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Dissertação ESTUDO DO EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÔMEGA-3 NA ATIVAÇÃO DO HOMING DE CÉLULAS-TRONCO EM RATOS Luiza Halmenschlager

ESTUDO DO EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÔMEGA-3 NA ... · Área de concentração: Cardiologia da ... Associação Americana do ... é necessário aumentar a concentração de ácidos

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Dissertação

ESTUDO DO EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÔMEGA-3 NA

ATIVAÇÃO DO HOMING DE CÉLULAS-TRONCO EM RATOS

Luiza Halmenschlager

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INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia

ESTUDO DO EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÔMEGA-3 NA

ATIVAÇÃO DO HOMING DE CÉLULAS-TRONCO EM RATOS

Autora: Luiza Halmenschlager

Orientadora: Dra. Melissa Medeiros Markoski

Dissertação submetida como requisito para

obtenção do grau de mestre ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências da Saúde,

Área de concentração: Cardiologia da

Fundação Universitária de Cardiologia

Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul.

Porto Alegre, 2013

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H194e Halmenschlager, Luiza

Estudo do efeito da suplementação de ômega-3 na ativação do

homing de células-tronco em ratos/ Luiza Halmenschlager;

orientação [por] Melissa Medeiros Markoski - Porto Alegre,

2013.

86f; tab.

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Cardiologia do Rio

Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia -

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2013.

1.Ácido graxo ω-3.2.SHR.3.Wistar Kyoto.4. Homing celular.

5.Hipertensão Arterial Sistêmica.I. Melissa Medeiros Markoski.

II.Título.

CDU: 602.9:591.81

Bibliotecária Responsável: Marlene Tavares Sodré da Silva

CRB 10/1850

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IV

Aos meus pais, Maria Leopoldina e Mário José, que

sempre acreditaram na minha trajetória de estudo.

A vocês dedico este trabalho.

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V

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, por me iluminar com sua força suprema me fortalecendo a

cada dia e permitindo que enfrentasse todos os obstáculos.

Aos meus pais, Mário José Halmenschlager e Maria Leopoldina, pelo apoio

incondicional em todas as etapas de minha vida.

Ao meu irmão Carlos Augusto que sempre me incentivou a estudar e pelo

exemplo de dedicação ao trabalho.

Ao meu amor Márcio, pelo incentivo e compreensão em todos os momentos

necessários, por ter tido paciência ao longo dessa trajetória.

A minha querida orientadora, Dra. Profa. Melissa Medeiros Markoski, pela

honra de convívio, pela clareza de pensamentos, por todos os ensinamentos, paciência e

estímulo à execução desta tese. Sem a orientação de você nada disso seria possível.

Muito obrigada!

A Lucinara Dadda Dias, pelo acolhimento no laboratório, por toda a

disponibilidade, auxílio e força. Muito obrigada!

A Graziela Hünning Pinto e Thiago Rodrigues Peres, pelo total auxílio no LEA

(Laboratório de Experimentação Animal), pela amizade e carinho.

Aos profissionais e colegas do LEA, veterinária Dra. Luiza Macedo, bióloga

Marta Speck, pelo apoio e contribuição com os animais.

Ao colega Ariel Silveira, pelo auxílio e disponibilidade na análise dos dados dos

animais. Obrigada pela contribuição no trabalho.

A Rafaela Paris Feijó, pelo auxílio com os animais durante a pesquisa. Obrigada

pela ajuda!

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VI

Aos colegas pós-graduandos do Laboratório de Cardiologia Molecular e Celular

do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Bruna Eibel, Carine Ghem, Grasiele

Sauser, Melissa Kritochek da Silva, Dra. Paula Rohr, pela ajuda, dedicação e carinho.

A colega nutricionista Luciana Dresseno, por te me incentivado na parte prática

da pesquisa. Obrigada pela amizade e força!

Ao colega, Matheus Becker, pelo importante auxílio nos laboratório.

A secretária do Laboratório de Cardiologia Molecular e Celular, Ludmila

Markoski, pela gentileza e alegria.

Aos funcionários da Secretaria de Pós-Graduação em Ciências da Saúde /

Cardiologia, pelo auxílio na viabilização desta tese.

Todos os professores, pelos conhecimentos transmitidos.

Aos amigos, que souberam entender os momentos de angústia e ausência e que

estiveram ao meu lado nas horas necessárias. Obrigada pela paciência!

Todos os colegas, ex-colegas e amigos do IC-FUC, em especial, a Camila Brum

e Tatiana Brito, pelo apoio e amizade.

Ao Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de

Cardiologia (IC-FUC) por me acolher durante tantos anos e por proporcionar agradável

local de estudo e pesquisa.

Ao Fundo de Apoio à Pesquisa do Instituto de Cardiologia do RS (IC-RS) à

FAPICC - Fundo de Apoio do Instituto de Cardiologia / Fundação Universitária de

Cardiologia à Ciência e Cultura, CAPES, pelo apoio financeiro.

Todos que, de forma direta e indireta, contribuíram para realização desse

trabalho. Muito obrigada! Valeu!

Page 7: ESTUDO DO EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÔMEGA-3 NA ... · Área de concentração: Cardiologia da ... Associação Americana do ... é necessário aumentar a concentração de ácidos

VII

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................................1

BASE TEÓRICA..........................................................................................................................3

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................4

2. DOENÇAS CARDIOVASCULARES E DIETA...................................................................7

2.1. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ........................................................................7

2.2. DIETA E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA.......................................................10

3. ÁCIDOS GRAXOS................................................................................................................14

3.1. ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA ............................................................................................14

3.1.1. Ácidos Graxos Ômega-3...........................................................................................15

3.1.1.1. Óleo de Peixe........................................................................................................17

3.2. METABOLISMO................................................................................................................18

3.3. PADRÕES NUTRICIONAIS............................................................................................ 19

4. INFLUÊNCIA DO ÔMEGA-3 NA PATOFISIOLOGIA CARDIOVASCULAR.............22

4.1. BREVE HISTÓRICO.........................................................................................................22

4.2. EFEITOS NO ORGANISMO.............................................................................................24

4.2.1. Efeitos Anti-inflamatórios........................................................................................25

4.2.1.1. Efeitos na Função Endotelial..............................................................................25

4.2.1.2. Efeitos na Inibição da Agregação de Plaquetas..................................................26

4.2.1.3. Efeitos na Redução da Pressão Arterial..............................................................27

4.2.1.4. Efeitos nas Dislipidemias.....................................................................................28

5. O PAPEL DOS ÁCIDOS GRAXOS NA REGENERAÇÃO TECIDUAL........................30

6. CÉLULAS-TRONCO............................................................................................................33

6.1. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO...................................................................................33

7. HOMING DE CÉLULAS-TRONCO....................................................................................39

7.1. DEFINIÇÃO DE HOMING................................................................................................39

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VIII

7.2. FATOR 1 DERIVADO DE ESTROMA (SDF-1)...............................................................40

7.3. RECEPTOR 4 DE QUIMIOCINAS DA FAMÍLIA CXC..................................................42

8. JUSTIFICATIVA....................................................................................................................43

9. OBJETIVO..............................................................................................................................44

9.1. OBJETIVO GERAL...........................................................................................................44

9.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................................44

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA BASE TEÓRICA..........................................45

11. ARTIGO................................................................................................................................55

RESUMO.....................................................................................................................................57

INTRODUÇÃO............................................................................................................................58

MÉTODOS...................................................................................................................................60

ANÁLISE ESTATÍSTICA...........................................................................................................65

RESULTADOS.............................................................................................................................66

DISCUSSÃO................................................................................................................................69

REFERÊNCIAS...........................................................................................................................74

LISTA DE LEGENDAS...............................................................................................................77

TABELAS....................................................................................................................................80

12. ANEXOS................................................................................................................................86

12.1. CERTIFICADO DE ANÁLISE DO CONTROLE DA QUALIDADE............................86

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1

LISTA DE ABREVIATURAS

AA – Ácido Araquidônico

AGPI-CL - Ácido Graxo Poli-insaturado de Cadeia Longa

AHA – Associação Americana do Coração (do inglês; American Heart

Association)

BMMC - células mononucleares da medula óssea (do inglês, Bone Marrow

Mononuclear Cells)

CRNI – do inglês; Canadian Recommended Nutrient Intake

CXCR-4 – Receptor 4 de quimiocinas da família CXC

DAC – Doença Arterial Coronariana

DASH – do inglês; Dietary Approachs to Stop Hypertension

DCV – Doenças Cardiovasculares

DHA – Ácido Docosahexaenóico

EPA- Ácido eicosapentaenóico

FDA – do inglês; U.S Food and Drug Administration

FOSHU – Alimentos para uso específico de saúde (do inglês; Foods for

Specified Health Use)

GISSI – Gruppo Italiano per ló Studio della Sopravivenza nell Infarto

Miocardico Prevenzione

GRAS – Segura para consumo humano (do inglês; Generally recognized as

safe)

GRKs – Receptor Quinase Acoplado a Proteína G

HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica

HIF-1 – Fator de Transcrição Induzível por Hipóxia

hMSC – Célula-Tronco Mesenquimal Humana

HNF – do inglês; Hepatocyte Nuclear Factor Kappa B

HSC – Células-Tronco Hematopoéticas (do inglês; Hematopoietic Stem Cells)

IL-1 – Interleucina 1

IL-8 – Interleucina 8

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2

ISSFAL – Sociedade Internacional para Estudos de Ácidos Graxos e Lipídios

(do inglês; International Society for the Study of Fatty Acids and Lipids)

JELIS - Effects of eicosapentaenoic acid on major coronary events in

hypercholesterolaemic patients

LDL - colesterol - Lipoproteínas de Baixa Densidade

LPL – lipoproteína lípase (do inglês, lipoprotein lipase)

MO – Medula Óssea

MSC – Células-Tronco Mesenquimais (do inglês; Mesenchymal Stem Cells)

MUFA – Ácidos Graxos Monoinsaturados (do inglês; Monounsaturated Fatty

Acids)

NCEP/ATP III – Programa Nacional de Educação em Colesterol (do inglês;

National Cholesterol Education Program/Adult Treatment Panel III)

OMS – Organização Mundial de Saúde

PA – Pressão arterial

PPR-α – do inglês; Peroxime Proliferator Actived Alpha

PUFA – Ácidos Graxos Poli-insaturados (do inglês; Poly Insaturated Fatty

Acids)

SDF-1 – Fator-1 Derivado de Estroma (do inglês; Stromal Derived Factor-1)

SHR – Ratos Espontaneamente Hipertensos (do inglês; Spontaneously

Hypertensive Rats)

SREBP – do ingles; Sterol Regulatory Element-binding Proteins

Wistar Kyoto (WKY) – Ratos Wistar Kyoto (do inglês, Wistar Kyoto rats)

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3

BASE TEÓRICA

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4

1. INTRODUÇÃO

As Doenças Cardiovasculares (DCV) são uma das principais causas de

morbidade e mortalidade, e múltiplos estudos epidemiológicos associam a composição

da dieta aos principais fatores de risco. A Organização Mundial de Saúde (OMS)

reiterou recentemente que o consumo de dietas inadequadas, juntamente com a

inatividade física, está entre os dez principais fatores determinantes de mortalidade1. A

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e as dislipidemias, entre outros fatores de risco,

são as que mais contribuem para esse quadro, além de estarem associados a várias

causas de doenças crônicas não transmissíveis, são considerados uma das causas mais

importantes de redução da qualidade e expectativa de vida2. Atualmente, já é bem

documentado que as DCV podem ser prevenidas e controladas por um estilo de vida

saudável.

Na última década, progressos significativos nas técnicas de biologia molecular e

celular revolucionaram abordagens na Ciência da Nutrição com fins de melhora de

qualidade de vida e tratamento de doenças. Isto tem estimulando os pesquisadores a

examinarem o papel dos ácidos graxos ômega-3 (ω-3) em relação a uma série de

doenças, particularmente as DCV. Os ácidos graxos ω-3 são uma classe essencial de

ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) encontrados principalmente no óleo de peixe. É

consenso científico de que é necessário aumentar a concentração de ácidos graxos ω-3

na dieta habitual.

O aumento das evidências sugere que os ácidos graxos ω-3 apresentam um papel

protetor nas doenças coronarianas e suas complicações, pois, metabolicamente, eles

diminuem a produção hepática de triacilglicerol e apoliproteina B (apo-B), os principais

constituintes lipídicos e proteicos das VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa)3.

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5

Entre os efeitos fisiológicos humanos, decorrentes do consumo dos ácidos

graxos ω-3, destaca-se pela capacidade de produzir efeitos fisiológicos e/ou

metabólicos, atuando na prevenção e/ou tratamento de doenças como, HAS4, artrite

5,

diabetes6, psoríase

7 e câncer

8. Assim, para atingir as recomendações indicadas em

termos de ácidos graxos, são necessárias modificações na alimentação, incluindo dieta

balanceada com o aumento no consumo de ácidos graxos da série ω-3.

Com base no exposto acima, o estudo se propôs a analisar as questões referentes

ao processo fisiológico denominado homing celular de células-tronco em ratos,

principalmente sobre o efeito cardioprotetor dos ácidos graxos ω-3. Homing é o

processo pelo qual, interações moleculares fazem que as células, atraídas por sinais

específicos, implantem-se em um nicho tecidual adequado9,10

. Uma das principais

moléculas envolvidas com o homing de células-tronco é o Fator 1 derivado de estroma

(SDF-1 - Stromal Derived Factor-1), uma proteína essencial para a mobilização das

células-tronco11

. O SDF-1 e seu receptor CXCR-4 (Receptor 4 de quimiocinas da

família CXC) são funcionalmente expressos em uma infinidade de tecidos e de tipos

celulares, incluindo os diferentes subtipos de leucócitos, as células progenitoras

hematopoéticas e células não hematopoéticas, tais como as células endoteliais ou

epiteliais12,13

. Considerando a importância do eixo SDF-1 – CXCR-4 como mecanismo

fundamental para a permanência das células-tronco em um órgão, a expressão de SDF-1

por órgãos lesionados, desempenharia um papel preponderante no homing dessas

células, visando à regeneração tecidual. Ao incrementar localmente a concentração de

SDF-1, as células migrariam na direção do fator, portanto, chegariam ao órgão com a

injúria.

