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ESTUDO DESCRITIVO DA DEFESA NO BASQUETEBOL EM EQUIPAS DO ESCALÃO S S E E N N I I O O R R F F E E M M I I N N I I N N O O Rui Humberto da Silva Sousa Porto, 2007

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EESSTTUUDDOO DDEESSCCRRIITTIIVVOO DDAA DDEEFFEESSAA NNOO BBAASSQQUUEETTEEBBOOLL EEMM EEQQUUIIPPAASS DDOO EESSCCAALLÃÃOO SSEENNIIOORR FFEEMMIINNIINNOO

Rui Humberto da Silva Sousa

Porto, 2007

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EESSTTUUDDOO DDEESSCCRRIITTIIVVOO DDAA DDEEFFEESSAA NNOO BBAASSQQUUEETTEEBBOOLL EEMM EEQQUUIIPPAASS DDOO EESSCCAALLÃÃOO SSEENNIIOORR FFEEMMIINNIINNOO

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Alto Rendimento de Basquetebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

Orientador: Prof. Doutor Fernando Tavares

Rui Humberto da Silva Sousa

Porto, 2007

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Sousa, R. (2007). Estudo descritivo da defesa no Basquetebol em equipas do

escalão sénior feminino. Porto. R. Sousa. Dissertação de Licenciatura

apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-Chave: BASQUETEBOL, DEFESA, SEQUÊNCIAS DEFENSIVAS,

ACÇÕES DEFENSIVAS, FEMININO

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I

Agradecimentos

É nossa intenção expressar o sincero e profundo agradecimento por todos

aqueles que, directa ou indirectamente, contribuíram para a elaboração deste

trabalho.

Ao Professor Doutor Fernando Tavares, orientador deste estudo, pela

disponibilidade para ajudar, atenção e indicações prestadas na realização

deste trabalho.

A todos os amigos que nunca se esqueceram de perguntar pela

evolução do trabalho, pressionando assim positivamente para que, apesar das

condicionantes, o trabalho fosse continuado.

Aos meus amigos André, Filipa, Marta e especialmente ao Bruno, pela

disponibilidade demonstrada para a filmagem dos jogos.

À Joana, pelo apoio constante, motivação, companhia e auxílio

voluntarioso e precioso nas mais diversas tarefas.

Aos meus avós que, na medida das suas possibilidades, me ajudaram

imenso e cujo objectivo de vida também passa pela formação dos seus netos.

Com a dor de a minha avó Ana não ter vivido até que isto acontecesse, mas

certo que nunca me deixou de acompanhar.

Aos meus pais por tudo o que sou, pela confiança demonstrada e

porque a minha dívida para com eles, embora nunca venha a ser paga por

completo, tem aqui uma amortização importante.

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III

Índice Geral

AGRADECIMENTOS…………………………………………………………….I

ÍNDICE GERAL…………………………………………………………………III

RESUMO…………………………………………………………………………V

ABSTRACT…………………………………………………………………......VII

1- Introdução…………………………………………………………………….1

1.1- Pertinência e Enquadramento do Estudo………………………………..3

1.2- Objectivos e Hipóteses do Estudo………………………………………..5

1.3- Estrutura do Trabalho……………………………………………………...6

2- Revisão da Literatura............................................................................7

2.1- Análise do jogo e o Basquetebol…………………………………………9

2.2- A Defesa no Basquetebol………………………………………………..18

2.2.1- Importância da Defesa…………………………………………………19

2.2.2- Construir uma Defesa………………………………………………….20

2.2.3- Tipos de Defesa……………………………………………………......22

2.2.4- Transição Defensiva……………………………………………………23

2.2.5- Defesa Individual………………………………………………………..24

2.2.6- Defesa Zona……………………………………………………………..27

2.3- Estudos Realizados no âmbito da Análise do Jogo em Basquetebol.30

3- Metodologia…………………………………………………………………41

3.1- Amostra…………………………………………………………………….43

3.2- Metodologia de Observação……………………………………………..43

3.3- Etapas da Observação e Análise………………………………………..45

3.4- Selecção das Variáveis…………………………………………………...45

3.5- Fiabilidade da Observação……………………………………………….53

3.6- Procedimentos Estatísticos………………………………………………54

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IV

4- Apresentação e Discussão dos Resultados………………………….55

4.1- Resultado das Sequências Defensivas/Tipo de Organização

Defensiva/Acções Defensivas………………………………………………...57

4.2- Sistemas Defensivos…………………………………………………..…60

4.3- Acções de Recuperação da Bola……………………………………….63

4.4- Zona de Recuperação da Posse de Bola………………………………66

4.5- Zona de Ocorrência de Finalização Adversária………………………..67

4.6- Tempo de Realização da Defesa………………………………………..69

4.7- Análise das Acções Defensivas Realizadas em Situação de Jogo….70

4.7.1- Estudo da totalidade de categorias observadas……………………..70

4.7.2- Defesa do Jogador com Bola…………………………………………..72

4.7.3- Defesa do Jogador Sem Bola do Lado da Bola………………...……74

4.7.4- Defesa do Jogador Sem Bola do Lado Contrário……………………77

4.7.5- Defesa do Poste………………………………………………………...79

4.7.6- Defesa do Passe e Corte……………………………………………....83

4.7.7- Bloqueio Defensivo……………………………………………………..84

4.7.8- Defesa dos Bloqueios…………………………………………………..85

4.7.9- Coesão/Trabalho de Equipa……………………………………………88

5- Conclusões…………………………………………………………………. 91

6- Bibliografia………………………………………………………………..... 95

Anexos……………………………………………………………………….... 105

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V

Resumo

O trabalho incidente nos aspectos defensivos no basquetebol tem vindo a

acompanhar o desenvolvimento das ciências do desporto, embora seja ainda

muito reduzida a quantidade de estudos sobre esta matéria, principalmente no

basquetebol feminino. O presente trabalho tem como objectivos: i) identificar os

meios tácticos utilizados quando em situação defensiva contra ataque

posicional; ii) identificar a forma de recuperação de posse de bola mais

frequente; iii) identificar as zonas do campo em que se verifica maior número

de recuperações da posse de bola; iv) descrever o sistema defensivo mais

frequente. A nossa amostra foi constituída pelas equipas Séniores da

Associação de Basquetebol do Porto que disputaram o Campeonato Nacional

da Liga Feminina e o Campeonato Nacional da I Divisão Feminina nas épocas

2005/2006 e 2006/2007. Para a análise das acções defensivas, foram

efectuados registos em grelhas elaboradas para o efeito e a caracterização

geral das sequências defensivas foi executada com recurso ao programa

informático: Utilius VS. A análise dos dados foi efectuada a partir da estatística,

utilizando-se a distribuição de frequências e respectivas percentagens e o seu

tratamento foi realizado com recurso programa SPSS 14.0 para Windows.

Verificamos que o sistema defensivo mais utilizado foi a defesa individual, com

75,9%; a recuperação da posse de bola com êxito mais frequente,

independentemente do sistema defensivo utilizado, foi o ressalto defensivo,

pelo que as zonas onde ocorrem mais recuperações da posse de bola foram as

zonas 8 e 9 (área restritiva). Relativamente ao sistema defensivo mais

frequente (individual), os aspectos mais vezes realizados correctamente foram:

o controlo visual do atacante e da bola e a definição do “triângulo de ajudas”

pelo defensor do jogador sem bola do lado contrário; a manutenção do

enquadramento bola/cesto e a pressão sobre o lançamento por parte do

defensor do jogador com bola.

Palavras-chave: Basquetebol – Defesa – Sequências Defensivas – Acções

Defensivas no Jogo – Feminino

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VII

Abstract

Defensive work on basketball is tracking the evolution of the sciences of sport,

although the amount of studies on this matter, mostly on feminine basketball, is

very small. The purposes of the present study are: i) to identify the tactical

means used in defense against positional attack; ii) to identify the most frequent

form of recovering ball possetion; iii) to identify the field areas where most ball

possetion recoveries occur; iv) to describe the most frequent defensive system.

The female adult teams from the Associação de Basquetebol do Porto playing

two Portuguese championships (Campeonato Nacional da Liga Feminina e o

Campeonato Nacional da I Divisão Feminina) in the seasons 2005/2006 and

2006/2007, composed our sample. To analyse defensive actions in system,

notational analysis was used in tables created for this purpose and its general

description was accomplished using the software Utilius VS. The statistical data

analysis was executed using frequency distributions and their percentages with

SPSS 14.0 for Windows. We found that the most frequently used defensive

system was the man-to-man defense (75,9%); in both man-to-man and zone

defense, the most frequent form of successfully recovering ball possetion was

the defensive rebound, and the field areas where most ball possetion recoveries

take place are areas 8 and 9 (the key). Concerning to the most frequent

defensive system (man-to-man), the most frequent correct defensive actions

were: visual control of ball and attacker and the definition of the “help triangle”

by the defender of the player without the ball on the opposite side of the ball;

the maintenance of the defensive frame between the ball and the basket and

the pressure on the shot by the defender of the player with the ball.

Keywords: Basketball – Defense – Defensive Sequences – Defensive

Actions in Game – Feminine

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1. Introdução

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1. Introdução

3

1.1. Pertinência e Enquadramento do Estudo

Nos Jogos Desportivos Colectivos (JDC), o conteúdo do jogo é imprevisível e

aleatório, não sendo provável a ocorrência de duas situações iguais, devido às

inúmeras possibilidades de combinação (Giménez, 1998; Garganta, 2000;

Moreno, 1998; Morato, 2004).

O basquetebol enquadra-se neste âmbito, sendo um jogo onde a relação

cooperação versus oposição é constante (Oliveira, 1993; Garganta, 1998;

Moreno, 1998; Mendes, 1999; Garganta, 2000). É jogado num espaço

relativamente reduzido, pelo que as acções são, de uma maneira geral, de

curta duração e de intensidade muito elevada e de forma repetida, colocando

aos atletas solicitações de esforços intermitentes e de duração prolongada

(Oliveira, 2000).

Isto significa, que os jogadores têm de estar constantemente em acção, quer

para construir acções ofensivas, quer para recuperar e executar acções

defensivas, uma vez que num desporto colectivo joga-se, eventualmente, mais

sem bola do que na posse dela (Balbino, 2001; Morato, 2004), procurando

evitar que o adversário atinja o seu objectivo (Comas, 1991), apesar da

imprevisibilidade referida anteriormente.

Neste contexto, a defesa no basquetebol resulta como uma determinante

para qualquer equipa, já que tem uma importância idêntica ao ataque, uma vez

que, ao impedir que os atacantes concretizem, mantém-se a possibilidade de

discutir o resultado, mesmo que o ataque não cumpra o seu objectivo (Comas,

1991).

Vários treinadores referem-se a ela como sendo fundamental para o sucesso

competitivo (Comas, 1991; Escudero López, 2002; Farinha, 2004) já que,

segundo Comas (1991), “uma boa defesa é quase sempre mais consistente

que um bom ataque”. A frase: “a defesa ganha campeonatos”, referida por

exemplo por Haubrich (1992) e por Sarkis (2004), é bastante frequente, não só

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1. Introdução

4

no Basquetebol como em estudos e imprensa relacionada com os diversos

JDC.

Apesar da pouca importância dada aos aspectos defensivos,

comparativamente com os aspectos ofensivos (Farinha, 2004), nomeadamente

pela comunicação social e pelos próprios adeptos, no Basquetebol estes têm

sido alvo do interesse de alguns treinadores e investigadores, resultando daí

alguns trabalhos que ajudaram ao enriquecimento do conhecimento nesta área

(Almeida, 1995; Cruz & Tavares, 1998; Silva, 1998; Mendes, 1999; Farinha,

2004; Gómez, Tsamourtzis & Lorenzo, 2006).

Para a sua investigação, tem sido utilizada a metodologia observacional,

onde os referidos autores através da análise do jogo, organizam e avaliam os

processos de ensino e treino nos JDC, constituindo um importante meio para

aceder ao conhecimento do jogo e dos factores que concorrem para a sua

qualidade e rendimento (Oliveira, 1993; Garganta, 1998; Giménez, 1998;

Mendes, 1999; Janeira, 1999; De Rose JR., Gaspar e Siniscalchi 2002;

Mendes, 2004). É com o recurso à análise do jogo que se aprende o que se

deve treinar, para jogar melhor e orientar o processo de treino para a meta

desejada (Garganta, 1998; De Rose JR et al., 2002).

De acordo com a sistematização levada a cabo por Oliveira (1993), no nosso

estudo, o método de análise de jogo será indirecto, através de um sistema

tecnológico, cuja técnica será de gravação em vídeo após observação directa.

Assim, o objectivo do presente estudo, é o de caracterizar os sistemas

defensivos que são preferencialmente utilizados pelas equipas de basquetebol

seniores femininas, pertencentes à Associação de Basquetebol do Porto (ABP).

A sua pertinência é justificada por se dirigir aos aspectos defensivos que,

como foi já referido, embora tenham a mesma importância que os ofensivos,

são menos abordados. Outro aspecto que justifica a pertinência deste trabalho

é o facto de a grande maioria dos trabalhos científicos realizados, tanto no

âmbito desportivo em geral, como no Basquetebol em particular, terem como

objecto o género masculino (Holschen, 2004; Nakic, Tkalcic e Jukic 2005).

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1. Introdução

5

Com este estudo esperamos contribuir para a construção significativa do

conhecimento sobre o Basquetebol feminino, mais concretamente sobre as

acções defensivas, para que se consiga também uma melhor orientação do

treino neste domínio.

1.2. Objectivos e Hipóteses do Estudo

Objectivo geral

Caracterizar e descrever a organização defensiva de equipas seniores

femininas da Associação de Basquetebol do Porto.

Objectivos específicos

1. Identificar os meios tácticos utilizados quando em situação defensiva

contra ataque posicional;

2. Identificar a forma de recuperação de posse de bola mais frequente;

3. Identificar as zonas do campo em que se verifica maior número de

recuperações da posse de bola;

4. Descrever o sistema defensivo mais frequente.

Hipótese

1. O sistema defensivo mais comum é a defesa individual em meio-campo

e a forma de recuperação de bola com êxito predominante é o ressalto

defensivo, independentemente do sistema e tipo de organização

defensiva.

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1. Introdução

6

1.3. Estrutura do trabalho

O trabalho a que nos propomos realizar será elaborado de forma a cumprir os

objectivos previamente propostos. Deste modo, será constituído da seguinte

forma:

� Capítulo I – justificação do âmbito e pertinência do estudo, definição de

objectivos e formulação da hipótese de investigação;

� Capítulo II – revisão da literatura, começando pela evolução e

importância da observação e análise de jogo, passando à

caracterização do jogo de basquetebol procurando centrar na

importância da defesa e seus diferentes sistemas, como factores

fundamentais para o sucesso desportivo. Aqui, procuramos analisar

diferentes posturas de diferentes autores em relação à transição

ataque-defesa e defesa em sistema propriamente dita, tendo como

objecto as suas tendências e princípios;

� Capítulo III – metodologia de trabalho com a respectiva caracterização

dos métodos utilizados;

� Capítulo IV – apresentação e discussão dos resultados obtidos no

nosso estudo e respectivas interpretações;

� Capítulo V – principais conclusões resultantes da discussão dos

resultados em estudo;

� Capítulo VI – apresentação da bibliografia de suporte utilizada neste

estudo.

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2. Revisão da Literatura

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2. Revisão da Literatura

9

2.1 Análise do jogo e o Basquetebol

No desporto de rendimento, nomeadamente no basquetebol, há uma procura

constante pela superação e melhoria dos resultados.

Para se conseguir esta melhoria e atingir uma performance desportiva

óptima, é crucial que se verifique uma correcta instrução por parte do treinador.

Isto implica um conhecimento multidisciplinar (Araújo, 1995) e o domínio de

várias habilidades, desde o planeamento, organização e apresentação da

experiência adquirida à aplicação da informação de feedback apropriada o que

implica, por sua vez, um significativo conhecimento do jogo só possível,

segundo Tavares (1999), graças à investigação no desporto, através da análise

do jogo (Garganta, 1998a). Quanto mais efectiva for esta instrução, mais o seu

papel vai influenciar positivamente a performance do atleta (Hughes & Franks,

2004) já que desta forma, o feedback é uma ferramenta que conduz a

resultados visíveis ao nível da velocidade de aquisição e melhoria das

competências.

Garganta (1999) reforça o que foi referido anteriormente quanto ao apoio da

análise do jogo ao feedback, afirmando que as suas principais funções são:

diagnosticar, compilar e tratar os dados recolhidos, disponibilizando informação

objectiva sobre a prestação dos jogadores e das equipas. Outros autores

(Garganta, 1997, 1998a; James & Hansen, 2001; Tavares, 2006) acrescentam

ainda que, fundamentalmente em equipas de topo, a análise é feita com dois

objectivos principais: preparação para um confronto (scouting) e a recolha de

informação que apoie o próprio processo de treino.

Desta forma, nos jogos desportivos colectivos (JDC) como o Basquetebol, a

observação ou análise do jogo tem vindo a afirmar-se como imprescindível

(Janeira, 1999; Gréhaigne, Mahut & Fernandez, 2001; Barbero Alvarez, 2001;

O’Donoghue & Longville, 2004, cits. por O’Donoghue, 2006), não apenas para

a caracterização das exigências específicas que são colocadas aos jogadores

e que definem a dinâmica do jogo, auxiliando o treinador no aperfeiçoamento

dos programas de preparação dos atletas e, consequentemente também, à

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2. Revisão da Literatura

10

melhoria do desempenho colectivo (Garganta, 1998a; Janeira, 1999; Sampaio,

2000; Barbero Alvarez, 2001, Bartlett, 2001; Tavares, 2006). Enquadra-se aqui

a frase de Bartlett (2001), ao afirmar que “os treinadores, especialmente os de

elite, têm demonstrado um interesse crescente sobre como a análise da

performance pode ajudá-los na melhoria do desempenho dos seus atletas”.

Contudo, Tavares (2006) alerta para não seja cometido o erro de orientar uma

equipa unicamente sobre a influência de dados estatísticos.

Historicamente, a intervenção do treinador foi baseada em observações

assistemáticas, subjectivas e impressionistas dos atletas (Garganta, 1998a),

embora vários estudos mostrassem que essas observações eram não só

pouco fidedignas, como também pouco acertadas. Apesar de tudo isto, os

benefícios do feedback e dos resultados do conhecimento eram tidos em conta,

ainda que a acuidade desse feedback dos treinadores fosse bastante limitada

devido às limitações da memória e às dificuldades observacionais (Hughes &

Franks, 2004).

