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o 1 BfBLIOTEC A IN STITUTO DE OUIMICA Universidade de São Pa11l1 :k_ ·. l~ _ bJ \ - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Instituto de Química Estudo do metabolismo secundário em Piper crassinervium (Piperaceae) Tese de Doutorado Ana Paula Danelutte Orientador: Massuo Jorge Kato São Paulo 16/05/2001

Estudo do metabolismo secundário em Piper crassinervium ... · CC - cromatografia em coluna CHS - chalcona sintase CLAE - cromatografia líquida de alta eficiência CPC - cromatografia

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o 1

BfBLIOTEC A INSTITUTO DE OUIMICA Universidade de São Pa11l1

:k_ ·. l~ _bJ\ -

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Instituto de Química

Estudo do metabolismo secundário em Piper crassinervium

(Piperaceae)

Tese de Doutorado

Ana Paula Danelutte

Orientador: Massuo Jorge Kato

São Paulo 16/05/2001

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DEDALUS - Acervo - CQ

l llllll lllll lllll lllll lllll lllll lllll lllll lllll 111111111111111111 30100003888

f NSTí T U T O D E Q U [MI CA.

U N IV ERS ID A,:>~. ~ E ,.G;t-·~ .::·;U L :) ..., .. -, .,,,.

Ficha Catalográfica Elaborada pela Divisão de Biblioteca e

/Documentação do Conjunto das Químicas da USP.

Danelutte, Ana Paula D l 79e Estudo do metabolismo secundário em Piper crass inervium

(Piperaceae) / Ana Paula Danelutte . -- São Paulo , 2001. l l 7p.

Tese (doutorado) - Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Departamento de Química Fundamental.

Orientador: Kato, Massuo Jorge

1. Produtos naturais : Química orgânica 2. Cé lula : Cultura : Plantas. I. T. II. Kato, Massuo Jorge, orientador.

547 .7 CDD

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"Bst1tdo do M•t•Oolis11to S•e1t11dá1io •11t

Plp11, e,n11/1111,11l11Nt (Pip•tt;te•tuJ"

ANA PAULA MNE.ltmE.

Tese de Doutorado submetida ao Instituto de Química da Universidade de São Paulo como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor , em Ciências - Area: Química Orgânica

Aprovado por:

Prof. Dr. MASSlJO JORGE KATO IQ • USP

( Orientado r e Presidente)

Prof. Dr. ETELVINO JOSE HENRIQUES BECHARA IQ • USP

Prof. Dr. JONAS G RUBER IQ • USP

Profa. Ora . M ARIA CLAUDIA MARX YOUNG IQ • UNIC AMP

Prof. Dr. ALBERTO JOSE C AVALHEIRO IQ - Unesp - Araraquara

SÃO PAULO 16 DE MAIO 2001 .

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"Tente ser uma pessoa de sucesso, mas efetivamente

tente ser uma pessoa de valor. "

Albert Einstein

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Dedico esta tese aos meus pais, Armando e Célia, agradecendo todo apoio, incentivo e amor em

todos os momentos da minha vida.

Ao Eduardo, meu irmão, por ser meu grande amigo.

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Existem pessoas que cruzam nossos caminhos nas horas mais oportunas, trazendo muita alegria, e em seguida,

começam a fazer parte desta trajetória. Alexandre, obrigada pelo amor e dedicação.

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Agradecimentos

Ao Prof. Massuo J. Kato, pela oportunidade de fazer parte de seu grupo de

pesquisa.

À amiga Patrícia Sartorelli, pela ajuda, dedicação e amizade durante estes 12

anos.

Ao Leandro R. Latorre, por sua atenção e amizade.

À Mara B. Costantin e Roberto C. C. Martins, pela ajuda durante o trabalho

experimental.

À Isabel C. Moreira, por me alojar durante vários meses, em sua casa, e por ser

tão gentil.

À minha tia Nair, pelas caronas nas minhas idas à USP.

Ao André, meu irmão, e à Roberta, minha cunhada, por estarem tão próximos

em momentos especiais.

Ao Prof. Raimundo B. Filho e Marcelo J. P. Ferreira, pela valiosa ajuda na

elucidação estrutural.

Ao Prof. Paulo R. H. Moreno, por suas dicas e observações durante o trabalho

experimental.

À Alessandra, pela dica no espectro de IV.

Aos alunos do laboratório do Prof. Pio Colepicolo, pelo empréstimo dos

equipamentos e ajuda no trabalho experimental.

À amiga Mariluci, pela ajuda prestada.

Aos amigos do laboratório de Produtos Naturais, Paulo Benevides, Angélica,

Ana Paula, Melânia, Serginho, Sérgio Galdino, Karine e Zezinho pelo convívio

agradável durante todo tempo.

Aos funcionários da central analítica pela obtenção dos espectros.

Ao CNPq pela bolsa de estudo concedida.

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Conteúdo

Abreviaturas .................... ... ... ... ................ ... ...... ...... .. ...... .... .. ................ .. .. ......... ...... ..... ix

Resumo .................. ... ........................................ .. ... ..... .. .............. ... ........... ................... x

Abstract ................................................ ............... ................... ..... .... .. ....................... .... xi

Lista de Figuras .. ............................................ ... ..... ....... ......... ..... ....... ........ .................. xii

Lista de Ta belas ..... ..... .... ............... .. ...... .... ....... ........... ................... ....... ... ... ................ xv

······························· ····················································t ······················ ··· ·······················

1. Introdução ........ ........ .. .. ...................... ...... .... ....... :·: ...... ............. ........ .. ................... 01

1.1 A Família Piperaceae .... .... ..... .............. ........... ...... .......... ....... ................................. 06

1.2 Piper crassinervium ............................. ...... .... ........ : ..................... ... ... ..... ........ .. ....... 13

2. Objetivos .......... ........ ..... ...... .. ... ................................................. ..... ........ ................. 14

3. Materiais e Métodos .... ....... ................ .. .. ......... ... ... .... .. .. .. ..... .. ....... .......................... 15

3.1 Material vegetal. ... .. .. ... ..... ... ............ ..... ... ... .... .. ... .. ... ..... ............ ... .. ........... .. ... ... ...... 15 .

3.2 Obtenção de plântulas axênicas, calos e suspensões celulares de ·

Piper crassinervium ..................... ..... .. .. ........................................................... ........ 15

3.2.1 Micropropagação de P. crassinervium .... .. ......... ............................................... 15

3.2.2 Indução de calos .... ... ...... ....... .................................... ........... ............................ 16

3.2.3 Suspensões celulares .................... .. .... .... ........ ............. .......... .......................... 16

3. 3 Obtenção dos extratos de folhas e culturas de células de Piper crassinervium ...... . 18

3.3.1 Extratos de folhas de P. crassinervium ............................................................. 18

3.3.2 Extratos do meio BC-1 e das células provenientes das suspensões celulares

de P. crassinerivium .. ...... .... .................................................. .. ......................... . 18

3.4 Análise dos extratos de folhas e de cultura de células de

Piper crassinervium .. ........................ ......... ...................... .. .... .... .............. ... ............ 19

3.4.1 Cromatografia planar e cromatografia em coluna .......... ............. .... ... .......... .... .. 19

3.4.2 Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) .................. ............. .. ............... 19

3.4.3 Fracionamento do extrato de folhas de P. crassinervium ....... .. ......................... 20

3.4.4 Fracionamento do extrato de células de P. crassinervium ... .... ... .. ....... .. ......... ... 24

3.5 Estudo do óleo volátil de folhas de Piper crassinervium .......................................... 25

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3.5.1 Material vegetal ...... ............ ......... ....... .... .. .. ............. .... .. .... ...... .... ... .......... ........ . 25

3.5.2 Isolamento dos compostos voláteis ..... ............. ..... .. ... ... .... .... .................. ..... ..... 25

3.5.3 Condições de análise do óleo volátil. ...... ........................... ................................ 25

3.6 Extração de proteínas para doseamento da fenilalanina amônia-liase (PAL)

e chalcona sintase (CHS) .............. ...... .. ... .. ....... ....... .. ..... .. ....... ...... .................. ... .. 26

3.6.1 Protocolo para extração da enzima PAL ... ... .... ..... ..... ... ........ ... ..... .... .... ......... ... 26

3.6.2 Ensaio da atividade da PAL ...... ...... ........ .... ... ..... .... ... ..... .. .... .... .. ...................... 26

3.6.3 Análise por CLAE ... .. .. ...... ............................................ ..... .... ... ........ ... .............. 26

3.6.4 Doseamento de proteínas totais ... .... ... ........ .. .......... ..... .... ... .............................. 27

3.6.5 Ensaio para extração enzimática da chalcona sintase (CHS) ............................ 27

3.6.6 Ensaio da atividade da CHS .... ... ........ .. .. ..... .. .. ......... ... ........... ... ........................ 28

3.6.7 Análise por CLAE ...... ... .... ......... .. .. .. .... .............................................................. 28

3. 7 Preparação dos precursores para o ensaio de doseamento da chalcona sintase .... 29

3. 7.1 Preparação do ácido p-cumárico .. .... .......... ......... ....... .. .............. ... .... ... ..... ........ 29

3. 7.2 Preparação do éster succinimídico do ácido p-cumárico ....... .. .............. ... .. ....... 30

3.7.3 Preparação do 4-hidroxi-cinamoil-CoA (p-cumaroil-CoA) ... .... ............. ......... .. .. . 30

3.8 Caracterização das culturas de Piper crassineNium ............. ..... .. ........................... 31

3.8.1 Determinação do peso fresco ... .. .... ... ............. .. ............ .. .. .......... .. .... ..... .......... .. 31

3.8.2 Determinação do peso seco ............... .... ..... ...... ...... ..... ..................................... 31

3.8.3 Determinação do pH do meio de cultura ............................................................ 31

3.8.4 Determinação da atividade específica da PAL ..... .............. ....... .... ............ .... .... 31

3.8.5 Quantificação das substâncias presentes no extrato de células de

P. crassineNium .............................. ............. .... ..... ..... .. ... ........ .......... .... .. ... ...... 32

3.8.6 Quantificação das substâncias presentes no extrato do meio celular .......... ...... 32

3.8.7 Experimentos de eliciação com cultura de células de P. crassineNium ............. 32

A) Experimento com fenilalanina ...... ....... .... ........ .. ....... ......... .......... .... ......... ...... .. ~. 34

8) Experimento com luz UV .... ................ ...... .. ..... ... .. ....... ........... ........ ......... ..... .. ... 34

C) Experimento com extrato de levedura ...... .. .. .... ... ...... .............. .................... .... .. 34

3. 9 Avaliação da atividade antifúngica dos extratos e das substâncias isoladas

dos diferentes tecidos de Piper crassineNium ............ .. .. .. ...... ... ....................... .. .... 35

3.9.1 Bioautografia dos extratos e das substâncias isoladas de P. crassineNium .. .... 35

3.1 O Dados espectroscópicos das substâncias isoladas de Piper crassineNium .. ....... .. 36

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3.11 Substâncias isoladas de. folhas e da cultura de células de

Pi per crassinervium.................................................................. ................... ... ...... 36

4. Resultados e Discussão................... .... .................. ................................................ 39

4.1 Substâncias isoladas do extrato de folhas de Piper crassinervium . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.2 Identificação das substâncias isoladas do extrato de folhas de

Piper crassinervium.............................. ............................................. ...................... 41

4.2.1 Flavanonas (1 e 2).......... .. . . . . . . .. . . . . . ... . . . .. . . . . . . . .. . . . .. . . . .. . . . .. . . . . .. . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.2.2 Hidroquinonas preniladas (3 e 4)................................ ... .................................... 45

4.2.3 Hidroquinona prenilada (5) .. . . . . . . . . . . . . . .. . .. . . . . . . . .. . . . . .. .. . ... .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . .. . . . . . . 49

4.3 Substâncias identificadas no óleo volátil de Piper crassinervium........ ....... ........... ... 68

4.3.1 Análise qualitativa e quantitativa................... ...... .. ......... ........ ............ .. ............. 68

4.3.2 Estrutura química dos constituintes identificados no óleo volátil de

P. crassinervium ............................................... , ................. ....... ... .... ................ 71

4.4 Estudo de etapas biossintéticas.......... .. .............................. .. .................... ..... ......... 73

4.4.1 Doseamento da PAL em folhas intactas e plantas propagadas de

P. crassinervium . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

4.4.2 Doseamento das chalcona sintase em folhas de P. crassinervium............. ..... .. 75

4.5 Caracterização da curva de crescimento para culturas de células de

Piper crassinervium......... .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . .. . . 78

4.5.1 Densidade do inóculo .......... .............................. ... ......... ........... .. .... ........ ..... ...... 78

4.5.2 Determinação do peso fresco e seco em suspensões celulares de

P. crassinervium . . . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 78

4.5.3 Determinação dos valores de pH do meio de cultura.. .... ......... .. ....... .... ............. 80

4.5.4 Determinação da atividade específica da PAL em células de

P. crassinervium . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . 81

4.6 Cultura de células de Piper crassinervium.. ... ...... ............................. ....................... 83

4.6.1 Substâncias isoladas do extrato de células .... ...... ... ...... .. ................. .. ............... 83

4.6.2 Identificação das substâncias isoladas do extrato de células provenientes

das suspensões celulares de P. crassinervium ................................................. 84

4. 7 Quantificação das substâncias isoladas do extrato de células...... ........................... 99

4.8 Experimentos com fenilalanina, luz UV e extrato de levedura .................. .. ........ .. ... 102

4.9 Bioautografia ....... ..... .. ........ ... ... .... .. ......................... ... ...... ... ................................ .. .. 107

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5. Conclusões ........ ...... ..... ...... .. ........... .... .... ..... ............. ... .. .... ..... .... ......... ........ .... ... ... 110

6. Referências Bibliográficas ... ............ .. ............... .. ............... ....... ........ .... ... .... .... ...... 112

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Abreviaturas

AIA - ácido indolacético

AG3 - ácido giberélico

ANA - ácido naftalenoacético

BAP - 6-benzilamino purina

CC - cromatografia em coluna

CHS - chalcona sintase

CLAE - cromatografia líquida de alta eficiência

CPC - cromatografia planar comparativa

CPP - cromatografia planar preparativa

CoA - coenzima A

d-dubleto

dd - duplo dubleto

EDTA - ácido etilenodiaminotetraacético

EtOAc- acetato de etila

m - multipleto

PAL - fenilalanina

PVPP - polivinilpolipirrolidona

s - singleto

t-tripleto

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Resumo

Este trabalho descreve o estudo do metabolismo secundário em folhas

diferenciadas e em suspensões celulares de Píper crassínervíum (Piperaceae). Este

estudo foi monitorado pela análise do extrato de folhas por CLAE, assim como pela

comparação entre os diferentes tecidos desta espécie (folhas, caule e raízes). Do extrato

das folhas foram isoladas duas flavanonas, duas hidroquinonas preniladas e uma

hidroquinona com um endoperóxido na cadeia lateral. A análise do óleo volátil das folhas

através de CG e CG-EM, revelou a presença de trinta e seis componentes, sendo

majoritários o germacreno-D (10,05%) seguido por J3 -cariofileno (9,91 %) e 6-metil-5-

hepten-2-ona (7,47%). Todas as substâncias isoladas foram submetidas ao ensaio

antifúngico bioautográfico contra C/adosporium sphaerospermun, sendo que as

flavanonas, as duas hidroquinonas e o óleo volátil mostraram-se ativos. As suspensões

celulares foram desenvolvidas a partir de calos, iniciados a partir de ápices, em meio 85

modificado, contendo ácido naftalenoacético (ANA) e 6-benzilamino purina (BAP) como

reguladores de crescimento. As células não produziram flavonóides, mas alcalóides do

tipo aristolactamas, que são parcialmente excretados para o meio de cultura. A curva de

crescimento estabelecida para as células foi analisada quanto à atividade específica da

fenilalanina amônia-liase (PAL), à variação do pH e o acúmulo dos alcalóides. Alguns

experimentos de eliciação demonstraram respostas positivas face ao uso de luz UV,

adição de L-fenilalanina e uso de extratos de levedura.

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Abstract

The present work studies the secondary metabolism in leaves of Piper

crassinervium (Piperaceae) and in its cell suspension culture as well. The profile of

secondary compounds in differenciatted and undifferenciated tissues were evaluated by

HPLC. The aerial parts of Piper crassinervium yielded two flavanones and three prenylated

hydroquinones, one having an endoperoxide group in the side chain. The analysis of the

volatile oil of Piper crassinervium by GC-MS allowed the identification of 36 compounds,

germacrene-D (10,05%), f3-cariofilene (9,91%) and 6-methyl-5-heptene-2-one (7,47%)

being detected as the major ones. AII isolated substances were evaluated using a

bioautography technique against the fungus C/adosporium sphaerospermun. The isolated

flavanones, two hydroquinones and the essential oil were found to be active against the

fungus. The cell suspensions had their growth curve established on basis of the dry weight

and pH variations. The cells were showed to accumulate several aristolactams alkaloids

instead. Determinations of these alkaloids by HLPC indicated that the cells excreted them

partially to the culture media. Determinations of specific activity of PAL and concentration

of alkaloids during the growth cycle were further performed. Additional experiments

revealed that UV light and the addition of either phenylalanine or yeast extract cause

elicitation response with increased production of alkaloids.

