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Estratégias para expressão de um anticorpo anti-CD3 humanizado em células de mamífero Maryani Andressa Gomes Bezerra Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Macedo Brígido Co-orientadora: Profª. Dra. Andréa Queiroz Maranhão Brasília – DF 2009 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MOLECULAR

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Estratégias para expressão de um anticorpo anti-CD3 humanizado em células de mamífero

Maryani Andressa Gomes Bezerra

Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Macedo Brígido

Co-orientadora: Profª. Dra. Andréa Queiroz Maranhão

Brasília – DF

2009

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MOLECULAR

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ii

Estratégias para expressão de um anticorpo anti-CD3 humanizado em células de mamífero

Maryani Andressa Gomes Bezerra

Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Macedo Brígido

Co-orientadora: Profª. Dra. Andréa Queiroz Maranhão

Brasília – DF

2009

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MOLECULAR

Dissertação apresentada ao Departamento de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Biologia Molecular

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iii

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Spartaco Astolfi Filho (UFAM – Membro Externo)

Profª. Dra. Ildinete Silva Pereira (UnB – Membro Interno)

Prof. Dr. Márcio José Poças Fonseca (UnB – Suplente)

Prof. Dr. Marcelo de Macedo Brígido (UnB – orientador)

Profª. Dra. Andréa Queiroz Maranhão (UnB – co-orientadora)

Trabalho desenvolvido no Laboratório de Biologia Molecular da Universidade de Brasília, sob a orientação do Prof. Dr. Marcelo de Macedo Brígido

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Dedico este trabalho aos meus pais, Antônio e Osita, por sempre me darem

força para lutar e seguir os meus sonhos...

Amo vocês!

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“Deus nos fez perfeitos e não escolhe os

capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo, só depende da

nossa vontade e perseverança.”

Albert Einstein

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vi

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, pela força e determinação concedidas na hora certa.

E também pela paciência de continuar tentando quando tudo dava errado.

A minha família, meus pais Antônio e Osita, minhas irmãs Dayanna e Claudenice,

pelo carinho, paciência e apoio nos momentos de dificuldade e constante estresse. E mãe,

obrigado pelos lanchinhos da tarde enquanto eu escrevia essa dissertação, eles davam uma

grande renovada nas forças, até na hora de fazer a lista de abreviaturas! Aff...

Agradeço profundamente aos meus orientadores e amigos Andréa Maranhão e

Marcelo Brígido por terem me acolhido no grupo e terem feito desses 5 anos que passei no

laboratório momentos maravilhosos e cheios de aprendizado. E podem se preparar porque

vem mais 4 anos no doutorado, com muito tudão!

Aos meus amigos do coração, Juliana, Priscilla, Renan e Geraldo. Por participarem da

minha vida cada um de um jeito e me lembrarem que amizade verdadeira ajuda no

crescimento pessoal. Juliana, em todos os momentos da minha vida, desde os choros até as

gargalhadas. Amo você demais amiga!; Priscilla, nas farras, viagens, dias de tédio, mas

também uma amiga com quem eu posso contar pra tudo. Nós temos nossas diferenças, mas no

fundo a gente se ama, né amiga!; Geraldinho, um amigo de longa data que só briga comigo,

mas que eu amo demais da conta! E Renan, uma pessoa que a cada dia se torna mais especial

na minha vida e com quem eu posso contar pra tudo. Amo, amo e amo para sempre!

A minha grande amiga Gláucia, que mesmo estando longe de mim, sempre acreditou

no meu potencial, enchendo a minha bola “seu futuro é brilhante, amiga”. Amo muito você

bacaninha! Obrigada mesmo! Agradeço também aos amigos, não menos importantes, Vanessa

e Vinícius, por sempre estarem perto de mim, me dando força pra seguir em frente e

agüentando minhas reclamações! Amo demais da conta!

Aos grandes amigos do Lab1:

Barbarela, minha grande amiga que alegra o meu dia no lab! Sempre pronta pra

escutar: “Não desiste de mim não!”, você não desistiu e hoje sou uma pessoa melhor! Kkkk

Você é muito especial na minha vida e terá lugar cativo para sempre no meu coração! “Me

esfregar em você e descer até o chão não tem preço”!

Fê, minha companheira da Biomedicina e é claro do Ceubão, eu nem preciso dizer o

quanto eu te adoro né! O tudão vai ser nossa música para sempre! Manga, não desista de me

ligar de madrugada, quem sabe um dia eu atenda... kkkkk

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vii

Kelly Simi, com sua paciência infinita é a única pessoa que não perde a paciência

comigo! Simi, adoro você muitão! Quem sabe se não viro uma pessoa melhor convivendo

com você!

Mari, apesar de não estar mais no lab 1, ainda faz parte da minha vida. Obrigada pela

paciência, ajuda nos experimentos e é claro pela amizade. Te adoro até mesmo com sua

curiosidade infinita e quando você não escuta nada.

Isa, com um jeitinho todo peculiar conquistou meu coração e vai ficar pra sempre!

Adoro você amiga! E que para sempre tenha picanhas nos restaurantes para a gente se

esbaldar!

Lu, a minha amiga mais saudável e corredora de maratonas, obrigada por estar sempre

pronta a me ajudar e por seus conselhos de vida! Você sabe o quanto é especial pra mim né!

Ao Yuri, “meu melhor amigo”, por que mesmo brigando com você a cada segundo

você sabe que eu te adoro né! E tinha que agradecer senão você iria jogar isso na minha cara

daqui a uns 10 anos!

Ao Rafa por sua alegria e prontidão com suas idéias mirabulosas, dando um jeito pra

tudo. É muito bom conviver com você! Victor, que apesar de me estressar bastante torna o

meu dia mais agradável com suas besteiras! A Flavinha, por estar sempre pronta a ajudar e ser

essa pessoa toda especial, sempre com uma resposta na língua. Obrigada por tudo! A Janaína,

tu é uma figura, nunca irei esquecer de seus comentários na hora certa. Gosto muito de você!

Ao Leo, Thaíssa, Paulo, Izabel, Vanessa e Guto por fazerem parte da minha vida diariamente

e me agüentar nos dias em que estou mais atacada!

E logicamente que não poderia me esquecer do Hernandez, mesmo com o Yuri tendo

tomado o seu lugar no quesito briga diária, saiba que você é muito especial pra mim e me

ensinou muita coisa nessa vida! Que você tenha muito sucesso na sua vida acadêmica porque

você merece e muito! Agradeço também a Carol, porque mesmo estando lá na Austrália tem

um lugar no meu coração pra sempre. Outra que tem o futuro brilhante! Te adoro Carolzinha!

Aos professores do Laboratório de Biologia Molecular: Ildinete, Márcio Poças, Lídia

Pepe, Fernando Araripe, Sueli, Élida, pelas dicas e matérias ultra proveitosas.

A todos os amigos da Biomol! Resolvi não citar nomes porque iria esquecer de alguém

com certeza, é gente demais!

Agradeço também a Dona Fátima e Dona Ivonildes por cuidarem do laboratório, dos nossos reagentes e materiais. Dona Fátima, você briga comigo todo dia, mas se eu ficar sem ir para o laboratório uma semana duvido se não sente minha falta!

À Ana e Sandra da Secretaria, obrigada por sempre estarem à nossa disposição!

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viii

E obrigada a todos que porventura eu tenha deixado de mencionar, mas que de alguma forma me ajudaram na realização deste trabalho!

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ix

Sumário

Índice de Figuras....................................................................................................................xiii

Índice de Tabelas....................................................................................................................xv

Lista de abreviaturas.............................................................................................................xvi

Resumo....................................................................................................................................xix

Abstract....................................................................................................................................xx

Introdução.................................................................................................................................1

1.1 Anticorpos.................................................................................................................2

1.2 Anticorpos na clínica.................................................................................................4

1.3 Anticorpo anti-CD3..................................................................................................6

1.4 Produção de proteínas recombinantes em células de mamíferos............................13

1.4.1 Promotor CMV e o Íntron.....................................................................14

1.4.2 IRES......................................................................................................16

1.4.3 Furina.....................................................................................................18

Objetivos..................................................................................................................................21

2.1 Objetivo geral..........................................................................................................21

2.2 Etapas metodológicas..............................................................................................21

Materiais e Métodos................................................................................................................23

3.1 Materiais..................................................................................................................24

3.1.1 Células......................................................................................................24

3.1.2 Plasmídios utilizados................................................................................24

3.1.3 Oligonucleotídeos utilizados para seqüenciamento, clonagem e reações de

PCR...................................................................................................................26

3.1.4 Soluções estoques de Inibidores de Proteases..........................................28

3.1.5 Meios de Cultura e soluções para bactérias..............................................28

3.1.6 Antibióticos..............................................................................................29

3.1.7 Meios de cultura e soluções para cultura de células de mamíferos..........30

3.1.8 Soluções e tampões de uso geral..............................................................32

3.1.9 Soluções e material para preparo de células competentes e transformação

bacteriana...........................................................................................................33

3.1.10 Soluções para extração de DNA plasmidial...........................................34

3.1.11 Tampões de Endonucleases de Restrição...............................................35

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x

3.1.12 Tampões de outras reações.....................................................................37

3.1.13 Endonucleases de restrição.....................................................................38

3.1.14 Outras enzimas.......................................................................................39

3.1.15 Soluções e reagentes para eletroforese em gel de agarose e de

poliacrilamida....................................................................................................40

3.1.16 Soluções e materiais para os ensaios imunológicos (ELISA, Western e

Dot blot).............................................................................................................42

3.1.17 Coluna de cromatografia de afinidade....................................................43

3.1.18 Soluções para cromatografia de afinidade..............................................43

3.1.19 Materiais utilizados para concentração de sobrenadantes de cultura e

proteínas purificadas.........................................................................................43

3.1.20 Marcadores moleculares para DNA e proteína......................................44

3.1.21 Kits comerciais.......................................................................................44

3.1.22 Anticorpos utilizados nos ensaios de ELISA, Western Blot e Dot

Blot....................................................................................................................45

3.2 Métodos...................................................................................................................46

3.2.1 Preparação de DNA plasmidial................................................................46

3.2.2 Digestão do DNA plasmidial com enzimas de restrição..........................48

3.2.3 Análise de DNA plasmidial por eletroforese em gel de agarose..............48

3.2.4 Eluição de fragmentos de DNA de gel de agarose...................................48

3.2.5 Reação de Desfosforilação com a fosfatase alcalina de camarão (SAP). 49

3.2.6 Reação de polimerização de extremidades de DNA utilizando o

fragmento Klenow da DNA polimerase I..........................................................49

3.2.7 Reação de anelamento de oligonucleotídeos............................................49

3.2.8 Amplificação dos fragmentos Fc e Cκ para inserção da seqüência

codificadora de um sítio clivável por furina – PCR..........................................50

3.2.9 Ligação de fragmentos de DNA...............................................................51

3.2.10 Preparação de células competentes e transformação bacteriana............52

3.2.11 Seqüenciamento automático de DNA e análise de seqüências..............53

3.2.12 Cultura de células de mamíferos............................................................54

3.2.13 ELISA (Enzyme-linked immunosorbent assay)……………………….59

3.2.14 Purificação das proteínas recombinantes por cromatografia

de afinidade.......................................................................................................60

3.2.15 Análise de proteínas por Dot Blot..........................................................60

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xi

3.2.16 Análise de proteínas por eletroforese em gel de SDS............................61

3.2.17 Coloração do gel de SDS-PAGE............................................................62

3.2.18 Análise de proteínas por Western Blot...................................................62

Resultados e Discussão............................................................................................................63

4.1 Etapas metodológicas..............................................................................................64

4.2 Construção do vetor de expressão bicistrônico pMACIA HIL anti-CD3...............65

4.2.1 Clonagem da cadeia leve inteira do anticorpo anti-CD3 no vetor de

expressão pMACIA IRES EV...........................................................................66

4.2.2 Clonagem da cadeia pesada inteira do anticorpo anti-CD3 no vetor de

expressão pMACIA L anti-CD3........................................................................69

4.3 Transfecção transiente da linhagem celular HEK293 utilizando o vetor bicistrônico

pMACIA HIL anti-CD3................................................................................................72

4.4 Purificação do anticorpo anti-CD3 a partir de transfectomas de pMACIA HIL anti-

CD3...............................................................................................................................74

4.5 Construção de vetores para expressão de duas versões monocistrônicas do

anticorpo anti-CD3........................................................................................................76

4.5.1 Construção do vetor de expressão monocistrônico pMACIA HL anti-

CD3...................................................................................................................77

4.5.2 Construção do vetor de expressão monocistrônico pMACIA LH anti-

CD3....................................................................................................................80

4.6 Transfecção transiente da linhagem celular HEK293 utilizando as construções

monocistrônicas e bicistrônica......................................................................................84

4.7 Transfecção transiente da linhagem celular BHK-21 utilizando as construções

monocistrônicas e bicistrônica......................................................................................86

4.8 Purificação e quantificação do anticorpo anti-CD3 obtido a partir de células de

BHK-21 transfectadas com os vetores pMACIA HIL, pMACIA HL e pMACIA

LH.................................................................................................................................88

4.9 Construção do vetor de expressão tricistrônico pMACIA HIL IRES neo

anti-CD3........................................................................................................................90

4.10 Transfecção estável da linhagem celular BHK-21 utilizando o vetor tricistrônico

pMACIA HIL IRES neo anti-CD3................................................................................92

4.10.1 Seleção das células transfectadas utilizando Geneticina® (G418).........92

4.11 Construção do vetor de expressão bicistrônico pMACIA HL IRES neo

anti-CD3........................................................................................................................95

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xii

4.12 Transfecção estável da linhagem celular BHK-21 utilizando o vetor bicistrônico

pMACIA HL IRES neo anti-CD3 na............................................................................97

Conclusões e Perspectivas......................................................................................................98

Referências Bibliográficas....................................................................................................101

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xiii

Índice de Figuras

Figura 1. Diagrama esquemático de uma molécula de IgG secretada.......................................3

Figura 2. Representação de uma molécula de imunoglobulina em comparação com

fragmentos gerados por técnicas do DNA recombinante............................................................4

Figura 3. Diagrama esquemático do complexo receptor de células T (TCR)............................7

Figura 4. Alinhamento das seqüências de resíduos de aminoácidos dos anticorpos anti-CD3.9

Figura 5. Análise de ligação direta dos scFvs recombinantes a linfócitos humanos...............11

Figura 6. Ensaio de bloqueio da ligação do anticorpo monoclonal murino OKT3-FITC.......12

Figura 7. Esquema do promotor completo de CMV...............................................................14

Figura 8. Mecanismo de ação do sítio de entrada ribossomal interno (IRES, do inglês,

Internal Ribosome Entry Site) em um processo de tradução....................................................17

Figura 9. Sobreposição dos domínios catalíticos de Kex2 e furina.........................................19

Figura 10. Esquema do vetor de expressão pMACIA IRES EV.............................................25

Figura 11. Representação esquemática das etapas metodológicas do trabalho.......................64

Figura 12. Representação esquemática do vetor de expressão bicistrônico pMACIA HIL anti-

CD3...........................................................................................................................................65

Figura 13. Estratégia para construção do vetor pMACPS VLCκ anti-CD3...........................67

Figura 14. Estratégia para construção do vetor pMACIA L anti-CD3....................................68

Figura 15. Estratégia para construção do vetor pMACPS VHCH123 anti-CD3.....................70

Figura 16. Estratégia para construção do vetor pMACIA HIL................................................71

Figura 17. Produção do anticorpo anti-CD3 humano em HEK293.........................................73

Figura 18. Análise do processo de purificação por Western Blot ...........................................75

Figura 19. Representação esquemática das construções monocistrônicas...............................76

Figura 20. Estratégia para clonagem da porção Fc Fur no vetor pMAC HIL anti-CD3.........78

Figura 21. Estratégia para construção do vetor pMACIA HL anti-CD3.................................79

Figura 22. Esquema dos sítios de clonagem criados após anelamento do Linker LH furina..80

Figura 23. Estratégia para clonagem da porção VL no vetor pMACIA H LHfur...................81

Figura 24. Estratégia para construção do vetor pMACIA LH anti-CD3.................................83

Figura 25. Comparação da produção do anticorpo anti-CD3 humano no sobrenadante de

transfectomas de HEK293 a partir dos três vetores..................................................................85

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xiv

Figura 26. Comparação da produção do anticorpo anti-CD3 humano no sobrenadante de

transfectomas de BHK-21 a partir dos três vetores...................................................................87

Figura 27. Análise do anticorpo anti-CD3 purificado a partir de transfectomas de BHK-21..89

Figura 28. Estratégia para construção do vetor tricistrônico pMACIA HIL IRES neo anti-

CD3..........................................................................................................................................91

Figura 29. Níveis de produção do anticorpo anti-CD3 em transfectomas estáveis de BHK-

21...............................................................................................................................................94

Figura 30. Estratégia para construção do vetor tricistrônico pMACIA HIL IRES neo anti-

CD3...........................................................................................................................................96

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xv

Índice de Tabelas Tabela 1. Anticorpos monoclonais aprovados nos EUA para uso terapêutico..........................5

Tabela 2. Oligonucleotídeos sintéticos utilizados....................................................................26

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xvi

Lista de abreviaturas

ADCC Citotoxicidade celular mediada por anticorpos

AICD Morte celular induzida por ativação

AmpR Gene de resistência à ampicilina (β-lactamase)

APS Persulfato de amônio

BCIP 5-Bromo-4Cloro-indolil fosfato

BHK Células renais de hamster recém-nascidos oC Grau Celsius

CD Marcador de superfície celular (Cluster of diferentiation)

CDR Região determinante de complementariedade

CH Cadeia constante pesada de anticorpo

CHO Células de ovário de hamster chinês

Cκ Porção constante kappa da cadeia leve

CL Cadeia constante leve de anticorpo

CMV Citomegalovírus

dH2O Água destilada

dNTPs Mistura dos desoxirribonucleotídeos trifosfatados adenosina, citidina,

guanosina e timidina.

DNA Ácido desoxirribonucléico

dsDNA DNA de fita dupla

DTT Ditiotreitol

EDTA Ácido etilenodiaminotetracético

ELISA Ensaio de ligação imunoenzimático

Fab Fragmento de ligação ao antígeno de um anticorpo

FACS Fluorescence Activated Cell Sorter

Fc Fragmento cristalizável de anticorpo (porção constante)

FDA Food and Drug Administration (EUA)

FITC Fluoresceína isotiocianato

FL Fluorescência

FR Arcabouço (Framework)

Fur Seqüência codificadora de um sítio clivável por furina

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xvii

Fv Fragmento variável de anticorpo

g Grama

g Força gravitacional

h Hora

HEK Células embrionárias de rim humano

IA Íntron A

Ig Imunoglobulina

IL Interleucina

IPTG Isopropil-β-D-tiogalactopiranosídeo

ITAM Motivos de ativação baseados no imunoreceptor tirosina

kb Kilobase

kDa Kilodalton

L Litro

M Molar

mA Miliampère

mAb Anticorpo monoclonal

mg Miligrama

MHC Complexo principal de histocompatibilidade

μF Micro Faraday

min Minuto

μg Micrograma

mL Mililitro

μL Microlitro

mM Milimolar

μm Micrômetro

μM Micromolar

mRNA Ácido ribonucléico mensageiro

NBT Nitro Blue Tetrazole

ng Nanograma

OD Densidade óptica

OKT3 Anticorpo monoclonal anti-CD3 clone OKT3

ori Origem de replicação

pb Par de base

PBMC Células mononucleares de sangue periférico

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xviii

PBS Tampão salina fosfato

PCR Reação em cadeia de polimerização

PDB Protein Data Bank

PEG Polietilenoglicol

pH Potencial hidrogeniônico

ρmol Picomol

PMSF Fluoreto de fenilmetilsulfonato

rpm Rotações por minuto

RNA Ácido ribonucléico

RNAse Ribonuclease

scFv Fragmento variável de anticorpo de cadeia única

SDS Sódio Duodecil Sulfato

SDS-PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida/SDS

SFB Soro fetal bovino

TE Tampão Tris/EDTA

TCR Receptor de célula T

TEMED N,N,N’,N’-tetrametil etilenodimetilamina

Tris Tri (hidroximetil) aminometano

U Unidade enzimática

UTR Região não traduzida do gene

v Volume

VH Domínio variável da cadeia pesada de um anticorpo

VL Domínio variável da cadeia leve de um anticorpo

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xix

Resumo

O desenvolvimento de novos anticorpos recombinantes teve impacto significativo no

tratamento de diversas doenças. Contudo, devido a complexidade estrutural da molécula de

imunoglobulina, a produção desta em células de mamífero ainda é um desafio. Uma das

dificuldades é obter uma produção equimolar das cadeias pesada e leve para a prevenção do

acúmulo de cadeias não-montadas, seguido de apoptose por estresse. Em nosso grupo, vimos

trabalhando com um anticorpo com potencial imunoregulatório específico para o antígeno

CD3 humano. Anticorpos anti-CD3 têm sido utilizados como imunoterápicos na prevenção da

rejeição aguda de órgãos transplantados e é considerado um fármaco promissor para o

tratamento de doenças auto-imunes. A produção desse anticorpo em cultura de células

animais tem se mostrado limitante devido ao baixo rendimento de anticorpo recombinante. Na

tentativa de desenvolver estratégias alternativas para aprodução de anticorpo recombinante,

foram construídos vetores de expressão, onde o anticorpo inteiro é produzido a partir de

construções monocistrônicas, bicistrônicas e tricistrônica em células de mamíferos. As

versões monocistrônicas possuem uma seqüência codificadora de um sítio clivável por furina

entre as duas cadeias do anticorpo. A versão bicistrônica possui um elemento IRES sintético

entre as duas cadeias. Além disso, foi introduzida uma marca seletiva para o antibiótico

Geneticina associada ao mesmo cassete de expressão como um cístron extra guiado por outro

elemento IRES. Para produção do anticorpo anti-CD3 foram utilizadas as linhagens celulares

HEK293 e BHK-21, de forma transiente e estável. Os anticorpos produzidos foram

purificados por cromatografia de afinidade e analisados para a produção de imunoglobulina

intacta. Os resultados indicam que a construção bicistrônica pMACIA HIL e monocistrônica

pMACIA HL são capazes de garantir a expressão de ambas as cadeias de anticorpo. Já as

construções monocistrônica pMACIA LH e bicistrônica pMACIA HL IRES neo não foram

capazes de produzir o anticorpo recombinante. A construção tricistrônica pMACIA HIL IRES

neo foi a construção que se mostrou mais promissora, apresentando estabilidade de produção

do anticorpo em transfectomas estáveis.

Palavras-chave: anticorpo, anti-CD3, monocistrônicas e bicistrônica

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xx

Abstract

The development of new pharmaceuticals derived from recombinant antibodies had a

significant impact in the treatment of various illnesses. However, due to the structural

complexity of the immunoglobulin molecule, the production of these molecules in mammal

cells is still challenging. One of the difficulties is the equimolar production of heavy and light

chains and the prevention of the stress induced by the accumulation of unassembled protein.