Passou-se então, paulatinamente, de uma simples observação do jogo para a

análise do jogo propriamente dita. A expressão “análise do jogo” tem-se

tornado mais aceite e utilizada pelo seu “alcance semântico”, já que as

diferentes fases do processo estão nela incluídas: a observação dos

acontecimentos do jogo, o registo e tratamento dos dados considerados

importantes e a sua interpretação em tempo real e/ou à posteriori (Franks &

Goodman, 1986, Hughes, 1996, cits. por Garganta, 1998a, p.7; Sampaio, 2000)

(Figura 1).

Figura 1. Interacção do processo de análise do jogo com o treino e a performance

(Sampaio, 2000 adaptado de Garganta, 1998a).

Análise do jogo - Observação; - Registo; - Tratamento; - Interpretação.

Planificação

Treino

Performance

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2. Revisão da Literatura

11

O’Donoghue (2006), define um modelo diferente para o ciclo de

funcionamento da análise do jogo e sua interacção com o treino e a

performance (Figura 2).

Figura 2. Modelo dinâmico do processo de análise do jogo (O’Donoghue, 2006).

A primeira etapa é a da filmagem do jogo e a definição da sequência de

eventos de acordo com os indicadores relevantes. Após a análise destes

eventos, o treinador separa os aspectos positivos dos negativos, uma vez que

vão ser utilizados para fins distintos. Os aspectos negativos vão, em função da

reflexão do treinador, sustentar os feedbacks para a equipa no sentido da sua

correcção durante as sessões de treino. Quanto aos aspectos positivos, irão

servir de motivação para os atletas.

Actualmente, é comum o recurso à utilização do computador para registo

simultâneo dos dados, à medida que se realiza a observação em directo ou em

diferido, graças ao desenvolvimento de inúmeros sistemas de hardware e

software (concept keyboards, digital panels, touchpads e playpads). As grandes

vantagens da recolha e tratamento dos dados em tempo real são,

fundamentalmente, a qualidade e o timming da intervenção dos treinadores nos

treinos e nos jogos a partir desta informação.

Jogo Observação e análise

Aspectos negativos

Decisões do treinador

Feedback para a equipa

Sessões de treino

Aspectos positivos

Vídeo de motivação

Jogadores

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2. Revisão da Literatura

12

No futuro as possibilidades são múltiplas, com a continuação do

desenvolvimento de sistemas, como um que está ainda em desenvolvimento e

que permite a introdução dos dados no computador através da voz (voice-

over). Como outros exemplos, novos sistemas informáticos poderão possibilitar

o registo de todos os comportamentos passíveis de quantificação, relacionar as

acções técnicas com as estruturas tácticas, possuir todo o conhecimento actual

da modalidade, assim como os níveis de prestação dos jogadores e equipas

intervenientes (Garganta, 1998a; Sampaio, 2000).

Esta evolução, como se pode verificar pelo que foi referido, tem vindo a ser

orientada pela modernização dos meios empregues e desenvolvimento de

metodologias avançadas, através de programas preconcebidos, facilitando a

tarefa dos técnicos no que se refere à análise das diferentes situações

individuais e colectivas que fazem parte do complexo contexto competitivo das

modalidades, permitindo-lhes intervir, quase que imediatamente, para a

correcção ou modificação de estratégias que objectivem a melhoria do

desempenho do atleta e da equipa (Junior, 2002).

Com os avanços da tecnologia e consequente evolução dos métodos de

análise, as dificuldades e limitações mencionadas anteriormente, têm sido

ultrapassadas, já que a utilização da tecnologia vídeo e dos computadores

como meios de armazenamento de grandes quantidades de informação,

permitem aos treinadores a visualização pormenorizada das acções e

sequências de jogo, complementando a sua percepção face aos

acontecimentos (Sampaio, 2000). Assim, diminui a possibilidade de erros de

observação, melhora a qualidade da mesma e aumenta a quantidade de

aspectos a serem observados, aumentando também a confiança nos dados e a

disponibilidade dos mesmos (Oliveira, 1993; Sampaio, 1999; Fernandes, 2002;

Bastos, 2004). Além de tudo isto, a recolha da informação passou a ser mais

rápida, assim como o acesso aos dados disponíveis (Garganta, 1998a).

Desta forma, o aumento da qualidade dos feedbacks dos treinadores, tanto

ao nível o treino como da própria competição, deve muito à quantidade e

qualidade de informações que se retira da análise da performance das equipas

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2. Revisão da Literatura

13

(Garganta, 1998a). Os feedbacks dos treinadores passaram, desta forma, a ser

argumentados e apoiados (O’Donoghue, 2006), por exemplo, em imagens logo

após a ocorrência da execução (Hughes & Franks, 2004) e, por conseguinte, a

análise do jogo tem um contributo fundamental “para diferenciar as opiniões

dos factos” (Garganta, 1998a, p.8).

Contudo, em resultado de toda esta evolução, a vantagem de se passar a

conseguir obter uma elevada quantidade de dados tornou-se numa dificuldade

de selecção da informação apropriada, assim como o seu posterior

processamento. Esta questão leva à necessidade de definição clara dos

objectivos da investigação em causa, de forma a segmentar os dados

recolhidos para recorrer apenas aos que são relevantes.

Nos JDC, as capacidades dos jogadores estão condicionadas pelo meio, para

além de que a interdependência dos comportamentos de vários elementos e

variáveis de jogo constituem um obstáculo difícil de ultrapassar (Garganta,

1999). Assim, uma observação fica empobrecida quando o alvo é uma acção

isolada do contexto do jogo.

Neste contexto, o basquetebol, caracterizado como um desporto de

cooperação e oposição, invasivo, repleto de incertezas e de decisões em

função de uma organização colectiva, com ocupação de espaços comuns e

com a participação simultânea dos atletas, proporciona uma gama infindável de

situações que nunca são estanques e que podem ser observadas e analisadas

com o objectivo de melhorar a capacidade de jogo dos atletas e,

consequentemente, das equipas (Araújo, 1996b; Moreno, 1998).

Dentro de toda esta variabilidade dos componentes observáveis de um jogo,

torna-se conveniente fragmentar o objecto de análise para centrar a atenção e

torná-la mais efectiva e objectiva. Para este efeito, pode-se considerar

diferentes dimensões: fisiológica, biomecânica, técnica e táctica (Garganta,

1998a).

Oliveira, em 1993, cita vários autores (Hagedorn, Lorenz & Meseck, 1982;

Dufour, 1989; Moreno, 1986; Marques, 1990; Colli & Faina, 1985) que, à

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2. Revisão da Literatura

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semelhança de Sampaio (2000), dividem a análise de jogo em três grupos de

conteúdos: (1) os aspectos estratégicos e tácticos, estudos realizados ao nível

da táctica nas várias fases do jogo (ataque, defesa, transições), bem como as

acções de jogo em cada uma das fases; (2) a técnica, estudos efectuados em

função das situações de jogo; (3) a actividade física, estudo ao nível da

avaliação fisiológica de algumas funções, avaliação das distâncias percorridas

e sua intensidade, entre outros.

Tavares (2001) considera, por sua vez, outra divisão das dimensões,

nomeadamente a táctica, motora, energética, morfológica e psicológica.

Um outro aspecto que poderá tornar mais exequível a referida segmentação,

é o facto de todas as equipas e atletas demonstrarem, normalmente, formas de

jogar estereotipadas, modelos de jogo que incluem aspectos positivos e

negativos da performance. Os padrões de jogo começam a ficar estabelecidos

após um determinado período de tempo, mas quanto maior for a base de

dados, mais preciso será o modelo. Um modelo estabelecido permite assim

comparar uma performance isolada com um padrão (Hughes & Franks, 2004),

identificando problemas, determinando objectivos de aprendizagem e de treino

e constatando progressos dos atletas (Gréhaigne, 1989, cit. por Garganta,

2000).

Assim, para a selecção da informação apropriada e até para a orientação do

processo de treino da sua equipa, o treinador irá focar a sua atenção nos

padrões de jogo e nos indicadores da performance que considerar relevantes

para escolher, de forma acertada, as acções que possam assumir uma

importância particular na história do jogo e os indicadores da performance que

realcem boas ou más performances das equipas (Tavares, 2006). Com este

procedimento poderá então filtrar, em função do propósito da sua observação,

as grandes quantidades informação que a análise lhe oferece (Garganta,

1998a; Bartlett, 2001; Hughes & Franks, 2004).

Outra forma de ultrapassar esta variabilidade e quantidade de dados, assim

como a capacidade de retirar conclusões relevantes em tempo real, reporta-se

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2. Revisão da Literatura

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ao desenvolvimento de técnicas específicas de análise capazes de dar

resposta a este problema (Sampaio, 2000; Tavares, 2006), nomeadamente

novo software e hardware.

Todavia, no que concerne à análise dos aspectos tácticos do jogo, há ainda

uma certa escassez de investigações publicadas em relação às suas bases

teóricas (Gréhaigne et al., 2001), sendo que esta lacuna, no que diz respeito à

defesa e ao basquetebol feminino, ainda é mais acentuada, muito embora esta

seja uma das modalidades mais estudadas em todo o mundo (Silva, 1998).

Apesar de tudo isto, um dos primeiros, senão o primeiro estudo dos estudos

que há registo ao nível da análise do jogo nos JDC, teve como alvo

precisamente o basquetebol, tendo sido levado a cabo por Lloyd Lowell

Messersmith, com a colaboração de S. Corey, em 1931, em que o objectivo era

o de achar as distâncias percorridas por um jogador de basquetebol (Garganta,

1998a).

Esta escassez de investigações neste âmbito poderá dever-se ao facto de “os

estudos que se enquadram no âmbito da análise táctica envolverem

dificuldades especiais derivadas do número de elementos a observar, da sua

enorme variabilidade de comportamentos e acções que ocorrem nas partidas e

dos múltiplos critérios existentes para os definir e identificar” (Garganta, 1998a,

p.12). Segundo Dufour (1991, cit. por Garganta, 1998a). Estas dificuldades

também se prendem com a definição de categorias de observação relativas à

dimensão táctica.

Actualmente, a forma mais comum de análise dos dados neste tipo de

estudos, é o registo da frequência das acções e as suas respectivas posições

na área da performance, que são depois apresentadas como somas e totais

em cada área respectiva (Bartlett, 2001; Hughes, Cooper & Nevill, 2002;

Hughes & Franks, 2004). Bartlett (2001) sugere que a natureza desta

informação deve evoluir da referida contagem simples de acontecimentos para

uma análise de outros aspectos dos movimentos e acções, com o recurso às

novas tecnologias, parando a imagem de forma a analisar detalhes, para que

se forneça aos treinadores informações para além daquelas que ele já

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2. Revisão da Literatura

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consegue observar e dando sentido aos dados recolhidos, descobrindo as

inter-relações que se estabelecem entre os diferentes elementos (Garganta,

1998a; Tavares, 2006).

Para garantir que a informação obtida com a AJ seja representativa para o

entendimento do jogo, Garganta (1998a) sugere um avanço no nível de

análise, construindo sistemas elaborados a partir de categorias integrativas,

cuja configuração permita passar da análise centrada na quantidade de acções

realizadas pelos jogadores, à análise centrada nas quantidades da qualidade

das acções de jogo no seu conjunto. O autor realça a necessidade de analisar

a equipa no seu todo, não centrar a atenção apenas no resultado das acções,

mas na organização colectiva que esteve na origem. Salienta ainda que se

deve avançar da análise técnica para o estudo das unidades tácticas e evitar

análises de dados descontextualizados, mas dentro da sequência do jogo

(Figura 3).

Análise do jogo

Figura 3. Evolução desejável do processo de análise nos JDC (Garganta, 1998a).

No que diz respeito à fiabilidade dos estudos, Hughes & Franks (2004)

salientam que a aplicação de técnicas de estatística paramétrica é

frequentemente usada de forma pouco correcta na análise notacional, já que

estas técnicas são aplicadas a dados não-paramétricos, e levanta uma

questão: “como é que isto afecta a confiança nas conclusões para realizar

afirmações sobre os dados, relativamente a testes não-paramétricos mais

apropriados?”.

Jogador Equipa

Produto (golos) Organização

Acções técnicas Unidades tácticas

Dados avulso Análise de sequências

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2. Revisão da Literatura

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Com uma perspectiva diferente da análise do jogo, James & Hansen (2001)

indicam que recentemente, na investigação dos JDC, se começou a tomar

consciência de um aspecto fundamental. O objectivo da observação deve ser

definido em função de diferentes situações: medição da performance individual,

cargas físicas, soluções tácticas para situações especiais, estudos de

interacções entre e intra equipas, selecção de talentos, tomada de decisão de

treinadores e questões teóricas na estrutura dos jogos. Estes autores indicam

ainda que “o processamento interpretativo de dados observacionais, é um

processo de operações múltiplas, de forma a atingir os objectivos nos

desportos de topo, que conduziu ao desenvolvimento da “Análise Qualitativa do

Jogo”, que aplica os princípios da metodologia de investigação qualitativa à

observação do jogo”.

Podemos então concluir que, com os métodos e sistemas actuais, as

vantagens da utilização da análise de jogo são várias já que, segundo Tavares

(2006, pp. 20), nos permitem:

• “descobrir indicadores e definir critérios para o planeamento do treino;

providenciar feedback’s; aquisição de dados que permitam a construção

de modelos de jogo e de preparação”;

• “descobrir a natureza interna do jogo; avaliação dos jogadores e das

equipas (Dufour, 1989)”;

• “explicar as relações entre as variáveis do jogo e o sucesso (Marques,

1990)”;

• “identificação dos factores individuais e colectivos do rendimento

(Grosgeorge et col., 1991)”;

• “descobrir a estrutura das regularidades do jogo para melhorar a

organização da preparação técnico-táctica (Latishkevich & Dudin,

1992)”;

• “interpretar a organização das equipas e das acções que concorrem

para a qualidade do jogo (Gréghaigne, 1992)”;

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2. Revisão da Literatura

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• “configurar modelos de jogo, a partir da análise de bases alargadas de

dados (Garganta, 1997)”.

2.2. A Defesa no Basquetebol

No Basquetebol, à semelhança dos JDC, distinguem-se claramente duas

fases – fase defensiva e fase ofensiva – que, considerando quantitativamente,

parece incontornável que devam ter a mesma importância e o mesmo peso ao

nível da preparação (Comas, 1991). Ferreira (2003, pp.12) reforça esta ideia

afirmando que “o treinador deve dedicar, pelo menos, metade do tempo para a

prática de exercícios defensivos”. Para Messina & Molin (2003, pp.32) “a

melhoria das habilidades defensivas pode ser assegurada pelo treino diário”.

Porém, esta é uma questão que divide opiniões, tanto entre treinadores e

investigadores como entre todos os diferentes elementos intervenientes no

Basquetebol, como jogadores, adeptos e mesmo a imprensa desportiva, que

demonstram um maior interesse pela organização atacante.

É fácil compreender o porquê de muitos destes elementos darem maior

atenção e relevo às acções ofensivas, já que o objectivo do jogo consiste em

introduzir a bola no alvo, vencendo a equipa que mais pontos tiver atingido no

final do tempo regulamentar. Outra razão poderá estar relacionada com a maior

espectacularidade do ataque em relação à defesa, o que atrai

incomparavelmente mais a atenção de todos os amantes da modalidade

(Comas, 1991; Kadie, 1998), facilitando a tarefa dos treinadores em motivar os

seus atletas para trabalhar os aspectos que lhe estão relacionados.

A necessidade de bastante tempo, concentração, paciência, disciplina e o

total compromisso por parte dos atletas para a construção de uma defesa, são

exigências que dificultam a tarefa do treinador em “vender” aos atletas a

importância da defesa (Comas, 1991; Dumas, 2002; Ferreira, 2003).

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2. Revisão da Literatura

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No entanto, como indica Comas (1991), impedir que o adversário concretize

tem o mesmo valor que a marcação de um cesto, pois assim a nossa equipa

necessitará de marcar menos pontos para vencer, para além da desmotivação

que poderá recair sobre a equipa que foi incapaz de ter êxito no ataque. O que

efectivamente se verifica, é que a defesa faz baixar as percentagens de

lançamento (Haubrich, 1992).

O que se verifica de forma recorrente é que, mesmo que a grande parte dos

treinadores refira que atribui a mesma importância à defesa que dão ao ataque,

esta filosofia não se confirma ao nível do planeamento, já que o tempo

destinado ao trabalho incidente nos aspectos ofensivos é sistematicamente

superior àquele que se destina ao aperfeiçoamento dos aspectos defensivos.

Neste caso concreto, esta diferença poderá ser explicada pelo facto de o

ataque englobar um maior número de habilidades (desmarcar, bloquear, sair

dos bloqueios, conhecer os sistemas ofensivos, jogar sem bola, para além das

habilidades com bola como o lançamento, o drible, etc), por as exigências

ofensivas serem superiores às defensivas, uma vez que existe uma maior

complexidade, até pela presença do elemento “bola” (Comas, 1991), e porque

é sempre mais simples destruir do que construir.

2.2.1. Importância da Defesa

Efectivamente, no âmbito do Basquetebol são comuns as declarações que

realçam a defesa como determinante para a obtenção de vitórias em jogos e

campeonatos, nomeadamente com a frase: “a defesa ganha campeonatos”

(Haubrich, 1992; Sarkis, 2004), assim como justificação para boa performance

de diferentes equipas (Comas, 1991; Haubrich, 1992; Kadie, 1998; Junior,

2002; De Rose JR et al., 2002; Ferreira, 2003; Messina & Molin, 2003), mesmo

quando o ataque não funciona. Araújo (1996a) reforça esta ideia indicando que

sem evolução defensiva não há progresso.

Em vários estudos em que é feita uma análise do jogo para saber o que

distingue, de forma mais determinante, as equipas em confronto baseando-se

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2. Revisão da Literatura

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nas estatísticas de jogo (Sampaio, 1998, 2001; De Rose JR et al., 2002), é

frequente encontrar elementos defensivos, como o ressalto defensivo, roubos

de bola ou o menor número de faltas, integrando as variáveis com poder

discriminatório e relevantes enquanto indicadores da performance (Gómez et

al. 2006).

Reforçando esta ideia e reportando-nos ao basquetebol português, a defesa

adquire uma importância maior já que, devido às características dos nossos

jogadores, nomeadamente ao nível da altura e do peso, não nos é possível

progredir globalmente nem competir com equipas com outras características

recorrendo às mesmas “armas”. Assim, resta-nos a agressividade e

capacidade defensiva para “equilibrar a balança” (Araújo, 1977, 1996b), uma

vez que no que respeita à técnica individual, os nossos atletas já possuem um

bom nível. Para esse efeito, o mesmo autor refere que a condição física é

fundamental para se conseguir manter uma boa defesa e desenvolver as

técnicas defensivas, exercitando capacidades como a força, velocidade,

agilidade e a resistência.

