EXAME PRÉVIO DE EDITAL RELATOR CONSELHEIRO … · 508/14-DCC, do tipo menor ... (LG) superior a 1,0; ... de modo a dificultar a mensuração de quilometragem percorrida pelos veículos

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Gabinete do Conselheiro Sidney Estanislau Beraldo

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EXAME PRÉVIO DE EDITAL

RELATOR CONSELHEIRO SIDNEY ESTANISLAU BERALDO TRIBUNAL PLENO - SESSÃO DE 11-02-2015 – MUNICIPAL

============================================================ Processo: TC-005299.989.14-5 Representante: F&B Transportadora Turística Ltda Representada: Prefeitura Municipal de Guarulhos Assunto: Exame prévio do edital do pregão presencial nº 508/14-DCC, do tipo menor valor total por lote, que tem por objeto o “registro de preços para locação de veículos utilitários e passeio com condutores habilitados”. Responsável: Sebastião Almeida (Prefeito Municipal) Subscritora do edital: Cristina Raffa Volpi (Diretora do Departamento de Compras e Contratações) Advogados: Alexandre Marcondes Rodrigues (OAB/SP nº 168.801), Alberto Barbella Saba (OAB/SP nº 313.446), Ari Fernando Lopes (OAB/SP nº 140.905) Valor estimado: Lote 01 R$ 8.434.620,00 Lote 02 R$ 33.258.300,00 ============================================================ 01. RELATÓRIO 1.1 Trata-se do exame prévio do edital do pregão presencial nº 508/14-DCC, do tipo menor valor total por lote, deflagrado pela PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS, cujo objeto é o “registro de preços para locação de veículos utilitários e passeio com condutores habilitados, conforme o descrito no Anexo I – Memorial Descritivo”. 12. Insurgiu-se a Representante contra as seguintes disposições do edital:



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a) Anexo I1 - a aglutinação indevida no mesmo lote de 03 (três) veículos com características distintas, que deveriam ser licitados individualmente;

b) Item 1 do Lote 022 - o excesso de especificações do produto (Blindagem Nível III-A), em descompasso aos demais itens que compõem o lote;

c) Item 6.2.4.2”3 - a imposição de comprovação de capital social ou patrimônio líquido baseado em percentual do valor estimado da contratação;

1 “Anexo I

Memorial Descritivo – PREGÃO (PRESENCIAL) Nº 508/14-DCC (...)

LOTE 01

ITEM DESCRIÇÃO DO(S) PRODUTO(S)/EXIGÊNCIAS

01 VEÍCULOS UTILITÁRIOS TIPO CAMINHONETE COM CABINE SIMPLES, CARROCERIA CAPACIDADE MÍNIMA DE CARGA 750 KG E MÁXIMA DE 1000 KG, EM PERFEITAS CONDIÇOES DE USO, DEVIDAMENTE CADASTRADO NA ANTT, COM CONDUTOR HABILITADO NA CATEGORIA, COMBUSTÍVEL E QUILOMETRAGEM LIVRE. (LIMITE DE USO ATÉ 05 ANOS)

02 VEÍCULOS UTILITÁRIOS TIPO CAMINHONETE COM CABINE DUPLA, TRAÇÃO 4x4, CAPACIDADE PARA TRANSPORTE DE ATÉ 5 PESSOAS, CARROCERIA DE CARGA ABERTA, CAPACIDADE MÍNIMA DE CARGA 750 KG E MÁXIMA DE 1000 KG MOTOR COM CAPACIDADE MÍNIMA DE 1.600CC EQUIPADA COM AR CONDICIONADO, EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE USO, DEVIDAMENTE CADASTRADO NA ANTT COM CONDUTOR HABILITADO NA CATEGORIA, COMBUSTÍVEL E QUILOMETRAGEM LIVRE. (LIMITE DE USO ATÉ 05 ANOS)

03 VEÍCULOS UTILITÁRIOS VAN FURGÃO, OU SIMILAR PARA CARGA COM CAPACIDADE ACIMA DE 1,5 TON. E 9,0 M3, COM DUAS PORTAS TRASEIRAS E UMA LATERAL CORREDIÇA, EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE USO, DEVIDAMENTE CADASTRADO NA ANTT, COM CONDUTOR HABILITADO NA CATEGORIA, COMBUSTÍVEL E QUILOMETRAGEM LIVRE. (LIMITE DE USO ATÉ 05 ANOS)

