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O Recifense www.orecifense.com.br O Jornal do Recife Recife | Pernambuco | Brasil Maio de 2012 | N o 8 Ano 2 | Edição especial DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.orecifense.com.br ASSINE GRÁTIS (81) 8775.5060 ANUNCIE [email protected] ENVIE SEU ARTIGO < páginas 8 e 9 Quanto custa ser mulher no mundo contemporâneo? Os benefícios da arborização < página 12 COMUNIDADE Platão: príncipe dos filósofos < página 11 COLUNA DE FÉ O complexo sistema urinário < página 7 SAÚDE Foto: Alex Costa No filme da eleição, o eleitor é coadjuvante < página 2 Os princípios da vida, suas crenças e seus valores estão alinhados? < página 3 Fundação Perrone comemora 10 anos e presta conta à sociedade < página 10

Edição de Maio do Jornal O Recifense

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Jornal o Recifense

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Page 1: Edição de Maio do Jornal O Recifense

O Recifensew w w . o r e c i f e n s e . c o m . b rO Jornal do Recife

Recife | Pernambuco | BrasilMaio de 2012 | No 8 Ano 2 | Edição especial DistRiBuição gRAtuitA

www.orecifense.com.brASSINE GRÁTIS

(81) 8775.5060ANUNCIE

jornal@oreci fense.com.brENVIE SEU ARTIGO

< páginas 8 e 9

Quanto custa ser mulher no mundo contemporâneo?

Os benefícios da arborização< página 12

COMUNIDADEPlatão: príncipe dos filósofos< página 11

COLUNA DE FÉO complexo sistema urinário< página 7

SAÚDE

Foto: Alex Costa

No filme da eleição, o eleitor é coadjuvante

< página 2

Os princípios da vida, suas crenças e seus valores estão alinhados?

< página 3

Fundação Perrone comemora 10 anos e presta conta à sociedade

< página 10

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OPINIÃO Flávio Gimenes - Advogado >>> [email protected]

2 O Recifense www.orecifense.com.br | maio de 2012 | no 8 | ano 22

A luta pelo poder na cidade do Recife passou dos limi-

tes. Não existe mais regra: é um verdadeiro vale-tudo, ou melhor, o UFC Recifen-se, com a participação de lutadores peso-pesado, que aplicam golpes baixos a cada novo round. A vio-lência é tamanha que che-ga a abalar as estruturas do octógono. Quem assiste fica impressionado com a atitude dos lutadores, que por sinal, não estão nem um pouco preocupados com as necessidades da plateia, mas sim na obten-ção do cinturão de prefeito. Nessa luta, o povo do Recife só leva lapa-da, sem chance de defe-sa, pois fica à mercê dos mandos e desmandos de todo tipo, relegado ao total abandono. Então, nessa hora surge uma luz no fim do túnel, a possiblidade de mudar com a eleição.

O mais difícil é acre-ditar que a eleição municipal será a redenção do Recife, pois nenhum postulante, até agora, foi capaz de animar ou despertar o interesse da

população. Os candidatos apresentam o mesmo dis-curso, sem qualquer novi-dade. É só conferir a reprise das campanhas passadas e BOOM! Pura repetição.

Só muda uma coisinha aqui e outra lá, mas a essência continua a mesma. Promessas, pro-messas e promessas... Até quando o “São Recife” vai

No filme da eleição, o eleitor é coadjuvante

DIRETOR DE REDAÇÃOElano Lorenzato [DRT-PE 2781][email protected]

DIRETOR EXECUTIVOFlávio [email protected]

DIRETOR COMERCIALAndrei [email protected]

DIRETOR DE TIRicardo [email protected]

CONSULTOR JURÍDICOPedro Campello

REDAÇÃOPenéllope Aquino - RepórterAlex Costa - Fotó[email protected]

COMERCIALFones: (81) 8775.5060 / 8192.27669906.3099 / [email protected]

PROJETO GRÁFICOEzato Comunicação

IMPRESSÃOJornal do Commercio

Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião do jornal O Recifense.

O Recifense, o Jornal do RecifePublicado por ELF Empresa de Comunicação e Jornalismo Ltda.

Arte Editoria de Arte de O Recifenseviver de promessas? E a população? Será ouvida?A propaganda institucional na TV é uma verdadeira produção de Hollywood, pois mostra uma realidade desconhecida da popula-ção, que só existe no filme. Dá vontade de mudar os filhos de colégio e deixar de pagar o plano de saúde, para usufruir das unidades de atendimento. Então, é nesse momento que vemos o mundo de fantasia, onde tudo mudou e melhorou. Na realidade, qual-quer mudança numa demo-cracia, dá-se não apenas com o voto, mas sim com a efetiva participação da sociedade nas decisões e na fiscalização do poder público: caso contrário, nada mudará, e a eleição continuará sendo um filme, com os atores principais (candidatos) e o eleitor no papel de coadjuvante, mas sem ter um final feliz.

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O Recifense www.orecifense.com.br | maio de 2012 | no 8 | ano 2 33

NOBERTO FERREIRA Coach Master >>> [email protected]

PROFISSIONAL & NEGÓCIOS Os princípios da vida, suas crenças e seus valores estão alinhados?

erros ou fracassos. Esta não é a maneira certa de classificá--las. Necessariamente resulta-dos indesejáveis não são ruins, sempre existem lições a apren-der. O único erro verdadeiro é não aprender a lição. Só exis-tem dois tipos de lições: as que aprendemos e as que ainda não aprendemos;

7. Cada lição será repetida até que você aprenda – A vida é uma sucessão de lições que precisam ser vivenciadas para serem compreendidas. Toda lição lhe será aplicada de di-ferentes formas, até que você aprenda.

