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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
FELIPE LÚCIO DE SOUSA CHAGAS
ESTUDO DA OPERAÇÃO DE CONTROLE DE
POÇOS COM FLUIDOS DE PERFURAÇÃO
SINTÉTICOS
CAMPINAS
2016
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus pela oportunidade de concluir mais esta etapa na
minha vida, onde realizei com muita fé e força, a conclusão de meus estudos para me tornar
Mestre em Ciências e Engenharia de Petróleo.
Agradeço ao meu pai, Aguinelo Chagas (in memorian), pelo caráter exemplar que
sempre me inspiro, e porque sempre me apoiou e ensinou durante nossas conversas a buscar
conhecimento e educação, para crescer pessoal e profissionalmente.
À minha mãe, Edir Chagas, pela educação que me foi dada, pelos conselhos e
conversas, e principalmente pelas orações que me fortaleceram durante essa jornada.
Às minhas irmãs, Gislaine, Geneth, Maria Helena, Stella e Késya, minha sobrinha
Rísya, demais sobrinhas e familiares, que sempre me apoiaram em todas nossas conversas
com conselhos, e que me motivaram cada vez mais em meus estudos.
Agradeço especialmente ao Dr. Paulo Roberto Ribeiro, pelas orientações dadas e pelas
conversas durante estes dois anos, que permitiram a conclusão deste trabalho, e por ter
acreditado em mim desde o início quando conversamos, me incentivando na busca pelo
conhecimento.
Agradeço aos professores da Universidade Vila Velha, Eduardo Monteiro, Fernando
Barcelos e Mário Sérgio, que me indicaram e orientaram a seguir os estudos em Engenharia
de Petróleo.
Aos amigos do LEP, Daniela Marques, Nara Policarpo, e em especial ao Claudio
Loiola, pelas conversas que tivemos e conselhos que contribuíram de forma imensa para a
conclusão deste trabalho, e, sobretudo, pelo respeito e amizade.
Aos amigos do Departamento de Engenharia de Petróleo pelas boas conversas e
entretenimento durante a convivência nesse período.
Aos amigos do Capítulo SPE 2015, que realizando uma atividade extracurricular,
conseguimos criar uma amizade em nossas conversas e conciliar as demandas do Mestrado,
com apoio e compreensão.
Agradeço também à minha namorada Valdelyne Gomes, que me ajudou muito a
crescer como pessoa, pela compreensão e pelo carinho em todas as horas.
Ao Programa de Formação de Recursos Humanos da ANP, PFRH-ANP, e à
PETROBRAS, pelos recursos e suporte financeiro dado ao longo do período de realização
deste Mestrado.
Agradeço aos demais profissionais do Departamento de Engenharia de Petróleo,
professores e funcionários, e a todos que contribuíram na conclusão deste trabalho.
RESUMO
A grande demanda por petróleo nos países requer cada vez mais a descoberta de novos
campos petrolíferos. Acompanhando o crescimento dessa demanda, crescem também os
desafios em todas as operações, principalmente na perfuração, devido às suas condições
difíceis.
Todavia, os mesmos fluidos sofrem variações em suas propriedades em função da
pressão e temperatura que se encontram, requerendo que haja uma atenção especial em
algumas operações, inclusive durante o controle de poço. Este último é uma operação crítica,
pois envolve questões de segurança, ambientais e econômicas.
De forma a prever melhor cenários de risco à operação de controle de poços com
fluidos sintéticos, neste trabalho foi feita uma análise da operação, evoluindo um simulador
pré-existente para estudar o comportamento dos parâmetros operacionais na circulação de
kicks com fluidos de perfuração base n-parafina, fluidos base éster, além de emulsões destes
fluidos em água.
Foi realizado um estudo comparativo, visando avaliar a representatividade do
simulador comparando-o com um estudo experimental da operação de controle de poço,
utilizando dados disponíveis na literatura, onde houve boa concordância dos resultados.
O comportamento termodinâmico da mistura de fluidos sintéticos, à base de n-parafina
e à base de éster, e o gás metano também foi estudado, onde se notou que para as mesmas
condições de poço, a saturação ocorre antecipadamente no éster, o que promove níveis
diferentes de pressão e chegada do gás na superfície durante a etapa de controle.
Numa comparação realizada com um simulador composicional transiente, os
resultados mostraram um bom desempenho do simulador, em termos de resposta dos
resultados e tempo computacional.
Uma análise de sensibilidade, feita em cenários de poços terrestres e marítimos,
apontou diferenças muito significativas na operação de controle com cada tipo de fluido,
mostrando a abrangência e aplicabilidade do simulador em diferentes cenários de controle de
poços.
Palavras Chave: Controle de poço, solubilidade, éster, n-parafina, alta pressão/alta
temperatura - APAT
ABSTRACT
The high demand for oil in countries requires even more new oil fields discoveries.
Following this growing demand, the challenges grows also in the whole operations, mainly
during drilling, due to the difficult conditions that can be experienced.
However, the same fluids experience changes in their properties as a function of
pressure and temperature, which requires that there be a special attention for some operations,
including well control ones. This one is a critical operation as it involves security,
environmental and economic issues.
In order to have a better risk prediction scenarios to well control operations with
synthetic fluids, an analysis of the operation in this study was made, using a pre-existent
simulator to study the behavior of the well control operation parameters, in the kicks
circulation using n –paraffin and ester based drilling fluids, as well as emulsion of these fluids
with water.
A comparative study was conducted to evaluate the simulator representation,
comparing it to an experimental study of well control operation using data available in the
literature, where there was good agreement of the results.
The thermodynamic behavior of the blend of synthetic drilling fluids, n- paraffin
based and ester-based , and methane gas were also studied where was noted that for the same
well conditions, the saturation occurs earlier in the ester, which promotes different levels of
pressure and the gas flow on the surface during the control step.
In a comparison carried out with a transient compositional simulator, the results
showed good performance of the simulator, in terms of response and computational time.
A sensitivity analysis was made in scenarios of onshore and offshore wells, showing
very significant differences in the control operation with every type of fluid, and the scope
and applicability of the simulator in different wells control scenarios.
Key Word: Well Control, solubility, ester, n-paraffin, high pressure/high temperature -
HPHT
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 19
1.1 Objetivos ......................................................................................................................... 20
1.2 Motivação ....................................................................................................................... 21
1.3 Organização do Trabalho ................................................................................................ 21
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................. 23
2.1 Fluidos de perfuração ...................................................................................................... 23
2.2 Fluidos de Perfuração à Base de Ésteres ........................................................................ 28
2.3 Poços Marítimos em Lâminas d’água Profunda e Ultra profunda .................................. 30
2.4 Poços de Alta Pressão e de Alta Temperatura ................................................................ 32
2.5 Métodos de Controle de Poços ....................................................................................... 34
2.6 Simuladores De Controle De Poços ................................................................................ 36
3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 41
3.1 O programa Unikick® .................................................................................................... 41
3.2 Organização do Programa ............................................................................................... 42
3.2.1 Descrição do modelo ................................................................................................ 42
3.2.2 Modelo de velocidade de ascensão por bolhas de Taylor ........................................ 43
3.2.3 Modelo de velocidade de ascensão de bolhas dispersas .......................................... 45
3.2.4 Equações para o cálculo da perda de carga por atrito .............................................. 46
3.3 Metodologia para Fluido base água ................................................................................ 47
3.4 Metodologia para fluidos base óleo/sintético ................................................................. 50
3.4.1 Caso subsaturado ...................................................................................................... 52
3.4.2 Caso saturado ........................................................................................................... 53
3.4.3 Caso supersaturado ................................................................................................... 53
3.5 Exemplo de aplicação da metodologia para fluido sintético .......................................... 54
4 APRIMORAMENTOS NO SIMULADOR UNIKICK ........................................................ 63
4.1 Trabalho experimental de Kim (2010) ............................................................................ 63
4.2 Evolução atual do simulador ........................................................................................... 64
4.3 Resumo do funcionamento do programa após melhorias e atualizações ........................ 76
5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 77
5.1 Comparação com dados experimentais e simulador transiente ...................................... 78
5.2 Análise e acompanhamento das propriedades termodinâmicas ...................................... 83
5.2.1 N-parafina................................................................................................................. 84
5.2.2 Éster .......................................................................................................................... 96
5.3 Comparação com simulador composicional ................................................................. 106
5.4 Análise de sensibilidade ................................................................................................ 112
5.4.1 N-parafina............................................................................................................... 112
5.4.1.1 Poço terrestre vertical e diferentes temperaturas de fundo do poço ................ 113
5.4.1.2 Poço Marítimo vertical e análise para diferentes lâminas d’água ................... 121
5.4.1.3 Poço Marítimo Horizontal ............................................................................... 131
5.4.2 Éster ........................................................................................................................ 136
5.4.2.1 Poço terrestre vertical e diferentes temperaturas de fundo do poço ................ 136
5.4.2.2 Poço Marítimo vertical e análise para diferentes lâminas d’água ................... 144
5.4.2.3 Poço Marítimo Horizontal ............................................................................... 153
5.4.3 Comentários sobre os Resultados Simulados para o Éster e N-parafina................ 158
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................... 160
6.1 Conclusões .................................................................................................................... 160
6.2 Recomendações Para Trabalhos Futuros ...................................................................... 162
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 163
APÊNDICE A – Dados do poço terrestre vertical utilizado na análise de sensibilidade ....... 166
APÊNDICE B - Dados do poço marítimo vertical utilizado na análise de sensibilidade ...... 167
APÊNDICE C - Dados do poço marítimo horizontal utilizado na análise de sensibilidade .. 168
Anexo I – Cálculo de Perdas de Carga ................................................................................... 170
Anexo II – Perda de carga na região bifásica ......................................................................... 174
Anexo III – Viscosidade do gás (Lee et al, 1958) .................................................................. 177
Anexo IV – Fator de compressibilidade do gás - Correlação de Hall & Yarborough ............ 178
Anexo V – Correlações de Kim (2010) para o éster utilizadas no simulador ........................ 179
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Solubilidade do metano no diesel No. 2 entre 100°F e 600°F. ............................ 24
Figura 2.2 - Razão de solubilidade do metano no éster e na n-parafina para temperaturas de
158°F e 194°F. .......................................................................................................................... 26
Figura 2.3 - Fator de formação de volume do metano no éster e na n-parafina para
temperaturas de 158°F e 194°F. ............................................................................................... 27
Figura 2.4- Comparação entre leituras obtidas num viscosímetro Fann 75 para dois tipos de
éster, a uma temperatura de 2°C. .............................................................................................. 29
Figura 2.5- Avanços da Petrobras na perfuração marítima ao longo dos anos. ....................... 31
Figura 2.6 - Derramamento ocorrido no campo de Frade, devido a underground blowout. .... 32
Figura 2.7-Classificação de poços de acordo com sua temperatura e pressão ......................... 33
Figura 2.8 - Janela de geopressões de um poço APAT. ........................................................... 34
Figura 2.9- Comparativo da pressão no choke obtida pela simulação no Unikick® e no
Drillbench. ................................................................................................................................ 37
Figura 3.1 - Padrões de escoamento vertical ascendente. ....................................................... 43
Figura 3.2- Fatores K1 e K2. ................................................................................................... 46
Figura 3.3 - Condições iniciais de kick num fluido base sintética. ......................................... 51
Figura 3.4- Pressão no choke obtida no exemplo de aplicação da metodologia ...................... 60
Figura 3.5- Volume de ganho no tanque obtido no exemplo de aplicação da metodologia. .... 60
Figura 4. 1 - Composição simplificada do fluido base éster estudado por Kim (2010) ........... 63
Figura 4. 2 - Razão de solubilidade do éster a diferentes temperaturas. (Adaptado de Kim,
2010) ......................................................................................................................................... 64
Figura 4. 3 - Esquema ilustrativo do poço estudado ................................................................ 66
Figura 4. 4 - Comparativo da Pressão no choke entre a versão atual e de Paula Jr. (2008) ..... 67
Figura 4. 5 - Propriedades PVT da mistura n-parafina e metano a 70°C. (Atolini, 2008) ....... 68
Figura 4. 6 - Esquema ilustrativo do poço com diâmetro variável. .......................................... 70
Figura 4. 7 - Comparativo da Pressão no choke entre as versões atual e de Paula Jr. (2008) (A)
e acompanhamento do kick (B) ................................................................................................ 71
Figura 4. 8 - Ilustração do poço marítimo da análise de correção. ........................................... 73
Figura 4. 9 - Pressão no choke no poço marítimo, antes do ajuste. .......................................... 74
Figura 4. 10 - Comparativo do comportamento da pressão no choke após a mudança na
condição de subsaturação. ........................................................................................................ 75
Figura 5. 1 - Poço-escola da Petrobras em Taquipe-BA. (Avelar,2008) .................................. 78
Figura 5. 2 - Comparativo da pressão no choke obtida pelos simuladores e o trabalho de
Marques (2004). ....................................................................................................................... 81
Figura 5. 3 - Comparativo do volume de ganho obtido pelos simuladores e o trabalho de
Marques (2004). ....................................................................................................................... 82
Figura 5. 4 -Esquema do poço terrestre utilizado na análise PVT ........................................... 83
Figura 5. 5 - Razão de solubilidade da zona contaminada - N-parafina ................................... 86
Figura 5. 6 - Razão de solubilidade da n-parafina em função da pressão (A) e da temperatura
(B). ............................................................................................................................................ 87
Figura 5. 7 - Zona contaminada no instante inicial, e posição do kick ao longo do tempo – N-
parafina. .................................................................................................................................... 88
Figura 5. 8 - Fator de formação de volume da zona contaminada - N-parafina. ...................... 88
Figura 5. 9 - Fator de formação de volume sob a perspectiva da pressão (A) e da temperatura
(B). ............................................................................................................................................ 89
Figura 5. 10 - Massa específica da zona contaminada - N-parafina. ........................................ 90
Figura 5. 11 - Massa específica da zona contaminada sob a perspectiva da pressão (A) e da
temperatura (B). ........................................................................................................................ 91
Figura 5. 12 - Pressão no choke durante a circulação do kick - N-parafina. ............................ 92
Figura 5. 13 - Ponto de saturação da zona contaminada - N-parafina. ..................................... 93
Figura 5. 14 - Volume de ganho nos tanques durante a circulação do kick - N-parafina. ....... 94
Figura 5. 15 - Vazão de gás na superfície - N-parafina. ........................................................... 95
Figura 5. 16 - Vazão de retorno de líquido - N-parafina. ......................................................... 96
Figura 5. 17 - Razão de solubilidade da zona contaminada - Éster. ......................................... 97
Figura 5. 18 - Razão de solubilidade da zona contaminada sob a perspectiva da pressão (A) e
da temperatura (B) – Éster. ....................................................................................................... 98
Figura 5. 19 - Zona contaminada no instante inicial, e posição do kick ao longo do tempo -
Éster. ......................................................................................................................................... 99
Figura 5. 20 - Fator de formação de volume da zona contaminada - Éster. ............................. 99
Figura 5. 21 - Fator de formação de volume do éster sob a perspectiva da pressão (A) e da
temperatura (B). ...................................................................................................................... 100
Figura 5. 22 - Massa específica da zona contaminada - Éster. ............................................... 101
Figura 5. 23 - Massa específica da zona contaminada sob a perspectiva da pressão (A) e da
temperatura (B). ...................................................................................................................... 102
Figura 5. 24 - Comportamento esperado da pressão no choke - Éster. .................................. 103
Figura 5. 25 - Volume de ganho nos tanques durante a circulação do kick - Éster................ 104
Figura 5. 26 - Vazão de gás na superfície - Éster. .................................................................. 104
Figura 5. 27 - Vazão de retorno de líquido - Éster. ................................................................ 105
Figura 5. 28 - - Ilustração do poço utilizado na comparação entre os simuladores................ 108
Figura 5. 29 - Comparação do comportamento da pressão no choke entre os simuladores. .. 109
Figura 5. 30 - Comparação do comportamento do volume de ganho nos tanques entre os
simuladores. ............................................................................................................................ 110
Figura 5. 31 - Comparação do comportamento da vazão de gás na superfície entre os
simuladores. ............................................................................................................................ 110
Figura 5. 32 - Pressão no choke no poço terrestre - N-parafina pura. .................................... 113
Figura 5. 33 - Volume de ganho nos tanques no poço terrestre - N-parafina pura................. 114
Figura 5. 34 - Vazão de gás na superfície no poço terrestre - N-parafina pura. ..................... 114
Figura 5. 35 - Vazão de retorno de líquido no poço terrestre - N-parafina pura. ................... 115
Figura 5. 36 - Pressão no choke no poço terrestre - N-parafina Emulsão 70-30. ................... 116
Figura 5. 37 - Volume de ganho nos tanques no poço terrestre - N-parafina Emulsão 70-30.
................................................................................................................................................ 117
Figura 5. 38 - Vazão de gás na superfície no poço terrestre - N-parafina Emulsão 70-30. .... 117
Figura 5. 39 - Vazão de retorno de líquido no poço terrestre - N-parafina Emulsão 70-30. .. 118
Figura 5. 40 - Pressão no choke para diferentes temperaturas de fundo no poço terrestre - N-
parafina pura. .......................................................................................................................... 119
Figura 5. 41 - Volume de ganho nos tanques para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre - N-parafina pura. ..................................................................................................... 120
Figura 5. 42 - Vazão de gás na superfície para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre - N-parafina pura. ..................................................................................................... 120
Figura 5. 43 - Vazão de retorno de líquido para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre - N-parafina pura. ..................................................................................................... 121
Figura 5. 44 - Pressão no choke no poço marítimo vertical. N-parafina pura. ....................... 122
Figura 5. 45 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo vertical. N-parafina pura. .. 123
Figura 5. 46 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo vertical. N-parafina pura. ........ 123
Figura 5. 47 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo vertical. N-parafina pura. ...... 124
Figura 5. 48 - Pressão no choke no poço marítimo vertical. N-parafina Emulsão 70-30....... 125
Figura 5. 49 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo vertical. N-parafina Emulsão
70-30. ...................................................................................................................................... 126
Figura 5. 50 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo vertical. N-parafina Emulsão 70-
30. ........................................................................................................................................... 127
Figura 5. 51 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo vertical. N-parafina Emulsão 70-
30. ........................................................................................................................................... 127
Figura 5. 52 - Pressão no choke para diferentes lâminas d'água no poço marítimo vertical. N-
parafina pura. .......................................................................................................................... 128
Figura 5. 53 - Volume de ganho nos tanques para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. N-parafina pura. ........................................................................................................ 129
Figura 5. 54 - Vazão de gás na superfície para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. N-parafina pura. ........................................................................................................ 130
Figura 5. 55 - Vazão de retorno de líquido para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. N-parafina pura. ........................................................................................................ 130
Figura 5. 56 - Pressão no choke no poço marítimo horizontal. N-parafina pura. .................. 131
Figura 5. 57 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo horizontal. N-parafina pura.
................................................................................................................................................ 132
Figura 5. 58 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo horizontal. N-parafina pura. .. 133
Figura 5. 59 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo horizontal. N-parafina pura. . 133
Figura 5. 60 - Pressão no choke no poço marítimo horizontal. N-parafina Emulsão 70-30. 134
Figura 5. 61 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo horizontal. N-parafina
Emulsão 70-30. ....................................................................................................................... 135
Figura 5. 62 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo horizontal. N-parafina Emulsão
70-30. ...................................................................................................................................... 135
Figura 5. 63 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo horizontal. N-parafina Emulsão
70-30. ...................................................................................................................................... 136
Figura 5. 64 - Pressão no choke no poço terrestre. Éster puro. .............................................. 137
Figura 5. 65 - Volume de ganho nos tanques no poço terrestre. Éster puro. ......................... 138
Figura 5. 66 - Vazão de gás na superfície no poço terrestre. Éster puro. .............................. 138
Figura 5. 67 - Vazão de retorno de líquido no poço terrestre. Éster puro. ............................ 139
Figura 5. 68 - Pressão no choke no poço terrestre. Éster Emulsão 70-30. ............................ 140
Figura 5. 69 - Volume de ganho nos tanques no poço terrestre. Éster Emulsão 70-30. ......... 140
Figura 5. 70 - Vazão de gás na superfície no poço terrestre. Éster Emulsão 70-30. .............. 141
Figura 5. 71 - Vazão de retorno de líquido no poço terrestre. Éster Emulsão 70-30. ............ 141
Figura 5. 72 - Pressão no choke para diferentes temperaturas de fundo no poço terrestre. Éster
Puro. ........................................................................................................................................ 142
Figura 5. 73 - Volume de ganho nos tanques para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre. Éster Puro. ............................................................................................................... 143
Figura 5. 74 - Vazão de líquido na superfície para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre. Éster Puro. ............................................................................................................... 143
Figura 5. 75 - Vazão de retorno de líquido para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre. Éster Puro. ............................................................................................................... 144
Figura 5. 76 - Pressão no choke no poço marítimo vertical. Éster puro. ................................ 145
Figura 5. 77 - Volume de ganho no tanque no poço marítimo vertical. Éster puro. .............. 145
Figura 5. 78 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo vertical. Éster puro. ................. 146
Figura 5. 79 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo vertical. Éster puro. ............... 147
Figura 5. 80 - Pressão no choke no poço marítimo vertical. Éster Emulsão 70-30. ............... 148
Figura 5. 81 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo vertical. Éster Emulsão 70-30.
................................................................................................................................................ 149
Figura 5. 82 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo vertical. Éster Emulsão 70-30. 149
Figura 5. 83 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo vertical. Éster Emulsão 70-30.
................................................................................................................................................ 150
Figura 5. 84 - Pressão no choke para diferentes lâminas d'água no poço marítimo vertical.
Éster puro. ............................................................................................................................... 151
Figura 5. 85 - Volume de ganho nos tanques para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. Éster puro. ................................................................................................................. 152
Figura 5. 86 - Vazão de gás na superfície para diferentes lâminas d'agua no poço marítimo
vertical. Éster puro. ................................................................................................................. 152
Figura 5. 87 - Vazão de retorno de líquido para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. Éster puro. ................................................................................................................. 153
Figura 5. 88 - Pressão no choke no poço marítimo horizontal. Éster puro. ........................... 154
Figura 5. 89 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo horizontal. Éster puro. ....... 154
Figura 5. 90 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo horizontal. Éster puro. ............ 155
Figura 5. 91 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo horizontal. Éster puro. .......... 155
Figura 5. 92 - Pressão no choke no poço marítimo horizontal. Éster Emulsão 70-30. .......... 156
Figura 5. 93 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo horizontal. Éster Emulsão 70-
30. ........................................................................................................................................... 157
Figura 5. 94 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo horizontal. Éster Emulsão 70-30.
................................................................................................................................................ 157
Figura 5. 95 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo horizontal. Éster Emulsão 70-30.
................................................................................................................................................ 158
LISTA DE TABELAS
Tabela 3. 1-Dados de entrada para o exemplo de aplicação da metodologia para fluido
sintético ..................................................................................................................................... 54
Tabela 3.2- Parâmetros após primeiro passo de tempo na simulação ...................................... 57
Tabela 3. 3- Parâmetros no segundo passo de tempo na simulação ......................................... 57
Tabela 3. 4- Parâmetros no instante t=76min. da simulação .................................................... 58
Tabela 3. 5- Parâmetros no instante t=96min. da simulação .................................................... 59
Tabela 4. 1 - Dados de entrada para comparação das versões, analisando condição de
subsaturação 65
Tabela 4. 2 - Dados de entrada para comparação das versões, analisando variação de diâmetro
do poço ..................................................................................................................................... 69
Tabela 4. 3 - Dados de entrada do poço marítimo vertical ....................................................... 72
Tabela 5. 1 - Dados de entrada - análise das propriedades PVT 83
Tabela 5. 2 - Condição de saturação inicial - N-parafina ......................................................... 85
Tabela 5. 3 - Condição inicial de saturação - Éster .................................................................. 97
Tabela 5. 4 - Comparativo Unikick e simulador de Loiola (2015). ....................................... 106
Tabela 5. 5 - Dados da n-parafina utilizada no simulador de Loiola (2015). ......................... 107
Tabela 5. 6 - Comparação da chegada do gás na superfície entre os simuladores. ................ 111
Tabela 5. 7 - Comparação da conservação de massa do gás pelos volumes de entrada e saída
após a simulação. .................................................................................................................... 111
Tabela 5. 8 - Comparação dos tempos de simulação gastos por cada simulador. .................. 112
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Termo Significado Inglês
ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis
-
APAT Alta pressão/Alta temperatura HPHT - High Pressure/High
Temperature
BHP Pressão no fundo do poço Bottom Hole Pressure
BOP Preventor de Erupções Blowout Preventer
ECD Densidade Equivalente de Circulação Equivalent Circulating Density
IADC - International Association of Drilling
Contractors
ID Diâmetro interno Internal Diameter
LDA Lâmina d'água Water Depth
MS Margem de Segurança -
OD Diâmetro externo Outside Diameter
PAO Poli-alfa-olefina Poly-alpha-oleffin
RGO Razão Gás-Óleo Gas-Oil Ratio
SICP Pressão de fechamento do choke Shut in Choke Presure
SIDPP Pressão de fechamento da coluna de
perfuração
Shut in Drillpipe Presure
ZB Zona bifásica -
ZC Zona contaminada -
LISTA DE SÍMBOLOS
𝜃 Ângulo de inclinação em relação à vertical Radianos
𝐶𝑎𝑛 Área da coroa do anular m²
𝐶𝑜 Coeficiente de distribuição -
𝐻 Comprimento da coluna de fluido m
𝛾𝑔 Densidade relativa do gás -
𝑑𝑒𝑝 Diâmetro equiperiférico pol
𝑑𝑒 Diâmetro externo da seção pol
𝑑1 Diâmetro interno da seção pol
𝑑𝑖 Diâmetro interno da seção pol
𝑍 Fator de compressibilidade isotérmica do gás -
𝐵𝑜 Fator de formação de volume com gás bbl/stb
𝐵𝑜𝑠𝑔 Fator de formação de volume sem gás bbl/stb
𝛼 Fração de vazios -
𝑔 Gravidade m/s²
𝐻 Holdup médio de líquido -
∆𝑡 Intervalo de tempo s
𝑚 Massa kg
𝜌𝑚 Massa específica da mistura lb/gal
𝜌𝑓 Massa específica do fluido de perfuração lb/gal
𝜌𝑔 Massa específica do gás lb/gal
𝑁𝐹𝑟 Número de Froude -
𝐾1 Coeficiente de Griffith 1 -
𝐾2 Coeficiente de Griffith 2 -
𝑃 Pressão lb/pol² - psi
𝑃𝑓 Pressão da formação lb/pol² - psi
𝑃 Pressão média na região bifásica lb/pol² - psi
𝑅 Razão entre diâmetro interno e externo do anular -
𝑅𝑆 Razão de solubilidade scf/stb
𝑇 Temperatura °F
𝑡𝑓𝑒𝑐ℎ Tempo de fechamento min
𝜎 Tensão superficial do fluido N/m
∆𝜌 Diferença massa específica dos fluidos lb/gal
𝑄 Vazão de líquido gpm
𝑣 Velocidade m/s
𝑣𝑏𝑡 Velocidade da bolha de Taylor m/s
𝑣𝑚 Velocidade da mistura m/s
𝑣𝑙 Velocidade média do líquido m/s
𝑉 Volume bbl
𝑉𝑏𝑖𝑓 Volume da região bifásica bbl
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1 INTRODUÇÃO
A indústria de petróleo, ao longo de toda sua trajetória, é reconhecida por sua inovação
em meio aos desafios que permeiam as diversas etapas de sua cadeia produtiva. Dentre a
prospecção até a produção de forma segura, uma das etapas que merece um destaque especial
é a perfuração do poço.
A perfuração de um poço consiste na combinação de equipamentos, materiais e
pessoal, que irão permitir o avanço de forma segura ao longo das formações rochosas de
subsuperfície. Para tanto, é utilizada uma broca instalada na extremidade inferior de uma
coluna de perfuração, que por sua vez é composta por elementos tubulares que visam prover
peso e rotação sobre a broca.
Um insumo essencial para a realização da perfuração é o fluido de perfuração. Este
último consiste numa mistura de componentes líquidos e sólidos, em algumas vezes até gases,
sendo especificado de acordo com as características das formações rochosas que se espera
encontrar ao longo da perfuração de uma determinada fase. Tal fluido é responsável por
desempenhar um papel de segurança, atuando como um mecanismo de controle primário do
poço, evitando o influxo de fluidos da formação para dentro do poço. Esse influxo é chamado
de kick.
Atualmente, a operação de perfuração tem avançado para ambientes marítimos cada
vez mais adversos, em cenários de grandes desafios e riscos operacionais, ambientais e
econômicos. Em tais condições, é necessária a utilização de fluidos de perfuração sintéticos,
que, devido às suas propriedades únicas, possuem maior adaptabilidade a condições
operacionais mais severas, como é o caso de poços de alta pressão e alta temperatura (APAT),
lâminas d’água profundas e/ou ultra profundas, perfuração em rochas salinas, dentre outras.
Entretanto, mesmo com a utilização de fluidos sintéticos, problemas e dificuldades
operacionais que acarretam em tempo não produtivo, e que estão associados ao fluido de
perfuração, podem vir a ocorrer.
Devido à natureza de sua composição química, fluidos de perfuração sintéticos, de
base n-parafina ou éster, por exemplo, são capazes de solubilizar gases oriundos das
formações porosas já perfuradas, e isso afeta significativamente suas propriedades físicas,
tornando o fluido por vezes incapaz de manter a pressão hidrostática requerida frente a estas
formações, ocasionando um kick.
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Do ponto de vista operacional, um kick é um fenômeno comum e recorrente na perfuração
de um poço. Auwalu et al. (2015) relatam em seu trabalho que em poços convencionais a
ocorrência de kicks tem uma frequência média de um incidente a cada 20 poços perfurados,
representando chances de ocorrência de 5%. Em poços APAT, esse número sobe para dois
incidentes por poço, ou 200% de chances de ocorrência.
Dessa maneira, fica evidente a necessidade de se estudar as condições de ocorrência de
um kick e os procedimentos que virão a serem aplicados para sua remoção do poço e assim
dar continuidade à perfuração de forma segura. Do contrário, sérios prejuízos de ordem
ambiental e financeiros podem vir a ocorrer, devido à negligência a alguns fatores
relacionados ao fluido de perfuração ou imperícia no que se refere ao controle secundário do
poço, realizado a partir da circulação do kick para fora do poço.