A frase: “a melhor defesa é o ataque”; é sobejamente conhecida no contexto

do futebol, mas no basquetebol poder-se-á dizer que “o melhor ataque é a

defesa”, já que uma boa defesa conduz a um maior número de roubos de bola,

turnovers dos adversários e ressaltos defensivos que, por conseguinte,

resultam muitas vezes em situações ofensivas de superioridade numérica,

facilitando a concretização. Esta ideia é reforçada por Araújo (1996b, pp.152)

ao afirmar que “no jogo de basquetebol o ataque tem como seu grande

municiador a defesa” e aponta “o contra-ataque como arma ofensiva rentável

para o basquetebol português” (Araújo, 1996a, pp.119).

2.2.2. Construir uma Defesa

Os objectivos da defesa são aparentemente simples: recuperar a bola,

impedir a progressão da equipa adversária e proteger o próprio alvo (Bayer,

1994; Araújo, 1996a; Morato, 2004). Porém, na construção de uma defesa, a

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2. Revisão da Literatura

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filosofia e as posições dos treinadores fazem com que estes prefiram

determinado sistema. Dado que não há estruturas infalíveis, uma vez que está

presente uma enorme variabilidade de elementos, equipas e outros factores

que podem tornar um sistema ideal para uma determinada situação mas que,

em outros casos, não será de todo indicado.

Por outro lado, Sarkis (2004), assim como Araújo (1996a), tendo presente

esta variabilidade, são da opinião que as suas equipas devem estar preparadas

para pôr em prática diferentes sistemas, que se tornam pertinentes e eficientes

em função das características dos adversários e permitem dotar a sua equipa

de imprevisibilidade defensiva, o que causa problemas aos adversários.

De todas as formas, qualquer equipa de qualidade, independentemente do

nível, deve respeitar determinados princípios defensivos relacionados com a

filosofia defensiva do treinador. Os jogadores que as constituem devem

compreender que as suas acções não são solitárias, pelo que devem ter

sempre presente a acção colectiva em que se insere, para que os cinco

jogadores trabalhem em conjunto de forma a anular o ataque adversário

(Haubrich, 1992; Araújo, 1996a, 1996b; Dumas, 2002; Ferreira, 2003; Jardel,

2003; Messina & Molin, 2003; Morato, 2004; Garcia, 2006).

Na opinião de vários autores (Araújo, 1977, 1996b; Comas, 1991; Dumas,

2002; Ferreira, 2003; Jardel, 2003; Messina & Molin, 2003; Mutapcic, 2004;

Purnell, 2004; Sarkis, 2004; Garcia, 2006), os treinadores devem incutir nos

seus jogadores, de forma clara e concisa, uma filosofia defensiva que saliente:

• Responsabilidade de todos perante a bola;

• Atitude activa e não reactiva;

• Impedir que o ataque se movimente pelas zonas que pretende;

• Definição de objectivos para cada jogo;

• Permanente atitude agressiva;

• Impedir que qualquer jogador fique livre.

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2. Revisão da Literatura

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2.2.3. Tipos de Defesa

Um aspecto que nunca deve ser esquecido é o facto dos sistemas defensivos

deverem ser adaptados às características dos atletas e das equipas (Comas,

1991; Haubrich, 1992), o que leva muitas vezes à criação de estruturas que

resultam da adaptação dos sistemas “clássicos” a estas características e até à

elaboração de sistemas totalmente novos. No entanto, estes casos não

poderão ser considerados no presente estudo, uma vez que representam uma

minoria e resultariam numa quantidade incomportável de situações a

considerar, pelo que os tipos de defesa em que nos iremos basear são os

seguintes (Comas, 1991):

Defesas individuais:

� Defesa individual, também designada de defesa “homem-a-homem”;

� Defesa de saltar e trocar;

� Defesa em flutuação, que pode ser total ou de algum jogador;

� Defesa de antecipação, que pode ser total ou de algum jogador;

� Defesa de intensidade mista (pressão sobre determinado(s) jogador(es)

e flutuação sobre outros, também em função da posição).

Defesas à zona:

� Zona 2-3 (zona 2-1-2);

� Zona 3-2;

� Zona 1-3-1 (pressionante ou não, várias formações);

� Zona 1-2-2;

� Zona 1-2-1-1 (pressionante a 2/3 do campo).

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2. Revisão da Literatura

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Defesas mistas:

� “Box and one”: caixa de 4+1;

� Triangulo + 2.

Defesas alternativas:

� Múltiplas possibilidades, a partir da mudança de sistema ou formação

defensiva, após um sinal ou premissa;

Defesas pressionantes a todo o campo:

� Em zona (zona-press) 2-2-1, 1-2-1-1, ou outras formações;

� Individual (pressing), com vários sistemas semelhantes aos definidos na

defesa individual.

2.2.4. Transição Defensiva

Segundo Araújo (1996a) a transição ataque-defesa, em conjunto com a

transição defesa-ataque, constituem 60% do tempo de jogo, pelo que devem

merecer uma atenção correspondente na globalidade do tempo de preparação

das equipas.

Assim que perdida a posse da bola, o início da defesa deve ter lugar o mais

cedo possível, de forma rápida e agressiva, antecipando-se à maneira como o

adversário explora o contra-ataque e os movimentos de transição (Araújo,

1996a). Assim, a transição defensiva, logo que o adversário consegue a posse

de bola, assume um papel fundamental na construção de qualquer boa defesa,

impedindo cestos fáceis dos adversários em contra-ataque, acompanhando-os

na sua transição ofensiva (Dumas, 2002; Jardel, 2003; Durò, 2004). Para a

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2. Revisão da Literatura

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eficácia desta transição é necessário uma rápida recuperação de todos os

jogadores de forma a ganhar a posição defensiva e sem tirar, em momento

algum, o olhar da bola (Mutapcic, 2004). Araújo (1996a, 1996b), por exemplo,

defende que mesmo quando em situação de ataque, o equilíbrio defensivo

deve ser assegurado com a colocação de, pelo menos, um atacante sempre

atrás da “linha da bola”, recuperando para a defesa o mais rápido possível de

forma activa e agressiva.

Jardel (2003) sugere, seguindo o exemplo da selecção francesa de

basquetebol feminino, que esta fase se realize com a ida de três jogadores ao

ressalto ofensivo, com posterior pressão sobre o portador da bola e outros dois

jogadores recuperam imediatamente junto às linhas, sendo que Araújo (1996a,

1996b) tem uma posição idêntica.

2.2.5. Defesa Individual

Este tipo de defesa, no qual se engloba a defesa “Homem a Homem”, está na

base da formação e desenvolvimento de qualquer jogador e, tal como em

qualquer tipo de organização defensiva, devemos ter constantemente a

consciência da necessidade do trabalho colectivo e uma boa atitude defensiva

(Araújo, 1996b; Ferreira, 2003), já que a agressividade é fundamental para que

o objectivo seja atingido.

Segundo alguns autores (Araújo, 1996b; Dumas, 2002; Ferreira, 2003; Jardel,

2003; Messina & Molin, 2003; Molino, 2003; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004;

Sarkis, 2004), a chave de uma boa defesa individual ou “Homem a Homem” é a

pressão constante sobre o portador da bola com acções de 1x1, cabendo ao

defensor a responsabilidade de pressionar o drible e impedir que este passe ou

lance. De facto, do lado forte os jogadores devem estar preparados para jogar

situações de 1x1 e bloqueios (Messina & Molin, 2003).

Mantendo a filosofia defensiva mencionada anteriormente, alguns princípios

mais importantes são comuns entre vários treinadores (Araújo, 1977, 1996a,

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1996b; Comas; 1991; Haubrich, 1992; Messina, 1996; Dumas, 2002; Ferreira,

2003; Jardel, 2003; Molino, 2003; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004; Sarkis, 2004):

• Pressão sobre o portador da bola de forma a condicioná-lo;

• Impedir as penetrações pelo meio e linha final;

• Impedir que qualquer jogador fique livre;

• Permanente atitude agressiva;

• Realizar sempre bloqueio e ressalto defensivo;

• Manter o equilíbrio defensivo;

• Pressionar as linhas de passe, principalmente do lado da bola

impedindo/dificultando as mudanças do lado da bola;

• Manter a bola afastada do cesto;

• Contestar todos os lançamentos;

• 2x1 na linha final;

• Ajudar defensivamente;

• Movimentação dos defesas simultânea com a da bola;

• Ver a bola e o atacante que se defende;

• Comunicação: avisar dos cortes e dos bloqueios.

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2. Revisão da Literatura

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Quadro 1. Técnica de realização das Tarefas Defensivas (Mendes, 1999)

Defesa ao atacante com bola que ainda

não driblou (DJCBND)

- posição básica defensiva; - colocar-se à distância de um braço (entre 1 a 1,5 metros): distância que lhe permita reagir aos movimentos do atacante sem correr o risco de ser ultrapassado (caso se coloque muito próximo) ou de sofrer um lançamento (se estiver muito afastado); - pressionar o drible, o passe ou o lançamento.

Defesa ao jogador com bola em drible

(DJCBD)

- colocar os seus apoios de forma a condicionar o atacante para zonas afastadas do corredor central (linhas laterais ou linha de fundo), ou seja, o pé mais próximo da linha cesto-cesto deverá estar mais adiantado e o outro pé recuado; - incomodar o drible e os passes com os braços.

Defesa ao jogador com bola após parar o drible

(DJCBPD)

- reduzir a distância para o atacante; - elevar ligeiramente a sua posição corporal; - com os braços e mãos perturbar possíveis passes e lançamentos.

Defesa do jogador sem bola do lado da bola (DS)

- o corpo virado para o atacante; - braço do lado da bola levantado com a palma da mão virada para a bola; - perna do lado da bola deve estar na linha de passe, ¾ à frente da posição do atacante; - o pé mais afastado da bola, sensivelmente entre os dois pés do atacante; - o braço mais afastado da bola levantadi e detectando os movimentos do atacante; - a cabeça um pouco atrás da linha de passe por forma a facilitar a visão simultânea da bola e do atacante directo.

Defesa do Poste Alto (DPA)

- sobremarcação a ¾ do lado da bola; - se a bola mudar de lado, o defensor deverá dar um passo deslizante à retaguarda, antecipar-se a uma eventual movimentação do poste e voltar a sobremarcar o lado da bola.

Defesa do Poste Médio ou Baixo

(DPB)

Nesta defesa há que ter em conta a posição da bola: - se o jogador com bola está acima da linha de lance livre, ou abaixo desta e até 45º relativamente ao cesto, o defensor do poste deverá sobremarcar o lado da bola; - se o atacante com bolaestá abaixo da linha de lance livre e paralelo à linha final, o defensor deverá sobremarcar o lado da linha final; - se a bola muda de lado, o defensor passa por detrás ou pela frente do atacante, consoante a movimentação da bola é penetrante ou não penetrante, respectivamente.

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Quadro 2. Técnica de Realização das Tarefas Defensivas (cont.) (Mendes, 1999).

Defesa do Passe e Corte (DPC)

- no momento do passe, o defensor deverá realizar um ou dois passos rápidos e deslizantes na direcção da bola; Deve colocar-se numa posição de ajuda e simultaneamente, interpondo-se a um possível corte pela frente; - se o atacante cortar para o cesto, o defensor deverá sobremarcá-lo, mantendo a posição entre o atacante e a bola.

Técnica de execução do

Bloqueio Defensivo (BD)

- estar entre o seu atacante e o cesto; - numa posição facial à tabela; - pés ligeiramente mais afastados que a largura dos ombros; - tronco inclinado para a frente; - braços levantados; - resistindo à pressão que o atacante exerce nas costas para conseguir passar o bloqueio.

Bloqueio Defensivo ao lançador (BDL)

- partir da posição de defesa ao lançamento (perna e braço ligeiramente adiantado); - com o corpo perpendicular ao lançador, executar uma rotação; - no momento do contacto disputar o ressalto.

Bloqueio Defensivo aos jogadores defendidos em sobremarcação

(BDS)

- partir da posição de defesa em sobremarcação com o corpo perpendicular à linha de ombros do atacante directo; - executar uma rotação (pela frente ou por trás, consoante a movimentação do atacante); - quando há contacto, disputa o ressalto.

Bloqueio Defensivo aos jogadores do lado contrário da

bola (BDA)

- aproximar do atacante directo; - esperar o atacante numa posição perpendicular à sua trajectória; - realizar o bloqueio executando uma rotação para trás sobre o pé do lado para onde o atacante pretende dirigir-se.

Defesa dos Bloqueios Directos

(DBD)

- o defesa do bloqueador avisa o jogador que defende o driblador que vai haver bloqueio; - o defesa do driblador tenta antecipar-se ao bloqueio, aproximando-se um pouco mais do atacante em drible; - o defensor do driblador, ao passar pelo bloqueio deverá avançar a bacia, e avançar a perna do lado do bloqueio colocando-a no solo, para lá do mesmo; - no momento da passagem pelo bloqueio, o braço do lado do bloqueio defensor, deverá funcionar como cunha por cima do bloqueio, facilitando a passagem.

2.2.6. Defesa Zona

Optar por uma defesa zonal poderá ser uma estratégia controversa, tal como

controversa é a sua história. A sua aplicação nos escalões etários mais jovens

em vários países é proibida ou, pelo menos, desaconselhada e na N.B.A. só

recentemente passou a ser permitida a sua utilização. Alguns treinadores

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2. Revisão da Literatura

28

afirmam mesmo que a defesa zona é utilizada por quem não sabe defender

individualmente.

Todavia, na defesa zona está presente todo um leque de elementos técnicos

da defesa individual (Comas, 1991; Araújo, 1996b; Farinha, 2004), e só quando

estes elementos estiverem assimilados é que deveremos trabalhar um sistema

com estas características.

De forma redutora podemos afirmar que, na defesa zona, cada jogador é

responsável por qualquer adversário que surja na área da sua responsabilidade

definida e não por um adversário que lhe é designado (Comas, 1991; Araújo,

1996a; Farinha, 2004). Isto torna esta defesa, provavelmente, num tipo de

sistema onde o colectivo se afirma como ainda mais importante para o seu

funcionamento, mas também reflecte a sua complexidade e dificuldade em

defender bem zona. Na opinião dos autores acima referidos, as maiores

diferenças em relação à defesa individual e que tornam a zona mais difícil de

transmitir e aperfeiçoar, encontram-se ao nível psicológico.

Embora Comas (1991) considere que a defesa zona é uma defesa de

recurso, ela atribui-nos novas armas para fazer face a diferentes adversários,

podendo mesmo ser a defesa mais efectiva em determinadas situações, não só

pela variabilidade defensiva que a equipa que a utiliza assume, como também

em função das características dos adversários.

A generalidade dos sistemas defensivos à zona tem como objectivo evitar

que o ataque tenha oportunidade de realizar os lançamentos em áreas

próximas do cesto, obrigando a lançar de fora. De todas as formas, mesmo

estes lançamentos devem ser contestados. Partindo deste princípio, na

eventualidade de uma equipa optar por este sistema quando em confronto com

equipas com baixas percentagens de concretização exterior, a zona já não será

um recurso mas uma vantagem.

Existem normas para se defender zona que são fundamentais, já que

garantem maiores possibilidades de êxito (Comas, 1991; Araújo, 1996a, 1996b;

Farinha, 2004):

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2. Revisão da Literatura

29

− Pressionar o atacante com bola, à semelhança da defesa individual,

dificultando o passe, o dribling e o lançamento. Desviá-lo para as zonas

laterais do campo. Após passe, recuperar de imediato a respectiva

posição defensiva. Ajudar sobre a posição da bola;

− Dificultar os passes penetrantes na direcção do cesto e não permitir

“cortes” pela frente das defesas. Boa comunicação entre jogadores,

cabendo a responsabilidade, principalmente aos defensores do “lado

fraco”, de avisar os colegas acerca dos cortes dos atacantes do lado

contrário da bola e respectivas entradas;

− Ver sempre a bola e os atacantes situados no lado contrário da bola;

− Ocupar os “buracos” na defesa pela movimentação dos defensores

(proteger a box ou seja o “interior” da defesa);

− Proteger os elbows (os cantos da área restritiva, onde as linhas limite da

área restritiva se encontram entre si ou com a linha final). Estes elbows

(“cantos”) representam áreas defensivas extremamente vulneráveis da

defesa zona;

− Bloquear defensivamente, porque ao contrário do que muitas vezes se

afirma, o ressalto defensivo da defesa zona, pode e deve ser

organizado, cabendo a cada jogador uma tarefa específica de ressalto

defensivo. A grande preocupação do ressalto defensivo (na defesa

zona), deverá ser a de proteger a box e os elbows;

− Sobremarcar os postes, marcá-los pela frente, se necessário, pois a

ajuda defensiva é maior. As regras de movimentação dos defensores na

defesa zona devem estar perfeitamente esclarecidas entre os jogadores.

Estas normas deverão posteriormente ser aplicadas e ajustadas ao tipo de

defesa zona que o treinador optar. Na sua prática nos escalões seniores, o

objectivo de levar os adversários a lançar de zonas mais afastadas do cesto só

será alcançado se a defesa não perder agressividade e contestar todos os

lançamentos, já que neste escalão, os jogadores têm óptimas percentagens

quando lançam sem oposição.

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2. Revisão da Literatura

30

2.3. Estudos realizados no âmbito da análise do jogo em

Basquetebol

Os estudos referentes à análise do jogo, especificamente dos aspectos

defensivos, não são abundantes pelo que, neste capítulo, iremos também fazer

referência a trabalhos realizados sobre aspectos ofensivos mais recentes.

Em 1995, Almeida desenvolveu um estudo com o objectivo de observar,

descrever e quantificar as estruturas tácticas defensivas no Basquetebol. Para

esse efeito, a amostra analisada era constituída por 3 equipas do escalão de

Cadetes Femininos classificadas nos três primeiros lugares do Campeonato

Distrital da Associação de Basquetebol do Porto, na época 1994/1995.

A análise do jogo foi efectuada em diferido, pela observação das filmagens

efectuadas de 5 jogos e baseando-se em três categorias: Táctica Individual

(defesa do jogador com bola acima da linha de lance livre, defesa do jogador

sem bola do lado da bola, defesa do jogador sem bola do lado contrário ao da

bola, defesa do poste), Táctica de Grupo (defesa dos cortes, defesa dos

bloqueios directos) e Táctica Colectiva (ajustes defensivos às penetrações em

drible e enquadramento do bloqueio defensivo para o ressalto).

