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GEO MAGAZINE LINHARES DA BEIRA por Lusitana Paixão Entrevista Histórica MCA por Jasafara GUIA PR PR1 CSC Rota das Quintas por Rui Duarte ALÉM FRONTEIRAS GEOCACHING EM ESTRASBURGO por Pintelho PATRIMÓNIO Castelo de Palmela por RuiJSDuarte Junho 2014 - Edição 9 ENTREVISTA DE CARREIRA Sammendes O seu chapéu de aventureiro é a sua imagem de marca e transporta com ele um interminável rol de histórias prontas a serem partilhadas por uma das mais conhecidas personalidades do geocaching nacional. Por Flora Cardoso ALDEIAS HISTÓRICAS E muito mais...

Edição 9 - Geomagazine

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Page 1: Edição 9 - Geomagazine

GEOMAGAZINE

LINHARES DA BEIRA

por Lusitana Paixão

Entrevista HistóricaMCApor Jasafara

GUIA PR

PR1 CSC Rota das Quintaspor Rui Duarte

ALÉM FRONTEIRAS

GEOCACHING EM ESTRASBURGOpor Pintelho

PATRIMÓNIO

Castelo de Palmelapor RuiJSDuarte

Junho 2014 - Edição 9

ENTREVISTA DE CARREIRA

SammendesO seu chapéu de aventureiro é a sua imagem de marca e transporta com ele um interminável rol de histórias prontas a serem partilhadas por uma das mais conhecidas personalidades do geocaching nacional.Por Flora Cardoso

ALDEIAS HISTÓRICAS

E muito mais...

Page 2: Edição 9 - Geomagazine
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GeoFOTO Maio 2014Vencedor - noslenfa

Page 4: Edição 9 - Geomagazine

Editorial ...................................................................06 Gustavo Vidal dá-nos as boas vindas à GeoMagazine

Guia Turístico São Jorge ..................................08Vamos conhecer a ilha de São Jorge, Açores

Geocaching em Timor Leste .........................16O outro lado do geocaching, na sua vertente social

Aldeias Históricas - Linhares da Beira .....26À descoberta de uma aldeia perdida no tempo

Geocaching de A a Z .........................................34VSérgios numa estreia de rúbrica da GeoMagazine

Guia PR - PR1 Cascais .......................................38Caminhando pela Pequena Rota de Cascais

Frente a Frente ....................................................46Insularidade Vs. Saturação - um tema pertinente

Entrevista de Carreira .....................................50Sammendes numa entrevista fantástica

Além Fronteiras ..................................................62Geocaching em Estrasburgo, por Pintelho

Geocaching nos Livros .....................................70Jasafara introduz-nos ao mundo dos livros georeferenciados

Património .............................................................76Conhecemos o Castelo de Palmela

From Geocaching HQ with Love ................86O quotidiano norte-americano pela lackey Annie Love

Estudo Geocaching ............................................88Impacto do Geocaching nas várias esferas de vida

Geocaching em Famalicão .............................92A FamaTeam apresenta-nos a região de Famalicão

Geocacher Histórico .........................................98Uma entrevista de retrospectiva com o mítico MCA

Geocoin Portugal 2011 .....................................112Continuamos a apresentar todas as moedas de Portugal

GEOMAG.

Nota sobre Acordo Ortográfico:Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.

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EntrEvista dE carrEira...Sammendes em retrospectiva. Uma fantástica entrevista com participações especiais de muitos amigos.50

GEOcacHEr HistÓricOMCA conta-nos tudo sobre a sua carreira no geocaching nacio-nal, desde as primeiras aventuras até ao pedido de casamento.98

aLdEias HistÓricasUma viagem por Linhares da Beira26

GUia tUrÍsticOViajando por São Jorge, Açores8

PatrimÓniOConhecendo o Castelo de Palmela76

GEOcacHinG Em timOr LEstE16

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EditOriaLpor Gustavo Vidal

Este editorial é escrito na ressaca do Evento I São Jor-ge GeoAventure (GC4V0H3) que decorreu na ilha de S. Jorge nos Açores.Foram cinco dias muito in-tensos com actividades para todos os gostos, des-de BTT, Canyoning, Espe-leologia, Pedestraniasmo, Escalada e muito, muito Geocaching.Os Açores são o paraíso do Geocaching!! Com uma beleza natural de cortar a respiração, paisagens ver-dejantes que se entendem preguiçosamente até ao Altlântico e formações vul-cânicas únicas no Mundo, proporcionam lugares des-lumbrantes que são o so-nho de qualquer Geocacher amante da Natureza.Não será por isso de estra-nhar que o Governo Regio-nal dos Açores através da sua Direcção Regional de Turismo esteja a investir forte no Geocaching como forma de fomentar o Geo-Turismo.

Prova disso está o recente encontro em S. Miguel de uma comitiva de Geoca-chers com o Presidente do Governo Regional, Dr. Vasco Cordeiro ou a candidatura da Câmara Municipal de La-goa (S. Miguel) à organiza-ção da Cerimónia de Entre-ga dos Prémios GPS 2013 (GC52ABK), isto, claro está, para além do apoio finan-ceiro da Direcção Regional de Turismo dos Açores à organização do I São Jorge GeoAdventure.Os Açores estão definitiva-mente na moda no que toca a Geocaching e por isso, a próxima edição da Geo-Magazine estará centrada neste fantástico arquipéla-go que atrai os Geocachers como se de um íman se tra-tasse.Aliás, nesta edição já terão um pequeno aperitivo disso com uma foto reportagem sobre São Jorge e um pe-queno resumo daquilo que se viveu naquela magnífica ilha durante o evento. Ima-

gens espectaculares que ficarão gravadas durante muitos anos na memória de quem as viveu e que serão também um aperitivo para aquilo que será a edição de 2015 deste evento, na ilha do Pico.Destaque de capa desta edição para a entrevista a SamMendes, uma res-peitadíssima referência do Geocaching ribatejano, que aqui nos fala acerca da sua carreira e das suas caches de excelência.Na entrevista histórica, fi-quem a conhecer melhor o MCA, um dos Geocachers pioneiros de Portugal.Em termos nacionais, para além do destaque óbvio a S. Jorge, recomendo o passeio por uma das mais belas aldeias históricas de Portugal, Linhares da Beira, o património do Castelo de Palmela, a Rota das Quin-tas em Cascais ou a região de Famalicão.Do estrangeiro, uma repor-tagem de Geocaching sobre

Timor-Leste e outra sobre Estrasburgo ou a habitual crónica de Annie Love, do quartel-general do Geoca-ching com amor.Nesta edição estreamos uma nova rubrica que muito vos recomendo, Geocaching de A a Z, tendo como convi-dado o VSérgios. Igualmen-te recomendável é o Frente a Frente entre um Geoca-cher que não tem mãos a medir para dar abasto às torrentes de caches e po-wertrails que são despeja-das em Lisboa a cada dia, ou um Geocacher do Corvo com um número limitadís-simo de caches na sua ilha que tem que fazer uma gestão prudente das caches por encontrar para não as esgotar todas.Muito mais há para desco-brir nesta edição número 9 da GeoMagazine. Boas leituras e até ao próximo número, com grandes reve-lações do Arquipélago dos Açores.

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Junho 2014 - EDIÇÃo 9

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Ainda mal tinha chegado de São Miguel, numa primei-ra incursão ao Arquipélago dos Açores (onde tive opor-tunidade de praticar “geo-caching familiar” do Bom), e já estava de olhos postos em alguns tópicos do Geopt, em que um tal de teamjor-genses mostrava interes-se em levar até São Jorge uma vintena de geocachers (do continente e de outras ilhas) para a realização de um evento local.

Entre uns posts e outros acabei por, quase sem que-rer, sugerir que podia ser que tivesse oportunidade de me juntar ao grupo se me fosse dada essa opor-

tunidade... após um email do organizador e o definido “Eu vou a São Jorge” foram um sem fim de negociações, quer em casa, quer no ser-viço, que acabaram por me ser deveras favoráveis.

Primeiro diaCom o alto patrocínio da SATA e do mau tempo (voo cancelado), acabámos por chegar a São Jorge cerca de 24 horas mais tarde que o previsto e, da Fábrica da Uniqueijo (visita prevista para a tarde deste dia), só lhe vimos a cor…, os que chegaram de manhã tive-ram certamente direito a uma excelente visita!

O passeio para nós começou praticamente com a visita à Casa do Parque/Ecomuseu de São Jorge onde fomos apresentados aos diver-sos ângulos da Ilha. Tempo muito bem passado com as funcionárias do Museu e a enquadrar o que iriamos ver nos dias seguintes.

“Despachadas” as apresen-tações passou-se ao Geo-caching “Puro e Duro”, com a descida à Fajã do Ouvidor e à Fajã da Ribeira d’Areia por um bem inclinado e bonito trilho (troço final da PR4S-JO).

Foi um começo “muito for-te”, numa zona de excelên-cia e que sem surpresas é

uma das estâncias balnea-res da Ilha.

Ambas as Fajãs são inte-ressantes mas a zona en-volvente à Fajã do Ouvidor é qualquer coisa de magnifico e merece uma visita bem prolongada (tive a oportuni-dade de lá voltar mais uma vez, uns dias mais tarde, com algum pessoal que ain-da faltava chegar).

O Jantar deste primeiro dia realizou-se no Restauran-te Açor e foi de lamber os beiços… que bueno o Arroz de Polvo (das sobremesas é melhor não falar que me começa a subir o colesterol)!

Guia Turístico

São Jorge, Açores

Por RuiJSDuarte

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Segundo diaEncontro marcado para o Café Livramento que seria o local mais visitado ao lon-go da semana! Grande sur-presa logo ali, um pequeno café de Vila/Aldeia mas com um “Galão de Autor”! Coisa mais bonita pá… sempre que olhava para um (e olhei para muitos ao longo dos dias) lembrava-me de gelatarias italianas! Nham!

O grupo compôs-se durante o dia com a chegada dos res-tantes Geocachers! A partir daqui seríamos praticamen-te sempre cerca de 20 prati-cantes (um pouco mais, um pouco menos) a palmilhar a

ilha e a fazer crer que não fi-caria uma pedra por revirar!

Foi dia para passear pelos Concelhos das Velas e da Calheta e após a passagem pela “Urzelina”, a mesma transformou-se na palavra mais ouvida! Era Urzelina para aqui e Urzelina para ali… com as mais diversas variantes à coisa.

Para a parte da tarde estava reservado um troço do Tri-lho Pedestre PR3SJO: entre Lourais e a Fajã de São João, acompanhados por uma das funcionárias do Parque Na-tural de São Jorge e o Evento WWWFM XI—Eu amo São Jorge… momentos bem di-vertidos que contaram com

a colaboração de todos os presentes, e, com o Ilhéu do Topo ali, a olhar para nós e a pedir uma Geocache (não fosse propriedade privada e ia ver com quantas braçadas se vencem 400 metros!).

O jantar fez-se novamente no Restaurante Açor e visto a Vila estar em festa fomos dar uma voltinha aprovei-tando para ouvir a Banda Fi-larmónica!

Terceiro diaO dia mais esperado por al-guns dos presentes! ;) Havia programa especial marcado! O Btt!

O belo do pequeno-almo-ço e, siga para a Cordilhei-ra Vulcânica Central, para o evento “Expedição Conti-nental ao Pico da Esperan-ça“ organizado pelo Cláudio (CLCortez), e em que nós, os “Cubanos” invadimos o Pico da Esperança para a coloca-ção de uma sua Geocache.

Do local é possível (com sor-te e bom tempo) observar todas as ilhas que fazem parte do Grupo Central, além de inúmeros pontos de inte-resse logo ali.

Ainda antes de pegarmos nas bikes, e rolarmos desal-madamente por ali abaixo, fomos prestar a devida ho-menagem às vítimas do aci-

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dente com o avião da SATA há alguns anos. Momentos sempre com algum “aper-to”, principalmente por ter-mos tido um voo cancelado por mau tempo em São Jor-ge e por alguns de nós (Eu e o PauloHércules) estarem diretamente ligados à avia-ção (civil e militar).

Munidos das bicicletas, e com algumas Câmaras GoPro espalhadas pelo pe-lotão, viemos serra abaixo, num misto de (muita) lou-cura e liberdade.

Tivemos direito a algumas paragens: Parque Florestal de Santo Amaro, Parque das Macelas e Parque Florestal das 7 Fontes, onde fizemos o almoço e recuperámos o fôlego, aproveitando para subir ao Miradouro do Pico da Velha, um dos locais com a melhor vista de todos os (muitos) que visitámos ao longo da semana.

O passeio de BTT terminou a grande velocidade no Fa-rol de Rosais, local de nidifi-cação dos famosos e baru-lhentos Cagarros.

Uma zona com a cara das caches do Paulo (PauloHér-cules) e/ou do Cláudio (CL-Cortez), sem duvida!

Esta parte terminou com um evento de CITO e res-

pectiva recolha de algum lixo, sempre omnipresente onde existam seres huma-nos.

Visto ainda não estarmos de rastos, siga para o Morro das Velas, local ímpar mes-mo ali à mão de semear aos habitantes da Vila, não fos-se ser necessário trepar até lá acima! Todos, mas todos os passos são bem dados… para não variar a máquina fotográfica é obrigatório e temos muito onde a utilizar!

Para o jantar, Sopas em Santo António! D:I:V:I:N:A:L, ponto final parágrafo!

Surpresa reservada para a noite, visita aos 200 metros da bonita Gruta da Beira, com o seu acesso bem incli-nado mas facilmente ven-cido com a entreajuda dos presentes.

O dia acabou “finalmente”, e com um sorriso nos lábios!

Quarto diaO dia da verdadeira cami-nhada, com início na Serra do Topo (depois do peque-no-almoço da praxe, claro) para onde nos dirigimos logo pela fresca.

Este trilho (PR1SJO) liga a Serra do Topo à Caldeira de Santo Cristo, numa primei-

ra fase, e depois à Fajã dos Cubres. Um trilho exigente mas muito bonito e que me fez lembrar algumas vezes da minha bicicleta…

Curiosamente, e para quem não gosta dos chamados Power Trails, acabou por ser este o passeio onde mais me esforcei para encontrar e ajudar a encontrar Geoca-ches.

Fruto de ir no pequeno gru-po que seguia à frente lá fui tirando umas caches para o caminho (o Owner ia a fa-zer manutenção às ditas) e olhando para o GPSr en-quanto gritava as dicas para o elemento designado para encontrar esta ou aquela cache. O tempo, encoberto ao início, foi abrindo e dei-xou ver a paisagem real-mente espetacular da zona.

Uma pequena paragem na ponte para repor energias e uma breve visita à Cascata de Cima, um local “daque-les”!

Já no final do primeiro tro-ço, à entrada da Caldeira de Santo Cristo, uma visita ao Centro de Interpretação do local (aberto apenas para nós) com direito a uma nova apresentação da Ilha, sua natureza e costumes das suas gentes, e a um filme

sobre o terramoto que afec-tou a zona.

O almoço correu de forma abençoada (paredes meias com a Igreja, no adro) tal como o café tomado lá per-to! Bem falta fazia.

Outro dos pontos bem inte-ressantes de todo o passeio dá pelo nome de “Furna do Poio”! Mais um daqueles sí-tios que nos deixa de quei-xo caído… uma gruta muito bonita com um enorme es-pelho de água doce interior!

O destino final estava já à vista e para lá caminháva-mos, não sem antes dar um pouco de uso ao binócu-los e ao livro de campo de aves que simpaticamente tinham à disposição para a observação das ditas (ga-rajaus e patos) na lagoa da Fajã dos Cubres.

Para a noite estava reserva-do o São Jorge Geocoin Fest. Quase, quase uma festa privada para as Geocoins do Paulo (PauloHércules) que fruto de uma mega opera-ção logística, fizeram a pon-te Oeiras/Velas para com-parecerem ao evento. São suas cerca de dois terços das peças (entre GC e TB) em exposição (terão sido cerca de 1000, no total.) e mais um belíssimo repasto, 12

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desta vez na Quinta do Ca-navial.

Era também a despedida aos primeiros a abandonar a Ilha, o Cláudio (CLCortez) e família, tendo como destino a ilha do Pico (e Faial).

Quinto diaSendo o dia em que pode-ríamos dormir mais uma horita, levantámo-nos uma hora mais cedo que o usual.

Tínhamos muito para fazer e seria sem dúvida o dia mais duro! Começamos pela visita às duas caches que tí-nhamos feito depois do jan-tar, desta vez à luz do dia, seguido do pequeno-almo-ço da praxe e do reconheci-mento do que será o trajeto da Wherigo (a ser colocada). Havia já um local assina-lado como ponto final da mesma (reconhecimento do CLCortez) mas por mais que procurássemos, não demos com o acesso… fomos por-tanto subindo, subindo, su-bindo, até que encontrámos um novo (e perfeito) local para o efeito.

O outro ficaria reservado para a Multicache que que-ríamos colocar, isto se dés-semos com ele, claro!

De volta ao centro de Velas, e, como ainda não estáva-mos satisfeitos, siga para a Fajã João Dias, aquela que era referida como sendo a mais dura de todas, com direito a subida de volta ao carro. Excelente passeata, de nível de dificuldade algo elevado mas que acabou por se fazer muito bem, graças à companhia.

O almoço, servido no local onde aparecemos todas as manhãs às 07:30 para um Galão com grande pin-ta, foi providenciado pelos/

as Geocachers que não fo-ram à Fajã e foi mesmo “à Patrão”, a comida (frango e pizza) estava deliciosa e desapareceu a um ritmo digno de figurar em alguns records!

Incrivelmente, o melhor estava para vir… depois de quatro dias de atividades fantásticas e de locais de luxo, o Canyoning!!! Ahhaaa, o Canyoning…

Para mim, foi o baptismo na modalidade e fiquei fã… qual fã, fiquei verdadeiramente apaixonado! Choveram di-cas, choveram conselhos, todos eles bem acolhidos e devidamente assimilados, tendo como resultado uma experiência inesquecível, vivida intensamente e que correu de forma exemplar, terminando (no caso do primeiro grupo, eram dois) com uma verdadeira ses-são de solário no final da garganta, quais lagartixas a tomar a dose diária de vita-mina D!

O jantar estava marcado para o Restaurante Maré Viva, com a presença de ilustres convidados, entre os quais o Diretor Regional do Turismo, Dr. João Bet-tencort e a Dra. Janete Fon-seca, Vereadora Municipal da Juventude e Desporto, e com direito a reportagem no Jornal “O Breves”.

Sexto diaO sexto dia ficou marcado pela despedida entre quem iria enfrentar o mar e rumar ao Pico e os que teriam uma parte da manhã livre para mais uma voltinha pelas Velas.

Depois do flop que tinha sido a tentativa de alcan-çar o Miradouro referen-ciado, no dia anterior, desta

vez não iria escapar! Tinha sido identificado pelo Bru-no (Team Marretas) o local provável para aceder a essa zona e lá nos colocámos a caminho, com um último “essencial” no bolso para proceder à colocação da se-gunda Multicache da Ilha.

Sem surpresa verificou-se que o acesso também não era o correto mas, depois de um pouco de exploração pe-los arredores e de se invadir o espaço da Santa Casa da Misericórdia, e, após con-sulta aos simpáticos traba-lhadores verificou-se que seria mesmo ali… o tal ca-minho passa pelo pátio da instituição sendo de livre passagem.

Siga, para cima era o ca-minho (o normal, portan-to) e em poucos minutos estávamos com mais uma belíssima vista sobre a Vila e sobre o porto, onde já se encontravam o barco que levaria os outros para a Ilha vizinha.

Com tal tarefa concluída foi tempo de explorar/fotogra-far mais um pouco do cen-tro e de fazer umas visitas aos postos de turismo em busca de recuerdos. Alguns dos locais por onde passá-mos na outra noite foram também assim revisitados de dia, e com outros olhos.

E, acabou-se… o resto foram despedidas e al-guma turbulência…Os dias (muito bem) passa-dos em São Jorge revelaram uma ilha de contrastes bem marcados, entre os tons de verde da vegetação (endé-mica e invasora) e o negro da rocha omnipresente, entre as descidas gigantes-cas e com declives enormes para aceder a povoações

em miniatura no seu final, entre as Fajãs lá em baixo e os miradouros lá no topo.

Em termos de Geocaches… enumerar e/ou nomear as melhores caches/experien-cias encontradas/vividas em São Jorge é um exercício bastante complexo de se executar (para mim), prin-cipalmente tendo em conta que estivemos em pratica-mente todo o lado e procu-rarmos a quase totalidade das Geocaches existentes, sempre (mesmo sempre) em amena cavaqueira e boa disposição que invariavel-mente relegavam as caches em si para segundo lugar e o respectivo “found” para apenas uma missão a cum-prir, sem mais.

Ainda assim, locais/geo-caches como a “Fajã do Ouvidor”, “Furna do Vigia”, “Urzelina”, “Calheta”, “Ponta do Topo”, “Velas”, “Pico da Esperança”, “Parque Flo-restal de S. Amaro”, “Parque Florestal 7 Fontes”, “Reser-va Florestal de Recreio das 7 Fontes”, “Farol e Ponta de Rosais”, “Morro das Velas”, “Fajã de Cubres”, “Caldeira de Santo Cristo” e “Fajã de João Dias” são APENAS al-guns dos pontos de para-gem obrigatória e estarão todos georreferenciados para os Geocachers que se seguem!

Deixo um sentido Abraço e um grande Agradecimento ao Pedro e a todos os ou-tros que, de uma forma ou de outra, contribuíram de forma incrível e sem reser-vas para tornar esta expe-riência em algo de verda-deiramente fenomenal!

Rui Duarte

- RuiJSDuarte

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Timor-Leste — A ilha La-faek

Timor-Leste, oficialmente Re-pública Democrática de Timor-Leste, é um dos países mais jovens do mundo, e ocupa a parte oriental da ilha de Timor, no Sudeste Asiático, além do enclave de Oecusse, na costa norte da parte ocidental de Ti-mor, da ilha de Ataúro, a norte, e do ilhéu de Jaco, ao largo da ponta leste da ilha. As únicas fronteiras terrestres que o país tem ligam-no à Indonésia, a oeste da porção principal do território, e a leste, sul e oeste de Oecusse, mas tem também fronteira marítima com a Aus-trália, no Mar de Timor, a sul. Com 14 874 quilómetros qua-drados de extensão territorial, Timor-Leste tem superfície equivalente às áreas dos distri-tos portugueses de Beja e Faro

somadas, o que ainda é consi-deravelmente menor do que o mais pequeno dos estados bra-sileiros, Sergipe. A sua capital é Díli, situada na costa norte.

Conhecido no passado como Timor Português, foi uma co-lónia portuguesa até 1975, altura em que se tornou inde-pendente, tendo sido invadido pela Indonésia três dias depois. Até 1999, as Nações Unidas consideraram-no oficialmente território português por desco-lonizar. Foi, porém, considerado pela Indonésia como a sua 27.ª província com o nome de “Ti-mor Timur”. Em 30 de agosto de 1999, cerca de 80% do povo timorense optou pela indepen-dência em referendo organiza-do pela Organização das Na-ções Unidas (ONU).

Portugal teve um papel mui-to importante na libertação de Timor-Leste. O Lusitânia

Expresso - Missão de Paz a Timor, surge na sequência do massacre de Santa Cruz, ocor-rido 12 de novembro de 1991, e teve como principal objectivo chamar a atenção da opinião pública internacional para a causa timorense. Entre os por-tugueses que estavam a bordo destacam-se SAR Dom Duarte Duque de Bragança e o Ex-pre-sidente Ramalho Eanes.

Em 30 de agosto de 1999, a esmagadora maioria dos ti-morenses votou a favor da in-dependência, pondo fim a 24 anos de ocupação indonésia, na sequência do referendo pro-movido pelas Nações Unidas. O resultado do referendo gerou confrontos por parte de gru-pos pró-Indonésia. O conflito, que destruiu boa parte da infra-estrutura do país e matou mil pessoas, só foi resolvido com a mobilização da Missão das Na-

ções Unidas de Apoio em Timor-Leste (UNMISET). Em 20 de maio de 2002 a independência de Timor-Leste foi restaurada e as Nações Unidas entregaram o poder ao primeiro Governo Constitucional de Timor-Leste.

A língua mais falada em Timor-Leste era o indonésio no tem-po da ocupação indonésia, sen-do atualmente o tétum (mais falado na capital). O tétum e o português formam as duas lín-guas oficiais do país, enquanto o indonésio e a língua inglesa são consideradas línguas de trabalho pela atual constituição de Timor-Leste.

Iniciei-me no geocaching em março de 2010 com o nick Team Pereira acompanhado pelo meu filho e incentivado pelo Viera.HP e pelo Team MaM e desde então percorri o País de Norte a Sul à procura de caixinhas. Motivos profissionais obriga-

Geocaching em Timor-Leste

Por José Pereira

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ram-me a passar sete meses em Timor, sendo essa uma oportunidade única de juntar o útil ao agradável e cachar do outro lado do mundo! Aqui fica o meu relato dessa aventura. Nesse tempo deixei em casa os meus dois geocachers preferi-dos: a Renhau (esposa) e o Gato Cocas (filho), nunca pensei que a separação fosse tão DURA…

Viajei para Timor em Maio de 2011 fazendo parte do Grupo avançado do Sub Agrupamento Bravo da GNR que ali esteve até 2012 com 12 contingentes, fa-zendo parte da Missão das Na-ções Unidas em Timor-Leste ou UNAMET (sigla derivada do in-glês United Nations Mission in East Timor). Foi uma missão de paz criada pelo Conselho de Se-gurança das Nações Unidas em 11 de junho de 1999, por meio da resolução 1246, para condu-ção da realização de uma con-

sulta popular, através da qual os timorenses decidiriam o fu-turo do território ante duas al-ternativas: autonomia especial, integrado à República Indoné-sia, ou separação total desse país, com caminho livre rumo à independência. Antes de sair de Portugal, lembrei-me de verificar se lá estavam caches escondidas. Foi com agrado que vi que sim. Como sabia que íamos fazer escala em Singa-pura aproveitei para tirar todas as caches da zona central para o caso de poder fazer alguma. A chegada foi um verdadeiro cho-que… nunca tinha estado num clima tropical… depois de sair do aeroporto, o ar fazia lem-brar o ambiente quente, húmi-do e sufocante de uma sauna. Singapura é verdadeiramente magnífica, com quilómetros de zonas verdes muito bem cuida-das. Impressionante! Existe no centro uma zona muito idêntica

às nossas Docas de Lisboa mas muito mais virada para o turis-mo.

