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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN 1808-8716 Turco, Paiva. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 2(gt27):1-16 Epidemia de Zika e Olimpíadas: reacendendo as controvérsias com novas e antigas tecnologias. G27 - Controvérsias insurgentes e ciências emergentes Cláudia Santos Turco Eduardo Nazareth Paiva Resumo: Desde o final da década de 1980, a cada verão, os brasileiros esperam pelas epidemias de dengue, que demonstram ou não os fracassos das políticas de controle do agravo. Este trabalho se interessa pela recente epidemia de Zika (2015/2016), que foi considerada pela Organização Mundial de Saúde - OMS uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional e que reacendeu o fogo das controvérsias sobre o controle do Aedes aegypti. Estas controvérsias ganharam ainda maior dimensão pela realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na cidade do Rio de Janeiro (Jogos Rio 2016); um evento de massa, internacional no local e tendo como cenário o momento da epidemia. Foi um momento de reavaliação de estratégias e tecnologias disponíveis, nacional e internacionalmente, o que propiciou debates abertos sobre antigas e novas tecnologias e influenciou a agenda de pesquisa dos centros de excelência do Brasil e fora dele. O presente trabalho buscará, especialmente através das controvérsias e paradoxos encontrados na trajetória dos protagonistas e figurantes em ação, seguir e tentar representar estes debates através da análise das modalidades utilizadas pelos artigos científicos, tentando também ir além de documentos oficiais da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde e de Notas Técnicas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva. A análise buscará evidenciar como a epidemia de Zika impactou os debates sobre saúde em grandes eventos internacionais e a agenda de pesquisas da área. Considerará os pontos em que há consenso e quais as principais controvérsias explicitadas recentemente sobre as estratégias de controle do Aedes aegypti. Refletirá, ainda, sobre as novas tecnologias de controle do Aedes aegypti que estão sendo implementadas no Brasil, analisando quais dessas estratégias e novas tecnologias têm maior chance de predominar, adequando-se a um estilo de pensamento atual sobre os escopos das tecnociências e obtendo apoio de diferentes atores. Será evidenciado o caráter técnico-político do debate, com o mapeamento dos diversos atores envolvidos neste processo e das estratégias de consolidação de determinadas tecnologias.

Epidemia de Zika e Olimpíadas: reacendendo as ...esocite2017.com.br/anais/beta/trabalhoscompletos/gt/27/esocite2017... · percepção de que a circulação mundial de pessoas e produtos

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Epidemia de Zika e Olimpíadas: reacendendo ascontrovérsias com novas e antigas tecnologias.

G27 - Controvérsias insurgentes e ciências emergentes

Cláudia Santos TurcoEduardo Nazareth Paiva

Resumo: Desde o final da década de 1980, a cada verão, os brasileiros esperam pelas epidemias dedengue, que demonstram ou não os fracassos das políticas de controle do agravo. Este trabalho seinteressa pela recente epidemia de Zika (2015/2016), que foi considerada pela Organização Mundial deSaúde - OMS uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional e que reacendeu o fogodas controvérsias sobre o controle do Aedes aegypti. Estas controvérsias ganharam ainda maiordimensão pela realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na cidade do Rio de Janeiro (Jogos Rio2016); um evento de massa, internacional no local e tendo como cenário o momento da epidemia. Foium momento de reavaliação de estratégias e tecnologias disponíveis, nacional e internacionalmente, oque propiciou debates abertos sobre antigas e novas tecnologias e influenciou a agenda de pesquisados centros de excelência do Brasil e fora dele. O presente trabalho buscará, especialmente atravésdas controvérsias e paradoxos encontrados na trajetória dos protagonistas e figurantes em ação,seguir e tentar representar estes debates através da análise das modalidades utilizadas pelos artigoscientíficos, tentando também ir além de documentos oficiais da Organização Mundial de Saúde e doMinistério da Saúde e de Notas Técnicas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva. A análise buscaráevidenciar como a epidemia de Zika impactou os debates sobre saúde em grandes eventosinternacionais e a agenda de pesquisas da área. Considerará os pontos em que há consenso e quais asprincipais controvérsias explicitadas recentemente sobre as estratégias de controle do Aedes aegypti.Refletirá, ainda, sobre as novas tecnologias de controle do Aedes aegypti que estão sendoimplementadas no Brasil, analisando quais dessas estratégias e novas tecnologias têm maior chancede predominar, adequando-se a um estilo de pensamento atual sobre os escopos das tecnociências eobtendo apoio de diferentes atores. Será evidenciado o caráter técnico-político do debate, com omapeamento dos diversos atores envolvidos neste processo e das estratégias de consolidação dedeterminadas tecnologias.

