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Caras amigas e amigos A primavera chegou, ainda que pouco ensolarada e fria para o nosso jeito brasileiro. Mas temos certeza de que logo o sol vai mostrar a cara e poderemos curtir um ótimo verão, como diria Fernando Pessoa, «intensa- mente», não importa quanto tempo ele durar. O final de 2004 e o início de 2005 foram marcados por momentos inesquecíveis, como a tragédia nas Filipinas ou a comoção mundial na morte do Papa João Paulo II. São momentos que ficam na história, pelo impacto que causam na vida de milhares de pessoas. Existem outros momentos, que talvez não fiquem re- gistrados na história oficial, mas que tornam-se inesquecíveis, como o nascimento de um filho ou neto, o primeiro beijo ou a realização de um sonho. Momentos como a glória do artista, que no palco ou nas ruas, faz sua arte, diverte, causa espanto e chama para si a atenção, ainda que por alguns minutos. Para Marcelo Madeira, o lançamento do livro «A vizinha suíça e outras crônicas» deve ter sido um des- ses momentos mágicos, que ficam guardados para sempre. Nesta edição, o autor, que tam- bém é músico, fala sobre seu livro, sua carreira musical e seus planos. Além de Marcelo, o CIGA-Informando con- versou também com Fabiana Macchi, professo- ra e tradutora que nos deu uma pequena aula de literatura intercultural. Fabiana traduziu para o português diversos autores de língua alemã, e muitas obras que abordam de uma ou outra forma o tema da migração. Para completar nossa série de entrevistas, fomos ouvir um grupo muito especial: cinco mulheres bem diferentes, que no palco soltam sua energia e dão vida ao grupo «Trompas de Falópio». Com um repertório formado por músicas bregas de diversos autores, elas dão um show de energia, descontração e alegria, que contagia, diverte e envolve o público. Falando em alegria e energia, a preparação da nossa Festa Junina está a pleno vapor. Será no dia 19 de junho, desta vez em outro local, no Salão da Burggartenschulhaus, em Bott- mingen, em função das C I G A - B r a s i l C e n t r o d e I n t e g r a ç ã o e A p o i o ANO 7 - NÚMERO 34 - MAIO 2005 - TIRAGEM:1500 EXEMPLARES Binningerstrasse 19 4103 Bottmingen Tel. +41 061 423 03 47 Fax +41 061 423 03 46 [email protected] www.cigabrasil.ch «O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.» Fernando Pessoa Continua página 3 Foto: Rubens Zischler

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Caras amigas e amigos

A primavera chegou, ainda que poucoensolarada e fria para o nosso jeito brasileiro.Mas temos certeza de que logo o sol vaimostrar a cara e poderemos curtir um ótimoverão, como diria Fernando Pessoa, «intensa-mente», não importa quanto tempo ele durar.

O final de 2004 e o início de 2005 forammarcados por momentos inesquecíveis, como atragédia nas Filipinas ou a comoção mundial namorte do Papa João Paulo II. São momentosque ficam na história, pelo impacto quecausam na vida de milhares de pessoas. Existemoutros momentos, que talvez não fiquem re-gistrados na história oficial, mas que tornam-seinesquecíveis, como o nascimento de um filhoou neto, o primeiro beijo ou a realização deum sonho. Momentos como a glória do artista,que no palco ou nas ruas, faz sua arte, diverte,causa espanto e chama para si a atenção, aindaque por alguns minutos. Para MarceloMadeira, o lançamento do livro «A vizinhasuíça e outras crônicas» deve ter sido um des-ses momentos mágicos, que ficam guardados

para sempre. Nesta edição, o autor, que tam-bém é músico, fala sobre seu livro, sua carreiramusical e seus planos.

Além de Marcelo, o CIGA-Informando con-versou também com Fabiana Macchi, professo-ra e tradutora que nos deu uma pequena aulade literatura intercultural. Fabiana traduziupara o português diversos autores de línguaalemã, e muitas obras que abordam de uma ououtra forma o tema da migração.

Para completar nossa série de entrevistas,fomos ouvir um grupo muito especial: cincomulheres bem diferentes, que no palco soltamsua energia e dão vida ao grupo «Trompas deFalópio». Com um repertório formado pormúsicas bregas de diversos autores, elas dãoum show de energia, descontração e alegria,que contagia, diverte e envolve o público.

Falando em alegria e energia, a preparaçãoda nossa Festa Junina está a pleno vapor. Seráno dia 19 de junho, desta vez em outro local,no Salão da Burggartenschulhaus, em Bott-mingen, em função das

CIGA-Brasil

Centro

de Integração e

Apo

io ANO 7 - NÚMERO 34 - MAIO 2005 - TIRAGEM: 1500 EXEMPLARES

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«O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.»

Fernando Pessoa

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obras no Lin-denberg. Confiram os detalhes na Agendadesta edição e reservem essa data para sedivertirem conosco.

A Festa Junina vai marcar também o reiní-cio das atividades regulares para o públiconeste ano, adiadas por causa das obras no pré-dio e no terreno do local que sempre uti-lizamos. Até as férias de verão tudo deve estarnormalizado e voltaremos à carga. Além disso,investimos neste ano também em atividadescom outras organizações brasileiras e estran-geiras e com o Serviço de Apoio aos Estran-geiros do Cantão de Baselland. Assim, no dia 7de maio participaremos do Seminário de Gru-pos Brasileiros na Suíça, que discutirá a criaçãode um órgão nacional que represente a comu-nidade brasileira no país. Se você tiver algumasugestão sobre as funções que essa entidadedeve assumir, envie-nos. Também participamos,no final de abril, da Mittenand Fescht, emPratteln, e estamos auxiliando na organizaçãode outra festa multicultural prevista para o dia19 de novembro.

