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O COSEMS tem por finalidade lutar pelo fortalecimento e autonomia dos municípios na área da saúde. Seu objetivo é ser uma entidade modelo no país pela sua organização e funcionamento, sendo interlocutor e suporte dos gestores municipais nas políticas públicas de saúde no estado do Paraná. Seus valores de Ética, Transparência, Comprometimento, Qualidade e Solidariedade são aplicados no dia-a-dia de cada um de seus colaboradores.Ser uma entidade modelo no país pela sua organização e funcionamento, sendo interlocutor e suporte dos gestores municipais nas políticas públicas de saúde no estado do Paraná. EXPERIÊNCIAS MUNICIPAIS EXEMPLOS DE ÊXITO NAS REGIÕES DE SAÚDE

EXPERIÊNCIAS MUNICIPAIS - cosemspr.org.brcosemspr.org.br/turnjs4/samples/cosems/revista-experiencias... · 26 Brincando para Educar 27 Fitoterapia Evolução do programa de fitoterapia

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O COSEMS tem por fi nalidade lutarpelo fortalecimento e autonomia dos municípios na área da saúde. Seu objetivo é ser uma entidade modelo no país pela sua organização e funcionamento, sendo interlocutor e suporte dos gestores municipais nas políticas públicas de saúde no estado do Paraná. Seus valores de Ética, Transparência, Comprometimento, Qualidade e Solidariedade são aplicados no dia-a-dia de cada um de seus colaboradores.Ser uma entidade modelo no país pela sua organização e funcionamento, sendo interlocutor e suporte dos gestores municipais nas políticas públicas de saúde no estado do Paraná.

EXPERIÊNCIAS MUNICIPAISEXEMPLOS DE ÊXITO NAS REGIÕES DE SAÚDE

Índice3 Editorial

4 Menigite ViralOcorrência de casos em complexo escolar no município de Lidianópolis - PR em março de 2017

5 Pré-Natal MasculinoImplantação como estratégia de acesso e acolhimento do homem na Atenção Básica

6 Transforme Lixo em Luxo

7 Chopinzinho Limpa e Sem Dengue

8 Grupo de Gestantes: Mãe Chopinzinhense

9 Agroindústria Familiar SeguraQualidade e segurança para os alimentos produzidos nas agroindústrias familiares de Matelândia

10 Saúde MentalAvanços em Saúde Mental na Atenção Primária em Saúde

11 Monitoramento de GestantesSala de Situação em Saúde e mortalidade materna - monitoramento das gestantes da Rede SUS Curitiba

12 Apoio à GestãoSala de Situação em Saúde como ferramenta de apoio à gestão.

13 Grupo Socialização

14 Incorporação de Experiências Exitosas ao RDQA

15 Projeto “Ache o Barbeiro”

16 O Trabalho de Combate ao Aedes Aegypti Continua...

17 Pré-Natal: “Gerando Amor”

18 Lixo Que Vira Livro

19 AcolhimentoA partir da tecnologia de baixa exigência se constrói um cuidado diferenciado

20 Assembleia no CAPS ADAs interfaces da Política Nacional

de Humanização como mediador na reestruturação do dispositivo assembleia no CAPS AD de Ponta Grossa - PR

21 DesmedicalizaçãoCriação de metodologia de grupo de desmedicalização pela equipe de saúde mental do município de Ponta Grossa para aplicação na Atenção Básica: uma tecnologia de apoio matricial.

22 Terapia NutricionalComo parte do tratamento em atendimento domiciliar

23 Reabilitação PsicossocialA horticultura como recurso de reabilitação psicossocial dos pacientes do CAPS AD de Ponta Grossa

24 Papel Regulador do NASFComo promotor da melhoria no atendimento ao usuário

25 Prevenção e Posvenção ao SuicídioImplementação de ações no município de Maringá - PR

26 Brincando para Educar

27 FitoterapiaEvolução do programa de fitoterapia “Verde Vida” no município de Maringá - PR, período 2013-2016

28 Estudo ComparativoEntre os índices de parto vaginal e cesáreo no Brasil e no município de Paraíso do Norte - PR, entre o período de 2000 a 2014

29 Caminhar para o Futuro

30 Pare de Fumar Conversando

31 Equipe Multiprofissional em MarialvaEfetividade da equipe multiprofissional no acompanhamento dos pacientes referenciados no MACC

32 Perfil EpidemiológicoDas gestantes de risco intermediário atendidas pelo Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Setentrião Paranaense (CISAMUSEP).

EditorialCaros Leitores,

O Cosems PR está inaugurando este espaço para os Municípios compartilharem, via web, as experiências exitosas demonstrando que o SUS é muito mais do que as agruras estampadas nos veículos de comunicação.

Nesta primeira edição, estamos publicando os trabalhos inscritos no COSEMS-PR para participar da Mostra Nacional realizada no XXXIII Congresso do CONASEMS realizado no último mês de julho em Brasília.

Que esta iniciativa seja um incentivo para os demais municípios também ocuparem este espaço como uma vitrine para que as experiências vivenciadas em cada um dos lugares possam se tornar conhecidas, compartilhadas, enriquecendo e tendo o reconhecimento do trabalho que é feito cotidianamente por todos que acreditam num Sistema Único de Saúde que dá certo!

Boa Leitura a todos!

Curitiba, outubro de 2017

Cristiane Martins Pantaleão Presidente do COSEMS-PR

33 Equipe Multiprofissional em MaringáA importância da equipe multiprofissional no atendimento do Modelo de Atenção às Condições Crônicas no Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Setentrião Paranaense (CISAMUSEP)

34 PlanilhasUma ferramenta com Simplicidade Multifuncional para a classificação do risco familiar.

35 Estratificação de RiscoComo proposta de organização da demanda na Rede de Saúde Bucal

36 Grupo de ApoioProjeto: Grupo de apoio terapêutico aos fibromiálgicos de Pérola

37 Gestão do TrabalhoConhecer e qualificar a gestão do trabalho em Munhoz de Mello

38 Linhas de CuidadoA mudança do Modelo de Atenção à Saúde através da implantação das Linhas de Cuidado da hipertensão arterial e diabetes em Munhoz de Mello – Paraná

39 Vigilância em SaúdeVigilância em Saúde do Trabalhador x Atenção Básica

40 Mortalidade InfantilO reflexo da organização da Rede na redução da mortalidade infantil

41 A Construção do AcessoAproximando o trabalho de profissionais de uma Unidade Básica de Saúde e as travestis residentes no território

42 CongressoI Congresso Regional de Secretarias Municipais de Saúde (CRESEMS) na 17ª Regional de Saúde – Paraná

43 ExpedienteConselho de Secretários Municipais de Saúde do Paraná – gestão 2018-2019

Autores: Catiúscia Ranai Yokota Polli Thiago Zanoni BrancoMunicípio: LidianópolisRegional de Saúde: 22ª RS

Este trabalho se deu no Município de Lidianópolis-PR, com aproximadamente 3.717 habitantes (IBGE 2010).

Trata-se da ocorrência de forma abrupta de meningite viral no município com início na semana epidemiológica 11, se estendendo até a semana 13 de 2017. Foram notifi cados oito casos, sendo sete casos de crianças de 04 a 12 anos distribuídas em salas diversas do complexo educacional e um caso adulto sendo este profi ssional da saúde e mãe de uma criança em idade escolar, caracterizando um surto epidêmico de meningite.

As crianças apresentaram manifestações clínicas como: febre, cefaleia, vômito, rigidez de nuca com boa evolução clínica. Este trabalho tem por fi nalidade o relato de experiência de um surto de meningite viral, expondo: nossas difi culdades, nossas ações e estratégias em saúde com a integração de outros setores e os resultados exitosos das ações educativas e preventivas. A coleta de dados se deu através da análise da Ficha de Investigação de Meningite (SINAN), análise do Monitoramento das Doenças Diarreicas (MDDA), busca por vacinados no Programa Nacional de Imunização, análise de prontuários médicos, entrevistas com familiares e visitas ao complexo escolar.

Durante a hospitalização dos casos, encontramos difi culdades por parte da epidemiologia na obtenção de informações junto ao hospital de referência, difi cultando a equipe em obter informações em tempo hábil.

As estratégias e ações foram planejadas e organizadas em parceria com a Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, Estratégia Saúde da Família, Departamento Municipal de Educação e demais setores. As ações realizadas foram baseadas nas visitas sanitárias ao

complexo escolar, onde verifi cou-se a presença de condições que poderiam estar veiculando a transmissão do vírus entre os alunos como falhas na higienização do estabelecimento de ensino e a necessidade de orientações de educação em saúde.

Foram realizadas estratégias, como palestras com todos os profi ssionais (serviços gerais, cozinheiros, professores, diretores e pais), abordando temas relevantes sobre a doença. Um mutirão de limpeza foi realizado no fi m de semana pela equipe da educação e da saúde, incluindo as escolas e os ônibus. Quanto ao fl uxo e a agilidade das notifi cações compulsórias, realizou-se junto a 22ª Regional de Saúde do Estado do Paraná uma capacitação com os responsáveis a fi m de propor ações integradas entre a vigilância epidemiológica e os hospitais de referência.

Ao término da investigação epidemiológica identifi camos casos de diarreia no Monitoramento das Doenças Diarreicas e outros casos não informados entre os alunos do complexo, o que reforça a relação dos casos ao enterovirus e nos fortalece quanto a importância do monitoramento das doenças diarreicas SIVEP-DDA.

Desta forma percebemos que as ações de vigilância foram de suma importância, visto que, com base na investigação pudemos realizar um plano de contingência no controle da doença, o qual se mostrou efi caz, visto que, nas semanas seguintes não se observou a ocorrência de novos casos.

As orientações de educação em saúde, realizada com os profi ssionais do setor da educação foi signifi cante, pois a partir desse fato, rotinas de higienização foram estabelecidas nas escolas e centros educacionais (Protocolo de Higienização). Contudo percebemos que, condições, fatores determinantes de saúde e fatos como este que ocorreu em nosso município reforçam a necessidade de uma vigilância em saúde ativa e perceptível aos agravos e doenças que permeiam nossa realidade. n

Ocorrência de casos em complexo escolar no município de Lidianópolis - PR em março de 2017

Menigite Viral

Desde a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, em 2009, os municípios brasileiros vêm lançando estratégias para promover atenção e prevenir agravos à população masculina.

Em nossa sociedade, o “cuidado” é papel considerado como sendo feminino e as mulheres são educadas, desde muito cedo, para desempenhar e se responsabilizar por este papel, o que fi ca mais evidente ainda quando se fala de paternidade. Contudo, a participação efetiva do pai no ciclo gravídico é decisiva para a interação pai-fi lho, em que o primeiro é inserido na gravidez para construir vínculos de afeto e sentir-se pai.

Assim, a proposta de intervenção encontrada pela Secretaria de Saúde de Santa Terezinha de Itaipu foi a de implantar, na Atenção Básica (AB), o protocolo de Pré-Natal Masculino como estratégia de acesso e acolhimento do homem aos serviços de prevenção e promoção da saúde no SUS, tendo como premissas:

1. A equipe da Unidade de Saúde ao detectar uma nova gestante deverá além do acompanhamento habitual do pré-natal feminino, estimular a participação do companheiro em todo o período gestacional e pós-parto e os exames sugeridos para o Pré-natal Masculino deverão ser precedidos de consulta/avaliação clínica do médico e/ou enfermeiro, numa análise holística da saúde do homem;

2. São essenciais para o pré-natal masculino os exames que poderão ser realizados concomitantemente às 3 fases do pré-natal feminino (teste rápido para detecção de HIV, Sífi lis, Hepatite B e C, e/ou sorologia para HIV, VDRL, Hepatite B e C) e conforme a anamnese clínica poderão ser solicitados ainda, exames de colesterol total e frações, triglicerídeos, glicemia em jejum, hemograma completo, tipagem sanguínea e PSA (Protocolo Sociedade Brasileira de Urologia);

3. Este momento de consulta multidisciplinar é uma ótima oportunidade para oferecer a carta de serviços do SUS à população masculina.

Implantação como estratégia de acesso e acolhimento do homem na Atenção Básica

Pré-Natal Masculino

Existem dois aspectos bastante relevantes quanto à inserção do pré-natal masculino na rotina da AB: o de saúde pública e o individual.

Do ponto de vista de saúde pública, a inserção do homem no pré-natal vem diminuir a incidência de doenças infecto-contagiosas congênitas e proporcionar o entendimento quanto aos cuidados que o homem deverá ter consigo, durante a gravidez, para prevenir a transmissão de morbidades e mesmo de contraí-las.

Já do ponto de vista individual, fazer com que o pai participe e colabore com as necessidades da gestante e do bebê, preparando-o para atuar de maneira ativa na vida do recém-nascido, são fundamentais para o sucesso dos cuidados com amamentação, higiene e conforto do bebê.

Os resultados do programa já podem ser avaliados nos índices epidemiológicos anuais do município, como por exemplo, o número de casos de infecções congênitas por sífi lis e HIV que nos últimos anos foi zero. n

Autor: Fabio de MelloMunicípio: Santa Terezinha de ItaipuRegional de Saúde: 9ª RS

Experiências Municipais 5

Autores: Danieli Fontana Machado Francielle Acco Guzzo Daniel Cittadella Dominico Claudia Cabañas MourãoMuncípio: Chopinzinho Regional de Saúde: 7ª RS

Promover a saúde é um dos objetivos principais da estratégia de saúde da família. Tal promoção inclui bem estar físico e emocional. Pensando nisso foi desenvolvido um trabalho/grupo que engloba tais fatores.

São reuniões que acontecem semanalmente, funcionam como grupo terapêutico e que, ao mesmo tempo, trabalham separação e descarte adequado do lixo, evitando assim a proliferação do mosquito da dengue. Nessas reuniões são fabricadas peças artesanais e há troca de experiência e convívio social.

Com isso são reduzidos os encaminhamentos psicológicos, idas aos médicos sem necessidade e há uma maior integração entre a comunidade e a equipe de saúde.

O objetivo desse trabalho é o aproveitamento do lixo descartado nos domicílios para a construção de peças artesanais, construção de grupo terapêutico e maior integração com a comunidade. As reuniões são realizadas semanalmente com um grupo de mulheres da comunidade que são ensinadas por uma voluntária a confeccionar peças com o lixo reciclável que elas mesmas separam.

Essas reuniões funcionam como terapia ocupacional, fazendo com que as participantes se sintam úteis e troquem experiências entre si. Muitas sentem-se seguras para em outro momento confeccionarem as peças para vender como uma forma de renda extra.

