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Capítulo 6 6.1 - Propriedades das Seções Planas 6.1.1 Introdução Para a determinação do comportamento de um determinado corpo sólido, é importante que se conheçam características relacionadas à geometria e ao material do elemento analisado. A partir destas propriedades fundamentais, é possível a avaliação da resistência do mesmo, permitindo assim a previsão de seu comportamento sob determinada situação de serviço. As propriedades aqui tratadas serão o centro de gravidade, o momento estático, o momento de inércia. 6.1.2. Centro de gravidade de uma seção plana Define-se como centro de gravidade de um corpo o ponto localizado no corpo ou fora dele, sobre o qual podemos aplicar a resultante da força peso no corpo sem alterarmos a sua condição de equilíbrio. Para uma seção plana, podemos imaginar que o centro de gravidade é o ponto do corpo pelo qual o mesmo pode ser “pendurado” e permanecerá em equilíbrio. Assim, para um retângulo, este ponto será o encontro entre as duas diagonais, por exemplo. Seja o corpo apresentado na figura 6.1. Observa-se que o peso é distribuído por toda a área deste corpo na figura

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Capítulo 6

6.1 - Propriedades das Seções Planas

6.1.1 Introdução

Para a determinação do comportamento de um determinado corpo sólido, é importante

que se conheçam características relacionadas à geometria e ao material do elemento

analisado. A partir destas propriedades fundamentais, é possível a avaliação da

resistência do mesmo, permitindo assim a previsão de seu comportamento sob

determinada situação de serviço.

As propriedades aqui tratadas serão o centro de gravidade, o momento estático, o

momento de inércia.

6.1.2. Centro de gravidade de uma seção plana

Define-se como centro de gravidade de um corpo o ponto localizado no corpo ou fora

dele, sobre o qual podemos aplicar a resultante da força peso no corpo sem alterarmos a

sua condição de equilíbrio.

Para uma seção plana, podemos imaginar que o centro de gravidade é o ponto do corpo

pelo qual o mesmo pode ser “pendurado” e permanecerá em equilíbrio. Assim, para um

retângulo, este ponto será o encontro entre as duas diagonais, por exemplo.

Seja o corpo apresentado na figura 6.1. Observa-se que o peso é distribuído por toda a

área deste corpo na figura 6.1 (a). Porém, na figura 6.1 (b) é observa-se que o peso total

do corpo ( ) é aplicado a um único ponto: o centro de gravidade. Esta alteração

não implica em mudança do equilíbrio do corpo.

Figura 6.1. Centro de gravidade.

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a) Determinação do centro de gravidade

Seja o corpo e o referencial xOy apresentado na figura 6.2. Chamamos e as

coordenadas do centro de gravidade que desejamos encontrar.

Figura 6.2. Configuração do problema.

Vamos então calcular a coordenada . Vamos supor a área da figura 6.2 dividida em n

fatias de pequena espessura. Cada uma das fatias tem um peso pn. A soma de todos os pn

nos dará o peso resultante P, que, conforme vimos, pode ser aplicado ao centro de

gravidade, conforme apresenta a figura 6.3.

Figura 6.3. Divisão do corpo em faixas de pequena espessura.

Aplicando o Teorema de Varignon temos:

P

xPX

xPXP

xPxPxPxPXP

n

nn

n

inn

nn

1

332211 ...

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Procedimento análogo nos permite concluir que .

Sabemos, porém que P = V. Então, . Sabemos também que

para um elemento plano V = A.e, sendo A a área e e a espessura do corpo. Substituindo

e cancelando as espessuras, conclui-se que, para um corpo plano, o centro de gravidade

pode ser determinado pelas equações abaixo:

Observa-se que se um corpo plano possuir um eixo de simetria, o centro de gravidade

estará sobre ele. Caso a figura possua mais de um eixo de simetria, o centro de

gravidade estará no ponto de encontro dos mesmos, conforme mostra a figura 6.4.