Junto com esta edição estamos enviando,como no ano passado, os Boletos para o paga-

mento da taxa anual por família para o CIGA-Brasil. Muitos já pagaram a anuidade de 2005 enão precisam pagar novamente. Para quemainda não o fez, lembramos novamente que opagamento não é obrigatório, mas essa con-tribuição é muito importante para cobrir nos-sos custos com a produção do CIGA-Infor-mando, a manutenção da homepage e a parteadministrativa.

O serviço de informação que o CIGA-Brasiloferece a todos gratuitamente, seja por tele-fone, E-mail ou pessoalmente, tem tido um ecopositivo e ficamos felizes em continuar pre-stando esse auxílio. Assim também nossoseventos, com entrada gratuita, atingem umótimo público e nos incentivam a organizarnovos programas. O trabalho dos profissionaisque atuam no CIGA-Brasil é voluntário, masesse serviço implica também em custos dematerial, telefone, correio, eletricidade e out-ros, que precisam ser cobertos. Por isso agrade-cemos desde já pela colaboração de todos.

Uma ótima primavera a todos e até a FestaJunina!

Equipes do CIGA-Brasil.

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➙ Continuação da página 1

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Ano 7 - N° 34 - Maio 2005 CIGA-Informando

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tente social), Angélica Currat (dona de CasaGrande), Mara Nogueira (escriturária) eVilma Delemont (comerciária).

Ainda: Floriano Inácio Junior (músico), naguitarra, percussão, teclados, etc, etc, etc…

Nosso repertório conta com pérolas, dia-mantes, platinas dos mais maravilhososbregueiros (assumidos ou não) brasileiros einternacionais: Carlos Alexandre, ReginaldoRossi, Peninha, Sidney Magal, entre outros.

O último show aconteceu no CercleChilien, de Lausanne, e incluímos músicaslatino-americanas para que os espanofônicospudessem aproveitar plenamente. Aí,mesmo que algumas das músicas não fossembregas no sentido lúdico/cafona do termo, anossa interpretação foi. Cafetacuba e LilaDowns, ambos do México, foram revisitados.O público lotou o Cercle Chilian e a festa foium sucesso!

Até agora, onde vocês se apresentaram equal foi a reação do público?

Nós já nos apresentamos no Pôle Sud, emLausanne, na Gelateria Luna Llena, em Bern,no Cercle Chilien, em Lausanne.

A reação? Vocês deveriam perguntar aosnossos fãs... O que nós vemos, ouvimos e sen-timos é uma alegria maravilhada. Uma

explosão de felicidade! Todo mundo canta eri junto. Já teve até gente que chorou comtanta emoção…

A música brega parece estar voltando àmoda. Vocês sentem esse efeito também?

A moda é passageira e As Trompas deFalópio são o cobrador e o motorista!

Vocês são profissionais da música ou têm ogrupo como hobby?

Não dá prá ser profissional. Pagamosapenas o cachê de Juninho e passamos o

chapéu. O público tem sempre sido ge-neroso, mas não dá nem prá pensar em viverdisso. Mas, também não é apenas um hobby.É mais. É uma realização coletiva de cincomulheres bem diferentes, que aprendem esofrem juntas durante os ensaios prá depoisterem direito ao orgasmo coletivo, simultâ-neo e múltiplo durante o show!

Inês Volet garante que «as Trompas paramim é o que há de mais feminino... Se eudeixo minha reflexão viajar ainda mais, eudiria que as condições sociopoliticalhasaonde crescemos nos deu esta coisa quesomos e que não podemos explicar porque,como tudo se transforma, quando estamosno palco somos mais do que quando nãosomos as Trompas. Só quem nos viu podesaber que eles também não são mais os mes-mos de antes de nos verem....»

Quais são os planos do grupo para 2005?Estamos abertas (ai!) aos convites, pro-

postas. Por enquanto, ainda não temos nadacerto. Mas temos dois shows preparados,ensaiados, prontinhos para serem servidos!Em breve, editaremos um DVD do show paradivulgação.

Contatos: Mariângela Galvão TreschTel: 076 474 98 38

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Quando e como surgiu o grupo Trompas deFalópio?

As Trompas de Falópio estrearam no dia31 de março de 2004, no Pôle Sud, emLausanne. O grupo foi criado depois de umaexperiência metafísica na festa do casamen-to de Jorge Nascimento, músico baiano.Botamos a boca no microfone e o que saiufoi «Feiticeira, Feiticeira», uma pérola docantor Carlos Alexandre. Os convidadosgostaram, a suiçada cantou junto o refrão edecidimos continuar a brincadeira.

Aliás, como vocês decidiram colocar nogrupo esse nome tão original?

O nome foi decidido democraticamente:a idéia do nome nasceu ao mesmo tempoque a idéia do grupo. Anunciei a decisão àsTrompas escolhidas a dedo e ninguém con-seguiu ter uma idéia melhor!

«As Trompas de Falópio» pegou e hojepodemos encontrar várias significações,sejam orgânicas, reprodutivas, psicológicas.O fato é que somos todas trompudas, mu-lheres-mães e doidas assumidas.

