Iluminismo, são reunidas, juntamente com a obra de Beccaria sob a denominação de Escola Clássica. Seu maior expoente foi Francisco Carrara , para ele delito: “é um ente jurídico impelido por duas forças: a física, que é o movimento corpóreo e o dano de crime e a moral constituída da vontade livre e consciente do criminoso”. Para a Escola Clássica: o método que deve ser utilizado no Direito Penal é o dedutivo ou lógico-abstrato – já que se trata de uma ciência jurídica – e não experimental próprio das ciências naturais. ESCOLA POSITIVA E PERÍODO CRIMINOLÓGICO : o movimento naturalístico do século XVIII, pregava a supremacia da investigação experimental em oposição à indagação puramente racional , influenciou o Direito Penal. O movimento Criminológico do Direito Penal iniciou-se com os estudos do médico italiano César Lombroso , pioneiro da Escola Positiva e criador da Antropologia Criminal. Considerava, ele, o crime como manifestação da personalidade humana e produto de várias causas , Lombroso estuda o delinqüente do ponto de vista biológico. Tem a Escola Positiva o seu maior expoente em Henrique Ferri , criador da Sociologia Criminal. Ele afirmava ser o homem responsável por viver em sociedade. Rafael Garófalo inicia a chamada fase jurídica do positivismo italiano, sustentava que no homem existem dois sentimentos básicos, a piedade e a probidade, e que o direito é sempre uma lesão desses sentimentos. Princípios Básicos da Escola Positiva: O crime é fenômeno natural e social, sujeito a influências do meio e de múltiplos fatores , exigindo o estudo pelos métodos experimentais; A responsabilidade penal é responsabilidade social, por viver o criminoso em sociedade, e tem por base a sua periculosidade; A pena é medida da defesa social, visando à recuperação do criminoso ou à sua neutralização; O criminoso é sempre, psicologicamente, um anormal , de forma temporária ou permanente. ESCOLAS MISTAS E TENDÊNCIA CONTEMPORÂNEA : Conciliando os princípios da Escola Clássica e o tecnicismo jurídico com a Escola Positiva, surgiram as escolas ecléticas, mistas, com a Terceira Escola e a Escola Moderna Alemã. Aproveitando as idéias de clássicos e positivistas, separava-se o Direito Penal das demais ciências penais, contribuindo de certa forma para evolução dos dois estudos. Hoje, em reação ao positivismo jurídico, em que se pregava a redução do direito ao estudo da lei vigente, os penalistas passaram a preocupar-se com a pessoa do condenado em uma perspectiva humanista , instituindo-se a doutrina da Nova Defesa Social. Direito Penal no Brasil tivemos: as ordenações Afonsinas, as ordenações Manuelinas, as ordenações Filipinas, o Código Criminal do Império; Código Penal de 1890, o atual de 1942.

FONTE DO DIREITO PENAL FONTES: origem, princípio causa Origem do Direito Penal MATERIAIS ou SUBSTANCIAIS : - fontes de produção. Compete privativamente à União legislar sobre Direito Penal (CF. art. 22,I). Observe-se que o parágrafo único do referido artigo permite que lei complementar federal autorize os Estados-Membros a legislar em matéria penal em questões específicas (matérias locais). FORMAIS, de COGNIÇÃO ou de CONHECIMENTO : refere-se ao modo pelo qual exterioriza-se o Direito Penal: IMEDIATA OU DIRETA: Lei: única fonte direta de Direito Penal, diante do princípio da reserva legal. Trataremos de seu conteúdo mais abaixo.

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INDIRETA: Costumes: fonte indireta ou subsidiária, é uma regra de conduta praticada de modo geral pela coletividade, constante e uniforme, entretanto não cria delitos nem comina penas (princípio da reserva legal). Elementos: Elemento subjetivo: convicção da obrigatoriedade jurídica; Elemento Objetivo: constância e uniformidade dos atos. Espécies de costume: Contra legem : inaplicabilidade da norma jurídica em face do desuso, da inobservância constante e uniforme da lei, sem entretanto revogá-la; Secundum legem : traça regras sobre a aplicação da lei penal; Praeter legem : preenche as lacunas e especifica o conteúdo da norma. Princípios Gerais de Direito: premissas éticas extraídas da legislação. Equidade: premissa ética correspondência jurídica e ética perfeita da norma, às circunstâncias do caso concreto a que é aplicada. (segundo Magalhães Noronha, não é fonte de Direito Penal, mas forma de interpretação).

LEI PENAL LEI: única fonte formal do Direito Penal - Deve ser precisa e clara. COMPÕE-SE DE DUAS PARTES A NORMA PENAL: Comando Principal ou Preceito Primário (descrição da conduta); Sanção ou Preceito Secundário (sanção).

Característica da lei penal Descritiva : não proibitiva, descritiva – descreve a conduta e comina a pena;

Classificação da lei penal Gerais ou Comuns : vigem em todo o território Nacional Especiais: vigem em apenas determinados segmentos do território Nacional. Ordinária: vigem em qualquer circunstância; Excepcionais: são destinadas a vigir em situações de calamidade pública, estado de sítio, guerra, ou seja situações emergenciais. Incriminadoras (lei penal em sentido estrito): é o que define os tipos penais e comina as respectivas sanções; Não incriminadoras (lei penal em sentido amplo): Explicativas (ou complementares): esclarecem o conteúdo de outras ou fornecem princípios gerais para aplicação da pena Permissivas : são as que não consideram como ilícitos ou isentam de pena o autor do fato.

Classificação da norma penal Imperativa: a violação de preceito primário, acarreta a pena; Geral: destinada à todos; Impessoal: não se refere a determinada pessoa; Exclusiva: só ela define crimes e aplica pena; Fatos Futuros: não alcança os pretéritos, a não ser se beneficia o agente criminoso.

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NORMA PENAL EM BRANCO (CEGAS OU ABERTAS): São as que a descrição da conduta se encontra incompleta, vaga, exigindo complementação por outra norma jurídica para que possam ser aplicadas ao caso concreto. Norma Penal em Branco pode ser: Sentido Estrito ou heterogêneas : cujo complemento está contido em outra regra jurídica procedente de uma instância legislativa diversa (fonte formal), seja de categoria superior ou inferior – nível diverso. Sentido Amplo (ou incompleta ou fragmento de norma) : tem seu complemento na própria lei ou outras leis (fonte formal) – nível idêntico.

INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Interpretação: O processo lógico que procura estabelecer a vontade contida na norma jurídica. A ciência que ou método que se preocupa com a interpretação da lei, denomina-se hermenêutica . Trata-se da extração do real significado da lei. ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO: Quanto ao sujeito que a faz: Legislativa ou autêntica: feita pelo próprio legislador, procede da mesma origem que a lei, é obrigatória pode ser contextual ou lei posterior (lei interpretativa). Tem efeito ex tunc. Doutrinária ou científica: Entendimento dado pelos escritores ou comentadores do direito. Judicial (jurisprudencial): São as orientações que os juízes e tribunais vêm dando as normas, sem força obrigatória. Quanto ao meio empregado: Literal, gramatical ou sintática: Fixa-se no sentido das palavras ou das expressões Lógica ou Teleológica: tem por fim a lógica, indaga-se sobre a finalidade da lei, ou do dispositivo Histórica: para alcançar a mensagem do autor da lei, deve voltar a época da lei, observando os fatos que então ocorriam. Quanto ao resultado: Declarativa: encontra o significado oculto do termo ou expressão que pela lei foi usado. Quando o texto da lei é claro - não cabe especificação. Restritiva: reduz-se ao alcance da lei para que se possa encontrar sua vontdade exata. “Plux dixit quam voluit” - o legislador disse mais o que devia, o intérprete deve restringir. Extensiva: amplia-se o sentido da norma, ou mesmo, até o seu alcance. “Minus dixit quan voluit” deve estender o pensamento do legislador, já que este o restringiu.. Progressiva: se abarcam no processo novas concepções ditadas pela transformação social, científica ou jurídica, ou até mesmo as morais que devem permear a lei penal estabelecida.. Analógica: quando formas características inscritas em um dispositivo penal são seguidas de espécies genérica aberta. Ex.: no artigo 121 do Código Penal em sua forma qualificada temos, assim “Matar alguém..... à traição, de emboscada, ou mediante di ssimulação ou outro recuso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido......” A própria lei obriga a se buscar o entendimento e semelhança do que seja outro recurso . Não se confunde analogia e interpretação analógica, esta é a busca da vontade da norma através da semelhança com fórmulas usadas pelo legislador, já, aquela, é forma de auto integração da lei com a aplicação de um fato não regulado por esta de uma norma que disciplina a ocorrência semelhante não previstas em lei e VEDADA em DIREITO PENAL.

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Analogia Consiste em aplicar –se uma hipótese não regulada em lei disposição relativa a um caso semelhante. Na analogia , o fato não é regido por qualquer norma e, por essa razão, aplica-se uma de caso análogo. (exemplo: aplicação do artigo 128 II aos casos de aborto em gravidez ocorrida por atentado violento ao pudor). È uma forma de auto-integração da lei, não sendo, portanto, fonte mediata do direito. Podemos distinguir a analogia da interpretação extensiva e interpretação analógica.. Na interpretação extensiva existe uma norma regulando a hipótese de modo que não se aplica a norma do caso análogo. Já na interpretação analógica após uma seqüência casuística , segue-se uma formulação genérica que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriormente elencados. Na interpretação analógica existe uma norma regulando a hipótese (diferentemente da analogia) expressamente (diferente da interpretação extensiva), mas de forma genérica , o que torna necessário o recurso à via interpretativa. Espécies de analogia: Legal ou legis : o caso é regido por norma reguladora de hipótese semelhante. Jurídica ou juris : a hipótese é regulada por princípios extraídos do ordenamento jurídico em seu conjunto; In bonan partem : a analogia é empregada em benefício do agente; In malan partem :a analogia é empregada em prejuízo do agente. Analogia de norma penal incriminadora : fere o princípio da reserva legal, destacando um fato não definido como crime como tal.

Vigência e revogação da lei Em regra, a lei é feita para vigir por tempo indeterminado. Vacatio legis : período decorrente entre a publicação e a data em que começa a sua vigência: 45 dias - quando a própria lei não diz diferente; 03 meses - aplicação nos Estados estrangeiros, quando esta é admitida. REVOGAÇÃO, encerra a vigência da lei: Parcial: derrogação; Total: ab-rogação; Expressa: quando declarada na lei revogadora; Tácita: a lei posterior regulamenta a matéria disciplinada pela antiga. Auto-revogação: cessa a situação de emergência na lei excepcional; se esgota o prazo na lei temporária.

PRINCÍPIOS DA LEI PENAL PRINCÍPIO DA LEGALIDADE : (contendo reserva legal e anterioridade ) – artigo 1º. do CP. Não há crime sem lei anterior que o defina - Não há pena sem prévia cominação legal. (“Nullum crimem, nulla poena sinepraevia lege” - Feüerbach). (Constituição Federal artigo 5º. XXXIX) Trata-se de garantia constitucional fundamental , garantidora da liberdade. Assim só é possível a existência de crime quando existir uma perfeita correspondência entre o ato praticado e a previsão legal, e que esta seja anterior aquela. Inclui-se nesse princípio:

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O PRINCÍPIO DA RESERVA DA LEI: só a lei pode definir crimes e cominar penalidades, nenhuma outra fonte inferior a lei pode gerar uma norma penal. Medidas provisórias (CF, art. 62): Não pode definir crimes e impor penas. O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL, relativo ao crime e à pena. Somente se aplicará pena que esteja prevista anteriormente na lei como aplicável ao autor do crime. O PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE: O conjunto de normas incriminadoras é taxativo. O fato é típico ou atípico. O elenco não admite ampliações. Assim fica impossibilitado o emprego da analogia. Para tanto a lei deve especificar ao máximo o fato típico, evitando generalizações. O PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS NORMAS INCRIMIN ADORAS: Decorre do princípio da anterioridade. A lei incriminadora não pode retroagir para alcançar um fato cometido antes de sua vigência. MEDIDAS DE SEGURANÇA E PRINCÍPIO DA LEGALIDADE : O princípio da legalidade também vige em relação às medidas de segurança. O magistrado não as pode aplicar sem que se encontrem determinadas pelas leis. OUTROS PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL: PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE (PRINCÍPIO DA INTERVE NÇÃO MÍNIMA): É conseqüência dos princípios da reserva legal e da intervenção necessária (mínima). O direito penal não protege todos os bens jurídicos de violações: só os mais importantes. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE (LESIVIDADE) : O direito penal só deve ser aplicado quando a conduta lesiona um bem jurídico, não sendo suficiente que seja imoral ou pecaminosa. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ; Ligado aos chamados "crimes de bagatela" ou “delitos de lesão mínima", recomenda que o direito penal, pela adequação típica, somente intervenha nos casos de lesão jurídica de certa gravidade. Tória da ação socialmente adequada, onde deve se considerar que as ações humanas que não produzem dano socialmente relevante e mostrem-se adequadas a vida social em um determinado tempo, não podem ser consideradas crime PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE : Nullum crimen sine culpa. A pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, e merecendo juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico. PRINCÍPIO DE HUMANIDADE: O réu deve ser tratado como pessoa humana. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE DA PENA : Chamado também princípio da proibição de excesso, determina que a pena não pode ser superior ao grau de responsabilidade pela prática do fato.. PRINCÍPIO DO ESTADO DE INOCÊNCIA: Geralmente denominado "princípio da presunção de inocência", está previsto em nossa CF: "Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". PRINCÍPIO DE IGUALDADE : Todos são iguais perante a lei penal (CF, art. 1º, caput), não podendo o delinqüente ser discriminado em razão de cor, sexo, religião, raça, procedência, etnia etc. PRINCÍPIO DO "NE BIS IN IDEM": Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Possui duplo significado: penal material : ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo crime; processual : ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal - cabe ao judiciário impor a pena - “nulla poena sine juditio”. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito. em processo judicial ou administrativo, são assegurados o contraditórios e a ampla defesa, com os meios e os recursos a ela inerente. ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente., salvo nos casos de transgressão militar, ou crimes próprios militares. a lei só poderá ser aplicada pelo juiz com jurisdição - “nemo judex sine lege”. não haverá juízo ou tribunal de exceção - juiz natural -.

LEI PENAL NO TEMPO “Tempus regit actum” - a lei rege em geral, os fatos praticados durante a sua vigência.

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Há uma regra que domina o conflito de leis penais no tempo, é a da IRRETROATIVIDADE da lei penal, sem a qual não haveria nem segurança nem liberdade na sociedade, uma vez que se poderiam punir fatos lícitos após sua realização, com a abolição do postulado consagrado no art. 2º do Código Penal. O princípio da irretroatividade vige, entretanto, somente em relação à lei mais severa. Admite-se, no direito transitório, a aplicação retroativa da lei mais benigna (lex mitior). Constituição Federal artigo 5° XL. Temos, assim, dois princípios que regem os conflitos de direito intertemporal: regra: a irretroatividade da lei; exceção : retroatividade da lei mais benigna. Esses dois princípios podem reduzir-se a um: o da retroatividade da lei mais benigna. Por expressa disposição legal, é possível: RETROATIVIDADE: aplicação da norma a fatos ocorridos anteriormente à sua vigência. ULTRATIVIDADE :: É a possibilidade de aplicação de uma lei não obstante cessada a sua vigência, desde que mais benéfica em face de outra, posterior. CONCEITO DE LEI POSTERIOR: Subentende-se a que foi promulgada em último lugar. Determina-se a anterioridade e a posterioridade pela data da publicação e não pela da entrada em vigor. A lei processual penal, entretanto, não se submete a esse critério, conforme o artigo 2° do CPP.

Conflito de leis penais Quando surgem novos preceitos, após a prática de fato delituoso. SOLUÇÃO LEGAL DAS HIPÓTESES DE CONFLITO DE LEIS PEN AIS NO TEMPO NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA : Torna típico fato anteriormente não incriminado. Essa lei penal é irretroativa. Sujeito que realiza o fato durante a "vacatio legis": Não pratica crime, uma vez que a lei penal adquire obrigatoriedade quando entra em vigor. ABOLITIO CRIMINIS : Pode ocorrer que uma lei posterior deixe de considerar como infração um fato que era anteriormente punido. Estamos em face de exceção ao princípio tempus regit actum: a lei nova retroage; a antiga não possui ultra-atividade. Retroatividade da lei mais benigna , alcança fatos definitivamente julgados , ou seja a execução da sentença condenatória e todos os efeitos penais dessa decisão.Permanece os reflexos civis , indenizar o dano, o fato já não é mais crime, mas um ilícito civil que obriga a reparação do dano - tem efeitos civis e processuais civis. A obrigação civil de reparação do dano causado pelo delito constitui efeito secundário da condenação (CP, art. 91, I). A lei nova descriminante não exclui essa obrigação. Diz o art. 2º que em virtude dela cessam "os efeitos penais da sentença condenatória", perdurando os de natureza civil. IMPORTÂNCIA PRÁTICA: a persecutio criminis ainda não foi movimentada: o inquérito policial ou o processo não pode ser iniciado; o processo está em andamento: deve ser "trancado" mediante decretação da extinção da punibilidade; já existe sentença condenatória com trânsito em julgado: a pretensão executória não pode ser efetivada (a pena não pode ser executada); o condenado está cumprindo a pena: decretada a extinção da punibilidade, deve ser solto. Ocorrendo a abolitio criminis, a condenação é declarada inexistente e o nome do condenado é riscado do rol dos culpados: o comportamento, como conduta punível, deixa de figurar em sua vida pregressa. NOVATIO LEGIS IN PEJUS : É a lei mais severa que a anterior, vige nos caso o princípio da irretroatividade da lei penal. São leis que cominam pena mais grave em qualidade - reclusão em vez de detenção - em quantidade - de dois a oito em vez de um a quatro - acrescentem qualificadoras ou agravantes - eliminam atenuantes - causas de extinção da punibilidade - etc...

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NOVATIO LEGIS IN MELIUS : a nova lei é mais favorável que a anterior, aplicando-se a fatos anteriores (retroagirá) , ainda que decididos por sentença condenatória transitado em julgado. Pode acrescentar atenuantes, eliminar agravantes, novos casos de extinção de punibilidade, etc.. Se a lei nova, sem excluir a incriminação, é mais favorável ao sujeito, retroage. Aplica-se o princípio da retroatividade da lei mais benigna. Competente para aplicá-la é se estiver em primeira instância o juiz de primeiro grau, se em segunda instância o Tribunal incumbido do recurso. Após sentença condenatória caberá ao juízo da execução Súmula 611 so STF. LEI INTERMEDIÁRIA : Pode acontecer que o sujeito pratique o fato sob o império de uma lei, surgindo, depois, sucessivamente, duas outras, regulando o mesmo comportamento, sendo a intermediária a mais benigna. Analisando os efeitos das três leis, veremos que a primeira é ab-rogada pela intermédia e, sendo mais severa, não tem ultra-atividade; a intermediária, mais favorável que as outras duas, retroage em relação à primeira e possui ultra-atividade em face da terceira; esta, mais severa, não retroage. LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS: Leis Temporárias: vigência previamente fixada pelo legislador; em casos de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos, epidemias etc. Leis Excepcionais: as que vigem durante situações de emergência; São as que possuem vigência previamente fixada pelo legislador. Este determina que a lei terá vigência até certa data. Essas espécies de lei, têm ultratividade, ou seja, aplicam-se a fatos cometidos no seu império, mesmo depois de revogadas, pelo decurso de tempo ou cessadas as causas emergenciais. A razão é evidente. Se o criminoso soubesse antecipadamente que estivessem destinadas a desaparecer após um determinado tempo, perdendo a sua eficácia, lançaria mão de todos os meios para iludir a sanção, principalmente quando iminente o término de sua vigência pelo decurso de seu período de duração ou de suas circunstâncias determinadoras. CONCLUINDO: Lei penal - mais benigna - tem extratividade : é retroativa - é ultrativa. Lei penal - mais grave - não tem extratividade : não é retroativa - não é ultrativa. Havendo dúvida sobre qual a lei mais benéfica, considerar-se-á mais favorável aquela que restringe o jus puniendi, ampliando os direitos de liberdade . Durante o vacatio legis a lex mitior não pode ser aplicada de imediato e nem retroativamente, devendo sê-la somente quando de sua entrada em vigor.

TEMPO DE CRIME CONCEITO: Tempo do crime é o momento em que ele se considera cometido. CP. Artigo 4°.

Teorias sobre ao tempo do crime necessário saber-se o tempo de crime ou seja a ocasião em que foi praticado o delito - para a aplicação da lei penal o seu autor. Teorias: TEORIA DA ATIVIDADE: tempo do crime o momento da conduta - ação ou omissão - pouco importa a consumação. TEORIA DO RESULTADO (OU EFEITO) : tempo de crime é o momento da sua consumação, não levando em conta a ocasião em que o agente praticou a ação. TEORIA MISTA: considera o tempo de crime tanto o momento da conduta como o resultado.

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Nosso legislador adotou a TEORIA DA ATIVIDADE , que evita a incongruência de o fato se considerado como crime em decorrência da lei vigente na época do resultado quando não o era no momento da ação ou omissão. Quanto ao termo inicial da prescrição - não se aplica a teoria da atividade mas sim do resultado. CRIME PERMANENTE: Nele, em que o momento consumativo se alonga no tempo sob a dependência da vontade do sujeito ativo, se iniciado sob a eficácia de uma lei e prolongado sob outra, aplica-se esta, mesmo que mais severa. Crime habitual: Dá-se a mesma solução. CRIME CONTINUADO: Podem ocorrer três hipóteses: o agente praticou a série de crimes sob o império de duas leis, sendo mais grave a posterior: aplica-se a lei nova, tendo em vista que o delinqüente já estava advertido da maior gravidade da sanctio juris, caso "continuasse" a conduta delituosa; se cuida de novatio legis incriminadora, constituem indiferente penal os fatos praticados antes de sua entrada em vigor. O agente responde pelos fatos cometidos sob a sua vigência a título de crime continuado, se presentes os seus requisitos; se trata de novatio legis supressiva de incriminação, a lei nova retroage, alcançando os fatos ocorridos antes de sua vigência. Quanto aos fatores posteriores, de aplicar-se o princípio de reserva legal.

CONFLITO APARENTE DE NORMAS Ocorre quando duas ou mais normas aparentemente parecem aplicáveis ao mesmo fato. Elementos configurativos do conflito : Uma só infração penal – unidade de fatos; Duas ou mais normas pretende regulá-lo – pluralidade de normas; Aparente aplicação de todas as normas à espécie; Efetiva aplicação de apenas uma delas. A solução se dá pela aplicação de alguns princípios, que são: Da especialidade – lex specialis derogat generalis : especial é a norma que possui todos os elementos gerais e mais alguns denominados de especializantes que trazem um minus ou um plus de severidade. A lei especial prevalece sobre a geral a qual deixa de incidir sobre aquela hipótese. Ex.: o art. 123 do CP, trata de infanticídio que prevalece sobre o artigo 121 homicídio , pois além de ter os elementos genéricos deste possui elementos especializantes (próprio filho, durante o parto ou logo após, etc..). Da subsidiariedade – lex primaria derogat subsidiariae : subsidiária é aquela norma que descreve em grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, isto é, um fato menos amplo e menos grave, o qual embora definido como delito autônomo, encontra-se também compreendido em outro tipo como fase normal de execução de crime mais grave. A norma primária prevalece sobre a subsidiária.Exemplo o agente efetua disparos com arma de fogo sem atingir a vítima , aparentemente três normas são aplicáveis o artigo 132 do CP, o artigo 10 § 1° , III da Lei 9437/97 e o art. 121 c/c o art 14, II do CP. O tipo definidor da tentativa de homicídio descreve um fato mais amplo e mais grave do qual cabemos dois primeiros. Espécies: Expressa ou explícita : própria norma reconhece expressamente seu caráter subsidiário, admitindo incidir somente se não ficar caracterizado fato de maior gravidade. Exemplo artigo 132 do CP, “se o fato não constitui crime mais grave” Tácita ou implícita : norma nada diz , mas diante do caso concreto verifica-se sua subsidiariedade. Da consunção – lex consumens derogat consumptae : ocorre quando um fato mais grave absorve outros fatos menos amplos e graves , que funcionam como fase normal de preparação ou execução ou como mero exaurimento

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Hipóteses em que se verifica a consunção: Crime progressivo : ocorre quando o agente , objetivando produzir resultado mais grave pratica , por meio de atos sucessivos crescentes violações ao bem jurídico. Única conduta comandada por única vontade, através de diversos atos. O agente responde pelo ato mais grave, ficando absorvida as demais lesões anteriores ao bem jurídico.Tem quatro elementos caracterizadores: uma única vontade, um só crime, pluralidade de atos, progressividade da lesã o. Crime complexo : é o que resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos que passam a funcionar como elementos ou circunstância no tipo complexo. O fato complexo absorve os autônomos. Ex. latrocínio – fica o roubo e o homicídio absorvidos. Progressão criminosa : pode ser de tre formas: Progressão criminosa em sentido estrito : inicialmente o agente pretende produzir um resultado e após atingi-lo , decide prosseguir e reiniciar sua agressão produzindo uma lesão mais grave . O agente só responde pelo fato final, mais grave. Fato anterior não punível : sempre que um fato anterior menos grave for praticado como meio necessário de outro mais grave, ficará por este absorvido. Fato posterior não punível : após realizada a conduta o agente pratica novo ataque contra o mesmo bem jurídico, visando apenas tirar proveito da prática anterior. Da alternatividade : quando uma norma descreve várias formas de realização da figura típica , em que a realização de uma ou de todas configura um único crime. Exemplo artigo 12 da Lei de Tóxicos. O que há aqui é um conflito interno da própria norma.

LEI PENAL NO ESPAÇO

TERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA CP. Art. 5° Princípio da territorialidade : a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou, pouco importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. Princípio da territorialidade absoluta : só a lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos no território nacional. Princípio da territorialidade temperada : a lei penal brasileira, aplica-se em regra ao crime cometido no território nacional. Excepcionalmente a lei estrangeira é aplicável a delitos cometidos total ou parcialmente em território nacional , quando assim determinarem tratados ou convenções internacionais. Adotou-se o princípio da territorialidade temperada TERRITÓRIO: Sob o prisma material, recebe o nome de natural ou geográfico, compreendendo o espaço delimitado por fronteiras. Território jurídico abrange todo o espaço em que o Estado exerce a sua soberania. Componentes do território: Solo ocupado pela corporação política; Rios, lagos, mares interiores, golfos, baías e portos; Mar Territorial: faixa de mar exterior ao longo da costa estende-se por 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro. Aqui o Brasil exerce sua soberania plena, excepcionada apenas pelo chamado “direito de passagem inocente” que sujeita aos

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navios mercantes e militares de qualquer Estado a passagem livre, embora sujeitos ao poder de polícia do estado costeiro; Zona contígua: faixa que se estende das 12 ás 14 milhas , na qual o Brasil poderá tomar medidas de fiscalização, a fim de reprimir infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros , fiscais de imigração ou sanitários no seu território ou mar territorial. Não se compreende no território nacional. Zona econômica exclusiva: compreende uma faixa que se estende das 12 milhas às 200 milhas marítimas , contadas a partir da linha de base que servem para medir a largura do mar territorial , onde o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos etc.Para efeito de aplicação da lei penal brasileira, não é considerado território nacional para o fim de aplicação de nossa legislação Espaço Aéreo: a camada atmosférica que cobre o território nacional e considerada parte deste; Espaço cósmico: este pode ser explorado e utilizado livremente por todos os estados em condições de igualdade e sem discriminação, não sendo objeto de apropriação nacional por proclamação de soberania, por uso ou ocupação nem por qualquer outro meio. Navios e aeronaves: PRIVADOS: Alto mar: lei da bandeira que ostentam; No mar territorial ou no porto: lei do local. PÚBLICOS: faz parte do território da nação da bandeira, ainda que em porto ou mar territorial estrangeiro.

LEI PENAL EM RELAÇÃO A PESSOAS QUE EXERCEM DETERMIN ADAS FUNÇÕES PÚBLICAS A Lei penal fixa o princípio da obrigatoriedade da lei penal a todos os cidadãos que se encontram em nosso território. Tal princípio não se aplica, porém, em determinados casos em face das funções públicas exercidas por certas pessoas. Esses privilégios não são concedidos em relação as pessoas, mas sim à função que elas exercem. Privilégios que subtraem à eficácia jurisdicional criminal do Estado, ou as que sujeitam a regras particulares nas ações penais. Não se trata de exceções ao princípio da igualdade, pois os privilégios não são pessoais, mas sim, funcionais. Não se tem em vista a pessoa, mas, sim, a função. IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS : O diplomata é dotado de inviolabilidade pessoal, pois não pode ser preso nem submetido a qualquer procedimento ou processo sem autorização de seu país. Embora as sedes diplomáticas não possam ser mais consideradas extensão do território do país em que se encontram, são dotadas de inviolabilidade como garantia dos representantes estrangeiros, não podendo ser objeto de buscas, requisições embargo ou medida de execução. Contudo, não haverá inviolabilidade se um crime for ali cometido por pessoa estranha à legação. Assim , os representantes diplomáticos de governo estrangeiro gozam de imunidade penal, não sendo aplicável a eles a lei penal Brasileira em razão de infrações penais aqui cometidas. São abrangidos pela imunidade diplomática: Agentes diplomáticos (embaixador, secretário de embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações); Componentes da família do agente diplomático; Funcionários das organizações internacionais, quando em serviço (ONU, OEA, etc..); Chefe de Estado Estrangeiro que visita o país, inclusive os membros de sua comitiva. Os empregados particulares dos agentes diplomáticos não gozam de imunidade, ainda que sejam da mesma nacionalidade deles. IMUNIDADES PARLAMENTARES : Pode ser a imunidade parlamentar:

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Material (absoluta) ou penal : deputados e senadores são invioláveis civil e penalmente em quaisquer de suas manifestações proferidas (escrita ou falada) no desempenho de suas funções dentro ou fora da Casa respectiva. Ampliada encontra-se tal imunidade para além de penal também civil, assim, o parlamentar não pode ser processado por perdas e danos materiais e morais , em virtude de suas opiniões palavras e votos no exercício das suas funções. O suplente não goza destas prerrogativas. A imunidade é irrenunciável, mas não alcança o parlamentar que se licencia para ocupar outro cargo na Administração Pública, embora lhe fique preservado o foro por prerrogativa de função, cancelada está, assim, a Súmula 4 do STF. Formal (relativo) ou processual : anterior a EC n° 35/2001 a imunidade processual exigia prévia licença da casa para processar o parlamentar. Agora recebida denúncia contra senador ou deputado, por crime ocorrido após a diplomação o STF dará ciência a casa respectiva, que por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá até a final decisão, sustar o andamento da ação. Desta forma o controle legislativo deixou de ser prévio, que só vigora para o Presidente da República e ao Governador. Quanto aos Prefeitos não há de se falar em imunidade processual ou penal, somente em foro por prerrogativa de função perante os TJs. Os crimes cometidos antes da diplomação , terá seu curso normal não podendo serem sustados. A imunidade parlamente não se estende ao co-réu sem essa prerrogativa. Súmula 245 do STF. Imunidade prisional : Em crimes afiançáveis jamais os parlamentares poderão ser presos, já nos crimes inafiançáveis somente é admissível a prisão em flagrante. Nenhuma outra modalidade de prisão cautelar ou mesmo de prisão civil tem incidência. Foro especial e prerrogativa de função : deputados e senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento no STF. Alcança inclusive os crimes anteriores e o do momento da diplomação. Somente as causa penais gozam desta prerrogativa de função. Não se estende aos crimes cometidos após a cessação definitiva do exercício funcional. Imunidade para servir como testemunha : os deputados e senadores não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhe confiaram ou deles receberam informações. Quanto aos diplomatas só encontra-se obrigado a depor sobre fatos relacionados com o exercício de suas funções. Imunidades parlamentares e estado de sítio : as imunidades de deputados e senadores subsistirão durante o estado de sítio , só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso, que sejam incompatíveis com a execução da medida. IMUNIDADE JUDICIÁRIA : trata-se da imunidade do advogado nos atos do exercício de sua profissão.Não atinge a calúnia, somente a injúria e a difamação, quando irrogadas em juízo. Não abrange a ofensa dirigida ao juiz da causa, limita-se as partes litigantes

EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL BRASILEIRA CP. Art 7° O princípio da extraterritorialidade consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos fora do Brasil. FORMAS DA EXTRATERRITORIALIDADE:

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INCONDICIONADA; É prevista nas hipóteses do inc. I do art. 7º, quais sejam, as de crimes cometidos no estrangeiro contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação estatuída pelo Poder Público; contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço; e de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. Diz-se incondicionada a extraterritorialidade excepcional da lei penal brasileira, nesses casos, porque a sua aplicação não se subordina a qualquer requisito. CONDICIONADA . Ocorre nos seguintes casos: crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (art. 7º, II, a). crimes praticados por brasileiro no estrangeiro (al. b);. delitos praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados . crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, § 3º). Diz-se condicionada porque a aplicação da lei penal brasileira se subordina à ocorrência de certos requisitos (als. dos §§ 2º e 3º). Nos quatro casos, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: entrar o sujeito no território nacional. ser o fato punível também no país em que foi praticado; estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;. não ter sido o sujeito absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; não ter sido o sujeito perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável (art. 7º, § 2º). NO QUARTO CASO (crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil), além desses requisitos, só se aplica a lei brasileira se: não foi pedida ou foi negada a extradição (§ 3º, a); houve requisição do Ministro da Justiça (al. b). PRINCÍPIOS PARA APLICAÇÃO DA EXTRATERRITORIALIDADE: DA NACIONALIDADE : aplica-se a lei do país do agente, pouco importando o local onde o crime foi cometido. Embora praticado no exterior por Brasileiro, lei Brasileira. Pode subdividir-se em: Nacionalidade ativa ou personalidade ativa : do autor do delito, sem cogitar-se a vítima. Nacionalidade passiva ou personalidade passiva , exige para sua aplicação que sejam nacionais o autor e o objeto ofendido. DA PROTEÇÃO, DA DEFESA OU REAL : aplica-se a lei do país do bem jurídico ofendido, sem contar-se com o local onde foi praticado o crime ou a nacionalidade do agente. Aplica-se a lei brasileira, em crime cometido no exterior, contra a vida e liberdade do Presidente da República e o patrimônio público Brasileiro. Genocídio praticado por brasileiro, ou pessoa aqui residente. DA JUSTIÇA (COMPETÊNCIA) UNIVERSAL : o criminoso deve ser julgado e punido onde for detido e segundo as leis desse país, não se levando em conta o lugar do crime, do agente ou bem jurídico lesado. Crimes que por tratado ou convenção o Brasil se obrigou a reprimir. DA REPRESENTAÇÃO : aplicação do país, quando por deficiência legislativa ou interesse de outro que deveria reprimir o crime ,não o faz. Praticada em aeronaves ou embarcações Brasileira (mercante ou privada) e no exterior não julgada. Geralmente as nações adotam legislação baseadas e um dos princípios e depois complementam com os demais. PRINCÍPIOS ADOTADOS PELO CÓDIGO PENAL: São eles: da territorialidade: art. 5º (regra); real ou de proteção: art. 7º, I e § 3º;

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da justiça universal: art. 7º, II, a; da nacionalidade ativa: art. 7º, II, b; da representação: art. 7º, II, c (exceções). EXTRADIÇÃO : é o instrumento jurídico pelo qual um país envia uma pessoa que se encontra em seu território a outro Estado soberano, a fim de que neste seja julgada ou receba imposição de pena já aplicada. Princípio da não-extradição de nacionais : nenhum brasileiro será extraditado, salvo naturalizado, em caso de crime comum praticado antes da naturalização ou de comprovado tráfico ilícito de entorpecentes. Princípio da exclusão de crimes não-comuns: estrangeiros não podem ser extraditados por crime político ou de opinião; Princípio de prevalência dos tratados : na colisão entre a lei reguladora da extradição e o respectivo tratado, este prevalece. Princípio da legalidade : somente cabe extradição nas expressas hipóteses elencadas no texto lega regulador do instituto e apenas em relação aos delitos especificamente apontados naquela lei. Princípio da dupla tipicidade : deve haver semelhança ou simetria entre os tipos penais da legislação brasileira e do Estado solicitante. Princípio da preferência da competência nacional : havendo conflito entre a justiça brasileira e a estrangeira, prevalecerá a competência nacional. Princípio da limitação em razão da pena : não se concederá extradição para os países onde a pena de morte e a prisão perpétua são previstas a menos que sejam dadas garantias de que não serão aplicadas. Princípio da detração : o tempo em que o extraditando permanece preso preventivamente no Brasil, a deve ser considerado na execução da pena no país requerente. Jurisdição subsidiária : verifica-se a subsidiariedade da jurisdição nacional nas hipóteses do inciso II e do § 3° do artigo 7° do CP. Se condenado por crime no estrangeiro e sendo processado por esse juízo. Está sentença preponderará sobre a do juiz brasileiro. Caso o réu tenha sido considerado absolvido pelo juízo estrangeiro, aplicar-se-á a regra non bis in idem para impedir a persecutio criminis. Tendo sido condenado, e subtraiu-se a execução da pena , não lhe será possível invocar o non bis in idem, sendo julgado e se for o caso, condenado novamente pelos órgão nacionais – art 7° § 2°, “d” e “e”. Jurisdição principal : hipóteses do artigo 5° e 7°, I do CP. Compete a j urisdição brasileira conhecer do crime cometido no território nacional ou por força dos princípios de competência real. Assim, a absolvição no estrangeiro não impedirá nova persecutio criminis, nem obstará o veredicto do juiz brasileiro. Atendendo a regra non bis in idem e non bis poena in idem, a pena cumprida no estrangeiro pelo mesmo crime, quando diversas atenua a pena imposta no Brasil, e quando idênticas é nela computada.

EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA CP. Artigo 9°

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Dada a característica de que o Direito penal e essencialmente territorial, a sentença emanada por um Estado estrangeiro não pode ter eficácia em outro Estado sem o consentimento deste, portanto, tal sentença necessita de homologação. A competência para homologação de sentença estrangeira em nosso país é do STF. A homologação não diz respeito ao conteúdo, mas somente a um exame formal e deliberatório da decisão, verifica-se apenas o preenchimento dos requisitos do artigo 788 do CPP. Nem toda sentença estrangeira precisa ser homologada, somente aquelas que devam aqui serem executadas, não somente para execução da pena imposta, como também para obrigar a reparação do dano, a restituição e a outros efeitos civis decorrentes da condenação criminal. Nestes últimos casos (efeitos civis) é necessário o pedido da parte interessada não podendo o STF atuar ex officio. Os efeitos secundários da execução (reincidência, proibição de sursis e livramento condiciona), não necessitam de homologação para vigorarem, vigoram de plano, somente deve ser homologada para fins de execução da pena.

LUGAR DO CRIME CP. Artigo 6° Conceito de lugar do crime: A determinação do lugar em que o crime se considera praticado (locus commissi delicti) é decisiva no tocante à competência penal internacional. Surge o problema quando o iter se desenrola em lugares diferentes. TEORIAS: Para a solução do problema têm sido preconizadas três teorias principais: da atividade ; ou da ação, é considerado lugar do crime aquele em que o agente desenvolveu a atividade criminosa, i. e., onde praticou os atos executórios. do resultado ; do efeito ou do evento, locus delicti é o lugar da produção do resultado da ubiqüidade . Nos termos da teoria da ubiqüidade, mista ou da unidade, lugar do crime é aquele em que se realizou qualquer dos momentos do iter, seja da prática dos atos executórios, seja da consumação. O NOSSO CÓDIGO ADOTOU A TEORIA DA UBIQÜIDADE . IMPORTÂNCIA PRÁTICA : Quando o crime tem início em território estrangeiro e se consuma no Brasil, é considerado praticado no Brasil . Nestes termos, aplica-se a lei penal brasileira ao fato de alguém,. Do mesmo modo, tem eficácia a lei penal nacional qu ando os atos executórios do crime são praticados em nosso território e o resultado se pro duz em país estrangeiro. Basta que uma porção da conduta criminosa tenha ocorrido em nosso território para ser aplicada nossa lei. TENTATIVA: O dispositivo disciplina, inclusive, a hipótese da tentativa. CRIMES A DISTÂNCIA : Os crimes podem ser de espaço mínimo ou de espaço máximo, segundo se realizem ou não, no mesmo lugar, os atos executórios e o resultado. Na hipótese negativa, fala-se em crimes a distância. Assim, por exemplo, um crime executado na Argentina e consumado no Brasil. Sendo o crime um todo indivisível, basta que uma de suas características se tenha real izado em território nacional para a solução do problema dos crimes a distância .

CONTAGEM DE PRAZO CONFORME O CÓDIGO PENAL CP artigo 10 O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo, não interessa o horário em que começou ser cumprida. Não importando, também, se o prazo começou em um sábado, domingo ou feriado.

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Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum, irrelevante meses de 30 ou 31 dias ou anos bissextos. Termo : é o instante determinado do tempo: fixa o momento da prática de um ato, designando , também, a ocasião de início de prazo. O prazo se desenvolve entre dois termos: Termo inicial – (termo a quo, dies a quo); Termo final – ( termo ad quem, dies ad quem).

Hipótese de o código penal e o código de processo p enal tratarem do mesmo prazo Se o fundamento da diversidade reside no tratamento mais favorável aos réus, quando os dois estatutos cuidam da mesma matéria é de aplicar-se o artigo 10 do CPP . a decadência é de natureza processual, devendo-se aplicar à contagem do prazo o art. 798, § 1º, do Código de Processo Penal.

DO CRIME

Crime - conceito material Relevância jurídica coloca em destaque o seu conteúdo teleológico - razão determinante de constituir uma conduta humana - infração penal e sujeita a uma sanção. “Delito é a ação ou a omissão imputável a uma pessoa, lesiva ou perigosa a interesses penalmente protegidos, constituída de determinados elementos e eventualmente integrada por certas condições ou acompanhadas de determinadas circunstâncias previstas em lei.” Manzini. O Conceito do ponto de vista material - visa os bens protegidos pela lei penal - nada mais é que a violação de um bem penalmente protegido.

Crime – conceito formal O conceito de crime resulta da mera subsunção da conduta ao tipo legal, assim considera-se infração tudo aquilo que o legislador escreveu como tal.

Crime - conceito analítico Crime é um fato típico e antijurídico . A culpabilidade é pressuposto da pena. Crime e Contravenção: Não há diferença ontológica, o mesmo fato pode ser considerado crime ou contravenção pelo legislador - conforme a necessidade da prevenção social. CARACTERES DO CRIME SOB O ASPECTO ANALÍTICO Para que haja crime - em primeiro lugar - Conduta Humana : Positiva - ação; Negativa - omissão; Nem todo o comportamento do homem constitui delito - em face do princípio da reserva legal - só os descritos na pela lei são delitos. O Fato Típico não basta para que exista o crime - deve ser contrário ao direito - Antijurídico . Antijuridicidade: segundo requisito do crime - excluída, esta não há crime .

Fato típico, a antijuridicidade e a culpabilidade Fato Típico: comportamento humano, positivo ou negativo, que provoca resultado previsto na lei como infração penal. Elementos do Fato Típico: Conduta humana dolosa ou culposa; resultado - salvo nos crimes de mera conduta;

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nexo de causalidade entre a conduta e o resultado - salvo nos crimes de mera conduta e formais; enquadramento do fato material - conduta, resultado e nexo - a uma norma penal incriminadora; Antijuridicidade: relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico - a conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for expressamente declarada lícita. é Antijurídico quando não declarado lícito por causas de Exclusão de Antijuridicidade . Culpabilidade: reprovação da ordem jurídica - em face de estar ligado o homem a um Fato Típico e Antijurídico - não é requisito do crime , é condição de Imposição da Pena . PUNIBILIDADE: Doutrina prevalecente entende que a Punibilidade não é requisito do Crime , mas sua conseqüência jurídica.Punibilidade: aplicabilidade da sanção, possibilidade jurídica de ser imposta - efeito jurídico do comportamento Típico e Antijurídico , sendo culpado o sujeito.

Requisitos, elementares e circunstâncias do crime: Circunstâncias: determinados dados, agregados à figura Típica fundamental, tendo a função de aumentar ou diminuir as suas conseqüências jurídicas - em regra a pena. Circunstância : agrava ou atenua a sua gravidade objetiva, aumentando ou atenuando a pena. Elemento: serve para distinguir o crime de um comportamento lícito ou de outro direito A ausência de um Elemento ou Elementar faz com que o fato não possa ser considerado como crime, a falta de uma Circunstância não influi sobre a sua existência. A ausência de Elementar produz dois efeitos: Atipicidade Absoluta: sujeito não responde por nenhuma infração; Atipicidade Relativa: não subsiste o crime que se cuida, opera-se a desclassificação. Pressuposto do crime: Pressupostos do Crime: Circunstâncias Jurídicas anteriores à execução do fato, positiva ou negativa, a cuja existência ou inexistência é condicionada a configuração do título delitivo de que se trata. Falta desses antecedentes opera a transladação do fato para outra figura delitiva. Ex.: a qualidade de funcionário público é pressuposto do crime de peculato e a ausência de tal elemento faz com que o fato seja compreendido sob o título da apropriação indébita. CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE : Pertence a punibilidade e não ao crime.

