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Direito da Criança e do Adolescente p/ 1a Fase
da OAB - Teoria e exercícios comentados
Prof. Vitor Alencar – Aula 00
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SUMÁRIO PÁGINA
1. Apresentação 01
2. Cronograma 03
3. Introdução à aula inaugural 03
4. Marco Normativo-Institucional 04
5. Princípios e Direitos Fundamentais 28
6. Resumo da Aula 39
7. Questões comentadas 45
8. Referências 50
1. APRESENTAÇÃO
Bem vindos ao Curso de Direito da Criança e do Adolescente,
preparatório para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB!
Como vocês sabem, a OAB faz desde o ano passado 4 (quatro)
exames por ano, aumentando sua chance de atingir o objetivo de se
habilitar para a advocacia. Imagino que esteja bastante animado com as
possibilidades que a inscrição na OAB oferece (tanto no âmbito privado
como nas carreiras públicas)!
O exame da OAB é um grande desafio para o Bacharel em Direito,
com altos índices de reprovação no país inteiro, mas com a vantagem de
ser uma luta que travamos contra nós mesmos. Ou seja, não precisamos
competir com ninguém, bastando atingir os níveis mínimos exigidos.
Assim, estudando com firmeza você certamente vai atingir o seu objetivo.
VOCÊ VAI PASSAR!
Meu nome é Vitor Alencar e estou aqui para contribuir com essa
jornada, trabalhando os direitos da criança e do adolescente, tema cada
vez mais exigido nas provas Brasil afora. Como advogado, também vivi
esse momento, sei do esforço que precisamos fazer, mas a nossa
dedicação sempre será recompensada.
AULA 00: MARCO NORMATIVO-INSTITUCIONAL,
PRINCÍPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS
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Quando me formei em dezembro de 2004 a prova da OAB passou a
ser um objetivo fundamental, visto que almejava trabalhar como
advogado. Assim, tracei uma rotina de estudos e me submeti ao primeiro
exame do ano de 2005 (naquela época eram dois por ano).
Acabei sendo bem sucedido após as duas fazes do processo, o que
me permitiu trabalhar como advogado ainda naquele ano. Desde então,
nunca mais parei de advogar, me especializando ao longo desses anos no
Direito da Criança e do Adolescente.
Esse ramo do Direito ainda é pouco estudado, sendo que muitas
faculdades de Direito nem exigem como disciplina obrigatória. Espero
contribuir com minha experiência, a partir de conhecimentos que adquiri
estudando e trabalhando na área.
Desde 2006 trabalho como advogado e/ou consultor de
organizações de defesa dos direitos da criança e do adolescente, primeiro
no Rio Grande do Norte e a partir de 2009 no Distrito Federal. Nesse
período, também tive a oportunidade de proferir inúmeras palestras e
ministrar aulas sobre o tema. Além do mais, conclui o mestrado em
Direito da Universidade de Brasília, onde trabalho os direitos da criança e
do adolescente em minha pesquisa.
Assim, como estratégia para abordar e aprender o tema, em todas
as aulas trabalharemos questões sobre os direitos da criança e do
adolescente, principalmente as questões que vem sendo cobradas nos
exames da OAB.
Desde que foi instituído o exame unificado (2010) tivemos dezenove
questões sobre os direitos infanto-juvenis, assim divididas: sete sobre
convivência familiar e comunitária; quatro sobre sistema socioeducativo;
duas sobre prevenção especial; uma sobre direito à profissionalização e à
proteção no trabalho; uma sobre acesso à justiça; uma sobre direito à
educação; uma sobre o Conselho Tutelar e duas que tratavam de
assuntos diversos (autorização para viajar, adoção, educação, prevenção
especial contra jogos de loteria, medidas de proteção, direito à liberdade,
direito à participação e prevenção especial).
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Na primeira aula trabalharemos as duas sobre prevenção especial,
as duas sobre assuntos diversos, uma sobre acesso à justiça, uma sobre
direito à educação, uma sobre o Conselho Tutelar e mais três questões de
concursos públicos. Na segunda aula trabalharemos as oito questões
sobre direito à convivência familiar e comunitária e mais duas de
concursos públicos. Na terceira aula trabalharemos a questão sobre
direito à profissionalização e à proteção no trabalho e mais nove de
concursos públicos. Na quarta e última aula trabalharemos as cinco
questões sobre sistema socioeducativo e mais cinco de concursos
públicos. Em todas as aulas dez questões serão abordadas.
Ao longo de todo o curso buscarei ser o mais didático possível,
trazendo resumo e ideias fundamentais para o aprendizado do tema
(sempre em vermelho). Estaremos juntos nesse desafio e sei que não
descansaremos enquanto não conseguirmos!
2. CRONOGRAMA
Para atingir o seu objetivo é preciso ter organização, objetividade e
planejamento. Assim, durante a parte do seu estudo destinada ao Direito
da Criança e do Adolescente, buscaremos identificar aquilo que é
prioritário, tendo por base o histórico dos exames da OAB e o Edital.
Nesse sentido, dividiremos nosso conteúdo em quatro pontos
específicos:
Aula 00 – Marco normativo-institucional, princípios e direitos
fundamentais (13 de julho de 2013).
Aula 01 – Direito à Convivência Familiar e Comunitária (20 de julho
de 2013).
Aula 02 – Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho (27
de julho de 2013).
Aula 03 - Sistema Socioeducativo (03 de agosto de 2013).
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A partir desse cronograma você poderá planejar os seus estudos,
seja disciplinado e aproveite parte do tempo disponível para corrigir suas
principais deficiências. Ao final do processo o esforço valerá a pena. Você
vai ser aprovado(a)!
3. INTRODUÇÃO À AULA INAUGURAL
Nessa primeira aula trabalharemos os principais marcos do sistema
de promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente. Além
das principais normas, trataremos de instâncias centrais trazidas pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8069/90), princípios e direitos
fundamentais previstos na ordem jurídica brasileira.
Nas aulas seguintes trataremos de temas mais específicos, sendo
essencial compreender o espírito da aula inicial, que norteia todo o
modelo de atenção à criança e adolescente vigente em nosso país.
4. MARCO NORMATIVO-INSTITUCIONAL
Não são raros os exemplos de como crianças e adolescentes foram
tratadas ao longo da história em diversas partes do mundo. Na Grécia
antiga crianças espartanas de sete anos de idade eram alistadas para o
serviço militar. Quadros renascentistas há mais de cinco séculos
reproduziam imagens de crianças vestidas como se fossem adultos em
miniatura. Crianças e adolescentes chegavam a trabalhar quatorze ou
dezesseis horas diárias durante a revolução industrial nos séculos XVIII e
XIX. Crianças e adolescentes palestinas têm sido personagens
importantes no conflito com Israel desde a segunda metade do século XX.
Em todos esses exemplos fica claro como crianças e adolescentes tem
assumido papéis importantes em diversos momentos da história mundial,
mas sem ter levada em consideração sua condição de ser humano em
etapa especial e diferenciada da vida.
No Brasil o reconhecimento social da infância só se opera a partir do
século XIX, quando emerge a necessidade de atribuir tratamento
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diferenciado ao segmento de meninos e meninas (Brito, 2001). De
acordo com Pinheiro (2006) ao longo de todo esse tempo foram
emergindo e sendo institucionalizadas diferentes representações
sociais da criança e do adolescente: objeto de proteção social,
objeto de controle e disciplinamento social, objeto de repressão
social, sujeito de direitos.
A primeira representação diz respeito fundamentalmente à criança
pequena, abandonada, e se configura a partir da ação de grupos
religiosos que correspondem a iniciativas voltadas para a saúde e
nutrição. Forjada em valores de caridade e compaixão, esse olhar para a
infância se materializava simbolicamente nas chamadas “Rodas dos
Expostos”, onde crianças abandonadas por pobreza ou por decorrer de
relações “ilegítimas” eram entregues a casas de misericórdia.
A Proclamação da República (1889) e o início do século XX
marcaram mudanças importantes no Brasil. Com o crescimento da
presença do Estado na vida social e a forte presença de ideias higienistas,
a criança e o adolescente passa a ser objeto de controle e disciplinamento
social. Iniciativas de prevenção à prática infracional e a preparação para o
mundo do trabalho constituem o núcleo central dessa representação
social da infância brasileira.
A terceira representação social se estabelece a partir dos processos
de urbanização e industrialização. A presença de crianças e adolescentes
nas ruas, não alcançados pelo sistema escolar e pelo mercado de
trabalho, desperta uma resposta estatal repressora. Consolidando as
ideologias predominantes, institui-se no Brasil o Código de Menores de
1927 (decreto 17943 – A), conhecido como “Código de Mello Mattos”.
O artigo 1º da normativa dizia que “o menor, de um ou outro sexo,
abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18 anos de idade, será
submetido pela autoridade competente às medidas de assistência e
proteção contidas neste Código”. Dirigida a crianças e adolescentes
pobres e/ou envolvidas com delitos, a norma demonstrava todo o seu
conteúdo correcional.
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No primeiro governo do presidente Getúlio Vargas (1930-1945) é
criado o Serviço de Assistência ao Menor (SAM), instância governamental
de implementação das políticas voltadas para a infância objeto de
repressão social. Sob críticas, se aprofundam os debates pela
reformulação do modelo, interrompidos pelo golpe de 1964 e pela criação
da Política Nacional do Bem Estar do Menor, com a instituição da
Fundação Nacional do Bem Estar do Menor - FUNABEM e das Fundações
Estaduais do Bem Estar do Menor – FEBEM`s (Lei 4513/64).
O aparato normativo institucional da terceira representação social
da infância citada somente se completou com o Código de Menores de
1979 (Lei 6697/79), consagrando o que ficou conhecido como “Doutrina
da Situação Irregular”, personificada na figura do Juiz de Menores.
O contexto de luta por direitos e liberdades a partir da década de
1970, tanto em âmbito internacional (direitos humanos) como
internamente (liberdade e democracia), faz emergir a representação
social da criança e do adolescente sujeito de direitos. Finalmente
ganham força ideias que reconhecem na população infanto-juvenil
pessoas em condição peculiar de desenvolvimento, que devem ter
seus direitos fundamentais garantidos independente da sua
origem ou condição (“Doutrina da Proteção Integral”).
