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Todo dia é dia delas O Festival Roque Pense, que aconteceu de 5 a 8 de março, reuniu na Praça do Pacificador, em Caxias, cerca de cinco mil pessoas que debateram a partir de shows, rodas de discussões, oficinas, jam session feminina de skate, intervenção de graffiti o protago- nismo feminino e o antissexismo. Edição: março/abril Universidade do Grande Rio - ano 2015 Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Nº05 Confira na página 3 Nesta edição, as mulheres foram o pon- to de partida. Do Festival Roque Pense às meninas do Duque de Caxias, pas- sando pelos dados sobre violência con- tra a mulher e pelo exemplo de Dona Nair, 80 anos, professora de aulas de “comportamentos para viver melhor” que ensina a outros idosos como aces- sar à Internet, a usar smartphone. Destaques Adolfo Martins, Diretor-presidente do Grupo Folha Dirigida fala da car- reira, de empreendedorismo e do futuro da profissão e arranca aplausos dos alunos de jornalismo. Leia na página 7 O Tigres do Brasil Futebol Clube, mais conhecido como a fera da Baixada, aposta nas categorias de base para ter sucesso e ganhar campeonatos. Destaque também para a entrevista com Schuma Schumaer, reconhecida escritora e militante feminista, indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 2006. Os leitores podem saber mais sobre es- ses assuntos acessando a nossa versão on-line: www.canalunigranrio/pontodepartida. Saiba mais na página 8 Danilo Sérgio

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Todo dia é dia delas

O Festival Roque Pense, que aconteceu de 5 a 8 de março, reuniu na Praça do Pacificador, em Caxias, cerca de cinco mil pessoas que debateram a partir de shows, rodas de discussões, oficinas, jam session feminina de skate, intervenção de graffiti o protago-nismo feminino e o antissexismo.

Edição: março/abril Universidade do Grande Rio - ano 2015Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Nº05

Confira na página 3

Nesta edição, as mulheres foram o pon-to de partida. Do Festival Roque Pense às meninas do Duque de Caxias, pas-sando pelos dados sobre violência con-tra a mulher e pelo exemplo de Dona Nair, 80 anos, professora de aulas de “comportamentos para viver melhor” que ensina a outros idosos como aces-sar à Internet, a usar smartphone.

DestaquesAdolfo Martins, Diretor-presidente do Grupo Folha Dirigida fala da car-reira, de empreendedorismo e do futuro da profissão e arranca aplausos dos alunos de jornalismo. Leia na página 7

O Tigres do Brasil Futebol Clube, mais conhecido como a fera da Baixada, aposta nas categorias de base para ter sucesso e ganhar campeonatos.

Destaque também para a entrevista com Schuma Schumaer, reconhecida escritora e militante feminista, indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 2006.Os leitores podem saber mais sobre es-ses assuntos acessando a nossa versão on-line: www.canalunigranrio/pontodepartida.

Saiba mais na página 8

Danilo Sérgio

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OPINIÃO

EXPEDIENTEJORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO

Equipe: Lucas Mendes e Monique Oliveira (repórteres)Programação Visual: Déborah Ellen VianaRevisão: Joice Brito

Pesquisa e Pós-Graduação Coordenador: Prof. Emílio Antonio FrancischettiCoordenador do Curso de Jornalismo: Frederico SchifferEditora do Jornal Escola: Profª Mestre Ana Condeixa (MTB 18857 RJ)Colaboradores: Alunos do 7º período de Jornalismo

Reitor: Professor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitorias:Administração Acadêmica: Professor Carlos de Oliveira VarellaComunitária e de Extensão: Professora Sônia Regina Mendes dos SantosDesenvolvimento: Professor José Luiz Rosa Lordello

Schuma Schumaher

é pedagoga, uma escritora premiada, autora do Dicionário das Mulheres do Brasil, Coordenadora Executiva da REDEH - Rede de Desenvolvi-mento Humano, militante feminista e uma das 56 brasileiras indicadas ao Prêmio Nobel da Paz em 2006. Sua luta é no combate contra a violência contra as mulheres e por uma educa-ção menos discriminatória. Em sua passagem pelo Roque Pense, ela rece-beu nossa equipe para um bate-papo, acompanhe.

