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Valor Local Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 23 • 20 Março 2015 • Preço 1 cêntimo Págs. 12, 13, 14 e 15 A via-sacra da Saúde na Região Investimento de 15 milhões de euros na Ota Câmara do Cartaxo estica a corda com a Cartágua Pág. 10 Pág. 22 Especial Ávinho A falta de médicos na região, As horas intermináveis à espera nos centros de saúde, Os esforços das autarquias, Numa grande reportagem em 6 concelhos Págs. 17, 18 e 19

Edição de Março de 2015

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Valor LocalJornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 23 • 20 Março 2015 • Preço 1 cêntimo

Págs. 12, 13, 14 e 15

A via-sacra da Saúdena Região

Investimentode 15 milhõesde euros na Ota

Câmara do Cartaxo esticaa corda com a Cartágua

Pág. 10

Pág. 22EspecialÁvinho

A falta de médicos na região,

As horas intermináveis à esperanos centros de saúde,

Os esforços das autarquias,

Numa grande reportagemem 6 concelhos

Págs. 17, 18 e 19

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2 Valor LocalSociedadeIncêndio Carregado: Ainda sedeitam contas aos prejuízosAinda se contam os prejuízos

do incêndio de 3 de marçoque afetou parte da produção daDura Automotive e da CaetanoCoatings no Carregado. O presi-dente da Câmara Municipal quetem vindo a acompanhar mais deperto os esforços da CaetanoCoatings, Pedro Folgado, refereque no caso da Dura telefonoupara a empresa, pôs os seuspréstimos à disposição, mas nãoobteve especial resposta. “Nuncame ligaram de volta”, diz. Será

agora recebido a 10 de abril peloministro da Economia para ver oque conseguirá agilizar no quetoca à Caetano Coatings, nomea-damente, “que tipo de ajudas, ede financiamento será possívelobter”.Já quanto à Dura, a empresa tem-se mantido à margem do proces-so. De acordo com uma comuni-cação da empresa feita chegar aoValor Local e a outros órgãos decomunicação social, através dasua sede na Alemanha, já que em

Portugal qualquer contacto com aempresa tem sido evitado, cercade 45 por cento dos 275 emprega-dos da fábrica foram afetados pe-los efeitos do incêndio. Fala-se emsete milhões de prejuízos mas noentanto assegura o comunicadoque a produção da Dura tem con-tinuado, tentando-se cumprir to-dos os prazos junto dos fornece-dores, sendo que se encontra “atrabalhar junto dos mesmos deforma a satisfazer as suas neces-sidades. “A Dura está também a

trabalhar e a fazer diligências comvista à colocação temporária daprodução noutro local”, até porque“não poderá fazer planos até queo levantamento no terreno estejaconcluído”. O Valor Local sabeque reina algum clima de apreen-são entre os trabalhadores da em-presa, muitos dos quais já terãoido trabalhar para outras unidadesda Dura na República Checa e naAlemanha. Devido ao incidente na fábrica decomponentes Dura Automotive, a

Autoeuropa procedeu à alteraçãodo ‘mix’ de produção diário, produ-zindo em maior quantidade osmodelos Eos e Scirocco, e tenta

também evitar sofrer maiores pre-juízos tendo em conta o que acon-teceu a um dos seus principaisfornecedores.

Incêndio na Dura foi a 3 de março

¢ Sílvia AgostinhoA cooperativa de habitação So-casa deixou uma obra inacabadaem Vila Nova da Rainha, que vi-sava a construção de moradiasgeminadas a juntar às restantesexistentes no bairro em causa.No entanto, apenas os pilaresestão de pé, e os moradores dascasas contíguas alegam que olocal está infestado de ratos e decobras, prejudicando a qualidadede vida de quem ali vive, comcrianças inadvertidamente a brin-carem no local.A crise veio parar a construção

de novos lotes, e agora o climade insatisfação recrudesceu, nosúltimos anos, visto que estasobras de Santa Engrácia já seencontram paradas há um tempodemasiado longo para os mora-dores. “A cooperativa alega quefaliu e estamos perante um gran-de imbróglio e ninguém quer fa-lar disto”, dá conta o moradorJorge Amado Figueiredo, referin-do que “os cheiros provenientesdeste local são também muitodesagradáveis. Todos se quei-xam”. O residente em Vila Nova da

Rainha lamenta o estado a quechegou o bairro com a obra em-bargada e com o espaço ocupa-do pelo que resta dela. Esta étambém a opinião de Renato Fa-ria, habitante de uma das casasda Socasa. “Sofremos com gran-de insegurança, pois o espaçoestá apenas protegido por umavedação, pelo que os nossosquintais se tornam acessíveispara os amigos do alheio. Quan-do vim para este bairro apenassabia que ia ser feita a obra, enovas casas”, dá conta. “O localestá infestado de animais e para-

sitas. Os miúdos infelizmenteacabam por ir brincar para aque-le espaço, e muitos já se magoa-ram”. Quando veio para VilaNova da Rainha há oito anosatrás, o estado de espírito eraoutro, tendo em conta que con-seguiu adquirir uma moradia“com boas condições” a custoscontrolados, mas não hesita emafirmar que hoje se sente defrau-dado face ao cenário existentenas traseiras da sua habitação.“Não é algo bonito de se mostrar.Se um dia quiser vender a casa,o que ali vemos pode pesar na

decisão de um futuro compra-dor”. “Podiam limpar a zona e fa-zer destas traseiras um espaçoverde ou um jardim”, concordamambos os moradores. Até hoje, os habitantes de VilaNova da Rainha apenas têm co-locado questões junto da juntade freguesia e da Câmara, “maslimitam-se a responder que aobra está embargada”. Um cená-rio que se arrasta há vários anos.“Infelizmente, a nossa terra, estácada vez mais abandonada.Nem uma padaria temos”, dizJorge Amado, e Renato Faria

acrescenta – “Somos vila masisso nada nos trouxe; acabamospor pagar mais IMI, mais valiacontinuarmos a ser uma aldeia”.O presidente da Câmara deAzambuja, Luís de Sousa, ques-tionado por Jorge Amado Figuei-redo na última assembleia muni-cipal concordou que o local maisse parece com “uma lixeira”. “Es-tamos a aferir da possibilidadede fazermos uma limpeza no lo-cal, mas queremos obter autori-zação para isso, porque o bancoé que tem poder para determinarsobre esta obra em causa”.

Vila Nova da RainhaRatos e cobras nas obras embargadas da Socasa

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3Valor Local Publicidade

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4 Valor LocalSociedadeMemórias dos Bombeiros Azambuja

As cheias de 1967 são dos momentosmais emocionantes

Zona de divertimentos da Feira de Maio muda de local

António Luís dos Santos, maisconhecido pelo Cagalhufa, é

um dos antigos bombeiros dos Vo-luntários de Azambuja que estápresente em várias fotos que com-põem a exposição que retrata al-guns dos momentos do passadoda corporação, patente no salãode festas da associação, inaugura-da no passado mês de fevereiro. Eé com a voz embargada que recor-da à nossa reportagem quandoem 1967, por exemplo, atravessouvárias localidades da região parasocorrer as vítimas das grandescheias de Lisboa. “Morreu muitagente, nem consigo falar, até medá vontade de chorar”, diz emocio-nado.O antigo bombeiro, que esteve 19anos na corporação, passa em re-vista aqueles tempos, quando a 27de novembro de 1967 o temporallevou a vida a 700 pessoas em vá-rios concelhos da região de Lis-boa. “Tinha-me deitado à meia-noi-te, quando toca a sirene, levantei-me, chovia tanta água, sem nuncaparar”, enfatiza referindo ao atualcomandante dos bombeiros, Ar-mando Baptista, também presentenesta reportagem, que o carro dacorporação à época era um Buickdescapotável, (também retratadona exposição), sem as condiçõesdos veículos atuais face à carga detrabalhos que os bombeiros ti-nham antigamente, sobretudo na-queles dias das cheias.

“Fomos 27 homens naquele carrodescapotável fazer esse socorro,quando na zona da Guarita, ficá-mos sem luz na viatura. Lembro-me de levarmos pilhas. Entre ou-tros ia eu, o comandante, o MárioJorge, o Cassiano”, relembra econtinua – “Na zona da Milhariçaem Aveiras de Cima, pensámos adada altura que íamos morrer, por-que as rodas estavam completa-mente dentro de água, naquelaenxurrada enorme, ainda por cimanum carro descapotável e a cho-ver torrencialmente; mas a valer!Isso é que era ser bombeiro, nãoera como agora, em que há todasas condições, e ainda bem que as-sim é, que as coisas melhoraram!”.António Luís dos Santos recorda-se que na época poucos davamvalor ao trabalho dos bombeiros:“Diziam que só andávamos nistopara comer e beber, esse tipo debocas”. “Havia sempre pessoasque discriminavam o serviço dosbombeiros, porque nem sempreera possível sermos mais brevesno auxílio”, acrescenta outro doshistóricos da corporação, CésarCamarista.Depois seguiu-se o salvamentodas vítimas das cheias: “Todosmolhados, a chover e a tentar res-gatar quem podíamos. Diga lá seisto não é amor à farda, senhor co-mandante?!”, volta a interpelar.Mas as cheias de 1967 tiveramainda mais um episódio para os

voluntários de Azambuja – “Avisa-ram-nos que tínhamos de ir para aVala do Carregado, que estavatudo morto por lá. Lá fomos nósoutra vez, de novo com água pelocorpo todo, mas antes, ainda, be-bemos um copo de aguardentepara nos aquecermos. Assim quechegámos ao Carregado, toca deretirar as pessoas dentro do rio,completamente geladas e às cos-tas, mas a força de vontade eratanta, que dava gosto um gajo sal-var qualquer pessoa”, resume niti-damente emocionado o Cagalhu-fa. Rosa Batalha, viúva do bombei-ro Sebastião, também se lembrabem deste episódio, e da paixãodo seu marido: “Realmente erauma paixão, porque ele não ga-nhava dinheiro nenhum com isso,até fui contra, porque quando omeu pai morreu os bombeiros nãoo foram socorrer a tempo. Guardoessa mágoa”. Mas a aventura de António Luísdos Santos ainda não tinha termi-nado, quando soube, nesses mes-mos dias desse novembro, que amãe tinha de ser levada ao hospi-tal. “Lá fui pelo meio da enxurradadar a volta por Alcoentre para irpara Alenquer, que não dava parapassar a Vila Nova da Rainha. Aminha mãe esvaída em sangue, equando cheguei a Lisboa só davapara ver uma esteira de gente dei-tada, mortos e mais mortos, a mi-nha mãe aos gritos, tentei arranjar

maneira de falar lá com um médicoconhecido no hospital de SãoJosé, mas havia demasiada genteaflita.” António Luís dos Santos,não tem dúvidas: “Em 1967, ascheias foram uma autêntica carni-ficina”. Susana Rodrigues da dire-ção dos bombeiros até se recordade ter ouvido falar de “corpos ar-rastados a partir do Carregadochegaram até às OGMA em Alver-ca pelo rio fora”. Mas o Ribatejo como terra pródigaem grandes inundações tem ou-tros registos, e César Camaristaainda se lembra de em 1955 terhavido uma cheia no campo, e deconjuntamente com “o Fernando eo Manuel Magalhães ter carregadoos corpos numa maca do hospitaldesde o cais do esteiro até ao ce-mitério”. Mas outras histórias ficaram namemória de António Luís dos San-tos como um grande incêndio naserra de Montejunto “de novo nobuickinha que era uma grande má-quina, com mais de 10 homensem cima, e a deitar abaixo as árvo-res com motosserras de 15 quilosnas unhas”; ou quando tiveram deresgatar um homem que caíranum poço em Vale do Paraíso –“Aquilo tinha uma fundura doida,com quase 10 metros de água, e ohomem andava lá a boiar, comple-tamente inchado, mais pareciauma peça de museu, nem lhe pas-sa pela cabeça o peso que tinha,

tivemos de fazer ali muitas mano-bras para tirar o corpo”.Mas nestas andanças dos bombei-ros, também houve histórias insó-litas, e neste caso o antigo bom-beiro César Camarista recorda-sede ter estado num acidente ferro-viário na Vala do Carregado, equando estava debaixo de umadas carruagens “começaram a cairmoedas do bolso de um morto emcima do capacete”.Hoje, ao olhar para a associação,António Luís dos Santos é tambémcrítico – “Se estivessem cá osmesmos homens de antes, estequartel era um luxo, não souberamestimar esta casa, depois da inau-guração, passados uns dias, já ha-via sofás retalhados”. Neste en-contro em que o mote poderia seraquela frase muito batida “Recor-dar é Viver”, Armando Baptista nãotem dúvidas de que homens comoestes “são a melhor herança que

podíamos ter, deixaram essa cora-gem aos mais novos, que encontronos atuais elementos”. Tambémemocionado, espera que os seushomens sejam também uma refe-rência para as futuras gerações.Na exposição, é possível ver “algu-mas passagens importantes daassociação, desde a primeira fotodos bombeiros ainda na décadade 30, a foto com o Buick, a inau-guração do quartel há 40 anos,bem como uma foto com as duasprimeiras bombeiras, na décadade 60, e quando ainda não lhesera permitido fardarem-se, bemcomo a foto da romaria ao cemité-rio”. Mas também uma foto do pri-meiro estandarte, com 84 anos –“Muito bonito”, acrescenta o Caga-lhufa. “Convidamos toda a popula-ção a vir visitar esta exposição, so-mos várias gerações mas o corpode bombeiros é só um”, refere Su-sana Rodrigues.

AFeira de Maio de 2015 emAzambuja vai marcar um

ponto de viragem no certame ena vida da vila. O município pre-para-se para mudar para a zonanorte do Campo da Feira os di-vertimentos e alguns vendedo-res, como são os casos das rou-lottes de comes e bebes, e carro-céis. Na prática, todos estes

equipamentos deverão passarpara o terreno lateral à zona daurbanização da Socasa, que erade resto uma intenção antiga domunicípio e que agora se vai tor-nar realidade.O município já começou a fazeras terraplanagens no terreno em-prestado pelo banco Montepiodurante dez anos. O vice-presi-

dente da Câmara de Azambuja,Silvino Lúcio, destacou ao ValorLocal que esta é uma iniciativaque pretende valorizar todo o cer-tame. O responsável salienta quecom este investimento, o merca-do mensal que atualmente é rea-lizado nos parques de estaciona-mento junto à linha de caminho-de-ferro, também passará para

aquele local.“Aproveitamos para fazer doisem um. Vamos dar mais condi-ções às pessoas que aqui têm oseu negócio e aos munícipes quevêm à feira e ao mercado”, refereSilvino Lúcio que destaca igual-mente que o espaço poderá vir aser alcatroado no futuro, todaviaesse é um investimento maiscomplicado, já que os terrenossão emprestados e qualquer es-trutura mais definitiva, poderia tercustos significativos no caso deter de existir uma devolução des-se espaço. Ainda assim, o vice-presidente vinca que não estáfora de questão a aquisição dosterrenos, mas por enquanto, talnão se coloca. O investimentofeito neste espaço até ao mo-mento ronda os 40 mil euros. Seo mesmo for pavimentado, “entãoos custos poderão chegar aos 60mil euros”, sublinha o vice-presi-dente.Silvino Lúcio destaca, entretanto,que o novo local é mais seguro,já que não fica perto da EstradaNacional 3, onde atualmente omercado é realizado, e dispõe de

mais zonas de estacionamento.No local estão a ser criadas infra-estruturas de apoio com a colo-cação de cabos elétricos e pon-tos de água. O vice-presidentedestaca que esta estrutura teráainda casas de banho que servi-rão as atividades de hipismo quedecorrerão num terreno em ane-xo e o mercado mensal, que é“uma mais-valia para o comérciolocal, porque acaba por ser umcomplemento à restauração na

vila e a outros setores.”Com esta nova localização, ficamsatisfeitos alguns requisitos le-gais de apoio a este tipo de estru-turas, que o vice-presidente con-sidera importantes. Silvino Lúciodiz que os parques de estaciona-mento e toda a zona desde aMarquesa até à linha de comboiopoderão vir a ser requalificadascom a implantação de vários ser-viços, como pequenas oficinasou armazéns.

