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As nuvens começam a se dissipar sobre Vila Oliva, e Roberto Hunoff afirma: o aeroporto internacional será lá | Renato Henrichs ouve o Samae sobre o aumento da água | Festa da Uva usa tecnologia para resgatar a história O CLÁSSICO ESTÁ NO AR CA-JU Dois times nivelados. Dois jogadores que passaram a vestir a camisa do rival. E dois técnicos que já foram rivais em outros gramados. Caxias do Sul respira as emoções de seu grande clássico Caxias do Sul, janeiro de 2010 | Ano I, Edição 9 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. |S30 |D31 |S|T2 |Q3 |Q4 |S5 Maicon Damasceno/O Caxiense COMBATIVO AOS 80 Senador Pedro Simon: “O Congresso está gozando da nossa cara”

Edição 9

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Dois times nivelados. Dois jogadores que passaram a vestir a camisa do rival. E dois técnicos que já foram rivais em outros gramados. Caxias do Sul respira as emoções de seu grande clássico

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Page 1: Edição 9

As nuvens começam a se dissipar sobre Vila Oliva, e Roberto Hunoff afirma: o aeroporto internacional será lá | Renato Henrichs ouve o Samae sobre o aumento da água | Festa da Uva usa tecnologia para resgatar a história

O CLÁSSICO

ESTÁ NO AR CA-JUDois times nivelados.

Dois jogadores que passaram a vestir a camisa do rival.

E dois técnicos que já foram rivais em outros gramados.

Caxias do Sul respira as emoções de seu grande clássico

Caxias do Sul, janeiro de 2010 | Ano I, Edição 9 | R$ 2,50Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

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COMBATIVO AOS 80Senador Pedro Simon: “O Congresso está gozando da nossa cara”

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Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Além de aeroporto, Vila Oliva deve ganhar distrito industrial

Entrevista | 5Na praia, o senador Pedro Simon recebe O Caxiense para falar da vida política dele, dos conterrâneos e do país

Longe do Centro | 7Quase inacessível, o Vila Lobos quer mais acesso ao poder público para reivindicar

Festa da Uva | 10Tridimensionalidade, interatividade, telas e luzes combinam, sim, com fotos antigas

Expectativa nos céus | 12A favorita Vila Oliva aguarda a confirmação oficial do aeroporto internacional em suas plagas

Guia de Cultura | 15Pedro e Penélope no cinema; Victor e Léo nos pavilhões; Andy, Danny e Tiago na estação

Artes | 17Um ritmo para o caminho, um passeio no frio e uma rua iluminando a fotografia

Guia de Esportes | 18Corrida, vôlei e esportes de areia são alternativas na semana do clássico caxiense no futebol

Ca-Ju 266 | 19Julinho volta a encarar Loss, rival nos gramados das categorias de base em Porto Alegre

Ca-Ju 266 | 21Desta vez, cabe a Marcos Denner alegrar a torcida alviverde

Renato Henrichs | 23Tarifa social da água terá custo aos demais contribuintes, diz o Samae

VÍDEOS(Acompanhe em www.ocaxiense.com.br/multimidia)

TWITTER(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

@Sechaus Parabéns à equipe do O Caxiense pela fantástica reporta-gem sobre Rugby. Obrigado e contem com o Serra Rugby

Maurício Sechaus, às 08h08 de 25 de janeiro

PLURK(Acompanhe em www.plurk.com/ocaxiense)

Livro Livre |

Excelente iniciativa, acho que vou lá trocar alguns!Vera Lucia Mariani, às 8h57 de 21 de janeiro

Agradecemos | Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, Juventude, Ca-xias, Academia Conexão Esportiva, Ivanete Zanrosso, Douglas Rodrigues (na capa, com a camisa do Ju), Luan Fernandes (com a camisa do Caxias), Alan Fernandes, Alisson Brustolin, Viviane Fernandes e Janice Brustolin.

Retificamos | A coordenadora de Apoio à Gestão da FAS, Ana Paula Flores, retifica trecho da reportagem “Assistência desassistida” (ed. 6, pg. 11) em que usou a expressão “faz de conta” para falar das falhas da filantropia antes da nova lei. Ana Paula esclarece que “quis dizer que a lei trará critérios mais claros na concessão da Certificação de Entidades Beneficentes de As-sistência Social (CEBAS)”, mas não considera a situação anterior um “faz de conta de nenhuma das partes, nem dos órgãos federais e nem das entidades”.

FACEBOOK(Acompanhe em www.facebook.com/ocaxiense)

Festa sem Som & Luz | Eu trabalhei 2 anos no Som & Luz de Caxias do Sul, na divulgação

e organização, e quando o poder público assumiu os problemas técni-cos simplesmente se multiplicaram, fazendo com que esse maravilho-so espetáculo fosse se perdendo...

Elisangela Dorotéia Ceconi, às 19h21 de 27 de janeiro

www.OCAXIENSE.com.br

l O CA-JU que vem aí reuniu os presidentes Milton Scola e Osval-do Voges. Veja o bate-papo preparativo ao clássico.

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro TrintinagliaCirculação/Assinaturas: Tatyany RodriguesAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

2 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .30 de janeiro a 5 de fevereiro de 2010O Caxiense

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l Pedro Simon falou com o jornal O Caxiense na sua casa de praia, em Rainha do Mar. Assista a trechos da entrevista.

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A SemAnATarifa da água aumenta 21,42%, passagem de ônibus pode subir para R$ 2,50, Festa sem Som & Luz

SEGUNDA | 25 de janeiro

SEXTA | 8 de janeiro

Segurança

Serviço

Festa da Uva

Reynolds

Ônibus

BM receberá caminhonetes

Tarifa de água sobe 21,42%

2010 sem Som & Luz

Hotel vira centro comercial

Prefeitura quer amenizar reajuste revendo benefícios

A Brigada Militar de Caxias do Sul contará, com novos veículos de patrulhamento na cidade. Oito caminhonetes Nissan X-Terra foram repassadas pela Força Nacional de Segurança Pública para a BM gaúcha. O comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva da Serra (CRPO-Serra), coronel Telmo Machado de Sousa, acredita que todos os oito carros devem vir para Caxias.

O reajuste da tarifa de água em Ca-xias do Sul é de 21,42%. Hoje a taxa mínima de consumo residencial de água é R$ 11,75. Com o aumento, ela passará a custar R$ 14,40, um acrés-cimo de R$ 2,55. O reajuste começará a valer no dia 1° de março deste ano.

O espetáculo Som & Luz ficará de fora da agenda da Festa da Uva 2010. Uma obra de R$ 487,5 mil, que entregaria um novo Som & Luz este ano, atrasou por problemas de licitação. E a atração foi adiada para a festa de 2012. O secretário de Turismo e responsável pela subcomissão de hospitalidade da Festa, Jaisson Barbo-sa, afirma que a verba do Ministério do Turismo, proveniente de duas emendas parlamentares, foi aprovada na metade do ano passado. A empresa vencedora da primeira licitação não aceitou o projeto, alegando não ter tempo hábil para entregar a obra até dezembro de 2009, prazo estipulado pelo Ministério do Turismo. A Secre-taria de Turismo, que corria risco de perder o recurso, pediu prorrogação e abriu uma nova licitação. A empre-sa vencedora, de Flores da Cunha, tem prazo até junho deste ano para entregar a obra. A antiga arquiban-cada tinha 300 lugares. A nova terá 350. A obra no Som & Luz iniciou

O Reynolds Hotel, fechado desde setembro de 2007, vai virar um centro comercial. Os 11 andares do luxuoso prédio estão em obras. Um grande tapume preto foi colocado na calçada em frente ao Reynolds há cerca de 15 dias, mas as obras, na verdade, estavam sendo feitas há mais tempo.

O centro comercial vai se cha-mar Reynolds Business Center e continuará sob administração da família Backendorf, através da Bak Administração e Empreendimentos Imobiliários. Serão nove andares

Diante da necessidade de um aumento da tarifa de ônibus para R$ 2,50 apresentada pela Visate, a prefeitura passou a trabalhar em uma contraproposta: rever as gratuidades (passe livre, passagem para idosos e especiais) e assim manter ou reduzir a tarifa atual de R$ 2,20, conforme o prefeito José Ivo Sartori (PMDB).

TERÇA | 26 de janeiro

QUINTA | 28 de janeiro

QUARTA | 27 de janeiro

Reynolds Hotel dará lugar a um luxuoso centro comercial; coletiva para anunciar mudanças no transporte coletivo; tradição interrompida; água está mais cara

em dezembro do ano passado e foi interrompida para a realização da Festa da Uva, que abre no próximo dia 18. Até agora, apenas a demolição da arquibancada antiga está conclu-ída. A nova estrutura terá as laterais fechadas com vidros, o que possibilita a realização do espetáculo em dias de chuva. Haverá um restaurante e uma sala de degustação. A obra será retomada no dia 9 de março.

com 17 salas comerciais, que serão vendidas, e não alugadas. Apenas as salas térreas serão mantidas pela família proprietária. Segundo o assessor jurídico da Bak, Henrique Ott Vanoni, as salas poderão ser transformadas em consultórios, clínicas, escritórios. Tudo vai depen-der dos interessados em comprá-las. A empresa responsável pela obra do centro comercial é a Edifica Cons-trução Civil, e a comercialização será feita pela Avanti Imóveis. A venda das salas, conforme o assessor jurídico, será lançada já nos próximos dias.

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Roberto [email protected] | www.ocaxiense.com.br/roberto-hunoff

A Fundação Marcopolo fez a distribuição de 16 mil cadernos em kits para os filhos de funcioná-rios da empresa que participaram do projeto Todos na Escola. A iniciativa beneficia filhos dos cola-boradores com idade entre cinco e 18 anos incompletos,  que estão cursando o ensino fundamental e médio. Desde o lançamento do projeto, em 2003, já foram entre-gues 63 mil cadernos.

As informações carecem de anúncio oficial, mas o distrito de Vila Oliva será escolhido para a localização de dois importantes projetos para o desenvolvimento da economia e da infraestrutu-ra da cidade. O primeiro deles é a construção do novo aeroporto, a ser anunciado em 1º de março pela governadora Yeda Crusius na abertura do calendário regular de reuniões-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços. Nem mesmo lideranças de outros municípios da re-gião que defendem a construção em Farroupilha, acreditam em outra decisão que não a escolha de Vila Oliva.

Novo distrito industrialO segundo projeto tem relação com o processo

de expansão e apoio ao segmento industrial de Caxias do Sul. Informações oficiosas indicam que a prefeitura está em vias de desapropriar área para a localização do segundo distrito industrial da cidade. O atual, que ocupa terreno nas proximidades do Desvio Rizzo, está quase que totalmente ocupado, e revela sérios proble-mas de infraestrutura. Na região de Vila Oliva a Marcopolo já adquiriu imóvel para futuras edificações e, recentemente, diretores da Randon percorreram a região com o mesmo objetivo. Aquele lado da cidade também deve abrigar, no futuro, um novo shopping e um condomínio residencial de luxo.

Pesquisa realizada pela Federa-ção do Comércio do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) indica que 52% das empresas caxienses ligadas ao segmento de serviços pretendem investir neste ano. Já o Sindilojas de Caxias do Sul, por meio de levantamento junto a um conjunto de empresas asso-ciadas, apurou que 30% a 40% dos trabalhadores contratados para atividades temporárias serão efetivados neste ano. As duas informações fortalecem pensa-mento do consultor econômico da Fecomércio, Marcelo Portugal, exposto nesta semana em reunião de diretoria da entidade, de que o ano de 2010 será de otimismo e retomada de crescimento. Ele destacou duas possibilidades de instabilidade econômica que devem requerer atenção especial de empresários e da sociedade: as eleições presidenciais, que afetam diretamente a taxa de câmbio e os índices de inflação, e a possibilida-de de uma recaída da crise externa. Mas reconhece que é possível agir com ousadia e investimentos nos negócios.

O consumo do aço no Rio Grande do Sul, em 2010, tende a atingir 1,4 milhão de toneladas, superando o recorde histórico de 2008. Basta que a economia brasileira cresça, como estimam os especialistas, entre 5% e 6%. É o que projeta o presidente da Associação do Aço do Estado, José Antonio Fernandes Martins, ao confirmar que no ano passado o consumo sofreu redução próxima a 27%, totalizando 1 milhão de tonela-das. Ele também espera que as usinas siderúrgicas pressionem por novos

reajustes do preço do aço ao que os consumidores devem reagir com a importação da matéria-prima do mercado internacional. “Países como China e Ucrânia, por exemplo, ofere-cem preços até 30% mais baixos que o do aço brasileiro,” observou. Na avaliação de Martins, este exercício será extraordinário, em especial pelo programa Minha Casa, Minha Vida e pelo Plano de Aceleração do Cresci-mento, que estimularão fortemente o consumo. Do total gaúcho, Caxias do Sul absorve em torno de 50%.

Novo aeroporto Confiança

O governo federal confirmou que a malha da ferrovia Norte Sul será estendida até o Porto de Rio Grande. No Rio Grande do Sul a nova malha fará o ingresso por Erechim, passando por Passo Fundo, Roca Sales, Montenegro, Triunfo, Camaquã, Pelotas e Rio Grande. Ou seja, Caxias do Sul ficará de 70 a 80 quilômetros longe da estrada, considerando Montenegro e Roca Sales como as cidades mais próximas. A malha ferroviária no estado será de apro-ximadamente 650 quilômetros. No dia 4 de fevereiro a Assembléia Legislativa abrigará debate para identificar se o traçado proposto é o ideal para o Estado.

O Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, re-gistrou a presença de 182.229 visitantes ao longo de 2009, crescimento de 18,5% sobre o movi-mento do ano anterior. Para 2010 a expectativa é ampliar este número em 15%, ficando perto dos 210 mil visitantes, dos quais 37 mil somente nos meses de fevereiro e março. Em 2001, quando o trabalho se iniciou, a região recebeu 45 mil pessoas. Atualmente, o roteiro conta com mais de 30 vinícolas abertas a visitação. Neste sábado ocorre a abertura da vindima, em evento no Hotel Villa Michelon, a partir das 17h.

A unidade brasileira da Spheros, fabricante de equipamentos de ar-condicionado para ônibus, tem como meta crescer 35% neste ano, elevando seu faturamento para mais de R$ 66 milhões. Localizada em área construída de 5 mil m2, exporta 35% do que produz. No Brasil é líder de mercado com 56%, com grande presença no RJ e SP, responsáveis por 60% de sua receita. A empresa produz 24 modelos de produtos para vans, microônibus, ônibus urbanos, articula-dos, rodoviários e double deckers. A Spheros é uma associação entre as alemãs Granville Baird Capital Partners e HSH Nordbank. Em março, seu diretor, Jayme Comandulli, participa do 1º encontro anual da companhia em Nova Délhi.

O Piratini elevou, na compara-ção de 2009 com 2008, em 6,2% os recursos para os municípios. Foram R$ 270 milhões a mais. O aumento tem como razão a arreca-dação de IPVA, 45,8% maior.

Longe do trem

Ação social

Turismo a mil

Liderança

Mais repasses

Aço como referência

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A Malharia Anselmi, de Far-roupilha, prepara expansão de mais 3,5 mil metros quadrados em seu parque fabril atual de 14 mil. Com o investimento, elevará a capacidade de produção de 40 mil peças mensais. Os diretores Reni e Maria de Lourdes Ansel-mi também priorizam aportes na divulgação de suas coleções deste ano. Mais uma vez o traba-lho é feito pela atriz global Julia-na Paes. A empresa foi uma das marcas presentes a Fenim, feira de malhas que se encerrou nesta sexta-feira em Gramado. A An-selmi emprega 300 colaboradores e tem outra unidade de produção em Alto Feliz.

Em ascensão

A Faculdade de Tecnologia da Serra Gaúcha é a novidade a ser apresentada na quarta-feira, dia 3, pela América Latina Educacional. No encontro, que ocorrerá nas insta-lações da instituição, na esquina das ruas Sinimbu com Marechal Floriano, o diretor da nova faculdade, Julio Fer-ro de Guimarães, e o superintendente da América Latina Educacional, João Dal Bello, explanarão as estratégias e objetivos do novo projeto.

A Câmara de Indústria, Co-mércio e Serviços e a Câmara dos Dirigentes Lojistas apresentam na se-gunda-feira, dia 1º, o desempenho da economia caxiense em 2009. Mesmo com a retomada da atividade produti-va nos três últimos meses, a tendência é de resultado negativo.

