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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO BRUNO LOPAU ZULIAN EFEITOS DE INTERRUPÇÕES NA CADEIA DE IMPOSTOS SOBRE VALOR ADICIONADO: EVIDÊNCIAS EM DADOS DE DECLARAÇÃO DE ICMS NO ESTADO DE SÃO PAULO São Paulo 2015

EFEITOS DE INTERRUPÇÕES NA CADEIA DE IMPOSTOS SOBRE

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO

BRUNO LOPAU ZULIAN

EFEITOS DE INTERRUPÇÕES NA CADEIA DE IMPOSTOSSOBRE VALOR ADICIONADO: EVIDÊNCIAS EM DADOS DE

DECLARAÇÃO DE ICMS NO ESTADO DE SÃO PAULO

São Paulo

2015

BRUNO LOPAU ZULIAN

EFEITOS DE INTERRUPÇÕES NA CADEIA DE IMPOSTOSSOBRE VALOR ADICIONADO: EVIDÊNCIAS EM DADOS DE

DECLARAÇÃO DE ICMS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Dissertação apresentada à Escola deEconomia de São Paulo da FundaçãoGetulio Vargas como requisito paraobtenção do título de Mestre emEconomia

Campo de Conhecimento:Finanças Públicas

Orientador: Prof. PhD. Áureo Nilo dePaula Neto

São Paulo

2015

Zulian, Bruno LopauEfeitos de Interrupções na Cadeia de Impostos sobre Valor Adicionado:

Evidências em Dados de Declaração de ICMS no Estado de São Paulo / BrunoLopau Zulian. - 2015

46f.

Orientador: Áureo Nilo de Paula NetoDissertação (mestrado) - Escola de Economia de São Paulo.

1. Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços. 2. Imposto sobrevalor adicionado - Brasil. 3. Direito tributário - Brasil. 4. Evasão de capitais.I. Paula Neto, Áureo Nilo de. II. Dissertação (mestrado) - Escola de Economiade São Paulo. III. Título.

CDU 34::336.2(81)

BRUNO LOPAU ZULIAN

EFEITOS DE INTERRUPÇÕES NA CADEIA DE IMPOSTOSSOBRE VALOR ADICIONADO: EVIDÊNCIAS EM DADOS DE

DECLARAÇÃO DE ICMS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Dissertação apresentada à Escola deEconomia de São Paulo da FundaçãoGetulio Vargas como requisito paraobtenção do título de Mestre emEconomia

Campo de Conhecimento:Finanças Públicas

Orientador: Prof. PhD. Áureo Nilo dePaula NetoData de Aprovação:

/ /

Banca examinadora:

Prof. PhD. Áureo Nilo de Paula Neto(Orientador)FGV-EESP

Prof. PhD. Enlinson Henrique C. de MattosFGV-EESP

Prof. Dr. Paulo Furquim de AzevedoINSPER

RESUMO

Utilizando dados do Estado de São Paulo sobre declarações de um imposto do tipo IVA,o ICMS, encontro indícios de que firmas cujos clientes possam utilizar crédito de ICMS paracompensar seu próprio passivo tributário – como no funcionamento padrão de um IVA –apresentam menor nível de evasão fiscal que empresas cujos clientes, devido à inscrição emregime especial para pequenas empresas, não sejam autorizados pela legislação brasileira autilizar o imposto incidente em suas compras de insumos como crédito, o que, em contextogeral, representa evidência da existência de self-enforcement em impostos sobre valor adi-cionado.

Palavras-Chave: Imposto sobre Valor Adicionado; Tributação; Evasão.

ABSTRACT

Using data from the brazilian state of Sao Paulo on declarations regarding a VAT-like tax,the ICMS, I find that firms whose clients are enabled to use ICMS credits to offset their owntax liability – as in the standard VAT mechanism – present a lower evasion level than firmswhose clients, due to enrollment on a special regime for small businesses, are not authorizedby brazilian law to use the tax charged on their input purchases as credit, which, in a generalsetting, is representative of evidence on the existence of self-enforcent in value added taxes.

Keywords: Value Added Tax; Taxation; Evasion.

Sumário

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1 CONTEXTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101.1 Imposto sobre Valor Adicionado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101.2 A divisão federativa de tributos indiretos no Brasil . . . . . . . . . . . 101.3 ICMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111.4 Simples Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111.5 Substituição Tributária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2 ESTRATÉGIA DO ESTUDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3 DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193.1 Fonte dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193.2 Montagem da Base de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193.3 Descrição dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

5 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

A APÊNDICE A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

B APÊNDICE B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

C APÊNDICE C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

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Introdução

Impostos sobre Valor Adicionado (“IVAs”) são implementados em mais de 140 países1 . Em-bora a maior parte de sua adoção tenha se dado apenas nos últimos 50 anos, são responsáveis,atualmente, por aproximadamente 20% da receita fiscal mundial. Esse crescimento ocorreuprincipalmente em países em desenvolvimento, o que, em parte, deu-se em decorrência doargumento que a utilização do IVA implica ganhos de conformidade dos contribuintes com alegislação tributária (KEEN; LOCKWOOD, 2010).

Uma explicação para esses ganhos de conformidade se dá através do argumento de self-enforcement por “rastro da nota fiscal”2, que ocorre como consequência do mecanismo dedébito-crédito inerente a um IVA3. Um comprador de algum bem tributado por esse tipode imposto, caso seja habilitado pela legislação tributária competente, pode utilizar créditotributário igual ao valor do imposto pago em sua compra para abater o tributo que deve reco-lher ao governo4, o que geraria incentivo para o vendedor declarar corretamente sua parcelade imposto. No caso de fraude do vendedor, o creditamento pelo adquirente aumenta o riscode detecção, pois a informação sobre o valor real da operação pode ser obtida pela autoridadefiscal com uma terceira parte, o comprador. Como, legalmente, deve haver identidade entreo débito de imposto do vendedor e crédito do comprador, o trabalho de auditoria fiscal seriafacilitado em relação a outros tipos de tributação indireta, como um imposto sobre vendas.

De Paula e Scheinkman (2010), em modelo que avalia a transmissão de informalidade5

em cadeias de IVA, apresentam argumento correlato ao dado acima: se o comprador não forobrigado a recolher impostos ao governo, o crédito de IVA será de nenhum uso para ele, edemandará do vendedor bens sem incidência de imposto. Uma das implicações do modeloé que, dada a tributação por IVA, em equilíbrio, empresas formais tendem a negociar comcontrapartes também formais, a mesma relação sendo válida para empresas informais.

Embora De Paula e Scheinkman (2010) lide especificamente com decisão de formalizaçãopor parte das firmas, entendo que o mesmo esquema de incentivos decorrente do sistema dedébito-crédito seja válido para self-enforcement do IVA em transações entre empresas formais,no sentido em que a utilização de crédito de imposto por firmas compradoras aumentaria sua1 CHARLET, A.; OWENS, J. An international perspective on VAT. Future, 2007.2 Ver Tait (1972); Burgess e Stern (1993); Agha e Haughton (1996); Kopczuk e Slemrod (2006).3 Na realidade, há casos de IVA, como o aplicado no Japão, em que se tributa o valor adicionado através

de método distinto do de débito-crédito. No entanto, seguindo Varsano (2014), o termo IVA vem sendo,nas últimas décadas, reservado para modalidade que utiliza creditamento do imposto da etapa anterior.

4 Também a título de IVA5 Define-se informalidade como a inexistência de uma empresa como pessoa jurídica legalmente instituída

e respondente às regras fiscais competentes.

Introdução 8

demanda por bens emitidos com nota fiscal. Já a impossibilidade de utilização de créditoteria efeito contrário, pois como não haveria dedutibilidade do imposto pago na compra,seria mais vantajosa a aquisição de bem não-tributado, cujo preço muito provavelmente éestritamente menor que aquele do bem cuja venda tenha incidência de imposto.

Na maior parte dos países adotantes de IVA, o imposto se estende até o fim da cadeiade produção/comercialização, até a etapa de varejo (CNOSSEN, 1991), o que não ocorre,no Brasil, em muitas situações. Dado esse fato, utiliza-se a ideia de self-enforcement doIVA, calcada tanto na hipótese de “rastro da nota fiscal” como no insight de De Paula eScheinkman (2010), para se argumentar que interrupções na incidência do imposto anterio-res ao atingimento do estágio de venda ao consumidor final – que chamarei de quebras nacadeia de um IVA – implicam modificações nos incentivos de reportação de faturamento pe-los contribuintes da última etapa antes da quebra da cadeia. Isso se dá no sentido em que,se há self-enforcement gerado pela utilização de crédito do imposto, tais firmas deveriamapresentar maior nível de evasão que aquelas sujeitas a continuação da cadeia do IVA.

Para tanto, utiliza-se medida de exposição de empresas industriais do Estado de São Pauloa clientes do Simples Nacional, regime simplificado de tributação para pequenas empresas querepresenta quebra na cadeia do ICMS – uma versão de IVA cuja tributação é de competênciados Estados da federação brasileira. Também é utilizada a implantação do regime diferenci-ado de tributação chamado Substituição Tributária como meio para a obtenção indireta deindícios de que há, de fato, ocorrência de self-enforcement na cadeia de ICMS.

Cabe dizer que Substituição Tributária é artifício de tributação em que contribuinte noinício da cadeia fica responsável, através de estimativa fornecida pelo fisco, pelo recolhimentode ICMS por todas as etapas da cadeia posteriores a ele. Deste modo, empresas compradorasem operações sujeitas a Substituição Tributária ficam desobrigadas de obrigações referentesao ICMS. Assim, presume-se neste trabalho que, devido sua implantação, deixam de existirincentivos decorrentes da utilização, ou não, de crédito de ICMS por empresas de etapasfinais da cadeia6.