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6

Levando em consideração que as DCV e, entre elas, a HAS, são responsáveis

por uma das principais taxas de mortalidade mundial, predominando em diversos

grupos populacionais, é válido examinar o papel da suplementação com ácidos graxos

ω-3 na ativação do homing de células-tronco e sua relação com a fisiopatologia da

hipertensão.

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7

2. DOENÇAS CARDIOVASCULARES E DIETA

2.1. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

As Doenças Cardiovasculares (DCV) são responsáveis pela maior taxa de

morbidade e mortalidade na maioria dos países, despertando interesse especial por

atingirem grandes contingentes populacionais, além de representarem elevados custos

sociais e econômicos. Estima-se que, no mundo todo, haverá um aumento expressivo

nas taxas de mortalidade por DCV, passando de 16,7 milhões no ano de 2.002 para 23,3

milhões em 2.03014

. A maior longevidade associada a um estilo de vida com maior

exposição a fatores de risco para as DCV são considerados as principais razões deste

incremento14

.

Relatórios da OMS revelam que as DCV foram responsáveis por cerca de 30%

de todas as mortes que ocorreram no mundo, o que corresponde a quase 15 milhões de

óbitos por ano, sendo que a maioria (9 milhões) é proveniente dos países em

desenvolvimento15

. Esses dados reforçam a importância das DCV, exigindo a adoção de

medidas preventivas primárias e secundárias efetivas.

Do ponto de vista etiológico, a HAS é apontada como o fator de risco mais

significativo para as DCV, pois cerca de 80% das mortes por acidente vascular cerebral

(AVC) e de 40% dos óbitos por doença isquêmica cardíaca resultam de HAS. A doença

hipertensiva por si só responde diretamente a cerca de 5% dos óbitos dentro do grupo

das DCV2.

A HAS é definida como uma patologia de caráter multifatorial caracterizada por

níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA), mais precisamente pressão

sistólica maior ou igual a 140 mm Hg e pressão diastólica maior ou igual a 90 mm Hg16

.

Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo

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8

(coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com

consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais17,18

.

Nos últimos anos, a prevalência tem crescido e baixas taxas de controle têm sido

registradas, resultando em um dos mais preocupantes problemas de saúde pública no

nosso país. No Rio Grande do Sul dados de prevalência de HAS mostram tendência à

elevação19,20

. Em Porto Alegre, a incidência de novos casos é de 39/1000 pessoas-ano e

elevando-se para 59/1000 pessoas-ano entre pré-hipertensos, indicando que 80% deles

tornar-se-ão hipertensos em 10 anos21

.

A OMS estima que cerca de três quartos dos pacientes hipertensos não atingem

valores ótimos de pressão arterial22

. Na sua etiologia estão implicados a idade, a

genética, o gênero e a etnia, denominados de fatores de risco não modificáveis. Já os

fatores ambientais são passíveis de intervenção e assim permitem tanto a prevenção da

HAS quanto a promoção do seu controle23

.

Os principais fatores de risco para as DCV, conforme os dados epidemiológicos,

apontam que a probabilidade de um indivíduo de 50 anos, sem exposição a fatores de

risco conhecidos, desenvolver um evento coronariano é de 6% em 10 anos; enquanto

que um indivíduo de 60 anos passa a ter a probabilidade de 9% para desenvolver o

mesmo evento24

.

É necessário o entendimento dos fatores de risco para HAS para compreender a

melhor maneira de controlar e tratar a pressão arterial25

. No estudo de Framingham,

dentre os indivíduos com hipertensão arterial, os eventos cardiovasculares ocorreram

com maior frequência na presença de pelo menos dois fatores de risco, demonstrando

que o risco de eventos é proporcional à associação dos fatores de risco26,27

.

A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabelecida

na população28

. Até o momento, não existem, variantes genéticas que possam ser

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9

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS29

. E embora o quadro

geral de fatores de risco que determinam o aumento da pressão arterial ao longo do

tempo esteja bem estabelecido, os mecanismos que envolvem esse aumento e aqueles

que tentam compensá-lo, ainda não estão totalmente esclarecidos. Assim, animais de

pequeno porte, especialmente ratos e camundongos, vêm sendo utilizados como

modelos que envolvem os processos da HAS30-32

.

Ratos espontaneamente hipertensos (“Spontaneously Hypertensive Rats” - SHR)

mimetizam a HAS de humanos em vários aspectos. Estes modelos animais

desenvolvem HAS entre a 8ª e 12ª semana de vida, o que decorre do aumento da

atividade simpática e remodelamento anatômico do sistema cardíaco, principalmente,

hipertrofia ventricular esquerda30,31

. Isto por sua vez também, contribui para o aumento

da PA e o aumento da resistência vascular periférica (RVP), através do espessamento da

parede dos vasos31

. A grande vantagem de utilização do modelo SHR é a forma pela

qual a HAS se estabelece: espontânea e sistêmica. Estas características são importantes

para estudos que tenham a HAS como doença poligênica e não como fator isolado da

hipertensão. Além dessa característica, a PA nesse modelo experimental possui aumento

gradativo com passar da idade, e evolui com dano em órgão-alvo30,31,33

, conforme

ocorre em humanos.

Alguns dos aspectos fisiopatológicos que correlacionam a HAS e dislipidemias,

por exemplo, estão relacionados à disfunção endotelial34

. De acordo com Carvalho e

colaboradores (2001)35

, a aderência e a migração de leucócitos circulantes para camada

íntima é um mecanismo que desencadeia o início da aterogênese. Quando relacionada à

insuficiência cardíaca (IC), com função sistólica preservada, a HAS é compreendida

como uma síndrome complexa, com um componente periférico, a vasculatura arterial, e

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10

um componente central, o miocárdio (vaso-miócito-interstício), acometidos frente a

alguns estímulos agressores, provenientes do próprio quadro de HAS36

.

A presença de um ou mais fatores de risco implica em maior chance de

desenvolver a doença, logo a redução da morbidade e mortalidade por DCV deve estar

direcionada na promoção de atitudes que visem mudanças nos fatores de risco

modificáveis. Dentre as medidas utilizadas para reduzir os fatores de risco para as DCV,

a intervenção dietoterápica configura-se como uma opção de grande valia, sendo de

baixo custo e de fácil acesso à população, quando compara aos orçamentos dos

tratamentos com fármacos dependentes de alta tecnologia.

2.2. DIETA E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

A importância da dieta e de outros fatores de estilo de vida no controle da HAS

vem sendo enfatizada nas últimas décadas37

. A partir de 1960, proliferaram programas

de intervenção, principalmente nos países desenvolvidos, onde a mortalidade por DCV

era bastante expressiva. Nesse período, várias pesquisas foram voltadas à busca de

indicadores de aterogenicidade de dietas, a partir de seus conteúdos energéticos, teores

de colesterol e dos ácidos graxos saturados e insaturados38

. Vários ensaios aleatorizados

demonstraram que intervenções alimentares adequadas podem diminuir39

ou prevenir

significativamente o aparecimento de diversas doenças crônicas não

transmissíveis40,41,42

.

O estudo Interheart43

identificou três padrões alimentares distintos após avaliar a

dieta de indivíduos de 52 países, denominados, respectivamente, dieta oriental (rica em

proteínas vegetais), dieta ocidental (rica em gordura), e dieta prudente (rica em frutas e

hortaliças). Observou-se um aumento de risco para o infarto agudo do miocárdio (IAM)

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11

de aproximadamente 30% na população que segue a dieta ocidental. Associação inversa

foi obtida com o consumo de dieta denominada prudente.

Outra pesquisa, relacionando a associação da ingestão de nutrientes e HAS em

brasileiros descendentes de japoneses encontraram que o total de lipídios da dieta é um

fator de risco para as DCV. Destaque foi dado aos ácidos graxos ω-3 que tiveram

relação negativa com a HAS44

. De acordo com Brady e colaboradores (2004)45

,

verificaram que o desequilíbrio entre as quantidades de ômega-6 (ω-6) e ω-3, teve

grande relevância na prevalência da HAS em sua população de estudo.

Criado por Ancel Keys, na década de 50, o termo “Dieta do Mediterrâneo”,

refere-se ao padrão alimentar típico dos povos da região do Mar Mediterrâneo. Em

1945, o pesquisador Keys, quando iniciou seus estudos na região, constatou que a

população desta região, apesar de consumirem grande quantidade de gordura (35% a

40% do total de calorias diárias), de forma semelhante aos países ocidentais,

apresentavam baixa incidência de DCV46

. Logo, verificou que a Dieta Mediterrânea era

rica em vegetais em grandes quantidades (frutas, legumes, hortaliças, pães e cereais

integrais), peixe e frango (carne vermelha ocasional), vinho tinto, regularmente, com

moderação, às refeições, laticínios (iogurte e queijo, principalmente) e gorduras,

representadas por nozes e óleo de oliva em abundância. Estes achados serviram de base

para o tão conhecido Estudo de Lyon, ensaio clínico randomizado (ECR) de prevenção

secundária para testar a influência de uma alimentação tipo Dieta do Mediterrâneo na

evolução de pacientes após um IAM47

. O estudo havia sido planejado para cinco anos,

porém o Comitê de Ética da pesquisa Lyon interrompeu o estudo, após 27 meses devido

ao benefício observado no grupo experimental, com diminuição de 70% na mortalidade

global, principalmente por redução da mortalidade coronária. Esse primeiro relato foi

feito por Lorgeril e demais pesquisadores, no Lancet, em 199447

. Após quatro anos, uma

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12

análise mostrou que o efeito protetor persistia e com boa aderência dos pacientes ao

padrão dietético mediterrâneo48

. Um dos ECR de prevenção primária randomizou 180

pacientes (99 homens e 81 mulheres), portadores de síndrome metabólica, de acordo

com os critérios do Programa Nacional de Educação em Colesterol (National

Cholesterol Education Program / Adult Treatment Panel III), para 2 grupos, 90 no grupo

intervenção com uma Dieta Tipo Mediterrânea, e 90 no grupo controle, com uma dieta

prudente (gorduras < 30% das calorias totais). Após 2 anos, o grupo Dieta do

Mediterrâneo, comparado ao grupo controle, apresentou redução significativa da

concentração plasmática dos marcadores inflamatórios (Proteína C Reativa, p = 0,01;

interleucina 6, p = 0,04). O grupo da Dieta do Mediterrâneo também apresentou redução

da resistência insulínica (p < 0,001) e melhora da função endotelial (p < 0,001). Ao final

do estudo, 40 pacientes, desse grupo, ainda apresentaram critérios de síndrome

metabólica, enquanto no grupo controle, 78 pacientes49

. Os ácidos graxos ω-3 de origem

animal e vegetal, assim como os ácidos graxos monoinsaturados, principalmente do

óleo de oliva, como também das oleaginosas, são componentes importantes da dieta

mediterrânea e, de modo provável, participam da base protetora desse cardápio. As

evidências disponíveis, portanto, indicam que a dieta, visando à prevenção de doenças

cardiovasculares, deve incluir alimentos ricos em ácidos graxos poli-insaturados ω-3 e

monoinsaturados.

A dieta preconizada pelo estudo DASH (Dietary Approachs to Stop

Hypertension - DASH) mostrou benefícios no controle da pressão arterial, inclusive em

pacientes fazendo uso de anti-hipertensivos. Este plano alimentar enfatiza o consumo de

frutas, verduras, alimentos integrais, leite e derivados desnatados; quantidade reduzida

de gorduras saturadas e colesterol, maior quantidade de fibras, potássio, cálcio e

magnésio50

. Associada à redução no consumo de sal, mostra benefícios ainda mais

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13

evidentes, sendo, portanto, fortemente recomendada para hipertensos50

. Compõe-se de

quatro a cinco porções de frutas, quatro a cinco porções de vegetais e duas a três

porções de laticínios desnatados por dia, com menos de 25% de gordura51

. Este cardápio

equilibra macro e micro nutrientes de uma maneira considerada ideal para redução

expressiva dos níveis de pressão arterial, pois é composta de produtos com baixa

quantidade de gordura, como principalmente peixe, frango, carnes vermelhas magras e

laticínios magros. Logo, visando à diminuição do consumo de gordura saturada,

colesterol e o aumento do aporte de proteína e cálcio é possível também aumentar o

nível de gorduras poli-insaturadas. Além disso, para otimizar o efeito da alimentação

sobre a pressão arterial é recomendado reduzir a ingestão de sal (cloreto de sódio –

NaCl); controlar o peso corporal; consumir quantidades adequadas de potássio, cálcio e

magnésio e a ingestão moderada de bebidas alcoólicas52

.

Atualmente, um dos enfoques da intervenção dietoterápica é justamente a

utilização de alimentos funcionais, definidos pela American Dietetic Association (ADA)

como alimentos que vão além das necessidades nutricionais básicas. De acordo com

esse conceito, alimento funcional foi definido como todo alimento processado, contendo

ingredientes que auxiliam funções específicas do organismo além de serem nutritivos,

sendo definidos em 1991, como “Alimentos para uso específico de saúde” (Foods for

Specified Health Use - FOSHU)53

. Os ácidos graxos poli-insaturados da série ômega-3

estão entre os alimentos funcionais bastante pesquisados em termos de saúde

cardiovascular e dentro dessa classe, encontra-se o óleo de peixe rico em ω-353

.

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14

3. ÁCIDOS GRAXOS

3.1. ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA

Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos que geralmente apresentam uma cadeia

carbônica longa, não ramificada, com o número par de átomos de carbono. De acordo

com o número de átomos de carbono, os ácidos graxos classificam-se: ácidos graxos de

cadeia curta (4 – 6 carbonos); ácidos graxos de cadeia média (8-12 carbonos), ácidos

graxos de cadeia longa (14-18 carbonos), ácidos graxos de cadeia muito longa (20

carbonos ou mais)54,55

. Classificam-se em ácidos graxos saturados (AGS) ou ácidos

graxos insaturados, sendo que, os ácidos graxos insaturados são subdivididos nas

categorias monoinsaturadas (AGMI) ou MUFA (Monounsaturated Fatty Acids) (uma

única dupla ligação) ou PUFA (Poly Insaturated Fatty Acids - PUFA) do tipo ômega-3

(ω-3), comumente referenciado ácido graxo poli-insaturado (com duas ou mais duplas

ligações dupla), sendo essenciais para funções metabólicas e estruturais nas células54-56

.