Os resultados alcançados e impactos observados são a formação de pequenos grupos de terapia ocupacional em casa, com amigos e vizinhos, diminuição dos casos de encaminhamento psicológico e relato de melhora do bem estar familiar, psicológico e financeiro. Evidencia-se melhora da qualidade de vida dos participantes e comunidade, descarte adequado e reaproveitamento do lixo reciclável, diminuição dos focos da dengue. n

Transforme Lixo em Luxo

6 Experiências Municipais

Chopinzinho Limpa e Sem DengueAutores: Lídia Posso Simionato Fabiano Popia Jonilene Araujo NaiverthMunicípio: ChopinzinhoRegional de Saúde: 7ª RS

Devido ao alto índice de infestação predial do Aedes aegypti em Chopinzinho, criou-se um Comitê de Controle e Prevenção da Dengue, onde são discutidas estratégias de prevenção a esse vetor. Com isso, implementamos o projeto “Chopinzinho limpa e sem dengue”, o qual envolveu diversas atividades com o intuito de erradicar o mosquito da dengue.

Com o alto índice de infestação do mosquito e a grande incidência de lixo acumulado nas ruas e nas residências, foi necessária a realização do mutirão para a limpeza de todo o município. A finalidade era de eliminar todos os possíveis criadouros e manter a cidade limpa e sem dengue.

Foi realizada uma reunião com o comitê, a equipe de saúde e representantes de entidades e sociedade civil organizada para desenvolver estratégias de trabalho. Foram divididas as áreas por croquis mapeando todos os quarteirões a serem trabalhados por cada grupo e determinados coordenadores para os grupos envolvendo os servidores da Secretaria de Saúde (vigilância ambiental, sanitária e epidemiológica, ACS, ACE) por terem o conhecimento das áreas.

Foram distribuídos dois bags por quarteirão para a população colocar o lixo e também informamos através da imprensa local que os moradores retirassem seu lixo com antecedência e acondicionassem nos bags. No dia 1° de abril realizamos o mutirão, com o apoio de quase mil pessoas, com abertura em frente ao Paço Municipal, as 07h30min com a participação de todas as equipes, entidades envolvidas e voluntariado. Cada equipe seguiu para sua área de trabalho, juntamente com os caminhões, máquinas, voluntários e entidades colaboradoras, somando um número considerável para fazer o recolhimento dos bags e descarte do lixo que foi depositado em uma região isolada do município com a aprovação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Após a conclusão do mutirão as máquinas da prefeitura fizeram um aterro na região do descarte para evitar que os catadores retornassem com o lixo para a cidade. O índice de infestação predial na semana epidemiológica 1 de 2017 era de 5,5 de larvas positivas. Na semana epidemiológica 9, após o mutirão, onde iniciou-se o segundo ciclo, o índice de infestação predial foi de 3,32 para larvas positivas. No mês seguinte o índice foi de 1,5. Percebemos que os moradores passaram a manter suas propriedades limpas e organizadas.

Esta grande mobilização reduziu significativamente o índice de infestação predial no município e o número de casos de notificação para dengue. Foi criada uma lei municipal que permite notificar e autuar as pessoas que jogarem lixo em lugares indevidos, dessa forma, monitoramos nosso município e futuramente teremos uma cidade limpa e livre da dengue. n

Experiências Municipais 7

Autores: Danieli Fontana Machado Francielle Acco GuzzoMunicípio: ChopinzinhoRegional de Saúde: 7ª RS

Pensar uma nova sociedade é pensar sobre a mulher e sua saúde, em que o eixo central seja a qualidade de vida do ser humano desde o seu nascimento. A assistência às gestantes e ao recém-nascido deve ser proporcionada pela saúde pública do município na

Grupo de Gestantes: Mãe Chopinzinhense

busca de humanização da assistência do perinatal ao binômio mãe-bebê.

Os profissionais de saúde desempenham importante papel nessa experiência. Possuem oportunidade única de utilizar seu conhecimento para assegurar o bem estar da mulher e do bebê.

A assistência pré-natal tem por objetivo principal acolher a mulher desde o início de sua gestação, período de mudanças físicas e emocionais. Uma das estratégias de assistência às mulheres grávidas é proporcionada pelo acolhimento no grupo de gestantes.

Este grupo já acontece no município há mais de 10 anos, exemplo de experiência bem sucedida e que já acolheu muitas gestantes. São reuniões mensais que acontecem na academia da saúde onde as gestantes recebem orientações de diversos profissionais como enfermeiro, pediatra, psiquiatra, obstetra, psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta.

Durante a gestação a mulher também participa de uma reunião que acontece no hospital (podendo levar os familiares consigo) onde é orientada sobre aleitamento materno, cuidados com o RN, trabalho de parto e apresentação da enfermaria. No final da gestação, recebe um kit com objetos de uso pessoal e para o bebê.

As finalidades da experiência são:

• o bem estar da gestante e do bebê,

• diminuição das complicações na gestação e pós-parto,

• diminuição da mortalidade materno infantil,

• aleitamento materno exclusivo até o sexto mês.

Como dinâmicas e estratégias são realizadas reuniões mensais, convite e entrega do cronograma no momento do cadastro do SISPRENATAL.

Com o trabalho observa-se boa participação das gestantes e diminuição da mortalidade materno infantil. O seguimento gestacional e puerperal também é melhorado, há melhor qualidade de vida tanto para a mãe e bebê, proporciona a educação e promoção da saúde, sana dúvidas e questionamentos das gestantes e familiares. n

8 Experiências Municipais

Autora: Karla Juliany FeuserMunicípio: Matelândia Regional de Saúde: 9ª RS

Matelândia é um município brasileiro localizado no Oeste do Estado do Paraná. A economia do município é baseada no agronegócio, aproximadamente 30% de sua população residem no campo. Por possuir diversidade climática e solos de boa fertilidade se presta à produção de diversas culturas, oferecendo assim oportunidades para os agricultores familiares.

Uma das alternativas econômicas para que o agricultor e sua família permaneçam no campo é a implantação das agroindústrias. Considerando estas potencialidades, visando melhorar a renda e a qualidade de vida das famílias rurais, e ainda preocupada com a qualidade e a segurança dos alimentos produzidos em nosso município, a Vigilância Sanitária intensificou suas ações voltadas ao produtor rural, com o objetivo de tornar Matelândia uma cidade referência no oeste do Paraná quando se trata de alimentos com qualidade.

Desta forma, foi elaborado um projeto que concede gratuitamente aos produtores rurais, as informações nutricionais para os produtos produzidos em suas agroindústrias. Como pré-requisito para receber as informações nutricionais, as agroindústrias devem atender aos itens do roteiro de inspeção sobre boas práticas de fabricação de produtos alimentícios, aplicado pela Vigilância Sanitária Municipal.

Qualidade e segurança para os alimentos produzidos nas agroindústrias familiares de Matelândia

Agroindústria Familiar Segura

Nas agroindústrias que estão em fase de construção, as inspeções são realizadas uma vez por semana, a fim de minimizar os erros e maximizar os acertos no decorrer da obra, acompanhando de perto sua evolução. Após inspeção sanitária do local já em funcionamento, a agroindústria recebe um parecer sanitário favorável para desempenhar suas atividades.

O próximo passo é entregar para a engenheira de alimentos as receitas e/ou formulações dos gêneros alimentícios a serem produzidos, para que a mesma encaminhe à empresa especializada e as informações nutricionais possam ser fornecidas.

Atualmente são 25 agroindústrias instaladas e em funcionamento no interior do município de Matelândia, desempenhando atividades nos mais diversos segmentos alimentícios. Todas essas agroindústrias foram beneficiadas com as informações nutricionais para seus respectivos produtos, sendo entregues até o momento 156 informações nutricionais gratuitas aos produtores rurais.

Torna-se evidente que o projeto proposto e executado pela Vigilância Sanitária está surtindo efeito, visto que os alimentos produzidos pelas agroindústrias estão sendo comercializados em boa parte do Oeste Paranaense com excelente aceitação, justamente pela qualidade e pelo conteúdo das informações que apresentam ao consumidor. n

Experiências Municipais 9

Autores: Francielli Marcolin Brambilla Francielle J. M. Trichez Dias Elizangela P. P. TrabaquiniMunicípio: Iracema do Oeste Regional de Saúde: 10ª RS

O trabalho apresenta a experiência desenvolvida no município de Iracema do Oeste, localizado no Oeste do Paraná, com população estimada em 2512 habitantes.

O município é de pequeno porte e possui uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Um dos princípios da Atenção Primária à Saúde (APS), “constitui no conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, englobando promoção, proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento e a reabilitação”, vindo garantir o primeiro acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive para aqueles que precisam de cuidados no âmbito da Saúde Mental.

A saúde mental se tornou uma preocupação para

Avanços em Saúde Mental na Atenção Primária em Saúde

Saúde Mental

nossa equipe, priorizando uma política para a APS, por meio do método de manejo, reformulação do serviço, prevenção e tratamento na UBS.

As estratégias utilizadas foram:

• capacitação pela Oficina APSUS,

• sensibilização da Estratégia de Saúde da Família (ESF),

• monitoramento semanal em reuniões de equipe para estratificação de risco com discussão de caso e plano de cuidados,

• acompanhamento dos pacientes com entrega de medicações em casos específicos,

• atendimento domiciliar,

• busca ativa de pacientes faltosos,

• identificação e inserção dos casos no mapa inteligente,

• reunião de rede intersetorial, priorizando principalmente o trabalho em equipe.

As intervenções propostas são ações pensando na saúde integral e na individualidade de cada paciente.

Para a coleta de dados, unificamos a Ficha de Cadastro, Estratificação de Risco e Plano de Cuidados preenchidos pela equipe, anexando em prontuário. Em 2016 obteve-se uma média estratificada de 185 pacientes acometidos de transtornos mentais, sendo 111 baixo risco, 54 médio risco e 20 de alto risco. Segundo os dados de internação por capítulo da CID 10, no ano de 2015, houveram 10 internamentos psiquiátricos. Após implementação do serviço em 2016, foram 4 internamentos, sendo que atualmente não houve nenhum caso, mostrando o impacto do trabalho, repercutindo positivamente nos indicadores de saúde.

Consideramos positivos os resultados que alcançamos após a implantação deste serviço, promovendo integração da equipe, mudanças no processo de trabalho no âmbito da saúde mental, objetivando principalmente a estabilização dos pacientes no município, diminuindo a necessidade de internamento psiquiátrico, redução no grau de risco, tornando o atendimento mais humanizado e mantendo o indivíduo em seu meio familiar e social. n

10 Experiências Municipais

Autores: Cristiane Yumi Nakamura Sandra Duran Otero Juliane Cristina Costa OliveiraMunicípio: CuritibaRegional de Saúde: 2ª RS

Em Curitiba, o objetivo da Sala de Situação em Saúde (SSS) é realizar diagnóstico situacional, através do monitoramento e avaliação dos serviços da rede SUS, a fim de subsidiar a gestão para o planejamento e tomada de decisões. Para tanto, são compilados dados de diferentes setores relacionados ao mesmo problema de saúde, proporcionando informações agregadas, em forma de gráficos, disponibilizadas em um único painel.

Uma das situações monitoradas é a mortalidade materna e seus fatores de risco, com informações dos óbitos e de atenção à gestante (captação precoce, consultas e exames de pré-natal, encaminhamentos para Atenção Especializada, etc). São utilizados sistemas nacionais (SINASC-Sistema de Informação de Nascidos Vivos; SIM- Sistema de Informação de Mortalidade) e sistemas locais (BI-Business Intelligence Epidemio, Prontuário eletrônico e-Saúde).

Os encaminhamentos das gestantes de risco aos hospitais são monitorados semanalmente e o painel enviado aos setores que possuem algum envolvimento com a situação monitorada.

Em dez/16 demonstrou-se aumento no número de gestantes em fila (média de 18 dias), chegando, na segunda semana de jan/17, a 270 gestantes em fila (média de 27 dias). Foi sinalizado pela SSS que algumas gestantes continuavam em fila, devido a critérios que não correspondiam mais às ofertas existentes.

Os setores responsáveis realizaram uma “correção administrativa” dos encaminhamentos e estudo para contratualização de mais consultas na referida especialidade. No final de jan/17, verificou-se redução de 41% do número de gestantes em comparação a dez/16. No final de fev/17 houve aumento do número de consultas com a nova contratualização e na primeira semana de mar/17 foi visível a redução das gestantes em fila (n=55, média de 12 dias), chegando a zero no início de abr/17.

O monitoramento semanal possibilita identificar informações que saiam do padrão ou cuja tendência indica uma piora do quadro, propiciando a tomada de

Sala de Situação em Saúde e mortalidade materna - monitoramento das gestantes da Rede SUS Curitiba

Monitoramento de Gestantes

decisão em tempo oportuno, provocando uma ação mais rápida.

A agregação das informações dentro de um único painel, proporcionou uma leitura visual rápida e dinâmica da situação em tela, desde o conhecimento, planejamento e tomada de decisão no enfrentamento desta situação específica.

O monitoramento realizado pela SSS pode ser expandido para outras situações, resultando no uso da informação para realização de diagnósticos situacionais envolvendo diferentes setores, de forma a auxiliar os gestores no planejamento e tomada de decisão, além da integração dos setores no enfrentamento de um mesmo problema, potencializando os resultados e benefícios à população. n

Experiências Municipais 11

Autores: Sandra Duran Otero Cristiane Yumi Nakamura Juliane Cristina Costa Oliveira Nilza Terezinha FaoroMunicípio: CuritibaRegional de Saúde: 2ª RS

A Sala de Situação em Saúde (SSS) busca agregar dados de diferentes fontes, transformando-os em informações, visando o monitoramento de situações de saúde que sejam estratégicas e/ou que se apresentem como difi culdades para o bom desempenho do SUS Curitiba. É uma forma de potencializar o uso dos dados, convertidos em informação.

A SSS tem sido utilizada como forma de monitorar e avaliar situações de acompanhamento da assistência e ou dos serviços, com o objetivo de subsidiar a gestão para o planejamento e tomada de decisões. Os itens monitorados foram escolhidos em consonância com as prioridades defi nidas pela gestão. São utilizados sistemas nacionais como SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notifi cação), SINASC (Sistema de Informação de Nascidos Vivos), SIM

Sala de Situação em Saúde como ferramenta de apoio à gestão.

Apoio à Gestão

(Sistema de Informação de Mortalidade), e sistemas locais como BI (Business Intelligence Epidemio), Sistema 156 (Ouvidoria), Prontuário eletrônico (e-Saude).

Os dados são compilados, trabalhados e combinados entre si em planilhas do programa Microsoft Excel®, gerando gráfi cos e tabelas. Estas fi guras são agregadas em um único arquivo do programa Microsoft Power Point®, recebendo a denominação de Painel de Monitoramento. As informações produzidas, por meio de painéis e alertas, são enviadas por meio eletrônico para os diversos setores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) envolvidos nos itens monitorados.