Supõe-se possível identificar que empresas com maior sujeição a clientes do regime doSimples Nacional – que não têm direito a utilização de crédito de ICMS –, ao terem ovínculo tributário quebrado com firmas que possuiriam preferência por produtos vendidos semaplicação de imposto, teriam variação de faturamento reportado7 decorrente da implantaçãoda Substituição Tributária maior que firmas com grande proporção de clientes contribuintesde ICMS no regime padrão. Como estes tinham direito a utilização de crédito antes daimplementação da Substituição Tributária, isso geraria incentivos para maior compliance por6 De Paula e Scheinkman (2010) encontram indícios de que a implementação da Substituição Tributária

elimina incentivos derivados de creditamento de ICMS, ao menos no que se refere à decisão de formalização.7 Ver definição da variável na Seção 1.2.

Introdução 9

parte do vendedor, na situação original. Já após a introdução da Substituição Tributária, ovendedor passa a ser indiferente a situação do cliente, uma vez que o cálculo de recolhimentoantecipado de ICMS independe da regra de tributação do comprador.

A fim de que alcance o objetivo deste trabalho, é usada base de dados única, no nível deempresa, composta de todas declarações fiscais de contribuintes de ICMS do Estado de SãoPaulo, entre os anos de 2006 e 2011. Com base nesses dados, a implantação da SubstituiçãoTributária é considerada como tratamento em modelo de Diferença em Diferenças condicional.

Faz-se necessário notar que a evasão fiscal, a diferença entre o que deveria ser pago atítulo de imposto e o que se paga de fato, por sua natureza, não é detectável a partir daanálise de informações prestadas a autoridades fiscais, uma vez que se observa somente osdados reportados, não os ocultados. Isso, inclusive, implica em número reduzido de trabalhosempíricos acerca do tema, conforme destacado por Slemrod e Yitzhaki (2002).

Dado tal contexto, vê-se como contribuição do trabalho a colaboração no entendimentodo self-enforcement de IVAs, assim como os efeitos, contrários aos benefícios gerados pelosincentivos presentes neste tipo de imposto à correta informação de dados pelos contribuintes,decorrentes da quebra de sua cadeia antes do atingimento da venda a consumidor final.

Nesse ponto este trabalho junta-se a outro estudo com mesma temática, Pomeranz (2013),que observa indícios de self-enforcement do IVA em experimento aleatório realizado, emcolaboração com o fisco da Republica do Chile, com firmas contribuintes de IVA chilenas.Através do envio de correspondências indicando aumento da probabilidade de auditoria paraamostra estratificada de contribuintes, observou-se que o recebimento destas cartas tevemenor efeito sobre transações realizadas entre duas firmas contribuintes do IVA, em relaçãoa vendas realizadas para consumidores finais, que não possuem direito de creditamento doimposto. Dado o menor efeito nas transações sujeitas a creditamento de imposto, tal achadoindicaria self-enforcement gerado pelo sistema de débito-crédito, na medida em que seriasubstituto do esforço de fiscalização por parte da autoridade tributária. Adicionalmente,como spillover, Pomeranz (2013) também detecta efeito de aumento de compliance parafornecedores das firmas que receberam tais correspondências.

10

1 Contexto

1.1 Imposto sobre Valor AdicionadoO Imposto sobre Valor Adicionado é tipo de tributação indireta em que firmas devem recolherimposto ao governo calculando-o sobre a diferença entre suas vendas e suas compras, aocontrário de um imposto sobre vendas, cuja incidência se dá apenas sobre o faturamento.

Seu mecanismo mais amplamente utilizado se dá através do método de débito-crédito deimposto, em que o imposto incidente sobre as compras de uma empresa é deduzido do impostoincidente sobre suas vendas. De fato, desconsiderando-se questões como evasão fiscal, umIVA, na soma dos valores recolhidos em toda a cadeia de produção e comercialização dedeterminada mercadoria, é equivalente a um imposto sobre vendas no varejo (SLEMROD,2008).

Tem como grande apelo para implementação o fato de que, ao contrário de um impostosobre vendas, os valores devidos a título de imposto são distribuídos ao longo da cadeia doIVA, diminuindo-se, assim, o risco associado à concentração da arrecadação sobre empresasvarejistas, geralmente menores (e mais dificilmente monitoradas) que as empresas que asantecedem na cadeia de produção e comercialização.

1.2 A divisão federativa de tributos indiretos no BrasilO sistema tributário brasileiro, como consequência da organização federativa do país, referen-dada pela Constituição de 1988, confere autonomia tributária aos entes federativos brasileiros:A União, os Estados, e os municípios.

Como decorrência da necessidade de se conferir autonomia a cada um dos entes, optou-sepor adotar um sistema em que um IVA padrão foi subdividido em três: o Imposto sobreProdutos Industrializados (“IPI”), de competência da União, o Imposto sobre Circulaçãode Mercadorias e Serviços (“ICMS”)1, de competência dos Estados e o Imposto sobre Ser-viços de Qualquer Natureza (“ISSQN”), de competência dos municípios. Os dois primeirosimpostos funcionam como um IVA dentro de seu sistema fechado, e o imposto municipalcomo um imposto sobre a venda de serviços, sendo que créditos não podem ser aproveitadosem operações sujeitas à tributação por imposto cujo poder arrecadatório recaia sobre outra1 O ICMS, de fato, predata a Constituição Federal de 1988. O ICM, imposto precursor do ICMS, sujeito às

mesmas regras e funcionando de modo praticamente igual,foi criado na década de 60, e por ele substituídopor ocasião da promulgação da Carta Magna atual.

Capítulo 1. Contexto 11

esfera federativa. Assim, por exemplo, se uma empresa atacadista vende mercadoria a umprestador de serviços, este não poderá utilizar crédito referente ao ICMS incidente sobre suacompra, uma vez que a prestação de serviço que realizar é sujeita a tributação de ISSQN.

1.3 ICMSO ICMS tem como fato gerador a circulação de mercadorias e a prestação de serviços detransporte interestadual, intermunicipal e de com unicação; funciona, dentro de seu campo deincidência, tal qual um IVA padrão. Cada operação na cadeia de produção/comercialização étributada, e o tributo pago pelo comprador pode ser utilizado com crédito em sua respectivadeclaração de imposto, desde que possua vendas sujeitas à incidência de ICMS.

É de competência de cada um dos Estados da federação, que possuem autonomia paradeterminação de alíquotas para operações que ocorram dentro do respectivo Estado. Opera-ções entre dois Estados são sujeitas à incidência de alíquota interestadual2, determinada peloSenado Federal, de tal forma que caiba parte do imposto da venda interestadual ao Estadode origem.

O ICMS está sujeito a duas idiossincrasias, além da tripartição de um IVA geral des-tacada acima, que o afastam do modelo de IVA adotada na maioria dos países, mas, aomesmo tempo, criam condições para a implementação da estratégia empírica proposta: o“Simples Nacional”, regime simplificado de tributação para pequenas empresas, e o regimede substituição tributária.

No Estado de São Paulo, o regime padrão de tributação de ICMS, que utiliza o mecanismousual de débito e crédito de imposto, é chamado “Regime Período de Apuração”.

1.4 Simples NacionalO Simples Nacional é um regime especial de tributação para empresas de pequeno porte,criado pela Lei Complementar no 123 de 2006, com efeitos a partir de 1o de julho de 2007.Neste regime, vários impostos federais, o ICMS e o ISSQN são calculados e arrecadadosmediante a aplicação de alíquota sobre o faturamento da empresa a ele sujeita, sendo o nívelda alíquota função crescente do faturamento. Com isso, a pequena empresa fica obrigada arecolher boa parte dos impostos a que é sujeita uma única vez por mês, mediante cálculoúnico, e é liberada de calcular os impostos componentes do Simples Nacional de acordo comseus respectivos regimes de referência.2 A alíquota interestadual é o limite mínimo das alíquotas estaduais.

Capítulo 1. Contexto 12

De acordo com Keen e Mintz (2004), a prática usual em países que adotam IVAs érequerer que firmas sejam obrigadas ao recolhimento do imposto sob o sistema de débito-crédito somente se seu faturamento exceder determinado valor anual de faturamento. Noentanto, o Simples Nacional é regime diferenciado para pequenas empresas único no mundopela sua abrangência, tanto em termos do número de tributos distintos abarcados, comopor seu limite anual de faturamento para fins de enquadramento, sendo o regime que, doponto de vista do direito comparado, mais se aproxima ao Simples Nacional o “monotributo”argentino, ainda que com pálidas semelhanças.

É regime facultativo e, ressalvadas algumas pequenas exceções, empresas com faturamentoacumulado em 12 meses inferior a uma cota superior podem requerer enquadramento. Emsua criação, esse limite era de R$ 2,4 milhões, passando a ser de R$ 3,6 milhões a partir de2012.

O Simples Nacional sucedeu e unificou regimes simplificados federais e estaduais existentesantes de sua criação. Implicou, para fins de arrecadação de ICMS no Estado de São Paulo,continuação do programa “Simples Paulista”, criado em 1998, e que utilizava o mesmo sistemado Simples Nacional para empresas contribuintes de ICMS situadas no Estado de São Paulo.Ademais, na data de transição para o Simples Nacional, o “Simples Paulista” tinha comolimite superior de enquadramento os mesmos R$ 2,4 milhões de faturamento acumuladoem 12 meses do Simples Nacional, o que, ao menos no que se refere ao ICMS, implicoucontinuidade entre os dois regimes especiais para empresa de pequeno porte.

