Do Luto à Luta Madres e Mães de Maio

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História de 2 movimentos sociais importantes da América Latina: Madres de Mayo da Argentina e Mães de Maio do Brasil!

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  • Anais do V Simpsio Internacional Lutas Sociais na Amrica Latina Revolues nas Amricas: passado, presente e futuro

    ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013

    GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na Amrica Latina 1

    GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na Amrica Latina

    Do luto luta: madres e mes de maio contra a violncia de Estado

    Renata Gonalves

    Resumo: Neste artigo faz-se uma anlise comparativa entre as Madres de la Plaza de Mayo, da Argentina, e as Mes de Maio, no Brasil de hoje. As primeiras surgiram sob a ltima ditadura militar argentina, quando silenciosamente se reuniam na Praa de Maio para exigir respostas sobre o desaparecimento de seus filhos militantes polticos e de seus netos arrancados barbaramente pelos mesmos torturadores. As segundas apareceram na cena poltica logo depois dos crimes de maio de 2006, perodo de democracia liberal consolidada e exaltada por muitos, quando a polcia do estado de So Paulo promoveu a chacina de seus mais de 400 filhos. Como as primeiras, estas tambm so consideradas loucas por exigirem respostas do Estado brasileiro sobre o assassinato de seus entes. Palavras-chave: Madres de la Plaza de Mayo. Mes de Maio. Violncia de Estado. Conscincia Poltica.

    .

    As antigas loucas: Las Madres de Plaza de Mayo1

    Uma histria que, sob diversos aspectos, parece se repetir. Era uma vez um pas, uma

    cidade, uma praa, algumas mes... Las Madres de Plaza de Mayo! Em pleno corao da

    capital portenha sob a violenta ditadura que marcou a Argentina, seguravam cartazes com as

    fotos de seus filhos desaparecidos. Silenciosas, com lenos brancos na cabea, rondavam a

    Praa de Maio. Incansveis, caminharam por dias, meses, anos. Como na cano do poeta,

    pediam o impossvel: s queriam embalar seus filhos. Foram chamadas de loucas. Em

    silncio, criaram um fato poltico, escancararam as entranhas da represso, desafiaram o

    aparato militar e suas dores ecoaram pelo mundo. Como observou Oliveira, luz do dia, sob

    Professora da Universidade Federal de So Paulo, Campus Baixada Santista. Co-coordenadora, na mesma

    Universidade, do Ncleo de Estudos Heleieth Saffioti: gnero, sexualidades e movimentos sociais. End.

    eletrnico: [email protected] 1 O presente texto foi publicado na revista Lutas Sociais, n. 29, 2o. sem. 2012.

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    as janelas do ditador, sob chuva, sob sol, no silncio entrecortado de gritos, faziam ouvir

    como que a alucinao de uma litania, que ecoou no pas, na Amrica Latina e alm-mar

    (1992, p. 134). Era impossvel ignor-las, estavam l, sempre em silncio, mas estavam l.

    ditadura no restava sombra de dvidas de que eram loucas. Os polticos

    profissionais, mesmo os de oposio, tambm as acusavam de loucas e criticavam sua

    intransigncia, sua recusa de qualquer pacto, acordo ou negociao. A conivente Igreja

    argentina as tratava como loucas, pois j era tempo de esquecer os mortos para cuidar dos

    vivos (OLIVEIRA, 1992, p. 134). Elas no iriam esquecer, seguiriam com suas bandeiras.

    Eram loucas. Eram mes desesperadas por notcias de seus entes desaparecidos.

    Em 30 de abril de 1977 comearam a se reunir na praa mais conhecida de Buenos

    Aires, a mesma praa onde fica a Casa Rosada, o palcio presidencial argentino. Bem em

    frente janela do ditador, ocuparam a praa pblica, o local das grandes manifestaes

    polticas. A vida da Res Pblica era totalmente estranha quelas donas-de-casa que, como

    tantas outras mulheres ao longo da histria, viviam nos espao domstico, privadas da esfera

    das decises polticas. Nada ou pouco sabiam sobre poltica, mas estavam determinadas a

    entregar uma carta ao General Jorge Videla, queriam saber o que se passava com os, como

    acreditavam at ento, filhos detidos. Os primeiros encontros das Madres de Plaza de Mayo

    foram marcados por esta esperana de que os filhos estivessem vivos: viemos testemunhar

    nossa dor, tiraram nossos filhos, pedimos ao governo que nos digam onde esto, o que lhes

    passou (BOUSQUET, 1983, p. 48).