Para realização do estudo foi utilizado o simulador de controle de poços Unikick, que é
um produto com propriedade intelectual resultante da parceria institucional da Unicamp,
Petrobras e Finep/CT-Petro, desde o ano 2000. A evolução do código computacional, tem
sido promovida pelo grupo de pesquisa em Segurança e Controle de Poço da Unicamp, sob
responsabilidade do Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro. Dr. Otto Luiz Alcântara Santos, por
parte da Petrobras, tem acompanhado desde o princípio os desenvolvimentos e pesquisas
associadas ao tema, junto à Unicamp.
1.1 Objetivos
O presente trabalho tem por objetivos principais:
I. Revisar a literatura destacando a importância e os desafios encontrados na perfuração
de poços com fluidos de base sintética;
II. Realizar o aprimoramento de um software existente (Unikick), tornando-o habilitado
para realização de estudos com fluido base éster e suas emulsões, utilizando resultados
experimentais publicados na literatura para este tipo de fluido;
III. Realizar um estudo mostrando a operação de controle de poço sob diferentes situações
de kicks, comparando-se diferentes tipos de fluidos de perfuração de base sintética,
levando em conta os processos termodinâmicos que envolvem tais fluidos durante a
circulação de um kick;
IV. Comparar o simulador Unikick com um simulador composicional, visando avaliar seu
desempenho diante de uma modelagem transiente;
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V. Comparar o simulador Unikick com dados da literatura, advindos de um trabalho
experimental e simulador com modelagem transiente.
VI. Discutir, do ponto de vista físico e de engenharia de perfuração, os resultados obtidos
nos itens anteriores, de forma a orientar o engenheiro a tomar decisões durante o
procedimento de controle de poço quando estiver trabalhando com fluidos de
perfuração não aquosos;
1.2 Motivação
A preocupação com o impacto ambiental gerado pelo descarte de fluidos de perfuração
base óleo diesel despertou um interesse cada vez maior da indústria de petróleo na elaboração
de fluidos de perfuração que causem menos impacto nas imediações onde o poço é perfurado,
seja pela regulamentação ambiental de um país ou mesmo pelas necessidades e custos
operacionais envolvidos.
Apesar da aplicação de fluidos de perfuração tendo como base o diesel, a n-parafina ou
mesmo o éster já ser praticada há algum tempo pela indústria de petróleo, o interesse em se
estudar o comportamento desses fluidos durante operações de controle de poços é muito
grande, dadas a frequência de ocorrência de kicks na perfuração de poços no mundo todo e a
preocupação com a integridade da operação.
O estudo da operação de controle de poço através de simuladores específicos torna-se
assim um grande aliado do engenheiro de poço no momento da sua tomada de decisão,
permitindo que sejam adotadas as medidas necessárias de acordo com a situação de kick que o
profissional se depara.
1.3 Organização do Trabalho
O trabalho foi organizado em 6 Capítulos. No Capítulo 2 é apresentada uma revisão da
literatura, abordando conceitos sobre a utilização de fluidos de perfuração e o comportamento
de suas propriedades, com destaque para fluidos de perfuração base n-parafina e éster.
Também são relatados temas que envolvem a integridade de poços durante operações de
controle de poço e a evolução de simuladores computacionais para esta operação. No Capítulo
3 é apresentada a metodologia utilizada pelo simulador Unikick, destacando as premissas e
procedimentos internos do simulador.
No Capítulo 4 foram descritas as evoluções realizadas na atual versão do Unikick para
simulações com fluido base éster, objeto de estudo do presente trabalho, bem como outros
22
aprimoramentos para melhor representação da operação de controle de poço. No Capítulo 5
são apresentados os resultados para simulações, onde foram feitas quatro análises distintas.
No 6° e último Capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho.
23
2 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão a seguir destaca alguns tópicos importantes com relação às variáveis
relacionadas à operação de controle de poços.
Primeiramente, foram abordadas as condições de utilização de fluidos base óleo, e a
evolução até a utilização de fluidos sintéticos.
Sobre estes, um tópico em especial foi elaborado para fluidos base éster e suas
aplicações na perfuração.
Por fim, são abordados conceitos de perfuração de poços marítimos, e os desafios da
operação de controle de poço nestes cenários, além de mostrar a contribuição de diversos
autores na elaboração de simuladores de controle de poços.
2.1 Fluidos de perfuração
A utilização de fluidos de perfuração base óleo surgiu da necessidade de se perfurar
trechos nos quais um fluido base água não era capaz de garantir a segurança e o sucesso da
operação. Alguns dos motivos para a escolha de fluidos base óleo são (Amoco, 1994):
Perfuração em zonas com argilas altamente reativas, que incham na presença de água,
e que podem causar colapso do poço e prisão da coluna de perfuração;
Necessidade de prover maior lubricidade aos componentes da coluna, principalmente
em poços direcionais;
Fluidos base óleo são resistentes a contaminantes tais como sais e gases como CO2 e
H2S, por exemplo. Na presença de um fluido de perfuração puramente aquoso, esses
gases podem causar corrosão dos equipamentos;
Dano de formação nas zonas a serem explotadas são minimizados;
Perfuração em zonas de alta pressão e alta temperatura.
Sob essa perspectiva operacional, os fluidos base óleo atendem a uma série de requisitos,
os quais fluidos base água não são capazes de fazê-lo. Entretanto, o início da utilização de
fluidos base óleo na perfuração de poços trouxe novas preocupações à indústria, acerca dos
problemas que a solubilidade do gás nesse tipo de fluido traz durante operações de controle de
poço.
O’Brien (1981) foi um dos primeiros a reportar um estudo evidenciando possíveis
problemas que a utilização de fluidos de perfuração à base de óleo poderia trazer para a
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operação de controle de poços. Apesar de não ter realizado um estudo experimental na época,
o autor concluiu que a solubilidade do gás num fluido de perfuração base óleo poderia ser de
10 a 100 vezes maior do que a observada em fluido base água.
Levando em consideração a hipótese levantada por O’Brien (1981), outros autores tais
como Thomas, Lea & Turek (1982) seguiram nessa linha de pesquisa, interessados em obter
maior conhecimento acerca da capacidade de solubilização do gás metano em fluidos de
perfuração base óleo diesel. Os autores constataram que com o aumento da pressão, a
solubilidade do gás também aumenta, ou seja, o óleo torna-se capaz de suportar maiores
quantidades de gás dissolvido nessas condições, como pode ser observado na Figura 2.1.
Além disso, pode-se observar também a solubilidade não sofre influência significativa da
temperatura a moderadas pressões, sendo perceptível apenas em pressões mais altas que a
solubilidade aumenta com o aumento da temperatura.
Figura 2.1 - Solubilidade do metano no diesel No. 2 entre 100°F e 600°F. (Thomas, Lea &
Turek, 1984. Adaptada.)
Devido à grande preocupação em relação ao impacto ambiental causado por fluidos de
perfuração à base de óleo (no caso, o diesel), a indústria despertou grande interesse pelos
chamados fluidos sintéticos.
25
Growcock & Frederick (1994) relataram que pelo fato de serem fabricados a partir de
componentes orgânicos não-derivados do petróleo, os fluidos sintéticos possuem um alto grau
de biodegradabilidade. Os autores apresentaram um estudo na época apontando os benefícios
e limitações de quatro tipos de fluidos sintéticos de baixa toxicidade: éster, éter, poli-alfa-
olefina (PAO) e alquilatos. Para os quatro fluidos mencionados, os autores ressaltaram como
vantagens o menor impacto ambiental, boa estabilidade térmica a altas temperaturas - até 425
°F (218°C) - e boa compatibilidade com outros aditivos. Em contrapartida, esses fluidos
apresentam certa dificuldade em formarem emulsões com água a uma dada proporção, o
controle de sua massa específica com aditivos pode ser limitado, além de representarem um
maior custo inicial em relação aos de base óleo convencionais, que pode ser compensado pela
possibilidade de reuso.
Carlson & Hemphill (1994) relataram em seus trabalhos sobre a aplicação do éster em
poços no golfo do México, em locações com lâminas d’água variando entre 300 a 1250
metros. Durante as operações foi percebida uma significante economia em termos de tempo
de perfuração, requerimentos de liner e eliminação de problemas de instabilidade de poço. As
características reológicas dos fluidos de perfuração base éster permitiram uma adequada
capacidade de limpeza dos poços. Com relação à solubilidade, a quantidade de gás que podia
ser dissolvida no éster era controlada pela temperatura e a pressão. De um ponto de vista
operacional, seria melhor para um fluido de perfuração liberar gás sob pressões mais elevadas,
pois haveria mais tempo para a identificação de um kick e tomada de providências para o
controle de poço, antes que o gás atingisse pontos mais próximos à superfície. Numa
comparação breve, os autores identificaram que sob temperaturas de fundo próximas a 40°C e
para uma mesma razão gás-óleo, o éster libera o gás a uma pressão de bolha próxima à do
óleo diesel. Porém, para temperaturas próximas a 150 °C, o éster apresenta uma pressão de
bolha cerca de 1000 psi maior que a observada no óleo diesel. No controle de poço isso seria
importante, pois, por exemplo, para um poço vertical, circulando um fluido com massa
específica igual a 1680 kg/m³ a 150 °C no fundo, o metano sairia de solução do éster a uma
profundidade entre 240-430 m mais abaixo do que seria liberado do óleo diesel, resultando em
tempo extra para se detectar o influxo.
Visando uma melhor compreensão a respeito das propriedades termodinâmicas de
fluidos utilizados na perfuração de poços em campos marítimos brasileiros, Silva et al. (2004)
realizaram um estudo comparativo abordando as propriedades como o fator de formação de
volume, razão de solubilidade, massa específica e pressão de bolha para misturas n-parafina-
26
metano, e éster-metano. Os autores realizaram experimentos de forma a avaliar estas
propriedades num intervalo de pressões até 60 MPa e para as temperaturas de 70°C e 90°C, e
concentrações molares de metano nos fluidos variando entre 16% a 74%. Após a análise de
seus resultados, os autores identificaram que a n-parafina apresenta menor pressão de
saturação e maior solubilidade que o éster, fato que pode ser observado na Figura 2.2. Para
uma situação de controle de poços, a detecção de um kick em um fluido à base de n-parafina
seria mais difícil de ser detectado do que num à base de éster.
Figura 2.2 - Razão de solubilidade do metano no éster e na n-parafina para temperaturas de
158°F e 194°F. (Silva et al., 2004)
Silva et al. (2004) também identificaram, comparando desta vez o fator de formação
de volume, que a n-parafina sofre maior inchamento com uma determinada quantidade de gás
solubilizado do que o éster, como pode ser observado na Figura 2.3. Dessa maneira, a
detecção de um kick no primeiro fluido seria mais fácil de ser observada do que no segundo,
contrastando com a análise feita a partir da solubilidade.
27
Figura 2.3 - Fator de formação de volume do metano no éster e na n-parafina para
temperaturas de 158°F e 194°F. (Silva et al., 2004)
Apesar de os estudos de Silva et al. (2004) terem demonstrado as diferenças
significativas entre o comportamento do éster e da n-parafina sob certas condições, os
resultados obtidos apenas para as duas temperaturas não apresentaram grandes variações para
cada fluido, dadas as condições de concentração de gás e pressão analisada.
Com o objetivo de entender o comportamento da n-parafina em condições de pressão e
temperatura superiores, Atolini (2008) estudou o sistema metano/n-parafina nas composições
de 0 a 95 % em fração molar de metano, numa faixa de temperaturas de 70 ºC a 130 ºC e
pressões até 103 MPa. A autora também analisou o sistema metano/emulsão, com duas
composições de emulsões, uma com 60 % de n-parafina, em volume e outra, com 70 %,
variando-se também fração de gás e temperatura. O comportamento das propriedades
analisadas foi semelhante tanto para os testes com n-parafina quanto para as emulsões.
Através dos dados experimentais do sistema metano/n-parafina realizou-se modelagem
computacional para o cálculo da solubilidade, densidade e fator de formação de volume de
óleo, obtendo-se correlações que permitiram avaliar projeções baseadas na hipótese da
aditividade.
Tais correlações foram posteriormente aplicadas por Paula Junior (2008) em um
simulador de controle de poços, dando ênfase maior em aspectos de segurança de poço. O
trabalho envolveu a implementação de um modelo de controle de poços em um aplicativo
computacional incorporando correlações empíricas derivadas de resultados experimentais
obtidos em testes com n-parafina e diesel.
28
2.2 Fluidos de Perfuração à Base de Ésteres
Como foi relatado, o éster já era utilizado pela indústria como alternativa viável para a
perfuração de poços desde o início dos anos 90. Muitos trabalhos já foram realizados de
forma a comprovar a eficiência da utilização do éster em poços marítimos. Devido à sua alta
biodegradabilidade e baixa toxicidade, o éster é reconhecido como uma alternativa eficaz para
elaboração de fluidos sintéticos ambientalmente amigáveis.
Kenny & Hemphill (1994) realizaram um trabalho apontando os benefícios do éster na
limpeza do poço durante a perfuração. Os autores realizaram uma comparação do éster com
fluidos de perfuração à base de diesel na construção de poços horizontais localizados na costa
do Mar do Norte, Noruega. O estudo mostrou que o fluido base éster apresentou um
desempenho melhor do que o do fluido à base de óleo diesel, sendo que em condições de
fundo de poço o éster sofreu menor impacto em função das altas pressões e temperatura a que
foi submetido, apresentando menor perda de aditivos adensantes (decaimento de baritina),
menor viscosidade, facilitando o escoamento no poço e o carreamento de cascalhos
perfurados.
Patel (1999) realizou um estudo voltado para a elaboração de um fluido de perfuração
base éster com alcalinidade negativa, ou seja, um éster com pH ligeiramente abaixo de 7.
Sabe-se que a alcalinidade confere ao fluido de perfuração um aspecto menos corrosivo aos
equipamentos da coluna. Porém, o autor realizou uma avaliação com relação à reação de
hidrólise que ocorre entre o éster e o hidróxido de cálcio - Ca (OH)2 – em temperaturas
superiores a 93°C. A formação de ácidos graxos nessas condições promove outro problema,
pois afeta as propriedades reológicas do fluido de forma severa, bem como a estabilidade de
emulsões água-éster. Além disso, sob baixas temperaturas como as encontradas em condições
marítimas de águas profundas, o éster apresenta um aumento em suas propriedades
reológicas, que pode comprometer o escoamento do fluido de perfuração no retorno pelo
riser, ou mesmo na detecção de kicks. Por este motivo, o autor propõe a utilização de ésteres
aditivados de forma a obterem alcalinidade negativa como alternativa ao uso de ésteres com
reserva de alcalinidade devido à sua maior adaptação a essas condições adversas, a um custo-
benefício satisfatório.
Burrows et al.(2001) avançaram no estudo sobre as propriedades reológicas do éster,
visando sua aplicação em cenários de perfuração de poços marítimos de lâmina d’água
profunda e ultraprofunda. Os autores apresentaram resultados mostrando que o éster octílico
29
(C8) possui viscosidade menor que outros ésteres que até então eram mais utilizados pela
indústria como o fabricado a partir de óleo de palmeira (cadeia de C12 a C14), quando o mesmo
é submetido a baixas temperaturas. A Figura 2.4 apresenta os resultados obtidos na leitura
num viscosímetro Fann 75 a uma temperatura de 2°C, para o éster convencional (C12 a C14) e
o éster octílico, proposto pelos autores (C8), onde se observa uma significativa diferença –
cerca de 54% - entre a viscosidade dos dois tipos de éster.
Figura 2.4- Comparação entre leituras obtidas num viscosímetro Fann 75 para dois tipos de
éster, a uma temperatura de 2°C. (Burrows et al., 2001)
Como descrito por Burrows et al. (2001), um dos riscos associados ao aumento da
viscosidade do éster sob baixas temperaturas é o aumento excessivo na densidade equivalente
de circulação (Equivalent Circulating Density), ou simplesmente ECD. A ECD é um
parâmetro de análise que considera os efeitos das perdas de carga e da pressão hidrostática
num determinado ponto no poço. Através desse parâmetro, é possível realizar um
acompanhamento das pressões que estão sendo geradas no poço, e assim evitar que ocorram
fraturas ou perda de circulação para formações mais frágeis. Os autores verificaram em testes
de campo em poços marítimos do Golfo do México que a ECD gerada pelo éster de baixa
viscosidade proposto foi menor se comparada ao éster convencional, apresentando um
desempenho melhor inclusive do que olefinas.
Kim (2010) visou contribuir para a ampliação do conhecimento do comportamento
PVT de combinações gás-líquido que podem ocorrer em operações de perfuração, através da
30
disponibilização de dados experimentais levantados para misturas de metano com ésteres
metílico e octílico, além de suas emulsões, submetidas a condições de altas temperaturas e
altas pressões. Os testes de laboratório foram realizados com o objetivo de se estudar as
características termodinâmicas de misturas gás-líquido, por meio da determinação
experimental de propriedades como a pressão de bolha, a solubilidade, a massa específica e o
fator de formação de volume. Para os ensaios em laboratório foram escolhidas algumas
concentrações molares de metano, numa faixa de 15% a 90%, proporções de éster em
salmoura, variando de 60% a 100% em volume, temperaturas de 70°C a 130 °C e pressões até
103 MPa, procurando-se simular condições encontradas durante a perfuração de um poço,
obtendo-se dados inéditos na literatura, tanto na região saturada, como na subsaturada.
Kim (2010) também elaborou correlações matemáticas que representam as
propriedades termodinâmicas mencionadas. O autor relata que suas correlações podem ser
aplicadas em modelos que permitam estudar a operação de controle de poço, simulando o
comportamento do escoamento do fluido de perfuração base éster, supondo a ocorrência de
um kick de gás.
Entretanto, até o momento, não existe na literatura um estudo voltado para analisar
uma situação de controle de poço em fluido base éster. Essa necessidade recai sobre o
presente trabalho, que busca realizar uma análise sobre controle de poços que utilizam esse
tipo de fluido, elaborando uma abordagem sobre situações de kicks em cenários de poços
marítimos e de alta pressão e alta temperatura.
2.3 Poços Marítimos em Lâminas d’água Profunda e Ultra profunda
A exploração e produção de petróleo em campos marítimos avançaram muito ao longo
das últimas décadas. Nas operações de perfuração em águas profundas e ultra profundas, um
controle rigoroso de todos os parâmetros de perfuração somados a um projeto e um programa
de perfuração bem detalhados são fatores de extrema importância, nos aspectos ambientais,
econômicos e de segurança.
De acordo com Ohara e Bourgoyne (1998) apud Nunes (2002), as operações de
perfuração em águas profundas apresentam problemas especiais tais como baixos gradientes
de fratura, alta perda de carga por fricção na linha de choke, formações de permeabilidade
geralmente altas, além de problemas nas operações de desconexão de emergência do riser.
Como resultado, devem ser desenvolvidas técnicas novas e modelos mais confiáveis para
31
ajudar nos critérios de projeto do poço, detecção de kicks, operações de controle de poço, e
plano de contingência em casos de blowout.
Sendo referência no âmbito de tecnologias de perfuração marítima, a Petrobras
desenvolveu procedimentos que permitiram a descoberta de regiões com alto potencial de
produção na camada pré-sal. Atualmente a empresa perfura poços em lâminas d’água de
aproximadamente 3000 metros de profundidade e produz em lâminas d’água de até 2220
metros de profundidade,como pode ser visto de acordo com a Figura 2.5. (PETROBRAS,
2015)
Figura 2.5- Avanços da Petrobras na perfuração marítima ao longo dos anos. (Petrobras,
2015)
A essa profundidade, claramente se percebe o quão crítico pode ser uma operação de
controle de poço. O impacto da grande lâmina d´água na operação já ocorre na detecção de
um kick, pois, dependendo do tipo de base de fluido que se utiliza, o gás pode sair de solução
já próximo ao blowout preventer (BOP), ou mesmo no interior do riser, e com isso o tempo
de resposta ao influxo seria menor, podendo comprometer a integridade da operação pelo
risco de ocorrência de riser blowout (quando há gás na coluna de riser acima do BOP), ou
mesmo por comprometer o fechamento do BOP (Santos, 2013).
Na etapa de controle, a depender do cenário de kick tomado, a saída do gás de solução
pode levar a um aumento na pressão frente a formações frágeis e levar à ocorrência de
fraturas, e num cenário mais crítico pode gerar um underground blowout, onde ocorrem
vazamentos de fluidos da formação no leito marinho, como o que ocorreu no Brasil em
32
novembro de 2011 no campo de Frade, durante a perfuração do poço 9-FR-50DP-RJS,
operado pela Concessionária Chevron Brasil Upstream Frade Ltda. (ANP, 2011). A Figura 2.6
mostra o vazamento no leito marinho (a) e o observado na superfície da água (b).
Figura 2.6 - Derramamento ocorrido no campo de Frade, devido a underground blowout.
(ANP, 2011)
Se além de se considerar a lâmina d’água profunda/ultra profunda numa situação de
controle de poço, for considerada a perfuração de poços de alta pressão e alta temperatura, o
cenário pode se tornar ainda mais crítico, como será visto no próximo tópico.
2.4 Poços de Alta Pressão e de Alta Temperatura
A International Association of Drilling Contractors – IADC - estabelece por definição
que poços de alta pressão e alta temperatura (APAT) são aqueles que a temperatura no fundo
do poço é superior a 150°C e a pressão de trabalho requerida para o BOP é superior a 69 MPa
(10000 psi).
33
Paula Junior, Ribeiro & Santos (2009) relatam em seu trabalho que é cada vez maior a
ocorrência de perfuração de poços APAT. Em alguns casos, essa definição é extrapolada para
poços ultra-APAT e até extrema-APAT. A Figura 2.7 mostra ilustrativamente a classificação
dos poços de acordo com a sua pressão e temperatura.
Figura 2.7-Classificação de poços de acordo com sua temperatura e pressão (Paula Junior,
Ribeiro & Santos, 2009)
Em comparação à perfuração de um poço convencional, a perfuração de um poço
APAT traz consigo todos os cuidados tomados no planejamento convencional e o excede em
complexidade. Alguns requerimentos de engenharia avançados são necessários como cálculos
complexos para o projeto de revestimentos, equipamentos que resistam às condições severas,
determinação da janela operacional considerando condições diversas de compactação, perfil
de temperatura, cálculos hidráulicos termodinâmicos, simulações de controle de poço para
diversos cenários previstos, etc. (HPHT Wells best practices, 2003, apud Paula Junior, 2008).
As condições APAT aumentam ainda mais os desafios e problemas já conhecidos da
perfuração convencional como identificação de zonas com pressão anormalmente altas,
dificuldade na detecção de kicks, perda de circulação, necessidade de maior número de
revestimentos, expansão térmica dos fluidos base óleo e sintética, dentre outros (Paula Junior,
2008).
Outro agravante é o estreitamento da janela operacional de perfuração. A janela
operacional de perfuração estabelece critérios para se determinar a posição do assentamento
de sapatas pela diferença do gradiente de pressão de fratura e de pressão de poros previstos
para as formações. Ilustrativamente, um exemplo de janela operacional de um poço de APAT
pode ser visto de acordo com a Figura 2.8. A curva em vermelho representa o gradiente de
34
pressão de fratura e a em azul representa o gradiente de poros esperado a uma dada
profundidade (ambos em lb/gal).
Figura 2.8 - Janela de geopressões de um poço APAT. (Paula Junior, 2008)
A partir da previsão dos gradientes de pressão de poros e de fratura, define-se a
profundidade de assentamento da sapata de cada fase, não levando em consideração outras
variáveis tais como a geometria do poço, mas principalmente a ocorrência de um kick.
Entretanto, Paula Junior (2008) relata que tal escolha pode trazer grandes riscos à integridade
do poço, por não considerar a tolerância ao kick do poço. Segundo a definição de Falcão
(2007) apud Paula Junior (2008), “tolerância ao kick é a máxima pressão de poros expressa
em densidade equivalente, de modo que ocorrendo um kick de certo volume e a certa
profundidade, o poço poderá ser fechado sem fraturar a sapata”. Este conceito evoluiu ao
longo do tempo, permitindo chegar à definição apresentada.
2.5 Métodos de Controle de Poços
Tendo ocorrido o kick, a remoção do mesmo deve ser feita adotando-se um método de
controle adequado. A maioria dos métodos de controle de poço adota o princípio da
manutenção da pressão no fundo do poço constante, durante toda a circulação do kick,
prevenindo que ocorram novos influxos de fluidos da formação para dentro do poço.
Considera-se ainda uma margem de segurança, geralmente igual ao valor das perdas de carga
35
no anular do poço, que normalmente é um valor pequeno, evitando assim a fratura da
formação durante a circulação do poço.
Segundo Santos (2013), os métodos de controle de poços mais utilizados são:
Método do Sondador: este método é composto de duas fases. Durante a primeira fase
o gás é removido do poço pelo fluido de perfuração atual, mantendo-se a pressão no
fundo do poço constante. Na segunda circulação, o fluido de perfuração atual é
substituído por um fluido mais pesado, capaz de produzir uma pressão hidrostática
maior que a pressão da formação. Este método é o mais simples de ser entendido e
ensinado para a equipe de perfuração, entretanto pode causar maiores pressões no
interior do poço durante a remoção do kick;
Método do Engenheiro: é composto de apenas uma circulação. O fluido invasor é
removido por um fluido de perfuração já adensado. Este método normalmente gera
menores pressões no interior do poço, entretanto requer cálculos matemáticos mais
elaborados para projetar a operação de controle. Se um tempo excessivo for
consumido para aumentar a massa específica do fluido de perfuração antes da remoção
do kick, a pressão no interior do sistema pode-se tornar excessiva, devido à migração
do gás no poço fechado;
Métodos volumétricos: são aplicados quando a circulação do kick não é possível da
forma convencional, por exemplo, quando os jatos da broca estão entupidos, a coluna
de perfuração está fora do poço, a broca está a uma longa distância do fundo do poço
ou existem problemas mecânicos com o sistema de circulação. Os métodos
volumétricos se subdividem em Método Volumétrico Estático e Volumétrico
Dinâmico, e, de forma simplificada, consistem na migração controlada do gás para a
superfície, realizando-se sucessivos períodos de sangramento do fluido de perfuração,
para manter a pressão no fundo do poço aproximadamente constante.
Independentemente do método de controle aplicado para a remoção do kick, alguns
aspectos devem ser observados:
A pressão frente à formação que gerou o kick deve permanecer ligeiramente superior à
pressão de poros da formação a fim de evitarem-se novos influxos, estabelecendo uma
margem de segurança igual às perdas de carga no anular do poço;
36
A pressão de fratura de todas as formações expostas (parte não revestida do poço) e a
resistência à pressão interna dos revestimentos devem ser maiores do que as pressões
geradas no sistema durante a remoção do kick.
Nesse contexto, os simuladores de kick são ferramentas essenciais para auxílio na
tomada de decisões, visando prever o comportamento das pressões durante a remoção do kick.
2.6 Simuladores De Controle De Poços
A área de controle de poços tem sido foco de muito interesse em pesquisa,
desenvolvimento e inovação nas últimas décadas, dada a sua importância na construção
segura de poços de petróleo.
Grande parte do interesse de tais pesquisas está relacionada à elaboração de
simuladores computacionais de controle de poços, que possibilitam estudar toda a etapa de
circulação de um kick, servindo de auxílio para a tomada de decisão de um engenheiro, além
de poder ser usada como uma ferramenta de treinamento de pessoal, permitindo um melhor
entendimento e interpretação dos fenômenos que ocorrem durante essa operação (Ribeiro &
Santos, 2012).
Nunes (2002) realizou uma importante revisão sobre os principais trabalhos realizados
até a época, mostrando a evolução dos simuladores de controle de poços, apontando as
contribuições dos autores da época. Como contribuição de seu trabalho, o autor desenvolveu
um simulador de kicks analítico, com um procedimento iterativo para calcular a distribuição
de pressão e as frações de gás e de líquido no interior do anular e da linha de choke, a cada
passo de tempo, para uma vazão de fluido constante, considerando fluido de perfuração à base
de água e geometria de poço vertical com anular concêntrico.
Santos et al. (2003) realizaram um aprimoramento a partir do trabalho de Nunes
(2002), tornando o programa capaz de trabalhar com poços inclinados e horizontais, além de
lâminas d’água ultraprofundas, e elaboraram uma interface de fácil utilização chamada
Unikick®.
Bezerra (2006) desenvolveu um simulador para estudo do controle de poços utilizando
um modelo termodinâmico (baseado na equação de estado de Peng-Robinson) para prever o
comportamento das pressões e do ganho de lama durante a circulação de um kick,
considerando a solubilidade do gás no fluido de perfuração.
37
Pereira (2007) realizou um aprimoramento a partir do trabalho de Santos et al. (2003)
no simulador Unikick® através da implementação das correlações PVT do diesel, geradas por
O’Bryan (1988). O modelo trata um kick de gás real (metano) em um fluido de perfuração à
base de óleo, sendo que o escoamento bifásico ocorre através de um poço vertical de terra,
com seção anular constante.
Paula Junior (2008) implementou uma otimização para o simulador de Pereira (2007),
utilizando as correlações PVT para n-parafina, geradas por Atolini (2008). A partir das
contribuições de Paula Junior (2008), o simulador ficou apto a estudar situações de controle
de poço em poços ultraprofundos e em condições de APAT. O autor inicialmente realizou
uma validação do simulador Unikick®, comparando com um programa já utilizado pela
indústria, chamado DrillBench® Kick, da Schlumberger. A Figura 2.9 apresenta o resultado
obtido para a simulação da pressão no choke gerada pela circulação de um kick com fluido
base água em um poço marítimo (LDA= 3000 m), a uma pressão de fundo no poço de 10650
psi, podendo caracterizá-lo como de alta pressão. Apesar dos valores observados em cada
simulador não coincidirem, pois as premissas para a modelagem dos simuladores são
diferentes, a representatividade e o comportamento do Unikick® foram satisfatórios.
Figura 2.9- Comparativo da pressão no choke obtida pela simulação no Unikick® e no
Drillbench. (Paula Junior, 2008)
Avelar (2008) elaborou um simulador de kicks baseado na solução numérica das
equações de conservação de massa e quantidade de movimento para o fluxo bifásico e regime
transiente, formando um sistema de equações diferenciais parciais, pelo método de diferenças
finitas. O modelo levou em consideração o acoplamento do poço com reservatório, poço com
38
geometria única e vertical, deslizamento entre as fases e simulação de casos com fluido base
água.
