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ESCOLA E INCLUSÃO: DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO
Autora: Maria Lucia.Pacheco Salamanca Coelho1
Orientadora: Lucia Terezinha Zanato Tureck2
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar reflexões sobre a inclusão escolar, trazendo assuntos fundamentados em referenciais teóricos para os desafios e dificuldades decorrentes da pluralidade e diversidade do contexto inclusivo. A importância de discutir este tema justificase pelo fato de que a inclusão escolar não é uma realidade em todas as escolas, pois, é uma temática atual, decorrente das mudanças que aconteceram principalmente nas duas últimas décadas, quando as legislações passaram a garantir o direito de acesso e permanência a todos os alunos que queiram frequentar o ensino regular, independente das necessidades educacionais que apresentam. Portanto, é algo sobre o que a escola e os profissionais da educação têm muito que aprimorar na prática docente, evidenciando a importância do entendimento e pesquisa sobre este assunto. O Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, possibilitou esta reflexão na escola como espaço de formação da equipe escolar e discussão no Grupo de Trabalho em Rede GTR. A metodologia usada foi de análise e debate de textos científicos e documentos legais, bem como a elaboração de propostas pedagógicas inclusivas, proporcionando ao grupo de professores uma reflexão sobre a inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais e a proposição de ampliação das práticas pedagógicas, articuladas com rede de apoio intersetorial.
PALAVRASCHAVE: Inclusão escolar; referenciais teóricos; formação de professores; atendimento educacional especializado; rede de apoio.
1 Professora da disciplina de Geografia, no Colégio Estadual Antônio José Reis – Ensino Fundamental e Médio. 2 Mestre em Educação (UEM), Licenciada em Pedagogia (UEPG), Membro do Colegiado do Curso de Pedagogia da UNIOESTE, campus Cascavel, Paraná. Leciona a disciplina de Fundamentos da Educação Especial.
INTRODUÇÃO:
Este artigo foi elaborado a partir do trabalho de pesquisa bibliográfica e da
implementação pedagógica em forma de curso de Formação de Professores para a
Educação Inclusiva como atividade de extensão do Programa Institucional de Ações
Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais – PEE, da Unioeste, em
articulação com o Programa de Desenvolvimento da Educação PDE, da SEED/PR,
no qual a Unioeste participa com a orientação científica aos professores estaduais.
O Curso destinouse a professores da rede estadual de ensino buscando
contextualizar a discussão a partir das concepções e formas de tratamento
historicamente postas às pessoas com deficiência, os processos de ensino
aprendizagem, a fundamentação teórica da Psicologia HistóricoCultural, a
legislação e documentos normativos da educação inclusiva e propostas de práticas
pedagógicas inclusivas, articuladas com rede de apoio intersetorial. Escolhemos
falar de inclusão, pois as pessoas com necessidades especiais vivenciaram a sua
negação em toda a história e somente no final do século XX conseguiram que as
nações pensassem nelas num contexto de direito. O direito, e não a obrigatoriedade,
à educação dos educandos com necessidades especiais está garantido em
inúmeros documentos, dentre eles: Constituição Federal de 1988, em seu artigo 208;
Lei nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN;
Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a Construção de Currículos
Inclusivos da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (2006); Lei nº 8069/90
Estatuto da Criança e do Adolescente; Declaração de Salamanca (1994) e inúmeros
outros. O Ministério da Educação, por intermédio da então Secretaria de Educação
Especial, considerando documentos que estabelecem o direito a uma educação
inclusiva baseada em direitos humanos, lançou a Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a). Após o Decreto nº
6.571, de 18 de setembro de 20083, o Conselho Nacional de Educação CNE
3 O Decreto nº 6.571/2008 foi revogado pelo Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, o qual mantém a dupla matrícula, assim como, amplia as normativas para o Atendimento Educacional
instituiu as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento
Educacional Especializado – AEE na educação básica (BRASIL, 2009),
regulamentandoo. A legislação é explícita quanto à obrigatoriedade em acolher e
matricular todos os alunos, independente de suas necessidades ou diferenças. Por
outro lado, é importante ressaltar que não é suficiente apenas esse acolhimento,
mas que o aluno com necessidades educacionais especiais tenha condições efetivas
de aprendizagem e desenvolvimento de suas potencialidades. Desta forma, é
necessário e urgente, que os sistemas de ensino se organizem para que além de
assegurar essas matrículas, assegurem também a permanência de todos os alunos,
sem perder de vista a intencionalidade pedagógica e a qualidade do ensino.
Considerando que os fundamentos teóricometodológicos da Educação Inclusiva
baseiamse numa concepção de educação de qualidade para todos e no respeito à
diversidade, é imprescindível uma participação mais qualificada dos educadores
para o atendimento das necessidades educativas de todos os alunos, com ou sem
deficiências. Infelizmente, o despreparo dos professores figura entre os obstáculos
mais citados para a educação inclusiva. É nos termos apresentados que o presente
trabalho busca, através de fundamentação teórica e metodológica, compreender a
educação inclusiva, possibilitando a reflexão da escola quanto à prática pedagógica
no processo ensino aprendizagem na seguinte sequência: 1)Levantamento junto
aos professores, quanto às dificuldades do processo inclusivo. 2) Fundamentação
teórica dos temas abordados nos encontros; 3) Análise e resultados da
realização do curso.