    Os militares no as atenderam. Comearam a ser perseguidas, mas no se intimidaram

    com a presso e o terror de Estado. Continuaram marchando e empunhando cartazes com as

    fotos dos filhos desaparecidos. Novamente no foram atendidas, mais uma vez no se

    intimidaram, se politizaram. Saram da esfera domstica e adentraram definitivamente cena

    poltica. O grupo foi crescendo. Passaram rapidamente de 14 para 200 mulheres (PONZIO,

    2010, p. 3).

    Eram loucas porque queriam respostas. Continuaram marchando em busca de sinais

    sobre o paradeiro de seus filhos. Seguiram como loucas.Transmutaram a fronteira que define

    onde o lugar de homem e o lugar de mulher. Transgrediram um espao de poder. As

    presses continuaram, mas o desaparecimento de seus filhos oferecia a possibilidade de

    abandonar a condio de testemunhas, para construrem um relato no das torturas do Estado

    militar, mas das artimanhas empreendidas contra a voz reclamante parida e tonificada pelos

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    corpos insepultos (PONZIO, 2010, p. 3). No corao da cidade, sem o conhecimento poltico

    que seus filhos tinham, se tornaram silenciosamente testemunhas dos abusos ditatoriais que,

    parafraseando Marx em As lutas de classes na Frana, ocultavam a tirania do capital: Ao

    destronar a coroa, atrs da qual o capital se mantinha escondido, a repblica de fevereiro fez

    com que, finalmente a dominao da burguesia se manifestasse na sua pureza (2008, p. 74)

    O regime ditatorial impedia o agrupamento de mais de trs pessoas, portanto, elas no

    podiam se reunir. Na praa, policiais temerosos de subverso, as obrigavam a andar em

    crculo. Num movimento de rebeldia, giravam no sentido contrrio aos ponteiros do relgio,

    rebelando-se contra cada minuto sem seus filhos. Marchavam todas as quintas-feiras, sob o

    nariz do governo ditatorial mais terrvel. A praa era o territrio das Madres (MADRES Y

    ABUELAS DE PLAZA DE MAYO, 2007)

    Chamaram a ateno de jornalistas, a quem o governo continuava a responder que

    aquelas eram mulheres transtornadas, mes loucas que procuravam pessoas que no estavam

    em lugar algum. Como os militares, grande parte da sociedade preferia dar o episdio por

    encerrado. A censura bloqueava orelhas, crebros e coraes. As mes loucas eram as nicas

    que pareciam cordas, tecendo e circulando ao revs do relgio (MADRES Y ABUELAS DE

    PLAZA DE MAYO, 2007). Em busca de resposta, reconstruram os fatos, construram seus

    relatos, refizeram a histria no oficial. Falaram aos sentimentos e conscincia do pas.

    Como escreveu Oliveira, elas no reconhecem as razes de Estado sequer para conden-las,

    mas antes as ignoram, como ignoram o fato irremovvel que o filho morto. O irrealismo, que

    lhes valeu o ttulo de loucas, a fidelidade a um outro sentido de realidade, que lhes vale o

    ttulo de Mes da Praa de Maio (1992, p. 136).

    Em outubro de 1977, resolveram se juntar a uma peregrinao a Lujn que

    concentraria mais de um milho de jovens. Porm, como encontrar-se e reconhecer-se na

    multido? Usando lenos na cabea. Mas quais e de que cor? Uma das Madres se lembrou das

    fraldas brancas que acalentaram seus filhos (MADRES Y ABUELAS DE PLAZA DE

    MAYO, 2007). Esta marca, desde ento, sempre as acompanharia. O movimento ganhou

    fora e visibilidade. Para o Estado ditatorial, as prticas das Madres, com quebra do

    isolamento, reunies e buscas pelos desaparecidos constituam um crime. Em dezembro do

    mesmo ano, comearam os sequestros e desaparecimentos de Madres e de seus parentes e

    amigos. Uma das primeiras protagonistas do movimento, a Azucena, mulher com nome de

    flor, desapareceria para nunca mais voltar.

