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Editorial - cigabrasil.ch · coisa interessante, que compartilhamos com vocês. esperamos que gostem! ... II Grande Bazar de Natal Brasil Infos, nas dependências da Igreja de Sta

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OUTUBRO 2015 // 03EDITORIAL / CONTEÚDO

EditorialRecomeçaR é sempRe um desafio

os últimos anos e 2015 em especial certamente entrarão para a história como tempos de incerteza, medo, insegurança, falta de perspectiva. enquanto elaboramos esta edição milhares de pessoas estão em fuga rumo à europa. Homens, mulheres, jovens, crianças, que deixam suas casas, seus pertences e muitas vezes uma parte da família para salvar suas vidas. sem saber o que os espera e correndo o risco de morrer no meio do caminho, eles investem os últimos recursos na viagem desesperada em busca da seguran-ça, de um lugar onde possam construir alguma coisa.

esse quadro nos confronta com a realidade da perseguição, das frontei-ras, da violência, da pobreza, da luta de poder, da guerra “santa”... será que é um fenômeno novo? Na verdade não. as cruzadas na idade média, a primeira e a segunda Guerra mundiais também levaram milhares de pessoas a fugir de suas terras. mesmo a colonização do Brasil é, em parte, fruto da fuga da fome na europa. e a emigração brasileira para todos os cantos do mundo também teve e tem como ponto de partida, em muitos casos, a fuga da perseguição, da violência, a busca por melhores condições de vida.

claro que não dá para comparar a emigração voluntária com aquela for-çada pelas circunstâncias de vida ou morte. uma coisa porém as duas têm em comum: o recomeço. Ao chegar no novo país – ou no novo estado, afinal ir do Nordeste para o sul do Brasil também é migrar! – é preciso entender como tudo funciona, encontrar seu espaço. Trazer na bagagem uma formação, um diploma, anos de experiência nem sempre é garantia de integração imediata no mercado de trabalho. aprender uma outra língua, conhecer as regras locais, entender como funcionam as estruturas, tudo isso leva o seu tempo e exige muita paciência e força de vontade.

mais do que isso, às vezes é necessário ter coragem para mudar de rumo e reinventar-se, descobrindo novas facetas de si mesmo. esse processo de descoberta pode abrir um caminho totalmente novo e fascinante. Não quer dizer que seja fácil, todo caminho sempre tem as suas pedras, as suas subi-das e descidas, mas o resultado no final pode valer muito a pena.

esta edição da Linha direta se ocupa com este tema: Reinventar-se! conversamos com várias pessoas, escutamos histórias e descobrimos muita coisa interessante, que compartilhamos com vocês. esperamos que gostem!

Boa leitura!

Tiragem Edição digital Contatos Linha Direta Redação 061 423 03 47 Publicidade 076 627 34 23 Editora Irene Zwetsch Publicidade Agnes Constantin Revisão Irene Zwetsch Financeiro e Administração Nilce Cunha Editoria de Arte Mythos Comunicação / www.mythos.art.br Colaboradores desta edição Ana Júlia M. Phillipp, Brasil Flash TV, CEBRAC, CIGA-Brasil, Deborah Biermann, Fabiana Kuriki, Fernanda Janeiro Groke, Íris Martins, Isis Dias Vieira, Jacqueline Aisenmann, Marcelo Ma-deira, Maria Carolina Aeschlimann, Patricia Lobmaier, Patrícia Negrão, Patricia Nogueira, Paulo Hebmüller, Rui Pereira Martins, Sandra Lendi e Vicente Luis de Moura Foto de Capa www.depositphotos.com. A Linha Direta não se responsabiliza pelos textos assinados publicados nas edições e nem pelos serviços oferecidos por nossos anunciantes.

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EntrevistaA professora Pasqualina Pering-Ciello fala sobre Resiliência

Perfis brasileirosAna Júlia M. Phillipp e Sandra Lendi contam sobre sua integração

BelezaCuidados com a sua pele não devem acontecer só no verão

Coluna JurídicaCasamento e divórcio no exterior

Prevenção Madalena’sO que faltou dizersobre gênero

ComentárioIntegração é a realidade de se recriar

ACONTECE Em BERNA...Por Deborah Maristela Biermann

Fiquem ligados na programação da região de Berna:

21/10 - 19h, no Käfigturm, Bern - Curso “Meu dinheiro e eu”Aprenda a controlar seu dinheiro, organizar seu orçamento e economizar sem sofrer! O curso, realiza-

do pela Caritas, é gratuito. Inscrições com Deborah Biermann, 079 277 03 87

24/10 - 16h: Visita guiada e grátis ao Edifício do Parlamento Suíço (Bundeshaus). Inscrições com Deborah Biermann, 079 277 03 87

25/10 - Festa do Dia das Crianças, local a ser definido. Contato com [email protected]

14/11 - 10 às 18h - II Grande Bazar de Natal Brasil Infos, nas dependências da Igreja de Sta. Maria,

em Berna.

Mais informações: [email protected] ou com Deborah Biermann, 079 277 03 87.

“Se BINGO você gritar, um belo brinde irá ganhar!”O Grupo Equilíbrio convida para uma noite de Bingo:

Quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Horário: 19 horas

Local: Oberstadstr. 6, 8500 Frauenfeld

(Na sala da “Perspektive”, a 100 metros da estação de trem)

As risadas e o divertimento estão garantidos!

www.grupoequilibrio.ch

Contatos:

Luciana Straub (071 463 16 08): [email protected]

Maria Rolim Janotta (052 366 30 02): [email protected]

Patrícia Brooking Negrão (079 487 45 57): [email protected]

BINGO!

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04 // OUTUBRO 2015

Traduzido e adaptado do original em alemão por Irene Zwetsch

Cada vez mais empresas na Suíça enfrentam o desafio de encontrar mão-de-obra

qualificada para seus quadros. De acordo com um estudo da Secreta-ria Federal para Economia (SECO), suspeita-se que em dois terços dos campos profissionais falte mão-de-obra adequada às necessidades do mercado. A carência atual é estimada em 260.000 pessoas. Um estudo do Boston Consulting Group aponta que em 2020 faltarão cerca de 430.000 profissionais (sem contar o saldo migratório). A procura por profissionais altamente qualificados é especialmente grande. A pressão aumenta ainda mais em função da variação demográfica; a partir de 2020 deve-se contar com uma cota cada vez menor de pessoas profis-sionalmente ativas.

Até agora a estratégia das em-presas têm sido o recrutamento de profissionais especializados no ex-terior. Ao mesmo tempo, os órgãos

estaduais e federais estão desenvol-vendo estratégias para utilizar me-lhor a mão-de-obra local, especial-mente a feminina e de profissionais com mais de 50 anos. De qualquer forma, vê-se que ainda não existe uma percepção real sobre a gravi-dade do problema.

Com a aprovação da iniciativa Masseneinwanderung (Imigração em massa) do partido popular de direita SVP (Schweizerische Volkspartei) em fevereiro de 2014, os eleitores suíços decidiram limitar a imigração por meio de contingentes máximos anuais, o que pode levar a uma renegociação do Acordo de Livre Circulação de Pessoas assinado com a União Europeia. Em função disso, a utilização de mão-de-obra local ganhou importância ainda maior. Independente da maneira como a iniciativa do SVP seja colocada em prática, as empresas precisam redirecionar sua política de pessoal a fim de utilizar os recursos existen-tes dentro do país. Dependendo da fonte utilizada, esse potencial varia de 320.000 a 400.000 pessoas.

MuDar O FOCO E VENCEr OBStáCulOS

Enquanto o discurso oficial apon-ta como caminho o aproveitamento da mão-de-obra local com foco nas mulheres e nos profissionais acima de 50 anos, um potencial estimado de 50.000 imigrantes altamente capa-citados oriundos de terceiros países1 (conforme a Pesquisa sobre Índice de Emprego na Suíça - 2014 e estatísti-cas relacionadas) é esquecido. “Isso é um desperdício” afirmou o ex-diretor do HEKS (Organização de Auxílio das Igrejas Protestantes da Suíça)2, Ueli Locher, em abril deste ano, ao apresentar à imprensa os resultados do estudo “Obstáculos e assistência para a utilização da mão-de-obra local”, um estudo qualitativo enco-mendado pela entidade ao Instituto B,S,S. Volkswirt schaftliche Beratung AG, no quadro de sua campanha anual “Igualdade de oportunidades com-pensa”. Ele considera esses imigrantes “um grande e inutilizado recurso para fazer face à carência de mão-de-obra”. Locher observou que “esses imigrantes altamente qualificados frequentemente estão desempregados ou exercem uma atividade visivel-mente aquém de sua qualificação”.

No referido estudo foram consul-tadas 48 empresas em toda a Suíça. O objetivo da consulta foi identifi-car como o potencial de mão-de-obra interna inexplorado pode ser melhor utilizado, a fim de cobrir as necessidades das empresas suíças. Os resultados apontaram que as empresas a princípio se interessam pelos profissionais altamente quali-ficados oriundos de terceiros países. Elas enfrentam, porém, uma série de obstáculos para a contratação de pessoas desse grupo. Um dos obstá-culos é o reconhecimento, a inter-pretação e a comparação dos diplo-mas estrangeiros. O reconhecimento de diplomas é complicado, especial-mente para profissionais de tercei-ros países. Na Suíça existem vários órgãos responsáveis pelo tema, de acordo com a área de formação. Muitas vezes é difícil comprovar que a formação no exterior atende aos padrões exigidos na Suíça.