A zona é toda iluminada e atravessada por um rio onde navegam barcos com turistas, os inúmeros bares e pubs são bastante cuidados e cheios de animação. No meio desse am-biente aproveitei para deixar o grupo e tentar fazer duas ca-ches que ali se encontravam a cerca de 300 metros. A primei-ra foi um DNF e era na base de um candeeiro que ficava numa ponte que atravessava o tal rio… Parecia que o azar me acompanhava e o tempo escas-seava… mais uma tentativa e FOUND!!! O meu primeiro found fora do país e logo do outro lado do mundo na cache GL5CW-WD!!! Quando chegámos a Díli o ar parecia irrespirável devido ao clima quente e húmido. Demo-ramos dias para o nosso orga-

nismo se poder adaptar mini-mamente àquele clima. Levava na minha bagagem o então in-separável amigo “amarelinho” que estava aos pulos na mala, desejoso de cachar naquela parte desconhecida do mundo. Com surpresa descobri que en-tre os camaradas do nosso con-tingente havia um geocacher (Doxtor1) que estava inscrito na Groundspeak desde 2010 e que nunca tinha passado da inscri-ção, pois nunca tinha feito um found! Mal tivemos tempo livre, fomos fazer a nossa primeira cache, GC127RK – Cristo Rei. É uma multicache que ainda se encontra ativa e foi feita na companhia do Doxtor1 e Bar-reirosTimor, que se iniciou no geocaching já em Timor-Leste.

Com o tempo, o número de geocachers em Timor foi au-mentando e juntaram-se a nós o EOD8 e o 2PAR, entre outros.

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Realizámos o nosso primeiro evento GC2VPQF – Meet the Portuguese Geocachers a 12 de maio de 2011, num bar que ti-nha uma vista privilegiada para o mar e para o magnífico pôr-do-sol de Timor.

Uma das caches mais difíceis que tivemos a oportunidade de fazer foi a Dili Ridges-1 (GC-21VEA) dos geocachers irlande-ses Shamcock & U-Bend. É uma cache que fica a uma altura con-siderável. Sendo uma cache tra-dicional mais parece uma multi, pois temos de seguir pontos de referência físicos, como por exemplo um tanque de água da época dos portugueses ou uma trincheira da época da guerrilha timorense, por onde nos temos de orientar para chegarmos ao GZ. Levámos duas garrafas de água congelada cada um e quando regressámos vínhamos completamente a seco! O calor durante a subida é sufocante e a entreajuda dos membros da equipa (EOD8, BarreirosTi-mor e eu) foi fundamental para atingirmos o nosso objetivo. Durante a subida avistámos dois timorenses que cruzaram o nosso trilho a carregar um tronco enorme. Desapareceram tal como tinham aparecido, em segundos já estavam embre-nhados na densa vegetação que ali existe! Enquanto cami-nhávamos debaixo do sol tórri-do ouvíamos os “tokes” (espé-cie de lagarto que apenas existe naquela parte do planeta) com os seus chamamentos: “toke, toke, toke”. Chegados ao local, foi com uma alegria esfuziante que vimos a cache, infelizmente bastante danificada, mas com o logbook intacto.

Usámos uma das garrafas para improvisar um container estan-que e que durasse o suficiente até os owners poderem fa-

zer a manutenção. Os owners desta cache e de outras que lá fizemos eram da Irlanda e ti-vemos a honra de os conhecer num evento realizado mesmo perto do local onde moravam, no Oceanview. Mostraram ser geocachers ao mais alto nível e ficaram muito felizes por co-nhecer geocachers portugue-ses e por não serem os únicos geocachers em Timor. Na altu-ra tinham planos para ir para a Mongólia, mas ficaram em Ti-mor.

Ainda colocámos lá cinco ca-ches, estando duas delas ain-da ativas. As caches lançadas foram: GC2XGCQ – A piece of Portugal in East Timor que lan-cei com o José Ribeiro na Praia dos Coqueiros e que apenas durou cerca de 20 dias pois foi descoberta por muggles locais que incineraram completamen-te o GZ.

E a GC2X725 – Praia de Cristo Rei (earthcache) que ainda está ativa e é do 2PAR, a GC35AWY - DILI Former Military Ammuni-tions Storage do Doxtor1 (ainda ativa), cache essa onde fiz DNF pois quando estava perto do GZ fui chamado de urgência para o quartel e onde já não pude re-gressar, devido ao regresso de-finitivo a Portugal, a GC2XHCA - FPU/GNR/EOD TEAMS – TRI-BUTE que foi a cache que mais me tocou até hoje. Trata-se de uma homenagem a um cama-rada nosso que faleceu naquele local e que que resolvemos ho-menagear daquela forma.

Por fim a GC30EZ1 - OECUSSI – AMBENO 1556 que até à data conta com um único log apesar de estar ativa. O geocaching em Timor-Leste não é fácil devido ao clima, ao facto de a ilha ser densamente povoada e onde de um momento para o outro, apesar de pensarmos estar

sozinhos, aparecem muggles o que dificulta termos um GZ seguro para colocar uma cache. Para se ter a noção, bastar dar um exemplo, que ainda recor-do com admiração. Estávamos numa praia, num local isola-do da ilha, quando de repente me dizem que estávamos a ser observados. Efetivamente, numa encosta com um declive bastante acentuado, estavam crianças a observar o que fa-zíamos na praia e que se des-locavam tão facilmente naquele terreno como um atleta numa pista de corrida! Em Timor nun-ca estamos sozinhos! Timor-Leste tem uma beleza invul-gar com praias de areia branca e corais, onde o azul do mar é deslumbrante e as caches são raras, o que nos proporciona o triplo do prazer quando efetua-mos um found.

Em Timor-Leste a população protege os Lafaeks (crocodilos de água salgada), apesar de ser perigosa devido à A Lenda do Crocodilo:

Reza a lenda que há muito, muito tempo, um crocodilo já muito velhinho vivia numa ilha da Indonésia chamada Celebes. Como era muito velho, este cro-codilo já não tinha forças para apanhar peixes, por isso estava quase a morrer de fome. Certo dia, resolveu entrar terra aden-tro à procura de algum animal que lhe servisse de alimento. Andou, andou, andou, mas não conseguiu encontrar nada para comer. Como andou muito e não comeu nada, ficou sem for-ças para regressar à água. Um rapaz ia a passar e encontrou o crocodilo exausto. Teve pena dele e ofereceu-se para o ajudar a voltar. Então, pegou-lhe pela cauda e arrastou-o de volta à água. O crocodilo ficou-lhe mui-to agradecido e, em paga, disse

ao rapaz que fosse ter com ele sempre que quisesse ir passear pelas águas do rio ou do mar. O rapaz aceitou a oferta e, a par-tir daquele dia, muitas foram as viagens que os dois amigos fizeram juntos. A amizade entre os dois era cada vez maior, mas, um dia, a fome foi mais forte e o crocodilo pensou que comer o rapaz era a melhor solução. Antes de tomar esta decisão, perguntou aos outros animais o que achavam da ideia. Todos lhe disseram que era muito ingrato da parte dele querer comer o rapaz que o tinha salvado. O crocodilo percebeu que estava a ser muito injusto e ficou com muitos remorsos. Então, re-solveu partir para longe, para esconder a vergonha. Como o rapaz era o seu único amigo, pediu-lhe que fosse com ele. O rapaz saltou para o dorso do crocodilo e deixou-se levar pelo mar fora. A viagem já ia longa quando o crocodilo começou a sentir-se cansado. Já exausto, resolveu parar para descan-sar, mas, naquele momento, o seu corpo começou a crescer e a transformar-se em pedra e terra.

Cresceu tanto que ficou do ta-manho de uma ilha. O rapaz, que viajava no seu dorso, pas-sou a ser o primeiro habitante daquela ilha em forma de cro-codilo. E assim nasceu a ilha de Timor.

No ano de 2011 Timor-Leste foi percorrida por uma onda portuguesa de geocachers que realizaram eventos, colocaram caches e tudo fizeram para di-vulgar o geocaching junto da comunidade timorense, um grupo a que tive a honra de per-tencer e onde aumentei a mi-nha família.

José Pereira

- zekarlos

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Dili Ridges-1 GC21VEA – Finalmente o GZ!!! (Da esquerda para a direita EOD8, BarreirosTimor e zekarlos).

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Fabrico manual de tais – Díli

Dili Ridges-3 GC22F62 Leito do Rio perto da casa do então Presidente Ramos Horta20

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Fabrico manual de tais – Díli

Dili Ridges-3 GC22F62 Leito do Rio perto da casa do então Presidente Ramos Horta Coral, nas praias de Timor-Leste são aos milhares espalhados pela areia 21

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Dili Ridges-3 GC22F62 Parte da história de Portugal em Timor, um VG de 1956. (zekarlos e BarreirosTimor).

Dili Ridges-3 GC22F62 - Perto de uma aldeia no cimo da montanha.

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Perigo Lafaeks! (crocodilos de água salgada) Na foto BarreirosTimor e zekarlos.

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GC2XHCA - FPU/GNR/EOD TEAMS – TRIBUTE a cache Homenagem

Díli – “Baía dos porcos”24

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Dili Ridges-3 GC22F62 a descida pelo leito do rio 25

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Aldeias HistóricasLinhares da Beira

Por Flora Cardoso

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A paisagem é montanhosa, típica Beirã. Estamos no sopé da vertente Nordeste da Serra da Estrela, e mal avistamos a placa que indi-ca o corte à esquerda em di-recção a Linhares, iniciamos a subida da sinuosa estrada que nos leva, curva e con-tracurva, até meia encosta da Serra. É aqui que temos encontro marcado com uma das mais belas Aldeias His-tóricas de Portugal: Linha-res da Beira.

Por altura da Primavera, os tons de roxo e amarelo tomaram conta do lugar. A urze e a giesta em flor em toda a encosta e no vale circundante são um regalo para a vista num espetáculo natural de rara beleza!

O castelo, imponente e po-deroso, é a peça central da arquitetura de origem mi-litar de Linhares da Beira. Ocupa todo o cabeço rodea-do por enormes rochedos graníticos escarpados, e daqui avista-se o horizon-te em toda a sua plenitude. Um lugar de incalculável valor estratégico, a cerca de 820 metros de altitude, para romanos, visigodos e muçulmanos que, ao longo dos tempos foram sucessi-vamente ocupando a região.

É no entanto no contexto da reconquista cristã que tem origem a sua estrutura for-tificada, como parte inte-grante de todo um sistema defensivo que guardava a Bacia do Mondego na reta-guarda das fortificações da raia Beirã.

A vila guarda, até hoje, o traço característico de um povoamento medieval, e desde o Castelo é possível observar o casario, edifica-do num formato triangular, claramente condicionado pela natureza acidentada do terreno e por limitações de espaço. Notam-se os quarteirões irregulares, as ruas estreitas e sinuosas, as travessas a recortarem as casas, aqui uma escada-ria, ali um varandim.

É contudo nesta bonita de-sordem que reside o char-me e a tipicidade de Linha-res da Beira. Aqui o vizinho vive tão perto, que há muito se tornou parte da família. Os habitantes, de nature-za afável e conversadora, saúdam os visitantes com a simplicidade do gesto e da palavra: “É bonita a nossa aldeia, tem aqui muito que ver! Bom dia, vá com Deus”!

Uma pequena caminhada pelas ruelas da aldeia, le-

va-nos à descoberta de inú-meras casinhas de granito, como manda a tradição; nos pátios e nos balcões não faltam as floreiras e os vasos coloridos, a dar as boas-vindas ao visitante. Distinguem-se ainda al-gumas casas nobres, com magníficas janelas manue-linas e portas brasonadas. Ao cruzar o Arco entramos na judiaria, um pequeno bairro na transversal da rua principal.

Linhares da Beira foi a úl-tima paragem do nosso roteiro pelas Aldeias Histó-ricas da raia. O sentimento que fica, é o de ter acabado em grande, com a visita a uma das mais belas forti-ficações de Portugal. Hoje em dia Linhares é conhe-cida como a Capital do Pa-rapente, e todos os anos centenas de aficionados da modalidade participam no Open de Parapente, saltan-do da pista oficial instalada num penhasco, algumas centenas de metros acima da vila. Quanto aos geoca-chers, também encontra-rão aqui bons motivos para uma visita à Aldeia: Histo-rical Villages – Linhares da Beira [GCPA9C], escondi-da em 2005 pelo Walrus, é

uma das 10 caches originais do projeto Historical Villa-ges, que tinha por objetivo dar a conhecer a rede de Aldeias Históricas oficiais de Portugal. Uma caderneta de luxo que ainda hoje mexe com o imaginário de muitos geocachers! No centro da vila, uma homenagem ao Último Alcaide Mor de Por-tugal [GC4JF1X], e para os mais aventureiros, uma in-vestida ao mundo do Para-pente [GC1WFAJ] pela mão do cmatos, promete uma fabulosa panorâmica sobre Linhares e as suas mura-lhas.

O Castelo é de visita gratui-ta, o ar da Serra da Estrela é tão puro e genuíno como as gentes que aqui vivem. Vale por isso a pena visitar Linhares da Beira, e fica o convite à descoberta.

Texto / Fotos:

Flora Cardoso

- Lusitana Paixão

Fontes:

www.tabernadoalcaide.ser-radaestrela.net

www.cm-celoricodabeira.pt

www.guiadacidade.pt

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Geocaching de A a Z é uma nova secção da GEOMaga-zine onde se pretende que, em cada número, um geo-cacher selecionado nos dê a conhecer o que é para si o Geocaching, percorrendo e utilizando todas as letras do alfabeto. Um perfil in-formal sobre a sua forma de ver e definir o seu pró-prio geocaching, através de uma completa sopa de letras.

Nesta edição, VSergios, geocacher de Lisboa e também conhecido nacio-nalmente como um dos Homens da Luta do Geoca-ching, aceitou o nosso con-vite para ser o pioneiro e, desta forma, dar a conhe-cer o que é para si o Geoca-ching de A a Z.

A de Amigos

Esta é cliché, eu sei. “Ah e tal, o melhor que o geoca-ching me trouxe foi os ami-gos”, dizem por aí. Há muita coisa boa que o geocaching nos traz, mas os amigos são de facto o que mais nos marca. A amizade, a ajuda o companheirismo... o amor! É o que nós mais precisamos, é o que nós mais gostamos. Portanto, sem dúvida, A de Amigos.

B de Batota

Estou na segunda letra e não gostava já de referir isto... mas de facto vejo a batota afetar muita gente no geocaching. Mais gente do que aquilo que eu gos-tava. A mim não me afeta, e gostava que não afetasse tanta gente. Podemos ser mais felizes sem nos preo-cuparmos em demasia com

a batota dos outros. Eu não me preocupo. Mas por ou-tro lado também aconselho a que cada um, ao seu al-cance, faça o mínimo para evitar a batota em dema-sia, estando atento a al-guns logs nas suas caches e intervindo de acordo... mas sem insistir muito no assunto. Espera, acho que devia ter escolhido Bifana!

C de Conteiner

Eu sei. É container que se escreve (é só para toma-rem atenção a isso, sff). E até prefiro que se chame só Cache. Podia ter escolhido tantas palavras com C, mas é por andarmos feitos pu-tos atrás dos Containers que nos divertimos tanto com o geocaching.

D de Deixa-me estar

Até tenho uma cache com esse nome (http://coord.info/GC3JEC9). Sim, de vez em quando sabe muito bem estarmos sozinhos, a contemplar a paisagem, o infinito... a nossa cabeça. Respirar fundo e reorga-nizar as ideias. É preciso também estarmos com nós próprios, deixarem-nos es-tar! O geocaching é bom para isso.

E de Evento

Gosto de um bom evento. Quer dizer, o evento nem precisa ser muito bom. Basta ser feito com carinho e pelo prazer do convívio, para nos divertirmos e pas-sarmos um dia fantástico; aprender coisas novas, co-nhecer gente nova. Parti-lhar aventuras.

F de Fantástico

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Tenho um amigo que adora a palavra fantástico. Usa-a bem, claro. Quando uma cache é espetacular, é Fan-tástica, Fantástica! A vista... Fantástica, Fantástica! A bi-fana Fantástica, Fantástica! E é isso que gosto quando faço caches com ele, sítios fantásticos, apesar do seu mau Feitio (que também é com F). Não vou dizer que é um geocacher que agora está em Angola, senão toda a gente percebia que era o Trevas.

G de... epá espera, esta é difícil... Geopt! e também Geochurrascada.

Foi de bom grado que vi nascer o (sim, “o”) geopt.org. Um novo espaço, mais aberto e mais comunicativo com toda a grande e cres-cente comunidade portu-

guesa de geocaching. Não preciso fazer publicidade a todas as ferramentas que já foram e continuam a ser disponibilizadas e só tenho pena de não ter mais ca-pacidades para contribuir mais para a comunidade.

Mas claro, quero falar tam-bém da Geochurrascada. Aquele evento maravilhoso lá para Setembro que mar-ca a entrada no novo ano geocachiano. Um evento simples e singelo, mas com muita diversão. Tudo apon-ta para que os Homens da Luta estejam a prever isso para domingo, dia 21 de se-tembro ;) Kirikiri, kiriririri

H de Homens da Luta

Os Homens da Luta são... são uns malucos que co-meçaram por brincar com aquilo que realmente acha-vam que estava mal, e que ía crescendo mal, no pano-rama do geocaching nacio-nal, pá! Foi há uns anos. As preocupações eram outras. Ainda muito singelas. Era a correria maluca ao FTF, que na altura ainda era capaz de ser no dia a seguir à cache ser publicada, era as geo-coins a aparecer, Geocoin é a Reação, pá. E que de-pois desapareciam... Hoje em dia as motivações para estes homens da luta faze-rem chegar a todos a pala-vra da Diversão e do Com-panheirismo já são mais tantas outras: os founds de sofá, os eventos uns atrás dos outros, a água conta-minada... muita coisa que anda mal, mas que mesmo assim as podemos aprovei-tar para nos divertirmos. Estamos cá para nos diver-tirmos, pá!

I de Imaginação

A imaginação na constru-ção de caches é um dos maiores valores no geo-caching. E imaginação de muitos geocachers está mais que comprovada por tanta cache que tem apare-cido e que leva a malta ao rubro. E não falo só de con-tentores fantásticos. Falo de belas histórias, histórias que fascinam e embelezam as nossas buscas. Gosto de ver isso. E cada vez surgem mais.

J de Jolas

Sim. Jolas e bifanas. Quan-tas vezes não fomos nós nas nossas aventuras de geocaching para a Nazaré mas não chegamos a pas-sar de Peniche porque nos ficamos pelas esplanadas a apreciar bifanas e jolas? Perdi a conta... A corrida às caches fica para segundo plano, desde que já se te-nha conseguido encontrar uma ou outra cache. É geo-caching sem pressa. O ob-jetivo é a diversão, e tam-bém não me lembro desta alguma vez ter faltado.

K de... não sei, olha, KFC pode ser?

Pode. São muitas as ve-zes que o almoço passa por ataques fortíssimos no colesterol em prol de uma ou duas horas de alegria e descontração. Ou KFC ou outra rede qualquer, ou mesmo não almoçar se a cache que se pretende en-contrar é mais longe.

L de Liberdade

Liberdade! Como em tudo na nossa vida, devemos usufruir da liberdade para fazermos o geocaching como melhor gostamos. É isso que é bom. Eu faço as

que eu quero, tu escondes as que gostas, tu corres para os rankings e eu a ver se consigo descobrir pelo menos uma hoje ao fim desta tarde soalheira. Não interfiramos em demasia com os outros, pois estare-mos a comprometer com a liberdade deles.

M de Mariolas

Porquê? Porque é o que te-nho mais saudades. Adoro caminhar no Gerês, esse paraíso do geocaching, e ir deixando as mariolas, uma após outra, para trás de mim, e a cada passo sentir que “Há sítios no mundo que são como certas exis-tências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição.” Miguel Torga, Diário VII

N de Nunca viria aqui se não fosse o geocaching

Este é daqueles chavões que todos já ouvimos. Mas é verdade. Se não fosse o geocaching provavelmen-te os passeios ao domin-go eram sempre iguais, ou quase. Se não fosse o geocaching, quando fosse-mos à Serra da Estrela, se-ria provável não conhecer aquele recanto fantástico. Ou mesmo aqui ao pé de casa... se não fosse o geo-caching não conhecia al-guns dos bonitos recantos da serra onde moro. Adoro.

O de Obrigado, Obrigado bastante

Gosto sempre de agra-decer. Por mais que a ca-che seja “poucachinha”, é sempre um contributo de um geocacher para toda a comunidade. Por menos que me tenha divertido, ter tentado encontrar a cache

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já foi uma satisfação. E se o meu obrigado for bastante, então podem crer que a sa-tisfação foi enorme.

P de Partilha

Geocaching é partilha. Não fosse um dia, há 14 anos atrás, o Dave Ulmer querer partilhar a localização da “stash” que escondeu para os outros lá do newsgroup dele, e não estávamos aqui os dois agora, eu a escrever e tu a ler isto.

Partilhar um local querido, um local belo, partilhar uma história inventada, uma verdadeira, partilhar uma aventura... partilhemos, mas apenas as coisas boas.

Q de Quero!

Quero! é o nome da bookmark que tenho há uns anos com aquelas caches de sonho que um dia conto procurar. Se calhar deviam ser mais, mas já me conten-to com tantas que gostava de achar. É o sonho a man-ter o geocaching vivo dentro de mim. Um dia vou acordar e irei procurar aquela em Bragança e no fim do dia passo na D. Amélia Lamas lá da secretaria do geocaching e levanto os 150€. E no ou-tro dia a outra em Oliveira de Azeméis, e vou viver o geocaching como eu Quero!

R de Revisores

Revisores, esses arrogan-tes que pensam que estão a cima de... ah espera, já me publicaram a cache!

A sério, é extrema a con-

sideração que tenho por estes geocachers que se disponibilizam voluntaria-mente e de braços abertos a toda a comunidade, para um trabalho de responsa-bilidade e que por vezes requer uma grande dose de paciência. Um bem haja a todos eles.

S de Surpresa

A surpresa é um fator forte na descoberta de muitos lo-cais e também, ou se calhar principalmente, de grandes caixinhas. A aventura e a satisfação já são grandes na busca, mas quando, sem esperar, damos de caras com uma cascata de água límpida e fresca ou um com um mecanismo engenhoso que te faz chegar às mãos a caixinha, vai ser difícil des-fazer aquele sorriso idiota da cara...

T de Terapia

Que me perdoem os psi-cólogos e os psiquiatras, mas há lá melhor terapia para uma mente devassa-da que uma boa caminha-da, um respirar do fresco ar da montanha, um alegre convívio com os amigos, uma pausa para beber água cristalina do riacho, enfim... uma boa geocache!

U de Utopia

Utopia é pensar que que se pode viver para encon-trar as caches todas. Acho que esse desejo deixa mui-ta gente frustrada, e não há necessidade disso. Isto

é como tudo na vida. Não precisamos de ter os discos todos de todas os músicos do mundo, devemos ouvir apenas aquilo que nos faz sentir bem. E por vezes re-petir...

V de Vicio

Não tenho vícios. A não ser este, o geocaching. Onde é que já se viu um gajo le-vantar-se às 4:00 da manhã para ir numa aventura com tuperwares? Onde é que já se viu passar 86400 se-gundos seguidos a procurar caixinhas? Onde é que já se viu sair do casamento do melhor amigo para ir procu-rar caches? Onde é que já se viu olhar para uma árvore e pensar apenas em escon-derijos? Só pode ser vício... A minha mulher não pode ler isto, mas eu não me lembro do último dia que passou sem que eu não me lembrasse de geocaching. Mas é um vício muito sau-dável.

W de Wherigo

São umas caches fantásti-cas, mas onde a imagina-ção e alguma perícia técnica têm que reinar, senão não passarão de umas multi-cache normais. Eu adoro fazê-las com a minha filha e outros miúdos, porque enquanto passeamos e procuramos pistas vamos tendo sempre uma história com a qual interagir. Gosta-va de ver mais ferramentas, e mais simples, disponibili-zadas para construir mais

caches destas.

X de X marca o local

Era o X que marcava o lo-cal. Agora são as coorde-nadas GPS. É o progresso e a tecnologia ao serviço da diversão. No geocaching gosto de conjugar estes fa-tores com a Natureza, como prova que eles não estão cá para destruir nada, antes pelo contrário. Há que saber ponderar e usar tudo o que a ciência e a engenharia nos dão para mantermos o pla-neta mais vivo (pareço uma Miss Universo a falar...)

Y de You are here

Você está aqui. É o que di-zem aqueles mapas dos grandes recintos, dos cen-tros comerciais... aqueles mapas de que nunca mais precisámos, felizmente. Agora somos guiados fiel-mente pelo GPS. Mas quero alertar para o facto de não devermos confiar a nossa vida apenas ao nosso pe-queno aparelho recetor de posições. Eu reparo que ao longo destes valentes anos de geocaching o meu sen-tido de orientação ficou um bocado ferrugento, e fico desgostoso com isso. Pode-mos moderar o uso e tentar orientar-nos cada vez mais ligando aos nossos apura-dos sentidos. Vamos ficar mais contentes connosco.

Z de Zadeus!

Bruno Gomes

- Team Marretas

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Andava eu a remexer nos meus apontamentos à pro-cura de um local para ir pas-sear em modo caminhada, quando me apercebi que existia uma Pequena Rota na zona de Cascais à qual não tinha ido fazer o reco-nhecimento, justamente a primeira do Concelho, a PR1 CSC Rota das Quintas. Um

nome tão genérico que não diz nada sobre a realidade do passeio. Realço que ape-nas duas Quintas merecem o destaque com letra capi-tal... parece-me pouco para se dar tal nome a uma PR. Ainda assim, é mesmo um dos poucos pontos negati-vos a realçar do passeio.

O local escolhido para o es-tacionamento foi a zona da Barragem da Mula e escolhi (invariavelmente, aperce-bi-me agora) o sentido dos ponteiros do relógio para atacar o percurso.