DOS SUJEITOS DO CRIME, CAPACIDADE PENAL E OBJETO DO CRIME SUJEITO ATIVO DO CRIME : quem pratica o fato descrito na norma penal incriminadora – qualquer pessoa , inclusive a jurídica (crimes ambientais), nesse caso o dolo ou culpa é dos dirigentes – sanção: multa, restrição de direito, prestação de serviços. CAPACIDADE PENAL : conjunto de condições exigidas para que um sujeito possa tornar-se titular de direito ou obrigações no campo do Direito Privado. Distingue-se: Capacidade Penal: momento anterior ao crime. Imputabilidade : momento contemporâneo ao delito. CAPACIDADE PENAL DAS PESSOAS JURÍDICAS : há várias teorias que explicam a possibilidade ou não de ser a pessoa jurídica penalmente responsabilizada.pg 131 CAPACIDADE ESPECIAL DO SUJEITO ATIVO : Há crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa imputável. Outros recebem determinada posição jurídica ou de fato do agente para sua configuração, especial capacidade penal.

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A par dos crimes próprios há os de mão própria ou de atuação pessoal . Somente pode ser praticados pelo autor em pessoa . Ex.: crime de falso testemunho, ninguém pode mandar outrem praticar falso testemunho em seu lugar. Nos crimes próprios , o sujeito ativo pode determinar a outrem sua execução (autor), embora possam ser cometidos apenas por um número limitados de pessoas - nos crimes de mão própria ninguém, os comete por intermédio de outrem. SUJEITO PASSIVO DO CRIME : Titular do interesse cuja ofensa constitui a essência do crime - para que seja encontrado é preciso indagar qual o interesse tutelado pela lei penal incriminadora. QUESTÃO DO INCAPAZ E DA PESSOA JURÍDICA: Todo homem - criatura viva - sujeito passivo material do crime. É indubitável que podem ser sujeitos passivos - incapaz e o recém nascido . Quanto a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo material do delito, desde que a descrição do tipo não pressuponha uma pessoa física - dissentem os autores quanto a possibilidade de ser sujeito passivo de crimes contra a honra. Crimes contra hora - dignidade própria - sentimento - pessoa jurídica - entidade abstrata. Animais e coisas inanimadas - não são sujeitos passivos do delito - mas objeto material do delito - sujeitos passivos seus proprietários. PESSOA PODE SER AO MESMO TEMPO SUJEITO ATIVO E PASS IVO: O homem não pode cometer crime contra si mesmo, portanto pode ser sujeito passivo e ao mesmo tempo sujeito ativo de algum crime, cometido por sua conduta. OBJETO DO DELITO : É aquilo contra que se dirige a conduta humana que o constitui - para ser determinado é necessário que se verifique o que o comportamento humano visa.

TÍTULO DO DELITO, CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENA IS TÍTULO DO DELITO : É a denominação jurídica do crime - pressupõe todos os seus elementos - indicação marginal da figura típica fundamental. Ex.: Art 121 - “nomem juris” - homicídio simples .

Classificação das infrações penais FRANCESA: tripartida : crime, delito e contravenções. BRASIL: bipartida : crime e contravenção. Crime descritos no Código penal e leis extravagantes; Contravenções: Leis das Contravenções Penais e Leis Especiais.

Qualificação legal e doutrinária dos crimes Qualificação : nome dado ao fato ou infração pela doutrina ou lei. Há a qualificação legal e a qualificação doutrinária. A primeira refere-se ao fato ou a infração Qualificação Legal: refere-se ao fato ou a infração é o nomem juris da infração. Ex.: lesão corporal, porte de arma. Qualificação da infração é o nome que recebe a modalidade a que pertence o fato - crime ou contravenção. QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Crimes Comuns: Descritos no Direito Penal comum; Crimes Especiais: Descritos no Direito Penal Especial.

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Crimes Comuns: praticados por qualquer pessoa; Crimes Próprios: só cometidos por uma categoria de pessoas, pressupõe no agente particular condição ou qualidade pessoal. Crimes de Mão Própria ou de Atuação Pessoal: só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa. Os estranhos, podem intervir como partícipes mas não como autores. Crimes de Dano: são os que se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico. Crimes de Perigo: se consumam tão-só com a possibilidade de dano. Perigo pode ser: Perigo Presumido: considerado pela lei em face de determinado comportamento, positivo ou negativo, lei presume juris et de jure não precisa ser provado, resulta da própria ação ou omissão. Perigo Concreto: é o que precisa ser provado; Perigo Individual: expõe o risco de dano ao interesse de uma só pessoa ou número limitado de pessoas. Perigo Comum (coletivo): expõe ao risco de dano interesses jurídicos de um número indeterminado de pessoas. Perigo Iminente: é o que está ocorrendo. Perigo Futuro: embora não existindo no presente pode advir em ocasião posterior. Crimes Formais, Materiais e de Mera Conduta: Crime de Mera Conduta: sem resultado naturalístico- o legislador só descreve o comportamento do agente. Ex.: violação de domicílio. Crimes Formais: de evento naturalístico cortado ou consumação antecipada - menciona o comportamento e o resultado, ma não exige sua produção para consumação. Ex.: Crimes contra honra Crimes Materiais: de resultado - o tipo menciona a conduta e o evento, exigindo a sua produção para consumação. Ex.: aborto. Crime Comissivo e Omissivo: Baseia-se no comportamento do sujeito. Comissivo: são os praticados mediante ação - sujeito faz algo. propriamente ditos por omissão Omissivo: mediante inação - sujeito deixa de fazê-lo. Próprios ou de pura omissão: perfazem com a simples abstenção da realização de um ato independentemente de um resultado posterior - resultado é imputado ao sujeito pela simples omissão normativa - Ex.: omissão de socorro. Impróprios ou comissivos por omissão: sujeito mediante uma omissão permite as produção de um resultado posterior, que os condiciona. - simples omissão não constitui crime - Ex.: mãe que deixa de alimentar o filho causando-lhe a morte. De conduta mista: omissivos próprios que possuem fase inicial positiva há uma ação inicial e uma omissão final. Ex.: apropriação indébita de coisa alheia. Crime Instantâneo e Permanente Crime Instantâneo: se completam em um só momento. Consumação se dá num determinado instante, sem continuidade temporal. Ex.: homicídio. Crime Permanente: causam situação danosa ou perigosa que se prolonga no tempo. O momento consumativo se prolonga no tempo. Ex.: seqüestro, cárcere privado. Caracteriza-se pela circunstância de a consumação pode cessar por vontade do agente - até quando este queira. Crime permanente - duas fases - realização do fato descrito pela lei - comissivo - manutenção do estado danoso - omissivo . Crime Permanente - bens jurídicos - materiais e imateriais. Crime Necessariamente Permanente : a continuidade do estado danoso ou perigoso é essencial para a sua configuração - Ex.: seqüestro. Crime Eventualmente Permanente : o crime tipicamente instantâneo prolonga a sua consumação - Ex.: abuso de profissão.

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Crime Instantâneo de Efeitos Permanentes: permanência dos efeitos não depende do agente, Crime instantâneo que se caracteriza pela índole duradoura de suas conseqüências. Crime Continuado: quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, condições de tempo, lugar maneira de execução e outras semelhantes devem os subseqüentes serem havidos como continuação do primeiro. Não se trata de um tipo de crime, mas uma forma de concurso de delitos. Crime Principal: existe independentemente de outro. Crime acessório: sua existência pressupõe outro crime. Ex. Receptação, pressupõe o furto, este principal, aquele acessório. Crime condicionado: tem a punibilidade condicionada a um fato exterior e posterior a consumação. Crime Simples: tipo penal único. Ex.: homicídio Crime Complexo: é a fusão de dois ou mais tipos penais; pode apresentar-se sob duas formas: Lato: um crime, em todas ou alguma das hipóteses contempladas na norma incriminadora contém em si outro delito menos grave . Legislador acrescenta fatos a definição de um crime, que por si mesmo não constitui delito - o delito de maior gravidade absorve o de menor intensidade. Estrito: reunião de dois ou mais tipos de penais. Apresenta-se sob duas formas: dois ou mais delitos constituem outro, funcionando como elementares - o legislador reúne dois ou mais crimes e os transforma em elementos de outro - Ex.: extorsão mediante seqüestro, de que fazem parte a extorsão e o seqüestro. um delito integra outro com circunstâncias qualificadoras. Um delito deixa de ser autônomo para funcionar como qualificadora do outro. - Ex.: Latrocínio - onde o homicídio intervém como qualificadora do roubo. Crime Putativo : Ocorre o delito putativo (imaginário ou erroneamente suposto) quando o agente considera erroneamente que a conduta realizada por ele constitui crime, sendo na verdade um fato atípico. - Não há crime -. Espécies: Por erro de proibição: o agente supõe violar uma norma penal que não existe. Falta tipicidade à sua conduta, pois o fato não é considerado crime; Por erro de tipo: o erro não recai sobre a norma, mas sobre os elementos do tipo, a norma realmente existe mas na sua conduta falta elementos. Ex.: uma mulher supondo estar grávida ingere substância abortiva. Por obra de agente provocador (flagrante provocado, crime de ensaio): ocorre quando alguém de forma insidiosa provoca o agente a prática de um crime, ao mesmo tempo que toma providências para que ele não se consume. Crime Progressivo: sujeito para alcançar um resultado mais grave passa por outro menos grave. Crime de Flagrante Esperado: indivíduo sabe que vai ser vítima de um delito, avisa a polícia, que espera e apanha o autor no momento da prática ilícita. Difere do putativo - já que não há provocação. Se crime formal ou de perigo: este se integra em todos os elementos de sua definição legal. Se crime material ou de dano: haver apenas tentativa, pois o dano não se verificará devido a prévia vigilância. Crime Impossível (quase crime ou tentativa inidônea ): por ineficácia absoluta do meio, ou impropriedade do objeto é impossível consumar o crime. Crime Consumado (perfeito): nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Crime Tentado (imperfeito): iniciada a consumação, não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente

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Crime Falho: nome que se dá a tentativa perfeita ou acabada em que o sujeito faz tudo para consumar o crime, mas o resultado não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade. Crime de Dupla Subjetividade Passiva: em razão do tipo tem dois sujeitos passivos. Ex.: violação de correspondência - sujeito passivo - remetente e destinatário. Crime Unissubsistente: se realiza em um só ato - Não admite tentativa. Ex.: injúria verbal Crime Plurissubsistente: se perfaz em vários atos, admite tentativa A distinção entre, unissubsistente e plurissubsistente, não se faz em vista do crime abstrato, mas sim em face do caso concreto. Crime Exaurido: causou todas as conseqüências danosas visadas pelo agente, depois de consumado atinge suas últimas conseqüências. Ex.: na concussão funcionário solicita vantagem indevida - só a solicitação consuma o crime, se recebe a vantagem exaure o crime. Crime de Concurso Necessário: são os que exigem mais de um sujeito: Coletivos, de convergência ou plurissubjetivos: são os que tem como elemento o concurso de várias pessoas para um fim único. Ex.: formação de quadrilha ou bando. Bilaterais ou de Encontro: são os que exigem o concurso de duas pessoas, mesmo que uma não seja culpável. Ex.: bigamia, adultério. Crimes unilaterais ou unissubjetivos (ou monossubjetivos): podem ser cometidos por uma só pessoa; Crimes eventualmente coletivos: os qualificados pelo concurso de pessoas. Crimes simples: é o descrito em sua forma fundamental. É a figura típica simples que contém os elementos específicos do delito. Crimes Privilegiados: após a definição do tipo básico, o legislador acrescenta circunstâncias de caráter subjetivo, com função específica de diminuir a pena. Crime Qualificado: depois de descrever a figura típica fundamental o legislador agrega circunstâncias que aumentam a pena. Crime Qualificado pelo resultado: após descrição típica simples, o legislador acrescenta um resultado que aumenta a sanção abstratamente imposta no preceito secundário. Resultado ocorre da força maior ou caso fortuito - não será imputável ao agente. Crime Qualificado pelo resultado: são quase todos os preterintencionais ou preterdolosos o delito-base é punido a título de dolo e o resultado qualificador a título de culpa - Dolo no antecedente e culpa no conseqüente - se o delito base é culposo - não se pode falar em crime preterintencional - delito base e o resultado - são punidos à título de culpa , o mesmo se o resultado qualificador for punido a título de dolo. Crime Qualificado diferente de Qualificado pelo Res ultado: no primeiro o legislador insere no tipo determinadas circunstâncias,, que não obstante agravarem a sanção não constituem resultados, no segundo o legislador exige um resultado. Crime Doloso: quando o sujeito quer ou assume o risco de produzir o resultado; Crime Culposo: quando o sujeito dá causa ao resultado por imprudência , negligência ou imperícia. Crime Preterdoloso (preterintencional): É aquele em que a ação causa um resultado mais grave que o pretendido pelo agente. O sujeito quer um minus e a sua conduta produz um majus de forma que se conjugam a ação - antecedente - e a culpa do resultado - conseqüent e. Crime Subsidiário: uma norma penal incriminadora tenha natureza subsidiária em relação a outra. A norma principal exclui a aplicação da secundária.

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Subsidiária Explícita : quando a lei após descrever um crime, diz que só tem aplicação se o fato não configura delito mais grave. Ex.: Subsidiária Implícita: quando a aplicação de uma norma não resulta da comparação abstrata mas do juízo de valor sobre o fato concreto em face dela. Ex.: as normas que definem os crimes de perigo individual são subsidiárias frente as que descrevem os crimes contra a vida. Crimes Vagos: são os que tem por sujeito passivo entidades sem personalidade jurídica, como a família, a sociedade, etc.. Crimes de Mera Suspeita: crime sem ação - não aceita pela maioria da doutrina. Crimes Comuns: lesão de bens jurídicos do cidadão da família ou da sociedade. Crimes Políticos: atacam a segurança interna ou externa do Estado ou a sua própria personalidade. Próprios: ofendem a organização política do Estado; Impróprios : ofendem um interesse político do cidadão; Puros : de natureza exclusivamente política; Relativos: compreendem delitos mistos ou complexos ofendem simultaneamente a ordem político- social e um interesse privado. Comuns : conexos aos delitos políticos. Crime Multitidinário: praticado por uma multidão em tumulto. Crime de Opinião: abuso da liberdade de pensamento por: palavras, imprensa ou qualquer meio de transmissão. Crime Inominado: não aceita pela doutrina, não existe crime sem tipificação. Crimes de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado: faz referências à varias modalidades da ação - induzir, instigar, prestar. Crime De Forma Livre : são os que poder ser cometidos por meio de qualquer comportamento que cause um determinado resultado. Crime de Forma Vinculada: aqueles em que a lei descreve a conduta de modo particularizado. Cumulativo: prevê várias ações de sujeito; Alternativa: quando o tipo prevê mais de um núcleo, empregando a disjuntiva “ou”. Crimes de Ação Penal Pública: se inicia mediante denúncia de órgão do M.P., sendo assim exceto quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. Crime de Ação Penal Privada: procede-se mediante queixa do ofendido ou representante legal. Crimes de Ímpeto: vontade delituosa é repentina sem proceder deliberação; Crime Gratuito: praticado sem motivo; Crime de Circulação: praticado por meio de automóvel. Crime Habitual: reiteração da mesma conduta reprovável de forma a constituir um estilo ou hábito de vida. Crime Habitual difere de Continuado : neste as ações que o compõe, por si mesma constituem crimes, naquele as ações consideradas em separado não são delitos, a habitualidade é uma elementar do tipo. Crime Profissional: os agentes praticam as ações com o fito de lucro. Crimes Conexos: existe um liame, um nexo entre os delitos - assim o sujeito pode cometer uma infração para ocultar outra. Teleológica ou ideológica : crime é praticado para assegurar a execução de outro.

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1° crime: crime-meio; 2° crime: crime-fim. Conseqüencial ou causal: um crime é cometido para assegurar a execução, impunidade ou vantagem de outro. Ex.: sujeito, após furtar, incendeia a casa para fazer desaparecer vestígio. Ocasional: crime é praticado por ocasião de pratica de outro, não havendo relação de meio e fim. Ex.: subtração de jóias enquanto a vítima é estuprada. A conexão ideológica e consequecial pode constituir circunstância: agravante genérica; qualificadoras. Crimes Funcionais: pertencem a categoria dos crimes próprios só podem ser cometidos por determinadas pessoas em face de uma condição ou situação particular - praticados só por pessoas que exercem a função pública. Próprios: a ausência da qualidade referente ao exercício da função pública por parte do agente, causa uma atipicidade absoluta. Imprópria: opera uma atipicidade relativa a conduta é atípica em face do crime funcional, mas se amolda a um de crime comum . Delito Plurilocal: é aquele dentro de um mesmo país tem a conduta realizada num local e a produção do resultado noutro. Delito de Referência: sujeito não denúncia em crime conhecido quando iminente ou em grau de realização, mas ainda não concluído. Delitos de Tendência: condicionam a sua existência a intenção do sujeito; Crimes de Simples Desobediência: assim chamados os delitos de perigo abstrato ou presumido. A simples desobediência ou comando geral, advinda da prática de fato, enseja a presunção do perigo de dano ou bem jurídico. Crime de Impressão: causam determinado estado anímico na vítima. Delito de Inteligência: os que se realizam com o engano. Ex.: Estelionato; Delito de Sentimento: incidem sobre as faculdades emocionais. Ex: Injúria; Delito de Vontade: incidem sobre a vontade - constrangimento ilegal. Ex.: constrangimento ilegal. Crimes Pluriofensivos: lesam ou expõe a dano mais de um bem jurídico. Crimes Falimentares: Próprios: só podem ser cometidos pelo devedor ou falido, ressalvada a hipótese de participação de terceiro. Impróprio: só podem ser cometidos por pessoa diversa do devedor ou falido, tendo o fato relação com a falência. Antifalimentar : praticados antes da quebra, sempre próprios. Pós - falimentar: cometidos depois da declaração da falência podem ser próprios ou impróprios. Crimes a Prazo: nas hipóteses em que a qualificadora depende de um determinado lapso de tempo. Delito Transeunte: não deixa vestígios; Delito Não Transeunte: deixa vestígios. Crime de Atentado ou de Empreendimento: pune a tentativa a mesma pena do crime consumado, sem atenuação. Crimes Internacionais: atinge mais países.

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Crimes de Tipo Fechado : apresentam a definição completa a norma descumprida pelo sujeito aparece de forma clara.

O FATO TÍPICO: CONDUTA, RESULTADO E DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

Fato típico FATO TÍPICO: requisito do crime; fato material que se enquadra no conjunto de elementos descritivos do delito contido na lei penal.

Elementos do fato típico Conduta dolosa ou culposa - ação ou omissão: comportamento humano; Resultado: efeito do comportamento; Relação de causalidade (só nos crimes materiais): nexo causal - entre o comportamento humano e o resultado; Tipicidade : que os elementos acima expostos - estejam descritos como crime - Tipicidade. FALTANDO UM DOS ELEMENTOS: do fato típico a conduta passa a constituir um indiferente penal - fato atípico .

Conduta - 1° elemento do fato típico CONDUTA: ação ou omissão humana consciente e voluntária e dirigida a determinada finalidade. TEORIAS DA CONDUTA Naturalística ou Causal da Ação: conduta comportamento humano voluntário no mundo exterior consistente num fazer ou não fazer, sendo estranha a qualquer valoração. Social da Ação: ação produtora de relevante efeitos na estrutura do delito não pode atender somente principais fundamentados nas leis da natureza. Finalista da Ação: Ação atividade final humana. O homem consciente dos efeitos causais do acontecimento, pode prever as conseqüências de sua conduta. Vontade abrange: objetivo que o agente pretende alcançar; Meios empregados; Conseqüências secundárias. O nexo finalista da ação só se estende a esses elementos quais sejam os resultados propostos pela vontade. Doutrina Finalística : não se preocupa apenas com o conteúdo da vontade - dolo - consiste na vontade de concretizar as características objetivas do tipo penal, mas também com - a culpa -. Vontade Final: - dolo - faz parte do tipo - elemento subjetivo do tipo . Dolo: - retirada da culpabilidade - mas é elemento subjetivo do tipo - integrando a conduta (primeiro elemento do fato típico). CARACTERÍSTICAS - ELEMENTOS Vontade; Finalidade; Exteriorização: inexiste quando enclausurada na mente; Consciência. Só os seres humanos podem realizar conduta pois são os únicos seres dotados de vontade e consciência para buscar uma finalidade.

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A ausência de voluntariedade acarreta a ausência de conduta, pela falta de um de seus elementos essências. Reflexos não são condutas, desprovidos de qualquer finalidade ou vontade. COAÇÃO IRRESISTÍVEL FÍSICA (VIS ABSOLUTA ) : sujeito pratica o ato em conseqüência de força corporal exercida sobre ele - não há conduta pela absoluta falta de vontade – fato atípico – coacto não pratica o crime. Ex.: forçar fisicamente alguém a assinar um documento falso. MORAL (VIS COMPULSIVA) : a conduta existe – a vontade é viciada, mas não eliminada - o crime é praticado mas não há culpabilidade. Ex.: forçar alguém a assinar um documento falso mediante grave ameaça . FORMAS DE CONDUTA AÇÃO: se manifesta por intermédio de um movimento corpóreo - positivo - tendente a uma finalidade; OMISSÃO: comportamento negativo, non facere - teorias - : NATURALÍSTICA : omissão forma de comportamento que pode ser apreciada pelos sentidos, sem quer seja preciso evocar a norma penal; Constitui-se um movimento positivo, pois quem omite faz alguma coisa.A omissão prova mudanças no mundo dos fatos, sendo assim uma forma de ação NORMATIVA: a omissão não é um simples fazer, mas é o não fazer alguma coisa. Fundamento do crime omissivo - constitui uma omissão separada. Surge para o direito quando constata que a conduta exigida pela norma não foi realizada pelo sujeito, que deixou de observar o dever jurídico de agir. FORMAS DE CONDUTA OMISSIVA: CRIME OMISSIVO PRÓPRIO: inexiste o dever jurídico de agir, faltando por conseguinte, o segundo elemento da omissão que é a norma impondo que deveria ser feito. Se perfazem com a simples conduta negativa do sujeito independentemente de produção de qualquer conseqüência posterior. Pode, por vezes, ter uma ação inicial positiva. A norma que os contém, ao invés de um mandamento negativo - não furtarás - determina um comportamento positivo, a ser realizado pelo agente. Ex.: artigos 135 e 269 do CP CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO: Sujeito que se encontra obrigado a agir, ou seja não fez o que deveria ter feito. Ele se omite - ocorrendo o resultado, isso não quer dizer que ele produz o resultado, uma vez que da omissão fisicamente nada surge - mas a lei considera - que não fazer tem o mesmo valor de fazer - assim pode-se praticar um homicídio por meio de um comportamento positivo (ex.: desferir facadas) ou negativo (Ex.: deixar a vítima morrer de inanição). Omissivos próprios diferem de omissivos impróprios , no primeiro a conduta negativa é descrita pela lei; no segundo a figura típica não define a omissão, não descreve condutas proibidas. CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO: nesses crimes há uma ação provocadora da omissão. Para alguém responder por CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO POR OMISSÃO : deve ter o dever jurídico de impedir o resultado, ou seja: quando advém de um mandamento legal e específico; sujeito, tornou-se de outra maneira garantidor da não ocorrência do resultado; quando um ato precedente determina essa obrigação. PARTICIPAÇÃO NA OMISSÃO : quando o omitente tendo o dever jurídico de evitar o resultado, fica inerte, , nesse caso responderá como participe. Quando não existe o dever de agir não se fala em participação por omissão, mas em conivência ou participação negativa o omitente não responde pelo resultado, mas por sua mera omissão (CP artigo 135). Assim não fica caracterizada a participação do agente pela conduta omissiva de presenciar a prática de um crime.

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Requisitos da omissão: Conhecimento da situação típica; Consciência por parte do omitente de seu poder de ação para a execução da ação omitida; Possibilidade real ou efetiva de levar a efeito a ação exigida. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR : - não há DOLO ou CULPA - elemento do tipo - logo não havendo conduta dolosa ou culposa, não há conduta típica – atipicidade do fato.

Resultado - 2° elemento do fato típico RESULTADO: Modificação do mundo exterior provocada pelo compor tamento humano voluntário - eqüivale - evento a resultado (juridicamente).CONDUTA: já constitui modificação no mundo exterior - resultado é a transformação operada por ela - é o seu efeito - dela se distinguindo. TEORIA SOBRE O RESULTADO NATURALÍSTICA: modificação do mundo externo causado pelo comportamento humano. JURÍDICA: resultado da conduta, é a lesão de um interesse protegido pela norma penal. Pois o que tem importância é a lesão jurídica e não qualquer conseqüência natural da ação. Não existe infração - sem evento jurídico consistente no dano efetivo ou potencial, pois todo o delito deve causar ameaça ou ofensa de um interesse ou bem jurídico.

Relação de causalidade - 3° elemento do fato típico RELAÇÃO DE CAUSALIDADE : - nexo de causalidade entre o comportamento humano e a modificação do mundo exterior - resultado . Somente após apreciar a existência do fato típico, no qual se inclui o nexo causal entre a conduta e o evento, é que fará juízos de valor sobre a antijuridicidade e a culpabilidade. O fato típico - após fará o juízo de valor - sobre a ilicitude e a culpabilidade. Nosso Código Penal - adotou quanto ao nexo causal a TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON ou da EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS . Atribui relevância causal a todos antecedentes do resultado, considerando que nenhum elemento, de que depende sua produção, pode ser excluído da linha de desdobramento causal. Causa é toda condição do resultado, e todos os elementos antecedentes têm o mesmo valor. Não há diferença entre causa e condição, entre causa e concausa, entre causa e ocasião. Para saber se uma ação é causa de resultado , basta mentalmente excluída da série causal. Sem sua exclusão o resultado teria deixado de ocorrer é causa - procedimento hipotético de eliminação - Deve-se fixar que excluindo determinado acontecimento o resultado não teria ocorrido como ocorreu, ou não teria ocorrido no momento que ocorreu. ATUAL SISTEMA NÃO ADMITE CONCAUSA : que é a condição que concorre para a produção do resultado com preponderância sobre a conduta do sujeito. Ex.: no caso do homicídio, o nexo causal entre a conduta do agente e o resultado subsiste ainda que a condição física do ofendido ou o mal tratamento, do mesmo, colabore para sua morte. APLICAÇÃO DA TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTE S: Resultado: só imputável a quem deu causa - causalidade - só nos crimes que exigem a produção de resultado - exclui-se os de mera conduta e os formais. uma vez que nos primeiros o tipo só descreve o comportamento e nos segundos não exige a produção do resultado. Crimes de forma vinculada: se o tipo descreve a conduta

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de forma toda particular, causa do evento é a própria conduta do sujeito, não havendo necessidade de procurar os seus antecedentes, que são atípicos. CAUSALIDADE NA OMISSÃO : Não se fala em nexo causal objetivo nos crimes omis sivos, já que do nada surge. É incorreta a afirmação de que a omissão produz o resultado, visto que no plano físico existem apenas ações. A estrutura da conduta omissiva é essencialmente normativa, não naturalística, assim, adotando a teoria da omissão normativa, determina que a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Desta forma, nos delitos omissivos impróprios, só responde pelo resultado quem tinha o dever jurídico de agir, impedindo-o pela ação esperada A causalidade não é formulada em face de uma relação entre a omissão e o resultado, mas entre este e a conduta que o sujeito estava juridicamente obrigado a realizar e omitiu. Ele responde pelo resultado não porque o causou com a omissão, mas porque não o impediu realizando a conduta a que estava obrigado. Ninguém, entretanto, está obrigado a ser herói expondo a perigo a própria vida. CONCEITO DE CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS: São delitos em que a punibilidade advém da circunstância de o sujeito, que a isto se encontrava obrigado, não ter evitado a produção do resultado, embora pudesse fazê-lo. Ele se omite, ocorrendo o resultado. Isso não quer dizer que ele produz o resultado, uma vez que da omissão, fisicamente, nada surge. Ocorre que a lei considera que o não-fazer tem o mesmo valor do fazer. Chamam-se omissivos impróprios porque não se confundem com os omissivos puros. Nestes últimos, a conduta negativa é descrita pela lei. Nos omissivos espúrios, ao contrário, a figura típica não define a omissão. O tipo não descreve condutas proibidas, deixando ao exegeta a tarefa de indicar se, em face do ordenamento jurídico, o omitente pode ser equiparado ao agente e, em conseqüência, sofrer a imposição da sanção contida no preceito secundário da lei incriminadora. Para que alguém responda por crime comissivo por omissão é preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, que existe em três casos distintos: quando advém de um mandamento legal específico; quando o sujeito, de outra maneira, tornou-se garantidor da não-ocorrência do resultado; quando um ato precedente determina essa obrigação. SUPERVENIÊNCIA CAUSAL : junto a conduta do agente podem ocorrer outras condutas, condições ou circunstâncias - que interfiram no processo causal que denominamos "causa". A causa pode ser preexistente, concomitante ou superveniente, relativa ou absolutamente independente do comportamento do agente ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À CONDUTA DO SUJEITO: Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito, o problema é resolvido pelo caput do art. 13: há exclusão da causalidade decorrente da conduta Preexistente: “A” desfecha um tiro em “B”, que vem falecer depois, não pelo ferimento, mas porque tinha anteriormente ingerido veneno. Concomitante : “A” fere “B” no mesmo momento em que este vem falecer exclusivamente por força de um colapso cardíaco. Supervenientes : “A” ministra veneno na alimentação de “B”, que quanto esta tomando a refeição vem falecer vítima de desabamento. Há exclusão do nexo de causalidade de corrente da conduta, a causa morte nada tem haver com a conduta do agente , em face disso ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos praticados antes de sua produção.

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RELATIVAMENTE INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À CONDUTA DO SUJEITO: É a que, funcionando em face da conduta anterior, conduz-se como se por si só tivesse produzido o resultado (estamos tratando da causa superveniente). Preexistente: “A” golpeia “B” hemofílico, que vem a falecer em razão dos ferimentos, a par de sua contribuição de sua particular condição fisiológica. Concomitante: “A” desfecha um tiro em “B”, no exato instante em que este está sofrendo um ataque cardíaco, provando que a lesão contribuiu para a eclosão do êxito letal. O resultado é imputável, não excluem a linha de desdobramento físico desenvolvido pelas ações, de modo que o agente responde pelo resultado morte. Superveniente: Um ônibus que o sujeito dirige, bate em um poste , que sustenta fios elétricos, um dos quais cai no chão, atinge passageiro ileso e já fora do ônibus, provocando sua morte por forte descarga elétrica. O agente não responde pela morte do passageiro, mas somente pelos atos anteriores , se descritos como infração penal.

Teoria do tipo Noção introdutória: direito de punir do Estado - jus puniendi - o Estado se pronuncia a priori - o faz por meio da lei penal - seu preceito secundário. Sanção: imposições da lei para obtenção da obediência a seus imperativos e efeito do inadimplemento das obrigações jurídicas. Imposição da sanção penal - sujeito tenha praticado um fato típico e antijurídico. Fato Típico: conduta dolosa ou culposa, resultado - exceto os de mera conduta - nexo causal entre a conduta e o entre a conduta e o evento tipicidade . Tipicidade: correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora. Tipo: conjunto dos elementos descritivos do crime contidos na lei penal - varia segundo o crime considerado. É o ponto de partida de toda construção jurídico-penal objetiva ou subjetiva. Quer se analise - objetiva ou subjetivamente - parte-se sempre do conceito da figura típica - antijuridicidade e culpabilidade. Tipo: cria o mandamento proibitivo; concretiza a antijuridicidade; assinala e limita o injusto; limita o iter criminis - marca o início e o término da conduta e assinalando os seus momentos penalmente relevantes. ajusta a culpabilidade ao crime considerado; constitui uma garantia liberal - não há crime sem tipicidade. Fato não basta ser antijurídico deve amoldar-se a norma penal incriminadora. FORMAS DE ADEQUAÇÃO TÍPICA ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO IMEDIATA : o fato se enquadra no momento legal imediatamente sem que para isso seja necessário outra disposição. Ex.: “A” mata “B”. ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO MEDIATA (POR EXTEN SÃO OU AMPLIADA) : o fato não se enquadra imediatamente na norma penal, necessita para isso o concurso de outra disposição. Ex.: na tentativa de homicídio o fato não se amolda de maneira imediata no artigo 121, do Código Penal, havendo-se necessidade de socorrer-se da norma contida na parte geral do código. ELEMENTOS DO TIPO PODEM SER OBJETIVOS: referentes ao aspecto material do fato; referem-se a materialidade da infração penal, no tocante a forma de execução: tempo, lugar, etc.. Fórmula do tipo - composta de um verbo que

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expressa conduta - verbo - núcleo do tipo - ex.: “matar alguém”, “subtrair”... As vezes a figura faz referência: sujeito ativo, ao sujeito passivo, objeto tempo e lugar. SUBJETIVOS: concernentes ao estado anímico ou psicológico do agente; o tipo não deixa de ser objetivo quando descreve particularidades e modalidades de conduta. O legislador leva-o a inserir no tipo elementos referentes ao estado anímico do sujeito, fim colimado pelo agente, sua intenção, ao intuitu que o encoraja na execução do fato. Ex.: “com o fim de”, “para ocultar desonra própria”.. NORMATIVOS: referentes em regra à antijuridicidade. O legislador insere na figura típica certos componentes que exigem para sua ocorrência um juízo de valores dentro do próprio campo da tipicidade. Ex.: “indevidamente”, “sem justa causa”.

TEORIA DO CRIME DOLOSO E CULPOSO

Crime doloso DOLO: É a vontade de concretizar as características objetivas do tipo(implícito). - na teoria finalista da ação - é elemento subjetivo do tipo, integra a conduta pelo que a ação e a omissão não constituem simples formas naturalística de comportamento mas ações ou omissões dolosas. TEORIA DO DOLO VONTADE: “Dolo intenção mais ou menos perfeita de praticar um fato que se conhece contrário a lei”. Carrara. Requisitos: quem realiza o ato deve conhecer os atos e sua significação; o autor deve estar disposto a produzir o resultado; Deve ter a consciência do fato e a vontade de causar o resultado. REPRESENTAÇÃO: Dolo previsão do resultado - suficiente que o resultado seja previsto pelo sujeito ASSENTIMENTO: previsão ou representação (consciência) do resultado como certo, provável ou possível, ,embora não visado como fim específico. TEORIA ACEITA - DA VONTADE E DO ASSENTIMENTO - dolo não é a simples representação do resultado, o que constitui um simples acontecimento psicológico. Não basta a representação do resultado - exige-se vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado ou assumir o risco de produzi-lo. DOLO NORMATIVO E NATURAL : Para a doutrina tradicional, o dolo é normativo, i. e., contém a consciência da antijuridicidade. Para nós, entretanto, que adotamos a teoria finalista da ação, o dolo é natural: corresponde à simples vontade de concretizar os elementos objetivos do tipo, não portando a consciência da ilicitude. Presentes os Requisitos da Consciência e da Vontade o dolo possui os Seguintes Elementos: Consciência da conduta do resultado; Consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado - momento intelectual . Vontade de realizar a conduta e produzir o resultado - momento volitivo . O dolo deve abranger os elementos da figura típica - o sujeito age dolosamente quando seu elemento subjetivo se estendeu as elementares e circunstâncias do delito. ESPÉCIES DE DOLO Dolo conceitualmente igual em todos os crimes, varia sua forma de expressão de acordo com as figuras típicas: Dolo direto ou determinado : sujeito visa certo e determinado resultado. exemplo: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção de matá-la Dolo indireto ou indeterminado : a vontade do sujeito não se dirige a certo e determinado resultado. Possui duas formas: Dolo Alternativo: a vontade do sujeito se dirige a um ou outro resultado. Ex.: ferir ou matar. Dolo Eventual: sujeito assume o risco de produzir o resultado - aceita o risco de produzi-lo. A vontade não se dirige ao resultado - o agente não quer o evento - mas sim a conduta, prevendo que

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esta pode produzir aquele - Percebe que é possível causar o resultado, e não obstante realiza o comportamento - Entre desistir e continuar, prefere continuar ainda que o resultado ocorra. Na assunção do risco, é necessário que o sujeito tenha "poder de evitação": condições de optar por conduta diversa. O dolo direto é equiparado ao dolo eventual. O dolo direto está contido na expressão "quis o resultado" (inc. I, 1ª parte); o dolo eventual se encontra na expressão "assumiu o risco de produzi-lo" (inc. I, 2ª parte). O dolo alternativo também se encontra na expressão "quis o resultado": se ele quis um ou outro resultado, e produziu um deles, não deixou de querê-lo. Dolo de Dano : sujeito quer o dano, ou assume o risco de produzi-lo - dolo direto ou eventual elemento subjetivo se refere ao dano. Crime de homicídio doloso, em que o sujeito quer a morte (dano) ou assume o risco de produzi-la. Dolo de Perigo: O agente não quer o dano nem assume o risco de produzi-lo, desejando ou assumindo o risco de produzir um resultado de perigo (o perigo constitui resultado). Ele quer ou assume o risco de expor o bem jurídico a perigo de dano (dolo direto de perigo ou dolo eventual de perigo) - elemento subjetivo se refere ao perigo. Dolo Genérico: vontade de realizar fato descrito na norma penal incriminadora - a intenção do sujeito se esgota na produção do fato material. Ex.: Homicídio, matando o agente abrange o tipo. Dolo Específico: vontade de praticar o fato e produzir um fim especial - específico - o agente quer um resultado que se encontra fora do fato material. Ex.: no crime do artigo 133 a conduta de expor ou abandonar recém-nascido é realizada “para ocultar desonra própria” (fim especial - dolo específico). Entendemos que não existem dolo específico e dolo g enérico. O dolo é um só, variando de acordo com a figura típica. Nos termos da orientação, o chamado dolo com intenção ulterior (dolo específico), que em si expressa um fim (o rapto é a subtração da mulher para casar-se com ela ou para corrompê-la), assim como o animus que certos delitos exigem, não são propriamente dolos com intenção ulterior, e sim elementos subjetivos do tipo Dolo Normativo: é o que porta a consciência de antijuridicidade - Doutrina Clássica. Dolo Natural: é a simples vontade de fazer alguma coisa, não contendo a consciência de ilicitude. Para nós o dolo é sempre natural. Dolo Geral (erro sucessivo): o agente com intenção de praticar determinado crime realiza certa conduta capaz de realizar o resultado, logo após, na crença de que o evento já se produziu, empreende nova ação, sendo que essa causa o resultado. Ex.: “A” apunhala “B”, e a creditando que “B” já esteja morto atira-o nas águas de um rio, vindo a falecer em conseqüência de asfixia por afogamento. Parte da doutrina, porém, entende que responde por dois crimes: tentativa de homicídio e homicídio culposo. De observar-se, contra esse entendimento, que não é necessário que o dolo persista durante todo o fato, sendo suficiente que a conduta desencadeaste do processo causal seja dolosa. O dolo: não faz parte da culpabilidade - não influencia a pena.

Crime culposo CULPA: doutrina finalista da ação - Constitui elemento do tipo - referindo-se a inobservância do cuidado objetivo . É num primeiro momento - toda a conduta que infringe o cuidado necessário objetivo. Para saber se o agente deixou de observar o cuidado objetivo necessário deve se comparar a sua conduta com o comportamento de uma pessoa dotada de prudência e discernimento colocada na mesma situação. PREVISIBILIDADE OBJETIVA : possibilidade de ser antevisto o resultado - de exigir a diligência necessária objetiva quando o resultado produzido era previsível para um homem comum, nas circunstâncias em que o sujeito realizou a conduta. Previsibilidade não é ilimitada deve-se prever o que normalmente acontece - presente - deve ser examinada em face da situação concreta que o sujeito se colocou.

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CRITÉRIO DE AFERIÇÃO DA PREVISIBILIDADE Objetivo: Ponto de vista do homem comum prudente e de discernimento colocado nas condições concreta - projeta-se no tipo penal. Subjetivo: ponto de vista das condições pessoais do sujeito - projeta-se na culpabilidade. Observância do dever genérico de cuidado - exclui a tipicidade do fato - previsibilidade objetiva. Observância do dever pessoal de cuidado - exclui a culpabilidade - previsibilidade subjetiva. CULPABILIDADE NO DELITO CULPOSO Decorre da Previsibilidade Subjetiva - previsão do resultado segundo aptidões pessoais na medida do poder individual do agente. Resultado era previsível pelo agente. A Culpabilidade nos Delitos Culposos - possui mesmos elementos - dos crimes dolosos: imputabilidade; potencial consciência da antijuridicidade; exigibilidade de conduta diversa. ELEMENTO DO FATO TÍPICO CULPOSO Conduta humana voluntária de fazer ou não fazer - início do fato; Inobservância do Cuidado objetivo, manifestado através: imprudência; negligência; imperícia. Previsibilidade Objetiva: possibilidade de antevisão do resultado; Ausência de Previsão : o agente não deve prever o resultado se previu não estamos no terreno da culpa, mas do dolo - previsão - salvo exceção é elemento do dolo. Resultado Involuntário: sem resultado não há crime culposo sendo uma infração ou indiferente penal. Nexo de causalidade. Tipicidade. MANIFESTAÇÕES DA INOBSERVÂNCIA DO CUIDADO NECESSÁRIO: IMPRUDÊNCIA: prática de um fato perigoso - Ex.: dirigir veículo em rua movimentada com excesso de velocidade; Ela realiza uma conduta que a cautela indica que não deve ser realizada - positiva - realiza conduta. NEGLIGÊNCIA: a ausência de precaução, indiferença em relação ao ato realizado. Ex.: deixar arma de fogo ao alcance de uma criança. O sujeito deixa de fazer algumas coisa que a prudência impõe - negativa - deixa de fazer algo. IMPERÍCIA: falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão - aptidão teórica e aptidão prática - que causem danos a interesses jurídicos de terceiros. É possível que, em face de ausência de conhecimento técnico ou de prática, essas pessoas, no desempenho de suas atividades, venham a causar dano a interesses jurídicos de terceiros. Sujeito realiza conduta fora de sua - arte, ofício, profis são - não se fala em Imperícia - ou é imprudência ou é negligência . A imperícia é cometida no exercício desses misteres. Imperícia não se confunde com erro profissional. O erro profissional ou escusável não é resultado da falta de observação das regras e princípios que a ciência sugere; e, sim, devido à imperfeição da Medicina e à precariedade dos conhecimentos humanos: há erro escusável, e não imperícia, sempre que o profissional, empregando correta e oportunamente os conhecimentos e regras de sua ciência, chega a uma conclusão, embora possa daí advir resultados de dano ou de perigo" ESPÉCIES DE CULPA CONSCIENTE E INCONSCIENTE: INCONSCIENTE: o resultado não é previsto pelo agente - embora previsível - culpa comum, se manifesta pela imprudência, negligência ou imperícia. CONSCIENTE: também denominada "negligência consciente" e "culpa ex lascívia" � O resultado previsto pelo sujeito que espera levianamente que não ocorra ou que pode evitá-lo - Culpa com Previsão - previsão é elemento do dolo - mas - excepcionalmente pode integrar a culpa - exceção esta

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exatamente na culpa consciente. Ex.: numa caçada, o sujeito verifica que um animal se encontra nas proximidades de seu companheiro. Prevê que, atirando na caça e errando o alvo, poderá matá-lo. Confia, porém, em sua pontaria. Atira e mata a vítima. Não responde por homicídio doloso, mas sim por homicídio culposo. REQUISITOS DA CULPA CONSCIENTE : Na culpa consciente devem estar presentes, dentre outros requisitos comuns: 1º) vontade dirigida a um comportamento que nada tem com a produção do resultado ocorrido. Ex.: atirar no animal que se encontra na mesma linha da vítima (na hipótese da caçada); 2º) crença sincera de que o evento não ocorra em face de sua habilidade ou interferência de circunstância impeditiva, ou excesso de confiança. PRÓPRIA E IMPRÓPRIA (POR EXTENSÃO): PRÓPRIA: É a comum o resultado não é previsto embora seja previsível. O agente não quer o resultado nem assume o risco de produzir. IMPRÓPRIA(POR EXTENSÃO) : o resultado é previsto e querido pelo agente, que labora em erro de tipo inescusável ou vencível - denominação incorreta - temos na verdade um crime doloso que o legislador aplica a pena de crime culposo. São casos de culpa imprópria os previstos nos arts. 20, § 1º, 2ª parte, e 23, parágrafo único, parte final, do Código Penal. MEDIATA OU INDIRETA : quando o sujeito determinando de forma imediata certo resultado vem dar causa a outro.. Ex.: o pai, na tentativa de socorrer o filho culposamente atropelado por um veículo, vem ser apanhado e morto por outro. Tem culpa o primeiro atropelador pela produção do último resultado. A solução do problema se resolve pela previsibilidade ou imprevisibilidade do segundo resultado. COMPENSAÇÃO DE CULPAS : incabível em matéria penal - Suponha-se um crime automobilístico em que, a par da culposa conduta do agente, concorra a culpa da vítima. - a culpa da vítima, não exclui a culpa do agente - só se exclusiva da vítima. CONCORRÊNCIAS DE CULPAS : Não se confunde com a compensação de culpas. Suponha-se que dois veículos se choquem num cruzamento, produzindo-se ferimentos nos motoristas e provando-se que agiram culposamente. Trata-se de concorrência de culpas. Os dois respondem por crime de lesão corporal culposa. O motorista A é sujeito ativo do crime em relação a B, que é vítima; em relação à conduta de B, ele é sujeito ativo do crime, sendo A o ofendido. EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO : Quando o Código Penal admite a modalidade culposa, há referência expressa à culpa. Quando o Código silencia a respeito da culpa é porque só admite modalidade dolosa. Quando o sujeito pratica o fato culposamente e a figura típica não admite a modalidade culposa , não há crime . CULPA PRESUMIDA: É proibida em matéria penal. CONCURSO DE PESSOAS: Pode haver co-autoria no crime culposo, porém não participação. RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA E O PRINCÍPIO CONST ITUCIONAL DO ESTADO DE INOCÊNCIA: Responsabilidade penal objetiva significa aplicação de pena sem dolo ou culpa, com fundamento na simples causalidade objetiva. O sujeito, segundo esse princípio, responde pelo crime tão-só em face da realização da conduta. O dolo e a culpa são presumidos pelo legislador. É inadmissível no estado atual do direito penal brasileiro, que se fundamenta na teoria da culpabilidade, incompatível com presunções legais.