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    O terror daqueles tempos superou todo o imaginvel. Desapareciam quem buscava

    aos desaparecidos. Porm, os militares haviam sido seletivos: sequestraram a quem

    todas consideravam as trs melhores madres. Sem Azucena, teriam de escolher: seguir, esconder-se ou voltar para casa. Para as madres no havia muitas dvidas:

    agora no apenas teriam de procurar por seus filhos, mas tambm por suas amigas

    e companheiras. Optaram por passar por cima da paralisia e do terror para seguirem

    sua marcha (MADRES Y ABUELAS DE PLAZA DE MAYO, 2007).

    A organizao das Madres possibilitava que nenhuma delas se isolasse na luta. Sob o

    lema todos os desaparecidos so nossos filhos, levaram adiante a ideia da mulher com nome

    de flor e socializaram a maternidade, o que, ao mesmo tempo potencializou o movimento e

    deu grandeza a cada minuto de resistncia. Cada me a quem fora arrancado um filho, agora

    se sentia grvida para sempre e desta gravidez permanente saa a fora para seguir adiante

    (MARTIN, 1988).

    Ao mesmo tempo em que permaneciam grvidas, numa relao s avessas, foram

    politicamente paridas por seus filhos. Transformaram a dor em ao. Comearam a falar das

    mesmas ideias e sonhos por que lutaram seus filhos. Construram a Marcha da resistncia a

    partir de dezembro de 1981 e sofreram mais intimidaes. A este respeito Gorini observa que

    no foi fcil para estas mulheres, algumas j de idade avanada, levar adiante a iniciativa. A

    caminhada foi por si prpria cansativa, mas, alm disso, se tornou mais desgastante ainda pela

    presso da polcia, pelo clima hostil (GORINI, 2006, p. 481).

    O fim da ditadura trouxe outras tenses ao movimento, especialmente no que se refere

    maternidade socializada. A volta democracia burguesa trazia a possibilidade de uma

    poltica de exumao dos cadveres. Mas esta exumao seguia uma identificao solitria. A

    maioria das Madres discordava do desenterro de milhares de restos humanos porque este

    representava o retorno da busca individual, a incansvel luta de cada uma procura dos

    ossos de cada filho, alm do consequente enfraquecimento do movimento, configurado por

    seu poder de resistncia e enfrentamento ao poder opressor (PONZIO, 2010, p 5). Alm

    disso, esta maioria no aceitava a indenizao oferecida s famlias das vtimas que

    declarassem seus filhos mortos, o que significava para o grupo a negao da existncia dos

    desaparecidos.

    Sem alterar esta lei, o presidente Alfonsn prope em 1985, uma reparao econmica

    s famlias dos desaparecidos e tambm a exumao dos cadveres enterrados como no

    identificados. A parte majoritria das Madres rejeita estas medidas. Um grupo descontente

    com esta posio se retira e funda a Associao Madres de Plaza de Mayo. A maioria

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    permanece como Madres de Plaza de Mayo e no aceita a reparao, pois s a verdade e a

    justia podem reparar o terrorismo de Estado. Em meio a choros e desesperos, este grupo

    toma a deciso de rejeitar a exumao dos corpos. Como enfatizou uma das representantes das

    Madres, aceitar esta morte sem que nos digam quem os matou, era assassin-los de novo

    (MADRES DE PLAZA DE MAYO, 1995, p. 71).

    Nos anos que se seguiram, se politizaram ainda mais, adotaram posies polticas e

    falaram enquanto mes sobre o destino da sociedade. Denunciaram a anistia total acordada

    aos militares, assim como a emergncia de novos desaparecidos, vtimas de uma poltica

    amoral e injusta (DANGY, 2006). O movimento Madres de Plaza de Mayo permanece uma

    referncia dentro e fora da Argentina nos dias atuais.

    As novas loucas: as Mes de Maio na guerra urbana

    De todos os hinos entoados em louvor s revolues nos campos de batalhas,

    nenhum, por mais belo que seja, tem a fora das canes de ninar

    cantada no colo das mes. Srgio Vaz2

    Uma histria que parece se repetir. Era uma vez um pas, uma cidade, uma periferia,

    algumas mes... As Mes de Maio! J no estamos mais em solo portenho, tampouco se vive

    numa ditadura militar. Mas a histria parece se repetir. Comeou em maio de 2006. Era o

    final de semana que anunciava o dia das mes.