A coleta de dados é realizada por meio da agregação de informações em diversos sistemas, organizados de forma que possibilite o olhar ampliado sobre uma situação.

Os Painéis de Monitoramento produzidos são:

• Mortalidade Materna Infantil,

• Sífi lis Congênita e seus fatores condicionantes,

• Doenças não transmissíveis,

• Cobertura Vacinal,

• Urgência e Emergência (monitoramento dos atendimentos nas UPAs),

• Dengue e Doenças Respiratórias.

A atualização dos dados é realizada, para a maioria das situações, semanalmente. Com esta periodicidade procura-se detectar informações que saiam do padrão ou cuja tendência indica uma piora do quadro, detectando assim antecipadamente estes casos, propiciando a tomada de decisão em tempo oportuno, provocando uma ação mais rápida.

A análise e utilização das informações pelos departamentos envolvidos, tem favorecido a disseminação da informação e o uso adequado pelas diversas áreas da SMS, fazendo com que a informação gerada seja utilizada para ação e tomada de decisão.

Novas possibilidades devem ser exploradas, como a integração dos sistemas de informação, possibilitando uma informação mais dinâmica. Ainda assim, como inicialmente proposto, a SSS já se tornou um importante instrumento para auxiliar o planejamento, tomada de decisões e gestão dos problemas de saúde pública. n

12 Experiências Municipais

Autores: Angelita Aparecida Bonancin Silvana Cristina Santi CavaliMunicípio: Ponta GrossaRegional de Saúde: 3ª RS

Na saúde mental os profi ssionais devem considerar a singularidade dos usuários do serviço e ampliar o olhar de compreensão dos sujeitos, englobando as múltiplas dimensões de existência como as histórias de vida, os contextos social, cultural, familiar e de sofrimento psíquico.

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tem como característica buscar a reabilitação psicossocial de seus usuários no território onde constroem suas vidas. O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Droga (CAPS AD) oferece atendimento para pessoas com transtornos decorrentes do uso abusivo de Álcool e outras Drogas. Em Ponta Grossa-PR, o CAPS AD Belas Tardes, iniciou suas atividades em 02 de abril de 2004 e a partir da demanda do serviço, surgiu a necessidade de implantar um grupo com objetivo de instituir um espaço coletivo de informação e de incentivo à cidadania, lazer e cultura, e de orientar os usuários sobre os direitos socioassistenciais, buscando empoderamento e protagonismo social, que denominou-se então Grupo Socialização (GS).

O GS é um grupo aberto, participam apenas os usuários do CAPS AD Belas Tardes e acontece todas as segundas feiras das 13:30h às 15:00h. Já aconteceram 34 encontros, num total de 381 participações.

Utiliza-se o GS como método de coleta de dados. Os relatos acontecem de modo escrito e/ou oral conforme o desenvolvimento das atividades. Buscamos também observar e explorar o conteúdo implícito, mais presente nas entrelinhas da comunicação como gestos, olhares e expressões. Durante o desenvolvimento de uma determinada dinâmica, os usuários puderam refl etir sobre seus sentimentos e relataram: o primeiro “Eles pensam que eu não tenho força de vontade e que sou muito fraca”, o segundo usuário comenta que: “o morador de rua é considerado lixo do mundo e escória de todos”, o terceiro diz “a droga é mais forte que eu” e o quarto “vou morrer e não vou resolver meus problemas”.

Durante o desenvolvimento do grupo observou-se através de relatos que o usuário de Substância Psicoativa (SPA) possui baixa autoestima, sente-se excluído e frustrado devido ao estigma internalizado e por não conseguir alcançar objetivos propostos por si mesmo, objetivos estes, um tanto quanto difíceis de atingir a curto prazo. Após a participação no grupo os

Grupo Socializaçãousuários começaram a lutar mais pelos seus direitos e participaram de mobilizações que aconteceram na cidade, como por exemplo manifestação contra a Reforma da Previdência, tendo uma visão mais crítica da realidade.

Acredita-se que, na saúde mental seja essencial trabalho de socialização que contribua para que o usuário possa se aceitar como pessoa, como cidadão, que tenha uma visão crítica do uso das SPA, que seja empoderado para decidir sobre seu projeto de vida e que seja estimulada a autoestima desses sujeitos nas suas singularidades. n

Experiências Municipais 13

Autores: Alessandro Albini Giovani de SouzaMunicípio: São José dos PinhaisRegional de Saúde: 2ª RS

As experiências exitosas apresentadas em congressos ao longo dos anos têm sido um marco que ressalta e revela a importância da valorização e do reconhecimento de um trabalho/serviço inovador executado na saúde pública brasileira.

Ao ser observado o sucesso desta iniciativa, a Secretaria Municipal de Saúde de São José dos Pinhais instituiu, com aval do Conselho Municipal de Saúde, a seleção de cinco experiências exitosas municipais dentre seus serviços para incorporar, em capítulo próprio, no Relatório Detalhado Quadrimestral Anterior (RDQA). Com esta iniciativa a gestão municipal oferece visibilidade aos serviços realizados pelos trabalhadores, que por muitas vezes fi nanciam seus próprios projetos. Estas experiências podem ser de temática livre e tem como regramento básico a de terem sido aplicadas ou estar em atividade no ano respectivo ao RDQA.

A incorporação de experiências exitosas tem sido implementada nos últimos três RDQAs. O critério de avaliação é feito com base na abrangência em saúde coletiva e apresentação acadêmica. Para a avaliação do projeto foi formulada uma questão semiestruturada com o intuito de realizar pesquisa quanto a importância da incorporação de experiências exitosas ao RDQA na visão dos trabalhadores da saúde e enviada por e-mail a todos os gestores municipais da saúde (Diretores, Chefes de Divisão e Chefes de Posto de Saúde), do Hospital Municipal à Atenção Primária em Saúde. Como

Incorporação de Experiências Exitosas ao RDQA

resultado obteve-se 100% das respostas assinaladas como muito importante (73,34%) e importante (26,66%).

Algumas das respostas escritas que recebemos relataram que

“Este projeto, além de valorizar experiências inéditas, estimula a criatividade dos diversos setores públicos, destacando os autores empreendedores”;

“Considero muito importante, pois muitas mudanças importantes, inovadoras e signifi cativas provem de ideias simples, que muitas vezes surgem do ambiente de trabalho no nosso dia-a-dia”;

“Com a incorporação das experiências exitosas podemos mostrar para outros colegas nossos projetos e também, podemos melhorar nossos trabalhos trazendo as experiências dos colegas para nosso cotidiano”.

Finalmente, a incorporação de experiências exitosas no RDQA tornou-se para a Secretaria Municipal de Saúde uma ferramenta de incentivo e valorização. Alguns podem declarar que o SUS é um sistema nacional de saúde cheio de experiências exitosas, mas que “não funciona”. No entanto, incidi diariamente em tamanha criatividade, determinação, superação, inovação e propõe busca incessante por excelência, além da produção maciça de serviços.

O SUS é um sistema nacional de saúde que “não funciona” SEM experiências exitosas! n

14 Experiências Municipais

Autores: Aline Pontarolo Heinen Cristiane Siqueira Gaspar Giuvane Soares de FrançaMunicípio: GuamirangaRegional de Saúde: 4ª RS

Atualmente, no município de Guamiranga, foram encontradas diversas amostras do barbeiro, inseto transmissor da Doença de Chagas, alguns deles contaminados com o Tripanossa cruzy. Além disso, muitos insetos têm chegado sem vida, o que impossibilita a identificação do protozoário no inseto.

Neste sentido, o projeto teve como finalidade conscientizar as crianças e jovens do município acerca da gravidade da Doença de Chagas, mobilizar a população como medida de prevenção da doença, incentivar a coleta de barbeiros vivos para exames laboratoriais, verificar a existência da doença no município e alertar a população acerca do agravo.

A proposta consistiu em promover uma banca de exposição com uma maquete, mais precisamente uma casa e quintal contendo exemplares do barbeiro. Estes insetos ficavam escondidos nos cômodos da casa, atrás de armários, sofá, tapetes e uma pilha de lenha. Esta maquete ficou em uma sala e, desta forma, os alunos foram organizados em pequenos grupos para visitar a maquete.

Inicialmente a equipe falava sobre as características do inseto, mostrava um exemplar, explicava sobre a doença, lugares onde ele costuma se esconder e formas de prevenção. Em seguida, os alunos eram convidados a procurar insetos escondidos na maquete com intuito de perceber possíveis lugares que possam abrigar o

Projeto “Ache o Barbeiro”

barbeiro em suas casas. Ao final, os alunos receberam um panfleto informativo sobre a doença.

A maquete ficou em exposição o dia todo em cada escola e na escola da sede ficou dois dias. Foram atendidas as escolas da Água Branca, Barreiro, Boa Vista e centro da cidade. O número de amostras aumentou a atenção da população em relação a presença do inseto e a possibilidade da doença, além disso foi possível evidenciar a importância quanto ao cuidado e limpeza das propriedades.

O impacto da experiência pôde se percebido ao realizar visitas e pesquisas nos imóveis onde foram encontradas amostras de barbeiro. Na maioria das vezes, são relatados que foram as crianças que identificaram o inseto e insistiram para levar ao PIT (Posto de Informação de Triatomíneo).

Este projeto de mobilização nas escolas, em reuniões de grupos como hiperdia, reunião de associação e em programa de rádio, evidenciou o grande número de barbeiros que existem em nosso município e instigou o monitoramento da doença pela atenção básica e controle pela equipe de endemias, por meio de orientação e vistorias para a conscientização da população no que diz respeito ao acúmulo de entulhos e madeiras velhas, controle de matos e melhoria das residências. n

Experiências Municipais 15

Autores: Aline Pontarolo Heinen Cristiane Siqueira Gaspar Giuvane Soares de FrançaMunicípio: GuamirangaRegional de Saúde: 4ª RS

Este projeto é uma proposta da equipe de endemias do município de Guamiranga-PR, para desenvolver atividades com crianças de 06 a 12 anos, participantes de programas sociais para o combate ao mosquito Aedes aegypti.

O projeto envolveu 40 crianças na sede do município e 43 na comunidade da Boa Vista. As atividades iniciaram no mês de maio e sempre que possível no dia 09 de cada mês. Foram realizadas oficinas envolvendo atividades lúdicas sobre o combate ao mosquito, que tinham duração de uma hora.

No primeiro dia, foi apresentado aos alunos o projeto e a proposta de construção de um portfólio durante o desenvolvimento das atividades. Desta forma, foi explicado o que é um portfólio, então, os alunos tiveram seus trabalhos reunidos nesta ferramenta. E como primeira atividade, os alunos produziram a capa do portfólio fazendo a pintura da imagem “Meu albinho Xô dengue”.

No segundo dia, foi feita uma atividade de labirinto que aborda orientações sobre sintomas da dengue, bem como o encaminhamento da pessoa suspeita de dengue. Ainda neste dia, foi feita a produção de um mosquito utilizando litro descartável e EVA.

No terceiro encontro, foram trabalhados textos informativos sobre dengue e zika. Depois, foi feita a produção de máscara do mosquito visando a prevenção das doenças.

No quarto dia foi trabalhada a produção de um jogo de trilha, atividade em que se evidenciou a importância de não deixar água acumulada e evitar a proliferação do mosquito.

No quinto encontro, foram trabalhadas histórias em quadrinhos sobre dengue, leitura e produção, com

O Trabalho de Combate ao Aedes Aegypti Continua...

intuito de promover a participação dos alunos visando a apresentação do aprendizado até o momento.

No sexto e último dia, foi feita a exposição dos trabalhos realizados durante o projeto e convidadas as Secretárias de Saúde e da Assistência Social com um vídeo com as fotos das oficinas anteriores, entrega dos portfólios e camisetas do projeto. Houve confraternização entre a turma com a apreciação dos trabalhos pelas secretárias e distribuição de lanche especial.

Como avaliação da proposta pode-se tomar por base o depoimento das crianças e das Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Além disso a verificação dos resultados foi confirmada durante as visitas das Agentes de Combate a Endemias (ACE).

A experiência proporcionou a continuação da campanha de combate ao mosquito durante o ano todo, com intuito de promover sempre a conscientização da população com relação às atitudes de combate ao mosquito. Ainda, houve incentivo às crianças envolvidas a participar de ações sociais em suas comunidades.

Pode-se considerar como resultado deste trabalho o relato dos próprios participantes do projeto, quando referem ações que estão desenvolvendo em casa e ainda o depoimento de uma ACS descrevendo como era uma residência antes da criança participar do projeto. Segunda ela,

“tinha bastante lixo, principalmente perto do rio próximo da casa, agora, é uma limpeza só”.

E em outra residência, o relato de uma mãe

“É o (...nome da criança) que cuida aqui para não ter recipientes que acumulam água, ele sempre está cobrando”.

Pode-se evidenciar que este projeto foi e é uma forma de movimentar o combate ao mosquito, que por algumas vezes, tem menor velocidade no período de inverno. Mas considerando que o mosquito está cada vez mais resistente e que as crianças são essenciais neste tipo de campanha, este projeto vai de encontro com as necessidades da população do município. n

Autores: Alice Paitra Colesel Elisate A. P. Stanski Elza Maria Thiopek Luciane da Luz Batista Walter CararoMunicípio: Fernandes Pinheiro Regional de Saúde: 4ª RS

O Município de Fernandes Pinheiro tem como meta priorizar um atendimento efi caz e de qualidade para as gestantes, buscando aproximar e criar vínculo com a Equipe de Saúde da Família (ESF), para proporcionar mais qualidade de vida para a mãe e para o bebê.

O atendimento à gestante está dividido entre as duas Estratégias de Saúde da Família (ESF) existentes no município que pode contar com uma equipe multidisciplinar que contem os seguintes profi ssionais:

• assistente social,

• psicólogo,

• nutricionista,

• médico ginecologista/obstetra.

As gestantes vêm por demanda espontânea, bem como por busca ativa através do Agente Comunitário de Saúde (ACS) ou de outro membro da equipe.

O pré-natal se inicia com a primeira consulta que é realizada pelo enfermeiro que faz o preenchimento da carteirinha da gestante; realização dos testes rápido de HIV, Sífi lis, Hepatite B e C; teste da mãezinha; realizando todas as orientações bem como a entrega de Acido Fólico. As consultas que seguem são realizadas pelo médico obstetra.

É realizado mensalmente reunião para as gestantes com objetivo educativo e de orientação sobre os temas relacionados a: nutrição adequada para as gestantes e para o pós-parto, aleitamento materno, cuidados pós-parto, cuidados com o RN, mitos e verdades, e outros temas que forem necessários para promover e melhorar atendimento às gestantes.

Como estímulo a participação na consulta é realizada a entrega do kit para o RN contendo cerca de 15 itens, como: bolsa, banheira, roupas, fraldas e materiais de higiene. Este kit é entregue somente para a mãe que frequenta mais de sete consultas de pré-natal, é realizado busca ativa para as faltosas evitando mais de 30 dias sem atendimento.