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Apresentação

Desde a década de 1990, o conceito de saúde global tem sido utilizado para evidenciar que um

evento que ocorre em qualquer parte do planeta pode constituir uma ameaça em potencial

para a população mundial ou para a segurança nacional de outros países, principalmente pela

percepção de que a circulação mundial de pessoas e produtos aumenta a possibilidade de

disseminação de doenças (1). A epidemia de SARS - Síndrome Aguda Respiratória Grave, em

2003, foi um ponto de ruptura na percepção do risco relativo à saúde global, ocasionando o

primeiro alerta global emitido pela Organização Mundial de Saúde - OMS. Inicialmente

reportada em países da Ásia, a SARS chegou a atingir mais de 30 países. Toronto, no Canadá,

foi a cidade mais afetada fora da Ásia e, em abril de 2003, os viajantes receberam da OMS

recomendações para que evitassem visitá-la. Este alerta causou efeitos devastadores na

economia da cidade e do país e, neste mesmo ano, a OMS criou um grupo de trabalho para

rever o Regulamento Sanitário Internacional, cuja nova versão foi aprovada em 2005 - RSI

2005 (2).

O RSI 2005 busca responder à propagação internacional de doenças, evitando interferências

desnecessárias no tráfego internacional de pessoas e de produtos e no comércio (2). Em versões

anteriores, o RSI centrava suas preocupações no combate a doenças específicas. Já no RSI

2005 um novo conceito é estabelecido - o de Emergência de Saúde Pública de Interesse

Internacional (ESPII): evento extraordinário, que constitui, para outros países, um risco à

saúde pública em virtude de propagação internacional de doenças ou agravo e potencialmente

exige uma resposta internacional coordenada (2). Esta definição não se restringe à ocorrência

de doenças transmissíveis e contempla problemas de natureza química, nuclear ou desastres

naturais. Os elementos que definem uma ESPII não são sua gravidade e sua letalidade

efetivas, mas seu potencial de alcance internacional. Desde o RSI 2005, a ESPII referente às

consequências da Zika foi a quarta a ser declarada pela OMS. Mesmo com a declaração de

ESPII, a OMS não recomendou que viajantes evitem os locais com transmissão autóctone,

com especial menção às cidades do Rio de Janeiro que hospedaram os Jogos Olímpicos e

Paralímpicos de 2016. Esta decisão da OMS segue o objetivo geral da RSI 2005 e ainda evita

interferências que possam causar perdas políticas e econômicas para diversos atores.

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Este trabalho buscará analisar as relações entre eventos de massa, saúde pública, agenda de

pesquisa e novas tecnologias, no contexto da ESPII referente às consequências da Zika. Para

tanto, considera que conceitos como saúde global e emergência de saúde pública, assim como

a própria produção de ciência e tecnologia são processos delineados pelos contextos históricos

e sociais nos quais se situam e envolvem uma complexa rede de atores sociais. Assim, o

trabalho percorrerá a ESPII, sua relação com os eventos de massa, sua influência na agenda de

pesquisa e nas estratégias de controle de vetores.

A Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional

O vírus Zika foi primeiramente isolado por cientistas em 1947, na Floresta Zika, em Uganda e

a primeira infecção em humanos pelo vírus foi confirmada na Nigéria, em 1954. Os casos de

infecção em humanos eram conhecidos e ocorriam na África e na Ásia. A primeira epidemia

reportada ocorreu, em 2007, na Micronésia e, em 2013/14, uma nova epidemia foi registrada

na Polinésia (Polinésia Francesa, Ilhas Cook, Ilhas de Páscoa e Nova Caledônia). O início da

epidemia de Zika no Brasil ocorreu em 2015, mas a entrada do vírus no país pode ter ocorrido

em 2013 ou 2014 (4,5).

A infecção por Zika era considerada uma doença leve, que não levava à morte ou mesmo a

casos de hospitalização, porém, alterou suas características. Antes endêmica, o vírus Zika

passou a provocar, a partir de 2007, epidemias em várias partes do mundo, ligadas a

desordens neurológicas (4). Com os casos aumentando no Brasil, verificou-se que a infecção

por Zika tinha impactos na gravidez e na saúde dos fetos, além de ser uma infecção de

transmissão sexual e com forte potencial de se tornar endêmica e sazonal em partes do mundo

com a presença de seu vetor (5) .

A declaração da ESPII relacionada aos casos de microcefalia e problemas neurológicos

ocorreu em função do aumento do número de casos reportados pelo Brasil (onde havia sido

declarada Emergência da Saúde Pública de Emergências Nacional - ESPIN) e de sua potencial

relação com a infecção pelo vírus Zika. Esta declaração instava a uma ação global - ações

urgentes e coordenadas de pesquisa - para a definição da natureza da relação entre o vírus da

Zika e os seus efeitos congênitos e para buscar soluções de minimização de riscos para a

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gravidez. Naquele momento, o que se oferecia a mulheres grávidas eram recomendações para

que fossem evitadas as picadas de mosquito, para a prática de sexo seguro, para que fossem

evitadas viagens a áreas com a transmissão do vírus e para o atraso dos planos de engravidar.

São orientações que muitas vezes se tornam inviáveis por impedimentos como ausência ou

insuficiência de serviços de saúde reprodutiva, entre outros (5, 6).

Da mesma forma, o fim da ESPII relacionada às consequências da infecção pelo vírus Zika

não ocorreu por um suposto controle do problema. Como a relação entre a infecção pelo vírus

Zika, a microcefalia e outros problemas congênitos foi estabilizada, assim como a definição

da Síndrome da Zika Congênita, a OMS considerou que esta situação deixou de ser uma

emergência e passou a ser considerada como uma questão de saúde pública de longo prazo,

cujas ações deveriam se direcionar para um programa de trabalho sustentável com recursos

dedicados para endereçar a natureza de longo prazo da doença (7).

No entanto, a declaração de uma ESPII não tem apenas base em evidências científicas, mas é

sempre uma escolha política. Mesmo em casos de doenças com graves consequências, como o

Ebola, por exemplo, estas passam apenas a serem consideradas como problemas de saúde

global quando ultrapassam as fronteiras de determinados países. No caso do Ebola, com um

longo processo que se desenvolvia desde 1976, a ESPII foi declarada apenas quando os casos

cruzaram as fronteiras africanas e ameaçaram atingir a Europa e os Estados Unidos (8). No caso

da epidemia de Zika, o avanço do número de casos, suas possíveis consequências para a

gestação e os desafios colocados para a agenda de pesquisa foram determinantes para a

declaração da ESPII.

ESPII e eventos de massa

Um levantamento realizado na base Scielo com a relação entre eventos de massa e saúde

pública, demonstra que a grande maioria do material recuperado, até 2013, dedica-se a

estudos de caso e relatos de experiências.. A partir de 2014, já podem ser encontrados artigos

referentes à análise de risco à saúde relativos à realização de eventos esportivos e religiosos. É

deste ano um artigo com uma análise estatística sobre o risco de infecção por dengue durante

a Copa do Mundo de 2014, no qual os autores sugerem a realização de estimativas rotineiras

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para riscos em grandes eventos e apontam a necessidade de manutenção das estratégias de

controle de vetores (9).

