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VI Colóquio CIE-UMa ETNOGRAFIA Da EDUCAÇÃO Livro de Resumos Universidade da Madeira, Funchal (Portugal), 9-10 de Dezembro 2010

ETNOGRAFIA Da EDUCAÇÃO · Fernando Correia ... de 2009, nas salas de estudo ... dos dados a observação participante e entrevistas semi-estruturadas realizadas com alguns professores

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VI Colóquio CIE-UMa

ETNOGRAFIA

Da

EDUCAÇÃO

Livro de Resumos

Universidade da Madeira, Funchal (Portugal), 9-10 de Dezembro 2010

TECNOLOGIA AMIGA DO AMBIENTE

A logística do VI COLÓQUIO CIE-UMa fez recurso predominante à internet, aumentando a eficácia e minimizando a utilização

tradicional do papel.

Utilizamos papel reciclado na impressão dos livros de resumos (impresso em dupla-face), crachás e certificados.

Abdicámos de crachás de plástico.

Não utilizamos garrafas de água de plástico nem pacotes de sumo durante o evento.

Tirámos os resíduos resultantes dos produtos utilizados na logistica do evento.

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Índice

Comissão Científica..................................................................................................................................................... 5

Comissão Organizadora .............................................................................................................................................. 5

Apresentação ............................................................................................................................................................. 7

Programa .................................................................................................................................................................... 9

Conferências ..............................................................................................................................................................13

- Complejidad e investigación etnográfica: en busca de un mito perdido. .................................................................... 15

- Currículo e etnografia da educação: um diálogo necessário. ...................................................................................... 15

- Fractais... etnopesquisa crítica / Etnografia da educação. ........................................................................................... 15

- Inovação pedagógica, etnografia e distanciação. ........................................................................................................ 15

Oficina de Trabalhos ..................................................................................................................................................17

- O stress na liderança escolar: o caso de dois Directores Brasileiros – Uma análise utilizando uma técnica etnográfica exploratória .............................................................................................................................................. 19

- Um estudo etnográfico numa organização educativa: a influência da liderança no contexto escolar ........................ 20

- A Internet como auxiliar no estudo: relato de uma investigação etnográfica ............................................................. 21

- Práticas etnográficas e inovação pedagógica na formação continuada de professores de Ciências Naturais: possibilidades e limites ................................................................................................................................................ 22

- O educador aos olhos das crianças: uma abordagem etnográfica ............................................................................... 23

- Le micro-détail comme objet de la microethnogrpahie ............................................................................................... 24 O micro-detalhe como objeto da micro-etnografia ..................................................................................................... 24

- Sensus .......................................................................................................................................................................... 26 - Uma reflexão sobre a prática educativa do professor formado pelo CDI à luz da inovação pedagógica ..................... 27

- O diário etnográfico electrónico, instrumento de análise dos dispositivos pedagógicos na escola ............................ 28

- A construção dos saberes e habilidades necessárias à atuação docente no contexto da Inovação Pedagógica: A formação e profissionalização do Professor ................................................................................................................ 29

- Relato de uma investigação etnográfica crítica sobre políticas e práticas de educação de adultos em Portugal (1996-2006).................................................................................................................................................................. 30

- A construção da identidade da criança a partir do contato da literatura infantil ........................................................ 31

VI Colóquio CIE-UMa

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Comissão Científica

Carlos Nogueira Fino (Presidente)

Jesus Maria Sousa

António Veloso Bento

Alice Mendonça

Aldina Mécia Melo

Paulo Brazão

Liliana Rodrigues

Comissão Organizadora

Paulo Brazão (Presidente)

Hélder Spínola

Maria da Conceição Sousa

Guida Mendes

Fernando Correia

Graça Côrte

Énio Freitas

VI Colóquio CIE-UMa

| 7 |

Apresentação

Etnografia da Educação

O VI Colóquio CIE-UMa pretende debater etnografia da educação, que é a prática etnográfica dos

professores investigadores e dos investigadores que interpretam os fenómenos educativos pela lente de

uma teoria explícita da educação, mediante imersão nas culturas dos praticantes da educação, sejam essas

culturas escolares ou não. Uma prática que acontece por dentro dos fenómenos educativos, que fala do

seu interior, na voz dos seus participantes. Não se trata, portanto, de um convite ao olhar de fora para

dentro dos fenómenos educativos, muito menos de uma abertura a interpretações fundadas no senso

comum.