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Lista de Figuras

Figura 1: Estrutura do cloreto de tubocurarina ............................................................. 01

Figura 2: Exemplos de produtos naturais utilizados industrialmente .......................... .... 04

Figura 3: Algumas espécies dos gêneros Piper e Peperomia .. ................... .. ........ .... ..... 07

Figura 4: Estrutura da amida piperina ...... ....... ..... .......... ............................................... 07

Figura 5: Estruturas de kavapironas isoladas de Pi per methysticum .... ...... ..... ...... ... ..... 08

Figura 6: Estrutura do ácido aristolóquico .. .. ........................... ............................... .. .. ... 09

Figura 7: Estruturas químicas das flavanonas isoladas de espécies de Piper ...... .. ....... 12

Figura 8: Espécie de P. crassineNium cultivada no Instituto de Química - USP ..... ....... 13

Figura 9: Etapas principais para obtenção de plantas propagadas cultivadas in vitro e

suspensões celulares de P. crassineNium .............. ...................................... 17

Figura 1 O: Suspensão celular de P. crassineNium .. .... ............ ............... ........ .... ........... 18

Figura 11: Fracionamento do extrato de folhas de P. crassíneNíum ... ......... .. ......... ... ... 23

Figura 12: Fracionamento do extrato de células proveniente das

suspensões celulares de P. crassíneNium ........... ...................................... 24

Figura 13: Cromatograma obtido por CLAE (sistema S7) do extrato de folhas de

P. crassineNium ...... .. .. ....................................................... ........ ...... ........... 40

Figura 14: Estrutura de uma flava nona ..................... ............................ ................. .. .... .41

Figura 15: Estrutura das substâncias 3 e 4 ..... .. ....... .......... ........................................... 45

Figura 16: Estrutura da substância 5 ... ... ...... ....... .... .............. .. ........... ......... ........ ..... .. ... 49

Figura 17: Exemplos de hidroquinonas alergênicas de espécies de Phacelía ....... ........ 51

Figura 18: Alguns exemplos de hidroquinonas isoladas de Aplidium californicum .. .. ..... 52

Figura 19: Estrutura das hidroquinonas isoladas de /. spinosula .. ......... .. .... .................. 53

Figura 20: Espectro de RMN-1 H de 1 ... .... ........ ............ ...... ........................ .. .. ........... ... 54

Figura 21: Espectro de RMN-13C de 1 ... ...... ... .. .. .. ...... .............. ............... ...................... 55

Figura 22: Espectro de massas de 1 ......... .......... .... ..... ................................ .. ... ........... 56

Figura 23: Espectro de RMN-1 H de 2 .... ........... .................... ....... .... ............. ....... ... ... ... 57

Figura 24: Espectro de massas de 2 ........ .. ........ ........... ........... .................................... . 58

Figura 25: Espectro de RMN-1 H de 3 ............. .. ................. ........... .......... ... .. .. ... ........... 59

Figura 26: Espectro de RMN-13C de 3 ......... ............. ............. ... .. ....................... ... ......... 60

Figura 27: Espectro de massas 3 .... ... .. .... ....... .... .. ... ... .... .... .......... ........ ... .... ..... .... ........ 61

Figura 28: Espectro de RMN-1 H de 4 ........... ..... .......... ............ .... ... ... .. ..... ............ .. ....... 62

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Figura 29: Espectro de RMN-13C de 4 ..... .......... ............ ... .. ... ... ....................... .. ............ 63

Figura 30: Espectro de massas de 4 ................................................ .. ...... ......... ... ......... 64

Figura 31: Espectro de RMN-1H de 5 ................ ......... ................................................... 65

Figura 32: Espectro de RMN-13C de 5 ......... ....... ........ ... ......... ..... ................... .......... ... .. 66

Figura 33: Espectro de massas de 5 .............. ... .. ....... ...................... ........ .... .......... ....... 67

Figura 34: Reação de desaminação da fenilalanina catalisada pela enzima PAL ......... . 74

Figura 35: Biossíntese do flavonóide naringenina, segundo Heller (1988) .. ... ................ 76

Figura 36: Curva de crescimento de suspensões celulares de P. crassinervium ... .. ..... 79

Figura 37: Variação do pH em função do crescimento celular ....................................... 81

Figura 38: Atividade específica da PAL e quantidade de proteínas totais

em função do crescimento celular ......... .. ................ ... ................................. 82

Figura 39: Cromatograma obtido por CLAE (sistema S7) do extrato de células

proveniente das suspensões celulares de P. crassinervium ..................... .... 84

Figura 40: Esqueleto das aristolactamas isoladas ...... .......... .. .... ...... ... .......................... 84

Figura 41: Espectro de RMN-1H de 6 .... ........ .. .. ................... ....... ......... .................. .... .. 91

Figura 42: Espectro de RMN-1 H de 7 ............... ................................. ....... ... .................. 92

Figura 43: Espectro de RMN-13C de 7 ............ .................................. .... .... ................... .. 93

Figura 44: Espectro de massas de 7 ....... ..... ................. .................... .............. ....... .... ... 94

Figura 45: Espectro de RMN-1 H de 8 ............... ............ ............. ......... ........................... 95

Figura 46: Espectro de massas de 8 .................. .. ......... ....... ... .................... ....... .. ......... 96

Figura 47: Espectro de RMN-1H de 9 ......... ....... ......... ... ........ ........ ..... .... .. .. .... ....... ... .. ... 97

Figura 48: Espectro de massas de 9 .... .... ...... ................ ...... .... .... .. ..... ... .... ............ ... .... 98

Figura 49: Estrutura do ácido aristolóquico ................................................................. .. 89

Figura 50: Formação de aristolactamas a partir de alcalóides dioxoaporfínicos

in vitro ....................................................... ...... ........... ................... .. ..... .... .... 89

Figura 51: Proposta de biossíntese para as aristolactamas isoladas ............................. 90

Figura 52: Quantificação dos alcalóides 6 e 7 nas células ..... ....... ..... .. ..................... .... 100

Figura 53: Quantificação dos alcalóides 6 e 7 no meio .......... ..... ....... .. .......... ......... ....... 100

Figura 54: Quantificação do alcalóide 6 no experimento com fenilalanina (células) .... ... 103

Figura 55: Quantificação do alcalóide 6 no experimento com fenilalanina (meio) .......... 103

Figura 56: Quantificação do alcalóide 6 no experimento com luz UV (células) .............. 103

Figura 57: Quantificação do alcalóide 6 no experimento com luz UV (meio) ............... .. . 103

Figura 58: Quantificação do alcalóide 6 no experimento com levedura (células) .. .. ..... .. 103

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Figura 59: Quantificação do alcalóide 6 no experimento com levedura (meio) .. ............ 103

Figura 60: Quantificação do alcalóide 7 no experimento com fenilalanina (células) ... .... 104

Figura 61: Quantificação do alcalóide 7 no experimento com fenilalanina (meio) ......... . 104

Figura 62: Quantificação do alcalóide 7 no experimento com luz UV (células) ... ..... .. .... 104

Figura 63: Quantificação do alcalóide 7 no experimento com luz UV (meio) ...... ............ 104

Figura 64: Quantificação do alcalóide 7 no experimento com levedura (células) .......... . 104

Figura 65: Quantificação do alcalóide 7 no experimento com levedura (meio) ....... ....... 104

Figura 66: Cromatoplaca das substâncias puras e frações do extrato de folhas

de P. crassinervium ....... .... .. ..... ... ........... ...... ........ ... .............. ..................... 107

Figura 67: Comatoplaca das substâncias purificadas ........ ... ... .. .. .. ... .. ..... .. .. .................. 108

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Lista de Tabelas

Tabela 1

Aristolactamas isoladas de espécies de Píper. .. ..... .. .. ...... ......... ... ......... .. ... ... ... ....... ..... . 1 O

Tabela 2

Flavanonas isoladas de espécies de Píper. .. .... .. ..... .. ... .......... ...... ... ..... ....... ... .. .... ..... .... 11

Tabela 3

Condição eluotrópica (S7) utilizada na análise dos extratos de folhas, cultura de

células e substâncias isoladas de P. crassínervíum ..... .... ..... .. .... ... ..... ........... .. .... .... .. ... 20

Tabela 4

Frações obtidas no fracionamento do extrato de folhas de P.crassínervíum por

cromatografia em coluna ........ .... ....... .. .. ...... ......... ..... .... .......... .... ...... ...... .. .. ... ........ ....... 21

Tabela 5

Frações do extrato de folhas de P. crassinervium submetidas à purificação

por cromatografia planar preparativa .. .... ........ ................. .. .. .... ........... .... .. .. ..... ...... ..... ... 22

Tabela 6

Frações obtidas no fracionamento de FPc 28-29, proveniente do extrato de

folhas de P. crassinervium .... ............. ........... ...... ........ ............... ...... .. ...... .... .... ......... ... . 22

Tabela 7

Experimentos de eliciação realizados com células de P. crassinervium provenientes

das suspensões celulares ...... ... .. ... .. ..... ... ... .... .................. ..... ... .. ...... ................. ...... .... . 33

Tabela 8

Dados de RMN-1 H e 13C para a substância 1 ... ......... ............ .............. .... .. ..... ....... ..... ... 42

Tabela 9

Dados de RMN-1H e 13C para a substância 2 .......... ............. ...... .... ...... ...... .. ......... ... ... .. 42

Tabela 10

Dados de RMN-1H e 13C para as hidroquinonas 3 e 4 ..... ............. ......... .......... .... .. ..... .. 47

Tabela 11

Dados de RMN-1H e 13C para a substância 5 ..... ......... .. .... ..... ... ... .... .... ..... ....... ... ..... .. ... 50

Tabela 12

Composição relativa dos constituintes do óleo volátil de P. crassinervium ..... .... .. ..... .... 69

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Tabela 13

Teores de proteínas solúveis obtidos dos tecidos analisados de

P. crassínervíum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 4

Tabela 14

Dados de RMN-1 H e 13C para a substância 6 ... ... ...... ...... .. ........... .... ..... ...... .. .. ............ .. 85

Tabela 15

Dados de RMN-1H e 13C para a substância 7 ... ... .......... ................................................ 87

Tabela 16

Dados de RMN-1H e 13C para as substâncias 8 e 9 ............... ............... ........ .. ........ .. .. .. 88

Tabela 17

Limite mínimo de detecção em µg das substâncias ativas .... ... .......... .......... ........... ..... . 109

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1

l . 1 ntrod ução

O interesse do homem pelas substâncias químicas que estão ao seu redor é tão

antigo quanto sua própria existência. Embora de forma rudimentar, os produtos naturais

foram utilizados pela espécie humana na caça, na alimentação e na medicina (Lobo,

1976; Balandrin et ai. 1985; Walton, 1992). Mesmo em batalhas visando a conquista de

territórios entre os diversos povos, relatos descrevem a utilização de venenos mortais em

flechas. Atualmente sabe-se que produtos naturais como a tubocurarina (Figura 1 ),

extraída de Chondodendron tomentosum e espécies de Strychnos, possuem forte

atividade como agente bloqueador neuromuscular, causando paralisia do músculo de

forma letal (Mann, 1994).

OMe

o

~ o

MeO 2CI

Figura 1 - Estrutura do cloreto de tubocurarina

Na medicina, as civilizações antigas utilizavam os metabólitos de plantas na forma

de extratos brutos ou mesmo pela aplicação das ervas nas partes afetadas, visando curar

diversos males (Stafford, 1991 ).

O início da história moderna de produtos naturais de plantas ocorreu a partir do

século XIX, quando se teve o registro dos primeiros estudos com base científica, que

resultou no isolamento de alguns princípios ativos de plantas medicinais (Montanari &

Bolzani, 2001 ).

Nos estudos fitoquímicos de plantas usadas na medicina popular antigamente, no

tratamento de doenças, foi detectado um grande número de compostos com atividade

antitumoral. Entre estes encontram-se o ácido úsnico e a podofilotoxina. Alcalóides com

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2

atividades contra o câncer (vinblastina e vincristina) também foram isolados de

Catharanthus roseus, embora nesse caso o uso tradicional estivesse relacionado à

diabetes (Stafford, 1991). Outros quimioterápicos como o taxol e os análogos da

podofilotoxina, etoposídeo e teniposídeo, também foram descobertos, fazendo com que

aumentasse o interesse pelos medicamentos de origem vegetal (Montanari & Bolzani,

2001).

O progresso alcançado no isolamento de novos produtos naturais foi diretamente

relacionado com a evolução das técnicas de separação. O advento da cromatografia

líquida de alta eficiência (CLAE) foi de particular importância, pois permitiu o isolamento e

a purificação de uma gama de compostos, especialmente os de maior polaridade

(Hamburger & Hostettmann, 1991 ). A evolução das modernas técnicas espectroscópicas,

como ressonância magnética nuclear (RMN), espectrometria de massas e difração de

raios-X, foi de extrema importância na elucidação estrutural de moléculas orgânicas de

uma forma geral.

Num organismo vivo, os produtos diversos são sintetizados e degradados através

de uma série de reações químicas, catalisadas por enzimas altamente específicas e

seletivas na maioria dos casos. Este processo, conhecido como metabolismo, origina e

degrada diversos produtos essenciais como açúcares, aminoácidos, ácidos graxos,

proteínas e ácidos nucleicos. Estas substâncias constituem os metabólitos primários, que

estão presentes em todos os organismos, sendo essenciais para a sobrevivência e bom

funcionamento deles. A segunda grande classe de substâncias, denominada de

metabólitos secundários, é produzida a partir de um pequeno número de moléculas­

chave, provenientes do metabolismo primário. Entre estes precursores fundamentais

destacam-se o (1) acetato, precursor de ácidos graxos; (2) mevalonato, um dos

precursores de isoprenóides (monoterpenos, sesquiterpenos, esteróides); (3) ácido

chiquímico, precursor de muitos compostos aromáticos, incluindo aminoácidos

aromáticos, ácidos cinâmicos e certos polifenóis; e (4) alguns aminoácidos, que

constituem-se nos precursores dos alcalóides. Muitos outros produtos são provenientes

da biossíntese mista envolvendo duas classes de compostos precursores e, como

exemplos podem ser citados os flavonóides e as quinonas preniladas (Mann, 1994).

Estes produtos do metabolismo secundário possuem ocorrência bastante

específica, sendo encontrados em determinados organismos ou espécies, e expressam a

individualidade destas espécies. Estas substâncias não são necessariamente produzidas

em todas as condições e, na maioria dos casos, não se sabe exatamente qual a função

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3

destes compostos. Sabe-se que algumas delas são sintetizadas por um indivíduo como

defesa em relação a determinado predador, outras agem como atraentes voláteis para

uma futura polinização, outras ainda são agentes que conferem cor a determinadas

espécies. Com base nestas informações, assume-se que de uma maneira ou outra, estes

produtos naturais exercem alguma função vital para o organismo que os sintetizam

(Dewick, 1997).

Embora estas substâncias isoladas sejam denominadas "metabólitos secundários"

e estejam muitas vezes em quantidades ínfimas nas plantas, elas culminaram por assumir

várias aplicações no cotidiano do homem moderno (Figura 2). Alguns exemplos incluem

inseticidas, flavorizantes, adoçantes e perfumes, além de serem utilizadas na área médica

como analgésicos, anticolinérgicos, antimaláricos, etc (Stafford, 1991 ). Assim, tais

produtos representam a base do arsenal terapêutico da medicina do século XX e, em

função da sua importância econômica, representam as bases do mercado farmacêutico

que movimenta cerca de 350 bilhões de dólares anualmente (Ferreira et ai., 1998). Alguns

dos produtos naturais possuem uso indireto, como precursores de substâncias

importantes, como é o caso das sapogeninas extraídas dos carás (Dioscorea spp), na

síntese de hormônios sexuais e anticoncepcionais. A bacatina Ili ou cefalomanina são

exemplos recentes de substâncias empregadas na síntese comercial do antitumoral taxol

(Matos, 1988; Montanari & Bolzani, 2001).

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;·- ,_)

codeína

(Papaver somniferum)

analgésico

~ 9H20H o-có atropina

(Atropa belladona)

anticolinérgico

MeO

quinina

(Cinchona ledgeriana)

antimalárico

nicotina

(Nicotiana tabacum)

inseticida

Figura 2 - Exemplos de produtos naturais utilizados industrialmente

4

Um dos grandes atrativos de produtos naturais derivados de plantas continua

sendo o estudo de suas rotas biossintéticas, que são extremamente elegantes do ponto

de vista mecanístico e notáveis em termos de rendimento. Tais aspectos têm inspirado

químicos sintéticos na busca de alternativas, utilizando-se enzimas de plantas . ou de

microrganismos em algumas etapas específicas, com o objetivo de se obter diversos

produtos com atividade biológica, de maneira a minimizar a dependência de plantas como

única fonte destas substâncias (Kutney, 1997).

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5

Sabe-se que, dependendo da época do ano em que a planta é coletada, ou mesmo

de seu habitat, existem variações nas concentrações dos compostos de interesse, o que

acaba por dificultar o seu isolamento e caracterização (Kutney, 1997). As plantas estão

sujeitas a uma variedade de estresses climáticos, que podem alterar o nível de produção

destas substâncias, interferindo, desta maneira, na obtenção do produto desejado

(Stafford, 1991 ).

Tendo-se em vista tais considerações, torna-se complexo depender

exclusivamente de determinada espécie vegetal para a obtenção da substância de

interesse, além de ser necessário quantidades adequadas para os fins requisitados.

Através de processos de isolamento das substâncias a partir de plantas obtém-se

quantidades que podem servir como materiais de partida para síntese de determinados

produtos, mas tais enfoques são freqüentemente limitados pelos baixos rendimentos.

Os produtos naturais apresentam uma grande complexidade estrutural e as

sínteses requerem tantas etapas que acabam por inviabilizar economicamente o

processo. Do ponto de vista acadêmico, muitas sínteses constituem-se em grandes

desafios intelectuais mas tornam-se inviáveis para produções em escala comercial

(Kutney, 1997).

A cultura de células surgiu na década de 50 como uma poderosa ferramenta

complementar para o estudo do metabolismo em plantas intactas. Entre as principais

vantagens do uso de cultura de tecidos e células, podem ser citadas a relativa

uniformidade de biomassa, a reprodutibilidade dos experimentos e a facilidade de obter

grandes quantidades de células (Dougall, 1981). Por receberem condições de tratamento

controladas em laboratório, os parâmetros de crescimento, tais como pH, mudanças nos

nutrientes do meio e temperatura, podem ser manipulados e otimizados com a finalidade

de se alcançar uma produção maior dos produtos secundários, em comparação com a

planta cultivada. A menor complexidade dos extratos obtidos através da cultura de células

constitui-se também num aspecto favorável contribuindo para a separação das

substâncias alvo. Estes sistemas in vitro constituem-se também numa excelente fonte de

enzimas, freqüentemente superior à das plantas diferenciadas, favorecendo a realização

de experimentos de biossíntese e de biotransformações, relacionados à produção dos

metabólitos (Zenk, 1991; Kutney, 1997).

Apesar disso, existem também as desvantagens, que incluem um esforço contínuo

em se manter estes sistemas celulares, através da realização freqüente de sub-culturas,

os custos de manutenção, assim como problemas causados pela instabilidade genética

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6

que culminam por alterar todo o comportamento destas células, afetando a produção de

determinado metabólito secundário (Dougall, 1981). A produção econômica de produtos

naturais através dessa técnica está ainda restrita a poucos exemplos e constitui-se ainda

num desafio.

Diante desse cenário, pode-se compreender a razão pela qual a pesquisa de novos

fármacos provenientes de plantas constitui-se numa das áreas mais competitivas no meio

acadêmico e, principalmente, no setor industrial. De uma forma geral, essa investigação

é tipicamente uma atividade interdisciplinar que requer a colaboração tanto de químicos

de produtos naturais e de síntese orgânica, como de botânicos, biólogos e farmacólogos,

sendo praticamente impossível atingir resultados satisfatórios através de pesquisas

realizadas de forma isolada.

1 .1 A Família Piperaceae

A família Piperaceae compreende 14 gêneros e cerca de 1950 espécies, segundo

Mabberley (1997). Os gêneros Piper e Peperomia (Figura 3) são os mais representativos,

com aproximadamente 700 e 600 espécies, respectivamente (Joly, 1985).

Em geral, as espécies de Piperaceae caracterizam-se por serem plantas

predominantemente herbáceas, raramente sendo arbóreas ou arbustivas. Espécies de

Piper, presentes nas regiões tropicais e subtropicais, têm sido amplamente investigadas

devido a inúmeras substâncias biologicamente ativas nelas presentes, o que justifica seu

amplo uso na medicina popular, como remédios para dores no estômago, agentes anti­

inflamatórios, antipiréticos e contra asma, e até como repelentes de insetos (Parmar et ai.,

1997).

