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Direito Tributário Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu Televirtuais | 2012
Pós-Graduação – 2012 DIREITO TRIBUTÁRIO CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
LEITURA OBRIGATÓRIA – AULA 3
ANOTAÇÕES SOBRE A NÃO CUMULATIVIDADE DAS
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS AO PROGRAMA DE
INTEGRAÇÃO SOCIAL - PIS E AO FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL - COFINS E O CONCEITO DE
INSUMO
Elidie Palma Bifano
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, pelos autores.
Publicação: Outubro de 2012
2
ANOTAÇÕES SOBRE A NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇ ÕES DEVIDAS
AO PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL - PIS E AO FINANCI AMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL - COFINS E O CONCEITO DE INSUMO
1. Não cumulatividade
1.1 Generalidades
A não cumulatividade é um conceito puramente fiscal que,
entretanto, dada a sua relevância social, acabou juridicizado em nosso sistema, de tal
sorte que acabou inserido na própria Constituição Federal (CF). Alcides Jorge Costa,
ao examinar o princípio da não cumulatividade do ICM, introduzido pela Emenda 1, à
CF de 1946, caracteriza-o como aquele princípio que, aplicado em um imposto
plurifásico (como o então ICM), permite a dedução, em cada operação, do imposto
cobrado nas operações anteriores, nos termos do disposto em lei1. Cita, também,
afirmação feita por Maurice Lauré, estudioso francês de fiscalidade, no sentido de que
no imposto sobre o valor acrescido, portanto plurifásico, a não cumulatividade constitui
uma conquista da ciência fiscal e não o resultado final de uma evolução pragmática2.
Adotado no Brasil, em 1967, o imposto de valor acrescido foi, então, representado pelo
ICM. O valor acrescido é, de sua vez, a diferença entre o valor dos bens e serviços
produzidos, diminuído do valor dos bens e serviços adquiridos para emprego no
processo de produção3. O imposto de valor acrescido enseja muitas considerações
técnicas, a saber: (i) aplicação e distinção, entre os vários tipos de imposto, a partir da
renda, do consumo e do produto bruto; (ii) abrangência do que deve ser deduzido, tal
como ingredientes físicos dos produtos ou valor dos bens utilizados na produção, bens
produzidos, ainda que não vendidos, ou apenas bens vendidos; (iii) dedução da
totalidade ou de apenas parte dos bens próprios utilizados; (iv) cobrança na produção,
no atacado ou no varejo; (v) incidência sobre base real (conceito estatístico e
econômico de valor acrescido) ou sobre base financeira (total das vendas deduzido do
total das aquisições); (vi) cálculo pelo método de adição (soma de todos os
1 ICM na Constituição e na lei complementar, p.149. 2 ICM na Constituição e na lei complementar, p.15. 3 Alcides Jorge Costa, ICM na Constituição e na lei complementar, p.23.
3
componentes do valor acrescido) ou de subtração (diferença entre bases ou entre
impostos) 4.
O sistema tributário brasileiro, na atualidade, abriga diversos tributos
de valor adicionado ou agregado, como preferem muitos, entretanto, nem todos
admitem o princípio da não cumulatividade em sua plenitude5.
1.2 A não cumulatividade e a CF
A CF trata da não cumulatividade de tributos, de forma geral, no
art. 154, II, quando admite a instituição, pela União Federal, de outros impostos, além
dos atualmente previstos, desde que sejam introduzidos por lei complementar, sejam
não cumulativos e não tenham o mesmo fato gerador, ou base de cálculo, próprios dos
discriminados constitucionalmente, sendo que essa disposição é aplicável, também, às
contribuições sociais, por força do disposto no art. 195, §4° da mesma CF. A não
cumulatividade referida nesse dispositivo deve ser entendida, por uma questão de
interpretação sistemática, como aquela prevista nos arts. 152, § 3°, II, para o Imposto
sobre Produtos Industrializados – IPI, e 155, § 2°, I, para o Imposto sobre a Circulação
de Mercadorias e Serviços – ICMS, ambos, dispositivos da CF. Assim considerado,
qualquer novo imposto ou contribuição social que venha a ser introduzida no sistema
tributário brasileiro deve observar as disposições legais referidas, que a seguir são
comentadas.
O IPI é, por determinação da CF, imposto não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas
operações anteriores. Observe-se que nenhuma condição ou restrição constitucional
há para que a não cumulatividade opere e se implemente por inteiro, no que tange a
esse tributo, razão pela qual a denominaremos de plena. O ICMS, de sua vez, também
é imposto não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação,
relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços, com o montante
cobrado nas anteriores, pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal, não se
admitindo, porém, o crédito, em operações isentas ou sujeitas à não incidência; além
4 Alcides Jorge Costa, ICM na Constituição e na lei complementar, pp.23-26. 5 Nessa categoria inserem-se o ICMS, o PIS e a COFINS.