O presidente do Banco Cen-tral, Henrique Meirelles, palestra sexta-feira, dia 5, 12h, na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. O tema da reunião-al-moço extraordinária é “Perspectivas econômicas para 2010”.

O Grupo Voges, por meio de sua unidade de motores, anuncia na quarta-feira, dia 3, seu ingresso no segmento de inversores de frequên-cia. Recentemente a empresa confir-mou investimento de R$ 16,5 milhões na localização de fábrica na cidade do Recife, em Pernambuco. O inversor de frequência é um dispositivo que controla com precisão torque e velo-cidade de um motor monofásico ou trifásico.

Curtas

Consumo de aço no Rio Grande do Sul (em toneladas)Fonte: Associação do Aço do RS *

* A partir de dados da Arcelormittal, CSN e Usiminas

2008 2009

234.

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354.

914

199.

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Mais repasses

por RENATO [email protected]

e VALQUÍRIA [email protected]

ra final de tarde quando Pedro Simon apareceu calado na varanda em Rai-nha do Mar. Em sua casa de veraneio, que não ostenta o luxo ou a segurança esperada da residência de um político bem sucedido, o senador do Partido do Movimento Democrático Brasilei-ro (PMDB) concedeu uma entrevista ao jornal O Caxiense às vésperas de completar 80 anos. A festa de Simon, que ocorre neste sábado, dia 30, na churrascaria Kostelão, à beira da Es-trada do Mar, além de comemorar o aniversário do senador, servirá como oportunidade de lançar o governa-dor do Paraná, Roberto Requião, pré-candidato do PMDB à Presidência da República.

Vestindo camisa listrada, bermuda verde escura e sandálias franciscanas pretas, Simon aos poucos foi se empol-gando com a conversa, principalmente nos momentos em que criticou a infi-delidade política e a corrupção. “Nós fomos degradando tanto que hoje vi-vemos no país da impunidade”, cons-tatou.

O senador não poupou elogios às ações do prefeito caxiense, José Ivo Sartori – também do PMDB – , e afir-mou que considera Lula um grande lí-der, principalmente por ter feito a eco-nomia brasileira crescer. “O lado ruim

é a ética e a moral, que, infelizmente, o presidente não tem.”

Para Simon, seis décadas de vida po-lítica ainda serão acrescidas de cinco anos, prazo em que termina o mandato de senador. Depois disso, ele confessa que não terá mais pretensões políticas, a não ser a de continuar com a tentati-va de criar uma movimentação social frente aos escândalos dos governos.

Oitenta anos de vida e sessenta anos de vida pública. Qual sentimen-to o senhor tem em relação a sua tra-jetória?

Estou vivendo uma fase de me adap-tar aos 80 anos. Já tem algum tempo que eu venho refletindo sobre isso. Du-rante esses dias, nas minhas reflexões diárias lendo a Bíblia, caí num trecho de Moisés, que dizia que quando Deus o chamou para tirar o povo do Egito ele tinha 80 anos. E a vida dele come-çou com 80 anos. É imprevisível o que a vida reserva para a gente. A minha começou em Caxias. E eu tenho muito orgulho de ter nascido lá.

Que relação existe entre fazer polí-tica há 60 anos e fazer política hoje? Tem muita diferença ou, no fundo, a prática é muito parecida?

Não tem nada de parecido. É muito diferente. O Brasil nunca teve vida par-tidária. É triste isso. Nos Estados Uni-dos são os republicanos e os democra-tas, na Inglaterra são os conservadores e os trabalhistas. Aqui nunca teve isso. Isso é um mal, de nós não termos par-

tido. Hoje o cara que é Grêmio é Grê-mio, o que é Inter é Inter. Tem honra de ser do seu time. Como poderiam mu-dar de clube? Agora, mudar de partido o cara muda três, quatro, cinco vezes e ninguém está dando bola. Este é o mal da política brasileira. A reforma polí-tica que tem que ser feita deve ser ini-ciada exatamente pela organização política dos partidos brasilei-ros. A política era feita por gente que entrava por vocação, por ideal. Nenhuma das pessoas que fizeram política em Caxias no meu tem-po entrou porque era rico. Não tinham nada, nem se elegeram com o dinheiro de ninguém. Eram caras que se de-dicavam. A política era feita com seriedade. Não era ninguém ligado a ninguém, ninguém com poder e ninguém com outra missão senão fazer isso (política).

E hoje?Hoje, se não tem dinheiro, como

vai fazer para entrar na política? Uma campanha sai uma fortuna. Os deputa-dos têm que estar a favor do governo. Se não estiverem a favor, as emendas deles não passam. Para a emenda sair tem que lamber a mão do presidente. Para se eleger, meu Deus, é muito di-fícil. Nós fomos degradando tanto que hoje vivemos no país da impunidade.

Não vamos dizer que o Brasil tem mais corrupção que a Europa, que a China, que os Estados Unidos. Mas lá o cara é punido. Lá o Nixon renunciou à Pre-sidência da República quando ficou provado que ele sabia das gravações na sede do partido democrático. O Clinton teve um episódio com aque-

la mocinha e quase foi cassado.

O senhor acredita que essa situação pode mudar?

Vai mudar. A socie-dade está vivendo no limite disso. Vê nos jor-nais todos os dias os es-cândalos do mensalão, o escândalo do Maluf, o escândalo do gover-no de Brasília. Aconte-ce tudo e não acontece nada. Hoje, no Brasil,

se pode ser candidato sempre. Só não pode ser candidato quem for condena-do em última instância. E no Brasil po-lítico nenhum é condenado em última instância. Quando o cara faz uma coisa errada, ele não procura um advogado para ser absolvido, procura para em-purrar com a barriga.

A pressão popular vai mudar isso?Vai, não tenho dúvida. Nós já estive-

mos em uma luta contra uma ditadura. E conseguimos mudar. O povo foi para a rua, os estudantes foram para a rua. No aniversário de São Paulo botamos

O agregador chega aos 80

“Para mim parecia que o MDB era um grupo de santos. Até chegarmos no poder. Quando chegamos, eu vi que estava cheio de vigaristas”

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Logo após a festa de aniversário, Simon quer ver os secretários do partido saírem do governo Yeda. “Quem ficar, fica a convite dela”

Crítico do próprio partido, Simon reclama: “Quem está no comando do MDB é uma legião estrangeira. Um grupo de aventureiros que está ‘mamando’ em causa própria”

“O MDB, DOMINGO,

ESTÁ FORA”

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quase um milhão de pessoas na rua, e a Globo colocou no jornal de noite que era por causa do aniversário de São Paulo. No dia seguinte os caras co-meçaram a virar a camionete da Glo-bo. Houve uma adesão e movimentação tão grande que a ditadura caiu. Está acontecendo uma saturação. Acredi-to que já dá para sentir crescer na sociedade uma movimentação que vai dar em alguma coisa. Eu ainda sonho em fazer nascer no Rio Grande do Sul um mo-vimento novo. Agora a sociedade está, pelo menos, cobrando a questão da ficha suja. Cobrando que o partido político deve tirar os vigaristas da sua nominata. Está cobrando esse negócio de não condenarem ninguém.

Esse processo não é muito lento?

Não é decepcionante depois de seis décadas de vida pública ter que en-frentar questões éticas? Isso já não deveria estar resolvido com a própria redemocratização do país?

Aí é que está. Quando eu estava no MDB (Simon só se refere ao próprio partido pela antiga denominação), para mim parecia que o MDB era um gru-po de santos. Até nós chegarmos no poder. Quando nós chegamos no po-der eu vi que estava cheio de vigaris-tas. Foi o que aconteceu com o MDB, com o PSDB, e é o que acontece com o PT. Aquele pessoal que a gente via na campanha, de chinelo, pé descalço, com uma bandeirinha rasgada, ga-nhou o governo. O cara da CUT (Cen-tral Única dos Trabalhadores) é diretor da Petrobrás, o cara da UNE (União Nacional dos Estudantes) é diretor do Banco do Brasil, o negócio está todo mudado. Uma coisa é ter ideal e lutar, outra é estar no poder e ter o poder. O poder corrompe. A pressão popu-lar, então, vai mudar não no sentido de que a corrupção não existirá mais, mas que o Brasil não pode ser mais o país da impunidade. Temos que punir, ter condições de fazer isso. As pesso-as viram na televisão o governador de Brasília pegar o dinheiro e colocar no bolso. A justiça está gozando da nos-sa cara. O Congresso está gozando da nossa cara. E para isso vamos ter que encontrar uma fórmula. Mas é tanto teto... Eu poderia ganhar R$ 16 mil como ex-deputado estadual. Poderia ganhar R$ 22 mil como ex-governador. Também não aceitei. Eu ganho R$ 16

mil bruto como senador, e tem mais R$ 15 mil para as minhas despesas. Esses R$ 15 mil eu não aceito. Então, estou rejeitando, por mês, R$ 50 mil (mais exatamente, R$ 53 mil).

O senhor deve ser muito mal visto pela categoria...

Sim. Até não posso falar muito que os ca-ras se irritam com isso. Eles pedem se estou com medo da lei, por não estar recebendo. E eu digo que a lei está errada. Isto tem que ser no Brasil como acon-tece no Japão. Lá, três primeiros-ministros

corruptos se mataram de vergonha. Não esperaram nem concluir o proces-so. Na Itália, na Operação Mãos Lim-pas, o presidente da FI (Força Itália, partido italiano) foi para a cadeia. E ficou na cadeia como ladrão.

O senhor tem citado bastante o presidente Lula. Quais são os pontos positivos e os pontos negativos do go-verno Lula no seu entendimento?

Positivo não há dúvida de que foi o crescimento da economia brasileira. O Lula teve competência de se adap-tar. O Plano Real, que foi o Itamar que lançou, e que o Fernando Henrique progrediu, ele soube continuar. O Lula soube enfrentar aquela esquerda mais radical e manter a economia avançan-do. Ele é um grande líder e tem um carisma enorme. Os projetos deles são positivos, o Bolsa-Família não dá para discutir. São 20 milhões que passavam fome e hoje estão comendo duas vezes por dia. Ele manteve, foi firme. O lado ruim é a ética e a moral, que, infeliz-mente, ele não tem.

No que uma candidatura própria do PMDB à presidência pode ajudar a mudar um pouco essa situação?

Não sai candidatura própria pelo MDB. Quem está no comando do MDB é uma legião estrangeira. Um grupo de aventureiros que se apoderou e está “mamando” em causa própria. Nosso candidato é o Requião (Rober-to Requião, governador do Paraná). Se ele assumir, esses caras que estão no governo do MDB vão todos para casa, ninguém pega nada e eles sabem disso. Não pegam nada porque são caso de polícia. Todos eles são processados no Supremo (Tribunal Federal). O novo presidente, ou a Dilma ou o Serra, vai se unir com esse pessoal para se man-ter no governo. A pretexto da governa-

bilidade eles se unem com essa gente.

Mas essa movimentação, por exem-plo, o governador Requião estará em Capão da Canoa no sábado, dia 30, justamente para ser lançado. Qual é o sentido dessa mobilização?

O sentido é que nós temos candida-to a presidente. Nós do MDB do Rio Grande estamos com essa posição com a faca no peito. Nós vamos levar o Re-quião para a convenção do partido.

A campanha da candidatura do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, ao governo do Estado está bem enca-minhada?

A candidatura está bem encaminha-da. Nós tínhamos dois candidatos, o Rigotto e o Fogaça. O meu candidato natural era o Rigotto. O Fogaça ain-da tem mais três anos de prefeitura em Porto Alegre, o que para nós não é bom. Por causa disso o PDT estava insistindo mais no Fogaça no que no Rigotto. Não era contra o Rigotto, ele

tinha que entender que era natural. O PDT lançou o Collares e ficou no go-verno, o PP lançou candidato e ficou no governo, o PSDB também. E ele (Rigotto) deixou, achou que todo mun-do ia estar com ele no segundo turno. O que era verdade. Só que, surpreen-dentemente, ele não foi para o segun-do turno. Então o Rigotto era nosso candidato natural, mas quando ele se candidatou ao Senado ficou o Fogaça.

O Rigotto se precipitou ao se lançar candidato ao Senado?

Acho que ele se precipitou, mas eu respeito.

O PMDB hoje detém cargos no go-verno Yeda Crusius. O senhor defen-de ainda a permanên-cia desses cargos?

Domingo (dia 31) nós deixamos o gover-no. Quem ficar, fica a convite dela. O PT foi muito mal. O que o PT fez no governo da Yeda não se faz. E já é a segunda vez que ele faz isso. O PT no governo do Collares praticamente demoliu o Collares, não deixou o Collares governar. E agora com a Yeda. Então eu não vou para a oposição via PT, ficar numa oposição de absoluta independência. Não vamos fazer que nem o PT fez. Nós, no governo do Itamar, convida-mos a Erundina para ser ministra. Ela

tem que sair do PT para ser ministra do Itamar? Não. Se a Yeda convidar al-guém e ele ficar, fica como convidado da Yeda, e não em nome do MDB. O MDB, domingo, está fora.

O senhor acha que essas denúncias de corrupção que surgiram contra a governadora são frutos específicos da oposição petista?

Não, tinha coisas que precisavam ser esclarecidas. Mas a oposição não tinha interesse em esclarecer, tinha interesse em fazer agitação. É um negócio que soa como ridículo, é piada. O Fogaça já tinha denunciado isso. Esse tipo de coisa não fica bem.

O senhor tem acompanhado o pre-feito de Caxias do Sul, José Ivo Sarto-ri, do PMDB?

Espetacular a administração do Sartori. Eu fico pensando como é que aquele gringo ficou tão bom. Eu não imaginava. O recolhimento de lixo da cidade é exemplo para o país inteiro.

Além disso, Caxias vai ser a cidade com maior esgoto urbano de todo o Brasil. Eu fico emocionado. O Pepe também foi um grande prefeito. Esse negócio de corrupção não teve no governo Pepe e não tem no governo Sartori.

O senhor pretende concorrer de novo?

Se eu quiser concorrer vão me botar num asilo. Eu, com 80 anos, não sou mais candidato para nada. Não tenho mais pretensão nenhuma. Tenho mais um mandato de cinco anos de senador. No dia em que eu fizer 85 anos é o dia em que eu estou terminando o meu mandato de senador. Na minha família ninguém durou 85 anos, não sei se vou ser eu que vou durar.

Como o senhor gos-taria de ficar conheci-do na posteridade?

Não sei. Eu não co-nheço na história do Rio Grande nem do Brasil alguém que abriu tantas portas para gen-te importante na políti-ca. Eu somei, agreguei, trouxe gente. Antiga-mente convidava e as pessoas entravam emo-cionadas. E hoje es-

tou tentando fazer isso mas não estou tendo sorte. Sou franciscano. Tenho uma profunda fé na transformação da sociedade. Acredito que vamos chegar lá. E dedico boa parte do meu tempo a esse trabalho.

“Espetacular a administração do Sartori. Fico pensando como é que aquele gringo ficou tão bom. O Pepe também foi um grande prefeito”

O Rigotto se precipitou ao se lançar candidato ao Senado? “Acho que ele se precipitou, mas eu respeito”

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O franciscano senador, em Rainha do Mar: “Estou rejeitando, por mês, R$ 50 mil. Até não posso falar muito porque os caras (colegas da política) se irritam com isso”

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por VALQUÍRIA [email protected]

bairro é afastado do Centro, cercado por montes verdes. Lá dentro quase é possível esquecer do resto da cidade, tamanho o silêncio que o diferencia dos bairros mais movimentados. Si-lêncio que só é quebrado quando um avião decola do aeroporto, próximo dali. As ruas desse bairro têm nomes bonitos, como Felicidade, Cristais, Brilhantes. A beleza dos nomes e das paisagens, entretanto, não condiz com a situação dos moradores.

O bairro é o Vila Lobos, um lotea-mento irregular praticamente invisível aos olhos das autoridades. Não tem pa-vimentação, tratamento de esgoto, área de lazer, posto de saúde, creche. Tem morros. Muitos morros. Morros tão íngremes que as pessoas nem se arris-cam a sair de carro. Morros que impe-dem que o ônibus e o caminhão de lixo consigam subir algumas ruas.

