34
R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005001 – tel (11)38682729 – fax (11) 35646653 – email: [email protected] 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO PAULO – CAPITAL A SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, denominada ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – ADUSP Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional, inscrita no CNPJ sob número 51.688.943/0001 90, com endereço na Rua Professor Almeida Prado, 1366, São Paulo, SP., CEP 05508 070, conforme autorizado pelo art. 4 º, item 5 do Estatuto da entidade (Doc. 01 e 02), no âmbito dos docentes da Universidade de São Paulo, representada por seu Diretor Presidente, Rodrigo Ricupero, brasileiro, casado, portador do RG n. 25.077.8579e inscrito no CPF/MF sob o n. 136.134.37880, em conformidade com as disposições estatutárias em anexo (Docs. 03 e 04), na qualidade de substituto processual, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio de suas procuradoras abaixo assinadas (Doc. 05), com fundamento nos art. 5º e 12 da Lei da Ação Civil Pública e art. 81 e 82 do Código de Defesa do Consumidor, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face de BRADESCO SEGURO SAÚDE, com sede na Rua Barão de Itapagipe nº 225, Bairro Rio Comprido, CEP 20.261000, Rio de Janeiro, RJ, inscrita no CNPJ sob nº 92.693.118/000160; e em face de QUALICORP, com sede na Rua Doutor Plínio Barreto, 365, 1º andar Bela Vista, São Paulo/SP, CEP: 01313020, CNPJ sob n.º 07.755.207/0001 15, na pessoa de seus respectivos representantes legais, pelos fatos e fundamentos a seguir articulados.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 1       

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO 

CENTRAL DE SÃO PAULO – CAPITAL 

 

 

 

 

 

 

A SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, denominada 

ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE DE  SÃO  PAULO  – ADUSP  ­  Seção 

Sindical do ANDES ­ Sindicato Nacional, inscrita no CNPJ sob número 51.688.943/0001­

90, com endereço na Rua Professor Almeida Prado, 1366, São Paulo, SP., CEP 05508­

070, conforme autorizado pelo art. 4 º, item 5 do Estatuto da entidade (Doc. 01 e 02), 

no âmbito dos docentes da Universidade de São Paulo, representada por seu Diretor 

Presidente,  Rodrigo  Ricupero,  brasileiro,  casado,  portador  do  RG  n.  25.077.857­9  e 

inscrito  no  CPF/MF  sob  o  n.  136.134.378­80,  em  conformidade  com  as  disposições 

estatutárias  em  anexo  (Docs.  03  e  04), na  qualidade de  substituto  processual,  vem 

respeitosamente,  perante  Vossa  Excelência,  por meio  de  suas  procuradoras  abaixo 

assinadas (Doc. 05), com fundamento nos art. 5º e 12 da Lei da Ação Civil Pública e art. 

81 e 82 do Código de Defesa do Consumidor, propor a presente 

 

AÇÃO CIVIL PÚBLICA 

 

em face de BRADESCO SEGURO SAÚDE, com sede na  Rua Barão de Itapagipe nº 225, 

Bairro  Rio  Comprido,  CEP  20.261­000,  Rio  de  Janeiro,  RJ,  inscrita  no    CNPJ  sob  nº 

92.693.118/0001­60; e em face de QUALICORP, com sede na Rua Doutor Plínio Barreto, 

365, 1º andar ­ Bela Vista, São Paulo/SP, CEP: 01313­020, CNPJ sob n.º 07.755.207/0001­

15, na pessoa de seus respectivos representantes  legais, pelos fatos e fundamentos a 

seguir articulados. 

Page 2: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 2       

I. DO OBJETO 

 

A presente ação  tem por objeto, em  síntese,  a adequação do 

contrato  entabulado  entre  os  docentes  da  Universidade  de  São  Paulo  –USP,  ora 

substituídos, e as empresas Bradesco Saúde e Qualicorp  (Doc. 06), aos preceitos do 

Código de Defesa do  Consumidor  e  Resoluções  da ANS.  Especificamente,  trata  este 

processo  da  1)  nulidade  de  cláusula  contratual  que  prevê  a  rescisão  unilateral  do 

contrato  pela  demissão  ou  aposentadoria  do  beneficiário;  2)  ausência  de  cláusula 

assegurando a continuidade do plano aos dependentes, em caso de morte do titular, 

denominado benefício da remissão, nos moldes da contratação anterior (Doc. 07). 

 

II. PRELIMINARMENTE 

II.1. DA LEGITIMIDADE ATIVA 

 

A  parte  Autora  é  entidade  sindical  atuando  em  substituição 

processual dos  servidores  integrantes de  sua base, como  lhe  faculta o art. 3º da Lei 

8.073/901, bem como o que dispõe o artigo 8°,  inciso  III, da Constituição Federal de 

1988, que prediz que “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou 

individuais  da  categoria,  inclusive  em  questões  judiciais  ou  administrativas”.  Ophir 

Cavalcante Junior, leciona, comentando o art. 8º, inciso III, da Constituição Federal: 

 

Não  se  trata de mero princípio programático  ou  que  encerre 

simples representação processual ­ onde haveria necessidade de 

outorga de poderes  ­ é sim, ao  revés, o coroamento em nível 

constitucional  do  instituto  da  substituição  processual, 

porquanto,  se  confere  às  entidades  sindicais  poderes  para 

                                                           1 Art. 3º ­ As entidades sindicais poderão atuar como substitutos processuais dos integrantes da 

categoria. 

Page 3: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 3       

promover, em  seu próprio nome, a defesa dos  interesses dos 

empregados em demandas administrativas e judiciais.2 

  

A  legitimidade  do  Sindicato­Autor,  ainda,  é  ancorada  nas 

disposições contidas nos artigos 1º, inciso IV, 5º, 18 e 21, da Lei nº 7.347/85, combinados 

com os artigos 81, parágrafo único, inciso III, e 82, inciso IV, da Lei nº 8.078/90 (Código 

de Defesa do Consumidor), na medida em que atua na defesa de direitos  individuais 

homogêneos de que os substituídos são titulares. 

 

Com efeito, há muito a jurisprudência tem se firmado no sentido 

de  assegurar  aos  sindicatos o direito de  atuação  em  juízo para preservar  interesses 

individuais ou coletivos da categoria representada, senão, vejamos: 

 

PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL. AÇÃO  CIVIL  PÚBLICA. 

DEFESA  DE  DIREITOS  INDIVIDUAIS  HOMOGÊNEOS  DE 

SERVIDORES  PÚBLICOS.  CABIMENTO.  LEGITIMIDADE  DO 

SINDICATO.  CONCESSÃO  DE  BENEFÍCIO  DE  ASSISTÊNCIA 

JUDICIÁRIA  GRATUITA.  IMPOSSIBILIDADE  PORQUE  NÃO 

COMPROVADA  TEMPESTIVAMENTE  A  MISERABILIDADE  DO 

SINDICATO. ISENÇÃO DE CUSTAS. APLICAÇÃO DO ART. 18 DA LEI 

N. 7.347/85. 

1. Trata­se, na origem, de agravo de instrumento contra decisão 

que indeferiu o processamento da presente demanda sob o rito 

da Lei de Ação Civil Pública e o pedido de assistência  judiciária 

gratuita. O acórdão manteve este entendimento. 

2. Nas  razões  recursais, sustenta a parte  recorrente ter havido 

violação aos arts. 5º e 21 da Lei n. 7.347/85 e 81 e 87 da Lei n. 

                                                           2 Rev. LTr. Vol 53, nº 10, outubro de 1989. 

Page 4: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 4       

8.078/90 ­ postulando o cabimento de ação civil pública ajuizada 

por sindicato em defesa de direitos  individuais homogêneos da 

categoria que representa ­ e 4º da Lei n. 1.060/58 ­ requerendo 

a  concessão  de  benefício  de  assistência  judiciária  gratuita. 

