21
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E INTEGRAÇÃO ACADÊMICA PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO LUCAS KASIANO PEREIRA RELATÓRIO FINAL INICIAÇÃO CIENTÍFICA: PIBIC CNPq ( ), PIBIC CNPq Ações Afirmativas ( ), PIBIC UFPR TN ( ), PIBIC Fundação Araucária ( ), PIBIC Voluntária (X), Jovens Talentos ( ), PIBIC EM ( ). INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO: PIBITI CNPq ( ), PIBITI UFPR TN ( ), PIBITI Funttel ou PIBITI Voluntária ( ); (De 01/08/2016 a 31/07/2017) RECICLAGEM DE MADEIRAS EM ARQUITETURA E DESIGN Relatório Final apresentado à COOR- DENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E INTEGRAÇÃO ACADÊMICA da Universi- dade Federal do Paraná UFPR Edital 2016/2017. NOME DO ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto Departamento de Arquitetura e Urbanismo TÍTULO DO PROJETO: Green architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicadas à arquitetura e design BANPESQ/THALES: 2014015431 CURITIBA PR 2017

ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

  • Upload
    ngokhue

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E INTEGRAÇÃO ACADÊMICA

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO

LUCAS KASIANO PEREIRA

RELATÓRIO FINAL

INICIAÇÃO CIENTÍFICA:

PIBIC CNPq ( ), PIBIC CNPq Ações Afirmativas ( ), PIBIC UFPR TN ( ),

PIBIC Fundação Araucária ( ), PIBIC Voluntária (X), Jovens Talentos ( ), PIBIC EM ( ).

INICIAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO:

PIBITI CNPq ( ), PIBITI UFPR TN ( ), PIBITI Funttel ou PIBITI Voluntária ( );

(De 01/08/2016 a 31/07/2017)

RECICLAGEM DE MADEIRAS EM ARQUITETURA E DESIGN

Relatório Final apresentado à COOR-

DENADORIA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E

INTEGRAÇÃO ACADÊMICA da Universi-

dade Federal do Paraná – UFPR

Edital 2016/2017.

NOME DO ORIENTADOR:

Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

TÍTULO DO PROJETO:

Green architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicadas à arquitetura e

design

BANPESQ/THALES: 2014015431

CURITIBA PR

2017

Page 2: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

1

1 TÍTULO

Reciclagem de Madeiras em Arquitetura e Design.

2 ALTERAÇÕES NO PLANO DE TRABALHO

Não houve alterações realizadas no cronograma da pesquisa, seguindo-se o plano de

acordo com o que foi preestabelecido.

3 RESUMO

O tema da sustentabilidade corresponde a um dos mais vigentes hoje em dia e certamente

estará presente nas principais pautas globais do futuro próximo. Ao tratar sobre ele no que se

refere à arquitetura e construção civil, a questão da madeira destaca-se, já que é uma matéria-

prima renovável e de grande e diversa aplicabilidade, a qual colabora positivamente para o

equilíbrio ecológico do planeta e, ao mesmo tempo, não deixa a desejar quanto aos seus aspectos

estruturais, funcionais e estéticos. Diante disto, este trabalho de iniciação científica, de caráter

teórico-conceitual e cunho exploratório, pertence ao Projeto de Pesquisa intitulado “Green

Architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicadas à arquitetura e design” e busca

especificamente abordar como a madeira reciclada pode ser utilizada para esse fim.

Desenvolve-se a partir de uma revisão web-bibliográfica que apresenta um resumo

histórico sobre o conceito de sustentabilidade desde seu surgimento, passando por importantes

eventos que contribuíram para a formação do pensamento ecológico atual voltado à arquitetura,

além das formas de como o emprego da madeira pode ser considerado sustentável; suas

características, aplicabilidade e reciclagem. Em um segundo momento, a pesquisa é

complementada com a análise de 04 (quatro) estudos de caso que ilustram as discussões

anteriormente apresentadas e reafirmam as relações entre si, concluindo-se com observações

gerais sobre a concepção, construção e fabricação de espaços e/ou objetos feitos desse material

reciclado em consonância à elaboração de projetos ambientalmente responsáveis.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Arquitetura Sustentável. Reciclagem. Madeira.

4 INTRODUÇÃO

O início das preocupações com o desenvolvimento sustentável não possui uma data

oficialmente estabelecida, mas sim alguns eventos de que se tem conhecimento, os quais

buscaram abordar o assunto de maneira pioneira. De acordo com Dias (2006), um dos

acontecimentos que impulsionaram o início dos debates a respeito da sustentabilidade foi a

publicação, em 1962, do livro Silent Spring (“Primavera Silenciosa”) de Rachel Carson (1907-64),

no qual se expunha os perigos do uso de inseticidas para o meio ambiente. A partir de então,

houve um despertar em relação ao tema que culminou na realização de uma série de

conferências que visavam discutir a conservação da biodiversidade e a melhoria da relação entre

Page 3: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

2

homem e natureza. Tais eventos foram fundamentais para a criação, em 1971, do Man and the

Biosphere Programme – MAB; um programa de pesquisa de ciências sociais e naturais criado

pela ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA (UNESCO) e

voltado à discussão da preservação ambiental.

Foi em 1972, com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

Humano – CNUMAH, ocorrida em Estocolmo (Suécia), que lideranças políticas manifestaram-se

oficialmente em favor das discussões a respeito da proteção da natureza e da sua harmonia com

relação à humanidade. Nesta ocasião, participaram líderes de 113 países e o principal produto

apresentado foi o Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente – PNUMA, que se tornou

responsável por adotar planos e estratégias de longo prazo para a conservação dos recursos

biológicos do planeta. (DIAS, 2006)

Contudo, conforme Marques (2009), foi somente em 1987 que a expressão

“Desenvolvimento Sustentável” apareceu definida pela primeira vez, o que aconteceu por meio do

relatório produzido pela Comissão Bruntland1. Naquele momento, definia-se como “sustentável”

algo que permitisse satisfazer as necessidades econômicas, sociais e ambientais das atuais

gerações, sem comprometer a capacidade das gerações futuras em prover suas próprias

demandas. O relatório, ainda, buscou enfatizar a necessidade de uma relação harmônica entre

homem e natureza, além de indicar a necessidade de políticas ambientais como parte do

processo de desenvolvimento humano.

