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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
MÁRIO GUSTAVO COELHO
ESTRUTURAS DE REPETIÇÃO NA OBRA
DE MICHEL GONDRY:
UMA ANÁLISE DE INTERIOR DESIGN
SÃO PAULO
2014
2
MÁRIO GUSTAVO COELHO
ESTRUTURAS DE REPETIÇÃO NA OBRA
DE MICHEL GONDRY:
UMA ANÁLISE DE INTERIOR DESIGN
SÃO PAULO
2014
Dissertação de Mestrado apresentada à
Banca Examinadora, como exigência parcial
para a obtenção do título de Mestre do
Programa de Mestrado em Comunicação,
área de concentração em Comunicação
Audiovisual da Universidade Anhembi
Morumbi, sob a orientação da Profa. Dra.
Laura Loguercio Cánepa.
3
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
MÁRIO GUSTAVO COELHO
ESTRUTURAS DE REPETIÇÃO NA OBRA
DE MICHEL GONDRY:
UMA ANÁLISE DE INTERIOR DESIGN
Aprovado em ___/___/___
Dissertação de Mestrado apresentada à
Banca Examinadora, como exigência parcial
para a obtenção do título de Mestre do
Programa de Mestrado em Comunicação,
área de concentração em Comunicação
Audiovisual da Universidade Anhembi
Morumbi, sob a orientação da Profa. Dra.
Laura Loguercio Cánepa.
__________________________________
Profa. Dra. Laura Loguercio Cànepa
__________________________________
Prof. Dr. Rogério Ferraraz
__________________________________
Prof. Dr. Herom Vargas
4
AGRADECIMENTOS
A minha esposa Fernanda, mulher a qual acreditou a cada hora,
minuto e segundo em mim. Sem ela, nada disso seria possível.
A Profa. Laura por sempre me orientar que eu deveria acreditar nas
minhas ideias e intuição.
Ao Prof. Vicente por acreditar e mostrar o caminho ao mestrado, ao
Prof. Rogério pelas “aberturas” a Profa. Maria Ignês pelos
“fechamentos”, a Profa. Bernadette por me fazer odiar, entender e
amar Bresson, e em especial ao Prof. Gelson, por me tornar um
homem mais inteligente.
Ao Prof. Dr. Fernando Morais da Costa, que na hora e lugar certo,
mostrou que outros falavam a minha mesma língua.
Ao meu melhor amigo Anderson Marcomini (Zeneca) pelo melhor
presente do mundo. O que seria de mim sem meu estojo e caderno?
Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre acreditaram em mim,
a quem peço desculpas por demorar tanto a entender a importância
disso tudo.
Destino? Não, livre arbítrio.
5
RESUMO
Esta dissertação tem por objetivo analisar as estruturas de repetição às quais o
cineasta Michel Gondry recorre em sua produção audiovisual. Para isso, será feita
uma revisão ampla de suas obras seguida de uma análise minuciosa do média-
metragem Interior Design, parte do longa-metragem em episódios Tokyo! (2008).
Dialogando com outras pesquisas sobre o diretor, pretende-se verificar as estruturas
de repetição como um dos fatores fundamentais que delineiam o estilo de Michel
Gondry. Para estruturar tal análise, utilizou-se a poética da continuidade
intensificada proposta por David Bordwell (2006), que divide a forma fílmica em três
aspectos: temático, da construção narrativa em larga escala e da prática estilística, e
também dialogou-se com outros pesquisadores como Andrew Goodwin (1994),
Arlindo Machado (2005) e Carol Vernallis (2012).
PALAVRAS CHAVE: Análise fílmica. Continuidade intensificada. Estruturas de
repetição. Interior Design. Michel Gondry.
6
ABSTRACT
This dissertation aims to analyze the structures of repetition which filmmaker Michel
Gondry uses in its audiovisual production. To this end, a comprehensive review of his
work followed by a thorough analysis of the medium-length Interior Design, part of
the film feature film in episodes Tokyo will be made! (2008). Dialoguing with other
research on the director, we intend to investigate the structures of repetition as one
of the key factors shaping the style of Michel Gondry. To structure this analysis, we
used the poetics of intensified continuity proposed by David Bordwell (2006), which
divides the film form into three aspects: thematic, narrative construction in large-scale
and stylistic practice, and also dialogued with other researchers such as Andrew
Goodwin (1994), Arlindo Machado (2005) and Carol Vernallis (2012).1
KEYWORDS: Film analyzes. Intensified continuity. Structures of repetition. Interior
Design. Michel Gondry.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Dois fotografamas do clipe Ma Maison (1990). ........................................ 20
Figura 2 – Dois fotogramas do clipe Bolide (1987). ................................................... 21
Figura 3 – Quatro fotogramas do clipe Human Behaviour (1993). ............................ 21
Figura 4 – Três fotogramas de O ouriço no novoeiro (1975) – Yuriy Norshteyn. ...... 22
Figura 5 – Dois fotogramas de Believe – Lenny Kravitz (1993). ............................... 23
Figura 6 – Quatro fotogramas de Lucas with the lid off (1994). ................................. 24
Figura 7 – Fotografamas 1 e 2 – Protection (1995) / Fotogramas 3 e 4 – Like a
Rolling Stone (1995). .......................................................................................... 25
Figura 8 – Três fotogramas de Army of me – Björk (1995). ...................................... 26
Figura 9 – Quatro fotogramas de Sugar Water (1996). ............................................. 26
Figura 10 – Três fotogramas de Around the world (1997). ........................................ 27
Figura 11 – Quatro fotogramas de Deadweight – Beck (1997). ................................ 28
Figura 12 – Três fotogramas de Let forever be (1999). ............................................. 29
Figura 13 – Efeito Larsen criado no videoclipe Let forever Be (1999). ...................... 30
Figura 14 – Três fotogramas de Fell in love with a girl (2002). .................................. 31
Figura 15 – Três fotogramas de The hardest button to button (2003). ...................... 32
Figura 16 – Dois fotogramas de Dance Tonight – Paul McCartney (2007). .............. 33
Figura 17 – Primeira sequência de três fotogramas da publicidade Drugstore (1995).
............................................................................................................................ 35
Figura 18 – Slogan da publicidade Drugstore (1995). ............................................... 36
Figura 19 – Segunda sequência de dois fotografamas da publicidade Drugstore
(1995). ................................................................................................................ 36
Figura 20 – Três fotogramas da publicidade Mermaids (1997). ................................ 37
Figura 21 – Três fotogramas da publicidade Belly button (2001). ............................. 38
Figura 22 – Três fotogramas da publicidade Swap (2002). ....................................... 39
Figura 23 – Slogan do comercial Swap – Levi’s (2002). ........................................... 39
Figura 24 – À esquerda - Abertura de Natureza quase humana / à direita - Lila na
floresta ................................................................................................................ 45
Figura 25 – À esquerda - ratos sendo domesticados / à direita – intrumento no
laboratório para educar Puff. .............................................................................. 46
Figura 26 – Joel e Clementine em dois fotogramas de filme Brilho eterno. .............. 47
8
Figura 27 – À esquerda , Joel e Clem durante o cancelamento que Joel está
sofrendo durante os serviços da Lacuna Ind. (à direita) .................................... 48
Figura 28 – Cartão enviado pela Lacuna Inc. avisando sobre o cancelamento das
memórias. ........................................................................................................... 48
Figura 29 – Dois fotogramas de Sonhando Acordado (2008) ................................... 50
Figura 30 – Cavalo real e de pelúcia, respectivamente. ............................................ 51
Figura 31 – Dois fotogramas de Sonhando Acordado (2008). .................................. 52
Figura 32 – "Suecagem realizada por Jerry e Mike com 2001 - Uma odisséia no
espaço e Men in Black. ...................................................................................... 54
Figura 33 – Três fotogramas de Flight of the Concords dirigido por Michel Gondry em
2009). ................................................................................................................. 42
Figura 34 – Quatro fotogramas do programa Jimmy Kimmel Live! dirigido por Michel
Gondry (2011). ................................................................................................... 43
Figura 35 – Hiroko e Akira - Interior Design - Tokyo! (2008). .................................... 59
Figura 36 – Exemplos de textos escritos em japonês presentes no filme Tokyo!
(2008). ................................................................................................................ 60
Figura 37 – Plano 253 – Momento em que Hiroko escuta a amiga criticar-la. .......... 63
Figura 38 – Momento da metamorfose de Hiroko em cadeira. ................................. 64
Figura 39 – Sequência de oito fotogramas dos planos 129 (duas vezes), 131, 176,
212, 272, 284 e 319. Todos estes repetem imagens contendo caixas/cubos ... 68
Figura 40 – Planos 15 e 99 respectivamente, com sinalização das placas que
aparecem no percurso. ....................................................................................... 68
Figura 41 – Planos 219 e 315 respectivamente, com diversas exposições visuais de
fumaça. ............................................................................................................... 69
Figura 42 – À esquerda, videoclipe Sugar Water (Cibo Matto – 1996),à direita
Sliptscreen falso criado pela faixa na rua em interior Design (2008). ................ 71
Figura 43 – À esquerda, plano 178 / à direita, plano 190. ......................................... 72
Figura 44 – Plano 282 – Hiroko ao fim de sua metamorfose em cadeira. ................. 73
Figura 45 – Plano 292 – Sem cortes, Hiroko deixa de ser humana e vira cadeira. ... 74
Figura 46 – Cecil and Jordan in New York - Página 1 ............................................113
Figura 47 – Cecil and Jordan in New York - Página 2 ............................................114
Figura 48 – Cecil and Jordan in New York - Página 3 ............................................115
Figura 49 – Cecil and Jordan in New York - Página 4 ............................................116
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2. O UNIVERSO AUDIOVISUAL DE MICHEL GONDRY ......................................... 17
2.1 Videoclipes ..................................................................................................... 19
2.2 Filmes publicitários ....................................................................................... 34
2.3 Televisão ......................................................................................................... 41
2.4 Longas-Metragens ......................................................................................... 44
3. ANÁLISE: INTERIOR DESIGN EM TOKYO! (2008) ............................................ 55
3.1 A temática de Interior Design ....................................................................... 58
3.2 Construção Narrativa em Interior Design .................................................... 64
3.3 Prática estilística em Interior Design ........................................................... 66
3.3.1 Cinematografia, direção de arte e encenação ........................................... 66
3.3.2 Efeitos especiais e edição ......................................................................... 72
3.3.3 Música ....................................................................................................... 74
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 80
APÊNDICE ................................................................................................................ 83
a) O Audiovisual de Michel Gondry. ................................................................... 83
Curta metragem .................................................................................................. 83
Videoclipes ......................................................................................................... 85
Spot Publicitário .................................................................................................. 87
Documentários ................................................................................................... 87
Televisão ............................................................................................................ 89
Longa metragem ................................................................................................ 89
b) Decupagem de Interior Design em Tokyo! (2008). ....................................... 93
ANEXOS .................................................................................................................. 113
10
1. INTRODUÇÃO
Rosto e alma de um menino de doze anos com o desejo de jogar com o
mundo dos adultos, o cineasta francês Michel Gondry (08/05/1963) mostrou, ao
longo dos anos, ser um exemplo de continuidade poética e técnica, indo do clipe ao
cinema, tornando-se um dos diretores mais citados como representante da influência
do estilo do videoclipe no mundo cinematográfico, ao lado de diretores como Spike
Jonze, Chris Cunningham e David Fincher, que também começaram suas carreiras
dirigindo videoclipes. O pesquisador brasileiro Arlindo Machado por exemplo, em A
televisão levada a sério utiliza 10 exemplos de “videoclipes arrasadores”, assim por
ele denominados, sendo um deles, Fire on Babylon (1994), dirigido por Gondry para
a cantora Sinéad O’Connor onde ele afirma que Gondry “constrói tempos e espaços
vertiginosos e labirínticos [...] além de forjar imagens bem pouco convencionais”
(MACHADO, 2005, p. 193). O jornal The New York Times chamou-o de “o diretor
pioneiro de alguns dos videoclipes mais impressionantes da história do gênero
audiovisual1”. Seu trabalho também foi um dos primeiros a ser distribuídos na
compilação de videoclipes em DVDs da Palm Pictures (2003).
Sua chegada ao mundo do audiovisual acontece no final dos anos 90. O
assunto mais em voga no cinema comercial nesse período é a juventude, que então
começara a trocar o cinema produzido nas últimas décadas anteriores por outros
meios de entretenimento, e dentre os agentes dessa mudança estavam a televisão e
o VHS. No mesmo momento em que grandes cineastas da era clássica como Billy
Wilder estavam se aposentando, e que diretores da Nova Hollywood como Martin
Scorsese e Steven Spielberg viam suas carreiras se consolidarem no cinema
comercial, uma nova geração começava a se impor em várias partes do mundo.
Após abandonar sua cidade natal, Versalhes, e se mudar para Paris aos 19
anos, Gondry ingressa como baterista em uma banda de rock progressivo francesa
chamada Oui Oui. Com a tendência da música pop a explorar outros universos além
da música, ele dirige seus primeiros videoclipes para a própria banda e, com eles,
ganha notoriedade nacional e, posteriormente, internacional. 1 http://www.nytimes.com/movies/person/290174/Michel-Gondry/biography
11
Nas primeiras direções de seus trabalhos pessoais, suas imagens possuem a
característica de montar ilustrações do que está sendo ouvido, em vez de mostrar os
artistas cantando, como era tendência na época. Ele abole a ideia dos primeiros
processos de videoclipes, preferindo colocar a música em primeiro plano, evitando
playback que era costume no gênero audiovisual do videoclipe.
É necessário considerar que o cinema foi o primeiro meio a concretizar a
concepção de uma música traduzida em imagens. Este ponto de transformação
realizado pelo cinema foi a invenção de um método óptico de registros de sons. O
cineasta/animador escocês Norman McLaren (1914-1987), desde os anos 1940, por
exemplo, extraiu a noção desta possibilidade estética, na qual propôs a ideia de uma
“música sintética” produzida por meio de técnicas de animação cinematográfica. Ele
experimentou desenhar a onda sonora diretamente na película ou editar os sons
através de seu equivalente visual, catalogado, numa espécie de fichário, tons,
semitons, durações, timbres e dinâmicas (BASTIANCICH, 1997, p. 105-106).
Em uma tentativa de registrar a articulação entre o som e a imagem, o
pesquisador Andrew Goodwin (1992) sugere que a sinestesia provocada pela
relação desses aspectos – som e imagem – é a peça chave para entender o gênero
audiovisual do videoclipe. Para isso, ele cruza em uma relação direta de elementos
da música (tempo, ritmo, arranjo, desenvolvimento harmônico, espaço acústico e a
letra) com recursos do meio visual como movimentos de câmera, performance do
artista, edição de imagens e efeitos de pós-produção.
Goodwin interpreta enfaticamente o videoclipe como um produto da indústria
fonográfica que está estruturalmente associado à música pop:
A iconografia da música pop tem sido, muitas vezes, desconsiderada. As implicações do gênero da música pop são constantemente menosprezadas ou negligenciadas, desta forma, os vídeos são lidos como se sua significação genérica fosse baseada apenas nas convenções cinematográficas. [...] o problema, com certeza, é que é extremamente difícil teorizar sobre o videoclipe sem adequar-se à conceitualização da música e a sua relação com a iconografia pop. (GOODWIN, 1992, p. 4).
Machado verifica a importância da sinestesia provocada pelo contrato
audiovisual e destaca a necessidade de investigações nessa área, propondo a
compreensão de como funciona a nossa estereopercepção. Este conceito seria
12
composto pelo estudo da estereofonia somado ao estudo da estereoscopia. Sobre a
estereopercepção, ele explica:
Já conhecemos a estereoscopia e a estereofonia, que dizem respeito, respectivamente, às sínteses, operadas no cérebro, das informações perceptivas diferenciadas que recebemos através dos dois olhos e dos dois ouvidos. Agora é preciso entender como esses dois pares de informações se combinam também no cérebro para sintetizar uma unidade perceptiva verdadeiramente audiovisual. (MACHADO, 2005, p. 165)
Ainda que todo audiovisual tenha em si a capacidade de exercer tal
percepção, o videoclipe se sobressai, principalmente em suas novas configurações
desenvolvidas em sua curta história como gênero audiovisual. Sobre as
possibilidades do videoclipe e suas novas configurações, Arlindo Machado comenta:
[...] numa época de entreguismo e de recessão criativa, o videoclipe aparece como um dos raros espaços decididamente abertos a mentalidades inventivas, capaz ainda de dar continuidade ou novas consequências a atitudes experimentais inauguradas com o cinema de vanguarda dos anos 20, o cinema experimental dos anos 50-60 e a videoarte dos anos 60-70 (MACHADO, 2005, p. 173).
Machado verifica a praticidade do videoclipe devido aos seu formato de curta
duração mas que, ao mesmo tempo possui um amplo potencial de distribuição, além
de possuir custos baixos em comparação aos de um filme ou programas televisivos.
Esse potencial de distribuição, unido ao papel catalisador da música pop ao qual o
videoclipe encontra-se estruturalmente associado, tenha possibilitado que pela
primeira vez “certas atitudes transgressivas no plano da invenção audiovisual
tenham encontrando finalmente um público de massa” (MACHADO, 2005, p. 174).
Ele ainda menciona outras tendências estilísticas e conceituais que redefinem o
videoclipe, como menor exploração da imagem do artista por um tratamento mais
livre da iconografia gerando um salto qualitativo das produções; rejeição total das
regras do “bem fazer” herdadas da publicidade e do cinema comercial; busca de
uma nova visualidade, de natureza gráfica e rítmica, e não fotográfica; aceitação
total da descontinuidade (MACHADO, 2005, p. 175-182).
Focando as diferentes estruturas que o videoclipe pode assumir, Rezende
(2005) destaca o distanciamento de Gondry dos modelos dos primeiros videoclipes,
que por muito tempo permearam as produções desse gênero audiovisual.
13
Ele toma distância desta literalidade deixando os músicos com os quais trabalha em segundo plano, a recusa, e mesmo assim se mantém fiel ao espírito do clipe (como mídia), que é a ilustração para o som. Para conseguir mais esse truque ilusionista, Gondry se apoia, essencialmente, no ritmo. A imagem do artista em clipe, para ele, deve estar submetida ao que esse mesmo artista criou, e nesse processo consegue algo surpreendente: prefere a música ao próprio músico, e filma algo que possa ser sentido, imaginado pelo público, se transformando em um criador de imagens rítmicas baseadas em um “sentimento” do ouvinte diante a música, como se fosse possível ver as notas no ar travestidas de histórias ilógicas e enredos impossíveis. Um tipo pessoal de sinestesia. (REZENDE, 2005).
Baseado nesses fatores, e considerando o fato de que Michel Gondry é um
dos realizadores que ajudaram a que tais reinvenções do videoclipe ocorressem,
perguntamos: é possível que tais elementos, tão característicos do gênero do
videoclipe, possam ser transmitidos para a grande tela do cinema que é nosso
assunto aqui?
Um estudo realizado por David Bordwell no início da década de 1990,
constata a viabilidade da queixa de críticos sobre os filmes se parecerem com
videoclipes. Sua proposta de uma nova poética para o cinema, denominada
“continuidade intensificada” (BORDWELL, 2006), ilustra filmes contemporâneos
como Indiana Jones e a última Cruzada (1989) e Jerry Maguire: a grande virada
(1996), mas também o videoclipe, já que traz por exemplo, a edição rápida, a
dependência de planos fechados, amplos movimentos de câmera e os usos de
extremos nas distâncias focais de lentes, elementos os quais já eram comuns no
gênero do videoclipe.
Quais motivos teriam levado então o cinema a adotar esses procedimentos?