Super qualificados, mas esquecidos

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OUTUBRO 2015 // 05

“As empresas precisam ter uma ideia sobre a qualificação e as capacidades dos candidatos es-trangeiros, e isso de uma forma simples”, declarou a deputada Anita Fetz à imprensa quando o estudo foi divulgado. Ela citou como exemplo a Alemanha, onde existem dois ban-cos de dados nacionais, nos quais a gradução e a qualificação obtidas no exterior podem ser comparadas com as nacionais. A deputada apre-sentou ao Conselho Federal uma proposta para que a Suíça estude a possibilidade de construção de um banco de dados semelhante, a fim de auxiliar as empresas a preen-cher sua carência de mão de-obra e também como medida em favor da igualdade de oportunidades no mercado de trabalho.

Além da questão dos diplomas, as empresas consultadas citaram também outros motivos que levam à não contratação de trabalhadores estrangeiros. A falta de conhecimen-to da língua local e a burocracia envolvida na obtenção do visto de trabalho também são considerados um grande obstáculo. Completando o quadro, dez das empresas consul-tadas apontaram ainda as diferen-ças culturais como fator inibidor da contratação. As empresas argumen-tam que as diferenças culturais po-dem gerar conflitos, principalmente no que tange à hierarquia, o que elas preferem evitar.

O estudo completo, assim como in-formações adicionais sobre a campa-nha do HEKS podem ser encontradas na página www.gleiche-chancen.ch (em alemão ou francês). No site também estão listadas dicas e fontes complementares de infor mação e aconselhamento tanto para os traba-lhadores como para as empresas.

1 Termo utilizado na Suíça para se referir a países de fora da União Europeia e do EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio).

2 O HEKS (Hilfswerk der Evangelischen Kirchen Schweiz) presta ajuda humanitária, luta contra as causas da pobreza e possibilita aos necessitados o acesso a recursos vitais, como água, alimentação e educação. O HEKS trabalha em parceira com organizações locais em 35 países por todo o mundo. Na Suíça, o HEKS defende os refugiados e atua ativamente em projetos de aconselhamento e integração para imigrantes e suíços desfavo-recidos. Para saber mais: www.heks.ch

Como funciona o reconhecimento de diplomas

Na Suíça existem várias instituições responsáveis pelo reco-nhecimento de diplomas e profissões estrangeiras. Dependendo da área de formação deve-se fazer contato com uma ou outra instituição.

Para poder trabalhar na Suíça utilizando a formação obtida no exterior é necessário, num primeiro passo, esclarecer se essa profissão é regulamentada no país. Entende-se por profissão regulamentada aquela cujo exercício requer um diploma, um certificado ou comprovação de competência e que é regulada por lei. Se esse for o caso, é preciso fazer contato com a instituição responsável pelo reconhecimento do diploma para saber qual é o procedimento necessário. Caso a profissão não seja regulamen-tada, a princípio não é necessário o reconhecimento do diploma. Cabe ao empregador decidir sobre a contratação.

A SBFI - Secretaria de Estado para Formação, Pesquisa e Inovação é o ponto de contato responsável pelo reconhecimento de quali-ficações profissionais. É o primeiro lugar para onde os interessa-dos em reconhecer seus diplomas devem se dirigir. É importante destacar que a Secretaria não atua como instância de recurso ou controle em relação ao trabalho de outras instituições e órgãos públicos suíços.

CONtatO E MaIS INFOrMaçõESStaatssekretariat für Bildung, Forschung und Innovation SBFIKontaktstelle für die Anerkennung von BerufsqualifikationenEinsteinstrasse 23003 Bern Tel.: +41 58 462 28 26 (Segunda – Sexta-feira: 9:30 às 11:30, Terça e quarta-feira: 14:00 às 16:00)www.sbfi.admin.ch/diploma

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06 // OUTUBRO 2015

linha Direta entrevistou por E-Mail o responsável pelo Setor de Mídia e Informação do HEKS, Dieter Wüthrich para saber detalhes sobre a campanha.

LD: senhor Wüthrich, por que o HeKs escolheu este tema para a campanha? por que agora?

DW: Uma das prioridades do trabalho do HEKS dentro da Suíça é a integração profissional. O HEKS desenvolve diversos programas de integra-ção profissional e já percebeu há muito tempo que nem todos os grupos de pessoas têm as mesmas chances no mercado de trabalho. Pela experiência dos projetos do HEKS os seguintes grupos são os mais atingidos: Jovens de classes sociais desprivilegiadas; profissionais mais velhos (50+); pessoas com baixa qualificação, com ou sem ori-gem imigrante ; imigrantes com alta qualificação, especialmente de países fora da União Europeia e EFTA .

Para o HEKS estava claro: Essas pessoas representam um potencial que as empresas atingidas por escassez de mão-de-obra agora ou no futuro poderiam utilizar. Por essa razão o HEKS lançou, em 2013, pela primeira vez, a campanha nacional „Chancengleichheit zahlt sich aus“ („A igualdade de oportunidades compensa“), a fim de despertar a atenção para o tema.

Por um lado, o HEKS queria trazer à tona a discussão sobre o melhor aproveitamento do

potencial da mão-de-obra interna e apontar para o potencial desses quatro grupos. Por outro lado, o HEKS procurou esclarecer junto aos empre-endedores suíços se eles viam um potencial de aproveitamento da mão-de-obra desses quatro grupos e o que poderia motivá-los a empregar mais pessoas dos referidos grupos-alvo. Para isso, o HEKS contratou o Instituto B,S,S. Volkswirtschaf-tliche Beratung, de Basel, para realizar a pesquisa „Obstáculos e assistência para a utilização do potencial da mão-de-obra local“, cujos resultados foram apresentados numa conferência de impren-sa no dia 20 de abril deste ano.

O resultado: A grande maioria das empresas reconhece o potencial desses quatro grupos. O maior potencial é visto nos profissionais mais velhos, seguidos pelos imigrantes altamente qualificados dos chamados „terceiros países“. No quadro do desenvolvimento deste terceiro ano da campanha „Chancengleichheit zahlt sich aus“ o HEKS decidiu focalizar os imigrantes qualificados, originários de terceiros países. Isso por várias razões:

- No discurso atual sobre carência de mão-de-obra estão sendo desenvolvidas priorita-riamente iniciativas e estratégias para a melhor utilização do potencial interno de mão-de-obra feminina e de trabalhadores mais velhos.

- Isso é unilateral e transmite uma imagem falsa sobre a força de trabalho com origem imigrante residente no país. Apesar da quota de acadêmicos entre os novos imigrantes

Integração profissional como prioridade

ter crescido consideravelmente nos últimos anos e de que, com 42%, a proporção de certificados de ensino superior entre os imigrantes de terceiros países seja signifi-cativamente maior do que entre os suíços e suíças, esse grupo é o mais atingido pelo desemprego e a desqualificação.

- O desemprego não é mais um fenômeno que atinge apenas pessoas sem qualificação. Também pessoas com formação superior podem, em função de sua origem (e outras características como sexo ou idade) ser desfavorecidas e discriminadas no mercado de trabalho.

LD: Vocês já colheram resultados concretos? como o tema será retrabalhado nos próximos anos?

DW: O HEKS formulou seis exigências, que se dirigem a políticos e empresas (veja nas publicações do HEKS, em alemão e francês). O HEKS não quer porém apenas fazer exigências, mas quer também contribuir ativamente. Com o apoio da deputada Anita Fetz, de Basel-Stadt, o HEKS elaborou um postulado pelo qual o Conselho Federal fica responsável por examinar a criação de um banco de dados nacional para a interpretação dos diplomas estrangeiros. O Conselho Federal porém rejeitou o postulado, alegando que já existem opções suficientes para a interpretação dos diplomas estrangeiros. Nesse ponto porém o HEKS vai continuar insistindo.

Além disso, o HEKS vai se engajar também para divulgar melhor o bom exemplo dado por algumas empresas. O Estado e as associações empresariais devem informar sistematicamente empresas e administradores sobre iniciativas implementadas com sucesso, a fim de que eles se sintam motivados a recrutar mão-de-obra à qual eles até agora deram pouca ou nenhuma atenção.

Entrevista: Irene Zwetsch

a brasileira Léa ferrei-ra Grandchamp veio para a suíça pelo ca-samento. formada em pedagogia no Brasil, trilhou um longo ca-minho para conseguir voltar à sala de aula. com a ajuda do projeto mem, que disponibi-liza mentores para auxiliar os imigrantes na integração no mer-cado de trabalho, Léa encontrou seu lugar no mercado de trabalho e hoje leciona numa classe de integração.

a colombiana Luz marina cantillon Ro-mero chegou à suíça há três anos como refugiada. com o apoio do projeto „ponts emploi“ (pontes de emprego) ela luta pelo reconhecimento do seu diploma e da sua experiência profissional.

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OUTUBRO 2015 // 07

LD: Dra. Perrig, a senhora é da opinião de que muitas mulheres imi-grantes necessitem mudar seu foco no sentido de se reinventarem para que se integrem no mercado de trabalho?

PPC: Sim, eu sou da opinião de que nós sempre temos que nos rede-finir, mesmo sem ser imigrantes. A imigração e seu processo acentuam essa necessidade. Mas, como imi-grantes, as mulheres precisam levar outros pontos em consideração: Eu quero realmente? Qual a minha

Reinventando-se com resiliência

ENtrEVISta

Texto e fotos: Deborah Maristela Biermann*

No último dia 3 de setembro a Prof. Dra. Pasqualina Perrig-Chiello, professora honorária da universidade de Berna, discorreu sobre a “resiliência” para um público diversificado, caracterizado por mulheres imigrantes. a palestra fez parte do projeto do CFD - Christlicher Friedensdienst (Serviço Cristão da Paz), voltado para mentoras e mentores. O projeto acolhe mulheres imigrantes que estejam planejando sua volta ao mercado de trabalho, algumas na sua área profissional de origem, outras reinventando-se, conforme as circunstâncias de vida atuais. No final da interessante palestra, a palestrante nos concedeu uma rápida entrevista, antes de dirigir-se ao delicioso coquetel oferecido pelas organizadoras.

meta profissional? E o investimento, tanto financeiro como de energia, vale a pena para mim? Faz sentindo eu me ‘reinventar’ ou eu me encon-tro realmente num beco sem saída e não tenho escolhas? Sim, mudar o foco e olhar ao redor é imprescin-dível.