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7

Peperomia obtusifolia Peperomia scandens Piper solmsianum

Piper nigrum Peperomia nivences Peperomia pellucida

Figura 3 - Algumas espécies dos gêneros Piper e Peperomia

No início do século XIX o sabor picante dos frutos de Piper nigrum motivou estudos

fitoquímicos que resultaram no isolamento e caracterização da amida piperina (Figura 4),

responsável pelo princípio picante desta pimenta (Sengupta & Rao, 1987).

o

< o Figura 4 - Estrutura da amida piperina

De Piper methysticum (kava-kava), uma espécie de ocorrência restrita às ilhas do

Pacífico Sul, de importância comercial por causa de suas propriedades calmantes, foram

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8

isoladas substâncias denominadas de kavapironas (metisticina e kavaína) (Figura 5), que

apresentam efeitos hipnótico e anestésico (Smith, 1983; Singh, 1992).

OMe OMe

o

< o o

kavaína metisticina

Figura 5 - Estruturas de kavapironas isoladas de Piper methysticum

A pesquisa de novos constituintes de Piper foi intensificada recentemente devido à

detecção de várias substâncias com atividade biológica, como alcalóides citotóxicos,

amidas com atividade antifúngica e lignanas com atividade anti-PAF, antifúngica e anti­

tumoral (Matsui & Munakata, 1976; Sun et ai., 1987; Duh, et ai., 1990; Ruangrungsi et ai.,

1992; Wu et ai., 1997; Alécio et ai., 1998).

Investigações fitoquímicas das espécies de Piper possibilitaram a descrição de

uma grande variedade de novos compostos químicos, incluindo-se alcalóides e amidas,

lignanas, neolignanas, propenilfenóis, terpenos, esteróides, chalconas, dihidrochalconas,

flavonas, flavanonas, kavapironas e piperolídeos (Sengupta & Rao, 1987; Jensen et ai.,

1993; Parmar et ai., 1997). Alcalóides e amidas são considerados os constituintes mais

comuns de espécies de Piper e também os mais estudados por apresentarem atividades

biológicas. A aduncamida, isolada de Piper aduncun, apresentou atividade bactericida

contra Bacil/us subtilis e Micrococcus luteus (Orjala et ai., 1993) enquanto a amida

pirrolidínica, N-[7-(3' ,4' -metilenodioxifenil)-2(Z),4(Z)-heptadienoil]pirrolidina, isolada de P.

hispidum, mostrou ser ativa contra o fungo Cladosporium shaerospermum (Alécio et ai.,

1998).

As aristolactamas pertencem a um reduzido grupo de alcalóides, encontrados

principalmente na família Aristolochiaceae, sendo responsáveis pela origem do nome

desta classe de compostos. Entretanto as aristolactamas têm sido relatadas em espécies

de Piperaceae, além das famílias Annonaceae, Menispermaceae e Monimiaceae (Desai

et ai., 1990).

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9

O interesse por esta sub-classe de alcalóides é devido a diversidade de atividades

biológicas, destacando-se a potente atividade inseticida apresentada pelas

aristolactamas. A relação estrutural entre o ácido aristolóquico (Figura 6), um

nitrocomposto bastante tóxico, as aristolactamas e os alcalóides dioxoaporfínicos e

isoquinolínicos tem motivado diversos estudos biossintéticos (Chen, Z-L. & Zhu, D-Y.,

1987).

o

< o

Figura 6 - Estrutura do ácido aristolóquico

As lactamas fenantrênicas, ou aristolactamas, isoladas de espécies de Piper são

mostradas na Tabela 1.

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1

MeO

HO

MeO

HO

Ta bela 1 - Aristolactamas isoladas de espécies de Pi per

Estruturas

1a R1 = R2 = Me; R3 = H

(piperolactama D)

1 b R1 = R3 = Me; R2 = H

(goniopedalina)

1 e R1 = H ; R2 = R3 = Me

(piperolactama B)

1 d R1 = R2 = R3 = Me

(piperolactama C)

Piperolactama A

Referência

Olsen et ai., 1993; Singh

et ai., 1996

Ruangrungsi et ai., 1992

Singh et ai., 1996

10

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11

Flavonóides são produtos naturais presentes em muitas espécies de plantas, mas

que apresentam uma ocorrência restrita no gênero Píper (Tabela 2). Estes compostos

estão associados à capacidade protetora contra radiação UV além de estarem envolvidos

como compostos de defesa contra microorganismos. Os flavonóides também são

encontrados em frutas, vegetais, chás e vinhos, fazendo parte da dieta alimentar humana

(Harborne & Williams, 2000). A Tabela 2 relaciona as flavanonas isoladas de diferentes

espécies de Piper (Sengupta & Rao, 1987; Parmar et ai., 1997).

Tabela 2 - Flavanonas isoladas de espécies de Piper

Composto Planta

5, 7-dihidroxiflavanona ( 1) P. hostmannianum

P. steemi

6-hidroxi-5, 7-dimetoxiflavanona (2) P. hispidum

8-hidroxi-5, 7-dimetoxiflavanona (3) P. hispidum

5-hidroxi-7-metoxi-6,8- P. hostmannianum

dimetilflavanona ( 4)

5-hidroxi-7-metoxiflavanona (5) P. aduncum

(pínostrobina) P. fadyeniii

P. hispídum

P. steemi

5,4'-dihidroxi-7-metoxiflavanona (6) P. aduncum

(sakuranetina)

5, 7,8-trimetoxiflavanona (7) P. híspídum

7-hidroxi-5-metoxiflavanona (8) P. methystícum

(alpinetina)

5, 7-dihidroxi-6-metoxiflavanona (9)

(dihidrooroxilina A)

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(1) R1=R2=R3=R4=R5=H

(2) R 1 =R3=CH3; R2=0H; R4=RS=:H

(3) R1=R3=CH3; ~.4=~5~H; R4=0H

(4) R1=R5=H; R2=R3=R4=CH3

(5) R1 =R2=R4=RS=H; R3=CH3

R5

(6) R1=R2=R4=H; R3=CH3; RS=OH

(7) R1=R3=CH3; R2=R5=H; R4=0CH3

(8) R 1 =CH3; R2=R3=R4=R5=H

(9) R1=R3=R4=R5=H; R2=0CH3

Figura 7 - Estruturas químicas das flavanonas isoladas de espécies de Piper

12

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13

1 . 2 Pi per crassinervium

Piper crassinervium Kunth, objeto deste trabalho, é um arbusto que ocorre na Mata

Atlântica (Brasil), além de ser encontrada na Colômbia, Equador e Peru. Tem 2 a 5

metros de altura. Suas folhas possuem um formato ovalado, com um ápice acuminado, ' medindo de 5 a 15 cm de largura e de 13 a 25 cm de comprimento (Yuncker, 1 ~72).

Figura 8 - Espécie de P. crassinervium cultivada no Instituto de Química - USP

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2. Objetivos

O presente trabalho teve por objetivos o estudo químico e biológico da espécie P.

crassinervium. Devido a ausência de relatos anteriores sobre sua composição química, o

estudo foi direcionado para a comparação dos metabólitos secundários presentes em

folhas de P. crassinervium com aqueles encontrados em suspensões celulares desta

espécie. Sendo frequente a presença de compostos fenólicos em espécies de Piper, a

capacidade metabólica foi avaliada através da determinação da atividade de enzimas

específicas. Dessa maneira, este trabalho foi desenvolvido através das etapas seguintes:

1. Isolamento e determinação estrutural dos principais metabólitos secundários de folhas

de plantas diferenciadas, incluindo a análise do óleo essencial de P. crassinervium;

2. Estabelecimento de suspensões celulares e obtenção de diversos parâmetros de

crescimento visando sua caracterização, incluindo-se o isolamento e a determinação

estrutural dos principais metabólitos secundários;

3. Análise das enzimas fenilalanina amônia-liase (PAL) e chalcona sintase (CHS)

envolvidas na biossíntese dos metabólitos fenólicos isolados de folhas e das

suspensões celulares;

4. Avaliação das respostas das suspensões celulares mediante a utilização de

precursores ou de agentes estimulantes (aliciadores) da biossíntese de metabólitos

secundários, e

5. Investigação da atividade antifúngica (Bioautografia) dos metabólitos secundários

isolados dos diferentes tecidos de P. crassinervium.

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15

3. Materiais e Métodos

3.1 Material vegetal

As folhas estudadas de P. crassinervium foram coletadas no Parque Estadual

Turístico do Alto Ribeira - PETAR, localizado no Vale do Ribeira, município de lporanga,

Estado de São Paulo. Esta espécie foi identificada pelo Prof. Dr. Guillermo E. D. Paredes

(Universidade Pedro Ruiz Gallo, Tambayeque, Peru) e a exsicata foi depositada no

Herbário do Instituto de Botânica. As sementes utilizadas para germinação de plântulas,

fonte de expiantes para cultura de células, foram coletadas em outubro de 1998 no

Parque Estadual da Serra do Mar, Picinguaba, município de Ubatuba, Estado de São

Paulo. Esta espécie de Piper também é cultivada no Instituto de Química da Universidade

de São Paulo (Figura 8).

3.2 Obtenção de plântulas axênicas, calos e suspensões celulares de

Piper crassinervium

3.2.1 Micropropagação de P. crassinervium

A partir de plantas intactas de P. crassinervium, de 3 a 5 meses de idade, obtidas

por germinação de sementes, ápices caulinares e nós, de 1 cm de comprimento, foram

inoculados para o estabelecimento de plantas propagadas cultivadas in vitro. Estes

expiantes foram desinfetados durante 1 O minutos em solução etanólica 70% e,

posteriormente, lavados com água destilada em condições assépticas, antes da

inoculação. O meio utilizado para a propagação de plântulas, classificado como N1,

consistiu dos sais inorgânicos Gamborg 85 (1968) suplementado com mio-inositol (100

mg/L), tiamina (1 mg/L), sacarose (30 g/L), ácido indolacético (AIA) (0,02 mg/L), ácido

giberélico (AG3) (0,02 mg/L) e Fitagel® (Sigma) (0,7%). Esta formulação foi estabelecida

pelo prof. Dr. Guillermo Eduardo Delgado Paredes (Universidade Pedro Ruiz Gallo,

Tambayeque, Peru).

Estas plântulas cultivadas in vitro serviram como fonte de expiantes para a

micropropagação de plântulas de P. crassinervium, no caso, os ápices caulinares e os

nós, cultivados em posição vertical no meio de cultura N 1. Estas culturas foram mantidas

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16

sob 35 µmol / m2 s de irradiância, fornecida por lâmpadas fluorescentes de 30 W, sob

temperatura de 24-26ºC e fotoperíodo de 16/8 h.

Para conservação do germoplasma in vitro foram mantidas 5-8 plantas desta

espécie, propagadas por culturas de nós e mantidas sob 20 µmol / m2 s de irradiância.

3.2.2 Indução de calos

Para a indução de calos foram utilizados os nós provenientes de plantas axênicas

obtidas in vitro, que serviram como fonte de expiantes, que foram mantidos a 0-5 µmol /

m2 s de irradiância e nas mesmas condições ambientais de incubação já descritas. O

meio de cultura utilizado foi denominado de BC-1 e consistiu no meio Gamborg B5 (1968)

suplementado com mio-inositol (100 mg/L), tiamina (1 mg/L), sacarose (30 g/L), ácido

naftalenoacético (ANA) (1,0 mg/ml), 6-benzilamino purina (BAP) (0,2 mg/ml) e

Fitagel ® (Sigma) (0,7%).

A manutenção dos calos foi realizada por repicagens sucessivas (intervalo de 20

dias), e constituiu-se num processo mais crítico que a própria indução, devido ao

problema de oxidação, necrosamento e morte das células do calo após a repicagem.

3.2.3 Suspensões celulares

A partir dos calos friáveis foram iniciadas as suspensões celulares, utilizando-se o

meio de cultura denominado BC-1, sem a adição do Fitagel®. As repicagens das

suspensões celulares estabelecidas foram efetuadas com intervalo de quinze a vinte dias,

descartando-se o meio usado e distribuindo uma quantidade equivalente de células em

dois Erlenmeyers contendo o meio BC-1 fresco.

A Figura 9 apresenta a sequência de passos para obtenção de plantas propagadas

cultivadas in vitro e suspensões celulares de P. crassinervium.

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18

3.3 Obtenção dos extratos de folhas e de cultura de células de

Piper crassinervium

Os solventes utilizados para a extração dos tecidos estudados foram das marcas

Merck, Vetec, CRQ e Synth com diferentes graus de pureza dependendo da finalidade do

uso. Os que não apresentaram qualidade adequada foram purificados por destilação

fracionada.

3.3.1 Extratos de folhas de P. crassinervium

Folhas de P. crassinervium (748 g) foram secas, moídas, e submetidas à extração a

frio com 500 ml de EtOAc por três vezes, obtendo-se 10,6 g do extrato de folhas, após a

concentração e eliminação do solvente.

3.3.2 Extratos do meio BC-1 e das células provenientes das suspensões celulares

de P. crassinervium

Células de P. crassinervium

obtidas a partir da filtração a vácuo das

suspensões celulares (Figura 1 O)

foram extraídas com metanol sob

banho de ultrassom. Depois da

eliminação do solvente, o extrato

obtido foi submetido à partição com

acetato de etila, e novamente

concentrado, obtendo-se então o

extrato de células. Figura 1 O - Suspensão celular de

P. crassinervium

Para obtenção do extrato do meio celular BC-1 fez-se a partição do meio de cultura

das suspensões celulares, com aproximadamente 300 ml de EtOAc, por três vezes. A

fase orgânica foi seca com Na2SO4 anidro e concentrada em rotaevaporador para

eliminação do solvente.

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19

3.4 Análise dos extratos de folhas e de cultura de células de Piper

crassinervium

O fracionamento dos extratos obtidos foi realizado através das técnicas de

cromatografia em coluna e planar, enquanto que á análise dos extratos e das substâncias

isoladas foi realizada por CLAE e por cromatografia planar comparativa.

3.4.1 Cromatografia planar e cromatografia em coluna

Para preparação das placas usadas para cromatografia planar comparativa (CPC) e

preparativa (CPP) utilizou-se sílica gel PF2s4, da Merck. As revelações das substâncias

foram efetuadas com irradiação de luz UV de 254 e 366 nm, seguidas de borrifações com

sulfato cérico e aquecimento a 80ºC, por 15 minutos. A recuperação das frações após a

separação por CPP foi realizada por extração com EtOAc.

Para o fracionamento cromatográfico em coluna (CC) utilizou-se sílica-gel 60

(0,063-0,200 mm) da Merck.

Os eluentes usados para o fracionamento das substâncias foram:

S1 - diclorometano: acetona: hexano 79,6: 0,4: 20

S2 - hexano: acetato de etila: isopropanol 70: 30: 1

S3 - hexano: acetato de etila 70: 30

S4 - hexano: diclorometano: acetato de etila 70: 17,5: 37,5

S5 - diclorometano: acetona: hexano 78,4: 1,6: 20

S6 - clorofórmio: metanol 90: 1 O

A concentração dos solventes foi realizada sob pressão reduzida, por bomba de

vácuo, usando-se rotaevaporadores.

3.4.2 Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE)

Para cromatografia líquida de alta eficiência foi utilizado um cromatógrafo líquido

analítico/semipreparativo, Shimadzu, mod. LC-10, munido de detector espectrofotométrico

de comprimento de onda variável e injetor automático, modelo SIL-10A. Para as análises

por CL.AE foram utilizados solventes de grau cromatográfico da Merck e colunas (a)

analítica, fase reversa - RP-18 Supelco 5 µm, 250 x 4 mm (Supelcosil), (b) analítica, fase

reversa - Luna C18, 250 x 4 mm 5 µm (Phenomenex) e (c) semi-preparativa, fase reversa

-Luna C18, 250 x 10 mm 5 µm (Phenomenex). BIBL I OTECA tN:::;-~lúJTO CE QU;MlCA

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20

Na análise qualitativa dos extratos de folhas e culturas de células de P.

crassinervium, assim como na purificação das substâncias isoladas, foi utilizado o sistema

de solventes metanol:água (S7), no modo gradiente (Tabela 3), com detecção a 254 nm.

O fluxo e o volume de injeção variaram de acordo com a coluna utilizada, sendo

1, O ml/min e 20 µL, respectivamente, para colunas analíticas e 4, 7 mUmin e 350 µL para

a coluna semi-preparativa. O tempo de equilíbrio estabelecido antes de cada injeção foi de

7 minutos.

Um tratamento prévio dos extratos foi introduzido antes das injeções e constituiu-se

na suspensão de uma massa conhecida de cada extrato ou fração em metanol, seguida

de filtração em coluna C-18 seppak, para eliminação da matriz lipofílica.

Tabela 3 - Condição eluotrópica (S7) utilizada na análise dos extratos de folhas, cultura

de células e substâncias isoladas de P. crassinervium

MeOH H20 Tempo (min)

65 35 o 100 o 25

100 o 30

- Para o ensaio da atividade da PAL

A análise do ácido cinâmico formado nos ensaios de atividade da PAL foi realizada

através do sistema S8, MeOH:H2O:CH3COOH 60:40:1, no modo isocrático, com detecção

a 275 nm e fluxo de 1 ml/min.

- Para o ensaio da atividade da CHS

A análise da naringenina formada no ensaio da chalcona sintase foi realizada de

acordo com o método estabelecido por Zuurbier (1993), e denominado neste trabalho

como sistema de solventes S9, MeOH:H2O:H3PO4 85% (v/v) (70:30:0,25), no modo

isocrático, com detecção a 290 nm e fluxo de 1 ml/min.

3.4.3 Fracionamento do extrato de folhas de P. crassinervium

Extrato de folhas de P. crassinervium (10 g) foi submetido à cromatografia em

coluna utilizando-se como eluente misturas de hexano:acetato de etila em ordem

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21

crescente de polaridade. Foram obtidas 50 frações de 50 ml, analisadas em seguida por

cromatografia planar comparativa e agrupadas, conforme Tabela 4.

Tabela 4 - Frações obtidas no fracionamento do extrato de folhas de

P. crassinervium por cromatografia em coluna

Frações Denominação Massa (mg) 2 FPc2 103,2

3-4 FPc3 85,5 5-6 FPc5 688,3 7 FPc7 381,7 8 FPc8 206,2

9-12 FPc9 328,4 13 FPc13 25,1 14 FPc14 41, 1 15 FPc15 42,9 16 FPc16 51, 1

17-18 FPc17 125,2 19-22 FPc19 148,0

23 FPc23 49,7 24-27 FPc24 326,0 28-29 FPc28 136,0

30 FPc30 101,6 31 FPc31 210,4 32 FPc32 113, 1 33 FPc33 115, 1

34-36 FPc34 439,0 37-38 FPc37 630,6 39-40 FPc39 278,6

41 FPc41 441,9 42-45 FPc42 467,4

46 FPc46 659,2 47 FPc47 700,8 48 FPc48 263,5 49 FPc49 393,1 50 FPcS0 468,6

As frações agrupadas foram analisadas por CLAE (sistema S7) e posteriormente,

submetidas a purificação por CPP, utilizando-se diferentes sistemas de solventes (Tabela

5).