Loiola (2015) elaborou um simulador de kicks composicional baseado na solução
numérica das equações de conservação de massa e quantidade de movimento para o fluxo
bifásico e regime transiente, pelo método de diferenças finitas. Seu simulador contempla
conceitos relacionados ao equilíbrio de fases, o que permitiu estudos com fluidos de
perfuração de base sintética.
39
A Tabela 2. 1 apresenta de forma sintetizada a revisão realizada por Nunes (2002),
acrescida dos trabalhos realizados posteriormente à revisão do autor.
Tabela 2. 1- Evolução dos simuladores de controle de poço. Adaptado de Nunes (2002)
Po
ço i
ncl
inad
o
e h
ori
zon
tal
Per
da
de
carg
a n
a
reg
ião b
ifá
sica
Vel
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Geo
met
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po
ço
Mét
od
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e
cir
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ção
Reo
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de
per
fura
ção
Mo
del
o d
a
reg
ião b
ifá
sica
Ba
se d
o f
luid
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per
fura
ção
So
lub
ilid
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o g
ás
no
flu
ido d
e
per
fura
ção
LeBlanc &
Lewis (1968) Constante Sondador Newtoniano
Bolha
única Água
Records (1972) Beggs &
Brill X Constante Sondador Bingham
Bolha
única Água
Hoberock &
Stanberry
(1981)
Orkizewski X Constante Sondador Bingham Bolhas
dispersas Água
Santos (1985) Beggs &
Brill X Constante Sondador Potência
Bolhas
dispersas Água
Nickens (1985) Beggs &
Brill X X Variável
Sondador/
Engenheiro Bingham
Bolhas
dispersas Água
Podio & Yang
(1987)
Beggs &
Brill X X Variável
Sondador/
Engenheiro Potência
Bolhas
dispersas Água
Negrão (1989) Beggs &
Brill X Variável Sondador Bingham
Bolhas
dispersas Água
Santos (1991) X Beggs &
Brill X X Constante Sondador Potência
Bolhas
dispersas Água
Ohara (1995) Beggs &
Brill X X Variável Sondador Bingham
Bolhas
dispersas Água
Nunes (2002) Beggs &
Brill X Variável Sondador
Newtoniano/
Potência/
Bingham
Bolha
única Água
Santos, Mendes
& Ribeiro
(2003)
X Beggs &
Brill X Variável Sondador
Newtoniano/
Potência/
Bingham
Bolhas
dispersas/
bolha única
Água
Bezerra (2006) Sondador Potência/
Bingham
Bolha
única Óleo
Modelo
composicional
Pereira (2007) X Beggs &
Brill X Variável Sondador
Newtoniano/
Potência/
Bingham
Bolhas
dispersas/
bolha única
Água/
diesel
Modelo
Black-oil
Paula Junior
(2008) X
Beggs &
Brill X Variável Sondador
Newtoniano/
Potência/
Bingham
Bolhas
dispersas/
bolha única
Água/
diesel/
n-parafina
Modelo
Black-oil
Avelar (2008) X Beggs &
Brill X X Variável
Sondador/
Engenheiro
Newtoniano/
Potência/
Bingham
Bolhas
dispersas/
bolha única
Água
Loiola (2015) X Beggs &
Brill X X Constante Sondador
Newtoniano/
Potência/
Bingham
Bolhas
dispersas/
bolha única
Água/
diesel/
n-parafina
Modelo
Composicional
40
Atualmente, os simuladores podem reproduzir os mais diversos cenários de kicks,
tanto com fluidos de perfuração à base de diesel e n-parafina quanto à base de água, kicks em
poço inclinados e verticais, em águas profundas e ultraprofundas, fornecendo resultados
satisfatórios. Porém, até o momento pouco foi discutido na literatura a respeito de fluidos
sintéticos à base de éster.
41
3 METODOLOGIA
Neste capítulo será apresentada a metodologia aplicada para o estudo da operação de
controle de poços, descrevendo primeiramente a organização do programa Unikick®.
3.1 O programa Unikick®
Visando realizar uma análise do comportamento do gás durante a detecção do kick e a
sua circulação para fora do poço em condições extremas, como poços de lâmina d’água
ultraprofunda, alta temperatura e pressão, poços horizontais de longa extensão, com fluidos de
perfuração de base água e à base de óleo, foi utilizado o simulador computacional Unikick®.
O Unikick® é uma ferramenta computacional integrada desenvolvida pela UNICAMP em
parceria com a PETROBRAS com o objetivo de auxiliar o engenheiro de perfuração na
prevenção e detecção de kicks e sua circulação para fora do poço.
Partindo dos últimos aprimoramentos, o Unikick® é capaz simular diversos cenários
de kick, em poços terrestres ou marítimos, tendo como principais características:
Geometria do anular variável: o programa é capaz de simular poços com trechos de
variação de diâmetro ao longo do poço, representando uma coluna de perfuração com
tubos comandos, tubos pesados, tubos de perfuração, broca, etc.;
Simulação em poços inclinados e horizontais;
Kick de gás: o Unikick® considera em suas análises o gás metano como fluido
invasor;
Método do sondador: o método do sondador é uma forma de remoção de kick do poço,
partindo de uma condição em que a broca se encontra no fundo do poço, e consiste em
duas circulações. A primeira, com o mesmo fluido que se encontrava no poço no
momento que o kick ocorreu, mantendo a pressão no fundo do poço constante, e a
segunda serve para bombeio de um fluido mais pesado, visando reestabelecer a
sobrepressão sobre a formação;
Opções de modelos reológicos: o programa contempla 3 tipos de modelos reológicos,
definidos a partir da escolha do usuário, podendo ser o modelo de fluido Newtoniano,
Bingham ou Potência. Os modelos são independentes da temperatura;
Regime permanente: o programa calcula as propriedades e pressões no poço com um
procedimento iterativo para calcular o gradiente de pressão e as frações de gás e de
líquido no interior do anular e da linha de choke, a cada passo de tempo, para uma
vazão de fluido constante.
42
Para a temperatura no poço, o simulador assume que ela se encontra em equilíbrio
térmico com as rochas nas proximidades do poço, sendo linearmente maior a temperatura
quanto maior a profundidade. Essa consideração é válida, pressupondo que, numa situação
real de kick, o poço normal fica sem circulação durante algum tempo, até que o planejamento
e preparativos para a remoção do kick sejam terminados.
Esse tempo permite um equilíbrio da temperatura do fluido tanto no anular quanto no
interior da coluna com a temperatura das formações. Somando-se a isso o fato de a circulação
do kick ser realizada a baixa vazão e a área de contato do fluido do anular com as paredes do
poço ser bem maior que a área de contato com os tubos de perfuração, assume-se, neste caso,
que a temperatura do fluido ficará mais próxima da temperatura da formação que do fluido
mais frio que estará entrando no poço pelo interior da coluna.
O programa possui uma interface amigável ao usuário, permitindo que o
acompanhamento da circulação do kick seja feita do início ao fim da operação. É um
simulador de fácil utilização e robusto em termos de resposta e predição do comportamento
do kick durante o controle de poço (Ribeiro & Santos, 2012).
3.2 Organização do Programa
Introduzindo a metodologia de funcionamento do Unikick®, alguns cálculos são
realizados de forma semelhante tanto para um fluido base água quanto para um fluido base
óleo/sintético.
O programa consta de diversas sub-rotinas acopladas entre si, sendo que são utilizadas
de acordo com cada cenário simulado.
3.2.1 Descrição do modelo
De modo a representar a zona contaminada pelo gás invasor no fluido de perfuração, é
feita a modelagem do escoamento bifásico. Para o tratamento de escoamentos bifásicos
verticais, podem ser considerados quatro padrões de fluxo ascendente (Nunes, 2002):
Bolhas: a fase gasosa escoa em forma de bolhas na fase líquida contínua, formando
um meio homogêneo;
Pistonado: caracterizado pela formação de grandes bolhas que escoam de forma
intercalada por tampões de líquido. Conhecido também como bolha de Taylor;
43
Agitante: é um escoamento aleatório, no qual ocorre mudança da fase contínua líquida
para a de gás em alguns pontos. É um padrão intermediário entre o pistonado e o
anular;
Anular: a fase contínua é de gás que contém pequenas gotas de líquido no seu interior,
sendo a parede do tubo coberta por um filme fino de líquido.
Ilustrativamente, os quatro padrões de escoamento podem ser vistos de acordo com a
Figura 3.1.
Figura 3.1 - Padrões de escoamento vertical ascendente. (Nunes,2002)
Na modelagem do Unikick® dois padrões de escoamento podem ser adotados: bolhas
de Taylor e bolhas dispersas. Os padrões são definidos como parâmetro de entrada pelo
usuário para a realização de toda simulação para um caso específico, por representarem
melhor o cenário de circulação de um kick durante a operação de controle de poço.
3.2.2 Modelo de velocidade de ascensão por bolhas de Taylor
No modelo bolhas de Taylor, Zuber & Findlay (1965) determinaram a velocidade de
ascensão do gás para um tubo vertical de acordo com a Equação 1: 1 - Modelo de velocidade de
𝑣𝑔 = 𝐶0. 𝑣𝑚𝑖𝑠𝑡 + 𝑣𝑏𝑡 (1)
Bendiksen (1983) fez a modelagem da velocidade do topo da região bifásica
considerando o efeito da inclinação do tubo e utilizando os números de Froude e Reynolds
como parâmetros principais. Lage e Time (2000) adaptaram a correlação de Bendiksen para a
44
geometria anular. Então, de acordo com Nunes (2002) os parâmetros 𝐶0 e 𝑣𝑏𝑡 utilizados no
cálculo da velocidade no topo da zona bifásica são representados pela Equação 2 e Equação 3:
𝐶0 = {1,05 + 0,15 . sen2 𝜃 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑁𝐹𝑟 < 3.5
1,2, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑁𝐹𝑟 ≥ 3.5 (2)
𝑣𝑏𝑡 =
{
(0,345. 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 0,54. 𝑠𝑒𝑛𝜃)√(∆𝜌
𝜌𝑚) . 𝑑𝑒𝑝) , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑁𝐹𝑟 < 3,5
0,345. 𝑐𝑜𝑠𝜃√𝑔. (∆𝜌
𝜌𝑚) . 𝑑𝑒𝑝, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑁𝐹𝑟 ≥ 3,5
(3)
Onde 𝜃 é o ângulo de inclinação do poço em relação à vertical, 𝑁𝐹𝑟 é o número de
Froude (descrição do cálculo desse parâmetro disponível no Anexo II), é a diferença entre
a densidade do fluido de perfuração, 𝜌𝑓, e a densidade do gás, 𝜌𝑚 é a densidade do fluido de
perfuração e 𝑑𝑒𝑝é o diâmetro equiperiférico, sendo a soma dos diâmetros interno e externo do
anular.
A velocidade da mistura 𝑣𝑚𝑖𝑠𝑡, no caso desta metodologia, foi considerada apenas
como a velocidade da fase líquida, já que não há vazão contínua de gás no poço.
A velocidade da base da região bifásica foi calculada pela na expressão desenvolvida
por Zuber e Findlay (1965), como mostra a Equação 4:
𝑣𝑏 = 𝐶0. 𝑣𝑚𝑖𝑠𝑡 + 𝑣∞ (4)
Onde 𝑣∞ é a velocidade de ascensão de uma bolha simples em um meio infinito
(Harmathy, 1960). Ela depende da diferença de densidades entre as fases e da tensão
superficial. Zuber e Hench (1962) adicionaram o efeito de enxame na velocidade de ascensão
da bolha, gerando a Equação 5:
𝑣∞ = 1,53 [𝑔..𝜎
𝜌𝑚2 ]
1/4𝐻𝑝𝑖𝑠𝑡𝑛𝑒
(5)
Onde 𝐻𝑝𝑖𝑠𝑡 é o hold up, que representa fração de líquido na região bifásica, 𝑛𝑒 é o
índice de enxame e 𝜎 é a tensão superficial. Resultados de Caetano (1986) mostraram que
para anulares concêntricos, 𝐻𝑝𝑖𝑠𝑡 = 0.8 e 𝑛𝑒 = 0.5.
O hold up é estimado pela fração de vazios, α, como segue nas equações 6 e 7:
𝛼 = 𝑉𝑘/𝑉𝑏𝑖𝑓 (6)
45
𝐻 = 1 − 𝛼 (7)
Onde 𝑉𝑘 é o volume de gás e 𝑉𝑏𝑖𝑓 é o volume inicial da região bifásica.
Utilizando o modelo de Zuber e Findlay (1965) e os resultados de Caetano (1986) e
Pétalas e Aziz (1998), de acordo com Nunes (2002), a velocidade da base da região bifásica é
dado pela Equação 8:
𝑣𝑏 = 𝐶0. 𝑣𝑙 + 1,3685 [𝑔..𝜎
𝜌𝑚2 ]
1/4
𝑐𝑜𝑠𝜃 (8)
Onde 𝑣𝑙 representa a velocidade média do líquido.
3.2.3 Modelo de velocidade de ascensão de bolhas dispersas
A modelagem de velocidade de ascensão de bolhas dispersas foi proposta por Griffith
(1964). O autor estabeleceu equações para as velocidades no topo e na base da região bifásica,
como é apresentado nas equações 9 e 10:
Equação 2 - Modelo de velocidade de ascenção do gás (Griffith, 1964)
𝑣𝑡 = 𝐾1. √𝑔.𝑑1.(𝜌𝑚−𝜌𝑔)
𝜌𝑚+ (1 + 𝐾2). 𝑣𝑙 (9)
Equação 3 - Velocidade de ascenção da base do gás (Griffith, 1964)
𝑣𝑏 = (1 + 𝐾2). 𝑣𝑙 (10)
Onde 𝐾1 e 𝐾2 são parâmetros que podem ser obtidos graficamente pela razão entre os
diâmetros interno e externo do anular, como mostrado na Figura 3.2.
46
Figura 3.2- Fatores K1 e K2. (Griffith, 1964)
Santos (1982) interpolou os parâmetros 𝐾1 e 𝐾2 por polinômios de 3° grau a partir de
suas respectivas curvas, originando as seguintes correlações:
𝐾1 = 0,345 − 0,037. 𝑅 + 0,235. 𝑅2 − 0,314. 𝑅3
𝐾2 = 0,2 − 0,041. 𝑅 + 0,01. 𝑅2 − 0,033. 𝑅3
Onde o parâmetro R é a razão diâmetro interno e externo do anular.
3.2.4 Equações para o cálculo da perda de carga por atrito
Para o fluxo monofásico, a velocidade média do fluido de perfuração escoando pelo
anular do poço é dada pela Equação 11:
𝑣𝑚 =𝑄
2,488.(𝜋
4).(𝑑𝑒
2−𝑑𝑖2)
(11)
Onde 𝑣𝑚 é a velocidade da mistura em pé/s, Q é a vazão de circulação em gal/min, 𝑑𝑒
é o diâmetro externo em pol. (parede do poço ou poço revestido) e 𝑑𝑖 é o diâmetro interno em
pol. (coluna de perfuração).
As equações utilizadas no programa para cálculo de perdas de carga nas regiões
monofásica e bifásica foram baseadas nas obras de Bourgoyne (1987) e Beggs & Brill (1979),
disponíveis no trabalho de Nunes (2002). As equações utilizadas são apresentadas nos Anexos
I e II. A viscosidade do gás, utilizada para calcular a perda de carga na região bifásica, é
47
calculada a partir da correlação de Lee et al. (1958), também disponíveis no trabalho de
Nunes (2002), e são apresentadas no Anexo III.
Para descrever o comportamento compressível de um gás real para as análises no
simulador, foi utilizado o fator de compressibilidade do gás segundo proposto por Hall &
Yarborough (1974), conforme apresentado no anexo IV.
3.3 Metodologia para Fluido base água
Primeiramente é calculada a fração média inicial de gás, que é definida como a razão
entre o volume de gás (dado de entrada) e da região bifásica, através da Equação 12
(Nunes,2002):
𝛼1 = 𝑉𝑘1/𝑉𝑏𝑖𝑓 (12)
Onde 𝑉𝑘1 é o volume de gás e 𝑉𝑏𝑖𝑓 é o volume inicial da região bifásica.
O volume inicial do gás é dado pelo ganho de lama, enquanto o volume inicial da
região bifásica é calculado em função do tempo decorrido entre o início do kick e o
fechamento do poço (𝑡𝑓𝑒𝑐ℎ), de acordo com Equação 13:
𝑉𝑏𝑖𝑓 = 𝑄. 𝑡𝑓𝑒𝑐ℎ + 𝑉𝑘,1 (13)
O subscrito “1” indica o parâmetro no instante inicial. Determina-se então o
comprimento inicial do kick, de acordo com a Equação 14:
𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘1 = 𝑉𝑘𝑖𝑐𝑘,1/𝐶𝑎𝑛𝛼1 (14)
Como dado de entrada do programa, tem-se a pressão de fechamento no interior dos
tubos de perfuração (Shut-in drillpipe pressure – SIDPP) e os dados do fluido de perfuração.
Assim, calcula-se a pressão da formação pela Equação 15:
𝑃𝑓 = 𝑆𝐼𝐷𝑃𝑃 + 𝜌𝑓 . 𝑔. 𝐻𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 (15)
Onde 𝜌𝑓 é a massa específica do fluido de perfuração e 𝐻𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 é a profundidade
vertical até o fundo do poço.
A pressão no choke devido à perda de pressão hidrostática causada pelo gás que entrou
no poço é feita em relação à pressão média na região bifásica. A pressão média é calculada
iterativamente e, sendo a primeira tentativa para o começo do cálculo iterativo, é utilizada a
48
pressão na base, que nesta etapa é a pressão no fundo do poço (BHP) que é dada pela pressão
de formação mais uma margem de segurança.
Segundo Santos (1982), a pressão média na zona bifásica é calculada pela Equação 16:
𝑃 = (1
𝛼𝐴1𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,1) (𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒1 +
𝜌𝑚𝑔𝐻1
𝛼𝐴1) (1 − 𝑒−𝑎1𝐴1𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,1) − (
𝜌𝑚𝑔𝐻1
𝛼1𝐴1) (16)
Onde 𝐴1 =0.36𝛾𝑔
𝑇𝑍, sendo 𝛾𝑔a gravidade específica do gás, T a temperatura no ponto
analisado e Z o fator de compressibilidade do gás .
Calcula-se então o diferencial de pressão na região bifásica pela Equação 17:
∆𝑃𝑚𝑖𝑠𝑡 = 𝑔(𝑃1𝛼1𝐴1𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,1 +𝐻1𝜌𝑚𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,1) (17)
Assim, a pressão no topo da região bifásica será:
𝑃𝑡1 = 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒,1 − ∆𝑃𝑚𝑖𝑠𝑡
Finalmente, calcula-se a pressão inicial de fechamento no choke, SICP, através da
Equação 18:
𝑃𝑐ℎ𝑜𝑘𝑒 = 𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜,1 − 𝜌𝑚𝑔(𝐻𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 − 𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,1) (18)
A segunda etapa da simulação considera o deslocamento do kick pelo anular do poço.
Essa fase corresponde ao bombeamento do fluido invasor até que o topo da zona contaminada
atinja a superfície. Durante esse processo, a bolha de gás expande e são consideradas as
velocidades do topo e da base da região bifásica. A posição do topo da região bifásica num
dado instante de tempo é dada pela Equação 19:
𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜𝑖 = 𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜
𝑖−1 + 𝑣𝑡∆𝑡 (19)
Onde o sobrescrito “i-1” indica a posição do topo no instante anterior, e “i” indica o
instante atual, e ∆𝑡 é o intervalo de tempo em segundos.
O cálculo da posição da base é realizado de maneira análoga, como mostra a Equação
20:
𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑖 = 𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑖−1 + 𝑣𝑏∆𝑡 (20)
49
E assim, o comprimento da região bifásica em cada instante de tempo é calculado
como:
𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘𝑖 = 𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜
𝑖 − 𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑖
Calcula-se em seguida a pressão na base da região bifásica, definida como mostra a
Equação 21:
𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝐵𝐻𝑃 − [(𝜌𝑚𝑔𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑖 ) +
𝑑𝑃𝑏𝑎𝑖
𝑑𝐿𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑖 ] (21)
Onde 𝑑𝑃𝑏𝑎
𝑖
𝑑𝐿 é o gradiente de perda de carga gerado pelo fluido de perfuração escoando
abaixo da região bifásica, calculado a partir do modelo reológico definido pelo usuário, e
BHP (bottom hole pressure) representa a pressão no fundo do poço, somada a uma margem
de segurança.
Com a pressão do kick na base como primeira tentativa, calcula-se, iterativamente, a
pressão média, dada por Santos (1982), até uma certa tolerância ser atingida usando a
Equação 22:
𝑃𝑖 = (1
𝛼𝑖𝐴𝑖𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,𝑖)(𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑖 +𝜌𝑚𝑔𝐻𝑖+
𝑑𝑃𝑏𝑖𝑓𝑖
𝑑𝐿
𝛼𝑖𝐴𝑖)(1 − 𝑒−𝑎𝑖𝐴𝑖𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,𝑖) − (
𝜌𝑚𝑔𝐻𝑖+𝑑𝑃𝑏𝑖𝑓
𝑖
𝑑𝐿
𝛼𝑖𝐴𝑖) (22)
O parâmetro 𝑑𝑃𝑏𝑖𝑓
𝑖
𝑑𝐿 representa o gradiente de perda de carga na região bifásica
calculado pelas correlações de Beggs & Brill (1973).
Calcula-se então o diferencial de pressão na região bifásica pela Equação 23:
∆𝑃𝑏𝑖𝑓 = 𝑔(𝑃𝑖𝛼𝑖𝐴𝑖𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,𝑖 + 𝐻𝑖𝜌𝑚𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘,𝑖) +𝑑𝑃𝑏𝑖𝑓
𝑖
𝑑𝐿𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘𝑖 (23)
Finalmente, calcula-se a pressão gerada no choke pela Equação 24:
𝑃𝑐ℎ𝑜𝑘𝑒 = 𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜𝑖 − (𝜌𝑚𝑔 +
𝑑𝑃𝑡𝑎𝑖
𝑑𝐿) (𝐻𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 − 𝐻𝑘𝑖𝑐𝑘
𝑖 ) − (𝜌𝑚𝑔 +𝑑𝑃𝑐𝑙
𝑖
𝑑𝐿)𝐻𝑤 (24)
Onde:
50
𝑑𝑃𝑡𝑎𝑖
𝑑𝐿 – perda de carga do fluido de perfuração escoando no anular acima do kick - (lb/pol²/pé)
𝑑𝑃𝑐𝑙𝑖
𝑑𝐿 – perda de carga na linha de choke (quando se tratar de um poço marítimo) - (lb/pol²/pé)
𝐻𝑤- lâmina d’água – pés
O processo de cálculo é repetido (num passo de tempo pré-definido) até a etapa de
produção do gás, onde todo o kick é removido do poço.
A cada instante de tempo, o programa grava os resultados finais no arquivo de saída,
tais como a pressão no choke, volume de ganho no tanque, vazão de líquido, posição do kick,
dentre outros.
3.4 Metodologia para fluidos base óleo/sintético
A metodologia aplicada à simulação com fluidos base água é diferente daquela
aplicada aos fluidos base óleo/sintéticos. Os próximos tópicos descrevem como cada caso é
abordado.
Para os fluidos base sintética, são consideradas as propriedades termodinâmicas do
fluido de perfuração na presença do gás, devido à solubilização do mesmo no fluido de
perfuração. Foram utilizadas correlações obtidas através de experimentos, disponíveis nos
trabalhos de O’Bryan (1988) e Atolini (2008), que foram implementadas no Unikick® .
A depender do cenário estudado, podem ocorrer inicialmente três condições distintas.
Pereira (2008) as descreve como:
Condição subsaturada: o gás entra todo em solução e o topo da região contaminada
está numa pressão maior que a pressão de saturação;
Condição saturada: o gás entra todo em solução, porém a pressão no topo da região
contaminada está na pressão de saturação;
Condição supersaturada: o gás entra todo em solução e o topo da região contaminada
numa pressão menor que a de saturação, então é feito um cálculo iterativo, para
estabelecer a quantidade gás que entrou em solução formando uma região
contaminada, e o gás excedente fica numa região bifásica acima dessa região
contaminada.
51
A Figura 3.3 ilustra as três condições iniciais do kick, conforme relatado por Pereira
(2008).
Figura 3.3 - Condições iniciais de kick num fluido base sintética. (Pereira, 2008)
Considerando um dos três casos, primeiramente é calculado o fator de formação de
volume (𝐵𝑜) da mistura com uma razão gás-óleo (RGO) em condições padrão, que é definida
como dado de entrada. Então é calculado o fator de formação de volume do fluido sem gás em
solução, 𝐵𝑜𝑠𝑔. A depender do tipo de fluido a que se está estudando, os cálculos são baseados
nas correlações de O’Bryan (1988), para o diesel, e nas correlações de Atolini (2008), para a
n-parafina.
A análise do volume de ganho no tanque observado na superfície é realizada fazendo
uma avaliação através da expansão da lama com gás em solução. Dessa maneira, o volume da
região contaminada em condições de pressão e temperatura padrão é dado pela Equação 25:
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡𝑠𝑐 =𝑉𝑘𝑖𝑐𝑘,1
𝐵𝑜−𝐵𝑜,𝑠𝑔 (25)
A massa de gás que entrou em solução é dada pelo volume de gás em condições
padrão e a densidade do gás medida em condições padrão é calculada pela Equação 26:
𝑚𝑔 = 𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡,𝑠𝑐. 𝜌𝑔,𝑠𝑐 (26)
52
A massa específica da zona contaminada é menor que a massa específica do fluido de
perfuração sem gás em solução, sendo calculada de acordo com a Equação 27:
𝜌𝑐𝑜𝑛𝑡 =(𝜌𝑚+
𝑚𝑔
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡,𝑠𝑐)
𝐵𝑜 (27)
O volume da zona contaminada em condições de pressão e temperatura média a que a
zona está submetida é calculado conforme a Equação 28 :
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡 = 𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡,𝑠𝑐𝐵𝑜 (28)
Em seguida, é calculado o comprimento da zona contaminada e sua posição inicial,
como sendo de acordo com a Equação 29:
𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡 = 𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡/𝐶𝑎𝑛 (29)
Por fim, são calculadas as pressões no topo da zona contaminada e a pressão no choke
pelas Equações 30 e 31:
𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜 = 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝜌𝑐𝑜𝑛𝑡𝑔𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡 (30)
𝑃𝑐ℎ𝑜𝑘𝑒 = 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 − (𝜌𝑓𝑔(𝐻𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 − 𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡) + 𝜌𝑐𝑜𝑛𝑡𝑔𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡) (31)
O cálculo é feito de forma iterativa, sendo que os valores iniciais de pressão e
temperatura médias são os do fundo do poço e o cálculo é refeito até atingir valores médios de
pressão com erro de 0,01 psi. Desse modo, calcula-se a razão de solubilidade no topo da
região contaminada, utilizando devidamente a correlação do fluido a que se estuda.
Se o valor for menor que a RGO, é considerado um caso subsaturado, se for igual
considera-se saturado, e se for maior supersaturado.
3.4.1 Caso subsaturado
Na circulação de um kick em condições de subsaturação, a metodologia utilizada é
semelhante àquela apresentada no tópico anterior, sendo que ela é repetida até encontrar uma
posição de topo da região contaminada na qual a razão de solubilidade é maior que a RGO.
Esse ponto então é denominado como a altura correspondente ao Ponto de Bolha.
Nesse caso, o fluido de perfuração contaminado é bombeado até esse ponto com a
velocidade igual à velocidade de bombeio, que é um parâmetro de entrada. São realizados os
cálculos de perda de carga monofásica, levando em consideração as propriedades
53
termodinâmicas do fluido de perfuração com gás solubilizado e do fluido limpo acima da
zona contaminada, e essas informações são utilizadas para o cálculo da pressão no choke,
como foi demonstrado no tópico anterior. Após o topo da região contaminada atingir a altura
correspondente ao ponto de bolha, o gás começa a sair de solução. Então é feito um balanço
de massa para determinar o quanto de gás está em solução e o quanto foi liberado, pela
Equação 32:
𝑚𝑔𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 = 𝑚𝑔 −𝑚𝑔𝑐𝑜𝑛𝑡 (32)
Onde 𝑚𝑔𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 é a massa de gás que saiu de solução, 𝑚𝑔𝑐𝑜𝑛𝑡 é a massa de gás que está
na zona contaminada e 𝑚𝑔 é a massa de gás que inicialmente entrou no sistema.
Determinada a massa de gás livre, é calculado o volume que essa massa ocupa acima
da região contaminada. As pressões média e de topo da região bifásica e no choke são
calculadas usando o mesmo procedimento do caso com fluido de perfuração base água, porém
são considerados os efeitos de inchamento, perda de hidrostática e perda de carga da região
que permanece contaminada. Esse procedimento é repetido até o topo da zona bifásica atingir
a profundidade da cabeça do poço.
3.4.2 Caso saturado
O procedimento é o mesmo do caso subsaturado, porém a altura correspondente ao
ponto de bolha é a própria 𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡,1, a altura inicial da região contaminada.
3.4.3 Caso supersaturado
Nessa condição é feito um cálculo semelhante ao do caso subsaturado, porém a razão
de solubilidade nessa condição é menor que a RGO, fazendo-se necessária a realização de um
cálculo iterativo para determinação de qual altura da zona contaminada corresponde ao ponto
de bolha. O cálculo é feito determinando-se a contribuição do inchamento dessa região para o
ganho de lama, sendo o restante causado pelo gás na região bifásica acima dessa região
contaminada.
A região contaminada terá uma razão de solubilidade 𝑅𝑆𝑠𝑎𝑡 e a razão gás-líquido na
região bifásica é dada pela Equação 33:
𝑅𝐺𝐿 = 𝑅𝐺𝑂 − 𝑅𝑆𝑠𝑎𝑡 (33)
54
Então os cálculos de volume, pressão média e pressão no topo da região bifásica são
feitos como no caso de um fluido de perfuração base água. A pressão na superfície é calculada
considerando a soma dos efeitos de perda de carga da região contaminada e da região bifásica.
Como o topo da região contaminada foi definido na metodologia como a altura
correspondente ao ponto de bolha, o kick começa a ser circulado utilizando o mesmo
procedimento do início da liberação do gás da região contaminada nos casos subsaturado e
saturado.
