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ESPECIAL Empreendedorismo #1 A carreira empreendedora Está em dúvida se a carreira empreendedora é ou não o melhor caminho para você? Nos textos a seguir, entenda um pouco mais da realidade e do perfil dos empreendedores brasileiros

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ESPECIAL

Empreendedorismo #1A carreira empreendedoraEstá em dúvida se a carreira empreendedora é ou não o melhor caminho para você? Nos textos a seguir, entenda um pouco mais da realidade e do perfil dos empreendedores brasileiros

Você optou pela carreira empreendedora! E agora? O que deve fazer para se preparar para trabalhar como empreendedor? Fique calmo, dê um passo para trás e reflita se é isso mesmo que você quer

para sua vida profissional. Empreender é realmente a escolha certa para você?

Abrir o próprio negócio não é fácil, leva tempo e muita dedicação. Vai exigir sacrifícios e foco total. Se, no fundo, empreender não era algo que te traria felicidade e ralização, colocar tanta energia nisso pode gerar um grande arrependimento. Por outro lado, essa pode ser a chance da sua vida e você o próximo brasileiro a encabeçar a lista da Forbes.

Você sabe porque quer empreender? Qual sua ideia de negócio? Como é o dia a dia do empreendedor? Como se preparar para empreender? Dá pra fazer ainda na faculdade? É possível ser um empreendedor sem ter que abrir um negócio próprio? No fundo, é tudo uma questão de ter informação para fazer as escolhas certas. Nesse espcial, você encontrará a resposta para esta e outras perguntas.

Sempre que você alcança um sonho, é preciso buscar outro maior

Nascido em Salvador, Vinicius Neris descobriu o seu sonho em São Paulo. Quando tinha 16 anos, sonhava em se tornar engenheiro. Aos 22, começou a empreender durante o curso

de Engenharia, na Universidade de São Paulo (USP). Aos 24 anos resolveu trancar a faculdade para focar completamente em seu negócio, depois de ter passado por programa de aceleração na Europa e ter vivenciado a forte cultura empreendedora do Vale do Silício.

Vinicius Figueredo Neris, CCO da InEvent, escreve sobre os desafios de criar um negócio e a decisão de trancar a faculdade para se dedicar à vida empreendedora

No famoso centro empreendedor dos Estados Unidos, foi o

único brasileiro da sua turma selecionado para temporada de

estudos na Draper University com jovens de diversos países.

Ele também é membro do Núcleo, a comunidade alumni dos

programas presenciais do Na Prática. A seguir, deixa o seu

relato sobre as dificuldades de empreender e a decisão de ter

interrompido a faculdade para se dedicar a esse sonho:

Como todo jovem brasileiro, eu também tinha o sonho de chegar

a uma universidade pública. Aos 15 anos, quando morava em

Salvador, descobri por meio do estímulo de pofessores o que era

sonhar grande: naquela época, ser aceito no curso de Engenharia.

Foi também quando percebi que precisava ter mentores, pessoas

experientes que iriam me levar a lugares bons que não ainda

conhecia Esses professores se tornaram meus mentores.

Eu não teria muitas chances se permanecesse no colégio que eu

estudava, por isso resolvi tentar a sorte em São Paulo, na cidade

de São José dos Campos. Só consegui isso graças a esses mentores

e a um colega que também nutria do mesmo sonho que eu. Juntos

conseguimos uma bolsa de estudo para nos prepararmos para

o ITA e também nos tornamos grandes amigos. Ali percebi que

precisava ter pessoas boas ao meu lado lutando pelo mesmo sonho

que eu. Precisa preencher as minhas fraquezas e também suprir as

de outros, nos complementando e nos incentivando.

Em 2010 ingressei no curso de Engenharia Mecânica da USP

(Universidade de São Paulo), em São Carlos, local que me

proporcionou um ambiente rico de trocas, contatos e aprendizados

para que começasse a empreender.

Eu não me adaptei à sala de aula na faculdade. Até fui um bom

aluno nos primeiros anos, mas a minha vida era nos ambientes

de interação com outros alunos da faculdade. Me envolvia com

grupos acadêmicos, esportes e eventos. O que me motivava era

criar, inventar, testar, fracassar, aprender e tentar de novo. A sala

de aula não acompanhava esse ritmo de aprendizado. O sonho de

se tornar engenheiro ficava distante.

Foi quando comecei a descobrir o empreendedorismo, entender

mais sobre startups e acompanhar grandes empreendedores

que estavam motivando pessoas como eu, desiludidas com os

caminhos pré-estabelecidos pela sociedade.

Sempre que você alcança um sonho, é preciso buscar outro maior

Percebi de fato que os meus aprendizados não podiam ficar

limitados à sala de aula e à um diploma. Eu precisa fazer da

minha vida a verdadeira escola e aprender todos os dias em

qualquer situação que vivesse.

Foi aí que a figura do mentor ressurgiu na minha vida, e muitos

desses empreendedores que eu seguia apenas nas redes sociais

se tornaram referências reais pra mim. Eu já tinha aprendido

que precisava estar perto dos melhores, então faria de tudo

para conhecer essas pessoas de sucesso com histórias incríveis

e inspiradoras, pois elas me ajudariam a moldar uma atitude e

comportamento empreendedor para chegar ao meu sonho grande.

Em março de 2013, surgiu a oportunidade de estudar uma escola

de empreendedorismo que acabara de ser criada no Brasil. O Seitii

Arata, um dos mentores que eu sigo até hoje nas redes sociais,

estava dando dez bolsas para quem tivesse uma ideia, criasse um

projeto e colocasse em prática em poucos dias.

O tempo era curto e eu teria que fazer algo acessível. Eu não tinha

muita grana para criar nada muito inovador. Comecei então a

olhar ao meu redor e pensar nos problemas que eu ou os meus

colegas poderíamos enfrentar. Lembrei então que todos os dias eu

ia almoçar no restaurante universitário e várias vezes esquecia

caneca, por isso ficava sem tomar suco. Não perdi tempo: juntei o

máximo de canecas que eu podia, fiz um cartaz e fiquei na porta

do restaurante divulgando e emprestando canecas.

Consegui a bolsa, e chamei a atenção do meu futuro parceiro

de negócios. Viramos sócios na InEvent, aplicativo mobile de

comunicação e interação durante eventos. Empreender era o sonho,

e eu jpa tnha começado. Mas toda vez que você alcança um sonho

você precisa de um outro maior para perseguir.

Vieram então os primeiros clientes e sabíamos que, nesse

momento, nada melhor do que uma aceleradora de negócios.

Conseguimos uma do outro lado do Atlântico! Pegamos o dinheiro

que tínhamos de clientes e partimos para essa jornada no Lisbon

Challenge, em Lisboa. De novo, aquela sensação de adrenalina e

felicidade de dar mais passo. Foram três meses muito intensos

de aprendizados no processo de aceleração com mais outras 29

startups do mundo todo. Nos dedicávamos dia e noite pelo nosso

sonho e sobrevivíamos nos alimentando com menos de dez euros

por dia para os três sócios. Até coelho a gente aprendeu a cozinhar!

Sempre que você alcança um sonho, é preciso buscar outro maior

Voltamos então de Portugal sem novos clientes e com mais

dúvidas do que quando fomos. Estávamos sem grana e, se nenhum

novo cliente surgisse até o final do ano, a InEvent iria morrer.

Nesses momentos é hora de respirar, reavaliar nosso sonho grande,

se ele permanecerá o mesmo ou não e traçar uma nova rota até

esse sonho. O que não podemos fazer é ficar dando desculpas e não

ter resiliência para prosseguir.