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Tabela 5 - Frações do extrato de folhas de P. crassinervium submetidas à

purificação por cromatografia planar preparativa

Frações Sistema de

solventes utilizado

24-27 S1

28-29 S2, CC

30 S3

32-33 S1

34-36 S2

42-45 S1

46 S3

48 S2

22

A fração 28-29, depois de analisada por CLAE (sistema S7), foi submetida a CC,

utilizando-se como eluente uma mistura de hexano:acetato de etila, em ordem crescente

de polaridade, resultando em 23 frações, que depois de analisadas por CPC, foram

agrupadas (Tabela 6).

Tabela 6 - Frações obtidas no fracionamento de FPc 28, proveniente do extrato de folhas

de P. crassinervium

Frações 28.4

28. 10-28. 11 28.12-28.17

Massa (mg) 75,4 22,7 16,3

A Figura 11 descreve o fracionamento cromatográfico para obtenção das

substâncias isoladas de folhas de P. crassinervium.

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24-27

S1

24.b

S2

4 1,8 m

28-29 30

S3

30c

S3

30c1

CC

S3

28.4d

S3

Extrato de folhas dé f! crassinervium (lporanga)

10g

CC

32-33 34-36 42-45

S2

34.1 S1

S3 S1

42a

46

S3

Figura 11 - Fracionamento do extrato de folhas de P. crassinervium

23

48

S2

2 (2,2 m

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24

3.4.4 Fracionamento do extrato de células de P. crassinervium

O extrato de células proveniente das suspensões celulares de P. crassinervium foi

purificado por cromatografia planar preparativa, tendo-se como aluentes o sistema S3.

Nesta condição foram separadas quatro faixas (Figura 12), dentre elas duas substâncias

puras (alcalóides 6 e 7), sendo que a segunda fração (cel 1) foi submetida novamente à

cromatografia planar preparativa (sistemas S3 e S6), originando duas frações. A fração

denominada 1 b, ainda uma mistura, foi submetida à cromatografia líquida (sistema S7),

em coluna Luna semi-preparativa, resultando nas substâncias 8 e 9.

celO

Extrato de células proveniente das suspensõe celulares de P. crassinervium

S3

cel1

S3e S6

cel 1a cel 1b

S7

Figura 12 - Fracionamento do extrato de células provenientes das suspensões celulares

de P. crassinervium

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25

3.5 Estudo do óleo volátil de folhas de Piper crassinervium

Além do isolamento das substâncias acumuladas nas folhas de P. crassinervium

fez-se o estudo dos componentes voláteis presentes no óleo obtido dessas folhas, através

da cromatografia gasosa e CG/EM, considerando que não existem até o momento dados

sobre sua composição.

3.5.1 Material vegetal

As folhas utilizadas no estudo da composição dos componentes voláteis foram

coletadas em Araraquara, Estado de São Paulo, em outubro de 1998.

3.5.2 Isolamento dos compostos voláteis

Folhas frescas (280 g) de P. crassinervium foram submetidas à hidrodestilação,

durante três horas, em um aparelho do tipo Clevenger. O óleo originado desta extração foi

utilizado para o estudo dos componentes voláteis presentes.

3.5.3 Condições de análise do óleo volátil

O fracionamento e análise quantitativa do óleo volátil foram realizados por

cromatografia gasosa (CG), sendo que a associação desta técnica à espectroscopia de

massas (CG/EM) permitiu inferir sobre a identidade da maioria dos constituintes da

mistura. A determinação dos constituintes voláteis de P. crassinervium foi baseada na

comparação dos tempos de retenção dos constituintes do óleo com os de padrões ou de

compostos de banco de dados.

Nesta análise foram utilizados um cromatógrafo Shimadzu GC-17A equipado com

um programa Shimadzu GC 1 O, uma coluna capilar de sílica fundida (30 m x 0,25 mm x

0,25 µm, cobertas com DB-5) , e um detector de ionização de chama. A temperatura do

forno variou de 60 a 300ºC, a 3ºC/min, utilizando-se gás hélio como gás de arraste

(1 ml/min). As temperaturas do injetor e detector foram de 220 e 250ºC, respectivamente.

· Para cromatografia gasosa associada à espectrometria de massa utilizou-se um

cromatógrafo gasoso Shimadzu, com coluna capilar, acoplado a um espectrômetro de

massa com analisador quadrupolar (QP 5000) operando a 70 eV nas mesmas condições

descritas acima.

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2$

3.6 Extração de proteínas para doseamento da fenilalanina

amônia-liase (PAL) e chalcona sintase (CHS)

Com o objetivo de se comparar a atividade da enzima fenilalanina amônia-liase

(PAL) em folhas, plantas propagadas in vitro e culturas de células de P. crassinervium,

foram feitos ensaios de doseamento desta enzima para estes tecidos.

3.6.1 Protocolo para extração da enzima PAL

O material fresco (folhas, células e tecidos de plantas propagadas de P.

crassinervium) foi congelado em nitrogênio líquido e triturado com auxílio de um almofariz

e pistilo. Foram adicionados polivinilpolipirrolidona (PVPP) (0,0059/9 de material fresco) e

uma quantidade equivalente de sílica-60 neste processo. Este material fresco foi suspenso

em tampão borato O, 1 M, pH 8,8 (3 ml de tampão/g de material fresco). O homogeneizado

foi filtrado em gaze, em banho de gelo. O filtrado foi então centrifugado a 10.000 g por 20

min a 4°C (Moreno et ai., 1994). As proteínas do sobrenadante foram dessalinizadas e

concentradas em uma coluna PD-1 O (Sephadex G-25) e foram usadas tanto para o ensaio

da atividade enzimática por CLAE como para o doseamento de proteína segundo Bradford

(1976).

3.6.2 Ensaio da atividade da PAL

Duzentos microlitros do extrato proteico foram incubados durante 30 min, a 29 ºC,

em 1 ml de tampão borato O, 1 M, pH 8,8, contendo 300 µL de fenilalanina 1 O mM. A

incubação foi interrompida com a adição de 100 µL de ácido clorídrico. Após a adição de

50 µL do padrão interno 4-metilumbeliferona 1 mM, a mistura foi centrifugada por 5 min a

10000 g e então analisada por CLAE (Heide et ai. , 1989).

3.6.3 Análise por CLAE

O ácido cinâmico foi determinado por CLAE, por meio da injeção de 20 µL do

sobrenadante utilizando-se uma coluna Supelcosil LC-18 e o sistema de solventes S8.

A determinação da atividade da PAL nos tecidos estudados foi baseada na seguinte

equação:

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Atividade PAL (pKatal/mL) = [(A ácido/A p.i.) - (A ácido B/ A p.i.)] x p.i.

R x tempo incubação x V

Onde,

A= área

B = ensaio branco

R = fator de conversão obtido através da curva padrão da albumina sérica bovina

tempo de incubação= 30 min

V = volume da preparação enzimática utilizada no ensaio (0,2 ml)

p.i. = massa do padrão interno (50 pmol)

3.6.4 Doseamento de proteínas totais

27

O doseamento de proteínas em folhas intactas, plântulas propagadas in vitro e

células provenientes das suspensões celulares de P. crassinervium, foi realizado pelo

método de Bradford (1976), utilizando-se o corante Coomassie Brilliant Blue G-250 (kit

Bradford - Bio-Rad). A ligação do corante à proteína causa um deslocamento no máximo

de absorção do corante, de 465 para 595 nm, onde a formação do complexo pode ser

monitorada.

Protocolo do ensaio:

1. Dez microlitros do extrato proteico foram pipetados em uma cubeta de poliestireno

(1 cm, 1,5 ml).

2. Adicionou-se 1190 µL de tampão borato pH 8,8 e 300 µL do corante (Coomassie

Brilliant Blue G-250), seguido de agitação.

3. A mistura de reação foi incubada à temperatura ambiente por 5 min.

4. Mediu-se a absorbância a 595 nm (espectrofotômetro UVNIS Perkin-Elmer, modelo

Lambda 3P) .

5. O teste branco deste ensaio foi feito com 1200 µL de tampão borato e 300 µL do

corante.

3.6.5 Ensaio para extração enzimática da chalcona sintase (CHS) (0-4ºC)

Folhas de P. crassinervium foram congeladas em N2 líquido, trituradas com auxílio

de um almofariz e pistilo, com sílica e cerca de 10% PVPP (peso/peso). O pó formado foi

misturado com o tampão de extração (2 ml de tampão / g de tecido vegetal), filtrado e

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28

centrifugado a 14000 rpm, por 20 minutos. O sobrenadante foi utilizado para o ensaio da

chalcona sintase (Zuurbier et ai., 1993).

Tampão de extração:

Para extração da CHS foi utilizado o tampão fosfato 0,5 M, pH 8, com adição de

1,5% de polietilenoglicol (peso/volume), 400 mM de sacarose, 1 mM de cloreto de cálcio e

O, 1% de albumina sérica bovina (pelo/volume). Este tampão foi deaerado e posteriormente

foram adicionados 200 mM de ácido ascórbico, 50 mM de EDTA, 50 mM de cisteína e

10% Dowex (peso/volume).

3.6.6 Ensaio da atividade da CHS

Foram adicionados em um Eppendorf 25 µL do extrato protéico (sobrenadante),

75 µL do tampão para ensaio, 5 µL de malonil-CoA 0,4 mM (2 nmol) (Sigma) em tampão

citrato O, 1 M (pH 3) e 5 µL de p-cumaroil-CoA 0,2 mM (1 nmol) (previamente preparado).

Para controle fez-se um ensaio sem p-cumaroil-CoA. As soluções foram incubadas à

30ºC, por 30 minutos. No final da incubação foram adicionados 1200 µL de EtOAc, sendo

a mistura agitada em vórtex e posteriormente centrifugada por 2 minutos.

A fase orgânica destes ensaios foi evaporada e o resíduo foi ressuspendido em

20 µL de metanol e analisado por CLAE (sistema S9) (Zuurbier et ai., 1993).

Tampão para o ensaio:

Para o ensaio da atividade da CHS foi utilizado o tampão fosfato, 0,5 M, pH 6,8,

com adição de 2,8 mM 2-mercaptoetanol e 2% de albumina sérica bovina (peso/volume).

3.6. 7 Análise por CLAE

O produto formado no período da incubação foi analisado por CLAE, de acordo com

o método estabelecido por Zuurbier (1993), para detecção da naringenina, substância

proveniente da reação entre o malonil-CoA e p-cumaroil-CoA, tendo-se como referência o

tempo de retenção da naringenina (Sigma) previamente analisada nas mesmas condições.

Utilizou-se nesta análise uma coluna C-18 (Supelcosil) e o sistema de solventes S9.

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29

tempo de retenção da naringenina (Sigma) previamente analisada nas mesmas condições.

Utilizou-se nesta análise uma coluna C-18 (Supelcosil) e o sistema de solventes S9.

3. 7 Preparação dos precursores para o ensaio de doseamento

da chalcona sintase

De acordo com Grisebach (1985), o primeiro produto na biossíntese dos

flavonóides, a 4,2',4',6'-tetrahidroxichalcona (naringenina chalcona), é formado pela

condensação de uma molécula de p-cumaroil-CoA com três moléculas de malonil-CoA,

através da ação da chalcona sintase (Cooman et ai., 1993). O tioéster p-cumaroil-CoA foi

preparado através da conversão em seu éster succinimídico correspondente que, por sua

vez, reagiu com a coenzima A

3. 7 .1 Preparação do ácido p-cumárico

O ácido p-cumárico foi preparado através da condensação de Knoevenagel entre o

ácido malônico e o p-hidroxi-benzaldeído, catalisada por aminas (Katayama et ai., 1992).

Foram utilizados 2,43 g de ácido malônico e 1,9 g de p-hidroxi-benzaldeído, que foram

solubilizados em 3,5 ml de piridina, e adicionou-se uma gota de piperidina e uma gota de

anilina, previamente destiladas. A temperatura foi mantida por 55ºC, por 24 horas, e

depois foi elevada para 1 00ºC, por mais uma hora. Fez-se a adição de 15 ml de água à

80ºC e a mistura foi resfriada à temperatura ambiente. Em seguida foi acidificada com

5,0 ml de HCI 2M e extraída com EtOAc (25 ml x 6). A fase orgânica foi concentrada até

metade do volume inicial e extraída posteriormente com uma solução de bicarbonato de

sódio 5% (20 ml x 4). As frações aquosas foram combinadas, extraídas com

diclorometano (20 ml), acidificadas à pH 1 e extraídas com EtOAc (20 ml x 6).

A fase orgânica foi evaporada sob pressão reduzida, fornecendo o ácido para­

cumárico, que foi caracterizado por CLAE (sistema S7) através da comparação com o

ácido padrão e RMN-1H (H-2, 8 6,94, dd; H-3, 8 7,72, dd; H-5, 8 7,62, dd; H-6, 8 6,94, dd;

H-7, 8 6,40, d; H-8, 8 7,70, d).

o o

HO~OH

ác. malônico p-hidroxi-benzaldeído ác. p-cumárico

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30

3.7.2 Preparação do éster succinimídico do ácido p-cumárico

A mistura do ácido p-cumárico (1,0 g, previamente preparado) e 756,7 mg de

N-hidroxisuccinimida (Merck) foi dissolvida em 250 ml de EtOAc, sob aquecimento (60-

?0ºC), sendo em seguida resfriada a 30ºC (Stockigt & Zenk, 1975). A essa solução foram

adicionados 7,5 mmol (1,54 mg) de N,N'-diciclohexil carbodiimida (aquecida previamente à

40ºC, até tornar-se líquida). A reação foi mantida por 24 horas em temperatura ambiente,

sendo depois filtrada em filtro de papel, e o resíduo lavado, por três vezes, com 5 ml de

EtOAc. O filtrado foi então extraído três vezes com 20 ml de bicarbonato de sódio 1 Me

adicionou-se à fase EtOAc, sulfato de sódio anidro, para eliminação da água. Esta mistura

foi filtrada e o solvente evaporado em rotaevaporador, sob pressão reduzida. O éster

formado foi purificado por cromatografia planar preparativa e caracterizado por CLAE

através da comparação com o éster padrão.

~co,H

HO

ác. p-cumárico N-hidroxisuccinimida

o li o

[e, li , ,__;=\ i;i-occHC~OH

o

éster succinimídico do ácido

para-cumárico

3.7.3 Preparação do 4-hidroxi-cinamoil-CoA (p-cumaroil-CoA)

Foram dissolvidos 25,2 mg de bicarbonato de sódio em 6 ml de água destilada e

nesta solução borbulhou-se N2 por 15 minutos (Stockigt & Zenk, 1975). Posteriormente

foram adicionados 23,0 mg de coenzima A (Sigma), e novamente gás N2 por 15 minutos.

Foram solubilizados em 0,5 ml de acetona 56,0 mg do éster succinimídico, e esta solução

foi gotejada sobre a solução de CoA. Foram adicionados, posteriormente, 6 ml de

acetona até formação de uma única fase, e a reação foi mantida por 24 horas.

O solvente foi evaporado sob fluxo de N2, e o precipitado formado foi centrifugado.

O sobrenadante foi utilizado nos ensaios posteriores da chalcona sintase.

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31

o li o o

[e, li -o- _/\__ li r~-OCCHCH ~ /J OH + CoA-SH --- HO~CHCHCSCoA

éster succinimídico do ácido coenzima A p-cumaroil-CoA para-cu má rico

3.8 Caracterização das culturas de Piper crassinervium

Suspensões celulares com 15 a 20 dias de cultivo foram utilizadas como inóculo

para a determinação da curva de crescimento. Estas suspensões foram filtradas à vácuo,

em condições assépticas, sendo inoculados 5 g de células por frasco contendo 50 ml de

meio BC-1. Este procedimento foi realizado em triplicata, nos intervalos apresentados na

parte dos resultados, e foram mantidos em agitadores a 100 rpm.

3.8.1 Determinação do peso fresco

As células foram separadas das suspensões celulares de P. crassinervium por

filtração a vácuo e foram pesadas para determinação do peso fresco.

3.8.2 Determinação do peso seco

Para determinação do peso seco as células separadas das suspensões de P.

crassinervium foram colocadas em estufa, a 50ºC, até atingir peso constante.

3.8.3 Determinação do pH do meio de cultura

Os meios provenientes da filtração das suspensões celulares de P. crassinervium,

foram analisados quanto ao pH com auxílio de um pH-metro.

3.8.4 Determinação da atividade específica da PAL

Com base na equação da reta da curva padrão da albumina sérica bovina , em

diferentes concentrações, determinou-se a quantidade total de proteínas nas células

avaliadas desta curva. A atividade específica da PAL (nkaUmg proteína) foi calculada

como a relação entre a atividade da PAL e a quantidade de proteínas totais.

A sequência biossintética que conduz à formação das aristolactamas tem como

importante precursor a fenilalanina/tirosina, que devem sofrer uma reação de

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32

descarboxilação mediada pela tirosina descarboxilase, resultando na feniletilamina. Ainda

assim, a determinação da atividade da PAL foi realizada, visando determinar algumas

condições básicas para induzir a formação de flavonóides nas suspensões celulares.

3.8.5 Quantificação das substâncias presentes no extrato de células de P.

crassinervium

A quantificação das substâncias isoladas do extrato de células foi baseada na curva

de crescimento celular. Foi feita uma nova curva nos mesmos parâmetros da descrita

previamente, a fim de se poder analisar o acúmulo das substâncias no decorrer do

crescimento das células. Foram analisados novamente oito pontos da curva, nos mesmos

intervalos de tempo da anterior, e para cada ponto foram determinados o peso fresco e o

peso seco. Neste caso, porém, as células foram congeladas a -BOºC, liofilizadas e

pesadas, para a determinação da matéria seca.

A partir destas células obteve-se os extratos em metanol referentes aos diversos

pontos da curva, que foram tratados em Sep-pak (fase reversa), filtrados e analisados por

CLAE (sistema S7). Utilizou-se como padrão interno 1 mg de ferulato de metila, que foi

extraído junto com as células, para posterior quantificação, além da curva padrão de cada

substância isolada em diferentes concentrações.

3.8.6 Quantificação das substâncias presentes no extrato do meio celular

Os meios de cultura provenientes dos oito pontos da curva também foram

analisados, a fim de se determinar a quantidade de substâncias excretadas das células.

Para esta análise, os meios, depois de separados das células (aproximadamente 40 ml),

foram submetidos à partição com EtOAc, por três vezes, juntamente com o padrão interno

ferulato de metila (1 mg). Após evaporação do solvente em rotaevaporador, sob pressão

reduzida, estes foram analisados por CLAE (sistema S7), tendo-se como referência o

padrão interno e as curvas padrão das substâncias isoladas.