We are working with a potentially immunoregulatory recombinant humanized antibody

specific for the human CD3 antigen. Anti-CD3 antibodioes have been used in the prevention

of the acute graft rejection and are considered as a promising pharmaceutical for the treatment

of autoimmune diseases. The production of this antibody in culture of animal cells has shown

to be problematic due to the low yield of recombinant antibody recovery. In the attempt to

create alternative strategies for recombinant production of antibody, monocistronic,

bicistronic and tricistronic expression vectors were constructed to coordinate the expression of

a complete antibody in mammal cells. The monocistronic versions possess a furin cleavage

coding sequence between the both antibody chains. The bicistronic version possesses a

synthetic IRES element between the two chains. A selective mark for the Geneticin antibiotic

was introduced in the expression cassette as an extra cistron driven by another IRES element.

The cell lines HEK293 and BHK-21 were used for transient or stable production of the anti-

CD3 antibody. Recombinant antibodies were purified by affinity chromatography and

analyzed for the production of intact immuglobulin. The results indicate that the bicistronic

construction pMACIA HIL and the monocistronic construction pMACIA HL are capable to

express both antibody chains. On the other hand, the monocistronic construction pMACIA

LH or the bicistronic construction pMACIA HL IRES neo were not able to produce the

recombinant antibody. The tricistronic vector pMACIA HIL IRES neo was shown to be the

most promising construction to obtain the whole antibody production in stable transfectomes.

Key words: antibody, anti-CD3, monocistronics and bicistronic.

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Introdução

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1.1 Anticorpos

O sistema imune garante a integridade do organismo em resposta às injúrias sofridas

no seu convívio com o ambiente, como infecções, acúmulo de produtos metabólicos e a outras

intoxicações, mantendo a homeostase (revisto por Cohen, 2007). Essa homeostase é mantida

por dois tipos de resposta, a imunidade inata, sendo esta a primeira linha de defesa contra

infecções; e a imunidade adaptativa, que tem por característica responder com um alto grau de

especificidade à infecção por determinado antígeno. Essa última pode ser subdividida em dois

tipos: imunidade mediada por células, a qual envolve os linfócitos T e é responsável pela

resposta a microorganismos intracelulares; e a imunidade humoral, mediada por moléculas

presentes no sangue e mucosas, chamadas de anticorpos. Os anticorpos são produzidos por

células denominadas linfócitos B. Essas moléculas possuem a capacidade de reconhecer

antígenos, neutralizar microorganismos e marcá-los para eliminação por vários mecanismos

efetores (revisto por Abbas et al., 2003).

Os anticorpos (Ab) ou imunoglobulinas são glicoproteínas que possuem massa

molecular em torno de 150 kDa, compostos por dois tipos de cadeias polipeptídicas: pesada

(H) e leve (L) (revisto por Janeway et al., 2001). Cada cadeia pesada é unida covalentemente

a uma cadeia leve por uma ponte dissulfeto e, as duas cadeias pesadas, já ligadas às cadeias

leves, são mantidas unidas covalentemente, também por pontes dissulfeto, formando o

anticorpo (Abbas et al., 2003) (Figura 1).

As cadeias das imunoglobulinas podem ser diferenciadas pelos seus isotipos. A cadeia

leve é subdividida nos isotipos kappa (κ) e lambda (λ), enquanto que a cadeia pesada se

subdivide em cinco isotipos: α, δ, ε, γ e μ. Esses cinco isotipos de cadeia pesada são utilizados

para diferenciar as cinco classes de imunoglobulinas, sendo elas IgA, IgD, IgE, IgG e IgM,

respectivamente. A classe mais comum e abundante de anticorpo no soro, dependendo do

organismo, é a IgG, sendo também a mais utilizada para fins terapêuticos.

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.

Figura 1. Diagrama esquemático de uma molécula de IgG secretada. (Abbas et al., 2003).

As imunoglobulinas podem ser fragmentadas por proteólise. Uma molécula de IgG

quando submetida a clivagem por papaína na região da dobradiça gera duas moléculas. Uma

delas é chamada de fragmento de ligação ao antígeno (Fab, do inglês, Antigen Binding

Fragment), constituído da cadeia leve ligada ao fragmento VH-CH1 da cadeia pesada (revisto

por Holliger e Hudson, 2005). Já a outra é chamada de fragmento cristalizável (Fc), composto

pelas cadeias constantes CH2 e CH3. O fragmento Fc é responsável por interagir com outras

moléculas efetoras e células do sistema imune, mediando a maioria das funções biológicas de

um anticorpo. Os domínios VH e VL juntos, das cadeias pesada e leve respectivamente,

formam o fragmento variável (Fv) responsável pela ligação ao antígeno (revisto por Janeway

et al. 2001).

Além desses fragmentos gerados por proteólise, é possível por técnicas de DNA

recombinante, gerar novos fragmentos de anticorpos como alternativa para a utilização

clínica. Um dos fragmentos mais utilizados é o scFv, composto pelos domínios VH e VL

unidos por um conector polipeptídico flexível ((Gly4Ser)3, por exemplo), mimetizando a

região Fv do anticorpo com a mesma especificidade original. Uma outra opção é a união do

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fragmento scFv à região Fc formando o fragmento FvFc que reúne as vantagens do scFv,

como maior penetrabilidade tecidual e a facilidade de manipulação gênica, às funções efetoras

do fragmento Fc (Figura 2).

Figura 2. Representação de uma molécula de imunoglobulina em comparação com fragmentos gerados por técnicas do DNA recombinante. (Holliger e Hudson, 2005).

As moléculas de imunoglobulinas são classificadas como glicoproteínas devido ao seu

processamento pós-traducional onde ocorre a adição de resíduos de açúcares na sua estrutura.

Todas as imunoglobulinas possuem carboidratos em posições conservadas nas regiões

constantes das cadeias pesadas, sendo que cada classe terá um arranjo específico de açúcares

N-ligados, influenciando no dobramento, secreção e função da proteína (revisto por Wright e

Morrison, 1997). A glicosilação da porção Fc do anticorpo possui papel fundamental no

desempenho das funções efetoras dessa molécula (Rudd et al., 2001), e sua manutenção em

moléculas recombinantes é essencial para o sucesso terapêutico de um novo biofármaco.

.

1.2 Anticorpos na clínica

Atualmente, a indústria biotecnológica tem aumentado seus investimentos em

engenharia de anticorpos, desenvolvendo anticorpos recombinantes de última geração, assim

como os fragmentos de anticorpos e imunoconjugados (Presta, 2006). Nesse sentido, o

desenvolvimento de novas imunoglobulinas recombinantes tornou-se a principal novidade no

tratamento de diversas doenças, como o câncer, e mais recentemente as doenças autoimunes.

Esse sucesso dos anticorpos recombinantes se dá em parte pela sua especificidade

característica, que faz com que atuem como “balas mágicas” em um alvo específico; mas

também por conta de novas tecnologias que tornam a molécula recombinante mais segura na

clínica médica.

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A utilização clínica de anticorpos monoclonais data de vinte anos. O primeiro, um

anticorpo murino anti-CD3 humano, Orthoclone OKT3, aprovado pelo FDA (Food and Drug

Administration – EUA) em 1986, vem sendo utilizado até hoje no tratamento da rejeição

aguda de transplantes renais, cardíacos e hepáticos (Li et al., 2005). Desde então o mercado

de anticorpos monoclonais vem crescendo cada dia mais. Em 2004, existiam 18 anticorpos

aprovados pelo FDA no mercado (Tabela 1), variando entre anticorpos murinos, quiméricos,

humanizados e totalmente humanos. Nessa época, eram previstos que 16 novos anticorpos

entrariam no mercado até 2008 (Reichert e Pavolu, 2004), dos quais 5 se confirmaram, o

Certolizumab pegol (2008), o Eculizumab (2007), o Natalizumab (2004), o Panitumumab

(2006) e o Renibizumab (2006), sendo quatro humanizados e um totalmente humano

(http://en.wikipedia.org/wiki/Monoclonal_antibody_therapy). Entre os anos de 2001 e 2002, o

mercado de anticorpos monoclonais cresceu 37, 5%, chegando a um patamar de US$ 5,4

bilhões. Essa taxa de crescimento vem sendo mantida e estima-se que esse mercado atinja

US$ 30 bilhões em 2010 (Maggon, 2007).

Tabela 1. Anticorpos monoclonais aprovados nos EUA para uso terapêutico* Nome (Genérico)

Molécula Alvo

Tipo Doença indicada

Categoria Terapêutica

Empresa Data de Aprovação

OKT3 (Muromonab-CD3)

CD3 Murino Rejeição de Transplantes

Imunológica Johnson & Johnson

19.06.1986

ReoPro (Abciximab)

CA17-1A Quimérico PTCA Homeostase Centocor

22.12.1994

Panorex (edrecolomab)

GPIIb/IIIa Quimérico Câncer coloretal

Anti-Neoplástica

Centocor

1995

Rituxan (Rituximab)

CD20 Quimérico Linfoma Non-Hodgkins

Anti-Neoplástica

Biogen IDEC 26.11.1997

Zenapax (Daclizumab)

IL2R Humanizado Rejeição de Transplantes

Imunológica Protein Design Labs

10.12.1997

Simulect (Basiliximab)

IL2R Quimérico Rejeição de Transplantes

Imunológica Novartis

12.05.1998

Synagis (Palivizumab)

RSV F Humanizado Profilaxia de RSV

Anti-infectivo MedImmune

19.06.1998

Remicade (Infliximab)

TNF-α Quimérico Artrite reumatóide e doença de Crohn

Imunológica Centocor

24.08.1998

Herceptin (Trastuzumab)

Her2/neu Humanizado Metástase de câncer de mama

Anti-Neoplástica

Genentech

25.09.1998

Mylotarg (Gemtuzumab ozogamicin)

CD33 Humanizado Leucemia mielóide

Anti-Neoplástica

Wyeth

17.05.2000

Campath (Alemtuzumab)

CD52 Humanizado Leucemia linfocítica

Anti-Neoplástica

Millennium/ILEX 07.05.2001

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Zevalin (Ibritumomab tiuxetan)

CD20 Murino Linfoma Non-Hodgkins

Anti-Neoplástica

Biogen IDEC

19.02.2002

Humira (Adalimumab)

TNF-α Humano Artrite reumatóide e doença de Crohn

Imunológica Abbott

31.12.2002

Xolair (Ornalizumab)

IgE Humanizado Asma Imunológica Genentech

20.06.2003

Bexxar (Tositumomab-I 131)

CD20 Murino Linfoma de Non-Hodgkins

Anti-Neoplástica

Corixa

27.06.2003

Raptiva (Efalizumab)

CD11a Humanizado Psoríase Imunológica Genentech

27.10.2003

Erbitux (Cetuximab)

EGFR Quimérico Câncer coloretal

Anti-Neoplástica

Imclone Systems 12.02.2004

Avastin (Bevacizumab)

VEGF Humanizado Câncer coloretal, renal.

Anti-Neoplástica

Genentech

26.02.2004

Tysabri (Natalizumab)

Integrina A4

Humanizado Doença de Crohn e esclerose múltipla

Imunológica Biogen IDEC 23.11.2004

Lucentis (Renibizumab)

VEGF-A Humanizado Degeneração macular

Anti-Neoplástica

Genentech

30.06.2006

Vectibix (Panitumumab)

EGFR Humano Câncer coloretal

Anti-Neoplástica

Amgen 27.09.2006

Soliris (Eculizumab) Cimzia (Certolizumab pegol)

C5 TNF-α

Humanizado Humanizado

Paroxysmal hemoglobinúria (PNH) Doença de Crohn

Imunológica Imunológica

Alexion Pharm UCB

16.03.2007 22.04.2008

*Adaptado de (Silva, 2008)

1.3 Anticorpo anti-CD3

O único anticorpo anti-CD3 aprovado pelo FDA para uso clínico é o OKT3. Sua

molécula alvo é o CD3, componente do complexo receptor de célula T (TCR, do inglês, T

Cell Receptor). Esse complexo, também formado pelas cadeias ζ e pelo próprio TCR, é

responsável pelo reconhecimento de peptídeos antigênicos apresentados pelo complexo

principal de histocompatibilidade (MHC, do inglês, Major Histocompatibility Complex),

presente na superfície de todas as células humanas (Figura 3).

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Figura 3. Diagrama esquemático do complexo receptor de células T (TCR). Este é constituído pelo TCR, cadeias ζ e pelo complexo CD3. As regiões carboxi-terminais das cadeias ζ e do CD3 apresentam uma seqüência comum chamada de ITAM (do inglês, Immunorecptor Tyrosine-based Activation Motif), indicada pelas setas amarelas, a qual irá agir no processo de transdução de sinal. Adaptado de (http://www.detectingdesign.com/immunesystem.html).

Após o reconhecimento do antígeno pelo TCR ocorre a fosforilação dos domínios

ITAMs presentes no CD3 e nas cadeias ζ. Essa fosforilação envolve a ação da quinases Lck e,

potencialmente, Fyn, induzindo uma variedade de vias de sinalização que ativam o influxo de

cálcio e fatores de transcrição como NF-κB, NF-AT e AP-1, estimulando a produção de IL-4

e IL-2, sendo esta última uma citocina envolvida na proliferação de linfócitos T. Já na ligação

de um anticorpo anti-CD3 ao TCR, ocorre uma fosforilação parcial das cadeias ζ, devido a um

recrutamento insuficiente de Lck. Assim, a ativação das vias de sinalização fica prejudicada,

resultando no bloqueio da expressão de IL-2, e com isso da citotoxicidade celular (Smith e

Bluestone, 1997).

A ligação de anticorpos anti-CD3 gera uma sinalização diferente daquela realizada via

complexo TCR e esta é responsável pelos efeitos observados durante o tratamento com esses

imunobiológicos. Esses efeitos podem ser: depleção de células T dependente do sistema

complemento ou uma citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC); lise da célula

alvo, aproximando-a de uma célula T citotóxica (Wong e Colvin, 1991); indução de apoptose

por meio de uma transdução de sinal direta, particularmente em células T ativadas (Carpenter

et al., 2000); depleção de células T por morte celular induzida por ativação (AICD, do inglês,

CD3

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Activated Induced Cell Death); ou ainda o desenvolvimento de um estado de irresponsividade

ao estímulo chamado de anergia clonal (Smith et al., 1997).

Relatos recentes mostram outros efeitos relacionados aos anticorpos monoclonais anti-

CD3, incluindo mecanismos imunorregulatórios (Chatenoud, 2003). Dados de anticorpos anti-

CD3 de última geração mostram que o tratamento em curto prazo pode induzir um estado de

tolerância a um determinado antígeno que é sustentado sem o uso de imunossupressores.

Como exemplo, pode-se citar o tratamento da diabetes Tipo 1 (Herold et al., 2005), psoríase e

diversas doenças inflamatórias e autoimunes (Utset et al., 2002).

O OKT3 é um anticorpo monoclonal murino e, como tal, tem o seu uso limitado

devido a sua capacidade de gerar uma resposta caracterizada pela presença de anticorpos

humanos anti-murinos (HAMA, do inglês, Human Anti-Mouse Antibody). Essa resposta

acarreta a produção de imunoglobulinas (principalmente IgM e IgG) contra anticorpos

produzidos em camundongo promovendo uma rápida remoção e neutralização do OKT3. Para

resolver este problema, a humanização desse anticorpo tem sido um instrumento valioso no

desenvolvimento de uma nova geração de anticorpos específicos anti-CD3.

Diante dos problemas relacionados à origem murina do OKT3, a utilização da

engenharia de anticorpos pode ser a chave para a solução desses entraves na utilização de

anticorpos originados de camundongos. Desde a década de 1980, estudos são feitos com o

objetivo de reduzir a imunogenicidade de anticorpos monoclonais de origem murina. A

humanização de anticorpos propõe que, por meio de técnicas de biologia molecular, possam

ser conferidas características de um anticorpo humano, tornando-os similares aos circulantes

no soro, diminuindo assim a resposta imune direcionada contra essas moléculas.

Com o desenvolvimento das técnicas de humanização, os anticorpos humanizados

tornaram-se uma realidade de sucesso na clínica, sendo que dos 22 anticorpos monoclonais

aprovados pelo FDA para uso terapêuticos 78% são humanizados, ou parcialmente

humanizados (quiméricos). Além disso, mais de 56 anticorpos humanizados já estão em fase

avançada de testes clínicos e devem chegar ao mercado nos próximos anos (Reichert e

Pavolu, 2004).

Nos últimos anos, tem-se procurado obter anticorpos humanizados com o mínimo de

aminoácidos murinos em toda seqüência do anticorpo. Com esse objetivo foi proposta a

técnica de transplante de CDR (CDR grafting) que consiste em transplantar os três CDRs da

seqüência codificadora do anticorpo murino para um arcabouço (framework) de um anticorpo

humano, por manipulação gênica (Maranhão e Brígido, 2001).

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A humanização do anticorpo anti-CD3 desenvolvida pelo grupo de Imunologia

Molecular da Universidade de Brasília foi realizada de acordo com a técnica de CDR grafting

(citado por Maranhão e Brígido, 2001). Para tal, foram escolhidos arcabouços humanos para

cadeias variáveis pesada (VH) e leve (VL) que possuíam a maior similaridade com a

seqüência do anticorpo murino, visando, assim, reter a especificidade de ligação característica

do OKT3 (Figura 4).

Figura 4. Alinhamento das seqüências de resíduos de aminoácidos dos anticorpos anti-CD3. Seqüência codificadora do OKT3 (anti-CD3), versões humanizadas do anti-CD3 para as cadeias pesada (huVH T e R) e leve (huVL) e seqüências humanas utilizadas como arcabouço para as CDRs do anti-CD3 (HV1B e KV1R). A- Cadeia pesada. B- Cadeia Leve. São destacadas em vermelho as seqüências das CDRs 1, 2 e 3 de cada cadeia e em branco com fundo azul o resíduo 86 que diferencia as duas versões de VH humanizados (Fonseca, 2000).

Na humanização da cadeia variável pesada foi utilizada uma seqüência germinal

humana que possuía a maior similaridade com a VH do OKT3, a H1VB, tendo uma

identidade de 71,4% com a VH do OKT3. Para análise do impacto estrutural do transplante

das CDRs do OKT3 nessa seqüência germinal, foram realizadas análises a partir da estrutura

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cristalográfica do anticorpo murino 1MRC depositada no banco de dados de proteína (PDB,

do inglês, Protein Data Bank). A partir dessa análise, o resíduo 86 (presente no arcabouço 3

[FR3, do inglês, framework 3]) da cadeia variável pesada foi considerado estruturalmente

importante, pois se situa na base das CDRs 2 e 3. Essa análise possibilitou a criação de duas

versões da cadeia variável pesada (Figura 4), uma com o resíduo murino treonina (hVHT86

) e

outra com o resíduo humano arginina (hVHR86

) (Fonseca, 2000).

Já para a humanização da cadeia variável leve foi adotada uma estratégia um pouco

diferente. Primeiro, cada fragmento do arcabouço da seqüência do VL murino foi utilizado

como base na procura de um anticorpo humano, ao contrário da cadeia pesada, na qual foi

utilizada toda a seqüência do anticorpo murino, incluindo-se as CDRs. Dentre as seqüências

escolhidas, a KV1R possui uma maior quantidade desses resíduos considerados importantes,

com 64,3% de identidade com o arcabouço murino. Logo, essa foi a seqüência escolhida para

o transplante de CDR (Fonseca, 2000).

Para verificação da manutenção da atividade ligante dos anticorpos humanizados,

foram construídas seis versões de scFvs recombinantes: duas humanizadas, uma com o

hVHT86

e outra com o hVHR86

; três versões hemi-humanizadas, duas compostas das

respectivas cadeias pesadas humanizadas em conjunto com a cadeia leve murina e outra

contendo a cadeia pesada murina e a cadeia leve humanizada; e por último, uma versão

totalmente murina, todas expressas de forma heteróloga na levedura metilotrófica Pichia

pastoris. Essas construções permitiriam verificar se o processo de humanização dos

fragmentos variáveis foi bem sucedido e, no caso de perda de afinidade da ligação ao

antígeno, seria possível visualizar qual cadeia sofreu com a perda de afinidade (Costa, 2004).

Em ensaios de ligação direta utilizando citometria de fluxo, observou-se que todas as

versões possuem capacidade de ligação ao antígeno, exceto a versão hemi-humanizada com o

VH murino e o VL humanizado (Figura 5), sugerindo que a humanização do VL não foi bem

sucedida. Além disso, foi possível visualizar que as versões hemi-humanizada com o hVHR86

e VL murino e a totalmente murina observar uma capacidade de ligação melhor que as outras

versões, indicando que a manutenção do resíduo arginina na posição 86 da cadeia pesada

favorece a manutenção do paratopo do anticorpo no processo de transplante da CDR (Costa,

2004).

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Figura 5. Análise de ligação direta dos scFvs recombinantes a linfócitos humanos. O gráfico mostra a porcentagem de células marcadas pelos scFvs recombinantes. TVL e RVL, versões humanizadas com os hVH

T86 e hVH

R86, respectivamente. TM e RM,

versões hemi-humanizadas com os hVHT86

e hVHR86

, respectivamente. MVL, versão hemi-humanizada com o VH murino e o VL humanizado. MUR, versão murina. Z22, anticorpo anti-DNA na conformação Z utilizado como controle negativo (Costa, 2004).

Assim, foi realizada uma nova humanização da cadeia variável leve (hVL), adotando-

se como estratégia a técnica de transplante de CDR por melhor encaixe. Dessa forma, buscou-

se seqüências germinais humanas que possuíam maior similaridade com a seqüência do

anticorpo murino, visando a manutenção da especificidade de ligação característica do OKT3.

A procura resultou no anticorpo humano CAB37836 (L6), sendo este o escolhido para o

procedimento de transplante de CDR (Silva, 2008).

Com essa nova proposta em mãos, e com o intuito de verificar a eficácia desse novo

processo de humanização, foram construídas versões recombinantes humanizadas com as

cadeias variáveis pesadas hVHR86

e hVHT86

em conjunto com a nova cadeia leve (hVL) na

forma de FvFc (fragmento de anticorpo na forma de scFv conectado ao Fc de IgG1 humana),

gerando duas novas versões totalmente humanizadas, FvFc T e FvFc R, que foram produzidas

em células de mamífero (CHO) (Silva, 2008).

A especificidade ao antígeno desses FvFcs foi analisada por citometria de fluxo em

um ensaio de bloqueio de ligação utilizando o anticorpo monoclonal OKT3 conjugado a

FITC. Assim, se os FvFcs conseguissem bloquear eficientemente a ligação do OKT3-FITC à

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superfície de linfócitos, seria observada uma diminuição da intensidade de fluorescência.

Essas versões humanizadas mostraram ligação ao CD3 humano, competindo com o anticorpo

comercial OKT3, porém com uma menor afinidade (Figura 6). Além disso, foi mostrado que a

versão R possui uma capacidade maior de ligação e bloqueio que a versão T, indicando que os

trabalhos anteriores realizados pelo grupo estavam corretos e que a cadeia pesada com a

arginina possui atividade ligante similar a da cadeia murina. (Silva, 2008).