Por outras palavras, o VI Colóquio invoca uma etnografia específica, entendida como utensílio

metodológico, cuja fundamentação epistemológica é a que lhe é conferida pelas suas principais referências,

como Lapassade, por exemplo, mas que carece do quadro conceptual das ciências da educação para a

devida compreensão e interpretação da informação que recolhe.

Programa

VI Colóquio CIE-UMa

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Programa

Quinta dia 9 de Dezembro

[moderador da sessão: Prof. Paulo Brazão]

14:00 15:00 Distribuição de documentação e registo

15:00 16:00 Sessão de abertura

16:00 17:00 1ª Conferência

Fernando Sabirón Sierra

Complejidad e investigación etnográfica: en busca de un mito perdido.

17:00 - 17:30 Café

17:30 18:30 2ª Conferência

Jesus Maria Sousa

Currículo e etnografia da educação: um diálogo necessário.

20:30 23:00 Jantar oficial do Colóquio

Sexta, dia 10 de Dezembro - Manhã

[moderador da sessão: Prof. Paulo Brazão]

09:00 09:30 Registo

09:30 10:45 Comunicações em Oficina de Trabalho (1ª Parte)

09:30 09:45 António V. Bento & José Paulo G. Brazão

O stress na liderança escolar: o caso de dois Directores brasileiros – Uma

análise utilizando uma técnica etnográfica exploratória.

09:45 10:00 Deolinda Mendonça & Jesus Maria Sousa

Um estudo etnográfico numa organização educativa: a influência da

liderança no contexto escolar.

10:00 10:15 Fernando Correia

A Internet como auxiliar no estudo: relato de uma investigação etnográfica.

10:15 10:30 Gilvaneide Oliveira

Práticas etnográficas e inovação pedagógica na formação continuada de

professores de Ciências Naturais: possibilidades e limites.

10:30 10:45 Guida Mendes, Conceição Sousa & Ana França

O educador aos olhos das crianças: uma abordagem etnográfica.

10:45 11:00 Café

Universidade da Madeira, 9-10 de Dezembro 2010

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11:00 12:45 Comunicações em Oficina de Trabalho (2ª Parte)

11:00 11:15 Driss Alaoui

Le micro-détail comme objet de la microethnogrpahie.

[O micro-detalhe como objeto da micro-etnografia].

11:15 11:30 Liliana Rodrigues

Sensus.

11:30 11:45 Heloísa Reis Araújo

Uma reflexão sobre a prática educativa do professor formado pelo

CDI à luz da inovação pedagógica.

11:45 12:00 Paulo Brazão

O diário etnográfico electrónico, instrumento de análise dos

dispositivos pedagógicos na escola.

12:00 12:15 Robson Luiz de França

A construção dos saberes e habilidades necessárias à atuação

docente no contexto da Inovação Pedagógica: A

formação e profissionalização do Professor.

12:15 12:30 Rosanna Barros

Relato de uma investigação etnográfica crítica sobre políticas e

práticas de educação de adultos em Portugal (1996-2006).

12:30 12:45 Alfrancio Ferreira Dias

A construção da identidade da criança a partir do contato da

literatura Infantil.

12:45 14:30 Almoço

Sexta, dia 10 de Dezembro - Tarde

[moderadora da sessão: Profª. Jesus Maria Sousa]

14:00 14:30 Registo

14:30 15:30 3ª Conferência

Roberto Sidnei Macedo

Fractais... etnopesquisa crítica / Etnografia da educação.