4
disso, a compensação do imposto e a manutenção do crédito, nas operações de
remessa para outro Estado, ou de exportação para o exterior, de mercadorias e
serviços, dependem de lei complementar6. As restrições impostas à tomada de
créditos, no que tange ao ICMS, permitem classificar tal não cumulatividade como
condicionada ou relativa. À vista das expressas determinações constitucionais pode-se,
pois, afirmar que o modelo constitucional de não cumulatividade 7 desdobra-se em
duas diferentes vertentes: (i) não cumulatividade plena, para o IPI, e (ii) não
cumulatividade condicionada, ou relativa, para o ICMS.
O art. 195, da CF, ao referir-se à instituição de novas fontes de
custeio da seguridade social, portanto contribuições não previstas no rol constitucional,
determinou que elas seriam não cumulativas, conforme disposto no art. 154, II, logo
seguiriam, no mínimo, o modelo de não cumulatividade condicionada ou relativa,
prevista constitucionalmente para o ICMS, pois que além das duas figuras de não
cumulatividade, comentadas, nenhuma outra se inseria no texto constitucional. Ocorre,
entretanto, que a não cumulatividade, ao ser introduzida para as contribuições sociais8,
o foi para fontes que já constavam da CF (receita, faturamento e importação de bens e
serviços) não se lhes aplicando, portanto, o art. 154, II, acima citado (novas fontes).
Como conseqüência do procedimento adotado pelo legislador constituinte, as fontes de
custeio submetem-se a um regime de não cumulatividade especial, para elas
constitucionalmente previsto no art. 195, § 12, ou seja, não cumulatividade aplicada a
setores de atividade econômica que venham a ser definidos por lei. A atribuição da não
cumulatividade a um ou mais setores cabe, exclusivamente, ao poder discricionário do
legislador ordinário que, para tanto, não parece necessitar de qualquer maior
justificativa que o seu discrímen e a sua pessoal convicção.
O regime da não cumulatividade, adotado para o PIS e para a
COFINS9, reveste-se de um caráter especialíssimo, diverso daquele admitido para o IPI
e o ICMS, pois, constitucionalmente, o legislador pode restringir ou vetar o uso do 6 Neste momento, o Poder Executivo apresentou Projeto de Emenda Constitucional 233 propondo reforma tributária com fundas alterações na estrutura do ICMS. 7 É unânime, entre os estudiosos, que a não-cumulatividade é princípio constitucional, dentre outros, Roque Carrazza, ICMS, pp 184-192: João Dácio Rolim, ICMS – Princípio da Não-Cumulatividade. Diferencial de Alíquota. Possibilidade de Cômputo no Sistema de Crédito e Débito, Revista Dialética de Direito Tributário n° 12, p.115. 8 L 10637/02 e L 10833/03. 9 O Projeto de Emenda Constitucional 233, com o propósito de efetivar a reforma tributária, prevê a extinção dessas contribuições sociais e sua incorporação ao chamado Imposto de Valor Agregado Federal – IVA/F.
5
próprio sistema, se assim julgar conveniente. Definido por lei o regime de não
cumulatividade, para um certo setor de atividade econômica, surge a indagação dos
limites a essa não cumulatividade, se os já descritos anteriormente (não cumulatividade
plena ou relativa) ou se novo critério a ser introduzido, que não a sistemática
constitucionalmente prevista para o IPI e para o ICMS. O sistema jurídico opera a partir
de princípios que devem ser observados pelo legislador e pelo intérprete, sob pena de
ofensa à lei maior; sendo assim o legislador está adstrito à: (i) observância dos
princípios constitucionais que regem as contribuições sociais, sendo-lhe vedado inovar
nessa matéria; (ii) observância de critérios de não cumulatividade idênticos para todos
os segmentos eleitos; (iii) observância, no mínimo, das regras orientadoras do ICMS,
no que tange à não cumulatividade, restringindo créditos, desde que nas hipóteses
que, justificadamente, assim o permitem (operações isentas e não tributadas), sob
pena de frustrar-se a finalidade perseguida pelo legislador constitucional, conquanto se
reconheça que a não cumulatividade das contribuições sociais está revestida de um
caráter especialíssimo na sua atribuição.
Nesse sentido, Marco Aurélio Greco, ao analisar a não
cumulatividade das referidas contribuições sociais, conclui que ela tem maior
flexibilidade do que existe em relação à não cumulatividade do IPI e do ICMS, pois para
esses impostos a matriz constitucional atua como fronteira que as leis sobre a matéria
não podem ultrapassar10.
A nova redação do art. 195, § 12, da CF11, como acima apontado,
permite concluir que: (i) as contribuições sociais, constitucionalmente, são cumulativas;
(ii) o legislador ordinário desfruta do poder de definir os segmentos que podem
beneficiar-se da não cumulatividade; (iii) o legislador ordinário está compelido a cumprir
com os princípios constitucionais tributários aplicáveis às contribuições sociais; (iv) o
legislador ordinário, uma vez definido o segmento beneficiário do sistema, deve pautar-
se, no que tange aos créditos admitidos, no sentido de não impedir o atendimento à
não cumulatividade, prevista constitucionalmente, para o tributo.
