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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CURSO DE DIREITO DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL E O DIREITO DE ALIMENTOS DOS COMPANHEIROS ASTRID GORETTE SOUZA Itajaí, julho de 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CURSO DE DIREITO

DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL E O DIREITO DE ALIMENTOS DOS COMPANHEIROS

ASTRID GORETTE SOUZA

Itajaí, julho de 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL E O DIREITO DE ALIMENTOS DOS COMPANHEIROS

ASTRID GORETTE SOUZA

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientadora: Professora MSc. Ana Lúcia Pedroni

Itajaí, julho de 2007

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AGRADECIMENTOS

A todos os amigos que me acompanharam nesta

caminhada.

À Ana Lúcia Pedroni por ter me aceito como sua

orientanda, pela dedicação, paciência e carinho

pela forma como me ajudou a realizar este

trabalho.

Ao Sérgio e Olivette Gugelmin por todo o apoio

nesses anos, pelo incentivo e carinho em todos os

momentos.

Aos meus filhos, Monique e Mauricio, pela

compreensão dos meus atos para que este sonho

se realizasse, pelo amor, carinho e incentivo

incondicional de sempre.

À querida sobrinha Paula Gugelmin, pelos

momentos de companheirismo, amizade, carinho

e pela dedicação sempre que precisei.

E, finalmente ao meu companheiro Christian

Guiraud, pelo incentivo, apoio e compreensão

pelos momentos que me fiz ausente.

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Olivio Pereira de Souza (in

memorian) que onde estiver possa jubilar

pela minha conquista.

À minha mãe Lizete Baptista de Souza que

sempre esteve presente nos momentos

difíceis, sendo um ombro amigo e me

incentivando a nunca desistir desta

caminhada.

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"NÃO PERMITAS QUE A TRISTEZA TE DOMINE, MAS SE FORES DOMINADO, ERGUE-

TE DE NOVO. AINDA QUE TEU SONHO SEJA DESFEITO, TENS O DIREITO DE SONHAR NOVAMENTE. IMAGINA QUE EM TI AINDA

RESTA UMA GRANDIOSA ENERGIA.

PARA AQUELE QUE SONHA, ESTE MUNDO É SEMPRE UM MUNDO NOVO"

(AUTOR DESCONHECIDO)

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e a

Orientadora de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, julho de 2007.

Astrid Gorette Souza Graduanda

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Astrid Gorette Souza sob o título

Dissolução da União Estável e o Direito de Alimentos dos Companheiros, foi

submetida em julho de 2007 à banca examinadora composta pelos seguintes

professores: MSc. Ana Lúcia Pedroni (Orientadora), [Nome dos Professores]

([Função]), e aprovada com a nota [Nota] ([nota Extenso]).

Itajaí, julho de 2007

Profª. MSc. Ana Lúcia Pedroni Orientadora e Presidente da Banca

Professor MSc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

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ROL DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AMPL. Ampliada

ART. Artigo

ATUAL. Atualizada

CAM Câmara

CEJURPS Centro de Ciências Jurídicas, Políticas e Sociais

CF Constituição Federal

DES. Desembargador

DJ Diário da Justiça

ED. Edição

IN. Em

MIN. Ministro

N. Número

P. Página

REL. Relator

RESP. Recurso Especial

STJ Superior Tribunal de Justiça

TJMG Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

V. Volume

V.U. Voto Unânime

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais:

Alimentos

A palavra alimentos, no sentido geral, significa o que é necessário para a

alimentação, mas, na linguagem do Direito, tem um significado técnico, devendo

se entender por alimentos tudo o que é necessário para satisfazer as

necessidades da vida e habitação, e, se o alimentário é menor, também as

despesas de criação e educação1.

Casamento

É o vínculo jurídico entre o homem e a mulher que visa o auxílio mútuo material e

espiritual, de modo que haja uma integração fisiopsíquica e a constituição de uma

família2.

Concubinato

Estado de fato de um homem e uma mulher que sem estarem entre si ligados

pelo vínculo matrimonial convivem com permanência de relação carnal e

aparência de casados sob o mesmo teto3.

Família

Grupo social fundamental na sociedade, constituído basicamente de um homem,

uma mulher e seus descendentes4.

1 TEPEDINO, Gustavo; Barboza, Heloisa Helena; Moraes, Maria Celina Bodin de.Código Civil Interpretado. 2 ed. São Paulo: Renovar, 2007. vol. II. p. 157.

2 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 20. ed. rev. e atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei n.º 10.406, de 10-1-2002) e o Projeto de Lei n 6.960/2002. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 5. p. 38.

3 BRASIL, Celso. Dicionário Jurídico de Bolso. Terminologia Jurídica. Termos e Expressões Latinas de Uso Forense. 2. ed.rev. ampl. São Paulo: M. E. Editora e Distribuidora, 2001. p.107.

4 SACCONI, Luiz Antonio. Dicionário Essencial da Língua Portuguesa. São Paulo: Atual, 2001. p. 413.

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Sociedade de Fato

É a que se forma do acordo entre duas ou mais pessoas para a exploração de

negócios em comum, sem atender às formalidades legais de registro de contrato

e de firma5.

União Estável

A convivência estável e séria entre um homem e uma mulher, sem que nenhum

deles seja ligado por um vínculo precedente matrimonial, é um fenômeno social,

antes de jurídico, que não pode certamente incorrer nas qualificações de ilicitude

ou ilegitimidade, pondo em risco os fundamentos de ordem pública sobre os quais

o casamento se assenta6 .

Companheiro

No Direito Civil, significa a pessoa que mora com outra: a mulher é a companheira

do marido. Dá idéia da vida em comum7.

5 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 27. ed. São Paulo: Forense, 2005. p. 253. 6 SANTOS, Frederico Augusto de Oliveira. Alimentos Decorrentes da União Estável. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. p. 15.

7 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 27. ed. São Paulo: Forense, 2005. p.317.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO........................................................................................... X

RESUMO.......................................................................................... XII

INTRODUÇÃO ................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 ...................................................................................... 4

DOS ALIMENTOS.............................................................................. 4 1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS ALIMENTOS ..................................................4 1.2 EVOLUÇÃO DOS ALIMENTOS NO DIREITO BRASILEIRO ..........................7 1.3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ALIMENTOS...............................................9 1.4 NATUREZA JURÍDICA DOS ALIMENTOS....................................................10 1.4.1 ALIMENTOS NATURAIS.....................................................................................12 1.4.2 ALIMENTOS CIVIS ............................................................................................13 1.5 CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS .......................................................14 1.5.1 DIREITO PERSONALÍSSIMO ...............................................................................15 1.5.2 INDISPONIBILIDADE E IRRENUNCIABILIDADE.......................................................15 1.5.3 INTRANSMISSIBILIDADE ...................................................................................16 1.5.4 INCOMPENSABILIDADE.....................................................................................16 1.5.5 IRRESTITUIBILIDADE ........................................................................................16 1.6 OUTRAS CARACTERÍSTICAS......................................................................17 1.6.1 ASPECTOS GERAIS..........................................................................................17 1.6.2 SUJEITOS ATIVOS E PASSIVOS NOS ALIMENTOS .................................................20

CAPÍTULO 2 .................................................................................... 23

DA UNIÃO ESTÁVEL....................................................................... 23 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA UNIÃO ESTÁVEL NO DIREITO BRASILEIRO........................................................................................................23 2.1.1 A UNIÃO ESTÁVEL ANTES DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 .............................................................................25 2.1.2 A UNIÃO ESTÁVEL DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 E AS LEIS 8.971/94 E 9.278/96 ..............................28 2.1.3 A UNIÃO ESTÁVEL E O CÓDIGO CIVIL DE 2002...................................................31 2.2 CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO ..................................33 2.3 CONCEITO DE FAMÍLIA E ENTIDADE FAMILIAR .......................................35 2.4 CARACTERÍSTICAS DA UNIÃO ESTÁVEL..................................................36

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CAPÍTULO 3 .................................................................................... 41

ALIMENTOS NA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL .................. 41 3.1 DIREITOS E DEVERES DOS COMPANHEIROS ..........................................41 3.2 DEVER DE ASSISTÊNCIA MÚTUA...............................................................42 3.3 CULPA NA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL.........................................45 3.4 A CULPA RECÍPROCA..................................................................................46 3.5 CAUSAS DE EXCLUSÃO E DE EXTINÇÃO DO DEVER ALIMENTAR ENTRE OS CONVIVENTES ...........................................................48 3.5.1 CAUSAS DE EXCLUSÃO DO DEVER ALIMENTAR...................................................48 3.5.2 CAUSAS DE EXTINÇÃO DO DEVER DE ALIMENTAR ...............................................49 3.6 POSSIBILIDADE DE RENÚNCIA E DISPENSA DOS ALIMENTOS ENTRE OS CONVIVENTES .................................................................................51 3.7 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA ............53

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................. 60

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 64

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RESUMO

A presente Monografia trata do tema Dissolução da União

Estável e o Direito de Alimentos dos Companheiros. No Brasil, antes do século IX,

a família legitimada era reconhecida somente através do casamento, qualquer

outra forma de constituição, dava-se o nome de ilegítima. No início deste século,

foi possível sentir de forma mais acentuada, a preocupação de nossos

legisladores com a União Estável, relação esta que apesar de algumas diferenças

equipara-se com o casamento, razão pela qual cabe o direito de alimentos ao

cônjuge, sendo conferido o mesmo direito ao companheiro. A Constituição

Federal e as Leis nºs 8.971/94 e 9.278/96 equipararam a união estável ao

casamento. Os companheiros, ao manterem a união estável, estão sujeitos aos

mesmos direitos e deveres do casamento. Dessa maneira, o concubinato deixou

de ser tratado como simples sociedade de fato, transformando-se em instituto do

direito de família. O concubinato pode ser puro, quando mantido por pessoas

desimpedidas para o matrimônio, e impuro quando existe impedimentos para o

matrimônio, com exceção da disposição que reconhece a separação de fato por

mais de dois anos. A União Estável é reconhecida quando constituída sob as

características a ela atinentes e estabelecidas pelo legislador e pela doutrina e o

casamento comprova-se através do registro civil. A Lei nº. 9.278/96 veio reforçar

ainda mais o preceituado na Lei nº. 8.971/94 sobre concessão de alimentos aos

companheiros ou conviventes, além de reforçar, complementou a anterior. Para

ser concedido o direito a alimentos aos companheiros deve ser provado o

trinômio: união estável-necessidade-possibilidade, cujos temas foram abordados

durante toda a pesquisa.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto investigar O Direito

de alimentos dos companheiros na dissolução da União Estável

Os seus objetivos são: a) institucional: produzir uma

monografia para obtenção do grau de bacharel em Direito pela Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI; b) geral : verificar o direito à alimentos dos

companheiros, quando da dissolução da união estável.

Quanto à Metodologia8 empregada, registra-se que nas fases

de Investigação e do Relatório dos Resultados, será utilizado o Método Indutivo9,

acionadas as Técnicas do Referente10, da Categoria11, do Conceito Operacional12

e da Pesquisa Bibliográfica.

A presente Monografia se encontra dividida em três

Capítulos. Para tanto, principia–se o Capítulo 1, tratando dos Alimentos, fazendo

uma abordagem sintética da evolução histórica dos alimentos, esclarecendo a sua

natureza jurídica, bem como elencando as características inerentes a estes, tais

8 “Na categoria metodologia estão implícitas duas Categorias diferentes entre si: Método e Técnica”. In: PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica - Idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. 9. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2005. p.103. (destaque no original).

9 O referido método se consubstancia em “pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral”. In: PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica - Idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, 9. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2005. p.104.

10 “REFERENTE é a explicitação prévia do (s) motivo (s), dos objetivo (s) e produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para uma atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa”. In: PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica - Idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, 9. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2005. p. 62.

11 Categoria é “a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia”. In: PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica - Idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, 9. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2005. p. 31.

12 “Conceito Operacional (=Cop) é uma definição para uma palavra e expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos”. In: PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica - Idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito, 9. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2005. p. 56.

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2

como o fato de ser um direito personalíssimo, indisponível, intransmissível,

incompensável, irredutível, dentre outras que serão apresentadas.

O Capítulo 2 tratará da União Estável propriamente dita.

Para tanto, apresenta-se o conceito de união estável, a evolução histórica no

direito brasileiro, passando pela situação da união estável antes da Constituição

Federal de 1988 e depois de 1988. Por fim, conceitua-se família e entidade

familiar, traz-se as características deste instituto, bem como uma breve explicação

acerca da diversidade dos sexos.

No Capítulo 3, estudar-se-á os Alimentos na Dissolução da

União Estável, elencando-se os direitos e deveres dos companheiros,

notadamente o dever de mutua assistência. Após, passar-se-á ao estudo das

diversas modalidades de culpa. Será apresentado também, as causas de

exclusão e de extinção do dever alimentar entre os conviventes e a possibilidade

de renúncia e dispensa dos alimentos entre os conviventes. Encerrar-se-á o

capitulo tratando sobre o efetivo direito dos companheiros a alimentos na

dissolução da união estável.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

1. A assistência material ao convivente, que dela necessitar

se constitui em direito conquistado após o reconhecimento da união estável como

entidade familiar, a partir da Constituição da República Federativa do Brasil de

1988 e regulamentada pela Lei 9.278/86.

2. O Código Civil de 2002, positivou a questão relativa aos

alimentos entre os companheiros ao disciplinar a matéria no artigo 1.694 que

assim estabelece: “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns

aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a

sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua condição”.