C G C G

Figura 6.4. Eixos de simetria.

b) Determinação do centro de gravidade de algumas figuras planas

1– Retângulo 3 – Círculo

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2 – Triângulo retângulo 4 – Meio círculo

5 – Triângulo isósceles

6 – Quarto de círculo

c) Centro de gravidade de figuras compostas

Quando uma figura pode ser dividida em figuras cujos centros de gravidade são

conhecidos, a partir da aplicação do Teorema de Varignon, pode-se determinar o centro

de gravidade da figura com a sua decomposição e calcular o seu centro de gravidade

com as seguintes expressões:

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Onde:

Ai = área da i-ésima figura;

xi e yi = coordenadas do centro de gravidade da i-ésima figura.

d) Exemplo

Determinar a posição do centro de gravidade da figura abaixo (dimensões em mm):

Vamos dividir a figura em três retângulos, conforme mostrado na figura abaixo:

A princípio iremos determinar as áreas dos três retângulos mostrados na figura:

23

22

21

200010020

320016020

200010020

mmA

mmA

mmA

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Agora, vamos determinar as abscissas dos centros de gravidade das três partes. Como se

tratam de retângulos, sabemos que ele se encontra sempre na metade das dimensões dos

lados.

Vamos fazer o mesmo para as ordenadas. Precisamos ter em mente o referencial xOy

adotado.

Já temos todos os dados para calcular as coordenadas do Centro de Gravidade:

6.1.3. Momento estático de uma área plana

a) Conceito

Define-se momento estático de uma seção plana em relação a um eixo contido neste

plano como a soma dos produtos da multiplicação de cada elemento de área pela

distância de seu centro de gravidade.

Figura 6.5. Exemplo de momento estático.

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Seja a seção plana e o sistema cartesiano apresentados na figura 6.5. Observa-se na

figura uma área infinitesimal dA, de modo que a área total da figura é igual à soma de

todos os dA. Assim:

dAA

Definem-se os momentos estáticos da área em relação aos eixos x e y, denominados

respectivamente Qx e Qy, como:

O momento estático de uma área é também chamado momento de primeira ordem de

uma seção. Sua unidade será:

[Q] = [L] x [A] = [L]3, ou seja, m3, mm3, cm3, etc.

Observação:

Sabemos as expressões para os cálculos do centro de gravidade de uma seção:

Observa-se que e . Logo, podemos determinar o

centro de gravidade uma área se soubermos seu momento estático e sua área, conforme

segue:

b) Exemplo

Calcular o momento estático de um retângulo em relação ao eixo que passa pela sua

base. O retângulo possui lados de dimensão b e h.

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x

h

b

h / 2

C G

Cálculo da área:

Coordenada do CG:

Momento estático: 2

.2

.2bhbhhAyydAQ

Pode-se verificar que o momento estático em relação a um eixo que passa pelo CG é

nulo.

6.1.3. Momento de Inércia de uma área plana

a) Conceito

O momento de inércia de uma área plana, simbolizado por I, em relação a um

determinado eixo, é definido como a soma dos produtos entre a área e o quadrado da

distância entre o centro de gravidade desta área e o eixo em questão. Seja a figura 6.5

acima. Para a mesma disposição dos eixos, temos:

O momento de inércia de uma área é também chamado momento de segunda ordem de

uma seção. Sua unidade será:

[Q] = [L2] x [A] = [L]4, ou seja, m4, mm4, cm4, etc.

O momento de inércia de uma área é uma grandeza puramente matemática, e como tal

não tem significado físico. A sua definição advém da resolução de uma série de

problemas em que aparecem somatórios como estes. Para algumas figuras geométricas

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simples, os momentos de inércia são pré-determinados e tabelados, conforme mostrado

abaixo.

Figura Ix Iy

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b) Exemplo

Calcular o momento de inércia de um retângulo de base 20 cm e altura 40 cm, em

relação aos seus eixos baricêntricos.

Primeiramente, devemos determinar o momento de inércia em relação ao eixo x. Neste

caso, temos:

Desta forma, o momento de inércia na direção x será:

Agora, vamos calcular em relação ao eixo y. Neste caso, temos:

Isto acontece porque a altura relativa ao eixo y é igual à base em relação ao eixo x.

Assim:

Observa-se que quando se aumenta a altura da seção o momento de inércia apresenta

grande variação. Isto se dá porque ele varia cubicamente com a altura. Por isto, é

comum a utilização de vigas com a altura maior que a base, pois o momento de inércia

está diretamente relacionado com a resistência à flexão da peça.

O eixo x é então chamado eixo de maior inércia da seção, enquanto o eixo y é chamado

eixo de menor inércia.