De 2016 em diante, os artigos encontrados foram em sua maioria relacionados à Zika e suas

consequências, a sua expansão mundial e a eventos de cunho esportivo e religioso. Os temas

abordados referem-se à análise de risco de infecção durante grandes eventos, as possibilidades

de expansão da epidemia e as possibilidades de estabelecimento de transmissão local em

países ainda sem transmissão local (Austrália, Índia). Podem, ainda, ser encontrados artigos

que trabalham temas como direitos humanos, desigualdades e governança global.

Especificamente no que se refere aos Jogos Rio 2016, o fato de que a realização de um evento

esportivo de âmbito mundial seria sediado no país centro de uma ESPII, levantou

controvérsias com relação a seu atraso, relocação, suspensão ou mesmo cancelamento. O

debate ocorreu entre grupos de pesquisadores e a OMS e se espalhou pela mídia mundial (10).

A principal controvérsia referia-se a aceitar que o comportamento da transmissão da Zika no

inverno seria semelhante ao da Dengue. A forte sazonalidade das infecções transmitidas pelo

Aedes aegypti, com baixa incidência no inverno, era o principal argumento tanto de parte dos

cientistas quanto da OMS. Este fato e a intensificação das estratégias de controle de vetores

antes e durante os Jogos Rio 2016.

Após avaliações da própria OMS e do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, as

recomendações indicaram pela manutenção dos Jogos conforme os planos originais (10, 11). A

reunião do Comitê de Emergência concluiu que não deve haver nenhuma restrição geral a

viagens ou comércio com países, áreas ou territórios com a transmissão do vírus Zika,

incluindo as cidades no Brasil que hospedarão os Jogos Olímpicos e Paralímpicos (6, 10, 11,).

No entanto, todos os estudos concordaram que mulheres grávidas não deveriam se expor ao

risco de transmissão do vírus Zika, pela possibilidade de graves e devastadoras

consequências. A decisão final, então, recomendou a exclusão destas mulheres, atletas e

turistas dos Jogos Rio 2016, desconsiderando, por uma lado, os impactos sobre a vida destas

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mulheres e, por outro, a própria história dos Jogos, uma vez que várias medalhas olímpicas

foram obtidas por mulheres durante seu período de gravidez (12).

Não se pode esquecer o significado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Bourdieu, ao

analisar os Jogos Olímpicos, os definiu como um espetáculo midiático, um show comandado

por um grupo fechado de executivos do esporte, com grandes redes de televisão que

competem por seus direitos de transmissão e corporações que competem pelo direito de

promover seus produtos (13). Os megaeventos esportivos são, na realidade, megaeventos

culturais, políticos e econômicos. São eventos que atraem a atenção e têm enorme significado

em nível global. Envolvidos nesta empreitada, estão, além dos governos dos países-sede, dos

países participantes e organizações esportivas, empresas de comunicação e outras

corporações, que concentram direitos de transmissão e de comercialização e vinculação da sua

imagem e de seus produtos ao esporte - ou ao espírito esportivo. (14)

A ESPII relacionada às consequências da Zika, ao contrário da ESPII referente ao Ebola,

trouxe mínimos impactos à circulação de pessoas e produtos. Ao contrário da ESPII do Ebola(5), na qual as medidas restritivas ao movimento de pessoas e produtos adotadas por

determinados países superaram as orientações da OMS, a ESPII das consequências da Zika

trouxe pouco impacto ao turismo ou ao comércio. Não houve evidências de medidas tomadas

por governos além daquelas orientadas pela OMS.

Agenda de Pesquisa e controle de vetores

A declaração da ESPII referente às consequências da Zika já explicitava, desde o princípio, a

necessidade de uma agenda de pesquisa urgente e coordenada. (5,6). O plano de resposta à Zika

da OMS inclui objetivos relativos à detecção, prevenção, cuidado, pesquisa e coordenação,

incluindo financiamento. Especificamente com relação à pesquisa, os objetivos são a geração

de informações que permitam fortalecer a saúde pública e orientar intervenções nas áreas de

detecção, prevenção, controle e manejo das consequências da infecção pelo vírus, assim como

acelerar e aumentar a escala da pesquisa, do desenvolvimento, e da disponibilidade de

ferramentas de controle do Aedes aegypti, de testes de diagnósticos e de vacinas (15).

