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Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 137 Março - 2012 Governo deve criar secretaria do idoso Expulsões no serviço público batem novo recorde LEIA NESTA EDIÇÃO Previdência complementar é um risco Governo vai investigar acúmulo de cargos Governo quer manter congelado auxílio-alimentação Serviço público de qualidade, quem ganha é a sociedade Usamos papel reciclado. Respeitamos a natureza p.2 p.3 p.4 p.8 p.9 p.11 SINTRAFESC PARTICIPA DE ATO PÚBLICO UNIFICADO EM DEFESA DO SERVIDOR CELSO VICENZI/SINTRAFESC Dirigentes e servidores do Sintrafesc levaram faixas e distribuíram panfletos na passeata que percorreu ruas do Centro da Capital

Jornal Estampa - Março 2012

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Jornal Estampa de março de 2012

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Page 1: Jornal Estampa - Março 2012

Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 137Março - 2012

Governo devecriar secretariado idoso

Expulsões no serviçopúblico batemnovo recorde

Leia nesta edição

Previdênciacomplementaré um risco

Governo vaiinvestigaracúmulo de cargos

Governo quermanter congeladoauxílio-alimentação

Serviço públicode qualidade, quemganha é a sociedade

Usamos papel

reciclado.

Respeitamos

a natureza

p.2

p.3

p.4

p.8

p.9

p.11

sintrafesc participa de ato púbLicoUnificado em defesa do servidor

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Dirigentes e servidores do Sintrafesc levaram faixas e distribuíram panfletos na passeata que percorreu ruas do Centro da Capital

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2 Estampa | Março | 2012

O jornal Estampa é uma publicação mensal do Sintrafesc.

Cartas, textos, críticas e sugestões podem ser enviados paraa Sede, rua Nereu Ramos, 19, s.609, 88015-010 - Florianópolis - SC Fone/fax (48) 3223-6452.

Núcleo Regional de Base do OesteRua Benjamin Constant, 363 E, Centro - 89801-070 - Chapecó - SCFone: (49) 3322-2639

Núcleo Regional de Base do PlanaltoRua João de Castro, 68, sala 22, Shopping Gemini, Centro88501-160 - Lages - SC Fone: (49) 3224-4537

Jornalista: Celso Vicenzi (MTE/SC 274 JP) Editoração: Cristiane Cardoso (MTE/SC 634 JP) Tiragem: 4.200 exemplaresImpressão: Gráfica AgnusFechamento da Edição: 27/03/2012

www.sintrafesc.org.br • E-mail: [email protected]

Sede Florianópolis

Presidente: Maria das Graças Gomes Albert Vice-presidente: Hercílio da Silva Secretário Geral: Sebastião Ferreira Nunes 1º Secretário: Lírio José Téo Secretário de Finanças: Francisco Carlos Nolasco Pereira Secretário de Finanças Adjunto: Vitoriano de Souza Secretária de Organização Sindical: Marlete Conceição Pinto de Oliveira Secretário de Organização Sindical Adjunto: Valdecir Dal Puppo Secretária de Políticas de Comunicação: Elizabeth Adorno Araújo Coimbra Secretário de Políticas de Comunicação Adjunto: Walterdes Bento da Silva Secretário de Assuntos Jurídicos: Valdocir Noé ZanardiSecretário de Assuntos Jurídicos Adjunto: Júlio Werner Peres Secretária de Formação Sindical: Ester Bertoncini Secretário de Formação Sindical Adjunto: Nereu Gomes da Silva Secretário de Assuntos de Aposentadorias e Pensões: Dérmio Antônio FilippiSecretário de Assuntos de Aposentadorias e Pensões Adjunto: Clair Bez Secretário de Saúde do Trabalhador: Mário Sérgio dos Santos Secretária de Saúde do Trabalhador Adjunta: Nádia Maria Elias Secretário de Raça, Gênero e Etnia: Flávio Roberto Pilar Secretária de Raça, Gênero e Etnia Adjunta: Vera Maiorka Sassi

Núcleo Regional de Base do Planalto Serrano

Pedro Edegar Foragato, Valdomiro Milesi de Souza, Geraldo Iran da Rosa e Manoel Gama de Oliveira

Núcleo Regional de Base do Oeste

Pedro Vilmar Padilha dos Anjos, João Claudir Marchioro, Aberrioni Dal Piaz Moreira e Valdecir Cezar Marcon

Conselho Fiscal

Osni Francisco Tavares, Tânia Lindner, Vlander Luiz Pacheco, Edson Gonçalves e Plácido Simas

Diretoria - Gestão 2010-2013

Umas e Outras |

A Andi - Comunicação e Direitos, e o Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social publicaram o documento “Mídia e infância: o impacto da exposição de crianças e adolescentes a cenas de sexo e violência na televisão” que, em 10 páginas, faz o levan-tamento dos principais estudos elaborados em diversos países sobre o tema. A pesquisa apresenta estudos sobre os impactos da exposição de crianças e adolescentes a cenas televisivas de sexo e violência desenvolvidas há várias décadas em diversos países. A conclusão é que, majoritariamente, o contato regular de garotos e garotas com conteúdos inadequados pode levar a sérias consequências, como comportamentos de imitação, agressão, medo, ansiedade, concepções errôneas sobre a violência real e sexualização precoce.

