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O DIREITO AO TRABALHO & A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA

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O DIREITO AO TRABALHO&

A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA

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Projecto World ChangingDesign de Comunicação // Faculdade de Belas-Artes UL

Sofia CarvalhoAbril 2013

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P. 11

INTRODUÇÃO

PARCERIA - OBSERVATÓRIODA EMIGRAÇÃO

BIBLIOGRAFIA

P. 15

P. 29

P. 09

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P. 45

De forma a cobrir esta tema da melhor maneira dividi a minha

pesquisa de acordo com estes três parâmetros, que naturalmente

se fundem e misturam ao longo das páginas.

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Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.”

Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 23º

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Actualmente, o saldo migratório português diário osci-la ligeiramente em volta dos 100 negativos. O saldo mi-gratório é o equilíbrio entre imigração e emigração, num determinado local. Quando o saldo migratório é positivo, a população aumenta, quando o saldo migratório é nega-tivo, a população diminui.

Escolhi chamar a este trabalho (-100) uma vez que con-sidero que este número é um indicador muito forte de algo que dia após dia se torna mais complicado.

A realidade com que nos deparamos hoje é complexa e mostra-nos uma mudança no panorama social. Para os mais jovens (que se deparam com uma taxa de desem-prego jovem de 40%), o quadro de expectativas que vie-ram a construir (e para o qual trabalharam) e a realidade não são compatíveis. Perante esta situação, que resulta muitas vezes em sentimentos de frustração e desilusão, a solução passa por construir uma carreira e um futuro fora do País.

Nos últimos anos, entre o saldo natural negativo (dife-rença entre nascimentos e mortes) e o saldo migratório Portugal tem vindo a perder progressivamente cada vez mais pessoas. Uma população a definhar é uma péssima notícia para qualquer economia, em particular para uma em crise. Se nada for feito para contrariar este movimen-to poderá chegar ao momento em que se dá a extinção da população activa de um país e consequentemente do mesmo.

Introdução

Em paralelo com a pesquisa procurei, de forma a introduzir uma vertente mais pessoal à pesquisa, contactar diversas pessoas que fossem parte integrante desta problemática. Tentei encontrar pessoas com percursos académicos e caminhos profissionais distintos mas que se enquadrassem nos parametros do que parece ser a nova vaga de emigração portuguesa. Jovens (até aos 35 anos), recem-licenciados e a darem os primeiros passos na experiência profissional. A partir das respostas dos mesmos procura-se saber as opiniões na primeira pessoa de uma geração em movimento (e à qual muitos chamam perdida) sobre questões como a emigração, o direito ao trabalho e o papel do proprio estado.

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demografia -

(demo- + -grafia) s. f.

Estatística da população.

What makes these demographic changes even more dramatic is what they imply for the age structure of the population. The population pyramids (the population in each age group) of European countries will “invert,” so that instead of the traditional broad-based pyramid with more young than old, in the future the population pyra-mid will be standing on its tip. Figure 1-5 shows the pop-ulation pyramid for two of the more dramatic examples: According to the projections in Italy, by 2050 there will be nearly twice as many women age seventy-five to sev-enty-nine years as there are girls age zero to four—many more grandmothers than granddaughters. In Japan, there will be many more women over seventy than in the entire childbearing years.

This contraction in youth relative to the total popula-tion has several impli- cations. The most obvious is for the financial viability of the current pension and social transfer schemes. The implications for the “support ra-tio” of labor- force age to the “retirement-age” population are staggering. Current projec- tions show support ratios falling in Germany from 4 to 2, and in the more dramatic cases of Italy and Japan they fall to about 1.5—only 1.5 workers for every retiree. The systems of social transfers in Europe can be sustained only with very high tax rates even at current support ratios and program design pa-rameters (which include a combination of tax rates, ages, benefits, and so on). But if support ratios fall to anything like projected levels, then it is not clear that there are po-litically feasible combinations of design parameters that

Youth, and the Lack Thereof

can make the systems solvent—either tax rates need to be too high or retire- ment benefits drastically curtailed.

This is not to suggest that migration is the solution to the problems of an aging population. Suppose the projec-tions for the rate of natural increase in the rich countries extend into the future: If the labor force increased suf-fi- ciently to keep support ratios constant at their current values, how large would the fraction of the labor force that was “foreign born” be in 2050? For Japan, well over half the population would be foreign born, and near half for Italy and Germany. It is very difficult to believe that these societies would allow anything like this level of la-bor mobility

Let their people comePrichett, Lant

A fundamental principle of economics is that differences

create incentives for exchange. The enormous demographic

differences between rich countries and their neighbors increasingly create incentives

for labor flows.

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More babies being born isn’t the only reason the popu-lation is growing, though. we’re also living longer in most parts of the the world, and our longevity shows signs of rising even more rapidly as medical science advances. This is especially true because lifestyle (from overeating, smoking, drinking, and driving) are currently a major cause of early death: if people were to change their hab-its, life expectancy would skyrocket. It’s not at all crazy to imagine babies born today in the global North (and more prosperous parts of the global South) routinely living to be one hundred. Living a long life is generally considered to be a good thing, but it will bring some complications as well. One of these is that most cities have only just begun to prepare themselves for a large population of older peo-ple, who have specific needs, from housing designer no minimize hazards, maintenance, and social isolation, to easy access to fresh food and convenient transit once they lose the ability to drive. Few places are ready for the wave of senior headed their way.

Another consequence is that in places where people live much longer and young women choose to have fewer children, the proportion of retireers to work will increase, meaning that the needs of the elderly will place a large burden on society. The impact of the economies of the global north will be particularly acute. If nothing changes are made in the society , may have really trouble provid-ing for all these old people.

