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Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 136 Fevereiro - 2012 Servidores públicos federais lançam campanha salarial Por que não participar da Plenária da Condsef LEIA NESTA EDIÇÃO PEC 270 é aprovada na Câmara Artigo: O tempo presente A história do voto feminino no Brasil Governo esvazia órgão de negociação com servidores Usamos papel reciclado. Respeitamos a natureza p.3 p.5 p.6 p.9 p.11 p.12 Secretaria de Cultura, Gênero, Raça e Etnia do Sintrafesc promove de 6 a 7 de março, das 15 às 18 horas, no auditório do Sintespe, no Centro de Florianópolis, a Oficina Gênero e Arte. A atividade é parte das ações em comemoração ao Dia Internacional da Mulher – 8 de março. O objetivo é debater a si- tuação da mulher e as formas de superação, com uma abordagem metodológica através da arte. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas, por ordem de inscrição. A oficina tentará responder “como se cons- troem as relações de discriminação e opressão vividas pelas mulheres; como compartilhar a responsabilidade sobre o cuidado doméstico en- tre mulheres e homens; e como a mulher vem ocupando os espaços de poder na sociedade”. O auditório do Sintespe, local da oficina, é na Pra- ça Olívio Amorim, 82, no Centro da Capital. Leia mais nas páginas 6, 7 e 8. A SINTRAFESC PROMOVE OFICINA SOBRE GÊNERO E ARTE Dia Internacional da Mulher

Estampa Fevereiro de 2012

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Jornal Estampa de fevereiro de 2012

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Page 1: Estampa Fevereiro de 2012

Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 136Fevereiro - 2012

Servidores públicosfederais lançamcampanha salarial

Por que não participar da Plenária da Condsef

Leia nesta edição

PEC 270 é aprovada na Câmara

Artigo: Otempopresente

A história dovoto femininono Brasil

Governo esvaziaórgão de negociaçãocom servidores

Usamos papel

reciclado.

Respeitamos

a natureza

p.3

p.5

p.6

p.9

p.11

p.12

Secretaria de Cultura, Gênero, Raça e

Etnia do Sintrafesc promove de 6 a 7 de

março, das 15 às 18 horas, no auditório

do Sintespe, no Centro de Florianópolis,

a Oficina Gênero e Arte. A atividade é parte das

ações em comemoração ao Dia Internacional da

Mulher – 8 de março. O objetivo é debater a si-

tuação da mulher e as formas de superação, com

uma abordagem metodológica através da arte.

As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas,

por ordem de inscrição.

A oficina tentará responder “como se cons-

troem as relações de discriminação e opressão

vividas pelas mulheres; como compartilhar a

responsabilidade sobre o cuidado doméstico en-

tre mulheres e homens; e como a mulher vem

ocupando os espaços de poder na sociedade”. O

auditório do Sintespe, local da oficina, é na Pra-

ça Olívio Amorim, 82, no Centro da Capital.

Leia mais nas páginas 6, 7 e 8.

a

sintrafesc promove oficina sobre Gênero e arte

Dia Internacional da Mulher

Page 2: Estampa Fevereiro de 2012

2 Estampa | Fevereiro | 2012

O jornal Estampa é uma publicação mensal do Sintrafesc.

Cartas, textos, críticas e sugestões podem ser enviados paraa Sede, rua Nereu Ramos, 19, s.609, 88015-010 - Florianópolis - SC Fone/fax (48) 3223-6452.

Núcleo Regional de Base do OesteRua Benjamin Constant, 363 E, Centro - 89801-070 - Chapecó - SCFone: (49) 3322-2639

Núcleo Regional de Base do PlanaltoRua João de Castro, 68, sala 22, Shopping Gemini, Centro88501-160 - Lages - SC Fone: (49) 3224-4537

Jornalista: Celso Vicenzi (MTE/SC 274 JP) Editoração: Cristiane Cardoso (MTE/SC 634 JP) Tiragem: 4.200 exemplaresImpressão: Gráfica AgnusFechamento da Edição: 28/02/2012

www.sintrafesc.org.br • E-mail: [email protected]

Sede Florianópolis

Presidente: Maria das Graças Gomes Albert Vice-presidente: Hercílio da Silva Secretário Geral: Sebastião Ferreira Nunes 1º Secretário: Lírio José Téo Secretário de Finanças: Francisco Carlos Nolasco Pereira Secretário de Finanças Adjunto: Vitoriano de Souza Secretária de Organização Sindical: Marlete Conceição Pinto de Oliveira Secretário de Organização Sindical Adjunto: Valdecir Dal Puppo Secretária de Políticas de Comunicação: Elizabeth Adorno Araújo Coimbra Secretário de Políticas de Comunicação Adjunto: Walterdes Bento da Silva Secretário de Assuntos Jurídicos: Valdocir Noé ZanardiSecretário de Assuntos Jurídicos Adjunto: Júlio Werner Peres Secretária de Formação Sindical: Ester Bertoncini Secretário de Formação Sindical Adjunto: Nereu Gomes da Silva Secretário de Assuntos de Aposentadorias e Pensões: Dérmio Antônio FilippiSecretário de Assuntos de Aposentadorias e Pensões Adjunto: Clair Bez Secretário de Saúde do Trabalhador: Mário Sérgio dos Santos Secretária de Saúde do Trabalhador Adjunta: Nádia Maria Elias Secretário de Raça, Gênero e Etnia: Flávio Roberto Pilar Secretária de Raça, Gênero e Etnia Adjunta: Vera Maiorka Sassi

Núcleo Regional de Base do Planalto Serrano

Pedro Edegar Foragato, Valdomiro Milesi de Souza, Geraldo Iran da Rosa e Manoel Gama de Oliveira

Núcleo Regional de Base do Oeste

Pedro Vilmar Padilha dos Anjos, João Claudir Marchioro, Aberrioni Dal Piaz Moreira e Valdecir Cezar Marcon

Conselho Fiscal

Osni Francisco Tavares, Tânia Lindner, Vlander Luiz Pacheco, Edson Gonçalves e Plácido Simas

Diretoria - Gestão 2010-2013

Umas e Outras |

Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Mu-nicípios demonstrou que dos 5.563 prefeitos eleitos em 2008, 383 não estão mais no cargo. Desses, 210 foram cassados, 48 deles por fraudes na campanha eleitoral. Em 56 municípios do país, a troca de prefeito ocorreu por morte do titular, sendo que oito prefeitos foram assassina-dos ou se suicidaram. Vinte e nove saíram para concorrer a outro cargo, 18 por doença e 70 por outros motivos como renúncia e acordo entre partidos.