A família ômega de ácidos graxos apresenta essa denominação devido à posição

metila na molécula ácido graxo, correspondendo à distância entre o radical metila

terminal e a primeira dupla ligação da molécula (ligação ômega). Os principais

representantes desse grupo são: ω-3 (ácido α-linolênico), ω-6 (α-linoléico e ácido

araquidônico ou AA) e ω-9 (ácido oléico). Os ácidos graxos da série ω-3 apresentam o

maior comprimento de cadeia e são altamente poli-insaturados55

.

Em humanos, os ácidos α-linolênico (ALA) e os ácidos α-linoléico (LA), são

necessários para manter, sob condições normais, as membranas celulares, as funções

cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos. Também participam da transferência do

oxigênio atmosférico para o plasma sanguíneo, da síntese da hemoglobina e da divisão

celular57,58

. São considerados essenciais para os mamíferos, pois são precursores

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15

necessários para a síntese de outros ácidos e precisam ser obtidos por meio da dieta.

Uma vez ingeridos eles podem ser convertidos em outros ácidos graxos poli-insaturados

como o Ácido Eicosapentaenóico, EPA (22:5, ω-3); Ácido Docosahexaenóico, DHA

(22:6, ω- 3); e Ácido Araquidônico, AA (20:4, ω-6)59

.

O ALA permite a formação de dois importantes ácidos graxos de cadeia longa:

EPA e DHA. O EPA relaciona-se principalmente com a proteção da saúde

cardiovascular, e o DHA é considerado fundamental para o desenvolvimento do cérebro

e sistema visual, associado à saúde materno infantil60

. O ácido EPA e o AA, também

podem ser incorporados aos fosfolipídios, mas os ácidos graxos EPA têm maior

afinidade para tal, melhorando a permeabilidade e a fluidez da membrana celular61

.

Estão presentes em peixes, como, por exemplo, salmão, arenque, bacalhau e cavala e

seu alto conteúdo de EPA e DHA, no pescado, é consequência do consumo do

fitoplâncton pelos mesmos. O fitoplâncton é, por excelência, rico em AGPI da série ω-3,

sendo que seu conteúdo varia em função da sua disponibilidade, localização e estação

do ano62

.

As plantas terrestres e aquáticas (marinhas) são as principais fontes de AGE. Os

ácidos graxos LA, podem ser encontrados em grande abundância nas sementes de

plantas oleaginosas, principalmente nos óleos de soja, milho, girassol e nas castanhas57

.

Já as principais fontes dos graxos ácidos ALA são os óleos de peixe, algas, plantas e

animais marinhos.

3.1.1. Ácidos Graxos Ômega-3

Os ácidos graxos essenciais ω-3 são caracterizados pela presença de uma dupla

ligação no carbono 3. Há dois subgrupos de ω-3, um derivado de óleos vegetais,

compostos por 18 átomos de carbono e três duplas ligações, denominado ácido α-

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16

linolênico, e outro subgrupo derivado dos óleos de peixe, composto em sua maioria de

EPA e o DHA. Estes são considerados uma classe essencial de ácidos graxos poli-

insaturados derivados principalmente de óleo de peixe63,64

. Nos peixes, as maiores

concentrações encontram-se nos marinhos que são provenientes de água frias e

profundas, com quantidade considerável de ácido graxo ω-364

(Tabela 1).

Tabela 1 – Principais fontes alimentares de ácidos graxos ω-3

FONTE Gramas de ω-3 em 100g de alimento

Cavala

Sardinha

1,8 - 5,3

1,5 – 2,5

Arenque 1,2-3,1

Salmão 1,0 – 2,0

Atum 0,5 – 1,6

Camarão 0,2 – 0,4

Lagosta 0,3 – 0,4

Bacalhau 0,2 – 0,3

Fonte: Adaptado de Schmidit (2001)

A tabela informa as fontes ricas de ω-3 que são encontradas em peixes de águas frias como o salmão e o

atum.

O interesse pelo estudo acerca dos ácidos graxos ω-3 surgiu em 1970, pela

observação de que esquimós da Groenlândia apresentavam baixa incidência de doença

coronariana, maior tempo de sangramento e menor concentrações de lipídios e

lipoproteínas plasmáticas65

. Verificou-se que as alterações não eram relacionadas a

fatores genéticos, mas ambientais, provavelmente relacionado ao alto consumo de

peixe, hábito diário daquela população. Os resultados foram confirmados

posteriormente em estudo do tipo coorte no Japão65

.

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17

Hoje, devido os efeitos benéficos sobre a ingestão de PUFA ω-3, as autoridades

de saúde e alimentação, recomendam aumentar a ingestão de ácidos graxos ω-3, seja

pelas vias convencionais, tais como o aumento de produtos marinhos (principalmente

peixes), ou através do desenvolvimento e consumo de alimentos enriquecidos. Outra

alternativa, para suplementar a ingestão de ácidos graxos ω-3 na alimentação é através

de consumo direto de produtos, que contenham o ácido EPA e / ou DHA, já na forma de

concentrados (cápsulas, emulsões de óleos marinhos e de azeites vegetais, ou

preparados que contenham esses ácidos graxos)66

. Vários benefícios são relatados sobre

a ingestão dos ácidos graxos poli-insaturados ômega-3, sob a forma de alimentos fontes

ou óleo de peixe, que passou a ser consumido em maior abundância, estando

relacionado com a prevenção e tratamento de enfermidades cardiovasculares67

.

3.1.1.1. Óleo de Peixe

Diversas pesquisas estão focadas na modificação de óleos e gorduras para a

obtenção de produtos que aliem propriedades funcionais e/ou de saúde, bem como

propriedades tecnológicas que permitam sua utilização nas linhas de processamento68,69

.

Os óleos marinhos estão presentes na carne de peixes “gordos”, no fígado de

peixes “magros” e na camada de gordura de mamíferos marinhos70

. O método

tradicional para a obtenção de óleo de peixe é conhecido como processo úmido, que

envolve as etapas de cozimento, prensagem e centrifugação da matéria prima71,72

. Após

sua obtenção, o óleo bruto deve ser refinado para consumo humano71,73

, sendo

reconhecido como Generally recognized as Safe (GRAS) pelo U.S. Food and Drug

Administration (FDA)72

.

Os óleos de peixe refinados e desodorizados consistem principalmente de

triacilgliceróis com uma complexa composição em ácidos graxos (saturados, mono e

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18

poli-insaturados) e alto teor de vitaminas, em especial a vitamina A70,73,74

. A deficiência

de EPA e DHA na dieta, como em decorrência do baixo consumo de peixe, pode ser

suprida pela ingestão de óleo de peixe, ou ainda de suplementos ou alimentos

enriquecidos com estes ácidos graxos da série ω-375,76

.

Hoje, com a “moda” das dietas e a busca de estilo de vida mais saudável a

ingestão de ácidos graxos ω-3 é utilizada para a redução de peso

77, uma vez, que os

indivíduos com excesso de peso têm baixo controle da glicemia, do diabetes e do

colesterol elevado, são favorecidos pelo consumo de ácidos graxos essenciais. Os

isómeros do ácido linoléico conjugado (ALC16 ou CLA16, conjugated linolenic acid),

com propriedades anti-cancerígenas, são muito estudados quanto ao seu efeito na

redução da adiposidade e da sensibilidade em relação à insulina humana; controle da

função imunológica e, ainda, dos marcadores de aterosclerose, da diabetes e de risco de

obesidade78

.

O óleo de peixe encapsulado possui vantagens com relação à estabilidade física,

química e facilidade de ingestão quando comparado com a forma não encapsulada. A

cápsula é uma apresentação farmacêutica formada por um envoltório de gelatina ou

celulose que protegem o óleo da oxidação e deterioração. Outro benefício é a facilidade

de administração e transporte do produto pelo consumidor79

.

3.2. METABOLISMO

Cada família de ω-3 e ω-6 origina-se de um ácido graxo precursor específico, o

qual é convertido em outros ácidos graxos da mesma série, através de sucessivas

reações enzimáticas, onde ocorre adição de novos carbonos e insaturações da cadeia

original80

. Todos os mamíferos podem sintetizar ácidos graxos a partir de moléculas de

acetil-CoA. O produto final da enzima ácido-graxo-sintetase é o ácido palmítico, que

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19

pode ser modificado para a forma de ácido esteárico. Há pouca necessidade de síntese

de ácidos graxos saturados para indivíduos que vivem no Ocidente, pois a dieta

normalmente fornece as quantidades necessárias desse nutriente. Entretanto, as

membranas celulares necessitam de ácidos graxos insaturados para manterem sua

estrutura, fluidez e função. Portanto, existe um mecanismo para introdução de duplas

ligações. Esta enzima resulta na conversão de ácido esteárico para ácido ω-9.

Plantas diferentes dos animais podem inserir duplas ligações existentes na

posição C-9 e o agrupamento metil terminal da cadeia de carbonos. Um delta-12-

dessaturase converte o ácido oléico em ácido linoléico. Muitas plantas marinhas,

especialmente algas unicelulares no fitoplâncton, também executam aumento da cadeia,

e, assim, a dessaturação do ácido α-linolênico gera o ácido graxo poli-insaturado ω-3,

com 20 e 22 carbonos e 5 ou 6 duplas ligações. É a formação desses ácidos graxos poli-

insaturados ω-3 de cadeia longa por algas marinhas e sua transferência por meio de

cadeia alimentar que promovem a abundância dos ácidos EPA e DHA em alguns óleos

de peixes marinhos, os quais são biologicamente mais potentes em relação ao ácido α-

linolênico81,82,83

.

3.3. PADRÕES NUTRICIONAIS

Países como Canadá, Suíça, Reino Unido, Austrália e Japão, assim como a

World Health Organization (WHO), têm feito recomendações formais baseadas no

consumo de dieta contendo ácidos graxos ω-3. Recomendações típicas estão em torno

de 0,3 a 0,5 g/dia de EPA + DHA e 0,8 a 1,1 g/dia de ácido α-linolênico84

. O Canadian

Recommended Nutrient Intake (CRNI) definiu a ingestão diária recomendada para

ácidos graxos da série ω-3 em 0,5% de energia total da dieta84

.

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20

A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) recomenda que os

ácidos graxos ω-3 compreendam entre 10 a 20 % dos ácidos graxos poli-insaturados do

total energético da dieta85

. Já as recomendações da Associação Americana do Coração

(American Heart Association – AHA), sugerem o consumo de 0,5 g/dia a 1,8 g/dia de

EPA+DHA ou o consumo de 2,5 g/dia a 3 g/dia de ω-386

.

Segundo a IV Diretriz Brasileira de Dislipidemia87

, a ingestão de altas doses (4 a

10g/dia) dos ácidos graxos ω-3 reduzem os triglicerídeos e aumentam, discretamente, o

colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade), podendo, entretanto aumentar também

o LDL (lipoproteína de baixa densidade). Em portadores de DAC, a suplementação de 1

g/dia de ω-3 reduziu em 10 % os eventos cardiovasculares (morte, IAM, AVC). Por

outro lado, as doses de PUFA ω-3 capazes de trazer benefícios na redução da PA variam

de 2 g a 6 g/dia, com uma média de 3,7 g/dia88,89

. Melhorias na função vascular foram

obtidas por cápsulas contendo 1 g a 4 g/dia de ácidos graxos ω-3, em indivíduos

saudáveis, hipercolesterolêmicos, portadores de falência coronária crônica127

e em

adolescentes obesos90

.

A Sociedade Internacional para Estudos de Ácidos Graxos e Lipídios

(International Society for the Study of Fatty Acids and Lipids - ISSFAL) é uma

sociedade de cientistas, profissionais da saúde, administradores e educadores que vem

discutindo e estabelecendo padrões de ingestão para indivíduos saudáveis e doentes91

.

Esta sociedade sugere a quantidade de 0,65 g/dia de DHA e mais 1 g/dia de ácido α-

linolênico. Por outro lado, as novas recomendações da AHA, são: a) os indivíduos

adultos devem consumir pescado pelo menos 2 vezes por semana; b) para pacientes com

enfermidade coronária, as recomendações de consumo são de 1g/dia de EPA+DHA

procedente de óleo de pescado ou suplementos; c) para pacientes com

hipertrigliceridemia se recomenda a suplementação de 2 a 4 g/dia de EPA + DHA, a fim

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21

de diminuir em 20 - 40% os níveis de triglicerídeos no plasma86

. Enfim, as

recomendações atuais (250 - 500 mg/dia) para a prevenção primária de doenças

coronarianas e manutenção da saúde cardiovascular representam duas a quatro porções

por semana de peixes ricos nestes ácidos (Tabela 2)87,92

.

Tabela 2 – Recomendação (g/dia) de ácido α-linolênico (ω-3)

IDADE (ANOS) SEXO ÔMEGA-3 (g/dia)

0-1 Masculino e Feminino 0,5

1-3 Masculino e Feminino 0,7

4-8 Masculino e Feminino 0,9

9-13 Masculino 1,2

9-13 Feminino 1,0

>14 Masculino 1,6

>14 Feminino 1,1

Gestantes 1,4

Lactentes 1,3

Fonte: Institute of Medicine (2002)

A tabela descreve as quantidades recomendadas para o consumo do α-linolênico de acordo com a idade e

sexo.

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4. INFLUÊNCIA DO ÔMEGA-3 NA PATOFISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

4.1. BREVE HISTÓRICO

O interesse no estudo dos ácidos graxos surgiu desde o século XIX, onde Vogel,

em 1847, foi o primeiro investigador a detectar a presença de colesterol nas placas de

ateroma84

. No Século XX, em 1972, depois de observar que os esquimós apresentavam

baixa incidência de DCV, apesar de sua dieta conter um teor elevado de gordura, Bang e

Dyerberg sugeriram pela primeira vez, que os ácidos graxos da série ω-3 reduziam o

risco de desenvolvimento de tais doenças84

. Desde então, há cerca de 50 anos, vem

sendo dada maior atenção ao papel da alimentação no desenvolvimento de doenças

crônicas não transmissíveis, sendo os lipídios o maior foco88

.