Nós somos uma geração de mal acostumados, incapazes de nos

prepararmos para os nossos sonhos grandes — eles duram no

máximo um mês de ralação. Adoramos falar que pensamos fora

da caixa e que estamos criando a próxima ideia de um bilhão

de doláres, mas somos incapazes de ter disciplina para estudar

conceitos importantes para tornar o sonho viável e trabalhar horas

e horas por isto, abrindo mão de curtir férias, finais de semana e

baladas com os amigos.

Ao contrário do que a sociedade diz, decidi que não era preciso ter

um diploma de graduação para ser bem-sucedido com a minha

empresa. Resolvi trancar a faculdade pelos próximos meses.

Também deixei para trás a tranquilidade e conforto do interior

paulista para vir morar em São Paulo. Abri mão da vida sossegada

em São Carlos para ajudar a cumprir o propósito da nossa

empresa: empoderar pessoas em eventos.

Queremos ser responsáveis por mudar a indústria de eventos no

mundo. Podemos até fracassar, que será se desistirmos de vez da

InEvent. Até lá nós vamos tentar de tudo. Se a sorte bater a nossa

porta, ela vai nos encontrar trabalhando.

Eu sei que é difícil ter um diploma de engenharia, mas é muito

mais difícil ter um projeto e fazê-lo dar certo. Nada vai te ensinar

mais do que isso, nem mesmo um MBA de Harvard. Não quero

apenas estudar em um MBA, quero me tornar um case de estudo e

ter minha história estudada por alunos de um MBA.

Você vai falhar muito pra tentar chegar lá. Pode ser que na InEvent

a gente tente muito e nunca chegue, porém, se nunca lutarmos

para isso, é fato que nunca estaremos lá e continuaremos sendo

meros espectadores de nossa própria vida.

Sempre que você alcança um sonho, é preciso buscar outro maior

‘Empreender é ter resiliência’, defende jovem empreendedor

“Tudo começou quando eu comprei o livro Sonho Grande, foi o que me moveu”, explica o empreendedor Valentim Biazotti, hoje a frente da pré-aceleradora

Worth a Million, que fundou no final de 2014 e presta apoio a startups e negócios sociais que estão em fase inicial. “Pegamos até os empreendedores que estão partindo do zero”, explica.

“O mais importante de tudo é que eu comecei esse negócio porque eu tinha um propósito”, explica Valentim Biazotti, fundador e CEO da Worth a Million, pré-aceleradora de startups e negócios sociais

O livro, citado por diversos outros empreendedores, conta a

história de como um trio de investidores brasileiros — Jorge

Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, fundadores

da Fundação Estudar — criaram um dos maiores grupos

empresariais do capitalismo brasileiro e tornaram-se

referência no cenário internacional.

Formado em Administração de Empresas pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Valentim já

havia tentado empreender quando estava na faculdade.

Fundou sua primeira startup em 2011, e resolveu encerrar

suas atividades no ano seguinte. “Eu queria fazer, tinha brilho

no olho, mas ainda não estava com a capacitação necessária

para fazer um negócio de alto impacto”, reconhece.

Preparação Na faculdade, teve apenas uma matéria que

se relacionava à temática empreendedora. “O contato com

o empreendedorismo era muito pequeno, e isso se relaciona

muito com os problemas que eu enfrentei na minha primeira

tentativa de criar uma empresa”, critica o ex-aluno, que

espera ver mais disciplinas sobre esse assunto surgirem nas

universidades brasileiras nos próximos anos. O aprendizado

era claro: ele precisava se preparar. “Hoje em dia temos

muitos cursos online disponíveis, e fiz praticamente todos

de Stanford relacionados a empreendedorismo e design

thinking, e os de inovação do MIT [Instituto de Tecnologia de

Massachusetts]”, ele conta.

Assim, sem sair do Brasil, ele teve acesso a conteúdo de ponta

de algumas das universidades mais empreendedoras do

mundo. Um dos destaques foi o curso disponibilizado online

e de forma gratuita pela aceleradora Y Combinator, uma das

mais respeitadas do mundo, com sede no Vale do Silício. Para

Valentim, o material é imperdível: “Recomendo esse curso

para toda e qualquer pessoa que pense em empreender.

Chamado How to Start a Startup (em tradução livre, “Como

começar uma startup”), o curso é dividido em vinte palestras

com alguns dos nomes mais importantes do cenário

empreendedor nos Estados Unidos, como Paul Graham, Peter

Thiel, Marc Andreessen e Ben Horowitz.

“Fico sempre imaginando o efeito que isso teria tido na

minha trajetória se eu tivesse tido esse conteúdo na

faculdade”, brinca, já que a aceleradora oferece a o curso

‘Empreender é ter resiliência’, defende jovem empreendedor

presencialmente em Stanford. Além das aulas online,

Valentim também conta ter estudado muito as metodologias

ágeis — lean startup, design thinking, canvas, entre outras.

Para isso, alguns livros costumam ser citados por diversos

empreendedores, incluinso o próprio Valentim: A Startup

Enxuta, de Eric Ries; Design Thinking, de Tim Brown; e Business

Model Generation, um longo e criativo trabalho de co-criação

para o qual quase quinhentos autores contribuíram.

A esse conhecimento, ele também soma sua própria

experiência com construção de marcas. É que, logo após ter

fechado sua primeira startup, ele entrou como trainee na

consultoria de estratégia e branding Sonne. Nesse momento,

ele faz questão de não ser mal-entendido: o sonho de

empreender continuava vivo, mas era importante focar

em aprender e se preparar para o desafio. Permaneceu na

consultoria por cerca de dois anos, e então saiu já disposto a

empreender de novo.

Empreendendo Foi quando, menos de uma semana depois

de ter saído do antigo emprego, participou do Laboratório,

programa de desenvolvimento de lideranças e aceleração

‘Empreender é ter resiliência’, defende jovem empreendedor

de carreira do Na Prática. “O Laboratório me ajudou muito

a entender qual era o meu norte, e foi lá que comecei a

desenhar a consultoria que tenho hoje. Se não fosse pelo

empurrão que tive lá, com certeza não estaria com a empresa

hoje”, relata Valentim sobre o impacto do programa.

Foi assim que decidiu criar a Worth a Million, que nasceu

como uma consultoria de estratégia e branding para startups

e negócios sociais, mas acabou encontrando o seu lugar

como pré-aceleradora. Com a empresa, sua ideia é ajudar as

pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades que

ele, quando tentou empreender pela primeira vez.

Foi também do networking feito durante o Laboratório

que vieram os seus primeiros clientes e outras indicações

de clientes. A participação de eventos do universo

empreendedor, inclusive, é uma das práticas que ele

recomenda com mais ênfase para quem está começando o

próprio negócio. O nome, que pode ser traduzido com “Vale

um milhão”, reflete um objetivo ambicioso — exatamente

como prega a cultura que aprendeu em Sonho Grande. Em

dez anos, quer impactar um milhão de pessoas. Para alcançar

esse número, conta não só com a atividade de pré-aceleração,

mas também com palestras e cursos de capacitação.

No universo do empreendedorismo, acelerar significa

aumentar o ritmo de crescimento e desenvolvimento de

uma empresa durante a sua entrada no mercado. Na Worth

a Million, a ideia é atender e apoiar empreendedores em

diversos momentos do que pode ser considerado uma fase

inicial, anterior aos negócios já um pouco mais maduros que

costumam ser apoiados por aceleradoras tradicionais. Daí o

conceito de pré-aceleração.