3. Dissolvida a união estável, poderá o convivente que provar

sua necessidade, obter quantia capaz de suprir as despesas relativas a sua

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3

manutenção, observando-se os recursos da pessoa obrigada e as necessidades

de quem reclama o pagamento.

Devido ao elevado número de categorias fundamentais à

compreensão deste trabalho monográfico, optou-se por listá-las em rol próprio,

contendo seus respectivos conceitos operacionais.

O presente Relatório de Pesquisa se encerrará com as

Considerações Finais, aduzindo-se sobre a confirmação ou não das hipóteses

trabalhadas, seguido da estimulação à continuidade dos estudos e de reflexões

sobre a dissolução da união estável e o direito de alimentos dos companheiros.

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CAPÍTULO 1

DOS ALIMENTOS

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS ALIMENTOS

O direito aos alimentos são uma prática antiga da civilização,

porém não eram tidos como uma obrigação. “Nos primórdios das civilizações, os

alimentos constituíam dever moral, sendo concedidos pietatis causa, sem regra

jurídica a impor-lhes a prestação”13.

Após o surgimento das normas disciplinadoras dos direitos de

família, os alimentos puderam ser reivindicados nas relações jurídicas, existentes

entre os cônjuges. O dever de alimentar não se restringe somente a mantença,

mas no sentindo amplo de alimentação, vestuário, educação, saúde e outras

necessidades financeiras que porventura possam existir.

Entre os romanos, também se fazia presente a prática do

marido conceder alimentos à esposa, como officium pietatis, visto que, assim

como todos, era a mesma considerada em situação de inferioridade, discriminada

e restrita de direitos, pois, vivia a sociedade sobre a autoridade do pater

famílias14.

Foi então, com o nascimento das normas disciplinadoras dos

direitos de família, muito mais tarde, que, passou a ser reivindicados os alimentos.

Com a formação de relações jurídicas entre credor e devedor, gerou o direito e

13 PEREIRA, Áurea Pimentel. Alimentos no Direito de Família e no Direito dos Companheiros. Rio de Janeiro: Renovar, 1998. p.2

14 PEREIRA, Áurea Pimentel. Alimentos no Direito de Família e no Direito dos Companheiros.Rio de Janeiro: Renovar, 1998. p.2

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5

características de dever legal15.

Acerca do surgimento da obrigação alimentar, Cahali16

observa que:

O direito romano terá conhecido a obrigação alimentícia fundada

em várias causas: a) na convenção; b) no testamento; c) na relação

familiar; d) na relação de patronato; e) na tutela. A obrigação

alimentar foi estatuída inicialmente nas relações de clientela e

patronato, vindo a ter aplicação muito tardia (na época imperial).

Em realidade, a doutrina mostra-se uniforme no sentido de que a

obrigação alimentícia fundada sobre as relações de família não é

mencionada nos primeiros momentos da legislação romana.

Nos primeiros tempos do direito canônico houve uma

abertura maior no que diz respeito às obrigações alimentares, obrigações estas

que inclusive abrangeram as relações extra-familiares.

Foi num texto de Justiniano17 que, se referia ao liberi

naturales, texto este interpretado equivocadamente, o ponto para que houvesse

reconhecido o direito a alimentos dos filhos espúrios em relação ao companheiro

da mãe durante o período da gravidez.

Covello18 discorre sobre a prestação de alimentos:

(...), entre os hebreus antigos, o dever de solidariedade entre

parentes já era conhecido. Na Bíblia, no livro do Gênesis, lê-se

que José, após apresentar seu pai ao Faraó e instalá-lo numa

15 PEREIRA, Áurea Pimentel. Alimentos no Direito de Família e no Direito dos Companheiros. p.2

16 CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. 3 ed. rev. ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p.43

17 JUSTINIANUS, Flavius Petrus Sabbatius. Institutas do Imperador Justiniano. Manual didático para uso dos estudantes de direito de Constantinopla, elaborado por ordem do Imperador Justiniano, no ano de 533 d.C /tradução J. Cretella Jr e Agnes Cretella. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 348.

18 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência, Legislação.São Paulo: Universitária de Direito, 1992. p. 3

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6

propriedade do Egito, “forneceu viveres a seu pai, a seus irmãos e

a toda sua família, segundo o número dos filhos”. Por outro lado, o

Eclesiástico traz a seguinte recomendação: “Meu filho, ajuda a

velhice de teu pai, não o desgostes durante a sua vida. Se seu

espírito desfalecer, sê indulgente, não o desprezes porque te

sentes forte, pois tua caridade para com teu pai não será

esquecida tinha o dever sancionado por lei, de alimentar os filhos

e, por sua vez, os descendentes tinham o dever alimentar para

com os ascendentes como forma de reconhecimento e gratidão.

Mas é no direito romano que a obrigação alimentar, considerada

antes um dever moral se cristaliza como obrigação jurídica

derivada do parentesco e disciplinada pelo legislador.”. Na Grécia,

o pai, além da obrigação de educar a prole.

Cabe ainda ressaltar que foi o direito canônico que mais

contribuiu para que o instituto dos Alimentos se desenvolvesse, pois, através de

uma base normativa e fundada nos princípios evangélicos, esse direito foi

estendido à família ilegítima, na verdade, as pessoas que tenham um vínculo,

seja ela, de forma civil (adotante e adotado) ou mesmo, espiritual (padrinho e

afilhado)19 .

Ainda, neste sentido, Covello20 leciona:

As legislações modernas consagram, em sua totalidade, a figura

em estudo, disciplinando-a de maneira mais ou menos uniforme,

com sanções civis e penais para o descumprimento da obrigação

respectiva, por relacionar-se com o direito à vida, pois os alimentos

não visam a outra coisa senão preservar a subsistência daqueles

que, em virtude de determinadas circunstâncias, não podem prover

por si a sua mantença.

A obrigação de prestar alimentos, decorrente das relações de

parentesco ficou reconhecida juridicamente no direito romano. Antes, tal dever era

19 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência, Legislação.São Paulo: Universitária de Direito, 1992. p. 4

20 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência, Legislação.São Paulo: Universitária de Direito, 1992. p. 4

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7

visto como um dever moral para com a esposa, sem ter sido regulamentada pelo

legislador.

1.2 EVOLUÇÃO DOS ALIMENTOS NO DIREITO BRASILEIRO

Alimentos são prestações que objetivam atender as

necessidades básicas, do credor que não pode provê-las por si. A necessidade

dos alimentos é no presente, para auxiliar o alimentando imediatamente.

Sobre os alimentos no direito brasileiro, Cahali21 ensina:

Nas Ordenações Filipinas, o texto mais expressivo a respeito da

obrigação alimentar encontra-se no liv. 1, Tít. LXXXVIII,15, na

medida em que, embora provendo sobre a proteção orfanológica,

traz a indicação dos elementos que comportariam a obrigação: “Se

alguns órfãos forem filhos de tais pessoas, que não devam ser

dados por soldadas, o Juiz lhes ordenará o que lhes necessário for

para seu mantimento, vestido e calçado e tudo mais em cada um

ano. E mandará escrever no inventário, para se levar em conta a

seu Tutor, ou Curador. E mandará ensinar a ler e escrever aqueles,

que forem para isso, até a idade de 12 anos. E daí em diante lhes

ordenará sua vida e ensino segundo a qualidade de suas pessoas e

fazenda”.

A legislação brasileira, a exemplo de muitas outras não

conceitua legalmente alimentos. O Código Civil atual apenas garante o direito de

se exigir alimentos, respeitado o binômio necessidade X possibilidade do

alimentante e do alimentando.

No Código Civil de 1.916, a definição de alimentos, aparecia

no artigo 1.920, conforme segue:

21 CAHALI, Francisco José. Contrato de Convivência na União Estável. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 28.

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8

Art. 1.920 O legado de alimentos abrange o sustento, a cura,o

vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação,

se ele for menor.

Mesmo assim, doutrinariamente pode-se dizer que alimentos

são “(...) quantias concedidas ou dadas a título de provisão, assistência ou

manutenção, a uma pessoa por uma outra que, por força de lei, é obrigada a

prover às necessidades alimentícias e de habitação22”.

Tanto o Código Civil de 1916, quanto as Constituições da

República, anteriores a atual, não contemplavam o direito de alimentos em favor

dos companheiros, até mesmo porque a união estável, tratada como

concubinato, não era reconhecida como entidade familiar.

A partir de 1988 admitiu-se a prestação alimentar para o

companheiro quando da dissolução da união estável, considerando que a

Constituição Federal, em seu artigo 226, § 3º, conferiu a união estável o status de

entidade familiar.

Assim, Pereira23 expõe:

O Novo Código Civil incorporou em seu texto todas as novas

concepções sobre união estável e conseqüentemente sobre os

alimentos decorrentes dessa forma de constituição família. O art.

1.694 desse novo código, semelhante ao de 1916 na parte relativa

aos alimentos, incorporou a expressão conviventes ao seu texto,

ficando, portanto consolidado aquilo que já estava consagrado nas

Leis n.s. 8.971/94 e 9.278/96 e na doutrina e jurisprudência.

Portanto, quando da dissolução da união estável, o

companheiro culpado pode vir a pagar alimentos apenas para a subsistência do

alimentado, devendo estes ser fixados pelo juiz, cujo tema será melhor abordado

nos capítulos seguintes.

22 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 25 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p.96. 23 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e União Estável. 6ª ed., ver., atual. e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. p. 86.

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9

1.3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ALIMENTOS

Os alimentos são fundados no binômio necessidade de quem

pede e possibilidade de quem presta, assegurando assim, ao credor, condições

de garantir sua subsistência, nos termos do artigo 1694, § 1º do Código Civil.

A palavra “alimentos” acaba tendo um significado vulgar, pois

fica genérico sua interpretação : tudo aquilo que é necessário à conservação do

ser humano com vida. Utilizando-se de uma linguagem mais técnica, surge a idéia

de uma obrigação que é imposta a uma pessoa, em razão de previsão legal, que

determina a prestação de alimentos a alguém que dela necessite.

Covello24 conceitua alimentos ao dizer:

Na linguagem jurídica, o vocábulo “alimentos” tem acepção própria,

mais ampla que o seu sentido etimológico de nutrição, e designa

todos os recursos necessários à subsistência do indivíduo como

realidade bio-psíquica e social, assim, o sustento, a habitação, o

vestuário, o tratamento de saúde, a educação e mesmo o lazer e as

despesas com o trato social. Nosso Código Civil, ao regular os

alimentos no título pertinente às relações de parentesco, não os

definiu. “Todavia, deixou transparecer a noção abrangente do

instituto ao disciplinar o legado de alimentos no art. 1687: O legado

de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa,

enquanto o legatário viver, além da educação se ele for menor.

Para Gomes25, os alimentos são “(...) prestações para

satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. Tem por

24 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência, Legislação.São Paulo: Universitária de Direito, 1992. p. 1.

25 GOMES, Orlando. Apud GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil: direito de família. vol. 2. 8 ed. atual. de acordo com o novo Código Civil (lei n. 10.460, de 10-01-2002). São Paulo: Saraiva, 2002. p.440.

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10

finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua

subsistência”.

Rodrigues26 diz que o instituto em questão “(...) denomina-se

a prestação fornecida a uma pessoa, em dinheiro ou em espécie, para que possa

atender às necessidades a vida”.

Portanto, pode-se dizer que alimentos são devidos para

manter o mínimo indispensável para a sobrevivência de quem os necessita.

Normalmente os alimentos são prestados em dinheiro, valor

este, capaz de atender as necessidades do alimentando, por isto fala-se em

pensão alimentícia, por ser paga periodicamente.

1.4 NATUREZA JURÍDICA DOS ALIMENTOS

As regras que disciplinam os alimentos são de ordem pública,

sendo inderrogáveis por acordo entre os particulares, considerando que se trata

de direitos indisponíveis, tornando-se uma obrigação jurídica.

Pode-se ainda dizer, que, a natureza dos alimentos está

ligada à origem da obrigação, pois, o dever de sustento dos filhos deriva do poder

familiar.

Na visão de Dias27:

Há dever de alimentos que tem origem na prática de ato ilícito,

estabelecido contratualmente ou estipulada em testamento. Quanto

mais se alarga o espectro das entidades familiares e modificam-se

os conceitos de família e filiação, sempre pressupondo a existência

de vínculo jurídico, mais a obrigação alimentar adquire novas

interpretações. P.406-407

26 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. v.6. p. 44. 27 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 406-407.

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11

Ainda sobre o tema, Gonçalves28 diz que:

O vocábulo “alimentos” tem, todavia, conotação muito mais ampla

do que na linguagem comum, não se limitando ao necessário para

o sustento de uma pessoa. Nele se compreende não só a

obrigação de prestá-los, como também o conteúdo da obrigação a

ser prestada.

A prestação dos alimentos deve abranger não só a

alimentação, mas também deve suprir as necessidades de vestuário, educação,

habitação, assistência medica. Pois o dever de prestar alimentos é calcado na

solidariedade humana29.

Rodrigues30, também destaca:

Alimentos, em direito, denomina-se a prestação fornecida a uma

pessoa, em dinheiro ou em espécie, para que possa atender às

necessidades da visa. A palavra tem conotação muito mais ampla

do que na linguagem vulgar, em que significa o necessário para o

sustento.