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LOTE 02

ITEM DESCRIÇÃO DO(S) PRODUTO(S)/EXIGÊNCIAS

01 VEÍCULOS TIPO SEDAN EXECUTIVO 5 PORTAS, MOTOR 2.0, OU SIMILAR, COM AR CONDICIONADO, COM CAPACIDADE PARA 5 PASSAGEIROS, INCLUSIVE O CONDUTOR, PREFERENCIALMENTE PINTADO NA COR PRETA, DIREÇÃO HIDRAULICA, CAMBIO AUTOMATICO DE 5 MARCHAS, FREIOS DIANTEIROS DISCOS VENTILADOS, FREIOS TRASEIROS DISCOS SÓLIDOS COM SISTEMA ABS, EQUIPADO COM BLINDAGEM NÍVEL III-A, INCLUINDO PNEUS, LATARIAS E VIDROS, SIRENE COMPLETA COM INTER COMUNICADOR EXTERNO, CINTA DE SEGURANÇA NAS RODAS E DEMAIS ACESSÓRIOS BÁSICOS, EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE USO, CONDUTOR HABILITADO NA CATEGORIA, COMBUSTÍVEL E QUILOMETRAGEM LIVRE. (LIMITE DE USO ATÉ 03 ANOS)

02 VEÍCULOS TIPO POPULAR 5 PORTAS, MOTOR 1.0, OU SIMILAR, COM CAPACIDADE PARA 5 PASSAGEIROS, INCLUSIVE O CONDUTOR, EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE USO, COM CONDUTOR HABILITADO NA CATEGORIA, COMBUSTÍVEL E QUILOMETRAGEM LIVRE. (LIMITE DE USO ATÉ 03 ANOS)

03 VEÍCULOS TIPO SEDAN EXECUTIVO 5 PORTAS, MOTOR 2.0, OU SIMILAR, COM AR CONDICIONADO, COM CAPACIDADE PARA 5 PASSAGEIROS, INCLUSIVE O CONDUTOR, EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE USO, COM CONDUTOR HABILITADO NA CATEGORIA, COMBUSTÍVEL E QUILOMETRAGEM LIVRE. (LIMITE DE USO ATÉ 03 ANOS



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d) Item 6.2.4.34 - as exigências cumuladas de capital social ou patrimônio líquido e índices de liquidez.

1.3 Ante a existência de indícios de restrição indevida à competitividade, a suspensão do certame foi decretada e a medida liminar referendada por este E. Plenário. Naquela oportunidade, considerei relevante que fosse também esclarecida a adoção do registro de preços, sistema que pressupõe a eventualidade do fornecimento dos bens ou serviços e a imprevisibilidade da demanda do objeto.

1.4 Regularmente notificada, a Administração defendeu que a composição dos lotes foi a mesma utilizada em certames anteriores, considerando apenas as características dos veículos utilitários (Lote 1) e veículos de passeio (Lote 2), não opondo objeções em desmembrar os lotes se for necessário. Quanto às especificações do produto Blindagem Nível III-A, informou que é a mesma utilizada para o veículo que atende o Prefeito. Sustentou que a comprovação de capital social ou patrimônio líquido observou os limites legais estabelecidos no § 3º do artigo 31 da Lei nº 8.666/93 e que, em razão do elevado valor estimado da licitação, entendeu pertinente a adoção da exigência para garantir a segurança da futura contratação. Alegou que a utilização de veículos locados é necessária em razão de possuir uma frota antiga que demanda consertos e, enquanto

3 “6.2.4.2. Prova de Capital Social ou Patrimônio Líquido no mínimo de R$ 843.462,00 (oitocentos e quarenta

e três mil e quatrocentos e sessenta e dois reais) para o Lote 01 e R$ 3.325.830,00 (três milhões trezentos e vinte e cinco mil e oitocentos e trinta reais) para o Lote 02, devendo a comprovação ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei (Art. 31, § 3º, da Lei Federal nº 8.666/93). “

4 “6.2.4.3. Balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e

apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrados a mais de 03 (três) meses da data de apresentação da proposta, comprovando os seguintes índices:

- Índice de Liquidez Geral (LG) superior a 1,0; - Índice de Solvência Geral (SG) superior a 1,0; - Índice de Liquidez Corrente (LC) superior a 1,0, calculados pelas seguintes fórmulas:

LG = AC + RLP SG = AT LC = AC PC+ELP PC+ELP PC

Onde: AC = Ativo Circulante, PC = Passivo Circulante, AT = Ativo Total, ELP = Exigível a Longo Prazo e RLP = Realizável a Longo Prazo. Observações: No caso de empresa recém-constituída, poderá a licitante apresentar balanço de abertura,

que comprove a boa situação financeira da empresa.”



