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DIREITO EMPRESARIAL LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL

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  • Prezados (as) acadmicos (as):

    Para o bom andamento das aulas de Direito Empresarial favor observarem as seguintes regras:

    1 O material disponibilizado no uma "apostila", e sim somente um "ROTEIRO" para o auxlio da aprendizagem;

    2 Diante de tal realidade este material INCOMPLETO E INSUFICIENTE para o estudo e entendimento dos temas, bem como para a realizao das avaliaes bimestrais;

    3 Deste modo IMPRESCINDVEL que os estudos sejam complementados com a bibliografia bsica e complementar recomendadas, com as anotaes realizadas em sala de aula, bem como pesquisas na internet e demais modalidades de pesquisas;

    4 Praticamente todas as informaes constantes deste "ROTEIRO" foram retiradas das seguintes obras jurdicas:

    COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa. 25 edio. So Paulo: Saraiva, 2013. RAMOS, Andr Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 3 edio. So Paulo: Mtodo, 2013.

    Att. Me. Armando Canali Filho.

  • HISTRIA DO DIREITO COMERCIAL Evoluo histrica do direito comercial

    O Direito Comercial pode ser entendido como um regime jurdico sistematizado com regras e princpios prprios que tem por finalidade regular as relaes jurdicas empresariais.

    Durante a idade mdia numa primeira fase depois de um grande perodo de estagnao, surge o renascimento mercantil e com ele o ressurgimento das cidades, principalmente impulsionados pelo fortalecimento do comrcio martimo, nesta poca era forte o Direito Cannico que repudiava o lucro e no atendia as necessidades dos mercadores e comerciantes. Com a evoluo do prprio comrcio e da atividade mercantil foram surgindo conflitos que passam a ser disciplinados por um direito prprio aplicado as relaes de comrcio, dessa realidade surgi o Direito Comercial.

    Durante essa poca que aparecem as Corporaes de Ofcios que monopolizam a jurisdio mercantil atravs de normas criadas por elas prprias para serem aplicadas sua atividade e as relaes entre seus associados e aqueles que negociavam com eles. Nesse momento histrico surgem noes jurdicas prprias do Direito Comercial como o informalismo e a aplicao dos usos e costumes alm de alguns dos institutos jurdicos como os ttulos de crdito, as sociedades, os contratos e os bancos.

    Assim que esse direito ficou conhecido como uma Codificao Privada j que essa legislao era criada e se aplica aos prprios sujeitos que a criavam e quem se destinavam, possua assim um carter subjetivo, o direito comercial era o direito dos comerciantes bastava que em um dos polos da contenda estivesse um comerciante para a aplicao do direito comercial.

    Com o surgimento dos Estados Nacionais Monrquicos controlados por um monarca absolutista vo submeter todos os sditos a um direito posto e estatal inclusive aos comerciantes. Nesse momento se inicia uma segunda fase na evoluo do Direito Comercial. As Corporaes de Ofcio comeam a perder fora e o monoplio e as artes e ofcios passam a gozar de liberdade de exerccio sendo que agora as regras de comercio e os tribunais de comercio passam a ser atribuio do Estado.

    Em 1804 e 1808 surgem respectivamente na Frana o Cdigo Civil e o Cdigo Comercial Napolenicos sendo oficialmente catalogado um sistema jurdico estatal disciplinando as relaes comerciais. H uma diviso clara do direito privado em direito civil e direito comercial.

  • Nasce ento a necessidade de delimitar quando qual dos cdigos deveria ser aplicado, ou seja, existia um regime jurdico especial destinado a regular as relaes comerciais, mas quando este seria aplicado em detrimento do cdigo civil que se ocupava das demais relaes que no fossem comerciais. Dessa questo surge a teoria dos atos de comrcio que determinava que a prtica de atos de comercio atribusse ao individuo a qualidade de comerciante que era o requisito para a aplicao do direito comercial.

    Houve ento uma grande mudana em relao aplicao do direito comercial que at ento possua um vis subjetivo e se baseava na qualidade do individuo de membro de uma Corporao de Ofcio para uma relao objetiva onde a determinao da aplicabilidade do direito comercial passa a ser definida por um ato praticado pela pessoa.