15:30 16:30 Relato da Oficina de trabalho

16:30 17:00 Café

17:00 18:00 4ª Conferência

Carlos Nogueira Fino

Inovação pedagógica, etnografia e distanciação.

18:00 18:30 Sessão de encerramento

Conferências

VI Colóquio CIE-UMa

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Conferências

1ª Conferência

COMPLEJIDAD E INVESTIGACIÓN ETNOGRÁFICA: EN BUSCA DE UN MITO PERDIDO. Fernando Sabirón Sierra Professor da Universidade de Zaragoza. Investigador do CIE- UMa.

2ª Conferência

CURRÍCULO E ETNOGRAFIA DA EDUCAÇÃO: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO. Jesus Maria Sousa Professora da Universidade da Madeira. Investigadora do CIE- UMa.

3ª Conferência

FRACTAIS... ETNOPESQUISA CRÍTICA / ETNOGRAFIA DA EDUCAÇÃO. Roberto Sidnei Macedo Professor da FACED - Universidade Federal da Bahia. Investigador do CIE- UMa.

4ª Conferência

INOVAÇÃO PEDAGÓGICA, ETNOGRAFIA E DISTANCIAÇÃO. Carlos Nogueira Fino Professor da Universidade da Madeira. Investigador do CIE- UMa.

Oficina de Trabalhos

VI Colóquio CIE-UMa

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O STRESS NA LIDERANÇA ESCOLAR: O CASO DE DOIS DIRECTORES BRASILEIROS – UMA ANÁLISE

UTILIZANDO UMA TÉCNICA ETNOGRÁFICA EXPLORATÓRIA

António V. Bento Centro de Investigação em Educação, Centro de Competências de Ciências Sociais, Universidade da Madeira. E-mail: [email protected].

José Paulo G. Brazão Centro de Investigação em Educação, Centro de Competências de Ciências Sociais, Universidade da Madeira. E-mail: pbrazã[email protected].

O stress ou a exaustação profissional tem sido alvo de várias investigações em todas as profissões

inclusivamente na profissão docente. A literatura especializada tem salientado a propensão para o stress

decorrente da profissão docente; contudo, o stress nas lideranças escolares não tem sido alvo de atenção

equivalente.

Este estudo de investigação, de natureza qualitativa e de cariz etnográfico, focou-se no stress sentido

pelos directores escolares de duas escolas situadas no Nordeste do Brasil.

As questões gerais de investigação centraram-se nas situações que provocam mais stress e nas

respostas dos directores aos agentes que provocam stress no dia-a-dia escolar. A recolha de dados consistiu

em observações naturalistas e entrevistas não estruturadas gravadas.

Os dados recolhidos sugerem que a função da direcção das escolas provoca bastante stress porque

envolve muitas tarefas burocráticas, lida com situações imprevisíveis e lida com múltiplos públicos: pais,

professores, alunos, pessoal não docente e responsáveis educativos municipais.

Universidade da Madeira, 9-10 de Dezembro 2010

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UM ESTUDO ETNOGRÁFICO NUMA ORGANIZAÇÃO EDUCATIVA: A INFLUÊNCIA DA LIDERANÇA

NO CONTEXTO ESCOLAR

Deolinda Mendonça Jesus Maria Sousa Centro de Investigação em Educação, Centro de Competências de Ciências Sociais, Universidade da Madeira.

Esta investigação, de natureza etnográfica, permitiu compreender o contexto escolar e descrever a

sua realidade. Para desenvolver este estudo recolhemos dados através da observação participante, notas

de campo e análise de documentos. Esta investigação desenvolveu-se em redor do líder escolar, dos

colaboradores, dos pais e dos alunos.

Com a análise documental identificámos as características e estratégias de liderança, analisámos os

seus efeitos e influências na cultura organizacional e no clima de escola. Tratando-se de um estudo de

natureza etnográfica, os dados foram analisados de uma forma interpretativa.

A escola analisada possui uma cultura própria com uma matriz bem definida de valores humanos e

religiosos. Há uma cultura de respeito pelas regras, pelo que a disciplina não tem assumido problemas

dignos de menção. Há boa prevenção de incidentes.