A organização não governamental (ONG) Sal-vem as Crianças divulgou relatório infor-mando que a cada minuto cinco crianças morrem no mundo em decorrência de desnutrição crônica. O documento tam-bém adverte que cerca de 500 milhões de meninos e meninas correm risco de ter sequelas permanentes nos próximos 15 anos. De acordo com a ONG, a morte de dois milhões de crianças por ano poderia ser prevenida se a desnutrição fosse combatida.

cinco crianças morrem de fome a cada minuto no mundo

adoLescentes consomem bebidas aLcoóLicas cada vez mais cedo

O primeiro consumo de bebida alcoólica entre crianças e adolescentes tem sido cada vez mais cedo. Esta é uma das conclusões de pesquisa realizada para traçar o perfil

do consumo de álcool entre esse público. O es-tudo foi encomendado pelo governo do es-

tado de São Paulo, mas o resultado reflete também o que ocorre em outros estados brasileiros. Segundo a pesquisa, os adoles-centes estão começando a beber por volta

dos 13 anos e a faixa etária em que o con-sumo é mais alto é dos 18 aos 24 anos.

prefeitos eLeitos em

2008 foram cassados

Fontes: Agência Brasil; Andi; A Gazeta (MT).

210

Page 3: Estampa Fevereiro de 2012

3 2012 | Fevereiro | Estampa

Serviço Público |

demonstrativo do pagamento de ações judiciais em fevereiro

O valor da maior ação paga individualmente foi de R$ 14.536,83.Total de 12 servidores que, juntos, receberam R$ 48.202,54. Média de R$ 4.016,87 por servidor.

servidores Lançam campanha saLariaL 2012

lançamento da Campa-

nha Salarial 2012, no

dia 15 de fevereiro, em

Brasília, foi a largada

para um processo intenso de

mobilização. A situação de

indefinição no Ministério do

Planejamento não altera em

nada a agenda de mobiliza-

ção dos servidores públicos

federais. Já estão agendadas

outras atividades de mobiliza-

ção em todo o Brasil que vão

culminar com uma grande

marcha a Brasília no dia 28 de

março. Caso nenhum avan-

ço seja conquistado ao longo

desse período, as entidades

devem avaliar com os servido-

res de sua base a necessidade

de se iniciar uma greve por

tempo indeterminado a partir

de abril.

Além dos mais de R$ 50

bilhões contingenciados pe-

lo governo ano passado, foi

anunciado pela ministra Bel-

chior o corte de outros R$ 50

bilhões do orçamento. Isso re-

o

No dia 28 de março haverá uma grande marcha de servidores em Brasília

servidores ação órGão vaLores - r$

12 Anuênio Funasa 48.202,54

12 totaL 48.202, 54

força a inevitável constatação

de que até agora o governo

Dilma tem mostrado que saú-

de, educação, e demais seto-

res responsáveis diretos pelo

atendimento à população não

estão entre as prioridades do

governo.

A Condsef e as demais

entidades nacionais que re-

presentam o conjunto dos

servidores federais do Execu-

tivo, Legislativo e Judiciário,

esperam que este ano o qua-

dro seja diferente. Unidas em

torno de uma campanha sala-

rial, essas entidades buscam

o diálogo com o governo e

esperam negociar melhorias

urgentes para o setor. A ex-

pectativa é de que, finalmen-

te, o Planejamento mostre à

população que ela ainda pode

ter a esperança de contar com

serviços de qualidade para os

quais já paga caro há muito

tempo. Leia mais nas páginas

9 e 10.

Fonte: Condsef.

Page 4: Estampa Fevereiro de 2012

4 Estampa | Fevereiro | 2012

Comunicado |

núcleo de aposentados e pensionistas do ibama se reúne no sintrafesc

ez integrantes do Nú-

cleo de Aposentados

e Pensionistas do Iba-

ma, da Capital, partici-

param no dia 15 de fevereiro,

na sede do Sintrafesc, de uma

reunião com a Assessoria Ju-

rídica do Sindicato. O Núcleo

costuma se reunir todas as

quartas-feiras, das 14h30 às

16 horas na sede da Asibama,

no prédio do Instituto Brasi-

leiro de Meio Ambiente e Re-

cursos Naturais Renováveis,

na Avenida Mauro Ramos.

Segundo a secretária de

Políticas de Comunicação do

Sintrafesc, Elizabeth Adorno

Coimbra, que também é apo-

sentada do Ibama, o Núcleo é

uma forma de manter o apo-

sentado participando ativa-

mente das ações sindicais e

políticas, com o objetivo de

garantir uma melhor qualida-

de de vida. A secretária do Sin-

trafesc falou sobre as conquis-

tas obtidas em várias ações e

projetos no Parlamento e o

que ainda falta conquistar, co-

mo é o caso da paridade.

A presidenta do Sintrafesc

Maria das Graças Gomes Al-

bert apresentou detalhes da

Campanha Salarial 2012, que

este ano será unificada com

mais de 30 entidades nacio-

nais e que também em Santa

Catarina começa a se organi-

zar num forum de servidores

de vários sindicatos.

d

sobre a decisão de não participar da pLenária estatutária da condsef

Fonte: Sintrafesc

Direção Executiva do Sintrafesc decidiu, em reunião realizada no

dia 24 de janeiro, não participar da Plenária Estatutária da Cond-

sef, a ser realizada de 12 a 15 de abril, em Caldas Novas, Goiás.

Essa decisão ocorreu nessa data, 24 de janeiro (e se reforçou

com fatos seguintes até a data de hoje), devido ao prazo estipulado pela

Condsef para o pagamento da 1ª parcela referente às despesas financeiras

com o evento, que se encerrariam três dias depois, ou seja, no dia 27 de

janeiro.