Worldcganging: A user’s guide for the 21st century ED. Abrahms, Alex Steffen

Living to be One Hundred

A second irresistible force for increased labor flows is the radically different demographic futures implied by at least the current differences in birthrates. Nearly all Eu-ropean countries—some more rapidly and dramatically (for example, Italy and Germany) than others (for exam-ple, France and the United Kingdom)—are embarked on a truly remarkable demographic experience. The current UN population projections imply that the labor force of many European countries and Japan will not just cease to grow but decline in absolute terms by substantial amounts. Though national populations have stagnated or declined before due to excess deaths (for example, the Black Death) or out-migration (for example, Ireland), ab-solute population declines because people have decided to have fewer children than the replacement level are his-torically unique. The neighbors of Europe and Japan still have fertility rates well above replacement levels.

These differing demographic futures imply two things. First, the relative populations of regions will shift mas-sively. Second, the changes in the labor- force-age popu-lation, and particularly the young population, will change even more dramatically, creating a “youth dearth” in some countries and a youth bulge in others.

Different Demographic Futures

Let their people comePrichett, Lant

O saldo migratório português é de aproximadamente (-100) diariamente. Tinha noção deste numero?

Diana Silva // Não tinha noção de ser tão elevado.Eduardo Rodrigues // Não tinha noção deste número. Eva Vieira// Não tinha conhecimento desse saldo mas tinha noção que seria um número elevado. É tambem um reflexo cultural.Fábio Neves //Acho que ilustra a mentalidade dos portugueses de aversão à mudança e à falta de procura de melhores oportunidades.Márcia Sousa // Sim. Normal tendo em conta a situação do país.

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direito-

s.m. Complexo de leis ou normas que regem as relações entre os

homens.

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Estado Social

Numa economia (sempre com recursos escassos), man-ter o mais precioso dos seus recursos, o capital humano, afecto a a utilizações produtivamente pobres é um risco que não podemos correr. É necessária uma reforma mais profunda, que reduza os custos de despedimento (mone-tários e processuais), avance no sentido de uniformizar as diferentes formas contratuais e universalize o seguro de desemprego. A procura de "bons empregos" só é incenti-vada num sistema em que se criem esses empregos. A li-bertação de recursos para esse fim é crucial. O estado so-cial e o seu financiamento não são alheios a este processo. As contribuições sociais têm como objectivo financiar um conjunto de riscos - desemprego, doença, invalidez, ma-ternidade - que a sociedade decide cobrir através dos sis-tema público. Aperfeiçoar os incentivos comportamen-tais que induz - risco moral e selecção adversa - requer uma reforma do seu financiamento. Mas que não pode ser a de trocar contribuições sociais por iva.

Mas o que são "direitos sociais"? Por exemplo, o que significa ter um direito social,

como o direito à protecção na saúde? Significa antes en-trar numa relação com os demais cidadãos e entre nós, cidadãos e o Estado. A este arranjo institucional cha-mamos "Estado-Providência" ou "Estado Social". O que quero dizer com isto? Pensem no caso do nosso país. O Estado Providência consiste na realização concreta entre nós, através de leis e subsequentemente por intermédio de medidas políticas, deste conjunto de instituições que visam cumprir certas funções sociais de assistência em geral a todos os portugueses, e em particular aos mais po-bres e vulneráveis na eventualidade de uma doença, de ficarem desempregados, ou quando se reformar.

O futuro de um Estado SocialFilipe Carreira da Silva UM DIREITO

O futuro de um Estado SocialFilipe Carreira da Silva

A força de trabalho enquanto motor essencial e indis-pensável para o desenvolvimento de qualquer sociedade, constitui uma realidade particularmente sensível e de ex-trema relevância económica, social e política. O Direito do Trabalho é aquele ramo do direito mais diretamente relacionado com esta realidade e assumindo, como tal, uma importância ímpar no quotidiano de todos e de cada um dos membros ativos da sociedade.

Tendo apenas por objeto o trabalho juridicamente subordinado - por contraposição ao chamado trabalho independente, sem laços de subordinação jurídica - as normas do Direito de Trabalho disciplinam uma mul-tiplicidade de aspetos importantes relacionados com a relação laboral que liga um qualquer trabalhador e a sua entidade patronal.

Na verdade, desde normas jurídicas disciplinadoras do contrato de trabalho (fonte de toda e qualquer relação laboral), normas respeitantes aos direitos e obrigações do trabalhador e da entidade patronal, normas quanto à retribuição (considerada enquanto correspetivo da pres-tação do trabalhador), normas quanto à duração do tra-balho, quanto às faltas do trabalhador (ausência ao seu local durante o tempo de trabalho), quanto às férias do trabalhador (períodos de interrupção com vista ao repou-so deste), e ainda normas atinentes ao exercício do poder disciplinar por parte da entidade patronal (que tem como sanção máxima o despedimento), são algumas das nor-mas que fazem parte do Direito do Trabalho.

O Direito do Trabalho é, deste modo, um ramo do direito estreitamente relacionado com as relações (de trabalho) entre pessoas, que se desenvolvem tendo, normalmente, como pano de fundo a empresa, enquanto organização de pessoas e meios relacionados com vista à prossecução de certos fins.

Atendendo às especiais características que configuram as relações que se estabelecem, por um lado, entre o prestador de trabalho (trabalhador) e, por outro, o seu beneficiário (a entidade patronal), surge um conjunto de princípios e regras, neste ramo do direito, tendo em vista a proteção dos interesses da parte considerada mais fraca - o trabalhador.

Efetivamente, o Direito de Trabalho, contém um conjun-to de normas jurídicas que regulam o nascimento, desen-volvimento e extinção das relações laborais, dispondo de soluções particulares, acauteladoras de interesses, social e economicamente relevantes, que emergem nestas rela-ções.

