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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF DIEGO RÓZ MARCILIO A INFLUÊNCIA POSITIVA NA IMAGEM DO BRASIL CAUSADA PELOS INSTRUTORES DO EXÉRCITO BRASILEIRO, COMO ATORES DA DIPLOMACIA MILITAR, EM ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA ARGENTINA. Rio de Janeiro 2019

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF DIEGO … Cienti... · A relação entre o Brasil e a Argentina teve início logo após a independência dos dois países. O século

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP INF DIEGO RÓZ MARCILIO

A INFLUÊNCIA POSITIVA NA IMAGEM DO BRASIL CAUSADA PELOS INSTRUTORES DO EXÉRCITO BRASILEIRO, COMO ATORES DA DIPLOMACIA MILITAR, EM ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA

ARGENTINA.

Rio de Janeiro 2019

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP INF DIEGO RÓZ MARCILIO

A INFLUÊNCIA POSITIVA NA IMAGEM DO BRASIL CAUSADA PELOS INSTRUTORES DO EXÉRCITO BRASILEIRO, COMO ATORES DA DIPLOMACIA

MILITAR, EM ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA ARGENTINA.

Trabalho acadêmico apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito para a especialização em Ciências Mi l i tares com ênfase em Relações Internacionais.

Rio de Janeiro 2019

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DESMil

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS (EsAO/1919)

DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Trabalho Acadêmico, apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção da especialização em Ciências Militares, com ênfase em Relações Internacionais, pós-graduação universitária lato sensu.

BANCA EXAMINADORA

Autor: Cap Inf DIEGO RÓZ MARCILIO

Título: A INFLUÊNCIA POSITIVA NA IMAGEM DO BRASIL CAUSADA PELOS INSTRUTORES DO EXÉRCITO BRASILEIRO, COMO ATORES DA DIPLOMACIA MILITAR, EM ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA ARGENTINA.

APROVADO EM __________/_________/_________ CONCEITO: __________

Membro Menção Atribuída

JOBEL SANSEVERINO JUNIOR – Maj Cmt Curso e Presidente da Comissão

EDVALDO NUNES NASCIMENTO JÚNIOR - Maj 1º Membro e Orientador

GEDILSON SILVA DA SILVA - Cap 2º Membro

DIEGO RÓZ MARCILIO – Cap Aluno

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A INFLUÊNCIA POSITIVA NA IMAGEM DO BRASIL CAUSADA PELOS INSTRUTORES DO EXÉRCITO BRASILEIRO, COMO ATORES DA DIPLOMACIA

MILITAR, EM ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA ARGENTINA.

Diego Róz Marcilio 1

Edvaldo Nunes Nascimento Júnior 2

RESUMO A relação entre o Brasil e a Argentina teve início logo após a independência dos dois países. O século XIX ficou marcado na América do Sul pelos vários conflitos bélicos entre os países fronteiriços. Neste contexto, a relação entre os dois países ficou muito forte. No entanto, a primeira metade do século XX ficou marcada pela ausência de contato entre as nações, que só voltou a acontecer com a Questão da Usina de Itaipu; Brasil e Paraguai iriam iniciar o projeto, todavia a Argentina foi contra, pois temia o fortalecimento de seus vizinhos, mas após negociações a Argentina foi convidada para participar do projeto, e isso reuniu os dois países. A partir de Itaipu, Brasil e Argentina começaram uma aproximação, oque culminou no Tratado para criação do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Na década de 1990, vários setores das duas nações iniciaram um intercâmbio, no entanto, estas iniciativas não eram coordenadas pelos governos dos países, que não tinham controle sobre essas ações. Tal fato só foi resolvido em 30 de novembro de 2005, com a assinatura do Compromisso de Puerto Iguazu; um dos desdobramento deste compromisso foi o Acordo Quadro de Cooperação em Matéria de Defesa entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina, que tem como um de seus objetivos, o intercâmbio de instrutores e estudantes de instituições militares. O escopo do estudo desta pesquisa está na análise deste objetivo, medindo a influência positiva na imagem do Brasil causada pelos instrutores do Exército Brasileiro, como atores da diplomacia militar, nos Estabelecimentos de Ensino na Argentina. Palavras-chave: Brasil. Argentina. Cooperação entre nações. Diplomacia militar. ABSTRACT The relationship between Brazil and Argentina began shortly after the independence of the two countries. The nineteenth century was marked in South America by the various war conflicts between the border countries. In this context, the relationship between the two countries became very strong. However, the first half of the twentieth century was marked by the lack of contact between nations, which only happened again with the Itaipu Question; Brazil and Paraguay would start the project, but Argentina opposed it, because it feared the strengthening of its neighbors, but after negotiations Argentina was invited to participate in the project, and this brought both countries together. From Itaipu, Brazil and Argentina began an approximation, which culminated in the Treaty for the creation of the Southern Common Market (MERCOSUL). In the 1990s, various sectors of the two nations initiated an exchange, however, these initiatives were not coordinated by the governments of the countries, which had no control over these actions. This fact was not resolved until November 30, 2005, with the signing of the Puerto Iguazu Commitment; One of the consequences of this commitment was the Framework Agreement for Cooperation on Defense between the Federative Republic of Brazil and the Argentine Republic, which has as one of its objectives the exchange of instructors and students from military institutions. The scope of the study of this research is in the analysis of this objective, measuring the positive influence on the image of Brazil caused by the Brazilian Army instructors, as actors of the military diplomacy, in the Teaching Institutions in Argentina. Keywords: Brazil. Argentina. Cooperations between nations. Military diplomacy.

Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das 1

Agulhas Negras (AMAN) em 2010.

Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das 2

Agulhas Negras (AMAN) em 2005. Pós Graduado em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) em 2015.

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1 INTRODUÇÃO

A relação Brasil-Argentina tem início com a independência dos dois países, a

Argentina em 1821 e o Brasil em 1822 (ITAMARATY, 2019). Após o processo de

independência dos dois países até o fim do século XIX, a relação entre os vizinhos

foi bastante tumultuada e marcada por vários conflitos bélicos, como: Guerra da

Cisplatina (1825), Guerra contra Rosas (1851) e a Guerra do Paraguai (1865). Do

fim da Guerra do Paraguai (1870) até o fim da primeira metade do século XX, esta

relação bilateral teve poucos marcos significativos. A amizade ficou estremecida em

1977, quando ocorreu o fechamento da fronteira dos dois países, causada pelas

divergências sobre as questões que envolviam a Usina de Itaipu, no entanto, a

questão foi resolvida com um acordo trilateral entre Brasil, Paraguai e Argentina.