PP - Em todos esses anos de militân-cia, quais foram as conquistas que, em sua opinião, são mais relevantes?SS - Tenho mais de 30 anos de mili-tância e tem hora que, diante da re-alidade, dos dados, da violência, das jovens negras que estão sendo assassi-nadas, você fica pessimista. Mas, sem dúvida, as lutas das quais participei e que valem a pena destacar são as delegacias especializadas em atendi-mento à mulher, criadas em 1985. As Delegacias de Atendimento à Mulher

(DEAM), a Lei Maria da Penha e a mais re-cente, que é tornar o feminicídio um crime hediondo, ou seja, o homicídio de gênero agora vai en-

trar no Código Penal Brasileiro.

PP - A luta pelos direitos da mulher deveria ser uma

luta de todas. No entanto, mui-tas mulheres reproduzem o discur-so machista. Como a comunicação poderia colaborar com esse proces-so? SS - O primeiro passo é esclarecer as coisas. Temos que desconstruir essa ideia de relação que está naturalizada, de que o homem tem que se compor-tar assim e a mulher tem que se com-portar assado. A comunicação tem um papel fundamental, pois é forma-dora de opinião. Os veículos de co-municação de massa não percebem, mas eles orientam ao mesmo tempo que contribuem para provocar mu-danças de paradigmas tão fechados, para desfazer esse nó e para desfazer essa coisa que parece ser natural e que não é.

PP - Que direitos estão na ordem do dia para serem conquistados?SS - A gente tem desde os direitos sexuais reprodutivos, onde entra a questão do direito meu de decidir quantos filhos eu quero ter, quando eu quero ter esses filhos, se não quero ter filhos. As mulheres têm que ter o

direito de escolher. Outra questão que eu acho da maior importância é que ainda existe “obrigação feminina”, coi-sas que nós não compartilhamos e ela continua sendo ainda responsabilida-de das mulheres, a divisão do traba-lho doméstico. O trabalho doméstico é de responsabilidade de todas as pes-soas que estão naquela casa. Então, a divisão do trabalho doméstico está na ordem do dia para ser conquistado.

PP – Recentemente, o discurso de Patrícia Arquete denunciou a de-sigualdade salarial. Você acha que nossas artistas e intelectuais são pouco engajadas no direito femini-no? Se sim, por quê?SS - Tivemos outros momentos em que nós tivemos as pessoas de mais

referências, aquelas que têm um olhar voltado pra elas que já foram mais engajadas. Agora está tendo uma re-tomada. Depois dessa declaração da Patrícia no Oscar, você pode perceber que já têm personalidades que decla-ram ser feministas.

PP - Qual direito você acha que é urgente na luta pela igualdade de gêneros? SS - A questão maior é que as políti-cas públicas que já conquistamos, por exemplo: um avanço na questão da saúde, da violência, ela está mais ain-da na lei do que na vida. Conquista-mos na lei, mas na prática não são to-das as mulheres que usufruem e têm acesso de maneira digna da prestação desses serviços. A segunda questão é a parte cultural, eu acho mesmo que o que mais a gente precisa é de fato transformar a sociedade, é a mudan-ça de mentalidade, é repensar nesses valores que estão “encucados” e que na verdade só nos mantêm pouco so-lidários um com o outro.

PP - Complete a frase “A luta conti-nua, companheira…”SS - Porque vale muito a pena, é uma delícia ser mulher dona da sua vida, é uma delícia ser mulher que respeita as outras mulheres, que respeita todas as pessoas e que pode compreender que todo mundo tem seu valor e que ninguém deve se submeter ao julgo do outro. Nem os negros ao jugo dos brancos, nem as mulheres ao jugo dos homens e nem de outra mulher.