O primeiro quilómetro e meio faz-se pelo interior da interessantíssima Quinta

do Pisão onde temos opor-tunidade de ver um Forno de Cal (e seus anexos) em excelentes condições de conservação e uma gruta, a Gruta de Porto Covo (tem um portão que impede o acesso ao interior propria-mente dito), ambos muni-dos dos respectivos Painéis (bem) Informativos. À che-

GUIA PR

PR1 CSC Rota das

QuintasPor RuiJSDuarte

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gada à gruta fui recebido por um pequeno morcego que, depois de dar um ar de sua graça, desapareceu rapida-mente na escuridão.

Na listing da [GC12D6E] Gruta do Porto Covo [Alca-bideche] podemos encon-trar mais informações sobre estes locais (e outros dois,

nas proximidades, uma Aze-nha e uma Capela), além das respectivas coordenadas, como pontos a visitar. Uma listing das boas e à moda antiga, portanto.

Seguem-se 500 metros de alcatrão apenas a servir de ligação aos “single tracks” que nos irão levar até Al-

corvim de Baixo. Temos aqui uma excelente oportunida-de para apreciar um pouco da paisagem e vegetação que podemos encontrar nas arribas a norte do Guincho, mas na versão “fácil”, sem a perspectiva por vezes extre-mamente inclinada dos tri-lhos das arribas. É realmen-te um troço muito bonito,

com uma breve passagem à beira da aldeia do Zambujei-ro.

Nestes três quilómetros passamos por mais duas geocaches, [GC4T2BK] Ve-terinário Municipal de Cas-cais e [GC471AE] Astérix & Obélix, a primeira, escon-dida nos metros que me-

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deiam a passagem pela zona dos cercados (o trilho passa mesmo junto à rede) e a entrada do recinto e a segunda praticamente à entrada do último “single”. Não sendo caches excep-cionais são caches bastan-te simpáticas, uma com um container bem generoso e a outra mais virada para o disfarce e que, neste con-texto, caem que nem ginjas! Gostei bastante de ambas e acabam invulgarmente por ficar mesmo a matar na PR.

Um pequeno aparte para referir que ao passar junto da cerca do Canil tive opor-tunidade de ver uma jovem a brincar alegremente, “jo-gando à bola” com um dos canídeos residentes! Um momento que me deixou com um sorriso para o res-tante passeio, ver que não

obstante a vida ali não ser (provavelmente) o melhor período para os animais, ainda há quem dedique al-gum do seu tempo a con-trariar isso.

Acabado o aquecimento (cumpridos que estão os cinco quilómetros planos) vamos ao exercício propria-mente dito! Esperam-nos outros cinco, estes pratica-mente sempre a subir!

Passamos por Janes (o tro-ço menos interessante do passeio) e pela Malveira da Serra, onde podemos en-contrar mais uma geoca-che [GC293QZ] Fortaleza, e é sempre em ascensão até sermos engolidos pela Serra. Não é assim tanto no sentido figurado... o trilho escolhido para o efeito é mesmo muito arborizado e

não vemos muito mais que o chão e o verde da vegeta-ção. Um pouco antes, ainda no interior da localidade, mais propriamente no Ca-minho do Uruguai, encon-tramos “O” local para habi-tar! Simbiose perfeita entre a construção, a Natureza e tudo o resto (perto da Quinta Magnólia)... não sei explicar melhor, é mesmo irem lá ver com os próprios olhos!

A PR “empurra-nos” para o interior do Parque Temáti-co Pedra Amarela e para a zona de influência do “SPT - Sintra Power Trail” pelo que neste ultimo pedaço do trajeto existem, além da [GC518R2] O Sobreiro de Sintra (ainda no exterior do recinto), várias geocaches dedicadas ao projeto que podem ser procuradas.

O regresso à Barragem faz-se já em modo relax, passando pelas minas e tanques acima da mesma e com o espelho de água a acompanhar a ponta final do passeio. No dia em que fiz a visita a barragem esta-va na sua capacidade máxi-ma e foi a primeira vez que tive oportunidade de ver as descargas.

Um belíssimo passeio, mis-to de Prado e Serra que representa muito bem al-gumas das paisagem do Concelho de Cascais!

está, às suas geocaches!

Rui Duarte

- RuiJSDuarte

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Cada vez mais se fala da saturação de caches nas grandes superfícies ur-banas, principalmente na capital, onde o número de caches continua em cons-tante crescimento. Há quem diga que existe uma cache a cada esquina. Defende-se que quantidade não é ne-cessariamente sinónimo de qualidade. Mas frequente-mente se esquece que ain-da existem zonas no nos-so país em que a saída de uma nova cache é ainda um acontecimento esporádico, visto com expectativa pelos geocachers da zona, que se-guem ansiosamente a saída de cada cache nova na sua zona.

No frente a frente des-ta edição é mesmo este o tema que iremos abordar: Saturação vs Insularidade. Por um lado, iremos ter a oportunidade de observar o ponto de vista de um geo-cacher de Lisboa, concelho com mais de 1500 caches, e com novas caches a serem publicadas quase diaria-mente. Frente a frente, um geocacher da ilha do Corvo, no Arquipélago dos Açores, ilha composta por um con-celho com apenas 12 ca-ches disponíveis. Para além do número reduzido de ca-ches na sua área de acção este geocacher depara-se ainda com o factor do seu isolamento geográfico, ca-

racterístico de quem reside numa região insular.

Assim, de um lado estará Pedro Mocisso, geocacher de Cascais, de 27 anos, que dá pelo nick de P14. Este geocacher é o 2º geocacher com mais caches encontra-das no concelho de Lisboa, sendo também o primeiro do ranking no que concer-ne a caches encontradas nos concelhos de Oeiras e Amadora. Praticante regis-tado em Geocaching.com em Agosto de 2009, tem já mais de 8700 geocaches encontradas.

Frente a Frente, colocamos as mesmas questões a Rui Pimentel, geocacher da

ilha do Corvo, com 16 anos, com o nick de discoverer man. Registado em Maio de 2012, contabiliza umas mo-destas 17 caches encontra-das no seu perfil, 7 delas na Ilha do Corvo, sendo que 3 das caches da ilha são suas.

Duas vivências de geo-caching diferentes, duas ofertas completamente opostas, no que concerne à quantidade de geocaches disponíveis. Duas realidades distintas no mesmo país, que nos ajudarão a repensar a forma como olhamos para os números e para a abun-dância (ou não!) de geoca-ches com que nos cruzamos no dia-a-dia. O que muda-

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riam estes geocachers na realidade geocachiana das suas áreas? Como planeiam eles um dia de cachada? Descubra a resposta a esta e a outras perguntas, Frente a Frente!

1. Tendo em conta o número de caches existentes na tua zona, como planeias uma cachada?

Pedro Mocisso: As cachadas que eu faço servem muitas vezes para conhecer novos locais, desde novos conce-lhos, serras ou pequenas aldeias abandonadas e tam-bém tenho a curiosidade de conhecer novas caches. Quando planeio uma cacha-da tento colocar tanto ca-

ches simples como também caches desafiantes pelo terreno ou pela dificuldade para que a coisa seja equi-librada.

Rui Pimentel: Como exis-te um número reduzido de caches na ilha, não consi-go preparar uma cachada. Quando saem caches novas, eu e os meus colegas Flávio.Corvo e PauloReis17 junta-mo-nos e vamos “atrás” das caches.

2. Como acompanhas a saí-da das novas caches?

Pedro Mocisso: Acompanho a publicação através de noti-ficações de email das caches do concelhos de Cascais, Oeiras, Sintra, para além do

Alto Alentejo onde gosto de saber quando saem Wheri-go, Letterbox e Earthcache.

Rui Pimentel: Como exis-te um número reduzido de praticantes de geocaching na ilha, sabemos sempre quando é que um envia uma cache para submissão; a partir daí vou todos os dias ao sítio oficial do geocaching na internet, acompanhando a saída da cache.

3. Como fazes a gestão des-tas novas publicações? Vais a correr procurar cada cache nova ou preferes fazer uma gestão mais conservadora das caches por encontrar?

Pedro Mocisso: Se for muito perto da minha casa ou do

local de trabalho tento fazer um registo dela no próprio dia ou no dia a seguir para matar o vício da cache do dia. Se estiver longe dela, deixo para uma oportunida-de em que consiga passar lá, seja em trabalho ou peque-no passeio ou cachada.

Rui Pimentel: Se as caches forem aceites pelos reviso-res durante a semana, eu e os meus colegas planea-mos bem a saída e no fim-de-semana mais próximo “embarcamos” numa nova aventura.

4. Irrita-te ou incomoda-te de alguma forma não con-seguires encontrar todas as caches da tua zona ou não

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existir mais nenhuma para procurar?

Pedro Mocisso: O Geoca-ching é um passatempo, não tenho o objetivo de fazer todas as caches e sei que algumas nunca irei fazer. Uma das caches que tenho mais perto de mim, é uma cache aquática do Team Ribeiro: PEDRA FU-RADA GC4N94M; espero um dia ter oportunidade de fazer mergulho e quem sabe fazer a cache, mas não me incomoda ter a ca-che no GPS por fazer. Algu-mas vezes só tenho caches por fazer a 8km ou 10km: é uma boa razão para conhe-cer novos locais.

Rui Pimentel: Eu tenho amigos de outros lugares, que quando me contam as suas aventuras com novas caches que saíram recen-temente e que eles já as encontraram, fico incomo-dado por não ter também caches novas na ilha para as poder encontrar e poder contar também as minhas aventuras.

5. Como avaliarias o rá-cio qualidade/quantidade das caches existentes na tua zona?

Pedro Mocisso: Infeliz-mente existe demasiada quantidade e muito pouca qualidade. Não vejo que isto altere a curto/médio prazo. Eu até compreen-do que se queira mostrar um Museu, Jardim ou uma Igreja. Mas muitas vezes há tanta pressa em colocar a cache que não se pensa no container, é só colocar; por esse motivo Lisboa é uma

das cidades europeias com mais caches/m2. Alguns locais davam para meter uns container engraçados, outros não.

Rui Pimentel: Eu acho que a ilha do Corvo ainda pode ter mais caches, mas as que existem agora estão bem escondidas e em ópti-mos locais.

6. Que critérios utilizas na colocação de nova cache? Sentes que na tua área de acção ainda há espaço e pontos de interesse para mais caches?

Pedro Mocisso: Para co-locar uma cache tem que ser um local com história, que seja agradável ou com algum desafio extra caso contrário acho que não vale a pena. Também o gz da cache deve ser um lo-cal limpo e agradável para todos, desde ao mais pe-queno geocacher ao sim-ples muggle. Penso que a cidade de Lisboa e também algumas cidades da área da Grande Lisboa estão entupidas de caches. Ain-da existem uns locais que poderiam ter umas caches como por exemplo, flores-tas ou matas sem forçar a quantidade.

Rui Pimentel: Eu quando coloco uma cache nova te-nho sempre dois critérios em conta. O primeiro é se o local onde a cache vai ser colocada tem alguma história ou beleza natural; por sua vez, o segundo é se a cache está fácil de ser encontrada e se é perigosa para as pessoas que a vão

descobrir. Na minha opi-nião, a ilha do Corvo ainda tem muitos locais especta-culares para serem coloca-das novas caches.

7. Consideras os rankings importantes na tua forma de ver e estar no geoca-ching?

Pedro Mocisso: Infeliz-mente existem rankings que não são saudáveis, porque existe pessoas que levam isto demasiado a sério. Ser o número 1 de algum concelho ou Badge para mim é-me indiferen-te, prefiro fazer algumas caches boas do que ser o número 1 da Amadora. O único badge que pretendo concluir é o de conhecer todos os concelhos de Por-tugal continental.

Rui Pimentel: Eu, pessoal-mente, não ligo muito aos rankings pois eu sou da opinião que o geocaching é um jogo para nos divertir-mos e para podermos des-cobrir novos locais e não um jogo de competição. Logo não acho importantes os rankings.

8. Concordas com a ideia de que a grande ou peque-na disponibilidade de ca-ches na zona de acção de um geocacher e sua res-pectiva qualidade, são fac-tores que ajudam a definir a sua forma de vivenciar o geocaching?

Pedro Mocisso: Neste mo-mento, no distrito de Lis-boa, existem mais de 4000 caches: boas ou más, é só uma questão de procurar o que pretendemos. No en-tanto, claro que podemos

fazer apenas caches em certos locais ou de certos owners. São factores que podem fazer muita dife-rença na maneira de estar.

Mas compreendo que para quem viva num local mais isolado seja uma alegria quando sai uma cache nova porque vai usar o GPS e fa-zer o found.

Rui Pimentel: Cada geoca-cher coloca as caches con-forme pode, mas eu sou da opinião que quanto mais atractivas forem as caches, mais pessoas vão cativar para a prática do geoca-ching.

9. Por fim, diz-nos: Se pu-desses, o que mudarias na realidade geocachiana da tua zona?

Pedro Mocisso: Para mim, um pouco mais de qualida-de nos containers e menos quantidades de caches já seria bom, com direito a um pouco de civismo nas melhores caches pois já sabemos que quando exis-te uma cache boa infeliz-mente ela não dura para sempre.

Rui Pimentel: Se eu pu-desse mudar alguma coisa na realidade geocachiana da ilha do Corvo era, sem margem de dúvida, a sua quantidade de caches, pois volto a insistir que o Corvo ainda tem lugares especta-culares para as colocar.

Bruno Gomes

- Team Marretas

Fotos cedidas gentilmente pelos

entrevistados

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Entrevista de Carreira

SammendesSammendes é sinónimo de tranquilidade, dedicação, superação e convívio. Vamos conhecer uma das maiores personalidades do geocaching nacional, nesta excelente entrevista de carreira.

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O chapéu ao estilo aventu-reiro e o colete apetrecha-do não levam ninguém ao engano: mais do que uma imagem de marca, reve-lam a verdadeira perso-nalidade do nosso amigo, Sammendes. Por detrás do semblante tranquilo e discreto, uma personagem que marca todos aqueles que de uma ou outra for-ma têm a sorte de conviver com este grande amante da natureza, do ar livre e das paisagens agrestes. Com um percurso notável desde 2007, o Samuel destaca-se num estilo muito próprio na sua forma de praticar Geo-

caching: aqui o que conta acima de tudo é o convívio, a caminhada e o saboroso desafio. E porque é também um excelente contador de histórias, é uma honra re-ceber um convidado deste calibre na GeoMagazine. Obrigada por aceitares o convite, e bem-vindo Sam!

GeoMagazine: Sammen-des, comemoras este ano 7 anos de Geocaching! Sempre foste praticante regular, a um ritmo mode-rado mas com um percurso muito consistente. Como caíste no “caldeirão” dos caixotes?

Sammendes: A primeira vez que ouvi falar de Geoca-ching foi mesmo através da minha mulher (Margarida). Somos assinantes da revis-ta Visão e por volta dos fi-nais de 2006 início de 2007 esta revista publicou um ar-tigo sobre o tema, ela leu-o e deu-mo a ler também. Por portas e travessas conse-guimos ver que a cache que tínhamos mais próxima de casa era a Calçada Romana e à Portuguesa (GCMD9N), no Alqueidão da Serra. Im-primimos a página da ca-che, acertamos o dia e par-timos à descoberta. Como sempre fui um entusiasta

da Cartografia, Orienta-ção e outras coisas mais, na altura já tinha um GPS (GARMIN II plus). Chegados ao local, a coisa não correu muito bem. Embora com as coordenadas colocadas no GPS, não sabíamos bem o que procurar. Ainda anda-mos por ali algum tempo mas acabamos por desistir. Dali só paramos na Nazaré, onde nos abrilhantamos com um peixinho grelhado num dos restaurantes da marginal. Mais tarde voltei a pensar no assunto, ainda tinha o artigo comigo, vol-tei a ler e coincidência das coincidências, na manhã

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seguinte, quando o desper-tador tocou ficou sintoniza-do numa estação de radio (não sei precisar qual) onde o tema da conversa era o Geocaching, na altura en-trevistavam alguém sobre o assunto. Daí até o “bichi-nho” se instalar foi um pis-car de olhos.

GM: Estiveste ligado ao escutismo, como foi o teu percurso nesta atividade?

S.M.: O meu percurso nos Escoteiros teve o seu iní-cio pelos 13 anos, no CNE e teve o seu términus por volta dos 50 anos na AEP. Iniciei este modo de es-tar na vida (é assim que eu entendo o Escotismo: “um modo de ser e de estar”) como Escuta e acabei como Escoteiro. Fui Júnior, Sénior, Caminheiro (era assim que na altura se designavam os grupos etários), e mais tarde dirigente. Como diri-gente fui Chefe de Unidade e de Agrupamento no CNE e por último Chefe de Grupo na AEP.

GM: É usual dizer-se que o Escutismo é uma grande escola de vida. Partilhas dessa opinião? Quais são para ti os mais importantes valores que se retiram des-sa experiência?

S.M.: Sim, partilho des-sa opinião, é de facto uma escola, uma boa escola. Como disse anteriormente, ao considerar o Escotismo como um modo de ser e de estar, valores como a ver-dade, a lealdade, a frater-nidade, a proteção da na-tureza entre outros, são, ou devem ser, uma constante na vida de um Escoteiro. Para que isto aconteça pro-

curamos que em todas as atividades de Escoteiros esteja presente: a habilida-de manual, a formação do carater, o desenvolvimento físico, o serviço aos outros e o sentido de Deus (inde-pendentemente da crença religiosa). A lei do Escotei-ro também é um podero-so auxiliar, na medida em que é uma lei pela positiva, onde em todos os artigos é afirmado que, “O Escoteiro é… e nunca o Escoteiro não pode…”

GM: Vives em Torres No-vas, mas a tua carreira pro-fissional no mundo militar levou-te a cumprir missões além-fronteiras, onde já estiveste confrontado com duras realidades, em par-ticular no Afeganistão. É fácil estabelecer uma bar-reira física e mental entre as responsabilidades pro-fissionais e os momentos de ócio e descontração?

S.M.: Em vez de ócio e des-contração podemos cha-mar-lhes períodos de des-

canso e de camaradagem, isto porque em missão não há lugar para o ócio, há sempre qualquer coisa para fazer, e a descontração fica guardada para casa, quando se descontrai num teatro de operações raramente as coisas correm bem.

Também não existem bar-reiras separadoras, é natu-ral que em missão após um período de atividade surja um outro de descanso, este por sua vez é aproveitado da melhor maneira por cada um dos intervenientes.

Para o bem-estar do mili-tar em missão contribuem vários fatores onde o mais importante para mim foi e é o bem-estar da família; é muito importante quem ficou na retaguarda, e aqui tenho de tirar o chapéu à minha mulher que nessas alturas teve de ser pai e mãe em simultâneo.

Podem acontecer os mais variados contratempos mas sabendo nós que a família está bem, dá-nos logo 50%

de hipóteses para a resolu-ção de qualquer problema.

GM: O Ribatejo afirmou-se nos últimos anos como uma das regiões mais di-nâmicas ao nível do Geo-caching, mas nem sempre foi assim. Como observas a evolução da atividade, numa zona onde começas-te praticamente sozinho e onde as tuas caches mar-caram e inspiraram toda uma nova geração?

S.M.: Não tenho um pa-norama geral do país para corroborar essa afirmação, mas que fazemos bem a nossa parte, fazemos! De um modo geral há por aí muito boa gente a fazer Geocaching e nós aqui pelo Ribatejo não fugimos à re-gra.

Nos primórdios de qual-quer atividade há sempre aqueles que são os primei-ros praticantes, no meu caso particular quando ini-ciei a corrida aos tupperwa-res, já o Geocaching existia há cerca de 6, 7 anos. Nessa

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altura éramos de facto mui-to poucos, a coisa parecia assim um pouco miste-riosa, o meu primeiro en-contro imediato de 3º grau com uma nova espécie, foi mais ou menos assim: vi-nha eu do GZ da primeira cache que existia no Bonito, com o plástico na mão, eis que surge alguém a dizer: - “olhe essa coisa que tem ai é minha”. Nada mais nada menos que o Fernando (Ftomar).

Logo a seguir e através do Fernando conheci o Mane-lov (um famoso dinossauro da época), lá para os lados da Ponte de Sor, mais tar-de o Sérgio Cruz, poderoso tubarão da zona, não havia FTF que lhe escapasse, isto apenas para referir os pri-meiros, os outros que me perdoem.

Quanto às minhas caches serem inspiradoras para outros Geocacheres, acho que é uma coisa natural. A minha inspiração tam-bém foi sendo refinada em função das caches que fui encontrando. É muito gra-tificante sentir que contri-buímos para que as novas gerações de Geocacheres façam mais e melhores ca-ches.

GM: À semelhança do teu percurso como Founder, também és um Owner de grande consistência, com cerca de 30 caches escon-didas ao longo destes 7 anos, praticamente todas ativas e de boa saúde. Qual é o segredo da longevidade das tuas caches?

S.M.: Acho que primeiro é preciso gostar dos lugares

onde se colocam e depois do que colocamos.

Desde que me iniciei como owner apenas tive que de-sativar duas caches a pri-meira foi o Moinho dos Gafos (GC1DJRF) onde não resultou o modo como a co-loquei, não havendo alter-nativa quanto a mim, desis-ti dela, a segunda foi a Casa Memorial General Humber-to Delgado (GC15CYF) que nunca teve uma boa relação com a vizinhança e quando assim é não há disfarce que resulte. Mas ainda tenho a esperança de a colocar no-vamente à luz do dia.

GM: Entre muitas criações de sucesso, são de desta-car algumas caches que continuam a desafiar os geocachers mais temerá-rios: A série Arrife Twins (GC174X7), Santa Marta Hill (GC2GVYX), a Grande Árvo-re do Trancão (GC23NF6) ou ainda a mítica 110cm de cache (GC18Y13). De entre todas as caches que escon-deste, há alguma que seja para ti mais especial do que as restantes?

S.M.: Particularmente não tenho uma cache preferi-da, todas elas apareceram dentro de um determinado contexto de a cordo com a minha progressão no Geo-caching.

Lembro a primeira, Santa Marta Hill, preocupou-me bastante, foi testada uma e duas vezes para que nada falhasse pois os examina-dores seriam de alto ga-barito. O FTF foi feito pelo Manelov e o Ftomar chegou em segundo. Os mesmos princípios foram sendo usa-dos para as restantes.

GM: Num episódio especial das filmagens Out Of The Box, onde presenteaste o Geopt com uma espeta-cular reportagem sobre a 110cm de cache, dizias que “uma cache especial é antes de mais, um lugar especial que desejamos partilhar”. Ainda existem alguns lugares que te di-gam muito, e que desejas no futuro partilhar com a comunidade geocacher?

S.M.: Disse e continuo a afirmar o mesmo propósito, não coloco uma cache ape-nas por colocar.

Quanto a outros locais, ainda existem alguns, no entanto há um outro fator não menos importante que é a minha capacidade de as manter de boa saúde.

Assim como eu não gos-to de encontrar uma cache mal tratada e desprezada, quem procura as minhas caches tem todo o direito de as encontrar bem.

GM: Nas tuas caches mais exigentes nunca há lugar para facilitismo, e mesmo quando te propões a guiar amigos em visitas de gru-po, não poupas ninguém, nem a ti próprio, aos aces-sos mais agrestes e desa-fiantes! Este poderia ser o teu lema? As vitórias mais sofridas são as mais com-pensadoras?

S.M.: Embora corrobore com a afirmação e de parti-cularmente gostar muito de uma boa luta, a coisa não é bem assim.

Todos aqueles que guiei até à 110, só para citar uma delas, foram por melhores caminhos que aqueles que

foram sozinhos. O pro-blema é que a serra é um sistema vivo e muito com-plexo, a vegetação cresce sem controlo, é muito difícil encontrar e tentar seguir o caminho que nos conduziu ao objetivo há quinze dias ou há um mês atrás.

Este rótulo vem de uma das primeiras atividades que tive com pessoal do Geori-batejo, mais concretamente quando se fez o Tour dos Arrifes uma das suas pri-meiras atividades.

A dada altura, aquando da aproximação de um deles, que tem a particularidade de estar rodeado de tojo que nos dá pelo peito, o pessoal saiu dos carros e seguiu em frente pelo meio dos tojos, conforme indica-vam os GPSs, e eu fui com eles, é por ali, é por ali, não regateei esforços.

Após o found e assinado o logbook, grande parte do pessoal dispersou pelo mesmo caminho.

Como não me apetecia fi-car mais picado, disse: “já chega de praxe, eu vou por aqui”.

Quem estava ainda por per-to seguiu-me.

Claro que chegamos mais rapidamente aos carros. Ficando aqueles que ainda estavam no meio dos tojos a ser alvo da chacota dos outros.

Só que eu nessa altura não estava a guiar ninguém, aproveitei o facto para fazer a manutenção às caches.

Logo o facto de não haver lugar para facilitismo quan-do me proponho a guiar

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amigos em visitas de grupo não é de todo intenção mi-nha. As condicionantes do terreno é que determinam a progressão.

GM: Com 4 filhos bem for-mados e uma esposa com-panheira que tem sido o teu braço direito também nas aventuras de Geocaching, podes afirmar que o “saber viver” cabe numa roulote estacionada numa qualquer paisagem do nosso país, com um bom petisco à mão?

S.M.: Cabe numa roulote, numa tenda e algumas ve-zes ao relento. Claro que o petisco é uma constante, ainda não aprendi a alimen-tar-me de ar e vento, embo-ra na minha zona se diga que é meio sustento.

GM: Tens sido presença assídua nos mais variados eventos de Geocaching, não só no Ribatejo como em muitos outros programas em outros pontos do país. E há sempre uma mãozi-nha tua junto do grelhador. O convívio é a melhor parte desta atividade?

S.M.: Sem dúvida, o conví-vio é sempre a melhor par-te destas atividades, daí a minha participação nelas. O facto de por vezes ser apa-nhado com a mão na massa, é uma particularidade mi-nha, não sou capaz de ficar na passividade vendo que falta uma mãozinha para ajudar aqui ou ali. Por norma não pergunto, agarro-me à tarefa e ponto, se não gos-tarem que eu esteja por ali é só dizerem, o que me levou a ajudar, também me faz re-tirar de mansinho sem qual-quer problema.

GM: Tens participado em grandes e boas aventuras, eventualmente a mais re-cente terá sido Na Linha do Douro (GC1BRPH). Qual é a tua melhor memória de Geocaching? Há alguma aventura que te tenha mar-cado especialmente?