Figura 6. Ensaio de bloqueio da ligação do anticorpo monoclonal murino OKT3-FITC. Os linfócitos foram incubados inicialmente com os FvFcs humanizados T e R ou com o OKT3 não conjugado e posteriormente com o OKT3-FITC. Seta azul indicando a fluorescência da reação do OKT3-FITC sem bloqueio. Seta verde indicando o deslocamento da intensidade de fluorescência provocada pelo bloqueio utilizando o OKT3 não marcado. FL1: Intensidade de fluorescência emitida por FITC (530 nm); Counts: número de células. (Silva, 2008)

Por outro lado, esses anticorpos foram capazes de induzir um perfil de citocinas

regulatórias em contraste ao perfil inflamatório induzido por OKT3 em experimentos in vitro

com células mononucleares de sangue periférico (PBMCs, do inglês peripheral blood

mononuclear cells). Este perfil imunorregulatório é evidenciado pela comparação da produção

de IL-10 e IFN-γ. A razão IL-10/IFN-γ é bem maior nas células cultivadas na presença das

versões humanizadas do que naquelas cultivadas com o OKT3. Além disso, a presença dos

anticorpos humanizados foi capaz de induzir uma expressão tardia do gene FOXP3 (marcador

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de células T regulatórias), sugerindo que os anticorpos anti-CD3 humanizados provavelmente

estimulam o desenvolvimento de células T com atividade regulatória (Silva, et al. 2009,

manuscrito em preparação).

1.4 Produção de proteínas recombinantes em células de mamíferos

Uma das grandes limitações na utilização de anticorpos terapêuticos é o processo de

produção complexo. As limitações se encontram principalmente na quantidade reduzida de

proteína produzida e no alto custo, o que de certa forma dificulta o acesso ao medicamento

por boa parte dos pacientes. Atualmente, o estado da arte do processo de produção de

anticorpos monoclonais emprega células de mamíferos devido a sua capacidade de promover

dobramento e processamento pós-traducional corretos (revisto por Wurm, 2004).

Em 1986 foi produzida a primeira proteína recombinante com fins terapêuticos em

células de mamífero, a proteína ativadora de plasminogênio tissular humana (human tissue

plasminogen activator) (revisto por Wurm, 2004). Desde então, inúmeros estudos visando à

otimização da expressão de produtos biológicos comerciais vêm sendo realizados.

Atualmente, 60 a 70% de biofármacos e proteínas com interesse comercial são produzidos em

células de mamífero. Isso porque as células de mamífero têm características fisiológicas mais

similares às de humanos do que células de leveduras ou de Escherichia coli. Desse modo, a

existência de processos como glicosilação de proteínas, fosforilação, formação de pontes de

dissulfeto e outras modificações pós-traducionais tornam a produção de proteínas com

interesse comercial mais viável em células de mamífero do que em outros tipos celulares

(Wurm, 2004).

A linhagem de células mais utilizada é a linhagem de células de ovário de hamster

chinês (CHO). Essas células são epiteliais, têm a morfologia fibroblastóide e são aderentes ao

plástico onde são cultivadas. A sublinhagem CHO-K1 é derivada da linhagem celular parental

de CHO que foi estabelecida a partir do material da biópsia do ovário de um hamster chinês

adulto (Puck et al., 1958).

Atualmente, utilizam-se outros tipos celulares para a produção de proteínas

heterólogas com fins terapêuticos. Uma é a linhagem HEK293, derivada de células

embrionárias de rim humano transformadas com o DNA de adenovírus tipo 5 (Grahan et al.,

1977). Esta linhagem é utilizada principalmente para a expressão transiente de proteínas de

interesse, como a glicoproteína de membrana do retrovírus HTLV-1 (Penteado et al., 2006) e

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anticorpos (Braren et al., 2007). Outra linhagem que vem sendo utilizada é a BHK-21,

derivada de células renais de hamster recém-nascidos (Stoker e MacPherson, 1964),

empregada na expressão do fator de coagulação VIII humano (Ishaque et al., 2008),

anticorpos (Cruz et al. 2002), entre outras proteínas recombinantes.

Entretanto, um dos principais obstáculos para a utilização das células de mamífero em

cultura é a baixa produção da proteína recombinante comparando-se com outros sistemas de

expressão, como leveduras e E. coli. Para isso, os cientistas estão estudando métodos para

melhorar os níveis de produção de biofármacos, de modo a se atingir um patamar de produção

industrial. Alguns métodos já descritos são: a mudança da temperatura de cultivo das células

(Shi et al., 2005), adição de compostos químicos no meio de cultura (Sung et al., 2005) e a

engenharia de vetores de expressão (Quilici, 2008).

1.4.1 Promotor CMV e o Íntron A

Um dos promotores mais comumente utilizados em construções de vetores de

expressão em células de mamífero é o promotor constitutivo do citomegalovírus (CMV). Este

promotor pode ser utilizado em diversas linhagens celulares de origens distintas, sendo,

portanto o mais utilizado nas construções do nosso grupo. O promotor dirige a expressão dos

genes Imediatamente Precoces de CMV, que apresenta diversas regiões regulatórias, como

sítios de ligação ao fator nuclear 1 (NF1) (Champman et al., 1991). Este gene é constituído

por 4 éxons e 3 íntrons, sendo que o maior dos íntrons, o íntron A, possui o sítio mais forte de

ligação a NF1 (Champman et al., 1991). Neste mesmo estudo, observou-se que o íntron A

possui ainda um sítio homólogo ao elemento regulador interno do gene da troponina I, um

elemento similar a um enhancer (Figura 7). Além disso, este sítio pode também funcionar

como sítio de ligação de fatores de transcrição (Champman et al., 1991).

Figura 7. Esquema do promotor completo de CMV. O enhancer com os 4 sítios de NF1 (*), o primeiro e o segundo éxon e o íntron A, o maior íntron deste gene, com aproximadamente 800 pb, podem ser observados na figura. O intron A possui ainda o sítio mais forte de ligação a NF1, representado por ( * ) (Quilici, 2008).

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Os íntrons são seqüências genômicas removidas do transcrito de RNA correspondente

por meio de um processo conhecido como splicing. Um complexo que consiste em diversas

ribonucleoproteínas e pequenos RNAs nucleares (sRNA), denominado spliceossomo, é

responsável por cortar as junções íntron-éxon, remover os íntrons e por fim unir as

extremidades dos éxons, formando um mRNA maduro.

Atualmente, os cientistas perceberam que o splicing não é um evento estático,

correlacionando-se com outros processos do metabolismo do RNA, como a poliadenilação do

pré-mRNA e seu transporte do núcleo para o citoplasma, a tradução e o decaimento. Em

outras palavras, muitas proteínas que participam da maquinaria de um determinado processo

podem também fazer parte de outros, sendo que o efeito final desta interação é o aumento da

produção de uma proteína recombinante (Le Hir, Nott e Moore, 2003).

Sabe-se também que os íntrons podem modificar o nível de remodelamento da

cromatina, fazendo com que o DNA esteja mais acessível para a ligação da RNA polimerase

II e dos fatores de transcrição associados, conseqüentemente aumentando o nível de

transcrição do gene estudado. Corroborando tal observação, foi constatado que, tanto in vitro

quanto em camundongos transgênicos, os íntrons do gene do hormônio de crescimento de

camundongo promovem um remodelamento da cromatina, permitindo um aumento de até

quinze vezes da produção da proteína comparando-se com a versão sem íntron (Liu et al,

1995).

Mediante interação de proteínas do spliceossomo com fatores de transcrição, há um

melhoramento da processividade e atividade da RNA polimerase II. Estudos demonstraram

que um dos componentes do spliceossomo, o snRNA U1, interage com o fator de transcrição

geral TFIIH no estágio inicial da transcrição, estimulando a taxa de formação da primeira

ligação fosfodiéster pela RNA polimerase II (Kwek et al, 2002). A determinação da posição

do íntron também é importante para que a sua função de potencializador da expressão gênica

seja alcançada. Um estudo indicou que a posição do sítio de splicing 5’ em relação ao

promotor é proporcional à transcrição gênica, sendo que quanto maior a distância entre estes,

menor é a taxa de transcrição (Furger et al, 2002).

Diversos grupos de pesquisa, inclusive o grupo de Imunologia Molecular da

Universidade de Brasília, utilizaram o íntron A com sucesso em suas construções,

comparando níveis de expressão de diversas proteínas, como anticorpos (Xia et al, 2006),

fator VIII e gp120 do HIV (Campos-da-Paz et al., 2008 e Champman et al, 1991 e) e

proteínas repórter, como a luciferase (Xu et al, 2001 e Quilici, 2008).

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1.4.2 IRES

A produção de anticorpos em células de mamíferos pode ser realizada utilizando-se

dois vetores de expressão independentes, cada um codificando uma das cadeias do anticorpo,

leve ou pesada, ou na forma policistrônica, onde as duas cadeias estão contidas no mesmo

vetor, contendo dois promotores, um para cada cadeia. Uma regulação fina da expressão das

duas cadeias de anticorpo é essencial para a otimização da produção de IgGs em células de

mamífero. A transfecção dessas células com duas construções independentes é o

procedimento menos eficiente para a obtenção de uma expressão balanceada das duas cadeias.

Isso porque geralmente o sítio de integração desses vetores no DNA da célula hospedeira tem

grande efeito na expressão do gene recombinante. Quando se utiliza dois vetores em uma

transfecção eles podem integrar em regiões com perfis transcricionais distintos. Assim, a

integração em regiões de heterocromatina resulta em pouca ou nenhuma expressão, enquanto

integração em eucromatina freqüentemente permite a expressão do gene (Wurm, 2004).

Um exemplo de construção que possibilita a expressão policistrônica é a utilização de

sítios de entrada ribossomais internos (IRES, do inglês, Internal Ribosome Entry Site). Os

IRES são seqüências localizadas na região 5’ UTR de alguns vírus de RNA, como por

exemplo os picornavírus. Ao ser adicionado entre as duas cadeias de anticorpos, o IRES

possibilita a tradução dos dois genes, devido à geração de um sítio interno para entrada de

ribossomos sem a necessidade de todo o aparato de iniciação da tradução presente em

eucariotos. Outro exemplo da utilização do IRES é entre um gene de interesse e uma marca

seletiva (Figura 8). A adição de uma marca seletiva no vetor durante uma transfecção é

importante quando se pretende selecionar um clone altamente produtor e estável. Esse é um

parâmetro essencial para a produção em larga escala de proteínas recombinantes.

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Figura 8. Mecanismo de ação do sítio de entrada ribossomal interno (IRES, do inglês, Internal Ribosome Entry Site) em um processo de tradução. Pcmvie: promotor. Gene of interest: gene de interesse. Selection marker: marca seletiva. IVS: íntron sintético. Poly A: sinal de poliadenilação. Adaptado de (http://www.clontech.com/products/detail.asp?product_id=10479&tabno=2).

A descoberta do elemento IRES gerou uma nova abordagem para a co-expressão de

múltiplas cadeias polipeptídicas por possibilitar uma razão definida de cadeias leve e pesada

de anticorpos (Houdebine e Attal, 1999). Usualmente, cístrons adicionados a jusante de IRES,

são traduzidos com menos eficiência do que nas construções monocistrônicas, onde há a

iniciação da tradução cap-dependente. Contudo, Li e colaboradores, em 2007, demonstraram

que uma construção bicistrônica contendo IRES entre as duas cadeias de um anticorpo,

comparada a construções monocistrônicas de cada cadeia co-transfectadas, produziram um

nível de expressão de anticorpo similar e estável a longo prazo na linhagem celular CHO.

Mielke e colaboradores, em 2000, demonstraram que uma construção tricistrônica para

expressão de anticorpos, com um elemento IRES entre as cadeias pesada e leve de um

anticorpo, e outro entre a cadeia leve e uma marca de resistência, apresentaram um nível de

expressão de anticorpo maior e mais estável na linhagem celular BHK-21, ao contrário das

construções monocistrônicas desse anticorpo co-transfectadas com um vetor com a marca de

resistência. Sistemas como esses permitem uma expressão duradoura de proteínas

recombinantes, até mesmo de proteínas complexas como anticorpos, com estabilidade a longo

prazo.

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1.4.3 Furina

Polipeptídeos biologicamente ativos agem como mensageiros intracelulares de

informação (neuropeptídeos, peptídeos hormonais), dirigindo muitas atividades celulares

(fatores de crescimento, enzimas e receptores) e são envolvidos na patogenicidade de certos

vírus (glicoproteínas virais) e bactérias (toxinas). Para que sua função seja assegurada

temporal e espacialmente, muitos desses polipeptídeos são inicialmente sintetizados em

precursores, ou pró-proteínas, grandes e inativos. Em virtude disso, um mecanismo celular

funciona para a liberação do segmento bioativo da proteína. Esse mecanismo é a clivagem

proteolítica do precursor por endoproteases celulares, as quais reconhecem pares específicos

de aminoácidos, como por exemplo Arg-Arg ou Lys-Arg. Este processamento é encontrado

em bactérias, fungos, invertebrados e mamíferos e ocorre tanto na via exocítica quanto na

endocítica (processamento e degradação de proteínas) (Denault e Leduc, 1995).

Um exemplo é a furina, uma endoprotease dibásica responsável pelo processamento

proteolítico de uma ampla variedade de precursores de proteína da via secretória. A maioria

dos substratos da furina são precursores de proteína em rota para o espaço extracelular ou

membrana plasmática (Seidah et al., 1993). Esta é a primeira enzima caracterizada da família

das convertases similares a subtilisina. Análises por nothern blot demonstraram que a maior

parte do transcrito de 4,4 kb da enzima furina é ubiquamente distribuído em todos os tecidos

(Seidah, Chrétien e Day, 1994). Em humanos, esse RNA mensageiro dá origem a uma

proteína transmembrânica.

No final de 1989, foi observado por Fuller, Brake e Thorner, que a enzima kexina,

presente em levedura e caracterizada como uma serino protease cálcio-dependente, era capaz

de clivar o fator pro-α de levedura e a toxina “pro-killer” e possuía em seu sítio catalítico uma

alta similaridade de seqüência com a furina humana. As duas enzimas são marcantemente

similares, apresentando poucas diferenças em elementos estruturais na superfície das

proteínas. Os domínios catalíticos da kexina 2 (Kex2) da levedura Saccharomyces cerevisae e

da furina possuem o mesmo dobramento e topologia similar a subtilisina e a proteinase K

(Figura 9) (Rockwell e Thorner, 2004). Burtet e colaboradores, em 2007, desenvolveram um

sistema de expressão de um fragmento Fab em P. pastoris, onde as cadeias leve e pesada

eram produzidas em um único polipeptídeo contendo uma seqüência codificadora de um sítio

reconhecido por Kex2 entre as duas cadeias. Após a clivagem por Kex2, um fragmento Fab

corretamente montado era liberado.

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Figura 9. Sobreposição dos domínios catalíticos de Kex2 e furina. (a) Sobreposição de Kex2 (verde) e furina (roxo) mostrando uma similaridade conformacional entre as duas estruturas, apesar de apenas 41% de identidade de seqüêcia primária entre elas. (b) Sobreposição de Kex2 (verde) e subtilisina (azul) mostrando conservação da estrutura secundária central do domínio catalítico. Adaptada de Rockwell e Thorner, 2004.

Desde a descoberta inicial da existência de furina em células de mamíferos, existe um

interesse considerável em determinar sua localização subcelular. Contudo, tentativas de

imunolocalização da furina endógena foram dificultadas pela baixa abundância da proteína na

maioria das células (van Duijnhoven et al., 1992). Evidentemente, uma pequena quantidade

de furina é suficiente para cumprir os muitos processos proteolíticos nos quais a enzima é

envolvida.

Shapiro e colaboradores, em 1997, revelaram a localização da furina dentro da célula

por imunocitolocalização. A proteína está predominantemente concentrada dentro da região

trans do Complexo do Golgi (TGN), em torno de 80%, embora uma significativa quantidade

da proteína tenha sido encontrada em estruturas vesiculares com características de

endossomos e lisossomos (Bosshart et al., 1994). A localização da furina endógena no TGN

tem uma implicação importante para a fisiologia da clivagem de precursores de proteína.

Sugere-se que a maioria das proteínas celulares e secretadas sofra clivagem no TGN quando

estão em trânsito para a membrana plasmática. Portanto, o processamento proteolítico pela

furina endógena não requer o desvio dos precursores de proteínas para longe da via secretória,

como ocorreria caso a furina estivesse localizada exclusivamente em vesículas endossomais e

lisossomais (Shapiro et al., 1997).

Existem alguns relatos da inserção de seqüências codificadoras de sítios cliváveis

reconhecidos por furina em construções policistrônicas, com o intuito de separar cada cístron

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depois que estes forem traduzidos. Goyal e Batra, em 2000, incluíram um espaçador que

continha a seqüência codificadora de um sítio reconhecido por furina entre uma construção de

anti-receptor de transferrina humano, na forma de scFv, e a toxina restrictocina, uma toxina

ribonucleotídica. Essa construção possibilitaria uma melhor ação da ribotoxina em seu alvo, o

ribossomo. A incorporação do espaçador clivável aumentou a atividade citotóxica da

construção em 2 a 30 vezes, dependendo da célula alvo.

Fang e colaboradores, em 2007, desenvolveram um sistema de expressão de um

anticorpo monoclonal in vivo, onde as cadeias pesada e leve do anticorpo eram separadas por

uma seqüência codificadora de um sítio reconhecido por furina. O vetor de expressão era

injetado via peritônio em camundongos, o sítio entre as cadeias era reconhecido pela furina

intracelular, liberando as duas cadeias de anticorpo para serem montadas. O sistema

possibilitou uma razão definida das duas cadeias, otimizando a produção do anticorpo que

chegou a níveis de 1mg/mL no soro dos camundongos.

Diante de todos esses dados, o uso de engenharia de vetores para expressão e aumento

dos níveis de produção de anticorpos em células de mamíferos está sendo largamente

utilizado e é de especial interesse para o grupo de Imunologia Molecular da Universidade de

Brasília. Assim, propomos nesse trabalho traçar estratégias para expressão de um anticorpo

anti-CD3 humanizado em células de mamíferos, utilizando construções monocistrônicas,

bicistrônicas e tricistrônica.

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2. Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Traçar estratégias para a expressão de um anticorpo anti-CD3 humanizado em células

de mamíferos por meio de construções monocistrônicas, bicistrônicas e tricistrônicas.

2.2 Etapas metodológicas

2.2.1 Clonagem das cadeias pesada e leve inteiras do anticorpo anti-CD3 humanizado no

vetor para expressão em células de mamífero pMACIA IRES EV, que contém o

promotor CMV, o íntron A, um íntron de imunoglobulina dentro do peptídeo sinal da

cadeia pesada e um elemento IRES sintético. Construção bicistrônica (HIL).

2.2.2 Retirada do IRES sintético entre as cadeias leve e pesada da construção do anti-CD3

humanizado no vetor pMACIA e inserção de uma seqüência codificadora de um sítio

clivável por furina entre as duas cadeias, construindo duas versões monocistrônicas:

cadeia pesada – sítio clivável por furina – cadeia leve (HL), e cadeia leve – sítio

clivável por furina – cadeia pesada (LH).

2.2.3 Transfecção transiente das três construções do anticorpo, monocistrônicas e

bicistrônica, nas linhagens celulares HEK-293 e BHK-21.

2.2.4 Comparação do nível de expressão do anticorpo anti-CD3 humano das construções

monocistrônicas e bicistrônica.

2.2.5 Construção da versão tricistrônica do anticorpo a partir da construção bicistrônica

HIL, com a adição de outro elemento IRES e uma marca de resistência a geneticina

(NEOR). Construção HIL IRES neo.

2.2.6 Transfecção estável da construção tricistrônica HIL IRES neo na linhagem celular

BHK-21.

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2.2.7 Construção de outra versão bicistrônica do anticorpo a partir da construção

monocistrônica HL, com a adição de um elemento IRES e uma marca de resistência a

geneticina (NEOR). Construção HL Ires neo.

2.2.8 Transfecção estável da construção bicistrônica HL IRES neo na linhagem celular

BHK-21.

2.2.9 Comparação do nível de expressão do anticorpo anti-CD3 humano das construções

bicistrônica HL IRES neo e tricistrônica HIL IRES neo.

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Materiais e Métodos

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3.1 Materiais

3.1.1 Células

3.1.1.1 Linhagens Bacterianas

- XL1-Blue (Stratagene®) - recA1 endA1 gyrA96 thi-1 hsdR17 supE44 relA1 lac [F´

proAB lacIqZ M15Tn10 (TetR)] (Sambrook e Russel, 2001).

- XL10-gold (Stratagene) - TetrD(mcrA)183 D(mcrCB-hsdSMR-mrr)173 endA1

supE44 thi-1 recA1 gyrA96 relA1 lac Hte [F´ proAB lacIqZDM15 Tn10 (Tetr) Amy Camr]. Os

genes listados indicam alelos mutantes. Esta linhagem de E. coli foi desenvolvida para a

transformação de moléculas de DNA grandes, e com alta eficiência.

- DH5α (Invitrogen®) – F- /endA1 hsdR17(r

K

-m

K

+) supE44 thi

-1 recA1 gyrA (Nal

r)

relA1 D(laclZYA-argF)U169 deoR (F80dlacD(lacZ)M15).

Essas linhagens foram utilizadas nos procedimentos de construção das versões do

anticorpo.

3.1.1.2 Linhagem de Células de Mamíferos

- HEK-293 (ATCC nºCRL-1573) – é uma linhagem derivada de células de rim

embrionário humano que contêm o genoma do adenovírus tipo 5. As células foram cultivadas

em meio DMEM (GIBCO) contendo SFB a uma concentração de 5% (v/v).

- BHK-21 (ATCC noCCL-10) – é uma linhagem derivada de células renais de

hamsters recém-nascidos (Mesocriterus auratus). As células foram cultivadas em meio

HAM-F12 (GIBCO) contendo SFB a uma concentração de 5% (v/v).

3.1.2 Plasmídios Utilizados

- pIg CD3 scFv R- 3,9 kb, contém o scFv do anticorpo anti-CD3 versão R

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humanizado, hVHR86

hVL, múltiplos sítios de clonagem, ori ColE1, AmpR. Utilizado para a

construção da cadeia pesada inteira do anticorpo, como doador da porção VH.

- pMACPS VHCH123 anti-CD18 (Ruggiero, 2002): 5,7 kb, contém a cadeia pesada

inteira do anticorpo anti-CD18, AmpR, ori ColE1, múltiplos sítios de clonagem, promotor

pCMV, sinal de poliadenilação SV40 polyA. Utilizado para junção da porção VH do anti-

CD3 à porção constante CH123, formando a cadeia pesada inteira do anti-CD3.

- pUC57 hVL – 3,0 kb, contém o VL humanizado do anticorpo anti-CD3, AmpR, rep

(pMB1), múltiplos sítios de clonagem. Utilizado para a construção da cadeia leve inteira,

como doador da porção VL.

- pMACPS VLCκ anti-CD18 (Ruggiero, 2002) – 6,0 kb, contém a cadeia leve inteira

do anticorpo anti-CD18, AmpR, ori ColE1, múltiplos sítios de clonagem, promotor pCMV,

sinal de poliadenilação SV40polyA. Utilizado para junção da porção VL do anti-CD3 à

porção constante Cκ, formando a cadeia leve inteira do anti-CD3.

- pMACIA IRES EV – 6,4 kb, derivado do vetor pMAC com substituição do

promotor mínimo de CMV pelo promotor/enhancer de CMV com intron A, íntron de

imunoglobulina no interior da primeira seqüência líder codificadora do peptídio sinal, um

elemento IRES sintético, sinal de poliadenilação SV40 polyA, AmpR, ori ColE1 (Figura 10).

Utilizado para clonagem das cadeias pesada e leve inteiras do anticorpo anti-CD3

humanizado.