LD: Existe espaço?PPC: Veja bem, eu acabei de

falar que eu tenho que reconhecer meu terreno, conseguir identificar minhas chances. Mas, de forma alguma devemos nos colocar na po-sição de vítimas. Se nós passarmos a nos enxergar como vítimas, seja do sistema, do mundo, do destino, então vamos entregar os pontos. Nós não somos uma bola em jogo, de lá para cá! Nós temos poder, somos poderosas - e aqui eu não me dirijo somente às mulheres! Por esse motivo eu mencionei que estava meio irritada com o título do evento de hoje: Empowerment? Eu entendo o empoderamento somente quando eu não tenho poder algum, mas como mulher, como pessoa, todos temos nosso poder e podemos, isto sim, acordá-lo, cutucá-lo, colocá-lo para ‘funcionar’. Sim, há muito espaço.

LD: O que é necessário?PPC: Precisamos acima de tudo

acreditar em nós e estabelecer metas acessíveis, pequenas e realizáveis. Por exemplo, minha meta esta semana pode ser unicamente o de fazer minha vizinha me cumprimen-tar, pois ela nunca olha para mim. Vou tentar me aproximar mais dela,

O evento atraiu um público diversificado, especialmente feminino

QuEM é a PalEStraNtEA Prof. Dra. Pasqualina Perrig-Chiello chegou

à Suíça aos 7 anos, filha de imigrantes italianos, sem saber falar alemão. Formou-se em Psicologia em Fribourg (Suíça) em 1977 e doutorou-se pela mesma universidade já em 1981. Mãe de quatro fi-lhos, reside em Basileia e acumula diversos títulos de gerenciamento de projetos sobre assuntos que vão desde a puberdade à crise de meia-idade e o recomeço na terceira idade. É Professora Honorá-ria do Instituto de Psicologia de Desenvolvimento na Universidade de Berna e autora de inúmeros livros sobre o assunto.Mais informações em: http://www.entwicklung.psy.unibe.ch/content/team/ppc/index_ger.html

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08 // OUTUBRO 2015

desenvolver uma estratégia para que a situação entre nós se altere. Eu não preciso, necessariamente, estabelecer metas como ‘falar alemão em seis semanas’ ou ‘emagrecer 10 quilos em dois meses’. Eu tenho que aprender a estabelecer metas e a alcançá-las. Assim eu tenho a sensação de su-cesso, que vai me impulsionar para metas cada vez mais ousadas. Mas se eu já vier com a intenção de conse-guir um emprego com cargo de che-fia, como eu tinha em meu país, vou certamente me decepcionar muito e provavelmente não vou conseguir atingir essa meta como esperava.

LD: E a “resiliência” sobre a qual a senhora discorreu hoje faz parte deste processo?

PPC: Resiliência, como eu men-cionei, nada mais é do que resistên-cia. Trata-se de uma resistência à falência de metas e objetivos, que provocam um estado psicológico de insucesso. A resiliência já vem sendo tratada na psicologia há muito tem-po, entretanto tem ganhado muito mais interesse nesses últimos tem-pos. Eu mesma, profissionalmen-te, ando muito ocupada com esta questão: são interessados vindos da indústria química, dos grandes bancos, das comunidades religiosas. Todos desejam saber como tornar-se uma pessoa resiliente.

No processo imigratório, a resi-liência está presente, pois os fra-cassos muitas vezes são repetidos e desanimadores. Mas é possível aprender a ser resiliente. Entretan-to, temos que mentalizar que não somos elásticos, não conseguimos reagir com resiliência em toda e qualquer situação.

LD: Como “reinventar-se” profissio-nalmente?

PPC: Como eu mencionei antes, o importante é que aprendamos a estabelecer metas e objetivos realis-tas para nossos planos. Sem plane-jamento e preparo fica complicado alcançar qualquer meta. Se nós não formos comprar os ingredientes para cozinhar, não vamos conseguir ‘pro-duzir’ a comida como esperado. As-

sim, não basta ter planos, temos que elaborá-los, estruturá-los e aprender a ser resilientes para as situações que não ocorrem como esperado.

LD: Precisamos abandonar os so-nhos e partir para uma área comple-tamente diferente?

PPC: Não, de forma alguma. Nós podemos sonhar, sonhar, sonhar como quisermos, mas temos que aprender a reconhecer o grau de re-alidade em cada um desses sonhos. Não adianta eu querer ser uma bai-larinha se eu manco de uma perna... Não, falando sério, os sonhos são possíveis e necessários, mas preci-sam ser também adequados.

LD: Qual a sua dica para as mulhe-res imigrantes que apresentaram hoje este projeto e a convidaram para a palestra?

PPC: Eu não sei bem porquê, mas tive a impressão de que essas mu-lheres têm pouca autoestima. Elas parecem não querer muito acreditar nelas mesmas. É como se tivessem um pouquinho de medo da respon-sabilidade de assumir realmente o que são e o que fazem. Eu repito que é necessário estabelecer metas e ob-jetivos pessoais e profissionais para avançar na sociedade. Mas temos mesmo que aprender a definir essas metas como pequenas conquistas e acreditar sempre positivamente em nós mesmas. Foi como eu mencionei:

precisamos levantar todo dia e olhar no espelho dizendo a nós mesmas: “Eu sou uma pessoa agradável, sim-pática e inteligente”. Isso ajuda muito mais do que parece. Influencia até mesmo o metabolismo. Se estivermos sempre para baixo, tristes, desacre-ditadas, vamos vivenciar situações semelhantes. Mais autoestima, mais confiança e coragem seriam minhas dicas para as imigrantes que dese-jam voltar ao mercado de trabalho.

rESIlIÊNCIa (PSICOlOGIa)A resiliência é um aspecto psicológico, definido como a capacidade de um indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico. A resili-ência não é um traço de quatro rodas, embora características pessoais possam contribuir para uma adaptação positiva a adversidades (Masten, 2014). A resiliência de um indivíduo dependerá da interação de sistemas adaptativos complexos, como o círculo social, família, cultura, entre outros. Alguns pesquisadores concordam que a resiliência pode se apresentar ou não em vários domínios da vida de uma pessoa (saúde, trabalho, etc.) e variar ao longo do tempo (Southwick et al, 2014).Fonte: Wikipedia - https://pt.wikipedia.org

* Deborah Maristela Biermann é tradutora reconhecida Alemão-Português ASTTI, intérprete e tradutora jurídica reconhecida pelo Cantão de Berna, tradutora intercultural com Certificado Federal de Capacidade Profissional, formadora de adultos e consultora em assuntos de migraçã[email protected] / http://www.brasilianisch.ch / http://www.brasil-infos.ch/forum

Dr. Pasqualina Perrig-Chiello (esq.) com Tatina Kaufmann, uma das mentoras

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OUTUBRO 2015 // 09PErFIS BraSIlEIrOS

Por Ana Júlia M. Phillipp

Penso que uma história só é uma história de verdade se há alguém que a conte. E não há quem não goste de ouvi-las, porque histórias têm alma, singularidades, razões, mensagens... ou seja, são únicas.

A minha não é diferente, e se olho para trás, quase chego a duvidar que a construi sozinha, passo a passo.

Sou paulista, formada em artes plásticas em uma faculdade paulistana e vivo há vinte um anos na Alemanha. Cheguei a este país sem saber uma única palavra da língua alemã e conhecendo uma única pessoa: a que se tornaria meu marido. Minha trajetória não foi das mais fáceis, principalmente no que diz respeito ao aprendizado do novo idioma. Mas me esforcei e, assim que consegui me comunicar razoavelmente, ofereci-me para lecionar pintura no centro da família de Rheinfelden, a cidade onde vivo.

Meu trabalho não era remunerado, mas mesmo assim segui em frente. Foram meses e meses de cursos para adultos e crianças. Eu encarava a atividade como uma aula prática de alemão, aprendia com os alunos e eles, comigo. Era uma troca.

Eu não imaginava que essa primeira experiência seria o passo inicial para firmar uma carreira. Hoje, além de expor minhas telas em galerias da região, leciono artes em quatro escolas da cidade. Sinto-me realizada com o meu trabalho.

Histórias têm alma… São únicas!

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10 // OUTUBRO 2015 PErFIS BraSIlEIrOS

Por Sandra Lendi

Cheguei à Suíça em 1971, precisamente na época em que um partido de direita

desejava expulsar daqui todos os estrangeiros… Imaginem como me senti, com todos os aqueles carta-zes que diziam “Ausländer raus”!!! (Estrangeiros, fora!!). “Ausländer” (estrangeiro) und “Verboten” (proibi-do) foram as primeiras palavras que aprendi aqui. Trazia comigo um di-ploma de Direito e muitos desejos de encontrar um emprego interessante.

Embora já falasse outras línguas, ignorava a de Goethe, idioma até então completamente desconhecido para mim e língua oficial no Can-tão de Basileia, onde morava. Meu sonho de defender a humanidade, principalmente as mulheres e as crianças desmoronou. Como advo-gar sem falar a língua do país?

Comecei então a procurar outras atividades, mais compatíveis com

meus conhecimentos de outras línguas. Meu primeiro passo foi colocar num quadro da Universida-de de Basel um anúncio oferecendo serviços de “baby-sitter” em inglês e francês. Tive bastante sucesso com isso, pois muitos professores estran-geiros procuravam alguém que se ocupasse de seus filhos e animais durante sua ausência.