Quem faz parte do grupo e o que vocêsapresentam?

O grupo é formado por: MariângelaGalvão-Tresch (cineasta), Inês Volet (assis-

A música brega está em alta

Há pouco mais de um ano surgiu na Suíça um grupo musical sui-generis. Formado por cincomulheres, acompanhadas por um músico, o grupo está revisitando sucessos bregas de todosos tempos, numa interpretação original e divertida.Como descreve Mariângela Galvão-Tresch, a presidente, «As Trompas de Falópio», fazem umamúsica cômica, ou uma comédia musical, uma homenagem ao inconsciente coletivo que aindahoje cantarola «feiticeira... feiticeira...» ou «você é doida demais...» pelos cantos da casa, peloscorredores do trabalho, pelos quatro cantos do mundo! Os ensaios são tão engraçados quedeveriam ser abertos ao público, à televisão, à rádio e à imprensa escrita...»Por E-mail, o grupo conversou com o CIGA-Informando:

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Mariângela passa o chapéu

Angélica solta a voz

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Ano 7 - N° 34 - Maio 2005 CIGA-Informando

EXPEDIENTE

CIGA-Informando é uma publicação bimensal do CIGA-Brasil.

Tiragem: 1500 exemplaresRedação e edição: Irene ZwetschFotos: Rubens Zischler

Layout & Realização:Wilber’s Grafik& Druck ServicesE-Mail: [email protected] desta edição: Claudinê Gonçalves, Deborah Biermann, Regina von Arx.

Contato com a redação:CIGA-BrasilBinningerstrasse 194103 BottmingenTel/Fax: (061) 423 03 47/46E-mail: [email protected]

O fechamento redacional da próximaedição será no dia 1 de julho. Até esta data todos os textos e anúnciosdevem chegar às nossas mãos.

CIGA-Informando Ano 7 - N° 34 - Maio 2005

O CIGA-Brasil é uma associação sem finslucrativos, sem vinculação política ou reli-giosa, que visa dar apoio aos brasileiros.

Formas de Atuação:Serviço de Informação e AconselhamentoContato: Dra. Lúcia da Cunha MessinaAtendimento por telefone e com hora marcada: (061) 273 83 05.Sempre às quintas e sextas-feiras,das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas.Ponto de Encontro: Atividades mensais.Cantinho das Crianças: Atividades para crianças de 2 a 5 anos, todas as terças e quintas-feiras, das 14 às 17h.

Para contribuir com o CIGA-Brasil envie-nos seu endereço e deposite a

anuidade de CHF. 30,- na Conta Corrente: 16 1.108.616.07 – 769

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Festa Junina do CIGA-BrasilData: 19 de junho de 2005 / Horário: das 11 às 18 horas.

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No Arraial do CIGA-Brasil vamos ter brincadeiras para as crianças, apresentação do Grupo deCapoeira Chapéu de Couro, a tradicional quadrilha e diversão para grandes e pequenos.

Ainda estamos recrutando pares que queiram participar da Quadrilha. Haverá pelo menos trêsensaios antes da festa e a coordenação dos trabalhos é da Sueli: (061) 311 41 59 ou

(076) 589 12 22. Junte-se você também aos casais caipiras que vão animar a Quadrilha!Não faltarão as comidas tradicionais das festas de São João.

A música ao vivo ficará por conta do Sindicato do Samba e da Sambrasiléia.

Venha se divertir conosco e traga seus amigos!!! A entrada é grátis!!!

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Tradução faz a ponte entre culturas distintas

Professora, tradutora,viajante, migrante aten-ta ao mundo que a cercae empenhada em fazer aponte entre mundoslingüísticos diferentes,encurtando distânciasentre as culturas. Agaúcha Fabiana Macchiconversou por E-mailconosco para falar sobreseu trabalho e a publi-cação no Brasil de umade suas mais recentestraduções.

Em dezembro de 2004 foi lançada no Brasil aversão em português do livro «Warum dasKind in der Polenta kocht», da autora suíçaAglaja Veteranyi, traduzido por você. Doque ele trata?

O livro conta a história de uma família deartistas de circo que foge da ditadura deCeausescu, na Romênia, e vem para a Europaocidental em busca do sonho de liberdade,riqueza, fama e felicidade. Quem nos contaa história é uma menina, filha do palhaço ede uma trapezista. A realidade, porém, semostra bem diferente do sonho. A meninatenta compreender esta realidade: as outrasmentalidades que acaba conhecendo, ascondições de vida nos países pelos quais via-jam, a situação política na Romênia, aprópria condição de ser sempre estrangeira,mas tudo isso da perspectiva inocente deuma criança. Além da história em si, que écheia de surpresas e cativa o leitor, «Por quea criança cozinha na polenta» se torna fasci-nante porque nós, leitores adultos, conseguimos desvendar a realidade que está por trás dos relatos aparentementeingênuos da menina. O livro é extrema-mente poético, mesmo revelando uma durarealidade.

Aglaja era romena e veio na adolescênciapara a Suíça. Era uma imigrante, como nós.Essa não foi a primeira autora migrante quevocê traduziu. Por que a predileção porautores com esse perfil?