3.5 Exemplo de aplicação da metodologia para fluido sintético
Para exemplificação da metodologia elaborada por Pereira (2008) e Paula Junior
(2008) utilizadas no simulador, a seguir é apresentado uma demonstração passo-a-passo de
uma simulação para um poço terrestre com diâmetro constante, fluido de perfuração à base de
n-parafina. Os dados de entrada utilizados na análise são apresentados na Tabela 3. 1.
Tabela 3. 1-Dados de entrada para o exemplo de aplicação da metodologia para fluido
sintético
Dados do poço
Profundidade total do poço 8202 ft
Profundidade da sapata 6398ft
Diâmetro do poço aberto 8,5'' ID
Diâmetro interno do
revestimento 8,5'' ID
Diâmetros do tubo de perfuração 5'' OD/ 4,28'' ID
Gradiente geotérmico 0,0146 °F/ft
Sem broca, apenas tubos de perfuração
Dados para simulação do Kick
Vazão durante a perfuração 450 gpm
Tempo de fechamento 1 min
SIDPP 700 psi
Margem de segurança 58 psi
Vazão de circulação 200 gpm
Vazão de gás 6000 ft³/min
Dados do fluido de perfuração – n-parafina
Viscosidade do fluido limpo 20 cp
Massa específica do fluido limpo 10 lb/gal
Razão óleo-água 100%
Primeiramente, o programa atribui os valores de entrada às variáveis, e calcula as
condições iniciais de circulação do kick a partir dos dados de entrada.
No instante t=1, a pressão no fundo do poço em unidades de campo, é estimada pela
pressão hidrostática de fluido de perfuração dentro da coluna de perfuração, somada ao
55
diferencial de pressão lida na pressão de fechamento da coluna (SIDPP), mais uma margem
de segurança:
𝐵𝐻𝑃 = 0.052𝜌𝐻 + 𝑆𝐼𝐷𝑃𝑃 +𝑀𝑆
𝐵𝐻𝑃 = 4270 + 700 + 58 = 5028 𝑝𝑠𝑖
Em seguida, é calculada a razão gás-óleo, tendo como base a vazão de entrada de gás e
o tempo de fechamento estimado do poço:
𝑉𝑜𝑙𝑔𝑎𝑠 = 𝑄𝑔𝑎𝑠𝑡𝑓𝑒𝑐ℎ
𝑉𝑜𝑙𝑔𝑎𝑠 = 6000 𝑠𝑐𝑓
𝑉𝑜𝑙𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝑄𝑝𝑒𝑟𝑓𝑡𝑓𝑒𝑐ℎ/42
𝑉𝑜𝑙𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 = 10,71 𝑏𝑏𝑙
𝑅𝐺𝑂 = 𝑉𝑜𝑙𝑔𝑎𝑠/𝑉𝑜𝑙𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑅𝐺𝑂 = 560 𝑠𝑐𝑓/𝑠𝑡𝑏
Calcula-se o fator de formação de volume do fluido de perfuração base n-parafina,
utilizando as correlações de Atolini (2008). No fundo do poço, o 𝐵𝑜 inicialmente é 1,28
bbl/stb. Então é calculado o volume inicial da zona contaminada em condições de poço,
utilizando a RGO calculada:
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡 = 𝑉𝑜𝑙𝑔𝑎𝑠𝐵𝑜/𝑅𝐺𝑂
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡 = 13,71 𝑏𝑏𝑙
Tendo-se o volume da zona contaminada, é calculado o comprimento e
posicionamento da mesma no poço, tendo como referência a área da seção do anular a qual a
zona contaminada se encontra. Após a conversão de unidades, obtém-se:
𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡 = 𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡/𝐴𝑎𝑛𝑢𝑙𝑎𝑟
𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡 = 301𝑓𝑡
Utilizando-se as correlações de Atolini (2008) para o cálculo da densidade do fluido
de perfuração com gás (𝜌𝑙) e sem gás (𝜌𝑠𝑔 ), pode-se calcular o valor da densidade do fluido
de perfuração na zona contaminada (𝜌𝑐𝑜𝑛𝑡) :
56
𝜌𝑐𝑜𝑛𝑡 = 𝜌𝑙𝑎𝑚𝑎 − (𝜌𝑙 − 𝜌𝑠𝑔)
𝜌𝑐𝑜𝑛𝑡 = 10 − (6,96 − 6,12) = 9,29 𝑝𝑝𝑔
Assumindo-se a pressão na base da zona contaminada (𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒) como sendo o BHP,
com o 𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡 e 𝜌𝑐𝑜𝑛𝑡 ·, pode-se calcular a pressão no topo da zona contaminada (𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜):
𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜 = 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 − 0,052𝜌𝑐𝑜𝑛𝑡𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡
𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜 = 5028 − 139,56 = 4855 𝑝𝑠𝑖
Calcula-se então a pressão média na zona contaminada, de forma iterativa, até que
ocorra a convergência. Após a convergência, o valor da pressão média na zona contaminada é
𝑃𝑚𝑒𝑑𝑧𝑐 = 4928 𝑝𝑠𝑖. Juntamente com o valor da temperatura na profundidade da altura média
da zona contaminada, calculam-se novamente os valores do fator de formação de volume do
fluido de perfuração com gás (𝐵𝑜𝑙) e sem gás (𝐵𝑜𝑠𝑔) pelas correlações de Atolini (2008), para
estimativa do volume de ganho nos tanques (pitgain):
𝑉𝑘𝑖𝑐𝑘 =𝑉𝑔𝑎𝑠𝑠𝑐(𝐵𝑜𝑙 − 𝐵𝑜𝑠𝑔)
𝑅𝐺𝑂=6000(1,28 − 1,02)
560= 2,79 𝑏𝑏𝑙
Agora, é realizada uma análise para verificação da condição de saturação. Calcula-se a
razão de solubilidade no topo da zona contaminada, pelas correlações de Atolini (2008), e
obtém-se 𝑅𝑆 = 1255 scf/stb.
Compara-se a RGO com a razão de solubilidade do óleo no topo da zona contaminada
e verifica-se neste caso que RGO é menor que RS, sendo, portanto, um caso subsaturado.
Neste caso, toda a massa de gás que entrou está em solução no óleo, dentro da chamada zona
contaminada. Ao final do primeiro passo de tempo, os parâmetros calculados são
apresentados na Tabela 3.2.
57
Tabela 3.2- Parâmetros após primeiro passo de tempo na simulação
Parâmetro Valor da variável
t 1 min.
𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑐 155 ft
𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 456 ft
𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡 301 ft
𝑃𝑚𝑒𝑑𝑧𝑐 4928 psi
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡𝑧𝑐 13,71 bbl
𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 4855 psi
𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑐 5001 psi
𝑃𝑐ℎ𝑜𝑘𝑒 757 psi
𝑇𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 185 °F
𝐵𝑜𝑙 1,28 bbl/stb
𝐵𝑜𝑠𝑔 1,02 bbl/stb
𝑉𝑘𝑖𝑐𝑘 2,79 bbl
𝑅𝑆 1255 scf/stb
RGO 560 scf/stb
Como o gás ainda se encontra solubilizado no fluido, repete-se o processo de cálculo
incrementando um passo de tempo, t = t + Δt. Nesse novo instante, os parâmetros atualizados
já calculados mudam para os dados apresentados na Tabela 3. 3.
Tabela 3. 3- Parâmetros no segundo passo de tempo na simulação
Parâmetro Valor da variável
t 2 min.
𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑐 155 ft
𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 456 ft
𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡 301 ft
𝑃𝑚𝑒𝑑𝑧𝑐 4874 psi
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡𝑧𝑐 13,43 bbl
𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 4801 psi
𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑐 4947 psi
𝑃𝑐ℎ𝑜𝑘𝑒 759 psi
𝑇𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 184 °F
𝐵𝑜𝑙 1,28 bbl/stb
𝐵𝑜𝑠𝑔 1,01 bbl/stb
𝑉𝑘𝑖𝑐𝑘 2,86 bbl
𝑅𝑆 1171 scf/stb
RGO 560 scf/stb
58
Novamente, como a razão de solubilidade ainda é maior que a RGO, mantém-se a
condição subsaturada. O processo se repete até que a mistura atinja o ponto de saturação, que
ocorre no instante t= 75 min. Nesse instante, os parâmetros calculados ficam de acordo com a
Tabela 3. 4.
Tabela 3. 4- Parâmetros no instante t=75 min. da simulação
Parâmetro Valor da variável
t 75 min.
𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑐 3890 ft
𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 4131 ft
𝐻𝑐𝑜𝑛𝑡 241 ft
𝑃𝑚𝑒𝑑𝑧𝑐 2928 psi
𝑉𝑐𝑜𝑛𝑡𝑧𝑐 13,03 bbl
𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 2857 psi
𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑐 2999 psi
𝑃𝑐ℎ𝑜𝑘𝑒 757 psi
𝑇𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑐 128 °F
𝐵𝑜𝑙 1,25 bbl/stb
𝐵𝑜𝑠𝑔 0,94 bbl/stb
𝑉𝑘𝑖𝑐𝑘 3,36 bbl
𝑅𝑆 558 scf/stb
RGO 560 scf/stb
Percebe-se que ocorre uma variação no comprimento da zona contaminada durante a
circulação, que se deve exclusivamente à variação do fator de formação de volume sofrida
pelo fluido, que é função da pressão e da temperatura em cada profundidade durante o
deslocamento da zona contaminada no poço.
Ao atingir o ponto de saturação, ocorre a liberação gradual do gás em solução da zona
contaminada (ZC) para a zona bifásica (ZB). A transição da zona contaminada para a zona
bifásica ocorre no ponto de saturação, que é tido como sendo o último valor do topo da zona
contaminada. Essa liberação se dá por meio de um balanço de massa de gás, em um novo
passo de tempo, onde uma parcela da massa de gás na zona contaminada é transferida para a
zona bifásica, mantendo-se a massa de gás constante.
Após a chegada do topo da zona contaminada na profundidade correspondente ao
ponto de bolha, o topo da zona bifásica ascenderá com velocidade maior que a base, obtendo-
se 𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑏 = 4226 ft. Calcula-se então o volume da região bifásica (𝑉𝑏𝑖𝑓) correspondente:
59
𝑉𝑏𝑖𝑓 =𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑏 − 𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑏
𝐶𝑎𝑛= 10,62 𝑏𝑏𝑙
O volume de gás livre em condições de subsuperfície é calculado a partir do quociente
da parcela de massa de gás liberada e a massa específica do gás nas condições atuais,
recebendo 𝑉𝑔𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 = 0,99 bbl. Com este valor, calcula-se a fração média de vazios de forma
iterativa, com a tentativa inicial de 0.5. Após a convergência, o valor da fração de vazios é
𝛼 = 0,0932.
O processo de cálculo das pressões no poço e perdas de carga na região bifásica é
realizado de forma semelhante àquela utilizada para fluido base água, conforme descrito na
Seção 3.3 deste tópico (pág. 47).
Os cálculos são realizados até o momento em que o topo da zona bifásica alcança a
superfície e o gás começa a ser produzido. O instante em que esse fato ocorre é em t= 95 min,
e os parâmetros calculados nesse instante são apresentados de acordo com a Tabela 3. 5.
Tabela 3. 5- Parâmetros no instante t=95 min. da simulação
Parâmetro Valor da variável
t 95 min.
𝐻𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑏 5038 ft
𝐻𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑏 8202 ft
𝐻𝑧𝑏 3164 ft
𝑉𝑏𝑖𝑓 139,74 bbl
𝑃𝑡𝑜𝑝𝑜𝑧𝑏 934 psi
𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒𝑧𝑏 2458 psi
𝑃𝑐ℎ𝑜𝑘𝑒 834 psi
𝑉𝑘𝑖𝑐𝑘 8,25 bbl
α 0,0571
Nota-se que nesse instante todo o gás saiu de solução, formando uma região bifásica
de 3164 ft. Como há uma maior coluna hidrostática de gás, ocorre uma diminuição na coluna
hidrostática de fluido de perfuração acima da região bifásica exercendo pressão sobre a
formação portadora de gás no fundo do poço. Por este motivo a pressão no choke aumenta
gradativamente, de forma a manter a pressão no fundo do poço constante, evitando assim um
novo influxo. Pela Figura 3.4 é possível observar o comportamento esperado da pressão no
choke para o caso apresentado durante toda a circulação.
60
Figura 3.4- Pressão no choke obtida no exemplo de aplicação da metodologia.
A Figura 3.5 apresenta o resultado obtido para o volume de ganho no tanque durante a
circulação do kick. Nota-se claramente o instante em que o ponto de saturação é atingido pela
n-parafina, liberando o gás em t=75min.
Figura 3.5- Volume de ganho no tanque obtido no exemplo de aplicação da metodologia.
740
760
780
800
820
840
860
0 50 100 150 200
Pre
ssã
o(p
si)
Tempo(min)
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
0 50 100 150 200
Vo
lum
e(b
bl)
Tempo(min)
61
Para o mesmo exemplo, pode ser visto na figura 3.6 o comportamento da vazão de gás.
No gráfico nota-se o aumento súbito que se deve justamente ao momento da chegada do gás
na superfície.
Figura 3.6 – Vazão de gás obtido no exemplo de aplicação da metodologia.
Por último, é visto o comportamento da vazão de retorno de líquido na superfície. A
Figura 3.7 mostra esse comportamento, indicando variações que ocorrem no intervalo 0 a 75
min no retorno de líquido, que se deve às variações nas propriedades PVT do fluido na
condição subsaturada. Nota-se que há concordância desse parâmetro com o que foi observado
no volume de ganho nos tanques, porém, a variação é bem pequena, entre 99 e 101 gpm.
Figura 3. 7 - Vazão de retorno de líquido obtido no exemplo de aplicação da metodologia.
0
50
100
150
200
250
0 50 100 150 200
Va
zã
o d
e g
ás (
scf/
min
)
Tempo(min)
90
95
100
105
110
115
120
125
0 50 100 150 200
Va
zã
o d
e líq
uid
o (
gp
m)
Tempo(min)
62
A metodologia apresentada pode ser aplicada a outros casos de fluidos sintéticos,
como por exemplo o diesel, conforme apresentado no trabalho de Pereira (2008), e o éster,
foco do presente trabalho.
63
4 APRIMORAMENTOS NO SIMULADOR UNIKICK
Neste capítulo serão apresentados os aprimoramentos realizados no simulador
Unikick®, de maneira a permitir a realização de estudos para fluidos de perfuração à base de
éster.
Também será apresentada a versão atual do simulador, onde foram realizadas algumas
modificações e aprimoramentos na metodologia apresentada no Capítulo 3, que visaram
melhorar a representação de estudos com fluidos de perfuração sintéticos em diferentes
cenários de perfuração.
4.1 Trabalho experimental de Kim (2010)
Kim (2010) realizou experimentos na célula PVT, no Departamento de Engenharia de
Petróleo da Unicamp. O autor buscou avaliar o comportamento termodinâmico de diferentes
tipos de ésteres, entretanto, para obtenção das correlações que serão apresentadas a seguir,
foram realizados experimentos com éster metílico, cuja composição química foi analisada por
cromatografia pode ser vista simplificadamente de acordo com a Figura 4.1.
Figura 4. 1 - Composição simplificada do fluido base éster estudado por Kim (2010)
Kim (2010) realizou experimentos com misturas éster-metano e emulsões de éster-
metano. Após processamento dos resultados obtidos, o autor gerou correlações através do
software Labfit®, visando à aplicação das mesmas num simulador de controle de poços.
As correlações fornecidas por Kim (2010) foram validadas no presente trabalho, para
posterior inserção no simulador.
64
A Figura 4.2 mostra os resultados obtidos por Kim (2010) para a razão de solubilidade
para mistura éster-metano, para as temperaturas de 70°C, 90°C, 110°C e 130°C, e pressões
entre 8 e 103 Mpa. Pela figura, é possível observar que a representação das correlações (linhas
cheias) ficou próxima aos resultados experimentais (pontos). Kim (2010) optou por dividir as
correlações em duas faixas de pressão, sendo uma faixa acima de 35 MPa e a outra abaixo
deste valor. Pode-se observar que a temperatura influencia de forma significativa na
solubilidade do éster nas pressões mais altas.
Figura 4. 2 - Razão de solubilidade do éster a diferentes temperaturas. (Adaptado de Kim,
2010)
As correlações para as demais propriedades, como massa específica e fator de
formação de volume do éster e suas emulsões, e que representam os resultados experimentais
estão disponíveis no anexo V.
4.2 Evolução atual do simulador
Baseado no que foi apresentado em Pereira (2008) e Paula Junior (2008), o presente
trabalho buscou realizar a adequação de alguns processos internos no Unikick®, tornando-o
possível realizar simulações de controle de poço com fluido base éster.
0
100
200
300
400
500
600
700
0 20 40 60 80 100
Rs(m³std/m
³std)
Pressão(MPa)
T=70°C
T=90°C
T=110°C
T=130°C
T= 70°C exp.
T= 90°C exp.
T =110°C exp.
T= 130°C exp.
65
Além da adaptação do simulador para realizar simulações com fluidos de perfuração à
base de éster, foram feitas também algumas modificações em alguns processos internos do
simulador.
Em sua versão anterior, quando eram realizados testes com fluido base sintética, o
Unikick® não estava representando os efeitos da perda de carga gerada pelo fluido
contaminado com gás em condições de subsaturação, que se devem às variações nas
propriedades termodinâmicas do fluido de perfuração de acordo com a pressão e a
temperatura. Para demonstrar essa consideração, foi realizada uma comparação com a versão
anterior, elaborada por Paula Junior (2008) e a versão do presente trabalho. A análise foi feita
comparando-se uma situação de kick em n-parafina num poço terrestre, onde os dados de
entrada são apresentados na Tabela 4.1.
Tabela 4. 1 - Dados de entrada para comparação das versões, analisando condição de
subsaturação.
Dados do poço
Profundidade total do poço 2800 m
Profundidade da sapata 1950 m
Diâmetro do poço aberto 8,5'' ID
Diâmetro da sapata 8,5'' ID
Diâmetros do tubo de perfuração 5'' OD/ 4,28'' ID
Gradiente geotérmico 0,0146 °F/ft
Sem broca, apenas tubos de perfuração
Dados para simulação do Kick
Vazão durante a perfuração 450 gpm
Tempo de fechamento 1 min
SIDPP 450 psi
Margem de segurança 100 psi
Vazão de circulação 200 gpm
Vazão de gás 5000 ft³/min
Dados do fluido de perfuração
Viscosidade do fluido limpo 20 cp
Massa específica do fluido limpo 10 ppg
Razão óleo-água 100%
66
Ilustrativamente, o poço pode ser visto de acordo com a Figura 4.3.
Figura 4. 3 - Esquema ilustrativo do poço estudado
Pela vazão de entrada de gás assumida no kick, têm-se as seguintes condições iniciais:
Razão de solubilidade - RS - (scf/stb) Razão gás-óleo - RGO - (scf/stb)
1260 470
Nota-se então que se trata de um caso subsaturado. A partir do cenário apresentado, o
mesmo caso foi simulado na versão de Paula Junior (2008) e na versão atual. Após as
alterações realizadas na versão atual, notou-se que a contrapressão gerada no choke sofreu
uma variação do instante inicial da circulação do kick, até o momento em que o gás sai de
solução (intervalo de 0 a 49 min.). Essa variação se deve a um efeito conjunto de diminuição
da pressão e da temperatura sofrida pelo fluido de perfuração à medida que a zona
contaminada sobe pelo poço, que faz com que ocorra um leve aumento da massa específica do
fluido contaminado no anular à medida que este se aproxima da altura relativa ao ponto de
saturação. A Figura 4.4 apresenta a comparação da pressão no choke obtida nas duas versões.
67
Figura 4. 4 - Comparativo da Pressão no choke entre a versão atual e de Paula Jr. (2008)
Para explicar melhor este efeito, é necessária uma compreensão do comportamento da
n-parafina numa determinada condição de pressão e temperatura. A Figura 4.5-A mostra os
resultados experimentais para o fator de formação de volume na condição de subsaturação e a
Figura 4.5-B para a massa específica, obtidos para a n-parafina por Atolini (2008). Os dados
experimentais foram obtidos para uma temperatura fixa de 70°C, para várias frações molares
de gás. Pelas linhas pontilhadas, nota-se que na mistura metano e n-parafina, o fator de
formação de volume aumenta à medida que a pressão diminui até atingir o ponto de saturação,
enquanto que a massa específica diminui em função da diminuição da pressão. Tais efeitos
são explicados pela expansão isotérmica sofrida pela n-parafina na presença do gás
solubilizado, como relatado por Atolini (2008).
68
Figura 4. 5 - Propriedades PVT da mistura n-parafina e metano a 70°C. (Atolini, 2008)
Entretanto, as correlações elaboradas pela autora são para temperaturas fixas de 70°C,
80°C, 90°C, 100°C, 110°C, 120°C e 130 °C. Como é considerado um gradiente de
temperatura linear no poço no Unikick®, segundo a metodologia de Paula Junior (2008), para
os valores de temperatura intermediários aos citados, o programa faz uma interpolação linear
para estimar o valor do fator de formação de volume (Bo) e massa específica média na zona
contaminada, e extrapola linearmente as correlações das propriedades mencionadas para
valores de temperatura abaixo de 70°C.
Observou-se que a massa específica aumentou gradativamente, enquanto que o Bo
diminui, em função da aplicação da correlação (um estudo sobre esse comportamento será
detalhado no Capítulo 5, na apresentação dos resultados). Pelo fato de ocorrer esse aumento
na massa específica e consequentemente uma diminuição no Bo, a pressão hidrostática total
69
exercida no fundo do poço aumenta, fazendo com que a pressão no choke diminua para
manutenção da pressão no fundo do poço constante, que é a premissa do método do sondador.
Apesar de não ser grande a variação observada nesse intervalo, a correção realizada no
cálculo da pressão no choke na versão atual é importante para o prosseguimento dos cálculos
do simulador, uma vez que eles são realizados de forma iterativa e permite observar melhor os
fenômenos físicos que ocorrem durante o deslocamento da zona contaminada com gás
solubilizado.
Outra consideração que não estava sendo realizada pelo simulador é com relação à
redução na perda de carga, devido a variações de diâmetro no anular do poço durante a
transição do fluido contaminado pelas seções de comandos, poço aberto e poço revestido. Foi
realizada também uma comparação entre as duas versões do simulador, de maneira a estudar
esse comportamento. A análise também foi realizada para um poço terrestre com fluido base
n-parafina, e os dados de entrada utilizados no estudo podem ser vistos na Tabela 4.2.
Tabela 4. 2 - Dados de entrada para comparação das versões, analisando variação de diâmetro
do poço
Dados do poço
Profundidade total do poço 2450m
Profundidade da sapata 1950 m
Comprimento dos comandos 500 m
Sem broca, apenas coluna de perfuração
Diâmetro do poço aberto 8,5'' ID
Diâmetro interno do
revestimento 9,875'' ID
Diâmetros dos tubos comandos 6,5"OD/ 4"ID
Diâmetros do tubo de perfuração 5'' OD/ 4,28'' ID
Gradiente geotérmico 0,0146 °F/ft
Dados para simulação do Kick
Vazão durante a perfuração 450 gpm
Tempo de fechamento 1 min
SIDPP 450 psi
Margem de segurança 100 psi
Vazão de circulação 200 gpm
Vazão de gás 5000 ft³/min
Dados do fluido de perfuração
Viscosidade do fluido limpo 20 cp
Massa específica do fluido limpo 10 ppg
Razão óleo-água 100%
70
Uma ilustração do poço pode ser vista de acordo com a Figura 4.6.
Figura 4. 6 - Esquema ilustrativo do poço com diâmetro variável.
Pela vazão de entrada de gás assumida no kick, têm-se as seguintes condições iniciais:
Razão de solubilidade – RS - (scf/stb) Razão gás-óleo – RGO – (scf/stb)
1260 470
Também se trata de um caso subsaturado. Por haver trechos no poço com diâmetros
diferentes, o volume ocupado pela zona contaminada em cada um desses trechos irá variar em
função da área da seção transversal de cada trecho. Consequentemente, o comprimento da
zona contaminada irá variar, ao passar da área dos comandos para os tubos de perfuração, e
posteriormente do trecho do poço aberto para o trecho revestido.
Pela Figura 4.7-A, observa-se uma variação maior na pressão no choke obtida na
versão de Paula Junior (2008) e a da atual versão. A diminuição da pressão no choke na
versão atual se deve à diminuição do comprimento da zona contaminada durante a passagem
pelos comandos e pela sapata, que por sua vez diminui o efeito da coluna hidrostática mais
leve que ela exerce no fundo do poço, sendo que ao mesmo tempo, o fluido limpo acima da
zona contaminada contribui para o aumento da pressão no fundo do poço. Esse é outro
comportamento importante a ser levado em consideração, pois a diminuição na contrapressão
71
gerada no choke significa uma menor pressão frente às formações mais frágeis no fundo do
poço. Operacionalmente, o risco de se gerar fraturas pode ser mais bem observado pelo
sondador na simulação através da versão atual. A Figura 4.7-B mostra o deslocamento do kick
ao longo do tempo, ainda como uma região monofásica (instantes 0 a 59 min.) e após o
surgimento da zona bifásica (59 min. em diante).
Figura 4. 7 - Comparativo da Pressão no choke entre as versões atual e de Paula Jr. (2008) (A)
e acompanhamento do kick (B)
Foi realizada uma terceira correção no simulador, agora, para estudos com poços
marítimos perfurados a partir de unidades flutuantes com BOP submarino. Observou-se uma
oscilação numérica no cálculo da pressão no choke, que se devia à consideração do momento
em que ocorre a saturação da zona contaminada, no momento em que o gás sai de solução.
72
Para apresentar essa correção, foi simulado um caso de poço marítimo vertical com n-
parafina, cujos dados utilizados para simular seguem na Tabela 4.3.
Tabela 4. 3 - Dados de entrada do poço marítimo vertical
Dados do poço marítimo vertical
Lâmina d'água 500 m
Profundidade total do poço 3000 m
Profundidade da sapata 2400 m
Comprimento dos comandos 500 m
Diâmetro da linha do choke 3” ID
Diâmetro do poço aberto 8,5'' ID
Diâmetro interno do revestimento 9,875'' ID
Diâmetros dos tubos comandos 6,5"OD/ 4"ID
Diâmetros do tubo de perfuração 5'' OD/ 4,28'' ID
Temperatura na superfície 20°C
Temperatura no fundo do mar 4°C
Temperatura no fundo do poço 120°C
Gradiente geotérmico 0,0476°C/m
Sem broca, apenas coluna de perfuração
Dados para simulação do Kick
Vazão durante a perfuração 450 gpm
Tempo de fechamento 3 min
SIDPP 700 psi
Margem de segurança 58 psi
Vazão de circulação 150 gpm
Vazão de gás 6000 ft³/min
Dados do fluido de perfuração
Viscosidade do fluido limpo 20 cp
Massa específica do fluido limpo 10 ppg
Razão óleo-água 100%
73
Ilustrativamente, o poço pode ser visto de acordo com a Figura 4.8.
Figura 4. 8 - Ilustração do poço marítimo da análise de correção.
Analisando a condição inicial de saturação do gás, verifica-se que o mesmo se
encontra em condição subsaturada, como pode ser visto como segue:
Razão de solubilidade inicial
da n-parafina– RS - (scf/stb)
Razão gás-óleo – RGO –
(scf/stb)
1276 560
Anteriormente, a metodologia de Paula Junior (2008) considerava que, quando apenas
o topo da zona contaminada atingia a pressão de saturação, toda a zona contaminada se
saturava, passando a utilizar uma correlação diferente para o cálculo das propriedades PVT da
n-parafina. Essa consideração causava um “adensamento” da zona contaminada, fazendo com
que houvesse uma descontinuidade no comportamento da pressão no choke, como pode ser
visto de acordo com a Figura 4.9.
74
Figura 4. 9 - Pressão no choke no poço marítimo, antes do ajuste.
Percebe-se que nos instantes iniciais, o comportamento de diminuição da pressão no
choke para o poço marítimo é similar àquela observada no poço terrestre, devido à passagem
da zona contaminada pelos comandos e passagem pela sapata do revestimento anterior.
Porém, quando o fluido com gás solubilizado atinge a pressão de saturação (em t=83 min.),
notou-se uma oscilação no comportamento da pressão ao longo do tempo.
Foi realizada uma análise de modo a identificar as causas desse fenômeno, e verificou-
se que ele se deve a uma junção de fatores na metodologia elaborada por Paula Junior (2008)
para os cálculos internos do programa, que começa a partir de como era feita a consideração
de liberação do gás do fluido quando a pressão de saturação é atingida.
Na antiga metodologia, quando o topo da zona contaminada atingia o ponto de
saturação, o simulador considerava que toda a zona contaminada se saturou, passando então a
utilizar uma correlação diferente para calcular o fator de formação de volume, deixando de ser
a correlação para a condição subsaturada e passa a ser a de condição saturada, gerando uma
descontinuidade que se propagava no cálculo dos demais parâmetros do simulador, como a
massa específica da zona contaminada e, posteriormente, a pressão no choke.
Observa-se que a forma adotada na metodologia anterior para consideração do
momento em que a zona contaminada atinge o ponto de saturação, além da aceleração devido
600
650
700
750
800
850
900
0 50 100 150
Pre
ss
ão
(p
si)
Tempo(min)
Unikick - 2008
75
ao surgimento do gás, não representa bem o fenômeno físico que ocorre durante a transição da
região subsaturada para a região bifásica. Para correção desse fenômeno, foi realizada uma
mudança na metodologia elaborada pelo autor.
As mudanças realizadas se baseiam no princípio de que quando o topo da zona
contaminada atinge o ponto de saturação, considera-se uma liberação gradativa do gás, sendo
que a zona contaminada abaixo do ponto de saturação ainda se encontra na condição
subsaturada, mantendo-se o ponto de saturação da zona contaminada. Dessa forma, a
correlação utilizada para cálculo das propriedades termodinâmicas ainda são as correlações de
subsaturação.
A partir dessa premissa, elimina-se a descontinuidade observada no cálculo da pressão
no choke. A Figura 4.10 apresenta os resultados simulados para a pressão no choke no caso
do poço marítimo vertical perfurado com unidade flutuante após essa consideração. Nota-se
agora que a versão atual apresenta uma melhor representação da transição entre a condição
subsaturada e a condição saturada. O aumento da pressão entre os intervalos (1) e (2) se deve
ao aumento da região bifásica à medida que o gás vai saindo de solução da n-parafina, devido
à sua velocidade de ascensão. Do instante (2) em diante, o aumento na pressão se deve à
chegada do gás na linha do choke.