Bordwell alega que a tecnologia foi crucial, e como exemplo cita a edição em Avid,
na qual vários retângulos com diferentes imagens podem partilhar do mesmo ecrã;
ProTools e Logic, que têm funções extremamente precisas para ajustes de
milissegundos, podendo ir muito além dos 24 frames por segundo; o som surround
5.1, que pode inserir materiais sonoros em espaços físicos diferentes dentro da
mesma sala, provocando a imersão do espectador.
A pesquisadora Carol Vernallis estende o argumento de Bordwell, alegando
que não se trata apenas da câmera e da edição, mas de todos os parâmetros, tais
como atuações, iluminação, performance, efeitos sonoros, materiais musicais,
14
tornando tudo maior, destacado e fluente. “As formas dos filmes são distorcidas,
assim, do particular até a grande escala. Eu chamo a essa nova configuração
estilística de estética audiovisual intensificada”. (VERNALLIS, 2012, p. 146).
Vernallis, em seu artigo sobre um longa-metragem de Michel Gondry, “Brilho
eterno de uma mente sem lembranças” (2004), aponta:
Movimentos livres de câmera como carrinhos, câmera na mão, reenquadramentos e planos com grua refletem a natureza processual e fluida da música; blocos de imagem realçam a estrutura da canção; a colorização intensa ornamenta características como a harmonia de uma canção, as divisões em seções e o timbre; motivos visuais conversam com os motivos musicais; montagem e efeitos que lembram montagem, como a estroboscopia, flash frames e superposições, não só mostram as camadas rítmicas da música, mas também funcionam alternando os elementos (narrativa, dança, letras, refrãos), não deixando que nenhum assuma o controle. Videoclipes trazem para primeiro plano uma teleologia imprevisível e finais ambíguos. (VERNALLIS, 2012, p. 145).
Esta pesquisa busca verificar como Michel Gondry transporta suas práticas
estilísticas do videoclipe para o média metragem Interior Design (2008), filme no
qual executou um papel importante não apenas na direção mas também no
desenvolvimento do roteiro, na criação de padrões visuais, no controle de locações,
no desenho de som, no comportamento dos personagens, no estabelecimento do
ritmo – conjunto no qual muitas estruturas se repetem, cheias de seus temas
pessoais e técnicas favoritas, refletindo sua prática com o videoclipe.
Vernallis e outros pesquisadores desmembraram filmes de Gondry e
concordam que seu estilo derivado do clipe é traço marcante. Assim, a hipótese com
que trabalhamos aqui é que uma estrutura de repetição derivada do caráter rítmico
de seus videoclipes seja uma peça fundamental para sua direção.
Na música, o ritmo exerce uma importante atividade, dividindo-se em duas
funções: uma ligada ao instrumental, conhecida como “metro”, e outra ligada ao
vocal, denominada “fraseada”. Jourdain descreve da seguinte maneira:
O fraseado é “vocal” porque surge naturalmente da canção e, assim, da fala. O metro é “instrumental” por derivar da maneira como tocamos os instrumentos musicais, geralmente permitindo maior velocidade que a voz e uma exatidão temporal superior. Um deles é o ritmo da garganta, o outro, o ritmo da mãos. (JOURDAIN,1998, p. 167).
15
Mas o ritmo existe na música para nos ajudar em uma tarefa: dividir as
estruturas de modo que o nosso cérebro possa analisar por partes. Jourdain diz
O cérebro está sempre à espreita de indícios referentes ao local onde começam e terminam os objetos musicais [...] O ritmo desenha linhas em torno das figuras musicais. Uma sequência de marcadores rítmicos diz ao cérebro: “Este é o começo, ou o fim, de um objeto musical”. (JOURDAIN, 1998, p. 168-169)
Por sua formação de baterista, Gondry possui um vasto conhecimento de
ritmo e de pulso, afinal não existe ritmo sem um pulso, seja ele dado pelo
metrônomo ou pela precisão do músico. Mas o diretor excede essa relação rítmica
conhecida do “metro” e, como diretor, cria estruturas estilísticas carregadas de
características próprias, desenvolvendo um estilo fraseado muito pessoal em seu
audiovisual.
Em alguns videoclipes de Gondry, essas estruturas ficam explícitas, como no
caso de obras realizadas para o Daft Punk – Around the world (1997) ou para o The
Chemical Brothers – Star guitar (2002), para as quais foram realizadas partituras
literalmente visuais como veremos no capitulo 2. Nestes videoclipes, cada elemento
visual corresponde diretamente a um instrumento da música.
Em outras obras, como em Come into my world (2002), dirigido para a
cantora Kylie Minogue, a repetição não é tão explícita: ele prefere estudar a
estrutura da música e identificar o ciclo dos refrãos e estrofes e, assim, em um falso
plano sequência (outra obsessão de Gondry), ao percorrer com a câmera todo o giro
de 360º, a própria cantora (e todos os elementos visuais) se multiplica a cada volta.
Já o clipe realizado para o cantor Lucas – Lucas with the lid off (1994), um
verdadeiro plano sequência é realizado, filmado inteiramente em preto e branco, e
Gondry monta os vários cenários pelos quais a câmera irá percorrer em formato de
infinito. Já em outros videoclipes, como o Bachelorette (1997), dirigido para a
cantora Björk, a ligação rítmica das imagens e música não é tão sinestésica, mas
várias estruturas se repetem dentro do mesmo videoclipe de outras formas e com
outros conteúdos. Paula Faro, em sua dissertação “Procedimentos de Criação do
Videoclipe no Cinema”, analisa minuciosamente este videoclipe e verifica:
Na medida em que a história avança, os cenários irão se transformando continuamente desdobrando-se em várias camadas. As próprias árvores que estão ao fundo são colocadas de forma tal
16
que se pode ver que estão umas atrás das outras. Michel Gondry faz aqui o que antes havia feito através de efeitos de edição e montagem mas agora dentro do próprio cenário, como uma espécie de montagem dentro do plano. Como no momento em que Bachelorette entra em um trem mostrado de frente e este se abre passando a ser o interior do trem. Através deste recurso, desenha-se assim, um círculo ou uma espiral que não termina nunca de crescer, como os galhos de uma árvore, um livro que se escreve, depois se apaga, e novamente começa a escrever-se, em rede. (FARO, 2008, p. 44-45).
Em seu artigo já mencionado, Vernallis enxerga tais práticas no filme “Brilho
eterno” de uma forma precisa e pontual, verificando ali a presença das mais diversas
estruturas de repetição. Ela elenca 6 motivos de repetição como: rostos
desfigurados, aviões, bebidas alcóolicas, bandeiras, esqueletos, manchas. Tais
motivos nem sempre tomam a forma visual na sua repetição, mas por vezes são
apresentados dentro de diálogos dos personagens, em imagens subliminares, ou
mesmo por intermédio de sons. Ainda sobre as estruturas, ela cita:
Assim, como em muitos de seus vídeos, Brilho eterno organiza o seu material desta maneira: um tema é apresentado e estendido por repetições e outros processos, como um looping. Essas linhas funcionam de forma diferente dos temas na maioria dos filmes. Um típico filme narrativo pode apresentar de cinco a sete motivos (um videoclipe também). Brilho eterno, utilizando técnicas de videoclipe em uma escala de longa-metragem, tem mais de trinta. Cada um desses motivos, quando reaparece, muda do estado imperceptível até ocupar o primeiro plano e retorna, cruza com outras linhas e faz conexões surpreendentes. O sentido surge e é liberado de forma imprevisível. (VERNALLIS, 2012, p. 151).
Com base nas observações, o objetivo desta dissertação é verificar
processos semelhantes aos observados por Vernallis em Interior Design. Para isso,
no Capítulo 2, faremos uma revisão completa das obras mais importantes do diretor,
dividas em videoclipes, publicidade, televisão e longas metragens tendo em vista a
observação de seus traços estilísticos recorrentes. No capítulo 3 realizaremos a
análise de Interior Design divida entre os 3 aspectos propostos por David Bordwell
(2006), seguida das considerações finais obtidas nesta pesquisa. No apêndice estão
disponíveis o histórico das obras dirigidas por Michel Gondry e a decupagem do
filme Interior Design. Em anexos está disponível os quadrinhos originais de Gabrielle
Bell que dão origem à história adaptada para o filme.
17
2. O UNIVERSO AUDIOVISUAL DE MICHEL GONDRY
Michel Gondry, nascido em Versailles, França, em 1963, tem uma trajetória
artística e pessoal que é fruto dos processos vividos pela geração que trocou o
cinema por outros modos de entretenimento a partir dos anos 1970. Com a chegada
do vídeo e de novos equipamentos para uso e produção de imagens, a barreira
entre cinematográfico e televisivo, tecnológico e artesanal foi rompida e sucedida
pelo universo das imagens e dos sons em aceleração. Não à toa, ele elegeu a
música pop e a fantasia infantil para moldarem sua personalidade artística.
Marcelo Rezende, ao apresentar o diretor, sugere que seu trabalho busca
preencher lacunas geracionais provocadas pela aceleração e pelo excesso de
informações do ambiente midiático contemporâneo:
Algo falta, e o público de seus trabalhos na música e no cinema convive com essa mesma sensação de ausência, como se o futuro fosse a repetição incessante do presente e o círculo vicioso pudesse ser quebrado apenas se algo fosse, de alguma maneira, recuperado. São mentes sem lembranças. (REZENDE, 2005, p. 9).
Nascido e criado por uma família sempre envolvida com a música, Gondry
passa alguns anos de sua infância frequentando um shopping center no subúrbio de
Paris, o Parly II, que, aos olhos do diretor ainda criança, tem todas as características
de um país das maravilhas. Segundo ele, “duzentas lojas de vários gêneros, vidros
fumês, alumínio, mármore, fontes em acrílico, temperatura agradável. Era como mel
para os nossos sentidos” (GONDRY, 2003, p. 1).
O shopping, sendo um dos símbolos da fragmentação da vida contemporânea
ao lado da paixão do pai pela música (em particular, por Duke Ellington), além da
veia criativa, e ao mesmo tempo científica do avô materno (proprietário de muitas
patentes em química, eletrônica e telefonia, que inventou, em 1949, o clavioline, um
precursor dos modernos sintetizadores) parecem ser os primeiros modelos de
sugestões artísticas para o jovem Michel. Referindo-se ao instrumento inventado
pelo avô, ele especifica: “É possível ouvir claramente em Baby you’re a richman, dos
Beatles, de 1969. Eu sempre pensei que fosse uma gaita de fole escocesa, até
perceber que se tratava do instrumento do meu avô.” (GONDRY, 2003, p. 26).
18
O pai tentou transmitir aos filhos o interesse pela arte, como no episódio do
órgão elétrico, relembrado pelo diretor. Gondry estava em um grupo de pessoas que
assistia à demonstração de um novo modelo do instrumento em promoção no
shopping. Do meio do grupo de curiosos, surge Lou Bennett, famoso tecladista de
Hammond. O demonstrador o convida a tocar e, após alguma rejeição, ele acaba
aceitando. Ao fim, o pai pergunta ao filho qual a diferença entre o demonstrador e
Lou Bennett. Gondry relembra:
Eu tinha dez ou onze anos naquela época. [...] “E então, qual é a diferença entre eles?”, perguntou-me novamente. Ele sabia que eu tinha gostado mais de Lou, mas por quê? Por que meu pai gostava mais? Por que Lou Bennet era negro? Por que tinha lançado muitos discos e o demonstrador não? “É mais profissional?” eu disse. “Não, ele estava inspirado”, respondeu meu pai. (GONDRY, 2003, p. 2).
Pesquisando algumas entrevistas, encontramos referências entre o mundo da
música e a família, em particular, a figura paterna:
Posso dizer que venho de uma família de músicos [...] Meu avô tinha um negócio de órgãos para igreja que prosperou muito bem. Logo, todos os velhos órgãos a tubo foram substituídos pelos eletrônicos. Depois, meu pai assumiu o negócio. Meu pai era muito mais por dentro da cultura pop. Começou a vender guitarras, era muito descolado. Mas rapidamente ele faliu, porque dava os instrumentos. Se um jovem hippie realmente queria uma de suas guitarras ou teclados, mas não podia comprar, meu pai praticamente lhe dava de presente. Minha família parecia aquelas famílias pop, encontradas nos livros de educação sexual em fins dos anos 60. Na primeira página, você vê toda a família na floresta vestindo jeans e, depois de virar a página, encontra-os todos nus dizendo como se sentem bem por estarem juntos. Escutávamos muita música pop, rhythm and blues, e o meu pai era um grande fã do Duke Ellington. Não me interessei pela música por causa de uma reação desencadeada pelos meus pais. Não preciso usar a música para reclamar deles. Eles me deram muita liberdade de pensamento. Eu sempre pude escutar a música que eu quisesse. Antes de perder a loja, meu pai me presenteou com uma bateria, e o meu irmão, com um baixo. Formamos algumas bandas juntos, tocávamos punk rock... ou talvez fosse mais new wave... E assim entrei para o mundo da música. Depois, quando deixei Versalhes para ir para a escola de artes em Paris, formei a banda Oui Oui.2
Após sua mudança para Paris, em fins dos anos 70, ele começa sua
graduação nos estudos artísticos e entra para o grupo musical Oui Oui como
baterista. É nesse grupo de rock progressivo que ele executa seus primeiros
2 http://www.director-file.com/gondry/interview/
19
trabalhos com videoclipe para as músicas da própria banda, já nos anos 80, quando,
impulsionado pela MTV e pela necessidade da banda de promover sua imagem,
esses clipes começaram a dar à banda francesa notoriedade nacional.
Para as músicas do Oui Oui, Gondry realizou videoclipes com desenhos
recortados feitos em cartão, coloridos com lápis de cor, e os colocou em movimento
com técnicas simples de animação, como o stop motion3 , obtendo resultados
encantadores. Durante estes processos ele cita: “um dia, montando um clipe, notei
que sendo baterista de uma banda eu utilizava 20% do meu cérebro, mas que aqui
tinha a impressão de usar 80%. Disse a mim mesmo, então, que era mais
interessante fazer isso” (GONDRY, 2003, p. 4).
2.1 Videoclipes
É preciso considerar, para que se possa compreender as escolhas de Gondry,
a centralidade da sua experiência de passar parte da infância no shopping center
onde ficava a loja de seu pai. Essa experiência parece permear seus trabalhos
audiovisuais através de estruturas cíclicas e repetições, semelhantes às vividas
dentro desses centros comerciais, projetados de forma minuciosa para que nunca
enxerguemos o fim ou o início, sem uma porta única de entrada ou saída, tendo
sempre os espaços iluminados por igual e climatizados independentemente da
temperatura externa. Dessa mesma forma, Gondry trabalha sistemas infinitos,
esquecimento, sonhos, realidades, jogos e veracidade moldados por estruturas que
se repetem.
Os trabalhos de direção de videoclipes de Michel Gondry foram a porta de
entrada para o riquíssimo mundo publicitário e, em sequência, para as telas do
cinema. Não é fácil definir os limiares desses gêneros em sua carreira, já que
Gondry paralelamente dirige publicidades, videoclipes e filmes, produzindo uma
massa audiovisual rica em referências, citações e jogos reflexivos. Mas começar
3Stop motion ou frame by frame é uma técnica de animação clássica que consiste em fotografar o objetivo, realizando as devidas mudanças entre cada um para, ao projetá-los em sequência, criar a sensação de movimento.
20
pela discussão de alguns de seus videoclipes parece-nos a abordagem mais
frutífera, já que em dezenas de obras feitas em parceria com músicos desde os anos
1980, tem-se as bases sobre as quais Gondry construirá seus filmes de ficção –
entre os quais Interior Design, que é objeto central de análise nesta dissertação.
Animação, bonecos de massinha, projeção reversa, falsas perspectivas, além
da temática ligada ao jogo e às estruturas do ritmo, encontram-se ainda crus no
início, para depois irem se afinando com o tempo e a experiência. Desde os
primeiros videoclipes realizados para sua banda, Oui Oui, Gondry já dava mostras
do que viria a seguir.
No clipe Ma Maison (1990) (Figura 1), o diretor mostra sua face de
entomologista e cientista que anos mais tarde retornaria no filme Natureza quase
humana (2001) ou em clipes, como o Human Behaviour (1993), da cantora Bjork.
Em Ma Maison, há um encontro entre a natureza e a animação, sendo possível
distinguir referências à arte do grande diretor russo Starewicz4, considerado o pai da
animação em stop motion e que usava insetos em suas animações, ainda no
começo do século XX.
Figura 1 – Dois fotografamas do clipe Ma Maison (1990).
Em Bolide (1987) (Figura 2), reencontramos o uso das técnicas de animação
inspiradas pelo diretor russo, a bidimensionalidade das imagens em um mundo
inventado. Há ainda La ville (1992), Les cailloux (1989), Junior et sa voix d’or (1988)
e Un joyeux Noël (1988), trabalhos que permitem a Gondry refinar suas técnicas de
4 Wladyslaw Starewicz (1882-1965)
21
animação. Desenhos animados, fantoches, fundos desenhados em papel e
personagens reais iniciam um ritmo colorido e brincalhão, movendo-se entre
atmosferas de fábulas e, muitas vezes, surreais, graças ao uso das técnicas de stop
motion e do de técnicas de gravação (interação entre personagens reais, pinturas e
animação).
Figura 2 – Dois fotogramas do clipe Bolide (1987).
Mas Gondry não deixa para trás, em nenhum momento, nesses clipes, a
sinestesia criada pela estereopercepção da música e das imagens, com uma
montagem sincronizada, baseada em seu ritmo metro, onde sua formação como
baterista o faz atentar aos pulsos fortes da música e sincronizar cada corte com uma
atenção contínua ao ritmo. O fato dele ser o baterista da banda para a qual os clipes
foram feitos certamente contribui nesse sentido.
Em 1993, o videoclipe Human Behaviour (Figura 3), de Björk, marca o início
da visibilidade mundial do diretor. O jornal The New York Times o descreve como
“um estudo visual extravagante nas peculiaridades do seres humanos, expressos
através de várias espécies do reino animal, este videoclipe inovador deslumbra
espectadores em todo o mundo”5.
Figura 3 – Quatro fotogramas do clipe Human Behaviour (1993). 5 http://www.nytimes.com/movies/person/290174/Michel-Gondry/biography
22
Imerso em uma atmosfera de fábula, ambientado em um bosque mágico e
tendo como antagonista um urso de pelúcia, o clipe traz Björk em papel
completamente diferente do usual. Sobre a produção deste trabalho, Gondry explica
a relação entre ele e a artista:
Quando trabalho com a Björk, ela chega com 60% ou mais das ideias. Isso não me importa. Eu seria estúpido de recusar todas essas coisas incríveis que me entram na cabeça. Ela fala de forma bastante abstrata, o que é muito estimulante. Podemos construir algo bastante rico e diferente, porque não precisamos explicar tudo. (GONDRY, 2003)
O clipe parece nascer das visões e da livre reformulação de trabalhos como O
ouriço no nevoeiro (Yozhik v tumane - 1975), de Yuriy B. Norshteyn (Figura 4).
O ouriço no nevoeiro, de Yuriy Norshteyn, foi uma referência para Human Behaviour. Esse filme é uma das minhas coisas preferidas no mundo. Ele se desenvolve em torno da sensação de mergulhar em um nevoeiro, e eu o acho maravilhoso na representação das sutilezas dessa ideia. É uma pequena história animada feita sobre camadas de papel sobrepostas para dar maior espessura e mescladas com gravações reais, como a retroprojeção da água, então é muito tátil, e é possível perceber como foi feita. (GONDRY, 2003)
Figura 4 – Três fotogramas de O ouriço no novoeiro (1975) – Yuriy Norshteyn.