No ano de 1985 ocorre uma nova aproximação entre Brasil e Argentina, com

a assinatura da declaração de Iguaçu, e em 1988 ocorre a assinatura do Tratado de

Integração, Cooperação e Desenvolvimento com base no Programa de Integração e

Cooperação Econômica (PICE). A resultante destes acordos foi o Tratado para a

criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), firmado entre Brasil, Argentina,

Paraguai e Uruguai.

Segundo Moraes (2010, p.19) o estreitamento das relações entre Brasil e

Argentina resultou, também, em uma aproximação do Exército Brasileiro e o Exército

Argentino. No entanto, sem o intermédio de outros órgãos de ambos os governos, as

Forças Terrestres dos dois países iniciaram uma cooperação técnico-profissional,

como exemplo: organização de exercícios de adestramento, seminários e convites

para cursos na área operacional.

Só em 30 de novembro de 2005, na cidade de Puerto Iguazu - Argentina, foi

firmado o Compromisso de Puerto Iguazu, acordo bilateral entre Brasil e Argentina,

na qual os poderes centrais dos dois países passaram a coordenar todas as

atividades envolvendo os países, inclusive na área militar.

Neste compromisso ficaram acertados alguns acordos entre os países, sendo

que para o Exército Brasileiro o que impactou foi o Acordo Quadro de Cooperação

em Matéria de Defesa entre a República Federativa do Brasil e a República

Argentina, que teve como objetivos: formalizar a cooperação que já ocorria entre os

países e facilitar novos projetos em conjunto.

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Este objetivos serão desenvolvidos com algumas ações:

a) visitas mútuas de delegações civis e militares de alto nível dos respectivos

Ministérios de Defesa a entidades civis e militares;

b) visitas mútuas de delegações, reuniões de pessoal e reuniões técnicas;

c) reuniões entre as instituições de defesa equivalentes;

d) intercâmbio de instrutores e estudantes de instituições militares;

e) participação em cursos teóricos e práticos, seminários, debates e simpósios em

entidades militares, bem como em entidades civis de interesse para a área de

defesa e de comum acordo entre as Partes;

f) visitas de navios de guerra;

g) eventos culturais e desportivos; e

h) criação de facilidades na relação entre as bases industriais de defesa de ambos

países.

O intercâmbio de instrutores e estudantes de instituições militares entre Brasil

e Argentina será o foco deste estudo.

1.1 PROBLEMA

É no cenário acima descrito, pois, que emerge a problemática da pesquisa que

ora se delineia. No sentido de orientar a pesquisa com as demandas de emprego do

Exército Brasileiro, foi formulado o seguinte problema: Ocorre uma influência positiva

na imagem do Brasil causada pelos instrutores do Exército Brasileiro, como atores

da diplomacia militar, nos Estabelecimentos de Ensino na Argentina?

Foram realizadas consultas em livros, revistas e periódicos que abordam o

assunto. Foram consultados ainda dados e relatórios do Itamaraty e do Exército

Brasileiro. A rede mundial de computadores foi amplamente utilizada como

ferramenta de busca de dados.

Dessa maneira o presente artigo tem por finalidade apresentar, por meio de

pesquisa bibliográfica, documental e questionário, a influência positiva na imagem

do Brasil causada pelos instrutores do Exército Brasileiro nos Estabelecimentos de

Ensino na Argentina, bem como colher reflexões e sugestões sobre o assunto.

Ressalta-se que este trabalho não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas sim

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de servir como ferramenta para os militares selecionados para executar este tipo de

missão.

1.2 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

- Apresentar a influência positiva na imagem do Brasil causada pelos

instrutores do Exército Brasileiro, como atores da diplomacia militar, nos

Estabelecimentos de Ensino na Argentina.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Apresentar as capacidades técnico-profissionais necessárias para o militar

escalado conseguir atuar neste tipo de missão.

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES

- O Brasil se apresenta como o grande ator no cenário internacional da América

do Sul, e a Argentina, historicamente, também possui grande força neste cenário.

Neste embate de forças, o instrutor brasileiro nos Estabelecimentos de Ensino na

Argentina deve atuar como ator da diplomacia militar, e influenciar positivamente a

imagem do Brasil naquele país;

- Tendo em vista que após assinatura do acordo bilateral Compromisso de

Puerto Iguazu, em 30 de novembro de 2005, o governo federal resolveu alinhar e

coordenar as ações de seus setores no que tange ao relacionamento com a

República da Argentina;

- As capacidades técnico-profissionais que devem evidenciadas por um

instrutor do Exército Brasileiro nos Estabelecimentos de Ensino na Argentina devem

estar alinhadas com a intenção do Governo Federal;

- Nesse sentido, o presente estudo se justifica por promover uma pesquisa a

respeito de um tema atual e de suma importância para a relação Brasil-Argentina, do

qual se espera um importante papel no cenário das Relações Internacionais .

- O trabalho pretende, ainda, abastecer os gestores dos projetos de

modernização, independente da nomenclatura atribuída, de conhecimento acerca

das necessidades dos representantes do Brasil no exterior, servindo de

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pressuposto teórico para outros estudos que sigam nesta mesma linha de

pesquisa.

2 METODOLOGIA

A pesquisa terá início na revisão teórica do assunto, através de consulta

bibliográfica a livros, revistas, periódicos e pesquisas científicas que abordem o tema

Relações Internacionais, mais especificamente a relação Brasil - Argentina. Serão

também consultados dados e relatórios do Itamaraty e a rede mundial de

computadores. O estudo será desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica e

documental.

Compreenderá um estudo exploratório na Direccion de Educacion Operacional

(DEOP), antiga Escuela de las Armas (EDA) e em outros centros de instrução da

Argentina que tenham tido participação relevante de instrutores do Exército

Brasileiro, com a finalidade de conhecer como funciona o dia a dia nestes

Estabelecimentos de Ensino.

O emprego da modalidade exploratória foi indispensável para a pesquisa em

questão, tendo em vista o pouco conhecimento disponível, notadamente escrito,

acerca do tema, o que exigiu uma familiarização inicial, materializada pelas

entrevistas exploratórias e seguida de questionário para uma amostra com vivência

profissional relevante sobre o assunto.

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

Pela proximidade regional sempre houve uma relação entre Brasil e Argentina,

antes mesmo dos dois países serem independentes. O Brasil foi o primeiro país a

reconhecer a independência da Argentina, assim como a Argentina foi o primeiro

país a estabelecer relações diplomáticas com o Império Brasileiro. Os dois países se

uniram e se afastaram algumas vezes no século XIX: Guerra da Cisplatina (de 1825

a 1828), Guerra contra Juan Manuel de Rosas (de 1850 a 1852) e Guerra do

Paraguai (de 1864 a 1870) (ITAMARATY, 2019).