Figura 4. 10 - Comparativo do comportamento da pressão no choke após a mudança na
condição de subsaturação.
76
As modificações apresentadas, tanto para observação das variações nas propriedades
termodinâmicas como do diâmetro no poço, foram mantidas na atual versão do simulador
visando observar fenômenos físicos até então não relatados por Paula Junior (2008), e que
serão discutidos posteriormente neste trabalho.
4.3 Resumo do funcionamento do programa após melhorias e atualizações
Foi descrita a metodologia de análise para a circulação de um kick para fluido base
água, elaborada a partir da contribuição de diversos autores como Nunes (2002), Pereira
(2008) e Paula Junior (2008), e especificadas as correlações utilizadas para cálculo das perdas
de carga ao longo do poço durante a circulação nos anexos deste trabalho.
Além disso, foi apresentado o estudo para fluido base éster elaborado por Kim (2010),
que permitiu a implementação das correlações para a realização de estudos de controle de
poços com fluidos à base de éster.
Também foram apresentadas as melhorias realizadas na metodologia do simulador,
que permitiram um melhor acompanhamento da operação de controle de poço pelo Unikick®,
mostrando boa qualidade em seus resultados, que serão apresentados no próximo capítulo.
77
5 RESULTADOS
Para apresentação dos resultados, foram simulados diversos casos com fluido base n-
parafina e fluido base éster, e também um estudo comparativo, a partir de dados disponíveis
na literatura para fluido base água. Neste capítulo serão apresentados quatro tópicos distintos.
No primeiro tópico, será apresentada uma comparação dos resultados do simulador
Unikick® com dados experimentais e simulados para uma operação de controle de poço com
fluido base água, a partir de dados disponíveis na literatura, relativos ao trabalho de Marques
(2004) e a comparação posterior realizada por Loiola (2015), com seu simulador de controle
de poços em regime transiente.
O segundo estudo apresenta uma análise da operação de controle de poço numa
perspectiva de acompanhamento das propriedades termodinâmicas à medida que o kick é
circulado, visando avaliar sob o ponto de vista termodinâmico as diferenças que ocorrem na
circulação de um kick num poço perfurado com n-parafina e o mesmo esquema de poço
perfurado com éster.
No terceiro tópico é apresentada uma análise comparativa entre o Unikick® e um
simulador composicional em regime transiente, elaborado por Loiola (2015), cujas
características serão apresentadas posteriormente, onde foi possível realizar uma avaliação do
desempenho do Unikick® frente a um simulador com outras características do ponto de vista
numérico e computacional. A comparação foi realizada apenas com fluido base n-parafina,
devido aos requisitos do simulador composicional.
Por último, foi realizada uma análise de sensibilidade a diversos parâmetros
operacionais, tanto para a n-parafina quanto para o éster, além de emulsões destes fluidos em
água. A análise foi realizada com o intuito de estudar a etapa de controle de poço sob o ponto
de vista operacional, ressaltando as diferenças entre os tipos de fluido. As descrições sobre
cada análise são apresentadas em seus respectivos tópicos.
Como não há na literatura dados que permitam realizar uma validação dos resultados
que foram obtidos nas simulações com o éster, foi feita uma comparação de seus resultados
com os da n-parafina, e as discussões foram realizadas em função do comportamento de
ambos fluidos nas condições do poço.
Nas considerações dos dados de entrada são respeitados os limites experimentais
superiores das correlações elaboradas por Atolini (2008) e Kim (2010).
78
5.1 Comparação com dados experimentais e simulador transiente
Marques (2004) realizou um estudo experimental no poço-escola da Petrobras, no
Centro de Treinamento de Taquipe (BA) para o estudo do comportamento do poço durante
situações especiais de controle de poço.
Os dados experimentais foram comparados com os resultados obtidos pelo simulador
Unikick®, visando avaliar a capacidade representativa do simulador em um caso real da
operação de controle de poço.
As situações especiais estudadas pelo autor no poço-escola foram condição de poço
sem coluna, poço com a broca posicionada a meia profundidade e poço com broca no fundo,
sendo que as duas primeiras situações foram tratadas para poço em terra e a terceira buscou
representar uma condição marítima com lâmina de água profunda (BOP no leito marinho). A
comparação que será apresentada a seguir é com relação ao terceiro estudo.
De maneira ilustrativa, o poço-escola pode ser visto de acordo com a Figura 5.1
Figura 5. 1 - Poço-escola da Petrobras em Taquipe-BA. (Avelar,2008)
Os dados do poço-escola do experimento, e utilizados na simulação no Unikick®
seguem de acordo com a Tabela 5.1.
79
Tabela 5. 1 - Dados do poço-escola utilizados no experimento de Marques (2004).
Dados do poço
Comprimento da coluna de perfuração 1240 m
Lâmina d’água 735 m
Diâmetro interno da coluna de perfuração 3,0 in
Diâmetro externo da coluna de perfuração 3,5 in
Diâmetro da linha de choke 2,0 in
Diâmetro interno do revestimento 6,18 in
Vazão de líquido na perfuração 0,0 gpm
Vazão de líquido na circulação 42,0 gpm
Rugosidade do tubo 4,6 x 10-5 m
Gradiente geotérmico 0,029 °C/m
Temperatura na superfície 27 °C
Massa molar do gás 28,96 g/mol
Massa específica do fluido 10 lb/gal
Viscosidade do fluido de perfuração 10 cP
SIDPP 190 psi
Volume de detecção 4 bbl
Margem de segurança durante a circulação 80 psi
Em seu trabalho, Marques (2004) usou o fluido de perfuração como sendo apenas
água, e o kick como sendo de ar comprimido, injetado numa linha parasita no fundo do poço.
Nos estudos realizados por Marques (2004), o autor testou 4 etapas em seu
experimento, que visaram representar uma situação real de kick, divididas em:
1. Perfuração;
2. Kick;
3. Fechamento do poço;
4. Circulação do kick.
Loiola (2015) apresentou em seu trabalho um estudo comparativo de seu simulador de
kicks com os dados experimentais de Marques (2004), obtendo bons resultados. Na
80
comparação, Loiola conseguiu englobar as quatro etapas do trabalho de Marques, devido às
características de seu simulador, as quais seguem na tabela 5.2.
Tabela 5. 2 - Características do simulador de Loiola (2015).
Cálculo de escoamento transiente pelas equações de continuidade
Zona contaminada heterogênea, de acordo com a liberação e reabsorção do gás
Há a consideração de diferentes padrões de escoamento de acordo com a fração de vazio
de gás
Perda de carga na região bifásica dada pela correlação de Beggs e Brill (BEGGS e
BRILL, 1972)
Acoplamento com reservatório
Fluido base água/ kick de ar
Para a comparação do Unikick® com os resultados obtidos por Loiola (2015) e Marques
(2004), foram necessárias algumas considerações no Unikick®, devido às premissas em sua
modelagem. Sendo assim, na análise do Unikick® foram feitas as seguintes considerações:
1. O simulador é capaz de representar apenas a etapa 4 do experimento de Marques
(2004) – circulação do kick - pois o modelo do Unikick® não possui acoplamento
com reservatório. Dessa forma, necessitou-se considerar uma vazão de perfuração
fictícia de 54 gpm para estimar corretamente o volume e a altura do topo da região
bifásica, para posteriormente estimar fração de vazios inicial (vide página 47 da
metodologia);
2. O Unikick® não possui especificação para realizar o estudo com kick de ar
comprimido, como foi realizado no experimento. Desta forma, considerou-se que o
kick tomado foi de gás metano, num fluido de perfuração base água.
Com relação à primeira premissa, ela foi necessária para considerar o efeito de
deslizamento do gás no fluido de perfuração parado no poço, uma vez que no experimento de
Marques a admissão foi feita sob a condição de fluido parado.
A segunda premissa, apesar da consideração do kick de metano, foi possível estudar a
capacidade representativa da simulação do controle de poço, tendo em vista a modelagem do
escoamento bifásico.
81
A partir destas considerações, foram obtidos os resultados para o comportamento da
pressão no choke, volume de ganho nos tanques e vazão de líquido na superfície.
A Figura 5.2 apresenta o comportamento obtido para a pressão no choke em função do
tempo. Os pontos enumerados 1, 2, 3 e 4 referem-se às quatro etapas estudadas no
experimento de Marques (2004) e na simulação de Loiola (2015), como relatado
anteriormente. A partir da etapa 4, onde ocorre a circulação do kick, foi possível observar a
maior variação da pressão no choke, em função da expansão e deslizamento da fase gasosa no
fluido. Nota-se que, mesmo pela consideração do metano na simulação no Unikick®, o
comportamento da pressão foi similar.
Figura 5. 2 - Comparativo da pressão no choke obtida pelos simuladores e o trabalho de
Marques (2004).
Nota-se que ocorrem oscilações nos instantes iniciais no experimento de Marques
(2004), que se devem ao ajuste manual da válvula de choke para manutenção da pressão
constante no fundo do poço. Já os simuladores têm como premissa a manutenção da pressão
constante no fundo do poço, e assim tendem a apresentar um comportamento mais suave
durante a simulação da circulação do kick. No instante t=50 min é possível observar uma
variação no comportamento da pressão no experimento de Marques e também no Unikick®,
que se deve à ascensão gradativa da base da fase gasosa pelo poço, até a mesma esteja
completamente circulada.
Pelo acompanhamento do volume de ganho nos tanques, chamado pitgain pela equipe
de poço, é verificado o ganho volumétrico no tanque de retorno do fluido de perfuração em
82
função da expansão do gás durante sua circulação para fora do poço, como mostra a Figura
5.3. Nota-se que no resultado experimental de Marques (2004) ocorrem oscilações, pois a
medição do nível de fluido nos tanques se deve à medição indireta por uma boia presente no
tanque, conforme relatado por Loiola (2015).
Figura 5. 3 - Comparativo do volume de ganho obtido pelos simuladores e o trabalho de
Marques (2004).
Avaliando o comportamento obtido pelos simuladores, nota-se no Unikick® um ganho
inicial de 4 bbl, como sendo de acordo com o dado de entrada do simulador para o volume de
detecção do kick. No caso do simulador de Loiola (2015), devido às etapas de detecção e
fechamento do poço, é observado um nível de ganho ligeiramente superior ao do Unikick®.
Foi feita também uma avaliação da conservação de massa no simulador Unikick®, visando
atestar sua capacidade de avaliar um caso real com boa representatividade. A Tabela 5.3
mostra a massa total de gás na entrada e na saída do poço, calculadas com referência à massa
específica e volume do gás nas condições de fundo do poço e de superfície. Nota-se uma
pequena diferença nos valores, que ocorre devido ao cálculo da massa de gás ser feito em
relação à massa específica média nas condições de fundo e de superfície.
Tabela 5. 3 - Comparativo da massa de gás metano na entrada e na saída no Unikick®.
Massa de gás na entrada (kg) Massa de gás na saída (kg) Diferença (%)
67,06 64,92 3,2%
83
Apesar de a análise comparativa ter sido realizada para kicks de gases diferentes,
estudando-se o mesmo volume de influxo, o simulador Unikick® foi capaz de representar um
caso experimental com qualidade em seus resultados. Isto demonstra a aplicabilidade do
simulador como ferramenta em tomada de decisões para situações reais de kick, como
também permite validar a modelagem anteriormente apresentada na metodologia para estudos
com fluido base água, e prever cenários com fluidos sintéticos.
5.2 Análise e acompanhamento das propriedades termodinâmicas
Na análise do comportamento das propriedades termodinâmicas e do escoamento no poço,
é apresentado um mesmo esquema de poço terrestre vertical, como é apresentado na Figura
5.4.
Figura 5. 4 -Esquema do poço terrestre utilizado na análise PVT
84
A tabela 5.4 contém os demais dados de entrada utilizados na análise.
Tabela 5. 4 - Dados de entrada - análise das propriedades PVT
Dados do poço terrestre vertical
Profundidade total do poço 2500 m
Profundidade da sapata 1500 m
Comprimento dos comandos 250 m
Diâmetro do poço aberto 8,5'' ID
Diâmetro interno do
revestimento 9,875'' ID
Diâmetros dos tubos comandos 6,5"OD/ 4"ID
Diâmetros do tubo de
perfuração 5'' OD/ 4,28'' ID
Temperatura na superfície 20°C
Temperatura no fundo do poço 90°C
Gradiente geotérmico 0,0356°C/m
Sem broca, apenas coluna de perfuração
Dados para simulação do Kick
Vazão durante a perfuração 450 gpm
Tempo de fechamento 3 min
SIDPP 700 psi
Margem de segurança 58 psi
Vazão de circulação 100 gpm
Vazão de gás 4200 scf/min
Dados do fluido de perfuração
Viscosidade do fluido limpo 20 cp
Massa específica do fluido limpo 10 ppg
Razão óleo-água 100%
Foram estudados os comportamentos da razão de solubilidade do gás no fluido, o fator de
formação de volume e a massa específica do fluido com o gás solubilizado, fazendo um
acompanhamento da posição da zona de fluido contaminada em seu deslocamento desde o
fundo do poço até a superfície, observando-se a condição de saturação do gás no fluido ao
longo do tempo. Também foram discutidos os efeitos dessas variações sobre os parâmetros
operacionais que são acompanhados durante a operação de controle de poço, como pressão no
choke, volume de ganho, vazão de gás na superfície e vazão de líquido na superfície.
5.2.1 N-parafina
Para o acompanhamento da n-parafina no poço mencionado, foi considerada uma
vazão de entrada de gás no poço de 4200 scf/min, por um período de 3 minutos, totalizando
um volume de 12600 scf de gás no poço. Seguindo a metodologia apresentada e disponível no
85
trabalho de Kim (2010), este volume de gás corresponde a uma fração molar de
aproximadamente 40% de metano na n-parafina.
Analisando primeiramente a condição de saturação do gás na n-parafina, comparou-se
a razão de solubilidade com a razão gás-óleo. A Tabela 5.5 apresenta a condição inicial do gás
na n-parafina. Como se pode observar, nas condições de pressão e temperatura as quais a
mistura se encontra o gás se solubiliza completamente na n-parafina, tratando-se assim de um
caso subsaturado.
Tabela 5. 5 - Condição de saturação inicial - N-parafina
Pressão média
na ZC (psi)
Temperatura média
na ZC (°F/°C)
Razão de solubilidade
média da n-parafina– RS -
(scf/stb)
Razão gás-
óleo – RGO
– (scf/stb)
5471 200/93 1256 392
Para estudar o comportamento da zona contaminada durante a circulação do kick, foi
gerada uma superfície com o software MATLAB®, representando a faixa experimental
(interpolada e extrapolada) das correlações elaboradas e disponíveis no trabalho de Atolini
(2008), pois a autora gerou resultados apenas para os valores de temperatura de 70 °C, 80°C,
90°C, 110°C, 120°C e 130°C. Dessa maneira, foram necessárias interpolações entre as
correlações para os valores intermediários. Os dados extrapolados no simulador foram aqueles
inferiores a 70 °C (158°F).
Como foi relatado anteriormente, seguindo a metodologia utilizada no Unikick® para
simulação com fluidos sintéticos na condição subsaturada, à medida que a zona contaminada
se desloca pelo poço, a pressão sobre a zona contaminada tende a diminuir devido às perdas
de carga por atrito e gravitacional. Este processo implementado no simulador é uma
representação de como ocorre o processo físico experimental, elaborado pelos autores já
descritos na revisão deste trabalho.
A condição de subsaturação utiliza as correlações experimentais para representar o
processo físico. Essas correlações são utilizadas até o momento da saturação da mistura, onde
ocorre então a liberação do gás do fluido de perfuração, e metodologia empregada a partir
desse ponto passa a ser semelhante àquela aplicada a fluidos base água.
As Figuras 5.5 e 5.6 apresentam o comportamento da razão de solubilidade em função
da pressão e da temperatura, durante a circulação do kick, no intervalo em que a mistura n-
86
parafina-metano se encontra subsaturada. A superfície cheia (Figura 5.5-A-B) representa a
razão de solubilidade na faixa experimental elaborada por Atolini (2008), e a linha pontilhada
(Figura 5.6 A-B) representa o comportamento da zona contaminada à medida que ela se
desloca pelo anular do poço, na perspectiva geral, e em função da pressão e temperatura1.
Figura 5. 5 - Razão de solubilidade da zona contaminada - N-parafina
1 Para todas as figuras foi necessário girar o eixo de referência na horizontal, de uma forma
que a perspectiva em 3-D das figuras permitisse visualizar os comportamentos do simulador e
das correlações, tanto para a n-parafina, quanto para o éster.
87
Nas figuras são indicados o instante inicial da simulação (fundo do poço), e o ponto de
saturação da zona contaminada com gás, como se observa na linha pontilhada em vermelho.
Nota-se que a saída do simulador mostrou boa concordância com os resultados experimentais.
Figura 5. 6 - Razão de solubilidade da n-parafina em função da pressão (A) e da temperatura
(B).
No instante inicial da simulação, a zona contaminada (ZC) apresenta uma altura maior
que o comprimento dos comandos, como pode ser visto de acordo com a Figura 5.7. Na
figura, o gráfico representa a posição do kick no poço em função do tempo, desde o fundo do
poço até a superfície, onde o valor “0” no eixo vertical representa o fundo do poço.
88
Figura 5. 7 - Zona contaminada no instante inicial, e posição do kick ao longo do tempo – N-
parafina.
À medida que a ZC é deslocada pelo anular do poço, ela sofre uma diminuição em seu
comprimento, em função da transição da mesma pelos trechos em que ocorre variação de
diâmetro no poço, e também em função do efeito conjunto da pressão e da temperatura em
suas propriedades PVT. A Figura 5.8 apresenta o comportamento do fator de formação de
volume médio na ZC também para o intervalo no qual o gás se encontra solubilizado,
sobreposta com a superfície que representa os resultados experimentais, mostrando boa
qualidade na saída do simulador.
Figura 5. 8 - Fator de formação de volume da zona contaminada - N-parafina.
89
A Figura 5.9 mostra o fator de formação de volume sob as perspectivas da pressão (A)
e da temperatura (B).
Figura 5. 9 - Fator de formação de volume sob a perspectiva da pressão (A) e da temperatura
(B).
90
Por haver essa diminuição gradativa no fator de formação de volume, a massa
específica da ZC tenderá a aumentar proporcionalmente, por haver uma maior aproximação
entre as moléculas que compõem a mistura. A Figura 5.10 mostra o comportamento da massa
específica média na ZC à medida que ela se desloca pelo poço.
Figura 5. 10 - Massa específica da zona contaminada - N-parafina.
91
Um detalhe importante a ser observado também na massa específica, é que ocorre uma
leve diminuição quando é feita extrapolação para valores abaixo de 70°C (158°F), como
apresentado pela Figura 5.11.
Figura 5. 11 - Massa específica da zona contaminada sob a perspectiva da pressão (A) e da
temperatura (B).
92
A extrapolação das propriedades para valores abaixo da temperatura de 158°F é uma
sub-rotina interna do simulador, para representar o comportamento esperado desse valor de
temperatura em diante.
O efeito que estas variações nas propriedades PVT trazem sobre os parâmetros
analisados durante a circulação do kick é significativo, e ajudam a equipe de sonda a
compreender melhor as variações que ocorrem nos indicadores de pressão, volume e vazão,
durante o acompanhamento dos parâmetros.
No caso do poço analisado no atual tópico, o comportamento esperado da pressão na
válvula de choke segue de acordo com a Figura 5.12. Seguindo o que foi apresentado para as
propriedades PVT anteriormente, a resposta na superfície durante a primeira circulação em
termos de contrapressão gerada no choke se divide em 6 momentos:
Figura 5. 12 - Pressão no choke durante a circulação do kick - N-parafina.
Intervalo 0-1 - Pressão inicial de fechamento do poço (SICP) e transição pelo anular
comandos-poço aberto: nesse curto intervalo, a zona contaminada sofre uma diminuição em
sua altura, devido à variação de diâmetro no poço. Por este motivo, a pressão exercida pela
coluna hidrostática de fluido acima da região contaminada passa a exercer maior pressão no
fundo do poço, ocasionando a diminuição da pressão no choke;
Intervalo 1-2 - Contração da ZC e aumento da massa específica da ZC: como foi visto
nos gráficos de acompanhamento das propriedades PVT na condição subsaturada (Figuras 5.5
a 5.11) a massa específica tende a aumentar à medida em que ocorre a diminuição da pressão
e da temperatura. Por este motivo, a própria ZC tende a exercer uma pressão um pouco maior
93
sobre o fundo do poço, gerando a pequena diminuição vista durante o intervalo de 10 a 35
min.;
Intervalo 2-3 - Transição pelo anular poço aberto-poço revestido: novamente, devido
ao aumento de diâmetro no poço, uma nova diminuição da coluna hidrostática da ZC promove
uma compensação pela hidrostática de fluido limpo acima da zona contaminada, diminuindo a
contrapressão no choke;
Intervalo 3-4 – Deslocamento pelo poço revestido e saturação da zona contaminada:
cerca de 120 min após o início da circulação do kick, a ZC atinge então o ponto de saturação.
Nesse momento, ocorre a liberação parcial do gás, formando uma região bifásica, como
mostra a Figura 5.13. Dessa maneira, a expansão do gás deve ser feita de forma controlada,
aumentando a pressão no choke de modo a manter a pressão no fundo do poço constante. A
saturação ocorre muito próxima à superfície, e por este motivo, devido à maior velocidade do
gás e liberação contínua de gás da zona contaminada, a resposta no choke também é rápida.
Figura 5. 13 - Ponto de saturação da zona contaminada - N-parafina.
Intervalo 4-5 – Expansão do gás no poço e chegada do gás na superfície: nesse
instante ocorre o pico máximo de pressão no choke, devido à maior hidrostática de gás
presente no poço. A partir desse ponto, a pressão tende a diminuir com a contínua expulsão de
gás do poço.
94
Intervalo 5-6 - Remoção completa do gás: nesse instante, o gás já foi completamente
expulso do poço e a pressão se estabiliza, de forma que se inicie a segunda circulação, para
injeção do novo fluido de perfuração2.
Durante a transição da ZC pelo poço, o acompanhamento do volume de ganho nos
tanques também varia, como pode ser visto de acordo com a Figura 5.14. Esse parâmetro
acompanha a tendência vista no gráfico da pressão no choke, e os três pontos indicados pela
Figura 5.14 para a presente análise, indicam contração do fluido devido à diminuição da
coluna da ZC e variação de temperatura (1), expansão sofrida pelo fluido com a diminuição
da pressão e da temperatura (2) e chegada do gás na superfície (3), provocando uma maior
expansão devido à presença da fase gasosa livre. É importante ressaltar também, que entre os
intervalos (1) e (2) a zona contaminada ultrapassa o limite inferior de 158°F (70°C) da
correlação.
Figura 5. 14 - Volume de ganho nos tanques durante a circulação do kick - N-parafina.
Analisando o comportamento da vazão de gás na superfície (Figura 5.15), nota-se que
no instante da chegada do gás na superfície (t=145 min em (1)), ocorre um pico de produção
que tende a decrescer, à medida que o gás vai sendo expulso do poço. O comportamento da
vazão de gás superfície pode variar em função da quantidade de gás que entrou no poço. Em
casos de poços marítimos perfurados com sondas flutuantes, a saturação pode ocorrer próxima
à linha do choke e causar um aumento excessivo da contrapressão no choke.
2 O acompanhamento da segunda circulação não foi objeto de estudo do presente trabalho.
95
Figura 5. 15 - Vazão de gás na superfície - N-parafina.
Outro parâmetro que é acompanhado durante a circulação do kick, é a vazão de
retorno líquido na superfície, como mostra a Figura 5.16. Esse acompanhamento permite
também identificar mudanças de comportamento no escoamento da zona contaminada no
poço.
Durante o intervalo em que o gás se encontra solubilizado, observa-se que ocorre uma
variação muito pequena na vazão de retorno de líquido, devido ao retorno de fluido causado
pelo inchamento da zona contaminada nesse intervalo (0 a 125 min). No momento da
saturação da zona contaminada em (1), nota-se um aumento repentino indicando a formação
da região bifásica. Em seguida, um aumento gradativo devido à contínua liberação do gás por
parte da n-parafina, até alcançar a superfície em (2), onde ocorre uma súbita diminuição
devido à chegada do gás. Segue-se assim até a expulsão completa do gás em (3).
96
Figura 5. 16 - Vazão de retorno de líquido - N-parafina.
Na análise e acompanhamento das propriedades termodinâmicas da n-parafina,
percebe-se variações significativas nos parâmetros que são verificados durante a circulação do
kick. Em termos operacionais, estas variações permitem uma melhor compreensão dos
processos que ocorrem durante o controle do poço, por parte da equipe de sonda.
5.2.2 Éster
Para o acompanhamento com o fluido base éster no poço mencionado no início deste
subtópico, também foi considerada uma vazão de entrada de gás no poço de 4200 scf/min, por
um período de 3 minutos, totalizando um volume de 12600 scf de gás no poço. Seguindo a
metodologia apresentada e disponível no trabalho de Kim (2010), este volume de gás
corresponde a uma fração molar de aproximadamente 55% de metano no éster.
Analisando primeiramente a condição de saturação do gás no éster, comparou-se a
razão de solubilidade com a razão gás-óleo. A Tabela 5.6 apresenta a condição inicial do gás
no éster. Como se pode observar, nas condições de pressão e temperatura as quais a mistura se
encontra o gás se solubiliza completamente no éster, sendo um caso subsaturado.
97
Tabela 5. 6 - Condição inicial de saturação – Éster.
Pressão média na
ZC (psi)
Temperatura
média na ZC
(°F/°C)
Razão de solubilidade
média do éster – RS -
(scf/stb)
Razão gás-óleo –
RGO – (scf/stb)
5493 200/93 723 392
Da mesma maneira que foi realizado para a n-parafina anteriormente, também foi
gerada para o éster uma superfície com o software MATLAB®, de forma a estudar o
comportamento da zona contaminada durante a circulação do kick, representando a faixa
experimental disponível no trabalho de Kim (2010) e a saída do simulador.
Acompanhando as propriedades PVT do éster na condição subsaturada, a Figura 5.17
apresenta o comportamento da razão de solubilidade na perspectiva 3D. Nota-se que a
solubilidade do gás no éster é bem menor do que o observado para a n-parafina, nas mesmas
condições de fundo do poço.
Figura 5. 17 - Razão de solubilidade da zona contaminada - Éster.
A Figura 5.18 mostra também a razão de solubilidade em função da pressão (A) e da
temperatura (B). Nota-se que houve boa concordância no acompanhamento da faixa da
correlação.
98
Figura 5. 18 - Razão de solubilidade da zona contaminada sob a perspectiva da pressão (A) e
da temperatura (B) – Éster.
Para o éster, no instante inicial da simulação a zona contaminada também apresenta
uma altura maior que o comprimento dos comandos, como pode ser visto de acordo com a
Figura 5.19. Observa-se, porém, que o comprimento inicial da zona contaminada foi menor
que àquela observada na n-parafina. Na figura, o gráfico representa a posição do kick no poço
em função do tempo, onde o valor “0” no eixo vertical representa o fundo do poço.
99
Figura 5. 19 - Zona contaminada no instante inicial, e posição do kick ao longo do tempo -
Éster.
Devido ao gás solubilizado no éster, à medida que a ZC é deslocada pelo anular do
poço, suas propriedades PVT variam de forma semelhante ao que foi observado na n-parafina.
Entretanto, o éster apresenta um menor inchamento do que a n-parafina, motivo pelo qual se
observou uma coluna de zona contaminada menor que esta última. Acompanhando o
comportamento do fator de formação de volume médio do éster no intervalo no qual o gás se
encontra solubilizado, percebe-se um menor encolhimento à medida que pressão e
temperatura diminuem como mostra a Figura 5.20.
Figura 5. 20 - Fator de formação de volume da zona contaminada - Éster.
100
Durante a transição da zona contaminada pelo poço, a zona contaminada sofre um
encolhimento significativo, como pode ser visto também na Figura 5.21, o comportamento do
fator volume de formação do éster sob a perspectiva da pressão (A) e da temperatura (B).
Figura 5. 21 - Fator de formação de volume do éster sob a perspectiva da pressão (A) e da
temperatura (B).
101
Durante o mesmo intervalo será, então, observado um incremento progressivo na
massa específica da zona contaminada, como segue na Figura 5.22.
Figura 5. 22 - Massa específica da zona contaminada - Éster.
A variação observada na massa específica do éster, em função da presença do gás
solubilizado, foi menor do que na n-parafina. A Figura 5.23 apresenta o comportamento da
massa específica na condição subsaturada, na perspectiva da pressão (A) e da temperatura (B).
102
Figura 5. 23 - Massa específica da zona contaminada sob a perspectiva da pressão (A) e da
temperatura (B).
Nota-se que não ocorrem variações muito grandes no fator de formação de volume do
éster, ou de sua massa específica, durante o intervalo subsaturado. Entretanto, da mesma
maneira que foi visto para a n-parafina, deverão ser observadas indicações nos parâmetros
acompanhados durante a circulação do kick para fora do poço.
A Figura 5.24 apresenta o comportamento da pressão no choke em função do tempo,
para o éster. A figura indica valores de pressão no intervalo subsaturado próximas aos da n-
103
parafina, tendo, porém, uma antecipação na saturação do gás e menor pico de pressão no
choke no instante da produção. A Figura 5.24 evidencia ainda a transição da ZC pelos
comandos (1) e sapata (2), instante em que ocorre a saturação próxima a 70 minutos (3),
chegada do gás na superfície (4) e fim da expulsão do gás (5).
Figura 5. 24 - Comportamento esperado da pressão no choke - Éster.
O comportamento do volume de ganho nos tanques pode ser visto conforme a Figura
5.25. Nota-se que, para o mesmo volume de gás, o éster apresentou um ganho inicial menor
do que o observado na n-parafina, por apresentar um menor inchamento para o mesmo
volume de gás no poço. Além disso, observa-se um encolhimento à medida que a ZC se
desloca pelo poço (1), o ponto de saturação ocorre cerca de 50 min antes do observado na n-
parafina (2) e um menor pico no instante da produção do gás (3).
104
Figura 5. 25 - Volume de ganho nos tanques durante a circulação do kick - Éster.
A chegada do gás na superfície na circulação com o éster pode ser vista na Figura 5.26
O pico observado na vazão de chegada no caso do éster foi inferior ao da n-parafina, porém
apresentou um acréscimo de tempo 40 min maior para expulsão completa do gás.