Na década de 60, em decorrência dos efeitos aterogênicos causados pelo

consumo elevado de lipídios saturados, preconizou-se a substituição de grande parte dos

ácidos graxos saturados da dieta, por ácidos graxos poli-insaturados93

. Resultados de

alguns estudos clínicos feitos, na última década, também apontaram a necessidade de

diminuir a razão de ω-6 / ω-3 nas dietas modernas. Estima-se que a razão ω-6 / ω-3 na

dieta das pessoas que viveram no período que antecedeu a industrialização, estava em

torno de 1:1 a 2:1, devido ao consumo abundante de vegetais e de alimentos de origem

marinha, contendo ácidos graxos poli-insaturados ω-3. Com a industrialização, ocorreu

um aumento progressivo dessa razão, devido, principalmente, ao consumo de gorduras

saturadas, a produção de óleos e grãos que contém ω-6 e a redução no consumo de

frutas e verduras. Ao mesmo tempo, houve considerável redução do consumo de ácidos

graxos poli-insaturados ω-3 na alimentação que está relacionada ao aparecimento de

diversas patologias, como as DCV94

.

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23

A intervenção dietética clássica recomendada pela AHA através do Programa

Nacional de Educação em Colesterol (NCEP/ATP III – National Cholesterol Education

Program / Adult Treatment Panel III) faz acentuada indicação da utilização de alimentos

com propriedades funcionais, como o ω-395. Pesquisadores relataram que os ácidos

graxos ω-3 são hábeis em modificar a produção de eicosanóides, alterar a expressão

gênica, metabolismo energético, função de prevenção secundária de eventos

cardiovasculares no qual se comparam os efeitos de ingestão diária de cápsulas de ω-3,

vitamina E ou ambos – o GISSI Prevention Study96

. Nesse estudo, verificou-se que

apenas o ácido graxo ω-3 conferiu proteção cardiovascular, obtida em tempo

relativamente curto sem alterar os lipídios no plasma96

.

Grandes ensaios clínicos como o Diet and Reinfarction Trial, (DART)97

e o

Gruppo Italiano per lo Studio della Sopravivenza nell Infarto Miocardico Prevenzione

(GISSI)98

mostraram claros benefícios dos ácidos graxos ω-3 na redução da mortalidade

total (29%)99

e morte súbita. No ensaio Alpha Omega, porções de margarina

proporcionaram um consumo médio adicional de EPA – DHA de aproximadamente 400

mg por dia100

. Os resultados mais significativos comumente usados nestes ensaios

foram os principais eventos cardiovasculares, o DCV fatal, o DAC fatal e a morte

súbita. Os efeitos mais importantes foram observados no ensaio GISSI-P para pacientes

que sobreviveram a um IAM recente. Nestes ensaios, uma quantidade adicional de

EPA–DHA de 900 mg por dia reduziu significantemente o DCV fatal em 30%, o DAC

fatal em 35% e a morte súbita em 45%96

. Já, no ensaio GISSI-HF, onde foram incluídos

pacientes com falha cardíaca, o DCV fatal foi significantemente reduzido em 10%, a

morte súbita não significantemente em 7% e as primeiras admissões hospitalares para

arritmias ventriculares significantemente em 28%101

. Já o ensaio JELIS mostrou que um

consumo adicional de 1800mg de EPA por dia reduziu somente os principais eventos

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24

coronários (DAC fatal e não fatal, angina instável, intervenção coronária percutânea e

revascularização do miocárdio arterial coronário)102

.

4.2. EFEITOS NO ORGANISMO

Os efeitos protetores e os processos metabólicos dos ácidos graxos ω-3/óleo de

peixe são extensivamente investigados e considerados área ativa para pesquisas.

Em 2005, em um simpósio, diferentes especialidades médicas se reuniram para

discutirem evidências e experiências sobre os ácidos graxos ω-3. Além da redução do

risco cardiovascular foram apresentados os benefícios na gestação, no desenvolvimento

visual e cognitivo na infância, na prevenção da demência senil e da doença de

Alzheimer, na redução de mecanismos pró-inflamatórios (beneficiando portadores da

Síndrome Metabólica e doenças reumáticas). Uma das expressões criadas pelo grupo de

especialistas é a de que os ácidos graxos ω-3 parecem ser importantes “from womb to

tomb”, ou seja, “do útero à sepultura”103

. Nesse evento, o pesquisador Breslow

demonstrou que os possíveis mecanismos que promovem a redução do risco

cardiovascular estão relacionados a propriedades antiarrítmicas, anti-hipertensivas,

redutoras dos níveis de triglicerídeos, estimuladoras da função endotelial, redutoras da

agregação plaquetária e dos mecanismos pró-inflamatórios103

. Hoje é sabido que o uso

de ω-3 na dieta tem efeitos protetores na função cardiovascular, reduzindo os níveis

pressóricos, diminuindo a RVP, melhorando a função endotelial e diminuindo a

viscosidade sanguínea104

. Sugerem-se ainda, efeitos positivos sobre o perfil de lipídios

plasmáticos e da viscosidade sérica e plasmática, como a função das plaquetas, algumas

das quais mediadas por eicosanóides105

.

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25

4.2.1. Efeitos Anti-inflamatórios

Evidências clínicas e experimentais sugerem que a suplementação com óleo de

peixe, rico em ω-3, tem propriedades anti-inflamatórias e exerce um importante papel

na função vascular tendo a capacidade de reduzir os eventos cardiovasculares106

. Os

ácidos graxos ω-3 reduzem o conteúdo de AA nos fosfolipídios das membranas em

plaquetas, células endoteliais e células inflamatórias, com a diminuição na produção de

mediadores pró-inflamatórios, derivados do AA, incluindo prostaglandina (PG)-E2,

tromboxano (TX)-B2, leucotrieno (LT)-B4, ácido hidroxieicosatetraenoico (5-HETE) e

LT-E4106

. A suplementação com EPA e DHA também sugere um efeito protetor no

coração através da melhoria da função mitocondrial e da eficiência da geração de

ATP106

. Este efeito pode ser devido a alterações na composição dos fosfolipídios da

membrana mitocondrial e à melhor eficiência da geração de ATP106

. Estudos

experimentais em modelos animais, os ácidos graxos ω-3 inibiram a produção de

interleucina 1 (IL – 1) e fator de necrose tumoral alfa (TNF – α)107,108

, duas citocinas

pró-inflamatórias. Outro efeito do ω-3, mais especificamente o EPA e DHA, é a possível

modificação da composição dos ácidos graxos em corações de ratos, modificando, em

seguida, a permeabilidade do receptor de membrana da célula e assim influenciando a

função cardíaca108

.

4.2.1.1. Efeitos na Função Endotelial

A disfunção endotelial está implicada na gênese da aterosclerose e de outras

doenças crônicas como a HAS, a dislipidemia e a síndrome metabólica, por promover

inflamação, trombose, rigidez arterial e redução da regulação do tônus e o fluxo arterial.

Sabe-se que a HAS é um fator de risco bem estabelecido para a doença cardiovascular,

caracterizada pela disfunção endolelial109

. Um mecanismo proposto corresponde à

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26

regulação do tônus vasomotor e da excreção renal de sódio, explicado em parte pela

competição com os ácidos graxos poli-insaturados ω-6 pelas enzimas metabólicas e pelo

decréscimo na produção de eicosanóides pró-infamatórios (em especial o tromboxano

A2 ou TXA2)110

. Recentemente, um pequeno número de estudos publicados em

pacientes com desordens cardiovasculares, especialmente em indivíduos

hipercolesterolêmicos, aponta uma significativa melhora da função endotelial, avaliada

pela dilatação mediada pelo fluxo, com suplementação dos ácidos graxos poli-

insaturados ω-3111

.

Resultados em tratamentos a longo prazo, com óleos de peixe mostraram

aumento do relaxamento dependente do endotélio das artérias coronárias normais em

suínos112

, pelos quais o EPA, é o responsável pela elevação113

. Este efeito, também foi

notado em microvasos coronários suínos114

, assim como, o relaxamento dependente do

endotélio das artérias coronárias hipercolesterolêmicas e ateroscleróticas suínas115

e das

veias femorais116

. O EPA aumenta o relaxamento dependente do endotélio pelo óxido

nítrico (NO), bem como pelo fator hiperpolarizante derivado do endotélio117

. O NO,

também inibe a agregação e a adesão de plaquetas, a adesão de leucócitos e pequena

proliferação celular dos músculos.

4.2.1.2. Efeitos na Inibição da Agregação de Plaquetas

Os ácidos graxos ω-3 diminuem o risco de trombose pela inibição da agregação

de plaquetas. É importante ressaltar que os ácidos graxos ω-3 inibem a síntese de

plaquetas TXA2 e agem como antagonistas do receptor pró-agregador TXA2 / PG H2

nas plaquetas humanas in vitro118

. Estudos sugerem que os ácidos graxos ω-3 possuem

efeitos favoráveis sobre a vasculatura, diminuindo a vasoconstrição e a tendência para a

coagulação119

. Portanto, a ingestão de peixe ou óleo de peixe, neste sentido, resulta em

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27

diminuição das concentrações de TXA2; diminuição da formação de LBTB4, que é um

indutor da resposta inflamatória e agente quimiotático para leucócitos; aumento da

concentração de tromboxana (TXA3), que induz fracamente a agregação plaquetária e a

vasoconstrição; aumento das concentrações de PGI3, que é um importante vasodilatador

e inibidor da agregação plaquetária; aumento da concentração de LTB5, que é

considerado um fraco agente indutor de inflamação e com baixa ação quimiotática119

.

4.2.1.3. Efeitos na Redução da Pressão Arterial

A intensidade da redução da pressão arterial depende do grau da HAS (mais

eficaz na HAS leve), nível de ingestão de sódio e a dose administrada, particularmente

de DHA. O mecanismo de ação mais provável é o desvio da produção de eicosanóides

da série 2, derivados do AA, para a série 3, derivados do EPA120

. Em consequência, o

balanço prostaciclina / tromboxano é desviado para uma atividade mais vasodilatadora e

de antiagregação plaquetária. Independente da magnitude da redução da pressão arterial

é sugerido que os ácidos graxos da série ω-3 protegem diretamente os órgãos-alvo

lesionados pela HAS leve. Entretanto, não há relatos da eficácia em HAS moderada e

grave120

.

Pesquisadores121

, em meta-análise, observaram que o consumo diária de 7,7 g de

ω-3 resultou em uma queda na PA sistólica de 4 mm Hg e uma redução de 3 mm Hg na

pressão diastólica, em , comparação a pressão inicial. Os autores também relataram que

a ingestão de 4,8 g de ω-3 diariamente foi responsável pela diminuição de 3 mm Hg na

pressão sistólica e 1,5 mm Hg na pressão diastólica, quando comparado a pressão

arterial do início da pesquisa122

. Outros estudos, em animais, ratos hipertensos tiveram a

dieta suplementada com PUFA ω-3, onde foi observado um decréscimo significativo na

pressão sanguínea (- 20 mm Hg) após 10 semanas. Os resultados reforçaram o efeito

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anti-hipertensivo dessa categoria de lipídeos e chamaram a atenção para a abordagem de

suas propriedades farmacológicas nas recomendações nutricionais para prevenção de

DCV123

.

4.2.1.4. Efeitos nas Dislipidemias

Os ácidos graxos ω-3 relacionam-se à redução moderada de trigliceridemia por

diminuírem a atividade de diacil-glicerol acetil-transferase, enzima implicada na síntese

hepática de triglicerídeos, diminuindo a secreção hepática de VLDL124

. Além disso, pelo

fato de estarem envolvidos em importantes vias regulatórias transcricionais, aumentam

o PPAR-α (peroxisome proliferator-activated alpha), envolvido na síntese da

lipoproteína lípase (LPL)125

. Os ácidos graxos ω-3 também atuam, no núcleo, na

regulação de genes envolvidos na lipogênese, incluindo o PPAR, conjuntamente com

receptores nucleares e fatores de transcrição, como HNF (hepatocyte nuclear factor-

kappa B)126

. Dessa forma, aumentam a oxidação de ácidos graxos por meio de ativação

do PPAR-α ou por reduzir a atividade do SREBP (sterol regulatory element-binding

proteins). É ainda destacado que o óleo de peixe pode reduzir a concentração plasmática

de triglicerídeos, possivelmente por reduzir sua síntese de triglicerídeos pelo fígado127

.

Além disso, o óleo de peixe aumentaria a atividade da LPL, acelerando o catabolismo

da VLDL e dos quilomícrons, contribuindo para a diminuição da trigliceridemia pós-

prandial128

.

Pesquisadores129

, alimentaram grupos distintos de ratos com ração comercial

(Nuvilab® com 4% de lipídios) adicionadas de óleo de peixe (15%), com ração

comercial adicionada de óleo de soja (15 %) ou com ração comercial adicionadas de

óleo de soja + óleo de peixe (15 % na proporção de 5:1). Após um período de 8 semanas

foi observado que o grupo que recebeu apenas a dieta rica em óleo de peixe apresentou

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uma menor concentração plasmática de lipídios totais, colesterol total e HDL em relação

a todos os outros grupos. Já os animais alimentados com a dieta rica em óleo de peixe e

de soja demonstraram um aumento no colesterol HDL em relação aos grupos controle e

óleo de peixe e uma menor relação entre colesterol total: HDL quando comparados aos

demais grupos. Em outro estudo desenvolvido com animais130

, ratos foram submetidos à

dieta rica em ω-3 (6,5%) + gordura saturada (13%), perfazendo no total 19,5% de

lipídeos. Os animais submetidos à dieta rica em ω-3 mostraram concentrações

plasmáticas de TGL (75%), colesterol total (20%) e fosfolipídios (40%), mais baixas

quando comparados aos submetidos à dieta rica em gordura saturada, avaliados em

estado pós-prandial.

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30

5. O PAPEL DOS ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS NA

REGENERAÇÃO TECIDUAL

Os ácidos graxos poli-insaturados podem originar prostaglandinas, leucotrienos

e tromboxanos que apresentam atividades biológicas importantes131

. Os ácidos graxos

geram precursores de moléculas pro e anti-inflamatórias que podem interferir na

fisiologia de doenças crônicas e em processos inflamatórios.

Nos últimos anos, há evidências da ação modulatória de ácidos graxos na função

de diversos tipos celulares e seus efeitos estão relacionados à alteração da fluidez da

membrana celular131,132

; ação como segundo mensageiros133

; ação mediada por PPAR,

melhora da produção endotelial de óxido nítrico, inibição da ativação de leucócitos e

produção de citocinas pró-inflamatórias, incluindo IL-6 e TNF-α134

; prevenção da

agregação plaquetária e regulação do comprimento dos telômeros135

.