Governo deve criar secretaria nacionaL do idosoO ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, dis-se que o governo estuda a criação de uma secretaria para tratar de políticas relacionadas ao idoso. De acordo com o ministro, a Secretaria Nacional do Idoso, como deverá ser chamada, inicialmente, não terá status de ministério.

“Dentro de dois meses um grupo vai se reunir e tu-do indica que vamos ter a possibilidade concreta de anunciar a criação da secretaria nesse período”, disse, logo após reunião com as centrais sindicais para discutir o fim do fator previdenciário e o aumento para os aposen-tados que ganham mais de um salário mínimo. Segundo Garibaldi, a criação de uma secretaria para tratar de polí-ticas públicas para idosos é uma reivindicação antiga dos sindicatos.

Os bancos assumiram o primeiro lugar no ranking de reclamações registradas pelo Instituto Brasi-leiro de Defesa do Consumidor (Idec), em 2011. A pior colocação pertenceu aos planos de saúde, durante 12 anos.Os bancos assumiram o primeiro lugar no ranking de reclamações registradas pelo Idec, em 2012. As principais queixas dos consumidores se referem a cobrança indevida, débito não autorizado, taxa de juros, renegociação de dívidas e venda casada de produtos financeiros.As instituições financeiras foram responsáveis por 16,64% das 5.258 queixas recebidas ao longo do ano. Além do Idec, o Banco Central também regis-trou um crescimento no número de denúncias. En-tre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, as queixas

pelos maus serviços subiram 43%.

bancos oferecem os piores serviços

Fontes: Agência Brasil; Observatório do Direito à Comunicação; Em Questão; Radioagência NP.

o impacto das cenas de sexo e vioLência na tv

Page 3: Jornal Estampa - Março 2012

3 2012 | Março | Estampa

Serviço Público |

demonstrativo do pagamento de ações judiciais em março

O valor da maior ação paga individualmente foi de R$ 30.014,05.Total de 38 servidores que, juntos, receberam R$ 362.492,56. Média de R$ 9.539,27 por servidor.

expULsões no serviço púbLico federaL batem novo recorde em fevereiro

número de servido-

res públicos federais

punidos com demissão,

destituição ou cassação

da aposentadoria continua ba-

tendo recordes. O mais recente

ocorreu no mês de fevereiro de

2012, quando 48 agentes pú-

blicos foram expulsos do ser-

viço público. Esse foi o maior

número de expulsões aplica-

das no mês de fevereiro desde

2003. No mesmo mês de 2011,

por exemplo, foram 39; em

2010, 18; e em 2009, 41.

Dados da Controladoria-

Geral da União (CGU) re-

velam que, só nos últimos

nove anos, já houve 3.600

expulsões. A intensificação

do combate à corrupção e à

impunidade na Administra-

ção Federal é uma das dire-

o

Nos últimos nove anos, segundo a Controladoria-Geral da União, houve 3.600 expulsões de servidores no país

trizes do trabalho da CGU,

responsável pelo Sistema de

Correição da Administração

Pública Federal, que conta ho-

je com uma unidade em cada

ministério e é dirigido pela

Corregedoria-Geral da União,

órgão integrante da estrutura

da CGU.

Além de criar o Sistema de

Correição, a CGU instituiu um

programa de capacitação em

Processo Administrativo Dis-

ciplinar (PAD), que já treinou,

desde 2003, mais de 10 mil

servidores públicos no País,

de modo que os gestores não

contribuam para a impunida-

de, deixando de instaurar os

processos disciplinares que se

recomendam, por falta de pes-

soal capacitado, como ocorria

no passado.

Para saber mais, veja o relatório completo da CGU (arquivo PDF):

www.cgu.gov.br/Correicao/Arquivos/Expusoes_022012_Estatutarios.pdf

48 agentes públicos foram expulsos do serviço

público em FEvEREIRO DE 2012

fevereiro2011

foram 39 agentes públicos

expulsos do serviço público

agentes públicos foram expulsos

em FEvEREIRO DE 201018fevereiro

2009foram 41 agentes públicos

expulsos do serviço público

servidores ação ÓrGão vaLores - r$

2 Gratificações 10º BEC 8.221,04

1 28,86% Incra 22.389,43

1 Gratificações Min. Comunicações 22.373,75

6 Gratificações Funasa 49.377,02

4 Gratificações Ibama 81.412,56

4 Gratificações; 3,17% SRTE/SC 28.163,46

2 28,86%; 3,17% Min. Transportes 27.692,45

9 3,17% SFA/SC 106.020,85

2 3,17% 14ª BIM 13.227,37

2 Anuênio Hospital de Guarnição 2.907,83

5 Gratificações Base Aérea 706,80

38 totaL 362.492,56

Page 4: Jornal Estampa - Março 2012

4 Estampa | Março | 2012

Serviço Público |

Fonte: Condsef

ão bastasse o forte

lobby do Executivo

que levou à aprovação

na Câmara dos Depu-

tados do projeto de lei (PL)

