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www.neomondo.org.br NEOMON DO UM OLHAR CONSCIENTE Ano 3 - Nº 33 - Abril 2010 - Distribuição Gratuita A MAZONAS Capital do Planeta Eduardo Braga Guerreiro à frente da batalha 08 James Cameron Falo com o coração... Al Gore A Amazônia é um tesouro 18 26

Ed 33

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www.neomondo.org.br

NeoMoNdoum olhar conscienteAno 3 - Nº 33 - Abril 2010 - Distribuição Gratuita

AMAZONASCapital do Planeta

Eduardo Braga Guerreiro à frente da batalha

08

James Cameron Falo com o coração...

Al GoreA Amazônia é um tesouro

18 26

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Renovações no TRansPoRTe

CiênCia & TeCnologia

Kasinskitransporte ecológico

Seções

Eduardo BragaGuerreiro à frente da batalha

Artigo Terence Trennepohla reserva legal e o desenvolvimento sustentável

08

Clique NEO MONDOconfira quem esteve no evento

Senador Mercadante sem retroceder nas questões ambientais

Artigo Natascha Trennepohlamazônia sustentável

NEO MONDOreferência em comunicação socioambiental

60

Nova Marginalmais faixas, menos estresse

Mundo, capital Manaus Fórum internacional reúne gente comprometida com a sustentabilidade

esPeCial FóRum inTeRnaCional

50

esPeCial FóRum inTeRnaCional

Thomas Lovejoy esforço global para restaurar ecossistemas

Povos da florestaFator de preservação

38

72

4 neo mondo - abril 2010

Diretor Responsável: Oscar Lopes Luiz

Diretor de Redação: Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586)

Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Marcio Thamos, Terence Trennepohl, João Carlos Mucciacito, Rafael Pimentel Lopes, Denise de La Corte Bacci, Dilma de Melo Silva, Natascha Trennepohl, Natan Rodrigues Ferreira de Melo e Silva, Rosane Magaly Martins e Vinicius ZambranaRedação: Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586), Rosane Araujo (MTB 38.300) e Antônio Marmo Estagiária: Heloisa MoraesRevisão: Instituto Neo MondoDiretora de Arte: Renata Ariane RosaProjeto Gráfico: Instituto Neo MondoTradução: Efex Idiomas - Tel.: 55 11 8346-9437

Diretor de Relações Internacionais: Vinicius ZambranaDiretor Jurídico: Dr.Erick Rodrigues Ferreira de Melo e Silva

Correspondência: Instituto Neo MondoRua Primo Bruno Pezzolo, 86 - Casa 1 - Vila Floresta - Santo André – SPCep: 09050-120

Para falar com a Neo Mondo:[email protected]@[email protected]

Para anunciar: [email protected]. (11) 4994-1690

Presidente do Instituto Neo Mondo:[email protected]

Expediente PublicaçãoA Revista Neo Mondo é uma publicação do Instituto Neo Mondo, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça – processo MJ nº 08071.018087/2007-24.

Tiragem mensal de 70 mil exemplares com distribuição nacional gratuita e assinaturas.

Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.

52

68

IvecoÉ caminhão e é VerDe

75

80

MetrôDa cor do Brasil

78

Mapinguary X King KongQueda-de-braço

HisTóRia & aRTe

Artigo Dilma de Melo Silva Ventos modernizantes

BactériasPequenas notáveis

CoTidiano

NEO MONDO Informanotícias imperdíveis

82

Aquífero Guaraniambiente subterrâneo

meio ambienTe

8489

90 94

James Cameronnão sou ambientalista ou empresário; falo com o coração...

26 Walmartresultado prático logo no primeiro dia

31

46

56

PeRFil18

CousteauPrograma educativo a alunos da amazônia

54

Fundação Bunge meta qualificada de todos

62eduCação

Renovações no TRansPoRTe

Reports in english

14

22

32

37

42

48

51

53

55

58

65

68

The Amazon Charter

Profile: Eduardo Braga

Internacional Forum SpecialWorld Capital Manaus international Forum Brings together People committed to sustainability

James Cameroni’m not a Businessman and environmentalist, i speak from the heart ...

Walmarta Practical result on the First Day

People of the Forest Factor in Preservation

Article - Natascha Trennepohl a sustainable amazon

Senator Mercadanteno Backing Down on environmental issues

Thomas Lovejoya Global effort to restore ecosystems

Cousteau educational Program for students in the amazon

NEO MONDOreference in socio-environmental communications

EducationBunge Foundation a Qualified Goal for all

Article Terence Trennepohlthe legal reserve and sustainable Development

12

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Um olhar consciente

InstitutoInstituto

NeoMondo

NeoMondo

Prezado leitor, é com orgulho que apresentamos a primeira edição de NEO MONDO bilíngue

(português/inglês). A partir deste mês a revista torna-se internacional, ou seja, estamos mandando exem-plares para as universidades de Harvard (Boston/EUA) e Humboldt (Berlim/Alemanha).a universidade Humboldt foi fundada em 1810 e teve como alunos o físico albert einstein, os fundadores da teoria marxista Karl marx e Friedrich engels, entre outros, além de ter abrigado 29 ganhadores do Prêmio nobel. a universidade Harvard é uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo e eleita a melhor universidade do mundo pelo institute of Higher education shanghai Jiao Tong university. Nesta edição trazemos o que de mais importante aconteceu no Fórum Internacional de Sustentabilidade, realizado em Manaus nos dias 26 e 27 de março.Se a capital do Amazonas durante dois dias tornou-se a capital do planeta, NEO MONDO é o seu porta-voz.Para nós, ter participado de um evento dessa dimensão foi edificante. Parabenizamos os seus idealizadores, na pessoa de João Doria Jr., presidente do grupo LIDE, e do anfitrião Eduardo Braga, governador do estado. Este é o personagem do PERFIL desta edição pelo seu reconhecido trabalho de preservação da floresta.Em sete anos de governo, Braga criou e desenvolveu programas, como o Zona Franca Verde e Bolsa Floresta, que permitiram manter a floresta em pé sem abrir mão de ganhos sociais para a população.A grande estrela do Fórum foi o cineasta James Cameron, aplaudido de pé por empresários e demais participantes do evento.

Outra personalidade que marcou presença foi o ex-vice-presidente dos EUA e prêmio Nobel da Paz em 2007 Al Gore, que reconhece a importância do Brasil no mundo e a necessidade de um envolvimento global na preservação da floresta.O mundo acadêmico-científico participou com representantes do gabarito de Thomas Lovejoy, Jean-Michel Cousteau e Mark London.Além disso, trazemos um caderno especial sobre “Renovações no Transporte Nacional “, onde mostraremos os benefícios de grandes obras, como a nova marginal Tietê, a linha amarela do Metrô, enfim, as soluções encontradas para driblar o caos no trânsito na cidade de São Paulo.Seguindo na mesma linha, damos destaque para as empresas Kasinski e Iveco, que trazem renovações tecnológicas em energia limpa.Confira também as pesquisas e descobertas sobre bactérias e micro-organismos que limpam água e solo contaminados.Outra matéria importante é o ambiente subterrâneo na região de Araraquara, a Embraer e o Aquífero Guarani.Visando à implantação da unidade montadora de aviões em Gavião Peixoto, que fica sobre o Aquífero, mesmo feito no início da década, o trabalho permanece inédito, pois era destinado para consumo interno da empresa e para atender exigências de órgãos fiscalizadores.Interessa-nos detalhar os mecanismos de proteção feitos dentro dos padrões técnicos de uma empresa tecnológica.Esta é uma pequena parte do que você vai encontrar em nossas páginas.Parafraseando o filme Avatar:

I SEE YOU! (eu veJo voCê).

Tenha uma ótima leitura!

Oscar Lopes Luiz

Presidente do Instituto Neo Mondo

[email protected]

Editorial

neo mondo - abril 2010 5

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a destruição da Floresta amazônica

é problema meu

a Carta do amazonas é uma afirmação de princípios dos cidadãos brasileiros e da comunidade

internacional. Reafirmamos os princípios da Carta da Terra: respeitar e cuidar da diversidade de

vida, garantir a integridade ecológica do Planeta, promover a justiça social e econômica,

fortalecer a democracia e cultura da não-violência.

o meio ambiente tem sido nossa bandeira desde a primeira edição

por um simples motivo: é uma questão de sobrevivência e

a Floresta é um problema nosso!

uma homenagem do instituto neomondo aos povos da Floresta

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arta do mazonasC

uma homenagem do instituto neomondo aos povos da Floresta

Hoje compreendemos que a integridade dos ecossistemas é fundamental para a

nossa sobrevivência. O direito a um meio ambiente sadio e conservado deve ser um dos princípios

básicos sobre o qual nossa sociedade se ampara. O bem-estar das futuras

gerações não deve ser subtraído por meio do uso insustentável dos recursos

naturais do planeta. A conservação das fl orestas tropicais, em especial da Floresta Amazônica, é

essencial para o bem-estar da sociedade global, tanto pelos serviços ambientais

que fornecem, como a regulação de ciclos climáticos e hidrológicos, quanto pelo

seu valor cultural. Abrigam milhares de espécies que têm direito à vida e cujo

recurso genético não pode ser esgotado para a obtenção de lucros efêmeros.Hoje, a Floresta Amazônica está sob ameaça de atividades predatórias que visam o

lucro imediato, sem preocupação com o impacto que causam. Declaramos tal situação

ser insustentável e intolerável, e nos comprometemos, como cidadãos, líderes, homens

e mulheres conscientes, a defender a integridade dos ecossistemas amazônicos.Reconhecemos que a Floresta Amazônica é lar para milhões de pessoas que

têm o mesmo direito de buscar a felicidade, a prosperidade e o bem-estar,

assim como outros povos de qualquer região do planeta. Não podemos nos

esquecer disso enquanto buscamos mecanismos para garantir a sua conservação

e a preservação de suas espécies. Se a Floresta Amazônica provê produtos

e serviços ambientais para todo o planeta, é dever da sociedade mundial

contribuir para a sua integridade.Vemos no desenvolvimento sustentável, em suas quatro dimensões ambiental,

econômica, social e cultural, o caminho que nossa sociedade deverá trilhar para

prosperar na busca da felicidade, da paz e do respeito pelo homem, pela floresta

e pelo planeta.

Manaus, 27 de Março de 2010 – Amazonas, Brasil.

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neo mondo - abril 20108

A nfitrião do Fórum internacional de sustentabilidade, criador da Fundação amazônia sustentável

e dos programas Zona Franca Verde, Bol-sa Floresta; autor da primeira lei de mu-danças climáticas, no País; responsável por praticamente conter o desmatamento no estado do amazonas, eduardo Braga, que também é coordenador nacional do PmDB sócio ambiental, fala a nossos lei-tores sobre estas e outras iniciativas so-cioambientais. nascido paraense, em Be-lém, casado e pai de 3 filhas, é empresário e formado em engenharia elétrica pela universidade Federal do amazonas.

começou cedo na política, eleito verea-dor de manaus, aos 21 anos. e não parou de

NEO MONDO: Manaus, de modo espe-cial nos dois dias do Fórum, tornou-se, a nosso ver, a capital do mundo. Qual contribuição do seu governo para que se chegasse a essa relevância? Eduardo Braga: Ao longo dos sete anos de meu primeiro e segundo mandatos, trabalhei, com uma equipe muito competente, a questão do de-senvolvimento sustentável. O entendi-mento de que é necessário preservar a floresta e promover o crescimento do Amazonas, assim como valorizar as pessoas que habitam a floresta, vem desde o tempo em que eu estava fora do governo, na oposição. Então, no

Perfil

evoluir na carreira, eleito com expressiva votação para deputado estadual em 1986. na câmara municipal e na assembleia le-gislativa, destacou-se pela combatividade e atuação marcantes. Já em 1990 foi o depu-tado federal mais votado do PmDB.

Do legislativo ao executivo, foi vice-prefeito de manaus em 1992 e assumiu a Prefeitura municipal em março de 1994. administração marcada por um trabalho inovador, com obras nas áreas de infra-estrutura, saúde, educação e habitação, que transformou de vez a capital amazo-nense. o suficiente para deixar a Prefei-tura, em 1996, com 98% de aprovação da população, índice recorde na história da cidade e do País.

Deu-se um tempo na administração pública, para dedicar-se à de suas empre-sas, e com a mesma disposição, no re-torno à vida pública, em 2002 foi eleito com maioria absoluta no primeiro turno das eleições para o Governo do estado do amazonas.

com programas considerados revo-lucionários para a população do amazo-nas, por levar desenvolvimento ao inte-rior do estado, ou responsável pela maior transformação urbanística da capital nos últimos 50 anos, Braga foi reeleito em 2006, já no primeiro turno. Deixou o go-verno do amazonas, para concorrer a se-nador pelo estado. Vale a pena conferir a íntegra da entrevista.

“Será que teremos de clonar Eduardo?”. A pergunta do cineasta James Cameron, feita em Manaus no dia 27 de março, sugere que o então governador do Amazonas,

Carlos Eduardo de Souza Braga, é um dos guerreiros à frente da batalha pela sustentabilidade. Não haveria Perfil mais adequado a esta edição de NEO MONDO

Gabriel Arcanjo Nogueira

Na frente de

momento de elaborar um projeto de governo, criamos o programa Zona Franca Verde, que tem como filosofia, entre outros pontos, que a “floresta vale mais em pé do que derrubada”; as populações locais são as verdadei-ras guardiãs da floresta. A pobreza e a ineficiência na educação são os principais vetores de desmatamento. Desta forma, acho que uma política de governo bem elaborada fez com que o mundo passasse a perceber a importância do Amazonas. NEO MONDO: Na qualidade de anfi-trião do Fórum, qual o papel que o

senhor desempenhou para viabilizar o evento? Em outras palavras, a ideia do evento surgiu do governo do Amazo-nas, dos organizadores ou já nasceu como parceria? Eduardo Braga: Recebemos do João Doria uma proposta para sediar o Fórum. Foi uma iniciativa totalmen-te do Doria, que entendeu que o Amazonas seria o lugar ideal para sediar um evento que discutiria a sustentabilidade. NEO MONDO: O programa Zona Franca Verde pode-se dizer que é o carro-chefe de sua gestão?

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9 neo mondo - abril 2010

Braga: “de 2003 para 2009, o PIB per capita no Amazonas passou de R$ 8,1 mil para R$ 14,6 mil, enquanto o índice de desmatamento no estado caiu 73,9%”

Eduardo Braga: O Amazonas possui programas de grande importância, relevantes para o estado. Temos o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), que mudou a cidade de Manaus; temos a construção da ponte sobre o rio Ne-gro, que vai interligar a região metro-politana da cidade; temos o projeto Jovem Cidadão, que oferece opor-tunidades de crescimento e aprendi-zagem para a juventude; e temos o Zona Franca Verde, que é um sucesso e uma mostra de que é possível melhorar a renda da população e continuar preservando a floresta.

Na frente de Batalha

De 2003 para 2009, o PIB per capita no Amazonas passou de R$ 8,1 mil para R$ 14,6 mil, enquanto o índice de desmatamento no estado caiu 73,9%.

NEO MONDO: Que outros programas - a exemplo da Lei de Mudanças Climá-ticas e de Conservação Ambiental, do Bolsa Floresta - o senhor destaca como relevantes. Há algum específico para transportes, tema de caderno especial nesta edição?Eduardo Braga: A Lei de Mudanças Climáticas e o Bolsa Floresta são programas importantes. A lei é a pri-meira do Brasil a tratar da questão do

clima; o Bolsa Floresta marca o início de um novo tempo e de uma nova relação entre homem e natureza e representa um dos esforços desenvol-vidos pelo estado para combater as mudanças climáticas. O benefício possui as seguintes modalidades: Bolsa Floresta no valor de R$ 50 pagos por mês, preferen-cialmente à mulher que represente a família, e o Bolsa Floresta Associa-ção, valor pago uma vez por ano à associação de moradores da RDS, correspondente a 10% do valor anu-al recebido por todas as famílias das unidades de conservação.

chico Batata/agecom

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No que diz respeito ao transporte, temos o projeto do Monotrilho para Manaus, que visa melhorar o trans-porte público e resolver um problema crônico existente na cidade. Este é um dos projetos de Manaus como uma das subsedes da Copa 2014. NEO MONDO: Quais resultados o se-nhor destaca como mais significativos em termos socioeconômicos e ambien-tais para a região? Eduardo Braga: Melhoramos bastante os índices do Amazonas. E todos re-presentam o resultado de um trabalho feito com seriedade e dedicação. Acho que tudo o que foi possível foi feito, mas tenho consciência de que ainda há muito a fazer, e por isso o trabalho deve seguir adiante. NEO MONDO: Que resultados o senhor considera mais expressivos deste Fórum (foi firmado algum do-cumento oficial?), seja em termos

A floresta vale mais em pé do que derrubada; é possível melhorar a renda da população

e continuar preservando a floresta

“”de expectativas de curto, médio e

longo prazos, seja de compromissos já firmados, como o feito com o Walmart?

Eduardo Braga: Mostrar ao mundo a importância do Amazonas, da floresta que temos aqui e fazer com que todos a queiram preservada é uma vitória importantíssima. Ter o Al Gore aqui, o James Cameron, empresários e personalidades é im-portantíssimo. Quanto mais pessoas souberem do que o Amazonas abri-ga e o quanto isso é importante para o mundo, melhor. O Fórum serviu para ampliarmos a discussão. E esta é uma vitória.

Perfil

Amazonas – 2003 a 2009

* 1,5 milhão de km2

* redução em mais de 73% do desmatamento

* aumento do PIB estadual de R$ 25 bilhões para R$ 49,5 bilhões

* + 160% no total de unidades de conservação existentes

* mais de 6 mil famílias atendidas no Bolsa Floreta (mais de 28 mil pessoas em 14 unidades de conservação)

* mais de 6,9 mil títulos de terras entregues

* 6,7 mil famílias retiradas de moradias em áreas de risco

* redução da mortalidade infantil (de 21,54 % para cada mil nascidos vivos, em 2003, para 15,82% em 2009)

* melhoras no nível de ensino (de 72,5% aprovados, em 2005, para 76,5% em 2007; de 16.247 matriculados na zona rural da capital e interior, em 2003, para 38 mil em 2010)

* salto de R$ 56 milhões para R$ 296 milhões nos investimentos em ciência e tecnologia

Fonte: Governo do Estado

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www.neomondo.org.br

NeoMoNdoum olhar conscienteAno 3 - Nº 34 - Maio 2010 - Distribuição Gratuita

Especial BIOMAS BRASILEIROS

NEO MONDO traz, em maio, um roteiro dos Biomas Brasileiros, que facilita o leitor a compreender melhor todo o potencial de cada um deles quanto a diversidade ambiental, econômica, turística e, mesmo, gastronômica.

Começamos pela Mata Atlântica, tão ameaçada e tão rica de esperanças, no mês em que se celebra o seu dia, em 27 de maio; adentramos a Floresta Amazônica, com seus mistérios e possibilidades socioeconômicas; percorremos ainda a Caatinga e o Cerrado; cavalgamos pelo Pampa e navegamos pelo Pantanal; e chegamos à Zona Costeira.

Uma viagem imperdível, da qual sua empresa ou negócio não pode deixar de fazer parte.

RESERVA DE ESPAÇO - ATÉ 10/05 ENTREGA DE MATERIAL - ATÉ 13/05

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The destruction of the amazon Rainforest

is my problem

The Charter of the amazon is an affirmation of the principles by brazilian citizens and the

international community. We reaffirm the Principles of the earth Charter: to respect and care

for the diversity of life, to guarantee the ecological integrity of the Planet, to promote social

and economic justice, to strengthen democracy and the culture of non violence.

The environment has been our flag since the first edition

for a simple reason: it’s a matter of survival and

the forest is our problem!

a tribute from the neomondo institute to the nations

of the Rainforest

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harter of the mazonC

a tribute from the neomondo institute to the nations

of the Rainforest

Today, we understand that the integrity of ecosystems is key to our survival. The right to a healthy environment must be preserved as one of the basic

principles upon which our society should be based. The welfare of future

generations should not be jeopardized through the unsustainable use of the

planet’s natural resources.The conservation of tropical forests, and especially of the Amazon Rainforest, is

essential to the welfare of our global society, due to the environmental services

that these forests provide, such as the control of the earth’s climate and

hydrological cycles, as well as for their cultural value. These forests are home to

thousands of species that have the right to life and whose genetic resources can

not be exhausted in the name of ephemeral profits.Today, the Amazon Rainforest is under threat from predatory activities aimed

at immediate profit, without considering the impacts they cause. We declare

such approach to be unsustainable and unacceptable, and we commit ourselves,

as citizens, leaders, conscious men and women, to defend the integrity of the

Amazonian ecosystems.We acknowledge that the Amazon Rainforest is home to millions of people who

have the same right to pursue happiness, prosperity and welfare, similarly

to people in any other region on Earth. We can not forget this as we seek

mechanisms to ensure the forest’s conservation and preservation of its species.

If the Amazon Rainforest provides environmental products and services to the

entire planet it is the duty of the global society to contribute to its integrity.Through the four dimensions of sustainable development - environmental,

economic, social and cultural – we see the path that our society should

undertake in the pursuit of happiness, peace and respect of man, the forest and

the planet.

Manaus, March 27th 2010 – State of Amazonas, Brazil.

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neo mondo - abril 201014

H ost of the international sustainabi-lity Forum, creator of the sustai-nable amazon Foundation and

the Green Free trade and Forest Fund programs, author of the first climatic change legal act in Brazil, responsible for virtually containing the deforestation in the state of ‘amazonas’, eduardo Braga, who is also national coordinator of social and environmental issues of the Brazilian Democratic movement Party (PmDB), tells our readers about these and other social and environment initiatives.

carlos eduardo de souza Braga, born in Belém (lit. “Bethlehem”, Brazil), is married and has three daughters; he is a business-man and holds a degree in electrical engi-neering from the Federal university of the state of ‘amazonas’.

NEO MONDO: During the two days of the Forum it became apparent to us that Manaus was the capital of the world. What was your Govern-ment’s contribution in reaching that achievement? Eduardo Braga: During the seven years of my first and second terms of office, I worked on the sub-ject of sustainable development with a very competent team. It is understood that it is necessary to preserve the forest and promote the growth of the Amazon, whilst valuing the people inhabiting the forest. This understanding comes

Profile

his political career started early when, at the age of twenty-one, he was elected as a councilor of the city of manaus. his career has continued to develop and he was elected state councilor with a considerable number of votes in 1986. he was highlighted for his outstanding performances and toughness at the city hall and the legislative council. in 1990 he became Federal council member for PmDB with the highest number of votes.

he moved from the legislative to the executive, as vice-mayor of manaus, in 1992 and he took over city hall in march of 1994. his administration is marked by innovation, with works in the infrastruc-ture, such as health, education, and hou-sing, so much so that they transformed the capital of the state of ‘amazonas’ for good. this was enough to leave the city

hall, in 1996, with the approval of 98% of the population, recorded in the history of the city and of the country.

he left public life for a while to dedi-cate time to his companies, but he later re-turned just as popular and in 2002 he was elected to the Government of the state of ‘amazonas’ with an absolute majority in the first round of the elections.

With programs considered revolutiona-ry for the population of the amazon, for de-veloping the countryside and fostering the largest town planning transformation of the capital in the last 50 years, carlos eduardo de souza Braga was re-elected in 2006, in the first round of elections. he since left the Government of ‘amazonas’, to compete as a state senator. it is worthwhile checking the complete interview.

The question “Will we have to clone Eduardo?” posed by film director James Cameron in Manaus on March 27th suggests that Carlos Eduardo de Souza Braga, former Governor of the State of ‘Amazonas’, is one of the warriors at the front of the battle for sustainability.

There could not be a more appropriate profile for this issue of NEO MONDO.

Gabriel Arcanjo Nogueira

At theBattle front

from the time when I was out of government and in the opposition. So, whilst drawing up a govern-ment project, we created the Green Free Trade Program, which has a philosophy, among other things, that “the rainforest is worth more standing than felled”. The local people are the true guardians of the forest. Poverty and lack of education are the main causes of deforestation. I therefore, think that a well thought-out govern-ment policy has made the world came to realize the importance of the Amazon.

NEO MONDO: As the host of the forum, what role did you play in creating the event? In other words, did the idea of the event come from the Government of ‘Amazonas’, the organizers or con-ceived as a partnership? Eduardo Braga: We received a pro-posal from Mr. João Doria to host the forum. It was entirely his initiative; he believed that the Amazon would be an ideal place to host an event to discuss sustainability.

NEO MONDO: Can it be said that the Green Free Trade Program is the flag-ship of your administration?

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15 neo mondo - abril 2010

Braga: “from 2003 to 2009, the GDP per capita in the State of ‘Amazonas’ increased from R$ 8.1thousand to R$ 14.6 thousand, while the rate of deforestation fell in the State by 73.9%”

Eduardo Braga: The Amazon has pro-grams of great importance relevant to the State. We have the Social and Environmental Program of Igarapés of Manaus (Prosamim), which has changed the city of Manaus; we have to construct a bridge on the ‘Negro’ River, which will connect to the met-ropolitan area of the city; we have the Young Citizen project, which offers the youth opportunities for growth and learning; and we have the Green Free Trade Program, which is a suc-cess and shows that it is possible to improve the income of the population and continue preserving the forest.

Battle front

From 2003 to 2009, the GDP per capita in the State of ‘Amazonas’ increased from R$ 8.1thousand to R$ 14.6 thousand, while the rate of defor-estation fell in by 73.9%” NEO MONDO: What other programs – e.g.: the Climatic Change and Environ-mental Conservation Legal Acts, and the Forest Fund – do you highlight as relevant. Is there anything specific for transportation, the special theme of this magazine issue? Eduardo Braga: The Climate Change Act and the Forest Fund are impor-tant programs. The law is the first

in Brazil to address the subject of the climate change; the Forest Fund marks the beginning of a new era and a new relationship between man and nature. It represents the efforts of the State to fight climate change. The benefit operates twofold: There is a payment of R$50 from the Forest Fund paid per month, preferably to a female representing the family, and There is the Forest Fund Associa-tion, paying an annual amount to the RDS neighborhood association, corresponding to 10% of the annual amount received by all families in the preservation units.

chico Batata/agecom

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Regarding transportation we have the Manaus Monorail project, which aims to improve public transport and solve a chronic problem in the city. This is one of the projects for Manaus, as one of the sub-hosts of the FIFA World Cup of 2014.

NEO MONDO: What results stand out to you as the most significant social economic and environmental indica-tors for the region? Eduardo Braga: We have improved the indices of the Amazon. And they all represent the result of work done seriously and with dedication. I think everything possible has been done so far, but I am also aware that there is still a lot to do in the future and the work must continue. NEO MONDO: What results of this forum do you consider most signifi-cant (were any official documents signed?), whether in terms of short,

The forest is worth more standing than felled; it is possible to improve the income of the population

whilst continuing to preserve the forest

“”medium and long-term expectations

or commitments agreed on, such as the one made with Walmart?

Eduardo Braga: To show to the world the importance of the Amazon, the forest that we have here and to make everyone want to preserve it is important; to have Al Gore here, James Cameron, businesspeople, and personalities is also important. The more people know what the Amazo-nas shelters and how this is important for the world, the better. The Forum served to broaden the discussion. And this is a victory.

Profile

Amazonas – 2003 to 2009

* 1.5 million km2.

* A reduction of more than 73% of deforestation.

* An increase of GDP in the State of ‘Amazonas’ from R$25 billion to R$49.5 billion.

* An increase of 160% of the total number of existing units of conservation.

* More than 6 thousand families have been assisted by the Forest Fund (In 14 units of conservation more than 28 thousand people have been assisted).

* More than 6.9 thousand title deeds for land have been given.

* 6.7 thousand families have been relocated from areas of risk.

* Reduction of infant mortality (from 21.54% per thousand born alive, in 2003, to 15.82% in 2009).

* Improvements in education (from 72.5% qualified, in 2005, to 76.5% in 2007; from 16,247 people enrolled from the rural area of the capital and countryside, in 2003, to 38 thousand in 2010).

* Jump of R$ 56 million to R$ 296 million invested in science and technology.

Source: State Government.

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neo mondo - setembro 2008 A

Apoio

Inscreva-se na conferêncIa InternacIonal ethos 2010.

o mundo sob nova dIreção. sustentabIlIdade: o novo contratoda socIedade com o planeta.

Participe do maior evento de responsabilidade social da América Latina. De 11 a 14 de maio no Hotel Transamérica - SP

Inscreva-se: www.ethos.org.br/ci2010Informações: 11 3897 2400

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Fórum Internacional da Seminars e do LIDE reúne gente comprometida com a sustentabilidade

Gabriel Arcanjo Nogueira *

D urante dois dias, em especial, ma-naus (amazonas) foi manaus (Brasil) e, mesmo, manaus (mundo). tal o

alcance do Fórum internacional de sustentabi-lidade, que a capital amazonense sediou entre 26 e 27 de março no hotel tropical, com encer-ramento em grande estilo no teatro amazo-nas, considerado obra de arte do século XiX.

estrelas de toda grandeza nos cenários político, científico e cultural do Brasil e do

exterior falaram no evento, com a participa-ção de 560 empresários. o Fórum, da semi-nars e do liDe, foi viabilizado por empresas que, no País, estão à frente de setores que levam a sério a sustentabilidade (ver quadro “talento reconhecido e mentes inovadoras). neo monDo foi o único veículo da mídia especializada convidado para o evento.

numa espécie de ação entre amigos do planeta, uma das ideias que ganha for-

ça crescente e pode chegar à consistência desejada é a de se criar e viabilizar fundos que financiem projetos de preservação de florestas. Do Fórum saíram também pro-postas e até acordos, voltados a promover ações efetivas em educação, desenvolvi-mento de projetos e venda de produtos.

João Doria Jr., presidente do liDe, lembra que as empresas que compõem o grupo representam 46% do Produto inter-

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especial - Fórum Internacional

Mundo, capital MA NAUS

* com informações de cDn comunicação corporativa, anna Gabriela araujo, agência Brasil de notícias e jornais a crítica, de manaus, e meio&mensagem.

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no Bruto (PiB) brasileiro. o que, somado às “presenças de al Gore, James cameron, thomas lovejoy, do governador eduardo Braga e dos mais importantes empresários do Brasil, na área de sustentabilidade, evi-dencia a importância deste evento”.

todo o potencial econômico da ama-zônia esteve na mesa de discussões do Fórum, envolvendo uma seleta plateia, atenta às diversas possibilidades que a re-gião oferece em biodiversidade, recursos hídricos, produtos da floresta, créditos de carbono, entre outras.

a visão do liDe, explica João Doria, é “contribuir para tornar o Brasil um país economicamente competitivo e uma nação socialmente justa e solidária”. o que, por si, já é garantia do sucesso dessa iniciativa.

Plateia, sintonizada com palestrantes e debatedores: sustentabilidade

levada a sério

neo mondo - abril 2010 19

o ex-vice-presidente dos estados unidos e prêmio nobel da Paz em 2007, al Gore, em sua apresentação, reconhe-ceu no Brasil a liderança nas questões relacionadas à sustentabilidade em todo o mundo, ao dizer: “estive em copenha-gue em dezembro e fiquei impressiona-do com a liderança do Brasil. o País tem uma voz de grande poder, não apenas pela amazônia, mas porque ofereceu liderança em tantas outras questões re-lacionadas à sustentabilidade”. era uma referência à participação do presidente luiz inácio lula da silva na conferên-cia do clima (coP 15), quando o Brasil apresentou suas metas de redução da emissão de gases do efeito estufa.

autor de uma Verdade inconvenien-te, best-seller que virou filme (ganhador do oscar) com o mesmo nome, al Gore é uma das principais lideranças mundiais no que se refere a mudanças climáticas. ao desenvolver o tema “a importância da amazônia no contexto das alterações climáticas globais”, o nobel da Paz lem-brou que os resultados da coP 15 ficaram aquém do esperado. um acordo mundial sobre a redução da emissão de gases de efeito estufa ficou para um próximo en-contro de líderes, que deverá ser realizado este ano no méxico.

Para al Gore, a criação de um fundo mundial que financie projetos de preser-vação em países que têm florestas sob custódia é ponto central da questão. “não há mais controvérsias sobre este assunto, trata-se de um ponto-chave para tentar minimizar os impactos das alterações cli-máticas”, afirmou.