Todavia, sempre que se fala em alimentos, vem a idéia do

direito de exigi-los e da obrigação de prestá-los, ficando, desta forma, evidente o

caráter assistencial. Na verdade, toda vez que há o pedido de alimentos por parte

da pessoa interessada, ressalta além do caráter jurídico o aspecto moral.

A obrigação alimentar está diretamente ligada às relações de

parentesco, definindo-se como uma obrigação recíproca entre pais e filhos e

extensiva aos ascendentes e descendentes, recaindo a obrigação sobre os

parentes mais próximos na falta de outros31.

28 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2005.v. VI, p. 440.

29 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. p. 440 – 441. 30 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. vol. 6. 27 ed. atual. por Francisco José Cahali, com anotações ao novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002). São Paulo: Saraiva, 2002. p. 418.

31 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1982. p. 96.

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12

O código civil regula esta obrigação de dever alimentar nas

relações de parentesco:

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais

e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação

nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.

Covello32 ao comentar o tema afirma que:

Na definição, evidencia-se que a ação tem como suporte jurídico

uma relação familiar, dizendo respeito ao estado de pessoa. É

verdade que se pode pedir alimentos com base em outras causas,

como, v.g., o ato ilícito. No entanto, em hipóteses como essa, não

se estará em presença de uma verdadeira ação de alimentos. Daí

porque tradicionalmente considerar-se a ação alimentar como de

estado. Há quem considere a ação de alimentos como patrimonial,

levando em conta que o que se pede, por meio dela, é um

“quantum”, em dinheiro ou em espécie, que, sem dúvida, aumenta

o patrimônio do alimentando e diminui o do alimentante.

O descumprimento das normas que impõem a obrigação

legal dos alimentos aumenta a parcela de pessoas carentes, que

conseqüentemente, buscam através dos processos judiciais de alimentos para

obtenção da tutela jurisdicional, que possa ampará-los.

1.4.1 Alimentos naturais

Os alimentos naturais são aqueles que garantem as

necessidades de subsistência do indivíduo, como: alimentação, vestuário, saúde,

habitação e educação.

Para Gonçalves33, a expressão “alimentos ”:

32 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência, Legislação. São Paulo: Universitária de Direito, 1992. p.27.

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13

[...] ora significa “ o que é estritamente necessário à vida de uma

pessoa, compreendendo, tão somente, a alimentação, a cura, o

vestuário e a alimentação, ora abrange outras necessidades,

compreendidas as intelectuais e morais, variando conforme a

posição social da pessoa necessitada.

Ainda nesta linha de pensamento, Dias34, entende que:

a expressão “alimentos” vem adquirindo dimensão cada vez mais

abrangente. Engloba tudo o que é necessário para alguém viver

com dignidade, dispondo o juiz de poder discricionário para

quantificar o seu valor.

Os vários entendimentos referentes a alimentos, fez com que

a doutrina fizesse uma divisão entre alimentos, os naturais e civis. Pois, entende

alguns doutrinadores e a própria jurisprudência, de que, é relativo o grau de

necessidade entre subsistência e manutenção de status social. Aos ex-cônjuges e

companheiros cabem os alimentos naturais, para que haja sobrevivência com

dignidade.

Dias35 define alimentos naturais como sendo os alimentos

“indispensáveis a garantir a subsistência, como alimentação, vestuário,

saúde,habitação, educação etc.”

1.4.2 Alimentos civis

Na visão de Dias36, alimentos civis, aqueles que “(...)

destinam-se a manter e atender a qualidade de vida do credor, de modo a

preservar o padrão de vida e o status social”.

33 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo : Saraiva, 2005. v.VI. p.442.

34 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 407.

35 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 407.

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14

Covello37 ainda coloca que “ (...)alimentos civis ou côngruos,

são aqueles que tem por fim atender as necessidades outras, como o lazer e o

trato social”.

Esta diferenciação entre alimentos naturais e civis, se dá em

conformidade com a origem da obrigação, diferença esta que a própria

jurisprudência quantifica, separando o tipo de alimentos quando destinados a

filhos, assegurando com isso a mesma qualidade de vida e condição social dos

pais.

Hoje, tem se admitido que todos os beneficiários,

independentemente da relação de parentesco tem direito a pedir alimentos civis,

não importando a origem da obrigação.

1.5 CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS

Algumas das características dos alimentos são apontadas por

Rizzardo38, dentre as quais se destacam as mais importantes: Direito

Personalíssimo, Indisponibilidade e Irrenunciabilidade, Intransmissibilidade,

Incompensabilidade, Irrestituibilidade, entre outras várias características que

marcam a obrigação alimentar.

Assim, somente serão destacadas as que seguem:

36 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p.406.

37 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência, Legislação. São Paulo: Universitária de Direito, 1992.p. 2.

38 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família (Lei n. 10.406, de 10.01.2002). 3 ed.Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 720.

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15

1.5.1 Direito personalíssimo

Embora a natureza publicística que lhe é própria, a

obrigação alimentar é inerente à pessoa. Ter-se-á em conta, na fixação, a pessoa

do necessitado, ao mesmo tempo em que a obrigação, em princípio, não é

transferível de uma pessoa para outra. Unicamente permite-se chamar o seguinte

obrigado, na mesma ordem da vocação hereditária, se o primeiro não revelar

mais a capacidade econômica.

Desta forma, este direito não pode ser transferido a outrem,

pois tem como característica assegurar e garantir a vida e o direito do indivíduo

que dela necessita para sobreviver

Tal direito não pode ser objeto de cessão muito menos

compensação conforme artigo 1.707 do Código Civil.

Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado

renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito

insuscetível de cessão, compensação ou penhora.

Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a

compensação, exceto:

II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;

Pode-se dizer também que é um direito impenhorável, vez

que e destinado a garantir o sustento mínimo do alimentado.

1.5.2 Indisponibilidade e irrenunciabilidade

Isto no sentido de que o direito a alimentos não é suscetível

de renúncia ou cessão. Mesmo que às pessoas se reconheça a absoluta

liberdade, e que sejam elas capazes, não é admitida a renúncia ao direito, ou

qualquer outra forma de disposição .

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16

No Código de 1916 era possível que o credor renunciasse o

direito à pensão. Ainda sobre o assunto, Rodrigues39, diz que a jurisprudência

aceitava a renúncia até mesmo para poupar as partes, por exemplo, da

constrangedora prova de culpa para buscar a inexistência da obrigação.

No atual Código Civil permite-se o não exercício do direito,

mas veda-se a renúncia. Sem exceções.

1.5.3 Intransmissibilidade

Esta característica diz respeito a não transmissão dos

alimentos. Com a morte, extingue-se a obrigação, sem quaisquer direitos aos

sucessores. Da intransmissibilidade dos alimentos advém a impenhorabilidade,

pois a finalidade dos alimentos é assegurar a subsistência do credor40.

1.5.4 Incompensabilidade

Justamente por terem um caráter de indispensabilidade,

advém a proibição em se compensarem os alimentos com dívidas pessoais do

credor, o que está cristalizado no art. 1.707. Do contrário, não teria sentido a

determinação em pagar alimentos, que dizem respeito a própria vida41.

1.5.5 Irrestituibilidade

Não pode o alimentante pretender a restituição da pensão,

em face de vir a ser julgada improcedente a ação, na qual pagava alimentos

provisórios. É que a lei possibilita os alimentos provisionais, estabelecidos na

39 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. 27 ed. atual. por Francisco José Cahali, com anotações ao novo

Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002). São Paulo: Saraiva, 2002. v. 6. p. 413.

40 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família (Lei n. 10.406, de 10.01.2002). 3 ed.Rio de Janeiro: Forense,

2005. p. 720.

41 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. ( Lei nº 10.406, de 10.01.2002) 3 ed. Rio de Janeiro: Forense,

2005.p. 727.

Page 30: dissolucao da uniao estavel.pdf

17

pendência de ação de separação, ou qualquer outra relativa à sociedade

conjugal42.

1.6 OUTRAS CARACTERÍSTICAS

1.6.1 Aspectos gerais

Ainda sobre as características dos alimentos, além das

apresentadas, pode ser esclarecido o seguinte, conforme Rizzardo43:

Reciprocidade entre os parentes e os ex-cônjuges: realmente,

quem está obrigado a prestar alimentos ao parente ou cônjuge

necessitado reveste-se de igual direito de pretendê-los, junto à

mesma pessoa, em caso de necessidade, e se o favorecido com a

pensão paga vier a conseguir condições econômicas em suportar a

obrigação.

Alternatividade da obrigação: o parente pode fornecer uma

prestação pecuniária ou fornecer hospedagem e sustento ao

parente, bem como educação, quando menor.

Irretroatividade dos alimentos: há um princípio que coloca a

questão em termos precisos: não se pode obrigar ao pagamento de

alimentos relativamente a período anterior ao ingresso da ação.

Variabilidade: a pensão alimentícia é variável, segundo as

circunstâncias vigentes na época do pagamento. A situação

econômica das pessoas modifica-se facilmente, ora aumentando os

rendimentos econômicos, ora diminuindo.

42 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família (Lei n. 10.406, de 10.01.2002). 3 ed.Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 727. 43 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família (Lei n. 10.406, de 10.01.2002). 3 ed.Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 730.

Page 31: dissolucao da uniao estavel.pdf

18

Periodicidade: a pensão alimentícia é paga, em geral,

mensalmente, menos quando se estipula a satisfação através da

entrega de gêneros alimentícios ou rendimentos de bens.

Continuando, Rizzardo44 destaca:

Ausência de solidariedade: conforme art. 1.696 (art. 397 do

Código revogado) recai a obrigação nos parentes mais próximos

em grau, uns na falta de outros.

Imprescritibilidade: o direito a alimentos é imprescritível. A todo

tempo o necessitado está autorizado a pedir alimentos. Unicamente

os alimentos devidos prescrevem no prazo de dois anos, que inicia

no vencimento de cada prestação.

Divisibilidade: a obrigação alimentar, justamente em face da

inexistência de solidariedade, apresenta-se divisível por ser

possível o seu pagamento por vários parentes a uma só pessoa,

ficando-se a quota de cada obrigação proporcionalmente à

respectiva capacidade econômica.

Dívida portável: o pagamento deve ser oferecido pelo devedor no

domicílio do credor, no caso o alimentando. As dívidas quesíveis,

ao contrário, assim denominam-se se o credor procurar recebê-las

no domicílio do devedor.

Preferencialidade dos credores no recebimento dos alimentos:

na hipótese, se dois ou mais filhos carecem de sustento, acorrerão

aos pais, que prestarão uma determinada pensão a ser dividida em

partes iguais entre os alimentandos.

Finalizando, ainda Rizzardo45

44 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família (Lei n. 10.406, de 10.01.2002). 3 ed.Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 730. 45 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. ( Lei nº 10.406, de 10.01.2002) 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 735.

Page 32: dissolucao da uniao estavel.pdf

19

Condicionalidade à permanência dos pressupostos que

determinem a prestação: para subsistir a pensão é preciso que os

pressupostos do nascimento da pensão se mantenham. A

obrigação cessa desde que venha a faltar um de seus

pressupostos. Daí a condicionalidade.

Exigibilidade desde a decisão concessiva e até decisão final: é

exigível a prestação a começar da sentença, do despacho ou do

acórdão que a estabeleceu, segundo ordena a lei, não tendo a

sentença proferida efeito suspensivo.

Não-incidência da impenhorabilidade nos créditos de

alimentos: não há que se invocar a regra da impenhorabilidade do

bem de família, assegurado pela Lei n. 8.009, de 1990, na

execução de alimentos.

Revisão das decisões que fixam alimentos: justamente por

estar condicionada a pensão aos pressupostos da necessidade do

alimentando e da possibilidade do obrigado impera o princípio da

alterabilidade das decisões que estabelecem os alimentos.

Sobre o tema, Covello46 se posiciona dizendo:

Na verdade, tal direito interessa não somente ao beneficiário direto,

o alimentando, como, também, à família, ao Estado e à própria

sociedade, porque esta deseja, inquestionavelmente, preservar a

vida de seus cidadãos. Ademais o instituto em exame, ao atribuir a

certas pessoas o encargo de amparar outra de seu grupo familiar,

evita, ou minimiza, que esse ônus recaia sobre toda a comunidade

que integra o Estado. Não se cuida, portanto de mero interesse

egoístico-patrimonial, como pode parecer à primeira vista, mas de

interesse superior revestido do caráter de ordem pública.

O Estado possui interesse que a família assuma a

46 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência, Legislação. São Paulo: Universitária de Direito, 1992.p. 9.

Page 33: dissolucao da uniao estavel.pdf

20

responsabilidade do alimentando, para minimizar o ônus da sua responsabilidade

junto a este cidadão.

1.6.2 Sujeitos ativos e passivos nos alimentos

O sujeito ativo é o próprio credor de alimentos, sendo o

sujeito passivo quem possui a obrigação de prestá-los. O direito de requerer

alimentos corresponde ao dever de prestá-los.

Sobre Código Civil de 1916, Rizzardo47 leciona:

Do art. 1.694 exsurgem os princípios que ditam a titularidade de

buscar alimentos. Em princípio, ao cônjuge e aos parentes

próximos autoriza-se pedir alimentos. Mas ao mesmo tempo em

que há o direito de requerer, existe a obrigação de prestá-los.

Obrigação que se desconstitui quando o cônjuge dispõe de meios

para o próprio sustento, ou quando se afasta da moradia familiar

desmotivadamente, ou quando, em ação de separação, é

considerado culpado.