Enquanto fontes deste ramo do direito, surgem-nos dois grandes tipos: as fontes de carácter nacional e as fontes de carácter internacional.

No plano nacional, encontramos, desde logo, os Princí-pios de carácter constitucional (direito ao trabalho, a tra-balho igual salário igual, nomeadamente), um conjunto variado de diplomas legais - Leis, Decretos-lei e Decretos Regulamentares - , as normas de regulamentação do tra-balho emitidas pelo Ministério do Trabalho.

Direito ao trabalho

Infopédia

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A oferta de trabalho é composto por todos os indivíduos disponíveis para trabalhar, tenham ou não emprego. O conjunto destes indivíduos designa-se por população activa, o mais importante capital produtivo de qualquer economia. A procura de trabalho deriva da necessidade que as empresas têm para a sua produção de serviços prestados pelos trabalhadores. Estes serviços são úteis à empresa (na medida em que são produtivos) e pelos quais a empresa paga um salário. Este reflecte, antes de mais, a produtividade do trabalhador, ou seja, a contribuição para o exito da empresa.

Esta descrição do mercado de trabalho corresponde à de um mercado à vista: onde os bens são vendidos a "pronto pagamento" e entregues imediatamente. Neste mercado, o salário cumpre a função de eliminar os des-vios entre oferta e procura. Há duzentos anos seria assim que se descreveria o mercado de trabalho. Salários pagos diariamente, longas horas de trabalho, pouca ou nenhu-ma importância dada à duração das relações laborais.

Num "mercado à vista" não há desemprego. Os salários ajustam-se de forma a eliminar todos os desiquilibríos entre a oferta e a procura. No entanto, esta descrição está longe de ser a mais adequada para o mercado de trabalho moderno. Neste mercado predominam as relações lon-gas, reguladas por via contractual, em virtude dos inves-timentos dos trabalhadores e das empresas, cujo retorno se dever reflectir no salário.

Portugal segue um caminho auto-destrutivo: mais de um milhão de homens e mulheres estão sem emprego. Há cada vez menos emprego com direitos.

O trabalhador desempregado é criminalizado e desu-manizado. Perde direitos, não usufruindo de Igualdade nem Liberdade. O trabalhador desempregado, como os que dele dependem, perde acesso a serviços essenciais, à educação, à cultura, à saúde, à mobilidade e por estas razões o trabalhador desempregado dificilmente cumpre com as obrigações da sua vida pessoal, familiar e social.

Ao mesmo tempo que cresce o desemprego, crescem o trabalho precário, o trabalho a falsos recibos verdes e as empresas de trabalho temporário.

Ao mesmo tempo que cresce o desemprego e o trabalho sem direitos, os trabalhadores desempregados são utili-zados como moeda de troca para a redução de direitos e salários e aumento dos deveres, responsabilidade e horas de trabalho dos concidadãos empregados. Estes, assim chantageados, acabam por ceder passivamente a situa-ções ilegais ou indignas, entretanto tornadas legais.

O trabalhador desempregado precisa de apoio social na procura de emprego, mas acima de tudo precisa de um emprego digno, estável, que cumpra os seus direitos constitucionais, para poder viver uma vida independente e contribuir, como os seus concidadãos, para o bem co-mum. Assim exigimos:

▪ O cumprimento efectivo do Artigo 23° da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao qual Portugal se obriga por tratados internacionais.

O Movimento Sem Emprego é constituído por trabalhadores que alternam a sua condição entre o desemprego, o sub-emprego ou a precariedade. Estamos empenhados na união dos trabalhadores desempregados e no combate político de defesa dos seus direitos. O Movimento Sem Emprego pretende ainda dar apoio jurídico e denunciar situações de incumprimento,de injustiça, de criminalização e opressão dos trabalhadores desempregados

O trabalho, Uma visão do MercadoCenteno, Mário

Oferta de TrabalhoManifesto Movimento Sem Emprego

CAPÍTULO IIIDireitos, liberdades e garantias dos trabalhadores

Artigo 53.ºSegurança no emprego

É garantida aos trabalhadores a segurança no empre-go, sendo proibidos os despedimentos sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos. Artigo 54.ºComissões de trabalhadores

1. É direito dos trabalhadores criarem comissões de tra-balhadores para defesa dos seus interesses e intervenção democrática na vida da empresa.2. Os trabalhadores deliberam a constituição, aprovam os estatutos e elegem, por voto directo e secreto, os mem-bros das comissões de trabalhadores.3. Podem ser criadas comissões coordenadoras para me-lhor intervenção na reestruturação económica e por for-ma a garantir os interesses dos trabalhadores.4. Os membros das comissões gozam da protecção legal reconhecida aos delegados sindicais.5. Constituem direitos das comissões de trabalhadores:a) Receber todas as informações necessárias ao exercício da sua actividade; b) Exercer o controlo de gestão nas empresas;

c) Participar nos processos de reestruturação da empresa, especialmente no tocante a acções de formação ou quan-do ocorra alteração das condições de trabalho; d) Participar na elaboração da legislação do trabalho e dos planos económico-sociais que contemplem o respec-tivo sector; e) Gerir ou participar na gestão das obras sociais da em-presa; f) Promover a eleição de representantes dos trabalhado-res para os órgãos sociais de empresas pertencentes ao

Constituição PortuguesaEfetivamente, o Direito

de Trabalho, contém um conjunto de normas jurídicas que regulam o nascimento, desenvolvimento e extinção

das relações laborais, dispondo de soluções particulares,

acauteladoras de interesses, social e economicamente relevantes, que emergem

nestas relações.

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Estado ou a outras entidades públicas, nos termos da lei.1. Todos têm direito ao trabalho. 2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Esta-do promover:a) A execução de políticas de pleno emprego; b) A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja ve-dado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quais-quer cargos, trabalho ou categorias profissionais; c) A formação cultural e técnica e a valorização profissio-nal dos trabalhadores.