Muito além da madeira o ex-vice-presidente dos estados uni-

dos foi incisivo: “a amazônia é um tesouro imenso que pertence ao Brasil, guardado e protegido. o valor dos recursos genéticos e da biodiversidade contida na floresta é ímpar, e só agora está sendo reconhecido

pelas companhias de biotecnologia, pelos cientistas e por indústrias de toda a na-tureza”, afirmou, para ressaltar: “Vender uma floresta pelo valor da madeira é como vender um computador pelo preço do silí-cio. o valor real da amazônia está em toda a informação que ela contém. a cura de diversas doenças está na floresta”.

o líder americano destacou que a ques-tão da amazônia e das mudanças climáticas envolve necessariamente uma “civilização global com propósito único”, ou seja, uma agenda comum sem que haja separação entre países desenvolvidos e em desenvol-vimento. al Gore elogiou os trabalhos de preservação feitos em parceria com as co-munidades locais. “o Brasil descobriu uma fórmula bem-sucedida que deve servir de exemplo nos debates sobre como combinar desenvolvimento com sustentabilidade.”

mesmo assim, para al Gore a resposta mais completa para deter o aquecimento global está na assinatura do acordo de co-penhague, quando diversos países devem comprometer-se a reduzir a emissão de ga-ses tóxicos na atmosfera.

Mundo, capital MA NAUS

Al Gore: “A Amazônia é um tesouro imenso que pertence

ao Brasil com biodiversidade ímpar”

Evento contribui para tornar o Brasil economicamente competitivo e socialmente justo e solidário“ ”

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Al Gore reconhece liderança brasileira e defende fundo mundial

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especial - Amazônia

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Exemplo das águas al Gore usou a imagem do encontro

das águas dos rios negro e solimões, para ajudar a entender o que é possível ser feito pelo conjunto das nações para combater o aquecimento global. “negro e solimões caminham lado a lado, com as diferenças deles, por 10 quilômetros, mas depois as águas se misturam, e juntos eles correm para o mar”, disse, para receitar: “as nações, com suas histórias e tradições diferentes, precisam agora colocar isso de lado, se unir e construir uma civilização global”.

o ilustre palestrante reconhece: “o Brasil está agindo. empresas de todo o mundo estão se adiantando ao tema. mas ainda assim está longe de ser o suficiente. a cada 24 horas ainda estamos colocando 90 milhões de toneladas de gases tóxicos na atmosfera, responsáveis pelo aqueci-mento global. Desse total, 30 milhões de toneladas vão para os oceanos, que por causa disso estão se tornando mais ácidos. essa descarga tóxica já está interrompen-do o processo das criaturas marítimas de retirar o carbonato de cálcio da água e para fazer conchas”, explicou.

Desafio gigantesco a situação chegou a um ponto que

al Gore considera comprometedora, como nunca, para a atual geração. no entender do conferencista, o julgamen-to das gerações futuras é certo. “Vão perguntar: ´o que vocês estavam fazen-do? Por que não fizeram nada com to-dos os avisos que foram dados?´.” Para o ex-vice-presidente dos estados uni-dos, trata-se do maior desafio já coloca-do para os seres humanos.

Para quem já teve o status de se-gunda pessoa mais poderosa do mun-do, fica fácil e digno de credibilidade discorrer quando questionado sobre a resistência dos estados unidos em as-sinar o acordo. al Gore disse acreditar que isso aconteça ainda este ano. a pro-posta já foi aprovada no congresso dos estados unidos, afirmou, mas a grande dificuldade está na aprovação pelo se-nado. “há organizações muito grandes que lutam contra isso e elas têm sido muito poderosas até agora”, explicou o líder, citando também os efeitos da cri-se financeira mundial.

Conhecimentos compartilhados no caso da amazônia, al Gore defen-

deu parcerias que tragam maior benefí-cio para o povo que vive na região. “não acredito que haja mais o temor de que o interesse mundial na amazônia seja uma ameaça de invasão ou de posse. É claro que temos que respeitar a história de insultos, abusos e temores herdada do passado. mas hoje a preservação requer debates e conhecimentos compartilha-dos. É preciso um acordo global não só para preservar a amazônia, mas as outras florestas do planeta.”

Para que as empresas consigam de fato entrar no processo de produção com menos impacto ambiental, al Gore destacou que é preciso deixar de lado os pensamentos de curto prazo, que exigem resultados imediatos. “a forma como projetamos um investimento tem que mudar. É preciso formular políticas para o longo prazo e considerar em todas as decisões a questão da emissão de gás car-bônico e outros poluentes na atmosfera. não é possível mais decidir sem conside-rar isso”, avaliou o líder.

A Seminars é uma empresa resul-tante da associação do Grupo Doria Associados, comandado por João Doria Jr., e a Maior Entretenimento, presidida por Sergio Waib, que faz parte do Grupo ABC.

Tem como objetivo desenvolver o mercado de palestras, seminários e workshops nas áreas de negócios, política, economia e tecnologia. A Se-minars organiza eventos – proprietá-rios ou sob demanda – sempre com personalidades relevantes, nacionais e internacionais, que sejam autoridades em suas áreas de atuação. O primeiro realizado pela Seminars, em novembro de 2009, contou com o ex-secretário-geral da ONU e prêmio Nobel da Paz, Kofi Annan.

Grandes cabeças, com talento reconhecido e mentes inovadoras, são os principais indutores dos debates. Essa é a importância dos eventos que a Seminars começa a desenvolver.

As palestras reúnem pessoas que disseminam conhecimento, fortalecem o pensamento e alimentam a troca de experiências vencedoras. As soluções estimuladas pelos debates da Semi-

nars estarão sempre alinhadas com os mais elevados princípios éticos de governança corporativa e pautadas por políticas de sustentabilidade e responsabilidade social.

Talento reconhecido e mentes inovadoras

Fonte: CDN Comunicação Corporativa

Al Gore e João Doria: o alto nível do Fórum estava apenas no começo,

logo no primeiro dia do evento

elias Kitosato

especial - Fórum Internacional

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Forum International Seminars and LIDE brings together people committed to sustainability

Gabriel Arcanjo Nogueira *

F or two days in particular, manaus (amazonia) was manaus (Brazil) and even manaus (World). such

was the reach of the international Forum for sustainability that, the capital of ama-zonia hosted between 26th and march 27 at the hotel tropical, closing in great style at the amazonas theatre, is considered a work of art from the nineteenth century.

stars of all greatness contributed to the scenario, political, scientific and cul-

tural development from Brazil and abroad, spoke at the event, attended by some 560 businessmen. the Forum, the seminars and liDe, was made possible by compa-nies in the country, which are ahead of the sectors that are serious about sustainability (see table “recognized talent and innovative minds). monDo neo a guest at the event was the only vehicle for the media.

in a kind action of friends of the planet, one of the ideas gaining momentum, grow-

ing and can reach the desired consistency is to create and enable funds to finance projects for the preservation of forests. the Forum also came up with proposals and agreements aimed at promoting effec-tive action in education, project develop-ment and product sales.

João Doria Jr., chairman of the liDe, reminded that companies that make up the group represent 46% of Gross Domes-tic Product (GDP). his added to the “pres-

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Internacional Forum Special

World, capital MA NAUS

* With information from cDn corporate communications, anna Gabriela araújo, Brazil news agency and newspapers ‘a crítica, de manaus’, and ‘meio & mensagem’

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ence of al Gore, James cameron, thomas lovejoy, the Governor eduardo Braga and the most important businessmen of Brazil, in the area of sustainability, highlighted the importance of this event.”

all the economic potential of the ama-zon was on the table for discussions at the forum, involving a select audience, given the various possibilities offered by the region in biodiversity, water resources, forest prod-ucts and carbon credits, among others.

the vision of the liDe, John Doria explains, is “to contribute to make Bra-zil a country economically competitive and socially just and compassionate na-tion.” that in itself has already guaranteed the success of this initiative.

Audience attuned with lecturers and debaters:

sustainability taken seriously

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the former vice president of the united states and winner of the nobel Peace Prize in 2007, al Gore, in his pre-sentation, acknowledged Brazil’s leader-ship on issues relating to sustainability in the world, saying: “i was in copen-hagen in December and was impressed with the leadership of Brazil. the coun-try has a voice of great power, not only by the amazon, but because it provides leadership in so many other issues re-lated to sustainability. “it was a refer-ence to the participation of President luiz inácio lula da silva at the climate conference (coP 15), when Brazil intro-duced its goals of reducing the emission of greenhouse gases.

author of an inconvenient truth a best-seller that became a movie with the same name, al Gore is a major world leader when it comes to climate change. in developing the theme “the importance of the amazon in the con-text of global climate change,” the nobel Peace noted that the outcome of coP 15 was below expectations. a global agree-ment on reducing emissions of green-house gases was for an upcoming meet-ing of leaders, to be held later this year in mexico.

For al Gore, the establishment of a global fund to finance conservation proj-ects in countries that have forests in safe-keeping is a critical issue. “there is more controversy on this subject, it is a key point to try to minimize the impacts of climate change,” he said.

Beyond the wood the former vice president of the unit-

ed states was blunt: “the amazon is an immense treasure that belongs to Brazil, guarded and protected. the value of ge-netic resources and biodiversity contained in the forests is unique and is only now being recognized by biotechnology com-

panies, scientists and industries of all kinds, “he said, to emphasize:” selling a forest by the value of wood is like selling a computer for the price of silicon. the real value of the amazon is all the information it contains. the cure of several diseases is in the forest. “

the u.s. leader stressed that the question of the amazon and climate change necessarily involves a “global civi-lization with one purpose,” i.e., a com-mon agenda with no separation between developed and developing countries. al Gore praised the preservation work done in partnership with local commu-nities. “Brazil has found a successful for-mula that should serve as an example in discussions about how to combine devel-opment with sustainability.”

still, for al Gore a more complete answer to stop global warming is the signing in copenhagen, where several countries should commit themselves to reducing the emission of toxic gases into the atmosphere.

World, capital MA NAUS

Al Gore: “The Amazon is an immense treasure that belongs to

Brazil with unique biodiversity”

The event contributes to make Brazil an economically competitive and socially just and compassionate“ ”

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Al Gore recognizes Brazilian Leadership and maintains global fund.

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especial - Amazônia

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Example of the waters al Gore used the image of the meeting

of the rivers negro and solimões, to help understand what can be done by all the na-tions to fight global warming. “negro and solimões flow side by side with their dif-ferences, for 10 kilometers, but then the water mixes, and together they flow into the sea,” he said, to prescribe: “the nations, with their histories and different traditions, now need to put them aside, come together and build a global civilization.”

the distinguished speaker admits: “Brazil is taking action. companies around the world are advancing the subject. But still it is far from enough. every twenty-four hours we are still putting ninety million tons of toxic gases into the atmo-sphere that is responsible for global warm-ing. of this total, 30 million tons go into the oceans, which because of this are be-coming more acidic. this toxic discharge is now disturbing the process of sea creatures to remove calcium carbonate and water to make shells, “he explained.

Gigantic Challengethe situation has reached a point

that al Gore believes committal as ever, for the current generation. according to the speaker, the prosecution’s right of future generations. “they ask, ‘What were you doing? Why do nothing with all the warnings that were given’.” For the former vice president of the united states, it is the greatest challenge ever put to humans. For those who have already had the status of second most powerful person in the world, it’s easy and worthy of credibility talk when asked about the strength of the united states to sign the agreement. al Gore said he believed that would happen this year. the proposal was approved in the u.s. congress, he said, but the great difficulty lies in the adoption by the senate. “there are very big organi-zations that fight against it, they have been very powerful so far,” said the leader, also citing the effects of global financial crisis.

Shared knowledge in the case of the amazon, al Gore

championed partnerships that bring great-er benefit to the people who live in the re-gion. “i do not think there are more fears that the global interest in amazonia is a threat of invasion or possession. of course we have to respect the history of insults, abuses and fears from the past. But to-day the preservation requires discussion and shared knowledge. We need a global agreement not only to preserve the ama-zon, but the other world’s forests. “

For companies to succeed in actually entering the production process with less environmental impact, al Gore said that we must put aside thoughts of short-term periods demanding immediate results.”the way we design an investment has to change. We need to formulate policies for the long term and consider all of the deci-sions on the issue of carbon emissions and other pollutants in the atmosphere. it is not possible to decide without further con-sideration of that” said the leader.

Seminars is a company involving Doria Associates Group, led by John Doria Jr., and Major Entertainment, headed by Sergio Waib, part of the ABC Group.

It aims to develop the market for lectures, seminars and workshops in business, politics, economics and tech-nology. The Seminars organized events - owners or demand - always with relevant personalities, national and in-ternational, who are authorities in their fields. The first event conducted by Seminars in November 2009, included the former UN Secretary General and Nobel Peace Prize winner, Kofi Annan.

Great heads, with recognized talent and innovative minds, are the main inductors of the debates. That is the importance of events developed by Seminars.

The talks bring together people who disseminate knowledge, strengthen the mind and nurture the exchange of the experience of winning. Solutions stimulated by

discussions of Seminars will always be aligned with the highest ethical princi-ples of corporate control and guided by policies of sustainability and social responsibility.

Renowned talents and innovative minds

Source: Corporate Communications CDN

Al Gore and João Doria: The forefront of the Forum at the

beginning of the first day of the event

elias Kitosato

Internacional Forum Special

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neo mondo - setembro 2008 A

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O cineasta James Cameron consagrou-se como a principal estrela do evento, ao ser aplaudido de pé por empresários - a quem convocou para que se inspirem em novos modelos de negócios -, ambientalistas, autoridades e outros participantes. Com um discurso contundente em relação à destruição dos recursos naturais do planeta, Cameron criticou a geração de energia a partir de combustíveis fósseis, previu grandes tragédias e falou várias vezes sobre a situação dos povos indígenas do Brasil

Gabriel Arcanjo Nogueira

A o falar no segundo dia do Fó-rum, o diretor de avatar e titanic (duas das maiores bilheterias da

história do cinema, com 14 oscar conquis-tados) e de o exterminador do Futuro, en-tre outros sucessos, chegou a afirmar que o governo brasileiro deveria reconsiderar a decisão de construir a usina hidrelétrica de Belo monte, no Pará, que vai afetar as po-pulações ribeirinhas por causa da mudan-ça de curso do rio Xingu. o cineasta, cerca de 15 dias depois do Fórum, mostrou que não é bom só de palavras. em nova viagem ao Brasil, para lançamento mundial do DVD de avatar, em são Paulo , deslocou-se com a atriz sigourney Weaver no dia 12

de abril a Brasília, onde participou de ma-nifestação contra a construção da hidrelé-trica. mais uma vez estava à vontade junto a índios e ambientalistas.

“os na´vis”, esclareceu, “foram criados para expressar a nobreza e beleza daqueles que são naturais e fiéis a sua cultura, aí in-cluídos alguns povos da amazônia. acre-ditam que estão conectados a todos os seres viventes - árvores são seus irmãos, e energia vital é somente emprestada, e um dia deve ser devolvida à terra.”

o discurso do cineasta leva em conta as pesquisas que realizou, em que tudo parecia bastante com o que ecologistas acreditam. “tudo está conectado, ligado

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especial - Fórum Internacional

Seriam nossos índios os na´vis de Avatar ?

- algo aqui terá consequência ali; há re-lação sempre entre uma coisa e outra”, prosseguiu. Daí que seu filme é mais pessoal porque “me preocupei com am-biente desde que era pequeno”. ele reve-lou que gostava de dinossauros quando era criança e que queria viver na floresta como outras pessoas haviam feito 10 mil anos antes.

cameron disse que muitas pessoas em todo o mundo ainda estão em processo de negar o óbvio (o perigo dos desequilíbrios ecológicos), e que avatar foi produzido para gerar um efeito emocional que mexa com quem ainda se recusa a aceitar a ame-aça ambiental que paira sobre o planeta.

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a má notícia, para o palestrante, é que estamos ante um dos maiores desafios que a humanidade já enfrentou, ao passar vários limites do suportável ao mesmo tempo: aquecimento do clima, devasta-ção das florestas, destruição dos oceanos. “não vou fingir que sou ambientalista ou empresário; sou cineasta, faço filmes. o que posso fazer é falar com o coração. não temos muito tempo (cinco anos, tal-vez 10 anos) para começar a reverter todo esse processo. aqueles que negam a crise do clima vão falar e falar, e cientistas vão soar o alarme; enquanto isso vamos nos aproximar dessa catástrofe inédita para a humanidade”, alertou.

Num de seus encontros com indígenas, Cameron aplaudiu,

com João Doria e o governador Braga, a performance do pajé

neo mondo - abril 2010 27

Seriam nossos índios os na´vis de Avatar ?

o sucesso global de avatar, na opinião de seu criador, é uma prova de que o mun-do está pronto para realizar todas as mu-danças necessárias para deter as alterações climáticas e outros problemas ambientais que poderão acarretar grandes tragédias.

Cenário de fome e miséria cameron comparou a situação da huma-

nidade a uma cultura de bactérias que se de-senvolve em determinado ambiente criado em laboratório. as bactérias se reproduzem e consomem os recursos de seu ambiente. “afinal, elas são programadas para isso”, explicou. em um determinado momento, quando se esgotam os recursos, as mesmas

bactérias começam a morrer de fome até desaparecer. “talvez a raça humana não de-sapareça, pois somos mais inteligentes que as bactérias. mas quando ultrapassarmos o limite do planeta, nossos netos e bisnetos sofrerão com a fome e a miséria.”

num cenário assim, o cineasta desta-cou que o planeta não aguentará por mui-to mais tempo a forma como o homem avança de maneira destruidora sobre os recursos naturais. segundo ele, a tragédia do haiti será pouco diante do que pode acontecer com a humanidade, caso as mu-danças climáticas não sejam detidas nos próximos anos. “se houver um aumento de 2 graus na temperatura do planeta, con-forme o iPcc (intergovernmental Panel on climate change) apontou para este sécu-lo, pelo menos 42 espécies de plantas da floresta amazônica irão desaparecer. além disso, os rios irão subir por causa do de-gelo, e as comunidades ribeirinhas estarão condenadas.”

Sem distinção de classeso diretor usou uma cena de titanic para

explicar a urgência nas ações para salvar o meio ambiente. “Desde o momento em que o iceberg é avistado, em que eles tocam a sineta três vezes, até o momento do impacto, foram 90 segundos. será que não estamos vivendo simbolicamente este momento dos 90 segun-dos? Vale lembrar que, quando o titanic afun-dou, tivemos vítimas da primeira e da quarta classe. no caso do planeta, as tragédias tam-bém afetarão todos da mesma maneira.”

Para cameron, o Brasil tem de ser re-munerado por manter a floresta amazônica intacta. “o Brasil não tem que pagar sozi-nho se os outros países estão poluindo e se beneficiando da floresta daqui”, afirmou.

Perguntado se o povo norte-ameri-cano havia entendido a mensagem de avatar – uma vez que os estados unidos não assinaram o protocolo de Kyoto e re-lutam em participar de um acordo global de redução de emissão de gases do efei-to estufa -, cameron respondeu que há muitas pessoas que ainda questionam os alertas dados pelos cientistas sobre as consequências das mudanças climáticas. mas o fato de haver muito debate sobre o assunto já seria um bom sinal.

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28 neo mondo - abril 2010

Novo jeito de fazer negócios se é condescendente com a população

dos estados unidos, cameron não poupa, porém, os seus governantes, sobretudo o antecessor de Barack obama. “há uma dife-rença fundamental entre as administrações obama e George W. Bush. Bush desperdiçou anos críticos para a defesa do ambiente. na verdade, foi pior que isso. Dados de relató-rios oficiais sobre questões climáticas foram manipulados. Pessoalmente, acho que foi a administração mais irresponsável dos eua. o presidente obama fez algumas promessas acerca do tema quando estava em campanha - penso que ele precisa concentrar-se mais (nas questões climáticas). não podemos deixar de lado questões fundamentais para todos os que vivem neste planeta. tradicio-nalmente, ao longo dos anos, os eua têm sido um líder econômico e filosófico, o que não aconteceu em momento algum da ad-ministração Bush, e ainda não aconteceu o bastante no governo obama”, afirmou.

Para os empresários, cameron propõe um novo jeito de fazer negócios. Para ele, “em uma visão de longo prazo, o que é melhor para o planeta é o melhor para os mercados e para a economia. isso não pode ser avalia-do com base em resultados trimestrais. será necessário pensar diferente, e isso prova-velmente será o maior desafio em toda essa questão. Precisamos inspirar-nos em modelos de negócios que funcionem e mudar a forma como criamos e agregamos valor no mundo. Precisamos mudar o jeito com que fazemos negócios, e isso vai requerer a vontade cole-tiva de líderes empresariais em todo o plane-

ta. os sistemas não se transformam, são os indivíduos que transformam os sistemas, em pequenas ou largas escalas”, enfatizou.

Guerreiros do planeta Do alerta cameron passou ao apelo,

para que cada um dos presentes ao Fórum comece a agir. “avatar tinha defensores, he-róis que lideraram a batalha. agora, heróis devem vir do meio de vocês - empresários, governos, homens e mulheres corajosos para romper com o passado e reinventar o futuro”, disse. Para o palestrante, “o go-vernador Braga tem sido guerreiro pelo planeta, ao conseguir manter floresta 98% preservada, em seu trabalho para manter comunidades nativas e encontrar um equi-líbrio entre essas e a realidade econômica”.

na visão do cineasta, o problema que temos de enfrentar vem da “convergência de três coisas: mudança climática, final iminente de energia barata e exaustão de recursos naturais, como água e solo. impul-sionada pelo paradigma global de que cres-cimento econômico e corrida para explorar recursos é ordem da sociedade e é regida pela população. não podemos resolver esse problema sem resolver anteriores, e somen-te mudança de consciência vai nos permitir mudar a forma de pensar”, recomendou.

cameron acredita “ser importante fazer tratado de preservação da terra, mas tam-bém das culturas indígenas, do contrário não haverá futuro sustentável para nossos fi-lhos, em todos os níveis”. e pediu que, como indivíduos, “podemos fazer uma diferença imensa. esta é a mensagem que devo dizer

como cineasta: indivíduo tem poder imen-so”, reiterou. e permitiu-se dar como exem-plo o seu estilo de vida, que inclui sistema de painéis fotovoltaicos em sua casa. “em nossa fazenda temos energia eólica e vamos poder vender energia de volta à grade. temos car-ro híbrido, fazemos horta orgânica, produzi-mos iogurte e não usamos garrafas pet. reci-clamos tudo religiosamente”, enumerou.

o cineasta acredita que esse pacote básico de ações tem de fazer parte do dia-a-dia das pessoas, para que se possa viver num mundo totalmente diferente do que temos hoje, e pediu que as empresas fa-çam o mesmo em seus locais de trabalho.

Purpurina consumista Voltando ao filme que é seu mais recente

sucesso, o palestrante afirmou: “Fiz avatar por-que acredito que a civilização está no caminho errado. temos de nos reconectar com a natu-reza, uns com os outros e com valores antigos e reais. Precisamos passar por grande mudan-ça de consciência sobre o que é riqueza. esta não se resume a casa grande, carro do ano e toda purpurina da sociedade de consumo”.

Para ele, a beleza será tanto melhor quanto mais o mundo for saudável. “ati-tudes simples, como andar na praia ao por-do-sol, ver golfinhos, nos remeteria a conhecimento antigo que estamos esque-cendo e que se limita a poucos. ações as-sim não danificam o mundo natural e pre-servam nossas crianças, que do contrário serão as primeiras vitimas. nossa verda-deira riqueza é a jóia azul, que é o planeta terra. estamos nisso juntos.”, discorreu.

especial - Fórum Internacional

Neytiri acompanha Jake num longo aprendizado até fazer dele um na’vi, em sintonia com todos os seres vivos da natureza e da aldeia

Div

ulga

ção

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em sua condição de artista, cameron tem a consciência de gritar a mensagem que o mundo precisa ouvir, com base no sucesso da obra cinematográfica que criou: “Pessoas começam a despertar para o problema. e, se nossos ancestrais não podem ser culpa-dos pelo que aconteceu, agora conhecemos a verdade e sabemos que, se não agirmos, seremos punidos. Gerações futuras poderão nos detestar dependendo das atitudes que tomarmos agora”. certeza que o fez citar de novo a importância dos esforços que se fa-zem no amazonas: “somos os responsáveis pelo futuro e precisamos de guerreiros como eduardo Braga por todo o mundo. será que teremos de clonar eduardo?”.

Metáfora multiplicadora o alcance da metáfora de avatar faz o

filme alcançar efeito multiplicador pelo seu potencial de fazer o bem, na visão do dire-tor. como exemplo, cameron citou a cria-ção, por rith Green, de programa educacio-nal para levar crianças a encampar a ideia de tomar conta do planeta. “como sociedade, precisamos encontrar maneiras divertidas de passar para as crianças essa mensagem, que elas devem abraçá-la desde o início. cuidar do planeta é não precisar de mais coisas, de uma casa enorme, por exemplo. o aspecto material do sucesso não é mais importante que a percepção de valores es-pirituais da riqueza que importa. crianças se sentem atraídas pelo mundo animal, daí se vê que não é preciso muito de nossa par-te para que elas sigam nessa direção. im-portante é educá-las com valores corretos, junto ao currículo escolar. Dou o melhor de mim para aproveitar esse momento porque ele não vai durar”, argumentou.

nascido no canadá, cameron mora há 38 anos nos estados unidos, país que ele considera complexo e grande. “não podemos generalizar o que acontece lá. há pessoas que negam qualquer validade do que se diz sobre mudança climática, outras compreendem os perigos e tentam fazer algo a respeito. Vivo em los angeles, onde há gente um pouco mais esclarecida. minha tentativa de chegar às pessoas com avatar não é para ensinar o padre a rezar a missa. o filme sofreu muitas criticas de pessoas que acharam a mensagem anticor-porativa, esquerdista... não é o que sinto. criar o planeta saudável para que nossos filhos sobrevivam não é questão de es-querda ou de direita; é para todos nós que respiramos e temos necessidade de beber água”, disse ao responder a uma pergunta

sobre se nos eua as pessoas iam ao ci-nema e simplesmente voltavam pra casa, sem maior envolvimento com o filme.

Lobbistas, crianças, Oscar ao se referir, em seguida, ao grupo de

lobbistas que trabalham ativamente e tentam atacar cientistas e invalidar seus relatórios científicos, cameron afirmou como se esti-vesse se dirigindo a eles: “meus filhos devem viver no mundo que vocês estão criando. É preciso muito debate e discussão porque não podemos simplesmente apagar os estados unidos, mas temos de melhorá-lo. temos de nos reprogramar para o futuro, para que seja sustentável. infelizmente, não é o que predo-mina nas discussões nesse momento”.

Para o cineasta, há outro grande desafio pela frente: “Que crianças deixaremos para o planeta, e não que planeta deixaremos para as crianças. minha mulher é educado-ra e começou uma escola baseada nas ideias de educar crianças para ser cidadãos res-ponsáveis do século XXi. seus alunos são altamente curiosos e adoram vir à escola, em que parte do que aprendem é respon-sabilidade pessoal. lá tem horta orgânica, elas aprendem de onde vem a comida, o que é saudável, como se devolvem coisas à natureza... sabem também como comer e ser saudáveis porque temos uma nação de pessoas não saudáveis. são pequenas mudanças de valores que farão o mundo melhorar”, assegura, para comparar: “elas começam com uma lousa em branco, mas com o tempo moldam novo estilo de vida”.

cameron acredita ser difícil projetar todo o alcance de avatar quando se trata de alcançar a sustentabilidade porque “não sabemos quanto de bom pode-se fazer com tão pouco”, mas lança o desafio: “Quan-to nós, que somos os guardiões do avatar, podemos fazer com o que está aí; quanto podemos interagir com grupos que possam atuar em educação, ações legais, contra em-presas que agem de forma irresponsável”.

De sua parte, garante: “Quero proceder de forma cautelosa, não fui ativista, não sou especialista, como Bonno (do u2), que sabe muito em várias áreas. como artista, me cabe

expressar ideias e sentimentos. tenho uma companhia de documentários e, num período de 8 anos entre titanic e avatar fizemos tra-balhos a respeito do oceano; organização dos recifes de coral. Fazíamos o que podíamos para impedir pescaria com redes grandes e químicas. num determinado momento pen-sei: ‘para que tudo isso’? se não resolvermos o problema climático, todos os recifes vão morrer; 2 ou 3 graus são suficientes para ma-tar as algas. se nós não fizermos algo global, como sociedade globalizada, vamos destruir ambiente altamente diverso: a floresta tropi-cal submarina; pequenos animais que vivem nos recifes de corais... há cores, texturas e padrões transpostos para criaturas maiores; flores de cor laranja; é como se houvesse bichinhos de árvore de natal que vivem na água. a celebração do mundo submarino tan-to quanto da floresta tropical ficará definitiva-mente comprometida – tudo será destruído antes de fazermos as coisas certas”.

sobre o fato de avatar ter sido preteri-do na premiação maior do oscar, cameron mostrou-se sereno. mas alfinetou, quando perguntado se o seu filme teria perdido para Guerra ao terror, porque critica o lado con-quistador e devastador dos estados unidos, enquanto a outra produção mostra heróis americanos: “Gostaria de esperar que a acade-mia tivesse pensado nisso, mas acho que nem pensaram que se tratava de grupo de comu-nistas da esquerda; não sentiram revolta que muitos sentiram. É a política de hollywood – gostam de celebrar o filme, como na histó-ria de David e Golias. avatar pisou no calo de muita gente nos eua, a ponto de america-nos se autocriticarem e às vezes se sentirem atacados. mas é algo que provém de dentro da américa – eles são autocríticos, refletem muito no seu próprio discurso. não foi fator para o oscar. acredito que mais importante é celebrar o filme. eles viram avatar como filme que já tinha ganhado muito dinheiro e não precisava de oscar ... não teria mudado minha vida ganhar o oscar”.

no final de sua apresentação, cameron foi cumprimentado por Jecinaldo saterê, ín-dio saterê mawe, que é secretário de estado do amazonas para assuntos indígenas.

Não sou ambientalista ou empresário; falo com o coração...

Pessoas têm de rever conceitos, como o de riqueza... Precisamos mudar a forma como criamos

e agregamos valor no mundo

“”

29 neo mondo - abril 2010

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Em vários momentos de sua fala, James Cameron reiterou conceitos fundamentais de Avatar. Um deles, a necessidade de as pesso-as conectarem-se entre si e com a natureza.

A expressão “I see you” serve a esse propósito porque vai além da simples tradu-ção literal “Eu vejo você”. Significa, no filme, olhar o outro na sua integridade. Se os olhos são a janela da alma, temos de ver as pessoas e a natureza na essência de cada uma delas, de suas manifestações.

Tem a ver, por exemplo, com o conhe-cimento dos diversos aspectos dos seres, o respeito à diversidade, estar em comunhão com eles. Nas palavras do cineasta: “Tive a ideia da expressão ‘ I see you’ para criar toda uma cultura para esse povo. Aprendemos de antropólogos que gestos tidos como naturais talvez sejam diferentes em cada cultura. I see you é ver por meio do cérebro. Na cultura na´vi, se saúdam assim, e quando a filha diz ao pai: ‘eu respeito você, eu vejo você’ signifi-ca algo diferente do que quando diz: ‘ave mi-tológica’. I see you é vejo você como sempre foi - saudação que se interpreta dependendo do contexto social.

“Vejo dentro de você, vejo seu espírito e alma é o que falta em nossa sociedade. Parti-dos políticos não entendem como outros são por dentro. Se brigam contra nós em debate, de repente é algum medo de que vão perder algo. Se não se pode entender uma posição, nunca se vai entender o que aconteceu no debate.

“Não estou dizendo que sou guru, que posso olhar nos olhos de todos e dizer o que

estão pensando, mas se pode tentar ver o que querem, e nossa resolução de conflito será mui-to mais acertada. Precisamos de entendimento, entendermo-nos uns aos outros”.

No filme Avatar, fica claro que no planeta Pandora - cobiçado por ‘”alienígenas terres-tres” por possuir unobitanium, minério de va-lor incalculável para as pretensões humanas - os na´vis formam uma tribo em harmonia com a natureza e muito bem resolvida entre si e com outras aldeias dos Omaticayas.

Jake Sully, ex-fuzileiro, é escolhido para substituir o irmão Tommy, falecido, no programa Avatar, cuja pesquisadora-chefe á a dra. Augus-tine (interpretada por Sigourney Weaver, identi-ficada com causas ambientais desde Na monta-nha dos gorilas, de 1988, em que também faz uma pesquisadora). O oposto da cientista é o coronel, comandante das forças que garanti-rão a conquista do território na´vi, não importa quantos nativos sejam abatidos e quantas árvo-res tenham de ser postas abaixo, a começar pela que lhes serve de morada.

Jake é clonado num avatar (humanoide criado em laboratório a partir de na´vis cap-turados) e parte para sua missão intrigante. Atua como uma espécie de agente duplo, ao passar informações de interesse ora do coro-nel ora da doutora.

Forte, sem medo, mas estúpido Cameron acentua no filme o aprendiza-

do pelo qual Jake tem de passar, até assumir o lado da pesquisadora-chefe, a ponto de conseguir levá-la à aldeia dos na´vis, com a

permissão de Mo´at (mulher dragão, líder es-piritual da tribo).