Para melhorar a condição de orientação das gestantes em relação aos seus direitos e deveres foi criada uma Cartilha de Orientações. Para estimular a procura precoce à unidade de saúde é disponibilizado um técnico de enfermagem que realiza diariamente a visita ao hospital Santa Casa de Irati, vinculado ao Município para internamento e assistência ao parto. Este profi ssional realiza a conferência dos nascimentos,

Pré-Natal: “Gerando Amor”visita as puérperas nos quartos, repassando instruções às mães sobre o atendimento no pós parto na Unidade Básica de Saúde, com as seguintes orientações:

• agendamento para a primeira consulta pediátrica,

• agendamento e orientação para a vacina BCG,

• orientação e auxilio sobre a amamentação,

• coleta de dados para certidão de nascimento (que é emitida no hospital) ou através do registro hospitalar para a confecção de cartão SUS.

Após o inicio das visitas que foi no mês de junho de 2017, pudemos observar uma melhora de 99% no comparecimento pós parto até o quinto dia de vida do RN, tanto para o atendimento da puérpera bem como do RN. Para a vacinação BCG conseguimos fazer o agendamento de quinze em quinze dias evitando o desperdício doses, que só é possível devido a mãe estar orientada e saber que deve comparecer à unidade de saúde.

Podemos constatar que com todas essas atividades que realizamos, conseguimos aproximar as gestantes da unidade de saúde, sabendo quais são seus anseios e suas difi culdades, buscando incentivar e orientar os cuidados que se fazem necessários para promover e melhorar a qualidade de vida da população. n

Experiências Municipais 17

Autores: Ediliane Pacondes de Andrade Evelise Luciane Pereira Kuller Mariane Cotovicz Regiane Pereira SchvaidaMunicípio: Fernandes PinheiroRegional de Saúde: 4ª RS

No atual contexto educacional de nosso município é real a necessidade de mudanças e inovações na área de educação ambiental, assim como o incentivo à leitura. Inserido neste processo está o projeto “Lixo que vira livro”, que consiste na coleta pela comunidade escolar (alunos, professores e funcionários) de lixos recicláveis, para posterior destinação a um local adequado.

O projeto tem como objetivo promover a conscientização e a sensibilização da comunidade escolar e local, em relação à produção do lixo, bem como atuar diretamente na educação ambiental dos alunos e através deles, incentivar a coleta seletiva de resíduos sólidos nas escolas. Visamos também contribuir para adoção de posturas ambientalmente sustentáveis na interação homem/natureza e atuar indiretamente na educação ambiental dos adultos, contando com o envolvimento progressivo dos

Lixo Que Vira Livrofamiliares. Outro fator importante é contribuir para a preservação do meio ambiente e motivar o gosto pela leitura de diversos gêneros, visto que as crianças recebem um livro em troca do lixo.

A primeira atividade do projeto consistiu na realização de explanações nas escolas, pelos responsáveis pelo projeto, no intuito de levar o apoio de infraestrutura básica para obtenção dos objetivos propostos.

O projeto é realizado através de campanhas educativas e aquisição de embalagens próprias para armazenamento dos materiais recicláveis, para que as crianças depositem o material coletado em casa. Cada escola faz um controle do material arrecadado por cada criança, conferindo-lhe uma pontuação, sendo que a cada saco de lixo reciclável trazido pela criança são computados 10 pontos. A seguir, tendo obtido a pontuação de 100 pontos, o aluno ganha uma premiação, um livro de leitura infantil, com o intuito de motivar tal atitude.

Com a realização desse projeto buscamos conscientizar as crianças quanto à coleta seletiva, bem como incentivá-las a adquirir este hábito em conjunto com a família, para a promoção de uma educação ambiental e assim a preservação do meio ambiente em nosso município.

O projeto acontece em parceria com a Secretaria da Saúde, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente e Secretaria de Viação, Obras e Urbanismo, a qual disponibiliza o caminhão para a coleta nas escolas do lixo recolhido com periodicidade semanal, estabelecida pela Secretaria da Educação.

O projeto vem acontecendo desde o mês de abril, envolvendo quatro escolas municipais e tivemos até o mês mês de agosto, 101 crianças que já receberam um livro em troca do lixo e foram coletados aproximadamente 6338 (seis mil trezentos e trinta e oito) quilos de lixo reciclável. Neste último trimestre o Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) será incluído no projeto, totalizando aproximadamente 700 crianças envolvidas.

Acreditamos que o projeto “Lixo que vira livro” estará minimizando diversos problemas sociais, pois o acesso a cultura sem discriminação de raça, condição social ou econômica contribui para a formação de uma sociedade mais justa. O papel do professor como agente ambiental se faz imprescindível no processo de disseminação da cultura e conquistas de mais autonomia, de se comprometer cada vez mais com a sociedade global, passando a fazer parte de uma totalidade natural e social, cuja preservação do meio ambiente depende de todos e de cada um. n

18 Experiências Municipais

Autores: Karine de Oliveira Jabur Patricia Mudrey Gorchinski Anderson Luiz Collesel Maria de F. da S. Lourenço Michele Claudino da SilvaMunicípio: Ponta GrossaRegional de Saúde: 3ª RS

Neste estudo de caso a Unidade Básica de Saúde (UBS), solicitou ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS AD) apoio para o manejo de um caso complexo. A ação se desenvolveu no segundo semestre de 2016 quando a epidemia de dengue se encontrava em fase latente e se instalou uma situação de alerta neste território.

Segundo relato da UBS um morador vinha causando transtorno à comunidade, acumulando em sua residência lixo orgânico e reciclável em grande quantidade. Sendo este, um usuário psicótico que há mais de 2 anos estava desassistido pela rede de saúde, por ser considerado violento, agressivo, usuário de drogas e de difícil relacionamento. Recebeu-se da UBS a informação que o usuário residia sozinho e tinha algumas características peculiares, andava sempre pintado com tinta verde, puxando um carrinho de mão feito de madeira, acompanhado de três cachorros bem cuidados, caminhava dia e noite trazendo entulhos para sua residência e quando estava em casa fazia do local um “mocó” onde usuários de drogas psicoativas reuniam-se para o uso. Através da percepção do zelo que este usuário mantinha com seus animais, entendeu-se que uma das estratégias de aproximação seria acolher e cuidar também de seus cachorros, pois foi através desta estratégia que o vínculo foi se formando.

Destaca-se também a participação intersetorial de alguns serviços da rede do município por meio da articulação do CAPS AD com Zoonose, UBS, Vigilância Sanitária e Ponta Grossa Ambiental (empresa que transporta lixo), enfatizando o sujeito e sensibilizando os demais envolvidos para o eixo do cuidado que é o vínculo.

Como principal resultado observa-se um aprendizado coletivo na lógica da corresponsabilização entre usuário, equipe de referência e rede de assistência do município. Quando se atua baseado na clínica ampliada, se propõem um grande desafio a promoção a saúde e pactuação do cuidado, que foi selado através

A partir da tecnologia de baixa exigência se constrói um cuidado diferenciado

Acolhimento

do acolhimento de baixa exigência, quando se aceita os animais de estimação como bem maior desse indivíduo.

A partir dessa ferramenta inicia-se a construção de dispositivos terapêuticos, o usuário começa a frequentar o CAPS acompanhado de seus animais. Com seu consentimento foi realizado um mutirão para limpeza de sua residência, que atualmente encontra-se um novo cenário: usuário estabilizado e medicado, casa e terreno limpos e organizados, trazendo um novo olhar da comunidade e resultando no fortalecimento do vínculo com a rede.

Se a tarefa é construir propostas com os usuários que tem a ver com intervenções diretas em suas vidas pessoais e que, portanto, precisam fazer sentido a ponto de levá-los a investir nisso, é preciso conhecê-los bem. É preciso acolhê-los bem. Isso leva a desafios, para tornar-se criação de possibilidades concretas de sociabilidade e subjetividade através do vínculo. n

Antes

Depois

Experiências Municipais 19

Autores: Michelle C. da Silva Takahashi Maria de Fátima Lourenço Patricia Mudrey Silvana Cristina Santi Marcio Lupepsil Taís RigoniMunicípio: Ponta Grossa Regional de Saúde: 3ª RS

A assistência psiquiátrica no Brasil foi marcada pela segregação. Há um avanço no fortalecimento da democratização que ressignifica a assistência em saúde mental. Das mudanças, emergem a necessidade da implantação de dispositivos inovadores, que as amparem, destaca-se a assembleia, um espaço para reflexão das práticas de trabalho em saúde favoráveis à democratização, tendo como alicerce os princípios da Política Nacional de Humanização (PNH).

A definição de assembleia, contemplada neste trabalho preconiza a participação do usuário como protagonista nos processos de saúde, no intuito de reconhecer cada sujeito como legítimos cidadãos de direitos, enaltecer e instigar a atuação destes na produção de saúde.

O objeto de estudo deste trabalho, visa assegurar um local para reflexão das demandas em saúde, construir uma horizontalização das relações de poder no tratamento e promover o resgate da cidadania. Desta forma, criou-se um espaço de diálogo, que propõe a problematização, a partir de pautas discutidas e deliberadas pelos presentes, sendo registradas em atas pelos demandantes.

As interfaces da Política Nacional de Humanização como mediador na reestruturação do dispositivo assembleia no CAPS AD de Ponta Grossa - PR

Assembleia no CAPS AD

A assembleia viabiliza uma avaliação constante da prática em saúde mental, evitando processos de inércia e oportuniza a experiência de metodologias dinâmicas.

Observou-se aumento da autonomia dos sujeitos à tomada de decisões, protagonização frente a proatividade do levantamento das pautas sugeridas e resolutividades das propostas apresentadas. Há relatos dos pacientes, afirmando que sentem-se mais valorizados e pertencentes ao contexto institucional, assim firmam-se os princípios da Política Nacional de Humanização, como descreve o Ministério da Saúde

“A PNH visa efetivar-se nas práticas de saúde, juntamente com os princípios do SUS, compondo uma política comprometida com os modos de fazer e operar os processos efetivos de transformações e criações de realidades em saúde (...)”.

O dispositivo utilizado propiciou um impacto no processo de trabalho dos profissionais com reflexo na assistência à saúde que vai de encontro às diretrizes do SUS e a PNH.

Por fim, a assembleia se constitui como um importante exercício de dialética nas práticas de saúde mental, que devem ser sistematizadas e incorporadas rotineiramente no sistema transversal, para que se possa fortalecer o protagonismo e a autonomia dos usuários. n

20 Experiências Municipais

Autores: Fernanda de M. B. Siqueira Tais Rigoni Michelle Claudino da Silva Patrícia Gorchinski Mudrey Ana Paula Ohara Camila da SilvaMunicípio: Ponta GrossaRegional de Saúde: 3ª RS

Seguindo um fenômeno já apontado pela literatura e denominado de “hipermedicalização da vida”, foi constatada no município de Ponta Grossa-PR, a partir das falas das equipes da Estratégia da Saúde da Família, grande demanda dos usuários para represcrições de receitas de remédios controlados, para sanar queixas relacionadas às situações cotidianas que interferem na saúde mental do indivíduo.

Com a finalidade de fornecer uma alternativa de recurso em apoio matricial que atenda a esse pleito, foi criada uma comissão técnica de funcionários de serviços de saúde mental do município, de caráter transdisciplinar. Foi elaborada metodologia específica para implementação de “grupos de desmedicalização” a ser testada e aplicada nas unidades de saúde pela equipe da atenção básica, composta de uma série de cinco encontros.

Cada um deles atendem a objetivos específicos que envolvem desde a discussão, com ajuda do médico, das prescrições de cada usuário e os sintomas indicativos de dependência química, até o levantamento e vivência de um repertório de experiências positivas que podem ser realizadas no cotidiano e que produzem bem-estar, podendo ser usadas como estratégias para substituir ou complementar a medicação. A coleta de dados envolve a aplicação e testagem da metodologia criada nas

Criação de metodologia de grupo de desmedicalização pela equipe de saúde mental do município de Ponta Grossa para aplicação na Atenção Básica: uma tecnologia de apoio matricial.

Desmedicalização

unidades de saúde.

A avaliação é realizada por meio de observação comportamental e análise reflexiva das falas dos usuários em relação à busca de novos recursos que aumentem a qualidade de vida e promoção de saúde mental, bem como pela ressignificação da representação da medicação em suas vidas. Os impactos se deram nos seguintes aspectos:

• relatados nas experiências individuais de cada usuário no que tange ao aumento do grau de consciência,

• protagonismo em buscar atividades que produzam saúde,

• na melhora da escuta e encaminhamento de soluções para as queixas dos usuários por parte de toda a equipe da ESF.

No âmbito da organização dos processos de trabalho nas unidades, o efeito da qualificação de demanda quanto à necessidade de remédios controlados, deve refletir no alívio da agenda médica, destinada apenas à represcrição de receitas, gerando melhora na qualidade da assistência à saúde em geral.

Por fim, é ainda possível prever a possibilidade de se criar um impacto positivo na renda orçamentária do município. Conclui-se com este trabalho a importância de explorar recursos terapêuticos de baixa complexidade e de baixo custo, eficazes na resolutividade de atendimento e seguimento de casos leves de saúde mental na APS. A experiência da metodologia de grupos de desmedicalização se mostra um desses recursos criativos e eficazes de apoio matricial em saúde mental. n

Autores: Maria Theresa M. Pellissari Lucivaldo José CastellaniMunicípio: Guarapuava Regional de Saúde: 5ª RS

Com o slogan “a segurança do hospital no conforto de seu lar”, a Atenção Domiciliar (AD) é concebida como estratégia das ações municipais de saúde, voltadas à promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação. Dentro da AD, o Programa Melhor em Casa (PMC) é um programa criado pelo governo federal com objetivo de ampliar o atendimento domiciliar do Sistema Único de Saúde (SUS).

Cada município, ao fazer sua adesão, deve constituir Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD), formadas por médico, enfermeiro, técnicos de enfermagem e fisioterapeuta; e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP) formadas por assistente social, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo, farmacêutico e terapeuta ocupacional. Estas equipes trabalham na reabilitação do paciente em domicílio e nos cuidados paliativos, garantindo a continuidade do tratamento integrado à Rede de Atenção à Saúde (RAS).

O PMC é indicado para pessoas que apresentam dificuldades temporárias ou definitivas de deslocamento até a unidade de saúde para atendimento. Visa proporcionar ao paciente um cuidado mais próximo da rotina familiar, evitando hospitalizações desnecessárias e diminuindo o risco de infecções, além de estar no aconchego do lar.

Como parte do tratamento em atendimento domiciliar

Terapia Nutricional

O ambiente domiciliar e as relações familiares aí instituídas, tendem a humanizar o cuidado.