1.992/07 que privatiza a pre-

vidência dos servidores pú-

blicos, o governo quer manter

congelado o valor do auxílio-

alimentação da categoria. No

Diário Oficial da União de

28 de fevereiro, foi publicada

portaria SOF nº 13 que fixa

em R$ 373 o valor médio do

auxílio-alimentação pratica-

do na União no mês de março

de 2011. Com isso, fica veda-

do reajuste em 2012 acima

do valor fixado no benefício

de servidores no âmbito dos

três Poderes e do Ministério

Público da União. Uma das

demandas da Campanha Sa-

larial 2012 dos servidores é o

reajuste em benefícios como o

auxílio alimentação. Estudos

encomendados pela Condsef à

n

Apesar de pequenos avanços, servidores do Executivo recebem bem menos do que os

servidores do Legislativo e Judiciário

sua subseção do Dieese mos-

tram que, de acordo com pes-

quisas recentes, o valor médio

que deveria ser pago a um

trabalhador para se alimentar

com dignidade seria de R$ 27

por dia. Isso implica em um

valor mensal de R$ 594 para o

benefício. Servidores do Exe-

cutivo recebem hoje R$ 304,

valor bem abaixo do apontado

como ideal pelas pesquisas.

Defasado desde 2004, o va-

lor pago pelo governo aos ser-

vidores do Executivo, até bem

pouco tempo girava entre R$

126 e R$ 162. Após muita ne-

gociação e processos de mo-

bilização, em 2010 uma Por-

taria fez com que o valor do

auxílio-alimentação passasse

a R$ 304 em todo Brasil. Ape-

sar do avanço, servidores do

Executivo seguem com valor

muito abaixo do que recebem

servidores do Legislativo (R$

741) e Judiciário (R$ 710) que

também pleiteiam reajuste em

seus benefícios. Um dos prin-

cipais objetivos é buscar a iso-

nomia desses valores acompa-

nhando a lógica constitucional

que assegura tratamento igual

aos servidores, independen-

te de onde estejam lotados.

A Portaria SOF nº 13 é um

retrocesso a este necessário

processo de recuperação nos

valores dos benefícios pagos

aos servidores federais.

Mobilização vai aumentar

Ainda sem qualquer perspec-

tiva de avanços nos processos

de negociação, a Campanha

Salarial 2012 segue com seu

calendário de atividades que

unifica 31 entidades nacionais

de servidores do Executivo,

Legislativo e Judiciário. No

dia 15 de março foi realiza-

do um Dia Nacional de Lutas

com atividades de mobiliza-

ção nos estados e participação

de servidores em todo o Bra-

sil. No dia 28 de março haverá

também uma grande marcha

de servidores em Brasília. A

mobilização em torno das de-

mandas urgentes da categoria

deve se intensificar.

A categoria segue discutin-

do a necessidade de promover

uma greve geral por tempo in-

determinado. Um indicativo

para abril será discutido logo

após a marcha que reunirá

servidores de todo o Brasil em

Brasília. Todos devem seguir

atentos e participar ativamen-

te dos processos de mobiliza-

ção. Só com unidade e luta será

possível reverter esse quadro

cada vez mais desfavorável e

buscar melhores condições de

trabalho para os servidores, e

serviços públicos de qualida-

de para a população.

depois de privatizar

previdência dos servidores Governo

qUer manter conGeLado aUxíLio-

aLimentação

JON

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Page 5: Jornal Estampa - Março 2012

5 2012 | Março | Estampa

8 de março |

HomenaGem do sintrafesc ao dia internacionaL da mULHer

ue nada nos defina. Que nada nos su-jeite. Que a liber-dade seja a nossa

própria substância”. Durante a Semana da Mulher, esta fra-se de Simone de Beauvoir foi a mensagem que o Sintrafesc postou em seu site, em home-nagem às mulheres. Mas como um sindicato de luta, que não fica apenas nas palavras, o Sin-trafesc também arregaçou as mangas e organizou uma Ofi-cina sobre Gênero e Arte, nos dias 6 e 7, na sede do Sintes-pe, no Centro de Florianópolis (leia notícia nesta página). No Dia Internacional da Mulher

Saúde, violência, dupla e tripla jornadas de trabalho e políticas públicas foram alguns dos assuntos em debate

“q – 8 de março –, o Sintrafesc, a CUT e outras entidades, pro-moveram no Plenarinho da Assembleia Legislativa de San-ta Catarina, das 13 às 18 horas, o seminário “Mulher - poder e participação política”. Saúde, violência, dupla e tripla jorna-das de trabalho, e políticas pú-blicas são alguns dos assuntos que foram debatidos.

Segundo a secretária de Cultura, Gênero, Raça e Etnia do Sintrafesc, Vera Maiorka Sassi, “este foi um momento especial que reuniu mulheres com as mais diferentes expe-riências de luta - além de al-guns homens - para discutir

os principais avanços e os atu-ais embates pela constituição de uma sociedade sem opres-sores e oprimidos”.

Para a secretária de Orga-nização Sindical do Sintra-fesc, Marlete Conceição de Oliveira, “a luta histórica das mulheres é para que o poder

seja partilhado de forma jus-ta e igualitária por homens e mulheres, livre dos estereó-tipos e valores culturais que constituíram uma sociedade em desequilíbrio, e que pre-cisa ser transformada, para acabar com os privilégios e a violência”.