CRIME PRETERDOLOSO Por vezes legislador descreve o crime em sua forma fundamental, acrescenta-lhe um resultado que aumenta abstratamente a pena imposta no preceito sancionador. São os crimes qualificados pelo resultado - punidos em sua maioria à título de preterdolo ou preterintenção.

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Crime Preterdoloso ou Preterintencional : é aquele que a conduta produz um resultado mais grave que o preterido pelo sujeito. O agente quer o minus - causa um majus , de maneira que se conjugam o dolo na conduta antecedente e a culpa no resultado (conseqüente). É misto de dolo e culpa - dolo no antecedente e culpa no conseqüente - derivada da inobservância do cuidado objetivo. RESULTADO QUALIFICADO: ligado ao delito base pelo nexo de causalidade objetiva. Se o resultado ocorrer: por caso fortuito ou força maior - o agente só responderá pelo primeiro crime - o delito base . A CULPA DO DELITO PRETERDOLOSO : Exige os mesmos elementos do crime culposo: especialmente conduta culposa, descumprimento do cuidado objetivo necessário, previsibilidade do resultado e ausência de previsão. Assim: DOLO NO ANTECEDENTE + DOLO NO CONSEQÜENTE

CRIME QUALIFICADO

DOLO NO ANTECEDENTE + CULPA NO CONSEQÜENTE

CRIME PRETERDOLOSO (resultado mais grave que o pretendido)

DOLO NO ANTECEDENTE + CASO FORTUITO NO CONSEQÜENTE

AGENTE NÃO RESPONDE PELO RESULTADO MAIS GRAVE, SOMENTE PELO DELITO BASE.

ERRO DE TIPO ERRO DE TIPO: É o que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou circunstância da figura típica incriminadora ou a presença de requisitos da norma permissiva. No tipo, pode recair sobre elementares objetivas ou normativas elementares ou circunstâncias da figura típica; sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação; dados secundários da norma penal incriminadora. circunstâncias qualificadoras; circunstâncias agravantes genéricas; pressupostos de fato de uma excludente de ilicitude Erro de Tipo: sempre exclui - dolo - evitável ou inevitável - como dolo é elemento de tipo - sua presença exclui a tipicidade do fato doloso - pode responder por crime culposo.

Delito putativo por erro de tipo DELITO PUTATIVO: o agente considera erroneamente que a conduta realizada por ele constitui crime, quando na verdade é um fato atípico. São de três espécies: Delito Putativo por erro de proibição; Delito Putativo por erro de tipo ; quando o sujeito pretende praticar um crime, mas vem a cometer um indiferente penal em face de supor existente uma elementar de tipo. Ex.: mulher que pretendendo praticar aborto em face de supor encontrar-se em estado de gravidez ingere substância abortiva - inexistência de gravidez - erro de tipo enseja o cometimento de um indiferente penal - o crime só existe na mente do agente. Delito Putativo por obra de agente provocador. Distinção entre Erro de Tipo e Delito Putativo por Erro de Tipo: faz-se diante da vontade do agente:

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não quer cometer o crime , acabando por praticá-lo - quanto à sua parte objetiva - em face do erro - ERRO DE TIPO ; Ex.: contrair casamento com pessoa casada, sem saber que esta já o era. quer praticar o crime, mas não consegue cometê-lo diante do erro - DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO. Ex.: mulher que pretendendo praticar aborto em face de supor encontrar-se em estado de gravidez ingere substância abortiva - inexistência de gravidez.

Formas do erro de tipo ESSENCIAL: versa sobre elementares ou circunstâncias; Erro de tipo essencial: quando a falsa percepção impede o sujeito de compreender a natureza criminosa do fato. Ex.: matar um homem achando que seja um animal bravio. Recai sobre elementos ou circunstâncias do tipo penal ou sobre os pressupostos de fato de uma excludente de ilicitude. Erro Invencível (ou escusável) : não pode ser evitado pela normal diligência. Qualquer pessoa empregando a diligência ordinária exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições em que se viu o sujeito, incidira em erro. “Exclui” o dolo e a culpa - não há propriamente exclusão, já que o sujeito não age dolosa ou culposamente não responde por crime doloso ou culposo. Erro Vencível (ou culpável): quando pode ser evitado pela diligência ordinária resultando de imprudência ou negligência. Qualquer pessoa empregando a prudência normal exigida pela ordem jurídica, não cometeria o erro em que incidiu o sujeito. Exclui o dolo, mas não a culpa desde que previsto em lei n o crime culposo. DISCRIMINANTES PUTATIVAS: Ocorrem quando o sujeito levado a erro pelas circunstâncias do caso concreto, supõe agir em face de uma causa excludente da ilicitude. Causas Excludentes da Antijuridicidade: 1 - Estado de Necessidade; 2 - Legítima Defesa; 3 - Estrito Cumprimento do Dever Legal 4 - Exercício Regular de Direito. É isento de pena que por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que se existisse tornaria a ação legítima. Eximentes putativas - Causas Putativas de Exclusão de Antijuridicidade . Resultam da combinação do artigo 20 § 1°, primeira parte com os incisos do artigo 23 . São as seguintes as Eximentes Putativas : 1 - Estado de Necessidade Putativo; 2 - Legítima Defesa Putativa; 3 - Estrito Cumprimento do Dever Legal Putativo; 4 - Exercício Regular de Direito Putativo. Exemplo:Legítima defesa putativa: a - erro do sujeito incide sobre a Existência da Agressão - ERRO DE TIPO - se inevitável exclui dolo e a culpa se evitável afasta-se o dolo, subsistindo a culpa, podendo o sujeito responder por crime culposo, desde que seja típica a modalidade culposa b - erro do sujeito recaia sobre a Injustiça da Agressão - ERRO DE PROIBIÇÃO - se inevitável há exclusão da culpabilidade - se evitável não se exclui a culpabilidade subsiste o crime doloso, atenuando-se a pena. Quando o erro recai sobre os limites legais (normativos) da causa de justificação, aplicam-se os princípios Do Erro De Proibição: se inevitável, há exclusão da culpabilidade; se evitável, não se excluindo a culpabilidade, subsiste o crime doloso, atenuando-se a pena (art. 21, caput). EFEITOS DO ERRO DE TIPO ESSENCIAL : Tratando-se de erro essencial, os seus efeitos variam de acordo com a sua natureza. 1ª) O erro essencial invencível exclui o dolo e a culpa. 2ª) O erro essencial vencível exclui o dolo, mas não a culpa , desde que prevista em lei a modalidade culposa . Nesse sentido, tratando de caçador que atira em companheiro de expedição supondo tratar-se de caça. DESCLASSIFICAÇÃO : Às vezes, o erro quanto à condição integrante do tipo opera desclassificação para outro delito. Por exemplo: o sujeito injuria um funcionário público no exercício da função,

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desconhecendo a qualidade pessoal da vítima (insciente de que se trata de funcionário público). Não responde por desacato (art. 331), subsistindo a punição por injúria (art. 140).

ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO Espontâneo: sujeito incide em erro sem provocação de terceiro. Provocado: o sujeito é à ele induzido o por conduta de terceiro. O terceiro responde com dolo ou culpa, conforme o elemento subjetivo do induzimento. Doloso: o erro é preordenado por terceiro, este conseqüentemente induz o sujeito a incidir em erro. Neste caso o provocador responde pelo crime a título de dolo. Culposo: quando terceiro age com imprudência negligência e imperícia o provocador responde pelos crimes a título de culpa. Posição do terceiro provocador : Responde pelo crime a título de dolo ou culpa, de acordo com o elemento subjetivo do induzimento. Posição do Provocado: tratando-se de provocação de ERRO INVENCÍVEL não responde pelo crime cometido, quer a título de dolo quer a título de culpa. Se o ERRO É VENCÍVEL, não responde a título de dolo, mas de culpa, se prevista na norma penal incriminadora. Se o terceiro e o sujeito agem dolosamente, não há erro, ambos respondem por homicídio doloso em face da participação. Se o terceiro age culposamente e o sujeito age dolosamente, não há erro provocado o sujeito diante do dolo não incidiu em erro, não há participação culposa em crime doloso . O terceiro responde por crime culposo e o sujeito por crime doloso.

ERRO ACIDENTAL ERRO ACIDENTAL : Não versa sobre os elementos ou circunstâncias do crime, incidindo sobre dados acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução. Não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de seu comportamento. Mesmo que não existisse, ainda assim a conduta seria antijurídica. O sujeito age com consciência do fato, engana-se a respeito de um dado não-essencial ao delito ou quanto a maneira de sua execução. O erro acidental não exclui o dolo.

Casos ERRO SOBRE O OBJETO ( ERROR IN OBJETO ) : objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual incide a conduta do agente - ERRO SOBRE OBJETO - diz respeito a coisa, sujeito supõe que sua conduta recai sobre determinada coisa, mas incide sobre outra. É o caso de o sujeito subtrair açúcar supondo tratar-se de farinha. O erro é irrelevante; o erro sobre objeto NÃO EXCLUI O CRIME . ERRO SOBRE PESSOA (ERROR IN PERSONA) : Ocorre quando há erro de representação, em face do qual o sujeito atinge uma pessoa supondo tratar-se da que pretendia ofender - Só admissível nos crimes dolosos. O erro quanto a pessoa não exclui o crime . No crime cometido, em erro sobre pessoa não devem ser considerados os dados subjetivos da vítima efetiva, mas sim esses dados em relação à vítima virtual - que o agente pretendia ofender. ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) : é a aberração no ataque ou desvio de golpe. Quando o sujeito pretendendo atingir uma pessoa, vem ofender outra. Tratando-se de erro acidental , a aberratio ictus não exclui a tipicidade do fato. Atingindo pessoa diversa responde como se tivesse praticado contra aquela, aplica- se somente ao crime doloso . Ocorre por acidente ou erro no uso dos meios de execução: erro de pontaria, desvio da trajetória do projétil, defeito de arma de fogo. ABERRATIO ICTUS ERRO DE PESSOA Não existe viciamento da vontade no Não há concordância entre a realidade

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momento da realização do fato, mas erro ou acidente no emprego dos meios de execução do delito

do fato e a representação do agente - supõe-se de uma pessoa quando se cuida de outra.

A pessoa visada pelo sujeito sofre perigo de dano.

A pessoa visada não sofre qualquer perigo de dano.

FORMAS DE ABERRATIO ICTUS: ABERRATIO ICTUS COM UNIDADE SIMPLES - RESULTADO ÚNICO : quando em face de erro na conduta causal um terceiro vem a sofrer o resultado, que pode ser lesão corporal ou morte. Há um só resultado, lesão ou morte. Nosso C.P. vê unidade de resultados, um só delito (tentado ou consumado). A vítima efetiva sofre lesão corporal : o agente responde por tentativa de homicídio - como se a vítima virtual tivesse sofrido a lesão - A lesão corporal culposa sofrida pela vítima efetiva fica absorvida pela tentativa de homicídio. A vítima efetiva morre : há um só crime, segundo nosso Código Penal. (Anibal Bruno explicava que haviam dois crimes, uma tentativa contra a vítima efetiva e um homicídio culposo contra a efetiva.). ABERRATIO ICTUS COM UNIDADE COMPLEXO - RESULTADO DUPLO : ocorre quando o agente atinge a vítima virtual e terceira pessoa. Parte da doutrina ensina que ela não apresenta figura da aberração no ataque, mas sim um caso de concurso formal de crimes. Outra parte da doutrina entende que só há aberractio ictus quando o fato apresenta unidade de resultado. Assim mata vítima virtual e vítima efetiva: na realidade há um homicídio doloso e um culposo. O agente responde por homicídio doloso, aumentada a pena de 1/6 até ½. mata vítima virtual e fere vítima efetiva: há dois crimes, mas responde o agente por homicídio doloso, aumentada a pena de 1/6 a ½. fere a vítima virtual e a efetiva: há dois crimes, tentativa de homicídio e lesão corporal culposa - Responde o agente por tentativa de homicídio aumentada a pena de 1/6 a ½ . mata vítima efetiva e fere vítima virtual: há dois crimes homicídio culposo e tentativa de homicídio. Como o agente matou a vítima efetiva é como se tivesse matado a vítima virtual responde por homicídio doloso, aplica-se a regra do concurso formal: pena do homicídio acrescida de 1/6 a ½ . É possível, que no caso de duplicidade, tenha o agente previsto a morte do terceiro. Então não há aplicação da pena com o acréscimo legal . Embora o concurso pareça formal, aplica-se quanto a pena a regra de concurso material as penas devem ser somadas . Ocorre que, tendo previsto o resultado, aquiescendo à sua produção não se pode falar em culpa em relação , mas sim em - dolo eventual - ele assume o risco de produzir a morte do terceiro. Aplica-se o concurso formal: quando o agente acerta a vítima efetiva, percebendo seu erro, acerta a vítima virtual. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (ABERRATIO CRIMINIS ):Significa desvio do crime. Na aberratio ictus existe erro de execução a persona in personam na aberratio criminis há erro na execução do tipo a persona in rem ou a re in personam. No primeiro caso o agente quer atingir uma pessoa e ofende outra (ou ambas). No segundo quer atingir um bem jurídico e ofende outro, de espécie diversa. Ex.: quem querendo quebrar janela alheia com uma pedra, fere transeunte, ou vice e versa. Se ocorrer o resultado diverso do que foi querido pelo agente , responde este por culpa, se o fato é previsto como crime culposo, se o resultado querido pelo agente, ocorre, aplica-se a regra do concurso formal - identificando-se na espécie um concurso formal de crime doloso e crime culposo. Assim pode ocorrer: pretende atingir uma coisa e atinge uma pessoa: responde pelo resultado produzido a título de culpa - homicídio ou lesão corporal culposa. pretende atingir uma pessoa e atinge uma coisa: não responde por crime de dano culposo, já que o C.P. não prevê a modalidade culposa. Pode responder por tentativa de lesão corporal, conforme o elemento subjetivo. o agente quer atingir uma pessoa atinge esta e um a coisa : responde pelo resultado produzido na pessoa não havendo crime de dano - não há dano culposo.

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o agente quer atingir uma coisa, à atinge e ao mesm o tempo uma pessoa : responde por dois crimes: danos e homicídio ou lesão corporal culposa em concurso formal - concurso entre crime dolosos e culposos. Aplica-se a pena do crime mais grave com acréscimo de 1/6 a ½ . No caso de duplicidade de resultado pode o sujeito ter agido com dolo direto em relação a um e com dolo eventual no tocante a outro. Em face de produção dos dois resultados, responderá por dois crimes: em concurso material.

CRIME CONSUMADO CONCEITO: Consumação expressa a total conformidade do fato praticado pelo agente com a hipótese abstrata, descrita pela norma penal incriminadora. CRIME CONSUMADO E CRIME EXAURIDO : o iter criminis se encerra com a consumação, em regra, exclui-se acontecimentos que possam ter influência na valorização do fato praticado.

Iter criminis Iter criminis : é o conjunto de fases pelas quais passa o delito. Compõe-se das seguintes etapas: cogitação : que não se projeta no mundo exterior, não constitui fato punível, mesmo a que, não ingressa no processo de execução do crime Idéia de cometer o crime, Deliberação atos preparatórios : não são puníveis; execução; execução; Diferença entre Atos Preparatórios e Atos Executórios: Critério Material: há o ato executório quando a conduta do agente ataca o bem jurídico; Critério Formal : existe ato de execução quando o comportamento do agente da início a realização do tipo. Nosso Código Penal, no art. 14, II, fala em início de execução do crime, não se referindo a início de execução da ação típica. Diante disso, é perfeitamente aceitável o entendimento de que também são atos executórios do crime aqueles imediatamente anteriores à conduta que se amolda ao verbo do tipo. A dúvida entre ato preparatório executório se resolve em favor do agente.

TENTATIVA Tentativa: iniciada a execução de um crime esse não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente. J.F.M. Tentativa (conatus) : ampliação temporal da figura típica - caso de adequação típica de subordinação mediata. Não é crime autônomo é a realização incompleta da figura típica.

Formas de tentativa Perfeita ou Crime Falho : o agente faz tudo o que está a seu alcance, a fase de execução é integralmente realizada pelo agente, mas o resultado não se verifica por circunstâncias alheia a sua vontade. Imperfeita ou Tentativa Propriamente Dita : o processo executório é interrompido por circunstâncias alheias a vontade do agente. Nossa lei não faz diferença entre tentativa perfeita (crime falho) e imperfeita, pelo que recebem igual tratamento penal no que tange à aplicação da pena em abstrato. INTERRUPÇÃO DO "ITER CRIMINIS": Iniciada a execução do crime, este não se consuma, por: pelo próprio agente: desistência voluntária; arrependimento eficaz motivos alheios:

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Tentativa.

Elementos da Tentativa Início da execução do crime - teoria objetiva; Não-consumação do crime por circunstâncias alheias a vontade do agente - interrupção durante a realização dos atos executórios. Momento da interferência das circunstâncias externa s: Não é necessário que o iter seja interrompido no instante imediatamente anterior à consumação. Basta a interrupção durante a realização de atos executórios. Não consumação por vontade do agente: Desistência Voluntária - Arrependimento eficaz. ELEMENTO SUBJETIVO DA TENTATIVA : O dolo da tentativa não possui dolo próprio ou especial é o mesmo do crime consumado. O dolo pode ser direto ou eventual. O crime pode ser de ímpeto ou refletido. TENTATIVA - NÃO ADMISSÃO: os crimes culposos; preterdolosos ou preterintencionais, pois o evento de maior gravidade objetiva, não querido pelo agente, é punido a título de culpa; Contravenções. crimes omissivos próprios; ou o indivíduo deixa de realizar a conduta e o delito se consuma, ou a realiza , e não se pode falar em crime. Ex.: Omissão de socorro. Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão admitem tentativa . os crimes unissubsistentes - materiais, formais ou de mera conduta - que se realizam por um único ato. Ex.: Injuria verbal. Os crimes plurissubsistentes admitem o conatus. os crimes que a lei pune somente quando ocorre o resultado - como a participação de suicido. os crimes habituais, que não possuem um iter, como o descrito no artigo 230. Crime permanente de forma exclusivamente omissiva; os crimes de atentado; pois é inconcebível tentativa de tentativa. No crime continuado, só é admissível a tentativa dos crimes que o compõe. O todo, crime continuado não admite. TENTATIVA BRANCA: Ocorre quando o objeto material não sofre dano.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ IMPORTÂNCIA PRÁTICA DO TEMA : Só há tentativa quando, tendo o agente iniciado a execução do crime, ele não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Assim, se o sujeito interrompe a execução ou se, já exaurida a atividade executiva, evita a produção do resultado, inexiste crime tentado. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA : consiste numa abstenção de atividade o sujeito cessa o seu comportamento delituoso. Só ocorre antes do agente esgotar o processo executivo sendo somente na tentativa imperfeita ou inacabada - impossível na tentativa perfeita uma vez que nela o sujeito esgota os atos de execução - ocorre nos crimes materiais ou formais - não nos de mera conduta - início da execução já é consumação - caráter negativo . ARREPENDIMENTO EFICAZ: ocorre quando o agente tendo ultimado o processo de execução do crime desenvolve nova atividade produtiva impedindo o resultado - caráter positivo - exige desenvolvimento de nova atividade. Verifica-se quando o agente ultimou a fase executiva do delito e, desejando evitar a produção do evento, atua para impedi-lo. Só possível na tentativa perfeita ou crime falho, e nos delitos materiais ou causais.

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Desistência Voluntária e Arrependimento Posterior : sujeito não responde por tentativa - devem ser voluntárias para a produção de efeitos. Não se exige que o abandono da empreitada criminosa seja espontâneo, bastando a voluntariedade. Motivos : Não importa a natureza do motivo: o sujeito pode desistir ou arrepender-se por medo, piedade, receio de ser descoberto, decepção com a vantagem do crime, remorso, repugnância pela conduta, ou por qualquer outra razão. Não obstante: DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA - ARREPENDIMENTO EFICAZ - o agente responde pelos atos já praticados. Desta forma, retiram a tipicidade dos atos somente com referência ao crime cuja execução o agente iniciou. É o que se denomina tentativa qualificada. O sujeito só responde pelos atos praticados quando relevantes para o direito penal. Assim, se o ladrão, dentro da casa da vítima, desiste de consumar o furto, responde por violação de domicílio.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR CONCEITO: Trata-se de causa obrigatória de diminuição da pena. Não exclui o crime. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa , por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 . O quantum da diminuição deve ser investigado na própria conduta posterior do sujeito, como a pronta reparação ou restituição, demonstração de sinceridade.

Requisitos para redução da pena O delito deve ser cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa - a violência pode ser: física: emprego de força bruta. A violência contra a coisa não exclui o privilégio. moral: emprego de grave ameaça. Reparação do dano (físico ou moral) pelo sujeito o u restituição do objeto do crime: a reparação ou restituição devem ser integrais , nada impedindo que sejam parciais quando a vítima se der por satisfeita. A restituição deve ser efetuada pelo sujeito ativo, note-se que a apreensão pela autoridade policial não satisfaz a condição legal. Reparação do dano ou restituição da coisa deve ocor rer até a data do recebimento da denúncia ou da queixa . Por tratar-se de circunstância objetiva - se comunica. Entendemos que a reparação do dano deve ser integral, como também a restituição. Assim, se o dano monta em tal importância, só a reparação integral desse valor perfaz a exigência legal. Da mesma forma, se diversos são os objetos materiais, a restituição de um deles é insuficiente. Nada impede, entretanto, que se admita o benefício quando a vítima, embora não totalmente reparado o dano, dê-se por satisfeita. Atendido os requisitos, supra citados, a causa de redução da pena aplica-se aos crimes: Dolosos e Culposos; Tentados e Consumados; Simples, Privilegiados e Qualificados.

CRIME IMPOSSÍVEL Em determinados casos, após a prática do fato, verifica-se que o agente nunca poderia consumar o crime, quer pela ineficácia absoluta do meio empregado, quer pela absoluta impropriedade do objeto material (pessoa ou coisa sobre que recai a conduta). Crime Impossível: quase-crime tentativa inidônea ou inadequada. Assim, há dois casos de Crime Impossível:

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POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO : quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria natureza é absolutamente incapaz de produzir o evento. Ex.: o agente, pretendendo matar a vítima mediante proprinação de veneno, ministra açúcar em sua alimentação, supondo-o arsênico. IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO (PESSOA OU COISA Q UE RECAI A CONDUTA: Dá-se quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria recair a conduta, ou quando pela sua situação ou condição, torna-se impossível a produção do resultado visado pelo agente. Ex.: o agente querendo matar seu desafeto e pensando estar dormindo defere-lhe facadas, vindo a provar que já estava morto antes da facada. O crime impossível por impropriedade absoluta do objeto é espécie do delito putativo, filiando-se à figura do crime putativo por erro de tipo. Na figura que estamos analisando, a impropriedade do objeto e a ineficácia do meio empregado não são do conhecimento do agente: se inexistisse o erro, não haveria o quase-crime. Em ambos os casos não há tentativa por ausência de tipicidade. Para que o crime impossível ocorra - a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto - devem ser ABSOLUTAS - se forem RELATIVAS haverá tentativa. Ineficácia Relativa do Meio : Ocorre quando, não obstante eficaz à produção do resultado, este não ocorre por circunstâncias acidentais - Ex.: agente pretende alvejar vítima mas a arma nega fogo. Impropriedade Relativa do Objeto: uma condição acidental do próprio objeto material neutraliza a eficiência do meio usado pelo agente. Ex.: a cigarreira da vítima desvia projétil. presente o objeto na fase inicial da conduta, vem a ausentar-se no instante do ataque. Ex.: o agente dispara tiros de revólver no leito da vítima, que dele saíra segundos antes.

DA ANTIJURIDICIDADE, DO ESTADO DE NECESSIDADE, LEGÍ TIMA DEFESA E DO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

Da antijuridicidade Crime sob o aspecto analítico: Fato Jurídico; Antijurídico; Culpabilidade é pressuposto da pena. A ilicitude da conduta é o antecedente da culpabilidade, pode haver conduta ilícita não culpável, mas não pode haver culpabilidade sem comportamento externo antijurídico. ANTIJURÍDICO : é todo o fato descrito em lei penal incriminadora e não protegido por causa de justificação. É a contradição do fato, eventualmente adequado ao modelo legal com a ordem jurídica, constituindo lesão de um direito protegido. - objeto jurídico do crime. CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ANTIJURIDICIDADE ANTIJURIDICIDADE : pode ser afastada por determinadas causas ou justificativas, quando isso ocorre o fato permanece típico, mas não há crime, exclui-se a ilicitude. Fato típico, presume-se antijurídico. Requisitos do Crime: Fato Típico; Antijuridicidade; b1) causas de exclusão - justificativas - Estado de necessidade: artigos 23, I e 24; Legítima Defesa: artigo 23, II e 25 Estrito Cumprimento do Dever Legal: artigo 23, III, 1ª parte; Doutrina Clássica : as excludentes tem caráter objetivo, requer somente as condições descritas na lei.

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Doutrina Finalista: Damásio : não é suficiente que o fato apresente os dados objetivos da causa excludente de antijuridicidade, é necessário que o sujeito conheça a situação justificante. A conduta para justificar a exclusão da ilicitude deve revestir-se dos requisitos e subjetivos da descriminantes. ELEMENTO SUBJETIVO DA EXCLUSÃO DE ILICITUDE : é necessário que o sujeito conheça a situação do fato justificante - caso contrário não incide a causa discriminante, subsistindo a ilicitude e em conseqüência o crime. Ausência de Elementos Objetivos e Subjetivos leva a Ilicitude da Conduta: sujeito satisfaz a tipicidade objetiva permissiva, mas não satisfaz a parte subjetiva - o agente responde por crime consumado. Sujeito satisfaz a finalidade justificante (subjetivo) mas estão ausentes as elementares do tipo permissivo - ocorre uma discriminante putativa - erro de proibição. EXCESSOS NAS JUSTIFICATIVAS PENAIS: Ocorre os Excessos na Justificativas: encontrando-se inicialmente, o agente, em estado de necessidade, legítima defesa, etc.. - ultrapassa o limite da justificativa. O Excesso pode ser: DOLOSO OU CONSCIENTE: o sujeito tem consciência, após ter agido licitamente da desnecessidade de sua conduta numa primeira fase age acobertado pela discriminante , na segunda fase ciente que cessou a situação de perigo, continua o agente agindo intencionalmente - responde pelo excesso por dolo. NÃO INTENCIONAL OU INCONSCIENTE : é derivado de erro, em face de falsa percepção da realidade motivada pela situação concreta ou requisitos normativos da causa de justificação, não tem consciência da desnecessidade da continuidade da conduta. Necessário Distinguir: Deriva de erro sobre os pressupostos fáticos da causa de justificação - Erro de Tipo - (artigo 20 § 1°) - se escusável afasta dolo e culpa (artigo 20 § 1° - 1ª parte) - se inescusável surge o excesso culposo responde por delito culposo.(artigo 23, parágrafo único, parte final c/c o arti go 20 § 1° - 2ª parte). Deriva de erro sobre os limites normativos da causa de justificação, - Erro de Proibição - (artigo 21) - se escusável há exclusão da culpabilidade (artigo 21 caput - 2ª parte) - se inescusável, não há exclusão da culpabilidade, responde o agente por crime doloso com a pena diminuída de 1/6 a 1/3. (artigo 21 - caput - parte final). ESTADO DE NECESSIDADE Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Estado de Necessidade : Trata-se de um direito, direito subjetivo de liberdade que tem como efeito a Causa Excludente da Antijuridicidade. Trata-se de causa excludente da antijuridicidade. Assim, embora típico o fato, não há crime em face de ausência da ilicitude. REQUISITOS: O estado de necessidade pode ser desdobrado em: Situação de Perigo ou Situação de Necessidade: PERIGO ATUAL ; É o presente, o que esta acontecendo iminente é o que está por ocorrer. É certo que o Código Penal menciona apenas o primeiro caso. Entendemos, porém, que não se pode obrigar o agente a aguardar que o "perigo iminente" se transforme em "perigo atual". Apesar da lei não falar em perigo iminente não há de querer que o agente espere o perigo iminente tornar-se atual, real, para praticar o fato necessitado.Se já ocorreu se é esperado no futuro, não há estado de necessidade. Situação de Perigo: causada por conduta humana ou fato natural AMEAÇA DE DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO ; Direito sentido amplo, qualquer bem jurídico veda, integridade física, honra, liberdade e o patrimônio. No caso de Estado de Necessidade de Terceiro: não se exige relação de parentesco, amizade, subordinação entre o agente e o terceiro necessitado.

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SITUAÇÃO NÃO CAUSADA VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE ; Só pode alegar o Estado de Necessidade, que pratica o fato para salvar de perigo atual direito próprio ou alheio, que não provoca por sua vontade. Entendemos que somente o perigo causado dolosamente impede que seu autor alegue encontrar-se em fato necessitado. Mas, se o provocou culposamente, é lícito invocar a descriminante. o perigo causado dolosamente impede o seu autor de alegar encontrar-se em necessidade. INEXISTÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ARROSTAR O PERIGO : É indispensável que o sujeito não tenha, em face das circunstâncias em que se conduz, o dever imposto por lei de sofrer o risco de sacrificar o próprio interesse jurídico. Nestes casos, o sujeito não pode pretender justificar a lesão do interesse alheio sob o fundamento de que uma conduta diversa viria lesionar o bem próprio. Ocorre que há uma lei, decreto ou regulamento impondo a obrigação de ele arrostar o perigo ou mesmo sofrer a perda. O dever jurídico surge: 1 - da lei; 2 - contrato, função tutelar ou encargo sem mandato; 3 - anterior conduta do agente causadora do perigo. Conduta Lesiva ou Fato Necessitado: INEVITIBILIDADE DO COMPORTAMENTO LESIVO ; que se considera em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, "nem podia de outro modo evitar...". Significa que o agente não tem outro meio de evitar o perigo ao bem jurídico, próprio ou de terceiro que não o de praticar o fato necessitado. INEXIGIBILIDADE DE SACRIFÍCIO DO INTERESSE AMEAÇA DO; Só é possível o estado de necessidade para salvaguardar interesse próprio ou alheio, "cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se" . É o requisito da proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade da lesão causada pelo fato necessitado.. CONHECIMENTO DE FATO JUSTIFICANTE : Não há estado de necessidade quando o sujeito não tem conhecimento de que age para salvar um interesse próprio ou de terceiro. O fato necessário possui requisitos objetivos e subjetivos. Para a justificação de um fato típico não basta que ocorram os elementos objetivos de justificação, sendo necessário que o autor, além de conhecê-los, tenha as tendências subjetivas especiais de justificação. É imprescindível, a presença de todos os elementos . A ausência de qualquer requisito exclui o estado de necessidade. FORMAS DO ESTADO DE NECESSIDADE : Quanto ao agente: Próprio De Terceiro. Aspecto subjetivo do agente: Real - o fato concreto ocorre; Putativo - quando não ocorre o fato. Considerando o terceiro que sofre: Estado de Necessidade Agressivo: bem sacrificado, pertence a terceiro inocente; Estado de Necessidade Defensivo: interesse de quem causou ou deu margem ao perigo. Causa de Diminuição da Pena : sendo razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3. Embora o sujeito estava obrigado a conduta diferente pelo que não há estado de necessidade deve responder pelo crime, A redução é obrigatória, não se tratando de simples faculdade judicial, o juiz poderá reduzir a pena, presentes determinadas circunstâncias favoráveis ao réu, a pena deve ser reduzida. A faculdade pode dizer respeito ao quantum. EXCESSO: Pode ser doloso ou não-intencional desnecessária intensificação da conduta inicialmente justificada, o agente vai além do limite da proteção justificada. Se o meio é desproporcional ao perigo apresentado - não há estado de necessidade. Se o meio é proporcional e o agente vai além do necessário , deve ser responsabilizado pelo excesso.

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Para haver excesso é preciso haver - Estado de Necessidade - excesso na ação ou excesso nos meios - o autor procede juridicamente em princípio, excedendo-se na conduta. Excesso pode ser: 1 - Doloso: quando o agente supera conscientemente os limites legais - responde a título de dolo pelo fato constitutivo do excesso 2 - Inconsciente: erro sobre : 2.1 - Situação de fato: erro de tipo permissivo: se escusável : há exclusão de dolo e culpa; se inescusável: exclui o dolo e subsiste a culpa. 2. 2 - Limites normativos da causa de justificação: erro de proibição: se escusável: há exclusão da culpabilidade; se inescusável responde por crime doloso pena diminuída 1/6 a 1/3 . LEGÍTIMA DEFESA Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Diante da agressão injusta, não se exige a fuga. Conforme as circunstanciais, entretanto, é conveniente o commodus discessus, que constitui, no tema da legítima defesa, o cômodo e prudente afastamento do local, distinguindo-se da fuga. Comudus dissessus : afastamento sem desonra - afasta-se do perigo sem lesar . REQUISITOS: a ausência de um deles exclui a legítima defesa: AGRESSÃO INJUSTA: ATUAL OU IMINENTE ; agressão conduta humana que ataca ou coloca em perigo um bem jurídico - direitos pessoais ou qualquer tipo de direito. Pode ser provocado sem a violência. Ataque de animais: Não enseja a legítima defesa, mas sim o estado de necessidade, pois a expressão "agressão" indica conduta humana. A agressão não precisa ser doloso, pode ser culposa, A conduta culposa também pode atacar o bem jurídico. Não precisando ser também um injusto penal, basta ser contrário ao direito, mais amplo. direito do agredido ou de terceiro atacado ou ameaçado de dano pela agressão; Direito Próprio e de Terceiros Tendo em vista o titular do bem jurídico: Legítima defesa própria: quando o autor da repulsa e o próprio titular do bem jurídico atacado ou ameaçado Legítima defesa de terceiros: ocorre quando a repulsa visa a defender interesse de terceiro. REPULSA COM OS MEIOS NECESSÁRIOS - SEM EXCESSO ; Somente ocorre a causa da justificação quando a conduta de defesa e necessária para repelir a agressão. A medida da repulsa deve ser encontrada pela natureza da agressão em face do valor do bem atacado ou ameaçado. O meio escolhido deixará de ser necessário quando se encontram à sua disposição outros meios menos lesivos. Deve-se optar pelo que cause menor dano. Se não resta nenhuma alternativa, será necessário o meio empregado. USO MODERADO DE TAIS MEIOS ; O requisito do emprego moderado do meio necessário não pode ser apreciado com rigor excessivo. Muitas vezes o agredido, em face das circunstâncias, não tem condições psicológicas para medir a proporcionalidade do revide em confronto com o ataque CONHECIMENTO DA AGRESSÃO E DA NECESSIDADE DE DEFESA (vontade de defender-se); ELEMENTOS SUBJETIVOS DA LEGÍTIMA DEFESA: o sujeito ter conhecimento da situação da agressão injusta; da necessidade da repulsa. Assim a repulsa legítima deve ser objetivamente necessária e subjetivamente conduzido pela vontade de se defender. A falta dos requisitos de ordem subjetiva leva a ilicitude da repulsa - exclui-se a legítima defesa. POSSIBILIDADES DE LEGÍTIMA DEFESA: Admite-se legítima defesa contra quem pratica o fato acobertado por: 1 - exclusão da culpabilidade;

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2 - coação moral irresistível; 3 - obediência hierárquica 4 - embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. Tratando-se de causas que excluem a culpabilidade do agente, a ilicitude do fato praticado pelo agressor permanece íntegra, pelo que se admite a defesa lícita. Legítima defesa - contra - legítima defesa: - não há - Ex.: pois se “A” encontra-se em legítima defesa contra “B” é que este está agredindo-o injustamente. Legítima defesa subjetiva: erro quanto a agressão ser injusta - acha que a agressão é injusta, se o erro é escusável - responde. Legítima defesa putativa recíproca: admite-se a hipótese. Ex.: dois inimigos armados, encontram-se - ambos levam a mão à cintura, para procurar qualquer objeto, os dois supondo a iminência da agressão, sacam armas e acionam os gatilhos e se ferem, após fica provado que nenhum dos dois pretendiam se agredir. Legítima defesa contra estado de necessidade: quem age em estado de necessidade realiza conduta que está ausente a antijuridicidade, ausente a ilicitude não se pode falar em agressão injusta”, logo os dois se encontram em estado de necessidade. Legítima defesa real contra legítima defesa putat iva: é possível - há legítima defessa putativa quando o agente por erro de tipo ou de proibição plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe-se encontrar-se em face de agressão injusta atual ou iminente a direito próprio ou de outrem. Legítima defesa putativa: não exclui a ilicitude do fato, mas sua tipicidade ou a culpabilidade do agente - assim a conduta de que constitui a legítima defesa putativa é injusta, podendo ser repelida pela legítima defesa real. Erro de fato quanto as circunstâncias, o erro não é quanto a injustiça, mas quanto a ocorrência dos fatos . o putativo eqüivale ao real - Legítima defesa real contra legítima defesa subjetiva: é possível. EXCESSO: Para repelir a agressão o sujeito deve agir com moderação, mas pode conscientemente empregar meio desnecessário para evitar a lesão do bem. Neste caso, ausente um dos requisitos previstos no art. 25 (necessidade da repulsa concreta), responde por homicídio doloso. É possível que não obstante, empregando o meio necessário, o sujeito seja imoderado em sua conduta - surge o excesso da legítima defesa. Excesso: Doloso : responde praticado a título de dolo; ultrapassa os limites da justificativa consciente e voluntariamente. Culposo : responde a título de culpa. Ultrapassa os limites, sem consciência - acha que não ultrapassou. Situar em dois casos: o agente desde o início da conduta emprega considerada ou desnecessariamente o meio - há exclusão da legítima defesa. Inicialmente o sujeito emprega moderadamente o meio necessário, mais vai além, agindo imoderadamente - excesso de legítima defesa . Nossos Tribunais admitem - Excesso : quer na imoderação; quer no emprego de meios desnecessários. Pode ser que o agente não tenha querido o excesso , decorrido de erro quanto a gravidade do ataque ou quanto ao modo de repulsa, deve distinguir-se. Erro Escusável - invencível - erro que qualquer homem cometeria em face das circunstâncias - o agente fica isento de pena por ausência de dolo ou culpa - Legítima defesa subjetiva. , trata-se de erro de tipo Erro Inescusável - vencível - erro que o homem equilibrado não deveria cometer - advém de imponderação e desatenção - o agente responde por crime culposo , se previsto para modalidade de fato, surgindo o Excesso Culposo . Trata-se, da culpa imprópria em que o resultado é previsto e querido, mas o agente não quis e excesso realizando a conduta, em face de Erro de tipo. Tipo Vencível , há exclusão do dolo, subsistindo a culpa. Verifica-se que o excesso é culposo, o resultado doloso - Culpa no antecedente - na conduta culposa e dolo no conseqüente resultado.

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Erro do Sujeito: sobre os limites normativos da Legítima defesa (ex.: injustiça da agressão) - Erro de Proibição sobre a ilicitude do fato - se escusável há exclusão da culpabilidade. - se inescusável o sujeito responde pelo resultado produzido durante o Excesso a título de dolo com pena diminuída de 1/6 a 1/3. EXCESSO INTENSIVO - EXCESSO NOS MEIOS NA AÇÃO OU REAÇÃO - a intensificação desnecessária de uma ação inicial justificada. Ex.: o sujeito é agredido injustamente. Reage licitamente do ponto A ao B. De B em diante, não obstante não mais necessária a reação, prossegue agindo, ultrapassando os limites da conduta imposta pela situação. Respondendo o sujeito por dolo ou culpa. EXCESSO EXTENSIVO - EXCESSO NA CAUSA - autor simula uma situação de legítima defesa pretexto de justificação ou desproporção entre a agressão e a reação(ex.: morte de uma criança que, na feira, está furtando uma maçã). O Excesso extensivo exclui as características da legítima defesa. Legítima defesa subjetiva: é o excesso por erro de tipo excusável, que exclui o dolo e a culpa - Encontrando-se inicialmente em legítima defesa , o agente por erro quanto a gravidade do perigo ou quanto ao modo de reação, plenamente justificado pelas circunstâncias , supõe-se , ainda encontrar-se em situação de defesa. Legítima Defesa Sucessiva: é a repulsa contra o excesso: “A” defendendo-se de agressão injusta praticada por “B”, comete excesso, então de defendente passa a agressor, injusto permitindo a defesa legítima de “B”. Legítima Defesa Putativa : quando o agente por Erro de Tipo ou de Proibição plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe-se encontrar-se em face de agressão injusta. Não se confunde com a legítima defesa subjetiva - neste há o ataque inicial excedendo o agente por Erro de Tipo escusável , na legítima defesa putativa o agente supõe a existência da agressão injustiça. (respectivamente, erro sobre a situação de fato ou sobre a injustiça da agressão, i. e., sobre a antijuridicidade). ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA Conflito de bens jurídicos. Ataque ou ameaça de lesão a um bem

jurídico. Bem jurídico exposto a perigo atual ou iminente

O interesse sofre uma agressão

O perigo pode advir da conduta humana, força da natureza ou ataque irracional.

Só há legítima defesa contra a agressão humana.

A necessidade pode dirigir sua conduta contra terceiro alheio ao fato

O agredido deve dirigir seu comportamento contra o agressor

Ataque lícito a um bem jurídico Exige-se a agressão injusta. Agressão que sofre o bem pode ser justa Deve ser sempre injusta. OFENDÍCULOS: significa aparato para defender o patrimônio o domicílio ou qualquer bem jurídico, do ataque ou ameaça. Há autores que diferenciam ofendículos da defesa mecânica predisposta, os primeiros podem se percebidos facilmente pelo agressor . Ex.: arame farpado, cacos de vidro... - neste caso encontra-se o sujeito no exercício regular de seu direito, ainda que cause dano a pessoa do violador - já a defesa mecânica predisposta, o aparato se encontra oculto, ignorado pelo atacante. Adequação típica permissiva: Para Damásio A predisposição do aparelho constitui exercício regular de direito. Mas, quando funciona em face de um ataque, o problema é de Legítima Defesa Preordenada , desde que a ação do mecanismo não tenha início até que tenha lugar o ataque e que a gravidade de seus efeitos não ultrapasse os limites da Excludente de Ilicitude . ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL - EXERCÍCIO REGU LAR DO DIREITO

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Há casos em que a lei impõe determinado comportamento em face do que, embora típica a conduta não é ilícita. Ex.: preso em flagrante pelo policial, morte do inimigo no campo de batalha, fuzilamento do condenado pelo carrasco. Se ocorre a excludente quanto o dever - imposto pelo direito objetivo - obrigações de natureza social, moral, religiosas, não determinada pela lei, não se incluem na justificativa. O dever deve estar contido na lei penal ou extrapenal, regulamento, decreto, ato emanado do poder público de caráter geral. A resolução administrativa particular pode ensejar a obediência hierárquica. A atividade pode ser pública ou privada. O dever pode ser imposto por qualquer lei, seja penal ou extrapenal. Atividade: Pode ser pública ou privada (atuação de funcionário público ou particular). REQUISITOS: é necessário que o sujeito: pratique o fato no estrito cumprimento do dever legal; tenha conhecimento de que está praticando o fato em face de um dever imposto pela lei. Fora desses requisitos o fato é ilícito.