Assim, a Direção Executiva reuniu-se em caráter de urgência para

analisar a situação e, no pleno exercício de sua legitimidade e autonomia

sindical, tomou a sua decisão, apresentando para a base de filiados e filia-

das os motivos que seguem:

comunicado da direção executiva do sintrafesc

1 Até a data de 24/01/2012 (dia da reunião da Executiva) não ha-

via informação por parte da Condsef da PAUTA a ser deliberada no

encontro. No entanto, havia uma documentação detalhada sobre as

despesas financeiras que os Estados deveriam repassar para a Con-

dsef, inclusive com o prazo determinado (27/01). Surpreende que

a Confederação se preocupe mais em arrecadar fundos do que in-

formar sobre a pauta política da discussão. A Direção do Sintrafesc

entende que as decisões POLÍTICAS devem preceder os assuntos

financeiros. Sempre! Aliás, é sobre a análise das questões políticas e

suas consequências, que se deve determinar a necessidade do custo

financeiro.

2 No entanto, com a inversão feita pela Condsef, nessa

data tínhamos condições de ter a previsão de gastos que

o Sintrafesc teria para esse evento: R$ 35 mil reais para

a participação de apenas oito delegado(a)s, conforme

critérios definidos pela Confederação, para somente

dois dias de plenária (porque é preciso descontar dois

dias de deslocamento, pois o evento ocorrerá na cida-

de turística e de águas termais de Caldas Novas-GO).

Ou seja, na essência, restam apenas dois dias para os

debates.

a

Page 5: Estampa Fevereiro de 2012

5 2012 | Fevereiro | Estampa

3 A Direção Executiva do Sintrafesc considera importante a reunião de

uma instância da Confederação, da qual é filiada e prima pelos princípios

políticos, os quais ajudou a construir desde a sua fundação. No entanto,

para reunir uma instância com caráter estatutário, é preciso ter a certeza

dessa necessidade, nesse momento, e que faça jus ao esforço que tal tarefa

demanda (incluindo as tarefas que precedem ao evento, nos Estados) e o

montante das despesas financeiras, no total. E conforme prevê o título do

evento, esta plenária é ESTATUTÁRIA, ou seja, a razão principal pela qual

se reúne é deliberar sobre questões previstas no ESTATUTO DA COND-

SEF. E embora, não saibamos quais sejam, devido à ausência da pauta,

com certeza questões estatutárias não se configura como prioridade para

a Direção Executiva do Sintrafesc, diante de várias ameaças da atual con-

juntura que pesam sobre os servidores públicos federais.

4 A ação principal que o Sintrafesc vem trabalhando desde janeiro é a CAMPANHA SALA-

RIAL. São duas frentes articuladas de trabalho: junto à base (com visitas, informações, reu-

niões, formação política, etc) e junto a outras entidades do movimento sindical, para unificar

a campanha no Estado de Santa Catarina. A Direção Executiva do Sintrafesc entende que as

políticas sindicais que serão necessárias para contrapor a atual conjuntura, deverão ser CONS-

TRUÍDAS com a base. Ou seja, o movimento é de baixo para cima. O que não parece ser a

orientação política da Condsef. Esta confederação prefere priorizar reuniões, cada vez mais

constantes, em Brasília – muitas delas de duvidosa utilidade e que, no entanto, custam caro

aos sindicatos da base e conflitam com muitas das ações necessárias para organizar os servi-

dores em cada local de trabalho. Menos reuniões de política de gabinete e mais ação na base,

é disso que o movimento sindical necessita.

5 A convocatória da Plenária Estatutária da Condsef, conten-

do a PAUTA saiu, enfim, em 10 de fevereiro. Porém, o prazo

para a retirada dos delegados se encerraria dia 29 de feve-

reiro, tendo o recesso de Carnaval no meio. Ou seja, isso nos

levou ao questionamento: que tipo de assembleias seriam re-

alizadas dentro desse prazo? Outro questionamento: embora

a razão de tal evento seja “reforma estatutária”, não se detalha

quais seriam. E quanto aos demais pontos de pauta, estes sim,

importantes (Conjuntura Nacional e Internacional; Balanço

do Movimento dos Servidores Públicos Federais; Organização

Sindical; Plano de Lutas) o que fazem dentro de uma PLENÁ-

RIA QUE É ESTATUTÁRIA? Por que a Condsef não priori-

za esses temas (necessários para a nossa Campanha Salarial)

em seminários em Brasília, com custo menos oneroso e com

condições de levar mais pessoas? O Sintrafesc tem convicção

que um valor tão significativo (R$ 35 mil somente para Santa

Catarina, e em curto prazo) pode ser melhor empregado para

ações de interesse direto de seus filiados e filiadas. Diante dos

fatos atuais relatados, a Direção do Sintrafesc reforça a sua

decisão tomada em 24 de janeiro, de não participar da Plená-

ria Estatutária.

6 A Direção Executiva do Sintra-

fesc continuará a fortalecer as po-

líticas de interesse da sua base, e

sempre que necessário, de maneira

democrática, fará críticas à Condsef

– que deveria ouvi-las com respei-

to, pois são os sindicatos que dão

sustentação à Confederação e são a

razão da sua existência. Estaremos

unidos quando preciso, mas esta-

mos cientes da nossa legitimidade

e autonomia. É dessa maneira que

o Sintrafesc continuará a ser um

sindicato forte e com propostas,

capaz de contribuir com os rumos

do movimento sindical dos servi-

dores públicos federais, em Santa

Catarina e no Brasil.

Florianópolis, 27 de fevereiro de 2012.

Direção Executiva do Sintrafesc.

Page 6: Estampa Fevereiro de 2012

6 Estampa | Fevereiro | 2012

Dia Internacional da Mulher | 8 de março

o dia 24 de fevereiro

de 2012, o Brasil co-

memorou os 80 anos

do direito de voto

feminino. As mulheres passa-

ram a ter o direito de voto as-

segurado pelo Decreto 21.076,

de 24/02/1932, assinado pelo

presidente Getúlio Vargas, no

Palácio do Catete, no Rio de

Janeiro. Esta conquista, po-

rém, não foi gratuita.

A luta pelos direitos políticos

das mulheres começou ainda

no século 18. No início da Re-

volução Francesa, o Marquês

de Condorcet - matemático,

filósofo e iluminista - foi uma

das primeiras vozes a defender

o direito das mulheres.

Nos debates da Assembleia

Nacional, em 1790, ele protes-

tou contra os políticos que ex-

cluíam as mulheres do direito

ao voto universal, dizendo o

seguinte: “Ou nenhum indi-

víduo da espécie humana tem

verdadeiros direitos, ou todos

têm os mesmos; e aquele que

vota contra o direito do outro,

n

a história dos 80 anos do direito ao voto feminino no brasiL

seja qual for sua religião, cor

ou sexo, desde logo abjurou os

seus”.