Uma característica importante do Simples Nacional é que empresas nele enquadradas nãopodem aproveitar créditos de compras sobre que incidam um dos três IVAs existentes noBrasil, pois se trata de regime tributário, de certa forma, apartado do restante do sistemabrasileiro. Assim, por exemplo, uma empresa varejista, participante do Simples Nacional,que compre mercadoria com incidência de ICMS, não poderá utilizar o crédito gerado naoperação. Desta forma, pode-se dizer que o Simples Nacional quebra a cadeia de ICMS, umavez que, para fins de apuração do imposto, a venda a uma empresa participante do SimplesNacional assemelha-se a venda a consumidor final.

1.5 Substituição TributáriaA substituição tributária (“ST”) é artifício utilizado por autoridades fiscais, na fiscalizaçãode IVAs, em que o sujeito passivo da obrigação tributária é substituído – daí a denominação“substituição tributária” –, na responsabilidade de recolhimento do imposto por outra pessoade direito. Pode ser tanto “para frente”, em que empresa situada em etapa anterior da cadeiade circulação recolhe o imposto antecipadamente, em substituição a seus clientes, ou “para

Capítulo 1. Contexto 13

trás”, em que o comprador é responsabilizado pelo recolhimento do imposto devido por seufornecedor. Ao contribuinte responsabilizado pelo recolhimento de imposto por outrem, dá-sea alcunha “substituto tributário”, enquanto aquele que não mais tem a obrigação de destacaro imposto, “substituído”.

Segundo Coelho (2014), a modalidade “para trás” é utilizada para o IVA da União Eu-ropeia, onde é conhecida por reverse change. Já a modalidade “para frente” é de utilizaçãomais restrita no mundo. Coelho destaca que somente o Brasil, Argentina e alguns paísessucessores da União Soviética a utilizam, aos quais adiciono o Chile, que utiliza o mecanismona tributação, por IVA, nas vendas de carne e farinha de trigo, sendo chamada de cambiode sujeto asociado a ventas. Essa é a modalidade de substituição tributária mais importanteno Brasil, utilizada no IPI e, principalmente, no ICMS, e a ela que se referirá a utilização dareferência “ST”.

A ST foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro na década de 70, utilizada no ICM,imposto precursor do ICMS. Em sua implementação inicial, era restrita a poucos produtosem que havia grande concentração nos estágios iniciais da cadeia de comercialização, e pul-verização nas etapas finais. Por exemplo, fazem parte dos primeiros produtos sujeitos a STno Estado de São Paulo automóveis, cimento e fumo.

Conforme relatório da Confederação Nacional das Indústrias – CNI –, a partir de 2008 osEstados intensificaram o uso de ST no ICMS. São Paulo, que até 2007 incluía 67 produtosneste regime, eleva este número para 287 em 2009. Em Minas Gerais, o número passou de88 para 337.

De modo geral, seu mecanismo de funcionamento em sua aplicação ao ICMS depende daestimação pela autoridade tributária do valor adicionado pelas etapas da cadeia posterioresà aplicação da ST, e pode ser explicado pelo exemplo abaixo.

Suponha que uma indústria venda uma unidade de certa mercadoria a empresa varejista,situada no mesmo Estado, por R$ 100,00, sob alíquota de ICMS de 18%3, e que essa revendaa mercadoria a consumidor final, pela mesma alíquota, por R$ 200,00. Sob o regime padrãode ICMS, que segue o mecanismo de um IVA, a empresa industrial recolhe R$ 18,00 aogoverno. Crédito de mesmo montante é gerado para a empresa varejista, que recolhe R$18,00 de ICMS; a diferença entre o débito na sua operação de venda, R$ 36,00 , e o créditoobtido na compra da mercadoria.

Sob o regime de ST, é necessário, no momento da venda da empresa industrial para a em-presa varejista, que a autoridade tributária aplique percentual de valor adicionado estimado,uma vez que não se conhece o preço de venda futuro da última etapa da cadeia. Assim,supondo que o governo estime-a corretamente em 100% e que o preço do bem não se altere,3 Alíquota padrão de ICMS no Estado de São Paulo.

Capítulo 1. Contexto 14

a empresa industrial deverá recolher ao Estado, por ocasião de sua venda, R$ 36,00; R$18,00 referentes a sua própria operação e R$ 18,00 referentes à operação em que age comosubstituto tributário. Ainda, o valor pago pelo substituto ao vendedor passa a ser de R$118,00 : os R$ 100,00 referentes ao preço da mercadoria, o faturamento do vendedor, maisR$ 18,00 de imposto retido sob substituição tributária.

Deste modo, a partir do momento em que uma operação é sujeita ao regime de ST, oscontribuintes das etapas posteriores de circulação da mercadoria não têm mais nenhumainfluência formal sobre o recolhimento do imposto que sobre eles recairia.

Por fim, faz-se necessário, devido ao escopo do trabalho, notar que mesmo se uma empresaoptante pelo Simples Nacional é substituído tributário em uma operação sujeita a ST deICMS, o imposto é calculado pelo substituto da mesma forma que faria se o cliente fosse doRegime Periódico de Apuração.

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2 Estratégia do estudo

De Paula e Scheinkman (2010) desenvolvem modelo de transmissão de informalidade entreempresas sujeitas a tributação por IVA, em que o sistema de débito-crédito é determinante.Há dois tipos de firma, representando etapas da cadeia de produção/comercialização dedeterminado bem: upstream, produtoras de bens intermediários, e downstream, produtorasde bens finais, que devem escolher entre a informalidade, na qual não recolhem imposto, ea formalidade, em que são obrigadas a recolher IVA mediante a aplicação de determinadaalíquota sobre todas suas vendas. Uma das implicações do modelo elaborado, referendada porresultados empíricos constantes do próprio trabalho, é que a (in)formalidade é transmitidaatravés da cadeia de IVA.

O mecanismo se dá pela própria natureza de um IVA: firmas downstream informais nãosão passíveis de utilização de crédito de imposto, sendo mais vantajosa a aquisição de bensnão tributados, o que, por sua vez, gera incentivo para a informalidade nas firmas upstream;já para empresas downstream formais é vantajosa a aquisição de bens tributados, que geramutilização de crédito de imposto1, configurando-se incentivo para a formalização de seusfornecedores. Relação semelhante se dá na escolha de formalidade das empresas upstream,pois, uma vez que vendam produtos formalmente há incentivo de formalização na etapaposterior da cadeia.

Encarada a evasão fiscal como informalidade parcial, entende-se neste trabalho que omesmo mecanismo levaria a self-enforcement no IVA em contextos mais gerais, pois firmasformais sujeitas à tributação por IVA que transacionem com contribuintes passíveis de utiliza-ção de crédito do imposto teriam menor evasão, ao passo que outras firmas formais, tambémcontribuintes de IVA, que vendem para clientes que não têm direito de creditamento, teriamincentivos para maior grau de sub-reportação de transações ao fisco.

Também utiliza-se a hipótese de mecanismo de self-enforcement por “rastro da notafiscal”, baseada na ideia de que, ao utilizar o crédito do IVA, o comprador gera risco fiscalpara o vendedor, no sentido em que o registro do crédito facilita a checagem, pela autoridadefiscal, de se a reportação do débito pelo vendedor ocorreu de forma correta.

Os mecanismos descritos são utilizados no presente trabalho para o entendimento decomo quebras na cadeia de um IVA em seu trajeto natural até o consumidor final afetam asdecisões de empresas tributadas por esse imposto, utilizando-se as peculiaridades do sistematributário brasileiro descritas no Capítulo 1.1 Desde que o preço do bem comprado formalmente, líquido de imposto, seja inferior ao preço do bem

oferecido por firmas upstream informais.

Capítulo 2. Estratégia do estudo 16

Empresas contribuintes de ICMS optantes pelo regime do Simples Nacional, por mais quenão sejam informais2, não possuem direito de utilização de crédito de ICMS referente às com-pras de produtos tributados por esse imposto. Assim, seria esperado que tivessem preferênciapor adquirir produtos vendidos informalmente, ou seja, sem emissão de nota fiscal. Isso, porsua vez, geraria incentivo para que seus fornecedores operassem, também, informalmente, aomenos em parte de suas transações. Firmas com alta parcela de seus clientes optantes peloSimples Nacional encarariam maior demanda por bens informais, e tenderiam a reportar me-nor receita à autoridade tributária que empresas com maior proporção de clientes utilizadoresde crédito de ICMS.

Na análise das empresas vendedoras, consideram-se aquelas formais e sujeitas ao sistemapadrão de um IVA – no ICMS do Estado de São Paulo, chamado de Regime Periódico deApuração. Encontra-se forma de se realizar avaliação da hipótese de que empresas contri-buintes de ICMS sujeitas ao Regime Periódico de Apuração – como num IVA padrão – comclientes optantes pelo Simples Nacional tenham maior nível de evasão que suas contrapartesque vendam para empresas que recolhem ICMS pelo mesmo Regime Periódico de Apuração,através da utilização do fato que, entre 2008 e 2009, ocorreu, no Estado de São Paulo, umanotável inclusão de novos produtos no regime de ST.

A lógica por trás da afirmação é a que segue: com a implementação da ST deixa de existirsistema de creditamento de imposto. Com base nesse fato, argumenta-se que, para a firmasubstituta, desaparecem incentivos decorrentes de maior ou menor demanda por notas fiscaispor parte das empresas que passam a ser substituídas3, além de se eliminar o “rastro danota fiscal” para vendas anteriormente realizadas para contribuintes de ICMS, utilizadoresdo crédito do imposto. Se é verdadeira a afirmação de que firmas no regime padrão quevendem para clientes do Simples Nacional tendem a evadir mais impostos que contrapartescujos bens são vendidos para empresas também do regime padrão de creditamento, seriapossível observar que, devido a implantação do regime de ST, as primeiras teriam variaçãode faturamento reportado ao fisco4 maior que as últimas, assumindo-se que não tenha ocorridovariação de preços decorrente da introdução da ST diferenciada pela proporção de clientesoptantes pelo Simples Nacional 5.