S.M.: A grande aventura foi sem sombra de dúvida Los Balconcillos (El Camini-to del Rey) (GC3JHW0) em segundo fica a La Ruta de Los Túneles - Barca d’Alva (GC1C1W9) sem esquecer o GeoAcampamento (GC3D-MA5), em Mondim de Basto, organizado pelo nosso ami-go Henrique, em dois anos consecutivos.

GM: Alguma cache ou local que esteja na tua linha de mira e que gostarias de vi-sitar um dia?

S.M.: Neste momento tenho a mira fixada na Linha do Tua (GC2NW78), tudo aponta para uma excursão de dois dias em autonomia. Antes que aquela coisa fique defi-nitivamente cheia de água.

GM: Ultrapassada a barreira dos 50 anos, ganhamos em experiência e confiança, ou perdemos agilidade e ten-demos a impor-nos alguns limites?

S.M.: Não sei bem se esta é uma pergunta ou uma afir-mação. É claro que aos 50 o fulgor dos 20 anos é uma recordação. No entanto es-tamos bem mais cientes dos nossos limites, sabemos até e aonde podemos ir.

GM: Vale das Quebradas (GC4DE3N) é uma das tuas mais recentes caches es-condidas, e consta da lista das Caches Nomeadas dos

Prémios GPS 2013. Na tua opinião quais os ingredien-tes que levaram ao desta-que desta cache?

S.M.: Para mim há que con-jugar três fatores: o acesso, o container e o local onde está plantada.

Acho particularmente que o Vale das Quebradas satisfaz em pleno estes mesmos fa-tores.

GM: Para ti o que significam os Prémios GPS, e como encaras esta nomeação do Vale das Quebradas?

S.M.: Não significam. O meu contributo para os prémios limita-se apenas aos favo-ritos que coloco nas caches que me agradam, acho que os prémios induzem a com-petição e essa não é a minha praia, por outro lado, acho que nem todas a caches nomeadas têm as mesmas oportunidades quando su-jeitas a concurso. No en-tanto, isto não me inibiu de assistir às duas primeiras galas em Mondim de Basto, foi giro nomeadamente na primeira, com aquela inex-periência toda a tentar colo-car de pé um programa em direto, na segunda a coisa já correu melhor. Quanto à nomeação do Vale das Que-bradas, fiquei bastante sur-preendido visto que apenas tinha sido visitada em três ocasiões. Somava na altura seis ou sete favoritos, e acho que agora anda aí na casa dos dez. Mas esta não foi a primeira, a 110 também já tinha sido nomeada.

GM: Inquirimos alguns cole-gas e amigos que se relacio-nam contigo, dentro e fora do âmbito do Geocaching.

Eis os comentários que re-colhemos, acerca do Sam-mendes:

Quando comecei nestas an-danças do geocaching um dos primeiros nomes que ouvi falar foi do Sammendes, até porque na altura, uma das melhores caches da zona era (e continua a ser) a 110 cm de cache. Na altura olhei para o perfil dele, pelo que vi e pelas fotos achei que devia ser mais um convencido e arrogante. Puro engano. Depois de o ter conhecido mudei completa-mente de opinião. Fizemos desde então varias caches juntos, muitas delas do pró-prio, nomeadamente a tal 110 cm, as caches da Gardunha, os Arrifes, e recentemente o Vale das Quebradas. Embora nestes casos a sua companhia nunca sei bem se é uma aju-da ou um estorvo, pois se por um lado facilita a descoberta de alguns caminhos, por outra nos obriga a desbravar mato com caminhos mesmo ao lado, ao ponto de passado uma se-mana ainda andarmos a tirar picos do corpo. De qualquer forma a sua presença é sem-pre muito agradável, a ponto de desde então termos feito varias atividades que nada têm a ver com o geocaching, nomeadamente caminhadas, noites de copos, e as ultimas passagens de ano. Muitas ve-zes ainda a meio caminho de uma cache dele já me dava vontade de lhe dar com um pau no lombo pela dureza das mesmas, mas o facto de se re-petir algumas das caches (du-ras, diga-se de passagem), em vez de dedicar o tempo a fazer outras dá para fazer uma ideia do caráter do Samuel e das suas caches, que juntamente com a esposa se tornou não

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só num amigo geocacher, mas num amigo de família.

Afelizardo

Falar do Samuel é fácil, já que ele como pessoa passou de um desconhecido a amigo de casa. No geocaching encon-tramos muitos desconhecidos que passam a conhecidos, mas felizmente também há pessoas como o Samuel e a sua esposa Margarida que devido a sua simplicidade de-pressa se torna amigo. Quan-do falo de simplicidade é só mesmo como pessoa porque em termos de geocaching é TRAMADO. Tive o prazer de fazer as caches na Gardunha e não são muito mais fáceis do que as dos Arrifes ou a 110cm ou a mais recente, Vale das Quebradas. Foi com o Samuel e a Margarida que passei um dos melhores dias de geocaching na aventura da Serra da Gardunha. É também já conhecida a forma como ele “encanta” miúdos e graúdos, até com a minha filhota Ma-tilde (patita07), parecem duas crianças a brincar, o cumpri-mento deles “ - Ó feia! - Ó feio tu é que és!”

Tazadormir

Ora então o amigo Samuel, o que dizer… Bem, quando o conheci em 2011 estávamos nós, um pequeno grupo numa das suas caches após termos feito da página da cache um pequeno fórum a combinar a coisa uma vez que era neces-sário o uso de equipamento especial para aceder à mesma. De surpresa, lá nos brindou com a sua visita e para nós novatos foi uma honra e até

com algum nervosismo, co-nhecer ali um dos dinossauros que por aqui plantava das ca-ches mais duras mas ao mes-mo tempo também das mais satisfatórias. Depois disso e com a recente criação do Geo-Ribatejo que aconteceu nesse mesmo mês, os geocachers da região foram-se conhecendo melhor e convivendo mais uns com os outros. Nestes últimos quase 3 anos foram inúmeras as caminhadas, as cachadas e os eventos na sua companhia e até nos eventos não oficiais do GeoRibatejo é presença as-sídua tanto nos GeoAbafadi-nhos como nas GeoPassagens de ano em que nas últimas duas até foi o nosso anfitrião. Caminhante incansável seja qual for o terreno é um exem-plo de meter inveja para qual-quer jovem de 20 anos. Quan-do nos guia até as suas caches mais inacessíveis faz questão de nos levar pelo pior cami-nho (eheheh). Sempre bem-disposto e pronto a dar uma boa gargalhada. Ultimamente tem vindo também a revelar os seus dotes ao grelhador em parceria com o António Feli-zardo como puderam consta-tar durante a Mini Super Liga Geopt 2013 (GC4TEDW) com aquele banquete que nos pre-pararam. Um amigo que, se tiverem a oportunidade de co-nhecer, não é de desperdiçar. Parabéns pela entrevista de carreira e um abraço.

Davidsantos87

GM: Um especial agradeci-mento ao António, à Sandra e ao David pelo entusiasmo em colaborarem nesta en-trevista! Que comentários

te merecem estes testemu-nhos Sam?

S.M.: Se eu não soubesse que este pessoal só bebe “água” iria achar que já esta-vam com o “grão-na-asa”.

Eu por deformação escotista tento ser o mais fiel possí-vel à Ultima Mensagem do Chefe, aqui subentenda-se Chefe por Baden Powell, em que a dada altura diz: “Creio que Deus colocou-nos neste mundo encantado para ser-mos felizes e apreciarmos a vida”; mais à frente, noutra passagem acrescenta: “o melhor meio para alcançar a felicidade é contribuirmos para a felicidade dos outros”. Ora aqui estão incluídos es-tes meus amigos que deram o seu testemunho assim como muitos outros não re-ferenciados. O meu obrigado a todos eles.

GM: E afinal, que diabo se leva desta louca corrida aos tupperwares, no fim de con-tas?

S.M.: Leva-se o cheiro das folhas esmagadas, o gosto da água dos riachos, a textu-ra da rocha, o ranger do cas-calho e da areia debaixo das solas, o voo dos pássaros, o barulho da água a cair, resu-mindo: muitas arranhadelas, grandes canseiras, vistas largas, lugares deslumbran-tes.

GM: Samuel, não podíamos fechar esta entrevista sem dar a palavra a uma pessoa muito especial e importan-te na tua vida, a tua espo-sa Margarida! Fica a bonita mensagem…

Como é fácil de entender, qua-se quatro décadas de con-

vivência com o Samuel não se conseguem resumir em poucas palavras e pouco tem-po… No entanto, o que posso acrescentar é que consegui um amigo, companheiro nas loucuras da vida, que sempre me estende a mão, me dá um sorriso ou uma repreensão, me acarinha ou desafia outra vez, que nunca esquece os nossos quatro filhos quando precisam de palavras amigas ou de uma especial atenção. E sempre sobra tempo para os amigos naquele espaço que nunca acaba! Seja na vida fa-miliar, profissional ou com os amigos, a disponibilidade do Sammendes não tem limite, o impossível não faz parte do seu vocabulário. Agora, ano após ano, desafio atrás de desfio, vamos partilhando ou-tras loucuras, outros desafios, mantendo o espírito com que iniciámos a vida em comum, e deixando o mundo um pouco melhor do que o encontramos, como um dia disse Baden Po-well. E não preciso de dizer muito mais, porque as ações valem mais que mil palavras...

Margarida Calado Mendes

GM: Muito obrigada a todos aqueles que gentilmente colaboraram nesta entre-vista de carreira.

Samuel, foi um gosto enor-me, muito obrigada por aceitares este convite da GeoMagazine. Contigo sen-timo-nos em família!

Flora Cardoso

- Lusitana Paixão

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Sou um privilegiado.

Estrasburgo é a sede do poder político da Europa dos 28. Essa mesma Eu-ropa cheia de coisas es-tranhas, como uma ban-deira com doze estrelas, porque quando alargou para quinze estados-membro achou-se que mais de doze estrelas não era estético. E agora, a 28, continuam doze.

Nessa mesma Europa a sede do Parlamento é aqui, independentemen-te de três em cada quatro semanas os Eurodeputa-dos se encontrarem em Bruxelas.

E, porque sou um privi-legiado, foi-me dada a possibilidade de partici-par nas comemorações do Dia da Europa – nove de Maio. Participei a título

profissional, num evento que a Europa quis volta-do para os jovens, o EYE – European Youth Event – e foi-me dada a opor-tunidade de conhecer gente de uma diversidade fantástica, feliz, a festejar uma Europa que, a todos os níveis, ainda tem mui-to a provar.

Mas, políticas comuns aparte, durante as menos de 48h que durou esta aventura, a minha cabe-ça teve mais vezes que lidar com a questão “esta indumentária será ade-quada a esta dificuldade de terreno?” do que com questões como “o que vou jantar hoje?”. Está claro que, cada um dos poucos momentos livres tinha que ser passado a conhecer a cidade, a com-

prar recuerdos mas, tam-bém, a fazer Geocaching.

Não foi muito, nem podia ser, mas foi uma jornada muito intensa, surpreen-dente e maravilhosa, que não podia deixar de parti-lhar! Venham comigo até àquele que intitulei como “The EYE of the Geocacher”!

Parti do Porto e fiz escala em Bruxelas. Infelizmen-te, uma escala demasiado curta para “picar o ponto”. Fiquei-me pela cerveja belga num dos muitos bares do aeroporto. E que bem me soube!

Já em Estrasburgo, o pe-queno aeroporto respira-va juventude, com os vo-luntários que recebiam as pessoas de sorriso rasga-do e uma energia desme-dida, t-shirt azul, que tan-to acompanharia estas

quarenta e oito horas.

Do aeroporto à cidade são cerca de quinze minutos de comboio. Uma viagem rápida demais para tra-var conhecimento com a speaker italiana que se sentou à minha frente.

Já na cidade, a primeira impressão foi de uma or-ganização germânica. A estação central, intermo-dal, apesar de grande, era bem arrumadinha, e re-sisti a ligar o GPSr logo ali. A prioridade era apanhar o elétrico até ao hotel.

Paragem rápida no hotel para cumprir os mínimos olímpicos do check-in, e estava de volta nas ruas. Pilhas carregadas e GPSr ligado.

A minha viagem come-çaria pela Place de la

Além Fronteiras

Geocaching em Estrasburgo

Por Pintelho

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République, praça onde podemos encontrar uma grande quantidade de edifícios municipais e re-gionais da Alsácia.

Antes disso, uma nota importante. A cidade de Estrasburgo é relativa-mente pequena. Com pouco mais de trezentos mil habitantes, é a capi-tal da Alsácia e sede do Parlamento Europeu e do Tribunal Europeu dos Di-reitos do Homem. Loca-lizada muito próximo da fronteira com a Alema-nha e percorrida por um sem número de canais, a cidade foi fundada pelo império romano e mudou, sucessivamente, de mãos entre franceses e ale-mães. Esta história marca a geografia e toponímia de Estrasburgo.

Descrevo a cidade, en-quanto vou descrevendo a forma como a percorri.

A Praça da República faz lembrar a Boavista, no Porto. Uma enorme ro-tunda, com um jardim e estátua ao centro. É um pouco mais pequena, contudo. Dos lados ex-ternos, os tais edifícios públicos. E logo ali perce-bi que estava na Europa. Ao lado de cada bandeira da França, uma bandeira azul com as doze estrelas. E poucas, muito poucas bandeiras da Alsácia.

E foi neste cenário que ganhei o meu souvenir de França.

Com as coordenadas a baterem um pouco ao lado – os edifícios robus-tos, de pedra, ao melhor estilo alemão, baralham

a receção de satélite em muitas zonas da cidade – sentei-me num banco de jardim, na rotunda, e re-tirei uma porca falsa (GC-22FJ8). Nada mau, pensei. Se por aqui os containers urbanos tiverem todos boa camuflagem, só po-dem ser boas, estas 48 horas!

Decidi seguir junto ao ca-nal que serve de fronteira a norte da Grande Île.

A Grande Île encerra o pe-queno e pitoresco centro histórico, património da Humanidade, e é o lo-cal onde se concentra a maioria dos monumen-tos da cidade. É o ex-libris de Estrasburgo. Naquela hora, resisti, e fui apreciar os canais, menos turísti-cos.

O passeio fica a alguns

metros de altura, evitan-do inundações nas cheias. Contudo, algo prende a atenção. A espaços, esca-das levam a um carreiro em terra batida, mesmo ao lado do canal. Decidi seguir, entre duas pon-tes, por esse carreiro, e deparei-me com alguns casais de namorados ou, simplesmente, amigos. A cidade vive os canais, e aquele parecia-me um dos menos movimenta-dos. Que surpresa!

Alguns metros adiante, enquanto procurava a se-gunda cache da viagem (GC24A31), consegui ver uma ave, em voo rasan-te, a pescar. E o barulho das asas a chapinharem a água é digno de um filme de Holywood. Grandes efeitos especiais!

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Segui ainda até mais uma das inúmeras igrejas da cidade que, devido às distintas ocupações his-tóricas, se divide entre o protestantismo e o cato-licismo.

A cache tinha uma série de DNFs, e deduzi que lá não estivesse, mas não ti-nha tempo para mais an-tes do jantar, que estava combinado, para preparar o painel que me levara ali. Decidi, então, insistir um pouco, e dei com a cache. Apesar do erro de coorde-nadas – a imponência da estrutura não faria prever outra coisa – dei com a magana, e de boa saúde. Uff… A primeira Multi em França já estava no papo (GC1FX10).

E assim terminaria o dia #0 da visita: sem conhe-cer o centro histórico, sem conhecer a zona eu-rocrata mas, por esta al-tura, já apaixonado pela cidade.

Tive o prazer de jantar numa mesa com uma italiana, uma belga e um húngaro, os participantes do meu painel que já ti-nham chegado. A conver-sa foi agradável. O tema do debate e a Alsácia fo-ram os principais moti-vos, acompanhados pela tradicional tarte flambée e um vinho branco da Al-sácia. Em Roma, sê roma-no, e a noite terminou, no hotel, feliz e a descansar. Os planos para sexta-fei-ra eram mais que muitos. Seria O dia!

O segundo dia da viagem amanheceu enublado e, para mim, bem cedo. A cidade era para se des-

frutar, e o tempo escasso. Dormir, nestes casos, é uma espécie de perda de tempo.

Tudo começou com um delicioso pequeno-almo-ço no hotel, de onde saí para a zona europeia. Afi-nal de contas, estávamos no dia da europa e o EYE arrancava nessa manhã.

Numa olhadela rápida ao GPSr apercebi-me que podia encontrar ali uma série de caches dedicadas à Europa, algumas das quais bem perto dos lo-cais por onde eu ia andar.

Saí do elétrico junto à entrada Agora do Parla-mento Europeu, onde se preparava a cerimónia de abertura do evento. Con-tudo, e como ainda tinha tempo, decidi contornar a pé os canais, fotogra-fando os bonitos edifícios envidraçados, até à en-trada do edifício Winston Churchil, ponto de acredi-tação para os oradores.

De caminho, havia uma cache mesmo junto ao canal, com vista para o hemiciclo (GC3Q5R3) No canal, apesar de ser cedo, já navegavam uns peque-nos barcos para turistas, a lembrar os famosos ba-teaux mouches de Paris. Não a consegui abordar. Estrasburgo respira saú-de, e eram muitos os que por aqueles caminhos praticavam o seu jogging matinal.

Fui então ao Parlamento. Como madruguei, pude deambular por aqueles imensos corredores, qua-se vazios, cujo silêncio era apenas quebrado pelos

jovens voluntários que, atarantados, ultimavam pormenores para receber toda aquela mole huma-na. Os participantes ainda não podiam aceder aos corredores, e os speakers dormiam, ou passeavam, quase todos.

Espreitei a sala onde, ho-ras depois, participaria no debate. Enorme, formal e austera. Não tão simpáti-ca para os oradores como para a audiência, já que os primeiros se sentavam numas mesas corridas em cima de um estrado, sem contacto ocular en-tre si.

Saí e fui procurar a cache Europa #1 (GC11GDE). No dia da Europa.

A cache tem uma vista privilegiada para a ponte pedonal que liga o edi-fício principal ao edifício WiC. Ao chegar ao GZ, estava uma jovem sen-tada, acompanhada pela sua bicicleta. Num banco com provavelmente mais de cem metros de com-primento, ela estava sen-tada, precisamente, no local para onde a setinha apontava.

“És Geocacher?” pergun-tei. Possivelmente, uma participante no evento, que aproveitava a hora morta para procurar umas caches, tal como eu.

“O quê?” respondeu. Não percebera o meu inglês. Espero que fale inglês. “És geocacher?”, repeti, e apontei para o papelucho que ela segurava entre os dedos.

“Ah! Queres um? Sim,

claro!”, respondeu, esten-dendo-me um pacote de tabaco que guardava na mochila.

Que situação constrange-dora, pensei. Mas não iria desistir. Sentei-me jun-to a ela, e expliquei-lhe que não fumava, e que a confundira com outro geocacher. Claro está que tive que explicar o que era o geocaching. Disse-me que era de Estrasburgo e estudava na faculdade de enfermagem. Quando percebeu que eu estava no evento do Parlamen-to quis saber o que se estava lá a passar, mas manteve o ar desconfia-do. Claro, esta história de caça ao tesouro, e de ela estar precisamente no lu-gar de um desses tais te-souros, soava a conversa de engate!

Optei por uma nova abor-dagem. Enchi-me de es-peranças de as coorde-nadas estarem certas, pedi licença para procurar debaixo dos bancos e… uff!, apareceu no primeiro lugar que tateei, como se fosse completamente fá-cil, natural e desinteres-sante mas, pelo menos, provei-lhe que esta coi-sa do geocaching existia mesmo. Loguei, recolo-quei e expliquei que era para os seguintes. Perdeu o interesse, e seguiu para a faculdade.

Eu, contente, tinha en-contrado a Europa #1, no dia da Europa.

Dirigi-me novamente para a entrada Agora, onde, a escassos metros, se escondia mais uma cache da série Europa.

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Desta feita, com cerca de cinco mil jovens em redor, seria mais que difícil de a resgatar.

Misturei-me na multidão. Afinal de contas, apesar de estar lá na qualidade de orador, também sou jovem, ora bolas! No fi-nal, troquei duas ou três impressões com Atilla, o arquiteto húngaro que partilharia o meu painel, e segui para o centro da cidade. Decidi apanhar o elétrico na paragem Wac-ken, nome que dirá muito aos fãs da música mais pesada, mas que nada tem a ver com a mítica aldeia alemã. Este desvio valeu-me mais uma da-quelas caches tipo por-ca, junto a um centro de exposições (GC2EFGA). Aqui, estas são as mais comuns.

Segui caminho. Ainda não era desta que ia para a Grande Ilha. Com poucas horas até ao encontro para o nosso painel, às 14h, o plano para aquele final de manhã era conhe-cer a Petite France.

A Petite France é um pe-queno aglomerado de ilhotas, cortadas pelos canais, com todo o tipo de casas tradicionais france-sas. Pitoresca ao máximo, é uma das zonas mais turísticas da cidade e é, também, uma das mais apetecíveis para um copo ao pôr-do-sol.

Encontrei lá a cache das Ponts Couverts (GC113XR), um dos sím-bolos da cidade, e passei pelo restaurante mais catita que me recordo de ver em Estrasburgo. Ain-

da venho cá jantar logo, pensei. As vistas, daquela esplanada em madeira, frente àquela casa em madeira, na encruzilhada entre dois canais, permi-tiam abraçar com a vista todo o perfil da Grande Île, dado que um dos canais que ladeavam esta espla-nada era o largo canal que delimitava, a sul, a ilha.

Com alguns minutos, en-trei na ilha, decidido a subir ao miradouro da ca-tedral e a ver, de cima, o edifício onde, mais tarde, tentaria brilhar. A agu-lha, que se ergue mais de 140m acima do chão, está omnipresente no centro da cidade. Quebrava aqui o meu plano, mas valeria a pena.

Sobre a gótica catedral, defendida por dezenas de gárgulas, falarei adiante, no devido espaço. Aqui, fico-me nos mais de tre-zentos degraus que so-bem setenta metros. Nada mais, pois a outra metade está inacessível, em avançado estado de degradação. Salva-se a agulha porque alguns an-daimes, por dentro, refor-çam a estrutura, alvo de vários incêndios. 142m acima do solo.

Subi, mirei, fotografei, desci e comi num café próximo. Comer não foi bem o termo correto. Cal-culei mal o tempo para subir a catedral e tive que emborcar o almoço. The show must go on, e segui direto, sem mais geoca-ching nem demoras, para o Parlamento.

À entrada, parecia que havia um concurso de

baterias eletrónicas, tal era o barulho de plástico a ser castigado. Quando olhei, era um jogo em que dezenas de miúdos, com um pad debaixo dos pés, tinham que acertar, de forma ritmada, nos locais certos. Conceito engraça-do que ainda me prendeu a atenção durante uns instantes.

Aos poucos reuni-me com os elementos do meu pai-nel. Christophe (alemão), Kim, (Taiwan), Atilla e Rok (Eslovénia). Um mode-rador, dois ex-Erasmus e dois recrutadores. Ain-da Daphne e Vanessa, as responsáveis na comis-são pelo programa Eras-mus+, e dinamizadoras do painel, que tão amiga-velmente nos acolheram.

Não me lembro de estar muito mais nervoso que isto noutras ocasiões, sobretudo porque estava a ser webstreamed. Con-tudo, o painel correu bem e, no final, fomos visitar o hemiciclo, uma das salas mais imponentes que já visitei no estilo moderno.

O resto de sexta passou sem geocaching. Após a sessão, fui com Kim e Atilla celebrar. Cristophe tinha reunião de trabalho em Frankfurt, ao bom es-tilo alemão, e perdemos Rok no entretanto. Va-nessa e Daphne estariam com outros painéis.

Após paragem no hotel para trocar de roupa (toca a vestir a sweat do Geopt), seguimos para o centro da cidade, onde tivemos os primeiros contactos com a zona turística. Con-tudo, todos queríamos ir

jantar à Petite France, e a grande ilha podia esperar.

Acabámos a jantar na “minha esplanada”. A jan-tar e a beber duas boas garrafas de vinho francês. Um momento de puro de-leite.

Daqui seguimos para um centro da cidade repleto de jovens. Com concer-tos, arte de rua e nada de geocaches. Surpreen-deu-me que toda aquela juventude bebesse tão pouco álcool, mas isso foi só até perceber o preço da bebida. Em contrapartida, raros eram os que não fumavam, fosse tabaco ou algo mais. Bebemos umas cervejas, conversá-mos sobre as diferenças culturais entre Taiwan, Budapeste e Braga. Per-cebemos o fascínio da Kim pela “velha” Europa e admirámo-nos com a diferença.

Já meio embriagados, se-guimos rumo ao hotel. Era hora de repousar um pouco. Mas não muito, pois sábado era “O” dia dedicado ao geocaching e a conhecer Estrasburgo.

Acordei cerca de duas horas após adormecer. Doía-me a cabeça, sentia uma sede imensa, mas o ânimo para conhecer o âmago de Estrasburgo superava tudo isso.

Ergui-me, tomei um pe-queno-almoço bem caló-rico e segui rumo ao Parc de l’Orangerie. Este imen-so parque, perto das ins-tituições europeias, era o cenário ideal para curar a ressaca. E tinha seis ca-ches, à laia de powertrail.

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Antes, porém, fui procurar a tal cache que os despor-tistas me impediram de encontrar na véspera. Fá-cil de alcançar com a mão, desta feita, com tempo, rapidamente a loguei, num local cuja vista dife-rente para o Parlamento, se não fosse o geoca-ching, nunca conheceria.

No parque, a primavera já se fazia sentir, e as árvo-res deitavam uma seiva pegajosa, que deixava um rasto branco na minha camisola preta. Optei por nem procurar a maio-ria das caches, tal era a quantidade dessa seiva, e dos inúmeros muggles

que, ao sábado de manhã, desfrutavam da zona, com um mini-zoo ao ar li-vre, e com imensas aves, à solta, que permitem boas fotografias. Piquei o ponto com uma das ca-ches (GC11GCC) e regres-sei ao centro. Pelas 11h tinha agendado um even-to na Place Kleber.