Mesmo aqueles que ainda não tem um produto definido

ou mesmo uma ideia inicial podem contar com a ajuda da

Worth a Million nessa tarefa. O que Valentim oferece é uma

estrutura mental, cujo objetivo é organizar e estruturar os

primeiros momentos da jornada empreendedora. “Depois que

a pessoa passar pelas nossas mãos, queremos ter a certeza

de que sua empresa continuará crescendo, até mesmo com

a ajuda de outros agentes”. Até hoje, atendeu mais de vinte

startups e negócios sociais, todos em atividade e crescendo.

Propósito Nesse processo, também aprendeu que muitos

empreendedores de primeira viagem precisam mesmo é

de apoio emocional — e ele também está lá para isso. “Um

dos nossos papeis é tirar a pessoa daquele momento de

depressão, que ela pensa em desistir”, explica. O objetivo é

trazer o empreendedor de volta aos trilhos, para que possa

executar aquilo que tem na cabeça.

“Ser empreendedor é ter resiliência”, ele insiste em ressaltar.

“Tem dias que você acorda com um ânimo incrivel, e têm

outros em que parece que nada vai dar certo”. Aí, também

entra em cena outro fator crucial para um empreendimento

dar certo. Mas, para entendê-lo, é necessário dar alguns

passos para trás. Trata-se do propósito: uma razão profunda

por trás da criação da sua empresa, e que te motiva a

continuar. Pode também ser explicado pela máxima de que

“todo empreendedor deve ser apaixonado”.

“O mais importante de tudo é que eu comecei esse negócio

porque eu tinha um propósito”, explica Valentim. Como

assim? Para ele, transmitir esse conhecimento que adquiriu

para outras pessoas é um jeito de contribuir para uma

sociedade melhor. “Precisamos capacitar e ajudar essas

pessoas que querem empreender, porque elas tem um

‘Empreender é ter resiliência’, defende jovem empreendedor

potencial de impacto na sociedade muito grande”, explica.

Em uma sociedade meritocrática, ele quer capacitar para o

mérito. Nesse assunto, é bastante pragmático: “Se você não

tem uma paixão muito grande pelo que está fazendo, você

não vai conseguir passar pelos desafios de empreender”.

Buscar o propósito de cada empreendedor também faz parte

das reflexões que surgem no processo de pré-aceleração. Pra

Valentim, esse processo também aconteceu no Laboratório.

Hoje, o Na Prática promove um programa de desenvolvimento

de carreira voltado exatamente para encontrar e conectar o

seu propósito – o Catálise.

Para muitos criadores de startups, inclusive, Valentim sente

que existe uma vontade forte de empreender e fazer uma

empresa tecnológica, mas ainda não é claro o propósito. São

questões que o empreendedor precisa saber responder, como:

Que problema você vai resolver? O que te move e te motivará

ao longo da jornada exaustiva de empreender?

Negócios Sociais No caso dos empreendedores sociais —

aqueles que se propõem a resolver problemas sociais ou

ambientais com suas empresas — a questão do propósito e

do sonho parecem estar mais resolvidas. Afinal de contas, são

negócios que já nascem de uma vontade clara e poderosa:

tornar o mundo um lugar socialmente mais justo, ou

ambientalmente mais sustentável.

O que ele quer trazer para o mundo dos negócios sociais

é exatamente a mentalidade de business que costuma ser

encontrada com maior frequência entre os seus colegas

de startups. Em outras palavras, a importância de focar

em escalabilidade, crescimento sustentável e eficiência.

“São empresas que também precisam se preocupar em ter

um faturamento, atrair e reter clientes, inovar e crescer”,

comenta. Aqui nio Brasil, sente que esse entendimento

ainda precisa ser mais difundido. “Teremos que mudar nossa

maneira de pensar negócios”, conclui.

‘Empreender é ter resiliência’, defende jovem empreendedor

Começar qualquer negócio é uma tarefa que oferece desafios múltiplos para os empreendedores. No caso das startups, alguns erros são recorrentes e acabam prejudicando

o desenvolvimento das ações. As tentativas e fracassos fazem parte do jogo. Mas, segundo aqueles que já possuem uma maior bagagem, é preciso humildade para “errar rápido” e não repetir as mesmas falhas. É o que pensa Fabio Seixas, sócio fundador da O Panda Criativo, plataforma para iniciativas criativas.

Quais são os maiores erros cometidos por quem está começando?Com a ajuda de empreendedores, criamos uma lista das falhas que você pode e deve evitar no início da carreira empreendedora, quando sua startuo estiver no começo

Quais são os maiores erros cometidos por quem está começando?

“Erros são naturais e devem ser identificados o mais

rápido possível. Ter humildade para reconhecer e agilidade

para resolver são peças fundamentais para diminuir as

possibilidades de fracasso”, afirma o empreendedor.

Segundo ele, os testes são cruciais antes do começo das

atividades. “Existem ferramentas muito válidas para testar

ideias e aprimora-las antes de começar. Mas a verdade é que,

uma vez que o negócio está aberto, a principal ferramenta

que temos é trabalhar. Não é porque a ideia é boa que as

coisas vão acontecer sozinhas. A peça principal disso tudo é o

próprio empreendedor”, ressalta Seixas.

O empreendedor mineiro Gustavo Caetano, fundador da

SambaTech (empresa que oferece soluções em vídeos pela

internet), sabe que os erros são parte do processo de inovação

em uma startup. “Errar é aceito, mas errar várias vezes é

burrice. Evitamos o burro motivado, aquele que gosta de errar.

As pessoas não tem medo de errar na Samba. Isso faz parte

do processo. Só não pode errar a mesma coisa ou demorar

para corrigir o erro”, afirma Gustavo, que já foi considerado

pelo MIT um dos jovens mais criativos do país.

Com a ajuda do empreendedor Leandro Alvarenga,

um dos responsáveis por levar o projeto internacional

CreativeMornings para Belo Horizonte (encontros mensais e

gratuitos onde é possível ter contato com novos modelos de

negócio e novas formas de pensamento), elaboramos uma

lista com cinco erros iniciais que podem ser evitados nas

startups e algumas dicas para driblá-los. Veja:

1. Seguir cegamente um plano de negócios

O plano de negócios é uma ferramenta fundamental

para criação de uma empresa. Por outro lado, a busca

por segurança e previsibilidade faz com que o novo

empreendedor fique relutante em fugir do que está escrito.

Um negócio é sempre mais complexo do que prevemos e por

isso é preciso estar aberto para mudanças durante o trajeto.

2. Acreditar que deve trabalhar o tempo todo

Estar sempre pronto para responder às necessidades da

empresa é essencial. Mas se o empreendedor passa a abrir

mão do tempo livre, o stress começa a impactar a tomada

de decisões e falta tempo para conhecer pessoas que podem

ajudar no crescimento do negócio. Por isso, não abandone

as atividades que te dão prazer e o contato com universos

distintos da empresa.

3. Priorizar quantidade ao invés de qualidade

Na busca por um crescimento rápido, as empresas

frequentemente abrem mão da qualidade dos produtos que

a impulsionaram no início. O contrário deve acontecer: os

produtos e serviços iniciais são frequentemente portfólio para

conquista de novos negócios. Portanto, devem ser priorizados

e a qualidade dos mesmos nunca pode cair.