10 Não-Cumulatividade no PIS e na COFINS, Não –Cumulatiividade do PIS/PASEP e da COFINS, coord. Leandro Paulsen, p. 103. 11 Dispõe o art. 195, § 12, na redação conferida pela Emenda Constitucional 42/03: “A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I,b e IV do caput, serão não cumulativas.”
6
1.3 PIS E COFINS não-cumulativos: introdução
As contribuições devidas ao PIS e à COFINS tornaram-se não-
cumulativas, respectivamente, com a entrada em vigor das Ls 10637/02 e 10833/03,
regime esse, posteriormente, alterado para a cumulatividade com a edição da Emenda
Constitucional 42/03, à exceção daqueles setores da economia aos quais o legislador
ordinário julgue conveniente aplicar a não cumulatividade. As regras dessas
contribuições foram unificadas com as alterações trazidas pela L 10865/03 e normas
subseqüentes, aplicando-se os mesmo critérios e referenciais, salvo uma ou outra
particularidade, para a indústria, o comércio e os serviços.
A não cumulatividade dessas contribuições operacionaliza-se
mediante descontos, do valor a pagar da contribuição, de créditos12 tomados em
relação a: (i) bens e serviços adquiridos para revenda ou utilizados como insumo na
prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à
venda; (ii) aquisições de combustíveis e lubrificantes; (iii) aluguéis e arrendamentos
mercantis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoas jurídicas e utilizados
nas atividades empresariais; (iv) depreciação de máquinas e equipamentos adquiridos
para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens
incorporados ao ativo imobilizado; (v) gastos em edificações e benfeitorias em imóveis
de terceiros, quando suportados pelo locatário; (vi) bens recebidos em devolução; (vii)
energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (viii)
armazenagem de mercadorias e fretes. Não são permitidos créditos em relação a
operações anteriores não gravadas pelas contribuições, ou operações efetivadas com
pessoas físicas ou com o exterior13, o que evidencia a adoção da não cumulatividade
relativa, similar àquela do ICMS.
O valor do desconto se obtém mediante apuração dos itens que
permitem creditamento, na forma da lei, aplicando-se, em seguida, a alíquota da
contribuição sobre tal base com o fito de determinar o montante do desconto cabível
para o contribuinte.
12 Os créditos são apurados mediante a aplicação da alíquota da contribuição social sobre o valor das aquisições mencionadas. 13 Operações com o exterior passaram a ser gravadas pela contribuição social sobre a importação de bens e serviços, a qual pode ser deduzida como crédito no cálculo do PIS e da COFINS.
7
A introdução do sistema da não cumulatividade, para as
contribuições sociais, representou, para o empresário brasileiro, importante passo no
sentido de minimizar custos e permitir uma adequada concorrência sob o aspecto
negocial, entre produtos nacionais e estrangeiros, considerando-se que a tributação da
receita ou do faturamento vem sendo rejeitada pelos modernos estudos de
fiscalidade14.
2. Setores da atividade econômica e os tributos
2.1 Atividade econômica compartimentada: preconceit o a ser abandonado
A legislação ordinária, que trata da não cumulatividade das
contribuições devidas ao PIS e à COFINS, delega ao legislador ordinário a
competência para distinguir os setores da economia que podem adotar o regime não
cumulativo. A evolução dos negócios, de há muito, vem derrubando antigos
preconceitos que dividiam a atividade econômica por segmentos estanques, assim
entendidos o comércio, a indústria, os serviços e, eventualmente, as finanças em
apartado dos serviços. O comerciante, consoante definido no art. 191 do Código
Comercial de 1850, dedicava-se à compra e venda de efeitos móveis ou semoventes,
para os revender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou
para alugar o seu uso. Nessa definição, observe-se, incluíam-se comerciantes e
industriais sem, contudo, qualquer referência ao uso dos fatores de produção (capital e
trabalho). O prestador de serviços tinha sua atividade regulada pelo Código Civil de
1916, não se confundindo com a atividade do comerciante ou do industrial (art. 1.394).