Aponta, ainda, divergência jurisprudencial a ser sanada. 

3.  Em  primeiro  lugar,  pacífico  o  entendimento  desta  Corte 

Superior no  sentido de  que  o art.  21 da  Lei  n.  7.347/85,  com 

redação dada pela Lei n. 8.078/90, ampliou o alcance da ação 

civil  pública  também  para  a  defesa  de  interesses  e  direitos 

individuais  homogêneos  não  relacionados  a  consumidores. 

Precedentes. 

4. É  cabível o ajuizamento de ação  civil pública em defesa de 

direitos  individuais  homogêneos  não  relacionados  a 

consumidores,  devendo  ser  reconhecida  a  legitimidade  do 

Sindicato recorrente para propor a presente ação em defesa de 

interesses individuais homogêneos da categoria que representa. 

Precedente em caso idêntico. 

5. O Superior Tribunal de Justiça entende que mesmo as pessoas 

jurídicas  sem  fins  lucrativos  devem  comprovar  situação  de 

miserabilidade para fins de concessão do benefício de assistência 

judiciária gratuita. Precedente da Corte Especial. 

6. Com o processamento da presente demanda na forma de ação 

civil pública, plenamente  incidente o art. 18 da  lei n. 7.347/85, 

com a  isenção de custas, ainda que não a título de assistência 

judiciária gratuita. 

7. Recurso especial parcialmente provido. 

(STJ,  2ª  Turma,  REsp  nº  1257196/RS,  Rel.  Ministro  Mauro 

Campbell Marques,  julgado  em  16/10/2012, DJe  24/10/2012) 

grifamos. 

Page 5: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 5       

 

Nesse  sentido,  verifica­se  que  a  Carta  Magna  reservou  às 

entidades sindicais legitimidade extraordinária, que abrange tanto os direitos coletivos, 

quanto  os  individuais  homogêneos  e  heterogêneos  da  categoria  substituída  pela 

entidade sindical.  

 

Inclusive,  nessa medida,  o  Egrégio  Supremo  Tribunal  Federal 

manifestou­se, confirmando a mens legis do constituinte de 1988, por intermédio da r. 

decisão exarada no Mandado de Injunção nº 357­5, na sessão plenária de 7/5/93, tendo 

como Relator o E. Ministro NÉRI DA SILVEIRA3. À oportunidade, o Plenário da Corte 

Constitucional entendeu, à unanimidade, que o inc. III do art. 8º da Constituição Federal 

trata do  instituto da substituição processual, estabelecendo, ainda, ser tal dispositivo 

autoaplicável, reconhecendo expressamente a  legitimidade de entidade sindical para 

figurar em juízo. Outro não é o posicionamento adotado pelo Egrégio Superior Tribunal 

de Justiça: 

  

Processual  civil  e  Tributário.  Ação  Civil  Pública.  Abstenção  da 

cobrança  de  contribuição  social  previdenciária.  Legitimidade 

ativa  de  Sindicato.  Direitos  individuais  homogêneos. 

Desnecessidade  de  autorização  expressa  dos  sindicalizados. 

Precedentes do Colendo STF e desta Corte Superior. 

1.  Nos  termos  da  vasta  e  pacífica  jurisprudência  do  Superior 

Tribunal de Justiça Portanto, tem legitimidade ativa o sindicato 

para propor ação civil pública na qual se almeja a abstenção de 

cobrança de contribuição social previdenciária, relativo a todos 

os  servidores  a  ele  associados,  independentemente  de 

autorização  dos  sindicalizados,  por  se  tratar  de  direitos 

                                                           3  Acórdão publicado no DJ de 8/4/199. 

Page 6: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 6       

individuais homogêneos.  ­ “Nos moldes de  farto entendimento 

jurisprudencial  desta  Corte,  os  sindicatos  não  dependem  de 

expressa autorização de seus filiados para agir judicialmente em 

favor  deles,  no  interesse  da  categoria  por  ele  representada.” 

(REsp nº 410374/RS, 5ª Turma, DJ de 25/08/2003, Rel. Min. JOSÉ 

ARNALDO  DA  FONSECA)  ­  “A  Lei  nº  8.073/90  (art.  3º),  em 

consonância com as normas constitucionais (art. 5º, incisos XXI e 

LXX,  CF/88),  autorizam  os  sindicatos  a  representarem  seus 

filiados em juízo, quer nas ações ordinárias, quer nas seguranças 

coletivas,  ocorrendo  a  chamada  substituição  processual. 

Desnecessária, desta  forma, autorização expressa  (cf. STF, Ag. 

Reg.  RE  225.965/DF,  Rel. Ministro  CARLOS  VELLOSO,  DJU  de 

05.03.1999)”.  (REsp's  nºs  444867/MG,  DJ  de  23/06/2003, 

379837/MG, DJ de 11/11/2002, e 415629/RR, DJ de 11/11/2002, 

5ª  Turma,  Rel.  Min.  JORGE  SCARTEZZINI)  ­  “Os  precedentes 

jurisprudenciais desta eg. Corte vêm decidindo pela legitimidade 

ativa  'ad  causam'  dos  sindicatos  para  impetrar mandado  de 

segurança  coletivo,  em  nome  de  seus  filiados,  sendo 

desnecessária  autorização  expressa  ou  a  relação  nominal  dos 

substituídos.” (Resp nº 253607/AL, 2ª Turma, DJ de 09/09/2002, 

Rel. Min.  FRANCISCO  PEÇANHA MARTINS)  ­  “Tem  o  sindicato 

legitimidade  para  defender  os  direitos  e  interesses  de  seus 

filiados,  prescindindo  de  autorização  destes.”  (REsp  nº 

352737/AL,  1ª  Turma,  DJ  de  18/03/2002,  Rel.  Min.  GARCIA 

VIEIRA)  ­  “Conforme  já  sedimentado,  os  Sindicatos  possuem 

legitimação  ativa,  como  substitutos  processuais  de  seus 

associados, para impetrar mandado de segurança em defesa de 

direitos  vinculados  ao  interesse  da  respectiva  categoria 

funcional, independentemente de autorização expressa de seus 

Page 7: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 7       

filiados.  Interpretação conjugada dos artigos 8º,  III e   5º, XVIII, 

da Constituição  Federal. Precedentes: MS nº 4256  ­ DF, Corte 

Especial  ­ STJ; MS nº 22.132  ­ RJ, Tribunal Pleno  ­ STF.” (MS nº 

7867/DF, 3ª Seção, DJ de 04/03/2002, Rel. Min. GILSON DIPP) ­ 

“Não  depende  o  sindicato  de  autorização  expressa  de  seus 

filiados, pela assembleia geral, para a propositura de mandado 

de  segurança  coletivo,  destinado  à  defesa  dos  direitos  e 

interesses  da  categoria  que  representa,  como  entendem  a 

melhor doutrina nacional e precedentes desta Corte e do STF.” 

(MS  nº  4256/DF,  Corte  Especial, DJ  de  01/12/1997,  Rel. Min. 

SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA). 

2. Precedentes das 1ª, 2ª, 5ª e 6ª Turmas, das 1ª e 3ª Seções e 

da Corte Especial do STJ. 3. Recurso não provido4. 

 

Especificamente no que concerne ao tema debatido na presente 

ação,  cláusulas  contratuais do Plano de  Saúde dos  substituídos, ou  seja,  embate de 

direitos teoricamente individuais dos consumidores, cabe enfatizar que a análise deve 

ser feita sob a perspectiva da permissão da tutela simultânea. Há uma origem comum 

no pleito dos substituídos, disputável de forma coletiva, que, ao final, é perfeitamente 

divisível entre os lesados.  