    Na noite de 12 de maio de 2006 teve incio uma srie de ataques a agentes e prdios

    pblicos (especialmente postos policiais), ao mesmo tempo em que comeavam rebelies nos

    presdios de vrias cidades paulistas. Os sincronizados ataques e simultneas rebelies foram

    atribudos ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Postos militares depredados, policiais

    assassinados, nibus incendiados. Estas aes desencadearam uma resposta das foras

    policiais do estado de So Paulo. Instalou-se naqueles dias uma espcie de guerra urbana. O

    pnico tomou conta da metrpole paulistana e de muitas outras cidades de pequeno e mdio

    portes, que viram suas rotinas abaladas. Lojas e agncias bancrias foram fechadas no meio

    da tarde, alunos dispensados das aulas, transportes urbanos pararam de circular, funcionrios

    pblicos trabalharam meio perodo e a forte sensao de insegurana aumentava. Em

    depoimento do documentrio do canal de televiso Discovery, Roberto Porto, Promotor de

    2 Epgrafe do livro Mes de Maio: do luto luta (2011).

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    Justia do Ministrio Pblico, relatou que a sociedade deixou, ainda que por algumas horas,

    de confiar no poder pblico, de ter a certeza de que o poder pblico daria conta daquela

    situao. Isto muito grave3.

    Uma polcia firme e forte deveria sair s ruas e demonstrar que a populao no

    estava indefesa. O mesmo documentrio, reproduz as palavras proferidas pelo governador

    Claudio Lembo que, sempre recorrendo a esta generalizao cativante a populao , na

    tarde de 13 de maio, assegura: A populao de So Paulo pode ficar absolutamente tranquila,

    confiante na sua polcia civil e na sua polcia militar4. Uma fora tarefa policial foi acionada.

    Resultado: 493 pessoas foram mortas em pouco mais de uma semana. Em total disparate com

    os prprios nmeros do aparato policial, 6% tinham antecedentes criminais, mas 122 casos

    possuem caractersticas de execuo sumria pela polcia. Estes dados so da ONG Justia

    Global e da Internacional Human Rights Clinic (IHRC), da Faculdade de Direito de Harvard,

    que em 2011, divulgaram as concluses do estudo dos crimes ocorridos em maio de 2006.

    Sob o ttulo So Paulo sob achaque5, o denso relatrio apresenta as anlises sobre a onda de

    violncia policial subsequente aos ataques atribudos ao PCC e revela o que considera falhas

    do Estado nas investigaes. A equipe, que contou com o apoio de vrias organizaes,

    realizou entrevistas com autoridades e testemunhas, falou com familiares, analisou dados

    oficiais, peas de inquritos e autos policiais; visitou centros de deteno. Logo nas primeiras

    pginas do documento, enfatizam a hesitao e lacunas do Estado nas investigaes dos

    crimes em que seus agentes eram suspeitos; e tambm salientam que esta mesma Instituio,

    por outro lado, geralmente no teve problemas para esclarecer a autoria dos crimes e delitos

    em que seus agentes foram vtimas. Para o grupo de pesquisadores, esta instituio:

    Falhou ao permitir uma corrupo que fortaleceu uma faco criminosa;

    Falhou ao gerir seu sistema prisional realizando acordos com faces criminosas;

    Falhou ao no proteger seus agentes pblicos;

    Falhou ao optar por um revide como resposta;

    3 Documentrio So Paulo sob ataque (2009). 4 Idem. O governador, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em 31 de dezembro de 2006, deixa claro quem

    era () a populao a ser protegida: As que tm mais capacidade de coero, levam mais. Ou tentam. Na crise do PCC, figuras da minoria branca queriam a lei de talio. Queriam que se matassem todos, para preservar a eles,

    da minoria branca. 5 O relatrio tem o cuidado de recorrer ao dicionrio Mini-Aurlio, verso de 2008, para informar o(a) leitor(a)

    sobre o significado do verbo Achacar: achacar, v.t.d. 1. Maltratar, molestar. 2. Extorquir dinheiro de. (JUSTIA GLOBAL e IHRC, 2011, p. 2). Os autores tambm observam que optaram pelo termo Achaque para se contrapor ao alardeado documentrio So Paulo sob ataque que apresentava os Crimes de maio como uma simples guerra com dois lados: o dos bons (os policiais) e o dos maus (a faco criminosa).