Artigo 59.ºDireitos dos trabalhadores

1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito:a) À retribuição do trabalho, segundo a quantidade, natu-reza e qualidade, observando-se o princípio de que para trabalho igual salário igual, de forma a garantir uma exis-tência condigna; b) A organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar; c) A prestação do trabalho em condições de higiene, se-gurança e saúde;

d) Ao repouso e aos lazeres, a um limite máximo da jornada de trabalho, ao descanso semanal e a férias periódicas pagas; e) À assistência material, quando involuntariamente se encontrem em situação de desemprego; f) A assistência e justa reparação, quando vítimas de aci-dente de trabalho ou de doença profissional.2. Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que os trabalhadores têm direito, nomeadamente:a) O estabelecimento e a actualização do salário mínimo nacional, tendo em conta, entre outros factores, as neces-sidades dos trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de desenvolvimento das forças produtivas, as exi-gências da estabilidade económica e financeira e a acu-mulação para o desenvolvimento; b) A fixação, a nível nacional, dos limites da duração do trabalho; c) A especial protecção do trabalho das mulheres duran-te a gravidez e após o parto, bem como do trabalho dos menores, dos diminuídos e dos que desempenhem activi-dades particularmente violentas ou em condições insalu-bres, tóxicas ou perigosas; d) O desenvolvimento sistemático de uma rede de centros de repouso e de férias, em cooperação com organizações sociais; e) A protecção das condições de trabalho e a garantia dos benefícios sociais dos trabalhadores emigrantes; f) A protecção das condições de trabalho dos trabalhado-res estudantes.3. Os salários gozam de garantias especiais, nos termos da lei.

CAPÍTULO I Direitos e deveres económicos

Artigo 58.ºDireito ao trabalho

Eva Vieria //Atelier de Arquitectura na Almanhã

Aqui sou mao-de-obra mais barata, mas pelo menos tenho todos os direitos todos no contracto, férias e tratam-me melhor do que em portugal.

Experiência profissional em Portugal: Animacao de criancas - 2 anos Joalharia- 2 meses Arquitectura-6 meses Arquitectura-9 meses

O regime de protecção ao emprego em Portugal foi pen-sado num contexto em que a protecção ao desemprego era muito incipiente e a economia pouco aberta ao exte-rior, traços económicos herdados dos regime ditatorial. As primeiras intervenções no mercado de trabalho, feitas na sequência da Revolução de 1974, tiveram como objec-tivo introduzir alguns instrumentos já existentes noutras economias, nomeadamente os contractos a prazo e o sa-lário mínimo. No mesmo período, criou-se um regime de subsídio de desemprego, muito incipiente. Desde então, a regulamentação do mercado de trabalho tem sido alvo de reformas parciais - que não se difundem a todos os parti-cipantes no mercas, - mas uma verdadeira adequação às novas necessidades ficou sempre por fazer. Estas refor-mas acentuam desequilíbrios de protecção no emprego e do desemprego entre diferentes grupos de população.

Protecção contra o desemprego

A dimensão dos fluxos de emprego e trabalhadores em Portugal pode deixar alguns estupefactos e em negação. Não é a magnitude que nos deve preocupar, mas sim a formação segmentada como a rotação de trabalhadores varia em função do tipo de contracto- uma característica não produtiva da relação laboral. A evidência torna claro que as barreiras que se erguem na legislação actual não impedem estes fluxos, apenas distorcem a sua eficiência.

Em 2001, Portugal vivia o que pareciam ser tempos de prosperidade, reflectidos numa taxa de desemprefo infe-rior a 4%. Passada uma década, mais de 16% da população activa está desempregada. O número de desempregados é quatro vezes maior. Em 2012, o desemprego afectava cerca de 900 mil pessoas, correspondendo a mais d 16% da população com participação activa no mercado de trabalho. Do ponto de vista social, os números são alar-mantes, arrebatando naturalmente o debate económico. Neste contexto, é difícil escapar à visão de um iminente descalabro social, tornando difícil centrar a discussão na importância económica do desemprego (se temporário) para melhorar a eficiência da economia.

Desde 2002 que o desemprego e a sua duração aumen-tam de forma mais ou menos continuada, o que muitos interpretam como um aumento estrutural.

Mas no imediato é necessário dar resposta ao capi-tal humano que está em maior risco de se depreciar, ou emigrar, e com isso agravar o empobrecimento da nossa sociedade.

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Com o deflagrar da crise financeira e o seu agravamento posterior, motivado pelas correções das políticas orçamentais e a agudização da crise da dívida soberana na área do euro, o desemprego entre sectores e grupos de indivíduos. A situação pode ser preocupante pelo facto de os jovens não conseguiram formar um currículo, nos anos iniciais da sua carreira no mer-cado de trabalho, que lhes permita sinalizar as suas qualidades e empenho laborais. Esta falta de estabilidade pode ter efeitos ne-gativos no êxito de inserção posterior no mercado de trabalho. Mas as cicatrizes deste período dificilmente se limitarão ao cur-rículo de cada um, estendendo-se também à economia do País, que vê os jovens com o melhor capital humano optar pela emi-gração.Podemos admitir que a maior incidência de desemprego entre os jovens pode estar associado ao facto de encontrarem no início da sua carreira e, portanto, num processo de tentativa e erro de procura do “par perfeito”. Os jovens estão a conhecer os meandros do mercado de trabalho. As próprias empresas, dada a curta história de participação dos jovens no mercado de trabalho, têm incentivos em experimentar vários pares até que se decidem por aqueles que se revelam mais produtivos. Os registos de relações laborais da Segurança Social confirmam a maior rotação entre os jovens. A eficiência desta rotação entre empregos é afectada pela legislação laboral, que condiciona a continuidade das experiências de emprego, tal como referirmos antes. Para que a rotação esteja associada a melhorias de produ-tividade e salariais não pode ser ditada por constrangimentos legais que penalizem as relações laborais longas. Quando isto não acontece, surgem fenómenos de desemprego de longa du-ração e os investimentos na procura de emprego são frustrados.