O clima de escola foi avaliado com base nas percepções individuais dos vários elementos da

comunidade educativa e nas observações da investigadora. Este clima foi percepcionado desde a decoração

da escola às relações interpessoais. A escola é um lugar muito feliz onde pessoal docente, não docente e

discente partilham valores e experiências de vida. O ambiente da escola é bom, seguro e bem motivador de

aprendizagem.

Palavras-chave: etnografia, cultura organizacional, clima de escola, liderança e líder.

VI Colóquio CIE-UMa

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A INTERNET COMO AUXILIAR NO ESTUDO: RELATO DE UMA INVESTIGAÇÃO ETNOGRÁFICA

Fernando Correia Departamento de Ciências da Educação. Centro de Competências de Ciências Sociais, Universidade da Madeira.

A Internet tem vindo a ocupar, ao longo dos últimos anos, um lugar de destaque nos recursos

académicos dos estudantes, particularmente no âmbito do ensino superior.

Aqui se relata uma investigação de tipo etnográfico que decorreu entre Setembro de 2008 e Junho

de 2009, nas salas de estudo da Universidade da Madeira (UMa), com o objectivo de compreender o uso

que os estudantes fazem da Internet como auxiliar no estudo. A discussão centra-se no entendimento de

“estudo” enquanto condição de investimento individual na aprendizagem e na Internet como espaço de

pesquisa e partilha de recursos, não só pelo acesso a documentos digitais mas, também, através da

comunicação.

Palavras-chave: Internet, estudo, comunicação e aprendizagem.

Universidade da Madeira, 9-10 de Dezembro 2010

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PRÁTICAS ETNOGRÁFICAS E INOVAÇÃO PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE

PROFESSORES DE CIÊNCIAS NATURAIS: POSSIBILIDADES E LIMITES

Gilvaneide Ferreira do Oliveira Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail:[email protected]; [email protected]

Maria de Fátima Gomes da Silva Universidade de Pernambuco-Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected]

Este trabalho constitui um recorte de uma investigação de doutoramento em curso pelo Programa

de Pós Graduação em Ciências da Educação, Inovação Pedagógica da Universidade da Madeira-Portugal.

Focaliza-se nesta investigação, a problemática da vivência ou não vivência da inovação pedagógica nas

práticas docentes dos professores das Ciências Naturais, no âmbito de uma ação crítico-reflexiva, dialógica

e emancipatória. No que se refere à metodologia, destamos que se trata de uma investigação qualitativa de

viés etnográfico que segundo Lapassade (2005), representa um encontro social interacionista, entre os

sujeitos da investigação; investigador e o investigado, e seus contextos de atuação, que neste estudo,

abrangeu o lócus de um curso de formação continuada de professores, tendo como método para a recolha

dos dados a observação participante e entrevistas semi-estruturadas realizadas com alguns professores que

participaram do referido processo formativo. Sob estes dados lançamos um olhar analítico que se

fundamentou em questões referentes às teorias e fundamentos da inovação pedagógica como um

processo oriundo de crises e rupturas com modelos pré-estabelecidos e da formação de professores como

uma prática pedagógica crítico reflexiva, interativa e dialógica. Sobre os elementos conclusivos, destacamos

a existência expressiva de práticas pedagógicas constituídas sob a égide do pensamento positivista e

cartesiano, priorizando a dimensão do saber específico de forma enciclopédico, fragmentado e

descontextualizado, tendo por base a reprodução de modelos instituídos, sendo estes elementos,

claramente identificados na vivência das práticas investigativas etnográficas realizadas neste estudo. Sobre

a relevância e a pertinência deste trabalho, destacamos a sua contribuição para futuras reflexões críticas

sobre as práticas pedagógicas ora instituídas, além da possibilidade de reestruturação dos programas de

formação de professores, no sentido de serem comprometidos com processos inovadores no âmbito das

práticas pedagógicas na área das Ciências Naturais.