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c) Figuras compostas

Assim como no caso do centro de gravidade, para a determinação do momento de

inércia de figuras compostas, basta dividi-la e determinar o momento de inércia de cada

parte da seção.

d) Exemplo

Determine o momento de inércia em relação aos eixos baricêntricos da seção abaixo.

Como a figura possui dois eixos de simetria, sabemos que seu CG se encontra a 10 cm

da borda esquerda e a 20 cm da base do mesmo, assim, podemos dividi-la em três

retângulos, conforme mostrado abaixo:

Vamos primeiramente determinar as áreas. Temos:

Vamos determinar o momento de inércia em relação a x. Temos, para cada um dos

retângulos:

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Observamos que o centro de gravidade do retângulo 2 coincide com o centro de

gravidade da seção toda. Porém, nos outros casos, teremos que aplicar o teorema dos

eixos paralelos. Assim:

Agora determinemos o momento de inércia em relação ao eixo y. Observamos que os

centros de gravidade dos três retângulos estão sobre o eixo y. Neste caso, portanto, não

é necessário usar o teorema dos eixos paralelos, bastando somar os momentos de

inércia.

O momento de inércia de cada retângulo em relação a y será:

O momento de inércia da seção será:

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Exercícios

1 - Determine a posição do centro de gravidade das figuras abaixo em relação aos eixos

x e y. Determine também os momentos de inércia em relação aos eixos que passam pelo

centro de gravidade.

x

y

1 0 c m

4 0 c m

2 0 c m

t = 2 c m

Resp: xg = 10 cm, yg = 17,12 cm, Ix = 28362 cm4, Iy = 1524 cm4.

Resp: xg = 8,05 cm, yg = 8,05 cm, Ix = 13532 cm4, Iy = 13532 cm4.

2 - Determine o momento estático de uma circunferência de raio R em relação a um

eixo tangente a ela.

Resp: Q = R3.

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3 – Para as figuras abaixo, determine:- A posição do centro de gravidade (xG e yG);- A Área (A)- Os momentos de inércia em relação aos eixos que passam pelo centro de

gravidade (IxG e IyG);

- Os momentos de inércia em relação aos eixos x e y (Ix e Iy);

- Os momentos estáticos em relação aos eixos x e y (Qx e Qy).

a) xG = 10 cm, yG = 25 cm, A = 1000 cm2, IxG = 208333,33 cm4; IyG = 33333,33 cm4; Ix = 833333,33 cm4; Iy = 13333,33 cm4; Qx = 25000 cm3; Qy = 10000 cm3

b) xG = 20 cm, yG = 8 cm, A = 720 cm2, IxG = 23040 cm4; IyG = 144000 cm4; Ix = 69120 cm4; Iy = 432000 cm4; Qx = 5760 cm3; Qy = 14400 cm3

c) xG = 15 cm, yG = 6,37 cm, A = 353,43 cm2, IxG = 5558,63 cm4; IyG = 19880,39 cm4; Ix = 19899,72 cm4; Iy = 99402,14 cm4; Qx = 2251,35 cm3; Qy = 5301,45 cm3

d) a) xG = yG = 20 cm, A = 1256,64 cm2, IxG = IyG = 125663,7 cm4; Ix = Iy = 628319,7 cm4; Qx

= Qy = 25132,8 cm3

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6.2. Diagramas de momento fletor e força cortante em vigas isostáticas

O conhecimento da variação dos esforços solicitantes ao longo do comprimento de uma

viga é importante para sabermos quais as suas seções são mais solicitadas e para

determinarmos qual é o valor máximo do esforço.

Nos casos mais simples, isto pode ser feito de forma intuitiva. Imagine uma viga bi-

apoiada, com uma carga concentrada no meio do vão. O maior momento fletor

observado neste caso é exatamente na seção sob a carga, no meio do vão. Porém,

quando temos várias cargas atuando simultaneamente, esta análise torna-se mais difícil.

Por isso, as equações dos esforços vão nos dar condições de analisar a variação dos

esforços solicitantes ao longo de todo o comprimento da viga, permitindo-nos construir

diagramas que permitirão a visualização clara do que ocorre no interior da estrutura.

6.2.1. Viga biapoiada com carga concentrada

Seja uma viga biapoiada de vão L, submetida à ação de uma carga concentrada,

conforme mostrado na Figura 6.6.