Considere que a prestação de alimentos é recíproca entre

parentes, conforme a lei determina. Fica assim, evidenciada que da mesma forma

que há o direito de exigi-la, há o direito de prestá-la. Não se exclui da obrigação

alimentícia os parentes decorrentes de vínculos havido fora do matrimônio48.

Segundo ainda entendimento de Venosa49: “A obrigação

alimentar é recíproca entre pais e filhos, extensivo a todos os ascendentes. Nota-

se que existindo vários parentes do mesmo grau, em condições alimentar, não

existe solidariedade entre eles”.

47 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. ( Lei nº 10.406, de 10.01.2002) 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 747. 48 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. 27 ed. atual. Por Francisco José Cahali, com anotações ao novo Código Civil ( Lei nº 10.406, de 10.01.2002). São Paulo: Saraiva, 2002. v.6. p. 422. 49 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. v. 6. p. 382.

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21

Registra ainda Covello50:

A ação de alimentos tanto pode ser ajuizada pelo próprio credor de

alimentos, sujeito ativo de a obrigação alimentar, como pelo seu

representante legal, ou, ainda, pelo Ministério Público. Na primeira

hipótese, deve o credor ser maior de idade ou emancipado e estar

em pleno gozo de seus direitos: “Toda pessoa que se acha no

exercício dos seus direitos – reza o art. 7º do CPC – tem

capacidade para estar em juiz.

Há de se considerar que a obrigação alimentar é divisível,

podendo cada uma das partes participar de parcela compatível e com valor

adequado ao alimentando, havendo, pois, falta de ascendentes, recairá sobre os

descendentes em ordem de sucessão, como os irmãos, unilaterais. No antigo

Código Civil (art. 1697 CC 1916) a ação poderia ser movida contra um só dos

parentes do mesmo grau, sem que o mesmo pudesse se defender, informando

outro com melhores condições que as suas, com isso ficava prejudicado o

alimentando, pois poderia correr o risco de pensão inferior às suas necessidades.

O Código Civil em seu artigo 1.698 veio esclarecer essas

dúvidas:

Art.1.698 Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não

estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão

chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as

pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na

proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma

delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.

Porém, esta inovação, traz algumas contrariedades relativas

a alimentos.

50 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência, Legislação.São Paulo: Universitária de Direito, 1992.p. 26

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22

Para Cahali51, “contraria o espírito cada vez mais acentuado

de se buscar soluções rápidas aos processos, evitando turbulências nos

procedimentos, especialmente diante do caráter alimentar da pretensão”.

Desta forma, verifica-se que atende ao Princípio da

Divisibilidade da obrigação alimentícia, pois todos podem ser chamados a lide,

desde que seguindo a linha natural determinada por lei.

No próximo Capítulo, será abordado o tema específico sobre

a União Estável, incluindo sua evolução, natureza, características e outros

elementos considerados indispensáveis ao reconhecimento desta forma de união

como entidade familiar.

51 CAHALI, Francisco José & PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Alimentos no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 230.

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23

CAPÍTULO 2

DA UNIÃO ESTÁVEL

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA UNIÃO ESTÁVEL NO DIREITO BRASILEIRO

Com o intuito de proteger a instituição do casamento, o

legislador repudiou todo e qualquer vínculo afetivo que houvesse fora do

matrimônio, porém, nem, por isso, ele deixou de ocorrer.

Ao abordar o tema referente à evolução histórica da união

estável, Viana52 expõe:

Como fato social, a união de pessoas de sexo diferente, fora do

matrimônio, é por demais antiga. No direito romano não era mera

união de fato, mas uma forma de união inferior ao casamento. Nela

se tinha a coabitação sem affectio maritalis de um cidadão com

uma mulher de baixa condição, como uma escrava ou uma liberta.

Por ela é que se uniam patrícios e plebeus, porque entre eles não

se permitia o matrimônio.

Ainda Viana53 acrescenta que:

(...) no antigo direito francês não apenas desconheceu seus efeitos

jurídicos como, sob a influência do direito canônico, adotou

medidas tendentes a combatê-las. Compreensível que o Código de

Napoleão tivesse silenciado a respeito. Como ele influenciou a

codificação moderna, entre ela o diploma civil brasileiro, tais uniões

sempre foram tidas como situação contrária à moral, sendo-lhes

negados efeitos jurídicos. Santo Agostinho admitiu o batismo da

concubina desde que ela se obrigasse a não deixar o companheiro.

Santo Hipólito, a seu turno, negava o matrimônio a quem o

52 VIANA, Marco Aurélio S..Da União Estável. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 3.

53 VIANA, Marco Aurélio S..Da União Estável. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 3.

Page 37: dissolucao da uniao estavel.pdf

24

solicitasse para abandonar sua concubina, abrindo exceção quando

ela o houvesse traído.

As uniões surgidas, sem o elo casamento, eram identificados

com o nome de concubinato, e conforme foram ocorrendo situações, como,

separação ou morte de um dos companheiros, começaram então a surgir as

demandas no Judiciário.

Neste ponto Dias54 entende que:

(...) vínculos afetivos fora do casamento sempre existiram, apesar

do nítido repúdio do legislador a essas uniões. O Código Civil de

1916, com o propósito de proteger a família constituída pelo

casamento, omitiu-se em regular as relações extramatrimoniais.

Mas foi além. Restou por puni-las, vedando doações, instituição de

seguro e a possibilidade de a concubina ser beneficiada por

testamento. As uniões, surgidas à margem do matrimônio, eram

identificadas como nome de concubinato.

As relações chamadas de concubinato, ou seja, a união entre

homem e mulher, sem casamento, sofriam restrições no Código Civil de 1916, de

forma punitiva a essas relações não permitindo que houvesse doações, nem

benefícios testamentários do homem casado à concubina, tão pouco, a inclusão

da mesma como beneficiária em caso de contrato de seguro de vida, colocando-a

em uma condição inferior

Em razão de várias situações surgidas pela separação ou

morte de um dos cônjuges, o Poder Judiciário se viu obrigado a solucionar os

conflitos advindos de tais uniões, quando então as relações extra matrimoniais

começaram a ser aceitas e Constituição Federal de 1988, deu uma nova

dimensão a concepção de família e, com isso, passou a ser chamado de entidade

familiar, albergando outras formas de relacionamentos além dos previstos pelos

laços do casamento.

54 DIAS, Maria Berenice. Direito de família e o Novo Código Civil. 4 ed.rev.atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.p. 161.

Page 38: dissolucao da uniao estavel.pdf

25

Desta forma, Dias55 , nos diz que:

(...) Emprestou juridicidade aos enlaces extra matrimoniais até

então marginalizados pela lei. Assim, o concubinato foi colocado

sob um regime de absoluta legalidade. As uniões de fato entre um

homem e uma mulher foram reconhecidas como entidade familiar

com o nome de união estável.

Mas foi em 1996, que surgiu a Lei nº 9.278, que

regulamentou a União Estável, para que não existam abusos entre os

companheiros, devendo ser livre na convivência.

Foi então reconhecido a convivência através da União

Estável, com o propósito de que se venha estabelecer uma vida em comum,

devendo ter as mesmas características do casamento e as mesmas obrigações

que dele derivam.

2.1.1 A união estável antes da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988

A União Estável antes da Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 era regulamentada pela Súmula 380 do Supremo

Tribunal Federal.

Desta forma, Azevedo56 assinala que “ (...) as constituições

anteriores, como já demonstrado, pautaram seus textos no sentido de proteger a

família constituída sob casamento civil, silenciando sobre a proteção da família de

fato”.

Procedendo a análise da União Estável antes da

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Viana57 leciona que:

55 DIAS, Maria Berenice. Direito de família e o Novo Código Civil. 4 ed.rev.atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.p. 162. 56 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da Família de Fato: de acordo com o novo código civil, Lei nº. 10.406, de 10-01-2002. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 267. 57 VIANA, Marco Aurélio S..Da União Estável. São Paulo: Saraiva, 1999.p. 11.

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26

O art. 1.177 proíbe a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice;

o art. 248, IV, legitima a mulher casada para reivindicar os bens

comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo marido à

concubina, legitimidade que alcança os herdeiros necessários (art.

178, §7º, VI). Se a liberalidade envolver dinheiro, como qual a

concubina adquiriu bem imóvel, só o numerário pode ser reclamado

e não a coisa adquirida com ele (RF, 132:431; RT, 144:315,

172:548, 200:656 e 269:219); o art. 1.474 proíbe a instituição de

concubina como beneficiária do contrato de seguro de vida. A

proibição desaparece se o amante não for casado ou separado de

fato (RT, 467:135 e 409:351); o artigo 1.719 impede que a

concubina seja nomeada herdeira ou legatária do testador casado,

ou o concubino de testadora casada.

Abordando ainda o tema, Viana58 se posiciona ao dizer que:

O Decreto-lei n. 4.737, de 24 de setembro de 1942, admitiu efeitos

ao concubinato quando permitiu o reconhecimento dos filhos

naturais após o desquite. Posteriormente, a Lei n. 883, de 24 de

outubro de 1949, ampliou as hipóteses de reconhecimento,

permitindo-o em qualquer caso de dissolução da sociedade

conjugal. A Lei n. 6.515/77, no art. 51, estatuiu o reconhecimento

durante a vigência da sociedade conjugal, desde que se fizesse por

intermédio de testamento cerrado, aprovado antes ou depois do

nascimento do filho, e, nessa parte, irrevogável.

Foi considerado que havendo impedimento legal para o

casamento, seja ele de que parte procedia este impedimento, caso houvesse

provado que as partes conviviam há mais de cinco anos ou que deste convívio

advia-se filhos, poderia a concubina vir a utilizar o nome do companheiro59 .

Com a evolução dos costumes, foram então as relações

extramatrimoniais recebendo a aceitação da sociedade, e a existência de uma

58 VIANA, Marco Aurélio S..Da União Estável. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 11. 59 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 171.

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27

sociedade de fato, porém, havia ainda, vários fatores a ser definidos, como:

provas a convivência, prova de contribuição financeira efetiva de cada convivente,

entendendo esta relação como uma sociedade, ou seja, os conviventes seriam

sócios.

No dizer de Menezes60 :

A jurisprudência chegou mesmo a estabelecer formas criativas de

repartição patrimonial, dando relevo ao trabalho do lar, presumindo

nos estratos de baixa renda a contribuição da mulher, a comunhão

de interesses e de esforços. Todavia, nada mais se cogitava

conceder, nem alimentos, nem direitos sucessórios.

Como anota Edgard de Moura Bittencourt61:

união livre e concubinato são idéias semelhantes, abrangendo uma

e outra a relação entre homem e mulher fora do matrimônio, por ser

expressões de mero estilo nobre para a união livre, e menos nobre

para o concubinato.

Nesta ótica, e em decorrência evolutiva da sociedade e das

relações houve a necessidade de reconhecer a União Estável como forma de

constituição de família.

Foi longa a escalada para o reconhecimento legal da União

Estável pelo direito pátrio, contudo o legislador constituinte inseriu no texto

constitucional o reconhecimento da união estável, entre homem e mulher, como

entidade familiar.

60 MENEZES, Carlos Alberto. Apud DIAS, Maria Berenice. In: Manual de Direito das Famílias. p. 145. 61 BITTENCOURT, Edgard de Moura. Familia. Rio de Janeiro: Alba, 1985. p. 3.

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28

2.1.2 A união estável depois da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988 e as Leis 8.971/94 e 9.278/96

No direito de família, a Constituição da República Federativa

do Brasil de 1988 introduziu alterações profundas, dentro das significativas

alterações, foi reconhecida a igualdade de direitos entre os cônjuges.

Ao abordar o tema, Azevedo62 entende que:

(...) o certo é que a Constituição Federal vigente, de 5 de outubro

de 1988, trouxe várias inovações ao Direito de Família brasileiro,

entre as quais, pelo § 3º de seu art. 226, o reconhecimento do

concubinato puro, não adulterino nem incestuoso, como forma de

constituição de família, como instituto, portanto, do Direito de

Família. Todavia, a atual união estável é o concubinato puro (não

adulterino e não incestuoso).

Assim estabelece o artigo 226 § 3° da Constituição Federal:

Art. 226 A família, base da sociedade, tem especial proteção do

Estado:

(..)

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união

estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo

a lei facilitar sua conversão em casamento.

Desta forma, a união estável é reconhecida como entidade

familiar, recebendo o amparo do Estado quando necessário.

Para Dias63

62 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da Família de Fato: de acordo com o novo Código Civil, Lei nº 10.406, de 10.01.2002: ed.São Paulo : Atlas, 2002. p. 367/391. 63 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.p. 163

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29

A Constituição ao garantir especial proteção à família, citou

algumas entidades familiares – as mais freqüentes – mas não as

desigualou. Limitou-se a elencá-las, não lhes dispensando

tratamento diferenciado. O fato de mencionar primeiro o

casamento, depois a união estável e após a família monoparental,

não significa qualquer preferência e nem revela escala de

prioridade entre elas.

A Lei nº. 8.971, de 29 de dezembro de 1994, foi a primeira

regulamentação da norma constitucional que trata da união estável, já a lei n.

9.278, de 10 de maio de 1996, omitiu os requisitos de natureza pessoal, com

tempo mínimo de convivência e existência de prole.

