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DIREITO PENAL – PARTE GERAL
AULA Nº 3
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
Análise da repressão em períodos anteriores.Imprescindível para entender o Direito Penal atual.Auxilia na interpretação do Direito Penal atual.Antes do século XVIII, não se pode falar em Direito Penal enquanto ciência.Entender o direito de punir do Estado.
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
Normalmente, a doutrina apresenta uma divisão tríplice:1) fase da vingança privada;2) fase da vingança divina; e,3) fase da vingança pública.Todas são marcadas por forte sentimento religioso/espiritual.
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
A fase da vingança privada
Infração cometida por membro do próprio grupo – banimento.Infração cometida por membro de outro grupo – vingança de sangue – guerra grupal.Para evitar a dizimação, surge a lei do talião: olho por olho, dente por dente.Tentativa de humanização e de proporcionalidade.
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
A fase da vingança privada
Adotada pelo Código de Hamurabi (Babilônia), Êxodo (hebreus) e Lei das XII Tábuas (romanos).
Como o número de infratores era grande, muitos ficavam deformados.
Para evitar isso, evoluiu-se para o sistema de composição, em que o infrator comprava sua liberdade, livrando-se do castigo.
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
A fase da vingança divina
Os fenômenos naturais eram considerados manifestações divinas revoltadas com atos que exigiam reparação.Punia-se o infrator para desagravar a divindade.O infrator tinha sua vida sacrificada.Não importava a proporcionalidade e justiça.
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
A fase da vingança divina
A pena era rigorosa, pois deveria estar de acordo com a grandeza da divindade.Era aplicada pelos sacerdotes, que tinham delegação divina.Aplicada no Egito (Cinco Livros), China (Livro das Cinco Penas), Pérsia (Avesta) e Israel (Pentateuco).Ex. Código de Manu (Índia – séc. II a.C. a séc. II d.C.).
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
A fase da vingança pública
Com a evolução da organização social, o Estado passa a ter o poder e o dever de manter a ordem e a segurança.A primeira finalidade reconhecida desta fase foi a segurança do soberano, mantendo-se a crueldade e a severidade para intimidar.Em Roma, inicialmente, manteve-se o caráter religioso, que foi mais tarde separado do Direito.
DIREITO PENAL ROMANO
Roma antiga: Reino de Roma (753 a.C – 509 a.C)República Romana (509 a.C – 27 a.C.)Império Romano (27 a.C – 476 d.C)Nesse intervalo, apresentou um ciclo jurídico completo.Maior fonte de institutos jurídicos até hoje aplicados.
DIREITO PENAL ROMANO
Reino de Roma (753 a.C – 509 a.C)
Pena com caráter sacro (rei = sacerdote).Na sua primeira fase prevaleceu o Direito consuetudinário.A Lei das XII Tábuas (V a.C) foi o primeiro diploma escrito e limitou a vingança privada – lei do talião e admitia a composição.Surge a distinção entre delitos públicos (conspiração e assassinato) e privados (furto e injúria).Direito privado (Estado só regulava) x Direito público (julgava – pena de morte).
DIREITO PENAL ROMANO
República Romana (509 a.C – 27 a.C.)
Lege Corneliae (contra particulares)
Lege Juliae (contra o Estado)
Criaram uma tipologia de crimes
DIREITO PENAL ROMANO
Império Romano (27 a.C – 476 d.C)
Na transição entre a República e o Império, desapareceu a vingança privada.A pena tinha um caráter retributivo.A pena de morte que praticamente tinha sumido, ressurge no séc. II d.C. para delitos extraordinários (aborto e extorsão) e religiosos (blasfêmia e bruxaria).Dominavam os conceitos de dolo e culpa / agravantes e atenuantes.
DIREITO PENAL ROMANO
Principais características:
a) afirmação do caráter público do Direito Penal;b) desenvolvimento da imputabilidade, culpabilidade e excludentes;c) dolo x culpa;d) tentativa (delitos extraordinários);e) causas de justificação;f) pena como reação pública que cabia ao Estado;g) crime público x privado;h) autoria x participação.
DIREITO PENAL GERMÂNICO
A expressão indica as instituições e os sistemas jurídicos existentes nas diversas nações bárbaras de origem teutônica que se apossaram da Europa Ocidental após a queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476.