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A Secretaria de Cultura, Gênero, Raça e Etnia do Sin-trafesc realizou nos dias 6 e 7 de março uma Oficina de Gênero e Arte. A atividade, parte das ações do Sindicato em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, foi realizada das 15 às 18 horas, na sede do Sintespe, no Centro de Florianópolis. O objetivo foi de-bater a situação da mulher e as formas de superação, com uma abordagem metodológica através da arte.

Segundo a assessora de Formação do Sintrafesc, ízi-de Fregnani, que ministrou a oficina, gênero é uma construção social, que varia em diferentes épocas e lugares. As relações de gênero criam desigualdades,

sindicato realiza oficina de gênero e organiza seminário

fazendo com que um gênero tenha mais poder sobre o outro, e seja considerado mais importante e res-peitado na sociedade. “As relações de gênero fazem com que algumas pessoas tenham mais liberdade e oportunidades para se desenvolverem do que outras”, afirma a formadora.

A oficina apresentou, por meio da arte, “como se constroem as relações de discriminação e opressão vividas pelas mulheres; como compartilhar a respon-sabilidade sobre o cuidado doméstico entre mulheres e homens; e como a mulher vem ocupando os espa-ços de poder na sociedade”.

Fonte: Sintrafesc

Seminário foi realizado no Plenarinho da Assembleia Legislativa

A arte como forma de

conscientização

Page 6: Jornal Estampa - Março 2012

6 Estampa | Março | 2012

Manifestação foi em frente ao INSS, na Praça Pereira Oliveira, na Capital, seguida de passeata até o terminal urbano de transporte

Mobilização |

erca de 200 pessoas

participaram no dia

15 de março de um

ato público em defe-

sa do serviço público federal e

do lançamento da Campanha

Salarial Unificada 2012. Para a

presidenta do Sintrafesc, Ma-

ria das Graças Gomes Albert,

esta é a primeira manifesta-

ção de muitas que serão reali-

zadas este ano, “para quebrar

a intransigência do governo

Dilma que se nega a propor

reajustes à categoria e começa

a atacar vários direitos histó-

ricos dos trabalhadores”.

Desde o final da manhã de

hoje, um grupo de servidores

se revezou na concentração

na Praça Pereira Oliveira, no

Centro da Capital. Às 15 horas

teve início o ato público unifi-

cado, que contou com a parti-

cipação de vários sindicatos e

entidades.

c

sintrafesc participa de ato Unificado e passeata em defesa do serviço púbLico

Ação unificada

Os manifestantes fecharam a

rua em frente ao INSS para

ouvir os discursos dos dirigen-

tes da CUT/SC, CSPConlutas,

Sintrafesc, Sindifisco, ASSIB-

GE, Sinasefe, Sindprevs/SC,

Apufsc/Sindical e Sintrajusc.

Também se manifestaram o

Sindicato dos Policiais Rodo-

viários de Santa Catarina e o

Sintespe - Sindicato dos Tra-

balhadores no Serviço Público

Estadual, onde são realizadas,

todas as segundas-feiras, às

18 horas, reuniões do Fórum

dos Servidores Públicos Fede-

rais em Santa Catarina.

Vários sindicalistas criti-

caram o governo por tentar

usar a crise internacional co-

mo desculpa para aumentar o

arrocho salarial dos trabalha-

dores e, especialmente, dos

servidores públicos - como já

ocorre em vários países euro-

A Direção Executiva do

Sintrafesc reuniu-se no dia

29 de fevereiro, durante to-

do o dia, para dar sequência

à execução do planejamen-

to de atividades para 2012.

Dirigentes de vários órgãos,

de todas as regiões do Es-

tado, estiveram presentes

à reunião, realizada em um

auditório no Campeche, Sul

da Capital. A presidenta do

Sintrafesc, Maria das Gra-

ças Gomes Albert disse que

o Sindicato “segue traba-

lhando com muito empenho

para organizar a luta dos

servidores públicos fede-

rais, que este ano terão um

duro enfrentamento com o

governo, que insiste em não

atender às reivindicações

da categoria”.

Entre os pontos de pau-

ta da reunião, vários infor-

mes sobre a organização

dos servidores nos órgãos;

a conjuntura nacional; a

preparação das atividades

para o Dia Internacional da

Mulher - 8 de março; defi-

nições sobre o 4º Congresso

do Sintrafesc; preparação

do planejamento de cada

secretaria do Sindicato nos

dias 28, 29 e 30 de março; e

tarefas da Campanha Sala-

rial, entre elas, um Ato Pú-

blico em Florianópolis, com

outros sindicatos de servi-

dores, no dia 15 de março,

na Praça Pereira Oliveira,

no Centro da Capital (Veja

ao lado).

direção executiva reúne-se em florianópolis

peus. O governo Dilma cortou

R$ 55 bilhões do orçamento,

com o objetivo de garantir

maior superavit, que só inte-

ressa a um grupo pequeno de

capitalistas que lucram com

os juros da dívida pública.

Retrato do Brasil

Segundo a presidente do

Sintrafesc, Maria das Gra-

ças Gomes Albert, o que

acontece com os servidores

é um retrato do Brasil. “O

governo se vangloria de ser

a sexta maior economia do

planeta mas continua per-

mitindo lucros extraordiná-

rios aos bancos e às grandes

empresas, sem que se dimi-

nua, significativamente, o

enorme fosso que separa as

classes sociais no país, que

tem uma das maiores desi-

gualdades de renda entre to-

das as nações”.