A frequência da ocorrência de comportamentos adequados e inadequados foi

posteriormente apresentada por intermédio de gráficos de barras. Os

resultados obtidos sugerem as seguintes conclusões: (1) as acções que

evidenciaram um maior número de comportamentos defensivos adequados

foram: (a) posiciona-se em triângulo defensivo, reajustando correctamente a

sua posição em relação à acção da atacante, (b) antes do drible está

enquadrada defensivamente, (c) durante o drible desvia a atacante para a linha

lateral, (d) ajudas defensivas às penetrações em drible, se a jogadora recebe a

bola aumenta a pressão defensiva sobre ela; (2) as acções que se destacaram

pela negativa foram: (a) realiza bloqueio defensivo à lançadora, (b)posiciona-se

de forma a fechar a linha de primeiro passe, (c) com a bola abaixo da linha de

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2. Revisão da Literatura

31

lance livre, sobremarca o poste baixo pelo lado da linha final, (d) defesa do jogo

mão à mão, e (e) defesa do bloqueio indirecto.

Cruz & Tavares (1998), elaboraram um estudo que tinha como objectivo de

observar, analisar e comparar as prestações dos jogadores e respectivas

equipas. Assim, pretendeu-se identificar e comparar indicadores do jogo de

Basquetebol que permitem distinguir as equipas de níveis diferenciados de

performance.

Uma vez que é nos grandes eventos desportivos de carácter internacional

que se confrontam as equipas e atletas de melhor nível, será total a pertinência

de elaborar um estudo destas características com uma amostra constituída por

três selecções nacionais que disputaram o XIII Campeonato da Europa de

Cadetes Masculinos realizado em Portugal no ano de 1995: Croácia (1º lugar),

Portugal (9º lugar) e Finlândia (10º lugar).

A observação foi realizada em diferido para a análise das acções ofensivas

das 3 selecções em 3 jogos realizados por cada uma das equipas, tendo sido

definidas as seguintes categorias de observação: (i) frequência e origem do

contra-ataque e ataque de posição, (ii) frequência da duração do contra-ataque

e ataque de posição, (iii) frequência das formas de acção de 1x1, 2x2 e 3x3,

(iv) taxa de sucesso do contra-ataque e ataque de posição.

Os resultados obtidos mostram-nos que, comparando fundamentalmente a

equipa portuguesa com a croata: (1) o ataque de posição tem um papel

principal nas acções ofensivas de ambas as equipas, embora com melhores

percentagens de lançamento por parte da Croácia; (2) a equipa derrotada

cumpre três vezes mais contra-ataques em inferioridade numérica que a

vencedora; (3) o ressalto defensivo é a origem mais frequente do contra-ataque

da Croácia, enquanto que em relação à equipa portuguesa, o contra-ataque

tem como principal origem a recuperação de bola no meio-campo defensivo,

sendo que se verificaram diferenças estatisticamente significativas para o

ressalto defensivo; (4) o ataque de posição da equipa pior classificada inicia-se

o dobro das vezes das da equipa melhor classificada por interrupção do contra-

ataque, do ataque rápido e da transição, sendo as diferenças significativas do

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2. Revisão da Literatura

32

ponto de vista estatístico; (5) o ataque de posição da equipa croata decorre

principalmente dentro dos intervalos de tempo 13 – 18 e 7 – 12 segundos,

enquanto que o da equipa portuguesa decorre nos intervalos de 1 – 6 e 7 – 12

segundos. O maior número de ocorrências verificadas para Portugal encontra-

se no intervalo 1 – 6 segundos e o menor número no intervalo 13 – 18

segundos, com diferenças estatisticamente significativas; (6) a equipa melhor

classificada recorre significativamente mais vezes a situações de 2x2, sendo

que mais de metade das combinações tácticas do ataque de posição possuem

esta estrutura; (7) a equipa pior classificada recorre preferencialmente a

combinações 3x3; (8) no que diz respeito à eficácia ofensiva, é no contra-

ataque que se verificam melhores percentagens de concretização, sendo a

Croácia a mostrar ser mais eficaz em relação a este indicador; (9) a equipa

melhor classificada conclui todos os seus contra-ataques, ataques rápidos e

movimentos de transição, contra homem-a-homem de 2 pontos, dentro da área

restritiva (zonas 8 e 9), enquanto que a equipa pior classificada realiza os

lançamentos de 2 pontos nestas zonas apenas em 72,8% das vezes; (10)

quanto à conclusão dos contra-ataques, ataques rápidos e movimentos de

transição frente a zona de 2 pontos por parte da Croácia, estes acontecem

preferencialmente nas zonas da área restritiva (40% para cada área). Esta

equipa efectua os lançamentos de 2 pontos da zona 8 em apenas 50% das

ocasiões; (11) os lançamentos de 2 pontos em ataque de posição contra

defesa homem-a-homem efectuados pela selecção croata, ocorrem das zonas

8 e 9 (38,5% de cada), enquanto que a selecção portuguesa lançou 40,4%

desde a zona 9 e 26,9% da zona 8; (12) no que diz respeito ao ataque

posicional frente a defesa zona, a equipa melhor classificada efectua os

lançamentos de 2 pontos principalmente da zona 9 (61,5%) e da 8 (19,2%),

enquanto que a equipa pior classificada demonstra alguma incapacidade para

penetrar e lançar de 2 pontos em posições interiores, como fica demonstrado

pela frequência de lançamentos nas zonas 9 (25,3%) e 8 (5,9%).

Silva (1998) concebeu um estudo que tinha como objectivo analisar a

estrutura do jogo de basquetebol e o rendimento no escalão de juniores

masculinos.

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2. Revisão da Literatura

33

Sendo uma das modalidades mais estudadas, é com frequência que a

estrutura do jogo é revista, até pela interpretação de novos conceitos e

estratégias. Assim, a estratégia e a táctica assumem cada vez mais um papel

decisivo, pelo que o descurar destes aspectos conduzirá ao insucesso.

No seu trabalho Silva procurou saber: (a) quais as áreas de lançamento

utilizadas contra os vários sistemas defensivos; (b) quais as áreas onde a

defesa é obrigada a cometer faltas nos diferentes sistemas defensivos; (c)

quais as percentagens de êxito das tentativas de lançamento nas várias áreas

e como variam segundo o sistema defensivo.

Para responder às questões levantadas, observou 8 jogos da Fase Final do

Campeonato Distrital de Juniores A Masculinos da Associação de Basquetebol

de Coimbra. A análise das 1440 posses de bola verificadas nestes jogos foi

realizada de forma indirecta com base em registos de vídeo.

Ainda no que concerne à metodologia, o autor baseou-se em Silva (1991)

para definir as seguintes fases de jogo: contra-ataque, ataque rápido e ataque.

Quando em fase de ataque propriamente dito, os sistemas defensivos

considerados foram: individual, zona e misto. Foram definidas também três

categorias para o fim da posse de bola: lançamento, falta provocada e turn-

over. Os próprios lançamentos foram classificados segundo a distância e

orientação.

Com base nos resultados deste estudo, serão retiradas as seguintes

conclusões: (1) 76% das posses de bola são jogadas contra sistemas

defensivos organizados, 15% em contra-ataque e 9% em ataque rápido; (2) a

defesa à zona é o sistema defensivo mais utilizado (56%), seguido do individual

(41%) e misto (3%); (3) o contra-ataque proporciona 75% de lançamentos, 11%

de faltas provocadas e 14% de turn-overs, enquanto o ataque resulta em 62%

de lançamentos, 14% de faltas provocadas e 25% de turn-overs; (4) contra

defesas zona, 76% das faltas provocadas ocorrem na área restritiva, enquanto

contra defesa individual este valor é de 55%; (5) contra defesa à zona, 38%

dos lançamentos são verificados dentro da área restritiva, 34% entre a área

restritiva e a linha de 3 pontos, 28% além desta, enquanto contra um sistema

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2. Revisão da Literatura

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individual, os valores são respectivamente, 51%, 33% e 16%; (6) contra os

sistemas à zona e individual, as percentagens de lançamento são

respectivamente: curta distância (39% e 0%), média distância (25% e 25%) e

longa distância (20% e 22%).

O estudo desenvolvido por Mendes (1999) procurava que o processo de

preparação desportiva de crianças e jovens, apontasse para as primeiras

etapas de aprendizagem um trabalho diversificado e multilateral, em que as

técnicas e as tácticas relativas à modalidade desportiva escolhida deverão

assumir especial relevo.

Os objectivos do seu trabalho foram: (i) caracterizar, do ponto de vista

cinemático, o padrão de execução da posição básica defensiva e dos

deslizamentos defensivos dos basquetebolistas do escalão de iniciados

masculinos; (ii) comparar jogadores do escalão de iniciados masculinos com

diferente tempo de prática relativamente ao padrão cinemático na execução da

posição básica defensiva e do deslizamento defensivo, aos conhecimentos

teóricos sobre os fundamentos da defesa e à adequação das acções

defensivas em competição. A defesa foi estudada recorrendo a três domínios

de análise: análise da técnica (do padrão cinemático) da posição básica

defensiva e deslizamento defensivo, avaliação dos conhecimentos teóricos

sobre defesa e análise das acções defensivas realizadas em situação de jogo.

A amostra utilizada para este estudo foi constituída por 21 jogadores do

Centro de Formação de Jogadores da Associação de Basquetebol do Porto,

que formaram dois grupos em função do tempo de prática (grupo 1 de 1 a 3

anos de prática; grupo 2 com 4 ou mais anos de prática).

Para proceder à caracterização do padrão cinemático do deslizamento

defensivo, recorreu-se ao sistema Peak5 da Peak Performance Technologies

Inc – Vídeo and Analog Motion Measurement Systerns. Para a avaliação dos

conhecimentos teóricos sobre a defesa, aplicou-se o UITI teste escrito,

relativos a conteúdos defensivos. Quanto à avaliação das acções defensivas

em situação de jogo, foi elaborada uma grelha para o registo das diversas

categorias em análise. Posteriormente foram calculadas as medidas descritivas

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2. Revisão da Literatura

35

mais importantes (média, desvio padrão e percentagens) para descrever os

grupos relativamente às diferentes variáveis observadas. Recorreu-se ao t-

teste para comparar os grupos relativamente aos parâmetros cinemáticos e aos

conhecimentos teóricos. No que diz respeito à comparação da adequação das

acções defensivas em situação de jogo, o teste utilizado foi o teste de

proporções independentes. O nível de significância foi mantido em 5%.

Verificou-se que o padrão cinemático da posição básica defensiva apresenta

diferenças entre o grupo de basquetebolistas com mais tempo de prática e com

menos tempo de prática. Relativamente ao padrão cinemático dos

deslizamentos defensivos, não foram encontradas diferenças significativas do

ponto de vista estatístico na maioria das variáveis analisadas. Em relação aos

conhecimentos teóricos sobre fundamentos defensivos, os dois grupos apenas

evidenciaram diferenças nas perguntas sobre o regulamento de jogo. No que

diz respeito à realização adequada das acções defensivas no jogo, os

basquetebolistas com mais tempo de prática evidenciam, na maioria das

situações, melhores resultados.

Fernandes (2002) levou a cabo um estudo com a intenção de descrever a

estrutura ofensiva no jogo de Basquetebol da equipa de Portugal, e compará-lo

com equipas de alto nível competitivo que participaram no Campeonato do

Mundo de Juniores Masculinos, analisando o comportamento de variáveis

técnico-tácticas do processo ofensivo.

Para o efeito, foi estudada uma amostra constituída por doze jogos de quatro

equipas (Portugal, Espanha, EUA e Croácia – três jogos de cada equipa) no 6º

Campeonato do Mundo de Juniores de Basquetebol de 1999 e analisadas 882

sequências ofensivas. A análise foi efectuada de forma indirecta pela

observação de filmes dos jogos.

Os resultados obtidos relativos à equipa portuguesa mostram-nos que: (I)

relativamente aos indicadores técnico-tácticos, obteve uma média por jogo de

71,66 pontos, 39,26% L2p e 0,94 de CEO, com valores bastante inferiores aos

dos primeiros dois primeiros classificados; (II) o AP foi a sub-fase ofensiva mais

utilizada com 76,5%; (III) o CA teve origem fundamentalmente após roubo de

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2. Revisão da Literatura

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bola e intercepção (66,53%); (IV) a finalização ocorreu essencialmente em

zonas próximas do cesto (45,3%), sendo que Portugal apresenta diferenças

significativas do ponto de vista estatístico em relação aos EUA quanto à

finalização em contra-ataque na zona definida pelo autor como a número 9

(uma das mais próximas do cesto); (V) a sub-fase ofensiva mais eficaz foi o

ataque rápido (52,7%), ao contrário da Espanha e dos EUA, que apresentaram

o contra-ataque como a sub-fase mais eficaz com 63,43% e 74,6%

respectivamente; (VI) a duração do ataque de posição teve como intervalo mais

frequente o compreendido entre 7 – 12 segundos (36,3%), tendo-se registado

valores significativos (p<0,05) entre Portugal e Espanha no intervalo 4 – 6

segundos para o ataque rápido; (VII) a estrutura táctica mais utilizada foi o 2x2

(40,4%), contrariamente à Espanha (54,2%) e os EUA (54,3%), que

apresentaram o 1x1 como a mais utilizada.

O autor concluiu então que a estrutura ofensiva portuguesa se caracterizou

pela utilização preferencial do ataque de posição com uma duração breve

(intervalo 7 – 12 segundos), utilizando mais frequentemente a estrutura táctica

do 2x2. Foram os roubos de bola e as intercepções que originaram com maior

frequência o contra-ataque. No que diz respeito à finalização em ataque de

posição, Portugal teve nos lançamentos próximos do cesto a forma principal de

concluir a fase ofensiva e com uma taxa de sucesso muito baixa (33,2%).

Vítor Farinha (2004) realizou um estudo com o objectivo de descrever e

analisar as sequências de jogo relativas às acções defensivas em função da

sua duração, acções tecnico-tácticas utilizadas, tipo de organização defensiva,

sua forma, local de recuperação da posse de bola e de lançamento da equipa

adversária por grupo. Procurou também comparar as características da acção

da defesa em cada tipo de organização defensiva e ainda verificar a existência

de uma relação entre a classificação final das equipas e as características da

acção de defesa.

No sentido de levar a cabo estes objectivos, analisou 6 equipas do

Campeonato Nacional de Seniores Masculino da Proliga 2003/2004, que foram

separadas em dois grupos em função da classificação na época regular (G1 –

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2. Revisão da Literatura

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equipas classificadas nos primeiros 4 lugares; G2 – equipas classificadas nos 4

últimos lugares).

Para levar a cabo a avaliação das acções defensivas na defesa em sistema e

das sequências defensivas, elaborou três grelhas de registo das diversas

categorias em análise e, para descrever os grupos relativamente às diferentes

variáveis observadas, calculou as medidas descritivas mais importantes

(média, desvio padrão e percentagens). O t-teste para medidas independentes

foi utilizado para comparar os dois grupos em estudo, tendo o nível de

significância ficado estabelecido em 5%.

Concluída a análise das videocassetes dos jogos, o responsável pelo estudo

verificou que, ao nível das sequências defensivas, as equipas do grupo G2

possuíam uma frequência de recuperação de bolas com êxito inferior às

equipas do grupo G1. Uma outra conclusão remete-nos para a evidência de G1

desenvolver um tipo de jogo em que a duração das sequências defensivas é

maior em relação a G2. Concluiu também que o ressalto defensivo é o principal

meio de recuperação da posse de bola para ambos os grupos e que a defesa

em sistema, também para ambos os grupos, é a fase da defesa predominante.

Farinha verificou ainda que G1 provocavam piores percentagens de

lançamento ao adversário relativamente a G2. No que diz respeito às acções

defensivas na defesa em sistema, G1 realiza com maior correcção as acções

defensivas exigidas pelas situações de jogo que G2. O autor não encontrou,

porém, diferenças significativas do ponto de vista estatístico na maioria das

variáveis analisadas.

Gómez, Tsamourtzis e Lorenzo (2006) levaram a cabo um trabalho onde

pretendiam analisar a importância dos sistemas defensivos utilizados por

equipas de Basquetebol vencedoras e derrotadas durante as suas posses de

bola, no sentido de estudar a sua influência no sucesso ofensivo.

Para este efeito, foram estudadas 1450 posses de bola referentes a 8 jogos

equilibrados (com diferenças pontuais finais inferiores a 12 pontos) do play-off

da Liga Espanhola de Basquetebol na época de 2004-2005. Os jogos foram

registados por observação sistemática de 4 observadores treinados e

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2. Revisão da Literatura

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recorrendo ao Cohen’s Kappa para cada coeficiente de categoria observacional

(>90).

As variáveis registadas foram: (1) a classificação final – vencedor ou vencido

– (2) pontos marcados; (3) número de passes; (4) duração da posse da bola;

(5) tipo de sistema defensivo utilizado.

Para a análise estatística dos dados foi utilizado o programa SPSS 12.0 e

para estabelecer as relações entre as variáveis nominais, os procedimentos

utilizados foram os e o teste do Qui-quadrado. Com o objectivo de determinar

as diferenças entre as equipas vencedoras e derrotadas, os autores recorreram

aos T-test de Student para medidas independentes. O nível de significância foi

estabelecido em p<.05.

No final da análise efectuada, verificou-se que as equipas vencedoras tiveram

mais posses de bola contra diferentes tipos de sistemas defensivos [mista

(X²=6,81, P<0,01), zona press, pressão “Homem a Homem” (X²=34,24,

P<0,01)] do que as equipas derrotadas, que tiveram mais posses de bola

contra defesa “Homem a Homem” (X²=11,74, P<0,01) e zona em meio-campo.

Verificou-se também que os vencedores fizeram mais pontos por posse de

bola contra diferentes sistemas defensivos, enquanto que as equipas

derrotadas, habitualmente, fizeram mais posses de bola sem marcar contra

sistemas defensivos em meio-campo [zona e “Homem a Homem” (X²=5,59,

P<0,05)].

Poder-se-á acrescentar que as equipas vencedoras fizeram um maior número

de passes (zona meio-campo�T=-3,725, P<0,01; defesas mistas�T=-2,258,

P<0,05)) e estiveram mais tempo em posse da bola contra diferentes sistemas

defensivos (“Homem a Homem” campo inteiro�T=-2,348, P<0,05; zona meio-

campo�T=-2,786, P<0,01).

De um modo geral, estas conclusões reflectem que as equipas vencedoras

defendem melhor que as derrotadas em meio-campo, especialmente “Homem

a Homem”, logo, foram alvo de piores lançamentos dos seus adversários e

mais afastados, fizeram mais roubos de bola e conseguiram mais ressaltos

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2. Revisão da Literatura

39

defensivos, o que lhes permitiu ter mais oportunidades de contra-ataque e a

consequente concretização de mais lançamentos fáceis perto do cesto.