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alguns veículos estão em manutenção, utiliza-se das locações para que não ocorra a interrupção dos serviços. Neste contexto, justificou a adoção do sistema de registro de preços porquanto “não há como se estabelecer quantidade fixa a ser adquirida, vez que o mesmo objetiva atender a demanda de cada setor”. 1.5 A Assessoria Técnico-Jurídica pronunciou-se pela procedência parcial da representação. De início, apontou que “ambos os lotes são compostos por veículos de diferentes características, que não se confundem de maneira a permitir sejam definidos como objeto único”, impondo-se, no caso, a regra prevista no artigo 23, § 1º, da Lei nº 8.666/93.

Ainda sobre o assunto, anotou que a adjudicação por lotes é incompatível com o sistema de registro de preços.

Entendeu que merece acolhimento a justificativa apresentada pelo Município no que tange à especificação do veículo de passeio com blindagem, porquanto a definição do objeto licitado é adstrita à discricionariedade do Administrador e por se tratar, no caso, de veículo destinado ao uso do Chefe do Executivo.

Ressaltou que as exigências de qualificação econômica impostas se enquadram no rol do artigo 31 da Lei nº 8.666/93.

Por fim, destacou que o objeto da licitação não se conforma com o sistema de registro de preços em razão de se tratar de uma prestação de serviço previamente definida e de execução continuada, não se aproveitando a alegação de impossibilidade de estabelecimento de quantidade fixa a ser adquirida.

1.6 O Ministério Público de Contas pugnou pela anulação do certame, considerando que a Administração tem “condições de dimensionar, com a necessária precisão, o objeto do certame, não há de se falar em legitimidade na utilização do sistema de registro de preços, vício de origem que contamina todo o procedimento”.

Em relação às demais impugnações, acompanhou o parecer da Assessoria Técnica.

Suscitou, ainda, questionamento quanto à contratação com “quilometragem livre”, que inviabilizaria qualquer formulação séria de propostas.



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1.7 A Secretaria-Diretoria Geral igualmente se manifestou pela anulação do certame, ressaltando que “as justificativas apresentadas não foram capazes de demonstrar a possibilidade de adoção do sistema de registro de preços para o objeto em questão”.

Quanto ao excesso de especificações (Blindagem Nível III-A), observou que somente é possível constar expressamente do edital que os veículos blindados “serão locados exclusivamente na ocasião em que for necessário o transporte de autoridades às quais se apliquem protocolos que exijam tal providência” (TC-004770.989.14-35). 1.8 Em face da questão suscitada pelo Ministério Público de Contas, a Administração obtemperou que a Ata de Registro de Preços poderá ser utilizada por todos os Setores da Prefeitura, com particularidades e demandas específicas, de modo a dificultar a mensuração de quilometragem percorrida pelos veículos locados, mas “caso seja obrigatório mencionar um número, podemos dizer que os veículos deverão percorrer em média 150 Km por dia”. Asseverou que a quilometragem livre é mais vantajosa “quando não se sabe quantos quilômetros pretende rodar, ou ainda, para viagens que consideram grandes distâncias a serem percorridas”. Garantiu que a adoção de quilometragem livre é mais vantajosa para a Administração, na medida em que não arcará com o pagamento de quilometragem que eventualmente extrapole o limite previamente estabelecido. 1.9 Instado a se manifestar, o Ministério Público de Contas reiterou sua posição, anotando que a ausência de estimativa idônea das distâncias médias a serem percorridas, em razão da adoção da “quilometragem livre”, somada com o abastecimento a cargo da contratada, inviabiliza a adequada formulação das propostas, em razão da indefinição dos gastos que a contratada terá com esta operação. Neste cenário, apontou que “tais valores obviamente estarão inclusos nas propostas, bem como, que gerarão ônus ao erário inclusive quanto a distância efetivamente utilizada ficar aquém do previsto”. 5 Tribunal Pleno, sessão de 10-12-14, Relator Substituto de Conselheiro JOSUÉ ROMERO



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1.10 Por sua vez, a Secretaria-Diretoria Geral assinalou que “o acrescido apenas reforça o caráter restritivo do instrumento convocatório, na medida em que, considerando tratar-se de contratação com ‘quilometragem livre’, confirma a ausência de informação imprescindível à correta formulação das propostas, qual seja, a indicação da estimativa de quilometragem a ser percorrida, vez que o abastecimento dos veículos representa encargo da contratada”. É o relatório. 2. VOTO 2.1 As manifestações do Ministério Público de Contas e Secretaria-Diretoria Geral são unânimes no sentido de que o certame apresenta vício insanável, a ensejar sua reforma.