Antes, porém, visitei a Place Broglie, com os seus edifícios municipais, quase todos Art Nouveau. Caminhei, finalmente, pela Grand Île. Desfrutei das pequenas ruelas, visi-tei as incontáveis igrejas, construídas umas após as outras, à laia de des-

pique entre franceses e alemães. Comprei recuer-dos. E visitei por dentro a catedral de Notre Dame. À entrada, tal como na véspera, um vento fortís-simo, que apenas soprava ali, na Praça da Catedral. Mais tarde conheceria a lenda.

Entrei. Lá dentro, tudo gótico. Os altares, ador-nados em dourados, marcavam a visita. Mas a estrela da companhia era, sem dúvida, o relógio astronómico. Completo, delicado, divertido e mui-to informativo. Uma peça única no mundo.

Saí e dirigi-me à Place

Kleber. Tinha marcado um evento aqui (GC536MZ). No mesmo local onde on-tem milhares de jovens dançavam ao som dos Asian Dub Foundation, hoje não existia palco. Fora substituído por cen-tenas de faces gigantes, em tom de cinza, coladas no chão. Faces anónimas, faces famosas. Faces de jovens ou dos que, en-quanto jovens, marcaram a história da Europa e do mundo. Mas o problema estava precisamente aí. É que, vedado, estava um espaço de cerca de 50 x 20m e, no centro, preci-samente no centro, esta-vam as coordenadas do

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evento que eu agendara.

Dei algumas voltas. A sweat do Geopt denun-ciar-me-ia em Portugal. Mas ali, de pouco servia… Encontrei, finalmente, o geocacher checo Dragon Riders. Que coincidência. Um geocacher que esti-vera em Braga meses an-tes, e cuja primeira cache encontrada em Portugal fora minha. Estava ali, com uma turma, a assistir ao evento. E com ele le-vava uma aluna, também geocacher.

Ficámos em amena ca-vaqueira até que, cerca de quinze minutos após a hora marcada, decidimos erguer os GPSr e procu-rar por mais geocachers. Surpreendentemente, não estava mais ninguém do evento eurocrata. Sur-preendentemente, cerca de uma dúzia de geoca-chers da região reuniam-se ali ao lado, à espera do owner português.

Pela primeira e única vez durante a estadia, tive dificuldades em comuni-car em inglês. A maioria – todos – os geocachers da Alsácia, falavam unica-mente o francês. E o Dra-gon Riders e a aluna fo-ram embora logo depois do encontro, muito antes de terminado o evento.

Restava-me a mim, como Owner, segurar o barco com um francês abaixo do

básico, e sem nenhum in-terlocutor.

Após escassos minutos de diálogo, quase impos-sível, fizemo-nos a um enigma (GC1J7GT) que havia naquela mesma praça. Assim, com ajuda do Owner, é fácil. O pri-meiro mystery encontra-do em França… Com ba-tota.

Ainda vinguei um DNF na praça Homme de Fêr (GCRD0Q), onde, na vés-pera, procurara nos sítios errados, e pude finalmen-te encontrar a cache da catedral (GC10562), mais uma das famosas porcas, antes de almoçar, adivi-nhem, uma tarte flambée.

Pelo caminho, um dos convivas explicou-me que aquele vento, que se sente apenas na fachada principal da Catedral, não é mais que o vento que levou o diabo a visitar a sua imagem, representa-da nas paredes da Cate-dral, num quadro em que ele seduz um grupo de virgens, com serpentes a saírem-lhe das costas, sem nenhuma dar por isso. Ao ver-se retratado no edifício, decidiu entrar e ver se, no interior, ha-via mais algum culto em sua honra, tendo aí ficado aprisionado. Desde essa data, o vento que o trans-portou remoinha pela praça, à espera da sua li-

bertação. Nunca dará tré-guas, dizem.

Voltando ao almoço, foi algo constrangedor, ten-tar participar numa con-versa em francês acerca de geocaching e das ati-vidades quotidianas dos geocachers alsacianos, conversa essa em que apenas uma geocacher, pontualmente, me tenta-va integrar. Aí, confesso, senti-me perdido.

Entretanto, após mais uma cache de despedida (GCZBDB), consegui uma dica acerca da tal geoca-che que se encontrava frente à entrada Agora, em plena YO! Village. Apa-nhei o elétrico, saí, apertei o atacador e loguei a ca-che (GC16QK7), entre mi-lhares de pessoas. Assim, sim!

Olhei para o relógio e, sob a ameaça de uma chuva miudinha, ainda tinha cer-ca de uma hora.

Apanhei novamente o elé-trico, saí na Praça da Re-pública, e dirigi-me a mais uma catedral. A terceira que visitava na cidade. Esta, protestante, alemã, fora da ilha mas, ainda assim, com uma rosácea imponente. Em obras, sem turistas (como é pos-sível?), a cache (GC19G1C) apareceu com facilidade. E o tempo, que naquela pequena cidade estica, ainda dava para mais uma

(GC1CBWR), numa ponte ali à frente. Por baixo, os gansos provocavam os canoístas. Sim, muitos canoístas e muitos gan-sos convivem naqueles canais, com uma dose de cumplicidade improvável. Até ao último momento, esta cidade mágica sur-preendeu-me.

Dirigi-me à sinagoga, gi-gante, reflexo de mais uma comunidade expres-siva, a judaica, onde para-va o elétrico, e regressei ao hotel, onde apanhei o autocarro para Frankfurt. Ali, tive o azar de embar-car na porta A2 e não na A25, residência de uma famosa virtual. Nem tudo são rosas.

Hoje, escrevo estas linhas à distância de mais de um mês, e continuo a dizer: Estrasburgo é, sem dú-vida, uma das mais sur-preendentes cidades da Europa. Se encontrei tão poucas caches na cidade e fiquei tão fascinado, o que me esperaria se en-contrasse cada uma das caches que povoam os recantos da urbe? Daque-la Veneza ou Amesterdão à escala?

Estrasburgo. Hei de te re-ver!

João Malheiro

- Pintelho

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Este artigo pretende fazer uma apresentação com al-guns considerandos meus dos livros que julgo serem os únicos até agora que, em português, são sobre ou se referem ao geoca-ching.

Apesar de dois indicarem nos respectivos sites que estariam disponíveis na FNAC, quando os procurei já não estavam em stock pelo que tive de fazer a encomenda ou às editoras ou no caso do “Artigo 41” à Livraria Bertrand de Pon-ta Delgada. Chegaram-me rapidamente, mas claro que ao preço de capa (sem desconto FNAC) teve de se somar portes.

Como refiro mais adiante, os dois livros de ficção em-bora falando sobre Geo-

caching, não o têm como fio narrativo principal; são contudo livros de fácil e agradável leitura. Com-prando-os estão a ajudar jovens escritores portu-gueses (um do Continente e outro de S. Miguel). Quanto ao ensaio é o único que foi escrito por um verdadeiro geocacher com experiência e é um óptimo guia sobre este nosso hobby.

Segue-se assim a apresen-tação dos livros, pela or-dem em que os li.

• “A Ordem do Poço do Inferno” de Nuno Matos Valente

• “Geocaching – uma fer-ramenta de sensibiliza-ção ambiental” de Nuno Fonseca

• “Capítulo 41” de Almei-da Maia

Autor

Nuno Matos Valente (faz

geocaching com a team

Cabrestos)

Nascido em 1977, é pro-

fessor desde o ano de

2002, tendo ao longo da

sua carreira leccionado em todos os ciclos de ensino.

É autor da Coleção Segre-dos - manuais escolares para o 1º ciclo, publicado pela Lisboa/Raiz Editora, estando atualmente ado-tados em escolas de todo o país.

É autor do livro “Recursos para aulas de substituição”, publicado pela Texto Edito-res.

Publicou em Dezembro de 2012 o seu primeiro livro juvenil de aventuras, inti-tulado “A Ordem do Poço do Inferno” através da nova editora “Edições Escafan-dro”.

Geocaching em Livros

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Sinopse

“A Ordem do Poço do Infer-no” (dezembro de 2012), de Nuno Matos Valente, ilus-trado por Joana Raimundo e publicado pelas Edições Escafandro.

Numa tarde de geocaching, a Xana, o Leo, o João e o Ulisses deparam-se com uma estranha sequência de eventos inexplicáveis. Que estranho fenómeno era aquele, que provocava tre-mores de terra seguidos de uma chuva pestilenta?

Naquele dia, quando saí-ram de casa, estavam longe de imaginar que iriam par-ticipar na descoberta mais importante alguma vez fei-

ta em Portugal.

O aparecimento de um es-tranho artefacto, escon-dido durante séculos no Mosteiro de Alcobaça, con-duz a uma aventura onde tudo é posto em causa, em que um antigo poço de pe-tróleo vem demonstrar que a realidade nem sempre é o que parece e que a história de Portugal está muito mal contada.

De D. Afonso Henriques ao Grande Terramoto de Lisboa, “A Ordem do Poço do Inferno” baseia-se na história de Portugal para construir um universo al-ternativo onde os factos e acontecimentos formam as peças de um puzzle que é desconstruído e rearran-jado pelo autor, recorrendo ao humor e apelando aos instintos aventureiros dos jovens leitores.

A Ordem do Poço do Infer-no é o primeiro de três li-vros que formam a coleção.

Segue-se “O Tesouro do Califa” (junho de 2014) e “A Floresta de Metal” (dezem-bro de 2015).

Referências ao geocaching

“Naquela altura o nosso grupo estava a participar numa competição de geo-caching e, a um mês do final da prova, estávamos empatados no primeiro lu-gar com uma equipa rival – Os Mosquitos.

Eu, o Ulisses, o João e a Xana formamos uma equi-

pa. Não somos só um grupo muito unido, mas mesmo uma equipa – um clã para ser mais exacto, Somos os Hidras uma das melhores equipas de geocaching da nossa região e passamos a maior parte das nossas ho-ras livres a praticar.

O geocaching é um jogo parecido com a “caça ao tesouro”, mas muito mais interessante, porque se passa no mundo real.

O objectivo é descobrir pe-quenos “tesouros” escon-didos, chamados caches, que podem estar escon-didos em qualquer lugar, como no buraco de uma ár-vore, por trás de uma pedra de uma muro, numa fenda, num sinal de trânsito ou noutro sítio qualquer.

Para descobrir uma cache escondida, é preciso usar um aparelho de GPS que nos indique a sua localiza-ção.

Quando se consegue en-contrar a cache, que habi-tualmente é uma caixinha com objectos lá dentro, abre-se e escreve-se lá o nosso nome, no livro de re-gistos, Depois só temos de a esconder no mesmo sí-tio, sempre sem deixar que ninguém perceba onde es-tão escondidos estes “te-souros”. Por fim só temos de registar a descoberta na internet, num site próprio.

Qualquer pessoa que esteja equipada com um GPS pode

seguir as coordenadas do esconderijo e ir à procura de caches, numa “caça ao tesouro”.

Explicado desta forma, não parece nada de especial, mas acreditem que é muito divertido e viciante! Como em tudo na vida, não é pos-sível perceber a sensações que proporciona antes de experimentar” pág. 18 (boa explicação, descontando as competições e as caches nos muros…)

“O Ulisses carregou na te-cla Enter e apareceu no ecrã um mapa e uma lista com os nomes das caches do campeonato.

A maior parte estava risca-da, o que queria dizer que já as tínhamos encontrado. Só nos faltavam encontrar quatro….

A decisão de procurar ca-ches durante aquela tarde virou do avesso a minha vida e dos meus amigos. Transformou uns dias nor-mais em dias inesquecíveis e umas semanas de vidas na experiência de uma vida.

Decidimos que em primei-ro lugar, iríamos procurar uma que se chamava “O Arco”. Só depois podería-mos procurar a segunda, o “Monge Morto”, porque era n’”O Arco” que estavam es-critas as coordenadas para encontrarmos a cache do “Monge Morto”” pág 25 (isto é possível? Uma bónus de uma só cache…)

Geocaching em Livros

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E segue-se por mais algu-mas páginas uma cacha-da que acaba no cemitério dos Monges por trás do convento de Alcobaça…De-pois jorra petróleo! (http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distri-to=Leiria&Concelho=Alco-ba%E7a&Option=Interior&-content_id=2362134) e o geocaching acaba.

Minha opinião sobre o livro

A sinopse começa por “Numa tarde de geocaching …“, mas depois e embora se façam alguma referên-cias ao mesmo e os jovens heróis sejam geocachers, o geocaching só está presen-te no início do livro. Claro que como bons geocachers se metem em aventuras e entram onde não o deve-riam fazer, mas isso tam-bém já os “Cinco” da minha geração e os protagonistas da colecção “Uma Aventu-ra…” sem ser geocachers o fazem. São características inerentes aos jovens e que os geocachers prolongam até à idade adulta.

O target do livro são os pré-adolescentes, embo-ra o tenha lido com prazer. Como no “Capítulo 41” são misturados factos históri-cos com mitos e sociedades secretas, neste caso e sem querer desvendar muito da história, ligados aos Tem-plários.

Em resumo não é um livro em que o enredo esteja centrado no geocaching, mas em que o autor conhe-ce bem o jogo.

Não me parece que o 2º vo-lume da trilogia que ainda não li, mas cuja sinopse se pode ler aqui, aprofunde o tema geocaching…

A relação é mesmo Geoca-ching <=> Caça ao Tesouro e que acaba por ser o en-redo da trilogia. E sempre é mais emocionante encon-trar o “Tesouro do Califa” do que o lixo que actualmente se encontra na maioria das caches…

Claro que algumas aventu-ras de geocaching são qua-se tão emocionantes como isso, especialmente se con-siderarmos como tesouros os sítios que conhecemos na sequência de se fazer uma caixinha…

A propósito. “Poço do In-ferno”, “Tesouro do Califa” e “Floresta de Metal” são be-los nomes para caches.

Autor

Nuno Fonseca, geocacher (nick netuseraz) e organiza-dor da Cerimónia de Entre-ga dos Prémios GPS 2013.

Sinopse

Os Amigos dos Açores – Associação Ecológica di-vulgam a sua mais recente

edição: “Geocaching – Uma Ferramenta de Sensibiliza-ção Ambiental”.

De autoria do associado Nuno Fonseca, o objectivo da obra é o da introdução ao Geocaching, atividade de ar livre no qual se utiliza um receptor de navegação por satélite (Sistema de Posi-cionamento Global – GPS) para encontrar tesouros (ou “geocaches”) colocados em qualquer local do mundo.

Os destinatários da obra agora editada são todos aqueles que começam ago-ra a descobrir e a mostrar algum interesse por esta atividade.

Para além de abordar as regras e as boas práticas que podem contribuir para que o Geocaching seja uma atividade sustentável, a pu-blicação apresenta um cariz didáctico que desenvolve a sua mais-valia enquanto ferramenta de sensibiliza-ção ambiental.

Minha opinião sobre o livro

Ao contrário dos outros dois este livro não é roman-ce, mas sim um ensaio e é definitivamente sobre Geo-caching. Começando pelo nome a acabando no con-teúdo.

Faz uma boa introdução sobre os conceitos bási-cos do geocaching, explana as razões porque pode ser uma “ferramenta de sensi-bilização ambiental”, passa por todos os assuntos rele-vantes associados e exem-plifica isso tudo com caches

dos Açores (só o mega é de Lisboa porque ainda não se tinha realizado o de são Jor-ge).

Um livrinho que devia fazer parte do kit de iniciação de todos os geocachers

Autor

Nascido a 29 de junho de 1979, na cidade açoriana de Ponta Delgada, Pedro Filipe Almeida Maia é autor dos romances de ficção po-licial Bom Tempo no Canal – A Conspiração da Ener-gia, laureado com o Prémio Literário Letras em Movi-mento 2010, e Capítulo 41 – A Redescoberta da Atlân-tida, que inspirou o espetá-culo de dança Atlântida.

Participa como co-autor na série de livros infantis Va-mos Sentir com o Necas e assina as crónicas Pavilhão Auricular do semanário Ter-ra Nostra e Cronicista do Jornal Fazendo. No género novela, escreveu o drama Nove Estações, seleciona-do para a Mostra LabJovem 2014, e foi distinguido com o Prémio Discover Azores 2014 com a poesia Vinhas e Epigeus.

Sinopse

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O professor universitário Paolo Benevoli, que lidera uma secreta investigação da localização da Atlântida, é assassinado, tal como o seu assistente, logo após ser encontrada uma lápide com uma mensagem ex-tremista no átrio do Palácio de Sant’Ana. A seita Free the Landscape of Atlantis ameaça pôr a descoberto achados arqueológicos cho-cantes que podem obrigar a reescrever toda a História.

Capa da autoria de D.er Mi-guel Maia, com a participa-ção de Catarina Pires.

Será que outros povos já conheciam os Açores antes da chegada dos navegado-res portugueses? Poderão ter deixado provas da sua passagem? As nove ilhas de bruma podem ser o que resta da Atlântida perdida? Que segredos esconderá o fundo oceânico do Atlânti-co?

O alarme dispara! Movi-mentam-se autoridades políticas, civis, policiais e militares; accionam-se meios terrestres, marítimos e aéreos; Judiciária, GNR e Interpol unem forças; sni-pers assumem posições, tropas apertam o cerco; jor-nalistas ligam as câmaras, testam os microfones… e o mundo sustém a respiração para assistir a um tumulto nunca antes visto nas paca-tas ilhas.

Nesta história surpreen-dente do autor galardoado de “Bom Tempo no Canal – A Conspiração da Ener-gia”, desfilam descobertas

arqueológicas recentes que reacendem a polémica da passagem de outros nave-gadores pelos Açores antes dos portugueses e temas controversos que lançam o debate à ribalta.

Referências ao geocaching

“-Ah, meu! Esqueci-me de perguntar uma cena, pá – bateu com a palma da mão na testa.

-Di-diga – Eusébio recom-pôs o sorriso.

-A malta vende travel bugs aqui?

- Ah, fa-fazes geocaching – os seus olhos brilharam. – Mas isso é fantástico! Sim, te-tenho travel bugs, caches ca-camuflados ou ma-magnéticos, geocoins, tralveltags…

-Tá-se, meu! Era só para saber se tinham.” pág. 74 (Diálogo entre um surfista que não sabe falar e o Eu-sébio (gago como dá para perceber) um dos protago-nistas da história e que no fim do livro vai fazer uma volta ao mundo…Sem ser para se perceber que o Eu-sébio é entendido em geo-caching a passagem não adianta nada…)

“Há aqui sequências de le-tras e números, Muitas!

- Mostra lá isso – pediu Fausto. – Ora bem, só sei concluir que começam to-dos pelas letras GC. Se isso já estava complicado, agora é que o caldo entornou!” pág. 222 (Complicado, me-nos para um geocacher!)

“Geocaching.

A palavra ficara na aurícu-la. “Uma espécie de caça ao tesouro moderna”, dissera Eusébio. Para jogar, bas-tava um aparelho de GPS e vontade de se aventurar. Era fornecida uma refe-rência, ou o GC CODE, que seria consultado na inter-net, e eram devolvidas as respectivas coordenadas. Com a massificação das tecnologias móveis, mui-tos acabavam por recorrer a aplicações móveis, pois indicavam quais os es-conderijos mais próximos. Depois de chegar ao local, o que, por si só, podia ser uma façanha, era suposto encontrar um recipiente, normalmente camuflado. O lojista tinha deixado bem claro que os receptáculos podiam ser de qualquer tipo ou tamanho, desde uma caixa de anéis até um barril. Normalmente resistentes à água, lá dentro era habitual encontrar um livro de re-gistos, um lápis ou mesmo objectos para troca.” Pág. 251 (o que é o geocaching explicado a um muggle)

“-Estamos no sítio certo, senhor Fernando – anun-ciou John. – As coordenadas são exactamente estas.

- Então é este, aqui – Apon-tou.

- Vou sozinho, pai. Ficas aqui fora.

John introduziu-se ansio-samente e apalpou as pa-redes. Um pingo de suor frio escorreu-lhe pela testa quando desvendou um Tu-pperware dissimulado na vegetação musgosa. Suspi-

rou e abriu-o com os dedos trémulos. Nada de especial: um aglomerado de peque-nas folhas de papel, uma esferográfica em forma de canivete e um porta-cha-ves. Limpou a transpiração e saiu para a claridade.

- E então? – questionou Fernando.

- Aqui não há nada de es-pecial.

-Tás enganado! Anda comi-go q’eu já te mostro. Não vieste aqui em vão – o cor-vino apressou-se a descer um patamar. Num gesto ágil, ajoelhou-se sobre um monte de pedras. Reme-xeu-as, como se uma delas fosse o que procurasse.

- Cá está! – levantou-se e sacudiu as calças.

- Mas, isso é…uma pedra! – observou John.

- Parece uma pedra, mas,,, - num gesto denunciado, abriu-a como se fosse uma caixinha de jóias – Já viram?

- Bem! – exclamou Manuel, - Saíste-me cá um artista… parece mesmo uma rocha, está muito bem disfarçado.

. Debaixo do nariz de toda a gente – o corvino retirou a moeda com cuidado. - …” pág. 265 (isto do geoca-ching é mesmo fantástico, com containers disfarçados de pedras e tudo ☺).

E grosso modo parece-me que referi todas as passa-gens que dizem respeito a geocaching. A tal lista de GC Code lá de cima implicou viagens a S. Miguel (onde se passa o grosso da acção),

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à Terceira e ao Corvo (com

passagem pelas Flores).

Minha opinião sobre o livro

Embora a deslocação às ca-

ches sejam parte integrante

da intriga do livro, só muito

marginalmente o geoca-

ching faz parte da trama do

livro.

É um livro da mesma onda

dos de Dan Brown e José

Rodrigues dos Santos, po-

liciais misturando factos

históricos com outros não

comprovados mas que fa-

zem parte de mitos anti-

gos. Neste caso o mito da

Atlântida. Capítulos curtos,

intercalando várias partes

da acção que culminam com

a explicação do mistério em

poucas páginas no fim do

livro.

Lê-se bem, mas definitiva-

mente não é um livro em

que o enredo principal gire

à volta do geocaching. O

geocaching aqui é praticado

por muggles e com objeti-

vos que nada têm a ver com

geocaching. No desenrolar

do livro é também preciso

resolver enigmas que são

de fácil identificação pelos

geocachers mas que só o

esperto Eusébio consegue

resolver como sejam su-

dokus e cifras de César.

O livro refere bastantes

locais das ilhas dos Aço-

res onde decorre o enredo,

reconhecíveis por quem já

lá esteve. Por exemplo um

dos locais é o Monte Brasil

na Terceira.

Joaquim Safara

- Jasafara

waypoint cacheName Tipo Distrito Data Publish

GC8EF9 Translant Chess Cache Traditional Arquipélago Dos Açores 2001-05-15

GC1YFNT The Horseman of Corvo Traditional Arquipélago Dos Açores 2009-09-10

GC2P52E The Enchanted Forest - Terceira Açores Multi Arquipélago Dos Açores 2011-03-17

GC2TV19 A Batalha da Praia da Vitória Traditional Arquipélago Dos Açores 2011-04-25

GC32QY1 GEOCOINFEST Europe - Lisbon | Portugal Event Lisboa 2011-08-28

GC33PQK Gruta do Carvão [São Miguel - Açores] Earthcache Arquipélago Dos Açores 2011-09-08

GC34WGW Código 11.11.11 - Code 11.11.11 Event Arquipélago Dos Açores 2011-09-27

GC34HF0 Baía de Angra do Heroísmo (Terceira) Mystery Arquipélago Dos Açores 2011-09-28

GC35DK2 Furnas meat stew [São Miguel - Açores] Earthcache Arquipélago Dos Açores 2011-10-12

GC35ND6 Saboteur - The Ultimate Mission [SMiguel - Açores] Multi Arquipélago Dos Açores 2011-10-18

GC374EK Furnas Do Enxofre Multi Arquipélago Dos Açores 2011-11-06

GC346E2 The Kings Orders Letterbox Arquipélago Dos Açores 2011-12-07

GC3AQKJ 1º Evento CITO da Ilha Terceira CITO Arquipélago Dos Açores 2012-01-13

GC34XEV Family Time / Tempo em Familia [S.Miguel - Açores] Multi Arquipélago Dos Açores 2012-01-16

GC377T9 Tomaz com Z [São Miguel - Açores] Letterbox Arquipélago Dos Açores 2012-01-16

GC391ZJ The Tunnel [São Miguel - Açores] Traditional Arquipélago Dos Açores 2012-02-05

GC39P5Y I am Legend Multi Arquipélago Dos Açores 2012-02-19

GC3DNJY Green Meeting! Event Arquipélago Dos Açores 2012-03-02

GC3A118 Grupo Folclórico das Doze Ribeiras Mystery Arquipélago Dos Açores 2012-04-10

GC3CP4B Duty Free @ Ponta Delgada [São Miguel - Açores] Mystery Arquipélago Dos Açores 2012-04-13

GC3F49P Monkey Business!!! Multi Arquipélago Dos Açores 2012-05-14

GC3927V T Rex @ Lagoa [São Miguel - Açores] Letterbox Arquipélago Dos Açores 2012-05-28

GC3J8NW O Tesouro de Porto Afonso [Graciosa - Açores] Traditional Arquipélago Dos Açores 2012-06-01

GC3969J LUSO [São Miguel - Azores] Multi Arquipélago Dos Açores 2012-07-15

GC38X4J Faja Lopo Vaz [Flores - Azores] Earthcache Arquipélago Dos Açores 2012-11-28

GC51JAC São Jorge GeoAdventure CITO [São Jorge - Açores] CITO Arquipélago Dos Açores 2014-04-12

Caches referidas no livro Geocaching – uma ferramenta de sensibilização ambiental

Nota: Os GCCode dos CITO’s não existiam pelo que os substituí pelo do primeiro e último realizados no arquipélago dos Açores.

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PatrimónioCASTELO DE PALMELA

Por RuiJSDuarte

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Depois de na GeoMaga-zine #3 termos visitado o Castelo de S. Jorge, volta-mos nesta edição à temá-tica dos castelos de Por-tugal e o seu património. A apenas algumas dezenas de quilómetros do Caste-lo de São Jorge, temos no Castelo de Palmela pano para mangas no que diz respeito à História do nos-so País, ou não estivesse “do outro lado do rio”, e consequentemente bas-tante mais vulnerável que o seu vizinho Lisboeta. Va-mos perceber um pouco do espaço reservado com todo o mérito por Palme-la, sua altaneira “fortifica-ção”, nossa independência e no nosso Geocaching, claro!