O tempo foi passando e come-cei a sentir a necessidade de fazer algo mais interessante. Comecei a dar aulas de português “brasileiro” para estrangeiros. Naquela época o Brasil estava na moda, muitos suí-ços e alemães tinham ouvido falar da bossa-nova e queriam conhecer nosso país. Uma empresa química me contratou para ensinar portu-guês a diretores que iriam morar no Brasil e assim tudo começou a rolar. Dei tantas aulas que lá em Rezende (SP) já quase queriam abrir uma rua com o nome de Dona Sandra… É que eu não me limitava somente a dar aulas. De vez em quando cozinhava uma boa feijo-

ada e convidava os alunos para comer e experimentar também a caipirinha. Colocava música brasi-leira e lhes ensinava também a dar uns passinhos de samba, até mes-mo de lambada! Foi assim que eu, que havia estudado para advogar, de repente acabei me transforman-do em professora.

Resolvi então ensinar também outras línguas, aproveitando meus conhecimentos de francês, adquiri-dos na Alliance Française no Brasil, e espanhol, aprendido com minha mãe, cubana de nascimento.

Brasileiros recém-chegados ti-nham ouvido falar de mim no Clube Suíço de São Paulo e me procura-vam para ajudá-los nos trâmites com a burocracia suíça. Foi aí que descobri minha vocação para intér-prete, profissão que aprendi com o tempo e mais tarde obtive um diplo-ma de intérprete comunitária.

Hoje, professora aposentada, ain-da trabalho algumas horas como intérprete e tradutora jurídica. Muita gente me conhece e me cha-mam carinhosamente de “Doutora Sandra”. Já traduzi um cem núme-ro de casamentos e, claro, alguns divórcios. Quando vou a uma festa brasileira reconheço muitos de meus antigos clientes. Agora eles me pedem para traduzir os papeis de seus filhos e até de seus netos. Adoro meu trabalho!

Como vêem, aprendi uma pro-fissão e acabei exercendo outras. Isso foi possível graças ao nosso jeitinho brasileiro, nossa infinita capacidade de adaptação e tam-bém, claro, meu desejo de vencer, mesmo em terras helvéticas! Suei muitas horas para aprender o ale-mão, mas valeu a pena.

Por isso digo sempre aos jovens recém-chegados: aprenda alemão, imediatamente! O conhecimento da língua é nosso escudo, nossa garan-tia de vencer no estrangeiro.

Viel Glück!! (Boa sorte!)

O jeitinho brasileiro pode ajudar na integração

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OUTUBRO 2015 // 11

8004 ZürichStauffacherstrasse 94044 242 0777

4058 BaselClarastrasse 55061 691 0777

1201 GenèveRue du Cendrier 19022 731 5500

1003 LausanneAv. de la Gare 17021 324 0777

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12 // OUTUBRO 2015

Por Irene Zwetsch

Essa foi a mensagem que a Cônsul-Geral do Brasil em Genebra, Embaixado-

ra Maria Nazareh Farani Azevêdo, procurou repassar ao público presente à inauguração da nova sede do Consulado, no dia 21 de setembro. A frase, nesse caso, não é retórica. Desde que assumiu o cargo, em 2013, a Embaixadora não mede

esforços para aproximar o Governo Brasileiro da comunidade brasilei-ra residente na região francesa da Suíça. As novas instalações, amplas e arejadas, além de abrigar todos os serviços consulares, vão funcio-nar também como espaço cultural aberto ao público, abrigando cursos, festivais de cinema, literatura, mú-sica, exposições de artes plásticas e muito mais. “Queremos fazer do Consulado a Casa do Brasil em Ge-nebra”, resumiu Maria Nazareh.

A julgar pela inauguração, ela vai conseguir: o programa incluiu capo-eira, música, exposição de quadros, leitura de poemas, dança, quitutes brasileiros e caipirinha. O princípio adotado parece simples: “O Consula-do oferece o espaço e todos contri-buem com alguma coisa”, explica a Embaixadora. “Queremos fazer com e para a comunidade”, observa. Da festa de inauguração, realizada com o apoio de várias empresas, partici-param diversas autoridades, repre-sentantes do Conselho de Cidadania e da comunidade e convidados “de peso”, como o Secretário de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Eduardo Suplicy, o escritor Paulo Coelho e o Diretor-geral da Organi-zação Mundial do Comércio, Embai-xador Roberto Azevêdo, marido da Embaixadora Maria Nazareh.

Para que tudo funcione, a equipe do Consulado desempenha um pa-pel muito importante, trabalhando em sintonia com a Embaixadora no intuito de servir à comunidade. O Ministro-Conselheiro João Genésio de Almeida Filho, Cônsul-Geral Ad-junto, ofereceu flores à Embaixado-ra em nome da equipe e destacou a admiração de todos por sua vonta-de, determinação e capacidade de “fazer”. A Embaixadora agradeceu a homenagem, elogiou o engajamento de sua equipe e destacou também a importância do trabalho conjunto com o Conselho de Cidadania, uma

“Ir ao Consulado deve ser um programa legal!”

Embaixadora fala sobre os projetos na nova sede

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Roberto Azevêdo, Eduardo Suplicy, Christina Oiticica e Paulo Coelho Embaixadora Maria Nazareh recebe flores de sua equipe

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OUTUBRO 2015 // 13

forma de colaborar para a integra-ção dos brasileiros na Suíça, dando-lhes a oportunidade de conhecer seus direitos e esclarecer dúvidas.

A decoração das paredes na nova sede será feita com obras de artistas brasileiros radicados na Suíça. Para inaugurar o espaço foi convidada a artista plástica Christina Oitici-ca, que anunciou a doação de 10% do valor arrecadado com a venda dos quadros à Associação Raízes, responsável pelo ensino da Língua Portuguesa aos filhos de brasileiros radicados na Suíça francesa.

Para conferir a agenda de even-tos e as novidades previstas para os próximos meses, entre no site do Consulado - http://genebra.itamara-ty.gov.br/pt-br/ ou procure o perfil do Consulado no Facebook. Agende também a nova data de abertura do Consulado no sábado: será no dia 07 de novembro, das 10 às 14 horas.

Com certeza a comunidade brasi-leira da região agradece!

CONSulaDO DO BraSIl EM GENEBra45, Rue de Lausanne1201 Génève, GE(022) 906 94 20E-Mail: [email protected] http://genebra.itamaraty.gov.br

A capoeira também teve espaço

“O Espinhento” aborda bullying em livro infantilPor Marcelo Candido Madeira

OBullying nas escolas não é coisa nova. No

filme “Pink Floyd - The Wall”, de 1979, o protagonista, quando criança, era alvo das chacotas dos outros alunos por escrever poemas. Até o professor o ridicularizava ao levantar seus rascunhos no meio da sala, dizendo: “Po-ems, everybody, poems”. A cena me marcou muito, e eu de pronto me indentifiquei com o personagem Mr. Floyd.

Mas hoje, chacotas, zom-barias, trotes, violência e humilhação tem um nome esbelto e pomposo: Bullying. Acho ótimo que o tabu seja quebrado, que se fale sobre o assunto, porém, não acho que seja salutar ao debate tratar a prática do bullying como um fenômeno novo, oriundo da geração videogame e internet. Por isso, quanto mais se falar sobre o tema, melhor.

A escritora brasileira Blenda Bortolini, residente em Genebra, aborda o tema de forma singela e mesmo poéti-ca no livro infantil “O Espi-nhento”, ilustrado por Wag-ner Luiz Prado. A trama se desenrola a partir do drama vivido por um porco-espinho com dificuldades de aceita-ção entre os outros animais da floresta por conta de seus espinhos em todo o corpo. Estabelece-se aí então um diálogo emocionante, entre o porco-espinho e uma velha e sábia árvore.

Blenda Bortolini nos traz a reflexão sobre a difícil arte do relacionamento, sobre como aceitar as diferenças e como

lidar com as rejeições e o bullying diários. A obra é um convite para considerarmos o valor da verda-deira amizade e a importância da autoestima e do autoconhecimento.

“O Espinhento” é um ótimo livro para se trabalhar em salas de aula, promover debates entre as crianças e criar atividades sobre o tema.

E que cada vez mais crianças tenham a autoestima suficiente para erguer seus rascunhos na sala de aula e gritar: “Poems, everybody, Poems”.

Visite a página de Blenda Bertolini: https://www.facebook.com/Escritora-Blenda-Bortolini-201531443386136/timeline/

E visite também Universo Candura, o blog de Mar-celo Candido Madeira: http://ocandura.wix.com/marcelomadeira

ESPaçO INFaNtIl

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14 // OUTUBRO 2015 BElEZa

Você cuida da sua pele o ano todo? Não? Deveria!Por Patricia Nogueira

Overão acabou e com a chegada do inverno vem a temporada de começar a cuidar da

pele do rosto que sofreu com a exposição ao sol, mar e poluição climática. Mas não é somente no inverno que devemos cuidar da nossa pele. Na ver-dade, ela precisa de cuidados o ano todo, embora a maioria das pessoas pense que só devemos cuidar da pele no inverno. O inverno é ótimo para cuidar das manchas e fazer tratamentos mais agressivos com peelings, o que durante o verão fica proibido,

Patrícia Nogueira é consultora de imagem, beleza e estética pessoal

passo para quem quer dar início aos cuidados com a pele.

Às vezes o cliente reclama que usa os produtos corretamente, mas está com uma pele encrustra-da de células mortas, profundamente suja e que o produto não consegue penetrar. Dou o exemplo de encerar um chão sujo: a cera não consegue pe-netrar. Mas se limparmos o chão primeiro, depois ele brilhará.

Outro tratamento que potencializa o uso de produtos é o peeling de diamantes, também chamado microdermoabrasão. É um procedimento rápido e na mesma sessão já se nota a pele mais clara, revitalizada e com brilho natural. Trata-se de um peeling que remove as impurezas externas da pele, afinando, estimulando o colágeno e a elasti-na e preparando-a para receber outros tratamen-

por causa do sol. Devido ao frio extremo a pele fica mais ressecada, exigindo constante hidratação.