A questão central enfrentada refere-se ao sistema de registro de preços adotado pela Administração para locação de veículos utilitários e de passeio com condutores habilitados.

Impende destacar que o sistema de registro de preços é um procedimento em que há a seleção da proposta mais vantajosa, visando à contratação eventual e futura de bens ou serviços, conforme a conveniência da Administração. Deste modo, é a eventualidade do fornecimento e a imprevisibilidade da demanda que permeiam suas características essenciais.

No entanto, no caso, verifico que, de acordo com o Anexo VIII – Termo de Referência, a contratada deverá manter turno regular de trabalhos, fornecer relatórios diários, bem como planilha mensal dos serviços prestados, observar o cumprimento de horário dos empregados, exercer fiscalização permanente, com previsão de reuniões mensais e avaliações diárias6.

6 “Manter durante os turnos de trabalhos nos horários das 08h às 17h um ou mais profissionais

encarregados/líderes capazes de tomar decisões compatíveis com os compromissos assumidos pela empresa. Estes encarregados/líderes terão a obrigação de reportarem-se, quando houver necessidade, ao coordenador dos serviços da contratante e tomar as providências pertinentes. O representante da empresa encarregado/líder será sempre o elo entre a equipe atuante e a direção da contratante para dirimir todos os problemas que possam ocorrer.

A contratada deverá fornecer relatórios diários, bem como, planilha mensal com a quantificação dos serviços prestados.



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Neste contexto, como destacado pela Assessoria Técnico-Jurídica, resta “inequívoco tratar-se de uma prestação de serviço previamente definida e de execução continuada, não se mostrando suficiente para descaracterizá-la como tal, em face das exigências supras referidas, a simples alegação de que ‘não há como estabelecer quantidade fixa a ser adquirida, vez que o objeto visa atender a demanda de cada setor’”.

Ademais a própria Administração reconhece que os “os serviços são contínuos e não podem ser paralisados pois assim causaria transtornos aos munícipes que deixariam de ser atendidos, no imperativo de cumprirmos as obrigações do serviços público, com eficácia e de imediato, torna-se necessário fazer locações”.

Destaco que esta Corte tem reconhecido, em diversos julgados, a completa inadequação da adoção do sistema de registro de preços para os serviços de características continuadas, a exemplo do decidido nos autos do TC-001090.989.12-07:

“Ante as questões abordadas nos autos, permito-me inverter a

ordem de enfrentamento destas impugnações por endossar destaque dado por meu i. Substituto ao determinar a suspensão do certame que, com amparo na jurisprudência deste Tribunal, considera que a adoção do sistema de registro de preços não se mostra adequado à execução de serviços de limpeza como os aqui pretendidos e pode, por esta razão, ensejar a necessidade de uma completa revisão de todo o texto editalício, o que culminará na necessidade de se anular o edital.

Sobre este aspecto, a despeito de a Origem defender que “o registro de preços tem aplicação quando, pelas características do objeto, houver necessidade de contratações frequentes, mas não houver possibilidade de definição prévia do quantitativo a ser

Os empregados deverão cumprir rigorosamente os horários de trabalho, considerando o intervalo regimental, conforme legislação vigente, ficando a Contratada diretamente responsável por eventuais inobservâncias.

A Contratada deverá exercer fiscalização permanente sobre os serviços executados.

Mensalmente, o representante legal da Contratada, deverá realizar com a Contratante, reuniões técnicas administrativas, para aprimorar a qualidade dos serviços prestados.

Ficará designado um funcionário, da CONTRATANTE e o encarregado/líder da CONTRATADA (para diariamente procederem às avaliações qualitativas e quantitativas dos serviços executados, bem como rondas quando necessário).”