Esta mesma lei veio como forma de assegurar o direito a

alimentos, contudo, ainda, com certo preconceito, pois, apenas, considera união

estável como sendo a união acontecida entre pessoas solteiras, judicialmente

separadas, divorciadas ou viúvas, deixando de fora, os separados de fato e,

estipulou que o reconhecimento desta união, só procederia após a comprovação

de cinco anos de união, ou das quais houvesse prole. Assegurou ainda, o

usufruto sobre parte dos bens deixados pelo de cujus, incluindo-o também como

herdeiro legítimo64.

Entende Azevedo65 que,” (...) houve por bem, ainda, o

legislador constituinte substituir a palavra concubinato pela expressão união

estável, para inaugurar nova era de compreensão aos conviventes, respeitando

seus direitos e sua sociedade de fato, que sempre existiu”.

Sobre o tema, Viana66 assim expõe: “Foram editadas duas

leis tendo por objeto a união estável: a Lei nº. 8.971, de 29 de dezembro de 1994,

64 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 146. 65 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da Família de Fato: de acordo com o novo Código Civil, Lei nº 10.406, de 10.01.2002: ed.São Paulo : Atlas, 2002.p. 267. 66 VIANA, Marco Aurélio S..Da União Estável. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 16.

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30

dispondo a respeito dos direitos dos companheiros a alimentos e à sucessão, e a

Lei nº. 9.278, de 10 de maio de 1996”.

Destaca ainda Pereira67que :

A Lei nº. 9.278/96, como se lê de seu enunciado foi editado para

regular o §3º do artigo 226 da Constituição Federal, onde

expressamente se reconheceu, como entidade familiar, a união

estável entre homem e a mulher. Em seu artigo 1º, propôs-se a Lei

nº. 9.278/96 a definir a entidade familiar, oriunda de união estável,

como “a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem

e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de

família”.

A respeito da Lei nº. 9.278/96 Pereira68 leciona

No que diz respeito à assistência moral, há de se entender que a lei

quis preconizar, como obrigação, o dever de atendimento de um

parceiro ao outro em termos de apoio moral que pode ser

necessário; por exemplo, na doença, nas vicissitudes da vida, em

momento de grande sofrimento pessoal.

Ainda, Pereira69 diz que:

A assistência material é o mesmo que a obrigação de sustento, que

o legislador quis reconhecer existente entre os conviventes, na

constância da união estável, cujo cumprimento, registre-se, há de

estar, naturalmente, condicionado às reais necessidades do

companheiro privado de recursos para a própria subsistência. Os

companheiros não são parentes. Assim, não podem, naturalmente,

reclamar alimentos, com a invocação de direito de sangue. Por

67 PEREIRA, Áurea Pimentel. Alimentos no Direito de Família e no Direito dos Companheiros. Rio de Janeiro: Renovar, 1998. p. 132. 68 PEREIRA, Áurea Pimentel. Alimentos no Direito de Família e no Direito dos Companheiros. Rio de Janeiro: Renovar, 1998. p. 142.

69 PEREIRA, Áurea Pimentel. Alimentos no Direito de Família e no Direito dos Companheiros. Rio de Janeiro: Renovar, 1998. p. 142.

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31

outro lado, não há entre os mesmo qualquer relação jurídica,

porque não estão ligados ao vínculo do casamento.

Referendando a Lei nº 9.278/1996, está sim, veio com uma

visão mais ampla, pois reconhece a união estável independente de prazo de

convivência, desde que haja convivência duradoura, pública e contínua e com

objetivo de constituição de família. Ainda, prevendo e reconhecendo a assistência

material, prestadas por um dos conviventes ou ao que necessitar, a título de

alimentos.

Existem famílias constituídas fora do matrimônio, este fato

social foi reconhecido por nossos legisladores, mas o casamento continua sendo

instituto básico de nossa sociedade.

2.1.3 A união estável e o Código Civil de 2002

No entendimento de Gonçalves70 :

O novo Código Civil fez significativa mudança, inserindo o título

referente à união estável no Livro de Família e incorporando, em

cinco artigos, os princípios básicos das Leis n. 8.971/94 e 9.278/96.

Tratou, nesses artigos, dos aspectos pessoais e patrimoniais,

deixando para o direito das sucessões o efeito patrimonial

sucessório. Em face da equiparação do referido instituto ao

casamento, aplicam-se-lhe os mesmos princípios e normas

atinentes a alimentos entre os cônjuges.

Na verdade, o fato jurídico que nasce com o nome de união

estável, esta evoluindo, mesmo sendo a união estável como uma relação não

instituída, a medida que vai sendo regulamentada vai desenhando os mesmos

contornos de um casamento, visto que, tem por base a união matrimonializada.

Considere que, apesar de não querer intervenções, vem deixando de ser apenas

70 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo : Saraiva, 2005. v. VI. p. 157.

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32

uma união livre para estar as voltas com as regras impostas pelo Estado, como

forma de legitimá-la e proteger a parte mais frágil.

Acerca do assunto, Oliveira71 nos diz: que:

Sempre entendemos que não havia dever alimentar entre

concubinos ou mesmo decorrente da união estável, por força do

referido mandamento constitucional, em virtude da ausência de

norma que estabelecesse expressamente tal dever entre aqueles

que viviam em união estável, à semelhança do que acontece no

casamento, em que o dever alimentar entre os cônjuges tem sede

no inciso III do art. 231 do Código Civil.

Na verdade, a Constituição da República Federativa do

Brasil, ao dizer que “a união estável entre homem e a mulher como entidade

familiar” merece a proteção do Estado, não criou instituto diverso do concubinato.

Não é impressionar a nova nomenclatura “união estável” no lugar de

“concubinato”. O fenômeno de alterar, ou usar vocábulos no lugar de outros, por

preceito ou pudor do legislador, é tradição do Direito pátrio72.

O Código Civil inseriu a união estável em seu último

capítulo, no de direito das famílias, pois entende que esta união só foi

reconhecida quando estava em elaboração. Alguns doutrinadores entendem que

esta a união estável tão distante do capítulo do casamento é de certa forma, uma

visível resistência em comparar e reconhecê-la como tal, ou seja, uma entidade

familiar de fato.

Neste pensamento, Dias73 esclarece que “(...)apesar do

desdém do legislador, inexiste hierarquia entre os dois institutos. O texto

constitucional lhes confere a especial proteção do Estado, sendo ambos fontes

71 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79.

72 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79. 73 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 147.

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33

geradoras de família de mesmo valor jurídico, sem qualquer adjetivação

discriminatória”.

O atual Código Civil disciplina nos artigos 1.723 e 1.724 o

reconhecimento da união estável e também as relações pessoais entre os

conviventes.

Art. 1.723 É reconhecida como entidade familiar a união estável

entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,

contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição

de família.

Art. 1.724 As relações pessoais entre os companheiros obedecerão

aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda,

sustento e educação dos filhos.

Percebe-se assim que embora a união estável não seja uma

união civil como o casamento, tem o mesmo fim, ou seja, a constituição de uma

família sendo assim, deve obedecer aos deveres inerentes a instituição do

casamento.

2.2 CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO

Com a evolução da sociedade e seus costumes, houve em

primeiro momento o casamento religioso, e hoje formalizado o de natureza civil, e

ainda existem os casos de uniões informais.

Neste entendimento, Santos74 conceitua união estável

como sendo:

A convivência estável e séria entre um homem e uma mulher,

sem que nenhum deles seja ligado por um vínculo precedente

matrimonial, é um fenômeno social, antes de jurídico, que não pode 74 SANTOS, Frederico Augusto de Oliveira. Alimentos Decorrentes da União Estável. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. p. 15.

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34

certamente incorrer nas qualificações de ilicitude ou ilegitimidade,

pondo em risco os fundamentos de ordem pública sobre os quais o

casamento se assenta.

Ainda nos esclarece Welter75:

Para que haja união estável é necessário cumprir os deveres

exigidos pelo casamento, listados no artigo 231 do Código Civil:

fidelidade recíproca; vida em comum; no domicílio conjugal; mútua

assistência; sustento, guarda e educação dos filhos, porque

somente assim haverá a igualdade de tratamento ditada pelo

parágrafo terceiro do artigo 226 da Constituição Federal e pelas

Leis nº.s 8.971/94 e 9.278/96 e, agora pelo Projeto de Lei nº.

2.686/96, denominado Estatuto da União Estável.

Para Varjão76 a união estável “Em sentido amplo designa

toda e qualquer união sexual livre entre o homem e a mulher. Em sentido estrito é

a união more uxório, isto é, como se fossem casados, do homem com a mulher”.

Para Dias77 “(...) a união estável nasce da consolidação do

vínculo de convivência, do comprometimento mútuo, do entrelaçamento de vidas

e do embaralhar de patrimônios”.

Para Viana78, “(...) o vocábulo concubinato teve sempre largo

uso no Brasil, mas não se pode negar que não se limitava a indicar uma forma de

vida, por que, no uso popular, acabou por merecer uma abordagem pejorativa,

também, a relação furtiva, passageira, sem lastro de estabilidade”.

75 WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos na União Estável. 2.ed. Porto Alegre: Síntese, 1998.p. 21. 76 VARJÃO, Luiz Augusto Gomes. União Estável: Requisitos e Efeitos. São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999. p. 41.

77 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 148.

78 VIANA, Marco Aurélio S..Da União Estável. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 19.

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35

Ainda sobre o tema, Welter79, nos diz que “(...)no

concubinato, não há o propósito de formar uma família, mas, sim, a ligação entre

um homem e uma mulher com a finalidade de simples relacionamento sexual, ou,

ainda, a união entre homossexuais”.

A nova legislação classificou os termos concubinato e

concubinos como sendo uma relação de segunda classe, ou aquela em que há

impedimentos para o casamento, conforme se observa no novo Código Civil, art.

1727:

Art. 1.727 As relações não eventuais entre o homem e a mulher,

impedidos de casar, constituem concubinato.

O concubinato é uma união de fato, livre, por que não é

submetida à disciplina da lei para sua constituição.

2.3 CONCEITO DE FAMÍLIA E ENTIDADE FAMILIAR

A Constituição Federal de 1988 considerou a União Estável

como entidade familiar, estendendo-lhe a mesma proteção assegurada pelo

Estado, a família.

Para Pessoa80:

(...) a família, na expressão de Santo Tomás, pode ser definida

como “um grupo de pessoas que se entreajudam diariamente,

fazendo face, unidas, às necessidades correntes da visa, comendo

à mesma mesa e aquecendo-se à mesma lareira”. O conceito de

família é mais sociológico do que propriamente jurídico: a própria

entidade familiar, aliás, modifica-se o decorrer do tempo e em

função dos meios sociais nos quais observada.

79 WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos na União Estável. 2.ed. Porto Alegre: Síntese, 1998. p. 22.

80 PESSOA, Claudia Grieco Tabosa. Efeitos Patrimoniais do Concubinato. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 3.

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36

Na visão de Oliveira81 em sentido amplo, “(...) entende-se por

família, ou entidade familiar, o agrupamento humano proveniente de um mesmo

ancestral, ou seja, os pais e todas as pessoas ligadas pelo vínculo da

consangüinidade ou da afinidade, em face das relações de parentesco”.

Ainda nos posiciona Pereira82, ao dizer que

(...) idéia tradicional de família, para o Direito brasileiro, é de que

ela se constitui de pais e filhos unidos a partir de um casamento

regulado pelo Estado. Mas a partir de 1988, a Constituição Federal

ampliou esse conceito, reconhecendo “como entidade familiar a

comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”,

bem como a união estável entre homem e mulher.

Hoje, este conceito gera dois sentidos, podemos dizer que

família pode ser um conjunto de pessoas que descendem de um mesmo tronco.

Ainda, podemos dizer que família é um conceito estritamente ligado ao casal e

filhos. Na verdade, o conceito legal de família é mais amplo, pois existe a família

que não necessariamente deriva do matrimônio.

A família é considerada fundamental em nossa sociedade,

por sua importância na formação de indivíduos.

2.4 CARACTERÍSTICAS DA UNIÃO ESTÁVEL

Há que se existir uma sucessão de fatos, tempo de

convivência, envolvimento, publicidade, para que se possa caracterizar uma

União Estável; não podendo admitir que a mesma surja simplesmente, quando

um homem e uma mulher passam a viver juntos.

Neste entendimento Dias83, expõe que :

81 OLIVEIRA, Euclides Benedito de. União Estável: Do concubinato ao casamento – antes e depois do novo Código Civil. 6 ed.atual.e ampl. São Paulo : Método, 2003. p. 27.

82 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e União Estável. 6.ed., rev., atual. e ampl. Belo Horizonte : Del Rey, 2001. p. 07.

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37

(...) a lei não imprime à união estável contornos precisos, limitando-

se a elencar suas características (1.723): convivência pública,

contínua e duradoura estabelecida com o objetivo de constituição

de família. Preocupa-se o legislador em identificar a relação pela

presença de elementos de ordem objetiva, ainda que o essencial

seja a existência de um vínculo de afetividade, ou seja, o desejo de

constituir família.

Devemos considerar que um dos requisitos para caracterizar

a união estável é torná-la pública e notória.

Dias84 ainda nos diz que “(...)a publicidade denota a

notoriedade da relação no meio social freqüentado pelos companheiros,

objetivando afastar da definição de entidade familiar as relações menos

compromissadas, nas quais os envolvidos não assumem perante a sociedade a

condição “(...)como se casados fossem”.

Entende Gonçalves85 que “(...)uma das características da

união estável é a ausência de formalismo para a sua constituição. A união estável

independe de qualquer solenidade, bastando o fato da vida em comum”.