Retroprojeções, cenografia e efeitos artesanais, a natureza e o seu lado
sinistro e uma certa dose de enigma são alguns elementos das marcas dessa
produção, que logo serão reconhecidos como típicos do estilo do autor. Gondry
confessa que, além dos trabalhos de Norshteyn, o vídeo também teve inspiração no
estúdio de um amigo em uma floresta a cem quilômetros de Paris, ao qual o diretor
recorreu para trabalhar o clipe. Ficou tão inspirado – pela natureza e pelo mistério
que nele brotou, sobretudo de noite – que decidiu colocar em Human Behaviour.
Alguns anos depois, ao ser questionado sobre a quantidade de animais em
seus trabalhos, Gondry respondeu ser vegetariano e temer pelo destino de todos os
23
animais. Sobre essa observação, vale também destacar que a ideia (sugerida por
Björk) de usar animais em Human Behaviour era para mostrar o quanto os seres
humanos são loucos (GONDRY, 2003). E pelo que parece, Gondry carregaria
consigo esse discurso em seus trabalhos seguintes, nos quais trará a loucura e
certas armadilhas da mente com temas recorrentes.
Assim, observa-se que a criação de estruturas de repetição ultrapassa a
relação rítmica criada no contrato audiovisual, pensada em uma escala superior à
simples articulação de planificar a música. É claro que a relação rítmica existe, e a
forma como ela será vista é de grande importância. Mas outras repetições, como o
uso de técnicas de animação anteriores à era digital, a reiteração das imagens de
animais e a visão mágica da natureza serão também elementos repetidos à
exaustão.
Human Behaviour ganhou muitos prêmios, e o nome do diretor começou e
girar no meio da música pop. A agenda de Gondry ficou lotada, pois artistas e a
indústria fonográfica começaram a procurá-lo, transformando-o em um videocliper
de destaque.
Nesse mesmo ano, ele dirigiu Believe, para Lenny Kravitz, e She kissed me,
para Terence Trent D’Arby (hoje, Sananda Maitreya), ambos indo além dos limites
do enquadramento com o uso de máscaras para centralização da informação. Essa
técnica, já existente desde os primórdios da fotografia, se baseia na utilização de
máscaras obscurecendo grande parte do ecrã, criando um caminho para o olhar do
espectador ao centro da tela, onde as imagens serão projetadas (Figura 5). Dirige
também um vídeo para o artista francês François Coen (La Tour de Pise), no qual
placas, letras espalhadas e grafites preexistentes pela cidade recriam as letras da
canção, palavra por palavra.
Figura 5 – Dois fotogramas de Believe – Lenny Kravitz (1993).
24
A partir daí, bandas como Rolling Stones, Massive Attack, Cibo Matto, Beck,
Foo Fighters, Chemical Brothers e Radiohead começarão a solicitar os trabalhos de
Gondry.
Em 1994, ele dirige um clipe do rapper Lucas, Lucas with the lid off (Figura 6),
fotografado em branco e preto, utilizando um procedimento que também se tornaria,
desde então, característico de suas produções: o plano-sequência. Realizado em
dezessete tentativas, o clipe, que consiste em um plano-sequência único, foi
gravado com o uso de steadycam, e traz a interação de pessoas e projeções em
falsas perspectivas.
Figura 6 – Quatro fotogramas de Lucas with the lid off (1994).
Gondry diz:
Eu tive a ideia de gravar um vídeo em plano sequência muito tempo atrás, assistindo Singin’ in the Rain, um dos meus filmes preferidos desde sempre. Tem uma cena em que Gene Kelly e seu produtor descobrem o filme sonoro. Ele atravessa diversos sets muito estreitos, passa por um rapaz a cavalo, depois por outro que está sobre a neve, outro em um carro, etc. Os fundos do primeiro plano, do meio e do fundo se movem enquanto o carro encontra a posição perfeita entre os planos. Eu sabia que iria gostar muito de partir desta ideia, mas inserindo-a em um set bem complexo. (GONDRY, 2003).
Esse clipe é um modelo da metanarrativa, que joga com o conceito de ponto
de vista, inserindo uma série infinita de telas e molduras no interior de um sequência
de mini sets (vinte ao todo) construídos em estúdio e gravados em steadycam, que
se movem seguindo o perfil do símbolo do infinito. É um trabalho que se aproxima
de outros, como Sugar Water, realizado para Cibo Matto, What Are You Doing, para
o Living Sister, She Kissed me, para Terence Trent D’Arby, Protection, para o
Massive Attack.
Gondry joga com o conceito de perspectiva e infidelidade do ponto de vista.
Isso porque ele se utiliza de múltiplas projeções dentro da tela, além inclinar a
25
câmera a 90º criando falsas perspectivas de horizonte na construção dos cenários,
também virados a 90º. Ou seja, em momentos que os figurantes e artistas parecem
estarem deitados, na verdade estão em pé. Sobre trabalho clipe realizado para o
rapper Lucas, ele cita:
Outra ideia que está por trás desse vídeo é a do símbolo do infinito. Eu tive essa ideia porque, no fundo, o refrão é sempre no mesmo ponto (o centro do símbolo do infinito), enquanto os versos são diferentes. Tínhamos um palco cênico, não enorme, mas suficientemente grande; nós construímos mais ou menos uns 15 sets pequenos e ali nós os dispusemos aproximadamente como a linha do símbolo do infinito. A câmera estava comigo ao centro. (GONDRY, 2003).
Em 1995, ele realizou Protection, para o Massive Attack (Figura 7), um plano
sequência gravado em estúdio onde, para obter o resultado desejado, os atores são
deitados no chão. Uma lente de aumento se aproxima de um microcosmo humano
colhido na banalidade do cotidiano, numa trajetória circular.
Figura 7 – Fotografamas 1 e 2 – Protection (1995) / Fotogramas 3 e 4 – Like a Rolling
Stone (1995).
Ainda 1995, ele dirige Like a Rolling Stone (Figura 7), para os Rolling Stones
(além de Gimme Shelter, em seguida), no qual uma festa onde a própria banda faz
uma performance live termina por se derreter de mão em mão em um tipo de
alucinação, como as que o movimento hippie buscava no início da cultura pop.
Sobre a relação que estabeleceu com essa banda lendária na história do rock,
Gondry afirmaria: “Eu nunca olhei para o rock’n’roll como um estilo de vida. Mas
quando eu conheci os Rolling Stones e eles fizeram a performance para o vídeo de
Like a Rolling Stone, confesso que mudei de ideia. (GONDRY, 2003). Já quanto ao
tipo de efeito obtido no videoclipe, Gondry conta:
O segundo efeito foi uma ideia de parar o tempo usando duas câmeras que gravavam simultaneamente e de passar de uma à outra através do morphing. Eu tive essa ideia porque o meu avô fazia parte do Clube de Teatro Francês e me mostrava sempre pequenas
1 2 3 4
26
projeções surreais de como o efeito 3D funciona no nosso cérebro. (GONDRY, 2003).
Ainda nesse ano, ele dirige Army of Me, para Björk (Figura 8), no qual ela, a
bordo de um tanque de guerra de dimensões gigantes, liberta o próprio namorado
(no estilo “belo adormecido”), que se encontra exposto dentro de um museu. Tal
condensação de ideias incongruentes – um tanque de guerra, um museu e uma
trama de conto de fadas – indica o interesse do diretor por procedimentos do
surrealismo, que mais tarde seria bastante característico de seu cinema, sendo
apontado reiteradamente pelos analistas e críticos de seu trabalho.
Figura 8 – Três fotogramas de Army of me – Björk (1995).
O trabalho seguinte é Sugar Water, para Cibo Matto (Figura 9), quebra-
cabeça audiovisual no qual, em dois planos sequência, Gondry conta duas histórias
paralelas que se cruzam graças ao uso do split screen (tela dividida). O clipe desafia
o espectador a descobrir os jogos rítmicos. Nesse caso, ele mostra duas histórias
através dos planos que na metade do videoclipe, se cruzam para inverter os
percursos em uma retroprojeção.
Figura 9 – Quatro fotogramas de Sugar Water (1996).
Em 1996, mais uma vez com Björk, ele dirige Hyperballad, mas é sobretudo
em 1997, com Bachelorette, que a amizade entre os dois produz uma obra-prima do
27
gênero, que representa uma etapa fundamental para o processo de construção de
identidade audiovisual da cantora.
Bachelorette conta a história de uma moça (a própria Björk) que encontra um
livro que se escreve sozinho. Ela passa por autora da história, o livro é publicado e a
história é representada em uma peça de teatro. Nesse ponto, a história se inverte, e
o livro começa a retroceder, voltando ao seu estado inicial, com as páginas em
branco. A natureza, onde o livro foi encontrado, funde-se com a história e começa a
tomar conta de todos os ambientes de representação.
Saltando alguns de seus trabalhos, chegamos a 1997, quando ele dirigiu,
para o Daft Punk, o videoclipe de Around the World (Figura 10). Nesse trabalho, o
diretor desenvolveu uma técnica ligando um gesto ou um objeto a um som, ou seja,
uma coreografia a uma linha melódica. Num primeiro instante, pode parecer um
videoclipe pop banal, com um grupo de personagens dançando em círculos. Mas na
verdade, cada grupo de bailarinos segue um instrumento específico: os atletas
gigantes seguem o contrabaixo; os esqueletos, as guitarras; as disco girls, o
sintetizador; os robôs, a voz; e as múmias, a bateria eletrônica. Tudo em um tipo de
orquestra coreográfica.
Lembro-me do encontro com o Daft Punk e de como me sentia contrariado de trabalhar em um vídeo para eles. Não tinha nenhuma ideia, nenhum conceito. Durante a conversa, a palavra “dance” foi mencionada. Nunca tinha feito um vídeo com um número de dança, porque sempre odiei isso. Tudo é sempre energia e sexo, e a coreografia é cortada em pedaços para exaltar o ritmo da montagem. Tudo que eu odeio. [...] Pois eu escutei a canção repetidamente e comecei a desmontar todo o trabalho da banda. Eu separei cada instrumento na minha mente. Eu percebi, então, como a música era simples e genial ao mesmo tempo. Somente cinco instrumentos diferentes com pouquíssima letra, mas criando inúmeras possibilidades de figuras, sempre usando a repetição e parando exatamente antes de se tornar cansativa demais. (GONDRY, 2003).
Figura 10 – Três fotogramas de Around the world (1997).
28
Nesse mesmo ano, ele produz o videoclipe de Deadweight, para Beck (Figura
11), música que faz parte da trilha sonora do filme Por uma vida menos ordinária
(1997), de Danny Boyle. Gondry coloca em cena uma série de inversões de
perspectivas e semânticas, fazendo Beck trabalhar na praia e relaxar no escritório,
onde a sombra é que arrasta o corpo por terra, onde as fotos de família estão
estampadas direto nas paredes, e pedaços de tapeçaria estão enquadrados nas
molduras. O trabalho se fecha mais uma vez em um curto circuito: Beck entra em
um cinema onde está sendo exibido Por uma vida menos ordinária, no qual ele
assiste a si mesmo em uma séria de jogos de caixas chinesas infinitas. A propósito
do vídeo, Beck diz: “foi como encontrar Buster Keaton. Efeitos visuais que não
precisaram da intervenção de CGI. Foi pura habilidade e engenhosidade” (GONDRY,
2003).
Figura 11 – Quatro fotogramas de Deadweight – Beck (1997).
Gondry admite que a inspiração provém de A Chairy Tale (1957), um curta
metragem dirigido por Norman McLaren e Claude Jutra, onde Jutra combate
insistentemente contra uma cadeira que tem vontade própria como se tivesse vida, e
que será revisitada no repertório de Gondry no episódio de Interior Design que será
analisado no capítulo 3. Se referindo a ideias utilizada no clipe, como a sombra que
precede o homem ou seus sapatos que caminham antes de seus pés, ele admite
que “são como os truques de magia. Está-se está sempre à procura de encontrar
uma abordagem diferente para surpreender as pessoas” (GONDRY, 2003).
Realizando outro salto e deixando para trás obras realizadas para o Foo
Fighters, Björk, Wyclef Jean, o primeiro videoclipe feito para o Chemical Brothers,
Let Forever Be, em 1999 (Figura 12), que merece atenção. Em uma de suas
entrevistas, Gondry afirma:
“Quando comecei a fazer vídeos, eu não entendia as letras em inglês. Então observei os ritmos, e eu repetia uma abstração, o que fez meus vídeos ficarem mais perto do que os músicos normalmente
29
queriam dizer no início. Eu nunca conseguia ser exato no meu trabalho, e isso foi uma coisa boa.” (HIRSCHBERG, 2006).
Figura 12 – Três fotogramas de Let forever be (1999).
Este trecho da entrevista de Gondry para o The New York Times é de grande
importância para nossa hipótese de que grande parte da produção audiovisual do
diretor vem fomentada pela sua formação musical, em particular de baterista,
permeando suas direções de estruturas de repetições, em especial, o ritmo. Trata-se
de vídeos musicais no verdadeiro sentido do termo e, mesmo dentro de um campo
da música eletrônica, com ausência da bateria acústica, é que Michel Gondry
exaltou ainda mais essa característica.
O primeiro encontro entre Gondry e o The Chemical Brothers acontece em Let
forever be (1999) e recupera o psicodelismo. Uma protagonista feminina se
multiplica (repete) em sete versões idênticas e reais, movendo-se em um infinito
jogo de perspectivas, em uma espécie de efeito Larsen 6 (Figura 13) recriado
artesanalmente. Tudo isso sincronizado com cada beat da música eletrônica,
espelhando ainda um segundo personagem, um baterista – ou, na verdade 7,
multiplicados através do mesmo efeito Larsen artesanal7.
O videoclipe foi gravado como se fosse um único plano sequência, no qual os
cortes entre as cenas são feitos por meio de efeitos especiais digitais, o que dá a
sensação de continuidade. Com isso, a sensação é de que a protagonista não sabe 6 Efeito Larsen, no audio, produz-se quando um emissor (ex: alto-falante) e um receptor (ex:
microfone) de um sistema áudio se encontram próximo um do outro. O som do emissor é captado
pelo receptor que o retransmite amplificado ao emissor, criando-se um ciclo-vicioso de emissão -
captação - amplificação – emissão. Na ótica o mesmo principio ocorre quando dois espelhos são
colocados de frente um ao outro, produzindo uma sequência de repetições da mesma imagem no
processo de um clico continuo e infinito. 7 Gondry interpreta um dos sete bateristas.
30
mais onde se encontra, se na realidade ou no sonho, confundindo-se entre suas
múltiplas personalidades no espaço e no tempo. A música, apesar de ser eletrônica,
possui uma batida identificável de bateria acústica, que é apresentada em vários
momentos do clipe, dando o ritmo à montagem, na qual Gondry trabalha
minuciosamente.
Figura 13 – Efeito Larsen criado no videoclipe Let forever Be (1999).
Já em 2002, Gondry dirige outro clipe para a dupla de Djs do The Chemical
Brothers: Star Guitar. Neste trabalho, o diretor rebusca e aprofunda a mesma ideia
de Around the World, ou seja, faz corresponder um som a uma imagem ou a um
movimento. O vídeo, em plano sequência é uma subjetiva (virtual), na qual, da
janela de um trem (trajeto de Versalhes, onde ele nasceu, até Paris), a paisagem
passa perfeitamente sincronizada com a música. O vídeo foi realizado com a ajuda
do irmão Oliver. Gondry explica que foi uma ideia que já lhe passava pela cabeça há
muito tempo, tendo surgido em uma conversa com Björk, mas um dia, ao fazer uma
viagem de trem com a namorada, tudo tomou forma.
Fui tudo gravado da janela de um trem, e algumas imagens foram criadas em CGI. Meu irmão e eu trabalhamos duro para não parecer muito definido, como outros trabalhos realizados em CGI, então nós mesclamos as duas técnicas para criar algo diferente. (GONDRY, 2003).
E de fato, algo novo foi criado, algo que poderia conduzir a uma reflexão
sobre a natureza das imagens contemporâneas. Imagens digitais e reais ao mesmo
tempo, criadas sinteticamente, mas com tanta vontade de realismo e mimese, o
vídeo de Gondry embaralha as cartas a tal ponto que fica impossível distinguir a
manipulação, a realidade imaginada daquela contingente, criando um universo no
qual realidade e imaginação participam do mesmo ritmo.
31
Em 2001, ele dirige Come into my world, de Kylie Minogue. Também aqui ele
usa sua obsessão pelos mecanismos perfeitos, como o ritmo do metrônomo de um
baterista, como o cubo de Rubik e as figuras geométricas, fazendo com que a
cantora percorra o mesmo trajeto quatro vezes (que é número de estrofes da
canção), permitindo assim sua multiplicação (e de tudo o que acontece no percurso)
no interior do mesmo enquadramento, diferenciando, a cada vez, as ações dos
personagens, criando um caos organizado que relembra os trabalhos de Rybgzynski.
Mais um vídeo que assume o modelo de representação do ritmo, no qual Gondry
une novamente a ideia de circularidade e infinito, assim como o ritmo que o
metrônomo manual faria continuamente se não fosse interrompido.
Marcando ainda mais o interesse pelas estruturas de repetições impostas
pelos jogos que ele cria, Fell in Love with a girl (2002), do White Stripes (Figura 14),
é mais uma prova pelo jogo e pela infância que se repetem dentro de seus temas
prediletos.
A minha geração é a geração Lego. Ele é um processo criativo. O Lego me ensinou a construir uma ideia do zero, e tudo através da simples associação. O processo de montagem de um filme é muito parecido com isso. (GONDRY, 2003).
Figura 14 – Três fotogramas de Fell in love with a girl (2002).
Um vídeo realizado passo a passo com peças de Lego, com uma precisão e
uma paciência extraordinárias. Gondry primeiro realiza vídeos da banda e, depois,
imprime os fotogramas e os reconstrói com pedaços de Lego, animando-os quadro a
quadro e propondo imagens bastante abstratas.
Já em 2003, ainda para a mesma banda, ele realiza o videoclipe The hardest
button to button (Figura 15), no qual, mais uma vez, prova sua paciência: cada
batida da baterista corresponde a uma multiplicação de si mesma no mesmo quadro,
e cada nota da guitarra faz multiplicar os amplificadores. Sem a ajuda de CGI, o
32
videoclipe foi feito utilizando 42 baterias idênticas, 32 amplificadores e com a ajuda
da montagem, a multiplicação dos instrumentos e o reposicionamento dos artistas
acontece.
Figura 15 – Três fotogramas de The hardest button to button (2003).
Em 2005, passando por trabalhos realizados neste meio tempo para Vines,
Noir Desire, Laquer, Steriogram, Poliphonic Spree, Villowz, Tears for Fears, Kanye
West, Cody ChesnuTT, bem como outros clipes para o White Stripes, Gondry volta a
dirigir para o Beck: Cellphone’s dead. Outro videoclipe quebra-cabeça, fotografado
em preto e branco, gravado em um falso plano sequência e rico em efeitos morphing,
no qual o cantor interage com os móveis que decoram a sala, os quais se tornam
simulacros do cantor, assumindo o contorno de um jogo que, mais uma vez, tende
ao infinito.
Um artigo que o jornal The New York Times dedica ao diretor francês,
intitulado Le Romantique, cita:
Na ideia original do vídeo, Beck estava em um deserto, e a reverberação dos sons moviam os horizontes de terra. O novo conceito faz Beck se transformar em uma série de objetos inanimados. Ele se transforma em uma porta, depois em um arranha-céu, um rádio, e assim por diante, enquanto o ambiente estático de seu entorno toma vida. (HIRSCHBERG, 2006).