As ondas revolucionárias

francesas chegaram na Ingla-

terra e os escritores progres-

sistas Mary Wollstonecraft

- no livro A Vindication of the

Rights of Woman (1792) - e

William Godwin - no livro An

Enquiry Concerning Political

Justice (1793) - também de-

fenderam os direitos das mu-

lheres e a construção de uma

sociedade democrática, justa,

próspera e livre.

Igualdade total de direito

Mas a luta pelo direito de voto

feminino só se tranformou no

movimento sufragista após os

escritos de Helen Taylor e Jo-

hn Stuart Mill. O grande eco-

nomista inglês escreveu o li-

vro The Subjection of Women

(1861, e publicado em 1869)

em que mostra que a subjuga-

ção legal das mulheres é uma

discriminação, devendo ser

substituída pela igualdade to-

tal de direitos.

Com base no pensamento

destes escritores pioneiros, o

movimento sufragista nasceu

para estender o direito de vo-

to (sufrágio) às mulheres. Em

1893, a Nova Zelândia se tor-

nou o primeiro país a garantir

o sufrágio feminino, graças

ao movimento liderado por

Kate Sheppard. Outro marco

neste processo foi a fundação,

em 1897, da “União Nacional

pelo Sufrágio Feminino”, por

Millicent Fawcett, na Ingla-

terra. Após o fim da Primeira

Guerra Mundial, as mulheres

conquistaram o direito de vo-

to no Reino Unido, em 1918, e

nos Estados Unidos, em 1919.

No Brasil, uma líder funda-

mental foi Bertha Maria Ju-

lia Lutz (1894-1976). Bertha

Lutz conheceu os movimentos

feministas da Europa e dos

Estados Unidos nas primei-

ras décadas do século 20 e foi

uma das principais responsá-

veis pela organização do mo-

vimento sufragista no Brasil.

Ajudou a criar, em 1919, a

Liga para a Emancipação In-

telectual da Mulher, que foi o

embrião da Federação Brasi-

leira pelo Progresso Feminino,

criada em 1922 (centenário

da Independência do Brasil).

Representou o Brasil na as-

sembleia geral da Liga das

Mulheres Eleitoras, realizada

nos EUA, onde foi eleita vice-

presidente da Sociedade Pan-

Americana. Após a Revolução

de 1930 e dez anos depois da

criação da Federação Brasilei-

ra pelo Progresso Feminino,

o movimento sufragista con-

seguiu a grande vitória no dia

24/02/1932.

Carlota Pereira de Queirós

A primeira mulher eleita de-

putada federal foi Carlota Pe-

reira de Queirós (1892-1982),

que tomou posse em 1934 e

participou dos trabalhos da

Assembleia Nacional Consti-

tuinte. Com a implantação do

Estado Novo, em novembro

de 1937, houve o fechamen-

A luta começou no século 18 e no Brasil o voto feminino se efetivou em 1932

Mulheres da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, na década de 20

Passeata pelos 52 anos do voto feminino, na Praça da Sé, em 1984

PREF

EITu

RA D

E SP

LIFE

/GO

OG

LE

PREF

EITu

RA D

E SP

LIFE

/GO

OG

LE

A Reinvindicação dos Direitos das Mulheres, de 1792

Uma Investigação sobre Justiça Política, de 1973

Page 7: Estampa Fevereiro de 2012

7 2012 | Fevereiro | Estampa

to do Legislativo brasileiro e

grande recuo das liberdades

democráticas. Na retomada

do processo de democratiza-

ção, em 1946, nenhuma mu-

lher foi eleita para a Câmara.

Até 1982, o número de mulhe-

res eleitas para o Legislativo

brasileiro poderia ser contado

nos dedos da mão.

Somente com o processo de

redemocratização, da Nova

República, o número de mu-

lheres começou a aumentar.

Foram eleitas 26 deputadas

federais em 1986, 32 em 1994,

42 em 2002 e 45 deputadas em

2006 e 2010. Mas este número

representa apenas 9% dos 513

deputados da Câmara Fede-

ral. No ranking internacional

da Inter-Parliamentary Union

(IPU), o Brasil se encontra atu-

almente no 142º lugar.

Em todo o continente ame-

ricano, o Brasil perde na par-

ticipação feminina no Parla-

mento para quase todos os

países, empata com o Panamá

e está à frente apenas do Haiti

e Belize. No mundo, o Brasil

perde até para países como

Iraque e Afeganistão, além

de estar a uma grande distân-

cia de outros países de língua

portuguesa como Angola, Mo-

çambique e Timor Leste.

Direito e representação

Portanto, as mulheres brasi-

leiras conquistaram o direito

de voto em 1932, mas ainda

não conseguiram ser repre-

sentadas adequadamente no

Poder Legislativo. Até 1998

as mulheres eram minoria do

eleitorado.

A partir do ano 2000, pas-

saram a ser maioria e, nas

últimas eleições, em 2010, já

superavam os homens em cin-

co milhões de pessoas aptas a

votar. Este superávit feminino

tende a crescer nas próximas

eleições. Contudo

existem dúvidas so-

bre a possibilidade

de as mulheres con-

seguirem apoio dos

partidos para dis-

putar as eleições em

igualdade de condi-

ções.

Nas eleições de

2010, a grande no-

vidade foi a eleição

da primeira mulher

para a chefia da Re-

pública. Neste aspec-

to, o Brasil deu um

grande salto na equi-

dade de gênero, sen-

do uns dos 20 países

do mundo que pos-

sui mulher na chefia

do Poder Executivo.

Com a alternância de

gênero no Palácio do

Planalto, o número

de ministras cresceu e aumen-

tou a presença de mulheres na

presidência de empresas e ór-

gãos públicos, como no IBGE

e na Petrobrás.

Subrepresetação

Nos municípios, as mulheres

são, atualmente, menos de

10% das chefias das prefei-

turas. Nas câmaras munici-

pais as mulheres são cerca de

12% dos vereadores. Mas, em

2012, quando se comemoram

os 80 anos do direito de voto

feminino, haverá eleições mu-

nicipais.