    No entanto a evoluo ainda no alcanou um conceito completo para determinar a aplicao do direito comercial uma vez que a dinmica mercantil continuou evoluindo e com o advento da evoluo industrial a noo do entendimento do ato de comercio no alcanava todas as atividades econmicas relevantes ao direito comercial.

    Em 1942, mais de um sculo aps a evoluo dos cdigos napolenicos, na Itlia, surge um novo sistema que determina a aplicabilidade do direito comercial com base na chamada teoria da empresa. Mesmo sendo moderno o Cdigo Civil italiano de 1942 apesar de adotar a teoria da empresa no definiu o conceito de empresa, inicia-se a terceira fase da evoluo do direito comercial com a utilizao do critrio da empresarialidade como forma de determinar a aplicao do direito comercial.

    O cdigo civil italiano unificou novamente a legislao civil e comercial e mais importante trouxe a teoria da empresa o que significava que a partir de ento qualquer atividade econmica, desde que exercida empresarialmente est submetida disciplina das regras do direito empresarial.

    HISTRIA DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL

    No Brasil seguimos os mesmos caminhos do resto do mundo, o Cdigo Comercial de 1850 adotou a teoria francesa dos atos de comrcio, no entanto com a divulgao da teoria da empresa aps a edio do Cdigo Civil Italiano de 1942 a doutrina e os juzes brasileiros comearam a se aproximar da teoria italiana e a jurisprudncia comeou a afastar o critrio dos atos de comercio para fundamentar suas decises no conceito de empresarialidade.

  • Nesse rumo que o Cdigo Comercial de 1850 foi sendo revogado pela moderna legislao empresarial restando em vigor hoje apenas a segunda parte deste que trata do comrcio martimo.

    Em sua grande parte o Cdigo Comercial de 1850 foi revogado pelo Cdigo Civil de 2002, mas tambm por legislaes especificas como a Lei de Falncias e Recuperao de Empresas que excluram a figura do comerciante e a substituram pela do empresrio, dessa forma o Brasil descartou definitivamente a teoria dos atos de comercio para incorporar a teoria da empresa como o conceito que define a aplicabilidade do direito empresarial.

    TEORIA DA EMPRESA

    Definir empresa no to simples, acontece que o termo alm de possuir diversas interpretaes ainda comumente usado de forma errnea pelo prprio legislador, isso explica a confuso e a dificuldade no memento de conceituar a teoria da empresa, no entanto, podemos resolver a questo conceituando em partes de acordo com os ensinamentos do jurista italiano Alberto Asquini que conceitua a empresa como um fenmeno econmico polidrico:

    a. Perfil subjetivo, a empresa uma pessoa (fsica ou jurdica) o empresrio;

    b. Perfil funcional, a empresa uma atividade econmica organizada; c. Perfil objetivo, a empresa o conjunto de bens destinados

    atividade econmica organizada; d. Perfil corporativo, a empresa um ncleo social organizado em

    funo de fim econmico comum.

    Dos ensinamentos do conceituado jurista italiano podemos descartar a ideia corporativa de empresa uma vez que essa no cabe nos conceitos atuais, por se tratar de um entendimento sob o prisma da ideologia fascista que predominava na Itlia na dcada de 40.

    Do entendimento correto do termo empresa que devemos extrair a forma correta de empregar todos os demais termos que gravitam em torno do seu conceito. Assim quando nos referimos ao perfil subjetivo de empresa, devemos utilizar expresso, empresrio, pois estamos tratando da pessoa (fsica ou jurdica) que desenvolve a atividade empresarial; quando nos referimos ao perfil objetivo de empresa, devemos utilizar expresso estabelecimento empresarial, pois estamos tratando das instalaes fsicas ou virtuais da empresa de todo o complexo de bens usados para o exerccio da atividade econmica organizada; quando nos referimos ao perfil funcional da

  • empresa devemos utilizar expresso empresa e neste caso estaremos identificando o objeto social da empresa a sua atividade fim, o empreendimento.

    A teoria da empresa preconiza que qualquer atividade econmica exercida empresarialmente est subordinada s regras do direito empresarial, podemos ento, aps o correto entendimento do termo empresa concluir que toda a atividade econmica exercida de forma organizada est subordinada ao direito empresarial.