Origens

Os muitos vestígios ar-queológicos encontrados relegam a ocupação hu-mana na zona para os idos anos de 310 a.C., com a fundação de um povoado onde hoje se situa Palme-la, e, para a construção de uma primeira posição for-tificada pela mão dos Ro-manos cerca de 400 anos depois (106 d.C).

Estudos recentes vêm mostrar que desde essa altura nunca mais a zona deixou de ser ocupada, primeiro pelos Visigodos e posteriormente pelo Muçulmanos (responsá-veis pela construção do primeiro verdadeiro forte, entre os sec. VIII e IX, e ampliado entre os séc. X e XII).

O Castelo na História Medieval

A época da “Reconquista cristã da península Ibé-rica” foi conturbada para Palmela e seu Castelo que foram andando de mão em mão, entre Cristãos e Muçulmanos...

Ora eram conquistados pelas forças de Dom Afon-so Henriques (em 1147) ora voltavam para mãos muçulmanas, para serem novamente reconquista-das (em 1158), e perdidos de seguida e... adivinha-ram... nova investida em 1165 (24 de Junho), be-neficiando então de obras de reforço (provavelmente bastante necessárias).

Com a “passagem de testemunho” entre Dom Afonso Henriques e Dom Sancho I (em 1185) esses domínios foram ofertados à Ordem Militar de San-tiago (tal como Almada e Alcácer do Sal) e, lá vieram novamente os “infiéis” (pela mão do califa Abu Yusuf Ya’qub al-Mansur) abocanhando pedaços do território nacional, dos Al-garves e até Almada (em 1191), danificando bas-tante as defesas de Pal-mela pelo caminho.

Reconquistada algures entre 1194 e 1205, foram envidados os necessários esforços na sua recupe-ração e confirmada a an-terior doação aos monges de Ordem Militar, que aí instalaram a sua sede (1).

Apenas após a vitória de-cisiva na Batalha de Na-vas de Tolosa em 1212 (numa coligação “all star” liderada por Afonso VIII de Castela e com os exércitos de Sancho VII de Navarra, Pedro II de Aragão, Afon-so II de Portugal, dos ca-valeiros do reino de Leão e das ordens militares de Santiago, Calatrava, Tem-plários e Hospitalários) sobre o Califado Almóada é que se reconquistaram as terras entre o Rio Tejo e Évora.

A construção da Torre de Menagem (em estilo gó-tico), para defesa da porta principal, terá sido cons-truída por volta de 1323, aquando da confirmação da atribuição do Foral à Vila, já por Dom Dinis.

Tratados os assuntos com os Muçulmanos, era altu-ra de lidar com os Caste-lhanos, com o seu cerco a Lisboa (Março de 1382) e com o incendiar/pilhar dos arrabaldes da Vila de Pal-mela pelos mesmos. Foi do alto das torres deste Castelo que o Condestável Dom Nuno Álvares Pereira acendeu grandes foguei-ras de forma a assinalar perante o Mestre de Avis o seu regresso de Frontei-ra (Portalegre), onde tinha brilhantemente derrotado os espanhóis na Batalha dos Atoleiros, com a pro-porção de praticamente 1 para 3 e utilizando pela primeira vez em Portugal a chamada técnica de «pé terra»» ou «pé em terra»

(que consistia numa for-mação defensiva por par-te de peões armados com lanças, esperando cargas de cavalaria inimiga).

Durante o reinado de Dom João I procederam-se a obras de ampliação e re-forço no castelo (1423), juntamente com a edifica-ção de uma Igreja (2) e do Convento onde a Ordem de Santiago (entretanto emancipada de Castela) se iria instalar, a título defini-tivo em 1443.

O Castelo estaria ainda em destaque em 1484 aquando da conspiração de Dom Diogo (duque de Viseu) e de Garcia de Me-neses (bispo de Évora) contra Dom João II, em que este último, sabendo dos planos para a sua morte, atraiu e matou o primei-ro a Palmela (dizem que ele próprio o apunhalou) e encarcerou o segundo na cisterna do Castelo (onde morreria poucos dias de-pois).

O Castelo na História Moderna

Em 1755, altura do grande terramoto, o Castelo seria seriamente danificado. Não obstante, continuaria ocupado pelos freires de Palmela até ser ordena-da a extinção das Ordens Religiosas em Portugal (no ano de 1834), passan-do então para as mãos do Exército português, que para aí destacou um con-tingente de militares.

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O seu aspecto atual come-çou a desenhar-se para a Comemoração dos Cen-tenários (os 300 anos da Restauração da Indepen-dência em 1940 e os 800 anos da Independência de Portugal em 1943) com um conjunto de interven-ções e derrube de cons-truções, além de altera-ções nas janelas da Igreja de Santiago, em 1945.

O convento seria recon-vertido em pousada em 1945 e passou a integrar, na década de 70, a rede conhecida por Pousadas de Portugal. O recinto do Castelo tem sido, desde fi-nais do século XX, alvo de prospecção arqueológica e alguns dos seus espaços foram transformados em alas museológicas (além de áreas de serviço e co-mércio).

O castelo serviu entre-tanto como cenário para algumas fitas do peque-no e grande ecrã, como o filme “La Noche del Ter-ror Ciego” (Tombs Of The Blind Dead) de Amando de Ossorio (1971) e a sé-rie juvenil “Uma aventura” (adaptação do livro “Uma Aventura no Castelo dos Ventos”) de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães (2005).

Evolução Defensiva e Arquitectónica

A arquitetura do castelo, por estar adaptado ao ter-reno, é-nos apresentada como um polígono irregu-lar e tem como reforços das muralhas alguns tor-reões, quadrados e circu-lares.

A evolução defensiva apre-sentada anteriormente é demonstrada pelas mura-lhas e seus três níveis:

O Interno, do séc. XII e XIII, é obviamente a muralha mais antiga e tem duas torres cilíndricas além da torre de Menagem (refor-çada e aumentada no séc. XIV ) e sua famosa cister-na.

O Intermédio, do séc. XV, com muralhas mais robus-tas e onde se localizam a praça de armas, a Igreja de Santa Maria e o convento e a Igreja de Santiago de Palmela.

O Externo, do séc. XVII, com muralhas modernas preparadas para resistir aos tiros de artilharia (in-cluindo baluartes, revelins e tenalhas).

O Castelo está classifica-do como Monumento de Interesse Nacional desde 1910.

(1) Igreja de Santa Maria do Castelo

É considerada como sede da primeira paróquia de Palmela e foi construída

no sec. XII. Está presente-mente em ruínas (vitima do terramoto de 1775) e restam apenas a Sacristia, onde foi instalado o GE-sOS (Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santia-go) e os portais de entra-da. Podemos ver alguns exemplares de azulejos e lápides funerárias entre os vestígios arqueológicos presentes no local.

(2) Igreja de Santiago de Palmela

Santuário de construção de tal modo simples que dificilmente encontra pa-ralelo no sec. XV, o que a torna parte de um lote bastante restrito de edifí-cios que terão sido incuba-ção para o Estilo Manueli-no. A sua construção ficou terminada em 1482 tendo sido iniciada aquando da transferência da Ordem de Santiago para a zona. É nesta Igreja que está se-pultado o último mestre da referia Ordem, Jorge de Lancastre (filho ilegítimo de D.João II e Ana de Men-donça, dama da Rainha Dona Joana).

Geocaching

Em termos de Geocaching, o Castelo encontra-se georreferenciado desde 2003 com uma “grand-fathered” Virtual Cache denominada Palmela (GC-G2QA) da autoria de um casal holandês, Chris &

Martha (Charter Member), que nos “obriga” a subir ao alto da Torre de Menagem e que conta até agora com mais de 500 visitas e mais de 750 fotos e com uma Wherigo Cache chamada O Cavaleiro da Ordem de Santiago (GC3K55K), im-plementada no ano pas-sado e que se encontra presentemente a concor-rer aos Prémios GPS 2013, contando até ao momento com 55 favoritos e com uma percentagem supe-rior a 80% na preferência de PM e que totalmente a propósito nos apresenta à Ordem de Santiago e nos mostra um pouco das re-dondezas do castelo.

Duas caches que se com-plementam realmente muito bem e que servem perfeitamente como car-tão-de-visita a esta muito interessante zona e quem sabe sirvam de motivação para uma Tour aos res-tantes monumentos, ali, mesmo à mão de semear e que nos são simpatica-mente apresentados por um roteiro implementado no terreno pelas autorida-des locais.

PS – Vejam o filme, bri-lhante! (www.youtube.com/watch?v=2JJHHM-zeL0w)

Rui Duarte

- RuiJSDuarte

Em termos de Geocaching, o Castelo encontra-se georreferenciado desde 2003 (...)

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Junho 2014 - EDIÇÃo 9É bom ter objectivos na vida. O que é melhor? Alcan-çar esses objectivos. O que é fixe sobre o geocaching? Quantidades infinitas de metas que podes atingir! Com tantas opções, podes tornar os teus objectivos tão fáceis ou desafiantes quan-to possível. Fácil: Encontrar três tipos de cache num dia. Difícil: Encontrar 10 tipos de cache num dia. Fácil: Encon-trar 10 tradicionais num dia. Difícil: Fazer uma cache de terreno 5 numa caminhada de 10 milhas. Fácil: fazer um novo amigo no próximo evento de geocaching. Difí-

cil: juntar 200 amigos para ir fazer bruning a um local aleatório.

Como estamos a entrar na época principal de geoca-ching, estive a pensar nos meus próprios objectivos de geocaching. Uma vis-ta de olhos sobre a minha página de estatística em Geocaching.com fez-me perceber que não estou muito longe de preencher a grelha Dificuldade/Terreno (também conhecido como o desafio Fizzy, ou “Fizzy challenge”, em inglês). Cla-ro, ainda tenho algumas das combinações mais difíceis

por encontrar. Mas uma coisa que nunca considerei no passado foi criar pocket queries que me pudessem ajudar a encontrar aque-las caches que eu preciso… Agora, quando sei que vou sair para cachar, corro uma rápida Pocket Query para determinar se é possível preencher mais um lugar na grelha. Melhor ainda, ando a planear saídas com os meus colegas de trabalho para ajudar a enfrentar a minha grelha.

Decidi perguntar aos meus colegas na Sede do Geoca-ching quais eram os seus

objectivos pessoais para este ano. Tal como eu, Jon Stanley (Moun10Bike) en-contra-se a tentar comple-tar o Fizzy challenge. Po-rém, está mais adiantado do que eu, necessitando apenas de uma cache para completar o desafio. Tam-bém tem trabalhado numa série de “uma cache por dia” (encontra-se actualmente nos 856 dias) e em encon-trar uma geocache em cada novo país que visita. Ben and Jayme (benandjayme) estão trabalhando no desafio local de 50000 pés de elevação (1.524 metros) (GC24K9Z)

From GeocachinG hQwith Love

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nas montanhas de Washin-gton. A ideia baseia-se no conceito de completar ca-minhadas para geocaches suficientes para acumular 50.000 pés de ganho de ele-vação. Que melhor maneira de combinar o amor pelo ar livre com geocaching?

Jeremy (Jeremy) diz-me que gostaria de encontrar 100 mistérios, o que inclui com-pletar a série Peace Sign (GC241QM) aqui no nos-so quintal. Jenn (MissJenn) gostaria de preencher a sua grelha de 366 dias de geoca-ching e tem a grelha impres-

sa na sua secretária para ajudá-la a lembrar-se dos dias em falta. Actualmente, tem 299 dias preenchidos na sua grelha. Como um viajante de bicicleta, Reid (reidsomething) gostaria de encontrar todas as caches no seu trajecto de bicicleta para o trabalho. Scatter-MyCaches (também conhe-cido por Derek) apenas quer encontrar mais caches este ano do que encontrou no ano passado. E em relação a uma das minhas colegas mais recentes, Bri (briety) gostaria de ver durante quanto tempo conseguirá

manter a sua série continua (actualmente em 35 dias) enquanto se foca em sair para o ar livre. Ela até capaz de dar cor a um novo estado no seu mapa de estatísticas numas próximas férias.

Aqui na Sede, nós gostamos de ajudar as pessoas com a obsessão de desafios crian-do mais para a comunida-de. No verão passado nós fizemos o “31 em 31” para o mês de Agosto. Encontrar uma cache por dia durante o mês inteiro e 31 novos sou-venires eram vossos. Esta-mos a mexer os cordelinhos

este ano para vos desafiar de forma diferente. Para os coleccionadores de ícones: o desafio deste ano será para vocês!

Se ainda não tens, desafio-te a definir as tuas próxi-mas metas de geocaching. Mesmo que não as atingas todas, terás definitivamente algumas aventuras incríveis no processo.

Annie Love

- G Love (Lackey)

Tradução por Bruno Gomes (Team Marretas)

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De todos os Geocachers que tive oportunidade de co-nhecer, pude verificar que o significado da prática de Geocaching varia de pessoa para pessoa, no entanto, existe um consenso quanto a considerar que o Geoca-ching é uma atividade posi-tiva e com benefícios.

Este estudo surge com a curiosidade de perceber que efeitos o Geocaching tem, efetivamente, na vida das pessoas que o praticam e se as opiniões são generaliza-das.

É, então, o principal objetivo deste trabalho perceber se a prática de Geocaching tem impacto positivo em dife-rentes esferas de vida, no-meadamente, no bem-estar físico, no bem-estar mental, na vida social e no conheci-mento de uma forma geral.

Segue-se a descrição do estudo e apresentação de

alguns dos resultados obti-dos.

A recolha de dados foi rea-lizada através de um ques-tionário online. Neste, encontravam-se duas per-guntas abertas:

1. Da sua experiência pes-soal, em que aspetos consi-dera que a prática de Geo-caching pode ser benéfica?

2. Quais são os principais objetivos / motivações quando pratica Geoca-ching?

As respostas a estas duas questões merecem uma análise minuciosa e cui-dada, no entanto, quando apresentada através de uma “nuvem de palavras”, cujo método consiste no destaque das palavras que surgem com mais frequên-cia, percebem-se as ideias essenciais subjacentes a estas respostas.

As descrições realizadas na primeira pergunta estão

ilustradas na Imagem 1. As-sim, as palavras que mais se destacam traduzem as opiniões de que benefícios do Geocaching se prendem com a oportunidade de co-nhecer novos locais, exercí-cio físico, conhecimento, o contacto com a natureza e outras pessoas. Na Imagem 2 estão destacadas as pa-lavras que apareceram com mais frequência na resposta à segunda questão. Então, os objetivos e motivações consistem no conhecimen-to de novos locais, a des-coberta, aventura, natureza e, claro, encontrar caches. Este é, provavelmente, um resultado expectável para aqueles que conhecem de perto esta atividade, mas será este um resultado cor-roborado pelos restantes dados?

Descrição da amostra e das dimensões em análise

Neste estudo participaram 337 geocachers, dos quais

68,3% são do sexo masculi-no e 31,8% do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 13 e os 68 anos. De todos os respondentes, 109 (32,3%) são da zona Norte do país, 72 (21,4%) do Centro, 99 (29,4%) de Lis-boa e Vale do Tejo, 6 (1,8%) do Alentejo, 32 (9,5%) do Algarve, 18 (5,3%) das Ilhas dos Açores e da Madeira e 1 (0,3) que apresenta resi-dência no estrangeiro.

Quando analisados os há-bitos da prática de Geoca-ching por zona de residên-cia, verifica-se que são as zonas Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Algarve que praticam Geocaching com mais frequência, nomeada-mente, de 1 a 3 vezes por semana. Destaca-se, no entanto, que nenhuma zona se distingue pela reduzida frequência com que pratica Geocaching, traduzindo as-sim que a maioria dos res-

Resultados do estudo do impacto do Geocaching nas várias esferas de vida

Por InvisibleCatchers

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pondentes são geocachers ativos.

O questionário foi desenvol-vido de modo a medir 4 di-mensões nas quais o Geoca-ching pode ter um impacto positivo. As dimensões são (1) o impacto no bem-estar físico, (2) o impacto no bem-estar mental, (3) o impacto na vida social e, por fim, (4) o impacto no conhecimento.

Para avaliação do bem-estar físico foram realizadas ques-tões como: se com a prática o geocacher aumentou o exercício físico, nota melho-rias a esse nível e se realiza a atividade, maioritariamen-te, a pé. No bem-estar men-tal as questões englobavam o aumento da sensação de relaxamento e de emoções agradáveis aquando a práti-ca do Geocaching, a atenção focada especialmente na atividade ao invés dos pro-blemas do quotidiano e a di-versão que a prática propor-ciona. No impacto na vida

social foram destacadas questões acerca do Geoca-ching como determinante no aumento de amizades e momentos de convívio, frequência com que se está com a família/amigos, parti-cipação em fóruns ou grupos de Geocaching e auto perce-ção da melhoria da vida so-cial desde o início da prática do Geocaching. Por fim, o impacto do Geocaching no conhecimento foi avaliado tendo por base questões acerca do aumento de co-nhecimentos em História e Geografia, capacidade de ra-ciocínio, orientação espacial, criatividade e utilização das novas tecnologias. Todas as questões tinham uma esca-la de 6 pontos: 1 - Discordo Totalmente a 6 – Concordo Totalmente.

Principais resultados

A média das respostas nas 4 dimensões situa-se acima do valor 4, traduzindo-se em concordância quanto ao

impacto positivo que o Geo-caching tem no bem-estar físico, bem-estar mental, conhecimento e vida social.

No Gráfico 1 estão expos-tas as médias das respos-tas para as 4 dimensões e, por fim, a média do fator que avalia o impacto geral do Geocaching (tendo por base a junção das anterio-res dimensões) segundo a frequência com que os par-ticipantes praticam Geoca-ching.

Tal como esperado, quanto mais frequente a prática de Geocaching, mais elevados são os benefícios percebidos e o impacto que esta ativi-dade tem nas várias esferas de vida¹. Segundo podemos identificar no gráfico, este comportamento verifica-se em todas as dimensões em análise, exceto na dimensão do impacto no bem-estar mental. Nesta, as respos-tas encontram-se muito próximas umas das outras,

traduzindo-se na unanimi-dade quanto ao impacto po-sitivo, independentemente da frequência com que se realiza Geocaching. Verifi-ca-se também um impacto positivo destacado nos be-nefícios que o Geocaching traz para o conhecimento. As opiniões divergem, prin-cipalmente, na dimensão que avalia o impacto na vida social, sendo os que menos praticam Geocaching que consideram que este tem menos impacto na sua vida social. Os benefícios são mais percebidos à medida que a frequência da prática de Geocaching aumenta. A dimensão com valores mais baixos, mas ainda assim na metade positiva da escala, é o impacto que o Geocaching tem no bem-estar físico.

Sendo o impacto que o Geo-caching tem na vida social o mais controverso procurou-se identificar um indicador a partir do qual se verificam

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benefícios significativos. Assim sendo, e com base no número de caches en-contradas, verifica-se que são, geralmente, os geo-cachers com mais de 1000 caches encontradas que identificam um impacto mais positivo e significati-vo do Geocaching na vida social².

Quando analisados esses resultados segundo a ida-de, verifica-se que indepen-dentemente da frequência com que praticam Geoca-ching, são os respondentes com menos de 20 anos e com mais de 41 anos que avaliam mais positivamen-te o impacto do Geocaching nas diferentes dimensões. Os indivíduos entre os 21 e 30 anos apresentam re-sultados mais baixos com-parando com os restantes, diferenciando-se signifi-cativamente daqueles com mais 41 anos. Apesar disso, importa destacar que todos se situam acima do ponto 4 na escala de concordância utilizada (escala de 1 a 6), mostrando que apesar das diferenças identificadas, todos os grupos concordam com a existência de benefí-cios do Geocaching nas vá-rias esferas avaliadas.

Percebeu-se que a auto perceção dos respondentes do sexo masculino e do sexo feminino são semelhan-tes. Salientar, ainda, que os resultados revelam que o sexo masculino identifi-ca mais benefícios quanto ao impacto do Geocaching em todas as 4 dimensões quando comparado com o sexo feminino, no entanto, essas diferenças não são significativas. São também os respondentes casados que identificam mais be-nefícios no Geocaching, sendo essas diferenças

significativas quando com-parados com os respon-dentes solteiros e em união de facto³. Quando analisa-das as respostas segundo a zona de residência, não se encontraram diferen-ças significativas, pelo que se entende uniformidade dos geocachers quanto aos benefícios do Geocaching⁴. Também entre os mem-bros e membros premium se identificaram diferen-ças quanto à perceção dos benefícios, sendo que são os segundos que conside-ram que o Geocaching tem mais benefícios para o conhecimento, vida so-cial e bem estar físico⁵. Este aspeto pode ser refletido à luz da frequência que pra-ticam Geocaching, de facto, 78,3% dos membros pre-mium praticam Geocaching mais do que uma vez por semana, enquanto que dos membros que constituem esta amostra, 53,5% fazem Geocaching com a mesma frequência (mais de uma vez por semana).

Curioso foi perceber o impacto do Geocaching quando divididos os res-pondentes pela existência/inexistência de caches es-condidas (como owners). Identificou-se que os geo-cachers que não apenas procuram caches mas tam-bém as escondem, perce-cionam mais benefícios e um impacto mais positivo do Geocaching no bem-es-tar físico, vida social e co-nhecimento sendo estas diferenças significativas⁶. No bem-estar mental as di-ferenças não são significa-tivas, no entanto, uma vez mais destaca-se o grupo de geocachers que já escon-deram caches com média mais elevada do que aque-les que não são owners de nenhuma cache.

As 4 dimensões em análise explicam 37,2% da variância da satisfação global com as várias esferas de vida⁷. De todas as dimensões, é o impacto no conhecimen-to que revela maior cor-relação com a satisfação global, sendo esta também a que tem maior efeito na satisfação (4,8%). Segue o impacto no bem estar-mental com mais efeito na satisfação global (2,9%) e o impacto no bem-estar físi-co (1,7%). A dimensão com menos efeito na satisfação global é, então, o impacto que o Geocaching tem na vida social (0,4%) (resulta-dos da regressão linear na tabela 3).

Conclusão

Segundo os dados obtidos, importa destacar que exis-te concordância quanto ao impacto positivo advindo da prática do Geocaching. Apesar de poderem ser no-tadas algumas diferenças, que foram individualmente identificadas anteriormen-te, importa concluir que os benefícios percebidos são transversais segundo o sexo, idade, estado civil, local de residência e anti-guidade na prática do Geo-caching.

Destaca-se que, quanto mais frequente a prática de Geocaching, maior é o im-pacto deste no bem estar-mental, conhecimento, vida social e bem estar-físico. Assim sendo, pode consi-derar-se esta uma ativida-de benéfica para a melhoria das várias esferas de vida, especialmente no que res-peita o bem-estar mental e aumento do conhecimento, tendo estas também um efeito significativo na satis-fação global destas esferas. As vantagens aumentam substancialmente quando

se acrescenta às buscas do tesouro, a experiência de esconder caches. É este igualmente um resultado a reforçar, uma vez que o Geocaching parece trazer mais vantagens àqueles que procuram e escondem caches.

Com isto, confirma-se o testemunho de muitos geocachers quanto às suas experiências subjetivas, destacando o Geocaching como uma oportunidade de conhecer novas localidades, de experienciar momentos de aventura, diversão, re-laxamento, aumentar co-nhecimentos sobre História e Geografia entre outros, mas também de convívio.

O Geocaching parece, as-sim, ser uma excelente op-ção de ocupar os tempos livres e, em simultâneo, contribuir para o desenvol-vimento de bem-estar in-terno e externo.

Agradecimentos

Aproveito para deixar um agradecimento especial a todos os que participaram neste estudo, de norte a sul do país, ilhas e estrangeiro. A participação de cada um foi preciosa para concreti-zar os objetivos propostos.

A disponibilidade imediata e adesão que tive, foi sur-preendente, e comprovou, uma vez mais, que o Geo-caching dá muito a quem está pronto a receber, mas a comunidade geocachiana também tem muito para oferecer. Um grande OBRI-GADA a todos e boas ca-chadas!

Adriana Paiva⁸

- InvisibleCatchers

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Imagem 1 - Da sua experiência pessoal, em que aspetos considera que a prática de Geocaching pode ser benéfica?

Imagem 2 - Quais são os principais objetivos / motivações quando pratica Geocaching?

¹F(4,332)=7,707, p=0,001²F(5,331)=10,075, p=0,000³F(3,332)=4,368, p=0,005⁴F(4,331)=0,625, p=0,645⁵Impacto no bem-estar físico: t(335)=-3,202, p=0,001; Impacto no bem estar-mental: t(335)=-0,752, p=0,453; Impacto na vida social: t(335)=-6,030, p=0,000; Impacto no conhecimento: t(335)=-2,113, p=0,035⁶Impacto no bem-estar físico: t(335)=-2,459, p=0,014; Impacto no bem-estar mental: t(335)=-1,751, p=0,081; Impacto na vida social: t(335)=-7,154, p=0,000; Impacto no conhecimento: t(335)=-3,265, p=0,001⁷F(4,332)=50,764, p=0,000⁸Psicóloga, contacto: [email protected]

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Vila Nova de Famalicão en-tra para o Geocaching em outubro de 2006, com a publicação da multi-cache Lenda da Imagem da Nos-sa Senhora do Carmo [GC-QYPP] e, só no ano seguin-te, é que surge a segunda geocache. No final de 2010 V. N. Famalicão já contabi-lizava 65 caches ativas e atualmente já ultrapassa-mos a barreira das 200.

Após uma fase mais es-tacionária do Geocaching neste concelho, um grupo de geocachers famalicen-ses juntou-se, formando a

FamaTeam, de forma a dar novamente vida a esta ati-vidade no seu concelho. Foi então que surgiu o primei-ro projeto para dinamizar o Geocaching: o Famalicão-Challenge, que contou com a publicação de 49 caches tradicionais mais uma cache bónus [GC4WQW2].

O FamalicãoChallenge, des-de o seu início, andou a par do passado e do presente do concelho. É exemplo dis-so a cache FamalicãoChal-lenge - Primeiros Povoados em Gavião [GC4WFTX], que dá a conhecer um antigo po-

voamento Suevo, após a in-vasão da Peninsula Ibérica, no início do séc. V.