“é uma delícia ser mulher, ser dona da

sua vida, é uma delícia ser mulher

que respeita as outras mulheres,

que respeita todas as pessoas e que possa compreender que

todo mundo tem seu valor e que ninguém deve se submeter ao

julgo do outro.”

Danilo Sérgio

Edição especial Mulheres

Danilo Sérgio

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O “Roque Pense!” surgiu no ano de 2011, idealizado por Giordana Moreira e Paulo Vitor, moradores da baixada fluminense, que sentiram a necessidade de dialogar sobre o antis-sexismo, ou seja, a luta contra a ideia de que existe um sexo superior a ou-tro.

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CULTURA

Caxias é palco de debates antissexistaRoque Pense chegou para fazer pensar

A terceira edição do Festival Roque Pense aconteceu de 5 a 8 de março no Teatro Raul

Cortez, na Praça do Pacificador, em Duque de Caxias. Durante esses qua-tro dias, mulheres e homens debate-ram sobre o protagonismo feminino e o antissexismo. Com o tema violência doméstica, a programação do evento contou com shows, rodas de discus-sões, oficinas, jam session feminina de skate, intervenção de graffiti e a apresentação de quatro bandas por dia. A abertura do evento foi marcada por uma roda de ideias, que aconte-ceu na biblioteca Raul Cortez, com o tema: “Violência doméstica: não sou obrigada!”. O debate foi conduzido por Giordana Moreira, com a parti-cipação de Schuma Schumaher ati-vista feminista, Luciana Campello do fundo de desenvolvimento “Elas” e a blogueira Anabelle Belmont; além da presença direta do público. A autora feminista Schuma Schumaher defen-de a ideia de que a cultura machista ainda está presente na sociedade e, claro, precisa ser combatida: “Se tem alguém impregnado na cultura ma-chista? Sim, muitas mulheres estão.”

Sobre o Festival:

Com o tempo, a luta ganhou novos adeptos e, hoje, o coletivo é forma-

Monique Oliveira M. Cabral

do por sete mulheres e tem o intuito de tornar público os temas: violência contra mulher e a discriminação dos gêneros, usando da música e da cultu-ra popular como suas principais for-mas de luta. Programação: Durante os quatro dias de evento, o público se fez pre-sente na roda de ideias, nos shows, nas palestras e debates com temas vol-tados para a mulher. Das 200 bandas de todo o Brasil que se inscreveram, somente 12 bandas foram seleciona-das, entre elas estavam Drenna rock, Street cats e a paulistana Útero punk,

que fala sobre mulheres que sofrem violência sexual e física em casa, so-bre meninas que lidam com namora-dos ciumentos e garotas reprimidas. “Esse ano temos metal, trash, noise, pop, alternativo, punk e hardcore”, conta Giordana. Para os idealizadores, o festival con-tribuiu na luta para garantir o direito e o protagonismo feminino. O promo-tor de marketing Rafael Dutra acre-dita que eventos como esse servem para conscientizar a população sobre o machismo: É a conscientização de que existe sim o machismo e que, ele

não é utópico e que mesmo que seja negado, o patriarcado é muito forte. O festival serve para desconstruir o pensamento machista e antissexista que vem desde sempre. Já para Pau-lo Vitor, a luta pelo antissexismo não é uma luta só de mulheres, é dos ho-mens também. Os homens também podem combater a violência contra a mulher. O homem tem que se enga-jar e vestir essa camisa também para que possamos viver em um mundo sem discriminação. Então que venha o Roque Pense 2016!

Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vitíma de violência doméstica.