Bombeiros de ontem e de hoje

Nova zona em causa do mercado

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5Valor Local Sociedade

Refood quer alimentar todas aspessoas que passam fome no CartaxoUm grupo de 14 pessoas na ci-

dade do Cartaxo uniu-se emtorno de um ideal: alimentar osmais desfavorecidos através dassobras dos restaurantes, cafés,cantinas de escolas, entre outrasinstituições. O projeto chama-seCartaxo Refood, e tem sido umsucesso em outras localidades dopaís estando também presente noestrangeiro. A ideia partiu de umamericano a viver em Lisboa em2011. O estado de espírito entre ogrupo do Cartaxo é de grande ex-petativa e de muita vontade de ar-regaçar as mangas. “Estamosempolgadíssimos”, referem osquatro elementos com quem falá-mos.“Este é um projeto que traz ao decima o nosso lado voluntário, equando no nosso dia-a-dia nosdeparamos com casos de pes-soas que têm necessidade de co-mer, vemos que faz todo o sentidoimplementar este projeto”, refereAna Andrade deste grupo pionei-ro, e não tem dúvidas de que “hágente a passar fome no Cartaxo”,embora seja difícil de acreditar emtal. O grupo já se deu a conhecerjunto da Segurança Social e deoutras entidades que fazem há

mais tempo serviço de voluntaria-do no âmbito dos mais desfavore-cidos. O Cartaxo Refood pretendetrabalhar em rede com os demaisinterlocutores, nomeadamente,Cruz Vermelha e Conferência SãoVicente de Paulo. Uma vez no terreno, dado queeste grupo ainda se encontra emfase de formalização de todo oprocesso, procederá à recolhados excedentes nos locais queaderirem ao movimento, de fora fi-carão quaisquer particulares, porquestões de segurança alimentar“Toda a comida que nos será en-tregue deverá ser devidamenteacondicionada e etiquetada”, elu-cida Nuno Carvalho. “Vamos pos-suir um centro de operações deacordo com as normas da ASAE,respeitando todas as normas”,acrescenta Cristina Pinto. O grupo acredita que até ir para arua, toda a logística ainda vai de-morar meses, porque os voluntá-rios deverão ter “formação ade-quada para manusear os alimen-tos, entrevistar os necessitados,fazer o levantamento entre outrosaspetos”. Para já, o grupo vai dara conhecer o seu projeto publica-mente no dia 10 de abril no Centro

Cultural do Cartaxo, pelas 21 ho-ras, com a presença do fundadordo movimento, Hunter Halder.Quanto aos possíveis doadoresde bens alimentares, a receçãonão podia ser melhor – “Está a sersurpreendente”, constata CristinaPinto. “Curiosamente já temos in-dicação por parte de um proprie-tário de três restaurantes no con-celho que pediu para falar connos-co, porque quer ajudar e muito!”,revela Nuno Carvalho. “Por outrolado, nas escolas também sobramuita comida, porque há miúdosque compram a senha de almoço,e no dia seguinte acabam por nãocomer na cantina, e essa comidanão pode ser novamente aprovei-tada”, acrescenta Ana Andrade.Os voluntários inscritos neste con-ceito que por enquanto vai funcio-nar apenas na cidade do Cartaxoterão de dedicar duas horas porsemana a este projeto, nas suasvárias etapas- “Uns vão se dedi-car à embalagem e outros à reco-lha e distribuição”.O projeto que se iniciou em 2011na freguesia de Nossa Senhorade Fátima, em Lisboa, conheceuquase imediatamente uma grandeadesão, com 24 mil refeições ser-

vidas por mês em média, em Por-tugal, mas hoje esse número su-biu. Este grupo procura agora uma es-pécie de centro logístico, maspara já “ainda é cedo”. “Estamos atentar implementar o projeto, foi-nos indicado um local por parte daigreja, mas ainda temos outras fa-ses pela frente”, referem Ana An-drade e Nuno Carvalho.

Na cidade do Cartaxo, têm fome“as pessoas que perderam o em-prego, que têm contas para pagar,não lhes sobrando muito mais doque para uma refeição por dia. Jáfalámos com professores que ale-gam que há crianças que apenascomem na escola. É muito triste”.“Um dos objetivos da Refood é ali-mentar cem por cento todas aspessoas que estejam a passar

fome, independentemente se hámuito ou pouco tempo”, elucida Fi-lipe Valente. “Mas também quere-mos ajudar se precisarem de aju-da em outros campos que impli-quem a reorganização das suasvidas, o mote é entreajudarmo-nos”, referem. Para isso esperamque muitos mais voluntários pos-sam fazer ajudar a crescer o gru-po.

Algumas das caras que encabeçam o projeto

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6 Valor LocalOpinião

Se me perguntarem qual foi amaior conquista do Demo-

cracia não hesito em responderque foi o Serviço Nacional deSaúde. Abro aqui um parêntesispara informar que eu não gostonada de falar em conquistas deAbril, porque Abril não conquis-tou nada, quem conquistou fo-ram os portugueses, que conse-guiram, através duma luta deanos nas empresas, nas esco-las e universidades, nas diver-sas organizações legais ouclandestinas em que militaram,nas forças armadas, criar o am-biente popular que propiciou aqueda da ditadura e a restaura-ção da Democracia.É bom que não tenhamos curtoo fio da memória e que nos

lembremos que, para além dosfuncionários públicos que tive-ram apoio na saúde ainda antesda reinstalação da Democracia,através do arremedo social deMarcelo Caetano, na sua curtaPrimavera, com a criação daA.D.S.E., a verdade é que asaúde, para a generalidade dosportugueses apenas, estava aoalcance de quem tivesse dinhei-ro para a pagar. Quem é da mi-nha geração ainda se lembra demuita gente que morreu por nãoter dinheiro para se tratar e demuita família que ficou arruina-da para salvar um parente!Vivemos ao longo de todos es-tes anos com um direito univer-sal à saúde. E como na genera-lidade das relações, os laços

afetivos vão-se instalando e co-meçamos a pensar que são umdado adquirido e que não temosde lutar por ele. Neste caso,nada de mais falso! Eu bem seique houve exageros, todos te-mos consciência que os portu-gueses por vezes não utilizaramda melhor maneira o ServiçoNacional de Saúde. “Ir ao Cen-tro de Saúde” tornou-se, nal-guns casos, uma forma de aspessoas confraternizarem nasala de espera e de os reforma-dos passarem o seu tempo.Mas naturalmente que essesabusos ou desvios pontuais nãopodem ser utilizados para pau-latinamente ir acabando com oSNS. Temos assistido, nos últi-mos anos, não diria que a uma

tentativa de acabar com o SNS,mas ao desenrolar dum conjun-to de “notícias” criteriosamentelançadas para o público, que otentam desacreditar, e uma sé-rie de condicionalismo que otêm vindo a enfraquecer.Na minha perspectiva, cabenesta ultima categoria a tentati-va de lançar para as AutarquiasLocais uma parte substancialdas funções centrais em termosde Saúde, lançando a confusãogeneralizada, pois não se sabeexactamente o que se pretendepassar, como passar, com quemeios vão passar, e lançando, àboa maneira portuguesa, o pâ-nico nas hostes corporativas daSaúde.Não é que eu não considere

que algumas áreas da saúdeseriam melhor geridas numa óp-tica de proximidade que as Au-tarquias Locais detêm. Mas épreciso ser claro e afirmar quetal mudança deve estar circuns-crita apenas à temática da saú-de pública, no campo da pre-venção, da educação para asaúde, da monitorização eacompanhamento da saúde co-munitária. Acho que sim, que oscuidados de saúde e as popula-ções só teriam a ganhar comisso. E mais, acho que a des-centralização dessas funçõespara as Autarquias deveria seracompanhada dum envelope fi-nanceiro de transferênciasanuais do Poder Central para asAutarquias consignado à saúde

– isto é, não se poderiam des-viar essas verbas para outrosfins nem fazê-las oscilar em fun-ção da “saúde” financeira decada uma das Autarquias.Temos de actuar em conformi-dade com a constatação deque, não estando o SNS em pe-rigo de extinção a curto prazo,têm vindo a ser tomadas ou es-tão a ser preparadas medidasque o enfraquecem e, se o que-remos conservar ao serviço dosportugueses, temos que lutarpor ele!

Serviço Naciona de Saúde:

A maior conquistada democracia

Joaquim António Ramos

Segredos da JustiçaInjução de pagamento: o que é?Ainjunção é um procedimen-

to que permite ao credor deuma dívida ter um documento(a que se chama título executi-vo) que lhe possibilita recorrera um processo judicial de exe-cução para recuperar junto dodevedor o montante que estelhe deve.Nos termos do Decreto-Lei n.º269/98, de 1 de Setembro, esteprocedimento apenas pode serutilizado quando esteja em cau-sa uma dívida igual ou inferiora 15.000€ ou uma dívida queresulte de uma transação co-mercial (sendo que, neste caso,não existe qualquer limite aovalor).Sublinhe-se que, para esteefeito, considera-se como tran-sacção comercial a “transação

entre empresas ou entre empre-sas e entidades públicas desti-nada ao fornecimento de bensou à prestação de serviços con-tra remuneração” (cfr. alínea b)do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º62/2013, de 10 de maio), sendoque não são abrangidos poreste regime os “contratos cele-brados com consumidores”, “osjuros relativos a outros paga-mentos que não os efectuadospara remunerar transacções co-merciais” e “os pagamentosefectuados a título de indemni-zação por responsabilidade ci-vil, incluindo os efectuados porcompanhias de seguros” (cfr. n.º2 do artigo 2.º do mesmo diplo-ma legal).A tramitação do procedimentode injunção é relativamente sim-

ples e bastante célere. Após aapresentação eletrónica do re-querimento de injunção no Bal-cão Nacional de Injunções, odevedor é notificado para proce-der ao pagamento da dívida emcausa ou apresentar a sua opo-sição, o que tem de ser feito noprazo de 15 dias.Esta notificação contém desig-nadamente os seguintes ele-mentos: (i) a identificação docredor e do(s) devedor(es); (ii) aexposição sucinta dos factosque fundamentam a pretensão,(iii) a formulação do pedido,com discriminação do valor docapital, juros vencidos e outrasquantias devidas, (iv) a indica-ção do prazo para a oposição ea respectiva forma de conta-gem, (v) a indicação de que, na

falta de pagamento ou de oposi-ção dentro do prazo legal, seráaposta fórmula executória ao re-querimento, facultando-se aorequerente a possibilidade deintentar acção executiva e (vi) aindicação de que, na falta depagamento da quantia pedida eda taxa de justiça paga pelocredor, são ainda devidos jurosde mora desde a data da apre-sentação do requerimento e ju-ros à taxa de 5% ao ano a con-tar da data da aposição da fór-mula executória.Caso o devedor não efectue opagamento ou não se oponha àinjunção, será automaticamenteaposta no requerimento de in-junção a seguinte fórmula:«Este documento tem forçaexecutiva.» (cfr. artigo 14.º do

anexo ao Decreto-Lei n.º269/98). Tal significa que ao do-cumento passa a ser atribuída avirtualidade de servir de base àcobrança judicial coerciva docrédito, com a consequente pe-nhora de bens. Só não será as-sim se o pedido não se ajustarao montante ou à finalidade doprocedimento, caso em que aaposição da fórmula executóriaé recusada. Importa referir queo procedimento de injunção nãocorre nos tribunais, exceto se odevedor apresentar oposição àinjunção. Com a dedução deoposição o procedimento de in-junção assume um carácter ju-risdicional, sendo distribuído aotribunal competente para a rea-lização de audiência de discus-são e julgamento.

As custas processuais comeste procedimento variam entre51€ e 153€, dependendo do va-lor concreto pedido na injun-ção. Em conclusão, este é um pro-cedimento barato, simplificadoe célere. De facto, o tempo mé-dio de resolução das injunçõesé inferior a 3 meses, o que émuito relevante para a salva-guarda e defesa atempada doslegítimos interesses do credor.

António Jorge LopesAdvogado

[email protected]

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7Valor Local Opinião

Nas últimas décadas, os enor-mes progressos na área da

saúde, têm tido um papel prepon-derante no aumento da longevida-de.Em Portugal existe um grande pro-blema a nível da saúde na terceiraidade, com a escassez de médi-cos. Muitos cidadãos não têm atri-buído médico de família, assim têmde recorrer a consultas de recursoem que têm de esperar longas ho-ras. Alguns doentes que sofrem dedemências não são encaminhadospara especialistas da área ouquando são encaminhados aguar-dam muito tempo pelas consultase as famílias têm poucos recursospara recorrer a médicos particula-

res. As doenças mais comuns na ter-ceira idade são as demências(Parkinson, Alzheimer), doençascardiovasculares, acidentes vascu-lares cerebrais, problemas respira-tórios e diabetes. Para prevenir es-tas patologias devemos realizarexercícios físicos regulares ade-quados à pessoa, ter atenção à ali-mentação (evitar o consumo ex-cessivo de sal, de gordura), contro-lar a tensão arterial, a glicemia e ocolesterol.Muitas pessoas desconhecem aexistência da Rede Nacional deCuidados Continuados, esta éconstituída por instituições públicasou privadas, que prestam cuidados

de saúde e de apoio social a pes-soas dependentes, nos domicíliosou em instalações próprias. A equipa de cuidados continuadosna comunidade promove a manu-tenção no domicílio das pessoascom perda de funcionalidade.As Unidades de Convalescença(internamento até 30 dias) dirigem-se a pessoas que estiveram inter-nadas num hospital devido a umasituação de doença súbita ou aoagravamento duma doença ou de-ficiência crónica e que já não pre-cisam de cuidados hospitalares,mas requeiram cuidados de saúdeque não possam ser prestados nodomicílio.As Unidades de Média Duração e

Reabilitação (internamento entre30 e 90 dias) destinam-se a pes-soas que perderam temporaria-mente a sua autonomia, mas quepodem recuperá-la. As Unidades de Longa Duração eManutenção (internamento maisde 90 dias seguidos) destinam-sea pessoas dependentes comdoenças crónicos, que não reúnamcondições para serem cuidadasem casa. As Unidade de Cuidados Paliativosdirigem-se a doentes em situaçãoclínica complexa e de sofrimento,devido a uma doença severa, incu-rável e progressiva.Quando os doentes estiverem in-ternados num hospital, os familia-

res devem contactar a assistentesocial, se os mesmos se encontra-rem no domicílio devem dirigir-seao Centro de Saúde da residência.Uma equipa multidisciplinar avalia-rá a situação do doente e verificaráse reúne os critérios.A grande desvantagem destas uni-dades é que normalmente não hávagas imediatas e os doentes têmde aguardar a admissão não po-dendo permanecer nos hospitais.Os familiares optam por os doen-tes ficam no domicílio ou tempora-riamente nas Estruturas Residen-ciais. Neste sentido é importante,selecionarem Lares de Idosos comalvará e verificarem se estes têmdisponíveis os serviços médicos,

de enfermagem e fisioterapia. Ser-se idoso não significa ser-sedoente, mas o envelhecimento temassociados alguns riscos para asaúde.