Page 7: Jornal Estampa - Março 2012

7 2012 | Março | Estampa

Para o vice-presidente do

Sintrafesc, Hercílio da Silva,

“a presença dos servidores

nas praças e nas ruas é funda-

mental para que a população

tome conhecimento dos pro-

blemas no serviço público fe-

deral, cada vez mais sucatea-

do, com menos trabalhadores

e estrutura, o que comprome-

te a qualidade no atendimen-

to à população”.

O secretário Geral do Sin-

trafesc, Sebastião Ferreira

Nunes, explicou que o Brasil

é um dos países com menor

índice de servidor público por

habitante. E, ao contrário do

que costuma informar a mí-

dia, o governo paga, propor-

cionalmente, cada vez menos

aos servidores. “O governo

utiliza atualmente 4,13% do

PIB para pagar os servidores,

o menor índice dos últimos 17

anos”.

Às 16 horas os servidores

públicos federais de Santa

Catarina seguiram em pas-

seata até o Ticen (Terminal

de Integração do Centro),

onde distribuíram panfle-

tos para a população infor-

mando sobre os motivos do

ato e da Campanha Salarial

2012.

Moção de Repúdio

Os manifestantes que parti-

ciparam do ato, na Capital,

votaram favoráveis ao enca-

minhamento de uma Moção

de Repúdio à Polícia Militar,

pela repressão desencadea-

da por policiais durante uma

passeata de servidores públi-

cos municipais de São José.

FOTO

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Servidores reuniram-se na Praça Pereira Oliveira, no Centro de Florianópolis, onde várias lideranças sindicais falaram sobre a situação dos servidores no país

Panfletos distribuídos à população

Page 8: Jornal Estampa - Março 2012

8 Estampa | Março | 2012

Mobilização |

serviço púbLico de qUaLidade, qUem GanHa é a sociedade

o que seria da popu-

lação brasileira sem

os serviços públicos?

Os governos cada vez

mais investem menos e não

valorizam os trabalhadores

do serviço público federal. O

orçamento do governo para

pagar os servidores é o menor

dos últimos 17 anos, se com-

parado ao que a União arreca-

da (4,13% do PIB).

Nós, servidores públicos,

federais, trabalhamos em

diversos órgãos como edu-

cação, saúde, previdência e

segurança. Na universidade

que seu filho estuda, estamos

presentes, no atendimento

nos hospitais públicos, esta-

mos presentes, na sua defesa

na justiça do trabalho, esta-

mos presentes, quando você

recebe seu auxílio-doença,

estamos lá para atendê-lo.

Quando as leis contra a natu-

reza são infringidas, fiscaliza-

mos e punimos. Toda comida

que vai para sua mesa é fisca-

lizada pelos servidores públi-

cos para garantir a saúde da

sua família.

Estes são só alguns exem-

plos do que fazemos por você

e por toda a sociedade. E se

não fazemos mais e melhor é

porque faltam recursos e ser-

vidores. Ao contrário do que

a mídia diz, o Brasil tem um

dos menores índices de servi-

dores por habitante. E alguns

órgãos têm hoje menos servi-

dores do que há 20 anos. Por

isso, melhorar o serviço públi-

co melhora também a vida de

todos os brasileiros.

Somos trabalhadores co-

mo você. Por isso, estamos

nas ruas lutando para ser-

mos valorizados. Lutamos

pela educação, saúde e segu-

rança pública e de qualidade.

Contamos com seu apoio à

nossa luta.

A única luta que se perde

é aquela que se abandona.

Lute você também por seus

direitos.

Dirigentes do Sintrafesc e servidores de

sua base distribuíram na manifestação de

15 de março, um texto à população da

Capital, onde contextualizam os problemas

do serviço público e pedem apoio à luta do

funcionalismo público. Confira, a seguir.

Fórum dos Servidores Públicos Federais em Santa Catarina.

CUT/SC | Sintrafesc | Sindifisco | ASSIBGE | Sinasefe | CSPConlutas | Sindprevs/SC | Apufsc/Sindical | Sintrajusc (no dia do ato também se

fez presente o Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais).

o que reivindicamos

• Que o governo cumpra os acordos assinados com os trabalhadores.

• Política salarial permanente, com reposição inflacionária, valorização do salário base e incorporação das gratificações.

• Contra qualquer reforma que retire direitos dos trabalhadores.

• Retirada de projetos de lei, medidas provisórias e decretos contrários aos interesses dos servidores públicos.

• Igualdade de direitos entre ativos, aposentados e pensionistas, como prevê a Constituição.

• Reajuste de benefícios.

• Definição da data-base em 1º de maio.

Page 9: Jornal Estampa - Março 2012

9 2012 | Março | Estampa

Ameaça ao funcionalismo público |

servidores consideram previdência compLementar `neGÓcio de risco’

proposta (PLC 2/12)

do governo de criar

a Fundação de Previ-

dência Complemen-

tar dos Servidores Públicos

Federais (Funpresp) foi alvo

de duras críticas por parte dos

convidados que participaram,

no dia 19 de março, de audi-

ência conjunta das comissões

de Assuntos Sociais (CAS) e

de Direitos Humanos e Legis-

lação Participativa (CDH), sob

o comando do senador Paulo

Paim (PT-RS).