O Código Civil de 2002 adotou a figura denominada empresa que
se calca no exercício de atividade econômica organizada para fazer circular bens e
serviços, de tal sorte que se “eliminou a dicotomia existente entre atividades de
natureza civil, sujeitas às regras civis e de natureza mercantil, sujeitas às normas
comerciais. O empresário exerce atividade empresária, como acima descrito; aquele
14 Sulamis Daian, Experiência Internacional e Especificidade Brasileira, Reforma Tributária e Federação, p. 31.
8
que não atua de forma habitual, organizada, com objetivo de lucro, fazendo circular
bens ou serviços não é, pois, empresário.”15
A mudança introduzida na lei civil permite descortinar que o uso dos
meios de produção (capital, trabalho e, hoje, tecnologia) fez nascer setores de
atividade novos que não podem, mais, ser considerados como prestadores de serviços
ou comerciantes ou industriais, exclusivamente, fazendo surgir figuras híbridas que
conseguem reunir as várias modalidades de atividade em uma única. O varejo é, hoje,
um exemplo típico de associação de esforços múltiplos, pois: (i) revende mercadorias
que adquire; (ii) negocia mercadorias que recebe em consignação; (iii) presta serviços
divulgando marcas e produtos; (iv) associa-se a instituições de crédito para financiar
seus clientes; (v) protege-se de riscos de crédito, descontando, antecipadamente, seus
recebíveis; (vii) presta-se à tarefa de correspondente onde não haja estabelecimentos
bancários, consoante autoriza o Banco Central do Brasil; (viii) aluga espaço em seus
estabelecimentos para terceiros (drogarias, correio, jornaleiros, serviços de costura,
etc.), dentre outros. O comerciante perdeu, de há muito, sua característica de
revendedor, assumindo a função de elo de ligação entre o produtor e o consumidor.
No conjunto dessas novidades operacionais, alguns modelos de
atividade industrial merecem ser comentados para que se observe, na atualidade, a
impossibilidade de existir uma atividade, em sua pureza: (i)
distribuidoras/concessionárias de veículos automotores, reguladas por lei (L 6729/79,
Lei Renato Ferrari) em que se insere, como premissa, na operação de venda, a
presença de uma concessionária ou distribuidora de veículos; embora possam ocorrer
vendas diretas, pela montadora, a comissão de intermediação é sempre devida, ainda
que nenhuma tarefa seja desenvolvida pelo concessionário; (ii) fabricantes de
manufaturados que vendem sua produção a revendedores, sem qualquer contato com
o consumidor e (iii) empresas vazias de empregados e de máquinas, especializadas
apenas em desenvolver avançados sistemas tecnológicos que operam equipamentos,
confeccionados por terceiros, por encomenda, cabendo ao encomendante instalar a
inteligência que fará tais equipamentos funcionarem. Esses últimos empresários, de
acordo com nosso sistema jurídico-tributário, são considerados como industriais, na
15 Aspectos Relevantes do Direito de Empresa de acordo com o Novo Código Civil, coord. Elidie Palma Bifano e Sergio Roberto de Oliveira Bento, p 54.
9
figura da industrialização por encomenda, embora objetivem, apenas, propor soluções
técnicas que permitam extrair maior capacidade de aproveitamento de máquinas e
equipamentos.
Não é diversa a situação do mercado de serviços. A prestação de
serviços, em que o obreiro atuava só ou, às vezes, acompanhado de poucos
colaboradores, perdeu, em grande parte das situações, suas características originais,
enquadrando-se como empresa e valendo-se, como o comércio e a indústria, dos
fatores de produção. Não há, na atualidade, um grande escritório de serviços
advocatícios, contábeis, médicos, odontológicos e similares que desenvolva suas
tarefas sem o intuito de lucro e sem o uso dos fatores de produção. Essa mudança na
forma de prestar serviços, mediante um certo deslocamento da figura do prestador
inicial, também associa atividades comerciais e industriais, dando-lhe características
híbridas que tornam mais complexo o exame desse setor da economia.
O prestador de serviços, usado pela lei em seu conceito mais
tradicional, não está autorizado a tomar créditos referentes aos pagamentos efetuados
a pessoas físicas, certamente o mais representativo custo por ele incorrido, por força
desse elo da cadeia de produção não estar gravado pelas contribuições e, portanto,
não interferir, supostamente, na cumulatividade a ser evitada. Esse impedimento cria
distinção odiosa, na medida em que o mercado adotou formas diversas de tomar
serviços de terceiros como, por exemplo, a contratação de sociedades individuais ou
não, custo esse suscetível de apropriação para fins de PIS e COFINS, diversamente
dos custos referentes à pessoa física. De outro lado, esse mesmo prestador pode
valer-se de bens e mercadorias, necessários ao exercício de sua atividade, mas que
podem ser descaracterizados como insumos, dadas as dificuldades contidas no
conceito, como se verá, vedando-se o direito de crédito.
A mudança, na forma de operar da economia, deve ser levada em
conta para fins de aplicação da matéria tributária, especialmente quando se analisa um
tributo dito não-cumulativo, pois a tomada, ou não, dos correspondentes créditos
dependerá do conjunto da atividade desenvolvida pela empresa. Apesar dessa
constatação, o legislador utiliza, ao tratar dos setores da economia, no caso das
contribuições, conceitos econômicos ultrapassados, suportando-se na tradicional
10
partição das atividades econômicas em indústria, serviços e, raramente, referindo-se
ao comércio. De fato, a lei admite o crédito, sob forma de desconto, do que denomina
insumos de bens e serviços utilizados na prestação de serviços e na produção e
fabricação de bens ou produtos destinados à venda, sem qualquer referência expressa
ao intermediário, valendo-se de um conceito limitado quanto à abrangência do
segmento beneficiário e atribuindo um nítido tratamento diferenciado à dita revenda.