Conflito entre o Direito romano e uma civilização menos “avançada”.
DIREITO PENAL GERMÂNICO
No estágio inicial, era puramente baseado nos costumes.Perda da paz tinha como reação a possibilidade de qualquer um matar o agressor – delito público.Delito privado – guerra familiar – vingança de sangue.Em estágios posteriores a vingança de sangue foi abolida – momento em que fixados os territórios – banida definitivamente com a Paz Territorial Eterna (1495).
DIREITO PENAL GERMÂNICO
Com a instalação da Monarquia, substitui-se a vingança de sangue pela compositio – tarifas segundo a qualidade, idade, sexo e tipo da lesão.Era quase uma indenização tarifária.Misto de indenização e pena.Havia três tipos de penas: trabalhar para a vítima ou família, pagamento ao ofendido e pagamento ao rei como preço da paz.
DIREITO PENAL GERMÂNICO
Se não podia pagar – penas corporais.Só tardiamente adotou-se a pena do talião.Na maior parte do tempo era objetivo – desnecessária a culpa. O fato julga o homem.Surgiram os ordálios – depois permaneceram na Idade Média.
DIREITO PENAL CANÔNICO
Imprescindível para entender o Direito Penal atual – “penitenciária”.
Vigorou entre a época dos direitos romano e germânico.
Com a queda do Império Romano e a instituição do feudalismo como sistema político-social, a Igreja Católica consolidou-se como a grande instituição da Idade Média.
Eram aplicáveis em razão da matéria e das pessoas.
DIREITO PENAL CANÔNICO
Religioso e o laico ainda se misturavam.A Igreja possuía poder suficiente para ditar um
conjunto de regras jurídicas.Principais características:a) Penas tinham o objetivo de promover o
arrependimento e a correção do delinquente (1ª vez na História - pena como meio para corrigir o cidadão – excessos da inquisição).
DIREITO PENAL CANÔNICO
b) Com suas idéias sobre a reforma do delinquente, contribuiu para o surgimento da prisão nos moldes atuais.
c) 3 tipos de delitos em razão da matéria: (i) punidos apenas pela Igreja; (ii) punidos apenas pela ordem laica; (iii) aqueles que ofendiam ambas as ordens e eram punidos por quem primeiro tomasse ciência deles.
d) religiosos eram sempre julgados por um tribunal da Igreja.
DIREITO PENAL CANÔNICO
e) contribuiu para reduzir o alcance da vingança privada, fortalecendo uma punição central de caráter público.
f) voltou a ressaltar o dolo e a culpa, elementos subjetivos, como essenciais na criminalização de uma conduta.
DIREITO PENAL COMUM/MEDIEVAL
Tem início no séc. XII, com o início da formação dos Estados Nacionais.
Era uma grande miscelânia entre normas do Direito Romano, Canônico e Germânico.
Período sombrio do Direito Penal que tinha como objetivo a defesa do príncipe e da religião.
DIREITO PENAL COMUM/MEDIEVAL
Alto nível de insegurança na definição dos crimes e determinação da pena.
Desigualdade de punição para nobres e plebeus.
Caracterizou-se principalmente pela atrocidade das penas.
DIREITO PENAL COMUM/MEDIEVAL
Pena de morte aplicada com frequência, pelos mais atrozes meios – forca, fogueira, roda, arrastamento, retirada das vísceras, enterramento vivo, açoites.
Mutilações – pés, mãos, língua, lábios, nariz, orelhas, castrações, açoite.
Esse terror gerou uma oposição – Rev. Francesa – Período Humanitário.
PERÍODO HUMANITÁRIO
Surge como resposta às arbitrariedades e excessos cometidos no período anterior.
Faz parte do movimento Iluminista – ampliou o uso da razão em todas as áreas.
Consciência do problema penal como problema filosófico e jurídico.
Qual o fundamento do direito de punir e da legitimidade das penas?
PERÍODO HUMANITÁRIO
Influência nítida de Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Locke.
Defesa veemente da liberdade, igualdade e justiça.
Severa crítica dos excessos das penas.Pena deve ser proporcional ao crime.3 principais autores para o Direito Penal:
Beccaria, Howard e Bentham.