    DENOMINAO: DIREITO COMERCIAL OU DIREITO EMPRESARIAL

    O termo Direito Comercial se consagrou nos meios, acadmico e jurdico em funo de ter dado inicio a diviso do direito privado e por essa razo na atualidade ainda encontramos doutrinadores e escolas de direito excessivamente tradicionais que adotem o termo como denominao do ramo do direito que regula, as relaes jurdicas empresarias. Contudo diante da adoo da teoria da empresa pelo ordenamento jurdico como o fator determinante para aplicabilidade de tal ramo do direito mais adequado e salutar o uso da nomenclatura Direito Empresarial o que tem acontecido com as escolas de direito que acompanham de perto as evolues do direito e adquam a grade curricular de seus cursos a esse desenvolvimento e no mesmo sentido caminham muitos doutrinadores adotando a terminologia Direito Empresarial em suas obras.

    AUTONOMIA DO DIREITO EMPRESARIAL

    H autores que possuem o entendimento de que no existiria ramo independente do direito j que o ordenamento jurdico uno e integrado, h ainda os que em se referindo especificamente ao Direito Empresarial defendem a tese de que o processo de unificao do direito privado teria extinguido o ramo Direito Empresarial, contudo ambas as teses no vingaram.

    Em relao tese genrica, fracassado o entendimento em funo de que o que determina a existncia ou no de autonomia de determinado ramo do direito tem a ver com conceitos diferentes dos apresentados por estes autores. O que determina a autonomia de um ramo do direito verificar a existncia de pressupostos de autonomia legislativa; cientifica e didtica. Assim no caso do Direito Empresarial o que devemos analisar quanto :

    a. autonomia legislativa: por ser objeto de conjuntos de normas dirigidas especificamente disciplina empresarial; b. autonomia cientfica: por abrigar princpios e institutos no comuns a outros ramos do direito e;

  • c. autonomia didtica: por ser ensinado em cadeiras autnomas nos cursos jurdicos.

    preciso lembrar que em todos estes aspectos a autonomia sempre ser relativa, j que o direito uma cincia dinmica e interdisciplinar.

    No tocante a tese restrita ao Direito Empresarial resta tambm fracassada j que o a prpria CF em seu art. 22, inciso I, estabelece competncia a Unio para legislar sobre direito civil e comercial, estabelecendo a dicotomia no direito privado entre os ramos.

    PRINCPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL

    Como ramo autnomo do direito o direito empresarial possui princpios que so inerentes e prprios do direito da empresa e que determinam regras jurdicas especificas para disciplinar esse ramo do direito pautado por princpios indispensveis ao desenvolvimento econmico e social das sociedades contemporneas.

    Existem trs princpios que so basilares para o direito empresarial formando colunas de sustentao para todo o ordenamento jurdico em torno do direito empresarial que so os princpios a) livre iniciativa; b) livre concorrncia; e c) garantia e defesa da propriedade privada. Ambos previstos na no caput ou nos incisos do art. 170 da Constituio Federal:

    Art. 170 - A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios: II propriedade privada; IV livre concorrncia;

    Liberdade de iniciativa

    A livre iniciativa principio fundamental e constitucional do direito empresarial que atribui entidade privada a misso de prover a sociedade dos bens e servios de que necessita e com essa atividade buscar o lucro, gerando empregos e riquezas para toda a sociedade. A atividade estatal s tem lugar em atividades de segurana nacional ou relevante interesse coletivo.

    Liberdade de concorrncia

  • A livre concorrncia principio constitucional que tem por finalidade garantir a leal concorrncia entre os muitos empreendimentos de um determinado mercado de atuao.

    O Estado deve atravs de rgos de fiscalizao como as agencias reguladoras assegurar a livre competio nos respectivos mercados regulados e proteger o consumidor. E o faz de duas formas principalmente: em concreto e em abstrato.

    Em concreto coibindo praticas de concorrncia desleal com base nas previses legais do art. 183 e seguintes da Lei 9.279/96, que regulamenta a propriedade industrial, quando o objetivo da punio estatal coibir condutas que atingem um determinado concorrente em concreto, exemplo: divulgao de uma noticia falsa sobre o concorrente.

    Em abstrato coibindo praticas de concorrncia desleal com base nas previses legais da Lei 12.529/2011, a nova lei da defesa da concorrncia, quando a conduta atinge a concorrncia em abstrato, ou seja, atenta contra o prprio ambiente concorrencial, exemplo: a formao de cartel.