Figura 10. Esquema do vetor de expressão pMACIA IRES EV. Siglas – pCMV/IA: promotor de citomegalovírus contendo o íntron A; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada; I Ig: íntron de imunoglobulina presente dentro da sequência de PS I; IRES EV: IRES sintético; PS II: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve e SV40 polyA: sinal de poliadenilação Os sítios de restrição utilizados para a clonagem das cadeias pesada e leve do anticorpo anti-CD3 humanizado foram evidenciados.

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- pGEM-T Easy (Promega) – vetor comercial de 3,15 kb, constituído pelo promotor

T7 e SP6, múltiplos sítios de clonagem, gene αLacZ, gene da β-lactamase, origem de

replicação de fago (f1 ori) e origem de replicação plasmidial. Utilizado para a clonagem de

produtos de PCR.

- pLXIN (Clontech) - vetor comercial de 6,1 kb, possui um elemento IRES, NEOR,

sítio múltiplo de clonagem, os elementos virais 5' MoMuSV LTR e 3' MoMuLV LTR,

AmpR, ori ColE1. Utilizado como doador da porção IRES Neo para construção das versões

bicistrônicas e tricistrônicas do anticorpo.

- pGFP/NEO – 11,2 kb, Possui promotor de timidina quinase (pTK), NEOR, sítio

múltiplo de clonagem, sinal de poliadenilação TkpA, promotor pRSV-LTR, sinal de

poliadenilação SV40polyA, origem de replicação ORI e gene da β-lactamase (bla). Utilizado

para visualização da eficiência das transfecções por possuir o gene repórter que codifica a

proteína fluorescente verde (GFP, do inglês, Green Fluorescent Protein).

3.1.3 Oligonucleotídeos utilizados para seqüenciamento, clonagem e reações de PCR

Os oligonucleotídeos foram fornecidos pela IDT® e solubilizados em água Mili-Q

para concentração de uso de 10 ρmoles/µL. A tabela 2 mostra as seqüências de cada um dos

oligonucleotídeos.

Tabela 2. Oligonucleotídeos sintéticos utilizados.

Oligo Seqüência Utilização

M13 Universal

5’ GTAAAACGACGGCCAGT 3’ Sequenciamento de fragmentos de PCR clonados no vetor pGEM T- easy.

M13 Reverso

5’ CAGGAAACAGCTATGAAC 3’ Sequenciamento de fragmentos de PCR clonados no vetor pGEM T- easy.

CH22026

reverso

5’ GGGGGAAGAGGAAGACTGAC 3’ Seqüenciamento da cadeia pesada clonada no plasmídio pMACIA IRES EV. Anela na região Fc da cadeia.

CH22166

reverso 5’ CGGCTTTGTCTTGGCATTAT 3` Seqüenciamento da cadeia pesada

clonada no plasmídio pMACIA IRES EV. Anela na região Fc da cadeia.

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Cκ reverso 5’ GCGTTATCCACCTTCCACTG 3’ Seqüenciamento da porção VL da cadeia leve clonada no plasmídio pMACIA IRES EV. Anela na região Cκ da cadeia.

CH1 reverso 5’ GGGAAGTAGTCCTTGACCAG 3’ Seqüenciamento da porção VH da cadeia pesada clonada no plasmídio pMACIA IRES EV. Anela na região Fc da cadeia.

CMV 3’ reverso

5’ ATGGCGGTCATATTGCAGAT 3’ Seqüenciamento da cadeia leve clonada no plasmídio pMACIA IRES EV. Anela ao final do vetor.

CH123 509

5’ TAATGCCCAGACAAAGCCGCGGGAGGAG 3’ Utilizado para construção da versão monocistônica HL. Iniciador de PCR para a amplificação da porção Fc e inserção de seqüência codificadora do sítio clivável por furina. Anela na posição 509 da porção Fc da cadeia pesada.

CH123 reverso

5’CAGATCTCGACGGGCTCTAGGGG CTAGCGAGAGGCTCTTCTGCG 3’

Utilizado para construção da versão monocistônica HL. Iniciador de PCR para a amplificação da porção Fc e inserção de seqüência codificadora do sítio clivável por furina. Anela ao final da porção Fc da cadeia pesada e insere a seqüência do sítio clivável por furina ao final dela. Adiciona um sítio de Bgl II.

Linker LH fur

5’ CCGGCTAGATCTGCTTCTCGAGATATC 3’ Utilizado para construção da versão monocistônica LH Utilizado para a construção da versão monocistrônica LH. Anela-se ao Linker LH fur reverso

Linker LH fur reverso

5’ CCGGGATATCTCGAGAAGCAGATCTAG 3’ Utilizado para construção da versão monocistônica LH Quando anelado ao Linker LH fur gera sítios de Bgl II, Xho I e Xma I.

LH VL 5’ TTGTCAGCAGTATAGTAAGTTCCCATTCAG GTTCGGCTCGGG 3’

Utilizado para construção da versão monocistônica LH. Iniciador de PCR para a amplificação da porção Cκ e inserção de seqüência codificadora do sítio clivável por furina. Anela ao final da porção VL da cadeia leve.

LH CK fur 5’ CCCGGGGAGCTCTCTCCGAGCTCGGGATCC ACACTCTCCCCTGTT 3’

Utilizado para construção da versão monocistônica LH. Iniciador de PCR para a amplificação da porção Cκ e inserção de seqüência codificadora do sítio clivável por furina. Anela ao final da porção Cκ da cadeia leve e insere a seqüência do sítio clivável por furina ao final dela. Adiciona um sítio de Xma I.

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28

3.1.4 Soluções estoques de Inibidores de Proteases

PMSF (Phenilmethylsulfonyl Fluoride) 0,1 M

Solubilizado em isopropanol e estocado a temperatura ambiente por até 1 ano. É um

inibidor de serino e tiol proteases como, por exemplo, tripsina, quimiotripsina, trombina,

papaína etc. Adicionar a uma concentração final de 1 mM.

EDTA (Ácido Tetracético Etilenodiamina) 0,5M

Solubilizado em água, pH 8-9, estocado a 4°C por até 6 meses. É um inibidor de

metaloproteases. Adicionar a uma concentração final de 5 mM.

3.1.5 Meios de Cultura e soluções para bactérias

Meio LB (Luria-Bertani)

Peptona de caseína 1,0% (p/v)

Extrato de levedura 0,5% (p/v)

NaCl 1,0% (p/v)

pH 7,0.

Meio LB ágar

Meio LB adicionado de ágar bacteriológico a 1,4% (p/v).

Meio SB (Super Broth)

Peptona de caseína 3,0% (p/v)

Extrato de levedura 2,0% (p/v)

MOPS 1,0% (p/v)

pH 7,0.

Meio SOB

Bacto-triptona 2,0% (p/v)

Extrato de levedura 0,5% (p/v)

NaCl 0,06% (p/v)

KCl 0,002% (p/v)

pH 7,0.

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29

Meio SOC

Meio SOB 98 mL

Solução estoque de Mg2+

2 M 1 mL

Solução estoque de glicose 2 M 1 mL

Solução estoque de glicose 2 M

Esterilizada por filtração e estocada a 4ºC.

Solução estoque de Mg 2 M

MgCl2 1 M

MgSO4 1 M

Esterilizada por filtração e estocada a 4ºC.

Após dissolver os reagentes em água, todos os meios de cultura foram autoclavados a

120°C por 20 minutos.

3.1.6 Antibióticos

Ampicilina

A ampicilina liofilizada foi ressuspendida em água destilada na concentração de 20 a

50 mg/mL. Após a ressuspensão, ela foi esterilizada por filtração em membrana Millipore de

0,22 μm. Após a filtração, ela foi estocada a -20ºC e protegida da luz. Este antibiótico foi

utilizado como marca de seleção para plasmídios transformados em células de E. coli.

Tetraciclina

A tetraciclina liofilizada foi ressuspendida em água destilada na concentração de 50

mg/mL e esterilizada por filtração em membrana Millipore de 0,22 μm. Após a filtração, ela

foi estocada a -20ºC e protegida da luz. Este antibiótico foi utilizado para a semeadura e

manutenção de células E. coli das linhagens XL1-blue e XL10-gold, que possuem o gene de

resistência a esse antibiótico.

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30

3.1.7 Meios de cultura e soluções para cultura de células de mamíferos

Meio HAM-F12 com L-glutamina a 2 mM (Invitrogen®

, no catálogo: 21700-075)

Meio Base 1 pacote

NaHCO3

1,176 g

dH2O q.s.p 1 L

pH 7,4

DMEM (Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium) (Invitrogen®

, no catálogo: 12800-017)

Meio Base 1 pacote

NaHCO3

3,7 g

dH2O q.s.p 1 L

pH 7,4

Meio de Congelamento de Células

DMEM

Soro Fetal Bovino 20% (v/v)

DMSO 5% (v/v)

Solução salina balanceada sem Cálcio e Magnésio (BSS.CMF)

NaCl 8 g

KCl 0,4 g

Na2HPO

4 0,048 g

KH2PO

4 0,06 g

Glicose 1 g

Vermelho de fenol 0,01 g

dH2O q.s.p. 1 L

pH 7,4

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31

Tripsina-EDTA (Invitrogen®

, no catálogo: 27250-018)

Tripsina 2,5 g

EDTA 0,38 g

BSS.CMF qsp 1 L

pH 8,0

Soro Fetal Bovino (Invitrogen®

, no catálogo: 10438-026)

Estocar de -5 a -20 oC.

Adicionado ao meio de cultura Ham-F12 com L-glutamina à concentração de 1,25%, 2,5%,

5% ou 10% (v/v).

Soro Fetal Bovino, Ultra low – IgG (Invitrogen®

, no catálogo: 16250-086)

Estocar de -5 a -20 oC.

Adicionado ao meio de cultura Ham-F12 com L-glutamina à concentração de 1,25% (v/v).

Antibiótico/Antimicótico 100X (GIBCO)

Penicilina 10.000U

Estreptomicina 10.000μg

Anfotericina B 25μg/mL

Preparada em 0,85% de salina

Solução utilizada como antibacteriano e antimicótico que foi adicionada aos meios de

cultura das células de mamífero, na concentração final 1X.

Geneticina – G418 (GIBCO)

A geneticina liofilizada foi ressuspendida em água Mili-Q na concentração de 50

mg/mL. Após a ressuspensão, ela foi esterilizada por filtração em membrana Millipore de

0,22 μm. Após a filtração, ela foi estocada a 4ºC e protegida da luz. Este antibiótico foi

utilizado como marca de seleção em transfecções estáveis para plasmídios que continham o

gene de resistência a geneticina (NEOR).

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32

Azul de Tripan

Corante Azul de Tripan 400 mg

PBS pH 7,2 q.s.p. 100 mL

Reagente de transfecção PolyFect® (Qiagen, no de catálogo 301105)

Esse reagente de transfeção é um dendrímero ativado que possui uma carga positiva,

que permite sua ligação a receptores carregados negativamente na superfície de células

eucarióticas. Uma vez dentro da célula, o reagente PolyFect® tamponiza o pH do lisossomo e

assegura a estabilidade de o transporte do DNA intacto até o núcleo.

Reagente de transfecção Lipofectamine LTXTM (Invitrogen, no de catálogo 15338-100)

É um lipídio catiônico cuja formulação específica permite a transfecção de diversas

linhagens de células de mamífero, com uma grande eficiênia e baixa toxicidade.

3.1.8 Soluções e tampões de uso geral

Azida Sódica – Solução estoque 100X

Azida sódica 5% (p/v)

Esta solução era utilizada para a conservação dos tampões PBS e PBS-T e nas soluções

estoque dos anticorpos em concentração final de 0,05% (p/v).

Tampão TE

Tris-HCl pH 8,0 10 mM

EDTA pH 8,0 1 mM

Tampão Tris

Tris-HCl pH 8,0 10mM

Glicogênio

Glicogênio 20mg/mL

Glicerol – Solução estoque

Glicerol 50% (v/v)

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33

Tampão PBS (Phosphate-Buffered Saline) 10X, pH 7,4

NaCl 1,5 M

Na2HPO

4 0,1 M

NaN3 0,02% (p/v)

Tampão PBST 1X, pH 7,4

PBS 1X acrescido de Tween 20 na concentração final de 0,1% (v/v)

3.1.9 Soluções e material para preparo de células competentes e transformação

bacteriana

Solução de CaCl2

CaCl2 50 mM

Esterilizada por filtração e estocada a 4ºC

Solução de CaCl2 + 15% de Glicerol (v/v)

CaCl2 50 mM

Glicerol 15%

Esterilizada por filtração e estocada a 4ºC

Solução de Glicerol

Glicerol 10% (v/v)

Solução de X-Gal

Solução de 5-bromo-4-cloro-3-indolil-β-D-galactosídeo (X-Gal) dissolvido em N,N-

dimetilformamida em solução estoque de 2,5%. Solução armazenada a -20ºC e protegida da

luz. Usada no meio de cultura na proporção de 1:100.

Solução de IPTG

Solução de isopropil-tio-β-D-galactosídeo (IPTG) dissolvido em água em solução

estoque de 100 mM e esterilizado por filtração em membrana Millipore de 0,22 μm. Usada no

meio de cultura na proporção de 1:1000.

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34

Cubetas de eletroporação (BioAgency®

, no catálogo: 165-2086N)

3.1.10 Soluções para extração de DNA plasmidial

Solução I

Tris-HCl pH 8,0 25 mM

EDTA pH 8,0 10 mM

Glicose 50 mM

Solução II

NaOH 0,2 M

SDS 1,0% (p/v)

Solução III

Acetato de potássio 3 M

Ácido Acético 2 M

pH ajustado para 4,8 - 5,0

RNAse A

RNAse A (Invitrogen®

, no de catálogo 12091-021).

Clorofane

Fenol equilibrado em pH 7,6 1 v

Clorofórmio 1 v

Β-hidroxiquinilona 0,05% (p/v)

Equilibrado com 0,1 v de Tris-HCl 100 mM pH 7,6

Clorofil

Clorofórmio 24 v

Álcool isoamílico 1 v

Equilibrado com 0,25 v de tampão TE

Etanol 100%

Etanol 100% (v/v)

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35

Etanol 70%

Etanol 70% (v/v)

Isopropanol 100%

Isopropanol 100% (v/v)

Acetato de sódio 3 M, pH 4,8

Utilizada para precipitação de DNA em preparação de pequena escala.

Acetato de amônio 7,5 M

Utilizada para precipitação de DNA em preparação de larga escala.

3.1.11 Tampões de Endonucleases de Restrição

3.1.11.1 Fermentas®:

TangoTM (10X) Tris-Acetato pH 7,9 33 mM

Acetato de Magnésio 10 mM

Acetato de Potássio 66 mM

BSA 0,1 mg/mL

Fast Digest Buffer TM (10X) 3.1.11.2 New England Biolabs

®:

NEBuffer 1 (1X)

Bis-Tris-propano-HCl pH 7,0 10 mM

MgCl2 10 mM

DTT 1 mM

NEBuffer 2 (1X)

Tris-HCl pH 7,9 10 mM

MgCl2 10 mM

DTT 1 mM

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36

NEBuffer 3 (1X)

Tris-HCl pH 7,9 150 mM

MgCl2 10 mM

NaCl 100 mM

DTT 1 mM

NEBuffer 4 (1X)

Tris-Acetato pH 7,9 20 mM

Acetato de Magnésio 10 mM

Acetato de Potássio 50 mM

DTT 1 mM

NEBuffer EcoRI (1X) Tris-HCl pH 7,5 100 mM

MgCl2 10 mM

NaCl 50 mM

Triton X-100 0,025% (v/v)

3.1.11.3 Promega®:

Buffer A (1X) Tris-HCl pH 7,5 6 mM

MgCl2 6 mM

NaCl 6 mM

DTT 1 mM

Buffer H (1X) Tris-HCl pH 7,5 90 mM

MgCl2 10 mM

NaCl 50 mM

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37

3.1.12 Tampões de outras reações

Tampão da polinucleotídeo quinase 10X (New England Biolabs

®)

Tris-HCL pH 7,6 660 mM

MgCl2 100 mM

DTT 100 mM

BSA 2 mg/mL

Tampão SAP (Fosfatase alcalina de camarão) (Promega

®)

Tris-HCl pH 9,0 500 mM

MgCl2 100 mM

Tampão de Reação da Taq DNA Polimerase CENBIOT/RS 10X

Tris-HCl 0,1M

KCl 0,5M

BSA 0,1% (p/v)

Na PCR foi adicionado cloreto de magnésio para uma concentração final de 1mM e

uma mistura de dNTPs (dGTP, dATP, dCTP e dTTP) na concentração de 10 mM cada.

Tampão de Anelamento de Oligonucleotídeos

Tris-HCl 1M

MgCl2 100mM

pH 7,6

Tampão de Reação 5X da T4 DNA ligase (Invitrogen®

)

Tris-HCl 250 mM

MgCl2 50 mM

ATP 5 mM

DTT 5 mM

PEG-8000 25% (p/v)

pH 7,6

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38

Tampão de Reação 10X da T4 DNA ligase (Biolabs®

)

Tris-HCl pH 7,5 500 mM

MgCl2 100 mM

DTT 100 mM

ATP 10 mM

Tampão de Reação 10X da T4 DNA ligase (Promega

®)

Tris-HCl pH 7,6 300mM

MgCl2 100mM

DTT 100mM

ATP 10mM

3.1.13 Endonucleases de restrição

3.1.13.1 Fermentas®:

Bcu I (2U/ μL)

Bgl II (5U/ μL)

Cfr9 I (1,5U/ μL)

EcoR I (5U/ μL)

Mlu I (1U/ μL)

Nhe I (1U/ μL)

Psi I (1,5U/ μL)

Sma I (1,2U/ μL)

Xba I (1,5U/ μL)

3.1.13.2 New England Biolabs®:

Ava I (10U/ μL)

Avr II (4U/ μL)

BamH I (20U/ μL)

Bgl II (10U/ μL)

EcoR I (20U/ μL)

Hind III (20U/ μL)

Kpn I (10U/ μL)

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39

Nco I (10U/ μL)

Nde I (20U/ μL)

Nhe I (10U/ μL)

Not I (2,5U/ μL)

Pvu II (5U/ μL)

Sac I (20U/ μL)

Sac II (20U/ μL)

SnaB I (2,5U/ μL)

Sfi I (20U/ μL)

Spe I (10U/ μL)

Sma I (20U/ μL)

Stu I (10U/ μL)

Xba I (20U/ μL)

Xho I (20U/ μL)

Xma I (10U/ μL)

3.1.13.3 Promega®:

Apa I (10U/ μL)

Pst I (10U/ μL)

3.1.14 Outras enzimas

T4 DNA Ligase (1U/μL) (Invitrogen

®)

T4 DNA Ligase (1U/μL) (New England Biolabs®

)

T4 DNA Ligase (1U/μL) (Promega®

)

T4 Polinucleotídeo Quinase (1U/μL) (New England Biolabs®

)

Fosfatase Alcalina de Camarão (SAP) (1U/μL) (Promega®

)

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Fragmento Klenow da DNA polimerase (0,5U/μL) (Invitrogen®

)

Taq DNA polimerase (2U/μL) (Cenbiot/RS®

)

3.1.15 Soluções e reagentes para eletroforese em gel de agarose e de poliacrilamida

Tampão de corrida TEB 10X

Trizma base 0,89 M

Ácido Bórico 0,89 M

EDTA pH 8,0 0,02 M

dH2O q.s.p. 1 L

Tampão de corrida TAE 50X

Tampão Tris-Acetato 2 M

Trizma-base 242 g

Ácido Acético Glacial 57,10 mL

EDTA pH 8,0 0,05 M

dH2O q.s.p. 1 L

Tampão de amostra para gel de agarose 10X

Tampão de corrida TEB 20X 50% (v/v)

Glicerol 50% (v/v)

Azul de Bromofenol 0,1% (p/v)

Xileno Cianol 0,1% (p/v)

Solução de brometo de etídeo 20.000X

Brometo de etídeo 10 mg/mL

Tampão de corrida para SDS-PAGE 5X

Trizma base 125 M

Glicina 125 mM

SDS 0,5% (p/v)

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41

Tampão de amostra 5X para SDS-PAGE

Tris-HCl pH 6,8 250 mM

SDS 10% (p/v)

Glicerol 50% (v/v)

ß-mercaptoetanol 10% (v/v)

Azul de bromofenol 0,5% (p/v)

Acrilamida 30% (29:1)

Acrilamida 145 g

Bis-acrilamida 5 g

dH2O q.s.p. 500 mL

Estocar a 4ºC ao abrigo da luz.

Tris-HCl 1,5 M, pH 8,8

Tris 36,34 g

dH2O q.s.p. 200 mL

Tris-HCl 0,5M, pH 6,8

Tris 12,11 g

dH2O q.s.p. 200 mL

SDS 10%

SDS 10 g

dH2O q.s.p. 100 mL

APS 10% (p/v)

Persulfato de amônio 100 mg/mL de água

TEMED (N,N,N’,N’- tetrametil etilenodimetilamina)

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Gel Concentrador SDS-PAGE

Solução Acrilamida/Bis-acrilamida (29:1) 4% (p/v)

Tris-HCl pH 6,8 125 mM

SDS 0,1% (p/v)

APS 0,1% (p/v)

TEMED 0,01% (p/v)

Gel Separador SDS-PAGE

Solução Acrilamida/Bis-acrilamida (29:1) 10% (p/v)

Tris-HCl pH 8,8 400 mM

SDS 0,1% (p/v)

APS 0,1% (p/v)

TEMED 0,01% (p/v)

3.1.16 Soluções e materiais para os ensaios imunológicos (ELISA, Western e Dot blot)

Tampão de Fosfatase Alcalina (APB)

Tris-HCl pH 9,5 100 mM

NaCl 100 mM

MgCl2 5 mM

Tampão para Transferência Semi-Seca de Proteínas

Trizma-base 48 mM

Glicina 39 mM

SDS 0,037% (p/v)

Metanol 20% (v/v)

Solução de Bloqueio

Leite em pó desnatado 5% (p/v)

Dissolvido em PBST 1X

Solução Reveladora para ELISA

pNPP (para-nitro-fenil-fosfato) 1 mg/mL

Dissolvido em APB

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Solução Reveladora para Western e Dot blot

O NBT (Nitro Blue Tetrazole) e o BCIP (5-Bromo-4-Cloro-indolil fosfato) eram

preparados numa solução estoque de 50 mg/mL. O NBT solubilizado em N,N-dimetil

formamida e o BCIP , em água. Para preparar 10 mL da solução reveladora, 66 µL do estoque

de NBT eram adicionados em 10 mL de APB e em seguida 33 µL do estoque de BCIP. Esta

ordem deve ser respeitada para se evitar a precipitação dos reagentes.

Membrana de Nitrocelulose

Hybond-C Extra (Amersham®

Bioscience nº. catálogo. RPN 303E)

Placas de microtitulação de poliestireno com 96 poços com fundo chato para ELISA

(Nunc®

Maxisorp, no catálogo: 456537)

3.1.17 Coluna de cromatografia de afinidade

HiTrapTM

Protein A HP 1mL (GE lifescience, nº. catálogo. 17-0402-01). Para purificação dos

anticorpos recombinantes.

3.1.18 Soluções para cromatografia de afinidade

Tampão de ligação HiTrap Protein A

Fosfato de Sódio 20 mM, pH 7,0

Filtrado em membrana com poros de 0,45 µm

Tampão de Eluição HiTrap Protein A

Ácido Cítrico 0,1 M, pH 3,5 para eluição das proteínas recombinantes e pH 2,0 para limpeza.