Após este período, a relação bilateral entre Brasil e Argentina foi muito discreta,

ocorrendo alguns acordos e visitas diplomáticas. Apenas na segunda metade do

século XX que ocorre um fato substancial: a questão da construção da Usina de

Itaipu. Inicialmente a construção se daria apenas entre Brasil e Paraguai, que

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fizeram alguns acordos binacionais: a Assinatura da Ata de Iguaçu em 22 de junho

de 1966; Assinatura do Tratado de Itaipu pelos presidentes Emílio Garrastazu Médici

(Brasil) e Alfredo Stroessner (Paraguai) em 26 de abril de 1974; Constituição da

empresa Itaipu Binacional em 17 de maio de 1975; e o início da obras da construção

de Itaipu em outubro de 1975 (ITAIPU, 2019). No entanto, inicialmente a República

Argentina foi contra a construção, pois, temia que o Brasil ficasse ainda mais forte

no cenário regional. Todavia a questão foi resolvida com a participação Argentina no

projeto, com a Assinatura do Acordo Tripartite pelo Brasil, Paraguai e Argentina, em

19 de outubro de 1979 (ITAIPU, 2019). Tal fato fortaleceu a relação entre os países,

que começaram a estreitar laços.

A aproximação que ocorreu após a questão de Itaipu trouxe outras

consequências para a América do Sul. Sobre o assunto Rodrigo Fracalossi de

Moraes comentou que:

Nas relações Brasil-Argentina, a transformação da rivalidade em cooperação foi um processo que ocorreu nos anos 1980. Ademais da redução da conflituosidade nas relações bilaterais, houve um transbordamento (spillover) regional deste novo padrão de cooperação e as relações em eixo entre os dois países atraíram para sua órbita os vizinhos “menores” (Paraguai, Uruguai e Bolívia), promovendo uma pacificação em todo o Cone Sul […..] Nesse sentido, a reaproximação Brasil-Argentina foi elemento essencial à integração do Cone Sul e, com o aprofundamento estratégico das relações entre os dois países, tornar-se-ia cada vez mais viável, também, a integração sul-americana a partir deste eixo (MORAES, 2010, p. 71).

A aproximação Brasil-Argentina foi crescendo, com a assinatura de alguns

acordos, sendo os mais relevantes, segundo o Ministério das Relações Exteriores

(2019): Declaração de Iguazu, em 30 de novembro de 1985; Ata de Integração

Brasileiro-Argentina, que estabelece o Programa de Integração e Cooperação

Econômica (PICE), em 1986; Assinatura do Tratado de Integração, Cooperação e

Desenvolvimento, com base no PICE, em 1988; Assinatura da Ata de Buenos Aires

pelos presidentes Fernando Collor e Carlos Menem, Brasil e Argentina decidem

conformar um mercado comum até o final de 1994, em 6 de julho de 1990; Brasil,

Argentina, Paraguai e Uruguai firmam o Tratado para a constituição do Mercado

Comum do Sul (Mercosul); Criação da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade

e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), em 1991; e Entrada em vigor da União

Aduaneira do MERCOSUL, com a adoção de tarifa externa comum (TEC). Sobre o

Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE), criado em 1986:

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O PICE tinha como estratégia central a idéia de superar, cautelosamente, a histórica rivalidade econômica e política entre Brasil e Argentina através de um programa gradual e equilibrado de abertura comercial e de criação de mecanismos conjuntos de desenvolvimento industrial e tecnológico entre os dois maiores países da América do Sul.(GUIMARÃES, 1999, p. 585).

Durante este aproximação diplomática entre os governos, as Forças Armadas

de Brasil também iniciaram um estreitamento das relações com as Forças Armadas

da Argentina. Desde 1978, Brasil e Argentina realizam exercícios combinados, sendo

os mais importantes: as Operações ARAEX e Fraterno, das Marinhas; Operações

Laço Forte, Duende, Saci e Cruzeiro do Sul, dos Exércitos; e as Operações

CRUZEX e Prata das Forças Aéreas (MORAES, 2010, p.91). Rodrigo Fracalossi de

Moraes ainda comentou sobre este fato:

As Marinhas de Brasil e Argentina são as Forças Singulares que, de fato, possuem a cooperação mais abrangente e regular, tendo começado a realizar exercícios combinados já nos anos 1970. Os Exércitos passaram a realizar estes exercícios nos anos 1990 e as Forças Aéreas foram as últimas a realizarem operações combinadas, embora ainda nos anos 1990

(MORAES, 2010, p. 93). No entanto, o Governo Federal não era consultado para avaliar se este tipo de

evento estava de acordo com o interesse nacional, e não só com o interesse da

Força Terrestre.

O interesse do Governo Federal em intermediar todas as atividades do país na

relação entre Brasil e Argentina só foi formalizada em 30 de novembro de 2005, com

a assinatura do Compromisso de Puerto Iguazu. Este compromisso foi desdobrado

em dois acordos: Ajuste Complementar de Cooperação Científica e Tecnológica, e o

Acordo Quadro de Cooperação em Matéria de Defesa. Dentro da esfera militar, este

último acordo bilateral foi o de maior interesse, com apenas dois objetivos bem

claros: I) impor um marco jurídico à cooperação militar visando submetê-la às

políticas externas dos governos; e II) criar condições para sua ampliação. Como

consequencia, algumas atividades que já aconteciam foram oficializadas e

incentivadas para que as mesmas fossem aumentadas, como é o caso do

intercâmbio de instrutores e estudantes de instituições militares.

2.2 COLETA DE DADOS

Na sequência do aprofundamento teórico a respeito do assunto, o

delineamento da pesquisa contemplou a coleta de dados pelos seguintes meios:

entrevista exploratória e questionário.

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2.2.1 Entrevistas

Com a finalidade de ampliar o conhecimento teórico e identificar experiências

relevantes, foram realizadas entrevistas exploratórias com os seguintes militares

argentinos, que cursam, em 2019, o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO)

fase presencial, em ordem cronológica de execução:

QUADRO 1 – Quadro de oficiais argentinos entrevistados Fonte: O autor

2.2.2 Questionário

A amplitude do universo foi estimada a partir do efetivo de oficiais que

exerceram a função de instrutor e oficiais que exerceram a função de instruendo,

nos últimos cinco anos, na Direccion de Educacion Operacional (DEOP), antiga

Escuela de las Armas (EDA) - maior e mais importante Estabelecimento de Ensino

Militar na Argentina. O estudo foi limitado particularmente aos oficiais oriundos da

Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

Portanto, valendo-se de dados obtidos dados cedidos nos relatórios da

Aditância Militar do Brasil na Argentina, a população a ser estudada foi estimada em

10 militares para a função de instrutor e 10 militares para a função de instruendo.