8. As lições ficarão mais difíceis com o tempo – Quanto mais cedo aprender, será melhor para você. A dor é uma das maneiras pelas quais o universo nos cha-ma a atenção;

9. As lições mais valiosas são para os que persistem - A vida nos ajuda a aprender, mesmo que lenta e dolorosamente. As li-ções mais dolorosas da vida são também as mais valiosas;

10. Você saberá quando apren-deu a lição - Seus comporta-mentos e seus resultados mu-darão;

11. Você tenderá a esquecer o aprendizado - Quando isto acontecer, o universo repetirá a lição (provavelmente de uma maneira mais dura);

12. Você poderá lembrar-se das lições sempre que desejar.

Você está fazendo o que deve ser feito? Está conseguindo manter o aprendizado?

Vivemos a era do conhecimento e da informação. Porém,

estamos prontos para apren-der? Muitos imaginam que o aprendizado só existe em seu modelo formal e só acontece em escolas ou faculdades. É um grande engano. O me-lhor aprendizado, aquele que acontece a cada instante que vivemos, é o grande respon-sável pelo que somos ou pelo que nos transformamos.

O aprendizado obedece a re-gras que vale a pena conhe-cer:

1. Só temos uma vida. Ela é única. Não haverá outra chance de viver;

2. A vida é uma escola de tempo integral - Todas as

pessoas que conhecemos, os livros que lemos e as experiên-cias que passamos são nossos mestres;

3. Você terá que participar desta escola a vida toda – Enquanto estiver por aqui, lições lhe serão dadas. Se você está vivo, é por que existem lições a aprender;

4. Preste atenção às lições – Postura de aprendiz. Curiosida-de. Humildade. São qualidades bem vindas quando o assunto é aprendizado;

5. Aprenda as lições que lhe se-rão dadas - É importante apren-der a lição certa. Só aprende-mos quando estamos prontos.

6. Classifique as lições da ma-neira certa - Muitas vezes as lições são classificadas como

Missão crítica – Aprender a manter a atenção e a concentra-ção.

Keywords – Atenção e concentração

Expertise – Desenvol-va competências especí-ficas

Um minuto para pensar. A vida para usufruir

Aprenda. Experimente. Divulgue.

“Aprender é descobrir aquilo que você já sabe.Fazer é demonstrar que você sabe.

Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.

Nós todos somos aprendizes, fazedores, professores”.Richard Bach

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4 O Recifense www.orecifense.com.br | maio de 2012 | no 8 | ano 24

Afinal, o que querem as mulheres?Por Penéllope Aquino

Elas tornaram-se advoga-das, atletas, cientistas, jornalistas, médicas,

presidentes, empresárias, pes-cadoras, professoras. Escreve-ram livros, subiram aos palcos, pilotaram aviões, caminhões e fogões. Libertaram-se sexual-mente, casaram-se com outras mulheres de papel passado e reescrevem sua história dizendo que permanecem protagonistas, mesmo que não tenham assina-do tratados de guerra e paz com seus gratuitos inimigos. Elas são tantas e são muitas que se tornam necessá-rias. É preciso ir além de apenas nomear as grandes, mas sim buscar a história de muitas que

permanecem invisíveis à história da humanidade. Parece que as tradições construídas pelos sa-beres populares estabelecidos em diferentes épocas ficaram restritas ao universo dos traba-lhos domésticos e dos cuidados com a casa e os filhos. Olhem para os lados! Não há como não falar da re-volução atual sem citar as ba-ses. Sem retroceder. A história de resistência das mulheres no Brasil vem de muito tempo. Mas a opressão que recai so-bre elas fez com que os movi-mentos organizados demoras-sem a eclodir. Por sorte, vivemos numa época que já estamos nos liberando das restrições de um pensamento único, abrindo

espaço para um período esti-mulante, favorável ao desen-volvimento de uma visão crítica. O discurso da transformação social e política voltam a ter lu-gar. Mas o que se busca não é provar que a mulher é igual ao homem em todos os aspectos, e nem que uma guerra será tra-vada para que elas dominem a sociedade. O pai da psicanálise, Sigmund Freud, fez uma inda-gação interessante que até hoje incomoda muita gente: “Afinal, o que querem as mulheres?”. A respeito disso, construiu-se uma forma poderosa de se estimular o pensar. Opinião todo mundo tem: todavia, a conversa aqui passa às banalidades de praxe. O diálogo é amplo e talvez sur-

jam milhares de respostas que não satisfaçam a sociedade. Quem sabe o epicentro dessa discussão seja mais ameno, se tomarmos que o objetivo maior é competir sempre, mas sem pro-vocar a barbárie. Ainda assim, a dúvida corrói. Por isso mesmo, o con-ceito de direitos do homem por vezes não encontra eco no pen-samento feminino. Isso requer deslocar um pouco os nossos termos atuais: a independência financeira, o sentar-se sozinha em uma mesa de bar, o trocar o pneu do carro, casar sem ser vir-gem, ser líder de uma empresa. Retirando os escombros de um patriarcado que desaba paula-tinamente, descobrimos que, com todos os seus direitos asse-

gurados, mulher só precisa ser mulher, com sua visão totalizan-te, capacidade multifuncional, grande intuição e sensibilidade apurada. Aqui se faz uma ho-menagem às mulheres, não pela representação de um dia, mas por permanecerem diaria-mente experimentando o que é viver em liberdade e igualdade, mesmo com todas as discrimi-nações e amarras machistas. Comprando o discurso de que já chegamos ao nosso limite, a mulher brasileira passou a se comportar em conformidade com as novas regras do jogo, uma vez que nunca existiram duas coisas tão diferentes como o homem e a mulher, cada qual cumprindo o seu papel.

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6 O Recifense www.orecifense.com.br | maio de 2012 | no 8 | ano 26

Eu sou Carolina No-gueira, repórter fo-tográfica, e o Recife

que eu vejo é o mesmo que o poeta recifense, Carlos

O Recife que eu vejo

PARTICIPE!Envie seu artigo com no máximo 15 linhas sobre o Recife que você vê e fotos (máximo 10) com cinco mega pixel de qualidade com nome completo,

para o e-mail: [email protected]. O texto tem que ser em fonte Times ou Arial, tamanho 12, espaçamento simples.