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3. Metodologia

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3. Metodologia

43

3.1. Amostra

A nossa amostra foi constituída pelas equipas Séniores da Associação de

Basquetebol do Porto que disputaram o Campeonato Nacional da Liga

Feminina e o Campeonato Nacional da I Divisão Feminina nas épocas

2005/2006 e 2006/2007.

A nossa amostra baseou-se na observação de nove jogos seleccionados

aleatoriamente (Académico FC vs CPN; Académico FC vs CAB Madeira; A.

Aroso vs E.S.A.; CPN vs Ovarense; CPN vs Olivais; Coimbrões vs A. Aroso;

CD Póvoa vs BCP EMPOBOR; CD Póvoa vs CAR Jamor; Coimbrões vs

Marítimo) com respectiva gravação em videocassete para posterior análise,

num total de 617 sequências defensivas, das quais 473 se referem a defesa

em sistema.

É de referir que por razões que se prendem com a danificação de uma

videocassete aquando da conversão em DVD, não foi possível realizar a

análise dos jogos CD Póvoa vs CAR Jamor e Coimbrões vs Marítimo. Uma vez

que esta situação se verificou já numa fase avançada da análise e das

competições, procuramos obter videocassetes junto dos clubes para que a

amostra não fosse diminuta. Assim, foram-nos cedidas duas videocassetes

referentes aos jogos CPN vs Ovarense e CPN vs Olivais supra mencionados,

referentes à época 2005/2006.

De referir também que, devido à elevada diferença de nível e no resultado,

não foram incluídos os dados relativos ao jogo CD Póvoa vs BCP EMPOBOR,

pois estes dados levar-nos-iam a valores outliers que influenciariam

negativamente os resultados.

3.2. Metodologia de Observação

No presente trabalho, será estabelecido que a sequência defensiva de uma

equipa inicia quando se verifica pelo menos uma das seguintes situações:

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3. Metodologia

44

� A equipa perde a posse de bola por:

− Violação;

− Falta ofensiva;

− Passe falhado;

− Perda de ressalto ofensivo após lançamento falhado;

− Perda de bola ao ar;

− Cesto convertido.

Por outro lado, a sequência defensiva de uma equipa termina quando se

verifica pelo menos uma das seguintes situações:

� Um jogador da equipa fica na posse de bola, controlando-a com ambos

os MS’s;

� Um jogador da equipa fica na posse de bola e efectua, pelo menos, dois

contactos consecutivos com a bola;

� Um jogador da equipa executa um passe positivo (permite manter a

posse da bola) ou lança ao cesto;

� Um jogador da equipa adversária comete um erro, infringindo o

regulamento ou colocando a bola fora do campo.

Serão assumidas como parte da mesma sequência defensiva, as situações

que resultem de intervenções defensivas numa bola não controlada, no caso

de a equipa que se encontra em acção ofensiva não perder a posse de bola.

Serão também consideradas como parte da mesma sequência defensiva, as

situações em que a equipa atacante conquista ressalto ofensivo após

lançamento.

Para melhorar o processo de observação e compreensão das imagens e de

forma a reduzir a quantidade de erros de observação, procedemos à repetição

das sequências de imagens em movimento lento.

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3. Metodologia

45

3.3. Etapas da Observação e Análise

O trabalho de observação e análise será realizado a partir das seguintes

etapas:

1ª etapa: registo magnético dos jogos em cassetes vídeo;

2ª etapa: observação e registo dos dados em ficha(s) realizada(s) para o

efeito e no programa de análise de jogo Utilius VS;

3ª etapa: tratamento dos dados;

4ª etapa: análise e interpretação dos dados.

3.4. Selecção das Variáveis

Sequência defensiva (SD):

Toda a acção desenvolvida desde o momento da perda de bola até à sua

recuperação, seja por acção dos defensores (desarme de lançamento, roubo

de bola, intercepção, etc.), por erro do adversário (infracção às leis do jogo ou

má decisão técnico-táctica) ou por cesto do adversário, independentemente do

sistema defensivo utilizado.

Período de jogo (PJ):

Para análise desta variável, procedeu-se à divisão das duas partes do jogo

em quatro períodos, de dez minutos de tempo útil cada um (dois períodos por

cada parte). Se necessário, em caso de igualdade pontual no final do jogo,

tem-se que recorrer a prolongamento(s) de 5 minutos de tempo útil.

As categorias de observação desta variável são indicadas pelos algarismos

de 1 a 5, têm o seguinte significado:

1- Do início do jogo aos dez minutos (0-10);

2- Dos dez minutos até ao fim da primeira parte (10-20);

3- Dos vinte minutos até aos trinta minutos (20-30);

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3. Metodologia

46

4- Dos trinta minutos até ao fim do jogo (30-40);

5- Prolongamento(s) (40-45,...).

Fases da defesa (FD):

Representa a fase da defesa (Araújo, 1996b; Farinha, 2004) em que

decorreram as acções defensivas.

� Recuperação defensiva (RecD) – é a 1ª fase do processo defensivo,

onde se recua para o meio campo defensivo;

� Zona temporária (ZT) – é o espaço de tempo que medeia entre a

recuperação defensiva e a organização defensiva em sistema. Nesta

fase, os jogadores defendem zona, junto da sua área restritiva onde

fizeram a recuperação defensiva;

� Organização defensiva (OD): - é o momento em que, aproveitando uma

paragem de ritmo de jogo, os jogadores ocupam osseus lugares no

sistema defensivo;

� Defesa em sistema (Dsist.) – é a fase do processo defensivo onde a

equipa se encontra organizada em sistema defensivo.

Efectividade numérica no processo defensivo (EN):

Expressa o número de jogadores efectivos no processo defensivo, podendo

acontecer:

� Igualdade numérica (Igual): número de jogadores em processo

defensivo é igual ao número de jogadores de equipa que tem a posse de

bola;

� Superioridade numérica (Sup): quando há a acorrência, temporária, de

um maior número de jogadores em processo defensivo do que em

situação ofensiva;

� Inferioridade Numérica (Inf): quando há a ocorrência, temporária, de um

menor número de defensores relativamente ao número de atacantes.

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3. Metodologia

47

Resultado da sequência defensiva (RSD):

Representa o resultado da sequência defensiva. Para a sua observação

foram usadas duas categorias:

� Com êxito (CE) – quando a sequência termina com a recuperação da

bola por parte da defesa sem haver cesto convertido;

� Sem êxito (SE) – quando a bola é recuperada após cesto do adversário.

Tipo de organização defensiva (TOD):

Representa a forma como os jogadores de uma equipa, em oposição ao

ataque, desenvolvem o processo defensivo, procurando por um lado evitar a

progressão e finalização do adversário, por outro a recuperação da posse de

bola.

Para observação desta variável foram consideradas as seguintes referências,

com base em Warren & Chapman (1992) e no protocolo de Garganta (1997):

1- Tipo de oposição – representa a forma activa ou passiva como a equipa

que defende procura opor-se à manutenção da posse de bola, à progressão do

adversário no terreno e à finalização;

2- Colocação dos jogadores no terreno, relativamente à “linha da bola”.

Defesa activa (DA)

Oposição activa, procura activa da bola no meio campo defensivo, marcação

pressionante sobre o portador da bola.

Defesa passiva (DP)

Oposição passiva, no meio campo defensivo, não existindo procura activa da

bola.

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3. Metodologia

48

Pressing (Press)

O pressing é uma acção defensiva de “opressão” exercida em particular

sobre o portador da bola, de modo a retirar-lhes espaço e tempo para agir. Não

é uma acção individual, mas de grupo e colectiva (Garganta, 1997).

Neste sentido, a acção de pressing, implica oposição activa, com uma

procura activa e rápida pela posse de bola no meio campo defensivo (ou todo o

campo), criando superioridade numérica junto do portador da bola.

Sistemas defensivos (SistD):

Esta variável permite identificar a maneira como os jogadores ocupam o

sistema defensivo na fase de organização, no meio campo defensivo.

Comas (1991) e Araújo (1996b), referem os seguintes sistemas defensivos

como os mais utilizados:

− Defesa individual – saltar e trocar; de flutuação; de antecipação; de

intensidade mista;

− Defesa à zona – 2-3 (2-1-2); 3-2; 1-3-1; 1-2-2;

− Defesas mistas – “Box and one” (caixa de 4+1); triângulo + 2.

Acções de recuperação da bola (ARB)

� Roubo de bola (Rb): representa a forma de recuperação da posse de

bola sobre um adversário em posse desta, em situação de 1x1, para

ficar claramente de posse de bola;

� Intercepção (I): representa a acção desenvolvida por um jogador que

se interpõe na trajectória da bola, quando esta é passada entre

jogadores da equipa adversária. Para ser considerada, o jogador que

realiza esta acção terá de ficar categoricamente com a posse da bola;

� Pressão defensiva (PD): representa a acção defensiva desenvolvida

pelos jogadores ou pela equipa sem bola com o objectivo de limitar o

espaço e o tempo que o jogador adversário dispõe, com a bola, para

realizar as suas acções. Deste modo, tenta-se que o adversário perca

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3. Metodologia

49

a bola através de um erro técnico ou falta ao regulamento técnico, ou

para qualquer outro jogador da equipa sem posse de bola;

� Erro cometido (EC): representa a forma de recuperação da posse de

bola, resultado de uma má execução técnica (passe, drible, recepção),

infracção regulamentar (forma de jogar a bola, dribles, apoios, três

segundos na área restritiva, cinco segundos com a bola nas mãos,

falta do atacante, pisar a linha final ou lateral) de um jogador

adversário;

� Ressalto defensivo (Rd): representa a forma de recuperação da posse

de bola após um lançamento da equipa adversária, podendo ser

devolvido pelo aro, tabela, ou directamente para o defensor;

� Após finalização (AF): representa a forma de recuperação da posse de

bola após cesto adversário;

� Após outras situações (AOS): representa a forma de recuperação da

posse de bola em todas as situações não mencionadas anteriormente

e cuja frequência não é elevada. São exemplos desta categoria, a

recuperação da bola após bola presa, início de cada período de jogo

ou após uma sanção disciplinar.

Acções defensivas (AD):

Consideram-se acções defensivas todas aquelas que têm lugar durante o

processo defensivo. Dividimo-las em duas grandes áreas:

Anti-regulamentares (ADAR) - são consideradas todas aquelas em que os

árbitros assinalem irregularidades técnicas e disciplinares.

Regulamentares (ADR) - todas as outras acções com o propósito de

recuperar a posse de bola ou impedir o cesto adversário.

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3. Metodologia

50

Zona de recuperação da posse de bola (ZRPB):

Representa a zona do campo (meio campo defensivo) onde a equipa

recupera a posse de bola (todas as sequências defensivas que não acabem

após finalização do adversário).

Consideramos como local de recuperação da posse de bola uma das nove

zonas do campograma (adaptado de Mikes, 1987; Oliveira 1993; Silva, 1996;

Cruz & Tavares, 1998; Farinha, 2004).

Figura 4. Campograma da zona de recuperação da posse de bola (Mikes,1987)

A primeira faixa situa-se acima da linha de lance livre e compreende três

zonas: duas laterais (2 e 5) e uma central (1).

A segunda faixa situa-se entre a linha de lance livre e uma paralela que

intercepta a projecção vertical da parte anterior do aro. Esta faixa inclui ainda

três zonas delimitadas pelas linhas da área restritiva: duas exteriores (3 e 6) e

uma interior (9).

Por fim, a terceira faixa compreendida entre o limite da segunda faixa e a

linha final. Dela fazem parte, à semelhança da segunda faixa, três zonas (4 e 7

exteriores e 8 interior), embora de menores dimensões.

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3. Metodologia

51

Zona de ocorrência de finalização adversária (ZOFA) e pressão na bola no

momento do lançamento (PBML):

Estas variáveis indicam o local do lançamento da equipa adversária e se este

tem pressão no momento da sua realização.

Os lançamentos, quanto às zonas de finalização, foram registados utilizando

o campograma concebido por Mikes (1987) (o mesmo utilizado para ZRPB).

A pressão na bola no momento do lançamento foi observada a partir das

seguintes categorias:

0. Sem pressão na bola;

1. Pressão na bola com um jogador;

2. Pressão na bola com dois jogadores.

Tempo de realização da defesa (TRD):

É o intervalo de tempo em que decorre a acção defensiva da equipa desde

a perda da posse de bola até à recuperação da mesma (primeiro contacto com

a bola de um jogador que fique em posse desta).

Para a observação desta variável definimos cinco categorias indicadas

pelos números 1 a 5 e com o seguinte significado:

1. Entre os zero e os cinco segundos;

2. Entre os seis e os dez segundos;

3. Entre os onze e os quinze segundos;

4. Entre os dezasseis e os vinte segundos;

5. Mais do que vinte segundos.

A razão que presidiu à escolha das cinco categorias consideradas prende-

se com a própria designação dos métodos de jogo ofensivo podendo fazer

corresponder: 1 – contra-ataque simples; 2 – contra-ataque apoiado; 3 –

ataque rápido; 4 e 5 – ataque posicional.

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3. Metodologia

52

Meios tácticos no processo defensivo (MT)

Para a observação e registo dos dados referentes às acções defensivas (no

meio campo defensivo e em defesa em sistema), realizadas pelos jogadores no

decurso do jogo, foi elaborada uma grelha de observação com concepção

própria (adaptado de Mendes, 1999).

As categorias de observação foram organizadas tendo por base os

seguintes aspectos da defesa:

− Técnica individual defensiva;

− Táctica individual, de grupo e colectiva.

As grelhas de observação foram elaboradas com 7 e 8 categorias de

observação, defesa zona e individual, respectivamente:

− Defesa do jogador com bola (individual e zona);

− Defesa do jogador sem bola do lado da bola (individual e zona);

− Defesa do jogador sem bola do lado contrário (individual e zona);

− Defesa do poste (individual e zona);

− Defesa do passe e corte (individual);

− Bloqueio defensivo (individual e zona);

− Defesa dos bloqueios (individual e zona);

− Coesão/Trabalho de equipa (individual e zona).

Para cada uma das categorias acima mencionadas foram estabelecidas

subcategorias que estão presentes nas fichas de registo dos dados e que são

apresentadas em anexo.

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3. Metodologia

53

3.5. Fiabilidade da Observação

De forma a assegurar a validade da informação recolhida, verificamos a

consistência da observação, comparando as observações intra-observação.

Neste sentido, repetimos a observação das diversas categorias em análise,

do primeiro período do jogo A. Aroso vs E.S.A. Comparou-se os resultados das

duas observações com um intervalo de um mês.

A fiabilidade da observação resulta da relação percentual, entre acordos e

desacordos registados, segundo a fórmula de Bellack et al. (1966).

% de acordos= ___________nº acordos____________ x 100

nº acordos + nº desadordos

Através da análise dos quadros, podemos verificar que as observações

podem ser consideradas fiáveis, dado todos os valores registados serem

superiores a 80%.

Quadro 3. Resultado do Estudo da Fiabilidade das Observações: meios tácticos no processo defensivo.

1ª Observação 2ª Observação

Defesa HxH Defesa Zona Defesa HxH Defesa Zona % Acordos

Categorias Corr. Erro Corr. Erro Corr. Erro Corr. Erro HxH Zona

1 60 15 -- -- 61 14 -- -- 97,4 --

2 21 9 -- -- 21 9 -- -- 100 --

3 299 36 -- -- 315 28 -- -- 93,1 --

4 18 6 -- -- 17 6 -- -- 95,8 --

5 63 9 -- -- 70 12 -- -- 87,8 --

6 45 12 -- -- 45 15 -- -- 95 --

7 48 12 -- -- 51 14 -- -- 92,3 --

8 18 0 -- -- 18 0 -- -- 100 --

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3. Metodologia

54

Quadro 4. Resultado do Estudo da Fiabilidade das Observações: caracterização geral das sequências defensivas.

Variáveis 1ª Observ. 2ª Observ. % Acordos

Efectividade numérica no processo defensivo 19 19 100%

Resultado da sequência defensiva 19 19 100%

Tipo de organização defensiva 19 18 94,7%

Sistemas defensivos 19 19 100%

Acções de recuperação da bola 19 19 100%

Acções defensivas 19 19 100%

Zona de recuperação da posse de bola 19 17 89,5%

Zona de ocorrência de finalização adversária 19 16 84,2%

Tempo de realização da defesa 19 19 100%

3.6. Procedimentos Estatísticos

A análise dos dados das sequências defensivas foi efectuada a partir da

estatística, utilizando-se a distribuição de frequências e respectivas

percentagens.

O tratamento estatístico foi realizado com recurso à utilização do programa

SPSS 14.0 para Windows.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

57

Ao longo do presente capítulo apresentamos os dados recolhidos e

fazemos a discussão dos mesmos.

4.1. Resultado das Sequências Defensivas/Tipo de Organização

Defensiva/Acções Defensivas

0

10

20

30

40

50

60

%

CE SE

Resultado Sequência Defensiva

Gráfico 1. Distribuição percentual para o resultado das sequências defensivas.

Resultado da Sequência Defensiva

Quadro 5. Valores absolutos e percentagens do resultado das sequências defensivas (CE- com êxito; SE – sem êxito).

Frequência Percentagem (%) Percentagem acumulada (%)

CE 275 58,1 58,1 SE 198 41,9 100,0

Total 473 100,0

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

58

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

%

DA DP Press

Tipo de Organização Defensiva

Gráfico 2. Distribuição percentual para o tipo de organização defensiva.

Tipo de Organização Defensiva

Quadro 6. Valores absolutos e percentagens do tipo de organização defensiva (DA – defesa activa; DP – defesa passiva; Press – defesa pressionante).

Frequência Percentagem (%) Percentagem acumulada (%)

DA 397 83,9 83,9 DP 29 6,1 90,1

Press 47 9,9 100,0 Total 473 100,0

No que concerne às resultado das sequências defensivas, verificamos que

estas obtiveram êxito em 58,1% das situações, o que poderá ser explicado pela

igualdade numérica, que permite uma quantidade significativa de situações de

oposição e pressão sobre o portador da bola aquando da realização do drible,

passes e lançamentos (Araújo, 1996b; Dumas, 2002; Ferreira, 2003; Jardel,

2003; Messina & Molin, 2003; Molino, 2003; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004;

Sarkis, 2004), assim como pela percentagem de situações em que verificamos

que, quanto à sua organização, a defesa se mostrava activa (83,9%) ou

pressionante (9,9%). Como indica Haubrich (1992) e se verifica nos resultados

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

59

de Silva (1998), estes aspectos fazem baixar as percentagens de lançamento,

o que conduz inevitavelmente ao aumento do sucesso da acção defensiva.

Esta atitude agressiva demonstrada ganha maior relevo se acrescentarmos o

facto de 87,3% das acções defensivas terem ocorrido respeitando as leis do

jogo.