Os cuidados com a pele devem ser diários, duas vezes por dia, de manhã e à noite. De manhã, para hidratá-la e protegê-la, por causa da renova-ção celular que ocorre à noite enquanto repou-samos, deixando uma camada de células mortas depositadas na camada superficial da pele. À noite, para retirar o excesso de sujeira acumulada ao longo do dia.

Saber identificar o tipo de pele é o primeiro passo para encontrar os produtos certos, que deixarão a pele com aspecto saudável, com vida e parecendo bem mais jovem do que realmente é. A maioria das pessoas sabe identificar se a pele é mista, oleosa, seca ou acneica, mas usa os produtos errados. Cada pele necessita de cuidados de acordo com o seu tipo.

Os passos diários e noturnos são nesta sequên cia: sabonete, tônico (pele seca), adstrin-gente (pele oleosa), creme do dia com hidratante,

Lembro que ganhei a primeira marca de expressão no rosto e fiquei desesperada. Busquei a ajuda de um profissional, dizendo que estava com rugas e precisava tratar. De lá para cá não parei mais e já virou um hábito, como escovar os dentes. Essa marca no rosto até hoje não evoluiu e já se passaram mais de 10 anos.

Vale ressaltar que esses são cuidados que chamamos de „manutenção domiciliar“. A pele precisa também, pelo menos a cada três meses, de uma limpeza profunda, feita por um profissio-nal de estética, a fim de renovar a capa córnea que fica incrustrada de células mortas e impurezas. Isso exige procedimentos especiais como o vapor de ôzonio, alta frequência, peelings e a própria extração dos vários tipos de „cravos“ ou até mesmo os mílius (massa branca), o que somente um profissional habilitado pode fazer, com a ajuda de uma agulha, sem causar danos na pele e nem marcá-la. Uma boa limpeza de pele profunda deixa a pele mais clara, com vida e potencializa os efei-tos dos produtos de uso diário. Esse é o primeiro

tos. Aconselha-se fazê-lo uma vez por semana até atingir o objetivo desejado. Ele melhora também manchas superficiais e marcas de expressão, como as rugas mais finas. Esse peeling, associado aos peelings químicos, como o ácido hialurôni-co - que age fazendo uma hidratação profunda e tem efeito tensor, como o botox - deixam sua pele muito mais bonita e cuidada por muito mais tempo e o ano todo. Com uma pele bem cuidada por um profissional e em casa (manutenção) todos vão duvidar da sua idade. O que está esperando? Vá cuidar da sua pele. Ela agradecerá!

filtro solar e creme da noite ou sérum. Uma vez na semana deve-se fazer uma exfoliação após o sabonete. A idade certa para começar a cuidar da pele é na adolescência. A partir dos 25 anos já se começa a dizer que a pele é madura, pois as células de colágeno e elastina começam a ficar „preguiçosas“ e precisam ser estimuladas com produtos e procedimentos para ativá-las. Por isso, ao completar 25 anos, já se deve utilizar um creme noturno que contenha vitamina C ou composições de rejuvenescimento. Isso retardará o processo de envelhecimento.

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OUTUBRO 2015 // 15

Por Íris Martins

muitas são as pessoas imigradas pelo nosso mundo. Começam por formar

uma vida nova, adaptando-se e integrando-se na sociedade. Buscam ajuda dos cidadãos naturais e das instituições que trabalham para esse fim. Por várias questões muitos indivíduos se vêm obrigados a sair da sua área de conforto para apostarem num novo mercado. É sempre um enorme passo que dão na sua vida e no seu futuro, pois saem do seu país para um mundo grande e des-conhecido. Em busca de melhores oportuni-dades para um futuro a curto e longo prazo, muitas vezes a única solução é mesmo sair do seu país e apostar noutro.

A fase inicial da imigração é sempre a mais difícil, por diversos fatores. As pessoas não sabem onde se podem dirigir para terem as informações que precisam, não sabem com quem podem falar e a maior parte das vezes têm que recriar o seu próprio estilo de vida.

Podem ter habilitações, mas no país para que imigram poderá inicialmente não lhes servir de nada e é aí que têm que arranjar e procurar novas alternativas, adaptando-se ao meio em que estão inseridos. O grande

COluNa luSa

Recriar-se é apostar num novo começoentrave (e sempre foi) é a barreira linguísti-ca. Muitas vezes os imigrantes não sabem a língua materna do país e mesmo que tenham um “Curso”, têm que se submeter, inicialmen-te, a trabalhos mais simples e muito longe das suas áreas.

Quando uma pessoa decide imigrar, porém, já tem que ter em mente que poderá passar por esse processo de adaptação e assim será mais fácil lidar com as situações menos agradáveis. Mesmo não estando na sua área de formação, com um trabalho pode-rão fazer contatos e conhecer pessoas que os poderão ajudar.

Por isso, é importante que mal chegue a um país comece a procurar um trabalho nas entidades existentes para esse fim. Essas entidades serão o seu ponto de partida para uma árdua e longa viagem, mas que termina-rá com sucesso.

As igrejas das regiões também têm como objetivo ajudar, integrar e orientar os imigran-tes, assim como os recém-chegados que não sabem bem o que fazer, que caminhos percorrer e por onde começar. Elas têm muita informação que poderá ser benéfica a quem chega recentemente. Não só disponibilizam essa informação, como também direcionam

a pessoa e ajudam a integrar-se na socieda-de, através dos variadíssimos projetos que possuem nas paróquias.

Não é preciso ter uma religião, basta que-rer ser ajudado. Esses são os pontos de par-tida primordiais para quem acaba de chegar e precisa de ajuda. Mesmo que a língua se torne, inicialmente, uma dificuldade, existem várias alternativas que as próprias paróquias conhecem para ajudar a resolver esse obstá-culo. Passa tudo por uma questão de tempo e paciência. Não é fácil uma integração e uma recriação de hábitos sociais, mas com a ajuda e o apoio que são fornecidos tudo torna-se mais fácil.

A Suíça, por exemplo, é um país que gosta de apoiar e de acolher os recém-chegados, mas como em todos os países, têm que ter a informação de que o indivíduo quer e precisa de ser ajudado. Hoje em dia a barreira linguística já não é um pesadelo, pois podem se dirigir às entidades competentes e falar numa língua que estejam mais à vontade para expor a sua situação. No entanto (e como tudo na vida) requer muito esforço e dedicação, pois neste país eles dão sempre a oportunidade dos imigrantes ficarem a saber a língua, com cursos de alemão grátis para iniciantes.

É tudo uma questão de não desanimar, não desistir e procurar essas entidades e paróquias, que estão sempre prontas a ajudar, orientar e dar ânimo para que o indivíduo consiga sair vitorioso dessa grande batalha e desafio que é ser imigrante.

Para mais informações dirijam-se à igreja mais próxima da vossa região e expliquem bem o vosso objetivo junto de quem vos poderá ajudar.

Íris Martins é jornalista, repórter & cronista

Ilustração: “Imigração no Brasil” - Desenho de Gabriela Misaki Kojima, 10 anos (Japão), menção honrosa no III Concurso de Desenho Infantil “Brasi-leirinhos no Mundo”.

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16 // OUTUBRO 2015

1) Casei no exterior. Preciso comunicar às autoridades brasileiras este casamento?

Sim. O registro do casamento realizado no exterior em Repartição Consular competente não é opcio-nal, mas sim obrigatório. Todo cida-dão brasileiro que mudar seu estado civil, em qualquer lugar que seja, deve comunicar esse ato no Brasil. Ninguém pode ter estados civis dife-rentes em locais diferentes.

2) Este registro consular é defini-tivo ou ainda é preciso fazer algo mais no Brasil?

O registro consular de casamento é um documento provisório, que deverá ser transcrito (novamente registrado) em cartório no Brasil. Somente após esse procedimento a pessoa terá uma certidão brasileira de casamento definitiva e com ela poderá renovar seus documentos brasileiros.

3) E se eu não registrar o casa-mento no Consulado Brasileiro signifi-ca que estou solteiro (a) no Brasil?

Não. Afirmar isso é um erro! Os Tribunais no Brasil reconhecem o matrimônio realizado no exterior, ainda que esse não tenha sido re-gistrado nos órgãos oficiais bra-sileiros competentes. Conforme já mencionado na primeira pergunta, a pessoa não pode ter estados civis diferentes, bem como nomes diver-sos, sob pena de cometer “Crime de falsidade ideológica”, de acordo com o Art. 299 do Código Penal Brasileiro.

4) Eu me divorciei no exterior. Este divórcio é válido no Brasil?

Não. Ele precisará passar por um procedimento jurídico de reconhe-cimento perante o Superior Tribu-nal de Justiça para que possa ter validade em território nacional. Por se tratar de um processo judicial de Homologação de Sentença Estran-geira, é obrigatório que seja feito por advogado devidamente inscrito nos quadros da Ordem dos Advoga-dos do Brasil. É recomendável que a pessoa busque um profissional que seja especialista em Direito Inter-nacional e possua conhecimentos da lei do país onde foi proferida a sentença, para que se evite ocor-rer complicações no decorrer do processo.

5) Nunca registrei meu casamento no Brasil e já estou divorciada no exte-rior. Ainda assim preciso homologar a sentença de divórcio no Brasil?

Sim. Mesmo que o casamento não tenha sido registrado, a vali-dação dessa sentença deverá ser feita, para que a pessoa mude seu estado civil para o de divorciada e possa regularizar todos os atos jurídicos civis realizados (casamento e divórcio). Se um dia a pessoa vier a contrair novo matrimônio, onde quer que seja, ela será considerada bígama (Crime de Bigamia – Art. 235, Código Penal Brasileiro), caso não tenha feito todos os procedi-mentos necessários para realizar esse casamento.

lOBMaIEr & NEGrãOAdvocacia e Consultoria

Patricia lobmaierAdvogada e Mestre em Direito Internacional

Tel.: 076 665 60 33 [OAB/RJ 134.929]

Patricia Brooking NegrãoAdvogada, Tradutora e Intérprete

Tel.: 079 607 67 33 [OAB/SP 105.386]

Esta coluna é uma colaboração das consultorasjurídicas do Conselho Brasileiro da Suíça.