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    Falhou ao acobertar os Crimes de Maio ou investig-los de forma corporativista; e

    Falhou ao apostar novamente na expanso do sistema prisional como soluo (JUSTIA GLOBAL e IHRC, 2011, p 3).

    Tais falhas mencionadas revelaram ao mundo o que as Mes de Maio j comeavam a

    perceber: a violncia do Estado contra a populao pobre, jovem e negra do pas6. No entanto,

    os dados no conseguem expressar o que elas sentem, o que elas se tornaram desde aquele

    ms de maio de 2006 quando seus filhos foram brutalmente assassinados.

    E quem so as mulheres que compem o Coletivo Mes de Maio? Como se tornaram

    um movimento? Naqueles dias, entre 12 e 20 de maio, em que vrias cidades paulistas foram

    palco de cenas de violncia, a maioria dos meios de comunicao noticiava o confronto entre

    policiais e ataques do PCC. Muitas pessoas viam e ouviam os programas de rdio e

    televiso para saberem por onde circular, quais caminhos evitar. Foi por estes meios de

    comunicao, que parte dos familiares soube da morte de seus entes. Dbora Maria,

    fundadora do Mes de Maio, relembra: Liguei o rdio, quando o reprter anunciou: houve

    uma matana em nossa regio com 16 pessoas mortas. Ouviu o nome do filho entre as

    vtimas.

    Enlouqueci. Parecia que o mundo tinha desabado em cima de mim. No acreditava,

    mas logo veio a confirmao. Sofri muito, mas muito mesmo. Imagine uma me

    receber a notcia da morte de seu filho pelo rdio! Passei alguns dias sem comer,

    sem dormir, tentava uma explicao: por que fizeram isso? Aconteceu. Era um

    trabalhador. Durante 40 dias eu vegetei, acabei me hospitalizando, mais ou menos

    por 10 dias (MES DE MAIO, 2011, p. 25).

    Como as Madres de Plaza de Mayo, tiveram a alma ferida, as entranhas arrancadas, o

    sonho decepado. Loucas, tambm saram procura de respostas. Menos letradas que as

    homnimas argentinas, no sabiam por onde comear a busca. Para a maioria7, no se tratava

    de encontrar o corpo, mas de apontar as causas e o nome do assassino que tombou o corpo.

    Cada me, cada familiar, sentia uma dor solitria e procurava respostas no isolamento

    causado, sobretudo, pelo desconforto da suspeita de que seus filhos fizessem parte de uma

    faco criminosa.

    6 O Mapa da violncia de 2011 revela que, no Brasil, apesar das diferenas entre as Unidades Federadas, a

    tendncia geral desde 2002 de aumento no nmero absoluto de homicdios na populao negra em geral. Com

    relao aos jovens entre 15 e 25 anos, os dados aumentam mais ainda: em 2002 morriam proporcionalmente

    45,8% mais negros do que brancos; em 2008 o ndice atinge 127,6% (WAISELFISZ, 2011, p. 60). 7 Embora em menor nmero, naqueles dias de maio muitas pessoas desapareceram. A este respeito, consular o

    minucioso estudo de Francielene Gomes Fernandes (2011a).

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    Enquanto os filhos desaparecidos das Madres argentinas eram lembrados como jovens

    que foram assassinados porque lutavam por um ideal de transformar a sociedade, os jovens

    assassinados em maio de 2006 nas periferias paulistas apareciam todos nos grandes meios de

    comunicao como criminosos. Alm disso, diferentemente dos filhos das Madres de Plaza de

    Maio, os jovens daqui no defendiam causa poltica alguma, no estavam inseridos em ajudas

    humanitrias. Eram, como os muitos jovens ainda o so, moradores das insalubres periferias e

    que, como tais, parecem criminalizados pelo simples fato de existirem. No plano discursivo

    hegemnico, estes jovens sobreviventes mal conseguem permanecer no universo da chamada

    populao, pois volta e meia so constitudos como ameaa populao da qual, em

    princpio, fazem parte.