    Garantia e defesa da propriedade privada

    A garantia e defesa da propriedade privada o princpio constitucional fundado no ideal de que a empresa s existe para gerar lucro e tal fundamento o que possibilita o desenvolvimento econmico e social e a gerao de riqueza para toda a sociedade.

    As sociedades que primam pela garantia e defesa da propriedade privada so as mais desenvolvidas e possuem os melhores ndices de desenvolvimento econmico e social com menos desigualdades e mais qualidade de vida.

    FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL

    As fontes do direito empresarial so as que do origem as normas prprias e aplicadas a regular as relaes jurdicas empresariais e a fonte mais importante do direito empresarial so as normas empresariais formais (leis) positivadas destinadas a regulao das atividades econmicas.

    Os usos e costumes mercantis so fontes do direito empresarial desde que respeitados alguns requisitos bsicos como pratica: uniforme; constante; por certo perodo de tempo; de boa f; no contrria lei.

  • E podem ser separadas em usos de direito que so aqueles que decorrem da prpria lei e sua imposio depende da imposio da legal e os usos de fato que so aqueles que decorrem das praticas dos empresrios em suas relaes jurdicas cotidianas.

    Sendo que importante frisar que a utilizao do direito consuetudinrio depende da prova do seu teor por parte de quem alega tal direito conforme determina o CPC no art. 337 e que compete s juntas comerciais o assentamento dos usos e praticas mercantis devendo o juiz comunicar a Junta Comercial da regio os costumes aplicados em juzo.

    FUNO SOCIAL DA EMPRESA

    A funo social da empresa o direito que a empresa possui de ter assegurada a sua propriedade, a livre iniciativa e demais princpios constitucionais e o dever de ser comprometida, com a prtica de condutas necessrias ao bem da comunidade e da valorizao e preservao do ser humano ligado direta ou indiretamente s suas atividades.

    CONCEITO DE EMPRESRIO

    Pelo exposto at o momento ficou explicito que o ramo do Direito Privado se subdivide em dois ramos distintos o Direito Civil e o Direito Empresarial e que a unificao num nico cdigo mera formalidade sendo que o Cdigo Comercial no foi nem mesmo totalmente revogado, vigente ainda o capitulo que trata do comrcio martimo. No tpico anterior da teoria da empresa, vimos que o termo empresa possui diversos significados no seu emprego pelos leigos e que a forma tcnica e correta do uso do termo, conforme lecionou Alberto Asquini, representa o perfil funcional da empresa e devemos utilizar expresso empresa como sinnimo de empreendimento.

    Empresa a atividade econmica organizada, o empreendimento.

    necessrio agora conceituarmos e entendermos o termo empresrio. O conceito de empresrio, esta disposto, no art. 966 do Cdigo Civil de 2002:

    Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou

  • colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa.

    Dessa definio de empresrio podemos extrair as principais caractersticas do conceito de empresrio descritas no texto legal:

    a. profissionalmente; esta caracterstica exige a habitualidade, o empresrio desenvolve a atividade como profisso, habitualmente e no de forma espordica; b. atividade econmica: remete ao objetivo da atividade, que tem por finalidade a obteno do lucro, a finalidade lucrativa e a responsabilidade pelos riscos do negcio sejam eles tcnicos ou econmicos; c. organizada: funo do empresrio organizar os meios de produo (capital, mo de obra, matria prima e tecnologia) para o alcance de um objetivo (prestao de um servio ou a produo de um produto); d. produo ou circulao de bens ou servios: a caracterstica que demonstra a abrangncia da teoria da empresa, onde toda e qualquer atividade econmica desenvolvida profissionalmente de forma organizada que tenha como objetivo o lucro esta sujeita incidncia do regime jurdico do direito empresarial.

    EXCLUIDOS DO CONCEITO DE EMPRESRIO

    Existem atividades que foram excludas das normalmente consideradas empresariais como as intelectuais, as rurais no registradas na junta comercial e as cooperativas.

    Atividade intelectual

    Como disposto no pargrafo nico do art. 966 do Cdigo Civil, quem exerce atividade intelectual, de natureza cientifica, literria ou artstica explora atividade econmica civil (advogado, mdico, dentista, corretor e outras) que no regulada pelo regime jurdico do Direito Empresarial:

    Art. 966. Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa.