As relações laborais acabam de forma precoce. O desemprego

torna-se recorrente e cada vez mais longo, um anátema

individual e social e a situação no mercado de trabalho deteriora-se de tal forma

excessiva. Mesmo para os mais jovens e talentosos.

Fábio Neves Engenheiro Informático na Irlanda//A protecção contra o desemprego não está a ser cumprida dada a situação financeira do País.

Desemprego Jovem

O trabalho, uma visão do mercado Centeno, Mário

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s. f. emigração-

(latim emigratio, -onis) 1. Acto ou efeito de emigrar.

2. Conjunto de pessoas que deixa o seu país ou a sua região para se

estabelecerem noutro.

Eva//A nova emigracao é dos novos letrados, cujos pais emigraram lhes pagarem os estudos e agora nós termos de voltar a emigrar. Culpa de um país que vive a sombra dos outros.

Emigração Jovem - Ediotorial de 23 de Outubro de 2012

Portugal vive indiscutivelmente um novo fluxo de emi-gração. Com o rebentar da crise, o fenómeno que marcou o País nos anos 60 parece estar a repetir-se. À medida que o desemprego sobe (e já vai em 15,5%) e os apoios aos desempregados vão sendo cortados, são cada vez mais os que decidem deixar Portugal e procurar melhores condi-ções de vida - e trabalho - no estrangeiro. Mas estamos perante uma vaga muito diferente daquela que se regis-tou no período da ditadura e com muito menos retorno económico, financeiro e social que a de então.

Os jovens que na década de 60 deixaram o País, para fu-gir à guerra colonial e à pobreza, faziam-no ilegalmente, submetiam-se a condições de vida sub-humanas no es-trangeiro e à medida que iam conseguindo adaptar-se e ganhando dinheiro tinham um único objetivo: regressar ao seu país e à terra, para onde tinham enviado todas as poupanças feitas. Pelo meio tinham vindo todos os anos passar férias e tinham dado trabalho aos construtores lo-cais para lhes construir a casa sonhada no terreno em que já tinham investido. E voltavam com um negócio montado para deixar aos filhos depois da reforma.Agora é diferente. No mundo cada vez mais global, ficarão e farão a sua vida de acordo com o país onde a sua formação e qualidade for reconhecida. Adaptando-se à vida local. Quando muito, virão de férias. Para eles, só a nível emocional fará diferen-ça terem o valor premiado no nosso país ou noutro lado do mundo. Mas para Portugal significa muito: estamos pe-rante a perda da tão necessária mão de obra qualificada. É urgente pois criar programas que invertam este processo.

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In an increasingly integrated and liberalized economy, with more open capital and goods and services markets, the highly restricted and heavily regulated markets for global labor are an oddity. with international and inter-nal migration offering individuals one of the few nearly sure-fire ways to escape poverty, with migrant remittanc-es from rich to poor countries exceeding foreign aid; and with rich countries designing immigration policies to se-lectively attract the poor world’s most talented and moti-vated people—with all this it is obvious that international migration and global labor mobility truly are “develop-ment” issues. First, many in the development communi-ty did not, and do not, regard the movement of people as “development.” For them, development takes place within coun- tries or nation-states. The movement of people across borders—no matter their success in a new setting—is a symp-tom of failed development, not a contribution to sustained transformation of the third world. Second, the politics of la-bor and migration policy in rich countries are so hugely con-tentious that it is reasonable to wonder whether smart new analy- sis of the issue from a development perspective could lead to better policies. Anti-immigration sentiment is ris-ing in the United States and Europe. “Glob- alists” and rich world development advocates, who might otherwise support greater labor mobility for unskilled workers, hesitate given the potential negative effects on wages and income inequal-ity in the receiving countries. And there is understandable ambivalence about the possible risk to poor countries of the so-called brain drain.

Dos cerca de cem mil portugueses que estão a emigrar anualmente,

a maioria deles são jovens qualificados, entre os 25 e os 34 anos, as grandes vítimas do desemprego nacional. Querem mais

do que um primeiro emprego, vão por uma carreira.

Let their People ComePrichett, Lant

The impact of emigration depends foremost on the characteristics of emigrants. A truism of migration stud-ies is that a strong selection bias exists among migrants, meaning that they are not randomly drawn from the gen-eral population of a country. The bias may refer to skills, educa- tion, occupation, risk averseness and dynamism, ethnic and religious selection, political beliefs, income, or regional and urban/rural selection.

It is widely believed that migrants are a select group, showing, for example, more initiative than their appar-ent equivalents who choose to stay. However, evidence of positive selection is difficult to pinpoint if characteristics are unobservable. This problem is not insurmountable, however, because the most likely source of positive se-lection is not vol- untary migration decisions but those made by universities, employers, and immigration of-ficials as part of the employment-based temporary and permanent visa system.

Who leaves?

Diana Silva, 26 anos Eduardo Rodrigues, 24 anosEva Vieira, 27 anosMárcia Sousa, 22 anosFábio Neves, 27 anos

Give us your best and brightestKapur, Devesh & McHale, John

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94 por cento dos jovens portugueses considera a hipótese de trabalhar no estrangeiro, segundo os resultados de um inquéri-to “online” feito pela Universia e pelo site Trabalhando.pt.

Entre as razões para a decisão de emigrar destacam-se os be-nefícios pessoais e profissionais (45 por cento das respostas) e a possibilidade de conseguir um emprego melhor (38 por cento).