 

Nessa esteira, colaciona­se ementa de decisão também advinda 

do Superior Tribunal de Justiça: 

 

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO 

COLETIVA  DE  CONSUMO.  INTERESSES  INDIVIDUAIS 

                                                           4  Recurso Especial nº 530201/RS (2003/0071218­7), DJ de 20/10/2003, p. 229, Relator Min. JOSÉ 

DELGADO, J. 9/9/2003, 1ª Turma (íntegra do Acórdão em anexo). 

Page 8: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 8       

HOMOGÊNEOS.  CARACTERIZAÇÃO.  ORIGEM  COMUM. 

SITUAÇÃO  FÁTICA  OU  DE  DIREITO  GENÉRICA.  CONEXÃO  DE 

INTERESSES  PELA  CAUSA  DE  PEDIR  REMOTA  OU  PRÓXIMA. 

SUFICIÊNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA. SINDICATO. EXISTÊNCIA. 

1.  Cuida­se  de  ação  coletiva  de  consumo,  ajuizada  pelo 

recorrente, por meio da qual questiona a validade de cláusulas 

inscritas  em  Cédulas  de  Crédito  Rural  Pignoratícias  e 

Hipotecárias e  seus Aditivos, assinadas por  seus  sindicalizados 

em  virtude  de  programa  de  financiamento  destinado  à 

modernização  da  frota  de máquinas  colheitadeiras  e  tratores 

agrícolas. 

2. O propósito do presente  recurso especial é determinar  se a 

discussão  a  respeito  de  cláusulas  contratuais  inseridas  em 

cédulas  de  crédito  rural  configura  interesse  individual 

homogêneo, apto a ser tutelado por meio de ação coletiva, e se, 

consequentemente,  o  sindicato  recorrente  possui  legitimidade 

para a presente ação de consumo. 

3.  A  origem  comum,  que  caracteriza  o  interesse  individual 

homogêneo, refere­se a um específico fato ou peculiar direito 

que  é  universal  às  inúmeras  relações  jurídicas  individuais,  a 

partir dos quais haverá conexão processual entre os interesses, 

caracterizada pela  identidade de  causa de pedir próxima ou 

remota. 

4. A divisibilidade e a presença de notas singulares são também 

características  fundamentais  dos  interesses  individuais 

homogêneos, as quais não os desqualificam  como  interesses 

coletivos em  sentido amplo ou  impedem  sua  tutela em ação 

civil coletiva de consumo. 

Page 9: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 9       

5.  Na  hipótese  em  exame,  a  petição  inicial  delimitou  a 

controvérsia  aos  elementos  genéricos  das  relações  jurídicas 

singulares de cada um dos associados da recorrente, constantes 

em  contratos  assinados  no  contexto  de  programa  de 

financiamento destinado à modernização da frota de máquinas 

colheitadeiras e  tratores agrícolas e  implementos denominado 

FINAME agrícola, estando  caracterizada a origem  comum dos 

direitos vindicados. 

6. Recurso especial conhecido e provido. 

(REsp 1537856/MT, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA 

TURMA, julgado em 28/08/2018, DJe 31/08/2018) grifamos. 

 

Nos  termos  do  voto  proferido  pela  Eminente Ministra Nancy 

Andrighi, Relatora do Acórdão acima colacionado: 

 

Especificamente  no  que  se  refere  aos  direitos  individuais 

homogêneos, a possibilidade dessa tutela simultânea se deve às 

propriedades genéricas e gerais desses  interesses, proveniente 

de sua origem comum.  

Com  efeito,  a  união  pela  origem  comum  traz  como 

consequência  a  existência  de  elementos  que  podem  ser 

enfrentados de forma abstrata e abrangente, o que ocorre na 

primeira  fase  da  ação  civil  pública,  para  a  qual  exigem­se 

“questões de  fato ou de direito  comuns ao grupo, ou  seja, as 

pessoas representadas devem ter o mesmo interesse”, bastando, 

nesse  caso,  “que  haja  uma  única  questão  comum,  desde  que 

significante”  (DINAMARCO.  Pedro  da  Silva. Ação  Civil  Pública. 

São Paulo: Saraiva, 2001, p. 132).  

Page 10: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 10       

Referida origem comum refere­se, portanto, a um específico fato 

ou peculiar direito que é universal às inúmeras relações jurídicas 

individuais, a partir dos quais haverá conexão processual entre 

os  interesses, caracterizada pela  identidade de  causa de pedir 

próxima ou remota. 

É, realmente, a divisibilidade e a presença de notas singulares 

é  característica  fundamental  dos  interesses  individuais 

homogêneos,  o  que  não  retira  sua  homogeneidade  nem  os 

desqualifica  como  interesses  coletivos  em  sentido  amplo. 

(grifamos) 

 

Deste modo, na espécie, encontrando­se delimitada  a origem 

comum do  interesse  individual homogêneo, qual seja, adesão a contrato de plano de 

saúde celebrado pelos docentes,  com cláusulas e disposições  idênticas em  todos os 

instrumentos contratuais, consubstanciada está a  legitimidade ativa do sindicato ora 

postulante.  Há  comunhão  de  circunstâncias  fáticas  e  jurídicas,  caracterizada  pela 

identidade de causa de pedir idêntica. 

 

Cumpre  destacar,  por  fim,  que  consoante  as  decisões  dos 

Tribunais  Superiores,  em  se  tratando  de  substituição  processual,  a  autorização 

específica  dos  interessados  é  dispensável,  pois  não  é  da  essência  da  substituição  a 

exigência de tal formalidade. Do contrário, estar­se­ia diante de uma representação via 

mandato,  o que não  é o  caso  dos  autos.  Como  substituto,  então,  pode  o  sindicato 

defender  os  interesses  vinculados  ao  presente  pleito,  eis  que  abrangentes  da 

coletividade nesse sintetizada. 

 

 

 

 

Page 11: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 11       

II.2 DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM 

 

A  origem  deste  processo  encontra­se  no  questionamento  de 

cláusulas do contrato firmado pelos substituídos com a Bradesco Saúde e a Qualicorp. 

Cabe  destacar,  nesse  sentido,  a  solidariedade  entre  os  participantes  da  cadeia  de 

fornecimento – Qualicorp e Bradesco  Saúde  ­, que decorre do Código de Defesa do 

Consumidor, consoante se afere da redação contida no art. 7º, do CDC. Na esteira desse 

entendimento: 

 

APELAÇÃO  CÍVEL.  DIREITO  CIVIL  E  PROCESSUAL  CIVIL. 

CONSUMIDOR.  SEGURADORA  DE  SAÚDE.  PRELIMINAR  DE 

ILEGITIMIDADE. INVIABILIDADE. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. 

NEGATIVA DE COBERTURA. 

Não  há  que  se  falar,  in  casu,  de  ilegitimidade  passiva  da 

operadora  de  saúde,  tendo  em  vista  que  por  se  tratar  de 

relação  de  consumo,  e  que  todos  aqueles  que  integram  a 

respectiva  cadeia  devem  responder  solidariamente  por 

eventuais prejuízos causados ao consumidor, este pode acionar 

judicialmente qualquer integrante. 

É abusiva a conduta de operadora de saúde que nega cobertura 

de  atendimento  a  conveniado  sob  o  argumento  de  que  a 

eventual  inadimplência  do  segurado  gerou  a  automática  e 

unilateral extinção  contratual,  sem, contudo, dar atendimento 

aos ditames da legislação de regência, notadamente a exigência 

constante no inciso II do parágrafo único do artigo 13 da Lei nº 

9.656/98. 