1 LEVANTAMENTO JUNTO AOS PROFESSORES QUANTO ÀS DIFICULDADES
DO PROCESSO INCLUSIVO:
Ao propor que a implementação pedagógica para a escola seria em forma de
curso com o tema “Inclusão escolar de alunos com necessidades especiais", a
direção da escola foi muito receptiva em relação à temática escolhida e a proposta
Especializado.
de trabalho. E por isso possibilitou que o primeiro encontro fosse num momento de
espaço de formação previsto no calendário escolar com a presença de todos os
professores, entendendo ser um assunto de muita relevância. E, como ponto de
partida do trabalho, os professores responderam a um questionário que pedia para
apontar em sua prática pedagógica suas dificuldades em relação à inclusão, a
metodologia que já usam a importância da interação com os responsáveis pelo aluno
e o que conhecem sobre as redes de apoio. A mesma dinâmica foi proposta ao
Grupo de Trabalho em Rede GTR, e as respostas foram semelhantes, o item
dificuldades foi manifestado com muita ênfase e angústia, e as respostas foram
semelhantes e ressaltaram: não estarem preparados para atender alunos com
necessidades especiais; falta de capacitação; superlotação das salas; insegurança;
falta de material adequado e tempo para preparar materiais específicos;
preocupação com o rendimento escolar dos demais alunos; falta de conhecimento;
interpretar qual é a dificuldade individual; falta de orientação; conseguir ensinar;
mostrar os conteúdos respeitando as diferenças de cada grupo. Mas ao apontarem
as metodologias já usadas quando tem alunos inclusos, as respostas foram
surpreendentes e a maioria já utilizam de algumas metodologias diferenciadas que
propiciam uma condição de interação aos alunos inclusos como mostram as
respostas: atividades lúdicas; diálogo; socialização; incentivo; recursos audiovisuais;
materiais concretos; linguagem simples; socializar conhecimento tendo os alunos
como monitores; atividades diferenciadas; fazer atendimentos individualizados;
trabalhos em grupos; despertar a curiosidade e o interesse com exposição do
conteúdo de forma mais dinâmica; posicionálos na sala de acordo com suas
necessidades; tempo maior para realização das atividades propostas; atividades
diferenciadas e integradoras; regras adaptadas; dinâmicas de aceitação. Também
compreendem a interação com os responsáveis pelos alunos como de extrema
importância e apontam que devemos pedir à família auxílio no sentido de apoiar e
incentivar seu filho quanto à persistência nos estudos; responsabilidade; afetividade;
participação na escola; procurar atendimentos especializados. Em relação ao papel
das redes de apoio os professores manifestaram como sendo muito importante, pois
a grande maioria não sabe como lidar com os alunos e muitas vezes não aceitam a
deficiência o que dificulta os encaminhamentos e assistência no que for necessário;
os encaminhamentos são feitos pela escola, porém os atendimentos particulares são
caros e os públicos são muito demorados. Isto mostra que compreendem como
importante, porém, fica claro que o grupo ainda não tem conhecimento da área de
abrangência da mesma e o suporte que pode dar ao aluno, a família, ao professor e
a escola. A partir desta discussão, buscamos nos referenciais teóricos suporte para
compreendermos porque a inclusão escolar está acontecendo e como está
acontecendo.
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DOS TEMAS ABORDADOS NOS
ENCONTROS:
Ao longo da história, as pessoas com deficiência, como também outros
grupos desviantes do padrão aceito pela sociedade, passaram por vários estágios
de tratamento, decorrentes das concepções possíveis e existentes em cada época, e
Carvalho (2009) situa: extermínio / abandono (nas sociedades primitivas e
escravistas); institucionalização (em asilos, manicômios e institutos há mais de 500
anos, com o desenvolvimento da sociedade capitalista); integração (segunda metade
do século XX, em escolas especiais entidades assistenciais e centros de
reabilitação) e inclusão (final do século vinte, onde a pessoa com deficiência tem
direito à convivência não segregada).
Da análise histórica, observamos que as pessoas com deficiência e com
necessidades educacionais especiais passaram da condição de excluídos e
segregados para o direito de inclusão e participação em seu meio social.
No texto “Terminologia sobre deficiência na era da inclusão”, Sassaki (2003,
s/p), faz um resgate histórico que podemos assim esquematizar:
ÉPOCA TERMINOLOGIANo começo da história, durante séculos. Os inválidosSéculo XX até +ou – 1960 Os incapacitados (excepcionais)De + 1960 até +1980. “Os defeituosos”De 1981 até + 1987. “Pessoas deficientes”De + 1988 até +1993. Pessoas portadoras de deficiência.
De + 1990 até hoje. Pessoas com necessidades especiais.