Jake, orientado por Neytiri - que o acolhe por ele “ter um coração forte, sem medo, mas estúpido” -, aprende que em Pandora há mui-to mais que o precioso minério. O planeta é dotado de uma energia que flui em todos os seres vivos, é emprestada aos nativos e deve ser devolvida no momento certo.

O aprendizado de Jake começa por saber rastrear e vai até perceber o fluxo, a energia do espírito dos animais. Mesmo os mais as-sustadores, como os alados ikrans. Terá de conectar-se a um deles, bem como a um dos cavalos, para ter mais mobilidade na vivência com todos os seres vivos da natureza e a po-pulação da aldeia.

Numa das lições - ao ser salvo por Neytiri de um ataque na floresta, depois de ela ter matado o animal agressor -, Jake agradece. Mas recebe em troca: “Isso é triste, é momento de tristeza. Não agradeça por isso”. Até o dia em que se torna ele próprio um membro da tribo, passan-do de avatar a na´vi. Depois de ter caçado sua presa, diz: “Eu te vejo, irmão, e te agradeço. Tua alma volta a Eywa, e o teu corpo permanece aqui com o povo”.

Eywa é a deusa dos Na´vis, que espalha pela floresta as sementes da árvore sagrada. Estas são “espíritos muito puros” que acom-panham os nativos por toda parte. Se a missão de Jake em Pandora é intrigante, muito mais o filme de Cameron. Vale a pena ver, rever Avatar, até mesmo como uma tomada de consciência pela sustentabilidade. (ARCANJO)

30 neo mondo - abril 2010

especial - Fórum Internacional

... o planeta: “precisamos passar por grande mudança; nos reconectar com a natureza,

uns com os outros e com valores reais”

Criador(e) e criatura(d): Cameron fez Avatar para mexer com quem ainda se recusa a aceitar a ameaça ambiental que paira sobre...

Conectar-se é preciso

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Walmart soma mais uma ação a suas boas práticas, ao se comprometer a vender peixes da Amazônia

Gabriel Arcanjo Nogueira

O presidente do Walmart Brasil, héctor nuñez, comprometeu-se, logo no primeiro dia de debates

em manaus, a vender peixes da amazô-nia em suas lojas em todo o país. nuñez atendeu a uma sugestão do governador do amazonas, eduardo Braga, anfitrião do Fórum internacional de sustentabilidade. atitude coerente no evento que discutiu ações de preservação da floresta amazônica e ações de sustentabilidade.

segundo Braga, o peixe é o produto que mais gera empregos para a população que vive na região. “esta é a maior respos-

ta do Fórum para quem está lá na floresta”, disse o governador.

ambos participaram de debate com outros 16 empresários sobre “a responsa-bilidade de empresas em uma economia sustentável”. no encontro, nuñez garan-tiu também que vai estudar a possibili-dade de comprar r$ 20 milhões em cotas da Fundação amazônia sustentável, que representa 2 mil Bolsas-Família que aten-dem à população da região.

um dos pontos mais debatidos entre os empresários foi a importância da par-ticipação do capital privado na construção

de uma economia sustentável. “Boas prá-ticas sustentáveis serão imprescindíveis não só para o negócio, mas para a nossa sobrevivência”, afirmou Braga.

“Hora do Planeta”o Walmart foi um dos grupos que ade-

riu à “hora do Planeta”, que neste ano coin-cidiu com o segundo dia do Fórum, das 20h30 às 21h30. todas as lojas do grupo no país tiveram parte de sua área de ven-das apagada em adesão ao ato simbólico, promovido no mundo todo pelo WWF.

Governos, empresas e a população são convidados nessa iniciativa a demonstrar sua preocupação com o aquecimento global e as mudanças climáticas repetindo esse gesto. o presidente do Walmart Brasil ex-plicou: “nossas lojas são um excelente canal para fazer com que a mensagem chegue à população. são mais de 2 milhões de pesso-as passando pelas unidades todos os dias, sem contar fornecedores e funcionários, que, no nosso caso, são mais de 80 mil”.

É o segundo ano consecutivo em que o Walmart reduziu em 30% a iluminação das lojas nos salões de vendas, além de apagar letreiros de fachadas e internos e os eletrôni-cos de mostruário. a área administrativa das unidades, centros de distribuição e escritórios ficaram 100% apagadas durante aquela hora.

além de fazer a sua parte, a empre-sa utilizou os sistemas de rádio e tV dos hipermercados e os tabloides, entre outros canais de comunicação, visando atingir pelo menos 4 milhões de pessoas com sua mensagem pela saúde do planeta.

especial - Fórum Internacional

Resultado práticologo no primeiro dia

Nuñez, do Walmart: peixe amazônico em suas unidades e luzes apagadas pelo planeta

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Moviemaker James Cameron established himself as the main star of the event, as he received a standing ovation by industrialists, environmentalists, authorities and other participants, whom he invited to be inspired in new business models. With an overwhelming speech on the destruction of the planet’s natural resources, Cameron criticized the generation of electricity from fossil fuels, predicted great tragedies and spoke several times about the problematic situation of Brazil’s indigenous peoples.

Gabriel Arcanjo Nogueira

S peaking, on the second day of the Forum, moviemaker James camer-on who directed avatar and titanic

(two of the biggest box office hits in film history that won fourteen oscar’s) and the terminator, among other successes, even claimed that the Brazilian government should reconsider the decision to build the hydroelectric plant of Belo monte, in Para, which will affect coastal communi-ties because of the changing course of the Xingu river. about fifteen days after the Forum, the moviemaker showed not only good words. Whilst on another trip to Brazil during the worldwide launch of the DVD avatar in sao Paulo, on 12th april he

went to see the actress sigo urney Weaver in Brasilia, and he participated in a dem-onstration against the construction of the dam. again he was at ease with the indi-ans and environmentalists.

“the na’vis” he explained, “were cre-ated to express the nobility and beauty of those that are natural and true to their culture, he included some people of the amazon. they believe they are connected to all living beings - trees are his broth-ers, and vital energy is only borrowed, and one day must be returned to earth. “

the speech by the moviemaker took into account the research he had done; he expressed a lot that environmentalists be-

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Internacional Forum Special

Are our Indians the Na’vis from the film Avatar?

lieve. “everything is connected, turned on - there’s is something that will result when-ever there is a relationship between one thing and another,” he continued. that is why the film is more personal because “i have worried about the environment since i was small.” he revealed that as a child he liked dinosaurs and wanted to live in the forest as people had done 10 thousand years ago.

cameron said many people around the world are still in the process of denying the obvious (the danger of ecological imbalanc-es), and that avatar was created to gener-ate an emotional effect that moves those who still refuse to accept the environmen-tal threat that hangs over the planet.

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the bad news from the speaker was that we are facing the most major chal-lenge that humanity has ever faced, pass-ing several of the limits bearable at the same time: global warming, destruction of forests, destruction of the oceans. “i will not pretend that i’m a businessman and environmentalist, i am a moviemak-er, and i make films. What i can do is speak from the heart. We do not have much time (five years, maybe 10 years) to begin to reverse this process. those who deny the climate crisis will talk and talk, and scientists will sound the alarm whilst we approach this unprecedent-ed disaster of humanity, “he warned.

Cameron applauded, along with João Doria and Governor Braga, the

performance of the shaman, in one of his encounters with native Brazilians

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Are our Indians the Na’vis from the film Avatar?

the overall success of avatar, in the opinion of its creator, is a proof that the world is ready to make any changes nec-essary to halt climate change and other environmental problems that could lead to great tragedies.

A scenario of hunger and misery.cameron compared the situation of

humanity to a culture of bacteria that grows in a particular environment cre-ated in the laboratory. the bacteria mul-tiplies and consumes the resources of its environment. “after all, they are pro-grammed for this,” he explained. in a cer-tain moment, when the resources are ex-

hausted, the same bacteria begins to die of hunger and disappears. “Perhaps the human race will not disappear because we are smarter than bacteria. But when we exceed the limits of the planet, our grandchildren and great grandchildren will suffer from hunger and misery. “ in such a scenario, the moviemaker said that the planet would not last much longer because of the way man destroys the natural resources. he said the trag-edy of haiti is small compared to what could happen to humanity if the climate changes are not restrained in the com-ing years. “if there is an increase of 2 degrees of warming as the iPcc (inter-governmental Panel on climate change) pointed to this century, at least forty-two plant species from the amazon for-est will disappear. Furthermore, the riv-ers will rise because of melting ice, and coastal communities will be doomed. “

Without distinction of classthe director used a scene from titan-

ic to explain the urgency in the actions required to save the environment. “From the moment the iceberg was sighted, and the alarm bell was sounded three times, the moment of impact was 90 seconds. are we not living this time of 90 seconds symbolically? remember that, when the titanic sank, the victims were from the first to fourth class. in the case of the planet, the tragedies will affect everyone equally. “

For cameron, Brazil has to be paid to keep the amazon rain forest intact. “Brazil does not have to pay itself if other coun-tries are polluting and benefiting from the forest here,” he said.

asked if the american people had understood the message of avatar - since the u.s. has not signed the Kyoto Pro-tocol and are reluctant to join a global agreement to reduce emission of green-house gases - cameron replied that there are many people who still question the warnings given by scientists on the con-sequences of climate change. But the fact that there is much debate on the subject, suggests it could be a good sign. a new way of doing business

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if it is condescending to the people of the united states, cameron does not spare its rulers, especially the predeces-sor of Barack obama. “there is a funda-mental difference between the admin-istrations obama and George W. Bush. Bush wasted years that were critical to protecting the environment. it was actu-ally worse than that as data from official reports on climate issues were handled poorly. Personally, i think it has made the administration more irresponsible. President obama made some promises about the issue when he was campaigning - i think he needs to concentrate more (on climate issues). We cannot leave out any key issues for all who live on this planet. traditionally, over the years, the u.s. has been the leader economically and philo-sophically, but this did not happen at any time under the Bush administration, and has not happened enough in the obama administration, “he said.

For the businessmen cameron pro-poses a new way to do business. For him,” in a long-term vision, what is better for the planet is the best for the markets and the economy. this cannot be evalu-ated based on quarterly results. You will need to think differently and this is prob-ably the biggest challenge of the whole is-sue. We need to be inspired with business models that work and change the way we create and add value in the world. We must change the way we do business, and that requires the collective will of busi-ness leaders throughout the planet. the

systems do not change, it is the individu-als that transform the systems on small or large scales, “he emphasized.

Warriors of the planet cameron’s warning came with a call to

each person present at the Forum to start acting. “avatar has defenders, heroes who lead the battle. now the heroes must come from amongst you - businesses, govern-ments, courageous men and women to break with the past and reinvent the fu-ture,” he said. For the speaker, “the Gover-nor Braga has been a warrior for the planet, able to maintain 98% of the forest and preserve the work to maintain native com-munities and find a balance between these and economic reality.” in the view of the moviemaker, the problem we face comes from the convergence of three things: cli-mate change, imminent end of cheap en-ergy and the depletion of natural resources like water and soil. Driven paradigm that global economic growth and the race to explore resources is the order of society is governed by the population. We cannot solve this problem without solving earlier issues, and only a change of conscious will allow us to change the way we think” he advised.

cameron believes “it is important to agree land preservation, but also the in-digenous cultures; otherwise there will be no sustainable future for our children at any level.” he asked that as individu-als, “We could make a huge difference. this is the message that i must give as a

moviemaker: a person who has immense power,” he reiterated. Being able to share an example of his lifestyle that also in-cludes a system of photovoltaic panels at his home. “on our farm we have wind and we will be able to sell energy back to the grid. We have hybrid car, we do organic gardening, produce yogurt and do not use plastic bottles. We religiously recycle ev-erything,” he detailed.

the moviemaker believes that the basic package of actions must be part of day-to-day life of people so that they can live in a world totally different from what we have today, and urged companies to do the same in their workplaces.

Nouveau riche glitterreturning to the film that is his

most recent success, the speaker said: “i made avatar because i believe that civilization is on the wrong path. We must reconnect with nature, with each other and with old and real values. We must go through a great change of con-scious about what is wealth. this is not just the big house, car of the year and all the glitter of consumer society.” For him, beauty is so much better the healthier the world is. “attitudes as sim-ple as walking on the beach at sunset to watch dolphins would refer to ancient knowledge that we are forgetting and that is limited to a few. such actions do not damage the natural world and they preserve our children, who otherwise will be the first victims. our true wealth is

Internacional Forum Special

Neytiri follows Jake throughout a long learning process until making him a na’vi, attuned with all living creatures of nature and of the village

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the blue jewel, which is the planet earth. We’re in this together.” he said.

as an artist, cameron is aware of shout-ing the message that the world needs to hear based on the success of the film work that he created “People are beginning to awaken to the problem. and if our ances-tors cannot be blamed for what happened, now we know the truth and know that unless we act, we will be punished. Future generations will hate us depending on the attitudes we take now. “certainly that does mention again the importance of efforts that are made in the amazon: “We are re-sponsible for the future and we need war-riors like eduardo Braga around the world. Will we have to clone eduardo?”

Multiplying metaphor the scope of the metaphor avatar al-

lows the film to achieve a multiplier effect with the potential to do well in the direc-tor’s vision. as an example, cameron cited the creation by rith Green, an educational program for children to abandon the idea of taking care of the planet. “as a society we need to find fun ways to pass this mes-sage to children that they should embrace it from the beginning. caring for the planet is not the requirement for more things in an enormous house, for instance. the material aspects of success are not more important than the perception of spiritual values of the wealth which matters. our part is to ensure that they follow that direction. it is important to educate them with correct val-ues close to the school curriculum. i would give my best to enjoy that moment because it will not last, “he said.

Born in canada, cameron has lived for 38 years in the united states, a country he considers complex and large. “We cannot generalize on what happens there. there are people who deny any validity to what is said about climate change, others understand the dangers and try to do something about it. i live in los angeles, where there are people a little more enlightened. my attempt to to reach people with avatar is not to teach like the priest saying mass. the film has received many reviews from people who found the anti-corporate message, leftist ... not what i feel. creating a healthy planet for our chil-dren to survive is not a question of left or right, it is for all of us, we need to breathe and drink water, “he said while answering a ques-tion about whether the u.s. people went to the movies and simply went home without further connection with the film.

Lobbyists, children, Oscar referring then to the group of lobby-

ists who work actively and try to attack scientists and invalidate their scientific reports, cameron said as if address-ing them: “my children must live in the world you are creating. it takes a lot of debate and discussion because we can-not just turn off the united states, but we have to improve it. We have to repro-gram for the future, to be sustainable. unfortunately, what predominates our discussions right now?”

For the moviemaker, there is an-other major challenge: “What the chil-dren leave for the planet, not what the planet leaves for the children. my wife is a teacher and started a school based on the ideas of educating children to be responsible citizens of the twenty-first century. her students are extremely curious and love to come to a school, where part of the learning is personal responsibility. it has an organic gar-den, they learn where food comes from, what is healthy, as things return to na-ture ... they also learn how to eat and be healthy because we are a nation of unhealthy people. they are some small changes in values that will make the world better, “assures to compare:” they start with a clean slate, but with the time mould a new lifestyle”.

cameron believes that it is difficult to design the full scope of avatar when it comes to achieving sustainability because “we do not know how much good can be done with so little”, but launches a chal-lenge: “as we are the guardians of the avatar, we can do with what’s there; we can interact with groups who work with education and take legal action against companies that act irresponsibly.”

For his part, he promises, “i want to proceed cautiously, i was not an ac-tivist, i am no expert, like Bono (u2), who knows a lot in various areas. as an artist, for me to express ideas and feelings i have a company of documen-taries and over a period of eight years

between titanic and avatar did work about the ocean; organization of coral reefs. We did what we could to stop fishing with large nets and chemicals. at one point i thought, ‘is that all?’ and, if we do not solve the climate problem, all the reefs will die, 2 or 3 degrees is enough to kill the algae. if we don’t do something global, as global society, we will destroy the environment highly diverse: the rain forest underwater, small creatures that live in coral reefs ... there are colours, textures and pat-terns transposed for larger creatures, orange flowers, it’s as if christmas tree worms that live in water. the festival of the underwater world and much of the tropical forest will be permanently compromised - everything will be de-stroyed before we do the right things. “regarding the fact that avatar has been ignored in the major awards of the os-cars, cameron proved to be unruffled. But snapped when asked if his movie could have lost out to the war on terror, be-cause it criticizes the conquering and devastating side of the united states, while other productions depict american heroes: “i would expect that the academy had thought about it, but not thorough it was a group from the communist left and they did not feel the anger that many felt. it is the politics of hollywood – like to celebrate the movie, as in the story of David and Goliath. to adapt step into the callus of many people in the u.s., to the point americans self-criticize and some-times feel attacked. But it’s something that comes from within america - they are self-critical, reflect much in their own speech. an oscar is not a factor. i think most important is to celebrate the movie. they saw avatar as a movie that already had gained a lot of money and did not need an oscar ... it would not have changed my life to win an oscar. “ at the end of his presentation, cameron was greeted by Jecinaldo sateré, a mawe native, who is secretary of the state of amazon for indian affairs.

I am an not environmentalist or a businessman; speak from the heart ... people need to review concepts such as wealth ... we need to change the way we create and add value to the world

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At various times in his speech, James Ca-meron reiterated the fundamental concepts of Avatar. One of them is the need for people to connect with each other and to nature.

The phrase “I see you” serves this purpo-se because it goes beyond the literal transla-tion “I see you.” In the movie it means, look at each other with integrity. If the eyes are the window to the soul, we see people and nature in the essence of each one of its ma-nifestations.

It has to do, for example, with the kno-wledge of various aspects of human beings, respect for diversity, being in communion with them. In the words of the moviemaker: “I had the idea of the expression ‘I see you’ to create a whole culture for these people. An-thropologists learn that natural gestures that are perhaps different in each culture. I see you is to see through the brain. Na’vi in culture, so greet, and when a daughter tells her father: ‘I respect you, I see you’ means something different than when he says: ‘mythical bird’. I see you see you is as it always was -greeting that is interpreted depending on the social context.

“I see inside you, I see your spirit and soul is what is lacking in our society. Political par-ties do not understand how others are inside. If we are hostile in the debate, suddenly it’s some fear they will lose something. If no can understand a position, you will never unders-tand what happened in the debate.

“I’m not saying I’m a guru, who can look in everyone’s eyes and say what they are

thinking, but one can try to see what they want, and our resolution of conflict will be much more accurate. We need understan-ding, each of us to understand each other.”

In Avatar the movie, it is clear that the planet Pandora - coveted by an “earthling aliens” for possessing unobitanium, ore of incalculable value for the human preten-sions - the Na’vis form a tribe in harmony with nature very well resolved amongst them and with other villages of Oma-ticayas. Jake Sully, a former rifleman, is chosen to replace his brother Tommy, who died at the Avatar program, whose chief researcher Dr. Will. Augustine (played by Sigourney Weaver, identified with envi-ronmental causes since being in Mountain Gorillas, (in which she is also a resear-cher). The scientist’s opposite is the colo-nel, commander of the forces that ensure the conquest of the territory Na’vi, no mat-ter how many natives are killed and how many trees have to be cut down, begin-ning with the dwellings belonging to them. Jake is cloned in an avatar (a humanoid created in the captured laboratory of the Na’vis) and the intriguing part of his mis-sion. He acts as a kind of double agent, passing information of interest between both the Colonel and the Doctor.

Strong, fearless, but stupid Cameron accentuates in the film what

Jake has to learn, before taking the side of the chief researcher, to the point of being

able to take her to the village of Na’vis, with the permission of Mo’at (a female dragon, the spiritual leader of tribe). Jake, guided by Neytiri - who accepts him as he “has a strong heart, without fear, but stu-pid” – learns in Pandora that there is much more than the precious ore. The planet is endowed with an energy that flows through all living beings, and is loaned to the nati-ves but must be returned at the right time. The education of Jake begins by having to track and understand the flow of energy and spirit of the animals. More frightening even; like the winged Ikrans. You must connect to one of them, as well as one of the horses, to have more mobility in existing with all living creatures of nature and the population of the village.

In one of the lessons – Jake thanks Neytiri after being saved from an attack in the woods, after she had killed the animal abuser -. But in response he hears: “That’s sad, it’s time of sadness. Do not thank me for that.” Until the day he becomes a member of the tribe, of the Na’vi avatar. After having hunted his prey, he says: “I see you, brother, and I thank you. Your soul returns to Eywa and your body stays here with the people.” Eywa is the go-ddess of Na’vis, which spreads the seeds in the forest of the sacred tree. These are “very pure spirits” that accompany the natives everywhere. If the mission of Jake in Pandora is intriguing, much more of the film from Ca-meron is worth seeing, to review Avatar, even as awareness for sustainability. (ARCANJO)

36 neo mondo - abril 2010

Internacional Forum Special

... the planet: “we must go through a great change; we must reconnect with nature, with

each other, and with true values”

Creator and creature: Cameron made Avatar to touch the hearts of those who still refuse to accept the environmental menace that hovers over...

It is necessary to connect

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Walmart aggregates another good deed to its practices by committing to selling fish from the Amazon

Gabriel Arcanjo Nogueira

O n the first day of discussions in manaus, in response to a sug-gestion from the Governor of

amazon, eduardo Braga, host of the in-ternational Forum on sustainability, the chairman of Walmart Brazil, hector nu-nez, undertook, to sell amazonian fish in their stores across the country. this atti-tude is consistent with the actions they discussed to preserve the rainforest and sustainability initiative.

according to Braga, the fish is the pro-duct that generates most of the employment for the population of the region. “this is a major response from the Forum for people

who live in the forest,” said the Governor. Both had participated in a discussion

with sixteen other businessmen on “the res-ponsibility of Business in a sustainable eco-nomy.” at the meeting, nunez also guarante-ed that he will study the possibility of buying $ 20 million worth of shares of the sustaina-ble amazon Foundation, which represents and benefits the two thousand families of the “Bolsa” (Government Grant) Program that make up the region’s population.

one of the most widely discussed to-pics amongst the businessmen was the importance of private capital in building a sustainable economy. “Good sustainable

practices will be essential not only for bu-siness but for our survival,” said Braga.

“Earth Hour” the Walmart was one of the groups

that joined the “earth hour”, which this year coincided with the second day of the Forum, from eight thirty to nine thirty pm. all shops, part of the Walmart group in the country switched off the lights in their sales area in support of the symbolic act that was promoted worldwide by the WWF.

this initiative invites Governments, businesses and people to demonstrate their concern about global warming and climate change by repeating the gestu-re. the President of Walmart, Brazil said: “our stores are an excellent means to get the message to reach the population. “there are more than two million people passing through each unit every day, not counting the employees and suppliers, which in our case is eighty thousand.”

it is the second consecutive year that Walmart has reduced the lighting in their stores sales areas by 30% and extinguished all internal and external signs, displays and elec-tronic showcases. 100% of all administrative units, distribution centers and offices also ex-tinguished their lights during that hour.

Besides doing its part, the company also made use of radio and tV in the hypermarkets and the distribution of le-aflets besides other communication chan-nels in order to reach out to at least four million people with its message concer-ning the health of the planet.

Special Issue on the International Forum

Practical resultsright on the first day

Nuñez of Walmart: Amazonian fish in their units and lights off for the concern of the planet

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Amazonas reduz desmatamento, duplica o seu PIB e amplia as áreas de unidades de conservação Gabriel Arcanjo Nogueira

A nfitrião do Fórum internacio-nal de sustentabilidade com o seu vice, omar aziz, o governa-

dor eduardo Braga deixou claro aos par-ticipantes que no amazonas já se pratica a preservação a ponto de ser este o esta-do mais preservado do mundo. ao falar

no segundo dia do evento, ele garantiu que sem a adesão das populações tradicio-nais que habitam a floresta é impossível pensar em um projeto de preservação. “ao longo de 30 anos de vida pública, aprendi que se quisermos proteger o meio ambien-te temos que ter os moradores da floresta

como parceiros, agindo em suas áreas de habitação. o amazonas tem mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados e é im-possível fiscalizar toda esta área sem a par-ticipação de quem está lá dentro”, disse.

Braga desenvolveu o tema “conser-vação e sustentabilidade na prática: a ex-periência do amazonas”, em que fez um raio-x do estado, apresentando o progra-ma Zona Franca Verde, que promove o desenvolvimento sustentável a partir de sistemas de produção florestal, pesquei-ra e agropecuária ecologicamente sau-

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especial - Fórum Internacional

Povos da floresta,

Braga, 30 anos de vida pública e a lição preservacionista: moradores como

parceiros e programas sustentáveis

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fator de preservação

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políticos em manaus, era a de buscar um acordo que viabilize ações que permitam a preservação e o desenvolvimento econô-mico da região amazônica.

responsável pelos debates, de acor-do com a agência Brasil de notícias, o governador eduardo Braga via no Fó-rum o local adequado para que todos apresentem seus pontos de vista e su-gestões. segundo ele, as divergências entre ambientalistas e financistas não ofuscariam as discussões.

“todos têm consciência de que só há um meio para a sustentabilidade da amazônia: os recursos privados. não tem outro. o apoio das instituições públicas é grande, mas insuficiente, então temos de encontrar uma forma de viabilizar este processo”, disse.

Determinado a buscar alternativas para a sustentabilidade na amazônia, Braga descartou de antemão o risco de decepção, como o resultante da coP 15, porque o momento econômico e político atual é outro.

“no ano passado, os países mais ricos viviam ainda a aura da crise financeira internacional. agora, o momento é de re-cuperação econômica. os estados unidos reagem à crise e animam os outros países”, afirmou Braga. “na prática, o entusiasmo reduz quando há uma crise econômica; foi o que houve em copenhague.”

Vencendo a ressacao superintendente da Fundação

amazônia sustentável (Fas), Virgílio Viana, no segundo dia de debates no Fórum, fez coro ao governador do esta-do, ao se dirigir aos empresários. Para Virgílio, o clima de desânimo por causa das expectativas frustradas depois da conferência do clima em copenhague não se justifica. “houve uma percepção exagerada de fracasso. houve avanços importantes. o fato de o redd - redução de emissões por Desmatamento e De-gradação ter entrado no texto final foi importantíssimo”, avalia, ao se referir ao acordo tirado em dezembro de 2009 na capital dinamarquesa.

dáveis, socialmente justos e economica-mente viáveis. “este programa vem de antes do início do governo, por enten-dermos ser necessário criar mecanismos de desenvolvimento aliando preservação e desenvolvimento. sem isso, a floresta seria destruída para a sobrevivência da população”, argumentou.

ao detalhar o programa, que tra-balha incentivos fiscais, microcrédito aos produtores, assistência técnica, logística, preço mínimo, garantia de compras e acesso aos mercados de consumo, o governador apontou: “os resultados da combinação de redução do desmatamento foram tão positivos para o amazonas, que conseguimos, em 7 anos, reduzir o desmatamento em mais de 73% e aumentar o PiB de r$ 25 bilhões para r$ 49, 5 bilhões”.

Braga falou, ainda, sobre a ampliação de 160% no total de unidades de conser-vação existentes no estado: “Passamos de pouco mais de 7 milhões de quilô-metros para 19 milhões de quilômetros de áreas de unidades de conservação no amazonas. e criamos um marco regula-tório, iniciativa voluntária do estado para contribuir com a estabilização da emissão dos gases de efeito estufa”.

Ganhos sociais entre outros exemplos da atuação ofi-

cial, o palestrante citou também a primei-ra lei de mudanças climáticas do Brasil, criada pelo amazonas, e do programa Bolsa Floresta, que compensa financei-ramente famílias que habitam áreas de preservação ambiental. “hoje atendemos mais de 6 mil famílias, o que dá mais de 28 mil pessoas em 14 unidades de con-servação”, contabilizou.

com o programa Zona Franca Verde, Braga destacou que a renda per capita no amazonas passou de r$ 8,1 mil para r$ 14, 6 mil em 7 anos. no interior do estado, o aumento foi de r$ 2,9 mil para r$ 5,7 mil; enquanto na capital a renda per capita passou de r$ 13, 2 mil para r$ 23,3 mil . “os números revelam que estamos no caminho certo, que o ama-zonas é um estado que está prosperando e nós estamos valorizando e usando ati-vamente o que temos de melhor, que é nossa floresta”, afirmou.

além das questões econômicas, o governador observou que o Zona Fran-ca Verde melhorou os índices sociais

do estado: “nestes 7 anos foram mais de 6, 9 mil títulos de terras entregues; também fortalecemos a cadeia produti-va, regionalizamos a merenda escolar e passamos a comprar carteiras escolares feitas com madeira certificada e pro-duzidas por comunidades do interior. com isso, geramos renda e melhoramos a vida no interior”.

Braga mencionou, em sua fala, o Pro-samim, o maior programa habitacional que manaus já teve, retirando cerca de 6, 7 mil famílias de moradias de áreas de risco e recuperando urbanisticamente a área do centro de manaus. e não dei-xou de lembrar os índices de saúde, em que houve a redução da mortalidade in-fantil de 21, 54 % para cada mil nascidos vivos, em 2003, para 15, 82% em 2009, bem como as quedas nos casos de malária e dengue no estado.

Projeto para o Brasil há números significativos, segundo

o governador, também em educação, com destaque para os índices de apro-vação, que passaram de 72,5% em 2005 para 76,5% em 2007, além do aumento no número de matriculados na zona ru-ral da capital e interior: de 16. 247, em 2003, para 38 mil em 2010. “estamos, ainda neste ano, iniciando o projeto de escolas de tempo integral por acreditar-mos que este é o futuro da educação, e o Brasil vai aderir a este programa que mantém os alunos na escola o dia intei-ro, oferecendo aprendizado em áreas va-riadas, além da educação formal”.

Finalizando a apresentação, Braga falou sobre os investimentos em ciência e tecnologia, que passaram de r$ 56 mi-lhões para r$ 296 milhões no período de 2003 a 2009. “o caminho da preservação passa pela pesquisa, passa pela descoberta científica e pela educação que faz com que conheçamos nossa floresta e a queiramos de pé”, argumentou.

Às vésperas do Fórum internacional de sustentabilidade, a expectativa do go-verno do amazonas, ao reunir empresá-rios, cientistas, ambientalistas, artistas e

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Entre os ganhos sociais, 6,9 mil títulos de terras entregues, merenda regionalizada

e carteira escolar de madeira certificada“”

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40 neo mondo - abril 2010

Paralelamente ao Fórum, informa a Assessoria de Comunicação do gover-no do Amazonas, representantes dos povos indígenas entregaram ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos e prêmio Nobel da Paz, Al Gore, uma carta em que exigem que sejam adotadas políticas governamentais e não governamentais, que lhes garanta melhoria na qualidade de vida. “Queremos que seja incorporada a cosmovisão local, levando as necessida-des específicas e diferenciadas em aten-dimento às áreas da saúde, educação, meio ambiente e bem-estar social”, é o que diz um dos trechos do documento.

A carta foi assinada pelo secretário estadual para os Povos Indígenas, Jeci-naldo Sateré-Mawé; o titular da Coor-denação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Mar-cos Apurinã; o líder indígena do Baixo

Amazonas e prefeito de Barreirinha, Mecias Pereira Batista; a gerente de Atenção às Mulheres Indígenas, Maria Miquelina; o representante da Crianças Indígenas, Tchiwá Sateré; e o líder espi-ritual (pajé) Raimundo Veloso Vaz.

Os líderes pedem que o meio am-biente seja respeitado, assim como os saberes dos povos indígenas, e se reve-lam preocupados com o que lhes está reservado para o futuro, assim como estará a humanidade.

Eles se dizem preocupados com os impactos causados ao meio ambiente, em particular as mudanças climáticas, “que trarão consequências à vida dos seres que vivem em nosso Planeta ”, daí que requerem aos países desenvolvidos e à Organização das Nações Unidas “que priorizem, urgentemente, ações que visem a mitigação e adaptação às

mudanças ambientais, considerando o saber empírico desses povos, por meio do reconhecimento e da valorização dos sistemas socioculturais.

Como estratégia de mitigação exis-tente na Amazônia, os indígenas acre-ditam que demarcações de suas terras são exemplos comprovados da dimi-nuição do desmatamento e armazena-mento de carbono florestal. Assim, os líderes solicitam o reconhecimento e a aplicação dos seus direitos territoriais e que estes sejam vistos como uma im-portante estratégia no enfretamento às mudanças climáticas.

Ano da biodiversidade Já no encerramento do Fórum, o

governador do Amazonas, Eduardo Braga, a secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentá-vel, Nádia Ferreira, e o presidente da Conservação Internacional Brasil, Ro-berto Cavalcanti, assinaram uma carta-compromisso do Amazonas para o ano da biodiversidade, 2010.

No documento, eles se comprome-tem a garantir a consolidação do pro-grama Zona Franca Verde como mo-delo de desenvolvimento sustentável para o estado do Amazonas a longo prazo; buscar a redução contínua de impactos negativos sobre a biodiver-sidade de empreendimentos públicos por meio de adequação de processos de produção, e no âmbito da iniciativa privada realizar o inventário de emis-sões de gases de efeito estufa e de resí-duos do Parque Industrial do Estado do Amazonas que possam subsidiar ações voltadas para o estabelecimento de uma economia mais limpa.