Figura 5. 26 - Vazão de gás na superfície - Éster.
Pela análise da vazão de líquido na saída (Figura 5.27), é possível identificar uma
diferença ao que foi observado na simulação com a n-parafina. Inicialmente na condição
105
subsaturada o comportamento é semelhante, apresentando pouca variação no retorno de
líquido em função da variação nas propriedades PVT do éster nesse intervalo, até o momento
em que ocorre a saturação da zona contaminada (1). Ocorre o aumento gradativo em função
da liberação de gás solubilizado no éster, até que todo gás saia de solução e se observa uma
diminuição no retorno de fluido (2). A expansão do gás gera então um pequeno aumento no
retorno de fluido até sua chegada na superfície, onde a vazão de líquido cai, em função da
produção conjunta da fase gasosa.
Figura 5. 27 - Vazão de retorno de líquido - Éster.
A análise das propriedades termodinâmicas, juntamente com o acompanhamento dos
parâmetros operacionais, permitiram identificar processos que ainda não haviam sido
discutidos por outros autores, principalmente sobre o fluido de perfuração à base de éster.
A respeito da representação das propriedades PVT, nota-se que o aspecto da superfície
plotada para representação da correlação para as propriedades PVT do éster ficaram mais
suaves do que aquelas vistas para a n-parafina. Isso se deve ao fato de Kim (2010) ter
elaborado apenas uma correlação que representa toda a faixa experimental para o éster, para
cada propriedade. Atolini (2008), ao contrário, gerou uma correlação para cada valor de
temperatura, necessitando da realização de interpolações para valores de temperatura
intermediários.
106
5.3 Comparação com simulador composicional
Foi realizada também uma comparação dos resultados obtidos pelo simulador
Unikick®, com o resultado de um simulador composicional de controle de poço. A
comparação foi realizada a partir do trabalho de Loiola (2015).
Loiola (2015) elaborou um simulador composicional que considera uma modelagem
baseada no Método de Diferenças Finitas para solução das equações diferenciais de
conservação de massa e quantidade de movimento, do gás e do líquido, considerando-se o
deslizamento entre as fases e o comportamento dessas fases da mistura de fluidos. O autor
ainda comparou seus resultados do modelo numérico composicional com dados experimentais
de um poço escola (Taquipe, BA), apresentando boa concordância.
De uma maneira geral, as diferenças entre os dois simuladores são apresentadas na Tabela
5.7:
Tabela 5. 7 - Comparativo simulador de Loiola (2015) e Unikick®.
Loiola (2015) Unikick® (2016)
Cálculo de escoamento transiente
pelas equações de continuidade
Cálculo do escoamento através de
subsequentes estados permanentes
Há a ressolubilização do gás no fluido
limpo acima da zona contaminada
Gás que sai de solução não solubiliza
novamente
Zona contaminada heterogênea, de
acordo com a liberação e reabsorção
do gás
Zona contaminada é homogênea (razão
gás líquido constante)
Há a consideração de diferentes
padrões de escoamento de acordo com
a fração de vazio de gás
Modelo de escoamento por bolhas
dispersas ou bolha de Taylor
Perda de carga na região bifásica dada
pela correlação de Beggs e Brill
(BEGGS e BRILL, 1972)
Perda de carga na região bifásica dada
pela correlação de Beggs e Brill
(BEGGS e BRILL, 1972)
Modelagem composicional Modelo Black-Oil
Acoplamento com reservatório Não possui acoplamento com o
reservatório
107
A comparação foi realizada para seguinte caso base, que se trata de um poço terrestre
vertical e é ilustrado pela Figura 5.28:
Poço vertical terrestre de 3000 metros de profundidade;
Geometria constante;
Gradiente geotérmico de 0,033°C/m;
Vazão de gás fixa e igual a 1375 scf/min;
Tempo de fechamento de 8 minutos;
Vazão na perfuração de 300 gpm;
Vazão reduzida de circulação de 200 gpm;
Kick de gás metano;
Fluido 100% sintético de base n-parafina com composição3 dada pela
Tabela 5.8.
Tabela 5. 8 - Dados da n-parafina utilizada no simulador de Loiola (2015).
Componentes Fração
Mássica Fração Molar
C13+ 3,42 3,852
C14 65,04 68,078
C15 19,76 19,317
C16 4,23 3,879
C17+ 7,55 4,874
Total 100,00 100,00
3 Dados necessários para simulador de Loiola (2015).
108
Figura 5. 28 - - Ilustração do poço utilizado na comparação entre os simuladores (Bezerra,
2006)
Devido às diferenças na modelagem do Unikick® e o simulador de Loiola (2015),
foram observadas algumas diferenças no comportamento dos parâmetros de saída que foram
analisados.
A Figura 5.29 mostra o comportamento da pressão no choke. Inicialmente, é possível
perceber que a pressão de fechamento no simulador de Loiola (2015) foi ligeiramente superior
àquela observada no Unikick®. Isso ocorre pois o simulador de Loiola (2015) possui uma
zona contaminada inicialmente maior que a do Unikick®, devido à sua discretização e
acoplamento com o reservatório, que faz com que a solubilização do gás seja feita de forma
gradativa.
109
Figura 5. 29 - Comparação do comportamento da pressão no choke entre os simuladores.
Nota-se que ambos simuladores apresentam uma tendência de diminuição na pressão
no intervalo que o gás se encontra solubilizado. A diminuição no Unikick® é maior pois se
deve à consideração de valores médios para o cálculo das propriedades termodinâmicas da n-
parafina, que segue as correlações advindas de resultados experimentais. Já no simulador de
Loiola (2015), o adensamento é realizado para cada ponto da malha discretizada, para
avaliação da interação entre a n-parafina e o metano.
A saturação da zona contaminada no Unikick® ocorre no instante t= 98 min, cerca de
5 minutos antes do instante observado na versão de Loiola (2015). Outro ponto importante a
ser observado no momento em que ocorre a saturação da zona contaminada, é que no
Unikick® não ocorre ressolubilização. Por este motivo, devido ao deslizamento da fase
gasosa e pela liberação gradativa do gás, ele gera uma maior coluna hidrostática “leve” no
poço, necessitando de uma maior contrapressão em relação ao que foi observado no trabalho
de Loiola (2015).
Comparando o comportamento do volume de ganho nos tanques, a Figura 5.30
apresenta o resultado dos simuladores. Observa-se que a resposta do Unikick® mostrou boa
concordância temporal com o observado na pressão no choke, e também com o resultado
obtido pelo simulador de Loiola (2015). O maior pico observado no Unikick® se deve à não-
ressolubilização do gás na n-parafina, possibilitando uma maior expansão do gás, e
consequentemente um aumento no nível de ganho nos tanques.
400
450
500
550
600
0 50 100 150 200
Pre
ssão(p
si)
Tempo(min)
Simulador Loiola (2015)
Simulador Unikick 2016
110
Figura 5. 30 - Comparação do comportamento do volume de ganho nos tanques entre os
simuladores.
Na vazão de gás na saída do poço, como apresenta a Figura 5.31, nota-se a diferença
no instante de produção do gás entre os dois simuladores. No Unikick®, como já foi visto nos
outros gráficos, a produção do gás ocorre antecipadamente, porém apresenta um menor pico
de produção.
Figura 5. 31 - Comparação do comportamento da vazão de gás na superfície entre os
simuladores.
0
5
10
15
20
25
30
0 50 100 150 200
Vo
lum
e(b
bl)
Tempo(min)
Simulador Unikick 2016
Simulador Loiola (2015)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 50 100 150 200
Vazã
o d
e gás(
scf/
min
)
Tempo(min)
Simulador Unikick 2016
Simulador Loiola (2015)
111
Essa diferença ocorre devido à condição de formação da zona bifásica, pois no
Unikick® ela se expande e se forma continuamente, alcançando um maior comprimento,
porém com uma menor fração de vazios média, devido ao modelo empregado na metodologia.
Já o simulador de Loiola (2015) considera uma distribuição da fração de vazios ao longo da
zona contaminada. A Tabela 5.9 mostra essa comparação, que evidencia o instante em que o
gás chega na superfície, e a condição da zona bifásica nesse instante.
Tabela 5. 9 - Comparação da chegada do gás na superfície entre os simuladores.
Fração de vazios
na superfície
Comprimento
da zona bifásica
Início da
produção do gás
Simulador Loiola (2015) 44% 340 metros 128 min
Simulador Unikick® 2016 16% 781 metros 108 min
Foi feita uma verificação da conservação de volume de gás do Unikick®, visando
avaliar o desempenho do Unikick® no cenário analisado. A Tabela 5.10 mostra o resultado da
comparação com o trabalho de Loiola (2015), indicando uma margem de 3,5% do volume de
entrada. Já no Unikick®, essa diferença é de 1,5%.
Tabela 5. 10 - Comparação da conservação de massa do gás pelos volumes de entrada e saída
após a simulação.
Volume total de gás
de entrada (em
condições padrão)
Volume total na
saída – Loiola
(2015)
Diferença
11000 scf 11417 scf ≅ 3,8%
Volume total de gás
de entrada (em
condições padrão)
Volume total na
saída – UNIKICK
Diferença
11000 scf 11116 scf ≅ 1,5%
É importante também observar o tempo total gasto para a realização da simulação
deste estudo de caso. As simulações foram realizadas em um computador Windows 7 Pro –
64 bits, com processador Intel core i7 (3.60 GHz) e 16 GB de RAM. A Tabela 5.11 mostra o
tempo total utilizado na simulação a partir do trabalho de Loiola (2015) e também do
Unikick®. Esta comparação evidencia o ganho computacional promovido pelo Unikick®,
112
pois a sua rapidez em simular os diversos cenários que foram e serão apresentados
posteriormente neste trabalho permite identificar e avaliar riscos com maior antecipação. Em
termos práticos, para uma equipe de sonda que trabalha numa operação de controle e exige a
tomada de decisão com maior agilidade, o Unikick® mostra-se assim uma excelente
ferramenta.
Tabela 5. 11 - Comparação dos tempos de simulação gastos por cada simulador.
Simulador Loiola (2015) Unikick® 2016
9,33 min (560 segundos) 10 segundos
5.4 Análise de sensibilidade
Na análise de sensibilidade, foram estudados o comportamento da pressão no choke,
volume de ganho nos tanques, vazão de gás na superfície e a vazão de líquido na superfície.
Os parâmetros analisados foram a vazão de entrada de gás, a temperatura no fundo do
poço para o fluido de perfuração 100% base sintética, o comprimento da lâmina d’água (no
caso do poço marítimo vertical) e a composição do fluido de perfuração: puro e emulsão 70-
30 (fluido 70% óleo e 30% água). Não foram feitas análises para diferentes temperaturas de
fundo nas emulsões, devido à densidade de resultados. Foram feitas análises simulando
situações de kick em poço terrestre e marítimo verticais em águas profundas, além de poço
marítimo horizontal em águas profundas. Em todos casos de poços marítimos, considera-se a
presença de uma unidade flutuante, com BOP submarino, havendo assim uma linha de choke
submarina da cabeça do poço até a superfície.
Os valores da vazão de entrada de gás foram escolhidos de forma a verificar os
comportamentos das pressões, vazões de gás na saída e volumes de ganho nos tanques,
sempre respeitando os limites experimentais das correlações elaboradas por Atolini (2008) e
Kim (2010). Dessa maneira, foi analisado para cada fluido se a um dado volume de influxo
ele se encontra em condições subsaturadas, saturadas (ou próximas à saturação) e, em alguns
casos, supersaturadas.
5.4.1 N-parafina
Para os estudos com a n-parafina e suas emulsões foram criadas três seções distintas,
nas quais foram realizadas análises para poço terrestre vertical, marítimo vertical e marítimo
horizontal. Os dados de entrada e esquema ilustrativo de cada um dos poços são apresentados
nos Apêndices A, B e C.
113
5.4.1.1 Poço terrestre vertical e diferentes temperaturas de fundo do poço
Para o estudo com a n-parafina pura no poço terrestre vertical foram estudadas 4
vazões de entrada de gás distintas, de 3000 a 7000 scf/min, considerando um tempo de
fechamento do poço de 3 minutos.
A Figura 5.32 apresenta o comportamento da pressão no choke em função do tempo
de circulação do kick nas condições apresentadas. É possível notar que à medida que a vazão
de entrada de gás aumenta a pressão inicial de fechamento do poço (SICP) também aumenta,
pois mesmo que o gás se encontre solubilizado na n-parafina, a massa específica da região
contaminada diminui, requerendo assim uma maior contrapressão no choke para manutenção
da pressão no fundo do poço constante.
Figura 5. 32 - Pressão no choke no poço terrestre - N-parafina pura.
Nota-se que o aumento da vazão de entrada de gás também faz com que o ponto de
saturação seja atingido de forma antecipada, fato que se deve à capacidade do fluido de
solubilizar o gás na condição de pressão e temperatura que a mistura se encontra, como foi
discutido no item 5.2 deste capítulo. Nas vazões de entrada de 3000 scf/min e 4000 scf/min
percebe-se a ocorrência de um patamar constante no instante em que o gás alcança a
superfície (t =156min e t = 136min respectivamente). Tal ocorrência se deve ao fato de ainda
haver gás em solução à medida em que a zona bifásica é produzida na superfície.
A Figura 5.33 apresenta os resultados obtidos para o volume de ganho nos tanques,
seguindo o comportamento esperado para cada valor de vazão de entrada de gás. Nota-se que
700
750
800
850
900
950
1000
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
114
o volume inicial de ganho é maior à medida que se aumenta a vazão de entrada de gás, fato
que se deve ao maior inchamento sofrido pela n-parafina numa maior quantidade de gás.
Figura 5. 33 - Volume de ganho nos tanques no poço terrestre - N-parafina pura.
A vazão de saída do gás pelo choke na superfície é apresentada na Figura 5.34. Nota-se
pela figura que há uma boa concordância temporal entre os gráficos apresentados para a
pressão no choke e volume de ganho. Percebe-se também que se tratando de volumes de gás
superiores, o tempo necessário para remoção completa do gás aumenta significativamente.
Tendo como base a vazão de entrada de 3000 scf/min, o tempo de remoção necessário para a
vazão de 7000 scf/min chega a ser 55% superior.
Figura 5. 34 - Vazão de gás na superfície no poço terrestre - N-parafina pura.
0
5
10
15
20
25
30
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
0
100
200
300
400
500
600
700
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
115
Acompanhou-se também o comportamento da vazão de chegada de líquido na superfície,
pela Figura 5.35. Nota-se também que há boa concordância deste parâmetro com os demais
que foram apresentados anteriormente. A variação que ocorre no intervalo subsaturado,
conforme o volume de ganho é quase imperceptível (varia entre 99,95 e 100,5 gpm
aproximadamente). Também é evidenciado o instante em que a zona contaminada atinge o
ponto de saturação, quando é percebido um aumento na vazão de líquido e aumento gradativo
à medida que o gás vai saindo de solução da n-parafina, e também o instante da chegada do
gás na superfície, onde nota-se uma diminuição na vazão de líquido. No caso da vazão de
7000 scf/min, nota-se uma diminuição em t=88 min, que representa o instante em que não há
mais gás solubilizado na n-parafina. Posteriormente a vazão aumenta ligeiramente devido à
expansão controlada do gás no poço até o mesmo ser produzido, onde o comportamento então
segue como para os demais casos.
Figura 5. 35 - Vazão de retorno de líquido no poço terrestre - N-parafina pura.
Foi analisada também a circulação de kicks numa emulsão 70-30 de n-parafina e água.
Os valores de vazão de entrada de gás foram de 3000 scf/min a 8000 scf/min, também para
um tempo de fechamento do poço de 3 minutos. O esquema do poço terrestre aqui estudado
foi o mesmo apresentado nos casos da n-parafina pura (Apêndice A).
A Figura 5.36 apresenta os resultados obtidos para a pressão no choke. Alguns dos
valores utilizados para vazão de entrada foram semelhantes aos utilizados para a n-parafina
pura, como 3000, 5000 e 7000 scf/min. Comparando-se os dois casos, nota-se que para o
80
100
120
140
160
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
116
mesmo volume de gás de entrada, ocorre uma antecipação no instante em que o gás sai de
solução. Tendo como referência a vazão de entrada de 5000 scf/min, nas mesmas condições
de poço, a zona contaminada atinge a pressão de saturação cerca de 60 minutos antes na
emulsão 70-30 em relação ao observado na n-parafina pura. Tal efeito se deve à solubilização
do gás ocorrer apenas na fase óleo da emulsão, dessa maneira, a mistura n-parafina-água
apresenta uma menor capacidade de manter o gás solubilizado durante o deslocamento do
kick pelo poço. Pelo mesmo motivo, observa-se também que a pressão de fechamento no
poço é maior no caso da vazão de 8000 scf/min, por já se tratar de um caso saturado, ou seja,
há gás livre desde o início da circulação, fazendo com que seja necessária uma maior
contrapressão no choke logo no início da circulação do kick.
Figura 5. 36 - Pressão no choke no poço terrestre - N-parafina Emulsão 70-30.
Pelo acompanhamento da pressão no choke, nota-se também que o aumento na
pressão no momento em que o gás sai de solução na emulsão 70-30 foi mais acentuado do que
o observado na n-parafina pura. Esse fato é explicado pelo fato de o gás sair de solução num
menor intervalo de tempo na emulsão do que na n-parafina pura.
O volume de ganho nos tanques, apresentado pela Figura 5.37, mostra que o
inchamento sofrido pela emulsão é menor do que o observado na n-parafina pura.
700
750
800
850
900
950
1000
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/minQgás = 5000 scf/minQgás = 7000 scf/minQgás = 8000 scf/min
117
Figura 5. 37 - Volume de ganho nos tanques no poço terrestre - N-parafina Emulsão 70-30.
O comportamento da vazão de gás na superfície, apresentado na Figura 5.38, seguiu
como era esperado, havendo boa concordância temporal com os resultados obtidos para a
pressão no choke e o volume de ganho. Nota-se que na emulsão 70-30, ocorre uma
antecipação na produção de gás se comparada a n-parafina pura, devido ao gás sair de solução
antecipadamente, a uma maior pressão de saturação. Consequentemente, a produção do gás é
antecipada.
Figura 5. 38 - Vazão de gás na superfície no poço terrestre - N-parafina Emulsão 70-30.
Pelo acompanhamento da vazão de líquido na superfície, como mostra a Figura 5.39,
nota-se que a variação de retorno de líquido na condição subsaturada também foi pequena na
0
5
10
15
20
25
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
Qgás = 8000 scf/min
0
100
200
300
400
500
600
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
Qgás = 8000 scf/min
118
simulação com a emulsão 70-30 de n-parafina. Percebe-se também que existem dois
intervalos de tempo distintos onde ocorre um aumento na vazão de retorno de líquido sendo
que o primeiro aumento se deve ao instante em que o gás sai de solução e sua liberação do
fluido, e posteriormente ocorre um aumento devido à expansão controlada do gás até que o
mesmo atinja a superfície e a expulsão se inicia.
Figura 5. 39 - Vazão de retorno de líquido no poço terrestre - N-parafina Emulsão 70-30.
A última análise realizada no poço terrestre vertical foi considerando-se diferentes
temperaturas no fundo do poço, ou seja, um maior gradiente geotérmico no mesmo poço
terrestre apresentado. Foi considerada uma única vazão de entrada de gás de 6000 scf/min,
por um período de 3 minutos, para temperaturas no fundo do poço de 100, 110, 120 e 130 °C
(os gradientes geotérmicos utilizados estão disponíveis no Apêndice A). Foi considerada
nessa análise a composição de n-parafina pura.
A pressão no choke neste caso pode ser vista de acordo com a Figura 5.40, onde nota-
se que houve pouca sensibilidade à temperatura no intervalo de tempo que o gás se encontra
solubilizado na n-parafina. Observa-se que a contrapressão gerada em cada caso é bem
próxima.
80
100
120
140
160
180
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
Qgás = 8000 scf/min
119
Figura 5. 40 - Pressão no choke para diferentes temperaturas de fundo no poço terrestre - N-
parafina pura.
A variação no comportamento do volume de ganho nos tanques, apresentado pela
Figura 5.41 demonstra concordância com o efeito do encolhimento da n-parafina na presença
do gás.
700
750
800
850
900
950
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
T = 100°C
T = 110°C
T = 120°C
T = 130°C
120
Figura 5. 41 - Volume de ganho nos tanques para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre - N-parafina pura.
A chegada do gás na superfície, porém, não apresentou diferença significativa em
função da temperatura no fundo do poço, e a produção do gás em quaisquer um dos casos
ocorre no mesmo instante, como é mostrado na Figura 5.42.
Figura 5. 42 - Vazão de gás na superfície para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre - N-parafina pura.
0
5
10
15
20
25
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
T = 100°C
T = 110°C
T = 120°C
T = 130°C
0
100
200
300
400
500
600
700
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
T = 100°C
T = 110°C
T = 120°C
T = 130°C
121
De maneira semelhante, a vazão de liquido na superfície também não apresentou
mudança significativa em seu comportamento em função das diferentes temperaturas de
fundo, como é mostrado na Figura 5.43.
Figura 5. 43 - Vazão de retorno de líquido para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre - N-parafina pura.
Pode-se observar por esta análise que o efeito da temperatura no fundo do poço não
impacta de maneira significativa na circulação do kick, sendo que a saturação da zona
contaminada ocorreu em instantes bem próximos em todos os casos.
5.4.1.2 Poço Marítimo vertical e análise para diferentes lâminas d’água
Para o estudo com a n-parafina no poço marítimo vertical, foram estudadas 4 vazões
de entrada de gás distintas, de 4000 a 12000 scf/min, considerando um tempo de fechamento
do poço de 3 minutos. O poço (dados disponíveis no Apêndice B) tem pressão de fundo
próxima a de um poço de alta pressão (BHP = 9865 psi e BHT=120°C) e de lâmina d’agua
profunda (LDA=1500 metros).
O comportamento da pressão no choke pode ser visto de acordo com a Figura 5.44. É
possível notar que nos instantes iniciais, para todas as vazões de entrada de gás o
comportamento foi aproximadamente semelhante por se tratarem de casos subsaturados, nos
instantes em que a zona contaminada passa pelos trechos no poço com os comandos, poço
aberto e entrada no revestimento. Observa-se que o pico máximo da pressão no choke tende a
diminuir em função do aumento da vazão de entrada de gás. Este fato ocorre devido à
liberação do gás ocorrer mais próximas à linha submarina do choke (no caso da vazão de
80
90
100
110
120
130
140
150
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
T = 130°C
T = 120°C
T = 110°C
T = 100°C
122
8500scf/min), ou mesmo já dentro da linha do choke (caso das vazões de 4000 e 6000
scf/min), onde o gás rapidamente chega na superfície. No caso da vazão de 12000 scf/min, a
saturação da zona contaminada ocorre ainda dentro do revestimento.
Figura 5. 44 - Pressão no choke no poço marítimo vertical. N-parafina pura.
A Figura 5.45 mostra o comportamento do volume de ganho nos tanques no mesmo
intervalo. Durante o deslocamento da zona contaminada até a sua chegada na linha submarina
do choke, o comportamento é bastante similar para cada valor de vazão de entrada, diferindo
apenas pelo nível de volume. Ocorre também que, quando a zona contaminada atinge o ponto
de saturação, há uma diminuição no nível de volume, o qual se acredita ser causado pelo
encolhimento maior sofrido pelo fluido a uma baixa temperatura quando o gás sai de solução.
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1400
0 100 200 300 400
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 4000 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 8500 scf/minQgás = 12000 scf/min
123
Figura 5. 45 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo vertical. N-parafina pura.
Acompanhando a vazão de gás na superfície pela Figura 5.46, nota-se um intervalo de
tempo muito curto onde ocorre a produção do gás para as vazões de gás de entrada menores,
fato explicado pela liberação do gás já ocorrer próximo à linha do choke, como já foi relatado.
Figura 5. 46 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo vertical. N-parafina pura.
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 4000 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 8500 scf/minQgás = 12000 scf/min
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0 100 200 300 400
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 4000 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 8500 scf/minQgás = 12000 scf/min
124
A vazão de líquido na superfície demonstra boa concordância com resultados obtidos,
mesmo pela diminuição observada no instante em que o gás sai de solução, como pode ser
visto na Figura 5.47. Nota-se também uma grande diminuição na vazão de líquido quando o
gás começa a ser produzido, devido à alta vazão de gás na superfície à medida que o mesmo
sai de solução e é produzido.
Figura 5. 47 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo vertical. N-parafina pura.
Foram realizadas também simulações para estudar a circulação do kick em emulsão
70-30 no poço marítimo vertical. Foram consideradas as mesmas vazões de 4000 a 12000
scf/min e o mesmo tempo de fechamento do poço de 3 minutos, estudadas na n-parafina pura
e observadas as diferenças operacionais e termodinâmicas em cada um dos casos.
A Figura 5.48 apresenta o acompanhamento da pressão no choke para as quatro vazões
de entrada de gás anteriormente mencionadas. Primeiramente, é possível observar que as
pressões iniciais de fechamento do poço foram menores que as observadas no caso estudado
para a n-parafina pura. Nota-se que apenas no caso da vazão de entrada de 4000 scf/min é que
a zona contaminada atingiu a pressão de saturação já próxima à linha submarina do choke,
apresentando porém um maior pico de pressão em relação ao que foi observado na n-parafina
pura.
40
60
80
100
120
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 4000 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 8500 scf/minQgás = 12000 scf/min
125
Figura 5. 48 - Pressão no choke no poço marítimo vertical. N-parafina Emulsão 70-30.
Para os demais casos de vazão de entrada, observa-se o mesmo comportamento na
pressão relatado no poço terrestre vertical, com relação à antecipação da ocorrência da
saturação da zona contaminada, devido à menor razão de solubilidade da emulsão para uma
mesma quantidade de gás a uma determinada pressão e temperatura.
O volume de ganho nos tanques foi inferior àqueles observados na simulação com a n-
parafina pura, como pode ser observado de acordo com a Figura 5.49.
700
800
900
1000
1100
1200
1300
0 100 200 300 400
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 6000 scf/minQgás = 8500 scf/min
Qgás = 12000 scf/min
126
Figura 5. 49 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo vertical. N-parafina Emulsão
70-30.
O comportamento da vazão de gás na superfície pode ser visto de acordo com a Figura
5.50. Observa-se que o maior pico observado foi na circulação do kick de 4000 scf/min,
devido à liberação do gás solubilizado ocorrer próxima à linha do choke, e assim acaba
gerando uma maior velocidade na fase gasosa nesse trecho. Para as demais vazões de 6000,
8500 e 10000 scf/min, a liberação do gás ocorrendo dentro do poço ameniza a transição do
gás para a linha do choke, gerando menores velocidades e consequentemente um menor pico,
porém é necessário um maior tempo para expulsão completa do gás.
0
5
10
15
20
25
0 100 200 300 400
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 4000 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 8500 scf/minQgás = 12000 scf/min
127
Figura 5. 50 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo vertical. N-parafina Emulsão 70-
30.
A vazão de líquido também apresentou boa concordância com os demais parâmetros
analisados, apresentando um aumento no retorno quando ocorre a liberação do gás
solubilizado, e diminuição quando a saída do mesmo acontece na superfície, como
apresentado pela Figura 5.51.
Figura 5. 51 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo vertical. N-parafina Emulsão 70-
30.
0
500
1000
1500
2000
2500
0 100 200 300 400
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 12000 scf/min
30
50
70
90
110
130
150
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 12000 scf/min
128
A terceira e última análise realizada para o poço marítimo vertical foi com relação ao
comprimento da lâmina d’água. Foram estudados 4 comprimentos diferentes, em poços
marítimos de lâminas d’água de 500, 1000, 1500 e 2000 metros de comprimento, para a
mesma profundidade de poço apresentado na tabela do Apêndice B. Em outras palavras,
variou-se a lâmina d’água, e assim o comprimento total da superfície até o fundo do poço
também variou em função de cada lâmina. Em todos os casos, a vazão de entrada de gás foi
de 15000 scf/min por um período de 3 min, e utilizou-se uma vazão de circulação do kick de
150 gpm neste caso.
A Figura 5.52 mostra o comportamento da pressão no choke. Pode-se observar que a
pressão inicial de fechamento do poço foi maior à medida que a lâmina d’água diminuiu. Tal
fato se deve à necessidade de se ter uma maior pressão inicial no choke para estabilizar a
pressão no fundo do poço, devido à menor coluna hidrostática de fluido sobre a formação,
advinda da linha do choke. Nota-se também que o ponto de saturação da zona contaminada é
antecipado em função da menor pressão exercida sobre ela nas condições do poço.
Figura 5. 52 - Pressão no choke para diferentes lâminas d'água no poço marítimo vertical. N-
parafina pura.
É possível notar ainda que nos casos de lâmina d’água de 500, 1000 e 1500 metros a
saturação ocorre dentro do poço, e para a lâmina de 2000 metros, ocorre dentro da linha do
choke, por isso assim se observa o maior pico.
450
650
850
1050
1250
1450
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
LDA = 500 m
LDA = 1000 m
LDA = 1500 m
LDA = 2000 m
129
No caso do volume de ganho no tanque, mostrado pela Figura 5.53, percebe-se uma
tendência de haver um aumento no pico de volume à medida que se diminui a lâmina d’água.
Tal fato é explicado pela formação antecipada da zona bifásica, que acaba se expandindo por
mais tempo e assim promove um aumento maior no volume ganho, como se observa na
lâmina de 500 m.
Figura 5. 53 - Volume de ganho nos tanques para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. N-parafina pura.
A vazão de gás na superfície segue de acordo com a Figura 5.54. Percebe-se uma
diminuição no pico da vazão à medida que se diminui a lâmina d’água, devido à menor coluna
de gás na linha do choke, e também pela formação antecipada da região bifásica, conforme
explicado anteriormente.
0
5
10
15
20
25
30
35
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
LDA = 500 m
LDA = 1000 m
LDA = 1500 m
LDA = 2000 m
130
Figura 5. 54 - Vazão de gás na superfície para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. N-parafina pura.
A vazão de líquido na superfície (Figura 5.55) mostrou boa concordância com os
resultados obtidos nos demais parâmetros analisados neste estudo de caso.