Não sei se chega a ser uma predileção,mas a emigração é um tema que me impres-siona e que está de alguma forma presentena biografia ou nas obras da maioria dosautores que traduzi. Meu primeiro encontrocom essa temática foi através de BertoltBrecht, sobre quem fiz minha tese demestrado. Brecht era um autor engajado,político, no sentido amplo da palavra, eviveu 20 anos no exílio durante o regimenazista e a Segunda Guerra Mundial. Depoisde Brecht, e por causa dele, acabei pes-quisando sobre outros autores alemães quepartiram para o exílio no mesmo período.

A literatura alemã do século XX é pro-fundamente marcada pela ruptura causadapela II Guerra e pelo exílio. A produçãoliterária dos autores exilados ficou, em boaparte, perdida, espalhada por diversos paí-ses. Até hoje pesquisadores e editores procu-ram recuperar a obra destes autores e, comisso, uma boa parte da história literáriaalemã deste período sombrio.

Mesmo em autores que ficaram naEuropa durante a II Guerra, percebe-se anecessidade de tematizar a ruptura causadapela guerra, de reescrever a própria identi-dade a partir de novos parâmetros. E talvezseja isso que me interesse mais profunda-mente, para além da superfície de umabiografia que contenha o elemento desloca-mento geográfico.

Por outro lado, acabei traduzindo váriosautores da chamada «Literatura Intercul-tural», uma tendência literária que se desen-volveu a partir da década de 70, inicialmentena Alemanha e depois nos outros países delíngua alemã. A função desta literatura feitapor estrangeiros era, inicialmente, dar voz àsquestões e reivindicações dos imigrantes,denunciando a discriminação, registrando oisolamento, o estranhamento, a perda daidentidade ou a luta para redefini-la. É claroque estes temas são familiares para quequem vive fora do seu país, como nós. Mas atemática não é meu único critério. Escolho osautores conscientemente, pela qualidadeliterária, por um certo grau de inventividade,pela empatia que sinto com o texto, pelavontade de fazer aquela obra circular entreoutros leitores. Traduzi e escrevi, por exem-plo, sobre Gino Chiellino, italiano, residentena Alemanha desde 1970, um dos autores daprimeira hora da literatura intercultural.Aglaja Veteranyi era um dos expoentes danova geração desta literatura.

Como foi sua história de migração?Vim para a Suíça há 15 anos para traba-

lhar na área de comércio exterior, mas nãocheguei a ficar dois anos neste setor. O meunegócio era tradução, português, literatura,eu queria fazer uma pós-graduação. Fuiparar em Germersheim, no sul da Alemanha,uma cidadezinha com 20 mil habitantes enenhum cinema, onde fica o maior centro deformação de tradutores dos países de línguaalemã e um dos maiores do mundo. Porincompatibilidade dos sistemas univer-sitários, tive praticamente de refazer a gra-duação, para só depois poder fazer o mestra-do. Hoje, com a uniformização dos sistemasuniversitários, estes trânsitos ficam maisfáceis. Passei anos recolhida, estudando. Tivea sorte de ser bolsista de uma fundaçãoalemã que me possibilitava participar deseminários por toda a Alemanha, viajei

muito. Participei de um grupo de estudos decomunicação intercultural com estudantesde várias universidades alemãs e de váriospaíses do mundo, tive a oportunidade deorganizar seminários nesta área. Também fizparte de um grupo acadêmico de traduçãoliterária no qual discutíamos os originais e asnossas traduções. Havia tradutores de novelínguas, incluindo russo, polonês, islandês,árabe e uma língua africana falada naRepública dos Camarões, além das línguaseuropéias tradicionais. Foi um períodoextremamente importante na minha for-mação. Depois do mestrado, passei a daraulas no Instituto de Tradução e Interpre-tação da Universidade de Mainz, onde per-maneci até 2002, quando, por motivos pessoais, voltei a morar na Suíça.

Nunca pensei em emigrar, palavra queparece tão definitiva. Pensava sempre emmorar um tempo no exterior, ver outrosmares, estudar. As coisas foram acontecen-do, inevitavelmente: onze anos de Ale-manha e agora, nesta segunda vez, já quasetrês anos de Suíça. Não sofro mais choquesculturais drásticos e dramáticos, nem aquinem no Brasil. Incorporei um relativismo cul-tural que me serve bem. Sinto falta de algu-mas coisas, claro, da família, dos amigos, deum certo ritmo de vida. Por outro lado,tenho o privilégio de, através do meu traba-lho tanto de tradutora como de professora,ter um contato muito intenso com a línguaportuguesa e com a cultura brasileira.

Pois é, além de tradutora você também éprofessora. Fale um pouco desse seu traba-lho e da sua formação.

Sempre trabalhei paralelamente comotradutora e professora, desde o Brasil, e sem-pre achei que estas duas atividades se com-plementam perfeitamente. O trabalho detradução é mais introspectivo e solitário,enquanto dar aulas pressupõe comunicação,flexibilidade, empatia, requer uma perma-nente atualização pessoal e profissional. Souuma professora convicta, adoro dar aulas,acho o contato com os alunos extremamenteenriquecedor.