Basicamente, as premissas do desenvolvimento sustentável continham dois conceitos-

chave: o das necessidades básicas do ser humano e aquelas relacionadas às limitações que o

avanço tecnológico e a organização social impunham ao meio ambiente. O primeiro salienta, por

exemplo, que a pobreza é incompatível com o desenvolvimento sustentável e que, portanto, deve

ser combatida. Já o segundo indica a necessidade de uma participação integral – e não

fragmentada – das políticas ambientais nos processos de desenvolvimento. (DIAS, 2006)

Em 1988, o PNUMA e a ORGANIZAÇÃO METEOROLÓGICA MUNDIAL (OMM) se uniram para criar o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas – IPCC, que se tornou a fonte proeminente para a informação científica relacionada às mudanças climáticas. O principal instrumento internacional neste assunto, a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – UNFCCC, foi [somente] adotado em 1992. (ONU, 2016, grifo nosso, p. 01)

Outro marco histórico da questão ambiental, de acordo com Dias (2006), foi a ECO-92, que

consistiu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento –

CNUMAD, também conhecida como a “Cúpula da Terra”. Tal evento foi sediado no Rio de

Janeiro, em 1992; e pretendia estabelecer bases concretas para um modelo de desenvolvimento

1 A Comissão Bruntland foi o nome dado à Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, criada em 1983 e presidida pela médica e ex-Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Bruntland (1939-), figura pública bastante ligada aos assuntos ambientais e ao desenvolvimento humano. Sua principal contribuição foi a publicação do relatório Our Common Future (“Nosso Futuro Comum”), que trouxe o conceito de Desenvolvimento Sustentável para o mundo. O documento apresentou também dados a respeito do aquecimento global e ad destruição da camada de ozônio, temáticas até então pouquíssimo exploradas. (MMA, 2016c)

Page 4: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

3

sustentável. Reunindo autoridades de 179 países, sua principal conquista foi a aprovação de uma

série de documentos de cunho ambiental, com destaque para a Agenda 21; um programa que

estabelecia parâmetros internacionais para o desenvolvimento sustentável nas vertentes

econômica, social e ambiental.

Em termos gerais, a Agenda 21 consiste em um documento de 40 capítulos que procura

promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento: o da sustentabilidade. Seu

caráter é o de planejamento para a construção de sociedades que consigam conciliar o

desenvolvimento econômico com aqueles de cunho social e ambiental, a fim de adotar um novo e

desejado modelo, condizente com o desenvolvimento para o século XXI. (MMA, 2016a)

A realização da ECO-92 – também conhecida como Rio’92 – tomou grandes proporções e

contribuiu para a inserção dos debates ambientais nas pautas das discussões mundiais, dando

início a uma série de novas conferências que buscavam cada vez mais aprofundar as discussões

acerca do meio ambiente e enriquecer o debate em torno da questão ecológica, como por

exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como objetivo analisar a

implementação da Agenda 21; a Rio+10, que aconteceu na cidade de Johannesburgo (África do

Sul) em 2002, onde se fez uma avaliação da efetividade da ECO-92, realizada 10 anos antes.

Duas décadas depois, o Rio de Janeiro voltou a sediar um evento com o mesmo intuito: a Rio+20,

ocorrida em 2012. (DIAS, 2006)

Uma das principais contribuições que vieram impulsionadas pelo pensamento ecológico foi

a – até então desconhecida – definição do princípio dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). Tal

princípio representa a busca por um caminho harmonioso entre o homem e sua produção residual.

Deve-se, portanto, procurar prever e evitar a geração de resíduos – os quais contenham

desperdícios –, adotando padrões de consumo mais sustentáveis e, ainda, procurando poupar os

recursos naturais. (MMA, 2016b)

O rebatimento desse “despertar ecológico” trouxe algumas contribuições para a

arquitetura. Um exemplo bastante importante foi a publicação das premissas básicas para uma

arquitetura sustentável, veiculadas juntamente à Agenda 21, as quais afirmavam que a mesma

deveria ser difundida por meio da eficiência energética, da correta especificação de materiais e do

respeito às condições ambientais. (CASTELNOU, 2015)

Diante dessa inserção arquitetônica aos debates ambientais, houve uma crescente

preocupação por parte de grupos de arquitetos e urbanistas em trazer as questões de

sustentabilidade para uma aplicação direta na produção de seu trabalho. Segundo Castelnou

(2015), um marco dessa inserção foi a realização, em 21 de junho de 1993, do congresso

organizado pela UNIÃO INTERNACIONAL DOS ARQUITETOS (UIA), em conjunto com o INSTITUTO

AMERICANO DE ARQUITETURA (AIA), ocorrido na cidade de Chicago, nos EUA, onde foi

estabelecida a Declaração da Interdependência para um Futuro Sustentável, a qual colocou a

Page 5: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

4

sustentabilidade socioambiental no centro da responsabilidade profissional e ética de todos os

arquitetos e urbanistas do planeta, iniciando-se, assim, as práticas da Green Architecture.

Denomina-se arquitetura sustentável ou Green Architecture aquela que visa a produção

arquitetônica em concordância com as condições ecológicas e sociais, utilizando-se de

tecnologias “verdes” a fim de minimizar os impactos ambientais da mesma. Seria uma forma de

atualizar a construção civil para as discussões de produção e consumo do século XXI. De acordo

com Edwards (2004), os habitats criados pelos arquitetos devem satisfazer tanto as necessidades

humanas quanto aquelas de outras espécies, cabendo aos profissionais, inclusive, a sensibilidade

ecológica na escolha dos materiais de construção e, além disso, favorecer ao máximo o contato

com a natureza.

No que diz respeito à ecoeficiência de materiais, Venâncio (2010) afirma que, embora

ainda não exista, no Brasil, uma legislação específica que trate especificamente do assunto, já é

possível observar uma pré-disposição, por parte das indústrias, em produzir os chamados

“ecoprodutos”. Estes podem ser definidos pela reunião de uma série de condicionantes que

comprovam o caráter ecológico dos mesmos, como, por exemplo: se o produto desenvolve o

modelo socioeconômico sustentável, se ele é benéfico para o meio ambiente, se ele gera um

consumo positivo e, ainda, se ele não polui o meio ou é tóxico. (VENÂNCIO, 2010)

5 REVISÃO DA LITERATURA

Um dos materiais mais

aplicados na arquitetura e que

apresenta um caráter mais sustentável

dentro da construção civil em geral

consiste na madeira. De acordo com

Berriel (2009), “a madeira é um

material renovável. Além disto, durante

o processo de produção, as florestas

beneficiam a fauna, o ar, os rios, o mar

e, consequentemente, beneficiam a

vida humana” (p. 223). Ademais, a

madeira também é um dos materiais

que menos requer consumo de energia para seu processamento, o que reafirma seu importante

caráter ecológico de pouco impacto ao meio ambiente (Figura 01).

A madeira igualmente apresenta grande vantagem sobre os demais materiais construtivos

no que diz respeito ao seu impacto construtivo. Segundo Winter2 (1998) apud Berriel (2009), seu

2 WINTER, W.. Economical and ecological aspects of multistory timber building. In: WORLD CONFERENCE OF TIMBER ENGINEERING, VI. Montreaux (Swittzerland), August 17-20, 1998. p.664-668.