Com a intenção de atingir uma maior confiabilidade das análises realizadas, buscou-

se atingir uma amostra significativa, utilizando como parâmetros o nível de confiança

igual a 90% e erro amostral de 10%. Nesse sentido, a amostra dimensionada como

ideal (nideal) foi de 9.

A amostra contemplou oficiais superiores e oficias intermediários (capitães)

que exerceram a função de instrutor; e oficias intermediários (capitães) e oficiais

subalternos (tenentes) que exerceram a função de instruendo. Dessa feita, foram

distribuídos questionários para 12 militares do EB que exerceram a função de

instrutor e 11 militares do EB que exerceram a função de instruendo.

Nome Justificativa

PATRICIO SCARZELLA– Teniente primero

Discente de Oficiais instrutores do Brasil em Estabelecimentos de Ensino na Argentina

JOÃO EMILIO DALMASSO– Teniente primero

Discente de Oficiais instrutores do Brasil em Estabelecimentos de Ensino na Argentina

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O efetivo acima foi obtido considerando 133% da amostra ideal prevista

(nideal= 9), utilizando-se como N o valor de 9 militares, para a função de instrutor; e

122% da amostra ideal prevista (nideal= 9), utilizando-se como N o valor de 9

militares, para a função de instruendo.

A amostra foi selecionada, prioritariamente, na 17a Brigada de Infantaria de

Selva. É importante que se deixe claro que tal ação facilitou bastante a pesquisa, já

que são militares que estão servindo nos batalhões de infantaria de selva

subordinados à Brigada Príncipe da Beira, integrando frações atuais das OM. A

distribuição dos questionários se deu de forma indireta (e-mail) ou direta

(pessoalmente) para 150 militares que atendiam os requisitos. Conseguiu-se 88

respostas, aproximando-se bastante do nideal proposto inicialmente, sem prejudicar

a pesquisa.

Foi realizado um pré–teste com 3 (três) capitães-alunos da Escola de

Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), que atendiam aos pré-requisitos para integrar a

amostra proposta no estudo, com a finalidade de identificar possíveis falhas no

instrumento de coleta de dados. Ao final do pré-teste, não foram observados erros

que justificassem alterações no questionário e, portanto, seguiram-se os demais de

forma idêntica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este trabalho buscou em um dos seus pontos analisar se a mensagem que os

instrutores brasileiros acreditam estar transmitindo é realmente recebida pelos

instruendos argentinos, isto é, se está ocorrendo uma comunicação interpessoal

efetiva. Segundo Carla Cristiane Souza de Oliveira, a comunicação interpessoal

envolve a figura do emissor, a mensagem propriamente dita e o receptor da

mensagem. Como neste estudo o receptor tem o domínio da linguagem muito

apurado (por ser um falante nativo), a comunicação interpessoal tem como principal

fator dificultador, o domínio da Expressão Oral pelo emissor. Com essa premissa,

podemos concluir que o instruendo consegue entender partes da mensagem e até

supõe qual seja a ideia central do que está sendo dito, no entanto, provavelmente a

maioria dos discentes não entende a mensagem por completo.

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Esse item sofreu alguns questionamentos pelos respondentes, principalmente

no que tange ao nível de habilitação que o instrutor deve ter em comparação ao que

eles mesmos acham que seria necessário para o bom cumprimento da missão.

Pode-se notar no gráfico 1 que metade dos instrutores selecionados apresentavam a

habilitação mínima exigida pelo Exército Brasileiro e a outra metade possuía um

habilitação geral superior ao mínimo exigido. Já no gráfico 2 fica mais fácil de

perceber que os militares brasileiros percebem a Expressão Oral como a habilidade

mais importante, dado este confirmado pelo gráfico 3.

! GRÁFICO 1 – Nível de habilitação dos instrutores brasileiros no momento da seleção para a missão. Fonte: O autor

Baseado na experiência vivida na Argentina, que nível de habilitação mínima,

no idioma espanhol, o senhor julga como ideal para o bom cumprimento da missão

(ex: 3311).

GRÁFICO 2 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre o nível de habilitação mínima , no idioma espanhol para cumpri a missão de instrutor brasileiro na Argentina.

Fonte: O autor

8%

42%50% 2122 2222 3333

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Dentro da mesma ideia do item anterior, classifique, em ordem de

importância, as habilidades linguísticas que devem ser mais dominadas pelos

instrutores brasileiros na Argentina.

GRÁFICO 3 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a habilidade linguística mais importante requerida para um instrutor brasileiro na Argentina.

Fonte: O autor

Em seguida, podemos observar, nos gráficos 4 e 5, a consonância de

informações prestadas pelos oficiais brasileiros na função de instruendo:

!GRÁFICO 4 – Nível de habilitação dos instruendos brasileiros no momento da seleção para a missão. Fonte: O autor

75%

25% Compreensão auditivaExpressão OralCompreensão LeitoraExpressão Escrita

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Baseado na experiência vivida na Argentina, que nível de habilitação mínima,

no idioma espanhol, o senhor julga como ideal para o bom cumprimento da missão

(ex: 3311).

GRÁFICO 5 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre o nível de habilitação mínima , no idioma espanhol para cumpri a missão de instruendo brasileiro na Argentina.

Fonte: O autor

A partir deste resultado, comparei os dados com as informações prestadas

pelos oficiais argentinos que foram entrevistados. O Primeiro Tenente Patricio

Scarzella teve contato com instrutores brasileiros em Estabelecimentos de Ensino na

Argentina em três oportunidades: a primeira vez foi no ano 2013 (curso básico da

arma de infantaria), a segunda foi no ano 2015 (curso de paraquedista militar), e a

terceira foi no ano 2017 (curso de comandante de subunidades). O tenente

argentino afirmou que apesar de ser nítido que os militares brasileiros dominavam o

assunto ministrado, nas três oportunidades, possuíam um domínio básico da língua

espanhola, por isso, a interação era possível mas com dificuldade.

Quando comparamos as respostas do brasileiros com a opinião do tenente

argentino, percebemos que o emissor acredita que o receptor está lhe entendendo

bem, todavia, os discentes argentinos já vão para as instruções tendo ciência que o

idioma será um complicador na comunicação.

Como complemento a este ponto da discussão podemos verificar, segundo o

Instituto Cervantes, principal órgão de certificação do idioma espanhol no Brasil, que

o nível B2 do diploma DELE é o que mais se aproxima do requerido para a missão

de instrutor em Estabelecimentos de Ensino, com o idioma espanhol sendo a língua

nativa:

18%

27%55% 2122 2222 3333

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O diploma DELE nível B2 proporciona ao candidato a segurança de ter atingido um nível avançado de espanhol que lhe permite expressar-se e interagir com desenvoltura tanto a nível oral como escrito.Este diploma certifica a capacidade do usuário da língua para:

1. Relacionar-se com falantes nativos com o grau suficiente de fluência e naturalidade, de maneira que a comunicação não exija esforço por parte dos interlocutores.