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No Brasil, a luta contra a Dengue e consequentemente contra a Zika esteve sempre mais

centrada no combate ao Aedes aegypti, apesar de estratégias de pesquisa como vacinas e

testes diagnóstico estarem em desenvolvimento. A ocorrência da ESPIN e da ESPII reacendeu

antigas e criou novas controvérsias com relação às estratégias de controle de vetores no

Brasil.

O modelo proposto, nacional e internacionalmente, para o controle de vetores é o CIV -

Controle Integrado de Vetores), que consiste na utilização integrada e sinérgica dos diferentes

métodos de controle, cujas principais técnicas utilizadas ou disponíveis são, por natureza,

supressoras populacionais como o uso de inseticidas químicos ou biológicos, predadores (p.

ex. peixes), armadilhas, aspiradores e os diferentes procedimentos para a eliminação de

criadouros (manejo ambiental).

Por outro lado, parece não haver controvérsia alguma na identificação de que a implantação

de redes eficientes de coleta de esgoto e de lixo e de distribuição de água seria a melhor

estratégia para o controle de vetores, por modificar o ambiente em que a relação humano-

mosquito-vírus ocorre (16, 17). No entanto, mesmo no que se refere aos esforços para a

eliminação dos criadouros, as campanhas ministeriais têm enfatizado mais os esforços

individuais do que as políticas mais amplas de saneamento ambiental..

As controvérsias esquentam ainda mais quando os métodos de supressão da população de

mosquitos envolvem a utilização de larvicidas e inseticidas, em geral produtos desenvolvidos

para uso da agricultura, fornecidos por grandes corporações. Segundo a Abrasco (16), a

utilização destas substâncias coloca em risco indivíduos e comunidades, atende a interesses de

grandes empresas e provoca um crescente processo de resistência dos vetores aos inseticidas.

Este processo de crescente resistência acaba por tornar insustentável este modelo de combate

aos vetores. A Abrasco chegou a propor a suspensão do uso destes produtos em água potável,

em nebulizações e em cortinados (mosquiteiros tratados com produtos químicos).

Defensores da continuidade do uso “controlado e responsável” de larvicidas e inseticidas,

colocam que mesmo a utilização incorreta dos produtos não invalida os benefícios da

estratégia, principalmente em tempos de tríplice epidemia (17). Coloca ainda que mais que um

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abastecimento de água regular, a suspensão de larvicidas em água potável depende do uso de

caixas d´água, cisternas e outros recipientes de armazenamento adequados e confiáveis, para

evitar o acesso da fêmea do Aedes aegypti.

Novas Tecnologias de Controle de Vetores - Mais Foco no Mosquito

Das novas tecnologias que estão em desenvolvimento e teste para o controle de Aedes

aegypti, duas tem presença constante em documentos oficiais, nacionais e internacionais, e

geram contínuas controvérsias em artigos científicos e na mídia. São elas os mosquitos

geneticamente modificados da empresa Oxitec e os mosquitos infectados com a bactéria

Wolbachia, fruto de um projeto internacional iniciado na Austrália e trazido para o Brasil pela

Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz. As duas estratégias são reconhecidas como as tecnologias

emergentes para o controle da transmissão de doenças pelo Aedes aegypti mais avançadas em

desenvolvimento: uma baseia-se na modificação genética do vetor e a outra no controle

biológico por dentro do vetor (18).