    No pas vizinho, as Madres se depararam com o silncio das pessoas que temiam

    represlias dos militares. Os crimes de 2006 encontraram no Brasil uma democracia burguesa

    que garante a livre expresso, especialmente da grande imprensa, que apresentou aqueles dias

    de maio como uma guerra em que de um lado estavam os bravos policiais que matavam os

    que se encontravam do outro lado: os malvados bandidos do PCC.

    Aqueles jovens pobres no gozavam da simpatia dos vrios setores da sociedade

    brasileira, em geral, e menos ainda da paulista que agora via escancarada nos jornais a real

    entrada da periferia em suas vidas. Eles no causavam tanto incmodo enquanto estavam

    amontoados onde era possvel no v-los nem presenciar suas mortes. Agora estavam saindo

    de seu confinamento e agindo nas reas de circulao, sobretudo, da classe mdia. A polcia

    tinha a permisso para agir sob a irredutvel legitimidade de matar pessoas suspeitas de

    fazerem parte de uma faco criminosa. Como observou Fernandes, sob o argumento de

    garantir a manuteno da segurana pblica e devolver a tranqilidade requerida por toda a

    populao, a Polcia Militar do Estado de So Paulo colocou nas ruas todo o seu efetivo de

    viaturas (2011b, p. 5).

    Enquanto a tranquilidade voltava nos centros econmicos e culturais das cidades, a

    guerra se instalava nas periferias. Os dias de maio de 2006 corroboraram com as observaes

    de Acquaviva e Isoldi: os jovens da periferia parecem mesmo que so homens destinados a

    morrer, com vidas nuas, sem valor (2002, p. 84). Escondidos nas periferias dos grandes

    centros, no atual estgio de transnacionalizao do capitalismo, estes jovens se tornaram

    homens facilmente descartveis. Segundo Andr Tosel (2009), h na atualidade uma crescente

    massa de homens suprfluos como expresso da nova fisionomia adotada pela economia

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    global. Trata-se de uma barbrie interna s sociedades, ditas civilizadas que, dentro da

    dinmica de acumulao de capital, age sem qualquer interesse tico-poltico pelo bem

    comum e, portanto, pode descartar os indesejados. Este no um problema novo. Os

    autores do Manifesto do Partido Comunista j haviam percebido esta barbrie:

    cada crise destri regularmente no s uma grande massa de produtos fabricados,

    mas tambm uma grande parte das prprias foras produtivas j criadas. (...) A

    sociedade se encontra subitamente reconduzida a um estado de barbrie

    momentnea (...) Et por qu? Porque a sociedade possui civilizao em excesso,

    meios de subsistncia em excesso, indstria em excesso, comrcio em excesso. (...)

    O sistema burgus tornou-se demasiado estreito para conter as riquezas criadas em

    seu seio. E de que maneira consegue a burguesia conter essas crises? De um lado,

    pela destruio violenta de grande quantidade de foras produtivas, de outro pela

    conquista de novos mercados e pela explorao mais intensa dos antigos (MARX e

    ENGELS, 1998, p. 45).

    Para Tosel, hoje o mercado mundial est realizado e a burguesia no pode mais

    integrar, como promete, massas imensas que se tornam cada vez mais suprfluas,

    descartveis. As classes subalternas no podem mais ser assimiladas, a barbrie no mais

    momentnea, como pensava Marx, mas tende a se tornar regra. O estado de exceo se torna

    condio de sobrevivncia neste que para muitos se tornou um no mundo (TOSEL, 2009).

    Os estudos j citados de Fernandes confirmam esta regra aplicada aos homens suprfluos: a

    maioria dos crimes cometidos pela polcia aconteceu nos bairros pobres da periferia de So

    Paulo onde, como contrapartida de uma imensa concentrao de riquezas no extremo oposto,

    as polticas sociais esto ausentes (2011b, p. 5). O relatrio da ONG Justia Global e do

    IHRC comprovou que para a maioria dos crimes houve fortes indcios de execuo sumria

    tanto nas mortes registradas como homicdio com autoria desconhecida, como nos

    homicdios praticados por policiais registrados como resistncia seguida de morte

    (JUSTIA GLOBAL e IHRC, 2011).

    Os casos permaneciam inconclusos e a tranquilidade parecia que ia reinar... no

    fossem as loucas de Maio, as Mes de Maio que, mesmo ainda sem saber por onde ir,

    entraram em cena.