Acções Defensivas

Quadro 7. Valores absolutos e percentagens do tipo de acções defensivas (ADAR – acção defensiva anti-regulamentar; ADR – acção defensiva regulamentar).

Frequência Percentagem (%) Percentagem acumulada (%)

ADAR 60 12,7 12,7 ADR 413 87,3 100,0 Total 473 100,0

Resultados de estudos baseados nas estatísticas de jogo mostraram que,

frequentemente, são elementos defensivos - como o ressalto defensivo, roubos

de bola ou o menor número de faltas - as variáveis com poder discriminatório

relevantes enquanto indicadores da performance (Sampaio, 1998, 2001; De

Rose JR et al., 2002) e que determinam uma maior ou menor percentagem de

êxito no resultado da sequência defensiva o que, segundo os resultados de

Farinha (2004), poderá reflectir a diferença de nível entre equipas.

Estes resultados reforçam a ideia de que num desporto colectivo se joga,

eventualmente, mais sem bola que na sua posse (Balbino, 2001; Morato,

2004), quer para construir acções ofensivas, quer para recuperar e executar

acções defensivas, procurando evitar que o adversário atinja o seu objectivo

(Comas, 1991).

Esta supremacia da defesa, para além de mostrar a sua maior consistência

em relação ao ataque (Comas, 1991), revela-se fundamental para o sucesso

competitivo de qualquer equipa, tal como referem Comas (1991), Escudero

López (2002) e Farinha, (2004).

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

60

4.2. Sistemas Defensivos

0

10

20

30

40

50

60

70

80

%

DInd DMist DZona

Sistemas Defensivos

Gráfico 3. Distribuição percentual dos sistemas defensivas.

Sistemas Defensivos

Quadro 8. Valores absolutos e percentagens dos sistemas defensivos (DInd – defesa individual; DMist – defesa mista; DZona – defesa zona).

Frequência Percentagem (%) Percentagem acumulada (%)

DInd 359 75,9 75,9 DMist 3 0,6 76,5 DZona 111 23,5 100,0 Total 473 100,0

Como foi constatado por diversos autores (Farinha, 2004; Gómez et al.,

2006), também nas equipas séniores femininas da ABP, o sistema defensivo

mais utilizado é a defesa individual em 75,9% das acções defensivas, seguido

de um valor muito menor por parte da defesa zonal em 23,5% das situações.

Esta esmagadora preferência pela defesa individual parece-nos natural, uma

vez que este tipo de defesa está na base da formação e desenvolvimento de

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

61

qualquer jogador e também devido ao cepticismo com que alguns treinadores

encaram outros tipos de defesa, já que é mais fácil responsabilizar os

jogadores numa defesa individual e incutir maior agressividade. Por tudo isto,

Comas (1991), Araújo (1996a) e Farinha (2004) consideram haver maior

dificuldade em transmitir e aperfeiçoar a defesa zona ao nível psicológico.

Os dados do trabalho desenvolvido por Silva em 1998, revelam-se bastante

diferentes, uma vez que o tipo de sistema defensivo mais comum foi a defesa

zona, com 56% das ocorrências, seguida de imediato pela defesa individual

(41%). Isto poderá ser explicado pelo facto de a amostra se referir a equipas

juniores que apresentam, normalmente, piores percentagens de eficácia ao

nível do lançamento exterior, o que justifica a opção dos treinadores.

Numa análise mais concreta, podemos afirmar que a equipa do CPN é a

única a recorrer à defesa zona (23,5%), sempre em zona 2-3 e mista (“box and

one”, 0,6%). Tendo a defesa zona como sistema de organização defensiva

principal, o CPN recorre com relativa frequência a diferentes sistemas

defensivos, em função do adversário e do momento do jogo.

Considerando que a equipa do CPN foi aquela que, sendo uma das poucas

equipas da ABP, e da nossa amostra, a disputar o escalão máximo do

basquetebol sénior feminino português, obteve melhor classificação, poderá

apoiar Araújo (1996a) e Sarkis (2004) quando afirmam que o trabalho de

diferentes sistemas defensivos pode ser uma importante arma para o sucesso

competitivo de uma equipa. Segundo estes autores, este aspecto confere às

equipas maior imprevisibilidade defensiva, bem como capacidade de se

adaptar às características dos adversários.

A vantagem da imprevisibilidade, assim como a menor experiência por parte

dos adversários em defrontar defesas zonais, é reforçado com os dados abaixo

referidos no quadro 9, uma vez que a percentagem de êxito da defesa zona

cifra-se nos 63,1% (70 situações em 111), enquanto que na defesa individual

fica pelos 56,8% (204 situações em 359). O facto de, relativamente ao tipo de

organização defensiva, a defesa zona se ter apresentado como defesa activa

com valores percentuais (87,4%) ligeiramente superiores aos da defesa

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

62

individual (82,7%) também terá contribuído para o seu sucesso (quadro 10),

muito embora se verifique 13,1% de situações de defesa individual

pressionante.

Nas três situações em que se verificou a ocorrência de uma defesa mista, o

insucesso da defesa foi superior ao sucesso, quando em duas (66,7%) das três

situações não foi atingido o objectivo defensivo, embora a reduzida quantidade

de situações registadas não permitam retirar conclusões relevantes dos

resultados.

Sistemas Defensivos vs Resultado da Sequência Defensiva – Cruzamento

de dados

Quadro 9. Valores absolutos e percentagens do cruzamento de dados entre os resultados dos sistemas defensivos e do resultado da sequência defensiva (DInd – defesa individual; DMist – defesa mista; DZona – defesa zona; CE – com êxito; SE – sem êxito).

Resultado da Sequência Defensiva

CE % êxito SE % êxito Total

Sistemas Defensivos DInd 204 56,8 155 43,2 359 DMist 1 33,3 2 66,7 3 DZona 70 63,1 41 36,9 111

Total 275 -- 198 -- 473

Sistemas Defensivos vs Tipo de Organização Defensiva – Cruzamento de

dados

Quadro 10. Valores absolutos e percentagens do cruzamento de dados entre os resultados dos sistemas defensivos e do tipo de organização defensiva (DInd – defesa individual; DMist – defesa mista; DZona – defesa zona; DA – defesa activa; DP – defesa passiva; Press – defesa pressionante).

Tipo de Organização Defensiva DA % DP % Press %

Total

Sistemas Defensivos

DInd 297 82,7 15 4,2 47 13,1 359

DMist 3 100 0 0 0 0 3 DZona 97 87,4 14 12,6 0 0 111 Total 397 -- 29 -- 47 -- 473

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

63

4.3. Acções de Recuperação da Bola

0

5

10

15

20

25

30

35

40

%

AF AOS EC I PD Rb Rd

Acções de Recuperação da Bola

Gráfico 4. Distribuição percentual para as acções de recuperação de bola.

Acções de Recuperação da Bola

Quadro 11. Valores absolutos e percentagens das acções de recuperação de bola (AF – após finalização; AOS – após outras situações; EC – erro cometido; I – intercepção; PD – pressão defensiva; Rb – roubo de bola; Rd – ressalto defensivo).

Frequência Percentagem (%) Percentagem acumulada (%)

AF 180 38,1 38,1 AOS 12 2,5 40,6 EC 49 10,4 51,0 I 29 6,1 57,1

PD 11 2,3 59,4 Rb 28 5,9 65,3 Rd 164 34,7 100,0

Total 473 100,0

Relativamente à recuperação da posse de bola, tendo em conta que, como

foi referido anteriormente nesta análise, 41,9% das acções defensivas não

obtiveram êxito na tentativa de impedir a concretização atacante, pelo que a

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

64

recuperação da posse de bola se verificou após a finalização (AF) adversária

(38,1%).

Quando analisadas as situações em que defesa conseguiu o objectivo de

impedir a marcação de pontos por parte do ataque, efectivamente o ressalto

defensivo (RD) é a acção de recuperação de posse de bola mais frequente

com 34,7%, à semelhança dos resultados de diversos autores (Sampaio, 1998,

2001; De Rose JR et al., 2002; Farinha 2004; Gómez et al, 2006), seguido das

situações de erros cometidos (EC) por parte do ataque, com 10,4%.

Para este resultado, o contributo do bloqueio defensivo é fundamental e um

princípio indispensável para uma boa defesa (Araújo, 1977, 1996a, 1996b;

Comas; 1991; Haubrich, 1992; Messina, 1996; Dumas, 2002; Ferreira, 2003;

Jardel, 2003; Molino, 2003; Farinha, 2004; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004;

Sarkis, 2004), já que permitem ganhar mais ressaltos, que são uma importante

fonte municiadora do contra-ataque (Araújo, 1996b; Cruz & Tavares, 1998).

Estes valores poderão levar-nos a concluir que o sucesso da defesa não se

verifica necessariamente em acções directas como os roubos de bola,

intersepções ou mesmo “contras”, mas sim no condicionar das acções de

ataque através de uma atitude agressiva e pressionante obrigando o adversário

a cometer erros e a realizar lançamentos forçados e/ou em condições de maior

dificuldade, baixando as percentagens de lançamento (Haubrich, 1992), o que

vai de encontro às orientações dadas por Araújo (1977, 1996b) para o

basquetebol português e às posições de vários outros autores (Comas, 1991;

Dumas, 2002; Ferreira, 2003; Jardel, 2003; Messina & Molin, 2003; Mutapcic,

2004; Purnell, 2004; Sarkis, 2004; Garcia, 2006). A maior utilização da defesa

individual não será alheia a este facto, já que é um sistema defensivo que,

geralmente, procura ser mais pressionante, principalmente sobre o portador da

bola (Araújo, 1996b; Dumas, 2002; Ferreira, 2003; Jardel, 2003; Messina &

Molin, 2003; Molino, 2003; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004; Sarkis, 2004).

A reforçar esta ideia está a diferença entre o somatório dos valores de

ressalto defensivo com os de erros cometidos (�Rd,EC=45,1%) e a soma dos

valores das intersecções (I - 6,1%) com os de roubos de bola (Rb – 5,9%)

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

65

(�I,Rb=12%), diferença esta que se traduz em 33,1%. Este aspecto contraria

alguns trabalhos que mostram que os roubos de bola e as intercepções são

duas das mais frequentes acções de recuperação da posse de bola

(Fernandes, 2002; Gómez et al, 2006).

A sublinhar a característica pressionante da defesa individual, está o quadro

12, referente ao cruzamento dos dados do tipo de sistema defensivo com a

forma de recuperação da posse de bola. Isto porque, apesar de o ressalto

defensivo ser a forma de recuperação mais frequente, tanto para a defesa

individual como para a defesa zona, com 32% e 43,2% respectivamente, a

recuperação da posse de bola devido a erros cometidos pelo adversário

adquire maior relevância na defesa individual do que na defesa zona, com

11,4% de ocorrências.

Sistemas Defensivos vs Acções de Recuperação da Bola – Cruzamento

de dados

Quadro 12. Valores absolutos e percentagens do cruzamento de dados entre o tipo de sistema defensivo e as acções de recuperação da bola (DInd – defesa individual; DMist – defesa mista; DZona – defesa zona; AF – após finalização; AOS após outras situações; EC – erro cometido; I – intercepção; PD – pressão defensiva; Rb – roubo de bola; Rd – ressalto defensivo).

Acções de Recuperação da Bola

AF % AOS % EC % I % PD % Rb % Rd % Total

Sistemas Defensivos

DInd 140 38,9 8 2,2 41 11,4 26 7,2 9 2,5 20 5,6 115 32 359

DMist 2 0 0 0 0 0 1 3 DZon

a 38 4 8 3 2 8 48 111

Total 180 12 49 29 11 28 164 473

De referir ainda que os resultados verificados como AOS (após outras

situações) e com o valor de 2,5% se refere na totalidade a situações em que o

ataque não é concluído devido ao término do tempo de jogo ou porque o

lançamento adversário foi directamente para fora das linhas limite do campo.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

66

4.4. Zona de Recuperação da Posse de Bola

0

5

10

15

20

25

%

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Zona de Recuperação da Posse de Bola

Gráfico 5. Distribuição percentual para as zonas de recuperação de recuperação da posse de

bola.

Zona de Recuperação da Posse de Bola

Quadro 13. Valores absolutos e percentagens das zonas de recuperação da posse de bola (de 1 a 9 de acordo com as áreas definidas no campograma).

Frequência Percentagem (%) Percentagem acumulada (%)

182 38,5 38,5 1 8 1,7 40,2 2 17 3,6 43,8 3 20 4,2 48,0 4 10 2,1 50,1 5 13 2,7 52,9 6 16 3,4 56,2 7 16 3,4 59,6 8 96 20,3 79,9 9 95 20,1 100,0

Total 473 100,0

À semelhança do sucedido no trabalho de Farinha, em 2004, as duas zonas

mais frequentes de recuperação da posse de bola são as zonas mais próximas

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

67

do cesto, 8 e 9, com percentagens bastante aproximadas (20,3% e 20,1%

respectivamente).

Considerando o ressalto defensivo como a acção de recuperação da posse

de bola mais frequente (34,7%), o resultado relativo à zona de recuperação da

posse de bola está inevitavelmente relacionado com as zonas de ocorrência de

finalização adversária, abaixo indicadas (gráfico 6 e quadro 14), já que estas

também se verificaram principalmente dentro da área restritiva (zonas 8, 9 e 1).

A pouca utilização da defesa zona, que conduz a uma maior quantidade de

lançamentos mais afastados do cesto, como mostram os resultados obtidos por

Cruz & Tavares em 1998 para a equipa portuguesa e os resultados dos

estudos de Silva (1998), também pesam nesta constatação.

A terceira zona onde se verificou mais ocorrências surge já com um valor

muito inferior e semelhante às restantes zonas menos frequentes, é a zona 3

com 4,2%.

4.5. Zona de Ocorrência de Finalização Adversária

0

5

10

15

20

25

%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 NA

Zona de Ocorrência de Finalização Adversária

Gráfico 6. Distribuição percentual para as zonas de ocorrência de finalização adversária.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

68

Zona de Ocorrência de Finalização Adversária

Quadro 14. Valores absolutos e percentagens das zonas de ocorrência de finalização adversária (de 1 a 9 de acordo com as áreas definidas no campograma; NA – não aplicável).

Frequência Percentagem (%) Percentagem acumulada (%)

1 76 16,1 16,1 2 29 6,1 22,2 3 25 5,3 27,5 4 11 2,3 29,8 5 41 8,7 38,5 6 26 5,5 44,0 7 13 2,7 46,7 8 61 12,9 59,6 9 75 15,9 75,5

NA 116 24,5 100,0 Total 473 100,0

Relativamente à zona de ocorrência de finalização adversária, as zonas 1, 9

e 8 foram aquelas de onde os adversários mais lançaram com 16,1%, 15,9% e

12,9% respectivamente, o que reflecte a pouco frequente utilização da defesa

zona que conduz a lançamentos mais afastados do cesto (Cruz & Tavares,

1998; Silva, 1998).

A zona 1 surge como a zona mais utilizada pelos adversários para alvejar o

cesto, já que foram também considerados os lançamentos da linha de lances-

livres para este aspecto.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

69

4.6. Tempo de Realização da Defesa

0

5

10

15

20

25

30

35

40

%

1 2 3 4 5

Tempo de Realização da Defesa

Gráfico 7. Distribuição percentual para a duração das sequências defensivas.

Tempo de Realização da Defesa

Quadro 15. Valores absolutos e percentagens relativas à duração das sequências defensivas (1 – 0’’-5’’; 2 – 6’’-10’’; 3 – 11”-15’’; 4 – 16’’-20’’; 5 – >20’’).

Frequência Percentagem (%) Percentagem acumulada (%)

1 3 0,6 0,6 2 54 11,4 12,1 3 175 37,0 49,0 4 143 30,2 79,3 5 98 20,7 100,0

Total 473 100,0

De todas as formas de organização ofensiva, o ataque posicional (AP) é

naturalmente aquele que requer um maior período de tempo para ser levado a

cabo. Assim, a defesa em sistema que se lhe opõe também terá uma duração

média superior à defesa do contra-ataque ou do jogo de transição, por

exemplo.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

70

Desta maneira, parece-nos lógico que no nosso estudo as categorias 3 (entre

os onze e os quinze segundos), 4 e 5 sejam as mais frequentes das situações

verificadas com 37%, 30,2% e 20,7%, respectivamente, das acções defensivas

da nossa análise. Em relação a esta variável, no estudo de Farinha (2004), o

intervalo de tempo com mais registos verificados para o AP, é também o que

vai dos onze aos quinze segundos.

Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Cruz & Tavares

(1998), já que o período de tempo de duração mais frequente nos AP da

equipa vencedora situa-se entre os 13 e os 18 segundos. Tendo em conta que

nesta altura, a equipa portuguesa realizava os seus AP principalmente no

intervalo 1 a 6 segundos e o período menos frequente era o de duração 13 a

18 segundos, podemos verificar uma evolução neste aspecto, relativamente ao

ataque das equipas nacionais. Mais tarde, no estudo realizado por Fernandes

(2002), o período mais frequente para o AP da equipa portuguesa tinha a

duração entre 7 e 12 segundos, o que mostra que a evolução referida

anteriormente foi progressiva.

4.7. Análise das Acções Defensivas Realizadas em Situação de

Jogo

4.7.1. Estudo da totalidade de categorias observadas

Começamos por apresentar os valores absolutos e percentagens de acções

realizadas correctamente para cada uma das categorias observadas, tanto

para a defesa individual como para a defesa zona. Cada categoria inclui o

somatório das ocorrências em cada subcategoria que a compõe.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

71

Quadro 16. Valor absoluto (Va) e percentagem (%) das acções realizadas correctamente

na defesa do jogador com bola (DJCB), defesa do jogador sem bola do lado da bola (DS),

defesa do jogador sem bola do lado contrário (DA), defesa do poste (DP), defesa do passe

e corte (DPC), bloqueio defensivo (BD), defesa dos bloqueios (DB), coesão/trabalho de

equipa (CTE), para a defesa individual (DInd) e zona (DZona).

DJCB DS DA DP DPC BD DB CTE

DInd

Va 1527 514 2747 273 745 629 646 299

% 69% 62,1% 70,8% 52% 84,1% 71,3% 73,2% 83,5%

DZona

Va 854 253 702 138 -- 178 11 202

% 66,3% 59,3% 85,7% 56,1% -- 74,8% 28,2% 90,9%

Nos dados referentes à defesa individual, verificamos que a percentagens

são na sua totalidade acima dos 50%, como acontece no estudo de Farinha

(2004) para as equipas melhor classificadas.