FIGURA 01

Page 6: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

5

uso nas construções pode apresentar algumas vantagens, como, por exemplo, devido à sua

capacidade biológica em realizar a absorção da energia solar – por meio da fotossíntese –, assim

como graças ao baixo consumo de energia para a usinagem da mesma; ou ainda por apresentar

um alto grau de aproveitamento energético de seus resíduos. Forest Stewadship Council (FSC)

corresponde à entidade que regulamenta o uso e o manejo sustentável da madeira, sendo a

responsável por emitir o mais importante selo verde no segmento da madeira: o Cerflor.

(VENÂNCIO, 2010)

A certificação FSC tem como intuito reconhecer produtos madeireiros e não-madeireiros

oriundos do bom manejo florestal. Atualmente, possui três modalidades de certificação: Manejo

Florestal, Cadeia de Custódia e Madeira Controlada. A primeira é destinada às florestas

manejadas de forma responsável e que seguem os princípios e critérios estipulados pelo FSC,

podendo ser destinado a produtos oriundos da madeira, como toras e pranchas; ou mesmo

produtos não-madeireiros, como óleos, sementes e castanhas. Já a segunda – que se refere à

cadeia de custódia, também conhecida como CoC – garante a rastreabilidade do material desde a

sua produção até chegar ao consumidor final. Para isto, é necessário que o material venha de

florestas certificadas, cabendo às serrarias, fabricantes e gráficas, por exemplo, utilizarem o

certificado FSC para a sua correta utilização. Por fim, as normas de madeira controlada do FSC

têm como principal objetivo o controle para que materiais de origem não-responsável venham a

ser difundidos no mercado. Assim, busca-se evitar casos de madeira colhida de forma ilegal e

que, portanto, apresentam riscos quanto à responsabilidade do uso da mesma. (FSC, 2016)

Para que a madeira aplicada à arquitetura e ao design seja certificadamente sustentável,

ela deve seguir duas principais formas referentes à sua procedência: a madeira de

reflorestamento e a madeira de demolição. A primeira é oriunda do plantio de espécies de árvores

de rápido desenvolvimento e que, portanto, permitem uma colheita mais breve e com um

espaçamento de tempo mais curto (CASA DA ÁRVORE, 2012). Ela pode ser utilizada de várias

maneiras na arquitetura. Para estruturas, as melhores opções são madeiras com alta densidade e

resistência. Neste caso, de acordo com Costa, Apsan et Medeiros (2011), destacam-se espécies

como: Cumaru, Jatobá, Pequiá, Roxinho, Itaúba e Tatajuba. A madeira oriunda de reflorestamento

também é propícia para ser utilizada em telhados, desde que protegida de intempéries. Neste

caso, indica-se as espécies de: Garapeira, Cupiúba, Angelim-Pedra e Cambará. Ademais, as

madeiras de reflorestamento podem ser também utilizadas em vedações, esquadrias (portas e

janelas), pisos e mobiliários, entre outros.

Já a madeira de demolição tem esse nome, pois se refere a madeiras – geralmente nobres

– que são reaproveitadas de desmanches e passam a ter um novo uso, assim como um aspecto

totalmente diferente. Sua fonte principal é oriunda da demolição de casas, tulhas e outras

construções. Ela também pode ser empregada nos mais diferentes casos, seja em revestimentos,

pisos, forros e móveis. Por vir através de demolição, é possível adquirir madeiras que hoje são

Page 7: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

6

indisponíveis no mercado, como, por exemplo: Ipê, Peroba Rosa, Jacarandá, Jatobá, Carvalho e

Castanheira, entre outras. (BRISTOL MÓVEIS, 2013; APSAN et CAPELLO, 2014)

A madeira reciclada chega ao consumidor após

passar por processos que podem variar de acordo com

a necessidade e adequabilidade do material.

Atualmente, os resultados da reciclagem da madeira

podem se dividir em dois principais grupos: os

aglomerados e os compensados. Os primeiros

consistem em uma mistura de madeira moída e resina

sintética que são coladas sob métodos de aquecimento

e pressão. Isto faz com que tal tipologia assemelhe-se

às características da madeira maciça, sendo a mais

comumente encontrada no mercado, destacando-se o

Medium-Density Fiberboard3(MDF) e o Oriented

Styrand Board4 (OSB), além de chapas duras. Estas

últimas tendem a ser bastante resistente às pragas,

porém, geralmente apresentam uma incompatibilidade

em relação a pregos, além de necessitarem de um

acabamento por polimento e pintura já que as mesmas tendem a apresentarem bordas grosseiras.

Já o MDF (Figura 02) permite maior flexibilidade em

relação a pregos, parafusos e colas, embora também

necessite de acabamento e se adeque muito bem ao

revestimento com lâminas. Por sua vez, o OSB (Figura

03) destaca-se por sua alta resistência à umidade,

enquanto que as características de trabalhabilidade e

necessidade de acabamentos muito se assemelham

aos demais aglomerados. [FERREIRA, s.d.]

3 O Medium-Density Fiberboard (MDF) consiste em um material derivado da madeira, cuja tradução para português equivaleria a uma "placa de fibra de madeira de média densidade". Trata-se de um material uniforme, plano e denso, não possuindo nós e geralmente empregado em móveis, embora não apresente grande rigidez. O MDF é fabricado através da aglutinação de fibras de madeira de pinus e/ou eucaliptus e resinas sintéticas, além de outros aditivos, o que permite ser usinado tanto nas bordas como em suas faces, substituindo a madeira maciça. A madeira é desfibrada e depois cozida à vapor e pressão, separando-se uniformemente suas fibras. Posteriormente, estas são ligadas por resinas e passam por um processo de calor e prensagem que lhe dá o tamanho desejado. O MDF é oferecido ao mercado basicamente em três acabamentos: chapas in natura, que podem ser pintadas, revestidas com PVC ou hot stamping; chapas com revestimento laminado de baixa pressão, que recebem a sobreposição de uma folha de papel especial, impregnada com resina melamínica; e chapas com revestimento finish foil, que são produzidas por adição de uma película de papel colada de melhor acabamento, impressa em padrões madeirados ou em cores. (PAIM et SCOTTON, 2007)

4 Denomina-se Oriented Styrand Board (OSB) a chapa estrutural de tiras de madeira orientadas perpendicularmente, em diversas camadas, o que aumenta sua rigidez e resistência mecânica. Essas tiras são unidas com resinas aplicadas sob altas temperaturas e pressão, resultando em um produto de grande resistência mecânica. As chapas são compostas predominantemente de madeira reflorestada e destinadas ao uso na construção civil, em especial para pisos, forros e paredes internas e externas, além de mobiliário. Recentemente, tem-se empregado cada vez mais o Medium Density Particleboard (MDP) – ou aglomerado de média densidade – que é indicado particularmente para a confecção de móveis residenciais e comercias de formas orgânicas e linhas retas, que não requerem entalhes, usinagens em baixo relevo ou entalhes como prateleiras, divisórias, portas, lateiras e frentes de gavetas retas, entre outros, sem restrições de uso. Possui características superiores e completamente diferentes de outros painéis de madeira aglomerada. (MADEREIRA BH, 2015)

FIGURA 02

FIGURA 03

FIGURA 04

Page 8: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

7

Por sua vez, ainda de acordo com a mesma fonte, os compensados são obtidos através da

colagem de várias lâminas de madeira sobrepostas, sendo uma tipologia muito empregada na

construção civil e na indústria naval, entre outras, além de ser bastante utilizada em mobiliários.