Filtrados em membrana com poros de 0,45 µm

3.1.19 Materiais utilizados para concentração de sobrenadantes de cultura e proteínas

purificadas

Concentradores Amicon®

Bioseparations:

- Centricon YM-50 (nº. catálogo 4225)

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44

3.1.20 Marcadores moleculares para DNA e proteína

1 kb plus DNA Ladder – (Invitrogen®

nº. catálogo. 10787-026)

Fragmentos de DNA em pb: 100; 200; 300; 400; 500; 650; 850; 1.000; 1.650; 2.000; 3.000;

4.000; 5.000; 6.000; 7.000; 8.000; 9.000; 10.000; 11.000; 12.000.

Low Mass DNA Ladder (Invitrogen

® nº. catálogo. 10068-013)

Mistura equimolar de fragmentos de DNA em pb de 2.000; 1.200; 800; 400; 200 e 100.

Utilizando 2 µL do marcador, corresponde a massa de 100; 60; 40; 20; 10 e 5 ng,

respectivamente.

High Mass DNA Ladder (Invitrogen®

nº. catálogo 10496-016)

Mistura equimolar de fragmentos de DNA em pb de 10.000; 6.000; 4.000; 3.000; 2.000 e

1.000. Utilizando 2 µL do marcador, corresponde a massa de 100; 60; 40; 30; 20 e 10 ng,

respectivamente.

Page RulerTM

Prestained Protein Ladder Plus (Fermentas®

nº. catálogo SM1811)

Fragmentos de proteínas em kDa: 250; 130; 100; 70; 55; 35; 27; 15 e 10.

Unstained Protein Molecular Weight Marker (Fermentas®

nº. catálogo SM0431)

Fragmentos de pretaínas em kDa: 116; 66,2; 45; 35; 25; 18,4; 14,4.

3.1.21 Kits comerciais

QIAGEN Plasmid Midi Kit 100 – Para preparação plasmidial em escala intermediária

(Qiagen®

, nº. catálogo 12145).

QIAGEN Plasmid Maxi Kit 25 – Para preparação plasmidial em larga escala (Qiagen

®, nº.

catálogo 12163).

QIAprep Spin Miniprep Kit (250) - Para preparação plasmidial em pequena escala

(Qiagen®

, nº. catálogo 27106).

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Qiaquick Gel Extraction kit 50 – Para extração de DNA de gel de agarose (Qiagen®

, nº.

catálogo 28704).

Invisorb Fragment CleanUp - Para extração de DNA de gel de agarose (Invitek®

, nº.

catálogo 10203002).

Qiaquick PCR purification kit 50 – Para purificação de DNA para seqüenciamento

(Qiagen®

, nº. catálogo 28104).

Colunas para extração de DNA de gel de agarose por Freeze Squeeze – Ultrafree DA

Centrifugal Unit (Millipore®

, nº. catálogo 42600).

PlusOne Silver Staining kit Protein. Para coloração de géis de poliacrilamida com prata.

(GE lifescience, nº. catálogo. 17-1150-01).

Kit BCA Ácido Bicincrônico - para quantificação de proteínas. Pierce®

(nº. catálogo 23225)

3.1.22 Anticorpos utilizados nos ensaios de ELISA, Western Blot e Dot Blot.

Anti – IgG humana (H + L) feito em cabra (Pierce®

no catálogo: 31119)

Concentração: 1,8 mg/mL

Titulação de uso: 1:1000 (ELISA)

Anti – IgG humana (Fc específico) feito em cabra conjugado com fosfatase alcalina

(Sigma®

no catálogo: A9544)

Concentração: 1 mg/mL

Titulação de uso: 1:5000 (ELISA) e 1:2500 (Western blot e Dot blot)

IgG Humana (Sigma®

no catálogo: K9001)

Concentração: 1 mg/mL

Utilizado à 80, 100 ou 160 ng/mL como padrão nos experimentos de ELISA.

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Anti – IgG humana (Cκ específico) feito em cabra (Pierce®

no catálogo: A9544)

Concentração: 1 mg/mL

Titulação de uso: 1:2500 (Western Blot e Dot Blot)

Anti – IgG de cabra feito em coelho conjugado com fosfatase alcalina (Sigma®

no

catálogo: A-4187)

Concentração: 1 mg/mL

Titulação de uso: 1:2500 (Western Blot e Dot Blot)

3.2 Métodos

3.2.1 Preparação de DNA plasmidial

3.2.1.1 Em pequena escala (adaptado de Sambrook e Russel, 2001).

1- Três mL de cultura de células de E. coli, transformadas com o plasmídio de interesse,

crescidas em meio LB/Amp (150 µg/mL) durante 16 horas a 37ºC, eram coletados por meio

de duas centrifugações de 5 min a 5.000 rpm em microtubos de 1,5 mL, sendo o sobrenadante

desprezado a cada centrifugação.

2- O sedimento era ressuspendido em 200 µL de Solução I. Incubava-se as amostras no gelo

por 5 min.

3- Eram adicionados 400 µL de Solução II e as amostras eram homogeneizadas, por meio de

inversão do tubo várias vezes, e estas eram incubadas à temperatura ambiente por 5 min.

4- Eram adicionados 300 µL de Solução III, o mesmo procedimento de homogeneização era

repetido, e as amostras eram incubadas no gelo por 10 min.

5- As amostras eram centrifugadas a 12.000 rpm por 15 min a 4°C.

6- Ao sobrenadante eram adicionados 5 µL de RNAse A e incubava-se por 1 hora a 37ºC.

7- Eram adicionados 300 µL de clorofane e, após forte homogeneização, as amostras eram

centrifugadas por 5 min a 5.000 g à temperatura ambiente, a fase aquosa era coletada para

outro tubo.

8- Eram adicionados 300 µL de clorofil e o mesmo procedimento anterior de

homogeneização, centrifugação e coleta eram repetidos.

9- Eram adicionados 2v de etanol absoluto gelado e as amostras eram incubadas a -20ºC por

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no mínimo 2 horas.

10- As amostras eram centrifugadas a 12.000 rpm por 45 min a 4ºC. O sobrenadante era

desprezado.

11- Era adicionado 1 mL de etanol 70% gelado e as amostras eram novamente centrifugadas a

12.000 rpm por 15 min a 4ºC. O sobrenadante era desprezado.

12- O sedimento era seco a vácuo ou por simples exposição ao ar.

13- O sedimento era ressuspendido em 50 µL de TE e as amostras conservadas a -20ºC.

3.2.1.2 Em larga escala (adaptado de Sambrook e Russel, 2001).

1- Duzentos mL de cultura de células de E. coli, transformadas com o plasmídio de interesse,

crescidas em meio LB/Amp (150 µg/mL) durante 16 horas a 37ºC, eram coletados por meio

de centrifugação de 15 min a 3.000 x g, desprezando-se o sobrenadante.

2- O sedimento era ressuspendido em 5 mL de Solução I sob forte agitação. As amostras eram

incubadas no gelo por 10 min.

3- Eram adicionados 10 mL de Solução II e as amostras eram homogeneizadas, por meio de

inversão do tubo várias vezes. Estas eram incubadas à temperatura ambiente por 5 min.

4- Eram adicionados 7,5 mL de Solução III, o mesmo procedimento de homogeneização era

repetido, e as amostras eram incubadas no gelo por 10 min.

5- As amostras eram centrifugadas a 10.000 x g por 30 min a 4°C.

6- O sobrenadante era filtrado em papel de filtro e ao sobrenadante eram adicionados 0,6v de

isopropanol. Após uma incubação de 5 min à temperatura ambiente, as amostras eram

centrifugadas a 12.000 x g por 20 min a temperatura ambiente.

7- O sobrenadante era descartado e, após a secagem por exposição ao ar, o sedimento era

ressuspendido em 500 µL de TE ao qual eram adicionados 10 µL de RNAse A. As amostras

eram incubadas por 1 hora a 37ºC.

8- Era adicionado 1v de clorofane e, após forte homogeneização e centrifugação de 5 min a

5.000 x g à temperatura ambiente, a fase aquosa era coletada para outro tubo.

9- O passo anterior era repetido mais uma vez.

10- Era adicionado então 1v de clorofil e o mesmo procedimento anterior de homogeneização,

centrifugação e coleta eram repetidos.

11- Eram adicionados 0,5v de acetato de amônio 7,5M e 2,0v de etanol 100% gelado e as

amostras eram incubadas por, no mínimo 2 horas a -20ºC.

11- As amostras eram centrifugadas a 12.000 rpm por 45 min a 4ºC. O sobrenadante era

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desprezado.

12- Era adiconado 1 mL de etanol 70% gelado e as amostras eram novamente centrifugadas a

12.000 rpm por 15 min a 4ºC. O sobrenadante era desprezado.

13- O sedimento era seco a vácuo ou por simples exposição ao ar.

14- O sedimento era ressuspendido em 200 µL de TE. E as amostras conservadas a -20ºC.

3.2.2 Digestão do DNA plasmidial com enzimas de restrição.

As digestões dos plasmídios utilizados com enzimas de restrição eram realizadas

conforme instruções dos fabricantes. O tempo de incubação e a quantidade de material a ser

digerido variavam de acordo com o interesse do experimento realizado.

3.2.3 Análise de DNA plasmidial em gel de agarose (Sambrook e Russel, 2001).

A agarose era preparada numa concentração de 0,7 a 1,0% em tampão TEB 1X ou

TAE 1X com 0,5 µg/mL de brometo de etídeo. As amostras de DNA eram aplicadas com

tampão de amostra para gel de agarose no gel e eram submetidas à eletroforese em tampão

TEB ou TAE 0,5X, como descrito por (Sambrook e Russel, 2001). Para visualização do DNA

luz ultravioleta eram incididas no gel utilizando um transluminador (Pharmacia-LKB®

) e a

imagem era digitalizada em aparato de fotodocumentação.

3.2.4 Eluição de fragmentos de DNA de gel de agarose

Após eletroforese os fragmentos de DNA a serem eluídos eram cortados do gel de

agarose. A eluição do DNA do gel era feita de acordo com as instruções do fabricante do kit

utilizado (Qiaquick Gel Extraction kit, Qiagen®

ou Invisorb Fragment CleanUp, Invitek®

) ou

submetido ao Freeze-Squeze:

1 – A banda do gel contendo o DNA era cortada e transferida para uma bolsa feita utilizando

um pedaço de Parafilm®

. As duas extremidades da bolsa eram reunidas e seladas com o

auxílio da parte cônica de um microtubo de 1,5 mL. A banda era inserida dentro da bolsa pela

parte não selada.

2 – A bolsa contendo o fragmento era congelada a -40oC.

3 - Após o total congelamento, a porção plana da tampa de um microtubo de 1,5 mL era

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utilizada para macerar o fragmento até se liquefazer.

4 – O líquido e o gel eram transferidos para colunas Ultrafree DA Centrifugal Unit

(Millipore®

).

5 – O material era centrifugado por 5 minutos a 12.000 x g a temperatura ambiente.

6 - Após a centrifugação o material era precipitado com a adição de 0,1 v de acetato de sódio

3M, 60 µg de glicogênio e 2,5v etanol 100% gelado. As amostras eram incubadas a -20ºC

durante a noite para um melhor rendimento da precipitação.

3.2.5 Reação de Desfosforilação com a fosfatase alcalina de camarão (SAP)

Essa enzima tem a capacidade de remover o grupo fosfato presente nas extremidades

5` de dsDNA digeridos com enzimas de restrição. Dessa forma, ela impede uma auto-ligação

do DNA plasmidial digerido sem a inserção do inserto.

1 – Dois a quatro µg de dsDNA eram incubados com 5 µL da fosfatase alcalina e tampão

apropriado da enzima em 1X para um volume final de 50 µL por 1h a 37oC.

2 – O sistema era inativado por 15 minutos a 65oC. A partir desse ponto, o sistema era

utilizado em sistema de ligação para posterior transformação de células competentes E. coli.

3.2.6 Reação de polimerização de extremidades de DNA utilizando o fragmento Klenow

da DNA polimerase I (Invitrogen®)

Para a extensão das extremidades coesivas geradas por meio de digestão com enzima

de restrição, uma mistura de dNTP era utilizada na concentração final da reação de 1mM e

0,5U de enzima para cada 100 ng de material utilizado na digestão. O tampão utilizado foi o

tampão da própria enzima de restrição utilizada para a digestão do DNA, visto que o

fragmento Klenow tem atividade ótima em qualquer tampão. A reação ocorreu a 37ºC durante

40 minutos e depois a enzima foi inativada a 65º C por 20 minutos.

3.2.7 Reação de anelamento de oligonucleotídeos

Cem ρmoles de cada oligonucleotídeo eram colocados em um microtubo de 1,5mL,

juntamente com 6,6 μL de tampão de anelamento e água MiliQ para um volume final de 50

μL. Essa mistura era fervida durante 10 minutos, e depois a temperatura do banho caía

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lentamente, até que fosse atingida a temperatura ambiente. Esse processo durou cerca de 3

horas. A partir daí, os oligonucleotídeos anelados já estavam prontos para a reação de ligação

aos vetores plasmidiais.

3.2.8 Amplificação dos fragmentos Fc e Cκ para inserção da seqüência codificadora de

um sítio clivável por furina – PCR

As reações de PCR eram feitas da seguinte forma:

3.2.8.1 Amplificação do fragmento Fc fur

DNA molde (pMACIA HIL anti-CD3) 50ηg

Primer 5’ 10μM

Primer 3’ 10μM

Tampão de reação da enzima 10X 1X

MgCl2 2mM

dNTPs 0,25mM de cada

Taq DNA polimerase 2U/μL

O volume final de reação era de 50μL e a reação era feita no termociclador Eppendorf

nas seguintes condições:

1) 94ºC 3 min

2) 30 ciclos: 68 ºC 1 min

72 ºC 2 min 30seg

94 ºC 1 min

3) 72ºC 10 min

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3.2.8.2 Amplificação do fragmento Cκ fur

DNA molde (pMACPS VLCκ anti-CD3) 50ηg

Primer 5’ 10μM

Primer 3’ 10μM

Tampão de reação da enzima 10X 1X

MgCl2 2mM

dNTPs 0,25mM de cada

Taq DNA polimerase 2U/μL

O volume final de reação era de 50μL e a reação era feita no termociclador Eppendorf

nas seguintes condições:

1) 94ºC 3 min

2) 30 ciclos: 65 ºC 1 min

72 ºC 2 min 30seg

94 ºC 1 min

3) 72ºC 10 min

3.2.9 Ligação de fragmentos de DNA

As concentrações de DNA (vetor e inserto) utilizadas nos sistemas de ligação variaram

de acordo com o experimento, sendo normalmente uma razão molar que variou de 1:1,5 a 1:5,

aplicando-se a seguinte fórmula:

ηg vetor x tamanho do inserto em pb x razão inserto = ηg de inserto

tamanho do vetor em pb vetor

As reações de ligação eram preparadas em tampão de ligase 1X contendo 1U de T4

DNA ligase. Os sistemas possuíam 10 a 20 μL de volume final, sendo incubados por 16 horas

a 16ºC ou 4ºC, dependendo do tipo de extremidade do DNA. Após este período, o sistema era

transformado em células competentes de E. coli.

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3.2.10 Preparação de células competentes e transformação bacteriana

3.2.10.1 Por choque térmico-CaCl2 (adaptado de Maranhão, 2003).

1- Eram inoculados 500 µL de um pré-inóculo, feito a partir de uma colônia isolada da célula

de interesse, em 50 mL de meio LB. O inóculo era incubado a 37ºC a 220 rpm até a cultura

atingir uma densidade óptica a 600nm (OD600nm

) de 0,1 a 0,3.

2- O inóculo era centrifugado a 3.000 x g por 15 min a 4ºC, o sobrenadante era desprezado.

(Após essa etapa é importante que em todas as etapas subseqüentes as células sejam mantidas

resfriadas para evitar uma perda de eficiência).

3- O sedimento era ressuspendido em 10 mL de solução de CaCl2 50mM estéril gelada, com

movimentos suaves.

4- Era feita uma centrifugação a 3.000 x g por 15 min a 4ºC, o sobrenadante era desprezado.

5- O sedimento era ressuspendido em 1 mL de solução de CaCl2 50mM estéril gelada, com

movimentos suaves.

6- Após incubação de 1 hora em banho de água/gelo, as células eram aliquotadas e estas

podiam ser utilizadas por um período máximo de 24 horas.

7- Eram incubados de 100 a 200 µL de célula competente com o plasmídio de interesse a ser

transformado em banho de água/gelo por 30 min.

8- O choque térmico era realizado por meio de incubação do sistema de transformação em

banho a 42ºC por 3 min.

9- Era adicionado imediatamente 1 mL de meio LB e o sistema era incubado por 1 h a 37ºC.

10- Eram semeadas quantidades variáveis do sistema de transformação em placas contendo

meio LB-ágar contendo ampicilina a 150 µg/mL. As placas eram mantidas na estufa a 37ºC

por 16 horas.

3.2.10.2 Por eletroporação (adaptado de Maranhão, 2003).

1- Uma colônia isolada da célula de interesse era inoculada em 10 mL de meio SB contendo o

antibiótico de interesse. Esse pré-inóculo era mantido a 37º sob agitação de 220 rpm por 16

horas.

2- Era inoculado 1 mL do pré-inóculo em 500 mL de meio SB contendo 2,5 mL da solução

estoque de glicose 2M e 2,5 mL da solução estoque de Mg 2M. O inoculo era incubado a

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37ºC a 220 rpm até a cultura atingir uma OD600nm

de 0,7 a 0,9.

2- O inóculo era centrifugado a 3.000 x g por 20 min a 4ºC, o sobrenadante era desprezado e

a célula era mantida sempre gelada a partir desse momento.

3- O sedimento era ressuspendido em 25 mL de glicerol 10% estéril gelado e a seguir eram

adicionados mais 75 mL de glicerol 10% gelado.

4- Era feita outra centrifugação a 3.000 x g por 20 min a 4ºC, repetindo a etapa anterior.

5- O sedimento era ressuspendido em 25 mL de Gilcerol 10% estéril gelado e submetido a

última centrifugação a 3.000 x g por 20 min a 4ºC.

6- O sedimento final era ressuspendido em 1 a 2 mL de glicerol 10% e as células eram

aliquotadas, congeladas em banho de gelo seco com etanol e armazenadas imediatamente a

-80ºC.

7- Para a transformação, o plasmídio era adicionado, já em um tubo resfriado previamente, à

célula competente e imediatamente colocado na cubeta de eletroporação (BioAgency®

)

também já resfriada.

8- A eletroporação era feita seguindo os seguintes parâmetros elétricos: 2,5 kV, 25 µF e 200

Ω, no aparelho Gene Pulser com Pulser Controller da BioRad. O τ esperado nessa condições é

de 4,0 a 5,0 milisegundos.

9- Imediatamente após o choque a cubeta era lavada com 3 mL de meio SOC e o meio era

recolhido para um tubo de centrifugação de 50 mL.

10- Após uma incubação de 1 h a 37ºC e 220 rpm, diluições da transformação eram semeadas

em placas contendo ampicilina a 200 µg/mL. As placas eram mantidas na estufa a 37ºC por

16 horas.

3.2.11 Seqüenciamento automático de DNA e análise de seqüências.

Após ter sido realizada uma análise de restrição, os plasmídios eram seqüenciados

utilizando o seqüenciador automático MegaBACE 500Plus (Molecular Dinamics®

). Eram

utilizadas de 150 a 200 ng do vetor, 5 picomoles do oligonucleotídeo apropriado e o kit

“DyeEnamic ET DYE Terminator Cycle Sequencing”.

As seqüências obtidas por meio do seqüenciamento automático eram analisadas

utilizando ferramentas de bioinformática: Phred e CAP3 disponíveis na página:

www.biomol.unb.br. Depois da análise de qualidade, as seqüências eram submetidas à

ferramenta de procura de alinhamentos básicos locais (BLAST, do inglês, Basic Local

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Alignment Search Tool, www.ncbi.nlm.nih.gov/blast) para análise de identidade com

seqüências já depositadas no GenBank. As seqüências também eram manipuladas e analisadas

com seqüências, depositas em um banco de dados pessoal, utilizando o programa BioEdit

Sequence Aligment Editor (Hall, 2007).

3.2.12 Cultura de células de mamíferos

Durante toda a manutenção da cultura, as células eram observadas em microscópio

invertido Leica DMIL e incubava-se em estufa a 37oC, 5% de CO

2 E 70% de umidade.

3.2.12.1 Congelamento de células de mamíferos – Criopreservação (Ruggiero, 2002).

1 – As células em cultura aderente eram lavadas 3 vezes com BSS.CMF. Após esse

procedimento, eram adicionados 5 mL de tripsina para que as células se soltassem da garrafa

de cultura.

2 – A suspensão celular era então transferida para um tubo de centrifuga de 50 mL, ao qual

eram acionados 5 mL de meio Ham-F12 acrescido de 10% de Soro fetal bovino (SFB), para a

inativação da tripsina que é nociva as células.

3 – As células eram centrifugadas a 130 x g por 8 minutos.

4 – O sobrenadante era descartado e o sedimento era ressuspendido no meio de cultura

remanescente do tubo.

5 – As célulaseram distribuídas em alíquotas de 500 µL em criotubos, onde 500µL de meio de

congelamento eram adicionados.

6 – Os criotubos eram incubados a 4ºC por 30 minutos, depois a – 20ºC por 30 minutos e

depois a – 80ºC durante a noite. As células poderiam permanecer estocadas a esta temperatura

ou ser transferidas para a estocagem em nitrogênio líquido.

3.2.12.2 Descongelamento de células de mamíferos (Ruggiero, 2002).

1 – Os criotubos eram transferidos para um banho de 37ºC até o total descongelamento das

células.

2 – As células eram plaqueadas em densidade de 2 x 102 células por garrafa de 25cm

2 em

meio Ham-F12 acrescido de 10% SFB.

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3.2.12.3 Tripsinização, passagem das células e formação de monocamada celular

(Ruggiero, 2002).

Quando as células atingiam a confluência total e cobrem 100% de toda superfície da

placa de cultura, elas deveriam ser repicadas.

1 – O meio de cultura da garrafa era descartado.

2 – Eram adicionados à garrafa 5 mL de tripsina numa concentração de 1:250.

3 – Após 3 minutos, as células começaram a se descolar da superfície da garrafa. O

descolamento das células era acompanhado por visualização a olho nu.

4 – A tripsina era neutralizada com cerca de 5 mL de meio acrescido de 10% de SFB.

5 – A suspensão celular era transferida para tubos falcon de 50 mL, e centrifugados a 130 x g

por 8 minutos.

6 – O sobrenadante era descartado e o sedimento ressuspenso em 3 mL de meio acrescido de

SFB.

7 – Era transferida toda a população células por garrafas de 75 cm2 ou 150 cm

2 contendo 10

mL ou 30 mL de meio acrescido de SFB.

3.2.12.4 Estimativa do número de células por meio de contagem em câmara de Neubauer

(adaptado de Spector et al., 1998).

1 – As células eram tripsinizadas e ressuspensas em 1mL de meio de cultura.

2 – A câmara de Neubauer era coberta com a lamínula e eram aplicados 10µL de suspensão

de células em cada compartimento da Câmara. Caso alguma diluição tivesse sido necessária, o

número de células contado era multiplicado por esse fator de diluição.