Palavras-chave: Etnografia, Inovação pedagógica, formação de professores, Ciências Naturais.

VI Colóquio CIE-UMa

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O EDUCADOR AOS OLHOS DAS CRIANÇAS: UMA ABORDAGEM ETNOGRÁFICA

Guida Mendes Centro de Investigação em Educação – Universidade da Madeira, Campus da Penteada, 9000-390 Funchal, Madeira, Portugal. E-mail: [email protected].

Conceição Sousa Centro de Investigação em Educação – Universidade da Madeira, Campus da Penteada, 9000-390 Funchal, Madeira, Portugal. E-mail: [email protected]

Ana França

Centro de Investigação em Educação – Universidade da Madeira, Campus da Penteada, 9000-390 Funchal, Madeira, Portugal. E-mail: [email protected]

Com este estudo quisemos saber como é que as crianças vêem a sua educadora, através do desenho,

do discurso a ele associado e da observação da realização do mesmo.

A metodologia utilizada foi de orientação etnográfica. Assim, procuramos nesta investigação, dar

“voz” a 19 crianças através das seguintes estratégias: entrevistas-conversa, observação e desenhos

enquanto artefactos. A análise dos desenhos foi realizada através da interpretação do grafismo infantil. O

discurso e as notas de campo foram analisados através da metodologia de análise de conteúdo.

A partir dos resultados obtidos podemos concluir que todas as crianças deste estudo representam a

sua educadora através do desenho e que o discurso a ele associado complementa a “visão” expressa

através do registo gráfico. Confirmou-se que o estádio de desenvolvimento das crianças, associado ao seu

nível etário, e a familiaridade com objecto desenhado, neste caso a educadora, nem sempre corresponde

ao nível de representação gráfica infantil.

Palavras-chave: crianças; etnografia; desenhos; representação da educadora.

Universidade da Madeira, 9-10 de Dezembro 2010

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LE MICRO-DÉTAIL COMME OBJET DE LA MICROETHNOGRPAHIE

Driss Alaoui ORACLE, Université de La Réunion. E-mail: [email protected].

L'idéologie de la transparence dont parle de façon critique R Barbier (1997) conçoit le micro-détail

comme impur, parasite, opaque, bâtard à faire disparaître. Le positivisme l’a éloigné de l’ensemble des

phases de la recherche scientifique.

Le micro-détail c'est ce que les approches qualitatives et les paradigmes de la complexité et de la

compréhension ont tenté depuis quelques décennies à réhabiliter, avec un certain succès, en montrant ses

vertus ainsi que les énormes possibilités qu'il offre à une recherche humaine de l'être humain. Le micro-

détail n'est pas isolable, il est difficilement quantifiable.

En effet, le micro-détail introduit du désordre dans le processus de recueil et d'interprétation de fait

humain, secoue et ébranle la démarche classique de faire de la recherche et c'est pour cette raison que sa

mise à mort a été décrite par une décision non scientifique.

Tenter de définir la notion de micro-détail c'est accepter de s'engager sur une voie peu balisée

exigeant une prudence épistémologique et méthodologique.

Lors d'une conférence collective avec des chercheurs de la Société Européenne d'Ethnographie de

l'Education au IX colloque international de l'AFIRSE, nous avons abordé pour la première fois la notion de

micro-détail en insistant sur un point qui me semble toujours important à savoir que la taille du micro-

détail ne rentre que secondairement dans la définition de cette notion. La taille est à mettre en relation

avec le degré d'observabilité de l'objet dans sa multidimensionnalité. Cependant, avec une grande capacité

de nommer ce qui est moins visible, notamment pour ceux qui sont plus dans le voir que dans le regarder,

la taille, en tant qu'élément définitionnel, devient marginale. La taille n'est que l'aspect extérieur du micro-

détail qui ne révèle pas ce qui reste enveloppé dans le détail. Cette conception réductrice et objectiviste

sépare le micro-détail de celui qui le manifeste, l'observe et le transforme en donnée. C'est vers un autre

registre épistémologique qu'il me semble nécessaire d'orienter la réflexion afin de définir cette notion.