2. Produzir textos claros e detalhados sobre diversos temas, assim como defender pontos de vista sobre temas gerais, indicando os prós e contras das distintas opções.

3. Entender as idéias principais de textos complexos que tratem de temas tanto concretos como abstratos, inclusive se são de caráter técnico, sempre que estejam dentro de seu campo de especialização.

Quando comparamos esta definição com a PORTARIA Nr 311-EME, DE 8 DE

AGOSTO DE 2017, Aprova a Diretriz para o Sistema de Ensino de Idiomas e

Certificação de Proficiência Linguística do Exército (EB20-D-01.020), 2a Edição,

2017, concluímos que o militar selecionado para a missão de instrutor,

provavelmente, conseguirá transmitir sua mensagem, e consequentemente fazer

uma melhor projeção da imagem do Brasil e do Exército Brasileiro, se o Índice de

Proficiência Linguística (IPL) deste militar ter o nível mínimo 3333; levando-se em

consideração que a missão primordial de um instrutor é relacionar-se com os

instrumentos de maneira que a comunicação não exija esforço por parte dos

interlocutores.

Outro ponto que este trabalho buscou verificar, dentro do objetivo específico

de apresentar as capacidades técnico-profissionais necessárias para o militar

escalado conseguir atuar neste tipo de missão, foi a influência da experiência

anterior como instrutor em Estabelecimentos de Ensino e/ou Centros de Instrução no

Brasil.

A formação dos oficiais combatentes brasileiros na Academia Militar das

Agulhas Negras (AMAN) apresenta uma carga horária que habilita, por si só, o

militar a exercer a função de instrutor, fato este que é materializado com a atuação

como instrutor nos corpos de tropa (excetuando raras exceções). Todavia, a

experiência como instrutor nomeado em um Estabelecimento de Ensino e/ou em um

Centro de Instrução, com todas as suas nuances especializa este militar a exercer

esta função de forma específica, e serve de base para a atuação em outras

organizações militares (OM) com este viés, sendo estas OM situadas no Brasil ou no

exterior.

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! 16

O gráfico 6 nos mostra a variedade de Estabelecimentos de Ensino e /ou

Centros de Instrução que servem de base para a seleção do pessoal capacitado

para cumprir este tipo de missão, sendo que há uma leve vantagem para os

Estabelecimentos de Ensino responsáveis pela formação do combatente de carreira

no Brasil (AMAN, EsPCEx e ESA). Já o gráfico 7 deixa evidente que os militares

selecionados possuem, de maneira quase unânime, que a experiência anterior como

instrutor é um grande facilitador para o bom cumprimento deste tipo de missão.

Antes de ser selecionado para a missão no exterior, o senhor já havia servido

como instrutor em algum Estabelecimento de Ensino e/ou Centro de Instrução no

Brasil? Se sim, qual/quais?

GRÁFICO 6 – Estabelecimentos de Ensino e/ou Centros de Instrução que a amostra serviu antes de ser selecionado para a missão estudada.

Fonte: O autor

Para melhor cumprir as atribuições de instrutor em outros países, o senhor

acha que a experiência anterior como instrutor em algum Estabelecimento de Ensino

e/ou Centro de Instrução no Brasil é:

GRÁFICO 7 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a importância da experiência anterior como instrutor no Brasil antes de ser instrutor em outro país.

Fonte: O autor

8%8%

8%

8%8%

8%8%

8%

33%

AMANEsPCExESACIOpEspCI PQDT GPBEsAOEsFCExCPORCFS - 1 ano ESA

8%

58%

33% IndispensávelAuxilia muitoAuxilia poucoDispensável

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! 17

Considerando as informações prestadas pela amostra da pesquisa, podemos

concluir que um dos requisitos básicos para que qualquer militar seja selecionado

para uma missão de instrutor em Estabelecimentos de Ensino em outro país, é que

este mesmo militar tenha sido instrutor em algum Estabelecimento de Ensino ou

Centro de Instrução no Brasil.

Dada a importância deste tipo de missão para a projeção da Força Terrestre

no âmbito internacional, este artigo científico também teve como preocupação, a

coleta de dados sobre a preparação exigida após o militar ser selecionado para a

missão: exigência de curso e/ou estágio coordenado pelo Exército Brasileiro, e local

de realização (caso houvesse); quais os objetivos da missão; quais documentações

regem a missão; e a atuação como ator da diplomacia militar.

Ao observar os gráficos 8 e 9 concluímos, sem delongas, que existe um único

estágio de preparação para este tipo de missão, que não contempla todos os

militares selecionados(não é uma exigência obrigatória), sendo que este estágio tem

como foco, único, a imersão no idioma nativo do país de destino, e que está a cargo

do Centro de Estudos de Pessoal (CEP).

Após ser selecionado para a missão, existiu algum tipo de preparação prévia

(curso/estágio), coordenada pelo Exército Brasileiro, antes da chegada na

Argentina?

GRÁFICO 8 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a realização de preparação prévia, coordenada pelo Exército Brasileiro, antes da chegada na Argentina.

Fonte: O autor

50% 50% SIM NÃO

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! 18

!GRÁFICO 9 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre o local de realização, quando existiu, de curso/estágio com o objetivo de preparação prévia. Fonte: O autor

Neste ponto da pesquisa é válido relembrar que este tipo de missão está

inserida em um contexto mais amplo, a troca de experiências entre os exércitos de

Brasil e Argentina atende um dos objetivos do Acordo Quadro de Cooperação em

Matéria de Defesa entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina,

que é uma consequência do Compromisso de Puerto Iguazu, acordo bilateral entre

Brasil e Argentina assinado em 30 de novembro de 2005. Ao avaliarmos os gráficos

10 e 11 fica visível que os militares selecionados não tem a real dimensão do

contexto que estão inseridos, principalmente quando verificamos a quantidade de

respostas diferentes no gráfico 11; e ao mesmo tempo também percebemos que os

esforços individuais que estes militares tem feito estão contribuindo para o sucesso

da missão do escalão superior, mesmo sem que fossem direcionados para

cumprirem estes objetivos.

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! 19

!

GRÁFICO 10 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a orientação recebida em relação aos objetivos da missão.

Fonte: O autor

!

GRÁFICO 11 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre quais eram os objetivos da missão.

Fonte: O autor

Em complemento os objetivos da missão, foi perguntado para a amostra se

existe ou não uma documentação que permeia a atuação do instrutor brasileiro em

outros países (gráfico 12), e da mesma forma da análise anterior, a maioria das

respostas foi de que não existe este tipo de documentação.