3 – As células eram observadas em microscópio óptico (na objetiva com aumento de 40

vezes) e contadas nos quadrantes. Em seguida, era utilizada a fórmula:

número de células contadas X fator de diluição X 104 = nº de células / mL

número de quadrantes contados

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3.2.12.5 Determinação Viabilidade celular (adaptado de Spector et al., 1998).

1 – As células eram tripsinizadas e transferidas para um tubo falcon de 15mL, ao qual se

adicionou 5 mL de meio com SFB.

2 – As células eram centrifugadas a 130 x g por 8 minutos.

3 – O sobrenadante era descartado e as células ressuspensas em 3mL de meio de cultura

remanescente.

4 – Vinte microlitros da suspensão celular eram incubados com 80µL da solução de Azul de

Tripan (diluição de 5 vezes da cultura).

5 – A câmara de Neubauer era montada, e nela aplicou-se um volume de 10µL da mistura.

6 – Eram contadas 200 células, entre viáveis (transparentes) e não-viáveis (azuis). A célula

não-viável tem a membrana celular mais permeável, e por isso, o corante entra na célula,

tornando-a azul. Após a contagem, era estabelecida a porcentagem de células viáveis.

3.2.12.6 Transfecção de Células HEK-293 utilizando o reagente PolyFect® Transfection

Reagent (Qiagen, nº de catálogo 301105)

1 – Em uma placa de cultura de 6 poços eram semeadas cerca de 3 x 105 células por poço, e

em seguida eram adicionados 3 mL de meio contendo SFB.

2 – As células eram incubadas em estufa a 37ºC, 5% de CO2 e 70% de umidade durante a

noite, até que se atingisse a confluência de 40%.

3 – No dia seguinte, o DNA a ser transfectado era diluído em meio de cultura sem soro. Para

placas de 6 poços, a quantidade a ser utilizada é: 2 μg de DNA por poço, para um volume

final de 100μL, completado com meio sem soro.

4 – Era adicionado o reagente PolyFect® à solução de DNA. Para placas de 6 poços, a

quantidade do reagente a ser utilizada é 20μL.

5 – A solução era incubada por 5 a 10 minutos à temperatura ambiente.

6 – Enquanto o complexo era formado, o meio dos poços do dia anterior era trocado por

1,5mL de meio com soro com antibiótico/antimicótico 1X (tópico 3.1.7).

7- Eram adicionados 500μL de meio com soro com antibiótico/antimicótico e a solução era

imediatamente transferida aos poços em movimentos cruciformes.

8 – As células eram incubadas a 37ºC com 5% de CO2 e 70% de umidade.

9 – No tempo de 48 e 72 horas pós-transfecção, o meio de cultura era coletado e verificava-se

a presença dos anticorpos recombinantes.

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3.2.12.7 Transfecção de células BHK-21 utilizando o reagente Lipofectamine LTXTM

(Invitrogen, no de catálogo 15338-100)

1 – Em uma placa de cultura de 6 poços eram semeadas cerca de 4,2 x 105 células por poço, e

em seguida eram adicionados 2mL de meio contendo SFB.

2 – As células eram incubadas em estufa a 37ºC, 5% de CO2 e 70% de umidade durante a

noite, até que se atingisse a confluência de 90%.

3 – No dia seguinte, o DNA a ser transfectado era diluído em meio de cultura sem soro. Para

placas de 6 poços, a quantidade a ser utilizada é: 2,5μg de DNA por poço, para um volume

final de 500μL, completado com meio sem soro.

4 – Era adicionado o reagente Lipofectamine LTXTM à solução de DNA. Para placas de 6

poços, a quantidade do reagente a ser utilizada é 6,25μL.

5 – A solução era incubada por 30 minutos à temperatura ambiente.

6 – Enquanto o complexo era formado, o meio dos poços do dia anterior era trocado por 2mL

de meio sem soro.

7 – Após este período, a mistura era adicionada lentamente sobre o poço em movimentos

cruciformes (no total, foram adicionados 500μL da mistura por poço).

8 – As células eram incubadas a 37ºC com 5% de CO2 e 70% de umidade.

9 – Transcorridas de 4 a 6 horas após a transfecção, o meio de cultura sem soro era trocado

para um meio de cultura com soro. Em seguida, a placa era incubada durante a noite nas

mesmas condições descritas no passo 7.

10 – No tempo de 48 e 72 horas pós-transfecção, o meio de cultura era coletado e verificava-

se a presença dos anticorpos recombinantes.

3.2.12.8 Seleção de células transfectadas utilizando Geneticina® (G418-Sulfato)

Como as construções bicistrônica (HL IRES Neo) e tricistrônica (HIL Ires neo)

utilizadas para expressão dos anticorpos recombinantes apresentam o gene de resistência a

geneticina (NEOR), após o processo de transfecção os vetores possibilitaram que fosse feita a

seleção das células transfectadas e eliminação daquelas que não estavam produzindo as

proteínas recombinantes.

1 - Após 72h da transfecção o sobrenadante de cultura era coletado para verificação da

expressão de proteínas recombinantes e o meio era reposto adicionado de geneticina a uma

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concentração final de 600 µg/mL em todos os poços transfectados com o plasmídio e também

no poço com as células não transfectadas, utilizadas como controle.

2 - O meio de cultura a partir de então era trocado a cada 48h nas mesmas condições descritas

anteriormente e visualizava-se, ao microscópio ótico, a morte celular no poço controle de

células não transfectadas.

3- Quando era constatado que houve a morte das células não transfectadas (elas mudam sua

morfologia de elípticas para esféricas e perdem a aderência à placa de cultura) permanecia-se

mais uma semana com o procedimento descrito acima e a partir de então as células eram

consideradas selecionadas e somente células transfectadas estavam presentes no poço.

3.2.12.9 Propagação das células transfectadas selecionadas para aumento da expressão.

Quando as células transfectadas selecionadas atingiam a confluência máxima no poço

era então procedido à propagação das células para aumento da cultura e conseqüentemente da

quantidade de proteína recombinante expressa.

1 – O meio de cultura do poço era descartado.

2 – Eram adicionados 500 µL de tripsina ao poço.

4 – Após 3 minutos, as células começaram a se descolar da superfície da garrafa. O

descolamento das células era acompanhado por visualização a olho nu.

5 – A tripsina era neutralizada com cerca de 1 mL de meio acrescido de 10% SFB.

6 – A suspensão celular era transferida para tubos falcon de 15 mL, e centrifugados a 130 x g

por 8 minutos.

7 – O sobrenadante era descartado e o sedimento ressuspenso em 3 mL de meio Ham-F12

acrecido de SFB.

8 – Transferia-se toda a população células para garrafas de 75 cm2 contendo 10 mL de meio

Ham-F12 acrescido de 10% SFB e geneticina na concentração já citada.

9 – Quando as células chegavam novamente a uma confluência máxima as células eram então

passadas para garrafas de 150 cm2 contendo 30 mL de meio Ham-F12 acrescido de 10% SFB

e geneticina. A partir de então, as células transfectadas eram mantidas nessas condições,

trocando-se o meio a cada 48h nas mesmas condições e coletando-se o sobrenadante para

acumulo de quantidade suficiente para purificação dos anticorpos recombinantes e realização

dos ensaios biológicos.

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3.2.13 ELISA (Enzyme-linked immunosorbent assay)

Eram realizados ensaios do tipo ELISA sanduíche para detecção e quantificação das

proteínas recombinantes. Após cada lavagem as placas de microtitulação (Nunc®

) eram

invertidas sobre uma pilha de papel toalha e batidas vigorosamente até a retirada completa das

soluções presentes. Durante as incubações as placas permaneciam fechadas para evitar a

evaporação das soluções. Os anticorpos utilizados estão detalhados no tópico 3.1.22 dos

Materiais.

1- Os poços de interesse na placa eram sensibilizados com 150 µL por poço com o anticorpo

anti-IgG humana H+L feito em cabra, diluído em PBS 1X 1:1.000, e eram incubados durante

1 hora a temperatura ambiente.

2- Os poços eram lavados 3X com PBST 1X, 200 µL por poço.

3- Os poços eram bloqueados com 180 µL por poço de solução de bloqueio, e eram incubados

durante 1 hora a temperatura ambiente ou durante a noite a 4ºC.

4- Estes eram lavados 3X com PBST 1X e o sobrenadante de cultura das células transfectadas

eram adicionados. Eram feitas diluições seriadas de fator comum 3 dos anticprpos em PBS,

onde o volume final era de 100 µL por poço e títulos de 1:1; 1:3; 1:9; 1:27; 1:81 e 1:243. A

mesma diluição era realizada para todas as amostras. Como padrão utilizava-se IgG humana

purificada na concentração especificada nos materiais (diluída na mesma solução/meio que as

proteínas recombinantes). As reações eram feitas em triplicatas e eram incubadas por 1 hora a

temperatura ambiente.

5- Os poços eram lavados novamente 3X com PBST 1X e 150 µL por poço do anticorpo anti-

Fc humano conjugado a fosfatase alcalina feito em cabra na diluição de 1:5.000 eram

incubados por 1 hora a temperatura ambiente.

6- Os poços eram lavados 3X com PBST 1X e uma vez com tampão para fosfatase alcalina

(APB).

7- O ensaio era revelado com 100 µL por poço de pNPP (para-nitro-fenil-fosfato) 1 mg/mL

dissolvido em APB. Este era incubado por 20 a 30 min a temperaturta ambiente. A partir daí a

absorbância era lida no leitor de ELISA “Microplate Reader BioRad®

” modelo 450 a um

comprimento de onda de 405 nm.

Os cálculos de concentração eram feitos baseados na curva padrão de IgG humana.

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3.2.14 Purificação das proteínas recombinantes por cromatografia de afinidade

A purificação dos FvFcs recombinantes era realizada na coluna HiTrapTM

Protein A

HP 1mL (GE lifescience®

).

1 – Os microtubos de coleta da eluição eram preparados adicionando 200 µL de Tris-HCl 1M

pH9,0 por mL de fração a ser coletado.

2 – Era preparada a bomba peristáltica preenchendo-a de tampão de ligação. A tampa da parte

superior da coluna era retirada e a mangueira da bomba peristáltica era conectada à coluna

cromatográfica gota a gota.

3 - A coluna era lavada com 10 volumes de tampão de ligação mantendo uma taxa de

passagem do tampão pela coluna em 1 mL/min.

4 – O sobrenadante de cultura filtrado e concentrado era aplicado.

5 – A coluna era lavada com 10 volumes de tampão de ligação.

6 – Os anticorpos recombinantes ligados eram eluidos com 8 volumes de tampão de eluição

pH 3,5 sempre coletando as amostras nos microtubos de coleta preparados com Tris-HCl.

7 – Eram passados 3 volumes de tampão de eluição a pH 2,0 para retirada das IgGs bovinas

ligadas a resina e limpeza da coluna. O material também era coletado.

8 – A coluna era lavada com mais 10 volumes de tampão de ligação.

9 – Eram aplicados etanol 20% a coluna, no qual se estocava novamente a resina a 4ºC.

Imediatamente após o fim da coleta, 5µL de cada amostra eram aplicados em uma

membrana de nitrocelulose para análise por Dot Blot, seguindo o protocolo do item 3.2.14 de

métodos. As amostras onde se detectavam proteínas eram passadas na coluna Centricon YM-

50 (Amicon®

), com membrana de exclusão para proteínas maiores que 50 kDa para diálise e

concentração.

3.2.15 Análise de proteínas por Dot Blot (adaptado de Sambrook e Russel, 2001).

1 - 5 µL das frações obtidas durante o processo de purificação eram adicionadas diretamente a

uma membrana de nitrocelulose.

2 - Com a membrana seca, contendo os anticorpos recombinantes ligados, era procedido o

bloqueio utilizando solução de bloqueio por 1h a temperatura ambiente ou durante a noite a

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4oC. 3 - Após essa etapa a membrana era lavada 3X com PBST 1X.

4 – A membrana era incubada com o anticorpo anti-Fc humano conjugado a fosfatase alcalina

ou com o anticorpo anti-Cκ humano na diluição de 1:2.500 por 1 hora a temperatura

ambiente. (Quando utilizado o anticorpo anti-Cκ humano, após essa etapa a membrana era

lavada 3X com PBST 1X e incubada com o anticorpo anti-IgG de cabra conjugado a fosfatase

alcalina).

5 - Após essa etapa a membrana era lavada 3X com PBS – T 1X e uma vez com APB.

6 – A solução reveladora (NBT/BCIP) era então adicionada. O aparecimento de pontos

coloridos era controlado visualmente. Após a reação, a membrana era lavada com água

destilada até retirar o excesso da solução reveladora e interromper a reação da enzima. A

membrana seca era preservada sobre papel filtro.

3.2.16 Análise de proteínas em gel de SDS-PAGE (adaptado de Sambrook e Russel,

2001).

Após a purificação dos anticorpos recombinantes era procedida a análise em gel

desnaturante de poliacrilamida.

1 – Inicialmente o gel separador era preparado em concentração de 10% (p/v), sendo a

polimerização catalisada pela adição de 0,045% (p/v) de APS e 0,2% (v/v) de TEMED.

2 – Uma vez polimerizado o gel separador, o pente era introduzido para permitir a formação

dos poços.

3 – A partir daí, o gel concentrador preparado em concentração de 4% (p/v) era vertido, tendo

a sua polimerização catalisada por 0,12% (p/v) de APS e 0,2% (v/v) de TEMED.

4 – Uma vez polimerizado o gel ele era acoplado ao aparato de eletroforese. Antes da

aplicação das amostras os poços eram lavados com tampão de corrida.

5 – Imediatamente antes da aplicação das amostras (já preparadas com o tampão de amostra),

estas eram fervidas em banho-maria a 100°C por 10 minutos.

5 – Era procedida a aplicação das amostras e iniciada a corrida do gel a 20 mA por gel.

6- Após a corrida do gel, este era submetido à coloração com prata ou transferência para

membrana de nitrocelulose para realização do Western Blot, especificada no item 3.2.17 de

métodos.

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3.2.17 Coloração do gel de SDS-PAGE

A coloração com prata era feita com o kit PlusOne Silver Staining kit Protein (GE Healthcare) segundo instruções do fabricante.

3.2.18 Análise de proteínas por Western Blot (adaptado de Sambrook e Russel, 2001).

Após a corrida, o gel de poliacrilamida era transferido para a membrana de

nitrocelulose utilizando-se o sistema de transferência semi-seca com eletrodos de grafite

(Pharmacia-LKB®

).

1 – Conforme instruções do fabricante, era feito um "sanduíche" de papéis de filtro,

previamente embebidos em tampão de transferência contendo, nessa ordem, 5 papéis de filtro,

a membrana, o gel e mais 5 papéis de filtro.

2 – O "sanduíche" era colocado entre os eletrodos de grafite e submetido a uma corrente

elétrica de 0,8 mA/cm2 de membrana por 1h 45 min.

3 – Após este procedimento, a membrana, contendo as proteínas transferidas, era embebida

em solução de bloqueio e incubada por 1 h à temperatura ambiente ou durante a noite a 4°C.

4 – A solução de bloqueio era removida e a membrana era lavada 3X com PBST 1X a

temperatura ambiente.

5- A membrana era incubada com o anticorpo anti-Fc humano conjugado a fosfatase alcalina

ou com o anticorpo anti-Cκ humano na diluição de 1:2.500 por 1 hora a temperatura

ambiente. (Quando utilizado o anticorpo anti-Cκ humano, após essa etapa a membrana era

lavada 3X com PBST 1X e incubada com o anticorpo anti-IgG de cabra conjugado a fosfatase

alcalina).

6 – Após essa etapa a membrana era lavada 3X com PBS – T 1X e uma vez com APB.

7 – A solução reveladora (NBT/BCIP) era então adicionada. O aparecimento das bandas

coloridas era controlado visualmente. Após a reação, a membrana era lavada com água

destilada até retirar o excesso da solução reveladora e interromper a reação da enzima. A

membrana seca era preservada sobre papel filtro.

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Resultados e

Discussão

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4.1 Etapas metodológicas

Seguem abaixo as etapas metológicas adotadas neste trabalho (Figura 11).

Figura 11. Representação esquemática das etapas metodológicas do trabalho.

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4.2 Construção do vetor de expressão bicistrônico pMACIA HIL anti-CD3

Tendo em vista os resultados promissores das versões FvFcs humanizadas do

anticorpo anti-CD3 humano (Silva, 2008 e Silva, et al. 2009, manuscrito em preparação) foi

proposta a construção de versões de anticorpo inteiro para expressão em células de mamífero,

a partir da versão FvFc R.

A primeira versão proposta foi uma construção bicistrônica utilizando o vetor

pMACIA IRES EV. Este vetor contém um IRES que foi sintetizado a partir da seqüência

gênica do isolado 71 de enterovírus (Shih et al., 2000), um íntron de imunoglobulina presente

no peptídeo sinal da cadeia pesada advindo da família VH10.2 (Whitcomb et al., 1999) e a

região codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve proveniente da região V-J do mieloma

MPC11 (Kelley, Coleclough e Perry, 1982). Assim, entre as duas cadeias inteiras do

anticorpo, pesada e leve, haveria o elemento IRES sintético, formando o vetor de expressão

pMACIA HIL anti-CD3 (Figura 12).

Figura 12. Representação esquemática do vetor de expressão bicistrônico pMACIA HIL anti-CD3. Este vetor é composto, respectivamente, por um promotor de citomegalovírus (Pcmv); íntron A; seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada, com seu íntron original; cadeia pesada inteira(VHCH1CH2CH3); IRES sintético; seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve; cadeia leve inteira (VLCκ) e sinal de poliadenilação.

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4.2.1 Clonagem da cadeia leve inteira do anticorpo anti-CD3 no vetor de expressão

pMACIA IRES EV

Com o vetor de expressão estabelecido, direcionamos as estratégias de clonagem e

montagem das seqüências codificadoras do anticorpo recombinante para inseri-las nesse vetor

e possibilitar a futura expressão em células de mamíferos.

Para clonagem do fragmento gênico codificador da cadeia leve inteira do anticorpo

anti-CD3 no vetor pMACIA IRES EV, tivemos que montá-la inicialmente num outro vetor, o

pMACPS VLCκ anti-CD18. Esse vetor foi utilizado como doador da porção Cκ, e o vetor

pUC57 hVL como doador da porção VL humanizada. Dessa forma, esses dois últimos vetores

foram digeridos com as enzimas de restrição Bgl II e Xho I, proporcionando a liberação do VL

humanizado anti-CD3 e VL do anti-CD18 (Figura 13). Após a clonagem, os clones obtidos

foram analisados utilizando a enzima de restrição Kpn I e o perfil originado estava de acordo

com o esperado, dando indício de que a clonagem foi bem sucedida, originando o vetor

pMACPS VLCκ anti-CD3.

A partir disso, a cadeia leve inteira foi transferida do vetor pMACPS VLCκ anti-CD3

para o vetor de expressão pMACIA IRES EV por meio de digestão com as enzimas de

restrição Bgl II e BamH I. Essa digestão proporcionou a liberação da cadeia leve inteira e a

geração dos sítios para clonagem no vetor pMACIA IRES EV (Figura 14). Após a clonagem,

os clones obtidos foram analisados utilizando a enzima de restrição Kpn I e o perfil originado

estava de acordo com o esperado, originando o vetor pMACIA L anti-CD3.

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Figura 13. Estratégia para construção do vetor pMACPS VLCκ anti-CD3. Para obtenção do vetor contendo a cadeia leve inteira do anticorpo anti-CD3 humano, os plasmídios pUC hVL e pMACPS VLCκ anti-CD18 foram digeridos com as enzimas Bgl II e Xho I para liberação do fragmento gênico codificador da cadeia variável leve e do vetor, respectivamente. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase, dando origem ao vetor pMACPS VLCκ anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase e pCMV: promotor de citomegalovírus.

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Figura 14. Estratégia para construção do vetor pMACIA L anti-CD3. Para clonagem da cadeia leve inteira do anticorpo anti-CD3 humano no vetor pMACIA IRES EV, este e o plasmídio pMACPS VLCK anti-CD3 foram digeridos com as enzimas Bgl II e Bam HI para liberação do fragmento gênico codificador da cadeia leve e do vetor. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase dando origem ao vetor pMACIAI L anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; pCMV/IA: promotor de citomegalovírus contendo o íntron A; IRES EV: IRES sintético; SV40 polyA: sinal de poliadenilação; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada e PS II: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve.

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4.2.2 Clonagem da cadeia pesada inteira do anticorpo anti-CD3 no vetor de expressão

pMACIA L anti-CD3

Para clonagem do fragmento gênico codificador da cadeia pesada inteira do anticorpo

anti-CD3 no vetor pMACIA L anti-CD3, tivemos que montá-la primeiramente num outro

vetor, o pMACPS VHCH123 anti-CD18. Esse vetor foi utilizado como doador da porção

constante de IgG1 contendo os três domínios constantes (CH123), e o vetor pIg CD3 scFv R

como doador da porção VH humanizada, hVHR86

. Dessa forma, esses dois últimos vetores

foram digeridos com as enzimas de restrição Xma I e Xba I, proporcionando a liberação do

VH humanizado anti-CD3 e VH do anti-CD18 e a geração dos sítios para clonagem no vetor

pMACPS VHCH123 anti-CD18 (Figura 15). Após a clonagem, os clones obtidos foram

analisados utilizando as enzimas de restrição Kpn I e Pvu II e o perfil originado estava de

acordo com o esperado, sugerindo que a clonagem foi bem sucedida, originando o vetor

pMACPS VHCH123 anti-CD3.

A partir disso, a cadeia pesada inteira foi transferida do vetor pMACPS VHCH123

anti-CD3 para o vetor de expressão pMACIA L anti-CD3 por meio de digestão com as

enzimas de restrição Xma I e Spe I para o primeiro vetor , e Xma I e Avr II para o segundo

vetor. Essa digestão proporcionou a liberação da cadeia pesada inteira e a geração dos sítios

para clonagem no vetor pMACIA L anti-CD3 (Figura 16). As enzimas de restrição Spe I e Avr

II são compatíveis e com a ligação dos fragmentos há a perda dos sítios de restrição das duas

enzimas. Após a clonagem, os clones obtidos foram analisados utilizando as enzimas de

restrição Kpn I e Xba I e o perfil originado estava de acordo com o esperado, dando indício de

que a clonagem foi bem sucedida, originando a construção bicistrônica denominada pMACIA

HIL anti-CD3.

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Figura 15. Estratégia para construção do vetor pMACPS VHCH123 anti-CD3. Para obtenção do vetor contendo a cadeia pesada inteira do anticorpo anti-CD3 humano, os plasmídios pIG CD3 scFv R e pMACPS VHCH123 anti-CD18 foram digeridos com as enzimas Xba I e Xma I para liberação do fragmento gênico codificador da cadeia variável pesada e do vetor, respectivamente. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase dando origem ao vetor pMACPS VHCH123 anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; poly A: sinal de poliadenilação; pCMV: promotor de citomegalovírus.

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Figura 16. Estratégia para construção do vetor pMACIA HIL anti-CD3. Para clonagem da cadeia pesada inteira do anticorpo anti-CD3 humano no vetor pMACIA L, o plasmídio pMACPS VHCH123 anti-CD3 foi digerido com as enzimas Xma I e Spe I para liberação do fragmento gênico codificador da cadeia pesada; já o plasmídio pMACIA L foi digerido com as enzimas Xma I e Avr II para liberação do vetor. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase dando origem ao vetor capaz de expressar a construção bicistrônica pMACIA HIL anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; pCMV/IA: promotor de citomegalovírus contendo o íntron A; SV40 polyA: sinal de poliadenilação; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada e PS II: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve.