3.8.7 Experimentos de eliciação com cultura de células de P. crassinervium

Estes experimentos foram realizados visando-se observar e determinar quais

metabólitos estariam envolvidos nas respostas defensivas das células, mediante

tratamento com fenilalanina, extrato de levedura e luz UV. Em princípio seriam observados

os teores relativos das aristolactamas previamente isoladas, mas eventualmente outros

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33

metabólitos produzidos em níveis detectáveis poderiam ser analisados quanto à suas

estruturas.

Para estes experimentos com eliciadores foram utilizadas suspensões celulares de

21 e 28 dias. Estas suspensões celulares foram filtradas à vácuo, em condições

assépticas, fornecendo as células frescas, que foram transferidas para Erlenmeyers

autoclavados com o meio BC-1 (Tabela 7).

Tabela 7 - Experimentos de eliciação realizados com células de P. crassinervium

provenientes das suspensões celulares

Tipo de Volume do Massa de Quantidade de Idade das

experimento meio BC-1 células (g) Erlenmeyers suspensões

Fenilalanina 50 ml 5,5 9 28 dias

LuzUV 30ml 4,0 12 21 dias

Extrato de levedura 50ml 5,0 9 21 dias

Para os experimentos com fenilalanina e extrato de levedura os ensaios foram

preparados em duplicata, enquanto experimentos com luz UV, em triplicata. Em todos

experimentos foram realizados ensaios controle (branco).

Foram determinados os intervalos de tempo de tratamento, após a adição do

precursor/eliciador, de 24h, 48h e 66h para cada série de experimentos. Após cada

intervalo, as suspensões celulares de cada experimento foram filtradas a vácuo,

separando-se as células dos meios de cultura. Em seguida, as células foram congeladas a

-80 ºC e, posteriormente, liofilizadas para a determinação da matéria seca. Estas células

foram extraídas com metanol, juntamente com 1 mg do padrão interno, ferulato de metila,

e evaporadas para eliminação do solvente. Estes extratos foram submetidos à partição,

com EtOAc, sendo que a fase orgânica foi seca com Na2SO4, filtrada, concentrada e

analisada por CLAE (sistema S7).

Os meios de cultura foram submetidos à partição com EtOAc, juntamente com 1 mg

do padrão interno, e evaporados. As fases orgânicas, após secagem e concentração,

foram analisadas por CLAE (sistema S7).

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34

A) Experimento com fenilalanina

Uma solução estoque de fenilalanina foi preparada numa concentração de 51 mM e

esta foi filtrada em filtro estéril, em condições assépticas. Uma alíquota de 1 ml foi

transferida para cada um dos 6 erlenmeyers contendo 5,5 g de células/50 ml de meio BC-

1. Nos 3 Erlenmeyers restantes foram adicionados 1 ml de água destilada, previamente

autoclavada, que foram utilizados como ensaios controle neste experimento. As células e

os meios provenientes deste experimento foram analisados nos intervalos de 24, 48 e 66

horas.

A análise dos extratos das células e do meio de cultura foi realizada de forma

análoga à descrita no item anterior.

B) Experimento com luz UV

Duas lâmpadas de luz UV, de 20 W cada, foram adaptadas em agitadores

(aproximadamente 50 cm de distância) e estes foram revestidos com uma cobertura para

ficarem isolados da luz branca.

Os 12 Erlemeyers deste experimento foram divididos em conjuntos, dos quais nove

Erlenmeyers foram colocados sob luz UV e três foram mantidos sob luz branca, a fim de

se obter os ensaios controle. Estes foram analisados nos intervalos de 24, 48 e 66 horas,

da mesma maneira que o ensaio anterior.

C) Experimento com extrato de levedura

Fez-se uma solução de extrato de levedura de Saccharomyces cerevisiae, 10

mg/ml, e esta foi autoclavada. Em condições assépticas, uma alíquota de 100 µL da

solução de levedura foi transferida para cada um dos 6 erlenmeyers, contendo 5,0 g de

células/50 ml de meio BC-1, enquanto nos 3 erlenmeyers restantes, ensaios controle,

foram adicionados 100 µL de água destilada autoclavada. Estes foram analisados nos

mesmos intervalos de tempo dos ensaios anteriores, seguindo o mesmo procedimento.

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35

3.9 Avaliação da atividade antifúngica dos extratos e das

substâncias isoladas dos diferentes tecidos de Piper crassinervium

Os ensaios para verificação da atividade antifúngica foram realizados no Instituto

Botânico (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo) com a colaboração da

Ora. Maria Cláudia Marx Young.

Para detecção de substâncias fungitóxicas presentes nos extratos dos diferentes

tecidos de P. crassineNium foi utillizada a técnica da bioautografia (Homans & Fuchs,

1970). As substâncias ou extratos analisados são aplicados numa cromatoplaca e esta é

desenvolvida com um sistema de solventes adequado. Após evaporação do solvente esta

placa é aspergida com uma suspensão de esporos de fungos (solução de glicose e sais),

e então incubada por um período de 2 a 3 dias, a 25ºC, em atmosfera úmida. O

aparecimento de zonas de inibição visíveis indica a presença de compostos fungitóxicos.

3.9.1 Bioautografia dos extratos e das substâncias isoladas de P. crassinervium

As substâncias isoladas neste trabalho, provenientes de folhas, suspensões

celulares e folhas de plantas micropropagadas de P. crassineNium, foram aplicadas em

uma cromatoplaca de sílica e esta foi eluída com o sistema de solventes S3. Para as

substâncias puras foram aplicadas 100 µg, enquanto que para os extratos, 500 µg. Esta

placa foi aspergida com uma suspensão de esporos de C/adosporium sphaerospermum,

em meio de glicose e sais, e incubada durante 72 horas em uma câmara úmida e escura,

a 25ºC. O padrão utilizado como referência foi a nistatina (1 µg).

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36

3.1 O Dados espectroscópicos das substâncias isoladas de Piper

crassinervium

Os espectros de RMN-1 H das substâncias isoladas foram obtidos utilizando-se

espectrômetros Bruker DPX-300 e DRX- 500 (Instituto de Química-USP), operando a 300

e 500 MHz, respectivamente, enquanto que os espectros de RMN-13C foram registrados a

75 e 125 MHz, respectivamente. O deuteroclorofórmio foi utilizado como solvente, tendo o

tetrametilsilano como padrão de referência interna.

Para as análises espectroscópicas foram utlizados espectrofotômetros na região do

IV operando por FT (Nicolet e Perkin-Elmer) e espectrofotômetros de massas de baixa e

alta resolução (Hewlett-Packard e Finnigan).

3.11 Substâncias isoladas de folhas e da cultura de células de

Piper crassinervium

(1) 4'-metoxi-5,7-dihidroxi flavanona

C1sH140s

RMN-1 H , Figura 20, página 54

RMN-13C, Figura 21, página 55

Espectro de massas, Figura 22, página 56

E.M. m/z (int. rei.) 286 [M( (57), 179 (13), 134(12), 121 69), 119 (24), 91 (13)

(2) 5, 4'-dihidroxi-7-metoxi flavanona

C1sH140s

RMN-1 H , Figura 23, página 57

Espectro de massas, Figura 24, página 58

E.M. m/z (int. rei.) 286 [M( (73), 193 (29), 180 (39), 167 (100), 166 (28), 120 (44), 107

(12), 95 (22)

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(3)

C15H2003

RMN-1 H , Figura 25, página 59

RMN-13C , Figura 26, página 60

Espectro de massas, Figura 27, página 61

E.M. m/z (int. rei.) 260 [Mt (3), 178 (11), 177 (100), 137 (22), 109 (4), 69 (12)

(4)

C1sH2003

RMN - 1 H , Figura 28, página 62

RMN - 13C , Figura 29, página 63

Espectro de massas, Figura 30, página 64

E.M. m/z (int. rei.) 260 [Mr (3), 242 (10), 199 (13), 177 (100), 137 (44), 109 (11), 69 (27)

(5)

C15H200s

RMN - 1H , Figura 31, página 65

RMN - 13C, Figura 32, página 66

Espectro de massas, Figura 33, página 67

E.M. m/z (int. rei.) 292 [Mr (2), 177 (35), 137 (100), 109 (11), 81 (17), 55 {12)

(6) 10-amino-2,3,4 -trimetoxi fenantreno -1-ácido carboxílico lactama {piperolactama C)

C1aH1sN04

RMN-1H: Figura 41, página 91

(7) 10- amino metil- 2,3,4- trimetoxi- fenantreno-1-ácido carboxílico lactama

C19H11N04

RMN - 1H, Figura 42, página 92

RMN - 13C, Figura 43, página 93

Espectro de massas, Figura 44, página 94

E.M. m/z (int. rei.) 323 [Mr (100), 308 (47), 250 (33), 139 (12)

37

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(8) 10- amino - 2,4- dimetoxi-3-hidroxi fenantreno -1-ácido carboxílico lactama

C11H13NÜ4

RMN - 1H, Figura 45, página 95

Espectro de massas, Figura 46, página 96

E.M. m/z (int. rei.) 295 [Mf (79), 280 (45), 209 (15), 164 (12)

(9) 1 O- amino metil- 2- metoxi-3-hidroxi fenantreno -1-ácido carboxílico lactama

C11H13NÜ3

RMN - 1H, Figura 47, página 97

Espectro de massas, Figura 48, página 98

E.M. m/z (int. rei.) 279 [Mf (100), 236 (16), 193 (21), 164 (24)

38

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39

4. Resultados e Discussão

O estudo químico de P. crassinervium consistiu na análise dos metabólitos

secundários de folhas e suspensões celulares desta espécie. A primeira parte do trabalho

foi baseada no isolamento e determinação estrutural dos principais constituintes

visando-se comparar as substâncias biossintetizadas neste tecido com aquelas

acumuladas na cultura de células. A análise dos constituintes do óleo essencial de folhas

foi realizado através de CG/EM, pois o procedimento para o isolamento a partir dos

extratos obtidos por maceração normalmente não permite tal tarefa, em função da alta

complexidade da mistura. Além disso, a técnica CG/EM é bastante eficiente e tem sido

utilizada como instrumento preferido em função da maioria dos constituintes em óleos

essenciais serem conhecidos e identificados pelo uso de padrões.

4.1 Substâncias isoladas do extrato de folhas de Piper

crassinervium

O extrato obtido de folhas de P. crassinervium foi inicialmente caracterizado por

CLAE (Figura 13, página 40) e por espectroscopia de RMN-1 H. Os dados no espectro de

hidrogênio indicaram a presença de substâncias contendo anéis aromáticos e metoxilas

aromáticas .. Este extrato foi submetido a etapas de purificação por cromatografia em

coluna, além de purificações por cromatografias planares com detecção no UV, resultando

no isolamento das duas flavanonas, 1 e 2, e de três hidroquinonas preniladas, 3, 4 e 5.

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HO

OH O

1

OMe

OH

4

MeO

OH O

2

Data:EXFANA.O01 Method:EXFANA.M01 Ch=2 rnAbs Chrorn:EXFANA.C01 Atten:7

100

OH

OH

5

- ~ 50

OH

,._ CX) ,._ o

"! ~ CX) CX) ..... N

v C')

"": ..... ..... o (D

,ri N

o 10 20

OH O

OH

3

(D N a, a, C') ~ o C') ;;;

30 rnin

Figura 13 - Cromatograma obtido por CLAE (sistema S7) do extrato de folhas de

P. crassínervíum

BIBL OTECA INSTI I UlO DE QUf 11CA Unl\'et ;.:.~a te SJo Paulo

40

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41

4.2 Identificação das substâncias isoladas do extrato de folhas de

Piper crassinervium

4.2.1 Flavanonas (1 e 2)

Os espectros de RMN-1 H das substâncias 1 e 2 (Figuras 20 e 23, páginas 54 e 57)

apresentaram absorções características de hidrogênios que compõem os anéis aromáticos

A e B além das absorções de hidrogênios metoxílicos aromáticos. Os sinais do anel

aromático A estão claramente representados em 8 6,05, para os hidrogênios 6 e 8 (d, 2,4

Hz), indicando a presença de substituintes nas posições 5 e 7, enquanto que para o anel B

os deslocamentos observados em 8 6,95 para os prótons 3', 5' (dd) e 8 7,37, para 2' e 6'

(dd) indicaram a presença de um anel aromático dissubstituído. Os espectros de RMN-1H,

para ambas substâncias, apresentaram um singleto em aproximadamente 8 3,8, referente

ao hidrogênios metoxílicos. A definição da natureza das substâncias 1 e 2 como

flavanonas (Figura 14) foi inferida através da presença de três duplos dubletos em 8 5,32-

5,39 (H-2) e 8 2, 73-3, 15 (H-3), indicando, portanto, ausência da ligação dupla entre C2 e

C3 nestas estruturas.

3'

OH O

Figura 14 - Estrutura de uma flavanona

A única diferença entre estas duas flavanonas estaria associada à posição da

metoxila, que em 1 pode ser localizada na posição C-4' enquanto que a mesma poderia

ser posicionada em C-7 na flavanona 2. De particular importância para a determinação das

flavanonas foi a fragmentação clássica retro Diels-Alder indicada pelos íons em 152/134 e

166/120 para 1 e 2, respectivamente, no espectro de massas (Esquemas 2 e 3 , páginas

43 e 44). As fórmulas moleculares foram determinadas como sendo C16H140 5, condizente

com o pico relativo ao íon molecular em m/z 286 (Figuras 22 e 24, páginas 56 e 58).

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42

Os deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN-13C possibilitaram

confirmar as estruturas destas flavanonas 1 e 2 (Tabelas 8 e 9) além da comparação com

os dados da literatura (Bohlmann et ai., 1981; Me Cormick et ai., 1986).

Tabela 8 - Dados de RMN-1H e 13C para a substância 1

Posição 1H ( o, J em Hz) 13c

2 5,32-5,39 (dd, 13; 2,9) 79,9 / 3 2,73-2,81 (dd, 16,9; 2,9) 43,1 /

3,06-3,15 (dd ,16,9; 13) 4 --------------- 196,7 / 5

,,,- . --------------- ( -- /

6 6,05 (d, 2,4) 96_,J / 7 --------------- ,'__)

8. 6,05, (m) 95,5 / 2'/6' . 7,37 (d, 8,8) 127,7 / 3'/5' . 6,95 (d, 8,8) 114,2 /

OMe-4' 3,87 (s) 55,4 /

Tabela 9 - Dados de RMN-1H e 13C para a substância 2

Posição 1H ( õ, J em Hz) 13c

2 5,34-5,38 (dd, 13; 3,0) 78,9 3 2,75-2,81 (dd, 17,1; 3,0) 43,1

3,06-3,16 (dd, 17,1;13) 4 ----- --- 196;-7· 5 ---------------- \___ __> 6 5,98 (d, 2,4) 96,7 8 5,98 (d, 2,1) 95,4

2'/6' 7,38 (d, 8,7) 127,7 3'/5' 6,95 (d, 8,7) 114,2

OMe - 7' 3,84 (s) 55,4

OMe

HO

OH O

B ~

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43

HO

OH O

m/z 179 (13%)

m/z 152 (7%) ~ D~ls-Alde,

HO

C15H140s m/z 286 (57%) M+

~etro •;ets-Atde,

POM~~

,,/,/-

1

m/z 121 (69%) m/z 134 (100%)

\

Esquema 2 - Interpretação dos dados de EM da flavanona 1

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.· /'\, m/z 166 (28%)

mtz 120 (44%)

MeO

C15H140s mtz 286 (73%) M+

MeO +

OH O

m/z 193 (29%)

m/z 107 (12%)

Esquema 3 - Interpretação dos dados de EM da flavanona 2

44

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45

4.2.2 Hidroquinonas preniladas (3 e 4)

Os espectros de RMN-1H e de 13C (Figuras 25, 26, 28 e 29 páginas 59, 60, 62 e 63)

das substâncias 3 e 4 apresentaram sinais de hidrogênios aromáticos, de hidroxilas

fenólicas quelatadas e de grupos prenílicos. A atribuição dos deslocamentos químicos das

cadeias laterais das hidroquinonas preniladas foi baseada no uso do programa SISCONST

(Fromanteau et ai., 1993), desenvolvido para auxiliar no processo de determinação

estrutural de produtos naturais, a partir dos deslocamentos químicos e multiplicidades

observadas no espectro de RMN-13C. O programa prevê o tipo de esqueleto mais provável

para o composto sob análise e sugere várias subestruturas, de acordo com os sinais

apresentados no espectro de RMN-13C. A partir dos diversos fragmentos sugeridos para a

cadeia lateral das hidroquinonas, selecionou-se aquele que apresentava semelhança de

deslocamentos no espectro de RMN-1 H. Desta maneira, os dados obtidos para as

substâncias 3 e 4 indicaram tratar-se de isômeros (Figura 15), com a fórmula molecular

C16H200 3_. Observou-se nos espectros de massas das substâncias 3 e 4 picos

correspondentes aos íons moleculares em m/z 260, condizente com a fórmula sugerida.

OH

3 (E) 4 (Z)

Figura 15 - Estruturas das substâncias 3 e 4

O espectro de RMN-1 H mostrou para estas substâncias absorções referentes ao

hidrogênio hidroxílico (C-2) quelatado com a carbonila em 8 12 (s), confirmando a relação

orto entre a carbonila e a hidroxila. Os sinais dos hidrogênios do anel aromático foram

observados em 8 6,84 (d, 8,9 Hz) para o hidrogênio H-3, 8 6,98 (dd, 8,9 e 3,0) para o H-4

e em 8 7,21 (d, 3,0 Hz) referente ao hidrogênio H-6.

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46

encontrou mais desprotegida do que a metila na hidroquinona 4 (eis), o2,2 e o2,0,

respectivamente. Por outro lado, os deslocamentos químicos observados nos espectros

de RMN de 13C foram compatíveis com essa atribuição, especialmente em função do

pronunciado efeito de proteção y sobre o carbono metílico C-16 na hidroquinona 3, que

apresentou sinal em o 20,0. No caso da hidroquinona 4, o carbono metílico C-16

apresentou sinal em 8 26, 1. Coerentemente, nesse último caso, o efeito y de proteção é

observado para o carbono metilênico C-10 que absorve em o 34,5.

Os sinais observados nos espectros de RMN-13C das hidroquinonas 3 e 4

(Tabela 10) confirmaram estas estruturas como as apresentadas .