Num encontro que du-

rou mais de seis horas, 15

expositores, representantes

de diferentes segmentos do

funcionalismo, foram unâni-

mes em condenar a iniciativa

prevista no PLC 2/2012, que

tramita em regime de urgên-

cia no Senado, depois de ter

passado pela Câmara (PL

1.999/2007).

A proposta do Executivo

institui a previdência comple-

mentar para os servidores ci-

vis da União e aplica o limite

de aposentadoria do INSS (R$

3.916,20) para os admitidos

após o início de funcionamen-

to do novo regime.

Os convidados questiona-

ram a situação de inseguran-

ça a que serão submetidos os

servidores que contribuirão

durante anos sem saber ao

certo quanto receberão depois

de aposentados, visto que os

benefícios vão variar confor-

me o retorno das aplicações

feitas pelo fundo ao longo do

tempo.

Negócio de risco

“O que estará previamente

definido será a contribuição,

não o valor do benefício, que

dependerá da rentabilidade.

Para o servidor é um negócio

de risco. Portanto, vai ter que

trabalhar a vida toda e orar

aos céus para que mudanças

no humor do mercado finan-

ceiro não transformem seu

dinheiro em pó. Este projeto

beneficia na verdade bancos

e investidores”, argumentou o

presidente da Associação Na-

cional dos Auditores Fiscais

da Receita Federal (Anfip),

Álvaro Sólon de França.

O histórico de casos de má

gestão dos recursos de outros

grandes fundos no Brasil e no

exterior também serviu de ar-

gumento para os críticos da

Funpresp.

Para o presidente do Fórum

Nacional Permanente das

Carreiras Típicas de Estado

(Fonacate), Pedro Delarue To-

lentino Filho, os participantes

ficarão desprotegidos em caso

de má administração do fun-

do, e o governo não propõe

nada para evitar isso.

“O histórico dos fundos no

Brasil mostra uma sucessão

de rombos, quebras e proble-

mas de gestão, e o projeto não

acena com qualquer proteção

aos trabalhadores”, opinou.

Caráter da entidade

Ainda para os expositores, a

Funpresp não poderia jamais

ser uma entidade com perso-

nalidade jurídica de direito

privado, como o proposto no

projeto de lei do Executivo.

Para eles, o fundo deveria ter

natureza pública, com servi-

dores de carreira participando

das decisões.

“Se o INSS é autarquia de

natureza pública, responsá-

vel por gerir os benefícios dos

trabalhadores da iniciativa

privada, então por que os ser-

vidores públicos serão geridos

por uma entidade de direito

privado?”, indagou Delarue.

Equilíbrio financeiro

Os debatedores questionaram

ainda os números apresenta-

dos pelo governo dando con-

ta de um déficit no sistema

previdenciário público. Para

a procuradora regional da Re-

pública Zélia Pierdona, desde

2003, após sucessivas mudan-

ças na legislação, os números

a

Governo quer entregar para a iniciativa privada bilhões de reais em recursos do funcionalismo público, que pagará contribuição sem saber quanto vai receber de benefício - um negócio muito arriscado

“O que estará previamente definido será a contribuição, não o valor do benefício, que dependerá da rentabilidade. Para o servidor é um negócio de risco. Portanto, vai ter que trabalhar a vida toda e orar aos céus para que mudanças no humor do mercado financeiro não transformem seu dinheiro em pó. Este projeto beneficia na verdade bancos e investidores”,

“O histórico dos fundos no Brasil mostra uma sucessão de rombos, quebras e problemas de gestão, e o projeto não acena com qualquer proteção aos trabalhadores”

PEDRO DELARUE TOLENTINO FILHO ÁLvARO SóLON DE FRANçA

Foi questionada a situação de insegurança a que serão submetidos os servidores que contribuirão durante anos sem saber ao certo quanto receberão depois de aposentados, visto que os benefícios vão variar conforme o retorno das aplicações feitas pelo fundo ao longo do tempo.

Page 10: Jornal Estampa - Março 2012

10 Estampa | Março | 2012

Ameaça ao funcionalismo público |

apontam para um equilíbrio

financeiro do sistema. O dé-

ficit existente hoje seria re-

sultado de sistemas passados

que já não se aplicam aos ser-

vidores que ingressaram nos

últimos anos.

“Querem que só os novos

servidores paguem a conta de

erros anteriores. Só que eles

não têm culpa de generosida-

des e privilégios concedidos

no passado e que agora são di-

reitos adquiridos”, afirmou.

Além disso, conforme o pre-

sidente do Fórum Nacional de

Advocacia Pública Federal,

Alan Nunes, quando o gover-

no fala em rombo crescente

na previdência, ele inclui be-

nefícios assistenciais que não

deveriam fazer parte do cálcu-

lo. Opinião semelhante tem o

presidente da Associação dos

Juízes Federais (Ajufe), Ga-

briel Wedy:

“Beneficio previdenciário é

uma coisa; assistencial é ou-

tra. Só falta o governo incluir

o Bolsa-Família em seus cál-

culos. Sem falar que, ao longo

da história, o dinheiro da pre-

vidência foi usado para outros

fins, inclusive para a constru-

ção de Brasília”, argumentou.

entenda o pLc 2/12 em tramitação no senado

Uma das intenções da proposta é estabelecer um teto para a aposentadoria no serviço público, no caso, os mesmos R$ 3.916,20 previstos atualmente para trabalhadores da iniciativa privada.