Bernardino Machado [GC4TM6B], eleito Presi-dente da República por duas vezes, e Alberto Sampaio [GC4TMZ0], escritor e his-toriador, são personalida-des com origens em V. N. de Famalicão e que marcaram a história de Portugal. Ou-tras grandes personalida-des homenageadas por este projeto passam pelo fama-license Cardeal Cerejeira, que foi o 14º Patriarca de Lisboa, e Monsenhor Abílio

Pereira [GC4TZGR] que se formou em Teologia pela Universidade de Coimbra e que, durande três décadas foi Reitor do Santuário do Sameiro.

O FamalicãoChallenge tam-bém dá a conhecer infraes-truturas que serviram para que o concelho se tornasse um dos mais induatrializa-dos do país, como é o caso da cache FamalicãoChallen-ge - Rede Ferroviária [GC-4VBCQ]. Desde sempre que o nome “Famalicão” esteve relacionado com os têxteis e tal associação não podia

Geocaching em Famalicão

Por Fama Team

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passar despercebida, sendo assim mencionados, a his-tória de umas das maiores empresas têxteis do país e também um dos princi-pais responsáveis pela in-dustrialização do concelho, Narciso Ferreira [GC4TNJ2], que chegou a ser proprietá-rio do maior património in-dustrial do país.

Como os têxteis estarão sempre relacionados com Famalicão, e vice-versa, se-ria então importante dar a conhecer à comunidade de geocachers os métodos e a maquinaria anteriormente

utilizados, levando-os ao Museu da Indústria Têxtil, nome adotado para a cache GC4WQTM que se encontra nas suas imediações. Apesar da época repleta de adversidades que a in-dústria têxtil tem vivido, o concelho evolui e tal facto também é referido na cache FamalicãoChallenge - Um Concelho Industrial [GC4T-ZH1].

De forma a tornar o Fama-licãoChallenge um projeto de referência e que desse a conhecer o melhor que Fa-malicão tem para oferecer,

revelou-se fundamental in-cluir algumas das festivida-des e romarias existente. A cache FamalicãoChallenge - Festas Antoninas [GC4T-M5D] retrata a maior fes-tividade do concelho, que acontece em junho. Outra festividade muito relaciona-da com o norte do país é o Festival da Doçaria Conven-tual [GC4TMZ6], festivida-de igualmente relembrada neste projeto.

V. N. de Famalicão detém um vasto património arqui-tetónico, inclusive edifícios da arquitetura Românica no

concelho, tais como a Igre-ja de Santiago de Antas e a Igreja de Santa Maria de Arenoso. Outro dos edifícios arquitetónicos com bastan-te importância para o de-senvolvimento do concelho na época medieval e retra-tado no FamalicãoChallenge é o Mosteiro de Santa Ma-ria de Oliveira [GC4TNJB]. O Mosteiro de Landim, cujas origens remontam ao de-correr do Séc. XII, que con-vidamos a visitar com outra geocache ali colocada [GC-4ZZDR], é hoje um exemplar dos mais ricos e emblemáti-

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Junh

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cos do estilo Românico en-tre Douro e Minho.

Foi a partir do Séc. XVI que Famalicão se começou a expandir, criando um vasto conjunto de solares, sobre-tudo, no Vale do Rio Este e, atualmente, alguns dos quais têm-se transforma-dos em casas de turismo rural. São exemplos disso, e dadas a conhecer à co-munidade de geocachers, a Quinta de Pindela [GC-4V7V7] e a Quinta da Costa [GC4V7VN].

Após o sucesso obtido com o FamalicãoChallenge, com a atribuição de mais de 200 favoritos, surge uma nova investida da FamaTeam: o Trilho das Eiras, que em menos de um mês conta com o mesmo número de favoritos.

O Trilho das Eiras é um per-curso circular com uma ex-tensão de 9 km constituído por 27 caches, cujos con-tainers estão relacionados com os temas do trilho ou com a fauna e flora existen-tes.

O monte das eiras é a se-gunda maior área florestal do município de V. N. de Fa-malicão que vai alternando entre a área agrícola e vi-nícola proporcionando uma paisagem rica e diversifica-da. Apesar do eucalipto ser a espécie arbórea dominan-te, outros tipos de árvores podem ser encontradas, tais como o pinheiro bravo e o cedro. Com alguma sor-te, quem percorrer o trilho pode usufruir da companhia

das várias espécies ani-mais que por ali habitam, por exemplo a salamandra, esquilos, raposa, coelho bravo e outros (geralmen-te podem ser encontrados nos arredores da cache Tri-lho das Eiras #05 – Mata de Compostela [GC50N9C]).

O percurso inclui, ainda, miradouros naturais que permitem vistas fabulosas em várias direções, são exemplos disso as caches Trilho das Eiras #11 – Torre de Vigia [GC513V1] e #15 – Clareira [GC50EKJ].

Também a componente arqueológica é destacada neste percurso uma vez que é uma área com grande concentração de vestígios castrejos dotados de fortes sistemas construtivos, com várias ordens de muralhas e uma clara organização proto urbana de estrutura regular, com arruamentos e construções de planta circular ou quadrangular, correspondente aos pri-mórdios da influência ro-mana na região. Nesta área florestal contamos três castros, nomeadamente, o Castro de Santa Cristina (destacado pela cache Tri-lho das Eiras #17 [GC50F-JY]), o Castro de Vermoim #23 [GC512RX] e o Castro das Eiras #22 [GC50EKZ]. O último é o castro maior e também o mais escavado tornando visível o balneário e a sua pedra formosa.

Num pequeno planalto é possível encontrar as qua-tro Mamoas de Vermoim

#18 [GC512DV], colinas circulares em terra, que ti-nham o objetivo de prote-ger o dólmen, cobrindo-o completamente.

Posto isto, são várias as ra-zões que podem levar um geocacher a percorrer este percurso. Para além das 27 caches do Trilho das Eiras e 4 outras que já incentiva-vam o conhecimento deste património, esta é uma ca-minhada com uma elevada componente natural e pai-sagística, arqueológica e construída, sendo possível ainda usufruir de outros as-petos de interesse, tornan-do cada experiência única e memorável.

No que respeita a verten-te social do Geocaching, as opiniões são divergentes. Para a FamaTeam, esta re-sume-se em oportunidades de convívio e socialização com pessoas conhecidas e desconhecidas e com as quais partilhamos de in-teresses comuns (nomea-damente o Geocaching) permitindo não apenas au-mentar a nossa rede social, como proporcionar partilha de experiências e conhe-cimentos traduzindo-se numa oportunidade para planear futuras investidas de caça ao tesouro, em gru-po.

Motivados pelos diferen-tes benefícios identifica-dos anteriormente, surge outro projeto FamaTeam: a realização de um even-to em cada mês de 2014,

sendo a organização dos mesmos distribuídos pe-los diferentes elementos desta equipa. Os eventos têm sido concretizados no concelho de V. N. de Fa-malicão e têm como prin-cipal objetivo o convívio entre os amantes desta atividade (Ponto de En-contro [GC4WRE7], Fama-licãoChallenge – 1ª Impes-são e Xiripiti [GC4WTKH], Revolução dos Plásticos [GC52B99]), mas também a realização de atividades com responsabilidade cí-vica (C.I.T.O Monte das Ei-ras [GC4YG7K]) e diversão (Party & Geo [GC549PG]). A adesão tem sido boa e di-versificada. Claro está que apesar da organização dos eventos ser proveniente de elementos FamaTeam, o sucesso de cada um depen-de dos seus participantes e é neles que apostamos este projeto. Até à data, os geocachers que têm parti-cipado assumem um papel essencial com o convívio, boa disposição e partilha, transformando o nosso in-vestimento em motivação para continuar a trabalhar para realçar o que de me-lhor tem o Geocaching.

Hugo Peixoto

- Maçarico

Adriana Paiva

- InvisibleCatchers

(elementos FamaTeam)

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GEOCACHER HISTÓRICO

MCAPor Jasafara

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O MCA é um dos Geoca-chers pioneiros em Portu-gal. Registado desde 2003, teve dois anos “muitos in-tensos” na actividade, mas depois abrandou o ritmo e dedicou-se mais a outros hobbies como a fotografia, o BTT, o TT, ou simplesmen-te à família.

O Jasafara desafiou-o a abrir o baú das suas me-mórias e a partilhar com os leitores da GeoMagazine al-gumas das passagens que marcaram a sua actividade de Geocacher. Descubram-no nestas páginas da Geo-Magazine.

GeoMagazine: Comecemos pelo nick: MCA, o que sig-nifica?

MCA: O meu nick é uma ho-menagem a um membro da banda Beastie Boys chama-do Adam Yauch e cujo nome artístico era MCA (provavel-mente significava MC Adam sendo que MC é um Master of Cerimonies, algo conhe-cido no mundo do Rap). Os Beastie Boys foram das primeiras bandas de Rap cantado por brancos e mar-caram o panorama musical durante mais de 30 anos com o seu som inconfundí-vel. Entretanto o verdadeiro MCA faleceu em 2012 víti-ma de cancro.

GM: Para quem não te co-nhece, resume o teu CV. De onde és, onde estás, para onde vais?

MCA: Sou um jovem de 36 anos, aventureiro, com um enorme gosto pela nature-za e pelas verdadeiras ami-zades. Casado (como se vê pelos episódios do anel e da despedida de solteiro) e já

com 2 filhos, de 2 e 7 anos. Sou bancário de profissão e como hobbies tenho a foto-grafia, a bicicleta, as cami-nhadas, o geocaching e os Citroen 2CV (o meu primei-ro carro e que ainda mante-nho).

GM: Não és da primeira ge-ração de geocachers (2001 e 2002) mas apareces logo a seguir (inscrição no Geo-caching.com em 23 de Se-tembro de 2003) e estás bem dentro do top 100 dos geocacher mais antigos e no top 10 dos mais antigos ainda activos. Explica lá como chegaste ao geoca-ching?

MCA: Descobri o Geoca-ching em 2003 através do meu amigo ppinheiro pois queria perceber como fun-cionava aquele aparelho que ele tinha trazido dos Estados Unidos e a que chamava de GPS. Na altura fazíamos vela juntos e ele começou a utilizar o GPS no barco. Fiquei curioso sobre o aparelho e numas férias no Algarve fui ter com ele a Vilamoura para me mostrar como funcionava o apare-lho e o jogo (geocaching) que tinha recentemente descoberto.

GM: Fizeste o 1º found no início de Setembro na ca-che Estrela [POÇO de Bo-liqueime] (GCG5AK). Lem-bras-te alguma coisa desta cache há muito arquivada? Pelo local é fácil deduzir que terá sido numas férias pelo Algarve.

MCA: Exactamente, eu es-tava em Montegordo e fiz 80kms para ir ter com o ppinheiro a Vilamoura e de seguida fomos à procura

desta cache, que se encon-trava numas ruínas de um moinho situado no quin-tal de uma vivenda, que na altura não estava vedado. Passados uns anos passei lá e o moinho encontra-va-se dentro de muros e por isso já não acessível, ainda que tenha um marco geodésico no topo. Lem-bro-me apenas que a cache era uma caixa micro de rolo fotográfico e que se situa-va no meio de um bairro de vivendas bastante perto da N125.

GM: Depois registaste-te e a primeira cache tentada a solo na cache Amalia [Lis-boa] (GCD953) não correu muito bem.

MCA: Pois… o ppinheiro emprestou-me o seu GPS (era um Garmin 45XL), o tal que tinha vindo dos Es-tados Unidos, e lá fui eu de madrugada, com medo que alguém me visse, procurar a cache Amália. Claro que o erro de sinal era muito e a experiência era pouca e não dei com a cache, mesmo após insistência. Comecei a não achar piada nenhuma a esse tal de MAntunes que escondia caches tão com-plicadas.

GM: Mas não desististe e uma semana depois uma cachada pelo Cabo da Roca correu bem melhor, com dois founds, um dos quais numa cache emblemática: The Lonely Lookout dos Greenshades (GCGGAY). Fi-caste agarrado?

MCA: Sim essas duas ca-ches foram magníficas. A do Cabo da Roca porque envolvia descer a encos-ta e foi uma aventura para

quem nunca se tinha meti-do nesse tipo de andanças. A Lonely Lookout foi uma espécie de paraíso pois fi-zemos a caminhada sem nada de jeito no horizonte e quando chegamos ao lo-cal damos com uma vista deslumbrante num sítio muito pouco visitado. Falei desse sítio a muitos amigos nos anos que se seguiram, tal foi o encanto. Tem-se uma vista magnífica sobre o Cabo da Roca.

GM: Fiz a pergunta anterior, mas não preciso da respos-ta. Ficaste mesmo agarra-do, tanto que em 2004 no teu primeiro ano completo, bateste-te pelo 1ª lugar no ranking de founds. Tinhas noção disso? 62 caches num ano, só 4 menos do que o Portelada!

MCA: Não tinha noção dis-so, até porque nunca liguei muito aos números. Sem-pre preferi fazer as caches pela aventura e não pela estatística e ainda hoje, após mais de 10 anos de geocaching, tenho apenas 344 caches encontradas. De qualquer maneira na al-tura havia mais tempo para cachar, conheci muitos lo-cais novos e graças ao geo-caching fiz muitos amigos que ainda hoje mantenho. É algo que me marcou bas-tante, que me proporcionou e continua a proporcionar fantásticas aventuras.

GM: Participaste no 1st CITO Event in Portugal [Sintra] (GCHQH4) num belo campo de lapiás. Cos-tumas praticar TO (Trash Out) mesmo sem a parte do CI (Cache In)?

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MCA: Hoje em dia ando pouco pelo campo, aca-ba por ser quase só 1 ou 2 vezes por ano, com os ex-pedicionários. O tempo não permite mais. Sou muito cuidadoso em não fazer lixo e sempre que posso apanho algum lixo. Nos expedicio-nários temos sempre essa preocupação.

GM: Quase um ano depois participaste no teu primei-ro evento e no quarto rea-lizado em Portugal: 3.º En-contro de Geocachers @ PT (GCHM6E). Qual a tua rela-ção com os eventos? Consi-deras-te uma pessoa e um geocacher sociável?

MCA: Sim sou bastante so-ciável. Aliás apareci sozinho, sem conhecer ninguém, no encontro mensal de geoca-ching na Praça de Londres, que se fazia no McDonalds, e apresentei-me a toda a gente. Nesse dia conheci ilustres geocachers como o MAntunes, o Bargão Henri-ques, o Lobo Astuto, o Re-chena, entre outros. A partir daí convenci o ppinheiro a aparecer também e come-çámos a participar quer nos encontros mensais quer em caçadas conjuntas, as quais me levaram a locais fantás-ticos (por exemplo a Six Feet Under (GCH618), a Linha do Douro (GC1BRPH) ou a Fen-da da Calcedónia (GCGZCK), entre tantos outros). Como disse uma das coisas mais importantes que encontrei no geocaching foi a amiza-

de e o espírito de camara-dagem. Fiz amigos para a vida, mesmo sem estar à procura.

GM: Para acabarmos esta passagem pelos eventos, notei que o teu evento mais recorrente foi a Geo-Churrascada em que parti-cipaste nas seis primeiras edições (de 2005 a 2010). O facto de as primeiras edi-ções deste evento terem sido organizado pelo pi-nheiro deve ter influencia-do isso, não?

MCA: Sim, inicialmente aju-dei o ppinheiro na organiza-ção da primeira e tentámos juntar o maior número de pessoas possível. Foi mui-to giro. Depois foi ficando cada vez maior com o cres-cimento do geocaching em Portugal e eu fui tendo cada vez menos tempo quer para cachar quer para aparecer em encontros, fruto da vida profissional e familiar cada vez mais agitada. Já faltei a 2 ou 3, de facto.

GM: Em nome dos Homens da Luta que não deixaram morrer a iniciativa estás convidado a retomares a participação na edição de 2014.

MCA: Obrigado.

GM: Fizeste uma única Lo-cationless (Reverse) Ca-che em Portugal a Roman Bridges (GC8C49) e algu-mas virtuais, a primeira das quais não era virtual quando a fizeste, a Kir-6

at Belem (GCA262). Nesse tempo podia-se mudar os tipos das caches e existiam estes dois tipos entretanto descontinuados e passa-dos para o Waymarking.com. Alguns dos primeiros geocachers preocupavam-se com a pegada ecológica que os containers deixa-vam. Achas que geocaching sem Tupperware não é bem geocaching ou para ti o encontrar a cache não é o mais importante?

MCA: Excelente questão. De facto o que interessa menos no geocaching é a caixinha. Ela é apenas um pretexto para nos levar a um local, esse sim, o que realmente interessa, se for bem esco-lhido. Tenho pena que com o crescimento exponencial do geocaching se tenha em muitos casos passado a dar mais importância à caixinha do que ao local, com a febre das estatísticas e dos fou-nds. De qualquer maneira penso que o geocaching é um jogo livre e há espaço para que cada um o prati-que de acordo com aquilo que gosta, há apenas que seleccionar as caches de acordo com o que achamos importante (um local mara-vilhoso a 10h de caminhada vs um local sem interesse nenhum mas que demora 2 min a encontrar a cache e num dia conseguimos fazer 50 founds). Há espaço para todos e isso é excelente. De qualquer maneira sempre achei as caches tradicionais

as mais interessantes e a procura do tesouro escon-dido sem sermos apanha-dos por muggles faz parte da graça do jogo pelo que acabei sempre por preferir as tradicionais.

GM: Fizeste só duas Ear-thCaches. Isso ajuda a res-ponder à pergunta ante-rior?

MCA: Sim nunca me inte-ressei muito por este tipo de caches, é um facto.

GM: Falando de “coisas” que antes eram permitidas nos primeiros anos, explica lá a cache Hitch Hiker “Geo Power Smurf” (GCHB5X).

MCA: Se bem me lembro era um Travel Bug. Não sei é se já existiam nessa al-tura. Infelizmente deixei-o na Prado do Vidoal e nunca mais se soube dele.

GM: A tua primeira partici-pação do Geocaching@PT em 1 de Março de 2004 foi para organizar uma cacha-da à Six Feet Under, caçada Conjunta em 2 takes. Só passaram pouco mais de 10 anos. Lembras-te disto?

MCA: Lembro-me como se fosse ontem. Foi uma aven-tura entrar para dentro da Terra. Ouvi falar desta ca-che uns tempos antes no encontro mensal e quando vi as fotografias fartei-me de chamar nomes a quem tinha colocado uma cache desta natureza. Depois fui lentamente convencido por várias pessoas, uma delas o

De facto o que interessa menos no geocaching é a caixinha. Ela é apenas um pretexto para nos levar a um local

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MAntunes, que não era as-sim tão difícil e que até ia lá comigo para me mostrar o caminho. Acabei por aceitar o desafio e promover uma espécie de evento para que outros pudessem aprovei-tar a oportunidade, já que a maioria estaria como eu, cheio de medo de lá ir so-zinho. Foi uma experiên-cia fantástica embora para mim um esforço enorme de auto-controle pois nunca tinha estado tantos metros abaixo do chão num sítio tão fechado e com passa-gens cada vez mais difíceis à medida que se vai descen-do. Mas valeu cada minuto e ainda lá voltei duas vezes uns tempos mais tarde.

GM: Tive o prazer de te co-nhecer na Monsanto Sub-terrâneo (GCTV7D). Foste bem acompanhado por uma data de dinossáurios. De alguns deles voltare-mos a falar deles a propó-sito dos expedicionários, mas deixo-te a foto como pretexto para falares de es-tórias passadas com estes ou outros geocachers e que queiras compartilhar.

MCA: Estes são alguns dos grandes amigos que fiz no Geocaching. Não vou enu-merar os outros todos, porque são bastantes, mas naturalmente as maiores aventuras foram vividas com os Expedicionários, em especial o MAntunes, o Bar-gão Henriques, o Clcortez e o Almeidara, ainda que em algumas das expedições te-nhamos tido o prazer de ter mais um punhado de geo-cachers connosco incluindo todos os que estão nessa foto e muitos mais. Realço no entanto uma aventura

que me marcou, pelo perigo em que me meti, quando procurámos uma cache fei-ta especialmente para nós: Aos grupos expedicionários [Serra do Gerês] (GC1WR-ND).

Esta cache foi escondida pela nossa amiga Silvana e encontra-se num local fabuloso. Com a experiên-cia de caminhada que fui adquirindo veio algum ex-cesso de confiança e no dia desta caçada, cometi o erro de tentar subir sozinho por um lado da montanha, di-ferente de toda a gente. Vi-me numa situação um pou-co complicada em que não conseguia progredir para cima e tinha receio de voltar para baixo (tenho vertigens, imagine-se). A aventura está bem descrita no log dessa cache.

GM: Como peça separada a esta entrevista estarão os míticos episódios que têm a ver com o teu pedido de casamento e com a des-pedida de solteiro. Feliz-mente a tua situação ma-trimonial continua estável (senão talvez não tivesses tanto prazer em relembrar essas ocasiões). Depois da prenda que a tua agora es-posa encontrou na primei-ra “cache” que encontrou ela ficou conquistada para o geocaching ou nem por isso? E os teus filhos?

MCA: Ela sempre gostou do Geocaching e na altura fazíamos sempre juntos. Mas como nunca foi muito aventureira no que respeita a subidas difíceis ou cami-nhadas longas, as caches mais espectaculares que fiz ela não estava presente. Os

meus filhos ainda não co-nhecem o Geocaching mas é uma falha que terei que corrigir, até porque tenho caches quase à porta de casa.

GM: Pelos posts, logs e fotos vê-se que além do geocaching tens/tinhas hobbby’s comuns a muitos geocachers, TT, BTT, Foto-grafia, Caminhada… Qual aquele com que ocupas mais tempo actualmente numa altura em que não te tendo desligado do geo-caching o fazes de forma muito casual?

MCA: O hobby onde sou mais activo é a Fotografia, sem dúvida. Logo seguido da bicicleta, que hoje em dia é muito pouco BTT e muito mais bicicleta urbana. TT já não faço pois já não tenho veículo 4x4 e caminhadas faço pontualmente com os Expedicionários (já andá-mos pela Peneda-Gerês, Serra da Estrela, Linha do Douro, Bragança, Rio Sabor, etc).

GM: A tua participação vir-tual (grupo Yahoo, Geoa-ching@PT e GeoPT) nun-ca foi muito activa. Tive o prazer de ser o responsável pela última participação na sequência de um relembrar de estórias despoletado por mim onde também se fala bastante dos Expedi-cionários, mas peço que aqui relembres a sua ori-gem.

MCA: Os Expedicionários são um pequeno grupo de geocachers que costuma fazer uma aventura anual que consiste num fim-de-semana de geocaching num qualquer ponto do país. Ge-

ralmente elegemos caches em locais interessantes e com caminhadas envolvi-das, ainda que no caminho e nas redondezas façamos algumas mais ‘acessíveis’. Mas o objectivo é visitar caches daquelas que ‘va-lem mesmo a pena’, mesmo que isso implique caminhar 10 ou 12 horas para fazer apenas um found. No fun-do tratou-se de um con-junto de 4 amigos que co-meçaram a ir para o Gerês juntos: MAntunes, Bargão Henriques, Clcortez e MCA. Mais tarde começámos a convidar amigos para vi-rem connosco, chegámos a ter um grupo grande, mas nos últimos anos quem tem sido mais regular tem sido o Almeidara.

O nome expedicionário sur-giu quando criámos um gru-po de discussão no Yahoo para podermos combinar as aventuras, trocar ma-pas, sugerir percursos, etc.. Não sei se ainda existe mas foi o nome que na altura escolhemos e passámos a chamar às nossas aventu-ras Expedições, geralmen-te como nomes pomposos como “Expedição Tempos e Contratempos pelo Gerês. Mas foi fofinho.”.

Os expedicionários come-çaram com uma caçada que fiz com o Manuel Antunes, Cláudio Cortez e PH (Bar-gão Henriques) ao Gerês, mais concretamente em 22/10/2005 se não estou em erro, dia em que visitá-mos várias caches fantás-ticas entre elas a Stairway to Heaven (GC640F) e a Fenda da Calcedónia. No dia seguinte fizemos a “Tou às Aranhas” [Gerês] (GCPDB6).

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Esta foi simplesmente uma experiência fantástica para mim, e muito dura pois não estava habituado a cami-nhadas tão puxadas, uma boa parte fora de trilhos. Acho que os logs eviden-ciam alguma desta emoção que senti pela aventura vi-vida e superada.

Na altura foi apenas uma caçada conjunta de bons amigos mas gostámos tan-to que repetimos nos anos seguintes e a certa altura criámos o tal grupo de dis-cussão no yahoo que apeli-dámos de Expedicionários. Mas nada formal, apenas um nome que nos é querido.

GM: A maioria das entre-vistas históricas anterio-res foram centradas nas caches colocadas pelos entrevistados. No teu caso isso não aconteceu porque não tens nenhuma cache

que se possa considerar icónica. No entanto tens al-gumas caches não arquiva-das de 6 dígitos (e algumas já com mais de 10 anos) o que é sempre de destacar e és o owner da primeira sudokucache de Portugal. Pedia-te que passasses em revisão as seis caches que constam no teu perfil.

(GCH3A5) Guincho Yellow Cache

A minha primeira cache, du-rou muito pouco tempo (2 meses). Era num ponto alto por cima da praia do Abano, no Guincho, local de TT e de grande vista. Havia pouca vegetação e não havia bons sítios para a esconder. Foi vandalizada penso que por ser uma zona muito fre-quentada quer por pessoal do TT quer por caçadores e os cães devem tê-la apa-nhado. Decidi por isso não

voltar a colocá-la. Chama-va-se Yellow pois o contai-ner era uma caixa plástica amarela bastante grande.

(GCH3A5) Windmill Route

A dita caixa amarela veio para esta cache, e está nas fotos da descrição da mesma (bem como o meu velhinho GPS III+ que mais tarde deu lugar ao GPS V). Esta cache era para ser uma multi, para obrigar as pes-soas a fazer o trajecto de 10kms até aos moinhos, e devia ter sido. Na altura por ingenuidade minha achei que ninguém ia fazer a ca-che se os obrigasse a andar 10km e por isso acabei por colocá-la apenas no que teria sido o ponto inicial da multi, um VG com uma vista 360º sobre duas serras, e sugerir o percurso apenas na descrição. Julgo que a maioria das pessoas que a

visita acaba por não fazer o percurso, que vale mesmo a pena, seja a pé, de bicicleta ou de 4x4. Tem-se mantido ao longo destes anos, acho que só desapareceu uma vez. Já teve inúmeros con-tainers porque as pessoas insistem em partir as caixas e depois entra água. Mas sobrevive. Já tem tantas vi-sitas quantas caches eu te-nho encontradas. E já fez 10 anos de existência!