    Dbora Maria, que soube pelo rdio da morte do filho, depois de 40 dias vegetando

    como ela mencionou, sentiu que o filho lhe dizia: Me se levanta! Seja forte!. E ela saiu,

    como louca, procura das outras mes que tinham perdido seus filhos tambm. A primeira

    que eu encontrei foi a Ednalva; depois fomos atrs da Vera e assim por diante, uma atrs da

    outra (MES DE MAIO, 2011, p. 25). Eram mes que queriam respostas para as mortes de

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    seus filhos. Num ato inconsciente, sua condio de mes proletrias e subproletrias, as

    arrastou para a cena poltica. Sem saber como proceder, por onde ir, comearam a

    peregrinao em busca de pistas sobre as razes da morte de seus filhos. Como as Madres,

    no foram atendidas: ningum queria saber da nossa dor: delegacias, Ministrio Pblico,

    vereadores... Ningum. Corramos de um lado para outro atrs de explicaes: nossos filhos

    eram trabalhadores e estudantes. Eu sabia que a polcia tinha matado eles, algum tinha que

    nos ajudar. (MES DE MAIO, 2011, p. 25).

    A dinmica de violncia institucional em que estavam mergulhadas a mesma que

    transforma os problemas sociais em questes de polcia. O Estado que se apresenta como a

    instncia mantenedora do bem comum, o mesmo que criminaliza a pobreza ao naturalizar a

    violncia que recaa sobre as cabeas daquelas mes. A violncia do Estado contra os

    descartveis pode ser compreendida como uma poltica de contrarrevoluo preventiva, uma

    violncia poltica institucional que, sob o argumento de combater o trfico, se autoriza a

    implantar um terrorismo de Estado. Segundo Tosel (2009), esta violncia constitui um meio

    de repolitizao repressiva que tende a limitar e neutralizar como violncia brbara qualquer

    ao de contestao da ordem estabelecida.

    Concordando com as observaes de Marilda Iamamoto, estamos diante da reciclagem da

    noo de classes perigosas no mais laboriosas , sujeitas represso e extino (2004, p.

    18). Como num pndulo, os problemas sociais ora so objetos de programas assistenciais

    focalizados de combate pobreza, ora se deslocam totalmente para o outro lado e se tornam

    expresses da violncia dos pobres, cuja resposta a segurana e a represso oficiais. Para

    tratar da questo social, escreve a autora, evoca-se o passado, quando era concebida como caso

    de polcia, ao invs de ser objeto de uma ao sistemtica do Estado no atendimento s

    necessidades bsicas da classe operria e outros segmentos dos trabalhadores (IAMAMOTO,

    2004, p. 19). Tosel (2009) identifica neste processo uma rebarbarizao aprofundada pelo

    neoliberalismo produzindo um duplo efeito: excluir do campo poltico os subalternos e

    criminalizar a priori qualquer ao contra a violncia institucionalizada do capital.

    Esta realidade da represso do brao coercitivo do Estado era a mais estampada nos

    argumentos dos agentes do Estado para explicar a morte dos filhos de maio. A primeira

    resposta dada pela polcia, a de que o PCC havia matado aqueles jovens, no fazia sentido

    para as mes. No aceitavam aquela explicao que reduzia a morte insignificncia dada aos

    que tinham relao com o chamado mundo do crime. Semelhante s anlises de Vianna e

    Farias, aqui tambm, a luta daquelas mes era uma tentativa desenfreada de inscrever como

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    importantes no espao pblico certas mortes tomadas a priori como desimportantes, como

    baixas de guerra, mobilizando para tanto o que seria o signo mximo da localizao social

    dos corpos como pessoas, sua condio moral e afetiva como filhos de uma mulher (2011, p.

    104).

    Marcadas e, s vezes, impulsionadas pela dor da perda, continuaram a peregrinao.

    Os momentos ps-morte de seus filhos foram e so traumticos para estas mes,

    especialmente porque perderam seus entes de forma to violenta. Os estudos realizados por

    Vieira et ali (2009) revelam o quanto perdura o quadro de luto que se instaura aps o trauma

    da violncia. As mes entrevistadas pela equipe de pesquisadores, se confessaram

    debilitadas, vulnerveis e se percebem, muitas vezes, incapazes de gerir as prprias vidas.