Figura 5. 55 - Vazão de retorno de líquido para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. N-parafina pura.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
LDA = 500 m
LDA = 1000 m
LDA = 1500 m
LDA = 2000 m
80
100
120
140
160
180
200
220
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
LDA = 500 mLDA = 1000 mLDA = 1500 mLDA = 2000 m
131
5.4.1.3 Poço Marítimo Horizontal
Na análise de sensibilidade realizada no poço marítimo horizontal simulado com n-
parafina pura, foram consideradas quatro vazões de entrada de gás distintas, de 9000 a 18000
scf/min, para um tempo de fechamento do poço de 1 min. Outros dados de entrada utilizados
na análise são apresentados no Apêndice C. O poço está a uma lamina d’água de 1200 m,
considerada profunda. O trecho horizontal do poço tem aproximadamente 800 m de
comprimento.
A pressão no choke pode ser vista de acordo com a Figura 5.56. Nota-se que o
comportamento é bastante similar no intervalo inicial da circulação do kick por todos casos se
tratarem de casos subsaturados, em que pode ser observado um aumento gradativo da pressão
à medida que a região contaminada com gás passa pelo trecho inclinado do poço. Nos casos
de vazão de entrada de 15000 e 18000 scf/min, nota-se que ocorre um aumento súbito na
pressão no instante em que a zona contaminada atinge o ponto de saturação, que ocorre no
intervalo inclinado do poço. Neste instante, a fração de vazios inicial calculada pelo simulador
é maior, o que promove o aspecto de aumento na contrapressão no choke, devido à maior
perda de carga na região bifásica. Para as vazões de 9000 e 10000 scf/min, a saturação da
zona contaminada já ocorre próxima à linha do choke.
Figura 5. 56 - Pressão no choke no poço marítimo horizontal. N-parafina pura.
500
600
700
800
900
1000
1100
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/minQgás = 10000 scf/minQgás = 15000 scf/minQgás = 18000 scf/min
132
O comportamento do volume de ganho nos tanques, apresentado pela Figura 5.54,
demonstra uma variação decrescente para as vazões de entrada de 10000, 15000 e 18000
scf/min, que se deve ao descolamento da região contaminada pelo trecho inclinado do poço e
o efeito da temperatura (associado à diminuição da pressão). Nas vazões de 9000 e 10000
scf/min nota-se que nos instantes finais ainda há gás saindo de solução, gerando a mudança de
inclinação na curva do volume de ganho, da mesma forma que foi observado no gráfico da
pressão no choke (Figura 5.57).
Figura 5. 57 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo horizontal. N-parafina pura.
Pelo acompanhamento da vazão de gás na superfície (Figura 5.58), nota-se que as
menores vazões de entrada de gás (9000 e 10000 scf/min) foram as que geraram maiores pico
de vazão de gás na saída após a circulação, apresentando porém um menor tempo para
expulsão do gás. As vazões de 15000 e 18000 scf/min, por sua vez, requerem um maior
tempo para expulsão do gás no poço. É importante mencionar que estas situações distintas
mudam o panorama de controle do poço da equipe de sonda com relação à chegada do gás na
superfície, uma vez que os equipamentos da sonda que são utilizados para o tratamento do
fluido e descarte do gás precisam ser adequados a lidar com cenários como esse em cada
situação.
0
2
4
6
8
10
12
14
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
Qgás = 15000 scf/min
Qgás = 18000 scf/min
133
Figura 5. 58 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo horizontal. N-parafina pura.
A Figura 5.59 apresenta o comportamento da vazão de líquido na superfície,
mostrando boa concordância temporal com os demais resultados obtidos para as simulações
realizadas com a n-parafina pura. É possível observar no intervalo subsaturado uma pequena
variação na vazão de retorno de líquido, devido à expansão do fluido na presença do gás
solubilizado, porém, como já foi relatado nos casos anteriores, essa variação é muito pequena
(±0,5 gpm)
Figura 5. 59 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo horizontal. N-parafina pura.
0
200
400
600
800
1000
1200
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/minQgás = 10000 scf/minQgás = 15000 scf/minQgás = 18000 scf/min
65
75
85
95
105
115
125
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 9000 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
Qgás = 15000 scf/min
Qgás = 18000 scf/min
134
Nas simulações realizadas com a emulsão 70-30 no mesmo poço marítimo horizontal
estudado neste tópico, também foram consideradas vazões de entrada de 9000 a 18000
scf/min, para o fechamento do poço em 1 minuto.
A Figura 5.60 mostra o comportamento esperado da pressão no choke na circulação de
kicks de diferentes proporções no poço marítimo horizontal, com a emulsão 70-30 de n-
parafina. Da mesma maneira que ocorreu nos demais casos estudados com emulsões, a
saturação da zona contaminada ocorre de forma antecipada, devido à menor capacidade de
solubilização da emulsão. Em todos os casos, a zona contaminada liberou o gás no intervalo
inclinado do poço, gerando o aumento súbito visto da pressão no choke. Nota-se que à medida
que se aumenta o volume de gás no poço, o pico da pressão no choke também aumenta,
devido à maior coluna de gás, quando o mesmo sai de solução da emulsão.
Figura 5. 60 - Pressão no choke no poço marítimo horizontal. N-parafina Emulsão 70-30.
Outra diferença importante entre a circulação do kick com a n-parafina pura e a
emulsão 70-30, é que os picos de pressão para o mesmo volume de gás no poço foram
inferiores na emulsão, se comparados à n-parafina pura. Tal fato é importante na
previsibilidade de riscos à integridade do poço com relação à ocorrência de fraturas em
formações mais frágeis expostas no poço.
O acompanhamento do volume de ganho nos tanques é apresentado na Figura 5.61. A
variação de volume acontece de forma semelhante ao estudo realizado para a n-parafina pura,
650
700
750
800
850
900
950
1000
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
Qgás = 15000 scf/min
Qgás = 18000 scf/min
135
em função da variação da pressão e da temperatura à medida que a zona contaminada
(subsaturada) desloca pelo poço.
Figura 5. 61 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo horizontal. N-parafina
Emulsão 70-30.
As vazões de gás na superfície ficaram bem próximas para todos os casos, como é
apresentado na Figura 5.62. Nota-se que há semelhança no comportamento para cada um dos
casos, sendo maior o tempo de remoção do gás e o pico na superfície para o maior volume de
gás no poço.
Figura 5. 62 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo horizontal. N-parafina Emulsão
70-30.
0
2
4
6
8
10
12
14
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/minQgás = 10000 scf/minQgás = 15000 scf/minQgás = 18000 scf/min
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/minQgás = 10000 scf/minQgás = 15000 scf/minQgás = 18000 scf/min
136
A vazão de líquido na superfície, apresentada pela Figura 5.63, mostrou boa
concordância temporal com demais dados de saída apresentados na análise para a emulsão.
Figura 5. 63 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo horizontal. N-parafina Emulsão
70-30.
5.4.2 Éster
Nos estudos de caso realizados com o éster e suas emulsões, também foram criadas
três seções distintas, nas quais foram realizadas análises para os mesmos esquemas de poço
terrestre vertical, marítimo vertical e marítimo horizontal estudados no tópico anterior para a
n-parafina (dados apresentados nos Apêndices A, B e C).
As discussões que foram realizadas a respeito dos resultados obtidos para o éster,
permitiram uma melhor compreensão das diferenças operacionais na utilização deste fluido
em relação à n-parafina, em cenários de controle de poço semelhantes.
5.4.2.1 Poço terrestre vertical e diferentes temperaturas de fundo do poço
No primeiro estudo realizado no poço terrestre vertical com o éster, foram estudadas 4
vazões de entrada de gás distintas, de 3000 a 7000 scf/min, considerando um tempo de
fechamento do poço de 3 minutos.
A Figura 5.64 apresenta o comportamento da pressão no choke em função do tempo
de circulação do kick nas condições apresentadas. No caso do éster, observa-se que todos os
casos são inicialmente subsaturados. Para a maior vazão de entrada de gás, 7000 scf/min, a
zona contaminada atinge a pressão de saturação pouco tempo após o início da circulação do
90
100
110
120
130
140
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 9000 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
Qgás = 15000 scf/min
Qgás = 18000 scf/min
137
kick. Comparando com a mesma vazão de 7000 scf/min no caso de poço terrestre estudado
para a n-parafina, nota-se que para as mesmas condições de poço e circulação do kick, a
saturação da zona contaminada na simulação com o éster ocorre aproximadamente 64 minutos
antes do que o observado na n-parafina. Tal comportamento já era esperado, uma vez que o
éster possui uma razão de solubilidade bem menor que a n-parafina, a uma mesma condição
de temperatura e pressão.
Figura 5. 64 - Pressão no choke no poço terrestre. Éster puro.
Como relatado no tópico de análise das propriedades termodinâmicas, o éster
apresenta um menor inchamento em relação à n-parafina para uma mesma quantidade de gás
solubilizado. Consequentemente, ele apresenta uma maior massa específica nessa mesma
condição. Por este motivo, nota-se que a SICP em todos os casos foi menor que a observada
na n-parafina (apesar dos valores de entrada de gás não serem iguais).
Acompanhando o volume de ganho nos tanques de acordo com a Figura 5.65, percebe-
se também que os picos de ganho de volume são menores no caso do éster, se comparados
com os resultados da n-parafina, mantendo, porém, o aumento proporcional em função do
aumento da quantidade de entrada de gás no poço.
700
750
800
850
900
950
1000
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/minQgás = 4500 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 7000 scf/min
138
Figura 5. 65 - Volume de ganho nos tanques no poço terrestre. Éster puro.
O comportamento da vazão de gás na superfície é mostrado na Figura 5.66. Observa-
se que os picos de vazão ficaram bem próximos, diferindo-se pelo instante em que o gás
chega na superfície e pelo tempo necessário para expulsão completa do gás.
Figura 5. 66 - Vazão de gás na superfície no poço terrestre. Éster puro.
A vazão de líquido na superfície (Figura 5.67) apresentou boa concordância com os
demais resultados, com pouca variação no intervalo subsaturado, o instante em que o gás sai
de solução, pelo aumento percebido no retorno de líquido, e chegada do gás na superfície,
pela diminuição abaixo da vazão de circulação de 100 gpm. Nota-se que ocorre uma oscilação
numérica quando se inicia a etapa de produção do gás na superfície, assim como foi
observado para a n-parafina no poço terrestre vertical, que pode estar sendo causada pela
0
5
10
15
20
25
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/minQgás = 4500 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 7000 scf/min
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/minQgás = 4500 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 7000 scf/min
139
escolha do passo de tempo utilizado na simulação (consultar o passo de tempo no Apêndice
A).
Figura 5. 67 - Vazão de retorno de líquido no poço terrestre. Éster puro.
Para o mesmo poço terrestre, foi analisada também a circulação de kicks numa
emulsão 70-30 de éster e água. Os valores de vazão de entrada de gás foram de 3000 scf/min a
7000 scf/min, também para um tempo de fechamento do poço de 3 minutos.
Acompanhando pelo gráfico da pressão no choke (Figura 5.68), nota-se que ocorre o
mesmo efeito de antecipação da saturação da zona contaminada no éster para as vazões de
3000, 4000 e 5000 scf/min, pois se tratam de casos subsaturados. A vazão de 7000 scf/min,
porém, trata-se de um caso supersaturado, ou seja, ocorre a formação de uma região bifásica
desde o início da circulação do kick. Nas mesmas condições de fundo de poço e para um
mesmo volume de gás, a emulsão 70-30 de éster não é capaz de solubilizar todo o gás invasor,
como foi visto no caso do éster puro.
80
90
100
110
120
130
140
150
160
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 4500 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
140
Figura 5. 68 - Pressão no choke no poço terrestre. Éster Emulsão 70-30.
Percebe-se que para o valor de 7000 scf/min, o gás rapidamente chega à superfície e é
liberado, promovendo assim uma rápida expansão do fluido, como pode ser visto pela Figura
5.69, que mostra o comportamento do volume de ganho nos tanques.
Figura 5. 69 - Volume de ganho nos tanques no poço terrestre. Éster Emulsão 70-30.
Pelo fato da chegada do gás ocorrer com maior antecipação no caso da vazão de 7000
scf/min em relação aos demais casos, a operação de controle pode ser mais difícil aos
operadores, no que diz respeito ao controle das pressões no poço, tratamento e descarte do gás
700
750
800
850
900
950
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
141
invasor. A Figura 5.70 mostra o comportamento da vazão de gás na superfície, indicando
tanto um maior pico na vazão, como também um maior tempo para remoção completa do gás.
Figura 5. 70 - Vazão de gás na superfície no poço terrestre. Éster Emulsão 70-30.
Por este motivo, é observado também um maior retorno de líquido na superfície em
função da rápida expansão do gás no caso da vazão de 7000 scf/min, como pode ser visto de
acordo com a Figura 5.71.
Figura 5. 71 - Vazão de retorno de líquido no poço terrestre. Éster Emulsão 70-30.
Como foi observado tanto no estudo feito para o éster puro e a emulsão 70-30, o fato de o gás
sair de solução a uma profundidade maior no poço (maior pressão de bolha) pode trazer
0
50
100
150
200
250
300
350
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 3000 scf/minQgás = 4000 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 7000 scf/min
80
90
100
110
120
130
140
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 3000 scf/min
Qgás = 4000 scf/min
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 7000 scf/min
142
algum risco à integridade do poço com relação à formação de fraturas em trechos mais frágeis
no poço aberto exposto ao aumento de pressão. Tal risco deve ser levado em consideração no
estudo das pressões que serão geradas durante a circulação do kick. Avaliando-se esta
possibilidade, em comparação à n-parafina, o risco de fraturas pode ser maior no éster.
Entretanto, no presente trabalho não será realizada uma análise voltada a este risco.
Realizou-se também uma análise de sensibilidade a diferentes temperaturas no fundo
do poço vertical, considerando éster puro como fluido de perfuração. Foi considerada uma
única vazão de entrada de gás de 6000 scf/min, por um período de 3 minutos, para
temperaturas no fundo do poço de 100, 110, 120 e 130 °C (ver Apêndice A).
A Figura 5.72 apresenta o comportamento da pressão no choke para diferentes
temperaturas no fundo do poço. Nota-se também que houve pouca sensibilidade a este
parâmetro no estudo para o éster. Mesmo para temperaturas mais altas, não observou-se
grande variação nas propriedades PVT do éster que proporcionassem comportamentos
diferentes para cada caso de temperatura de fundo.
Figura 5. 72 - Pressão no choke para diferentes temperaturas de fundo no poço terrestre. Éster
Puro.
O mesmo foi observado no comportamento do volume de ganho nos tanques,
apresentado pela Figura 5.73, demonstrando concordância com o efeito do inchamento do
700
750
800
850
900
950
0 50 100 150 200
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
T = 100°C
T = 110°C
T = 120°C
T = 130°C
143
éster na presença do gás, sendo que o fator de formação de volume aumenta com o aumento
da temperatura.
Figura 5. 73 - Volume de ganho nos tanques para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre. Éster Puro.
A vazão de gás na superfície (Figura 5.74), como era esperado, ocorre praticamente no
mesmo instante para todos os casos de temperatura de fundo.
Figura 5. 74 - Vazão de gás na superfície para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre. Éster Puro.
0
5
10
15
20
25
0 50 100 150 200
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
T = 100°CT = 110°CT = 120°CT = 130°C
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 50 100 150 200
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
T = 100°C
T = 110°C
T = 120°C
T = 130°C
144
A vazão de líquido também demonstrou boa concordância temporal com os demais
parâmetros, indicando o instante da saturação da zona contaminada e produção do gás na
superfície, como apresenta a Figura 5.75.
Figura 5. 75 - Vazão de retorno de líquido para diferentes temperaturas de fundo no poço
terrestre. Éster Puro.
5.4.2.2 Poço Marítimo vertical e análise para diferentes lâminas d’água
Para o estudo com éster no poço marítimo vertical, foram estudadas 4 vazões de
entrada de gás distintas, de 5000 a 10000 scf/min, considerando um tempo de fechamento do
poço de 3 minutos. O poço marítimo possui os mesmos dados que aqueles utilizados no
estudo para a n-parafina (dados disponíveis no Apêndice B).
Analisando primeiramente a circulação do kick com éster puro, a Figura 5.76
apresenta o comportamento esperado da pressão no choke em função do tempo. Todos as
situações se tratam de casos subsaturados, sendo crescente a pressão de fechamento do poço
em função do maior volume de gás, pelo maior inchamento inicial sofrido pelo éster nas
condições de fundo do poço. Observa-se os maiores picos de pressão para as vazões de 5000 e
6000 scf/min, pois nesses casos a saturação do gás ocorre também próxima à linha do choke.
80
90
100
110
120
130
140
0 50 100 150 200
Va
zã
o d
e l
íqu
ido
(gp
m)
Tempo (min)
T = 100°C
T = 110°C
T = 120°C
T = 130°C
145
Figura 5. 76 - Pressão no choke no poço marítimo vertical. Éster puro.
Nota-se pelo comportamento do volume de ganho no tanque (Figura 5.77) uma maior
diminuição no nível de volume à medida em que a zona contaminada se desloca pelo poço,
demonstrando o efeito de encolhimento do éster, pelo fato de haver diminuição tanto da
pressão quanto da temperatura na ZC.
Figura 5. 77 - Volume de ganho no tanque no poço marítimo vertical. Éster puro.
700
800
900
1000
1100
1200
0 100 200 300
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
0
5
10
15
20
25
0 100 200 300
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 5000 scf/minQgás = 6000 scf/minQgás = 8500 scf/minQgás = 10000 scf/min
146
Pela chegada do gás na superfície (Figura 5.78), nota-se uma rápida produção para a
vazão de 5000 scf/min e um alto pico de vazão de saída do gás. Como foi relatado, a maior
velocidade adquirida pelo gás durante sua liberação e passagem pela linha do choke promove
uma expansão mais rápida do mesmo.
Figura 5. 78 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo vertical. Éster puro.
Observando o comportamento da vazão de retorno de líquido na superfície pela Figura
5.79. No intervalo subsaturado, a variação é mínima. Nota-se concordância do aumento no
retorno de líquido no instante em que ocorre a saturação da zona contaminada em todos os
casos. Com relação às vazões de 5000 e 6000 scf/min, com a saturação da zona contaminada
ocorrendo na linha do choke, tende-se a observar um ligeiro aumento após o início da
produção do gás, que se deve à entrada da base do gás na linha do choke, causando um ganho
de velocidade.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 100 200 300
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
147
Figura 5. 79 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo vertical. Éster puro.
Nas simulações realizadas com emulsão 70-30 no poço marítimo vertical, foram
consideradas as mesmas vazões de 5000 a 10000 scf/min e o mesmo tempo de fechamento do
poço de 3 minutos, estudadas no éster puro e observadas as diferenças operacionais e
termodinâmicas em cada um dos casos.
A Figura 5.80 apresenta o comportamento da pressão no choke em função do tempo.
Nota-se também que, para os mesmos valores de vazão de gás de entrada estudados no éster
puro, para a emulsão 70-30 as pressões geradas no choke foram inferiores. Em todos os casos,
a saturação da zona contaminada ocorre completamente dentro do poço, então o aumento no
pico de pressão observado se deve apenas ao volume de gás no poço, sendo que à medida que
se aumenta o volume de gás, maior será a contrapressão a ser gerada para compensar a menor
hidrostática da região bifásica.
75
85
95
105
115
125
135
145
155
0 100 200 300
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
148
Figura 5. 80 - Pressão no choke no poço marítimo vertical. Éster Emulsão 70-30.
Após a saturação da zona contaminada, percebe-se um período de ligeiro aumento na
pressão no choke, durante o intervalo de formação da região bifásica até a completa saturação
da zona contaminada. Para a vazão de 10000 scf/min, a saturação ocorre a uma maior
profundidade, e assim a hidrostática gerada pela coluna de gás não se expande tanto como
para os demais casos, e assim se observa uma redução na pressão no choke (t=50min), até que
a expansão do gás seja maior e se torna necessária maior contrapressão no choke para manter
a pressão no fundo do poço estabilizada (a partir de 65 min).
Pelo acompanhamento do volume de ganho nos tanques (Figura 5.81), notam-se
valores de ganho inicialmente menores que os observados no éster puro, com o nível de ganho
aumentando conforme o volume de gás de entrada no poço, como era esperado.
750
800
850
900
950
0 100 200 300
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
149
Figura 5. 81 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo vertical. Éster Emulsão 70-30.
No comportamento da vazão de gás (Figura 5.82), notam-se picos maiores para as
vazões de 5000 scf/min e 10000 scf/min. No primeiro caso, pela saturação ocorrer próxima à
linha do choke se expandindo com maior velocidade, e no segundo caso, pela maior coluna de
gás no poço e rápida chegada do gás.
Figura 5. 82 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo vertical. Éster Emulsão 70-30.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 100 200 300
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 100 200 300
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
150
A vazão de retorno de líquido (Figura 5.83) concorda em tempo e amplitude com os
instantes de surgimento e formação da zona bifásica, bem como na chegada do gás na
superfície.
Figura 5. 83 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo vertical. Éster Emulsão 70-30.
Na análise realizada para diferentes lâminas d’água no poço marítimo vertical, foram
consideradas lâminas d’água de 500, 1000, 1500 e 2000 metros de comprimento, assim como
foi realizado para a n-parafina para o mesmo comprimento de poço apresentado na tabela do
Apêndice B. Em todos os casos, a vazão de entrada de gás foi de 15000 scf/min por um
período de 3 min, e utilizou-se uma vazão de circulação do kick de 150 gpm neste caso.
A Figura 5.84 mostra o comportamento da pressão no choke. Pode-se observar que a
pressão inicial de fechamento do poço foi maior à medida que a lâmina d’água diminuiu,
devido à necessidade de se impor uma maior contrapressão inicial para estabilizar a pressão
no fundo do poço, devido à menor coluna hidrostática de fluido sobre a formação, advinda da
linha do choke.
95
100
105
110
115
0 100 200 300
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 5000 scf/min
Qgás = 6000 scf/min
Qgás = 8500 scf/min
Qgás = 10000 scf/min
151
Figura 5. 84 - Pressão no choke para diferentes lâminas d'água no poço marítimo vertical.
Éster puro.
Em todos os casos, observa-se que os picos de pressão gerados foram menores que
aqueles observados para a n-parafina. Entretanto, devido à antecipação da saturação da zona
contaminada no éster, em relação à n-parafina, o aumento excessivo na pressão já nos
instantes iniciais pode trazer outros problemas no poço, com relação à ocorrência de fraturas
em formações mais frágeis, como se observa no caso da lâmina de 500 m. Dessa forma, deve-
se evitar kicks dessa proporção em fluidos base éster, de maneira a minimizar os riscos
associados às pressões geradas no poço.
Como se pode observar na Figura 5.85, o volume de ganho nos tanques indica um
valor inicial de ganho de 22 bbl aproximadamente, além de acompanhar o aumento da pressão
no choke devido ao surgimento da fase gasosa quando a zona contaminada atinge a pressão de
saturação.
500
600
700
800
900
1000
1100
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
LDA = 500 m
LDA = 1000 m
LDA = 1500 m
LDA = 2000 m
152
Figura 5. 85 - Volume de ganho nos tanques para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. Éster puro.
A vazão de gás na superfície (Figura 5.86) demonstra a tendência de diminuição do
pico de vazão, em concordância com o gráfico de pressão no choke, devido à maior
velocidade e comprimento da fase gasosa quando a mesma atinge a linha do choke.
Figura 5. 86 - Vazão de gás na superfície para diferentes lâminas d'agua no poço marítimo
vertical. Éster puro.
0
5
10
15
20
25
30
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
LDA = 500 m
LDA = 1000 m
LDA = 1500 m
LDA = 2000 m
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
LDA = 500 m
LDA = 1000 m
LDA = 1500 m
LDA = 2000 m
153
Por fim, a vazão de líquido (Figura 5.87) demonstra a concordância com os resultados
obtidos para os demais parâmetros. Nota-se para a lâmina d’água de 500 m um aumento mais
súbito no retorno de líquido, devido ao menor comprimento da linha do choke e
consequentemente, pela chegada rápida do gás na superfície, o retorno de líquido acaba sendo
maior.
Figura 5. 87 - Vazão de retorno de líquido para diferentes lâminas d'água no poço marítimo
vertical. Éster puro.
5.4.2.3 Poço Marítimo Horizontal
A última análise de sensibilidade realizada para o éster foi considerando o mesmo
esquema de poço marítimo horizontal a uma lâmina d’água de 1200 simulado com n-parafina
pura, pelos dados de entrada utilizados na análise são apresentados no Apêndice C. Nesta
análise, foram consideradas quatro vazões de entrada de gás distintas, de 9000 a 18000
scf/min, para um tempo de fechamento do poço de 1 min.
O acompanhamento da pressão no choke (Figura 5.88) apresenta os resultados para as
quatro vazões de entrada de gás. Observa-se que para as vazões de 15000 e 18000 scf/min,
ocorre um aumento mais acentuado na pressão, pois em ambos casos há gás livre desde o
início da circulação, indicando supersaturação. Para as vazões de 9000 e 10000 scf/min, o gás
se encontra solubilizado no éster, tendo sua liberação ocorrendo no trecho inclinado do poço,
também com uma maior fração de vazios, como foi observado na n-parafina, gerando o
aumento na contrapressão no choke.
130
150
170
190
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
LDA = 500 m
LDA = 1000 m
LDA = 1500 m
LDA = 2000 m
154
Figura 5. 88 - Pressão no choke no poço marítimo horizontal. Éster puro.
É importante ressaltar que, para os mesmos volumes de gás de entrada, em todos os
casos realizados para a n-parafina o gás se encontrava solubilizado. Já no éster, o fato de
haver uma fase gasosa livre desde o início da circulação exige uma maior contrapressão no
choke, de forma a manter a pressão no fundo do poço constante. Por este motivo, observa-se
maiores níveis de pressão na simulação com éster do que na n-parafina.
Pelo mesmo motivo, espera-se que haja um maior ganho inicial de volume nos tanques
(Figura 5.89) para os casos supersaturados, em função da expansão do gás no poço.
Figura 5. 89 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo horizontal. Éster puro.
650
700
750
800
850
900
950
1000
1050
0 100 200
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/minQgás =10000 scf/minQgás = 15000 scf/minQgás = 18000 scf/min
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 50 100 150 200
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/minQgás =10000 scf/minQgás = 15000 scf/minQgás = 18000 scf/min
155
A vazão de gás na saída do poço, de acordo com a Figura 5.90, indica que nos casos
supersaturados (15000 e 18000 scf/min), apesar da diferença no volume total de gás, o tempo
de chegada na superfície e de expulsão do gás são bem próximos.
Figura 5. 90 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo horizontal. Éster puro.
Já a vazão de líquido na superfície demonstra boa concordância com os demais
resultados obtidos para a simulação com o éster puro no poço horizontal, como pode ser visto
de acordo com a Figura 5.91. Percebe-se que há um maior retorno de liquido nos instantes
iniciais, devido à contínua formação da região bifásica no fundo do poço, pela expansão do
gás nos casos supersaturados.
Figura 5. 91 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo horizontal. Éster puro.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 50 100 150 200
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/minQgás =10000 scf/minQgás = 15000 scf/minQgás = 18000 scf/min
90
100
110
120
0 50 100 150 200
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 9000 scf/min
Qgás =10000 scf/min
Qgás = 15000 scf/min
Qgás = 18000 scf/min
156
A última análise de sensibilidade realizada para o éster, foi para a emulsão 70-30 no
mesmo poço marítimo horizontal estudado neste tópico. Também foram consideradas vazões
de entrada de 9000 a 18000 scf/min, para o fechamento do poço em 1 minuto.
O comportamento esperado da pressão no choke para as diferentes vazões de entrada
de gás pode ser vista de acordo com a Figura 5.92. Nota-se que neste caso apenas para a
vazão de 9000 scf/min o gás conseguiu se solubilizar completamente. Para os demais valores
de vazão de entrada, o éster encontra-se supersaturado de gás. É importante ainda observar
que os níveis de pressão alcançados no caso da emulsão 70-30 foram menores que os
observados nas mesmas condições para o éster puro, e também para aqueles observados nas
simulações com a n-parafina.
Figura 5. 92 - Pressão no choke no poço marítimo horizontal. Éster Emulsão 70-30.
Como era esperado, o volume de ganho nos tanques (Figura 5.93) apresenta um maior
nível nos instantes iniciais da circulação do kick na emulsão 70-30 de éster, justamente por
haver a presença de gás livre no fundo do poço. O aumento gradativo se deve à formação da
região bifásica à medida que sai gás da região contaminada abaixo da zona bifásica.
650
700
750
800
850
900
950
0 50 100 150 200 250
Pre
ssã
o (
psi)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/min
Qgás =10000 scf/min
Qgás = 15000 scf/min
Qgás = 18000 scf/min
157
Figura 5. 93 - Volume de ganho nos tanques no poço marítimo horizontal. Éster Emulsão 70-
30.
Acompanhando a chegada do gás na superfície (Figura 5.94), nota-se que o gás é
produzido quase que praticamente no mesmo instante de tempo, para as vazões de 10000,
15000 e 18000 scf/min. Pelo fato de já haver gás livre na circulação destes kicks, a velocidade
de ascensão do gás é bem próxima em todos os casos, diferenciando-se apenas no pico de
vazão.
Figura 5. 94 - Vazão de gás na superfície no poço marítimo horizontal. Éster Emulsão 70-30.
Analisando, por fim, a vazão de líquido na superfície pela Figura 5.95, nota-se
também um retorno maior de liquido nos instantes iniciais da circulação do kick nos casos
0
2
4
6
8
10
12
0 50 100 150 200 250
Vo
lum
e (
bb
l)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/min
Qgás =10000 scf/min
Qgás = 15000 scf/min
Qgás = 18000 scf/min
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o (
scf/
min
)
Tempo (min)
Qgás = 9000 scf/minQgás =10000 scf/minQgás = 15000 scf/minQgás = 18000 scf/min
158
supersaturados. No caso da vazão de 9000 scf/min, a liberação do gás ocorre no instante t= 40
min aproximadamente, com a zona contaminada no trecho inclinado do poço. Houve boa
concordância temporal com os demais parâmetros analisados para a emulsão 70-30 de éster
no poço horizontal.
Figura 5. 95 - Vazão de retorno de líquido no poço marítimo horizontal. Éster Emulsão 70-30.
5.4.3 Comentários sobre os Resultados Simulados para o Éster e N-parafina
Como já havia sido relatado anteriormente na revisão da literatura do presente
trabalho, o estudo de Silva et al. (2004) apontou experimentalmente as diferenças que a
utilização da n-parafina ou do éster podem trazer durante a perfuração, num contexto de
segurança do poço.