Exercício regular do direito

“DIREITO” é empregado em sentido amplo, todas as espécies de direito subjetivo, penal ou extrapenal. Desde que a conduta se enquadre no exercício de um direito, embora típica não é antijurídica . Ex.: prisão em flagrante por particular; direito de correção do pai, em relação ao filho. Exercício regular do direito: 1 - requisitos objetivos são traçados pelo Poder Público - fora daí, há abuso de direito respondendo, o agente, pelo fato constituído da conduta abusiva. 2 - o requisito subjetivo - conhecimento de que o fato esta sendo praticado o exercício regular de um direito. Fora daí, há abuso de direito, respondendo o agente pelo fato constitutivo da conduta abusiva. Intervenções médicas e cirúrgicas: exercício regular de um direito, pode ser também um caso de Estado de necessidade, perigo atual ou iminente da vida do paciente ou praticado por leigo para realizar um cirurgia e salvar a vida do paciente. Violência Esportiva: resulta em lesões corporais - exercício regular do direito - desde que haja obediência irrestrita as regras do determinado esporte. Se o participante não se conserva dentro das regras, responde resultado lesivo. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: O consentimento do ofendido pode funcionar como: causa excludente da tipicidade (elemento do tipo) - causa excludente de antijuridicidade. Consenso excludente da tipicidade : Quando a figura típica contém o dissentimento do ofendido como elemento específico, o consenso funciona como causa de exclusão da tipicidade. No crime do art. 150 do Código Penal, se o titular do bem jurídico consente na entrada do agente, o fato por este cometido é atípico, i. e., não se amolda à definição legal da violação de domicílio. Consenso como excludente da ilicitude: Quando a figura típica não contém o dissentimento do ofendido como elementar, tratando-se de pessoa capaz e disponível o bem jurídico, o consenso funciona como causa de exclusão da antijuridicidade. Por exemplo: não há crime de dano (art. 163) quando o titular do bem jurídico consente em que seja danificado, destruído ou deteriorado. Requisitos do consentimento do ofendido: o bem jurídico deve ser disponível; tratando-se de bem jurídico indisponível o fato é ilícito

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o ofendido deve ser capaz de consentir, maior de 18 anos, capacidade penal (inimputabilidade por doença mental, erro, dolo ou violência). - sem vício; deve ser manifestado antes ou durante a prática do fato, se posterior, não exclui o crime, pode valer como perda ou renúncia, nos casos de ação penal privada. EXCESSO NAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE Há excesso nas causas de exclusão da antijuridicidade quando o sujeito, encontrando-se inicialmente em estado de necessidade, legítima defesa etc., ultrapassa os limites da justificativa. Causas do excesso: Entendemos que se origina do uso imoderado dos meios de reação. A posição dominante, entretanto, considera-o em face: do emprego de meios desnecessários; do emprego imoderado dos meios necessários. Para nós, o emprego desnecessário de meios exclui a legítima defesa FORMAS: O excesso pode ser: doloso ou consciente ; No excesso doloso, o sujeito tem consciência, após ter agido licitamente, da desnecessidade de sua conduta. Ele pressupõe tenha o agente, numa primeira fase, agido acobertado por uma descriminante. Numa segunda, consciente de que, por exemplo, a agressão injusta ou a situação de perigo já cessou, continua agindo, neste caso, ilicitamente. O excesso intencional leva o sujeito a responder pelo fato praticado durante ele a título de dolo (art. 23, parágrafo único).. não-intencional ou inconsciente. É o derivado de erro, em que o autor, em face da falsa percepção da realidade motivada pelas circunstâncias da situação concreta ou pelos requisitos normativos da causa de justificação, não tem consciência da desnecessidade da continuidade da conduta. Na primeira fase, ele age licitamente; na segunda, por causa do erro, passa a conduzir-se ilicitamente. EXCESSO INVOLUNTÁRIO DERIVADO DE ERRO DE TIPO E DE ERRO DE PROIBIÇÃO: Adotada pelo Código Penal a teoria limitada da culpabilidade, é necessário distinguir: a) se o excesso não-intencional deriva de erro sobre os pressupostos fáticos da causa de just ificação , cuida-se de ERRO DE TIPO (CP, art. 20, § 1º). Se escusável , ficam afastados dolo e culpa, aplicando-se o disposto no § 1º, 1ª parte; Se inescusável, surge o excesso culposo, respondendo o sujeito por delito culposo, nos termos do art. 23, parágrafo único, parte final, c/c o art. 20, § 1º, 2ª parte; se, entretanto, o excesso não-intencional deriva de erro sobre os limites normativos da causa de justificação, trata-se de ERRO DE PROIBIÇÃO (CP, art. 21). Se escusável , há exclusão da culpabilidade, aplicando-se o art. 21, caput, 2ª parte; Se inescusável , não há exclusão da culpabilidade, respondendo o sujeito por crime doloso, com a pena diminuída de um sexto a um terço (art. 21, caput, parte final).

CONCURSO DE AGENTES Um crime pode ser praticado por uma ou várias pessoas em concurso. Pode o sujeito, isoladamente, matar, subtrair, falsificar documento, omitir socorro a pessoa ferida etc. freqüentemente, todavia, a infração penal é realizada por duas ou mais pessoas que concorrem para o evento. Nesta hipótese, está-se diante de um caso de concurso de pessoas, fenômeno conhecido como concurso de agentes, concurso de delinqüentes, co-autoria, co-deliqüência ou participação. O concurso de pessoas pode ser definido como a ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal. Há, na hipótese, convergência de vontades para um fim comum, que é a realização do tipo penal sendo dispensável a existência de um acordo prévio entre as várias pessoas; basta que um dos delinqüentes esteja ciente de que participa da conduta de outra para que se esteja diante do concurso.

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Deve-se distinguir o concurso de pessoas, que é um concurso eventual, e assim pode ocorrer em qualquer delito passível de ser praticado por uma só pessoa (crimes unissubjetivos), do chamado concurso necessário.. existem numerosos delitos que, por sua natureza intrínseca, só podem ser cometidos por duas ou mais pessoas, como o adultério a bigamia, a rixa, o crime de quadrilha ou bando, etc. são estes chamados crimes de concurso necessário ou crimes plurissubjetivos.

Teorias São várias as teorias a respeito da natureza do concurso de agente quando se procura estabelecer se existe na hipótese um só ou vários delitos, delas defluindo soluções diversas quanto à aplicação da pena. TEORIA MONISTA, UNITÁRIA OU IGUALITÁRIA : O crime ainda quando tenha sido praticado em concurso de várias pessoas, permanece único e indivisível. Não se distingue entre as várias categorias de pessoas (autor, partícipe, instigador cúmplice, etc.)., sendo todos autores (ou co-autores) do crime. Essa posição foi adotada pelo código penal de 1940 ao determinar no art. 25 que "quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a esse cominadas". TEORIA PLURALISTA : multiplicidade de agentes corresponde um real concurso de ações distintas e, em conseqüência, uma pluralidade de delitos, praticando cada ma das pessoas um crime próprio autônomo. TEORIA DUALÍSTICA OU DUALISTA : no concurso de pessoas há um crime para os autores o outros para os partícipes. Existe no crime uma ação principal, que é a ação do autos do crime, o que executa a ação típica, e ações secundárias, acessórias, que são as realizadas pelas pessoas que instigam ou auxiliam o autor a cometer o delito.

Causalidade física e psíquica Na questão do concurso de pessoas, a lei penal não distingue entre os vários agentes de um crime determinado: em princípio, respondem por ele todos aqueles que concorreram para a sua realização. A causalidade psíquica (ou moral), ou seja, a consciência da participação no concurso de agentes, acompanha a causalidade física (nexo causal). Quando a lei determina que aquele que "de qualquer modo concorre para o crime incide nas penas a este cominadas", a amplitude do texto deve ser entendida em correspondência com a causalidade material e psíquica. Consequentemente, quem concorre para um evento, consciente e voluntariamente (visto que concorrer para um crime é desejá-lo), responde pelo resultado. REQUISITOS: Para que ocorra o concurso de agentes, são indispensáveis os seguintes requisitos: a) pluralidade de condutas; b) relevância causal de cada uma das ações; c) liame subjetivo entre os agentes; d) identidade de fato. Existem condutas de várias pessoas, é indispensável, do ponto de vista objetivo, que haja nexo causal entre cada uma delas e o resultado, ou seja, havendo relevância causal de cada conduta, concorreram essas pessoas para o evento e por ele são responsabilizadas.

Autoria Quando na lei se inscreve uma descrição do crime, a ameaça da pena dirige-se àquela que realiza o tipo penal, ou seja, ao sujeito que realiza a ação tipificada. Pratica homicídio quem "mata" a vítima, pratica furto quem "subtrai" a coisa, etc. o art. 29 não distingue em princípio, entre o autor da conduta típica e o que colabora para a ocorrência do ilícito sem realizar a ação referente ao verbo-núcleo do tipo penal, considerando como autores todos quanto concorrerem para ação delituosa. Essa distinção está, porém, na natureza das coisas, ou seja, na espécie diferente de causas do resultado por parte de duas ou mais pessoas, devendo ser assinalada a distinção entre autor, co-autor e partícipe.

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Quanto à conceituação de quem é o autor do crime, foram criadas três teoria. A primeira delas fornece um conceito restrito de autor, em um conceito formal objetivo: autor é aquele que pratica a conduta típica inscrita na lei, ou seja, aquele que realiza ação executiva, ação principal. É o que mata, subtrai, falsifica etc. Uma segunda corrente formula um conceito extensivo do autor, em um critério material-objetivo: autor é não só o que realiza a conduta típica, como também aquele que concorre com uma causa para o resultado. Não se fez assim distinção entre autor e partícipe, já que todos os autores concorreram para o resultado ao contribuírem com uma causa para o evento. Numa terceira posição, formulada principalmente pela doutrina alemã, conceitua-se como autor aquele que tem o domínio final do fato, trata-se de um critério final-objetivo: autor será aquele que, na concreta realização do fato típico, consciente o domina mediante o poder de determinar o seu modo e, inclusive, quando possível, de interrompê-lo. Autor é, portanto, segundo essa posição, quem tem o poder de decisão sobre a realização do fato. Adotamos a teoria formal objetiva, que delimita, com nitidez, a ação do autor (autoria) e a do partícipe (participação), complementada pela idéia da autoria mediata. Autor é quem realiza diretamente a ação típica, no todo ou em parte, colaborando na execução (autoria direta), ou quem a realiza através de outrem que não é imputável ou não age com culpabilidade (autoria mediata). São co-autores os que conjuntamente realizam a conduta típica. Os demais, ou seja, aqueles que, não sendo autores mediatos, colaboram na prática do delito sem realizarem a conduta típica, sem participarem da execução, são partícipes.

Co-autoria O concurso de pessoas pode realizar-se através da co-autoria e da participação. Co-autor é quem executa, juntamente com outras pessoas, a ação ou omissão, que configura o delito. Assim, se duas pessoas disparam suas armas, alvejando a vítima e causando-se a morte, responderão como co-autores. Há, na co-autoria, a decisão comum para a realização do resultado da conduta. Inexistente a consciência de cooperação na conduta comum, não haverá concurso de pessoas, restando a autoria colateral (ou co-autoria colateral ou imprópria). Caso duas pessoas, ao mesmo tempo, sem conhecerem a intenção uma da outra, dispararem sobre a vítima, responderão cada uma por um crime se os disparos de ambas forem causas da morte. Se a vítima morreu apenas em decorrência da conduta de uma, a outra responderá por tentativa de homicídio. Havendo dúvida insanável quanto à causa da morte, ou seja, sobre a autoria, a solução deverá obedecer ao princípio in dubio pro réu, punindo-se ambos por tentativa de homicídio.

Participação Fala-se em participação, em sentido estrito, como a atividade acessória daquele que colabora para a conduta do autor com a prática de uma ação que, em si mesma, não é penalmente relevante. Essa conduta somente passa a ser relevante quando o autor, ou co-autores, iniciam ao menos a execução do crime. O partícipe não comete a conduta descrita pelo preceito primário da norma, mas pratica uma atividade que contribui para a realização do delito. Trata-se de uma das hipóteses de enquadramento de subordinação ampliada ou por extensão, prevista na lei, que torna relevante qualquer modo de concurso, que transforma em típica uma conduta de per si atípica. Há na participação uma contribuição causal, embora não totalmente indispensável, ao delito e também a vontade de cooperar na conduta do autor ou co-autores. São várias as formas de participação. Instiga aquele que age sobre a vontade do autor, fazendo nascer neste a idéia da prática do crime ou acoroçoando a já existente, de modo determinante na resolução do autor, e se exerce através do mandato, persuasão, conselho, comando, etc.

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Cúmplice é aquele que contribui para o crime prestando auxílio ao autor ou partícipe, exteriorizando-se a conduta por um comportamento ativo (o empréstimo da arma, a revelação do segredo de um cofre etc.). não se exclui, porém, a cumplicidade por omissão nas hipóteses em que o sujeito tem o dever jurídico de evitar o resultado. Cita-se como exemplo a omissão do empregado que não tranca o cofre para que seja facilitado a ação do autor do furto com o qual colabora o partícipe.

Autoria mediata Como já se assinalou, autor não é apenas o que realiza diretamente a ação ou omissão típica, mas quem consegue a execução através de pessoa que atua sem culpabilidade. Chama-se isso autoria mediata (ex. a enfermeira, por ordem do médico, ministra um veneno ao paciente supondo que se trata de um medicamento).

Concurso de pessoas e crimes por omissão É possível a participação em crime omissivo puro, ocorrendo o concurso de agentes por instigação ou determinação. Assim, se o agente instiga outrem a não efetuar o pagamento de sua prestação alimentícia, responderá pela participação no crime de abandono material. Não se pode falar, porém, em co-autoria em crime omissivo próprio. Caso duas pessoas deixem de prestar socorro a uma pessoa ferida, podendo cada uma delas fazê-lo sem risco pessoal, ambas cometerão o crime de omissão de socorro, isoladamente, não se concretizando hipótese de concurso de agentes. Também é possível a participação por omissão em crime comissivo. Se um empregado que deve fechar a porta do estabelecimento comercial não o faz, para que terceiro possa mais tarde praticar uma subtração, há participação criminosa no furto em decorrência do não-cumprimento do dever jurídico de impedir a subtração. Não se pode falar em participação por omissão, todavia, quando não concorra o dever jurídico de impedir o crime. A simples conivência não é punível. Também não participa do crime aquele que, não tendo o dever jurídico de agir, não comunica o fato à polícia para que possa esta impedi-lo. É sempre indispensável que exista o elemento subjetivo (dolo ou culpa) e que a omissão seja também "causa" do resultado, vale dizer, que, podendo agir, o omitente não o tenha deito.

Co-autoria de crime culposo De há muito está assentada a possibilidade de concurso em crime culposo. Existente um vínculo psicológico entre duas pessoas na prática da conduta, ainda que não em relação ao resultado, concorrem elas para o resultado lesivo se obrarem com culpa em sentido estrito. O concurso de agente no crime culposo difere daquele do ilícito doloso, pois se funde apenas na colaboração da causa e não do resultado (que é involuntário). Disso deriva a conclusão de que é autor todo aquele que causa culposamente o resultado, não se podendo falar em participação em crime culposo.

Cooperação dolosamente distinta A participação, conforme a doutrina moderna, é acessória de um fato principal. Para a punibilidade do partícipe basta que o fato seja típico e antijurídico. Em casos de instigação ou outras formas de participação, é possível que o resultado ocorrido seja diverso daquele pretendido pelo partícipe. Há um desvio subjetivo entre os sujeitos, uma cooperação dolosamente distinta entre o partícipe e o autor que executa o crime mais grave do que o desejado por aquele. Ex.: A determina que B dê uma surra em C; B mata C. Perante a lei anterior, ambos responderiam pelo crime mais grave, podendo o mandante ou o instigador beneficiar-se de uma causa de diminuição de pena. Assim, não responderiam os partícipes se, eventualmente, os executores praticassem um estupro além do ilícito ajustado. A falta de previsibilidade quanto ao crime mais grave, segundo a doutrina, excluía a responsabilidade do partícipe no ilícito que resultara exclusivamente da vontade do praticante da ação típica. Quando o crime mais grave, embora não querido, é previsto e aceito pelo partícipe, responde por esse ilícito a título de dolo eventual. A essa conclusão leva a disposição do dispositivo ao se referir apenas à previsibilidade do fato e não à previsão do partícipe. Não se aplica também o dispositivo nos casos de autoria mediata, já que nesse caso não se pode falar em participação. O agente é autor do fato e responde pelo resultado ocorrido.

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O art. 29, § 2º, consagra o princípio da individualização da pena no concurso de pessoa ao determinar que cada concorrente é responsável de acordo com o elemento subjetivo (dolo) e também não descura do princípio da proporcionalidade ao prever o aumento da pena quando, além do dolo referente ao crime menor, há um desdobramento psicológico da conduta do partícipe quanto à previsibilidade da realização do crime mais grave (culpa).

Punibilidade no concurso de agentes Diante do disposto no art. 29, todos os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas cominadas ao crime praticado, exceto no caso de estes últimos terem querido participar do crime menos grave. Entretanto, no processo de aplicação da pena deve o juiz distinguir a situação de cada um, "na medida de sua culpabilidade", ou seja, segundo a reprovabilidade da conduta do co-autor ou partícipe. Nessa linha de verificação da culpabilidade, determina-se no art. 29, § 1º: "Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço".

Qualificadoras e agravantes O concurso de pessoas pode ser uma qualificadora de delito. Em razão da maior facilidade para a execução do crime e a conseqüente diminuição do risco do agente, a lei reforça a garantia penal quando, em determinados delitos, há associação de delinqüentes.

Concurso e circunstâncias do crime Dispõe o art. 30: "Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime". Em primeiro lugar, estabeleceu a lei nova a distinção entre circunstâncias e condições pessoais. Enquanto as condições referem-se às relações do agente com a vida exterior, com outros seres e com as coisas (menoridade, reincidência etc.), além de indicar um estado (parentesco, casamento), as circunstâncias são elementos que, embora não essenciais à infração penal, a ela se integram e funcionam para moderar a qualidade e quantidade da pena (motivo do crime, desconhecimento da lei, confissão espontânea, etc.). Refere-se a lei às condições pessoais (ou subjetivas) em oposição às condições reais (ou objetivas). São estas as circunstâncias referentes ao fato objetivamente considerado, em que não se incluem as condições ou particularidades do agente. As condições e circunstâncias pessoais não se comunicam entre os co-autores ou partícipes. Assim, cada sujeito responderá de acordo com as suas condições (menoridade, reincidência, parentesco) e circunstância (motivo fútil, de relevante valor social ou moral, de prescrição etc.). Entretanto, dispõe a lei que as circunstâncias de caráter pessoal "elementares" do crime comunicam-se entre os agentes. Não se trata na espécie, de verdadeiras "circunstâncias", mas de "elementos" que, necessariamente, fazem parte do tipo penal. Assim, aquele que auxilia, por exemplo, o funcionário público na prática do peculato responde por esse crime ainda que não exerça função pública. Não se comunicam porém, as causas pessoais de exclusão de pena (como as imunidades diplomáticas) ou algumas espécies de causas de extinção da punibilidade (indulto, retratação etc.). Determinando a lei que não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal, a contrario sensu determina que são comunicáveis as de caráter objetivo. Pelas mesmas razões, não se comunicam as circunstâncias elementares de caráter pessoas quando conhecidas do partícipe.

Concurso e execução do crime Art. 31: "O ajuste, a determinação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado". Ajuste é o acordo feito para praticar crime. Determinação é a provocação para que surja em outrem a vontade de praticar o crime. Instigação é a estimulação de idéia criminosa já existente. Auxílio é a ajuda material, prestada na preparação ou execução do crime.

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O planejamento de duas ou mais pessoas para a prática do crime (exceto o caso do crime de quadrilha ou bando), o mandato, ou conselho, a ajuda, o induzimento, etc. não incidem na esfera penal enquanto não se puder caracterizar a tentativa.

Autoria incerta Aceita a teoria monista, o código resolve qualquer problema com relação à autoria incerta, determinando que todos respondem pelo resultado, ainda que não se possa saber quem praticou a ação prevista no núcleo do tipo. A exceção encontra-se no art. 29, § 2º, que determina seja o agente punido pelo crime menos grave, de que queria participar, mas a ressalva vale apenas para as hipóteses de participação.

Multidão delinqüente Afastada a hipótese de associação criminosa (quadrilha ou bando), é possível o cometimento de crime pela multidão delinqüente, como nas hipóteses de linchamento, depredação, saque, etc. responderão todos os agentes por homicídio, dano, roubo, nesses exemplos, mas terão as penas atenuadas aqueles que cometerem o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocaram. A pena, por sua vez, será agravada para os líderes, os que promoveram ou organizaram a cooperação no crime ou dirigiram a atividade dos demais agentes (art. 62, I).

DA CULPABILIDADE COMO PRESSUPOSTO DA PENA

Introdução Desde que exista causa de exclusão de ilicitude, não há crime, pois um fato não pode ser lícito e antijurídico ao mesmo tempo - porém incidindo um causa de exclusão de culpabilidade o crime existe. O crime existe por si mesmo mas para que o crime seja ligado ao agente é necessária a culpabilidade. Para existência do crime - lei penal brasileira - é suficiente que o sujeito haja praticado um fato típico e antijurídico - mas o crime só será ligado ao agente se este for culpável . Assim o Código Penal emprega a expressão “não há crime” - (artigo 23) - Exclusão de Antijuridicidade , também emprega a expressão “isento de pena” - não culpável - considera o crime.

Conceito de culpabilidade Praticado fato típico - não se pode concluir que o autor cometeu um delito, pode ocorrer em Causa de Exclusão de Antijuridicidade . Não é suficiente: fato típico e antijurídico - se o agente comete homicídio, mas é portador de doença mental - faltou-lhe a culpabilidade - pressuposto da imposição da pena .

Teorias da culpabilidade TEORIA PSICOLÓGICA DA CULPABILIDADE : É uma doutrina tradicional a culpabilidade reside na relação psíquica do autor com seu fato - posição psicológica do sujeito diante do fato cometido. Compreende estudos que são suas espécies: dolo e culpa. Erro dessa doutrina consiste em reunir como espécies os fenômenos dolo e culpa. TEORIA PSICOLÓGICO NORMATIVA DA CULPABILIDADE : Culpabilidade é reprovabilidade, quando inexigível outra conduta, embora tenha o sujeito agido com dolo ou culpa o fato não é reprovável - não se torna culpável - Assim, dolo e culpa não são espécies de culpabilidade, mas sim elementos. Defeito: o dolo como elemento TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADE - ELEMENTOS DA CULPABILIDADE : Chamada também de extrema ou estrita - relaciona-se com a teoria finalista - preferência do Damásio.

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Retira o dolo da culpabilidade e o coloca no tipo penal - Exclui do dolo a consciência da ilicitude e o coloca na culpabilidade. Assim, são elementos da Culpabilidade: 1 - imputabilidade; 2 - possibilidade de conhecimento injusto 3 - exigibilidade de conduta diversa. Potencial Consciência da Ilicitude: - possibilidade de conhecimento injusto - exigibilidade de conduta diversa. Puro juízo de valor - isento qualquer elemento psicológico. Teoria Limitada Da Culpabilidade - Modalidade da Teoria Anterior: Faz distinção entre : Ignorância da ilicitude por erro - recai sobre a regra de produção; Ignorância da ilicitude por erro - incidental sobre a situação de fato.

Característica do Finalismo Teoria Finalista da Ação e as Normativas Pura e Limitada da Culpabilidade, apresentam as seguintes características: Conduta - ação - comportamento humano consciente e dirigida a uma finalidade; Dolo é a vontade de concretizar os elementos objetivos do tipo; Culpa inobservância do cuidado objetivo necessário - manifestada numa conduta produtora de um resultado objetivo e subjetivamente punível - previsibilidade objetiva e subjetiva. Dolo e culpa constituem elemento do tipo - Dolo - elemento subjetivo do tipo - Culpa - elemento normativo do tipo. Dolo e Culpa - retirada da culpabilidade - passam a integrar o tipo e o fato típico , que se compõe de: conduta dolosa ou culposa, resultado, nexo e tipicidade. ausente dolo e culpa o fato é atípico - ao contrário da doutrina clássica, inculpado o sujeito. dolo não é normativo - não porta a consciência da antijuridicidade, dolo é natural. Dolo contém os seguintes elementos consciência da conduta e do resultado, nexo causal, vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado. Culpabilidade no lugar do dolo e culpa ingressa o potencial da consciência da ilicitude - possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato. Culpabilidade passa a ter os seguintes elementos : imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, potencial consciência de ilicitude. Elementos da culpabilidade são normativos e não psicológicos - puro juízo de valoração.

IMPUTABILIDADE

Introdução Imputar: atribuir à alguém a responsabilidade de alguma coisa. IMPUTABILIDADE PENAL : conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de um fato punível. Conceito da Imputabilidade: é encontrado contrario sensu no artigo 26 , trata-se da inimputabilidade. CP. ART . 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Imputável é o sujeito mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento. Imputabilidade: juízo sobre a capacidade geral do autor. Não é valoração específica, pois a tornaria psicológica. O artigo 26, não fala que o sujeito não compreendeu o caráter ilícito do fato - que seria uma determinação concreta e psicológica.

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Imputabilidade e responsabilidade Imputabilidade não se confunde com Responsabilidade, esta é obrigação que alguém tem de arcar com as conseqüências jurídicas do crime, dever que a pessoa tem de prestar contas de seus atos - depende da imputabilidade do indivíduo - não pode sofrer as conseqüências do fato criminoso - ser responsabilizado - senão o que tem a consciência de sua antijuridicidade e que executá-lo.

Fundamento da imputabilidade Teoria da Imputabilidade moral, homem ser inteligente e livres, responsável pelos atos praticados - quem não tem essas atribuições é inimputável - livre escolha entre o bem e o mal - escolhendo conduta que lesa interesses jurídicos alheios deve sofrer as conseqüências de seu comportamento. Imputabilidade: capacidade de entender E querer, a capacidade de entender o caráter criminosos do fato não significa a exigência do agente ter consciência de que sua conduta se encontra descrita em lei com infração. Imputabilidade deve existir no tempo da ação ou da omissão.

Causas de exclusão da imputabilidade Capacidade do entender e querer imputabilidade é regra - inimputabilidade é exceção - todo indivíduo é imputável, salvo quando ocorrer causa de exclusão. A imputabilidade pode ser excluída por determinadas causas, denominadas causas de inimputabilidade. Não havendo imputabilidade, primeiro elemento da culpabilidade, não há culpabilidade e, em conseqüência, não há pena. Assim, em caso de inimputabilidade, o agente que praticou o fato típico e antijurídico deve ser absolvido, aplicando-se medida de segurança (se for o caso). Causas de exclusão da imputabilidade: doença mental; desenvolvimento mental incompleto; desenvolvimento mental retardado; embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. As três primeiras causas se encontram no art. 26, caput; a quarta, no art. 28, § 1º. O art. 27 afirma que os menores de dezoito anos de idade são "penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial" (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n. 8.069, de 13-7-1990, e leis complementares). A menoridade penal também constitui causa de exclusão da imputabilidade, encontrando-se abrangida pela expressão "desenvolvimento mental incompleto" (art. 26, caput).

Inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimen to mental incompleto ou retardado Para que seja considerado inimputável não basta que o agente seja portador de "doença mental, ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado" . É necessário que, em conseqüência desses estados, seja "inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento" (no momento da conduta). DOENÇA MENTAL: É um dos pressupostos biológicos da inimputabilidade. Dentre outras, a expressão abrange as psicoses (orgânicas, tóxicas e funcionais, como paralisia geral progressiva, demência senil, sífilis cerebral, arteriosclerose cerebral, psicose traumática, causadas por alcoolismo, psicose maníaco-depressiva etc.), esquizofrenia, loucura, histeria, paranóia etc. DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO: É o que ainda não se concluiu. Casos dos menores de dezoito anos (art. 27) e dos silvícolas inadaptados. Assim, se um menor de dezoito anos ou um silvícola inadaptado pratica um fato típico e antijurídico, não responde pelo crime, por ausência de culpabilidade (art. 26, caput).

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SURDOS-MUDOS: Há três situações: a) se, em conseqüência da surdo-mudez, o sujeito não tem capacidade de compreensão ou de autodeterminação no momento da prática do fato, cuida-se de inimputável, aplicando-se a regra do art. 26, caput; se, em conseqüência da anomalia, o sujeito possui diminuída a capacidade intelectiva e volitiva, trata-se de semi-responsável, aplicando-se o disposto no art. 26, parágrafo único (responde pelo crime com pena diminuída); se, embora surdo-mudo, o sujeito possui capacidade de entender e de determinar-se, responde pelo crime sem qualquer atenuação (em relação à pena abstrata Medida de segurança: Ao inimputável, nos termos do art. 26, caput, aplica-se medida de segurança (CP, art. 97). Assim, embora absolvido por ausência de culpabilidade, sujeita-se à medida de segurança, salvo se agiu acobertado por excludente da ilicitude. Neste caso, a absolvição é simples, não se impondo tal medida. Reincidência: Absolvido pela inimputabilidade, a sentença não gera a reincidência. SEMI-RESPONSABILIDADE (PARÁGRAFO ÚNICO) NOÇÃO: Entre a imputabilidade e a inimputabilidade existe um estado intermédio com reflexos na culpabilidade e, por conseqüência, na responsabilidade do agente. Situam-se nessa faixa os denominados demi-fous ou demi-responsables, compreendendo os casos benignos ou fugidios de certas doenças mentais, as formas menos graves de debilidade mental, os estados incipientes, estacionários ou residuais de certas psicoses, os estados interparoxísticos dos epilépticos e histéricos, certos intervalos lúcidos ou períodos de remissão, certos estados psíquicos decorrentes de especiais estados fisiológicos (gravidez, puerpério, climatério etc.) e as chamadas personalidades psicopáticas. Atendendo à circunstância de o agente, em face dessas causas, não possuir a plena capacidade intelectiva ou volitiva, o direito penal atenua a sua severidade, diminuindo a pena ou somente impondo medida de segurança EFEITO: A responsabilidade diminuída, também chamada imputabilidade diminuída ou semi-imputabilidade, como o próprio nome indica, não constitui causa de exclusão da culpabilidade. O agente responde pelo crime com pena privativa de liberdade atenuada ou medida de segurança. SENTENÇA: É condenatória. O juiz, em primeiro lugar, condena o réu e fixa a pena privativa de liberdade. Depois, se caso, aplica a medida de segurança substitutiva. Diferença entre inimputabilidade e responsabilidade diminuída: No caso da inimputabilidade (art. 26, caput) por causa de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o agente, no momento da conduta, é "inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento". Ele não possui capacidade intelectiva ou volitiva. Na responsabilidade diminuída, em face da anormalidade psíquica, ele não possui a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, i. e., a causa não é de molde a suprimir-lhe integralmente a capacidade intelectiva ou volitiva. Conseqüências da doença mental : Em face de doença mental, por exemplo, podem ocorrer duas hipóteses: em decorrência dela o agente é inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento: aplica-se o caput do art. 26; por causa da doença mental o agente não possui a plena capacidade de entendimento ou de determinação: aplica-se o art. 26, parágrafo único. Diminuição da pena: É obrigatória, não se tratando de simples faculdade judicial. Não é necessário que o juiz reduza a pena exatamente nos termos propostos pelo Código Penal: ou um terço ou dois terços. Dentro do limite máximo e mínimo de redução pode aplicar a pena reduzida que lhe parecer conveniente.

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Critério da redução da pena : De acordo com a intensidade do mal mental do sujeito ou a gravidade objetiva do fato. Como se trata de semi-responsabilidade, cremos que o primeiro critério é o correto. Aplicação de pena ou medida de segurança: A reforma penal de 1984, no art. 98, adotou o sistema vicariante (ou unitário): ou é aplicada somente pena privativa de liberdade ou somente medida de segurança. É uma fórmula unicista ou alternativa: não podem ser aplicadas ao condenado semi-responsável uma pena e uma medida de segurança para execução sucessivas; ou bem a pena, ou bem a medida de segurança, conforme o caso.

Actio libera in causa Pode ocorrer caso do agente colocar-se propositadamente em situação de inimputabilidade para realização de conduta punível. Surge a questão “Actio libera in Causa” - são casos de conduta livremente desejada, mas cometida no instante em que o sujeito se encontra em estado de inimputabilidade. - no momento da prática do fato o agente não possui a capacidade de querer e entender. Ex.: guarda-chaves, que pretende causar um desastre ferroviário, embriaga-se e, no momento de passagem do trem , devido ao estado de inconsciência deixa de combinar o binário. Actio libera in Causa: conduta livremente desejada, mas cometida no instante em que o sujeito se encontra em estado de inimputabilidade - no momento do fato não possui capacidade de querer e entender. Há liberdade originária mas não atual. Actio libera in Causa: 1 - Ato livre: com presença de dolo ou culpa: querido ou assumido o risco de produzir o resultado - dolo - seja previsível culpa. 2 - Ato não-livre. Se após o primeiro ato livre - (preparatório) - nada ocorrer, não haverá sequer tentativa.

Exigibilidade de conduta diversa CULPABILIDADE : - elementos - : imputabilidade; potencial consciência da ilicitude; exigibilidade de conduta diversa, ou seja, quando podendo o sujeito realizar comportamento diverso, de acordo com a ordem jurídica realiza outro, proibido. Efeito de Inexegibilidade de Conduta Diversa: Devendo e podendo o sujeito agir de maneira, conforme ao ordenamento jurídico, realiza conduta diferente que constitui o delito - objeto do juízo da culpabilidade. Não sendo exigível comportamento diverso não incide juízo de reprovação - exclui-se a Culpabilidade .

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE Elementos da Culpabilidade: Imputabilidade; Potencial consciência da ilicitude; Exigibilidade de conduta diversa. Na falta de alguns desses elementos : não subsiste a culpabilidade embora subsiste o crime. O C.P. prevê expressamente as causas que excluem a culpabilidade - dirimentes. Não devemos confundir causas de exclusão de antijuridicidade - justificativas - com causas de exclusão da culpabilidade - dirimentes -.

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Distinção tem influência na reparação do dano causado pelo fato - excluída a antijuridicidade fica prejudicada a questão da culpabilidade.

Quadro sinóptico REQUISITOS DO CRIME: 1 - Fato Típico; 2 - Antijurídico: (causas de exclusão): Estado de Necessidade - Art. 23, I e 24; Legítima Defesa - Art. 23, II e 25; Estrito Cumprimento do Dever Legal Exercício Regular do Direito - Art. 23, III;

CULPABILIDADE (PRESSUPOSTO DA PENA) causas de exclusão: Erro de Proibição - artigo 21; Coação Moral Irresistível - artigo 22, 1ª parte; Obediência Hierárquica - artigo 22, 2ª parte; Inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado - artigo 26 - caput; Inimputabilidade por menoridade penal - artigo 27; Inimputabilidade por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior - artigo 28, § 1° ;

Código trata exclusão de antijuridicidade - usa-se expressões - “não há crime”, “não se pune”, “não constitui crime”; Código trata exclusão de culpabilidade - emprega expressões - “só e punível o autor da coação ou da ordem”, “isento de pena”. Diferenças entre as excludentes de : ilicitude: - estas se referem ao fato; - impedem, em regra, a reparação do dano . culpabilidade: - estas se referem ao autor; - não impedem a reparação do dano.

INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA COMO CAUSA SUPRA LEGAL DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE Causas Supra legais de exclusão da culpabilidade : causas de exclusão da culpabilidade não prevista na lei penal. Culpabilidade Normativa: todas as vezes, tendo em vista a circunstância do caso concreto, que não possa exigir do sujeito uma conduta diversa por ela cometida - causa excludente de culpabilidade . EMOÇÃO E PAIXÃO :Irrelevância quanto à culpabilidade : A circunstância de o sujeito praticar o fato sob o impulso de emoção ou de paixão não exclui a culpabilidade. De acordo com o Código, esses estados não excluem a imputabilidade e, assim, não excluem a culpabilidade. Emoção e Paixão: - esta não é uma excludente da culpabilidade. Embora não excluam a culpabilidade, a emoção e a paixão têm força de diminuir a pena .

ERRO DE PROIBIÇÃO

Introdução IRRELEVÂNCIA DA IGNORÂNCIA DA LEI PENAL : De acordo com o art. 3º da Lei de Introdução ao Código Civil, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece". Aplicável o dogma da ignorantia legis neminem excusat a toda a legislação, o Código Penal determina: "O desconhecimento da lei é inescusável". Cuida da lei no sentido formal, de modo que não exclui a culpabilidade alegar o sujeito não conhecer a lei ou conhecê-la mal, somen te se aproveitando de uma atenuante genérica (CP, art. 65, II) . Isso não se confunde com a falta de consciência da ilicitude do fato. A culpabilidade se compõe da imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude (do fato). Assim, a

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falta da potencial consciência da ilicitude exclui a culpabilidade, isentando de pena quando inevitável. Enquanto a simples alegação de ignorância da lei não escusa, a ausência de possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato, i. e., a impossibilidade de o sujeito conhecer a regra de proibição, exclui a culpabilidade .

Conceito de erro de proibição Se o sujeito não tem possibilidade de saber que o fato é proibido, sendo inevitável o desconhecimento da proibição, a culpabilidade fica afastada. Surge o erro de proibição: erro que incide sobre a ilicitude do fato. O sujeito, diante do erro, supõe lícito o fato por ele cometido. Ele supõe inexistir regra de proibição.

Formas Erro de Proibição: pode ser: 1 - Escusável ou inevitável: nele incidiria qualquer homem prudente e de discernimento. Considera-se inevitável o erro se o sujeito atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando não lhe era possível, nas circunstâncias, ter o atingir esse conhecimento. 2 - Inescusável ou evitável: quando o sujeito nele incide por leviandade , imprudência e descuido, etc.. Considera-se, assim, se o sujeito atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir esse conhecimento.

Erro de proibição e erro de tipo Erro de tipo é o que recai sobre os elementos ou circunstâncias do tipo - exclui-se o dolo podendo responder o agente por crime culposo. Erro de proibição incide sobre a ilicitude do fato - o dolo subsiste. A culpabilidade, quando o erro é escusável, fica excluída; - quando inescusável, atenuada.

Casos de erro de proibição Ocorre nos seguintes casos: 1 - Erro ou ignorância de direito: o sujeito sabe o que faz , porém, não conhece a norma jurídica ou não a conhece bem e a interpreta mal. - Erro de Proibição Direto ; 2 - suposição errônea da existência de causas de exclusão de ilicitude não reconhecida juridicamente - Erro Indireto. 3 - discriminantes putativas: o sujeito supõe erradamente que ocorre uma causa excludente da ilicitude - erro indireto - .

Erro e ignorância de direito A ignorância pressupõe ausência absoluta de conhecimento a respeito de determinada matéria. , não há conhecimento Erro implica conhecimento acerca de certa matéria, que se supõe verdadeiro quando é falso. há conhecimento falso. EFEITOS E ESPÉCIES: O erro de direito pode ser: evitável ou inescusável: o que pode ser evitado por um homem normal dotado de prudência e discernimento;. Apenas atenua a reprovabilidade - culpabilidade - ATENUA A PENA - Redução da pena é obrigatória - o quantum da redução, facultativo. (art. 21, caput, parte final). inevitável ou excusável: o erro não imputável ao próprio agente e que não deriva da falta de atenção ou cuidado. Exclui a culpabilidade. (art. 21, caput, 2ª parte). A norma penal em branco, muitas vezes o tipo faz referência a uma lei extrapenal . Daí, falar-se em: erro de direito penal; erro de direito extra-penal.

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ERRO DE DIREITO EXTRAPENAL : É possível que a lei penal faça remissão a uma lei extra-penal. Neste caso, a norma extra-penal se impregna de conteúdo penal, transforma-se em lei penal e, então, trata-se de erro de direito, aplicando-se o art. 21. É possível, porém, que o erro sobre matéria extra-penal não seja propriamente um erro de direito, mas erro de tipo. Então, há exclusão da tipicidade por erro de tipo (o dolo é excluído), aplicando-se o que dispõe o art. 20, caput, 1ª parte. Assim é preciso destingüir no denominado erro de direito extra-penal: 1 - se a má interpretação versar sobre norma extra-penal, haverá erro de direito - erro de proibição ; 2 - se o erro incidir sobre o fato constitutivo de matéria extra-penal, tratar-se-á de erro de tipo , excludente o dolo e, em conseqüência, da tipicidade do fato. (art. 20, caput, 1ª parte), Erro de direito e delito putativo por erro de direito: Delito Putativo por Erro de Direito: Quando o sujeito supõe estar praticando um crime, quando não há norma incriminadora definindo o fato, ele supõe que o direito pune o fato, quando se trata de um indiferente penal - fato atípico. Erro de direito: exclui a culpabilidade, se evitável.

Descriminantes putativas As discriminantes putativas derivam de erro, que pode ser: ERRO DE TIPO: aplica-se o disposto no artigo 20, § 1° do CP. Oc orre quando o erro deriva da má apreciação das circunstâncias de fato. Se inevitável - exclui dolo e culpa; (art. 20, § 1º, 1ª parte); Se evitável: exclui o dolo, podendo responder por crime culposo. (§ 1º, 2ª parte) ERRO DE PROIBIÇÃO : aplica-se o artigo 21 do CP. Ocorre quando o erro do sujeito decorre de má apreciação dos limites jurídicos de uma causa excludente de ilicitude. Se inevitável : exclusão da culpabilidade; (art. 21, caput, 2ª parte); Se evitável: não fica excluída a culpa, responde o sujeito por crime doloso com pena diminuída. (parte Final).

Suposição errônea da existência de causa de exclusã o da ilicitude não reconhecida juridicamente. Noção : A suposição de causa excludente da ilicitude é caso de ERRO DE PROIBIÇÃO , excludente da culpabilidade, quando inevitável ; atenuador da pena (É obrigatória. Não se trata de simples faculdade. A expressão "pode" deve ser interpretada no sentido de que a lei confere ao juiz a tarefa de, apreciando as circunstâncias do caso concreto em face das condições exigidas, aplicar ou não a redução da pena), quando evitável . Por exemplo: o sujeito pensa que pode corrigir corporalmente o injuriador.

COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL

Conceito É o emprego de força física ou de grave ameaça contra alguém, no sentido de que se faça alguma coisa ou não.

Espécies de coação Coação física - vis absoluta - emprego de força bruta tendente a que a vítima (coato) , faça alguma coisa ou não. A coação meramente psíquica ou hipnótica não aproveita. Coação moral - vis compulsiva - emprego de grave ameaça contra alguém, no sentido de que realize um ato ou não.

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Espécies de coação prevista no artigo 22, 1ª parte, do C. P. Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Qual a culpabilidade do referido artigo ? Moral ou Física ? Espécie de coação do: Quando o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, não concorre a liberdade psíquica ou física. Não há a vontade integrante da conduta, pelo que não há o próprio comportamento, primeiro elemento do fato típico. Não há crime por ausência de conduta, aplicando-se o disposto no art. 13, caput, do Código Penal. Logo, o art. 22 não trata da coação física, caso que fica resolvido pelo art. 13, caput. O art. 22 só cuida da coação moral irresistível.

Coação moral irresistível como causa de exclusão da culpabilidade - responsabilidade do autor Quando um sujeito comete o fato típico e antijurídico sob coação moral irresistível não há culpabilidade em face da inexigibilidade de outra conduta - Culpabilidade desloca-se da figura do coato para a do coator. A coação moral deve ser irresistível, Tratando-se de coação moral resistível não há exclusão de culpabilidade, incidindo uma circunstância atenuante (CP, art. 65, III, c, 1ª figura). SUJEITO PASSIVO DO MAL ANUNCIADO: Não é necessário que o mal prenunciado pelo coator se dirija contra o coato . Pode o sujeito constranger o coato sob ameaça de mal a seu parente. RESPONSABILIDADE DO COATOR : O coator é que responde pelo fato típico e antijurídico praticado pelo coato , com a agravação da pena prevista no artigo 62, II, além disso, responde por crime de constrangimento ilegal - artigo 146 - por haver coagido o executor do delito. Há dois crimes em concurso formal: constrangimento ilegal e crime cometido pelo coato, sendo este agravado. PROTAGONISTAS: Em regra, o fato apresenta três figuras: coator, coato e vítima, que sofre a conduta do constrangido. Entretanto, excepcionalmente, pode apresentar apenas duas pessoas: coator e coato.

DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA

Conceito e espécies de ordem superior hierárquico Ordem superior hierárquico é a manifestação de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado - no sentido que realize uma conduta - positiva ou negativa. ORDEM PODE SER: LEGAL: quando a ordem é legal, nenhum crime comete o subordinado (nem o superior), uma vez que se encontra no estrito cumprimento de dever legal. ILEGAL: Manifestamente Ilegal: respondem pelo crime o superior e o subordinado este com a pena genericamente reduzida (CP, art. 65, III, c).. Não Manifestamente Ilegal: Há exclusão da culpabilidade. Embora a conduta do subordinado constitua fato típico e antijurídico, ele não é culpado, em face de incidir um relevante erro de proibição. Diante disso, o subordinado não responde pelo crime. é punível o autor da ordem.

Obediência hierárquica como causa de exclusão da culpabilidade No caso de a ordem não ser manifestamente ilegal, embora a conduta do subordinado constitua fato típico e antijurídico, não é culpável , em face de incidir um relevante erro de proibição. Diante disso o subordinado não responde pelo crime, em face da ausência de culpabilidade. Atualmente, não se admite mais o cego cumprimento da ordem ilegal, permitindo-se que o inferior examine o conteúdo da determinação, pois ninguém possui dever de praticar uma ilegalidade. SISTEMA MILITAR: Em certos casos, a obediência deve ser absoluta e não relativa, como acontece no sistema militar, em que não cabe ao subordinado a análise da legalidade da ordem. Então, se a ordem

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é ilegal, é ilegal também o fato praticado pelo subordinado. Mas, como não lhe cabe discutir sobre sua legalidade, encontra-se no estrito cumprimento de dever legal (dever de obedecer à ordem). ERRO DE PROIBIÇÃO: Se, por erro de proibição, o subordinado crê seguramente que a ordem é legal, quando é ilegal, aplica-se o erro de proibição (art. 21), incidindo o estrito cumprimento de dever legal putativo. ERRO DE INTERPRETAÇÃO: Se a ordem não é manifestamente legal e o subordinado não incide em erro de proibição, havendo apenas um erro de interpretação a respeito de sua legalidade, aplica-se o princípio do art. 22, 2ª parte. O fato permanece ilícito, mas não é culpável o subordinado em face de relevante erro de direito, excludente da culpabilidade.