Fiz Letras no Brasil, Português e Inglês,com duas habilitações, em Tradução e emInterpretação. Logo após o mestrado naAlemanha, passei a dar aulas no Instituto deTradução e Interpretação Continua página 10 ➙

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«Porque a criança cozinha na polenta»,Aglaja Veteranyi,Editora DBA(www.editoradba.com.br).Tradução: Fabiana Macchi

Ano 7 - N° 34 - Maio 2005 CIGA-Informando

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CIGA-Informando Ano 7 - N° 34 - Maio 2005

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Fabiana Macchi nasceu em PortoAlegre, formou-se em Letras naUfrgs e trabalhou como revisora,tradutora e professora no Brasil.Em 1990, veio para a Suíça para tra-balhar na Embaixada do Brasil, emBerna, onde permaneceu por doisanos. De 1991 a 2002, morou naAlemanha, onde concluiu o Mes-trado em Tradução e foi docente deTradução, Língua Portuguesa eCultura Brasileira no Instituto deLingüística Aplicada e Ciências da

Cultura da Universidade de Mainz.Na Alemanha, Fabiana também par-ticipou de grupos de estudo e tra-balho sobre Tradução Literária esobre Comunicação Intercultural,organizando seminários interna-cionais e intercâmbios.De volta à Suíça, atualmente é pro-fessora de Língua Portuguesa eCultura Brasileira no Instituto deTradução e Interpretação da Uni-versidade de Ciências Aplicadas deZurique, professora de alemão na

Klubschule Migros e doutoranda emTeoria de Tradução na Universidadede Mainz, Alemanha.Tradutora e ensaísta, tem publicadono Brasil traduções e introduções àobra de autores alemães, suíços eaustríacos contemporâneos e experi-mentais. É membro do conselho edi-torial da revista Sibila de Poesia eCultura, editada pelo poeta RégisBonvicino em São Paulo, e participaregularmente de congressos interna-cionais.

Quem é Fabiana Macchi

da Universidade deMainz, assumindo as disciplinas de Portu-guês Brasileiro e de Prática de Tradução, jáque até então a universidade oferecia ape-nas a Língua Portuguesa em sua variedadeeuropéia. Trabalhávamos com vários tipos detextos, desde técnicos até literários. Desen-volvi com os alunos uma oficina de traduçãoliterária e chegamos a publicar um contotraduzido na oficina.

No ano passado, fui chamada pelaUniversidade de Ciências Aplicadas deZurique (Zürcher Hochschule Winterthur)para implantar o programa de LínguaPortuguesa no Instituto de Tradução eInterpretação e ministrar as disciplinas corres-pondentes. Isso significa que, a partir deagora, o Instituto forma tradutores aptos atraduzir a partir do Português, o que atéentão não existia na Suíça alemã. Isso repre-senta um importante acréscimo à presençado Português nos meios acadêmicos suíços etambém uma oportunidade profissional a mais para a geração de brasileiras e brasileiros que cresceram aqui, bilíngües, ese interessam pela profissão de tradutor.

Além de Português, também lecionoalemão para estrangeiros, na KlubschuleMigros, em Berna. Tenho alunos dos quatrocantos do globo. No início do curso, quandoo pessoal se apresenta e diz de onde vem, àsvezes volto para casa e vou direto conferirno atlas a localização exata de um ou outropaís: onde é que fica o Cazaquistão, mesmo?É muito interessante.

Ultimamente foram lançados vários livros,em diferentes línguas, que abordam o temamigração. Você acredita que essa é umatendência da literatura mundial, um efeitoda globalização?

Bem, nos países de língua alemã -Alemanha, Áustria e Suíça - esta tendênciaremonta ao período de reconstrução daAlemanha depois da II Guerra e ao períododo milagre econômico, nos anos 50, 60 e iní-cio dos 70. A partir dos anos 50, chegaramvárias levas de estrangeiros para trabalharnesses países. O escritor suíço Max Frisch sin-tetizou muito bem a situação: «Chamamosmão-de-obra, vieram seres humanos». Maistarde, chegaram os refugiados políticos edepois, os refugiados econômicos. Daí jáhaviam os filhos dos primeiros mais tarde os

dos segundos, até chegarmos à situaçãoatual. Na Suíça, por exemplo, de cada quatrocrianças em idade escolar, uma é filha de paiou mãe oriundo de outra cultura. É naturalque esta maior permeabilidade entre cul-turas e fronteiras se apresente também naarte e na literatura, o que eu considero umaoportunidade para ambas. Mas a literaturaalemã, e as literaturas em geral, não estavammais imunes a influências estrangeirasantigamente. As influências se davam ape-nas de outra forma. Vários gêneros literáriosque consagraram grandes autores da lite-ratura alemã, por exemplo, eram importa-dos, adaptados, e não genuinamente ger-mânicos.

Hoje você tem escritores usando a línguaalemã para registrar um olhar não-alemãosobre o mundo, para falar de temas diversosdos que até agora a tradição literária conhe-cia. E isso é uma grande oportunidade paraa literatura e para a própria língua, deromper os próprios limites, de se renovar. Éuma chance para o leitor, de penetrar novosmundos, é uma chance - gosto de acreditarnisso - para o mundo, de dar voz às minorias,de tomar conhecimento de culturas remotas.Essa idéia me fascina. Na verdade, é seme-lhante à função da tradução, de viabilizaralgo que até então seria impossível, de des-bloquear o caminho da comunicação. Há umescritor de um povo nômade da Mongólia,por exemplo, que escreve diretamente emalemão. A França registra um fenômenosemelhante, a Itália também. Certamenteoutros países da Europa também possuemautores de outras culturas escrevendo emsuas línguas e ampliando as fronteiras dosseus cânones literários.

Que outros autores você traduziu e quais osprincipais temas abordados?