Hirschberg, que conduz a entrevista em meio ao set do vídeo, nota também
que:
Beck parece gostar de Gondry ser assim teimosamente fora de moda em sua aproximação com o cinema. Gondry muitas vezes imagina situações bastante complexas, como Beck se transformando em uma série de objetos inanimados e, em seguida, elabora um modo genial para criar sem usar muito o CGI ou outros métodos de última geração. Gondry coíbe o uso de efeitos digitais inteligentes para favorecer a animação, com engenhosos movimentos de câmera e set artesanais. (HIRSCHBERG, 2006).
33
Já em 2007, Gondry dirige Dance Tonight, para Paul McCartney (Figura 16).
Esse clipe retoma a ideia desenvolvida no vídeo para o White Stripes, Dead leaves
& the dirty ground, de 2002. Mas dessa vez, em vez de projeções, como foi utilizado
em 2002, ele adota uma técnica criada para espetáculos de ilusionismo, chamada
“Pepper’s ghost”. Por meio do uso de vidros e espelhos, e graças a uma estudada
série de perspectivas luminosas, criam-se reflexos que dão a impressão de serem
verdadeiros fantasmas.
Figura 16 – Dois fotogramas de Dance Tonight – Paul McCartney (2007).
Em seus trabalhos mais recentes, como o Open your heart (2010), para Mia
Todd, e How are you doing (2011), para o Living Sisters, Gondry recupera seu
repertório rítmico de imagens como coreografias e associações cor/som, bem como
o uso do splitscreen.
34
2.2 Filmes publicitários
Gondry dirigiu mais de 30 comerciais publicitários no período entre 1994 e
20118. Tais produções tiveram importância ao fomentar a “marca” do diretor no
mercado audiovisual, e também foram as primeiras produzidas por ele fora do
mundo da música pop. Ainda que diversas marcas renomadas – Air France, Adidas,
Nike, AMD, Gap, BMW, Coca Cola, Fox, Motorola, Nespresso, Volvo, Polaroid –
tenham contado com filmes sob sua direção, focaremos aqui em uma marca que foi
de grande importância para a carreira de Gondry: a Levi’s. Isso porque para a marca
de jeans, ele dirigiu uma série de quatro comerciais muito diferentes entre si,
possibilitando uma análise abrangente de seu estilo de direção.
Normalmente, na realização da publicidade audiovisual, a criação é assinada
pela agência. Por esse motivo, o diretor é considerado quase um técnico a serviço
de ideias alheias, mas segundo Gondry, não tem há motivo para desesperar-se, pois
essa frustração pode ser consolada com o pagamento. Ao ser questionado se ele
não se sente “comprado” ao dirigir uma publicidade, ele responde: “É difídil dizer.
Levi’s faz grandes coisas com uma boa margem, mas as vezes me sinto vendido.
Mas no final eu me vendo por um bom preço” (GONDRY, 2003).
Em 1994, o diretor se mudou para Londres e revelou:
Londres é a Hollywood da publicidade [...], mas a publicidade é perigosa para um diretor: o ponto de vista em um spot deve ser expressado em 20 segundos, o que é muito pouco para qualquer outra forma. E o dinheiro é muito no spot – as pessoas estão sempre no luxo. Eu sempre soube que não seria prudente se habituar àquelas condições. (GONDRY, 2003)
Mas o fato é que o diretor de Versalhes não renunciou a sua poética na
publicidade. Seu trabalho é, em certa medida, impulsionado por dois objetivos:
primeiro, obter um spot eficaz, e segundo, obter um spot “à la Gondry”, ou seja,
associar a marca do diretor a um produto.
8 A lista dos produtos publicitários está disponível no anexo “O audiovisual de Michel Gondry”.
35
Entre 1995 e 2002, Gondry assinou algumas publicidades para a empresa de
jeans mais famosa do mundo – a Levi’s. Foram, no total, quatro publicidades, sendo
elas: Drugstore (1995), Mermaids (1997), Belly button (2001) e Swap (2002).
Em Drugstore (1995)9 (Figura 17) aparentemente na América nos anos da
Grande Depressão, da janela de um carro, vemos a paisagem urbana de uma
pequena cidade: uma longa estrada periférica, a ferrovia, etc. O carro se aproxima
de um centro comercial. Um rapaz desce do automóvel e entra na drugstore
(farmácia) para comprar preservativos, encarando a desaprovação dos clientes. O
proprietário passa a latinha com o produto. Corte. Já é noite. O rapaz dirige seu o
carro até uma casa e toca a campainha. O mesmo senhor, proprietário da drugstore
abre a porta para o rapaz, que irá sair com sua filha. Os dois se reconhecem; o
homem tenta impedir a saída da filha, mas já é tarde: ela o ignora e se despede dele,
saindo contente com o namorado.
Figura 17 – Primeira sequência de três fotogramas da publicidade Drugstore (1995).
O conceito irônico do spot é centrado no famoso bolso, pensado inicialmente
para relógios de bolso, e que agora é também útil para guardar preservativos (Figura
19). O slogan final do comercial diz: “bolso para relógio criado em 1873. Abusado
desde então” (Figura 18). O comercial realizado para a Levi’s é um dos primeiros
feitos por Gondry, e talvez o mais famoso, principalmente pelos numerosos prêmios
colecionados nos vários festivais dedicados à publicidade, em especial o prestigiado
Leão de Ouro recebido no Festival Internacional da Publicidade de Cannes, levando-
o a ser inserido no Guinness World Records de 2004 (Little Brown & Co., 2003, p.
177) como o spot mais premiado de todos os tempos.
9 Produto: Levi’s Jeans, modelo 501. Agência: BBH London.
36
Figura 18 – Slogan da publicidade Drugstore (1995).
Trata-se de um spot realizado como um clipe, mudo e editado sobre uma
base techno, com uma montagem atenta aos pontos de sincronização imagem-som
e gravado em boa parte com câmera subjetiva. Um exemplo é o momento que a
música eletrônica acelera a batida com a inserção de mais um beat grave e forte, na
caminhada do rapaz em direção à casa da namorada, quando a montagem é
sincronizada com a passagem da maria-fumaça em alta velocidade. Esse som
techno (composto pelo Novelty Waves) é completamente dissonante com as
imagens da época, afinal a ideia é representar os anos de 1930, mas a montagem
faz o anacronismo passar desapercebido. O anacronismo segue o ritmo da marca
de jeans, que nasce em 1853 e se atualiza durante sua história, tornando-se a mais
famosa marca de roupas do gênero de todos os tempos, nunca perdendo o ritmo da
sociedade. Gondry destaca esse ritmo, oferecendo à marca uma publicidade que
demonstra o quanto o jeans se adaptou em seus 150 anos, sendo um produto em
uso até os dias de hoje.
Figura 19 – Segunda sequência de dois fotografamas da publicidade Drugstore (1995).
37
As marcas do diretor estão no regime do olhar e na estrutura circular da
narrativa. O spot é composto, do início (saída do escuro da garagem) ao fim (saída
noturna da entrada da casa da namorada), pelas portas ou limites que o jovem
protagonista atravessa, ou pelas janelas e reflexos através dos quais ele olha, até a
subjetiva na qual, para olhar dentro da drugstore, o rapaz se aproxima da vitrine da
loja, mostrando na sombra sua forma fantasmagórica. Verifica-se nesta publicidade
um olhar participativo, subjetivo e, ao mesmo tempo, diegético, direcionado para a
identificação com o espectador que, graças a esse movimento autorreflexivo, vem
estimulado por meio de uma visão múltipla e analítica embasada na sincronização
som-imagem que induz a uma sinestesia da própria visão, como em seus melhores
trabalhos de “clipeiro”.
Dois anos depois, Gondry realiza outro comercial para a Levi’s intitulado
Mermaids (1997) (Figura 20), que ganha a medalha de prata no Clio Awards e de
bronze em Cannes. Em mar aberto, um jovem marinheiro a bordo de um pesqueiro
enfrenta uma tempestade; ele perde o equilíbrio e bate a cabeça. Uma onda o joga
para fora da embarcação. O belo marinheiro, vestido somente com seu jeans,
afunda, desmaiado. Um grupo de sereias o circunda e o beija, reanimando-o.
Contente por ser salvo, percebe então que, na realidade, o objeto de desejo delas é
o seu jeans.
Figura 20 – Três fotogramas da publicidade Mermaids (1997).
Embora a história contada seja mais convencional que a anterior,
encontramos aqui elementos de sonhos que parecem tomar por empréstimo os
mitos e contos de fadas, assim como uma alusão aos filmes de animação. A trilha
musical foi de Smoke City, Underwater. Mas, além da música, é interessante notar o
uso “realístico” do som, que se mistura com os efeitos de fundo de um submarino, e
38
que demonstra como, mais uma vez, estamos diante de um spot mudo, no qual tudo
se concentra na atmosfera e num fio de narrativa.
A chamada do comercial diz: “The original – shrink to fit – jeans” e com
apenas 45 segundos de duração a publicidade possui uma montagem acelerada
possuindo 58 planos, com a duração média de 0,79 segundos por plano. Destes, 15
são câmeras subjetivas e o último plano possui a utilização de uma máscara circular
– técnica já utilizada em alguns dos seus videoclipes – enfatizando o barco na cena
e o retorno do pescador ao fugir das sereias com duração de 0,5 segundos. Tal
aceleração de montagem não está entre os procedimentos preferidos do diretor.
Em 2001, Gondry dirige Belly button (Figura 21), no qual uma série de
umbigos femininos descobertos e livres, graças ao corte do jeans anunciado,
executa o playback de I’m coming out, antigo hit de Diana Ross, na versão de
Jamie-Lynn Singler. A chamada do comercial recita, “Super low jeans. Make them
your own.” Se o modelo do jeans tem como objetivo expor a cintura baixa, Gondry
também posiciona a câmera em uma altura fora do padrão, seguindo o ponto mais
importante do corpo: a exposição do umbigo proporcionado pelo jeans.
Figura 21 – Três fotogramas da publicidade Belly button (2001).
Gondry grava essa publicidade sobre o produto sem torná-lo obrigatoriamente
o protagonista do comercial. A câmera próxima dos objetos, sempre em movimento,
guia o olhar como se fosse um plano sequência. O uso de CGI é indispensável por
causa do playback dos umbigos, mas surge de forma discreta, como do diretor
costuma preferir.
Em 2002, é a vez de Swap (Figura 22). Em tomadas externas à noite, um
grupo de homens-ratos caminha pelas ruas da cidade. De repente, um deles entra
em uma cabine telefônica e disca um número. Do outro lado da linha, fala uma rica
39
senhora que, depois de alguns combinados, encontra-se com eles em uma garagem
subterrânea. Sentada dentro de seu carro, ela estende a mão e entrega um
envelope cheio de dinheiro a um deles. Este dá o sinal para que seus companheiros
tragam o refém em uma caixa: o gatinho de estimação da senhora.
Figura 22 – Três fotogramas da publicidade Swap (2002).
Nesse trabalho mais narrativo que o anterior, retornam a câmera na mão e os
movimentos naturais, o tema homem-animal e a falta de diálogos. É interessante
notar como, mais uma vez, o diretor decide filmar grande parte do spot do interior de
um carro (em movimento ou estacionado, não importa), multiplicando os pontos de
vista e remetendo mais uma vez aos trabalhos precedentes (Drugstore e o
videoclipe feito para o grupo The Chemical Brothers, Star Guitar, realizado também
em 2002).
Figura 23 – Slogan do comercial Swap – Levi’s (2002).
O slogan desta publicidade (Figura 23) dialoga com a aparência desses
mutantes “Uma nova geração ousada”. A montagem do comercial tem uma delicada
atenção a sincronização dos beats da música eletrônica que apresenta uma batida
rítmica bem marcada com as mudanças, de forma semelhante aos videoclipes.
40
Nesta sequência de comercias produzidas para a marca Levi’s, Gondry
rebusca varias estruturas já utilizadas nos seus videoclipes em diferentes aspectos:
desde estruturas pertinentes a temática – como por exemplo a relação
homem/natureza já revistos em Bolide (1987) e Human Behaviour (1993), revistos
em Mermaids (1997) e Swap (2002) – e estrutura de personagens meio humano,
meio animal como em Ma Maison (1990) e Big scary animal (1993) e principalmente
nas práticas estilísticas onde à atenção da montagem em sincronia com a música
leva aos mesmo processos sinestésicos de seus videoclipes. A estrutura narrativa
se engendra de forma mais concreta que em seus videoclipes de teleologia
imprevisível, podendo-se considerar a publicidade como uma ponte que liga seus
videoclipes muitas vezes não narrativos às narrativas que realizará no cinema.
41
2.3 Televisão
O primeiro trabalho de Gondry para a TV é o episódio da série Flight of the
Concords, da HBO, que teve início em 2007. A série conta a história de uma dupla
musical (uma dupla digi-folk neozelandesa que realmente existiu) que, entre tantas
dificuldades, tenta desesperadamente fazer sucesso no cenário nova-iorquino. Ela
rapidamente se transformou em uma série de culto graças à comicidade surreal
presente em todos os episódios e à linguagem híbrida da narrativa seriada
tradicional, dos efeitos especiais e dos inúmeros códigos musicais.
Jemaine Clement e Bret McKenzie, atores que interpretam versões
ficcionalizadas de si mesmo, se conheceram na faculdade e ganharam notoriedade
ao realizar um programa humorístico na Rádio BBC de Londres, formando uma
dupla especializada em paródias e músicas bem-humoradas. Recebem então um
convite da HBO para adaptarem o programa para o formato televisivo e várias de
suas músicas e situações apresentadas na rádio foram levadas com a mesma
estrutura episódica para a TV.
Em grande maioria, os episódios são fechados e apenas nos cincos primeiros
da primeira temporada houve ganchos a serem sequenciados em outros episódios.
Somente no último episódio da série há a resolução dos conflitos, onde a dupla é
deportada ao pais de origem após a situação ilegal é denunciada por meio de uma
musico autobiográfico, e passam a ser pastores de ovelhas.
O episódio dirigido por ele foi ao ar em 2009 e se chama Unnatural love
(Figura 24). Dan Owen, crítico que administra um blog sobre séries, comenta o
episódio destacando aspectos do Gondry “clipeiro”:
Sem dúvidas, o melhor episódio da temporada, e provavelmente o da breve história de FotC’s, Unnatural Love é uma história lindamente ingênua [...]. Para Gondry, FotC é o material perfeito para cravar seus dentes, visto que imita um gênero de filme independente com o qual ele se sente muito à vontade. [...] O único verdadeiro sinal de que Gondry está por trás da câmera vem do modo simples e bem coreografado dos números musicais [do episódio] desta semana. Unnatural Love se beneficia do olhar artístico de Gondry quando a música começa. (OWEN, 2009).
42
Figura 24 – Três fotogramas de Flight of the Concords dirigido por Michel Gondry em 2009).
Rogério Mestriner publicou, em seu artigo A presença autoral de Michel
Gondry em Flight of the Conchords, a seguinte conclusão, que dialoga com o que
procuro salientar nesta pesquisa:
Ao utilizar técnicas visuais já consagrados por ele mesmo, Gondry faz com que sua assinatura, enquanto diretor e realizador, se sobressaia à voz dos produtores de Flight of The Conchords. É o star system de Gondry se somando aos temas retratados no seriado, trazendo um público interessado na obra do diretor para o programa, e estabelecendo mais claramente um diálogo com as suas obras prévias. Poucas são as vezes em que as canções do seriado ganham tratamento técnico tão atencioso quanto o que foi dispensado para canção de Carol Brown. (MESTRINER, 2010).
O segundo trabalho é a direção de um dos programas de Jimmy Kimmel Live!
Realizado para a rede estadunidense ABC (Figura 25), fica claro que se trata de
uma tática comercial para o lançamento de seu longa O besouro verde (The Green
Hornet) (2011).
Como nos pequenos projetos de Gondry, reencontramos o uso do splitscreen,
desencadeamento espacial/temporal, uma mise em abyme com uso de múltiplas
telas e o mundo dos sonhos. O apresentador acorda, arruma-se e vai para o estúdio
onde é gravado o programa, percebendo, em seguida, que se tratava de um sonho.
Ele refaz as mesmas ações, que o trazem novamente ao estúdio, onde encontra
Gondry em uma sala de edição de papelão dentro de uma sala de transmissão
verdadeira.
Na segunda parte da transmissão, o diretor realiza, além de uma intervenção
com um falso gambá, um periclitante videoclipe para a música tema do programa. A
locação é a Calçada da Fama, em Los Angeles. No clipe, encontramos Gondry
tocando bateria, com animações em stop motion e uma série de citações aos seus
trabalhos precedentes (do vídeo realizado passo a passo para o White Stripes, The
43
hardest button to button, a Let Forever Be, do The Chemical Brothers). Ao retornar
para o estúdio, o diretor segue parodiando sobre o cinema francês e sobre seu
sotaque na língua inglesa, utilizando-se de um megafone que transforma sua
pronúncia falha em uma pronúncia perfeita da língua inglesa.
Na terceira parte da transmissão, retorna-se novamente ao sonho no qual
Jimmy Kimmel está na cama. Dessa vez, quem o acorda é nada menos que
Cameron Diaz. Ele refaz o mesmo percurso já visto nas outras duas partes até o
estúdio, onde interage, graças ao uso do splitscreen, com os outros dois Jimmy
Kimmel. Assim que o apresentador consegue descartar os seus outros dois “eus”,
Gondry o convida a ultrapassar o cenário e ir para os bastidores.
O apresentador se encontra novamente em seu quarto, sobre a cama, e entra
novamente no carro (pela quarta vez!), quando inesperadamente tem uma ideia:
decide mudar o percurso e retornar para sua cama, para em seguida acordar
definitivamente desse vertiginoso sonho.
Figura 25 – Quatro fotogramas do programa Jimmy Kimmel Live! dirigido por Michel Gondry (2011).
44
2.4 Longas-Metragens
Sobre realizar direções para o cinema, Gondry afirma, em sua entrevista a
Hirschberg: “Quando eu fazia spots e videoclipes em Londres, nem me passava pela
cabeça fazer um filme. Aconteceu somente quando assisti ao vídeo da Björk no
cinema e percebi o quanto era mágico ver algo assim grande.” (HIRSCHBERG,
2006).
Sua primeira direção de longa-metragem10 acontece com Natureza quase
humana (2001), mas antes de falar desse filme é necessário fazer alguns
comentários sobre Charlie Kaufman, roteirista cuja parceria com Gondry foi
fundamental.
Kaufman é hoje considerado um dos mais influentes roteiristas de Hollywood.
Mas colocando os primeiros trabalhos de Gondry e Kaufman lado a lado, é difícil
distinguir onde começa o trabalho de um e termina o do outro. Kaufman, dois anos
antes, já havia sido nomeado ao Oscar de melhor roteiro original com Quem quer
ser John Malkovich (Being John Malkovich - 1999), escrito para o amigo e também
“clipeiro” Spike Jonze.
Produzido por Anthony Bregman, Ted Hope, Spike Jonze e Charlie Kaufman,
Natureza quase humana obteve aproximadamente US$700 mil dólares em bilheteria,
valor considerado baixo para os padrões de Hollywood.11
O filme é uma comédia centrada na relação homem-natureza. Como já visto
anteriormente, a ideia de uma espécie de “lente de aumento” sobre um microcosmo,
sobre o homem e sobre a natureza, utilizada em videoclipes de Gondry, como
Protection, do Massive Attack, Ma Maison, para o Oui, aparece nesta obra.
Rodado por inteiro com câmera na mão, o filme conta histórias alternadas de
três protagonistas, oscilando do ponto de vista de um ao outro, e com isso
provocando contínuas reversões de sentidos.
10 Gondry também dirigiu documentários e curtas metragens que não serão abordados nesta
dissertação, mas a lista desses filmes se encontra disponível nos anexos desta dissertação. 11 Nenhuma fonte sobre quanto o filme custou foi encontrada.