Pessoas especiaisEm maio de 2002. Portadores de direitos especiaisDe + 1990 até hoje e além. “Pessoas com deficiência”
Segundo o autor, os tratamentos e terminologias referentes às pessoas com
deficiência fazem parte da maneira como a sociedade as vê em cada momento
histórico e justifica que jamais houve ou haverá um único termo correto para
denominar os deficientes. O tema inclusão compreende a ideia de uma população
excluída, exclusão esta construída em favor dos interesses da sociedade capitalista.
Em cada momento histórico este discurso é divulgado pela mídia reforçando o
interesse da classe dominante, que detém o poder em todas as instâncias. No
momento atual, as escolas vivem a inclusão dos alunos com necessidades
educacionais especiais na rede regular de ensino. Respaldando este momento
trazemos observações de alguns pesquisadores sobre o assunto.
A educação especial, no discurso e nas ações dos educadores e pesquisadores, tem enfrentado uma luta grande e corajosa... diante de ações ainda limitadas do poder público... há uma enorme probabilidade de inversões enquanto a lógica capitalista neoliberal permanecer sem ser tocada, sem ser alterada (PADILHA, 2007, p. 138 e 139).
Uma das coisas que mais me intriga no Brasil de hoje é o uso epidêmico da palavra “inclusão”. Ela está na mídia, no discurso político, em documento de Ministérios, de Secretarias estaduais e municipais e de organizações não governamentais: ela está na produção acadêmica e no senso comum. E intriga porque o uso acontece num momento cruel da história do capitalismo... (PATTO, 2008, p. 25 – grifo no original).
A luta em favor da inclusão é necessária e justa, porém não esconde a
ideologia capitalista que perpassa estes discursos. O discurso inclusivo e as
medidas tomadas para sua implantação não são uma iniciativa nacional, mas
integram um movimento de mobilizações internacionais ocorrido nas décadas finais
do século XX, mas que tem suas raízes na sociedade pósguerra. Essa mobilização
provocou a realização de várias conferências mundiais, das quais decorreram
documentos internacionais norteadores da política de inclusão social para os
governos nacionais. Apresentamos a seguir algumas das principais declarações:
Declaração Universal dos Direitos Humanos – publicada pela ONU em
1948. Assegura a todas as pessoas, independente da raça, cor, sexo, religião, sem
distinção nenhuma, os mesmos direitos à liberdade, a uma vida digna, à educação
fundamental, ao desenvolvimento e social, enfim à livre participação na vida em
comunidade;
Declaração Mundial Sobre Educação para Todos em Jomtiem, na
Tailândia, em 1990, em que apresenta a luta pelo acesso aos meios de satisfação
das necessidades básicas de aprendizagem de todos os cidadãos, sejam eles,
crianças, jovens e adultos.
Declaração de Salamanca – assinada em Salamanca, na Espanha, em
1994, resultante da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais,
promovida pela UNESCO, assegurando que a educação de pessoas com
deficiências seja parte integrante dos sistemas educacionais. Reconhecendo a
necessidade e urgência de providenciar a educação das pessoas com necessidades
especiais dentro do sistema regular de ensino;
Convenção de Guatemala – Convenção Interamericana para a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoa Portadora de Deficiência – na
Guatemala, em 1999, condena qualquer forma de discriminação, exclusão ou
restrição por causa da deficiência que impeça o exercício dos direitos das pessoas
com deficiência, inclusive à educação;
Convenção da ONU, lançada em 2006 e promulgada no Brasil pelo
Decreto Legislativo nº 138 O propósito da presente Convenção é promover,
proteger e assegurar o exercício pleno e eqüitativo de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito
pela sua dignidade inerente. Pessoas com deficiência são aquelas que têm
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.
Como país signatário desses documentos, o Brasil vem incluindo esses
princípios na legislação. Assim, a partir da Constituição de 1988, que em seu artigo
208 preconiza a freqüência do ensino regular aos alunos com deficiência, a
legislação infraconstitucional vem sendo reformulada dentro desses princípios de
direitos humanos, apesar de sua concretização não ocorrer na mesma proporção.
A regulamentação dos direitos constitucionais para pessoas com deficiência
é o conteúdo da lei nº 7.853/89, que além de definilos de forma mais explícita,
particularmente os direitos à educação, saúde, trabalho, criminaliza o preconceito e
instrui a atuação do Ministério Público.
A lei nº 8069/90, que constitui o Estatuto da Criança e do Adolescente, faz
valer o direito das crianças e adolescentes, no capítulo IV; no artigo 53, garantindo a
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº 9394/96, dedicou o
capítulo V à Educação Especial, garantindo aos alunos com necessidades especiais
o direito de matrícula na rede regular de ensino, serviço de apoio especializado e
currículos que atendam às suas necessidades.
Também a respeito da acessibilidade, duas leis estabelecem a amplitude da
questão, leis nº 10.048/2000 e nº 10.098/2000, regulamentadas pelo Decreto nº
5.296/2004.
Neste contexto, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a) vem definir a implantação, em todo território
nacional, dessa educação, indicando os procedimentos a serem tomados pelos
Estados e Municípios em suas redes escolares. Duas providências capitais foram
tomadas: uma inicialmente, com o Decreto nº 6.571/2008, que foi revogado pelo
Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, o qual mantém e amplia as
disposições a respeito do AEE, institui a dupla matrícula – na classe comum e no
AEE, e a outra diz respeito à regulamentação exarada pelo Conselho Nacional de
Educação, com o Parecer nº 13 e a Resolução nº 04/2009, e pela própria Secretaria
de Educação Especial do MEC, na Nota Técnica nº 9/2010.