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47

Tabela 10- Dados de RMN-1H e 13C para as hidroquinonas 3 e 4

Hidroquinona 3 Hidroquinona 4

Posição 1H ( õ, J em Hz) 13c 1H ( õ, J em Hz) 13c

1 -------------- 120,6 -------------- 120,5 2 -------------- 157,4 -------------- 157,4 3 6,84 (d, 8,9) 119,2 6,87 (d, 9,0) 119,2 4 6,98 (dd, 8,9;3,0) 123,0 6,99 (dd, 9; 2,8) 123,5 5 -------------- 147,3 -------------- 147,2

··- 6 7,21 (d, 3,0) 119,7 7,23 (d, 2,8) 120,3 7 -------------- 196, 1 -------------- 195,6 8 6,66 (s) 115,0 6,66 (s) 115,0 9 -------------- 161, 1 -------------- 161,5 10 2,20-2,30 (m) 41,6 2,58-2,64 (m) 34,5 11 2,20-2,30 (m) 26,2 2, 17-2,25 (m) 26,8 12 5, 12 (t) 124,2 5, 13 {t, 7,2) 124, 1 13 -------------- 132,8 -------------- 132,6 14 1,71{s) 25,7 1,64 (s) 25,6 15 1,63 (s) 17,8 1,62 (s) 17,7 16 2, 17 (s) 20,0 2,00(s) 26,1

OH O

OH

3 4

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OH

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OH

OH m/z260 eis (3%) trans (3%)

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Esquema 4 - Interpretação dos dados de EM das hidroquinonas 3 e 4

48

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49

4.2.3 Hidroquinona prenilada (5)

O espectro de RMN-1 H da substância 5 (Figura 31, página 65) apresentou os sinais

dos hidrogênios aromáticos e da hidroxila fenólica quelada, de forma semelhante aos

observados para as hidroquinonas 3 e 4. Diferentemente das hidroquinonas 3 e 4, os

espectros de RMN de 1H e de 13C apresentaram sinais correspondentes a duas metilas (õ

1,28 e 1,79; 8 24,7 e 19,6), três metilenos (8 3,37-3,58; 1,74-1,91; 8 43,1, 33,2 e 24,8) e

um carbono metínico (8 4,48; 8 83, 7). O espectro de RMN-13C apresentou ainda dois

sinais relativos a carbonos carbinólicos em 8 83,7 e 79,9. Considerando que o espectro de

massas (Figura 33, página 67) apresentou o íon molecular em m/z 292, compatível com a

fórmula molecular C1sH20Os, foi proposta a estrutura contendo um endoperóxido entre os

carbonos C-10 e C-13. Através do programa SISCONST citado anteriormente, foi possível

a confirmação da cadeia lateral desta hidroquinona 5 (Figura 16).

OH

Figura 16 - Estrutura da substância 5

A ausência de sinais de uma ligação dupla sugeriu a presença do grupo CH2 ligado

ao H-9, que pôde ser comprovado pelo deslocamento do C-9 no espectro de RMN-13C,

que variou de 8 161, O para 142, O em relação aos isômeros 3 e 4, e através das constantes

de acoplamento de 13,0 Hz para os hidrogênios do grupo metileno (H-16), que apresentou

no espectro de RMN-1H os deslocamentos em 8 4,98. No espectro de RMN-13C o

deslocamento de 8 83, 7 ppm para o C-1 O sugeriu a presença do anel com um átomo de

oxigênio ligado. Os deslocamentos observados no espectro de RMN-13C (Figura 32,

página 66) confirmaram a estrutura da substância 5 (Tabela 11) .

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50

Tabela 11 - Dados de RMN-1H e 13C para a substância 5

Posição 1H ( õ, J em Hz) 1;sc

1 -- 119,9 2 157,0 3 6,87 (d, 8,9) 119,3 4 7,04 (dd,8,9; 3,0) 125,3 5 -------------- 147,6 6 7,35 (d, 3,0) 115,7 7 -------------- 204,7 8 3,37-3,58 (2d, 15,5Hz) 43,1 9 ---- 142,4 10 4,48 (d, 9,6 Hz) 83,7 11 1,86 -1,91 (m) 33,2 12 1, 7 4 -1, 78 (m) 24,8 13 ---- 79,9 14 1,28 (s) 24,7 15 1,79(s) 19,6 16 4,98 (d, 13,0) 113,5

OH

5

Hidroquinonas e benzoquinonas preniladas não substituídas são comuns em

organismos marinhos. Triprenil- e tetraprenilhidroquinonas são os compostos mais

abundantes desta classe de metabólitos, enquanto que diprenil- e triprenilhidroquinonas

são os mais estudados, em virtude da variedade de suas atividades biológicas (De Rosa,

1994). Esta classe de metabólitos tem ocorrência restrita em plantas superiores (Williams

et ai., 2001) sendo esta a primeira descrição do isolamento de hidroquinonas preniladas

em espécies de Piper.

As hidroquinonas isoladas de P. crassinervium foram avaliadas quanto à sua

atividade antifúngica através da técnica da bioautografia (página 35). Entre as

hidroquinonas 3 e 4, somente o isômero E (3) mostrou-se ativo frente ao fungo

Cladosporium sphaerospermum, além da hidroquinona 5, cuja inibição foi menor em

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51

relação à substância 3. Como referência utilizou-se o antibiótico poliênico nistatina, que

não exerce ação contra bactérias, mas contra fungos, aparentemente por apresentar

afinidade com as substâncias presentes na membrana do fungo (Korolkovas, 1976).

Geranilhidroquinonas e geranilquinonas estão presentes em várias espécies de

Phacelia (Hydrophyllaceae), e são responsáveis pela alergia de contato em humanos.

Verificou-se que o principal constituinte tanto de Phacelia minar como de Phacelia parryi é

a geranil-geranil hidroquinona e um constituinte minoritário, também alergênico, a 1-

oxofarnesil hidroquinona. Ambos compostos são novos em plantas superiores sendo que a

geranil-geranil-hidroquinona havia sido previamente isolada de esponjas marinhas

(Reynolds & Rodriguez, 1981) (Figura 17).

OH

geranil-geranilhidroquinona

OH O

OH

1- oxofarnesilhidroquinona

Figura 17- Exemplos de hidroquinonas alergênicas de espécies de Phacelia

Derivados simples de hidroquinonas preniladas (Figura 18) têm sido isolados de

Aplidium califomicum, um tunicado marinho. Entre elas, algumas mostraram propriedades

antioxidantes e foram sugeridas como agentes de proteção contra o câncer, devido à

semelhança estrutural das substâncias formadas, após ciclização das hidroquinonas, com

o a-tocoferol (Cotelle et ai., 1991).

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52

HO

Figura 18 - Alguns exemplos de hidroquinonas isoladas de Aplidium califomicum

A partir de estudos de hidroquinonas isoladas de esponjas de lrcinia spinosula

(Dictyoceratida) ou sintetizadas, verificou-se que as substâncias conte_ndo cadeias laterais

com 5-15 átomos de carbonos, apresentaram maior potencial frente aos ensaios

antimicrobianos e de toxicidade, mostrando que o comprimento desta cadeia influenciou

na atividade. Para cadeias hidrogenadas com mais de 20 átomos de carbono observou-se

uma diminuição de atividade. Os derivados da quinona mostraram maior toxicidade do que

as hidroquinonas (De Rosa, 1994).

De esponjas de lrcinia spinosula foram isoladas duas hidroquinonas (1 e 2), sendo

que somente a substância 2 mostrou uma atividade citotóxica moderada e uma atividade

específica contra a bactéria gram-positiva Staphylococcus aureus e a bactéria gram­

negativa Enterobacter cloacae (Figura 19) (Mihopoulos, 1999).

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53

OR1

(1) R1 = H, R2 = Me (2-octaprenil-1,4-hidroquinona)

(2) R1 = H, R2 = CH20H (2-[24-hidroxi]-octaprenil-1,4-hidroquinona)

Figura 19 - Estruturas das hidroquinonas isoladas de /. spinosula

Com base nos ensaios de citotoxicidade dos derivados sintéticos destas

hidroquinonas, verificou-se a necessidade de grupos hidroxílicos livres, tanto no anel

aromático como na cadeia lateral dos compostos. A oxidação das hidroquinonas a

quinonas também aumentou a atividade contra E coli. As quinonas podem ser

consideradas tóxicas aos organismos aeróbios devido ao seu poder de reação com a

glutationa reduzida e com grupos -SH de proteínas, bem como pelo potencial redox que

as reduzem a semi-quinonas (Halliwell & Gutteridge, 1999).

Estes resultados confirmam os efeitos antimicrobianos de moderados a fortes, e

mostram que tanto a oxidação das hidroquinonas como a hidrogenação das ligações

duplas da cadeia lateral aumenta o efeito farmacológico das moléculas (Mihopoulos,

1999).

De acordo com os relatos sobre hidroquinonas, verificou-se que as substâncias

isoladas 3 e 4 enquandraram-se no perfil descrito quanto ao número de carbonos na

cadeia lateral, o que pode justificar a atividade antifúngica apresentada por estas

substâncias.

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4.3 Substâncias identificadas

crassinervium

4.3.1 Análise qualitativa e quantitativa

68

no óleo volátil de Piper

A família Piperaceae tem sido fonte de vários estudos sobre óleos essenciais.

Espécies de P. gaudichaudianum, P. regnellii, P. auritum, P. peltatum, P. lolot, P. pierrei,

P. acutifolium, P. aduncum e P. cernuum foram previamente estudadas quanto à

composição de seus componentes químicos presentes (Andrade et ai., 1998; Dung et ai.,

1996; Leclerq et ai., 1997; Lognay et ai., 1996; Maia et ai. , 1998; Martins et ai., 1998; Pino

et ai., 1998). Para P. crassinervium esta é a primeira vez que a composição química de

seu óleo essencial foi determinada. Os resultados obtidos da análise qualitativa e

quantitativa do óleo volátil de P. crassinervium são mostrados na Tabela 12.

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Tabela 12 - Composição relativa dos constiutintes do óleo volátil de P.

crassinervium

Compostos % IK Compostos Monoterpenos hidrocarbonados Sesquiterpenos oxigenados limoneno 0,5 1017 bulnesol mirceno 0,2 978 cx-cadinol cx-pineno 3,0 923 t-cadinol 13-pineno 4,2 965 1-epi-cubenol

1-10-epi-cubenol Monoterpenos oxigenados espatulenol linalol 1,6 1087 l3-eudesmol

y-eudesmol Sesquiterpenos guaiol hldrocarbonados aromadendreno 1,4 1421 globulol 6-cadineno 3,8 1509 epi-globulol y-cadineno 1,2 1500 cx-muurolol ~-cariofileno 9,9 1401 i:-muurolol+cubenol a-copaeno 0,9 1357 E-nerolidol 13-elemeno 0,6 1373 óxido de cariofileno a-humuleno 0,9 1436 óxido de humuleno 1 germacreno D 10, 1 1467 valerianol a-muuroleno 0,8 1485 y-muuroleno 3,9 1461 Outros viridifloreno+biciclogermacreno 4,4 1482 6-metil-5-hepten-2-ona

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2,3 1568 0,7 1575 1,5 1630 3,6 1626 6,4 1548 2,3 1566 0,9 1599 0,8 1643

7,5 973

98,7

O óleo de P. crassinervium apresentou 14,3% de monoterpenos e 85,7% de

sesquiterpenos em sua composição. O principal monoterpeno identificado foi 13-pineno

(4.2%). Como principais sesquiterpenos hidrocarbonados foram identificados o 13-

cariofileno (9,9%) e germacreno D (10,1%), sendo estes os constituintes principais do

óleo. cx-cadinol (6,6%} e guaiol (7, 1%) foram observados como os principais

sesquiterpenos oxigenados. No total foram identificados 36 compostos, que

corresponderam a 98,7% da composição do óleo.

Enquanto que para P. crassinervium os sesquiterpenos são os principais

constituintes do óleo volátil de suas folhas (85,7% de sua composição), para Piper

capense, Piper nigrum e Piper umbellatum verificou-se a predominância de monoterpenos,

51, 7%, 62,2% e 59,6%, respectivamente, nos óleos obtidos de suas partes aéreas.

Apesar de estas três espécies apresentarem em comum uma alta percentagem de

Page 89: Estudo do metabolismo secundário em Piper crassinervium ... · CC - cromatografia em coluna CHS - chalcona sintase CLAE - cromatografia líquida de alta eficiência CPC - cromatografia

70

monoterpenos na composição de seus óleos, observou-se variação dos constituintes

principais. í3-pineno (32,5%) e í3-cariofileno (12,6%) foram os principais compostos do óleo

volátil de P. capense. Os constituintes mais importantes no óleo de P. nigrum foram

limoneno (18,8%), í3-cariofileno (15,4%), sabineno (16,5%) e f3-pineno (1 O, 7%). O óleo de

P. umbellatum foi caracterizado pela sua alta concentração de f3-pineno (26,8%), a-pineno

(17,6%) e E-nerolidol (12.4%) em sua composição (Martins et ai., 1998).

Os óleos voláteis obtidos das folhas e galhos de Pothomorphe umbellata e

Pothomorphe peltata, outro gênero da família Piperaceae, também foram investigados

quanto à composição de seus constituintes. Enquanto germacreno D foi identificado como

o constituinte majoritário de P. umbellata (27,4% da composição do óleo), para P. pe/tata

í3-cariofileno, 39,0%, foi classificado como composto principal (Luz et ai., 1999).

Desta maneira verificou-se que a composição das substâncias presentes nos óleos

voláteis varia de acordo com as espécies estudadas. A diversidade estrutural dos

compostos acumulados pode estar relacionada com a facilidade de condensação das

unidades isoprênicas e subsequentes dimerizações, ciclizações, rearranjos e oxidações

(Limberger, 1998).

A utilização dos óleos voláteis das plantas aromáticas provém de longo tempo. Há

mais de 2000 anos, na medicina chinesa, o uso destes óleos já esteve relacionado à suas

propriedades bactericidas, sendo que atualmente são usados como aromatizantes,

edulcorantes e odoríferos na indústria alimentícia e farmacêutica. As substâncias voláteis

que compõem os óleos de plantas aromáticas também apresentam funções ecológicas

como atrativos de insetos e animais polinizadores, além de atuarem como sistema de

defesa frente a predadores (Limberger, 1998).

Page 90: Estudo do metabolismo secundário em Piper crassinervium ... · CC - cromatografia em coluna CHS - chalcona sintase CLAE - cromatografia líquida de alta eficiência CPC - cromatografia

71

4.3.2 Estrutura química dos constituintes identificados no óleo volátil de P,

crassinervium

aromadendreno

H /'-.....

a-cadinol

1, 10-epi-cubenol

bulnesol

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t-cadinol

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óxido de cariofileno óxido de humuleno a-pineno J3-pineno

OH

valerianol viridifloreno biciclogermacreno

4.4 Estudo de etapas biossintéticas

4.4.1 Doseamento da PAL em folhas intactas e plantas propagadas de P.

crassinervium

A fenilalanina amônia-liase é uma das enzimas mais estudadas em relação ao

metabolismo secundário em plantas, devido a sua rápida resposta a uma grande

variedade de estímulos, em pequenos intervalos de tempo, além de ser relativamente

estável, permitindo sua análise.

A PAL catalisa a eliminação da amônia, a partir da fenilalanina, para produzir o

ácido trans-cinâmico (Figura 34) (Jones, 1984). A atividade desta enzima pode ser

detectada medindo-se a formação do ácido cinâmico, seja por técnicas

espectrofotométricas ou por cromatografia líquida de alta eficiência (Camm & Towers,

1977).

Page 93: Estudo do metabolismo secundário em Piper crassinervium ... · CC - cromatografia em coluna CHS - chalcona sintase CLAE - cromatografia líquida de alta eficiência CPC - cromatografia

74

+ (Y):COOH H +

2

PAL ~COOH

V

Figura 34 - Reação de desaminação da fenilalanina catalisada pela enzima PAL

O ácido cinâmico produzido é intermediário de uma grande variedade de produtos

como alcalóides, flavonóides, lignanas e ligninas.

A determinação da atividade específica da enzima PAL para folhas intactas e os

diversos tecidos (folhas, caules e raízes) de plântulas micropropagadas de P.

crassinervium foi realizada segundo protocolo apresentado na página 26. A partir da curva

padrão da albumina sérica bovina determinou-se a quantidade de proteínas totais para os

tecidos analisados de P. crassinervium (Tabela 13).

Tabela 13 - Teores de proteínas solúveis obtidos dos tecidos analisados de

P. crassinervium

Tecidos analisados Concentração de Atividade da PAL Atividade específica proteínas (µg/ml) (pKat/mL) da PAL (nKat/mg de

proteína) Folhas adultas 15,93 5,03 0,32

Folhas de plantas 2,46 0,68 0,28 propagadas

Caules de plantas 1, 10 1, 15 1,05 propagadas

Raízes de plantas 0,43 0,69 1,60 propagadas

De acordo com os dados obtidos verificou-se que a atividade específica da enzima

PAL variou de 0,28 a 1,60 nKat/mg de proteína para os diferentes tecidos de P.

crassinervium. Para folhas intactas e propagadas a atividade mostrou-se bem próxima,

embora as análises por CLAE (sistema S7) tenham revelado um maior acúmulo de

metabólitos no tecido intacto. Comparando-se os dados obtidos dos extratos de folhas e

caules propagados de P. crassinervium observou-se uma concentração elevada de

substâncias nos caules, podendo indicar uma maior atividade da PAL nestes tecidos,

embora um aumento na atividade desta enzima não esteja correlacionado diretamente

com a produção de compostos fenilpropanoídicos específicos (Jones, 1984).

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75

Folhas de Piper regnellii, uma outra espécie da família Piperaceae, avaliadas

quanto à atividade da enzima PAL, apresentaram aproximadamente metade do valor

encontrado para P. crassinervium, O, 18 nKaUmg de proteína (Sartorelli, 2000), enquanto

que para culturas de células de Picea abies a atividade da enzima variou de 0,01 a 0,05

nKaUmg (Messner et ai., 1991) indicando que a variação da atividade enzimática depende

do tecido e da espécie analisada.

4.4.2 Doseamento da chalcona sintase em folhas de Piper crassinervium

A estrutura básica dos flavonóides C6-C3-C6 é proveniente de uma biossíntese

mista, que tem como precursores malonil-CoA e 4-cumaroil-CoA, ambos derivados de

carbohidratos (Mann, 1994). O malonil-CoA é sintetizado a partir da reação do acetil-CoA

com dióxido · de carbono, enquanto que a formação do 4-cumaroil-CoA envolve a via do

chiquimato/arogenato, rota esta que origina os aminoácidos aromáticos tais como

fenilalanina e tirosina em plantas superiores. A desaminação da fenilalanina, catalisada

pela fenilalanina amônia-liase, fornece o ácido cinâmico, que é hidroxilado pela cinamato

4-hidroxilase para formação do ácido 4-cumárico, que pela ação da 4-cumarato:CoA

ligase origina o 4-cumaroil-CoA (Hahlbrock & Grisebach, 1979; Heller, 1988).

O primeiro intermediário no caminho dos flavonóides, a 4,2',4',6'-

tetrahidroxichalcona (naringenina chalcona), é formado pela condensação de Claisen de p­

cumaroil-CoA com três moléculas de malonil-CoA, através da ação da chalcona sintase. A

transformação da chalcona pela ação da enzima chalcona isomerase fornece o primeiro

flavonóide, a naringenina, classificada como flavanona (Figura 35) (Grisebach, 1985;

Heller, 1988).