Para mais informações ou para enviaras suas perguntas, escreva para:

[email protected]@conselho-brasileiro.ch

JURÍDICACOLUNA

Casamento e Divórcio no Exterior

TEXTO LOBMAIER & NEGRÃO

6) E se eu não regularizar minha situação no Brasil, o que acontece?

O cidadão que não estiver com seus documentos brasileiros em ordem, poderá ter uma série de problemas, como renovar seu passaporte, mudar seu nome após casamento ou divór-cio, registrar um novo casamento ou o nascimento de seus filhos, regularizar seu título de eleitor etc. Cabe ainda ressaltar que também pode encontrar obstáculos no país estrangeiro (no caso a Suíça) quando tiver que reno-var a sua permissão de estadia ou até mesmo dar entrada num pedido de cidadania. É importante que todos estejam com seus documentos em dia, para que não tenham problemas, tanto no seu país de origem como no seu país de residência.

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OUTUBRO 2015 // 17

Por Irene Zwetsch

Genebra e região serão palco, de 13 a 29 novem-bro, do festival “FILMAR

en América Latina”, um evento que apresenta anualmente produções latinoamericanas recentes em documentários e filmes de ficção. Uma centena de filmes estarão em cartaz, não apenas em Genebra, mas também em outras partes da Suíça francesa e algumas cidades vizinhas na França. Em entrevista à Linha Direta a diretora da mostra, Sara Cereghetti, destacou o trabalho de organização feito por uma equipe jovem e dinâmica, que confere ao evento leveza e movimento.

Estarão concorrendo ao Prêmio do Público e do Juri Jovem 16 filmes, entre eles o brasileiro “Fome”, do ci-neasta gaúcho Cristiano Burlan, que relata a história de um velho que

perambula pelas ruas de São Paulo com um carrinho de supermercado cheio de trapos. Haverá ainda pro-jeções de filmes para crianças e fa-mílias, assim como produções de re-alizadores consagrados e de jovens talentos da América Latina. Outros sete filmes brasileiros também serão apresentados durante o Festival: “Heliópolis” (Sérgio Machado), que chamou a atenção no Festival de Lo-carno (veja p. 18), “Ausência” (Chico Teixeira), que participou da Berlinale deste ano, “A que horas ela volta” (Anna Muylaert), recentemente em cartaz na Suíça, “Ventos de agosto” (Gabriel Mascaro) e “Beira-mar” (Filipe Matzembacher), além de dois documentários sobre a imigração japonesa no Brasil. “Corações sujos”, de Vicente Amorim, apresenta uma ficção histórica sobre os japoneses imigrantes, enquanto “One day we arrived in Japan”, produção reali-zada por Aaron Litvin e Ana Paula Hirano, trata a história de imigran-tes brasileiros no Japão.

A história do Festival começou em 1985, quando um grupo de estudantes do Instituto Universitá-rio de Estudos em Desenvolvimento realizou um ciclo de cinema para mostrar filmes do Sul. Esse grupo

América Latina em foco

ESPECIal CINEMa

deu origem à associação Cinéma des Trois Mondes, dedicada à divulga-ção de filmes recentes provenientes da América Latina, África e Ásia. Com o crescente interesse pelo cinema latinoamericano, o foco acabou se concentrando na produ-ção desses países e em 1999 aconte-ceu o primeiro “FILMAR en América Latina”, organizado pela associação Cinéma des Trois Mondes, presidida por Jean-Pierre Gontard.

Nesta 17. Edição do Festival estarão em cartaz produções de 18 países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salva-dor, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Para-guai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. As películas serão apresentadas em Genebra, Carouge, Versoix, Lausanne, Pully, Yverdon, Chexbres, Fribourg, Bienne, Neuchâtel, Courroux e Martigny, na Suíça e nas cidades de Ferney-Vol-taire, Divonne-les-Bains, St-Julien-en-Genevois, Annemasse e Gex, na França.

Mais informações, assim como o programa do Festival, podem ser consuladas no site: www.filmar.ch

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18 // OUTUBRO 2015

Por Rui Martins*

Dirigido por Sérgio Machado e produzido por Fabiano Gullane, o filme mostra o

processo romanceado da formação da Orquestra de música clássica de Heliópolis com jovens da favela desse nome, perto do bairro pau-listano do Sacomã. A produção que emocionou a crítica, foi apresentada no encerramento do Festival Inter-nacional de Cinema de Locarno e por isso nem concorreu ao Prêmio do Público.

A Orquestra Sinfônica de Heliópo-lis começou a ser formada há vinte anos e hoje se apresenta com regu-laridade na Sala São Paulo, ao lado da Estação da Luz, na capital paulis-ta, com turnês pelo Brasil e exterior. Os jovens favelados com talento musical revelaram-se dedicados no aprendizado de seus instrumentos, porém inicialmente não sabiam ler o pentagrama, claves e notas das partituras musicais.

Tudo começou quando, em 1996, o maestro Silvio Baccarelli viu pela

televisão um incêndio na favela Heliópolis e decidiu dar cursos grátis de formação musical e instrumentos musicais aos filhos dos favelados. O primeiro grupo formado tinha 36 alunos, atualmente a Orquestra Sin-fônica contra com mais de noventa músicos, é regida regularmente por Isaac Karabtchevsky e tem como patrono o maestro Zubin Mehta.

O filme incorpora situações vi-vidas na época da preparação dos primeiros músicos, quando podiam brigar no meio dos ensaios, não sa-biam se sentar e nem como segurar corretamente os instrumentos que tocavam. Quando a orquestra come-çou a fazer nome na favela, o chefe dos traficantes da região pediu para a orquestra tocar uma valsa no ani-versário de quinze anos de sua filha. Um depoimento retomado no filme é o de uma aluna dizendo ter sido apanhada na rua e que só se sentia ela mesma nos ensaios da orques-tra, tocando seu instrumento.

Todos os jovens da orquestra e todos os jovens participantes do filme, com exceção do ator princi-

pal Lázaro Ramos, são da favela de Heliópolis, exigência mantida para se garantir a veracidade e autentici-dade do filme.

Sérgio Machado e seu produtor esperam ter o filme no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo. “O filme basicamente não é um filme sobre música mas sobre a chance de mudar de vida. Dez mil jovens da favela já passaram por essa escola, pertencente ao que se transformou no Instituto Baccarelli e quatro orquestras já foram formadas, uma delas tendo tocado para o Papa na sua visita ao Brasil. Não basta mos-trar nossas favelas, é preciso dar aos jovens favelados uma oportuni-dade, ora a formação musical lhes dá essa oportunidade”, diz Sérgio Machado, cineasta baiano vivendo em São Paulo.

“Uma das primeiras apresen-tações no Brasil será na favela de Heliópolis, com o filme, a orquestra e um debate, num local com capaci-dade para vinte mil pessoas. Houve um grande aumento do consumo dentro da camada pobre da popu-lação, não há mais fome no Brasil, o que é importante. Na casa desses jovens há televisão e computado-res, mas infelizmente a formação do povo em termos de cultura não andou nessa mesma velocidade”, diz o realizador do filme.

“Não existe mais fome e miséria no Brasil”, prossegue o diretor Macha-do, “mas isso criou um paradoxo: quando aumentou o consumo das pessoas das camadas mais pobres da população, elas não se sentiram mais bichos e passaram também a querer consumir cultura e ter o que outros tinham. Isso acabou por criar ainda mais choques com a população das classes superiores, que decidiram aumentar a altura dos seus muros de separação, como essa classe alta que vive em São Paulo nos condomí-nios fechados, com a tendência de se isolarem cada vez mais”.

“Heliópolis” emociona crítica em Locarno

O ator Lázaro Ramos vive o maestro Silvio Baccarelli, ensinando música clássica a jovens da favela

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OUTUBRO 2015 // 19

“Porém, ao contrário de filmes como Tropa de Elite e Cidade de Deus, que falam de desesperança, eu acho e muitas pessoas em diversos lugares parecem também achar, haver esperança, devendo-se cons-truir pontes em lugar de muros“, diz Sérgio Machado.

Uma cena marcante no filme é quando o professor de música Laerte bronqueia os alunos por não terem uma postura adequada ao aprendizado do seu instrumento, um relaxamento excessivo, e passa a exigir que se sentem, falem e toquem corretamente. “Eu acho essa cena importante, porque o professor vê seus alunos como pessoas”, diz Machado.

“Outra coisa importante: quando se dá a esses jovens uma oportu-nidade, uma chance, eles agarram com toda força e fazem tudo para merecer. Basta pouco para se obter muito”.

“Vamos ver se no dia do lança-mento do filme, que deverá ser em novembro, a Orquestra Heliópolis to-cará junto com a Orquestra Sinfônica de São Paulo. Essa será mais uma ponte criada”. A estreia do filme está marcada para o dia 12 de novembro em São Paulo. Ainda não estão de-finidas as datas na Suíça, mas já foi acertada a distribuição no país.

Sérgio Machado, diretor do filme que fez mesmo críticos chorarem com o filme considerado a surpresa final do Festival, fez sua formação na Bahia e trabalhou durante quinze anos, como assistente de direção do realizador Walter Salles. Seu pri-meiro curta-metragem foi „Troca de Cabeças“, em 1993. Seguiu-se „Onde a terra Acaba“, em 2001, exibido no Festival de Havana e do Rio. Seu primeiro longa, foi „Cidade Baixa“, em 2005, e depois „Quincas Berro d´Água“, em 2009, adaptado de um romance de Jorge Amado.

*O jornalista Rui Martins participou como convida-do pelo Festival Internacional de Cinema Locarno.