No que diz respeito à defesa zona, embora a maioria das categorias tenham

percentagens de execução correctas acima dos 50%, verifica-se uma excepção

quanto à defesa dos bloqueios, uma vez que a maioria dos bloqueios

verificados contra sistemas defensivos zonais, são “bloqueios cegos”, com um

grau de dificuldade muito superior.

De realçar pela positiva os valores registados ao nível da coesão/trabalho de

equipa tanto para defesa individual como para defesa zona, com valores

percentuais de 83,5% e 90,9% respectivamente. Quando comparados com os

mesmos valores no estudo de Farinha (2004), os do nosso estudo assumem

resultados muito superiores, o que poderá dever-se à diferença de género, uma

vez que o género feminino realiza tendencialmente com maior cuidado e

perfeição as suas tarefas.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

72

4.7.2. Defesa do Jogador com Bola (DJCB)

O quadro 17 é referente às situações de defesa ao jogador com bola em

situação de defesa individual nas seis subcategorias definidas.

Quadro 17. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DJCB

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC1 – mantém enquadramento

bola/cesto; SC2 – desvia o atacante para a linha lateral; SC3 – ajuda defensiva dos

companheiros e/ou a realização de 2x1; SC4 – pressiona, reduzindo a distância ao jogador

com bola; SC5 – perturba os passes e lançamentos; SC6 – eleva o braço mais próximo do

atacante para contestar o lançamento).

SC1 SC2 SC3 SC4 SC5 SC6

Va E 115 422 61 25 18 44 R 555 241 305 57 64 305 Total 670 663 366 82 82 349

% E 17,2% 63,7% 16,7% 30,5% 21,9% 12,6% R 82,8% 36,3% 83,3% 69,5% 78,1% 87,4%

No que diz respeito às subcategorias integrantes na categoria da defesa do

jogador com bola, podemos verificar que a maioria das subcategorias

apresenta uma percentagem de acções realizadas correctamente, acima dos

60%. Isto vai de encontro à opinião de vários autores (Araújo, 1996b; Dumas,

2002; Ferreira, 2003; Jardel, 2003; Messina & Molin, 2003; Molino, 2003;

Mutapcic, 2004; Purnell, 2004; Sarkis, 2004) que defendem uma pressão

constante sobre o portador da bola.

Apenas em SC2 se verifica uma percentagem de erros superior (63,7%) em

relação às execuções correctas. Isto mostra um frequente descuido, mera

dificuldade em cumprir com o condicionamento do atacante sem ser

ultrapassado, ou a incapacidade dos jogadores corresponderem a uma das

tarefas defensivas que exigem mais concentração, paciência e disciplina

(Comas, 1991; Dumas, 2002; Ferreira, 2003). Acontece também uma violação

a um dos princípios base defendidos por diversos autores para a construção de

uma boa defesa (Araújo, 1977, 1996b; Comas, 1991; Dumas, 2002; Ferreira,

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

73

2003; Jardel, 2003; Messina & Molin, 2003; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004;

Sarkis, 2004; Garcia, 2006). No estudo de Mendes (1999) não se verificou esta

situação, apesar de a percentagem de erros ser de quase 40%.

Este aspecto deve ser tido em conta uma vez que, de todos os aspectos por

nós estudados com o erro a sobressair, é o que apresenta maior frequência

(Va – 663), ocorrendo na quase totalidade das sequências defensivas e

obtendo a segunda percentagem de erro mais alta.

Pela positiva e embora durante o jogo existam menos oportunidades (Va –

349) de se verificarem se os defensores do jogador com bola, no acto de

lançamento, realizam ou erram no que diz respeito à oposição ao lançamento,

podemos constatar que a esmagadora maioria dos lançamentos são

contestados pelo defensor (87,4%). Isto reflecte o princípio defendido pela

generalidade dos treinadores e investigadores quanto à agressividade e

pressão aquando da defesa individual (Araújo, 1996b; Ferreira, 2003).

Deste modo, consideramos que este aspecto terá contribuído de forma

significativa para que o ressalto defensivo tenha sido a forma de recuperação

de bola mais importante.

Quadro 18. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DJCB

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DZona (SC1 – mantém enquadramento

bola/cesto; SC2 – pressiona o atacante, perturba os passes e lançamentos; SC3 – desvia o

atacante para a linha lateral; SC4 – após passe, recupera rapidamente a posição defensiva

respectiva e ajuda sobre a posição da bola).

SC1 SC2 SC3 SC4

Va E 58 143 224 10 R 291 205 112 246 Total 349 348 336 256

% E 16,6% 41,1% 66,7% 3,9% R 83,4% 58,9% 33,3% 96,1%

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

74

Numa análise semelhante em relação à defesa zona, verificamos que a

mesma acção incorre numa percentagem superior de erros em comparação

com as acções correctas, sendo que em 66,7% das ocasiões, o defensor não

procurou desviar o atacante para a linha lateral, ao contrário dos resultados do

estudo de Farinha (2004), em que este aspecto obteve uma percentagem de

acções correctamente realizadas superior à dos erros tanto para a defesa

individual como para a defesa zona.

Coincidindo com o mesmo trabalho de Farinha (2004), a subcategoria SC4 é

a que apresenta maior percentagem de acções correctas (%SC4 – 96,1%), o

que denota um perfeito esclarecimento por parte dos atletas acerca da sua

área de responsabilidade.

De um modo geral, podemos referir que as principais preocupações

defensivas na defesa do jogador com bola se centram nas noções de

enquadramento, ajuda defensiva, oposição ao lançamento e responsabilidade

individual ou pela sua área. A defesa do driblador é a que apresenta

prestações mais fracas pela falta de condicionamento do atacante, conduzindo

para a linha lateral.

A menor percentagem de massa muscular no sexo feminino poderá ter aqui

alguma influência, no sentido em que a posição defensiva ao requerer uma

posição corporal baixa com afastamento e flexão dos membros inferiores, exige

um grande esforço muscular, mais ainda quando são necessários

deslocamentos rápidos.

4.7.3. Defesa do Jogador Sem Bola do Lado da Bola (DS)

O quadro 19 corresponde às situações de defesa ao jogador sem bola do

lado da bola em situação de defesa individual nas subcategorias SC7 e SC8 e

em ambas, verifica-se que foram realizadas com percentagens de acções

correctas superiores às dos erros.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

75

Quadro 19. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DS

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC7 – contesta a linha de 1º passe;

SC8 – defende cortes nas costas à sobremarcação).

SC7 SC8

Va E 303 11 R 469 45 Total 772 56

% E 39,2% 19,6% R 60,8% 80,4%

Na pressão sobre a primeira linha de passe, verificamos que o valor absoluto

de realização é significativo (Va – 469), o que mostra o trabalho realizado neste

aspecto de acordo com o que sugerem diferentes autores (Araújo 1996; Jardel,

2003; Messina & Molin, 2003; Molino, 2003; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004),

mas a percentagem pouco elevada (60,8%), deve-se à flutuação da maioria

dos defensores na procura de ajudar na penetrações em drible e mostra

também o receio da defesa em sofrer cortes nas suas costas, o que acabou por

ocorrer em poucas ocasiões (Va – 56).

Nas situações em que se verificaram os cortes nas costas à sobremarcação,

estes foram correctamente defendidos, em 80,4% das vezes.

Resultados diferentes foram os encontrados por Mendes (1999), já que

apenas um dos seus grupos estudados obteve uma percentagem de

execuções realizadas correctamente e apenas em relação a SC8. Estas

diferenças podem ser explicadas pela diferença de escalão, já que o estudo da

autora referida tinha como amostra o escalão de iniciados.

Em relação às quatro subcategorias da DS na defesa zona referidas no

quadro, todas elas obtiveram percentagens iguais ou superiores a 50%,

embora com valores absolutos não muito altos.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

76

Quadro 20. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DS

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DZona (SC5 – contesta a linha de 1º passe;

SC6 – defende cortes pela frente das defesas; SC7 – avisa os companheiros acerca de

cortes dos atacantes do lado da bola e respectivas entradas; SC8 – realiza 2x1 ao portador

da bola).

SC5 SC6 SC7 SC8

Va E 133 14 15 12 R 133 34 34 52 Total 266 48 49 64

% E 50% 29,2% 30,6% 18,8% R 50% 70,8% 69,4% 81,2%

A excepção no nosso estudo no aspecto supra mencionado refere-se à

pressão sobre a linha de primeiro passe, uma vez que foi a que obteve uma

percentagem de 50% de erros e de situações realizadas correctamente, assim

como obteve um valor absoluto bastante superior às restantes (Va – 266). Em

nossa opinião e tendo por base a observação directa dos jogos da nossa

amostra, isto deve-se à intenção de fechar o meio da defesa, evitando passes

penetrantes (Comas, 1991; Araújo, 1996b; Farinha, 2004), permitindo que a

bola circule na periferia.

Estes dados mostram que uma defesa zona não é necessariamente uma

defesa passiva e pouco dinâmica. O facto de estes dados se referirem

exclusivamente à equipa do CPN, muito competente, competitiva e por o seu

treinador ser adepto e trabalhar bastante a defesa zona explica, em certa

medida, as diferenças do nosso estudo para o de Farinha (2004).

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

77

4.7.4. Defesa do Jogador Sem Bola do Lado Contrário (DA)

No que concerne à defesa do jogador sem bola do lado contrário, as acções

verificam-se com frequências elevadas, principalmente na SC9, SC10 e SC13

com valores absolutos de 1149, 1163 e 1134 respectivamente.

Quadro 21. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DA

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC9 – posiciona-se definindo o

“triângulo de ajudas”; SC10 – coloca-se na linha cesto-cesto; SC11 – impede cortes pela

frente; SC12 – dá ajuda às penetrações em drible na área restritiva; SC13 – controla

visualmente o atacante e a bola).

SC9 SC10 SC11 SC12 SC13

Va E 206 610 101 75 141 R 943 553 110 148 993 Total 1149 1163 211 223 1134

% E 17,9% 52,5% 47,9% 33,6% 12,4% R 82,1% 47,5% 52,1% 66,4% 87,6%

Na SC10 (coloca-se na linha cesto-cesto) verifica-se um número de erros de

52,5%, uma vez que na maioria das vezes e apesar de o defensor flutuar para

o lado da bola, esta flutuação não é suficiente para se colocar entre os cestos e

assim ocupar zonas privilegiadas para ajudar defensivamente, ou realizar 2x1

sobre as penetrações em drible na área restritiva pelo atacante com bola,

mantendo assim uma atitude activa e não reactiva (Kadie, 1998; Dumas, 2002;

Messina & Molin, 2003).

Em termos absolutos, o posicionamento definindo o “triângulo de ajudas” (Va

– 943) e o controlo visual do atacante e da bola (Va – 993) são os que

apresentam valores mais elevados de execuções correctas, assim como de

percentagens, com destaque para SC13 com 87,6%. A necessidade de um

mínimo de concentração, paciência, disciplina e de dispêndio de pouca energia

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

78

(Comas, 1991; Dumas, 2002; Ferreira, 2003) para controlar visualmente o

atacante e a bola, explica este valor.

Tendo como base de comparação o grupo mais experiente do estudo de

Mendes em 1999, verificamos alguma paridade com os resultados

supracitados, nomeadamente em relação a SC9 e SC10 que, apesar de no seu

estudo as percentagens de execuções correctas serem superiores a 50%, não

atingem os 60%. A maior diferença é encontrada ao nível de SC13, já que aos

54,2% do seu estudo se contrapõe o valor de 87,6% do nosso estudo, que

pode ser explicado pela diferença de anos de prática, tal como mostra o próprio

estudo de Mendes.

Quanto às subcategorias da DA em defesa zona, embora com uma

ocorrência pouco frequente, podemos verificar no quadro 22 que a acção de

impedir os cortes pela frente é a única em que a percentagem de erros supera

a de acções correctas com 55,7%, o que denota uma atenção demasiado

centrada na bola e nas ajudas às penetrações em drible na área restritiva

(88,6%).

Quadro 22. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DA

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DZona (SC9 – contesta a linha de 2º passe;

SC10 – impede cortes pela frente da defesa; SC11 – controla visualmente o atacante e a

bola; SC12 – dá ajuda às penetrações em drible na área restritiva; SC13 – avisa os

companheiros acerca dos cortes dos atacantes do lado contrário da bola e respectivas

entradas).

SC9 SC10 SC11 SC12 SC13

Va E 42 39 15 8 13 R 262 31 302 62 45 Total 304 70 317 70 58

% E 13,8% 55,7% 4,7% 11,4% 22,4% R 86,2% 44,3% 95,3% 88,6% 77,6%

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

79

Tendo em conta a elevada percentagem (95,3%) de situações em que o

controlo visual do atacante e da bola é cumprido, isto pode denotar que essa

atenção é feita de forma relaxada e a reacção à movimentação atacante é

tardia, não condicionando este tipo de movimentação, talvez pelo

distanciamento da bola e por o jogo atacante contra defesa zona acontecer

principalmente na periferia.

Embora não se verifique uma percentagem muito elevada, mas considerando

ser um aspecto de difícil consciencialização por parte dos atletas,

consideramos que as 58 ocasiões (77,6% de acções correctas) em que se

falou na defesa, no sentido de avisar os companheiros acerca dos cortes dos

atacantes do lado contrário da bola e respectivas entradas, representam um

aspecto bastante positivo (Araújo, 1977, 1996a, 1996b; Comas; 1991;

Haubrich, 1992; Messina, 1996; Dumas, 2002; Ferreira, 2003; Jardel, 2003;

Molino, 2003; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004; Sarkis, 2004).

Em geral, podemos referir que verificamos uma redução geralizada nas

percentagens de execuções correctas por parte dos defensores dos atacantes

sem bola do lado contrário, principalmente na defesa individual. O facto de a

nossa responsabilidade (leia-se “nosso homem”) se encontrar do lado fraco do

ataque, leva a um relaxamento da defesa e a uma diminuição do estado de

alerta. Os defensores esquecem-se aqui que jogar basquetebol, é jogar tanto

sem bola como com a posse dela, como defende Balbino (2001).

4.7.5. Defesa do Poste (DP)

No que diz respeito à defesa do poste na defesa individual, o quadro 23

mostra-nos, ao contrário do que temos vindo a verificar e em oposição com os

resultados do estudo de Farinha (2004), a existência de mais do que uma

subcategoria com percentagens de erros superiores a 50%.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

80

Quadro 23. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DP

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC14 – sobremarcação a ¾ do poste

alto; SC15 – poste médio/baixo sobremarcado a ¾ do lado da bola quando a bola está

acima da l.l.l.; SC16 – poste médio/baixo sobremarcado a ¾ do lado da l.f. quando a bola

está abaixo da l.l.l e paralela à l.f.; SC17 – pressão na linha de passe para o poste, com

ajuda defensiva do lado contrário da bola; SC18 - pressão na linha de passe para o poste,

com ajuda defensiva do extremo ou base do lado da bola; SC19 – rotação defensiva após o

passe do poste que sofreu 2x1 para o lado da bola ou para o extremo do lado contrário da

bola).

SC14 SC15 SC16 SC17 SC18 SC19

Va E 85 101 52 6 7 1 R 56 93 55 36 25 8 Total 141 194 107 42 32 9

% E 60,3% 52,1% 48,6% 14,3% 21,9% 11,1% R 39,7% 47,9% 51,4% 85,7% 78,1% 88,9%

As subcategorias supracitadas são concretamente, as SC14 e SC15, com

60,3 % e 52,1% de erros verificados respectivamente. Em nossa opinião, e

com base na análise de jogo feita da nossa amostra, apesar de ambas se

deverem a mérito e superioridade ofensiva do jogador poste, devem-se

também a factores anteriormente mencionados no nosso trabalho.

Quanto à não sobremarcação a ¾ do poste alto, este erro estará relacionado

com a maior distância deste jogador ao cesto o que o defensor interpreta como

sendo menos ofensiva e menos perigosa, o que contraria as indicações de

Araújo (1996a), que sugere o corte das linhas de passe para os jogadores

interiores.

Em relação ao erro de não sobremarcar o poste médio/baixo a ¾ do lado da

bola quando esta se encontra acima da linha de lance-livre, este estará

relacionado pelo não posicionamento na linha cesto-cesto por parte do

defensor do jogador sem bola do lado contrário o que, na eventualidade de a

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

81

bola entrar no poste, a ajuda não terá a celeridade necessária para impedir um

lançamento próximo do cesto. Este erro poderá também ser explicado pela

procura de impedir penetrações pela linha final (Araújo, 1996b; Messina, 1996;

Jardel, 2003; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004; Sarkis, 2004).

De salientar o valor de 88,9% de execuções correctas na rotação defensiva

após passe do poste que sofreu 2x1 para o lado da bola ou para o extremo do

lado contrário da bola, apesar do número reduzido de vezes que esta acção

teve lugar, uma vez que a entrada da bola no poste conduziu frequentemente

ao lançamento por parte deste.

No quadro 24 são apresentados os valores absolutos e percentagens de erro

e/ou de realização correcta das acções defensivas sobre o poste na defesa

zona.

Quadro 24. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DP

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DZona (SC14 – sobremarcação a ¾ do

poste alto; SC15 – sobremarcação pela frente do poste alto; SC16 – avisa os companheiros

da passagem de poste alto para baixo e vice-versa; SC17 – poste médio/baixo

sobremarcado a ¾ do lado da bola quando a bola está acima da l.l.l.; SC18 – poste

médio/baixo sobremarcado a ¾ do lado da l.f. quando a bola está abaixo da l.l.l e paralela à

l.f.; SC19 – poste médio/baixo sobremarcado pela frente do lado da l.f. quando a bola está

abaixo da l.l.l e paralela à l.f. e há ajuda defensiva; SC20 – pressão na linha de passe para

o poste baixo/alto, com 2x1 do lado contrário; SC21 - pressão na linha de passe para o

poste, com 2x1 do extremo ou base do lado da bola; SC22 – rotação defensiva após o

passe do poste que sofreu 2x1 para o lado da bola ou para o extremo ou base do lado

contrário da bola).

SC14 SC15 SC16 SC17 SC18 SC19 SC20 SC21 SC22

Va E 41 7 7 33 18 2 0 0 0 R 9 18 12 45 13 3 15 23 0 Total 50 25 19 78 31 5 15 23 0

% E 82% 28% 36,8% 42,3% 58,1% 40% 0% 0% 0% R 18% 72% 63,2% 57,7% 41,9% 60% 100% 100% 0%

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

82

De um modo geral e à semelhança do que se verificou no trabalho de Farinha

(2004), os valores absolutos são bastante reduzidos, o que nos leva a

considerar que a procura da defesa em evitar passes para zonas interiores foi

bem sucedida, cumprindo o que Araújo (1996a) sugere para este tipo de

sistema defensivo, tal como verificamos anteriormente.