45
A trama conta a história de um cientista, Dr. Bronfman (Tim Robbins), que
tenta educar um homem-macaco encontrado na floresta (Rhys Ifans), e de sua
mulher, Lila (Patricia Arquette), que é afetada pela estranha síndrome de hirsutismo
(crescimento anormal de pelos do corpo).
O filme começa com uma fuga de ratos (Figura 26) perseguidos por uma ave
predadora. Desde o início, percebe-se procedimentos trazidos dos videoclipes de
Björk, marcados pela representação mágica da Naturez, assim como alusões ao
filme O ouriço no nevoiro.
Figura 26 – À esquerda - Abertura de Natureza quase humana / à direita - Lila na floresta
As sequências dedicadas à “educação” do homem-macaco pelo cientista, que
procura ensinar o conceito de civilidade à sua cobaia, mostram como os anos dos
vídeos musicais tomam forma e substância na figura do cientista/diretor que
experimenta/joga com suas cobaias/personagens em um laboratório/set cheio de
instrumentos de brinquedo (Figura 27). Pode-se especular, aqui, que essas
sequências tragam uma espécie de comentário autorreferente do diretor sobre a
necessidade de “domesticação” de certos procedimentos aos quais estava
acostumado. Afinal, sua chegada ao cinema narrativo comercial já aconteceu na
companhia de atores famosos de Hollywood e de um roteirista indicado ao Oscar, o
que exigiria mudanças importantes em uma obra nascida em um mundo de
orçamentos menores, durações curtas e maior liberdade experimental – o videoclipe.
46
Figura 27 – À esquerda - ratos sendo domesticados / à direita – intrumento no laboratório para educar Puff.
Mas foi com Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004) que Gondry
ganhou notoriedade mundial como cineasta, ainda que o Oscar tenha ficado com
Kaufman, pelo roteiro original. O filme foi produzido por Anthony Bregman e Steve
Golin com um orçamento aproximado de US$20 milhões de dólares.
Título traduzido literalmente do original em inglês, Eternal Sunshine of the
Spotless Mind, não parecia um filme fácil para muitos espectadores, mas acabou se
transformando em um grande sucesso, atingindo a marca de US$34 milhões de
dólares nos primeiros 40 dias de exibição somente nos Estados Unidos. Como
atesta a crítica de Marcelo Forlani, feita na época, não se sabia muito bem qual seria
a aceitação para essa estranha história de amor:
Louco ou gênio, Kaufman é hoje sinônimo de cinema moderno, inteligente e de boa qualidade. Ou seja, cuidado com quem você vai convidar para assistir Brilho Eterno do seu lado, estamos falando de um filme que pode não ser a escolha ideal para quem não gosta de ser desafiado a pensar.12
A trama faz dois jovens, Joel (Jim Carrey), tímido e introvertido, e Clementine,
(Kate Winslet) exuberante e colorida (Figura 28), encontrarem-se, apaixonarem-se,
separarem-se e esquecerem-se um do outro. O incomum nessa história é o tipo de
esquecimento. Pouco depois do rompimento, Joel descobre que Clementine se
submeteu a um tratamento experimental oferecido pela empresa Lacuna Inc. para
apagá-lo de sua memória. Ele decide fazer o mesmo, mas acaba, durante o
processo, mudando de ideia. Então, sua mente semi-consciente tenta, sem sucesso, 12 http:// omelete.uol.com.br/cinema/brilho-eterno-de-uma-mente-sem-lembranca/#.UwebFxwjsQ8
47
esconder as memórias da amada ligando-a a memórias de sua infância às quais o
sistema não deveria alcançar.
Quando encontrou Kaufman, Gondry propôs uma ideia para um filme que se transformaria, mais tarde, em Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Um amigo de Gondry, o artista Pierre Bismuth, havia lido a notícia de que um dia seria possível cancelar definitivamente as lembranças dolorosas de um ex-amante do próprio cérebro. “Já que tenho problemas para estruturar uma história, gostei muitíssimo dessa ideia”, disse-me Gondry. (HIRSCHBERG, 2006).
Figura 28 – Joel e Clementine em dois fotogramas de filme Brilho eterno.
O título do filme é um verso extraído do poema Eloisa to Abelard, de 1717, de
Alexander Pope, e é citado no filme, remetendo à paixão impossível e intelectual
entre os dois amantes protagonistas da história.
How Happy is the blameless vestal’s lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray’r accepted, and each wish resign’d. (POPE, 1966)13.
No artigo já citado do The New York Times, Kate Winslet comenta sobre o
trabalho de Gondry com os atores e com os personagens:
Michel sempre foi brincalhão no set [...] Nunca sabíamos de fato se a câmera estava gravando ou não. Michel raramente dizia “ação” ou “corta”, porque não queria que nós entrássemos e saíssemos dos personagens. Ele gostava de criar essa confusão. Sentia que era importante para o filme. (HIRSCHBERG, 2006).
13Tradução livre do texto: “Feliz é a inocente vestal!
Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças.
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança.”
48
Figura 29 – À esquerda , Joel e Clem durante o cancelamento que Joel está sofrendo durante os serviços da Lacuna Ind. (à direita)
O filme alterna elementos de drama/romance com ficção científica propondo
um tipo de jogo de adultos que envolve aspectos lúdicos da memória infantil de Joel
e doses de surrealismo e psicanálise (Figura 29). Trata-se de um quebra-cabeça
narrativo que explora os mecanismos do pensamento, os paradoxos e a livre
associação. Com estrutura circular, mas que não renuncia a um tipo de casualidade
onírica, com a invasão dos planos espaço-temporais até a representação visual de
paradoxos, como a chuva dentro do quarto, o mar na sala de estar, a cama na praia,
Brilho eterno marca a carreira de Gondry trazendo, mais uma vez, procedimentos
conhecidos de seus clipes para o cinema.
Figura 30 – Cartão enviado pela Lacuna Inc. avisando sobre o cancelamento das memórias.
Na maior parte do tempo, como também já era usual em suas obras
anteriores, o diretor utiliza pouca computação gráfica, lançando mão de técnicas que
por vezes se assemelham às do primeiro cinema, além de poucos truques cênicos
que permitem conduzir o espectador ao interior da cabeça/mente dos personagens.
49
Efeitos como a utilização de uma folha transparente em frente da atriz para fazê-la
parecer “ofuscada”, ou a falsa perspectiva que faz com que Jim Carrey pareça ter o
tamanho de um bebê, substituem os efeitos de CGI que assolam a ficção-científica
em Hollywood desde os anos 1990 e reforçam o caráter lúdico do filme.
Em 2006, foi lançado Sonhando Acordado (La science des rêves), filme que
marca a estreia de Gondry como roteirista e sua separação de Kaufman e também é
o primeira longa metragem realizado fora do eixo hollywoodiano. Produzido por
Georges Bermann, Michel Gondry e Frédéric Junqua, o filme teve um orçamento
aproximado de R$6 milhões de dólares e somente nas bilheterias americanas
rendeu em quarenta dias ¾ do custo do filme, atinigindo US$4,7 milhões de dólares.
Em entrevista para do jornalista Emanuel Levy, o diretor comentaria sobre a
ausência de Kaufman no roteiro:
Conforme eu avançava e fazia outros trabalhos, eu percebia que havia coisas que eu queria dizer e nas quais eu queria me aprofundar e expressar minha voz. Eu sempre expressava minha voz ao lado de alguém, e sentia que precisava me aprimorar mais. Nos videoclipes, muita gente não conseguia entender o que eu realmente queria fazer, até que me deram a possibilidade de mostrar. E depois, em geral, passavam a gostar do que eu havia feito, então eu adquiri bastante liberdade. Mas com o cinema, as coisas foram diferentes. É um meio mais duro, e é preciso justificar cada detalhe. Uma das razões pelas quais eu quis realizar La science des rêves foi não precisar explicar as minhas ideias no nível intelectual. Quando trabalho com outras pessoas, tenho que recorrer a palavras. É muito limitador ter que expressar meus processos criativos e minhas ideias dessa maneira. Se você quer criar alguma coisa esperando que ela possa durar para além de você mesmo, não pode permitir que cada passo do processo seja colocado em discussão. Pode parecer contraditório, mas o fato é que eu, sendo o único que pode tomar decisões, me permito ter menos controle sobre as coisas. Quero o meu instinto no controle e o meu cérebro mais livre, de modo que eu me permita ter ideias, visões e conceitos sem ter que me justificar. (LEVI, s.d.).
O filme não teve ampla distribuição no Brasil, sendo desconhecido por muitos.
Nele, um rapaz, Stéphane (Gael Garcia Bernal), que acaba de perder o pai, muda-se
para Paris à procura de um trabalho que lhe ofereça a oportunidade de usar sua
criatividade, e acaba trabalhando para uma empresa que faz calendários
50
promocionais. Em frente ao seu apartamento, reside uma moça, Stéphanie
(Charlotte Gainsbourg), por quem ele se apaixona.
Mais uma vez, Gondry usa um romance para repetir suas invenções. Um
casal incapaz de se manter na realidade, usa o sonho como meio de fuga para as
insustentáveis contingências da vida (Figura 31). A partir desse jogo, o diretor e
roteirista traz um protagonista – Stéphane – que é um inventor de inutilidades
fantasiosas divertidas. Assim, lembranças da infância, como bonecos construídos
com materiais simples, transformam-se em substâncias que parecem ter vida.
Objetos originais e inúteis para remediar a realidade insustentável dos personagens,
como uma máquina do tempo que viaja sempre a um segundo no passado.
Figura 31 – Dois fotogramas de Sonhando Acordado (2008)
Esse filme apresenta um protagonista inspirado na própria história do diretor,
tornando-se um trabalho, de certa forma, autobiográfico. No artigo já citado de Lynn
Hirschberg, ele comenta:
Muitos dos trabalhos de Gondry são bastante autobiográficos, no sentido não literal do termo. Seus filmes, assim como os vídeos que dirigiu para músicos como Björk e White Stripes, capturam as emoções que giram em torno de eventos pessoais da sua vida. Alguns desses sentimentos são evocados em Brilho eterno de uma mente sem lembranças, no qual os protagonistas, dois ex-amantes, cancelam a própria memória para se esquecerem. No filme La science des rêves, que Gondry escreveu e dirigiu, o personagem central, Stéphane, é muito parecido com Gondry: passional e desajeitado, e se expressa através de todos os tipos de visualizações. (HIRSCHBERG, 2006).
Gondry relata ainda, na mesma entrevista:
“Eu escrevi o roteiro com minha ex-namorada em mente”, Gondry repetiu, olhando mais uma vez para o conteúdo da caixa. “Além de ser chamado de infantil, a crítica mais frequente que recebo é a de que eu não sei realmente contar uma história. Que, se por um lado
51
eu tenho uma forte sensação visual, minhas habilidades narrativas são fracas”. Ele parecia aflito. “Eu gostaria de pensar que, pelo contrário, meus filmes são mais parecidos com a vida real. Em um relacionamento, mesmo que não se fale, não significa que a emoção não seja sentida. Em meus filmes, eu quero mostrar todas as formas abstratas com as quais as pessoas podem nos afetar quando estamos apaixonados.” (HIRSCHBERG, 2006).
Se no caso de Natureza quase humana, o diretor recria um micromundo cheio
de seres fabulosos, já vistos em seus trabalhos anteriores em outras formas, aqui
seu ritmo imagético, repete-se, sempre rico em invenções fantásticas, apoiando-se
em técnicas conhecidas e utilizadas de modo simples, como a máquina do tempo de
um segundo, que nada mais é que um jumpcut, além de animações em stop motion
e back projection artesanais. Animações, como a do cavalo de pelúcia (Figura 32), a
direita) no qual Stéphane sonha cavalgar com sua namorada, que poderíamos mais
uma vez enxergar como referências a diretores como Norshteyn, no já citado O
ouriço no nevoeiro.
Figura 32 – Cavalo real e de pelúcia, respectivamente.
O filme joga com o conceito do cinema enquanto janela para o mundo, como
nas sequências em que Stéphane comanda suas janelas-pálpebras pelo interior de
seu cérebro. Figuras de uma mise en abyme infinita, cheias de figuras reflexivas
colocadas em cena como monitores, câmeras e janelas, como se fossem percursos
de nossa mente, ou ao menos, de nossos sonhos.
A música também tem grande importância. No trecho inicial do filme,
Stéphane toca bateria com certa imperfeição rítmica. Em seguida, ele lança as
baquetas e vai tocar o teclado antes de recitar sua receita de como sonhar. Visto
que se trata do sonho do protagonista, Gondry levanta a questão da imperfeição
rítmica dos instrumentos como forma de representá-lo de um modo doméstico, único
de cada pessoa, de cada sonho: incompleto, fora de ritmo, com notas ligeiramente
52
fora da harmonia. A respeito da música nos filmes do diretor francês, Giuliano
Stacchetti assinala em seu artigo:
Trabalhando em todos os níveis dentro do coletivo musical imaginário de sua cultura de origem, o diretor de Versalhes enfatiza continuamente a artificialidade e os limites expressivos, costurando a pontos largos a música, que revela sua incapacidade de compreender a totalidade da atmosfera que a acompanha, para comunicar que forma plena. (STACCHETTI, 2012, p.85).
Figura 33 – Dois fotogramas de Sonhando Acordado (2008).
Em Sonhando Acordado (2008), Gondry reitera de maneira autoral sua
poética, seu estilo e a ideia de que o cinema é capaz de mesclar ritmos do plano dos
sonhos e da realidade na mesma dimensão existencial.
Como os homens da lanterna mágica como no primeiro cinema, Gondry
adora o truque e a magia: cinema/jogo como ilusão/encanto. Como os surrealistas, o
diretor da forma e conteúdo à percursos visuais irradiados de não sentidos:
cinema/jogo como arte de liberação, revolução poética.
Gondry constrói o filme ao mesmo modo com o qual Stéphane fabrica o seus
objetos, como os óculos para “ver a vida em verdadeira terceira dimensão”, a
máquina do tempo ou o cavalo mecânico: é a arte pobre, prática, criativa da
realidade, retirados de seu baú de repetições. Assim Sonhando Acordado, é mais
que uma ideia de cinema, é um sentimento, uma declaração biográfica de um
apaixonado, sincero e íntimo, dramaticamente ingênuo amor.
Em 2008, Michel Gondry dirige Rebobine por favor (2008). Produzido por
George Bermann, Julie Fong e Michel Gondry, o filme teve um orçamento de
aproximadamente US$20 milhões e arrecadou em 40 dias nos Estado Unidos e
Reino Unido o valor equivalente a sua produção. Uma produção ambiciosa que teve
pouco sucesso se comparado ao filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças.
53
Com uma estrutura narrativa circular, o filme termina onde começa. Jerry
Gerber (Jack Black) decide sabotar a usina elétrica de sua cidade, pois acredita que
ela está derretendo seu cérebro. Para isso, ele conta com a ajuda de Mike (Mos Def),
seu melhor amigo, que trabalha em uma antiga locadora que aluga apenas fitas VHS.
A tentativa de invasão dá errado, o que faz com que Jerry receba um grande choque
elétrico. A partir de então, ele fica magnetizado, sem perceber. Ao entrar na locadora
onde Mike trabalha, ele, sem querer, desmagnetiza todos os filmes disponíveis.
Como Elroy Fletcher (Danny Glover), o dono do local, estava em uma viagem, cabia
a Mike cuidar da locadora. Desesperado, ele decide rodar os filmes por conta própria,
juntamente com Jerry.
Gondry coloca em questão as diferentes formas de se fazer um filme,
transformando essa arte em um jogo. Assim, o uso de artifícios artesanais para os
seus remakes no interior do filme torna-se um jogo tão obsessivo que Gondry lança
um livro explicando os protocolos para que as pessoas refaçam, em poucas
sequências e sem edição, filmes clássicos da história do cinema (Figura 34).
O livro Michel Gondry: You'll Like This Film Because You're In It – The Be
Kind Rewind Protocol, é um obra que explica como roteirizar e gravar filmes já
existentes em modo “resumido”. Esse modo é batizado de “suecar” filmes (sweded),
e até mesmo o trailer do filme é distribuído na internet com uma versão “suecada”.
Gondry oferece ao filme uma preocupação não só com o fluxo de suas
imagens, mas também com o contrato som e imagem estabelecido a cada plano,
como em seus mais complexos e rítmicos videoclipes. Em entrevista a Keith Phipps,
para o site do AV Club, ao ser questionado se o filme havia sido inspirado em sua
direção de Dave Chappelle’s Block Party, Gondry responde:
Sim, totalmente. Eu tinha esse conceito há anos, um garoto que iria refazer esses filmes. É uma espécie de fusão dessa ideia que eu tive há anos, acreditando que as pessoas podem criar seu próprio entretenimento e que irão apreciá-lo muito mais, porque fazem parte dele. E o filme não teria que dar certo no que diz respeito à técnica, porque é como assistir a um filme feito em casa. Você não o assiste por causa da técnica, mas porque relembra bons momentos que passou com os amigos. Ele reflete você. Ele pertence a você. Então eu pensei que as pessoas poderiam, em vez de gastar seu dinheiro para ir assistir um blockbuster, fazer seus próprios filmes. Guardar o dinheiro e fazer um filme novo a cada semana. Eu pensei que seria
54
agradável criar um mundo que faz essa construção possível. (PHIPPS, 2008).
Figura 34 – "Suecagem realizada por Jerry e Mike com 2001 - Uma odisséia no espaço e Men in Black.
O filme acaba se revelando uma prova de amor pelo cinema, e traz
procedimentos imagéticos artesanais que Gondry utiliza desde seus primeiros clipes:
o uso de bonecos, efeitos noturnos obtidos com a projeção negativa do filme, efeitos
de pausa e retomada da gravação ao modo do primeiro cinema. O filme, ao mesmo
tempo em que faz uma reverência a todo o cinema mundial, apresenta também uma
reflexão sobre a realidade de uma indústria cinematográfica mergulhada na
necessidade do lucro a todo custo. Em meio a essas forças, ele reivindica a
necessidade de continuar trabalhando com a própria fantasia e não se render ao
fascínio das novas tecnologias digitais.
Chega-se então a Tokyo! (2008), no qual Gondry dirigiu o episódio Interior
Design que será analisado no próximo capitulo. Para efeito de análise, tomaremos
como base os filmes dirigidos até 2008. Mas Gondry dirigiu mais 3 longas-metragens
de ficção desde então, sendo eles: O Besouro Verde (2011), The We and the I
(2013), A espuma dos dias (2013). Realizou também o documentário Is the man who
is tall happy: an animated coversation with Noam Chomsky (2013).
55
3. ANÁLISE: INTERIOR DESIGN EM TOKYO! (2008)
O objetivo deste capítulo será verificar como as estruturas de repetição,
descritas anteriormente em vários níveis, encontram-se em Interior Design. É
necessário ponderar que o filme não foi escolhido ao acaso: sendo um média-
metragem, todos essas estruturas se encontram condensadas em um menor tempo
de projeção, tornando-o propício a uma pesquisa de mestrado como esta.
Muitas das estruturas aqui examinadas não dependem unicamente do
produto sob análise, afinal, temas, personagens e outros aspectos do filme podem
ser melhor compreendidos com base em uma leitura mais ampla do universo
audiovisual de Michel Gondry. Após visitar este universo, como feito no capítulo
anterior, verifica-se que o diretor faz uso de um repertório vasto em parte derivado
do cinema experimental e da vanguarda (em particular a surrealista) sem identificar-
se estilisticamente como um vanguardista.