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4.3 Transfecção transiente da linhagem celular HEK293 utilizando o vetor

bicistrônico pMACIA HIL anti-CD3 na

Atualmente, no âmbito da produção heteróloga de proteínas recombinantes para fins

farmacêuticos as células de mamífero se destacam. Cerca de 60 a 70% dessas proteínas já

disponíveis no mercado são produzidas em células de mamíferos (Wurm, 2004). E dentro

desse cenário a linhagem celular HEK293 vem se destacando na expressão transiente de

anticorpos (Braren et al., 2007). Dessa forma, com a seqüência da construção bicistrônica

pMACIA HIL anti-CD3 já analisada e correta, partimos para a produção desse anticorpo na

linhagem celular HEK293. Para tal foi realizada transfecção transiente (tópico 3.2.12.6) e esta

foi realizada em triplicata. Além desse vetor, também foi transfectado separadamente o vetor

pGFP/NEO para controle da eficiência de transfecção, pois ele expressa o gene da proteína

fluorescente verde recombinante, e a fluorescência pode ser observada quando a célula é

excitada com luz ultravioleta.

Após 48h e 72h da transfecção os sobrenadantes de cultura foram coletados para

ensaios imunoenzimáticos (ELISA), sendo que na última coleta, a de 72h pós-transfecção,

tínhamos o acúmulo de proteína de 24h apenas. Esse ensaio foi realizado com o intuito de

verificar a expressão do anticorpo recombinante (tópico 3.2.13). O experimento de ELISA foi

desenvolvido de forma a quantificar a presença da porção Fc. Os anticorpos eram

quantificados a partir de comparações com uma curva padrão realizada com IgG humana em

concentrações conhecidas obtidas por meio de diluições seriadas (Figura 17). O ensaio foi

realizado para cada poço transfectado e os resultados referentes ao anticorpo recombinante

agrupados, assim foram agrupadas três medidas.

Os resultados revelaram que a construção bicistrônica conseguiu promover a

expressão do anticorpo recombinante (Figura 17). Entretanto, a eficiência de transfecção,

revelada pela contagem de células fluorescentes quando transfectadas com o vetor

pGFP/NEO, foi bastante baixa diante dos níveis expressos, aproximadamente 5%, mesmo

com as células estando numa confluência em torno de 40%, recomendada pelo fabricante do

reagente de transfecção. A partir dos dados da curva padrão com IgG humana a 100 ng/mL,

pode-se inferir que a quantidade de anticorpo recombinante presente no sobrenadante de

cultura era de 20ng/mL em 48h pós-transfecção e 11ng/mL em 72h pós-transfecção.

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73

(A)

(B)

Figura 17. Produção do anticorpo anti-CD3 humano em HEK293. Imunodetecção da expressão de anticorpos nos sobrenadantes de culturas de células transfectadas com o vetor pMACIA HIL anti-CD3 coletados 48h e 72h após a transfecção. Todas as células foram transfectadas utilizando o reagente PolyFect® Transfection Reagent (Qiagen). (A) 48h pós-transfecção. (B) 72h pós-transfecção. HIL: pMACIA HIL anti-CD3; NT: sobrenadante de células não transfectadas; IgG: IgG humana a uma concentração inicial de 100 ng/mL; PBS: Controle negativo.

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4.4 Purificação do anticorpo anti-CD3 a partir de transfectomas de

pMACIA HIL anti-CD3

Os sobrenadantes foram submetidos à purificação por cromatografia de afinidade

(tópico 3.2.14) utilizando a coluna Hitrap protein A HP 1mL (GE Healthcare®

) e as frações

coletadas foram analisadas quanto à presença do anticorpo recombinante por imunoensaios do

tipo Dot Blot (tópico 3.2.15). Uma estratégia adotada durante a purificação para redução da

contaminação com IgGs bovinas, presentes no SFB, foi a adoção de pHs distintos para eluição

dos anticorpos recombinantes (Silva, 2008). As IgGs bovinas possuem como característica

um pH de eluição ideal da resina de proteína A em torno de 2,0 enquanto que as IgGs

humanas são facilmente eluídas dessa resina em pHs variando entre 3,5 e 4,5. Dessa forma,

procedia-se uma eluição com o tampão em pH 3,5 para minimizar a contaminação dos

anticorpos recombinantes com IgG bovina e depois se realizava a eluição com pH 2,0 para

limpeza da coluna.

Para uma melhor caracterização dos anticorpos purificados, frações do processo de

purificação foram submetidas a um SDS-PAGE (tópico 3.2.16) seguido de Western Blot a fim

de verificar a presença do anticorpo recombinante (tópico 3.2.18). As bandas correspondentes

às cadeias pesada e leve do anticorpo recombinante podem ser observadas em torno de 55

kDa e 27 kDa, respectivamente (Figura 18).

A banda correspondente à cadeia pesada aparece mais nitidamente na segunda fração

da eluição em ambos pHs, enquanto a banda correspondente à cadeia leve aparece muito

discretamente nessa fração. É interessante ressaltar a presença da cadeia leve do anticorpo,

quando revelado com o anticorpo anti-Cκ humano, nas frações de lavagem do processo de

purificação, sugerindo que havia no sobrenadante cadeias leves não associadas à cadeias

pesadas. Uma razão para este resultado poderia ser devido a um desbalanço na síntese das

duas cadeias de anticorpo, havendo um maior acúmulo da cadeia leve em relação à cadeia

pesada. Isso pode ser devido a força do elemento IRES utilizado, que estaria dirigirindo a

expressão da cadeia leve em maior quantidade que a cadeia pesada, cuja expressão é cap-

dependente. Cadeias pesadas somente são secretadas quando combinadas a cadeias leves,

formando moléculas de anticorpo inteiras (Leitzgen, Knittler e Haas, 1997), já a cadeia leve

pode ser secretada como monômeros ou homodímeros livres (Dul et al., 1996). Um outro

motivo para tal verificação poderia ser devido ao fato de se utilizar dois anticorpos (primário e

secundário) para a detecção da cadeia leve em contrapartida a apenas um para a detecção da

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cadeia pesada. Tal fato leva a uma amplificação do sinal e aporta ao método uma maior

sensibilidade de detecção da cadeia leve em relação à cadeia pesada.

(A)

(B)

Figura 18. Análise do processo de purificação por Western Blot. Foi realizada uma eletroforese em gel SDS 10% para separação das frações purificadas as quais eram posteriormente transferidas para uma membrana de nitrocelulose para realização do ensaio. (A) Immunodetecção utilizando anti-Fc humano conjugado a fosfatase alcalina. (B) Immunodetecção utilizando anti- Cκ humano feito em cabra e anti-IgG de cabra conjugado a fosfatase alcalina. 1 – 3: primeira, segunda e terceira frações da lavagem do processo de purificação. 4 – 6: primeira, segunda e terceira frações da eluição com tampão pH 3,5. 7 e 8: primeira e segunda frações da eluição com tampão pH 2,0. 9: 500 ng de IgG humana. M: Marcador Page Ruler Prestained Protein Ladder Plus (Fermentas®). Setas pretas destacando as bandas correspondentes às cadeias pesada e leve nas segundas frações das eluições, respectivamente.

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4.5 Construção de vetores para expressão de duas versões monocistrônicas

do anticorpo anti-CD3

Com a confirmação da expressão do anticorpo anti-CD3 a partir da construção

bicistrônica, partimos para a construção de duas versões monocistrônicas deste anticorpo.

Nessas construções foi retirado o elemento IRES sintético entre as cadeias pesada e leve, e em

seu lugar foi inserida uma seqüência codificadora de um sítio clivável pela enzima furina

(Fur). A construção monocistrônica HL possui o cassete de expressão na seguinte ordem:

cadeia pesada inteira – Fur – cadeia leve inteira, além de todos os elementos advindos da

construção bicistrônica pMACIA HIL anti-CD3. Já a construção monocistrônica LH possui o

cassete de expressão invertido: cadeia leve inteira – Fur – cadeia pesada inteira (Figura 19). A

seqüência codificadora para este sítio clivável por furina foi idêntica àquela previamente

utilizada para o processamento do fator VIII humano (Campos-da-Paz et al., 2008).

Figura 19. Representação esquemática das construções monocistrônicas. Composição em comum dos dois vetores pMACIA HL anti-CD3 (A) e pMACIA LH anti-CD3 (B): promotor de citomegalovírus (Pcmv); íntron A e sinal de poliadenilação. (A) cassete de expressão da construção monocistrônica HL: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada, com um íntron de imunoglobulina no interior dessa seqüência; cadeia pesada inteira (VHCH1CH2CH3); seqüência codificadora de um sítio de clivável por furina e cadeia leve inteira (VLCκ). (B) cassete de expressão da construção monocistrônica LH: cadeia leve inteira (VLCκ); seqüência codificadora de um sítio clivável por furina e cadeia pesada inteira (VHCH1CH2CH3).

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4.5.1 Construção do vetor de expressão monocistrônico pMACIA HL anti-CD3

Para a construção da versão monocistrônica HL foram sintetizados dois

oligonucleotídeos, CH123 509 e CH123 reverso, que amplificam a porção Fc da cadeia

pesada a partir da posição 509, e inserem uma seqüência codificadora de um sítio clivável por

furina (Fur) e um sítio de restrição para a enzima Bgl II, ao final desta cadeia (Tabela 2). Essa

porção foi amplificada do vetor pMACIA HIL anti-CD3 por PCR (tópico 3.2.8.1) e clonada

no vetor pGEM-T easy (Promega) gerando o vetor pGEM-T easy Fc Fur.

Como o vetor pMACIA HIL anti-CD3 possui um sítio de restrição da enzima Sac II

dentro do promotor CMV, este foi manipulado para perder esse sítio. Portanto, este vetor foi

digerido com as enzimas de restrição Hind III e SnaB I, seguido de tratamento com o

fragmento Klenow da DNA polimerase I, e ligado com T4 DNA ligase. A perda do sítio de

restrição da enzima Sac II foi confirmada pela digestão dos clones obtidos com esta mesma

enzima e o perfil originado estava de acordo com o esperado, dando origem ao vetor pMAC

HIL anti-CD3.

Este último vetor e o vetor pGEM-T easy Fc Fur foram então digeridos com as

enzimas de restrição Sac II e Bgl II. No vetor pGEM-T easy Fc Fur essa digestão promoveu a

liberação do fragmento Fc Fur. Já no vetor pMAC HIL anti-CD3 proporcionou a perda da

cadeia pesada a partir da posição 509, do elemento IRES e da seqüência líder codificadora do

peptídeo sinal da cadeia leve, gerando os sítios para clonagem neste vetor. Após a clonagem,

os clones obtidos foram analisados utilizando as enzimas de restrição Sac I e Sac II e o perfil

originado estava de acordo com o esperado, dando indício de que a clonagem foi bem

sucedida, dando origem ao vetor pMAC HL anti-CD3, um vetor intermediário que não

possuía o íntron A no promotor e ao invés do elemento IRES possuía Fur (Figura 20).

Logo em seguida, os vetores pMAC HL anti-CD3 e pMACIA HIL anti-CD3 foram

digeridos com as enzimas de restrição Xba I e Bgl II. No vetor pMAC HL anti-CD3 essa

digestão proporcionou a liberação da porção constante da cadeia pesada juntamente com Fur.

Já no vetor pMACIA HIL anti-CD3 promoveu a perda da porção constante da cadeia pesada,

do elemento IRES e da seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve, gerando

os sítios para clonagem neste vetor. Após a clonagem, os clones obtidos foram analisados

utilizando as enzimas de restrição Nhe I, Xba I e Bgl II e o perfil originado estava de acordo

com o esperado, dando indício de que a clonagem foi bem sucedida e originando a construção

monocistrônica pMACIA HL anti-CD3 (Figura 21).

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Figura 20. Estratégia para clonagem da porção Fc Fur no vetor pMAC HIL anti-CD3. Para clonagem da porção Fc Fur no vetor pMAC HIL anti-CD3, os plasmídios pGEM-T easy Fc Fur e pMAC HIL anti-CD3 foram digeridos com as enzimas Bgl II e Sac II para liberação do fragmento gênico Fc Fur e para liberação do vetor, respectivamente. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase dando origem ao vetor intermediário pMAC HL anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; pCMV: promotor de citomegalovírus; SV40 polyA: sinal de poliadenilação; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada; PS II: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve; Fc: porção constante da cadeia pesada e Fur: seqüência codificadora de um sítio clivável por furina.

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Figura 21. Estratégia para construção do vetor pMACIA HL anti-CD3. Para clonagem da porção Fc Fur no vetor pMACIA HIL anti-CD3, os plasmídios pMAC HIL anti-CD3 e pMACIA HIL anti-CD3 foram digeridos com as enzimas Bgl II e Xba I para liberação do fragmento gênico CH123 Fur e para liberação do vetor, respectivamente. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase dando origem a construção monocistrônica pMACIA HL anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; pCMV/IA: promotor de citomegalovírus contendo o íntron A; SV40 polyA: sinal de poliadenilação; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada; PS II: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve e Fur: seqüência codificadora de um sítio clivável por furina.

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4.5.2 Construção do vetor de expressão monocistrônico pMACIA LH anti-CD3

Como a versão monocistrônica LH contém o cassete de expressão invertido, cadeia

pesada inteira- Fur- cadeia leve, o primeiro passo sua construção foi eliminar as porções IRES

e cadeia leve inteira. Para isso o vetor pMACIA HIL anti-CD3 foi digerido com as enzimas de

restrição Not I e Bam HI, seguido de tratamento com o fragmento Klenow da DNA

polimerase I, e ligado com T4 DNA ligase. A perda destas porções foi confirmada pela

digestão dos clones obtidos com a enzima de restrição Kpn I e o perfil originado estava de

acordo com o esperado, dando origem ao vetor pMACIA H.

Este vetor foi então digerido com a enzima de restrição Xma I, que está presente no

início da porção VH da cadeia pesada, e nele foi introduzido o linker LH furina, para

posicionamento da cadeia leve antes da cadeia pesada com Fur entre elas. O linker LH furina

foi gerado pela junção dos oligonucleotídeos Linker LH furina e Linker LH furina reverso

(Tabela 2) de acordo com o tópico 3.2.7. Os sítios de clonagem obtidos com a união dos

oligonucleotídeos podem ser visualizados na Figura 22. A inserção do Linker LH furina foi

confirmada pela digestão dos clones obtidos com as enzimas de restrição Kpn I, Bgl II e Xho

I, e o perfil originado estava de acordo com o esperado, dando origem ao vetor pMACIA H

LHfur.

CCGGCTAGATCTGCTTCTCGAGATATC - - - -

- - - - GATCTAGACGAAGAGCTCTATAGGGCC

*∆ Xma I Bgl II Xho I Xma I

Figura 22. Esquema dos sítios de clonagem criados após anelamento do Linker LH furina. * Seqüência que altera o sítio original de Xma I.

Com o Linker LH furina introduzido, partimos para a clonagem da porção VL no vetor

pMACIA H LHfur. Este último vetor e o vetor pMACIA HIL anti-CD3, foram digeridos com

as enzimas de restrição Bgl II e Xho I. No vetor pMACIA HIL anti-CD3 essa digestão

promoveu a liberação da porção VL, enquanto no vetor pMACIA H LHFur gerou os sítios

para clonagem neste vetor, presentes no Linker LH furina. Após a clonagem, os clones

obtidos foram analisados utilizando as enzimas de restrição Kpn I, Bgl II e Xho I, e o perfil

originado estava de acordo com o esperado, dando origem ao vetor pMACIA VL H (Figura

23).

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Figura 23. Estratégia para clonagem da porção VL no vetor pMACIA H LHfur. Para clonagem da porção VL no vetor pMACIA H LHfur, os plasmídios pMACIA HIL anti-CD3 e pMACIA H LHfur foram digeridos com as enzimas Bgl II e Xho I para liberação do fragmento gênico VL e para liberação do vetor, respectivamente. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase dando origem ao vetor pMACIA VL H. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; pCMV/IA: promotor de citomegalovírus contendo o íntron A; SV40 polyA: sinal de poliadenilação; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada; PS II: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve e Fur: seqüência codificadora de um sítio clivável por furina.

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Para a finalização da construção faltava a inserção da porção Cκ no vetor juntamente

com a seqüência codificadora para o sítio clivável por furina (Fur). Foram então sintetizados

dois oligonucleotídeos, LH VL e LH Cκ fur, que anelam ao final da porção VL, amplificam a

porção Cκ inteira, e inserem Fur e um sítio de restrição para a enzima Xma I, ao final desta

cadeia (Tabela 2). Essa porção foi amplificada do vetor pMACPS VLCκ anti-CD3 por PCR e

clonada no vetor pGEM-T easy (Promega) gerando o vetor pGEM-T easy Cκ Fur.

Assim os vetores pGEM-T easy Cκ Fur e pMACIA VL H foram digeridos com as

enzimas de restrição Xho I e Xma I. No vetor pGEM-T easy Cκ Fur essa digestão promoveu a

liberação do fragmento Cκ Fur, enquanto vetor pMACIA VL H gerou os sítios para

clonagem neste vetor. Após a clonagem, os clones obtidos foram analisados utilizando as

enzimas de restrição Nhe I, Xba I e Bgl II e o perfil originado estava de acordo com o

esperado, dando indício de que a clonagem foi bem sucedida e originando a construção

monocistrônica pMACIA LH anti-CD3 (Figura 24).

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Figura 24. Estratégia para construção do vetor pMACIA LH anti-CD3. Para clonagem da porção Fc Fur no vetor pMACIA VL H, este e o vetor pGEM-T easy Cκ fur foram digeridos com as enzimas Xho I e Xma I para liberação do vetor e do fragmento gênico Cκ Fur, respectivamente. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase dando origem a construção monocistrônica pMACIA LH anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; pCMV/IA: promotor de citomegalovírus contendo o íntron A; SV40 polyA: sinal de poliadenilação; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada e Fur: seqüência codificadora de um sítio clivável por furina.

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4.6 Transfecção transiente da linhagem celular HEK293 utilizando as

construções monocistrônicas e bicistrônica

Com os dois tipos de construções em mãos, partimos para a produção do anticorpo

anti-CD3 humanizado na linhagem celular HEK293, já avaliada com sucesso para a

construção bicistrônica pMACIA HIL anti-CD3. Para tal, foi realizada transfecção transiente

(tópico 3.2.12.6) com os três vetores em triplicata. Além desses três vetores, também foi

transfectado separadamente o vetor pGFP/NEO para controle da eficiência de transfecção.

Após 48h e 72h da transfecção os sobrenadantes de cultura foram coletados para

ensaios imunoenzimáticos (ELISA) com o intuito de verificar a expressão do anticorpo

recombinante. O experimento de ELISA também foi desenvolvido de forma a quantificar a

presença da porção Fc. Os anticorpos eram quantificados a partir de comparações com uma

curva padrão realizada com IgG humana em concentrações conhecidas obtidas por meio de

diluições seriadas (Figura 25). O ensaio era realizado para cada poço transfectado e os

resultados referentes ao anticorpo recombinante agrupados, assim foram agrupadas três

medidas.

Como era esperado, a construção bicistrônica conseguiu promover a expressão do

anticorpo recombinante. A partir dos dados da referência de IgG humana em concentração

inicial de 100 ng/mL, pode-se inferir que a quantidade de anticorpo recombinante presente no

sobrenadante de cultura dessa construção foi de 38ng/mL em 48h pós-transfecção e de

19ng/mL em 72h pós- transfecção (Figura 25).

Já para as construções monocistrônicas, não foi observada a expressão do anticorpo

recombinante (Figura 25), mesmo com uma alta eficiência de transfecção revelada pela

fluorescência de células transfectadas com o vetor pGFP/NEO, aproximadamente 60%.

Delineamos então duas hipóteses: a linhagem celular HEK293 não estava produzindo

suficientemente a enzima furina, requerida por essas construções, ou as construções não

estavam funcionando. Para solucionar o problema teríamos que proceder a transfecção dessas

construções em uma linhagem celular que sabidamente produziria a enzima furina. Shapiro e

colaboradores, em 1997, estudaram a localização celular da enzima furina em diversas

linhagens celulares de mamíferos e a encontraram, entre outras linhagens, na linhagem celular

BHK-21. Essa linhagem é derivada de células renais de hamster recém-nascidos e vêm sendo

largamente utilizada tanto em transfecções transientes como em estáveis (Cruz et al. 2002).

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(A)

(B)

Figura 25. Comparação da produção do anticorpo anti-CD3 humano no sobrenadante de transfectomas de HEK293 a partir dos três vetores. Imunodetecção da expressão de anticorpos no sobrenadante de cultura coletado 48h e 72h após a transfecção. Todas as células foram transfectadas utilizando o reagente PolyFect® Transfection Reagent (Qiagen). (A) 48h pós-transfecção. (B) 72h pós-transfecção. As siglas HIL, HL e LH referem-se ao: sobrenadante de cultura de células transfectadas com o vetor pMACIA HIL anti-CD3, pMACIA HL anti-CD3 e pMACIA LH anti-CD3, respectivamente; NT: sobrenadante de células não transfectadas; IgG: IgG humana a uma concentração inicial de 100 ng/mL para obtenção de uma curva-padrão para estimativa da concentração dos sobrenadantes; PBS: Controle negativo.

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4.7 Transfecção transiente da linhagem celular BHK-21 utilizando as

construções monocistrônicas e bicistrônica

Partimos então para a produção do anticorpo anti-CD3 humanizado na linhagem

celular BHK-21, a partir das três construções. Para tal, foi realizada transfecção transiente

(tópico 3.2.12.7) e esta foi realizada em triplicata. Além desses três vetores, também foi

transfectado separadamente o vetor pGFP/NEO para controle da eficiência de transfecção.

Após 48h e 72h da transfecção os sobrenadantes de cultura foram coletados para

ensaios imunoenzimáticos (ELISA) com o intuito de verificar a expressão do anticorpo

recombinante. O experimento de ELISA também foi desenvolvido de forma a quantificar a

presença da porção Fc. Os anticorpos eram quantificados a partir de comparações com uma

curva padrão realizada com IgG humana em concentrações conhecidas obtidas por meio de

diluições seriadas (Figura 26). O ensaio era realizado para cada poço transfectado e os

resultados referentes ao anticorpo recombinante agrupados, assim foram agrupadas três

medidas.

A construção bicistrônica HIL conseguiu promover a expressão do anticorpo

recombinante, mas em menor quantidade que na linhagem celular HEK293. Foi possível

também detectar a presença de anticorpos no sobrenadante de células transfectadas com a

construção monocistrônica HL, em uma quantidade bem menor que a construção HIL (Figura

26). Assim descartamos a hipótese de que essa construção não estaria funcionando, e

propomos a de que a linhagem celular HEK293 não estaria produzindo a enzima furina em

quantidade suficiente para promover a clivagem e liberação do anticorpo recombinante.

Já para o vetor contendo a construção monocistrônica LH foi possível observar a

presença da proteína recombinante (Figura 26), mesmo com uma alta eficiência de

transfecção revelada pela fluorescência de células transfectadas com o vetor pGFP/NEO,

aproximadamente 50%. Como a construção monocistrônica HL, que também possui Fur,

conseguiu produzir o anticorpo recombinante, mesmo em uma quantidade ínfima, considera-

se a hipótese de o plasmídio pMACIA LH anti-CD3 deve apresentar algum problema, não

detectado pelas análises realizadas, devendo este ser melhor seqüenciado a fim de se verificar

a integridade da região codificadora para a proteína recombinante.