O presente trabalho visa relatar a experiência local da organização do cuidado aos pacientes em Internação Domiciliar (ID) acompanhados pelo PMC, com ênfase na terapia nutricional dentro do processo de trabalho interdisciplinar.

A experiência se deu no município de Guarapuava-PR, com uma população estimada pelo IBGE, para o ano de 2016, de aproximadamente 179 mil habitantes. O município é sede da 5° Regional de Saúde e referência para 20 municípios, apresenta 79,92 % de cobertura da população pela Atenção Básica (AB) e 49,90 % pela Estratégia Saúde da Família (ESF), contando com a cobertura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), 2 hospitais de referência e 32 Unidades Básicas de Saúde (UBS), dentre elas, duas Equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Aproximadamente 68% dos pacientes recebem alimentação via oral sem uso de complementação alimentar, 17% recebem complementação alimentar por via oral, 13% foram submetidos à via alternativa de alimentação.

A terapia nutricional tem contribuído para evolução clínica dos pacientes, para a cicatrização de feridas e reabilitação. A terapia nutricional tem permitido o atendimento das condições crônicas e agudas dos pacientes em internação domiciliar, bem como a realização de ações de promoção da saúde, prevenção e vigilância de doenças e agravos, e seus fatores de risco, contribuindo para o cuidado integral. n

22 Experiências Municipais

Autores: Patrícia Pereira Valenga Bruna Gonçalves da SilvaMunicípio: Ponta Grossa Regional de Saúde: 3ª RS

O presente trabalho visa demonstrar a implantação da horticultura como um novo recurso de ofi cina terapêutica, destinado a reabilitação psicossocial dos usuários do serviço do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de Ponta Grossa.

É possível compreender que a horta como ofi cina terapêutica pode ser considerada como um signifi cativo recurso para tratamento em saúde mental, visto que estimula a capacidade de autoria da própria produção, ao mesmo tempo que incita habilidades sociais, integração entre os pacientes e a troca de informações e saberes. Diante disso, iniciou-se o processo de construção da horta do CAPS AD.

Inicialmente para uma melhor organização, elaborou-se um cronograma de corresponsáveis pela horta, onde diariamente existe um encarregado por cuidar da mesma. Dentre algumas de suas funções estão:

Reabilitação PsicossocialA horticultura como recurso de reabilitação psicossocial dos pacientes do CAPS AD de Ponta Grossa

confeccionar canteiros, adubar, regar, realizar o plantio e a colheita.

As mudas para plantio são trazidas pelos próprios usuários e funcionários do serviço e o grupo se reúne semanalmente nas terças-feiras no período matutino para discussão do andamento da horta e novos combinados para as próximas semanas.

Ressalta-se que os protagonistas da atividade são os frequentadores do CAPS AD, o grupo é formado de maneira heterogênea, atualmente composto por um número de 8 a 10 pessoas, acompanhadas por uma equipe de 3 terapeutas.

Através desta estratégia de intervenção, analisou-se como resultado principal o estímulo ao trabalho em grupo e cooperação mútua, a troca de informações, bem como a descoberta de muitos pacientes de que são capazes de ensinar, de compartilhar saberes e de respeitar o saber do outro, desenvolvendo desta forma o senso crítico, a autonomia e a valorização da diversidade, bem como a criatividade diante de novas concepções. n

Experiências Municipais 23

Autores: Tissiane Igeski Elis Sizanoski Luna RezendeMunicípio: Piraquara Regional de Saúde: 2ª RS

O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), através da sua função reguladora, qualifica os encaminhamentos do seu núcleo, amplia a resolução na Atenção Básica (AB), articula o cuidado para a Redes de Atenção a Saúde (RAS) e promove qualidade nos atendimentos.

Este trabalho teve como objetivo compartilhar a experiência da regulação do NASF em Piraquara, desde a implantação em 2015 até janeiro de 2017, na avaliação das demandas de nutrição, fisioterapia e psicologia, antes enviadas à média complexidade. Em 2015, os profissionais do NASF, elaboraram os protocolos de atendimento e regulação de nutrição, fisioterapia e psicologia. Delinearam os fluxos de atendimento e o escopo dos serviços.

A regulação iniciou com a consulta individual (triagem) dos pacientes de fisioterapia e psicologia. Quanto à nutrição, foi avaliado o estado clínico do paciente descrito na guia de encaminhamento e após avaliação, eram encaminhados para consulta individual, atendimento em grupo, matriciados pelo NASF e equipe da Estratégia em Saúde da Família (ESF) ou para média complexidade.

Papel Regulador do NASFComo promotor da melhoria no atendimento ao usuário

Os procedimentos foram registrados em prontuário eletrônico, sendo possível comparar o trabalho da nutrição, psicologia e fisioterapia neste período. Comparou-se o tempo médio de espera para atendimento inicial e para o início do tratamento na média complexidade dos pacientes de nutrição e fisioterapia. Quanto à saúde mental, houve requalificação dos encaminhamentos pelos psicólogos e foi analisado os que permaneceriam na AB e os que iriam para a média complexidade.

A espera para tratamento ambulatorial de fisioterapia em janeiro de 2015 era de 4 meses ou mais. Em janeiro de 2017, o primeiro contato era de 10 à 30 dias e o tratamento de 7 dias a 2 meses após triagem. Quanto à nutrição, em janeiro de 2015, pacientes esperavam 6 meses ou mais para o primeiro atendimento no ambulatório e a partir de 2017, passaram a esperar de 7 dias a 2 meses para início do tratamento. Quanto à psicologia, em 2015 os pacientes avaliados pelos profissionais da ESF eram encaminhados aos CAPS e ao centro de especialidades.

Após regulação, em janeiro de 2017, houve melhora na qualidade dos encaminhamentos além da sua redução para a média complexidade. A regulação do NASF fortaleceu o trabalho intersetorial, aperfeiçoou protocolos, organizou fluxos, potencializou a resolução dos casos, agilizou os atendimentos e acessos à saúde, dando créditos ao sistema e fornecendo novas alternativas de cuidado. n

24 Experiências Municipais

Autores: Ana Rosa Oliveira Poletto Vanda Lúcia de São José SordiMunicípio: Maringá Regional de Saúde: 15ª RS

Maringá possui Rede de Violência, criada em 2007. Casos de violência autoprovocada constituíram de 2011 a 2015 cerca de 35% das notificações de violência na ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Tendo em vista esses índices, foi formado o comitê de prevenção e posvenção ao suicídio em final de 2015, composto por representantes da universidade local, Centro de Valorização da Vida (CVV), Corpo de Bombeiros, técnicos da vigilância e promoção da saúde.

A partir do comitê, foi elaborada capacitação sobre o tema para todos os profissionais da rede básica de saúde, pois observou-se também, dificuldade por parte desses em abordar o tema com os usuários. Foram formadas 12 turmas com 20 horas/aula, durante 4 dias seguidos, que ocorreram durante todo o ano, cada uma delas com 70 vagas. Os temas abordaram:

• mitos e características do suicídio;

• dados epidemiológicos;

• fluxograma e atendimento no suicídio;

• fatores de risco e proteção do suicídio;

• avaliação de risco do paciente suicida; avaliação de risco do paciente suicida;

• manejo clínico do paciente suicida;

Prevenção e Posvenção ao SuicídioImplementação de ações no município de Maringá - PR

• medidas de prevenção com paciente e familiares;

• medidas de prevenção do suicídio na comunidade

• e medidas de posvenção do suicídio com pacientes e com familiares.

Foram capacitados 766 profissionais da rede de saúde, somando-se também profissionais dos 3 Centros de Atenção Psicossocial, alunos do curso de medicina de universidade local e algumas vagas foram cedidas, para outras entidades que abordam o suicídio.

O comitê realizou acompanhamento e monitoramento das capacitações, fazendo alterações a medida que as avaliações do curso eram feitas pelos participantes. Outro resultado obtido foi a criação do Centro do CVV, entidade não governamental, formada por voluntários, que presta apoio aos portadores de sofrimento psíquico e tentativas de suicídio, através de atendimento telefônico, com apoio da prefeitura do município.

A avaliação das capacitações revelou: aprovação sobre a escolha do tema; aprovação da forma como foi feita a abordagem; possibilidade de pensar livremente sobre algo considerado tabu; desmistificação do tema; sensação de maior preparo para tratar do tema; necessidade de aprofundamento e de discussões mais frequentes; possibilidade de uma nova visão sobre o suicídio e novas formas de agir diante das situações que aparecem no dia a dia. O uso criterioso do SINAN do Ministério da Saúde permitiu ao município o avanço na discussão e na realização de ações de prevenção e posvenção ao suicídio, com a criação de novos serviços e a qualificação dos profissionais da rede básica. n

Experiências Municipais 25

Autora: Maria de CarvalhoMunicípio: MaringáRegional de Saúde: 15ª RS

A Unidade Básica de Saúde Guaiapó/Requião observou crescente número de práticas ilícitas realizadas por crianças e adolescentes da área de abrangência.

Em resposta a essa demanda elaboramos um projeto em parceria com entidade sem fi ns lucrativos e Secretaria de Assistência Social e Cidadania (SASC), para trabalharmos com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, com a fi nalidade de promover educação, cultura, saúde e lazer às crianças e adolescentes, nestas condições, da área de abrangência da unidade básica de saúde.

A metodologia consistiu na utilização de jogos lúdicos, realização de artesanatos, pintura em tecido, madeira, pedrarias, brincadeiras, dinâmicas e palestras. Elaboramos um cronograma de atividades para todo o ano com participação de diferentes profi ssionais da área da saúde, com apoio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), que abordam temas variados de interesse da população alvo como sexualidade, uso de drogas, higiene pessoal, dentre outros.

Foram selecionadas crianças de 9 a 14 anos de idade. A seleção é feita pelo centro de referência de assistência social (CRAS) segundo o grau de vulnerabilidade.

Brincando para EducarAtualmente 50 alunos participam assiduamente, de segunda a sexta-feira, no contra-turno escolar. Essas crianças realizam diversas atividades, inclusive aulas de canto, instrumentos musicais (violão e percussão) e informática.

Avaliamos que houve melhora da conduta dos alunos que participaram do projeto nos anos anteriores. Há grande adesão, participação e baixo índice de faltas dos alunos. Relatórios mensais são enviados à SASC com descrição de todas as ações realizadas. É possível perceber uma melhora no comportamento das crianças, comprovada pela diminuição da agressividade, melhora na aparência e higiene pessoal. Além de maior zelo com o material escolar, melhora na assiduidade escolar, redução de práticas como o bulling, redução do risco de envolvimento com drogas, gravidez na adolescência e situações de crime e violência.

Concluímos que as crianças e adolescentes que vivenciam transformações importantes nesta fase da vida necessitam de orientações importantes em diversas áreas, inclusive na área da saúde. n

26 Experiências Municipais

Autores: Suzana Ester N.Ogava Ana Rosa Oliveira Poleto Ederaldo Benedicto Bernardes José Oliveira Albuquerque Município: Maringá Regional de Saúde: 15ª RS

O programa da Secretaria de Saúde de Maringá foi implantado em 2000 e tem sido mantido em várias gestões. O serviço possui uma farmácia de manipulação própria, reformada em 2013 para adaptação às exigências legais. A partir daí, a lista de produtos foi ampliada e aumentou a produção e prescrição dos fi toterápicos.

A fi nalidade deste trabalho foi documentar as estruturas e inovações atualmente existentes, demonstrando a persistência e evolução obtida pelo programa local. Considerou-se as saídas dos fi toterápicos entre agosto de 2013 a 2016 coletadas do sistema gestor informatizado da secretaria de saúde. Em complemento, relatou-se as ações promovidas no período.

FitoterapiaEvolução do programa de fi toterapia “Verde Vida” no município de Maringá - PR, período 2013-2016

Existem atualmente na rede 15 medicamentos fi toterápicos, sendo 4 industrializados e 11 manipulados, cuja inclusão/exclusão é feita pela Comissão de Farmácia e Terapêutica. A quantidade dispensada no período 2013-16 foi: Valeriana, 2,4 milhões de comprimidos (80,2 mil caixas com 30); Guaco, 75,2 mil frascos com 120 ml de xarope; Espinheira Santa, 457,5 mil cápsulas (10,2 mil caixas com 45); Isofl avona de soja, 527,9, mil cápsulas (8,8 mil caixas com 60); Gel de própolis a 4%, 7,7 mil bisnagas com 30 e 100 g; Gel de calêndula 8%, 9,4 mil bisnagas de 30 e 100 g; Gel de arnica 10%, 4,4 mil bisnagas de 60 g; Gel de papaína 8% (debridante), 2,3 mil bisnagas de 60 g; Gel de papaína 2%, 2,5 mil bisnagas de 60 g (cicatrizante) e outros manipulados por demanda de prescrição.

O programa envolve as 41 unidades incluindo o hospital municipal e atinge 600 profi ssionais que têm sido treinados periodicamente. Foram também montados canteiros de plantas medicinais nas 27 hortas comunitárias, realizadas reuniões “hora do chá” com

entrega de uma cartilha sobre o uso racional de plantas medicinais e introdução da fi toterapia nos grupos de tabagismo.

Entre as difi culdades ressalta-se existirem poucos fi toterápicos padronizados como ofi cinais, não permitindo produção de estoque mínimo

para agilização no atendimento e a grande rotatividade de profi ssionais nas equipes.

Os dados apresentados demonstram que a fi toterapia implantada em municípios, atende as expectativas dos usuários e dos profi ssionais em termos de segurança e efi cácia, e das gestões municipais em termos de custos, retorno político e satisfação dos munícipes. n

Experiências Municipais 27

Autores: Amanda K. Lima dos Reis Debora Berger SchmidtMunicípio: Paraíso do Norte Regional de Saúde: 14ª RS

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o percentual de cesáreas não deve ultrapassar 15% do total de nascimentos, tendo em vista que este procedimento cirúrgico deve ser realizado somente em casos de risco materno e/ou fetal. No entanto, o índice de cesarianas vem aumentando de forma alarmante nos últimos anos, principalmente na Região Sul do Brasil.

Apesar do Ministério da Saúde (MS) ter instituído políticas de humanização do atendimento, diversos artigos vêm demonstrando déficits em relação às ações educativas durante a assistência pré-natal, o que traz diversos empecilhos para a escolha correta do tipo de parto. Vale ressaltar que a indicação de cesárea precoce e sem critérios bem definidos pode trazer riscos adicionais para mãe e filho.

O presente estudo teve como objetivo identificar a tendência temporal dos nascimentos no Brasil e em um município do Noroeste do Paraná, de acordo com o tipo de parto (cesariana ou vaginal), entre os anos de 2000 e 2014. Estudo de caráter documental, quantitativo, de série histórica do índice de nascimentos divididos por via de parto (vaginal, cesáreo ou indefinido) ocorridos no Brasil e no Município de Paraíso do Norte-PR, com base no banco de dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC).