Seu interesse por procedimentos do surrealismo está próximo do que Fredric
Jameson nomeia, no terceiro capítulo de seu livro Pós-Modernismo: a lógica cultural
do capitalismo tardio, de “surrealismo sem inconsciente” (JAMESON, 1996, p. 91), já
que se apropria mais das formas de deslocamento e condensação, e menos dos
modos ligados a uma visão revolucionária da arte e da sociedade. Pensar em como
Gondry se apropria de repertórios e os reformula em suas direções poderia ser um
caminho para pesquisa. Mas, para efeitos da análise que propomos de Interior
Design, as formas inspiradas nas vanguardas presentes em seus filmes acabam
sendo estruturas que se repetem entre outras, já que o diretor parece pensar como
um garoto que vasculha seu baú atrás de opções para brincar encontrando um
enorme repertório.
Outros caminhos poderiam ainda apontar para as questões do
contemporâneo. O livro publicado na Itália Michel Gondry: l’eterno dodicenne
(PROTANO, 2012) é uma organização de diferentes artigos científicos realizados no
país sobre o diretor. Formado por 10 artigos, o livro se divide em duas partes. Na
primeira, três artigos discutem a obra se Gondry sob o ponto de vista de suas
escolhas estéticas.. Na segunda parte, seguem análises de obras por ele dirigidas.
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O primeiro artigo, de Emanuele Protano, é nomeado Por uma historização do pós-
moderno: o cinema de Michel Gondry14. O autor afirma que Gondry historiciza o
conceito de pós moderno em todas as suas produções:
Historicizar, no caso de Gondry, significa o rompimento dos clichês típicos do estatuto da pós-modernidade, a negação de algumas das suas características mais marcantes, a identificação e posterior isolamento de muitos tiques que caracterizam o pós-modernismo, bem como a manifestação de suas ruínas e dramas artísticos. (PROTANO, 2012, p. 49-50)15
Mas, independentemente das formas específicas da vanguarda ou dos temas
contemporâneos que o cineasta aborda, interessou-nos sua forte tendência para
repetir obsessivamente os mesmos traços em suas obras audiovisuais. Para isso, a
escolha Interior Design mostrou-se elucidativa.
No apêndice desta pesquisa, é possível consultar a tabela de decupagem do
filme, na qual são informados os planos referentes às citações de momentos do
filme que são feitas durante a análise. A decupagem foi realizada com o intuito de
planificar de forma exata o filme (dividido em: grande plano geral – GPG; plano geral
– PG; plano médio – PM; plano americano – PA; primeiríssimo plano – PP; e plano
detalhe – PD), de verificar a duração média dos planos, o tipo de câmera utilizada
(onisciente ou subjetiva), os elementos de repetição visuais do filme, o tipo de trilha
utilizada e se as anotações foram realizadas de acordo as necessidades, dividas em
notas gerais ou notas sobre o áudio. Além disso, a tabela oferece o cruzamento dos
planos e sua localização na linha do tempo fílmica em minutos e segundos.
Informações como movimento de câmera e uso de técnicas de filmagem (grua,
steadycam, câmera na mão) foram descartadas, uma vez que, por filmar quase todo
o filme com a câmera na mão, muitos do movimentos seguem de forma analógica a
ação dos atores, trabalhando a mise-en-scène de tal forma que fica impossível
definir os movimentos exatos. O modelo de decupagem foi desenvolvido
especificamente para esta pesquisa, usando instrumentos do software Final Cut.
14 Tradução livre do título original em italiano: “Per una storicizzazione del postmoderno: il cinema de Michel Gondry” (PROTANO, 2012, p. 13-53). 15 Texto original: Storicizzare, nel caso di Gondry, ha significato di volta in volta lo scardinamento dei cliché tipici dello statuto della postmodernità, la negazione di alcune fra le sue più salienti caratteristiche, l’individuazione e il successivo isolamento dei tanti tic che qualificano il postmodernismo come pure lo svelamento delle sue macerie e drammi artistici.
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Em busca de uma organização da análise das diferentes estruturas do filme,
utilizaremos os princípios da poética do cinema propostos por David Bordwell em
The way Hollywood tells it (BORDWELL 2006). A poética, segundo o autor, estaria
dividida em:
1) Aspectos da temática: Referentes a questões como diálogos, assuntos e
subtextos.
2) Aspectos da construção narrativa em larga escala: Referentes aos elementos
da estrutura narrativa: trama, cenas, sequências e elipses.
3) Aspectos da prática estilística: Referentes aos parâmetros ligados à textura
visual e sonora, como, por exemplo, a composição fotográfica dos planos, a
montagem, a iluminação, os figurinos, os cenários, as locações, o desenho de som,
música.
Em específico para esta pesquisa, é importante destacar o fato de Gondry
não ser um diretor 100% hollywoodiano e, em alguns casos, como em Interior
Design, seus filmes nem sempre correspondem aos modelos que Bordwell classifica
e analisa em seu livro por meio da proposta de uma poética da continuidade
intensificada, tendência, segundo ele, surgida nos anos 1960 e que viria, desde
então, aguçando os princípios da continuidade clássica, submetidos a um processo
contínuo de intensificação. Ao romperem com o objetivo de camuflar a instância
narrativa, os cineastas adeptos dessa poética gradualmente passam a chamar a
atenção para a forma, desviando-se aos poucos do ideal da narração “invisível” que
predominava no período denominado clássico. Carol Vernallis, em texto já citado
anteriormente, procura relacionar os princípios dessa poética ao longa Brilho eterno
de uma mente sem lembranças.
O longa Tokyo! (2008) nasceu da ideia de convergir o olhar de três diretores
estrangeiros sobre a capital japonesa, cidade entre as mais representativas das
contradições do modo atual de viver. Um não lugar alienante por excelência, que é
projetado com várias facetas: ela é habitada respectivamente por “fantasmas”
presos entre as dobras dos prédios, escondidos nos esgotos ou confinados em suas
casas-mausoléus. Junto a Gondry, que dirige o primeiro episódio, Interior Design,
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fazem parte do projeto o compatriota Leos Carax, com seu episódio Merde, e Bong
Joon-ho, com seu episódio Shaking Tokyo.
Tokyo! consegue contar, em três histórias diferentes entre si, a dificuldade do
homem de considerar a alteridade e interagir com ela, mostrando processos de
sucessos e fracassos em se adaptar a uma realidade contemporânea. Se o homem
é transformado de acordo com os ditames e as pressões sociais, emergindo da terra
para explodir sua diversidade ou buscando por refúgio dentro de casa, evitando
qualquer contato com o mundo exterior, para os personagens de Tokyo!, é
impossível construir uma identidade completa, a menos que se faça hibridizações
drásticas ou atos extremos16.
3.1 A temática de Interior Design
Para Gondry, o projeto Tokyo! revela-se como a ocasião para concretizar a
adaptação de Cecil and Jordan in New York, história breve desenhada pela então
namorada do diretor, Gabrielle Bell. Os dois procuraram, por muito tempo, encontrar
uma dimensão que permitisse levar para a tela todos os pontos desta pequena
história (de apenas quatro páginas – disponíveis nos anexos – Error! Reference source not found. a 49). Por um tempo, pensou-se no modelo de um longa-
metragem, mas a opção de inserir a história no episódio Interior Design se mostrou
mais adequada. A ambientação na capital japonesa não impede de manter intacto
os principais aspectos da história que foi escrita para cidade de Nova Iorque.
16 O filme, gravado nas ruas da capital japonesa, apresenta como língua original o japonês. Na cultura japonesa, a língua falada possui diferentes níveis de formalidade, de acordo o núcleo social. Em Interior Design, toda a língua falada respeita essas estruturas. Na conversa entre Hiroko, Akira e Akemi, a formalidade é reduzida, pois eles se encontram dentro de um núcleo de amigos, em um contexto informal. Já na cenas nas quais Hiroko conversa com o policial do pátio onde seu carro está apreendido, a conversa é formal. Fabiana Mayumi, filha de japoneses, fluente na língua japonesa falada e escrita, funcionária do Banco de Tokyo no Brasil, mediante meu convite e conhecendo o objetivo desta pesquisa, assistiu 3 vezes a obra, e não verificou nenhuma anormalidade na comunicação realizada entre os atores ou nos bilhetes ou textos (Figura 36) e placas durante o filme. Isso não é nenhuma surpresa, já que Gondry, como citado durante a realização de seus primeiros videoclipes, como não conhecia a língua inglesa, baseava-se no ritmo. Em Interior Design, não seria diferente. Como veremos adiante, Gondry se utilizou da câmera na mão, priorizando a mise-en-scène, já que o diálogo era em um código desconhecido.
59
O esqueleto da história continua o mesmo: Hiroko (Ayako Fujitani) e Akira
(Ryô Kase) (Figura 35) são um jovem casal que decide se mudar do interior para a
capital Tóquio. Akira é um aspirante a diretor de cinema à procura de investidores e
lugares para projetar seu primeiro filme de arte, enquanto Hiroko se limita a ajudar o
namorado em seu projeto. Devido à falta de fundos, os dois procuram a ajuda de
uma velha amiga de escola, Akemi (Ayumi Itô), que oferece seu apartamento para
hospedá-los. Mas o apartamento é muito pequeno, e eles não têm dinheiro, situação
que piora consideravelmente depois da multa e apreensão de seu veículo. Assim,
Hiroko começa a perder o entusiasmo. Já Akira consegue organizar a projeção de
seu filme, mas o cinema escolhido é renomado no círculo das salas pornôs, e seu
filme, violentamente intelectual, não é bem recebido. Após escutar sua amiga Akemi
falando mal dela, criticando sua falta de ambição e sua inutilidade, e ao ver Akira
assumir um emprego como mísero empacotador de presentes, Hiroko começa a se
sentir cada vez mais incapaz de interagir ativamente com o mundo, em um processo
de aviltamento e de autonegação, que a levará a se transformar, como contrapeso,
em uma cadeira, móvel simples, mas um dos mais necessários no cotidiano.
Encontrada na rua, a cadeira/Hiroko levada por um músico para sua casa, onde ela
irá desempenhar seu novo papel com renovada serenidade.
Figura 35 – Hiroko e Akira - Interior Design - Tokyo! (2008).
60
Figura 36 – Exemplos de textos escritos em japonês presentes no filme Tokyo! (2008).
Gondry aponta mais uma vez seu olhar sobre o contemporâneo, como afirma
Protano. Em seu artigo, ele descreve detalhadamente essas estruturas de repetição
de temas que permeiam toda a cinematografia do diretor francês, citando
características sobre a historização que Gondry emprega no tema de cada um de
seus filmes. Em especial, sobre o filme Interior Design, Protano elenca uma série de
características que dialogam com características do pós-modernismo, salientadas
por Jameson (JAMESON, 1996). Ele cita:
O hibridismo e o colapso entre alta e baixa cultura (Akira é um diretor de cinema, mas culturalmente de pouco valor, enquanto Hiroko é intelectualmente menos perspicaz e ociosa); a fragmentação e os escassos pontos de vista dos protagonistas; um sublime histérico e os altos e baixos emocionais ao qual são submetidos os atores da narrativa; a superficialidade com a qual Akira e Hiroko enfrentam a própria vida, cheia de problemas; a experiência espacial desorientadora de uma cidade labiríntica e incompreensível, de seus apartamentos às dinâmicas que eles atravessam; a presentificação do tempo por uma Tóquio sem história, sem passado ou futuro, suspensa em um limbo fugas: estes são todos aspectos que fazem referência ao desânimo de Jameson, e que são apresentados em Interior Design. (PROTANO, 2012, p. 37-38).
Tais elementos estruturam temas e narrativas sobre os quais Gondry se
debruça e que faz questão de repetir em suas direções. Como outros exemplos, o
videoclipe realizado para o The Chemical Brothers, Let Forever Be, apresenta uma
temática sobre o tempo e espaço do cotidiano, no qual a personagem não sabe se
está em seu trabalho ou em sua casa, mesclando ambientes e dando uma
continuidade cíclica, na qual ela se encontra sempre confusa e em dúvidas sobre as
barreiras entre trabalho e vida pessoal, problemática comum nos dias de hoje.
Já Vernallis identifica Gondry como um diretor que cria formas atípicas em
seus filmes, possuindo muito mais temas que a média dos filmes clássicos de
61
Hollywood, que é de três ou quatro, como ela mesmo cita. Em Brilho eterno, ela
identifica dez, sendo eles:
1. trabalho, 2. tempo; 3. rosto e catexia; 4. infância; 5. a persona construída de Clem; 6. a integridade de Clem e Joel como um casal; 7. conexões sinópticas entre as pessoas, resumidas pela imagem de vórtices; 8. as fronteiras entre cultura, natureza e o outro; 9. as semelhanças entre mente, maquinas e música; 10. memória e conhecimento. (VERNALLIS, 2012, p.169).
Com base nessa lista, verifica-se que pelo menos 8 desses itens também se
encontram em Tokyo!: 1. O tema do trabalho é explorado no momento que Hiroko
não é capaz de preencher a vaga de empacotadora, enquanto Akira,
despretensiosamente e contra sua vontade inicial, preenche a vaga; 2. o tempo
passa de forma rápida e acelerada, e Hiroko perde noção dele, esquecendo-se de
retirar o carro da vaga que, por consequência, é guinchado e apreendido; 3. rostos
de observadores encontram-se em diversos planos, observando a passividade do
casal, sobretudo a de Hiroko; 4. a integridade de Hiroko e Akira como casal; 5. as
fronteiras entre cultura alta e baixa como já citado por Protano, 6. a natureza (ou
anti-natureza) da metamorfose de um ser humano em objeto; 7. as semelhanças
entre mente (o que Hiroko idealiza nunca é atingido), máquinas (tendo sua
metamorfose aqui como papel de objeto) e música (afinal, é na forma de cadeira de
um músico que ela encontra a felicidade); 8. memória e conhecimento.
Outros artigos ou críticas dialogam com a experiência deste média-metragem
em outros filmes de Gondry. É o caso da crítica escrita por Rogério Ferraraz sobre
Natureza quase humana (2001). Ferraraz comenta a importância do roteiro de
Charlie Kaufman, que trabalha com as questões ligadas à aparência do “pretender
ser o que não é”, “manipulando críticas dos clichês que regem o cinema, a cultura, a
vida dos homens em geral, com afiado humor negro”, assuntos que remetem às
problemáticas da nossa contemporaneidade. Além disso, Ferraraz demonstra o
vasto repertório do diretor:
A natureza quase humana é uma inspirada sátira que brinca com os conceitos do "homem selvagem" e da "sociedade civilizada". Além disso, é uma sátira também ao próprio cinema e às convenções narrativas de diversos gêneros. As "brincadeiras" vão desde Greystoke - a lenda de Tarzan até Laranja mecânica. (FERRARAZ, 2006).
62
Outro tema que permeia as direções de Gondry é a utilização de argumentos
semelhantes aos da vanguarda dadá-surrealista do cinema: sonho/realidade, como
em Sonhando Acordado, Let forever be, Dance tonight (Paul McCartney), Pecan pie
(curta-metragem); memória, como em Brilho eterno, Rebobine por favor, Dead
leaves & the dirty ground (The White Stripes); transformação/mutação, como em
Interior Design, Deadweight (Beck), La lettre (curta-metragem), Swap (Levi’s). Em
Interior Design, Hiroko protagoniza um momento bastante “dadaísta”, sentindo-se
socialmente útil somente quando deixa de viver em um estado humano e passa a
viver como cadeira (planos 252 a 305). A falta de sentido total de sua vida é
ressignificada com novo sentido, na forma de um objeto banal deslocado de sua
posição tradicional. A cena em que Hiroko/cadeira toma banho de banheira é
exemplar nesse sentido.
Outro elemento ligado à temática, que é extremamente importante e que
representa outra estrutura de repetição no cinema de Gondry, são os personagens.
Passividade, depressão, identidade, problemas relacionados a interação entre
homem e natureza (e mutações de personagens entre a espécie humana e
animais/objetos) são características que se repetem nos personagens. Não só no
cinema, mas também no videoclipe. Além do já citado Let forever be (1999), os
videoclipes dirigidos para a artista Björk também possuem essas características. É o
caso de Human Behavior (1993), Isobel (1995), Bachelorette (1997), ou ainda, Feel
in love with a girl (2002), para o White Stripes, e Everlong (1997), para o Foo
Fighters. Em todos eles, há personagens passivos diante dos problemas, com
identidade confusa e mutações de personagens meio homem, meio animal, como
nos primeiros clipes realizados para sua banda Oui Oui, como por exemplo, o da
música Ma Maison (1990), ou na publicidade como em Swap (2002).
No cinema, seus personagens também são caracterizados com as mesmas
problemáticas, como em Brilho eterno, no qual Joel (Jim Carrey) é passivo e
deprimido demais, longe de representar uma personagem volitiva. Em Rebobine por
favor (2008), a incapacidade de Jerry (Moss Def) e Mike (Jack Black) em gerir a
videolocadora do Sr. Fletcher (Danny Glover) é o tema principal, sendo a força
motriz para o desenrolar da trama. Em Sonhando acordado (2007), Stéphane (Gael
García Bernal) é um rapaz solitário e incapaz de criar um relacionamento afetivo
com Stéphanie (Charlotte Gainsbourg); ele se utiliza de sonhos como elemento de
63
fuga das insustentáveis contingências que a vida exige. Em Natureza quase humana,
Puff (Rhys Ifans) é um homem selvagem, encontrado na natureza, que será
domesticado por um cientista, o Dr. Nathan (Tim Robbins); este é casado com Lila
(Patricia Arquette), mulher que possui uma anomalia que faz pelos crescerem pelo
corpo todo.
Figura 37 – Plano 253 – Momento em que Hiroko escuta a amiga criticar-la.
Interior Design cria mais uma vez a trama de um casal incapaz de combater
os problemas e de se sustentar perante a sociedade, passivos diante de problemas
corriqueiros. Durante a trama, em vários momentos, ambos os personagens são
tidos como inúteis. O namorado de Akemi acusa Akira de ser um diretor sem talento,
e seu tio, produtor de uma agência publicitária, o julga um idiota. Mas é Hiroko a
mais castigada, ouvindo da própria amiga Akemi que ela é uma pessoa sem
ambição e que não faz nada (planos 252 e 253 - Figura 37).
64
Figura 38 – Momento da metamorfose de Hiroko em cadeira.
A complexidade temática comentada até agora, no entanto, não se reflete em
uma estrutura narrativa tão complexa quanto a de filmes como Brilho eterno de uma
mente sem lembranças ou videoclipes como Let forever be, conforme veremos a
seguir.
3.2 Construção Narrativa em Interior Design
Passando para outro aspecto da poética, entramos na construção narrativa
em larga escala, analisando elementos da estrutura narrativa, trama, cenas,
sequência e elipses, cujas estruturas vão se repetir na maioria das obras de Gondry.
No cinema, as estruturas narrativas de Gondry têm uma característica em
comum: seus filmes geralmente começam onde terminam, sejam eles construídos
com o uso de flashbacks, como no caso de Natureza quase humana, no qual o fim
do filme é a primeira cena e, a partir daí, o enredo vai se desenvolvendo por meio de
depoimentos dos personagens em flashbacks, o que vai conduzindo a trama até o
motivo final já apresentado, ou, como na maioria das vezes, com uma trama
amarrada com estruturas narrativas um pouco mais complexas, como em Brilho
Eterno, Sonhando Acordado, Rebobine por favor e Interior Design.
65
No caso de Brilho eterno, o filme se desenvolve como uma série de
flashbacks. Isso torna a cronologia, de certo modo, incerta até metade do filme,
quando finalmente se entende o que está acontecendo: os flashbacks são as
memórias que Joel (Jim Carrey) tem de Clementine (Kate Winslet), sua ex-
namorada, que já se submeteu ao cancelamento das memórias vividas com ele.