7 Tribunal Pleno, sessão de 24-10-12, Relator e. Conselheiro ROBSON MARINHOI



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demandado pela Administração”, o que se percebe é que esta sistemática não se aplica ao caso dos autos.

Constata-se no Termo de Referência apenso ao edital, que para a eficácia e qualidade dos serviços almejados, estabeleceu-se horário de trabalho (de segunda a sexta-feira, entre 07h00 e 17h00, obedecendo ao limite de 44 horas semanais), conforme turno a ser definido pela contratante ou com as próprias áreas interessadas quando estas submeterem-se a horários especiais, frequência das prestações destes serviços (diária, semanal, quinzenal mensal, trimestral - Anexo I), locais de execuções (Anexo II), quantitativos (área – m²) e preço unitário mensal (Anexo III), evidenciando que estamos diante de um objeto cuja necessidade pública é permanente e contínua e, como tal, não se submete às características exigidas para a adoção do sistema de registro de preços”

Julgo, assim, inaplicável o sistema de registro de preços à espécie, apresentando o certame vício de origem que torna imperiosa sua reformulação. 2.2 Ainda assim, considero oportuno discorrer acerca das demais impugnações, de forma a evitar sobrevida de irregularidades em eventual novo certame. Primeiramente, procede a impugnação referente a indevida aglutinação de veículos com características distintas nos lotes. Não obstante a regra a ser aplicada no sistema de registro de preços seja a de julgamento pelo “menor preço unitário”, por se harmonizar com a conveniência da Administração, possibilitando a aquisição dos itens nas quantidades necessárias e mediante variados fornecedores, esta Corte não impede a adjudicação pelo “menor preço por lote”, desde que o agrupamento dos produtos mantenha similaridade entre si. Contudo, não é o que se averigua no caso destes autos.

A despeito de a Administração sustentar que o objeto do certame foi dividido em dois lotes, nos mesmos moldes de atas anteriores, considerando-se apenas as características veículos utilitários e de passeio, é certo que o edital agrupou no Lote 1 automóveis que não guardam afinidade entre si (Caminhonete com Van Furgão ou similar), enquanto que no Lote 2 o excesso de especificações do item 1 (Blindagem Nível III-A) o distingue dos demais.



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Deste modo, tratando-se de veículos que não mantêm similaridade entre si, a adjudicação por lotes restringe, injustificadamente, a ampla participação de interessados, em franco prejuízo à isonomia e ao comando do art. 23, § 1º, da Lei 8.666/93.

Portanto, a Administração deve desmembrar os lotes, conforme anuído em suas justificativas, adotando o julgamento pelo “menor preço unitário”. 2.3 Igualmente procedente a questão atinente ao excesso de especificações nos veículos Sedan Executivo, equipado com Blindagem Nível III-A.

Em que pese a possibilidade de a Administração, no exercício de sua competência discricionária, buscar a aquisição de produtos de melhor qualidade, indicando, por isso, as especificações desejadas, caso o objeto do certame inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, o edital deve discriminar as justificativas técnicas hábeis a amparar tal escolha, conforme comando previsto no § 5º do artigo 7º da Lei nº 8.666/93. Ainda que a Administração, em suas razões de defesa, informe ter “um veículo blindado na frota, o veículo que atende ao Prefeito, e o nível de blindagem é exatamente esse”, tais dados não constaram do ato convocatório. Além disso, não foi justificada a necessidade da locação dos quantitativos indicados, “visto que para substituir 01 (um) veículo blindado de uso do Chefe do Executivo, a Prefeitura está licitando o quantitativo de 20 (vinte) veículos”, como bem pontuado por SDG. Deste modo, o edital deve ser reformado para consignar expressamente estas informações, a exemplo do decidido nos autos TC-004770.989.14-38, cujo trecho de interesse extraio:

“Finalmente, com relação aos 3 (três) veículos sedan blindados que estão sendo licitados no Lote 5, desde que seja dado cumprimento à justificativa da Administração, no sentido de que tais veículos seguem medidas protocolares para o transporte de autoridades como o Presidente da República, Ministros e Chefes de Estado, não haverá um desvio de finalidade claro no uso do poder discricionário.

8 Vide nota 5



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Por tal razão, deverá a Prefeitura de Jundiaí promover retificação do ato convocatório para que, no anexo respectivo do edital, na minuta do contrato e no futuro instrumento contratual a ser assinado, passe a ficar expressamente consignado que os 3 (três) veículos blindados serão locados exclusivamente na ocasião em que for necessário o transporte de autoridades às quais se apliquem protocolos que exijam tal providência.”