Destaca-se a criação da Frente Nacional de Defesa dos Direitos da
Criança e a atuação do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua
durante o processo constituinte, que culminou com o artigo 227 da
Constituição Federal de 1988, alterado recentemente pela Emenda
Constitucional n° 65 para incluir os jovens. Essa nova visão da infância e
da adolescência consolida-se no plano internacional com a Convenção
Internacional sobre os Direitos da Criança (1989).
No âmbito interno, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
8069/90) consolida a normativa de promoção e proteção dos direitos
humanos infanto-juvenis e estabelece Sistema de Garantia de Direitos,
que se divide nos eixos de promoção, defesa e controle (Resolução
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113/2006 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
- CONANDA).
Esses são alguns dos acontecimentos históricos fundamentais para
o entendimento do processo de conquista dos direitos humanos de
crianças e adolescentes.
Constituição Federal de 1988 (CF/88)
Depois de mais de duas décadas de ditadura militar o Estado
brasileiro viveu rico processo de Assembleia Nacional Constituinte
(1987/1988), que culminou com a Constituição Federal de 1988.
No campo da infância e da juventude foram colhidas mais de um
milhão de assinaturas em todas as partes do país para produção de
emenda popular durante o processo constituinte. O resultado foi a
produção dos artigos 227 (mais tarde alterado pela Emenda
Constitucional 65/2010) e 228:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e
do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65,
de 2010) § 1º O Estado promoverá programas de
assistência integral à saúde da criança, do
adolescente e do jovem, admitida a participação
de entidades não governamentais, mediante
políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
I - aplicação de percentual dos recursos públicos
destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e
atendimento especializado para as pessoas
portadoras de deficiência física, sensorial ou
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mental, bem como de integração social do
adolescente e do jovem portador de deficiência,
mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
arquitetônicos e de todas as formas de
discriminação. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção
dos logradouros e dos edifícios de uso público e de
fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
portadoras de deficiência.
§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os
seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão
ao trabalho, observado o disposto no art. 7º,
XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e
trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador
adolescente e jovem à escola; (Redação dada
Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação
processual e defesa técnica por profissional
habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar
específica; V - obediência aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento,
quando da aplicação de qualquer medida
privativa da liberdade; VI - estímulo do Poder Público, através de
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios,
nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de
guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento
especializado à criança, ao adolescente e ao
jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. (Redação dada Pela Emenda Constitucional
nº 65, de 2010)
§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a
violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
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§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público,
na forma da lei, que estabelecerá casos e
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do
adolescente levar-se- á em consideração o
disposto no art. 204. § 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os
direitos dos jovens; (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
II - o plano nacional de juventude, de duração
decenal, visando à articulação das várias esferas
do poder público para a execução de políticas
públicas. (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
Art. 228. São penalmente inimputáveis os
menores de dezoito anos, sujeitos às normas da
legislação especial.
Ter na Carta da República o reconhecimento da dignidade de
crianças e adolescentes foi um avanço fundamental e o início de uma
nova era no tratamento desse segmento da população brasileira.
Além de reconhecê-los como sujeitos de direitos, a CF/88 os elevou
ao status de prioridade absoluta, reconheceu sua condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento e atribuiu responsabilidade à família, à
sociedade e ao Estado em zelar pelos seus direitos e colocá-los a salvo de
violações.
A CF/88 também fixou a idade penal em dezoito anos e determinou
a criação de sistema especial para tratar de crianças e adolescentes
envolvidos com a prática de infrações.
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (CDC)
Apresentada pela Polônia no âmbito das Nações Unidas, o projeto
de Convenção Internacional tramitou durante dez anos. Finalmente em
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1989 foi lançado o mais importante documento internacional de promoção
e proteção dos direitos humanos de crianças e adolescentes, que em
poucos anos passou a contar com a adesão de quase todos os países do
planeta (exceto Estados Unidos da América e Somália). Sobre a
importância da CDC, Roseno (2007):
Infelizmente, tardou muito para a humanidade
reconhecer a humanidade de uma grande parte de si mesma: a humanidade da infância. Mesmo
reconhecendo o valor histórico da Declaração dos
Direitos da Criança de 1924, elaborada ainda sob o
signo da antiga Liga das Nações, e da posterior Declaração dos Direitos da Criança de 1959 (já sob a
égide das Nações Unidas), o mundo carecia de um
tratado internacional que expressasse e materializasse a
proteção integral específica dos direitos da criança, deixando para trás as representações da criança com
um “ser-objeto”, alvo da tutela e da piedade. Fazia-se
necessária uma Convenção Internacional que
materializasse no mundo jurídico a luta política emancipatória de crianças pelo reconhecimento de sua
condição de sujeitos de direitos. A Convenção
Internacional sobre os Direitos da Criança é este
instrumento.
Importante esclarecer que a CDC considera criança todo ser
humano menor de 18 anos (art. 1º). Então, sempre que a
Convenção se referir à criança, estará falando de crianças e
adolescentes.
O Brasil recepcionou a CDC em seu ordenamento jurídico através do
Decreto do Presidente da República n° 99.710, de 21 de novembro de
1990, após aprovação pelo Congresso Nacional, nos termos de nossa
Constituição Federal.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei 8069/90
Para regulamentar o que foi previsto na CF/88 sobre os direitos de
crianças e adolescentes o Congresso Nacional brasileiro produziu lei
federal instituindo o ECA. Para Volpi (2001):
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Ao adotar a doutrina da proteção integral da
Convenção das Nações Unidas sobre os direitos da
Criança, O Estatuto da Criança e do Adolescente consolida e reconhece a existência de um novo
sujeito político e social que, como portador de
direitos e garantias, não pode mais ser tratado por
programas isolados e políticas assistencialistas, mas deve ter para si a atenção prioritária de
todos, constituindo-se num cidadão
independentemente de sua raça, situação social ou
econômica, religião ou qualquer diferença cultural.
ATENÇÃO, ESSA DEFINIÇÃO ABAIXO COSTUMA CAIR EM
PROVAS ENVOLVENDO OS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE!
A definição de crianças e adolescentes está logo no artigo 2º:
crianças (0 a 12 anos incompletos) e adolescentes (12 a 18 anos
incompletos). No parágrafo único do mesmo artigo o ECA
esclarece sua extensão: Nos casos expressos em lei, aplica-se
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e
um anos de idade.
Vamos ver um exemplo de questão!
(Secretaria de Educação MG/2011) As regras do ECA podem ser
aplicadas:
a) apenas às crianças e aos adolescentes.
b) apenas às crianças e, excepcionalmente, aos adolescentes.
c) às crianças e adolescentes, mas nunca aos adultos.
d) excepcionalmente, aos adultos com idade entre 18 e 21 anos.
COMENTÁRIO: Essa situação está prevista no parágrafo único do artigo
segundo do ECA: “Nos casos expressos em lei, aplica-se
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
anos de idade.” Ou seja, em situações excepcionais, quando a própria lei
autoriza, o ECA pode ser aplicado em jovens adultos com idade entre 18 e
21 anos. O cumprimento de medida socioeducativa até os vinte e um
anos de idade é um exemplo. Portanto, a resposta correta é a letra d.
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A lei estabelece também que crianças e adolescentes gozam de
todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral estabelecida no ECA (art. 3º). A norma
detalha ainda sobre a garantia de prioridade absoluta, vejamos:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar,
com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em
quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços
públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução
das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos
públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
O ECA parte da ideia de que os direitos fundamentais de crianças
e adolescentes devem ser respeitados e promovidos, principalmente
através das políticas públicas. Dos artigos 7º ao 69 estabelece respeito
aos seguintes direitos: vida, saúde, liberdade, respeito, dignidade,
convivência familiar e comunitária, educação, cultura, esporte,
lazer, profissionalização e proteção no trabalho.
Diante do histórico e da conjuntura de violações, todavia, o ECA
estabelece medidas de proteção especial aos direitos humanos
infanto-juvenis. Além de medidas de prevenção em relação à participação
de crianças e adolescentes em espaços de diversão e espetáculos
públicos, a norma também estabelece limitações de acesso a produtos e
serviços e impõe regras para a realização de viagens (artigos 70 a 85).
Visando promover reordenamento institucional do Estado brasileiro
para atender aos direitos de crianças e adolescentes, o ECA criou política
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de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, com
responsabilidades para todos os entes da federação brasileira, tanto do
governo como da sociedade civil. Foram estabelecidas linhas de ação e
diretrizes, além de parâmetros para as entidades de atendimento (artigos
86 a 97).
Para enfrentar de maneira mais efetiva violações dos direitos de
meninos e meninas a lei previu medidas de proteção e medidas
pertinentes aos pais e responsáveis (artigos 98 a 102 e 129 e 130,
respectivamente), estabelecendo princípios em relação a aplicação das
primeiras (condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos,
proteção integral e prioritária, responsabilidade primária e solidária do
poder público, interesse superior da criança e do adolescente,
privacidade, intervenção precoce, intervenção mínima, proporcionalidade
e atualidade, responsabilidade parental, prevalência da família,
obrigatoriedade da informação, oitiva obrigatória e participação).
O ECA criou sistema especial para lidar com crianças e
adolescentes envolvidas com a prática infracional (artigos 103 a
128), que será objeto de estudo na nossa quarta aula.
A lei criou, ainda, o Conselho Tutelar, órgão encarregado de zelar
pelos direitos humanos de meninos e meninas (artigos 131 a 140). Em
momento específico falaremos dessa importante instância.
Além do mais, o ECA regulamentou o acesso à justiça para garantia
dos direitos infanto-juvenis, criando a justiça da infância e da
juventude em substituição aos juizados de menores (artigos 145 a 151).