A Saúde na Terceira Idade

Num mundo em irreversível pro-cesso de globalização é pen-

samento comum aceite que só adefesa intransigente da identidadecultural permitirá a afirmação peladiferença, de um território que pre-tenda ser um destino turístico.Com efeito, com a enormidade deinformação que é possível a um tu-rista colher do destino sem ter desair de sua casa, as expectativasem relação ao local a visitar (doutraforma a tomada de decisão seriapor outro local) são sempre altas e,muitas vezes, perigosamente altasatendendo a que nem sempre a in-formação segue rigoroso critério de“honestidade”.Um destino turístico é-o se: 1. Pos-suir uma forte identidade culturalTANGIVEL e INTANGÍVEL (e, nes-te último caso, dificilmente as no-vas tecnologias de informação opodem transmitir) 2. possuir um“sistema de turismo”; leia-se equi-pamentos turísticos que permitamuma correcta relação “oferta-pro-cura” ; adequada infraestruturação(acessos, serviços de saúde, segu-rança, etc) ;oferta complementarmoderna (Museus,diversão “sho-ping”) 3. Possuir vantagens distin-tas e competitivas bem sustenta-das por uma estratégia de “bran-ding”.Lemos, vemos e ouvimos, perma-nentemente, na comunicação so-cial, factos e números comprovati-vos do relevantíssimo papel que osector do Turismo vem aportandoà economia nacional, duplamente

importante no momento que o Paísvive, sabendo-se como se sabe,como tudo o que signifique expor-tações tem um papel decisivo narecuperação económica.Por isso, no tocante ao Turismo, édeterminante a conquista de mer-cados externos.Turista que consuma aqui, (meroexemplo) 1 garrafa de um bom tin-to, 1 quilo de peixe ou 1 quilo depera rocha, equivale a exportar es-ses mesmos produtos a um preçobem superior, com o IVA a ser co-brado em Portugal e não na res-pectiva transação no País destino.Se a dinamização do mercado tu-rístico interno é importante, emboramuito mais condicionado, é bomde ver, face à situação financeiradas famílias, salta à evidência que,em termos macroeconómicos,essa “fatalidade” tem de ser com-pensada por um redobrado esforçona “ordem externa”.Os números recentemente apre-sentados (“o melhor ano de sem-pre”...) são sem dúvida positivos,mas há que descodificar a suacausa.Para além da nossa qualidade tu-rística intrínseca, fenómenos estru-turais e conjunturais para tal contri-buíram: da chegada das compa-nhias “low cost” à situação em des-tinos concorrenciais (Tunísia, Egip-to ou mesmo Grécia, neste casoparticular, por razões evidentes, re-cuo do mercado alemão). Tudo istoa par da descida do Euro face aodólar (particular impacto no, agora,

tão significativo mercado brasileiro,com a TAP a voar desde inúmerosdestinos naquele gigantesco País)e dos nossos tradicionalmente bai-xos preços na hotelaria e restaura-ção.E aqui, para além da dimensãodos apregoados números, há quesaber da real situação das empre-sas.Vem tudo isto a propósito da im-portância do “brand” de um desti-no, sendo que, dia a dia, no con-texto da oferta nacional, a MarcaLisboa se afirma qualitativamente,condição “sine qua non” para umavalorização financeira gradual doproduto destino.Lisboa é, sem margem para qual-quer dúvida, hoje, o melhor destinodo País, o de menor sazonalidade(permitindo, assim, rácios hotelei-ros bem diferente do restante País,Algarve incluido) , o de maior po-tencial de crescimento (15 novoshóteis abrirão este ano).Lisboa é, além do mais, o principalaeroporto do País ligado às maisimportantes cidades da Europa eAméricas. Então, podemos ser in-diferentes ao modelo de organiza-ção territorial em termos de marcasinternacionais?Desde 1998, o Oeste e o Ribatejointegraram para efeitos de promo-ção internacional a Marca Lisboa,seguindo a lógica de Planeamentoe Ordenamento do Território dese-nhada a partir de documentos tão“pesados” e intelectualmente tãotrabalhados com o PNPOT-Progra-

ma Nacional para as Políticas deOrdenamento do Território ou(mero exemplo de entre muitos) oPlano Estratégico da Região deLisboa e Vale do Tejo (Ribatejo,Vale do Tejo ou, mesmo, vinhos doTejo, essa é outra discussão...)para o horizonte 2000-2010, ondebem se afirma :Uma Região, três sub-regiões:Área Metropolitana de Lisboa,Oeste e Vale do Tejo.Pois (e muitos outros exemplos da-ria: denominação da rede hospita-lar, de Educação, Protecção Civil;agricultura, etc) mau grado todaesta coerente lógica, construídacom bases sociológicas, antropo-lógicas, económicas, morfológicas,etc) o OESTE é, hoje e desde Maiode 2013, um destino turístico per-dido na dimensão e confusão daMarca “internacional” Centro, e oRibatejo partido em dois, com umametade nesse mesmo emaranha-do da “marca” clara e comprovada-mente menos valiosa do País e, aoutra metade (quais filhos separa-dos da casa materna) na marca(sem aspas, porque pelo menos oé) Alentejo onde curiosa e louva-velmente os responsáveis não te-rão “esmagado”, ao invés, a marcaRibatejo.Toda esta inacreditável solução emque, seguramente , o próprio jo-vem Secretário de Estado do Turis-mo não acredita (é justo aqui dizerque não foi este, bem pelo contrá-rio, o mapa enviado a Conselho deMinistros em Abril de 2013).

A par de um articulado muito discu-tível, face aos claros laivos de cen-tralizador (pese embora a legitimi-dade governamental para o fazer),o Mapa das 5 Regiões turísticas acriar seguia (na tal proposta reme-tida a CM pelo SET) os “cânones”da legislação vigente e absoluta-mente na linha com o DL 228/2012(deste mesmo Governo, claro)onde Oeste e Vale do Tejo são co-locados (leia-se mantidos) na NUTII Lisboa e Vale do Tejo ,onde seencontram há cerca de 30 anos!No anexo ao DL estão claras ascomposições das NUT III (as tais“sub-regiões”) e, Município a Muni-cípio, a sua composição.Quem, pois, esteve por detrás des-ta inacreditável “golpada política”em pleno Conselho de Ministrosdando origem ao absurdo que é aLei 33/2013. Porque os partidos doarco da governação, em particularo PS (como me foi dado compro-var em reunião na AR) se sentiramtão desconfortáveis na AR ,”asso-biando para o lado”? Milagre?Importa , em nome da verdade, dacoerência regional e turística ,pen-sar corrigir tamanho disparate !Voltar a unir o Ribatejo, voltar a co-locá-lo lado a lado com o Oeste nocorpo promocional da mais impor-tante Região turística : Lisboa Nãoé ali que está o mais internacionalAeroporto do País, ligado às gran-des cidades da Europa e das Amé-ricas ? Será de facto para as nos-sas empresas não, estar debaixodesse “umbrella”?

Imagina-se o Resort Golf/ CampoReal (que recentemente a empre-sa americana Dolce relançoucomo Dolce Campio Real Lisboa)a ser promovido pelo Centro, logo,tendo essa designação ,aparecer(se é que aparece...) num standCentro lá fora ? Podem os 6 cam-pos de golfe do Oeste ter saído daLisbon Golf Coast (onde com Es-toril e Costa Azul já, ganharam oprémio de melhor destino golfemundial)?Ribatejo e Oeste têm de construirum pensamento politico, uma es-tratégia que os leve à verdade an-terior a 2013 e que estranhos(?!)interesses destruiu. Para bem daconstrução de um sólido e próspe-ro destino turistico, porque, já o dis-se, um destino turístico se faz dacoerência identitária e não de joga-das de bastidores de pequenos“actores” políticos de ocasião!

Identidade Cultural,Marca Turística e (des)Organização TerritorialOeste e Ribatejo, tão próximos e (agora) tão distantes

António Carneiro

Elisabete Teófilo

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8 Valor LocalNegócios Com Valor

Há seis anos no mercado, aR.I.Agro continua a marcar

pela diferença. O negócio partiudo gosto de Rui Pereira, o gerenteda empresa, pela área. Mas tam-bém “pelo carinho que temos pe-los animais de estimação, consi-derando-os como um membro dafamília”, e destaca que os animaisestão a ganhar “cada vez mais es-paço na vida das pessoas”, porisso “cresceu também a necessi-dade de produtos a eles destina-dos”.Com loja na rua principal de Avei-ras de Cima, a R.I.Agro conseguiuobter uma visibilidade importante,ao mesmo tempo que sublinha RuiPereira, “proporciona aos clientesa acessibilidade e a facilidade deestacionamento que a antiga loca-lização não nos permitia”. Essa foi uma batalha já ganha,pois o cliente tem-se mostradobastante satisfeito com as novasinstalações da empresa, até por-que para além da facilidade deacessos dispõe igualmente deuma maior diversidade de produ-tos.A esse nível, Rui Pereira destacaque tem em stock “todo o tipo pro-dutos e rações para animais deestimação e de produtos para a

agricultura e jardim”, vincando avenda de plantas, sementes, adu-bos, material de pesca, ferramen-tas, utensílios para a agricultura eprodutos e rações para animais degrande porte.No que respeita a outras valên-

cias, a empresa tem um serviço deentregas, nomeadamente, maispróximas, até porque tem clientes“que não dispõem de meios parase deslocar ao estabelecimento”,ainda assim salienta que a empre-sa tem clientes de outros conce-

lhos próximos como Azambuja,Cartaxo, Vila Franca e Santarém.A contribuir para o bom desempe-nho da empresa, para além dasimpatia e tratamento personaliza-do, a R.I. Agro é igualmente repre-sentante de duas marcas de ra-

ções muito importantes no merca-do nacional, mas de origem inter-nacional.Por outro lado, destaca, que acre-dita no potencial nacional e porisso também aposta em muitosprodutos feitos em Portugal, “es-

perando que isso sirva para fazercrescer a economia nacional. Éum dever de todos os portuguesesde consumir o que produzimos, enão cair no erro de importar poistemos muita qualidade no que fa-zemos”.

R.I. Agro com nova dinâmicaem Aveiras de Cima

Rui Pereira vende de tudo um pouco para animais

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9Valor Local Turismo

¢ Sílvia Agostinho

Está a decorrer desde o iníciodo mês de março, a 19ª edi-

ção do Mês da Enguia, e segun-do a vereadora Helena Neves, aadesão tem corrido de uma formaacima das expetativas. Com duassemanas decorridas do evento, jáse caminhava a passos largospara as duas toneladas de en-guias confecionadas nos restau-rantes aderentes no concelho deSalvaterra de Magos.“Temos tido uma enorme adesãoao pavilhão da feira de artesanatoe dos produtores locais. E deacordo com os restaurantes, es-tamos a registar um número mui-

to grande de visitantes ao conce-lho para virem provar a enguia”,refere. O certame por si só tam-bém coloca em evidência “os as-petos culturais e paisagísticos doconcelho”. Neste âmbito, “as ex-posições a decorrer também têmtido uma adesão significativa,bem como as demais iniciativas aterem lugar. No fundo, o Mês daEnguia não passa só por as pes-soas virem comer a Salvaterra evoltarem para casa”. Helena Neves refere que a apos-ta “este ano foi mais forte”, com“mais artesãos, com mais ofertano pavilhão do Inatel”, bem como“ a envolvência das nossas asso-

ciações, fazendo com que tenha-mos mais visitantes”. Para já, ain-da não está feita a contagem dosque vão passar na feira do arte-sanato. No final do certame, seráfeito esse balanço junto dos 18restaurantes aderentes. Os queentraram pela primeira vez , con-sideram que “a aposta está a serpositiva”. Fomos conhecer de perto algunsdos artesãos do concelho presen-tes no pavilhão do Inatel. Gomesda Silva é oleiro, tem 71 anos, ehá 57 anos que se dedicou a esteofício e confessa que nesta alturajá não se ganha nada com a ola-ria, ao contrário de outros tem-

pos. “As pessoas compram omais barato, mas depois ficammal servidas”, referindo-se aosprodutos chineses do género.Quanto à iniciativa, não tem dúvi-das: “É boa, e já devia ter estacomponente do artesanato hámais tempo”. António Vidigal, da freguesia doGranho, dedica-se à cestaria, eusa o vime chileno nos seus tra-balhos, que “é mais macio, e nãoparte”, “O bicho não entra comeste material”, diz a sorrir, ao re-ferir-se à qualidade da matéria-prima. Começou a arte aos 12anos, e hoje com 67 anos assistea um novo interesse do público

na aquisição da cestaria – “A mal-ta já gosta disto outra vez, pas-sou a moda do plástico”. Mesmoassim não consegue viver dacestaria – “Fui camionista durantemuitos anos, agora retomei tendoem conta também esta iniciativada Câmara”.Alexandre Rodrigues, de Mari-nhais, produz utensílios a partirde jornal, entregámos-lhe umexemplar do Valor Local, e omesmo referiu que o poderia usarapós avaliar se conseguiria ounão enrolar o papel, e mostra umporta pincéis feito a partir de jor-nais antigos. Os seus critériospara decidir ou não se pode enro-

lar o papel, referem-se à circuns-tância de poderem constar foto-grafias de figuras públicas, emostra uma imagem do papanum jornal – “Destas não consigoenrolar!” Mas quando se lhe per-gunta sobre uma notícia acercade um possível aumento de im-postos, não tem dúvidas – “Issojá seria à vontade”; mas também“alguns políticos podiam ser enro-lados”. No seu caso, refere quese iniciou nestas lides ao melhorestilo, “o desemprego fez o arte-são”. “Vi como se fazia este tra-balho, e desenvolvi as minhaspróprias técnicas, típicas da tece-lagem”.