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acetil-CoA

a

CoAS

o 4-cumaroil-CoA

fi 3HOOC-CH 2-C-SCoA

malonil-CoA

OH OH

HO

o ác. 4-<:umárico

~OH

HOYYOH,,_.,,.lv w OH O

4,2',4',6'-tetrahidroxichalcona

OH O

naringenina

OH

HO

o ác. cinâmico

76

l chiquimato

! arogenato

l -""'b'-- fenilalanina

Enzimas:

a: Acetil-CoA carboxilase b:PAL e; cinamato 4-hidroxilase d: 4-cumarato:CoA ligase e: chalcona sintase f: chalcona isomerase

Figura 35 - Biossíntese do flavonóide naringenina, segundo Heller (1988)

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77

O estudo fitoquímico realizado com plantas intactas de P. crassinervium levou ao

isolamento de duas flavanonas, que pertencem à classe dos flavonóides. Com o objetivo

de correlacionar a presença dessas flavanonas com a atividade enzimática da chalcona

sintase foi necessário a realização do doseamento desta enzima nas folhas de P.

crassinervium.

A partir da análise prévia da naringenina para verificação do tempo de retenção

(aproximadamente 5,2 min) por CLAE, confirmou-se pela injeção do extrato da incubação,

a presença da chalcona sintase em folhas de P. crassinervium. Desta maneira concluiu­

se que as flavanonas produzidas por folhas de Piper foram originadas pela ação desta

enzima, presente nestes tecidos. Com base na curva padrão da naringenina e com os

dados obtidos nos ensaios realizados com folhas, verificou-se a atividade específica da

enzima CHS como sendo 1,25 x 1 o-s nkaUmg.

Na espécie Daucus carota, pétalas brancas e coloridas foram estudadas quanto à

atividade da CHS, visto que esta espécie acumulava substâncias com o esqueleto básico

do flavonóide. Enquanto que pétalas brancas não mostraram atividade frente a esta

enzima, em flores coloridas a atividade enzimática da chalcona sintase variou entre

2 x 10-4 a 1 x 10-3 nKaUmg (Hinderer et ai. , 1983).

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78

4. S Caracterização da curva de crescimento para culturas de

células de Piper crassinervium

4.5.1 Densidade do inóculo

O crescimento da cultura de células está associado, entre outros fatores, com a

concentração inicial de inóculo, que depende da espécie vegetal estudada. Para que

ocorra a divisão celular, um número mínimo de células deve estar presente no meio. Para

células de P. crassinervium foram selecionados 5 g de inóculo para 50 ml de meio, visto

que com quantidades menores ou maiores que esta massa, não houve duplicação da

densidade celular no intervalo de tempo selecionado. Em culturas de Psychotría

carthagenensis, por exemplo, a quantidade de inóculo ideal variou de O, 7 a 1,5 g, em 25

ml de meio (Lopes et ai., 2000), enquanto que para células de Piper cemuum , 5 g de

células frescas foram inoculadas em 50 ml de meio de cultura (Costantin, 2001 ).

4.5.2 Determinação do peso fresco e seco em suspensões celulares de P.

crassinervium

O aumento do número de células, volume ou massa celular em uma cultura

caracteriza o seu crescimento, em um intervalo de tempo selecionado denominado ciclo

de crescimento celular, que compreende algumas fases (Dodds & Roberts, 1995). Neste

trabalho, a medida do crescimento celular foi realizada com base na obtenção da matéria

fresca e seca, através da separação das células, do meio celular, por filtração à vácuo.

O crescimento das culturas de células de P. crassínervíum em suspensão,

determinado de acordo com as variações do peso fresco e seco (Figura 36), revelou uma

curva com um ciclo de 26 dias. A fase lag, período anterior à divisão celular, foi observado

durante os oito primeiro dias da curva, seguido de um aumento exponencial da massa

celular por 18 dias. A fase estacionária, período em que as células não se dividem,

constituiu-se de 8 dias e a decrescente, onde existe um esgotamento de nutrientes do

meio e consequentemente a morte celular, perdurou por 22 dias.

Comparando-se as curvas de peso fresco e seco das suspensões celulares de P.

crassinervium, verificou-se que o crescimento máximo da matéria fresca foi obtido 8 dias

após a matéria seca atingir seu maior valor, de modo que esta diferença pode ser

atribuída ao alongamento e aumento do volume celular, segundo Figueiredo (1992).

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79

Com base nos dados obtidos da cuNa de crescimento para esta espécie de Piper,

fez-se as subculturas das suspensões celulares em inteNalos regulares de 22 a 25 dias,

no período coincidente ao final da fase exponencial, com a finalidade de se manter o

metabolismo celular constante. A subcultura tem por objetivo a manutenção da cultura de

células, de modo que possam ser minimizadas as possíveis variações do metabolismo

celular (Dodds & Roberts, 1995).

Considerando-se a matéria fresca na cuNa de crescimento, a fase lag para culturas

de células de Psychotria carthagenensis durou por 5 dias, sendo que a quantidade de

células aumentou 4 vezes em torno de 12 dias. Células de Piper cernuum tiveram a

mesma duração da fase lag, com um aumento triplicado da densidade celular em torno de

21 dias (Costantin, 2001 ). Com base nos dados apresentados verificou-se que células de

P. crassinervium apresentaram um maior período para atingir o valor máximo de células,

que correspondeu a 34 dias .

12

..--. 10 O) .__...

2

-e- matéria seca -•- matéria fresca

1,0

0,8

~ m

0,6 CD-:::::! . m (/) CD

0,4 fJ ..--. co .__...

0,2

o -+------.-~---,.---.--,----r---r-----r---.----.---r--r------1 0,0

o 10 20 30 40 50 60

Tempo (dias)

Figura 36 - CuNa de crescimento de suspensões celulares de P. crassinervium

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80

4.5.3 Determinação dos valores de pH do meio de cultura

A obtenção do perfil de variação do pH durante a curva de crescimento de uma

suspensão celular é bastante importante para auxiliar na justificativa dos eventos

metabólicos, especialmente no que tange à questão da compartimentalização de

metabólitos secundários.

Em geral, o emprego da cultura de células torna-se possível entre os valores de pH

4 a 7,5. As atividades metabólicas das culturas de células determinam o valor do pH, além

da quantidade de citólise causada pela ação mecânica. Certos componentes presentes no

meio de cultura (amônia, nitrato, fosfato) apresentam tanto a função de nutrientes como de

tamponante destes sistemas celulares (Endress, 1994).

Embora o pH afete o crescimento celular, bem como a quantidade de substâncias

produzidas, poucos estudos têm sido realizados sobre sua função na cultura de células

(Stafford et ai., 1991).

As suspensões celulares de P. crassinervium tiveram seu pH ajustado em 5,8

antes da inoculação. Durante a fase lag este valor variou entre 6,2 e 6,5. Com o

crescimento celular, entre os dias 9 e 26, observou-se que o pH oscilou entre 6,2 e 6,6,

aumentando linearmente até 7,7 no final da fase decrescente (Figura 37). O aumento do

pH nesta última fase da cultura de células de P. crassinervium pode estar associado ao

acúmulo dos alcalóides sintetizados nesta fase do ciclo, que acabam por aumentar este

valor.

Culturas de células de Tabernaemontana elegans (Apocynaceae) mostraram um

decréscimo no valor do pH de 5,0 para 4,6 na fase /ag, aumentando gradualmente até

atingir o valor de 6,3 no decorrer da curva de crescimento (van der Heidjen, 1989). Para

culturas de Psychotria carthagenensis o pH do meio aumentou de 6,3 para 7,0 em dez

dias de cultura, após um decréscimo inicial ao pH 4,3 (Lopes et ai., 2000). Cultura de

células de Piper cernuum também apresentou Lim decréscimo do pH na fase lag, de 5,3

para 4,9, permanecendo em 5,0 durante 13 dias. Nas fases finais da curva houve um

aumento de 1,8 unidades de pH, sugerindo a excreção de aminas aromáticas sintetizadas

por estas células neste período (Costantin, 2001 ).

Desta maneira pode-se concluir que a variação do pH em culturas de células de

diversas espécies mostrou-se diferente, sugerindo que este parâmetro depende do meio

de cultura assim como das espécies envolvidas.

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10

9

8

7

6

I o. 5

4

3

2

o 10 20 30 40 50 60

Tempo (dias)

Figura 37 - Variação do pH em função do crescimento celular

4.5.4 Determinação da atividade específica da PAL em células de P. crassinerivum

81

A determinação da atividade da PAL, para as células provenientes da curva de

crescimento, foi realizada através do cálculo das razões da área do ácido cinâmico pelo

padrão interno metilumbeliferona, a partir dos cromatogramas obtidos por CLAE (sistema

S7).

A atividade específica da PAL foi calculada segundo a equação mostrada na página

27. O fator de conversão R para este ensaio com células foi de 0,009, obtido através da

curva padrão do ácido cinâmico.

A partir da quantidade total de proteínas solúveis (Bradford, 1976) obtida para as

células durante a curva de crescimento determinou-se a atividade específica da PAL

(Figura 38), tendo como referência a curva padrão da albumina sérica bovina.

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-e- proteínas totais -•- atividade específica da PAL

- 40 õ

1,2

._ a. O> 35 E 1,0 :;:, ro ~ 30 e -

"ti

ª-!!!, ro o

li= 25 'õ Q) a. C/) 20 Q)

Q) "C ro 15 "C ·5 :,.:::;

0,8 ~ C/)

si n>

o,6 cn· 3 <O -3

0,4 ,.!: <(

10

o 10 20 30 40 50 60

Tempo (dias)

Figura 38 -Atividade específica da PAL e quantidade de proteínas totais em função do

crescimento celular

82

A partir dos dados obtidos verificou-se que o perfil da curva da atividade enzimática

foi semelhante ao da curva de crescimento de células de P. crassinervium (Figura 36),

mostrando que o aumento linear da atividade específica da PAL esteve relacionado com a

divisão celular que ocorreu na fase exponencial (entre os dias 16 e 34). O máximo valor

alcançado foi observado no final da fase linear (27,86 nKat/mg proteína), que coincidiu

com a concentração máxima de proteínas para estas células (0,92 mg/ml). Em

aproximadamente 41 dias, início da fase decrescente, houve uma diminuição da atividade

enzimática da PAL, atingindo seu menor valor, 9,09 nKat/mg proteína, no final da curva de

crescimento.

Para células de Piper cernuum o máximo valor obtido para a atividade enzimática

foi 1,60 nKat/mg de proteína, nos primeiros dias da fase exponencial, coincidindo com o

início da divisão celular (Costantin, 2001 ).

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83,

4.6 Cultura de células de Piper crassinervium

4.6.1 Substâncias isoladas do extrato de células

O extrato obtido das células, provenientes das suspensões celulares de P.

crassinervium, foi caracterizado por CLAE (Figura 39) e por RMN de 1 H. Os sinais obtidos

no espectro de hidrogênio, indicaram a presença de substâncias aromáticas. O extrato foi

submetido à purificação, por CPP e CLAE, resultando no isolamento de quatro

substâncias que foram determinadas como sendo alcalóides do tipo aristolactamas (6, 7, 8

e 9).

MeO MeO

MeO MeO

6 7

HO

MeO

8 9

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Data:CEL259A.D01 Method:CEL259A.M01 Ch=2 mAbs Chrom:CEL259A.C01 Atten:7

HO HO

100 MeO

p.i. 1 50 \~ '-:6. IO o ('! ..... ..... ,,,

a, 00 ..... ~

o 'SI" o o

o

o 10 20

MeO

MeO

-~~ 1 N-Me MeO

1 ~

.&

1 o ,;1; ,_ 'SI" C\i ,,,

30 min

Figura 39 - Cromatograma obtido por CLAE do extrato de células provenientes das

suspensões celulares de P. crassineNium

84

4.6.2 Identificação das substâncias isoladas do extrato de células provenientes das

suspensões celulares de P. crassinervium

As aristolactamas isoladas de células provenientes de suspensões celulares de P.

crassineNium possuem o esqueleto básico mostrado abaixo (Figura 40), diferindo entre si

nos grupos substituintes ligados.

R1

7

Figura 40 - Esqueleto das aristolactamas isoladas

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85

No espectro de RMN-1 H da substância 6 (Figura 41, página 91) observou-se a

presença de três grupos metoxílicos, singletos, em 8 4,0, 4,2 e 4,5 ppm, além dos sinais

em o 7, 18 (s, H-9), o 7,5 (H-6 e H-7, m), o 7,8 (H-8, m) e o 9,2 (H-5, m). Os sinais dos

hidrogênios metoxílicos absorvendo em campo mais baixo indicaram que os mesmos

estavam desprotegidos por uma carbonila ou que se encontraram fora do plano de

conjugação do anel aromático. Este conjunto de dados possibilitou identificá-la como

sendo a piperolactama C, uma aristolactama previamente isolada de Piper acutisleginum

(Olsen et ai., 1993).

Os dados obtidos no espectro de RMN-13C confirmaram a estrutura de 6 (Tabela

14). O espectro de massas apresentou o pico correspondente ao íon molecular em m/z

309, condizente com a fórmula molecular C1sH1sNO4.

Tabela 14 - Dados de RMN-1H e de 13C observados para a substância 6

Posição 1H,õ 13c, 8

1 ------------ 167,2 2 ------------ 157,3 3 ------------ 154,3 4 ------------ 146,4 4a ------------ 116,5 4b 126,6 5 9, 19 (m) 126,6 6 7,52-7,58 (m) 125,9 7 7,52-7,58 (m) 126,8 8 7,82 (m) 128,7

8a 133,3 9 7,18(s) 106, 1 10 ------------ 135,5

MeO-2 4,52 (s) 63,0 MeO-3 4,20(s) 61,6 MeO-4 4,00 (s) 60,9

OMe

MeO

MeO

6

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86

O alcalóide 7 possui o mesmo esqueleto de 6, além de apresentar os três grupos

metoxilas nas mesmas posições. O que diferiu estas duas substâncias foi a presença de

um grupo metila ligado ao nitrogênio, na estrutura de 7, que pôde ser observado no

espectro de RMN-1 H (Figura 42, página 92), através do sinal em o 3,48, e o 26,4 no

espectro de RMN-13C (Figura 43, página 93, Tabela 16). O íon molecular em m/z 323

mostrou-se condizente com a fórmula molecular C19H17N04.

Estruturas que apresentam este tipo de esqueleto têm sido descritas na literatura

como aristolactamas. O primeiro alcalóide natural substituído com o grupo metila no

nitrogênio, 4-hidroxi-3-metoxi-N-metilaristolactama, foi isolado em 1992, de partes aéreas

de Piper ribesioides (Ruangrungsi et ai., 1992).

Até o momento não se tem descrita a ocorrência da substância 2,3,4-trimetoxi-N­

metil-aristolactama (7) como produto natural ou . sintético, tratando-se portanto de uma

substância inédita.

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87

Tabela 15 - Dados de RMN-1H e de 13C para a substância 7

Posição 1H,õ 13c, õ 1 165,7 2 ------------ 156,8 3 154,0 4 ------------ 146,4

4a 116, 1 4b ------------ 126,6 5 9, 18 (m) 126,5 6 7,54 (m) 125,7 7 7,54 (m) 127,0 8 7,85 (m) 128,7

8a ------------ 133,4 9 7,00(s) 104,5 10 136,6

MeO-2 4,54 (s) 63,0 MeO-3 4, 18 (s) 61,6 MeO-4 3,99 (s) 60,8 Me-N 3,49 (s) 26,4

OMe

MeO

MeO

7

Através dos sinais observados no espectro de RMN-1H para os alcalóides 8 e 9

(impuros), verificou-se que se tratavam de aristolactamas, por apresentarem os

deslocamentos químicos parecidos com as substâncias 6 e 7. As substâncias 8 e 9

tiveram suas fórmulas moleculares determinadas como sendo C11H13NÜ4 e C15H13NO4,

respectivamente, de acordo com os picos relativos aos íons moleculares em m/z 295 e

279 (Figuras 46 e 48, páginas 96 e 98).

No espectro de RMN-1 H da substância 8 (Figura 45, página 95) observou-se os

deslocamentos de o 4,5 e 4, 1 para as metoxilas nas posições 2 e 4 respectivamente,

enquanto para a aristolactama 9 (Figura 47, página 97), observou-se apenas uma metoxila

em õ 4, 1, posição 2, vizinha a um grupo hidroxila, na posição 3, o que explica este valor

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88

menor de deslocamento. Este alcalóide 9 também apresenta um grupo metila ligado ao

nitrogênio, observado pelo deslocamento em õ 3,5 aproximadamente (Tabela 16).

Tabela 16 - Dados de RMN-1H para as substância 8 e 9

Posição 1H, õ (8) 1H, õ (9) 1 2 ------·------ ------------3 ------------4 ------------ 7,82 (s)

4a 4b 5 9, 19 (m) 9,24 (m)

6/7 7,55 (m) 7,56 (m) 8 7,84 (m) 7,81 (m)

Ba 9 7,19 (s) 7,07 (s) 10

MeO-2 4,54 (s) 4, 13 (s) MeO-3 ------------MeO-4 4,07 (s) Me-N ---------- 3,49 (s)

OMe OMe

HO HO

MeO

8 9

Espécies de Piper produzem uma grande variedade de produtos naturais, sendo

que muitos destes apresentam propriedades medicinais. Os alcalóides são raros, mas

foram descritos entre as substâncias isoladas neste gênero (Olsen et ai. , 1993). As

aristolactamas pertencem a um pequeno grupo de alcalóides, encontrados principalmente

na família Aristolochiaceae, sendo responsáveis pela origem do nome desta classe de

compostos, mas também têm sido relatadas a partir de espécies pertencentes às famílias

Annonaceae, Menispermaceae e Monimiaceae (Desai et ai., 1990).

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89

O interesse por esta sub-classe de alcalóides é devido à diversidade de atividades

biológicas, mas cabe ressaltar a potente atividade inseticida apresentada pelas

aristolactamas. A relação estrutural entre o ácido aristolóquico (Figura 49), um

nitrocomposto bastante tóxico (Chen & Zhu, 1987), as aristolactamas e os alcalóides

dioxoaporfínicos e isoquinolínicos têm motivado diversos estudos biossintéticos.

o

< o

Figura 49 - Estrutura do ácido aristolóquico

O isolamento de alcalóides dioxoaporfínicos de diferentes espécies vegetais

sugeriu que estes podem ser originados pela oxidação de alcalóides aporfínicos e

funcionam como intermediários na biossíntese de aristolactamas. A conversão da

pontevidrina nas aristolactamas ocorre in vitro e pode estar relacionada com o rearranjo do

ácido benzílico seguido da perda do carbono (Figura 50) (Chen & Zhu, 1987).