Ambas as pesquisas foram com apoiadas pela Fundação Bill Gates, através edital

internacional lançado em 2004, para o qual concorreram diversas universidades. A Iniciativa

para a Saúde Global, coordenada pela Fundação Bill e Melinda Gates e pelo NIH (National

Institute for Health) dos Estados Unidos Foram, identificou sete objetivos e 14 desafios

através de painel com a participação de cientistas de 13 países. Um dos objetivo era o controle

de insetos que transmitem doenças. Este objetivo era composto por dois desafios: desenvolver

uma estratégia genética para debilitar ou incapacitar populações de insetos transmissores de

doenças; e desenvolver uma estratégia química para debilitar ou incapacitar populações de

insetos transmissores de doenças. O que se pretendia com um grande desafio era estimular

uma inovação científica ou tecnológica que superasse barreiras e buscasse soluções para um

problema de saúde pública do mundo em desenvolvimento e que apresentasse viabilidade e

possibilidade de alto impacto global (19).

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No entanto, na época, já houve críticas com relação aos desafios selecionados.

Especificamente com relação ao objetivo de controle de vetores, a seleção de novas

tecnologias genéticas ou químicas já parecem repetir estratégias já utilizadas com pouca

efetividade. Ainda, mesmo tendo explicitado a necessidade de que estas tecnologias não

deveriam ter impactos negativos no ambiente, mesmo entre os cientistas não há consenso

quanto à definição de risco aceitável quando se introduz no ambiente produtos químicos ou

organismos geneticamente modificados. Finalmente, os desafios selecionados desconsideram

a complexidade da transmissão de arboviroses e desconsideram intervenções de saneamento,

manejo ambiental, educação e comunicação, que poderiam ser mais efetivas e promover a

qualidade de vida das populações afetadas (20).

Vetor Geneticamente Modificado

Os mosquitos geneticamente modificados produzidos pela empresa britânica Oxitec no Brasil

inserem-se em um conjunto de técnicas denominadas RIDL ( Release of Insects with

Dominant Lethality ou Soltura de insetos com um gene letal dominante). No Brasil, a Oxitec

produz uma linhagem de machos de Aedes aegypti geneticamente modificados - OX513A,

que, quando são soltos, cruzam com as fêmeas selvagens, gerando uma prole que morre antes

de chegar à fase adulta. Os machos transgênicos da Oxitec morrem de dois a quatro dias após

sua soltura. Portanto, o objetivo da técnica é suprimir a população de Aedes aegypti através de

solturas permanentes de mosquitos transgênicos no ambiente. Esta técnica obteve liberação

comercial da Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio) no Brasil em 2014 (18). Esta

tecnologia foi testada no Brasil, a partir de 2010, através de pesquisas de campo em Juazeiro e

em Jacobina, na Bahia, em Piracicaba, São Paulo e, mais recentemente, em Juiz de Fora,

Minas Gerais.

Duas características desta tecnologia podem aumentar sua aceitabilidade junto à população

local. A primeira é o curto tempo de vida dos mosquitos liberados, que garante que animais

geneticamente modificados não permanecerão no ambiente. O segunda característica é que a

soltura de mosquitos machos não aumenta o incômodo de picadas de mosquito (18).

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A liberação comercial e a implantação da técnica no Brasil gerou uma série de controvérsias.

Pesquisadores questionam quanto à demonstração tanto da capacidade imediata de supressão

ou redução da população de Aedes aegypti quanto pela estabilidade de longo prazo desta

supressão (18).

Já a Abrasco, em Nota Técnica específica sobre esta tecnologia, apresentou uma série de

questionamentos (21,22). O primeiro questionamento coloca o contexto da liberação comercial

pela CTNBio, ou seja, a liberação ocorreu após a existência de uma fábrica da Oxitec já estar

em implantação em Campinas, São Paulo, o que pode ter sido um fator de pressão.

Uma segunda crítica diz respeito à possibilidade de soltura dos mosquitos transgênicos

ocorrer em ambientes contaminados com tetraciclina. O tempo de vida dos mosquitos

liberados pela Oxitec é de dois a quatro dias após liberação no ambiente desde que não

tenham contato com o antibiótico tetraciclina. No entanto, a Abrasco coloca que, devido à

ampla utilização deste antibiótico tanto na medicina quando na veterinária, a possibilidade de

contaminação já foi detectada em estudos anteriores, o que pode permitir um tempo maior de

vida aos mosquitos liberados. (21,22)

Os primeiros experimentos no Brasil foram realizados nas cidades de Jacobina e Juazeiro no

Estado da Bahia; considerados como projetos específicos e isolados. A Abrasco coloca que

esses municípios contam com sistemas de vigilância epidemiológica incipientes, o que

impede a aferição da eficácia do uso da tecnologia frente ``a epidemiologia da dengue.