CESARE DE BECCARIA
1738 - 1794
Dos Delitos e das Penas - 1764
Marcou o início do Direito Penal moderno – Escola Clássica do Direito Penal e Criminologia.
Baseado no contratualismo e utilitarismo.
CESARE DE BECCARIA
Principais idéias:
1) Os cidadãos cedem uma parte de sua liberdade e direitos para viverem em sociedade. Assim, as penas não podem atingir direitos não cedidos (pena de morte e cruéis).
2) Só as leis podem definir crimes e fixar as penas – veda-se ao juiz interpretá-las ou aplicar sanções arbitrariamente.
CESARE DE BECCARIA
3) As leis devem ser conhecidas pelo povo – redigidas com clareza para que o povo possa entender e cumprir.
4) A prisão preventiva só se justifica diante da prova da existência do crime e de sua autoria.
5) Vedado o confisco (atinge os herdeiros) e penas infamantes (recaem sobre toda a família).
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CESARE DE BECCARIA
6) Vedado o testemunho secreto, a tortura e os juízos de Deus (não levam à verdade).
7) A pena deve ser utilizada não só para intimidar, mas também para recuperar o delinquente.
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JOHN HOWARD
1725-1790 Iniciou o penitenciarismo.Foi sheriff e alcaide de Bedford.Ao viajar a Portugal logo depois de 1755, seu
barco foi capturado por corsários franceses – conheceu o terror das prisões.
Iniciou a busca pela humanização das prisões e a reforma do delinquente.
JOHN HOWARD
Escreveu “The State of the Prisons in England and Wales, with Preliminary Observations and an Account of Some Foreign Prisons” – 1777.
Passou a ser considerado “o apóstolo da humanização das prisões”.
Influenciou até mais os EUA do que seu país.Filadélfia – primeira prisão celular – 1797.
JOHN HOWARD
Principais idéias: 1) Educação religiosa; 2) Trabalho regular organizado; 3) Condições alimentícias e de higiene
humanas; 4) Isolamento parcial para evitar o contágio
moral;
JOHN HOWARD
5) separação entre processados, condenados e devedores;
6) separação entre mulheres e homens; 7) separação entre jovens e maduras; 8) Inspeções periódicas - conveniência da
fiscalização das penitenciárias por um juiz – Juiz das Execuções Criminais.
JEREMY BENTHAM
1748-1832Seguidor de Howard – contemporâneos.Utilitarista convicto – David Hume – “a maior
felicidade para o maior número”.Aplicou essas idéias ao sistema prisional.Na sua obra “The Constitutional Code”, de
1830, defendeu a necessidade da prevenção e da punição dos delitos.
JEREMY BENTHAM
Apresentou um regime penitenciário que assentava essencialmente em três pilares:
1- doçura; 2 – rigor; 3 – severidade.A par destas três regras defendeu:
1) A separação dos reclusos por sexo; 2) A manutenção adequada da higiene e do
vestuário dos detidos; 3) O fornecimento de uma alimentação
apropriada; 4) A aplicação rigorosa do regime disciplinar.
JEREMY BENTHAM
Bentham pretendia “reformar e corrigir os presos, para que quando saíssem em liberdade não constituíssem uma desgraça para (…) a sociedade”.
A apresentou uma nova concepção arquitetônica do edifício prisional a que chamou Panopticon.
JEREMY BENTHAM
O objetivo do panótico era o de permitir que o observador – o guarda prisional – conseguisse observar (“opticon”) todos os prisioneiros (“pan”) sem que fosse visto por estes, alimentando-lhes um sentimento de que estariam constantemente em observação e por isso refreariam os seus impulsos (“self-discipline”).
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JEREMY BENTHAM
Foram construídos alguns edifícios prisionais de acordo com a estrutura do Panopticon:
Eastern State Penitentiary – Filadélfia; Pentonville Prison - Londres; Millbank Prison – Londres; Penitenciária Central – Costa Rica.
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JEREMY BENTHAM
Conseguiu que suas idéias diminuíssem o castigo bárbaro e excessivo que se produzia nas prisões inglesas.
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PERÍODO CRIMINOLÓGICO
Influência de Toppinard e Garofalo.
Ciência interdisciplinária com objetivo de estudar o comportamento delitivo e a reação social.
Área de estudo: O delito, o delinquente, a vítima e o controle social.