Retomando a estrutura do exemplo dado na Seção 1.5, suponha que uma indústria declareao fisco a venda de x unidades de certa mercadoria a empresa varejista, situada no Estado2 Inclusive, Monteiro e Assunção (2006) e Fajnzylber, Maloney e Montes-Rojas (2011) encontram indícios de

que a introdução do regime simplificado anterior ao Simples Nacional, o SIMPLES, resultou em aumentoda formalização de empresas no Brasil.

3 Essa ideia é referendada por resultados encontrados por De Paula e Scheinkman (2010), que apresentamindícios de que a ST elimina o efeito em cadeia de informalidade.

4 Ver definição da variável na Seção 3.2.5 Veja Chagas (2012) sobre o impacto da ST nos preços do setor farmacêutico.

Capítulo 2. Estratégia do estudo 17

de São Paulo, pelo preço p, sob alíquota de ICMS de 18%, declarando o faturamento de xp.Sob o regime padrão de ICMS, que segue o mecanismo de um IVA, a empresa industrialrecolhe 18%× xp ao governo. Suponha que a empresa passe a ser sujeita à ST. Sob o regimede ST, seja o faturamento declarado xSTp. O imposto referente à sua própria operação, emque não age como substituto, é dado por 18%× xSTp. Já o imposto recolhido sob ST, sobreque não recai interesse no presente trabalho, supondo percentual de valor adicionado pelovarejista estimado em 100%, será de 100%×18%×xSTp. O que ora se argumenta é que, casoo varejista seja optante pelo Simples Nacional, xSTp > xp, enquanto se o varejista era, antesda implementação da ST, utilizador de crédito de ICMS, xSTp < xp, presumindo-se nesteexemplo, por simplificação, que não se altere o preço p em decorrência da implementação doregime de substituição tributária.

Pretende-se, assim, por meio de modelo de Diferença em Diferenças condicional, estimarcoeficiente relacionado à interação de variável dummy de tratamento representando a intro-dução da ST para os grupos de produtos listados na Tabela 1 com uma medida de exposiçãodo substituto tributário a clientes do Simples Nacional antes da introdução do novo regime,a fim de que se identifique como essa variável afeta a intensidade do efeito da implementaçãoda ST no faturamento declarado por empresas afetadas pela ST como substitutas.

Assim, segue na Tabela 1 o cronograma de implantação da ST no Estado de São Paulo,por grupo de produtos – agrupamento de bens, classificados por NCM6, afetados pela pu-blicação de decreto que implementa o regime de ST em suas vendas – , e a data em que aimplementação de ST tem efeitos.

6 Nomenclatura Comum do Mercosul, código de oito dígitos de classificação de mercadorias adotado noBrasil.

7 Exceto cerveja e chope.8 Utilidade Doméstica.

Capítulo 2. Estratégia do estudo 18

Tabela 1 – Cronograma de Implementação da ST no Estado de São Paulo

Grupo de Produtos Data Grupo de Produtos DataMedicamentos 01/02/2008 Materiais de Construção 01/05/2008Bebidas Alcoólicas7 01/02/2008 Colchoaria 01/04/2009Perfumaria 01/02/2008 Ferramentas 01/04/2009Higiene Pessoal 01/04/2008 Biciletas 01/04/2009Ração Animal 01/04/2008 Instrumentos Musicais 01/04/2009Limpeza 01/04/2008 Brinquedos 01/04/2009Fonográficos 01/04/2008 Máquinas 01/05/2009Autopeças 01/04/2008 Papelaria 01/05/2009Pilhas e Baterias 01/04/2008 Artefatos U.D.8 01/05/2009Lâmpadas Elétricas 01/04/2008 Materiais Elétricos 01/05/2009Papel 01/04/2008 Eletroeletrônicos 01/06/2009Alimentícios 01/05/2008

19

3 Dados

3.1 Fonte dos dadosOs microdados referentes ao ICMS utilizados neste trabalho foram obtidos a partir do bancode dados da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, órgão responsável pela fiscalizaçãoe arrecadação, neste Estado, de todos impostos de competência estadual.

A base de dados é composta de informações fornecidas pelos contribuintes de ICMS àautoridade fiscal, advindas de três fontes distintas.

A primeira delas é a Guia de Informações Arrecadação (“GIA”). Todos os contribuintes deICMS no Estado de São Paulo inscritos no Regime Periódico de Apuração devem entregar,mensalmente, a GIA, que sumariza todas as compras e vendas de mercadorias e serviçossujeitos à incidência de ICMS, tanto no valor total das operações como no valor do imposto.Oportunamente, essa base de dados cobre o período de implementação da ST.

Outra fonte de dados é a de Notas Fiscais Eletrônicas (“NF-e”), que permite a consultaa notas ficais individuais, existente a partir de abril de 2011. Essa base de dados possuiinformações sobre cada operação sujeita à incidência de ICMS que envolva contribuintespaulistas. No entanto, não cobre período de implementação da ST, sendo utilizada comobase auxiliar.

Por fim, também é utilizada como fonte o Documento de Arrecadação do Simples Nacional(“DAS”), base de dados que permite a identificação da inclusão de determinada empresa noSimples Nacional, além de informações sobre seu faturamento.

Todas as informações utilizadas são organizadas no nível de empresa, identificadas porseu CNPJ base1.

3.2 Montagem da Base de DadosPara cada um dos grupos de produtos sujeitos à ST, listados na Tabela 1, é realizada filtragem,com base em informações de NF-e2 colhidas para o período entre abril de 2011 e março de1 O CNPJ, Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, é código único de identificação de estabelecimentos

empresariais utilizados no Brasil. É composto de 14 algarismos. Não necessariamente corresponde aunidade empresarial, pois uma firma pode possuir mais de um CNPJ, um para cada unidade de atuação.Por esse motivo, é utilizada neste trabalho a identificação de empresas pelo CNPJ-base, ou raiz, quecorresponde, de fato, a uma única empresa.

2 É utilizada a base de dados de notas fiscais eletrônicas nesta etapa pois se trata do único modo de seidentificar o faturamento por mercadoria vendida, e, por conseguinte, relacioná-lo a cada um dos decretos

Capítulo 3. Dados 20

2012, de empresas – identificadas pelo CNPJ base – que tiveram qualquer valor de suas vendasdeclaradas no período decorrentes de operações sujeitas à ST em saídas dentro do Estadode São Paulo, recuperando-se o percentual do faturamento declarado, para cada uma delas,afetado por cada um dos decretos de instituição de ST. Como esse levantamento de dadosé realizado para período posterior à implantação da ST nos grupos de produtos litados naTabela 1, assume-se que o percentual do faturamento para operações dentro do Estado de SãoPaulo afetado não se modificou substancialmente desde a entrada no regime de substituiçãotributária até 2011/2012.

É importante notar que, já nessa filtragem, somente são consideradas empresas industriais,identificadas de acordo com a CNAE3 declarada. Essa é uma maneira de se aumentar aprobabilidade de que somente empresas afetadas pela introdução de ST como substitutostributários sejam selecionadas para análise, uma vez que empresas atacadistas e varejistas,por se situarem em etapas finais da cadeia do ICMS, são em maior proporção afetadas nacondição de substituído tributário.

Ainda, não se consideram empresas de alguma forma afetadas pela exigência de tributaçãopor produtos em ST decorrente de legislação anterior àquela implementada em 2008 e 2009.

Realizada a filtragem acima citada, dividem-se as empresas selecionadas em dois grupos:de controle, composto de empresas não afetadas em nenhuma parcela de seu faturamento de-clarado pela implementação de ST ocorrida entre 2008 e 2009; e de tratamento, inicialmentepreenchido por empresas com ao menos 80% de seu faturamento afetado, conforme informa-ções de Nf-e para os 12 meses entre abril de 2011 e março de 2012. Excluem-se empresasafetadas pela ST em proporção de seu faturamento dentro do Estado de São Paulo menorque 80%, pois apesar de serem influenciadas pela mudança de legislação, julgo que não osejam em medida grande o suficiente para inclusão no grupo de tratamento.

Mais uma vez utilizando-se da base NF-e, são identificadas, no período entre abril de2011 e março de 2012, para todas as firmas industriais selecionadas, todas as empresas con-tribuintes de ICMS situadas no Estado de São Paulo, seja no Regime Periódico de Apuraçãoou no Simples Nacional, que adquiriram delas algum produto tributado por ICMS. Assim,é elaborada lista de clientes para cada uma destas firmas industriais, conforme notas fiscaisde 2011 e 2012. Adicionalmente, identifica-se se cada um dos clientes observados era, em de-zembro de 2007, inscrito no Regime Periódico de Apuração ou no Simples Nacional, a fim deque se crie medida de exposição, pelas empresas industriais analisadas, a clientes operantesno regime especial para pequenas empresas.

de implementação de ST.3 Classificação Nacional de Atividades Econômicas, código de 7 dígitos correspondente à classificação oficial

brasileira de atividades.

Capítulo 3. Dados 21

Idealmente, dado o objetivo deste trabalho, observar-se-iam esses mesmos dados para pe-ríodo imediatamente anterior à rodada de introduções de produtos em regime de ST ocorridaentre 2008 e 2009. No entanto, tal fato não é possível, e adota-se a premissa de que o perfildos clientes de dada empresa não se modificou substancialmente entre tal data e o períodoem que os dados foram colhidos.