O desconhecimento, por parte do legislador ordinário, da atividade
econômica a que direciona suas determinações, indica a necessidade de reexaminar
os conceitos atribuídos aos segmentos econômicos, uniformizando-os, como o fez o
Código Civil vigente, sob a rubrica de atividade empresária, garantindo-se às diversas
atividades econômicas, a possibilidade de dar cumprimento ao princípio da não
cumulatividade.
2.1 O que é setor de atividade econômica?
Afirmar que o legislador não captou as mudanças, relevantes,
ocorridas na atividade econômica, é conclusão que merece ser mais bem aprofundada.
A CF autoriza o legislador ordinário a indicar setores da atividade econômica que são
destinatários do regime da não cumulatividade. A expressão “setor da economia”
envolve muitas complexidades, pois que setor pode ser ordenado, ou apontado, de
acordo com qualquer critério que se proponha, dai a sua dubiedade; assim há setor
varejista, em oposição ao setor atacadista; há setor calçadista em complemento ao
setor de vestuário; há setor agrícola organizado em relação a certo produto, açúcar e
soja, por exemplo, e setor agrícola sob organização como pequenos produtores
regionais ou locais; há setor importador e setor exportador, como sub - segmentos de
qualquer atividade, há setores financeiro, industrial, manufatureiro e assim por diante.
A ausência de uma definição legal de “setor da atividade
econômica” faz com que a recomendação constitucional de eleger os ditos setores seja
cumprida, pelo legislador ordinário, por dois diferentes métodos: (i) identificando as
pessoas jurídicas que devem manter-se sob o regime da cumulatividade e (ii)
identificando as receitas de atividades que devem ser gravadas sob o regime da
cumulatividade. Dessa forma, o discrímen do legislador ordinário deve guardar relação
11
com a sua convicção de que tais pessoas jurídicas ou tais receitas têm alguma especial
característica que exige ou permite esse tratamento. Desde a entrada em vigor do
sistema houve diversas situações de requalificação de pessoas jurídicas, e de receitas,
de um sistema para outro, sem que, até o momento, nunca tenham sido
fundamentadas, econômica ou juridicamente, as razões de tais decisões.
Marco Aurélio Greco, ao referir-se ao poder do legislador ordinário,
em matéria de inserção de setores da economia no regime não-cumulativo, esclarece
que o ordenamento positivo deve ser entendido a partir da premissa de que tenha sido
produzido por um legislador racional, revestido de propriedades bem nítidas e de a
comunicação da norma se dar a partir de um mínimo de racionalidade. Isso afasta, do
ponto de vista da interpretação, o caráter aleatório e arbitrário de qualquer preceito
incluído no sistema jurídico.16
2.3 A relação de créditos é taxativa?
A não cumulatividade do PIS e da COFINS se cumpre, como já dito,
através de um desconto no montante de tributo a pagar, desconto esse apurado a partir
de créditos que a empresa pode tomar, calculados em relação aos insumos e outros
gastos, que vêm relacionados à parte dos insumos. Essa segregação, insumos/gastos,
já denota o quão limitado pretende-se seja o conteúdo de um insumo, excluindo itens
admitidos, econômica, e juridicamente, pela legislação de outros tributos. A energia
elétrica, os aluguéis, a depreciação de bens, a armazenagem e o frete são, por
exemplo, tratados em rubrica apartada dos insumos aplicados diretamente em bens e
serviços, como se por essa razão insumos não fossem.
Se o princípio da não cumulatividade, plena, relativa ou especial, é
constitucional, como já se concluiu, e se atividade econômica é conceito muito
complexo que envolve a convergência de muitas ações e operações, a relação de
créditos proposta pela lei ordinária não pode ser taxativa, devendo ser rotulada como
exemplificativa, sob pena de ofensa ao princípio contido na CF, pois cada empresa
deverá determinar o que são insumo e gastos para sua atividade. O contribuinte, em
16 Não-Cumulatividade no PIS e na COFINS, Não –Cumulatiividade do PIS/PASEP e da COFINS, coord. Leandro Paulsen, p. 105.
12
geral, pode valer-se dessa não taxatividade considerando, na apuração do desconto a
ser adotado, todos os créditos relacionados a bens, serviços ou gastos em que de fato
tenha incorrido para o exercício de sua atividade empresarial, devendo comprovar, se
para tanto solicitado, a efetiva vinculação entre eles e o produto final entregue ao
cliente.
Neste ponto, a questão a ser respondida diz respeito ao conceito de
insumo. Afinal, o que é insumo?