Braga reconhece em Al Gore um interlocutor de peso e confia no apoio do líder mundial

Povos indígenas e autoridades se manifestam

Justamente por causa do redd, Virgílio defendeu a aprovação de marcos regulató-rios ambientais. o superintendente da Fas sugere que, no Brasil, o ideal seria que a aprovação ocorresse até o meio do ano, “para superar a ressaca de copenhague”.

o governador referiu-se ainda à par-ticipação de al Gore no Fórum, que con-sidera fundamental, por ser o ex-vice-presidente dos estados unidos e prêmio

nobel da Paz um interlocutor de peso em favor da amazônia. “o ex-vice-pre-sidente é respeitado internamente e ex-ternamente no cenário político. ele sabe e conhece a importância dos temas am-bientais. estou confiante de que vamos poder contar com o apoio do al Gore.”

Braga aproveitou a presença de tan-tas lideranças no Fórum para convidar os empresários a conhecer o projeto museu

da amazônia. a ideia, adiantou, é ter um museu vivo, com cenários para um roteiro de ecoturismo, com o apoio do instituto nacional de Pesquisas para a amazônia (inpa).

Projeto que prevê a construção do maior aquário do mundo, graças ao po-tencial dos rios que serpenteiam a flo-resta amazônica com suas 3 mil espé-cies de peixes.

especial - Fórum Internacional

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Povos indígenas e autoridades se manifestam

No mesmo dia em que começava em Manaus o Fórum, no Rio de Janeiro o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) havia iniciado conversas com 12 países para futuras doações ao Fun-do da Amazônia, criado em agosto de 2008. O BNDES é gestor do fundo, que conta atualmente com uma carteira de cerca de 50 projetos, dos quais cinco já foram aprovados e oito estão em fase de análise final, segundo a ABr.

Integrantes da equipe da área de meio ambiente do BNDES acompanha-ram o ministro, durante o lançamento do livro Amazônia em Debate: Oportu-nidades, Desafios e Soluções.

Os nomes dos países não foram divulgados na ocasião. “A ideia é não constrangê-los. Os países é que deve-rão anunciar a doação”, disse Minc, ao adiantar que uma das negociações já está bem avançada.

Lance inicial O Fundo da Amazônia contava,

naquela data, apenas com a Noruega como doador. O país prometeu desti-nar a este fundo U$ 1 bilhão até 2015 - dos quais cerca de U$ 400 milhões já foram doados. Os cinco projetos já aprovados estão orçados em aproxima-damente R$ 75 milhões.

Minc informou que se reuniu no dia 25 de março com o presidente do BNDES, Lu-ciano Coutinho, para buscar formas de ace-lerar o nível de execução dos projetos do

fundo. “Tomamos uma série de medidas. O BNDES vai reforçar a atuação na região, colocar mais gente na equipe. Mas mante-remos o rigor e a qualidade, pois não po-demos afrouxar, porque senão pode en-trar ecopicaretagem no meio e ninguém mais vai querer investir no fundo”.

O Fundo da Amazônia foi criado para promover projetos de prevenção e combate ao desmatamento e para a conservação e o uso sustentável das florestas no bioma amazônico. Segundo o ministro, o Brasil trabalha para que o fundo deixe de ser necessário num futu-ro próximo, quando a Amazônia parar de ser desmatada, “e tiver sido criada uma cultura de preservação na região”.

Mais 2 no forno Minc lembrou que outros dois fun-

dos devem ser lançados em breve: o Fundo Cerrado e o Fundo Clima. Este último foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2009 e está em fase de regulamen-tação, com recursos anuais estimados em cerca de R$ 1 bilhão, originados de 10% do lucro do petróleo.

“O Nordeste vai ser o maior benefi-ciado desse fundo, já que será a região mais afetada pelas mudanças climáti-cas. Temos que nos antecipar antes que metade da população tenha que sair de lá”. O Fundo Cerrado deve sair em junho próximo, segundo o ministro.

Além disso, finalizar a implemen-tação de 12% do território do estado protegido por unidades de conservação estaduais, bem como coordenar ações para buscar apoio do governo federal e do setor privado para a consolidação de ações que garantam a gestão efetiva de 52% do território do estado em Áreas Protegidas; atualizar o mapa de áreas prioritárias para conservação no esta-do do Amazonas, para identificação de metas atingidas e lacunas existentes de ecossistemas ainda não representados no Sistema Estadual de Unidades de

Conservação e de relevante interesse; elaborar e divulgar a lista de espécies ameaçadas de extinção do estado do Amazonas para subsidiar a formulação de políticas e programas de conservação de espécies ameaçadas de extinção.

Eles assumem, ainda, o compromisso de manter os investimentos de 1% ao ano da Receita Líquida do Estado em pesqui-sa científica e ações de monitoramento e conservação de biodiversidade no estado do Amazonas, conforme art. 217, pará-grafo 2º, § 3º da Constituição do Estado do Amazonas, e fazer gestão junto aos

demais estados amazônicos para que lancem metas de conservação da biodi-versidade, visando posicionamento na COP 10, a 10ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Bio-diversidade, em Nagoya, Japão.

No documento, Braga, Nádia e Ca-valcanti afirmam estar certos de que os governos estaduais brasileiros, em particular os amazônicos, podem dar uma contribuição decisiva para que o país lidere este esforço global, aproveite novas oportunidades de negócios e au-mente sua competitividade.

Fundo da Amazônia negocia com 12 países

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Minc: medidas com o BNDES para evitar ecopicaretagem e

viabilizar recursos

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The State of Amazonas reduces deforestation, doubles its GDP and increases the total area of conservation unitsGabriel Arcanjo Nogueira

S tate Governor eduardo Braga, host of the international Forum on sus-tainability, with his Deputy Gover-

nor, omar aziz, made it clear to partici-pants that preservation practices in place in the state of amazonas have turned the state in one of the most protected regions

in the world. During his speech on the second day of the event, he assured the participants that without the participa-tion of the people who inhabit the forest it would be impossible to think of a pres-ervation project. “During my 30 years of public life, i learned that if we are to pro-

tect the environment we need to have the forest dwellers as partners, when acting in their habitat areas. the amazon has more than 1.5 million square kilometres and it’s just impossible to supervise a territory of this size without the participation of the people that live there”, he said.

Braga developed the theme “conser-vation and sustainability in Practice: the experience of the state of amazonas” by carrying out an “X-ray” of the state, and by introducing the Free Green Zone Program, which promotes sustainable development

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Internacional Forum Special

The People of the Forest,

Braga, 30 years of public life and a lesson in preservation: the people as

partners and sustainable programs

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A factor of preservation

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ing together businessmen, scientists, en-vironmentalists, artists and politicians in manaus, was to seek an agreement to make possible actions that will allow the preservation and economic development of the amazon region.

responsible for the debates, according to Brazil news agency, Governor eduardo Braga Forum sees the perfect place for everyone to present their views and sug-gestions. he said the differences between environmentalists and financiers do not overshadow the talks.

“everyone is aware that there is only one means for sustainability of the ama-zon: private resources. there is no other. the support of public institutions is great, but insufficient, therefore, we must find a way to facilitate the process, “he said.

Determined to find alternatives for sustainability in the amazon, Braga dismissed in advance the risk of disap-pointment, as the result of coP 15, be-cause of other current political and eco-nomic issues.

“last year the richest countries are still living the aura of the international finan-cial crisis. now is the time of economic recovery. the united states reacted to the crisis and enticed other countries, “said Braga. in practice, enthusiasm decreases when there is an economic crisis, this is what happened in copenhagen.”

Beating the hangoverGeneral superintendent of the ama-

zon sustainable Foundation (sDF), Vir-gílio Viana, echoed on the second day of discussions at the forum, the governor of the state addressed the businessmen. For Virgil, the mood of despondency because of unmet expectations after the climate conference in copenhagen is not justified. “there was an exaggerated perception of failure. there were important advances. the fact that the reDD - reducing emis-sions from Deforestation and Degradation has entered the final text was important,” he says, referring to the agreement reached in December 2009 in the Danish capital.

in forestry, fishing and farming production systems that are ecologically sound, socially just and economically viable. “this program goes beyond our government because we feel that it is necessary to establish devel-opment mechanisms by combining pres-ervation and development. Without this integration, the forest would be destroyed by the populations that survive from it”, he argued.

While describing the program, which incorporates tax incentives, micro-credit to farmers, technical assistance, logistics, minimum price, guaranteed purchases and access to consumer markets, the Governor noted: “the results from the combination of reducing deforestation were so positive for the state of amazonas that we were able, within 7 years, to reduce deforesta-tion by over 73% and increase GDP from r$ 25 billion to r$ 49.5 billion”.

Braga also spoke about a 160% increase in the total of environmentally protected areas in the state: “We went from just over 7 million squared kilometres to 19 million squared kilometres of protected areas in the state of amazonas. and we created a regulatory framework - a voluntary initia-tive of the state - to contribute to stabiliz-ing the emission of greenhouse gases”.

Social Gains.among other examples of govern-

mental action, the speaker also cited Bra-zil’s first climate change law, created by the state of amazonas, and the “Bolsa Floresta” (Forest subsidy Program), which financially compensates families living in environmentally preserved areas. “today we assist more than 6 thousand families, totalling more than 28 thousand people in 14 conservation area units”, he counted.

With the Free Green Zone Program, Braga noted that the per capita income in the state of amazonas rose from r$ 8.1 thousand to r$ 14.6 thousand in the last 7 years. in the state’s hinterlands, the in-crease went from r$ 2.9 thousand to r$ 5.7 thousand, while in the state’s capital the income per capita increased from r$ 13.2 thousand to r$ 23.3 thousand. “the numbers show that we are on track, and that the state of amazonas is a state that is prospering and we are actively using and appreciating what we cherish most, which is our forest,” he said.

Besides the economic concerns, the Gov-ernor noted that the Free Green Zone im-

proved social status indices: “in these last 7 years we handed out more than 6.9 thousand land titles, strengthened the supply chain, re-gionalized the school food supply program and we started to buy school desks made of certified wood from producers located in communities in the state’s hinterlands.

“By doing so, we generated income and improved the lives of people living in the hinterlands”. Braga mentioned in his speech, Prosamim, the largest housing program delivered in manaus, which re-moved about 6.7 thousand families that were living in high-risk areas and revital-ized the manaus downtown area. he also outlined the performance of the health indices which demonstrate a reduction in infant mortality from 21.54% per thou-sand live births in 2003 to 15.82% in 2009. Finally there was an overall decrease in malaria and dengue cases in the state.

A Project for Brazilaccording to the Governor, education

indices are also noteworthy, especially with regard to the approval ratings, which increased from 72.5% in 2005 to 76.5% in 2007, and total registered school enrol-ment in the rural regions adjacent to the capital city and in the hinterlands: 16,247 in 2003 to 38 thousand in 2010. “this year, we started the full-time school project be-cause we believe that this is the future of education. We believe that Brazil will fol-low us in our footsteps and will adhere to this program that keeps students in school all day, offering various learning experi-ences as well as formal education”.

in his concluding remarks, Braga talked about investments in science and technology, which skyrocketed from r$ 56 million to r$ 296 million during the 2003 to 2009 period. “the road to pres-ervation is paved by research, scientific discovery and education, so that we may understand better our forests and thus, keep them intact”, he argued.

on the eve of the international Forum for sustainability, the expectation of the government of amazonas state, by bring-

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Among the social gains, 6.9 thousand land titles were handed out, school food

supply was regionalized and school desks were bought from certified wood products

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The Communications Department of the State of Amazonas informed that parallel to the Forum, indigenous peoples’ representatives gave the for-mer vice president of the United States and Nobel Peace Prize winner, Al Gore, a letter demanding that govern-ment and non-government policies be adopted guaranteeing them a better quality of life. “We want to incorpo-rate the local worldview, taking into consideration the specific needs and differentiated treatment for health, education, environment and social welfare services”, quotes one of the document’s paragraphs.

The letter was signed by Jecinaldo Sateré-Mawé, State Secretary for Indig-enous Peoples; Mark Apurinã, key rep-resentative of the Coordination of In-digenous Organizations of the Brazilian

Amazon Region (Coiab); Mecias Batista Pereira, indigenous leader of the Lower Amazon Region and Mayor of Barreir-inha; Maria Miquelina, manager of the Attention to Indigenous Women Office; Tchiwá Sateré, the representative of In-digenous Children, and; Raimundo Ve-loso Vaz, spiritual leader (shaman).

The leaders demand that the envi-ronment and the knowledge of indig-enous peoples be respected. They are worried about what the future holds for their nations and for humanity as a whole.

They say they are concerned about the impacts to the environment, par-ticularly climate change, “which will bring consequences to the lives of people living on our planet”, hence requiring developed countries and the United Nations “to urgently priori-

tize actions aimed at mitigating and adapting to environmental changes, considering the empirical knowledge of these people, through the recogni-tion and appreciation of their socio-cultural systems.

The indigenous people believe that demarcation of their lands are a prov-en example of an existing mitigation strategy in the Amazon Region that is able to reduce deforestation and increase forest carbon storage. The leaders sought recognition and en-forcement of their territorial rights as an important strategy in coping with climate change.

Year of Biodiversity.At the end of the Forum, Eduardo

Braga, Governor of the State of Ama-zonas, Nadia Foster, State Secretary for the Environment and Sustainable Development, and Roberto Cavalcanti, the president of Conservation Interna-tional Brazil, signed a letter of commit-ment of the State of Amazonas to the year of biodiversity in 2010.

In the document, they commit themselves to ensure the consolida-tion of the Free Green Zone Program as a model for long term sustainable development in the State of Amazo-nas, to seek continuous reduction of negative impacts on the biodiversity of public enterprises through appropriate production processes, and within the private sector, to carry out an assess-ment of greenhouse gases emissions and waste within the Industrial Park in the State of Amazonas, to support fu-ture actions for the establishment of a cleaner economy.

Braga acknowledges Al Gore as a key spokesperson and trusts that the world leader will give his support

Indigenous Nations and Authorities Manifest

Precisely because of reDD, Virgil advo-cated the adoption of environmental regu-latory frameworks. the General superin-tendent of Fas suggests that in Brazil, the ideal would be that the adoption occurred in the middle of the year “to overcome the hangover from copenhagen.”

the governor also mentioned the par-ticipation of al Gore at the Forum, which he considers essential, because he is the

former vice president of the united states and nobel Peace Prize winner an interloc-utor with weight in favor of the amazon. “the former vice president is respected internally and externally on the political scene. he knows the importance of envi-ronmental issues. i am confident that we can count on the support of al Gore.”

Braga took the presence of so many leaders in the Forum to invite businessmen

to visit the museum project in the amazon. the idea, he said, is to have a living mu-seum, with screenplay scenarios for ecot-ourism, with the support of the national institute for amazon research (inPa).

a project that envisages the construc-tion of the largest aquarium in the world, thanks to the potential of the rivers that meander the amazon rainforest with its three thousand different species of fish.

Internacional Forum Special

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On the same day that the Forum be-gan in Manaus, in Rio de Janeiro, the envi-ronment minister, Carlos Minc, announced that the ‘Banco Nacional de Desenvolvi-mento’ Economico e Social (BNDES) had begun talks with 12 countries for future donations to the Amazon Fund estab-lished in August 2008. BNDES is the fund manager, which currently has a portfolio of 50 projects, of which five have already been approved and eight are undergoing final analysis, according to ‘ABr’.

Team members representing BNDES accompanied the Minister dur-ing the launch of the book on Amazon Debate: Opportunities, Challenges and Solutions.

Names of the countries were not disclosed at the time. “The idea is not to embarrass them. The countries are expected to announce the donation, “said Minc, moving forward the nego-tiations are already well advanced.

Starting BIDThe Amazon Fund had, at that

time, only Norway as a donor. The country has pledged to earmark $ 1 billion for the fund by 2015 - of which about $ 400 million has already been donated. The five projects already ap-proved are budgeted at approximately $ 75 million.

Minc said he met on 25th March with the president of BNDES, Luciano Coutinho, to seek ways to accelerate the rate of implementation of the fund to the projects. “We made a se-

Indigenous Nations and Authorities Manifest

ries of measures. BNDES will enhance performance in the region, putting more people on the team. But we will maintain the accuracy and qual-ity, we cannot lose resolve, because otherwise you can get eco-corrupt in the middle and nobody will want to invest in the fund.”

The Amazon Fund was created to promote projects prevention and com-bating deforestation and the conserva-tion and sustainable use of forests in the Amazon biome. According to the minister, Brazil work for the Fund is no longer needed in the near future, when the clearing of the Amazon is stopped, “and there is a culture of conservation created in the region.”

Two more on the boil.Minc recalled that two other funds

should be released soon: the second largest biome Fund and the Climate Fund. The latter was sanctioned by President Luiz Inácio Lula da Silva in December 2009 and is being regulated, with annual resources estimated to be about $1 billion, generated from 10% of profit from oil.

“The Northeast will be the biggest beneficiary of this fund, since it will be the region most affected by cli-mate change. We need to anticipate before half the population have to get out of there. “The Climate Fund must be available next June, accord-ing to the minister.

In addition, the letter also states other goals such as: 1) the conver-sion of 12% of the State’s territory into protected conservation units and, through a coordination action, seek-ing support from the federal govern-ment and the private sector to ensure the effective management of 52% of the State’s territory into Protected Ar-eas; 2) update the map of priority con-servation areas in the State of Amazo-nas; 3) to identify the achieved goals and gaps of ecosystems that are not yet represented in the State System

of Conservation Units and of relevant interest; 4) prepare and publish a list of endangered species in the State of Amazonas to support the formulation of policies and programs for the con-servation of endangered species.

Furthermore, they pledge to main-tain a yearly investment of 1% of the State’s Net Revenue to scientific re-search, monitoring activities and bio-diversity conservation in the State of Amazonas, as stated in Art. 217, para-graph 2, § 3 of the Constitution of the State of Amazonas. In addition they

are committed to share management with other Amazonian states to launch the targets of biodiversity conservation, set by COP 10, the 10th Conference of the Parties to the UN Convention on Biodiversity in Nagoya, Japan.

In the document, Braga, Cavalcanti and Nadia assure their belief that Bra-zilian State Governments, particularly from the Amazon Region, can give a decisive contribution to the country’s leadership in this global effort, to seize new business opportunities and to in-crease their competitiveness.

The Amazon Fund is negotiating with 12 countries

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Minc: initiatives with BNDES to avoid eco-falsification and to make

the resources accessible

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sustentável” para diferenciar, no mercado nacional e internacional, os produtos fei-tos na Zona Franca de manaus e, assim, incentivar o crescimento do polo indus-trial, gerando mais empregos e alternati-vas de renda para a população da região.

somando-se os incentivos fiscais e a prioridade governamental em fomentar a produção industrial na Zona Franca de manaus com a falta de estradas para o es-coamento de produtos florestais e a políti-ca de agregar valor aos produtos naturais que compõem a principal riqueza do esta-do do amazonas, existe uma clara consci-ência, conforme destacado pelo governa-dor eduardo Braga, de que as 66 etnias de povos indígenas e as populações locais são os verdadeiros “guardiões da floresta”.

com esta política, o amazonense é in-centivado a buscar outras fontes de renda em vez de explorar de forma indiscrimi-

“C onhecer é fundamental para preservar.” essa idéia foi muito bem destacada no

Fórum internacional de sustentabilida-de que aconteceu na cidade de manaus no final de março de 2010. É a partir da compreensão da importância da floresta amazônica para o equilíbrio dos ecossiste-mas e do reconhecimento do grande valor que existe na conservação da floresta em pé que se pode engajar a sociedade na luta contra o desmatamento que acontece na região norte do Brasil.

o Fórum de manaus reuniu líderes em-presariais, políticos e ambientais em torno de um tema extremamente importante: a sustentabilidade econômica, ambiental e social da amazônia. como foi ressaltado diversas vezes durante o Fórum, o estado do amazonas é um modelo em preserva-ção florestal, possuindo mais de 90% da

sua cobertura original de floresta, uma re-alidade que é bem diferente do que acon-tece nos demais estados da região.

Pode-se ter certeza que a existência do polo industrial do estado do amazonas tem contri-buído e tem sido um dos responsáveis pela manutenção dessa impressionante cobertura florestal, pois viabiliza outras formas de desen-volvimento econômico para a população.

Já existe o programa Zona Franca Verde, o qual visa promover o desenvol-vimento sustentável do estado do amazo-nas a partir da filosofia que a floresta vale mais em pé do que derrubada. a produção florestal, pesqueira, agropecuária e a ati-vidade turística baseiam-se na tríade da sustentabilidade: uma relação harmoniosa entre o meio ambiente, a exploração eco-nômica e o bem-estar social.

Durante o Fórum, foi apresentada a proposta de criação do “selo amazônia

Amazônia Sustentável: O compromisso de manter a floresta em pé

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Natascha TrennepohlAdvogada e consultora ambiental

Mestre em Direito Ambiental (UFSC)Doutoranda na

Humboldt Universität (HU) em Berlim.E-mail: [email protected]

Natascha Trennepohl

Correspondente especial de Berlim – Alemanha

respeito às medidas e incentivos que precisam ser adotados para direcionar o mundo para uma economia de baixo car-bono ou, ainda, como as empresas po-dem participar do mercado de carbono e, até mesmo, qual a responsabilidade das empresas na criação de uma economia sustentável na amazônia.

Fica claro que o primeiro passo é dei-xar de lado as soluções imediatistas. um excelente exemplo de que é preciso in-vestir em soluções de longo termo, e não apenas momentâneas, são as questões que envolvem os problemas causados pelas mudanças climáticas. se estamos realmente preocupados com a qualidade de vida das futuras gerações, precisamos fazer grandes investimentos agora.

É verdade que muitas empresas ain-da não incluíram o tópico mudanças cli-máticas em seus programas de sustenta-bilidade. muitos empresários não sabem como lidar com os riscos e até mesmo com as oportunidades relacionadas com esse tema tão complexo. na verdade, o mais grave é que muitas empresas ain-da não possuem programas e estratégias voltadas para a promoção da sustentabi-lidade. esta realidade nos leva de volta à frase inicial: é necessário conhecer para preservar. É a partir do conhecimento dos riscos e das oportunidades que as empresas vão investir e participar com liderança na busca pela sustentabilida-de, não apenas no estado do amazonas, mas em todo o País.

nada os recursos naturais, prática que deixa um rastro de miséria ambiental e social após sua passagem. É fácil perceber que o caminho mais eficaz para manter a floresta em pé é não sobrecarregar a ex-ploração da madeira nem tratá-la como única fonte de renda.

Dentre as lideranças nacionais e in-ternacionais que estiveram no Fórum em manaus, o prêmio nobel da Paz, al Gore, também ressaltou a importância da pre-servação da amazônia e a necessidade de se proteger a rica biodiversidade que existe na floresta. o ex-vice-presidente norte-americano afirmou enfaticamente que: “vender uma floresta pelo valor da madeira é o mesmo que vender um com-putador pelo preço do silício. o valor real da amazônia está em toda a informação que ela contém. a cura de diversas doen-ças está na floresta”.

também foi muito enfatizada a res-ponsabilidade das presentes gerações em relação às gerações futuras. este compro-misso, aliás, é um princípio basilar do Direito ambiental e está presente no pró-prio artigo 225 da constituição Federal de 1988. a nossa constituição é categóri-ca ao afirmar que o Poder Público e a co-letividade têm o dever de defender e pre-servar o meio ambiente para as presentes e as futuras gerações. Foi essa linha de pensamento que levou o cineasta James cameron, também presente no evento, a indagar da platéia: “que tipo de ancestrais nós queremos ser?”.

sem sombra de dúvidas, a organiza-ção de um Fórum para reunir lideranças empresariais para discutir a sustentabili-dade da região amazônica foi muito per-tinente e oportuna. Diversas perguntas que surgiram durante o Fórum diziam

Amazônia Sustentável: O compromisso de manter a floresta em pé

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During the Forum, the “sustainable amazon seal” was presented as a proposal to differentiate in the domestic and inter-national markets, products made in the manaus Free trade Zone, and by doing so, stimulate industrial growth, creating more jobs and alternative income for the population of the region. this incentive, together with other tax subsidies and an overall government priority to foment in-dustrial production in the manaus Free trade Zone, as well as the reduction of roads provisions to transport the wood from the forests and a clear policy on val-ue-added natural goods outline the overall strategy to wealth generation in the state of amazonas. as outlined by eduardo Braga, the state Governor, there is a clear conscience that the 66 ethnic groups of in-digenous nations and local communities are the true “stewards of the forest”.

“K nowing is vital to preserv-ing.” this idea was very prominent in the interna-

tional Forum for sustainability that took place in the city of manaus in late march of 2010. it is by understanding the impor-tance of the amazon’s role in balancing the ecosystems and by recognizing the great value that exists in forest conserva-tion that we can engage society in the fight against deforestation that is currently on-going in the northern region of Brazil.

the manaus Forum brought togeth-er business, political and environmental leaders to discuss an extremely impor-tant subject: economic sustainability and environmental and social develop-ment in the amazon region. as was pointed out several times during the Fo-rum, the state of amazonas is a model in forest preservation, with over 90% of

its territory covered by original rainfor-est - a reality that is quite different from that which is faced by other states of the region.

certainly, the existence of the in-dustrial cluster in the state of amazo-nas has contributed and has been one of the key factors in maintaining this im-pressive forest coverage, as it provides alternative forms of economic develop-ment for the population.

the Free Green Zone Program, which aims to promote sustainable development in the state of amazonas is already in place. the Program’s philosophy is based on the premise that the forest is worth more standing than cut. timber produc-tion, fisheries, agriculture and tourism are based on the sustainability triad: a harmo-nious relationship between environment, economic exploration and social welfare.

A Sustainable Amazon: The commitment to maintain the forest standing

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Natascha TrennepohlLawyer and Environmental Consultant

Master in Environmental Law (UFSC)PhD student at Humboldt Universität

(HU) in Berlin.E-mail: [email protected]

Natascha Trennepohl

Special correspondent from Berlin, Germany

measures and incentives that need to be adopted to guide the world towards a low carbon economy, or even how companies can participate in the carbon market and, even more so, to question corporate re-sponsibility in creating a sustainable economy in the amazon.

clearly the first step is to set aside the immediate solutions. an excellent example of the necessity to invest in long-term solutions, not just immediate ones, are issues involving the problems caused by climate change. if we are re-ally concerned with the quality of life of future generations, we must make major investments now.

it is true that many companies have not included climate change into their sustainability programs. many entre-preneurs do not know how to deal with risks and even with the opportunities related to this highly complex issue. in fact, the most serious issue is that many companies do not have programs and strategies aimed at promoting sustain-ability. this reality brings us back to the original phrase: you need to know to preserve. it is by knowing the risks and opportunities that companies will invest and participate with leadership in the quest for sustainability, and not only in the state of amazonas but throughout the country as well.

With this policy, the amazon popula-tion is encouraged to seek other sources of income rather than to exploit indiscrimi-nately the existing natural resources - a practice that leaves behind a trail of mis-ery and social and environment degrada-tion. it is evident that the most effective way to keep the forest protected is not to overload timber exploitation, nor treat it as the only source of income. among the national and international leaders who at-tended the Forum in manaus, the nobel Peace Prize, al Gore, also highlighted the importance of preserving the amazon and the need to protect the rich biodiversity that exists in the forest. the former u.s. Vice President stated emphatically that “selling a forest for timber value is the same as selling a computer for the price of silicon. the real value of the amazon is all the information it contains. the cure for

several diseases lies in the forest. “the responsibility of present gen-

erations over future generations was also strongly emphasized. in fact, this commit-ment is a fundamental principle of envi-ronmental law and is present in article 225 of the constitution of 1988. our con-stitution is categorical in stating that the Government and the community have a duty to defend and preserve the environ-ment for present and future generations. it was this line of thought that prompted the filmmaker James cameron, also pres-ent at the event, to ask the audience: “What kind of ancestors we want to be?”.

Without a doubt, the organization of a Forum to bring together business lead-ers to discuss the sustainability of the amazon region was very relevant and timely decision. several questions that arose during the Forum concerned the

A Sustainable Amazon: The commitment to maintain the forest standing

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Senador defende combinar uma agricultura moderna com medidas que fortaleçam a sustentabilidade, para evitar tiro no pé

Gabriel Arcanjo Nogueira

P resença constante nos debates dos dois dias do Fórum, o sena-dor aloizio mercadante afirmou

que parte das lideranças ruralistas no congresso acha que as barreiras ambien-talistas querem inibir competitividade da agropecuária brasileira. “talvez eles tenham razão. mas a resposta não é re-troceder nas questões ambientais, mas combinar uma agricultura moderna com medidas que fortaleçam a sustentabili-dade. o retrocesso ambiental pode ser um tiro no pé”, disse.

o senador paulista já havia destacado, no primeiro dia dos debates, a vitória da aprovação da lei dos resíduos sólidos, na semana anterior à realização do evento em manaus. esta era uma reivindicação dos empresários ligados ao liDe.

mas não deixou de falar sobre a po-lêmica envolvendo o desmatamento das florestas brasileiras a partir da expansão das áreas para plantio e pecuária. se-gundo mercadante, o Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial de alimentos. todavia, deixou o seu aler-ta: “ninguém tem o direito de colocar a referência da agricultura na frente da questão ambiental. Podemos pagar um preço histórico por isso”.

numa de suas intervenções, já no segundo dia de debates, voltou ao as-sunto ao discorrer: “a disputa da flores-

ta é essencialmente econômica. temos muitas fragilidades. a floresta tem um valor estratégico, um custo de oportu-nidade imediato e não compete com a soja ou pecuária. se não resolvermos esta equação, não adianta punir e fisca-lizar. a história tem mostrado que não vamos manter a floresta”.

Reforma verdemercadante aproveitou para de-

fender uma “reforma tributária verde”, com a desoneração de produtos am-bientalmente saudáveis e a punição dos que tiverem maior impacto ambiental. “também temos que oferecer mais cré-dito para quem investe em projetos sustentáveis, com taxas diferenciadas”, acrescentou.

além disso, o parlamentar petista defendeu a criação de um organismo in-ternacional que trate do enfrentamento do aquecimento global. “se criamos o Fundo monetário internacional após a segunda Guerra mundial, por que não uma agência global para o meio ambien-te?”, questionou.

no entanto, mercadante se disse cé-tico com relação ao financiamento de ou-tros países. “com os déficits acumulados pós-crise e o esforço fiscal que eles estão fazendo, não creio que estaria na pauta o financiamento de novas ideias. mas a

criação de um fundo internacional, que reunisse 1% do valor das importações, poderia nos gerar algo em torno de us$ 100 bilhões por ano, com impacto zero no comércio internacional.”

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especial - Fórum Internacional

Sem retroceder nas

Mercadante: “Ninguém tem o direito de colocar a referência da agricultura na frente da questão ambiental”

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Senator defends the combination of a modern agriculture with measures that strengthen sustainability, to avoid equivocations

Gabriel Arcanjo Nogueira

S enator aloizio mercadante who was constantly present during the two days of the debates at the

forum said some of the leaders in con-gress are ruralists and think that the en-vironmentalists want barriers to hinder the competitiveness of Brazilian agricul-ture. “maybe they are right. But the an-swer is not to retreat on environmental issues, but to combine modern agricul-ture using measures that strengthen sus-tainability. he went on to say “to retreat from environmental issues could be a shot in the foot “.

the senator from são Paulo had al-ready highlighted, during the first day of the debates, the victory of the approval of the solid Waste act in the week prior to the event in manaus. this was claimed by the businessmen linked to the Group of Businessmen leaders (liDe).

But he didn’t stop talking about the controversy involving the deforestation of the Brazilian forests starting with the expansion of the areas for farming and livestock. according to mercadante, Brazil is the world’s second largest producer and exporter of food. however, he gave this warning: “nobody is entitled to position agriculture ahead of the environment. We could pay a historical price for that.”

in one of his speeches during the second day of discussions, he talked on

the subject: “the dispute of the forest is essentially economic. We have many weaknesses. the forest has a strategic value, an immediate opportunity cost and it does not compete with soybeans or livestock. if we do not solve this equation, it is pointless to punish and supervise. history will show we did not maintain the forest.”

Green reformmercadante took the advantage to

defend a “green tax reform,” with exemp-tions for environmentally safe products and punishment of those that have great-er impact on the environment. “We also have to offer more credit to those who invest in sustainable projects, with dif-ferent rates,” he added.

Furthermore, the parliamentarian a member of the Pt party advocated the creation of an international body that deals with tackling global warming. “if we created the international monetary Fund after the second World War, why not a global agency for the environ-ment?” he asked.

however, mercadante said he was sceptical about the financing by other countries. “With the deficits accumu-lated after the crisis and the impact they are making, i do not think the countries would be able to fund new ideas. But cre-

ating an international fund that would in-clude 1% of the value of imports, we could generate somewhere in the region of $ 100 billion per year with zero impact on international trade.”