  • Contudo o legislador trouxe ao texto legal uma exceo caracterizada pelo elemento empresa que se constitui no exerccio de profisso intelectual no empresria enquanto o desenvolvimento da atividade econmica organizada tiver como essencial a atividade pessoal do agente econmico.

    Exemplo: o mdico que possui um consultrio com secretria, assistentes, estabelecimento e busca lucro no pode ser considerado empresrio, pois sua atividade depende de sua atuao pessoal. O mdico que possui um hospital deve ser considerado empresrio, pois, as atividades desenvolvidas no hospital no dependem exclusivamente do mdico, de seu atendimento pessoal.

    Assim o que determina se estamos diante ou no de uma atividade econmica civil a dependncia ou no da atividade pessoal do agente que conforme o caso ser ou no considerado empresrio. a pessoalidade no exerccio da atividade que determina a atividade econmica civil.

    Atividade rural no registrada

    A atividade rural no Brasil explorada de duas formas totalmente distintas uma delas o agronegcio onde h industrializao e distribuio da produo, onde o agente organiza os meios de produo e assalaria mo de obra outra a agricultura familiar onde normalmente o prprio agente trabalha a terra juntamente com sua famlia. Diante dessa realidade que o legislador decidiu deixar a cargo do produtor rural a opo em qual regime este prefere ser inserido conforme o art. 971 do Cdigo Civil:

    Art. 971. O empresrio, cuja atividade rural constitua sua principal profisso, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus pargrafos, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado, para todos os efeitos, ao empresrio sujeito a registro.

    Portanto em relao atividade rural, normalmente o agronegcio requer a sua inscrio no registro de empresas na Junta Comercial e neste caso ser empresa e estar submetido ao regime jurdico do Direito Empresarial enquanto a agricultura familiar no solicita tal registro e esta sujeita ao Direito Civil. Cooperativa

    As cooperativas normalmente possuem todas as caractersticas de uma empresa (atividade econmica organizada profissionalmente para a produo ou circulao de bens e servios) se tratando de um empreendimento em todas as acepes da palavra, no entanto, por vontade

  • poltica do legislador a cooperativa sempre ser uma sociedade simples, conforme pargrafo nico do art. 982 do Cdigo Civil:

    Art. 982. Salvo as excees expressas, considera-se empresria a sociedade que tem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Pargrafo nico. Independentemente de seu objeto, considera-se empresria a sociedade por aes; e, simples, a cooperativa.

    Portanto, como veremos em momento adequado no pode ser tratada como empresa gerando consequncias como, por exemplo, no podendo falir ou pedir recuperao judicial.

    CAPACIDADE EMPRESARIAL

    Um dos requisitos mnimos para o exerccio da atividade empresarial a capacidade civil, necessrio para exercer a empresa estar em pleno gozo de sua capacidade civil de acordo com o art. 972 do Cdigo Civil:

    Art. 972. Podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos.

    Existindo uma exceo explicitada pelo art. 974 do Cdigo Civil

    Art. 974. Poder o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herana.

    Nestes casos ser necessria previa autorizao do judicirio que levar em conta analise das circunstancias, dos riscos e da convenincia da manuteno da empresa de acordo com o disposto no 1 do art. 974 do Cdigo Civil, sendo que no possvel ao incapaz iniciar uma atividade empresarial, somente continuar a empresa. O incapaz protegido em relao empresa j que seu patrimnio particular no pode responder pelo resultado da atividade empresarial de acordo com o 2 do art. 974 do Cdigo Civil.

    Lembrando que a norma em comento se refere ao exerccio individual da empresa, j que, ser scio ou acionista de uma sociedade empresria no configura atividade empresarial e os incapazes no podem exercer cargos

  • de gerencia, diretoria e ou administrao, conforme o inciso I do art. 974 do Cdigo Civil.

    IMPEDIDOS DE SER EMPRESRIO

    O ordenamento jurdico em vigor determina casos em que proibido o exerccio da atividade empresarial a certas pessoas, essa proibio tem por finalidade proteger a sociedade de negociar com indivduos que por sua situao ou funo esto impedidos de exercer livremente a atividade empresria.