Requisitos, responsabilidade do superior hierárquic o: que haja relação de direito público entre superior e subordinado - a subordinação doméstica ou eclesiástica não ingressa na teoria da obediência não ingressa na teoria da obediência hierárquica. Assim não há obediência hierárquica - para fins penais - entre pais e filhos, entre bispo e sacerdotes., etc... que a ordem não se manifestamente ilegal; que a ordem preencha os requisitos formais; que a ordem seja dada dentro da competência funcional do superior que o fato seja cumprido dentro da estrita obediência à ordem do superior. Se o subordinado vai além do determinado pelo superior, responde pelo excesso. Neste caso o inferior responde pelo crime, não havendo exclusão da culpabilidade. Presentes os requisitos, o subordinado não responde pelo crime por ausência da culpabilidade. O fato criminoso, então, é imputável ao superior. OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA PUTATIVA (POR ERRO DE TIPO ): Pode ocorrer que a ordem seja ilegal, sendo que o subordinado pratica o fato por erro de tipo, na crença firme de tratar-se de ordem legal. Cuida-se, então, de OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA PUTATIVA , excludente de dolo e culpa , aplicando-se o disposto no art. 20, § 1º, 1ª parte, combinado com os arts. 22, 2ª parte, e 23, III, do Código Penal. O agente supôs, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima (ele supõe encontrar-se no estrito cumprimento de dever legal).

DA INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL OU DESENVOLVI MENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO.

Introdução Culpabilidade , composta de três elementos: imputabilidade; potencial consciência da ilicitude; exigibilidade de conduta diversa. Imputabilidade : pode ser excluída por determinadas causas, denominadas causas de inimputabilidade. Não havendo imputabilidade , não há culpabilidade, e em conseqüência não há pena. Nesse caso o agente que praticou o fato típico e antijurídico deve ser absolvido. São causas de exclusão da imputabilidade: inimputabilidade por doença mental; inimputabilidade por desenvolvimento mental incompleto - menoridade penal; inimputabilidade por desenvolvimento mental retardado; inimputabilidade por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior.

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Critério de aferição da inimputabilidade Três sistemas: BIOLÓGICO: leva-se em conta a causa e não o efeito. Condiciona a imputabilidade à inexistência de doença mental, de desenvolvimento mental deficiente e de transtornos psíquicos momentâneos. PSICOLÓGICO: o que importa é o efeito e não a causa. Leva em conta se o sujeito, no momento da prática do fato, tinha condição de compreender o seu caráter ilícito e de determinar-se de acordo com essa compreensão ou não. BIOPSICOLÓGICO: toma em consideração a causa e o efeito. Só é inimputável o sujeito que, em conseqüência da anomalia mental, não possui capacidade de compreender o caráter criminoso do fato ou determinar-se de acordo com essa compreensão. É o sistema do nosso Código Penal . Para que seja considerado inimputável não basta que o agente seja portador de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. É necessário que, em conseqüência desse estado, seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento. Requisitos de Imputabilidade: Requisito causal - doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Requisito cronológico: ao tempo da ação ou omissão. Requisito conseqüencial - inteira incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Se no momento da conduta típica e ilícita , por causa de doença mental, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, deve ser considerado inimputável. - Se embora, portador de doença mental, mo momento da prática do fato tinha capacidade intelectiva e de autodeterminação - deve ser considerado imputável. A doença mental é um dos pressupostos biológicos da inimputabilidade, abrange as psicoses - esquizofrenia, loucura, histeria, paranóia etc.. O desenvolvimento mental incompleto é o desenvolvimento mental que ainda não se concluiu - caso dos menores de 18 anos e dos silvícolas inadaptados. O desenvolvimento mental retardado - é o caso dos oligofrênicos - idiotas - imbecis e débeis mentais - e os surdos-mudos - conforme a circunstância: se em conseqüência da surdo-mudez , o sujeito não tem capacidade de compreensão ou de autodeterminação no momento da prática do fato - inimputável; se em face da anomalia o sujeito possui diminuída capacidade intelectiva e volitiva, trata-se de semi-responsável - responde pelo crime com pena diminuída. embora - surdo-mudo o sujeito, possui capacidade de entender e determina-se, responde pelo crime sem qualquer atenuação. Ao inimputável aplicar-se-á as medidas do artigo 97. DOENÇA MENTAL - ocorre em duas hipóteses: em decorrência dela o agente é inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento; por causa da doença mental o agente não possui a plena capacidade de entendimento ou de determinação; A reforma de 1984, aboliu o sistema duplo binário medida de segurança funcionando como complemento de pena - assim a medida de segurança era executada após o cumprimento da pena. - adota-se o sistema vicariante onde ou se aplica somente a pena ou se aplica somente a medida de segurança

Requisitos normativos da imputabilidade Capacidade Psicológica : manifesta-se por meio do:

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Entendimento: requisito normativo de imputabilidade intelectivo - diz respeito a capacidade de entendimento do caráter ilícito do fato Vontade : requisito normativo de imputabilidade volitivo - diz a capacidade de determinação capacidade de dirigir o comportamento de acordo com entendimento de que o comportamento é socialmente reprovável. Faltando um dos requisitos - surge a inimputabilidade. Não é necessário que o sujeito seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato “e” de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Menoridade penal São inimputáveis os portadores de ..... “desenvolvimento mental incompleto”... - expressão que abrange os menores . O Código Penal adotou o sistema biopsicológico : em relação aos silvícolas inadaptados, doença mental, desenvolvimento mental incompleto, - mas foi adotado - o sistema biológico quanto aos menores - exceção à regra. PRESUNÇÃO DE INIMPUTABILIDADE: É absoluta. Acatado o critério biológico, não é preciso que, em decorrência da menoridade, o menor seja "inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse procedimento". A menoridade (fator biológico) já é suficiente para criar a inimputabilidade: o Código presume de forma absoluta que o menor de dezoito anos "é inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato" e de "determinar-se de acordo com esse entendimento". MENOR "SÁBIO": A presunção NÃO admite prova em contrário. Suponha-se que um menor de dezoito anos de idade, sábio, pratique um fato típico e ilícito. Mesmo que tenha capacidade intelectiva e volitiva (é o caso, pois se trata de um prodígio) não responde por crime, pois o Código presume a inimputabilidade. MENOR CASADO: Suponha-se que um rapaz de dezessete anos de idade, casado, pratique um fato objetivamente criminoso. Pelo casamento, ele alcançou a maioridade civil. Em face do Código Penal, porém, ele continua inimputável, pois não tinha dezoito anos de idade quando cometeu o fato.

DA INIMPUTABILIDADE POR EMBRIAGUEZ COMPLETA PROVENI ENTE DE CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR.

Introdução EMBRIAGUEZ: a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool, cujos efeitos podem progredir de um aligeira excitação inicial até o estado de paralisia e coma. FASES DA EMBRIAGUEZ: excitação: euforia, loquacidade, etc.. depressão : confusão mental, irritabilidade, etc.. fase de dono : ébrio cai e dorme, há anestesia, culmina com o estado de coma. Embriaguez pode ser: Completa : corresponde a segunda e terceira fase, sendo que neste último - período letárgico - o sujeito só pode cometer crimes omissivos ou comissivos por omissão. Incompleta: corresponde a primeira fase. Em vista do elemento subjetivo - a Embriaguez pode ser: NÃO ACIDENTAL (voluntária ou culposa) : Voluntária: quando o sujeito ingere substância alcóolica com intenção de embriagar-se; Culposa: quando o sujeito não ingere substância alcóolica com a finalidade de embriagar-se, mas em face do excesso imprudente vem a embriagar-se.

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ACIDENTAL (quando não voluntária e nem culposa) (CP. ART. 28 § 1º): Caso Fortuito: quando o sujeito desconhece o efeito inebriante da substância que ingere , ou quando, desconhecendo uma particular condição fisiológica, ingere substância que possui álcool - ou substância análoga - ficando embriagado. Força Maior: Ex.: de o sujeito ser obrigado a ingerir bebida alcóolica. Embriaguez Habitual: Ocorre quando o agente é dado ao uso de bebida alcóolica e se encontra freqüentemente em estado de embriaguez. Embriaguez Preordenada: sujeito embriaga-se propositadamente para cometer um crime, incidindo sobre a pena uma circunstância agravante, prevista no art. 61, II, l, do Código Penal.

Sistema da embriaguez na legislação brasileira 1 - NÃO ACIDENTAL: Voluntária: Completa: artigo 28, II - não exclui a imputabilidade; Incompleta: artigo 28, II - não exclui a imputabilidade; Culposa: Completa: artigo 28, II - não exclui a imputabilidade; Incompleta: artigo 28, II - não exclui a imputabilidade; 2 - ACIDENTAL: Proveniente: Caso Fortuito: Completa: artigo 28, § 1° - exclui a imputabilidade; Incompleta: artigo 28, § 2° - o agente responde pelo crime c om atenuação de pena; Força Maior: Completa: artigo 28, § 1° - exclui a imputabilidade; Incompleta: artigo 28, § 2° - o agente responde pelo crime c om atenuação de pena; 3 - PATOLÓGICA: artigo 26 caput, ou parágrafo único - exclui a imputabilidade ou causa a diminuição da pena. 4 - PREORDENADA: artigo 61, II, L - circunstância agravante.

Embriaguez voluntária ou culposa - actio libera in causa Não exclui a imputabilidade - a embriaguez - voluntária ou culposa - pelo álcool ou substância análoga. Assim , não só a embriaguez proveniente de álcool não exclui a imputabilidade, mas também a derivada de outras circunstâncias assemelhadas: , maconha, éter, ópio, etc.. ., sendo irrelevante que seja completa ou incompleta. Se o sujeito comete uma infração penal sob efeito de embriaguez, voluntária ou culposa, não há exclusão da imputabilidade e, por conseqüência, não fica excluída a culpabilidade. Se ele se embriaga , prevendo a possibilidade de praticar o crime e aceitando a produção do resultado - responde pelo delito a título de dolo - ou - se o sujeito prevendo a produção do resultado e esperando que não se reproduza, ou não o prevendo, mas devendo prevê-lo - responde pelo delito a título de culpa .

Embriaguez acidental: casos de exclusão da imputabi lidade e de diminuição da pena (§ 1º) Quando a embriaguez acidental : oriunda de caso fortuito ou força maior, é completa, em conseqüência da qual, ao tempo da ação ou da omissão, o agente era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento há causa de exclusão de imputabilidade Neste caso, o sujeito não responde pelo crime, em face da ausência de culpabilidade.- a sentença é absolutória - legislador acatou o sistema biopsicológico - Não é suficiente a embriaguez acidental completa, necessário é que em conseqüência dela o sujeito seja inteiramente incapaz de entender a ilicitude do fato e de determinar-se segundo esse entendimento - ausência de capacidade intelectiva ou volitiva . E suficiente um só dos efeitos.

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Requisitos da inimputabilidade na embriaguez aciden tal Requisito Causal: embriagues proveniente de caso fortuito ou força maior; Requisito Quantitativo: completa; Requisito Cronológico: ao tempo da ação ou omissão; Requisito Conseqüencial: ausência de capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se segundo esse entendimento.

Redução da pena Quando a embriaguez acidental : oriunda de caso fortuito ou força maior - é incompleta - não é causa de exclusão de imputabilidade - a sentença é condenatória - sujeito responde com pena atenuada - desde que haja redução de sua capacidade intelectiva ou volitiva. Não é necessário que a redução alcance a capacidade intelectiva e volitiva, sendo suficiente um dos efeitos. REDUÇÃO DA PENA: É obrigatória, não se tratando de simples faculdade. A expressão "pode" deve ser interpretada no sentido de que a lei confere ao juiz a tarefa de, apreciando as circunstâncias do caso concreto em face das condições exigidas, aplicar ou não a redução da pena. Assim, ele "pode", diante do juízo de apreciação, diminuí-la, se presentes os requisitos; ou deixar de fazê-lo, se ausentes.

Requisito da redução facultativa da pena na embriag uez acidental Requisito Causal: embriagues proveniente de caso fortuito ou força maior; Requisito Quantitativo: incompleta; Requisito Cronológico: ao tempo da ação ou omissão; Requisito Conseqüencial: redução da capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se segundo esse entendimento. Embriaguez simples: não exclui a imputabilidade: Embriaguez patológica: verifica nos predispostos, tarados, filhos de alcoólatras - são extremamente suscetíveis às bebidas alcoólicas . A embriaguez pode concorrer com a doença mental, ou anomalia psíquica - Nos dois casos, havendo exclusão da capacidade intelectiva ou volitiva - aplica-se o disposto no artigo 26 caput; se há redução dessas capacidades , aplica-se o que contém o art. 26, parágrafo único. Embriaguez preordenada : não há exclusão da imputabilidade - responde o agente por crime incide sobre uma circunstância agravante.

DA SANÇÃO PENAL - DAS PENAS PENA: sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, autor de uma infração penal - como retribuição (Característica) de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo o fim e evitar novos delitos. Finalidade : preventiva - no sentido de evitar novas infrações; pode ser: geral - fim intimidativo da pena, dirige-se a todos os destinatários da norma penal; especial: a pena visa o autor do delito, retirando-o do meio social, impedindo-o de delinqüir e procurando corrigi-lo. PENA: após a reforma de 1984 - passa a ter NATUREZA MISTA: retributiva e preventiva.

Caracteres da pena personalíssima - só atinge o autor do crime;

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sua aplicação é disciplinada; é inderrogável, no sentido de sua aplicação; é proporcional ao crime.

Classificação doutrinária da pena Corporais; Privativas de liberdade; Restritiva de liberdade; Pecuniárias; Privativa e Restritiva de direito;

Classificação da pena segundo a constituição feder al privação ou restrição de liberdade; perda de bens; multa; prestação social alternativa; suspensão ou interdição de direitos.

Classificação da pena segundo o código penal 1 - privativas de liberdade; reclusão; detenção. 2 - privativas de direito; prestação de serviço à comunidade; interdição temporária; limitação de fim semana. 3 – pecuniária. A Constituição, proíbe pena de morte , salvo em caso de guerra , trabalhos forçados, banimento e as cruéis. SISTEMA PENITENCIÁRIO: o de Filadélfia: cumpre a pena na cela - sem sair, salvo em casos esporádicos. o de Auburne: durante o dia o sentenciado trabalha em silêncio, junto com os outros , havendo isolamento durante a noite; Inglês ou progressivo: período inicial de isolamento - após o sentenciado trabalha com os demais presos - na última fase é posto em liberdade condicional. A reforma penal de 1984 - não adotou o sistema progressivo - mas um sistema progressivo - forma progressiva de execução - visando a ressocialização do criminoso. Condenado inicia o cumprimento da pena em regime fechado: 1 - trabalho comum no período diurno e isolamento noturno; 2 - transferência para os regimes semi-aberto e aberto, sucessivamente. 3 - livramento condicional; Aplicam-se as mesmas regras ao regime semi-aberto, exceto o isolamento noturno.

DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

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Regimes penitenciários, reclusão e detenção ESPÉCIES DE REGIME PENITENCIÁRIO: regime fechado; Artigo 33 - § 1° “a”; Considera-se regime fechado a execução da pena privativa de liberdade em estabelecimento de segurança máxima ou média regime semi-aberto; Artigo 33 - § 1° “b”; a execução da pena se faz em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar regime aberto. Artigo 33 - § 1° “c”; a execução da pena ocorre em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Penas Privativas de liberdade são: 1 - Reclusão; 2 - Detenção. - artigo 33 - caput Pena de Reclusão deve ser cumprida em regime: 1 - Fechado; 2 - semi-aberto; 3 - aberto - artigo 33, caput, 1ª parte. Pena de Detenção deve ser cumprida em regime: 1 - semi-aberto; 2 - aberto - artigo 33, caput, 2ª parte DIFERENÇA DA DETENÇÃO E RECLUSÃO: em relação ao regime de cumprimento da pena (caput do art. 33 do CP); no concurso material, a reclusão é executada em primeiro lugar (art. 69, caput); alguns efeitos da condenação só se aplicam à reclusão (art. 92, II); nas medidas de segurança, a internação é aplicável à reclusão; o tratamento ambulatorial, à detenção (art. 97, caput). No Código de Processo Penal: 1ª) fiança (art. 323, I); 2ª) prisão preventiva (art. 313, I e II). INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA PENA: Em atenção a uma forma progressiva de execução, de acordo com o mérito do condenado, o início do cumprimento da pena se dará da seguinte forma, nos termos do § 2º: o condenado a pena superior a oito anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado (al. a); o não - reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto (al. b); o não - reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto (al. c). Nas hipóteses b e c o condenado reincidente inicia o cumprimento da pena em regime fechado. Pena imposta por crime hediondo, de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo: Deve ser cumprida exclusivamente em regime fechado (art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072, de 25-7-1990), não se aplicando o art. 33, § 2º, b, do Código Penal. O STF já tinha entendimento nesse sentido quanto ao tóxico Trata-se de norma penal e não de processo penal. Por isso é irretroativa..

Regras do regime fechado Princípios que regem a execução da pena privativa de liberdade em regime fechado: No início do cumprimento da pena em regime fechado, o condenado será submetido a exame criminológico de classificação para a individualização da execução (caput). Fica sujeito a trabalho no período diurno e isolamento durante o repouso noturno (§ 1º). Dentro do estabelecimento, o trabalho será em comum, de acordo com as aptidões e ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena (§ 2º). É admissível o trabalho externo em serviços ou obras públicas (§ 3º).

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Preso provisório: Tem direito ao exame criminológico. Cadeia pública: Não serve para o cumprimento de pena de longa duração.

Regras do regime semi-aberto PRINCÍPIOS: O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (§ 1º). É admissível o trabalho externo, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior (§ 2º).

DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Espécies e regras Penas restritivas de direitos - previstas na Constituição Federal, são as seguintes: prestação de serviços à comunidade; interdição temporária de direitos; limitação de fim de semana. CLASSIFICAÇÃO : As penas restritivas de direitos podem ser: Comuns: empregadas em qualquer substituição (limitação de fim de semana e prestação de serviços à comunidade); Especiais: aplicáveis em determinados crimes (interdições de direitos). MOMENTO DA SUBSTITUIÇÃO: na sentença condenatória: vide art. 59, IV, do Código Penal; durante a execução da pena privativa de liberdade: vide art. 180 da Lei de Execução Penal. MULTA: É menos grave que as penas restritivas de direitos.

Condições do sistema vicariante Adotado pelo Código Penal o sistema das penas substitutivas, as restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, observadas as seguintes condições: é necessário que a pena privativa de liberdade imposta na sentença pela prática de crime doloso seja inferior a um ano (inc. I); cuidando-se de crime culposo, se igual ou superior a um ano, pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos, desde que exeqüíveis simultaneamente (art. 44, parágrafo único); que o réu não seja reincidente (inc. II); que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indiquem a suficiência da substituição (inc. III). Essas condições devem existir simultaneamente.

Conversão O primeiro caso de conversão ocorre quando, durante o cumprimento da pena restritiva de direitos, o sujeito vem a ser condenado, irrecorrivelmente, pela prática de crime, a pena privativa de liberdade, negado o sursis. Concedido este, não há conversão. Não é também possível a conversão quando imposta, pelo outro crime, pena que não seja privativa de liberdade. Não importa o tempo da prática do crime motivador da conversão, podendo ter sido cometido antes ou durante o cumprimento da pena restritiva de direitos. A segunda hipótese diz respeito ao descumprimento, sem justa causa, da restrição imposta.

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Outras hipóteses de conversão: A Lei de Execução Penal prevê outras causas de conversão. Tratando-se de prestação de serviços, ocorre a conversão quando o sujeito estiver em lugar incerto e não sabido, faltar ou se recusar a trabalhar, sem justa causa, ou praticar falta grave (art. 181, § 1º). Cuidando-se de limitação de fim de semana, haverá conversão em pena privativa de liberdade quando o executado não comparecer ao estabelecimento designado, estiver em lugar incerto e não sabido ou cometer falta grave (§ 2º). Por fim, haverá conversão da interdição temporária de direitos quando o condenado exercer, sem motivo justo, o direito interditado, ou estiver em lugar incerto e não sabido, ou, ainda, vier a sofrer condenação por outro crime, desde que imposta pena privativa de liberdade, negado o sursis (§ 3º). Forma de conversão: Faz-se pelo total da pena original. Suponha-se que, aplicada a pena de quatro meses de detenção, seja substituída por uma restritiva de direitos. Convertida, o condenado terá de cumprir os quatro meses de privação de liberdade, sendo proibida a detração penal.

Prestação de serviço a comunidade CP. Art. 46. A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas, durante 8 (oito) horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.

Interdição temporária de direitos CP . Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos são: I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. DISTINÇÕES: A proibição do exercício do cargo etc. não se confunde com a perda de função pública, cargo etc., que constitui efeito específico da condenação (CP, art. 92, I).

Fim de semana CP. Art. 48. A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Parágrafo único. Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. Quando não for possível, pelas condições materiais da Comarca, a execução da pena de limitação de fim de semana, o juiz deverá proceder à concessão do sursis (Lei n. 7.209, de 11-7-1984, que instituiu a nova Parte Geral do CP, art. 3º, parágrafo único).

DAS PENAS DE MULTA

Critérios de cominação Vários são os critérios apontados: parte da alíquota do patrimônio do agente: leva em conta o patrimônio do réu - estabelece uma porcentagem sobre os bens do condenado. renda: a multa deve ser proporcional à renda do condenado;

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dias-multa: leva em conta o rendimento do condenado durante um mês ou um ano, dividindo-se o montante por 30 ou 365. O resultado equivale ao dia-multa.

FIXAÇÃO DA MULTA CP. Art. 49. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. § 1º O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. § 2º O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. DIA-MULTA: A quantidade dos dias-multa não é cominada pela norma penal incriminadora, que só faz referência a multa. Deve ser fixada pelo juiz, variando de, no mínimo, dez dias-multa e, no máximo, trezentos e sessenta dias-multa (caput) . VALOR DO DIA-MULTA: Deve ser fixado pelo juiz na sentença, não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse salário (§ 1º). Multa simbólica ou de valor simplesmente decorativo : Não se concebe, uma vez que deve apresentar sentido punitivo.. Por ser de valor pequeno, porém, não se concebe que o juiz a declare extinta. Correção monetária e ultra-atividade; Entendeu-se que o § 2º é ultra-ativo. Crime de violação de direito autoral (§§ 1º e 2º do art. 184 do CP): Não se aplica o sistema do dia-multa, tendo o legislador da Lei n. 8.635, de 16 de março de 1993, optado pelo sistema do valor fixo em moeda corrente. Ao caput do art. 184, entretanto, incide o critério do dia-multa. Critério temporal da fixação do valor do dia-multa: Data do fato.

Pagamento da multa CP. Art. 50. A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. § 1º A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: a) aplicada isoladamente; b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; c) concedida a suspensão condicional da pena. § 2º O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família.

Solvência e insolvência do condenado, conversão da multa em detenção O não-pagamento da multa pode encontrar o condenado em duas situações: 1 - Preso : aplica-se o caput do artigo 170 da LEP; com observação do artigo 168, da mesma lei. Se solvente o condenado, e não tendo sido paga a multa, aplica-se o artigo 164. 2 - Em Liberdade: podem ocorrer: cumpriu pena privativa de liberdade e não pagou a multa - artigo 170 da LEP, § 1°, 1ª parte; obteve livramento condicional sem haver resgatado a multa - artigo 170 da LEP, § 1°, 2ª parte; foi imposta exclusivamente a pena de multa - CP . ART . 50, § 1°, “a”; o sujeito foi condenado a pena privativa de liberdade e multa, tendo sido favorecido pelo sursis, sem, entretanto, haver pago a sanção pecuniária - artigo 170 da LEP, § 2°; a multa foi aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos - CP . ART . 50, § 1°, “b”;

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Nesses casos, acima, é necessário verificar-se se o condenado é solvente ou insolvente . Nesta hipótese, insolvência, se é absoluta ou relativa . CONDENADO, SOLVENTE E EM LIBERDADE : LEP: artigo 164; artigo 165, artigo 166, artigo 179. Condenado, Insolvente e em liberdade: Absolutamente insolvente: é o que não pode pagar multa sem prejuízo dos recursos indispensáveis ao seu sustento e ao de sua família. Aguarda-se que a situação econômica venha a permiti-lo. De observar-se que corre prazo prescricional durante o período em que a execução não tem início ou é sobrestada. Relativamente insolvente: artigo 50 CP.

Conversão da multa EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA: Transitada em julgado a sentença condenatória, o valor da pena de multa deve ser inscrito como dívida ativa em favor da Fazenda Pública. A execução não se procede mais nos termos dos arts. 164 e s. da LEP: deixa de ser atribuição do Ministério Público A execução passa a apresentar caráter extrapenal, a ser promovida pela Fazenda Pública. Note-se que a multa permanece com sua natureza penal, subsistindo os efeitos penais da sentença condenatória que a impôs. A execução é que se procede em termos extrapenais. Em face disso, a obrigação de seu pagamento não se transmite aos herdeiros do condenado. CONVERSÃO DA MULTA EM DETENÇÃO: FOI TACITAMENTE PRO IBIDA pela Lei n. 9.268, de 1º de abril de 1996, que deu nova redação ao art. 51 deste Código.. Fundamento: o não-pagamento da multa atuava, muitas vezes, como fato mais grave do que o delito cometido pelo condenado. Para o crime, a multa tinha sido suficiente; para o inadimplemento, a resposta penal era de maior gravidade, qual seja, a pena privativa de liberdade.

Deve ser suspensa a execução se sobrevêm ao condena do doença mental É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental.

DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Introdução As Penas e as Medidas de Segurança: constituem as duas formas de sanção penal. Pena: é retributiva-preventiva, tendendo a readaptar socialmente o delinqüente; Medida de Segurança : natureza essencialmente preventiva, no sentido de evitar que um sujeito que praticou um crime e se mostra perigoso venha a cometer novas infrações penais. PENAS MEDIDA DE SEGURANÇA Natureza retributiva preventiva Natureza preventiva São proporcionais à gravidade da infração

A proporcionalidade fundamenta-se na periculosidade do sujeito.

Ligam-se ao sujeito pelo juízo de culpabilidade (reprovação social).

Juízo de periculosidade.

São fixas. São indeterminadas, cessando com o desaparecimento da periculosidade do sujeito.

São aplicáveis aos imputáveis e semi-responsáveis

Não podem ser aplicadas aos absolutamente imputáveis.

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Conceito de periculosidade É a potência, a capacidade, a aptidão ou a idoneidade que um homem tem para converter-se em causa de ações danosas.

Fatores e indícios de periculosidade A verificação da periculosidade se faz por intermédio de um juízo sobre o futuro, a contrário da culpabilidade, que se projeta sobre o passado. Para essa verificação , o juiz vale-se de; Fatores ou elementos: que atuando sobre o indivíduo, o transformam nesse ser com a probabilidade de delinqüir. Fatores internos ou externos - condições físicas ou morais. Indícios ou sintomas: que são os antecedentes criminais, civis ou administrativos, os motivos determinantes da prática delituosa e suas circunstâncias.

Pressupostos de aplicação A prática de fato descrito como crime: A periculosidade do sujeito: Ao tratar-se de agente semi responsável, não é suficiente que tenha cometido o fato típico - deve ser antijurídico, e ele (o agente), culpado. Faltando um desses requisitos: tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade do sujeito, não se impõe medida de segurança. Absolvição por ausência de dolo: Inculpabilidade: A ausência da culpabilidade na hipótese do art. 26, caput, não impede a aplicação da medida de segurança, pois ela é substituída pelo juízo de periculosidade. Ao contrário da legislação anterior , não se impõe medida de segurança: aos autores de crime impossível (CP, art. 17) , de participação impunível (art. 31). IMPUTÁVEIS: Não estão sujeitos à medida de segurança.

Periculosidade real e presumida REAL: quando ela deve ser verificada pelo juiz - Como nos casos dos semi-responsáveis; É o caso do art. 26, parágrafo único, do Código Penal. PRESUMIDA: nos casos em que a lei presume independente da periculosidade real do sujeito. (presunção absoluta, invencível). É a hipótese do art. 26, caput, do Código Penal. Inimputáveis por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CP, art. 26, "caput"): A reforma penal de 1984 presume a sua periculosidade (CP, art. 97).

Espécies de medida de segurança DETENTIVA: internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ou em outro estabelecimento adequado; RESTRITIVA: consiste em sujeição de tratamento ambulatorial.

Imposição de medida de segurança ao inimputável A nova Parte Geral do Código Penal somente permite a imposição de medidas de segurança aos inimputáveis e aos semi-responsáveis. Não é cabível a imposição aos imputáveis. Tratando-se de inimputável: (salvo menoridade penal ) não se aplica a medida de segurança se estiver acobertado por causa de exclusão de antijuridicidade - a ausência da culpabilidade , porém, não impede a aplicação da medida, já que é substituída pelo juízo da periculosidade. Se o agente for inimputável (CP, art. 26, caput), o juiz determinará sua internação (periculosidade presumida). Se, contudo, a pena abstrata prevista para o crime por ele cometido for de detenção , poderá submetê-lo a medida de segurança restritiva e não detentiva, que é a sujeição a tratamento ambulatorial (art. 97, caput, 2ª parte).

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A internação é obrigatória Prazo: O prazo da internação ou do tratamento ambulatorial será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo será de um a três anos (§ 1º). DESINTERNAÇÃO E LIBERAÇÃO: distinção Desinternação: ocorre quando se extingue a internação em hospital etc. Liberação: quando termina o tratamento ambulatorial. Natureza da liberação ou desinternação: Será sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior se o sujeito, antes do decurso de um ano, vier a cometer fato indicativo da persistência de periculosidade (§ 3º).

Sistema vicariante SISTEMA VICARIANTE : Se o agente for semi-responsável, nos termos do parágrafo único do art. 26 do Código Penal, e tiver cometido um fato típico e antijurídico, deverá ser aplicado o sistema vicariante: pena reduzida ou medida de segurança . Sistema do duplo binário: FOI EXTINTO. REGRAS: Desde que o sujeito semi-responsável necessite de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade deve ser substituída pela medida de segurança detentiva (internação) ou restritiva (tratamento ambulatorial), pelo prazo mínimo de um a três anos, aplicando-se as regras do art. 97 e seus parágrafos. Internação ou tratamento ambulatorial : A decisão que determina a substituição deve ser fundamentada. Prazo da medida: É por tempo indeterminado, com prazo mínimo de um a três anos. TÓXICO (LEI N. 6.368/76): Semi-responsável (CP, art. 26, parágrafo único). O juiz pode aplicar pena e internação hospitalar (art. 8º da lei especial). Não se aplica o art. 98 do Código Penal. Internação hospitalar da Lei Antitóxicos: Não é medida de segurança. Prazo do tratamento ambulatorial da Lei Antitóxicos : Não está subordinado ao do Código Penal (art. 98). Cessa uma vez ocorrida a cura, levando-se em conta o prazo da sentença como limite máximo.

Extinção da punibilidade Extinta a punibilidade(art. 107), - não se impõe medida de segurança, nem subsiste a que tenha sido imposta. (art. 96, parágrafo único). A extinção da punibilidade pode ocorrer antes ou depois da sentença irrecorrível. Se o Estado não tem mais o direito de punir, não podendo impor a pena, com mais razão não deve impor ou executar a medida de segurança.

A PENA E AS CIRCUNSTÂNCIAS

Circunstâncias e elementares do crime CRIME possui dois requisitos: fato típico; antijurídico. Ao lado deles fala-se em elementos específicos - as várias formas pelas quais aqueles elementos genéricos se expressam nos diversos tipos penais - são as elementares. CIRCUNSTÂNCIA: é todo o fato ou dado que se encontra ao redor do delito - dado eventual, que pode existir ou não, sem que o crime seja excluído. Ex.: matar alguém - as elementares estão contidas na definição.

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Ao lado dos elementos que compõe o crime, podem concorrer certos dados ou fatos, de natureza objetiva ou subjetiva, com função específica de aumentar ou diminuir a pena. Não incidem sobre a qualidade do crime, mas sobre a quantidade da pena. Ex.: motivo de relevante valor moral ou social no homicídio. Como distinguir uma elementar de uma circunstância: o critério é de exclusão, conforme dois princípios: 1 - PRINCÍPIO: se diante da figura típica - exclui-se determinado elemento, o crime desaparece ou surge outro - estamos diante de uma elementar. A ausência de elementar causa dois efeitos: Atipicidade absoluta: a ausência de elementar exclui o crime de que se trata e qualquer outra infração penal - atipicidade absoluta. Ex.: no crime de prevaricação, excluída a qualidade de funcionário público do autor desaparece o delito de que se trata e não surge outra infração penal. Atipicidade relativa : a ausência da elementar exclui o crime considerado, operando-se desclassificação para outro delito. Ex.: no crime de peculato excluída a qualidade de funcionário público do autor, desaparece o delito considerado, surgindo a apropriação indébita. 2 - PRINCÍPIO: quando excluindo-se certo dado, não desaparece o crime considerado, não surgindo outro, estamos em face de uma circunstância - esta tem função de aumentar ou de diminuir a pena, a sua ausência não exclui o delito e nem o faz surgir outro, permanecendo o crime considerado em sua forma fundamental. Ex.: motivo de relevante valor moral, excluindo-se o motivo o tipo permanece em sua forma fundamental o crime não desaparece - não subsistindo figura criminal com outro nomem juris.

Posição das circunstâncias na teoria do crime e da sanção penal As circunstâncias colocam-se entre o crime e a pena, permitindo a graduação desta. Não pertence exclusivamente a teoria do crime nem a teoria da pena. Constituem dados de ligação entre um e outra, permitindo melhor individualização da sanção penal.

Classificação As circunstâncias podem ser: objetivas ou reais: são as que se relacionam com os modos e meios de realização da infração penal, tempo, ocasião, lugar, objeto material e qualidades da vítima. subjetivas ou pessoais: são as que só dizem respeito à pessoa do agente , sem qualquer relação com a materialidade do crime, como os motivos determinantes, suas condições ou qualidades pessoais e relações com o ofendido. CIRCUNSTÂNCIAS - Objetivas ou Subjetivas: 1 - JUDICIAIS: artigo 59, caput 2 - LEGAIS: GENÉRICAS - Parte Geral do Código: agravantes: artigos 61 e 62; atenuantes: artigo 65; causas de aumento ou de diminuição de pena: ex.: artigos 28 § 2°, 60 § 1°. ESPECIAIS OU ESPECÍFICAS - Parte Especial do Código. qualificadora: Ex.: artigos 121 § 2°, 155 § 4°..... causa de aumento ou de diminuição da pena : Ex.: artigo 121 § 4°, 129 § 4°... As circunstâncias ainda podem ser; antecedentes - embriaguez preordenada - artigo 61, II, L; concomitantes - crueldade - artigo 61, II, d; supervenientes - reparação do dano - artigo 65, II, b, última figura.

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Circunstâncias judiciais CP. Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Essa é a norma mais importante do Código Penal, são as chamadas circunstâncias judiciais, que auxiliam o juiz na verificação da culpabilidade do sujeito. São denominadas judiciais já que o seu reconhecimento é deixado ao poder discricionário do juiz. PRESSUPOSTO: A imposição da pena está condicionada à culpabilidade do sujeito . Na fixação da sanção penal, sua qualidade e quantidade estão presas ao grau de censurabilidade da conduta (culpabilidade). A periculosidade constitui pressuposto da imposição das medidas de segurança. OPERAÇÕES NA APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE: quando o preceito secundário da norma incriminadora comina penas alternativas, o juiz deve escolher uma delas com fundamento nas circunstâncias judiciais previstas no caput; quando a pena é única ou o juiz já escolheu uma dentre as cominadas alternadamente, passa à operação determinada pelo art. 59, II: fixa, dentro dos limites legais, a quantidade da aplicável à espécie. Quando as penas são alternativas e o juiz as cumula , a sentença é nula. Se escolhe a mais grave, deve fundamentar. QUANDO INCIDE UMA QUALIFICADORA: A segunda operação não sofre alteração. Exemplo: crime de furto qualificado (art. 155, § 4º), em que a pena é de reclusão, de dois a oito anos. O juiz, levando em conta as circunstâncias judiciais, fixa a pena privativa de liberdade entre os limites da cominação legal, podendo ser de dois até oito anos de reclusão. REGIME PRISIONAL : Cumpre ao juiz determinar o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 59, III), obedecido o princípio da detração penal (art. 42), e, se for caso, aplicar o sistema das penas substitutivas (inc. IV). RETRIBUIÇÃO E PREVENÇÃO : O caput diz que compete ao juiz, na fixação da pena, atender às circunstâncias judiciais, "conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime". Assim, impõe-se a pena "necessária" para atender ao grau de reprovação da conduta. E ela deve ser "suficiente" para prevenir o crime (prevenção genérica e específica). Não basta, porém, mera referência à necessidade, exigindo-se que a sentença seja motivada. SUBSTITUIÇÃO : Compete ao juiz, na fixação da pena, atender ao sistema da substituição adotado pelo Código Penal (arts. 44 e 60, § 2º).

Circunstâncias agravantes GENERALIDADES: São circunstâncias agravantes da pena, de aplicação obrigatória. São de aplicação restrita, não se admitindo ampliação. No artigo 61, aplica-se o advérbio .... “sempre”.... em face do que as agravantes são em regras de aplicação obrigatória - o juiz não pode deixar de agravar a pena - ficando o quantum da agravação ao seu livre arbítrio, calcado nas circunstâncias do caso concreto e nos dados inerentes à pessoa do agente. Há um caso em que as circunstâncias agravantes não têm incidência: quando a pena-base foi fixada no máximo. Elas não podem agravar a pena além do máximo abstrato As circunstâncias agravantes, conforme o art. 61, caput, “....sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime....”, assim, podem funcionar como:

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ELEMENTARES: correspondem aos elementos específicos do crime. Quando uma das circunstâncias agravantes funciona como elementar ou como circunstância qualificadora não se aplica a agravação do artigo 61 - de outra forma haveria bis in idem - se a circunstância constitui elemento do tipo, não há motivo para agravação da pena. Ex.: sujeito pratica o crime de abandono material contra o filho de seis anos de idade - artigo 244 - Não incidem as figuras do artigo 61, II “e” (descendente) e “h” (crime cometido contra a criança) pois elas constituem o tipo do artigo 244, fala em, “abandonar sem justa causa filho menor de 18 anos” . CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICADORAS DO CRIME: para que incidam as circunstâncias agravantes do artigo 61, II, é necessário que o agente conheça os fatos ou elementos que a constituem. O rol das agravantes é taxativo, não se admitindo ampliação. Há um caso em que as circunstâncias agravantes não têm incidência: quando a pena-base foi fixada no máximo. Ela não pode agravar a pena além do máximo abstrato. Assim a expressão sempre agravam, não têm aplicação absoluta. A pena de multa não sofre majoração em face de militarem contra o agente circunstâncias agravantes do artigo 61 e 62 .

Comentários sobre as agravantes: artigo 61, II MOTIVO FÚTIL (II, "a"): desproporção entre o motivo e a prática do crime; Tratando-se de crime de homicídio, o Código o prevê como qualificadora (art. 121, § 2º, II). É o vazio de motivação. Ciúme: Não tem sido reconhecido como motivação fútil. Emoção: Se cometido o crime sob o impulso de violenta emoção, exclui-se a futilidade. MOTIVO TORPE (II, "a"): é o repugnante que contrasta com a moral média. Ele também funciona como circunstância qualificadora do crime de homicídio (art. 121, § 2º, I). CRIMES CONEXOS : Pode ser: Conexão teleológica ou ideológica: Ocorre quando um crime é praticado para assegurar a execução de outro. Os dois delitos permanecem ligados pelo laço de causa e efeito, aplicando-se a regra do concurso material (art. 69, caput). Para que vigore a circunstância é irrelevante a efetivação da intenção criminosa quanto ao crime-fim, isto é, não importa que não tenha sido sequer tentado (hipótese em que não há concurso). Conexão conseqüencial: Existe quando um crime é cometido para assegurar a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro. Ocultação e impunidade : Não se confundem. Na primeira, o crime-meio tem por fim o fato criminoso; o agente pretende que o delito não seja conhecido. Na segunda, tem-se em vista o agente; o fato não é ocultado, mas sim é realizada a conduta para que o autor do crime-fim não seja conhecido Conexão ocasional : Ocorre quando um crime é cometido por ocasião da prática de outro. Não é agravante genérica. TRAIÇÃO(II, "c") : é a deslealdade, perfídia, com que é cometido o fato criminoso. É a forma insidiosa de execução, não se tratando de meio insidioso, referido em outra alínea. EMBOSCADA (II, "c") : é a tocaia, fato de o agente esperar dissimuladamente a vítima no local de sua passagem para o cometimento do crime. SURPRESA : Apresenta semelhança com a emboscada, a dissimulação e a traição. Nela, a vítima não tem razões para esperar a prática delituosa. DISSIMULAÇÃO : é o escondimento da vontade ilícita para apanhar o ofendido desprevenido. Admite o emprego de disfarce ou outra forma destinada a apanhar a vítima indefesa. MEIO INSIDIOSO (II, "d"): É o camuflado em sua eficiência maléfica. MEIO CRUEL (II, "d"): é o que aumenta o sofrimento do ofendido ou revela uma brutalidade fora do comum ou em contraste com o mais elementar sentimento de piedade. MEIO DE QUE PODIA RESULTAR PERIGO COMUM (II, "d") É o meio que, além de permitir seja atingida ou posta em perigo a vítima, coloca em situação de perigo um número indeterminado de pessoas. O Código contenta-se com a possibilidade do perigo comum ("podia resultar perigo comum").Constituindo o fato crime de perigo comum, haverá concurso formal de delitos: crime praticado

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pelo agente contra a vítima, com a agravante, e crime contra a incolumidade pública (arts. 250 e s.). A circunstância agravante não é absorvida pelo crime de perigo comum. ASFIXIA: Não é mais agravante genérica, podendo configurar meio cruel ou insidioso. VENENO, FOGO, EXPLOSIVO E TORTURA: . RELAÇÕES DE PARENTESCO E DE CASAMENTO (II, "e"): arrola circunstâncias referentes às relações entre o agente e a vítima - não importa que o parentesco seja legítimo ou ilegítimo . O resultante da adoção , entretanto, não agrava a pena. Trata-se de posição pessoal. CÔNJUGE (II, "e"): Quanto ao cônjuge, persiste a circunstância enquanto a separação judicial , pois não retira a qualidade pessoal, o que não ocorre com o divórcio , onde se rompe o vínculo conjugal. ABUSO DE AUTORIDADE (II, "f"): indica o exercício ilegítimo da autoridade no campo privado, como relações de tutela, curatela, de ofício, de hierarquia eclesiástica, etc.. Não abrange o setor público: RELAÇÕES DE COABITAÇÃO (II, "f"): Relações domésticas indicam as ligações entre membros da família, entre criados e patrões, amigos da família etc. Indicam as ligações de convivência entre pessoas sob o mesmo teto. RELAÇÕES DE HOSPITALIDADE (II, "f"): A expressão indica a estada de alguém na casa alheia, sem que seja caso de coabitação, como, por exemplo, convite para refeição, visitas etc. Intimidade ou permanência demorada: Não são exigidas . Basta a "cortesia social da vítima". ABUSO DE PODER OU VIOLAÇÃO DE DEVER FUNCIONAL (II, "g"): O sujeito deve exercer cargo ou ofício público, vindo a praticar o delito com abuso de poder ou violação de obrigação inerente à sua atividade. De observar-se que o crime não deve ser funcional típico. VIOLAÇÃO DE DEVER INERENTE A OFÍCIO OU PROFISSÃO (II, "g"): Vigia noturno e abuso de confiança no furto MINISTÉRIO (II, "g"): A agravante diz respeito à atividade religiosa. CRIANÇA (II, "h"): O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 2º, diz que deve ser considerada criança a pessoa até os doze anos de idade incompletos (Lei n. 8.069, de 13-7-1990). O texto não pode ser levado em conta como norma definidora da expressão penal "criança", mas sim como elemento meramente interpretativo. VELHO (II, "h"): ENFERMO (II, "h"): É o estado em que um indivíduo, com desarranjo, ou sem ele, na disposição material ou psíquica do corpo, não exerce determinada função ou a exerce de modo imperfeito ou irregular. Extensão: São enfermos: o cego e o paraplégico. MULHER GRÁVIDA (II, "h", parte final): a circunstância deve estar abrangida pelo conhecimento do sujeito, admitindo-se dolo direto e eventual. Direto: quando tem plena consciência da gravidez da vítima. Eventual: quando, não tendo pleno conhecimento, tolera e lhe é de pouca importância a circunstância ("pouco me importo se está grávida ou não"). A falta de conhecimento conduz ao erro de tipo (art. 20 deste Código). A circunstância é inaplicável ao crime de aborto. PROTEÇÃO DA AUTORIDADE (II, "i"): Crime contra detento: Incide a agravante. CRIME COMETIDO EM OCASIÃO DE INCÊNDIO, NAUFRÁGIO, INUNDAÇÃO OU CALAMIDADE PÚBLICA OU DE DESGRAÇA PARTICULAR DO SUJEITO PASSIVO (II, "j"): Falta de solidariedade humana: São casos em que, não causada pelo agente, este se aproveita da situação para cometer o delito, agravando-se a pena em face da ausência de solidariedade humana. EMBRIAGUEZ PREORDENADA (II, "l"): As agravantes do artigo 61 II, (exceto a reincidência,) são aplicáveis somente aos delitos dolosos. As circunstâncias do artigo 61, são objetivas ou subjetivas: Objetivas: as do inciso II: alíneas: c, d (salvo meio cruel), h, i, j . Subjetivas : a do inciso I - reincidência , as do inciso II: a, b, l, d (meio cruel - 7ª figura), e, f, g . ESCUSA ABSOLUTÓRIA : Às vezes a circunstância agravante funciona na Parte Especial como escusa absolutória. É o que ocorre com a relação de parentesco e de casamento (II, e), erigida à condição de causa de isenção de pena nos delitos contra o patrimônio (art. 181, I e II). Aplicação dupla: A mesma circunstância não pode operar duas vezes, uma como agravante e outra como judicial. "Quantum" da agravação : Não pode elevar a pena além do máximo legal abstrato.