É nesse bairro que vivem Jaqueline, Bertoldo, Rosângela, Mônica, Erasmo, José Carlos, Tarcisio, Marizete. Mora-dores que, mesmo tendo comprado a terra onde moram, no fundo sabem que não a possuem de verdade. É nes-se bairro que um menino brinca com um caminhão de plástico na água do esgoto que corre na frente de sua casa. É nesse bairro que as crianças viram casas de vizinhos serem removidas para dar continuidade ao trajeto do ônibus. A obra nunca foi concluída, e a rua agora está deserta. “Aqui parece que tudo o que começa não termina”, resume a manicure Rosângela de Oli-veira, 36 anos.

Rosângela mora no alto de um dos morros cobertos de cascalho do Vila Lobos, e convive com a angústia de sa-ber que, se por algum infortúnio, sua casa pegar fogo, o caminhão dos bom-beiros não conseguirá subir. Por isso, para ela, a maior dificuldade do bairro é a falta de calçamento das ruas.

Rosângela costuma andar de ônibus, mesmo sabendo que realizaria o tra-balho de manicure a domicílio muito mais rápido se andasse com o carro da família. “Mas sair de carro estraga tudo. Perdi as contas de quantos pneus já tivemos que trocar. Na hora de subir o morro o carro bate embaixo, quando chove o morro vira barro e o carro pa-tina, e quando está seco o carro joga pó na cara de quem está atrás.”

A cena de moradores ajudando a empurrar carros de vizinhos morro acima já não surpreende ninguém, de tão comum no Vila Lobos. “O dinheiro que colocaram em brita nesse bairro já poderia ter sido colocado em asfalto”, completa o podador de árvores Mar-cos Welneck, 39 anos. Ele desanima ao olhar para o lugar. Considera-o aban-donado perto de outros que vê por aí, que têm pelo menos ruas calçadas.

Para o presidente do Vila Lo-bos, José Carlos Pascoali, 44 anos, um só bloco de anotações não seria sufi-ciente para relacionar os problemas do bairro durante a apuração desta re-portagem. Pascoali já foi por três vezes presidente do Vila Lobos. E nas três vezes já ouviu respostas negativas às solicitações dos moradores pelo fato de o bairro ser irregular. “Sim, é irregular,

Vida sem infraestrutura

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Irregular, isolado, precário, o bairro Vila Lobos tem muitas reivindicações – e pouca esperança

Moradores precisam fazer longas caminhadas nas ruas pedregosas, intransitáveis para ônibus e caminhões

O VALEINVISÍVEL

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mas bem que poderiam fazer algumas coisas. Já ouvi que se é invadido, não podemos exigir. Mas não é assim.”

O cargo de presidente do bairro não faz com que Pascoali sinta menos os problemas do que os outros morado-res. Dono de um mercado que leva o seu sobrenome, ele conta que o ca-minhão do entregador de carne não consegue subir o morro até o estabe-lecimento. Pascoali tem que descer e buscar a mercadoria a pé. “Querem regularizar, mas regularizar antes de fazer melhorias? Não vamos pagar im-posto se não tivermos nem as ruas cal-çadas”, afirma.

Segundo ele, a coleta de lixo passa em algumas partes do bairro. Em ou-tras, os moradores precisam levar os sacos de lixo até o fim da linha do ôni-bus ou a entrada do bairro, nas lixeiras públicas. Outro problema é a falta de um posto de saúde. Contam os mora-dores que para conseguir atendimento em um postinho é preciso ir a Galó-polis, o que, para quem não tem carro, exige duas passagens de ônibus para ir e duas para voltar. “Antes alegavam que não tinha posto de saúde porque não tinha gente suficiente. Mas agora tem”, diz Rosângela.

De fato, o bairro cresceu muito. Hoje são quase 800 famílias que habitam o Vila Lobos. Estão lá, na opinião do presidente, “porque não têm como comprar terrenos no Centro”. E a maioria deles, como afirma o tesoureiro do bairro, o motorista Tarcisio Rodriges da Cruz, 35 anos, veio de fora da cidade. “Assim como toda Caxias”, destaca.

Um dos moradores mais antigos é Bertoldo Rech, 79 anos. Usando um grande chapéu de palha para se proteger do forte sol, mesmo já sendo fim de tarde, Rech, ao ouvir a pergunta sobre o que falta no Vila Lobos, nem pensa duas vezes: “Falta tudo!”, diz, arrancando risos de quem passava na rua. Nos 30 anos em que o aposentado vive no bairro, ele diz que a única coisa que mudou é que antes o Vila Lobos tinha ainda mais mato.

O verde a que se refere Rech ainda toma conta de muitas partes do lotea-mento. Atrás da casa de Pascoali, um mato muito fechado leva até o outro lado do bairro. Em alguns locais, só é possível mesmo ir a pé. É lá que fica a grande curva na subida de um morro, onde as casas foram retiradas para o polêmico trajeto do ônibus que nun-ca aconteceu. “Tiraram as casinhas com as patrolas e meteram lá pra bai-xo”, conta o morador de apenas quatro anos que brincava com um carrinho de brinquedo na terra, próximo dali.

A única rua calçada do bairro Vila Lobos, e a mais conhecida delas, é a chamada “rua do ônibus”. Fica na Rua da Felicidade, onde também há duas igrejas: uma católica e uma Assembleia de Deus. A evangélica, conta o presi-dente, é a que mais traz movimento para o bairro, com os cultos de quar-tas à noite, quando os carros chegam a formar fila na rua principal.

É também perto dali que fica o único colégio, cuja quadra disponibiliza um espaço de lazer para quem vive no Vila Lobos, bairro que tem muitas crianças. A quadra fica aberta para quem quiser, e os adultos também aproveitam. Nos finais de semana o espaço lota. “Chega a ter 16 times de futebol”, conta o mo-torista Cruz. Os jogos misturam adul-tos, crianças, mulheres e homens, e o esquema é simples. Quem faz três gols no adversário fica; o time perdedor dá lugar ao próximo da fila.

A quadra é tão disputada por ser o único espaço de lazer disponível. Pas-coali e Cruz mostram o local onde antes havia um salão comunitário, em que os moradores participavam de atividades culturais. Segundo o presi-dente, o salão foi destruído há mais de um ano para que um novo fosse feito. Hoje, o que se vê é uma grande cratera.

O bairro Vila Lobos originou-se de terrenos da família Pettefi que, segundo a vereadora Geni, foram vendidos há cerca de 20 anos. A área, então, foi loteada. De acordo com in-formações da Secretaria Municipal da Habitação, o bairro foi registrado em 1989, com apenas 10 famílias ha-bitando a área. Por mais de dez anos ficou sem água e sem luz até que fosse

construída uma rede hidráulica. Em 1996, os moradores, que já somavam 250 famílias, conseguiram energia elétrica. Ônibus, tele-fone e parte da rede de esgotamento sanitário, bem como alargamen-to da rua principal, chegaram apenas entre os anos de 2000 e 2005.

“O Vila Lobos é um bairro de interesse so-cial, de grandes dificul-

dades, que apresenta um grau extremo de pobreza”, resume o secretário de Ur-banismo, Francisco Spiandorello.

Para que os moradores possam ter a “inserção social”, como diz Spiando-rello, a Secretaria está fazendo um le-vantamento de casa em casa para dar início à regularização da área. “Esta-mos verificando a necessidade de ruas, áreas institucionais, escola, creche, centro comunitário...” O órgão busca informações com cada família para po-der fazer a regularização, já que, exceto pela semelhança de nenhum morador pagar o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), os casos são muito distintos. “Em lo-teamentos assim tem de tudo”, diz o secretário de Urbanismo, explicando que alguns compraram seu terreno en-quanto outros simplesmente tomaram posse. “Por enquanto eles não podem fazer inventários, não podem usar ter-reno como garantia. Quando a área for regularizada, eles vão receber as escri-turas prontinhas.”

A chuva, entretanto, está atrapa-lhando o processo de regularização do Vila Lobos, o que não impede que Spiandorello afirme que no final do mês de março a legalização estará fei-ta. Contando com o Vila Lobos, serão regularizados 26 loteamentos – hoje, há mais de 200 loteamentos irregulares

A única rua calçada do bairro, e a mais conhecida delas, é a chamada “rua do ônibus” – ou Rua da Felicidade

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Bertoldo (acima), Mônica e um dos privilegiados trechos por onde passa o ônibus

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em Caxias. Os moradores do Vila Lobos, no en-

tanto, não levam muita fé na promessa da regularização. “A gente não acredi-ta muito nessa história, faz tempo que dizem que vão regularizar. Olham rua, medem e esquecem”, conta Rosângela, que mora num terreno comprado, po-rém, sem escritura. “Quem sabe é por isso que eles dão menos importância pra nós, né. Quando legalizarem, a gente pelo menos vai ter como recla-mar”, acredita.

Os esforços para tentar melhorar a situação do Vila Lobos, mesmo que não pareçam muito significativos para os moradores, vêm também da Secre-taria da Habitação. O diretor-geral, Carlos Giovani Fontana, ressalta a remoção de oito famílias de uma rua para outra, onde foram construídas novas casas, de madeira, para viabilizar a abertura viária que está sendo feita pela Secretaria de Obras. “Efetivamen-te o que se fez até o momento foi isso. Construímos essas casas para realocar essas famílias”, explica Fontana.

De acordo com Francisco Rech, diretor-geral da Secretaria de Obras e Serviços Públicos, não é preciso que o loteamento seja regularizado para que ocorram obras no Vila Lobos. A aber-tura da rua por onde passaria o ônibus não continuou por causa do forte pe-ríodo de chuvas. Resta torcer por um período de sol para que as obras con-

tinuem. Rech não sabe ainda se a rua será pavimentada ou asfaltada, pois diz que a prioridade é abri-la e dar condi-ções para que pessoas, carros e ônibus consigam passar. “O tempo não tem dado oportunidade, assim como para toda a cidade. Mas se ele der uma trégua, a rua é prioridade na adminis-tração municipal. Isso é promessa de um longo tempo”, diz, confirman-do as reclamações dos moradores.

Debaixo de um forte sol, a auxiliar de cozinha Mônica Rosá-rio, 22 anos, levava no colo a filha Juliana, de pouco mais de um ano, para casa. Mônica havia des-cido na última parada do bairro, na rua principal, e até chegar em casa calcula-va uma hora de caminhada. Só de su-bida. O ônibus não passa daquela rua por causa dos morros sem calçamento, e todos os moradores têm que desem-barcar e seguir por si até suas casas.

Ela conta que se o novo trajeto por onde passaria o ônibus estivesse con-cluído haveria uma parada bem na es-quina de sua casa. Enquanto isso não acontece, enfrenta as longas caminha-das diárias. “Subir esse morro com esse tempo! Mas sei que no inverno vai ser

pior ainda”, prevê. O artesão Erasmo Borges, 33 anos, já

cansou de ver cenas como a de Mônica. “Vejo mulheres carregando crianças, pessoas de idade, de muletas. Eu ando

com meu carrinho ve-lho, mas a gente precisa de um ônibus aqui. Se precisar pagar para co-locarem calçamento, a gente paga!”, diz, no in-tervalo do trabalho de escultura em madeira que fazia.

Os quatro filhos de Erasmo não consegui-ram vagas na mesma escola. Por isso, dois deles estudam no co-légio do bairro, e dois

na Terceira Légua. Mas o artesão não reclama. Diz que a tranquilidade do lugar compensa o esforço. “Esse bairro é sofrido, mas eu não troco por outro. A criminalidade é zero, posso deixar meus filhos irem no mercado, que todo mundo conhece eles. É um bairro uni-do”, explica Erasmo, que mora de alu-guel, mas está construindo uma casa em frente à atual para ser sua.

Assim como Erasmo, a merendeira do Colégio Vila Lobos, Marizete Bra-ga, 36 anos, diz que o bairro é um bom lugar para morar. “É calmo, de boa vi-zinhança. O problema são as estradas mesmo. Aqui onde é Rua F, ou, como

dizem, a Rua da Felicidade, acham que todo mundo é feliz. Só somos tristes por causa dessas ruas”, diz, sorrindo. Num final de tarde, Marizete descansa-va em cima de um terraço, onde gosta de ficar sentada “só para ver um pouco do movimento” – mesmo que na tran-quilidade do Vila Lobos ele pratica-mente inexista.

Enquanto a falta de calçamento é o maior problema para uns, para ou-tros é o esgoto. As casas do Vila Lobos usam o sistema de fossas, e em alguns trechos o esgoto escorre pelas beira-das das ruas. O plano milionário de despoluição dos arroios administrado pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) não envolve o loteamento. Muitas vezes, crianças sem supervisão acabam brincando na água suja. “Pedem para a gente cuidar da dengue, mas isso fica parado aqui”, diz a dona de casa Jaqueline de Fátima Hoffmann, 45 anos.

A moradora, que tem uma fossa pro-visória – coberta com madeira –, diz que sua maior vontade é ver as fossas substituídas por um esgoto com tra-tamento. “Arrumando o esgoto já me-lhoraria o resto”, acredita. A fossa do vizinho de Jaqueline, que fica separada apenas por alguns metros de distância da casa dela, está aberta. “Quero ver agora que está perto da Festa da Uva, que eles só mostram os lugares boni-tos”, provoca a dona de casa.

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“Esse bairro é sofrido, mas eu não troco por outro. A criminalidade é zero. É um bairro unido”, ressaltao artesão Erasmo

Garoto brinca na vala de esgoto que corre à beira de uma das ruas; em outra, o comerciante Pascoali precisa buscar a mercadoria a pé, pois o caminhão de entrega não sobe

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por GRAZIELA [email protected]

uando Venâncio Bastiani, 90 anos, che-gou em Caxias, há quase nove décadas, nem se sonhava com computador. Tec-nologias em 3D e realidade virtual não faziam parte nem das projeções mais audaciosas sobre o futuro. Os anos passaram e o pedreiro aposentado, na-tural de Otávio Rocha, distrito de Flo-res da Cunha, só tomou conhecimento de tudo isso de longe. Aliás, é preciso registrar: ele nem fez questão de che-gar perto. “Só se fala em computador hoje em dia”, resmunga.

Para Bastiani, os registros virtuais não são confiáveis porque relatam uma história que alguém, que não se sabe quem, contou. Ele é da opinião de que válida é a história vivida ou que foi contada olho no olho por alguém que realmente sabe o que aconteceu, não de ouvir falar, mas por tê-la vivencia-do. “Qual computador poderia contar com precisão sobre a primeira videira que deu o primeiro fruto?”, desafia.

Claro que para Bastiani é fácil falar. Ele é do tempo em que as pessoas ainda viajavam de trem em Caxias, em que a Festa da Uva estava começando, a Ave-nida Júlio de Castilhos ainda não era calçada e a jovem cidade era chamada de Pérola das Colônias. A igreja de São Pelegrino nem existia. “As pedras da

fundação dessa igreja fui eu que ajudei a carregar”, orgulha-se.

Bastiani casou-se em 1941 com Rosa Bettega Bastiani, 92 anos, na Catedral, porque a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, no bairro onde moravam, ainda estava em construção. Na casa deles não havia energia elétrica. E os dois passeavam pelas principais ruas da cidade ainda sem pavimentação. Ou seja, dos 100 anos da chegada do trem, dos 120 da emancipação política de Caxias e dos 135 da imigração ita-liana que serão comemorados na Festa da Uva de 2010, Bastiani participou ou viu quase tudo. E ele nunca precisou de um computador para isso.

Mas para quem não vivenciou ne-nhum desses fatos que compõem a história da cidade, para aqueles que só sabem que Caxias teve trem de ouvir falar, os computadores – que nos des-culpe Bastiani – serão a verdadeira pérola da cidade em 2010. Se todos os planos derem certo, quem visitar a Festa da Uva, de 18 de fevereiro a 7 de março, poderá presenciar quase um milagre da tecnologia. Imagens virtu-ais, tridimensionalidade, interativida-de e truques de videogame tentarão reproduzir pelo menos parte daquilo que Bastiani e toda a sua geração viram acontecer no último século.

Os recursos tecnológicos

irão além de mostrar imagens ou con-tar episódios do passado de Caxias e da Festa da Uva. Deverão colocar as pessoas que visitarem os pavilhões li-teralmente dentro dos cenários mais importantes do município desde 1910. Como define o diretor-geral da Secre-taria Municipal da Cultura, João To-nus, “será uma imersão na história da cidade”. E não será preciso dei-xar o passado de lado – muito menos colocá-lo todo dentro de com-putadores. Na Festa da Uva de 2010 esses dois elementos devem andar juntos para im-pressionar quem gos-ta de tecnologia, mas também para agradar os quem se mantêm fiéis às tradições mais antigas.