O fato de o consumidor ter que recorrer ao Poder Judiciário para 

garantir  o  direito  a  tratamento  de  sua  saúde  gera  desgaste 

adicional a quem  já  se  encontrava  em  situação de  debilidade 

Page 12: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 12       

física  e  psíquica,  e  demonstra  elevado  grau  de  descaso  da 

operadora de saúde para com a norma protetiva da vida e para 

com a qualidade da vida alheia, pelo que esse fato transcende o 

mero descumprimento contratual, indenizável, desse modo, por 

meio de danos morais. 

Ambos  os  apelos  foram  conhecidos.  O  recurso  do  apelante­

requerido  restou  desprovido;  deu­se  provimento  ao  apelo  do 

autor­apelante, para majorar o valor da condenação em danos 

morais.” 

(Acórdão  n.913615,  20140110727687APC,  Relator:  GILBERTO 

PEREIRA DE OLIVEIRA, Revisor: MARIA DE LOURDES ABREU, 3ª 

TURMA CÍVEL, Data de  Julgamento: 16/12/2015, Publicado no 

DJE: 27/01/2016. Pág.: Sem Página Cadastrada.) grifamos. 

 

Assim, na medida  em que  a presente  lide  se move  contra os 

efeitos  danosos  que  o  dito  contrato  poderá  trazer  aos  substituídos,  é  inequívoca  a 

legitimidade das rés para figurar no polo passivo da lide. 

 

III. DOS FATOS 

 

A  FUSP  ­  Fundação  de  Apoio  à  Universidade  de  São  Paulo, 

entidade de direito privado criada com o principal objetivo de dar execução a atividades 

da Universidade  de  São  Paulo,  apoiando  e  dando  suporte  às Unidades, Núcleos  de 

Apoio,  Institutos,  firmou, há mais de  20  anos, por meio de empresa de  corretagem 

(Bolsa de Seguros), contratos  individuais de planos de Saúde  junto à Bradesco Saúde, 

tendo administrado esse plano de seguros desde então. 

 

Ocorre que no dia 16 de maio do corrente ano, os segurados do 

contrato  vigente  com  FUSP  e  Bradesco  Saúde,  constituídos  de  uma  boa  parcela  da 

Page 13: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 13       

categoria dos docentes da USP, ativos e aposentados, foram surpreendidos com uma 

correspondência informando que seria necessária a realização de migração do benefício 

do plano de saúde existente, para a modalidade coletiva por adesão, a fim de adequação 

à Resolução Normativa nº 195 da ANS. 

 

Este novo plano, também operado pela Bradesco Saúde, possui 

como administradora a empresa Qualicorp,  registrada na ANS  sob o nº 417173, e o 

contrato  foi  estabelecido  por meio  do  vínculo  Associativo  com  a  SASPB­  Sociedade 

Assistencialista dos Servidores Públicos do Brasil, entidade conveniada à Qualicorp. A 

modalidade contratual foi modificada, portanto, de contrato coletivo empresarial para 

contrato coletivo por adesão. 

 

Todavia, há  irregularidades presentes no contrato entabulado, 

as  quais  devem  ser  sanadas.  Primeiramente,  referente  aos  servidores  demitidos  e 

aposentados, prevê, na Cláusula 22, a descontinuidade do Plano: 

 

22.  Não  haverá  nenhuma  continuidade  deste  benefício  nas 

hipóteses previstas nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656/98, que 

cuidam  da  continuidade  assistencial  em  casos  de  demissão  e 

aposentadoria  em  contratos  coletivos  empresariais,  hipóteses 

essas totalmente diversas das que se aplicam a este benefício. 

 

Ademais, o contrato entabulado não possui cláusula tratando da 

hipótese  do  falecimento  dos  usuários,  de  modo  que  não  há  previsão  acerca  da 

continuidade do Plano aos dependentes dos servidores neste caso específico.  

 

Diferentemente, no  contrato anterior,  constava a previsão de 

que, em caso de  falecimento do Segurado  titular na vigência do contrato de seguro, 

havia  a  garantia  contratual  de  que  os  dependentes  principais  incluídos  na  apólice 

Page 14: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 14       

permaneceriam  sob  a  cobertura  durante,  ao menos,  1  (um)  ano  desobrigados  do 

prêmio. 

 

Nesta senda, cabe enfatizar que, conforme previsto no artigo 20 

da  Resolução  Normativa  254/2011  da  ANS,  nenhuma  adaptação  ou  migração  de 

contrato pode ocorrer por decisão unilateral da operadora,  ficando assegurado aos 

responsáveis pelos contratos ou beneficiários, que por elas não optarem, a manutenção 

do contrato de origem. No entanto, no caso em avaliação não  foi oportunizada essa 

escolha,  sendo  determinada  a migração  sem  a  opção  de manutenção  do  contrato 

originário. 

 

Deste modo, cabível a adequação deste contrato aderido pelos 

substituídos aos ditamos  legais, a fim de evitar maiores prejuízos e posterior  ingresso 

com diversas demandas judiciais, conforme a seguir exposto. 

 

IV. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO 

IV.1. Da Cláusula 22 ­ Patente nulidade na vedação expressa na continuidade do plano 

em relação a servidores demitidos e aposentados. 

 

A cláusula 22 do Contrato de Adesão em análise dispõe: 

 

Não  haverá  nenhuma  continuidade  deste  benefício  nas 

hipóteses  previstas  nos  artigos  30  e  31  da  Lei  9.656/98,  que 

cuidam  da  continuidade  assistencial  em  casos  de  demissão  e 

aposentadoria  em  contratos  coletivos  empresariais,  hipóteses 

essas totalmente diversas das que se aplicam a este benefício. 

 

Page 15: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 15       

Tentam  a administradora e  a operadora, de  forma  abusiva, diferenciar o 

contrato  coletivo  por  adesão  do contrato  coletivo  empresarial  no  que  tange  à 

continuidade do plano nas situações mencionadas. 

 

Sobre o tema, o art. 30 da Lei 9.656/1998, Lei dos Planos de Saúde, dispõe 

que o consumidor que contribuir para plano ou seguro privado coletivo de assistência à 

saúde, em caso de rescisão do vínculo empregatício ou demissão sem justa causa, pode 

continuar usufruindo do plano, desde que passe a pagar integralmente as mensalidades: 

 

Art. 30.  Ao  consumidor  que  contribuir  para  produtos  de  que 

tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de 

vínculo  empregatício,  no  caso  de  rescisão  ou  exoneração  do 

contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de 

manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de 

cobertura  assistencial  de  que  gozava  quando  da  vigência  do 

contrato  de  trabalho,  desde  que  assuma  o  seu  pagamento 

integral.                     

§ 1o  ­ O período de manutenção da condição de beneficiário a 

que se refere o caput será de um terço do tempo de permanência 

nos produtos de que  tratam o  inciso  I e o § 1o do art. 1o, ou 

sucessores,  com  um mínimo  assegurado  de  seis meses  e  um 

máximo de vinte e quatro meses. 

§  2o  A  manutenção  de  que  trata  este  artigo  é  extensiva, 

obrigatoriamente,  a  todo o grupo  familiar  inscrito quando  da 

vigência do contrato de trabalho. 

§ 3o Em caso de morte do  titular, o direito de permanência é 

assegurado  aos  dependentes  cobertos  pelo  plano  ou  seguro 

privado coletivo de assistência à saúde, nos termos do disposto 

neste artigo. 

Page 16: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 16       

§  4o O  direito  assegurado  neste  artigo  não  exclui  vantagens 

obtidas pelos empregados decorrentes de negociações coletivas 

de trabalho. 

§ 5o  A condição prevista no caput deste artigo deixará de existir 

quando da admissão do consumidor titular em novo emprego 

 § 6o  Nos  planos  coletivos  custeados  integralmente  pela 

empresa, não é considerada contribuição a co­participação do 

consumidor, única e exclusivamente, em procedimentos, como 

fator  de moderação,  na  utilização  dos  serviços  de  assistência 

médica ou hospitalar. 