TEXTO E FOTOS: CAROLINA NOUGUEIRA | Repórter Fotográfica | >>> [email protected]

Pena Filho recitou em seus versos imortais: “ (...) no lito-ral, hoje, serena, flutua, meta-de roubada ao mar, metade à imaginação, pois é do sonho dos homens que uma cidade

se inventa”. Pedaço signifi-cativo do Brasil, a cidade dos encantos mil. Recife possui vários atributos, históricos, paisagísticos e arquitetônicos. Foi nesse lugar, de beleza ím-

par que a velha mãe nature-za se encarregou de banhar, como a bela Veneza, cercan-do a cidade de uma lumino-sidade esplêndida. Quem chega aqui logo se apaixona.

Por isso que o Reci-fe é uma das mais belas ca-pitais do Brasil. Aqui o olhar do espectador é mais inten-so, refletindo nas águas do Rio Capibaribe e Beberibe.

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CARLOS BAyMA Médico em Urologia e Psicossomática >>> [email protected] >>> www.drbayma.com

SAÚDE E BELEZA

O complexo Sistema Urinário

sionado pelas batidas do coração, passa pelos rins, um de cada lado da coluna vertebral. Por dia, cerca de 180 litros de sangue são fil-trados pelos rins e 1% dessa quantidade se transforma em urina (mais ou menos 1.800 ml). Então, o que é a urina? A urina é quase água, se não fosse pela presença de substâncias biológicas, toxinas, íons e medicamentos que, teoricamente, não são mais necessários ao organis-mo ou estão até fazendo mal. Uma vez formada, a urina desce através de dois canais internos que ligam os rins à bexiga, denominados urete-res. A bexiga, com capacida-de entre 350 e 600 ml, tem dupla função: a de armazenar essa urina e a de eliminá-la quando necessário e conve-niente. Para isso, a bexiga é acoplada ao canal uretral (ou uretra), que também possui duas funções: a de manter--se fechado enquanto a urina é armazenada e a de abrir para permitir seu escoa-mento para o meio exterior. Qualquer alteração nesse delicado equilíbrio entre armazenamento e es-vaziamento leva a distúrbios da micção (ato de urinar). Se o problema é na fase de ar-mazenamento, quer seja por problemas na bexiga, quer

seja por incompetência de a uretra manter-se fechada, ocorre a incontinência uriná-ria (incapacidade de conten-ção). Se a alteração é na fase de esvaziamento (micção), quando há fator impeditivo à saída da urina, tem-se o que se chama de retenção uriná-ria (contenção em excesso) Os tipos mais fre-quentes de incontinência urinária na mulher são: 1) Esforço (tosse, espirro, gar-galhada etc.): e 2) Urgência, quando uma vontade súbita e incontrolável de urinar surge e não dá tempo de chegar ao toilete. Nos homens também ocorrem esses tipos de incon-tinência, com menor frequên-cia, e geralmente associados a problemas de próstata ou complicações decorren-tes de cirurgia da mesma. Entretanto, usual-mente o homem tem mais problemas de retenção uri-nária. Jato urinário fraco e partido, frequência urinária aumentada, necessidade de se levantar à noite para uri-nar e sensação de esvazia-mento incompleto são alguns dos sintomas que, em casos extremos, pode chegar à retenção total, condição na qual a urina “presa” tem de ser escoada com uso de uma sonda. Por outro lado, mulher também pode ter retenção,

o sistema urinário hu-mano compreende um complicado me-

canismo de eliminação de líquidos e substâncias em excesso ou nocivas ao corpo. Muito mais do que se pensa, o sistema urinário é complexo de se entender e, mais ainda, de tratá-lo quando há uma

disfunção. Em contrapartida, o ato de urinar é tão simples e automático que, às vezes, passa até despercebido. Isso quando o indivíduo não tem problemas nessa área. Vamos simplificar. O coração bombeia o sangue desde a vida intrauterina até a morte. O sangue, impul-

bastando para isso que te-nha uma bexiga muito baixa, ou que apresente um estrei-tamento do calibre da uretra. Alterações simultâne-as, tanto de armazenamento quanto de esvaziamento, são mais comuns em pacientes que têm comprometimentos neurológicos, alternando-se retenção e incontinência. Dos acometimentos neurológicos que desorgani-zam o funcionamento da mic-ção normal, estes são os mais importantes: sequelas de AVC, doença de Parkinson, esclerose múltipla, lesão me-dular (paraplegia e tetraple-gia), traumatismo cranioence-fálico, doença de Alzheimer, tumores do sistema nervoso central e infecções como meningites ou encefalites. Para cada tipo e grau de alteração há tratamentos, que podem ser por meio de dietas, uso de medicamentos, fisioterapia (biofeedback), to-xina botulínica (Botox), mar-capasso de bexiga ou cirurgia para remoção ou correção da causa. Em algumas vezes, há necessidade de terapia com-binada. O sucesso do trata-mento depende do tipo e grau de alteração, colaboração do paciente e experiência do mé-dico assistente. Quanto mais cedo procurar ajuda, melhor o resultado terapêutico.