4. Não escutar opiniões alheias

É sempre importante colocar a própria ideia em discussão e

entrar em contato com opiniões divergentes. O segredo pode

até ser importante em alguns casos, mas na maioria das

vezes vale a pena abrir mão dele para receber feedback sobre

ideias e serviços. O que vale é entender as necessidades reais

dos clientes, não as que você pensa que eles têm.

5. Achar que não precisa preparo para empreender

Esta talvez seja a maior falácia propagada no universo das

startups, levando muitos a deixar de lado oportunidades

importantes em troca de uma ideia promissora. A formação,

seja ela formal ou informal, é essencial. O estudo é

fundamental para a maioria e existem diversos cursos

disponíveis para cada tipo de negócio.

A internet democratizou a informação e vale observar

os caminhos daqueles que se prepararam e alcançaram

seus objetivos.financeiro que investe em empresas

com o objetivo de alavancar seu desenvolvimento e

posteriormente vendê-las com lucro.

Quais são os maiores erros cometidos por quem está começando?

“Quando um aluno é aprovado no vestibular de uma universidade brasileira e tem acesso à grade curricular do seu curso, não é certo que ele encontrará disciplinas

ligadas ao empreendedorismo. Mas há outras formas de ter contato com o tema durante o ensino superior. Segundo os especialistas, quem quer seguir a carreira empreendedora deve descobrire as diversas possibilidades de empreendedorismo que as universidades oferecem.

Você pode empreender enquanto ainda está na universidade. Veja como!Disciplinas teóricas, empresas juniores, pesquisa, laboratórios e incubadoras são possíveis caminhos para entrar no mundo do empreendedorismo enquanto ainda cursando a graduação

Você pode empreender enquanto ainda está na universidade. Veja como!

Segundo pesquisa realizada pela Endeavor em 2014, em

parceria com o Sebrae, dos quase cinco mil universitários

entrevistados, 48,7% já fez alguma disciplina relacionada ao

empreendedorismo. Os responsáveis pela pesquisa acreditam

que as universidades têm aumentado seu interesse pelo

empreendedorismo nos últimos anos.

“O Brasil como um todo entendeu que o empreendedorismo

é uma das principais alavancas do seu desenvolvimento

econômico e social. As universidades, como centros de

pesquisa e formação de talentos, seguem essa tendência, ainda

que de maneira mais lenta, muitas vezes. No lado positivo,

empresas juniores e disciplinas de empreendedorismo não

são mais novidade. Por outro lado, o ensino ainda está muito

centrado em cursos como Administração e Economia, nas

áreas de negócios, quando poderia ser totalmente transversal,

juntando na sala de aula alunos de todos os cursos para

resolver problemas da sociedade. Além disso, a pesquisa

acadêmica ainda é bastante distante do mercado, e essa

aproximação é essencial para as empresas inovarem mais”,

afirma João Melhado, que trabalha na área de pesquisa e

políticas públicas da Endeavor.

Na USP (Universidade de São Paulo), o NEU (Núcleo de

Empreendedorismo da USP) foi criado em 2012 pelos próprios

alunos. É a entidade que organiza parte da oferta de sessenta e

oito disciplinas ligadas ao empreendedorismo.

“O Núcleo surgiu a partir do interesse de alunos que queriam

empreender. A aceitação da USP foi saudável, ainda mais

quando começamos a gerar resultados expressivos com

nossas ações. Muito embora não haja qualquer relação de

dependência ou interesses institucionais”, afirma o presidente

do NEU, Artur Vilas Boas. Entre os resultados citados,

destacam-se o surgimento de startups famosas, como 99taxis,

Nubank, Kekanto, Ifood e Lean Survey.

Já a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) possui

um Núcleo de Inovação Tecnológica que é responsável pela

Gestão da Inovação na Universidade, a CTIT (Coordenadoria de

Transferência e Inovação Tecnológica). Dentro da CTIT existe

um setor responsável pelo fomento da cultura empreendedora

entre os cursos. “Prezamos pela multidisciplinaridade nos

nossos projetos, então procuramos divulgá-los igualmente

em todos os cursos.

As empresas juniores, por exemplo, estão presentes em muitos

cursos da UFMG e trabalham o perfil empreendedor através

de uma formação diferenciada do aluno, com experiências

complementares àquelas oferecidas pelas disciplinas dos

cursos”, revela Gabriela Metzker, coordenadora do setor de

empreendedorismo da CTIT.

Segundo o professor André Leme Fleury, que leciona

disciplinas ligadas ao empreendedorismo nos cursos de

Engenharia de Produção e Design na USP, a graduação é o

momento ideal para trabalhar o tema com os jovens. “O

empreendedorismo viabiliza ao aluno experimentação,

reflexão e compreensão do processo de desenvolvimento de

inovações em produtos, serviços e negócios. Na universidade

o aluno tem a possibilidade de vivenciar estas experiências

de maneira lúdica e gradual, definindo de acordo com suas

potencialidades o quanto deseja se aprofundar ou não no

desenvolvimento deste tipo de inovação. Após a universidade

essa experimentação se torna mais difícil”, pondera o professor.

Outras possibilidades Além das disciplinas teóricas, os alunos

podem entrar em contato com o empreendedorismo de outras

maneiras na graduação. As empresas juniores, os laboratórios

e as incubadoras de empresas também são caminhos possíveis.

O presidente do NEU, que é pesquisador sobre o tema, destaca

a necessidade de diálogo entre os diversos espaços de

empreendedorismo na academia.

“Podemos destacar três espaços principais para o

empreendedorismo nas universidades: sala de aula,

laboratórios e incubadoras. As universidades devem oferecer

disciplinas que dialogam com laboratórios e projetos de

pesquisa relacionados às incubadoras, por exemplo. É preciso

fomentar a oferta de disciplinas, mas, mais do que isso,

fomentar as interfaces do ecossistema de empreendedorismo”,

explica Artur Vilas Boas.

Segundo ele, as pesquisas relacionadas ao empreendedorismo

deveriam ser mais incentivadas. “Os principais ecossistemas

de empreendedorismo do mundo apresentam ligação direta

com universidades de ponta. Capital humano de alto nível

é o que gera negócios de alto nível. Ninguém melhor que a

universidade para desempenhar papel fundamental nesse

sentido. O ambiente acadêmico e de pesquisa é o ambiente

Você pode empreender enquanto ainda está na universidade. Veja como!

onde se chega à fronteira do conhecimento, sendo, assim,

mais provável se chegar à fronteira da inovação”, afirma o

pesquisador da USP.

Dificuldade de difusão Se o empreendedorismo faz parte

da rotina de alunos dos cursos de Administração, Economia,

Computação e Engenharia, não pode-se dizer o mesmo nas

áreas de saúde e ciências humanas.

Segundo a pesquisa da Endeavor, no curso de Administração,

65% dos entrevistados já cursaram alguma disciplina,

enquanto na área de ciências da saúde, apenas 27,7%. A

pesquisa mostra ainda que um grande número de estudantes

não fizeram disciplina nessa área pelo simples fato do

curso não oferecer nenhuma. 32,4% dos universitários de

Ciências Humanas demonstram interesse pelo tema, mas não

encontram oferta.

“Considero este dos principais desafios atualmente. Apesar do

empreendedorismo estar se difundindo rapidamente entre

cursos como engenharia, computação e administração, os

cursos de humanas ainda apresentam poucas iniciativas

relacionadas. Acredito que esta difusão deve ocorrer nos

próximos anos, conforme novas formas de empreendedorismo

sejam criadas e difundidas nestes cursos”, ressalta o professor

universitário André Leme Fleury.