Também trouxe normas processuais sobre a perda e suspensão do poder
familiar, destituição da tutela, colocação em família substituta, apuração
de ato infracional atribuído a adolescente, apuração de irregularidades em
entidade de atendimento, apuração de infração administrativa às normas
de proteção à criança e ao adolescente, habilitação de pretendentes à
adoção, recursos (artigos 152 a 199) e proteção judicial dos interesses
individuais, difusos e coletivos (artigos 208 a 224).
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Por fim o ECA enumera tipos penais e infrações administrativas que
tem como objetivo sancionar condutas praticadas contra crianças e
adolescentes (artigos 225 a 258).
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE
Em 2006 o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente (CONANDA) deliberou a criação do Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo. O próprio documento se definiu como o
conjunto ordenado de princípios, regras e critérios, de caráter jurídico,
político, pedagógico, financeiro e administrativo, que envolve desde o
processo de apuração de ato infracional até a execução de medida
socioeducativa. Este sistema nacional inclui os sistemas estaduais,
distrital e municipais, bem como todos as políticas, planos, e programas
específicos de atenção a esse publico.
Na mesma época foi encaminhado ao Congresso Nacional o Projeto
de Lei do SINASE, que deu origem à lei nº 12.594, de 18 de janeiro de
2012, que institui o Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo (SINASE) e regulamenta a execução das medidas
socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional.
Desde 1990 o ECA estabeleceu o sistema socioeducativo, no
entanto somente com a resolução do CONANDA e com a nova lei é que
foram detalhados os parâmetros para execução das medidas aplicadas
aos adolescentes envolvidos com atos infracionais. Essa parte também
será objeto de estudo da nossa quarta aula.
Sistema de Garantia de Direitos – SGD
Trata-se do Sistema de Promoção e Proteção de Direitos
Humanos de Crianças e Adolescentes, consubstanciado no plano
internacional pela CDC e no Brasil através da CF/88, do ECA e da
recepção da própria Convenção em 1990. O Sistema voltado para
crianças e adolescentes se insere, obviamente, no Sistema maior de
promoção e proteção de todos os direitos humanos.
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O SGD configura-se como articulação, num mesmo complexo, dos
atores e instâncias que promovem, defendem e fiscalizam a realização
dos direitos humanos de crianças e adolescentes.
Segundo o site da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência
da República:
O Sistema de Garantia de Direitos da Criança
e do Adolescente constitui-se na articulação e integração das instâncias públicas
governamentais e da sociedade civil, na
aplicação de instrumentos normativos e no
funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle para a
efetivação dos direitos da criança e do
adolescente, nos níveis Federal, Estadual,
Distrital e Municipal.
De acordo com a Resolução nº 113 do CONANDA de 2006 o SGD
organiza-se a partir da divisão em três eixos fundamentais: promoção,
defesa e controle. Sobre essa norma, Nogueira Neto (2009) diz:
Essa Resolução reconhece e institucionaliza o sistema de garantia dos direitos humanos de
crianças e adolescentes: o CONANDA não institui
aí um sistema operacional de política pública
(saúde, assistência social etc.) ou de acesso à Justiça (sistema de Justiça) e sim reconhece
institucionalmente a existência de uma ambiência
sistêmica ou holística onde todos se articulam e
integram no marco dos direitos humanos (do
paradigma da doutrina da proteção integral).
Mas afinal de contas, quem faz parte do SGD? Mais uma vez o site
Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República:
Eixo da Promoção dos Direitos
Eixo da Defesa dos
Direitos Humanos
Eixo do Controle e
Efetivação do
Direito
A política de
atendimento dos
direitos humanos de
os órgãos públicos
judiciais; ministério
público,
realizado através de
instâncias públicas
colegiadas próprias,
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crianças e
adolescentes
operacionaliza-se
através de três tipos
de programas,
serviços e ações
públicas: 1) serviços
e programas das
políticas públicas,
especialmente das
políticas sociais,
afetos aos fins da
política de
atendimento dos
direitos humanos de
crianças e
adolescentes; 2)
serviços e programas
de execução de
medidas de proteção
de direitos humanos
e; 3) serviços e
programas de
execução de medidas
socioeducativas e
assemelhadas.
especialmente as
promotorias de
justiça, as
procuradorias gerais
de justiça;
defensorias públicas;
advocacia geral da
união e as
procuradorias gerais
dos estados; polícias;
conselhos tutelares;
ouvidorias e
entidades de defesa
de direitos humanos
incumbidas de
prestar proteção
jurídico-social.
tais como: 1)
conselhos dos direitos
de crianças e
adolescentes; 2)
conselhos setoriais de
formulação e controle
de políticas públicas;
e 3) os órgãos e os
poderes de controle
interno e externo
definidos na
Constituição Federal.
Além disso de forma
geral, o controle
social é exercido
soberanamente pela
sociedade civil,
através das suas
organizações e
articulações
representativas.
Assim, o eixo de promoção configura-se como espaço de efetivação
dos direitos de crianças e adolescentes. Tal efetivação se dá a partir da
execução de políticas de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente.
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O eixo de defesa, por sua vez, configura-se como o conjunto de
instituições que atua contra a violação de direitos. Busca-se cessar a
violação, responsabilizar o violador e implementar o Direito, quando
violado por omissão, garantindo o acesso à justiça para crianças e
adolescentes vitimizados.
O terceiro e último eixo (controle) une as instâncias estatais
próprias de controle (conselhos, agências reguladoras, corregedorias,
ouvidorias, tribunais de contas, etc.) com o controle desempenhado por
organizações da sociedade civil. Todas as políticas públicas precisam ser
fiscalizadas, avaliadas e monitoradas, seja pelos órgãos específicos da
estrutura do Estado, seja especialmente pela força participativa da
sociedade organizada.
O SGD configura-se, portanto, como esse complexo universo de
atores e instituições, que no exercício de suas atribuições, tem como
objetivo central a realização dos direitos humanos infanto-juvenis. Nesse
sentido, unem-se segmentos do poder público e da sociedade civil, em
todas as instâncias da federação brasileira (além daquelas internacionais
de que o Brasil faz parte), para realização de ações que promovem,
defendem e controlam a materialização desses direitos.
Política de Atendimento
Os esforços do Poder Público e da sociedade civil para viabilizar a
realização dos direitos humanos de crianças e adolescentes é o que
veremos a partir de agora. Mais uma vez o ECA traz os parâmetros: A
política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente
far-se-á através de um conjunto articulado de ações
governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios (art. 86).
As linhas da política de atendimento são definidas pelo art. 87,
vejamos:
Políticas sociais básicas, ou seja, saúde, educação, esporte,
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cultura, lazer, trabalho, etc.
Políticas e programas de assistência social, em caráter
supletivo, para aqueles que deles necessitem, ou seja, sempre
que crianças e adolescentes necessitarem serão fornecidos serviços
de assistência social para enfrentamento da pobreza e
vulnerabilidades sociais.
Serviços especiais de prevenção e atendimento médico e
psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos,
exploração, abuso, crueldade e opressão, ou seja, atendimento
especializado para crianças e adolescentes vitimizados.
Serviço de identificação e localização de pais, responsável,
crianças e adolescentes desaparecidos, ou seja, estratégias de
comunicação, busca e transporte para levar meninos e meninas
desaparecidos de volta ao convívio de suas famílias.
Proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos
da criança e do adolescente, ou seja, acompanhamento por
organizações de direitos humanos de casos de desrespeito aos
direitos de crianças e adolescentes, visando o acesso à justiça e uma
resposta qualificada ao contexto de violação.
Políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o
período de afastamento do convívio familiar e a garantir o
efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças
e adolescentes, ou seja, instrumentos de fortalecimento dos
vínculos familiares e comunitários, bem como estratégias de
enfrentamento dos fatores que levam ao afastamento de meninos e
meninas de suas famílias.
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O art. 88, por sua vez, estabelece diretrizes da política de
atendimento:
Municipalização do atendimento;
Criação de conselhos dos direitos da criança e do adolescente;
Criação e manutenção de programas específicos, observada a
descentralização político-administrativa;
Manutenção de fundos dos direitos da criança e do
adolescente;
Integração operacional de órgãos para efeito de agilização do
atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria
de ato infracional;
Mobilização da opinião pública no sentido da indispensável
participação dos diversos segmentos da sociedade;
Integração operacional de órgãos para efeito de agilização do
atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em
programas de acolhimento familiar ou institucional.
O ECA fala ainda das instituições de atendimento direto ao público
infanto-juvenil, determinando que as entidades governamentais e não
governamentais deverão proceder à inscrição de seus programas,
especificando os regimes de atendimento, no Conselho dos Direitos da
Criança e do Adolescente (art. 90). As entidades governamentais e não-
governamentais serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e
pelos Conselhos Tutelares (art. 95).
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MAIS UMA VEZ ATENÇÃO, O CONSELHO TUTELAR É UM
DOS ASSUNTOS MAIS COBRADOS EM PROVAS
ENVOLVENDO OS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE E JÁ CAIU NO EXAME UNIFICADO DA OAB!
Conselho Tutelar
Com o objetivo de transferir boa parte do poder concentrado nas
mãos dos antigos juízes de menores, o legislador brasileiro criou uma
nova instância, o Conselho Tutelar, órgão permanente e autônomo,
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente (art. 131,
ECA). Ou seja, a atuação jurisdicional foi reduzida e entregue nas mãos
dos juízes da infância e da juventude, sendo que a atividade direta e
cotidiana de defesa de meninos e meninas passou para as mãos desse
novo órgão do SGD.
O ECA determinou que todos os municípios brasileiros e em todas
as regiões administrativas do Distrito Federal devem ter pelo menos um
Conselho Tutelar, como órgão integrante da administração pública local,
com cinco membros, escolhidos pela população local para mandato de
quatro anos, permitida uma recondução, mediante novo processo de
escolha (art. 132).
O Estatuto da Criança e do Adolescente determinou ainda no artigo
139 que:
O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá
em data unificada em todo o território nacional a cada quatro
anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente
ao da eleição presidencial.
A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro
do ano subsequente ao processo de escolha.
No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é
vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor
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bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes
de pequeno valor.