Urologia - Urogeriatria - UrodinâmicaConsultório: Hospital Esperança andar G3 - Fone: (81) 3131-7870

Avaliação Urodinâmica: Itork1º andar - Fone: (81) 3216-3131 e-mail: [email protected]

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8 O Recifense www.orecifense.com.br | maio de 2012 | no 8 | ano 28

Por Penéllope Aquino Fotos: Alex Costa

o movimento que lutou pela igualdade de oportunidades entre

os sexos venceu boa parte de suas batalhas. A única forma de criar espaço para si é liber-tando-se do outro. Foram-se as Amélias, ‘mulheres de verdade’ (“Ai que saudade da Amélia...”) do saudoso Mário Lago. A hora e a vez são das mulheres con-temporâneas e multifacetadas. E, se beleza é funda-mental, como disse o poeta Vinícius de Moraes, cabelos, unhas e pele têm que alcançar um equilíbrio, e o equilíbrio, é claro, é estar sempre bela. Acontece que a beleza custa caro. Seu preço eleva-se consi-deravelmente quando passa a ser reflexo de problemas emo-cionais e distorcidos, quando crianças passam a enxergar com olhos inocentes uma apa-rente vaidade.

No salão Maximu’s, localizado no bairro de Água Fria, os clientes entregam seus desejos por uma aparência me-lhor nas mãos de dois homens, Rivaldo Silva e Josias Souza. Rivaldo é dono do salão há 26

anos e, relembrando o início da carreira, faz uma análise sobre esse crescimento do mercado da estética. “Acredito que exis-tem dois motivos para as mulhe-res estarem buscando cada vez mais melhorar a aparência. O primeiro é porque ela passou a ter uma relação com a socieda-de diferente, passou a ter sua in-dependência financeira, deixan-do de ser só dona de casa para ter reconhecimento em outras áreas de trabalho. O segundo foi a ascensão das classes sociais, que permitiu que a Classe C pu-desse usufruir de uma qualidade de vida melhor”, avaliou Rivaldo. Dentre os fatores que mais contribuíram para este crescimento, destaca-se a parti-cipação da mulher no mercado de trabalho. Mas, se a renda delas é cada vez mais expressi-va, também é o lucro de quem trabalha no mercado da esté-tica. Rivaldo afirma que essa evolução “gerou um aumento no lucro e incrementou a receita”.

Já a cabelereira, Si-mone Falcão, dona do Centro de Beleza Mutare, localizado no bairro da Madalena, acredita que “hoje em dia a mulher é mui-to mais mulher que antigamen-te, porque, além das funções que ela já possuía anteriormen-te agregadas por natureza, ela passou a competir no meio cor-porativo”. Segundo a psicóloga clínica Nathália Soares, com a chegada da contemporaneida-de é possível observa ruma mu-lher inserida no espaço público, mas com todas as funções que já lhe eram atribuídas. Ela hoje

pode pagar pelos seus dese-jos, e de certa forma não pre-cisa pedir nada para ninguém.

O Mutare abriu um es-paço para aliar beleza física à beleza mental. Para isso, con-vidou a psicóloga Isa Wanessa Figueiredo para trabalhar com as frequentadoras do centro de beleza, a fim de alcançar uma completa satisfação de suas clientes. “É muito importante de-senvolver um trabalho dentro de um ambiente onde se busca me-lhorar esteticamente, porque a mulher contemporânea tem sido acometida por uma variedade de transtornos de alimentação, depressão, ansiedade, e todos eles fazem a mulher se sentir para baixo, inferior. Desta forma, ela começa a gastar, comer, se sentir feia e infeliz”, explicou Isa. “Tem mulher que che-ga aqui se automutilando, ar-rancando cabelos, os pelos das sobrancelhas com as mãos. Isso tudo é como um grito de socorro. Elas vêm em busca de uma melhora, mas é importante esclarecer que é uma melhora temporária e vai fazê-la retor-nar várias e várias vezes para suprir esse vazio. Enquanto elas não descobrem a chave do problema, continuam com

esse estereótipo de que bele-za é fundamental e em função disso gastam muito dinheiro. Não adianta moldar a parte de fora se não moldar a parte de dentro”, completou a psicóloga. As mulheres parecem ser as maiores vítimas desse comportamento em busca da mudança externa como solução para recuperar seu amor pró-prio e autoestima. Por vezes, esquecem que a autoimagem é mutável por fatores emocionais, estimulação cultural, da moda e da mídia. Manter uma boa apa-rência é tarefa difícil e tem seu preço. Mas não há mulher que dispense cuidados com o visu-al. O perigo é quando o peso no bolso é maior do que se pode arcar com o salário do mês. Para a autônoma Vera Lúcia Gomes, a beleza tem pesado no bolso. “Para se sentir bem, você tem que investir em si mesma, até por-que a aparência conta muito e se manter bela não é barato. Gasto por volta de cem reais mensais, frequentando o sa-lão uma vez por semana e às vezes retiro do que não pode, mas tenho que vir, faz parte. Já gastei R$ 350,00 numa pro-gressiva, mas faço qualquer coisa para elevar a autoestima”.

Quanto custa ser mulher no mundo contemporâneo?

Psicóloga Isa Wanessa Figueiredo

Rivaldo Silva dono do Máximu’s

Simone Falcão dona do Mutare

Irlla já gastou R$ 500 numa escova

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O Recifense www.orecifense.com.br | maio de 2012 | no 8 | ano 2 99

Se faltar dinheiro para ir ao salão, a administradora Irlla Melo, 27 anos, faz milagre, mas não perde a oportunidade de ir a um instituto de beleza. “A sociedade exige cada vez mais da mulher e se ela não está dentro daquele padrão, ela se sente excluída. Quando a situação é extrema, o jeito é ficar no natural! Mas estou sem-pre fazendo uma manutenção semanal, investindo em mim mesma pelo menos R$ 60,00. E se a ocasião é especial, não tem alternativa: o jeito é estou-rar o cartão e vale até entrar no cheque especial. Já paguei R$ 500,00 numa escova inteligente e foi o maior absurdo que já fiz.”

Loucura mesmo fez a estudante de enfermagem Luciana Filgueira - pelo me-nos foi assim que ela definiu as estripulias feitas desde os 14 anos de idade para ficar mais bonita. “A beleza e a es-tética da pessoa é como se fosse um documento. Por isso, o investimento é alto. Deixo no salão pelo menos R$ 200,00 por mês. Vida de estudante é uma loucura, então, às vezes, tem que fazer extravagâncias, tirar um pouco daqui, um pouco dali e vale até recorrer à mãe.”