Podemos dizer que a união estável se inicia quando os

companheiros resolvem partilhar a convivência, como se casados fossem,

embasados na conduta, afinidade, afeição. Fazendo com que tenha

características similares ao do casamento.

Para Oliveira86, são características da União Estável:

Diversidade de sexos: o mandamento constitucional exige,

para a união estável, que a coabitação se dê entre pessoas de sexos diferentes, 83 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. . Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 167.

84 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. . Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 150.

85 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo : Saraiva, 2005. v.VI p. 539.

86 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001.p 84.

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38

isto é, entre homem e mulher, não tendo amparo constitucional a união estável

entre homossexuais.

Qualificação dos conviventes: questão tormentosa é saber

se, diante da omissão da lei nº. 9.278/96 sobre a qualificação dos conviventes,

ainda subsiste a exigência do art. 1º da Lei nº 8.971/94 de que os companheiros

sejam solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos87.

Coabitação: com essa característica, exige-se que os

conviventes morem sob o mesmo teto, mantendo vida como se casados fossem.

É necessário que os conviventes tenham o mesmo domicilio88.

Estabilidade: não havia prazo mínimo de coabitação, para

que a jurisprudência pátria considerasse o relacionamento entre um homem e

uma mulher como concubinato. Entretanto, a Lei nº. 8.971/94, ao estabelecer o

direito alimentar entre os companheiros, passou a exigir que a convivência entre

os companheiros fosse de mais de cinco anos, ou dela adviesse prole89.

Publicidade: no concubinato qualificado, os concubinos, tais

quais os esposos, não escondem seu relacionamento da sociedade em que

vivem; pelo contrário, freqüentam-na, ostentando sua situação fática, como

marido e mulher90.

Fidelidade: o inciso I do art. 231 do CC estabelece como

dever de ambos os cônjuges a fidelidade recíproca. A união estável, que procura

87 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79. 88 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79. 89 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79. 90 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79.

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39

em tudo imitar o casamento, também tem como característica a fidelidade dos

conviventes91.

Finalidade: o art. 1º da lei nº. 9.278/96 introduziu como

requisito para a caracterização da união estável como entidade familiar a

convivência duradoura, pública e contínua de um homem e uma mulher,

estabelecida como objetivo de constituição de família. É o elemento subjetivo da

união estável. Além dos elementos objetivamente constatados, deve-se

demonstrar que os conviventes tinham a intenção de constituir uma família92.

Affectio societatis: essa característica, importada do Direito

Comercial, é conceituada pela Enciclopédia Saraiva do Direito como “disposição

do sócio em construir e manter sociedade”. Elemento subjetivo essencial na

formação e na existência da sociedade. Transpondo esse conceito para as

relações entre os conviventes, diríamos que é a intenção destes em criar uma

sociedade de fato nos moldes do casamento, inclusive com a construção de um

patrimônio comum, que no que diz respeito ao patrimônio passivo, quer ao ativo93.

Ao abordar o tema Viana94 salienta:

Que em qualificação a relação, melhor será falar em convivência

notória e estável, vocábulos esses já de utilização mais corrente na

doutrina. O vocábulo pública, como vimos no item anterior, se

tomado na sua acepção semântica extrema, não expressa o

pensamento jurídico a esse respeito. O que se pretende dizer é que

a união deve ser conhecida no meio social em que vivem os

conviventes.

Leciona Welter95 :

91 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79. 92 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79. 93 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 79. 94 VIANA, Marco Aurélio S..Da União Estável. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 28.

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40

Para que os companheiros possam postular alimentos, a união

estável deverá atender às mesmas exigências do casamento, ou

seja, os companheiros deverão cumprir os deveres listados nos

quatro incisos do artigo 231 do Código Civil, até por que assim o

exigem o artigo 2º da Lei n. 9.278/96 e o Projeto de Lei n. 2.686/96

(Estatuto da União Estável).

Na União Estável, configura-se comunhão de um homem e

uma mulher, semelhante ao casamento, com envolvimento moral e material.

Mesmo tendo a Constituição Federal um posicionamento

reconhecendo a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,

ela só admite o casamento entre pessoas de sexos diferentes.

No último capítulo abordar-se-à o dever de prestar alimentos

na união estável, estudando para tanto as diversas modalidades de culpa, bem

como as características a elas inerentes.

95 WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos na União Estável. 2. ed. Porto Alegre: Síntese, 1998. p. 40.

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CAPÍTULO 3

ALIMENTOS NA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

3.1 DIREITOS E DEVERES DOS COMPANHEIROS

O legislador ao equiparar os direitos da união estável aos do

casamento, fez com que regras de direitos e deveres também fossem aplicadas à

uniões livres, assegurando alguns direitos recíprocos entre os companheiros.

Ao abordar o tema Dias96 expõe:

Falar em direitos e deveres na união estável sempre acaba levando

a um cotejo com os direitos e deveres previstos para o casamento.

Ambas são entidades merecedoras da mesma e especial tutela do

Estado. Porém, chama a atenção o fato de inexistir paralelismo

entre os direitos assegurados e os deveres impostos a cada uma

das entidades familiares.

No tocante aos deveres de lealdade, respeito e assistência

mútua, entre os companheiros, o Código Civil, trata da matéria em seu artigo

1.724, que estabelece:

Art. 1.724 As relações pessoais entre os companheiros obedecerão

aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda,

sustento e educação dos filhos.

E os deveres do casamento estão previstos no artigo 1.566

do Código Civil:

Art. 1.566 São deveres de ambos os cônjuges:

96 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 171.

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42

I – fidelidade recíproca

II – vida em comum no domicílio conjugal

III – mútua assistência;

Com relação a guarda, sustento e educação dos filhos,

também incluídos no artigo 1.724 do Código Civil, denota-se que tanto na união

estável, quanto no casamento, as obrigações são as mesmas, não fazenda

qualquer diferenciação entre os dois institutos.

No entendimento de Gonçalves97:

O art. 1.724 do Código Civil regula as relações pessoais entre os

companheiros. Declara o aludido dispositivo: “As relações pessoais

entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade,

respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos

filhos”. Os três primeiros são direitos e deveres recíprocos, vindo

em seguida os de guarda, sustento e educação dos filhos. O dever

de fidelidade recíproca está implícito nos de lealdade e respeito.

Na linha de direitos e deveres, Gonçalves98 entende que:

“(...) ainda terá o companheiro (a), além da partilha dos bens comuns, o direito a

alimentos, desde que comprove suas necessidades e possibilidades do parceiro,

equiparando assim os direitos dos companheiros, dos parentes e dos cônjuges”.

3.2 DEVER DE ASSISTÊNCIA MÚTUA

O dever de assistência mútua estende-se a identificação de

interesse, esforços, patrimônio e atendimento em todas as necessidades que a

vida possa vir a apresentar e, não somente ao simples ato de fornecer alimentos.

97 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2005. v. VI. p. 549.

98 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2005. v. VI. p. 552.

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43

Diniz99, afirma que a assistência mútua é o:

Dever que o consorte tem para com o outro, abrangendo, os

cuidados pessoais nas moléstias, o socorro nas desventuras, o apoio nas

adversidades e o auxílio constante nas vicissitudes da vida, sob pena de se ter

injúria grave, que pode originar a Ação de Separação Judicial.

O atual Código Civil assegura o direito a

alimentos, entre os companheiros, no artigo 1.694:

.Art. 1.694 Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros

pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver

de modo compatível com a sua condição social, inclusive para

atender às necessidades de sua educação.”

Sobre a assistência mútua Cahali100destaca :

Como é sabido sempre foi pacífica a aceitação do dever recíproco

na prestação de alimentos entre os cônjuges, decorrente da mútua

assistência que surge com o vínculo conjugal. Vale registrar,

acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em 31 de

maio de 1973, portanto anterior à Constituição Federal,

preconizadora da igualdade entre homem e a mulher:

Afirmar-se que o dever de prestar alimentos é só do marido não é

adequado, pois tal redução da expressão legal não encontra

sustentação no princípio jurídico da igualdade dos cônjuges. E

assentar-se a assistência da mulher à simples colaboração moral,

quando esta tem disponibilidades financeiras e o marido é

necessitado e incapaz para o trabalho, seria flagrantemente violar a

regra estenda da lei, que não contém tal restrição.

Ao abordar o tema Viana101 esclarece que: “(...) a mútua

assistência moral significa cuidados pessoais nas enfermidades, socorro na

99 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998. p.292 100 CAHALI, Francisco José & PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Alimentos no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 81.

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44

desventura, apoio na adversidade e o auxílio constante em todas as vicissitudes.

Cuida-se do apoio de natureza moral e espiritual”.

Para Pereira102, o direito de alimentos entre os

companheiros, restou positivado a partir da Lei nº 9.278/96, lembrando que:

Da obrigação alimentar na união estável, tratou o legislador – nos

incisos II e III do artigo 2º e no artigo 7º caput da Lei nº. 9.278/96,

quando então dispôs a respeito do dever de prestar alimentos entre

os conviventes e destes em relação aos filhos comuns, na vigência

de tal união e quando de sua rescisão.

Lendo as normas referidas, impõe-se desde logo, assinalar a

absoluta inutilidade da disposição contida no inciso III, do artigo 2º,

que atribui aos conviventes o dever de guarda, sustento e

educação dos filhos comuns.

Assim, tem-se que filhos nascidos do casamento

ou da união estável, enquanto forem menores, necessitados, inválidos, ou sem

condições de sustento próprio, são passíveis de alimentos, sem que seja possível

investigar as respectivas qualificações.

A Igualdade financeira dos conviventes: em

relação aos companheiros, o dever de mútua assistência deve ser encarado em

igualdade de condições entre os conviventes, não só pelo princípio da isonomia

entre os sexos, previsto no art. 5º, inciso I da Constituição da República, como

também pelo disposto no inciso II do art. 2º, da Lei nº. 9.278/96.

Com a equiparação da união estável ao

casamento, surgiu também o dever a prestação de assistência moral e material

em relação aos companheiros.

101 VIANA, Marco Aurélio S..Da União Estável. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 33. 102 PEREIRA, Áurea Pimentel. Alimentos no Direito de Família e no Direito dos Companheiros. Rio de Janeiro: Renovar, 1998. p. 141.

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45

3.3 CULPA NA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

Há uma tendência, em se abstrair a obrigação

alimentar do item culpa na dissolução da união estável, afinal, o dever alimentar

baseia-se na solidariedade dos conviventes e familiares.

No entendimento de Dias103 :

Tanto os companheiros, quanto os cônjuges e os parentes têm

direito de pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem (art.

1.694). Na separação judicial, o tema da culpa serve como

elemento para limitar o valor dos alimentos. Somente o inocente faz

jus à pensão alimentícia para viver de modo compatível com a sua

condição social. O cônjuge considerado culpado pela separação

tem direito a perceber pensão do outro somente para garantir a

própria subsistência, se não tiver aptidão para o trabalho ou

parentes em condições de assumir o encargo.

Ainda sobre o tema Gonçalves104 diz:

O cônjuge inocente e desprovido de recursos, todavia, terá o direito

a pensão, a ser paga pelo outro, fixada com obediência aos

critérios estabelecidos no aludido art. 1.694 e destinada, portanto, a

proporcionar-lhe um modo de vida compatível com sua condição

social, inclusive para atender às necessidades de sua educação, e

não apenas para suprir o indispensável à sua subsistência (art.

1.702).

Considerando que a união estável pode findar

sem a interferência judicial, não há de se falar em culpa, pois neste caso não há

sanções.

Neste sentido Gonçalves105 se posiciona :

103 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 176.

104 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2005. v.VI. p. 486.

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46

A dicção do art. 1.694 do Código Civil permite concluir que devem

ser aplicados aos alimentos devidos em conseqüência da

dissolução da união estável os mesmos princípios e regras

aplicáveis à separação judicial. Importante avanço trouxe o novo

diploma nesse assunto ao prever a fixação de alimentos na

dissolução litigiosa da sociedade conjugal mesmo em favor do

cônjuge declarado culpado, se deles vier a necessitar e não tiver

parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho,

limitando-se, todavia, a pensão ao indispensável à sobrevivência

deste.

Como se vê a culpa na dissolução das uniões não se traduz

em pressuposto para a fixação da obrigação alimentar, bastando que se

comprove a existência da união e as condições dos conviventes.

3.4 A CULPA RECÍPROCA

No tocante a culpa recíproca na dissolução da união e o

direito a alimentos, Rizzardo106, assim se posiciona:

Na culpa recíproca pela quebra do matrimônio, mais acentua-se a

obrigação alimentar com suporte no fundamento da necessidade e

solidariedade. Para reforçar a posição, observava-se o conteúdo do

art. 54 da Lei nº. 6.515: ”Revogam-se os arts. 315 a 328 e o § 1º do

art. 1.065 do Código Civil e as demais disposições em contrário”. E

o art. 320, um dos revogados, estabelecia: “No desquite judicial,

sendo a mulher inocente e pobre, prestar-lhe-á o marido a pensão

que o juiz fixar”. Entendeu-se que o afastamento deste ditame

assegurava à mulher o direito em pleitear sempre alimentos,

mesmo se declarada culpada no processo de separação.

105 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: direito de família. 8 ed.atual.de acordo com o novo Código Civil ( Lei nº 10.406, de 10.01.2002). São Paulo: Saraiva, 2005. v. 2.p. 144.

106 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família (Lei n. 10.406, de 10.01.2002). 3ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 774.