Essa interação tecnológica começará exatamente no início da visita aos pavi-lhões e estará presente em pelo menos quatro das 15 estações temáticas que farão parte da decoração do Parque de Exposições da Festa da Uva durante o evento. Logo na entrada do Centro de Eventos, após ser recebidos pela rainha e pelas princesas, os visitantes recebe-rão um óculos 3D e serão convidados a entrar em três vagões de trem, onde

começará a viagem virtual.No primeiro vagão, os visitantes ve-

rão passar pelas janelas – onde estarão instalados televisores de LCD – paisa-gens de Caxias anteriores a 1910. Ve-rão surgir diante dos olhos cenários de tropeiros e colonos em tons sépia ex-traídos de fotos originais preservadas

pelo Arquivo Histórico Municipal. No segundo vagão, fotos em pre-to e branco, também projetadas nas janelas, mostrarão a cidade em 1910, ano que marca a chegada do trem e do desenvolvimento da ci-dade. E no terceiro, pai-sagens atuais da Serra surgirão aos olhos dos passageiros.

Para dar a ideia de profundidade, inclusi-

ve nas imagens estáticas, foram utili-zados recursos de 3D. E as imagens do presente foram filmadas com uma câ-mera que faz captação tridimensional. “A ideia do 3D e do movimento é fazer com que a pessoa tenha a sensação de estar mesmo dentro de vagões de um trem”, explica Tonus.

Após sair dos vagões, o passeio se-guirá pelos estandes de exposições de uvas até a entrada do Pavilhão 1, onde estará a Estação da Serra, novamente

Festa da Uva

“A ideia do 3D e do movimento é fazer com que a pessoa tenha a sensação de estar dentro de vagões de um trem”, explica Tonus

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Visitantes irão mergulhar em uma experiência tridimensional e interativa, um novo jeito de contar uma bela e antiga história

Fausto Araújo é um dos encarregados de transferir os registros históricos da cidade e da Festa para o campo virtual

A TECNOLOGIA

MEMÓRIARESGATA A

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com interatividade. Nesse local, desti-nado às vinícolas da região e às apre-sentações de dança de CTGs, serão instalados três tótens com informações sobre a história da uva e do vi-nho na região. Com ajuda de um recurso tec-nológico chama-do de realidade aumentada, os visitantes mos-trarão códigos impressos em um papel para a câ-mera dos tótens e, imediatamen-te, imagens rela-cionadas à vitivinicultura se projetarão na tela. Essas imagens terão movimen-to, e as pessoas poderão brincar com as figuras.

Quem pensa que o arcaico e o

moderno não combinam terá que ver de perto o que está reservado para a

Estação da Colônia. O lugar, que cos-tuma atrair os visitantes pelo cheiro do pão recém saído do forno com aque-le doce de frutas caseiro fabricado há mais de cem anos da mesma maneira, será o terceiro ponto a receber interati-vidade nos Pavilhões.

Nesse espaço, os estandes dos distri-tos – com direito a chapéus e cestas de palha, bordados e guloseimas italianas de dar água na boca – serão dispostos ao redor de uma pracinha com bancos para as pessoas descansarem, um pal-co, a réplica de um coreto que havia na praça Dante Alighieri em 1908 – tudo igual a como era antigamente – e três telões de pelo menos dois metros de largura por um metro de altura. Achou contraditório? Ainda não é tudo.

Em uma empresa familiar da Linha 40 estão sendo construídas três pipas de madeira que serão usadas como carrinhos em um jogo de videogame a ser instalado nessa mesma pracinha antiga com os telões. Aliás, os telões serão parte do jogo, que está sendo elaborado pelos sócios-proprietários da empresa Urizen, Gelson Cardoso Reinaldo, 36 anos, e Fausto Araújo, 28 anos, os mesmos que cuidam da inte-

ratividade de todas as demais estações. “Nós pegamos imagens de Caxias de 1910 e reproduzimos em computador. Depois criamos um traçado de rua

fictício e transformamos em um game. A pessoa que esti-ver brincando vai poder cor-tar caminho, bater e capotar, como ela faz num videoga-me normal, só que o cenário será a Caxias antiga”, explica Araújo.

Quem não está achando

tão divertido assim é Pau-lo Ricardo Adami, 48 anos, que está fazendo as pipas. Ele fabrica esses recipientes há aproximadamente 20 anos

na empresa que divide com o irmão e o pai em um pavilhão na proprieda-de rural da família, mas nunca tinha construído nenhuma pipa que viraria carrinho ou parte de um jogo de com-putador. Aliás, ele nem gosta muito de computador. “Uso só para uma ou outra coisinha. Quem lida melhor com

computador aqui é meu irmão, que faz as vendas por e-mail.”

Adami ainda era adolescente quan-do começou a fabricar as pipas, que são os principais produtos da empresa. “Comecei a fazer por causa de uma ne-cessidade, depois fui pegando gosto.” E o ofício é trabalhoso. Como a Festa da Uva está quase chegando, Adami está precisando trabalhar além do normal para poder entregar as encomendas.

Se dedicasse sua jornada a apenas uma pipa e não fizesse mais nada além dela, ele levaria dois dias para concluí-la. É preciso selecionar a madeira, cor-tar os pedaços com a angulação cor-reta para dar ao recipiente o formato redondo, encaixar manualmente cada uma das tábuas e colocar a cinta me-tálica para garantir que a estrutura não se desmonte. Tudo isso para cortar um pedaço depois. “Aprendi a fazer com muito cuidado, porque a pipa é um recipiente para colocar líquido dentro. Não pode vazar. Mas essas aqui vou ter que cortar para poder caber uma pes-soa dentro. É uma novidade pra mim.”

As pipas não serão os únicos

objetos a ganhar nova função com a

ajuda da tecnologia. O que diria Ve-nâncio Bastiani ao ver os livros que ele tanto preserva na estante da sala de casa ganharem movimento? Se as imagens impressas nas páginas intera-gissem entre si ou com o leitor? Pois é exatamente o que vai acontecer.

A Estação da Leitura terá uma praça com bancos para as pessoas descan-sarem ou assistirem às contações de histórias. O assessor da Diretoria de Cultura da Festa da Uva, Jair Bastos, explica que os livros virtuais serão co-locados à disposição dos visitantes em um espaço que terá a réplica do prédio histórico da Livraria Saldanha, que funcionava na esquina da Avenida Jú-lio de Castilhos com a Rua Visconde de Pelotas nos idos de 1910.

Serão três livros virtuais. Eles terão aparência de antigos, com capas de couro, mas contarão a história da livra-ria de um jeito bem moderno. “As pá-ginas estarão aparentemente em bran-co. Mas, conforme as pessoas forem folheando, começarão a ver imagens em movimento projetadas nelas.”

Bastos se empolga ao contar sobre a interatividade, que será a grande novi-dade da Festa da Uva de 2010. E o di-retor João Tonus se anima ao falar da possibilidade dos visitantes mergulha-rem na história do evento e também de Caxias do Sul com a ajuda da realidade virtual. Ele acredita que essas estações interativas, junto com as outras 11, que mesmo sem ajuda da tecnologia devem agradar o público pelas apre-sentações de teatro, música e dança, serão um grande atrativo aos visitantes. “Antigamen-te, as estações eram os locais onde os trens paravam. Depois, eles seguiam seu percurso natural. As estações da Festa da Uva terão esse papel. Serão um convi-te para as pessoas para-rem de vez em quando, se sentarem, assistirem a alguma apresentação, interagirem e depois seguirem o cami-nho de visita aos estandes de exposi-ção e de compras do evento”, compara Tonus.

Os organizadores da festa sa-bem que não há como colocar mais de 100 anos de história nessas estações, muito menos em quatro atrações inte-rativas de computador. Mas a aposta é uma tentativa de tornar o evento mais atraente, valorizando uma das maiores preciosidades para os caxienses, que é a sua história.

Provavelmente, poucas das pessoas que entrarem nas pipas feitas por Pau-lo Ricardo Adami terão a verdadeira noção do que elas representam. Uma minoria talvez se dê conta de que es-tará participando de uma brincadeira moderna de dentro de um objeto que Paulo aprendeu a fabricar com o pai dele, que também já tinha aprendido do pai e assim por diante. “Antiga-mente quase todo mundo tinha pipa em casa, porque as famílias faziam seu próprio vinho. Hoje em dia as pessoas compram o vinho e quem faz a bebi-da usa aquelas pipas de inox, que são muito mais baratas e fáceis de fazer. Ninguém mais quer saber dessas de madeira. O hábito está se perdendo”,

constata Adami.Também será impossível levar a to-

dos os visitantes a memória de pessoas como Venâncio Bastiani e o encanto que ele sentiu ao ver os distritos coloca-rem nos carros alegóricos os produtos cultivados em cada uma das regiões no desfile de 1937. Pois, se como ele mes-mo diz, “não é fácil reduzir 80 e tantos anos em uma entrevista para um jor-nal”, imaginem resumir um século de

história de uma cidade inteira para uma festa. Espiritualizado, ele se justifica: “Os olhos só veem a matéria”.

Mas, apesar de toda essa desconfiança do pedreiro aposentado em relação às novas tecnologias, ele deixa uma dica importante àqueles que, além de se divertirem com as brincadeiras virtuais, quiserem realmente en-

tender a história desta cidade e de sua festa. “A pessoa tem que ouvir o cora-ção, porque ele também fala. O senti-mento fala.”

“Tem que ouvir o coração, porque ele também fala”, diz Venâncio, ensinando como se faz para compreender a nossa história

“A pessoa vai poder cortar caminho, bater e capotar, como num videogame normal, só que o cenário será a Caxias antiga”, explica Araújo

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Adami constrói as pipas para um videogame nos pavilhões, onde estações interativas tentarão levar ao público imagens e vivências de pessoas como Venâncio e Rosa Bastiani

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por CÍNTIA [email protected]

m uma estrada bucólica entre Fazenda Souza e a sede de Vila Oliva, distritos de Caxias do Sul, há uma encruzilhada. O lugar é conhecido por Tabela, pois abrigava antigamente uma balança para pesar o gado das grandes criações que havia por aqueles campos. Placas castigadas pelo tempo sinalizam as localidades próximas, mas falham em apontar, à esquerda, o provável local do futuro Aeroporto Internacional de Caxias do Sul. Hoje, à direita, o campo é coberto por modestas plantações de tomate, pimentão, cenoura, brócolis e beterraba. Um pomar com incontáveis macieiras carregadas de seus frutos vermelhos fica do outro lado da estra-da.

Lá, em duas simples casas de madei-ra com ar de improviso, moram duas famílias que trabalham na roça. Um dos terrenos, de propriedade de um caxiense, é arrendado para o agricul-tor Ronaldo Mazzochi, que emprega nas lavouras de hortifrutigranjeiros as famílias, uma delas capitaneada por Nilva Pereira. Estendendo a roupa, ela

explica que logo mais terá que deixar suas duas filhas cuidando da casa para ajudar na plantação, onde o marido e o filho mais velho já trabalham desde cedo. Os Pereira estão lá há aproxima-damente um mês, e não faziam ideia de que sua morada poderá ser convertida em aeroporto. “Quando as obras co-meçarem, não teremos para onde ir. Espero que tenhamos tempo de conse-guir um cantinho até lá”, conforma-se Nilva.

A mesma conformidade é mostrada por Ronaldo Mazzochi, que não possui terras próprias. Para ele, em sua tran-quilidade do interior, o que se pode fazer é simplesmente partir para outra. “Estou há dez anos aqui, já investi em açude, luz trifásica, mas fazer o quê? Se é para melhorar...”, resigna-se Mazzo-chi. Indagado se considera uma melho-ria o desembarque de um empreendi-mento de tal porte nas terras que hoje ocupa, o agricultor ergue os ombros e sorri: “é o que dizem”. A dúvida consis-te em qual será o impacto da instalação do novo aeroporto. “Agora é um sos-sego, mas com o aeroporto vem tudo”, diz, afirmando que logo mais a cidade

chegará ao campo. “Cada vez que vou para Caxias, uma vez por semana ou a cada 15 dias, dá para reparar como ela cresce sempre mais”, espanta-se.

Enquanto isso, as medidas são preca-vidas. Mazzochi concentra-se nas suas plantações, em pagar o aluguel das ter-ras um ano adiantado, e não pensa em fazer qualquer grande investimento no local. “Vamos levando devagarinho”, diz ele. Devagar, também, encaminha-se para Vila Oliva a definição do lugar do novo aeroporto, desequilibrando a disputa com uma área em Monte Bé-rico, em Farroupilha (colada a Mato Person, Flores da Cunha).

Quem ainda tem esperança de investimento na área farroupilhense é a Associação das Entidades Represen-tativas da Classe Empresarial Gaúcha (CICS-Serra), presidida pelo bento-gonçalvense Ademar Petry. Formada por entidades empresariais de Antônio Prado, Bento Gonçalves, Carlos Bar-bosa, Farroupilha, Garibaldi, Guaporé, Nova Prata, Serafina Corrêa e Vera-nópolis, a CICS-Serra defende o local como ideal por conta da proximidade

com diversas cidades da Serra e da Região das Hortênsias. Mas Petry re-conhece que há uma ligeira vantagem pendendo para Vila Oliva.

O presidente afirma que, desde 2004, três relatórios foram realizados pela Agência Nacional de Aviação Ci-vil (Anac) para avaliar áreas viáveis à instalação do aeroporto, medindo suas condições. A função da Anac é auxiliar o governo do Estado na tomada da de-cisão. Até um terreno de Desvio Blau-th, em Farroupilha, foi considerado uma opção, logo descartada em prol de Vila Oliva e Monte Bérico. Um novo relatório foi apresentado ao governo estadual e à governadora Yeda Crusius no ano passado, contendo um ofício da Anac onde constava uma análise com-parativa entre as duas áreas.

De acordo com essa comparação, ambos os locais estariam aptos a rece-berem o aeroporto, cada qual com suas vantagens e potencial. Monte Bérico apresenta melhor logística e acessibili-dade viária, enquanto Vila Oliva mos-tra ausência de obstáculos geográficos, com menor necessidade de remoção de terra e adaptação. Os dois sítios se-

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As lideranças caxienses dão Vila Oliva como local definido, as de cidades vizinhas reclamam e o governo diz que a decisão não está tomada

Dit alitionse vero imint. Dit alitionse vero imint. Dit alitionse vero imint. Dit alitionse vero imint. Dit alitionse vero imint. Dit alitionse vero imint. Dit alitionse vero imint.

NOVOAEROPORTOÀ PROCURA DE UM POUSO

Exatamente atrás do varal de Nilva Pereira, na localidade de Tabela, em Vila Oliva, desenha-se um aeroporto internacional

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riam adequados, tanto em extensão de pista quanto na instalação de heliporto e todas as necessidades de um aeropor-to internacional.

Somente uma condição não foi ana-lisada, e, para Petry, é uma questão de fundamental importância. “A questão socioeconômica não foi avaliada, e há a necessidade desse es-tudo. Tentamos marcar audiência com a gover-nadora para apresentar o assunto, de todos os meios possíveis, mas até agora não obtive-mos sucesso”, conta o presidente da CICS-RS. Ele torce para que a en-tidade que representa seja ouvida, “para que a decisão tomada não seja política”.

Petry continua: “não descartamos Vila Oliva, mas queremos que sejam levadas em consideração questões técnicas e também culturais, econômicas e sociais”. Uma das ações em favor das ações em favor de Mon-te Bérico é o cuidado com a proteção do entorno da área contra invasões, ou seja, para que com o decorrer do tem-po a cidade não avance em direção ao aeroporto. Isso entraria no Plano Dire-tor de Farroupilha. “E se em Vila Oliva não forem tomadas, da mesma forma, ações de proteção da área, em cinco, 10 anos, ficará igual ao aeroporto já exis-tente em Caxias”, afirma Petry.

Sobre a crescente expectativa ca-xiense de que a governadora confir-me a área de Vila Oliva, Petry reage com certa decepção. “Não sabemos de nada, de nenhuma decisão tomada. Acreditamos que a governadora tem respeito pela região e seria deselegante da parte dela uma decisão desse porte ser tomada, sabendo de toda demanda da população empresarial daqui”, diz o presidente.