A suplementação oral com ω-3 do óleo de peixe em indivíduos saudáveis

decresce a produção de citocinas pró-inflamatórias, como IL-2136

, e IL-1 em monócitos

isolados e o TNF-α136

. Também, promove a formação da prostaglandina E137

,

estimuladora da liberação de somatotropina137

. Em adição, as informações atuais

relacionam o desempenho de atividades aeróbias devido às propriedades

vasodilatadoras desse ácido graxo poli-insaturado, melhorando o fluxo de oxigênio (O2)

e nutrientes para os tecidos musculares durante o exercício físico138

. Estudos

epidemiológicos com população de esquimós da Groenlândia139

, bem como

investigações em nutrição clínica137,140

e pesquisas laboratoriais com citocinas e

eicosainóides131, 134

, têm mostrado que o ω-3 exibe atividades anti-inflamatórias141

.

Outros estudos demonstram que os ácidos graxos essenciais, contribuem para o

processo de reparação tecidual. O ácido linoléico exerce um importante papel

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quimiotático para macrófagos, sendo fundamental na expressão de componentes do

sistema fibrinolítico (regulação da produção de colagenase); contribui com a produção

de metalo-proteínas, induzindo a granulação e podendo acelerar o processo de

cicatrização142

. Foi observado que o ácido linoléico é capaz de inibir o crescimento de

Staphylococcus aureus, alterando as sínteses de proteínas, parede celular, ácidos

nucléicos e membranas celulares durante a divisão143

.

O ácido linolênico é importante no transporte de gorduras, favorece a

manutenção da integridade da barreira de permeabilidade epidérmica e acelera os

processos cicatriciais. Age como modulador da membrana celular protegendo a lesão e

agindo como imunógeno local, restaurador tecidual (por promover quimiotaxia e

angiogênese, pela manutenção do meio úmido e aceleração do processo de granulação

tecidual), regula a permeabilidade da barreira de água da pele e proporciona a nutrição

celular local143,144

. Também há evidências que ácidos graxos podem interferir no

processo de regeneração do músculo esquelético145

.

Os ácidos graxos essenciais são considerados indispensáveis na síntese de

prostaglandinas e proteínas e são responsáveis pelo processo de regeneração das células,

mecanismos de defesa e processos fisiológicos e bioquímicos relacionados à

regeneração dos tecidos. Hoje são muito utilizadas as pomadas e óleos cicatrizantes que

apresentam em sua composição a associação de triglicerídeos de cadeia média e ácidos

graxos essenciais para estimular a nutrição celular, a regeneração tecidual e a velocidade

de cicatrização das feridas146,147

.

Nas últimas décadas, apesar de grandes avanços verificados, não há total

compreensão dos diversos fatores e fenômenos envolvidos no processo de regeneração

de tecidos. Mas sabe-se que as principais células efetoras destes processos são as

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células-tronco. E, neste sentido percebe-se a escassez de estudos sobre a influência de

ácidos graxos ω-3 sobre estas células e nestes processos.

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33

6. CÉLULAS-TRONCO

6.1. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

As células-tronco possuem capacidade de auto-renovação, ou seja, são capazes

de se multiplicar, mantendo seu estado indiferenciado, proporcionando uma reposição

ativa de sua população de maneira constante nos tecidos, além disso, também podem se

diferenciar em diversos tipos celulares148

. O grau de plasticidade (a diferenciação em

linhagens celulares) está diretamente ligado a sua origem: as do zigoto, possuem

capacidade totipotente; as embrionárias, pluripotente; e as adultas, multipotente. Desta

forma, acredita-se que células-tronco adultas, que estão presentes nos diferentes tecidos,

tenham papel regenerativo quando estes sofrem uma lesão ou injúria149,150

. O

mecanismo pelo qual as células-tronco conseguem realizar esta dupla função

(diferenciação mantendo uma reserva de células indiferenciadas) ainda não está

completamente elucidado, embora alguns aspectos importantes já sejam conhecidos. Por

exemplo, estudos utilizando tecnologia de análise genética com microchips

(microarrays) têm permitido, baseados no padrão de expressão gênica destas células,

identificar algumas características básicas responsáveis pela manutenção do estado

indiferenciado, que incluiriam a capacidade de responder ao hormônio do crescimento e

à trombina, a integração com a matriz extracelular via integrina α6-β1, a alta resistência

ao estresse através do aumento da expressão de enzimas de reparo de DNA, entre

outras151

.

As células-tronco embrionárias são derivadas de estágios iniciais do

desenvolvimento do embrião152,153

enquanto que as células-tronco fetais são tipos

celulares primitivos do feto que podem dar origem a vários órgãos do corpo149,150,151

. As

células-tronco embrionárias são isoladas a partir da massa interna de blastócitos e

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apresentam capacidade de auto-renovação e são células pluripotentes. As células-tronco

adultas ocorrem em diferentes tecidos, como na medula óssea e nos diversos órgãos, e

conservam a capacidade de se auto-replicarem e de se diferenciarem em tipos celulares

do tecido de origem durante todo o desenvolvimento do organismo154-158

. A utilização

de células-tronco embrionárias na terapêutica, no entanto, envolve problemas éticos e,

mais ainda, seu potencial carcinogênico é um sério fator de risco para complicações

clínicas159

.

Embora de potencial clonogênico menor, as populações de células-tronco

adultas podem auxiliar processos em que o uso de células embrionárias é

impossibilitado. Em adição, diversos estudos mostraram que células-tronco adultas

possuem grande plasticidade podendo gerar outro tipos celulares, sendo então

denominadas multipotentes conforme já mencionado160-162

(Figura 1).

Algumas

populações de células-tronco adultas, como as células-tronco mesenquimais (do inglês,

Mesenchymal Stem Cells, MSC), possuem um maior potencial de diferenciação que não

se limita a apenas ao tecido de onde é originada163

.

Uma das principais fontes de células-tronco adultas é a medula óssea. A medula

óssea fornece as chamadas células mononucleares da medula óssea (do inglês, Bone

Marrow Mononuclear Cells, BMMC), que contém duas populações distintas de células-

tronco: as células-tronco hematopoiéticas (HSC, do inglês Hematopoietic Stem Cells),

responsáveis pelo desenvolvimento de linhagens de células sanguíneas, incluindo

leucócitos, hemácias e plaquetas164

e as MSC, que são células estromais, que podem se

auto-renovar e possuem a capacidade de dar origem principalmente a osteoblastos,

condrócitos, adipócitos165,166,167

, músculo esquelético164

, músculo cardíaco, células

endoteliais, hepatócitos, neurônios, oligodendrócitos e astrócinos165,166,167

.

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35

Figura 1. Representação esquemática da plasticidade das células-tronco derivadas de medula

óssea. (Fonte: http://stemcells.nih.gov)

As BMMC foram precursoras da utilização das células-tronco adultas em

protocolos clínicos. Posteriormente, as MSC, em função de sua versatilidade de

diferenciação e de sua poderosa potencialidade, além de sua facilidade de cultivo in

vitro estão sendo mais visadas na aplicação clínica. Além da medula óssea, as MSC

podem ser encontradas em diversos tecidos como coração, fígado, músculos, pâncreas,

cérebro, cartilagens, ossos, tendões, vasos, no tecido adiposo e no cordão umbilical168

.

As células estromais da medula óssea foram primeiramente descritas como

células progenitoras ósseas, presentes em sua fração estroma. Outras pesquisas

subsequentes demonstraram que essas células possuíam a capacidade de se diferenciar

em linhagens celulares mesodérmicas, incluindo condrócitos, osteoblastos, adipócitos e

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mioblastos. Caplan, em 1991, com base nessa capacidade de diferenciação em

multilinhagens, introduziu o termo MSC169

.

As MSC representam uma rara subpopulação das células-tronco da medula óssea

(<0,01% das células mononucleares da medula óssea) que podem ser expandidas

mitoticamente em meio de cultura, em condições apropriadas. Em decorrência da

facilidade em se dividir e proliferar, conclui-se que as MSC seriam as células

responsáveis pela manutenção e renovação dos tecidos mesenquimais adultos, incluindo

o músculo cardíaco170

. Logo, até o presente momento, essas células representam a fonte

mais promissora para a regeneração e reparo de diversos tecidos celulares.

A observação de que as MSC derivadas da medula óssea poderiam ser ativadas

com o objetivo de secretar citocinas e fatores de crescimento, e assim também

participando da regulação do sistema imune, corrobora com a ideia de que a principal

função das MSC seria atuar na reposição fisiológica celular do tecido mesenquimal171

.

Essa observação sugere que as MSC poderiam ser utilizadas de forma terapêutica como

células alogênicas, também chamadas “células universais”, ou seja, células capazes de

atuar no interior de qualquer hospedeiro172

.

As MSC podem ser facilmente isoladas e rapidamente expandidas ex vivo,

tornando-as alvos terapêuticos interessantes na regeneração tecidual. E, neste contexto,

sua atuação na restauração de tecido miocárdico defeituoso ocorre por meio de diversos

mecanismos. No principal deles, desencadeado após o transplante, essas células iniciam

a produção de fatores de crescimento reparadores, objetivando reparação de fragmentos

teciduais danificados172

. Por fim, essas células são capazes de contribuir para a criação

de um ambiente favorável ao reparo de tecido cardíaco endógeno. Por esses motivos, as

MSC foram identificadas como promissoras no tratamento de diversas afecções

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37

cardiovasculares que tenham como denominador comum o prejuízo ao tecido

cardíaco172

.

A ampliação do uso das MSC e a posterior comparação dos resultados obtidos

em diferentes grupos mostrou falta de especificidade e padronização dos marcadores

moleculares dessas células. A fim de solucionar tal problema, a Sociedade Internacional

de Terapia Celular (International Society for Cellular Therapy) propôs três critérios

básicos para que se possa definir uma célula como sendo MSC. Assim, as MSC podem

ser: 1) plástico-aderentes, caso mantidas em condições básicas de cultura; 2) positivas

para os marcadores de superfície CD105, CD73 e CD90 e negativas para CD45, CD34,

CD14 e CD11b; e 3) capazes de se diferenciar em fibroblastos, osteoblastos, adipócitos

e condroblastos quando expostas in vitro às linhagens correspondentes condições que

favoreçam estas diferenciações173

.

Devido à possibilidade de diferenciação in vitro, atualmente, têm sido utilizadas

com bastante otimismo na medicina regenerativa e engenharia tecidual, como o

desenvolvimento de células musculares, regeneração hepática e formação de células do

sistema nervoso central (SNC)174

. Aliado à possibilidade de ser possível isolar e

diferenciar as MSC em cultura, o uso em estudos clínicos e pré-clínicos tem

demonstrado seu alto poder terapêutico174

.

Para futuras terapias celulares, as células “ideais” devem ser de fácil acesso,

imunologicamente inertes, capazes de se expandir rapidamente em cultura, sobreviver

por longos períodos e capazes de se integrarem ao tecido hospedeiro170,175

. Neste

contexto, as MSC desempenham muito bem este papel, pois podem ser facilmente

obtidas através de aspiração da medula óssea176

e expansão in vitro. A partir de vários

tecidos, incluindo a medula, as MSC podem migrar até o miocárdio lesionado e

diferenciarem-se em cardiomiócitos177

, ou através de fatores parácrinos, integrar o

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miocárdio e auxiliar na regeneração tecidual177

. Entretanto todos estes mecanismos

dependem de uma capacidade das células migrarem ao nicho e a subsequente fixação ao

tecido alvo (homing).

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7. HOMING DE CÉLULAS-TRONCO

7.1. DEFINIÇÃO DE HOMING

O homing é o processo pelo qual, células são atraídas por gradientes

quimoatrativos, desencadeados por quimiocinas e outras moléculas produzidas em

respostas fisio-patológicas por vias sinalizadoras específicas de células lesionadas ou

apoptóticas, cuja resposta é ativar mecanismos de migração, proliferação e

diferenciação para que estas células possam se implantar em um nicho

adequado178,179,180

. O homing de células-tronco para o local da lesão de um órgão adulto

é um processo complexo, sequencial e fisiologicamente organizado para o recrutamento

de células. Citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento e moléculas de adesão, são

sinalizadores fundamentais para a mobilização das células-tronco, tanto da medula

óssea, como as residentes teciduais, para circulação via corrente sanguínea,

transmigração e adesão no órgão lesionado181

. Para que esse processo seja efetivo, é

imprescindível que não haja interrupção em nenhuma das etapas relacionadas. Neste

processo, uma das principais moléculas envolvidas com o homing de células-tronco é o

Fator-1 derivado de estroma (Stromal Derived Factor-1, SDF-1 ou também conhecido

como CXCL-12), que aumenta a adesão e transmigração de células progenitoras,

principalmente as circulantes pró-angiogênicas e células-tronco hematopoéticas182,183

. O

homing de células progenitoras é o processo fisiológico que ocorre em todos os tecidos

para a reposição de células. Em processos patológicos cardíacos, tanto em IAM quanto

em doenças crônicas184

, há uma alta liberação desta quimiocina (Figura 2).

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Figura 2. Homing de células-tronco para o coração durante o infarto do miocárdio. As principais

etapas desse processo envolvem a mobilização de células-tronco da medula óssea, seguida da

migração dessas células através do sistema circulatório sanguíneo e a adesão no miocárdio sob

sinalização quimioatrativa frente a um processo isquêmico185

.

7.2. FATOR 1 DERIVADO DE ESTROMA (SDF-1)

O SDF-1 e seu receptor, Receptor 4 de quimiocinas da família CXC (CXCR-4)

são expressos em uma infinidade de tecidos e tipos celulares, incluindo os diferentes

subtipos de leucócitos, as células progenitoras hematopoéticas e células não-

hematopoéticas, tais como células endoteliais, epiteliais e outras186. O SDF-1 liga-se

especificamente a um receptor de transmembrana, o CXCR-4, acoplado à proteína G,

cuja interação resulta na ativação de vias de sinalização para quimiotaxia de diversos

tipos celulares como linfócitos, neurônios e células germinais187,188

. O CXCR-4, assim

como, os receptores beta-adrenérgicos, também sofre regulação da subunidade quinase

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acoplada à proteína G (Receptor Quinase Acoplado a Proteína G - GRKs), que inibem a

proteína G, dessensibilizando também esta classe de receptores188

.