Traduzi muito Ernst Jandl, um poeta aus-tríaco genial. Jandl faleceu em 2000, aos 75anos de idade, e pertencia àquela geraçãode escritores que renovou a linguagempoética na segunda metade do século XX.Tenho uma coletânea de poemas quemapeiam toda a sua produção poética e quedeve ser publicada em breve no Brasil. Eleutiliza a linguagem de uma forma surpreen-dente, desenvolve o sentido do poema comrecursos visuais e sonoros. Seus temas são avida, a morte, a solidão, as convenções soci-

ais. Jandl era um crítico veemente dos valo-res burgueses. Paradoxalmente, ele setornou muito popular, pois seus poemastambém são muito jocosos. Ele fazia leiturasacompanhado de músicos de jazz - os ingres-sos se esgotavam num instante - e atual-mente há vários poemas seus em livrosdidáticos.

Kurt Schwitters, artista dadaísta, é maisconhecido por suas pinturas, colagens eesculturas, mas também escreveu textos -poemas e prosas curtas - muito interessantes.Ele também era um crítico sagaz dasociedade burguesa, da arte bem-comporta-da, mas acabou se distanciando dos dadaís-tas por considerá-los aleatórios demais. Paraele o critério estético era fundamental.Publiquei um ensaio sobre ele e vários poe-mas e textos traduzidos na revista Sibila, edi-tada em São Paulo pelo poeta RégisBonvicino.

Traduzi vários poemas de AglajaVeteranyi, além do romance, e tenho muitastraduções não publicadas de diversosautores, de H. M. Enzensberger a Erich Fried,passando por autores da antiga RDA,autores experimentais e outros autoresmigrantes - como Francesco Micieli, que tam-bém mora em Berna.

Você já pensou em escrever seu própriolivro, talvez sobre o fenômeno da«Literatura Intercultural»?

A literatura intercultural é um temaimenso e complexo, seria necessário fazerum bom recorte para falar deste fenômeno.Tenho vários projetos na gaveta, quem sabeesse poderia vir a ser mais um. Mas, nomomento, estou escrevendo a minha disser-tação de doutorado sobre teoria de traduçãoliterária. O tempo é bem escasso. Porém, eunão abro mão de traduzir. Se continuartraduzindo autores migrantes, como pre-tendo, quem sabe um dia tenha materialsuficiente e representativo para publicar umvolume de amostra desta literatura, sem apretensão de ser exaustiva, claro.

Contatos: [email protected]

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empresa TAP transportes aéreos portugue-ses. Eu achei o máximo porque íamos ser vizi-nhos no mesmo continente. Passados algunsmeses eu vim visitá-los e fui ficando. Hojemeus pais moram em Salvador e eu fiquei emZurique.

Certamente você já viveu muitas situaçõesinteressantes na Suíça, que poderiam virarcrônicas. Como você escolheu as históriaspara publicar?

A Suíça é um prato cheio para um cro-nista. Se a gente mexe e remexe, atrás dessaseriedade tem situações bem cômicas. E essamistura de culturas é o tempero ideal parafazer anedotas. Mas não me prendi só aocenário suíço, são histórias que poderiampassar em qualquer lugar.

Escrevi várias crônicas e acabei escolhen-do para o livro aquelas com que o leitorpudesse mais se identificar. Eu tive muitoretorno de amigos e leitores da revista ViaBrasil, onde algumas crônicas foram publi-cadas, e seus comentários foram para mimum bom termômetro.

Você começou sua carreira na Suíça comomúsico. Fale um pouco dessa fase da suavida e agora do início da carreira comoescritor.

Comecei a trabalhar com música em 1991fazendo trilha sonora para curtas metragens,peças de teatro e danças. A partir de 1995compunha para importantes companhias deteatro em São Paulo e já fazia a direção musi-cal dos espetáculos. Foi a minha escola musical.

Eu sou publicitário, formado em Propa-ganda e Marketing e trabalhei durante oitoanos como produtor de comerciais de TV.

Eu vim para Europa porque em 1999 lan-cei um CD com músicas próprias executadaspela banda Tupinikings e a partir daí fecheialguns contratos nos USA e na Europa. Tivemúsicas re-mixadas e trilhas incidentais defilmes, um deles com a Michele Pfeifer.

Minhas composições são administradaspela LX Editora em Lisboa e pela SUISA emZurique. Hoje tenho músicas executadas naAmérica do Sul, na América do Norte, naEuropa, na Ásia e na Oceania, o que eu con-sidero uma dádiva de Deus.

Na Suíça, eu não trabalho mais emPropaganda, aqui tenho trabalhado cada vezmais com música e desde o ano passadoestou também muito envolvido em escreverartigos e crônicas.

O gosto pela escrita começou cedo. Aos12 anos, recebi um prêmio em São Paulo numconcurso de contos e tive minha primeiraestória publicada. Dois anos depois, ganheinovamente o mesmo concurso, aos 14 anos.

Agora, com o lançamento do livro, é umanova fase que se inicia. O trabalho de divul-gação é a parte mais gratificante. Tenho co-nhecido pessoas muito bacanas.

As duas facetas do Marcelo se completam?Em qual das duas áreas você se expressamais espontaneamente?

Sim. As duas facetas se completam. A pre-ocupação que eu tenho em passar uma men-sagem, numa forma delicada, atento à lin-guagem, é a mesma quando escrevo umacrônica ou uma canção. São duas formas dese expressar, mas que eu uso com o mesmofim: contar uma estória.

Na sua opinião, que imagem o Brasil e os bra-sileiros têm na Suíça?