Page 21: ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF DIEGO … Cienti... · A relação entre o Brasil e a Argentina teve início logo após a independência dos dois países. O século

! 20

!

GRÁFICO 12 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a existência de documentação que permeia a missão.

Fonte: O autor

Diferente dos últimos gráficos analisados, o gráfico 13 nos mostra uma

unanimidade dentro da amostra, todos informaram que foram orientados quanto a

atuação como ator da diplomacia militar.

Dentro do contexto em que o instrutor do Exército Brasileiro está

representando o Brasil em solo estrangeiro, ocorre alguma orientação de como se

portar como ator da diplomacia militar?

GRÁFICO 13 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a atuação do militar selecionado como ator da diplomacia militar.

Fonte: O autor

As duas últimas questões tiveram como foco a atuação prática do instrutor

brasileiro na Argentina. Durante as entrevistas com os oficiais argentinos foi

informado que os instrutores brasileiros, em sua maioria, tem como uma de suas

obrigações ministrar instruções cuja base doutrinária pertence ao Exército Argentino.

Tal informação foi confirmada pela amostra no gráfico 14. Apesar deste tipo de

100%

SIM NÃO

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! 21

atuação atingir quase todos os militares selecionados, não ocorre uma preocupação

evidente com esta questão, tanto por parte do Exército Brasileiro como do Exército

Argentino, ficando esta preparação, na maioria das vezes, a cargo do militar

selecionado para este tipo de missão (gráfico 15).

!

GRÁFICO 14 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a atuação do militar selecionado como ator da diplomacia militar.

Fonte: O autor

!

GRÁFICO 15 – Opinião da amostra, em valores percentuais, sobre a atuação do militar selecionado como ator da diplomacia militar.

Fonte: O autor

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! 22

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto às questões de estudo e objetivos propostos no início deste trabalho,

conclui-se que a presente investigação atendeu ao pretendido, ampliando a

compreensão sobre a a influência positiva na imagem do Brasil causada pelos

instrutores do Exército Brasileiro, como atores da diplomacia militar, nos

Estabelecimentos de Ensino na Argentina.

A revisão de literatura possibilitou entender toda evolução histórica da relação

Brasil - Argentina, passando por alguns momentos ruins, mas de forma geral,

mesmo com a natural disputa pelo protagonismo sulamericano, este relacionamento

é muito bom. Vale lembrar que alguns setores específicos dos dois países, como as

Forças Armadas, já possuíam uma aproximação mais latente, oque facilitou uma

aproximação mais formal das duas nações, com a criação do Mercosul no início da

década de 1990.

A entrevista com os oficiais argentinos trouxe uma visão distinta do esperado

no início da pesquisa. Ficou claro nas entrevistas, que os militares argentinos

admiram muito o Exército Brasileiro e isto se deve, em grande parte, pela excelente

trabalho pelos instrutores brasileiros naquele país. Todavia, diferente do que os

próprios instrutores alegam, a comunicação docente (brasileiro) - discente

(argentino) não ocorre de forma efetiva, pois o informado pelos oficiais argentinos é

que o domínio básico do idioma, pelos instrutores brasileiros, dificulta a interação

entre as partes.

Ademais, os questionários respondidos pelos oficiais brasileiros que atuaram

como instruendos na Argentina vai ao encontro do que foi respondido pelos oficiais

argentinos, tanto na questão da admiração que os militares brasileiros provocam em

nossos vizinhos, quanto no que tange a dificuldade na comunicação entre as partes,

devido ao domínio básico do idioma espanhol, pelos instrutores brasileiros.

Já nos questionários apresentado pela amostra de oficiais instrutores

brasileiros pode-se observar alguns pontos muito interessantes: o oficial brasileiro

acredita que sua comunicação é efetiva, no entanto, isto diverge do pronunciado

pelo público alvo; a atuação anterior como instrutor no Brasil é de fundamental

importância para o bom cumprimento da missão; os objetivos da missão, apesar de

estarem sendo cumpridos, não são claros; os militares brasileiros são bem

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! 23

orientados quanto a atuação com atores da diplomacia militar; e, uma das

responsabilidades dos militares brasileiros é ministrar instruções sobre a doutrina

argentina, e essa preparação não ocorre de maneira prévia, e sim, já na Argentina,

com responsabilidade individual do militar brasileiro.

Conclui-se, portanto, que os oficiais brasileiros que atuam como instrutores na

Argentina, estão trabalhando de maneira formidável. Todavia, provavelmente, este

papel poderia ser ainda mais ampliado com um melhor domínio do idioma espanhol,

um estudo prévio sobre as distinções doutrinárias do Exército Argentino e uma

melhor elucidação dos objetivos que o Brasil espera que estes militares cumpram.

No entanto, mesmo diante destas oportunidades de melhoria, os militares brasileiros

vem desenvolvendo o papel esperado, e aumentado a influência positiva da imagem

do Brasil, e do Exército Brasileiro, atuando como atores da diplomacia militar, nos

Estabelecimentos de Ensino na Argentina.

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! 24

ANEXO A – ENTREVISTA DISTRIBUÍDA AOS OFICIAS ARGENTINOS QUE

CURSAM, EM 2019, O CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS (CAO),

FASE PRESENCIAL.

ENTREVISTA COM OFICIAIS ARGENTINOS

O presente instrumento é parte integrante da especialização em Ciências

Militares do Cap Inf Diego Róz Marcilio, cujo tema é A influência positiva na imagem

do Brasil causada pelos instrutores do Exército Brasileiro, como atores da

diplomacia militar, em Estabelecimentos de Ensino na Argentina. Pretende-se,

através da compilação dos dados coletados, fornecer subsídio para um

direcionamento mais preciso sobre o papel dos instrutores do Exército Brasileiro em

países das Nações Amigas. A fim de conhecer as possibilidades de atuação dos

militares encarregados deste tipo de missão, o senhor foi selecionado, dentro de um

amplo universo, para responder as perguntas deste questionário. Solicito- vos a

gentileza de respondê-lo o mais completamente possível.

A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a

pesquisa, colaborando nos estudos referentes ao refinamento dos objetivos a serem

atingidos pelos militares selecionados para representar o Exército Brasileiro, como

instrutores, em outros países. Será muito importante, ainda, que o senhor

complemente, quando assim o desejar, suas opiniões a respeito do tema e do

problema.

Desde já agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para

esclarecimentos através dos seguintes contatos:

Diego RÓZ Marcilio (Capitão de Infantaria – AMAN 2010)

E-mail: [email protected]

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO!