Mês da Enguia com duas toneladasservidas nos restaurantes

A partir de jornais faz-se objetos diversos Olaria já foi atividade lucrativa

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10 Valor LocalEconomia

Aempresa Fuschia Fusion ins-talada em Ponte de Sor que

adotou um modelo inovador, de-senhado pela empresa da Mari-nha Grande, Vasconcept, quepermite aproveitar o lixo habitual-mente depositado em aterro paraproduzir paletes, barrotes, tábuase perfis através de aplicação detécnicas de extrusão e composi-ção quer instalar-se no Alto daBorralha na Ota, concelho deAlenquer. Sendo que para tal,será necessário proceder-se auma alteração do PDM, que foiaprovada, embora com algumasreticências por parte da vereaçãode centro-direita, na última reu-nião de Câmara.O investimento será de 15 mi-lhões de euros, e a tecnologia emcausa chama-se Prodelix. O pre-sidente da Câmara Municipal,Pedro Folgado, referiu que há es-paço no país para mais 18 em-presas deste género, e Alenquerpoderá ser um desses destinos.Dora Pereira, vereadora do Urba-nismo, acrescentou – “Trata-sede uma empresa não poluente,em que a produção é feita em,circuito fechado, com recurso aovapor de água. O lixo é recebido,

lavado e triturado. Não há emis-são de efluentes ou emissão degases”, e especificou – “A locali-zação em causa possui empre-sas implantadas, coberta porrede viária adequada, eletricida-de e o próprio declive do terrenofoi considerado como uma mais-

valia para a empresa em causa”. Segundo a vereadora, a empresapoderá estar em fase de negocia-ção com o grupo Ikea. Estarãoprevistos cerca de 30 a 40 postosde trabalho para Alenquer numaárea total de 14m2, sendo quesete serão para armazém. A in-

dústria de paletes que tem esta-do condicionada pelo nemátododo pinheiro é um dos principaisalvos da Fuschia Fusion. EmPonte de Sor o investimento ron-dou os 14,2 milhões de euros. Aprodução, segundo a empresa,de 7500 paletes de Prodelix pode

poupar até 300 árvores.Nuno Coelho, da Coligação PelaNossa Terra, “sem querer por emcausa o projeto”, reflectiu que aCâmara deveria pensar, em pri-meiro lugar, em outras zonas doconcelho em espaços mais oumenos devolutos, em zonas in-

fraestruturadas e não correr o ris-co de se desafetar terrenos agrí-colas”.Este é um projeto com capitalportuguês, conforme foi tambémdado a conhecer por represen-tantes da empresa em reunião deCâmara.

Empresa que transforma o lixoem paletes quer vir para Alenquer

Barra de prodelix

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11Valor Local Ambiente

Está programada para duranteo mês de Junho a conclusão

da construção do Lar Residencialda Associação do Centro de Diapara a Terceira Idade de NossaSenhora do Paraíso. Esta é a úni-ca obra do género a decorrer,neste momento, no distrito de Lis-boa e assume um papel impor-tante numa freguesia e num con-celho, onde está a aumentar a es-perança média de vida. Em maisuma visita, foram dadas a conhe-cer novas formas de eficiênciaenergética, nos materiais utiliza-dos, na construção do novo equi-pamento, permitindo uma gestãocom custos controlados na explo-ração do edificado.De acordo com os responsáveis,estamos perante “um tipo deequipamento invulgar, não sópela sua envergadura, como pe-los métodos inovadores que es-tão a ser utilizados na sua cons-trução.” Adjudicada a uma empre-sa de Azambuja, a ConstruazaLda, a obra tem decorrido dentrodas expectativas. O responsável

pela empresa, Orlando Monteiro,salientou que esta obra tem um“caráter muito especial”, porque“está a decorrer num edifício ondese encontram pessoas idosas, epor isso tivemos de nos adaptarde forma a fazer a obra com o mí-nimo de perturbação para essesutentes”. Ao nível da construção, o projetoapresenta-se como o mais efi-ciente possível. O isolamento foiuma preocupação e a técnica uti-lizada “Capot” consistiu na colo-cação no exterior de todo o edifí-cio de placas de isolamento, oque permite, segundo o respon-sável pela obra, que o calor semantenha dentro da casa no in-verno; e no verão o ambiente sejamais refrescante. Esta é uma téc-nica pouco usual em Portugal,mas tem de resto grandes bene-fícios, já que tem impacto diretonas condições térmicas do edifí-cio.Outro dos aspetos invulgaresdesta obra, residiu na utilizaçãode cimento sem areia. De acordo

com Orlando Monteiro, esta op-ção foi tomada tendo em conta adificuldade de acesso à parte su-perior do edifício. Outra das ino-vações desta obra está relaciona-da com a colocação de piso ra-diante hidráulico. Na prática sãoplacas isolantes dispostas emtodo o pavimento, que através detubagem aplicada para o efeitopermite a circulação de águaquente a 40º, com origem numenorme sistema solar térmico, jáinstalado que por sua vez alimen-ta todas as casas de banho, cozi-nha e também a lavandaria. Nes-te sistema, a água transmite o ca-lor ao piso através da tubagemespecífica e o piso, por sua vez,conduze-o ao ambiente da habi-tação. Estas são técnicas importantesque a juntar ao restante sistema,permite, segundo José EduardoPereira, presidente da Instituição,uma redução de custos na faturaenergética. O responsável salien-ta que nesta altura a Associaçãotem um novo sistema de climati-

zação. Até aqui era feito atravésde caldeira a gás, como em mui-tas outras instituições, mas agorae através da implantação de“bombas de calor”, houve uma re-dução na fatura de energia. A co-zinha tem vindo também a ser re-modelada, com novos equipa-mentos mais eficientes.O presidente salientou que apóso arranque do serviço da novaunidade a IPSS aumentará a suacapacidade instalada para mais50%, dos serviços prestados,mas os custos de energia elétricae gás vão ter reduções em maisde 30%.A fatura do gás desde o passadodia 27 de fevereiro deixou de seruma dor de cabeça para a gestãoda IPSS e em breve será a daeletricidade, uma vez que emtoda a cobertura do edifício vaiser instalado um projeto fotovol-taico, em que vai produzir cercade 70% de toda a energia a con-sumir.Esta é de resto uma obra quetambém é inovadora no tipo de

estrutura utilizada. De acordocom o arquiteto, responsável peloprojeto, Luís Freitas, a estruturametálica é mais leve e não temtantas implicações na já existente. José Eduardo Pereira destacaque a parceria entre a Construazae a associação tem corrido bem,salientando que foi importante ofacto de ter sido uma empresa doconcelho de Azambuja a ganhar aobra, já que assim estão minimi-zados os custos da mesma ao ní-

vel da deslocação e de assistên-cias futuras. José Eduardo Perei-ra vinca igualmente que o concur-so aberto para a adjudicação daobra não teve qualquer reclama-ção. Este é um projeto que foi aconcurso público, onde concorre-ram 11 empresas e foi adjudicadopor 261 mil euros “e sem derrapa-gens”, garante. Garantirá seisquartos e 12 camas, em que seincluem seis suites duplas e mais4 postos de trabalho diretos.

¢ Miguel A. Rodrigues

No que toca ao município deVila Franca de Xira, e segun-

do o presidente Alberto Mesquita,ao nosso jornal “ esta autarquia foia primeira do país a implementar osistema de gestão por teleconta-gem”, que permite um controlo so-bre a iluminação pública, “o que le-vou a uma significativa redução doconsumo de energia elétrica”.“Aliás, entre 2012 e 2013, fomosdos poucos, talvez o único conce-lho do país, a reduzir a fatura anualcom o consumo de energia darede de iluminação pública”.Mas Vila Franca também foi pio-neira na implantação do projeto“Ecobairros”, na Póvoa de SantaIria: toda a iluminação pública foiremodelada, desde a zona maisantiga da cidade até aos novosbairros, com a implementação deuma estrutura “substancialmentemais eficiente em termos energé-ticos (led e não só)”; destacando opresidente da autarquia que tal le-vou “a que fossem substituídoscerca de 100 aparelhos de ilumi-nação pública de baixa eficiênciapor sistemas de iluminação efi-cientes”.Para além disto, foi implementadaem toda a área de intervenção umsistema de iluminação autónoma,

“a partir de um sistema fotovoltai-co, com produção de energia pró-pria e sem qualquer ligação à redepública de distribuição”.Nos equipamentos públicos, naspiscinas municipais de Alverca es-tão também instalados painéis so-lares “e está neste momento a serdesenvolvido trabalho para apre-sentação de candidatura a fundoscomunitários visando implementarsistemas de melhor eficiência aonível da utilização da energia elé-trica em todas as piscinas munici-pais”. Alberto Mesquita lembra ain-da que o município recebeu o pré-mio de “Município ECO XXI” devi-do à implementação do projeto“ENERBIZ – Medir para Gerir”para auditoria energética de umedifício municipal de desporto.Também em Salvaterra de Magosas mudanças ao nível da eficiênciaenergética se fazem sentir. Segun-do o presidente do município, Hél-der Esménio, foram realizadas al-gumas medidas em “avulso hácerca de dois anos, quando sedesligaram cerca de 40 candeei-ros, num loteamento da Ruado Cartaxeiro, em Marinhais e noarranjo urbanístico do Rossio deMuge”. O autarca esclarece queno âmbito da colaboração com aCIMLT, “estamos a aguardar a

aprovação da candidatura aoPPEC-Plano de promoção da Efi-ciência no Consumo (candidatu-ras EDP), para colocação de regu-ladores de fluxo em 4 PT commais consumo no concelho”. Para além destas medidas, o mu-nicípio prepara-se igualmentepara introduzir métodos de efi-ciência energética nos equipamen-tos municipais em parceria com aCIMLT. Estão em causa equipa-mentos como as piscinas munici-pais, centro escolar de Salvaterrade Magos, edifício dos paços doconcelho, biblioteca, pavilhão mu-nicipal e complexo desportivo deMarinhais.No entanto, falta ainda colocar pai-néis solares nos pavilhões despor-tivos de Glória do Ribatejo e deMarinhais, “mas os investimentossão avultados, na ordem dos 40mil euros”, vincou o presidente daCâmara.Já no que toca ao concelho deAlenquer, Pedro Folgado, presi-dente da Câmara destaca ao ValorLocal o “Projeto Oeste Led”, cominício programado para o final doprimeiro semestre “e que consistena substituição da iluminação con-vencional por lâmpadas led em al-guns locais do concelho”. Bemcomo “um diagnóstico interno à

rede do município de forma a ga-rantir uma melhor gestão”. Depoisdo diagnóstico haverá um relatórioque “contemplará a situação e asmedidas a implementar em trêsedifícios municipais, designada-mente: paços do concelho, pisci-nas e pavilhões municipais”. Também em Azambuja, as ques-tões relacionadas com a poupançade energia e melhoria do meio am-biente estão na ordem do dia. Se-gundo o vice-presidente, SilvinoLúcio, a iluminação pública é umdos aspetos a ter em conta. O au-tarca salienta que o município vaiimplantar “em conjunto com a EDPum número significativo de altera-ções nas luminárias, ou seja gra-dualmente substituir as atuais lâm-padas por equipamentos leds”. Por outro lado, anuncia que o mu-nicípio propõe-se a ajustar os ho-rários “em que a iluminação é liga-da e desligada”. “Vamos potenciaras zonas urbanas e as mais isola-das em detrimento do que vemacontecendo atualmente, em queexistem candeeiros ligados: “ Pos-te sim, Poste não”. No que tocaaos edifícios, também Azambujaquer rentabilizar energeticamenteos mesmos. Silvino Lúcio salientaque a redução de consumos “con-segue-se através de uma boa ges-

tão dos equipamentos ao dispordos trabalhadores. No fundo atra-vés das boas práticas, do tipo des-ligar luzes, desligar aquecimento”. Todavia uma das questões maisprementes para o município sãoas piscinas municipais, encerradasdesde 2010. Uma das questõesprende-se com o excesso de con-sumo de gás e de eletricidade,mas sobre este assunto, o vice-presidente anuncia que a reaber-tura será “uma realidade no decor-rer de 2015”.O autarca salienta que “o comple-

xo das piscinas vai ser restrutura-do e renovado” anunciando a pos-sibilidade de “construir de raiz umapiscina exterior para que o comple-xo tenha uma utilização anual”. To-davia para isto ser possível, SilvinoLúcio destaca a alteração do com-bustível usado para o aquecimen-to. Irá passar de gasóleo para gásnatural. Para além disso “vamosimplementar um conjunto de pai-néis térmicos e fotovoltaicos, parareduzir a fatura energética e tornaro equipamento mais amigo do am-biente”.

Crise despoletou várias formasde poupança de energia nas Câmaras

Materiais inovadores e sustentáveis novosno Lar Residencial de Vale do Paraíso

Com a crise instalada na maioria dos municípios, houve necessidade de encontrar medidas de contenção e ren-tabilização. A poupança foi mais sentida na iluminação pública e no aquecimento, mas fomos saber junto das vá-rias câmaras municipais em que áreas se tentou diminuir a pegada ecológica e não gastar tanto nos consumos.

Painel solar Ecobairros Póvoa Santa Iria

Os vários intervenientes nesta obra

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12 Valor LocalDestaque

A via-sacra dos centros de saúde¢ Sílvia Agostinho

Onosso périplo pelos centrosde saúde tem lugar numa se-

gunda-feira fria, e começa logo àssete da manhã junto ao centro desaúde do Carregado. No local, jáestão seis pessoas à espera queas portas se abram dali a umahora, às oito da manhã. A maioriados utentes está ali devido a um

episódio de urgência, e há que irbem cedo para assegurar vaga.Este é um clássico que em Portu-gal já tem décadas, e continuará aser enquanto formos deficitáriosde novos médicos. Com um lenço de flanela atado aopescoço, e com uma manta pelosjoelhos, Elisabete Rocha foi a pri-meira a chegar. “Estou aqui desde

as cinco e um quarto, e hoje nãohá médico”, refere inconformadaperante o esforço para conseguirchegar cedo e “apanhar consulta”.Tenta aconchegar-se da melhorforma, mas mal chegou deparou-se com uma surpresa afixada novidro da entrada com a informa-ção de que naquele dia não have-ria consultas nem para a doutora

Conceição nem para a doutoraIsabel. Uma circunstância que dei-xou ainda mais desmoralizadas asutentes que encontrámos. Esta re-sidente no concelho de Alenquerrecorda-se que já foi para a portado centro de saúde do Carregadoàs 4h10 da manhã. “E como podever hoje não há consulta de recur-so, morreu a mãe de uma das mé-

dicas, e outra está com atestadomédico. Estou aqui para ver seconsigo ser atendida pela doutoraHelena, se não conseguir tenhode vir outro dia”.“Custa muito ter de vir para aquitão cedo, principalmente quandohoje estou com febre e cheia dedores de garganta”, lamenta-seHelena Lopes. (O termómetro por

esta hora registava três graus). “Éuma pouca-vergonha, não há res-peito nenhum. Reformam-se mé-dicos, outros vão-se embora por-que se comenta que não se lhespaga ordenado”, junta ElisabeteRocha, embora confesse não ter“razões de queixa” da sua médicahá mais de 30 anos, ConceiçãoCunha.