A questão da supressão da população de Aedes aegypti em áreas urbanas poderia deixar

espaço para a ocupação deste nicho ecológico por outras espécies como o Aedes albopicus,

espécie selvagem existente no Brasil e com capacidade vetorial para o vírus da dengue. A

Abrasco e até mesmo um dos conselheiros do CTNBio colocam que o dossiê oferecido para a

aprovação da tecnologia não continha informações suficientes sobre esta possibilidade (21,22).

Finalmente, a Resolução Normativa nº 6 de 2008, da CTNBIO, que dispões sobre a liberação

planejada de Organismos Modificados Geneticamente (OGM) no ambiente, refere-se apenas a

organismos de origem vegetal e seus derivados. Não há normativa para a liberação de animais

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geneticamente modificados no ambiente, mas, a exemplo do que é usualmente requerido a

OGM de origem vegetal, esta liberação deve ser testada em todos os ecossistemas para

avaliação de risco.

Vetor Contaminado com a Bactéria Wolbachia

O uso de mosquitos contaminados com a bactéria Wolbachia com o objetivo de

controlar a transmissão da dengue, teve seu início através de um projeto de pesquisa

desenvolvido na Austrália e, atualmente, encontra-se com atividades em 10 países diferentes.

No Brasil, o projeto iniciou suas atividades em 2012 e teve a primeira liberação de mosquitos

infectados com Wolbachia no ambiente, em 2014, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. A

Wolbachia é uma bactéria encontrada em diversos insetos naturalmente, mas que foi

introduzida no Aedes aegypti. Esta infecção impede que o vírus da dengue, assim como da

Zika, da Chikungunya e da febre amarela, se desenvolva no mosquito e, assim, impede a sua

transmissão para humanos. As fêmeas infectadas são liberadas no ambiente e sua prole ou é

contaminada pela Wolbachia ou seus ovos não eclodem. Assim, esta tecnologia não objetiva a

supressão da população de Aedes aegypti, mas a substituição da população de mosquitos

selvagens por mosquitos contaminados com Wolbachia (22).

Em comunicação realizada no Encontro Anual de 2017 da 4S - Society for Social

Studies of Sciences, Turco e Paiva (23) trouxeram à discussão as diversas mudanças de

modalidade de discurso e temas que surgiram na mídia relativos à tecnologia de uso de

mosquitos Aedes Aegypti infectados com a bactéria Wolbachia. Suas conclusões colocam que

as controvérsias sobre a tecnologia ganharam algum espaço na mídia apenas após a

declaração de ESPIN ser declarada no Brasil. Em períodos anteriores, essas controvérsias se

concentravam em periódicos científicos. No entanto, a epidemia relativa às consequências da

Zika trouxe à discussão os prós e contras de várias técnicas de prevenção da doença (23).

No caso da tecnologia que utiliza a Wolbachia, a preocupação era estabelecer um

distanciamento de tecnologias que utilizam mosquitos geneticamente modificados. Por um

lado, esta estratégia distancia a tecnologia de controvérsias relativas à utilização de animais

geneticamente modificados, o que caracteriza a os mosquitos infectados com Wolbachia como

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naturais, pois tanto o mosquito quanto a bactéria ocorrem naturalmente. Por outro lado, há

esforço em esclarecer que os mosquitos contaminados com Wolbachia se reproduzem e

acabam por substituir os mosquitos selvagens permanentemente, o que explicita a

característica de sustentabilidade do projeto ao longo do tempo e a possibilidade de se deixar

de ter que produzir e soltar novos mosquitos no ambiente (23).