2.4 Procedente, também, a questão referente à contratação com “quilometragem livre”, suscitada pelo Ministério Público de Contas. Impende destacar que o instrumento convocatório vincula as partes às normas e condições estabelecidas no edital, devendo, por isso, ser claro e objetivo, de modo que as licitantes tenham condições plenas de formular adequadamente suas propostas, considerando o custo da operação ante as informações constantes no mesmo. Todavia, não é o que ocorre. Verifico que o edital previu a contratação com “quilometragem livre” e abastecimento a cargo da contratada, sem indicar qualquer estimativa das distâncias médias a serem percorridas por cada veículo, de modo que os proponentes carecem de informações imprescindíveis para estimar os custos com a prestação de serviços e formular propostas idôneas. Aliás, a Administração demonstra desconhecer a real dimensão do objeto licitado, já que, em resposta ao pedido de esclarecimentos, informa ter “dificuldades em precisar uma quantidade de quilometragem que será percorrida pelos veículos locados”, indicando uma média de 150 Km por dia. Tal conduta não se coaduna com o procedimento licitatório, que requer estudos técnicos preliminares para a definição precisa, suficiente e clara do objeto, de modo a possibilitar a avaliação dos custos pelas licitantes, notadamente em razão de o abastecimento dos veículos, no caso, ficar por conta da contratada. Neste contexto, insubsistente a alegada “vantajosidade para a Administração, visto que não será necessário arcar com o pagamento de quilometragem que eventualmente extrapole o limite previamente estabelecido”, porquanto as licitantes incluirão em suas propostas valores superiores aos usuais para custear a prestação de um serviço indeterminado.



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Assim, a ausência de informação pertinente à execução do objeto pretendido na licitação tem o condão de restringir a competitividade, na medida em que inviabiliza a correta formulação das propostas.

Nestes termos, a decisão plenária de 20-08-14, nos autos do TC-002806.989.14-1, Relatora Conselheira CRISTIANA DE CASTRO MORAES. 2.5 Improcedente, no entanto, a crítica atinente à qualificação econômica das licitantes.

A exigência de capital social ou patrimônio líquido no percentual de 10% do valor estimado para a contratação, encontra-se em conformidade com a jurisprudência desta Corte, não extrapolando a previsão contida no artigo 31, § 3º, da Lei Federal nº 8.666/93.

Deve, contudo, a Administração efetuar as correções pertinentes no ato convocatório, quando da alteração do tipo de licitação, ajustando a exigência para cada item licitado.

Quanto aos índices econômicos, o art. 31, §§ 1º e 5º, da Lei de Licitações possibilita a sua exigência e este Tribunal de Contas estabeleceu, como regra geral, limites para sua imposição.

Os valores mínimos9 exigidos no edital estão em conformidade com os patamares aceitos por esta Corte e, no presente caso, em que a análise da matéria é sumária, objetiva e abstrata, considero que a regra estabelecida na seara da competência discricionária do administrador, não ostenta manifesta ilegalidade ou restrição à ampla competição.

2.6 Posto isto, circunscrito estritamente às questões analisadas, considero parcialmente procedentes as impugnações, determinando que a Administração, querendo dar seguimento ao certame, adote as medidas corretivas pertinentes para dar cumprimento à lei, especialmente para: a) extinguir a utilização do sistema de registro de preços, em eventual novo procedimento a ser adotado; b) adotar o critério de julgamento pelo “menor preço unitário”;

9 Valores mínimos exigidos: Liquidez Geral > 1,00, Liquidez Corrente > 1,00 e Solvência Geral > 1,00



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c) consignar expressamente no ato convocatório as justificativas técnicas aptas a amparar a escolha de especificação exclusiva; e d) indicar, no edital, as informações pertinentes para a correta formulação das propostas.

Deve também promover cuidadosa e ampla revisão de todos os demais itens do ato convocatório relacionados. A Administração deve atentar, depois, para a devida republicação do edital, nos termos reclamados pelo artigo 21, § 4º, da Lei 8.666/93. Transitada em julgado a decisão, arquivem-se os autos eletronicamente.

Sala das Sessões, 11 de fevereiro de 2015. SIDNEY ESTANISLAU BERALDO CONSELHEIRO

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