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(A)

(B)

Figura 26. Comparação da produção do anticorpo anti-CD3 humano no sobrenadante de transfectomas de BHK-21 a partir dos três vetores. Imunodetecção da expressão de anticorpos no sobrenadante de cultura coletado 48h e 72h após a transfecção. Todas as células foram transfectadas utilizando o reagente Lipofectamine LTXTM (Invitrogen). (A) 48h pós-transfecção. (B) 72h pós-transfecção. As siglas HIL, HL e LH referem-se ao: sobrenadante de cultura de células transfectadas com o vetor pMACIA HIL anti-CD3, pMACIA HL anti-CD3 e pMACIA LH anti-CD3, respectivamente; NT: sobrenadante de células não transfectadas; IgG: IgG humana a uma concentração inicial de 160 ng/ml para obtenção de uma curva-padrão para estimativa da concentração dos sobrenadantes; PBS: Controle negativo.

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A partir dos dados da curva padrão com IgG humana a uma concentração inicial de

160 ng/mL, pode-se inferir que a quantidade de anticorpo recombinante presente no

sobrenadante de cultura era de 12ng/mL em 48h pós-transfecção e 1,2ng/mL em 72h pós

transfecção para a construção bicistrônica HIL, e de 4,7ng/mL em 48h pós-transfecção para a

construção monocistrônica HL (Figura 26).

4.8 Purificação e quantificação do anticorpo anti-CD3 obtido a partir de

células de BHK-21 transfectadas com os vetores pMACIA HIL, pMACIA

HL e pMACIA LH

Os sobrenadantes das três construções obtidos na transfecção transiente em BHK-21

foram submetidos à purificação por cromatografia de afinidade utilizando a coluna Hitrap

protein A HP 1mL (GE Healthcare®

) e as frações coletadas foram analisadas quanto à

presença do anticorpo recombinante por imunoensaios do tipo Dot Blot. Resolvemos também

purificar o sobrenadante da construção LH mesmo com a falta de produção constatada nos

ensaios ELISA. A quantidade produzida por essa construção poderia ser tão pouca que não

fosse detectada pelo ensaio. Novamente foi utilizada a estratégia de pHs distintos durante a

purificação (tópico 3.2.14).

O pico de liberação do anticorpo recombinante da coluna estava presente na quarta

fração da eluição para as construções HIL e HL. Já na construção LH novamente não foi

detectada a presença do anticorpo, mesmo assim continuamos o processo de purificação. As

frações onde se encontravam as proteínas de interesse determinadas, foram passadas para uma

coluna Centricon YM-50 (Amicon®

), com limite de exclusão de 50 kDa, para concentração e

troca do tampão de eluição por PBS que propicia condições melhores de armazenamento para

as proteínas.

Para uma melhor caracterização e avaliação das amostras, elas foram submetidas à

análise por SDS-PAGE, de forma reduzida e não-reduzida, seguida de coloração com prata

(Figura 27), kit PlusOne Silver Staining Protein (GE Lifescience). Na coloração com prata

observou-se claramente as bandas correspondentes às cadeias pesada e leve do anticorpo

recombinante, expressas pelas construções monocistrônica pMACIA HL anti-CD3 e

bicistrônica pMACIA HIL anti-CD3, nas formas reduzida em torno de 55 kDa e 27 kDa, e

não-reduzida em torno de 250 kDa (Figura 27).

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Figura 27. Análise do anticorpo anti-CD3 purificado a partir de transfectomas de BHK-21. Foi realizada uma eletroforese em gel SDS 10%, de forma reduzida e não-reduzida, para separação dos anticorpos purificados e concentrados. Foi feita coloração com prata utilizando o kit Plus One Silver Staining Protein (GE Lifescience). 1: 400 ng de IgG humana não- reduzida. 2: Construção HIL não-reduzida. 3: Construção HL não-reduzida. 4: Construção LH não-reduzida. 5: 400 ng de IgG humana reduzida. 6: Construção HIL reduzida. 7: Construção HL reduzida. 8: Construção LH reduzida. M: Marcador Page Ruler Unstained Protein Molecular Weight (Fermentas®). Setas vermelhas destacando a forma não-reduzida. Setas pretas destacando as bandas correspondentes às cadeias pesada e leve reduzidas, respectivamente.

A forma dimérica, não reduzida, foi observada em uma banda com tamanho bem

acima de 116 kDa. Isso pode ter acontecido por uma possível agregação dos anticorpos ou

ainda devido a sua estrutura terciária que, sob condições não-redutoras, pode impactar na

migração do gel SDS-PAGE quando comparada com o polipeptídeo desnaturado. Em artigo

recente foi mostrado que IgGs submetidas à migração em SDS-PAGE sob condições não

redutoras apresentaram uma massa molecular aparente de 300 kDa, entretanto, quando

submetidas a uma cromatografia analítica de gel filtração as IgGs se apresentaram em

monômeros, não sendo observado agregados (Li et al., 2007).

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Já a construção monocistrônica pMACIA LH anti-CD3 realmente não mostrou

nenhuma produção. Portanto, essa construção será melhor analisada, com um seqüenciamento

completo do cassete de expressão, para avaliar se houve alguma mutação durante a

manipulação para a construção deste vetor. Contudo, mesmo sem expressar o anticorpo, ela

serviu como um controle da purificação mostrando que as amostras das construções

monocistrônica HL e bicistrônica HIL não apresentavam contaminação com IgGs bovinas,

presente no meio de cultura onde foram cultivadas as células.

As amostras de anticorpos purificadas e concentradas foram quantificadas por análise

de proteína total pelo kit BCA (Pierce®). As análises geraram uma estimativa em torno de

4,6μg/mL para a construção bicistrônica HIL e 3,7μg/mL para a construção monocistrônica

HL. Como essas concentrações estavam muito abaixo do esperado, partimos para a

construção de vetores para transfecção estável dessas duas construções. Com isso haveria a

possibilidade de se obter transfectomas estáveis, expandir essa população e ter uma expressão

continuada do anticorpo recombinante, possibilitando análises de função efetora deste no

futuro.

4.9 Construção do vetor de expressão tricistrônico pMACIA HIL IRES neo

anti-CD3

Com o intuito de aumentar a produção do anticorpo recombinante pela construção

bicistrônica HIL, resolvemos adicionar a essa construção uma marca de seleção para expansão

de clones estáveis. Assim um novo IRES seria interposto entre o final da região codificadora

do anticorpo recombinante e o início da marca de resistência ao antibiótico G418, seqüências

estas obtidas a partir do vetor comercial pLXIN (Clontech). O interessante dessa construção é

que gera de um transcrito tricistrônico, contendo a marca de resistência a G418 (NEOR),

garantindo que durante o processo de seleção das células transfectadas somente aquelas

produtoras do anticorpo recombinante vão ser selecionadas. Isso se dá porque a célula só

adquire resistência ao antibiótico G418 se estiver produzindo o transcrito que contém tanto a

marca de resistência como o gene da proteína de interesse.

Para a construção do vetor tricistrônico, o vetor pLXIN (Clontech) foi digerido com as

enzimas de restrição Xba I e BamH I, liberando a porção IRES NEOR. Já o vetor pMACIA

HIL anti-CD3 foi digerido apenas com a enzima de restrição Bam HI, promovendo a

linearização do vetor. As digestões dos dois vetores foram seguidas de tratamento com o

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fragmento Klenow da DNA polimerase I, e estes foram ligados com T4 DNA ligase. Após a

clonagem, os clones obtidos foram analisados utilizando as enzimas de restrição Kpn I, Nhe I

e EcoR I. Essa clonagem pode gera dois perfis, pois o fragmento pode entrar na orientação

correta IRES – neo, ou na forma incorreta neo – IRES. Foram analisados 15 clones, sendo 1

positivo e o perfil originado estava de acordo com o esperado na orientação IRES - neo,

dando origem a construção tricistrônica pMACIA HIL IRES neo (Figura 28).

Figura 28. Estratégia para construção do vetor tricistrônico pMACIA HIL IRES neo anti-CD3. Para clonagem da porção IRES NEOR no vetor bicistrônico pMACIA HIL anti-CD3, o vetor pLXIN (Clontech) foi digerido com as enzimas Xba I e BamH I para liberação do do fragmento gênico IRES NEOR. Já o vetor pMACIA HIL anti-CD3 foi digerido apenas com a enzima BamH I. Após as digestões, ambos foram tratados com o fragmento Klenow da DNA polimerase I e ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase, dando origem a construção tricistrônica pMACIA HIL IRES neo anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; pCMV/IA: promotor de citomegalovírus contendo o íntron A; SV40 polyA: sinal de poliadenilação; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada; PS II: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve; 5’ LTR: porção 5’ UTR do fragmento gênico IRES NEOR e 3’ LTR: porção 5’ UTR do fragmento gênico IRES NEOR.

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4.10 Transfecção estável da linhagem celular BHK-21 utilizando o vetor

tricistrônico pMACIA HIL IRES neo anti-CD3

Seguimos então para a produção do anticorpo anti-CD3 humanizado a partir do vetor

tricistrônico pMACIA HIL IRES neo anti-CD3 na linhagem celular BHK-21. Para tal foi

realizada primeiramente uma transfecção transiente (tópico 3.2.12.7) e esta foi realizada em

duplicata. Além desse vetor, também foi transfectado separadamente o vetor pGFP/NEO para

controle da eficiência de transfecção.

Após 48h e 72h da transfecção os sobrenadantes de cultura foram coletados para

ensaios imunoenzimáticos (ELISA) com o intuito de verificar a expressão do anticorpo

recombinante. Esse experimento de ELISA também foi desenvolvido de forma a quantificar a

presença da porção Fc. Os anticorpos eram quantificados a partir de comparações com uma

curva padrão realizada com IgG humana em concentrações conhecidas obtidas por meio de

diluições seriadas. O ensaio era realizado duplicata para cada poço transfectado e os

resultados referentes ao anticorpo recombinante agrupados, assim foram agrupadas quatro

medidas.

Os resultados revelaram que o vetor contendo a construção tricistrônica conseguiu

promover a expressão do anticorpo recombinante. A partir dos dados da curva padrão com

IgG humana a uma concentração inicial de 160 ng/mL, pode-se inferir que a quantidade de

anticorpo recombinante presente no sobrenadante de cultura era de 14,3 ng/mL em 48h pós-

transfecção e 1,75 ng/mL em 72h pós-transfecção (Figura 29). É interessante ressaltar que

essa construção produziu uma maior quantidade de anticorpo do que a construção bicistrônica

pMACIA HIL, mesmo com mesma eficiência de transfecção, revelada por análise em

microscópio de fluorescência das células transfectadas com o vetor pGFP/NEO, sendo de

aproximadamente 50%. Visto isso, partimos para a seleção de clones estáveis a partir dessa

construção.

4.10.1 Seleção das células transfectadas utilizando Geneticina® (G418)

Com intuito de obtermos quantidades de proteínas suficientes para a realização dos

ensaios biológicos, partiu-se para seleção das células transfectadas utilizando o antibiótico

Geneticina® (G418) (tópico 3.2.12.8). A adição de agente seletivo promove a morte celular

das células não transfectadas e permite a sobrevivência das células produtoras de proteína

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recombinante, visto que, os plasmídios utilizados possuíam a marca de resistência ao agente

seletivo citado. Além disso, após a morte celular das células não transfectadas, as células

resistentes passam a ter a capacidade de se proliferar até atingir a confluência máxima do

poço. Assim, após a seleção somente células expressando a proteína recombinante estariam

presentes nos poços transfectados.

Após a coleta do sobrenadante de 72h depois da transfecção, o meio de cultura foi

reposto por meio adicionado do antibiótico Geneticina a uma concentração de 600 µg/mL.

Além disso, o meio com o antibiótico foi adicionado aos poços controles contendo as células

não-transfectadas. Essas por sua vez seriam utilizadas como controle da morte celular. A

partir da adição do meio com o agente seletivo, o sobrenadante de cultura foi coletado a cada

48h e trocado por meio novo acrescido de Geneticina. As células foram sempre

acompanhadas pela visualização no microscópio óptico onde era observada a sua morfologia

e a aderência à placa.

As células da linhagem BHK-21 possuem como característica o crescimento em meio

de cultura contendo soro fetal bovino de forma aderida e apresentando uma morfologia

elíptica. Quando essas células entram no processo de morte celular elas começam a perder a

aderência pela placa e mudam sua morfologia para a forma esférica.

Dessa forma as células foram acompanhadas da maneira citada e quando foi

constatado que aquelas presentes nos poços não-transfectados tinham morrido, era assumido

que a partir daquele ponto as células estavam selecionadas.

Durante a seleção das células transfectadas, os sobrenadantes das culturas foram

coletados para acompanhamento por ELISA dos níveis de proteínas recombinantes expressos.

Os resultados mostraram entre os tempos de 240h a 408h houve uma total perda da produção

do anticorpo (Figura 29). Após 480h o anticorpo volta a ser produzido, mas sua produção fica

oscilante além de ser muito baixa. Esse mesmo processo de queda de expressão foi observado

por Silva, em 2008, no entanto com a expansão da cultura mista de clones estáveis para

garrafas de cultura de 75 e 150 cm2, houve um aumento considerável na produção do

anticorpo recombinante.

Essa etapa é um momento crucial para o estabelecimento das células resistentes ao

antibiótico. Provavelmente, além de provocar a morte celular daquelas não-transfectadas, as

células que integraram no seu genoma poucas cópias do vetor tricistrônico durante a

transfecção podem ter sido eliminadas. A quantidade do gene resistência expressa

provavelmente era consideravelmente inferior àquelas células que internalizaram e integraram

diversas cópias dos vetores contendo a marca de resistência.

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Nesse sentido, essa queda de expressão provavelmente se deve a morte dessas células

transfectadas com poucas cópias dos vetores que de certa forma estavam contribuindo para as

quantidades de proteínas expressas. Outra hipótese é que essa pequena variação seja um

artefato intrínseco do experimento visto que a composição inconsistente do meio, devido à

presença de soro fetal bovino, pode gerar variações dos níveis de produção das proteínas

recombinantes. Esse experimento está em continuidade e os dados aqui contidos são até a

presente data.

Figura 28. Níveis de produção do anticorpo anti-CD3 em transfectomas estáveis de BHK-21. O sobrenadante de cultura foi coletado após 72h da transfecção e o meio reposto adicionado do referido antibiótico a cada 48h ou 72h. As células foram observadas quanto a sua morfologia para determinação da morte das células não transfectadas e o sobrenadante de cultura coletado para acompanhamento dos níveis de anticorpos produzidos. Os níveis de produção do anticorpo anti-CD3 foram determinados por ELISA, a partir da comparação com uma curva-padrão de IgG humana.

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4.11 Construção do vetor de expressão bicistrônico pMACIA HL IRES neo

anti-CD3

Para o aumento a produção do anticorpo recombinante pela construção monocistrônica

HL, resolvemos também adicionar a essa construção uma marca de seleção para expansão de

clones estáveis. Assim um elemento IRES seria interposto entre o final da região codificadora

do anticorpo recombinante e o início da marca de resistência ao antibiótico G418, seqüências

também obtidas a partir do vetor comercial pLXIN (Clontech).

Para essa construção, o vetor monocistrônico pMACIA HL anti-CD3 e o vetor

tricistrônico pMACIA HIL IRES neo foram digeridos com as enzimas de restrição Xma I e

Xho I, liberando as porções cadeia pesada inteira – Fur – VL e e a geração dos sítios para

clonagem, respectivamente. Após a clonagem, os clones obtidos foram analisados utilizando

as enzimas de restrição Kpn I, Nhe I e EcoR I, e o perfil originado estava de acordo com o

esperado, dando origem a nova construção bicistrônica, pMACIA HL IRES neo (Figura 30).

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Figura 30. Estratégia para construção do vetor tricistrônico pMACIA HL IRES neo anti-CD3. Para clonagem das porções cadeia pesada inteira – Fur – VL no vetor tricistrônico pMACIA HIL IRES neo anti-CD3, o vetor monocistrônico pMACIA HL anti-CD3 foi digerido com as enzimas Xma I e Xho I para liberação das porções cadeia pesada inteira – Fur – VL e liberação do vetor pMACIA HIL anti-CD3 IRES neo. Esses por sua vez foram ligados utilizando-se a enzima T4 DNA ligase dando origem a construção bicistrônica pMACIA HL IRES neo anti-CD3. Siglas – bla: gene da enzima β-lactamase; pCMV/IA: promotor de citomegalovírus contendo o íntron A; SV40 polyA: sinal de poliadenilação; PS I: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia pesada e PS II: seqüência líder codificadora do peptídeo sinal da cadeia leve.

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4.12 Transfecção estável da linhagem celular BHK-21 utilizando o vetor

bicistrônico pMACIA HL IRES neo anti-CD3

Partimos para a produção do anticorpo anti-CD3 humanizado a partir do vetor

bicistrônico pMACIA HL IRES neo anti-CD3 na linhagem celular BHK-21. Para tal foi

realizada primeiramente uma transfecção transiente (tópico 3.2.12.7) e esta foi realizada em

duplicata. Além desse vetor, também foi transfectado separadamente o vetor pGFP/NEO para

controle da eficiência de transfecção.

Após 48h e 72h da transfecção os sobrenadantes de cultura foram coletados para

ensaios imunoenzimáticos (ELISA) com o intuito de verificar a expressão do anticorpo

recombinante. Esse experimento de ELISA também foi desenvolvido de forma a quantificar a

presença da porção Fc. Os anticorpos eram quantificados a partir de comparações com uma

curva padrão realizada com IgG humana em concentrações conhecidas obtidas por meio de

diluições seriadas. O ensaio era realizado para cada poço transfectado e os resultados

referentes ao anticorpo recombinante agrupados, assim foram agrupadas duas medidas.

Não foi detectada nenhuma produção de anticorpo a partir dessa construção. No

entanto, resolvemos partir para a seleção dessa construção com Geneticina, pois poderia haver

produção do anticorpo por poucas células, não sendo detectada pelo ensaio de ELISA. Com a

seleção essas células produtoras seriam expandidas, podendo assim detectarmos a presença do

anticorpo. Contudo, com a seleção houve morte celular tanto das células não-transfectadas,

utilizadas como controle como no tópico 4.2.9, como nas células transfectadas com a

construção bicistrônica pMACIA HL IRE neo.

A concentração de Geneticina utilizada, 600 µg/mL, foi obtida a partir de uma curva

de sobrevivência feita previamente na linhagem celular CHO-K1 (Silva, 2008). Isso pode ter

interferido na produção dos anticorpos recombinantes, produzidos na linhagem BHK-21,

tanto na construção tricistrônica quanto na bicistrônica. Essa linhagem celular pode ser mais

sensível a esse agente seletivo, eliminando conseqüentemente os clones produtores. Uma

curva de sobrevivência para a linhagem BHK-21 será feita e serão repetidas as transfeções

estáveis a partir das construções tricistrônica pMACIA HIL IRES neo anti-CD3 e bicistrônica

pMACIA HL IRES neo anti-CD3.

Com essas barreiras ultrapassadas será possível chegar a uma produção do anticorpo

anti-CD3 humanizado suficiente para análises de sua função efetora e futuro uso clínico.

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Conclusões e

Perspectivas

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No presente trabalho foram traçadas estratégias inovadoras para a expressão de um

anticorpo anti-CD3 humanizado em células de mamíferos. Para isso foram construídas

versões monocistrônicas, bicistrônicas e tricistrônicas desse anticorpo no sentido de otimizar

sua produção.

Os resultados aqui apresentados mostram que a expressão de anticorpos recombinantes

em células de mamíferos utilizando o vetor de expressão bicistrônico pMACIA HIL, com o

elemento IRES entre as duas cadeias do anticorpo, é bastante promissora, se mostrando a

construção mais satisfatória em termos de produção em transfecções transiente e estável até o

momento. A adição de uma marca seletiva a essa construção, gerando o vetor de expressão

tricistrônico pMACIA HIL IRES neo, apresentou um certo nível de estabilidade de produção

ao longo do tempo, sendo que a este experimento está sendo dada continuidade.

O vetor de expressão monocistrônico pMACIA HL, com uma seqüência codificadora

de um sítio clivável por furina entre as duas cadeias do anticorpo, se mostrou factível,

produzindo o anticorpo recombinante de forma efetiva. Esse resultado é interessante, pois

essa construção gera um polipeptídeo bastante grande que somente é hipoteticamente clivado

no Complexo de Golgi, liberando as duas cadeias do anticorpo para montagem. Contudo, a

adição da marca seletiva a essa construção, gerando o vetor de expressão bicistrônico

pMACIA HL IRES neo, teve um efeito negativo nessa construção, ocasionando nenhuma

produção por parte desta.

Já o vetor de expressão monocistrônico pMACIA LH não conseguiu produzir o

anticorpo recombinante. Este vetor foi bastante manipulado durante a sua construção, pelo

fato de que além da inserção uma seqüência codificadora de um sítio clivável por furina entre

as duas cadeias do anticorpo, houve a inversão da posição das cadeias em relação as outras

construções. Essa manipulação pode ter gerado algum problema nessa seqüência,

impossibilitando a produção do anticorpo.

Como perspectivas para este trabalho temos em primeiro lugar a análise massiva da

seqüência da construção monocistrônica pMACIA LH, para tentar entender o porque da não

produção do anticorpo recombinante. Com a resolução do problema, será feita a repetição da

transfecção transiente das três construções, monocistrônicas e bicistrônicas em BHK-21, para

uma melhor comparação da produção do anticorpo recombinante entre elas. Será feita,

paralelamente, uma curva de sobrevivência de BHK-21 com o Geneticina, estabelecendo-se

uma concentração ideal desse antibótico para ser utilizada na seleção de clones estáveis a

partir das construções tricistrônica pMACIA HIL IRES neo e bicistrônica pMACIA HL IRES

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neo. Com essa concentração estabelecida, a transfecção dessas construções será refeita e suas

produções serão comparadas para o estabelecimento da melhor construção.

Será feita também transfecção estável da construção tricistrônica pMACIA HIL IRES

neo na linhagem celular CHO-K1, pela sua estabilidade de produção do anticorpo mostrada

por Silva, em 2008. Outra perspectiva é suprir linhagens celulares que não possuem

quantidades suficientes da enzima furina, como HEK293 e CHO-K1 (Shapiro et al.,1997),

através de co-transfecção de um vetor contendo uma seqüência codificadora da enzima furina,

possibilitando a expressão das construções monocistrônicas nessas linhagens. Com essas

questões solucionadas, em conjunto com os dados experimentais, será possível avaliar o

potencial dessas moléculas recombinantes como futuros imunoterápicos.

Ao estabelecer-se a melhor construção, esta e as versões do mesmo anticorpo na forma

de FvFc, , FvFc T e FvFc R (Silva, 2008), serão utilizadas durante meu projeto de Doutorado.

Este tem como objetivos analisar o efeito dos anticorpos anti-CD3 humanizados, versões

FvFcs e anticorpo inteiro, na indução de proliferação, produção de citocinas e expressão de

fatores de transcrição imunorreguladores, bem como analisar o efeito desses anticorpos na

geração de células T com atividade supressora, in vitro.

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Referências

Bibliográficas

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