Alguns pesquisadores argumentam que não há estudos que relacionam a substituição

de mosquitos selvagens por mosquitos contaminados com Wolbachia ao controle nos casos de

dengue. Os indicadores utilizados pelo projeto são ainda referentes ao grau de substituição da

população de mosquitos, pois a escala de implantação ainda não permite estabelecer esta

relação. A própria capacidade de ganhar escala e cobrir grandes áreas é, por vezes

questionada.

Um segundo conjunto de questionamentos coloca a possibilidade de ocorrer a

transferência da bactéria para o ambiente ou para outros insetos. Alguns pensam que esta

possibilidade pode ocorrer e trazer consequências ecológicas e até mesmo econòmicas. No

entanto, outros pesquisadores colocam que este é um risco quase inexistente.

Finalmente, uma última preocupação diz respeito à própria evolução dos vírus que

queremos combater. A possibilidade dos vírus - dengue, zika, chikungunya, febre amarela -

evoluírem e superarem de Wolbachia utilizada para a contaminação do Aedes aegypti é

avaliada até mesmo pelos pesquisadores envolvidos no projeto. A proposta é continuar

desenvolvendo a tecnologia e utilizar mosquitos infectados com duas linhagens de Wolbachia.

Considerações Finais

A epidemia de Zika levou à declaração de emergência de saúde pública nacional e

internacional em virtude, não apenas do avanço global da epidemia, mas em especial por suas

consequências relacionadas à gestação e aos desafios colocados para a ciência. Apesar da

declaração de ESPII relacionada às consequências da Zika, não houve, exceto para grávidas,

recomendações da OMS para que fossem evitadas viagens para países com transmissão local,

o que permitiu a realização dos Jogos Rio 2016 conforme planejado. Não houve evidências de

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medidas restritivas tomadas por governos além daquelas orientadas pela OMS e não houve

danos relativos a turismo e comércio.

A declaração da ESPII foi decisiva para o avanço da agenda de pesquisa relativa à Zika, mas

também impulsionou a utilização de recursos para o desenvolvimento de tecnologias de

controle de seu vetor, o Aedes aegypti. No entanto, as novas tecnologias mais citadas pela

OMS estão relacionadas a projetos que vêm sendo financiados pela Iniciativa para a Saúde

Global desde 2005, com recursos financeiros e administrativos da Fundação Bill Gates e do

NIH. Ou seja, desenvolvimento destas novas e controversas tecnologias é resultado de anos de

investimento em pesquisa.

Há ainda muitas dúvidas com relação à utilização de mosquitos geneticamente modificados

ou contaminados com Wolbachia. O risco envolvido ainda é questionado, assim como sua

capacidade de ampliação de escala e de controlar a transmissão de doenças. Ambas as

tecnologias estão em utilização em conjunto com outras estratégias de controle de dengue,

zika e chikungunya,

Finalmente, não podemos deixar de considerar que a convivência entre humanos e o mosquito

Aedes aegypti tem ocorrido desde longa data, em especial em áreas urbanas. No Brasil, o

Aedes aegypti tem sido considerado o vilão de um conjunto de epidemias e diversas técnicas -

físicas, químicas e biológicas - têm sido utilizadas para o controle de sua população. No

entanto, não se pode esquecer que a emergência destas doenças ocorre na relação entre

humanos, mosquitos e virus, em um contexto urbano, ou seja, em cidades por nós construídas

e nas quais os mosquitos se sentem acolhidos e se reproduzem com facilidade, em especial em

áreas com pouco saneamento básico, baixa coleta de lixo e pouca distribuição de água

potável. Neste sentido, uma das questões centrais a serem levantadas é se focar nossos

esforços na supressão de vetores não é uma simplificação demasiada da resposta ao processo

de transmissão de arboviroses; ao conjunto de causalidades da dengue, da zika e da

chikungunya. A determinação da dengue, da zika e da chikungunya é muito mais social e

ambiental do que biológica, embora estejam envolvidas na sua produção três ecologias: do

vírus, do vetor e do ser humano, todas interdependentes.

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