OH o

HO COO- MeO MeO MeO o MeO

N-Me

MeO MeO MeO - -MeO MeO MeO

MeO OMe OMe OMe

OMe

pontevidrina

Figura 50 - Formação de aristolactamas a partir de alcalóides dioxoaporfínicos in vitro

(Chen & Zhu, 1987)

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90

Plantas intactas e culturas de células de P. crassínervíum mostraram um acúmulo

diferente de metabólitos em seus tecidos. Enquanto folhas de plantas acumularam

flavanonas e hidroquinonas preniladas, nas suspensões celulares desta espécie foram

observadas somente aristolactamas. O estudo de tecidos diferenciados e não­

diferenciados de Píper cernuum, indicou também diferentes composições. De folhas de

plantas foram isolados fenilpropanóides, ácido 3,4-dimetoxi-di-hidrocinâmico e cubebina,

sendo que as suspensões celulares acumularam tiramina e dopamina. Do ponto de vista

biossintético as substâncias acumuladas seguiram diferentes rotas metabólicas. Os

fenilpropanóides foram formados através da conversão da fenilalanina a ácido cinâmico

pela PAL, e as substâncias acumuladas nas células foram originadas pela descarboxilação

da tirosina, catalisada pela tirosina descarboxilase (Costantin, 2001 ).

A comparação destas duas espécies de Píper sugeriu que as aristolactamas

poderiam ser formadas a partir de rotas metabólicas mais avançadas, a partir da

dopamina, e que em P. crassínervíum estariam presentes as enzimas responsáveis por

essa formação. Observa-se na Figura 51 uma proposição de biossíntese para as

aristolactamas isoladas.

HO

OH TYDC

L-tirosina tiramina

HO

-- HO

HOrn --- j // NH2

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Hz

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25

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6500

H

z/cm

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CX)

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99

4. 7 Quantificação das substâncias isoladas do extrato de células

A partir do estabelecimento de uma nova curva celular, nos mesmos parâmetros da

descrita anteriormente, foram quantificados os dois alcalóides, 6 e 7, presentes tanto no

meio como nas células das suspensões celulares.

Após determinação da matéria fresca e seca, as células e os meios celulares

correspondentes aos intervalos da curva foram analisados por CLAE (sistema S7), com o

objetivo de se obter as áreas relativas de cada alcalóide em relação ao padrão interno,

para posterior quantificação. Como referência uilizou-se a curva padrão dos alcalóides

isolados.

A equação abaixo mostra como foi determinada a quantidade de cada alcalóide,

tanto para as células como para o meio proveniente das suspensões celulares de Piper

crassinervium.

Quantidade do alcalóide = (R áreas x quantidade p.i.) / R'

Onde,

R áreas = razão entre a área do alcalóide / área do padrão interno

quantidade do p. i. = 1 mg

R' = inclinação da reta (proveniente da curva padrão de cada alcalóide)

para o alcalóide 6, R = 0,00319

para o alcalóide 7, R = 0,0045

A quantidade encontrada de cada alcalóide foi multiplicada por dois, pois as

amostras analisadas por CLAE tinham um volume final de 2 ml. Estes valores, em

miligramas, foram relacionados à quantidade de células secas, em gramas, e com base

nestes resultados foram determinadas as quantidades de cada alcalóide por grama de

células secas (Figura 52). Para os meios provenientes das suspensões celulares, partiu­

se do mesmo cálculo, mas a quantidade do alcalóide foi relacionada com 50 ml de meio,

volume este usado para a preparação das suspensões celulares na curva de crescimento

(Figura 53).

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__._ alcalóide 7

-o-alcalóide 6

60 140

~ Q)

120 3 C/)

('IJ 50 (O

·e Q) •Q)

~ @ - 100 ('IJ

E 40 o-O) a: -- 80 (1)

co -.J Q) 30 --"O 60

(O

:o 3 ro Q) u 20 (D-ro 40 -, O) iii' E (/l

10 (1) 20 @

o o o 10 20 30 40 50 60

Idade das células (dias)

Figura 52 - Quantificação dos alcalóides 6 e 7 nas células

o 'ã> E Q) "O _J

E --<D Q)

"O :o ro u ro O)

E

1,4

1,2

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0 ~ o 10 20 30 40 50

Idade das suspensões celulares (dias)

__._ alcalóide 7

-o- alcalóide 6

1,4

3 1,2 CC Q)

n 1,0 Q)

o-a: 0,8 (1)

-.J --0,6 3 r e.

0,4 (1)

3 (1)

0,2 6 '

0,0 60

Figura 53 - Quantificação dos alcalóides 6 e 7 no meio

BIBLIOTECA INSTITUTO DE cu;'.\,!CA U11ivors1Jdd8 de São PaLJlo

100

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101

A análise dos principais constituintes produzidos pelas células de P. crassinervium

indicou a produção dos alcalóides 6 e 7, metabólitos não isolados da planta diferenciada.

Nas células a concentração observada para o alcalóide 6 variou entre 1,21 e 55,89 mg/g

de células secas enquanto que para o meio de O a 0,60 mg/ml de meio. Para o alcalóide

7, presente em maior quantidade nas suspensões celulares, verificou-se a variação de

38,78 a 123,91 mg/ g de células secas e para o meio celular entre 0,12 e 1,01 mg/ml de

meio. A variação da concentração dos alcalóides 6 e 7 não mostrou relação com a

atividade da PAL (Figura 38, página 82). Enquanto a atividade específica da enzima PAL

aumentou linearmente até o quinto dia da curva, final da fase exponencial, para os

alcalóides pôde-se perceber um perfil totalmente diferente. No valor máximo da atividade

enzimática existia uma quantidade elevada do alcalóide 7 (100,97 mg), e uma pequena

quantidade da substância 6 (7,44 mg). Quando a enzima atingiu seu menor valor, fase

descrescente da curva de crescimento, obteve-se a quantidade máxima do alcalóide 7

(123,91 mg) e somente 1,92 mg do alcalóide 6. A correlação negativa entre a atividade da

PAL e os alcalóides sintetizados pode estar associada às rotas biossintéticas, indicando

que as substâncias acumuladas nas suspensões celulares de P. crassinervium são

originadas a partir da tirosina, conforme a biossíntese proposta na Figura 51 (página 90).

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102

4.8 Experimentos com fenilalanina, luz UV e extrato de

levedura

Após cada intervalo de tempo estabelecido para análise das células e dos meios

provenientes das supensões celulares (24, 48 e 66 h), foram obtidas as quantidades de

células frescas e secas, conforme descrito anteriormente. Tanto as células como os meios

provenientes destes experimentos, foram analisados por CLAE (sistema S7), juntamente

com o padrão interno. Com base nesses resultados foram calculadas as quantidades de

cada alcalóide acumuladas nas células e nos meios, para cada experimento, tendo-se

como referência um controle. Para este cálculo utilizou-se a mesma equação da

quantificação dos alcalóides e os mesmos valores de R para a inclinação da reta de cada

substância (página 99). As figuras apresentadas a seguir (54-65) mostram os resultados

destes experimentos de eliciação.

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24 48

Tempo do experimento (h)

66

D controle

• fenilalanina

Figura 54 - Quantificação do alcalóide 6 no experimento com fenilalanina (células)

50

i 40 .. 'C 30 i E 20 .. : 10 E

o 24 48

Tempo do experimento {hJ

66

• controle

• luz LN

Figura 56 - Quantificação do alcalóide 6 no experimento com luz UV (células)

24 48

Tempo do experimento {h)

66

• controle

• lewdura

Figura 58 - Quantificação do alcalóíde 6 no experimento com levedura (células)

0,8

~ 0,6 E . ~ 0,4 E

'! 0,2 E

o 24 48

Tempo do experimento (h)

66

• controle

• fenilalanina

Figura 55 - Quantificação do alcalóide 6 no experimento com fenilalanina (meio)

0,3

.!! e 0.2 -:: .., E ; 0,1 Q E

24 48 66

Tempo do experimento Ih)

Figura 57 - Quantificação do alcalóide 6 no experimento com luz UV (meio)

0,3

0 0,25

-~ 0,2 .. ~ 0,15 E ili o, 1

l o,05

o 24 48 66

Tempo do experimento (h)

Figura 59 - Quantificação do alcalóide 6 no experimento com levedura (meio)

103

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250

i! 200

" .. i 150

E 100 OI ,._ OI 50 E

24 48

Tempo do experimento (h)

66

a controle

• fenilalanina

Figura 60 - Quantificação do alcalóide 7 no experimento com fenilalanina (células)

160

5 : 120 . 1 80

" ;: 40

i

24 48 66

Tempo do experimento (h)

Figura 62 - Quantificação do alcalóide 7 no experimento com luz UV (células)

24 48 66

Tempo do experimento (h)

Figura 64 - Quantificação do alcalóide 7 no experimento com levedura (células)

0,4

i 0,3 E o .., e 0,2

... ~ 0,1

24

a controle

• fenílalanina

48 66

Tempo do experimento (h)

Figura 61 - Quantificação do alcalóide 7 no experimento com fenilalanina (meio)

0,4

i 0,3 E

~ 0,2 E

t; O, 1 E

24 48 66

Tempo do experimento (h)

Figura 63 - Quantificação do alcalóide 7 no experimento com luz UV (meio)

.!! ~ ~ ..,

0,2

..,1 0,1 E ,._ "' E

o 24 48 66

Tempo do experimento (h)

Figura 65 - Quantificação do alcalóide 7 no experimento com levedura (meio)

104

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105

Os resultados de indução da biossíntese e acúmulo/excreção de metabólitos

secundários em suspensões celulares de P. crassinervium foram baseados na utilização

de luz UV, adição de L-fenilalanina e extrato de levedura.

A utilização de L-fenilalanina foi baseada no fato desta ser o aminoácido precursor dos

alcalóides. Para os experimentos, os perfis dos gráficos para as células e para os meios

de cultura indicaram um aumento da concentração destas substâncias com a adição de

fenilalanina, quando comparados com o controle. Um pequeno aumento de concentração

desses alcalóides nas células foi observado 44h após a adição, enquanto que no meio de

cultura observou-se um aumento somente 66 h após a adição (Figuras 54, 55, 60 e 61).

O objetivo do experimento com luz UV foi o de induzir a formação de flavonóides,

considerando que esses estão presentes nas folhas intactas de Piper e que os mesmos

possuem determinadas etapas, como a mediada pela PAL, ativadas pela luz. A análise

destes experimentos por CLAE, mostrou o mesmo perfil do extrato de células e do meio,

provenientes das suspensões celulares, analisados previamente. Dessa maneira pôde-se

concluir que a luz UV não induziu a formação de novos compostos ou mesmo dos

flavonóides, que agiriam como substâncias de defesa ou seriam formados devido às

condições de estresse do cultivo in vitro. Através destes resultados foi possível observar

um aumento da concentração dos alcalóides, em todos os intervalos de tempo, para os

experimentos com o meio celular, enquanto que para as células o aumento da quantidade

dos alcalóides 6 e 7 apenas foi observado nos intervalos de 48 e 66 horas (Figuras 56,

57, 62 e 63).

A luz, independente do seu tipo, é um dos estímulos para indução da atividade da

PAL, atuando assim na regulação do metabolismo e nos processos de diferenciação das

plantas (Moreno et ai., 1994). A atividade da PAL foi determinada em culturas de

suspensões celulares de pinheiro (Picea abies), pré-cultivadas à luz visível (células

verdes) ou no escuro (células brancas). Estas suspensões foram irradiadas com luz UV

(302 nm) por dez, quinze e vinte minutos. Observou-se que a atividade da PAL foi

induzida no período subseqüente à irradiação. O tratamento durante vinte minutos

resultou em um aumento da atividade de cerca de trinta vezes. Contudo, a indução foi

observada somente para células brancas (crescidas no escuro). As diferenças nas

respostas do tratamento das células com luz UV podem estar relacionadas à presença

nas células verdes de substâncias protetoras contra luz UV, tais como flavonóides que

haviam sido detectados em estudos preliminares (Messner et ai. , 1991).

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106

Suspensões celulares de salsa também mostraram uma dependência da atividade

da enzima PAL com a luz UV, resultando na formação de flavonóides (Jones, 1984),

assim como suspensões celulares de Catharanthus roseus que apresentaram um

aumento da atividade desta enzima quando tratadas com luz UV (Moreno et ai. , 1994).

Experimentos com eliciadores geralmente levam à formação de substâncias ainda não

presentes nas suspensões celulares, através de modificações em seu metabolismo, em

resposta a um ataque externo, no caso, por fungos (Moreno et ai., 1994).

Plantas do gênero Cinchona (Rubiaceae) são fontes de importantes alcalóides

terapêuticos, como quinina e quinidina. Além destes compostos, substâncias do tipo

antraquinonas têm sido isoladas sendo que, em Cinchona exercem a função de

fitoalexinas, além de seu acúmulo em partes infectadas por patógenos estar relacionado

com a redução do conteúdo de alcalóides. Suspensões celulares de Cinchona robusta,

em condições normais de cultura, foram estudadas e verificou-se que estas não

acumulavam antraquinonas. A adição de 0,8 mg do eliciador por ml de suspensão celular

produziu altos níveis des antraquinonas, com alta viabilidade das células. O eliciador foi

adicionado em culturas de O, 2, 4, 6 e 8 dias. O acúmulo máximo de antraquinonas nas

células (cerca de 12 µmol/g células secas) foi alcançado em 72 horas. Nestas culturas

menos do que 2% do conteúdo total das antraquinonas foi encontrado no meio celular

(Schripsema et ai., 1999).

Com o objetivo de avaliar o acúmulo de novas substâncias em culturas de P.

crassinervium fez-se a incubação das suspensões celulares com o extrato de levedura

(100 µL de uma solução 10 mg/ml). Para as células o aumento só foi observado para o

alcalóide 6, num intervalo de 48 horas. Para os meios, houve um aumento em todos os

intervalos de tempo do experimento para o alcalóide 6, enquanto que para o 7, apenas no

intervalo de 48h (Figuras 58, 59, 64 e 65).

A fim de se verificar estes dados, seria necessário uma curva, para dosar a

quantidade máxima e mínima do eliciador que causa uma resposta, e analisar como este

afeta, por exemplo, a atividade da PAL. Tratando-se de um experimento novo em culturas

de células de P. crassinervium, muito estudo ainda é necessário para o estabelecimento

de melhores condições. Desses dados pode-se afirmar, no entanto, que as células

ensaiadas conseguem suportar a quantidade usada do eliciador, fornecendo apenas uma

leve resposta, que não levou a formação de um novo composto.

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107

4.9 Bioautografia

As substâncias isoladas neste trabalho foram testadas, pela técnica da

bioautografia, frente ao fungo Cladosporium sphaerospermum, a fim de se avaliar a

atividade antifúngica destas substâncias. A Figura 65 mostra a cromatoplaca com as

substâncias aplicadas, além dos extratos brutos que também foram submetidos ao teste.

As frações relacionadas nesta cromatoplaca foram provenientes do fracionamento de

folhas de P. crassinervium (página 21).

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Extr. folha Fração 5-6 Fração 9-12 Fração 17-18 Fração 23 Fração 24-27 Fração 30 Fração 34-36 Fração 37-38 Fração 42-45 Fração 46 Fração 50

13 Aristolactama 6 14 Aristolactama 7 15 Aristol. 8 e 9 16 Extr. folha prop. 17 Extr. caule prop. 18 Folhapr. 19-21 19 Talo prop. b4 20 Hidroquinona3 21 Hidroquinona4 22 Hidroquinona5 23 Flavanona2 24 Flavanonal

Figura 66 - Cromatoplaca das substâncias puras e frações do extrato de folhas de P.

crassinervium

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108

As substâncias que se mostraram ativas, 1, 2, 3, 5 e 19-21 b (fração proveniente de

folha propagada) foram novamente bioautografadas, só que em quantidades menores, no

caso, 50 e 1 O µg, conforme mostra a Figura 67 .

1. 3

2. 19-21b

3. 5

4. 1

5. 2

6. 30d1

Figura 67 - Cromatoplaca das substâncias purificadas

Baseado neste último ensaio, foram aplicados em uma cromatoplaca 10; 5; 2,5 e

1 µg destas substâncias consideradas ativas (substâncias mostradas na Figura 67) e do

óleo volátil de P. crassinervium, juntamente com o padrão nistatina, 1 µg, a fim de se

estabelecer a quantidade mínima de cada substância ativa frente ao fungo Cladosporium

sphaerospermum. A Tabela 17 mostra os resultados obtidos.

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109

Tabela 17 - Limite mínimo de detecção em µg das substâncias ativas

Substância Limite mínimo de

detecção (µg)

Flavanona 1 5 µg

Flavanona 2 1µg

Hidroquinona 3 5 µg

Hidroquinona 5 10 µg

19-21 b 5 µg

óleo volátil 5 µg

nistatina (padrão) 1 µg

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110

5. Conclusões

A partir dos resultados obtidos pôde-se concluir que plantas de campo e cultura de

células de P. crassineNium biossintetizam e acumulam diferentes metabólitos

secundários.

Dos extratos das folhas foram isoladas duas flavanonas e três hidroquinonas,

sendo que esta é a primeira descrição do isolamento de hidroquinonas em espécies de

Piperaceae. As suspensões celulares não produziram flavonóide nem outro metabólito

relacionado, porém foram isolados quatro alcalóides do tipo aristolactamas. O alcalóide N­

metilado 7 é um novo produto natural.

A fim de se avaliar tal perfil , ensaios de injúria mecânica em folhas de campo, ou

mesmo experimentos com eliciadores devem ser realizados, com o objetivo de induzir a

formação de aristolactamas em folhas intactas. Mesmo sendo considerados compostos

de proteção, os flavonóides não foram sintetizados pelas culturas de células tratadas com

luz UV. Sabe-se que a flavanona sakuranetina (substância 2 isolada neste trabalho)

apresenta-se como fitoalexina em culturas de folhas de arroz e somente foi sintetizada

após tratamento destas folhas com luz UV (Kodama et ai., 1992). Além dessa função,

esta flavanona apresenta uma alta atividade antifúngica o que está de acordo com a

flavanona 2 isolada neste trabalho, que mostrou-se ativa contra o fungo Cladosporium

sphaerospermum.

Comparando-se diferentes espécies de Piper, no caso Piper crassineNium e Piper

cernuum, verificou-se que elas acumularam diferentes substâncias nos tecidos

diferenciados e não-diferenciados, sendo que nas folhas intactas estes metabólitos seriam

provenientes da desaminação da fenilalanina enquanto que nas suspensões celulares

eles seriam formados a partir da descarboxilação da tirosina.

Os dados obtidos sugeriram que para P. crassineNium enzimas específicas para

formação das aristolactamas estariam presentes nos tecidos celulares, visto que estes

alcalóides seriam formados a partir da dopamina, enquanto que para Piper cernuum os

únicos metabólitos isolados das suspensões foram tiramina e dopamina.

Tratando-se de um trabalho novo para P. crassineNium, muitos estudos terão que

ser desenvolvidos com o objetivo de avaliar as enzimas presentes nestas suspensões

celulares. Considerando-se que este trabalho constitui-se no primeiro estudo químico,

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111

biológico e biossintético de P. crasssinervium, os resultados obtidos são de fundamental

importância por revelar as diferentes rotas biossintéticas operantes, especialmente

quando se compara plantas diferenciadas e suspensões celulares.

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112

6. Referências bibliográficas

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