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Escola Clássica da Administração Com a Revolução Industrial surgiu o crescimento acelerado e desorganizado das empresas, juntamente com a necessidade de se aumentar a eficiência e competência das organizações objetivando o melhor aproveitamento dos recursos como a mão de obra, o que ajudaria a enfrentar a concorrência, evitar desperdícios entre outros. Por volta de 1916 surgiu, nos Estado Unidos, desenvolvida por Frederick Taylor, a Teoria da Administração Científica que possuía como base o enfoque nas tarefas, no trabalho humano e na produtividade pela eficiência operacional, tendo uma organização estruturada em uma análise “de baixo pra cima”, ou seja, do operariado para os supervisores e gerente, coexistente a ela, surgiu também, na França o movimento conhecido como a Teoria Clássica da Administração, que logo se espalhou pela Europa. A Teoria Clássica da Administração, encabeçada por Henry Fayol, tinha como enfoque a estrutura da organização e como preocupação básica aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos competentes da organização e das suas inter-relações estruturais. Partindo da análise do todo organizacional, a Escola Clássica busca a eficiência, a partir da otimização da estrutura da organização, que levaria naturalmente à máxima eficácia de cada uma das suas partes. Apesar de enfoque opostos, as teorias desenvolvidas por Taylor e Fayol tinham algo em comum, ambas foram criadas para maximizar a eficiência da organização que se tornava questão de sobrevivência à medida que as empresas se expandiam. Desde cedo Fayol estudou como organizar o quadro de pessoal, buscando definir as responsabilidades em todos os níveis organizacionais, desde a sua cúpula administrativa, buscando separar os conhecimentos tecnológicos das habilidades administrativas. Preocupou-se muito com a função administrativa da direção, pois acreditava que a

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Escola Clássica da Administração

Com a Revolução Industrial surgiu o crescimento acelerado e desorganizado das empresas, juntamente com a necessidade de se aumentar a eficiência e competência das organizações objetivando o melhor aproveitamento dos recursos como a mão de obra, o que ajudaria a enfrentar a concorrência, evitar desperdícios entre outros.

Por volta de 1916 surgiu, nos Estado Unidos, desenvolvida por Frederick Taylor, a Teoria da Administração Científica que possuía como base o enfoque nas tarefas, no trabalho humano e na produtividade pela eficiência operacional, tendo uma organização estruturada em uma análise “de baixo pra cima”, ou seja, do operariado para os supervisores e gerente, coexistente a ela, surgiu também, na França o movimento conhecido como a Teoria Clássica da Administração, que logo se espalhou pela Europa. A Teoria Clássica da Administração, encabeçada por Henry Fayol, tinha como enfoque a estrutura da organização e como preocupação básica aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos competentes da organização e das suas inter-relações estruturais. Partindo da análise do todo organizacional, a Escola Clássica busca a eficiência, a partir da otimização da estrutura da organização, que levaria naturalmente à máxima eficácia de cada uma das suas partes. Apesar de enfoque opostos, as teorias desenvolvidas por Taylor e Fayol tinham algo em comum, ambas foram criadas para maximizar a eficiência da organização que se tornava questão de sobrevivência à medida que as empresas se expandiam.

Desde cedo Fayol estudou como organizar o quadro de pessoal, buscando definir as responsabilidades em todos os níveis organizacionais, desde a sua cúpula administrativa, buscando separar os conhecimentos tecnológicos das habilidades administrativas. Preocupou-se muito com a função administrativa da direção, pois acreditava que a habilidade administrativa era a mais importante que se requeria da direção da empresa. Segundo Fayol: “Um líder que seja um bom administrador, mas tecnicamente medíocre, é, geralmente, muito mais útil à empresa do que se ele fosse um técnico brilhante, porém um administrador medíocre”. Fayol concluiu que é possível ensinar a administração. Em 1908 publicou sua obra Os Princípios da Administração, na qual listou 14 princípios e definiram os cinco elementos primários do processo administrativo, usados até hoje: planejamento, organização, direção, coordenação e controle.

Princípios Gerais de Administração de Fayol

1. Divisão de trabalho: a designação de tarefas específicas para cada indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes. Especialização dos funcionários desde o topo da hierarquia até os operários da fábrica, assim, favorecendo a eficiência da produção aumentando a produtividade.