Diferente dos aglomerados, a madeira compensada (Figura 04) subdivide-se através do seu uso,

que pode ser interno ou externo, diferenciando-se

conforme o tipo de cola usada para sua fabricação e,

ainda, na maior resistência ou não à umidade.

Geralmente, os compensados para uso interno

utilizam uma cola menos nociva e recebem um

acabamento mais bem elaborado. Já a madeira

compensada para uso externo apresenta uma grande

resistência relativa à umidade e não necessariamente

necessita de um acabamento minucioso.

Uma das aplicações em madeira que vêm

crescendo significativamente na construção civil é a

chamada Wood Frame (Figuras 05 e 06). Esta

tecnologia proveniente de madeira reflorestada tratada

consiste em um sistema construtivo altamente

sustentável, o qual Silva (2010) descreve como uma

estrutura de perfis leves de madeira maciça de pinus

spp, contraventados com chapas estruturais de

madeira transformada tipo OSB.

As chapas de OSB são constituídas de tiras de madeira reflorestada, orientadas em três camadas cruzadas, perpendiculares entre si. Essas tiras de madeira são unidas com resinas e prensadas. A espessura da placa LP OSB a ser utilizada é determinada conforme espaçamento entre montantes e tipo de revestimento. O mais comum é a utilização de painéis de 11,1 mm nas paredes e telhados e painéis de 18,3 mm para pisos e lajes. A principal função das chapas de OSB é contra ventar estruturas de paredes, de construções de até dois pavimentos, e auxiliar na rigidez da estrutura, compondo diafragmas horizontais na laje de piso. (SILVA, 2010, p. 01)

Nesse sistema, os perfis de madeira, as chapas de madeira estruturais e as de

contraventamento formam o conjunto estrutural, sujeito às cargas verticais permanentes e

acidentais, cargas de ventos e cargas eventuais devidas a sismos. Ainda de acordo com Silva

(2010), as chapas estruturais de contraventamento auxiliam na estabilidade da edificação,

reduzindo o comprimento de flambagem dos montantes, fazendo com que, por exemplo, uma

unidade típica térrea ou assobradada, de pé-direito da ordem de 2,60 m, o comprimento de

flambagem dos montantes possa ser reduzido para um valor próximo de 30 cm.

Quando a questão da sustentabilidade é levantada, o sistema de construção em Wood

Frame destaca-se por vários motivos, como pelos fatos de: seu material ser composto por

FIGURA 05

FIGURA 06

Page 9: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

8

diversas camadas de materiais renováveis e sua

execução ser capaz de reduzir em até seis vezes o

prazo da entrega da obra, além de haver a diminuição

de resíduos que vão diretamente para o lixo, sendo

seu emprego limpo e seco. Outra vantagem

interessante é o conforto térmico ocasionado por suas

paredes, tanto em regiões mais frias quanto em locais

mais quentes. (CONSTRUINDO DECOR, 2016)

O emprego da reciclagem da madeira na

arquitetura pode ser exemplificada por diversas obras

espalhadas pelo mundo todo, cujos programas variam

desde residências unifamiliares até pavilhões de

exposição. Em 2012, a empresa holandesa Architecten

construiu uma moradia somente com materiais

reaproveitados, como guarda-chuvas quebrados e

restos de madeira encontrados em lixões (Figura 07).

No ano seguinte, a arquiteta norte-americana Macy

Miller construiu sua própria casa (Figura 08) de apenas

18 m2 em Idaho (EUA) utilizando somente painéis de

madeira reciclada (ARCOWEB, 2013). Já a Casa

Manifesto (Figura 09), criada pelos arquitetos

espanhóis Jaime Gaztelu e Maurício Galeano Mau em 2014 nas colinas de Curacaví, na região

metropolitana de Santiago (Chile), foi feita em apenas 90 dias a partir da reutilização de containers

e pallets de madeira, além de vigas de demolição e madeira certificada. (RANGEL, 2014). Durante

a Exposição Universal de Milão, ocorrida em 2015, muitos pavilhões destacaram-se pelo uso

sustentável da madeira, além de ações ambientalmente conscientes, como pôde ser observado,

por exemplo, no pavilhão espanhol (Figura 10), criado pelo escritório catalão b720 arquitectos.

Simbolizando a fusão entre tradição e inovação na gastronomia espanhola, a estrutura em pórtico [era] dividida em duas partes, unidas pela repetição das formas [...] De um lado, a estrutura de madeira em forma de galpão [representava] a tradição gastronômica do país. Uma série de espaços externos [eram] pontuados por programas com revestimentos diversos. O outro lado, um espaço fechado revestido de aço inoxidável, [representava] a inovação na gastronomia espanhola [...] Feito a partir de materiais reciclados e naturais, o "pavilhão ecológico" [foi] composto por uma série de pórticos de madeira de 1,50 metros, unidos por uma sequência de volumes prismáticos de madeira laminada. (ROSENFIELD, 2014, p. 01)

Paralelamente, a aplicação de madeira reciclada no ecodesign vem aumentando cada vez

mais, resultando em trabalhos que se destacam pela economia, praticidade e beleza. Tanto

utilizando a madeira in natura como reprocessada, o mobiliário mostra-se leve e criativo, como,

por exemplo, a poltrona criada em 2011 por Anders Johnsson e Petter Thorne (Figura 11).

FIGURA 07

FIGURA 08

FIGURA 09

Page 10: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

9

No Brasil, deve-se salientar o pioneirismo de

arquitetos e designers que souberam inovar com o

reuso da madeira na produção de um mobiliário mais

sustentável. Desde a década de 1970, o ex-surfista e

agora designer Carlos Motta (1953-) fazia poltronas

criadas a partir de restos de madeira trazidas pelo

oceano. Hoje, possui onze coleções de móveis, que

incluem bancos, cadeiras, mesas, sofás e outros

projetos especiais feitos por pedido tanto do país como

do exterior. Uma de suas criações mais famosas é a

Poltrona Astúrias (Figura 12), criada em 2002.