Seis questões à ARS-LVTTendo em conta a falta de médicos nos concelhos de Azambuja, Alenquer, Benavente, Vila Franca deXira, gostaríamos de saber se à curto/médio prazo está previsto o reforço de médicos nestes conce-lhos? Nomeadamente quais, e cada um deles com quantos clínicos?A carência de médicos é sentida a nível nacional. No domínio deste ACES, para os concelhos de Azambuja,Alenquer, Benavente, Vila Franca de Xira, está previsto o reforço de pessoal médico. Relembramos que noúltimo concurso aberto, na ARSLVT, foram alocadas vagas para Azambuja (uma vaga), Benavente (uma vaga)e Vila Franca de Xira (uma vaga). As 3 vagas foram preenchidas, apesar de uma delas (Benavente) ter ficado,posteriormente em aberto porque o próprio desistiu.No que toca às Unidades de Saúde Familiares, está prevista a criação de novos meios deste génerona região (concelhos acima assinalados)? Até 2009, foi criado um determinado número de unidadesdeste tipo, no entanto segundo os profissionais ouvidos neste trabalho assistiu-se a um decréscimoneste aspeto, que razões podem ser indicadas?A constituição de USF é um processo que depende da iniciativa de um conjunto de profissionais. No concelhode Vila Franca de Xira, há interesse manifesto de um grupo dos diferentes perfis profissionais, com intençãode constituir mais uma USF. Para se reorganizar as equipas neste modelo de gestão de trabalho apenas têmde garantir os profissionais necessários. O ministro da saúde anunciou no final do ano passado penalizações para as empresas prestadorasde serviços de saúde que não cumpram os seus compromissos, é esta uma realidade preocupante naárea da ARS-LVT como está o vosso organismo a acompanhar esta necessidade anunciada pelo titularda pasta da Saúde?No ACES Estuário do Tejo, (quanto às horas afetas pelos cinco concelhos – Arruda dos Vinhos, Alenquer,Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira) estão distribuídas de forma a responder da melhor forma possívelàs necessidades patenteadas por cada um dos concelhos, tendo em conta o número de utentes inscritos semmédico de família. A ARSLVT, I.P., tem vindo a acompanhar de perto os serviços prestados pela empresa.A colocação de médicos de países da América Latina como está a ser vista pela ARS-LVT? A contratação de médicos dos países da América Latina enquadra-se no âmbito de um conjunto de medidasque o Ministério da Saúde tem vindo a implementar para reforçar o acesso da população ao SNS e a ofertade serviços de saúde nos cuidados de saúde primários. Esta medida tem contribuído, principalmente naszonas onde é reconhecida a falta destes profissionais, para garantir o acesso da população aos serviços desaúde e fazer face à carência de médicos.Nos concelhos acima assinalados, estão pensadas novas formas de organização e gestão dos atuaiscentros de saúde tendo em conta a reforma de 2005?O ACES Estuário do Tejo, tem dinamizado os Cuidados de Saúde Primários, tendo em conta o cidadão nocentro do sistema, proporcionando maior acessibilidade e equidade nos cuidados de saúde e social.Muitos profissionais com quem falámos queixam-se da falta de material médico nos seus centros desaúde. Que melhorias estão previstas neste sentido nos centros de saúde nos concelhos por nós as-sinalados?A Direção Executiva do ACES Estuário do Tejo desconhece a falta de recursos materiais, como não tem qual-quer registo de ausência de prestação de cuidados de saúde aos utentes por falta de recursos materiais.

Não é novidade, mas a falta de médicos na região é dos assuntos mais falados e preocupantes nos diver-sos concelhos. A rebentar pelas costuras está a paciência dos autarcas e dos utentes face a esta situação.Fomos para a fila dos centros de saúde ouvir queixas, neste tomar do pulso à falta de médicos na região.

No Carregado, utentes tentam enganar o frio Os três primeiros a chegar a Alverca

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13Valor Local Destaque

No caso da utente Tânia Coluna,esta confessa: “Hoje é um dia in-teiro perdido só para vir para aqui.Aproveitei a minha folga no traba-lho”. Ao contrário de Elisabete Ro-cha, Tânia Coluna refere que nãogosta da sua médica de família. “Ésempre a despachar não é aten-ciosa”. Veio ao centro de saúdenaquele dia devido a uma urgên-cia, mas sabendo de antemãocomo as coisas funcionam, prefe-re ir por vezes a um médico parti-cular, ou ao hospital de Vila Fran-ca. O Valor Local pergunta comofuncionam as idas ao hospital e asutentes respondem em uníssono,gargalhando como que habitua-das ao fado da saúde: “Oh issoainda é pior!”. “A gente entra paralá com uma doença e sai de ládoentes da carola”, responde nes-tes termos, Elisabete Rocha.“Cheguei a esperar sete horas e20 minutos. Tinha pulseira verde.Fui com a minha mãe que estavaa deitar sangue pelo rabo. Nãopude desistir até saber do que setratava”, conta desolada.De acordo com informação pres-tada pela Câmara de Alenquer aoValor Local, neste concelho, demomento faltam sete médicos atempo inteiro nos centros de saú-de do município. Sendo que exis-tem cerca de 24 mil pessoas commédico de família e 13 mil semmédico de família. Quanto àsqueixas, prendem-se principal-mente com dificuldades ao níveldo acesso a consultas em tempoútil e de carácter urgente. “Asquestões de saúde estão no topodas nossas preocupações e dasnossas agendas, mas as compe-tências dos municípios a este ní-vel são residuais”, refere a autar-quia, que acrescenta que continuaa exercer “forte e permanentepressão junto das entidades com-

petentes no sentido de resolverestes problemas”.Junto da ARS – LVT tem insistidonão só na falta de médicos comoa necessidade de “um investimen-to sério na melhoria dos equipa-mentos, especialmente nos cen-tros de saúde de Olhalvo e Abriga-da.”

Em Alverca, há quem chegueàs 3h da manhã

Por volta das 7h30, estávamos jáem Alverca, um dos pontos dra-máticos da saúde na região. Cer-ca de 28 pessoas aguardavampela abertura do centro de saúde,ao frio e algumas com ar visivel-mente doente. “Às segundas-fei-ras já sabemos que temos de con-tar com filas enormes à porta docentro de saúde. Vou ver se con-sigo ter consulta de manhã, por-que à tarde não posso faltar aotrabalho. Temos de lidar com ofrio, a saúde está cada vez pior”,conta Maria Leal que chegou àssete. “No dia antes até tento nãopensar que tenho de vir para aporta do centro de saúde para nãome enervar”, acrescenta EstevãoCorreia, que chegou às sete e umquarto. Maria Leal acrescenta –“Deveríamos ter uma sala paraaguardar o início das marcações,temos de aguardar cá fora ao frioe à chuva”.Mais à frente na fila, vamos en-contrar os que acabaram por virpara a porta do centro de saúdeainda mais cedo, como SandraMarques, desde as 6h30 à espera– “Já é a terceira vez que tento ob-ter consulta, vamos lá ver se édesta, as vagas são poucas.”.Tem médico de família, mas ashoras de espera acabam por serum sofrimento para quem, acimade tudo, está doente – “Não en-

tendo porque não abrem as portaspara esperarmos lá dentro. Os se-guranças não nos abrem a porta,com tanta gente aqui fora a pas-sar mal. Escusávamos de estar aofrio e quando temos idosos quevêm às três ou quatro horas damanhã. Quando chove então nemhá palavras, e com os segurançaslá dentro!”, descreve atónita como estado de coisas. “Quando foiconstruído o novo posto médico,pensámos que poderia haver me-lhoras nas condições mas pensoque o atendimento piorou. Não hálógica nenhuma nisto!”. Ao seulado, o utente António Almeida, re-fere que já chegou a ir seis ousete vezes para a porta da unida-de de saúde para conseguir umavaga, porque o médico de famíliasó atende duas pessoas fora dasconsultas marcadas.Quanto ao atendimento por partedo seu médico, Sandra Marquesnão está satisfeita – “O meu paiapanhou a legionella graças a ele,porque diabético e com febre, dis-se que não era preciso ir para ohospital”, diz. “Entretanto restabe-leceu-se mas continua debilitadoporque já tem 81 anos. Ficou ausar fralda”. Jorge Dias é o primeiro da fila.Chegou às três da manhã, e nun-ca veio tão cedo. Está confianteque desta vez a sorte não lhe vaifugir e conseguirá por fim a alme-jada consulta. Sobre a saúde emAlverca ironiza, “está uma maravi-lha!”. Sabe que os segurançastêm ordens para não abrirem asportas, “porque os chefões é quemandam”. Manuel Cruz foi o se-gundo a chegar, às cinco da ma-nhã. “Isto é abaixo de péssimo”,diz rindo. Etelvino Tiago que com-pleta o pódio dos primeiros a che-gar ao centro de saúde de Alvercanaquela segunda-feira, sintetiza –

“Os médicos podem ter boas in-tenções, mas depois acabam pornão conseguir saber do nosso es-tado clínico. Porque num dia vi-mos e está cá um, mas da segun-da vez aparece-nos outro”. “Jávim mostrar os exames a um mé-dico diferente do primeiro que meatendeu”, acrescenta ManuelCruz.No último ano, o PCP levou acabo algumas manifestações pelamelhoria dos cuidados de saúdeem Alverca, e Carlos Braga da co-missão de freguesia daquele par-tido, diz ainda que as soluções decontratação de prestação de ser-viços médicos a empresas exter-nas “não têm produzido resulta-

dos e primam pela incerteza”.Nesta freguesia, refere que hácerca de 13 mil utentes sem mé-dico de família para uma popula-ção de 30 mil habitantes. O presidente da Câmara de VilaFranca, Alberto Mesquita, adiantaque tem pedido muitas reuniõescom o ministro da Saúde e res-ponsáveis da ARS, e destaca a“complexidade” do caso do centrode saúde de Alverca e do de Pó-voa de Santa Iria. “Mas o de Alver-ca é o mais difícil” até porque re-centemente, o corpo médico domesmo recusou a inclusão de es-tagiários, alegadamente por ques-tões “remuneratórias”. (Os clínicosà partida não estavam disponíveis

para despender tempo na integra-ção e no enquadramento clínicodos jovens médicos pelo mesmoordenado.) “Sobre isso não co-mento”, refere o autarca mas dá aachega – “Poderão ter muita ra-zão nos seus direitos, mas assimnão conseguimos resolver os pro-blemas de quem não tem médicode família. Vou continuar a insistir,até porque em outros centros desaúde conseguiu-se amenizaressa dificuldade”. E desabafa – “Éincompreensível estarmos a for-mar médicos para irem para o es-trangeiro, por um lado, e a contra-tar médicos estrangeiros, isto sempor em causa as suas capacida-des, por outro”.

28 pessoas à espera às sete e meia da manhã em Alverca

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14 Valor LocalDestaque

Azambuja: 9 mil pessoassem médico de famíliaOconcelho de Azambuja é

dos mais deficitários em ter-mos de saúde, estima-se quemetade da população não tenhaneste momento médico de famí-lia, no total 9 mil utentes. O pre-sidente da Câmara Municipal,Luís de Sousa tem-se reunidofrequentemente com a ARS-LVT,e ao Valor Local informou que foirecentemente colocado um novomédico em Azambuja, e outro

em Alcoentre, embora atravésde recrutamento de empresasde serviços médicos, o que po-derá continuar a configurar umclima de precariedade acurto/médio prazo.No total, faltam 5 a 6 médicos noconcelho de Azambuja. Nestemomento, há mesmo habitantesde Manique a dirigirem-se à Uni-dade de Saúde de Familiar(USF) de Pontével, no concelho

do Cartaxo. E no caso da fre-guesia de Aveiras de Cima, ofacto de 800 utentes terem pas-sado para a extensão de Aveirasde Baixo está a gerar algumdesconforto. O presidente dajunta, António Torrão, diz mesmoque “em Alverca (sede do ACESEstuário Do Tejo) devem terpressionado um botão que ditouessa espécie de sorteio, porqueestamos a falar de 800 pessoas,

algumas delas idosas sem pos-sibilidade de transporte, nem aoterreno vieram para fazeremessa seleção”.Sobre a posição do presidenteda Câmara de Azambuja que jádisse não estar na disponibilida-de de custear as despesas deum apartamento de modo a cap-tar um médico estrangeiro, a nãoser a custo zero num dos anti-gos apartamentos que serviam

os guardas das cadeias de Al-coentre, diz não entender tal –“Já percebemos que o presiden-te não gosta de médicos estran-geiros, mas se os conseguísse-mos radicar no concelho talveznão fosse mau. Esse tipo de‘saídas’ do presidente sobre osmédicos não são compreensí-veis, depois eu é que tenho má-língua”, atira e sobe de tom –“Não me chocava nada que o

município conseguisse uma so-lução desse género. O que meinteressa é que as pessoas te-nham médico. Não basta Luís deSousa dizer que não tem com-petência para isso, que o Estadoé que deve assegurar os médi-cos, tudo isso são desculpas fá-ceis”. Torrão tem a convicção deque o presidente da Câmaranesta matéria passa a vida a sa-cudir a responsabilidade dos

Concelho de Benavente com saúdede primeira e de segundaSe em Samora Correia tudo

corre pelo melhor, com umaUnidade de Saúde Familiar (dasprimeiras no país) a garantir umfuncionamento satisfatório aosutentes, em Benavente, os habi-tantes daquela freguesia, a pardos de Santo Estevão e Barrosa,ficam com a ideia de que têmacesso a uma saúde de segundacategoria, tendo-lhes saído a favano bolo dos cuidados médicos. Domingos David, da Comissão de