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ESPORTE

Fellipe Oliveira Monique Oliveira

Jéssica, Tereza, Michelle e Raquel. Entre apitos, passes, defesas e gols está Luciene Pereira, mais conheci-da como Rubi. A goianiense iniciou sua paixão pelo futebol aos oito anos influenciada pelo pai, e com 11 anos já fazia parte do time profissional da cidade natal. Em 2013, se destacou como campeã tocantinense e recebeu o convite para fazer a pré-temporada no time. Há apenas um ano no Du-que, já pensa em ganhar o campeo-nato brasileiro com sua equipe. “Eu sempre acompanhei o Duque,vibrei quando elas foram campeãs da Copa do Brasil”, ressaltou orgulhosa. Apesar desta edição do Ponto de Partida ser dirigida às mulheres e às suas lutas, seria impossível não falar do treinador Edson Galdino, técnico do time. Um caxiense, 45 anos, que

O sonho de jogar futebol não é apenas para homens. Um grande

exemplo disso é a equipe feminina do Duque de Caxias Futebol Clube que, após inúmeros pedidos das meninas para jogarem futebol, resolveu, em 2010, investir no time onde as estrelas são elas, as mulheres. A partir da par-ceria com Clube dos Empregados da Petrobrás de Caxias (CEPE) foi possí-veldisputar a Copa do Brasil de Fute-bol Feminino. Com uma bela campa-nha, o time foi campeão daquele ano. Em 2011, as meninas se sagraram campeãs do Campeonato Carioca e, em 2012 e 2013, alcançaram a segun-da colocação. Com 18 atletas no elenco, o desta-que vai para o time titular formado por Suzani, Rubi, Ingrid, Canhotinha, Lene, Rafinha, Larissa, Caneca, Kelly,

Meninas do Duque não jogam pra perder

nunca pensou em ser técnico. Sua re-lação com o futebol iniciou nos anos 1980 como goleiro, mas, infelizmente, uma séria contusão o afastou dos gra-mados. Foi nesse momento que optou por ajudar o futebol de outra manei-ra. Desde então, começou a acolher jovens atletas e ajudá-los da maneira que pode. Hoje, Galdino acolhe em sua casa cinco jogadoras do Duque e dois garotos, além de auxiliar o time no que pode, pagando as inscrições em competições, aluguel de espaços para treinamento e equipamentos. O técnico se tornou um pai, cuidan-do e dando orientações para elas. “Dentro de campo é uma cobrança de profissional, dentro de casa é co-brança de pai para filho, de ajudar, de auxiliar, revela emocionado.”

Ranking da CBF de futebol

feminino em 2014

Clube 1º - São José (SP)Pontos ganhos - 9.800

Clube 4º - Foz Cataratas(PR)Pontos ganhos - 8.360

Clube 2º - São Francisco (BA)Pontos ganhos - 9.320

Clube 5º - Centro Olímpico (SP)Pontos ganhos - 8.170

Clube 3º - Vitória das Tabocas (PE)Pontos ganhos - 9.200

Clube 6º - Duque de Caxias (RJ)Pontos ganhos - 6.740

Clube 7º - Kindermann (SC)Pontos ganhos - 6.480

Clube 8º - Vasco da Gama (RJ)Pontos ganhos - 5.720

Treinamento. Meninas do Duque justificam a boa colocação no ranking

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CIDADE

Letycia Carvalho Rafaella Cortat

Nair Chamarelli, 80 anos, é partici-pante do projeto Integrar da Unigranrio há 10 anos. No entanto, ela não se conteve em apenas apren-der, uma vez que foi como profes-sora que atuou boa parte das suas oito décadas de vida. Entre o perí-odo em que foi aluna e se tornou professora do curso de etiqueta, Nair também alfabetizou mais de 50 idosos do projeto. Hoje, à fren-te de uma turma com 30 alunos, ela

Em todas as idadeselas dão de 10x0

continua ajudando muitas outras pessoas com suas aulas de “compor-tamentos para viver melhor” e atri-bui o sucesso das suas aulas a sua escolha de ajudar ao próximo. Em suas aulas ela ensina coisas que jul-ga simples, como acessar à Internet, usar smartphone, utilizar os caixas eletrônicos, como andar em uma calçada e até como entrar em um elevador. Eu sempre gostei muito de ajudar aos outros, revela orgulhosa.