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47

Observa-se que se o companheiro que não tiver recursos

para suas necessidades básicas e sociais, terá direito sim a pensão de acordo

com os critérios do artigo 1.694 do Código Civil.

Em caráter ilustrativo segue ementa do acórdão proferido

pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais:

O fato de se dar a separação do casal por culpa recíproca não é o

bastante, por si só, para exonerar o cônjuge varão da pensão

alimentícia, já que a lei estabelece o princípio de ser ela devida

desde que a esposa necessite.107

No entendimento de Dias108 “(...) o relacionamento estável,

nada é perquirido a respeito da postura dos conviventes, e a única conclusão a

que se pode chegar é que não há a possibilidade de o encargo alimentar sofrer

limitações”.

Deve-se considerar que na União estável, a ação serve

somente como forma de identificar o tempo de vigência do relacionamento, pois

culpas ou responsabilidades não integram a ação. Necessário se faz para a

concessão de alimentos ao companheiro, pelo menos a prova de existência da

relação e a necessidade de pensionamento.

Desta forma, verifica-se que o fim de um relacionamento não

pode ser motivo a restringir os alimentos, pois não se limita o valor por culpa pela

situação de necessidade109.

107 BELO HORIZONTE. Tribunal de Justiça. Revista dos tribunais, São Paulo, n. 611, p. 190. 108 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p.419.

109 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p.420.

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48

3.5 CAUSAS DE EXCLUSÃO E DE EXTINÇÃO DO DEVER ALIMENTAR

ENTRE OS CONVIVENTES

3.5.1 Causas de exclusão do dever alimentar

Ao abordar o tema Oliveira110, destaca que:

Em relação aos alimentos decorrentes da união estável, incidem as

mesmas causas, tanto de exclusão, como de extinção do dever

alimentar. As primeiras impedem o deferimento de alimentos, já as

segundas, quando ocorrem, fazem com que se extinga o dever

alimentar até então cumprido.

Oliveira111, ainda expõe:

Observe-se que o dever de coabitação entre os conviventes está

previsto na lei. De fato, o art. 1º da Lei nº. 8.971/94 afirma que a

‘companheira comprovada de um homem, que com ele viva há

mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do

disposto na Lei nº. 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não

constituir nova união e desde que prove a necessidade”.

Dentre as prováveis causas de exclusão do dever alimentar,

está o abandono do lar conjugal, porém são divergentes os posicionamentos

doutrinários, considerando que a necessidade do companheiro devidamente

comprovada, influenciará na decisão.

Assim, se faz necessário que o abandono do lar, por parte

do outro companheiro, de forma voluntária, seja comprovado pelo devedor de

alimentos. Cabendo àquele que pretende alimentos, demonstrar que sua saída da

residência em comum, foi justificada, lembrando que se ambos possuem a

mesma condição financeira, não há dever alimentar entre os companheiros.

110 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 167.

111 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001.p. 167.

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49

3.5.2 Causas de extinção do dever de alimentar

O dever de alimentar entre os conviventes, restou

normatizado, conforme já citado anteriormente, porém existem algumas situações

que podem levar à extinção da obrigação e neste sentido Rizzardo112, ensina:

Relativamente à exoneração, ocorre quando a pensão é cancelada,

especialmente por não ser exercido o direito a alimentos, e se

advém total impossibilidade em prestar alimentos. É o caso quando

a mulher ou qualquer outro alimentando simplesmente deixa de

exigir o cumprimento da obrigação. Extinção e exoneração na

prática se equivalem. No sentido jurídico, este último termo tem

maior emprego quando há a impossibilidade econômica em dar

alimentos, ou desaparece a necessidade de recebê-los.

Abordando o assunto Oliveira113 dispõe sobre extinção do

dever alimentar entre os conviventes:

a) Morte do alimentante: a obrigação alimentar é

personalíssima, por isso que com a morte do devedor dos

alimentos a obrigação se extingue.

b) Comportamento sexual irregular: A simples liberdade do

exercício sexual por parte do credor dos alimentos não é

causa de exoneração dos alimentos.

c) Gravidez da credora dos alimentos: qualquer dos cônjuges,

após a separação judicial, quer litigiosa, quer consensual, tem

o direito do exercício de sua liberdade sexual.

d) Concubinato do cônjuge credor: o concubinato, em sentido

amplo, é a união entre pessoas de sexos diferentes, que

apresentem um relacionamento sexual, com certa

continuidade e notoriedade, mantendo fidelidade recíproca.

Diverso deste conceito é o do concubinato qualificado (união

112 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família (Lei n. 10.406, de 10.01.2002). ). 3ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 813.

113 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001.p. 25.

Page 63: dissolucao da uniao estavel.pdf

50

estável), que exige comunhão de vida sob o mesmo teto, com

assistência mútua, além das relações sexuais, e da fidelidade

recíproca entre um homem e uma mulher.

e) Novo casamento do cônjuge credor: a razão da extinção do dever alimentar decorrente de novo casamento do credor está

no impedimento do vínculo do casamento entre o credor e o

devedor, e na constituição de novo vínculo de casamento, em

que deve ser obtida a mútua assistência.

f) Mudança de fortuna: se a credora por alimentos consegue trabalho honesto que lhe permita viver condignamente, pode o

marido devedor pedir com êxito a exoneração da obrigação.

Em caráter ilustrativo segue acórdão citado por Jader

Mauricio Brum do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em que foi relator

Desembargador Correa de Marins, em relação aos alimentos entre cônjuges:

A mulher divorciada não pode ter direito à pensão alimentícia do ex-

marido, quando, mesmo após a separação do casal, relaciona-se

amorosamente com outro homem, deixando, assim, sua conduta a

desejar. E, se o relacionamento é sério, posto que dele foi gerado

um filho, não há necessidade de se provar o concubinato114.

Assim, tem-se que a extinção da obrigação alimentar poderá

ocorrer em várias situações, nas quais o companheiro credor de alimentos,

deverá dar causa à extinção e o devedor provar os motivos ensejadores da

extinção de sua obrigação, lembrando que entre os companheiros não há dever

de alimentar, sem a prova da necessidade de quem pede e a possibilidade de

quem paga.

114 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 114.

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51

3.6 POSSIBILIDADE DE RENÚNCIA E DISPENSA DOS ALIMENTOS ENTRE

OS CONVIVENTES

É vedado ao credor renunciar ao direito dos alimentos,

podendo dispensá-lo através de mera liberalidade entre os conviventes.

Renúncia é abrir mão do direito aos alimentos, dispensar é não exercer o direito

aos alimentos.

Azevedo115 leciona:

Havia ainda os que entendiam que essa renúncia a direito alimentar

é inadmissível, a não ser que a mulher fosse proprietária de bens

suficientes a sua manutenção; ou que venha a conduzir-se de

modo imoral ou a viver em concubinato posterior; ou que viesse a

solicitar esse pensionamento muito tempo após sua normal

exigibilidade.

É possível hoje, acordar em relação à dissolução da união

estável, no tocante aos bens, a guarda e visitação dos filhos e o direito a pensão.

Para tanto, é importante diferenciar a renúncia e a dispensa dos alimentos.

Tem-se que renúncia é abrir mão dos direitos a alimentos e

dispensar é não exercer esse direito. A renúncia é definitiva, na dispensa o

caráter é provisório, bastante apenas a necessidade dos alimentos para ingressar

com a ação competente.

Mais uma vez, em caráter ilustrativo, referente admissão da

renúncia entre os cônjuges, cita-se a seguinte ementa:

Civil. Alimentos. Separação judicial. Renúncia. È válida e eficaz a

cláusula de renúncia a alimentos, em separação judicial, não

115 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da Família de Fato: de acordo com o novo código civil, Lei nº. 10.406, de 10-01-2002. 2 ed.São Paulo: Atlas, 2002.p. 292.

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52

podendo o cônjuge renunciante voltar a pleitear seja pensionado 116.

Ao abordar o tema Oliveira117 leciona:

[...] há de se fazer a diferença entre renúncia e dispensa dos

alimentos pelo cônjuge. A primeira questão se coloca é saber se

pode efetivamente o cônjuge renunciar ou dispensar os alimentos

em separação consensual. A princípio, alguns autores e a

jurisprudência entenderam que não era possível a renúncia, e

mesmo a dispensa, dos alimentos por parte do cônjuge, por se

tratar de direito irrenunciável.

Em sentido contrário:

No acordo de desquite (separação) não se admite renúncia

aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, verificados os

pressupostos legais”, adota a tese da possibilidade de a alimentanda renunciar

aos alimentos porque, “tendo-os dispensado, não pode pleiteá-los a qualquer

tempo, ainda que mude sua situação econômica, já que haveria insegurança para

o ex-marido118”.

Welter119 ainda complementa que:

(...) separando-se de outro, voltar a pleitear pensão do primitivo

marido, como se este tivesse obrigação de pensioná-la, o que nos

parece um despropósito. Isso sem levar em consideração que, na

vigência da atual Carta Magna, “homens e mulheres são iguais em

direitos e obrigações.

116 BRASÍLIA. Superior Tribunal de Justiça. Ementário de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, Brasília, v. 10, n. 125, p. 64.

117 OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos no Casamento e na União Estável e Sucessão.4 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 39.

118 WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos na União Estável. 2.ed. Porto Alegre: Síntese, 1998. p. 90.

119 WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos na União Estável. 2.ed. Porto Alegre: Síntese, 1998. p. 90.

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53

Dispõe Cahali120 referente ao tema abordado:

Ainda que a dispensa venha mascarada sob a expressão formal de

renúncia aos alimentos, o juiz (mesmo com a discordância do

representante do Ministério Público), não pode deixar de homologar

a separação convencionada, ainda que o faça com ressalva à

mulher do direito de reclamá-los oportunamente. Assim, segundo

se tem entendido, “não se admite a renúncia à pensão, mas

perfeitamente lícita a dispensa. Aquela, a renúncia, é definitiva;

esta, a dispensa, é provisória, porque a qualquer tempo poder-se-á

reclamar pensão, provada a necessidade”

Irrenunciáveis os alimentos então pela mulher ou homem ao

ensejo da separação, pode ela(e) exercer o seu direito a qualquer tempo,

reclamando o seu direito a prestação de alimentos, ante a presença do fator

necessidade-possibilidade, cujas normas também são válidas para os

companheiros, em caso de dissolução da união.

3.7 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA

Os avanços no que tange a regularização da União Estável

são recentes, porém de forma tímida.

Quando essas relações não tinham previsão legal, com o

nome de concubinato, eram tratadas como sociedade de fato, foi a Súmula 380

do Supremo Tribunal Federal a reconhecer de forma constitucional o nome União

Estável.

Súmula 380 do Supremo Tribunal Federal “Comprovada a

existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível sua

dissolução judicial com a partilha do patrimônio adquiridos pelo

esforço comum”.

120 CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. 3 ed. rev. ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p. 338.

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54

Posteriormente, duas leis auxiliaram para que se

reconhecesse legalmente a situação desta forma de união.

A Lei nº 8.971/94 veio regular o direito dos companheiros a

alimentos e à sucessão e, de forma mais abrangente a Lei nº 9.278/96, para

"regulamentar o § 3º do art. 226 da Constituição Federal", não menos incompleta

que a primeira, de modo a definir a abrangência e as implicações jurídicas das

relações entre os membros da entidade familiar estável.

O Código Civil de 2002, dispõe, no artigo 1.694, que, além

dos parentes e cônjuges, podem também os companheiros pedir uns aos outros

alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição

social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Quanto à competência para a solução dos litígios envolvendo

a dissolução de união estável, também no início era bastante polêmica, uma vez

que eram vistas como sociedade de fato, porém atualmente já está pacificada a

matéria, sendo a competência da Vara da Família.

Sobre a evolução dos alimentos dos companheiros, Dias121

descreve:

A obrigação alimentar na união estável não é só entre os

companheiros. Solvidos a união, persiste o vínculo de afinidade em

linha reta.

Neste sentido Gonçalves122 :

Significativa inovação trouxe o código civil de 2002, nesse assunto

ao prever a fixação de alimentos na dissolução da sociedade

121 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 171

107 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 457

109 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.6. p.457 122 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Direito de Família. Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2005. p 499

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55

conjugal,se vier a necessitar, e não tiver parentes em condições de

prestá-los, nem aptidão para o trabalho, limitando a pensão ao

indispensável a sobrevivência.

Deve-se considerar, que, para que ocorra a obrigação

alimentar, também se faz necessário incidir a lei vigente na data do rompimento

da união, com os requisitos e efeitos nela previsto, ou seja, provar que além da

necessidade, o reconhecimento e dissolução da união estável, podendo pedir a

dissolução da união estável cumulativamente com o pedido de alimentos.

Segundo Cahali123

O direito alimentar, tornando-se exigível do só fato das

necessidades do credor e dos recursos do devedor, o crédito

alimentar começa a correr do dia em que essas circunstâncias de

fato se encontrem verificadas; é por essa razão que, em caso de

ação em juízo, o crédito alimentar decorre do dia do ajuizamento do

pedido.

No entendimento de Venosa 124“Dissolvida a união estável

por rescisão, a assistência material prevista na Lei, será prestada por um dos

conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos.”

Neste posicionamento Cahali125 destaca que:

na determinação do quantum, há de se ter em conta as condições

sociais da pessoa que tem direito aos alimentos, a sua idade,

saúde e outras circunstâncias particulares de tempo e de lugar, que

influem na própria medida. (...) sendo, ademais, imprescindível a

observância da capacidade financeira do alimentante para que não

haja desfalque do necessário ao seu próprio sustento.