Anteriormente, no Estado do Paraná, a Secretaria Estadual de Educação
publicou as “Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a Construção de
Currículos Inclusivos” (PARANÁ, 2006), que preconiza:
O desafio da participação e aprendizagem, com qualidade, dos alunos com necessidades educacionais especiais, seja em escolas regulares, seja em escolas especiais, exige da escola a prática da flexibilização curricular que se concretiza na análise da adequação de objetivos propostos, na adoção de metodologias alternativas de ensino, no uso de recursos humanos, técnicos e materiais específicos, no redimensionamento do tempo e espaço escolar, entre outros aspectos, para que esses alunos exerçam o direito de aprender em igualdade de oportunidades e condições (p. 9).
As escolas, de modo geral, têm conhecimento a respeito das leis sobre
inclusão quanto à obrigatoriedade da garantia da vaga; no entanto, encontram
dificuldades para a sua implementação, como limite da própria formação profissional,
do número elevado de alunos por turmas, da rede física inadequada, do despreparo
para ensinar os alunos que fogem do padrão “normal”. Na realidade, estas
mudanças são profundas e gradativas, e necessitam principalmente de políticas
públicas coerentes e não somente garantia da vaga, conforme assinala Silveira
Bueno (1993):
É necessário, para que a educação especial se insira efetivamente na democratização do ensino, que ela se incorpore não só na luta pela melhoria da escola pública, como também nos movimentos que buscam a extensão dos direitos de cidadania à população em geral (p. 140).
Nessa perspectiva, entendemos que há necessidade e urgência em se
buscar o entendimento e formas de viabilização para a inclusão escolar dos alunos
com necessidades educacionais especiais, que vão para além da questão legal. Há
que se buscar mudanças e a escola tem um papel relevante nesse processo de
inclusão, pois é de sua responsabilidade específica o processo ensino
aprendizagem. Para subsidiar estas mudanças estudamos as contribuições da
pedagogia históricocrítica e da psicologia históricocultural para a construção do
conhecimento. Segundo Saviani (2000, p.31), “o papel de uma teoria crítica da
educação é dar substância concreta a essa bandeira de luta de modo a evitar que
ela seja apropriada e articulada com os interesses dominantes” e (LEONTIEV, 2004),
resgata de forma crítica como as diferenças se constituem no processo histórico,
situando a exclusão social como alienante e com muitos entraves.
A unidade da espécie humana parece ser praticamente inexistente não em virtude das diferenças de cor da pele, forma dos olhos ou de quaisquer outros traços exteriores, mas sim, das enormes diferenças e condições do modo de vida, da riqueza da atividade material e mental, do nível de desenvolvimento das formas de aptidões intelectuais (p. 277).
Paulo Ross (2003), também tratando das diferenças, dá um enfoque aos
alunos com necessidades educacionais especiais:
Todos os alunos tem direito de que lhes sejam oferecidos as oportunidades educacionais que favoreçam interações com os colegas da mesma faixa etária e que lhes permitam, no futuro participar na sociedade. Esse é o processo de inclusão, benéfico tanto aos alunos com necessidades educacionais, quanto aos outros alunos, que dispõe de mais recursos e adquirem atitudes de respeito e solidariedade em relação aos seus colegas (p. 77).
Toda essa heterogeneidade grita na escola, sendo necessárias mudanças
para atender aos aspectos cognitivos e sociais. Dominar os conteúdos da disciplina
específica não significa dar conta do processo ensino/aprendizagem, os
fundamentos teóricos metodológicos são necessários em nosso trabalho. Nesta
perspectiva procuramos fazer a relação entre a Pedagogia Histórico Crítica e a
Psicologia Histórico Cultural.
Na pedagogia históricocritica, o método parte de uma relação direta da experiência do aluno confrontada com o saber sistematizado e na relação professor/aluno: fica o papel do aluno como participado e o professor é o mediador entre o saber e o aluno. Neste processo a aprendizagem acontece baseada nas estruturas cognitivas já estruturadas nos aluno (http://pedagogia.tripod.com/ 2011).
Se pensarmos na aprendizagem do aluno com necessidades educacionais
especiais incluso na sala comum em nada muda, pois a mediação do professor
acontecerá nas possibilidades desse aluno e não na sua deficiência. Nesta
abordagem, não é só o aluno com deficiência que se beneficia, mas todos os alunos,
uma vez que em grupo aprendem a trabalhar suas diferenças, conhecendo cada
qual as suas limitações e potencialidades.
Vigotski, interpretado por Rosseto (2010) traz na concepção histórico cultural
um novo olhar para o aluno com deficiência, vê possibilidades de aprendizagem a
partir da inclusão:
Preocupado com a educação das pessoas com deficiência e sustentado pelo princípio de que todo ser humano pode aprender, mesmo apresentando condições físicas, mentais, sensoriais, neurológicas ou emocionais diferentes, Vigotski discute o processo de desenvolvimento humano na perspectiva de que as leis de desenvolvimento são as mesmas para todas as crianças.