A Lei Maria da Penha (Lei 11.340) en-trou em vigor em 2006, e seu maior objetivo era, e ainda é, combater a violência contra a mulher. No en-tanto, muitas ainda não entendem ou não tiveram acesso a detalhes de como realmente a Lei funciona. As opções que as mulheres encontram para se defender dos abusos são as Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAM) e o Ligue 180, criado em 2005. Um serviço ofertado pela Secre-taria de Política para Mulheres, com o objetivo de receber denúncias ou re-latos de violência, reclamações sobre os serviços da rede e de orientar as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para os serviços quando necessário.Atualmente, são 14 Delegacias de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias (DEAM), espalhadas por todo o Estado, e foram criadas porque a mulher vítima de violência neces-sita de atendimento especializado, que é completamente diferente da de um furto em uma delegacia normal.

“Considero um ato de muita coragem chegar aqui e, por isso, costumamos dizer que elas não são vítimas, são so-breviventes, porque isso é uma guer-ra. Por este motivo, o policial da De-legacia Especializada de Atendimento à Mulher precisa ouvir mais do que falar, pois a vítima já está fragilizada.”, revela a Delegada Titular da DEAM-Caxias, Débora Ferreira Rodrigues. Orgulhosa de sua equipe, a delegada conta com 28 funcionários, incluindo psicólogos e assistentes sociais, e um acervo de 14 mil inquéritos, dentre os casos, ameaça, lesão corporal, brigas de vizinho, estupro de crianças pelo pai, padrasto. Para Débora, é importante que as víti-mas que vão às delegacias voltem para cobrar, que acompanhem o andamen-to que o policial está investigando.A Delegada ainda ressalta a impor-tância do uso do Ligue 180 que é um serviço gratuito, 24 horas por dia, to-dos os dias da semana, inclusive do-mingos e feriados. (Observe o gráfico ao lado.)

DEAM e Ligue 180 na luta da violência contra as mulheres

A Delegada Débora Ferreira Rodrigues assumiu a delegacia em 2014, é casada, mãe de três filhos e se define uma mulher que busca sempre a Justiça.

Edição especial Mulheres

Jéssica Reis Paulo Ribeiro

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Em meio às mudanças, dois mora-dores da região criaram uma página chamada #transitosemsentido, no Facebook em alusão às confusões ge-radas pelas mudanças. Yago Goulart, um dos administradores, afirmou que apenas queria dividir a insatisfação com outros caxienses, porém, ao re-ceber muitas reclamações, a página ficou séria. Tanto que no período de 23 de fevereiro a 10 de março, 254 pessoas tiveram a oportunidade de votar contra ou a favor das alterações no trânsito, veja o resultado no info-gráfico.

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CIDADE

Mudança no trânsito em Duque de Caxias causacaos aos moradoresApós um mês, população ainda não se acostumou com as alterações nas vias de quatro bairros.

Anderson Lima e Pamela Rodrigues Gregório Mattos / Facebook

As mudanças no trânsito, promo-vidas pela Prefeitura de Duque

de Caxias, completaram um mês no início de março e ainda têm provo-cado confusão na rotina diária da população dos bairros Vila São Luiz, Itatiaia, Doutor Laureano e Parque Paulicéia, locais onde vias importan-tes foram invertidas. Para Ricardo Estácio, morador do bairro Doutor Laureano, as mudan-ças complicaram o trânsito na região onde mora: “Até o momento, não vi pontos positivos nessa mudança no trânsito. Claro que, na Avenida Bri-gadeiro Lima e Silva, houve uma re-dução nos engarrafamentos, porém nas vias adjacentes, que inverteram a mão, assim como as daqui do Laure-ano, complicaram demais a vida dos moradores.” Reclamou acrescentando que várias pessoas foram multadas sem saber que estavam cometendo uma infração: “Um grande erro foi