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2. Autoridade e responsabilidade: Autoridade é todo direito dos superiores darem ordens (mandar) que teoricamente serão obedecidas (fazer obedecer). Responsabilidade é a contrapartida da autoridade, a sanção (recompensa ou penalidade) que acompanha o exercício do poder. Deve-se levar em conta o direito de dar ordens e exigir obediência, chegando a um bom equilíbrio entre autoridade e responsabilidade.

3. Disciplina: o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes. Necessidade de estabelecer regras de conduta e de trabalho válidas para todos os funcionários. A ausência de disciplina gera o caos na organização.

4. Unidade de comando: cada indivíduo terá apenas um superior. Um funcionário deve receber ordens de apenas um chefe, evitando contra-ordens.

5. Unidade de direção: um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. O controle único é possibilitado com a aplicação de um plano para grupo de atividades com os mesmos objetivos.

6. Subordinação de interesses individuais aos interesses grupais: subordinação do interesse individual ao interesse geral. Os interesses gerais da organização devem prevalecer sobre os interesses individuais.

7. Remuneração do pessoal: de forma equitativa e com base tanto em fatos externos quanto internos. Deve ser suficiente para garantir a satisfação dos funcionários e da própria organização.

8. Centralização: o equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados. As atividades vitais da organização e sua autoridade devem ser centralizadas. - Defesa incondicional da estrutura hierárquica, respeitando à risca uma linha de autoridade fixa.

9. Cadeia de comando (linha de autoridade): ou hierarquia, a série dos chefes desde o primeiro até o ultimo escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de Fayol).

10. Ordem: Deve ser mantida em toda organização, preservando um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.

11. Equidade: o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessário. A justiça deve prevalecer em toda organização, justificando a lealdade e a devoção de cada funcionário à empresa. Direitos iguais.

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12. Estabilidade e duração (em um cargo) do pessoal: Estabilidade do pessoal, a manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento. Uma rotatividade alta tem consequências negativas sobre desempenho da empresa e o moral dos funcionários.

13. Iniciativa: Deve ser entendida como a capacidade de estabelecer um plano e cumpri-lo. Iniciativa, que faz aumentar o zelo e atividade dos agentes.

14. Espírito de equipe: O trabalho deve ser conjunto, facilitado pela comunicação dentro da equipe. Os integrantes de um mesmo grupo precisam ter consciência de classe, para que defendam seus propósitos.

Como se vê, sua ênfase está na estrutura organizacional, pela visão do homem econômico e pela busca da máxima eficiência. É caracterizada pelo olhar sobre todas as esferas da organização (operacionais e gerenciais), bem como na direção de aplicação do topo para baixo (da gerência para a produção). O modo como Fayol entendia a organização da empresa fez com que a teoria clássica recebesse também a denominação de Abordagem Anatômica e Estrutural. Fayol tornou-se “herói” por ter recuperado uma problemática mineradora e tê-la transformado em um dos negócios mais bem-sucedidos da França. Passou sua vida profissional como diretor da companhia Commentry-Fourchambeau-Decazeville. Porém, só foi conhecido fora da França 25 anos após sua morte, quando sua obra mais importante, “Administração Industrial e Geral” (1916) foi traduzido para o inglês.

As Funções Básicas da Empresa

Como a Teoria Clássica da Administração de Fayol enfatiza a estrutura da organização, fez-se necessário ao teórico distinguir as funções essenciais de uma empresaria. São elas:

• Técnicas: relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. Função relacionada com a produção (atividade fim). Fayol não considerava esta como uma função básica.

• Comerciais: relacionadas com a compra, venda e troca de matéria-prima e produtos.

• Financeiras: relacionadas com a captação e a gerência de capitais.

• Segurança: relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas de problemas, como roubo, inundações e obstáculos de ordem social, como greves e atentados.

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• Contábeis: relacionadas com inventários, registros, balanços, custos e estatísticas.

• Administrativas: relacionadas com a integração das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam as demais funções da empresa.

Partindo dessas funções, Fayol procurou estabelecer a importância relativa dessas diversas funções/capacidades em cada nível da empresa (diretor, chefe de serviço técnico, chefe de divisão, chefe de oficina, contramestre e operário). Ele sugeriu tabelas de avaliação que, embora elaboradas sem rigor estatístico, apresentam uma proposição muito útil ainda hoje: “A capacidade técnica é a principal capacidade dos chefes inferiores da grande empresa e dos chefes da pequena empresa industrial; a capacidade administrativa é a principal capacidade dos grandes chefes. A capacidade técnica domina a base da escala hierárquica, a capacidade administrativa, o topo”.