A quimiocina SDF-1 e seu receptor CXCR-4 foram identificados como o eixo

central de sinalização que regula o homing das células progenitoras do músculo liso na

parede de vasos lesionados189

, sendo também citados, como essenciais para a

cardiogênese, hematopoiese e vasculogênese durante o desenvolvimento embrionário,

além do envolvimento na quimiotaxia de subconjuntos de leucócitos e células

endoteliais190

. Em condições de privação de oxigênio (hipóxia), a expressão do gene do

SDF-1 é regulada pelo fator de transcrição induzível por hipóxia-1 (HIF-1), resultando

em seletiva expressão in vivo desta proteína no tecido isquêmico com proporcionalidade

direta em relação à redução de oxigênio191

. O HIF-1 regula positivamente a expressão

do SDF-1, que aumenta a adesão, migração e homing de células progenitoras CXCR-4+

circulantes no tecido isquêmico.

O recrutamento de células-tronco por SDF-1 foi estabelecido com observações

de que a expressão é seletiva nos tecidos lesionados e correlacionada ao recrutamento

de células adultas na regeneração tecidual184,192,193

. Assim, as células administradas por

estas vias, poderiam ser atraídas até o local da lesão devido à presença de citocinas,

como, por exemplo, SDF-1, liberado pelo tecido lesionado. Células mesenquimais

expressando o receptor CXCR-4 seriam atraídas seletivamente para o nicho, em

resposta ao SDF-1, demonstrando que esta molécula atua como fator quimiotático.

Dados de Ghadge e colaboradores (2010)194,195

, em um estudo sobre IAM,

indicam que o aumento nos níveis de SDF-1 em órgãos inflamados ou lesionados,

estimula o recrutamento de células para o local da lesão, que proporcionam ao tecido

reparo e regeneração e têm efeitos parácrinos positivos na sobrevivência dos

cardiomiócitos e função cardíaca. Além disso, a utilização de SDF-1 como tratamento

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resulta em diminuição do tamanho da área de infarto e aumento na resistência ao dano

hipóxico e à morte celular por apoptose195

. Estes resultados indicam que a permanência

da proteína SDF-1 em locais de lesão pode representar uma nova estratégia terapêutica

para promover a reparação do miocárdio195,196

.

7.3. RECEPTOR 4 DE QUIMIOCINAS DA FAMÍLIA CXC (CXCR-4)

As quimiocinas constituem uma superfamília de pequenas proteínas (8 – 14

KDa), da qual participam de mais de cinqüenta proteínas que exercem a sua ação via

interação com receptores específicos197

. São subdivididas em quatro famílias: CXC, CC,

XC e CX3C, dependendo do posicionamento do resíduo de cisteína no N-terminal da

molécula protéica. Nestas moléculas, “C” representa resíduos de cisteína e “X” é a

designação para outro resíduo de aminoácido.

A ligação das quimiocinas aos seus respectivos receptores acoplados à proteína

G e presentes na membrana plasmática de células alvo, leva à reorganização do

citoesqueleto e adesão a células endoteliais levando à migração destas células198

. Esta

reação provoca adesão de leucócitos aos sítios específicos nos vasos sanguíneos e faz

com estes ultrapassem a barreira do tecido, migrando para outros órgãos199,200

. Logo, as

células-tronco CXCR-4+ são ativadas através do ligante SDF-1(CXCL12), o qual foi

secretado pelas células estromais da medula óssea que desencadeiam a interação de

moléculas de adesão, conferindo firme adesão entre as células-tronco e as células

estromais. As células que possuem o receptor CXCR-4 na membrana celular migram

para o local onde o SDF-1 está presente.

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8. JUSTIFICATIVA

Diversos estudos em modelos animais demonstram os efeitos benéficos dos

ácidos graxos ω-3 sobre a função cardiovascular.

É muito válida a abordagem nutricional aliada à biologia molecular, para a

identificação de substâncias e seu efeito cardioprotetivo. Neste contexto, não se sabe se

há influência, dos ácidos graxos ω-3 sobre o homing de células-tronco.

Há tratamento que estimulam a capacidade do homing, porém o processo é

dificultado em pacientes com cardiopatias, em decorrência da resposta provocada pela

HAS, IAM, IC, etc. Contudo, as MSC participam da reposição celular em uma

variedade de tecidos, sendo capazes de promover a redução ou recuperação de áreas

lesionadas. No momento em que essas células são induzidas por quimiocinas, como o

SDF-1, estas ativam o receptor de membrana CXCR-4 e são capazes de realizar

migração, proliferação, diferenciação e fixação no tecido-alvo, caracterizando esse

mecanismo. Logo, baseado nessas considerações, é válido analisar os efeitos da

suplementação de dieta com ácidos graxos ω-3 na ativação do homing de células-tronco

em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos (Wistar Kyoto, WKY).

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9. OJETIVOS

9.1. OBJETIVO GERAL

Investigar os efeitos da suplementação de dieta com ácidos graxos ômega-3 na

ativação do homing de células-tronco em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e

normotensos (Wistar Kyoto – WKY).

9.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Analisar os efeitos da suplementação com ω-3 sobre o peso corporal e

tecidual em animais normotensos e hipertensos.

b) Analisar a influência da dieta rica em ω-3 sobre os marcadores metabólicos,

como o colesterol total, colesterol HDL e triglicerídeos nos animais.

c) Analisar a ativação sistêmica de SDF-1 em ratos normotensos e hipertensos

em resposta à dieta com ω-3 ou não.

d) Analisar a ativação do receptor de SDF-1, CXCR-4, em diferentes tecidos dos

ratos submetidos ou não à dieta.

e) Comparar o efeito agudo x efeito crônico da suplementação com ω-3 na

ativação do homing em ratos submetidos ou não à dieta.

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10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ARTIGO

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Ômega-3 induz homing celular de forma aguda em ratos normotensos

e cronicamente em hipertensos

Luiza Halmenschlager, Melissa Medeiros Markoski*

*Laboratório de Cardiologia Molecular e Celular, Laboratório de Experimentação

Animal, Serviço de Medicina Experimental, Instituto de Cardiologia/Fundação

Universitária de Cardiologia (ICFUC), Porto Alegre, RS, Brasil.

Autor Correspondente

Melissa Medeiros Markoski

Avenida Princesa Isabel, 370 - Porto Alegre/RS, Brasil. CEP: 90620-001.

[email protected], [email protected]

Telefone: (51) 3230-3600 Fax: (51) 3217-2035

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RESUMO

Entre as doenças cardiovasculares, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma

das patologias que afeta um alto número de pessoas e que pode levar a quadros de

insuficiência cardíaca. Sabe-se que alimentos funcionais, como os que contêm ácidos

graxos ômega-3 ( -3), possuem propriedades cardioprotetivas. Entretanto, não se

conhecem os potenciais efeitos sobre a influência das dietas contendo -3 na

modulação de lipídeos e processos pato-fisiológicos em decorrência da HAS. Neste

estudo, avaliamos o efeito da suplementação dietética aguda e crônica de -3 no

metabolismo de lipídeos e na regeneração cardíaca, em especial no eixo SDF-1/CXCR-

4, responsável pelo mecanismo de ativação, proliferação e diferenciação de células-

tronco, o homing celular, em ratos normotensos e hipertensos. Participaram do estudo

32 ratos machos Wistar Kyoto (WKY) e 32 Ratos Espontaneamente Hipertensos (SHR),

distribuídos em 8 grupos (n = 8), que receberam ou não administração orogástrica de 1g

de -3 durante 24h, 72h ou 2 semanas. Foram coletadas amostras de sangue dos

animais (basal e pós-tratamento) para a análise de marcadores metabólicos por ensaio

colorimétrico e do SDF-1 sistêmico por ELISA. Ao final dos tratamentos, os animais

foram eutanasiados e os tecidos (coração, cérebro, pulmão, fígado, rins, gordura e

medula óssea) foram coletados para ganho de peso da massa tecidual e o coração foi

submetido à análise da expressão do receptor de SDF-1, o CXCR-4, por Western Blot.

Nossos resultados mostraram que o -3 influenciou na redução do peso corporal

(p=0,015) nos ratos SHR e na redução de massa tecidual, principalmente cardíaca, tanto

em animais normotensos (p=0,004) como hipertensos (p=0,06); na diminuição dos

níveis sistêmicos de colesterol (p=0,005) e triglicerídeos (p=0,04) nos animais SHR; e

principalmente na ativação do eixo SDF-1/CXCR-4, de forma aguda nos animais WKY

(p=0,04 para a correlação) e tardia nos SHR (p=0,04 para o CXCR-4 após 72 horas).

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Assim, a dieta com o ácido graxo -3 modula a expressão de marcadores metabólicos e

fatores envolvidos com regeneração cardíaca tanto de forma aguda como crônica em

animais normotensos e hipertensos.

Palavras-chave: ácido graxo -3, SHR, Wistar Kyoto, homing celular, Hipertensão

Arterial Sistêmica

INTRODUÇÃO

A crescente incidência das doenças cardiovasculares (DCV) originou uma busca

incessante pelos fatores de risco relacionados ao seu desenvolvimento. A hipertensão

arterial sistêmica (HAS) é o principal fator de risco de morte entre as doenças não

transmissíveis, mostrando uma relação direta e positiva com o risco cardiovascular1,2

.

Este fator, considerado uma condição clínica associada à alta morbidade e mortalidade3,

necessita interação de intervenção farmacológica e tratamento não farmacológico4.

A Organização Mundial de Saúde, nas “Recomendações para Prevenção de

Doenças Cardiovasculares”5, aponta que o consumo de peixes e óleos de peixes está

associado com a diminuição do risco cardiovascular. Vários benefícios dos fatores

dietéticos citados pela Organização Mundial de Saúde6 como favoráveis na diminuição

do risco cardiovascular estão presentes no padrão dietético denominado Dieta

Mediterrânea.

Nos últimos anos, muitos estudos demonstram que as dietas contendo ácidos

graxos poli-insaturados do tipo ômega-3 (ω-3) atuam evitando doenças cardíacas

através de uma variedade de ações como a prevenção de arritmias, geração de

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prostanóides e leucotrienos com ações anti-inflamatórias, inibição da síntese de

citocinas que aumentam a inflamação e promovem a formação de plaquetas7,8

. Além

disso, os ω-3 influenciam no metabolismo dos eicosanóides, na expressão gênica e na

comunicação intercelular, pois a composição dos ácidos graxos poli-insaturados das

membranas celulares depende, em grande parte, da quantidade ingerida na dieta9.

Entretanto, ainda não se sabe o papel dos ω-3 na medicina regenerativa, principalmente,

no que tange o processo de migração, proliferação, diferenciação e fixação de células-

tronco, denominado homing celular.

Células-tronco são células indiferenciadas, cujas principais características,

tornando-as extremamente interessantes para possível aplicação terapêutica, são sua

capacidade de autorrenovação, ou seja, são capazes de se multiplicar, mantendo seu

estado indiferenciado, proporcionando uma reposição ativa de sua população de

maneira constante nos tecidos; e, mais interessante ainda, sua capacidade de se

diferenciar em diversos tipos celulares10

. Desta forma, acredita-se que células-tronco

adultas, presentes nos diferentes tecidos, tenham papel regenerativo quando estes

sofrem uma lesão ou injúria11,12

. A quimiocina Fator 1 derivado de estroma (SDF-1 -

Stromal Derived Factor-1), secretada em situações de estresse tecidual, e seu receptor

CXCR-4 (Receptor 4 de quimiocinas da família CXC), expresso na superfície das

células-tronco que respondem a essa situação de estresse, são os elementos principais

envolvidos no homing celular13

.

A expressão e liberação de SDF-1 por tecidos lesionados, formando um

gradiente alostérico positivo, faz com que as células progenitoras, provenientes da

medula óssea ou de locais residentes específicos nos diferentes órgãos14

, migrem na

direção do fator, portanto, se estabelecendo no nicho da injúria. E, fisiologicamente, o

eixo SDF-1/CXCR-4 também é responsável pela organogênese e reposição de células

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apoptóticas ou senescentes em tecidos saudáveis15

. Ambos os processos sofrem

influência dietética.

Assim, este trabalho propõe a investigação dos efeitos de substâncias

cardioprotetivas ou alimentos funcionais, como os ácidos graxos ω-3, sobre a ativação

do homing de células-tronco, precisamente através da expressão de SDF-1 e do seu

receptor CXCR-4. Para analisar a influência do ω-3 em processos patológicos foram

utilizados ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e, para situações fisiológicas, os

ratos normotensos da linhagem Wistar-Kyoto (WKY). Os animais foram submetidos a

diferentes períodos de dieta.

MATERIAIS E MÉTODOS

Todos os procedimentos adotados durante os experimentos envolvendo animais

estão de acordo com o National Institute of Health Guide for the Care and Use of

Laboratory Animals16

e pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).

O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto de Cardiologia do

Rio Grande do Sul em 20 de outubro de 2010, sob protocolo UP Nº 4503/10.

Grupos amostrais e tratamentos

Foram utilizados 32 ratos Wistar-Kyoto (WKY) e 32 ratos espontaneamente

hipertensos (“Spontaneously Hypertensive Rats”, SHR) machos com 90 dias de idade,

provenientes do Biotério de Criação da Fundação Estadual de Produção em Pesquisa em

Saúde (FEPPS), Porto Alegre, Brasil. Os ratos permaneceram acondicionados em

gaiolas de plástico com grades de aço em ambiente com temperatura de 22-24°C, com

ciclo claro/escuro de 12 horas e consumo ad libtum de água e ração comercial para ratos

(Nuvilab®

), cuja composição, por peso, possui: 19,0 % de proteína, 56,0 % de

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carboidrato; 3,5 % de lipídeos; 4,5 % de celulose; 5,0 % de vitaminas e minerais;

totalizando 17,03 kJ/g. Para a dieta com ω-3, os animais receberam, além da ração e da

água, um tratamento suplementar de 1 g de ω-3 (cápsulas adquiridas em farmácia de

manipulação, Confiare), contendo 180 mg de EPA e 120 mg de DHA, administrado por

via orogástrica, todos os dias na mesma hora, durante 24 h (efeito agudo), 72 h (efeito

pré-crônico) ou 14 dias (efeito crônico). Esta dosagem foi compatível e relativizada com

a quantidade de ingestão do que está contido em peixes, recomendada a seres

humanos17, 18, 19

. Foram utilizados 8 animais por grupo, distribuídos em Grupo Controle

WKY (G0K) e Grupo Controle SHR (G0S), animais que receberam apenas água por

administração orogástrica; Grupo 24 h WKY (G24K) e Grupo 24 h SHR (G24S),

animais que receberam a suplementação com ω-3 apenas 1 vez e depois de 24 horas

foram sacrificados; Grupo 72 h WKY (G72K) e Grupo 72 h SHR (G72S), ratos que

receberam 3 doses de suplementação com ω-3 e foram sacrificados após o período; e

Grupo 2 semanas WKY (G2sK) e Grupo 2 semanas SHR (G2sS), animais que

receberam suplementação de ω-3 durante 14 dias e foram sacrificados após o período.