Assim, para explicar o processo de desenvolvimento, Vigotski faz uso do conceito de nível de desenvolvimento atual e zona de desenvolvimento próximo. Afirma que ao analisar o desenvolvimento de uma criança, é necessário não se deter naquilo que já amadureceu, mas no que está em processo de formação. Para tanto, trabalha com o nível de desenvolvimento atual (em algumas traduções aparece como real ou efetivo) e com a zona de desenvolvimento próximo (ou proximal). O primeiro diz respeito aos problemas que a criança resolve de forma independente, autônoma. O segundo se refere a problemas que a criança soluciona com ajuda, com a colaboração do adulto ou de uma criança mais experiente (p. 25).
Estar na escola de ensino regular, na perspectiva desta teoria, é muito
importante para o aluno com necessidades especiais, pois é através das interações
sociais que o outro colabora com a aprendizagem. Sendo o professor um elemento
que já incorporou os conhecimentos, no seu fazer pedagógico, dialogar e escutar é
uma ação importantíssima para conhecer as dificuldades dos alunos, procurar
melhorar as formas de interação e comunicação, propor estratégias de ação
capazes de amenizar os problemas e as necessidades e elaborar atividades que
possam verdadeiramente ensinar o conteúdo a todos os alunos. Também na
abordagem históricocultural, Góes (2008) aponta as possibilidades do educando e a
responsabilidade do meio social:
Se o educador não atua de modo a trazer o educando para o campo da significação, não há como construir um funcionamento psíquico de ordem superior. Esses problemas da interação com alunos especiais tem efeitos muito prejudiciais, justamente por se tratar de sujeitos que precisam mais que os outros (ainda que todos precisem) da disposição do educador para se manterem imersos nos processos de significação. Fazendo uma inferência das proposições de Vygotski, entendo que, se a esses sujeitos não se deve oferecer uma pedagogia menor, também não oferecer experiências de um diálogo menor (p. 42).
A aquisição dos significados está relacionada com a interação social. Na
escola, a utilização de instrumentos e signos usados através da fala do professor, de
outros de recursos didáticos pedagógicos específicos de acordo com as
necessidades de cada individuo ou de um grupo, possibilitarão o desenvolvimento
do pensamento, da linguagem, da atenção e da memória, condições necessárias
para o nível de abstração de significados, ou seja, aprendizagem e a formação das
próprias funções psicológicas superiores. É sobre a pessoa com deficiência e o
processo de aprendizagem na abordagem históricocultural que Anache (2008)
descreve:
Se considerarmos que a criança com deficiência mental grave está dominada pelos rudimentos do pensamento, da linguagem humana e das formas primitivas de trabalho, ela pode e deve receber da educação um tratamento qualitativamente distinto, para além de uma
série de práticas automáticas. É necessário considerar que o curso de desenvolvimento desse sujeito passa pela colaboração, pela ajuda social de outra pessoa, que inicialmente é sua razão, sua vontade, sua atividade. Essa tese coincide plenamente com o curso normal do desenvolvimento da criança (p. 52).
A importância do professor para o aluno, no processo da educação inclusiva
é muito grande, ele representa o elo entre o conhecimento e o aluno, seu papel
colabora na construção da aprendizagem e na formação de atitudes e valores
fazendo as inferências necessárias levando em consideração as especificidades da
turma. Às vezes, basta uma atenção especial, um momento compartilhado para
compreender determinado aluno e possibilitar a ajuda necessária e instigar o
próximo passo.
E para especificar quem são estes alunos que pode ser considerado
incluso, o documento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a) define o público alvo da educação inclusiva:
alunos com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas
habilidades/superdotação. Especifica, ainda, as características de cada grupo:
Consideramse alunos com deficiência àqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluemse nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. Dentre os transtornos funcionais específicos estão: dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade, entre outros (p.15).
Para garantir a estes alunos uma inclusão com qualidade entendendo que
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, oportuniza a todos o Atendimento
Educacional Especializado AEE, disponibilizando os recursos e serviços e
orientando quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas
turmas comuns do ensino regular. O AEE vem contribuir com a educação inclusiva
como um programa para complementar ou suplementar a ação pedagógica e a sua
utilização nas turmas comuns do ensino regular, identificando, elaborando e
organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras
para a plena participação dos alunos, não sendo substitutivas à escolarização. O
atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriquecimento
curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e
sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva, dentre outros. Constituindo oferta
obrigatória dos sistemas de ensino, deve ser realizado no turno inverso ao da classe
comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço
educacional. Também a educação de jovens e adultos, educação profissional,
educação indígena, do campo e quilombola tem garantido que os recursos, serviços
e atendimento educacional especializado estejam presentes nos projetos
pedagógicos construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos.
Batista e Mantoan (2007) falam que o AEE para as pessoas com deficiência
mental deve privilegiar o desenvolvimento e a superação de seus limites como para
as demais deficiências. O aluno deve sair de uma situação passiva para apropriação
ativa do saber. O AEE não deve ser reforço escolar e deve acontecer de forma que
contemple a interface entre o ensino comum onde os professores pensem e
planejem a melhor forma de beneficiar este aluno.