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Contravenções: Sobre a pena delas não recaem as agravantes genéricas, salvo a reincidência. Dolo abrangente: A circunstância agravante deve ser alcançada pelo dolo do sujeito. Assim. ex., a circunstância de a vítima encontrar-se grávida (alínea h, parte final) deve ser do conhecimento do agente.

Agravantes no caso de concurso de pessoas – art. 62 PROMOÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO DA ATIVIDADE CRIMIN OSA (I):" Promove a cooperação no crime" quem tem a idéia da prática criminosa e a iniciativa de sua realização. É o autor intelectual. "Organiza a cooperação no crime" quem, com antecedência, elabora o plano de atividade, de forma que cada um encontra no programa a eficácia da empresa delituosa. "Dirige a atividade dos demais agentes" aquele que articula e fiscaliza a empresa, controlando a sua execução. INDUZIMENTO OU COAÇÃO À EXECUÇÃO MATERIAL DO CRIME (II): Trata-se de coação física ou moral, resistível ou irresistível. No que tange ao autor principal, a espécie de coação tem relevância. Em se tratando de coação física irresistível, o coato não pratica fato típico, não podendo haver participação (o coator é considerado autor). Quando há coação física resistível, o coato comete fato típico, incidindo uma atenuante genérica. Neste caso, existe participação. Se a coação é moral e irresistível, o autor principal não é punido em face da excludente da culpabilidade prevista no art. 22. Se moral e resistível, responde pelo crime. Nos casos, o coator responde por dois crimes: pelo crime cometido pelo coato, com a pena agravada, e por constrangimento ilegal (art. 146), em concurso formal. Em todas as hipóteses, seja física ou moral, a coação, resistível ou irresistível, incide a agravante sobre a pena a ser imposta ao coator. RELAÇÃO DE AUTORIDADE : O Código agrava a pena em relação ao partícipe que determina ou instiga a cometer o crime autor sujeito à sua autoridade. Essas relações são de ordem pública ou particular (exercício de autoridade pública ou particular). É a participação conhecida por abuso de autoridade, compreendida não só a resultante de uma relação de direito público, como a que advém das relações privadas, como a doméstica, profissional, religiosa, docente, desde que haja efetivamente operado, pelo influxo psicológico, a decisão ou movimentação do autor material. Este só não é punido se, tratando-se de relação de direito público, pratica o fato em obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico (art. 22, 2ª parte). AUTOR IMPUNÍVEL: A lei agrava a pena em relação ao agente que determina ou instiga a cometer o crime alguém não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal (inc. III, in fine). Trata-se de punir mais severamente o agente da determinação ou instigação exercidas contra pessoa penalmente incapaz, conhecendo a circunstância. RESTRIÇÃO DO INC. III: Falando em determinar ou instigar alguém a "cometer o crime", a agravante genérica só é aplicável aos delitos dolosos. É possível que uma pessoa, mediante comportamento culposo, converta-se em causa involuntária de um crime doloso. Em tal caso, o determinante culposo não é partícipe do crime cometido pelo autor direto. PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA (IV) : A pena é agravada em relação ao agente que executa o crime, ou nele participa mediante paga ou promessa de recompensa. Pune-se mais severamente o delinqüente mercenário, levado ao crime por motivo torpe. Agrava a pena do partícipe não só o prévio recebimento de qualquer vantagem, dinheiro, perdão de dívida, promoção em emprego, como também o proveito em expectativa. Não é necessário que o partícipe seja realmente recompensado.

Reincidência Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. CONCEITO E FORMA: Reincidência significa, recair repetir o ato. Repetir a prática do crime. A doutrina apresenta duas formas de reincidência: Reincidência Real: ocorre quando o sujeito pratica a nova infração após cumprir, total ou parcialmente, a pena imposta em face do crime anterior. Reincidência Ficta: ocorre quando o sujeito comete novo crime após haver transitado em julgado sentença que o tenha condenado por delito anterior. Nosso Código Penal, aceitou essa reincidência.

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PRESSUPOSTO: A reincidência pressupõe uma sentença condenatória transitada em julgado por prática de crime. Há reincidência somente quando o novo crime é cometido após a sentença condenatória transitada em julgado (de que não cabe mais recurso). Data a partir da qual a reincidência produz efeitos : Da prática do novo crime e não do trânsito em julgado da sentença condenatória que o julgou.. PROVA DA CONDENAÇÃO ANTERIOR : É necessária a comprovação do trânsito em julgado da sentença condenatória anterior, com menção da data em que se tornou irrecorrível. Não bastam: a informação da autoridade policial; informação da folha de antecedentes; ofício do Juízo das Execuções; confissão do réu em juízo; Bastam à prova da reincidência: ofício assinado por autoridade judiciária e telegrama do juiz. CRIMINOSO PRIMÁRIO: é não só o que foi condenado pela primeira vez, como também o que foi condenado várias vezes, sem ser reincidente, ou seja, não cometeu nenhum delito após ter sido condenado com a sentença transitada em julgado. É o que, na data da sentença ou decisão que aprecia algum benefício, não tem condenação anterior irrecorrível. O sujeito comete um crime no dia 10 de janeiro, vindo a praticar outro no dia 12 de janeiro: não é reincidente (trata-se de reiteração criminal); O sujeito comete um crime; no transcorrer da ação penal, vem a cometer outro: não é reincidente; O sujeito pratica um crime, sendo condenado, recorre; enquanto os autos se encontram no Tribunal, vem a cometer outro: não é considerado reincidente O agente, condenado irrecorrivelmente pela prática de um crime, vem a cometer outro delito: é reincidente (CP, art. 63) O sujeito, condenado irrecorrivelmente pela prática de um crime, dias após pratica novo delito: é considerado reincidente O agente condenado por um crime , com trânsito em julgado da sentença , que comete nova contravenção , é considerado reincidente. O sujeito comete uma contravenção; é condenado por sentença irrecorrível; pratica um crime: não é reincidente (CP, art. 63). A condenação irrecorrível anterior deve ter fundamento na prática de um crime e não contravenção. Note-se que o art. 63 fala em "crime anterior" e não em "infração anterior", que abrange crime e contravenção (LCP, art. 7º). O crime anterior pode ter sido cometido no Brasil ou no estrangeiro, neste último, a sentença estrangeira não precisa ser homologada. RÉU QUE OBTEVE A OBTENÇÃO DO SURSIS, EM RELAÇÃO AO CRIME ANTERIOR : Vindo a cometer novo crime será considerado reincidente, exceção feita às hipóteses do art. 64, I e II, do Código Penal. O sursis é forma de execução da pena privativa de liberdade, não excluindo os efeitos da sentença condenatória com trânsito em julgado. Se o agente é FAVORECIDO POR LEI SUPRESSIVA DE INCRIMINAÇÃO, OU AINDA, PELA ANISTIA, vindo a cometer novo crime após a extinção da punibilidade por essas causas , não será considerado reincidente. Se a extinção da punibilidade ocorreu antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, não há falar-se em reincidência diante da prática de novo crime. É que a reincidência pressupõe sentença condenatória irrecorrível. Se esta não existiu, não há a recidiva. Entretanto, se a extinção da punibilidade ocorreu após o trânsito em julgado da sentença condenatória, a prática do novo crime forjará a reincidência, salvo a hipótese do inc. I do art. 64 MULTA ANTERIOR : Tratando-se de contravenção anterior, não há reincidência, uma vez que, nos termos do art. 63, exige-se crime antecedente. Cuidando-se, porém, de crime anterior, existe a reincidência . É que a disposição fala em "crime anterior", não especificando a espécie de pena. No sentido de que a multa anterior, por crime, gera a reincidência. EFEITOS DA REINCIDÊNCIA Agrava a pena: No concurso de agravantes, constitui “circunstância preponderante”:

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Impede a concessão da suspensão condicional da execução da pena: Aumenta o prazo de cumprimento da pena para a obtenção do livramento condicional Aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória: Interrompe a prescrição Impede algumas causas de diminuição de pena. EFICÁCIA TEMPORAL DA CONDENAÇÃO Adotou o legislador brasileiro o sistema da reincidência ficta, exige-se apenas que o novo delito seja praticado após o trânsito em julgado da condenação anterior. Entre nós a condenação irrecorrível constitui o fundamento e o pressuposto básico da recidiva. Sistemas a respeito da eficácia temporal da condenação: anterior para efeito da reincidência: Sistema da perpetuidade: não importa o lapso temporal entre o termo a quo e a prática de novo crime Sistema da temporariedade : não a reincidência quando entre o termo a quo e a prática do novo delito medeia um período determinado. Sistema Misto: embora inclinado à perpetuidade, permite a atenuação da agravação resultante da recidiva em proporção ao tempo decorrido: quanto maior o tempo entre a condenação anterior e a prática do novo crime, menor é agravação da segunda pena. O código adotou a orientação das legislações modernas no sentido de tornar temporário o efeito da condenação anterior. e políticos . Prazo de 5 anos . Termo inicial do prazo: O termo a quo do prazo de cinco anos é a data: do cumprimento da pena: de reclusão, detenção, prisão simples, restritiva de direitos ou multa. Quando impostas cumulativamente, como ex.: reclusão e multa, cumprida a primeira e não satisfeita a segunda, o prazo ainda não começa a correr. Isso só ocorrerá quando o condenado efetuar o pagamento da sanção pecuniária. Se paga em parcelas mensais - o prazo se conta do pagamento da última prestação. de sua extinção por outra causa: cuida-se de caso em que há extinção da pretensão executória, prescrição, graça, indulto - salvo a anistia e a abolitio criminis . do início do período de prova do sursis ou do livramento condicional sem revogação: o prazo começa na data da audiência admonitória. SISTEMA DE CONTAGEM DO PRAZO: O qüinqüênio deve ser contado de acordo com a regra do artigo 10 do CP, incluindo-se o dia do começo. Ex.: o réu cumpre pena privativa de liberdade, no dia 6 de janeiro de 1980 é posto em liberdade. O decurso de prazo de cinco anos ocorrerá no dia 5 de janeiro de 1985, ás 24 horas.

Circunstâncias atenuantes As circunstâncias atenuantes são de aplicação em regra obrigatória, pois o caput reza: "são circunstâncias que sempre atenuam a pena..." (grifo nosso). O quantum da atenuação fica a critério do juiz. Entretanto, há um caso em que as circunstâncias atenuantes não tem incidência: quando a pena-base foi fixada no mínimo legal. - não podem atenuar além do mínimo abstrato. É possível que a atenuante do artigo 65 funcione na Parte Especial do CP, como causa de diminuição da pena. Neste caso a atenuação genérica não tem aplicação . Ex.: circunstância do relevante valor moral ou social (III, a) integra o homicídio privilegiado (artigo 121, § 1°). Incidência : Sobre a pena-base (CP, arts. 59 e 68). IDADE DO AGENTE - AGENTE MENOR DE 21 OU MAIOR DE 70 ANOS (I): DESCONHECIMENTO DA LEI (II): a simples alegação de ignorância formal da lei não escusa. Pode, entretanto, reduzir genericamente a pena. MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL OU MORAL (III, "A" ): O motivo de relevante valor social ocorre quando a causa do delito diz respeito a um interesse coletivo. A motivação é ditada em face de um interesse que diz respeito a todos os cidadãos de uma coletividade. O motivo de relevante valor moral já diz respeito a um interesse particular. DIMINUIÇÃO DOS EFEITOS DO CRIME (III, "b"): Não é arrependimento eficaz, que exclui a adequação típica (art. 15). No arrependimento ativo, o sujeito impede que o resultado seja produzido,

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não respondendo nem por tentativa (salvo os atos anteriores). Na atenuante, a disposição determina que a conduta do arrependimento deve ser realizada "logo após o crime", pressupondo a existência do delito (tentado ou consumado). Espontaneidade: O comportamento atenuador do agente deve ser espontâneo- deve ser eficiente - eficaz. Se o agente após a prática do crime , procura diminuir as suas conseqüências , mas não consegue , não incide a atenuação da pena - é necessário que se realize logo após o crime, em seguida, sem demora. REPARAÇÃO DO DANO (III, "b"): deve ser realizada antes do julgamento de primeira instância - antes do juiz proferir a sentença . Não se exigindo que a decisão tenha transitado em julgado. Se tratar-se de crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, a reparação do dano ocorre até o recebimento da denúncia ou da queixa, incide em uma causa de diminuição da pena de um a dois terços. (CP, art. 16). EMOÇÃO VIOLENTA (III, "c"): A atenuante pode funcionar como causa de diminuição de pena do crime de homicídio (art. 121, § 1º), em que se exige que o agente esteja "sob o domínio" de violenta emoção. Como atenuante, basta que haja a "influência". A violenta emoção não é incompatível : Com a qualificadora do recurso que impediu ou dificultou a defesa do sujeito passivo e com a negativa da conduta injusta da defesa legítima. COAÇÃO RESISTÍVEL (III, "c"): Pressão externa: Influindo na realização do crime, atenua a pena. CONFISSÃO ESPONTÂNEA (III, "d"): A simples confissão da prática de um crime não atenua a pena. Assim, quando o indiciado ou acusado confessa a autoria do crime à autoridade policial ou judiciária, não incide a atenuação pela mera conduta objetiva. O que importa é o "motivo" da confissão, como, por exemplo, o arrependimento sincero, demonstrando merecer pena menor, com fundamento na lealdade processual. Conhecimento da autoria do crime ou sua imputação a outrem: A lei não exige mais que se trate de crime de autoria ignorada ou atribuída a outrem MULTIDÃO EM TUMULTO (III, "e") - O Código exige as seguintes condições para a aplicação da atenuante o agente tenha cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto; que não tenha provocado o tumulto. CIRCUNSTÂNCIAS INOMINADAS : São as que escapam à especificação legal e que servem de meios diretivos para o juiz aplicar a pena. Devem ser relevantes, podendo ser anteriores ou posteriores à prática delituosa. Exemplos: ser o réu portador de doença incurável, influência religiosa, ser portador de defeito físico relevante, ter sofrido em face do crime um dano físico, fisiológico ou psíquico etc.

DA COMINAÇÃO E APLICAÇÃO DA PENA

Cominação das penas COMINAÇÃO: É a imposição abstrata das penas pela lei. As penas privativas de liberdade, têm seus limites - máximo e mínimo - estabelecidos no preceito secundário de cada tipo penal incriminador. Penas restritivas de direito, não estão previstas na Parte Especial do C. P. - são aplicáveis no lugar das privativas de liberdade, desde que fixadas em sentença , sejam inferiores a um ano ou nos casos de crime culposo . Aplicação direta: Pela sentença, sem antes o juiz fixar a pena privativa de liberdade: proibição. DURAÇÃO: A pena restritiva de direitos não pode ter duração inferior à pena privativa de liberdade, a que substitui; nem superior.

Juízo de culpabilidade como fundamento de imposição da pena A imposição da pena depende da culpabilidade, não da periculosidade que constitui o pressuposto das medidas de segurança. Juízo de Reprovação e Juízo de Periculosidade. A imposição da pena está condicionada à culpabilidade do sujeito. Na fixação da sanção penal, sua qualidade e quantidade estão presas ao grau de censurabilidade da conduta - culpabilidade. A periculosidade constitui imposição da medida de segurança.

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Fixação da pena A imposição da pena está condicionada à culpabilidade do sujeito. Na fixação da sanção penal, sua qualidade e quantidade estão presas ao grau de censurabilidade da conduta (culpabilidade). A periculosidade constitui pressuposto da imposição das medidas de segurança. Determinando ao juiz atenção aos critérios diretivos - circunstâncias judiciais - o Código prevê duas operações na aplicação da pena privativa de liberdade: 1 - quando o preceito secundário da norma incriminadora comina penas alternativas o juiz deve escolher uma delas com fundamento nas circunstâncias judiciais, previstas no caput; A disjuntiva “ou” indica que as sanções não são cumulativas. O juiz deve escolher uma delas - o critério de escolha é indicado pelo Código - Artigo 59 - caput -. Essa operação só é realizada quando o código impõe penas alternativas - no caso da pena única ou cumulativa, é prescindível essa operação. 2 - quando a pena é única ou o juiz já escolheu uma dentre as cominadas alternadamente, passa à a operação do artigo 59, II, fixa dentro dos limites legais, a quantidade aplicável à espécie. Assim se impõe a pena “necessária” para atender o grau de reprovação da conduta. E ela deve ser suficiente para prevenir o crime - prevenção genérica e específica. Assim, então, num primeiro momento, com fundamento no princípio da pena retributiva, fixa sua qualidade e quantidade, elaborando um juízo sobre o passado - juízo de culpabilidade - , atendendo à gravidade objetiva do delito, antecedentes e personalidade do agente, sua conduta anterior, motivos determinantes do fato e suas conseqüências. Depois num segundo momento, atendendo ao princípio preventivo da pena, faz um juízo sobre o futuro, levando em conta a finalidade preventiva da sanção penal, considerando a personalidade do agente, sua conduta posterior ao fato ..etc., fixando o regime inicial de cumprimento e, se for caso, aplicando o sistema das penas substitutivas.

Fases da fixação da pena privativa de liberdade Duas opiniões sempre estiveram em evidência na questão das fases de fixação da pena: NELSON HUNGRIA - Três as fases: ROBERTO LYRA - Duas fases: 1 - o juiz fixa a pena-base levando as circunstâncias judiciais do artigo 59. Pena-base, para Nelson Hungria, é o quantum encontrado pelo juiz com fundamento nas circunstâncias judiciais, abstraindo as circunstâncias legais genéricas - agravantes e atenuantes - e as causas de aumento ou de diminuição.

1 - O juiz fixa a pena-base considerando as circunstâncias judiciais do artigo 59, caput, e as legais genéricas - agravantes e atenuantes - dos artigos 61, 62 ,65 e 66. Pena-base para ele , é a aplicada pelo juiz com fundamento nos artigos 59, caput, 61, 62 ,65 e 66, abstraindo as causas de aumento ou diminuição da sanção penal.

2 - Encontrada a pena-base, o juiz aplica as agravantes e atenuantes dos artigos 61, 62 e 65.

2 - sobre a pena-base incidem as causas de aumento ou diminuição da sanção prevista na Parte Geral ou Especial do CP. É claro que não é necessária a segunda fase quando não houver causa de aumento ou diminuição.

3 - Sobre a pena fixada na fase anterior, o juiz faz incidir as causas de aumento ou diminuição previstas na Parte Geral ou Especial do CP. É claro que não é necessária esta terceira fase quando não houver causa de aumento ou diminuição.

O artigo 68, adotou o esquema de Nelson Hungria, há de ver-se que em nosso Código, existe uma quarta fase: a da eventual substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito ou multa.

Causas de aumento e de diminuição da pena Estão previstas na Parte Geral e na Parte Especial do Código Penal. Quando descritas na Parte Geral , constituem circunstâncias legais genéricas; quando contidas na Parte Especial , são circunstâncias legais especiais ou específicas. São causas de facultativo ou obrigatório aumento ou

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diminuição da sanção penal em quantidade fixada pelo legislador (um terço, um sexto, o dobro, a metade etc.) ou de acordo com certos limites (um a dois terços, um sexto até metade etc.). As causas de aumento são obrigatórias, salvo a prevista no art. 60, § 1º. As causas de diminuição da pena são obrigatórias ou facultativas , de acordo com a determinação do Código. QUALIFICADORAS: São circunstâncias legais especiais ou específicas previstas na Parte Especial do Código Penal que, agregadas à figura típica fundamental, têm função de aumentar a pena. DIFERENÇA ENTRE AGRAVANTES E QUALIFICADORAS: As circunstâncias qualificadoras estão previstas na Parte Especial , na descrição dos delitos; diferem das circunstâncias qualificativas, que se encontram na Parte Geral do Código Penal (arts. 61 e 62). Em face das circunstâncias agravantes (qualificativas) o quantum da agravação fica a critério do juiz; quando, porém, o Código descreve uma qualificadora, expressamente menciona o mínimo e o máximo da pena agravada. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA E QUALIFICADORAS: Quando a norma penal prevê uma causa de aumento de pena na descrição dos crimes, não menciona expressamente o mínimo e o máximo: diz que a pena é aumentada de um a dois terços , de um sexto até metade, de um terço, de metade, o dobro etc. Quando, porém, trata-se de uma qualificadora propriamente dita, o Código, aumentando a pena, comina o mínimo e o máximo.

Fases da fixação da pena privativa de liberdade ("c aput") o juiz fixa a pena-base levando em consideração as circunstâncias judiciais do art. 59, caput. Pena-base é o quantum encontrado pelo juiz com fundamento nas circunstâncias judiciais, abstraindo as circunstâncias legais genéricas (agravantes e atenuantes) e as causas de aumento ou de diminuição; Realizada a preferência em relação às sanções alternativamente impostas in abstracto (art. 59, I), o juiz passa à fixação da pena preferida (art. 59, II e IV). A primeira operação é realizada em consideração à pena abstrata (pena cominada na Parte Especial do Código Penal). Nas operações subseqüentes, a agravação ou atenuação é feita sobre a quantidade da pena fixada na operação anterior. Por meio das três operações (fases), o juiz fixa a pena concreta (pena imposta pelo juiz na sentença). encontrada a pena-base, o juiz aplica as agravantes e atenuantes dos arts. 61, 62, 65 e 66; sobre a pena fixada na segunda fase, o juiz faz incidir as causas de aumento ou de diminuição previstas na Parte Geral ou Especial do Código Penal; eventual substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos ou multa (CP, art. 59, IV).

Regras da imposição das penas A) CRIMES DOLOSOS: aplicada pena privativa de liberdade até seis meses, pode ser substituída por multa ou uma pena restritiva de direitos, se presentes as condições do art. 44, II e III, do Código Penal (arts. 44, I, e 60, § 2º); se a pena fixada é superior a seis meses e inferior a um ano, pode ser substituída por uma restritiva de direitos, desde que satisfeitos os requisitos do art. 44, II e III (arts. 44, I, e 54); fixada a pena privativa de liberdade entre um e quatro anos, não sendo reincidente o condenado, inicia o seu cumprimento em regime aberto (art. 33, § 2º, c); o reincidente inicia o cumprimento em regime fechado; se a pena é superior a quatro anos e não excede a oito, o início de seu cumprimento se dá em regime semi-aberto, desde que não seja reincidente o condenado (art. 33, § 2º, b); cuidando-se de reincidente, em regime fechado; se a pena é superior a oito anos, seu cumprimento inicia-se no regime fechado (art. 33, § 2º, a);

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B) CRIMES CULPOSOS: não sendo superior a seis meses, a pena privativa de liberdade aplicada na sentença pode ser substituída por multa ou uma pena restritiva de direitos, desde que presentes as exigências do art. 44, II e III (arts. 44, I, e 60, § 2º); sendo superior a seis meses e inferior a um ano, pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos, desde que atendidas as condições do art. 44, II e III (art. 44, I); sendo igual ou superior a um ano, pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos, desde que exeqüíveis simultaneamente, presentes os requisitos do art. 44, II e III (art. 44, parágrafo único).

Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes É possível que o fato apresente circunstâncias qualificativas e atenuantes. O juiz deve dar preponderância às de natureza subjetiva, calcadas na personalidade do agente e nos motivos determinantes da prática da infração.

Concurso de causas de aumento e de diminuição. conc urso de qualificadores Quando concorrem no fato várias causas de aumento ou diminuição da pena prevista na Parte Especial , o juiz pode aplicar uma delas, dando preferência a que mais aumente ou diminua. A expressão “pode” no parágrafo único, significa obrigatoriedade. Quando há concorrência de causas de aumento ou diminuição da pena previstas na Parte Geral , desde que obrigatórias, o juiz não pode aplicar uma só, pois a norma determina - contrario sensu - que não podem ser dispensadas. Se concorrem duas causas de aumento, uma prevista na Parte Geral e outra na Parte Especial , o juiz deve proceder ao segundo aumento não sobre a pena base, mas sobre o quantum já acrescido na primeira operação.

Fixação da pena de multa No atual sistema de dias-multa, existem duas operações em sua imposição: 1 - fixação da quantidade dos dias-multa: de dez a trezentos e sessenta. 2 - fixação do valor dos dias-multa: de um trigésimo do salário mínimo mensal de referência vigente ao tempo do fato a cinco vezes esse salário. Assim, deve o juiz proceder da seguinte maneira: 1ª operação: No tocante à quantidade dos dias-multas - Artigo 49 - que varia entre dez e trezentos e sessenta, devem ser consideradas as circunstâncias judiciais - Artigo 59 - que servem ao juiz de critério de dosagem da pena: culpabilidade do agente, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos, gravidade objetiva do crime e circunstâncias inominadas, conforme seja necessário e suficiente para os fins de reprovação e prevenção. 2ª operação : o valor do dia-multa deve ser fixada de acordo com a situação econômica do réu. - Artigo 60. Causas de alteração quantitativa da pena : Quanto às causas de aumento e de diminuição da pena, previstas nas Partes Geral e Especial, têm incidência sobre a multa, sem prejuízo da aplicação do disposto no art. 60, § 1º.. Assim, no caso da tentativa, em que o art. 14, parágrafo único, prevê causa de diminuição da pena, a redução atinge também a multa (v. nota a seguir), sem prejuízo da redução inicial que o juiz fez quando da fixação da pena privativa de liberdade substituída. De modo que haverá duas reduções: uma na aplicação da pena privativa de liberdade; outra na fixação da multa. No sentido de que as causas de aumento incidem.

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Multa vicariante (§ 2º) É a substitutiva, nos termos do § 2º. Emprego da denominação. Multa e "sursis": Discute-se a respeito da medida mais favorável ao réu: sursis ou multa substitutiva. Há várias orientações: 1ª) o sursis é mais benéfico; 2ª) a multa é mais favorável; 3ª) não se aplica multa, mas sursis, quando a gravidade objetiva do crime requer maior rigor na imposição da pena. A substituição do § 2º não é automática: Depende de condições (art. 44, II e III) e de análise do caso pelo juiz. Natureza da substituição: É direito do réu e não faculdade judicial. O § 2º confere ao juiz um poder-dever.

CONCURSO DE CRIMES

Introdução Quando duas ou mais pessoas praticam um crime surge o concurso de agentes - concursus delinquentium . Quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de ações ou de omissões, pratica dois ou mais delitos, surge o concurso de crimes ou de penas - concursus delictorum . É possível que o fato apresente concurso de agentes e de crimes: quando duas ou mais pessoas, em concurso, praticam dois ou mais crimes. Em nossa legislação a questão pertence a teoria da pena e não do crime. Assim, correto seria falar em concurso de penas.

Sistemas Há cinco sistemas sobre , o fato do sujeito que comete vários crimes: Sistema do Cúmulo Material: considera que as penas dos vários delitos devem ser somadas. Foi adotado entre nós no concurso material ou real ; (art. 69, caput) e no concurso formal imperfeito (CP, art. 70, caput, 2ª parte) Sistema de absorção: a pena mais grave absorve a menos grave. Tem o defeito de permitir que o agente rodeie o crime mais grave de infrações de menor gravidade, que ficariam impunes; Sistema de acumulação jurídica : a pena aplicável não é a da soma das concorrentes, mas é de tal severidade que atende à gravidade dos crimes cometidos. Sistema da Responsabilidade Única e da Pena Progre ssiva: os crimes concorrem , mas não se acumulam , devendo aumentar a responsabilidade do agente ao crescer o número de infrações. Sistema da Exasperação da pena: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de um quantum determinado. Foi o adotado no concurso formal (art. 70) e no crime continuado (art. 71).

Espécies de concurso O concurso de penas - ou crimes - pode ser: concurso material - artigo 69; concurso formal - artigo 70; crime continuado - artigo 71. As hipóteses de concurso podem ocorrer entre os dolosos ou culposos, consumados ou tentados, comissivos ou omissivos. Admite-se também concurso de crime e contravenção Explicitação da sentença: A sentença deve fazer referência à espécie de concurso de crimes que considera.

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Concurso material CONCEITO: Ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. Ação e ato : A ação (ou conduta) pode conter vários atos, sem perder a unidade. Assim, se o sujeito desfere vários golpes na vítima, há um só comportamento (ação) e crime único, desprezado o concurso.. Ação e Omissão - devem ser tomados no sentido de conduta - para que haja concurso material é preciso que o sujeito execute duas ou mais condutas - fatos - realizando dois ou mais crimes. Ex.: o agente ingressa na residência da vítima, furta e comete estupro. ESPÉCIES: o concurso material pode ser: Homogêneo: quando os crimes são idênticos; os previstos na mesma figura típica: Ex.: praticado o homicídio contra “A”, o agente mata “B”, testemunha do fato. Heterogêneo: quando os crimes não são idênticos; quando previstos em figura típica diversas: Ex.: furto e estupro. Nas duas espécies de concurso material há duas ou mais violações jurídicas. APLICAÇÃO DA PENA : No concurso material as penas são cumuladas. Assim se comete, por exemplo, furto e estupro, as penas privativas de liberdade são somadas, não podendo exceder, entretanto, a 30 anos. Tratando-se de pena de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Reclusão e detenção: Executa-se primeiro a reclusão. Individualização das penas: Deve o juiz fixar a pena de cada crime; após, somá-las. Concurso material entre crime e contravenção: É admissível.. Restrição (§ 1º ): Reconhecido o concurso material e aplicada pena privativa de liberdade em relação a um dos crimes, porém negado o sursis, no tocante aos demais não é possível a imposição de pena restritiva de direitos, nos moldes do art. 44, em substituição à detentiva. Compatibilidade (§ 2º) : Impostas penas restritivas de direitos, as compatíveis entre si devem ser cumpridas simultaneamente; se incompatíveis, sucessivamente. Assim, o condenado pode cumprir simultaneamente uma pena de prestação de serviço à comunidade e uma limitação de fim de semana; hão de ser cumpridas, entretanto, sucessivamente, duas penas de limitação de fim de semana.

Concurso formal Ocorre o concurso formal - ou ideal - quando o agente , mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. Difere do concurso material pela unidade da conduta - concurso material o agente comete dois ou mais crimes por meio de duas ou mais condutas - no concurso formal, com uma só conduta realiza dois ou mais delitos . Ex.: o agente com um só tiro ou um só golpe, ofende mais de uma pessoa; num fato automobilístico culposo o agente da causa à morte de uma pessoa e lesões corporais em outra. ESPÉCIES: o concurso formal, pode ser: Homogêneo: quando os crimes se encontram descritos pela mesma figura típica, havendo diversidade de sujeitos passivos. Ex.: atropelamento culposo com morte de duas ou mais pessoas. Heterogêneo: quando os crimes se acham definidos em normas penais diversas. Ex.: atropelamento culposo com morte de uma pessoa e ferimentos de outra. - Homicídio e lesões corporais. CONCURSO FORMAL , pode ser, ainda: perfeito: artigo 70 - caput - 1ª parte - imperfeito: artigo 70 - caput - 2ª parte - REQUISITO:

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Divergência doutrinária: Teoria Subjetiva: unidade de conduta e pluralidade de crimes; unidade de desígnio; Teoria Objetiva: unidade de comportamento; pluralidade de crimes. O C.P. adotou a teoria objetiva - a questão subjetiva deve ser apreciada na aplicação da pena. Pode haver concurso formal entre um crime doloso e outro culposo. APLICAÇÃO DA PENA : na aplicação da pena privativa de liberdade, o código determina duas regras: se as penas são idênticas - aplica-se a mais grave aumentada de um sexto a metade; se as penas não são idênticas - aplica-se a mais grave, aumentada de um sexto até metade. Exs. : por meio de conduta culposa, o agente da causa a um choque automobilístico, vindo a matar duas pessoas, aplica-se a pena do homicídio culposo, aumentada de um sexto até a metade. Contaminado de moléstia venérea o agente pratica um estupro: aplica-se a pena de estupro, aumentada de um sexto até a metade. A pena não deve ser superior à que seria aplicada em face do concurso material (parágrafo único): Na dosagem da pena - deve esta ser fixada com prudência para que o sujeito não seja. prejudicado. Ex.: o agente tenha praticado um homicídio simples e uma lesão corporal leve em concurso formal. Aplicando-se o princípio do concurso ideal, sofreria pena mínima de sete anos de reclusão - seis anos pelo homicídio, mais um sexto previsto no artigo 70 - Se aplicada a pena de acordo com o concurso material, seria de seis anos de reclusão pelo homicídio e mais três meses de detenção pela lesão corporal leve - total seis anos e três meses. Em face disso a pena a ser aplicada não pode ser superior a que seria cominada se fosse o caso de concurso material. Concurso formal imperfeito: O caput da disposição, em sua 2ª parte, diz que "as penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos". Suponhamos que um agente com um só projétil, mate dolosamente duas pessoas. Há unidade de condutas e autonomias de desígnios (dirigidos à morte de duas pessoas). Neste caso o concurso é formal - mas a aplicação da pena é realizada com base na regra do concurso material - as penas devem ser somadas. A exigência de unidade de desígnio, pela sua natureza, é incompatível com o dolo eventual e os crimes culposos.

Crime continuado Nosso Código Penal adotou a teoria da ficção jurídica: o legislador presume a existência de um só crime. Essa presunção, entretanto, só tem relevância na aplicação da pena. Para outros efeitos, o delito continuado é considerado forma de concurso de crimes (exemplos: prescrição e decadência). Trata-se de uma forma abrandada de concurso material. Há duas teorias a respeito da conceituação do crime continuado: Teoria Objetivo-subjetiva: o crime continuado exige, para sua identificação, além de determinados elementos de ordem objetiva, outro de índole subjetiva, que é expresso de modos diferentes: unidade de dolo; unidade de resolução, unidade de desígnio. Teoria puramente objetiva: dispensa a unidade de ideação e deduz o conceito de condutas continuadas dos elementos exteriores da homogeneidade. O CP - aceitou a teoria puramente objetiva - segundo o artigo 71, é suficiente que os crimes da mesma espécie apresentam semelhanças em seus elementos objetivos de tempo, lugar, maneira de execução, etc.. Mas dificilmente o juiz , para afastar o concurso material de delitos e reconhecer o nexo de continuidade entre eles, deixará de apreciar o elemento subjetivo do agente - adota Damásio a teoria objetiva-subjetiva. REQUISITOS:

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pluralidade de condutas; pluralidade de crimes da mesma espécie; continuação, tendo em vista as circunstâncias objetivas; unidade de desígnios. (nossa posição). Formas: crime continuado simples (caput); crime continuado qualificado ou específico (parágrafo único). Crimes da mesma espécie: são os previstos no mesmo tipo penal - aqueles que possuem os mesmos elementos descritivos, abrangendo as formas simples privilegiadas e qualificadas, tentadas ou consumadas. Note-se que os crimes devem ser da mesma espécie não do mesmo gênero - assim, furto e apropriação indébita, embora delitos do mesmo gênero, não são da mesma espécie. Entre eles não pode haver continuação. Homogeneidade das circunstâncias : exige o CP, que haja semelhança entre as circunstâncias “de tempo, lugar, maneira de execução e outras” - condições dos fatos concretos dos crimes componentes da continuação. Não é suficiente, para configuração do crime, a satisfação das circunstâncias objetivas homogêneas, sendo de exigir-se , além disso que os delitos tenham sido praticados pelo sujeito aproveitando-se das mesmas relações e oportunidades ou com utilização de ocasiões nascidas da primitiva situação. Em suma : é imprescindível que o infrator tenha agido num único contexto ou em situações que se repetem ao longo de uma relação que se prolongue no tempo. A conexão temporal - condição de tempo - a jurisprudência dominante nos Tribunais de São Paulo, exige que os crimes não tenham sido cometidos em período superior a um mês - entre um e outro. No que concerne ao fator espacial, é dominante nos Tribunais paulistas o entendimento de admitir continuação entre crimes cometidos em cidades próximas. Aplicação da pena: 1 - SIMPLES : artigo 71 - caput se as penas são idênticas , aplica-se uma só, com aumento de um sexto a dois terços; se as penas são diversas, aplica-se a mais grave, aumentada de um sexto a dois terços. 2 - QUALIFICADO: artigo 71 - parágrafo único - nesse caso o aumento é de um sexto até o triplo. APLICAÇÃO DA MULTA As multas no concurso formal e no crime continuado : As multas, em sua aplicação, não se sujeitam às regras previstas para o concurso formal e o crime continuado. Assim, se o sujeito pratica vários furtos em continuação, as penas de multa devem ser somadas, não se aplicando o disposto no art. 71, caput. LIMITE DAS PENAS Duração da pena privativa de liberdade : O Código não diz que "as penas privativas de liberdade não podem ser superiores a trinta anos", mas sim que seu cumprimento não pode exceder ao limite legal. Assim, nada obsta a que o agente, num ou em vários processos, seja condenado a tempo superior: a duração da execução da pena é que não pode ser superior a trinta anos. UNIFICAÇÃO DAS PENAS EM TRINTA ANOS (§ 1º): EFEITOS Esse limite não se aplica ao livramento condicional e a outros institutos, como remição, comutação etc. De modo que, condenado a trinta anos de prisão, não é suficiente que o condenado reincidente cumpra quinze para obter o livramento condicional.. Agente que, cumprindo pena de trinta anos de reclusão, vem a cometer novo delito, sendo outra vez condenado (§ 2º): O restante da pena anterior deve ser acrescido à nova pena, de modo que a soma não ultrapasse a trinta anos. Suponha-se que o sujeito, cumprindo pena de trinta anos de reclusão, viesse a ser condenado a trinta anos por novo crime após ter cumprido vinte anos. Teria de cumprir vinte anos de reclusão em relação à nova pena.

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CONCURSO DE CRIME E CONTRAVENÇÃO Significa que, havendo concurso entre crime contravenção, a prisão simples, imposta cumulativamente com detenção ou reclusão, é executado por último.

DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA - SURS IS

Conceito SURSIS: quer dizer suspensão - Permite que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração. Não constitui mais incidente da execução nem direito público subjetivo de liberdade do condenado. É a medida penal de natureza restritiva da liberdade de cunho repressivo e preventivo. . Trata-se de forma de execução da pena. Não é um benefício. Sentido da expressão "poderá" empregada no "caput" e no § 2º: Deve ser interpretada no sentido de que a lei confere ao juiz a tarefa de, apreciando as circunstâncias do caso concreto em face das condições exigidas, aplicar ou não a medida. Assim, ele "poderá", diante do juízo de apreciação, aplicar o sursis se presentes os requisitos; ou "poderá" deixar de fazê-lo, se ausentes.

Sistemas Há dois sistemas a respeito do sursis: 1 - sistema anglo-americano - probation system; Verificando o juiz que o réu merece o sursis, declara-o responsável pela prática do fato, suspende o curso da ação penal e marca o período de prova, ficando o condenado sob a orientação e fiscalização de funcionários - probation officers - , com incumbência de realizar seu reajustamento social. 2 - sistema belga-francês - europeu continental. O juiz condena o réu, determinando a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade. É o nosso sistema

Formas O sursis apresenta duas formas: Suspensão simples: esta prevista no artigo 77 do CP. Suspensão especial: se encontra disciplinado no artigo 78 § 2°.

Requisitos São requisitos do sursis são: OBJETIVOS : Dizem respeito à qualidade e quantidade da pena; artigo 77 - caput e § 2° Qualidade da pena: privativa de liberdade - reclusão ou detenção - admite o sistema; Penas restritivas de direitos e de multa não permitem - Artigo 80. Quanto essas penas veja-se que o objetivo do sursis é o não encarceramento do agente. Prisão simples: também admite sursis - artigo 11 da LCP. Quantidade da pena: não pode ser superior a dois anos, ainda que resulte, no concurso de crime, de sanções inferiores a ela (ex.: duas penas de um ano e meio cada). Se o condenado for maior de 70 anos de idade, poderá ser suspensa a pena privativa de liberdade não superior a quatro anos (§ 2º).. SUBJETIVOS: referem-se aos antecedentes judiciais e qualidades pessoais do réu. - artigo 77 - incisos -. Antecedentes judiciais: Não ser reincidente em crime doloso - Assim pode receber o sursis o reincidente em crime culposo, e o reincidente em crime doloso que comete crime culposo (não é reincidente em crime doloso). Se o reincidente sofreu pena anterior de multa, ainda que em crime doloso, não fica impedido o sursis, ainda que dolosos os crimes. Os condenados por delitos militares próprios ou políticos não impedem o sursis, já que não ensejam reincidência. PRISÃO CIVIL: Não admite o sursis.

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A suspensão não compreende os efeitos secundários da condenação - tanto que o não-cumprimento de um dos efeitos secundários da condenação - a reparação do dano causa revogação obrigatória do sursis, desde que o condenado, embora solvente, frustre a reparação. (CP, art. 81, II). Direitos políticos: Permanecem suspensos durante o período de prova do sursis. A suspensão ocorre, nos termos da Constituição Federal, no caso de "condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos" (art. 15, III). O sursis é uma forma de execução da pena, de modo que durante a sua vigência a sentença penal está produzindo efeitos, que perduram até a reabilitação É irrelevante o réu ter sido condenado por contravenção - só a condenação por crime doloso, constitui real impedimento ao sursis em relação ao posterior delito doloso CRIMES HEDIONDOS: A execução da pena imposta em face de sua prática, presentes seus pressupostos objetivos e subjetivos, não é incompatível com o sursis. Ex.: tentativa de atentado violento ao pudor, imposta a pena mínima de dois anos de reclusão. Não impede o disposto no art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90, que disciplinou os delitos hediondos e deu outras providências, segundo o qual a pena deve ser executada integralmente em regime fechado. Ocorre que o sursis constitui uma medida penal sancionatória de natureza alternativa, não se relacionando com os regimes de execução

Extinção de punibilidade em relação ao crime anteri or: Se esta ocorreu antes da sentença final: não havendo sentença condenatória anterior com trânsito em julgado, em relação ao crime posterior o réu pode obter o sursis , se presentes os outros requisitos. Se ocorreu após sentença final com trânsito em julgado esta permanece para efeito de impedir o sursis - sendo dolosos os dois delitos - salvo nos casos de abolitio criminis e anistia que rescindem a condenação irrecorrível anterior. A extinção da punibilidade pela prescrição retroativa em relação ao delito anterior não impede o sursis, pois trata-se de forma de prescrição da pretensão punitiva, pelo que a sentença condenatória deixa de produzir efeitos (só tem relevância em relação ao quantum da pena regulador do prazo prescricional). Se a sentença anterior, por prática de crime, concedeu ao agente perdão judicial - pode ser aplicado o sursis - e tendo em vista que a sentença embora condenatória não gera reincidência.

Período de prova e condições Concedido o sursis submete-se a um período de prova por 2 a 4 anos (art. 77, caput)- condenado maior de 70 anos prazo varia de 4 a 6 anos (desde que a pena seja superiora quatro anos). Tratando-se de contravenção, o período de 1 a 3 anos. Durante esse lapso de tempo deve cumprir determinadas condições, sob pena de ver revogada a medida e ter de cumprir a sanção privativa de liberdade Critério da fixação da duração do período de prova: Leva-se em consideração: a natureza do crime e personalidade do agente; a quantidade da pena suspensa as repercussões sociais e a situação pessoal do condenado. Durante esse lapso de tempo deve cumprir determinadas condições - sob pena de ver revogada a medida e ter de cumprir a sanção privativa de liberdade. Essas condições são: LEGAIS : impostas pela lei: Imposição das condições do § 1º: É obrigatória. Fixação indeterminada das condições do § 1º: inadmissibilidade - Não pode o juiz impor na sentença "qualquer das condições" do dispositivo. Limitação de fim de semana e prestação de serviços à comunidade (§ 1º): Há orientação no sentido de que, como são penas (arts. 46 e 48), não podem ser impostas como condição do sursis. Firmou-se, contudo, a posição de que podem ser impostas. Escolha do tipo de prestação de serviço à comunidade; Cumpre ao juiz essa tarefa, sendo defeso deixar à escolha do réu.

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JUDICIAIS: impostas pelo juiz na sentença Critério da escolha das condições judiciais: De acordo com as circunstâncias do caso concreto. "É de se dar um largo crédito de confiança ao juiz, próximo dos fatos, das pessoas nele envolvidas e das circunstâncias ambientais e possibilidades de ordem material na Comarca". No SURSIS ESPECIAL - satisfeitos os seus requisitos - as condições alternativas da prestação de serviços a comunidade e a limitação de fim de semana são substituídas pelas alíneas do § 2°, do artig o 78. O juiz pode impor uma ou mais dessas alíneas. Não dispensam a satisfação dos requisitos do art. 77. Só é exigido no sursis especial (§ 2º); não ao simples (art. 77).