    Afastam-se do trabalho e do convvio social, exacerbam-se sentimentos de perda, abandono,

    revolta e impotncia, que desencadeiam atitudes agressivas, aparecimento ou agravamento de

    doenas, sendo a hipertenso arterial e a depresso, as mais referidas (VIEIRA et. al., 2009,

    p. 1175).

    No livro Mes de Maio: do luto luta, muitas mes comeam seus depoimentos

    mencionando a dor da saudade, o vazio, a falta de sentido na vida, um verdadeiro poo sem

    fim. Vera de Freitas, me de Mateus, por exemplo, diz que s quem perde um filho sabe o

    tamanho da dor (MES DE MAIO, 2011, p. 28). Esta dor, expressa no sentimento de que

    lhe haviam arrancado o direito de ser me, era a mesma que as colocava em contato com as

    outras mes, que as legitimavam para ir luta e que, ao mesmo tempo, lhes afirmavam a

    certeza de que deveriam ser ouvidas por algum. Afinal, falavam de sua dor e de sua

    indignao como... mes. A este respeito, Vianna e Faria escrevem que, longe de ser um fato

    isolado, o acionamento da condio de me como elemento de autoridade moral em atos

    polticos nos fala de trnsitos relevantes em cenrios contemporneos: entre dor pessoal e

    causas coletivas; entre sofrimentos e direitos; entre formas e dimenses distintas do luto, aqui

    tomado como processo inextricavelmente individual e social. (VIANNA e FARIA, 2011, p.

    83).

    Na condio de mes que tinham o direito de serem ouvidas, saram da Baixada

    Santista e chegaram capital paulista. Procuraram a Ouvidoria da Polcia, descobriram o

    Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de So Paulo (CONDEPE) e tiveram

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    acesso ao livro Crimes de Maio8. O contato com este livro trouxe uma mudana profunda ao

    grupo de mulheres-mes que se apresentavam at ento como pertencentes Associao de

    pais e familiares das vtimas. Segundo Dbora Maria, foi ento que nos deparamos com uma

    tamanha lista de mortos daqueles dias... Foi ento que comeamos a acordar daquele

    pesadelo (MES DE MAIO, 2011, p. 26). semelhana das Madres, descobriram que no

    eram as nicas a terem seus filhos assassinados. Mais uma vez, como escreveu Benjamin, a

    tradio dos oprimidos nos ensina que o 'estado de exceo' em que vivemos na verdade a

    regra geral (BENJAMIN, 1994, p. 226). Comearam a compreender os crimes de maio como

    manifestao de uma violncia estrutural contra os dominados, especialmente aquela parcela

    que compe o grupo dos seres humanos suprfluos. Saram da condio de sujeitos

    individualizados para se tornarem um Sujeito Coletivo: as Mes de Maio. Com dois

    propsitos. Um especfico: lutar pela verdade, pela memria e por justia para todas as

    vtimas da violncia contra a populao pobre, negra, indgena e contra os movimentos

    sociais brasileiros, de ontem e de hoje. Verdade e justia no apenas para os mortos e

    desaparecidos dos crimes de maio de 2006, mas para todas as vtimas do massacre contnuo

    que o Estado pratica historicamente no pas9. Outro mais geral: nosso objetivo maior

    construir, na prtica e na luta, uma sociedade realmente justa e livre (MES DE MAIO,

    2011, p. 20).

    Da indignao, do vazio e do sofrimento causado pela perda, as Mes de Maio se

    ergueram, se politizaram. Como as Madres de Plaza de Maio, tambm foram paridas por seus

    filhos. As Mes de Maio agora lutam por uma sociedade em que nenhuma outra me tenha de

    passar pela mesma dor do luto.

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    8 O livro foi lanado pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de So Paulo em fevereiro de

    2007. 9 No momento em que este texto escrito, outro livro lanado. Neste, as Mes de Maio se apresentam como

    Mes do crcere. Denunciam tanto o que chamam de genocdio do Estado brasileiro como o encarceramento em

    massa produzido por esta mesma instituio como forma de conter os problemas sociais e tambm criminalizar

    os movimentos sociais. A este respeito ver Mes de Maio (2012).

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