Todos aqueles que por ventura queiram ser conselheiro tutelar
devem ter reconhecida idoneidade moral, idade superior a vinte e
um anos e residir no município (art. 133), além de outros requisitos
estabelecidos por lei municipal.
Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de
funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos
respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a: cobertura
previdenciária; gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; licença-
maternidade; licença-paternidade; gratificação natalina. Constará
da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos
recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares (art. 134).
O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá
serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade
moral (novo art. 135).
São atribuições do Conselho Tutelar, segundo o artigo 136 do ECA:
Atender as crianças e adolescentes com direitos
violados/ameaçados e aplicar medidas de proteção;
Atender, aconselhar e aplicar as medidas pertinentes aos pais
ou responsáveis;
Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a)
requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança; b) representar
junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento
injustificado de suas deliberações.
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Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua
infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou
adolescente;
Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
Providenciar as medidas de proteção estabelecidas pela autoridade
judiciária para o adolescente autor de ato infracional;
Expedir notificações;
Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou
adolescente quando necessário;
Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
proposta orçamentária para planos e programas de atendimento
dos direitos da criança e do adolescente;
Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos
direitos de crianças e adolescentes quando da participação em
diversões e espetáculos públicos, bem como em relação à defesa
de meninos e meninas quanto a programas ou programações de
rádio e televisão que contrariem o disposto na Constituição Federal;
Representar ao Ministério Público para efeito das ações de
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à
família natural.
OBS: Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar
entender necessário o afastamento do convívio familiar,
comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
informações sobre os motivos de tal entendimento e as
providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção
social da família.
Cumpre registrar ainda que as decisões do Conselho Tutelar
somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem
tenha legítimo interesse (art. 137, ECA). São impedidos de servir no
mesmo conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e
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genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho,
padrasto ou madrasta e enteado. Os mesmos impedimentos se estendem
ao juiz e promotor de justiça da infância e da juventude com atuação na
comarca ou foro (art. 140, ECA).
Vamos resolver três questões sobre o Conselho Tutelar, incluindo
questão do VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO:
(Defensoria Pública SP/2009) Age FORA de suas atribuições legais o
Conselho Tutelar que
a) aplica, ao adolescente, medida específica de proteção de abrigo em
entidade.
b) entrega criança a seu responsável mediante termo de guarda
provisória.
c) fiscaliza entidade que executa programa em regime de internação.
d) aplica medida de advertência a pais ou responsável.
e) aplica medida a criança autora de ato infracional grave.
COMENTÁRIO: O primeiro item está correto, nos termos do art. 101, VII,
do ECA. O terceiro também está certo, pois é atribuição do conselho
tutelar fiscalizar as entidades de atendimento, inclusive de internação
(artigos 90, VIII, e 95 do ECA). O quarto item tem previsão no art. 129,
VII, do ECA e também está correto. A última alternativa também é
atribuição do Conselho Tutelar, nos termos do art. 105 do ECA. O
segundo item é que está fora das atribuições do Conselho Tutelar, que
não pode conceder guarda provisória (atribuição do juiz, art. 167, ECA).
(Escola da Magistratura SC/2007) São atribuições do Conselho Tutelar:
I. Delegar à autoridade policial ou administrativa competente, nos casos
de ato infracional, a execução das medidas cabíveis.
II. Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts.
98 a 105 do ECA, aplicando as medidas previstas nos art. 101, I a VII do
citado diploma legal.
III. Representar junto à autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV. Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração
administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente.
a) Só as proposições II, III e IV estão corretas.
b) Só a proposição II está incorreta.
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c) Só a proposição III está correta.
d) Todas as proposições estão corretas.
e) Todas as proposições estão incorretas.
COMENTÁRIO: A aplicação das medidas socioeducativas é atribuição do
juízo da infância e da juventude (art. 148, I, ECA), não sendo atribuição
do Conselho Tutelar. Assim, não poderia delegar uma atribuição que
simplesmente não possui. Conforme vimos acima as demais proposições
estão corretas. Assim o primeiro item está correto.
(VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Acerca das atribuições do Conselho Tutelar determinadas no Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a
alternativa correta.
A) O Conselho Tutelar, considerando sua natureza não jurisdicional,
destaca‐se no aconselhamento e na orientação à família ou responsável
pela criança ou adolescente, inclusive na hipótese de inclusão em
programa oficial ou comunitário de auxilio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos. B) O Conselho Tutelar, em consequência de sua natureza não
jurisdicional, não é competente para encaminhar ao Ministério Público as
ocorrências administrativas ou criminais que importem violação aos
direitos da criança e do adolescente.
C) O Conselho Tutelar pode assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente, em decorrência de
sua natureza jurisdicional não autônoma.
D) O Conselho Tutelar não poderá promover a execução de suas decisões, razão pela qual só lhe resta encaminhar ao Ministério Público notícia de
fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
criança ou adolescente.
COMENTÁRIO: O primeiro item mostra logo a resposta correta, pois é
atribuição do Conselho Tutelar atender as crianças e adolescentes com direitos violados/ameaçados e aplicar medidas de proteção (Art. 136, I,
do ECA). A segunda opção está errada, pois o ECA (art. 136, IV) permite
o encaminhamento de tais demandas ao Ministério Público. Também a
terceira alternativa está incorreta, visto que o Conselho Tutelar possui natureza não jurisdicional (art. 131, ECA). A última também está
equivocada, pois o artigo 136, III, do ECA permite ao Conselho Tutelar
promover a execução de suas decisões.
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ATENÇÃO, JUNTAMENTE COM O CONSELHO TUTELAR, O
CONSELHO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE APARECE EXPLICITAMENTE NO EDITAL DA
OAB!
Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente
A CF/88 estabeleceu em seu artigo 204, II (política de assistência
social) a participação da população, por meio de organizações
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em
todos os níveis. Esse é um dos artigos que mostra o espírito da nossa
nova ordem constitucional no que diz respeito à participação popular na
construção e fiscalização das políticas públicas.
Já o ECA definiu em seu artigo 88 que uma das diretrizes da
política de atendimento é a criação de conselhos municipais, estaduais
e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos
deliberativos e controladores das ações em todos os níveis,
assegurada a participação popular paritária por meio de
organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e
municipais.
A lei estabeleceu, portanto, a necessidade de criação dos Conselhos
dos Direitos da Criança e do Adolescente em âmbito Nacional, nos 26
estados, no Distrito Federal e nos 5565 municípios brasileiros. Também
determinou a participação paritária da população, ou seja, metade dos
integrantes tem que ser da sociedade civil, estabelecendo um importante
espaço de democracia participativa.
A lei 8242 criou o CONANDA em 1991, depois disso milhares de leis
estabeleceram a criação dos Conselhos Estaduais, Municipais e Distrital
por todo o país. Posteriormente o Decreto Presidencial n° 5.089 de 2004
tratou da composição, estruturação, competências e funcionamento do
CONANDA.
Aos Conselhos dos Direitos cabem, dentre outras funções:
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Deliberar e fiscalizar a política de atendimento dos direitos de
crianças e adolescentes, dando ciência às autoridades competentes
em situações de omissão e violação dos direitos humanos de
meninos e meninas;
Criar plano de aplicação dos recursos do Fundo dos Direitos da
Criança e do Adolescente;
Realizar as Conferências dos Direitos da Criança e do Adolescente;
Quando se tratar de Conselho Municipal e Distrital, realizar as
eleições dos Conselhos Tutelares;
Realizar campanhas sobre os direitos da criança e do adolescente;
Inscrever os programas governamentais e as entidades e
programas não governamentais de atendimento dos direitos da
criança e do adolescente.
A função de membro do conselho nacional e dos conselhos
estaduais, distrital e municipais dos direitos da criança e do adolescente é
considerada de interesse público relevante e não será remunerada
(art. 89, ECA).
Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente
Também é diretriz da política de atendimento dos direitos da
criança e do adolescente a manutenção de fundos nacional, estaduais,
distrital e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da
criança e do adolescente (art. 88, IV, ECA).
Os Fundos são previstos nos artigos 71 a 74 da Lei 4320 de 1964,
vejamos:
Art. 71. Constitui fundo especial o produto de
receitas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços,
facultada a adoção de normas peculiares de
aplicação.
Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a turnos especiais far-se-á através de
dotação consignada na Lei de Orçamento ou em
créditos adicionais.
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Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei
que o instituiu, o saldo positivo do fundo especial
apurado em balanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo.
Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá
determinar normas peculiares de controle,
prestação e tomada de contas, sem de qualquer modo, elidir a competência específica do Tribunal
de Contas ou órgão equivalente.
Mas afinal de onde vêm os recursos dos Fundos dos Direitos da
Criança e do Adolescente?
Recursos públicos
Doações de doações de pessoas físicas e jurídicas, sejam elas de
bens materiais, imóveis ou recursos financeiros
Destinações, ou seja, os contribuintes poderão deduzir do imposto
devido, na declaração do Imposto sobre a Renda, o total das
doações feitas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente,
devidamente comprovadas, obedecidos os limites estabelecidos em
Decreto do Presidente da República. (art. 260, ECA).
Contribuições de governos estrangeiros e de organismos
internacionais multilaterais
Multas e penalidades
Aplicações financeiras
Transferências
Para utilização dos recursos do Fundo o Conselho dos Direitos
estabelecerá Plano de Aplicação, delimitando as prioridades para
utilização dos recursos.
5. PRINCÍPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS
Nessa etapa trabalharemos os principais princípios do sistema de
promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente e alguns
dos direitos fundamentais garantidos de maneira especial para a esse
público, de acordo com as normas trabalhadas no item anterior.
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Fundamental conhecer, pelo menos, os princípios elencados abaixo.
Compreendendo o espírito desse sistema será fácil responder a maior
parte das questões e afastar de cara várias das assertivas colocadas.
Prioridade Absoluta (art. 227,
CF e 4º ECA)
Trata-se da primazia em receber
proteção e socorro, precedência e
preferência para acesso às
políticas públicas, além da
destinação privilegiada de
recursos públicos.