Também são recuperados, para cada uma das empresas industriais filtradas, para todos osmeses entre janeiro de 2006 e dezembro de 2011, o faturamento declarado em GIA referentesa vendas tributadas por ICMS realizadas dentro do Estado de São Paulo. Escolhem-se estasdatas inicial e final por corresponderem, aproximadamente, ao período de dois anos antesda primeira implantação de ST ocorrida em 2008 e dois anos depois da última, em 2009.Ainda, é considerado somente o faturamento para operações realizadas dentro do territórioestadual de São Paulo, pois vendas para outros Estados não foram afetadas pelos decretosinstituidores de ST de 2008 e 2009.

Adicionalmente, nota-se que o faturamento levantado se trata de número líquido de qual-quer imposto recolhido a título de ST. O valor total do faturamento declarado em GIA deempresas na condição de substitutas inclui o imposto retido por ST. Assim, uma análise dodessa variável que não excluísse o imposto recolhido como substituto tributário certamentelevaria à identificação errônea de efeito positivo da introdução da ST. Retomando o exemplodado na seção 1.5, suponha-se que uma empresa industrial venda R$ 100,00 em operaçãosujeita a ST, sob alíquota de 18% e percentual de valor adicionado estimado de 100%. Seufaturamento declarado, supondo que não houve alteração no preço do produto, de fato, seriade R$ 100, o mesmo valor da venda antes da entrada do regime de ST. No entanto, o fatu-ramento total declarado ao fisco paulista é de R$ 118,00, pois o valor pago pelo compradoré acrescido dos R$ 18,00 recolhidos sob substituição tributária, cuja inclusão no preço devenda é meramente contábil. Para avaliação correta do faturamento declarado, é necessárioque se subtraiam estes R$ 18,00.

Relacionam-se as empresas selecionadas com a “sub-setorial” relacionada à maior parcelade seu faturamento declarado. Uma sub-setorial é divisão administrativa, dentro da organi-zação da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, responsável pela fiscalização de umsubconjunto dos contribuintes de ICMS no Estado, cujo agrupamento é determinado por suaatividade econômica. É uma maneira de agrupar os contribuintes em estratos com atividadesemelhante menos restritiva que aquela resultante da utilização de CNAEs, que possibilita olevantamento de índices de preços setoriais, utilizados para a transformação de valores no-minais em reais, uma vez que diferentes setores econômicos podem apresentar variações depreços distintas entre janeiro de 2006 e dezembro de 2011, sendo os índices de preço dados

Capítulo 3. Dados 22

pelo agrupamento industrial correspondente no IPA-DI4, calculado pela Fundação GetúlioVargas5.

Cada sub-setorial é classificada, pela Secretaria da Fazenda, em grupos ainda menosrestritivos chamados “setoriais”. Existem dezenove delas, e são utilizadas para classificar asempresas constantes da amostra por meio de variáveis dummy, sendo este um modo de secontrolar por choques inerentes à atividade econômica de cada empresa e se conservar númerorazoável de observações para cada classificação, além do benefício adicional de se precavercontra possíveis mudanças na fiscalização, uma vez que empresas enquadradas na mesmasetorial estão sujeitas à diretrizes de fiscalização advindas da mesma unidade administrativa.

Destaca-se que há um potencial problema na base de dados: algumas empresas são afeta-das pela ST por mais de um decreto. Por exemplo, dentro das empresas que apresentam aomenos 80% do faturamento afetado por ST (na soma de todos os decretos), de um total de641, 167 retornam efeitos decorrentes de dois decretos, 78 de três , 25 de quatro e 11 de cinco.A solução encontrada para o problema é desconsiderar informações referentes ao período deimplementação. Desta forma, reduz-se a amostra para meses em períodos de igual duração(24 meses), totalmente compreendidos antes de qualquer decreto e após o último deles, sendoo primeiro período dado entre os meses de janeiro de 2006 e dezembro de 2007, e o segundodado entre os meses de janeiro de 2010 e dezembro de 2011, de forma que o tratamento – a in-trodução da ST – possa ser representado por variável binária. Adicionalmente, é importanteressaltar que, para empresas com observações duplicadas, o percentual de ST considerado éa soma das parcelas do faturamento afetadas por todos os decretos.

Ainda, trabalha-se com painel balanceado, descartando-se empresas que não apresentaramvendas dentro do Estado de São Paulo em qualquer um dos 48 meses da amostra. O principalmotivo para tanto é que, pela natureza da base de dados utilizada, não há como saber se,quando uma empresa apresenta faturamento zero, trata-se de missing, ou faturamento nulode fato.

Ainda, é necessário destacar que se utilizará, para o grupo de tratados, o corte de 80% defaturamento dentro do Estado de São Paulo sujeito a decretos de ST implementados entre2008 e 2009, descartando-se observações de empresas com percentual menor. Reconhece-seque adoção deste valor é, de certa forma, arbitrária. No entanto, a fim de que seja possível arealização do estudo, também é necessária, uma vez que não se observa empresa que tenha atotalidade de suas vendas realizadas sob o regime de ST, nas novas adições realizadas a partirde 2008. Partindo do pressuposto que empresas “tratadas” sejam aquelas altamente expostasà implementação da substituição tributária sobre os produtos por elas vendidos, julgou-se que4 Índice de Preços por Atacado.5 Listagem das sub-setoriais constante do Apêndice A.

Capítulo 3. Dados 23

o corte de 80% era adequado levando-se em consideração o trade-off entre maior exposiçãoà ST e número de empresas no grupo de tratamento, sendo a análise para outros níveis apartir de 50% apresentadas no Apêndice B.

Realizados todos os ajustes citados, chega-se às seguintes variáveis, a serem utilizadasneste estudo:

• faturamento: o faturamento mensal6, a preços médios de 20087, decorrente de vendasreportadas à autoridade fiscal com destino ao próprio Estado de São Paulo;

• tamanho: medida de tamanho de cada empresa da amostra, constante no tempo, dadapela soma de faturamento no ano de 2007;

• aliquota: alíquota efetiva mensal de ICMS para cada empresa, dada pela razão entre odébito de ICMS e o faturamento declarados em GIA;

• SN : percentual do número de clientes (contribuintes de ICMS) sujeitos ao regime doSimples Nacional para cada empresa da amostra.

3.3 Descrição dos dadosApós a realização de todos ajustes na base de dados destacados na seção 3.2, a amostra passaa constar de 6.717 empresas no grupo de controle e 641 no grupo de tratamento.

Primeiramente, apresentam-se estatísticas referentes à variável dependente faturamento.Dado seu caráter mensal, são ilustradas médias antes (2006 e 2007) e depois (2010 e 2011)do tratamento:

Tabela 2 – faturamento, em R$ mil, ajustados para preços médios de 2008

Controle TratamentoAntes Depois Antes Depois

No. Empresas 6.717 641Média 1.354 1.699 1.940 3.160Mediana 250 339 206 292Desvio-Padrão 6.437 9.459 12.300 19.700

Já estatísticas de aliquota, para antes e depois do tratamento, constam da Tabela 3.6 Conforme destacado, líquido de quaisquer valores referentes a imposto retido por ST.7 Conforme destacado, o ajuste de preços é realizado através do índice de preços relacionado à classificação

por sub-setorial.

Capítulo 3. Dados 24

Figura 1 – Distribuição de dif_log(fat) por grupo

Tabela 3 – aliquota

Controle TratamentoAntes Depois Antes Depois

No. Empresas 6.717 641Média 11,97% 12,86% 15,03% 15,48%Mediana 12,88% 12,39% 17,01% 17,11%Desvio-Padrão 6,00% 5,83% 4,07% 3,65%

Também apresentam-se estatísticas e distribuição da variável tamanho, que, ao contrá-rio de faturamento, não é mensal, representando o tamanho de cada empresa industrialanalisada no ano imediatamente anterior à introdução dos novos produtos em ST, em 2007.

Tabela 4 – tamanho, em R$ mil, ajustados para preços médios de 2008

Controle TratamentoNo. Empresas 6.717 641Média 16.900 24.800Mediana 3.485 2.837Desvio-Padrão 73.200 153.000

Capítulo 3. Dados 25

Figura 2 – Distribuição de log(tamanho) por grupo

De especial interesse é a análise das estatísticas e distribuição por grupo da variável SN ,que segue na Tabela 5, uma vez que é nela que recai o escopo deste trabalho. Como pode serobservado, sua distribuição entre os dois grupos, de controle e tratamento, é consideravel-mente diversa, até pela característica buscada, nos setores afetados por ST, pela autoridadefiscal paulista. No entanto, possuem basicamente o mesmo suporte, o que viabiliza a corretaidentificação do efeito do tratamento sobre as empresas impactadas pela ST, uma vez que seencontram contrapartes adequadas, no percentual de clientes no regime do Simples Nacional,no grupo de controle.

Tabela 5 – SN

Controle TratamentoNo. Empresas 6.717 641Média 33,98% 58,42%Mediana 25,89% 64,70%Desvio-Padrão 27,10% 25,77%

Por fim, apresenta-se na Tabela 6 o número de empresas por setorial e a proporção detratados dentro de cada uma delas. Como pode ser observado, listam-se apenas 15 setoriais,o que se deve ao fato de que, após os filtros listados no Capítulo 3, algumas setoriais nãoapresentaram nenhuma empresa habilitada.