O Atendimento Educacional Especializado decorre de uma nova concepção da Educação Especial, sustentada legalmente, e é uma das condições para o sucesso da inclusão escolar dos alunos com deficiência. Esse atendimento existe para que os alunos possam aprender o que é diferente dos conteúdos curriculares do ensino comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência (p. 22)
Na busca de uma escola inclusiva, o trabalho deve ser colaborativo entre os
diversos segmentos da sociedade, entre eles, a rede de apoio. Nessa rede, situam
se políticas públicas como a assistência social, de saúde, justiça, transporte, cultura,
lazer, como elementos que contribuem no desenvolvimento do aluno e apóiam a
escola e a família.
3 ANÁLISE E RESULTADOS DA REALIZAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO:
Ao estudarmos o tema “Pessoa com deficiência na história, concepções e
tratamentos”, a reação dos participantes nos debates era de indignação, pois não
imaginavam como as pessoas com deficiência já sofreram diante das atrocidades
cometidas contra eles em todos os momentos da história, tendo como síntese que
além dos tratamentos, as terminologias referentes às pessoas com deficiência
também fazem parte da maneira como a sociedade as vê em cada momento
histórico e que jamais houve ou haverá um único termo correto para denominar os
deficientes. Em sites oficiais pesquisamos sobre as legislações atuais a respeito da
educação inclusiva, através de um roteiro indicativo, tendo como compreensão a
importância de conhecer as legislações como garantia de direitos e também
entender que as conquistas atuais em relação à inclusão são frutos de lutas sociais.
Fundamentamos a aprendizagem com as teorias da pedagogia históricocrítica e da
psicologia históricocultural como possibilidade de construção do conhecimento e
através da teoria de Vigotski, concluímos que esta parte do principio que o homem é
um ser históricosocial ou, mais abrangentemente, um ser históricocultural, a
linguagem é o principal mediador na formação e no desenvolvimento das funções
psicológicas superiores e compreende várias formas de expressão: oral, gestual,
escrita, artística, musical e matemática; a atividade mental é exclusivamente humana
e é resultante da aprendizagem social, da interiorização da cultura e das relações
sociais; o desenvolvimento é um longo processo marcado por saltos qualitativos que
ocorrem em três momentos: da filogênese (origem da espécie) para a sociogênese
(origem da sociedade); da sociogênese para a ontogênese (origem do homem) e da
ontogênese para a microgênese (origem do indivíduo único); as estruturas de
percepção, a atenção voluntária, a memória, as emoções, o pensamento, a
linguagem, a resolução de problemas e o comportamento assumem diferentes
formas, de acordo com o contexto histórico da cultura e o papel do outro na
construção do conhecimento. Complementando a teoria, assistimos ao filme “O
garoto selvagem” (L’ Enfant Sauvage), filme de François Truffaut, baseado em fatos
reais ocorridos nos fins do século XVIII, que na interpretação o grupo destaca: a
importância do social, que as funções elementares possibilitaram a sobrevivência,
mas a sua reação se assemelha a de um animal, a afetividade da governanta no
filme funcionava como ponto de equilíbrio chamando o médico para a razão quando
exagerava nas intervenções, O menino a partir da convivência, mostra resultados de
interação, ou seja, o desenvolvimento psicológico como um processo de adaptação
da criança ao mundo dos signos e das pessoas. Por isso, a defesa de que todos os
alunos têm direito de frequentar o ensino regular, a convivência com pares possibilita
crescimento. Um outro elemento importantíssimo estudado foi o público alvo da
Educação Inclusiva definidos pela Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a) em alunos com deficiência,
transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes
casos e outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, e pela
Deliberação n.º 02/03 aprovada em 02/06/03, pela comissão temporária de
educação especial do Conselho Estadual de Educação do Paraná, ofertando
atendimento educacional especializado aos alunos com necessidades educacionais
especiais decorrentes de: I dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações
no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades
curriculares, não vinculadas a uma causa orgânica específica ou relacionadas a
distúrbios, limitações ou deficiências; II dificuldades de comunicação e sinalização
demandando a utilização de outras línguas, linguagens e códigos aplicáveis; III
condutas típicas de síndromes e quadros psicológicos neurológicos ou psiquiátricos;
IV superdotação/altas habilidades que, devido às necessidades e motivações
específicas, requeiram enriquecimento e/ou aprofundamento curricular, assim como
aceleração para concluir, em menor tempo, a escolaridade, conforme normas a
serem definidas por resolução da Secretaria de Estado da Educação. Além de
estudarmos sobre cada especificidade, tivemos a presença de uma psicóloga
falando dos Transtornos Globais do Desenvolvimento e, ao saberem sobre cada
caracterização, possibilitou identificarem no contexto escolar as dificuldades e
também as potencialidades de cada aluno incluso, pois esta era uma das
dificuldades encontradas. Na sequencia, outro tema estudado foi o Atendimento
Educacional Especializado – AEE, como programa de apoio complementar e ou
suplementar e a rede de apoio, fundamentados por documentos oficiais como: artigo
208, da Constituição federal, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a) e a presença de uma Assistente Social,
falando o que é esta rede de apoio e como usufruir destes serviços: leis, espaço de
atendimento, transporte gratuito, Benefício de Prestação Continuada BPC, Centro
de Referência da Asisitência Social CRAS, Centro de Referência Especializado da
Asisitência Social CREAS, Conselho Tutelar, Promotoria Pública, Saúde Mental
(Centro de Atendimento Psico Social CAPSI e Centro de Atendimento Psico Social /
Álcool e Drogas CAPSAD), Fonoaudiologia, Atendimento com psicologia,
Psicopedagogia, Neuropediatra e Tratamento psiquiátrico (adolescentes e adultos).