Utentes, refere que das 8h às 20h,a unidade em causa apenas dis-põe de dois médicos para quase15 mil utentes, oito mil não pos-suem médico de família. Tambémneste concelho, as empresasprestadoras de serviços médicosnão têm assegurado o melhor ser-viço e chegam ao ponto de agen-darem as suas faltas, faltando, porisso, constantemente. “Por vezes,o mesmo médico que deveria en-trar em Benavente às oito da ma-

nhã, saía de Évora a essa mesmahora, porque essas empresas as-seguram serviços em vários lo-cais”. O presidente da Câmara deBenavente, Carlos Coutinho, étambém um feroz crítico destasempresas – “Acabam por vir parao nosso concelho médicos já comidades avançadas, alguns com umdesempenho longe do aceitável,com graves lacunas a nível documprimento do que lhes é pedi-do”. Neste sentido, fez chegar as

suas preocupações junto da ARSpara que exista um maior rigor e“penalizações para estas empre-sas que não cumprem o estabele-cido. É inaceitável que em certasalturas o médico nem sequer apa-reça, há falta de qualidade e deresposta”.A comissão de utentes levou aefeito uma manifestação junto aocentro de saúde, e “entretantosoube que essa empresa já nãoganhou o concurso mas a atualtambém não está a conseguir as-segurar o serviço nas melhorescondições”, diz Domingos David.Mais recentemente, um médico foiposto em Benavente, mas quasede imediato teve a possibilidadede ir para Cascais e foi-se embo-ra. O presidente da Câmara deBenavente, Carlos Coutinho, temdificuldade em entender este tipode casos, refletindo que “os con-cursos públicos deveriam acaute-lar as situações de maior carên-cia”. A localização de uma unidade desaúde familiar em Samora Cor-reia, a escassos quilómetros, co-meçou também a ser um chamarizpara os médicos que estavam emBenavente, face a melhores orde-nados, “desguarnecendo a sedede concelho”. “Esse é que é o pro-blema!”, resume Domingos David.Alguns milhares de utentes de Be-navente foram com os médicospara a USF de Samora, “mas mé-dicos que vieram de outros conce-lhos também trouxeram paraaquela USF os seus doentes aco-plados”, continua a descrever. AUSF tem cinco médicos perma-nentes, mais o da extensão dePorto Alto, e ainda quatro estagiá-rios em fim de curso – “Estamos aver se esses estagiários podem virpara Benavente”, e com isso orga-nizar o centro de saúde local. Domingos David refere que o cen-tro de saúde de Benavente já estáindicado como USF mas o proces-so não tem andado. Por enquanto,

a comissão vai sonhando em con-seguir “os mesmos cuidados dequalidade e de boa fama” de Sa-mora Correia, onde o nível dequeixas é inferior. Por enquanto,“vamos tendo dois tipos de saúdecompletamente diferentes no con-celho”. “Precisamos não só demédicos, mas também de enfer-meiros, e de pessoal administrati-vo”.Contudo não há bela sem senão,e nos últimos tempos, a USF deSamora tem sido alvo de críticaspor querer deslocar o único médi-co que está na extensão de PortoAlto, adstrita àquela USF, para aunidade na cidade em causa.“Não queremos prescindir destaalternativa. A USF alega que umaboa fatia de utentes do Porto Altojá se desloca a Samora, para que-rer encerrar aquela extensão, masdesejamos chegar a um ponto deconsenso”, informa Coutinho. António Lameiras, também da co-missão de utentes, desabafa –“Têm-nos tirado tudo, até na ques-tão de algumas operações que se

faziam no hospital da santa casaque acabaram por nos ser retira-das. O Estado quer é dar dinheiroao grupo Mello e manda tudo paraVila Franca. Isto é inadmissível”. O presidente da Câmara na tenta-tiva de minimizar as ondas de cho-que da falta de médicos diz que naúltima reunião que teve com o mi-nistro e ARS sugeriu que os médi-cos da Santa Casa de Benaventepudessem assegurar os cuidadosdiurnos no centro de saúde, já queo fazem com alguma eficácia noperíodo da noite. “Estamos a veraté que ponto a Santa Casa con-seguiria agilizar”. Carlos Coutinho também gostariade ver replicado o modelo de Sa-mora em Benavente, já que consi-dera que aquela USF tem de-monstrado “uma forma de traba-lhar extraordinária, apesar de sa-bermos que aquelas unidades têmum efeito de eucalipto e secamtudo à volta, mas o desejável eraque a de Benavente pudesse tam-bém seguir esse modelo de ges-tão”.

Comissão de utentes quer saúdeem condições em Benavente

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15Valor Local Destaque

O mundo à parte da USF de PontévelTidas como unidades modelo,

as USF são vistas como o fu-turo dos cuidados de saúde pri-mários. Fomos conhecer a unida-de D. Sancho I, na freguesia dePontével, Cartaxo. Falámos coma utente Olinda Belchior que reco-nhece que a unidade tem boascondições, mas como albergamais habitantes para além dos dePontével, “às vezes assiste-se auma grande balbúrdia”. Tem mé-dico de família, mas lamenta quea unidade esteja encerrada aosfins-de-semana, proporcionandoque em caso de urgência se “en-tupa Santarém”. “Passamos láhoras infinitas que se podiam re-solver aqui”. Esta utente sentadaà espera de poder ter a sua con-sulta não hesita em desabafar

quanto ao hospital de Santarém –“Por vezes o que nos custa nemé o tempo nas urgências, é o mauatendimento por parte de certosmédicos”.Quanto à USF de Pontével, o en-fermeiro Hugo Sousa, reforça que“a equipa é dinâmica e com von-tade de fazer. A maior parte dosmédicos e enfermeiros veio docentro de saúde do Cartaxo”. Vá-rias vezes alvo de auditoria, estaunidade tem de provar o que vale,em planificações por objetivos dedesempenho, e este ano até ga-nhou o concurso da missão sorri-so, pelos cuidados prestados do-miciliarmente no seio familiar aosrecém-nascidos. “Candidatámo-nos com mais 360 projetos desaúde no país, 53 venceram este

prémio, mas nós fomos a únicaunidade de saúde familiar a con-seguir, o que é um grande orgu-lho”. Com uma vasta área comoPontével, Vale da Pinta, Ereira,Valada, a USF com essa verbavai adquirir uma viatura. “Como as altas hospitalares sãocada vez mais cedo, às 48 horas,temos necessidade de prestaresse acompanhamento nas ca-sas dos nossos utentes inscritos,elucidando-os sobre a amamen-tação, o sono da criança, o esta-do do berço, os cuidados de hi-giene, as cólicas e é em suas ca-sas que encontramos esse am-biente propício”. Quando falta um médico nestaunidade tal não é o fim do mundo,“pois todos os outros acabam por

dar apoio e colmatam essa falha,por isso as unidades trabalhamde forma diferente e são um su-cesso”. “Acreditamos que juntossomos mais fortes, é este o lemada nossa unidade”. Hugo Sousaindica que o caminho na Saúdeestá em aplicar o instinto de com-petição e de superação: “Só setem ganhos!”, e desmistifica os in-centivos monetários superioresnas USF – “Há melhorias econó-micas, mas também mais traba-lho e sem horários”. A USF dePontével possui seis médicos,seis enfermeiros e também seisassistentes técnicos. Pontével as-

segura o pólo de Valada e de Valeda Pedra, mas também possuiutentes de Aveiras e da Maçussa,no concelho de Azambuja, que“procuraram esta unidade”.Contactada a Câmara do Carta-xo, e perante o universo de 24462habitantes no concelho, é referidoque nos últimos dois anos houveuma redução de três médicos naoutra USF do concelho, a Unida-de Saúde Familiar Cartaxo TerraViva, devido à qual cerca de 3500utentes não têm médico de famí-lia. “A USF tem feito todos os es-forços para assegurar o atendi-mento aos grupos de risco e adul-

tos em situação aguda. Tem sidoequacionada a possibilidade darealização de obras nas exten-sões de saúde de Vale da Pedrae Valada, tendo já havido uma vi-sita por parte da diretora do ACESLezíria a estas unidades”, é refe-rido. Quanto a esforços desenvolvidosjunto daquele organismo, o presi-dente da Câmara Municipal teveainda a oportunidade de “reiterara sua preocupação com o núme-ro de utentes que se encontrasem médico de família, conside-rando que este é um caso ao qualtemos de dar resposta imediata”

ombros – “Assim ele não está láa fazer nada, no lugar delemoía-me para arranjar médico,que mal tem custear um aparta-mento, assim continua-se a nãoinvestir um cêntimo na Saúdeneste concelho”Em resposta a Torrão, o presi-dente da Câmara refere: “O se-nhor presidente da junta que sepreocupe, então, em arranjarpara a sua freguesia um médico,apenas falei em Alcoentre por-que temos casas do Estado quepodiam ser cedidas gratuitamen-te”. Luís de Sousa não se deixaconvencer pela política de hos-pedagem praticada por outrosmunicípios – “Isso é com eles!Talvez o Governo possa dar

mais mil euros aos médicos quevenham para esta zona, e nãosó para os que vão para o inte-rior”. E reitera que vai continuara diligenciar apenas para as ca-sas de Alcoentre, estando forade hipótese arranjar um aparta-mento alugado pela Câmara. Nesta mesma freguesia de Al-coentre, o presidente da junta,António Loureiro, confirma queas queixas mais frequentes sereferem à “demora para consul-tas”, sendo também referidas “si-tuações de conflito com o pró-prio clínico” que ali presta servi-ço. São conhecidas “queixas re-correntes por atraso na emissãode receitas, sendo que algumassão emitidas no Centro de Saú-

de de Azambuja”. Luís de Sousaespera que a anunciada coloca-ção de um médico em Alcoentrepossa minimizar estes casos,em que utentes daquela fregue-sia têm de vir a Azambuja só porcausa das receitas médicas. “Tendo em atenção as caracte-rísticas e o número de popula-ção, a extensão de saúde deve-ria contar com médico afecto ecom horário completo ou opreenchimento do horário da tar-de”, conclui, por seu turno, opresidente da junta de Alcoentre.O estado da saúde no concelhode Azambuja segue os mesmoscontornos de caos em relaçãoaos restantes. A via-sacra dasconsultas em Azambuja é cum-

prida à tarde. Para conseguiremter acesso ao atendimento porum dos médicos do centro desaúde da sede de concelho, háque ir de manhã para se ser con-sultado à tarde. Maria Augustaconhece bem esta rotina, e dasúltimas vezes, foi para a portada unidade às 10h da manhãpara só ser atendida perto das4h da tarde. “O doutor Casimiroaté ficou muito preocupado por-que o meu marido precisava deinsulina, tem deficiência renal edeu ordens às enfermeiras erestantes funcionárias para quese voltasse a acontecer atende-rem-no logo, porque se tratavade uma emergência. Disse-mepara não esperar vários dias”.

Também o filho completamenteengripado esteve no outro dia nocentro de saúde – “Teve de es-perar cá fora, cheio de febre e atremer o queixo, não deixam nin-guém entrar antes do períododas consultas, só o segurançapermanece dentro do edifício”.Helena Gonçalves também resi-dente em Azambuja conta a suahistória: “Não tenho nada a dizernos últimos tempos, sou bematendida e o tratamento é impe-cável, mas refiro que há seteanos atrás, fui barrada por umafuncionária que barafustou comi-go porque reclamei em ser aten-dida. O meu filho queixou-se deuma dor no peito, pois tivéramosum acidente de carro nessa ma-

nhã, e quis certificar-me do quepodia ser. Foi indelicada, e per-guntou se eu não sabia ler poisestava escrito que não haviamais marcações”, relata e acres-centa – “Contudo, o grande pro-blema é que a organização nes-tas coisas deixa a desejar, poisa maioria dos que ali estavamiam mostrar exames, enquantono meu caso, se tratava de umepisódio verdadeiramente de ur-gência médica. Pedi o livro dereclamações, e a funcionária pe-rante isso começou aos berros adizer que ia chamar o seguran-ça”, sendo que “no final desteepisódio e de eu ter escrito no li-vro, o diretor do centro de saúdeveio dar-me razão”.

Salvaterra disponível para arranjarmais alojamentos para médicos

Ao contrário do concelho de Azambuja, a Câmara de Salvaterra encontra na cedência de um alojamento,e no pagamento das contas com a habitação aos médicos, uma boa solução, que ainda longe da ideal

tem servido para remediar males maiores no concelho. De acordo com a Câmara, ao Valor Local, em recentereunião com a diretora do ACES Lezíria, constatou-se que dos 12 médicos de família que prestam cuidadosno concelho, apenas restam cinco, o que faz com que 58% da população do concelho de Salvaterra de Magos(22 mil habitantes) não tenha médico de família.Esta situação tem sido de algum modo “minimizada” pelos três médicos estrangeiros que estão no concelho,dois deles garantindo o funcionamento da extensão de saúde de Glória do Ribatejo e o outro colocado na ex-tensão de saúde de Marinhais. “Os médicos estrangeiros que têm escolhido continuar no nosso concelho, fa-zem-no porque aqui encontram o enquadramento e o apoio que a Câmara Municipal lhes disponibiliza e queacabam por reconhecer”, considera a autarquia.A Câmara não tem dúvidas que para a fixação destes médicos “contribui decididamente o facto de o Centrode Bem Estar Social de Glória do Ribatejo e de Marinhais disponibilizarem transporte e alimentação, sempreque necessário, cabendo ao município suportar as despesas de arrendamento de habitações, bem como osencargos resultantes de eletricidade, água e comunicações.” Face às carências, a autarquia reforça que estádisponível para continuar a assumir este encargo, embora se encontre preocupada com “a precariedade dasua contratação”.Fomos conhecer a médica escocesa que presta serviço na extensãoda Glória do Ribatejo, Chantal Llano, 33 anos, que chegou à locali-dade em dezembro de 2013. A oportunidade de vir para Portugal coin-cidiu com uma abertura na sua vida pessoal, já conhecia o país e gos-tava. Diferenças entre Portugal e Escócia na saúde são muitas. Noseu país, o serviço “é melhor organizado. Todos os utentes tem mé-dico”. Trabalhava num hospital numa cidade do tamanho de Santa-rém, e esta é a primeira experiência em ambiente de centro de saúde. A adaptação não foi fácil, desde a prática da medicina aos termos téc-nicos bem como a língua. O grande desafio de Portugal e dos paísesocidentais na sua opinião prende-se com o combate a doenças comoa hipertensão, diabetes, obesidade, e apostar na prevenção é funda-mental, e “esta área é pródiga neste tipo de doenças”. Quanto à suaintegração, tem casa em Salvaterra e quando se lhe pergunta sobrea aceitação da população local, não tem dúvidas – “As pessoas da Glória são super carinhosas, e passam avida a oferecer-me peças bordadas”, e mostra algumas delas à nossa reportagem. Mas também é presenteadacom alfaces, legumes e ovos. “É completamente diferente do meu país, onde o médico é visto como um ci-dadão comum, aqui há muito respeito pela figura do médico”.Nos seus tempos livres, dedica-se a passear, e gosta particularmente de Alcácer do Sal.

Resposta à doença agudana linha da frente

Sobre o sucesso que as unidades de saúde familiar possam estar a ter em comparação com os centros desaúde, António Godinho, médico no hospital de Vila Franca de Xira que já assumiu cargos a nível da es-

trutura orgânica na administração regional de saúde, refere que o futuro pode passar de facto por aí, até porquereconhece que os doentes inscritos nas USF deslocam-se menos vezes aos hospitais, por exemplo. “Sãomais bem referenciados nas consultas externas, até porque as USF têm de atingir determinados objetivospara subirem, e obterem compensações”, e não tem dúvidas – “Normalmente, a maioria dos médicos dos cen-tros de saúde já está instalada e possui menores índices de ambição”, mas isto “bate no fundo com o que de-vem ser os cuidados de saúde primários no país”, não tem dúvidas em considerar. O que acontece é que “asUSF são mais caras e o Estado português tem dificuldade em assumir mais compromissos nesse sentido”. Epor isso não duvida, “há que trilhar caminho na resposta à doença aguda nos cuidados de saúde primários,com uma organização diferente, em que o médico pode fazer tudo, desde estudar, consultar doentes, falarcom as famílias, e reunir-se com os colegas. Estar o dia todo na unidade”.