Desde que a escova progressiva foi lançada no mer-cado, ganhou várias fãs por todo o país. No entanto, não é novidade para ninguém que as substâncias presentes nesse tratamento agridem o cabe-lo e podem até causar outros problemas de saúde. “Paguei R$ 500,00 numa escova pro-gressiva e, mesmo sendo um tratamento que poderia preju-dicar a saúde com o uso das químicas, posso dizer que va-leu a pena”, contou Luciana. A convivência no meio da estética fez Simone Falcão concluir que algumas pessoas tornam-se realmente escravas da beleza. “Uma vez a clien-te perguntou se podia fazer uma progressiva e ir à praia no outro dia. Eu sempre brinco dizendo para elas serem ami-gas do cabelo e não escravas. Você tem que se cuidar até o ponto que isso não seja um empecilho para sua vida. Tem cliente que vem todos os dias. Alternando um dia para parte de estética, massagem, cabe-lo, tratamentos e hidratações, e chegam a fazer duas vezes por semana as unhas”, contou.

A psicóloga Nathalia Soares explica que “nós temos

que pensar o quanto de tempo e dinheiro essas pessoas estão disponibilizando para esse tipo de situação. O quanto ela deixa de fazer coisas básicas em ter-mos de estruturação de vida em função disso. É um fenômeno de causas patológicas em con-textos de vida diferenciados”. A verdade é que a mu-lher se divide em três exaustivas missões: ser ao mesmo tempo dona de casa, profissional e amante. Uma jornada tripla, en-carada em cima do salto alto e de forma cada vez mais natural. A vida da analista de departa-mento de pessoal Andreza Aze-vedo, 22 anos, é muito corrida. Por isso, ela toda semana recor-re ao salão de beleza para fazer, inclusive, a manutenção básica do visual. “É sempre bom estar sempre se cuidando, se pro-duzindo, investindo na beleza. Prefiro procurar o salão porque aqui faço tudo e já saio pronta para mais uma semana. Até lavar e hidratar são coisas que só faço no salão porque não tenho tempo”, contou a analista.

A psicóloga Rebeca Duarte explica que as pessoas buscam a comodidade de ter um lugar onde possa fazer tudo o que desejam e que de lá já saiam

prontas. Segundo ela, “é a neces-sidade do imediatismo, do aqui e agora e do não poder esperar”. O legado de estereóti-po perfeito já tem reflexos desde a infância. É o que revela uma pesquisa realizada pelas psicó-logas Rebeca Duarte, Nathália Soares e Laisa Bezerra, intitu-lada ‘Perda da infância? Uma reflexão sobre a influência da mídia televisão no processo de erotização da criança’. Segundo Rebeca Duarte, o estudo apon-tou que “a maioria das crianças pesquisadas, todas meninas, tem como referencial artistas e pessoas que estão na mídia. Muito além de só querer pare-cer, elas querem ter o modo de vida dessas pessoas seguindo todo aquele modelo estético”. Elas concluíram que todas as meninas pesquisadas já viviam nesse ambiente fa-zendo desde os serviços bási-cos as aplicações de produtos químicos. “Em um dos casos, a criança afirmou que para ir à escola tinha que dar escova no cabelo, como se aquilo já fizes-se parte dela”, contou Rebeca. “Uma criança entre oito e dez anos não ir à escola sem antes fazer uma escova no cabelo é

preocupante. Outra criança de-clarou se sentir mal quando não está maquiada e com o cabelo escovado”, completou Nathália. A autônoma Ana Karla Gomes conta uma experiência familiar que já se configurou uma verdadeira herança. “Minha prima é viciada em salão e todo final de semana ela vai com as filhas de cinco e oito anos. Elas dão escova, hidratam e fazem as unhas. Tudo o que a mãe faz, elas têm que fazer, e se a mãe não fizer, elas saem de lá chorando”, revelou Ana Karla. Confirmando a teoria da pesquisa, a cabelereira Simo-ne contou que “as crianças que procuram os serviços do salão já vêm com a imagem do artista que o inspirou a querer ter o mesmo corte e a mesma cor de cabelo”. Comprovadamente a mulher atual é uma mulher de transição. O usufruto de ser e es-tar bonita adquire uma conotação de aceitação. Daqui a 10 ou 20 anos, ela quer continuar sendo uma mulher interessante fisica-mente e independente financei-ramente, com aquela sensação íntima de segurança em relação a si mesma, ainda que para isso precise investir alto.

Quanto custa ser mulher no mundo contemporâneo?

Luciana investe alto na beleza

Rebeca Duarte é psicóloga

Psicóloga Nathália Soares

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10 O Recifense www.orecifense.com.br | maio de 2012 | no 8 | ano 210

Fundação Perrone comemora 10 anos e presta conta à sociedade Mais de 100 crianças

pobres do Estado de Pernambuco,

com deficiências neuropsico-motoras, foram assistidas em 2011, totalizando 11.123 aten-dimentos, distribuídos em 14 especialidades. Esses foram os resultados conquistados pela Fundação Giacomo e Lu-cia Perrone, em Piedade, que presta assistência terapêutica e social, totalmente gratuita, a crianças de zero a 12 anos de idade. Esse trabalho é fru-to da caridade e empenho de pessoas, profissionais liberais, empresários sensíveis, que diante de situações de po-breza, não ficam indiferentes. Desde que foi funda-da, em 2002, pelo sacerdote e professor italiano Dom Michele Perrone, a Fundação Perrone, como é mais conhecida, reali-zou milhares de atendimentos gratuitos nas seguintes espe-cialidades: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, serviço social, pediatria e odontologia. Neste último ano,