 

Já o artigo 31 assegura esse direito aos aposentados: 

 

Art.  31.   Ao  aposentado  que  contribuir  para  produtos  de  que 

tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de 

vínculo  empregatício,  pelo  prazo  mínimo  de  dez  anos,  é 

assegurado  o  direito  de manutenção  como  beneficiário,  nas 

mesmas  condições  de  cobertura  assistencial  de  que  gozava 

quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma 

o seu pagamento integral.                  (Redação dada pela Medida 

Provisória nº 2.177­44, de 2001) 

§  1o  Ao  aposentado  que  contribuir  para  planos  coletivos  de 

assistência à saúde por período inferior ao estabelecido no caput 

é assegurado o direito de manutenção como beneficiário, à razão 

de um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o 

pagamento integral do mesmo.                   (Vide  Medida 

Provisória nº 1.908­20, de 1999)                     (Redação dada pela 

Medida Provisória nº 2.177­44, de 2001) 

Page 17: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 17       

§ 2o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar­se­

ão as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o, 3o, 4o, 5o e 6o 

do art. 30.                  

§ 3o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar­se­

ão as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o e 4o do art. 30.            

(Vide Medida Provisória nº 1.665, de 1998) 

 

Além  do  citado  regramento  para  manutenção  do  plano  ao 

funcionário  demitido  ou  aposentado,  o  direito  ao  uso  do  plano  é  extensivo 

obrigatoriamente ao grupo familiar que estava inscrito quando da vigência do contrato

de trabalho, se assim desejar o ex­empregado.  

 

Conforme  anteriormente  exposto,  a  contratação  do  plano  de 

saúde em questão  foi  realizada na modalidade coletivo por adesão, estabelecida por 

meio do vínculo Associativo com a SASPB  ­ Sociedade Assistencialista dos Servidores 

Públicos do Brasil, entidade conveniada à Qualicorp. 

 

Nesse ínterim, cabível ater­se no objetivo dos artigos 30 e 31 da 

Lei  nº  9.656/1998,  porquanto  o  foco  de  proteção  legal  é  o  estado  de  desemprego 

involuntário do trabalhador, seja por demissão, seja por aposentadoria.  

 

E, em relação ao caso em concreto, apesar de o vínculo com o 

plano se dar de forma associativa, as situações de desvinculação contratual podem ser 

equiparadas a uma dispensa de um trabalhador submetido ao regime celetista (art. 30 

da Lei nº 9.656/1998). 

 

Isto porque a importância da manutenção da assistência à saúde 

aos consumidores de planos coletivos foi uma preocupação do legislador, ao estabelecer 

o marco regulatório da prestação dos serviços de saúde suplementar. A Lei n. 9.656/98, 

Page 18: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 18       

ao  albergar  o  contribuinte  de  plano  coletivo  que  sofreu  com  a  perda  do  vínculo 

trabalhista, disciplinada no art. 30, e o empregado aposentado, disciplinado no art. 31, 

demonstra  clara  preocupação  na  garantia  ao  contribuinte  do  direito  de  manter  a 

condição de beneficiário, nas mesmas condições anteriores à dispensa ou aposentadoria 

(desde que preenchidas determinadas condições). 

 

Essa preocupação em não deixar desamparado o consumidor de 

plano de saúde na modalidade de contratação coletiva, de  forma a não  frustrar suas 

expectativas  de  segurança  quanto  à  eliminação  de  riscos  à  sua  saúde  e  de  seus 

dependentes, que tinha ao ingressar no contrato coletivo, se mostra clara pela leitura 

da regra, com a realização da necessária interpretação legislativa. 

 

Acerca deste debate, cumpre ressaltar que, considerando que os 

servidores  da  Universidade  de  São  Paulo  ­  USP  são,  majoritariamente,  servidores 

públicos estatutários – em grande maioria com estabilidade no cargo ­ o ponto de maior 

atenção se dá em relação à vedação expressa na cláusula referente à continuidade do 

plano no caso de aposentadoria.  

 

Nesse seguimento, ainda que a lei não faça referência expressa 

ao  contrato  coletivo  por  adesão,  cabível  a  aplicação  do mesmo  princípio  protetivo 

presente no 31 da Lei 9.656/98 a este tipo de contrato, utilizando­se de interpretação 

analógica,  diante  da  necessidade  de  se  proteger  o  consumidor  de  plano  coletivo 

aposentado. 

 

Importante  também  ressaltar  que  a  ANS  assegura  ao 

aposentado o direito de manter um ou todos os  familiares  já vinculados ao plano de 

saúde  antes  do  fim  do  contrato  laboral,  desde  que  este  assuma  o  pagamento 

correspondente. 

 

Page 19: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 19       

Em  suma,  nos  planos  coletivos  em  que  há  participação  do 

beneficiário no custeio do plano, devem constar os direitos dos demitidos sem  justa 

causa e dos aposentados da manutenção da condição de beneficiário e, ainda, garantia 

de  ingresso em plano  individual ou familiar no caso de cancelamento deste benefício 

coletivo pelo empregador. 

 

Nesse sentido, ementa de decisão advinda do Superior Tribunal 

de Justiça: 

 

CONSUMIDOR.  PLANO  DE  SAÚDE.  CLÁUSULA  ABUSIVA. 

NULIDADE.  RESCISÃO  UNILATERAL  DO  CONTRATO  PELA 

SEGURADORA. LEI 9.656/98. É nula, por expressa previsão legal, 

e em razão de sua abusividade, a cláusula inserida em contrato 

de plano de saúde que permite a sua rescisão unilateral pela 

seguradora,  sob  simples  alegação  de  inviabilidade  de 

manutenção da avenca. Recurso provido” (STJ, REsp 602397­RS, 

rel. Min. Castro Filho, 3a. Turma, DJ 1.8.2005, p. 443). grifamos. 

 

Ainda,  o  Conselho  de  Saúde  Suplementar  ­  CONSU,  órgão 

instituído  pela  Lei  nº  9.656/98,  para  desempenhar  as  atribuições  normativas  da 

prestação dos serviços de saúde suplementar – antes da criação da ANS  ­,  levou em 

consideração a importância da manutenção da assistência à saúde aos consumidores de 

planos coletivos e redigiu resolução estabelecendo como obrigação das operadoras a 

absorção  do  universo  de  consumidores  oriundos  de  planos  coletivos  liquidados  ou 

encerrados. A Resolução n. 19 do CONSU estabelece no seu art. 1o. que: 

 

As operadoras de planos ou seguros de assistência à saúde, que 

administram  ou  operam  planos  coletivos  empresariais  ou  por 

adesão  para  empresas  que  concedem  esse  benefício  a  seus 

Page 20: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 20       

empregados, ou ex­empregados, deverão disponibilizar plano ou 

seguro  de  assistência  à  saúde  na  modalidade  individual  ou 

familiar ao universo de beneficiários, no caso de cancelamento 

desse  benefício,  sem  necessidade  de  cumprimento  de  novos 

prazos de carência. 

 

O parágrafo segundo desse mesmo artigo estende a obrigação 

da operadora, quanto à continuidade da prestação dos serviços de assistência à saúde, 

a todo o grupo familiar vinculado ao beneficiário titular, senão, vejamos: 

 

Art.  2º  Os  beneficiários  dos  planos  ou  seguros  coletivos 

cancelados  deverão  fazer  opção  pelo  produto  individual  ou 

familiar da operadora no prazo máximo de  trinta dias após o 

cancelamento. 

Parágrafo único – O empregador deve  informar ao empregado 

sobre  o  cancelamento  do  benefício,  em  tempo  hábil  ao 

cumprimento do prazo de opção de que trata o caput. 