3. Conceito de insumo e as contribuições sociais
Insumo é expressão adotada na legislação brasileira sem, contudo,
haver precisão quanto a sua delimitação, vindo sempre associada a uma relação,
taxativa ou não, de itens que envolvem referências a elementos físicos, como matérias-
primas, produtos intermediários, embalagens e outros. Qualquer tentativa de delimitar o
alcance do conceito de insumo, para fins de contribuições sociais, deve partir de seus
conteúdos econômico, contábil e jurídico-tributário, pois que, como já dito, vem ele
sendo adotado para fins de outros tributos, inserindo-se em atos do Poder Executivo,
federal e estadual.
3.1 Conceito etimológico
Insumo, consoante o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa17,
deriva do verbo latino insumere, que significa tomar, invadir, despender, gastar. Para
outros, insumo origina-se da palavra inglesa input, por analogia com consumo,
representando quantidade de bens e serviços que entra no processo de produção.18
Observe-se que a etimologia da palavra orienta no sentido de que insumo é algo que
se tomou, gastou ou incorreu para obter produto final.
3.2 Conceito econômico
17 p 1629 18 Novo Dicionário Aurélio, p.773, Dicionário de Termos de Negócios, Português/Inglês, English/Portuguese, Manoel Orlando de Morais Pinho, p 252
13
Insumo é conceito essencialmente econômico e representado
pela relação entre os gastos dos fatores de produção e o produto resultante, também
conhecido como input-output.19 Os fatores de produção correspondem aos bens e
serviços transformáveis em produção, objeto de venda no mercado como produtos,
bens e serviços resultantes de um processo de produção. O emprego dos fatores de
produção associa-se, economicamente, aos custos de produção ou valor dos recursos
que são empregados na produção. Os insumos podem ser fixos, despesas em que se
incorre independentemente da produção tais como aluguéis, juros, seguros,
conservação, e variáveis ou despesas decorrentes da utilização dos fatores de
produção, como mão-de-obra, matérias-primas e outros20.
Nesse sentido, Aliomar Baleeiro confirma que a expressão insumos
é empregada por alguns economistas para traduzir a expressão inglesa input, isto é, o
conjunto de fatores produtivos, como matérias-primas, energia, trabalho, amortização
de capital etc., empregados pelo empresário para produzir o output, ou o produto
final21.
De forma resumida, e em atendimento à finalidade ora proposta, os
créditos atinentes às contribuições sociais, os insumos, do ponto de vista estritamente
econômico, correspondem a tudo o que entra em contraposição ao que sai (produto). O
conceito econômico de insumo abrange, portanto, elementos físicos (bens) e
intangíveis (depreciação, juros, etc.).
3.3 Conceito contábil
Insumo é tratado, contabilmente, sob a nomenclatura de custo e
corresponde a gasto, despesa ou sacrifício para que se consiga um bem de uso ou
venda ou um serviço. O insumo não corresponde, necessariamente, a uma saída de
recursos ou a um dispêndio, podendo caracterizar-se como a realização econômica de
certo bem ou investimento.22 O conceito contábil de insumo tem reflexos profundos
para fins de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre
19 Paulo Sandroni, Dicionário de Administração e Finanças, p 245 20 Fundamentos de Economia, Carlos Roberto M.Passos e Otto Nogami, p 134-157. 21 Direito Tributário Brasileiro, p. 237. 22 Dicionário de Contabilidade, A. Lopes de Sá e A.M. Lopes de Sá, p 119.
14
o Lucro, sendo plenamente admitido desde que necessário à consecução do objeto
social da empresa. Ressalte-se que conceitos contábeis também definem os critérios
de apropriação dos insumos para esses dois tributos, sob a denominação de regime de
competência. Os insumos são designados, usualmente, por custos quando diretamente
aplicados nos bens e serviços e por despesas quando voltados à manutenção da
entidade ou aos esforços de venda.
O conceito contábil de insumo lastreia-se no conceito econômico,
abrangendo elementos físicos e intangíveis.
3.3 Conceito jurídico-tributário: IPI e ICMS
Insumo é conceito corrente na legislação e na jurisprudência
atinentes ao IPI e ao ICMS. O conceito de insumo associa-se, sempre, em termos
legais ou jurisprudenciais, a matérias-primas, materiais secundários, de embalagem e
serviços recebidos, tributados pelo imposto e utilizados no processo de
industrialização, comercialização ou de prestação de serviços. Esses tributos, por força
das disposições constitucionais, não operam com o conceito de insumos intangíveis,
como a depreciação, o custo do dinheiro, o investimento para minimizar riscos de
operação (hedge) e similares. O conjunto dos insumos creditáveis forma o saldo credor
dos tributos sob análise, cuja natureza jurídica, pelos tribunais superiores, foi definida
como meramente escritural e não tributária.
Embora o conceito seja amplo, a doutrina e a jurisprudência sempre
debateram a essência do material dito secundário e o seu consumo, mediante
integração ou não ao produto final. O contato direto do bem com o produto final parece
orientar, de forma equivocada em nosso entendimento, o conceito de insumo jurídico-
tributário. Essa orientação diverge dos conceitos econômico e contábil, acima
descritos, que contemplam, em sua totalidade, a figura do insumo ou do custo.