Nas simulações realizadas nos três tipos de poços foi visto que a menor solubilidade
do metano no éster em relação à n-parafina, promove a saturação antecipada da mistura gás e
fluido de perfuração. Isso equivale a dizer que a saturação ocorrerá a uma profundidade maior
no poço (maior pressão) para uma mesma quantidade de gás.
Nos estudos de caso desta análise de sensibilidade, percebeu-se que o aumento na
contrapressão no choke ocorre de forma antecipada no éster em relação à n-parafina (como
nas Figuras 5.32 e 5.64 – casos de poço terrestre ). O impacto que esse fenômeno traz para a
operação de controle de poço está relacionado ao risco de fraturas nas formações expostas no
poço aberto, caso haja um aumento excessivo na contrapressão gerada no choke antes da
passagem da zona contaminada pelo trecho aberto do poço. Esse risco pode trazer
preocupações com relação à utilização do éster.
90
100
110
120
130
140
0 50 100 150 200 250
Va
zã
o d
e líq
uid
o(g
pm
)
Tempo(min)
Qgás = 9000 scf/min
Qgás =10000 scf/min
Qgás = 15000 scf/min
Qgás = 18000 scf/min
159
Porém, na comparação entre os poços marítimos e poço terrestre, foi visto que nos
poços marítimos são observadas maiores pressões no fundo do poço. Com isso, a saturação da
mistura com metano no éster já ocorre em instantes de tempo maiores que o observado no
poço terrestre, o que torna uma vantagem a utilização deste fluido em poços marítimos. Essa
informação, juntamente com o acompanhamento do kick pelo poço, já permite ter-se uma
previsão do risco de fraturas e adequar tanto a equipe de sonda quanto os equipamentos para
tratamento e descarte do influxo em condições mais severas.
Outro ponto destacado por Silva et al.(2004), e confirmado neste trabalho, diz respeito
a detecção de kicks. Apesar de o Unikick® não possuir uma metodologia que permita
realizar-se um estudo de detecção, foi visto pelos resultados, para mesmos valores de entrada
de gás, que o ganho de lama inicial (que reflete o volume de detecção do influxo) foi menor
no éster do que na n-parafina (o mesmo para as emulsões). Sendo assim, o acompanhamento
dos níveis de fluido no tanque durante a perfuração (pelos alarmes e indicadores de kicks)
deve ser bem estabelecido na escolha do fluido de perfuração, de forma a prever cenários de
kick que podem ser mais críticos num tipo de fluido ou outro.
Portanto, é possível observar que a segurança e integridade de poços já se inicia antes
mesmo do poço ser perfurado, pois a escolha do tipo de fluido a ser utilizado impactará
posteriormente durante a execução do controle do poço. Não somente o tipo de fluido, mas
também as condições do poço, sua localização, seu dimensionamento e geometria, irão
influenciar no comportamento dos parâmetros operacionais do controle do poço.
160
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O presente trabalho propôs realizar uma revisão da literatura abordando conceitos
importantes sobre a aplicabilidade de fluidos de perfuração sintéticos na construção de poços,
relatando sobre os impactos causados pela solubilidade do gás, principalmente na detecção e
ocorrência de kicks. Foi relatado também sobre a aplicação de fluidos de perfuração à base de
éster, como sendo uma alternativa de menor impacto ambiental em relação à utilização de
outros fluidos como diesel e n-parafina.
Relatou-se também sobre os desafios envolvendo a operação de controle de poço em
situações terrestres e marítimas, ou mesmo em condições de alta pressão e alta temperatura,
que são cenários recorrentes e atuais durante a perfuração de poços. Sobre a operação de
controle de poços, foram abordados alguns conceitos e técnicas comumente aplicadas pela
indústria para a remoção de kicks em diversas situações durante a perfuração, dentre as quais
se buscou ressaltar o Método do Sondador, por ser o mais aplicado em situações de kick
durante o avanço na perfuração.
Foi apresentada também a evolução de simuladores computacionais de controle de
poços, mostrando como são ferramentas imprescindíveis na etapa de projeto de poços,
permitindo identificar cenários que podem colocar em risco a integridade do poço durante a
perfuração.
6.1 Conclusões
Como foco principal do presente trabalho, apresentou-se a metodologia de aplicação
do software Unikick® e sua evolução ao longo dos anos, primeiramente com simulações de
kick em fluido base água, até as versões com fluidos sintéticos à base de diesel e n-parafina,
que utilizam correlações de propriedades termodinâmicas obtidas através de experimentos
para a realização das simulações. A implementação das correlações do éster foi o foco
principal do presente trabalho, seguindo a metodologia de outros autores que contribuíram
com o desenvolvimento do programa Unikick®.
Comparação com dados experimentais e simulador transiente
Na comparação com os dados experimentais e o simulador em regime transiente, o
simulador Unikick® foi capaz de representar um caso experimental com qualidade em seus
resultados, permitindo uma validação da modelagem de escoamento bifásico utilizada na
metodologia.
161
Análise das propriedades PVT na condição subsaturada
Atualizações e melhorias foram realizadas no simulador, visando uma melhor
representação de fenômenos físicos que podem vir a ocorrer na circulação de kicks em fluidos
sintéticos, devido à solubilização do gás nesses fluidos. Na condição subsaturada, como foi
apresentado, observou-se que as variações das propriedades como o fator de formação de
volume e a massa específica, tanto da n-parafina quanto do éster, sofreram pouca variação até
o momento em que o gás sai de solução. Tal fato se deve à faixa de pressão e temperatura a
qual foi realizada a simulação. Entretanto, o acompanhamento permitiu um melhor
entendimento dos processos físicos associados à etapa de controle de poço nas condições
apresentadas.
Outro destaque a ser mencionado é com relação à detecção de kicks. Apesar de no
presente trabalho não ter sido realizada uma análise aprofundada sobre as diferenças na
detecção de um kick num fluido base n-parafina e num fluido base éster, verificou-se que os
níveis de ganho de volume em cada um dos casos estudados diferiram significativamente,
corroborando os resultados experimentais, podendo indicar uma maior dificuldade de
detecção de kick no éster, em função do menor inchamento sofrido por este fluido na presença
do gás.
Comparação com simulador composicional
Na comparação realizada com o simulador composicional de Loiola (2015), foi
possível observar uma representação próxima à do Unikick®, salvo as particularidades da
modelagem de cada simulador. As análises para pressão no choke, volume de ganho e vazão
de gás ficaram próximas, sendo que o Unikick® apresentou um aspecto mais conservador
para os picos de pressão e volume de ganho, pois apresentou níveis de pressão e volume
maiores. Entretanto, viu-se que ocorreu conservação de massa de gás no simulador,
mostrando boa estabilidade em sua simulação, bem como no simulador composicional.
A maior vantagem do Unikick® é seu tempo de simulação, que permite obter uma
resposta rápida para analisar um caso específico de controle de poço. Isso é essencial para
uma situação real de kick, caso haja utilização do simulador como ferramenta para tomada de
decisão, ou mesmo para treinamento de pessoal.
162
Análise de sensibilidade
Na análise de sensibilidade realizada para a n-parafina, éster e emulsões destes fluidos
em água, verificou-se diversas situações de kick em condições semelhantes para cada tipo de
fluido em diversos arranjos de poços.
Nas simulações, foi possível perceber que na situação de perfuração com o éster a
liberação do gás ocorre de forma antecipada à da n-parafina, e também para as emulsões 70-
30 destes fluidos. Nos três tipos de poço, verificaram-se menores picos de pressão no éster e
suas emulsões, do que na n-parafina.
Sobre as simulações nos poços marítimos vertical e horizontal, verificou-se a
capacidade do Unikick® de estudar cenários mais diversificados, mostrando sua influência
principalmente no ponto de saturação da zona contaminada, em função do volume de gás de
entrada e da pressão total exercida sobre a zona contaminada.
Com relação ao que foi estudado, pode-se concluir que a simulação de controle de
poços contribui de forma significativa para a previsão de comportamento em diversos
parâmetros operacionais. Num primeiro momento, foi apresentado o comportamento da
pressão no choke, posição do kick, volume de ganho nos tanques, vazão de gás e de líquido na
superfície. Os quatro parâmetros estão inter-relacionados e devem ser previamente estudados,
para se definir os limites técnicos e preparação da equipe de sonda, garantindo assim o
sucesso e a segurança da operação.
6.2 Recomendações Para Trabalhos Futuros
Durante a realização deste trabalho foram observadas algumas possibilidades de estudo,
dentre as quais se incluem:
Realizar um estudo com relação ao risco de fratura, usando o critério de
tolerância ao kick;
Implementar no Unikick® uma metodologia para detecção de kicks, realizando
acoplamento com reservatório;
Estudar a operação de controle de poço em poços delgados e também em poços
alargados, com a utilização dos fluidos sintéticos descritos neste trabalho;
Avaliar a operação de controle de poço para outros fluidos sintéticos, como
olefinas, por exemplo.
163
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setembro de 2015.
166
APÊNDICE A – Dados do poço terrestre vertical utilizado na análise de
sensibilidade
Figura A-1 - Ilustração e dados de entrada utilizados nas análises para a n-parafina e o éster
no poço terrestre vertical.
Dados do poço terrestre vertical
Profundidade total do poço 2500 m
Profundidade da sapata 1500 m
Comprimento dos comandos 250 m
Diâmetro do poço aberto 8,5'' ID
Diâmetro interno do
revestimento 9,875'' ID
Diâmetros dos tubos comandos 6,5"OD/ 4"ID
Diâmetros do tubo de
perfuração 5'' OD/ 4,28'' ID
Temperatura na superfície 20°C
Temperatura no fundo do poço 90°C
Gradiente geotérmico 0,0356°C/m
Sem broca, apenas coluna de perfuração
Passo de tempo – 90 segundos
Dados para simulação do Kick
Vazão durante a perfuração 450 gpm
Tempo de fechamento 3 min
SIDPP 700 psi
Margem de segurança 58 psi
Vazão de circulação 100 gpm
Vazão de gás 5000 ft³/min - 7500 ft³/min
Dados do fluido de perfuração – Modelo Newtoniano
Viscosidade do fluido limpo 20 cp
Massa específica do fluido limpo 12 ppg
Razão óleo-água 100%/ 70% (emulsão)
Dados utilizados na análise de temperatura de fundo
Temperatura 212/230/248/266 °F
Gradiente geotérmico 0,017/0,019/0,021/0,024 °F/ft
167
APÊNDICE B - Dados do poço marítimo vertical utilizado na análise
de sensibilidade
Dados do poço marítimo vertical
Lâmina d'água 500 m
Profundidade total do poço 3000 m
Profundidade da sapata 2400 m
Comprimento dos comandos 500 m
Diâmetro da linha do choke 3” ID
Diâmetro do poço aberto 8,5'' ID
Diâmetro interno do revestimento 9,875'' ID
Diâmetros dos tubos comandos 6,5"OD/ 4"ID
Diâmetros do tubo de perfuração 5'' OD/ 4,28'' ID
Temperatura na superfície 20°C
Temperatura no fundo do mar 4°C
Temperatura no fundo do poço 120°C
Gradiente geotérmico 0,0476°C/m
Sem broca, apenas coluna de perfuração
Passo de tempo – 90 segundos
Dados para simulação do Kick
Vazão durante a perfuração 450 gpm
Tempo de fechamento 3 min
SIDPP 700 psi
Margem de segurança 58 psi
Vazão de circulação 100 gpm
Vazão de gás 6000 ft³/min
Dados do fluido de perfuração – Modelo Newtoniano
Viscosidade do fluido limpo 20 cp
Massa específica do fluido limpo 10 ppg
Razão óleo-água 100%
Dados utilizados na análise de diferentes lâminas d’água
Lâmina d’água 500/1000/1500/2000m
Figura B- 1 - Figura B-1 - Ilustração e dados de entrada utilizados nas análises para a n-
parafina e o éster.
168
APÊNDICE C - Dados do poço marítimo horizontal utilizado na análise de
sensibilidade
Dados do poço marítimo horizontal
Lâmina d'água 1200 m
Profundidade total do poço 3000 m
Profundidade da sapata 2400 m
Comprimento dos comandos 500 m
Diâmetro da linha do choke 3” ID
Diâmetro do poço aberto 8,5'' ID
Diâmetro interno do revestimento 9,875'' ID
Diâmetros dos tubos comandos 6,5"OD/ 4"ID
Diâmetros do tubo de perfuração 5'' OD/ 4,28'' ID
Temperatura na superfície 20°C
Temperatura no fundo do mar 4°C
Temperatura no fundo do poço 120°C
Gradiente geotérmico 0,0476°C/m
Sem broca, apenas coluna de perfuração
Passo de tempo – 90 segundos
Dados para simulação do Kick
Vazão durante a perfuração 450 gpm
Tempo de fechamento 3 min
SIDPP 700 psi
Margem de segurança 58 psi
Vazão de circulação 150 gpm
Vazão de gás 6000 ft³/min
Dados do fluido de perfuração – Modelo Newtoniano
Viscosidade do fluido limpo 20 cp
Massa específica do fluido limpo 10 ppg
Razão óleo-água 100%
Dados de inclinação do poço
Taxa de ganho de ângulo 1°/16m
KOP 1674 m
169
Figura C- 1 - Ilustração e dados de entrada utilizados nas análises para a n-parafina e o éster
no poço marítimo horizontal.
170
Anexo I – Cálculo de Perdas de Carga
As perdas de carga por fricção, originadas pelo escoamento do fluido de perfuração através do
espaço anular foram determinadas para diferentes modelos reológicos: Newtoniano, de
Bingham e de Potência. As equações para o cálculo da perda de carga monofásica seguem a
obra de Bourgoyne Jr. et al. (1986).
Fluido Newtoniano
Considerando fluido newtoniano, inicialmente é calculado o número de Reynolds do fluido na
seção correspondente. Para o escoamento no interior de um tubo, Reynolds é calculado pela
equação 2:
𝑅𝑒 =928𝜌𝑣𝑚𝑑
𝜇
Onde 𝜌 é a massa específica do fluido no trecho em lb/gal, d é o diâmetro da seção em pol. e
µ é a viscosidade do fluido em cP.
Para escoamento em anulares, a equação 2 passa a ser:
𝑅𝑒 =928𝜌𝑣𝑚(𝑑𝑒 − 𝑑𝑖)
𝜇
A seguir, o programa verifica o regime de fluxo do sistema, considerando o número de
Reynolds crítico4 igual a 2100. A perda de carga em regime laminar no anular e no interior de
um tubo é dada pelas equações 4 e 5:
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝜇𝑣𝑚
1000(𝑑𝑒2 − 𝑑𝑖
2)
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝜇𝑣𝑚
1000(𝑑𝑖2)
Considerando regime turbulento, a perda de carga no anular e no interior de um tubo é dada
pelas equações 6 e 7:
4 Valor em que ocorre a mudança de regime de fluxo, do laminar para o turbulento.
171
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝑓𝜌𝑣𝑚2
21,1(𝑑𝑒2 − 𝑑𝑖2)
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝑓𝜌𝑣𝑚2
21,1(𝑑𝑖2)
Onde 𝑓 representa o fator de fricção, calculado pela correlação de Blasius:
𝑓 =0,0791
𝑅𝑒0,25
Fluido de Bingham
Para o cálculo do gradiente de perda de carga, para um fluido de Bingham, determina-se
inicialmente o regime de fluxo, entre o laminar e o turbulento. Para a determinação do regime
defluxo, determina-se inicialmente o número de Headstrom, calculado através das equações 9
e 10, para anulares e tubos:
𝐻𝑒 =37100𝜌𝜏𝑦(𝑑𝑒
2 − 𝑑𝑖2)
𝜇𝑝2
𝐻𝑒 =37100𝜌𝜏𝑦(𝑑𝑖
2)
𝜇𝑝2
Onde 𝜏𝑦 é a tensão limite de escoamento do fluido e 𝜇𝑝 é a viscosidade plástica.
Em seguida, calcula-se o número de Reynolds crítico pela equação 11:
𝑁𝑅𝑒 𝑐𝑟𝑖𝑡 = 143,3𝐻𝑒0,34
Através da comparação entre o número de Reynolds crítico e o número de Reynolds
determina-se o regime de fluxo. Para escoamento laminar num anular, o gradiente de perda de
carga por fricção é dado pela equação 12:
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝜇𝑣𝑚
1500(𝑑𝑒2 − 𝑑𝑖2)+
𝜏𝑦
225(𝑑𝑒2 − 𝑑𝑖2)
Considerando o escoamento no interior de um tubo:
172
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝜇𝑣𝑚
1500(𝑑𝑖2)+
𝜏𝑦
225(𝑑𝑖2)
Já para escoamento em regime turbulento, inicialmente calcula-se o fator de fricção pela
equação13:
𝑓 =0,0791
𝑅𝑒0.25
Em seguida, calcula-se a perda de carga em regime turbulento pelas equações 14 e 15, para
escoamento em anulares e no interior de tubos respectivamente:
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝑓𝜌𝑣𝑚2
21,1(𝑑𝑒2 − 𝑑𝑖2)
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝑓𝜌𝑣𝑚2
21,1(𝑑𝑖2)
Fluido de potência
Para fluidos de potência, o número de Reynolds é calculado pela correlação de Dodge e
Metzner (1959). Para escoamento em tubo e em anular o número de Reynolds é dado
respectivamente pelas equações 16 e 17:
𝑅𝑒 =89100𝜌𝑣𝑚
2−𝑛
𝐾(0,0416𝑑
3 +1𝑛
)
𝑛
𝑅𝑒 =109000𝜌𝑣𝑚
2−𝑛
𝐾(0,0208(𝑑𝑒 − 𝑑𝑖)
3 +1𝑛
)
𝑛
Onde n e K são respectivamente os índices de comportamento e de consistência do fluido.
A verificação da transição do regime de escoamento laminar para turbulento é dado pela
aproximação fornecida por Leitão, Maidla & Bourgoyne (1990), como segue nas equações
18:
𝑅𝑒𝑐𝑟𝑖𝑡 = 4200, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 < 2
𝑅𝑒𝑐𝑟𝑖𝑡 = 5690 − 8800𝑛, 𝑝𝑎𝑟𝑎 0.2 ≤ 𝑛 ≤ 0.45
𝑅𝑒𝑐𝑟𝑖𝑡 = 2000, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 > 0.45
173
Considerando regime de fluxo laminar, a equação que descreve a perda de carga em anulares
e tubos é dada pelas equações 19 e 20:
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝐾𝑣𝑚2 (
2 +1𝑛
0.0208)
144000(𝑑𝑒2 − 𝑑𝑖2)1+𝑛
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝐾𝑣𝑚2 (
2 +1𝑛
0.0208)
144000(𝑑𝑖2)1+𝑛
Para regime de escoamento turbulento, inicialmente calcula-se o fator de fricção pela equação
21:
𝑓 =0,0791
𝑅𝑒0.25
E a perda de carga em regime turbulento no anular e em tubos é dada pelas equações 21 e 22:
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝑓𝜌𝑣𝑚2
21,1(𝑑𝑒2 − 𝑑𝑖2)
𝑑𝑃
𝑑𝐿=
𝑓𝜌𝑣𝑚2
21,1(𝑑𝑖2)
174
Anexo II – Perda de carga na região bifásica
O cálculo das perdas de carga na região bifásica é realizado de acordo com o trabalho de
Beggs & Brill (1973).
Para se calcular a perda de carga, primeiramente é necessário determinar o regime de fluxo
durante o escoamento, que pode ser segregado, de transição, intermitente ou distribuído. O
regime de fluxo é determinado a partir dos seguintes parâmetros:
Segregado: 𝐻𝑛𝑠 < 0.01 𝑒 𝑁𝐹𝑟 < 𝐿1 𝑜𝑢 𝐻𝑛𝑠 ≥ 0.01 𝑒 𝑁𝐹𝑟 < 𝐿2
Transição: 𝐻𝑛𝑠 ≥ 0.01 𝑒 𝐿2 ≤ 𝑁𝐹𝑟 ≤ 𝐿3
Intermitente: 0.01 ≤ 𝐻𝑛𝑠 ≤ 0.4 𝑒 𝐿3 < 𝑁𝐹𝑟 ≤ 𝐿1 𝑜𝑢 𝐻𝑛𝑠 ≥ 0.4 𝑒 𝐿3 < 𝑁𝐹𝑟 ≤ 𝐿4
Distribuído: 𝐻𝑛𝑠 ≥ 0.4 𝑒 𝑁𝐹𝑟 ≥ 𝐿1 𝑜𝑢 𝐻𝑛𝑠 ≥ 0.4 𝑒 𝑁𝐹𝑟 > 𝐿4
Onde 𝐻𝑛𝑠 é o holdup do líquido sem considerar o deslizamento entre as fases, 𝑁𝐹𝑟 é o número
de Froude da mistura e 𝐿1, 𝐿2, 𝐿3 e 𝐿4 são critérios de transição, dados pelas seguintes
relações:
𝑁𝐹𝑟 =𝑣𝑚2
𝑔𝑑
𝐻𝑛𝑠 = 𝑣𝑙/𝑣𝑚 , onde 𝑣𝑙 é a velocidade do líquido.
𝐿1 = 316𝐻𝑛𝑠0.302
𝐿2 = 0.00009252𝐻𝑛𝑠−2.4684
𝐿3 = 0.10𝐻𝑛𝑠−1.4516
𝐿4 = 0.5𝐻𝑛𝑠−6.738
O hold up do liquido para tubos horizontais é dado por:
𝐻𝐿0 =𝑎𝐻𝑛𝑠
𝑏
𝑁𝐹𝑟𝑐 , as constantes a, b e c são determinadas para o regime de fluxo, como mostrado
na tabela:
175
Regime de fluxo a b c
Segregado 0.980 0.4846 0.0868
Intermitente 0.845 0.5351 0.0173
Distribuído 1.065 0.5824 0.0609
Considerando-se o efeito da inclinação do tubo, o hold up do líquido será:
𝐻𝐿(𝜃) = 𝐻𝐿(0)𝛹
Onde 𝛹 é o fator de correção para inclinação e é dado por:
𝛹 = 1 + 𝐶[𝑠𝑒𝑛(1.8𝜙) − 0.333𝑠𝑒𝑛3(1.8𝜙)]
𝐶 = (1 − 𝐻𝑛𝑠)ln (𝑑𝐻𝑛𝑠𝑒 𝑁𝐿𝑉
𝑓𝑁𝐹𝑟𝑔)
As constantes são determinadas pelo regime de fluxo e 𝑁𝐿𝑉 é o número de velocidade do
líquido.
Padrão de fluxo d e f g
Segregado ascendente 0.011 -3.768 3.539 -1.614
Intermitente
ascendente
2.96 0.305 -0.4473 0.0978
Distribuído ascendente 1 0 0 0
Descendente 4.7 -0.3692 0.1244 -0.5056
O número de velocidade do líquido é calculado por:
𝑁𝐿𝑉 = 𝑣𝑙 (𝜌𝑙
𝑔𝜎)0.25
, onde 𝜌𝑙 é a massa específica e 𝜎 é a tensão superficial do líquido.
Para o regime de transição, o hold-up do líquido é feito através de uma interpolação entre os
regimes segregado e intermitente:
𝐻𝐿(𝜃) = 𝐴𝐻𝐿(𝜃)(𝑠𝑒𝑔. ) + 𝐵𝐻𝐿(𝜃)(𝑖𝑛𝑡. )
𝐴 =𝐿3 − 𝑁𝐹𝑟𝐿3 − 𝐿2
176
𝐵 = 1 − 𝐴
O fator de fricção bifásico é dado por:
𝑓𝑏𝑖𝑓 = 𝑓𝑒𝑆
𝑆 =ln(𝑦)
−0.0523 + 3.182 ln(𝑦) − 0.8725(ln(𝑦))2 + 0.01853(ln(𝑦))4
𝑦 =𝐻𝑛𝑠
𝐻𝐿(𝜃)2
O parâmetro 𝑓 é o fator de fricção sem considerar o deslizamento das fases:
𝑓 = [2 log (𝑅𝑒
4.5223 𝑙𝑜𝑔(𝑅𝑒) − 3.8125)]−2
𝑅𝑒 =𝜌𝑚𝑣𝑚𝑑
𝜇𝑚
Onde 𝜌𝑚 e 𝜇𝑚 são a massa específica e viscosidade da mistura respectivamente, e são dadas
por:
𝜌𝑚 = 𝜌𝑙𝐻𝑛𝑠 + 𝜌𝑔(1 − 𝐻𝑛𝑠)
𝜇𝑚 = 𝜇𝑙𝐻𝑛𝑠 + 𝜇𝑔(1 − 𝐻𝑛𝑠)
Sendo 𝜌𝑔 e 𝜇𝑔 a massa específica e viscosidade do gás respectivamente.
Por fim, a perda de carga por fricção na região bifásica é dada pela equação:
𝑑𝑃
𝑑𝐿𝑏𝑖𝑓,𝑓𝑟𝑖𝑐=𝑓𝑏𝑖𝑓𝜌𝑚𝑣𝑚
2
2𝑔𝑑
177
Anexo III – Viscosidade do gás (Lee et al, 1958)
A viscosidade do gás é um parâmetro utilizado no cálculo da perda de carga da região bifásica
e é dado por:
𝜇𝑔 = 𝐾10−4exp (𝑋𝜌𝑔
𝑦)
Onde:
𝐾 =(9.4 + 0.02𝑀)𝑇1.5
209 + 19𝑀 + 𝑇
𝑋 = 3.5 +968
𝑇+ 0.01𝑀
𝑦 = 2.4 − 0.2𝑋
178
Anexo IV – Fator de compressibilidade do gás - Correlação de Hall &
Yarborough
No modelo, utiliza-se a equação de estado de um gás para se determinar suas características:
𝑃𝑉 = 𝑍𝑛𝑚𝑜𝑙𝑅𝑇
Onde P é a pressão em psi, V é o volume em gal, 𝑛𝑚𝑜𝑙 é o número de moles do gás, T é a
temperatura, R é a constante universal dos gases e Z é o fator de compressibilidade do gás.
Fazendo algumas manipulações na equação de estado, chegamos numa expressão para a
densidade média do gás:
𝜌𝑔 =0.36𝛾𝑔𝑃
𝑇𝑍
O fator de compressibilidade que foi calculado pelo método de Hall-Yarborough:
𝑍 =0.06125𝑃𝑝𝑟𝑡𝑒𝑥𝑝(−1.2(1 − 𝑡)
2)
𝑦
Onde:
𝑡 – recíproco da temperatura pseudo-reduzida = 𝑇𝑐/𝑇
𝑃𝑝𝑟 – pressão pseudo-reduzida = 𝑃/𝑃𝑐
Onde 𝑇𝑐 e 𝑃𝑐 são a temperatura e pressão crítica respectivamente, calculadas como:
𝑃𝑐 = 708.75 − 57.5𝛾𝑔
𝑇𝑐 = 169 + 314𝛾𝑔
Na equação para o fator Z, y é a densidade reduzida do gás, dada pela expressão:
𝑓(𝑦) = −0.06125𝑃𝑝𝑟𝑡𝑒𝑥𝑝(−1.2(1 − 𝑡)2) +
𝑦 + 𝑦2 + 𝑦3 + 𝑦4
1 − 𝑦3
− (14.76𝑡 − 9.76𝑡2 + 4.58𝑡3)𝑦2 + (90.7𝑡 − 242.2𝑡2 + 42.4𝑡3)𝑦2.18+2.82𝑡
A raiz da equação acima pode ser encontrada pelo método de Newton-Raphson, onde y =
0.001é um bom chute inicial.
179
Anexo V – Correlações de Kim (2010) para o éster utilizadas no simulador
A seguir estão apresentadas as correlações para o éster, em unidades de campo, necessárias
para os cálculos numa situação de controle de poço, elaboradas por Kim (2010) e validadas no
presente trabalho.
Para cálculo da razão de solubilidade, RS [scf/stb], com as variáveis independentes pressão
(P[psi]), temperatura (T[°F]) e fração volumétrica de éster (FE foi utilizada a seguinte
correlação V.1:
Para P< 5000psi:
𝑅𝑆 = 𝐴𝑃𝐵 (𝑇−32
1,8+ 273,15 )
𝐶𝐹𝐸𝐷 + 𝐸𝑃 + 𝐹 (V.1)
Onde os coeficientes são A= 6,24.10-6 , B= -0,339, C=0,383, D=4,02, E=0,189 e F=-273,33.
Para 5000psi < P < 15000 psi, a correlação é a mesma V.1, porém os coeficientes são:
A=5,92.10-9, B=1,89, C=1,43, D=0,236, E=-0,175 e F=928,39.
Para o cálculo do fator volume de formação, em [bbl/stb] na condição subsaturada, foi
utilizada a correlação V.2, em função da fração molar de gás 𝑓𝑔 [%], P e T:
𝐵𝑜 = 𝐴𝑓𝑔4 + 𝐵𝑓𝑔3 + 𝐶𝑓𝑔2 (𝑇−32
1,8+ 273,15)
2+ 𝐷𝑓𝑔 + 𝐸𝑃 + 𝐹 (V.2)
Onde A=5,79.10-8, B=-4,85.10-6, C=5,22.10-10, D=2,84.10-3, E=-7,3.10-6 e F=1,06.
Na condição saturada, o Bo é representado pela correlação V.3, para P<5000 psi , e V.4, para
5000<P<15000psi:
𝐵𝑜 = 𝐴𝐵6,89.10−3𝑃 (
𝑇−32
1,8+ 273,15 )
𝐶𝐹𝐸𝐷 + 𝐸𝑃 + 𝐹 (V.3)
Sendo: A = -26,69, B = 1,01, C = -0,53, D = -0,16, E = 1,23.10-4 e F = 1,60.
𝐵𝑜 = 𝐴𝑒𝑥𝑝 (𝐵
𝑃+ 𝐶 (
𝑇−32
1,8+ 273,15) ) 𝐹𝐸𝐷 + 𝐸𝑃 + 𝐹 (V.4)
Onde A= 5,86.10-5 , B = -30976,92 , C = 1,54.10-2 , D = 1,36 , E = 9,81.10-7 e F = 1,23
180
E finalmente, para a massa específica em condição subsaturada, Kim (2010) elaborou a
correlação V.5:
𝜌 = 𝐴𝑓𝑔4 + 𝐵𝑓𝑔3 + 𝐶𝑓𝑔2𝑇2 + 𝐷𝑓𝑔 + 𝐸𝑃 + 𝐹 (V.5)
Onde A=-1,05.10-5 , B=9,38.10-4,C=-1,84.10-7, D=-0,729, E=0,766 e F=817,31.