(RECICLA E DECORA, 2016)

Reconhecidos internacionalmente, os irmãos Campana – que são Humberto (1953-) e

Fernando Campana (1961-) – têm seu trabalho em design voltado à experimentação de novos

materiais, tecnologias e propostas, as quais entram em sintonia com as últimas tendências em

mobiliário e interiores. Portanto, não é nenhuma novidade terem contribuído com a reciclagem de

produtos e a criatividade formal. Criada em 1991, sua famosa Cadeira Favela (Figura 13),

produzida pela Edra, reflete a nossa brasilidade, sendo feita de pequenos sarrafos de madeira

fixados em uma base de metal, de forma assimétrica tal qual as estruturas de uma favela.

(DESIGN INNOVA, 2011)

6 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa, de caráter exploratório e teórico-conceitual, é baseada em revisão

bibliográfica e análise de estudos de caso que buscam corroborar para o entendimento da

madeira como material sustentável que pode ser empregado na arquitetura e design. A coleta de

dados foi feita através de fontes impressas, como livros e artigos, além de fontes on line, como

sites e outras publicações, sempre associadas à aspectos ligados tanto à sustentabilidade quanto

à madeira. Em suma, a metodologia de pesquisa seguiu as seguintes etapas:

a) Revisão web/bibliográfica e coleta de dados:

Esta etapa consistiu em uma pesquisa sobre sustentabilidade, desde o momento de suas

discussões iniciais até a sua percepção e impacto atuais. Foi a partir disso que surgiu o princípio de

FIGURA 10

FIGURA 11 FIGURA 12 FIGURA 13

Page 11: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

10

materiais recicláveis aplicados à arquitetura e design, aqui explorado através da madeira. Foram

necessárias informações de como a madeira pode ser reciclada e reutilizada em projetos.

b) Seleção, descrição e análise dos estudos de caso:

Nesta etapa, identificou-se e analisou-se 04 (quatro) exemplares do uso de madeira reciclável na

arquitetura (em dois estudos de caso) e no design (outros dois estudos de caso). Os exemplos

buscaram apoiar a revisão web-bibliográfica, através da análise funcional, técnica e estética, além

de serem devidamente ilustrados.

c) Análise e avaliação dos casos:

Fase que se consistiu na reflexão crítica das obras selecionadas através de suas descrições,

características e relevâncias para a arquitetura e o design. A exposição dos exemplos ilustrados

buscará reafirmar a importância de materiais recicláveis – como é o caso da madeira – e suas

aplicações na construção civil.

d) Conclusão e redação final:

O fechamento da pesquisa deu-se por meio da elaboração do Relatório Final de Pesquisa, além da

apresentação expositiva do material por ocasião do 25º Evento de Iniciação Científica (EVINCI), na

9ª Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE), prevista para outubro de 2017.

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos estudos realizados, fez-se a busca e seleção de 04 (quatro) obras em

concordância tanto com o reuso quanto à reciclagem da madeira aplicados à arquitetura e ao

design. Todas as obras selecionadas buscam ilustrar as aplicabilidades de ambas as técnicas,

seja na escala arquitetônica – aqui exemplificadas por meio de projetos residenciais – seja na

escala do mobiliário, de modo a, principalmente, reforçar seu grande potencial estético e

funcional.

O 2012Architecten é um estúdio de arquitetura sediado em Roterdã, na Holanda (Países

Baixos), que tem como seu principal objetivo o reaproveitamento de materiais considerados, por

muitos, como desperdício. O escritório, criado em 1997, busca se abastecer sempre de matéria-

prima local, a fim de potencializar o fluxo de materiais e energia. (DURAN et HERRERO, 2010)

O projeto da Villa Welpeloo (Figura 14),

executado na cidade holandesa de Enschede,

Província de Overijsse, consiste em uma

habitação que apresenta estrutura em aço e

fachadas que utilizam ripas de madeira em larga

escala, ambos reaproveitados de outras

construções. Para a escolha desses materiais, o

escritório procurou fazer um aprofundado estudo

FIGURA 14

ESTUDO DE CASO I Villa Welpeloo (2009, Enschede – Holanda)

2012Architecten

Page 12: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

11

da relação entre o impacto ambiental dos mesmos em detrimento do seu custo. Segundo Duran et

Herrero (2010), “o resultado final, do ponto de vista ambiental, foi claramente a favor do material

reutilizado” (p. 365). Além disso, os materiais reaproveitados permitem formas e técnicas de

construção inovadoras. A estrutura principal da edificação é oriunda de perfis de aço retirados de

uma antiga máquina de produção têxtil da região enquanto que as madeiras utilizadas nas

fachadas vieram de bobinas carretéis, as quais apresentavam algum tipo de dano (Figura 15). Ao

todo, foram reaproveitadas milhares de bobinas para a confecção da casa.

No total, a edificação possui 250 m² distribuídos em 02 (dois) pavimentos. O programa –

referente à moradia de um casal proprietário de uma coleção de arte – possui dois quartos, um

estúdio-cozinha, uma área aberta no centro e um quarto de hóspedes. Diante disso, os

dormitórios configuram-se em espaços bastante amplos e iluminados, uma vez que são utilizados

como expositores de obras artísticas. Já o mobiliário é bastante colorido e remete a estilos de

diferentes épocas. O coração da casa é representado pela sala de estar (Figuras 16 e 17), que se

encontra entre o hall e a cozinha, além de possuir um grande plano aberto que proporciona

visuais para grande parte da residência. A cozinha (Figura 18) é composta por uma série de

armários embutidos, os quais também são feitos de materiais reciclados. (ARCHELLO, 2011)

FIGURA 15

FIGURA 16 FIGURA 17 FIGURA 18

Page 13: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

12

O escritório estadunidense In.Site-

Architecture desenvolveu, através de seu

arquiteto Rick Hauser, um projeto de certificação

LEED Platinum: a BARNagain Home (Figura 19).

A edificação notabilizou-se pelo uso de materiais

reciclados a pedido da própria família que

encomendou o projeto. Além disso, o escritório

propôs uma nova leitura da tradicional arquitetura

das zonas agrícolas do Estado de Nova York.

(MEINHOLD, 2013)

Dentre as principais características que levaram essa casa a receber o certificado LEED,

de acordo com Alperovich (2014), estão: o aquecimento da água através de painéis fotovoltaicos e

o uso de materiais reciclados em praticamente toda a sua composição. Tais materiais foram

provenientes de um antigo celeiro da família, localizado a sudoeste da região de implantação da

obra (Figura 20). Iniciou-se uma grande logística envolvendo a demolição do antigo celeiro e,

depois disso, toda a madeira retirada foi moída e transportada para a cidade de Lima NY,

localizada a 65 km de distância.