É o que pode acontecer, a CICS-Serra sabendo ou não. Pelo menos é o que diz o presidente da Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul (CIC) Milton Corlatti. “A governadora Yeda Crusius virá palestrar em uma reunião-almoço da CIC e fará o anún-cio da escolha do aeroporto”, afirma Corlatti. A data não está oficializada, mas tudo aponta para o dia 1° de mar-ço. Para Corlatti, o melhor local para o novo aeroporto é, sem dúvida, Vila Oliva. Segundo ele, os estudos realiza-dos pela Anac apontam o favoritismo do distrito caxiense, com um terreno reservado de mais de 400 hectares para a obra. “Somos a favor da área com maior capacidade técnica, que a Serra precisa”, justifica.

O projeto não é algo imediato, mas sim a longo prazo. Corlatti comenta que a ideia é evitar um grande aglome-rado urbano, comparado ao Aeroporto Internacional de Congonhas, em São Paulo, palco de tragédias aéreas trau-matizantes. “Temos que pensar adian-te, para daqui a 20, 30 anos”, diz. Para o presidente da CIC de Caxias, não há imposição política, só um desejo de que os estudos apontem a melhor área.

Melhor explicação sobre os tais estudos da Anac é oferecida por

Fernando Coronel, autoridade do go-verno estadual que coordena o Depar-tamento Aeroportuário (DAP), órgão ligado à Secretaria de Infraestrutura e Logística. De acordo com ele, a Anac não decide nem recomenda nenhum dos sítios, só entrega um relatório com diversos itens e a pontuação que cada

local conquistou. Coronel afirma que

desde dezembro está sendo realizado um estudo georeferencial dos terrenos de Mon-te Bérico e Vila Oliva, de alta precisão, que consiste em fotografias tiradas por satélite e posterior interpretação dos dados e imagens obtidos. Esse processo dura em torno de 90 dias, e a decisão, se-

gundo ele, será tomada depois disso. A resposta virá “até o final de fevereiro ou início de março”, garante o coorde-nador.

Coronel insiste em afirmar que o estudo não está concluído e que a ex-pectativa de anúncio em 1° de março é fantasiosa. “Estamos trabalhando para que o mais rápido possível o estudo es-teja terminado, mas ainda não há data definida”, diz ele.

O coordenador explica que depois da entrega do relatório há uma análise da DAP e então os responsáveis pelos sítios e as comunidades envolvidas são chamados para uma conversa. Um consenso deve ser atingido e, se não ocorrer desta forma, a governadora é quem decide, embasada nos estu-dos técnicos porque, “de uma vez por todas, a decisão deve ser tomada do ponto de vista técnico, e não político”, assegura Coronel. “Há muito trabalho a ser feito”, completa.

Depois de determinado o local, par-te-se então para a prática. O começo de tudo é com um projeto adequado, que será realizado por uma empresa escolhida por meio de processo licita-tório. Isso em mãos, o próximo passo é angariar recursos, que provavelmente virão da União, do governo do Estado e da prefeitura envolvida. No meio dis-so tudo, deve ser realizado um levan-tamento sobre impacto ambiental na região.

A sugestão de uma ampliação do ae-roporto já existente em Caxias provoca risos no coordenador. Para ele, isso é impossibilitado pela pequena possibi-lidade de extensão da pista, por causa das habitações ao redor. “Aquele sítio é conurbado, ou seja, tem muitas casas e comunidade em volta, antenas que prejudicam a visibilidade dos pilotos, obstáculos como prédios”, lista Coro-nel.

Para suprir algumas carências, o Aeroporto Regional Hugo Canter-giani está em reforma. Localizado no bairro Salgado Filho, em frente ao CTG Negrinho do Pastoreio, ele so-frerá modificações significativas para maior comodidade dos usuários. Em sua sala, logo à direita de um corredor estreito, o diretor José Henrique Elus-tondo se encontra cercado de fotos de aviões decorando as paredes, que disputam espaço com um mapa da

“A governadora virá palestrar em uma reunião-almoço da CIC e fará o anúncio da escolha do aeroporto”, afirma Corlatti

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O agricultor Mazzochi: “Estou há 10 anos aqui, mas fazer o quê? Se é para melhorar...”

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cidade, certificados e um mural com textos de apoio aos funcionários, com 10 regras de qualidade. Na mesa, en-quanto termina de mandar um e-mail, ato com o qual ainda não está familia-rizado, seu notebook disputa espaço com aparelhos telefônicos, papelada, óculos, celular e walkie-talkie.

Logo ele se inflama para dizer que toda a demanda do aeroporto é atendida por 13 fun-cionários, que estão à disposição da popula-ção caxiense 365 dias por ano. “Trabalha essa gurizada!”, brinca Elustondo. Atualmente, a demanda é relativa-mente pequena e so-mente uma empresa aé-rea opera lá, a Gol, com três voos: dois para São Paulo e um para Curitiba. “Mas com-porta mais voos”, afirma o diretor. Uma conversação com a operadora Azul, em franca expansão no mercado nacional, está sendo intermediada pela CIC.

Elustondo então se põe a explicar que a área reformada será de 1.819 m², sendo 400 metros da pista. As obras contemplarão uma cobertura na entra-da do terminal, ampliação da área de desembarque e climatização. O setor de embarque será transferido para um novo prédio, a ser construido à direita do aeroporto, onde ficarão as empresas aéreas e a sala de espera. Totalizando R$ 2,319 milhões, o investimento vem do governo do Estado, por meio do DAP, pois o aeroporto é uma conces-são estadual. A prefeitura de Caxias do Sul colabora, por meio de acordo, com serviços como administração de pes-soal, segurança patrimonial e limpeza.

O diretor afirma que a discussão so-bre a capacidade ou não do aeroporto regional tornar-se “internacional sob demanda” começou com a possibili-dade de Caxias abrigar a comitiva de algum time de futebol durante a pré-temporada da Copa do Mundo de

2014. “Imagine a felicidade de hospe-dar a seleção da Argentina ou do Uru-guai na nossa cidade”, sorri Elustondo. De acordo com ele, o que caracteriza um aeroporto como internacional sob demanda é a presença de três órgãos governamentais no momento de em-barque e desembarque: Polícia Federal,

Vigilância Sanitária e Receita Federal. “É só disponibilizar três salas, uma para cada funcionário. Quando o voo vai, eles também vão embora. Pronto!”, simplifica Elustondo. O tamanho, em si, não teria maior importân-cia: “um aeroporto re-gional tem que ser pe-queno, o nacional um pouco maior e o inter-nacional maior ainda?

Não faz sentido”, diz o diretor.O que ele salienta repetidamente é

o que considera de maior importân-cia em qualquer aeroporto, principal-mente no que comanda: a segurança. “Mexemos com vidas”, diz. Alguns dias antes, uma equipe de 11 militares da Aeronáutica foi ao aeroporto regional realizar uma de suas inspeções peri-ódicas e observou os equipamentos referentes a auxílio de navegação, ba-lizamento da pista (luzes que servem de orientação), a biruta, entre outros. Segundo o diretor, tanto a estrutura quanto a questão da segurança de voo foram elogiadas.

Elustondo afirma que os usu-ários costumam aliar segurança com tamanho do aeroporto. Prova disso é o canal de inspeção, novo aparelho de raio-x de bagagem, instalado em julho de 2009. Em Caxias, ele é alvo de críticas. O aparelho mostra em sua tela o conteúdo de bolsas e malas de qualquer passageiro, que é obrigado a disponibilizar sua bagagem para poder embarcar no avião. Com sensores que detectam materiais orgânicos e me-

tais, a tela se mostra colorida de tons vermelhos, azuis e verdes. Ao lado, há uma caixa com objetos barrados, na maioria estiletes e canivetes.

Elustondo conta que no ano passado 126.119 pessoas utilizaram os serviços do aeroporto regional. Se formos am-pliar a conta e pensar que cada pessoa que embarcou levou um acompanhan-te para a despedida ou foi recepcio-nada por uma pessoa, sem contar os usuários informais, vizinhos que utili-zam os banheiros ou param para um lanche, o número chega a aproximada-mente 380 mil pessoas circulando pelo aeroporto. Isso levando em considera-ção que o expediente lá, quando não há necessidade de uma prorrogação de horário, é das 7h às 20h.

Um novo aeroporto não significa ameaça ao regional, pelo menos por enquanto. A curto e médio prazo, as reformas atendem as demandas neces-sárias. O aeroporto deve ser pensado a longo prazo. “Um novo local se faz ne-cessário, sim, e acho a discussão ótima. Um investimento dessa envergadura e perenidade é de grande importância”, ressalta o diretor.

De acordo com ele, Vila Oliva comportaria um espaço de 6 mil m², sendo 4 mil m² para a pista e mais 1 mil m² para cada cabeceira, além de uma área de escape em caso de tra-gédia. Monte Bérico ofereceria uma pista de 2.300 m², não supe-rando muito a do ae-roporto regional, que possui 2 mil m². Outros aspectos levados em consideração pela Anac são as zonas de proteção de ruído e ambiental, além de possíveis obstáculos. Em Monte Bérico existiria um, impossível de ser desapropriado – nada menos do que o Santuário de Nossa Senhora de Ca-ravaggio –, favorecendo mais uma vez Vila Oliva.

Quem esteve no distrito ca-xiense em 1996 para uma observação inicial foi o consultor técnico de Meio Ambiente da CIC, Victor Hugo De Lazzer, que aprova entusiasticamente Vila Oliva. “O lugar é maravilhoso. As condições climáticas são boas, a altitu-de também e, além disso, há uma anti-ga estrada dos tropeiros que liga Vila Oliva à Cascata do Caracol, em Canela, percorrendo a distância de uns 35 km”, enfatiza. Para ele, a área será ideal tan-to para o turismo, pensando também nos municípios de Canela e Gramado, quanto para as atividades industriais tão características de Caxias. “Por isso, é ideal”, categoriza.

Quem também torce para contar com um empreendimento desse porte na vizinhança é o sub-prefeito de Vila Oliva, Nelson Marcarini. De acordo com ele, a comunidade é toda a favor do que considera grande avanço. “Vai ser muito bom pela geração de empre-gos, pelo favorecimento do turismo e maior movimento no comércio local”, afirma Marcarini.

Mas para isso acontecer, ainda fal-tam muitas horas de voo. Para o co-

ordenador do DAP, Fernando Coronel, é difícil se posicionar agora quanto a valores e uma estimativa de tempo para a entrega de um novo aeroporto para a região. Ele con-corda, porém, que a média estipulada de 10 anos para a construção não foge da realidade. Outras questões, como o deslocamento entre uma cidade e outra

ou, no caso de Vila Oliva, do interior ao centro de Caxias, continuarão em aberto. Por ora, só o que pode ser re-solvido é a escolha do local. E só a pa-lavra da governadora poderá afastar de vez as nuvens que envolvem a disputa entre os distritos de Caxias do Sul e de Farroupilha.

Enquanto o internacional não vem, arruma-se o regional: Aeroporto Hugo Cantergiani estáem obras de ampliação e reforma

“Um novo local se faz necessário. Um investimento dessa envergadura e perenidade é de grande importância”, diz Elustondo

O aeroporto atual, onde a Gol opera três voos diários (dois para São Paulo, um para Curitiba), está recebendo investimento de R$ 2,3 milhões

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confronto com os alienígenas muda depois que um deles salva sua vida. Dirigido por James Cameron. Censu-ra 12 anos, 166 minutos, dublado.Pepsi GNC 5 – Shopping Iguatemi

l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 19h e 22h |

Classificação 12 anos, 166 minutos, legendado.Pepsi GNC 5 – Shopping Iguatemi

l Bete Balanço | Drama. De quin-ta a domingo, 20h |

Bete é uma garota do interior recém aprovada no vestibular e cantora eventu-al de um bar de Governador Valadares

(MG). Liberada na relação sexual com o namorado, curte teatro e sonha com um espaço maior para o seu prazer, no tra-balho e na vida. A música a atrai para o Rio de Janeiro, pouco antes de completar 18 anos. Tudo o que experimenta, então, é uma inevitável sucessão de coisas boas e más. Dirigido por Lael Rodrigues. Com Debora Bloch, Lauro Corona e Diogo Vilela. 74 minutos.Sala de Cinema Ulysses GeremiaR$ 1,99 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares

l O fada do dente | Comédia. De sábado a quinta, 13h10 |

Conta a história de um cruel e sádi-co jogador de hockey com tendência de arrancar dentes de seus adversá-rios, daí o apelido. Depois de dizer para uma menina que a fada do dente não existe, ele é condenado a se tornar uma delas. O jogador, então, aprende a função e passa a visitar as crianças que deixam seus dentes embaixo do tra-vesseiro, mas realiza o trabalho do seu jeito. Dirigido por Michael Lembeck. Com Dwayne Johnson (The Rock) e Julie Andrews. Censura livre, 103 mi-nutos, dublado.Pepsi GNC 2 – Shopping Iguatemi

l O fada do dente | Comédia. De sábado a quinta, 16h40 |Censura livre, 103 minutos, dublado.Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemil O fim da escuridão | Policial.

De sábado a quinta, 14h20, 16h50, 19h15 e 21h40 |

Policial veterano vê sua filha ser as-sassinada na porta de casa e começa a investigar o caso. A suspeita inicial, de que ele era o alvo original, é deixada de lado quando descobre o envolvimento de sua filha com segredos do governo dos EUA. Dirigido por Martin Cam-pbell. Com Mel Gibson. Censura 14 anos, 117 minutos, legendado.Pepsi GNC 3 – Shopping Iguatemi

l Premonição 4 | Terror. De sábado a quinta, 22h10|

No quarto filme da série, jovens es-capam da morte em um autódromo

depois da premonição de um deles. Depois, são perseguidos um a um. Di-rigido por Davir R. Ellis. Com Bobby Campo e Shantel Van Santen. Pré-estreia. Censura 18 anos, 81 minutos, legendado.Pepsi GNC 4 – Shopping Iguatemi

l Sherlock Holmes | Ação. De sábado a quinta, 14h, 19h20 e 21h50 |

Em meados do século XIX, o dete-tive Sherlock Holmes, mais ousado e bon vivant que em qualquer outra adaptação cinematográfica, é acompa-nhado pelo fiel escudeiro Dr. Watson na captura de um serial killer e bruxo. Dirigido por Guy Ritchie. Com Ro-bert Downey Jr. e Jude Law. Censura 14 anos, 128 minutos, legendado.Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi

l Temporada do Teatro Ca-xiense

Estão abertas as inscrições para a temporada 2010. Interessados em inscrever sua atividade devem enviar e-mail para [email protected] ou ir pessoalmente na Uni-dade de Teatro da Secretaria Munici-pal de Cultura. Esta temporada será realizada de abril a dezembro, sempre na segunda semana de cada mês, com apresentações no Teatro Municipal Pedro Parenti, Teatro do SESC e nos

parques, praças e outros espaços pú-blicos da cidade.Unidade de Teatro – Centro de Cul-tura Dr. Henrique Ordovás FilhoLuiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l Um olhar sobre a CIC | Até dia 8 de fevereiro |

Alunos do curso de Fotografia da Universidade de Caxias do Sul, Mau-rício Concatto, Adriana Kury, Flora Simon, Milena Leal, Isadora Secchi Silveira, Jonas Ramos e Luiz Coutinho

transmitem suas visões pessoais sobre o cotidiano da Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul.Saguão da PrefeituraEntrada gratuita | Alfredo Chaves, 1.333, Exposição | 3218-6000

l Cinema | Das 14h às 17h (teatrei-ros) e das 19h às 22h (turma mista) |

De 1° a 17 de fevereiro, o Grupo EDZ realiza curso de cinema com Luiz Rangel, da LCR Imagem Produtora. Os aspectos tratados serão constru-ção de personagem (físico e psicoló-gico), improviso, postura profissional, postura frente à câmera, construção de roteiro, produção e pré-produção, técnica, roteiro, assistência de direção, figurino e maquiagem e introdução ao cinema e áreas. Serão desenvolvidas atividades de roteirização e gravação de um curta-metragem com os alunos. Espaço MulticulturalR$ 1.800 | Pinheiro Machado, 2.968, São Pelegrino | 3025-7600 ou 8121-6338

l Banco de Vozes do Coral Estão abertas inscrições para o Co-

ral Municipal de Caxias do Sul. Os testes serão realizados nos dias 8 e 9 de

CANTO

TEATRO

EXPOSIÇÃO

CURSO

CINEMA

Novo Almodóvar no cinema, sertanejo nos Pavilhões e blues importado na Estação Fé[email protected]