Para tanto, cria a previdência complementar para os servidores civis da União, válida somente para os que ingressarem no serviço público após a aprovação da criação dos fundos. A adesão será facultativa para os atualmente na ativa.

O texto permite a criação de três fundações de previdência complementar do servidor público federal para executar os planos de benefícios: uma para o Legislativo e o Tribunal de Contas da União (TCU), uma para o Executivo e outra para o Judiciário. Tais fundações têm personalidade jurídica de direito privado;

Aqueles que tenham contribuído com o regime estatutário e aderirem ao novo fundo posteriormente terão direito a um benefício especial quando se aposentarem.

Para o início do funcionamento da Funpresp do Executivo, o PL 1.992/07, aprovado pela Câmara dos Deputados, autoriza a União a adiantar R$ 50 milhões para as despesas de instalação e aplicações iniciais. As fundações do Legislativo e do Judiciário contarão com R$ 25 milhões cada uma.

As fundações terão conselhos deliberativo e fiscal. O primeiro terá três representantes do patrocinador (União), a quem caberá a presidência, e três dos participantes (servidores). Já os conselhos fiscais terão quatro integrantes.

A união, na condição de patrocinadora dos fundos contribuirá com alíquota de 8,5%. Os servidores que participarem do regime pagarão 11% sobre o teto da Previdência Social e não mais sobre o total da remuneração. Para se aposentarem com mais, poderão participar da Funpresp do Poder em que trabalharem, escolhendo com quanto querem contribuir segundo os planos de benefícios oferecidos;

Cada poder terá 180 dias para criar seus fundos, a partir da sanção da lei pela presidente da República.

Page 11: Jornal Estampa - Março 2012

11 2012 | Março | Estampa

Serviço Público |

Governo federaL vai investiGar 28 miL servidores sUspeitos de acUmULar carGos

o do ano em todos os estados

e nos 50 maiores municípios.

O secretário de Políticas Pre-

videnciárias do Ministério da

Previdência Social, Leonardo

Rolim, explica que a quanti-

dade de irregularidades é bem

maior, pois, além de se limitar

à União e a 14 estados, esse

levantamento levou em con-

ta bases de dados precárias,

pois cada órgão registra a fi-

cha funcional dos servidores

de uma forma diferente. Mi-

lhares de registros funcionais

ainda estão em papel. Tudo

isso dificulta o cruzamento de

informações com cadastros

dos diversos órgãos.

Mesmo assim, foram des-

cobertos médicos e profes-

sores com diversos vínculos

empregatícios com governos

estaduais e a União. Um de-

les tinha sete. “Quem tem os

sete cargos está trabalhando

nos sete? Ele não é três para

dar conta”, espanta-se Rolim.

Segundo ele, esses dados nem

incluem os dos municípios.

Os 28 mil casos irregulares

identificados pelo Ministério

do Planejamento foram re-

passados para a Controlado-

ria-Geral da União

(CGU), pa-

ra cobrar

dos órgãos

correspon-

dentes as

providências

devidas, que

incluem, conforme o caso, a

exoneração de um dos cargos,

a limitação dos valores recebi-

dos ao teto do funcionalismo e

até a devolução do que foi em-

bolsado indevidamente.

Compatibilidade

A Constituição permite a acu-

mulação de, no máximo, dois

cargos públicos, desde que ha-

ja compatibilidade de horário,

e para apenas dois tipos de

profissionais: o professor (que

também pode ter um segundo

emprego no serviço público na

área técnica ou científica) ou o

profissional da área de saúde,

com profissão regulamenta-

da. As duas outras exceções

são o magistrado e o membro

do Ministério Público que po-

dem ser professores da rede

pública. Como esses últimos

já recebem próximo ao teto do

serviço público, muitos estão

embolsando valor acima,

sem a aplicação do cha-

mado abate-teto.

Segundo Rolim, o le-

vantamento apontou

também servidores

de outras áreas acu-

governo federal está

atrás dos servidores

que acumulam mais

de um cargo públi-

co indevidamente e daqueles

que já recebem aposentadoria

ou pensão que, somada à re-

muneração do trabalho, ultra-

passe o teto do funcionalismo,

de R$ 26,7 mil. Para isso, está

concluindo a implantação de

um sistema nacional de cruza-

mento da base de dados dos 11

milhões de funcionários ativos

e inativos da União, estados e

municípios dos três poderes

— Executivo, Judiciário e Le-

gislativo. O projeto-piloto co-

meçará pelo Distrito Federal,

a partir de julho.

Um primeiro levantamen-

to feito como teste pelo Mi-

nistério do Planejamento, em

2009, com dados da União e

de 14 estados, detectou 198

mil servidores ativos das três

esferas acumulando cargo ou

benefício previdenciário. Des-

ses, o governo concluiu que

28 mil recebiam duas ou mais

remunerações da administra-

ção pública irregularmente.