Quem já passou por esses cursos com menos tradição

empreendedora encontra dificuldades na hora de montar seu

próprio negócio. É o caso do empresário Calebe Asafe, que

graduou-se em publicidade na UFMG e em design gráfico na

UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais). Atualmente

ele é diretor de criação da “Calebe Design” e sócio-fundador

do Prosas, plataforma que incentiva iniciativas na área social.

“Quando você vai empreender de fato, o buraco é muito

mais embaixo. Você não precisa só de conhecimento em

empreendedorismo, mas principalmente em gestão. Os alunos

precisam conhecer alguns modelos de negócio dentro do

campo que estão estudando. Precisam ter a noção de como o

mercado funciona e quais dificuldades eles vão encontrar se

quiserem abrir seu próprio negócio”, conta o empreendedor.

Você pode empreender enquanto ainda está na universidade. Veja como!

No currículo de diversos empreendedores é possível encontrar passagens por grandes empresas, consultorias internacionais e trainees concorridíssimos. Mas um ponto em

comum une muitos desses profissionais, mesmo que algumas vezes nem apareça no currículo: a passagem por uma empresa júnior durante a faculdade. Para quem deseja montar sua startup, fica a dica: a rotina de trabalho é semelhante e quem investe nessa área valoriza cada vez mais essa experiência profissional.

Como a empresa júnior pode alavancar a carreira empreendedora Empreendedores ressaltam como a experiência em empresa júnior durante a faculdade foi fundamental para o sucesso de seus negócios futuros

A definição de empresa júnior pode ser extraída de um

documento produzido pelas próprias empresas, o “Conceito

Nacional de Empresa Júnior”. Segundo esse documento, “as

empresas juniores são constituídas pela união de alunos

matriculados em cursos de graduação em instituições de

ensino superior, organizados em uma associação civil com

o intuito de realizar projetos e serviços que contribuam

para o desenvolvimento do país e de formar profissionais

capacitados e comprometidos com esse objetivo”.

Na prática, trata-se de uma empresa toda gerida pelos

próprios estudantes, que prestam serviços a preços reduzidos

preferencialmente para pequenos clientes, e onde os alunos

mais experientes passam o que sabem para aqueles que

acabam de chegar. Assim, esses estudantes entram em

contato não apenas com a parte final do produto ou serviço

oferecido, mas são obrigados a participar de processos

internos inerentes a qualquer empresa.

Muito do sucesso atual da empresa RockContent,

especializada em marketing de conteúdo, teve início nos

corredores do curso de Comunicação Social da UFMG

(Universidade Federal de Minas Gerais). Dois sócios da Rock,

Diego Gomes e Vitor Peçanha, passaram pela CRIA UFMG

Jr. “Foi bem interessante, tanto eu quanto o Vitor Peçanha,

meu sócio, passamos pela empresa júnior da UFMG. O Vitor

inclusive chegou a ser diretor da empresa júnior. Aprendemos

muito de forma prática, diferente do conteúdo acadêmico que

era ensinado na sala de aula. É uma experiência riquíssima

que recomendo a todos”, avalia Diego Gomes.

O sócio concorda. “A minha passagem pela CRIA me ajudou

na carreira atual pois foi minha primeira oportunidade de

ser meu próprio chefe dentro de uma estrutura empresarial

(mesmo que simplificada). Isso me deu a experiência inicial

sobe o mundo do empreendedorismo, principalmente

em relação a processos e relacionamentos com outros

profissionais”, afirma Vitor Peçanha.

Se hoje a RockContent lida com gigantes do mercado, os

primeiros clientes desses empreendedores surgiram na

CRIA. “Meu primeiro contato com clientes reais foi através

da empresa júnior. Gente de verdade com problemas de

verdade. Participar desse tipo de iniciativa desperta muito

Como a empresa júnior pode alavancar a carreira empreendedora

o empreendedorismo. Eu acredito muito que essa vivência

desperta a vontade de montar um negócio em todo aluno

universitário”, confirma Diego.

Segundo ele, as startups também valorizam nos seus

processos seletivos esses profissionais que passaram por uma

empresa júnior. “Na empresa júnior, você aprende fazendo. É

bem parecido com uma startup onde a experiência é pouca,

mas a dedicação te leva a atingir seu objetivo. Por isso, na

RockContent priorizamos contratações de pessoas com esse

tipo de experiência. Passou por uma empresa júnior? Já tem

vantagem no processo seletivo”, conclui. No final das contas,

estagiar ou trabalhar em uma startup pode ser uma ótima

escola para, posteriormente, abrir a sua própria.

Habilidades desenvolvidas Participar uma empresa júnior

ajuda a desenvolver ou a despertar diversas habilidades

empreendedoras. Saber quais serão elas vai variar da área de

atuação da empresa (relacionada ao curso dos alunos), dos

cargos ocupados dentro delas, e do perfil de cada um. João

Batista é um exemplo disso. Ao entrar no curso de Engenharia

Elétrica da UFMG, encontrou na empresa júnior uma

oportunidade para expandir seus horizontes. “Por achar meu

curso muito técnico e específico, busquei novos espaços onde

pudesse exercitar habilidades multifuncionais e ao mesmo

tempo me testar no desenvolvimento de diversas atividades,

como liderança e tomada de decisões sob pressão. Tenho

certeza que sou um profissional muito mais qualificado por

ter feito parte de uma empresa júnior do que se eu tivesse

apenas seguido minha carreira acadêmica”, conta.

Além da atuação na CPE Jr., Batista chegou a ser presidente

da Federação Mineira de Empresas Juniores, o que lhe

proporcionou contato com diversas áreas do conhecimento.

“Ter trabalhado com pessoas de diversas áreas, de diversos

cursos superiores e profissionais de grande qualidade abre

portas, parcerias e novos negócios. O aprendizado gerencial

adquirido na empresa júnior, seja em finanças, contratos,

projetos, qualidade, recursos humanos e marketing,

configura-se como um pilar que me ajuda em todas minhas

atividades profissionais”, ressalta João Batista.

“Já implantei metodologias de qualidade onde trabalhei, hoje

estou abrindo uma empresa e a experiência que adquiri

Como a empresa júnior pode alavancar a carreira empreendedora

sendo gestor financeiro de uma empresa júnior muito tem

me ajudado, além do aprendizado de como se trabalhar

melhor em grupo”, completa.

Outro que passou por uma EJ (sim, essa é a sigla usada

pelos próprios alunos para se referir às empresas juniores)

e que se deu bem ao criar sua startup é Gustavo Caetano,

da SambaTech, empresa que oferece soluções de vídeos

como educação à distância, comunicação corporativa, Tv na

internet, etc. Durante o curso de Publicidade e Propaganda

na carioca ESPM, Gustavo adquiriu confiança para aventuras

maiores no futuro.

“Empresa júnior foi legal pois te dá uma primeira ideia do

que é empreendedorismo. É um negócio que você tem de

tocar. Comecei a usar a lógica de endosso e reputação para

propagar nosso trabalho. Fiquei mais seguro de seguir nos

meus negócios posteriores pois tinha passado pela empresa

júnior”, afirma o empreendedor.

Como a empresa júnior pode alavancar a carreira empreendedora

Onúmero de jovens que entram na faculdade já com a ideia de empreender tem aumentado pelo Brasil afora. Mas, afinal de contas, vale mais a pena fazer um estágio durante o curso

e deixar para abrir minha empresa depois de pegar o diploma ou já quero formar tendo meu próprio negócio criado e estruturado?