Internacional Forum Special

No retreat on

Mercadante: Nobody is entitled to position agriculture ahead of the environment

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Perder a floresta tropical seria uma catástrofe para o mundo todo;não há como aceitar nem mesmo o desmatamento parcial

Gabriel Arcanjo Nogueira

O cientista thomas lovejoy, um dos mais respeitados es pe-cialistas em biodiversidade e

presidente do centro heinz de ciências, economia e meio ambiente, defendeu, na palestra de abertura do Fórum, um “esfor-ço planetário” para restaurar os ecossiste-mas do mundo, em particular os da flores-ta amazônica.

ao discorrer sobre o tema “a impor-tância da amazônia no contexto das mu-danças climáticas globais”, lovejoy, que já foi vice-presidente do WWF nos estados unidos, alertou para a possibilidade de algumas regiões da floresta amazônica, dentro e fora do Brasil, desaparecerem em alguns anos por causa das intervenções humanas. em especial as do leste e sul da floresta, que atualmente são as mais afeta-das, segundo o especialista.

neste aspecto, o cientista criticou proje-tos de desenvolvimento que acabam inter-ferindo no equilíbrio do ecossistema, como a construção de rodovias e de hidrelétricas.

“rodovias causam um impacto pesadíssimo e muito sério. estradas induzem ao desma-tamento. elas precisam ser substituídas por trilhos ou por hidrovias. isso porque a flo-resta é responsável pelo equilíbrio do clima”, explicou. o cientista citou como exemplo ações de desmatamento ocorridas em ron-dônia, com a utilização de fogo, responsáveis por um longo período de seca na região.

1 km2 = 50% a menos de aveso palestrante não aceita sequer o cha-

mado desmatamento parcial, ou seja, der-rubada de fragmentos relativamente isola-dos da floresta. segundo lovejoy, mesmo assim, há impacto na biodiversidade. “uma área de um quilômetro quadrado perde metade das espécies de pássaros, em 15 anos”, o que não aconteceria se esti-vessem ao abrigo da floresta.

o escritor e consultor mark london, ao participar dos debates, apoiou a ideia de ter a floresta amazônica como uma “reser-va mundial”. “trata-se de uma oportunida-de para o mundo participar desse proces-so. se perdermos a floresta tropical, isso será uma catástrofe para o mundo todo. logo, por que não conseguiríamos apoio mundial para preservá-la?”, questionou.

london elogiou, porém, ao discutir es-tratégias de conservação na amazônia, as iniciativas de preservação da floresta realiza-das hoje, em conjunto com as comunidades locais, reconhecendo-as como “puramente brasileiras”. “a solução tem que vir do Brasil. e a obrigação dos demais países é dar apoio como cidadãos do mundo”, acrescentou.

autor do livro a Última Floresta - a ama-zônia na era da Globalização, london des-tacou, em sua exposição, que os projetos de preservação da amazônia devem necessaria-mente incluir o povo que vive por lá. “esta é a casa deles”, disse, arrancando aplausos do

público. ele também reconheceu a dificulda-de de se encontrar uma solução equilibrada para a questão da cultura de soja e da criação de gado e a preservação da floresta.

entre os projetos que consideram dignos de nota, os dois citaram Juma, mamirauá e redd - redução de emissões por Desmata-mento e Degradação. na avaliação de love-joy, projetos como estes, com participações de grandes empresas realmente empenha-das com questões ligadas à sustentabilidade – e não apenas com a venda de créditos de carbono –, irão atrair outras. “a importância da sustentabilidade vai aumentar exponen-cialmente ano após ano. É inevitável. isso vai aumentar o interesse das empresas”, afir-mou o cientista.

Para ele, a criatividade dessas empresas seria a saída para diminuir a necessidade de projetos desenvolvimentistas que prejudi-quem o meio ambiente: “empresas bem-su-cedidas vão enxergar e buscar as oportunida-des. tenho a confiança de que o setor privado vai envolver-se mais intensamente”.

52 neo mondo - abril 2010

especial - Fórum Internacional

Lovejoy propõe esforço globalpara restaurar ecossistemas

Lovejoy: crença no setor privado como disseminador da sustentabilidade

Para London, a solução tem de vir do Brasil, e os demais países devem apoiar

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Losing the tropical forest would be catastrophic for the whole world; even the partial deforestation can’t be accepted

Gabriel Arcanjo Nogueira

S cientist thomas lovejoy, one of the most respected specialists in biodi-versity and president of the heinz

center of sciences, economy, and envi-ronment, defended, in the opening Forum lecture, a “global effort” to recuperate the ecosystems of the world, in particular the one in the amazon forest.

as the theme “the importance of the amazon in global weather changes” unfold-ed, lovejoy, who was once vice-president of WWF in the united states, warned the audience about the possibility of forest ar-eas in the amazon, both inside and outside Brazil, disappearing in some years because of human intervention – especially those ar-eas in the eastern and southern ends of the forest, which are currently the most affected regions, according to the specialist.

regarding this issue, the scientist crit-icized development projects that end up interfering in the balance of the ecosys-tem, such as the construction of highways and hydroelectric power plants. “high-ways cause a heavy and very serious im-

pact. highways foster devastation. they need to be substituted by rails or hydro-transport because the forest is responsible for climate balance”, he explained. the scientist referred to the case of the defor-estation which took place in the state of rondônia, through the use of fire, leading to a long period of drought in the area.

1 km2 = 50% fewer birdsthe speaker does not accept the con-

cept of the so-called partial deforestation, or logging of relatively isolated forest frag-ments. according to lovejoy, this concept implies an impact on biodiversity. “an area of 1 km2 looses half of its bird species in 15 years”. this would not happen if the forest would provide for their habitat.

During the discussions, writer and consultant mark london supported the idea of having the amazon rainforest as a “world reserve.” “this is an opportunity for the world to participate in this process. if we lose the rainforest, this will be a ca-tastrophe for the world. Why wouldn’t we be able to get international support to pre-serve it? “he asked.

however, during the discussions of conservation strategies for the amazon rainforest, london did praise the initia-tives that are currently being carried out, together with local communities, recog-nizing them as something “purely Brazil-ian.” “the solution has to come from Bra-zil. and the obligation of other countries as world citizens is to support such initia-tives” he added.

author of “the last rainforest - the amazon in the age of Globalization”, london emphasized during his presenta-tion that projects intended to preserve the amazon must necessarily include the peo-ple who live there. “this is their home,” he

said, while receiving audience’s applause. he also acknowledged the difficulty of finding a balanced solution to the issue of the soybean crop, livestock production and forest preservation.

among the projects that they consider worthy of note, the two that were cited include Juma, mamirauá and redd - re-ducing emissions from Deforestation and Degradation. in lovejoy’s evaluation proj-ects like these, with the participation of large companies which are truly engaged with issues of sustainability – and not with just the sale of carbon credits - will attract others. “the importance of sustain-ability will grow exponentially year after year. it’s inevitable. this will increase the interest of companies, “hansen said.

For him, the creativity of these com-panies could be a way out to reduce the need for development projects that harm the environment: “successful companies will perceive and capture the opportuni-ties. i trust that the private sector will en-gage more intensely”.

Internacional Forum Special

Lovejoy proposes global effort to recover ecosystems

Lovejoy: belief in the private sector as a disseminator of sustainability

For London: the solution must come from within Brazil, and other countries need to provide the support

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Questão ambiental vista como negócio, não apenas para salvar árvores, mas preservar a humanidade

Gabriel Arcanjo Nogueira

O ambientalista francês Jean-mi-chel cousteau anunciou, durante os debates no segundo dia do

Fórum, que planeja implantar um progra-ma educacional para alunos da amazônia que os ensine a preservar os ecossistemas da floresta. com ele fez coro anthony anderson, especialista do Programa de conservação da organização não-governa-mental WWF Brasil, ao propor aos empre-sários que invistam em bolsas de estudos que promovam pesquisa e desenvolvimen-to de serviços ambientais na amazônia.

Filho do consagrado oceanógrafo Jac-ques cousteau, Jean-michel acredita que o caminho seria a capacitação de profes-sores. “os americanos gostam de dizer ao resto do mundo o que eles devem fazer. eu prefiro o diálogo e a busca de soluções conjuntas”, afirmou.

Para ele, a questão ambiental deve ser tratada como um negócio. “tudo se resu-me em entender melhor como trabalha a natureza. É importante ver como hoje muitos dos tomadores de decisão em todo o mundo discutem os impactos ambien-tais de seus projetos. não é apenas ques-tão de salvar árvores, mas de preservar a humanidade”, argumentou.

Litoral a perigo incansável em seu interesse por as-

suntos socioambientais, Jean-michel foi um dos debatedores durante a apresen-tação do cineasta James cameron, ao observar que 20% dos recifes de coral já foram perdidos, o que acarreta em perda

da barreira natural que protegeria o lito-ral de muitos países do mundo. “a in-tensidade do clima que se observa pelo aumento da temperatura na água é de tal ordem que um furacão força 3 torna-se força 4 e, se a barreira de coral se ex-tinguir, centenas de milhares de pessoas irão morrer.”

Entender, para preservar a família cousteau, que se notabilizou

pelas pesquisas desenvolvidas nos ocea-nos ao redor do mundo, durante décadas, aportou seu calypso no mar de águas do-ces lá pelos anos 1980. Parte das pesquisas realizadas no rio amazonas - desde a nas-cente, no alto da cordilheira dos andes, no Peru, à foz no atlântico, na costa bra-

sileira - resultou no livro a expedição de Jacques cousteau na amazônia, publicado no Brasil pela editora record.

Jean-michel foi um dos integrantes da equipe de pesquisadores e, no livro, teve participação destacada com comentários e autoria de fotos. ele esteve à frente do grupo terrestre, formado por 8 homens, que percorreu o amazonas correnteza abaixo. o objetivo, já naquela época, era entender, para preservar, “a grande re-serva terrestre de uma vida tão selvagem quanto era na origem”.

Para a equipe, a palavra amazonas “des-perta possibilidades maravilhosas e incerte-zas profundas”. Passadas quase 3 décadas da publicação do livro, temos de valorizar as primeiras e resolver as segundas.

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especial - Fórum Internacional

Cameron ouve Jean-Michel: 20% dos recifes de coral estão perdidos, e

furacões ganham força

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Environmental issue regarded as business, not only to save trees, but to preserve humanity

Gabriel Arcanjo Nogueira

T he French environmentalist Jean-michel cousteau announced dur-ing the debates on the second day

of the Forum, his plans to implement an educational program for students in the amazon that educates them to conserve the ecosystems of the forest. this echoed the program of anthony anderson, a specialist for the conservation of the non-governmental organization WWF Brazil, by proposing to businessmen to invest in scholarships to promote research and development of environmental services in the amazon.

son of renowned oceanographer Jacques cousteau, Jean-michel believes that the way would be to train teach-ers. “americans like to tell the world what they should do. i prefer dialogue and search for joint solutions, “he said. For him, the environmental issue should be treated as a business. “it all boils down to a better understanding how nature works. it is important to see how many of today’s decision makers around the world discuss the environmental impacts of their projects. it is not only a matter of saving trees, but preservation of human-ity, “he said.

Danger to the Coastlinetireless in his interest in social and

environmental subjects, Jean-michel was one of the speakers during the presentation by the filmmaker James cameron, noting that 20% of the cor-al reefs have been lost, thus resulting

in the loss of the natural barrier that would protect the coastlines of many countries. “the intensity of the climate observed by the increase of the tem-perature of the water is that of a force 3 hurricane becoming a force 4, and if the coral reefs die out, hundreds and thousands of people will die.”

Understand preservation the cousteau family that has distin-

guished itself carrying out research of the oceans around the world for decades, back in the 1980’s docked the research vessel calypso in the fresh water of the amazon river.

Part of the research of the amazon river that flows from its source high in the andes mountains in Peru to its mouth in

the atlantic off the cost of Brazil resulted in the book Jacques cousteau’s expedition in the amazon, edited and published in Brazil by record.

Jean-michel was one of the team of researchers and participated greatly in the book with written comments and photos. he headed the terrestrial group, consisting of eight men who travelled the amazon downstream. the goal, even then, was understood to preserve, “the great reservoir of terrestrial life that was as wild as at the source.” For the team, the word amazon “awakens wonderful possibilities and profound uncertainty.” after nearly three decades since the book was published we appreciate the first and solve the latter.

Internacional Forum Special

Cameron listens to Jean-Michel: 20% of coral reefs are lost, and

hurricanes gain strength

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Há quem diga que a imprensa faz pouco; não é o caso de NEO MONDO, há 3 anos em circulação

Gabriel Arcanjo Nogueira

O diretor-geral do jornal o estado de s. Paulo, rubens Prata, um dos debatedores, chegou a criti-

car as empresas de comunicação do País, ao afirmar que a imprensa ainda olha a sustentabilidade como notícia, e não como bandeira a ser levantada. Para ele, “a mídia está fazendo pouco”.

o que não é o caso de neo monDo. Único veículo da mídia especializada con-vidado pelos organizadores do Fórum, a revista circula há 3 anos e está na sua 33a. edição, totalmente voltada a temas socio-ambientais, no que isso implica estar aten-ta a aspectos educacionais, de pesquisa, inovações acadêmico-científicas e práticas empresariais, entre outros.

Quem observa é oscar lopes luiz, pre-sidente do instituto neo mondo, que edita a revista com todos os cuidados ecológicos

que uma publicação impressa requer, além de manter o conteúdo de cada edição no portal neomondo.org.br. este, ressalta o presidente do instituto, registra mais de 400 mil acessos. “sem falar da qualificação de nossos colaboradores, tanto jornalistas quanto articulistas”, lembra.

“a idoneidade com que fazemos a revista nos credencia no contexto nacional e agora reforçamos nossa presença no exterior, onde já contamos com correspondentes. a edição deste caderno especial, bilíngue, inaugura nova fase da revista, que vai também para a universidade de harvard, nos estados unidos, e para a humboldt universität, em Berlim”, afirma o presidente.

Para oscar, participar do Fórum foi uma experiência rica e fascinante porque trata-se de uma oportunidade imperdível de estar junto a lideranças empresariais, especialistas

do país e do exterior que têm a visão de mun-do que nossa revista procura disseminar.

natascha trennepohl foi outra repre-sentante de neo monDo no Fórum. Para ela, a importância do evento se dá pelo próprio fato de ser uma reunião de dife-rentes setores da sociedade em torno da discussão de um interesse comum: a busca pela sustentabilidade econômica, ambien-tal e social da amazônia.

Práticas sustentáveis especialista em meio ambiente - as-

sunto em que é consultora e doutoranda em Berlim, alemanha - e articulista desta revista, natascha avalia: “a importância do Fórum está justamente em unir empre-sários, lideranças políticas e ambientais para discutir práticas de desenvolvimento sustentável na amazônia, abordando não

Cameron, no centro dos debates: especialistas do país e do exterior têm a visão de mundo que nossa revista procura disseminar

56 neo mondo - abril 2010

especial - Fórum Internacional

Mídia questionada:

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notícia ou bandeira?

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apenas o papel da sociedade civil e das comunidades tradicionais, mas também o papel desempenhado pelo empresariado brasileiro no fomento a práticas sustentá-veis e de conservação da floresta, enfati-zando-se o valor da floresta em pé e o seu lugar no contexto mundial”.

Para ela, é valioso o destaque que o even-to alcançou na mídia, bem como o alto nível de palestrantes e debatedores. soma de fato-res que permite tirar algumas lições e apon-tar resultados relevantes ou promissores:

• Lições o pioneirismo do Fórum, ao reunir

lideranças empresariais, políticas e so-ciais de todo o Brasil para discutir prá-ticas sustentáveis na amazônia, por si já é uma lição, acredita natascha. e aponta outras:

“É certo que uma das grandes justifica-tivas para a extensa cobertura florestal ainda presente no amazonas, dife-rentemente dos estados vizinhos, é a existência de um polo industrial que viabiliza outras formas de desenvolvi-mento econômico para a população.

“Por isso, pôde-se perceber durante o Fórum que os grandes desafios para a conservação da floresta contam com a participação de diferentes atores so-ciais e precisam ser superados em con-junto, tendo-se em mente a importân-cia da floresta no contexto mundial e o valor de mantê-la em pé, oferecendo-se outras opções de desenvolvimento para a população da região que não signifiquem destruir um dos nossos maiores patrimônios naturais”.

• Resultados a articulista de neo monDo reitera

o objetivo do Fórum - de reunir repre-sentantes do setor empresarial brasi-leiro, lideranças políticas e ambientais da região para apresentar práticas bem-sucedidas de desenvolvimento susten-tável na amazônia e ainda firmar um compromisso político e empresarial com o fomento ao desenvolvimento social, ambiental e econômico na re-

gião -, para elencar o que considera seus resultados palpáveis:

“ao final, foi assinada a carta do ama-zonas (ver páginas 6 e 7), documento que ressalta a importância da conser-vação das florestas tropicais para o bem-estar da população não apenas brasileira, mas mundial. a floresta de-sempenha importante papel na regula-ção do ciclo climático do planeta, bem como na manutenção da diversidade biológica e cultural do nosso país.

“além da assinatura da carta do ama-zonas, um resultado muito promissor do Fórum foi a parceria firmada entre uma grande rede varejista no Brasil e o governo do amazonas, durante a série de apresentações e perguntas sobre ‘a responsabilidade das empresas na cria-ção de uma economia sustentável na amazônia’ (ver matéria na página 31).

“outro ponto que pode ser lembrado foi a menção feita ao pouco destaque que as questões de sustentabilidade rece-bem na mídia nacional. o presidente da rede record, alexandre raposo, ressal-tou ser muito importante a ampliação do espaço na mídia para discutir temas como sustentabilidade, mostrando-se disposto a aumentar esse espaço no seu veículo de comunicação”.

neo mondo - abril 2010 57

Bandeira ambiental, abraçada por NEO MONDO em suas 33 edições,

começa a se estender a outras mídias“ ”

Natascha e Oscar, de NEO MONDO: experiência rica e fascinante compartilhada com a estrela maior do Fórum

Oscar, com a apresentadora do evento: trabalho midiático de NEO MONDO reconhecido

oscar, do instituto neo mondo, vê com satisfação que “a bandeira ambiental, que o trabalho midiático de neo monDo desenvolve, ao entrar no seu 4º. ano de cir-culação, começa a ser abraçada por outros meios de comunicação”.

a presidente do jornal a crítica, de manaus, cristina calderaro, por sua vez, ressaltou no Fórum a importância dessa mídia como ferramenta de divul-gação do tema. “Pautamos o mundo in-teiro”, disse.

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Some may say that the media does very little; that’s not NEO MUNDO case, which has been circulating for the past 3 years

Gabriel Arcanjo Nogueira

T he executive Director of the news-paper “estado de são Paulo” rubens Plate, and one of the key speakers,

criticized national media companies by as-serting that in general, the media still sees sustainability as news, and not as a flag to be raised. For him, “the media is not doing enough”.

this is not the case for neo monDo, which was the only specialized media ven-ue that was invited by the organizers of the Forum. the magazine circulates for 3 years and is in its 33rd issue, totally focused on social and environmental issues, and atten-tive to related topics such as education, re-search, academic and scientific innovations and business practices, among others.

oscar luiz lopes, President and editor of neo monDo observes that a lot of atten-tion is given to ecological printing required

of such publication, besides uploading the contents of each issue to the neomondo.org.br portal. the president states that the institute’s portal registers more than 400 thousand hits. “not to mention the qualifi-cations of our employees, both journalists and columnists,” he recalls.

“the seriousness of our magazine gives us credit and entitles us in the national con-text. recently we began to strengthen our presence abroad, where we already have correspondents. this special issue is bilin-gual, and as such, inaugurates a new phase of the magazine, which is sent to harvard university (usa), and humboldt univer-sität in Berlin”, reaffirms the president.

to oscar, the participation in the Fo-rum was a rich and fascinating experience because it represented a unique opportu-nity to be together with business leaders,

national and international experts that share the magazine’s view of the world and its intent to disseminate it.

natascha trennepohl was another representative of neo monDo at the Forum. For her, the event’s importance lies in the ability to meet with different sectors of society that come together to discuss an issue of common interest: the quest for sustainable economic, environ-mental and social development in the amazon region.

Sustainable Practicesnatascha, an environmentalist expert,

consultant and a doctoral student in Berlin, Germany, and this magazine’s columnist, states that: “the importance of the Forum is precisely in the ability to unite entrepre-neurs, political and environmental leaders

Cameron in the middle of the debates: national and international experts have the vision of the world that our magazine is committed to disseminate

58 neo mondo - abril 2010

Internacional Forum Special

Media is questioned:

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News or Flag?

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to discuss sustainable development prac-tices in the amazon, covering not only the role of civil society and traditional commu-nities, but also the role played by the Brazil-ian business community in promoting sus-tainable and forest conservation practices, emphasizing the value of a standing forest and its place in the global context. “

For her, it is worthwhile highlighting that the event reached the mainstream media, as well as high level speakers and panellists. From this sum of factors one can draw lessons and point out relevant and/or promising results:• Lessons natascha believes that the pioneering

spirit of the Forum, which brought together business, political and social leaders from across Brazil to discuss sustainable practices in the amazon, is in itself, a lesson learned. she also points out another finding “which was the implementation of an industrial cluster as a key strategy in preserving the forest coverage in the state of am-azonas (unlike the situation in neigh-bouring states), thus giving alternative economic development opportunities to the population.

“therefore, the Forum demonstrated that major challenges in forest con-servation can be overcome with the participation of different social actors, keeping in mind the importance of forests in the global context and the intrinsic value of keeping them alive, by offering other development op-tions for the region’s population, and thus avoiding the destruction of one of our greatest natural assets”.

• Results neo monDo’s columnist reiterates

the objective of the Forum - to bring together representatives of the Brazil-ian business sector, political and en-vironmental leaders in the region to present successful practices of sustain-able development in the amazon and to sign a political commitment to fos-tering entrepreneurial, social, environ-

mental and economic development in the region - to list what he considers its tangible results:“at the end of the event, the key rep-

resentatives signed the charter of the am-azon (see pages 12 and 13) – a document which highlights the importance of tropi-cal rainforest conservation for the welfare of the population both nationally and globally speaking. the forest plays an im-portant role in regulating the climate cycle of the planet, as well as the maintenance of biological and cultural diversity of our country. “in addition to the signing of the charter of the amazon, a very promising outcome of the Forum was the creation of a partnership between a major retailer in Brazil and the state Government of ama-zonas, which occurred during a series of presentations and questions on “corpo-rate responsibility in creating a sustain-able economy in the amazon region” (see story on page 37). “another memorable moment was the mention of the little at-tention given by the media to sustainabil-ity issues. the president of rede record, alexandre raposo, stated how important it is to expand media space to discuss is-sues such as sustainability, and he reiter-ated his willing to increase the space in his vehicle of communication. “

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The environmental flag embraced by NEO MONDO in its 33 issues,

is beginning to extend to other media“ ”

Natascha and Oscar from NEO MONDO: a rich and fascinating experience shared with the event’s biggest star

Oscar with the event presenter: NEO MONDO’s media work acknowledged.

oscar, from the neo monDo in-stitute sees with satisfaction that “the environmental flag, that is so central to the neo monDo media strategy, which is entering its 4th year of circulation, is beginning to be embraced by other me-dia”. cristina calderaro, the president of manaus’ newspaper “a crítica”, in turn, stressed during the Forum the importance of this media as an awareness-building tool on the subject. “We can access the en-tire world,” she said.

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60 neo mondo - abril 2010

especial - Fórum Internacional

Clique NEO MONDO

Sandra Braga, Al Gore e Eduardo Braga

João Doria Jr., Jean-Michel Cousteau e Bia Doria

Marco Aurélio Garib, Daniel Feder, Lírio Parisotto e Nizan Guanaes

Felipe Andreoli, do CQC, entrevista Nizan Guanaes

Eduardo Braga e Victor Fasano

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Clique NEO MONDO

James Cameron na coreografia do Garantido

Eduardo Braga e João Dória Jr.

Susy Amis no ritmo de Parintins

James Cameron, representantes indígenas e Susy Amis, esposa do cineasta

Encerramento, em grande estilo, no Teatro Amazonas (obra de arte do século XIX),

teve ópera a céu aberto, que é a apresentação inspirada em lendas indígenas

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Frederico uehara

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de todos

A Fundação Bunge, entidade social das empresas Bunge no Brasil, busca traduzir na prática o que

muitas vezes é lembrado em discursos - oficiais ou não - e nem sempre é visto no Brasil: a educação como meta prioritária, que diz respeito a todos. em sua linha de ação, a Fundação acrescenta o ingrediente qualificada, para desenvolver programas, como o comunidade educativa, voltado

Meta

Fundação Bunge prioriza a educação, de fato, com foco na rede pública de ensino e ações sustentáveis

Gabriel Arcanjo Nogueira

educação

qualificada

a escolas públicas do ensino fundamen-tal e que conta com o apoio do trabalho voluntário de funcionários das empresas do grupo; e o recicriar - a pedagogia do possível. este, um programa para formar educadores da rede pública de ensino.

neo monDo conversou com a gerente de responsabilidade social da instituição, cláudia calais, para saber mais das ideias e iniciativas que mostram ser possível avançar

e, mesmo, inovar no setor que é o calcanhar-de-aquiles de muita administração pública. Jornalista graduada pela universidade Fe-deral do espírito santo (ufes), pós-graduada em comunicação empresarial pela Fundação cásper líbero, em são Paulo, cláudia deu toda ênfase na área social em sua profissão, dedicando-se ao jornalismo comunitário. na Fundação Bunge foi, primeiro, coordenadora de comunicação.

Desenvolvida em escolas públicas do ensino fundamental, em 9 estados, a capacitação pedagógica é parte da conquista da comunidade escolar

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63neo mondo - abril 2010

de todos

Livro e documentárioa Fundação Bunge, com iniciativas do

alcance das citadas, é referência, a ponto de ser convidada a participar do 5o. Fórum urbano mundial. a jornalista comunitária lembra que o projeto conhecer para sus-tentar: Vale do itajaí é dividido em duas etapas: a primeira, a de disseminação do conhecimento; e a segunda, a da reconstru-ção. na primeira etapa, reuniu-se um grupo de estudiosos, pesquisadores e profissionais de diferentes áreas do conhecimento para, primeiro, entender o que ocorreu na região.

“o resultado deste estudo virou um livro e um documentário. Porém, mais do que um relato sobre a tragédia, esse livro e esse documentário apontam para

tura será a responsável pela implementação do projeto do bairro. todo esse trabalho está sendo acompanhado pela comunida-de, instituições e profissionais que julga-mos importantes no processo”.

De parcerias a resultados o caminho é certo. cláudia aponta o projeto conhecer para sustentar como “melhor indicador de êxito e qualidade”. e o faz em tom coloquial, não sem antes lembrar que o Vale do itajaí com a construção de um bairro para popula-ção de baixa renda, seguindo princípios sus-tentáveis, é uma vitória para a Fundação:

“imagina você, em um período de caos, convencer a municipalidade que o melhor seria investir em um projeto sustentável para abrigar essas famílias. o cálculo inicial da Prefeitura, e com razão, é custo/benefício: ‘preciso abrigar o maior número de pessoas, no curto prazo possível e com o menor custo’. e aí chega uma Fundação e propõe: vamos abrigar estas famílias de maneira decente, em um bairro previamente planejado para que, no futuro, elas não venham a ter os mesmos problemas que estão enfrentando atualmen-te. e que para buscar soluções para este bairro reúne e ouve especialistas de diferentes áreas e estados. não é algo simples. mas o envolvi-mento da Prefeitura neste processo foi funda-mental para o êxito das ações. hoje, o projeto não é da Fundação; é do município”.

há resultados significativos também no comunidade educativa, segundo cláudia. “atuamos em escolas públicas do ensino fundamental na formação de educadores e em ações de leitura e escrita junto aos alu-nos. Fechamos 2009 com um aumento de 12% no desempenho de leitura e escrita dos alunos das 56 escolas onde estamos em 18 cidades de 9 estados brasileiros”, diz, para completar: “número estimulante, principal-mente porque não foi uma conquista nossa, mas sim da comunidade escolar”.

Cláudia: valorização do conhecimento e compromisso com novo ciclo

de desenvolvimento

Investimento social a filosofia e a prática de trabalho na

entidade são explicadas pela sua geren-te de responsabilidade social como algo alicerçado em algumas premissas básicas que direcionam o investimento social da Fundação (ver quadro).

cláudia argumenta: “trabalhamos com seres humanos e, independentemente de classe social ou nível cultural, seres humanos precisam ser bem tratados”. a partir desse princípio, explica: “toda ação proposta pela Fundação Bunge tem que estar pautada na valorização do conhecimento e no compro-misso com o que chamamos de novo ciclo de desenvolvimento. ou seja, o crescimento econômico alinhado com o compromisso ambiental e responsabilidade social. com isso queremos que as ações de sustentabili-dade migrem do discurso para a prática”.

esclarecidas as duas primeiras premis-sas básicas, cláudia se atém à terceira de-las, que implica falar de aspecto primordial quando se trata de ações sociais: as parce-rias. “Quando buscamos o envolvimento e o desenvolvimento local, estamos, em outras palavras, afirmando que a parceria é fundamental. não por questões econômi-cas, mas sim pedagógicas, pois as ações que desenvolvemos não são para a Fundação. são sempre para alguém, alguma região, alguma instituição, e nada mais justo e for-mador que este beneficiário seja parceiro das ações, pois em uma ação social o pro-cesso é extremamente educativo”, afirma.

Exemplo catarinense De abrangência nacional, a Fundação

Bunge está com o programa comunidade educativa em 9 estados (ver quadro). cláu-dia ressalta, no entanto, que ações e parce-rias da entidade vão além, no que classifica como “ação concreta e aprendizagem”.

a gerente de responsabilidade social detalha: “um exemplo é a que estamos de-senvolvendo com a Prefeitura municipal de Gaspar (sc) na construção de um bair-ro que segue princípios sustentáveis para abrigar parte das famílias desalojadas ou que ainda vivem em situação de risco na região do Vale do itajaí. a Fundação Bun-ge entra como fomentadora do processo, articuladora de parcerias e propositora de novas ideias, porém nunca assumindo o papel da municipalidade.

“cada um deve atuar dentro da sua es-fera de competência. neste caso, apresenta-mos a ideia inovadora do bairro sustentável e financiamos o projeto e a construção da escola (com bases ecoeficientes), e a Prefei-

Bairro sustentável, no Vale do Itajaí: ideia inovadora com acompanhamento da comunidade

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o futuro. eles apresentam propostas para a ocupação responsável do solo por meio da agricultura e também para o de-senvolvimento urbano do Vale do itajaí. a segunda etapa diz respeito ao projeto do bairro sustentável e a construção da escola seguindo princípios de ecoeficiên-cia”, esclarece.

como parte da programação do 5º Fó-rum urbano mundial, a Fundação Bunge apresentou o documentário, produzido em parceria com o canal Futura sobre o Vale do itajaí.

Parceria acadêmico-científicaDesde 1995, o prêmio Professores do

Brasil, que a Fundação Bunge criou há 56 anos, tinha entre seus parceiros o minis-tério da educação (mec) “em 2010 não daremos continuidade a essa parceria. Fomos os primeiros parceiros do mec nesta iniciativa, desde 1995. neste pe-ríodo vários outros parceiros foram cola-borando com o projeto. isso nos levou a algumas reflexões internas e, como esta ação já conta com bastante apoio, deci-

dimos direcionar nosso investimento para áreas ainda por serem desbravadas, como é a questão da sustentabilidade”, diz cláudia.

Feito o esclarecimento, a gerente acentua: “há 56 anos a Fundação Bunge mantém o Prêmio Fundação Bunge. tra-ta-se de uma parceria com as principais universidades e institutos de pesquisa do país em prol do reconhecimento de profissionais que dedicaram vida e obra a causa científica. este prêmio também estimula jovens talentos. Pesquisadores de até 35 anos de idade que estão enve-redando pelo campo das ciências. este ano, por exemplo, premiaremos pesqui-sadores das áreas de saúde Pública/me-dicina Preventiva e ciências Florestais. esse prêmio, para nós é importante, pois ele está diretamente ligado a inovação. e sustentabilidade passa por inovação. ele é um estímulo a novas ideias”.

cláudia ressalta aspecto importante do prêmio, que é o acompanhamento fei-to pela Fundação Bunge dos projetos ou trabalhos premiados. “o projeto nunca se esgotou na premiação. na verdade ele começava com a premiação, pois os pro-fessores contemplados depois eram convi-dados a viajar conosco pelo país apresen-tando seus trabalhos a outros educadores. essa troca é fantástica, pois era o educador falando para o outro educador dos desa-fios e vitórias que ele obtinha em sala de aula. não era o especialista falando para a comunidade escolar. era alguém que tinha a vivência de sala de aula. apesar de não realizarmos mais o Prêmio a partir deste ano, continuaremos a investir nesta troca entre educadores”, diz.

o esmero na logística do Prêmio Fun-dação Bunge é detalhe digno de nota: a solenidade de premiação é precedida por um seminário internacional, em que os premiados brasileiros têm a oportunidade de apresentar os seus trabalhos com pes-quisadores de outros países.

mesmo com tanta iniciativa promis-sora, permanecem desafios. o maior deles, quando se fala em educação, na visão de cláudia, “é entender que ela é processo e que não é responsabili-dade de poucos, mas sim de todos. o problema é que esse entendimento ain-da é discurso e não prática. também precisamos estar atentos à qualidade. metas são fundamentais em qualquer processo e na educação eu diria que são vitais. avançamos muito, mas ainda te-mos muito a construir. todo país que hoje apontamos como referência em de-senvolvimento, em algum momento da sua história, priorizou a educação. esse momento também precisa fazer parte da nossa linha do tempo.