Capítulo 3. Dados 26

Figura 3 – Distribuição de SN por grupo

Tabela 6 – Número de empresas e proporção de tratados por setorial

Setorial No. de Empresas Proporção de TratadosMADEIRA, MÓVEIS E PAPEL 753 2,25%AUTOMOTIVOS 203 33,50%METALÚRGICOS 1.147 4,18%BEBIDAS 123 60,16%PLÁSTICOS E BORRACHA 816 8,70%QUÍMICOS E PETROQUÍMICOS 519 2,50%FARMACÊUTICOS E PERFUMARIA 80 48,75%ELETROELETRÔNICOS 427 25,52%COMBUSTÍVEIS 11 0,00%ALIMENTOS 220 33,63%MINERAIS NÃO METÁLICOS 325 12,92%MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 996 3,21%TÊXTIL E CONFECÇÕES 1285 0,15%SUCROENERGÉTICO 84 0,00%INDEFINIDOS 369 14,09%

27

4 Metodologia

Adota-se como premissa de identificação do efeito da introdução da ST o conceito de trajetó-rias paralelas (parallel paths) com controle por tendências diferenciais, similar ao apresentadopor Heckman et al. (1998) para identificação de efeito de tratamento em modelo de Diferençaem Diferenças condicional.

Utilizando a notação para potential outcomes dada pelo modelo causal de Rubin (1974),sejaD um indicador de tratamento, eX uma matriz de variáveis que potencialmente afetam avariação do outcome entre períodos anteriores e posteriores ao tratamento, onde t′ representaum período qualquer posterior ao tratamento e t um anterior. Y (0) indica outcome potencialde não-tratamento, enquanto Y (1) indica outcome potencial de tratamento.

Supõe-se que,

E[Yt′(0)− Yt(0)|X,D = 1] = E[Yt′(0)− Yt(0)|X,D = 0]

∀t′, t

A premissa de identificação é condicional em X, que, neste estudo, é composto delog(tamanho), a transformação para log da variável representado o tamanho das empre-sas ora avaliadas; SN ; aliquota; e o conjunto de dummies representando o enquadramentosetorial. Considera-se que a igualdade da esperança da variação de Y no outcome não ob-servado é válida dado que um subconjunto de empresas no grupo de tratamento e no grupode controle possuam as mesmas características representadas por X. Ou seja, presume-se,para a identificação do efeito do tratamento e de sua interação com SN , que, caso se pudesseobservar a variação de faturamento declarado entre antes e depois do tratamento para firmasindustriais sujeitas em grande parte de seu faturamento a implantação da ST, no outcomenão observado de não incidência da mudança de legislação ele teria sido, na média, o mesmoque o de firmas não tratadas listadas na mesma setorial, com o mesmo tamanho, o mesmopercentual de clientes no Simples Nacional e a mesma variação de alíquota efetiva média.Ainda, uma vez que se considera que as variáveis explicativas utilizadas afetam potencial-mente a variação de faturamento declarado de dada firma, julgou-se adequado a utilização dapremissa de trajetórias paralelas condicional emX, ao invés de versão não condicional, devidoàs diferenças de distribuição das covariadas entre ambos grupos apresentadas na Capítulo 3,principalmente observadas em SN e n enquadramento setorial.

É importante notar, devido a características da base de dados montada, que tanto log(tamanho)e SN como as variáveis dummy representando o enquadramento setorial são variáveis cons-

Capítulo 4. Metodologia 28

tantes, representando características de cada empresa, cujo interesse se dá apenas em comoafetam a variação de receita reportada entre após o tratamento e antes deste. Estas variáveisinteragem com a dummy de tratamento, pois, a priori, crê-se que possam afetar não só avariação de faturamento declarado mas, também, a intensidade do efeito da ST. Ainda, tam-bém são interagidas com dummy igual a 1 para períodos posteriores ao tratamento, sendoque, dado seu caráter constante, eventuais influências no faturamento declarado antes dotratamento são capturadas pelo termo de efeito fixo por empresa, αi. Já a variável de carátermensal aliquota é inserida apenas como controle, sem interação com a dummy de trata-mento, como resguardo para eventuais variações de alíquota de ICMS a que uma empresa ésujeita, que, potencialmente, podem afetar decisões de revelação de informações à autoridadetributária1.

Dada a utilização diferente das variáveis constantes em X, para facilidade de notação,divide-se a matriz em Z, constante das variáveis SN , log(tamanho) e variáveis dummy re-presentando o enquadramento setorial, e rt, constante de aliquota, variável de ocorrênciamensal.

Todas as variações do modelo de Diferença em Diferenças condicional estimadas e apre-sentadas podem ser resumidas pela seguinte equação:

yit = αi + δt + γrit + Tβ′0Zi +DTβ′

1Zi + εit

,onde

• yit é o faturamento reportado mensal, em preços de 2008, para cada empresa;

• δt são efeitos fixos mensais;

• αi são efeitos fixos por empresa;

• γ é coeficiente associado a aliquota;

• T é um indicador, igual a 1 para períodos posteriores ao tratamento (meses a partir deJaneiro de 2010);

• D é um indicador, igual a 1 para empresas tratadas;

• β0 é um vetor de parâmetros referente ao efeito de Z na variação do outcome entreperíodos pré e pós tratamento, para o grupo de controle;

1 Agha e Haughton (1996) observam, em estudo cross-country, que quanto maior alíquota de IVA, maior onível de evasão.

Capítulo 4. Metodologia 29

• β1 é um vetor de parâmetros referente aos efeitos do tratamento, condicionalmente emZ;

• e εit representa termo de erro com esperança 0.

Ainda, de acordo com Blundell e Dias (2009), na avaliação de efeitos de tratamentovia regressão, ao se impor estrutura paramétrica na distribuição da variável dependentedado conjunto de regressores é interessante a inclusão de polinômios de maior grau a fimde que se encontre a melhor aproximação possível para a distribuição de y|X2. Assim,para log(tamanho) e SN , trabalha-se com três especificações distintas, com polinômios deprimeiro, segundo e terceiro grau em ambas variáveis.

Por fim, para cada especificação estima-se o ATT (Average Treatment on the Treated), oefeito médio do tratamento sobre o grupo de tratados, cujo estimador é dado por

ˆATT =∑n

i=1 β̂1′Zi

n= β̂1

′∑n

i=1 Zi

n

,onde n é o número de empresas tratadas, e cujo erro-padrão condicional nas médias de

Z é obtido através do método delta, a partir da matriz de covariância estimada em cadaespecificação.

2 No original, à pg. 599:“The imposition of a parametric specification is not as restrictive as it might firstseem. In fact, by including many interactions between the variables and higher order polynomials in the(continuous) regressors, one will closely approximate any smooth function y over the domain of observableXs (...)”.

30

5 Resultados

Na Tabela 7 são apresentados os coeficientes estimados para as três especificações utilizadas,além do ATT estimado para cada uma delas1.

Primeiramente, ressalta-se que o modelo com polinômios de 3.o grau mostra-se signifi-cantemente melhor, com p-valor<0,001 em Teste F em nested models, em relação aos doisoutros2.

A priori, não se descarta a possibilidade de que fatores não considerados decorrentesda introdução da substituição tributária poderiam impactar o faturamento declarado. Noentanto, nota-se que não se encontra ATT significante para nenhuma das especificações, ouseja, na média das empresas componentes do grupo de tratamento – aquelas afetadas emmais de 80% em seu faturamento pela introdução da ST – não há efeito significante nofaturamento declarado ao fisco do Estado de São Paulo decorrente da mudança de regimetributário3. Dado isso, quaisquer explicações alternativas (por exemplo, efeitos nos preços)teriam que afetar o faturamento declarado exatamente pelas mesmas vias induzidas pelasquebra de cadeia exploradas aqui.

Já em relação ao objeto de interesse deste trabalho, a identificação de algum efeito cres-cente na proporção de clientes sujeitos ao regime do Simples Nacional dado o tratamento,também não se encontra coeficiente razoavelmente significante na interação de SN com adummy de tratamento em nenhuma das especificações, com exceção do termo SN3, comp-valor de 0,089.

No entanto, a análise pura dos coeficientes em especificações com polinômios de maiorgrau pode ser enganosa, uma vez que é de interesse do presente trabalho encontrar indíciosde que o efeito da implantação da ST é maior quanto maior a proporção de clientes deuma empresa no regime simplificado. Teste de significância conjunta de todos os termos dospolinômios de maior grau da interação de SN com a dummy de tratamento apontam p-valorde 0,048 para a especificação até o 2.o grau e de 0,037 para aquela em que consta termoelevado à terceira potência. Assim, é calculada para a terceira especificação a derivada doefeito de implantação da ST em relação a SN , o qual se denomina "Efeito Marginal em SN",1 Não se apresentam os coeficientes associados às interações das dummies de setorial com D e T , pois,

devido às diferenças das médias das outras covariadas em cada setorial, tais coeficientes não possuiriaminterpretação clara.

2 Ver Greene (2008) para Teste F em nested models.3 Isso, no entanto, não significa que a introdução da ST não acarretou elevação geral de compliance, pois

se avalia aqui somente o efeito no faturamento declarado do substituto tributário, e não da variação deimposto arrecadado que anteriormente cabia ao substituído.

Capítulo 5. Resultados 31

Tabela 7 – Resultados

depvar: log(fat) 1.o grau 2.o grau 3.o grauATT -0,022 -0,023 -0,020

(0,037) (0,037) (0,038)D × T × SN 0,235 -0,469 1,730

(0,157) (0,640) (1,492)D × T × SN2 – 0,766 -4,617

(0,594) (3,259)D × T × SN3 – – 3,618*

(2,126)D × T × log(tamanho) 0,057*** 0,028 0,473

(0,019) (0,193) (1,392)D × T × log(tamanho)2 – 0,001 -0,028

(0,006) (0,089)D × T × log(tamanho)3 – – 0,001

( 0,002)T × SN 0,099** 0,458*** 0,662**

(0,042) (0,129) (0,267)T × SN2 – -0,450 -1,020

(0,129) (0,703)T × SN3 – – 0,450

(0,502)T × log(tamanho) -0,103*** -0,450*** -0,475

(0,006) (0,083) (0,748)T × log(tamanho)2 – 0,011*** 0,013

(0,003) (0,047)T × log(tamanho)3 – – -0,001

(-0,001)aliquota -2,077*** -2,092*** -2,090***

(0,202) (0,202) (0,202)

R2 0,098 0,099 0,100No empresas 7.358 7.358 7.358

*** p < 0, 01, ** p < 0, 05, * p < 0, 10Todas as regressões com efeitos fixos de tempo e empresa, e interações de D e T com dummiesde setorial, e 7.358 × 48 = 353.184 observações.Utiliza-se cluster nas empresas para obtenção da matriz de covariância.