123 CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. . 3 ed. rev. ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p.640.

124 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.6. p. 457. 125 CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. . 3 ed. rev. ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p. 557

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56

Os alimentos podem ser revistos a qualquer tempo provada a

alteração das condições do alimentante ou do alimentário.

Neste sentido destaca-se o acórdão proferido pelo Tribunal

de Justiça do Santa Catarina126, que teve por relator o ilustre Des. Wilson Augusto

do Nascimento , o qual assim se pronunciou:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE

UNIÃO ESTÁVEL - ALIMENTOS PROVISIONAIS -

COMPANHEIRA - IMPOSSIBILIDADE - PROVA DA

INCAPACIDADE ECONÔMICA DO ALIMENTANTE - VALOR

SUFICIENTE ATÉ A DECISÃO DEFINITIVA - MONTANTE QUE

GARANTE AS CONDIÇÕES MÍNIMAS DE SOBREVIVÊNCIA -

INCIDÊNCIA DO ART. 1.694 DO NOVO CÓDIGO CIVIL -

DECISÃO MANTIDA - RECURSO PROVIDO. Não tendo o

alimentante comprovado sua incapacidade econômica de prestar os

alimentos fixados, impossível sua exoneração, eis que arbitrados

consoante o binômio necessidade-possibilidade, preconizado no §

1º do art. 1.694 do novo Código Civil. Havendo desistência

temporária da pensão alimentícia, permite-se à ex-companheira

reclamar posteriormente a verba alimentar.

Ainda em caráter ilustrativo, acórdão do Tribunal de Justiça

de Minas Gerais127, que teve como relator o ilustre Des. Brandão Oliveira

UNIÃO ESTÁVEL – RECONHECIMENTO – DISSOLUÇÃO –

PARTILHA – ALIMENTOS – VALOR – ÔNUS SUCUMBENCIAIS E

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE 20% FIXADOS EM

SENTENÇA – REDUÇÃO – PARTE SOB O PÁLIO DA

GRATUIDADE JUDICIÁRIA – PERCENTUAL MÁXIMO DE 15% –

126 BRASIL. Tribunal de Justiça do Santa Catarina. Agravo de instrumento. Ação de dissolução de União Estável – Alimentos Provisionais - COMPANHEIRA .Relator Desembargador. Wilson Augusto do Nascimento. Florianópolis-SC

127 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Dissolução da união estável - Partilha dos bens adquiridos na constância da relação - Comunicação dos bens. Alimentos - fixação - atendimento do binômio necessidades/recursos. Relator Desembargador Brandão Oliveira.

Page 70: dissolucao da uniao estavel.pdf

57

ALTERAÇÃO DO PERCENTUAL.” Vê-se, pois que a causa de a

apelada pedir ALIMENTOS estava posta na alegação de

impossibilidade de suprir suas próprias necessidades.

Mais um acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais128,

relator o Ilustre Des. Gouvêa Rios

DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL - PARTILHA DOS BENS

ADQUIRIDOS NA CONSTÂNCIA DA RELAÇÃO - COMUNICAÇÃO

DOS BENS. ALIMENTOS - FIXAÇÃO - ATENDIMENTO DO

BINÔMIO NECESSIDADES/RECURSOS. A fixação de alimentos

há de atender ao binômio possibilidade-necessidade, sob pena de,

em se considerando a renda mensal do alimentante, tornar

impossível de ser cumprida a obrigação e, em se atentando para as

necessidades dos alimentandos, inviabilizar-lhes o sustento.

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul129, que

teve como relator o Ilustre Des. Luiz Felipe Brasil Santos, decidiu:

ALIMENTOS PROVISÓRIOS. UNIÃO ESTÁVEL. Tendo o pedido

de alimentos fundamento no dever de mútua assistência entre os

companheiros, previsto nos arts. 1.724 e 1.694 do CCB, e havendo

prova inequívoca da alegada união estável, bem como da

necessidade da agravante, adequada a fixação dos alimentos

provisórios.

Neste entendimento,o Tribunal do Estado do Rio Grande do

Sul130, relator o ilustre Des. José Ataídes Siqueira Trindade dá provimento :

128 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Dissolução da união estável - Partilha dos bens adquiridos na constância da relação - Comunicação dos bens. Alimentos - fixação - atendimento do binômio necessidades/recursos. Relator Desembargador Gouvêa Rios.

129 BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Alimentos provisórios. União Estável. Relator Desembargador Luiz Felipe Brasil Santos e Desembargador José Ataídes Siqueira Trindade.

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58

ALIMENTOS PROVISÓRIOS. UNIÃO ESTÁVEL. Havendo fortes

indicativos da convivência estável, o dever de mútua assistência

ínsito ao instituto, ampara os alimentos provisórios ante a presença

da necessidade. Agravo de instrumento provido.

Ainda o Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul131, ilustre Des.

José Carlos Teixeira Giorgis se posiciona:

UNIAO ESTÁVEL. ALIMENTOS. CABIMENTO. E POSSIVEL A

FIXACAO DE ALIMENTOS EM UNIAO ESTAVEL, QUANDO OS

AUTOS REVELAM FORTES INDICIOS DA PARCERIA E

PERMITEM AVALIAR A NECESSIDADE E A DISPONIBILIDADE

FINANCEIRA DAS PARTES.

Em razão das jurisprudências Covello132 acrescenta:

As legislações modernas consagram, em sua totalidade, a figura

em estudo, disciplinando-a de maneira mais ou menos uniforme,

com sanções civis e penais para o descumprimento da obrigação

respectiva, por relacionar-se com o direito à vida, pois os alimentos

não visam a outra coisa senão preservar a subsistência daqueles

que, em virtude de determinadas circunstâncias, não podem prover

por si a sua mantença.

No Código Civil, pode-se dizer que no caso da dissolução da

União Estável, aplicam-se os mesmos princípios da separação judicial e, no que

concerne a alimentos esta previsto no primeiro artigo do subtítulo “Dos

Alimentos”.

130 BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Alimentos provisórios. União Estável. Relator Desembargador Luiz Felipe Brasil Santos e Desembargador José Ataídes Siqueira Trindade.

131 BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. União Estável, Fixação de Alimentos em União Estável. Relator Desembargador José Carlos Teixeira Giorgis.

132 COVELLO, Sergio Carlos. Ação de Alimentos: Teoria em comentários didáticos, Prática com roteiros e formulários ilustrativos, Jurisprudência. Legislação. São Paulo: Universitária de Direito, 1992. p.4.

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59

O novo código ao equiparar os conviventes ao status de

parentes, trouxe a garantia do direito a assistência alimentar, desde que um deles

venha a necessitar.

Há de se considerar, que, ainda nossos tribunais terão árdua

tarefa de interpretar melhor a nova legislação, porém, compete aos juristas

alencarem debates as questões relativas a alimentos na dissolução da união

estável.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa, faz algumas considerações sobre o

tema “Dissolução da União Estável e o direito de alimentos dos companheiros”,

buscando um panorama histórico e jurídico sobre a evolução da União Estável,

dos Alimentos e o Direito de Alimentos dos companheiros, suas transformações,

com enfoque na legislação e na doutrina brasileiras.

Abordou-se, no primeiro capítulo, o surgimento das normas

disciplinadoras dos direitos de família, que evoluiu do dever moral até as relações

jurídicas existentes com características de dever legal.

Passando por vários conceitos, desde os hebreus, que já

admitiam o dever de solidariedade entre os parentes. Na Grécia, onde o pai além

da obrigação de educar a prole, tinha o dever sancionado por Lei a estender esta

obrigação aos descendentes, como reconhecimento e gratidão.

O Direito Canônico também ampliou o âmbito das obrigações

alimentares, inclusive na esfera de relações extrafamiliares, referindo-se ao liberi

naturales do direito Justiniano, que tem como ponto o reconhecimento de

alimentos inclusive aos filhos espúrios.

Foi o Direito Romano que considerou a obrigação alimentar,

até então um dever moral, se firmar como obrigação jurídica derivada do

parentesco e disciplinada pelo legislador.

No Direito Brasileiro, foi nas ordenações Filipinas o texto mais

expressivo sobre a obrigação alimentar, determinando prover mantimentos,

vestimentas, calçados e tudo mais que precisar, com referência ainda na

educação.

A provisão de alimentos antes do advento da Constituição

Federal de 1988, era negada aos conviventes, pois era calcado na hipótese de

que, se não havendo provas de obrigação, não há de se acatar pedido de

alimentos entre os companheiros.

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61

Foi a partir da Constituição Federal de 1988 que a união

estável foi equiparada ao casamento, surgindo então os direitos e obrigações

decorrentes deste tipo de união.

O Código civil de 2002 veio incorporar em seu texto, o

conceito de união estável e por conseguinte os alimentos que decorrem dessa

forma de constituição familiar.

No tocante ao conceito de alimentos, verificou-se que não há

um pensamento preciso, apenas estabelece que os mesmos podem ser exigidos

desde que compatíveis com a condição social, suas características e natureza

jurídica, do qual sempre tem um sujeito ativo e um passivo.

Consideram-se alimentos: tudo aquilo que é necessário a

conservação do ser humano com vida. Compreende não só a obrigação de

prestá-los, como a obrigação de ser prestada.

Sobre a evolução histórica da união estável, observou-se

que até o advento na Constituição Federal de 1988, era uma relação

marginalizada, sendo chamada por um longo período de concubinato, com

conotação pejorativa, de inferioridade, pois eram relações diferentes do

matrimônio, restringindo direitos como doações, benefícios testamentários, a não

inclusão como beneficiária para o seguro de vida e principalmente em relação aos

alimentos, havia divergências.

Com as Leis 8.971/94, 9.278/96 é que essas relações

passaram a ser aceitas, dispondo a respeito dos direitos dos companheiros a

alimentos e a sucessão.

Mas foi com o advento da Constituição Federal e

posteriormente o Código Civil de 2002, que foi introduzida alterações profundas

na igualdade de direitos entre os conviventes.

O atual Código Civil passou a garantir proteção à família

constituída através da união estável, nos termos da Constituição, seus aspectos

pessoais e patrimoniais.

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62

Como fenômeno social, antes de jurídico, a convivência

estável e séria entre o homem e a mulher, está fundamentada nas questões de

ordem pública sobre os quais baseia-se o casamento, reconhecendo-a acima de

tudo como uma entidade familiar.

As características da união estável, tais como, lealdade,

respeito e assistência, similares aos do casamento, notadamente o de fidelidade

recíproca, mútua assistência; e igualmente, união estável e casamento: vida em

comum no domicílio conjugal. As duas ainda têm como obrigação a guarda,

sustento e educação dos filhos.

Do estudo realizado, ainda, salientou-se que no caso da

união estável, o dever alimentar baseia-se na solidariedade dos conviventes. As

causas de exclusão e extinção do dever alimentar que na primeira impossibilita

economicamente em dar alimentos, ou desaparece a necessidade de recebê-los,

bem como a possibilidade de renúncia e dispensa dos alimentos entre os

conviventes, ato esse que pode ser dispensado entre os conviventes.

Renunciar é não querer receber o direito, dispensar é não

exercer o direito aos alimentos.

Por fim na presente pesquisa, verificou-se a evolução da

legislação, a doutrina e jurisprudências acerca dos Alimentos na dissolução da

União Estável, que utiliza-se dos mesmos princípios da dissolução da sociedade

conjugal e a competência para a decisão é da Vara da Família.

Finalmente, com relação à confirmação ou não das hipóteses

levantadas no início da pesquisa, o resultado a que se chega é este:

Primeira hipótese: A assistência material ao convivente, que

dela necessitar se constitui em direito conquistado após o reconhecimento da

união estável como entidade familiar, a partir da Constituição Federal de 1988 e

regulamentada pela Lei nº 9.278/96.

Assim, a hipótese restou confirmada, uma vez que A lei nº

9.278/96 foi editada para regular o § 3º do artigo 226 da Constituição Federal,

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63

onde se reconheceu, como entidade familiar, a união estável entre homem e

mulher. Em seu artigo 7º, esta prevista a prestação por um dos conviventes ao

que dela necessitar, a título de alimentos.

Segunda hipótese: O Código Civil de 2002 positivou a

questão relativa aos alimentos entre os companheiros, ao disciplinar a matéria no

artigo 1.694 que assim estabelece: “Podem os parentes, os cônjuges ou

companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de

modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às

necessidades de sua educação

Esta hipótese, Também restou totalmente confirmada porque

o texto do artigo acima citado incluiu o companheiro como parte legítima para

reclamar alimentos.

Terceira hipótese: Dissolvida a união estável, poderá o

convivente que provar sua necessidade, obter quantia capaz de suprir as

despesas relativas a sua manutenção, observando-se os recursos da pessoa

obrigada e as necessidades de quem reclama o pagamento.

Pode-se dizer que alimentos são devidos para manter o

mínimo indispensável para a sobrevivência de quem os necessita, e neste

contexto os companheiros têm os mesmos direitos que os do casamento, desde

que comprove as necessidades e possibilidades dos parceiros.

Enfim, este trabalho, em hipótese alguma, teve a pretensão

de esgotar o tema, apenas fazer algumas reflexões sobre o Direito de Alimentos

aos companheiros na dissolução da União Estável, acolhido pela Constituição

Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002, cujos direitos e deveres,

possivelmente, adquirirão novos contornos jurídicos com o passar do tempo.

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