A distância dos familiares é a causa mais apontada para a permanência em Portugal, tendo atingido 30 por cento das es-colhas. Entre os factores inibidores da emigração, a diferença linguística atingiu os 22 por cento de respostas, mais um ponto percentual que o custo de vida.

Trinta e nove por cento dos internautas revelou-se dispostos a passar mais do que oito anos fora do país, enquanto que 34 por cento escolheu um período entre um e três anos.

Trabalhar no estrangeiro, segundo os mesmos resultados, numa área que não a da sua formação, é uma opção para 63 por cento dos inquiridos.

O número de desempregados atingiu 51 por cento do total de inquiridos e, dentro desse universo, 43 por cento admitiu vir a estudar línguas estrangeiras, nos próximos meses.

Procurar emprego no estrangeiro, mesmo fora da área de es-tudos, foi apontado como hipótese, por 33 por cento dos de-sempregados que responderam a este inquérito. Tentar uma pós-graduação está nos planos de 24 por cento.

O universo de inquiridos foi composto por 61 por cento de pessoas com mais de 27 anos, 36 por cento com idade entre os 21 e os 26. Os jovens com idade entre os 18 e os 20 anos cons-tituíram 3 por cento da amostra. Na distribuição por sexo, as mulheres representam 59 por cento. No total, os resultados fo-ram apurados através das respostas de cerca de 700 internautas.

94% dos jovens admite trabalhar no estrangeiro

Dias, Jõao NogueiraP3

Economic motives are largely responsible for migration, although political factors are important in certain cases. Where migration is the result of politics, its consequenc-es are likely to be more inimical to the country of origin. Insofar as the economic migrants are members of the erstwhile political elite that is being displaced, their weak links with newer elites are likely to strain commitment to their country of origin. The migration of elites may also open space for new groups. Indeed, the very possibility of exit may make them feel as though they have less stake in the national system, thus diminishing their “voice.”19 On the other hand, the possibility of exit may reduce the intensity of an elite’s opposition to the efforts of other so-cial groups to claim a share of the national political space.

(...)Political turmoil spurs international migration and ac-

tivates diasporic nationalism, which often makes an al-ready bad situation worse. Global trends are weakening the cover of national sovereignty, and diasporic minori-ties in particular are playing a more activist role in their country of origin, especially where the community faces the threat of violence. “Long-distance” nationalism asso-ciated with diasporas has often ampli- fied political ten-sions and conflict in the country of origin.

Reason for Leaving

... since they have definite plans to leave, the home country has no chance of

gaining from these additional investments.

Give us your best and brightestKapur, Devesh & McHale, John

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Large and persistent declines in labor demand in a re-gion, perhaps because of technical changes in agriculture or changes in resources, create two possibilities, which I call “ghosts” or “zombies.” If labor is geographically mobile and hence labor supply is elastic, then large de-clines in labor demand will lead to large out- ward migra-tion—the process that created “ghost towns” in the Unit-ed States. However, if labor demand falls in a region and labor is trapped in that region, by national boundaries for instance, the labor supply is inelastic and all the accom-modation has to come out of falling wages. A region that cannot become a ghost (losing population) becomes a zombie economy—the econ- omy might be dead, but peo-ple are forced to live there.

Let their People ComePrichett, Lant

People do not actually need to leave a country for it to be affected by the existence of outside opportunities for that country’s skilled labor. Indeed, the simple prospect of leaving one’s country can change domes- tic econom-ic and political outcomes. The prospect of emigration can also affect an individual’s decisions to accumulate financial, social, and enterprise capital. Prospective em-igration can be examined under three conditions: when an individual is uncertain about his or her chances of emigration but is certain of receiving a higher return on human capital investments should the opportunity to emigrate arise; when emigration is an option—one that, under some conditions, might be “bought” with addition-al education; and when the availability of outside options is uneven across skill levels and can subtly reshape a so-ciety, whether in regard to the progressivity of the fiscal system or the incentive to use “voice” to reform domestic institutions.

But since they have definite plans to leave, the home country has no chance of gaining from these additional investments

Quando estava a estudar, imaginava que o seu futuro passava pelo estrangeiro?

Diana // Sim, apenas pela experiência.Eduardo // Nunca neguei essa possibilidade.Eva // Provavelmente.Fábio // SimMárcia// Sim

When People Can Leave:The Effect of Prospective Emigration

Give us your best and brightestKapur, Devesh & McHale, John

Portugal: A zombie economy

What does a country lose when a significant fraction of its skilled work- force leaves?

This surplus helps guard against the possibility of un-derestimating or overestimating losses. Those who are sanguine about the extent of such losses tend to view the economy in terms of a “lump of labor,” which seems a natural response in an environment of unemployment or under- employment. In the extreme, people of this persuasion assume that there is a fixed amount of work to be done, so that when some workers emi- grate, their jobs are taken over by others, with no loss of total out-put. Indeed, many think that TRBs gain when emigration occurs, given that they will receive the abandoned jobs. However, recent literature on unem- ployment leads us to believe that a country’s unemployment rate is by and large independent of the size of its labor force. To put it a bit differently, we assume that supply creates its own demand, where jobs created for skilled workers are simi-larly destroyed when these workers leave.

For instance, governments could allow emigrants to return again at a later time if things do not work out, make social security entitlements portable, sponsor the return of people with badly

needed skills, put money in spe-cial accounts during the migrant’s stay that can only be accessed on

return, or ask the country of origin to provide information on oppor-

tunities at home.