Os animais foram pesados todos os dias do tratamento e passaram por coleta sanguínea

no pré-tratamento (100 uL por punção de cauda), sob anestesia com 50 mL x kg–1

de

cetamina e 20 ml x kg–1

de xilasina, 0,2 mL/100 g, e, após, no momento da eutanásia (2

mL por punção cardíaca), também sob anestesia (mesma descrita anteriormente). Os

animais foram eutanasiados no momento da punção cardíaca e os tecidos foram

coletados (conforme descrito a seguir). Os ensaios biológicos foram realizados de

acordo com o Guia de Uso e Cuidados com Animais Laboratoriais do COBEA.

Coleta de materiais biológicos

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62

Após as coletas de sangue dos animais submetidos à suplementação com ω-3

nos períodos de 24 h, 72 h e 14 dias (ou 2 semanas), as amostras foram centrifugadas a

2.000 rpm durante 10 minutos para separação dos plasmas. As amostras do plasma

foram aliquotadas em microtubos de 1,5 mL e armazenadas sob refrigeração de - 20º C

para as análises de marcadores metabólicos e testes imunoenzimáticos.

Após eutanásia, procedeu-se à retirada dos tecidos na seguinte ordem: coração,

cérebro, pulmão, fígado, rins, medula óssea (do interior do fêmur) e gordura epididimal.

Os tecidos foram imediatamente pesados, transferidos para criotubos e submersos em

nitrogênio (N2) líquido. Após congelamento, as amostras foram transferidas e

armazenadas em ultrafreezer a - 80º C.

Análise bioquímica dos marcadores metabólicos

As avaliações das dosagens bioquímicas de Colesterol Total (COL),

lipoproteínas de alta densidade (HDL) e triglicerídeos (TGL) foram feitas por método

colorimétrico (precipitação com ácido fosfotúngstico e cloreto de magnésio) utilizando-

se kits comerciais (Labtest Diagnóstica S/A), através de espectrofotometria. As análises

seguiram as recomendações dos protocolos dos diferentes kits, adaptados para volumes

menores, a serem utilizados em microplacas de 96 poços. Brevemente, as amostras e

controles (positivo e negativo) eram misturados em soluções-tampão (1/10), incubados

a 37º C durante 10 minutos e submetidos à leitura óptica a ~500 nm para análise da

absorbância (OD) no espectrofotômetro (Spectramax M2e, Molecular Devices). As

quantificações foram obtidas através de cálculo de comparação ao padrão (Excel,

Microsoft). Os dados foram expressos em miligramas por decilitro (mg/dL). Foram

também calculadas as frequências das variações relativas (percentuais) entre o pré e

pós-tratamento.

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63

Homogeneização dos Tecidos dos Animais

O tecido cardíaco dos animais foi homogeneizado conforme a adaptação de Mori

e cols. (2008)20

. Após maceração inicial em homogeneizador mecânico (Polytron,

Marconi), durante 2 min, com 1 mL de tampão (7,4 pH, 0,6057 mmol/l Tris-base,

Invitrogen, 0,18612 mmol/l EDTA, Invitrogen, e 42,79 mmol/l sacarose, Synth), em

recipiente contendo gelo, as amostras eram adicionadas de mais 4 mL (correspondendo

a proporção 1:6, peso:volume) de tampão e misturadas durante mais 2 min. As amostras

homogeneizadas eram transferidas para tubos de 50 mL e centrifugadas a 1.700 rpm,

durante 10 min a 4º C. O sobrenadante (~3 mL) era coletado e ao sedimento, era

adicionado mais 1 mL de tampão. As amostras eram ressupendidas e centrifugadas nas

condições descritas anteriormente. O sobrenadante era novamente coletado e misturado

ao prévio. Os extratos proteicos totais, solubilizados em tampão e separados em 3 a 4

alíquotas (em tubos de 1,5 mL), eram armazenados a -20º C até o uso.

Análise da expressão de SDF-1α e CXCR-4

Os níveis sistêmicos de SDF-1, isoforma alfa (SDF-1α), foram determinados

pelo ensaio imunoenzimático de ELISA (do inglês, Enzyme Linked Immunosorbent

Assay) através do uso de kit comercial (Cusabio) utilizado em conformidade com as

instruções do fabricante. Após ensaio, as densidades ópticas (absorbâncias) foram

mensuradas em espectrofotômetro (Spectramax M2e, Molecular Devices) à temperatura

de 25º C, com redução de background. As quantificações foram obtidas através de

regressão linear de 4 parâmetros (Excel, Microsoft). Os dados foram expressos em

picogramas de proteínas por mililitro (pg/mL).

Os extratos proteicos teciduais tiveram sua quantificação mensurada pelo

método colorimétrico de Bradford21

utilizando-se reagente (Bio-Rad) para intercalação

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de azul de coomassie, com aquisição de absorbância em espectrofotômetro (Spectramax

M2e, Molecular Devices) e cálculo de concentração amostral final obtido através de

regressão linear de 4 parâmetros (Excel, Microsoft). Amostras contendo 100 ug de

extrato proteico total, solubilizadas em tampão NuPage (Invitrogen) e desnaturadas

previamente por 5 min de incubação à 100º C, foram separadas em gel desnaturante de

poliacrilamida (acrilamida/bis-acrilamida, 30:1, peso:peso, Invitrogen) a concentração

de 12% em cuba de eletroforese preenchida com tampão contendo 0,25 M de Tris-base

(Invitrogen), 1.92 M de glicina (Invitrogen) e 1% (peso:volume) de dodecil sulfato de

sódio (SDS, Invitrogen). As proteínas foram transferidas para uma membrana de

nitrocelulose Hybond ECL (GE Healthcare) em sistema semi-seco (Amersham

Biosciences), na presença do mesmo tampão, acrescido de 20% (volume:volume) de

metanol (Merck), durante 3 h, à 100 mA em temperatura ambiente.

Após a transferência, as membranas foram coradas com vermelho Ponceau22

,

fotografadas e lavadas em tampão salina-fosfato (PBS) 1X para remoção do corante.

Para bloqueio de ligações inespecíficas, as membranas foram incubadas durante 1 h

com solução de 5 % de caseína (leite em pó desnatado) em PBS 1X, pH 7,4 (bloto). A

reação com o anticorpo anti-CXCR-4 (Santa Cruz Biotech) procedeu-se com a

incubação da membrana com 100 mg de anticorpo/20 mL de bloto durante 16 h a 4º C, e

uma incubação adicional de 3 h à temperatura de 37º C sob agitação. Como anticorpo

secundário, conjugado com peroxidase, foi utilizado um anti-IgG de coelho (Millipore)

em titulação de 1:5.000. Entre as incubações com os anticorpos, as membranas foram

lavadas de 5 a 10 vezes em tampão PBS 1X acrescido de 0,05% (volume:volume) de

Tween 20 (Merck). Para revelação da quimioluminescência, as membranas foram

incubadas por 3 min em solução contendo luminol e peróxido de hidrogênio (kit ECL,

GE Healthcare). As membranas foram então expostas a filme de raios X (Ge

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65

Healthcare) durante 1 min, 5 min, 15 min, 30 min ou 2 h em ambiente escuro. Os filmes

foram digitalizados e, juntamente com as fotografias das colorações com Ponceau,

submetidos à quantificação das imagens por densitometria óptica com o software de

domínio público Scion Image. Os resultados obtidos foram expressos como unidades

arbitárias (AU/μg proteína) e relacionados entre si (filme x coloração Ponceau), com o

volume de amostra total, peso do tecido e peso do animal.

Análise estatística

O nível de significância usado foi 5% para todos os testes realizados. A

normalidade da distribuição dos dados foi testada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov

e/ou Shapiro-Wilk. Os dados com distribuição normal estão representados como médias

e desvio-padrão. Já os que não se enquadram ao critério de normalidade, foram

expressos por mediana e intervalo interquartil. Os resultados obtidos foram comparados

através de testes t Student, Mann-Whitney, Kruskall Wallis e Student-Newman-Keuls e,

quando significativos, foram analisados em pós-testes específicos. As correlações foram

analisadas pelo Coeficiente de Correlação de Spearman. Os programas utilizados foram

o BioEstat versão 5.3 e o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 21.

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66

RESULTADOS

As características gerais dos animais, quanto a pesos e dosagens de marcadores

metabólicos, podem ser visualizadas na Tabela 1 e nas Figuras 1, 2 e 3. Primeiramente,

foram analisadas as diferenças entre as médias e variações percentuais dos pesos

corporais dos animais normotensos (WKY) e hipertensos (SHR) ao longo do tratamento

com o ácido graxo -3 ou água (Figura 1). Os animais WKY mostraram-se sempre

menos pesados do que os SHR (p=0,007) e, frente à suplementação dietética com ω-3,

nas primeiras 24 h, os ratos hipertensos apresentaram variação menor (redução de peso)

em relação aos normotensos (p=0,015). O grupo controle, que recebeu água, mostrou

alta variação (aumento de peso) após 2 semanas (p=0,007).

A influência do -3 também foi avaliada para os pesos dos diferentes tecidos

coletados dos grupos animais (Figura 2). Animais normotensos apresentaram menores

valores de peso do tecido cardíaco (p=0,004) e renal (p=0,026), respectivamente sob a

dieta aguda e crônica com -3 em relação ao controle água (Figura 2A). O mesmo

ocorreu com os animais hipertensos (Figura 2B), onde a influência do ácido graxo

causou redução do peso dos tecidos cardíaco (p=0,06) e hepático (p=0,033) após 2

semanas de tratamento em relação ao grupo controle.

Quanto às dosagens bioquímicas dos principais parâmetros metabólicos (COL,

HDL e TGL), os animais normotensos e hipertensos apresentaram redução significativa

para a maioria das dosagens após a dieta suplementada com ω-3 em relação ao controle

água (Tabela 1, Figura 3). Os animais normotensos apresentaram comportamento

diferenciado para os níveis de COL, mostrando queda nos momentos iniciais (24 h) e

depois de 2 semanas de dieta, enquanto que o HDL só teve diminuição após 72 h de

tratamento, efeito que não perdurou após as 2 semanas de administração do ácido graxo.

Os níveis de TGL não variaram nestes animais. Os ratos hipertensos tiveram redução

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dos níveis de COL e HDL nos momentos iniciais (24 e 72 h), mas este comportamento

não se manteve depois de dieta crônica (2 semanas) com o ω-3. Os níveis de TGL

mostraram-se reduzidos em todos os tempos de suplementação dietética nos animais

SHR. As variações entre o pré e pós-tratamento com ω-3 também foram analisadas e

estão demonstradas na Figura 3. Ilustrando os resultados da Tabela 1, nos ratos WKY, o

uso de ω-3 por 72 h mostrou variação maior dos níveis de COL e HDL (Figura 3A). Os

animais hipertensos mostraram variação percentual menor para os três marcadores ao

longo de toda a dieta, tanto aguda quanto crônica (Figura 3B).

Para analisar se os animais normotensos e hipertensos apresentam uma ativação

diferenciada de homing de células-tronco, influenciada pelo ω-3, tanto de forma aguda

ou crônica, os ratos foram testados quando à expressão do receptor CXCR-4 no tecido

cardíaco e na liberação sistêmica da quimiocina SDF-1α (Figuras 4 e 5). As quantidades

totais de proteína CXCR-4 expressas nas células potencialmente progenitoras cardíacas

foi variável entre os animais (normotensos X hipertensos) nos diferentes tempos de

suplementação dietética com ω-3 (Figura 4). Os animais WKY mostraram alta

expressão do receptor (p=0,002) no tecido cardíaco nas 24 h iniciais após a

suplementação, e um declínio após este tempo (Figura 4A). Os ratos hipertensos, em

contraste, apresentaram expressão crescente dos níveis proteicos de CXCR-4 (p=0,04),

sendo mais elevada após 72 h de dieta com ω-3 (Figura 4B). A quimiocina SDF-1,

isoforma α, também mostrou oscilação de sua expressão e liberação sistêmica entre os

animais nos diferentes tempos de tratamento com ω-3 (p=0,017, Figura 5). Os ratos

WKY tiveram redução inicial da produção de SDF-1α, devida à administração do ω-3,

mas um retorno à expressão basal, mais elevada, após 2 semanas de administração do

ácido graxo. Novamente, para os animais SHR, o resultado foi o oposto: houve alta

liberação da quimiocina após 72 h de dieta com ω-3 e uma pequena queda da expressão,

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após as 2 semanas de tratamento. Desta forma, verificou-se que após 72 h de

administração do ω-3, entre os diferentes animais, a produção da quimiocina foi

contrastante (p=0,005), sendo muito elevada nos animais hipertensos.

Quando os níveis de expressão de CXCR-4 no coração e a liberação de SDF-1α

foram comparados entre os diferentes grupos de animais e tempos de suplementação

dietética, verificou-se que houve uma correlação positiva significativa (p=0,037) entre

as duas moléculas principais envolvidas com o homing celular nos animais WKY após

as primeiras 24 h de tratamento. Embora os comportamentos entre CXCR-4 e SDF-1

tenham sido similares nos animais hipertensos, estes dados não apresentaram

significância positiva.

Estes dados demonstram que a dieta com ω-3 influencia o ganho/perda de peso,

os padrões metabólicos e a ativação de homing celular tanto nos animais normotensos

como nos hipertensos, de forma aguda e crônica. Interessantemente, após a

suplementação dietética, os ratos WKY tiveram uma modulação negativa da liberação

de SDF-1, mas positiva da expressão do receptor CXCR-4, na indução de homing

inicial, que não foi mantida ao longo de toda a dieta enquanto que os animais SHR

tiveram uma ativação tardia de ambas as moléculas após a administração do ácido

graxo.