“em relação a sustentabilidade, o grande desafio é entender o que vem a ser desenvolvimento econômico com res-ponsabilidades social e ambiental. isso tudo ainda é muito novo pra todo mun-do. a cada minuto surgem soluções sus-tentáveis para os negócios e o planeta que no momento seguinte são revistas. tudo é muito novo. mas eu acho que esse é o caminho. o importante é migrarmos do discurso para a prática. ações responsá-veis pautadas no que estamos chamando de novo ciclo de desenvolvimento têm que permear a nossa prática nos negócios, na relação com a natureza e na condução das causas sociais. e não podemos esque-cer que todas essas ações são pensadas e implementadas por nós, seres humanos, apresentados como os mais evoluídos do planeta. neste contexto, a nossa atuação como cidadãos é fundamental. a empresa não existe sem pessoas, o meio ambiente é habitado também por nós e as ações so-ciais, nem se fala. então está em nossas mãos o processo de mudança”.

Comunidade Educativa presente

Candeias (BA)

Cubatão (SP)

Gaspar (SC)

Guará (SP)

Ipojuca (PE)

Luís Eduardo Magalhães (BA)

Paranaguá (PR)

Ponta Grossa (PR)

Rio Grande (RS)

Rondonópolis (MT)

Santa Juliana (MG)

Santos (SP)

São Paulo (SP) - Bairro Vila das Belezas

São Paulo (SP) - Bairro Jaguaré

Uberaba (MG)

Uruçuí (PI)

Fonte: Fundação Bunge

Crescimento econômico, compromisso ambiental e responsabilidade social, para que

ações de sustentabilidade migrem do discurso para a prática

”“

Premissas básicas de ação

• Sensibilidade e compreensão

• Responsabilidade nas ações desenvolvidas

• Compromisso com o desenvolvimento e o envolvimento local

Fonte: Fundação Bunge

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neo mondo - setembro 2008 A

T heBunge Foundation, a social en-tity of the Bunge corporations in Brazil, seeks to put into practice

what is often remembered in speeches, officially or not - and is not always seen in Brazil: education as a priority goal, which concerns everyone. in this line of action, the Foundation adds the qualified ingre-dients to develop programs such as com-munity education, focused on state public

Everybody’s

Bunge Foundation prioritizes education, focusing on the state school network and sustainable activities

Gabriel Arcanjo Nogueira

education

schools of fundamental level teaching that count on the support of volunteer work of employees of the group; and recicriar - the pedagogy of the possible. this is a pro-gram to train teachers of state schools.

neo monDo spoke with the manager of social responsibility of the institution, claudia calais, to learn of ideas and initia-tives that show progress and even innova-tion in the sector is possible. this is the

achilles heel of most state administration. claudia is a Journalist graduated from the Federal university of espírito santo (ufes); post-graduate course in Business com-munication at Foundation casper líbero in sao Paulo, claudia has focused entirely on social areas in her profession, devoting herself to community journalism. at Bunge Foundation she initially started as commu-nication coordinator.

Developed in government primary schools in 9 States, pedagogical training is part of the achievement of the school community

qualified goal

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Claudia: valorization of knowledge and compromise with new development cicle

Sustainable neighborhood in ‘Vale do Itajaí’: innovating idea with community follow up

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nsoSocial Investment

the work philosophy and practice in the entity are explained by the manager of social responsibility as something rooted in some basic assumptions that guide the Foundation’s social investment (see table).

claudia argues: “We work with hu-man beings, regardless of social class or cultural level; humans need to be treated well.” From this principle, she explains: “every activity proposed by Bunge Foun-dation has to be based on the enhance-ment of knowledge and commitment to what we call the new development cycle. in other words, economic growth in line with environmental commitment and social responsibility. With this we want sustainability activities to evolve from discourses and to be practiced.”

With the first two basic premises clarified, claudia clings to the third, which involves talking of a key as-pect when it comes to social activities: partnerships. “When we seek the in-volvement and local development, we are, in other words, asserting that the partnership is essential. not because of economic issues, but educational is-sues, as the activities we develop are not developed for the Foundation. it’s always for someone else, a region, an institution, and nothing is more just and instructive that the beneficiary should be a partner in the activities, because in a social activity, the process is extremely educational.

Example from Santa CatarinaWith nationwide coverage, the Bunge

Foundation has the educational commu-nity program working in 9 states (see table). claudia points out, however, that activities and partnerships of the entity go beyond, in what it classifies as “con-crete action and learning.”

the social responsibility man-ager gives us details: “one example is that which we are developing with the municipality of Gaspar (sc) to build a neighborhood that will follow sustain-able principles for housing for some homeless families or those who still live at risk in the region of Vale do itajaí. Bunge Foundation acts as the driving force of the process, articulating part-nerships and proposer of new ideas, but never taking over the role of the munici-pal government.

“everyone must act within their sphere of competence. in this case, we present the novel idea of the neighbor-hood and fund sustainable design and construction of school (with eco-efficient bases), and the municipal Government will be responsible for project implemen-tation in the neighborhood. all this work is being monitored by the community, in-stitutions and professionals who we judge to be important in the process. “

From partnerships to results is the right path. claudia shows the project Knowledge to sustain project as “the best indicator of success and quality.” and she does in colloquial tone, but not without remembering that the ita-jaí Valley by building a neighborhood for low income population, following sustainable principles, is a victory for the Foundation: “Just imagine, in a pe-riod of chaos, convincing the municipal Government that it would be best to invest in a sustainable project to house these families. the initial calculation of the municipal Government, and rightly so, is cost benefit.” We must have the highest number of people in the short term and the lowest possible cost. ‘and then along comes a foundation and proposes: let’s decently house these families in previously planned neigh-borhood, so that in the future they will not have the same problems they are facing today. and to seek solutions for this neighborhood bring together and listen to experts from different areas and states. it’s not something simple. But the municipal Government involve-ment in this case was fundamental to the success of the actions. today, the project is the Foundation’s, it belongs to the municipality.”

Book and documentarythere are also significant results in the

educational community, according to clau-dia. “We act in the state schools of basic education, in teacher training, reading and writing activities together with the stu-dents. We ended 2009 with a 12% increase in performance of reading and writing from students from 56 schools, in 18 cities in 9 Brazilian states.” she adds:” it’s a stimulat-ing number, mainly because it was not our achievement, but the school’s community.”

the Bunge Foundation, with the reach of the mentioned initiatives, is a reference, to the point of being invited to participate in the 5th World urban Forum. the commu-nity journalist remembers that the project

neo mondo - abril 2010

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Present Educational Community

Candeias (BA)

Cubatão (SP)

Gaspar (SC)

Guará (SP)

Ipojuca (PE)

Luís Eduardo Magalhães (BA)

Paranaguá (PR)

Ponta Grossa (PR)

Rio Grande (RS)

Rondonópolis (MT)

Santa Juliana (MG)

Santos (SP)

São Paulo (SP) - Bairro Vila das Belezas

São Paulo (SP) - Bairro Jaguaré

Uberaba (MG)

Uruçuí (PI)

Source: Bunge Foundation

Economic growth, environmental commitment and social responsibility,

sustainability actions to change the discourse to practice ”

Basic Premises of Activities

• Sensibility and comprehension

• Responsibility in the activities developed

• Commitment to local development and evolution

Source: Bunge Foundation

Knowledge to sustain: itajaí Valley is divid-ed into two stages: first, the dissemination of knowledge, and second, the reconstruc-tion. in the first stage, a group of scholars, researchers and professionals from different fields of knowledge met to first understand what occurred in the region.

“the result of this study became a book and documentary. But more than a story of tragedy, this book and this documentary point towards the future. they present pro-posals for responsible land occupation by means of agriculture and also for urban de-velopment of the Vale of itajaí. the second step concerns the sustainable neighborhood design and construction of the school fol-lowing the principles of eco-efficiency.”

as part of the program of the 5th World urban Forum, the Bunge Founda-tion presented the documentary that we produced in partnership with canal Fu-tura on the Vale do itajaí.

Academic and Scientific Partnershipsince 1995, the award for Brazilian

teachers which the Bunge Foundation cre-ated 56 years ago has had among its part-ners the ministry of education (mec) “in

2010 we will not continue this partnership. We were the first partners in this initiative of the mec, since 1995. in this period sev-eral other partners have been collaborating with the project. this led us to some inter-nal reflection and how this action already has enough support, we decided the issue of sustainability “says claudia.

With the clarification made, the man-ager emphasizes: “For 56 years the Foun-dation has continued with the Bunge Foundation award. it is a partnership with leading universities and research institutes in the country for the recogni-tion of professionals who dedicate their life and work to scientific questions. this award also encourages young talent - re-searchers of up to 35 years of age who are moving through the field of science. this year, for example, we awarded research-ers in the areas of Public health / Preven-tive medicine and Forestry sciences. this award, is important for us, since it is di-rectly linked to innovation, sustainabil-ity continues through innovation, it is a stimulus to new ideas.”

claudia highlights an important as-pect of the prize, which is the monitor-ing made by the Bunge Foundation proj-ects or works awarded. “Projects never ceased due to the award. in fact they began with the award, because teachers were chosen and then invited by us to travel the country presenting their work to other teachers. this exchange is fan-tastic; because a teacher was talking to another teacher about the challenges and triumphs they obtained in the class-room. it was the expert talking to the school community; it was someone who had experience of the classroom. al-

though we will not give the prize this year, we will continue to invest in this exchange among educators, “he says.

the care of the logistics of Bunge Foundation award is a detail worthy of note: the award ceremony is preceded by an international seminar, where the Bra-zilian winners have the opportunity to present their work with researchers from other countries.

even with such a promising initiative, challenges remain. the greatest, when it comes to education, the vision of claudia, “is to understand that it is a procedure and that it is not the responsibility of a few, but of all. the problem is that this understanding only spoken and not put into practice. We also need be attentive to quality. Goals are central to any process and i would say that education is vital. We have made a lot of progress, but we still have much to build. every country that to-day we mentioned as a development ref-erence point at some time in their history, prioritized education. this moment must also be part of our timeline”.

“in regard to sustainability, the chal-lenge is to understand what economic de-velopment with social and environmental responsibility is. this is all still very new to everyone. every minute sustainable so-lutions arise for business and the planet and soon after are revised. everything is very new. But i think this is the way. the important thing is changing from discourse to practice. responsible actions shared in what we are calling the calling the new development cycle, must permeate our practices in business, relationships with nature and conduct of social causes. and we cannot forget that all these actions are designed and implemented by us, human beings, presented as the most advanced in the world. in this context, our role as citizens is crucial. the company does not exist without people, the environment is also inhabited by us and the social actions, and we don’t need to say. so the process of change is in our hands”.

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A reserva legal e o DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL

isso porque o Decreto n. 7.029/2009 altera o disposto no Decreto n. 6.514/2008 (que regulamenta a lei dos crimes am-bientais) e confere um prazo de 120 dias para que o possuidor ou proprietário aver-be a localização, compensação ou desone-ração da sua área de reserva legal, depois que o orgão ambiental, in casu, o ibama, emita os documentos pertinentes para tanto. como essa disposição da averbação somente entrará em vigor no final de 2011, o mesmo Decreto dispõe que as sanções pela inobservância desse registro ficam suspensas, não podendo ser aplicadas.

a despeito do que bradam as bem in-tencionadas vozes em prol de um meio am-biente ecologicamente equilibrado, há de se refletir mais amplamente sobre os impactos

dessa imediata averbação de reserva legal nos percentuais então vigentes, sob pena de macular importantes aspectos econômi-cos e sociais do país, principalmente neste momento de moderado crescimento.

Vejamos bem.a reserva legal é uma área localizada

no interior de uma propriedade rural, ex-cetuada a de preservação permanente, ne-cessária para o uso sustentável dos recur-sos naturais, a conservação e reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade, bem como a proteção de fauna e flora nativas.

atualmente deve ser respeitado, a títu-lo de reserva legal, o mínimo de: a) 80% na propriedade rural situada em área de flores-ta localizada na amazônia legal (leiam-se os

Em 10 de dezembro de 2009 foi assinado o Decreto n. 7.029, que instituiu o Programa Federal de

apoio à regularização ambiental de imóveis rurais, denominado ‘Programa mais ambiente’.

esse Decreto faculta aos proprietá-rios e possuidores rurais aderirem a esse Programa, o que poderá ocorrer até 11 de dezembro de 2011, acarretando a suspen-são da cobrança das multas aplicadas em decorrência do cometimento de infrações ambientais relacionadas a danos causa-dos em Áreas de Preservação Permanen-te (aPPs) e Áreas de reserva legal (rl), exceto naqueles casos de processos cujo julgamento já ocorreu definitivamente no âmbito administrativo.

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Terence Trennepohl

com o Decreto anterior, de n. 6.514/2008, deixar de averbar a reserva legal, passou a constituir infração administrativa, pu-nível com multa que poderia variar de r$ 50,00 (cinquenta reais) a r$ 500,00 (qui-nhentos reais), conforme redação dada pelo Decreto n. 6.686/2008.

o Programa Federal de apoio à regularização ambiental de imóveis rurais, inaugurado com essa novel le-gislação de fins de dezembro, prorroga as penalidades imputadas àqueles que supostamente atentam contra o meio ambiente, mesmo que responsáveis pelo papel do Brasil no agronegócio no cenário internacional.

causa estranheza somente ouvir falar em ‘moratória’ aos infratores, quando, em verdade, o Decreto também crie subpro-gramas destinados à educação ambiental, à assistência técnica rural, à produção e distribuição de mudas e sementes e à ca-pacitação dos seus beneficiários.

De posse dos dados apresentados e, principalmente, diante da distância das áreas ambientalmente protegidas de onde toda essa produção advém, parece um pouco exagerado somente se falar em infrações administrativas, e moratória às respectivas sanções, quando em verdade estamos diante da oportunidade de fazer do agronegócio brasileiro uma vitrine de sustentabilidade para o mundo..

artigo originalmente publicado no jornal Valor econÔmico em 18/02/2010

Terence TrennepohlSócio de Martorelli e Gouveia Advogados

Senior Fellow na Universidade de Harvard

Doutor e Mestre em Direito (UFPE)Bolsista da CAPES

E-mail: [email protected]

Correspondente especial de Boston – Estados Unidos

A reserva legal e o DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL

estados do acre, Pará, amazonas, roraima, rondônia, amapá e mato Grosso e algumas regiões de tocantins, Goiás e maranhão); b) 35% na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na amazônia legal, sendo no mínimo 20% na propriedade e 15% na forma de compensação em outra área localizada na mesma microbacia; c) 20% na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa locali-zada nas demais regiões do país; d) 20% na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do país.

ora, a despeito de todas essas limi-tações, o Brasil desponta hoje como o 2o país com maior cobertura de floresta nati-va no mundo, com 477 milhões/ha, atrás apenas da rússia, com 800 milhões/ha,

maior parte inaproveitável, em razão do gelo, e à frente do canadá, com 280 mi-lhões/ha, e que padece do mesmo proble-ma. somos, a um só tempo, maior produ-tor e exportador mundial de açúcar, café e suco de laranja, com fatias de 62%, 28% e 68%, respectivamente, do comércio glo-bal dessas commodities; somos ainda o maior exportador de etanol, carne e fran-go do planeta; e o 2o exportador de soja, o 3o de milho e o 4o de porco. não surpre-ende que todas essas atividades, eminen-temente agrícolas, dependam quase que exclusivamente do uso da terra. ressalte-se que quase toda essa produção ocorre fora das áreas protegidas, como o Bioma amazônia e Pantanal.

Demais disso, 14,7% do território na-cional pertencem a reservas indígenas e outros 13,7% pertencem a áreas ambien-talmente protegidas. isso tudo coloca o Brasil entre os países com maior poten-cial e, sobretudo, aproveitamento agrícola dentre aqueles considerados modernos, industrializados.

Dados recentes da organização de alimentos e agricultura das nações unidas (Fao) apontam um assombro-so potencial de expansão territorial do agrobusiness no Brasil, perto dos 320 mi-lhões/ha, enquanto os estados unidos e a rússia apresentam pouco mais de 150 milhões/ha de área cada e Índia e china 0% de área a ser explorada!

Pois bem. o Decreto n. 7.029/2009 mantém acesa uma polêmica, no tocante à obrigatoriedade de averbação da área de reserva legal conforme previsão do código Florestal. o art. 16, caput, da lei n. 4.771/65, previa a averbação da área de reserva legal, nos percentuais acima mencionados, naquelas regiões definidas. Porém, em passagem alguma do código Florestal se impunha sanção pelo des-cumprimento da averbação. no entanto,

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Legal reservesAND SUSTAINABLE DEVELOPMENT

regulates environmental crimes) and grants a period of 120 days for rural prop-erty users and owners to register the lo-cation, compensation, or release of their legal reserves after an environmental or-gan, in casu, iBama, issues the required documents. since this legalization regula-tion will only be effective at the end of 2011, the same act establishes that the sanctions related to the inobservance of this regulation are suspended and cannot be applied.

Despite the loudness of the well-intentioned voices that support an en-vironmentally balanced eco-system, we must think more deeply about the impacts of this immediate legal reserve registration at the current applicable

rates, at the risk of maculating impor-tant social and financial aspects of the country, especially at this moment of moderate economic growth.

Please carefully consider the following:a legal reserve is an area located with-

in a rural property whose permanent pres-ervation is necessary for the sustainable use of its natural resources, the preserva-tion and rehabilitation of environmental processes, the preservation of bio-diversi-ty, as well as for the protection of native fauna and flora.

currently it is legally mandatory to preserve at least a) 80% of any rural prop-erty located within the legal amazon region (encompassing the states of acre, Pará, amazonas, roraima, rondônia,

O n December 10th 2009 act #7029 was signed, establishing the Federal environmental rural

Property regularization support Program, named ‘Programa mais ambiente’.

this act empowers rural property users and owners to join this Program until December 11th 2011, thereby sus-pending the payment of fines issued on account of environmental liabilities re-lated to damages caused to Permanent Preservation areas (aPPs) and legal reserves (rl), except for those cases whose trial has already taken place in the administrative realm.

this is made feasible because act #7029/2009 changes the terms and condi-tions set forth in act #6514/2008 (which

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Terence Trennepohl

inobservance became an administrative liability, punishable by fines varying be-tween r$50.00 (fifty reais) and r$500.00 (five hundred reais), as complemented by act #6686/2008.

the Federal environmental rural Property regularization support Pro-gram, enacted along with the new leg-islation of late December, puts off the punishment of those who supposedly attempt to harm the environment, even if the parties involved are responsible for the role of Brazil within the international agribusiness scenario.

it is odd to merely hear about a ‘mora-torium’ for the lawbreakers when, in fact, the act also creates subprograms aiming at fostering environmental education, ru-ral technical support, the production and distribution of seedlings and seeds and training for the beneficiaries.

in light of the above-listed facts and, mainly, on account of the distance be-tween environmentally protected areas and the regions where all this production effectively originates from, it seems some-what over-the-top to merely talk about administrative liabilities and ‘moratoria’ for the applicable penalties when, in fact, we are facing an opportunity to turn the Brazilian agribusiness into a sustainability benchmark for the world.

article originally published on Valor econômico newspaper in 02/18/2010

Terence TrennepohlPost-Doctorate – University of Harvard

Doctor and LL.M (UFPE)Partner – “Martorelli & Gouveia”

Attorneys at LawMember of the Brazilian Delegation - COP 15

Scholar - CAPESE-mail: [email protected]

Special correspondent from Boston, USA

Legal reservesAND SUSTAINABLE DEVELOPMENT

amapá, and mato Grosso, besides some regions of tocantinms, Goiás, and mara-nhão); b) 35% of any rural property located in the legal amazonian ‘cerrado’(Brazilian savanna), being at least 20% within the property and 15% as compensation in an-other location within the same micro-ba-sin; c) 20% of any rural property located in a forest area or any other form of vegeta-tion in any other region within the coun-try; d) 20% of any rural property in open fields in any region of the country.

Well, regardless of all these limita-tions, Brazil is the country that currently ranks second in terms of native forests in the world with 477 million ha, only be-hind russia, with 800 million ha – most of which are unusable because of the ice

and extremely low temperatures. Brazil is also ahead of canada, with its 280 ha, pre-senting the same problems as russia. We are the biggest producers and exporters of sugar, coffee, and orange juice, with re-spectively 62%, 28%, and 68% of the global share of these commodities. We are the greatest exporters of ethanol and chicken on the planet. Besides that we are also the second biggest soybean exporter, the third biggest corn exporter and the fourth biggest pork exporter. no wonder these eminently agricultural activities depend almost exclusively on the use of our land. it is important to highlight that most of this production takes place outside pro-tected areas, such as the amazon and the ‘Pantanal’ biomes.

additionally, 14.7% of the national territory belongs to indigenous reserves and another 13.7% belongs to environ-mentally protected areas. all of this places Brazil among the countries with greatest potential and, above all, agricultural per-formance, even when compared with modern, industrial countries.

recent data from Fao, the united na-tions Food and agriculture organization, indicates an astonishing agribusiness ter-ritorial expansion potential for Brazil of nearly 320 million ha, while the usa and russia have an area of a little more than 150 million ha each and india and china have 0% of native area to be explored!

Very well: act #7029/2009 reignites the controversy of the compulsoriness of registering legal reserve areas, as set forth in our Forest Preservation code. the first chapter of article 16, act #4771/65, cov-ered the registration of legal areas at the above-mentioned rates for the above-stat-ed regions. however, nowhere in the code was there any punishment for the inob-servance of the registration procedures. With the previous act #6514/2008 such

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mais faixas, menos estresseNovas faixas centrais da Marginal Tietê foram inauguradas em março. Conclusão da obra está prevista ainda para este ano

especial Renovações no Transporte Nacional

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Governo do estado investe R$ 1,3 bilhãopara conter a gigante dos congestionamentosRosane Araujo

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P or enquanto foram inauguradas apenas três novas faixas, de 23 km cada, mas as obras da mar-

ginal tietê, uma das principais vias de acesso à capital paulista, já deram o que falar.

Polêmica, a obra recebe críticas e elo-gios de especialistas.

inauguradas no sábado, 27 de mar-ço, logo nos primeiros dias, as novas faixas contribuíram para desafogar o tráfego. Já na segunda-feira seguinte, a companhia de engenharia de tráfego (cet) registrou queda média de 47% no trânsito entre 7h e 10h, horário consi-derado de pico. Às 10h, a redução che-gou a 67%.

Foi também em seus primeiros dias de funcionamento, que a obra recebeu duras críticas, principalmente em relação à sina-lização e iluminação falhas.

com o trabalho ainda em andamen-to, alguns trechos permanecem interdi-tados, e a falta de sinalização e a bai-xa iluminação dificultam a orientação dos motoristas.

segundo informações da assessoria da Dersa, empresa controlada pelo governo estadual que desenvolveu a obra, a sina-lização horizontal, feita na própria pista será concluída até o final de maio. Já a ver-tical só estará completa em agosto.

“inaugurar obra semiacabada é um aspecto negativo para qualquer adminis-tração. a via com problemas de sinaliza-ção é perigosa, pois acaba gerando mo-vimentos bruscos dos motoristas, que podem acabar em acidentes”, avalia o arquiteto, urbanista e ex-técnico da cet, Flamínio Fichmann.

ao contrário do que parece, ele não faz parte do grupo de críticos da obra, identifica-dos pelo então governador de são Paulo, José serra, como “espíritos de porco”. em sua fala no evento de abertura da nova marginal, serra afirmou que somente pessoas desse tipo “poderiam criticar esta inauguração”.

Fichmann pensa de forma semelhan-te. “a falha na sinalização é importante, mas passageira. o que importa mesmo é a obra em si”, opinou.

no que se refere ao projeto, sua opi-nião é positiva. “É um investimento eleva-do, mas que se justifica”, analisou.

o custo total será de r$ 1,3 bilhão, dos quais cerca de r$ 200 milhões serão inves-tidos pelos consórcios que administram as rodovias anhanguera e Bandeirantes e ayr-ton senna e carvalho Pinto.

“os investimentos são sempre par-ciais, não só no trânsito, mas também no transporte coletivo. nunca uma ampliação de metrô vai resolver o problema da cida-de. uma política adequada é a da continui-dade”, afirmou Fichmann.

no caso do governo de são Paulo, an-tes de pensar na próxima empreitada, ain-da há muito que fazer para conclusão da nova marginal.

a segunda etapa está prevista para ser concluída até o final deste ano e consiste na construção de três pontes: complexo tamanduateí/av. do estado, cruzeiro do sul e tatuapé.

haverá ainda a criação de três viadutos.com a ampliação, espera-se uma redu-

ção no tempo das viagens pela via expres-sa em 33%.

Medidas simplesPara Fichmann, medidas simples, so-

madas à inclusão das novas faixas, ajuda-riam ainda mais na organização e fluidez do tráfego. uma delas seria a criação de uma faixa exclusiva para ônibus, não na via lo-cal, mas sim na intermediária. isso porque, na local, os ônibus acabam tendo que divi-dir espaço com um grande fluxo de auto-móveis que fazem a conversão à direita.

“seria muito simples implantar e po-deria promover benefícios”, afirmou.

Quanto a uma possível restrição de horários para circulação de caminhões pela via, medida que chegou a ser estuda-da pela secretaria municipal de transpor-tes, Fichmann é totalmente contrário. “as marginais são compatíveis com este tipo de veículo. elas fazem a transição entre o tráfego rodoviário e o urbano”, defendeu.

Para ele, uma boa opção para diminuir os problemas causados pelos caminhões seria a adoção de uma política de transporte de carga que privilegiasse veículos pequenos, criando locais fora dos grandes centros onde houvesse possibilidade de distribuição prévia da carga. na sua opinião, para impactar de forma po-sitiva e intensa no trânsito de maneira ge-ral, as medidas, cedo ou tarde, terão que ser mais rigorosas.

ele sugere duas: criação de corredores de ônibus, com melhoria dos que já exis-tem, e implantação do pedágio urbano nas vias de congestionamento.

“não são soluções simples, mas, para os problemas de são Paulo, as medidas tendem a ser mais sofisticadas e restriti-vas. afinal, não existe espaço para circular tantos carros”, finalizou.

Divulgação

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além da diminuição dos congestio-namentos, a expectativa da Dersa com a nova marginal é gerar economia estima-da em 1,5 milhão de litros de combustível por ano, com a consequente redução da emissão de poluentes.

como resultado, haveria melhora da qualidade do ar da cidade e redução da in-cidência de doenças respiratórias e outros problemas relacionados.

tudo isso potencializado por meio do plantio de 150 mil novas árvores distribuí-das pela própria marginal, bairros vizinhos e Parque da Várzea do tietê.

segundo a assessoria da Dersa, a compensação ambiental da marginal cor-responde a 14% do valor da obra, o que a coloca entre as maiores do mundo.

o projeto inclui plantios compensa-tórios pela supressão de cerca de 900 ár-vores, a maior parte de plantas mortas ou condenadas devido à ação de pragas.

antes da readequação viária, a mar-ginal contava com 4.589 árvores em toda sua extensão. hoje já são 19.925 árvores,

mais do triplo do que possuía quando co-meçaram as obras.

Destas, 3.159 foram preservadas na própria via e incluem as do tipo exótico, como tipuana, fícus, grevilha, falsa-serin-gueira, alfeneiro, casuarina, chorão, pata-de-vaca e eucalipto.

outras 1.024 foram transplantadas da frente de obras para o local mais próximo possível de sua origem, método intitulado “transplante de árvores”.

nele, cada árvore é mudada sem perder suas folhas ou ter seu caule e ga-lhos danificados.

o processo dura algumas horas para cada uma e implica em alterações no fluxo de trân-sito da via, já que alguns exemplares chegam a pesar 25 toneladas, o que exigiu a utilização de guindastes, grandes caminhões, retroesca-vadeiras e diversos profissionais envolvidos.

só a seleção das árvores demorou três meses.

Já as 13.446 mudas plantadas são de espécies nativas, como paineiras, jequitibás-rosa, ipês-brancos e roxos,

jatobás, paus-brasil, paus-ferro, sibipi-runas, entre outras.

Foram plantadas outras 15.000 do to-tal previsto de 83.000 mudas em áreas in-dicadas pelas oito subprefeituras vizinhas: casa Verde, Freguesia do Ó, lapa, mooca, Pirituba, santana, sé e vila maria.

Calçadas verdesnestas áreas também está prevista

implantação de calçadas verdes, tornan-do permeáveis até 25 hectares de pas-seios públicos.

o cuidado é que 20% das espécies sir-vam de alimento para a avifauna da área, mapeada antes do início das obras.

até o momento foram transplantadas no Parque ecológico do tietê 26.732 mu-das. Plantadas em áreas inseridas no Par-que ecológico do tietê – Pet são 10.370 de um total de 63.000.

o total superará as mais de 176.000 ár-vores previstas na compensação ambien-tal, correspondendo a quase 200 novas árvores para cada uma suprimida.

ECONOMIA DE COMBuSTívEL E COMPENSAçãO AMBIENTALProjeto da Nova Marginal busca benefícios também ao meio ambiente

Vista de parte da obra em julho de 2009

Números da Gigante

• 1,2 milhão de viagens são realizadas diariamente na Marginal Tietê;

• 6% de toda a carga do país passa pela via;

• Se confirmadas as estimativas de redução de congestionamentos com a reforma, os motoristas ficarão 1,7 milhão de horas a menos na via por ano;

• Ao todo serão suprimidas 559 árvores e plantadas cerca de 150 mil novas árvores, com um custo estimado de R$ 48 milhões.

especial Renovações no Transporte Nacional

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e andarPara plugar

Setor duas rodas evoluiu bem nos últimos 18 meses

com isenções fiscais

S ustentabilidade, praticidade e um modo alternativo de encarar tra-jetos pela cidade. estas são as

máximas que parecem definir a primei-ra scooter brasileira movida a energia elétrica. Fabricada pela Kasinski, a mo-toneta Prima electra abrirá ainda nes-te semestre a nova linha de modelos elétricos que serão lançados até o final deste ano.

a novidade, anunciada pelo presidente claudio rosa Junior durante o Fórum inter-nacional de sustentabilidade, em 26 e 27 de março, pega carona no aquecimento do setor de motocicletas no país e na onda de produtos que não prejudicam o meio am-

biente. “temos confiança de que esse mer-cado verde tem muito a crescer no Brasil”, afirmou ao jornal a crítica, de manaus.

segundo a associação Brasileira dos Fabricantes de motocicletas, ciclomo-tores, motonetas, Bicicletas e similares (abraciclo), as vendas de motocicletas no país cresceram 35,3% em março em comparação com o mês anterior. com o término da isenção da contribuição para o Financiamento da seguridade social (co-fins), as motos de até 150 cilindradas, as mais vendidas do mercado, retornaram à alíquota de 3%. severamente atingido pela crise econômica no ano passado, o setor duas rodas registrou a comercialização de

410.095 motocicletas apenas no primeiro trimestre de 2010 - 21,15% maior do que no mesmo período de 2009. “os dados são melhores do que os registrados nos últi-mos 18 meses e apontam para uma recu-peração do setor (...). Porém, agora, com o término da isenção da cofins, não sabe-mos como será a reação do público e os reflexos nas vendas”, afirma Paulo shuiti takeuchi, presidente da abraciclo.

Diferente, mas eficienteo segmento de veículos elétricos apre-

senta algumas peculiaridades, como a me-dida da potência – este modelo em ques-tão tem 2000 W.