Quanto à função administrativa: “nenhuma das outras cinco funções tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa, constituir seu corpo social, coordenar os esforços e harmonizar os atos. Essas atribuições constituem uma função designada, habitualmente, pelo nome de Administração”.

Críticas a Fayol

• Pouca originalidade dos princípios gerais da Administração.

• Concepção da organização com ênfase exagerada na estrutura.

• Insistência na utilização da unidade de comando.

• Centralização da autoridade, denotando a influência das antigas concepções militares e eclesiásticas.

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• Obsessão pelo comando, tendo como ótica a visão da empresa a partir da gerência administrativa, Fayol focou seus estudos na unidade do comando, autoridade e na responsabilidade. Em função disso, é visto como obcecado pelo comando.

• A empresa como sistema fechado: a partir do momento em que o planejamento é definido como sendo a pedra angular da gestão empresarial, é difícil imaginar que a organização seja vista como uma parte isolada do ambiente.

• Manipulação dos trabalhadores: bem como a Administração Científica fora tachada de tendenciosa, desenvolvendo princípios que buscavam explorar os trabalhadores.

• A inexistência de fundamentação científica das concepções: Não existe fundamentação experimental dos métodos e técnicas estudados por Fayol. Os princípios que este apresenta carecem de uma efetiva investigação, não resistindo ao teste de aplicação prática.

• Ausência de trabalhos experimentais: a teoria clássica está fundamentada na observação e no senso comum.

• Abordagem simplificada da organização formal: não leva em conta os aspectos da dinâmica organizacional e ambiental. A abordagem anatômica está centrada na estrutura.

• Abordagem típica da teoria da máquina: a organização era vista como um sistema mecânico e o modelo administrativo era fracionado. A organização é vista como um sistema fechado sem interfaces com ambiente externo direto e indireto.

Síntese: A Abordagem Clássica

A abordagem Clássica da Administração tem origem no ambiente econômico da época da 2ª Revolução Industrial, a partir de meados do século XIX. O crescimento acelerado e desorganizado das empresas, característica desse período, veio a exigir abordagens estruturadas das questões de administração.

Tornava-se imperativo aumentar a eficiência e a competência das organizações, no sentido de obter-se o melhor rendimento possível dos seus recursos e fazer face à concorrência e à competição que se avolumavam entre as empresas.

O panorama industrial, no início deste século, tinha todas as características e elementos para poder inspirar uma Ciência da Administração: variedade de empresas, tamanhos diferenciados, problemas de baixo rendimento da maquinaria utilizada, etc. As soluções basearam-se, normalmente, no princípio de especialização e divisão de

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trabalho, particularmente entre as funções de planejamento e as operacionais, com grande valorização daquelas.

As teorias propostas por Taylor e Fayol deram ênfase à organização formal e à racionalização dos métodos de trabalho. A organização cientifica do trabalho trouxe uma abordagem rígida, que considera o homem quase um acessório da máquina. Na organização fayolista, o ser humano é um elemento da estrutura.

A aplicação combinada dos conceitos de ambas levou a indústria a novos níveis de eficiência, porém viria a mostrar-se incapaz de resolver todas as questões organizacionais. Mesmo assim, a contribuição de Fayol foi imensa e poderia talvez ser resumida neste parágrafo:

“Até agora, o empirismo tem reinado na administração dos negócios. Cada chefe dirigia à sua maneira, sem se preocupar em saber se há leis que regem a matéria. É necessário introduzir o método experimental, como Claude Bernard introduziu na Medicina. Isto é, observar, recolher, classificar e interpretar os fatos. Instituir experiências. Impor regras”.

Referências

BERNARDES. C. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. São Paulo: McGraw Hill, 1987.

CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração: Abordagens Prescritivas e Normativas da Administração. São Paulo: Makron Books, 1997.

MOTA, Fernando C. Prestes & VASCONCELLOS, Isabella F. Gouveia de. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Thomson, 2002.

Video

https://www.youtube.com/watch?v=3WSIMd0jXnc Escola Clássica da Administração

https://www.youtube.com/watch?v=eWsJgMF4Kuc Fayol

https://www.youtube.com/watch?v=WQWrItnxHAQ Teoria Científica X Teoria Clássica