Capítulo 5. Resultados 32

calculando-se sua função de erro-padrão através da aplicação do método delta, com base davariância e covariância de D × T × SN , D × T × SN2 e D × T × SN3.

Apresenta-se, graficamente, o Efeito Marginal para todo o suporte de SN na Figura 4,em conjunto com o p-valor associado a cada ponto da distribuição desta variável. Observa-seque o Efeito Marginal estimado não é significante para valores de SN inferiores a, aproxi-madamente, a mediana de sua distribuição no grupo de tratamento, 64,70%. Acima dessaregião, o Efeito Marginal passa a ser altamente significante, com p-valor próximo a 0,01. Atépor esse fato não se encontra efeito condicional em SN razoavelmente significante quando seimpõe especificação linear nesta variável, levando-se em conta que o Efeito Marginal difereconsideravelmente, ao longo do suporte da proporção de clientes no Simples Nacional, tantoem valor como em significância.

Assim, conforme esperado, encontram-se indícios relevantes que quanto maior SN paradada empresa, maior o efeito decorrente da implantação da ST sobre seus produtos, aindaque restritos para empresas com alta concentração de clientes sujeitos ao regime de SimplesNacional. Uma potencial explicação para a assimetria do efeito é que, por restrição da basede dados, não se observa o percentual do faturamento obtido através de vendas para empresado Simples Nacional, mas apenas o percentual do número de clientes nesta condição. Mesmoque o efeito de tratamento seja linear no faturamento declarado, empresas optantes peloSimples Nacional tendem a ser menores pela própria natureza do programa. Desta forma, arelação entre o percentual do faturamento correspondente a clientes no Simples Nacional ea proporção de clientes no Simples Nacional não há de ser linear. Para pequenos valores deSN , o faturamento associado a vendas para empresas no Simples Nacional é bastante inferiorao valor da variável SN , aproximando-se dela a medida que se aproxima de 100%.

Ainda, apresenta-se forma distinta de avaliação dos efeitos de implantação da ST condici-onais em SN na Tabela 9, através de simulação do ATT para valores escalonados de SN , de0% a 100%, mantendo-se a média das outras covariadas que tenham interação com a dummyde tratamento, para o grupo de tratados, cujo teste de significância conjunta aponta p-valorde 0,062. Como pode ser visto, encontra-se efeito médio do tratamento negativo, significantea nível de confiança de 90%, para simulações de que todas as empresas tenham proporçãode clientes no Simples Nacional de 50% e 60%, e positivo, significante a nível de confiançade 95%, para proporções de 90% e 100%, o que vai em linha com o apresentado na Figura 5e a hipótese apresentada neste estudo, além de indicar que, aparentemente, o efeito positivodecorrente da quebra de incentivos decorrentes do Simples Nacional é mais intenso que oefeito negativo da interrupção do creditamento por clientes contribuintes do regime padrãodo ICMS.

Uma ressalva importante a se fazer se refere à própria natureza do enquadramento no

Capítulo 5. Resultados 33

Tabela 8 – Simulação de ATT para diferentes níveis de SN para a especificação com polinô-mio de 3.o grau

SN = 0% -0,258(0,205)

SN = 10% -0,128(0,109)

SN = 20% -0,068(0,077)

SN = 30% -0,057(0,071)

SN = 40% -0,0733(0,063)

SN = 50% -0,095*(0,054)

SN = 60% -0,101*(0,054)

SN = 70% -0,068(0,054)

SN = 80% 0,023(0,053)

SN = 90% 0,196**(0,086)

SN = 100% 0,473**(0,186)

*** p < 0, 01, ** p < 0, 05, * p < 0, 10

Simples Nacional. Por construção, somente empresas com menor faturamento podem optarpor esse regime. Assim, por mais que se identifique efeito condicional da introdução da ST nopercentual de clientes no Simples Nacional, isso poderia, também, indicar efeito condicionalnegativo no tamanho dos clientes de uma firma. No entanto, considera-se que a explicaçãocalcada na quebra da cadeia do IVA é mais plausível, dada as diferenças de comportamentodecorrentes da utilização ou não de crédito tributário esperadas conforme o argumento deself-enforcement.

Finalmente, realiza-se exercício de placebo na estimação de Efeito Marginal em SN emsimulação da introdução do regime de ST em Janeiro de 2011, utilizando-se 2010 comoperíodo anterior ao tratamento e 2011 como posterior, e mantendo-se as mesmas empresasna amostra em relação à especificação principal4. Observa-se na Figura 5 Efeito Marginalpróximo a zero e não significante para todo o suporte de SN .4 Tabelas referentes a esse exercício constantes do Apêndice C.

Capítulo 5. Resultados 34

Figura 4 – Efeito Marginal em SN , na especificação com polinômio de 3.o grau

Figura 5 – Efeito Marginal em SN , na especificação com polinômio de 3.o grau, para simu-lação de tratamento em Janeiro de 2011

35

Conclusão

Conforme esperado, encontram-se indícios de que, dentre as empresas sujeitas a mudança deregime de recolhimento de ICMS para Substituição Tributária, há efeito crescente da inter-venção na variável representando percentual de clientes optantes pelo regime do Simples Na-cional. Isso, de forma indireta, referenda a hipótese levantada existência de self-enforcementem Impostos sobre Valor Adicionado e efeitos decorrentes de quebras em sua cadeia. Issoimplica que, no caso particular estudado, no regime normal de apuração e recolhimento deICMS (Regime Periódico de Apuração), empresas cujos clientes são listados no regime espe-cial para pequenas empresas apresentam maior evasão fiscal que aquelas que vendem paraoutros contribuintes de ICMS no Regime Periódico de Apuração, que podem utilizar créditodo imposto.

Como o Simples Nacional representa caso particular de quebra de cadeia de IVA, pode-seexpandir o argumento para qualquer interrupção no seguimento deste tipo de imposto até aetapa de venda ao consumidor final, como, por exemplo, isenções de setores específicos.

Outro caso, específico ao Brasil, em que o argumento apresentado e aparentemente vali-dado aplica-se é a divisão federativa de tributos indiretos, que também pode ser entendidacomo uma quebra na cadeia de um IVA. Ao contrário da implementação de IVA encontradaem outros países, a tributação por ICMS não abrange a maior parte dos serviços, sobre osquais incide outro tipo de imposto, que não possibilita a utilização de crédito de ICMS. Assim,existindo self-enforcement em impostos sobre valor adicionado, a versão parcial de IVA ado-tada no Brasil implicaria perda de eficiência arrecadatória em relação a uma implementaçãocompleta.

36

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38

A Apêndice A

Tabela 9 – Sub-setoriais

Setorial Sub-setorialMADEIRA, MÓVEIS E PAPEL MADEIRAMADEIRA, MÓVEIS E PAPEL MOVEISMADEIRA, MÓVEIS E PAPEL PAPELAUTOMOTIVOS IND. DE VEICULOS AUTOMOTORES E PECASAUTOMOTIVOS OUTROS EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTEMETALÚRGICOS METALURGIA DE NAO FERROSOSMETALÚRGICOS PRODUTOS DE METALMETALÚRGICOS SIDERURGIA E FUNDICAOBEBIDAS CERVEJAS E CHOPESBEBIDAS OUTRAS BEBIDAS E GELOBEBIDAS REFRIGERANTESPLÁSTICOS E BORRACHA ARTIGOS DE BORRACHAPLÁSTICOS E BORRACHA PRODUTOS DE PLASTICOPLÁSTICOS E BORRACHA RESINAS E ELASTOMEROSQUÍMICOS E PETROQUÍMICOS PRODUTOS QUIMICOS DIVERSOSQUÍMICOS E PETROQUÍMICOS PRODUTOS QUIMICOS INORGANICOSQUÍMICOS E PETROQUÍMICOS PRODUTOS QUIMICOS ORGANICOSFARMACÊUTICOS E PERFUMARIA PERFUMARIA, COSMETICOS E HIGIENE PESSOALFARMACÊUTICOS E PERFUMARIA PRODUTOS FARMACEUTICOSELETROELETRÔNICOS COMPONENTES ELETROELETRONICOSELETROELETRÔNICOS ELETRODOMESTICOSELETROELETRÔNICOS EQUIP. INDUSTRIAIS, HOSPITALARES, ETCELETROELETRÔNICOS INFORMATICA E SERVICOS RELACIONADOSELETROELETRÔNICOS TELECOMUNICACOESCOMBUSTÍVEIS PRODUCAOALIMENTOS BENEF. DE CAFE, ARROZ, FARINHAS E OUTROSALIMENTOS CARNES E PESCADOSALIMENTOS LATICINIOS, CONSERVAS DE VEGETAIS, OLEOS E GORDURASALIMENTOS PANIFICACAO E OUTROS PRODUTOS ALIMENTICIOSMINERAIS NÃO METÁLICOS CONCRETO E PRE-MOLDADOSMINERAIS NÃO METÁLICOS PEDRA, CIMENTO, CAL E OUTROSMINERAIS NÃO METÁLICOS VIDRO, CERAMICA, MARMORE E GRANITOMÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MAQUINAS E EQUIPAMENTOS PARA USO PROFISSIONAL E INDUSTRIALMÁQUINAS E EQUIPAMENTOS MOTORIZACAO E TRANSMISSAOTÊXTIL E CONFECÇÕES ARTEFATOS TEXTEIS EXCETO VESTUARIOTÊXTIL E CONFECÇÕES FIACAO E TECELAGEMTÊXTIL E CONFECÇÕES MALHARIAS, TRICOTAGEM E MEIASTÊXTIL E CONFECÇÕES TINGIMENTO, ESTAMPARIA E OUTROS ACABAMENTOSTÊXTIL E CONFECÇÕES VESTUARIO E ACESSORIOS, EXCETO MALHASSUCROENERGÉTICO SUCROENERGETICOINDEFINIDOS BOLSAS, CALCADOS, ARTIGOS DE VIAGEM E PRODUTOS DE COURO