Empresas anunciam novas alternativas para o transporte ecológico Heloisa Moraes

especial Renovações no Transporte Nacional

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especial Renovações no Transporte Nacional

Qualidade, durabilidade e facilidade de assistência técnica foram alguns dos fatores particulares do mercado brasi-leiro que procuraram ser atendidos pelo desenho e desempenho da motoneta. o modelo virá nas cores prata e vermelha e custará cerca de r$ 5.290,00 – um pre-ço competitivo para o setor de motos de 150cc.

com motorização e design euro-peus, a scooter é automática e oferece três opções de pilotagem: econômica (velocidade reduzida para mais tempo de autonomia), conforto (velocidade moderada para trechos de média incli-nação) e esportiva (máxima potência para ultrapassagens ou necessidade de maior arrancada).

a maior diferença fica por conta do abastecimento: a bateria de chumbo com autonomia de 50 km precisa carre-gar durante aproximadamente seis ho-ras – e isso custa, segundo a empresa, menos de r$ 2,00 – e alcança 60km/h no máximo.

segundo informações da assessoria de imprensa, a motoneta circulará em um primeiro momento somente no Bra-sil, mas irá manter a possibilidade de ser exportada para a américa latina. a se-gunda fábrica da empresa, localizada no Polo industrial de manaus, está em fase final de construção e será responsável pela produção de 110 mil unidades/ano por turno.

mais 11 fabricantes de motocicletas estão instalados no Polo, uma estratégia que permite a geração de empregos re-gionais e diminui a exploração da flores-ta amazônica.

Negócio da China além de crescimento no setor, o lança-

mento também representa um viés recente da economia chinesa: o interesse em firmar parcerias “verdes”. isso mostra que o go-verno quer deixar a posição incômoda de maior emissor de gases estufa do mundo. “representamos a (...) china moderna, que investe em tecnologias e processos susten-táveis e que se preocupa com o futuro do planeta”, disse rosa ao jornal a crítica.

em julho de 2009, a Kasinski teve 100% do seu capital adquirido pela cr Zongshen do Brasil, representação nacio-nal da Zongshen industrial Group, que está entre as oito maiores fabricantes de motos da china.

O crescimento contínuo da procura por veículos elétricos no Brasil trouxe a necessidade de uma lei específica para este setor. Por isso, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) criou em maio de 2009 a Resolução nº 315, que equipara veículos cicloelétricos aos ciclomotores e lista os equipa-mentos obrigatórios para condução nas vias públicas.

Na categoria “cicloelétrico” estão todos os veículos de duas ou três rodas providos de motor de propul-são elétrica com potência máxima de 4 kW, dotados ou não de pedais acionados pelo condutor, cujo peso máximo, incluindo o condutor, pas-sageiro e carga, não exceda 140 kg e cuja velocidade máxima declarada pelo fabricante não ultrapasse os 50 km/h.

Como nas motocicletas a combus-tão, os cicloelétricos devem ter espe-lhos retrovisores de ambos os lados, farol dianteiro (branco ou amarelo), lanterna vermelha na parte traseira, velocímetro, buzina e pneus que ofe-reçam condições mínimas de segu-rança. Os condutores precisam ter a Autorização para Conduzir Ciclomo-tores - ACC e só poderão circular uti-lizando capacete de segurança com viseira ou óculos protetores, segu-rando o guidom com as duas mãos e usando vestuário de proteção. O

processo de habilitação e as normas de aprendizagem estão descritos nas Resoluções nº 168 - 169 - 193 - Conso-lidadas do Contran.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) obriga o registro e licencia-mento, que deve seguir a regula-mentação estabelecida nos muni-cípios. Para a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), entre-tanto, a legislação não considera a diferença das bicicletas elétricas, que são apenas assistidas pelo mo-tor elétrico e ainda contam com a força muscular. Por conta disso, uma carta enviada ao Contran em janeiro deste ano solicita a emissão de nova resolução que reflita tais características e que ainda preser-vem as medidas de segurança.

Segundo informe do Jornal do Brasil divulgado no fim de 2009, a cobrança do Imposto sobre Produ-to Industrializado (IPI) para veículos ciclomotores, inicialmente de 35%, está suspensa. A iniciativa partiu do Ministério do Meio Ambiente, que es-tima que o número de veículos inicial-mente vendidos não deverá ser tão expressivo a ponto de afetar tais re-ceitas fiscais e que o preço baixo será essencial para divulgar a tecnologia e as vantagens de poluir menos, causar menos impacto ambiental e reduzir o consumo de combustíveis fósseis.

A lei dos elétricos

Para o analista industrial Dave hurst, a Ásia e em particular a china domina-rão o mercado global de veículos elétri-cos de duas rodas. isso irá representar, durante os próximos seis anos, mais de 95% das vendas.

Mercado mundial80 milhões de unidades por ano:

esse é o mercado global aproximado de motocicletas. segundo a Pike research, empresa especializada em analisar mer-cados globais de tecnologia limpa, esse número deve dobrar em cinco anos e tende a crescer cerca de 9% ao ano até 2016. Desse total, estima-se que 56% serão apenas de bicicletas elétricas, en-quanto 43% ficarão por conta das motos e 1% com scooters.

a utilização de cicloelétricos possui um enorme potencial de crescimento especialmente em países emergentes devido ao perfil socioeconômico da po-pulação, ao tráfego intenso nas grandes metrópoles e às restrições em relação à emissão de poluentes. segundo reporta-gem publicada na revista scientific ame-rican, uma moto emite até 20 vezes mais poluentes por quilômetro que um carro novo, por não possuir injeção eletrônica ou catalisador. em são Paulo as motos circulam em média 180 km por dia, o que pode equivaler a 120 automóveis, que rodam cerca de 30 km por dia.

entretanto, fatores problemáticos também existem. a falta de estabilidade do canal de distribuição para esses veí-culos já acontece na américa do norte e

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A busca por alternativas de transporte de baixo custo, tanto para o bolso quanto para o meio ambiente, acontece no mun-do todo. Segundo reportagem do Valor Econômico, as primeiras bicicletas elétricas surgiram na Europa há dez anos, mas só começaram a ser importadas há dois. Confira abaixo alguns cicloelétricos já existentes no mercado brasileiro.

YikeBikeEsta é a primeira bici-cleta elétrica do mundo que se pode dobrar em 15 segundos e levar a tiracolo. Possui uma bateria de fosfato de lítio com autonomia de 10 km, velocidade má-xima de 20km/h e pode ser recarregada em 30 minutos.

Mais informações: www.yikebike.com (em inglês)

Alternativas elétricas

ElectrobikeAlém de bicicletas elétri-cas, a empresa também é especializada na importação e exportação de patinetes, lambretas, motos e carrinhos de golf da chinesa Maja Internacional. O modelo Bike City atinge 50 km/h na velocidade máxima e conta com uma bateria que dura 50 Km.

Mais informações: www.electrobike.com.br

BiobikeProveniente do Rio de Janeiro, a bateria da bicicleta recarrega em 8h e se garante por 40 km – a empresa compa-ra esse consumo a uma lâmpada de 15W. Tem velocidade máxima de 25 km/h e está dispo-nível em três modelos diferentes.

Mais informações: www.biobike.com.br

EcobikeOriginária do Rio Grande do Sul, a bicicleta faz até 40 km por carga de bateria, que recarrega no máximo em 8h e alcança 25 km/h. Vem com amortecedor do banco e na suspensão dianteira e tem cinco cores para opção.

Mais informações: www.ecobike.com.br

Os carros também têm vezA tecnologia no setor de transporte limpo já chegou também nos carros, que estão saindo do tradicional modelagem grande e ganhando o conceito de pequeno e híbrido – com a vantagem adicional de ser mais barato e emitir menos gases causadores do efeito estufa. Essa foi a tendência observada no Salão do Automóvel de Detroit (EUA), que aconteceu em janeiro deste ano e expôs mais de 20 veículos conceituais (em fase de experimentação) de sete marcas em uma seção especial.

A maioria dos modelos é híbrido, que é a combinação de motor elétrico e gasolina no mesmo carro. A fabricação de mode-los 100% elétricos ainda enfrenta dificuldades devido a custos da tecnologia, tamanho e autonomia das baterias e infraes-trutura necessária para recarga.

na europa, por exemplo. a combinação de distribuidores independentes, reven-dedores e canais on-line para entrega e pós-venda são os serviços mais procura-dos pelos fabricantes atualmente.

a inserção correta desse tipo de transporte é tão importante que, se não for devidamente planejado, pode resultar em problemas. segundo artigo de profis-sionais do Departamento de eletrônica

e microeletrônica da Demic/Feec/uni-camP, a criação de um controle sobre o número de licenciamentos e a promoção de um investimento massivo na rede de distribuição de energia elétrica são pos-síveis medidas para evitar descrédito po-pular e sobrecargas na rede.

a primeira ação seria importan-te por conta do que foi verificado no mercado chinês em relação ao excesso

de cicloelétricos e à segurança no trân-sito. o desenvolvimento de pontos de fornecimento de energia que operem com cartões pré-pagos (como os car-tões telefônicos), disponibilizando a quantidade de energia que o usuário deseja comprar, é outra alternativa proposta por um projeto submetido à agência nacional de energia elétrica (aneel) em 2007.

neo mondo - abril 2010

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Inauguração das linhas verde e amarela do metrô de São Paulo é motivo de alarde e expectativa

Heloisa Moraes

especial Renovações no Transporte Nacional

Da COR do BRASIL

D esmoronamentos, prazos prorro-gados e muita expectativa acom-panharam as obras do metrô de

são Paulo até a prometida inauguração das linhas previstas para este semestre. o que não aconteceu e, segundo depoimento do governador alberto Goldman (PsDB) à Fo-lha de s. Paulo, “termina quando acabar”.

a entrega das estações Paulista e Faria lima, que compreendem o 1º trecho da linha 4-amarela do metrô, anunciadas para o fim de março, não aconteceu. “a entrega das duas primeiras estações depende da conclusão bem-sucedida de uma série de complexos e exaustivos protocolos de teste”, informa nota enviada pelo metrô ao estado de s. Paulo.

segundo nota divulgada no site ex-pansãosP, os testes têm várias etapas.

Primeiro analisam-se trens (chamados tec-nicamente de material rodante) e sistemas (sinalização, bloqueios eletrônicos, entre outros) separadamente, para depois testá-los de forma integrada. De acordo com a ViaQuattro, concessionária responsável pela operação e manutenção da linha 4-a-marela, cinco dos 14 trens que irão com-por o trajeto estão passando por testes, que irão garantir os padrões de segurança e eficiência exigidos pela metrô. além, é claro, de resultar em mais atrasos.

Cronograma furadoestima-se que as estações Paulista e Fa-

ria lima levem cerca de nove meses para ser inauguradas. com este novo cronograma, a conclusão da primeira fase da obra – que

terá as estações Faria lima, Paulista, Butan-tã, Pinheiros, luz e república – aproxima-se do início de 2011. esse “reagendamento” entra para a lista de uma série de sucessivos adiamentos desde 2008 – quatro anos de-pois do início das obras, que aconteceram durante a gestão do então governador Ge-raldo alckmin (PsDB).

os atrasos começaram com o desa-bamento da futura estação Pinheiros em janeiro de 2007, que deixou sete mortos e prejudicou o andamento das obras. Depois disso, foi anunciado que o primeiro trecho da linha seria inaugurado entre novembro de 2009 e janeiro de 2010, quando os pri-meiros testes na linha se iniciariam com a possibilidade de liberação das catracas, o que não ocorreu.

Adiamentos nas entregas de novas estações do metrô paulistano são uma constante desde 2008

Peter louiz

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a segunda fase da linha contempla as estações Fradique coutinho, oscar Freire, higienópolis-mackenzie, são Paulo-mo-rumbi e Vila sônia, na zona sul da capital, e deve ser entregue entre o fim de 2012 e início de 2013. É possível acompanhar o andamento da l4 no site do consórcio Via amarela, responsável pelas obras do metrô: http://www.viamarela.com.br/

Sem data de estréiaapesar das estimativas, o ex-gover-

nador José serra (PDsB) afirmou, durante inspeção na l4 no fim de março, que os prazos são sujeitos à margem de erros e que o trecho entre a Vila sônia e a luz es-tará completo até o fim de 2010.

no início de abril foi a vez de o atual governador alberto Goldman visitar as es-tações tamanduateí, Vila Prudente e Pátio tamanduateí da linha 2-Verde.

a primeira estação está prevista para ser entregue ainda neste semestre - o que facilitará o deslocamento de usuários da região do aBc, que poderão fazer a cone-xão a partir da estação tamanduateí da cPtm, na linha 10-turquesa. a estação Vila Prudente, por sua vez, será inaugurada com preparos para futuras conexões com o monotrilho (extensão da linha 2-Verde até cidade tiradentes) e com a linha 15-Branca (Vila Prudente e tiquatira). com a conclusão das obras de expansão da linha 2-Verde, calcula-se que o número de usu-ários transportados diariamente salte dos atuais 420 mil para 835 mil.

Interesses econômicostais evoluções do transporte metro-

politano de são Paulo são consequência do plano de expansão iniciado em 2007 durante a gestão de José serra. o plano

termina no final desse ano e contará até lá com o investimento de r$ 21 bilhões, o maior investimento no setor já realizado no Brasil.

além de determinar a construção e o aprimoramento de trens da cPtm, metrô e ônibus da emtu, o plano também prevê a adoção do Vlt (veículo leve sobre trilho) na Baixada santista e do monotrilho (va-gão que se transporta sobre apenas um tri-lho geralmente em elevados) nas futuras linha 17-ouro, linha 16-Prata e prolonga-mento da linha 2-Verde de Vila Prudente até cidade tiradentes.

segundo nota divulgada no site expan-sãosP, o desenvolvimento de transporte sobre trilhos foi priorizado na distribuição da verba por ser mais eficiente, ter mais capacidade e poluir menos.

A promessa do VLTembora pouco conhecido no Brasil,

o Vlt (em outros países, chamado de light rail) é basicamente um trem menor e mais leve movido a eletricidade. o ta-manho reduzido permite mais flexibilida-de em curvas, o que facilita na adaptação do veículo a espaços urbanos, e tem custo mais baixo do que os trens tradicionais.

a prefeitura de são Bernardo do campo, no aBc paulista, entregou no início de março à secretaria dos transportes metropolitanos o projeto funcional do metrô leve, que pre-tende ligar a região à capital paulista. o traje-to terá 23 quilômetros entre o bairro alvaren-ga, em são Bernardo do campo, e a estação tamanduateí da cPtm, na Vila Prudente, e será percorrido em cerca de 30 minutos.

o novo sistema de transporte de super-fície calcula a condução de 300 mil pessoas por dia, e embora ainda não haja definição de prazos, custo ou estrutura, a expectativa é que a obra seja iniciada em um ano e meio.

com informações do estado de s. Paulo, Folha de s. Paulo e r7

Linha 2 Verde

Linha 4 Amarela

O plano de expansão, de 2007 a 2010, prevê investimentos de R$ 21 bilhões

O VLT promete ser alternativa, mas ainda compete com o trânsito

Peter louiz

alexandre Giesbrecht

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o resultado do “Projeto” foi a criação do primeiro veículo elétrico de passagei-ros, uma versão verde da linha Palio, da qual a hidrelétrica utiliza 15 unidades.

o sucesso da primeira parceria levou ao desenvolvimento da segunda, mas, agora, o desafio foi implantar a propulsão a energia elétrica no modelo de caminhão a diesel iveco Daily 55c.

Para isso foram instaladas três baterias Zebra Z5 (Zeolite Bettery research africa Project) acopladas a um motor elétrico fa-bricado pela empresa suíça mesdea.

as baterias têm vida útil para cerca de 1.000 ciclos (cargas), não precisam ser retiradas para ser carregadas e o proces-so é feito por meio de três tomadas de 220/16a.

o Daily elétrico tem capacidade de carga útil de até 2,5 toneladas, autonomia de 100 quilômetros com carga completa e atinge a velocidade máxima de 70km/h. Vazio, a velocidade chega a 85km/h.

o modelo ainda utiliza tecnologia Kers, que recupera a energia gerada na desaceleração, ou seja, na ação dos freios, transformando-a em carga elétrica direcio-nada para as baterias.

a tecnologia fez do Daily um veículo ideal para o trânsito urbano, no qual o “para e anda” é frequente.

tantas peculiaridades levaram o mo-delo a receber o título de “Destaque tec-nológico do congresso sae Brasil 2009”, oferecido no encerramento da mostra de engenharia que fez parte do 18° congres-

é VERDEÉ caminhão e

Daily elétrico, produzido pela Iveco, é o primeiro caminhão do Brasil movido a energia 100% limpa e renovável

Rosane Araujo

E squeça aquela fumaça preta e o ba-rulho infernal dos modelos tradi-cionais. este caminhão é silencioso

e não emite co2, já que funciona à base de baterias.

apresentado ao mercado durante a última Fenatran – Feira internacional de transporte, realizada no ano passado, o Daily elétrico é o resultado de uma parce-ria entre a iveco, empresa do grupo Fiat e uma das maiores produtoras de cami-nhões do mundo, e a itaipu Binacional, a maior hidrelétrica do planeta.

a parceria entre as gigantes surgiu em 2007, quando a usina convidou a montadora a participar da segunda fase do “Projeto do Ve-ículo elétrico”, um trabalho conjunto realizado com a Fiat automóveis, iniciado em 2006.

especial Renovações no Transporte Nacional

Caminhões Iveco na última Fenatran: Daily elétrico (ao centro) aguarda últimos testes para começar a ser vendido

80 neo mondo - abril 2010

Div

ulga

ção

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Iveco no Brasil

• Atua desde 1997 e é dedicada à produção e comercialização de caminhões e ônibus;

• Vendeu, em 2008, 12.000 unidades, seu melhor ano de vendas;

• Sua fábrica está localizada em Sete Lagoas (MG), onde são produzidas todas as linhas de produtos. A fábrica possui uma “ilha ecológica” onde todos os resíduos industriais e a água utilizada no processo produtivo são tratados antes de ser corretamente destinados a reciclagem, reutilização ou disposição final.

Fonte: www.iveco.com

so sae Brasil, realizado em outubro, no expo center norte, na capital paulista.

o modelo da iveco foi escolhido por um comitê de 12 engenheiros membros da sae.

logo após sua divulgação, diversas empresas demonstraram interesse em adquiri-lo, entre elas coca-cola e rapi-dão cometa.

“os testes foram concluídos em agosto, mas não ao ponto de iniciar a comercializa-ção. estão terminando os testes funcionais para adaptação ao terreno e às condições de temperatura do Brasil”, explicou a coorde-nadora do programa de sustentabilidade da iveco, Junea sá Fortes.

segundo ela, como é um produto desen-volvido em conjunto, o primeiro lote está previsto para os parceiros, mas haverá ou-tras unidades para o mercado, provavelmen-te a partir do segundo semestre deste ano

enquanto isso, está sendo desenvolvi-do um outro protótipo, com uma configu-ração diferente da linha Daily.

“sem querer passar por cima dos concor-rentes, temos liderança no desenvolvimento de alternativas de transporte sustentável. a empresa investe recursos financeiros e hu-manos para realizar ações menos impactan-tes ao meio ambiente”, garantiu Junea.

a preocupação faz da iveco uma das líderes mundiais neste campo, produzin-do não só protótipos de modelos elétricos, mas também caminhões híbridos diesel-elétrico e movidos a gás natural GnV.

nas linhas internacionais, um dos destaques é a versão furgão da linha Dai-ly, que foi eleita a “Van Verde 2009”, pela revista inglesa Fleet Van. equipado com motor iveco FPt F1c, movido a gás natu-ral veicular (GnV), de 3.0 litros e 136cv, o furgão conquistou o título após provar ser

capaz de reduzir em até 62% as emissões de co2, quando comparado a um motor a diesel normal.

na espanha, o representante da linha “ecoinovadora”, que une tecnologia com ecologia, é o stralis, o primeiro caminhão do mundo movido a Gnc (Gás natural comprimido). ele possui 26 toneladas de capacidade, opera com motor cursor 8 de 270cv e realiza a distribuição de produtos refrigerados de maneira politicamente cor-reta, já que emite níveis de óxidos de ni-trogênio inferiores aos da futura norma euro Vi, prevista para entrar em vigor nos próximos anos.

Sustentabilidade vem de dentrose boa parte da linha de caminhões

produzidos pela iveco segue a lógica da sustentabilidade, o conceito não pode-ria ficar de fora do funcionamento diá-rio da empresa.

“temos não só a filosofia, mas a práti-ca de começar este processo internamente. todo o nosso plano de sustentabilidade começa com os funcionários, para então partir para os fornecedores e clientes”, re-velou a coordenadora Junea.

Daily Elétrico

Modelo: 55c/E Cabine Dupla

Propulsão: motor elétrico MES-DEA de corrente alternada

Velocidade máxima: 70km/h (carregado) 85km/h (sem carga)

Comprimento: 6,9 metros

Peso bruto total: 5,5 toneladas

Carga útil: 2,5 toneladas

Baterias: 3 do tipo Zebra Z5

Autonomia: 100km

Recarga da bateria: 8h (a partir de bateria totalmente descarregada)

Fonte: Revista Força Iveco

Div

ulga

ção

Boa parte da linha de caminhões produzidos pela Iveco segue a lógica da sustentabilidade

as diretrizes voltadas para esta área estão reunidas no Programa Próximo Pas-so, que tem como objetivo promover ações em benefício da comunidade, clientes, funcionários e fornecedores, visando ga-nhos ambientais, sociais e econômicos.

Do ponto de vista ambiental, a empre-sa procura adequar seu processo produtivo a práticas sustentáveis, além de desenvol-ver novas tecnologias.

na área social, o projeto procura pro-mover cultura e esporte apoiando onGs e outras iniciativas, com foco principal na comunidade cidade de Deus, próxima à fábrica em sete lagoas, em minas Gerais.

Já na parte financeira, a sustentabili-dade é colocada no centro da governan-ça corporativa.

a prova de que o tema é estratégico na empresa é que, a cada dois meses, acon-tecem reuniões do comitê de qualidade e sustentabilidade, formado pela diretoria, funcionários do alto escalão e com partici-pação ativa, inclusive, da presidência.

entre uma reunião e outra, um comitê de coordenação estratégica atua para que as resoluções do comitê de sustentabilida-de sejam de fato efetivadas.

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D ireto do histórico estado do acre, na deliciosa narrativa de um pa-trimônio local, o veterano escriba

de batalhas amazônicas, Élson martins, nos alcança cá no sul maravilha esta bri-ga anticolonialista, na verdade uma peleja jurídica em que se colocam, de um lado, a mítica figura do mapinguary e, do outro, o gorilão de hollywood, o King Kong.

Diz o Élson que “desde 2003, quando a bri-ga começou, até agora, o Kong só tem levado vantagem. na verdade, o macacão ignorou so-lenemente e até humilhou nosso “mapingua-ry”, o que fez aumentar a indignação local”.

entretanto, o cartunista Braga, profundo conhecedor das artimanhas acreanas, adver-tiu em charge: “Quem conhece ‘mapinguary’, não se assombra com King Kong”. Vamos ver como o Élson conta a história.

essa história começa há 30 anos, lá pelos idos de 1980 quando os seringueiros acreanos, seguindo seu grande líder Wilson Pinheiro, presidente do sindicato dos tra-balhadores rurais de Brasiléia (na fronteira com a Bolívia), deram o primeiro grito de guerra contra o desmatamento da floresta.

“Bang! Bang! Bang!”mas a resposta dos fazendeiros foi ful-

minante: no dia 21 de julho daquele ano, dois pistoleiros, de tocaia, mataram Wilsão dentro da sede do sindicato, com três tiros pelas costas que lhe atingiram os rins.

Foi aí que o comando da luta dos serin-gueiros passou das mãos do líder assassina-do para as de seu companheiro chico men-des, ex-secretário do sindicato, que montou sua base na vizinha cidade de Xapuri.

Vieram novas ameaças, novos empa-tes contra as derrubadas, e “bang! bang! bang” – mataram também chico mendes em condições semelhantes, no dia 22 de dezembro de 1988.

O mundo ouviu...aí, o mundo inteiro ouviu os estam-

pidos, continua o narrador. chico mendes foi comparado a mártires internacionais da dimensão de mahatma Ghandi e lu-ther King. a tragédia, claro, interessou aos estúdios cinematográficos do país e dos estados unidos, que disputaram o direito de transformá-la em filme.

a poderosa empresa norte-americana Warner Brothers levou a melhor e entre-gou um discutível roteiro ao prestigiado diretor John Frankenheimer que, em 1994, rodou o filme com o nome de amazônia em chamas.

originalmente, the Burning season (título em inglês) foi produzido para televi-são pela rede hBo e pouco teve a ver com a luta dos seringueiros acreanos. rodado no méxico com atores espanhóis, colocou Wilson Pinheiro de cabelos longos e seus companheiros com chapelão mexicano. ainda assim, há 20 anos fatura horrores.

Contra a Warneraqui começa a peleja, pois a Warner

procurou a família de chico mendes para discutir direitos autorais e investiu boa soma de dólares nisso. mas não deu a menor importância à família de Wilson Pi-nheiro, ou seja, a viúva maria therezinha Pinheiro e seus oito filhos, dos quais sete são mulheres.

menos conhecidos da mídia que a fa-mília de chico mendes, os Pinheiro não sabiam nem a quem recorrer. até que o ad-vogado amazonense Paulo Dinelli, alheio às intrigas acreanas, entrou na história. Foi o único que aceitou a causa, em parte porque a família não tem dinheiro nem prestígio.

ele disse que, um dia, hiamar (filha de Wilson que, foi vereadora pelo Pt e agora está no Pc do B sem mandato) en-

trou no seu escritório com uma fita Vhs do filme amazônia em chamas. Daí a história foi rolando.

Processo - Dinelli entrou com um processo contra a Warner Brothers em 2003 pedindo indenização de r$ 4 mi-lhões. em 2005, a juíza olivia ribeiro, do acre, condenou a empresa norte-america-na a pagar, mas desapontou ao reduzir o valor cobrado pelo advogado para irrisó-rios r$ 160 mil. mesmo assim, a pode-rosa Warner contestou a ação por meio de seu escritório em são Paulo, voltando tudo à estaca zero.

Quando viu a sentença, hiamar subiu nos tamancos e decidiu entrar com nova ação para corrigir a quantia. a nova ação não fala mais em direitos autorais, mas em “danos morais”. e aí a argumentação é contra falsidade do roteiro filmado por John Frankenheymer

Pra valer - Desde 2009, hiamar vem empenhando-se em somar forças contra a Warner Bros. seu mais forte aliado, hoje, é o militante político histórico, abrahim Fa-rhat neto, o lhé, que anda fuçando coisas até na onu para fazer com que a Warner Bros se enxergue como vilã.

neste começo de 2010, lhé enviou e-mails para instituições nacionais e internacio-nais condenando a atitude da indústria cine-matográfica norte-americana. e descobriu que no dia 25 de março o ex-presidente dos eua e prêmio nobel, al Gore, vinha a manaus, de-vendo cercá-lo para obter seu apoio.

a confraria da revolução acreana, en-tidade que lhé ajudou a criar em rio Bran-co, tem promovido reuniões semanais para discutir o assunto e está mobilizan-do-se para uma reunião em Brasília, nos próximos dias, com a bancada dos depu-tados acreanos na câmara Federal. Élson conclui: a Warner Bros que se cuide!

História & Arte

O Mapinguary

Roteiro da Warner que mostra heróis da Amazônia como mexicanos vira briga judicial entre Acre e Hollywood

Antônio Marmo

King Kongcontra

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índios e outros povos da Floresta amazô-nica, para colocar em seu lugar a produ-ção de bois.

“considerado professor de chico mendes no sindicalismo em favor dos seringueiros acreanos, Wilson Pinheiro foi assassinado a tiros em Brasiléia, em dezembro de 1980, causando um grande clamor no meio rural do acre, levando, inclusive, ao seu enterro, o então sindica-lista e hoje Presidente da república, luiz inácio lula da silva.

“lula falou na ocasião para milhares de trabalhadores rurais da região, o que lhe rendeu um processo com base na lei de segurança nacional por ter dito a frase ‘chegou a hora da onça beber água’”.

abrahim Farhat - confraria da revolução acreana - rio Branco19 de fevereiro de 2010

a bancada acreana na câmara dos De-putados em Brasília poderá apoiar a famí-lia do líder sindicalista Wilson Pinheiro, morto em 21 de julho de 1980, em Brasi-léia (ac), contra a empresa cinematográfi-ca norte-americana Warner Bros, que não pagou direitos autorais para usar a ima-gem do sindicalista no filme amazônia em chamas, rodado no méxico em 1994.

Professor de Chico Mendes abaixo, uma nota da confraria diri-

gida pelo lhé condenando a posição da empresa de hollywood pela descaracte-rização da imagem do herói-seringueiro tido como “professor de chico mendes”.

“Vimos, por esta nota, repudiar a ação da empresa cinematográfica norte-ameri-cana Warner Brothers de não pagar inde-nização à família do sindicalista Wilson Pi-nheiro, do acre, pelo uso da imagem de sua história, sem autorização, no filme amazô-nia em chamas, produzido em 1994.

“ao contrário do que fez com a famí-lia de chico mendes, que foi consultada sobre o uso da imagem de sua história, também veiculada no filme, a Warner Bros recorreu da sentença dada em 2007 pela juíza olívia ribeiro, de rio Branco (ac), mandando a empresa pagar inde-nização de r$ 200 mil à família de Wil-son Pinheiro.

“a empresa cinematográfica recorreu da sentença e a ação não prosseguiu em grau de recurso, o que levou a família do sindicalista a decidir por uma nova ação judicial sobre o assunto.

“o sindicalista Wilson Pinheiro mili-tou no acre nas décadas de 1960 e 1970 contra a ação de fazendeiros e latifundiá-rios, que tentaram expulsar seringueiros,

o assunto entrou na pauta da reunião da bancada. no início de março, a asses-soria do deputado federal Fernando melo (Pt-ac), coordenador da bancada em Bra-sília, participou no ministério Público es-tadual, em rio Branco, de reunião da con-fraria da revolução acreana com a família Pinheiro,na qual foi exposta a situação.(pela transcrição, antônio marmo)

nota: lembra-se que a frase de lula foi interpretada pelos agentes de segurança da ditadura como um chamado à revan-che. Dois ou três dias depois do enterro de Wilson Pinheiro um grupo de seringueiros cercou nilo sérgio, um capataz de fazenda que eles consideravam autor dos disparos contra Pinheiro e o mataram.

Já o mapinguary é um ser mitológico das selvas amazônicas, que se assemelha a um grande macaco peludo com a boca no estômago e fedorento, que pode ser com-parado ao Pé Grande canadense, ao abo-minável homem das neves tibetano etc

Pesquisadores antropólogos acreditam que a lenda do mapinguary é baseada no contato que ancestrais amazônicas tiveram com os últimos representantes de pregui-ças-gigantes que habitavam as florestas, talvez ainda presentes na amazônia. hou-ve até expedições para procurar o bicho.

Kong, o macacão de Hollywood, desde 2003 leva vantagem sobre a

figura mitológica do Mapinguary na briga pela história de Chico Mendes

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Meio Ambiente

Vista aérea da Embraer em Gavião Peixoto: 17 milhões de m2 e pista

de 5 km para testar aviões de guerra e modelos executivos

a contaminação pode acontecer. em 2002, alguns poços foram fechados na cidade uruguaia de riviera, na fronteira com san-tana do livramento, por causa da conta-minação por nitrato.

neo monDo conseguiu pinçar itens a mostrar que a companhia chegou a “rele-vantes suportes científicos para resguardar a empresa quanto à ocorrência de eventu-ais impactos ambientais futuros” (em rela-ção aos parâmetros inventariados).

houve o acompanhamento de geólogos que aplicaram técnicas da geoestatística para a

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Ambiente Subterrâneo

A implantação de unidades fabris na área do aquífero Guarani sem-pre gerou polêmicas quentes, tan-

to que a embraer - empresa Brasileira de aeronáutica, uma das mais emblemáticas no cenário da indústria nacional, armou-se de precauções quando decidiu-se pela pequena Gavião Peixoto, na região de ara-raquara, para instalar ali uma unidade para aviões especiais.

a preocupação com o aquífero come-çou já nos primeiros levantamentos topo-gráficos, nos projetos de terraplanagem,

Ao implantar unidade em área do Aquifero Guarani, a fábrica de aviões Embraer armou-se, à época, de um escudo científico para evitar impactos no local. Mas, 10 anos

depois, dados são um mistério: não se conhecem as novas medições para comparar.Antônio Marmo

drenagem e implantação dos arruamen-tos. a empresa apressou-se em contratar consultoria especializada para um estudo de impacto ambiental, mas nunca divul-gou as conclusões alegando que o relatório é de “interesse exclusivamente interno”.

nas margens do aquífero, erosões ex-põem pedaços do arenito. a água do ma-nancial está situada a uma profundidade que oscila de 50 metros a 800 metros. só 10% da área total está rente à superfície.

são os chamados afloramentos. É por ali que a chuva entra e também por onde

media manager/embraer

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Escudo científicoos resultados de coliformes totais e fe-

cais mostravam-se abaixo daqueles estabe-lecidos pela citada resolução. Quanto aos pesticidas / herbicidas, na primeira e segun-da amostragem, alguns foram detectados.

a nova unidade está encravada no coração da agricultura paulista, onde se cultivam laranja e cana-de-açúcar. ela é circundada por área essencialmente agrí-cola, atividade que gera aporte de herbi-cidas mas, à época, ela desativou alguns hectares com plantação de laranja e cana, levando os técnicos a concluir que isso in-fluiu na diminuição de registros de pesti-cidas nas águas do entorno da unidade.

os técnicos do instituto de Química da unesp concluíram que “o inventário científico sazonal sobre os mananciais e a não utilização de herbicidas / pesticidas pela embraer em suas atividades eram“ um escudo científico em defesa da empre-sa quanto a ocorrências eventuais.

o relatório chamava a atenção para o fato de que “ficava evidente a preocupação da empresa em conhecer o passivo ambien-tal adquirido e também se manter informa-da a respeito de parâmetros indicadores da qualidade da água dos mananciais durante suas atividades no Pólo industrial”.

entretanto, dez anos após a implan-tação, a empresa não divulga detalhes do levantamento científico nem das compa-rações sazonais. o que há são declarações formais: “a embraer mantém procedi-mentos documentados e programas para monitorar e medir periodicamente, as características principais das operações e atividades da empresa que possam ter im-pacto significativo sobre o ambiente”.