Corresponsabilidade (art. 227,
CF e 4º ECA)
da família, da comunidade, da
sociedade em geral e do poder
público assegurar a efetivação
dos direitos da criança e do
adolescente.
Não discriminação (art. 2º,
CDC e 35, VIII da lei
12594/2012)
todos os direitos devem ser
garantidos a todos as crianças e
adolescentes sem quaisquer
formas de discriminação.
Interesse superior (art. 3º,
CDC e art. 100, IV, ECA)
todas as medidas, sobretudo
aquelas adotadas por autoridades
administrativas, legislativas e
judiciais, devem ser adotadas
visando o interesse superior da
criança e do adolescente.
Sobrevivência e
desenvolvimento (art.6º, CDC)
o Estado deve assegurar ao
máximo as condições de
sobrevivência e desenvolvimento.
Participação (art.12, CDC e art.
100, XII, ECA)
a criança e o adolescente têm
direito de expressar suas
opiniões e juízos, assim como
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tem o direito de que estas
opiniões sejam levadas em
consideração, inclusive em
procedimentos administrativos e
judiciais.
Criança e adolescente como
sujeitos de direitos e
responsabilidades (art. 3° e 15
do ECA)
crianças e adolescentes não
podem ser tratados como objeto,
mas como seres com dignidade,
merecedores de respeito,
consideração e todos os direitos
inerentes à pessoa humana.
Proteção integral (art. 1°, ECA)
a criança e o adolescente devem
ser protegidos na integralidade
dos seus direitos, não podendo
ter alguns garantidos e outros
não.
Privacidade (art. 100, V, ECA)
a promoção dos direitos e
proteção da criança e do
adolescente deve ser efetuada no
respeito pela intimidade, direito à
imagem e reserva da sua vida
privada.
Brevidade, excepcionalidade e
respeito à condição peculiar
de pessoa em
desenvolvimento, quando da
aplicação de qualquer medida
privativa da liberdade (art.
227, CF):
a privação de liberdade
compreenderá o menor tempo
possível, em situações
excepcionais e respeitando a
condição de pessoa em etapa
especial da vida. Parte-se do
pressuposto de que o processo
socioeducativo de qualidade
depende de um maior convívio
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social.
Intervenção mínima (art. 100,
VII, ECA)
a intervenção deve ser exercida
exclusivamente pelas autoridades
e instituições cuja ação seja
indispensável à efetiva promoção
dos direitos e à proteção da
criança e do adolescente.
Proporcionalidade e
atualidade (art. 100, VIII, ECA)
a intervenção deve ser a
necessária e adequada à situação
de perigo em que a criança ou o
adolescente se encontram no
momento em que a decisão é
tomada.
Prevalência da família (art.
100, X, ECA)
na promoção de direitos e na
proteção da criança e do
adolescente deve ser dada
prevalência às medidas que os
mantenham ou reintegrem na
sua família natural ou extensa
ou, se isto não for possível, que
promovam a sua integração em
família substituta.
Obrigatoriedade da
informação (art. 100, XI, ECA)
a criança e o adolescente,
respeitado seu estágio de
desenvolvimento e capacidade de
compreensão, seus pais ou
responsável devem ser
informados dos seus direitos, dos
motivos que determinaram a
intervenção e da forma como
esta se processa.
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Garantia de atendimento
especializado para
adolescentes com deficiência
(art. 227, parágrafo único, inciso
II , da CF)
São duas situações especiais
juntas (deficiência e momento
peculiar de desenvolvimento),
que exigem uma resposta ainda
mais especializada por parte do
Estado.
A partir de agora cumpre ressaltar aspectos mais específicos dos
direitos fundamentais assegurados ao universo da criança e do
adolescente. Lembrem sempre que essa parcela da nossa população goza
de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, além da
proteção integral garantida pelo ECA (art. 3°).
1) DIREITO À VIDA E À SAÚDE: Antes de todas as outras coisas é
preciso assegurar ao ser humano uma vida saudável. Para que a
criança e o adolescente possam nascer e se desenvolver com saúde
e dignidade, o ECA assegura acompanhamento no Sistema Único de
Saúde - SUS durante a gravidez e o parto, além de apoio
nutricional, assistência psicológica à gestante e à mãe (art. 8°) e
aleitamento materno (art. 9°).
Nos hospitais: manter prontuários individuais durante 18 anos,
identificar o recém nascido, realizar exames, fornecer declaração de
nascimento e manter mãe alojada junto com o recém nascido (art.
10), acompanhamento dos pais por tempo integral em caso de
internação (art. 12), notificação ao Conselho Tutelar em casos de
suspeitas de maus tratos e encaminhamento à justiça da infância e
juventude se houver desejo de entrega da criança para adoção (art.
13).
Toda criança e adolescente tem direito a atendimento integral à
saúde, com atenção especial em caso de deficiência (art. 11) e
iniciativas de prevenção, como a vacinação obrigatória (art. 14).
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2 DIREITO À LIBERDADE, RESPEITO E DIGNIDADE: O primeiro
compreende: ir e vir, opinião, crença e culto, brincar, se divertir,
praticar esportes, participar da vida familiar, comunitária e política e
buscar ajuda (art. 16). O segundo consiste na inviolabilidade de sua
integridade, imagem, identidade, autonomia, valores, ideias e
crenças (art. 17). Já o terceiro pressupõe que crianças e
adolescentes estejam a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18).
3 DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA (AULA
1)
ATENÇÃO MAIS UMA VEZ! EDUCAÇÃO JÁ CAIU DO EXAME
UNIFICADO DA OAB.
4 DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO
LAZER: Todos esses direitos decorrem do direito ao
desenvolvimento, com preparação para o exercício cidadania e
qualificação para o trabalho. Na educação o ECA garante: igualdade
para acesso à escola, respeito dos educadores, contestar critérios
avaliativos, organização e participação em entidades estudantis,
escola pública e gratuita próxima da residência, ciência aos pais ou
responsável do processo pedagógico (art. 53).
É dever do Estado garantir: ensino fundamental obrigatório e
gratuito, progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade do
ensino médio, creche e pré escola de 0 a 6 anos, acesso aos níveis
elevados da pesquisa e da criação artística, ensino noturno regular,
material didático, transporte, alimentação e assistência à saúde .
OBS: acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
subjetivo, importando em responsabilidade da autoridade
competente em caso de não oferecimento ou oferta irregular
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(art. 54), além da obrigatoriedade dos pais ou responsáveis
em matricular os filhos ou pupilos (art. 55).
O Conselho Tutelar será comunicado pela autoridade escolar em
casos de maus tratos envolvendo alunos, evasão escolar e elevados
níveis de repetência (art. 56).
O processo educacional respeitará valores culturais, artísticos e
históricos (art. 58) e o Estado destinará recursos para espaços de
culturais, esportivos e de lazer voltadas para a infância e juventude
(art. 59).
Vamos ver uma questão do VII EXAME DE ORDEM UNIFICADO da
OAB:
Com forte inspiração constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, consagra a doutrina da proteção integral da criança e do
adolescente, assegurando‐lhes direitos fundamentais, entre os quais o
direito à educação. Igualmente, é‐lhes franqueado o acesso à cultura, ao
esporte e ao lazer, preparando‐os para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, fornecendo‐lhes elementos para seu pleno
desenvolvimento e realização como pessoa humana. De acordo com as disposições expressas no Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto
afirmar que:
A) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por
seus educadores, mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos pelas instâncias educacionais superiores,
norteados por diretrizes fiscalizadas pelo MEC.
B) é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino
fundamental, obrigatório e gratuito, mas sem a progressiva extensão da
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio. C) não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino
àqueles genitores ou responsáveis pela criança ou adolescente que, por
convicções ideológicas, políticas ou religiosas, discordem dos métodos de
educação escolástica tradicional para seus filhos ou pupilos. D) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão
ao Conselho Tutelar os casos de maus‐tratos envolvendo seus alunos, a
reiteração de faltas injustificadas e a evasão escolar, esgotados os
recursos escolares, assim como os elevados níveis de repetência.
COMENTÁRIO: Essa questão será respondida lendo o conteúdo acima. O
primeiro item está equivocado, pois questionar os critérios avaliativos é um direito (art. 53, III, ECA). O segundo está errado porque o art. 54, II,
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do ECA garante que o Estado deve assegurar a progressiva extensão da
obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio. O terceiro item está
incorreto porque os pais ou responsável são obrigados a matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino (art. 55, ECA). A última
assertiva é a correta, nos termos do art. 56, ECA.
5 DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO
TRABALHO (AULA 2)
6 DIREITO AO ACESSO À JUSTIÇA: Para se defender das violações
de direito ou para reivindicar alguma pretensão, toda criança e
adolescente tem direito de acessar o Sistema de Justiça. Para tanto,
pode e deve fazer uso da Defensoria Pública, Ministério Público e
Poder Judiciário, sendo garantida a assistência judiciária gratuita
para os que precisarem e a isenção de custas e emolumentos, salvo
hipótese de litigância de má-fé (art. 141, ECA). OBS: Com menos
de dezesseis anos = representado. Dos dezesseis aos vinte e
um = assistidos (art. 142, ECA). Quando os interesses da
criança ou do adolescente colidirem com os dos seus pais ou
responsável, quando carecer de representação ou assistência legal,
o juiz nomeará curador especial (art. 142, PU, ECA). É vedada a
divulgação de atos judiciais ou administrativos envolvendo crianças
e adolescentes a quem se atribua a prática de ato infracional.
Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança
ou o adolescente, sendo vedada fotografia, referência a nome,
apelido, filiação, parentesco, residência e iniciais de nome e
sobrenome (art. 143, ECA). Cópias ou certidões sobre esses fatos,
somente será concedida pelo juiz mediante demonstração do
interesse e justificada a finalidade (art. 144, ECA).
O DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA JÁ FOI OBJETO DO
EXAME UNIFICADO DA OAB:
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(V EXAME DE ORDEM UNIFICADO) - Com nítida inspiração na doutrina da
proteção integral, o ECA garantiu à criança e ao adolescente o mais amplo
acesso à Justiça, como forma de viabilizar a efetivação de seus direitos, consagrou-lhes o acesso a todos os órgãos do Poder Judiciário, assim
como lhes assegurou o acesso a órgãos que exercem funções essenciais à
Justiça, como o Ministério Público e a Defensoria. Tendo em conta tal
ampla proteção, assinale a alternativa correta.