GuiA de CulturA

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l Abraços Partidos | Drama. De sábado a quinta, 14h10, 16h30, 19h10 e 21h30 |

Cineasta sofre acidente de carro que tira sua visão e seu grande amor, a atriz do seu filme. Depois de 14 anos do ocorrido e de ter se tornado escri-tor, um fato parecido traz à tona lem-branças e histórias de antigamente. Dirigido por Pedro Almodóvar. Com Penélope Cruz. Censura 14 anos, 129 minutos, legendado.Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi

l Alvin e os Esquilos 2 | Co-média. De sábado a quinta, 13h30, 15h30, 17h30 e 19h30 |

O trio de esquilos Alvin, Simon e Theodore participa de um concurso de bandas para salvar a escola de mú-sica com o dinheiro do prêmio, mas um dos concorrentes é um grupo for-mado por três fêmeas, as Chipettes. Dirigido por Tim Hill. Censura livre, 94 minutos, dublado.Pepsi GNC 4 - Shopping Iguatemi

l Amor sem escalas | Comédia romântica. De sábado a quinta, 15h10, 17h20, 19h35 e 21h45 |

Homem que viaja pelos Estados Unidos despedindo funcionários de empresas sempre teve estilo de vida desapegado, com passagens frequen-tes por aeroportos e hotéis. Porém, ele começa a se conscientizar de sua soli-dão e de como seria sua vida sem esse emprego quando uma nova funcioná-ria é contratada e ele tem que treiná-la. Dirigido por Jason Reitman. Com Ge-orge Clooney e Vera Farmiga. Censura 12 anos, 109 minutos, legendado.Pepsi GNC 2 – Shopping Iguatemi

l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 13h e 16h |

Ex-fuzileiro naval é enviado ao pla-neta Pandora, onde encontra uma raça humanoide chamada Na’Vi. A missão dele é impedir que os Na’Vi atrapa-lhem a extração de minerais, mas o

Penélope Cruz é a musa de um cineasta (também) nas telas; Mel Gibson investiga o assassinato da filha em uma trama envolvendo o governo americano

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fevereiro, das 9h às 12h.Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás FilhoLuiz Antunes, 312, Panazzolo | 9121-0902

l Banda Disco | Anos 70 e 80. Sábado, 23h |Vagão BarR$ 15 ou R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.vagaobar.com.br | 500 pessoas

l Blackout | Música eletrônica. Sábado, 23h |Studio54MixR$ 12 | Visconde de Pelotas, 87, Centro | 9104-3160 | www.studio54mix.com

l Carlos Zanettini | MPB. Sába-do, 21h30 |

Compositor caxiense mostra seu trabalho autoral.Zarabatana CaféEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l DJ Iziquiel Carraro | Música eletrônica. Sábado, 23h |La Boom SnookerEntrada franca (feminino) e R$ 6 (masculino) | Feijó Junior, 1.023, sala 02, São Pelegrino | 3221-6364 | 1.200 pessoas

l Infiltrados | Rock. Sábado, 23h |Banda caxiense apresenta músicas

próprias e covers de sucessos do rock nacional e internacional. Portal Bowling – MartcenterR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas | www.portalbowling.com.br

l Libertá | Nativista e outros gêne-ros. Sábado, 22h30 |

Grupo com repertório variado, des-de música gaúcha e sertaneja até MPB, passando por axé music e pagode.Libertá DanceteriaR$ 10 (feminino) e R$ 20 (masculino) | 13 de maio, 1.684, Cristo Redentor | 3222-2002 | 700 pessoas

l Music is a source of life | Mú-sica eletrônica. Sábado, 23h |Havana CaféFeminino: R$ 20 e R$ 10 (com nome na lista). Masculino: R$ 40 e R$ 20 (com nome na lista) | Augusto Pestana, 145, São Pelegrino | 3215-6619 | www.hava-nacafe.com.br

l Pantera Cover | Heavy metal. Sábado, 23h30 |

Sucessos da banda Pantera, como Mouth for war e Cowboys from hell.Roxx Rock BarR$ 13 (até 23h30) e R$ 15 (depois) | Av. Júlio de Castilhos, 1.343, Centro | 3021-3597 | 400 pessoas

l Q Encanto, D’Skema Novo e Estranha Loucura | Pagode. Sábado, 22h |

Grupos tocam sucessos do pagode e composições próprias.Expresso Pub Café

R$ 10 (feminino) e R$ 12 (masculino) | Garibaldi, 984, Centro | 3025-4474 | 150 pessoas

l Sami Bosoni | MPB e música latina. Sábado, 22h30 |

Acústico com covers de músicas brasileiras, latinas e espanholas.Badulê American PubEntrada franca até as 22h . Após, R$ 5 | Rua Marechal Floriano, 1.504, sala 1, Centro | 3419-5269 | 70 pessoas

l Saturday Night | Música eletrô-nica. Sábado, 23h |Na pista e no lounge, DJs. No palco, show com a banda Flash Back.Pepsi ClubFeminino: R$ 20 e R$ 15 (com flyer). Masculino: R$ 40 e R$ 35 (com flyer) | Vereador Mário Pezzi, 1.450, Exposi-ção | 3419-0900 | www.pepsiclub.com.br | 1.100 pessoas

l Skol Summer Double | Música eletrônica. Sábado, 23h |Nox VersusR$ 15 (com nome na lista e até 0h30) e R$ 20 (após) | Darcy Zaparolli, 111, Villaggio Iguatemi | 3027.1351 | www.noxversus.com.br

l Sunny Music | Pop. Sábado, 23h |Banda faz seu primeiro show, com músicas próprias e covers de sucessos dos anos 70 e 80 de Abba, Bee Gees e U2, entre outros. La Barra Valor não divulgado | Coronel Flores, 810, São Pelegrino | 3028-0406 | www.labarra.com.br

l Victor e Léo | Sertanejo universi-tário. Sábado, meia-noite |

Dupla de grande renome nacional apresenta seus sucessos, como Borbo-letas e Fada, além de músicas do seu trabalho mais recente, Ao vivo e em cores em São Paulo, sétimo álbum dos artistas que possuem mais de 15 anos de estrada.Pavilhões da Festa da UvaR$ 20 (geral), R$ 40 (ala VIP Prata), R$ 70 (ala VIP Ouro) e R$ 60 (cama-rote). Ingressos à venda nas lojas Cia. Básica, Essência Jovem, Estilo Radical, Bulla, no Posto da Júlio e na Morphine Produções | Ludovico Cavinatto, 1.431, Nossa Senhora da Saúde | 3028-2200

l Pagode Junior | Pagode. Domin-go, 21h |

Clássicos do samba e do pagode, além de composições próprias.Europa Lounge GardenFeminino: R$ 10 ou R$ 5 (com nome na lista). Masculino: R$ 20 ou R$ 15 (com nome na lista) | Feijó Júnior, 1.062, Via Decoratta | 3536-2914 ou 8401-2029 | 400 pessoas

l Andy Just, Danny Vincent e Tiago Cerveira | Blues. Terça, dia 2, 22h |Atrações internacionais: Andy Just vem dos Estados Unidos e Danny Vincent da Argentina para mostrar, com o paulista Tiago Cerveira, o melhor do blues.Mississippi Delta Blues BarR$ 15 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br

MÚSICA

16 30 de janeiro a 5 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Juliane Tonin, Divulgação/O Caxiense

Festas Típicas | La Prima Vendemmia

por ROBERTO HUNOFF

Típica cidade de colonização italia-na, mas com traços poloneses, suecos e russos, que também participaram do processo de construção a partir de 1880, Nova Roma do Sul se prepara para receber visitantes nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro. Distante 65 quilômetros de Caxias do Sul, fazendo divisas com Farroupilha, Nova Pádua, Veranópolis e Antônio Prado, o pequeno municí-pio de 4 mil habitantes reeedita a La Prima Vendemmia, com a qual celebra a colheita das primeiras uvas.

A produção agrícola é a principal atividade econômica da cidade. A uva, em especial, está presente na quase to-talidade das propriedades do interior, onde reside a maioria dos moradores. Caso de Jocemar Dalmolin, que neste ano colhe a sua primeira safra de uva orgânica, cultivada exclusivamente com defensivos preparados de forma caseira, sem adição de agrotóxicos. Em sua propriedade, uma das deze-nas que poderão ser visitadas, há meio hectare plantado com as variedades niágara branca e rosada, parte cober-ta com plástico, que reduz os riscos de perda por questões climáticas.

A colheita e a degustação constituem um dos atrativos da La Prima Vendem-mia, que se inicia na sexta-feira, 19h, no salão de eventos da comunidade da Linha Paranaguá. Ali se concentrará a exposição de produtos da cidade e de municípios vizinhos, num total de 40 participantes, ocupando área de 1,5 mil metros quadrados.

Mas a grande atração da cidade é a sua geografia. Quem for à Nova Roma do Sul passando por Nova Pádua fará a travessia do Rio das Antas por bal-sa. Quem optar por Farroupilha per-correrá uma das mais belas estradas da região, que precisa, por questões de segurança, ser feita a baixa veloci-

dade, mas principalmente para que se aprecie o conjunto de paisagens que oferece. De um lado altos rochedos; de outro a visão de vales profundos do Rio das Antas.

Na cidade não se pode deixar de ir ao Eco Parque Cia. Aventura para prática de rafting, tirolesa, arvorismo, trekking e rapel, dentre outras aventu-ras radicais. Vale mencionar a tirolesa. São 650 metros de comprimento, rea-lizados em duas etapas, a uma altura de 80 metros, com vista para o Rio das Antas, cascata e mata exuberante.

Todos os passeios poderão ser feitos por meio de vans, com saídas da Pra-ça Matriz das 8h às 18h. Os veículos levarão os visitantes aos parreirais e principais pontos turísticos da cidade, que ainda incluem a Gruta Fiorese e a Capela São José, esta uma marco da re-ligiosidade e do patrimônio histórico e cultural às margens do Rio das Antas, além da hidrelétrica Castro Alves.

A gastronomia típica italiana é ser-vida em cinco restaurantes da cidade. Já a hospedagem se restringe a um hotel. Tanto o prefeito Marino Testo-lin, quanto o presidente da Câmara de Indústria e Comércio, Tranquilo Tessaro, reconhecem que a estrutura hoteleira ainda deixa a desejar. “Esta festa, agora divulgada para todo o Es-tado, tem também como objetivo esti-mular o surgimento de novas opções neste segmento. Já melhoramos nos últimos anos, mas ainda temos espaço para crescer e qualificar os serviços,” resume Tessaro.

A La Prima Vendemmia é realiza-da a cada dois anos desde 1994. Nesta edição a programação se estenderá até 18h de domingo. Haverá shows musi-cais todos os dias de artistas locais e regionais na Praça Matriz. Mais de-talhes no endereço eletrônico www.laprimavendemmia.com.br.

PRIMEIRACOLHEITA EM

NOVA ROMA

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Artes

por NATALIA BORGES POLESSOhocar-se com a distância a ser percor-rida, num determinado tempo e em determinada velocidade, chocar-se pela manhã, antes de sair ao trabalho, ou antes mesmo de pensar em levantar. En-carar o caminho que obviamente é uma linha reta ligando dois pontos. Pensar em percorrê-lo com os pés, um após o outro. Ou com a palma das mãos, con-siderando o desconforto a ser sentido ao término do trajeto. Esgueirar-se pela calçada de pedras irregulares e fartas ca-madas de cimento, rodar no asfalto pre-to, macio e recém assentado. Seguir em direção oposta ao sol, como se estivesse o acompanhando e, como ele, ficando cada vez mais quente. Quando chegar ao destino, terás um lenço no bolso direito.

Este é um modo. O modo para ob-ter o lenço. E o lenço é muito importante aqui, pois neste dia específico do cho-que com a distância, estará muitíssimo quente. O lenço, então, ao final do traje-to será de grande valia para secar o suor

do rosto. Portanto, ao esgueirar-se pela calçada, enfie-se em uma loja de lenços, se isso existe, ou numa farmácia. Sen-do na farmácia, procurar primeiro por lenços de pano, em não havendo, pedir os de papel. Mas saiba que estes últimos não terão o mesmo efeito do primeiro.

Na esquina, secar o rosto e respirar profundamente enquanto os carros ainda não atigiram o cume do morro em que se tem os pés cravados como se fossem raízes há muito tempo fixas naquele lugar. Chocar-se com a distância percorrida. Conferir o tempo e a velocidade. Chocar-se já no final da tarde, antes de voltar à casa, ou antes mesmo de pensar que o dia tenha ter-minado mais uma vez. Mais uma vez.

Neste momento não há uma instrução, pois se queira voltar para casa, o cami-nho inverso é a solução. Exceto que não se precisa comprar mais lenços. Contu-do, se queira continuar acompanhando o sol, o tempo, a distância e a velocidade devem ser recalculados. Isto muito rapi-damente, pois já haveria um dia de atraso.

C

ALGORITMOOU ALGO

RÍTMICO

[email protected]

Na neblina da tardeque não é dia,a sacola inútilenroscada no alto dos fios.Tudo é frio.Alguns andam,outros correm,o velho para no meio da rua...Ninguém entende a poesia inútilde que ele precisa e procura

PASSEIO DE AGOSTOpor MAQUIAM MATEUS SILVEIRA

Neuza Zini| Sem título |

A realidade ilumina o interior da câmara escura na fotografia pinhole. Distorcido pela técnica, o real adquire nova forma e luz quando revelado.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 1730 de janeiro a 5 de fevereiro O Caxiense

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l Veranópolis x Juventude | domingo, 11h |

O técnico Osmar Loss deve recuar o volante Fred para a zaga, ocupando o lugar de Dirley, dispensado pela di-reção na tarde de quinta-feira. Dessa forma, o novo reforço, o volante Um-berto, pode estrear no meio-campo.