USF foi criada em 2007

Chantal Llano

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16 Valor LocalPolítica

¢ Sílvia Agostinho

Oantigo presidente da Câma-ra de Azambuja, Joaquim

Ramos, tem a convicção de quea novela da EMIA que se está adesenrolar no município desdehá dois meses não passa demais um episódio criado pela Co-ligação Pelo Futuro da NossaTerra, que recorde-se, a este pro-pósito, já apresentou queixas naInspeção Geral das Finanças ena Direção Geral das AutarquiasLocais.Como uma parte das críticas ain-da envolve o mandato passado,com Ramos na presidência domunicípio, especificamente adesvalorização em 5,6 milhõesdos terrenos situados junto à CP

que passaram da Câmara para aEMIA e desta para a autarquia, aoposição sustenta que está cria-do um grande buraco financeirodado que esta verba já não serápossível resgatar, e com isso aCâmara verá aumentado o seuvalor de dívida. Este “buraco de5,6 milhões de euros na situaçãopatrimonial da Câmara vai ter im-plicações sérias nas contas de2014, cuja dimensão ainda nãofoi possível calcular pelos técni-cos da autarquia”, referiu JorgeLopes da coligação ao nosso jor-nal na edição passada. Tambémo vereador da CDU, David Men-des, referiu a este propósito quea dívida dos 5,6 milhões é umaquestão de “grande gravidade”.

Mas Joaquim Ramos não conse-gue descortinar onde é que pairaa dúvida – “A avaliação dos terre-nos é absolutamente irrelevante,percebo que a coligação queiramandar poeira para os olhos daspessoas com essa história, masos terrenos sempre foram da Câ-mara, e a EMIA 100 por cento daautarquia. Não houve transaçãoreal de terrenos. Essas avalia-ções de terrenos tinham um obje-tivo meramente contabilístico”,refere e adianta – “Mas tudo issonão tem importância nenhumaporque os terrenos sempre forampropriedade da Câmara, mesmoquando estiveram na EMIA, em-bora perceba que a coligaçãoqueira perturbar e dividir as pes-

soas”. Ramos contorna ainda –“Ninguém tirou de um lado e pôsdo outro como está a dizer, por-que os terrenos nunca saíram daCâmara, grosso modo. A EMIAnunca pagou essa verba à Câ-mara, foi apenas uma avaliaçãoformal, e isso era prática em ou-tras câmaras, e até em empresasonde o capital não era todo domunicípio.”“Isso é estratégia do doutor JorgeLopes que gosta de amedrontaros executivos municipais, e nestecaso o atual executivo tem todasas razões para ficar tranquilo,pelo menos naquilo que sei sobrea EMIA”.Também Luís de Sousa, ao ValorLocal, garantiu que a dívida da

Câmara não vai subir devido aosterrenos, garantia que obteve nos

últimos dias por parte dos advo-gados.

EMIA

“Coligação quer mandarpoeira para os olhos”

Ramos diz que tudo não passade uma manobra da coligação

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Ávinho à procurada renovação

Valor Local

Ávinho à procurada renovação

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Caderno

¢ Miguel A. Rodrigues

Já não é de agora que opresidente da junta de

Freguesia de Aveiras deCima vem reclamando mu-danças e crescimento. An-tónio Torrão explicou aoValor Local que defendemais dinâmica, mas salien-ta que a própria junta nãotem “um papel direto noprojeto, quer na Ávinho,quer na Vila Museu do Vi-nho”. O presidente da jun-ta destaca que a autarquiaé apenas “um parceiro noevento, mas minoritário.Colabora naquilo que épedido, mas não tem inter-venção direta”.O autarca coloca em cau-sa o atual projeto, salien-tando que “as pessoas per-deram a ligação que ti-nham ao evento nos pri-meiros três ou quatro anosdo mesmo”. Antigamente,refere António Torrão “ha-via uma maior envolvên-cia” e nos últimos temposa situação mudou e aspessoas começaram aafastar-se. “É preciso usar amassa crítica e criar formasde unir e não de desunir”refere o presidente da jun-ta, que acrescenta a neces-

sidade de se autonomizaro projeto. António Torrãorefere que há produtoresque já não abrem durantea Ávinho e que se verifi-cam algumas desistências:“Noto um desalento sobrea forma como o modeloda festa evoluiu”. O autar-ca destaca que “a ideia éboa e o modelo tem o seuvalor, mas é preciso com-plementá-lo e ouvir as pes-soas, bem como envolvera comunidade” afirmandoque este não pode ser umprojeto apenas da Câma-ra, Associação Vila Museudo Vinho e agricultores.O autarca considera que ocertame é importante, masdeve ouvir e envolver a co-munidade, facto que nãoaconteceu até agora. ParaAntónio Torrão, prova dis-so é a alienação das asso-ciações e também da res-tauração em relação aocertame.Sobre a restauração, o au-tarca vinca que a sua par-ticipação é muito impor-tante. Aveiras de Cima temmuitos estabelecimentos eneste caso em concreto“as pessoas até podem tersido contatadas, mas secalhar não com a melhor

abordagem”.A gastronomia local é umamais valia até porque “nin-guém bebe vinho sem co-mer” e por isso tem deexistir condições para quea restauração adira ao pro-jeto, salientando que noano passado houve quemquisesse almoçar ou jantarem Aveiras, mas não haviasinalização. Por isso o pre-sidente da junta defende aparticipação das coletivi-dades da freguesia naconfeção de refeições,através de tasquinhas.O autarca refere que a fal-ta de envolvência tambémse nota na associação deprodutores que deveriaser alargada a todos osprodutores de vinho doconcelho e não só aos deAveiras de Cima. “Há ques-tões que não sei comofuncionam, não sei quemfaz o quê”. António Torrãodiz ter dificuldades em en-tender qual a mais-valia davisita de grupos de turistasàs adegas de Aveiras deCima. O conhecimento e alocalização da terra é umacerteza, salienta o autarca,mas considera ainda assimque a marca “Vila Museudo Vinho” não está bem

aproveitada.O presidente dá comoexemplo privilegiado a saí-da da autoestrada, no nor-te na localidade, que po-deria ser rentabilizadacom um cartaz. “Podia ha-ver algo a dizer que aqui éa Vila Museu do Vinho”,aludindo ao facto de aprópria população aindanão ter conseguido enten-der o projeto. António Tor-rão lamenta que a VilaMuseu do Vinho “não pas-sa de uma designação”, esalienta que a própria as-sociação devia ser mais di-nâmica e questiona – “Aassociação nunca mostrouas contas à junta” e nãosabe onde esta aplica o di-nheiro da venda das cane-cas.Ao Valor Local, José Mata,produtor e presidente doconselho fiscal da associa-ção, vinca que a mesmaaplica essas verbas na rea-lização de formações enão só. O responsável pe-las contas salienta, igual-mente, que as mesmas ser-vem para pagar os conjun-tos musicais e ajudam namanutenção dos pórticosque estão espalhados pelavila. Sobre a apresentação

de contas, refere que asmesmas são dadas a co-nhecer aos associados e àCâmara, através dos pla-nos de atividades.Luís de Sousa, presidenteda Câmara Municipal deAzambuja, refutou as críti-cas de António Torrão sa-lientando que o presiden-te da junta nunca “apre-sentou as suas opiniõesnas reuniões da Ávinho”.“Se tem tantas ideias, achoque as devia colocar emcima da mesa, para quehouvesse mais inovação ealterações na Ávinho”.Quanto ao facto de o au-tarca de Aveiras desco-nhecer o que faz a associa-ção, Luís de Sousa diz quelhe “fica mal não conhecero que se faz na freguesia”e vincou que a associaçãojá apresentou contas à Câ-mara Municipal e que noano passado utilizou asverbas nos espetáculosmusicais, o mesmo se irápassar este ano”.

11 anos de Ávinho

A Ávinho é atualmente or-ganizada pela Câmara emparceria com a junta defreguesia de Aveiras de

Cima e a Associação VilaMuseu do Vinho. Já sãomuitos os grupos oriundosde vários pontos do país edo estrangeiro que visitama Vila Museu do Vinho. Osmesmos são convidados aparticipar na poda das vi-deiras e no pisar da uva.São experiências impor-tantes para quem nuncateve contato com a ativi-dade, podendo igualmen-te provar o torricado debacalhau. Para tal, os visi-tantes pagam 10 eurospor pessoa mas não se vãoembora sem levar umagarrafa do vinho da re-gião.Mas a Ávinho é muitomais. Para além da anima-ção, os visitantes são con-vidados a provar o vinhodas adegas aderentes.Para tal adquirem por doiseuros uma caneca quepossibilita o acesso grátisàs adegas e ao vinho nosrestantes dias da festa. Para além do convívio nasadegas, a Ávinho tem tam-bém um programa musi-cal. Este ano terá como ca-beças de cartaz o grupo“Virgem Suta”, 6ª feira às23h30, e o grupo “Diabona Cruz”, sábado às

Presidente da Junta de Aveirasreclama crescimentoAveiras de Cima vai receber no fim-de-semana de 10 a 12 de abril mais uma edição da Ávinho. Este é um certamejá com tradições na freguesia e no concelho de Azambuja que congrega muito do que se faz ao longo do ano in-teiro. Mas procuramos saber um pouco mais sobre o setor junto da Associação Nacional de Municípios Produtoresde Vinho com sede no Cartaxo, tendo em conta que a nossa região tem conseguido muitos prémios além-frontei-ras, também com vinhos de Aveiras e de Azambuja.

Mais uma edição da Festa dos Vinhos e AdegasÉ um fim de semana de confraternização

18 Ávinho Valor Local

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Será que apenas é im-portante o vinho que

bebemos, deixando parasegundo plano onde o be-bemos?Os copos poderão ter tan-ta influência para uma me-lhor apreciação do vinho?Um vinho pode ser um dosmelhores. Encontramo-nosexpectantes em relação aoque podemos vir a encon-trar. Bom aroma, damos oprimeiro gole e…desilusão.Será do vinho? Talvez não.Provavelmente o copo nãofoi o indicado. Quando se trata de umabebida tão rica de subtile-

zas, o papel dos copos édeveras importante. Reve-lam as nuances da cor e dearomas, ajudando a con-duzir o paladar do enófilo,auxiliando a descobertadas melhores característi-cas. Poderá ate parecer es-tranho, pois nunca pensa-mos nisso, mas o copo as-sume uma relevância ex-tremamente vincada naprova de vinhos. “ os copos funcionam paraum vinho como um bomsistema de som funcionapara um cantor. Um micro-fone de acústica deficientepode atrapalhar ate um

grande cantor lírico, domesmo modo que um reci-piente inadequado nãotraduz a percepção máxi-ma de um vinho”, segun-do o director da divisão devinhos da empresa mun-dial de copos, o Sr. Bolo-nhez.Desde 1950 que por inter-médio de Claus Josef Rie-del se tenta produzir o me-lhor copo. Desenvolveu-seo primeiro tendo comobase o formato de um ovo.A ideia é criar uma espéciede câmara na qual os aro-mas desprendidos do vi-nho se concentrem.

O estudo para a criação decada copo é feito a partirdas papilas gustativas dalíngua humana, doce naponta, salgado e acidulodos lados e amargo no fi-nal da língua. A partir des-te estudo fisiológico do sa-bor e do facto que a pri-meira impressão gustativaé predominante, os mes-tres cristaleiros criaram co-pos que ao levar o liquidoà boca eram capazes dereduzir algumas notasamargas ou por outro ladorealçar o doce da fruta. Os copos são por isso umgrande amigo para o vi-

nho e acima de tudo paraquem o vai beber. Apesarda utilização de copos es-tereotipados para vinhosbrancos e tintos, isso mudaum pouco, pois devemosutilizar o copo mediante otipo e características que ovinho tem. Porque não be-ber num copo grande(copo que tem uma bocagrande), um vinho bran-co? Sabemos que a maiorqualidade do vinho é oseu aroma, logo vamosprocurar o copo que o vaiintensificar mais, um copolargo que vai libertar o aro-ma.

Experimente colocar omesmo vinho em copos di-ferentes e prove! Vai verque as sensações vão serdiferentes e o vinho podeganhar ou perder aromas,mediante o copo ondeestá. Devemos tentar sempreque possível adaptar ocopo ao vinho que vamosdegustar parq que possa-mos retirar toda a riquezado vinho.Com certeza vai tirar me-lhor partido do vinho e darefeição!!!

Rodolfo TristãoEscanção

Importância dos copos

Os vinhos portuguesescomo os do Tejo, entre

os quais os de Aveiras queestarão em destaque emmais uma Ávinho, estãobons e recomendam-se.Esta é a análise de José Ar-ruda, secretário geral da As-sociação de Municípios Por-tugueses de Vinho (AMPV),para quem este “foi umgrande ano para a associa-ção e seus associados”.O responsável destaca en-tre outras atividades a “Galada Cidade Europeia do Vi-nho” que decorreu em feve-reiro em Jerez de la Fronte-ra, Espanha, e a “Gala da Ci-dade Portuguesa do Vinho”que decorreu em Barcelos.Todavia a juntar a estas ga-

las estão ainda outras ativi-dades organizadas por am-bas as cidades ao longo doano de 2014.José Arruda lembra que emmaio do ano passado foiconstituída no Cartaxo a As-sociação das Rotas de Vi-nho de Portugal. Trata-se deuma “instituição que nas-ceu do esforço da AMPVem colocar as Rotas de Vi-nho em Portugal a funcio-nar”, destacando que a as-sociação ficou com três ele-mentos na direção lideradapelo presidente da Rota daBairrada.José Arruda destaca, igual-mente, em género de ba-lanço, a constituição deuma outra associação a “As-

sociação Internacional deEnoturismo”, bem como oConcurso Nacional das Rai-nhas das Vindimas com aparticipação de 15 municí-pios com as suas candida-tas. O fulgor do setor confir-ma-se também pela entradade novos municípios nestaassociação, o que em parteprova a sua dinâmica, comoos concelhos de Anadia eArmamar. No âmbito dasiniciativas, José Arruda des-taca que a associação está alevar a cabo o XIV ConcursoInternacional "La Seleziondel Sindaco 2015" que vaidecorrer de 29 a 31 demaio em Oeiras. Sobre a qualidade dos vi-nhos nacionais, José Arruda

destaca que a presença emgrandes eventos “europeuse mundiais é disso represen-tativo”. O responsável sa-lienta a importância que aassociação dá aos temas doterritório e dos vinhos ten-do em conta o Enoturismoe por isso diz ter a noção“de que cada vez mais apromoção dos nossos vi-nhos tem que ser feita coma promoção dos territórios”. Sobre os certames ligadosao vinho em Aveiras deCima e Cartaxo, acrescentaque os municípios têm sidocada vez mais “os grandespromotores das nossas ri-quezas”, “através da diplo-macia económica, doseventos, dos seminários,

conferências, concursos devinhos e feiras”.No que concerne, à Festado Vinho do Cartaxo, desta-ca que a associação é umparceiro ativo, lembrandoque AMPV foi constituídaem 2007 na Festa do Vi-nho. “Todos os anos faze-mos o nosso aniversário a30 de abril na Festa do Vi-nho. Este ano vamos terpresente a Cidade europeiado Vinho 2015 - Reguen-gos de Monsaraz”.Já no que toca à Ávinho,em Aveiras de Cima, o res-ponsável vinca que esteevento pode melhorar, atéporque a Ávinho, hoje emdia, é um certame “ feito deforma volante através de

um périplo pelas adegas epouco mais”. Nesse sentido,o responsável lembra que oconcelho de Azambuja é as-sociado da AMPV e por isso“estamos disponíveis paracolaborar com o municípiono sentido de melhorar aÁvinho”. Sobre o modelo de gestãoem que a Vila Museu do Vi-nho é gerida pela associa-ção de produtores, com ini-ciativas junto dos turistas,José Arruda considera queque é um “excelente mode-lo. Como em tudo na vidapoderá ser melhorado eadotada aquela que é a es-tratégia nacional de promo-ção dos nossos territórios”.