Os suíços gostam de receber os brasileirosporque além da força de trabalho, elesrecebem também, a dança, a música e a ale-gria do Brasil.

Como você encara a integração dos bra-sileiros na Suíça? Você acredita que as diver-sas associações brasileiras existentes no paíscontribuem para essa integração?

Cada caso é um caso. Há pessoas que vêmcom a intenção de se integrar, estas con-seguem vencer as barreiras, e gostam deviver na Suíça. E outras que apenas se adap-tam, vivendo sua rotina do dia-a-dia eacabam não se integrando verdadeiramente.

É muito importante o trabalho das asso-ciações brasileiras. Por serem dirigidas porpessoas integradas, elas podem nos auxiliar,passando suas experiências e motivandoaquelas que querem realmente se integrar.

Livro de crônicas retrata a vidanossa de cada dia

Você acabou de editar o livro «A vizinhasuíça e outras crônicas». Qual é o tema daobra?

O tema é o cotidiano. É o que está na rua,na mídia. São quatorze crônicas que se pas-sam em Portugal, no Brasil e na Suíça. Combom humor, o livro aborda temas como amentira, o preconceito, o convívio entrenoras e sogras, os computadores, a Comu-nidade Européia, a vizinha do lado, enfim,diversos assuntos corriqueiros do nosso dia adia.

Qual sua motivação para escrever o livro ecomo foi o processo de criação?

A maior motivação veio por uma necessi-dade minha de relatar, com bom humor, assutilezas do comportamento humano. Osdesejos, os medos, as paixões e as ambições.Muitas vezes, a crônica possibilita em poucaspalavras despertar no leitor pequenos lancesque passam desapercebidos no corre-corredo cotidiano.

Para obter a concentração necessária, euprecisei de muita disciplina. Depois de ver ououvir algo sugestivo, eu elaborava mental-mente o começo, o meio e o fim da história esó assim passava para o papel.

Você, como imigrante, acha que essas histó-rias acontecem com muitos brasileiros queestão fora do Brasil? Como foi a sua históriano exterior?

De certa forma, sim. É claro que sãohistórias caricatas, pintadas em cores exorbi-tantes, mas os fatos narrados no livro sãoinspirados em fatos reais, vividos por mim oucontados por amigos.

A minha história de como vim parar naSuíça daria uma crônica. Eu já estava decidi-do, depois de um ano de preparativos, amorar em Lisboa. Estava na sala com a malapronta quando recebo um telefonema do meupai dizendo que ele e minha mãe também semudariam para a Europa, para Zurique, na Suíça, já que ele fora transferido pela Continua página 14 ➙

Quando paramos parapensar, muitas situaçõesda nossa vida poderiammuito bem virar históriaou cena de novela. Paraum bom observador, ascoisas mais corriqueirassão matéria-prima paramúsicas ou crônicas queretratam o cotidiano.Marcelo Madeira é umdesses felizardos, que temolhos para ver, ouvidospara ouvir e talento paratransformar essas obser-vações em arte. Por E-mail, Marcelo contouum pouco de suas experi-ências e da edição de seuprimeiro livro.

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Você já teve achance de apresentar seu trabalho (tanto emmúsica como agora o livro) em diversos pon-tos da Suíça. Como tem sido a receptividadedo público, tanto estrangeiro quantobrasileiro?

Sim, já viajei com a música por toda aSuíça. Assim como de brasileiros, recebo também convite de estrangeiros para apre-sentações em festas particulares e eventos. Areceptividade é sempre ótima. A músicabrasileira é muito bem conceituada erespeitada por aqui.

Com o livro, estou indo, no final de abrilpara Genebra, a convite do Grupo Raízes eem Zurique haverá o café literário no Cebrac.Em maio vou a Berna num evento promovi-do pelo Grupo Atitude e a Basiléia para umencontro literário com o pessoal do Ciga-Brasil.

Fui convidado pela associação Abracepara realizar uma exposição no Ticino, naqual também tocaremos música ao vivo. E,além disso, estou em contato com asBibliotecas de Schliren e de Winterthur querecebem autores de língua estrangeira.

Nós sabemos que você já está com outrolivro na manga... Quais são seus próximosplanos?

Eu continuo a escrever crônicas. Recen-temente escrevi um artigo sobre o dramavivido por Terri Schiavo que foi publicado naedição de abril da revista Via Brasil. E, há apossibilidade também de minhas crônicasserem publicadas numa revista dirigida àcomunidade brasileira na Alemanha. Alémdisso, estou trabalhando num material inédi-to para editar um outro livro.

Marcelo Candido Madeira, nasci-do em 20 de dezembro de 1969,é brasileiro e português.Músico e publicitário, Marcelo tra-balhou muitos anos na área deComunicação Social, especial-mente com produção e pós-pro-dução de cinema e vídeo publi-citários.Na área da música, o artista tra-balhou com direção musical e trilha sonora de teatro e cinema.Algumas de suas músicas fizeramparte da trilha sonora de diversaspeças de teatro e de alguns

filmes, como é o caso de «Meninad’água», que integra a trilhasonora do filme «Dinner Rush!, deBob Girald, com Danny Aiello eJonh Corbertt (USA, 2001) e dofilme «White Oleander», de PeterKosmisky, com Michele Pfeifer eRenée Zellweger (USA, 2002).Violonista, Marcelo foi o produtordo CD «Pimenta Malagueta» comvárias composições próprias (SP,1998 e 1999) e fundador dabanda «Tupinikings». Realizoutambém Workshops de Sensibili-zação Musical de ritmos e cons-

trução de instrumentos a partir desucatas para crianças e adoles-centes nos Centros Culturais doSESC. Atualmente faz parte doCasting da Editora Musical LX emLisboa, Portugal.Morando próximo a Zurique,Marcelo realiza apresentações debossa nova e músicas própriascom voz e violão, tanto na Suíçacomo em Portugal.