Assim, Gondry se utiliza do artifício do flashback em sua trama para explicar a
trajetória já vivida pelos personagens. Já em Sonhando Acordado, o filme começa
em um sonho vivido por Stéphane, para depois alternar continuamente entre sonho
e realidade durante toda a trama, terminando novamente em sonho. Nos videoclipes,
as estruturas de repetições, talvez pela sua relação rítmica, por vezes também
desencadeiam finais iguais ao início, como em Let Forever Be (The Chemical
Brothers), Protection (Massive Attack), Joga (Björk), Lucas with the lid off (Lucas).
Outras vezes, elas definem narrativas bem construídas, como em Bachelorette
(Björk), Sugar Water (Cibo Mato) e Everlong (Foo Fighters). Até mesmo na
publicidade, algumas de suas obras apresentam essas características, como a
produzida para a marca de vodca Smirnoff, Smarienberg.
Em Interior Design, de maneira mais singela, Gondry utiliza do roteiro para
sugerir ao espectador, logo no início do filme, o desfecho final da história. A primeira
cena traz imagens subjetivas de dentro de um carro, em uma noite chuvosa na
capital japonesa, mostrando a cidade e pessoas desfiguradas, e uma voz contando
uma história apocalíptica sobre Tóquio (planos 1 a 7). Ao fim desta história, uma voz
feminina (a de Hiroko) intercede e diz: “Morreremos todos!”. Akira responde: “Não!
Sofreremos mutações!”. Não por acaso, esse é o fim da protagonista, que irá deixar
o estado humano para o estado objeto.
A narrativa de Interior Design segue uma estrutura básica em três atos, e
somente uma trama é levada a diante – a história de Hiroko. Apesar de vários temas
serem abordados indiretamente, a narrativa conclui somente a história de Hiroko que
é divida nas seguintes sequências: 1. A chegada a Tóquio; 2. O encontro e o
apartamento de Akemi; 3. O primeiro dia na capital e a discussão do casal (plano
sequência); 4. A procura pelo emprego; 5. A procura pelo apartamento; 6. O
esquecimento e consequentemente a apreensão do carro; 7. A busca dos
equipamentos no porta malas do veículo; 8. A première de Akira; 9. A metamorfose
66
de Hiroko; 10. A Hiroko/cadeira encontrando o músico e indo para o apartamento
dele; 11. A carta de Hiroko a Akira.
Seguindo uma linearidade dos fatos sem flashbacks ou jumpcuts, a narrativa
conta a história de Hiroko de modo que os personagens coadjuvantes sirvam
somente de propósito a sequenciar a sua história. Mas justamente nestes
coadjuvantes é que residem as inseguranças da protagonista que, incapaz de
concluir suas ações, a ajudam nas mais diversas tarefas, deixando-a cada vez mais
com a sensação de inutilidade perante suas metas estabelecidas e não alcançadas.
Como veremos adiante, a montagem “invisível” faz com que uma sequência
de elipses sejam criadas entre o dia posterior a chegada a Tóquio, dia o qual o carro
é estacionado em um local permitido somente até uma certa data a qual o veículo
deveria ser retirado, e o dia em que Hiroko se esquece e ele é guinchado
(aproximadamente uma semana).
3.3 Prática estilística em Interior Design
Passando para o último aspecto, a prática estilística trata de assuntos
relacionados à textura visual. Optou-se por subdividir essa análise em três grandes
blocos.
O primeiro, ao qual chamaremos de “Cinematografia e Encenação” (conforme
Bordwell, p. 121 a 138) diz respeito às relações importantes que percebemos entre
composição fotográfica, movimentos de câmera, marcação dos atores em cena e
direção e arte. O segundo bloco de análise estilística observará questões de edição
(de imagem e som) e de efeitos especiais (conforme Bordwell, p. 139 a 158). O
terceiro bloco finalizará a análise estilística observando o uso da música em Interior
Design.
3.3.1 Cinematografia, direção de arte e encenação Comecemos pela relação entre a composição fotográfica dos planos e a
direção de arte, que destacam a obsessão do diretor por estruturas cíclicas,
67
elementos de repetição e formas infinitas. Em Interior Design, cada tema
apresentado é estendido por repetições, como um looping, e isso se reflete nos
objetos e nas composições. Um exemplo são os seis planos da revista que Hiroko
utiliza na busca por um apartamento para alugar. Gondry extrapola o plano da
revista, apresentando um plano do apartamento de Akemi visto de cima em
velocidade acelerada, lembrando a imagem de ratos de laboratório (tema também
recorrente em seus filmes) colocados em uma caixa labirinto (plano 134). Gondry
também deixa claro seu olhar sobre a cidade: cubos e caixas aparecem em 47
planos (Figura 39), com pequenas caixas de papelão que surgem em vários
momentos da trama. Alguns exemplos são: a comparação do apartamento em forma
cubo que Hiroko visita com o cubo que Akira está embrulhando (plano 129 a 131);
no momento em que, pela primeira vez, Hiroko é apresentada na forma de cadeira,
um grupo de pessoas atravessa pela frente dela carregando caixas (plano 284); nos
últimos segundos do longo plano- sequência, um entregador empurra
68
Figura 39 – Sequência de oito fotogramas dos planos 129 (duas vezes), 131, 176, 212, 272, 284 e 319. Todos estes repetem imagens contendo caixas/cubos
um carrinho com caixas ao lado do casal, que caminha pela calçada após uma
discussão (plano99); o carro é compactado e transformado em um cubo de aço
(plano 176 e 269 a 272); ao escrever a carta para Akira, Hiroko imagina se ele ainda
estaria trabalhando na loja de presentes como empacotador, e o visualiza fazendo
rapel em caixas gigantes, usando a fita de embrulho como corda (plano 319); o filme
de Akira, Jardins da degradação, também apresenta a estrutura de uma cidade para
o coelho feita de cubos de papelão brancos, como o “apartamento cubo” que Hiroko
visita (plano 212); o desenho que Akemi faz para o casal de onde estacionar o carro,
usa cubos para representar as estruturas da cidades de Tóquio (plano 82).
Figura 40 – Planos 15 e 99 respectivamente, com sinalização das placas que aparecem no percurso.
69
Além desses motivos que se repetem como looping, existem outros
destaques. Por exemplo, as placas de trânsito que, por vezes, parecem agir como
um sinalizador das escolhas que Hiroko deve fazer. No começo do filme, o plano 15
(Figura 40) mostra uma placa com quatro setas apontando para quatro direções
diferentes, logo após um diálogo no qual Akira pergunta se eles estão indo para a
direção certa. Após Akira debater com Hiroko sobre sua falta de ambição, ambos
seguem caminhando pela calçada e, nos planos seguintes, aparecem várias placas
com o sinal de proibido (sempre há algo escrito e uma barra vermelha cortando ao
centro, significando a proibição – plano 99). Outro exemplo é o elemento da fumaça,
que é exibida no filme de Akira, sendo despejada pelo escapamento de uma
motocicleta e, em seguida, lançada dentro da sala de exibição durante a première do
filme (planos 207 a 224), e que reaparece no fim do filme, no apartamento do músico
que leva a cadeira (Hiroko) para sua casa, em uma foto ao lado da cama na qual
chaminés despejam fumaça (plano 315) (Figura 41).
Figura 41 – Planos 219 e 315 respectivamente, com diversas exposições visuais de fumaça.
Um terceiro exemplo seriam os objetos com rosto que aparecem no
apartamento de Akemi: há uma caneca com rosto (que aparece pela primeira vez no
plano 34 e se repete na cena e torna a aparecer em outras sequências do
apartamento de Akemi), bem como a máquina de fumaça de Akira, resgatada no
carro apreendido (plano 192). Isso dialoga com a ideia de um objeto ter vida, ideia
personificada pela própria Hiroko.
Gondry também lança, mais uma vez, com o filme de Akira, seu olhar
autorreflexivo para o cinema, como acontece em muitos de seus trabalhos. Cruzar
janelas, tela dentro da tela, filme dentro do filme e projeções são recorrentes em
suas direções, criando um olhar bastante consciente das fronteiras do cinema. Além
70
disso, assim como Gondry, Akira joga com o público de sua trama, criando artifícios
criativos e explícitos para o espectador, com a fumaça que extrapola a diegese e é
lançada de fato dentro da sala. Esse mesmo olhar autorreflexivo é visto em seus
clipes, como em Lucas with the lid off (Lucas), no qual o próprio câmera que grava
aparece em uma das cenas, seguido por Gondry, no plano-sequência único do
videoclipe, Star Guitar e Let Forever be (The Chemical Brothers), Protection
(Massive Attack), Human Behaviour (Björk), Sugar Water (Cibo Mato), Hyperballad
(Björk), Je danse le mia (IAM), entre outros. Na publicidade, em especial na obra
Drugstore (Levi’s), esse olhar subjetivo e autorreflexivo é expresso com o
protagonista olhando pelas janelas de sua caminhonete e até mesmo com seu
próprio reflexo, ao tentar olhar o interior da farmácia, antes de entrar para comprar
os preservativos. Essas características também permeiam suas produções
cinematográficas: em Natureza quase humana, os próprios personagens conversam
com as câmeras; Brilho eterno é, por si só, um movimento autorreflexivo, já que Joel
está revivendo suas memórias; Sonhando Acordado apresenta, na primeira cena,
um Stéphane que, em sonho, está em um estúdio de TV executando todas as
funções: apresentador, baterista, tecladista e operador de câmera. As janelas do
estúdio são suas pálpebras. Rebobine por favor fala do próprio cinema,
apresentando as versões made in home de filmes clássicos de Hollywood.
Um plano mais complexo aqui merece destaque. Trata-se de um longo plano-
sequência, recurso recorrente nos filmes e videoclipes de Gondry seja ele falso ou
mixado através de efeitos com o amplo uso de CGI a fim de esconder os cortes e
dar uma continuidade.
Em Interior Design, a câmera não usa efeitos digitais para o plano-sequência,
sendo verdadeiros planos contínuos. No filme, Gondry se utiliza da estética visual
das pequenas ruas de Tóquio, que não possuem calçadas, mas sim uma faixa no
chão determinando os limites entre pedestres e carros. O plano 99, com duração de
3m58,5s mostra Hiroko discutindo sobre a acusação de Akira de lhe faltar ambição,
e o desfecho é mais uma incapacidade de Hiroko, que tenta contar uma piada
simples e banal, e nem assim consegue obter êxito. Esse diálogo entre os dois
atores tem uma mise-en-scène milimetricamente calculada, com os atores
ultrapassando os limites da câmera, tomando uma posição fora da tela e voltando a
entrar em cena, conforme a câmera vai recuando, seguindo-os de frente. No começo,
71
ambos estão do mesmo lado da faixa, caminhando lado a lado pela rua, mas à
medida que a discussão vai tomando corpo, eles vão se separando fisicamente até
que, exatamente na metade do tempo do plano-sequência, a discussão atinge seu
ápice, e a faixa de trânsito passa a separá-los, dando a impressão visual de um
splitcreen (Figura 42). Ao fim, a discussão dá lugar a um acordo, eles voltam a se
juntar e a faixa já não aparece mais. Além disso, durante o diálogo, enquanto Hiroko
tenta argumentar que possui ambições e Akira contra-argumenta, placas de trânsito
com o sinal proibido vão cruzando a cena, e setas nos postes indicam o caminho
exato que os protagonistas estão seguindo.
Figura 42 – À esquerda, videoclipe Sugar Water (Cibo Matto – 1996),à direita Sliptscreen falso criado pela faixa na rua em interior Design (2008).
Mais uma vez, nota-se o cuidado com que o ambiente é construído com o
intuito de dar forma aos problemas das personagens, numa demonstração de
coerência entre aspectos temáticos e estilísticos em Interior Design.
No que tange especificamente aos figurinos na direção de arte, na sequência
do estacionamento, observou-se uma ligação de cores. No lado interno da cabine de
controle da entrada do pátio, existem dois banheiros que, além de possuírem a
comum codificação de masculino/feminino (Figura 43), as paredes são
completamente pintadas pelas cores que tipicamente referenciam homens e
mulheres: azul e vermelho (plano 178). Nessa cena, Hiroko corre entre os carros
vestindo seu sobretudo vermelho, e é ajudada por um funcionário do pátio, que
veste um macacão azul (plano 190), constituindo, assim, uma referência aos
desenhos das placas dos banheiros.
72
Figura 43 – À esquerda, plano 178 / à direita, plano 190.
Mas nem tudo no filme pode ser tão controlado em termos de cores e formas,
já que boa parte do filme foi feita em locação. As locações ocorreram, em sua
maioria, no bairro de Kugayama, próximos ao centro de Tóquio, mantendo as
características da megalópole japonesa. Ainda que o tenha filmado quase totalmente
em lugares reais, Gondry faz questão de construir o apartamento de Akemi em
estúdio, possibilitando a realização do plano 134, no qual é feita uma tomada da
vista de cima, comparando o local com a revista de imóveis na qual Hiroko procura
um lugar para alugar. Assim, além de mostrar a capacidade de dialogar com um
cinema mais realista, utilizando-se da cidade para suas cenas, Gondry não deixa de
operar seus truques em estúdio.
3.3.2 Efeitos especiais e edição Se, em alguns clipes de Gondry, o jogo de trucagens é completamente
escondido, ficando o espectador privado de decifrar todas as suas técnicas, em
outros, ele justamente escolhe a exposição dos artifícios utilizados, como um mago
que ensina a todos os seus truques. Em Interior Design, apesar de haver efeitos
complexos na metamorfose de Hiroko em cadeira, o plano (282) que antecede seu
momento final como cadeira, é bastante artesanal, deixando o espectador imerso
em estranhamento por 1,5 segundo (Figura 44). Durante o plano 292, Gondry cria
uma sequência ao melhor estilo do primeiro cinema, quando Hiroko entra no ponto
de ônibus nua e, quando a câmera acompanha a ação e se movimenta em direção
ao ponto, ela já não é mais humana, e sim cadeira (Figura 45). Esse artifício
também foi utilizado por Gondry em outros trabalhos. Um exemplo deste jogo é a
publicidade Drugstore. Quando o protagonista vai até o balcão para pedir os
preservativos, uma mulher, que ali está com seu filho, fica chocada. Vale lembrar
73
que o comercial é ambientado nos anos 1920. Ela, então, retira seu filho de perto
antes que o produto seja colocado no balcão. Neste momento, em um plano muito
rápido, a mãe retira, na verdade, uma boneca de plástico, e não a criança de
verdade. Em seguida, quando aparece a latinha de preservativos, dá-se um
destaque à palavra “látex” escrita nela. Cabe lembrar que, nos anos 1920, os
brinquedos de plástico eram feitos com látex. Seria um mero acaso ou já uma
obsessão pelo jogo de imagens e estruturas de repetição em vários níveis?
Figura 44 – Plano 282 – Hiroko ao fim de sua metamorfose em cadeira.
A montagem, ainda que feita ao estilo clássico invisível, isto é, sem cortes
bruscos ou sincronias obsessivas como nos videoclipes Around the World, The
hardest button to button, ou Star guitar, faz com que somente um olhar mais
detalhista e atento perceba que Gondry não abandona, em nenhum momento, sua
paixão pela sincronia. Os videoclipes acabam tendo maior poder de visualização da
imagem de um som, já que são realmente sincronizados. No entanto, quando se
trata de um filme, essa estrutura só pode ser trabalhada com a percepção de um
diretor que entende com perfeição o ritmo, podendo, assim, extrapolar os limites
familiares do conceito de ritmo (ligado à música) e transportá-lo para estruturas mais
complexas, como na estrutura narrativa da trama. Nos momentos em que a música
é colocada no filme, ocorre, de certa forma, uma sincronização. Como exemplo,
temos duas situações: no começo do filme, uma música com tons graves eleva a
tensão, acompanhando a voz de Akira, que conta a história apocalíptica de Tóquio,
74
mas ao final de cada nota grave, há um corte para outro plano (entre planos 1 e 7).
Ao final dessa sequência, começa outra música (que será o principal tema,
acompanhando toda a trama de Hiroko), e a mesma sincronização acompanha os
planos: a cada “plin” da música, planos diferentes são apresentados. No pátio de
veículos apreendidos, Hiroko corre entre milhares de carros numa busca frenética
por seu Honda. A sincronização é extremamente precisa durante os planos 177 e
186, nos quais, enquanto se esguia entre os veículos, Hiroko apoia a mão neles ao
mesmo tempo em que a trilha promove uma melodia ligando cada som aos seus
movimentos.
Figura 45 – Plano 292 – Sem cortes, Hiroko deixa de ser humana e vira cadeira.
3.3.3 Música Finalmente chegamos à trilha musical de Interior Design, elemento
fundamental num trabalho de análise que procura demonstrar a continuidade da
obra de Gondry desde seus videoclipes até o cinema narrativo de ficção.
A produção é de Alondra de la Parra, regente mexicana mundialmente
famosa por fundar e dirigir a Orquestra Filarmônica das Américas, tendo sido eleita
em 2010 uma das vinte pessoas mais influentes abaixo dos 40 anos pela revista
Poder, e nomeada embaixadora da cultura pela sua importância para a cultura do
75
México. A execução da trilha fica por conta de sua orquestra. Não pretendo
investigar os instrumentos e a sincopação em sua construção, pois me faltaria o
conhecimento necessário de uma formação musical. Porém, Tokyo! apresenta uma
estrutura musical bastante simples, mas com uma complexidade estrutural na
narrativa: basicamente, quatro diferentes trilhas que são executadas durante o filme,
as quais denominarei trilha da metamorfose, trilha da incapacidade, trilha da paz e
trilha da redenção.
Foi verificado que mais de 1/3 do filme se passa com alguma trilha musical de
fundo. No total, 13 minutos e 56 segundos do filme se desenrolam com essas trilhas
músicas extradiegéticas (excluo da análise a música diegética utilizada no filme de
Akira, que aparece em dois momentos de seu filme), de um total de 35 minutos e 7
segundos do episódio Interior Design.
Se, no cinema, nem sempre é possível utilizar toda a força do contrato
audiovisual de modo explícito, como nos videoclipes, em Interior Design, Gondry
reestrutura o uso da música com fins narrativos, de modo a acompanhar a trajetória
da protagonista.
A trilha da metamorfose é a música inicial. Com uma harmonia que sugere
tensão, ela é utilizada na primeira sequência, enquanto Akira conta sua versão
apocalíptica sobre a cidade (planos 1 a 7). Ela termina exatamente no momento em
que Hiroko diz que todos irão morrer, ao que e Akira responde: “Não, sofreremos
mutações”. Assim, Gondry “amarra” a música a metamorfose que será o destino de
Hiroko, repetindo-a na sequência durante a qual Hiroko se transforma em cadeira.
Nessa segunda execução, a trilha dura quatro minutos – entre os planos 253 e 284 –
e percorre toda a trajetória da metamorfose de Hiroko, aumentando a tensão
conforme a transformação vai ocorrendo.
Já a trilha da incapacidade é a que se repete durante grande parte do filme.