    Esto impedidos de exercer a empresa aqueles que so legalmente impedidos:

    a. Art. 1011, 1 do Cdigo Civil, prev que os condenados a certos crimes relacionados na norma esto impedidos de exercer a empresa;

    Art. 1.011. O administrador da sociedade dever ter, no exerccio de suas funes, o cuidado e a diligncia que todo homem ativo e probo costuma empregar na administrao de seus prprios negcios. 1o No podem ser administradores, alm das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos pblicos; ou por crime falimentar, de prevaricao, peita ou suborno, concusso, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrncia, contra as relaes de consumo, a f pblica ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenao.

    b. Art. 117, X da Lei 8.112/1990, prev que os servidores pblicos federais esto impedidos de exercer a empresa;

    Art. 117. Ao servidor proibido: X - participar de gerncia ou administrao de sociedade privada, personificada ou no personificada, exercer o comrcio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditrio;

    c. Art. 36, I, da LC 35/1979 LOMAN prev que os magistrados esto impedidos de exercer a empresa;

    Art. 36 - vedado ao magistrado:

  • I - exercer o comrcio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista;

    d. Art. 29 da Lei 6.880/1980 prev que os militares esto impedidos de exercer a empresa;

    Art. 29. Ao militar da ativa vedado comerciar ou tomar parte na administrao ou gerncia de sociedade ou dela ser scio ou participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade annima ou por quotas de responsabilidade limitada.

    Da observao da legislao citada fica claro que apenas o exerccio de empresa impedido, sendo permitido que tais pessoas sejam scias de sociedades empresariais, vedada a sua atuao como gerente, diretor ou administrador.

    REGISTRO DO EMPRESRIO

    Lei de Registro Pblico de Empresas Mercantis Lei n. 8934/94;

    O registro do empresrio no ordenamento jurdico ptrio possui legislao especial a Lei n. 8.934/94 - Lei de Registro Pblico de Empresas Mercantis a referida lei estabelece as finalidades do registro em seu art. 1, inciso I, II e III da referida lei:

    Art. 1 O Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins, subordinado s normas gerais prescritas nesta lei, ser exercido em todo o territrio nacional, de forma sistmica, por rgos federais e estaduais, com as seguintes finalidades: I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurana e eficcia aos atos jurdicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no Pas e manter atualizadas as informaes pertinentes; III - proceder matrcula dos agentes auxiliares do comrcio, bem como ao seu cancelamento.

  • rgos do Registro de Empresa SINREM, DNRC, Juntas Comerciais.

    A mesma lei em seu art. 3 cria o sistema que regula o registro de empresa no Brasil conhecido como SINREM:

    Art. 3 Os servios do Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins sero exercidos, em todo o territrio nacional, de maneira uniforme, harmnica e interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), (...).

    O registro pblico de empresas exercido por rgos federais e estaduais em todo o territrio nacional o DNRC e as Juntas Comerciais. Esses rgos compem o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis do Comrcio (SINREM).

    O Departamento Nacional de Registro do Comrcio (DNRC) o rgo central do SINREM, possui funes legislativas, fiscalizadoras, correcionais e de manuteno do Cadastro Nacional de Empresas Mercantis de acordo com o disposto no inciso I do art. 3 da Lei 8.934/94:

    Art. 3 Os servios do Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins sero exercidos, em todo o territrio nacional, de maneira uniforme, harmnica e interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), composto pelos seguintes rgos: I - o Departamento Nacional de Registro do Comrcio rgo central Sinrem com funes supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano tcnico; e supletiva, no plano administrativo;

    As atribuies do DNRC esto descritas no art. 4. da Lei 8.934/94, que tem competncia, por exemplo, para:

    a. supervisionar e coordenar, no plano tcnico, os rgos incumbidos da execuo dos servios de Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins (Juntas Comerciais); b. estabelecer e consolidar, com exclusividade, as normas e diretivas gerais do Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins; c. promover e providenciar mediadas correicionais do Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades

  • Afins, sendo que essa interveno na Junta Comercial depende de parecer positivo da autoridade estadual hierarquicamente superior ao rgo local em funo do carter supletivo da atuao do DNRC; d. organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento no Pas, com a cooperao das Juntas Comerciais.

    Nas unidades da Federao, ou seja, nos Estados, tm-se as Juntas Comerciais, com funes executoras e administradoras dos servios de registro.