(GCHHNB) Guincho Micro Cache

Esta foi de facto a sucesso-ra da Guincho Yellow cache, pois não havia caches nesta zona, que gosto bastante. Era uma micro (rolo foto-gráfico) colocado nas pare-des interiores de uma ruí-na. Durou bastante tempo, embora tenha tido alguma manutenção e tenha tido que mudar de sítio algumas

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vezes devido às pessoas utilizarem o local como WC ou para rituais com velas e afins. Acabou por ser ar-quivada por falta de tempo meu em ir recolocá-la.

(GCHT8J) Chapel with a View

Esta situava-se numa cape-la no Restelo e tinha muitas visitas de turistas. Era um pequeno jardim em volta da capela mas rapidamente se tornou num sítio frequen-tado por drogados e come-çaram a aparecer vestígios de seringas etc.. Achei por bem desactivar a cache an-tes que houvesse proble-mas para quem a visitava e nunca encontrei um sítio decente alternativo para a recolocar pelo que foi tam-bém arquivada.

(GCHT8J) Bicas Beach

Mais uma cache escondida em 2004 e que ainda dura. Já desapareceu 2 ou 3 vezes e já teve manutenção feita pelo meu amigo BTRodri-gues por falta de tempo de eu ir lá. Mas das últimas vezes já fui eu que lá fui. Encontra-se no sítio origi-nal, um pouco afastado do trilho, e pretende levar as pessoas a fazer um passeio pelas arribas. Tive dúvidas quando a coloquei sobre se o local seria interessante mas as pessoas têm gosta-do e por lá tem ficado.

(GCQGW1) Sudokache

Escondida durante a febre dos sudoku em 2005, a ideia era decifrar um Sudoku para encontrar a coordenada. O local tem uma vista fan-tástica sobre a grande Lis-boa e é pouco conhecido e o esconderijo tem resistido aos tempos, nunca desapa-

receu, embora eu pense que o local é bastante visitado e suspeito até que nas ime-diações da cache haja um local que já tenha servido de abrigo a alguém. Conti-nua a ter visitas após quase 10 anos.

Nunca escondi mais caches porque não tenho tempo para depois fazer a manu-tenção. Mas ainda bem que há pessoas que o fazem e que até adoptam as caches dos outros pois assim es-tes activos não se perdem e continuam a poder ser visi-tados por quem não conhe-ce os locais.

GM: Embora não partici-pes, vais acompanhando os fóruns? Estás a par das “trincas” do geocaching ac-tual?

MCA: Não acompanho ne-nhum dos fóruns actual-mente, embora esteja ins-

crito nos dois (ou se calhar já há mais, não sei). Nunca participei em nenhum tipo de “guerra” e não estou de todo a par do que se passa. Prefiro manter-me longe disso pois não foi isso que me trouxe ao geocaching nem que me manteve cá por mais de 10 anos. Es-tou cá pelos amigos e pelas aventuras, nada mais.

GM: Considero uma heresia da venda do teu GPS origi-nal. Como foste capaz de te desfazer de um GPS icóni-co com esse!? Qual é o teu GPS actual?

MCA: É um facto. De qual-quer maneira hoje seria apenas uma peça de co-lecção pois a tecnologia evoluiu muito. O GPS era extremamente lento e os mapas, que já os tinha, mui-to fracos comparados com o que temos hoje. Na altura

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precisei do dinheiro para fi-nanciar a compra seguinte. Actualmente tenho um Gar-min Dakota 20 que embora tenha um ecrã fraquinho é um excelente aparelho. Comprei logo que saiu e já me acompanhou em muitas aventuras.

GM: Ainda manténs o 2CV? Fizeste muito TT com ele? Afinal é um carro também mítico.

MCA: Sim ainda mantenho o 2CV, mas agora como carro de passeio. Fiz muitos kms com ele enquanto primeiro carro mas nunca nada de radical, o TT que fazia foi com os 4x4 que tive (Suzuki Vitara, Opel Frontera e Land Rover Defender). Em ter-mos de geocaching os car-ros que mais utilizei foram o Vitara e o Defender mas quando a família cresceu troquei para um carro mais familiar.

GM: Embora tivesses sido um dos geocachers mais activos em 2004 e 2005, depois quase abandonaste o geocaching e há data de hoje tens menos de 400 caches feitas. Embora isso seja uma situação comum a grande parte dos geoca-chers mais antigos, como é que a explicas?

MCA: Penso que já respondi mais acima. O que me move, e penso que seja comum a muitos dos geocachers mais antigos, é a aventura de lá chegar e a descoberta de locais fantásticos e des-

lumbrantes. Nós começá-mos quando ainda nem ha-via 100 caches em Portugal e cada uma era uma aven-tura por si só. Para mim uma cache num sítio não espectacular tem pouco sentido de existir. Não quer dizer que nunca tenha feito nenhuma mas sou capaz de ter uma do outro lado da rua e passarem anos até a fazer. Não perco tempo a fazer caches apenas para a estatística. Não estou em competição com ninguém. Respeito aqueles que pra-ticam o geocaching dessa forma mas não tem nada a ver comigo e sinceramen-te acho que é desvirtuar o conceito de aventura que está na base do geocaching. Mas como estamos num mundo livre cada um pratica da forma que lhe dá prazer e há espaço para todos.

Depois como hoje em dia tenho pouco tempo dis-ponível e as caches boas implicam meses de pla-neamento e viagens, acabo por fazer só meia dúzia de founds por ano. Mas tenho tentado fazer pelo menos uma expedição anual, uma espécie de balão de oxi-génio para o ano seguinte. Isso e rever os bons amigos, companheiros de aventuras e com os quais já partilhei muitas alegrias e também muito sofrimento e muita adrenalina.

Joaquim Safara

- Jasafara

Não esteve fácil de combinar este encontro por in-disponibilidades várias, mas finalmente na 25ª hora lá consegui marcar um pequeno encontro com o en-trevistado. Apesar de ser o único dos meus entre-vistados históricos que já conhecia pessoalmente fiz questão de me encontrar com ele antes da entrevista ser publicada (e para saberem como eu levo este ri-tual a sério vejam na revista de Agosto o que tive de fazer para manter a tradição).

Assim e depois de saber que ele morava mesmo ao pé do Parque das Conchas, sítio onde eu tenho uma cache adoptada do Almeidara um dos expedicionários regulares nas últimas edições, foi fácil escolher o sí-tio.

Encontramo-nos no ponto inicial da cache (GC10Y-ZD) A Lenda da Casa Assombrada, que tinha intenção de repor hoje e fomos conversando até o ponto final, que fiquei a saber que quando ele a fez não era no sítio actual. Fomos ao GZ que infelizmente não está em condições para a reposição da cache pelo que terá de mudar de lugar, mas como ele tinha de fazer uma cache para o “boneco” fomos até à (GC3EG3Y) Fonte do Parque das Conchas que curiosamente era onde ficava originalmente o ponto final da Lenda da Casa Assombrada. Não trouxe o famoso bastão de caminhada de casa (com poderes telecinéticos para encontrar caches) mas um ramo apanhado do chão serviu para o efeito e em menos de nada estava com a cache da mão.

Uma cache a menos de 100m da casa dele e por fa-zer há dois anos. Os geocachers do antigamente são mesmo diferentes…

Encontro com o mca

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Outra peça que merece ser autonomizada e que antecede a da despedida de solteiro é a da original forma que arranjou para pedir a namorada em casamento. Ou seja colocou o anel de noivado numa “cache” que escondeu e depois levou a futura noiva a descobri-la. Ou seja chegou à cache como namorada…

…e saiu como noiva.GM: Sobre o pedido de casamento, as informações são menores. Seria por exemplo muito interessante saber as coordenadas e ter fotos se existirem?MCA: Aqui vou enviar-te 2 ou 3 fotos do local e da caçada, não tenho muitas (nota : tanto quanto sei estas fotos estão

aqui a ser apresentadas pela primeira vez). A coordenada exacta da cache não tenho, deve estar em algum backup antigo, mas estive a ver as fotos e consegui identificar o local pois existe agora uma cache lá, a Gião em Arcos de Valdevez (GC1845E).Pelas minhas fotos vê-se que é o mesmo local. Eu na altura saí do carro

‘para tirar fotografias’ e fui esconder a cache a 80m do carro, e depois voltei com o GPS com o Go To já feito e disse-lhe que havia para ali uma cache e para ser ela a procurar.O pedido ocorreu no dia 7 de Abril de 2004 por volta das 12h30, segundo os meus registos.

Pedido de casamento

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A primeira vez que li alguma coisa sobre o MCA julgo que foi a propósito da sua mítica despedida de solteiro. Uma louca cachada pela noite dentro com o objectivo de bater o Record de caches feitas num dia (oito).Porque isso diz muito sobre como era o geocaching em Portugal em 2004 (imaginem os anos anteriores…) decidi autonomizar do corpo da entrevista a descrição desta épica jornada.Assim e em primeiro lugar importa contextualizar a cachada no panorama das caches existentes na altura (15 de Outubro de 2004).

Existiam em todo o país (continente e ilhas) menos de 200 caches activas. Nos distritos onde decorreu a cachada (Setúbal e Évora) elas eram no máximo 35 (digo no máximo porque não verifiquei se alguma já estaria arquivada na altura).Compreende-se assim como é que a cachada teve como pontos altos a corrida ao FTF da Ribeira de Canha (GCKRDF) e ao TTF da The Lighthouse [Sesimbra] (GCKQXP) (esta com dois founds separados por uma hora no primeiro sábado após a publicação) publicadas há nove e sete dias respectivamente.Como curiosidade estas eram também as únicas caches que ainda nenhum dos participantes tinha feito. E o MAntunes continuou sem fazer a The Lighthouse. Como não foi ele a encontrar a cache

apenas deixou uma note. Até hoje... Felizmente foi ele que fez o FTF em Vendas Novas.E passemos a palavra ao homenageado deste evento. Mas a despedida foi preparada pelo padrinho (ppinheiro) que no seu primeiro log também conta quase tudo

GM: Sobre a tua despedida de solteiro não sei se chegaste a ver a minha investigação em 2012 (http://goo.gl/6ACPL4)? Parece-me que não deve restar muito a acrescentar mas nada como um toque teu. Por exemplo a que horas chegaste a casa e a que horas estava marcado o casamento?MCA: Em resumo foi assim: 312Km em 10h46m entre o ponto de encontro e a última cache. A caçada começou às 22h30 na Torre Vasco da Gama de sexta para sábado, portanto decorreu no dia 16 de Outubro (visto que o primeiro found foi já as 00h01) e devo ter chegado a casa pelas 10h e fui dormir. À tarde não me lembro mas fui tratar do fato e afins. O casamento só foi no dia seguinte, dia 17, Domingo, em que acordei bem cedo e fui tirar fotos (do noivo) para as docas. Portanto não foi seguido, houve uma noite de sono normal pelo meio.Participantes - 8 loucos:

• MCA (o noivo)

• ppinheiro e Gabriela

• 2 cotas (Diamantino e Elvira)

• Lobo Astuto

• MAntunes

• Bargão HenriquesAqui vai a lista das 8 caches, por ordem, com os meus logs: (há mais informação nos logs dos outros bem como fotos)

Parque da Paz (Almada) - 00h01m (GCJRBV)Despedida de solteiro ‘Geocaching All Night Long’ Cache 1: Atravessámos o parque em passo rápido, de lanterna e GPS em punho, a contar piadas e lá fomos andando a comparar o tamanho das leds de cada um.... Chegados ao local toca de ir para o meio dos picos e lá estavam não sei quantos gatos-pingados de cú para o ar a enfiar a lanterna no meio do mato. Após uns 10 minutos lá estava ela, a sorrir para mim! A noite começava bem.IN: Escova para sapatosOUT: pulseira relógio

Perdido na Mata (Barreiro) - 01h15m (GCG4MH)Despedida de solteiro ‘Geocaching All Night Long’ Cache 2: Estacionámos os popós e lá fomos nós mata a dentro a ver se encontrávamos algum fuzileiro ou cãozileiro. Na realidade encontrámos uma mata completamente desnudada. Parece que alguém levou as árvores todas! Felizmente a cache ainda lá estava e com todos a procurar no sítio errado lá fui eu sorrateiramente até ao sítio da cache. Quando a encontrei comecei a

bater com o meu bastão no tararuére para que todos ouvissem o som: “Meninos, conhecem este barulho???” eheheheheh AH POIS É!! Sem waas nem cartografia.(eu acho que eles fizeram de propósito para eu encontrar tanta cache, só pode)IN: 1 jogo CD-ROM e um acesso sapo CD-ROMOUT: Porta chaves (da tailândia) NOTA IMPORTANTE: Rechena, há um problema com a cache, aconselho a que vás lá com urgência. Não divulgamos pois estragaria a caçada a futuros visitantes.

O Castelo (Montemor-o-Novo) - 03h15m (GCJEQ7)Despedida de solteiro ‘Geocaching All Night Long’ Cache 3:Esta foi giríssima, fui à frente e enganei-me (propositadamente) no caminho para que o grupo pudesse chegar lá primeiro, afinal já estava farto das bocas sobre eu encontrar sempre as caches primeiro. Bom, quando finalmente voltei para trás e fui pelo caminho certo lá cheguei atrás deles já estavam todos em pesquisa, mas como a noite ainda era longa concentrei-me no meu GPS e lá fui direitinho à cache.... “Meninos, conhecem este barulho???” (MCA a bater com o bastão na caixa....)eheheheh mainada!IN: calculadoraOUT: Bola (do PH)

The Jewell of Saphire - 03h55m (GCED4F)Despedida de solteiro

despedida de solteiro

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‘Geocaching All Night Long’ Cache 4:Esta foi muito gira, a aldeia é fantástica, especialmente à noite e com um frio de rachar. Ai, se não fosse o Moscatel tinhamos morrido todos congelados. Desta vez fiz mesmo de propósito para não encontrar a cache, senão acho que me deixavam ali mesmo... ehehehehheNo regresso vimos um fantasma à porta da igreja, bolas que foi assustador!IN: Sabonete + Shampoo + Kit informativo SIDAOUT: Guarda-chuva

Ribeira de Canha - 04h55m (GCKRDF)Despedida de solteiro ‘Geocaching All Night Long’ Cache 5:Bolas que estava frio..... brrrrrr.....Lanternas, GPS, casacos, LEDs, era só equipamento! Cuidado com a água, cuidado com a areia, e lá estava ela (mais uma vez deixei os outros encontrar né??? eheheh)IN e OUT: não me alembro, já estava cheio de sono

Mouriscas - 06h43m (GCG349)Despedida de solteiro ‘Geocaching All Night Long’ Cache 6:Mais uma, afinal tava tudo cheio de sono e a procurar no sítio errado. Desta vez foi a Elvira que encontrou.TNLN

The Lighthouse - 08h14m (GCKQXP)Despedida de solteiro ‘Geocaching All Night Long’ Cache 7:Mais uma! A vista é excelente e vimos o nascer do dia.

Obrigado por esta cache, já não vinha a Sesimbra há alguns anos...TNLN

Cristo Rei - 09h16m (GCJW6E)Despedida de solteiro ‘Geocaching All Night Long’ Cache 8:Depois de uma tentativa falhada às 23 e tal do dia anterior, lá voltámos (os resistentes MCA, MAntunes, Ppinheiro e Gabriela) às 9:16am e desta é que foi! Mai nada para acabar em beleza!Bom eu cá por mim fico por aqui, já fiz 8 caches, acho que já me posso ir casar. Vou dormir umas horinhas, preparar as coisas e amanhã lá vou eu para a festança. Depois disso, México aqui vou eu!

testemunhosSó muito em cima do fecho da entrevista me lembrei de pedir uns pequenos testemunhos aos restantes expedicionários originais e aos participantes da despedida de solteiro. Devido ao pouco tempo não foi possível ter aqui a participação de todos.

Pronto... ok.... já não consigo deixar de dar um resumo muito resumido do como vejo o MCA e os restantes elementos, no seio dos Expedicionários originais:- O MCA é o Gentleman- O PH é o líder natural- O Cláudio e eu somos os depravados.

Manuel Antunes- Mantunes

Bem, em relação ao MCA, ele é o mais “menino” do grupo, o mais medricas,

o mais cauteloso e mais prevenido. Não sai para lado nenhum sem uma série de equipamentos e preparação física feita. Quando nos surge uma dificuldade pelo caminho, na dúvida ele é sempre o primeiro a dizer “Pá, eu acho melhor não...”Por ser o mais cuidadoso é também um Senhor. Talvez por ser também bancário é metódico e muito simpático. E talvez por isso e por estar fechado o ano inteiro num escritório, quando apanha uma Expedição dos Expedicionários é o primeiro a dizer que sim!Uma excelente companhia em qualquer situação! Tem um espírito calmo e muito virado para o geocaching “antigo”, não indo em euforias e tendo assim poucas caches encontradas.Amante de TT, não diz que não a uma aventura dessas, embora já não tenha o seu querido Vitara.E por fim, um bom e verdadeiro Amigo. Alguém com quem podemos contar. Uma pessoa 5 estrelas!Resumidamente é isto. Espero que tenha sido suficiente e que tenha passado a melhor imagem possível de uma excelente pessoa!

Cláudio Cortez- clcortez

Mas que raio de bastão de caminhada que acerta sempre em cima da cache![ah é preciso explicar mais, então pronto?]Uma das recordações mais divertidas dessa noite foi a capacidade do MCA, sem GPS, encontrar as caches, recorrendo a um bastão de caminhada, que eu presumo que fosse mágico, porque

enquanto andavam todos de rabo para o ar à procura e de repente se ouvia o toc toc do bastão a bater no plástico da cache.... enfim… só pode ter sido magia!Foi uma noite bem passada e divertida.

Nuno Correia- Lobo Astuto

Eh pah… Assim? Tão de repentemente?A coisa que mais me lembra foi do nascer do sol em Sesimbra e de andarmos todos a gozar o pagode com o Luís que não se calava com o “amanhã boume casar…” mesmo na manhã do dia do casamento.

Ahhh e aquele tipo que andou toda a noite atrás de toda a gente sem fazer um único log, nem sequer de “note” porque já tinha encontrado a maioria senão mesmo todas as caches.

Ou de ter, pela primeira vez, experimentado o “ozi” com as m888 penduradas de um Toshiba SP4600 que já era velho nessa altura, mas que ainda existe e que passou a viagem toda a enrolar o cabo da antena do GPS na alavanca das mudanças, até que desisti e só desembrulhei aquilo tudo uns dois dias depois… Já nem me lembro que carro é que tinha nessa altura… E de na volta ter parado em Coina para dormir numa bomba da Galp, tanto era o sono.Olha, pronto, já não me lembro de mais nada!

Diamantino- 2 Cotas

Desde que me iniciei no Geocaching, por via dos excelentes amigos e

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companheiros de aventura que fui conhecendo e que muito enriqueceram a minha ligação a esta actividade, fiquei definitivamente adepto das buscas em grupo. Nessa linha, a ideia da despedida de solteiro do Luís cativou-me imediatamente! Como poderia perder a oportunidade de partilhar uma experiência única com um grupo tão fantástico de amigos? E se assim o pensei, melhor o senti! Foram realmente uma noite e madrugada que dificilmente se esquecem, num excelente convívio, muito salutar. Da margem sul ao estuário do Sado, das ribeiras do Alentejo às arribas de Sesimbra, de cada cache se fez uma aventura, elemento

aglutinador de muitas amizades que ainda hoje perduram!Passados 10 anos, continuo a não dispensar a companhia do Luís em cada expedição anual que realizamos. É um dos meus parceiros inseparáveis, com quem melhor partilho o ritmo, o esforço, as alegrias e as dificuldades, numa teia de vivências que por muitos anos perdurarão na minha memória!

Paulo Bargão Henriques- PH

Obrigado a todos pela colaboração! Encontramo-nos numa cache por aí.

Joaquim Safara- Jasafara

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Geocoins Portuguesas

Portugal 2011 - Janela Gótica

Na senda do que vêm sen-do os artigos na GeoMaga-zine acerca das Geocoins da comunidade, numa al-tura em que se ultimam os detalhes da arte da Geocoin Portugal 2014, eis chegada a hora de falar sobre uma das mais distintas geo-coins que a comunidade produziu, a Geocoin Portu-gal 2011 – Janela Gótica.

Como sempre, falaremos um pouco do processo criativo, da produção e das peripécias mas, nesta edição, contamos com um contributo muito especial. O Rui (RKelux), por entre jornalistas, jogadores de futebol e muitas tarefas de organização, lá arranjou um tempinho e deu-nos o

seu testemunho, direta-mente da Amazónia.

Corria ainda o ano de 2010 quando o mtrevas, pro-pondo alternância entre os dois fóruns de Geocaching nacionais, lançava, no Geo-caching@PT, o projeto. De acordo com o cronograma inicial, bem ambicioso, a Geocoin estaria na rua em Maio de 2011, pronta a viver em pleno o ano para que seria produzida.

A primeira proposta, ain-da em Novembro, partiu do lgass, e versava o hino nacional, o mapa e as qui-nas. Patriótica, sem dúvida. Após algumas iterações, seguiram-se as ideias do Maxado, repescadas de projetos anteriores.

Apresentadas mais algu-mas ideias, e é já em De-zembro que, baseado na rosácea da Igreja da Gra-ça, em Santarém, o RKelux brinda a comunidade com o seu primeiro esboço.

A moeda versava sobre um dos mais genuínos exem-plos do gótico do século XIV em Portugal, e várias ideias surgiram com base no original.

Posteriormente, houve ainda tempo para a apre-sentação de algumas no-vas ideias, sobretudo por parte do RKelux e do lgass.

Seguiu-se a votação, com oito ideias, de três autores, a concurso. A janela gótica viria a ganhar com 37% dos

votos. Houve ainda vota-ção para os metais a esco-lher. Posteriormente deu-se andamento à produção de samples, pré-reservas, e reservas.

No final, para aquecer os ânimos, houve direito a alguma discussão sobre a propriedade do projeto. Findas as discussões, con-cluiu-se que o projeto, da comunidade e para a co-munidade, teria viabilidade para continuar, em 2012.

Quando a Geocoin chegou, tinha uma particularidade. Criada com base numa ro-sácea construída de uma pedra só, também o seu in-terior continha… um vitral. Sobre os pormenores, me-tais, quantidades e preços,

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Geocoins Portuguesas

Portugal 2011 - Janela Gótica

podemos saber tudo na ficha que anexamos a este artigo.

Para fechar, de referir que o sucesso desta geocoin foi tal que o produtor, além das 280 geocoin produzi-das para Portugal (230 dual tone nickel / gold + 50 black nickel), produziu mais 700 geocoins, cujos materiais podem ser vistos na ficha em anexo.

No final, poucos terão sido os que não viram nesta uma das mais belas criações portuguesas no campo das geocoins. Algo a que, aliás, a comunidade sempre nos habituou – cunhar as mais belas moedas portuguesas!

Mais detalhes, daqueles

deliciosos, só mesmo lendo do Rui (Kelux), em primeira pessoa. É sua a palavra!

Geocoin Portugal 2011 por Kelux:

Desde 1986, quando fiz a minha primeira visita a Santarém (não esta do Pará aqui relativamente perto de Manaus, mas a original, portuguesa, claro), sempre me fascinou a perspeti-va que temos da Igreja de Santa Maria da Graça, ao chegar à cidade.

O templo, localizado no centro histórico de Santa-rém é um magnífico exem-plar de arquitetura gótica, datado de 1380 e agora, acaba por ser uma curiosa coincidência estar lá sepul-tado Pedro Álvares Cabral... o descobridor do “meu” Brasil.

Para além da sua imponen-te fachada principal, foi a rosácea de topo, esculpida de um único bloco de pedra e única no mundo, que me cativou mais a atenção.

Aquando da apresentação de propostas no concurso de design para a geocoin portuguesa de 2011... pen-so que até foi na sequência de uma sugestão do T@ndre, para usar a Janela do Capítulo do Convento de Cristo, em Tomar.

Pela sua forma geométrica perfeita e pelas recorda-ções que atrás referi, prefe-ri a rosácea e materializou-se em ideia.

Busquei as imagens dispo-níveis para traçar a estru-tura em desenho vetorial, tentando ser o mais fiel possível ao original em pe-dra.

Penso que a ideia de ter aplicações tipo vitral, su-gerida pelo mentor do con-curso, o MTrevas, acabou por ser determinante para que esta proposta fosse eleita na votação final.

Na fase da produção houve alguns atrasos da parte de quem estava responsável por isso, pelo que acabei por ser eu a produzi-la, o que levou a constrangi-mentos da parte de alguns utilizadores do fórum onde o concurso se fez, pelo fac-

to de eu ter cedido a pedi-dos do site onde a produzi-mos, no sentido de tornar o seu preço, o mais aliciante possível para todos, o que consegui, tendo em conta a complexidade da geocoin.

Assim esta Janela Gótica, acabou por ser produzida em mais acabamentos de metal do que inicialmen-te estava previsto, sete no total.

A seguir à Filigrana, con-tinua a ser a 2ª que mais gosto, daquelas que dese-nhei até hoje.

João Malheiro

- Pintelho

Rui Almeida

- Kelux

Dados da geocoin

Nome: Geocoin Portugal 2011 – Janela GóticaData: 2011Versões:Antique Gold RE; Satin Silver RE; Gold / Nickel RE; Antique Silver XLE; Black Nickel / Polished Silver XLE; Satin Gold XLE; Black Nickel (PT apenas)Formato: circularTamanho: 1,75 polegadas de diâmetro; 3 mm de espessuraDesenho: KeluxProdução: Geocoinshop.de

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Vota já na tua cache favorita do ano 2013

http://gps.geopt.org

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Vota já na tua cache favorita do ano 2013

http://gps.geopt.orgColaboradoresGustavo VidalOscar MigueisPedro SantosFlora CardosoJoão BatistaFilipe SenaJoaquim Safara

Bruno GomesJoão MalheiroRui DuarteAnnie LoveAdriana PaivaHugo PeixotoJosé Carlos Pereira

Agradecimentos

Habitat NaturalRevista Itinerante

GeoshopGZ Hostel

MerrelFCMP

ExpediçãoNautel

Orientarte

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