 

Deste modo,  a  vedação  expressa  no  apontado  artigo  22  do 

contrato de adesão analisado padece de nulidade, pois abusiva, por afrontar o sistema 

protetivo estabelecido no Código de Defesa do Consumidor, na Lei n° 9.656/98 e nas 

demais regulamentações apresentadas.  

 

Destaca­se que, nos termos da Súmula 608 editada pelo Superior 

Tribunal de Justiça, aplica­se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano 

de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. 

 

Destarte, da ótica do diploma consumerista, denota­se que são 

perfeitamente  identificáveis os sujeitos ativos e passivo, obrigatoriamente constantes 

Page 21: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 21       

dessa  relação:  consumidores  (substituídos)  e  fornecedor  (ré).  Os  conceitos  de 

consumidor  e  fornecedor  encontram­se  redigidos  nos  artigos  2°  e  3°  do  Código 

Consumerista, os quais se traz à colação: 

 

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 

ou  utiliza  produtos  ou  serviço  como  destinatário  final. 

(destacou­se) 

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 

privada  nacional  ou  estrangeira,  bem  como  os  entes 

despersonalizados, que desenvolvem  atividades  de  produção, 

montagem,  criação,  construção,  transformação,  importação, 

exportação,  distribuição  ou  comercialização  de  produtos  ou 

prestação de serviços. 

[...] 

§  2°  Serviço  é  qualquer  atividade  fornecida  no mercado  de 

consumo,  mediante  remuneração,  inclusive  as  de  natureza 

bancária,  financeira,  de  crédito  e  securitária,  salvo  as 

decorrentes das relações de caráter trabalhista. 

 

Assim  sendo,  já  no  art.  4º,  inciso  I,  do  Código  Consumerista 

encontram­se óbices às práticas desmedidas da parte ré, senão vejamos: 

 

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por 

objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o 

respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus 

interesses  econômicos,  a melhoria  da  sua  qualidade  de  vida, 

bem  como  a  transparência  e  harmonia  das  relações  de 

consumo, atendidos os seguintes princípios: 

Page 22: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 22       

I  ­  reconhecimento  da  vulnerabilidade  do  consumidor  no 

mercado de consumo; (destacamos) 

 

Acerca das  vedações  aos  fornecedores de produtos, dispõe o 

artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor:  

 

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre 

outras práticas abusivas:  (Redação dada pela  Lei nº 8.884, de 

11.6.1994) 

I  ­  condicionar  o  fornecimento  de  produto  ou  de  serviço  ao 

fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa 

causa, a limites quantitativos; 

II  ­  recusar  atendimento  às  demandas  dos  consumidores,  na 

exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de 

conformidade com os usos e costumes; 

III  ­ enviar ou entregar ao consumidor,  sem  solicitação prévia, 

qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; 

IV  ­  prevalecer­se  da  fraqueza  ou  ignorância  do  consumidor, 

tendo  em  vista  sua  idade,  saúde,  conhecimento  ou  condição 

social, para impingir­lhe seus produtos ou serviços; 

V ­ exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; 

VI  ­ executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e 

autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes 

de práticas anteriores entre as partes; 

VII ­ repassar informação depreciativa, referente a ato praticado 

pelo consumidor no exercício de seus direitos; 

VIII  ­  colocar,  no mercado  de  consumo,  qualquer  produto  ou 

serviço  em desacordo  com as normas  expedidas pelos  órgãos 

oficiais  competentes  ou,  se  normas  específicas  não  existirem, 

Page 23: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 23       

pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade 

credenciada  pelo  Conselho  Nacional  de  Metrologia, 

Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); 

IX  ­  recusar  a  venda  de  bens  ou  a  prestação  de  serviços, 

diretamente a quem se disponha a adquiri­los mediante pronto 

pagamento,  ressalvados  os  casos  de  intermediação  regulados 

em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 

X  ­  elevar  sem  justa  causa  o  preço  de  produtos  ou  serviços.                

(Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 

XI  ­   Dispositivo  incluído pela MPV nº 1.890­67, de 22.10.1999, 

transformado  em  inciso  XIII,  quando  da  conversão  na  Lei  nº 

9.870, de 23.11.1999 

XII  ­  deixar  de  estipular  prazo  para  o  cumprimento  de  sua 

obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo 

critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 

XIII  ­ aplicar  fórmula ou  índice de  reajuste diverso do  legal ou 

contratualmente  estabelecido.    (Incluído pela  Lei nº 9.870, de 

23.11.1999) 

XIV ­ permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de 

serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela 

autoridade administrativa como máximo.    (Incluído pela Lei nº 

13.425, de 2017) 

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos 

ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no  inciso  III, 

equiparam­se  às  amostras  grátis,  inexistindo  obrigação  de 

pagamento. 

 

Page 24: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 24       

Além disso,  também diante do disposto no artigo 51 do CDC, 

mostra­se abusiva a cláusula imposta, pois visivelmente o consumidor encontra­se em 

desvantagem perante a Bradesco Seguros e à Qualicorp: 

 

Art.  51.  São  nulas  de  pleno  direito,  entre  outras,  as  cláusulas 

contratuais  relativas  ao  fornecimento  de  produtos  e  serviços 

que: 

I ­ impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do 

fornecedor  por  vícios  de  qualquer  natureza  dos  produtos  e 

serviços ou  impliquem  renúncia ou disposição de direitos. Nas 

relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa 

jurídica,  a  indenização  poderá  ser  limitada,  em  situações 

justificáveis; 

II ­ subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia 

já paga, nos casos previstos neste código; 

III ­ transfiram responsabilidades a terceiros; 

IV ­ estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que 

coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam 

incompatíveis com a boa­fé ou a eqüidade; 

V ­ (Vetado); 

VI  ­  estabeleçam  inversão  do  ônus  da  prova  em  prejuízo  do 

consumidor; 

VII ­ determinem a utilização compulsória de arbitragem; 

VIII  ­  imponham  representante para  concluir ou  realizar outro 

negócio jurídico pelo consumidor; 

IX ­ deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, 

embora obrigando o consumidor; 

X  ­ permitam ao  fornecedor, direta ou  indiretamente, variação 

do preço de maneira unilateral; 

Page 25: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 25       

XI  ­  autorizem  o  fornecedor  a  cancelar  o  contrato 

unilateralmente,  sem  que  igual  direito  seja  conferido  ao 

consumidor; 

XII ­ obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de 

sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o 

fornecedor; 

XIII  ­  autorizem  o  fornecedor  a  modificar  unilateralmente  o 

conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração; 

XIV ­ infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; 

XV  ­  estejam  em  desacordo  com  o  sistema  de  proteção  ao 

consumidor; 

XVI  ­  possibilitem  a  renúncia  do  direito  de  indenização  por 

benfeitorias necessárias. 

§ 1º Presume­se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: 

I  ­ ofende os princípios fundamentais do sistema  jurídico a que 

pertence; 

II  ­  restringe  direitos  ou  obrigações  fundamentais  inerentes  à 

natureza  do  contrato,  de  tal modo  a  ameaçar  seu  objeto  ou 

equilíbrio contratual; 

III  ­  se  mostra  excessivamente  onerosa  para  o  consumidor, 

considerando­se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse 

das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. 

§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida 

o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços 

de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. 

§ 3° (Vetado). 

§  4°  É  facultado  a  qualquer  consumidor  ou  entidade  que  o 

represente  requerer  ao  Ministério  Público  que  ajuíze  a 

competente  ação  para  ser  declarada  a  nulidade  de  cláusula 

Page 26: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 26       

contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer 

forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações 

das partes. 

 

Diante do exposto, requer seja declarada a nulidade da cláusula 

que  possibilita  a  rescisão  unilateral  imotivada  do  contrato  em  caso  de  demissão  e 

aposentadoria,  qual  seja,  cláusula  22  do  contrato  firmado  entre  os  docentes  ora 

substituídos e as empresas rés. 