A Lei de Cotas determina

que os partidos inscrevam pe-

lo menos 30% de candidatos

de cada sexo e dê apoio finan-

ceiro e espaço no programa

eleitoral gratuito para o sexo

minoritário na disputa. Os

estudos acadêmicos mostram

que, se houver igualdade de

condições na concorrência

eleitoral, a desigualdade de

gênero nas eleições munici-

sintrafesc e entidades promovem seminário no dia internacional da mulherO Sintrafesc a CuT/SC e outros sindicatos e movimentos sociais realizam no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o seminário “Mulher, poder e participação política”. O seminário será das 13 às 18 horas no Plenarinho da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.

A pergunta que norteará todo o debate é “qual a responsabilidade dos diversos segmentos da sociedade para que homens e mulheres compartilhem o poder de forma igualitária e justa?”.

Promovem o seminário, além do Sintrafesc e da CuT/SC, o Sintespe, o Sintrasem, o Seeb/SC, o Seeb/Criciú-ma, o Siserp/Criciúma, o MMu/SC e a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).

pais poderá ser reduzida.

As mulheres brasileiras já

possuem nível de escolaridade

maior do que o dos homens,

possuem maior esperança de

vida e são maioria da Popu-

lação Economicamente Ativa

(PEA) com mais de 11 anos

de estudo. Elas já avançaram

muito em termos sociais e

não merecem esperar mais 80

anos para conseguir igualdade

na participação política.Fonte: Agência Patrícia Galvão.

Fonte: Sintrafesc.

Page 8: Estampa Fevereiro de 2012

8 Estampa | Fevereiro | 2012

Dia Internacional da Mulher | 8 de março

faLta de educação poLítica e discriminação dificuLtam participação feminina

aconquista do voto fe-

minino há exatos 80

anos foi um passo im-

portante para o futuro

político do Brasil. No entanto,

embora tenha alcançado esse

direito, a população feminina

ainda tem baixa representati-

vidade política. De acordo com

a professora do Departamen-

to de História da Universida-

de de Brasília, Tânia Swan, as

mulheres sofrem entraves li-

gados à falta de educação po-

lítica e à discriminação.

No Brasil o direito foi alcan-

çado em 1932, sendo restrito às

mulheres casadas (com autori-

zação do marido), às viúvas e

às solteiras com renda própria.

Em 1934, veio o direito sem

restrições e, em 1946, o voto

feminino obrigatório. O direi-

to ao voto feminino começou

pelo Rio Grande do Norte, em

1927. O estado foi o primeiro a

permitir que as mulheres vo-

tassem durante as eleições.

Para Tânia, a conquista do

voto pelas mulheres represen-

tou um avanço considerável

em áreas como a educação, o

mercado de trabalho, confe-

rindo a ela mais autonomia.

“No imaginário social, o pa-

pel das mulheres expandiu-se

fora do âmbito privado e suas

opiniões passaram a ter um

peso apreciável nas eleições e

questões políticas.”

Ainda poucas mulheres

Mas, atualmente, apesar de o

Brasil ter mulheres em altos

cargos da administração pú-

blica, como a presidenta da

República, Dilma Rousseff, e

dez ministras que integram o

governo, a bancada feminina

na Câmara dos Deputados re-

presenta apenas 8,77% do total

da Casa, com 45 deputadas. No

Senado, das 81 vagas apenas 12

são ocupadas por mulheres.

De acordo com Tânia, é pre-

ciso uma mudança de compor-

tamento social em relação à

mulher para reverter o quadro

da baixa representatividade

no campo político. “Enquanto

a representação social do fe-

minino não se modificar para

além do doméstico e do ma-

terno, não haverá uma divisão

de tarefas igualitária, tanto no

político quanto no social.”

Para a cientista política Ma-

ria do Socorro Souza Braga, o

fato de as mulheres formarem

o maior eleitorado não signi-

fica que elas decidam o futuro

político do país. No entanto, o

grupo feminino tem hoje uma

capacidade maior de influen-

ciar os resultados eleitorais.

“Desde a década de 1990, com

a questão do cotas eleitorais

para mulheres, os partidos

têm se preocupado muito

mais com isso.”

As diversas tarefas exer-

cidas pela mulher moderna

podem ser um dos principais

problemas para a baixa repre-

sentação feminina em cargos

políticos, segundo a cientista,

que também é professora da

Universidade Federal de São

Carlos. Ela destaca que as mu-

lheres com participação políti-

ca também têm vida familiar,

cuidam de casa e têm profis-

são. “É uma carga muito gran-

de. Elas estão abrindo mão de

várias outras coisas para isso.

Só de assumir um cargo públi-

co e conciliar (as atividades) é

algo difícil”, disse.

Fonte: Daniella Jinkings

Agência Brasil.

A sobrecarga de tarefas exercidas

pela mulher moderna podem ser

um dos principais problemas para a

baixa representação feminina em cargos

políticos

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Page 9: Estampa Fevereiro de 2012

9 2012 | Fevereiro | Estampa

Artigo |

Governo esvazia órGão de neGociação com servidores púbLicosPor AUGUSTO DE QUEIROz

Jornalista, analista político e

diretor de Documentação do Diap

s perspectivas para os servidores públicos no go-verno Dilma não são das melhores. Após dois anos

sem reajuste, a presidente editou o Decreto 7.675, publicado no Diário Oficial, do dia 23 de janeiro, reti-rando os poderes da Secretaria do Ministério do Planejamento, Orça-mento e Gestão encarregada da ne-gociação coletiva com as entidades de servidores públicos.

As mudanças, detalhadas no anexo I do Decreto, que trata da estrutura regimental do Ministério do Planeja-mento, Orçamento e Gestão, consis-tem na extinção da Secretaria de Re-cursos Humanos, com a incorporação de suas atribuições na Secretaria de Gestão Pública, e na criação da Se-cretaria de Relações do Trabalho no Serviço Público, que ficará respon-sável pela “negociação de termos e condições de trabalho e solução de conflitos no serviço público federal”.

A idéia original da presidente da República e da ministra do Plane-jamento era extinguir a Secretaria de Recursos Humanos, levando su-as atribuições para a Secretaria de Gestão, e criar uma assessoria es-pecial para tratar da negociação co-letiva. Só ficou como secretaria para não retirar o status de secretário do saudoso Duvanier Paiva, que seria o ocupante do novo cargo.