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DISCUSSÃO

O presente estudo evidenciou os efeitos da suplementação de dieta com ácidos

graxos -3 na ativação do homing de células-tronco em ratos SHR e WKY, como

também as variações de peso corporal, tecidual e a liberação sistêmica de COL, HDL e

TGL, sob influência do tratamento com ω-3. Os ratos normotensos e hipertensos

apresentaram respostas diferenciadas frente aos diferentes tempos de dieta com o ácido

graxo.

Primeiramente, foi demonstrada a influência da dieta sobre a variação do peso

corporal. Embora os animais tenham apresentado ganho de peso, fisiológico em razão

ao crescimento corporal normal e, de acordo com as linhagens, onde animais WKY

mostraram-se sempre menos pesados do que os SHR, foi demonstrado que o ω-3 causou

redução significativa do peso nos animais tratados. O tratamento com o ácido graxo

também foi capaz de reduzir o peso de alguns tecidos, como coração, fígado e rins, em

relação ao controle que recebeu suplementação com água. Freeman e cols. (1994)23

, em

estudo sobre a variação de peso corporal e do coração em ratos obesos, observaram que

existe redução da massa miocárdica correlacionada, com a perda de peso corporal, o que

foi confirmado, no nosso estudo. Além disso, tem sido postulado que dietas ricas em

ácidos graxos ω-3 podem diminuir a síntese de lipídios e auxiliar em tratamentos para a

redução de gordura corporal ou obesidade24

e influenciar o sistema imune25

.

O tipo de gordura da dieta influencia funções metabólicas e leva a mudanças no

peso e/ou na composição corporal, ainda que não haja ingestão hiperenergética18

. No

entanto, muitas controvérsias são encontradas na literatura na relação entre a

composição lipídica da dieta. Estudos recentes sugerem que os ácidos graxos ω-3

serviriam como controladores da expressão de genes envolvidos no metabolismo

lipídico e na adipogênese, por serem mediadores importantes na expressão gênica,

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atuando via receptores proliferadores e ativadores de peroxissomos celulares (PPAR)26

.

Na literatura, muitas hipóteses sobre o mecanismo pelo qual os ácidos graxos

poli-insaturados são responsáveis pela diminuição das concentrações de COL estão

sendo consideradas no sentido de serem responsáveis pelo aumento da excreção do

marcador sob a forma de ácidos biliares, redistribuindo dessa forma as concentrações no

soro e tecidos, ou pelo aumento dos receptores de Coleterol-LDL no fígado, levando a

uma diminuição na sua concentração plasmática27

. Também é apontado que os ácidos

graxos ω-3 são capazes de inibir a síntese de triglicerídeos no fígado17

e/ou acelerar o

catabolismo de Coleterol-VLDL e quilomícrons pelo aumento da enzima Lipase

lipoprotéica (LPL)28,29

.

Para alguns pesquisadores30

, o ω-3 apresenta efeito hipocolesterolemiante,

sugerindo que a diminuição dos níveis de COL, tanto em animais normotensos como

hipertensos, quando comparados ao grupo água, é devida ao consumo desse tipo de

ácido graxo altamente insaturado. Em adição, pesquisas sobre a atividade enzimática da

LPL demonstraram que a proteína está mais ativa em animais que recebem fontes

alimentares ricas em ácidos graxos insaturados, principalmente da série ω-331,32

. E,

entretanto, a atividade da enzima está reduzida no tecido adiposo33

.

Os ácidos graxos poli-insaturados têm sido relacionados também com efeitos

hipotrigliceridêmicos, os quais se devem à redução da atividade de enzimas ligadas à

síntese de ácidos graxos, como Ácido-graxo Sintase, Glicose-6-fosfato Desidrogenase e

Lipase Triacilglicerol34

e com o aumento da atividade da enzima Carnitina-palmitoil

Transferase, relacionada com a oxidação dos ácidos graxos35

. Diniz e colaboradores

(2004)19

avaliaram os efeitos da dieta rica em ácidos graxos saturados (25%) e ácidos

graxos poli-insaturados (25%) no metabolismo e sua relação com o estresse oxidativo

de ratos Wistar e verificaram que os animais tratados com ácidos poli-insaturados

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apresentaram menores concentrações de TGL, COL, LDL e relação COL:HDL. Com

relação aos níveis reduzidos de TGL nos animais hipertensos, alguns autores têm

sugerido que dietas ricas em óleo de peixe podem reduzir as concentrações plasmáticas

de triglicerídeos tanto em pessoas ou animais com hipertrigliceridemia36

quanto em

normolipidêmicos37,38

.

Segundo Margolin39

, o EPA possui ação na prevenção de doenças

cardiovasculares e hipertensão arterial, já o DHA tem a capacidade de reduzir a taxa de

triglicerídeos, além de ser importante no desenvolvimento da função visual e cerebral.

Além disso, outros estudos que avaliaram o efeito do EPA e DHA sobre o perfil lipídico

demonstraram, de modo geral, redução de VLDL e da trigliceridemia40

, de

apolipoproteínas e consequente aumento da LPL29

. O metabolismo lipídico e

lipoproteico altera-se de forma significativa como consumo regular de pescado e

suplementação nutricional com ácido graxo ω-3, sendo que doses inferiores a 2 g/dia

são suficientes para produzirem tais efeitos41,42

. Assim, as quantidades de ω-3 utilizadas

neste estudo foram capazes de influenciar positivamente o metabolismo de lipídeos, o

que, para seres humanos, pode ser benéfico na prevenção e tratamento complementar de

doenças cardiovasculares como a HAS.

A dieta suplementada com ω-3 também foi avaliada sobre a ativação do homing

celular em animais normotensos e hipertensos. A fase aguda da dieta foi capaz de

induzir maior expressão do eixo SDF-1/CXCR-4 nos animais WKY que, mediante a

falta de sinalização cooperativa, proveniente principalmente de resposta inflamatória,

estresse oxidativo e hipóxia, não foram capazes de manter, mesmo sob influência do

ácido graxo, este efeito até a fase crônica. O oposto ocorreu nos animais SHR, que por

apresentarem uma sinalização que propicia a expressão de quimiocinas para melhora da

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resposta anti-injúria, foram capazes de ativar o homing principalmente durante a

manutenção tardia da suplementação com o ω-3.

A quimiocina SDF-1 é primeiramente expressa em altos níveis pelas células do

estroma da medula óssea43

e diversos estudos têm sido realizados verificando a ação

deste ligante e seu receptor CXCR-4 sobre a regeneração tecidual44,45

. O eixo é expresso

em vários tecidos e órgãos atuando na reposição celular tanto fisiológica como sob

injúria ou lesão46,47,48

. No tecido cardíaco, o aumento nos níveis de SDF-1 estimula o

recrutamento de células para o local da lesão, que proporcionam ao tecido reparo e

regeneração e têm efeitos parácrinos positivos na sobrevivência dos cardiomiócitos e

função cardíaca49

.

Em doenças cardiovasculares, principalmente as que envolvem infarto do

miocárdico e processos isquêmicos, é sabido que atividade do eixo SDF-1/CXCR-4 está

aumentada, principalmente para atuar na promoção da regeneração cardíaca45,50

. Nosso

estudo é um dos primeiros que mostra que há uma relação também com a HAS e,

principalmente, que pode ser modulada através de dieta com alimentos funcionais.

Recentemente, foi verificado que o SDF-1 é um importante regulador do sistema

simpático e da função hemodinâmica em situações normais e/ou pato-fisiológicas, e que

pode modular a ativação neural e humoral na insuficiência cardíaca51

, que é a principal

patologia decorrente de HAS crônica. O ω-3 foi capaz de sustentar a expressão da

molécula durante todo o período de dieta nos animais hipertensos, provavelmente

através da manutenção de vias de sinalização comuns que levam à liberação de SDF-1.

Fato é que no metabolismo de lipídeos, o ω-3 é capaz de ativar fatores de transcrição

como os PPAR52

, que são indutores de ativação de resposta imune e, por consequência,

do próprio SDF-1.

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73

Os benefícios da ingestão de ácidos graxos poli-insaturados da série ω-3, sob a

forma de alimentos-fontes como o óleo de peixe, já estão bem relacionados com a

prevenção e tratamento de enfermidades cardiovasculares. Entretanto, os mecanismos

que envolvem os efeitos de substâncias cardioprotetivas ou alimentos funcionais sobre a

ativação do homing de células-tronco ainda carecem de muitos estudos. Estudos

adicionais são necessários para que se esclareçam como mais profundidade os

mecanismos de ativação. Diferentes modelos experimentais podem fornecer mais

informações para um melhor entendimento das particularidades que afetam o homing

celular na patofisiologia. Uma vez que estes mecanismos, juntamente com o uso de

fatores nutricionais, estiverem melhor estabelecidos, eles poderão contribuir para o

planejamento de novas ações preventivas e terapêuticas.

AGÊNCIAS FINANCIADORAS

FAPICC - Fundo de Apoio do Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de

Cardiologia à Ciência e Cultura.

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/Programa de

Cooperação Acadêmico (Procad).

CONFLITO DE INTERESSES

O presente estudo foi elaborado e conduzido de forma independente, com o apoio

financeiro de agências já referidas (FAPICC e CAPES) não havendo conflitos de

interesses.

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LISTA DE LEGENDAS

Tabela 1. Médias das dosagens bioquímicas (Colesterol, Colesterol-HDL e

Triglicerídeos) dos animais normotensos (WKY) e hipertensos (SHR) com dieta

suplementada com 1mg/animal de ω-3 durante intervalos de tempo de 24 e 72 h ou

2 semanas ou com água (controle).

Figura 1. Análise da variação do peso corporal de animais normotensos e

hipertensos ao longo da suplementação dietética com -3. Os plots representam as

medianas das variações percentuais (+ para aumento;- para redução) ao final da

suplementação de 24 h, 72 h, 2 semanas com ω-3 ou água para os animais WKY (A) e

SHR (B). Nos ratos WKY (A), os grupos tratados por 24 h e 72 h (*) tiveram variação

menor quando comparados ao controle (p=0,046; p=0,0006); o grupo de 72 h (§)

também mostrou variação menor em relação ao grupo tratado por duas semanas

(p=0,002). Os animais SHR (B) também apresentaram variação menor de peso corporal

entre os grupos tratados por 24 h e 72 h (*) quando comparados ao controle água

(p<0,0001; p=0,0003) e entre estes mesmos grupos (§) e o tratado com ω-3 durante 2

semanas (p=0,006; p=0,02). O valor em itálico representa o peso médio dos animais

(em g) após o determinado tempo de administração do ácido graxo.

Figura 2. Análise da variação do peso de tecidos dos animais normotensos e

hipertensos ao longo da suplementação dietética com -3. (A) Os ratos WKY

tratados nas primeiras 24 h com o ácido graxo mostraram massa do tecido cardíaco

menor em relação à do grupo controle (p=0,005); os rins mostraram-se também mais

pesados no grupo água mesmo após 2 semanas de tratamento com o -3 (p=0,03). (B)

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Animais SHR tiveram redução de peso dos tecidos cardíaco (p=0,06) e hepático

(p=0,033) após 2 semanas de tratamento em relação ao grupo controle.

Figura 3. Análise da variação relativa dos parâmetros metabólicos Colesterol,

Colesterol-HDL e Triglicerídeos entre o pré e o pós-tratamento com ω-3. (A) Ratos

WKY tiveram variação percentual diferencial para os níveis de COL e HDL entre 72 h e

2 semanas de tratamento com ω-3 (COL p=0,003; HDL p=0,007) e entre o grupo que

recebeu dieta por 2 semanas em comparação ao que recebeu apenas água (COL

p=0,017; HDL p=0,002). (B) Animais SHR mostraram variação percentual significativa

para os níveis de COL e HDL entre o controle (água) e administração aguda de 24 h

(COL p=0,001; HDL p=0,011) e após a administração crônica de 2 semanas (COL

p=0,005; HDL p=0,016) de ω-3. Os níveis de TGL também mostraram variação

significativa neste grupo entre o tempo de 72h e ao longo de 2 semanas de dieta com ω-

3 (p=0,006) e entre a dieta crônica e o controle água (p=0,049).

Figura 4. Análise da expressão de CXCR-4 no tecido cardíaco de ratos

normotensos e hipertensos que receberam suplementação dietética com ω-3. (A)

Ratos WKY apresentaram alta expressão do receptor na fase mais inicial da dieta (24 h),

retornando aos valores basais ao longo das 2 semanas de tratamento. (B) Os animais

SHR mostraram níveis crescentes da proteína durante todo o período de dieta com o

ácido graxo. As linhas indicam os tempos onde a expressão de CXCR-4 sofreu variação

maior.

Figura 5. Análise da liberação sistêmica de SDF-1α em ratos normotensos e

hipertensos que receberam suplementação dietética com ω-3. Plasmas de animais

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WKY e SHR foram coletados em estado basal e após diferentes intervalos de tempo (24

e 72 h, 1 e 2 semanas) de administração de 1 mg/animal de ω-3 e após 2 semanas com

água. As amostras foram ensaiadas por ELISA e as colunas representam as médias das

dosagens, quantificadas por curva de regressão linear nos respectivos intervalos e

analisadas por teste ANOVA com pós-teste de Bonferroni. Os dados apresentaram

distribuição normal (p=0,036, Shapiro-Wilk). (*) Indicação das diferenças significativas

entre os animais WKY quando comparados ao tratamento controle com água (p=0,035 e

p=0,025, respectivamente); (ⱡ ) Diferença entre os animais SHR com 72 h de

suplementação com ω-3 quando comparados ao estado basal (p=0,044) e após 2

semanas de dieta (p=0,045).

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TABELA 1.

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Figura 1.

A

B

24h -3 72h -3 2 sem. -3 2 sem. água

279,5 275,1 301,8 286,6

* *§

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Figura 2. A

B

24h -3 72h -3 2 sem -3 2 sem água

24h -3 72h -3 2 sem -3 2 sem água

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Figura 3. A

B

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Figura 4.

A

B

P=0,001

P=0,004

P=0,048

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Figura 5.

* *

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12. ANEXOS

12.1. CERTIFICADO DE ANÁLISE DO CONTROLE DA QUALIDADE

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