 

IV.2.  Da  ausência  de  cláusula  referente  ao  benefício  da  remissão  –  Proibição  em 

relação à rescisão unilateral. 

 

A cláusula de  remissão, pactuada em alguns planos de  saúde, 

consiste  em  uma  garantia  de  continuidade  da  prestação  dos  serviços  de  saúde 

suplementar aos dependentes inscritos após a morte do titular, por lapso que varia de 

1 (um) a 5 (cinco) anos, sem a cobrança de mensalidades. Objetiva, portanto, a proteção 

do  núcleo  familiar  do  titular  falecido,  que  dele  dependia  economicamente,  ao  ser 

assegurada, por certo período, a assistência médica e hospitalar, a evitar o desamparo 

abrupto.  (REsp  1457254/SP,  Rel. Ministro  RICARDO  VILLAS  BÔAS  CUEVA,  TERCEIRA 

TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 18/04/2016) 

 

Anteriormente à referida migração, a Apólice 8270 previa que, 

em  caso de  falecimento  do  Segurado  titular,  na  vigência do  contrato  de  seguro,  os 

dependentes principais incluídos na apólice permaneceriam sob a cobertura durante 1 

(um) ano desobrigados do prêmio (artigo 22 – cláusula adicional de remissão por morte 

de segurado titular). Já o atual contrato não possui disposição em relação a esse tipo 

de situação. 

 

Page 27: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 27       

No que concerne a legislação, prevê o parágrafo 3º do artigo 30 

da  Lei  nº  9.658/98  que,  em  caso  de morte  do  titular,  resguarda­se  o  direito  de 

permanência dos dependentes: 

 

Art.  30.   Ao  consumidor  que  contribuir  para  produtos  de  que 

tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de 

vínculo  empregatício,  no  caso  de  rescisão  ou  exoneração  do 

contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de 

manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de 

cobertura  assistencial  de  que  gozava  quando  da  vigência  do 

contrato  de  trabalho,  desde  que  assuma  o  seu  pagamento 

integral. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177­44, de 

2001) 

(...) 

§ 3o Em caso de morte do titular, o direito de permanência é 

assegurado  aos  dependentes  cobertos  pelo  plano  ou  seguro 

privado coletivo de assistência à saúde, nos termos do disposto 

neste artigo. 

(...)  

 

Ou seja, deve­se considerar  também para o caso de morte do 

titular as regras impostas às situações de rescisão e exoneração, ou seja, proibição na 

rescisão unilateral do plano, bem como o dever da operadora em ofertar o ingresso em 

plano individual, com a assunção do pagamento integral pelo dependente (caput). 

 

Em outras palavras, da leitura dos parágrafos 1º e 3º do art. 30 

da Lei 9.656/98, depreende­se que, caso o titular venha a óbito, seus dependentes têm 

assegurado  o  direito  de  manutenção  da  condição  de  beneficiários.  O  direito  à 

permanência dos dependentes em caso de morte do  segurado está garantido pela 

Page 28: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 28       

legislação infraconstitucional, de modo que deve ser garantido contratualmente pelas 

operadoras dos planos de saúde. 

 

Apesar  dessa  previsão,  é  comum  a  recusa  por  parte  das 

operadoras e administradoras na continuidade do plano nessa hipótese, justificando a 

negativa no fato de que os dependentes não preenchem o requisito de elegibilidade, 

consistente  na  condição  de  serem  vinculados  a  entidades  de  caráter  profissional, 

classista ou setorial, segundo o disposto nas Resoluções Normativas nº s 195 e 196 da 

ANS,  isto nos casos de planos coletivos por adesão. Nessa hipótese, o entendimento 

errôneo das operadoras tem sido reformado pelo judiciário: 

 

PLANO  DE  SAÚDE.  Morte  do  titular  do  plano.  Rescisão 

unilateral.  Descabimento.  Em  caso  de  morte  do  titular  há 

direito de permanência dos dependentes. Artigo 30, § 3º, da Lei 

9.656/98.  Situação  que  não  se  enquadra  nas  hipóteses  de 

resilição unilateral do artigo 13, da  Lei nº 9.656/98. Cabível o 

reembolso dos valores pagos a maior, relativos ao beneficiário 

falecido.  Honorários majorados.  Recurso  não  provido.    (TJSP;  

Apelação  Cível  1012215­31.2018.8.26.0011;  Relator  (a): 

Fernanda  Gomes  Camacho;  Órgão  Julgador:  5ª  Câmara  de 

Direito Privado; Foro Regional XI ­ Pinheiros ­ 1ª Vara Cível; Data 

do  Julgamento:  08/08/2019;  Data  de  Registro:  08/08/2019) 

grifamos 

 

Apelação cível. Plano de saúde coletivo. Ação de obrigação de 

fazer.  Falecimento  do  titular  do  plano.  Cancelamento 

compulsório  do  contrato  da  autora,  dependente  do  plano  de 

saúde. Sentença de procedência determinando a manutenção do 

contrato.  Inconformismo  das  corrés.  Ilegitimidade  passiva 

Page 29: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 29       

suscitada  pela  administradora  do  plano  de  saúde. 

Desacolhimento. Administradora e operadora do plano de saúde 

que  perante  o  consumidor  integram  a  mesma  cadeia  de 

fornecimento. Responsabilidade solidária. Aplicação do art. 7º, 

par.  único  do  CDC.  Preliminar  rejeitada.  Código  de Defesa  do 

Consumidor. Aplicabilidade. Artigos 2º e 3º da Lei nº 8.078/1990. 

Súmulas nº 100 deste Egrégio Tribunal de  Justiça e nº 608 do 

Colendo  Superior  Tribunal  de  Justiça.  Fornecedor  que  deve 

assumir o risco do negócio que está fornecendo. Caveat venditor. 

Extinção  do  contrato  com  o  falecimento  do  titular. 

Impossibilidade. Aplicação, por analogia, do § 3º, art. 30 da Lei 

9.656/98  e  Súmula  13  da  ANS.  Continuidade  da  cobertura 

garantida, excluindo­se da prestação mensal a  cota do  titular 

falecido.  Sentença  mantida.  Recursos  desprovidos.  (TJSP;  

Apelação Cível 1002797­35.2019.8.26.0011; Relator (a): Rodolfo 

Pellizari; Órgão  Julgador:  6ª  Câmara  de  Direito  Privado;  Foro 

Regional  XI  ­  Pinheiros  ­  3ª  Vara  Cível;  Data  do  Julgamento: 

06/08/2019; Data de Registro: 06/08/2019) grifamos. 

 

Conforme  citado,  no  contrato  anterior  de  plano  de  saúde 

assinado pelos substituídos junto à Bradesco Seguros, por intermédio da FUSP, não só 

estava garantida a permanecia dos dependentes, como estava garantido o benefício 

de  remissão,  que  assegura  a  permanência  por  tempo  determinado  destes  sem 

pagamento das mensalidades. 

 

Todavia, consoante legislação vigente, não só deve ser garantida 

a permanência dos dependentes no plano após a morte do titular, como a ANS publicou 

a Súmula Normativa nº 13, que dá o entendimento de que o término do período de 

remissão – sequer previsto neste contrato ­ não extingue o contrato de plano: 

Page 30: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 30       

 

SÚMULA NORMATIVA N° 13, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2010. 

A  Diretoria  Colegiada  da  Agência  Nacional  de  Saúde 

Suplementar – ANS, no uso da competência que lhe conferem os 

arts. 3º e 4º, incisos II, XXIV e XXVIII, combinado com o art. 10, 

inciso  II,  da  Lei  9.961,  de  28  de  janeiro  de  2000,  e  em 

conformidade com o  inciso  III do art. 6º do Regimento  Interno, 

aprovado pela Resolução Normativa – RN n° 197, de 16 de julho 

de 2009. 