Pátria, língua e palavraPor Paulo Hebmüller*

“A palavra é possibilidade”, disse o filósofo alemão (Hegel? Heideg-ger? Não lembro. Quiçá isso confirme a tese de “Língua”, aquela em que Caetano canta: “está provado que só é possível filosofar em alemão”). “Minha pátria é a língua portuguesa”, gravou o português Fernando Pessoa no solo de nosso belo idioma comum (a quem tanto despreza-mos, pobres de nós, ignorantes de que, quanto mais avançamos nessa geografia, mais se expande nosso território interior). E Caetano, talvez achando pouco o que disse o poeta, adicionou naquela mesma música: “A língua é minha pátria/ E eu não tenho pátria/ Tenho mátria e quero frátria”.

A palavra pode ser tudo, menos imparcial, fria, anódina. Palavras querem dizer coisas, seja para esclarecer, seja para obscurecer. Nas tantas guerras que moldaram a sangue as fronteiras do Sul do Brasil, terra em que todos falavam mais ou menos a mesma língua – um hí-brido de português e espanhol, eternos vizinhos em dois continentes –, os “do nosso lado” mostravam dois dedos fazendo o “V” de vitória aos prisioneiros suspeitos de ser gringos (castellanos, e portanto inimigos) e perguntavam: “quantos dedos há aqui?” Se o infeliz respondesse, em bom castelhano, “dos”, o facão transpassava-lhe a garganta. Morria-se, literalmente, pela boca. Pela palavra.

Tão poderosa ela é que nem só de pão o homem viverá, mas tam-bém da palavra, ensinou Jesus. Antes do Cristo, num texto do Antigo Testamento, o profeta Jeremias testemunha que delas já se alimentara: “Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração”. O Salmo 107 diz que os estultos, em seu caminho de transgressão e às portas da morte, haviam clamado ao Senhor: “Enviou-lhes a sua palavra e os sarou, e os livrou do que lhes era mortal”.

Numa crônica clássica da década de 1970, que dá título ao livro O gigolô das palavras (publicado em 1982), Luis Fernando Verissimo ensi-na que ninguém precisa dominar as regras gramaticais para escrever bem, assim como não é necessário conhecer o papel de cada músculo, nervo ou osso do corpo para caminhar. “O importante é comunicar”, aponta Verissimo. “E quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.”

Começo aqui uma parceria intercontinental que vai brincar um pouco com as palavras da nossa língua. Sem a pretensão, claro, de surpreender, iluminar ou comover verissimamente – mas, se der para ao menos divertir um pouco, já terá valido a pena.

Nos vemos – ou lemos – por aqui.

*Paulo Hebmüller é jornalista e mora em

São [email protected]

BrINCaNDO COM a lÍNGua POrtuGuESaESPECIal CINEMa

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20 // OUTUBRO 2015

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OUTUBRO 2015 // 21

Por Vicente Luis de Moura

Otema da autoestima é comum em psicoterapia. O gostar de si mesmo e a

noção do valor próprio influenciam muitos aspectos de nossas vidas: o trabalho, os relacionamentos, nossa autoimagem.

Creio ser importante diferenciar

aquilo que é percebido como uma boa autoestima, que é algo saudável, do egocentrismo. O egocentrismo é visto naquelas pessoas que se co-locam no centro de tudo, aprecian-do pouco aqueles que as rodeiam, tendo olhos apenas para as próprias necessidades e desconsiderando os sentimentos alheios.

Uma boa autoestima é vista em pessoas que sabem valorizar a si mesmas, tendo a própria opinião como referência naquilo que pen-sam e fazem, mas sem desconside-rar aquilo que os outros falam.

Do lado oposto, na baixa autoes-tima, temos pessoas que se julgam

sem valor nenhum, que não gostam de si mesmas. Essas esperam rece-ber de outros o elogio que as façam sentir melhor e acabam por se colocar à disposição dos outros sem autocrítica, reduzindo-se. Geralmen-te tais pessoas têm uma autocrítica severa que as maltrata.

A formação da autoestima come-ça na infância, na forma como os pais reagem à criança. Os pais pos-suem um papel central nessa for-mação. Eles devem passar à criança a noção de aceitação, estimulando as conquistas que ela alcança. Isso mostra à criança o valor que ela possui para os pais e fortalece a noção de competência. Não se trata de fazer tudo o que a criança pede ou dar a ela tudo de material que ela quer. O valor aqui é mais afetivo do que material.

Gostaria de dar uma dica para os pais que têm crianças pequenas: quando as crianças fizerem algo errado, que precisa ser corrigido, diga à criança que aquilo que ela

fez foi errado, mas não diga que a criança é errada (exemplo: você er-rou na conta de matemática e deve se esforçar mais; e não diga você é burro, não sabe pensar!). Aquilo que fazemos de errado pode ser melho-rado em uma próxima vez, mas se aprendemos que somos errados, não temos o que fazer para reparar o erro e passamos a pensar mal sobre nós mesmos.

O elogio à criança é tão funda-mental quanto à forma correta de chamar a atenção. Quando a criança faz algo de bom, mesmo que seja pequeno aos olhos dos pais, mostre que o que foi feito é aceito e valorizado. Além dos pais, também o meio que cerca a criança (amigos, a escola, família) ajuda a construir a noção do valor próprio e, por fim, a própria criança possui desde o nascimento o jeito próprio de se relacionar com o mundo, que também influenciará na formação da autoestima.

É dessa complexa interação que a autoestima se forma, primeiro como algo que depende da interação, depois daquilo que foi integrado na personalidade em formação e por fim daquilo que o indivíduo faz com aquilo que ele integrou. Das inúme-ras possibilidades, surge a individu-alidade de cada um de nós.

Alimente a autoestima de seu filho. Isso o nutrirá por toda a vida.

Autoestima é muito importante

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Vicente Luis de Moura é psicólogo em Zurique.

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22 // OUTUBRO 2015

Por Fernanda Janeiro Groke & Isis Dias Vieira*

Com a presença de repre-sentantes de comunidades brasileiras no exterior foi

realizada em Brasília, entre os dias 24 e 26 de junho, a I Conferência sobre Questões de Gênero na Imi-gração Brasileira. Promovida pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), em Brasília/DF em parceria com a Fundação Alexandre Gusmão (FUNAG), o evento reuniu relatos sobre problemas relacionados à violência doméstica, tráfico de pes-soas, exploração sexual de menores, disputa por guarda de menores, imagens estereotipadas da mulher brasileira no exterior e questões que afetam a população brasileira LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Traves-tis, Transexuais e Transgêneros).

Vários órgãos federais estavam representados: MRE, Ministério da Justiça e Secretaria dos Direitos Humanos, dividindo espaço também com Organizações Não Governamen-tais (ONG’s) que fazem trabalho pre-ventivo para mulheres em risco de violência de gênero ou que apoiam a população LGBT, entre outros.

No evento, além de diagnósticos de

diversos países nos quais as imigrantes brasileiras são submetidas a qualquer tipo de violência, seja física ou psicológica, foram apresen-tadas propostas para rever-ter esse quadro que acomete as nossas imigrantes. Apesar dos pontos altos do evento, como a distribuição do livro do Ministério das Relações Exteriores sobre políticas de combate à violência e à dis-criminação contra pessoas LGBT, por exemplo, houve um silêncio preocupante sobre a raiz do problema da violência de gênero, não somente no exterior, mas também em solo brasileiro, qual seja, a sociedade hete-

NOta DE ESClarECIMENtO

O “Prevenção Madalena’s” é uma ONG sem fins lucrativos que trabalha há 15 anos na Suíça, dando assistência direta às vítimas de violência doméstica e tráfico de pessoas, e no Brasil, com a prevenção nas escolas. As representantes da entidade no Brasil partici-param voluntariamente na I Conferência, pagando seus custos e apenas como observadoras, sem direito a participar da mesa de debate. Quem mora em Brasília sabe muito bem como é isso! Os parti-cipantes não são convidados pela sua competên-cia ou seu real interesse pelo assunto, mas por ser do partido. Isso leva a muita conversa fiada, muito estrelismo e pouquíssimas ideias efetivas para a solução do problema. Tudo gira em torno dos egos e dos relatórios para justificar a gastança. Infe-lizmente, um assunto tão importante como este, foi tratado apenas “politicamente”, de maneira partidária. (Lúcia Amélia Brüllhardt)www.luciaameliamadalenas.com

I Conferência sobre Questões de Gênero na Imigração Brasileira: o que faltou dizer...

Faltou ainda uma discussão que se propusesse a implementar os estudos de gênero nas escolas bra-sileiras, a fim de evitar o machismo, a misoginia e a violência de gênero, que são conceitos e comportamen-tos adquiridos, ensinados e não inatos. Seria necessário falar sobre a implantação de cartilhas LGBT nas escolas, para que o preconceito seja trocado por respeito, convivência e equidade. Em outras palavras, para que as nossas e os nossos imigran-tes sejam empoderados, a solução vai muito além da distribuição de algumas cartilhas em consulados brasileiros. Afinal, até pela escassa verba governamental, é necessário discutir e implantar políticas públi-cas oriundas de um debate apro-fundado do real problema, sem o que estaremos discutindo apenas os efeitos e rodando em círculos.

*Isis Dias Vieira e Fernanda Janeiro Groke são representantes da ONG “Prevenção Madalena’s” em Brasília e São Paulo, respetivamente.

Isis Dias Vieira (esq.) e Fernanda Janeiro Groke

ronormativa e heteropatriarcal.

Entre as propostas de combate à violência de gênero, muitas pessoas falaram sobre a elaboração de carti-lhas contendo a legislação a respeito para serem distribuídas em consula-dos. Seria uma forma de empoderar as mulheres, permitindo que conhe-çam e tenham domínio sobre os seus direitos, mesmo sendo imigrantes.