La complexité du micro-détail impose le recours à une microethnographie s’appuyant sur la

triangulation méthodologique. Celle-ci signifie la combinaison de diverses méthodes et de perspectives

pour appréhender un objet de recherche. Elle ne se réduit ni à une juxtaposition de techniques de recueil

et d’analyse des données, ni à un ensemble de méthodes homogènes excluant le recours au croisement et

à la confrontation des résultats. La triangulation est une stratégie qui postule l’hétérogénéité du cadre

méthodologique. De ce fait, elle forme un tout complexe avec l’approche multiréférentielle permettant

d’observer, de participer, d’écouter, d’interpréter et de comprendre la dynamique et l’inachèvement du

social en train de se faire et se défaire.

Nous essaierons de questionner le cadre épistémologique qui sous-tend la microethnographie aisni

que sa capacité méthodologique de capter le micro-détail.

O MICRO-DETALHE COMO OBJETO DA MICRO-ETNOGRAFIA

A ideologia da transparência, de que fala de modo crítico R Barbier (1997), concebe o micro-detalhe

como impuro, parasita, opaco, com tendência a desaparecer. O positivismo afastou-o por completo das

fases da pesquisa científica.

VI Colóquio CIE-UMa

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O micro-detalhe é aquilo que as abordagens qualitativas e os paradigmas da complexidade e da

compreensão tentaram reabilitar desde há algumas décadas para cá, com algum sucesso, mostrando as

suas virtudes e as enormes possibilidades que oferece à pesquisa humana do ser humano. O micro-detalhe

não é isolável nem facilmente quantificável.

Com efeito, o micro-detalhe introduz desordem no processo de recolha e interpretação do facto

humano, agita o modo clássico de fazer investigação e por esta razão, considerá-lo dado morto é uma

decisão não científica.

Tentar definir o conceito do micro-detalhe é embarcar num trabalho sem rede e requer prudência

epistemológica e metodológica.

Por altura de uma conferência colectiva com investigadores da Société Européenne de Ethnographie

da Educação, no IX Colóquio Internacional da AFIRSE, abordámos pela primeira vez a noção de micro-

detalhe, insistindo num ponto que me parece significativo – o de que a dimensão do micro-detalhe é

somente um aspecto secundário na definição deste conceito. A dimensão deve ser equacionada na relação

com o grau de observabilidade do objecto na sua multi-dimensionalidade. No entanto, a grande capacidade

de nomear o que é menos visível - o detalhe, para aqueles que estão mais a ver do que a olhar –

dimensioná-lo como elemento definível torna-se marginal. A dimensão não é senão um aspecto externo do

micro-detalhe, que não revela o que está envolvido no detalhe. Essa concepção redutora e objectivista

separa o micro-detalhe daquilo que o expressa, o observa e p transforma em dado. É para um outro registo

epistemológico que me interessa dirigir a reflexão a fim de definir este conceito.

A complexidade do micro-detalhe impõe o recurso a uma micro-etnografia que está baseada na

triangulação metodológica. Esta implica a combinação de vários métodos e perspectivas de apreensão do

objecto de pesquisa. Não se reduz nem a uma justaposição de técnicas de recolha e análise dos dados, nem

a um conjunto de métodos homogéneos, por exclusão do recurso ao cruzamento e à confrontação dos

resultados. A triangulação é uma estratégia que postula a heterogeneidade do quadro metodológico.

Assim, dá forma a um todo complexo, com a abordagem multi-referencial que torna possível observar,

participar, ouvir, interpretar e compreender a dinâmica e a incompletude da construção e desconstrução

do social.

Tentaremos questionar o quadro epistemológico que sustenta a micro-etnografia bem como a sua

capacidade metodológica para captar o micro-detalhe.