ESTUDO DE CASO II BARNagain Home (2012, Lima NY – EUA)

In.Site-Architecture

FIGURA 19

FIGURA 20

FIGURA 19

Page 14: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

13

Segundo Meinhold (2013), a moradia

unifamiliar busca empregar a linguagem do antigo

celeiro por meio dos telhados íngremes, espaços

bastante amplos e pés-direitos altos. Além disso,

as angulações da cobertura permitiram a

instalação de painéis de captação de energia solar

(Figura 21).

O projeto conta ainda com uma ampla

garagem, e uma cozinha com pequena varanda, a

qual é utilizada para refeições, além de sala de estar, sala de jantar, lavabo, banheiro, suíte e um

dormitório, localizado no segundo pavimento. A planta é bastante ortogonal (Figuras 22 e 23) e

toda a edificação conta com um amplo sistema de eficiência energética (Figuras 24 e 25).

FIGURA 21

FIGURA 22 FIGURA 23

FIGURA 25 FIGURA 24

Page 15: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

14

Os designers israelenses Yoav Avinoam e Gil

Sheffi são fundadores do Producks Design Studio e

desenvolvem, em seus trabalhos, um diálogo

constante entre o mundo físico e filosófico, ou seja,

uma busca constante pelo equilíbrio entre as técnicas

de fabricação, materiais, contexto cultural e identidade.

(PRODUCKS DESIGN STUDIO, 2017)

Uma de suas principais obras consiste na linha

denominada Shavings (Figuras 26 e 27), que tem

como matéria-prima a serragem de vários tipos de

madeira descartados pela indústria moveleira. O pro-

cesso de produção é bastante simples, tratando-se da

mistura de serragens a uma resina que, em conjunto,

são pressionadas sobre um molde com um formato

específico. Além disso, são introduzidas eventuais

partes em madeira para a estruturação dos móveis

(CASA E JARDIM, 2009). A fabricação dos mobiliários (Figuras 28 a 31) é basicamente feita de

forma bastante artesanal e o resultado são produtos que fazem um uso extremamente

sustentável no que tange as questões de reciclagem de material, técnica construtiva e mínimo

impacto ambiental. (NAIDOO, 2009)

ESTUDO DE CASO III Shavings (2009, Tel Aviv – Israel) Producks Design Studio

FIGURA 28 FIGURA 29

FIGURA 30 FIGURA 31

FIGURA 26

FIGURA 27

Page 16: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

15

O arquiteto e designer paulista Carlos

Motta (1932-) sempre procurou utilizar como

matéria-prima de seus trabalhos as – chamadas

por ele mesmo – “madeiras de redescobrimento”.

Tal ideia veio desde a época em que o artista era

praticante de surf e via uma série de dejetos de

madeira boiando na superfície do mar. Disposto

a trabalhar com a questão do menor impacto

ambiental possível, Motta começou a trabalhar

com arquitetura e mobiliários sustentáveis com o

emprego predominante de madeira renovável

proveniente de demolição e utilizando o mínimo

possível de materiais químicos. (MOTTA, 2012)

Abrindo seu escritório em 1978, na Vila Madalena (São Paulo SP), Motta passou a

desenvolver diversos trabalhos com madeira reciclada. Atualmente, possui 23 linhas de móveis

em seu portfólio, dentre as quais se destaca a poltrona giratória Radar (Figura 32). O projeto foi

concebido em 2008 e utiliza-se de peroba rosa proveniente de madeira de redescobrimento e

lustração especial (Figura 33). A poltrona é giratória e possui ferro oxidado fixado em uma base

com quatro pernas (Figuras 34 e 35), dando um caráter de simplicidade e conferindo ergonomia

à obra. (BRASIL BROKERS, 2014)

De acordo com o site oficial do profissional (MOTTA, 2017), a obra foi especialmente

produzida para a exposição Used and Reused Wood: Furniture by Carlos Motta, realizada em

Nova York, no ano de 2010, tendo sido também escolhida para participar da exposição Design

Brasileiro Hoje: Fronteiras, que ocorreu em São Paulo, em 2009. Suas dimensões são de 67cm x

61cm e altura de 72cm, sendo executada em peroba rosa rústica lixada com seladora e cera.

FIGURA 32

FIGURA 33 FIGURA 34 FIGURA 35

ESTUDO DE CASO IV Poltrona Giratória Radar (2008, São Paulo SP – Brasil)

Carlos Motta

Page 17: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

16

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados por meio da revisão de literatura a respeito da reciclagem

da madeira e de suas aplicações nos casos descritos anteriormente, pôde-se observar a

intrínseca relação da madeira como um material renovável e de grande aplicabilidade à

arquitetura e ao design, em especial no que se refere ao seu potencial para sua reutilização.

Para tanto, foi necessário um entendimento a respeito dos conceitos básicos de sustentabilidade

desde o momento em que surgiram até os mais atuais controles e certificações concedidos por

órgãos especializados.

A madeira, como um dos principais materiais mais utilizados na construção civil, desde

tempos remotos, possui grandes potencialidades ecológicas que a credenciam como uma forte

aliada da chamada Green Architecture. Atualmente, existem uma série de especificações que a

madeira deve atender para obter seu certificado como matéria-prima sustentável e, assim,

contribuir para um ciclo saudável no que tange às questões socioambientais. De modo geral,

pode-se dizer que a reciclagem da madeira pode se dar através de 02 (duas) formas

fundamentais: a madeira de reaproveitamento e a madeira de reuso, diferindo-se no fato de

haver ou não sua aplicação in natura. Diante disso, buscou-se abordar nos estudos de caso

apresentados exemplares destas duas categorias, sendo, para cada uma, um caso na escala

arquitetônica e outro na escala do mobiliário.

Assim, enquanto a edificação holandesa (Caso I) foi resultado do reprocessamento da

madeira de carreteis, a casa que foi realizada nos EUA (Caso II) utilizou-se de madeira de

demolição. Da mesma forma, enquanto o trabalho dos designers israelenses (Caso III) emprega

uma mistura de resina a serragem de madeira, o design proposto por Carlos Motta (Caso IV)

trabalha com o reuso de madeira descartada, a que ele chama de “madeira de descobrimento”.

Em todos os casos, nota-se a potencialidade do material, que pode ser reaplicado em sua forma

original – ou trabalhado na produção de novos materiais, seja na íntegra ou através de seus

resíduos.

Com isso, a pesquisa, embora de caráter introdutório e abrangente, permitiu definir,

descrever e ilustrar as possíveis aplicabilidades sustentáveis da madeira tanto em uma

arquitetura de qualidade quanto em um mobiliário eficiente e esteticamente reconhecido. Isto,

sem dúvidas, abre precedentes para que, cada vez mais, haja um crescimento de uma prática

em construção civil mais consciente social e ecologicamente e, portanto, mais condizente com as

demandas atuais do século XXI. Como desdobramentos dessa pesquisa, sugere-se a

investigação mais detalhada sobre os métodos de reprocessamento da madeira e seus

fragmentos (retalhos, serragem, etc.), assim como das estratégias de demolição e descarte da

madeira que não comprometam sua potencial reutilização nas áreas de arquitetura e design

sustentável.