não ter dado um período de habitua-ção para o novo trânsito, apenas mu-daram, não avisaram e já saíram mul-tando”. Já para Gláucio Nascimento, morador do bairro 25 de Agosto, as alterações melhoraram o tráfego e demonstra otimismo com a redução a médio prazo dos engarrafamentos: Não vejo pontos negativos. Esse é um desconforto inicial, com o tem-po haverá uma grande melhora no trânsito. Diversas linhas de ônibus também sofreram a alteração com a mudança, pois uma das rodoviárias da cidade fica no bairro Circular, vizinho aos bairros Itatiaia e Parque Paulicéia. Um motorista da linha 404 I (Duque de Caxias-Piabetá), que não quis ser identificado, comentou sobre as situ-ações que a alteração gerou: “Gostei da mudança pelo fato do trânsito es-tar bem melhor e menos congestio-nado. Por outro lado, o novo trajeto

não é muito bom, pois passa por mui-tos morros, dificultando a viagem e o embarque e desembarque de pessoas com deficiência física. O ônibus que trabalho é pequeno, porém tem ou-tras empresas que possuem veículos maiores e dificulta mais ainda, pois as ruas são estreitas. Se algum ônibus desse enguiçar, vai causar um conges-tionamento enorme.”, ponderou.

Nas redes sociais

Procurado por nossa equipe, o se-cretário Dalmar Lírio de Almeida Filho, o Mazinho, secretário de Tra-balho, Emprego e Renda e Desenvol-

vimento Econômico, afirma que estas modificações representam apenas 10% das mudanças que o trânsito de Caxias vai sofrer. “As pessoas estão estranhando porque fazem o mesmo trajeto há anos, mas era preciso me-xer. É preciso modernizar o trânsito de Caxias com mais sinalização, uma fiscalização mais rígida e uma ação de engenharia de trânsito”, revela. Além disso, está prevista a implantação de aulas de educação no trânsito nas es-colas com o intuito, por exemplo, que as futuras gerações de motoristas ca-xienses não parem o carro na calça-da. Ainda na opinião do Secretário, aqueles que reclamam tem mais voz que aqueles que foram beneficiados, estes então não se fazem presentes nas pesquisas. “Os moradores da Rua Bahia, por exemplo, não gostaram de ter ônibus passando na sua porta, mas não pensam naqueles que foram be-neficiados que, se antes faziam 2 qui-lômetros em 30 minutos, hoje fazem em 2 minutos”, defende. Como podemos observar, o assun-to é polêmico e gera muitas reclama-ções. A equipe do Ponto de Partida fi-cará atenta a estas e outras mudanças em Duque de Caxias.

Mudanças no trânsito leva caos à vida dos motoristas

97,7% rejeitaram a

alteração nas vias

2,3% aprovaram a

alteração realizada

Fonte: #transitosemsentido

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CIDADE

Sonhar e trabalhar muito é o segredo do sucesso de Adolfo Martins

Para marcar o início do período letivo de 2015, os alunos de Jor-

nalismo receberam na manhã do dia 23 de fevereiro o fundador e Diretor--Presidente do jornal Folha Dirigida, Adolfo Martins. O jornalista, mineiro de Araxá, que já quis ser advogado,

começou sua carreira em São Paulo, mas foi no Rio onde tudo aconteceu. Martins iniciou sua carreira no Diário de Notícias, teve uma passagem im-portante no Jornal dos Sports, onde permaneceu por 20 anos. De início, não queria ser jornalista. “Como toda

William Farias Lucia Ávila

Nas quase duas horas em que esteve na universidade, o jornalista con-tagiou a todos com sua alegria e as muitas histórias que incluíram sua trajetória profissional, da ideia à reali-zação da Folha Dirigida e, sobretudo, uma visão empreendedora necessária àqueles que vão enfrentar o mercado jornalístico em pouco tempo. A Folha Dirigida teve sua primeira edição publicada em novembro de 1985. Na época, só poderia ser encon-trada em 150 bancas da cidade. Hoje, o jornal tem cerca de 30 mil pontos de venda em todo o país. Para ele, o jornalismo requer muita prática. “No jornal laboratório, por exemplo, o aluno pode ter um pouco dessa vi-vência”. Martins contou ainda que na época em que começou sua carreira não era preciso de diploma para ser jornalista, o que permitiu que ele ti-vesse a oportunidade de trabalhar no jornal enquanto terminava a faculda-de de Direito, carreira que não seguiu, “mas no fim de tudo o amor pelo jor-nalismo prevaleceu e hoje eu sou essa pessoa que vocês acabaram de ouvir.”, finalizou sua palestra sob aplausos dos 200 alunos presentes.