Resumidamente, à Secretaria de Relações de Trabalho no Serviço Pú-blico compete: 1) organizar e super-visionar o Subsistema de Relações de Trabalho no Serviço Público Fe-deral (SISRT), de que trata o Decreto 7.674/2012,

2) exercer a competência normativa em matéria de negociação coletiva de termos e condições de trabalho e solução de conflitos no serviço pú-blico federal,

3) organizar e manter o cadastro na-cional das entidades sindicais repre-sentativas dos servidores,

4) propor medidas para a solução, por meio de negociação de termos e condições de trabalho, de conflitos surgidos, conforme diretrizes estabe-lecidas pela Presidente da República,

5) articular a participação dos ór-gãos e entidades da administração pública nos procedimentos de nego-ciação surgidas no âmbito das res-pectivas relações de trabalho.

A competência de organizar e man-ter cadastro de entidades sindicais não tem o propósito de substituir o Ministério do Trabalho e Emprego na concessão de registro sindical, como algumas entidades chegaram a imaginar, mas apenas a função de manter um banco de dados para efeito de controle da liberação de dirigente sindical para exercício de mandato classista, entre outras fina-lidades inerentes às atribuições da nova secretaria.

Temas como criação ou reestrutu-ração de carreiras, planos de car-gos, padrão remuneratório, se por vencimento ou subsídio, requisitos para ingresso no serviço público, gerenciamento da folha, avaliação de desempenho, desenvolvimento profissional na carreira, entre outras atribuições próprias da gestão de pessoas serão de responsabilidade da nova super-secretaria de gestão e não mais da competência ou da responsabilidade do titular de secre-taria encarregado da negociação.

As pautas de reivindicação das enti-dades sindicais podem até contem-plar os temas acima, mas a Secre-taria de Relações de Trabalho no Serviço Público não terá poderes para negociá-las. Só poderá fazê-lo consi-derando as diretrizes do governo e considerando as competências técni-cas da Secretaria de Gestão Pública na matéria. E, se decidir autorizar, só

o fará após ouvir o Ministério ou ór-gão a que se referem às mudanças e observadas as diretrizes de governo.

Até mesmo nos temas específicos de sua competência, como a de firmar termos de compromisso sobre condi-ções de trabalho e remuneração, des-de que observado os limites fixados pela Junta Orçamentária do governo, a nova Secretaria de Relações de Tra-balho no Serviço Público dependerá da Secretaria de Gestão, que detém os dados, registros e informações so-bre os quantitativos, indispensáveis para cálculo dos impactos.

A intenção da ministra do Planeja-mento e da presidente da Repúbli-ca, focadas na contenção do gasto com pessoal, era mesmo retirar a autonomia do responsável pela ne-gociação coletiva, para evitar fato consumado, como ocorreu com ne-gociações na gestão do presidente Lula, como foi o caso da adoção do subsídio para os auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil.

O raciocínio é simples. Ao transferir o controle da formulação da política de pessoal e da gestão de pessoas para a Secretaria de Gestão, que só se re-laciona com órgãos governamentais, não atendendo agentes externos, como entidades sindicais, os riscos de surpresas com mudanças irrever-síveis, sem consenso no governo, são bem menores, porque a secreta-ria encarregada da negociação nada fará sem autorização ou consulta ao órgão que detém esse controle.

A temperatura vai subir na relação das entidades de servidores com o governo federal: os servidores do Judiciário estão há quatro anos sem reajuste; a Polícia Federal, há três; e os demais servidores, há dois. Não bastasse isto, o governo pretende aprovar a previdência complemen-tar do servidor este ano e retirar os poderes do único órgão no Execu-tivo com conhecimento, sensibilida-de e disposição de negociar reajuste salarial para 2013.

a

Ao transferir o controle da formulação da

política de pessoal e da gestão de pessoas para

a Secretaria de Gestão, que só se relaciona com

órgãos governamentais, não atendendo entidades

sindicais, os riscos de surpresas para governo são

bem menores, porque a secretaria encarregada

da negociação nada fará sem autorização ou

consulta ao órgão que detém esse controle

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Page 10: Estampa Fevereiro de 2012

10 Estampa | Fevereiro | 2012

Câmara aprovou, na

noite do dia 28 de

fevereiro, o texto ba-

se do projeto que ex-

tingue o principal atrativo da

carreira do serviço público

brasileiro: a aposentadoria in-

tegral. De autoria do Executi-

vo, o projeto fixa o teto do be-

nefício no mesmo limite pago

aos trabalhadores da iniciati-

va privada, hoje fixado em R$

3,6 mil, e cria o Fundo de Pre-

vidência Complementar dos

Servidores Públicos Federais

(Funpresp).

Dos 454 deputados presen-

tes, 318 foram favoráveis ao

Serviço Público |

câmara aprova criação da previdência compLementar do servidorProblema vai atingir novos servidores, mas pode trazer consequências também para quem já está no serviço público

projeto, 134 contrários e dois

se abstiveram, em uma vota-

ção atípica, com PT e PSDB se

posicionando juntos, enquan-

to PSOL e DEM encaminha-

vam votação contrária.

A maioria dos partidos vo-

tou junto com o relator da ma-

téria, o deputado Rogério Car-

valho (PT-SE). Da base aliada

do governo, PTB e PCdoB li-

beraram seus deputados para

a votação. PSD, PPS, PV tive-

ram a mesma postura. Apenas

o DEM, o PSOL, o PDT e o

PMN se mantiveram contra.

O presidente do PSOL, de-

putado Ivan Valente (SP), dis-

se que não existe rombo da

previdência e que o governo

manipulou os dados para jus-

tificar a medida. “Isso chama-

se privatização da previdência

pública”.

Nas galerias, os servidores

manifestaram seu desagrado

a com a posição do PT, partido

que apóiam historicamente.

“Você pagou com traição a

quem sempre lhe deu a mão”,

cantaram, em coro.

O líder do governo na Câ-

mara, deputado Cândido Va-

carezza (PT-SP), lembrou que

as novas regras só valem para

os servidores que ingressa-

rem no serviço público após a

lei ser sancionada pela presi-

denta Dilma Rousseff. O tex-

to seguirá para apreciação do

Senado.

Najla Passos - Carta Maior.