firmou parcerias com a Fun-dação Altino Ventura, Associa-ção Novo Rumo e os hospitais Osvaldo Cruz, Getúlio Vargas, Barão de Lucena, Hospital Ge-ral de Prazeres, Hospital das Clínicas, Procape e Cisam. Com essas parcerias, a Fundação Perrone possibilitou às suas 107 crianças a expansão das especialidades disponíveis para oftalmologia, neuropedia-tria, gastroenterologia, avaliação clínica da deglutição, videoflu-roscopia, otorrinolaringologia, ortopedia, psiquiatria, cardiolo-gia, pneumologia, geneticista, dermatologia, teste da orelhinha e teste de capacidade auditiva, elevando de 11.123 para 11.361 atendimentos, no ano passado. Para dar continuidade e segurança às atividades gra-tuitas prestadas às crianças, a Fundação precisa da partici-pação de todos, contribuindo financeiramente com o que for possível, de forma esporádica ou mensal, por meio de depó-sito bancário ou, no caso de empresas, aderindo ao Selo Empresa Amiga da Fundação.

A Fundação Perrone possui, atualmente, duas campanhas de arrecadação de doações, para pessoas físicas, o Amigo Solidário e para pessoas jurídi-cas, a Empresa Amiga.

Participe, contribua! As crianças assistidas agradecem!

Serviço:

Fundação Giacomo e Lucia Perrone.

Rua Osório Borba, 172, Pieda-de, Jaboatão dos Guararapes--PE, CEP: 54.400-120.

Telefones: (81)3462.4375 e Fax: (81) 3343.4804

Contas Bancárias da Fundação Giacomo e Lucia Perrone

Banco do Brasil Agência: 2988-2 Conta Corrente: 14.276-X

Banco Bradesco Agência: 0.291 Conta Corrente: 089.886-4

Page 11: Edição de Maio do Jornal O Recifense

O Recifense www.orecifense.com.br | maio de 2012 | no 8 | ano 2 1111

BRUNO TAVARES Expositor espírita >>> http://bruno-tavares.zip.net >>> [email protected]

COLUNA DE FÉ

No artigo de hoje, trazemos até vo-cês aquele que

foi o Príncipe dos filósofos: Platão. Seu nascimento data do ano 428 ou 427 a.C., na cidade de Atenas, na Grécia. O seu nome de origem era Aristótenes, mas o povo em sua sabedoria intuitiva começou a chamá--lo de Platão, que em grego significa largura, por causa de sua doutrina caracteriza-da por uma larga percepção das coisas e do mundo. Foi o mais próximo e dileto discípulo de Só-crates. Sendo um homem rico, Platão viajou o mundo, indo até o Egito, onde viu as ourivesarias, a cultura egípcia; conheceu o Misté-rio dos Elêusis, que falava na reencarnação, e estudou a Doutrina dos Números e seus princípios sobre a Psiquê. Tudo isso serviu de suporte notável para Platão estruturar a sua filosofia. “É pelos frutos que se conhece a árvore. Toda ação deve ser qua-lificada pelo que produz: qualificá-la de má, quando dela provenha mal; de boa, quando dê origem ao bem.” Estas palavras bem podem soar, para quem já leu o Evangelho, como palavras textuais do Senhor Jesus. Contudo, foram anotadas e dadas ao mundo séculos antes de Jesus por Pla-

tão, discípulo de Sócrates. Pertencente à alta aristocracia, em torno dos seus 20 anos conheceu e tornou-se amigo do filósofo Sócrates, a quem acompa-nhou até os seus últimos dias e de quem anotou os ensinos, graças ao que nos chegaram aos dias atuais. Empreendeu viagem ao Egito e à Itália meridional. Na Sicília, frequentou a corte de um tirano de Siracusa de nome Dionísio. Desejando in-fluir na política da cidade, ter-minou por se incompatibilizar com Dionísio, que o mandou vender como escravo, na ilha de Egina, que se achava em guerra com Atenas. Resgata-do, retornou para sua cidade natal onde, em torno dos seus quarenta anos, fundou a Aca-demia, na qual ensinou até o final dos seus dias terrenos. Fácil de entender porque ele e Sócrates são considerados precursores da ideia cristã e do Espiritismo, bastando que se leiam alguns dos seus escritos. A obra kar-dequiana “O Evangelho Se-gundo o Espiritismo” apresen-ta pequenos trechos que se referem ao conceito dos dois filósofos gregos a respeito da alma, seu progresso, a reen-carnação, o mundo espiritual e seus habitantes, bem como a respeito das mais excelsas virtudes, exatamente traçan-do um paralelo entre aquelas ideias, as do Cristo, e, por

consequência, os princípios fundamentais do Espiritismo. Considerado um dos filósofos mais influentes de todos os tempos, pois que seu pensamento dominou a filosofia cristã antiga e medie-val, seus escritos nos lega-ram o pensamento socrático, bem assim os relatos como-ventes dos últimos dias de seu mestre. Criador pessoal ainda do diálogo filosófico, espécie de drama de ideias. Sua obra “O Banque-te” é considerada uma das maiores da literatura antiga. Como poeta, seu estilo é o ponto mais alto da prosa grega e o demonstra nos seus poe-mas em prosa do mito da Ca-verna, da Atlântida e de Eros. Escreveu ele: “O amor está por toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligên-cia; até no movimento dos as-tros o encontramos. É o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe de-parem flores e perfumes. É

ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silên-cio aos ventos e sono à dor.” As obras de Platão discorrem sobre a mentira, a natureza do homem, a pieda-de, o dever, o belo, a sabe-doria, a justiça, a coragem, a amizade, a virtude. No livro VII da República, ele apresen-ta o célebre mito da caverna: acorrentados no interior de um cárcere subterrâneo e de costas voltadas para a entra-da por onde penetra a luz, os que estão ali presos somente podem ver dos homens, dos animais e de tudo o mais que se encontre no exterior da caverna, as sombras que se projetam no fundo dela. Um homem que con-segue se libertar ofusca-se com a luz do sol no exterior e descobre que tudo o que vira até então era a irrealidade. Ali estava o mundo real. No en-tanto, se retornar ao interior e desejar transmitir aos demais, ainda prisioneiros, o que viu, sente que corre o risco de ser maltratado e até morto. Esta,

segundo Platão, é exata-mente a missão do filósofo.