P

a bL

Figura 6.6. Viga biapoiada com carga concentrada

Para a análise desta viga, devemos considerar duas seções: uma seção ‘S1’ à esquerda da

carga concentrada P e outra seção ‘S2’ à direita da carga, conforme mostra a Figura 6.7.

Figura 6.7. Seções S1 e S2

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Vamos, primeiramente, determinar as reações:

Agora podemos escrever as equações dos esforços solicitantes para a seção ‘S1’:

1 – Esforço normal (pela esquerda da seção ‘S1’): N = 0

2 – Esforço cortante (pela esquerda da seção ‘S1’):

: valor constante

3 – Momento fletor (pela esquerda da seção ‘S1’):

: equação de uma reta

Observamos que as equações obtidas são válidas somente no trecho à esquerda da carga

concentrada. Desta forma, para obter as equações para o trecho à direita da carga, é

necessária a utilização da seção ‘S2’. Vamos então determinar os esforços internos na

seção ‘S2’.

1 – Esforço normal (pela esquerda da seção ‘S2’): N = 0

2 – Esforço cortante (pela esquerda da seção ‘S2’):

: valor constante

3 – Momento fletor (pela esquerda da seção ‘S2’):

: equação de uma reta

Observamos que em ambos os trechos o esforço cortante é constante e o momento fletor

obedece a uma equação do 1º grau, ou seja, uma reta. Isto acontece sempre que a viga é

submetida apenas a cargas concentradas.

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6.2.2. Exemplo

Determine as equações e os diagramas de esforços solicitantes para a viga abaixo.

1 – Cálculo das reações de apoio

2 – Determinação dos esforços internos na seção ‘S1’

2.1 – Esforço normal (à esquerda de ‘S1’): N = 0

2.2 – Esforço cortante (à esquerda de ‘S1’):

mxkNVRV A 202,1 : valor constante no trecho

2.3 – Momento fletor (à esquerda de ‘S1’):

mxxMxRM A 202,1 : equação de uma reta

3 – Determinação dos esforços internos na seção ‘S2’

3.1 – Esforço normal (à esquerda de ‘S2’): N = 0

3.2 – Esforço cortante (à esquerda de ‘S2’)

: valor constante no trecho

3.3 – Momento fletor (à esquerda de ‘S2’)

: equação de

uma reta

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4 – Traçado dos diagramas

4.1 – Diagrama dos esforços normais

Como observamos pela análise dos dois trechos, o diagrama de esforços normais será

constante e igual a zero. Portanto, sua representação será:

4.2 – Diagrama dos esforços cortantes

Para a construção deste diagrama, é importante a construção da tabela apresentada

abaixo. Ressalta-se que temos dois trechos. No primeiro, ou seja, com x menor ou igual

a 2m, vale a primeira equação, enquanto para x maior ou igual a 2m vale a segunda.

Seção – x (m) Esforço cortante – V (kN) Equação

0 1,2V = 1,21 1,2

2 1,22 -0,8

V = -0,83 -0,84 -0,85 -0,8

Observa-se que para a seção imediatamente sob a carga concentrada o esforço cortante

terá dois valores. Isto acontece porque a carga concentrada gera uma descontinuidade

no diagrama, que terá o valor da própria carga concentrada. Assim, imediatamente à

esquerda da seção o esforço cortante é de 1,2 kN, e imediatamente à direita este valor é

de -0,8 kN. Então, o diagrama terá o seguinte aspecto:

Os valores positivos do esforço cortante são marcados acima do eixo de referência, e

vice-versa.

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4.3 – Diagrama dos momentos fletores:

Para a construção deste diagrama é importante a construção da tabela abaixo. E, como

no caso dos esforços cortantes temos dois trechos, cada um regido por uma equação.

Seção – x (m) Momento fletor – M (kNm)

Equação

0 1,2 x 0 = 0M = 1,2x1 1,2 x 1 = 1,2

2 1,2 x 2 = 2,42 -0,8 x 2 + 4 = 2,4

M = -0,8x + 43 -0,8 x 3 + 4 = 1,64 -0,8 x 4 + 4 = 0,85 -0,8 x 5 + 4 = 0

Observa-se que no ponto de aplicação da carga concentrada as duas equações dão o

mesmo resultado. Assim não há descontinuidade do gráfico como havia no caso do

esforço cortante. O aspecto do gráfico, então, será:

Os valores de momento fletor positivos são marcados na parte inferior do eixo de

referência, e vice-versa. Esta inversão é feita visando facilitar a visualização da

deformada da viga que será imposta pelo momento fletor, e também o posicionamento

das armaduras para combatê-lo.