39

B Apêndice B

Apêndice B. Apêndice B 40

Tabela 10 – Resultados para grupo de controle com proporção de faturamento em ST maiorque 50%

depvar: log(fat) 1.o grau 2.o grau 3.o grauATT 0,006 0,003 0,002

(0,031) (0,030) (0,030)D × T × SN 0,607 -0,722 0,762

(0,116) (0,479) (1,152)D × T × SN2 – 0,891** -2,816

(0,443) (2,514)D × T × SN3 – – 2,483

(1,636)D × T × log(tamanho) 0,061*** 0,100 0,529

(0,014) (0,148) (1,127)D × T × log(tamanho)2 – -0,001 -0,028

(0,006) (0,070)D × T × log(tamanho)3 – – 0,001

( 0,002)T × SN 0,099** 0,454*** 0,662**

(0,042) (0,129) (0,267)T × SN2 – -0,450*** -1,020

(0,129) (0,128)T × SN3 – – 0,450

(0,502)T × log(tamanho) -0,103*** -0,449*** -0,475

(0,006) (0,083) (0,748)T × log(tamanho)2 – 0,113*** 0,013

(0,003) (0,047)T × log(tamanho)3 – – -0,001

(-0,001)aliquota -2,070*** -2,084*** -2,090***

(0,197) (0,197) (0,202)

R2 0,100 0,100 0,010No empresas 7.811 7.811 7.811

*** p < 0, 01, ** p < 0, 05, * p < 0, 10Todas as regressões com efeitos fixos de tempo e empresa, e interações de D e T com dummiesde setorial, e 7.811 × 48 = 374.928 observações.Utiliza-se cluster nas empresas para obtenção da matriz de covariância.

Apêndice B. Apêndice B 41

Figura 6 – Efeito Marginal em SN , na especificação com proporção de faturamento em STmaior que 50% e polinômio de 3.o grau

Figura 7 – Efeito Marginal em SN , na especificação com proporção de faturamento em STmaior que 60% e polinômio de 3.o grau

Apêndice B. Apêndice B 42

Tabela 11 – Resultados para grupo de controle com proporção de faturamento em ST maiorque 60%

depvar: log(fat) 1.o grau 2.o grau 3.o grauATT -0,002 -0,003 -0,003

(0,032) (0,032) (0,032)D × T × SN 0,150 -0,754 0,0658

(0,127) (0,520) (1,243)D × T × SN2 – 0,964** -2,457

(0,477) (2,688)D × T × SN3 – – 2,290

(1,748)D × T × log(tamanho) 0,063*** 0,077 0,139

(0,015) (0,159) (1,196)D × T × log(tamanho)2 – -0,001 -0,004

(0,005) (0,075)D × T × log(tamanho)3 – – 0,001

( 0,002)T × SN 0,099** 0.454*** 0,662**

(0,042) (0,120) (0,267)T × SN2 – -0,404 -1,020

(0,128) (0,703)T × SN3 – – 0,450

(0,502)T × log(tamanho) -0,103*** -0,450*** -0,475

(0,006) (0,083) (0,748)T × log(tamanho)2 – 0,011*** 0,013

(0,003) (0,047)T × log(tamanho)3 – – -0,001

(-0,001)aliquota -2,056*** -2,071*** -2,070***

(0,198) (0,198) (0,198)

R2 0,098 0,099 0,100No empresas 7.665 7.665 7.665

*** p < 0, 01, ** p < 0, 05, * p < 0, 10Todas as regressões com efeitos fixos de tempo e empresa, e interações de D e T com dummiesde setorial, e 7.665 × 48 = 367.920 observações.Utiliza-se cluster nas empresas para obtenção da matriz de covariância.

Apêndice B. Apêndice B 43

Tabela 12 – Resultados para grupo de controle com proporção de faturamento em ST maiorque 70%

depvar: log(fat) 1.o grau 2.o grau 3.o grauATT -0,019 -0,020 -0,017

(0,034) (0,034) (0,034)D × T × SN 0,137 -0,599 1,489

(0,137) (0,558) (1,283)D × T × SN2 – 0,805 -4,287

(0,519) (2,803)D × T × SN3 – – 3,416**

(1,835)D × T × log(tamanho) 0,057*** -0,005 0,381

(0,017) (0,172) (1,267)D × T × log(tamanho)2 – 0,002 -0,022

(0,005) (0,080)D × T × log(tamanho)3 – – 0,001

( 0,002)T × SN 0,099** 0,454*** 0,662**

(0,042) (0,120) (0,267)T × SN2 – -0,405 -1,020

(0,129) (0,703)T × SN3 – – 0,450

(0,502)T × log(tamanho) -0,103*** -0,450*** -0,475

(0,006) (0,083) (0,748)T × log(tamanho)2 – 0,011*** 0,013

(0,003) (0,047)T × log(tamanho)3 – – -0,001

(-0,001)aliquota -2,090*** -2,105*** -2,103***

(0,200) (0,200) (0,200)

R2 0,098 0,100 0,010No empresas 7.515 7.515 7.515

*** p < 0, 01, ** p < 0, 05, * p < 0, 10Todas as regressões com efeitos fixos de tempo e empresa, e interações de D e T com dummiesde setorial, e 7.515 × 48 = 360.720 observações.Utiliza-se cluster nas empresas para obtenção da matriz de covariância.

Apêndice B. Apêndice B 44

Figura 8 – Efeito Marginal em SN , na especificação com proporção de faturamento em STmaior que 70% e polinômio de 3.o grau

Figura 9 – Efeito Marginal em SN , na especificação com proporção de faturamento em STmaior que 90% e polinômio de 3.o grau

Apêndice B. Apêndice B 45

Tabela 13 – Resultados para grupo de controle com proporção de faturamento em ST maiorque 90%

depvar: log(fat) 1.o grau 2.o grau 3.o grauATT 0,003 0,002 -0,020

(0,042) (0,042) (0,038)D × T × SN 0,307* -0,531 0,942

(0,186) (0,730) (1,726)D × T × SN2 – 0,896 -2,729

(0,682) (3,807)D × T × SN3 – – 2,434

(2,492)D × T × log(tamanho) 0,057*** -0,009 0,706

(0,023) (0,224) (1,709)D × T × log(tamanho)2 – 0,002 -0,044

(0,007) (0,111)D × T × log(tamanho)3 – – 0,001

( 0,002)T × SN 0,099** 0,454*** 0,662**

(0,042) (0,120) (0,267)T × SN2 – -0,404 -1,020

(0,129) (0,703)T × SN3 – – 0,450

(0,502)T × log(tamanho) -0,103*** -0,450*** -0,475

(0,006) (0,083) (0,748)T × log(tamanho)2 – 0,011*** 0,013

(0,003) (0,047)T × log(tamanho)3 – – -0,001

(0,001)aliquota -2,057*** -2,074*** -2,072***

(0,202) (0,203) (0,203)

R2 0,098 0,099 0,100No empresas 7.181 7.181 7.181

*** p < 0, 01, ** p < 0, 05, * p < 0, 10Todas as regressões com efeitos fixos de tempo e empresa, e interações de D e T com dummiesde setorial, e 7.181 × 48 = 344.688 observações.Utiliza-se cluster nas empresas para obtenção da matriz de covariância.

46

C Apêndice C

Tabela 14 – Resultados para placebo do tratamento em Janeiro de 2011

depvar: log(fat) 1.o grau 2.o grau 3.o grauATT 0,001 -0,001 -0,020

(0,017) (0,017) (0,038)D × T × SN 0,032 -0,060 -0,231

(0,062) (0,276) (0,717D × T × SN2 – 0,074 0,673

(0,258) (1,547)D × T × SN3 – – -0,461

(0,990)D × T × log(tamanho) 0,011 0,036 -0,270

(0,009) (0,117) (0,902)D × T × log(tamanho)2 – -0,001 0,019

(0,003) (0,056)D × T × log(tamanho)3 – – -0,001

( 0,001)T × SN 0,049** -0,038 0,320**

(0,023) (0,071) (0,168)T × SN2 – 0,100 -0,961**

(0,074) (0,427)T × SN3 – – 0,776***

(0,297)T × log(tamanho) -0,018*** -0,058 0,373

(0,003) (0,046) (0,340)T × log(tamanho)2 – 0,001 -0,026

(0,003) (0,021)T × log(tamanho)3 – – 0,001

(0,001)aliquota -3,273*** -3,269*** -3,271***

(0,260) (0,260) (0,260)

R2 0,054 0,054 0,054No empresas 7.358 7.358 7.358

*** p < 0, 01, ** p < 0, 05, * p < 0, 10Todas as regressões com efeitos fixos de tempo e empresa, e interações de D e T com dummiesde setorial, e 7.358 × 24 = 176.592 observações.Utiliza-se cluster nas empresas para obtenção da matriz de covariância.