A) As custas e emolumentos nas ações de destituição do poder familiar,
perda ou modificação da tutela deverão ser custeadas pela parte
sucumbente ao final do processo. B) Na hipótese de colisão de interesses entre a criança ou adolescente e
seus pais ou responsável, a autoridade judiciária lhes dará curador
especial, o mesmo ocorrendo nas hipóteses de carência de representação
ou assistência legal, ainda que eventual. C) Em obediência ao princípio da publicidade, é permitida a divulgação de
atos judiciais e administrativos que digam respeito à autoria de ato
infracional praticado por adolescente, podendo ser expedida certidão ou
extraída cópia dos autos, independentemente da demonstração do
interesse e justificativa acerca da finalidade. Tais fatos, no entanto, se noticiados pela imprensa escrita ou falada, devem conter apenas as
iniciais do nome e sobrenome do menor, sendo vedadas as demais formas
expositivas, como fotografia, referência ao nome, apelido, etc.
D) A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem por defensor público, sendo admitida a nomeação pelo juiz
de advogado se o adolescente não tiver defensor, não podendo,
posteriormente, o adolescente constituir outro de sua preferência.
COMENTÁRIO: O primeiro item está errado porque as ações judiciais da
competência da justiça da infância e da juventude são isentas de custas e
emolumentos, salvo em casos de litigância de má-fé (art. 141, 2°, ECA).
A terceira assertiva está incorreta, pois contraria o art. 143 do ECA, onde
o sigilo é a regra. Já o último item está equivocado, pois o adolescente pode constituir outro advogado posteriormente, de acordo com seus
interesses. Como vimos acima, o segundo item é o correto, nos termos do
parágrafo único do art. 142 do ECA.
Por fim, trabalharemos aspectos relacionados à prevenção
estabelecidos no ECA. A criança e o adolescente têm direito a informação,
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que
respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento
(art. 71).
O poder público regulará as diversões e espetáculos públicos, com a
devida classificação etária (art. 74). OBS: Crianças com menos de dez
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anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de
apresentação ou exibição acompanhadas dos pais ou responsável
(art. 75).
RESTRIÇÕES:
Programação de rádio e televisão em horários permitidos para
criança e adolescente somente com programas com
finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas (art.
76);
Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de
programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou
locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
competente. As fitas a que alude este artigo deverão exibir,
no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa
etária a que se destinam (art. 77);
Revistas e publicações com materiais impróprios terão
embalagem opaca. As que se destinem ao público infanto-
juvenil não terão referências a bebidas alcoólicas, tabaco,
armas e munições (arts. 78 e 79);
Casas com jogos não permitirão a entrada e permanência de
crianças e adolescentes (art. 80).
Proibição de vendas: armas, munições, explosivos, bebidas
alcoólicas, produtos com componentes que possam causar
dependência, fogos (exceto os de potencial reduzido), revistas
e publicações com materiais impróprios, bilhetes de loteria
(art. 81);
Proibida hospedagem em hotéis, motéis, pensões e
congêneres, salvo se autorizado ou acompanhado por pelos
pais ou responsável (art. 82);
Crianças (apenas crianças) desacompanhadas não poderão
viajar para fora da comarca sem autorização judicial, salvo
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para comarca contígua à da residência da criança no mesmo
estado ou região metropolitana, ou ainda acompanhada de
ascendente ou colateral maior ou pessoa autorizada pelos pais
ou responsável. OBS: A pedido dos pais ou responsável, a
autoridade judiciária poderá conceder autorização de
viagem válida por dois anos (art. 83);
A autorização para criança e adolescente viajar ao exterior é
dispensável quando acompanhado de ambos os pais ou
responsável ou estiver na companhia de um e portar
autorização do outro com firma reconhecida (art. 84);
Criança ou adolescente nascido no território nacional só pode
sair do país acompanhado de estrangeiro residente ou
domiciliado no exterior com prévia autorização judicial (art.
85).
ATENÇÃO! A próxima questão caiu no primeiro exame
unificado da OAB e a maioria das assertivas diz respeito
ao conteúdo que acabamos de ver. Em seguida, duas
questões específicas sobre prevenção especial que caíram em
exames de ordem unificado, bem como outra questão que caiu no
exame unificado da OAB, que trata de assuntos diversos vistos em
nosso curso.
Considerando o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente,
assinale a opção correta.
A) Criança ou adolescente desacompanhados dos pais ou do responsável
estão proibidos de viajar para fora da comarca onde residem, sem
expressa autorização judicial. B) O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será
inscrita no registro civil mediante mandado, do qual se fornecerá,
administrativamente, certidão somente ao adotado e aos pais, biológicos
e adotivos, à vista de documentação comprobatória. C) É dever do Estado assegurar atendimento gratuito, em creche e pré-
escola, às crianças de zero a sete anos de idade.
D) É proibida a venda de bilhetes da Mega-Sena a crianças e
adolescentes.
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COMENTÁRIO: O primeiro item está errado porque a vedação é apenas
para crianças (art. 83, ECA). O segundo está equivocado porque não será fornecida certidão (art. 47, ECA). O terceiro está incorreto porque a idade
para creche e pré-escola é de zero a seis anos (art. 54, IV, ECA). A
resposta correta é confirmada pela leitura do art. 81, VI, do ECA, onde se
veda a venda à criança e ao adolescente de bilhetes de loteria e equivalentes. Assim, a certa é a última alternativa.
(VIII – EXAME DE ORDEM UNIFICADO) João e Maria, ambos adolescentes,
com dezessete e dezesseis anos, respectivamente, resolvem realizar uma viagem para comemorar o aniversário de um ano de namoro. Como
destino, o jovem casal elege Armação dos Búzios, no estado do Rio de
Janeiro, e efetua a reserva, por telefone, em uma pousada do balneário.
Considerando a normativa acerca da prevenção especial contida na Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, assinale a afirmativa correta.
A) O casal poderá hospedar‐se na pousada reservada sem quaisquer
restrições, já que ambos são maiores de dezesseis anos e, portanto, relativamente capazes para a prática desse tipo de ato civil, não podendo
ser exigido que estejam acompanhados dos pais ou responsáveis nem
que apresentem autorização destes.
B) O Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe apenas a hospedagem de crianças e adolescentes em motel, desacompanhadas de seus pais ou
responsável, sendo permitida a hospedagem em hotéis ou
estabelecimentos congêneres, uma vez que estes são obrigados a manter
regularmente o registro de entrada de seus hóspedes.
C) A proibição da legislação especial refere‐se apenas às crianças, na
definição do ECA consideradas como as pessoas de até doze anos de
idade incompletos, sendo, portanto, dispensável que os adolescentes estejam acompanhados dos pais ou responsáveis, ou, ainda, autorizados
por estes para a regular hospedagem.
D) O titular da pousada, ou um de seus prepostos, pode, legitimamente e
fundado na legislação especial que tutela a criança e o adolescente,
negar‐se a promover a hospedagem do jovem casal, já que ambos estão
desacompanhados dos pais ou responsável e desprovidos, igualmente, da
autorização específica exigida pelo ECA.
COMENTÁRIO: No artigo 82 do ECA, fica proibida a hospedagem em
hotéis, motéis, pensões e congêneres, salvo se autorizado ou
acompanhado por pelos pais ou responsável. Assim, o item correto da questão 44 é a letra d, pois os responsáveis pelo estabelecimento
poderiam recusar a hospedar o casal.
(IX EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Juliana, estudante de 17 anos, em
comemoração a sua recente aprovação no vestibular de uma renomada universidade, saiu em viagem com Gustavo, seu namorado de 25 anos,
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funcionário público federal. Acerca de possíveis intercorrências ao longo
da viagem, é correto afirmar que
A) Juliana, por ser adolescente, independentemente de estar em companhia de Gustavo, maior de idade, não poderá se hospedar no local
livremente por eles escolhido, sem portar expressa autorização de seus
pais ou responsável.
B) Juliana, em companhia de Gustavo, poderá ingressar em um badalado bar do local, onde é realizado um show de música ao vivo no primeiro
piso e há um salão de jogos de bilhar no segundo piso.
C) Juliana, por ser adolescente e estar em companhia de Gustavo, maior
de idade, poderá se hospedar no local livremente por eles escolhido, independentemente de portar ou não autorização de seus pais.
D) Juliana poderá se hospedar em hotel, motel, pensão ou
estabelecimento congênere, assim como poderá ingressar em local que
explore jogos de bilhar, se portar expressa autorização dos seus pais ou responsável.
COMENTÁRIO: É proibida a hospedagem em hotéis, motéis, pensões e
congêneres, salvo se autorizado ou acompanhado por pelos pais ou
responsável (artigo 82 do ECA). Assim, o item correto da questão é a letra a, pois a hospedagem de Juliana dependia da autorização dos pais
ou responsável, independente da companhia de Gustavo.
(VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) A Convenção sobre os Direitos da Criança estabelece que os Estados‐partes reconheçam a importância da
função exercida pelos órgãos de comunicação social, devendo assegurar o
acesso da criança à informação. Do mesmo modo o Estatuto da Criança e do Adolescente assegura que a informação é um direito da criança e do
adolescente. Acerca da política de informação envolvendo menores,
assinale a afirmativa correta.
A) No que concerne às Medidas Específicas de Proteção, é incabível, qualquer que seja o estágio de compreensão da criança, prestar‐lhe
informações sobre os motivos que determinam a intervenção, o que será
informado apenas aos pais e responsáveis. B) Deve haver o encorajamento dos órgãos de comunicação social a levar
em conta as necessidades linguísticas das crianças indígenas ou que
pertençam a um grupo minoritário.
C) Os proprietários das lojas que explorem a locação de fitas de programação respondem pela falta de informação no invólocro sobre a
natureza da obra e faixa etária a que se destinam, isentando os
funcionários e gerentes.