Page 18: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

17

9 REFERÊNCIAS

ALPEROVICH, A. L. In.Site-Architecture’s southern tier BARNagain Is built from old barns (2014). Disponível em: <https://www.6sqft.com/in-site-architectures-southern-tier-barnagain-is-built-from-old-barns/>. Acesso em: 17 abr. 2017.

APSAN, D.; CAPELLO, G. Madeira de demolição aparece em projetos contemporâneos (2014). Disponível em: <http://casa.abril.com.br/materia/madeira-de-demolicao-cozinha-banheiro-escada>. Acesso em: 10 out. 2016.

ARCHELLO. Villa Welpeloo (2011). Disponível em: <http://www.archello.com/en/project/villa-welpeloo>. Acesso em: 17 abr. 2017.

ARCOWEB. Casa do Dia: Macy Miller (2010). Disponpível em: <https://arcoweb.com.br/noticias/ internacional/casa-do-dia-macy-miller>. Acesso em: 01 nov. 2016.

BERRIEL, A. Arquitetura de madeira: Reflexões e diretrizes de projeto para concepção de sistemas e elementos construtivos. 363 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal), UNIVERSIDADE

FEDERAL DO PARANÁ – UFPR, Curitiba, 2009.

BRASIL. MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agenda 21 Global. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global>. Acesso em: 19 ago. 2016a.

______. ______. Princípio dos 3R’s. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/component/ k2/item/7589? Itemid=849>. Acesso em: 24 ago. 2016b.

______. SENADO FEDERAL. Do ecodesenvolvimento ao conceito de desenvolvimento sustentável no Relatório Bruntland [...]. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/notícias/Jornal/ emdiscussao/rio20/temas-em-discussao-na-rio20/ecodesenvolvimento-conceito-desenvolvimento-sustentavel-relatorio-brundtland-onu-crescimento-economico-pobreza-consumo-energia-recursos-ambientais-poluicao.aspx>. Acesso em: 19 ago. 2016c.

BRASIL BROKERS. Design: Talento brasileiro – Carlos Motta (2014). Disponível em: <http://blog. brasilbrokers.com.br/blog/2014/04/04/design-talento-brasileiro-carlos-motta/>. Acesso em: 15 maio 2017.

BRISTOL MÓVEIS. Madeira de demolição: O que é, e de onde vem? (2013). Disponível em: <http://www.bristolmoveis.com.br/1/?p=510>. Acesso em 10 out. 2016.

CASA DA ARVORE. O que é madeira de reflorestamento? Disponível em: <http://casadaarvoremadeiras.blogspot.com.br/2012/10/o-que-e-madeira-de-reflorestamento.html>. Acesso em: 10 out. 2016.

CASA E JARDIM. Conheça os móveis ecológicos, que são feitos com serragem (2009). Disponível em: <http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI97203-16802,00-CONHECA+OS+ MOVEIS+ECOLOGICOS+QUE+SAO+FEITOS+COM+SERRAGEM.html>. Acesso em: 15 maio 2017.

CASTELNOU, A. Arquitetura contemporânea. Curitiba: Apostila didática, UNIVERSIDADE FEDERAL DO

PARANÁ – UFPR, 2015.

CONSTRUINDO DECOR. Wood frame: Tecnologia na construção de casas de madeira. Disponível em: <http://construindodecor.com.br/wood-frame-tecnologia-na-construcao-de-casas-de-madeira/>. Acesso em: 01 nov. 2016.

COSTA, D.; APSAN, D.; MEDEIROS, E. G. Saiba onde usar cada tipo de madeira (2011). Disponível em: <http://casa.abril.com.br/materia/saiba-onde-usar-cada-tipo-de-madeira>. Acesso em: 10 out. 2016.

DESIGN INNOVA. Os 20 anos da cadeira favela (2011). Disponível em: <https://designinnova.blogspot.com.br/2011/07/os-20-anos-da-cadeira-favela.html>. Acesso em: 01 nov. 2016.

DIAS, R. Gestão ambiental: Responsabilidade social e sustentabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

DURAN, S. C.; HERRERO, J. F. Atlas de arquitetura ecológica. Rio de Janeiro: Taschen, 2010.

Page 19: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

18

FERREIRA, A. de C. Reutilização e reciclagem de madeira. Belo Horizonte: Gráfica Difusora, s.d. Disponível em: <http://www.centrocape.org.br/arquivos/67379bedae5b43aa1a53d3886e4a009b.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2016.

FSC – FOREST STEWADSHIP COUNCIL DO BRASIL. Tipos de certificados FSC. Disponível em: <https://br.fsc.org/pt-br/certificao/tipos-de-certificados> Acesso em: 26 set. 2016.

MADEREIRA BH. MDP, MDF e Compensado (2015). Disponível em: <http://www.madeireirabh.com/ madeireiras-blog/2015/05/13/mdp-mdf-e-compensado-madeireira-bh/>. Acesso em: 01 nov. 2016.

MARQUES, J. R. Sustentabilidade e temas fundamentais de direito ambiental. Campinas: Millennium, 2009.

MEINHOLD, B. BARNagain solar-powered home built with family’s own reclaimed wood (2013). Disponível em: <http://inhabitat.com/barnagain-solar-powered-home-built-with-familys-own-reclaimed-wood/>. Acesso em: 17 abr. 2017.

MOTTA, C. Madeira de redescobrimento (2012). Disponível em: <http://carlosmotta.com.br/blog/ 2012/10/madeira-de-redescobrimento/>. Acesso em: 15 maio 2017.

______. Poltrona giratória Radar. Disponível em: <http://carlosmotta.com.br/design/poltrona-giratoria-radar/>. Acesso em: 15 maio 2017.

NAIDOO, R. ‘Shavings’ stool by Yoav Avinoam (2009). Disponível em: <http://www.designboom.com/ design/shavings-stool-by-yoav-avinoam/>. Acesso em: 15 maio 2017.

ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. A ONU e o meio ambiente. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/>. Acesso em: 19 ago. 2016.

PAIM, N. de S.; SCOTTON, T. Materiais para o setor moveleiro. Porto Alegre: CONFEDERAÇÃO

NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI, 2007.

PRODUCKS DESIGN STUDIO. Shavings. Disponível em: <http://www.pro-ducks.com/#/shavings/>. Acesso em: 15 maio 2017.

RANGEL, J. Casa Manifesto (2014). Disponível em: <http://sustentarqui.com.br/construcao/casa-manifesto-conteineres-materiais-reciclados/>. Acesso em: 01 nov. 2016.