Universidade da Madeira, 9-10 de Dezembro 2010

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SENSUS

Liliana Rodrigues Universidade da Madeira. E-mail: [email protected]. http://www.uma.pt/cie-uma e www.uma.pt/liliana.

Este artigo é uma narrativa que conta a história da relação de um aluno, de 11ºano, com a Filosofia

durante a leccionação da unidade programática III - O Ser Humano e a Busca de Sentido na Existência.

Ocorre em 1996, numa escola perto do Casal Ventoso, um bairro marcado pela miséria e pela

toxicodependência, durante o meu 1º ano de serviço como professora. Os sumários, as memórias, as notas

do meu dossier de turma e os trabalhos dos alunos são a base de construção do relato etnográfico. Na

altura, não pretendia, de modo algum, dar este destino às minhas recordações. Ainda menos tinha por

objectivo elaborar um trabalho descritivo.

É visível, ao longo do texto, que não obedeci aos moldes convencionais de investigação etnográfica e,

provavelmente, podereis duvidar da sua objectividade. Mas ninguém terá dúvidas que é um trabalho que

antecede a própria ciência: a reflexão filosófica. Uma coisa é clara: é um trabalho que trata de pessoas

reais, que passa pela minha experiência nos oito meses de leccionação num contexto difícil. Foi ali, no Casal

Ventoso que descobri que estes alunos são a prova viva da dificuldade que é tentar inverter o ponto de

vista natural. Foram algumas excepções, como por exemplo, o aluno aqui representado, que permitiram a

construção deste trabalho.

A fragmentação do texto é propositada. Pretende-se a compreensão de que eu vivo no meu mundo,

ou seja, nós vivemos como que em mundos paralelos e de que como pode uma questão filosófica ser

entendida de modo tão absurdo. Aliás, ela nem chega a ser questão para o homem do senso comum. Daí

Sensus e o esforço da Filosofia.

VI Colóquio CIE-UMa

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UMA REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DO PROFESSOR FORMADO PELO CDI À LUZ DA

INOVAÇÃO PEDAGÓGICA

Heloísa Reis Araújo Universidade da Madeira.

Esta pesquisa visa apresentar uma proposta acerca de inovação pedagógica no âmbito da chama “era

da construção do conhecimento”. Busca-se aqui ressaltar como a informática está sendo utilizada e

trabalhada na educação pública do Brasil, especificamente no Estado da Bahia, apresentando o CDI como

prioneiro em uma proposta de educação inovadora que une tecnologia e cidadania a fim de realizar a tão

sonhada inclusão social e digital às classes menos favorecidas economicamente. Esta pesquisa na ótica da

inovação pedagógica com enfoque na tecnologia foi motivada pelas mudanças operacionalizadas nessa

área a partir da inegável revolução tecnológica, a qual tem instigado uma mudança na actuação do

professor, já que a informação pode ser obtida via computador a qualquer momento. Tenta-se descobrir

como o professor poderia aliar seus conhecimentos a uma formação em tecnologia para atuar em sala de

aula, promovendo a inclusão via Educação e Tecnologia. Além disso, pensar como fica a instituição escolar

dentro desse contexto exigiu não só leituras, como também pesquisa “inlocus”, tendo como fundamento

teórico os princípios da educação holística, os quais concebem o indivíduo não só na perspectiva do

conhecer, mas também privilegia o ser, o conviver e o fazer. Partindo de pressupostos epistemológicos,

pedagógicos e tecnológicos, realiza-se este trabalho de pesquisa a fim de entender e descobrir qual o

caminho que a educação deverá trilhar com o advento do computador. Nesse sentido, o educando do

século XXI é aquele que assimila as diferentes formas de acesso à informação e utilia a tecnologia para a

resolução de problemas sociais. Do ponto de vista metodológico, adopta-se uma abrodagem qualitativa de

pesquisa de carácter etnográfico, utilizando a observação e a entrevista como instrumentos para a coleta

de dados a fim de se obter resultados satisfatórios. Assim sendo, acredita-se na possibilidade de uma

educação numa perspectiva transformadora da sociedade.