Causas de revogação do sursis OBRIGATÓRIAS : não fica a critério do juiz, revogá-la ou não. A revogação é determinada pela lei. CP . ART . 81: I, II, III Critério da revogação: Em relação às causas obrigatórias não fica a critério do juiz revogá-lo ou não. A revogação é determinada pela lei. Em relação às causas facultativas fica ao prudente critério do juiz revogar a medida, determinando a execução da pena. Revogação obrigatória: é automática: Independe de pronunciamento judicial Condenação por crime doloso; Estão incluídos os delitos preterdolosos e excluídos os culposos e as contravenções. Não importa o momento em que tenha sido cometido. Pode ter sido praticado antes do crime em relação ao qual o condenado se encontra em regime de sursis, depois do crime referido ou mesmo depois do início do período de prova. O Código só exige que a condenação irrecorrível ocorra durante o período de prova Condenação a multa por crime cometido antes do período de prova: Há entendimento no sentido de não causar a revogação do sursis. Se não o impede (CP, art. 77, § 1º), não pode configurar causa de revogação . Condenação no estrangeiro: Não pode ser revogado o sursis, pois o n. I não prevê a hipótese. Tratando-se de norma que permite restrição ao direito penal de liberdade do condenado, não pode ser empregada a analogia nem a interpretação extensiva. Cassação do "sursis": A Lei de Execução Penal prevê mais um caso de revogação obrigatória. Nos termos do art. 161, se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de vinte dias, o réu não comparecer à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena, salvo prova de justo impedimento. FACULTATIVA : fica ao critério do juiz revogar a medida, determinando a execução da pena. O código usa a expressão "poderá". deixa de cumprir as obrigações judiciais - condições impostas na sentença - artigo 79 é condenado irrecorrivelmente, durante o período de prova, por crime culposo ou contravenção, desde que imposta pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos . Revogação facultativa: O juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado (§ 3º). Audiência do condenado: Não se revoga o sursis sem antes ouvir a defesa.

Prorrogação O fato de o condenado praticar infração durante o período de prova não revoga o sursis. O CP, exige sentença condenatória com trânsito em julgado. A conseqüência da infração cometida durante o período de prova, se encontra no artigo 81, § 2°. A lerte-se que não só cometida durante o período de prova, bem como a infração cometida antes da suspensão, já que o referido parágrafo não fala em infração cometida durante o período de prova mas sim em esta sendo "...processado por outro crime ou contravenção...". Assim a infração pode ser cometida antes ou durante o transcorrer o do prazo de suspensão, é até mesmo, antes do primeiro fato. Se o condenado está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo O período de prova é prorrogado até que transite em julgado a sentença em relação ao segundo crime, podendo a prorrogação ultrapassar o máximo de 4

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ou 6 anos. Se o réu vier a ser condenado , haverá revogação obrigatória - terá de cumprir a pena que estava suspensa e a nova sanção. Se absolvido, o juiz aplicará o disposto no art. 81, § 4º: determinará a extinção da pena que se encontrava suspensa A prorrogação se dá em face de novo processo, e não pela prática de nova infração penal. Assim, cremos que a prorrogação legal deve ocorrer por força do início da nova ação penal, e não pela prática da nova infração penal ou pela instauração de inquérito policial. Data inicial da prorrogação: Há duas posições: da prática da nova infração penal; do início do novo processo.

Extinção da pena Se o período de prova termina sem que haja ocorrido motivo para a revogação, não mais se executa a pena privativa de liberdade. Assim, expirado o prazo de suspensão ou de prorrogação, sem que tenha havido motivo para revogação, o juiz deve declarar extinta a pena privativa de liberdade Natureza da sentença: Trata-se de sentença declaratória da extinção parcial da punibilidade, não de natureza constitutiva. Em face disso, a extinção da pena ocorre na data do término do período de prova e não na em que o juiz profere a decisão, ainda que seja muito tempo depois. Sentença anulada depois do término do período de prova: A nova sentença não pode impor outro período

DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Explicações preliminares Não constitui mais incidente da execução nem direito público subjetivo de liberdade do condenado. É a medida penal de natureza restritiva da liberdade de cunho repressivo e preventivo. Não é um benefício. O juiz não pode aplicar ou não a medida como se fosse simples faculdade: desde que presentes os seus pressupostos, a aplicação é obrigatória.

Sursis x livramento condicional Não se exige que o réu inicie o cumprimento da pena. Se exige o início de cumprimento da pena. Período de prova dura de dois a quatro ou seis anos Corresponde ao restante da pena.

Requisitos Os requisitos podem ser: Objetivos : artigo 83 - caput - e nos incisos: I, II, IV e V. Subjetivos : artigo 83 - inciso III. Desta forma , o réu condenado a pena de reclusão ou detenção, inferior a dois anos, pode obter o sursis; se superior a dois anos, livramento condicional. Pode ocorrer que o réu, condenado a dois anos de reclusão, não possa obter o sursis por ser reincidente em crime doloso (CP, art. 77, I). Poderá ser aplicado o livramento condicional, cumprida mais da metade da pena (art. 83, II). O livramento condicional pode ser: Especial : cumprimento de um terço da pena ; se não for reincidente em crime doloso, com bons antecedentes; mais de metade, se reincidente em crime doloso Ordinário : cumprimento da metade da pena.

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Criminoso Primário : é não só o que foi condenado pela primeira vez - o que foi condenado duas ou mais vezes - sem ser reincidente. Deve cumprir mais de um terço da pena privativa de liberdade Criminoso Reincidente : é o sujeito que pratica novo crime após transitar em julgado sentença que o condenou por pratica de delito. Deve cumprir mais de um terço da pena privativa de liberdade desde que não o seja em crime doloso. Quando o condenado é reincidente em crime doloso, deve cumprir mais de metade da pena. Deve ser computado o tempo de remição da pena e o período objeto de detração penal (CP, art. 42) Reincidência Específica : quando o sujeito , já tenha sido condenado por qualquer dos delitos elencados - artigo 83, inciso V, por sentença transitada em julgado, vem novamente a cometer um deles. O reincidente específico não tem direito ao livramento condicional. No caso de reiteração criminal : - em que as penas são unificadas não importa que nenhuma delas seja igual ou superior a dois anos, desde que o quantum unificado satisfaça a exigência legal - aplica-se esse princípio em face do concurso de crimes, num só processo ou processo diversos. Condenado pela prática de crime hediondo, tortura, terrorismo e tráfico de drogas (V): Desde que não seja reincidente específico em tais delitos, precisa cumprir mais de dois terços da pena para obter a liberdade condicional. São exigidos dois requisitos: 1º) cumprimento de mais de dois terços da pena; 2º) que o condenado não seja reincidente específico nos delitos indicados no inciso (sem prejuízo da necessidade de preenchimento das outras condições do art. 83). Assim, sendo o sujeito reincidente específico em tais crimes não é admissível o livramento condicional. Há reincidência específica, para efeito do dispositivo, quando o sujeito, já tendo sido irrecorrivelmente condenado por qualquer dos delitos elencados, vem novamente cometer um deles, observado o art. 64, I, do Código Penal. Exemplos: tráfico de drogas e estupro; latrocínio e latrocínio; latrocínio e tortura; terrorismo e extorsão mediante seqüestro etc. Nestas hipóteses, a pena deve ser cumprida integralmente em regime fechado (Lei n. 8.072/90, art. 2º, § 1º). Tratando-se de norma de direito material que prejudica o condenado, não tem efeito retroativo (CF, art. 5º, XL). Dessa forma, pode ser aplicado o livramento condicional no caso de ter sido cometido o primeiro crime antes da vigência da Lei n. 8.072, que inseriu o inciso V no art. 83, ainda que os dois delitos estejam previstos em seu elenco (ex.: estupro e latrocínio), desde que cumpridos mais de dois terços da pena. Entendemos que o dispositivo, na parte em que impede o livramento condicional em face da reincidência específica, só incide quando os dois delitos tenham sido cometidos em sua vigência. A exigência de cumprimento de mais de dois terços da pena também não possui efeito retroativo.

Concessão do livramento condicional e período de pr ova Livramento Condicional: pode ser concedido mediante requerimento do sentenciado, seu cônjuge, parente ou por iniciativa do conselho penitenciário. O livramento se concede somente mediante parecer do Conselho penitenciário, é imprescindível esse parecer, pelo que o juiz não pode conceder o benefício sem a sua manifestação, embora a ele não fique adstrito. O período de prova corresponde ao tempo de pena que resta ao liberado a cumprir.

Revogação As CAUSAS DE REVOGAÇÃO do livramento condicional - são: judiciais: referem-se as condições impostas pelo juiz na sentença; legais: impostas pela lei - artigo 86 e 87, parte final; obrigatórias: quando ocorre uma causa obrigatória, não fica a critério do juiz revogar o livramento condicional ou não. A revogação decorre da própria lei. artigo 86,I e II facultativas: cabe ao juiz de acordo com o seu prudente arbítrio, neste caso a lei emprega a expressão "O juiz poderá, também, revogar.." artigo 87.

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Revogado o livramento condicional , a conseqüência é a do liberado cumprir a pena que se encontrava suspensa, correspondente ao período de prova - vigência do benefício. Os fatos de revogação devem ocorrer durante o período de prova, que o Código denomina de "vigência do benefício" (art. 86, I).

Causas de revogação obrigatória do livramento condi cional Nos termos do artigo 86: Crime cometido durante a vigência do livramento condicional: Praticado pelo liberado novo crime, o juiz ou o tribunal poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público; suspendendo-se o curso do livramento condicional, cuja revogação ficará, entretanto, dependendo da decisão final da nova ação penal (LEP, art. 145). Neste caso, o período de prova deve ser prorrogado até o julgamento definitivo do novo processo (CP, art. 89). Crime cometido antes do período de prova: Não importa o momento em que tenha sido cometido o crime, sendo suficiente que sua prática seja anterior à vigência do período de prova do livramento condicional. Suponha-se que o sujeito cometa um crime, não se iniciando a persecutio criminis por desconhecimento de autoria - tempos depois comete novo crime e é condenado a seis anos de reclusão - primário - obtém livramento condicional com dois anos - durante o período de prova - quatro anos - durante o período de prova é descoberta a autoria do primeiro crime - vindo a ser processado e condenado irrecorrivelmente a pena privativa de liberdade. É revogada a condicional. Critério judicial: Quando ocorre uma causa obrigatória, não fica a critério do juiz revogar o livramento condicional ou não.

Causas de revogação facultativa do livramento São as duas causas de revogação facultativa: descumprimento das condições judiciais do livramento condicional; condenação irrecorrível, por crime de contravenção, a pena de multa ou restritiva de direitos. Não importa se foi cometida antes ou durante o período de prova. Exige-se, porém, que a condenação tenha imposto pena de multa ou restritiva de direitos. Tratando-se de condenação a pena privativa de liberdade, a revogação é obrigatória, desde que se trate de crime. Estranhamente, a condenação por motivo de contravenção, a pena de prisão simples, não importa a revogação obrigatória ou facultativa.

Efeitos da revogação do livramento condicional Efeitos da revogação do livramento condicional em face de condenação irrecorrível pela prática de infração penal anterior ao período de prova - crime ou contravenção: É computado na pena que resta ao liberado cumprir o período do tempo em que esteve solto. O livramento é revogado, passando o sentenciado a cumprir o restante da pena , mas com o desconto do tempo em que esteve solto. As duas penas privativas de liberdade podem ser somadas para efeito de concessão de novo livramento condicional. Efeitos da revogação do livramento condicional em face de condenação irrecorrível pela prática de infração penal durante o período de prova. Revogado o livramento condicional em face de condenação irrecorrível por infração cometida durante o período de prova, não se admite nova medida em relação à mesma pena - primeira pena. Em relação à nova pena, porém, o condenado poderá obter livramento condicional, se presentes os seus requisitos. Assim a lei não permite a soma das duas penas - o restante anterior e a nova - para efeito de concessão do novo livramento. Não se desconta a pena anterior o tempo em que esteve solto o liberado. c - Efeitos da revogação do livramento condicional por descumprimento das condições impostas na sentença. Revogado o livramento condicional, por ter o liberado deixado de observar alguma das condições impostas pelo juiz na sentença concessiva, ocorre os seguintes efeitos: sentenciado tem que cumprir a pena que se encontrava com execução suspensa; não é computado (não se desconta) na pena o tempo em que esteve solto;

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não pode mais ser favorecido novo livramento condicional em relação a essa pena.

Extinção da pena Se ao término do período de prova o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade - Natureza da sentença: A sentença é meramente declaratória e não constitutiva. Assim, tem-se por extinta a punibilidade na data do término do período de prova e não na em que o juiz profere o despacho. Suponha-se que o período de prova seja de dois anos. Significa que a pena suspensa é de dois anos. Revogado o livramento condicional, conforme a hipótese, o liberado tem de cumpri-la. Não havendo causa de revogação, ao término do período de prova o juiz declara extinta a pena de dois anos.

Prorrogação do período de prova Suponha-se que o beneficiário cometa novo crime durante a vigência do livramento, encontrando-se em andamento a ação penal por ocasião do término do período de prova. O juiz não deve declarar a extinção da pena pelo término do período de prova enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento. O período de prova é prorrogado até que transite em julgado a sentença em relação à nova infração penal. Se o liberado for condenado pela prática do novo crime, será revogado; se for absolvido, o juiz declarará a extinção da punibilidade em relação à pena imposta em conseqüência do crime anterior. Suponha-se que o beneficiário cometa novo crime antes da vigência do livramento, encontrando-se em andamento a ação penal por ocasião do término do período de prova. O juiz deve declarar extinta a punibilidade - a contrario sensu - do artigo 89. Assim como no sursis, entendemos que durante a prorrogação do período de prova do livramento condicional não perduram as condições judiciais impostas pelo juiz na sentença.

DOS EFEITOS CIVIS DA SENTENÇA PENAL

Noções preliminares CONDENAÇÃO: é o ato do juiz por meio do qual impõe uma sanção penal ao sujeito ativo de uma infração. Ela transforma o preceito sancionador da norma penal incriminadora de abstrato em concreto. A condenação penal irrecorrível produz efeitos : PRINCIPAIS: a imposição de penas privativas de liberdade - reclusão, detenção e prisão simples - restritivas de direitos, pecuniária e eventual medida de segurança; secundários: pressuposto da reincidência - artigo 63; impede, em regra , o sursis - artigo 77,I ; causa a revogação do sursis - artigo, 81, I e § 1°; causa revogação do livramento condicional - artigo 86; aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória - artigo 110, caput - in fine; transitada em julgado, a prescrição da pretensão executória não se incide enquanto o condenad permanece preso por outro motivo - artigo 116 - parágrafo único. causa a revogação da reabilitação - artigo 95 tem influência na exceção da verdade no crime de calúnia - artigo 138, § 3°, I e III impede o privilégio dos artigos 115, § 2°; 170; 171 § 1°; 180, § 3°; em relação ao segundo crime; aumenta a pena da contravenção de porte de arma - LCP, art.19, 1°; constitui elementar da figura típica da contravenção de posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto. - LCP, art . 25;

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Entre os efeitos secundários extrapenais da condena ção, incluem-se os de natureza civil e administrativa obrigação de reparação do dano resultante do crime, prevista no artigo 91,I confisco, - artigo 91, II; a perda de cargo, função pública ou mandado eletivo - artigo 92, I; a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela - artigo 92, II; inabilitação para dirigir veículos - artigo 92, III. Esses efeitos da condenação podem ser classificados em: genéricos - artigo 91; específico - artigo 92.

Condenação penal e reparação civil Como pode a sentença penal condenatória ser executada no juízo cível, para efeito de reparação do dano, se nela o juiz somente trata de seus efeitos principais, não condenado o réu a repara o dano. Nos termos do art. 159 do Código Civil, aquele que, por "ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo, fica obrigado a reparar o dano". E o art. 91, I, do Código Penal determina que a sentença condenatória tem o efeito de "tornar certa a obrigação de indenizar o dano resultante do crime". Por sua vez, o Código de Processo Penal, em seu art. 63, preceitua que, "transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito de reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros". A sentença penal condenatória funciona como sentença meramente declaratória no tocante à indenização civil, pois nela não há mandamento expresso de o réu reparar o dano resultante do crime. A lei, porém, concede-lhe a natureza de título executório (CPP, art. 63; CPC, art. 584, II). Assim, transitada em julgado a sentença penal condenatória, a sua execução no juízo cível visa ao quantum da reparação, podendo ser promovida pelo ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. (CPP, art. 63). A condenação penal irrecorrível faz coisa julgada no civil para efeito da reparação do dano, não se podendo mais discutir a respeito do an debeatur, mas somente o quantum debeatur. - ou seja - não se discute no civil se o sujeito cometeu ou não o dano, mas discute-se a respeito a importância da reparação. Só pode discutir a respeito da importância da reparação Sentença absolutória ou que impõe medida de segurança, não pode ser executada no juízo civil para efeito de reparação do dano. Neste caso, aplica-se o disposto no art. 64 do Código de Processo Penal. Tratando-se de sentença condenatória , pode ser executada no juízo civil.

Actio civilis ex delicto O sujeito poder ser absolvido no juízo criminal em face da prática de um fato inicialmente considerado delituoso e, entretanto ser obrigado a reparação do dano no juízo civil. Assim, em regra, a responsabilidade do agente numa esfera não implica em responsabilidade em outra. Assim, em face da prática de um crime o ofendido - representante legal ou herdeiro - pode agir de duas formas: aguardar o desfecho da ação penal - transitando em julgado a sentença condenatória, pode ingressar no juízo civil com o pedido de execução para efeito de reparação do dano. ingressar desde logo no juízo civil com a ação civil de reparação do dano (actio civilis ex delicto); Se as duas ações - a penal e a civil - se encontram em andamento , aplica-se o parágrafo único do artigo 64.

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O despacho de arquivamento do inquérito policial ou de peças de informação não impede a propositura da actio civilis ex delicto.

Absolvição penal e reparação civil Em face da independência da responsabilidade penal e civil, em princípio a sentença penal absolutória não impede a actio civilis ex delicto. A) absolvição em face de estar provada a inexistênc ia do fato: caso em que o juiz reconhece categoricamente que não ocorreu o fato narrado na inicial da ação penal. Reconhecido que não houve o fato material, que nada tem haver com os elementos subjetivos e normativos do tipo; fica impedida a via civil de reparação do dano. B) absolvição criminal em face de não haver prova d a existência do fato: embora o juiz não tenha reconhecido categoricamente a inexistência do fato material - - não reconheceu também que o fato existiu por força da dubiedade da prova - in dubio pro réu - devendo o sujeito ser absolvido - no cível poderá se provar a existência do fato - pelo que não está impedido o exercício da ação de reparação do dano emergente da conduta. C) absolvição criminal em face de não constituir o fato infração penal: fato atípico o narrado na peça inicial - absolvido o réu nada obsta ao exercício da ação civil pois embora não constitua ilícito penal, pode constituir ilícito civil. O erro de tipo, excluindo apenas a tipicidade e, assim, subsistindo a antijuridicidade, não impede a ação civil de reparação de dano. D) absolvição criminal em face de não existir pro va de ter o réu concorrido para a prática da infração: Assim deve ser absolvido o réu - em face de o juiz não haver negado categoricamente, a existência do fato material e a autoria, fica livre a esfera civil para o exercício da ação da reparação do dano. Caso, entretanto, reconhecer o juiz criminal , de forma categórica , a negativa da autoria, não caberá a ação civil . E) Absolvição criminal em face de não existir prov a suficiente para a condenação: é o caso do réu não conseguir provar ter agido à sombra de causa de exclusão de ilicitude ou da culpabilidade, subsistindo dúvida no espírito do juiz a respeito da ocorrência dde uma dessas causas - réu deve ser absolvido - isso porém , não impede o exercício da ação civil. F) Absolvição criminal em face de existir causa de exclusão de antijuridicidade ou da culpabilidade - CPP - artigo 386, V - : são causas de exclusão da antijuridicidade - estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito. Causas de exclusão de culpabilidade: erro de proibição, coação moral irresistível, a obediência hierárquica, a inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto - incluindo a menoridade penal - ou retardado - e a imputabilidade por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior. Em regra, se o agente é absolvido criminalmente por causas de exclusão de antijuridicidade , fica impedido o exercício da ação civil de reparação d e dano , exceto, quando a lei civil , embora reconhecendo a licitude do fato, determina a obrigação do ressarcimento do dano, o que ocorre, em dois casos: I - Caso dos artigos 1. 519 e 1. 520 do Código Civi l: Sujeito em estado de necessidade, pratica fato típico, causando dano ao patrimônio de terceiro - processado é absolvido - o terceiro pode intentar a ação civil de reparação de dano, devendo ser proposta contra o causador do dano (sujeito absolvido no juízo criminal), ficando este com direito regressivo contra o autor do perigo. II - Caso do artigo 1.540 do Código Civil: É o caso de legítima defesa real com aberratio ictus: Ex.: “A” agride injustamente o sujeito “B”. Este , em legítima defesa, atira contra “A”, vindo a matar “C”. Processado, é absolvido em face da legítima real. Os herdeiros de “C” podem exercer a ação civil de

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reparação do dano contra “B”, já que “C” não cometeu a injusta agressão, e, assim, “B” fica com direito de regresso contra “A”. Observe-se que NÃO pode haver reparação civil do dano quando o fato é praticado em legítima defesa contra o autor da agressão; assim se “A” agride injustamente “B”, e este em legítima defesa, pratica homicídio contra aquele, aos herdeiros da vítima não cabe actio civilis ex delicto.

Confisco CONCEITO: é a perda de bens do particular em favor do Estado. PERMISSÃO: Confisco permitido pelo CP não incide sobre bens particulares do sujeito, mas sim sobre instrumentos e produto de crime - É a perda dos instrumentos e produto do crime em favor do Estado. (CP . ART . 91) A ALÍNEA “a” do referido artigo trata do instrumenta sceleris , os objetos empregados pelo agente na realização do crime - não são todos os instrumentos que podem ser confiscados, mas somente os que consistem em coisas cujo fabrico, alienação e uso, porte ou detenção constitua fato ilícito. Assim, não pode ser confiscado o automóvel com o qual o sujeito pratica um crime automobilístico, pois não constitui fato ilícito o seu fabrico, alienação ou uso. O mesmo se diga da locomotiva, do avião ou do navio com os quais é realizado o crime. Instrumentos que devem ser confiscados: moeda falsa, arma de pessoa sem porte empregada na prática de crime, arma de uso exclusivo do Exército, máquina de cunhar moeda falsa, gazuas, documento falso etc. Confisco na Lei de Tóxico: Vide art. 34, § 2º, da Lei n. 6.368, de 21 de outubro de 1976. Nos termos da Lei n. 7.560, de 19 de dezembro de 1986, os bens passam a constituir recursos do FUNCAB Resolução n. 1/CONFEN/MJ, de 28 de setembro de 1991, e 8º do Decreto n. 95.650, de 19 de janeiro de 1988, a adotar as medidas necessárias para que os juízes de direito das Comarcas passem a promover em suas jurisdições, nos casos permitidos pelo Conselho Nacional de Entorpecentes, o leilão dos bens do Fundo de Prevenção, Recuperação e de Combate às Drogas de Abuso apreendidos e perdidos em favor da União, nos termos do art. 4º da Lei n. 7.560, de 1º de dezembro de 1986, depositando os recursos arrecadados na conta corrente do FUNCAB A ALÍNEA “b”, producta sceleris , São as coisas adquiridas diretamente com o delito (coisa roubada), ou mediante sucessiva especificação (jóia feita com o ouro roubado), ou conseguidas mediante alienação (dinheiro da venda do objeto roubado) ou criadas com o crime (moeda falsa). O Código também prevê o confisco de qualquer outro bem (móvel ou imóvel) ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do crime.

Efeitos específicos PERDA DE CARGO, FUNÇÃO PÚBLICA CRIMES COMUNS E FUNC IONAIS (I) Cumpre distinguir: nos delitos funcionais típicos, praticados com violação funcional ou abuso de poder, a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo resulta de condenação a pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 ano (art. 92, I, a); nos demais casos, i. e., nos crimes comuns cometidos por funcionário público, a referida perda advém de condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 anos (alínea b). Mínimo da pena privativa de liberdade para permitir a perda funcional: 4 anos e 1 dia. Tratando-se, v. g., de condenação a 1 ano de reclusão por corrupção passiva simples, crime funcional típico descrito no art. 317, caput, do Código Penal, opera-se a perda do cargo (alínea a); se o funcionário público, em outro caso, vem a ser condenado por crime cometido fora do exercício da função (delito comum), dá-se a perda do cargo somente se a pena privativa de liberdade for superior a 4 anos. Ex.: homicídio simples, em que a pena mínima é de 6 anos de reclusão.

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PERDA DE MANDATO ELETIVO (II) antes da Constituição Federal de 1988:Fundamentava-se no art. 149, § 2º, c, da Constituição Federal. Ele, entretanto, não era self executing, exigindo lei complementar regulamentadora, que inexistia. Por isso, a norma do art. 92, I, no que se referia à perda de mandato eletivo, não tinha eficácia. em face da Constituição Federal de 1988: Dá-se pela condenação penal transitada em julgado (v art. 15, III). Vide art. 55, VI, da Constituição Federal. O art. 15 é auto-executável, não exigindo lei complementar. Diante disso, não é mais admissível a orientação que não permitia a perda dos direitos políticos com fundamento na ausência de lei regulamentadora, interpretando o antigo art. 149, § 2º e parágrafo único, da anterior Constituição Federal. INCAPACIDADE PARA EXERCER O PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA depende de duas condições: 1 - que o crime seja doloso; 2 - que seja cominada pena de reclusão; INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULOS - depende de dois requisitos: 1 - que o crime seja doloso; 2 – que o veículo tenha sido utilizado como “meio” para sua prática. O automóvel em matéria penal, aparece como: causa da prática de crimes; ex.: danos pessoais no trânsito; instrumento para a prática delituosa; ex.: meio material do crime doloso, tráfico de entorpecentes; objeto material do crime; ex.: objeto material do furto. Efeito da condenação por crime de preconceito de ra ça ou de cor cometido em estabelecimento particular : Suspensão de funcionamento por prazo não superior a três meses, devendo ser declarada na sentença (arts. 16 e 18 da Lei n. 7.716, de 5-1-1989). Quando os efeitos da condenação devem ser impostos: "Nos casos de maior gravidade, em que resulte do crime incompatibilidade com o exercício do pátrio poder, tutela, curatela ou abuso de autoridade de seu titular" .

DA REABILITAÇÃO CONCEITO: Reabilitação reintegração do condenado no exercício dos direitos atingidos pela sentença – Causa suspensiva de alguns dos efeitos secundários da condenação. Não alcança somente as interdições de direitos, mais quaisquer penas . SIGILO: A reabilitação confere ao condenado um boletim de antecedentes criminais sem anotações (caput, parte final). De ver-se que esse mesmo efeito consta da Lei de Execução Penal, sem limitação de tempo após a extinção da pena. Diz o seu art. 202: "Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei". De modo que o condenado, para obter o efeito da reabilitação referente ao sigilo da condenação, não deverá aguardar o prazo do art. 94, caput: tê-lo-á ao término do cumprimento da pena ou de sua extinção por outra causa. A reabilitação também pode extinguir os efeitos específicos da condenação. Entretanto, é vedada a reintegração na situação anterior nos casos de perda de cargo ou função pública (inc. I) e incapacidade para exercício do pátrio poder, tutela ou curatela (CP, arts. 92, II, e 93, parágrafo único). Significa que o condenado que perdeu o cargo etc. não pode, reintegrado, ser reconduzido ao exercício do mesmo cargo etc., com reparação de vantagens, vencimentos etc. Assim também aquele que perdeu o pátrio poder etc. não pode voltar a exercê-lo em relação ao sujeito passivo do delito. Nas duas hipóteses, contudo, o reabilitado pode, respectivamente, vir a exercer outro cargo ou função pública, ou exercer o pátrio poder etc. em relação a outras pessoas.

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Inquérito policial arquivado: Não cabe a reabilitação. A reabilitação só pode ser revogada no prazo do 64, I - Fora dele não havendo reincidência torna-se inaplicável o artigo 95. A pretensão é pessoal e intransferível – Falecendo o condenado, o seu exercício não transfere-se aos herdeiros. CP . ART . 94 A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. Parágrafo único. Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários. A reabilitação não rescinde a condenação – assim será considerado reincidente – o reabilitado que comete crime dentro do prazo do artigo 64, I do CP . – será considerado reincidente . Contagem do prazo de dois anos: Da data da extinção da pena e não da declaração judicial nesse sentido. No caso de multa: Conta-se o biênio de seu pagamento.

DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Conceito de punibilidade PUNIBILIDADE: Conceito: É a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção. PUNIBILIDADE: não é requisito do crime – mas sua conseqüência jurídica. A prática de um fato típico e ilícito, sendo culpável o sujeito, faz surgir a punibilidade. Os requisitos do crime, sob o aspecto formal, são o fato típico e a antijuridicidade. A culpabilidade constitui pressuposto da pena. A prática de um fato típico e ilícito, sendo culpável o sujeito, faz surgir a punibilidade.

Condições objetivas de punibilidade Em regra - a prática de um crime faz surgir a punibilidade, às vezes a punibilidade ou a pretensão punitiva pode estar sujeita a determinadas circunstâncias – condições objetivas de punibilidade. Situam-se entre o preceito primário e o preceito secundário – condicionando a existência da pretensão punitiva.

Causas extintivas da punibilidade - CP. art. 107 É possível que não obstante pratique o sujeito uma infração penal, ocorrerá uma causa extintiva de punibilidade – impeditiva do jus puniendi do Estado. Morte: pode ocorrer a qualquer momento: durante o inquérito, ação penal, execução da sanção penal; Anistia: antes da sentença final ou depois da mesma; Graça: depois do trânsito em julgado da condenação penal; Indulto: depois do trânsito em julgado; Abolitio criminis: antes da sentença ou depois do trânsito em julgado; Lei nova que beneficia o réu, retroage – sensível a realidade social – deixa o fato de ser considerado criminoso – funciona como anistia, apaga os efeitos de ordem penal, restando somente os de ordem cível. Prescrição: antes ou depois da sentença; Decadência: antes do início da ação penal privada ou da ação penal pública dependente de representação.

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Perempção: durante a ação penal privada; Renúncia do direito de queixa : antes do início da ação penal privada; Perdão Aceito : após início da ação privada até o trânsito em julgado da sentença condenatória. Retratação : até sentença final; Subsequens Matrimonium : do agente com a ofendida em determinados crimes contra os costumes – antes da sentença final ou depois da sentença condenatória irrecorrível; Casamento da vítima com terceiro – antes de transitar a sentença condenatória. Perdão judicial: concedida na sentença condenatória. O CP não é taxativo, mas exemplificativo: assim, o CP prevê causas, fora esse artigo. É exemplificativo. Há causas extintivas da punibilidade fora do rol dessa disposição. Exemplos: art. 82: o término do período de prova do sursis, sem motivo para revogação do benefício, faz com que o juiz decrete a extinção da punibilidade; art. 90: o término do período de prova do livramento condicional, sem motivo para revogação do privilégio, opera a extinção da punibilidade; art. 240, § 2º: a morte do ofendido no crime de adultério extingue a punibilidade, pois a titularidade do direito de queixa é personalíssima (a ação penal só pode ser intentada pelo cônjuge ofendido); art. 7º, § 2º, d: se o agente cumpriu pena no estrangeiro pelo crime lá cometido, opera-se a extinção da punibilidade em relação à pretensão punitiva do Estado brasileiro; art. 312, § 3º, 1ª parte: a reparação do dano no peculato culposo, antes da sentença final irrecorrível, extingue a punibilidade; morte da vítima no crime do art. 236 do Código Penal; pagamento do tributo em crime de sonegação fiscal (art. 14 da Lei n. 8.137, de 27-12-1990).

Escusas absolutórias São causas que fazem com que a um fato típico e antijurídico não obstante a culpabilidade do sujeito, não se associe pena alguma , por razões de utilidade pública – situam-se na parte especial do CP. Distinguem-se das causas excludentes: 1 – Antijuridicidade : excluem o crime; 2 – Culpabilidade: isentam de pena; 3 – Escusas absolutórias: deixam íntegro o crime e a culpabilidade – o fato permanece típico, antijurídico e o sujeito culpável – entretanto por questões de utilidade pública fica isenta de pena. A isenção de pena é obrigatória, não ficando ao arbítrio judicial a concessão do benefício. Cremos (Damásio) : perdão judicial – não constitui escusas absolutórias, uma vez que não escusa a sentença concessiva é meramente declaratório , no perdão judicial – constitutiva . Erro sobre o conteúdo da escusa absolutória: constitui erro de proibição – escusa absolutória putativa; exclui a culpabilidade se inevitável, não exclui a culpabilidade se evitável – pena atenuada. REGRA: Causas Extintivas de Punibilidade ocorrem antes da sentença final ou depois da sentença condenatória irrecorrível.: antes da sentença final - se ocorre antes da sentença final: sujeito pratica outro crime não será considerado reincidente. Depois de sentença condenatória irrecorrível: assim, se o sujeito praticar posteriormente outro crime, será considerado reincidente. Em regra, as causas extintivas da punibilidade só alcançam o direito de punir do Estado, subsistindo o crime em todos os seus requisitos e a sentença condenatória irrecorrível. Excepcionalmente, a causa resolutiva do direito de punir apaga o fato praticado pelo agente e rescinde a sentença condenatória irrecorrível. Assim, os efeitos das causas extintivas da punibilidade operam ex tunc ou ex nunc. No primeiro caso, as causas extintivas têm efeito retroativo; no segundo, efeito para o futuro, i. e., produzem efeito a partir do momento de sua ocorrência. Possuem efeito ex tunc a anistia e a lei nova

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supressiva de incriminação; as outras causas têm efeito ex nunc, não retroagindo para excluir conseqüências já ocorridas. EXCEÇÕES: Abolitio Criminis: ocorre antes ou depois da sentença final – lei nova rescinde a condenação irrecorrível; Anistia : pode ocorrer antes ou depois da sentença final – rescinde neste caso a condenação. Tendo sido favorecida pela anistia e abolitio criminis – após trânsito em julgado da condenação, vem cometer novo delito não será considerada reincidente.

Efeitos da extinção da punibilidade Causas extintivas da punibilidade : alcançam o direito de punir do Estado – subsistindo o crime em todos os seus requisitos e a sentença condenatória irrecorrível. Excepcionalmente a causa resolutiva do direito de punir apaga o fato praticado pelo agente e rescinde a sentença condenatória irrecorrível – Abolitio criminis e anistia. Efeitos das causas extintivas de punibilidade operam: ex tunc: as causas extintivas tem efeito retroativo – anistia, abolitio criminis ; ex nunc: não retroagindo para excluir conseqüências já ocorridas – demais causas .

Concurso de agentes comunicam-se a todos os participantes o abolitio criminis, decadência, perempção, renúncia do direito de queixa, perdão em relação aos que aceita, retratação nos casos do artigo 342 § 3°, subsequens matrimonium. São incomunicáveis: morte do agente, perdão judicial, graça, indulto e a retratação - Anistia: regra, extensivas a todos – salvo quando expressamente exclui alguns; Prescrição: regra estende-se a todos exceto quando algum apresente circunstância pessoal. Ex.: menor 21 e maior de 18 , prescrição reduzida a metade artigo 115 – prescrição alcança a ele e não aos demais. Código Penal – Artigo 108 - apresenta 4 regras: Extinção de punibilidade de crime que é pressuposto de outro não se estende – proposição trata dos crimes acessórios que dependem de outros delitos. Ex.: furto e recepção – a extinção da punibilidade do furto e recepção – a extinção da punibilidade do furto não se estende a recepção. Extinção da punibilidade do crime que é elemento de outro não se estende a este: Trata-se de crime complexo, um delito funciona como elemento de outro. Exemplo: extorsão mediante seqüestro - artigo 159 – que tem como elementares o seqüestro e a extorsão – a extinção da punibilidade em relação ao seqüestro não se estende a extorsão mediante seqüestro. Extinção de punibilidade de crime que é circunstância qualificadora de outro não se estende a este. Trata-se de crime complexo, na hipótese em que um crime funciona como circunstância legal específica – qualificadora – de outro – Por exemplo: furto qualificado pela destruição de obstáculo à subtração de coisa – artigo 155, § 4° - dano quali ficado – se extingue a punibilidade do dano, não se estendendo ao furto qualificado. Nos crimes conexos a extinção de um deles não impede, quanto aos outros, ocorre a agravação da pena resultante da conexão. Suponha-se que o agente, para assegurar a execução de um crime de estupro, mate a pessoa que tem a guarda da vítima. Responde por dois crimes: homicídio qualificado pela conexão teleológica (art. 121, § 2º, V, 1ª figura) e estupro. Após, casa-se com a ofendida, extinguindo-se a punibilidade em relação ao delito de estupro (CP, art. 107, VII). A extinção da

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punibilidade em relação ao estupro não exclui a qualificadora do homicídio. Aplica-se a regra: nos crimes conexos (homicídio e estupro), a extinção da punibilidade de um deles (estupro) não impede, quanto ao outro (homicídio), a agravação da pena (qualificadora) resultante da conexão (teleológica).

Imunidade parlamentar material ou penal A CF prevê em seu art. 53, caput, e § 1º, duas formas de imunidades parlamentares: a material ou penal; a processual ou formal. Em face da primeira, disciplinada no caput do dispositivo, os senadores e deputados federais são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos. A prerrogativa, que constitui causa funcional de isenção de pena, indica que referidos parlamentares não respondem pelos chamados delitos de opinião ou de palavra, como os crimes contra a honra, incitamento a crime, vilipêndio oral a culto religioso, apologia de crime ou criminoso etc. Nesses casos, diante da indenidade penal, os deputados federais e os senadores ficam livres do inquérito policial e do processo criminal. As imunidades parlamentares são irrenunciáveis: "O congressista, isoladamente considerado, não tem, sobre elas, qualquer poder de disposição". Deputados Estaduais: Gozam da imunidade parlamentar material, independentemente de previsão expressa na respectiva Constituição do Estado. Imunidade parlamentar de vereador: Nos termos do art. 29, VI, da CF, os vereadores não respondem criminalmente por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município. Trata-se de imunidade material, causa impeditiva da pretensão punitiva, de natureza semelhante às causas do art. 107 do CP. Impede o inquérito policial e ação penal.

Perdão judicial CONCEITO E ELENCO PERDÃO: instituto pelo qual o juiz não obstante comprovada a prática da infração penal pelo sujeito culpado, deixa de aplicar a pena em face de justificada circunstância. Elenco: Código Penal , arts. 121, § 5º; 129, § 8º; 140, § 1º, I e II; 176, parágrafo único; 180, § 3º, 1ª parte; 240, § 4º, I e II; 242, parágrafo único; 249, § 2º; e Lei das Contravenções Penais, arts. 8º e 39, § 2º. Na legislação especial, é previsto na Lei de Imprensa (Lei n. 5.250, de 9-2-1967, art. 22, parágrafo único), no Código Eleitoral (art. 326, § 1º) e na Lei de Falências (art. 186, parágrafo único). NATUREZA JURÍDICA Perdão judicial constitui causa extintiva de punibilidade de aplicação restrita – só nos casos previstos em lei - não é aplicável a todas as infrações penais, mas somente àquelas especialmente indicadas pelo legislador. Trata-se de um direito penal público subjetivo de liberdade. Não é um favor concedido pelo juiz. É um direito do réu – Se presentes as circunstâncias exigidas pelo tipo, o juiz não pode, segundo seu puro arbítrio, deixar de aplicá-lo. DISTINÇÕES ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS; O perdão judicial diferencia-se das escusas absolutórias. Nestas, a não-imposição da pena também decorre de imposição legal, porém ao juiz, ao aplicá-las, basta a função de conhecimento, sendo a decisão, nesse aspecto, meramente declaratória. No perdão judicial, ao contrário, não é suficiente a mera função cognitiva do juiz. É necessário que investigue e constate as circunstâncias exigidas, realizando uma apreciação valorativa do caso concreto e proferindo uma decisão constitutiva. EXTENSÃO Perdão judicial é de aplicação extensiva – não se restringe ao delito que se trata. Por exemplo: o sujeito pratica, em concurso formal, dois crimes culposos no trânsito, dando causa, num choque de

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veículos, à morte do próprio filho e lesões corporais num estranho. O benefício, concedido em face do homicídio culposo, estende-se ao de lesão corporal culposa. NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA CONCESSIVA Há divergência a respeito: PRIMEIRA POSIÇÃO, que adotamos: é condenatória a sentença que concede o perdão judicial, que apenas extingue os seus efeitos principais (aplicação das penas privativas da liberdade, restritivas de direitos e pecuniárias), subsistindo os efeitos reflexos ou secundários, entre os quais se incluem a responsabilidade pelas custas e o lançamento do nome do réu no rol dos culpados.; SEGUNDA POSIÇÃO: a sentença é declaratória da extinção da punibilidade (não é condenatória):; TERCEIRA POSIÇÃO : é condenatória, mas libera o réu de todos os seus efeitos; QUARTA POSIÇÃO: é absolutória (posição antiga): O STJ, na Súmula 18, adotou a segunda orientação : "A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório". Por isso, segundo o STJ, descabe a inclusão do nome do réu no rol dos culpados e a condenação em custas .

Morte do agente INTRODUÇÃO Personalíssima a responsabilidade penal – o Estado perde o jus puniendi - não se transmitindo a seus herdeiros – qualquer obrigação de natureza penal – mors omnia solvit - . Não pode passar a pena da pessoa do agente, extingue a punibilidade, só com o atestado de óbito. Multa : Se o agente é condenado a multa e morre antes de efetuar o pagamento, a obrigação não se transmite aos herdeiros, sob pena de infringir preceito constitucional, que diz que nenhuma pena passará da pessoa do delinqüente (CF, art. 5º, XLV). Reparação do dano: Ocorrendo a morte após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o interessado pode ingressar no juízo cível com a execução para efeito de reparação do dano contra os herdeiros ou sucessores universais do condenado falecido (CPP, art. 63). Ocorrendo a morte do agente antes do trânsito em julgado da sentença final, o ofendido pode intentar a actio civilis ex delicto (CPP, art. 64). PROVA Deve ser provada por meio de certidão não sendo válida presunção legal do art. 10 do Código Civil. Não é suficiente a simples informação verbal. SE PROVADA A FALSIDADE DA CERTIDÃO DE ÓBITO: Se a sentença que decretou a extinção da punibilidade ainda não transitou em julgado – órgão acusador interpõe recurso em sentido estrito – assim a ação penal terá prosseguimento – sem prejuízo da responsabilidade do autor (es) da falsidade. Se já transitou em julgado o processo não pode ter andamento contra o suposto morto – não pode ser intentado ação penal pelo mesmo objeto, restando ação penal contra o autor ou autores, da falsidade. Não se admite recurso contra o réu.

Da anistia, graça e indulto Introdução Renúncia do estado – ao direito de punir – fundamenta-se na equidade. Anistia, Graça e Indulto: extinguem a punibilidade – O Estado, renuncia ao jus puniendi. Anistia Esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais – Deve ser concedida em casos excepcionais, para apaziguar os ânimos, acalmar as paixões sociais etc.

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Em regra, aplica-se a crimes políticos – anistia especial –, nada obstando que incida sobre delitos comuns, anistia comum. Refere-se a fatos e não a pessoas – o fato criminoso foi cometido por pessoa (s). Anistia esquecimento dos fatos. Efeitos “ex tunc” . Concessão da anistia Pelo Congresso Nacional , é de sua atribuição. Anistia é lei penal , de efeito retroativo , verdadeira revogação parcial da lei anterior, por ser lei é interpretada e aplicada pelo Poder Judiciário, como lei comum, pode o interessado recorrer a ele quando é mal executada pelo Poder Executivo. Após concedida não pode mais ser revogada. Anistia – caráter de generalidade, abrange fatos e não pessoas – assim – atinge uma generalidade de pessoas, salvo exceções. Efeitos da anistia Opera-se efeitos “ex tunc ” , para o passado – apaga-se o crime, extinguindo a punibilidade e demais conseqüências de natureza penal. Rescinde a sentença penal condenatória irrecorrível – Assim, se o sujeito vier a cometer novo delito, não será considerado reincidente. A anistia Não impede a execução da sentença condenatória para efeito de reparação de dano – a anistia faz cessar os efeitos penais da sentença condenatória com trânsito em julgado. – o efeito civil da obrigação de reparação de dano não desaparece. A anistia se estende a pena de multa . Se a anistia rescinde até a própria condenação irrecorrível, alcança também a pena pecuniária. DELITOS CUJA PRETENSÃO É INSUSCETÍVEL DE ANISTIA: Prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e crimes hediondos (CF, art. 5º, XLIII; Lei n. 8.072, de 25-7-1990, art. 2º, I). Diferença entre anistia – graça – indulto ANISTIA GRAÇA E INDULTO Exclui o crime, rescinde a condenação, extingue totalmente a punibilidade, em regra atinge os crimes políticos, pode ser concedido pelo Poder Legislativo, pode ser concedido antes ou depois da condenação irrecorrível.

Apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais – atinge crimes comuns - pressupõem o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Anistia – apaga-se o fato cometido – subsiste norma incriminadora – Abolitio Criminis extingue-se o tipo penal incriminadora.

Graça e indulto GRAÇA : é individual e deve ser solicitada . GRAÇA: Clemência individual, em regra é solicita ou pelo condenado, ou, qualquer do povo, conselho penitenciário ou MP, pois só atinge determinado criminoso. INDULTO: coletivo e espontâneo. Grupo de condenados segundo princípios objetivos e subjetivos – beneficia autores de crimes específicos – determinados tipos de infrações penais. A competência da graça e do indulto – PRESIDENTE DA REPÚBLICA – sentença com trânsito em julgado. o Presidente da República poderá delegar a atribuição de conceder a graça e o indulto aos Ministros de Estado ou a outras autoridades Hoje admite-se : antes de trânsito em julgado – desde que não caiba mais recurso de acusação.