Um valor que se destaca neste grupo, trata-se da percentagem de erros

(82%) na sobremarcação a ¾ do poste alto que, para além da justificação

apresentada anteriormente para a defesa do poste alto na defesa individual,

pode ser também explicada pela relação entre os defensores de cima e de

baixo na defesa zona 2-3 estabelecida pelo treinador do CPN desde os

escalões de formação. Neste aspecto, Rodrigues (2007) (trabalho não

publicado) sugere que seja um jogador da segunda linha da defesa a defender

o extremo com bola após passe do base. Assim, o poste será defendido pelo

jogador do meio da segunda linha de defesa, restando apenas um defensor da

segunda linha para o lado contrário. Desta forma, este jogador terá dificuldades

em dar ajuda sobre o poste se a bola lhe for passada e assim o jogador

responsável pelo poste tem uma preocupação extra no sentido de se colocar

entre o poste e o cesto.

Em geral, verificamos uma quantidade de valores absolutos bastante

reduzida nas diversas subcategorias da defesa do poste, tanto para a defesa

individual, como para a defesa zona.

Este facto deve-se à baixa estatura das equipas adversárias das equipas da

nossa amostra pelo que, em muitas ocasiões, os seus treinadores optavam por

se organizar ofensivamente com as cinco jogadoras afastadas do cesto (“cinco

aberto”), abdicando de jogadoras interiores.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

83

4.7.6. Defesa do Passe e Corte (DPC)

O quadro 25 apresenta-nos os valores absolutos e percentagens de

realização correcta das quatro subcategorias da defesa do passe e corte.

Quadro 25. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DPC

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC20 – realiza passo deslizante para

a bola aquando do passe; SC21 – antecipa-se ao corte pela frente; SC22 – sobremarca o

atacante pela frente; SC23 – recupera posição defensiva entre bola e o atacante que

defende).

SC20 SC21 SC22 SC23

Va E 43 38 48 12 R 180 180 174 211 Total 223 218 222 223

% E 19,3% 17,4% 21,6% 5,4% R 80,7% 82,6% 78,4% 94,6%

Após a análise dos dados apresentados no quadro acima, verificamos que

em todas as subcategorias a percentagem de execuções correctas é bastante

elevada, tal como se verifica de modo geral com o grupo de iniciados mais

experiente no estudo de Mendes (1999) e no trabalho de Farinha (2004).

Considerando que o passe e corte é uma das primeiras estruturas de táctica

ofensiva utilizada na formação (Graça, Tavares, Oliveira & Janeira, 1991), a

defesa apresenta também desde cedo uma elevada experiência na sua

oposição (Mendes, 1999).

De salientar o valor de 94,6% de situações em que a recuperação da posição

defensiva entre a bola e o atacante é realizada com sucesso.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

84

4.7.7. Bloqueio Defensivo (BD)

Os quadros 26 e 27 apresentam os valores absolutos e percentagens de

erros e de realização correcta das subcategorias referentes ao bloqueio

defensivo na defesa individual e zona.

Quadro 26. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias do BD

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC24 – procura o atacante directo

para realizar bloqueio; SC25 – disputa o ressalto).

SC24 SC25

Va E 211 42 R 344 285 Total 555 327

% E 38% 12,8% R 62% 87,2%

Quadro 27. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias do BD

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DZona (SC23 – procura o atacante directo

para realizar bloqueio; SC24 – disputa o ressalto).

SC23 SC24

Va E 54 6 R 93 85 Total 147 91

% E 36,7% 6,6% R 63,3% 93,4%

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

85

Embora ambas as percentagens de acções realizadas correctamente sejam

positivas, no que diz respeito à realização do bloqueio directo propriamente dito

(DInd – SC24; DZona – SC23), as percentagens de 62% e 63,3% são bastante

reduzidas, dada a importância desta acção referida por (Araújo, 1977, 1996a,

1996b; Comas; 1991; Haubrich, 1992; Messina, 1996; Dumas, 2002; Ferreira,

2003; Jardel, 2003; Molino, 2003; Farinha, 2004; Mutapcic, 2004; Purnell, 2004;

Sarkis, 2004), para a conquista do ressalto defensivo. De todas as formas,

verifica-se uma melhoria em relação aos resultados obtidos por Mendes (1999)

e Farinha (2004), o que poderá dever-se à diferença de escalão (anos de

prática) e de género respectivamente, pois as mulheres tendem a dar mais

atenção ao pormenor e a cumprir escrupulosamente todas as tarefas.

A sua importância é reforçada se considerarmos que o ressalto defensivo é a

forma mais frequente de recuperação da posse de bola, como foi verificado

anteriormente neste trabalho (em 4.3), e uma das mais significativas variáveis

com poder discriminatório enquanto indicadores da performance (Sampaio,

1998, 2001; De Rose JR et al., 2002).

Quanto à disputa do ressalto, as percentagens de realização adquirem já

valores importantes (87,2% e 93,4%). Este aspecto pode ser explicado pela

atenção dos defensores centrada na bola.

4.7.8. Defesa dos Bloqueios (DB)

No quadro 28, onde se representam os valores absolutos e percentagens das

subcategorias referentes à defesa dos bloqueios directos na defesa individual,

podemos verificar que apenas na subcategoria SC27 a percentagem de acções

erradas ultrapassa a de acções realizadas correctamente.

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

86

Quadro 28. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DB directos

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC26 – defensor do bloqueador avisa

bloqueio; SC27 – defensor do driblador reage antecipando-se ao bloqueio e acompanhando

o atacante em drible; SC28 – defensor do driblador, se ficar bloqueado, procura passar pelo

meio do bloqueador e do seu colega; SC29 – defensor do bloqueio avisa o bloqueio e

consuma a troca defensiva; SC30 – defensor do bloqueio dá um tempo de ajuda ao colega

e recupera para o seu homem; SC31 – defensor do bloqueio faz 2x1 ao portador da bola).

SC26 SC27 SC28 SC29 SC30 SC31

Va E 17 78 8 9 17 2 R 109 21 46 43 32 3 Total 126 99 54 52 49 5

% E 13,5% 78,8% 14,8% 17,3% 34,7% 40% R 86,5% 21,2% 85,2% 82,7% 65,3% 60%

Quanto a SC27 (E – 78,8%; R – 21,2%), apesar do aviso e porque o bloqueio

surge de uma zona em que o defensor alvo não tem visibilidade sobre a acção

do bloqueador, resulta na dificuldade em definir a sua acção de modo a evitar o

referido bloqueio, embora Messina & Molin (2003) salientes que os defensores,

principalmente os do lado da bola, devem estar sempre preparados para

defender bloqueios.

Devemos salientar o registo de comunicação na defesa, tão defendida por

diversos autores (Araújo, 1977, 1996a, 1996b; Comas; 1991; Haubrich, 1992;

Messina, 1996; Dumas, 2002; Ferreira, 2003; Jardel, 2003; Molino, 2003;

Mutapcic, 2004; Purnell, 2004; Sarkis, 2004) e tantas vezes esquecida pelos

atletas. Na subcategoria 26, o defensor do bloqueador avisa o colega que vai

ser bloqueado uma vez que, consegue visualizar toda a acção atacante e é

também responsável por permitir que o colega consiga passar entre si e o

bloqueador, o que teve sucesso em 85,2% das ocasiões (SC28).

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

87

Comunicar na defesa tem também resultados verificados em SC29 (82,7%),

no sentido em que é a acção que permite a articulação e coordenação que

possibilita a troca defensiva.

No quadro 29 onde se representam os valores absolutos e percentagens das

subcategorias referentes à defesa dos bloqueios indirectos na defesa

individual, podemos verificar que apenas na subcategoria SC34 a percentagem

de acções erradas (E – 63,5%) ultrapassa, embora ligeiramente, a de acções

realizadas correctamente (R – 36,5%).

Quadro 29. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da DB indirectos

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC32 – defensor que vai sofrer o

bloqueio, passa pelo meio do bloqueador e seu defensor; SC33 – defensor que sofre o

bloqueio, vai “em comboio” ou pela l.f.; SC34 – defensor que sofre bloqueio “troca”).

SC32 SC33 SC34

Va E 49 23 33 R 143 230 19 Total 192 253 52

% E 25,5% 9,1% 63,5% R 74,5% 90,9% 36,5%

A passagem pela linha final ou “em comboio” é a reacção mais frequente dos

defensores que são alvo de bloqueios directos com 253 situações e 90,9% de

acções correctas.

Esta acção vai permitir ao atacante a recepção da bola e, em algumas

ocasiões, que este tenha oportunidade para lançar. Considerando que, na

maioria das vezes em que se verificam bloqueios indirectos, estes são

“bloqueios cegos”, o reduzido número de ocasiões em que o defensor fica

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

88

retido no bloqueio representa um aspecto positivo, embora a troca defensiva

seja considerada uma arma importante nestas situações (Silva, 2001).

Dado que a média de registos de ocorrência de acções de defesa dos

bloqueios directos e indirectos para defesa zona é pouco superior a cinco

unidades, e considerando que este reduzido valor não poderia contribuir

significativamente para esta discussão, optamos por excluir estes resultados do

nosso estudo.

4.7.9. Coesão/Trabalho de equipa (CTE)

Os dois quadros abaixo apresentados correspondem aos valores das

subcategorias referentes à coesão e trabalho de equipa na defesa individual e

zona, sendo que em todas se verificaram valores de acções realizadas

correctamente superiores a 80%.

Quadro 30. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da CTE

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DInd (SC35 – reacção dos cinco jogadores à

movimentação da bola).

SC35

Va E 60 R 299 Total 359

% E 16,5% R 83,3%

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4. Apresentação e Discussão dos resultados

89

Quadro 31. Valores absolutos (Va) e percentagens (%) das subcategorias da CTE

realizadas correctamente (R) e erradas (E) em DZona (SC32 – reacção dos cinco

jogadores à movimentação da bola; SC33 – movimentação dos jogadores na defesa zona,

está perfeitamente esclarecida entre os jogadores).

SC32 SC33

Va E 6 14 R 105 97 Total 111 111

% E 5,4% 12,6% R 94,6% 87,4%

O valor da SC32 para a defesa zona apresenta-se como o mais elevado

(94,6%) o que demonstra a qualidade da defesa zona apresentada pela equipa

do CPN, considerando a dificuldade de se defender colectivamente à zona

(Farinha, 2004).

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5. Conclusões

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5. Conclusões

93

Os resultados do nosso estudo, em função das hipóteses formuladas,

sugerem as seguintes conclusões:

Caracterização geral das sequências defensivas e desenvolvimento do

processo defensivo:

� O sistema defensivo mais utilizado na nossa amostra foi a defesa

individual, com 75,9%;

� Quanto à defesa zona, utilizada em 23,5% das ocasiões, apenas a

equipa do CPN recorreu este sistema defensivo e sempre na estrutura

2x3;

� A recuperação da posse de bola com êxito mais frequente,

independentemente do sistema defensivo utilizado, foi o ressalto

defensivo, pelo que as zonas onde ocorrem mais recuperações da

posse de bola foram as zonas 8 e 9 (área restritiva);

� No que respeita ao tipo de organização defensiva, a defesa activa foi

o mais frequente (83,9% das sequências).

Análise das acções defensivas realizadas em situação de jogo:

Relativamente à defesa individual, os aspectos que se destacaram pela

positiva numa relação entre os valores absolutos e as respectivas

percentagens foram:

� O defesa do jogador sem bola do lado contrário controla visualmente o

atacante e a bola;

� O defensor do jogador sem bola do lado contrário posiciona-se

definindo o “triângulo de ajudas”;

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5. Conclusões

94

� O defensor do jogador com bola em drible mantém o enquadramento

bola/cesto;

� Eleva o braço mais próximo do atacante para contestar o lançamento.

Pela negativa, os aspectos mais relevantes foram:

� O defensor do jogador com bola em drible, não desvia o atacante para

a linha lateral;

� Defensor do jogador sem bola do lado contrário não se coloca na linha

cesto-cesto;

� Na defesa dos bloqueios directos, o defensor do driblador não reage

de forma a antecipar-se ao bloqueio e acompanhando o atacante em

drible.

No que diz respeito à defesa zona, na relação entre valores absolutos e a sua

percentagem, os aspectos salientados positivamente foram:

� O defensor do jogador com bola, após passe, recupera rapidamente a

posição defensiva;

� O defensor do jogador sem bola do lado contrário controla

visualmente o atacante e a bola;

� Os cinco jogadores reagem à movimentação da bola;

� O defensor do jogador com bola mantém o enquadramento bola-

cesto.

Por seu turno, os aspectos negativos mais significativos neste sistema

defensivo foram:

� O defensor do jogador com bola não desvia o atacante para a linha

lateral;

� Na defesa do poste, não se verifica a sobremarcação a ¾ do poste

alto.

Page 107: ESTUDO DESCRITIVO DA DEFESA NO BASQUETEBOL EM … · DEFESA NO BASQUETEBOL EM EQUIPAS DO ESCALÃO SENIOR FEMININO Rui Humberto da Silva Sousa Porto, 2007 . ESTUDO DESCRITIVO DA DEFESA

6. Bibliografia

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Anexos

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Zona de Recuperação / Finalização

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Grelha de Registo de Observações – Defesa Individual

Jogo: ____________ vs _____________ Período: ____

Acções Defensivas Realiza (nº de vezes)

Erro (nº de vezes)

1- Defesa do Jogador Com Bola - Mantém o enquadramento bola/cesto - Desvia o atacante para a linha final

Em drible

- Ajuda defensiva dos companheiros e/ou realização de 2x1 - Pressiona, reduzindo a distância do jogador com bola Quando pára

o drible - Perturba os passes e lançamentos Quando lança - Eleva o braço mais próximo do atacante para contestar o lançamento 2- Defesa do Jogador Sem Bola do Lado da Bola

- Contesta a linha de primeiro passe -Defende cortes nas costas à sobremarcação

3- Defesa do Jogador Sem Bola do Lado Contrário - Posiciona-se definindo o “triângulo de ajudas” - Coloca-se na linha cesto-cesto - Impede cortes pela frente - Dá ajuda às penetrações em drible na área restritiva

- Controla visualmente o atacante e a bola 4- Defesa do Poste

- Sobremarcação a ¾ do poste alto - Poste médio/baixo – sobremarcação a ¾ do lado da bola quando a bola está acima da linha de lance-livre

- Poste médio/baixo – sobremarcação a ¾ do lado da linha final quando a bola está abaixo da linha de lance-livre e paralela à linha final

- Pressão na linha de passe para o poste com ajuda defensiva o lado contrário da bola (trap – 2x1)

- Pressão na linha de passe para o poste com ajuda defensiva (trap – 2x1) do extremo ou base do lado da bola

- Rotação defensiva após o passe do poste que sofreu 2x1 para o lado da bola ou para o extremo do lado contrário da bola

5- Defesa do Passe e Corte - Realiza passe deslizante para a bola aquando do passe - Antecipa-se ao corte pela frente - Sobremarca o atacante pela frente

- Recupera posição defensiva entre bola e o atacante que defende 6- Bloqueio Defensivo

- Procura o atacante directo para realizar bloqueio - Disputa o ressalto

7- Defesa dos Bloqueios - Defensor do bloqueador avisa bloqueio - Defensor do driblador reage antecipando-se ao bloqueio e acompanhando o atacante em drible

- Defensor do driblador, se ficar bloqueado, procura passar pelo meio do bloqueador e do seu colega

- Defensor do bloqueio avisa o bloqueio e consuma a troca defensiva - Defensor do bloqueio dá um tempo de ajuda ao colega e recupera para o seu homem

Directos

- Defensor do bloqueio faz 2x1 ao portador da bola - Defensor que vai sofrer o bloqueio, passa pelo meio do bloqueador e seu defensor

- Defensor que sofre o bloqueio, vai “em comboio” ou pela linha final Indirectos

- Defensor que sofre o bloqueio “troca” 8- Coesão / Trabalho de Equipa - Reacção dos 5 jogadores à movimentação da bola

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Grelha de Registo de Observações – Defesa Zona

Jogo: ____________ vs _____________ Período: ____

Acções Defensivas Realiza (nº de vezes)

Erro (nº de vezes)

1- Defesa do Jogador Com Bola - Mantém o enquadramento bola/cesto - Pressiona o atacante, perturba os passes e lançamentos - Desvia o atacante para a linha final - Após passe, recupera rapidamente a posição defensiva respectiva e ajuda sobre a posição da bola

2- Defesa do Jogador Sem Bola do Lado da Bola - Contesta a linha de primeiro passe -Defende cortes pela frente das defesas - Avisa os companheiros acerca de cortes dos atacantes do lado da bola e respectivas entradas

- Realiza 2x1 ao portador da bola 3- Defesa do Jogador Sem Bola do Lado Contrário

- Contesta a linha de 2º passe - Impede cortes pela frente da defesa - Controla visualmente o atacante e a bola - Dá ajuda às penetrações em drible na área restritiva

- Avisa os companheiros acerca de cortes dos atacantes do lado contrário da bola e respectivas entradas

4- Defesa do Poste - Sobremarcação a ¾ do poste alto - Sobremarcação pela frente do poste alto - Avisa os companheiros da passagem de poste alto para baixo e vice-versa - Poste médio/baixo – sobremarcação a ¾ do lado da bola quando a bola está acima da linha de lance-livre

- Poste médio/baixo – sobremarcação a ¾ do lado da linha final quando a bola está abaixo da linha de lance-livre e paralela à linha final

- Poste médio/baixo – sobremarcação pela frente do lado da linha final quando a bola está abaixo da linha de lance-livre e paralela à linha final e há ajuda defensiva

- Pressão na linha de passe para o poste baixo/alto, com 2x1 do lado contrário - Pressão na linha de passe para o poste com 2x1 do extremo ou base do lado da bola

- Rotação defensiva após o passe do poste que sofreu 2x1 para o lado da bola ou para o extremo ou base do lado contrário da bola

5- Bloqueio Defensivo - Procura o atacante directo para realizar bloqueio - Disputa o ressalto

6- Defesa dos Bloqueios - Defensor do jogador com bola é avisado do bloqueio - Defensor do driblador reage antecipando-se ao bloqueio e acompanhando o atacante em drible

- Outro defensor mais próximo do bloqueio consuma a troca defensiva Directos

- Outro defensor mais próximo do bloqueio faz 2x1 ao portador da bola - Jogador que sofre o bloqueio é avisado - Defensor que vai sofrer o bloqueio, antecipa-se ao bloqueio Indirectos - Outro defensor mais próximo do bloqueio “troca”

7- Coesão / Trabalho de Equipa - Reacção dos 5 jogadores à movimentação da bola - Movimentação dos jogadores na defesa zona, está perfeitamente esclarecida entre

os jogadores