Palavras-chave: Inovação Pedagógica, cidadania, Inclusão Social, Tecnologia, Formação Reflexiva.

Universidade da Madeira, 9-10 de Dezembro 2010

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O DIÁRIO ETNOGRÁFICO ELECTRÓNICO, INSTRUMENTO DE ANÁLISE DOS DISPOSITIVOS

PEDAGÓGICOS NA ESCOLA

José Paulo G. Brazão Centro de Investigação em Educação, Centro de Competências de Ciências Sociais, Universidade da Madeira. E-mail: pbrazã[email protected].

Pretendo nesta comunicação apresentar o diário etnográfico como instrumento metodológico

adequado ao registo, à reflexão e à análise de dispositivos pedagógicos, construídos a partir de culturas

locais, na escola.

Um trabalho fundamental ao professor/investigador preocupado em promover a inovação

pedagógica.

Palavras-chave: diário etnográfico electrónico, dispositivo pedagógico, inovação pedagógica.

VI Colóquio CIE-UMa

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A CONSTRUÇÃO DOS SABERES E HABILIDADES NECESSÁRIAS À ATUAÇÃO DOCENTE NO

CONTEXTO DA INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: A FORMAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO DO PROFESSOR

Robson Luiz de França Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected].

Este trabalho é resultado de pesquisa que se articula com o Grupo de Pesquisa TRABALHO,

EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO HUMANA e se insere no contexto das pesquisas desenvolvidas em articulação

com as propostas do Centro de Investigação em Educação – CIE - UMa. O trabalho foi desenvolvido junto à

docentes Pedagogos da Rede Escolar Municipal da Cidade de Uberlândia – MG e verificou os aspectos de

formação profissional tendo em vista o viés da Inovação Pedagógica bem como a identificação dos

conhecimentos adquiridos para o exercício da prática docente na Educação Básica à partir da discussão

sobre a profissionalização docente incluindo os aspectos da implicações do debate sobre a

profissionalização docente na formação e atuação; considerou a construção dos saberes e habilidades

necessárias à atuação docente tendo em vista a Inovação Pedagógica.

Palavras-Chave: Formação Profissional, Formação Docente, Inovação Pedagógica, Prática Docente.

Universidade da Madeira, 9-10 de Dezembro 2010

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RELATO DE UMA INVESTIGAÇÃO ETNOGRÁFICA CRÍTICA SOBRE POLÍTICAS E PRÁTICAS

DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS EM PORTUGAL (1996-2006)

Rosanna Barros

ESEC - Universidade do Algarve. E-mail: [email protected].

Foi num Centro RVCC (agora Centro Novas Oportunidades) de uma Associação de Desenvolvimento

Local (ADL) com duas décadas de intervenção crítica e cívica em meio rural algarvio, que efectuámos o

trabalho de campo antropológico1, no âmbito de uma investigação educacional realizada entre 2003 e

2009, que nos permitiu registar em primeira-mão e numa base regular de observação directa, participante

e não participante, informação empírica acerca desta nova modalidade educacional destinada a adultos.

Através dos dados resultantes deste estudo particular podemos inferir alguns elementos de reflexão para

problematizar quer a importância, para a governação pluriescalar do sector, da produção local consciente

de políticas, quer a importância de promover um desenvolvimento autónomo duma modalidade educativa

que tem na sua origem, reconhecidamente, um potencial elevado de emancipação pessoal e social. Para

cumprir este desiderato concedeu-se protagonismo às práticas discursivas, às representações e às práticas

político-pedagógicas dos principais actores locais envolvidos, a que se juntariam ainda os dados

procedentes da análise de conteúdo de diversas fontes documentais.

1 O trabalho de campo antropológico decorreu de 28 de Junho de 2004 até 13 de Junho de 2005.

VI Colóquio CIE-UMa

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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA CRIANÇA A PARTIR DO CONTATO DA LITERATURA INFANTIL

Alfrancio Ferreira Dias

VI Colóquio CIE-UMa

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