Give us your best and brightestKapur, Devesh & McHale, John

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A less controversial approach is to ensure that emi-grants remain economically and socially connected to their former homes, which include policies that affect the probability of return. The purpose here is to max- imize the benefits from having a well-connected diaspora and the capital augmented return. Receiving and sending countries can make it easier for emigrants to travel, send remittances, and make investments. They can also help in solving the collective action problems inherent in or-ganizing a diaspora and cooperate with groups that do form. One way to increase the probability of return is to make visas temporary without the possibility of leading to permanent status. The idea is that young people build skills, savings, and social networks while abroad and then return to use their accumulated human, financial, and so-cial capital to the benefit of the home country. Such pol-icies seem fair if the migrants understand the terms of their visa from the outset. Indeed, time limitations are perfectly legitimate for short stays. But seeing that many people quickly put down roots in their adopted coun-tries, we think that medium- to long-term temporary and nonconvertible visas are not humane policy. A better ap-proach is to create incentives to return as opposed to pro-hibitions on staying.

Os planos para o futuro (caso existam), passam por um regresso a Portugal?

Diana // Sim.Eduardo // Sim.Eva // Para breve e para trabalhar naoFábio// SimMárcia // Não, não tenciono voltar para Portugal..

Se tivesse a oportunidade de desenvolv-er o mesmo trabalho com as mesmas condições no país de origem, preferia?

Diana // Sim, preferia estar perto da família e amigos chegados.Eduardo //Sem dúvida.Eva // SimFábio// O meu objectivo foi desenvolv-er-me pessoal e profissionalmente. Para tal necessito de contactar com outras culturas de outras nacionalidades, e viver fora do ambiente ao qual estava acostumado. Portanto, não preferia estar no país de origem.Márcia // Não, não me parece que na área cinematográfica possa encontrar as condições que pretendo no meu país de origem. Give us your best and brightest

Kapur, Devesh & McHale, John

não falamos apenas de uma fuga de cérebros, mas sim

de uma “hemorragia”, que é difícil de compensar

por maior que seja a circulação de cérebros.

O que ganha Portugal com a emigração de jovens qualificados?

Para muitos Portugueses – especialmente para os mais jovens – uma das consequências da crise económica que o país atravessa é o desemprego e a ausência de perspec-tivas de carreira.

Face a este cenário, nos últimos meses vários membros do Governo apresentaram aos jovens – principalmente aos mais qualificados – a emigração como solução para ultrapassarem estas dificuldades. É pois legítimo per-guntar o que Portugal tem a ganhar com a emigração de jovens qualificados? Para responder a esta questão te-mos que nos debruçar sobre dois fenómenos: a “fuga” e a “circulação” de cérebros.

Os efeitos negativos da fuga de cérebros são bem co-nhecidos. Muitos estudos empíricos demonstram que o capital humano é o recurso mais valioso que um país possui, pois este promove a inovação, o empreendedo-rismo e a qualidade das Instituições e da Democracia. Assim sendo, a fuga de cérebros, ao diminuir o capital humano, reduz as possibilidades de crescimento de um país. Para além do mais, a fuga de cérebros representa um desperdício de fundos públicos visto que a educação em Portugal é na sua maioria gratuita. Ou seja, Portugal com os seus impostos subsidia a educação dos seus cida-dãos, mas se estes emigrarem, quem beneficia do seu ca-pital humano são os países de destino, sem estes terem gasto nada com a sua formação.

O Governo, por seu lado, argumenta que a emigração qualificada pode também trazer alguns ganhos, nomea-damente aqueles que resultam da circulação de cére-bros. Ao emigrar, um indivíduo adquire conhecimentos,

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trabalhava no estrangeiro. É de esperar que hoje em dia e devido à crise, a percentagem de emigração qualificada seja superior. De qualquer modo, note-se que mesmo este número é muito elevado quando comparado por exemplo com os 4,3% na Índia. De facto, Portugal encontra-se no top 25 dos países com maior fuga de cérebros, na compa-nhia da Serra Leoa, da Somália, do Ruanda, do Afeganis-tão e de outros países em desenvolvimento.

Qual é a razão para esta grande fuga de cérebros no nosso país? O crescimento económico anémico de Portu-gal na última década pode apenas explicar parcialmente este fenómeno, visto termos uma emigração qualificada ao nível de países com maiores dificuldades económicas, sociais e políticas do que as nossas. O cerne do problema reside no facto de Portugal ter uma economia pouco di-nâmica. Os sucessivos Governos agravaram esta situação ao se terem concentrado excessivamente na política de obras públicas, na protecção de monopólios e no favo-recimento de uma clientela política. Como o Estado tem um peso muito elevado na nossa economia, isto contribui para criar um sector privado dual. De um lado temos uma mão-cheia de grandes empresas, modernas mas com for-tes conivências com o poder político; do outro lado, uma infinidade de pequenas e médias empresas que por vezes operaram na sombra da economia informal e onde rei-nam as baixas qualificações, inclusive entre o patronato.

Fábio // As melhores oportunidades profissionais encontram-se maioritariamente fora de Portugal. Além do mais, a situação financeira do páis privilegia tambéma procura de empregos no estrangeiro.A emigração de agora é diferente. O contexto de agora passa por uma tentativa de aprendizagem e desenvolvimento das capacidades profissionais. Não pela busca de um emprego. Se compararmos com a década de 60, verificamos que actualmente são os indivíduos com mais qualificações que estão a emigrar.

Jornal PúblicoPires, Armando

que (provalmente) não teria possibilidade de obter sem emigrar. Se mais tarde muitos destes emigrantes regres-sarem ou investirem em Portugal, a economia do nosso país vai beneficiar dos conhecimentos obtidos por estes no estrangeiro. Deste modo, a fuga de cérebros pode ser compensada por uma circulação de cérebros.