O Veranópolis, do técnico Gilmar Dal Pozzo, tem o melhor ataque da competição, ao lado do Inter, com 11 gols marcados. O Ju deve começar com Carlão; Luiz Fellipe, Fred, Ferrei-ra e Calisto; Umberto, Lauro, Edenilso e Ivo; Maycon e Marcos Denner.Estádio Antônio David Farina Ingressos a R$ 15. Antecipados, até sábado ao meio-dia, R$ 12. Crianças menores de 12 anos, acompanhadas de responsável, com carteira de iden-tidade ou certidão de nascimento, não pagam entrada. Estudantes e pessoas acima de 60 anos pagam R$ 6 | Aber-tura dos portões: 10h | RSC-470, Me-dianeira, na entrada de Veranópolis | Informações: (54) 3441.4878 |

l Caxias x Novo Hamburgo | do-mingo, 17h |

O treinador Julinho Camargo es-tuda alterações para compor o esqua-drão grená contra o Novo Hamburgo, em casa. Na zaga, para o lugar de Tia-go Saletti, que saiu de campo machu-

cado no meio da semana, deve entrar Netto. Mas Julinho pode contar ainda com Caçapa. No meio-campo, a inde-finição segue por conta de Edenílson ou Lê, para iniciar a partida. O Caxias deve começar com Fernando Welling-ton (Ricardo); Bindé, Anderson Bill, Netto (Caçapa) e Ismael (na sexta-fei-ra, era dúvida; poderá ser substituído por Itaqui, improvisado); Itaqui, Mar-cos Rogério, Marcelo Costa e Lê (Ede-nílson); Borja e Everton.Estádio CentenárioArquibancadas: R$ 10. Cadeiras: R$ 20. Acompanhantes de sócio: R$ 15. Estudantes e pessoas acima de 60 anos: R$ 5. Torcida visitante: R$ 20. | Tho-mas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano |

l Juventude x Caxias | quinta, 19h |

Este será o clássico de número 266. A direção do Juventude destinou toda a ferradura norte (Mato Sartori) para a torcida do Caxias. Estádio Alfredo Jaconi Ingressos a R$ 20. Estudantes, muni-dos do requerimento de matrícula ou histórico escolar e pessoas acima de 60 anos, R$ 10. Sócios com mensalidades em dia e menores de 12 anos acompa-nhados portando documentação tem entrada gratuita. Cadeiras: R$ 30 para sócios, R$ 40 para público em geral e R$ 15 para menores de 12 anos | Hér-cules Galló, 1.547, Centro |

l Circuito de Verão Sesc | sába-do, a partir das 9h |

Os primeiros jogos do Circuito de Verão Sesc começam a ser disputados neste domingo. A modalidade que abre o evento é o futebol de areia. Os jogos serão disputados na sede da As-sociação dos Funcionários da Móveis Florense, em Flores da Cunha, a partir das 9h. No domingo, as duplas de vô-lei e futevôlei se enfrentam no Parque dos Macaquinhos, também a partir das 9h. De tarde, às 15h, serão reali-zados os jogos de handebol, na quadra da Agrale São Ciro, na BR-116, 15.104, Km 145, bairro São Ciro.Associação dos Funcionários da Mó-veis FlorenseEntrada gratuita | Av. 25 de Julho, 4.090, Flores da Cunha |

l Superliga de vôlei | sábado, 19h |Neste sábado, o Caxias enfren-ta, no Ginásio Poliesportivo da UCS, mais um adversário direto na tabela, o Vôlei Futuro. O jogo é válido pela 16ª rodada do campeonato. Faltando ape-nas três jogos para o fim do primeiro turno da Superliga, o Caxias está con-seguindo se manter entre os oito times que passam para as quartas de final,

após o fim do segundo turno. Na ro-dada seguinte, quinta-feira, dia 4, às 18h30, o Caxias terá uma dificil mis-são a cumprir em São Paulo: vencer o Sesi, um dos times que brigam pela ponta no campeonato. Ginásio Poliesportivo da UCSIngressos: R$ 4 para funcionários da UCS e estudantes, mediante identifi-cação, e R$ 8 para público em geral. Abertura da bilheteria: 18h | Francisco Getúlio Vargas, s/n, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis |

l Circuito Caxiense de Provas de Pista | quarta, 19h |

Esta é a segunda de três etapas do Circuito Festa da Uva 2010. O circuito é dividido em categorias. As provas do infantil (10 a 15 anos) têm 3 mil metros. A adulta (16 anos em diante) é de 10 mil metros. As inscrições são gratuitas, e podem ser realizadas ante-cipadamente na Secretaria de Esporte e Lazer ou na hora, a partir das 18h. A primeira etapa ocorreu em 14 de de-zembro, com 60 inscritos. A premia-ção será entregue após a última etapa, no dia 4 de março. A menor média do tempo das três corridas define o cam-peão. Pista de Atletismo do SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima |

Domingo, a dupla CA-JU enfrenta VEC e NH. Mas com a cabeça na quinta, dia de clássico

No meio da semana, a pista de atletismo do Sesi receberá os corredores da segunda etapa do Circuito Festa da Uva 2010

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18 30 de janeiro a 5 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

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por MARCELO [email protected]

em coisas nessa vida que nem Freud, nem Nelson Rodrigues explicam. Talvez o que chegou mais perto foi Shakespeare, o inventor do humano. Sem Shakespeare talvez não soubésse-mos ainda revelar nossas paixões. Mas e que raios isso tudo tem a ver com fu-tebol?

Apita o árbitro. Bola rolando. De um lado, um esquadrão grená. De outro, homens fardados de verde e branco. Olhares que fuzilam. Se a torcida fi-zesse silêncio seria possível ouvir o coração em disparada, a respiração ofegante, o som dos dentes rangendo de tensão. Os jogadores armados con-forme os seus comandantes atacam e defendem. Contra-atacam. Usam da mesma artilharia, chutes e dribles. Res-ta aos goleiros a difícil e árdua tarefa de defender – a qualquer custo. O tempo inteiro.

Seria só mais um jogo pelo Gauchão ou qualquer outra competição insig-nificante, mesmo aquelas em que o prêmio é uma caixa de cerveja. Seria só mais um jogo, não fosse essa parti-da chamada de clássico Ca-Ju. E talvez devêssemos escrever em letras maiús-culas para deixar cravada neste jornal a importância dessa disputa. Um CA-JU não é e nunca será só um jogo entre dois times de Caxias do Sul.

O clássico CA-JU rompe as fron-teiras do possível, ameniza tristezas, realça desavenças, faz mais barulho do

que dezenas de máquinas pesadas em acelerada produção. Fora de campo, o toma-lá-dá-cá dura uma eternidade. A discussão pode ser sobre a última ro-dada, mas as torcidas grená e alviverde vão sempre se sair com aquela: “Espera o CA-JU. Aí vocês vão ver”.

Se dependesse da torcida tinha que ter um CA-JU por mês, pelo menos. Neste ano, poderemos até ter clássico em campeonato nacional, na Série C. O primeiro, porém, e este do Gauchão, a ser disputado na casa do Juventude, quinta-feira, dia 4 – que com certeza vai deixar a cidade contando os dias para o próximo confronto.

Pode perguntar por aí: o sonho de quem torce pelo Caxias e Juventude é disputar todas as finais de campeona-to possíveis juntos. Um contra o outro. Afinal, não há para esses torcedores melhor vitória do que arrasar com o co-irmão. Esse é o sentimento no Caxias, pelo menos. Até o presidente Osvaldo Voges sonha ser campeão em cima do Juventude. Quem sabe neste ano ainda, na Série C. “O melhor para a cidade seria ver os dois subirem”, pondera. Melhor ainda e com mais ênfase histórica, para desespero dos papos, seria o Caxias ser campeão da Série C e o Juventude, vice.

Enquanto o segundo semestre não chega, vamos ao que nos interessa agora. O clássico CA-JU no Gauchão. Na semana que passou, o pensamento de quem trabalha no Caxias, obvia-mente, era mentalizar as disputas com o Esportivo e o Novo Hamburgo. Afi-

nal de contas, uma competição de tiro curto como essa não permite tropeços. Ainda mais em casa, como era o caso das duas partidas que o esquadrão gre-ná disputaria.

No entanto, era só o repórter cutucar “E o CA-JU”? para os jogadores mu-darem a fisionomia. Nem todos desse grupo do Caxias vivenciaram ainda a experiência. E só depois de quinta-feira é que eles poderão tentar explicar essa sensação. Lembra daquela repor-tagem com o Osvaldo Voges, aqui mesmo n’O Caxiense, em que o presidente revelou que conheceu no fu-tebol um elemento até então estranho a ele, pelo menos nos domí-nios de uma fábrica? Voges referia-se à pai-xão.

E é essa paixão arre-batadora que a torcida sustenta pelo Caxias que deixa muitos bo-quiabertos. Os papos acham o grená um sofredor. Mas talvez os papos não reconheçam que só o torcedor do Ca-xias é capaz de desafiar os gigantes, remar e remar mesmo em mares tur-bulentos e de intensa tempestade, sem nunca esmorecer. Porque um verda-deiro grená não se entrega. Seja dentro ou fora de campo. Foi assim em vitó-rias como a do Campeonato Gaúcho de 2000 e em derrotas como para o Guaratinguetá, na Série C do Brasilei-ro, no ano passado.

Raça é como respeito, não se compra na padaria. Raça é virtude que só os jogadores honrados podem reve-lar ao inimigo, batendo com o punho fechado no peito e de olhos cravados nos olhos do oponente. “Um clássico como o CA-JU muitas vezes indepen-de da situação em que o time esteja no campeonato”, revela Lê, meia-atacante do Caxias, de 25 anos, nascido em San-ta Cruz do Sul.

Lê é prata da casa. Disputou CA-JUs nos juvenis, juniores e profissionais. E como aquele comercial de su-tiã, o primeiro Lê nun-ca esqueceu: “Foi no juvenil, em 2001, aqui mesmo no Centenário, e jogamos bem. Lem-bro que tinha torcida e a cobrança já era gran-de por uma vitória”, complementa.

Na outra ponta do time, está o goleiro Ricardo. Debaixo das

traves é dele a missão de impedir qual-quer gol do Juventude. Seja o chute de onde for, mesmo à queima-roupa. É dura a missão de um arqueiro. Para alguns jogadores, como Pelé, que além de Rei do futebol é reconhecido como filósofo da bola, por frases como essa: “É tão ruim ser goleiro quem nem gra-ma nasce onde ele joga”.

Piadas fora de época à parte, Ricardo já disputou três clássicos CA-JU, ne-nhum deles válido pelo Gauchão. Sem querer assustar o torcedor gená, diga-

CA-JU 266

“Sem menosprezar as outras equipes, o clássico é um jogo especial. E a gente quer vencer pra ficar na história”,diz Ricardo

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Julinho voltará a ver Loss no banco adversário: “Antes de mais nada, somos amigos. Fui eu quem levou o Loss para trabalhar no Inter. Admiro muito ele”

HORA DE REENCONTRAR

O RIVAL Julinho, que enfrentou Loss em Gre-Nais das categorias de base, e Marcelo Costa, ex-Ju, disputam o primeiro clássico vestindo grená

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mos apenas que seu saldo não é favorá-vel nas disputas. Mas Ricardo pretende começar a escrever um novo capítulo nessa história. “Sem menosprezar as outras equipes, o clássico é um jogo es-pecial. E a gente quer vencer pra ficar na história”, admite o caxiense Ricardo, 25 anos, depois de um treino no Cen-tenário.

Naquele glorioso Caxias ven-cedor do Campeonato Gaúcho, em 2000, havia em campo um atleta expe-riente, ex-jogador do Juventude, que caiu como uma luva no time coman-dado por Tite. Aquele escudeiro grená era Gil Baiano, e por seus pés passava a maior parte das jogadas do Caxias. No meio do campo, Gil Baiano virou soberano, tendo como fiéis escudeiros o trio Maurício, Titi e Ivair.

Nesse novo time do Caxias, ressur-ge um comandante grená em campo. Marcelo Costa, também ex-jogador do Juventude, também não devidamente aproveitado pelo time verde e branco. No Caxias, Marcelo Costa tem sido o principal armador das jogadas. Com experiência, ves-tindo a braçadeira de capitão, tem feito o que muita gente duvidava, principalmente os do lado de lá da cidade, daquela região perto da Rodoviária.

“Somos jogadores bem diferentes um do outro”, desconversa Marcelo, 29 anos, natural de Palmeiras do Sul (RS), quando comparado a Gil Baiano. Em campo, realmente, podem ter uma for-ma distinta de atuar, mas que os dois se encaixaram muito bem nos elencos, isso não tem como discutir. Por isso tem tanto torcedor alviverde roendo as mangas da camisa de raiva. E esse é só mais um dos elementos que justificam a paixão. Afinal de contas, como dizem os mais velhos, é quando se perde que se sente a falta.

A falta de um jogador que ob-serve o mundo a partir do meio-cam-po e consiga em um lance mudar uma partida é que anda deixando muito alviverde de cabelo em pé. Enquanto isso, no clube grená: “Fui formado na base do Juventude, mas se estou dando certo aqui no Caxias é porque a torcida me recebeu bem, com carinho e apoio”, justifica Marcelo Costa.

O meia do Caxias disputou mais de 10 clássicos vestindo a camisa do Ju-ventude. “Acredito que venci mais de 70% das partidas”, divididas entre as suas duas passagens pelo clube alvi-verde, entre 2000 e 2004 e entre 2007 e 2009. “Já passei por várias situações. Até de time que ia ser rebaixado, mas acaba vencendo o clássico”, ensina Marcelo Costa, comprovando a teoria de que em se tratando de CA-JU não há nunca um favorito.

Mesmo sem saber a opinião de Ju-linho Camargo, Marcelo referenda o pensamento de outro estreante em CA-JU. O treinador, nascido em Porto Alegre, já vivenciou outro conhecido clássico gaúcho, o Gre-Nal. Disputou sete anos de embate pelo Inter e oito

defendendo o Grêmio. Seu batismo em CA-JU será na quinta-feira, dia 4. Ele e toda a massa grená esperam que seja o início de uma história de vitó-rias em cima do co-irmão. Quem sabe seguindo a mesma trilha do presidente Osvaldo Voges, há três temporadas no Caxias, e que jamais – repito: jamais – perdeu um CA-JU.

Voltando a Julinho. Na beira do gra-mado verde do estádio Alfredo Jaconi, ele e o treinador do Juventude, Osmar Loss, vão continuar com uma batalha nascida e criada lá em Porto Alegre. É que Julinho e Loss, antes de serem importados para a Serra, estavam trei-nando a base do Grêmio e Inter. “Um contra o outro, em Gre-Nais, tem de confirmar com o Loss, mas acho que vencemos duas partidas cada um”, re-vela Julinho. Quem sabe esteja aí, no clássico CA-JU, a chance de desempate desse confronto.

“Antes de mais nada, somos ami-gos. Fui eu quem levou o Loss para

trabalhar no Inter. Eu já estava me formando em educação física na UFRGS quando conhe-ci ele. Vi que tinha jeito para trabalhar com fu-tebol e levei ele pra tra-balhar comigo no Inter. Admiro muito ele. É um treinador que sabe fazer muito bem o xadrez do jogo e sempre tem uma formação interessante nos seus times”, avalia Julinho.

O treinador do Caxias conhece muito bem a forma como Loss traba-lha. E isso é um ponto positivo nesse desenho que vai se configurando nes-ses dias que antecedem o CA-JU. No entanto, essa arma de Julinho é carre-gada com a mesma munição de Loss. Ou seja, Loss também conhece Julinho. Também sabe das suas estratégias e da forma como o comandante grená arma o time. Por isso, esse confronto tende a ser ainda mais poderoso, e emocionan-te, porque a disputa rompe a barreira de torcida e time e concentra-se bas-tante nas estratégias de Julinho e Loss para surpreender um ao outro.

“Clássico é clássico. Não tem favo-rito. Já vi jogador nascer em clássico, mas também já vi jogador morrer em clássico”, brinca Julinho, disfarçando a ansiedade que o CA-JU acende na torcida. E na cidade. Porque Julinho, mesmo há pouco tempo morando em Caxias, bem sabe quanto o clássico é importante para os caxienses.

Se depender das duas torcidas, será o melhor jogo do campeonato. De pre-ferência sem chuva, e com o estádio lotado. Antes mesmo de a bola rolar, já começa a disputa das torcidas pra ver quem vai colocar mais gente no Jaconi. Grenás ou Papos? Que sejam muitos, dos dois lados. E que todos entrem e saiam do estádio com um só pensa-mento: futebol é batalha no campo, não fora dele. Torcedor torce, vibra, canta, ri e chora. Torcedor não agride, não machuca, não ataca um irmão que pode estar vestindo outras cores,que não as suas preferidas.

Bom jogo a todos nós, caxienses de coração.

“Clássico é clássico. Não tem favorito. Já vi jogador nascer em clássico, mas também já vi jogador morrer em clássico”,diz Julinho

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Marcelo Costa arma o meio-campo; Ricardo protege a meta grená

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por FABIANO [email protected]

a tarde de 12 de abril de 2009 o ata-cante Marcos Denner foi o carrasco do Juventude no Gauchão. O artilheiro deixou o dele no CA-JU disputado no Estádio Alfredo Jaconi, vencido pelo Caxias por 2 a 0, que valia vaga na fi-nal da competição. Júlio Madureira fez o segundo, o Caxias avançou e perdeu a final do 2º turno – Taça Fábio Koff – para o Internacional. Todos lembram do resultado. Para quem não recorda, 8 a 1. Em 2010 será a primeira vez que Denner defenderá a camisa alviverde num clássico CA-JU. E ele avisa: quer fazer gol. Ou gols. “Assim como fui profissional lá no Centenário, sou aqui no Jaconi. Mas marcar contra o Caxias será especial”, explica o centroavante, dispensado pelo Caxias por contenção de custos, em junho do ano passado, e quase que imediatamente contratado pelo Ju. O CA-JU 266 será disputado

a partir das 19h de quinta-feira, dia 4 de fevereiro.

Marcos Aurélio Martins Ivo, 33 anos, começou a jogar futebol no Nova Igua-çu-RJ. Nasceu na capital carioca. Aos risos, ele prefere não listar por quantos clubes já atuou. “Poxa, foram muitos. Se botar todos aí, vai faltar papel”, brin-ca. Marcos recebeu o apelido de Den-ner pela semelhança física e pela habi-lidade com a bola nos pés, comparadas a Dener Augusto de Sousa, craque que morreu aos 23 anos de idade em 1994, em um acidente de carro no Rio de Ja-neiro – jogou pela Portuguesa, Grêmio e Vasco.