Fazer estágio ou abrir a minha própria startup?O que representa a melhor escolha durante a sua graduação: estagiar ou empreender? Com a ajuda de especialistas em carreiras, elaboramos uma lista com alguns pontos a serem analisados na hora de escolher

Segundo a pesquisa Empreendedorismo nas universidades

brasileiras, realizada pela Endeavor em parceria com o

Sebrae em 2014, um quarto dos quase 5 mil estudantes

universitários entrevistados pensa em abrir seu próprio

negócio já no ano da pesquisa (13,5%) ou no ano seguinte

(11,9%). Os dados mostram que muitos não estão dispostos

a esperar, mas os especialistas em carreiras afirmam que os

estágios também podem ser uma boa opção.

“Tudo vai depender do perfil e dos sonhos de cada um. O

estágio pode ser um bom caminho mesmo para quem entra

na graduação já com planos de empreender. Isso porque o

universitário terá conhecimento de como funciona aquele

determinado mercado, ver o que está dando certo ou não e, a

partir daí, querer fazer o mesmo ou diferente em seu próprio

negócio”, afirma a coach Rijane Mont´Alverne.

Nas duas opções, é importante ter em mente não abandonar

ou prejudicar os estudos, mesmo que isso pareça impossível.

“Ter relacionamento com pessoas mais experientes no papel

de mentor, seja na universidade, seja no meio profissional,

pode contribuir para a organização da agenda e prioridades

visando conseguir conciliar estudo, negócio e estágio.

Outro ponto é ter parceiros no negócio ou no estágio que

compartilhem de tempo e dedicação nas entregas das

demandas, visando abrir na agenda do jovem tempo para

os estudos, entendendo que estes sempre vão contribuir

positivamente”, explica a presidente da Associação Brasileira

de Recursos Humano (ABRH), Cristiane de Ávila.

Para ajudar os estudantes que estão se decidindo por

fazer um estágio ou já abrir seu próprio negócio durante a

graduação, listamos alguns pontos positivos e negativos de

cada uma das opções:

Autonomia

Estágio: Geralmente é pequena, visto que as grandes

empresas já possuem programas pré-definidos e sob a

supervisão de outros funcionários. Ou seja: você não tomará

grandes decisões e, nas que tomar, alguém estará de olho.

Negócio próprio: Você está no comando. Os rumos da

empresa serão definidos pelas suas escolhas e você será

Fazer estágio ou abrir minha própria startup?

obrigado a tomar decisões importantes o tempo todo, até

mesmo sobre assuntos que seu conhecimento é pequeno.

Portanto, se prepare antes de tomá-las!

Remuneração

Estágio: Segundo pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios

(NUBE), a média nacional da bolsa-auxílio é de cerca de

R$1.100 no nível superior. A grana pode não ser tão alta, mas

é certo que ela estará na conta no fim do mês.

Negócio próprio: Uma das grandes dúvidas de quem abre sua

startup é quando ela começará a dar retornos financeiros.

Não existe um padrão, mas tenha consciência que pode

demorar mais do que o previsto. Por outro lado, também é

possível ganhar valores inesperados para seus vinte anos.

Disponibilidade de tempo

Estágio: As empresas sérias obedecem ao limite de jornada

para um estagiário permitido em lei (6 horas diárias e 30

semanais). Outro aspecto importante é que essas empresas

Fazer estágio ou abrir minha própria startup?

evitam passar trabalho para ser desenvolvido em casa, o que

significa que você pode organizar seu tempo para estudar

para as provas de final de semestre.

Negócio próprio: Prepare-se para acordar e dormir pensando

em trabalho, inclusive com a possibilidade de perder aulas na

faculdade. Fazer poucas disciplinas acaba sendo a saída para

mita gente nessa situação.

Principalmente no começo, startups consomem grande carga

horária do dia e em períodos diferentes. Por outro lado, você

pode virar duas noites seguidas trabalhando para depois

folgar na data planejada, e sem dar satisfações ao chefe...

Diversidade de funções

Estágio: Por mais que as empresas tentem deixar o programa de estágio mais versátil, o seu cronograma de atividades tende a ser menos flexível. Você não vai apertar parafusos como Chaplin em Tempos Modernos, mas também não acredite que passará por todas as funções e setores almejados.

Negócio próprio: Chegou a hora de mostrar que você é dinâmico e capaz de fazer de tudo um pouco. Nas startups, as funções são mais livres e a necessidade te obrigará a desempenhar tarefas antes inimagináveis, desde preparar um café para seu cliente até operações bancárias que você nem sabia que existiam.

Pertinência temática com o curso

Estágio: Como a própria lei diz, estágio é um vínculo educativo-profissionalizante e as universidades fazem parte do termo de compromisso assinado entre estudante e empresa. Portanto, provavelmente, você conseguirá relacionar os conteúdos das aulas com o que está fazendo na prática em seu estágio.

Negócio próprio: Você estuda Biologia e sua startup é de aluguel de vestidos? Dificilmente conseguirá associar as disciplinas ao trabalho, mas desenvolverá outras habilidades que ajudarão no curso, como dinamismo e curiosidade. Se a empresa for no ramo do curso, bingo!

Fazer estágio ou abrir minha própria startup?

Ofim da graduação gera diversas dúvidas nas cabeças dos jovens. Mas nem sempre o caminho profissional está nas possibilidades oferecidas naquela área. Sempre é tempo de

recomeçar e aprender, como nos exemplifica Juliana Saldanha. Ao terminar o curso de graduação em Farmácia, optou pelo empreendedorismo, trabalha com marketing e hoje é sócia-fundadora da Techmall, aceleradora de startups localizada em Belo Horizonte.

Empreendedorismo não é só carreira para os cursos de exatas e administraçãoFormada em Farmácia, Juliana Saldanha se encontrou profissionalmente como sócia-fundadora de uma aceleradora de startups, onde trabalha com marketing

Depois de cinco anos e meio mergulhada nos processos

produtivos de medicamentos e cosméticos, Juliana, como ela

mesmo diz, estava no local certo e na hora certa, e começou

a trabalhar na Inova, incubadora de empresas da UFMG

(Universidade Federal de Minas Gerais).

Foi lá que conheceu o universo do empreendedorismo e

passou a desempenhar funções na área de marketing.

Dessa etapa para montar sua própria startup não demorou

muito, mas o resultado não foi dos melhores. “Nossa ideia

era conectar as pessoas que queriam doar produtos que não

usam mais com aquelas que poderiam ter interesse naqueles

produtos. Mas não pesquisamos se as pessoas queriam

aquela solução que oferecíamos, estávamos viciadas naquele

produto sem entender as reais necessidades dos clientes”,

explica Juliana sobre sua estreia como empreendedora.

Aprendizado Os erros do primeiro negócio foram assimilados

e surgiu a possibilidade de participação na sociedade de uma

aceleradora de startups em 2013, a TechMall, que atua no

apoio financeiro e estratégico com foco na formatação do

negócio para que ele ganhe tração e cresça. Ela é Diretora

de Marketing da Techmall e cuida de toda a parte de

comunicação da empresa, como mídia, assessoria e eventos.

“Existem pessoas preparadas que estudaram muito nessa

área. Mas eu executo muito bem, o que me dá segurança.

Não acho que uma graduação é fundamental para ser bem-

sucedido. Vários grandes empreendedores não são formados.

Hoje os métodos de ensino são muito unilaterais”, conta.