RECICLA E DECORA. Poltronas criadas a partir de restos de madeira. Disponível em: <http://reciclaedecora.com/sustentabilidade/poltronas-criadas-a-partir-de-restos-de-madeira/>. Acesso em: 01 nov. 2016.

ROSENFIELD, K. Expo Milão 2015: b720 projeta pavilhão da Espanha inspirado em estufa (2014). Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/627441/expo-milao-2015-b720-projeta-pavilhao-da-espanha-inspirado-em-estufa>. Acesso em: 01 nov. 2016.

SILVA, F. B. da. Wood Frame: Construções com perfis e chapas de madeira (2010). Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/161/sistemas-construtivos-286726-1.aspx>. Acesso em: 01 nov. 2016.

VENÂNCIO, H. Minha casa sustentável: Guia para uma construção residencial responsável. Vila Velha: Edição do Autor, 2010.

FONTES DE ILUSTRAÇÕES

Figura Disponível em: Acesso em:

01 http://images.slideplayer.com.br/8/2358252/slides/slide_11.jpg 1º nov. 2016

02 http://www.madeireirabh.com/madeireiras-blog/wp-content/uploads/2015/05/mdf-cru.jpg 1º nov. 2016

03 http://www.madeireirabh.com/madeireiras-blog/wp-content/uploads/2015/05/mdp.jpg 1º nov. 2016

04 http://www.madeireirabh.com/madeireiras-blog/wp-content/uploads/2015/05/madeira2-2.jpg 1º nov. 2016

05 http://catalogodearquitetura.com.br/img/produtos/10631/13766-sistema-construtivo-wood-frame-lp-brasil-g.jpg

1º nov. 2016

Continua

Page 20: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

19

Continuação

06 http://catalogodearquitetura.com.br/img/produtos/10631/13767-sistema-construtivo-wood-frame-lp-brasil-g.jpg

1º nov. 2016

07 http://3.bp.blogspot.com/-wr6h9N7axM4/ToCAZRGYO_I/AAAAAAAAAHA/ zlQsK1TVR_o/s1600/foto+1.jpg

1º nov. 2016

08 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/12/Macy-Miller-Tiny-House-2.jpg 1º nov. 2016

09 http://sustentarqui.com.br/wp-content/uploads/2014/04/Dust.jpg 1º nov. 2016

10 http://images.adsttc.com/media/images/5565/d3d0/e58e/ceeb/8d00/0188/large_jpg/Spanish-Pavilion-at-Milan-Expo-2015-B720-Arquitectura-Ferm%C3%ADn-V%C3%A1zquez-0024.jpg?1432736713

1º nov. 2016

11 http://blog.linhaceira.net/wp-content/uploads/2011/02/fagelbo_liten1.jpg 1º nov. 2016

12 http://reciclaedecora.com/wp-content/uploads/carlos-motta-asturias-chair.jpg 1º nov. 2016

13 http://3.bp.blogspot.com/-JgU2tBw23YE/TjHoXGNSCzI/AAAAAAAAPo0/ Y4RTKLxWH6U/s1600/favela.jpg

1º nov. 2016

14 http://www.archidesignclub.com/images/miniatures/mini.php?src=http://muuuz.com/wp-content/uploads/2010/01/582-villa-welpeloo-2012-architects-1.jpg&w=610

17 abr. 2017

15 http://www.homedesignfind.com/wp-content/uploads/2011/06/Villa_Welpeloo_3.jpg 17 abr. 2017

16 https://www.mimoa.eu/images/20657_l.jpg 17 abr. 2017

17 http://www.archello.com/sites/default/files/imagecache/header_detail_large/2_957.jpg 17 abr. 2017

18 http://www.archello.com/sites/default/files/imagecache/media_image/story/media/d4_4.jpg 17 abr. 2017

19 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/09/BarnAgain-InSite-Architecture.jpg 17 abr. 2017

20 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/09/BarnAgain-InSite-Architecture-10.jpg 17 abr. 2017

21 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/09/BarnAgain-InSite-Architecture-1.jpg 17 abr. 2017

22 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/09/BarnAgain-InSite-Architecture-9.jpg 17 abr. 2017

23 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/09/BarnAgain-InSite-Architecture-11.jpg 17 abr. 2017

24 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/09/BarnAgain-InSite-Architecture-13.jpg 17 abr. 2017

25 http://assets.inhabitat.com/wp-content/blogs.dir/1/files/2013/09/BarnAgain-InSite-Architecture-12.jpg 17 abr. 2017

26 https://static1.squarespace.com/static/55ae3385e4b0c278e467456c/55afac53e4b0f9aef855a24d/55afacd3e4b074c5d9be36d8/1437576409975/table.jpg?format=1000w

15 maio 2017

27 https://static1.squarespace.com/static/55ae3385e4b0c278e467456c/55afac53e4b0f9aef855a24d/55afacbee4b074c5d9be364e/1437576395874/stool22.jpg?format=1000w

15 maio 2017

28 http://www.designboom.com/cms/images/ridcue/corko09.jpg 15 maio 2017

29 http://www.designboom.com/cms/images/ridcue/corko10.jpg 15 maio 2017

30 http://www.designboom.com/cms/images/ridcue/corko11.jpg 15 maio 2017

31 http://www.designboom.com/cms/images/ridcue/corko12.jpg 15 maio 2017

32 http://www.upcycledzine.com/wp-content/uploads/2016/03/Carlos_Motta_Radar_Chair_01.jpg 15 maio 2017

33 http://www.upcycledzine.com/wp-content/uploads/2016/03/Carlos_Motta_Radar_Chair_03.jpg 15 maio 2017

34 http://www.upcycledzine.com/wp-content/uploads/2016/03/Carlos_Motta_Radar_Chair_04.jpg 15 maio 2017

35 http://www.upcycledzine.com/wp-content/uploads/2016/03/Carlos_Motta_Radar_Chair_05.jpg 15 maio 2017

9 PARECER DO ORIENTADOR

O acadêmico realizou adequadamente as tarefas previstas no plano de trabalho inicial da

pesquisa, apresentando alguma dificuldade em conciliar essas atividades com as demais obrigações

escolares, dificultando o adequado cumprimento do cronograma previamente definido. De qualquer

forma, conseguiu chegar a um resultado satisfatório com a conclusão do Relatório Final e a possibilidade

de apresentação com qualidade no Encontro de Iniciação Científica da UFPR, previsto para ocorrer em

outubro de 2017.

Page 21: ECICLAGEM DE ADEIRAS EM ARQUITETURA E ESIGNgrupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2017_relfinal... · exemplo: a Rio+5, realizada em Nova York (EUA) em 1997, que teve como

20

10 DATA E ASSINATURAS

Curitiba, 25 de maio de 2017.

Acadêmico Lucas Kasiano Pereira

Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou Nt