Contatos com o artista, por Email:[email protected] ou telefone: 043 377 83 33.

Quem é Marcelo Madeira

O livro «A vizinha suíça e outras crônicas»pode ser adquirido diretamente com oautor (veja contato no Box), ao preço deCHF 10.–, ou na Brasil Shop (Sperrstrasse 5,Basel), por CHF 15.–.

➙ Continuação da página 13

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Para quem gosta de ler....Existe um site na internet que reúneuma série de informações interes-santes para quem gosta de literaturaou fica procurando links de livros,editoras ou escritores.Vale a pena conferir a dica da REBRA(Rede de Escritores Brasileiros), quenos foi repassada pela escritoraRegina von Arx:www.paginadolivro.com.br

Swissinfo vai praticamente acabarO portal de informações «swissinfo»será reduzido de nove para para qua-tro idiomas As redações em por-tuguês, árabe, espanhol, japonês echinês serão extintas. Cerca de umacentena de funcionários serão demi-tidos. As medidas de economia foramanunciadas pela direção da Rádio eTelevisão Suíça (SSR-SRG) no dia 22de março e o plano ainda tem de seraprovado pelos órgãos estatais decontrole. O plano de corte de despe-sas prevê a reestruturação dasempresas do grupo swissinfo eTeletext.O portal de informações da swissinfoserá futuramente apenas oferecidoem inglês, sendo que as informaçõesnos idiomas nacionais (francês,alemão e italiano) estarão dispo-níveis nos sites das televisões regio-nais suíças.No total, de 70 a 80 jornalistas e téc-nicos irão perder seus empregos naswissinfo. O plano de cortes começaa ser aplicado a partir da decisão dasautoridades estatais de controle, pre-vista para o outono, e deverá ser con-cluído no final de 2006.swissinfo é parte do grupo de Rádio eTelevisão Suíça (SRG SSR idéesuisse). Seu objetivo é informar ossuíços do estrangeiro sobre notícias

da sua pátria e os estrangeiros inte-ressados na Suíça. Criada em 1934, ela emprega atual-mente 120 funcionários. Além daprodução multimídia, swissinfo/SRIainda oferece três programas musi-cais: Swiss Pop, Swiss Classic e SwissJazz.Para os estrangeiros em geral areestruturação representa a perda deuma importante fonte de informaçãoem sua língua materna. De certaforma, as notícias sobre a Suíça vei-culadas por meio da swissinfo con-tribuem para a integração da popu-lação migrante no país. O processode integração também sofrerá com ocorte. Em última análise, consideran-do que todos os estrangeiros resi-dentes na Suíça que possuem umatelevisão ou rádio em casa pagam oimposto que ajuda a sustentar aRádio e Televisão Suíça (SSR-SRG), ofamoso «Billag» (www.billag.com),poderíamos até exigir a contrapartidade termos acesso a notícias em nossalíngua materna, o que até agora temsido muito bem desempenhado pelosite: www.swissinfo.org. Fica aquinosso protesto! (Editoria, com swiss-info português).

Em defesa dos brasileiros no exteriorOs mais de três milhões de bra-sileiros que residem fora do Brasilpoderão ganhar o direito de escolherrepresentantes no Congresso Nacio-nal. No início de março, o senadorCristovam Buarque apresentou pro-posta de emenda à Constituição(PEC) com este propósito.Segundo o senador, os deputadoseleitos por quem não mora, nestemomento, no Brasil, cuidariam daelaboração de leis que possam auxi-

liar e garantir direitos a essas pessoase suas gerações futuras.A PEC está atualmente na Comissãode Constituição e Justiça do SenadoFederal aguardando a designação derelator. (Colaboração de Déborah Biermann)

BIG – o Jornal do Brasil noMundoO «Brasil International Gazeta - BIG»é um pioneiro jornal diário sobre oBrasil, produzido por brasileiros, naslínguas mais faladas do mundo e lidopor importantes formadores deopinião nos cinco continentes.Qualquer leitor, em qualquer partedo mundo, pode ter acesso ao con-teúdo do BIG, cadastrando-se no sitewww.big-jb.com.br. Produzido pela equipe da GazetaMercantil, um dos 5 maiores jornaiseconômicos do mundo, e o Jornal doBrasil, mais tradicional – e único –diário nacional que contém o nomedo País, de grande influência nasesferas políticas, econômicas e cul-turais, o BIG chegará a milhares deformadores de opinião no mundotodo.De segunda a sexta, circularão as ver-sões em inglês e espanhol. Uma vezpor semana, em russo, chinês, árabee francês. Diariamente, o BIG tam-bém circulará em português noBrasil, Portugal e nos países afri-canos de língua portuguesa.A iniciativa inscreve-se, assim, nosimportantes esforços de nosso Paísem prol da atualização e reforço dapercepção que se tem no exterior denossa economia, política, cultura,enfim, de nossa realidade, desafios epotencialidades.(Colaboração de Déborah Biermann)

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