3.3 Insumo para fins de PIS e COFINS
A regra orientadora da não cumulatividade do PIS e da COFINS,
conforme o conceito constitucional e da lei ordinária, guarda total similaridade com o
15
critério contábil de apropriação de insumos, bastando serem aplicados na produção de
bens e serviços para serem apropriáveis. Esse critério se confirma, na medida em que
os créditos admitidos têm duas diferentes naturezas: físicos ou tangíveis (relacionados
a matérias primas, por exemplo) e econômicos ou intangíveis, relacionados à
realização econômica de certos itens, como a depreciação de bens. Se essenciais à
obtenção do faturamento sujeito à tributação pelas contribuições, é certo que os
insumos representativos de despesas também tomam a característica de insumo.
Definido que insumos correspondem, em última análise, ao conjunto
de despesas e investimentos que contribuem para um resultado (mercadoria, produto
ou serviço), parece desacertada qualquer orientação de lei ordinária, em matéria de
contribuições sociais, que restrinja o creditamento de certos itens econômicos que
afetam o produto final, serviço ou mercadoria.
Neste momento, a não taxatividade dos créditos se impõe,
afastando qualquer tipo de oposição econômico-contábil e jurídica, pois que se
confirma e reafirma que o crédito físico ou intangível decorre da realização de um
direito e não pode ser obstado. O conceito e amplitude da atividade econômica
desenvolvida pelo empresário tomam especial relevância, pois serão o parâmetro de
tomada de créditos já que informarão os insumos utilizados no negócio. A CF, como já
comentado, deu ao legislador ordinário competência para definir os setores da
atividade econômica submetidos à não cumulatividade e, uma vez definidos, não tem
ele competência para restringir os insumos que representem crédito para o
contribuinte, pois, a partir de então deve, apenas, cumprir a não cumulatividade que
admitiu.
Conclui-se, portanto, que o sistema de crédito de insumos (custos
ou despesas) deve abranger todos os sacrifícios pela sociedade incorridos para obter o
seu produto final, faturado ao cliente. Tais sacrifícios, diretos ou indiretos, devem ser
entendidos como a combinação de fatores de produção que entram na elaboração dos
produtos ou serviços, colocados à disposição dos clientes. Qualquer entendimento
diverso representará ofensa à determinação constitucional sobre a matéria.23
23 Marco Aurélio Greco conclui, ao tratar dos insumos, que a palavra tem significado mais amplo do que aquele adotado para fins de IPI. Não-Cumulatividade no PIS e na COFINS, Não –Cumulatiividade do PIS/PASEP e da COFINS, coord. Leandro Paulsen, p. 115.
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3.5 Aplicação prática às hipóteses descritas
No item 2.1 retro, foram objeto de comentário diversas atividades
cuja complexidade envolve a atividade industrial, a prestação de serviços e a
intermediação entre o produtor e o consumidor. Considerando-se a amplitude do
conceito insumo é possível concluir, à vista de algumas das hipóteses propostas: (i)
varejo: o varejista que desenvolve as atividades anteriormente comentadas, em um
supermercado, certamente estará autorizado a tomar crédito não só da mercadoria que
revende, como também dos gastos incorridos para atender à variedade de tarefas que
oferece ao público, bem como dos custos de serviços tomados para desenvolver essas
tarefas; (ii) fabricantes de manufaturados que são vendidos por distribuidores e não
pelo produtor, podem tomar crédito de todos os gastos despendidos nesse modelo de
negócio, ainda que não diretamente vinculados à produção, inclusive publicidade e
marketing, essenciais para desenvolver seu negócio, visto que sua cadeia produtiva
encerra-se na entrega do bem ao distribuidor e não ao consumidor; (iii) prestadores de
serviços que operam sob empresa desenvolvem tarefas variadas, que não apenas o
serviço ao cliente e é adequado, nesse modelo de negócio, que possam tomar os
correspondentes créditos.
É essencial que essa nova visão de negócios seja incorporada na
análise do direito de crédito de insumos e outros gastos, sob pena de não se cumprir a
não cumulatividade pretendida.
3.6 Manifestações da jurisprudência administrativa
As manifestações das autoridades fiscais, nas chamadas
Soluções de Consulta, são diversas do entendimento acima manifestado. Assim: (i)
peças de reposição somente se constituem em insumos se tiverem uma ação
diretamente exercida sobre o produto em fabricação (Solução de Consulta nº
133/2007) 24; (ii) gastos relativos a vales-transporte, vales-refeição, planos de saúde e
seguros de vida dos empregados não são creditáveis (Solução de Consulta nº
24 8ª Região Fiscal, DOU de,08.05.2007
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29/2004)25; (iii) “royalties” pagos ao franqueador pelo franqueado não constituem
insumos, (Solução de Consulta nº 197/2004)26; (iv) comissões pagas a representantes
comerciais não são insumos (Solução de Consulta nº 219/2007)27; (v) os valores das
despesas realizadas com fretes contratados para a transferência de mercadorias entre
estabelecimentos da empresa não geram direito a créditos (Solução de Divergência
11/07)28; (vi) o valor do ICMS, recuperável, não integra o valor do estoque a ser
utilizado como base de cálculo do crédito de PIS/COFINS sobre estoque de abertura
(Solução de Divergência 13/07)29.