Mesmo não tendo estudado Marketing em sua graduação,

ela sabe que é preciso se atualizar e entender o que de novo

tem sido debatido. “Atualmente eu faço uma pós-graduação

em Marketing, procuro sempre estar atenta aos sites sobre o

assunto. Nas redes sociais também tem muita coisa legal. O

marketing tem mudado nos dias de hoje. O relacionamento

com o cliente deve ser muito próximo, ele está muito

exigente. É preciso explorar cada canal de comunicação

corretamente para chegar aos resultados”, acrescenta.

Formação Sobre a experiência durante a graduação de

Farmácia, Juliana procura sempre observar o lado positivo.

“Eu aprendi a ter senso crítico no curso de Farmácia. Temos

Empreendedorismo não é só carreira para os cursos de exatas e administração

que aproveitar cada experiência que vamos tendo na nossa

vida. Mas uso muito pouco do que aprendi no curso no

meu dia a dia. Eu tenho um branco quanto ao conteúdo

atualmente. Se precisar de um medicamento, pergunto a uma

amiga”, brinca a empresária.

Os debates acadêmicos sobre a possibilidade de se aprender

empreendedorismo são longos, com alguns autores dizendo

que determinadas características já nascem com as

pessoas. Entretanto, Juliana é um exemplo de que é possível

desenvolver certas habilidades com a prática.

“Digo que empreendedorismo pode ser ensinado, pois eu

mudei muito e aprendi na prática. Meus filhos serão todos

empreendedores, digo na mentalidade. Faria toda diferença

se as pessoas aprendessem empreendedorismo nas escolas

ou universidades. Não estudamos para solucionar problemas,

mas para aprender aquilo que dizem ser importante”, analisa.

Perguntada sobre o futuro, Juliana parece ter escolhido

seu caminho. Já recusou uma proposta de trabalho em

uma empresa líder de mercado e quer disseminar essa

cultura empreendedora. “Minha meta é disseminar o

empreendedorismo. Tenho pavor de quem é acomodado,

isso me estressa. Queria que todos fossem empreendedores,

quanto mais consigo passar isso para frente, melhor. Fazer o

mundo fluir mais dinâmico é algo que me motiva”, conclui.

Empreendedorismo não é só carreira para os cursos de exatas e administração

Em passagem pelo Brasil, o economista e banqueiro Muhammad Yunus, vencedor do Nobel da Paz em 2006, aproveitou para instigar os jovens universitários a desafiarem a teoria

e pensarem em novas formas de fazer negócios. Para ele, todas as pessoas têm potencial para empreender, e é o empreendedorismo – e não a filantropia – a grande solução para a pobreza do mundo, por meio dos chamados negócios sociais.

Todas as pessoas têm potencial para empreender, diz Muhammad YunusO economista Muhammad Yunus, ganhador do Nobel da Paz, acredita que a nova geração vai levar a universidade além de seus próprios muros para promover ações com impacto na sociedade

“Meus colegas na universidade debochavam de mim,

achavam que aquilo era uma bobagem, que o que eu estava

fazendo era muito pouco e não mudaria nada”, conta Yunus

sobre o início do negócio, quando emprestava dinheiro

informalmente para um número pequeno de pessoas.

O descrédito da comunidade acadêmica não poderia se

provar mais equivocado. Hoje o Grameen já conta com

2185 agências e, desde sua fundação, em 1991, emprestou o

equivalente a 5,72 bilhões de dólares para 6,61 milhões de

clientes, 97% dos quais são mulheres.

Sua taxa de inadimplência é baixíssima, de fazer inveja

aos mais bem administrados bancos comerciais do mundo:

apenas 1,15%, o que significa que o Grameen recebe de volta

98,85% dos empréstimos que concede.

“A teoria econômica é vazia se você não encontra uma

aplicação prática para ela”, conta. Para ele, o trabalho

de pesquisa e docência na universidade lhe garantiu um

olhar de pássaro, que enxerga o todo, porém a uma grande

distância. É importante, mas precisa ser complementado

pelo que ele chama de olhar terrestre, que só é possível para

quem transpõe os muros da universidade e vai falar com as

comunidades, com a população.

Também é preciso tomar cuidado para que essa mesma

teoria não seja um fator limitante. “Muitas pessoas falavam

para mim que o que eu estava fazendo era impossível, que

não era um negócio porque não tinha como objetivo ganhar

dinheiro”, ele conta.

De acordo com a teoria econômica ortodoxa, eles estavam

certos, mas isso não preocupou ou paralisou o economista

em nenhum momento.

“Se a teoria não se encaixa no que eu estou fazendo, é a

teoria que está errada e não eu”, ele defende. Do mesmo

modo que propôs uma nova forma de fazer negócios, Yunus

estimula os jovens a empreenderem e não terem medo de ser

protagonistas de inovações.

“Do jeito que é ensinada, a teoria econômica, focada sempre

na maximização dos lucros, força as pessoas a pensarem

Todas as pessoas têm potencial para empreender, diz Muhammad Yunus

apenas dessa forma. Se a liberdade de inovar começar a fazer

parte do processo de aprendizagem das pessoas, elas vão ser

capazes de criar um mundo não só diferente, mas melhor”,

acredita o economista.

Para ele, o empreendedorismo será a solução para grandes

problemas globais, como pobreza, desemprego e mudanças

climáticas. Ao final da palestra, o professor conclamou os

brasileiros a sair de suas zonas de conforto para buscar

soluções criativas para mudar e impactar a realidade. “Temos

que incentivar os jovens na universidade a serem criativos. É

esse o caminho para surgimento de empreendedores sociais”,

concluiu.

Todas as pessoas têm potencial para empreender, diz Muhammad Yunus

“Eu vejo o Brasil atual como um lugar de muitas oportunidades”, defendeu Jorge Paulo Lemann em evento organizado pela Endeavor em agosto deste ano, do qual

o Na Prática participou. Falando para uma audiência de cerca de oitocentos empreendedores, além dos que acompanhavam o evento online, o empresário disse acreditar que vão se sobressair aqueles que souberem enxergar oportunidades nos momentos de dificuldade.

Empreendedores é que vão salvar o Brasil, defende Jorge Paulo LemannEm evento da Endeavor, o maior empresário do Brasil explica quais são as características que o empreendedor precisa ter para ser bem-sucedido em tempos de crise

Para ele, o contexto econômico atual no Brasil proporciona

um aprendizado intenso para o mercado e a indústria.

“Dificuldade gera a necessidade de melhorar”, explica. Na sua

opinião, são os empreendedores brasileiros que vão salvar o

país da crise.

Como exemplo de dificuldade tornada em oportunidade, ele

menciona o Banco Garantia, que por anos foi considerado um

dos mais prestigiosos e inovadores bancos de investimentos

do país. A verdade é que, quando ele foi comprado – ainda

como uma pequena corretora – a intenção de Jorge Paulo era

fazer dela a melhor corretora de bolsa do Brasil. Acontece

que, um mês depois da compra, a bolsa brasileira quebrou.

Foi a dificuldade que obrigou o empresário a buscar por

novidades. Assim, a empresa se reinventou e acabou

aproveitando uma oportunidade surgida pouco depois, com

as ORTNs (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional),

tornando-se a maior operadora desse tipo de papel. “A

coisa nunca é uma linha reta”, conclui. Além de ser capaz

de aproveitar essas oportunidades, o empreendedor que

vai ser bem-sucedido em tempos de crise também precisa

ser resiliente. “Vocês não podem desanimar na primeira

dificuldade, na primeira volta para trás. Vai se dar bem quem

continuar”, disse. Ele usou a própria trajetória como exemplo

de que os altos e baixos fazem parte da carreira de qualquer

empresário, e ressaltou a necessidade de aprender e melhorar

a cada erro.