Considerando os princípios dispostos no texto da Constituição da 

República de 1988, especialmente o da igualdade (art. 5º, caput), 

o  da  dignidade  da  pessoa  humana  (art.  1º,  inciso  III),  o  da 

liberdade (art. 5º, caput), o da proteção da segurança jurídica e 

o da proteção à entidade familiar (art. 226, § 4º); 

Considerando  as  hipóteses  de  manutenção  de  titularidade, 

previstas no art. 6º, § 2º, da RN nº 186, de 14 de janeiro de 2009, 

e no art. 3º, § 1º, da RN n° 195, de 14 de julho de 2009. 

RESOLVE: 

Adotar o seguinte entendimento vinculativo: 

1  – O  término da  remissão não  extingue  o  contrato de  plano 

familiar, sendo assegurado aos dependentes já inscritos o direito 

à  manutenção  das  mesmas  condições  contratuais,  com  a 

assunção  das  obrigações  decorrentes,  para  os  contratos 

firmados a qualquer tempo. (grifo nosso) 

 

Significa dizer que os dependentes, após o período de remissão, 

assumem o pagamento das mensalidades e têm garantido o direito de manutenção do 

plano nas mesmas condições contratuais, arcando nesta oportunidade com os valores 

Page 31: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 31       

desse contrato de plano de saúde. A extinção desses contratos é considerada infração 

legal, passível de multa. 

 

Nesse contexto, também considerando que os substituídos não 

tiveram  a oportunidade de optar pela migração de  seu  contrato, devem os direitos 

anteriores  assegurados  permanecerem  garantidos.  O  não  reconhecimento  desse 

direito padece de abusividade por não permitir, ou, ao menos, não garantir ao usuário 

dependente  a  continuidade  de  contratação  do  plano  que  é  vinculado,  com  o 

pagamento das mensalidades devidas. 

 

No caso do contrato em análise, com o intuito de evitar futuro 

ingresso  com múltiplas  ações  judiciais, diante  da  ausência de  cláusula que  trate  do 

benefício  de  remissão,  apesar  da  proteção  legislativa,  pleiteia­se,  ao  menos,  o 

reconhecimento deste direito, com a inclusão de cláusula que trate da continuidade 

do plano aos dependentes no caso de falecimento do titular, nos moldes do contrato 

anterior. 

 

A medida visa resguardar o consumidor que eventualmente se 

encontrar nessa situação, servidor da USP, como espécie de tutela inibitória do agir das 

empresas rés, intuindo a preservação dos direitos dos substituídos. 

 

A natureza deste requerimento se alia ao regramento acerca da 

manutenção do plano quando ocorrida a demissão do segurado, é consequência lógica 

do  chamado  princípio  da  conservação  dos  contratos.  Por  este  princípio,  há 

indeterminação de prazo do contrato de plano de  saúde. O  fenômeno da catividade 

intrínseca a esses contratos faz com que a operadora de plano de saúde não possa se 

desligar  unilateralmente  do  vínculo  contratual,  resultando  na  impossibilidade  da 

cessação da prestação de serviços ao segurado. 

 

Page 32: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 32       

Destaca­se  que  o  entendimento  ao  que  ora  se  filia  é  de  que 

mesmo após os prazos de benefício previstos nos artigos 30 e 31, da Lei nº 9.656/98 o 

consumidor não poderá ser excluído do plano. Nos termos do já referido, é proibida a 

rescisão unilateral do contrato, sendo obrigatória sua manutenção, se assim desejar o 

consumidor, ainda que não mais no plano coletivo, mas sim em um plano individual, 

com o devido pagamento da mensalidade. 

 

Por fim, cabível citar que, ao  impor ao consumidor a migração 

de  Plano,  formatando  o  contrato  como  que  melhor  lhe  coube,  aproveita­se  a 

administradora da ignorância do beneficiário em proveito próprio. Tal ato oportuniza à 

seguradora a imposição ou retirada de quaisquer cláusulas contratuais, ainda que o ato 

seja extremamente desfavorável ao contratante, o que é vedado pelo Código de Defesa 

do Consumidor, conforme artigo 39, citado anteriormente. 

 

Salienta­se  que,  além  das  regras  dispostas  no  diploma 

consumerista,  é  da  teoria  geral  dos  contratos  o  dever mútuo  de  observância  dos 

princípios de probidade e boa­fé na conclusão e na execução do vínculo contratual, nos 

termos  do  disposto  no  art.  422,  do  Código  Civil.  Nas  palavras  de  Arnaldo  Rizzardo 

(Contratos, Rio de Janeiro: Forense, 2010. pp. 32­33):  

 

as  partes  são  obrigadas  a  dirigir  a manifestação  da  vontade 

dentro  dos  interesses  que  as  levaram  a  se  aproximarem,  de 

forma clara e autêntica, sem o uso de subterfúgios ou intenções 

outras  que  as  não  expressas  no  instrumento  formalizado.  A 

segurança das relações jurídicas depende, em grande parte, da 

probidade  e  da  boa­fé,  isto  é,  da  lealdade,  da  confiança 

recíproca,  da  justiça,  da  equivalência  das  prestações  e 

contraprestações,  da  coerência  e  clarividência  dos  direitos  e 

deveres. 

Page 33: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 33       

 

Deste modo, cabível o acolhimento do pleito para condenar as 

rés  na  obrigação  de  fazer  no  sentido  de  garantir   o  direito  à  permanência  dos 

dependentes  do  plano  em  caso  de  morte  do  titular,  com  a  inclusão  da  previsão 

contratual acerca do benefício da remissão, nos moldes do contrato anterior. 

 

V. DOS PEDIDOS 

 

Por  todo  o  exposto,  requer­se  seja  julgada  totalmente 

procedente a presente ação, para: 

 

a. Declarar a abusividade da Cláusula 22, com sua consequente 

anulação, a qual veda a continuidade do plano em caso de demissão ou aposentadoria 

do servidor e; 

b. Condenar as rés na obrigação de fazer no sentido de garantir  

o direito à permanência dos dependentes do plano em caso de morte do titular, com a 

inclusão da previsão contratual acerca do benefício da remissão, nos moldes do contrato 

anterior. 

 

Isto  posto,  requer­se  a  procedência  integral  dos  pedidos  ora 

deduzidos e sejam as Rés citadas para, querendo, apresentarem contestação no prazo 

legal, sob pena de reputarem­se verdadeiros os fatos alegados na inicial; 

 

Protesta­se  pela  produção  de  todas  as  provas  admitidas  em 

direito, bem como a  inversão do respectivo ônus, a teor do art. 6º, VIII, do Código de 

Defesa do Consumidor, em  razão da  verossimilhança das alegações e da  inequívoca 

hipossuficiência dos consumidores frente ao caso concreto. 

 

Page 34: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE ... · 2020. 3. 12. · de assegurar aos sindicatos o direito de atuação em juízo para preservar

 

R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: [email protected] 34       

Requer­se a  condenação das Rés ao pagamento das despesas 

processuais e verbas da sucumbência. 

 

Por  fim,  requer­se  que  todas  as  intimações  sejam  feitas  em 

nome de Lara Lorena Ferreira, com escritório à R. Turiassú, 127, cj. 42/43 – Perdizes ­ 

São Paulo/S.P, [email protected], tel. (11) 3868­2729. 

 

Atribui­se à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) 

para efeitos de alçada, haja vista inexistência de valor pecuniário a ser recebido. 

 

Termos em que pede deferimento. 

 

São Paulo, 09 de outubro de 2019. 

 

Lara Lorena Ferreira 

OAB/SP 138.099 

 

Luísa Stopassola 

OAB/SP 430.517 

 

Paula Nocchi Martins 

OAB/SP 415.137