Não há dúvida de que são políti-cas públicas necessárias no mo-mento e que respondem à escassa verba proporcionada para essas questões. No entanto, faltou uma proposta de articulação entre ONG’s europeias, que estão há tempo nessa luta, e também as brasileiras, não importa quão exaustivas sejam as batalhas a serem enfrentadas. Além de ONG’s articuladas entre si, seria necessário escutar os movimentos sociais feministas e LGBT, compostos por pessoas que estão há décadas lutando contra a discriminação e os diversos tipos de violência, pro-curando sobreviver diariamente. Também seria necessário escutar os movimentos jovens, que protagoni-zam as próprias lutas.

PrEVENçãO MaDalENa’S

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OUTUBRO 2015 // 23

Brasil Flash TVO verão na Suíça foi quente em todos os sentidos. Confira o que rolou, com o clic da Brasil Flash TV.

Camila Arantes arrasou em

Zurique no Brasil Planet, promovi-do por Severino

da Paz.

Brazil Boat do Festival de Jazz

em Montreux: Três dias de muita música e alegria.

A Banda Carrapicho,

vinda de Manaus,

foi o toque especial

deste ano na Festa de

Ouchy, em Lausanne.

A voz caris-mática do samba cario-ca, Neguinho da Beija Flor, foi o desta-que do Brazil Fever, orga-nizado por Jack Duarte Produções, em Friburgo.

Eliana Fadel, da Brasil Flash TV, marcou presença no Street Parade.

O Street Parade comemorou os 24 anos com sol de rachar, muita gente saudavelmente bonita, alegria e calor humano.

No 3° ani-versário do

Forró das Meninas o Negro Jay fez suces-

so com o público

feminino.

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24 // OUTUBRO 2015

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OUTUBRO 2015 // 25

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26 // OUTUBRO 2015

Por Jacqueline Aisenmann

Uma das coisas mais difíceis de fazer é justa-mente abandonar o que de velho faz parte de nossa vida, de nossa rotina, de nosso

armário... dando assim espaço para o novo. Muitas vezes a sensação é que estamos jogando fora algo precioso e que nunca mais poderá ser recuperado. Quem sabe?

Verdade seja dita, durante a vida isto acontece muitas vezes. Mas um dos momentos onde isto mais parece verdadeiro é quando mudamos de país.

Mudamos por inúmeras razões: para estar perto da família ou para formar uma nova família; para en-contrar melhores condições de trabalho (ou de estu-do); para conhecer novas culturas; para melhorar as condições de vida; para mudar radicalmente o rumo tomado anteriormente. Seja qual for a razão, uma coisa é certa e dela não podemos fugir: estando num novo país, onde a integração é fase necessária para dar continuidade à nova vida, temos que, tantas ve-zes, nos recriar. Nos reinventar. Reaprender a viver, a ser uma pessoa que antes sequer pensávamos poder ser. O que cultivamos e aprendemos em nosso país de origem fica em nós como bagagem cultural e emocio-nal que não poderá ser esquecida ou abandonada: a língua, os hábitos, a alimentação, as pessoas.... Tudo o que fazia parte da vida que levávamos continuará em nós, com certeza. E de maneira forte permanecerá em nosso coração.

Mas com esta mesma certeza, seguindo o caminho que escolhemos em um novo país, teremos sim que passar pela fase imprescindível do “recriar-se”, onde aprendemos uma nova língua e com ela lidamos para falar no dia a dia, para expressar nossas emoções e razões. Aprendemos também a conviver com as dife-renças culturais e a fazer destas mesmas diferenças degraus para atingir não só a convivência ideal, mas a compreensão do novo mundo que nos cerca.

Nos “recriamos” para sobreviver, mas também para viver melhor. Adquirimos a língua, novos hábi-tos; participamos da cultura local, fazemos amizade com pessoas de outras nacionalidades e com elas estabelecemos laços que vão desde os familiares aos empregatícios. Nestas novas relações construímos uma base interior de nós mesmos muitas vezes bem

distante do que fomos em nosso país de origem. Isto é a chamada integração e a integração é a realidade de se recriar.

Pensemos também que aqueles que nos acolhem tam-bém se adaptam, de certa maneira, para nos receber. O sentimento de reciprocidade só ajuda a construir melho-res relacionamentos e permite uma melhor integração.

Assim, quando pensamos em “quanto mudamos” desde que saímos de nosso país, pensemos também no quanto amadurecemos, no quanto crescemos através da recria-ção de nós mesmos. Somos diferentes atualmente. Mas certamente somos melhores, mais completos, mais aber-tos e mais realizados.

Recriar a si mesmo

é um ato de amor.

COMENtárIO

Integração é a realidade de se recriar

Jacqueline Aisenman, escritora, editora da Varal do Brasil

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VIDa Na SuÍça OUTUBRO 2015 // 27

uM PrOjEtO VOltaDO à INtEGraçãO

Por: Fabiana Kuriki, Maria Carolina Aeschlimann e Patricia Lobmaier

Todos nós imigrantes sabemos que não é fácil morar fora do nosso país! Foi partindo dessa premissa que nós, Fabiana Kuriki, Maria Carolina Aeschlimann e Patricia Lobmaier - três brasileiras radicadas na Suíça, resolvemos nos unir para criar o projeto “Vida na Suíça”, usando nossos conhecimentos e experiência profissional em diferentes áreas.

Nossa proposta é apoiar a integração de estrangeiros lu-sófonos na Suíça por meio de um livro, o “Guia Vida na Suíça”, de um website - www.vidanasuica.com, que reúne informa-ções úteis e importantes para os imigrantes, bem como com um trabalho de mídias sociais para divulgação - facebook.com/vidanasuica.

O livro reúne em um único material, com linguagem fácil e objetiva, informações relevantes que facilitam a adaptação e a compreensão de como funciona o novo país, mantendo sempre o aspecto internacional de conexão com seu país de origem. O download do guia pode ser feito no próprio site do projeto: www.vidanasuica.com

A iniciativa de realizar este trabalho é totalmente inde-pendente e voluntária, com o objetivo de contribuir e auxiliar todos os estrangeiros falantes da língua portuguesa em seu processo imigratório em terras helvéticas.

As dificuldades são inúmeras e o processo de integração é um caminho longo a ser percorrido. Entretanto, acreditamos que com informação organizada e um ponto de apoio disponí-vel essa fase de transição pode se tornar bem mais fácil!

Acompanhe nosso trabalho e fique informado. A casa é

nossa!

Fabiana Mayume KurikiMaria Carolina AeschlimannPatrícia Lobmaier

NEtWOrKING Para EMIGraNtES

Por Deborah Biermann, Berna

Já faz tempo que você está à procura de uma vaga à sua altura? Você tem formação completa, mas não consegue se inserir no mercado de trabalho? Você precisa de pes-soas para impulsioná-lo, ajudá-lo, orientá-lo, que lhe abram as portas?

Pensando nisso a prefeitura de Berna está patrocinando o Programa Bernetz: um programa de networking com uma rede de profissionais voltada aos emigrantes qualifi-cados. O projeto é voltado para pessoas que preencham os seguintes critérios:

1. Emigrantes adultos (18 anos ou mais)2. Emigrantes que ainda não conseguiram trabalhar na Suíça na sua área de forma-

ção original3. Emigrantes que concluíram ao menos 11 anos de escola (ensino obrigatório e

educação continuada ou profissionalizante, eventualmente um curso superior)4. Emigrantes que estão registrados oficialmente no país e tem permissão de

trabalho5. Emigrantes que têm conhecimento de alemão suficiente para abraçar sua profis-

são e inserir-se no mercado de trabalho

O projeto destina-se prioritariamente aos domiciliados no município de Berna. Ha-vendo vagas, são aceitos candidatos de outros municípios, preferencialmente vizinhos a Berna. O programa se compõe concretamente dos seguintes tópicos:

• Você fica conhecendo ‘cara-a-cara’ pessoas que trabalham atualmente na sua área profissional. Essas pessoas devem lhe dar dicas sobre processos seletivos e como buscar emprego, bem como fornecer-lhe nomes e contatos de pessoas interessantes. A ideia é a do “efeito cascata”, conhecendo uma pessoa, você fica conhecendo várias e assim por diante;

• O programa de acompanhamento engloba quatro dias de treinamento e informa-ção. Outros quatro encontros serão agendados. Você aprofunda seus conhecimen-tos relativos ao mercado de trabalho local. Além disto, você elabora e aprimora seu curriculum vitae e sua atitude durante entrevistas.

• Você estabelece contatos com outros participantes, que se encontram em uma situação semelhante.

O Kompetenzzentrum integration (espécie de Agência Especializada em Integração do município de Berna) desenvolve o projeto ‘Bernetz’ com a convicção de que existe um potencial profissional entre os emigrantes, que é pouco aproveitado. Por isso lançaram este projeto de apoio àqueles que queiram aumentar sua rede de contatos profissionais, inserir-se no mercado de trabalho suíço e adquirir conhecimentos sobre o processo de seleção em empresas. Trata-se de um programa que dura 12 meses, com início previsto para dezembro de 2015.

Para participar, envie por email seu curriculum vitae atualizado e uma carta de moti-vação discorrendo sobre os temas acima mencionados até o dia 18 de outubro de 2015. Envie seu email para [email protected]. Se preencher todos os requisitos, você receberá um contato para uma entrevista pessoal. A participação somente será confirmada após a entrevista.

O curso tem um preço total e simbólico de Fr. 300 (inclui os oito dias de aula). O pro-jeto é quase totalmente subsidiado pela prefeitura de Berna e pela Secretaria Federal de Emigração (SEM). Caso você seja aceito e não possa custear o curso, entre em contato com Susanne Rebsamen (Especialista em Integração): [email protected] / 031 321 72 13. Ela também pode oferecer mais informações sobre o projeto.

PrOjEtO BErNEtZ

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