6.2.3. Viga biapoiada com carga distribuída

Seja uma viga biapoiada de vão L submetida a uma carga distribuída q, conforme

apresentado na Figura 6.8. Calculemos os esforços solicitantes em uma seção ‘S’,

situada a uma distância ‘x’ do ponto A.

Figura 6.8. Viga biapoiada com carga distribuída

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Primeiramente, devemos determinar as reações de apoio:

Conhecidas as forças externas, podemos então determinar seus efeitos internos nas

vigas, ou seja, podemos determinar os esforços solicitantes:

1 – Determinação do Esforço Normal (considerando as forças à esquerda da seção):

0N

2 – Determinação do esforço cortante (considerando as forças à esquerda da seção):

: equação de uma reta.

3 – Determinação do momento fletor (considerando as forças à esquerda da seção):

: equação de uma parábola.

Assim, é possível determinar a variação dos esforços solicitantes ao longo de toda a

viga. E, tendo a equação, pode-se também determinar os diagramas (gráficos) de

esforços solicitantes.

6.2.4. Exemplo

Determine as equações e os diagramas de esforços solicitantes para a viga abaixo.

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1 – Cálculo das reações de apoio

2 – Determinação do Esforço Normal (considerando as forças à esquerda da seção):

0N

3 – Determinação do esforço cortante (considerando as forças à esquerda da seção):

: equação de uma reta.

4 – Determinação do momento fletor (considerando as forças à esquerda da seção):

: equação de uma

parábola.

Vamos agora construir os diagramas de esforços solicitantes. Primeiro, o diagrama de

esforço normal. Determinamos em 3 que o esforço normal é constante e igual a zero

para qualquer valor de x entre 0 e 5 m. Portanto, temos:

Vamos agora determinar o diagrama de esforços cortantes. Sabendo a equação, basta

determinarmos os valores de V para posições x, conforme mostrado na tabela abaixo:

Seção – x (m) Esforço cortante – V (kN)

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0 -2 x 0 +5 = 5

2,5 -2 x 2,5 +5 = 0

5 -2 x 5 + 5 = -5

Basta agora a marcação dos valores calculados sobre um eixo de referência, que

representa o próprio eixo da viga. Valores positivos devem ser marcados acima do eixo

de referência e vice-versa. Os pontos devem ser ligados com uma reta. Temos, portanto:

Para a determinação do diagrama de momentos fletores, adotamos procedimento

análogo. A tabela abaixo mostra os valores calculados:

Seção – x (m) Momento fletor – M (kN)

0 -02+5x0 = 0

2,5 -2,52+5x2,5 = 6,25

5 -52+5x5=0

Basta agora marcarmos os valores, utilizando um eixo de referência, como no caso

anterior. Para os momentos fletores, valores positivos devem ser marcados abaixo do

eixo de referência e vice-versa. Conforme mostra a equação, os pontos devem ser

unidos por uma parábola. Assim:

6.2.5. Considerações sobre os diagramas

1 - a partir dos exemplos podemos ver que o momento fletor máximo acontece na seção

onde o esforço cortante é zero, ou seja, onde o diagrama de esforços cortantes intercepta

o eixo de referência.

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2 – no caso da existência unicamente de cargas concentradas, o diagrama de esforços

cortantes será sempre constante nos trechos entre elas. E o diagrama de momentos

fletores será composto por segmentos de reta, pois obedece a equações do primeiro

grau.

3 – no caso da existência unicamente de cargas distribuídas, o diagrama dos esforços

cortantes será composto por segmentos de reta, uma vez que obedecem a equações do

primeiro grau. E os diagramas dos momentos fletores serão parábolas, uma vez que suas

equações são do segundo grau.

4 – no caso de uma carga concentrada, o momento fletor máximo estará situado sob a

carga e seu valor será:

5 – no caso de uma carga distribuída, o momento fletor máximo estará situado no meio

do vão e seu valor será:

P

a bL

L

8

2qLM MAX

LPabM MAX