O Mito da Caverna

Meus queridos ami-gos, tendo desencarnado, pleno de lucidez e força cria-dora, aos 80 anos de idade, da espiritualidade, unindo--se a tantos outros espíritos de envergadura intelecto--moral, Platão continua na sua missão, revelando as nuances do mundo espiritual, o mundo do sol ofuscante, o mundo real, verdadeiro. Seu nome está as-sinado em Prolegômenos de “O Livro dos Espíritos”, bem assim assina um dos tre-chos da resposta à questão 1009 da mesma obra onde, falando a respeito da inexis-tência das penas eternas, bem recorda as exortações de Sócrates, quando a seu tempo, apresentou a alma migrando através de múlti-plas existências, em segui-da a mais ou menos longos períodos de erraticidade. Platão, no mundo espiritual, trabalha em prol do Espiritismo por ser hoje na Terra, filosoficamente, a Dou-trina caracterizada por uma larga percepção das coisas e do mundo. Portanto, Platôni-ca por excelência!

Escola de Atenas - Rafael Sânzio

Abençoe-nos Jesus, O Ami-go Incondicional de Nossas Vidas!

Muita Paz!

Foto: Divulgação

Platão: príncipe dos filósofos

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KARLA TINTO >>> [email protected]

ESPAÇO COMUNIDADE Os benefícios da arborização urbana

o meu objetivo prin-cipal é abordar os benefícios da ar-

borização urbana, mas não poderia adentrar nesta dis-cussão sem antes falar um pouco do trabalho paisagís-tico realizado no Recife pelo ilustre Burle Marx, filho de per-nambucana (Cecilia Burle). De sua mãe, herdou o amor às plantas e a lição de que “a arte deve ser vivida”. De seu pai (Wilhelm Marx), um alemão, herdou o gosto pela música clássica e pela litera-tura europeia, o que de certo influenciou nos seus projetos paisagísticos que resultaram em jardins cheios de poesias. Recife foi presen-teada com várias obras projetadas por Roberto Burle Marx, que foi dire-tor de Parques e Jardins do Departamento de Ar-quitetura e Urbanismo de Pernambuco. Aliás, foi em Recife onde o gênio do pai-sagismo deu inicio a seus trabalhos, sendo a Praça de Casa Forte o primeiro jar-dim público de sua carreira.

Nesse rol, temos ain-da a Praça Euclides da Cunha (Praça do Internacional), Praça da República e Jardim Campo das Princesas, Praça do Derby, que esta ainda mais linda sem as ‘grades de proteção’, Praça Ministro Salgado Filho (Praça do Aeroporto) e Praça Faria Neves (Pracinha de Dois Irmãos), todas em processo de tombamento. Outra belíssima praça, que, embora não tenha sido projetada por Burle Marx, pos-sui intervenção do paisagista, é a Praça do Entroncamento, localizada no bairro das Graças. Enfim, temos em nossa cidade um patrimônio paisagístico fantástico que não pode ser ignorado e nem desprezado. É necessário dar maior destaque às obras que Burle Marx nos deixou. E, adentrando na ar-borização urbana, o Recife tem em seu rol de Leis Municipais a Lei 16.680/2001, que dispõe sobre o plano de Arborização Urbana do Município do Recife e consta na citada lei um indica-dor de déficit de arborização, o qual apresenta que a estimati-

va ideal de árvores seria numa proporção de 1 (uma) árvore para cada 5 (cinco) habitantes. Indica ainda que o índi-ce mencionado “de uma árvore para cada cinco habitantes será considerado o mínimo necessá-rio à boa arborização e poderá ser excedido, a bem da quali-dade ambiental do Município”. Temos visto a inaugu-ração de alguns espaços públi-cos arborizados, como é o caso das praças, que sem dúvidas contribuem para a melhoria da arborização. Mas, será que já estamos próximos da estimati-

va mínima de uma árvore para cada cinco habitantes, sinaliza-da há quase 11 anos? De uma analise superficial, ante a au-sência de dados oficiais com di-vulgação ampla, penso que não! A arborização traz imensos benefícios, como a melhoria microclimática, tendo em vista que estudos mostram que a vegetação, em geral, absorve, reflete e transmite ra-diação solar, dependente da característica de cada espécie. As árvores têm um im-portante papel na purificação do ar. Contudo deve-se levar em

consideração que algumas árvores têm capacidade de fil-trar diferentes poluentes e que a escolha adequada da espé-cie oferecerá maior eficiência. Sem falar que árvo-res têm o poder de absorver a energia sonora, reduzindo os níveis da poluição sonora, o que por si só já traz uma me-lhoria de vida para a popula-ção. E, não menos importante, as árvores trazem um embe-lezamento natural a cidade. No Recife a prefeitu-ra mantém uma sementeira, administrada pela Emlurb, que fica localizada na Rua Conselheiro Nabuco, em Casa Amarela, a qual dispo-nibiliza, gratuitamente, mudas de diversas árvores, inclusi-ve frutíferas, além de fazer serviços de podas, analise técnicas de árvores com pro-blemas e realizar a reposição de mudas. Para solicitar es-ses serviços, é só ligar para número 156 e fazer a solici-tação. Contudo esperamos mais efetividade do poder público sobre as questões voltadas à melhoria na quali-dade de vida dos cidadãos - e a arborização urbana é uma delas.