Errando que se aprende Com a falência de seu primeiro

empreendimento, uma financeira que montou junto com

outros egressos de faculdades norte-americanas, aprendeu

que o empreendedor deve buscar sócios com perfis diversos

e diferentes dele próprio. “A empresa faliu porque não

tinha quase nenhuma administração, todos os sócios eram

parecidos só queriam saber de fazer negócios, daí ninguém

cuidava da retaguarda administrava”, reconheceu. Com a

venda e posterior fechamento do icônico Banco Garantia, ele

aprendeu a importância da visão a longo prazo. “No Garantia,

estávamos muito focados nos resultados a curto e médio

prazo, e então nos meus próximos negócios comecei a mudar

essa visão, olhar mais longe”, explica Jorge Paulo, fazendo

referência aos empreendimentos que está a frente hoje, como

a cervejaria AB Inbev e a Kraft Heinz.

Empreendedores é que vão salvar o Brasil, defende Jorge Paulo Lemann

Para ele, setenta por cento do esforço do empreendedor deve

estar voltado para o sonho grande, enquanto os trinta por

cento restantes devem estar focados em aprender com as

decisões erradas e melhoras.

O hábito de esquadrinhar um ou mais aprendizados diante

de cada erro ou fracasso é uma herança das quadras de tênis,

como ele gosta de dizer. Foi a necessidade de aperfeiçoar sua

técnica diante de cada partida perdida que fez o empresário

apostar sempre na possibilidade de melhoria e crescimento.

“É simples: sem esforço você não tem resultado”, diz. Ele

começou a praticar o esporte desde cedo e, aos nove anos,

perdeu para seu principal rival. Aos doze, sofreu uma derrota

para um jogador estrangeiro. “O tênis foi muito importante

pra me habituar a não ganhar sempre, me preparou para

perder. Toda vez que eu perdia tentava analisar por que, ou o

que não tinha dado certo e o que melhorar na próxima vez.”

Focar no essencial Segundo o empresário, outra habilidade

que faz o empreendedor se sobressair é a capacidade de

distinguir o que é fundamental daquilo que é secundário – e

Empreendedores é que vão salvar o Brasil, defende Jorge Paulo Lemann

focar os esforços naquilo que realmente importa. Quando

estudava em Harvard, tinha o objetivo de acabar a graduação

no menor tempo possível e, para isso, acabava acumulando

diversos cursos em um mesmo semestre. “Eu reduzia cada

uma das disciplinas às cinco coisas básicas que eu tinha

que aprender com elas, e desenvolvi essa técnica de focar

em cinco pontos principais”, explica. Hoje, suas empresas

possuem cinco metas básicas e essenciais, assim como os

funcionários.

Entre as definições trazidas pelos dicionários para a palavra “empreendedor” está a de alguém que realiza coisas difíceis, fora do comum ou arrojadas. Mas será que é preciso ser mesmo

um destemido empresário, disposto a assumir riscos e que não para de ter ideias inovadoras para ser chamado de empreendedor? Segundo os especialistas, o conceito de empreendedorismo é mais amplo e existem diversas possibilidades para quem pretende atuar nessa área.

Os diversos caminhos para quem quer empreender Empreender não é só criar startups! Conheça as oportunidades para trabalhar no ecossistema empreendedor sem ter de abrir o próprio negócio

O boom das startups no Brasil nos últimos anos aumentou o

chamado ecossistema empreendedor. Atualmente, existem

diversos profissionais e entidades especializados em apoiar

ou fornecer serviços para essas empresas. Aceleradoras,

fundos de investimento, incubadoras, consultorias, núcleos

de empreendedorismo nas universidades e até mesmo

as vagas como funcionário em uma startup são exemplos

de oportunidades para quem quer empreender sem estar

disposto a correr os riscos abrir seu próprio negócio.

Segundo Cássio Spina, fundador da Anjos do Brasil,

organização sem fins lucrativos de fomento ao investimento-

anjo, empreender é muito mais do que abrir uma empresa.

“Existem diversas maneiras de se empreender. Pode ser com

uma atitude empreendedora dentro da empresa onde você

trabalha, desenvolvendo oportunidades de novos negócios, ou

trabalhando nessas entidades que compõem o ecossistema.

Cada um escolhe o caminho de acordo com seu perfil”, avalia.

O sócio-fundador da Meliuz, startup mineira de e-commerce

pioneira no país em cupons de descontos com cashback,

Ofli Campos, concorda e acredita que possui vários

empreendedores em sua empresa. “Empreender não significa

ter uma empresa. Tem mais a ver com a maneira com a

qual você lida com seus sonhos. Temos muitas pessoas

trabalhando na Meliuz que são antigos donos de startups e

hoje são funcionários. Não vejo diferenças nisso, empreender

não significa abrir empresa ou ser funcionário. Buscar um

sonho é empreendedorismo, não é necessário ter um CNPJ

para isso”, afirma o empresário.

Habilidades necessárias Se você está disposto a trabalhar

nessa área, mesmo que não seja como sócio ou dono de uma

startup, algumas características são fundamentais. Apesar

das diferenças peculiares à cada área, alguns traços são bem

parecidos com os dos empresários que você terá de lidar

diariamente. Dinamismo, disposição à inovação, criatividade,

persistência, capacidade de execução e facilidade de

comunicação são algumas apontadas pelos especialistas.

“As características são parecidas com as de um

empreendedor que abre seu negócio. Isso porque essas

pessoas estão inseridas no mesmo cenário, influenciadas por

quase todas as mesmas variáveis e em contato constante.

Os diversos caminhos para quem quer empreender

Talvez a capacidade de gerenciar e calcular riscos seja mais

evidente para os empresários, mas ela também está presente

no dia a dia desses outros empregados em proporções e

decisões diferentes”, afirma Cássio Spina.

Realização Os depoimentos daqueles que ajudam

na construção dos alicerces das diversas facetas do

empreendedorismo revelam realização profissional.

No caso de Artur Vilas Boas, presidente do Núcleo de

Empreendedorismo da USP (Universidade de São Paulo) e

pesquisador sobre o tema, aumentar as possibilidades de

empreendedorismo no ambiente acadêmico se tornou uma

verdadeira missão para ele.

“Eu empreendi no período da graduação. A empresa

deu certo, formei sócios e hoje cuido apenas da parte

estratégica. Mas isso despertou em mim o sonho de

ajudar outros universitários a empreender também. Hoje,

vejo meu futuro ligado a essa missão de fazer com que a

universidade cada vez mais apoie jovens empreendedores

em sua jornada. Sou extremamente realizado com o que

faço e me considero empreendedor”, afirma.

Os diversos caminhos para quem quer empreender

No caso de Cássio Spina, que também trilhou diversos

caminhos empreendedores, auxiliar as startups a buscarem

recursos por meio dos investidores-anjos é uma maneira de

fazer parte desses negócios.

“Claro que um investidor busca retorno, mas dá um prazer

enorme de ver aquelas ideias e serviços se tornando

realidade, dando os primeiros passos e alcançando seus

objetivos. Você acaba participando dos sonhos das pessoas e

sonhando com elas. Todo negócio é construído em conjunto.

Colocar um tijolinho ali é muito legal”, conclui.

textoFrederico Machado

Rafael Carvalho

Vinícius Neris

ediçãoRafael Carvalho

designDanilo de Paulo

fotosNa Prática

StartuoStockPhoto

Acervo Pessoal

Divulgação