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! 25

IDENTIFICAÇÃO

1. Posto/graduação, nome completo e identificar o nome de guerra.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

QUESTIONAMENTOS

2. O senhor teve contato com instrutores brasileiros na Argentina?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Em que momentos de sua carreira, como discente, você teve contatos com

instrutores brasileiros?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4. Em relação ao idioma, de forma geral, os instrutores brasileiros apresentavam

domínio sobre o idioma espanhol, de maneira que a interação docente-discente

fosse efetiva?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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! 26

5. Os instrutores brasileiros que você teve contato demonstavam domínio sobre

as matérias que ministravam?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6. Sabendo que uma assunto seria ministrado por um instrutor brasileiro, como

era a expectativa dos discentes em relação à qualidade da instrução?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7. O senhor gostaria de acrescentar alguma consideração sobre o estudo?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Obrigado pela participação.

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! 27

ANEXO B – QUESTIONÁRIO DISTRIBUÍDO À AMOSTRA SELECIONADA ACERCA

DA ATUAÇÃO COMO INSTRUTOR NOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA

ARGENTINA.

QUESTIONÁRIO PARA OS INSTRUTORES

O presente instrumento é parte integrante da especialização em Ciências

Militares do Cap Inf Diego Róz Marcilio, cujo tema é A influência positiva na

imagem do Brasil causada pelos instrutores do Exército Brasileiro, como

atores da diplomacia militar, em Estabelecimentos de Ensino na Argentina.

Pretende-se, através da compilação dos dados coletados, fornecer subsídio para um

direcionamento mais preciso sobre o papel dos instrutores do Exército Brasileiro em

países das Nações Amigas. A fim de conhecer as possibilidades de atuação dos

militares encarregados deste tipo de missão, o senhor foi selecionado, dentro de um

amplo universo, para responder as perguntas deste questionário. Solicito-vos a

gentileza de respondê-lo o mais completamente possível.

A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a

pesquisa, colaborando nos estudos referentes ao refinamento dos objetivos a serem

atingidos pelos militares selecionados para representar o Exército Brasileiro, como

instrutores, em outros países. Será muito importante, ainda, que o senhor

complemente, quando assim o desejar, suas opiniões a respeito do tema e do

problema.

Desde já agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para

esclarecimentos através dos seguintes contatos:

Diego RÓZ Marcilio (Capitão de Infantaria – AMAN 2010)

E-mail: [email protected]

IDENTIFICAÇÃO

1.Qual seu posto atual? ( ) Maj ( ) Cap

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO!

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! 28

2.Em que ano atuou como instrutor na Argentina? ___________________________________________________

3.Em qual Estabelecimento de Ensino da Argentina o senhor serviu? ___________________________________________________

4.Qual função o senhor exerce/exercia? ___________________________________________________

ASPECTOS DO IDIOMA

5.No momento em que o senhor foi selecionado, qual habilitação, no idioma espanhol, o senhor possuía?

( ) 2122 ( ) 2222 ( ) 3333 ( ) Outra:______________________

6.Baseado na experiência vivida na Argentina, que nível de habilitação mínima, no idioma espanhol, o senhor julga como ideal para o bom cumprimento da missão (ex: 3311).

( ) 2122 ( ) 2222 ( ) 3333 ( ) Outra:______________________

7.Dentro da mesma ideia do item anterior, classifique, em ordem de importância, as habilidades linguísticas que devem ser mais dominadas pelos instrutores brasileiros na Argentina.

( ) Compreensão auditiva ( ) Expressão oral ( ) Compreensão leitora ( ) Expressão escrita

EXPERIÊNCIAS ANTERIORES NA ÁREA DE INSTRUÇÃO

8.Antes de ser selecionado para a missão no exterior, o senhor já havia servido como instrutor em algum Estabelecimento de Ensino e/ou Centro de Instrução no Brasil? Se sim, qual/quais?

( ) AMAN ( ) EsPCEx ( ) ESA ( ) Outro:______________________

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! 29

9.Para melhor cumprir as atribuições de instrutor em outros países, o senhor acha que a experiência anterior como instrutor em algum Estabelecimento de Ensino e/ou Centro de Instrução no Brasil é:

( ) Indispensável ( ) Ajuda muito ( ) Ajuda pouco ( ) Dispensável

PREPARAÇÃO ANTES DA MISSÃO

10.Após ser selecionado para a missão, existiu algum tipo de preparação prévia (curso/estágio), coordenada pelo Exército Brasileiro, antes da chegada na Argentina?

( ) SIM ( ) NÃO

11.Caso a resposta do item anterior tenha sido positiva, qual preparação prévia foi realizada?

( ) Estágio de Idiomas no Centro de Estudos de Pessoal (CEP) ( ) Outro:______________________________________

12.O militar brasileiro é orientado em quais objetivos devem ser alcançados durante a missão?

( ) SIM ( ) NÃO

13. Quais os objetivos a serem alcançados durante a missão? ( ) Objetivos:___________________________________ ( ) Os objetivos da missão não são claros.

14.Existe alguma documentação que permeia a atuação do instrutor brasileiro na Argentina, ou em outros países?

( ) SIM ( ) NÃO

15.Dentro do contexto do instrutor do Exército Brasileiro estar representando o Brasil em solo estrangeiro, ocorre alguma orientação de como se portar como ator da diplomacia militar?

( ) SIM ( ) NÃO

ATUAÇÃO DURANTE A MISSÃO

16.Durante o período de atuação, o instrutor brasileiro tem como incumbência ministrar instruções cuja base doutrinária pertence ao Exército Argentino?

( ) SIM ( ) NÃO

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! 30

17. Caso a resposta do item anterior tenha sido afirmativa, como é realizada a adequação (preparação) intelectual co instrutor brasileiro?

( ) Coordenada pelo Exército Brasileiro ( ) Coordenado pelo Exército Argentino ( ) O militar brasileiro deve preparar-se individualmente.

FECHAMENTO

18.O Sr. gostaria de acrescentar alguma consideração sobre o presente estudo? ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

Obrigado pela participação.

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! 31

ANEXO C – QUESTIONÁRIO DISTRIBUÍDO À AMOSTRA SELECIONADA ACERCA

DA ATUAÇÃO COMO INSTRUENDO NOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA

ARGENTINA.

QUESTIONÁRIO PARA OS INSTRUENDOS

O presente instrumento é parte integrante da especialização em Ciências

Militares do Cap Inf Diego Róz Marcilio, cujo tema é A influência positiva na

imagem do Brasil causada pelos instrutores do Exército Brasileiro, como

atores da diplomacia militar, em Estabelecimentos de Ensino na Argentina.

Pretende-se, através da compilação dos dados coletados, fornecer subsídio para um

direcionamento mais preciso sobre o papel dos instrutores do Exército Brasileiro em

países das Nações Amigas. A fim de conhecer as possibilidades de atuação dos

militares encarregados deste tipo de missão, o senhor foi selecionado, dentro de um

amplo universo, para responder as perguntas deste questionário. Solicito-vos a

gentileza de respondê-lo o mais completamente possível.