A sustentar esta hipótese está o caso do sector de tecno-logias de informação em Bangalore na Índia, baseado em emigrantes daquele país que regressaram de Sillicon Va-ley nos EUA. Estes emigrantes usaram a experiência que obtiveram na meca das tecnologias de informação para desenvolver um cluster tecnológico em Bangalore que é actualmente um dos mais dinâmicos a nível mundial. É reconhecido que sem a emigração para os EUA, tal difi-cilmente teria acontecido.

Estas ideias encontram também eco no trabalho dos economistas Fréderic Docquier (Université Catholique de Louvain) e Hillel Rapoport (Harvard University). Es-tes, no entanto, demonstram que os países que têm uma taxa de emigração qualificada superior a 20% do total dos seus licenciados, os efeitos negativos da fuga de cérebros tendem a suplantar os efeitos positivos da sua circulação. Tal ocorre porque quando a percentagem de capital hu-mano qualificado que emigra é tão expressiva, não fala-mos apenas de uma fuga de cérebros, mas sim de uma “hemorragia”, que é difícil de compensar por maior que seja a circulação de cérebros.

Infelizmente, Portugal encontra-se neste caso, pois se-gundo a OCDE, já antes da crise financeira de 2008, cerca de 20% da população Portuguesa com um curso superior

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O Observatório da Emigração foi criado em 2008, com base num protocolo entre a Direcção-Geral dos Assun-tos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP) e o CIES/ISCTE – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). O Observatório iniciou a sua actividade em Janeiro de 2009, com dois objectivos principais:

-Produzir e disponibilizar informação sobre a evolução e as características da emigração e das comunidades portuguesas;-Contribuir para a definição de políticas públicas neste domínio.

O Observatório da Emigração centra a sua actividade, em primeiro lugar, na recolha, análise e disponibili-zação de indicadores estatísticos e de outra informação documental, de diferentes origens, sobre a emigração e as comunidades portuguesas. Em segundo lugar, o Ob-servatório realiza e promove estudos e sessões de debate público, e facilita e incentiva a realização de teses de me-strado e de doutoramento naqueles domínios.

http://www.observatorioemigracao.secomunidades.pt

Observatório da Emigração

Filipa Pinho

Observatório da EmigraçãoISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, CIES-IULEdifício ISCTE, Av. das Forças Armadas1649-026 Lisboa

Email: [email protected] (CIES-IUL): +351210464018

Contactos

O futuro do Estado Socialda Silva, Filipe Carreira, (Janeiro 2013), Ensaios da Fundação FFMS, Edições Relógio D’Água O trabalho, Uma Visão de MercadoCenteno, Mário, (Janeiro 2013), Ensaios da Fundação FFMS, Edições Relógio D’ÁguaLet their people come: Breaking the gridlock on Internacional Labor MobilityPrichett, Lant , (2006), Center for Global DevelopmentGive us your best and brightestKAPUR, Devesh and McHALE, John , (2005), Center for Global Develop-mentDo the Gains from International Migration “Go to the Immigrants”?CLEMENS, Michael (9/23/11) Global Development: Views from the CenterMigration and Disaster-Induced Displacement: European Policy, Practice, and PerspectiveCOOPER, Michael D., Center for global developlemtObservatório da Emigraçãowww.observatorioemigracao.secomunidades.ptInstituto Nacional de Estatística

Bibliografia PrincipalIndicadores

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http://www.migrationinformation.org/feature/display.cfm?ID=77http://www.ffms.pt/debate/510/emigracao-ou-exportacaohttp://countrystudies.us/portugal/48.htmhttp://jpn.c2com.up.pt/2012/10/23/emigracao_so_este_ano_portugal_perdeu_65_mil_jovens.htmlhttp://p3.publico.pt/actualidade/economia/2697/mais-de-56-mil-portu-gueses-procuram-trabalho-em-rede-europeia-de-empregohttp://p3.publico.pt/actualidade/economia/2398/numero-de-licencia-dos-emigrar-aumentou-495-entre-2009-e-2011http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/5843/jovens-passam-consoa-da-longe-da-familia-pela-primeira-vezhttp://p3.publico.pt/actualidade/economia/5619/94-dos-jovens-ad-mite-trabalhar-no-estrangeirohttp://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/6281/emigracao-aumenta-85-e-incide-nos-jovens-dos-25-aos-29-anoshttp://p3.publico.pt/actualidade/economia/6549/alemanha-procura-jov-ens-portugueses-que-queiram-estudar-e-trabalhar-no-paihttp://p3.publico.pt/actualidade/economia/6644/taxa-de-desemprego-jo-vem-chega-aos-40http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/7041/catarina-alves-portugal-forcou-sair-espanha-deu-lhe-uma-oportunidadehttp://p3.publico.pt/actualidade/economia/7345/manda-tecom-prom-ete-ajudar-quem-esta-sem-empregohttp://www.bbc.co.uk/news/world-21206165http://www.boletimdenoticias.com/2013/03/06/emigracao-de-jovens-e-solucao-ou-inicio-do-fim/http://www.dn.pt/inicio/opiniao/editorial.aspx?content_id=2840984http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/jan/08/portugal-emigra-tion-young-generationhttp://www.ibtimes.com/portugals-best-brightest-escaping-econom-ic-hardship-record-numbers-1042072

http://www.ibtimes.com/portuguese-youths-emigrating-former-colo-nies-jobs-308308http://www.jn.pt/Domingo/Interior.aspx?content_id=1586730http://www.ptjornal.com/2012102211541/geral/sociedade/portugal-viu-partir-65-mil-jovens-do-mercado-de-trabalho-em-apenas-um-ano.htmlhttp://www.publico.pt/economia/noticia/o-que-ganha-portugal-com-a-em-igracao-de-jovens-qualificados-1534552http://ocanhoto.blogspot.pt/2005/10/fuga-de-crebros-e-notcias-sem-cre-bro.html

Outras fontes