“Você pagou com

traição a quem

sempre lhe deu a

mão”Cantaram ao PT, em coro,

servidores presentes à votaçào

Governo quer manter conGeLado auxíLio-aLimentação

não bastasse o forte lo-

bby do Executivo que

levou à aprovação na

Câmara dos Depu-

tados do projeto de lei (PL)

1.992/07 que privatiza a pre-

vidência dos servidores pú-

blicos, o governo quer manter

congelado o valor do auxílio-

alimentação da categoria. No

Diário Oficial da União de

28 de fevereiro, foi publicada

portaria SOF nº 13 que fixa

em R$ 373 o valor médio do

auxílio-alimentação pratica-

do na União no mês de março

de 2011. Com isso, fica veda-

do reajuste em 2012 acima

do valor fixado no benefício

de servidores no âmbito dos

três Poderes e do Ministério

Público da União. Uma das

demandas da Campanha Sa-

larial 2012 dos servidores é o

reajuste em benefícios como o

auxílio alimentação. Estudos

encomendados pela Condsef à

sua subseção do Dieese mos-

tram que, de acordo com pes-

quisas recentes, o valor médio

que deveria ser pago a um

trabalhador para se alimentar

com dignidade seria de R$ 27

por dia. Isso implica em um

valor mensal de R$ 594 para o

benefício. Servidores do Exe-

cutivo recebem hoje R$ 304,

valor bem abaixo do apontado

como ideal pelas pesquisas.

Defasado desde 2004, o va-

lor pago pelo governo aos ser-

vidores do Executivo, até bem

pouco tempo girava entre R$

126 e R$ 162. Após muita ne-

gociação e processos de mo-

bilização, em 2010 uma Por-

taria fez com que o valor do

auxílio-alimentação passasse

a R$ 304 em todo Brasil. Ape-

sar do avanço, servidores do

Executivo seguem com valor

muito abaixo do que recebem

servidores do Legislativo (R$

741) e Judiciário (R$ 710) que

também pleiteiam reajuste em

seus benefícios. Um dos prin-

cipais objetivos é buscar a iso-

nomia desses valores acompa-

nhando a lógica constitucional

que assegura tratamento igual

aos servidores, independen-

te de onde estejam lotados.

A Portaria SOF nº 13 é um

retrocesso a este necessário

processo de recuperação nos

valores dos benefícios pagos

aos servidores federais.

Fonte: Condsef.

Page 11: Estampa Fevereiro de 2012

11 2012 | Fevereiro | Estampa

Serviço Público |

pec 270 é aprovada na câmara federaL e seGue para o senado

f raram essa vitória na reabertura da Frente Parlamentar em De-fesa do Serviço Público.

De acordo com o texto apro-vado, o servidor que entrou no setor público até o final de 2003 e já se aposentou ou venha a se aposentar por invalidez perma-nente terá direito a proventos calculados com base na remu-neração do cargo em que se der a aposentadoria, sem uso da mé-dia das maiores contribuições, como prevê a Lei 10.887/04, que disciplinou o tema.

Essas aposentadorias tam-bém terão garantida a paridade de reajuste com os cargos da ati-va, regra estendida às pensões derivadas desses proventos.

Distorção corrigidaSegundo o relator na comissão

especial que analisou a PEC, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), “o texto corrige uma das distorções da reforma previ-denciária”.

A Reforma da Previdência instituiu a aposentadoria por invalidez permanente com pro-ventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se de-corrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável listada em lei.

RetroatividadeNo substitutivo que Faria de Sá apresentou à comissão especial, estava prevista retroatividade a 2003, mas o texto aprovado te-ve retirada essa regra nas nego-ciações com o governo.

A PEC estipula um prazo de

180 dias para o Executivo revi-sar as aposentadorias e pensões concedidas a partir de 1º de ja-neiro de 2004. Os efeitos finan-ceiros dessa revisão vão valer a partir da data de promulgação da futura emenda constitucio-nal.

Na solenidade que marcou a reabertura da Frente, foram apresentados vários desafios que os servidores terão. O primeiro será a tentativa de derrubar o Projeto de Lei (PL) 1.992/07 que propõe a criação de um fundo de previdência complementar para o setor público. Outra frente de batalha será o PLO 549/09 que prevê o congelamento de inves-timentos públicos pelos próxi-mos 10 anos.

oi aprovada no dia 14 de fevereiro, em segun-do turno na Câmara dos Deputados, a Pro-

posta de Emenda à Constituição (PEC) 270/08. A PEC assegura proventos integrais aos servi-dores públicos aposentados por invalidez permanente. Com a aprovação da PEC 270/08 em dois turnos, a proposta segue agora para o Senado. O resulta-do da votação foi amplamente comemorado e é um marco his-tórico importante que assegura o resgate de um direito retirado indevidamente dos trabalha-dores quando da Reforma da Previdência. A Condsef, diver-sas entidades representativas de servidores e parlamentares, incluindo a autora da PEC, a de-putada Andrea Zito, comemo-

ela primeira vez, o Sistema Único de Saúde (SuS) recebe notas pelo acesso e a qualidade dos serviços. Lançado dia 29 de feve-reiro, o Índice de Desempenho do SuS (Idsus) avalia o atendi-mento em todos os municípios, estados e em âmbito nacional de

acordo com uma escala de 0 a 10. Na primeira avaliação, a pontuação do Brasil é 5,47.

Santa Catarina obteve a meAlhor pontuação (6,29), seguido do Paraná (6,23), Rio Grande do Sul (5,90) e Minas Gerais (5,87). As piores notas foram do Rio de Janeiro (4,58), Rondônia (4,49) e Pará (4,17).

Criado pelo Ministério da Saúde, o índice é o resultado do cruzamento de 24 indicadores que avaliam se a população está conseguindo ser atendi-da em uma unidade pública de saúde, além da qualidade do serviço.

Toda a estrutura – hospitais, laboratórios e clínicas – passou pela ava-liação. Foram analisados 24 indicadores, como a quantidade de exame preventivo de câncer de mama em mulheres de 50 a 69 anos, cura de casos de tuberculose e hanseníase, o número de mortes de crianças em unidade de terapia intensiva (uTI) e o de transplantes de órgãos.

Os técnicos levaram em conta o tamanho da população – inclusive com plano de saúde –, a estrutura disponível e a condição econômica de cada município. As cidades foram divididas em seis grupos conforme seme-

índice avalia qualidade dos serviços do sus em todo o país

p lhanças econômicas e de atendimento aos habitantes.