As porcentagens encontradas foram estratificadas em recortes territoriais (Brasil e município de Paraíso

Estudo ComparativoEntre os índices de parto vaginal e cesáreo no Brasil e no município de Paraíso do Norte - PR, entre o período de 2000 a 2014

do Norte-PR) e cronológicos. A maior taxa de partos vaginais encontrada no Brasil foi de 61,58% no ano 2000, taxa próxima à encontrada no município de estudo em 2002 (72%). Em contrapartida, no ano de 2014, destacaram-se os partos cesáreos com 58,95% no município de estudo, e 56,99% dos nascimentos a nível nacional. O município de Paraíso do Norte apresentou uma queda de 23,24% do índice de partos vaginais no intervalo de 2000 a 2014, ocasionando uma inversão na proporção de partos vaginais em relação aos partos cesáreos em pouco mais de uma década, fenômeno este que também ocorreu a nível nacional.

As taxas ascendentes de cesarianas tornam este procedimento uma questão sanitária, tendo em vista que grande parte destes percentuais inclui cesáreas eletivas e sem indicação clínica correta.

As principais consequências deste fenômeno são a exposição do binômio mãe-filho a riscos desnecessários, além do aumento de custos para os sistemas de saúde pública e privada.

O presente estudo identificou um expressivo aumento dos partos por cesariana no Brasil e concomitantemente no Município de Paraíso do Norte-PR entre os anos 2000 e 2014. Apesar desta via de parto ter sido uma evolução para a obstetrícia, atualmente está sendo realizada de forma desenfreada, com fins eletivos e sem indicações clínicas corretas, na maioria das vezes, o que traz riscos desnecessários para mãe e filho. n

28 Experiências Municipais

Autores: Ivone Guimarães Maria de Carvalho Michele GonzagaMunicípio: MaringáRegional de Saúde: 15ª RS

A Unidade Básica de Saúde Guaiapó/Requião tem como finalidade promover o bem estar físico e mental, proporcionar qualidade de vida e envelhecimento saudável, através da integração e socialização entre a comunidade.

O grupo se reúne três vezes na semana (segundas, quartas e sextas-feiras) às 07 horas da manhã na Academia da Terceira Idade (ATI) ao ar livre, onde é realizado alongamento de 10 minutos, em seguida são conduzidos por duas agentes comunitárias de saúde e durante 45 minutos realizam caminhada pelas ruas do bairro. Às segundas e quartas-feiras ainda são realizadas atividades físicas como ginástica conduzida por uma educadora física do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) em um salão comunitário localizado próximo a Unidade Básica de Saúde (UBS). Às terças e quintas feiras há atividades físicas de alongamento, que é conduzida por um educador físico da Secretaria de Esportes do município, que fica à disposição até às 10:00 horas para orientar os usuários da ATI a maneira correta de como utilizar os aparelhos da mesma.

Caminhar para o FuturoAtualmente participam cerca de 25 pessoas do grupo de caminhada e 35 no grupo de alongamento. Pelo fato de ser um grupo aberto a participação da comunidade é esporádica e varia a adesão de acordo com a disponibilidade.

É realizada verificação das medidas antropométricas como peso, altura, Índice de Massa Corporal (IMC), relação cintura-quadril, avaliação de flexibilidade, equilíbrio, verificação de pressão arterial e glicemia.

Foi apresentada uma melhora significativa nos exames laboratoriais dos participantes em suas consultas médicas. Eles apresentaram melhor disposição física e mental, estado de ânimo mais alegre e o grupo está sempre realizando passeios em conjunto, confraternizações e novas atividades.

Os grupos promovem a saúde de maneira impactante na população, pois, além da prática dos exercícios físicos é feita a integração entre os profissionais de saúde e comunidade, oferta contínua para controle e redução de peso. Esses grupos possuem menor custo e altos resultados, pois previne os agravamentos e complicações das doenças crônicas além de promover a saúde física e mental. n

Experiências Municipais 29

Autores: Elaine Tazawa Jacqueline Yokoo Mariangela Montini Priscila Oliveira Rosilene BernardoMunicípio: MaringáRegional de Saúde: 15ª RS

A Unidade Básica de Saúde (UBS) Guaiapó/Requião seguindo os programas recomendados pelo Ministério da Saúde com a fi nalidade de reduzir a morbimortalidade do tabagismo, implantou o Programa de Controle ao Tabaco em 2010 devido a área de abrangência da UBS ser um local de grande vulnerabilidade, onde o consumo do tabaco e outras drogas ilícitas tem ganhado destaque no meio da comunidade.

A fi nalidade do projeto é fazer com que as pessoas reduzam o consumo de tabaco, diminuindo as consequências decorrentes ao uso do mesmo e consequentemente tenham uma qualidade de vida mais saudável, conscientizando os participantes, incentivando a abandonar velhos hábitos e promover a saúde.

Os grupos são realizados baseados na cartilha recomendada pelo Ministério da Saúde, dirigidos por profi ssionais de nível superior da atenção básica juntamente com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Os encontros são realizados por etapas, na sala de reunião da UBS em quatro encontros consecutivos e duas manutenções quinzenais com duração de uma hora. As quatro etapas são:

1. Atenção individual

2. Estratégias e informações

3. Revisão

4. Discussão e Tarefas

Pare de Fumar ConversandoDurante todos os encontros são realizadas dinâmicas, é oferecido água como incentivo ao aumento da ingestão hídrica e reforçado os quatro pilares do programa como: alimentação saudável, exercício físico, beber muita água, respirar profundamente e distribuição de cartilhas enviadas pelo Ministério da Saúde.

O grupo é ofertado para todas pessoas que residem na área de abrangência da UBS, entre as idades de 18 à 100 anos, o convite é realizado pelas Agentes Comunitárias de Saúde e por cartazes espalhados pelos comércios locais. A cada encontro é realizada uma avaliação onde é possível quantifi car o número de pessoas fumantes, as que estão reduzindo e as que deixaram de fumar.

A cada três meses são enviados relatórios para a Secretaria Municipal de Saúde. Observa-se sucesso em torno de 70% nos grupos realizados.

Esse trabalho junto à população é de extrema importância, pois, ajuda informar para evitar e reduzir o risco das pessoas adoecerem além de promover a saúde. n

30 Experiências Municipais

Autores: José Orlando Benedetti Villa Patricia Hernandes Soares Paula Kojina Meneghetti Mariana Moraes Massignani Samile Bonfi m Giseli C. Caitano de Brito Daniely C. Coquelete BragaMunicípio: MarialvaRegional de Saúde: 15ª RS

As doenças crônicas (DC) constituem um problema de saúde pública que corresponde a 72% das causas de mortes. Hoje, são responsáveis por 60% de todo o ônus decorrente de doenças no mundo.

A formação de redes integradas e regionalizadas de atenção à saúde tem se mostrado como uma forma de organização efi caz para responder a alguns desses desafi os epidemiológicos. O modelo atual de atenção à saúde e a singularidade do SUS fez com que fosse desenvolvido um Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC).

A proposta deste estudo é mostrar a implantação do MACC em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS), além de determinar o impacto desse modelo no controle glicêmico, pressórico e antropométrico nos usuários atendidos nestes locais.

A organização do MACC foi realizada pela 15ª Regional de Saúde, em conjunto com a Atenção Especializada (AE), representado pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde.

Em 2015 todas as unidades de saúde do Município de Marialva iniciaram o processo de estratifi cação da população hipertensa e diabética. Em 2016, organizamos o trabalho em duas unidades básicas para encaminhar os usuários de alto risco para o atendimento na AE.

Equipe Multiprofi ssional em MarialvaEfetividade da equipe multiprofi ssional no acompanhamento dos pacientes referenciados no MACC

Foi composta uma equipe multiprofi ssional (EM) para realizar o atendimento em conjunto com o médico e o enfermeiro da unidade para monitoramento do plano de cuidado proposto pela AE. Disponibilizamos exames laboratoriais, exames estes que não eram disponibilizados pelo SUS no município. Organizamos o sistema logístico: transporte para os usuários serem assistidos pela EM da AE.

Foram utilizados como indicadores: a hemoglobina glicada (HbA1c), valor da pressão arterial e o Índice de Massa Corporal (IMC). Os dados foram coletados na primeira e última consulta com a EM da Atenção Básica (AB) por um período de 9 meses. Inicialmente 49 hipertensos apresentavam descontrole pressórico, passando para 38.

Observou-se uma diminuição signifi cativa do valor da média da Hemoglobina Glicada (HbA1c) de 10,51 para 8,91. De 20 pacientes que apresentavam controle metabólico ruim, foi reduzido para 10. O IMC do grupo estudado foi melhorado entre o valor basal e fi nal, após a intervenção multiprofi ssional, a média inicial foi de 30,32 que reduziu para 30,19.

Os resultados alcançados com este estudo demonstraram que o trabalho da equipe multiprofi ssional proposto pelo MACC, poderá dar aos pacientes a motivação sufi ciente para vencer o desafi o de adotar atitudes que tornem as ações para o controle das DC mais efetivas e permanentes. Através dos dados apresentados, podemos demonstrar o quanto é importante esse modelo, pois está associado a impactos positivos sobre os resultados clínicos.

É necessário estreitar a relação entre a AE e a AB, aproximando cada vez mais os dois níveis de atenção, em busca de ações contínuas, proativas e integradas do sistema de atenção à saúde, para a estabilização das condições crônicas. n

Experiências Municipais 31

Autores: Francielle R. D. M. Marques Beatriz Helena Catto Gomes Marília Wonsik Sylmara B. Paixão ZucolotoMunicípio: Maringá Regional de Saúde: 15ª RS

A implantação da Rede Mãe Paranaense (RMP) em 2012 teve o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil em todas as regiões do Estado do Paraná. A RMP nasceu fundamentada no conceito das Redes de Atenção à Saúde e configura-se como um conjunto de ações que visam organizar o fluxo de atendimento nos diversos níveis de atenção e oferecer o recurso assistencial mais adequado, partindo da estratificação em três graus de risco: habitual, intermediário e alto risco.

O Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Setentrião Paranaense (CISAMUSEP) é referência no atendimento do risco intermediário para 29 municípios da 15ª Regional de Saúde (RS).

Das gestantes de risco intermediário atendidas pelo Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Setentrião Paranaense (CISAMUSEP).

Perfil Epidemiológico

São risco intermediário: mães de raças negras/indígenas, idade acima de 40 anos, escolaridade inferior a 3 anos de estudo e histórico de aborto anterior. A 15ª RS incluiu a idade materna inferior a 15 anos também como fator de risco intermediário.

O atendimento nesse ambulatório é realizado por uma equipe multiprofissional (médico obstetra, nutricionista, enfermeiro e assistente social), a fim de atender a gestante na sua integralidade.

Este trabalho tem a finalidade de traçar o perfil epidemiológico de gestantes de risco intermediário atendidas no CISAMUSEP. Trata-se de um levantamento retrospectivo de dados coletados na primeira consulta de pré-natal, obtidos de prontuários, entre setembro/2016 a abril/2017.

Foram analisados os seguintes indicadores: características individuais (raça, etnia e idade), sociodemográfica (escolaridade) e de história reprodutiva. Foram atendidas 103 gestantes oriundas de 22 municípios, a maioria pertencendo a Paiçandu (17%), Sarandi (16%) e Marialva (12%). Das gestantes atendidas, 29% eram negras ou indígenas, 35% tinham idade menor que 15 anos ou maior que 40 anos, nenhuma das gestantes apresentava escolaridade abaixo de 3 anos de estudo, 25% apresentavam histórico de aborto e 11% das gestantes encaminhadas não correspondiam aos critérios de risco intermediário.

O fato de nenhuma gestante apresentar menos que 3 anos de estudo é considerado positivo, já que o óbito neonatal está fortemente associado à baixa escolaridade materna. O abortamento em gestações anteriores foi um evento relativamente frequente na população atendida no CISAMUSEP. Histórico de perdas fetais tem etiologia multifatorial, devendo ser cuidadosamente acompanhada durante o pré-natal com equipe multidisciplinar. Sabe-se que mães negras ou indígenas apresentam risco elevado de morte quando comparado com mães brancas e a idade materna também apresenta um risco relativo de mortalidade infantil, ratificando a importância do atendimento prestado neste ambulatório.

A análise epidemiológica é fundamental na elaboração de políticas públicas que garantam o acesso aos serviços e a melhoria do acompanhamento gestacional. n

Autores: Francielle R. D. M. Marques Beatriz Helena Catto Gomes André Juliano Sacchi Carolina Borges Capristo Tanielly Calegari Valéria Codato Antonio Município: Maringá Regional de Saúde: 15ª RS

Uma equipe de saúde realiza o acolhimento do usuário de acordo com a habilidade profissional de cada membro, dos insights de diferentes ramos de conhecimentos, buscando alcançar melhorias na saúde dos usuários.

A equipe multiprofissional do Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Setentrião Paranaense (CISAMUSEP) é composta por assistente social, cardiologista, endocrinologista, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, nutricionista, psicóloga e demais especialidades médicas, tendo como eixo principal a mudança do estilo de vida. Desse modo, evidencia-se a importância do trabalho em equipe no controle pressórico e glicêmico de usuários atendidos no CISAMUSEP no Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC), estratificados pelas equipes de Atenção Primária a Saúde (APS) como alto ou muito alto risco para Hipertensão Arterial (HA) e Diabetes Mellitus (DM), conforme preconizado pelas Linhas Guias da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná.

Trata-se de um levantamento retrospectivo de dados obtidos de prontuários de pacientes do MACC, pertencentes a 21 Unidades Básicas de Saúde da 15ª Regional de Saúde do Paraná, entre Outubro/2014 a Março/2017.

No dia agendado os pacientes são acolhidos, orientados

A importância da equipe multiprofissional no atendimento do Modelo de Atenção às Condições Crônicas no Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Setentrião Paranaense (CISAMUSEP)

Equipe Multiprofissional em Maringá

sobre o funcionamento deste modelo e atendidos pelos profissionais da equipe no mesmo dia. Ao término, é entregue um Plano de Cuidados ao paciente, elaborado por cada integrante da equipe durante a consulta, contendo metas pactuadas junto ao usuário devendo ser executadas com apoio e supervisão da APS.

Os indicadores utilizados para monitorar a condição crônica dos usuários foram a Hemoglobina Glicada (HbA1c) e a Pressão Arterial (PA) verificados na última consulta. As metas estabelecidas foram 140 mmHg para Pressão Arterial Sistólica (PAS), 90 mmHg para Pressão Arterial Diastólica (PAD) e 9% para HbA1c, estabelecidas nas Linhas Guias. Foram atendidos 706 usuários, sendo 288 (41%) hipertensos, 156 (22%) diabéticos e 262 (37%) portadores de ambas comorbidades.