pessoa que vem do campo para cida-de, sonhava em ser doutor, tanto que minha primeira graduação foi em Di-reito. Porém, meu primeiro emprego foi num jornal e toda aquela movi-mentação da redação me atraiu mui-to”, revela.

Reconhecimento. O Magnifíco Reitor, Arody Herdy, presta homenagem ao jornalista.

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ESPORTE

Victor Mendes Imprensa Esportiva Caxiense

Tigres do Brasil apostam na formação dos jogadores da base

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Capaz de comportar oito mil pessoas, o Estádio de Los La-rios, em Xerém, sede dos Ti-

gres do Brasil, tem uma moderna in-fraestrutura e já foi palco de jogos de grandes clubes cariocas. Torcedores e atletas concordam que o sucesso do time se deve ao investimento nas ca-tegorias de base, nos equipamentos e nas instalações que contam com mais cinco campos em anexo ao principal e mais um para society. “É um dos melhores do Rio! Clubes com até 100 anos de história não têm esse espaço físico. Tem clubes que direcionam suas atenções somente ao profissio-nal, em disputar competições, mon-tar elencos, mas nunca se dedicou à montagem do Centro de Treinamen-to”, explica Ederlei Pereira, ex-jogador e atual supervisor de futebol. A qualidade da estrutura e o desem-

penho de seus atletas foram funda-mentais para que o Vasco da Gama formalizasse um convênio no qual os times sub-13, sub-15 e sub-17 do Cruzmaltino passassem a treinar e a disputar jogos oficiais em Los Larios e, em contrapartida, o Vasco ficou responsável pela manutenção dos gramados. Com a folha de pagamento modesta, a solução na hora de montar o elen-co é apostar nos jovens das categorias infantil, juvenil e sub-20. E, quando falamos em base, o Tigres do Brasil, fundado em 2004, só merece elogios. Isso porque no futebol carioca, a Fera da Baixada, como é conhecido, tem um trabalho específico na forma-ção de jogadores. “Qualquer equipe precisa da base. É impossível falar de futebol hoje em dia sem focar na base. Até porque, isso gera uma

economia muito grande na hora de montar a equipe profissional. Você forma jogadores para o profissional e pode mesclar com contratações de fora”, revela o supervisor. O processo de avaliação começa a partir da capta-ção. Atletas de 12 anos para baixo são vinculados diretamente à escolinha, onde treinam três vezes na semana. Aqueles que demonstram potencial para seguir, ganham uma chance de mostrar seu futebol, como o zaguei-ro Wallace Fortuna que começou no Tigres aos 9 anos e, atualmente, é ti-tular do Mônaco; além de vir sendo convocado para a seleção Olímpica. O menino de Xerém não esquece de Los Larios e, em entrevista ao Globo-Esporte.com, revela: “O meu próximo objetivo são as Olimpíadas do Rio, é o meu sonho estar no elenco, na nossa cidade, com a nossa torcida”.

Conhecendo o Tigres do Brasil

Nome do estádio: Los Larios

Apelido: Toca do Tigres

Construção: 2008

Localização: Xerém - Duque de Caxias

Capacidade: 8.000 pessoas

Público recorde: 6.500 pessoas

Inauguração: 18 de Janeiro de 2009

Primeira partida: Tigres(BRA) 4 x 4 Danubio (URU)

Primeiro Gol: Sergio Leal (Danubio)