    As Juntas Comerciais, por seu turno, esto subordinadas tecnicamente ao DNRC e tem como principal atribuio responsabilidade de efetuar os registros pertinentes ao Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins. na Junta Comercial, por exemplo, que deve o empresrio individual fazer a sua inscrio, bem como a sociedade empresria arquivar seus atos constitutivos.

    As Juntas Comerciais desempenham principalmente as seguintes competncias:

    a. assentamento dos usos e praticas comerciais; b. habilitao e nomeao de tradutores pblicos e interpretes comerciais; c. expedio da carteira de exerccio profissional de empresrio e das demais pessoas inscritas no registro de empresa.

    Atos do Registro de Empresa

    A lei 8.934/94 simplificou o processo de registro da empresa resumindo o tramite em 03 (trs) atos: matricula, arquivamento e autenticao.

    Matricula

    A matrcula diz respeito ao ato de inscrio dos profissionais que desempenham atividades paracomericiais, como a matricula dos tradutores pblicos, interpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazns gerais.

  • Arquivamento

    O arquivamento corresponde ao ato de inscrio: a. do empresrio individual, o empresrio que exerce a atividade empresarial como pessoa fsica e tambm; b. da constituio, alterao e dissoluo da sociedade empresria; c. das cooperativas, ainda que sociedades simples; d. dos consrcios de empresas; e. dos grupos de sociedades; f. das empresas mercantis estrangeiras; g. das declaraes de micro empresa; h. das empresas de pequeno porte; i. de qualquer documento de interesse do empresrio.

    Autenticao

    A autenticao equivale condio de regularidade dos documentos de escriturao dos livros comerciais e fichas escriturais, sendo requisito para a validade da escriturao mercantil. Pode tambm significar ato confirmatrio de que a cpia fiel original, desde que registrada na Junta Comercial.

    Processo decisrio do Registro

    A lei prev dois regimes para a execuo do registro de empresa a deciso colegiada e a singular conforme dispe os arts. 41 e 42 da lei 8.934/94.

    O arquivamento de atos como os estatutos, as atas de assembleias gerais e dos conselhos de administrao das sociedades annimas, dos grupos de empresas, dos consrcios de empresas e das operaes societrias esto sujeitos deciso colegiada. Para o arquivamento de um ato necessria aprovao de uma das turmas da Junta Comercial, no entanto se no houver deliberao sobre o ato no prazo de 05 dias o arquivamento pode ser requerido independentemente da votao.

    A deciso singular determinada pelo presidente da Junta Comercial ou por membro do rgo por ele indicado que possua conhecimentos comprovados de direito empresarial e de registro de empresa e o prazo neste caso ser de 02 (dois) dias e se aplica aos pedidos de matrcula e autenticao e a todos os demais atos.

    Das decises, caber recurso no qual a deciso ser sempre colegiada.

  • Inatividade da Empresa

    De acordo com o art. 60 da Lei n. 8.934/94 - Lei de Registro Pblico de Empresas Mercantis a empresa em atividade que pelo perodo de 10 (dez) anos no solicitar nenhum arquivamento deve comunicar Junta Comercial que ainda permanece em atividade ou ter seu registro e nome empresarial cancelados estando sujeitas as consequncias do exerccio irregular da atividade empresarial.

    Empresrio Irregular

    O registro em rgo prprio indispensvel para que o empresrio possa usufruir dos benefcios que o direito empresarial lhe confere, sendo que a falta do registro impe restries ao exerccio individual da empresa, j que o empresrio irregular:

    a. como credor no tem legitimidade ativa para o pedido de falncia de seu devedor, de acordo com o 1 do art. 97 da Lei 11.101/2005 a Lei de Recuperao Judicial, Extrajudicial e Falncia conhecida pelo apelido de Lei da Falncia;

    b. no tem legitimidade ativa para requerer a recuperao judicial, conforme o art. 51 da Lei de Falncia;

    c. no pode ter seus livros autenticados no Registro de Empresa, assim sua falncia em qualquer situao ser fraudulenta incorrendo o empresrio no crime falimentar do art. 178 da Lei de Falncias.

    Alem de outras consequncias como a impossibilidade; de participar de licitaes; de realizar inscrio em cadastros nacionais (CNPJ); de efetuar matrcula no INSS entre outras restries.