Como leis citou: Lei nº 8.9821/97, que obriga todos os estabelecimentos comerciais
(bares, lancherias, restaurantes e congêneres) com área igual ou superior a 100m2 a
adaptar ou construir no mínimo um banheiro masculino e um banheiro feminino para
uso de pessoas com deficiência; Lei nº 7.8471/96, que adapta os banheiros públicos
para o uso das pessoas com deficiência; Lei nº 7.5911/95, que obriga
estabelecimentos comerciais com mais de 1000 metros quadrados a colocação de
cadeira de rodas e assemelhados para uso dos interessados; Lei nº 7.076/92, que
estabelece prioridade de atendimento, em todas as repartições publicas municipais,
estaduais e federais, estabelecimentos bancários e comerciais, as pessoas idosas,
portadoras de deficiência física e gestantes. Os espaços de atendimento na cidade
de Toledo: Apada (surdez), Apae (deficiência mental), Salas de recursos
multifuncionais (escolas) e NEPE na Secretaria Municipal de Educação. Transporte
gratuito: precisa ter laudo médico (psiquiatra ou neurologista) que confirma a
deficiência física ou mental permanente e Parecer Social de um assistente social,
tanto para a concessão local como interestadual ou municipal. Sobre BPC para
pessoa com deficiência e idoso; cuja socilitação pode ser feita no CRAS mais
próximo da residência. O CRAS e o CREAS prestam atendimento pelo SUAS
Sistema Único de Assistência Social. O CRAS basicamente constitui atenção à
família e suas questões sociais e o CREAS a toda e qualquer situação de agressão
ou violência independente de ter ou não deficiência, ou idade. O Conselho Tutelar
atua basicamente para garantir direitos violados e proteção à criança e adolescente
em situação de risco social/familiar ou pessoal, questão de abuso, atendimento
psicológico, sendo emergencial neste caso. A Promotoria Pública atua na garantia
de direitos, buscase para exames solicitados, que não são liberados pelo SUS ou
que demoram muito e há risco para a criança ou adolescente ou que interferem na
aprendizagem (medicamentos especiais ou caros que o SUS ou farmácia básica não
fornece), além da garantia de permanecer ou ter acesso a escola. A Saúde Mental
do SUS encontrase no serviço público de saúde do município, conta com a
estrutura de um Departamento de Saúde Mental, um CAPSI e um CAPS AD – Álcool
e Drogas, visa atender os encaminhamentos não atendidos pelos Caps acima
relatados, e os procedimentos realizados com crianças e adolescentes. Além de ser
responsável pelo fluxo de internamentos psiquiátricos e outros trabalhos de grupo e
ambulatorial, além de Fonoaudiologia, Atendimento com psicologia, Psicopedagogia,
Neuropediatra e Tratamento psiquiátrico (adolescentes e adultos). Para o grupo foi
muito produtivo, pois sentiram que existem outros espaços além da sala de aula
dando apoio a este aluno e também subsidiou a escola na busca de
encaminhamentos possíveis.