Dos 550 usuários hipertensos, 308 foram avaliados PAS e PAD, excluindo-se os que não retornaram em consulta ou que não tiveram a PA aferida. Dos 308 usuários, 227 (74%) atingiram a meta da PAS e 282 (91%) atingiram a meta de PAD. Dos 418 diabéticos, 197 (47%) foram avaliados a HbA1c, excluindo-se os que não retornaram em consulta ou que não tiveram este exame repetido. Dos 197 usuários, 111 (56%) atingiram a meta.

Uma terapêutica visando mudanças de comportamento, da adesão ao plano nutricional e da prescrição de atividade física tem impacto positivo na redução da PA e HbA1c.

Os dados obtidos evidenciam que a integração multiprofissional entre APS e Atenção Secundária foi efetiva no controle de níveis pressóricos e metabólicos, resultando em melhor adesão ao tratamento e ações de autocuidado, que torna o usuário mais independente e capaz de auto gerenciar a condição crônica. n

Autor: Valdeni A. Ciconello NetoMunicípio: UbiratãRegional de Saúde: 11ª RS

A saúde pública tem à sua disposição inúmeros dados relacionados a saúde para quantificar e transformar em informação. Este trabalho se refere aos dados coletados em loco, por meio do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que em visitas domiciliares captam informações de relevância de cada indivíduo de sua área de abrangência.

Existem diversos aplicativos de tradução e agrupamento, entretanto estes em geral demandam noções de informática avançadas e são criados por profissionais não ligados à saúde.

A necessidade de quantificação dos dados ficou evidente com a proposta da gestão em otimizar a assistência e dinamizar o atendimento domiciliar. Surgiu a necessidade de adaptar a escala de Coelho e Savassi (2004) conforme agravos mais comuns no município e balancear alguns fatores que apresentaram menor relevância.

Dado este momento, verificou-se baixa eficácia do instrumento, pois o tempo de cálculo de uma única família era extenso e quaisquer alteração no perfil familiar exigia uma nova quantificação de risco, tornando assim o uso lento e pouco dinâmico, havendo a necessidade de otimização do instrumento. A solução estava em transpor os dados do questionário para uma planilha, como o Google Planilhas®, programa totalmente adaptável que utiliza fórmulas que relacionam as células e permitem cálculos automáticos, destaque com cores, ordenação numeral, dentre outras funções.

PlanilhasUma ferramenta com Simplicidade Multifuncional para a classificação do risco familiar.

A planilha realiza somatória e demonstra estratificação em cores indicativas de risco, verde, amarelo e vermelho respectivamente. Assim se houver alterações na saúde dos integrantes das famílias, é necessário apenas alterar a célula correspondente para que haja uma nova quantificação do risco.

Observou-se a otimização da ordenação dos riscos, facilitando assim o trabalho do ACS que diretamente dos seus Tablets, podem alimentar a tabela disponível em nuvem e assim identificar qual família demanda uma atenção prioritária. Havendo o compartilhamento em nuvem, elimina a necessidade de que a coordenação e gestão solicitem com antecedência os dados, podendo ser captados em tempo real e utilizado pela coordenação da AB para programação das atividades. A gestão organiza a distribuição de recursos humanos e financeiros com o apoio da estratificação, podendo verificar qual população demanda maior atenção, levando em consideração os agravos e riscos, e não somente o número de moradores de uma área específica. A gestora pode utilizar o levantamento de dados, juntamente com outros relatórios, para remanejo de pessoal e planejar quanto aos limites de micro área de cada unidade.

A experiência apresentada propõe o uso de planilhas em programas e aplicações já disponíveis nas unidades e visa permitir condições para unidades e setores menores, com computadores mais antigos, podendo ser utilizada com o mínimo de recursos financeiros. Além disso, estrutura o mapeamento das famílias de forma a considerar os riscos de cada morador, bem como a possibilidade da aplicação das fórmulas em outras planilhas para quantificar outros dados. n

34 Experiências Municipais

Autores: Luciane S. de Lima Mattos Joisy A. Marchi de Miranda Caroline PadanoschiMunicípio: AstorgaRegional de Saúde: 15ª RS

O acesso dos usuários aos serviços de saúde, bem como a oferta de um atendimento humanizado, de qualidade e resolutivo constitui o eixo norteador das políticas públicas de saúde responsáveis por concretizar a implantação e o monitoramento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Existem vários estudos com propostas de organização da assistência em saúde coletiva, sendo que no estado do Paraná, o processo de implementação das redes de atenção a saúde emerge como estratégia fundamental na redução das distâncias e do tempo de resposta do atendimento às necessidades de saúde. Dessa forma, a rede de atenção à saúde bucal, discutida na Linha Guia de Saúde Bucal, apresenta-se como reorganizadora do processo de trabalho das equipes de saúde e aponta a estratificação de risco odontológica como ferramenta crucial no gerenciamento da assistência.

Este relato de experiência tem por objetivo mostrar a implantação desse processo na Atenção Primária à Saúde (APS) Vitória Régia, no município de Astorga-PR. A APS tinha uma fila de espera para o atendimento odontológico de cerca de 550 pacientes, sendo atendidos doze pacientes diários por ordem de chegada, além das emergências.

No início da mudança, durante dez dias de trabalho intenso da equipe, foram estratificados todos os

Estratificação de RiscoComo proposta de organização da demanda na Rede de Saúde Bucal

pacientes da fila de espera, classificados por risco e posteriormente as vagas foram divididas priorizando os pacientes de alto risco, conforme o princípio de equidade do SUS. A estratificação possibilitou mapear o perfil da população que necessitava de atendimento na unidade e o planejamento das melhores estratégias para resolução desta demanda, a exemplo: a escolha das técnicas de tratamento, os recursos educativos, coletivos e individuais, o reconhecimento dos grupos com necessidades especiais e o acolhimento dos casos complexos para encaminhamento.

Após esta análise as vagas foram distribuídas da seguinte forma: cinco para o alto risco, duas para médio risco e duas para baixo risco, por período de atendimento. A partir da segunda semana do novo modelo, diariamente são realizadas cinco novas estratificações de risco, os atendimentos ocorrem por agendamento e hora marcada com objetivo voltado ao tratamento por sextantes.

Em quatro meses todos os pacientes da fila inicial tiveram seus tratamentos concluídos e atualmente os pacientes já saem da estratificação agendados para o início do tratamento em até sete dias. A média da espera no sistema anterior era de 90 dias. Portanto, a estratificação representou uma solução na organização da demanda, melhorando os processos de trabalho, o acesso dos usuários, o acolhimento de suas necessidades e a satisfação com o serviço oferecido, corroborando com a proposta de organização da rede de atenção em saúde bucal no tocante as responsabilidades da APS. n

Experiências Municipais 35

Autores: Adevielly Castro Fabia Carolina Teixeira Kay Fernanda Assunção dos AnjosMunicípio: PérolaRegional de Saúde: 12ª RS

A fibromialgia é uma síndrome clínica que se manifesta principalmente com dor no corpo todo. Sendo a fibromialgia uma patologia de amplas necessidades e que o ser humano para viver bem precisa ser integral (corpo, mente e espírito), surgiu o Grupo de Apoio Terapêutico à Pacientes Fibromiálgicos de Pérola.

A proposta do projeto é criar uma nova cultura em saúde no município, onde as pessoas com fibromialgia tenham informações para entender melhor a doença e realizar práticas em grupo, como as terapias integrativas e complementares ao tratamento sintomático para terem mais qualidade de vida.

O modelo atual de saúde está voltado muito para a supressão dos sintomas, tornando-se dispendioso, com muitos exames e as pessoas cada vez mais dependentes de medicamentos alopáticos, que não atingem as causas da doença e provocam efeitos colaterais.

O projeto visa voltar para o cuidado integral do ser humano, numa perspectiva de tratar os desequilíbrios que geram a doença. O objetivo do grupo é trabalhar em caráter multiprofissional com atividades para aliviar

Grupo de ApoioProjeto: Grupo de apoio terapêutico aos fibromiálgicos de Pérola

dores e outros sintomas, proporcionar bem estar físico, mental e emocional, melhorando a qualidade de vida, recuperando a auto estima e promovendo assim o autocuidado, contendo a visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção global do cuidado humano.

O projeto conta com uma fisioterapeuta, uma psicóloga e uma farmacêutica com formação em auriculoterapia e acupuntura. As participantes são dividas em grupos de 10 pessoas devido ao espaço físico e hoje temos quatro grupos, com atividades semanais: exercícios de alongamento, auriculoterapia, técnicas de relaxamento, técnicas de respiração, meditação e terapia em grupo.

Através de depoimentos, as participantes relatam a sensação de bem estar e melhora da qualidade de vida, assim como diminuição no uso medicamentos como analgésicos e ansiolíticos. Após um ano de grupo, realizamos a avaliação por meio do Questionário Sobre Qualidade de Vida SF 36 e dos que participaram da avaliação, 57,89% (11 pacientes) relataram estar muito melhor em sua saúde geral, 15,78% (03 pacientes) um pouco melhor, 21,05% (04 pacientes) quase a mesma coisa e 5,26% (01 paciente) um pouco pior.

Tendo em vista a necessidade de se melhorar o acesso às informações sobre a fibromialgia, como as condições que levam ao seu agravamento e os cuidados para ter uma vida com mais qualidade, o município de Pérola tem apoiado esta iniciativa, acreditando que este é o caminho para cuidar e promover saúde. n

36 Experiências Municipais

Autor: Mauro Sérgio de AraújoMunicípio: Munhóz de MelloRegional de Saúde: 15ª RS

Não sermos engolidos pelos incêndios das demandas diárias, necessitamos de atitudes de quem está à frente da gestão municipal da saúde, no avaliar o custo benefício em “dar um basta” neste cenário, partindo da reflexão de “como poderia ser melhor” e iniciar imediatamente o que precisa ser executado “fazendo de um jeito melhor”. Construir e operacionalizar o planejamento estratégico para qualquer empresa é essencial, e no setor público precisamos mais do que nunca nos empoderar disso.

Após várias tentativas e de maneiras diferentes, de como discutir, como encaminhar ou pactuar, descobrimos com o tempo que avaliação é tão importante quanto planejar, para encontrar fortalezas e fragilidades, oportunizando feedback para o crescimento do colaborador. Exercemos semanalmente a Educação Permanente em Saúde, fazendo ajuste na agenda dos servidores para encontros semanais de duração de uma hora provocando discussão objetiva, mensurando a quantidade de visitas realizadas “na semana”, comparando “o alcançado” com “o esperado”, mostrando o alcançado pelo grupo e o alcançado pelo servidor individualmente, complementamos a reunião discutindo sobre a política de planejamento de atenção à saúde.

Iniciamos esse processo em janeiro de 2016, pactuando que nosso encontro ocorresse toda segunda feira com agentes comunitários de saúde (ACS), agentes de combate a endemias e seus coordenadores. Gradativamente fomos incorporando os demais trabalhadores da atenção primaria, vigilâncias, núcleo de apoio à saúde da família (NASF), odontologia e academia da saúde, pactuando com cada servidor a ser monitorado detalhes específicos do que passaria a ser demonstrado semanalmente.

Para desafios pontuais como as metas do SISPACTO, este fórum tem possibilitado tempo oportuno para discussão e pactuação de novas ações para o alcance dos indicadores. Ampliamos a oferta de serviços, tanto dos visitadores quanto dos demais serviços, na atenção básica, vigilância sanitária, estratégia saúde da família e NASF.

As metas individuais de cada servidor têm melhorado

Gestão do TrabalhoConhecer e qualificar a gestão do trabalho em Munhóz de Mello

mês a mês, consolidamos o espaço de discussão contínua dos instrumentos de pactuação e gestão. O monitoramento provocou mudanças no processo de trabalho e para as dificuldades, possibilitou ações no tempo oportuno.

Em seis ciclos de visitas dos Agentes de Combate a Endemia (ACE) atingimos a cobertura de visitas acima de 80%, dobramos a quantidade de visitas domiciliares dos ACS. Alcançamos em 2016 a cobertura da vacina contra dengue. A Vigilância Sanitária atingiu e realizou os seis grupos de procedimentos dos sete prioritários.

Nossa equipe passou a ser mais forte e os trabalhadores com mais clareza do que o colega de trabalho faz e tem cooperado de maneira positiva no caminhar do usuário pelo SUS. n

Experiências Municipais 37

Autores: Bruno Deyvison Araujo Fabiana Daniele Arigussi Mauro Sergio de Araujo Sandra Aparecida MoncalvoMunicípio: Munhóz de MelloRegional de Saúde: 15ª RS

O Centro de Saúde Dr. Tancredo Neves em sua trajetória até o ano de 2013, realizava atendimentos conforme a demanda espontânea, com atendimento emergencial e por ordem chegada.

Fazíamos compras do consórcio e consultórios particulares de municípios vizinhos, não tínhamos a contra referência para continuidade do cuidado. Nossa compra de exames de análise clínica não continha exames específi cos para visualização do risco em que se encontravam as condições crônicas, cada servidor fazia seu trabalho isoladamente.

A administração municipal fez a provocação para que houvesse mudança para melhor, então em 2013 expandimos o horário de atendimento que era das 08:00 às 17:00h, com horário de almoço, para 07:00 às 19:00h em dias úteis e sem intervalo de almoço. Passamos a atender com consultas agendadas, intercaladas com consultas de urgência, a cada 15 minutos.

Em abril de 2014, tivemos uma provocação especial

A mudança do Modelo de Atenção à Saúde através da implantação das Linhas de Cuidado da hipertensão arterial e diabetes em Munhóz de Mello – Paraná

Linhas de Cuidado

em implementar o Modelo de Acompanhamento a Condição Crônica (MACC), assistência prestada para diabéticos e hipertensos, e aceitamos o desafi o. Fizemos reuniões quinzenais com a equipe para estudar as linhas guias, simultaneamente o setor de liberação de exames passou a trabalhar com a lógica do MACC, orientando o usuário para retornar ao enfermeiro ou médico para ser estratifi cado. Implementamos na rede de computadores da unidade de saúde uma pasta compartilhada contendo um modelo de planilha trazida de Santo Antônio do Monte-MG, que uma vez inserido os dados dos exames, a condição do usuário é automaticamente descrita.

O diferencial deste modelo foi a aproximação de nossa equipe com a equipe da atenção secundária. Estas passaram a se conhecer, os usuários de alto risco passaram a ter acesso e assistência diferenciada na referência secundária. Cerca de 85% dos usuários diabéticos ingressados tiveram algum tipo de melhora da hemoglobina glicada, temos usuários saindo do alto risco para moderado e baixo, a equipe tem debatido constantemente em reuniões semanais a prática do cuidado pelo modelo MACC e atendimento multiprofi ssional.

