Dos rascacielos

Fabiana Silveira

A proposta deste trabalho parte da questão da estilização filiforme da

representação humana nas artes visuais. A intenção foi criar um paradoxo

entre estruturas, onde surge uma figura de linhas simplificadas e estilizadas

que dialoga com o espaço e dimensão dos grandes prédios dos centros

urbanos.

Para obter esta criação, me baseei em estudos de alguns artistas que no

desenvolver de suas obras, procuraram estilizar o corpo humano. Mas alguns

em especial, se concentraram em alongá-lo. Tanto o tronco como também os

braços e as pernas tornaram-se finos, a figura é esbelta e mesmo com sua

fragilidade, consegue transmitir força e emoção.

A influência maior vem dos personagens principais de dois stop-motion:

Jack Skellington (de O estranho mundo de Jack, 1993); Victor, Victoria e a

Noiva-Cadáver (de A Noiva-Cadáver, 2005). Ambas as animações são do

cineasta Tim Burton, onde é notável a característica marcante da estilização

filiforme criada para a representação humana. Os braços e pernas são tão

alongados ao ponto de se assemelhar com sensíveis palitos de madeira.

A segunda referência vem de Alberto Giacometti, artista suíço que

recebeu forte influência do movimento surrealista entre 1930 e 1935. Surgiu

com seu estilo marcante em 1947, quando resolveu concentrar sua atenção na

figura humana. Criou esculturas finas e bastante alongadas, que quase somem

devido sua finura, mas transmitem leveza mesmo sendo feitas em bronze.

Na obra “Dos rascacielos”, a relação entre as dimensões do corpo e o

prédio principal da composição, abre um leque de reflexões. O uso do

contraste tanto de cores como de formas, faz com que o expectador avalie

questões sociais, de urbanização e de personalidade. O objetivo foi retratar a

fragilidade do ser humano perante toda uma selva de pedras.

O uso de intervenções textuais complementa a mensagem pretendida. A

língua escolhida, o Espanhol, está inserida na linguagem utilizada em outras

produções e se mantém com uma característica pessoal. A inserção da palavra

na obra de arte vem como mais um recurso do artista contemporâneo em

apresentar novas formas de criação/produção, fugindo dos meios clássicos já

conhecidos, buscando propiciar ao expectador trabalhos com inovação,

originalidade e singularidade.