600 mil árvoresum dos resultados do estudo produzi-

do para aferir o impacto ambiental no pro-cesso de construção da fábrica na região, foi o comprometimento da embraer junto ao governo do estado de plantar cerca de 600 mil árvores no entorno da empresa, numa área de 350 hectares ou cerca de 424 campos de futebol.

mas este plantio não pode ser vincu-lado diretamente à defesa do aquífero. À época - quem lembra? - houve disputa entre plantadores de laranja no entorno do projeto e a empresa. o replantio teria entrado no acordo como compensações ambientais, ao lado das indenizações de praxe, mas sem referências ao aquífero.

espacialização da vulnerabilidade do Guarani, bem como o acompanhamento de sondagens para medição de nível do lençol freático.

Análises químicasJá nos primeiros meses da obra, a

empresa assinou parceria com o institu-to de Química de araraquara, vinculado à unesp, que disponibilizou equipe de 10 técnicos para monitorar os parâmetros indicadores da qualidade das águas dos córregos mulada, muladinha e maringá, localizados no polo aeroespacial, todos nas bordas do aquífero.

claro que nas primeiras amostragens ainda não havia atividades no local em análise. o estudo era justamente para ser-vir de referência em medições futuras. as amostragens foram feitas em período de muita chuva.

o teor de alumínio, diz relatório da época, manteve-se um pouco acima do li-mite estabelecido pela resolução conama 20, indicando que o metal devia ser origi-nário do solo da bacia de drenagem e era carregado para os mananciais inventaria-dos via lixiviação.

considerando que durante esse perío-do a empresa não teve atividades indus-triais na área, os valores podiam vir de de-composição vegetal e/ou lixiviação de óleo mineral aplicado com herbicidas / pestici-das em lavouras da região.

o polo industrial ocupa uma área de 17 milhões de metros quadrados, sendo que 3 milhões de metros quadrados foram reflorestados com árvores nativas. isso corresponde a 20 % do total da área. o reflorestamento começou com a implanta-ção da fábrica, ainda em 2001.

cerca de 530 mil metros quadrados, área igual às instalações da empresa na unidade Faria lima, em são José dos cam-pos, estão reservados para a instalação de parceiros da embraer.

Monitorar o lençola embraer comprometeu-se a recuperar

a vegetação em Gavião Peixoto, bem como monitorar a qualidade dos lençóis freáticos e rios, além de implementar rígidos contro-les de descarte do lixo e poluição.

o acompanhamento técnico do plantio ficou a cargo da escola superior de agricul-tura luiz de Queiroz (esalq), de Piracicaba. a empresa plantou na área 135 espécies nativas de árvores em Gavião Peixoto. a escola segue a cartilha: tecnicamente, as primeiras a ser plantadas foram as chama-das árvores “pioneiras”, que crescem mais rápido e criam as condições certas para a próxima geração germinar e desenvolver-se vigorosamente.

as árvores pioneiras plantadas em Gavião Peixoto são a embaúba, aroeira-pimenteira e angico. exemplos de árvores

Viveiro de mudas: 600 mil árvores plantadas sob supervisão da Esalq

como compensação ambiental

Funcionário rega muda em área de replantio: acordo com o Estado

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Meio Ambiente

a política ambiental da embraer evoluiu para a implantação mais recente de uma Di-retoria de estratégias e tecnologias de meio ambiente. a nova estrutura está vinculada à Vice-Presidência executiva de Planejamento estratégico e Desenvolvimento tecnológico, comandada pelo engenheiro satoshi Yokota, há 37 anos na empresa.

Foi o engenheiro Yokota que nos in-formou sobre os estudos ambientais pre-liminares em Gavião Peixoto a bordo do avião que levou jornalistas para o lança-mento da pedra fundamental da unidade ainda em 2001.

hoje o vice-presidente comenta que “buscou-se, com a nova diretoria,por meio da consolidação das iniciativas já existen-tes na área industrial, em conjunto com a procura de materiais e tecnologias alterna-tivas, saídas para diminuir o impacto am-biental de nossas atividades e da operação de nossos aviões”.

as informações seguintes vêm de re-leases da empresa. nomeado para dirigir a nova estrutura, Graciliano campos, dire-

tor de estratégias e tecnologias de meio ambiente, tem a responsabilidade de desenvolver políticas específicas de meio ambiente, em consistência com as legisla-ções e normas globais existentes.

a área está trabalhando na contrata-ção de uma consultoria para inventariar as suas unidades do Brasil com relação à emissão de dióxido de carbono (co2) e busca a certificação ambiental para as uni-dades da embraer em Portugal, na china, nos estados unidos e na França.

a embraer acompanha o desenvolvi-mento de novas regulamentações e apoia tecnicamente o governo brasileiro nas discussões dentro do comitê de Proteção ambiental (caeP - committee aviation environmental Protection) na organiza-ção internacional da aviação civil.

Fumaça dos jatosnas informações da assessoria de

imprensa “a embraer está atenta à reco-mendação mundial de que motores a jato reduzam o volume de dióxido de carbono

(co2) e de óxidos de nitrogênio (nox)”. com melhorias contínuas implemen-

tadas nas aeronaves desde a entrada em serviço, a embraer anunciou reduções de consumo de 2% para a Família erJ 145 e de até 4% para os e-Jets. Procedimentos operacionais e de manutenção podem re-duzir o consumo em até 12%.

o legacy 600 produz cerca de 25% a menos de emissões de co2 do que a geração anterior de jatos do mesmo ta-manho, além de preservar os níveis de ruído bem inferiores aos exigidos pela icao. os novos Phenom 100 e Phenom 300 foram projetados empregando tec-nologias utilizadas do desenvolvimento dos e-Jets, com ferramentas de projetos ambientais,sempre de acordo com infor-mações formais da assessoria.

Economia de 17 milhõesQuem responde pela área de meio

ambiente industrial é luiz alberto la-dewig, gerente de serviços de suporte. Diz ele que “atualmente a empresa já

EvOLuçãO AMBIENTALCom a implantação de uma diretoria ambiental a empresa hoje recicla 83,7% dos resíduos produzidos,

incluindo o reúso de águas, gerando receita extra de R$ 17 milhões

da segunda geração seriam o pau-brasil, ipê, cedro, peroba etc. em média, as ár-vores pioneiras precisam de cinco anos para atingir a idade adulta. o processo de plantio demorou ao todo oito anos.

a localização e a topografia plana foram decisivas para que a embraer se decidisse por Gavião Peixoto, com cerca de 5 mil habitantes, já que a fábrica tem uma pista de pouso e decolagem de 5 km de extensão por 95 metros de largura, e é dotada de características para apoio a atividades de ensaios de voo, o que a tor-nam única em todo o hemisfério sul.

Para a nova unidade, a empresa trans-feriu de sua sede em são José dos campos a montagem dos jatos executivos legacy e dos aviões militares amX e super tuca-no alX, além da modernização dos caças F-5 da aeronáutica.

também ficou para a nova unidade a montagem dos caças supersônicos mirage 2.000.a empresa possui um acordo com as francesas Dassault, snecma e thales.

São 350 hectares ou 424 campos de futebol reflorestados com 135 espécies diferentes

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PRÊMIOS EM RECONHECIMENTO

Por todos esses procedimentos, a Embraer recebeu diversos prêmios em reconhecimento ao seu desempenho em gestão ambiental. Confira:

• Prêmio Fiesp de Conservação e Uso Racional de Energia, 2006

1º lugar: Projeto: Eficiencia do Sistema de Ar-Comprimido

3º Lugar - Modalidade Multiuso de Energéticos com o projeto: Sistema de Ar-Condicionado a Gás Natural com Aprovei-tamento Térmico

• Benchmarking Ambiental Brasileiro, 2006

Com o projeto: Revitalização das Nascentes do Rio Paraíba do Sul (pegou um 6 º lugar)

• Prêmio Fiesp Mérito Ambiental, 2003

Projeto: Eficiência do Sistema Anaeróbico do Sistema Aplicado à Estação de Tratamento de Efluentes Domésticos na Unidade de Gavião Peixoto

• Ipanema a álcool

Em junho de 2005, na França, a revista Flight International concedeu à aeronave o Prêmio da Indústria Aeronáutica na categoria Aviação Geral, durante a abertura do Paris Air Show.

O avião verde recebeu também o Troféu Ouro na categoria “Novidade” do “Premio Gerdau de Melhores da Terra”. Em dezembro de 2005, o Ipanema é reconhecido como uma das 50 melho-res invenções do ano e recebe prêmio da revista Scientific American.

Em 2002, a Unidade de São José dos Campos foi certificada no Sistema de Gestão Ambiental, atendendo à Norma ISO 14001 mantendo a certificação através da Auditoria de Manuten-ção realizada pela certificadora ABS – Ameri-can Bureau of Shipping.

recicla 83,7% dos resíduos produzidos, como madeira, plástico, isopor, papel, papelão, óleo de cozinha e limalhas de metais em geral.

os 16,3% restantes representam ma-teriais que, no momento, são conside-rados não-recicláveis. com o programa de reciclagem, conseguimos gerar neste ano uma receita de r$ 17 milhões para a empresa”, diz ele. são números para ser aplaudidos, claro.

o esforço da empresa, agora, “é difun-dir as iniciativas já existentes aqui em são José dos campos para as outras unidades da embraer –aí incluindo-se Gavião Peixo-to”. Para isso ela elabora o Plano Diretor de meio ambiente, que tem por objetivo am-pliar a abrangência dos projetos e levantar indicativos que possam medir a eficiência ambiental de cada uma das unidades do grupo”, nas informações de ladewig.

Reúso da águaÉ dele o mérito do processo que levou

a embraer, em 2002, a ser a primeira do setor aeronáutico mundial a obter a certi-ficação internacional de gestão ambiental iso 14001.

no rol de programas da empresa, encontra-se a recuperação do cromo dos banhos de tratamento de superfície de peças metálicas. Depois de passar por várias etapas de transformação, o cromo resulta em óxidos metálicos usados em indústrias de componentes químicos, re-fratários e tintas.

a água também é parte das preo-cupações da empresa. seu reúso é feito de duas maneiras: a primeira vem da lavagem no processo de tratamento de superfície, que é armazenada e abastece os lavadores de gases e peças da usina-gem química.

a segunda envolve a água proveniente de várias lavagens, que converge para um tanque na estação, passa por uma série de controles e é novamente utilizada nas tor-res de resfriamento do sistema de geração de energia e cabines de pinturas.

Trocando tintaVisando reduzir a emissão de com-

postos orgânicos voláteis (solventes) para a atmosfera, a embraer substituiu em 2006 as tintas convencionais (com alto teor de solvente) por tintas high so-lids (baixo teor de solvente) em todas as linhas de pintura das unidades de pro-dução no Brasil.

a empresa também não usa mais tin-tas à base de solvente na pintura interna das peças de materiais compostos dos aviões. elas foram trocadas por tintas à base de água.

Batizado “avião verde”, o Ipanema a álcool recebeu prêmios no Brasil e no exterior

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A Secretaria Estadual da Saúde inaugurou em junho do ano passado, também dentro da região do aquífero, uma nova fábrica de medicamentos da Fundação para o Remédio Popular (Furp). Ela fica em Américo Brasiliense, também região de Araraquara. Esta é a primeira fábrica pública a produzir ge-néricos no Brasil.

Projetada com tecnologia de pon-ta, a mesma utilizada nos melhores laboratórios do mundo, a fábrica terá capacidade para produzir 21,6 milhões de ampolas e 1,2 bilhão de comprimi-dos por ano, quando toda a linha de produção estiver em plena operação. A produção atual da Furp é de mais de 1,8 bilhão de fármacos/ano.

O mega-reservatório hídrico subterrâneo da América do Sul não é o “mar de água doce” que se pensava existir. A conclusão vem desde 2006, quando a revista Scientific American, edição 47 de abril daquele ano, divulgou estudos conclusivos do geó-logo José Luiz Flores Machado, cujo doutorado é justamente sobre geologia e estruturação do Sistema Aquífero Guarani.

Tais estudos sobre sua diversidade revelam que há grande descontinuidade na estruturação geológica. Em espaços de al-gumas centenas de quilômetros, sua potencialidade pode variar drasticamente. Enquanto algumas áreas são excelentes, em ou-tras a água é inacessível, escassa ou não-potável, salobra.

Diz o estudioso que “com essas informações se chega a um impasse, pois não estamos em presença de um único aquífero e sim de um “sistema aqüífero” Guarani. Suas cama-das aqüíferas não são unicamente originadas de dunas de um antigo deserto, como os arenitos Botucatu, e sim de interca-lações de camadas com diferentes origens e permeabilidades, portanto, com mais ou menos água.

“Desse modo”, enfatiza, “quando falamos ou escrevemos “Aqüífero Guarani”, na realidade estamos simplificando um con-ceito de sistema aquífero, de camadas sedimentares de várias origens, depositadas em um intervalo de mais de 100 milhões de anos, com porosidades e permeabilidades muito variáveis, que vão influenciar em sua potencialidade aquífera, com poços se-cos em camadas quase impermeáveis, que isolam outras cama-das aquíferas de boa permeabilidade e poços de ótima vazão”.

O sistema aqüífero Guarani abrange cerca de 1,2 milhão de km2, espalhando-se pelo Paraguai, Uruguai, Argentina e oito estados brasileiros.

Nem todas as regiões, porém, são beneficiadas pelas bor-das de afloramento e seus arredores, como em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraguai ou Mato Grosso do Sul.

Além do Guarani, sob a superfície de São Paulo, há outro reservatório, chamado Aquífero Bauru, que se formou mais tarde. Ele é muito menor, mas tem capacidade suficiente para suprir as necessidades de fazendas e pequenas cidades.

A escolha da cidade de Américo Brasiliense também foi estratégica: a região conta com água em abundância e de excelente qualidade, proveniente justamente do Aquífero Guarani, requi-sito fundamental para a produção de medicamentos injetáveis.

Nesses produtos é utilizado um tipo de água com teor puríssimo (WFI) e, na fabricação de comprimidos, o tipo PW (pure water ou água pura), que tam-bém é indicada para os processos de lavagem de equipamentos.

A unidade de Américo Brasiliense é de última geração. Na construção fo-ram empregados materiais modernos para revestimentos de pisos e paredes. Pesquisados fora do Brasil, esses mate-

riais são utilizados na área farmacêuti-ca em função da facilidade de manu-tenções futuras.

O sistema é composto de uma manta vinílica flexível, que impede trincas e rachaduras e, conseqüente-mente, a entrada de bactérias. Dessa forma fica garantida a total assepsia do local.

Entre outras medidas visando à sustentabilidade também foram plan-tadas aproximadamente 6 mil mudas de árvores em uma área reservada, um número infinitamente abaixo do exigido da Embraer. A fábrica conta com uma Estação de Tratamento de Efluentes própria e também reutiliza água em irrigação.

Desfazendo mitos

Meio Ambiente

Área de abrangência do Aquífero Guarani

água puríssima para remédios

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neo mondo - abril 2010 89

D esde a década de 60 os países denominados de periféricos são bombardeados pelos países cen-

trais para que introduzam novas formas de produção que permitam o desenvolvi-mento, ou seja, crescimento econômico, progresso, estilo de vida dentro do modelo euro-americano.

Para a efetivação desses propósitos, é estabelecida, em nível internacional, uma ajuda para permitir aos países em desen-volvimento que superem seus níveis de pobreza, de acordo com os parâmetros es-tatísticos elaborados nos eua ou europa.

Desse modo, as ex-metrópoles, cria-doras da pobreza nas ex-colônias (Ásia, américa latina, África...), se dispõem a colaborar para que essa situação de mi-serabilidade desapareça. são enviados equipamentos, transferência de know-how, planos estratégicos, empréstimos, especialistas; são realizados colóquios, ciclos de estudo, debates, teses, centros de pesquisa recebem financiamento (Ford, rockfeller, Fullbrigh, Gubenkian, dentre outras) convênios bilaterais são assinados.

assim, o desenvolvimento passa a ser aceito, de modo indiscutível como a nova re-ligião dos tempos contemporâneos, que alia-do ao mito do progresso se opõe á tradição.

de nossas potencialidade e não apenas de transferências de um receituário exógeno.

muitos dos projetos provocam efeitos perversos principalmente junto às comu-nidades envolvidas que não participaram da tomada das decisões, por serem desti-natárias passivas em todo o processo. as resoluções são posta em ação a partir do que os especialistas acreditam que sejam os problemas, numa técnica racionalidade externas ás populações envolvidas,que in-troduz necessidades novas, antes inexis-tentes. assim todo o ecossistema é atin-gido bem como os valore sociais pois os envolvidos tem a sua frente o novo deus da modernidade que deve ser cultuado,e, os valores tradicionais rotulados de retró-grados e atrasados,devendo ser abandona-dos pois dificultam o progresso.

Professora doutora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade

de São Paulo, socióloga pela FFLCH\USP, mestre pela Universidade

de Uppsala, Suécia, e Professora convidada para ministrar aulas sobre Cultura Brasileira na Universidade de

Estudos Estrangeiros, no Japão, em Kyoto.E-mail: [email protected]

muitos autores renomados, como; Kamarck, apoiam-se, para elaboração de suas propostas, na visão do esquema dual de sociedade, vista como tendo dois eixos opostos complementares; o moderno e o tradicional. aí teríamos dicotomias: cam-po/cidade, desenvolvido/subdesenvolvido, rural/urbano, atraso/progresso, tecnolo-gias complexas/tecnologias simples, co-munidades ágrafas/sociedades com escri-ta, economia com produção de excedente/economia auto-suficiente.

enfim, a mística do desenvolvimento perpassa por todos os cantos do planeta, temos um globalização vinda de fora, bu-rocratização das empresas e do aparelho do estado, expansão do neo-liberalismo.

no caso particular de nosso país,a par-tir das décadas de 70/80 vemos a penetra-ção desse modelo, e da tese liberal de que a economia monetária é libertária, capaz de salvar a humanidade das incertezas da dependência da natureza, mas o que as-sistimos é o êxodo rural, a intensificação da urbanização e formação de bolsões de miséria e de desigualdades.

mas, os custos sociais e ambientais irreparáveis,e, em nomes das gerações futuras devemos pensar em modelos eco-nômicos alternativos em soluções auto sustentáveis que permitam um expandir

Dilma de Melo Silva

Ventos modernizantes:custos sociais e ambientais irreparáveis

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A o contrário do ditado, nem todos que fazem a fama deitam na cama. a diferença é que nesse caso não

é quem, mas o que. a biotecnologia está transformando o conceito de vilãs das bac-térias, que são responsáveis por uma série de doenças, em verdadeiras salvadoras para uma série de problemas ligados à poluição e acúmulo de resíduos tóxicos.

o projeto brasileiro mais recente nessa área corresponde a um projeto coordenado pelo professor marcio rodrigues lambais, do Departamento de ciência do solo da es-cola superior de agricultura luiz de Queiroz da universidade de são Paulo (esalq-usP), que emprega consórcios bacterianos para a degradação de um produto altamente tóxico. o composto em questão, chamado tetracloroetileno (Pce), é usado em lavan-derias (lavagem a seco) e indústrias meta-lúrgicas desde o início do século XX.

a pesquisa “Desenvolvimento de uma técnica de bioestímulo para a remediação de solo e água subterrânea contaminada com tetracloroetileno”, iniciada em 2006, conseguiu degradar aproximadamente 98% do composto em apenas 12 horas uti-lizando bactérias aeróbias (que se desen-

Projetos atestam a capacidade de limpeza e despoluição com o uso de bactérias e compostos químicos

Heloisa Moraes

90 neo mondo - abril 2010

volvem na presença de oxigênio) presen-tes nas amostras de água contaminada da capital paulista. como subproduto dessa degradação foi gerado clorofórmio, que apesar de tóxico é facilmente decomposto pelo meio ambiente. os riscos biológicos são praticamente nulos, já que as bactérias utilizadas são provenientes do próprio am-biente contaminado.

a técnica pode ser aplicada de duas ma-neiras: liberando a biomassa cultivada em

Pequenas notáveis

laboratório em campo ou armazená-la em um reator no qual a água ou solo podem ser bombeados (ver foto). a equipe prefere uti-lizar o aparelho por conta do maior contro-le sobre as bactérias e da possibilidade de tornar o processo mais eficiente por meio de ajustes que propiciem condições mais favoráveis às colônias de bactérias.

segundo lambais, a biorremediação (utilização de seres vivos ou componen-tes derivados na recuperação de áreas

Biorremediação de solos contaminados alcança quase

100% de degradação do composto

Ciência & Tecnologia

már

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91neo mondo - abril 2010

contaminadas) de qualquer tipo é muito pouco usada no Brasil e no mundo devido principalmente à falta de conhecimento técnico específico no setor. “não existem processos específicos nessa área sendo utilizados no Brasil, a não ser a biorreme-diação de solos contaminados com gaso-lina - nesse caso as bactérias do próprio solo são estimuladas para aumentar a ati-vidade de biodegradação natural.”

atualmente a técnica está sendo es-miuçada bioquimicamente para determinar cada subproduto resultante desse processo. “se tudo sair conforme as nossas expecta-tivas, em um ano no máximo teremos as bactérias identificadas e avaliadas quanto a sua eficiência em degradar o Pce”, afirma o professor. a rapidez e o alto grau de lim-peza alcançados coloca a técnica como uma eficiente alternativa para processos de des-contaminação de água subterrânea.

Menu do dia: óleono que diz respeito à remediação

ambiental, o estímulo de bactérias locais não é a única alternativa conhecida. uma parceria entre a Petrobras e o instituto de Química da universidade Federal do rio da Janeiro (uFrJ) possibilitou há dez anos a descoberta de biossurfactantes, uma es-pécie de detergente capaz de limpar man-chas de óleo. Desde então, o desenvolvi-mento do composto tem sido aprimorado nos laboratórios de química da coppe/uFrJ e conta com a coordenação do pro-fessor cristiano Borges há cinco anos.

“o biossurfactante nada mais é do que um composto surfactante biodegradável que solubiliza os compostos oleosos em água”, explica o engenheiro químico Fre-derico de araujo Kronemberger, que tra-balha na produção do composto. isso quer dizer que o detergente, além de alterar as propriedades do óleo, ainda é totalmente degradado pela natureza.

Produzido a partir da fermentação aeróbia das bactérias Pseudomonas sp em um substrato de glicerina, o biossur-factante cruza dois benefícios: bactérias originárias de poços de petróleo (que se alimentam apenas destas cadeias orgâni-cas) e a acessibilidade da glicerina – um subproduto do biodiesel que tem sobrado devido à quantidade de usinas produtoras, o que o torna cada vez mais barato.

a maior vantagem é a capacidade de emulsionar qualquer composto or-gânico, como a gasolina, e torná-lo dis-

bactéria consegue reparar a estrutura de seu Dna “quebrado”, o que não é possível em humanos – nem em nenhum outro ser vivo conhecido. Por conseguir suportar até 1,5 mi-lhão de rads (sigla em inglês para ’dose absor-vida de radiação’), quase 3 mil vezes mais do que o limite humano, a bactéria pode repre-sentar uma esperança contra o câncer.

se sobreviver à radiação já parece ab-surdo, imagine então alimentar-se dela. É o que acontece com alguns tipos de fungo que penetraram pelas brechas do reator 4 da usina de chernobyl, na ucrânia, e se alimentam de radioatividade. o lugar, que em 1986 foi palco do pior acidente nuclear da história, abriga mais de 35 espécies mu-tantes que conseguem transformar a ra-diação em energia. o processo é similar ao que acontece nas plantas, que usam a clo-rofila para absorver luz solar e transformar em alimento – só que utilizando melani-na. segundo pesquisadores dos eua, não há perigo de que estes “seres atômicos” se espalhem, já que o alimento radioativo se encontra apenas naquele local e não have-ria como sobreviver em outro.

(com informações de superinteressante e ciência hoje)

ponível para a degradação pelos micro- organismos presentes na água ou no solo. Depois do total consumo do mate-rial oleoso, o próprio composto é então degradado. “o processo é rápido e de-pende da quantidade de micro-organis-mos disponíveis no local, sem nenhum risco envolvido”.

até o momento foram realizados ape-nas testes de lavagem de solo em labora-tório. o uso em larga escala do detergente para reduzir a contaminação de óleo no meio ambiente é promissor – embora ain-da existam problemas para a produção. “em julho de 2009 foi inaugurada uma unidade em escala piloto para a produção dos biossurfactantes com capacidade de 200 litros. isso irá possibilitar os testes do produto em campo e viabilizar a aplicação, o que ainda deve acontecer neste ano.”

Qual é o cardápio?o sequenciamento genético é a principal

ferramenta para entender o funcionamento de bactérias que, se corretamente manipu-ladas, podem trazer muitos benefícios para a vida humana. uma delas é a Deinococcus radiodurans, descoberta em 1956 durante a tentativa de esterilização de comida enlatada por raios gama. Quando exposta à radiação, a

Unidade piloto já fabrica 200 l de biossurfactante,

mas ainda é pouco

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Há 10 anos, centenas de pessoas dos mais diferentes perfis atuam comovoluntários do programa sociocultural Doutores Cidadãos. Elas são treinadaspara levar alegria e cidadania a hospitais e asilos, atuando também compacientes normalmente pouco beneficiados pela arte-terapia: adultos,idosos e profissionais da saúde. Os milhões de sorrisos já conquistadoscomprovam que amor e alegria são remédios universais. Para manter e ampliaro trabalho, o grupo realiza atividades em ambiente corporativo, comoapresentação de eventos, palestras, oficinas e outras.Saiba mais sobreos Doutores Cidadãos e os outros programas sociais do Canto Cidadãoem www.cantocidadao.org.br.

Doutores Cidadãos. Há dez anos fazendo graça de graça.

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neo mondo - setembro 2008 A

Há 10 anos, centenas de pessoas dos mais diferentes perfis atuam comovoluntários do programa sociocultural Doutores Cidadãos. Elas são treinadaspara levar alegria e cidadania a hospitais e asilos, atuando também compacientes normalmente pouco beneficiados pela arte-terapia: adultos,idosos e profissionais da saúde. Os milhões de sorrisos já conquistadoscomprovam que amor e alegria são remédios universais. Para manter e ampliaro trabalho, o grupo realiza atividades em ambiente corporativo, comoapresentação de eventos, palestras, oficinas e outras.Saiba mais sobreos Doutores Cidadãos e os outros programas sociais do Canto Cidadãoem www.cantocidadao.org.br.

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94 neo mondo - abril 2010

Cotidiano

Acompanhe aqui, em cada edição, as novidades mais quentes sobre o que está acontecendo no mundo

Da Redação

“sustentabilidade: um novo con-trato da sociedade com o planeta” é o tema da 12º conferência internacional ethos, um dos maiores eventos sobre responsabilidade social empresarial em todo o mundo.

o evento, que acontecerá de 11 a 14 de maio em são Paulo, irá reunir especialistas em sustentabilidade para compartilhar informações a respeito do tema. o VP da Johnson & Johnson mi-chael maggio, o presidente da Walmart Brasil héctor nuñez e o economista

Pavan suhkdev serão alguns dos pales-trantes convidados.

os destaques desta edição são as palestras, debates e oficinas em for-mato mais inclusivo e a estrutura da programação norteada por princípios da carta da terra - uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.

Para mais informações, acesse: www.ethos.org.br/ci2010/

Sustentabilidade para a vida

curitiba recebeu, no início do mês, o prê-mio Globe award sustainable city 2010 do Globe Forum, entidade sueca que pretende destacar cidades com excelência em desen-volvimento urbano sustentável e disseminar bons exemplos para outras cidades.

a capital do Paraná venceu por una-nimidade a disputa com sidney (aus-trália), malmö (suécia), múrcia (espa-nha), songpa (coreia do sul) e stargard szczecinski (Polônia).

um dos programas apresentados por curitiba foi o Biocidade, que une a preo-

cupação ambiental a todas as ações do município e que estimula, por exemplo, a reciclagem do lixo e a preservação de áreas verdes. outra ação sustentável da cidade é o linha Verde, um projeto urbanístico que interliga a cidade e a Br-116 e utiliza ônibus de biocombustível, além de contar com ciclovias e parques laterais.

a entrega do prêmio foi em 29 de abril no museu nórdico de estocolmo, com a pre-sença do prefeito luciano Ducci (PsB).

com informações da revista Época

Curitiba: a cidade mais sustentável do mundo

NEOMONDO INFORMA

Solução para o lixo sim!

De lixões e aterros sanitários diretamen-te para o tanque do seu carro. À primeira vista a ideia parece futurista e improvável, mas já existe tecnologia para isso inclusive no Brasil. esse é o conceito da biorrefinaria, que transforma resíduos indesejáveis como dejetos de animais, pneus e até resquícios de esgoto em combustível, plástico, energia e várias matérias-primas de uso industrial.

a transformação acontece na refinaria de biomassa ou biorrefinaria, onde os resídu-os sólidos são inseridos em um reator onde acontece a quebra das moléculas da biomas-sa. no fim, o processo resulta em um tipo de gás que pode ser queimado em uma caldeira para gerar energia elétrica ou ser usado como matéria-prima para a transformação em pro-dutos químicos, como amônia e ureia, por meio de uma tecnologia largamente empre-gada nas refinarias de petróleo.

uma alternativa para o petróleo e uma solução para o acúmulo de lixo são algumas das promessas da tecnologia em expansão no Brasil e no mundo.

com informações do estado de s. PauloA capital paranaense venceu por unanimidade outras cinco concorrentes

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neo mondo - abril 2010 95

nesta edição, a revista neo monDo circulará nas universidades de harvard (Boston, eua) e humboldt (Berlim, ale-manha). Dois correspondentes da revis-ta serão os responsáveis pela entrega do material – o senior Fellow terence tren-nenpohl e a PhD natasha trennepohl,

respectivamente – nas instituições, que receberão a primeira edição com matérias bilíngues da história da revista.

a universidade humboldt foi funda-da em 1810 e teve como alunos o físico albert einstein, os fundadores da teoria marxista Karl marx e Friedrich engels,

NEO MONDO em Harvard e Humboldt

a represa Billings, um dos maiores reservatórios de água da região metropo-litana de são Paulo, completou 85 anos no final de março de maneira lamentá-vel. segundo dados da sabesp, são cerca de 700 mil pessoas vivendo em 250 mil moradias que foram erguidas de maneira irregular na área do manancial. Desma-tamento, impermeabilização do solo, au-mento de esgoto não tratado lançado na

represa e lixões irregulares nas margens do reservatório são alguns dos resultados dessa ocupação. isso, entretanto, está para mudar.

a lei específica da Billings, regula-mentada em janeiro pelo governador José serra (PsDB), pretende regularizar pelo menos 100 mil dessas moradias – já que seria praticamente impossível remover to-das as famílias do local.

Lei Específica da Billings entra em ação

a nova lei foi baseada na lei criada para a represa vizinha de Guarapiranga. De acor-do com os novos critérios aprovados na le-gislação estadual, pelo menos metade des-sa área permeável deverá conter vegetação nativa. o término do Plano de Desenvol-vimento e Proteção ambiental (PDPa) da Billings está previsto para maio deste ano.

(com informações do rudge ramos online)

O primeiro Parque de Ondas do mundo, localizado em Aguçadoura, no conselho da Póvoa de Varzim em Portugal

Harvard, em Boston, é uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas do mundo

entre outros, além de ter abrigado 29 ga-nhadores do Prêmio nobel. a universi-dade harvard é uma das instituições edu-cacionais mais prestigiadas do mundo e eleita a melhor universidade do mundo pelo institute of higher education shan-ghai Jiao tong university.

Na área do mannacial, 700 mil pessoas vivem em 250 mil moradias erguidas de forma irregular

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neo mondo - outubro 200896

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