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O pedido de graça é submetido à apreciação do Conselho Penitenciário, nos termos do art. 189 da Lei de Execução Penal. Tratando-se de indulto, é também imprescindível o parecer do Conselho Penitenciário, tanto que os decretos que o concedem fazem menção expressa à sua necessidade. Formas : Pode ser total ou parcial. Parcial: exclui alguns crimes. Efeitos da graça e do indulto Somente extinguem a punibilidade, subsistindo o crime, a condenação irrecorrível e seus efeitos secundários (salvo o caso de o indulto ser concedido antes do trânsito em julgado da sentença condenatória). Assim, vindo o sujeito agraciado ou indultado a cometer novo crime, será considerado reincidente. A graça e o indulto não impedem a execução da sentença condenatória no juízo cível para efeito de reparação do dano, pois extinguem apenas as conseqüências executório-penais da sentença condenatória.- se o indulto for concedido antes do trânsito em julgado da sentença condenatória – ofendido pode valer-se da actio civitis ex delicto (CPP, art. 64). INDULTO: - total ou parcial – só abrange as penas que a fez referência se o decreto silenciar , sobre a pena pecuniária, a ela o indulto não se estenderá. Indulto: não se confunde com Cumutação da Pena - , no primeiro há o perdão, no segundo há um desconto da pena, muda-se o tipo da pena. Pode ser parcial – limitando-se a parte da pena. Indulto e Graça: podem ser recusados, desde que trate-se de comutação de pena ou indulto condicionado.

Renúncia e perdão CONCEITO Crime de Ação Penal Privada: ofendido ou seu representante legal pode exercer o direito de queixa. Assim nada obsta que desistiam de iniciar o processo criminal contra o ofensor – sendo “donos” da titulariedade nada impede que renunciem ao direito de queixa – abdicação do ofendido ou seu representante legal do direito de promover a ação penal privada. OPORTUNIDADE DA RENÚNCIA Nos crimes de ação penal privada somente o ofendido ou seu representante legal pode exercer o direito de queixa. Diante disso, nada obsta a que desistam de iniciar o processo criminal contra o ofensor. Surge a renúncia do direito de queixa, que é a abdicação do ofendido ou de seu representante legal do direito de promover a ação penal privada. Renúncia : antes de proposta a ação penal – perdão do ofendido – Renuncia momento anterior a propositura da ação – expressamente: através de uma declaração entregue aos autos do fato – tacitamente: conduta do ofendido incompatível com a conduta da vontade de exercer. Renúncia ato unilateral, não depende de aceitação, renúncia tácita requer todo o tipo de prova. Renúncia obsta o oferecimento – da queixa – é oportuna a renúncia dentro dos 6 meses previstos para o exercício da ação penal privada. (CP, art. 103), i. e., desde o dia em que o ofendido ou seu representante legal toma conhecimento da autoria do crime até o último dia do prazo. FORMAS DE RENÚNCIA Renúncia pode ser: Expressa : consta de declaração assinada pela ofendido – por seu representante legal ou procurador com poderes especiais , observa-se, que este não necessita ser advogado. Tácita : quando se pratica ato compatível com a vontade do ofendido ou seu representante legal iniciar a ação penal privada. CONCURSO DE AGENTES: A exclusão de um dos ofensores indica renúncia tácita, não podendo o Promotor de Justiça aditar a queixa para nela incluir o ofensor omitido. Desta forma, se três são os

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autores do crime de ação penal privada, cumpre ao ofendido oferecer queixa contra todos ou nenhum. A exclusão de um importa renúncia tácita, estendendo-se aos demais, nos termos do art. 49 do Código de Processo Penal: "A renúncia ao direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá" . No caso de subjetividade passiva – 2 sujeitos a renúncia de um não importa a do outro. Por exemplo: crime de violação de correspondência (CP, art. 151, caput).passivos – a renúncia de um não afeta ao outro – cada um é titular de seu direito de queixa. Se o ofendido morre – passa-se o direito de renúncia ao cônjuge - A renúncia do cônjuge não importa a renúncia das outras pessoas enumeradas no art. 31 do Código de Processo Penal (ascendente, descendente ou irmão). Embora o cônjuge sobrevivente possa renunciar, não se trata de renúncia em sentido técnico, podendo a queixa ser oferecida pelo ascendente, descendente ou irmão do falecido. Menor de 21 anos e maior de 18 anos : direito de queixa pode ser executada por ele ou seu representante legal. A renúncia de um, não afeta o direito de queixa do outro. Não-inclusão de co-autores ou partícipes na queixa por serem desconhecidos: Não importa. CONCEITO DE PERDÃO PERDÃO: ato pelo qual iniciada a ação penal privada, o ofendido ou seu representante legal desiste do seu prosseguimento. Crime de ação privada – oferecido pelo ofendido, só ofertada no curso da ação – princípio da desestibilidade – ato bilateral só produz se aceito – Perdão no processo – Perdão Processual – fora do processo Perdão extraprocessual. Efeito: Trata-se de causa extintiva da punibilidade, de acordo com o que dispõe o art. 107, V, 2ª figura, do Código Penal.

Oportunidade do perdão

O perdão só é possível depois de iniciada a ação penal tendo efeito até o trânsito em julgado da sentença condenatória – Transitando em julgado a sentença penal condenatória não é mais admissível (CP, art. 106, § 2º). E impossível antes de iniciada a ação penal. A interposição de recurso extraordinário não o impede

Formas perdão

PROCESSUAL: concedida nos autos da ação penal privada – sempre expressa. EXTRAPROCESSUAL: Concedido fora dos autos da ação penal privada – pode ser expresso ou tácito. EXPRESSO: concedidos por meio de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou por procurador com poderes especiais (CPP, arts. 50, 56 e 58). TÁCITA: resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação (CP, art. 106, § 1º). Exemplo: readmissão do querelado despedido pelo empregador querelante. Apoio político ao Prefeito querelado.

Titularidade da concessão do perdão

Se o ofendido é menor de dezoito anos de idade, a concessão do perdão cabe a seu representante legal. Se o ofendido é menor de vinte e um e maior de dezoito anos, o direito de perdão pode ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produz efeito (CPP, art. 52). O perdão pode ser concedido por procurador com poderes especiais (CPP, arts. 50 e 56). No caso de haver dois ofendidos, o perdão concedido por um não prejudica o direito do outro (CP, art. 106, II).

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Aceitação do perdão

O perdão não produz efeito quando recusado pelo querelado. Perdão – bilateral – pode o querelado ter o interesse de provar sua inocência. Extinta a punibilidade pelo perdão, se isso independesse da vontade do réu, ficaria sem a oportunidade de provar não ter cometido o delito. Se o querelado é menor de vinte e um e maior de dezoito anos, a aceitação do perdão cabe a ele ou a seu representante legal, mas a aceitação de um, havendo oposição do outro, não produz efeito (CPP, arts. 52 e 54). Se o querelado é mentalmente enfermo ou retardado mental, e não tem representante legal, ou quando há colisão de interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão cabe ao curador nomeado pelo juiz (CPP, art. 53). ACEITAÇÃO DO PERDÃO, PODE SER: Processual; é a realizada nos autos da ação penal; Extraprocessual; é a feita fora dos autos da ação penal. Expressa; aceitação processual expressa quando o querelado, nos autos da ação penal, declara aceitar o perdão; tácita quando, concedido o perdão mediante declaração expressa nos autos, e notificado o querelado para dizer se o aceita dentro do prazo de três dias, não responde à indagação (CPP, art. 58, caput, e parágrafo único). Extraprocessual expressa é a constante de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais (CPP, art. 59); Tácita; Concurso de pessoas: Quando há dois ou mais querelados, o perdão concedido a um deles se estende a todos, sem que produza, entretanto, efeito em relação ao que o recusa (CPP, art. 51; CP, art. 106, I e III). Assim, havendo dois réus, o perdão aceito por um produz efeito de extinguir a punibilidade também em relação ao outro, salvo se ocorre recusa. Neste caso, a ação penal continua em relação ao querelado que o recusou. Perdão de um dos querelantes: Não impede que os outros prossigam com a ação penal.

Decadência e perempção Decadência DECADÊNCIA: É a perda do direito de ação do ofendido em face do decurso de tempo. Atingindo em primeiro ação, por via oblíqua incide sobre o jus puniendi do Estado, pelo que é arrolada entre as causas de extinção da punibilidade. Na ação penal privada – decadência – ataca diretamente o direito de agir do ofendido ou de seu representante legal Na ação penal pública condicionada – decadência – impede que o ofendido ou seu representante manifeste validamente a vontade de que o ofendido seja acionado penalmente. Assim, o MP. Não pode deduzir em juízo – em face da ausência de condições de procedibilidade.

Titularidade do direito de queixa ou representação – e decadência

Ofendido menor de 18 anos : – direito de queixa ou de representação – pertence ao seu representante legal; Ofendido maior de 18 anos e menor de 21 anos : o direito de queixa pode ser exercido por ele ou seu representante legal; Maior de 21 anos: só pelo ofendido. Perempção da ação penal PEREMPÇÃO: põe termo a alguma coisa – é a perda do direito de demandar o querelado em face da inércia do querelante – diante do que o Estado perde o jus puniendi – só é possível na ação penal

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exclusivamente privada. Não cabível na ação penal subsidiária. Tem que pedir nas alegações finais – a condenação do réu – senão perdoa. Cabe: Após – iniciada a ação penal privada; Antes – tem incidência a prescrição, decadência ou renúncia.

Retratação do agente Conceito RETRATAR: significa desdizer-se - retirar o que foi dito – em regra – não tem relevância jurídica, funcionando somente com circunstância judicial na aplicação da pena – Excepcionalmente – o estatuto penal lhe empresta força extintiva da punibilidade. Nos caos em que a lei admite – reconsiderar, tratar de novo. Ato Jurídico pelo qual o agente reconhece o erro praticado e o denuncia. CASOS O código, prevê casos em que a retratação extingue a punibilidade: Crime contra a honra só cabe a retratação: Calunia Difamação. Incabível na Injúria : não há imputação de fato - atribuição ofensiva de qualidade negativa; ofensiva a honra subjetiva. Calúnia e Difamação : imputação de um fato definido como crime ou ofensiva a reputação. Assim é de interesse do ofendido – a retratação do agente. Retratação : calúnia e difamação: só quando trata-se de ação penal privada. A expressão “antes da sentença”, do artigo supra citado – significa antes do juízo proferir a sentença – e – não se tratando de decisão irrecorrível. LEI DE IMPRENSA: A RETRATAÇÃO é possível até a 1ª sentença em relação ao procedimento em que foi praticado, falso testemunho ou falsa perícia.

Casamento subseqüente Casamento do agente com a vítima Crimes contra os costumes, abrangidas pelo subsequens matrimonium . estupro; atentado violento ao pudor ; posse sexual mediante fraude ; atentado ao pudor mediante fraude ; sedução corrupção de menores ; rapto. (cp, arts. 213 a 221). Em que momento do casamento pode ocorrer - subsequens matrimonium : em qualquer fase – o autor depois de sentença transitado em julgado antes de iniciado o Inquérito Policial – durante o Inquérito Policial – durante instrução criminal ou durante a execução da pena. Momento de realização do casamento : tem-se por efetuado no momento em que os nubentes manifestam vontade de casar, perante o juiz de casamentos. Se a extinção da punibilidade ocorreu antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, ausente o pressuposto judicial da agravante (sentença condenatória irrecorrível), não será considerado reincidente. Se, porém, a extinção da punibilidade ocorreu depois de a sentença condenatória transitar em julgado, será reincidente.

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Realizado Matrimônio: sujeito ativo abandona a vítima – extingue-se a punibilidade – se for caso responde pelo crime de abandono material (CP, art. 244), conforme o caso. Se o casamento é anulado : extingue-se a punibilidade ? Depende: se houve decisão transitada em julgado a decisão judicial extintiva da punibilidade – a nulidade de casamento não tem força retroativa no sentido de rescindir a coisa julgada. Não havendo revisão criminal pro societate, persistem os efeitos da extinção da punibilidade. Se não houve decisão com trânsito em julgado decretando a extinção da punibilidade – a nulidade não impede a propositura da ação ou a continuação da mesma ou a continuação da execução da pena.. Mera união de fato (concubinato): Não se presta à extinção da punibilidade. "União estável" (CF, art. 226, § 3º): O TACrimSP entendeu permitir a extinção da punibilidade, uma vez que a Carta Magna equipara a família de fato ao casamento. CASAMENTO DA VÍTIMA COM TERCEIROS Casamento da vítima com terceiro: não extingue a punibilidade nos crimes de estupro – atentado violento ao pudor – e rapto violento – (Artigos 213 – 214 – 219 – CP). Este quando praticado com o violência real ou grave ameaça - uma vez que tratam-se de delitos cometidos com violência real ou grave ameaça. ENTRETANTO, mesmo nesse delitos é possível a extinção da punibilidade atingindo a parte final da disposição – quando se trata de violência presumida. A extinção da punibilidade só é cabível, nos crimes: posse sexual mediante fraude; atentado ao pudor mediante fraude, sedução, corrupção de menores, rapto mediante fraude, rapto consensual. Fora daí há impedimento absoluto à extinção da punibilidade; Nos crimes de posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude, sedução, corrupção de menores, rapto mediante fraude, rapto consensual e nos casos de violência presumida, o casamento da vítima com terceiro extingue a punibilidade se ela não requerer o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no prazo de sessenta dias, a contar da celebração. Depende de três requisitos: casamento da vítima com terceiro; que o delito não tenha sido cometido com violência física (real) ou grave ameaça; inércia da vítima. Pouco importa que a ação penal pública seja condicionada ou incondicionada O casamento com terceiro extingue a punibilidade – se não for requerida o prosseguimento do Inquérito penal – ou da ação penal no prazo de 60 dias da celebração. Nesta hipótese há um impedimento relativo a extinção da punibilidade – Condicionada a vontade do ofendido. Contagem do prazo Tem início na data da celebração do casamento, nos termos do art. 10 do Código Penal, incluindo-se o dia do começo. Tratando-se de prazo de direito material e não processual, deve ser aplicado o Código Penal, não o que dispõe o art. 798, § 1º, do Código de Processo Penal. O prazo de 60 dias – inicia-se na data da celebração do casamento – prazo de direito material. Corre automaticamente, não devendo a vítima ser intimada, uma vez que, em caso contrário, a medida viria em prejuízo do casal. Casamento com processo em grau de recurso ; Extingue-se a punibilidade, presentes os requisitos legais. É irrelevante o casamento da vítima com terceiro, após trânsito em julgado da sentença. Se um homem, vítima de crime de corrupção de menores, praticado por mulher – vier a casar-se com terceiro – pode ocorrer a extinção da punibilidade – disposição legal fala em “vítima”.

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Natureza jurídica da causa extintiva; Não se trata de perempção. O que extingue a punibilidade, de acordo com a disposição, é o "casamento da vítima com terceiro". Logo, é na data da celebração que ocorre a causa extintiva, condicionada ao prazo. Não significa que já na data do casamento a punibilidade se encontra extinta. Não manifestada a vontade de a ofendida prosseguir com a ação, o efeito desse desinteresse retroage àquela data, extinguindo-se a pretensão estatal.

Prescrição Introdução Preliminarmente podemos definir, prescrição como a extinção do direito de punir do Estado, pelo decurso de tempo. Perda da pretensão punitiva ou Executória, pelo decurso de prazo sem seu exercício. PRESCRIÇÃO: Nos termos do art. 107, IV, 1ª figura, do Código Penal, a prescrição constitui causa extintiva da punibilidade – A prescrição faz desaparecer o direito do Estado de exercer : jus persequendi in juditio; jus punitiones. Prescrição ocorre: depois de transitada em julgado a sentença, esta subsistirá em seus efeitos secundários. Ex.: forjar a reincidência; antes de transitar em julgado, o sujeito vem cometer novo crime, não é considerado reincidência, pois falta o pressuposto da recidiva (sentença condenatória anterior com trânsito em julgado). falta a sentença condenatória com trânsito em julgado, pressuposto da reincidência. Antes da sentença transitar em julgado Depois de transitar em julgado CP. ART. 109 CP . ART. 110 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA Regulada pelo máximo da pena cominada ao crime – Multa – prescreve em 2 anos.

Regulada pela pena aplicada – em concreto – nos prazos fixados – aumentam-se em 1/3 se o réu é reincidente.

Pretensão punitiva e executória PRETENSÃO : é a exigência de subordinação de um interesse alheio ao interesse próprio. Assim, Praticado o crime o direito de punir do Estado - que era abstrato, torna-se concreto – forma-se relação jurídica. PRETENSÃO PUNITIVA: É a exigência de subordinação do direito de liberdade do cidadão ao direito de punir concreto do Estado. praticado o crime e antes de a sentença penal transitar em julgado, o Estado é titular da pretensão punitiva, exigindo do Poder Judiciário a prestação jurisdicional pedida na acusação, que tem duas finalidades: objetiva o julgamento da pretensão punitiva e a imposição da sanção penal. PRETENSÃO EXECUTÓRIA:. Transitando em julgado a sentença condenatória, o direito de punir concreto transforma-se em jus punitionis, convertendo a pretensão punitiva em pretensão executória: exigência de execução da sanção penal concretizada na sentença. O Estado adquire o direito de executar a pena ou medida de segurança imposta na sentença. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA E EXECUTÓRIA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA : impropriamente denominada de prescrição da Ação – o decurso de tempo faz com que o Estado perca o direito de punir, no tocante à pretensão de o Poder

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Judiciário julgar a lide e aplicar a sanção abstrata – Não se trata de o Estado perder o direito da ação – prescrição atinge diretamente o jus puniendi do contrário do que ocorre com a prescrição e a decadência – atingem primeiramente o direito de ação para depois atingir indiretamente o direito de punir. Ocorre antes da sentença transitar em julgado . PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA : impropriamente denominado de prescrição da condenação - o decurso do tempo sem o seu exercício faz com que o Estado perca o direito de executar a sanção imposta na sentença condenatória. Ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória. IMPRESCRITIBILIDADE :A prescrição seja ela – punitiva ou executória – alcança a todas as infrações penais, salvo disposição em contrário. Prescrição da pretensão punitiva A prescrição É a perda da pretensão punitiva ou executória do Estado pelo decurso do tempo sem o seu exercício. A pretensão punitiva é regulada pela pena abstrata – cominada na lei penal Incriminadora, seja simples ou qualificado o delito. . Prazo prescricional varia de acordo com o máximo da sanção abstrata privativa da liberdade – com o desprezo quando cominada cumulativamente ou alternativamente – Para saber qual o prazo prescricional verificamos o limite máximo da pena no preceito sancionador, conforme o quadro seguinte: MÁXIMO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PRAZO PRESCRICIONAL 1. mais de 12 anos 20 anos 2 . mais de 8 a 12 anos 16 anos 3. mais de 4 a 8 anos 12 anos 4. mais de 2 a 4 anos 8 anos 5 . de 1 a 2 anos 4 anos 6. menos de 1 ano 2 anos CONCURSO DE CRIMES: material, formal e crime continuado – prescrição atinge a pretensão punitiva em relação a cada infração, considerada isoladamente (CP, art. 119). Para efeito de contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva são levados em conta as causas de aumento e diminuição de pena . Não incide porém o aumento da pena de concurso formal e crime continuado (CP, arts. 70 e 71), pois se não houvesse o concurso ou o nexo de continuidade a prescrição seria regulada pelo máximo da pena privativa de liberdade abstratamente cominada a cada delito, sem o acréscimo legal.. Circunstâncias agravantes e atenuantes NÃO interferem no prazo prescricional, exceto artigo 115. Efeitos práticos da extinção da punibilidade pela p rescrição da pretensão punitiva Reconhecida – prescrição da pretensão punitiva – deve ser decretada a extinção da punibilidade . Várias hipóteses podem ocorrer: Se não há Inquérito Policial, não pode ser instaurado; Se o Inquérito Policial encontra-se em andamento deve ser remetido ao juízo, cabe ao M.P. requerer a extinção da punibilidade. Oferecida a denúncia ou queixa – cabe ao juiz rejeitá-la; A ação penal em andamento, cabe o juiz decretá-lo; Se em fase de julgamento – decrete sem entrar no mérito;

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Se reconhecida em grau de recurso – a sentença condenatória não produz nenhum efeito – principal ou secundário. A prescrição não impede a ação civil de reparação de dano. Favorecido pela prescrição - o réu não pode ser processado pelo mesmo fato. CRIMES DE PRETENSÃO PUNITIVA IMPRESCRITÍVEL Constituição Federal, art. 5º: delitos de racismo (XLII) e referente a "ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático" (XLIV). Entendemos que essas disposições não têm efeito retroativo (CF, art. 5º, XL). Crimes de racismo: Lei n. 7.716, de 5 de janeiro de 1989. PRESCRIÇÃO EXECUTÓRIA É a perda do direito de executar a sanção penal imposta na sentença condenatória pelo decurso do tempo. Após - transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena imposta - verifica-se nos prazos fixados pelo artigo 109 – aumentando-se de 1/3 se o condenado é reincidente. MÁXIMO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – CONCEDIDA NA SENTENÇA

PRAZO PRESCRICIONAL

1. mais de 12 anos 20 anos 2 . mais de 8 a 12 anos 16 anos 3. mais de 4 a 8 anos 12 anos 4. mais de 2 a 4 anos 8 anos 5 . de 1 a 2 anos 4 anos 6. menos de 1 ano 2 anos Substituída – a pena privativa de liberdade – pela restritiva de direito (CP, arts. 55 e 59, IV), – aplicam se os mesmos prazos prescricionais reguladores daquela (CP, art. 109, parágrafo único). Quando não se aplica o "caput": Quando a sentença condenatória ainda não transitou em julgado Reincidente prazo prescricional aumentada de 1/3 . Necessário que anterior condenação tenha sido antes da nova sentença condenatória. CRIMES DE PRETENSÃO EXECUTÓRIA IMPRESCRITÍVEL: Constituição Federal, art. 5º: delitos de racismo (XLII) e referente a "ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático" (XLIV). Entendemos que essas disposições não têm efeito retroativo (CF, art. 5º, XL). Crimes de racismo: Lei n. 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Concurso – Material ou Formal : cada delito tem seu prazo prescricional isolado – ainda que imposta na mesma sentença – Reduzida pena por – graça ou indulto – não é a sanção originária que regula o prazo prescricional – mas sim, o restante não alcançado pela graça ou indulto. PRESCRIÇÃO PRETENSÃO EXECUTÓRIA: NÃO OCORRE : durante período de prova do “sursis” e do livramento condicional. O Artigo 121, I, CP. Prova de que durante aquele período o curso prescricional não estava correndo. Reconhecimento da Pretensão Executória : somente impede a execução da pena e de eventual medida de segurança – subsiste os efeitos secundários da condenação – Ex.: nome no rol dos culpados, custas, reincidentes. Subsistindo os efeitos – da sentença – pode ser ela executada no cível – para reparação do dano.

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Causas de aumento e de diminuição da pena: São consideradas na contagem do prazo prescricional, salvo nas hipóteses de concurso formal e crime continuado, em que o acréscimo deve ser desprezado. Assim, v. g., a redução da pena pela reparação do dano prevista no art. 16 deste Código reflete-se na prescrição. Prescrição superveniente à sentença condenatória (p rescrição intercorrente) (cp. art. 109 §1º) Quando se trata de prescrição da pretensão punitiva (da ação), o prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena abstrata (art. 109). Cuidando-se de prescrição da pretensão executória (da condenação), que surge com o trânsito em julgado da sentença condenatória, o lapso é considerado em face da pena concreta (art. 110, caput). Neste caso, embora o termo a quo corresponda à data do trânsito em julgado da condenação para a acusação (CP, art. 112, I), é necessário que esta também se tenha tornado irrecorrível para a defesa, momento em que o Estado adquire a pretensão executória. Antes de a sentença condenatória transitar em julgado, a prescrição é regulada pela sanção abstrata. Há, contudo, uma exceção, prevista no § 1º do art. 109, considerado isoladamente. Transitando em julgado a sentença condenatória para a acusação, ou não obtendo provimento o seu recurso, a partir de sua publicação começa a correr prazo prescricional regulado pela pena concreta. Verifica-se que, embora ainda não se possa falar em prescrição da pretensão executória, uma vez que a decisão ainda não transitou totalmente em julgado, não é mais a pena abstrata, mas a concreta, o termo fixador da prescrição. A razão reside em que, ou porque somente o réu apelou, ou, não tendo apelado, pode fazê-lo, ou porque a decisão transitou em julgado para a acusação, ou foi improvida sua apelação, a condenação, quanto à quantidade da pena, não pode mais ser alterada em prejuízo da defesa. Diante disso, a partir da sentença condenatória não existe fundamento para que a prescrição continue a ser fixada pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada em abstrato. PRETENSÃO PUNITIVA : salvo exceções dos parágrafos 1° e 2° - Art. 110 é regulada pela pena em abstrato, antes do trânsito em julgado: Exceção: a prescrição da pretensão punitiva não é regulada pela pena em abstrato , mas sim a em concreto - assinalada pelo juiz – na sentença; Exceção : transitada em julgado a sentença condenatória para a acusação – ou sendo improvido seu recurso – a partir da publicação – começa a correr o prazo prescricional regulada pela pena em concreto – nesses casos a quantidade da pena fixada não pode ser mais modificada – Neste caso só o réu pode recorrer ou já recorreu , não havendo ou não podendo mais a acusação recorrer - assim a pena foi fixada não poderá ser alterada – será mantida ou reduzida – assim nesse caso a prescrição deve ser da pena in concreto, não se justificando a aplicação sob a pena abstrata . Trata-se de prescrição da pretensão punitiva – ação – já que se trata de prescrição anterior ao trânsito em julgado da sentença. Natureza jurídica: A prescrição prevista no § 1º constitui forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória. Contagem de prazo Transitado em julgado para acusação ou improvido o seu recurso – verifica-se o quantum da pena imposta na sentença condenatória – adequa-se tal prazo num dos incisos do artigo 109 CP. – encontrado o período prescricional - procura-se encaixá-lo entre dois pólos – da data do termo inicial - Artigo 111 – CP . E o recebimento da denúncia ou queixa ou entre esta e a publicação da sentença condenatória. Se o prazo prescricional couber contado retroativamente entre a data em que a sentença condenatória foi publicada e a em que houve o reconhecimento da denúncia – caberá extinção da punibilidade. Ex.: sujeito comete lesão corporal leve, sendo condenado ao mínimo legal – 3 meses detenção – transita em julgado a sentença para acusação – apelando ou não o réu – pode ser averiguado se ocorreu a prescrição da pretensão punitiva retroativa. Supondo como data : denúncia – 04 . 04 . 1980 Publicação da sentença – 10. 05. 1982. A partir da data do cometimento do crime estava correndo um prazo prescricional da pretensão punitiva regulada pelo máximo da pena abstrata – como esta é de 1 ano de detenção tal prazo era de 4 anos . Artigo 109 – 5.

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Passado 3 meses do fato , ofereceu-se a denúncia - 04 . 04 . 1980 – Interrompeu-se o prazo prescricional de 4 anos . Artigo 117, I. A partir da denúncia outro prazo prescricional de 4 anos recomeçou a correr. Artigo 117 § 2°. Pouco mais de dois anos, contados do recebimento da denúncia foi publicada a sentença condenatória 10. 05. 1982. Houve nova interrupção do prazo de 4 anos – No momento em que transitou em julgado a sentença para o MP – ou – improvido o seu recurso – surge a possibilidade de ser verificada a ocorrência da prescrição retroativa. E ela realmente ocorreu. Condenado o réu a – 3 meses – prazo prescricional é de 2 anos – decorreu o biênio entre a data do recebimento da denúncia 04 . 04 . 1980 e a publicação de sentença condenatória 10. 05. 1982 a prescrição retroativa nos moldes do § 2° do artigo 100 do CP. – ocorreu em 03. 04.1982 – 2 anos depois do recebimento da denúncia de modo que a sentença condenatória quando foi publicada um mês depois – não tinha em face da ausência de recurso da acusação condições de reconhecer a procedência da pretensão punitiva – já extinta. O prazo prescricional que era anteriormente regulado pela pena em abstrato – após trânsito em julgado a sentença condenatória para acusação passou a ser disciplinada pela pena in concreto. Prazo prescricional retroativo (§§ 1º e 2º) A prescrição retroativa, no regime da reforma penal de 1984, constitui forma de prescrição da pretensão punitiva. CONTAGEM DO PRAZO: Desde que transitada em julgado para a acusação, ou julgado improcedente o seu recurso, verifica-se o quantum da pena imposta na sentença condenatória. A seguir, adapta-se tal prazo a um dos incisos do art. 109 do Código Penal. Encontrado o respectivo período prescricional, procura-se encaixá-lo entre dois pólos: a data do termo inicial, de acordo com o art. 111, e a do recebimento da denúncia (ou queixa) (RT, 627:349), ou entre esta e a da publicação da sentença condenatória. Diferença entre a prescrição superveniente (§ 1º) e a retroativa (§ 2º) A superveniente tem seu prazo contado da publicação da sentença condenatória em diante; a retroativa tem seu prazo considerado entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa ou entre essa data e a da publicação da sentença condenatória. Tomando a última data como marco divisório, a primeira é contada para frente; a segunda, para trás. Princípios da prescrição retroativa ausência de recurso do réu não impede a prescrição retroativa; prazo retroativo pode ser considerado entre a data do recebimento da denúncia e a publicação da sentença – não sendo vedada a contagem entre aquela e a consumação do delito. Pode ser considerada a pena privativa de liberdade reduzida em 2ª instância; Prescrição retroativa é aplicável aos casos de condenações impostas em 2ª instância – absolvição em 1° grau – condenação no Tribunal recurso de ofício – voluntário – crime de competência originária. Recurso da acusação que visa a agravação da pena – impede – a prescrição retroativa – seja do MP., querelante ou do assistente, desde que provida de modo a alterar o prazo prescricional não alterando, não impede. Improvido o recurso da acusação – não impede o princípio retroativo podendo ser reconhecido pelo tribunal. Prescrição retroativa atinge a pretensão punitiva, rescindindo a sentença condenatória e seus efeitos principais ou acessórios. impedindo a execução civil Não pode ser reconhecida em 1° grau. seja da ação o u da execução Não pode ser reconhecida na própria sentença condenatória. Espécies de penas e prescrições CP. Art. 118. As penas mais leves prescrevem com as mais graves. Penas mais leves: São a multa e as penas restritivas de direitos. Quer se trate de prescrição da pretensão punitiva ou executória, a multa e as penas restritivas de direitos seguem a sorte das penas privativas de liberdade.

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Multa: Quando é a única abstratamente imposta, ou a única aplicada ou é a que ainda resta a cumprir, tem disciplina própria (CP, art. 114). CP. Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. Concurso de crimes: A ele a disposição é inaplicável, devendo a prescrição ser regulada pela pena de cada um, considerado isoladamente (CP, art. 119). O dispositivo cuida da hipótese de um só crime com duas penas (p. ex.: reclusão e multa). Termos iniciais da prescrição da pretensão punitiva MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA (CP. Art 111 , I E II): Prescrição da pretensão punitiva (antes de transitar em julgado a sentença final) começa a correr: do dia que o crime se consumou; no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; nos crimes permanentes do dia em que cessou a permanência ; nos de bigamia, falsificação ou alteração de assentamento de registro civil da data em que o fato se tornou conhecido. Ex. : Crime de homicídio – atividade ocorreu em janeiro – o ofendido falece em 5 de maio – 5 de maio é a data que começa a correr o prazo - adota-se a Teoria do Resultado. Crimes Omissivos Próprios: termo inicial ocorre na data em que o sujeito deixar de realizar a conduta penalmente exigida. Crimes Impróprios : na data da produção do resultado. Crimes Mera Conduta: começa a correr a partir da data da prática do comportamento. Delito Formal: momento consumativo coincide com a realização do ato típico imediatamente anterior a produção do resultado visado pelo agente. Crime de Extorsão: consumação ocorre com o comportamento da vítima de fazer, deixar de fazer, ou tolerar que se faça. Tentativa: termo “a quo” da prescrição da pretensão punitiva é o dia da cessação da atividade criminosa. Delito Habitual: prescrição tem início da data da prática do último ato delituoso. Crime preterdoloso: O termo a quo é o dia em que ocorre o resultado. Crime culposo: O dies a quo é o da ocorrência do resultado. Dúvida quanto à data da consumação: Conhecimento só do ano (desconhecimento do mês e dia): O Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo entendeu levar-se em conta o dia 1º de julho, salvo se isso prejudicar o réu, caso em que se considerará o dia 1º de janeiro . Ofensa em periódico que não indica a data: Só o mês. Considera-se o último dia do mês. Tentativa: O termo a quo da prescrição da pretensão punitiva é o dia da cessação da atividade criminosa. CRIME PERMANENTE (III): Se, iniciada a ação penal, subsiste a lesão do bem jurídico ; Entendemos que enquanto não cessa a conduta criminosa do sujeito não começa a correr a prescrição. No sentido de que com a denúncia cessa a permanência e começa a ser contado o prazo prescricional Crime Permanente: prescrição começa a correr do dia em que cessou a permanência. OUTROS CRIMES: Crime continuado: Vide art. 119 do Código Penal: cada crime tem o seu próprio termo inicial de prescrição. Crimes em concurso material ou formal; Vide art. 119 do Código Penal: cada crime tem o seu próprio termo inicial de prescrição. Crime habitual: A prescrição tem início na data da prática do último ato delituoso.

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Termos iniciais da pretensão executória Do dia em que passa em julgado a sentença condenatória - para o acusado – ou a que revoga ou a suspensão condicional da pena ou livramento condicional. Do dia quer se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena; SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO PARA A ACUSAÇÃO (I) Transitando em julgado sentença condenatória para o órgão de acusação começa a correr a prescrição – não exige intimação do réu. Obs.: prescrição da pretensão executória depende de uma condição – haver trânsito em julgado de sentença condenatória para acusação e defesa – Satisfeita a condição, entretanto, na contagem do prazo leva-se em conta a data em transitou em julgada para a acusação. REVOGAÇÃO DO "SURSIS" E DO LIVRAMENTO CONDICIONAL (I) Revogado - sursis ou livramento condicional – conseqüência é a de o condenado cumprir a pena a que está suspensa – sursis - ou a restante da pena - livramento condicional – Enquanto a pena não é executada – prescrição está correndo - tendo seu termo “a quo” a partir do trânsito em julgado da sentença revocatória. A hipótese não se confunde com a do art. 161 da LEP, em que o sursis é tornado sem efeito em face do não-comparecimento injustificado do condenado à audiência admonitória. Neste caso não há revogação da medida, uma vez que ainda não havia período de prova (o fato não ocorreu "na vigência" da medida). Por isso o prazo prescricional da pretensão executória tem curso a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação (1ª parte do inc. I). INTERROMPIDA A EXECUÇÃO DA PENA : pela fuga do condenado – inicia-se a contagem do prazo prescricional da pretensão executória. (art. 112, II, 1ª parte). Prescrição no caso de evasão do condenado ou revoga ção do livramento condicional Caso de Evasão : a prescrição é regulada pelo tempo que falta da pena: Ex.: detento foge faltando 6 meses para cumprir sua pena a partir da data da fuga começa a correr o prazo de dois anos. Caso de Revogação da Condicional: é regulada a prescrição pelo tempo que falta da pena. Ex: revogada o livramento condicional, faltando um ano para término do período de prova, em face de crime praticado antes de sua vigência – a partir do trânsito em julgado da sentença revocatória começa a contar o prazo de 4 anos. Multa A nova redação do art. 114, dada pela Lei n. 9.268/96, prevê cinco casos de prescrição da pretensão punitiva e executória da multa: multa como única pena abstratamente cominada: prescrição em dois anos (inciso I, 1ª parte); multa como única pena imposta na sentença condenatória: prescrição em dois anos (inciso I, 2ª parte). O princípio somente incide sobre a prescrição da pretensão punitiva interrompida pela sentença que só impôs multa (CP, art. 117, IV) e a prescrição superveniente à sentença condenatória (CP, art. 110, § 1º). Inexiste prescrição da pretensão executória penal da multa, uma vez que, transitando em julgado a sentença condenatória, o seu valor deve ser inscrito como dívida ativa da Fazenda Pública, deixando de apresentar natureza penal. Assim, a prescrição obedece ao art. 144, caput, do CTN e não ao Código Penal; multa cominada alternativamente com pena privativa de liberdade: prazo igual ao estabelecido para a prescrição da pretensão relativa à pena detentiva (inciso II); multa cominada cumulativamente com pena detentiva: prazo igual ao da pena privativa de liberdade (inciso II); multa imposta na sentença condenatória juntamente com pena detentiva: prazo igual ao da sanção privativa de liberdade (inciso II). Inexiste a hipótese de prescrição da pretensão executória pela razão já apontada.

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As hipóteses de cumulação ou alternação abstrata da pena pecuniária com a detentiva, no tocante à prescrição da pretensão punitiva, já estavam disciplinadas no art. 118 do Código Penal: "As penas mais leves prescrevem com as mais graves". Penas mais leves são a multa e as restritivas de direitos. De modo que a inovação era desnecessária, uma vez que a Lei n. 9.268 não revogou o art. 118 do Código Penal. Reincidência: Não aumenta o prazo prescricional em relação à multa, sendo inaplicável o disposto no art. 110, caput, parte final, uma vez que ele se refere ao art. 109, que trata somente da pena privativa de liberdade. Redução dos prazos em face da idade do sujeito CP. ART. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. Em relação ao menor nenhuma influência tema a emancipação civil, não afastando a redução do prazo. Concurso de pessoas: A redução é incomunicável. Maior de setenta anos ; Ao tempo do julgamento da apelação: reduz-se o prazo prescricional. A expressão "sentença" deve ser interpretada em sentido amplo, abrangendo o acórdão. Crime continuado: Delitos parcelares praticados antes e depois de vinte e um anos de idade do agente: para nós, a redução só incide sobre os prazos relacionados com os crimes cometidos antes da maioridade (21 anos), nos termos do art. 119 do Código Penal. O ARTIGO 115 é aplicável as contravenções penais. Causas suspensivas da prescrição CP. Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Nova causa impeditiva do curso prescricional: O legislador criou mais uma causa suspensiva (ou impeditiva) da prescrição. Sobrestado o processo, o prazo prescricional cessa o seu curso até o comparecimento do acusado, data em que novamente recomeça a correr (art. 366, § 2º, do CPP), computando-se o tempo anterior. Assim, cessada a suspensão, a prescrição prossegue, levando-se em conta, no cálculo, o tempo anteriormente decorrido. Suponha-se que um ano após o recebimento da denúncia, causa interruptiva do prazo prescricional (CP, art. 117, I), o processo venha a ser suspenso. Dois anos depois, comparecendo o réu, a ação penal tem seguimento. O ano anterior à suspensão deve ser computado, prosseguindo o decurso do tempo prescricional. O termo final do prazo de suspensão é a data de comparecimento do acusado, pessoalmente ou por intermédio de defensor, e não a do despacho judicial que determina o prosseguimento do feito, se posterior. Término do prazo de suspensão da prescrição Recomeça a correr, levando-se em conta o máximo abstrato da pena privativa de liberdade e o tempo anteriormente decorrido. A ação penal, entretanto, continua suspensa. Causas interruptivas da prescrição CP. Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela sentença condenatória recorrível; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

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VI - pela reincidência. § 1º Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. Rol taxativo : As causas interruptivas da prescrição não podem ser ampliadas . RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU DA QUEIXA (I):É o recebimento da denúncia ou da queixa e não o seu oferecimento ou o despacho que determina o seu registro, distribuição e autuação; nem se leva em conta a data em que o Promotor de Justiça "deveria" tê-la apresentado. Data da interrupção: Da publicação do despacho de recebimento da denúncia ou queixa, i. e., na data em que o escrivão recebe o processo do juiz com o despacho. Contra, no sentido da data do despacho. Não é a data da ciência do despacho. Ratificação da denúncia no juízo competente : A interrupção da prescrição ocorre no segundo recebimento.Recebimento pelo tribunal: Se o juiz rejeita a denúncia ou a queixa, vindo uma ou outra, em face de recurso da acusação, a ser recebida pelo tribunal, a interrupção da prescrição ocorre na data do julgamento proferido em sessão. Mera ratificação ou retificação da denúncia; Não interrompe o prazo. Rejeição da denúncia; Não interrompe a prescrição. PRONÚNCIA E SUA CONFIRMAÇÃO (II e III): Efeito interruptivo da pronúncia; Nas ações penais por crime da competência do júri, "se o juiz se convencer da existência do crime e de indícios de que o réu seja o seu autor, pronunciá-lo-á, dando os motivos de seu convencimento" (CPP, art. 408, caput). Significa que o juiz determina seja o réu julgado pelo tribunal do júri. A decisão do juiz tem força de interromper o curso da prescrição. Desclassificação no processo do júri; A sentença que, na fase do art. 408 do Código de Processo Penal, desclassifica o crime para outro da competência do júri, interrompe o prazo prescricional.. Se, entretanto, a desclassificação é feita para crime da competência do juiz singular, não há interrupção. CONFIRMAÇÃO DA PRONÚNCIA (III): Se o réu recorre da pronúncia e o tribunal a confirma, o acórdão também interrompe a prescrição (CP, art. 117, III), o mesmo ocorrendo quando é impronunciado (art. 409, caput) ou absolvido sumariamente (CPP, art. 411) e o tribunal o pronuncia. SENTENÇA CONDENATÓRIA RECORRÍVEL (IV): Data da interrupção; Da publicação da sentença, i. e., no dia em que o escrivão recebe a sentença do juiz e a junta aos autos, independentemente do registro e de outras diligências. Assim, se o escrivão, antes de lavrar o termo de publicação da sentença, realiza atos como expedição do mandado de prisão, lançamento do nome do réu no rol dos culpados etc., esta é a data que vigora para fins de interrupção da prescrição.Sentença absolutória ; Não tem efeito interruptivo. Acórdão condenatório: Ainda que não-unânime, e por isso sujeito a embargos infringentes, também interrompe o prazo prescricional da pretensão punitiva. Isso ocorre quando, tendo sido absolvido em primeiro grau, o réu vem a ser condenado pelo acórdão do tribunal ou quando se trata de ação penal de competência originária. Trata-se de acórdão recorrível. INÍCIO OU CONTINUAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA PENA (V): Incidência: Sobre a prescrição da pretensão executória. Não recai sobre a prescrição da pretensão punitiva de outro processo. Nem sobre a forma retroativa QUANDO A CONDENAÇÃO AINDA É RECORRÍVEL; As causas do inc. V somente interrompem o prazo prescricional da pretensão executória quando a sentença condenatória já transitou em julgado para acusação e defesa. Caso ainda caiba recurso da defesa, não há interrupção. Não há também o efeito interruptivo pela expedição do mandado de prisão. REINCIDÊNCIA (VI):Data da interrupção; Existem duas orientações: 1ª) o lapso prescricional da pretensão executória (prescrição da condenação) é interrompido pela prática do novo crime e não pela sentença condenatória com trânsito em julgado que o reconhece. É a nossa posição. Essa interrupção, porém, "ficará condicionada à efetiva condenação do réu; se este vier a ser absolvido, evidentemente não houve reincidência e, conseqüentemente, não foi interrompido o prazo da prescrição"; 2ª) o lapso prescricional da pretensão executória (prescrição da condenação) é interrompido pela sentença

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condenatória irrecorrível que reconhece o novo crime e não pela sua prática. Assim, o efeito interruptivo somente surge na data em que a nova sentença transita em julgado. CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES CONEXOS (§ 1º): Concurso de pessoas: No caso de co-autoria ou participação, salvo as hipóteses de reincidência e de início ou continuação do cumprimento da pena, que são de natureza pessoal, a interrupção da prescrição produz efeito relativamente a todos os participantes do crime (art. 117, § 1º, 1ª parte). Assim, a condenação de um deles interrompe a prescrição em relação ao absolvido. Crimes conexos: Objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção da prescrição relativa a qualquer deles (art. 117, § 1º, 2ª parte). Exige-se que se trate de conexão material (de direito penal) e não formal (de processo penal.). Recomeço do curso prescricional (§ 2º) Extinção do prazo anterior: A incidência das causas do art. 117, salvo a do inc. V, faz com que seja extinto o prazo decorrido antes da interrupção, recomeçando a correr a prescrição por inteiro. Exceção: Tratando-se de interrupção da prescrição pelo início ou continuação do cumprimento da pena (inc. V), o prazo prescricional não recomeça a correr, pois se cuida de sanção que está sendo executada. Crimes falimentares Conforme o artigo 199, da Lei de Falência , a prescrição extintiva da punibilidade do crime falimentar opera-se em dois anos – da data em que transitar em julgado a sentença que encerrar a falência ou julgar cumprida a concordata. O prazo da prescrição da pretensão executória é de dois anos, qualquer que seja a pena imposta. Aplicam-se as causas interruptivas do artigo 117, do CP. Aos delitos falimentares. Crimes de imprensa A prescrição da pretensão punitiva ocorre 2 anos após a data da publicação ou transmissão incriminada. – A da pretensão executória – no dobro do prazo em que for fixada. Crimes contra a segurança nacional e crimes milit ares O prazo prescricional da pretensão punitiva, em se tratando de crime contra a Segurança Nacional, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, enquanto a prescrição da pretensão executória deve ser considerada em face da pena concreta.