A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a

pesquisa, colaborando nos estudos referentes ao refinamento dos objetivos a serem

atingidos pelos militares selecionados para representar o Exército Brasileiro, como

instrutores, em outros países. Será muito importante, ainda, que o senhor

complemente, quando assim o desejar, suas opiniões a respeito do tema e do

problema.

Desde já agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para

esclarecimentos através dos seguintes contatos:

Diego RÓZ Marcilio (Capitão de Infantaria – AMAN 2010)

E-mail: [email protected]

IDENTIFICAÇÃO

1.Qual seu posto atual? ( ) Cap ( ) Ten

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO!

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! 32

2.Em que ano foi aluno em Estabelecimento de Ensino na Argentina? ___________________________________________________

3.Em qual Estabelecimento de Ensino da Argentina o senhor serviu? ___________________________________________________

4.Em que curso foi aluno? ___________________________________________________

5.No momento em que o senhor foi selecionado, qual habilitação, no idioma espanhol, o senhor possuía?

( ) 2122 ( ) 2222 ( ) 3333 ( ) Outra:______________________

INSTRUTORES BRASILEIROS

6.O senhor teve contato com instrutores brasileiros na Argentina? ________________________________________________

7.Em relação ao idioma, de forma geral, os instrutores brasileiros apresentavam domínio sobre o idioma espanhol, de maneira que a interação docente-discente fosse efetiva?

( ) SIM ( ) NÃO

8.Baseado na experiência vivida na Argentina, que nível de habilitação mínima, no idioma espanhol, o senhor julga como ideal para o bom cumprimento da missão de instrutor? (ex: 3311).

( ) 2122 ( ) 2222 ( ) 3333 ( ) Outra:______________________

9.Dentro da mesma ideia do item anterior, classifique, em ordem de importância, as habilidades linguísticas que devem ser mais dominadas pelos instrutores brasileiros na Argentina.

( ) Compreensão auditiva ( ) Expressão oral ( ) Compreensão leitora ( ) Expressão escrita

10.Você participou de alguma instrução, com base doutrinária argentina, ministrada por instrutor brasileiro?

( ) SIM ( ) NÃO

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! 33

11.Caso a resposta do item anterior tenha sido positiva, o instrutor brasileiro demonstrava domínio sobre o assunto ministrado?

( ) SIM ( ) NÃO

12.Sabendo que uma assunto seria ministrado por um instrutor brasileiro, como era a expectativa dos discentes argentinos em relação à qualidade da instrução versus compreensão do idioma?

( ) O conteúdo seria muito interessante e de fácil compreensão ( ) O conteúdo seria muito interessante mas de difícil compreensão ( ) O conteúdo não seria interessante apesar de fácil compreensão ( ) O conteúdo não seria interessante nem de fácil compreensão

13.Dentro do contexto de que o instrutor do Exército Brasileiro nos Estabelecimentos de Ensino da Argentina, atuando como ator da diplomacia militar, está representando o Brasil em solo estrangeiro; o senhor acredita que esta atuação tem contribuído para o aumento da influência positiva na imagem do Brasil?

( ) SIM ( ) NÃO

FECHAMENTO

14.O Sr. gostaria de acrescentar alguma consideração sobre o presente estudo? ___________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Obrigado pela participação.

Page 35: ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF DIEGO … Cienti... · A relação entre o Brasil e a Argentina teve início logo após a independência dos dois países. O século

! 34

ANEXO D – SOLUÇÃO PRÁTICA.

SOLUÇÃO PRÁTICA

I – FINALIDADE

Apresentar uma Solução Prática acerca do presente trabalho, propiciando

condições do aproveitamento da pesquisa em prol dos objetivos da Força Terrestre

ou mesmo que se siga como lição aprendida.

II – ANÁLISE

A presente pesquisa concluiu que “... os oficiais brasileiros que atuam como

instrutores na Argentina, estão trabalhando de maneira formidável. Todavia,

provavelmente, este papel poderia ser ainda mais ampliado com um melhor domínio

do idioma espanhol, um estudo prévio sobre as distinções doutrinárias do Exército

Argentino e uma melhor elucidação dos objetivos que o Brasil espera que estes

militares cumpram...” Desta forma o militar da ponta da linha deve ter o foco, no

intuito de aumentar a influência positiva da imagem do Brasil, e do Exército

Brasileiro.

III - CONCLUSÃO

Para que a influência positiva da imagem do Brasil, e do Exército Brasileiro

seja ampliada é importante que:

- O nível de cobrança do idioma, para que o militar seja selecionado para a missão

de instrutor deve ser aumentado. No idioma espanhol, dentro das definições do

Instituto Cervantes o IPL ideal é o 3333, sendo aceitável o IPL 2222; em detrimento

do 2122 que atualmente serve como critério de seleção;

- A execução do Estágio de Idiomas do CEP para todos os militares selecionados,

dando a oportunidade de imersão no idioma e a correção de vícios de linguagem

ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO!

Page 36: ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF DIEGO … Cienti... · A relação entre o Brasil e a Argentina teve início logo após a independência dos dois países. O século

! 35

adquiridos anteriormente. Atualmente este estágio não contempla todos os militares

selecionados para este tipo de missão;

- Experiência como instrutor de Estabelecimento de Ensino no Brasil deve ser um

critério obrigatório para este tipo de missão. De preferência que o militar tenha

trabalhado ministrando instruções, em contrapartida aos militares que serviram em

Estabelecimentos de Ensino mas em funções complementares;

- Juntamente com o Estágio de Idiomas do CEP, pode ser muito proveitoso, a

adequação dos conhecimentos militares para a doutrina argentina antes do início da

missão. Fato este que não ocorre atualmente; o militar selecionado só tem contato

com as peculiaridades daquele país quando chega na Argentina;

- O objetivos que o Brasil espera do militar selecionado, como ator da diplomacia

militar, podem ser melhor elucidados através da criação de uma cartilha (ou outro

documento similar) específica para a missão, detalhando o histórico da missão até a

atual relação entre as nações envolvidas e a importância da missão em uma visão

mais macro; e,

- A confecção de relatórios é primordial para que não haja interrupção do ciclo de

produção do conhecimento, portanto, deve ser obrigatório.

Page 37: ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAP INF DIEGO … Cienti... · A relação entre o Brasil e a Argentina teve início logo após a independência dos dois países. O século

! 36

REFERÊNCIAS

______. Consenso de Buenos Aires. Buenos Aires, 16 out. 2003. Disponível em: <http://www2.mre.gov.br/dai/b_argt_385_5167.htm>. Acesso em: 20 MAR.2019.

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