Finalizamos o trabalho, sendo apontados pelo grupo como imprescindíveis
para a dinâmica escolar na perspectiva de educação inclusiva: Que o professor
regente tenha formação continuada com cursos de qualidade para que saiba
distinguir as diferentes dificuldades ou deficiências e possa trabalhar de forma
realmente inclusiva, faça planos de aulas visando aulas de qualidade para todos,
mude a postura de trabalho, apresente encaminhamento e propostas que possibilite
ver como o aluno enfrenta determinadas situações de aprendizagens, utilize de
recursos que são úteis para desenvolver certas atividades, procure estratégias de
ensino adequadas, não bastando somente saber qual é o nível de desenvolvimento
atual do aluno, mas também avaliar a sua capacidade e o seu limite de fazer com a
ajuda de outras pessoas ou recursos. A Escola precisa trabalhar em equipe, discutir,
refletir sobre as dificuldades de aprendizagem e buscar meios para sanálas, saber
encaminhar os alunos a entidades que venham suprir suas necessidades (CRAS,
CREAS, Conselho Tutelar, especialidades médicas...), estar disposta a trabalhar
essa forma de educação, assumir o compromisso e perceber a importância de se
repensar e refletir em torno de um plano de ação em conjunto com diretores,
coordenadores e equipe pedagógica, responsáveis pela sala de apoio e
especialistas e dentro das novas tendências de políticas sociais promover integração
e participação dando prioridade no que diz respeito à inclusão, adequar com infra
estrutura de qualidade, nos diversos tipos de edificações e instalações, atendendo
às necessidades educacionais de cada aluno. Estabelecer com o AEE uma
comunicação constante, pois é o profissional do Atendimento Educacional
Especializado que dará suporte ao professor regente sinalizando as formas de
aprendizagem e os possíveis recursos didáticos necessários a cada aluno. Buscar
junto à Família maior participação na vida escolar dos filhos, consequentemente
maior vínculo com a escola, que apoiem os profissionais envolvidos no
desenvolvimento do aluno, participem de encontros individuais, reuniões para que
acompanhem os avanços dos filhos e colaborem com o desenvolvimento de
aprendizagem dele para estabelecer compromissos e acordos que levem a co
responsabilidade na tarefa educativa: aluno/filho. A saúde deve estar em
consonância com a escola, apoiando os profissionais que atendem os alunos de
inclusão, quando necessitarem de algum exame, ou algo relacionado a área da
saúde. O atendimento precoce é de fundamental importância para minimizar a
deficiência e para favorecer todo o desenvolvimento da criança. Que o governo
garante com verbas e atende com efetiva atenção às políticas públicas do Conselho
Nacional de Saúde. A falta de atendimento de saúde e assistência ao aluno com
necessidades educacionais especiais e a carência de articulação de uma rede de
serviços devem ser superadas, pois são fundamentais para a inclusão educacional e
para a qualidade de vida a todos os cidadãos. Dispor uma Assistência Social que
propicie à família do educando aquilo que não estiver ao alcance deles para que
consigam fazer com que o aluno avance em sua aprendizagem e desenvolvimento e
trabalhando em parceria com as escolas e famílias. Acompanhe e auxilie a família
orientando com os trabalhos colaborativos entre os seus direitos e deveres entre os
diversos segmentos da sociedade situando a assistência social, a política de saúde.
Justiça, transporte, cultura e lazer, como elementos que contribuem no
desenvolvimento do aluno e apoio a escola. E finalmente fazer com que as Políticas
Públicas cumpra a legislação vigente, pois estar só no papel não é suficiente para
garantir a igualdade de direitos e oportunidade a todos. Investir na Educação (Ex:
suprir as escolas com softwares educativos, dar condições de acesso a todos…),
essa é a área que mais deve avançar, pois é através dela que todas as outras
avançam, ou seja, se não houver políticas públicas pensadas para a educação
inclusiva fica difícil qualquer avanço.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Com o Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, tivemos a
oportunidade de estudarmos e refletirmos a respeito de uma das necessidades da
escola que é a Inclusão. Respaldado pela Instituição de Ensino Superior com os
cursos de formação geral, específico e também com a contribuição do professor
orientador nos apoiando através da pesquisa. Isto oportunizou fundamentarmos a
situação problema em referenciais teóricos da educação geral e da educação
especial e entendermos o porquê da luta em favor dos alunos com necessidades
especiais e quais as possibilidades de desenvolvimento na aprendizagem. Ao
analisarmos as possibilidades de implementação chegamos à conclusão de que,
com uma metodologia em forma de curso ou grupo de estudo, a abrangência dos
resultados seria maior, pois cada profissional da educação, a partir dessa formação,
poderá incorporar mudanças de atitudes que favorecerão todos os estudantes. Os
conteúdos abordados foram abrangentes para dar ideia de todo o processo e
oportunizar aos participantes conhecimentos necessários para a relação da teoria
com a prática. Esperamos com isto que os conteúdos estudados estimularão e
despertarão no educador o desejo de construir novos conhecimentos e
procedimentos pedagógicos que favoreçam o processo de ensinoaprendizagem,
bem como a possibilidade da escola vir a ser um espaço no qual, com suas práticas,
comporte, escute e acolha os alunos com deficiência e que estes se sintam parte
integrante desse processo. Temos consciência de que esta iniciativa não é suficiente
para resolver o desafio da escola no processo inclusivo, é apenas um ponto de
partida, cabendo a todos os envolvidos no processo educativo continuarem
buscando conhecimento e alternativas de ação. Além das reflexões feitas sobre a
realidade da escola in loco, conseguimos perceber através do Grupo de Trabalho em
Rede – GTR, com professores de inúmeras escolas e cidades diferentes, que a
realidade paranaense se assemelha, onde os alunos inclusos já estão na escola e a
partir deste contexto, estão tendo que buscar conhecimento e apoios necessários.
Percebemos que todos os profissionais da educação envolvidos neste momento de
reflexão, estão buscando respostas para o enfrentamento deste processo inclusivo e
que, apesar das dificuldades encontradas, há interesse em buscar alternativas.
A caminhada até aqui nos mostrou um caminho e indicou ainda muitos outros
a percorrer, pois a produção do conhecimento e a realização humana são desafios
que sempre se renovam, no sentido de que não há uma finalização, uma tarefa que
se cumpre, mas um processo que demanda continuamente estudos e tomadas de
decisões.
REFERÊNCIAS
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10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
______ Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
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