D) A criança tem direito à liberdade de expressão, que compreende, inclusive, liberdade de procurar, receber e expandir informações e ideias,
sem restrições, de forma oral ou por qualquer outro meio à escolha da
criança.
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COMENTÁRIO: O primeiro item está equivocado, pois o ECA (art. 100, XI)
garante o direito à informação. A terceira opção também está incorreta,
pois o ECA (art. 77) responsabiliza funcionários e gerentes pela exposição
de fitas de vídeo em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
competente. A ausência de restrições do item D torna a assertiva
incorreta, pois do artigo 71 do ECA diz que o respeito à condição peculiar
de pessoa em desenvolvimento deve ser respeitada para o acesso à
informação de crianças e adolescentes. Assim, a segunda alternativa está
correta, pois o espírito das normativas nacionais e internacionais é o de
consideração das peculiaridades de todos os grupos de crianças e
adolescentes, tendo em vista ainda o momento especial de
desenvolvimento pelo qual estão passando pessoas entre zero e dezoito
anos.
RESUMO Vamos ao essencial dessas duas primeiras aulas!
Doutrina da Situação
Irregular (Menorismo)
Doutrina da Proteção Integral
Objeto de proteção social, de
controle e disciplinamento
social ou de repressão social
Sujeito de direitos, prioridade
absoluta, condição peculiar de
desenvolvimento, proteção
integral
Marcos Normativos:
Código de Menores de
Mello Mattos/1927
Código de
Menores/1979
Marcos Normativos:
CF/1988 – art. 227 e 228
CDC/1989
ECA/1990
SINASE/2006 e 2012
Conceitos:
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Crianças (0 a 12 anos incompletos) e Adolescentes (12 a 18 anos
incompletos).
OBS: Aplica-se excepcionalmente o ECA às pessoas entre dezoito e
vinte e um anos de idade, nos casos previstos na própria lei.
Direitos fundamentais e proteção integral:
Crianças e adolescentes fazem jus a todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral.
Prioridade absoluta:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços
públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e
na execução das políticas sociais públicas; d) destinação
privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção à infância e à juventude.
Sistema de Garantia de Direitos:
Sistema de Promoção e Proteção de Direitos Humanos de Crianças
e Adolescentes (promoção, defesa e controle).
Política de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente:
Conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e
dos municípios
LINHAS DIRETRIZES
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Políticas sociais básicas;
Políticas e programas de
assistência social;
Serviços especiais de
prevenção e atendimento
médico e psicossocial às
vítimas;
Serviço de identificação e
localização de pais,
responsável, crianças e
adolescentes desaparecidos;
Proteção jurídico-social por
entidades de defesa dos
direitos da criança e do
adolescente;
Políticas e programas
destinados a prevenir ou
abreviar o período de
afastamento do convívio
familiar;
Municipalização do
atendimento;
Criação de conselhos dos
direitos da criança e do
adolescente;
Criação e manutenção de
programas específicos,
observada a descentralização
político-administrativa;
Manutenção de fundos dos
direitos da criança e do
adolescente;
Integração operacional de
órgãos para efeito de
agilização do atendimento
inicial a adolescente a quem
se atribua autoria de ato
infracional;
Mobilização da opinião pública
no sentido da indispensável
participação dos diversos
segmentos da sociedade;
Integração operacional de
órgãos para efeito de
agilização do atendimento de
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crianças e de adolescentes
inseridos em programas de
acolhimento familiar ou
institucional.
CONSELHO
TUTELAR
CONSELHO DOS
DIREITOS
FUNDO DOS
DIREITOS
Todos os
municípios deve ter
pelo menos um
Cinco membros
escolhidos pela
população local
Data unificada
nacional a cada
quatro anos para o
processo de
escolha
Permitida uma
recondução
mediante novo
processo de
escolha
Processo para a
escolha em lei
municipal, sob a
responsabilidade
Todas as unidades
da federação
Órgãos
deliberativos e
controladores
Participação
popular paritária
por meio de
organizações
representativas
A função de
membro do
conselho é
considerada de
interesse público
relevante e não
será remunerada
Fundo especial
Previsto no
orçamento público
O saldo positivo
será transferido
para o exercício
seguinte
Receitas
provenientes de:
Recursos públicos
Doações pessoas
físicas e jurídicas
Destinações do
Imposto sobre a
Renda
Contribuições de
governos
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do Conselho
Municipal e
fiscalização do
Ministério Público
Reconhecida
idoneidade moral
Idade superior a
vinte e um anos
Residir no
município
Remuneração
obrigatória
Eleição no ano
subsequente ao da
eleição
presidencial
Vedada oferta de
bens e vantagens
aos eleitores
estrangeiros e de
organismos
internacionais
multilaterais
Multas e
penalidades
Aplicações
financeiras
Transferências
Para utilização dos
recursos do Fundo
o Conselho dos
Direitos
estabelecerá Plano
de Aplicação
Princípios Fundamentais:
Prioridade Absoluta; Corresponsabilidade da família, sociedade e
Estado; Não discriminação; Interesse superior; Sobrevivência e
desenvolvimento; Participação; Criança e adolescente como
sujeitos de direitos e responsabilidades; Proteção integral;
Privacidade; Brevidade, excepcionalidade e respeito à condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de
qualquer medida privativa da liberdade; Intervenção mínima;
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Proporcionalidade e atualidade; Prevalência da família;
Obrigatoriedade da informação; Garantia de atendimento
especializado para adolescentes com deficiência.
Direito Fundamentais:
DIREITO À VIDA E À SAÚDE: Sistema Único de Saúde -> gravidez,
parto, nutrição, assistência psicológica à gestante e à mãe, aleitamento
materno. Prontuários individuais durante 18 anos, acompanhamento dos
pais por tempo integral em caso de internação, notificação ao Conselho
Tutelar em casos de suspeitas de maus tratos.
DIREITO À LIBERDADE, RESPEITO E DIGNIDADE: ir e vir, opinião,
crença e culto, brincar, se divertir, praticar esportes, participar da vida
familiar, comunitária e política e buscar ajuda. Inviolabilidade de sua
integridade, imagem, identidade, autonomia, valores, ideias e crenças.
Proteção contra qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor.
DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER:
Acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo,
importando em responsabilidade da autoridade competente em caso de
não oferecimento ou oferta irregular, além da obrigatoriedade dos pais ou
responsáveis em matricular os filhos ou pupilos. Progressiva extensão da
obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio, creche e pré-escola de 0 a
6 anos, acesso aos níveis elevados da pesquisa e da criação artística,
ensino noturno regular, material didático, transporte, alimentação e
assistência à saúde.
DIREITO AO ACESSO À JUSTIÇA: Acesso a Defensoria Pública,
Ministério Público e Poder Judiciário, sendo garantida a assistência
judiciária gratuita para os que precisarem e a isenção de custas e
emolumentos, salvo hipótese de litigância de má-fé. Com menos de
dezesseis anos = representado. Dos dezesseis aos vinte e um =
assistidos. Quando os interesses da criança ou do adolescente colidirem
com os dos seus pais ou responsável, quando carecer de representação
ou assistência legal, o juiz nomeará curador especial. É vedada a
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divulgação de atos judiciais ou administrativos envolvendo crianças e
adolescentes a quem se atribua a prática de ato infracional.
Prevenção:
O poder público regulará as diversões e espetáculos públicos, com a
devida classificação etária. Crianças com menos de dez anos somente
poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição
acompanhadas dos pais ou responsável.
Proibição de vendas: armas, munições, explosivos, bebidas alcoólicas,
produtos com componentes que possam causar dependência, fogos
(exceto os de potencial reduzido), revistas e publicações com materiais
impróprios, bilhetes de loteria.
A pedido dos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá conceder
autorização de viagem válida por dois anos.
6. QUESTÕES COMENTADAS
1 – (VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Acerca das atribuições do
Conselho Tutelar determinadas no Estatuto da Criança e do Adolescente,
assinale a alternativa correta.
A) O Conselho Tutelar, considerando sua natureza não jurisdicional,
destaca‐se no aconselhamento e na orientação à família ou responsável
pela criança ou adolescente, inclusive na hipótese de inclusão em programa oficial ou comunitário de auxilio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos.
B) O Conselho Tutelar, em consequência de sua natureza não
jurisdicional, não é competente para encaminhar ao Ministério Público as ocorrências administrativas ou criminais que importem violação aos
direitos da criança e do adolescente.
C) O Conselho Tutelar pode assessorar o Poder Executivo local na
elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, em decorrência de
sua natureza jurisdicional não autônoma.
D) O Conselho Tutelar não poderá promover a execução de suas decisões,
razão pela qual só lhe resta encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
criança ou adolescente.
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2 - (V EXAME DE ORDEM UNIFICADO) - Com nítida inspiração na doutrina
da proteção integral, o ECA garantiu à criança e ao adolescente o mais
amplo acesso à Justiça, como forma de viabilizar a efetivação de seus direitos, consagrou-lhes o acesso a todos os órgãos do Poder Judiciário,
assim como lhes assegurou o acesso a órgãos que exercem funções
essenciais à Justiça, como o Ministério Público e a Defensoria. Tendo em
conta tal ampla proteção, assinale a alternativa correta.
A) As custas e emolumentos nas ações de destituição do poder familiar,
perda ou modificação da tutela deverão ser custeadas pela parte
sucumbente ao final do processo. B) Na hipótese de colisão de interesses entre a criança ou adolescente e
seus pais ou responsável, a autoridade judiciária lhes dará curador
especial, o mesmo ocorrendo nas hipóteses de carência de representação
ou assistência legal, ainda que eventual. C) Em obediência ao princípio da publicidade, é permitida a divulgação de
atos judiciais e administrativos que digam respeito à autoria de ato
infracional praticado por adolescente, podendo ser expedida certidão ou
extraída cópia dos autos, independentemente da demonstração do
interesse e justificativa acerca da finalidade. Tais fatos, no entanto, se noticiados pela imprensa escrita ou falada, devem conter apenas as
iniciais do nome e sobrenome do menor, sendo vedadas as demais formas
expositivas, como fotografia, referência ao nome, apelido, etc.