A avaliação constatou que o brasileiro ainda enfrenta muita dificuldade para conseguir uma consulta ou um exame na rede pública, o que preju-dicou a média nacional, segundo técnicos do ministério.

No quesito qualidade, o problema é o atendimento hospitalar que está inferior ao dos postos de saúde, disse Reis.

Os dados usados foram dos anos de 2007 a 2010, fornecidos pelas se-cretarias municipais. As informações de 2011 não foram computadas por estarem incompletas.

Nenhum município ou estado tirou a nota mínima (0) ou a máxima (10). O Idsus será calculado a cada três anos. Porém, o ministério pretende fornecer uma avaliação anual às prefeituras e estados, com o objetivo de estimular os gestores locais a cumprir metas acertadas com o governo federal.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o índice é uma das estratégias para a avaliação permanente do Sistema Único de Saúde. “O SuS não pode, de forma alguma, temer avaliação. Tem que ser algo visto como fundamental para avançar no sistema de saúde”, destacou, durante o lançamento do Idsus.

Os dados estão disponíveis no endereço www.saude.gov.br/idsus.

Fonte: Carolina Pimentel – Agência Brasil.

Fonte: Condsef e Agência

Câmara de Notícias.

Page 12: Estampa Fevereiro de 2012

Artigo |

o tempo presentePor CElSO VICENzI

Assessor de imprensa do Sintrafesc

Como tudo que se aprende logo vi-ra obsolescência, corremos atrás do próprio rabo, tentando acompanhar o ritmo da máquina, aumentando o tempo de vigília, diminuindo o tem-po de descanso. Fazer, fazer, fazer. Tudo isso para quê? Para se adequar a um modelo civilizatório que está em ruínas, junto com o planeta. Haverá tempo para desfrutar as conquistas da modernidade? Vive-se a ilusão do progresso, a prometer uma vida me-lhor, sem perceber o que nos destrói, lentamente. Trabalhamos atualmen-te tanto quanto no início da era in-dustrial. Já não trabalhamos mais as oito horas diárias. Trabalhamos em casa, na rua, no aeroporto, onde quer que possamos nos acomodar com um laptop. Cada vez menos tempo para dormir, cada vez menos tempo para o lazer. Seres supostamente in-teligentes prisioneiros de uma ilusão: da boa vida a ser conquistada, sem perceber que a estamos perdendo, diariamente.

Como aproveitar melhor o tempo, único bem realmente valioso pa-ra seres humanos que se sabem mortais? A alma tem mais misté-rios do que supõe a vã tecnologia. Sucesso profissional e econômico

pode vir junto com uma vida fútil, vazia, depressiva, solitária, violenta e irresponsável. O conhecimento, como (quase) sempre, a serviço da acumulação de riquezas. Numa velocidade que já compromete o futuro de tantas espécies – o Homo sapiens entre elas.

Milhares de civilizações humanas, que nos precederam, inventaram maneiras de viver, de ocupar o tem-po do nascer ao pôr do sol. Do nasci-mento à morte. A vida tem milhões de anos. Viver como se vive hoje não precisa ser uma condenação. Não estamos condenados à roboti-zação, a um modelo de sociedade que se aliena no consumo. Pode-mos escolher.

Contemplar, compreender, conhe-cer, refletir, descansar, viver. Verbos cada vez mais em desuso. Precisa-mos, mais do que nunca, entender que somos apenas mais uma espé-cie em meio a tantas outras e delas necessitamos para a nossa própria sobrevivência. Como disse Charles Chaplin: “Não sois máquina. Huma-nos é o que sois”.

Até quando não sabemos.

o que aprendemos hoje co-meça imediatamente a se tornar obsoleto. É como diz uma mensagem de fim de ano da IBM: “Es-

tamos preparando estudantes para profissões que ainda não existem, que usarão tecnologias que ainda não foram inventadas para resolver problemas que ainda nem sabemos que existem”. Na era da velocida-de, a educação precisa se reinven-tar, sim. Mas para formar que tipo de sociedade? De seres cada vez mais apressados, estressados, ten-tando se adequar à última tecnolo-gia recém-criada? A velocidade é o novo deus-máquina a triturar seus devotos. Poucos questionam se a vida humana e a do planeta têm que ser necessariamente assim ou poderiam ser diferentes. Se, em vez de educar somente para o aprendi-zado profissional e tecnológico, não seria mais desejável educar para a paz, para os cuidados com o meio ambiente, para o alívio das dores e angústias da alma, para a solidarie-dade, para uma sociedade menos desigual?

Já não temos olhos para o mundo que está diante de nós. A formiga que sobe a roseira, corta uma folha e desce pelo galho, carregada. O canto do pássaro, o som do vento, a folha que cai. O mundo acontece em câmera lenta. Tem fases. Dia e noite. Inverno e verão, outono e primavera. A vida pulsa num ritmo que permite a reprodução e a re-composição daquilo que se perde, se extingue.

Criamos um mundo paralelo, artifi-cial. Não abrimos mais a janela para ver a vida pulsar lá fora. Abrimos a tela do computador para trazer a na-tureza para dentro dos nossos escri-tórios, nossas casas. Dispomos cada vez mais de menos tempo para os prazeres da convivência, ocupados com tantas mensagens no celular, no smartphone, no twitter, no fa-cebook, no orkut... Tiramos fotos de

tudo, queremos capturar os minutos e os segundos que já não vivencia-mos. Enviamos textos e imagens para centenas, milhares de pessoas que estão também, freneticamente ocupadas em fazer o mesmo. Todas quase sem tempo para ler, arquivar e deletar. Para começar nova busca, novas excitações virtuais.

Filmes americanos de ação não têm nenhum plano com duração maior do que três segundos. Os especta-dores ficariam impacientes. Vive-se no ritmo de um videoclipe. Imagens em profusão, quase nenhuma refle-xão. Seres humanos autômatos, em breve biônicos – única forma de se adaptar a tanta velocidade. A tecno-logia é mais rápida que a evolução da espécie. É urgente inventarmos um novo ser, provavelmente menos humano.

A máquina subverteu a natureza e o tempo. A máquina não precisa des-cansar. A máquina não respira, nem reclama. Trabalha 24 horas sem pa-rar. A máquina não dorme. Quando quebra, nova máquina ocupa o seu lugar. E obriga o ser humano a se fazer um pouco máquina também. Sem descanso.