Foto: Elano Lorenzato

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Documentário prestará homenagem a empresário do audiovisual pernambucano

Ilustração: Nelson Sampaio / Divulgação

Por Nelson Sampaio Júnior Jornalista e pesquisador Especial para O Recifense >>> [email protected]

o conhecido empre-sário Genivaldo Di Pace, proprietário

da produtora Center Multi-mídia, no bairro de Santo Amaro será homenagea-do em três documentários para a televisão, a partir do próximo semestre de 2012. Com projeto aprova-do pelo Fundo de Cultura - (Funcultura) - os expe-rientes cineastas Adelina Pontual e Rutílio de Oli-veira estão no comando da produção, e, em entre-vista exclusiva ao jornal O Recifense, explicaram al-guns pontos da produção (dividida em três partes), motivação e o desafio des-ta homenagem ao homem que é radialista, incenti-vador das artes teatrais e, entre outros, do cinema independente em Pernam-buco, desde a década de 1960.

O Recifense: Qual é o nome do respectivo docu-mentário?Diretores: Por enquan-to, está definido o título da série: O Homem por trás da Cena.O.R: Quando vocês tive-ram a ideia de compor este projeto de documentários para a TV e enviá-lo para o Funcultura?D: Por volta de 2010, não sabemos precisar exata-mente.O.R: Os três médias-me-tragens abordam o mesmo tema: a homenagem ao em-presário Genivaldo Di Pace? D: Sim. Mas cada um foca um aspecto diferente do nosso personagem: Um é voltado para sua trajetória pessoal e profissional, que envolve a própria história da produção publicitária de Per-nambuco; o segundo foca sua atuação como grande incentivador do cinema e do audiovisual pernambucano; e o terceiro foca sua atuação como grande incentivador das artes em Pernambuco.

O.R: Quanto vocês rece-beram para realizar o pro-jeto? Existe apoio externo? D: Não. Apenas a verba do Funcultura, no valor de R$ 100.000.O.R: Qual o prazo de con-clusão dos documentários?D: Em julho de 2012.O R: Por que vocês deci-diram a exibição e formato específicos para TV, em lu-gar de cinema? D: Por pensar que teríamos mais chance de aprovação.O.R: De quem partiu a ideia de homenageá-lo?D: De uma conversa com Ana Paula Lacerda e Janice Marques, funcionárias dele.O.R: Quem é a equipe, e com as respectivas funções (direção, fotógrafo etc)?D: Direção: Adelina Pon-tual; Fotografia: Ivanildo Machado; Direção de Pro-dução: Rutílio de Olivei-ra; Produção Executiva: Enaile Lima; Pesquisa: Tereza Pontual; Direção de Arte: João Miguel Pi-nheiro; Som Direto: Wag-ner Braga (Bicudo).

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Direito à privacidade x internetPor Gustavo Freire Advogado Especial para O Recifense

O episódio do vazamento de fotos íntimas da atriz Carolina Dieckman, hackeadas de seu computador pessoal, reacen-de a discussão sobre o direito à privacidade versus a Inter-net, principalmente, no que alude às celebridades. É certo que a Cons-tituição Federal de 1988 res-guarda o direito à privacidade em seu artigo 5º, inciso X, direito este, aliás, indenizável. Por outro lado, como dar con-cretude a tal direito no bojo da Internet, com suas “redes so-ciais”? Eis a questão central a ser discutida, em busca de algumas respostas. Por ocasião de artigo para O Estado de São Pau-lo, o professor Túlio Vianna, da Faculdade de Direito da UFMG, de maneira extrema-mente lúcida, alerta para a pouca utilidade de se censu-rar conteúdos considerados ofensivos veiculados na Inter-net. Ele compara os esforços de quem o tenta com os do in-divíduo que procura recompor os cacos da xícara cheia de

leite que caiu no chão, espa-tifou-se, derramando junto o leite, sugando dito indivíduo, mesmo assim, o leite do chão e servindo-o na mesma xícara como se nada houvesse ocor-rido. É fato. A Internet per-siste, realmente, um desafio aos Poderes Públicos, sobre-tudo ante a velocidade frené-tica de compartilhamento de informações por meio dela, inclusive, de imagens, em

uma espécie de sangria que, mesmo contida, não faz voltar atrás o que já vazou e que em pouco tempo, passa a estar hospedado nas memórias de centenas, talvez milhares de PC’s, em todas as partes. Novamente, com a palavra, Túlio Vianna: “Não há remédio jurídico que pos-sa ser usado para retirar (...) fotos da rede. Ao condenar o homicida, o tribunal não ressuscita a vítima. A inter-

net não respeita autoridades. Péssimo para quem tem a privacidade ou a honra nela devassada. Ótimo para a de-mocracia”. Nisso o dilema: a cri-minalização da conduta do hacker, conquanto seja algo que se impõe, não apaga o estrago produzido em relação àquilo que já era. No ponto, a profes-sora Cristiane Avancini Alves, da UniRitter, em artigo para o

jornal Zero Hora, ponderou: “Devemos ser instigados a olhar a realidade como ela é, na sua natureza palpável, e não na transposição pura e simples dessa mesma reali-dade para uma tela de com-putador, tornando a vida um filme que posso editar, cortar, copiar, espetacularizando e levando a público momen-tos que fazem parte de uma história efetivamente privada. Cabe, apenas e tão somente, a cada um de nós decidir a quem mostrar (ou não) o filme sem cortes das nossas vidas”. E prossigo eu: con-vém não dar bobeira, como dizem os jovens, e não ar-mazenar no disco rígido do computador material que somente a quem é dono do computador, e seu usuário, interessa. Se se é celebrida-de, o dever de cautela redo-bra. Aí estão os pen-drives e CD’s que, até melhor so-lução, recomenda-se sejam bem guardados. Depois que “cai na rede”, complica. Tor-na-se público. E, como reza a sabedoria popular, o que passou, passou. A flecha ati-rada não volta como bume-rangue.

Ilustração: http://pcb.eefocus.com / Divulgação

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