Ela surge sempre nos momentos em que Hiroko é colocada desafiada a solucionar
seus problemas, sendo incapaz de obter sucesso nos mais diversos assuntos. Os
momentos em que essa trilha ocorre são: entre os planos 12 a 15 – Hiroko fala ao
celular com Akemi, informando onde eles se encontram, e em seguida Akira lhe
pergunta se estão chegando; mesmo dirigindo, ela é incapaz de responder que não
sabe, e pede que ele verifique o mapa; entre os planos 99 e 100 – após o longo
76
plano–sequência, quando Akira lhe propõe que não leve as coisas tão a sério, ela
tenta contar uma piada simples, e até mesmo nisso ela não obtém êxito; entre os
planos 118 e 151 – Hiroko perde a vaga de empacotador para Akira; ao chegarem à
casa de Akemi, esta questiona se eles já acharam algum lugar para morar, e Hiroko
mente, dizendo ter visto um local interessante, sendo desmentida por Akira, que
trava diante da pergunta de Akemi sobre a localização desse apartamento. A música
se inicia neste momento, acompanhando toda a jornada de Hiroko em busca de um
apartamento para alugar, tarefa que ela também não consegue concluir; ao fim
dessa sequência da busca, de quase dois minutos, além de não conseguir encontrar
o apartamento, ela se lembra, por meio da capa da revista de imóveis, que a partir
daquele dia o carro não poderia mais permanecer estacionado no local em que eles
haviam parado, e ele é guinchado; entre os planos 177 e 186 – após ter o acesso ao
veículo no pátio negado pelo oficial responsável, ela invade “escondida” (não tanto,
pois um funcionário a vê entrando) o pátio e começa a procurar pelo veículo. Em
meio a milhares de carros, ela não consegue encontrar seu Honda e, já está exausta,
encontrando-se mais uma vez em uma situação de incapacidade, depara-se com o
funcionário que a viu entrando; este diz que irá ajudá-la, já que possui algumas
desavenças com o oficial do pátio; entre os planos 196 e 200 – ela precisa carregar
uma quantidade incrível de equipamentos da projeção de Akira, que estavam no
carro. Ela usa de todas as partes de seu corpo para transportá-los de metrô para a
casa de Akemi, e quase não consegue carregá-los; entre os planos 248 e 251 – uma
espectadora do filme de Akira, durante o coquetel de comemoração da première,
conversa com Hiroko; ao saber que ela é namorada do diretor, diz que ela devia ser
uma ótima namorada, já que artistas são muitos exigentes. Hiroko observa Akira ser
cumprimentado de forma carinhosa por outra espectadora, e se questiona se
realmente é uma boa namorada.
A trilha da incapacidade não apenas acompanha os momentos em que Hiroko
é incapaz de resolver seus problemas, como também vai sofrendo alterações a cada
problema não resolvido, ganhando magnitude e tomando notas maiores de
suspense a cada execução, preparando o espectador para a metamorfose que está
para ocorrer. Ela ainda volta a ser tocada após a metamorfose, entre os planos 309
e 331, quando Hiroko começa a escrever a carta para Akira. Enquanto os
questionamentos da carta são sobre o que Akira estaria fazendo em sua vida, a
77
música segue tocando ao fundo. Mas no momento em que o assunto passa a ser ela
e sua nova condição de vida, a trilha cessa.
O plano seguinte à metamorfose (285) apresenta uma música até então não
escutada: a trilha da paz. Assim a chamo, pois ela vem construída com uma melodia
calma e tranquila, transmitindo a serenidade que finalmente Hiroko encontra ao se
tornar útil na forma de objeto. Ela acompanha a protagonista, ainda pelas ruas, à
procura de um lar (entre os planos 285 e 305), criando um ponto de tensão no
momento em que o músico desce do ônibus e vê a cadeira, mas ainda não a pega
(plano 294).
Finalmente, a trilha da redenção é a música que encerra Interior Design,
tocada entre os planos 336 e 342, com Hiroko concluindo sua carta dizendo que
nunca se sentiu tão útil em sua vida. Neste momento, a cena é um grupo de três
músicos ensaiando sentados na sala, e tocando a música que acompanha o fim do
filme e os créditos. Percebe-se uma certa relação entre Hiroko encontrar sua
utilidade (a música é diegética) com a felicidade que ela encontra na forma de objeto.
Além disso, o plano final do filme (341) é um zoom em uma das colagens que Hiroko
fixa na casa do músico, e que se encontra colada logo atrás dela (como cadeira) e
dele (sentado nela).
Além disso, fica uma nota sobre a questão rítmica: Gondry usa, nesta cena,
um metrônomo, objeto que marca o andamento e o compasso, repetindo os pulsos
com intervalos regulares para os músicos que ensaiam. Trata-se de um objeto
essencial para o estudo de qualquer instrumento, em especial, de bateria. E no filme,
é como se ele ditasse o ritmo de sua direção.
78
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim da análise do filme Interior Design de Michel Gondry, cabe ainda uma
reflexão sobre o título deste segmento de Tokyo!. Pois sabe-se que a história dos
quadrinhos de Cecil and Jordan in New York em que o filme se baseia não tem título,
o que nos leva à hipótese de que que o título tenha sido criado pelos roteiristas
Gondry e Bell.
Mas porque Interior Design? A primeira e mais provável hipótese leva-nos a
pensar que a resposta se dá pela trajetória da protagonista Hiroko, que, talvez, no
âmago de sua personalidade, já fosse potencialmente uma cadeira desde o início da
história, dando-se conta disso ao longo da narrativa. Uma vez transformada em um
objeto imóvel, comum e fácil de transportar, ela não se torna apenas item de
decoração, mas também oferece funcionalidade para quem quer que a use. E, como
cadeira, ela se torna, por fim, peça chave para qualquer designer que projete o
interior de um ambiente, ganhando um lugar no qual pode viver sem enfrentar as
dificuldades do mundo.
Mas cabe especular se essa escolha do título Interior Design pode revelar
também questões mais amplas da obra do diretor. Pois a transformação de seres
vivos em objetos é um procedimento comum nas obras da vanguarda Dadá-
Surrealista, tantas vezes apontada como referência fundamental da obra de Gondry.
Ao mesmo tempo, para a discussão feita neste trabalho, o filme também revela com
precisão as estruturas de repetição presentes na obra de Gondry como um todo,
conforme busquei demonstrar na análise do filme. A natureza de aceitação de
situações-limite por parte dos personagens; a narrativa circular; a recorrência dos
temas para sonho, realidade, infância, identidade, e contemporâneo; o uso de
complexos efeitos especiais escondendo truques mesclados com efeitos artesanais
explicitando o jogo criado pelo cinema; o uso da música como marcador do ritmo do
filme sob uma montagem sempre bastante atenta; combinados em Interior Design
numa espécie de looping ou abismo, reforçam essa hipótese.
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Assim, se por um lado, pesquisadores verificam a herança das vanguardas
dos anos 1920/30, fica aqui a pergunta se sua estética realmente depende dessas
formas ou simplesmente as utiliza como uma entre outras estruturas de repetição.
Se ele se apropria de outras formas sem propósitos específicos é porque seu
jogo está na repetição de sua temática, sua narrativa e sua prática estilística. O
senso comum é visto em todos os artigos que citam obras ou analisam o diretor, que
sempre tratam Gondry com palavras que remetem à repetição de alguma forma,
como: formas circulares, multiplicidade, tom e conteúdo rítmico, infinito, movimentos
cíclicos, looping, caleidoscópio e, até mesmo, por várias vezes, repetição.
Com estas especulações sobre o título Interior Design podemos enxergar
mais que o design interior da protagonista Hiroko, mas a repetição da projeção do
interior do diretor Michel Gondry refletida em sua obra nos mais diversos aspectos.
Essas premissas ajudam a concluir este trabalho, mas abrem portas para a
continuidade das investigações, não apenas de uma obra específica, mas
abrangendo todo o corpo audiovisual de Michel Gondry, tarefa que pretendo
empreender futuramente em um doutorado.
Não é à toa que a pesquisa se debruça sobre as obras de Gondry. Com
experiência profissional a bordo de navios de cruzeiro durante quatro anos,
estruturas de repetição marcam a vida de quem vive neste regime de trabalho ao
qual me submeti. Além disso, durante adolescência, fui baterista amador de uma
banda de rock/pop e, se a bateria é o instrumento que na prática determina o ritmo
para uma banda, é possível afirmar que Gondry, com seu conhecimento musical,
aplica seu compasso e repete o mesmo ritmo nas obras que dirige.
80
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APÊNDICE
a) O Audiovisual de Michel Gondry.
Curta metragem
L’expedition fatale (1986)
Direção: Michel Gondry
País: França
My brother’s 24th Birthady (1988)
Direção: Michel Gondry
País: França
Ano: 1988
Jazzmosphère (1989)
Direção: Michel Gondry, Jean-Luis Bompoint
País: França
La lettre (1998)
Direção: Michel Gondry
Produção: Georges Bermann
Roteiro: Michel Gondry
Elenco: Jérôme Monot, Thomas Mouty, Elodie Saada, Ilda Mouty, Frédéric Daniel
Música: Marie-Noëlle Gondry
Direção de Fotografia: Olivier Cariou
País: França
84
One day... (2001)
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Michel Gondry
Elenco: Michel Gondry, David Cross
Música: Marie-Noëlle Gondry
Direção de Fotografia: Olivier Cariou
País: Estados Unidos
Pecan Pie (2003)
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Michel Gondry
Elenco: Jim Carrey, Eric Judor, Ramzy Bedia
País: Estados Unidos
Ossamuch!-Kishu & Co. (2004)
Direção: Michel Gondry
País: Estados Unidos
Tiny (2004)
Direção: Michel Gondry
País: França
Three Dead People (2004)
Direção: Michel Gondry
País: França
Drumb and Drumber (2004)
Direção: Michel Gondry
País: Estados Unidos
85
Michel Gondry solves a Rubik’s cube with his nose (2007)
Direção: Michel Gondry
Pais: França
Will it deblend? (2007)
Direção: Michel Gondry
País: França
Videoclipes
Nome Artista ano Junior et sa voix d’or Oui Oui 1987 Bollide Oui Oui 1987 Dô, l’enfant d’eau Jean-Luc Lahaye 1988 Les cailloux Oui Oui 1989 Il y a ceux L’Affaire Luis Trio 1989 Tu rimes avec mon coeur Original MC 1989 Les jupes Robert 1990 Ma Maison Oui Oui 1990 Sarah Les Objets 1991 La normalité Les Objets 1991 Dad, lasse-moi conduire la Cad Peter & the Electro Kitsch band 1991 Comme un ange (qui pleure) Les Wampas 1992 Blow me down Mark Curry 1992 La ville Oui Oui 1992 Close but no cigar Thomas Dolby 1992 Les voyages immobiles Etienne Daho 1992 Two worlds colide Inspiral Carpets 1992 How the west was won Energy Orchard 1992 Paradoxal système Laurent Voulzy 1992 It’s too real (big scary animal) Belinda Carlisle 1993 Snowbound Donald Fagen 1993 Believe Lenny Kravitz 1993 La tour de Pise Jean Francois Coen 1993 Je danse la mia I AM 1993 Big scary animal Belinda Carlisle 1993 Hou! Mamma mia Les Négresses Vertes 1993 She kissed me Terence Trent D’Arby 1993
86
This is it, your soul Hot House Flowers 1993 Voila, voila, qu’ça r’commence Rachid Taha 1993 Human Behaviour Björk 1993 Lucas with the lid off Lucas 1994 Fire on Babylon Sinéad O’Connor 1994 Little Star Stina Nordenstam 1994 Like a Rolling Stone The Rolling Stones 1995 Isobel Björk 1995 Protection Massive Attack 1995 Army of me Björk 1995 High Head Blues Black Crowes 1995 Sugar water Cibo Matto 1996 Hyperballad Björk 1996 Bachelorette Björk 1997 Jóga Björk 1997 Deadweight Beck 1997 Everlong Foo Fighters 1997 Around the world Daft Punk 1997 A change (would do you good) Sheryl Crow 1997 Fell it Neneh Cherry 1997 Gimme Shelter The Rolling Stones 1998 Music sounds better with you Stardust 1998 Another one bites the dust Wyclef Jean 1998 Let forever be The Chemical Brothers 1999 Knives out Radiohead 2001 Come into my world Kylie Minogue 2002 Star Guitar The Chemical Brothers 2002 No one knows Queens of the stone age 2002 A l’envers à l’endroid Noir Destre 2002 Dead leaves & the dirty ground The White Stripes 2002 Fell in love with a girl The White Stripes 2002 The hardest button to button The White Stripes 2003 Ribbon Devendra Banhart 2004 Winning days The Vines 2004 Mad world Michael Andrews e Gary Jules 2004 I wonder The Willowz 2004 Light & day (movie version) The Polyphonic Spree 2004 Walkie talkie man Steriogram 2004 Ride The Vines 2004 Heard’em say Kanye West 2005 The king of the game Cody ChesnuTT 2006 Cellphone’s dead Beck 2006
87
Dance tonight Paul McCartney 2007 Declare Independence Björk 2008 Open your heart Mia Todd 2010 How are you doing Living Sisters 2011
Spot Publicitário
Spot Marca Ano Drugstore Levi’s 1995 Resignation Polaroid 1995 Snowboarder Coca-Cola 1997 Smarienberg Smirnoff 1997 Mermaids Levi’s 1997 The long, long run Nike 1998 Flatzone AMD 1998 Basketball campaign Nike 1998 Le passage Air France 1999 Holiday campaign GAP 2000 Privacy Earthlink 2001 Belly button Levi’s 2001 Pure drive BMW 2001 Le nuage Air France 2002 Network campaign Fox Sports 2002 Swap Levi’s 2002 Propel fitness water – drip Gatorade 2003 Tingle and bounce 1, tingle and bounce 2
Diet Coke 2004
The boutique Nespresso 2006 Michel Gondry, eternal dreamer HP 2007 Razr2 Motorola 2007 Police chase Talk Talk 2008 Debut Heineken 2008 I can play Nike 2009 Lancia Y10 Fiat 2010
Documentários Vingt p’tites tours (1989)
Direção: Michel Gondry, Philippe Truffault
Elenco: Jean Pierre Mocky
País: França
88
I’ve been twelve forever (2003)
Direção: Michel Gondrly, Lance Bangs, Jeff Buchanan, Cyril Merle, Adrian Scartascini
Produção: Richard Brown, Julie Fong
Elenco: Michel Gondry, Sylvain Arnoux, Thomas Bangalter, Beck, Björk, Guy-Manuel De Homem-Christo, Marie-Noëlle Gondry, Olivier Gondry, Paul Gondry, David Grohl, Miho Hatori, Michael Hausman, Yuka Honda, Kylie Minogue, Tom Rowlands, Ed Simon, Jack White, Meg White
Música: Marie-Noëlle Gondr
País: Estados Unidos
Dave Chappelle’s Block Party (2006)
Direção: Michel Gondry
Produção: Dave Chappelle, Michel Gondry
Roteiro: Dave Chappelle
Elenco: Dave Chappelle
Música: Corey Smith
Direção de fotografia: Ellen Kuras
País: Estados Unidos
L’épine dans le coeur (2009)
Direção: Michel Gondry
Produção: Georges Bermann
Elenco: Suzette Gondry, Jean-Yves Gondry, Sasha Allard, Remi Andre, Lucas Andreo
Direção de fotografia: Jean Louis Bompoint
País: França
How to blow up a Helicopter (Ayako’s story) (2009)
Direção: Michel Gondry
Elenco: Ayako Fujitani, Steven Seagal
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Direção de fotografia: Lance Bangs
País: Estados Unidos
Is the man who is tall happy?: a animated conversation with Noam Chomsky (2013)
Direção: Michel Gondry
Elenco: Michel Gondry, Noam Chomsky
País: Estados Unidos
Televisão Unnatural Love (episódio 17 da série televisiva Flight of the Concords) (2009)
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Iain Morris & Damon Beesley
Elenco: Jemaine Clement, Bret McKenzie, Rhys Darby, Sarah Wynter, Arj Barker
Canal: HBO
Jimmy Kimmel Live! (2011)
Direção: Michel Gondry
Elenco: Jimmy Kimmel, Michel Gondry, Cameron Diaz
Canal: ABC
Longa metragem Human Nature (Natureza quase Humana) – (2001)
Direção: Michel Gondry
Produção: Anthony Bregman, Julie Fong, Ted Hope, Spike Jonze, Charlie Kaufman
Roteiro: Charlie Kaufman
Elenco: Patricia Arquette, Rhys Ifans, Tim Robbins
Música: Graeme Revell
Direção de fotografia: Tim Maurice-Jones
País: Estados Unidos, França
90
Eternal Sunshine of a Spotless Mind(Brilho eterno de uma mente sem lembranças) – (2004)
Direção: Michel Gondry
Produção: Georges Bermann, Anthony Bregman, David L. Bushell, Linda Fields, Steve Golin, Michael Jackman, Charlie Kaufman, Glenn Williamson
Roteiro: Charlie Kaufman, Michel Gondry, Pierre Bismuth
Elenco: Jim Carrey, Kate Winslet, Gerry Robert Byrne, Elijah Wood, Thomas Jay Ryan, Mark Ruffalo
Musica: Jon Brion
Direção de fotografia: Ellen Kuras
País: Estados Unidos
La science des rêves (Sonhando Acordado) – (2007)
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Michel Gondry
Elenco: Gael García Bernal, Charlotte Gainsbourg, Alain Chabat, Miou-Miou
Música: Jean-Michel Bernard
Direção de fotografia: Jean-Louis Bompoint
País: França, Itália
Be kind rewind (Rebobine por favor) – (2008)
Direção: Michel Gondry
Produção: Geroges Berman, Raffi Adlan, Toby Emmerich, Julie Fong, Michel Gondry, Ann Ruark, Guy Stodel
Roteiro: Michel Gondry
Elenco: Jack Black, Mos Def, Danny Glover, Mia Farrow
Música: Jean-Michel Bernard
Direção de fotografia: Ellen Kuras
País: Reino Unido, Estados Unidos
91
Tokyo! (episódio: Interior Design) – (2008)
Direção: Michel Gondry
Produção: Hiroyuki Negishi, Yuji Sadai
Roteiro: Gabrielle Bell, Michel Gondry
Elenco: Ayako Fujitani, Ryo Kase
Música: Étienne Charry
Direção de fotografia: Masami Inomoto
País: França, Japão
The Green Hornet (O besouro verde) – (2011)
Direção: Michel Gondry
Produção: Raffi Adlan, Todd Cogan, Evan Goldberg, Michael Grillo, Ori Marmur, Neal H. Moritz, Lisa Rodgers, Seth Rogen, Leeann Stonebreaker, George W. Trendle Jr.
Roteiro: Geroge W. Trendle, Seth Rogen, Evan Goldberg
Elenco: Seth Rogen, Jay Chou, Cameron Diaz
Música: James Newton Howard
Direção de fotografia: John Schwartzman
País: Estados Unidos
The we and the I – (2012)
Direção: Michel Gondry
Produção: Raffi Adlan, George Bermann, Julie Fong, Michel Gondry, Jordan Kinley
Roteiro: Michel Gondry, Jeffrey Grimshaw, Paul Proch
Elenco: Michel Brodie, Teresa Lynn, Raymond Delgado, Jonathan Ortiz, Jonathan Scott Worrell, Alex Raul Barrios, Laidychen carrasco, Megan Murphy Chenkon Carrasco
Música: Linda Cohen
Direção de fotografia: Alex Disenhof
País: Estados Unidos
92
L’écume des jours (A espuma dos dias) – (2013)
Direção: Michel Gondry
Produção: Luc Bossi, Xavier Castano, Genevieve Lemal, Julien Seul, Arlette Zylberberg.
Roteiro: Michel Gondry, Luc Bossi, Boris Vian
Elenco: Roman Duris, Audrey Tautou, Gad Elmaleh, Omar Sy, Aïssa Maïga, Charlotte Le Bon, Michel Gondry
Musica: Étienne Charry
Direção de fotografia: Christophe Beaucarne
País: France / Bélgica
93
b) Decupagem de Interior Design em Tokyo! (2008).
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ANEXOS
Figura 46 – Cecil and Jordan in New York – Pagina 1
114
Figura 47 – Cecil and Jordan in New York – Página 2
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Figura 48 – Cecil and Jordan in New York – Página 3
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Figura 49 – Cecil and Jordan in New York – Página 4