Passamos a ter ainda mais credibilidade da comunidade, a equipe está mais confi ante, melhorando o processo de trabalho e cooperando de maneira positiva no caminhar do usuário pelo SUS. n

38 Experiências Municipais

Autora: Mariangela da S. Felix VecchiMunicípio: MaringáRegional de Saúde: 15ª RS

O Município de Maringá, localizado no Noroeste do Estado do Paraná, é cidade pólo da 15ª Regional de Saúde do Estado, que engloba 30 municípios. Maringá conta hoje com 36 Unidades Básicas de Saúde (UBS), 01 Hospital Municipal, 02 Unidades de Pronto Atendimento, 01 Hospital Universitário, 10 hospitais privados.

A Estratégia Saúde da Família (ESF) compõe-se de 63 equipes, com cobertura de 80% da população. O município também conta com quatro unidades de referência em saúde mental e duas policlínicas com consultas e exames especializados além de um Ambulatório de DST e HIV/ AIDS.

Destaca-se que a defi nição desta proposta, partiu da necessidade de contribuir para reestruturação dos processos de trabalho da Atenção Básica (AB) pela inserção gradativa da Vigilância em Saúde (VS), sem incluir outro programa, mas sim o olhar aos usuários, em suas queixas, se tem relação com seu processo produtivo. Com mudanças de estratégias a equipe da Vigilância Ambiental/Saúde do Trabalhador (ST) organizou agendas com os médicos e enfermeiros das ESF das 36 UBS, para mostrar a eles “in loco” a proposta do trabalho da integração AB x VS. Com o conhecimento do trabalho, houve o convencimento dos mesmos para que no atendimento ao usuário, fi zessem três perguntas: O que faz? Onde faz? E como faz?

No sistema gestor foi inserido um alerta “SAÚDE DO TRABALHADOR”, para assim que o médico acesse o prontuário, ele pense sobre e possa perguntar. Ao fi nal da consulta foi inserida uma pergunta “a queixa relatada pelo usuário tem a ver com seu trabalho? Sim ou não”. Por meio do sistema gestor, após o médico fechar o diagnóstico, a equipe da vigilância acessa o sistema dos relatórios com respostas no “Sim” e realiza visitas nas empresas, para averiguar as condições do meio ambiente de trabalho.

Foi observado com este trabalho a falta de conhecimento do trabalho da vigilância em saúde; a indignação dos funcionários de não haver a preocupação primeiro com a saúde e condições de trabalho dos mesmos; facilidade de ter um sistema informatizado e conseguir introduzir o alerta e

Vigilância em SaúdeVigilância em Saúde do Trabalhador x Atenção Básica

questionamento sobre o assunto; as vistorias nas empresas dos usuários que tem a queixa que pode estar relacionada ao trabalho.

Como resultados e impacto deste trabalho tivemos: articulação para o trabalho conjunto entre a AB e VS para obter resultados; o olhar crítico e refl exivo dos profi ssionais; desarticulação da equipe médica com outros profi ssionais; e a quantidade de diagnóstico quanto às queixas relacionadas ao trabalho. Como conclusão: o fortalecimento do vínculo “in loco” com os profi ssionais da assistência para qualifi car as ações em ST; a perspectiva da assistência e da vigilância associadas, serem capazes de operar nos diferentes níveis da rede de atenção à saúde, buscando evidenciar e intervir na situação de saúde dos territórios. n

Antes

Depois

Experiências Municipais 39

Autores: Patrícia Hernandes Soares Débora C. Marcenichen Mori José Orlando Benedetti VillaMunicípio: Marialva Regional de Saúde: 15ª RS

No Brasil, a atenção ao pré-natal tem sido tema de preocupação constante, gerando discussões e busca por soluções para o insistente problema da morbimortalidade de mulheres e crianças por complicações decorrentes da gravidez e do parto. Em 2012, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná implantou o Programa Rede Mãe Paranaense, com estruturação baseada no fortalecimento e organização da Atenção Primária a partir da captação precoce da gestante e seu acompanhamento, da criança até um ano de vida e a adequada assistência ao pré-natal. Considerando que o índice de mortalidade infantil no município precisava diminuir, fez-se necessário verificar a efetividade das ações para redução desse indicador.

Para essa avaliação foram utilizados dados de mortalidade infantil entre os anos de 2012 e 2016 apresentados pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM): em 2012: 9; 2013: 5; 2014: 5; 2015: 10 óbitos. Analisando essa série histórica, pode-se observar um aumento importante em 2015, sendo este o dobro em relação ao ano anterior.

Desta forma a secretaria de saúde visando fortalecer a assistência e acompanhamento dos pacientes, introduziu o enfermeiro nos cargos de coordenação de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e saúde da mulher, produziu um protocolo de enfermagem, capacitou os

Mortalidade InfantilO reflexo da organização da Rede na redução da mortalidade infantil

médicos para o Pré-natal de Baixo Risco, descentralizou o pré-natal para as Unidades Básicas, padronizou a primeira consulta de pré-natal com o enfermeiro (com preenchimento do cartão da gestante, cadastro no SIS Pré-natal, solicitação dos exames conforme protocolo, realização dos testes rápidos, estratificação da gestante, encaminhamento para ambulatório de referência quando necessário e agendamento do retorno com o médico), os ginecologistas do município passaram a realizar o atendimento somente das gestantes de alto risco, implantou a planilha de acompanhamento mensal das gestantes (possibilitando identificar falhas na assistência) e feita implantação da puericultura em todas as unidades de saúde.

Outros fatores relevantes foram: o número suficiente de consultas de pré-natal, as ações desenvolvidas pelas agentes comunitárias de saúde que favorecem a adesão das mulheres ao pré-natal e a vacinação infantil que apresentou cobertura de 111,16% neste ano. Ao avaliar o indicador para pactuação do SISPACTO de 2017, observou-se a significativa redução do número absoluto dos Óbitos Infantis no ano de 2016, que foi zero, em relação ao ano de 2015 que foi 10.

Concluiu-se que as ações desenvolvidas reduziram as taxas de mortalidade infantil. Duas considerações importantes podem ser levantadas: primeiro é necessário avaliar a qualidade da atenção prestada para identificar as situações de risco e vulnerabilidade que exigem maior complexidade de ações e cuidado. Segundo, todos os profissionais que estão na rede de atendimento devem ser capacitados e principalmente sensibilizados para o atendimento materno-infantil. n

40 Experiências Municipais

Autores: Dulce Z. Gentil do Nascimento Murilo dos Santos MoschetaMunicípio: MaringáRegional de Saúde: 15ª RS

A percepção de que travestis residentes em um território de Unidade Básica de Saúde só procuravam a UBS para aquisição de preservativos masculinos, e que a equipe de saúde não sabia quase nada sobre elas, motivou uma intervenção na relação entre essas pessoas, dentro de uma pesquisa de mestrado, que teve como objetivos construir aproximações entre as travestis e os funcionários da UBS, favorecer o acesso delas aos cuidados em saúde no nível da Atenção Básica (AB) e a contribuição à capacitação aos profi ssionais de saúde.

A fi nalidade da intervenção foi a efetivação da AB como porta de entrada, em acordo com a ordenação do cuidado, e também a efetivação do que está previsto na Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), do Ministério da Saúde. A dinâmica realizada foi a promoção de encontros entre a psicóloga lotada na UBS, mestranda da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e quem realizou a pesquisa acadêmica, com três grupos específi cos: um de membros da equipe da Estratégia Saúde da Família, um de uma professora e residentes de medicina da UEM que atendem na mesma UBS e o terceiro, com travestis residentes em uma pensão localizada no território.

O objetivo desses encontros era a busca da compreensão de sentidos comuns aos três grupos quanto aos temas: saúde, cuidados em saúde (sentidos e práticas), experiências vividas quanto à saúde/adoecimentos das travestis, experiências que pautavam as relações entre elas e os profi ssionais da UBS, além de conhecimento sobre a Política Nacional de Atenção Integral à LGBT.

As informações transcritas dos encontros em grupos separados forneceu material para discussão em um encontro fi nal da intervenção, que seria com todos os participantes da pesquisa. As travestis não puderam comparecer a esse encontro, mas

A Construção do AcessoAproximando o trabalho de profi ssionais de uma Unidade Básica de Saúde e as travestis residentes no território

o relato do que haviam conversado fez parte do material que foi analisado pelos participantes presentes. Estes puderam, então, perceber quais situações não promoviam o acesso das travestis à UBS, o que poderia ser modifi cado naquela relação entre eles e elas e como o serviço poderia ser reorganizado para ser mais viável à construção de acesso e cuidados em saúde na AB.

O resultado da experiência realizada foi a compreensão de que, para atender os usuários do SUS no território em que residem, é preciso compreender esses usuários quanto às suas complexidades e diversidades mas é preciso também que os trabalhadores da saúde refl itam sobre suas práticas, seus conceitos, às vezes pré-concebidos, e que conheçam as políticas de atendimento específi co a grupos específi cos.

A conclusão de uma intervenção no campo das práticas profi ssionais, mas também no campo das relações pessoais, conduziu a equipe de trabalhadores da saúde às mudanças que podem continuamente resultar no SUS que todos queremos construir. n

Experiências Municipais 41

Autores: Maria de Brito Lô Sarzi Rodrigo Luiz Brassaroto Luppi Cristiane Martins Pantaleão Maria da P. Marques Sapata Marina S. Ricardo Martins Rosangela T. Saenz Surita Tiemi OkawaNome do Município: 21 municípios da 17ªRS Regional de Saúde: 17ªRS

A 17ª Regional de Saúde (17ªRS) compõe 21 municípios com uma população total de 871.267 habitantes (IBGE, 2010). Com o tema “Os Desafios da Gestão Municipal”, o CRESEMS da 17ªRS, no final de gestão de 2016 destacaram a importância de um encontro regional de saúde, com mínimos de recursos para sua execução.

Pela dimensão do evento, recursos financeiros escassos e dificuldades de espaço físico público, houve a necessidade de buscar parceiros para que a “vontade” de todos, se tornasse “realidade”. A integração entre os municípios, a ideia de aplicar na prática um “sentimento” de muitos fazedores do Sistema Único de Saúde (SUS), motivou os profissionais.

Foram elaboradas estratégias de forma que cada município e instituição envolvida pudessem apoiar no evento, que beneficiou mais de 500 trabalhadores e integrou as experiências de 21 municípios.

O evento teve por finalidade oportunizar às equipes de saúde para troca de experiências dos projetos relevantes, de modo a fortalecer a região de saúde. As estratégias foram priorizadas no envolvimento de

CongressoI Congresso Regional de Secretarias Municipais de Saúde (CRESEMS) na 17ª Regional de Saúde – Paraná

parcerias, de modo a garantir um evento, com um custo mínimo e com qualidade. Participaram na ocasião o Ministério da Saúde, Associação dos Prefeitos, Consórcio de Saúde, município sede da região de saúde, COSEMS, CRESEMS, Universidade Estadual de Londrina e a 17ªRS.

A programação do evento foi diversificada, para atender as necessidades as locais. Contou com Oficinas Formativas e Mostra de Experiências Municipais apresentadas em forma de Roda de Conversa e Varal de Ideias, nas áreas de: Vigilância em Saúde, Atenção Primária, Atenção Especializada, Integração Ensino Serviço, Conselhos Municipais de Saúde. O encerramento foi abrilhantado com menção honrosa para os melhores trabalhos.

O congresso atingiu um grande número de participantes, beneficiou as equipes de saúde e foi eficiente na sua relação custo x benefício, superando as expectativas. Tivemos a participação de 350 agentes de endemias e agentes comunitários nas oficinas, 140 profissionais de hospitais e unidades básicas de saúde, 50 profissionais das equipes gestão, 70 conselheiros, 50 profissionais de saúde do serviço e do ensino. Foram 91 trabalhos inscritos e 5 menções honrosas.

Uma experiência gratificante foi o desafio de trabalhar com recursos escassos, com o menos, e a partir da vontade e atitude de gestores, de parcerias estabelecidas, de amigos do SUS, chegar à realização de troca de experiências locais, com a perspectiva de fortalecer as práticas municipais de saúde na nossa região de saúde. n

42 Experiências Municipais

Expediente

Diretoria ExecutivaPresidente: Cristiane Martins Pantaleão

Ubiratã PR

1º Vice-presidente: Ivoliciano Leonarchik Mangueirinha PR

2º Vice-presidente: Mauro Sergio de Araujo Munhoz de Melo PR

1º Secretário: Claudio de Souza Ortigueira PR

2º Secretário: Ivone Faust Sponchiado Santa Izabel do Oeste PR

1º Tesoureiro: João Carlos Strassacapa Cândido de Abreu PR

2º Tesoureiro: Simone A. G. S. de Souza Roncador PR

Conselho FiscalTitulares

Angela Conceição Oliveira Pompeu -Ponta Grossa PR Renata Cristina Freitas Brito Araujo - Guarapuava PR Fabio de Mello – Santa Terezinha do Itaipu PR

Suplentes:

José Orlando Benedetti Villa - Marialva PR Diego Domingues de Oliveira - Cambará PR Katya Rafaella Teixeira Carvalho - Agudos do Sul PR

Comissão EditorialCoordenação: Luiza Tiemi Oikawa

Organização e revisão: Doroteia F. P. de Paula Soares Maria da Penha M. Sapata

Colaboração: Arlene Bernini Fernandes Giorgia Regina Luchese Eunice Alves Gomes Luana Carla Tironi Giacometti Rosângela T. Saenz Surita

Projeto Gráfico: Nancy Marchioro

Diagramação: ImagineNation Cultura Criativa http://imaginenation.com.br

Impressão: 2000 exemplares Gráfica Infante http://infante.com.br/

Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Paraná – gestão 2018-2019

O COSEMS tem por fi nalidade lutar

pelo fortalecimento e autonomia dos municípios na área da saúde e para a consecução de suas fi nalidades, se propõe:

• Participar da formulação das políticas de saúde, em nível nacional e estadual, com representação nas instâncias de pactuação e deliberação do Sistema Único de Saúde;

• Estimular a participação de instâncias organizadas da população fortalecendo o controle social no Sistema Único de Saúde;

• Lutar pelo fortalecimento dos municípios no Sistema Único de Saúde, defendendo os interesses municipais no setor, promovendo ações judiciais coletivas ou outras que se fi zerem necessárias na defesa dos municípios e da saúde da população;

• Promover encontros, seminários, educação permanente ou outros eventos que possibilitem discussões, formulações e trocas de experiências;

• Lutar pelo fortalecimento da municipalização da saúde, com descentralização fi nanceira, política e técnica.

EXPERIÊNCIAS MUNICIPAISEXEMPLOS DE ÊXITO NAS REGIÕES DE SAÚDE