Economia de R$ 7 bilhões

Quando o sistema estiver im-

plantado em todo o país, o go-

verno espera economizar pelo

menos R$ 7 bilhões por ano

com a folha de pagamento do

pessoal ativo e inativo das três

esferas. A previsão é de que

estará funcionando até o fim

A Constituição permite a acumulação de, no máximo, dois cargo públicos, desde que haja compatibilidade de horário, e somente para professores e profissionais da saúde

mulando cargos que a lei não

permite, como de auditor-fis-

cal e professor. “Quando o sis-

tema estiver funcionando em

todos os estados e municípios,

a quantidade de irregularida-

des detectadas vai aumentar

substancialmente”, destacou

o secretário, lembrando que

muitos são funcionários fan-

tasmas, trabalhando efetiva-

mente mesmo só em um ou

dois dos empregos.

Rolim afirmou ainda que

a maior parte da economia

prevista de R$ 7 bilhões vai

beneficiar os municípios, pois

estados e União pagam salá-

rios maiores. Assim, o servi-

dor que tem mais de um cargo

tende a optar pelo da esfera fe-

deral ou estadual. “Assim que

o sistema estiver a todo vapor

em todo o país, a identificação

das irregularidades será au-

tomática tão logo o servidor

assuma um novo cargo

ou passe a receber um

benefício previdenciá-

rio”, observou.

Fonte: Diário de

Pernambuco.

Page 12: Jornal Estampa - Março 2012

22 de março | Dia da água

em 30 anos brasiL pode ter probLema de abastecimento de áGUa

s e o consumo de água

continuar no ritmo

atual, em 30 anos o

Brasil terá problemas

sérios de abastecimento, prin-

cipalmente nas Regiões Sul e

Sudeste. O alerta é do profes-

sor e presidente do Institu-

to Internacional de Ecologia

(IEE), José Galizia Tundisi.

“Em algumas cidades já há

uso competitivo da água a

ponto de abastecimento pú-

blico e produção de alimentos

concorrerem pelo recurso.”

Segundo Tundisi, apesar

de o Brasil ter 12% da água

doce do mundo, a crescente

demanda provoca aumento

da poluição de rios, lagos e re-

presas e pressiona fortemente

os recursos hídricos. Ele sa-

lienta que a água está distri-

buída de forma desigual pelo

País. Regiões como São Paulo,

por exemplo, têm acúmulo de

população e pouca reserva de

água. Já no Amazonas, ocor-

re o inverso. Além disso, há

a questão da exploração dos

aquíferos, pois muitos não são

bem explorados.

Para Tundisi com o au-

mento da pressão sobre os

recursos hídricos, a resposta

da natureza será mais lenta,

provocando em determinados

períodos escassez. “Tudo na

água se resume a uma relação

de disponibilidade e deman-

Apesar de ter 12% da água do planeta, o Brasil precisa administrar melhor este recurso natural, vital para a saúde humana e produção de energia e alimentos

da. Se continuarmos

utilizando acima da

disponibilidade, as

reservas vão dimi-

nuir e colorare-

mos o abas-

tecimento

em risco.”

Aquíferos

Se no caso das

águas superficiais a

situação é complicada, a área

de aquíferos também precisa

de mais cautela. O professor

critica o modo como as águas

subterrâneas estão sendo ex-

ploradas no País. “Aquíferos

estão sendo utilizados de for-

ma indiscriminada, a recupe-

ração não está acompanhando

a demanda. Os recursos sub-

terrâneos deveriam estar pro-

tegidos para serem utilizados

como reservas para o futuro.”

Ele lembra que, para piorar, a

retirada de cobertura vegetal

e impermeabilização dos so-

los, prejudicam a recarga e o

ciclo natural demora mais que

o normal.

Para Tundisi, falta ao País

uma cultura de gestão de água

integrada e nacional. Ele afir-

ma que isso ocorre de forma

setorial, com políticas locais,

enquanto deveria ser nacio-

nal e integrada. “Existem boas

iniciativas no Brasil, mas são

todas pontuais e localizadas.

Se fos-

sem mais

amplas, terí-

amos resulta-

dos mais efe-

tivos.”

O especialista de-

fende a gestão por

bacia hidrográfi-

ca, respeitando

as caracterís-

ticas específicas de

cada uma e da região

em que estão. “É preci-

so entender como cada bacia

funciona, relacionar dispo-

nibilidade e demanda, ana-

lisar fontes de poluição, ter

um banco de dados regional.

Assim é possível fazer uma

gestão sistêmica da água.”

Segundo Tundisi, já existem

comitês de bacias, mas eles

ainda estão em fase de im-

plantação. “Já está tudo ma-

peado, mas aqui as coisas são

lentas.”

Menos imediatismo

O especialista diz ser ne-

cessário mudar a visão

mais imediatista dos gover-

nantes por uma que contenha

uma estratégia de futuro. Ele

adverte que o modelo atual de

gestão do meio ambiente está

relacionado a um tipo de eco-

nomia, na qual o capital natural

não está inserido. “Amazônia

tem um grande potencial hidre-

létrico, mas não adianta encher

a região de usinas. Isso significa

que estamos trocando evolução

natural por economia. Preci-

sa haver um equilíbrio, pois os

efeitos podem ser irreversíveis.

O capital natural é algo explorá-

vel, mas dentro de limites.”

Fonte: Portal Terra.