Quando fala da disputa do clássico, o Denner alviverde, com o típico so-taque “carioquês”, é só entusiasmo. “É sensacional. É muito bom. É um jogo que mexe com multidões, mexe com o jogador, mexe com todo mundo. Se o atleta se dedica, se envolve com o clu-be que está defendendo, como é o meu caso, as emoções afloram ao entrar em

campo. Não tem como ser diferente.”

O maior clássico que Marcos Denner já disputou foi um Flamengo e Vasco em 2005. Ele atuava pelo atual campeão brasileiro, o Flamengo, que acabou derrotado por 2 a 1 no Mara-canã, em partida válida pelo Campe-onato Carioca. Em seguida, na lem-brança do atleta, aparecem os CA-JUs. “CA-JU é o segundo maior clássico que disputei”, confirma, sorrindo. Sentado na sala de imprensa do Estádio Alfre-do Jaconi, Denner aguardava o treino que definiria o time para enfrentar o Inter na quarta-feira – o Ju jogou mal e acabou goleado por 5 a 0 no Beira-Rio. Sempre alegre, olhando para o chão e esfregando as mãos, o jogador lembra que marcou pelo menos quatro gols nos clássicos em Caxias do Sul – três pela Copinha, o torneio do segundo semestre promovido pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), e um pelo Gauchão.

Evangélico, Marcos Denner tem sua base na união da família. A nova cren-ça, que apareceu em sua vida a partir de 1998, ajudou muito na vida pro-fissional. O tom da voz muda ao falar da mulher, Patrícia, e das duas filhas, Beatriz, seis anos, e Thaís, de um ano. “Elas estão no Rio, de férias. Mas logo estarão de volta. Estou com saudades”, diz, orgulhoso. Para ele, fazer gol em um clássico mexe com as emoções do jogador. “É diferente, não dá para dizer que não. Venci jogos importan-tes em minha carreira. Sempre tenho uma motivação a mais para jogar. Sou o mesmo Denner que passou por Fla-mengo, Caxias e está no Juventude”, salienta.

Pelas suas contas, no Caxias ele mar-cou 28 gols, e no Ju, até sábado, dia 30, já havia feito 14. Ele quer ampliar esse número, se puder, contra o Veranópo-lis, a partir das 11h de domingo, no Es-tádio Antônio David Farina, e também no CA-JU de número 266. “Nosso tra-

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Marcos Denner, que marcou contra o Juventude no último clássico, desta vez estará no comando do ataque alviverde

Denner contabiliza 14 gols com a camisa do Ju. Na próxima quinta, pretende ampliar o número contra o maior rival, que defendeu no primeiro semestre do ano passado

AGORA,O ALVO É O CAXIAS

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balho está evoluindo, mas precisamos melhorar a parte física ainda. Na 6ª rodada, quando será disputado o clás-sico, o torcedor pode ter certeza de que estaremos melhor dentro de campo”, promete Marcos Denner, que sempre se ajoelha, ergue os braços e aponta os dedos indicadores para o céu quando faz gol.

Contabilizando todos os con-frontos disputados entre o extinto Fla-mengo e o Ju e a Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias e o Esporte Clube Juventude, sejam amistosos, torneios municipais ou estaduais, o time da Rua Hércules Galló soma mais vitórias: 93, contra 85 da equipe do Centenário – 87 jogos terminaram empatados. Os papos marcaram 375 gols, e os grenás 351. Se forem levados em consideração apenas os FLA-JUs, disputados entre 1935 e 1971, o time da antiga Quinta dos Pinheiros também leva vantagem, com 68 resultados positivos contra 48 do rival da também extinta Baixada Rubra. Exclusivamente em CA-JUs, a supremacia é grená: 37 vitórias, ante 25 dos papos – 51 empates. O primei-ro confronto foi disputado no dia 4 de agosto de 1935, pelo Campeonato Es-tadual, no campo do Rio Branco. Deu 3 a 1 para o Flamengo, com gols de Filhinho e Antenor (duas vezes). Bor-tinha descontou para o Juventude.

Entre as maiores go-leadas do Ju no clássi-co estão a de 7 a 2 em 31 de agosto de 1941, pelo Campeonato Mu-nicipal, quando o jo-gador Remo Boscatto marcou quatro gols e desde então é conside-rado o maior artilhei-ro a balançar a rede em um único jogo; 6 a 0 em 1949, também pelo Municipal; e 5 a 0 em 1961, pelo Torneio da Festa da Uva. A favor do Flamengo/Caxias, as duas maiores go-leadas foram pelo placar de 5 a 1, em agosto de 1951 e em agosto de 1952, ambas pelo Campeonato Municipal. Outra curiosidade do confronto entre os times caxienses é a da partida com maior número de gols marcados: em 12 de março de 1950, pelo Torneio da Festa da Uva, o jogo terminou empa-tado em 5 a 5. O gol mais rápido dos clássicos foi anotado por Mário Lopes, do Juventude, que fez aos 14 segundos do 1º tempo em um amistoso de 1956. Entre 1944 e 1946, 1960, 1967, de 1972 a 1974, em 1998 e em 2002 não foram disputados FLA/CA-JUs.

Na história recente, mais especifi-camente desde 2000, em 20 jogos o Ju venceu seis, empatou cinco e perdeu nove. A maior vitória ocorreu por 5 a 3, no Centenário, pelo Gauchão, em 8 de março de 2003. Em 2008, foram quatro confrontos, todos pela Copa Lupi Martins (Copinha) – duas vitó-rias do Caxias e dois empates. No ano passado, duas partidas pelo Gauchão e duas pela Copa Arthur Dallegrave, com nova vantagem para os grenás: três vitórias e um empate.

Na memória do presidente Mil-ton Scola, seu CA-JU inesquecível foi

disputado em 30 de maio de 1999, pelo Estadual. “No primeiro clássico deu 1 a 1 no Centenário. Nos classificamos com 1 a 0, gol do Mabília, no Jaconi. Depois fomos eliminados pelo Grê-mio”, recorda Scola, que era presidente do clube naquele ano em que conquis-tou a Copa do Brasil, 27 dias após a vi-tória no CA-JU. Outra partida que está gravada na mente de Scola é a derrota por 3 a 0, no Centenário, também pelo Gauchão e também quando era presi-dente, em 14 de maio de 2000. “Nossa, nunca esquecerei. Aqueles 3 a 0 demo-raram uns três meses para serem assi-milados. Tínhamos jogado em Quito, no Equador, pela Copa Libertadores, numa quinta-feira. Chegamos muito cansados para o jogo do final de sema-na”, lembra o presidente, com cara de espanto.

Na próxima quinta, no Jaconi, Scola espera que o resultado seja diferente. Principalmente pelo fato de o time ter sido goleado por 5 a 0 no Beira-Rio pela 4ª rodada. Antes do clássico, o Ju encara o Veranópolis, no Estádio Antônio David Farina. Até então, o alviverde venceu uma, empatou outra e perdeu duas na competição; tem 4 pontos. Precisa buscar uma reabilita-ção fora de casa, contra o VEC, e na sequência encara o CA-JU. Em quatro jogos, tomou 12 gols, média de três por

partida – só é pior do que a do Porto Alegre, que levou 13 e não pon-tuou ainda.

Talvez o maior desafio do técnico Os-mar Loss seja o de re-abilitar moralmente o grupo, que não mos-trou poder de reação contra o Inter, além, é claro, de acertar a zaga, que teve a estreia de Ferreira no Beira-Rio.

No primeiro quesito, certamente terá a ajuda do presidente Scola, que não estava muito contente após a derrota, o primeiro confronto entre as equipes em Porto Alegre após o título colora-do conquistado em 2008, com outra goleada de 8 a 1. “Temos muito traba-lho pela frente”, reconhece o treinador. Loss, inclusive, conhece bem o estilo do comandante adversário. Julinho foi técnico da categoria de base gremista enquanto Loss colecionou títulos nos 15 anos em que defendeu as cores do colorado.

Em clássicos Gre-Nais, nas contas de Loss, os dois treinadores fizeram qua-tro confrontos, com equilíbrio: duas vitórias do Grêmio, duas do Inter. “Se não me engano, disputamos as finais do Brasileiro Sub-20 em 2006, do Es-tadual de Juniores de 2007 e a semifi-nal do Brasileiro em 2008. Sem dúvida, conheço o trabalho do Julinho, o que pode ajudar a montar a equipe para o CA-JU. Mais do que nunca vamos pre-cisar do apoio da torcida para reverter esse quadro”, conclama o treinador papo. Para o próximo duelo, ele con-sidera fundamental a mobilização. “É um clássico como Flamengo e Vasco, como Gre-Nal, como São Paulo e Pal-meiras. Precisamos mostrar atitude”, resume Loss. É o que torcida espera – e vai cobrar – no CA-JU 266.

“Conheço o trabalho do Julinho, o que pode ajudar a montar a equipe para o CA-JU”,afirma Loss

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Loss, que enfrentou Julinho nas categorias de base: “Precisamos mostrar atitude”

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Esse aumento soa como brincadeira de mau gosto

Vereador Rodrigo Beltrão (PT), ao reclamar do reajuste na tarifa de água em 21,42%, anunciado esta semana

Para o diretor geral do Samae, a criação da tarifa social à população de baixa renda também significará despesa maior para os demais consumidores

perguntas paraMarcus Vinicius Caberlon

Não dá para afirmar que a bilhete-ria de “Lula, o filho do Brasil” - que saiu de cartaz na quinta-feira - tenha sido um fiasco. Mas ficou longe das expectativas dos produtores - e, talvez, do próprio presidente e de assessores dele.

O GNC Cinemas não divulga nú-meros. Sabe-se, porém, que em Caxias o filme de Fábio Barreto atraiu menos espectadores que até mesmo “Xuxa e o Mistério de Feiurinha”.

Talvez o público caxiense tenha feito a mesma leitura que a The Eco-nomist, que considerou o filme uma versão adocicada da vida do presiden-te da República. Para a revista inglesa, o personagem do filme “é bom demais para ser verdade”.

O Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul agendou para 19 de fevereiro reunião extraor-dinária com o objetivo de debater a reforma dos estatutos da instituição. O encontro da última quinta-feira, previa-mente agendado, só tratou de questões pontuais.

A discussão da reforma dos estatutos engloba a formação do conselho e tam-bém o formato do processo sucessório na UCS. A campanha eleitoral a reitor será desencadeada a partir da definição de como será esse formato.

A partir desta segunda-feira, a prefeitura começa a distribuir aos contribuintes os carnês do IPTU.

Ainda que divulgados para justifi-car o aumento de 21,5% da tarifa, os números do Samae impressionam. A autarquia registra a existência de 151.298 “economias” abastecidas com água tratada.

Mesmo descontada do total uma ex-pressiva parcela de indústrias e casas de comércio, é razoável multiplicar esse número de economias por quatro pessoas. O que representaria uma po-pulação de algo em torno de 600 mil pessoas em Caxias do Sul. O Censo do IBGE poderá confirmar.

O vereador Rodrigo Beltrão (PT) foi até agora a voz mais contundente na Câmara contra o aumento da tarifa de água. Para ele, enquando o governo federal anuncia investimentos históri-cos nos municípios, inclusive Caxias do Sul, e redução de impostos, a pre-feitura repassa todo ônus de governar para o bolso da população.

Lembrou também da necessidade de o município criar, com base na lei federal 11.445/2007, a tarifa social - no prazo de três anos.

Por uma coincidência sempre pre-sente na atividade política, a CIC de Caxias do Sul poderá trazer a Caxias para uma reunião-almoço especial, na próxima sexta-feira, o companhei-ro da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff na chapa ao Palácio do Planalto.

É isso, o presidente Lula - com crise hipertensiva ou não - continua insis-tindo junto a auxiliares e dirigentes do PT que, se depender dele, o presidente do Banco Central, Henrique Mei-relles, será o candidato da situação à vice-presidência.

De acordo com Lula, Meirelles atuaria como uma espécie de escudo de Dilma Rousseff, proporcionando segurança ao mercado financeiro. O mesmo papel, aliás, que José Alencar desempenhou em 2002.

O quadro hipertensivo apresentado pelo presidente da República esta sema-na derrubou de vez a possibilidade de Lula estar em Caxias para a abertura da Festa da Uva.

É pouco provável, inclusive, que a co-missão comunitária consiga fazer che-gar a ele, no dia 5, o convite oficial para a cerimônia de inauguração. A agenda de Lula em Porto Alegre naquela data poderá ser cancelada.

Foi uma semana de aumentos para as tarifas municipais, a começar pelo novo preço da água, a ser cobrado na conta de março. Embora a definição do índice do reajuste da passagem do transporte coletivo aconteça somente após reunião do Con-selho Municipal de Trânsito e Transporte, sabe-se que ele não escapará de algo em torno dos 10%. Ou seja, a passagem poderá passar para R$ 2,40.

O vilão desse reajuste não será, dessa vez, o preço dos combustíveis ou o aumento do salário dos funcionários da Visate, mas o excesso de isenções de pagamento da pas-sagem (compensadas na tarifa integral).

Além de Brasília, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi vai estender seu roteiro pelo país, a partir do dia 18, a Rio e São Paulo.

Alguém conseguiu passar até ele a informação de que, no período em que estiver em solo brasileiro, acontecerá em Caxias do Sul uma festa comemorativa aos 135 anos da imigração italiana aqui?

A presença do polêmico político italiano traria evidentes dividendos publicitários para a Festa da Uva. Sem contar que seria uma homenagem aos descendentes dos imigrantes.

Pré-candidato ao Senado (para desgosto de muitos peemedebistas gaúchos, que gostariam de vê-lo disputando a sucessão ao Palácio Piratini), o ex-deputado e ex-governador Germano Rigotto já articula sua campanha .

Contratou o jornalista Stefan Ligocki, ex-colunista de política da imprensa local, para assessorá-lo.

Se Rigotto for eleito e se Paulo Paim for reconduzido em outubro, mais a permanência de Pedro Si-mon por outros quatro anos, os três representantes do Rio Grande do Sul no Senado Federal, a partir do ano que vem, serão caxienses.

Um dia, quem sabe, isso poderá significar alguma coisa.

Saída do PMDB do governo Yeda Crusius pouco significa para Caxias do Sul.

Nenhum caxiense ocupa cargo de expressão no primeiro escalão da administração estadual.

Bom demaisPrimeiro, os estatutos

Mais um

Cidade grande

Prazo final

Quebra de resistências

Abertura sem Lula

Tarifa compensada

Berlusconi

Em campanha Aliás

Saída relativa

O aumento de 21, 42% na tarifa deve ser encarado de forma drástica (ou ele ou a paralisação das obras que o Samae realiza no momento)?

O reajuste tem como objetivo, além de garantir o equilíbrio econômico-financeiro da autarquia, dar prossegui-mento aos investimentos programados pelo Samae, como o sistema de trata-mento de esgoto da cidade, a ampliação e a moderni-zação das estações de trata-mento de água, a substitui-ção e recuperação de redes antigas, programa este que tem nos permitido ampliar o número de ligações – foram 4.799 novas economias ligadas ao sistema só no ano passado -, entre tantos outros.

A oposição lembrou esta semana a criação de sete novos cargos de con-fiança (CCs) no Samae. A existência deles também contribui para a defini-ção do reajuste?

O que nosso estudo tarifário prevê é a nomeação de 20 novos servidores,

aprovados nos concursos realizados pelo Samae. São servidores especiali-zados, que terão atividades principal-mente no tratamento de água e esgoto, funções essenciais dentro do quadro

atual, levando-se em conta o novo sistema de abastecimento de água, Marrecas e as novas Estações de Tratamento de Esgoto. Quanto aos cargos em confiança, o preenchimento das vagas criadas e das existentes, será na medida real da necessidade da autarquia.

E a tarifa social, quando

será criada? A efetivação da tarifa social a partir

de 2011 será discutida no segundo semestre de 2010, havendo a projeção de superávit ao longo do ano. Essa sim, uma tarifa justa e real e necessária, com critérios definidos e que poderá benefi-ciar àqueles de menor poder aquisitivo. Entretanto, ela trará, com certeza, um aumento expressivo para os demais consumidores.

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