Vinhos da região estão bem e recomendam-se

ÁvinhoValor Local 1922h00. Todavia as festasarrancam às 18h30 de sex-ta-feira, dia 10, com ainauguração, na Praça daRepública, seguindo-se asprimeiras visitas às adegascom a tradicional oferta defebras, pão e vinho; e aanimação de rua com ban-dinhas populares. O serãocomeça com o fado, nasadegas, e completa-secom a música dos “VirgemSuta”, no Palco da Repúbli-ca.No segundo dia, pelas16h, as ruas são invadidaspor milhares de visitantespara ver passar os grupose carros alegóricos quemostram as diversas fasesd’ “O Ciclo do Vinho”. Anoite musical será assegu-rada, a partir das 22h, pelaatuação dos “Diabo naCruz”.O último dia, domingo,abre com uma gincana detratores – “Fórmula T”, pe-las 10h no terreno do mer-cado mensal. As adegasreabrem as portas às duasda tarde, enquanto as ruassão animadas pelo Rancho

Folclórico “Camponeses”de Vale do Brejo. O Largoda República volta a atrairas atenções, às 15h comum “bailarico à moda anti-ga”, e às 17h para a entre-ga de prémios do 33º Con-curso de Vinhos do Muni-cípio. Pelas 19h, uma ar-ruada da banda da Filar-mónica Recreativa deAveiras de Cima marcará oencerramento da décimaprimeira edição da Avi-nho.Ainda no que toca á ani-mação, há ainda fadoamador itinerante pelasadegas, sexta a partir das21h. Já no sábado o desta-que vai para o desfile et-nográfico demonstrativod’ “O Ciclo do Vinho”, àsquatro da tarde.As varandas e fachadasenfeitadas sob o tema dovinho, fruto do envolvi-mento da população local,bem como a divulgaçãodos resultados do 33ºConcurso de Vinhos doConcelho de Azambuja,completam o leque deatrações. Os visitantes podem aprender a vindimar

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20 Publicidade Valor Local

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21Valor Local Dossier Águas

Aempresa intermunicipalÁguas do Ribatejo (AR) vol-

tou atrás na decisão de albergara totalidade dos serviços de lim-peza de fossas que estava na al-çada das juntas de freguesia.Face ao clima de contestação damedida em alguns locais, sobre-tudo no concelho de Salvaterrade Magos, o conselho de admi-nistração da empresa decidiu re-cuar. Numa primeira fase, aÁguas do Ribatejo socorreu-seda lei emanada pela ERSARpara de certa forma cortar aque-le serviço às juntas, mas Fran-cisco Oliveira, presidente doconselho de administração daAR, ao Valor Local, refere quecomo o plano de infraestrutura-ção dos sistemas ainda não estáconcluído, e como em algumaszonas, o despejo de fossas é fei-to várias vezes por mês, tal po-deria onerar ainda mais os utili-zadores, dado que os preçospara aquele serviço são mais ca-ros na Águas do Ribatejo.“Decidiu-se suspender até queesteja completo o plano de in-vestimentos da Águas do Riba-tejo, e fazer-se o estudo daabrangência desta medida e nú-mero de fossas incluídas. Avaliar

de que forma a Águas do Riba-tejo pode suportar esse encar-go”, refere Francisco Oliveira.“Tratou-se de fazer sobressair oprincípio da solidariedade”, enfa-tiza. O responsável recusa em falarnuma fuga à implementação demedidas que possam causar ce-leuma junto da população, e re-fere novamente a necessidadede se estudar a matéria, “atéporque há fossas com um nívelde precariedade muito grande,ou terrenos onde o nível freáticoé elevado, o que implica ummaior número de limpezas men-sais”, e isto “não era do conheci-mento da Águas do Ribatejo,porque o normal é que uma fos-sa seja limpa duas a três vezespor ano”. E neste caso Salvater-ra de Magos, a par de Alpiarça,é dos concelhos onde o sanea-mento básico sofre alguns atra-sos, com 1500 fossas a funcio-nar ainda naquele concelho. Opresidente da AR refere aindaque as fossas de caráter maisrudimentar não colocam em cau-sa as normas ambientais. No entanto, Francisco Oliveiradá a entender que a AR não po-derá no futuro continuar a subsi-

diar a limpeza das fossas, sobpena dos investimentos neces-sários na atual rede de esgotose coletores ficarem pelo cami-nho. “Vamos reduzindo o núme-ro de fossas sépticas”. Contudopela frente, esta empresa à se-melhança de outras no setor,

tem assistido à relutância e atéoposição de quem já tem os es-gotos à porta não querer optarpor fazer as ligações. “Comonão têm problemas nas fossas esistemas de drenagem, não to-mam as medidas para se liga-rem aos coletores. E ao não se

ligarem podem pôr em causa otratamento do efluente. A ETARao ser construída foi concebidapara tratar um determinado nívelefluentes, ao não o conseguir fa-zer, o sucesso de toda a opera-ção pode estar em causa”. Porisso constata – “É essencial que

as pessoas se mentalizem paraesta circunstância, até porquedurante os dois meses de carên-cia ao pedirem as ligações, osutilizadores não pagam o ramal.Ao não se ligarem, os equipa-mentos podem não fazer o tra-balho nas melhores condições”.

Águas do Ribatejo recua na limpeza das fossas Presidente da AR diz que vai ser feito um estudo. Francisco Oliveira deixa um aviso à navegação: Quemtem esgotos à porta tem de fazer as ligações.

O serviço de limpeza de fossas volta para as juntas de freguesia

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22 Dossier Águas Valor Local

Já passou um ano e três mesesdesde que o processo de rene-

gociação do contrato de conces-são de águas entre o município doCartaxo e a Cartágua mergulhounum ramerrame de negociações,isto depois de a ERSAR, ainda du-rante o mandato de Paulo Varan-da, ter dado o aval à revisão do ta-rifário que recorde-se prevê au-mentos de cinco por cento ao anoaté 2018. A Câmara Municipal ten-ta ganhar tempo pedindo parece-res jurídicos e técnicos. Num desses pareceres ao qual oValor Local teve acesso, elabora-do por Cristina Santos Silva Advo-gados, é defendido que o mesmo“não observa as boas práticas e osprincípios de partilha de risco deuma concessão de acordo com osriscos do mercado, riscos da pro-cura, financeiros, de construção ede exploração”, sendo que temsido “o município a assumir o riscoda procura”. O parecer observatambém que “o anterior executivoatuou sempre no sentido de man-ter o parceiro privado indemne dequalquer risco ou perda relativa-mente ao equilíbrio financeiro sub-jacente à sua proposta de preço”.O Valor Local quis saber qual a

posição dos partidos políticos doCartaxo face ao impasse nesteprocesso entre a Câmara e a con-cessionária. No entender do ve-reador do PSD, Vasco Cunha, en-tre outras questões “a Cartáguaexplica mal a Taxa de Rentabilida-de Interna (TIR) que designoupara o Cartaxo, ou seja a remune-ração acionista”, nomeadamente“ao alegar que já não conseguemexer mais na mesma”. Por isso,também refere que a autarquia atétem sabido gerir bem o imbróglio.Mas se a questão enveredar pelocaminho litigioso, Vasco Cunhadeixa o alerta – “Neste momento,não entrevejo que a Câmara tenhamuitas armas para litigar com aCartágua, tendo em conta a suasituação financeira”. “Mas tambémpenso que a concessionária estána expetativa para verificar o quese seguirá por parte da Câmara.Sei que há estudos preliminares”.No fim de contas, “a Câmara senão tiver razão vai ter de admitirisso mesmo à empresa; e a ER-SAR vai dar sempre razão à Car-tágua, porque passou favoravel-mente no crivo da Câmara e daAssembleia no anterior mandato”.Contudo refere que o que foi assi-

nado pelo anterior presidente daCâmara lhe oferece dúvidas, bemcomo, a composição da comissãode acompanhamento, nomeada-mente, um dos elementos tidocomo próximo do antigo executivo.Já o eleito da CDU na AssembleiaMunicipal, José Barreto, consideraque a Câmara está agir de formacorreta neste processo. “Sempreconsiderámos que o contrato eraleonino para a Câmara, a Cartá-gua tem de arrepiar caminho nemque seja preciso avançar para tri-bunal, não nos podemos ame-drontar”. Em representação do Bloco deEsquerda, Odete Cosme, não vêem que medida “a população pos-sa usufruir alguma coisa com estecompasso de espera”. “ A Cartá-gua tem na mão o contrato assina-do, e se a Câmara não avançarpara tribunal com a contestaçãodessa assinatura, poderá a con-cessionária antecipar-se e promo-ver uma ação contra a autarquiapor não obedecer ao assinado”.Odete Cosme refere que desta for-ma, a Câmara gasta dinheiro empareceres ao invés de avançarpara tribunal “até porque o Tribu-nal de Contas tem vindo a dar ra-

zão aos municípios quando sequeixam de que os contratos nãoestão a ser cumpridos, e neste as-peto a concessionária não está acumprir a sua parte, pelo menosno que diz respeito às obras”. Atéporque o contrato nunca foi envia-do para o TC pelo anterior execu-tivo. “Já é tempo de Pedro Ribeirodizer ao que vem nesta matéria, eelucidar os munícipes, tem de daruma explicação”. Já o presidente do município, Pe-dro Ribeiro, continua a referir queo contrato foi feito ao arrepio dosserviços da Câmara, que não to-

maram conhecimento do que es-tava a ser negociado. Sendo queneste novo contrato, a Cartáguaquer aumentos na ordem dos cin-co por cento ao ano, pagar menos6,9 milhões de euros de rendas aomunicípio e rever em baixa o volu-me de investimentos, ou seja “algoextremamente leonino para o Car-taxo”. Nos vários pareceres jurídi-cos e financeiros que tem enco-mendado, sustenta que há cadavez mais coisas por debaixo dopano. A Câmara tem pedido expli-cações à Cartágua que continua acolaborar “mas nem sempre envia

a informação rapidamente”. “O an-terior presidente Paulo Varandageriu isto de forma pouco transpa-rente e em reunião de Câmaramostrou estar pouco à vontadecom o caso”. Sobre o parecer daERSAR que não levanta especiaisdúvidas sobre o tarifário, desvalo-riza dando a entender que a enti-dade apenas se debruça sobre afórmula negociada. “Foi passadoum cheque em branco disso nãotenho dúvidas”.O presidente da Câmara diz quese for preciso avança para tribunale não se incomoda se a empresatambém o fizer, e vier a pedir umaindemnização – “Não queremosisso, porque a Cartágua está nes-te momento a pagar-nos rendasem atraso, estive reunido com aempresa que continua a manter aporta aberta”, esclarece. Questio-nado sobre se não estará a ser po-sitivo para a sua gestão, este ga-nhar de tempo recusa a ideia –“Quero que tudo se resolva e queseja clarificado o porquê dos au-mentos de 34 por cento em cincoanos”. O nosso jornal contactou o CDS-PP e o Movimento Paulo Varandamas não obtivémos resposta.

Câmara do Cartaxo continua a esticara corda com a Cartágua

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23Valor Local Instantâneos

Ficha técnica:Valor Local jornal de informação regional Administração: Quinta da Mina 2050-273 Azambuja Redação: Travessa da Rainha, 6, Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: [email protected] Site: www.valorlocal.pt Propriedade e editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 Diretor: Miguel António Rodrigues CP 3351- [email protected] Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198 [email protected], Vera Galamba CP 6781, José Machado Pereira, Nuno Filipe Vicente ([email protected]) Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Augusto MoitaPaginação, Grafismo e Montagem: Mílton Almeida: [email protected] Fotografia: José Júlio Cachado Publicidade: Eduardo Jorge Correio eletrónico: [email protected] Telefone: 932 446 322 Serviços administrativos:ACISMA N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 5000 exemplares

Retratos da Nossa TerraLopes X SousaSe recuássemos no tempo e voltássemos aos anos 90, o que mu-dariam estas duas figuras na sua maneira de atuar.Se por um lado o Jovem António Jorge Lopes já aspirava a presi-dente de câmara, Luís de Sousa ainda nem tinha planos para tal.Quer um quer outro já lutaram pelo lugar. Luis de Sousa ganhou,António Jorge Lopes esteve quase…Como seria uma discussão há 25 anos se estes dois senhores es-tivessem nos mesmos lugares que hoje:António Jorge Lopes: diga senhor presidente… como vai ser aquestão das águas… e da Emia?Luis de Sousa: Sei lá estamos em 1990, deixe-me chegar a 2015e logo lhe respondo. Lá está o senhor com a mania do futuro; ecom a mania que sabe mais do que os outros. O meu advogadodisse para eu estar descansado, e ele é que sabe!

Buracos nas pedrasQuem sobe daRua de Trás daIgreja por trásdos balneáriosmunicipais emAzambuja temagora que en-frentar doisobstáculos. Um é recorrente e prende-se com a total descoordenação noestacionamento e sem qualquer supervisão da GNR. O outro está relacionado com a calçada com pedras soltas, como aliásé visível na foto, e que se constitui como um perigo quer para transeuntesquer para os automobilistas que têm de contornar o obstáculo.

Só grandes “bombas”em Alenquer!O vereador comunista da Câmarade Alenquer, Carlos Areal declarou-se “envergonhado” por causa deum velho Renault 5 que o municí-pio tem ao seu serviço.O vereador salienta que o veiculoque está devidamente identificadocom o brasão do concelho de Alen-quer, não prestigia o município edefende que o mesmo deixe de ser identificado como tal.Na resposta, Pedro Folgado disse compreender a “indignação” do verea-dor comunista, mas vincou que “quem não tem dinheiro não tem vícios”alegando que a renovação da frota não é prioritária para os socialistas..

EstacionamentocondicionadoNum destes domingos, um leitor fez chegar à nossa redação umafoto de mais um atropelo pelas regras do civismo. Neste caso a si-tuação é só um pouco mais grave porque se trata de uma viaturado Centro Social e Paroquial de Azambuja. A instituição deverá teratenção aos locais onde e como estaciona as viaturas, como nestecaso em que ocupa de uma só vez três lugares de estacionamentono Largo do Alto do Vítor em Azambuja.

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