D) A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem por defensor público, sendo admitida a nomeação pelo juiz
de advogado se o adolescente não tiver defensor, não podendo,
posteriormente, o adolescente constituir outro de sua preferência.
3 – (VII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Com forte inspiração
constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, consagra a
doutrina da proteção integral da criança e do adolescente,
assegurando‐lhes direitos fundamentais, entre os quais o direito à
educação. Igualmente, é‐lhes franqueado o acesso à cultura, ao esporte e
ao lazer, preparando‐os para o exercício da cidadania e qualificação para
o trabalho, fornecendo‐lhes elementos para seu pleno desenvolvimento e
realização como pessoa humana. De acordo com as disposições expressas
no Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que
A) toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores, mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma
vez que estes são estabelecidos pelas instâncias educacionais superiores,
norteados por diretrizes fiscalizadas pelo MEC.
B) é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, mas sem a progressiva extensão da
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.
C) não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino
àqueles genitores ou responsáveis pela criança ou adolescente que, por
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convicções ideológicas, políticas ou religiosas, discordem dos métodos de
educação escolástica tradicional para seus filhos ou pupilos.
D) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de maus‐tratos envolvendo seus alunos, a
reiteração de faltas injustificadas e a evasão escolar, esgotados os recursos escolares, assim como os elevados níveis de repetência.
4 - (I EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Considerando o que dispõe o
Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção correta.
A) Criança ou adolescente desacompanhados dos pais ou do responsável
estão proibidos de viajar para fora da comarca onde residem, sem
expressa autorização judicial.
B) O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado, do qual se fornecerá,
administrativamente, certidão somente ao adotado e aos pais, biológicos
e adotivos, à vista de documentação comprobatória.
C) É dever do Estado assegurar atendimento gratuito, em creche e pré-escola, às crianças de zero a sete anos de idade.
D) É proibida a venda de bilhetes da Mega-Sena a crianças e
adolescentes.
5 - (VIII – EXAME DE ORDEM UNIFICADO) João e Maria, ambos
adolescentes, com dezessete e dezesseis anos, respectivamente,
resolvem realizar uma viagem para comemorar o aniversário de um ano
de namoro. Como destino, o jovem casal elege Armação dos Búzios, no
estado do Rio de Janeiro, e efetua a reserva, por telefone, em uma pousada do balneário. Considerando a normativa acerca da prevenção
especial contida na Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, assinale a
afirmativa correta.
A) O casal poderá hospedar‐se na pousada reservada sem quaisquer
restrições, já que ambos são maiores de dezesseis anos e, portanto,
relativamente capazes para a prática desse tipo de ato civil, não podendo ser exigido que estejam acompanhados dos pais ou responsáveis nem
que apresentem autorização destes.
B) O Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe apenas a hospedagem
de crianças e adolescentes em motel, desacompanhadas de seus pais ou responsável, sendo permitida a hospedagem em hotéis ou
estabelecimentos congêneres, uma vez que estes são obrigados a manter
regularmente o registro de entrada de seus hóspedes.
C) A proibição da legislação especial refere‐se apenas às crianças, na
definição do ECA consideradas como as pessoas de até doze anos de
idade incompletos, sendo, portanto, dispensável que os adolescentes
estejam acompanhados dos pais ou responsáveis, ou, ainda, autorizados por estes para a regular hospedagem.
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D) O titular da pousada, ou um de seus prepostos, pode, legitimamente e
fundado na legislação especial que tutela a criança e o adolescente,
negar‐se a promover a hospedagem do jovem casal, já que ambos estão
desacompanhados dos pais ou responsável e desprovidos, igualmente, da
autorização específica exigida pelo ECA.
6 - (IX EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Juliana, estudante de 17 anos, em
comemoração a sua recente aprovação no vestibular de uma renomada
universidade, saiu em viagem com Gustavo, seu namorado de 25 anos,
funcionário público federal. Acerca de possíveis intercorrências ao longo da viagem, é correto afirmar que
A) Juliana, por ser adolescente, independentemente de estar em
companhia de Gustavo, maior de idade, não poderá se hospedar no local livremente por eles escolhido, sem portar expressa autorização de seus
pais ou responsável.
B) Juliana, em companhia de Gustavo, poderá ingressar em um badalado
bar do local, onde é realizado um show de música ao vivo no primeiro piso e há um salão de jogos de bilhar no segundo piso.
C) Juliana, por ser adolescente e estar em companhia de Gustavo, maior
de idade, poderá se hospedar no local livremente por eles escolhido,
independentemente de portar ou não autorização de seus pais. D) Juliana poderá se hospedar em hotel, motel, pensão ou
estabelecimento congênere, assim como poderá ingressar em local que
explore jogos de bilhar, se portar expressa autorização dos seus pais ou
responsável.
7 - (VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) A Convenção sobre os Direitos
da Criança estabelece que os Estados‐partes reconheçam a importância
da função exercida pelos órgãos de comunicação social, devendo
assegurar o acesso da criança à informação. Do mesmo modo o Estatuto
da Criança e do Adolescente assegura que a informação é um direito da
criança e do adolescente. Acerca da política de informação envolvendo
menores, assinale a afirmativa correta. A) No que concerne às Medidas Específicas de Proteção, é incabível,
qualquer que seja o estágio de compreensão da criança, prestar‐lhe
informações sobre os motivos que determinam a intervenção, o que será
informado apenas aos pais e responsáveis.
B) Deve haver o encorajamento dos órgãos de comunicação social a levar
em conta as necessidades linguísticas das crianças indígenas ou que pertençam a um grupo minoritário.
C) Os proprietários das lojas que explorem a locação de fitas de
programação respondem pela falta de informação no invólocro sobre a
natureza da obra e faixa etária a que se destinam, isentando os
funcionários e gerentes. D) A criança tem direito à liberdade de expressão, que compreende,
inclusive, liberdade de procurar, receber e expandir informações e ideias,
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sem restrições, de forma oral ou por qualquer outro meio à escolha da
criança.
8 - (Secretaria de Educação MG/2011) As regras do ECA podem ser
aplicadas:
a) apenas às crianças e aos adolescentes. b) apenas às crianças e, excepcionalmente, aos adolescentes.
c) às crianças e adolescentes, mas nunca aos adultos.
d) excepcionalmente, aos adultos com idade entre 18 e 21 anos
9 – (Defensoria Pública SP/2009) Age FORA de suas atribuições legais o
Conselho Tutelar que
a) aplica, ao adolescente, medida específica de proteção de abrigo em entidade.
b) entrega criança a seu responsável mediante termo de guarda
provisória.
c) fiscaliza entidade que executa programa em regime de internação.
d) aplica medida de advertência a pais ou responsável. e) aplica medida à criança autora de ato infracional grave.
10 - (Escola da Magistratura SC/2007) São atribuições do Conselho
Tutelar:
I. Delegar à autoridade policial ou administrativa competente, nos casos
de ato infracional, a execução das medidas cabíveis.
II. Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 a 105 do ECA, aplicando as medidas previstas nos art. 101, I a VII do
citado diploma legal.
III. Representar junto à autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV. Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente.
a) Só as proposições II, III e IV estão corretas.
b) Só a proposição II está incorreta. c) Só a proposição III está correta.
d) Todas as proposições estão corretas.
e) Todas as proposições estão incorretas.
1 – B, 2 – D, 3 –B, 4 – D, 5 – C, 6 – D, 7 - A, 8 - B, 9 - A, 10 - E
7. REFERÊNCIAS
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ALENCAR,Vitor. Observações acerca da decisão sobre prioridade absoluta
de crianças e adolescentes na corte suprema brasileira. Observatório da
Jurisdição Constitucional, Brasília: IDP, Ano 5, 2011/2012.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5
de outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>
Acesso em 10 fev. 2012.
BRASIL. Lei Federal nº 4320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas
Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>
Acesso em 15 fev. 2012.
BRASIL. Lei Federal nº 12594, de 18 de janeiro de 2012. Institui o
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), regulamenta
a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que
pratique ato infracional. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2012/Lei/L12594.htm> Acesso em 15 fev. 2012.
BRASIL, Lei Federal nº. 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm> Acesso em
10 fev. 2012.
CONSELHO nacional dos direitos da criança e do adolescente. Dispõe
sobre os parâmetros para a institucionalização e fortalecimento do
Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. Resolução
nº. 113, 2006.
CONSELHO nacional dos direitos da criança e do adolescente. Dispõe
sobre Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. SINASE, 2006.
CONSELHO nacional dos direitos da criança e do adolescente. Dispõe
sobre os parâmetros para a criação e o funcionamento dos Fundos
Nacional, Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente
e dá outras providências. Resolução nº. 137, 2010.
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CONSELHO nacional dos direitos da criança e do adolescente. Dispõe
sobre os parâmetros para a criação e funcionamento dos Conselhos
Tutelares no Brasil e dá outras providências. Resolução nº. 139, 2010.
CONSELHO dos direitos da criança e do adolescente e Conselho Nacional
de Assistência Social. Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do
Direito de
Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Resolução
conjunta, 2006.
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e do Adolescente.
São Paulo: ANCED, 2007.
NOGUEIRA Neto, Wanderlino. Garantia (promoção & proteção) dos
direitos humanos de crianças e adolescentes. Recife: UNICEF, 2009.
PINHEIRO, Ângela. Criança e Adolescente no Brasil: Porque o Abismo
entre a Lei e a Realidade. Fortaleza: Editora UFC, 2006.
Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR.
Disponível em: <www.direitoshumanos.gov.br> Acesso em 10 fev. 2012.
STJ, Recurso Especial Nº 493.811 - SP (2002/0169619-5), Relatora:
Ministra Eliana Calmon, publicado no Diário da Justiça no dia 11 de
novembro de 2003.
VOLPI, Mário. Sem Liberdade, sem Direitos: a Privação de Liberdade na
Percepção do Adolescente. São Paulo: Cortez, 2001.
____________. O Adolescente e o Ato Infracional. 8ª ed. São Paulo:
Cortez, 2010.