É evidente que caberá a cada empresa manter a comprovação de
que o desembolso ou ônus efetivado está diretamente vinculado à sua atividade. Se
esse desembolso ou ônus corresponde à aplicação em insumos que aderem ao bem
ou serviço ou se ele é necessário à operação de venda, o critério norteador há de ser,
sempre, a geração de receita de faturamento, submetida à tributação pelas
contribuições, que ele propicia. Dessa forma, frustraria o princípio constitucional,
afirmar-se que não é possível que os gastos que contribuem à formação de produtos
ou serviços, cujas receitas de vendas serão submetidos à incidência das contribuições
sociais, não devem ser considerados como insumos desses mesmos produtos ou
serviços. A referendar esse fato, e como forma subsidiária de comprovação, tome-se a
legislação do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro, na qual fica
evidente que são insumos todos os gastos, tangíveis ou intangíveis, que direta ou
indiretamente contribuem para a formação do lucro ou resultado de uma sociedade.
5. Conclusões
As conclusões, abaixo alinhadas, são integralmente aplicáveis,
qualquer que seja o segmento de atividade, considerando-se a uniformidade de
conceitos que sobre esse tema impera. Esse fato apenas confirma que ao novo modelo
de negócios, que hoje se delineia na economia, deve ser aplicada cautela na adoção
de conceitos tributários. Assim:
25 6ª Região Fiscal, DOU de 9.03.2004 26 8ª Região Fiscal, DOU de 27.08.2004. 27 9ª Região Fiscal ,DOU de 04.07.2007 28 DOU 05.10.2007 29 DOU 07.11.200
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5.1 Há um conceito constitucional de não cumulatividade que se desdobra em não
cumulatividade plena, própria do IPI, e não cumulatividade relativa, própria do ICMS.
5.2 As contribuições sociais devidas ao PIS e à COFINS são cumulativas, desfrutando
o legislador ordinário da faculdade de definir os segmentos que podem beneficiar-se
da não cumulatividade.
5.3 O legislador ordinário está compelido a cumprir princípios constitucionais e critérios
idênticos de não cumulatividade em relação a todos os setores de atividade econômica
por ele eleitos como beneficiários do regime da não cumulatividade.
5.4 A mudança na forma de operar da economia, que não mais atua por atividades
estanques, indústria, comércio e serviços, deve ser considerada para fins de
elaboração e aplicação da matéria tributária, especialmente no que tange aos tributos
ditos não-cumulativos.
5.5 A tomada, ou não, dos correspondentes créditos, no sistema de não-
cumulatividade depende, estritamente, do conjunto de operações que compõe a
atividade desenvolvida pela empresa.
5.6 Insumo pode ser definido por conceitos etimológico, econômico, contábil
e jurídico, concluindo-se, necessariamente, que o sistema de tomada de crédito de
insumos, para atender o regime da não- cumulatividade, deve abranger todos os
sacrifícios pela sociedade incorridos para colocar o seu produto final em condições de
ser faturado, portanto junto ao seu cliente.
5.7 Os insumos devem ser entendidos como a combinação de fatores de produção
que entram na elaboração dos itens colocados à disposição do mercado.
5.8A não cumulatividade do PIS e da COFINS somente se realiza pelo crédito de
insumos, tangíveis ou não, considerando-se o tipo de atividade e receita, autorizados a
adotar tal critério.
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SANDRONI, Paulo. Dicionário de Administração e Finanças, São Paulo: Ed. Best Seller, 2003.
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Currículo Resumido
Elidie Palma Bifano
Bacharel em Direito pela USP, mestre e doutora em Direito Tributário pela PUCSP,
professora em cursos de pós-graduação da Escola de Direito da FGV e do IBET,
diretora de consultoria de PricewaterhouseCoopers.
Como citar este texto:
BIFANO, Elidie Palma. ANOTAÇÕES SOBRE A NÃO CUMULATIVIDADE DAS
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS AO PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL - PIS E AO
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS E O CONCEITO DE INSUMO. In:
ANAN JUNIOR, Pedro (Coord.). Planejamento Fiscal Teoria e Prática II. São Paulo: Quartier
Latin, 2009. Material da 3ª aula da Disciplina Contabilidade Tributária e Planejamento
Tributário, ministrada no Curso de Especialização Telepresencial e Virtual de Direito Tributário
– REDE LFG.